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  LABORATÓRIO DE PRÁTICA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA Professor Francisco Sannini Neto Delegado de Polícia - Mestrando em Direitos Difusos e Coletivos – Especialista em Direito Público. Peças a serem estudadas: 1-)Portaria; 2-) Auto de Prisão em Flagrante; 3-) Representação para Decretação de Interceptação Telefônica; 4-) Representação para a Decretação de mandado de Busca e Apreensão Domiciliar; 5-) Representação para a Decretação de Prisão Temporária/Preventiva; 6-) Despacho de indiciamento; 7-) Relatório Final de Inquérito Policial. --------------------//---------------------- QUESTÃO 1: Vilma dos Santos teve a porta de sua residência arrombada por um indivíduo desconhecido que subtraiu do seu interior um aparelho de televisão e um notebook. Assim que constatou o crime, Vilma foi até o 2° Distrito Policial da cidade de São Paulo e registrou a ocorrência. De acordo com o histórico do boletim de ocorrência, a vítima teria sido informada por sua vizinha, Maria Aparecida, que o autor do crime seria um morador do bairro conhecido pelo apelido de “Baratão”, haja vista que ela o viu saindo da casa com os objetos furtados. Em posse dessas informações elabore a peça de polícia judiciária mais adequada ao caso. Resumo Esquematizado: 1-) Resumo descritivo do fato informando a fonte da notícia crime; 2-) Classificação preliminar do fato;

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  • LABORATRIO DE PRTICA DE POLCIA JUDICIRIA

    Professor Francisco Sannini Neto Delegado de Polcia - Mestrando em

    Direitos Difusos e Coletivos Especialista em Direito Pblico.

    Peas a serem estudadas:

    1-)Portaria;

    2-) Auto de Priso em Flagrante;

    3-) Representao para Decretao de Interceptao Telefnica;

    4-) Representao para a Decretao de mandado de Busca e Apreenso

    Domiciliar;

    5-) Representao para a Decretao de Priso Temporria/Preventiva;

    6-) Despacho de indiciamento;

    7-) Relatrio Final de Inqurito Policial.

    --------------------//----------------------

    QUESTO 1: Vilma dos Santos teve a porta de sua residncia arrombada por um indivduo desconhecido que subtraiu do seu interior um aparelho de televiso e um notebook. Assim que constatou o crime, Vilma foi at o 2 Distrito Policial da cidade de So Paulo e registrou a ocorrncia. De acordo com o histrico do boletim de ocorrncia, a vtima teria sido informada por sua vizinha, Maria Aparecida, que o autor do crime seria um morador do bairro conhecido pelo apelido de Barato, haja vista que ela o viu saindo da casa com os objetos furtados. Em posse dessas informaes elabore a pea de polcia judiciria mais adequada ao caso.

    Resumo Esquematizado:

    1-) Resumo descritivo do fato informando a fonte da notcia crime;

    2-) Classificao preliminar do fato;

  • 3-) Diligncias iniciais visando o esclarecimento do crime;

    4-) Determinar o cumprimento da ordem.

    PORTARIA

    Tendo em vista a notitia criminis constante no Boletim de Ocorrncia n. xxx/2014, registrado no 2 Distrito Policial de So Paulo, dando conta de que a vtima, Vilma dos Santos, teve a porta de sua residncia

    arrombada por um indivduo conhecido pelo apelido de Barato, que teria subtrado do seu interior um aparelho de televiso e um notebook,

    considerando que tais fatos caracterizam, em tese e em princpio, o crime de furto qualificado, previsto no artigo 155, 4, inciso I, do

    Cdigo Penal, o Delegado de Polcia que esta subscreve, no uso das

    suas atribuies legais e constitucionais conferidas pelo artigo 144,

    4, da Constituio da Repblica, artigo 140, 3, da Constituio

    Estadual Paulista, artigo 4 e seguintes do Cdigo de Processo Penal (Decreto-Lei n 3.689/1941), sob as premissas da Lei 12.830/2013 e

    demais dispositivos legais correlatos, determina a INSTAURAO do devido Inqurito Policial para a cabal apurao dos fatos acima narrados, devendo o senhor Escrivo de meu cargo, aps autuar e registrar esta, providenciar o que segue:

    1-) Junte aos autos o Boletim de Ocorrncia que deu origem a este procedimento, bem como as demais peas de polcia judiciria cabveis; 2-) Expea, COM URGNCIA, ordem de servio ao Setor de Investigaes com o objetivo identificar e apresentar em cartrio o indivduo conhecido pela alcunha de Barato. Da mesma forma, os investigadores devem realizar diligncias no intuito de recuperar os objetos furtados; 3-) Notifique a vtima, Vilma dos Santos, para que seja ouvida em declaraes acerca dos fatos, bem como a testemunha, Maria Aparecida, que dever ser ouvida em assentada; 4-) Expea, com urgncia, ofcio ao Instituto de Criminalstica requisitando a realizao de percia no local do crime visando a constatao da qualificadora prevista no 4, inciso I, do artigo 155, do Cdigo Penal; 5-) Formalize o devido auto de avaliao sobre os objetos subtrados da vtima.

  • A seguir, retorne os autos conclusos para ulteriores

    deliberaes. CUMPRA-SE. So Paulo, 29 de setembro de 2014.

    FRANCISCO SANNINI NETO

    Delegado de Polcia

    -------------------------//-------------------------

    Questo 2: Roberto da Silva conduzia seu veculo, um AUDI/A3, avaliado em 120 mil reais, quando foi parado pela Polcia Rodoviria Federal durante uma blitz na Rodovia Presidente Dutra. Aps analisar sua documentao, o policial percebeu que Roberto apresentava sinais de embriaguez, oportunidade em que lhe convidou para realizar o teste do etilmetro. Roberto prontamente se disponibilizou e o resultado do seu exame apontou a presena de 0,4 miligrama de lcool por litro de ar. Destaque-se, ainda, que ao efetuar pesquisa sobre os antecedentes criminais de Roberto, o policial verificou que ele j havia sido preso recentemente pelo crime de embriaguez ao volante. Diante disso, o policial conduziu Roberto at o seu Distrito Policial. Como Delegado de Polcia, adote as medidas de polcia judiciria cabveis.

    Resumo esquematizado:

    1-) Indicar o dia e hora da priso;

    2-) Indicar a circunstncia da priso (captura) e o seu responsvel;

    3-) Indicar o tipo penal aparentemente violado e os indcios de autoria e

    materialidade que formaram o seu convencimento;

    4-) Indicar o fundamento da priso (art.302 e art.304,1, CPP);

    5-) Analisar a possibilidade de concesso de liberdade provisria

    mediante fiana.

  • AUTO DE PRISO EM FLAGRANTE DELITO

    No dia 05 do ms de agosto de 2014, s 19:00 hrs, no 1 Distrito

    Policial de Guaratinguet, presente o Excelentssimo Senhor Delegado

    de Polcia signatrio, comigo, Escrivo de Polcia, a, compareceu o

    policial rodovirio ora condutor, apresentando capturado Roberto da Silva, por suspeita de incidncia no artigo 306, do Cdigo de Trnsito Brasileiro, tendo em vista ter sido surpreendido na direo de veculo automotor em aparente estado de embreaguez, fatos ocorridos na Rodovia Presidente Dutra. Examinadas as verses e demais elementos amealhados, o Delegado de Polcia exarou sua deciso

