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1 PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO INTRODUÇÃO GERAL A BÍBLIA ESTUDOS EM TEOLOGIA Janeiro 2007

material de reforço introdução a bíblia

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estudo de teologia

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PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO

INTRODUÇÃO GERAL A BÍBLIA

ESTUDOS EM TEOLOGIA

Janeiro 2007

Page 2: material de reforço  introdução a bíblia

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INTRODUÇÃO

Bem vindo ao estudo INTRODUÇÃO GERAL Á BÍBLIA. Essa matéria tem por

objetivo levar você a um conhecimento do mundo da Bíblia nos aspectos histórico,

social, econômico e literário. Com a palavra Deus para nós é fundamental que estejamos

familiarizados com a sua mensagem divina, porém, revestida de uma roupagem

humana, uma vez que “... homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo

Espírito Santo”. (II Ped. 1:21).

Como um dos documentos mais antigos da história humana, a Bíblia traz em

suas paginas o veredicto de um “ASSIM DIZ O SENHOR”. Seus conceitos

transcendem, ao longo da historia, culturas, épocas, lugares e circunstâncias, ect.As

historias e fatos nela contidos revelam a existência de um poder sobrenatural que em sua

força e sabedoria infinitas conduz o universo e dirige com perfeita harmonia a historia

dos homens,fazendo-os entender que acima deles há um Deus que é

transcendente,porém imanente a ponto de tomar a forma humana para se identificar com

a humanidade.

Nessa matéria estaremos percorrendo de forma introdutória toda a Bíblia,

buscando nela, também uma introdução ao estudo da manifestação de Deus através de

sua palavra escrita.

Portanto, busquemos a direção de Deus ao estudarmos a sua palavra ainda que

de maneira introdutória.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................... i

Capítulos 1.A GEOGRAFIA DA BÍBLIA ............................................................. 1

2.POVOS E NAÇÕES DO MUNDO ANTIGO .................................... 16

3.AS DIVISÕES DA BIBLIA ................................................................ 25

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4.OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA ..................................................... 28

5.O DESENVOLVIMENTO DA CRITICA TEXTUAL ...................... 39

6.AS LINGUAS DA BÍBLIA ................................................................ 43

7.A CANONICIDADE DA BÍBLIA...................................................... 46

8.BREVE VISÃO PANORÂMICA DOS LIVROS DA BÍBLIA ......... 49

BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 67

Anexos

●GLOSSÁRIO.

●LUZ DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO

●A ARQUEOLOGIA CONFIRMA A BÍBLIA

CAPÍTULO I

A GEOGRAFIA DA BÍBLIA

.................. A geografia é uma área relevante no estudo da Bíblia, pois ela dá

testemunho das raízes do mundo bíblico. Como diz Osvaldo Ronis, “Certamente a fonte

principal do estudo da geografia bíblica está na própria Bíblia considerando ser ela que

nos fornece nomes de lugares, de acidentes físicos, de povos, circunstâncias e

acontecimentos com eles relacionados. Outra fonte é a História, tanto a que chamamos

sagrada como a profana. E a terceira é a arqueologia. Com os dados que essas fontes nos

oferecem, e com o auxilio indispensável de mapas das respectivas áreas, é possível um

estudo proveitoso e adequado da geografia bíblica”. (Grifo Nosso).

.................. Considerando essas fontes é relevante analisar brevemente cada uma deles.

A BÍBLIA. Sendo um livro inspirado por Deus (2 Tim. 3:16)tem uma dimensão

humana que dá testemunho de suas origens terrenas (2 Ped. 1:21).A HISTÓRIA. No

registro dos acontecimentos, o historiador procura conservar por escrito os fatos e

lugares que marcaram épocas e culturas no tempo em que muitas vezes servem de

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referencial para os povos e gerações modernas. A ARQUEOLOGIA. Como a ciência

dos princípios, ela se encarrega de descobrir o passado através da pá dos arqueólogos,

trazendo á luz e confirmando2 fatos, lugares, nomes e datas que marcaram gerações num

longínquo passado.

.................. No estudo da geografia bíblica, essas três fontes de informação se

relacionam e se esclarecem numa interdependência.

1 -Limites Geográficos:

.................. Os pontos cardeais (Norte, Leste, Sul e Oeste) são básicos em qualquer

esfera geográfica, seja grande ou pequena. Pode-se tomar o mundo, um pais, um estado

ou uma Região. As delimitações sempre serão feitas considerando-se os pontos

cardeais.

___________________________ 1 Osvaldo Ronis, Geografia Bíblica, p.13 2 Veja duas excelentes matérias do Dr.Julio Schwantes sobre a arqueologia.”Luz do Oriente

Próximo”e “A arqueologia Confirma a Bíblia.”Ambas se encontram no livro “O Despontar

de uma Nova Era”(Casa Publicadora Brasileira,1984.)

O mundo antigo não é diferente. Vejamos: 1

NORTE: Uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália e

mar negro e vai até o mar Cáspio.

LESTE: Uma linha reta que parte do mar Cáspio, e, passando pelo Golfo

Pérsico, vai até o mar Arábico.

SUL: Uma linha reta que, partindo do mar Arábico, vai na direção

oeste,passando pela Etiópia e terminando no deserto da Líbia,no continente africano.

OESTE: Uma linha reta que parte do sul do deserto da Líbia e termina na

Espanha, abrangendo o Egito e as regiões do norte da África.

2 - Extensão:

Como a Bíblia é uma das fontes para a sua geografia, ela própria dá informações da

extensão das regiões do mundo antigo que se tornaram palco de acontecimentos

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ligados á revelação, bem como a culturas e costumes que contextualizaram essas

revelações divinas.

A) Mesopotâmia: (Gên. 24:10 Juiz.3:8 Atos 2:9;7:2)

Literalmente “Entre Rios”, é a vasta região do oeste asiático margeada pelos rios

Tigre e Eufrates, que é estende desde os montes da Armênia, ao norte, até o Golfo

Pérsico, ao sul, de cerca de um milhão e meio de quilômetros quadrados.É a terra

dos primeiros dias da história bíblica e o berço da humanidade.Isto porque, de

acordo com as possibilidades geográficas e as mais recentes conclusões históricas e

antropológicas, o surgimento do homem ocorreu na região da Mesopotâmia, e o

jardim do Éden certamente localizou-se nas nascentes dos rios Tigre e

Eufrates(Gên.2:10-14).2

______________________________________ 1Nessa descrição dos limites geográficos do mundo antigo, sigo plenamente Osvaldo 2Ronis em

seu livro já mencionado anteriormente na página 15.

Mackee J.Adams, A Bíblia e as Civilizações Antigas, p 29

Também fatos importantes como o Dilúvio, formação da família de Noé,

migração de sua descendência deram-se nessa região. Hoje, a região é ocupada pelo

Iraque e parte da Turquia.

A Assíria e Baabilônia1 ou a Caldéia foram impérios que se desenvolveram

na região da Mesopotâmia. A bíblia menciona esse dois impérios como dois dos

principais reinos que dominaram o mundo antigo, inclusive massacrando o povo de

Deus. 2

B) Arábia: (I Reis 10:15 Isa. 21:13 Ezeq. 27:21 Gál. 1:17).

Esta é uma região de imensos desertos que se estende desde a foz do rio

Nilo até o golfo Pérsico no sentido oeste-leste, e desde a Síria até o Golfo Arábico no

sentido norte-sul. Foi na parte ocidental da Arábia, também chamada Arábia Pétrea –

incluindo-se nela a Península do Sinai e Edom – que os israelitas peregrinaram 40 anos

e onde foi dada a lei por intermédio de Moisés.

Os seus habitantes primitivos foram os amalequitas, os idumeus (edomitas),

os israelitas, os midianitas, os amonitas e os cenitas, pertencendo a estes últimos o sogro

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de Moisés, Jetro. A bíblia menciona esses povos no contesto das peregrinações e

desafios enfrentados pelos israelitas (Num.13:29;14:45;25:17 Deut. 2:20-21).

C) Pérsia: (2 Crôn.36:20 Ester 10:2).

Primitivamente a região era pequena, situada a nordeste do Golfo Pérsico, a

sudeste de Babilônia e Elão, ao sul da Média. Hoje a região é ocupada pelo Irai

moderno. O império persa chegou a abranger toda a Ásia Ocidental, Grécia e Egito.

A capital mais antiga era Persagada, ou Pasárgada, e até Susã, antiga capital

do Elão.

Foi na Pérsia que tiveram lugar os acontecimentos descritos no livro de Ester.

_________________________ 1Discutiremos mais sobre esses impérios no próximo capítulo onde estudaremos a respeito dos

povos e nações da Bíblia. 2Veja estudos sobre os cativeiros Assírio e Babilônico (2 Reis 17 e 2 Reis 24).Fontes sobre a

história de Israel trazem esse assunto.(Veja a bibliografia).

D) Elão ou Elam:(Gen.10:22;14:1,9 Jer.25:25 Dan.8:2).

País antigo ao qual os gregos denominavam Suziânia, limitando-se ao sul

com o golfo Pérsico; a oeste com o rio Tigre- portanto com Babilônia e Assíria – ao

norte com a Média e a leste com a Pérsia.Segundo provas arqueológicas,sua

capital,Susã,foi fundada cerca de 4000 A.C.1Em épocas diferentes pertenceu aos

impérios vizinhos,como Assíria,Babilônia e Pérsia.Quedorlaomer, que aprisionou Ló e

em cuja perseguição saiu Abraão derrotando-o,era rei de Elão(Gên. 14).É região

montanhosa e relativamente fértil.Hoje é província do Irã.

E) Média: (Esdras 6:2 Isa. 21:2 Dan. 8:20)

Esta região ficava ao norte do Elão, a leste da Assíria, ao sul do mar Cáspio

e partes da Armênis, e a oeste da Partia, que hoje corresponde á moderna província

persa de Khorasan e que ao tempo do império romano marcava o limite oriental do

mesmo. Há uma única menção dos partas na bíblia, em Atos 2:9, onde se faz referência

aos povos representantes em Jerusalém no dia de Pentecostes. Grande parte da Média é

uma vasta planície com cerca de 1000 metros de altitude coberta de ricas pastagens.

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Os medos em tem pos remotos viriam divididos em muitas tribos, portando

sem governo central, sem exército, sem vida organizada.Assim foram presa fácil de

impérios vizinhos mais poderosos.A princípios.A princípio a Média esteve sujeita á

Assíria.Foi naquele tempo que os cativos de Samaria (Reino do Norte em 722 A.C)

foram levados por Sargão II, rei da Assíria, para essa terra (2 Reis 17).