    e convico jurdica, nos moldes do artigo 2, pargrafo 6, da Lei Federal

    n 12.830/2013: nesta etapa urgente de cognio sumarssima, resta caracterizado o estado de flagrante delito em face do conduzido. Isto, pois, Roberto da Silva foi surpreendido na direo de veculo automotor em aparente estado de embriaguez, o que foi comprovado por meio do depoimento do policial rodovirio federal, que na condio de funcionrio pblico goza de relativa presuno de veracidade, alm do exame do etilmetro, que apontou a presena de 0,4 miligramas de lcool por litro de ar expelido. Demais disso, por se tratar de infrao penal que deixou vestgios, em observncia ao artigo 158, do CPP, foi determinada a conduo do preso ao Instituto Mdico Legal, onde o seu estado de embriaguez foi confirmado pelo exame clnico em anexo nos autos. Destarte, reputo que h subsuno da conduta figura tpica descrita no artigo 306, do CTB. Com efeito, vislumbram-se os elementos indicirios de materialidade e autoria delitivas, consubstanciados nas oitivas coligidas, bem como nos exames realizados. luz do exposto, com base no artigo 302, inciso I e artigo 304, 1, do CPP, o Delegado de Polcia que esta subscreve, no uso de suas atribuies constitucionais e legais, DECRETA a PRISO EM FLAGRANTE DELITO do conduzido, devendo lhes ser assegurados todos os direitos constitucionais, especialmente o de permanecer em silncio e no produzir provas contra si mesmo, com entrega da correspondente nota de culpa ao final. Sem embargo, considerando que se trata de infrao cuja pena mxima cominada no ultrapassa 04 anos, CONCEDO liberdade provisria mediante fiana em benefcio do preso, nos termos do artigo 322, do CPP. Com base no artigo 326 do mesmo Estatuto Processual, o valor dessa medida cautelar liberatria foi fixado em 10 mil reais, considerando-se, para tanto, a condio financeira do detido, seus antecedentes criminais e o local em que o crime foi praticado.

  • Comunique-se a Autoridade Judiciria competente, adotando-se demais

    cerimnias legais. Juntem-se oitivas e demais documentaes

    pertinentes, integrantes deste. Instaura-se Inqurito Policial. Nada mais havendo, determinou a Autoridade Policial o encerramento deste,

    devidamente assinado.

    FRANCISCO SANNINI NETO Delegado de Polcia

    -----------------------//-----------------------

    QUESTO 3: Carlos da Silva um tradicional traficante de drogas j bem conhecido pelos investigadores do 10. Distrito Policial de So Paulo, sendo que ele j foi at preso em flagrante em uma ocasio pela prtica desse crime. Segundo informaes apuradas pelo Setor de Investigaes do distrito, Carlos estaria no auge do seu envolvimento com o trfico, comercializando cerca de 50 quilos de cocana por semana. H, inclusive, uma testemunha que afirmou ter visto a droga na casa do suspeito. Em virtude dessas informaes, os investigadores passaram a efetuar campanas durante 24 horas em frente a sua residncia. Alm disso, foi cumprido um mandado de busca e apreenso no local, mas nada de ilegal foi encontrado, exaurindo-se, assim, praticamente todos os meios de prova. Nesse contexto, na qualidade de Delegado de Polcia responsvel pela presente investigao, qual seria a medida de polcia judiciria adequada ao caso?

    Resumo Esquematizado: 1-) Breve relato dos elementos apurados durante a investigao; 2-) Destacar que todos os demais elementos de prova foram exauridos; 3-) Mencionar a linha interceptada e a linha a qual ser redirecionada as ligaes; 4-) Atentar para os requisitos da Lei 9.296/96; 5-) Sugerir que a medida seja decretada sem a oitiva da parte contrria (art.282, 3, CPP).

    REPRESENTAO PARA INTERCEPTAO TELEFNICA

    OFCIO N__________/2014

  • Guaratinguet, 07 de outubro de 2014.

    Meritssima Senhora Magistrada

    A POLCIA CIVIL DO ESTADO DE SO PAULO, por

    intermdio do Delegado de Polcia signatrio, no exerccio de suas

    expressas funes legais, com fulcro nos artigos 144, 4, da

    Constituio Federal, artigo 2, 2, da Lei Federal n 12.830/2013, e

    na Lei Federal n 9.296/1996, na forma da Resoluo n. 59/2008 do

    Conselho Nacional de Justia, respeitosamente REPRESENTA a Vossa

    Excelncia pela AUTORIZAO para INTERCEPTAO TELEFNICA

    nas linhas do aparelho celular com o nmero (012) X-XXXX-XXXX, e

    IMEI da operadora VIVO, que, segundo apurado, estaria sendo utilizada

    pelo investigado, Carlos da Silva, sendo que o udio deve ser

    direcionado ao SETEL-DIPOL, para a devida gravao, bem como para a

    linha (12) X-XXXX-XXXX, da operadora VIVO, sendo que o

    monitoramento da linha ser feito pelo policial civil, FULANO DE TAL,

    RG.xxxxxxxxx, com endereo eletrnico funcional de

    [email protected] .