F) Armênia ou Arará:

Esta região abrange extensas e altas serras ao norte da Média, Asssíria e

Síria, tendo a Ásia Menor e o Mar Negro a oeste, o Mar Cáspio a leste, e ao norte as

montanhas do Cáucaso. Nesta região encontram-se as cabeceiras dos rios tigre e

Eufrates, a provável área do Éden e o monte Arará – na parte nordeste - - onde

descansou a arca de Noé no fim do dilúvio.2

No Éden começou a humanidade. No Monte Ararate teve inicia uma nova

geração.

(Gen. 2:8-14). ___________________________ 1Os arqueólogos mencionam essa data haja visto que é uma das cidades mais antigas do mundo.Osvaldo Ronis cita William Foxwell Albright,The Arquaeology Of Palestine.Baltimore;USA:Penguim Books, 1960. 2No que diz respeito à montanha onde repousou a arca após o dilúvio há muita discussão sobre o assunto. O relato bíblico diz: ”No dia dezessete do sétimo mês, a araçá repousou sobre as montanhas de Ararate” (Gen. 8:4). Geograficamente essa montanha está localizada na Turquia.

G) Síria ou Arã: (2 Reis 11:25 Isa.7:8 Atos 15:23).

Localiza-se a sudeste da Armênia, a leste da Ásia Menor e do Mediterrâneo, ao

norte da palestina e a oeste da Assíria e partes da Arábia, cortada na direção norte - sul

pela cordilheira do Líbano, paralela á costa do Mediterrâneo, que apresenta duas

divisões: Líbano – a mais ocidental, a ante-Líbano – a oriental, em cujo extremo sul fica

o célebre Monte Hermon. Grande parte da região é uma planície exuberante de

fertilidade. Os sírios (Arameus) são descendentes de Arã, filho de Sem e neto de Noé.

Nos dias dos patriarcas esta região era constituída de pequenos reinos

independentes. Parece que a cidade de Harã, centro comercial e militar que ficava no

distrito de Padã-Arã, Onde Abraão habitou com seu pai e onde deixou sua parentela

para sair para Canaã, ao tempo do patriarca, pertencia ao noroeste da Mesopotâmia,

vindo mais tarde a incorporar-se á Síria.

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H) Fenícia:

Esta região era uma nesga de terra entre o Mediterrâneo, a oeste, a cordilheira do

Líbano, ou Síria, a leste, Palestina ao sul e Síria, também ao norte, até a pequena ilha de

Arada onde ficava a cidade de Arvade, medindo, em média, 25 quilômetros de largura

por 250 de comprimento. As suas cidades principais citadas no antigo testamento são

Tiro e Sidom (I Reis 5:1 Ezeq. 27 Mar. 3:8 Luc. 10:13).

Eram famosos em navegação,comercio. Ciências, artes e literatura, exercendo

uma notável influência sobre as demais nações do mundo de então.Os cartagineses

(colônia de Cartago,África) eram seus descendentes.Os libaneses que hoje ocupam a

região são seus descendentes.

I)Egito: (Gên.12:10 Êxo.1:1 Mat. 2:4).

Certamente depois de Palestina , a terra que mais se salienta na bíblia, do ponto

de vista histórico e religioso, é o Egito.Isto porque está intimamente relacionando á

formação dos hebreus, um povo distinto e especialmente destinado a ser o instrumento a

Revelação.

A sua posição geográfica é no nordeste africano;tendo ao norte o Mar Mediterrâneo,

a leste partes da Palestina e Arábia - esta separada pelo Mar Vermelho – ao sul,

antigamente a Etiópia, hoje Sudão, e a oeste da Líbia, com seu imenso deserto também

conhecido pelo nome de Saara.É uma vasta região deserta vivificada pelo rio d’água que

corre na direção sul – norte, que é o Rio Nilo.Seu nome antigo é Misraim, ou Misr,

deriva do folho Cham ou Cão,filho de Noé, que para lá se dirigiu depois do dilúvio.

3 – Montanhas1:

Veremos aqui algumas montanhas ou montes que estão relacionados com a história

bíblica.Em algumas delas ocorrerem muitos eventos que foram registrados na

bíblia.Nesta seção abordaremos de modo breve algumas montanhas mais importantes.

– Arará: (Gên.8:4 2Reis 19:37 Jer. 51:27)

Fica no sudoeste da Armênia e é célebre pelo encalhe da arca de Noé.Tem cerca de

5000m de altitude.O texto bíblico de Gên. 8:4 diz que a arca pousou no monte

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Ararate.Acredita-se que este é o local da arca, uma vez que é a montanha mais alta da

região.

- Sinai ou Horebe: (Êxo.3:1 Deut.5:2 I Reis 8:9 Malaq.4:4 Gál. 4:25).

Localizando no extremo sudoeste da Ásia , na Península do Sinai, que tem forma

triangular e que é banhada por dois braços do Mar Vermelho chamados golfo Suez e

Golfo de Acaba, ficando este do lado oriental da península e aquele do lado ocidental.

Sinai, a mais alta , de cerca 2500m de altitude e que fica mais ao sul de Horebe, a

inferior, que se localiza mais ao norte.No monte Sinai Moisés recebeu as tábuas da lei,

com a qual se firmou o pacto entre Deus e o povo de Israel, originando-se, assim, a

nacionalidade hebraica com seus aspectos religioso e civil.

______________________ 1Esta seção está baseada em Osvaldo Ronis,Geografia Bíblica.pp. 25-28 e Russel Chaplin e

João M.Bente.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4 pp. 352-354.Vale salientar

também que grande parte dos montes e desertos citados pela bíblia, especialmente no Novo

Testamento fazem do estudo da geografia de Palestina que é uma área específica no estudo da

geografia bíblica.

Salomão, cobertura de navios, palácios dos reis, instrumentos musicais, etc, por serem de

grande duração.

– Líbanos: (Deut. 3:25 Jos. 13:5 Esdras 3:7 Osé. 14:6 Juiz.3:3).

A cordilheira dos Montes Líbanos, que ocorre paralelamente á costa oriental do

Mediterrâneo, fica na parte ocidental da Síria, ao norte da Palestina, e apresenta-se em

duas divisões: A)Líbano B)Ante-líbano.

O vale do Líbano era famoso pela sua fertilidade.Nas encostas dos Líbanos cresciam

os famosos cedros e as esbeltas faias, madeiras empregadas na construção de templo de

- Hermom: (Deut. 3:8-9 ; 4:48 Sal. 89:12 Cant. 4:8).

Este monte fica no extreme sul da cadeia dos montes ante-Líbanos, no limite sul da

Síria e extremo norte da Palestina,também conhecida como Monte Sirion e Monte

Senir.Ele pode ser visto de muitas partes da Palestina,Síria, Arábia, Fenícia e

Mediterrânio.Acredita-se que a transfiguração de Jesus teve lugar em algum ponto deste

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monte , embora a tradição aponte para o monte Tabor, na Galiléia.(Mat.17:1-8

Luc.9:28-35 I Ped. 1:17-18).

– Seir: (Gên. 14:6 ; 36:8 Deut. 2:4).

Na realidade Seir não é um monte isolado e sim uma serra de montanhas que ocorre

na direção norte-sul na região de Edom, na Arábia ocidental entre o sul do Mar Morto

eo extremo norte do golfo de Acaba,cuja altitude varia entre 300 e 2000m.

Na encosta leste, um pouco afastado da serra mas pertencendo ao mesmo

sistema,fica o monte Hor , onde morreu Arão, irmão de Moisés, durante a peregrinação

de Israel em demanda é terra prometida.Nas montanhas de Seir, provavelmente na sua

parte norte,habitava Esaú, irmão de Jacó.

– Nebo: (Num.33:47)

Esse é um monte defronte do qual ficava a cidade de Jericó, no outro lado do

Jordão.Foi dali que Moisés contemplou a terra prometida.Algum tem identificado o

monte Nebo como o monte que os árabes chamam de Jebel-em-Neba.O nome é

mencionado apenas duas vezes na bíblia, em Deut. 32:49 e 34:1.

– Oliveiras: (Zac. 14:4 Mat. 24:3 Luc. 21:37 ; 22:39).

No hebraico, har hazzethim,que se acha somente em Zac. 14:4.A colina em, questão

é um pequena serra de quatro cumes, o mais alto dos quais tem 830m acima do nível do

mar, dando frente para Jerusalém e para o monte do templo, para quem olha do leste, do

outro lado do vale de cedrom e do poço de Siloé. O monte da oliveiras é uma serra de

pedra calcária que se estende por cerca de 1600m, na direção geral norte-sul, cobrindo

todo o lado oriental da cidade de Jerusalém.

Foi desse monte que Jesus pregou seu sermão escatológico sobre a destruição de

Jerusalém (Mateus 24). O jardim do Getsêmani ficava na região desse

monte.Possivelmente, foi desse monte que Jesus ascendeu ao céu.(Atos 1:12).

4 - Hidrografia:

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Um dos aspectos mais fascinantes na área de Geografia é o estudo da hidrografia

(mares, rios, etc.).Na vasta área do mundo antigo podemos considerar quatro rios

importantes: Nilo,Tigre,Eufrates e Jordão.

4.1-Nilo: (Gên. 41:1 Isa.19:5-6 Jer. 2:18).

De cerca de 6.500 quilômetros de comprimentos, o Nilo é o primeiro rio do

continente africano e o segundo do mundo, tendo suas nascentes na região dos grandes

lagos da África Equatorial, por onde se estendem os seus dois braços chamados Nilo

Branco e Nilo Azul e seus afluentes.O transbordamento do Nilo nos regiões áridas do

Egito e conseqüente abundância das colheitas, notadamente na região do Delta, era

considerado pelos egípcios obra dos deuses.Daí o caráter que o povo atribuía ao

rio.Uma das dez pragas foi derramada nesse rio (Êxo. 7:17-18).

Desse rio é que Moisés foi resgatado pela filha de Faraó.(Êxo.2:1-4,10).

4.2- Tigre: (Gên. 2:14 Dan. 10:4).

Este é o rio que,nascendo nas montanhas da Armênia, corre na direção sudeste

do lado oriental da Mesopotâmia até juntar-se com o Eufrates cerca de 160 quilômetros

antes do golfo Pérsico.O percurso total do Tigre varia de 1780 e 2300 quilômetros.Em

sua margem esquerda, na altura de seu terço superior, ficam as ruínas da antiqüíssima

cidade de Nínive, cuja história começa com o terceiro milênio A.C. e o terço inferior, na

margem direita, fica a cidade de Bagdá.

4.3 - Eufrates: (Gên.15:18 Deut.11:24 Jer. 51:63).

Também conhecido como “Grande Rio”.As suas nascentes acham-se no maciço

montanhosos na Armênia.De início o rio corre para o ocidente, chegando a uma

distância de apenas 93 quilômetros do Mediterrâneo.Depois toma a direção sudeste,

atravessando a célebre cidade de Babilônia a cerca de 140 quilômetros de seu estuário.O

curso total do rio também varia entre 2.880 e 3.330 quilômetros.

Calcula-se que desde os tempos de Abraão, quando a sua cidade (Ur dos

Caldeus) era porto marítimo, o Golfo Pérsico tenha cerca de 250 quilômetros.Também o

Eufrates nos tempos antigos desaguava diretamente no Golfo Pérsico.Hoje cerca de 160

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quilômetros ao norte do referido golfa junta-se com o rio Tigre e daí em diante é

chamado Shat-el-Arab.

4.4 - Jordão: (Gên. 13:10 Núm. 13:29 Deut. 1:1 Jos. 4:1 Mat. 3:5-6,13-16).

Este é o rio, da terra santa inúmeras vezes referido nas escrituras sagradas.É

formado por várias nascentes nas encostas noroeste e oeste do Monte Hermom.Seu

percurso totaliza cerca de 340 quilômetros e atravessa dois lagos: A)Meron e

B)Galiléia, desaguando no Mar Morto.

Um grande evento que atravessa toda a história bíblica nesse rio, foi o batismo

de Jesus por João Batista.

5-A Fauna:

Fauna “É o conjunto das espécies animais que vivem num espaço geográfico ou

em determinado habitat.”1Em suas páginas a bíblia também traz a sua fauna.O texto

bíblico fundamental é Gên. 1:24-25, onde mostra a criação dos animais segundo a sua

espécie.Isto mostra a origem da fauna do planeta,bem como,especificamente do mundo

bíblico.

Na descrição de sua fauna a Bíblia traz grande evidência de suas origens

geográficas.Assim pois, numerosas passagens da bíblia mencionam os animais cujos

costumes são frequentemente citados como exemplo.

5.1 - descrição da Fauna:

Conforme foi dito, a época do surgimento da bíblia testemunha do mundo

existente com todas as suas características.Vejamos os animais do mundo bíblico:

1-O Boi (Isa. 1:13) 2-O Jumento (Zac. 9:9) 3- O Camelo (Gen. 24:18-24) 4 – O

Leão (Juiz. 14:5-6) E)Macacos e Pavões (I Rs. 10:22) F)Ovelhas e Cabritos (Sal.

104:18, Jer. 50:8) G)Ursos (I Sam. 17:34-36) H)Corujas (Isa. 13:21) I)Lobos (Jer. 5:6)

J)Pássaros (Jer. 5:27) L) Monstros Marinhos (Jer. 51:34) M) Serpentes (Deut. 8:15)

N)Avestruzes (Isa. 13:21) O) Hienas (Isa. 13:22).

6 – A Flora:

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Em Gên. 1:11-12 lemos que Deus criou a vida vegetal.A bíblia menciona as

árvores, plantas, etc. Como resultados do poder criador de Deus, muitas espécies de

árvores e plantas vieram á existência.Por vezes é difícil a identificação das espécies

vegetais citadas na bíblia.Todavia, é possível conhecer algumas árvores e plantas nas

páginas sagradas.

6.1 – Descrição da Flora:

A) O Cedro (Num. 24:6) B) O Carvalho (Juiz. 6:11) C) A Romanzeira e Macieira

(Joel 1:12) D)A Figueira (Mat.21:19) E) Os Lírios do Campo (Mat. 6:28) F) A Mirra

(Cant. 4:6 ; 5:13) G)A Videira (Joel 2:22)H) O Azeite (Êxo. 27:20 Óleo e Deut. 24:20

Árvore ) I) A Palmeira (Sal. 92:12;Deut. 34:3).

7 – Desertos:

Na bíblia encontramos várias referencias a desertos, e isto em virtude das

peregrinações dos patriarcas e do povo de Israel, bem como da formação de Moisés, o

grande guia do povo de Deus, que se efetuou especialmente nos desertos do Êxodo.

Além disso, as regiões do mundo antigo onde tiveram lugar os acontecimentos

registrados no bíblia eram marcadas pelos grandes desertos. 1Dicionário da Língua Portuguesa – Larousse Cultural, p.500

8 – Cidades1:

Algo precioso no estudo de introdução á bíblia é conhecer algo a respeito de

como eram as cidades nos tempos bíblicos. A arqueologia tem feito descobertas nas

áreas em que no passado estavam localizadas grandes cidades.

Naturalmente não vamos mencionar todas as cidades da geografia bíblica2,

porém algumas que julgamos de interesse no estudo da bíblia.

8.1 – Ur dos Caldeus:

Situada ao sul de Babilônia ou Caldéia, hoje chamada Mugheir.Cidade do patriarca

Abraão; centro industrial, agrícola e comercial de grande importância; Nas escavações

arqueológicas de Ur temos as mais antigas evidências da cultura sumeriana. 3

8.2 – Nínive:

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Segundo Gênesis 10:11, foi um das mais antigas cidades da Assíria.Tornou-se

capital do mundo antigo no período áureo do império assírio.Ficava á margem oriental

do rio Tigre superior, 50 quilômetros ao norte da confluência do rio Zabe com

aquele.Segundo Jonas 3:3, levava-se três dias para percorrer toda cidade.

Foi tomada pelos babilônios em 612 A.C. ,terminando assim a sua glória.Dois

dos livros proféticos do antigo testamento tem Nínive por objetivo: Jonas e Naum.

8.3 – Damasco:

De acordo com os historiadores é a cidade vivi mais antiga da terra.Localiza-se ao sul

da Síria, no planalto oriental do Ante-Líbano.Através dos séculos tem sido a capital da

Síria.Notável por se constituir num centro estratégico para o comércio do mundo antigo, por

__________________________ 1Na descrição das cidades que serão mencionadas sigo plenamente Osvaldo Ronis em seu livro

Geografia Bíblica já mencionado ao longo desse capítulo. 2É bom lembrar que estamos citando essas cidades de modo geral e não de modo específico

como Poe exemplo se estivéssemos estudando a geografia da Palestina.Por isso muitas cidades

citadas nos evangelhos (Cafarnaum, etc.) não aparecem em nossa descrição.Em seu

livro,Osvaldo Ronis dedica a 2ª parte do mesmo ao estudo da geografia da Palestina.pp. 39-

99.Trata-se de uma ampla abordagem do assunto. 3Veremos um pouco mais sobre essa cultura quando estudarmos os sumérios nos próximos

capítulos.

tratar-se de um ponto de entroncamento das estradas que comunicavam Egito e Arábia

com Assíria,Babilônia e Roma.

É citada freqüentemente nas escrituras em que as referências vão desde os dias

das peregrinações de Abraão (Gên.14)até o tempo do apóstolo Paulo(Gál. 1:17).

8.4 – Babilônia:

A antiga e bela capital do famoso império Babilônico, notável pelos seus

maravilhosos palácios, jardins suspensos, muralhas quase inexpugnáveis.Segundo

Heródoto, historiador grego, citado por John Davis em seu Dicionário da bíblia, as

muralhas que cercavam a “cidade maravilhosa” do mundo antigo eram duplas e tinham

cerca de 28 metros de largura e até 112 metros de altura e 96 quilômetros de extensão,

construídas de tijolos com argamassa de betume com 250torres e 100 portões de cobre.

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Conforme Jer. 51:58, podemos imaginar o que eram os muros de Babilônia.A

época de seu maior esplendor foi o tempo do rei Nabucodonosor, ou seja, século VI

A.C.,portanto nos dias do profeta Daniel,quando o povo de Judá foi levado cativo para

aquela região.

8.5 – Tiro:

Cidade antiga e muito importante na região da Fenícia.Conforme historiadores

antigos, sua fundação remota a 2750 A.C.É mencionada muitas vezes na Bíblia.Foram

os tírios navegantes e comerciantes1 famosos, que mantinham relações com regiões

muito distantes.Ao tempo de Davi e Salomão, o rei de Tiro.Hirão manteve estreita

amizade com Israel, ajudando com sua madeira e artificies a construir os palácios e o

templo.(2Crôn. 2:1-16).

Foram as cidades fenícias Tiro e Sidom as únicas em territórios estrangeiro que

Jesus visitou durante seu ministério terreno (Mat.15:21-31).Paulo tocou em Tiro no

final de sua terceira viagem missionária, onde havia um grupo de cristãos.O nome

moderno dessa cidade é Sur.

8.6 – Sidom

Outra cidade importante e muito antiga da Fenícia, cerca de 30 quilômetros ao

norte de Tiro, porto marítimo do Mediterrâneo, é freqüentemente referida na bíblia.Um

dos reis sidônios, Etbaal, era pai de Jezabel, a terrível mulher de Acabe, rei de

Israel.Segundo pode-se concluir das referencias bíblicas, os sidônios, parece, não

mantiveram as mesmas relações com os hebreus que mantiveram com os tírios, pois

muitas profecias foram proferidas contra essa cidade.

Paulo tocou nesse porto, quando de sua viagem para Roma (Atos 27:3), onde

possuía amigos.

8.7 – Jerusalém:

“Lugar de Paz”, “Habitação Segura”, entre as cidades mais celebras do mundo

encontramos Jerusalém.No que se refere à história bíblica, ela ocupa o primeiro

lugar.Essa posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão, nem em sua

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16

riqueza ou expressão cultural e artística, e sim, em sua profunda e ampla relação com a

Revelação, ou seja, no seu sentido religioso.

Ela foi, de modo especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do

poder, da justiça, da sabedoria, da bondade, de misericórdia, enfim, da grandeza de

Deus, Por isso as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo

do céu (Isa. 52:1-4 Apoc. 21).