    A presente representao funda-se em elementos obtidos no

    Inqurito Policial instaurado nesta unidade, registrado sob o nmero

    XXX/2014, que apura os crimes de trfico de drogas e associao para

    o trfico (art.33, caput e art.35, da Lei de Drogas), no qual o

    representado, figura como investigado, havendo informaes de que a

    referida linha telefnicas tem sido utilizada por ele para a consecuo

    dos crimes supracitados.

    Destaque-se, Excelncia, que durante esta investigao

    foram realizadas campanas nas imediaes da residncia do suspeito e,

    alm disso, foi cumprido um mandado de busca no local. Contudo,

    nada de ilegal foi encontrado em sua posse, muito embora uma

    testemunha ouvida nos autos afirme ter visto uma grande quantidade

    de drogas em sua casa.

  • Isto posto, vale consignar que, neste momento, no existem

    outros meios de prova disponveis para o prosseguimento das

    diligncias investigatrias criminais, alm dos procedimentos j

    realizados, sendo a interceptao telefnica imprescindvel para a

    perfeita elucidao dos fatos, inclusive para a identificao de outros

    envolvidos.

    Sem embargo, consignamos que a referida interceptao

    telefnica ser realizada por meio das vias apropriadas na rea de

    comunicaes, utilizando-se esta Autoridade Policial de tcnicos

    especializados e pertencentes ao quadro da empresa concessionria de

    servios respectiva, conforme prev o artigo 7, do destacado diploma

    legal que disciplina a matria.

    Assim, REPRESENTA-SE a Vossa Excelncia, nos moldes

    do artigo 3, inciso I, da Lei Federal n 9.296/1996, pela

    interceptao das referidas linhas telefnicas que est na posse de

    Carlos da Silva, conforme segue:

    ALVO REDIRECIONAMENTO

    (012) X-XXXX-XXXX

    (12)X-XXXX-XXX

    Nos termos da referida lei, solicita-se, ainda, o fornecimento

    de SENHA para acesso imediato a: a) dados cadastrais, com obteno

    das linhas celulares atrelados a CPF/CNPJ, de quaisquer pessoas de

    interesse nas investigaes criminais; b) histricos de chamadas das

    linhas de interesse das investigaes; c) localizao das ERBs das

    linhas de interesse nas investigaes criminais.

    Em observncia ao 3 do artigo 282 do CPP, com o objetivo

    de garantir a eficcia da medida representada, sugerimos a este douto

    Magistrado que decrete a interceptao telefnica do investigado sem a

    sua respectiva oitivas (inaudita altera pars). Anota-se, ademais, que as

    interceptaes sero acompanhadas via Sistema Guardio da Polcia

    Civil.

  • No ensejo, renovam-se a Vossa Excelncia protestos de

    elevada estima e distinta considerao, colocando-se esta Autoridade

    Policial disposio para eventuais providncias legais de polcia

    judiciria que se fizerem necessrias.

    FRANCISCO SANNINI NETO

    DELEGADO DE POLCIA

    A Excelentssima Senhora

    Doutora Juza de Direito da Comarca de Aparecida

    ------------------------//--------------------------

    QUESTO 4: De acordo com o Setor de Inteligncia da sua Delegacia de Polcia, inmeras denncias annimas indicam que Roberto Salomo mantm em sua residncia duas pistolas calibre .380 em desacordo com a regulamentao legal, sendo que uma delas estaria com a sua numerao suprimida. Em virtude dessas denncias, o Setor de Investigaes lhe apresentou um relatrio dando conta de que o suspeito j havia sido preso anteriormente pelo crime de roubo, destacando que, de fato, havia fundada suspeita de que as armas estivessem em sua casa. Durante as investigaes, uma testemunha foi ouvida e confirmou que as armas estariam no local. Frente ao exposto, como Delegado de Polcia, qual seria a medida de polcia judiciria cabvel?