8.8 – Atenas:

Este é o nome da capital da Ática, um dos estados da Grécia.Fundada em 1156

A.C., que em 18934 tornou-se a capital de todo o reino da Grécia,distante cerca de nove

quilômetros do Mar Pireu, sendo porto comercial mais próximo Falero.Atenas era

célebre como centro da ciência, da literatura e das artes do mundo antigo, atraindo

inúmeros estudantes de todas as regiões.

As referências bíblicas a esta cidade são todas elas relacionadas com a obra

missionária de Paulo (Atos 17:15-18:1; I Tess. 3:1).

8.9 – Éfeso: ______________________________________________________________________ 1Falaremos mais sobre isso no tópico o comércio nos tempos bíblicos.

A cidade mais importante da costa ocidental da Ásia Menor, cuja origem remota

ao século XI A.C. , localizada na margem do rio Caister, cerca de 18 quilômetros da

desembocadura desde no Mar Egeu, ma província da Lídia.Seu magnífico templo

consagrado a deusa Diana (Ártemis dos gregos), que levou 220 anos para ser construído

e tinha 55m de largura por 122m de comprimento, seu teatro com s]capacidade para 25

mil pessoas assentadas e se hipódromo era famoso mundialmente.

Paulo, reconhecendo a importância estratégica de éfeso, ficou ali durante dois

anos e três meses (Atos 19:8-10) entre os anos 54 e 57 A.D. ,realizando o seu maior

trabalho missionário.

8.10 – Roma:

Uma das cidades mais antigas da Península Itálica, edificada sobre sete colinas,

mas margem esquerda do Rio Tigre, a 24 quilômetros da desembocadura deste no Mar

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Tirreno, na costa ocidental da Península.A data de sua fundação é 753 A.C.Famosa por

ter sido a capital política e cultural do mundo por vários séculos.

Ao tempo do apóstolo Paulo a “cidade eterna” como é chamada já possuía cerca

de um milhão de habitantes.Paulo esteve preso em Roma durante dois anos e dali

escreveu quatro epístolas: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.Foi também em

Roma que Paulo foi decapitado no ano 64 A.D., sob o governo do imperador Nero.

9 – O Comércio:

O mundo bíblico também era um mundo comercial.A história dá testemunho das

relações comerciais que eram efetuadas entre povos e culturas diferentes no mundo

antigo.A região da Fenícia é geralmente citada como um poderoso ponto comercial da

época, especialmente a cidade de Tiro.O profeta Ezequiel faz uma grande descrição

comercial de Tiro (Ezeq. 27:1-36)

Já nos dias de Abraão, na antiga Mesopotâmia, havia contratos de compras e

vendas1 e cotação cambial de moeda corrente (Gên. 23:14-16).

___________________________ 1A arqueologia tem descoberto documentos antigos escritos em cuneiforme, contendo registros

de contratos de compra e venda, registros de leis, etc, nessa região do mundo antigo.

Os Israelitas também comercializavam com outros povos.Na época de Neemias

o comércio tornou-se problema na observância do Sábado como um dia santo. Em pleno

Sábado cargas comerciais passavam pelas portas de Jerusalém (Neem. 10:31 ;13:16-17).

O mundo do novo testamento também dá evidências de relações comerciais. Por

todo o império romano havia rotas comerciais que envolviam povos e pessoas que

comercializavam.Um exemplo é Líbia que era vendedora de púrpura (Atos 16:14).

Como no tempo de Neemias, o comercio também tornou-se um problema na adoração

do templo em Jerusalém no século I da era cristã.Jesus teve de expulsar os cambistas do

templo (Mat. 21:12-13).

10 – Transportes:

O contexto do mundo bíblico deixa claro a existência doa meios de transportes

que predominavam nos tempos bíblicos.É lógico que não podemos comparar com os

tempos modernos.Todavia, aqueles que viveram nas antigas culturas desenvolveram

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meios de locomoção que proporcionavam relacionamentos culturais, comerciais e

religiosos.

10.1 – Descrição dos Transportes:

1 – Camelos (Gên. 37:25; 24:61) 2 – Cavalos (Jer. 17:25 Hab. 1:8) 3 – Carros

(Gên. 45:27 Naum 2:4 Atos 8:38) 4 - Navios (Sal. 104:25-26 Jonas 1:3-4 Atos 27:1-2,

6-7;21: 1-3).

CAPÍTULO II

POVOS E NAÇÕES DO MUNDO ANTIGO1

1 – Sumerianos: (Gen. 11:22-32; 15:6-7).

Os sumérios2 ocupavam o sul do vale da Mesopotâmia no terceiro milênio antes

de Cristo.Vindos do planalto do Irã, fixaram-se na Caldéia (Média e Baixa

Mesopotâmia).Pacíficos, desempenharam relevante papel no desenvolvimento das

civilizações mesopotâmicas.Possuíam um sistema de escrita chamada “Cuneiforme” da

qual a arqueologia dá um forte testemunho em suas descobertas.

Eles elaboram leis para suas comunidades que ditavam a vida social e religiosa,

uma vez que várias divindades eram adoradas.Construíram casa de tijolos cozidos ao

sol, aplicando o principio do arco.Fundaram bibliotecas, escolas, cidades-estados.Sua

dedicação estava voltada para agricultura, a indústria e ao comércio.Empreendedores e

criativos os sumerianos estabeleceram relações comerciais com vários povos da costa

do Mediterrâneo e do vale do Indo.

Como eles fundaram cidades - estados, as principais eram: Ur, Uruk e Lagash. A

mais importante de todas era Ur, opulenta e orgulhosa com seu poderio

econômico.Estas cidades, grandes centros mercantis, eram governadas por déspotas

locais denominados “Patésis”.Um Patésis era o sipremo-sacerdote e chefe militar

absoluto.Acompanhado dos sacerdotes e burocratas, o patésis controlava a construção

de diques, canais de irrigação, templos e celeiros, impondo e administrando os tributos a

que toda população estava sujeita.

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Os deuses eram considerados os proprietários de todas as terras, a quem os

homens sempre deviam servir, sendo as cidades moradas terrenas.Junto aos templos das

cidades, homenageando o seu deus patrono, não raramente eram construídos Zigurates,

pirâmides de tijolos maciços que serviam de santuários e acesso dos deuses quando

desciam até o povo. ______________________________________

1Este capítulo “Povos e Nações da bíblia” está baseado em duas obras na área de história.São Elas:

Osvaldo Rodrigues de Souza, História Geral. 15ªEdiçaõ.São Paulo; SP: Editora Ática.

1977.Cláudio Vicentino, História Geral. 4ªEdição.São Paulo; SP: Editora Scipione, 1997. 2Abraão nasceu e foi educado na cultura dos sumérios.

O progresso das cidades sumerianas foi interrompido pelas invasões de tribos

seminômades, procedentes da Assíria, entre as quais destaca-se a dos Acádios.Enquanto

as cidades-estados sumerianas viviam constantemente em guerra pela supremacia na

região, produzindo hegemonias sucessivas, os acadianos, povos de origem semita,

ocupavam a região central da Mesopotâmia.Por volta de 2300 A.C.,o rei acadiano

Sargão I, unificou politicamente o centro e o sul da Mesopotâmia, dominando os

sumerianos, tornando-se conhecido como “soberano dos quatro cantos da terra.”

Os sumerianos eram pessoas de baixa estatura, atarracados, com barba e cabelo raspados.

2 – Egípcios: (Gen. 12:10; 16:1-3).

Entre as primeiras civilizações orientais pertencentes ao modo de produção

asiático, baseada na servidão coletiva, a egípcia sobressaiu-se como um das mais

grandiosas e mais duradoura.Situada no nordeste da África, numa região

predominantemente desértica, a civilização egípcia desenvolveu-se no fértil vale do rio

Nilo.

Esse quadro natural favoreceu o surgimento das primeiras aldeias neolíticas no

vale do Nilo, constituindo-se os nomos, comunidade autônomas que desenvolveriam

uma agricultura rudimentar e eram chefiadas pelos nomarcas. Para agregar esforços na

construção de diques e canais de irrigação, deu-se a reunião dos nomos, originando a

formação de dois reinos, o reino do alto Egito, localizado ao sul do Nilo, e o Baixo

Egito, ao norte por volta de 3500 A.C.

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20

A unificação deu origem ao chamado período dinástico da história egípcia. O

faraó adquiriu o papel de supremo mandatário, concentrando todos os poderes em suas

mãos e apropriando-se de todas as terras; a população deveria pagar tributos a ele e

servi-lo. Reforçando seu poder, o faraó encarnava também o elemento religioso,

passando a ser considerado um deus vivo, sendo cultuado como tal. Daí chamarmos

monarquia teocrática o regime político do Egito antigo.

A maior parte da população trabalhava na agricultura e, não raramente, era

convocada para trabalhar nos grandes projetos arquitetônicos, como as pirâmides, os

templos funerários, destinados ao faraó e sua família. Depois de 2780 A.C., foram

erigidas as grandes pirâmides de Gizé, túmulos dos faraós da Quarta dinastia egípcia:

Queóps, Quéfren e Miquerinos. A pirâmide de Quéops espalha-se por mais de 60 mil

metros quadrados e contém mais de 6 milhões de toneladas de pedras, atingindo 145

metros de altura. A sua construção levou perto de vinte anos de trabalho, sendo

recrutada toda a população egípcia.

Em função de levantes empreendidos pelos nobres que reivindicaram maior

autonomia, acompanhados de rebeliões camponesas estimuladas pela penúria popular,

minaram o poder central egípcio. Perto de 1800 A.C., agravando ainda mais o quadro

geral, teve início uma obra de invasões estrangeiras, principalmente com os Hicsos. Eles

eram povos de origem asiática que usavam cavalos, carros de guerra e armas feitas de

ferro, equipamentos que até então eram desconhecidos no vale do Nilo.

Foi durante a permanência dos hiscos no Egito que os hebreus começara, a

chegar na região, começando com José, filho de Jacó, e depois toda a família. Os

israelitas se tornaram escravos no Egito após a expulsão do hicsos.

A religião foi o elemento cultural que mais atuou na vida do povo egípcio.

Influenciou a filosofia, a literatura as artes. Suas características principais eram:

politeísmo, crença na imortalidade da alma, no juízo final e culto aos animais. Os

egípcios adoravam muitos deuses, representados de várias formas: Figura humana

(antropomorfismo), figura de animal (zoomorfismo), corpo humano e cabeça de animal

(antropozoomorfismo). Os principais deuses eram: Amon-rá, Osíris, Ísis, Hórus, Ptah,

Thot e Anúbis.