    Resumo Esquematizado:

    1-) Citar as investigaes realizadas e as provas coligidas;

    2-) Se manifestar sobre a adequao tpica dos fatos, apontando o tipo

    penal aparentemente violado;

    3-) Justificar a necessidade da medida para as investigaes,

    destacando a existncia de fundadas suspeitas contra o investigado;

  • 4-) Citar o local alvo da medida;

    5-) Sugerir que a medida seja decretada sem a oitiva da parte contrria.

    REPRESENTAO PARA A DECRETAO DE MANDADO DE BUSCA

    E APREENSO DOMICILIAR

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito;

    De acordo com o relatrio de investigao em anexo, o

    Setor de Investigaes Gerais desta Delegacia de Polcia vem efetuando

    um servio de inteligncia policial no intuito de combater a

    criminalidade em nossa regio, especialmente no que se refere ao crime

    de roubo, que expe em perigo a integridade fsica do cidado de bem.

    No temos dvidas de que o processo penal e a

    prpria investigao criminal devem se desenvolver sempre de acordo

    com os direitos fundamentais. Contudo, no podemos olvidar que a

    criminalidade organizada vem se organizando cada vez mais, o que

    torna desigual a luta travada com o Estado, que, nesse contexto,

    precisa se valer de instrumentos aptos a conter essa desigualdade.

    Dessa forma, o Direito Penal, Processual Penal e suas

    medidas cautelares ganham destaque no combate criminalidade

    organizada e na proteo sociedade. Ora, o Direito Penal no foi feito

    para santos ou herois". Consequentemente, seu instrumento de

    aplicao tambm no pode erigir-se sobre a iluso de que trabalha com

    uma clientela de altrustas, santos ou heris, ou seja, o Processo Penal

    tambm no feito para "santos ou herois". Alis, diria de forma mais

    abrangente que o Direito em geral no para santos ou heris, para

    homens perfeitos, bons em essncia. Nessas condies o Direito em

    geral seria algo totalmente dispensvel com todos seus aparatos legais,

  • judiciais, ministeriais, policiais. Para que serviriam um Delegado de

    Polcia, um Juiz, um Promotor ou um Advogado no Paraso? Que

    conflitos lhes seriam submetidos? Para um jurista espiritualizado essa

    deve ser uma preocupao, j que no Cu certamente seus

    conhecimentos e prticas no sero necessrios. bom que o jurista se

    dedique a alguma atividade paralela, seno seu destino na eternidade

    ser o de algum limbo ou purgatrio onde imperar o ostracismo e a

    monotonia. Afinal, no Inferno tambm no o desejaro para impor

    alguma ordem, paz ou seja l o que for.

    Com o perdo da digresso jocosa, destacamos que o

    respeito s estruturas reais do mundo uma condio de qualquer

    direito que pretenda ter alguma eficcia. Se um homem se distancia da

    realidade mundana isso indcio de patologia mental grave. Quando o

    Direito se distancia da realidade do mundo tambm se torna um Direito

    Esquisofrnico, onde fantasias perigosas colocam a sociedade beira de

    um abismo. E isso certamente vlido tanto para um garantismo

    negativo (limitao dos poderes estatais sobre o indivduo), como para

    um garantismo positivo (concesso de certos poderes estatais de defesa

    social). A inobservncia das estruturas lgico reais, infringindo o

    garantismo negativo, desnatura o Direito em mero autoritarismo ou

    exerccio de fora. J sua inobservncia frente ao garantismo positivo

    desanda em laxismo.

    O idealismo levado s ltimas consequncias corre

    esse risco de apartar-se por demais da realidade e tornar-se muito

    perigoso. Mas parece que o garantismo negativo de Ferrajoli e outros

    seguidores nesse aspecto no se d conta desse distanciamento, ou se

    d conta, mas no se importa, num verdadeiro "pereat mundus, fiat

    philosophia", a lembrar a frase atribuda a Hegel: "Se os fatos

    desmentem minha teoria, pior para os fatos"

    Enfim, Excelncia, colacionamos essas breves

    consideraes apenas com o objetivo de, humildemente, demonstrar a

    necessidade de intervenes Estatais incisivas visando o combate ao

  • crime organizado, mais especificamente ao crime de roubo. Tudo isso,

    claro, com o absoluto respeito aos princpios constitucionais e fulcrado

    na proporcionalidade constante no artigo 282 do Cdigo de Processo

    Penal.