O Egito foi um império desenvolvido na economia (agricultura, indústria e

comércio), nas artes (arquitetura, escultura e pintura), nas ciências (astronomia,

matemática e medicina) e nas letras (literatura e escrita).

3-Cananitas: (Gen. 10: 15-20).

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Ainda que esta designação seja aplicada, na linguagem bíblica, a todos os povos

da Palestina primitiva, no sentido mais restrito se limitava aos descendentes de Canaã,

que habitava a costa do Mediterrâneo, desde a baía do Acre até Jope; o norte da

Palestina, desde o Mediterrâneo até o vale Jordão; e logo do vale do Jordão até ao sul do

Mar Morto.

As provas arqueológicas nos dão a idéia desta distribuição. Conforme a ordem

divina, os cananitas, como os demais povos da terra da promessa, deveriam ser

exterminados por causa de seus pecados (Deut. 9:5), entretanto os israelitas não o

fizeram, pois são citados no recenseamento de Davi muitos séculos depois (2 Sam.

24:7), casavam-se com os israelitas (1 Crôn. 2:3).

4-Amorreus: ( Gen. 10:16; 48:22 Êxo. 34:11).

É outro povo descendente de Canaã, filho de Cão, embora alguns historiadores,

baseados em Números 15:45 e Deut. 1:44, o classifiquem como cananitas. Parece,

porém mais razoável fazer uma distinção entre os dois povos parentes. Os amorreus

ocupavam ao tempo da conquista a região ao sul e leste de Jerusalém e a vasta

montanhosa a leste do Jordão, a Transjordânia (Núm. 13:30). Foi o povo que ofereceu a

mais tenaz oposição ao avanço dos israelitas, haja vista a batalha em Gabaom, quando

Josué pediu a Deus que o sol e a lua se detivessem (Jos. 10:4-5, 12-24).

5 - Filisteus: ( Gên.10:14 Jos. 13:2)

Este povo, cuja origem é desconhecida ocupava uma área de terra no extremo

sul da costa palestínica e era extremamente belicioso, razão porque Deus não permitiu

que seu povo por ocasião do êxodo seguisse o caminho mais curto para Canaã que

passava pela terra dos Filisteus (Êxo, 13:17)

As cinco cidades fortificadas dos filisteus representavam os cinco estados

independentes, mas confederados, cujos nomes foram Asquelom, Gaza,Gat,Azdod e

Ecrom. Na divisão da terra da promessa, a Filístia e coube às tribos de Judá e Dã.

Somente depois da morte de Josué é que Judá atacou a Filístia e tomou Gaza, Asquelom

e Ecrom (Juiz. 1:18).Numa foi possível uma paz permanente entre os filisteus e os

hebreus. Estiveram em lutas constantes durante toda a história de Israel, isto é, durante

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os períodos dos juizes, do Reino Unido, dos Reinos e de Judá quando sozinho na

Palestina.

Depois do cativeiro de Judá, a Síria anexou a Filístia. E só depois das conquistas

de Alexandre, o grande, que destruiu Gaza, a última cidade fortificada que resistiu, é

que os filisteus desapareceram para sempre como um povo.

6-Fenícios: (Atos 11:19; 15:3;21:2)

Este foi grande povo que habitava a estreita faixa de terra ao norte da Palestina,

entre os montes Líbanos e o Mediterrâneos, desenvolvendo, pela navegação e comércio,

uma vasta riqueza (Ezeq. 27). Este povo era camita (Gên.10:15-19), embora sua língua

pertencesse ao grupo semita. As duas cidades que sobressaiam em diferentes épocas

eram Tiro e Sidom. As divindades principais dos fenícios eram Baal e Asterote, cujo

culto se infriltou em Israeler atingiu as culminâncias quando do reinado de Acabe, que

casou-se com a princesa fenícia Jezabel, de triste memória.

Entretanto, as relações entre os hebreus e os fenícios sempre foram pacíficas e

cordiais. Por ocasião da conquista sob comando de Josué, o território fenício, embora

contido na promessa dada por Deus, e que tocaria à tribo de Aser, não foi tomado (Juíz.

1:31). Mais tarde, nos dias de Davi e Salomão, o rei de Tiro, Hirão, tornou-se o grande

fornecedor do material para a construção da casa de Israel e do templo de Jerusalém (2

Sam. 5:11, I Reis 5), bem como ajudou a Salomão nos seus empreendimentos

comerciais pelo mar, em troca de provisões de trigo, vinho e azeite, e mais de vinte e

cinco cidades da Galiléia (I reis 9:11).

7-Assírios: (Gên.2:14 2 Reis 15:20).

Os assírios fixaram-se no norte da Mesopotâmia por volta de 2.500 A.C.,

fazendo da cidade de Assur, nome de sua principal divindade, a sua capital.Ocupavam

as margens do rio Tigre e as montanhas próximas, onde eram abundantes madeiras e

várias riquezas minerais, como o cobre e o ferro, sobrevivendo graças às atividades

agropastoris e à caça. Aos poucos, edificaram um forte estado militarizado, contando

com cavalos, carros de guerra, armas de ferro; armamentos bem superiores aos dos

vizinhos, os quais foram submetidos ao seu domínio.

O predomínio social entre os Assírios cabia a uma aristocracia sacerdotal e

militar que sujeitava toda a massa camponesa, a qual era obrigada ao pagamento de

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tributos em cereais, metais, gado e a prestar serviços gratuitos ao estado. Com a

crescente expansão e militarização da sociedade assíria, a população e os serviços

públicos acabaram ficando a cargo das populações vencidas, transformadas em

escravos, e grande parte dos lavradores, e artesãos assírios passou a compor o exército.

Os assírios ficaram famosos pela crueldade com que tratavam os vencidos, não

sendo raro o esfolamento vivo nas pedras. Cortavam orelhas, órgãos genitais e narizes

daqueles que ousassem ameaçar seu domínio, buscando a total intimidação dos

conquistados. Durante o reinado de Sargão II, os assírios conquistaram o reino de Israel

e, no de Tiglatpileser, tomaram a cidade de Babilônia. Durante o século VII A C.,

sobretudo nos reinados de Senaqueribe (705-681 A C.), o império Assírio atingiu seu

apogeu, dominando uma área que se estendia do Golfo Pérsio á Ásia Menor e do Tigre

até o Egito.

Com Senaqueribe, a capital foi tranferida de Assur para Nínive e, sob

Assurbanipal, foram realizadas as últimas grandes conquista assírias, incluindo a do

Egito.

8-Babilônios: (Dan. 2:36-37;7:4)

Hamuraí (1792-1750 A C.) foi o mais famoso soberano de Babilônia, foi o

verdadeiro fundador do império. Fortificou a capital, cercando-a de muralhas. Estendeu

suas conquistas e realizou grandes obras públicas. Sua mais célebre realização é o “

código de leis”, o mais antigo código completo escritos que a história registra. Esse foi

o primeiro império de Babilônia, que foi derrotado pelos assírios.

Com a queda do império Assírio, a Babilônia voltou a reinar. Assim nasceu o

segundo império babilônico conhecido como Neo-Babilônico. Foi mais grandioso que o

de Hamurábi, e mais de mil anos depois.

Durante o reinado de Nabucodonosor (604-561 A C.), o segundo império

Babilônico teve seu apogeu. Foi a época das grandes construções públicas, como os

templos para vários deuses, especialmente o de Marduk, as grandes muralhas da cidade

e os palácios, a exemplo dos “jardins suspensos da Babilônia”, considerados pelos

gregos uma das maiores “maravilhas do mundo”. Nessa época estendem-se as fronteiras

do império até o Egito. Com essa expansão, os fenícios foram aniquilados e os hebreus

subjugados e levados para Babilônia.

Com Nabucodonosor a frente do império, Babilônia recebeu o título de “Rainha

da Ásia”. Depois de sua morte o império caldeu declinou. O segundo império

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Babilônico não sobreviveu por muito tempo, sendo conquistado em 539 A C. pelo rei

persa Ciro I. A partir daí, a Mesopotâmia e seus domínios passaram a pertencer ao

império Persa.

9 - Persas: (Dan. 2:39).

Com a destruição de Babilônia os persas dominaram o mundo de então. Suas

origens remontaram ao século VIII A C. Com a capital em Ecbátana, primeiramente

levantou-se o Reino da Média, que chegou a controlar o Reino da Pérsia. Em meio às

disputas e alianças com os vizinhos persas, o sucessor de Ciáxares acabou destronando

a Ciro I, da Pérsia, completando a fusão ao novo Reino da Pérsia.

Ciro I conquistou a Lídia e colônias gregas da Ásia Menor e, a seguir, em 539 A

C., a Babilônia, libertando os judeus do cativeiro, permitindo seu regresso à Palestina.

Ao morrer, sem deixar um filho herdeiro, com apenas sete anos de reinado, Cambises

foi sucedido por outro membro de sua família. Seu nome era Dario I (512-484 A C.).

Dario I reforçou a diplomacia de respeito às tradições nacionais e religiões

locais, além de estabelecer uma organização que dividiu o império Persa em vinte

províncias, chamadas Satrápias, as quais eram regidas por um Sátrapa (governador) e

obrigadas a pagar impostos ao império de acordo com as posses e riquezas das

províncias.

O culto religioso e as práticas rituais não requeriam templos e eram comandadas

pelos magos (sacerdotes) que, vestidos de branco, lideravam os hinos e a manutenção

do fogo sagrado que representava o Ahura-Mazda. Admitiam que existia vida após a

morte e acreditavam no paraíso para os justos, e no purgatório e no inferno para os

pecadores. Esperavam pela vida de um messias que um dia salvaria os homens justos,

livrando-os dos sofrimentos. Os fundamentos dessa religião estavam no Avesta ou

Zend-Avesta, escrito pelo legendário Zoroastro, também conhecido por Zaratustra. A

denominação Zoroastrismo dada à região persa decorre desse nome, sendo também

comum o nome masdeísmo, advindo do deus Mazda.

Os livros bíblicos de Daniel e Ester relatam muitos dos acontecimentos que

tiveram lugar na história e secular durante o domínio dos persas.

10 - Gregos: (Dan. 2:39;7:6).

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Em 331 A C. o império Persa foi dominado pelos gregos, sob o comando de

Alexandre, o grande. As origens da civilização grega estão profundamente relacionadas

á história de Creta, o que tudo indica, por volta de 2000 A C., esses povos, organizados

em comunidades coletivistas, ocupavam a zona litorânea e mais alguns pontos isolados

na Grécia continental. Atenas, sua capital, situada na Ática, apresenta uma paisagem

movimentada, onde colinas e montanhas parcelam pequenas planícies.