    Frente ao exposto, tendo em vista a existncia de

    fundadas razes conforme os relatrios de investigao em anexo, a

    POLCIA CIVIL DO ESTADO DE SO PAULO, por intermdio do

    Delegado de Polcia que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante

    Vossa Excelncia, representar pela concesso de MANDADO JUDICIAL

    DE BUSCA E APREENSO e ordem de arrombamento, caso seja

    necessrio, ao endereo a seguir mencionado, nos termos do artigo 240

    do Cdigo de Processo Penal.

    Rua tal, ntal, cidade tal.

    Guaratinguet, 10 de julho de 2014.

    FRANCISCO SANNINI NETO

    Delegado de Polcia

    --------------------------//--------------------------

    Questo 5: No dia 02 de outubro de 2014, Ana Bela havia acabado de estacionar seu veculo na via pblica, quando foi abordada por um indivduo desconhecido que, mediante grave ameaa exercida por meio do emprego de arma de fogo, lhe subtraiu o seu carro. Desolada, Ana Bela registrou o Boletim de Ocorrncia e aguardou as providncias policiais. Ocorre que no dia seguinte, um sujeito identificado como lvaro Dias foi abordado pela Polcia Militar na conduo do veculo de Ana Bela. Os policiais, ao constatarem que se tratava de um veculo roubado, conduziram o suspeito at a Delegacia de Polcia. J nesta Unidade de Polcia Judiciria, lvaro Dias foi reconhecido pela vtima como sendo o autor do roubo ao qual ela foi submetida. Destaque-se, ainda, que o suspeito possui

  • uma extensa ficha criminal relacionada ao crime de roubo. Diante disso, como Delegado de Polcia, qual seria a medida cabvel ao caso? Indique, ainda, as peas de polcia judiciria que serviro de subsdio a sua deciso.

    Resumo Esquematizado:

    1-) A priso temporria pode ser solicitada por meio de ofcio ou nos

    autos do inqurito policial;

    2-) Elaborar uma sntese do que foi apurado, apontando os indcios de

    autoria e materialidade delituosa e o tipo penal aparentemente violado

    (v.g. auto de reconhecimento pessoal e declaraes da vtima);

    3-) Demonstrar a necessidade da medida nos termos do previsto na Lei

    de Priso Temporria e no CPP, consignando, se for o caso, as medidas

    de polcia judiciria que podero ser realizadas por meio desta medida.

    4-) Solicitar que a medida seja decretada sem a oitiva da parte

    contrria.

    REPRESENTAO PARA PRISO TEMPORRIA

    Meritssimo Juiz,

    Estreita sntese do presente Inqurito Policial:

    O presente procedimento investigativo teve incio por meio

    de Portaria, em virtude do Boletim de Ocorrncia nxxx/2014, cujo

    contedo apresenta uma notitia criminis de roubo majorado (art.157,

    2, I, do CP) contra a vtima, Ana Bela, que no dia 02 de outubro de

    2014 foi abordada por um indivduo desconhecido que, mediante grave

    ameaa exercida por meio do emprego de arma de fogo, lhe subtraiu seu

    veculo.

    Ocorre que na data de hoje, ao efetuar patrulhamento de

    rotina, a Polcia Militar surpreendeu lvaro Dias na conduo do

  • veculo da vtima, o que fez com que ele fosse encaminhado at esta

    Delegacia de Polcia.

    Ao ser ouvida em declaraes, a vtima reconheceu lvaro

    Dias como sendo o autor do roubo ao qual ela foi submetida, o que foi

    formalizado no auto de reconhecimento pessoal em anexo.

    Frente ao exposto, restaram suficientemente demonstrados

    os indcios de autoria e materialidade do crime previsto no artigo 157,

    2, inciso I, do CP em prejuzo do suspeito.

    Da Necessidade e Adequao da Priso Temporria

    Como cedio, em 2011 o nosso Cdigo de Processo Penal

    sofreu uma reforma na parte que trata das prises e demais medidas

    cautelares. Tal reforma foi efetivada pela Lei 12.403/2011. Com a

    inovao legislativa, o artigo 282 do CPP passou a atuar como uma

    espcie de clusula geral das medidas cautelares.

    Isso significa que o mencionado dispositivo legal deve ser

    observado na aplicao de toda e qualquer medida cautelar, o que inclui

    a priso temporria.

    Sendo assim, com base no artigo 282, incisos I e II, do CPP,

    a priso temporria de lvaro Pereira se apresenta como a medida

    necessria e adequada para evitar a reiterao de condutas criminosas,

    uma vez que o suspeito possui uma extensa ficha criminal, o que

    demonstra a sua periculosidade para a sociedade, pois, em liberdade,

    ele provavelmente voltar a delinquir.

    Em observncia ao 3 do artigo 282 do CPP, com o objetivo

    de garantir a eficcia da medida e considerando a urgncia do caso,

    sugerimos a este douto Magistrado que decrete a priso temporria sem

    a oitiva da parte contrria (inaudita altera pars).

  • Por fim, destacamos que, diferentemente da priso

    preventiva, que exige indcios suficientes de autoria, a priso temporria

    demanda apenas a existncia de fundadas razes de autoria. Isto, pois,

    a funo principal da priso temporria servir s investigaes. por

    meio da priso temporria que ser possvel a busca de novos

    elementos de informaes sobre o crime e que no poderiam ser

    descobertos por outros meios.

    Dessa forma, podemos afirmar que na decretao da priso

    temporria o grau de certeza em relao autoria significativamente

    menor do que na decretao da priso preventiva, tanto que o prprio

    legislador fez esta distino ao mencionar as fundadas razes no texto

    legal.

    Entendemos que a decretao da priso temporria exige a

    possibilidade de autoria, enquanto a priso preventiva demanda a

    probabilidade de autoria. Caso contrrio, Excelncia, no haveria

    necessidade da existncia da priso temporria, pois o Magistrado j

    poderia decretar diretamente a priso preventiva e o Ministrio Pblico,

    por sua vez, j poderia oferecer a denncia.

    So por todos esses motivos que entendemos

    imprescindvel a decretao desta medida extrema, objetivando

    principalmente a proteo aos bens jurdicos previstos no artigo 282,

    inciso I, do CPP.

    Concluso:

    Diante do exposto, sendo imprescindvel para a cabal

    apurao dos fatos, isto , para findar as investigaes de Polcia

    Judiciria, com fundamento no artigo 1, incisos I e III da Lei 7.960/89

    e artigo 282 do Cdigo de Processo Penal, a POLCIA CIVIL DO

    ESTADO DE SO PAULO, representada pelo Delegado de Polcia

    subscritor, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelncia,

    REPRESENTAR PELA DECRETAO DA PRISO TEMPORRIA de

  • lvaro Dias, pelo prazo de 05 (cinco) dias a partir da efetivao da

    medida.

    Guaratinguet, 12 de outubro de 2014.

    FRANCISCO SANNINI NETO

    Delegado de Polcia

    Questo: Robson Cruz est sendo investigado por um crime de roubo ocorrido h dois anos. Ele suspeito de abordar a senhora Glria da Silva em plena via pblica e, mediante grave ameaa exercida por meio do emprego de arma de fogo, subtrair a quantia 200 reais que ela trazia consigo. Apesar do crime ter sido praticado tempos atrs, apenas hoje foi possvel reunir provas contra Robson, uma vez que a vtima o reconheceu como sendo o autor do roubo, conforme auto de reconhecimento pessoal em anexo nos autos do inqurito. Destaque-se que o suspeito vem colaborando com a investigao e, inclusive, confessou o crime em suas declaraes iniciais. Diante do exposto, como Delegado de Polcia, qual a medida de polcia judiciria deve ser adotada? Resumo Esquematizado: 1-) Introduo do despacho de indiciamento fazendo meno aos dispositivos que do suporte deciso; 2-) Breve relato dos fatos apurados e os fundamentos da deciso; 3-) Determinar entrega de nota de culpa ao indiciado (OPCIONAL!!).