A Grécia foi uma das civilizações de maior cultura do mundo antigo. A herança

cultural deixada pelos gregos foi muito rica e influenciou toda civilização ocidental.

Suas concepções de beleza, retratadas nas obras de escultura, pintura e arquitetura,

foram tidas como clássicas, por seu equilíbrio e harmonia. Também sua produção

teatral, filosófica e científica foi fecunda e marcou as linhas de pensamentos até a idade

moderna. Muitos fatos registrados pelo novo testamento, especialmente no livro de Atos

dos Apóstolos, tem como pano de fundo a cultura grega. O apóstolo Paulo também se

valeu de muitas ilustrações do mundo grego para o desenvolvimento da teologia que

acompanhou suas várias epístolas.

Conforme já vimos, a cultura dos gregos foi riquíssima em sua influência para o mundo.

As áreas desenvolvidas Por eles foram o teatro, a história, a poesia, a filosofia, as artes ,as

ciências e a religião.Em cada uma dessas áreas percebe-se o pensamento lógico,

principalmente na filosofia.É nesse período que tem destaque os pensadores (Sócrates,

Platão, Aristóteles e outros), cujo pensamento filosófico foi e tem sido a base para muitas

teorias, inclusive heresias teológicas1 ensinadas hoje no mundo cristão.

A religião grega era politeísta e antropomórfica, sendo composta de vários deuses que

se assemelham aos homens, já que possuíam características físicas e psíquicas idênticas ás

humanas (fraquezas, paixões, virtudes).As principais divindades eram: Zeus, o senhor de

todos os deuses do mundo; Hera,esposa de Zeus, protetora das mulheres e do

casamento;Atena,filha de Zeus, protetora das artes e da sabedoria (em sua honra foi

construído o Partenon);Apolo, deus da luz;Ártemis,deusa da caça;Hermes2,mensageiro dos

deuses e deus do comércio, representado por um capacete provido de duas asa;Dioniso,deus

do vinho;Posêidon,deus das águas.Afrodite, deusa do amor e da beleza feminina.

10.1 – O Período Helenístico:

Culturalmente, o resultado das campanhas de Alexandre foi a fusão da cultura grega

com a oriental, transformando uma e outra numa nova forma de expressão,que se

denominou helenismo.Na história esse período correspondo aos séculos II e II A.C.

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O helenismo trouxe grande impulso às ciências: Na astronomia, salientou-se Ptolomeu,

que defendeu a tese do sistema geocêntrico; na geografia, Eratóstenes, que calculou a

__________________________

1 A doutrina da imortalidade da alma, Dicotomia e Tricotomia do homem, etc. 2 A palavras “Hermenêutica” (Ciência que rege os princípios de interpretação da bíblia)deriva-se desse nome, uma vez que se tratava de um mensageiro para os gregos.

medida da circunferência da terra; na matemática e na física, destacaram-se Euclides,

que criou as bases da geometria, e Arquimedes, que descobriu os princípios básicos da

física, como da alavanca e o da roldana. Além de formular leis de flutuação dos corpos.

Foi nesse período também que em Alexandria, no Egito, ocorreu a tradução do antigo

testamento hebraico para a língua grega, que ficou conhecida como a Septuaginta. A data

dessa tradução á aproximadamente 285 A.C.

11 – Romanos: (Dan. 2:40; 7:7-8).

Roma desenvolveu-se na península Itálica, região de solo fértil, com a costa pouco

recortada, limitando-se ao norte com a Europa centro-ocidental através dos Alpes.Seus

descendentes Rômulo e Remo foram jogados por Amúlio, rei de Alba Longa, no Tigre.Mas

foram amamentados por uma boa loba1 que salvou, tendo em seguida sido encontrados por

camponeses. Conta ainda a lenda que, quando adultos, os dois irmãos voltaram a Alba

Longa, depuseram Amúlio e em seguida fundaram Roma em 753 A C. Após

desentendimentos, entretanto, Rômulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de

Roma. A documentação desse período é precária, e até mesmo os nomes dos reis são

desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de Virgílio e

Tito Lívio.

Roma atingiu seu apogeu, durante o alto império, devido ao desenvolvimento sem

precedentes do modo de produção escravista e às conquistas territoriais, alcançando

riquezas e poder como nenhuma outra civilização. Ao imperador, supremo mandatário,

cabia exercer totalmente o controle político, sobrepondo-se ao senado. A ele competia

nomear magistrados, controlar os exercícios, interferindo, até mesmo, nas questões

religiosas2. Foi durante o governo de Otávio Augusto (27 A C.- 14 A D.), que nasceu Jesus

Cristo, cumprindo assim, as profecias messiânicas.

Os romanos desenvolveram uma cultura marcada por alguns elementos. O código de

leis foi o mais importante legado romano às civilizações posteriores. Dividi-se em Jus

Naturale (direito natural) compêndio de filosofia jurídica; Jus Gentium (direito das

____________________________

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1 No que diz respeito a origem da cidade de Roma os historiadores sempre mencionam esse fato. Vale salientar que trata-se de uma lenda. Todavia, a data 753 A C, é geralmente aceita para a fundação de Roma. 2 Constantino (313- 337 A D.) através do edito de Milão, concedeu liberdade de culto aos cristãos. Na mudança do Sábado para Domingo (07 de Março de 321 A

D.) cumpriu a predição de Dan. 7:25. Foi um imperador romano que muito interferiu na igreja cristã.

gentes), complicação de leis abrangentes, isto é, que não levam em conta as nacionalidades;

e Jus Civile (direito civil) conjunto de leis aplicáveis aos cidadãos de Roma. O sistema

jurídico romano foi construído, progressivamente, desde os primeiros tempos da

civilização.

Outro ramo da cultura romana que se desenvolveu consideravelmente foi a literatura,

destacando-se Cícero, poeta e o maior orador romano; Virgílio, autor de Eneida; Tito Lívio,

autor de História de Roma, e outros.

A arquitetura romana celebrizou-se pela grandiosidade de suas obras: aquedutos,

estradas e muralhas, que sobreviviam no tempo.

Em Roma, a religião dominante era politeísta, na medida em que se inspirava na religião

grega, adaptada, porém, às condições de vida dos romanos. Suas principais divindades eram

Júpiter (Zeus), principal deus romano; Juno (Hera), protetora da família; Diana (Ártemis),

deusa da caça; Baco (Dioniso), deus do vinho; Vênus (Afrodite), deusa da beleza.

CAPÍTULO III

AS DIVISÕES DA BÍBLIA

Estamos acostumados com a Bíblia dividia no seu conteúdo em livros, capítulos

e versículos.1 Vale salientar que nem sempre foi assim. Entre os estudiosos do texto

bíblico é unânime a afirmação de nas línguas originais a bíblia não estava dividida em

capítulos e versículos. Por outro lado também, a ordem dos livros da bíblia conforme

temos diferem da ordem original.

De acordo com o professor Pedro Apolinário2, a primeira divisão conhecida do

texto hebraico são as seções conhecidas como sedarins. Para que nas sinagogas, em um

período de três anos, se lesse todo o pentatêuco, que por sua vez foi dividido em 167

sedarins. Os judeus valorizavam muito o texto sagrado. Ele era fruto ra Revelação

divina ao longo de história da nação judaica. O ofício da escrita do texto era muito

sagrado entre os judeus, pois indicava às futuras gerações todas as orientações de Jeová,

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bem como a conservação em registro das intervenções de Deus na história de seu povo

escolhido.

1-ANTIGO TESTAMENTO:

Conforme Russel Champlim3, entre os judeus, o antigo testamento era dividido

como segue: A lei(Torah)4 - os primeiros cinco livros da bíblia, também chamados

coletivamente, de pentatêuco5. Os profetas (Nebiin) são os livros dos profetas que foram

divididos em profetas maiores (quatro anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis. Três

posteriores: Isaías,Jeremias e Ezequiel) e profetas menores(Os doze: Oséias, Joel,

Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).

Os três livros mais extensos, Isaías, Jeremias e Ezequiel são chamados de profetas

1Essa divisão foi feita pelo cardeal Hugo ou Caro. (Sobre esse assunto veja obras que tratam dos manuscritos da bíblia que constam na bibliografia). 2Pedro Apolinário foi durante muitos anos professor de línguas bíblicas e críticas textual no seminário Adventista Latino americano de Teologia, lecionando nas duas sedes dessa instituição no Brasil,isto é, em São Paulo e Bahia.Autor de muitos trabalhos nessas áreas para o referido seminário. 3È um PH.D. em línguas clássicas.Suas dissertações foram escritas na área de manuscritos gregos antigos no novo testamento. Cito na bibliografia duas de suas obras. 4Essea termos que aparecem entre parênteses são palavras hebraicas empregadas para dividir o antigo testamento em blocos.São três, isto é: TORAH, NEBLIN E KETHUBIM. Significam: Lei, Profetas e Escritos ou Salmos. 5Veja o Glossário para a definição desse termo maiores, nos comentários bíblicos modernos, enquanto que os demais livros proféticos

são chamados de profetas menores, meramente em vista da quantidade de material que

eles contém. Os escritos ou Salmos(Kethubim), que são os livros poéticos: Rute, Jô,

Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Éster e Daniel1. Nas edições modernas, os

livros de Samuel, Reis e Crônicas são divididos em I e II cada um.

Como judeu, Jesus lidava com as escrituras de seus dias(antigo testamento)

conforme a época.Na estrada de Emaús, é provável que ele expôs as escrituras de

acordo com a divisão judaica do texto bíblico. Lemos: “e, começando por Moisés,

discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas

as escrituras” e mais “A seguir lhes disse: são estas as palavras que eu vos falei, estando

ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de

Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.(Luc.24:27,44) Grifo Nosso.

O apóstolo Paulo também lidava com as escrituras considerando essa tríplice

divisão.Em sua epístola aos Romanos, no desenvolvimento de doutrina da salvação ,ele

menciona o plano salvífico de Deus no antigo testamento citado em Gênesis

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(Rom.4:3), Habacuque (Rom1:17) e Salmos (Rom.4:7).Com isso ele fundamenta seu

argumento soteriológico citando a lei, profetas e salmos, isto é, Moisés, Habacuque e

Davi.