    DESPACHO DE INDICIAMENTO

    Concluso:

    Considerando o teor do artigo 2, 6, da Lei 12.830/2013 e o

    pargrafo nico do art. 5 da Portaria DGP-18/98, o Delegado de Polcia que

    esta subscreve delibera nos seguintes termos:

  • O presente procedimento investigativo de Polcia Judiciria teve

    incio por meio de Portaria, em virtude da notitia criminis constante no Boletim

    de Ocorrncia nxxx/2014, registrado no Distrito XX, cujo contedo

    apresenta, em tese, um crime de roubo majorado (art.157, 2, incisos I, do

    CP) contra a vtima, Glria da Silva, que no dia dos fatos foi abordada por um

    indivduo at ento desconhecido, que, mediante grave ameaa exercida por

    meio do emprego de arma de fogo, lhe subtraiu 200 reais em dinheiro.

    Durante as investigaes, foi apurado que a pessoa de Robson

    Cruz seria o autor do crime. Ao ser ouvido preliminarmente em declaraes,

    ele confessou o crime. Posteriormente, a vtima o reconheceu em autos

    prprios.

    Frente ao exposto, considerando os elementos de informaes

    coligidos ao longo deste inqurito policial, o Delegado de Polcia subscritor

    formou seu convencimento no sentido de que restaram suficientemente

    demonstrados os indcios de autoria e materialidade do crime previsto no

    artigo 157. 2, incisos I, do Cdigo Penal, razo pela qual, determino o

    FORMAL INDICIAMENTO de Robson Cruz, como incurso nas penas do artigo

    supramencionado, nos termos da Portaria DGP 18/98 e do artigo 2, 6, da

    Lei 12.830/2013.

    Com o objetivo de subsidiar nosso entendimento, advertimos que

    em determinados crimes a palavra da vtima torna-se essencial para a

    identificao da autoria, sendo que para a caracterizao da qualificadora

    constante no 2, inciso I, do artigo 157, prescindvel a apreenso da arma

    utilizada pelo criminoso.

    Nesse sentido, destacamos o entendimento do STF, por meio do

    Ministro Celso de Mello, ao julgar o HC 98789, afirmando que esse tema j faz

    parte de jurisprudncia consolidada desse Egrgio Tribunal, segundo a qual

    no se mostra necessria a apreenso e percia da arma de fogo empregada

    no roubo para comprovar o seu potencial lesivo, a qualificadora do artigo

    157, pargrafo 2, inciso I, do Cdigo Penal pode ser evidenciada por qualquer

    meio de prova, em especial pela palavra da vtima ou pelo depoimento de

    testemunha pericial e se o acusado alegar o contrrio ou sustentar a

    ausncia de potencial lesivo da arma empregada para intimidar a vtima, ser

    dele o nus de produzir tal prova.

  • Lembramos, ainda, que a doutrina sobre o tema assenta, verbis:

    (...) a materialidade do roubo independe da apreenso de qualquer

    instrumento, assim como a prova da autoria pode ser concretizada pela simples,

    mas verossmil, palavra da vtima. Por isso, igualmente, para a configurao da

    causa de aumento (utilizao de arma), bastam elementos convincentes

    extrados dos autos, ainda que a arma no seja apreendida (in Nucci,

    Guilherme de Souza Cdigo Penal Comentado, Revista dos Tribunais, 7

    Edio, p. 691).

    Sem embargo do exposto, em observncia aos princpios

    constitucionais do contraditrio e da ampla defesa, determino que, efetuado o

    formal indiciamento do suspeito, lhe seja entregue nota de culpa onde conste

    o crime pelo qual ele est sendo indiciado, os motivos que levaram a esta

    concluso e o nome da Autoridade Policial responsvel por tal determinao.

    Guaratinguet, 13 de outubro de 2014.

    FRANCISCO SANNINI NETO Delegado de Polcia