Nas traduções modernas da bíblia, o antigo testamento é composto por 39

livros.2 Entretanto, no texto original hebraico,a composição do antigo testamento segue

uma ordem diferente da bíblia que temos .O cânon original tinha 24 livros.3

O Dr. Siegfried Horn4 , numa pesquisa do antigo testamento na versão inglesa

king James (Rei Tiago),descobriu o seguinte1: O antigo testamento é composto por 39

livros, 929 capítulos, 23.214 versículos, 593.493 palavras e 2.728.100 letras.

2 - NOVO TESTAMENTO

Nos primeiros séculos o novo testamento estava dividido em três partes:

Evangelhos, Epístolas e Atos e a Revelação ou Apocalipse. O novo testamento é o

mesmo, no cânon católico. Os livros antigamente disputados (sobre os quais várias

_________________________________ 1Temos o livro de Daniel como livro profético da mais alta espécie (para muitos e o Apocalipse do antigo testamento), todavia nessa divisão entre os judeus ele aparece no bloco dos escritos. 2Veja o índice da bíblia. 3Isso deve-se ao fato de que os livros de Esdras e Neemias eram um volume. Os livros de Reis e Crônicas era um só volume. 4Grande arqueólogo que fez grandes contribuições nas pesquisas teológicas em todo o mundo.O comentário bíblico Adventista contém excelentes matérias de sua autoria.

antigas autoridades do cristianismo tinha dúvidas 2) como Hebreus,Tiago,II Pedro,II e

III João,Judas e Apocalipse,desde o século IV A..D. foram universalmente aceitos.

Os mesmos nossos vinte sete livros do novo testamento nem sempre era

arrumados na mesma ordem que aparecem em nossas bíblias. Assim, os evangelhos, o

livro de Atos, manuscritos antigos continham todos os vinte e sete livros.Essa divisão

também pode ser feita seguindo uma ordem temática. Pois ,”Mateus freqüentemente

cita as profecias do velho testamento para mostrar que aquilo que Deus estava operando

em Jesus é o que Deus havia prometido pele]os profetas.Os evangelhos registram as

obras e palavras de Jesus; os atos relatam o estabelecimento e extensão do movimento

que se iniciou com o ministério de Jesus;as espístolas reforçam as explicações sobre o

significado da missão redentora de Jesus ;e o apocalipse esboça a consumação da obra

redentora de Cristo para o mundo e a história humana,a qual é possível graças ao que

ele já fez na história(Apoc.5)”3.

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Se tivéssemos que fazer uma divisão do novo no que nos diz respeito a sua

cronologia, poderíamos dividi-los em três partes, isto é, Começo, Expansão e

Consolidação.

Segundo a mesma pesquisa feita pelo Dr. Horn, já mencionado anteriormente, o

novo testamento ficou como se segue: 27 livros, 260 capítulos, 7.959 versículos,

181.253 palavras e 838.380 letras.

Assim toda a bíblia4 totalizou:66 livros,1.189 capítulos,7.959 versículos,181.253

palavras,838.380 letras.

1Os dados dessa pesquisa são fornecidos pelo Dr. Alberto Lira em seu livro “A Bíblia” citado pelo professor Pedro Apolinário(já mencionado anteriormente). 2Veremos um pouco mais em detalhe essa questão quando estudarmos a Canonicidade da Bíblia. 3Essa e um a excelente descrição feita por George Ladd em sua obra Teologia do Novo Testamento, p.27. 4Aqui é mencionado a bíblia na versão King James. Essa mesma pesquisa em outra tradução pode variar consideravelmente em seus resultados.

CAPÍTULO IV

OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA

A própria Bíblia dá testemunho de suas origens em forma de manuscrito. A palavra

“escritura” deixa implícito o aspecto do ato de escrever. Moisés escreveu as palavras do

Senhor (Êxo. 24:4), Jeremias foi orientado por Deus a escrever as suas orientações,

razão porque ele usou o amanuense Baruque (Jer. 36). No novo testamento os

testemunhos são contínuos. Paulo fala de seus escritos (Gal. 1:20; 6:11). João, na ilha de

Patmos, foi orientado a escrever um livro das suas visões (Apoc. 1:11,19).

Os escritos clássicos da Grécia e de Roma ilustram de modo extraordinário o caráter

da preservação dos manuscritos bíblicos. Em contraposição ao número total de mais de

cinco mil manuscritos do novo testamento conhecidos hoje, outros livros históricos e

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religiosos do mundo antigo praticamente desapareceram. Só 643 exemplares da Ilíada

de Homero sobreviveram em forma de manuscrito. Da história de Roma, de Tito Lívio,

restaram apenas vinte exemplares, e a obra Guerras Gálicas, de César, só se conhece

mediante nove ou dez manuscritos; as obras de Tácito só podem ser encontradas em

dois manuscritos. Uma pesquisa das evidencias em manuscritos do antigo testamento,

embora não sejam tão numerosas como as do novo, revela a natureza e a comprovação

documentária dos textos originais da bíblia hebraica.

1 - Os Manuscritos do Antigo Testamento:

Em comparação com o novo testamento, há relativamente poucos manuscritos

antigos do texto do antigo testamento. Era o que se verificava sobretudo antes da

descoberta, em 1947, dos rolos do Mar Morto. Mas esse acontecimento proporcionou

ensejo para nosso estudo das tradições do texto massorético dos rolos do Mar Morto.

Antes desse achado, o mais antigo manuscrito hebraico era datado do século IX A.D., o

que deixava um hiato de cerca de mil anos entre essa data e o reinado de Davi sobre

Israel. Para nada dizermos sobre o hiato entre os séculos IX A.D. e a época de Moisés.

A) O texto Massocrético:

Até recentemente, só uns poucos manuscritos hebraicos do antigo testamento eram

conhecidos. Aliás, antes da descoberta dos manuscritos Cairo Geneza , em 1890, só 731

manuscritos hebraicos haviam sido publicados. E por isso que a edição corrente da bíbli

hebraica, de Kittel, baseia-se em apenas quatro principais manuscritos, mas sobretudo

em um deles (o códice de Leningrado). Nessa tradição, os principais textos foram

copiados durante o período massocrético, como comprovam as seguintes amostras.

Códice do Cairo ou Cairota - Data de aproximadamente 895 A.C. Talvez seja o

manuscrito massocrético mais antigo dos profetas, e contém tanto os profetas antigos

como os posteriores, mais recentes.

Códice do Leningrado ou babilônico (Mx B3) – Também conhecido como o

códice de São Petesburgo, datado de 916 A.D., contém apenas os últimos profetas

(Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze), tendo sido escrito com vocalização babilônica.

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Códice alepo – Datado de 930 A.D. Nesse códice, o antigo testamento já não está

mais completo. Deve ser a principal autoridade em bíblia hebraica a ser publicada em

Jerusalém, tendo sido corrigida e vocalizada por Aaron Bem Asher, em 930A.D.

Códice do Museu Britânico – Data de 950 A.D. e trata-se d um manuscrito

incompleto do Pentateuco. Contem apenas Gênesis 39:20 a Deuteronômio 1:33.

Códice de Lningrado (B19 A ou L) – Datado de 108 A.D. E o maior manuscrito

do antigo testamento, o mais completo. Foi escrito em velino, com três colunas de 21

linhas por página. Os sinais vocálicos e os seguem o padrão babilônico, colocados

acima da linha.

Códice Reuuchlin (MS Ad.21161) dos profetas – Data de 1105 A.D.e contém um

texto revisto que atesta a fidelidade do código de Leningrado.

O número relativamente reduzido de antigos manuscritos do antigo testamento, com

exceção do Cairo Geneza, pode ser atribuído a vários fatores. O primeiro, mas óbvio é a

própria antiguidade dos manuscritos, combinada com sua inerente destrutibilidade;

esses dois fatores concorrem para o desaparecimento dos manuscritos. Outro fator que

milita contra a sobrevivência desses manuscritos foi a deportação dos israelitas à

Babilônia e ao domínio estrangeiro após o retorno á Palestina. Jerusalém foi

conquistada 47 vezes, em sua história, só no período de 1800a 1949 A.D. Isso explica

porque os textos massoréticos foram descobertos fora da Palestina. Outro fator que

influi na escassez de manuscritos diz respeito às leis sagradas dos escribas, que exigiam

que os manuscritos gastos pelo uso ou com erros fossem enterrado. Segundo uma

tradição talmúdica, todo manuscrito que contivesse erro ou falha e todo aquele que

estivesse demasiado gasto pelo uso eram sistematicamente e religiosamente destruídos.

Tais práticas sem dúvida alguma fizeram diminuir o número de manuscritos que se

poderiam encontrar. Por fim, durante os séculos V e VI A.D. , quando os massoteras

(Escribas Judeus) padronizaram o texto hebraico, acredita-se que de modo sistemático e

completo destruíram todos os manuscritos que discordassem do sistema de vocalização

(adição de letras vocálicas) e de padronização do texto das escrituras. Muitas evidencias

arqueológicas e a ausência de manuscritos mais antigos tendem a dar apoio a este

julgamento. O resultado é que o texto massorético impresso do antigo testamento, como

o temos hoje, baseia-se nuns poucos manuscritos, nenhum dos quais com origem

anterior ao século X A.D.

Ainda que haja relativamente poucos manuscritos massoréticos primitivos, a

qualidade dos manuscritos disponíveis é muito boa. Isso se deve a vários fatores. Em

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33

primeiro lugar, há pouquíssimas variantes do texto estabelecido por volta de 100 A.C.

diferentemente do novo testamento, que baseia a sua fidelidade textual na

multiplicidade de cópias de manuscritos, o texto do antigo testamento deve suas

exatidão à habilidade e à confiabilidade dos escribas que o transmitiam. Com todo

respeito às escritura judaicas, só a exatidão dos escribas, no entanto não basta para

garantir o produto genuíno. Antes, a reverencia quase supersticiosa que dedicavam ás

escrituras é de primordial importância.

Segundo o talmude, só determinados tipos de peles podiam ser utilizados, o

tamanho das colunas era controlado por regras rigorosas, o mesmo acontecendo com

respeito ao ritual que o escriba deveria seguir ao copiar o manuscrito. Se se descobrisse

que o manuscrito continha um único erro, a peça era descartada e destruída. Tão severo

formalismo dos escribas dos escribas foi responsável, pelo menos em parte, pelo

extremo cuidado aplicado no processo de copiar as escrituras sagradas.

Outra categoria de evidências quanto à integridade do texto massorético do antigo

testamento. O salmo 14, por exemplo reaparece de novo como salmo 53; grande parte

de Isaías 36-39 reaparece em 2 Reis 18:20; Isaías 2:2-4 corresponde a Miquéias 4:1-3, e

grande parte de Crônicas se encontra de novo em Samuel e em Reis. Um exame dessas

passagens, bem como de outras, revela não só o substancial acordo textual, mas

também, em certos casos, igualdade quase absoluta, palavra por palavra. Resulta disso a

conclusão de que os textos do antigo testamento não sofreram revisões radicais, ainda

que as passagens paralelas tenham origem em fontes idênticas.

Outra prova substancial quanto á exatidão do texto massorético da arqueologia.

Robert Dick Wilson e William F. Albright, por exemplo fizeram numerosas descobertas

que confirmam a exatidão histórica dos documentos bíblicos, até mesmo no que

concerne aos nomes obsoletos de reis estrangeiros. Talvez o melhor tipo de evidencias

em apois à integridade do texto massorético é encontrada na tradução grega do antigp

testamento (Septuaginta ou LXX). Esse trabalho foi executado em Alexandria, no

Egito. Na maior parte, é reproduzido livro por livro, capítulo por capítulo do texto

massorético e conte, diferenças estilísticas e idiomáticas comuns. Além disso, a

septuaginta foi a bíblia que Jesus e os apóstolos usaram, a maior parte das citações no

novo testamento foram tiradas diretamente desta tradução. No todo, a septuaginta

contistui-se correspondente do texto massorético e tende a confirmar a fidelidade do

texto hebraico do século X A.D.

Além de todas estas evidencias’quero acrescentar o fator sobrenatural do cuidado

de Deus pela sua palavra. Durante séculos, em meio aos erros e tradições humanas, a

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palavra sagrada foi de modo sobrenatural. Essa é uma evidencia esmagadora de que os

manuscritos bíblicos em sua exatidão testificam da inspirada palavra de Deus.

B) Os Rolos do Mar Morto

A descoberta dos manuscritos do Mar Morto, foi sem sombra de dúvidas um dos

maiores achados arqueológicos do século XX. Eles confirmam com exatidão do texto

massorético que segue-se ás tradições modernas. E claro que tal exatidão indica grande

parte dos manuscritos, apesar de algumas diferenças. Essa grande descoberta ocorreu

um masrço de 1947, quendo um jovem árabe (Muhammad Adh-Dhib) que era pastor de

ovelhas estava perseguindo uma cabra perdida nas grutas, a doze quilômetros ao sul de

Jericó e um meio quilometro a oeste do Mar Morto. Numas das grutas1 ele descobriu

umas jarras que continham vários rolos de couro.

Os manuscritos que trazem o texto do antigo testamento são os de maior interesse

para nós. A gruta 1 é a que havia sido descoberta pelo jovem árabe, a qual continha sete

rolos mais ou menos completos e alguns fragmentos, dentre os quais o livro de Isaías

(Isaías A), um manual de disciplina, um comentário de Habacuque, um apócrifo de

Gênesis, um texto incompleto de Isaías (Isaías B), a regra da guerra e cerca de trinta

hinos de ação de graças. Na gruta 2 foram encontrados outros manuscritos; essa gruta

havia sido descoberta por beduínos que roubaram alguns artigos. Descobriram ali

fragmentos de cerca de cem manuscritos . Na gruta 3 foram duas metades de um rolo de

______________________________ 1 Os autores mencionam pelo menos 11 ou 12 grutas existentes na região de Qunram, próximo ao Mar

Morto. Em todas essas grutas forma achados manuscritos no período de 1947 a 1956. cobre que dava instruções sobre como achar sessenta ou mais lugares que continham

tesouros escondidos, a maior parte dos quais em Jerusalém ou em seus arredores.

A gruta 4 (a gruta perdiz) também havia sido pilhada por beduínos, antes de ser

escavada em setembro de 1952. No entanto, verificou-se que haveria de ser a gruta mais

produtiva de todas, visto que literalmente, milhares de fragmentos forma recuperados e

reconstituídos, quer mediante compra dos beduínos, quer em decorrência da peneiração

arqueológica da poeira do solo da gruta. Um fragmento de Samuel que se encontrou

aqui é tido como o mais antigo trecho hebraico bíblico conhecido, pois data do século

IV A.C. Na gruta 5 acharam-se alguns livros bíblicos e outros apócrifos em avançado

estado de deterioração. A gruta 6 revelou a existência de mais fragmentos de papiro que

de couro.

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35

As grutas 7 a 10 forneceram dados para a arqueologia, porém de pouco ou nenhum

interesse para o estudo dos documentos bíblico. A gruta 11 foi a última a ser escavada e

explorada, em começos de 1956. Ali se encontrou uma cópia do texto de alguns salmos,

incluindo-se o salmo apócrifo 151, que até nessa data só era conhecido em textos

gregos. Encontrou-se, ainda, um rolo muito fino que continha uma parte de Levítico e

um Tagum aramaico de Jô.

Estimulados por essas descobertas originais, os beduínos insistiram nas buscas e

descobriram outras grutas a sudoeste de Belém. Foram descobertos manuscritos que

traziam a data de alguns documentos da Segunda revolta Judaica (132-135 A.D.). Esses

documentos ajudaram a confirmar a antiguidade dos rolos do mar morto. Descobriu-se

também outro rolo dos profetas menores (Joel e Ageu), cujo texto se aproxima muito do

texto massorético. Além disso, descobriu-se ali um palimpsesto, ou papiro semítico (o

primeiro texto havia sido raspado) mais antigo de que se tem notícia. O segundo texto

nele gravado era hebraico antigo dos séculos VIII e VII A.C.

Vários tipos de evidencias tendem a dar apoio ás datas dos rolos do mar morto. Em

primeiro lugar está o processo do carbono 14, que dá a esses documentos a idade de

1917 anos, com margem de variação de 200 anos (10%). Isso significa que tais

documentos data, de 168 A.C. a 233 A.D. A paleografia (estudo da escrita antiga e seus

materiais) e a ortografia (redação correta das palavras) marcam a data de alguns desses

manuscritos anterior a 100 A.C. A arqueologia trouxe mais algumas evidencias

paralelas, mediante o estudo da cerâmica encontrada nas grutas: descobriu-se que era da

baixa Era Helenística (163-150 A.C.) e da alta Era Romana 63 A.C. – 100 A.D.). Por

fim, as descobertas da Murabb’at corroboraram as descobertas de Quran.

A natureza e o número dessas descobertas do Mar Morto produziram as seguintes

conclusões gerais a respeito da integridade do texto masorético:

1. Os rolos fornecem espantosa confirmação da fidelidade do texto

massorético.

2. Existiram pouquíssimas alterações do texto num período aproximado de

mil anos.

3. Existem menos diferenças nessas duas tradições, em mil anos, do que em

duas famílias de manuscritos do novo testamento.

4. A integridade e exatidão do texto massorético são confirmadas no texto

de Isaías encontrado na gruta 1, que se harmoniza e,m 95% de seu

conteúdo. Os restantes 5% compreendem lapsos óbvios da pena e

variações de grafia que ocorreram naquele ínterim.

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5. Acrescento uma última evidencia dizendo que, “Seca-se a erva, e cai a

sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente”(Isa.

40:8).

2 – Manuscritos do Antigo Testamento:

A integridade do texto do Antigo testamento foi confirmada em primeiro lugar pela

fidelidade do processo de transmissão, posteriormente confirmada pelos rolos do Mar

Morto. Por outro lado, a fidelidade do texto do Novo Testamento baseia-se na

multiplicidade de manuscritos existentes. Na verdade o problema da crítica textual do

Novo Testamento reside mais na multiplicidade de cópias do que na insuficiência delas.

É fato que do Antigo Testamento restaram apenas alguns manuscritos completos, todos

muito bons; mas do Novo Testamento possuímos muito mais cópias, em geral de

qualidade precária.

Outros testemunhos sobre a fidelidade do texto do Novo Testamento procedem de

outras fontes básicas: Os manuscritos Gregos, antigas versões e citações patrísticas. Os

manuscritos Gregos são a fonte mais importante, e podem ser divididos em três

categorias.Essas categorias de manuscritos comumente recebem o nome de papiros,

unciais e minúsculos.

A) Papiros:

O Papiro era precioso material de escrita, mas de precária durabilidade. Facilmente

Destrutível pela umidade, tornava-se quebradiço quando secava muito, como é o caso

dos que foram preservados pela areia do Egito. Os papiros são importantes por duas

razões: primeiro porque são de 100 a 200 anos mais antigos que os mais antigos

pergaminhos; em segundo lugar, eles nos revelam qual o texto corrente no Egito do

segundo ao sétimo séculos.

Os manuscritos classificados como papiros datam dos séculos II e III, quando o

cristianismo ainda era ilegal, e as escrituras sagradas eram copiadas nos materiais mais

baratos possíveis. Existem cerca de 26 manuscritos do Novo Testamento em papiro. O

testemunho comprobatório que esses manuscritos proporcionam ao texto é valiosíssimo,

visto que surgiram a partir do alvorecer do século II, apenas uma geração depois dos

autógrafos originais, e contém a maior parte do Novo Testamento.

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37

Vamos comentar aqui os representantes mais importantes dos manuscritos de

papiro. O p52 ou fragmento de John Rylands (117-138) é o mais antigo e genuíno que

se conhece traz um trecho do Novo Testamento. Foi escrito de ambos os lados e traz

parte de cinco versículos do evangelho de João (18:31-33,37,38). O p45, o p46 e o p47,

os papiros Chester Beatty (250), consistem de três códices que abrangem a maior parte

do Novo Testamento. O p45 contém os Evangelhos e Atos. O p46 traz a maior parte das

cartas de Paulo, bem como Hebreus, faltando, porém algumas partes de Romanos, I

Tessalonicenses e toda a epístola de II Tessalonicenses. O p47 contém partes do

apocalipse. O p66, o p72 e o p75, os papiros de Bodmer (175-225), compreendem a

mais importante descoberta de papiros do Novo Testamento, desde o papiro de Chester

Beattty. O p66 data de 200 A.D., contém algumas porções do evangelho de João. O p72

é a mais antiga cópia de Judas e de I e II Pedro que se conhece; data do século III e

contêm vários livros, alguns canônicos, outros apócrifos. O p75 contem Lucas e João

em unciais cuidadosamente impressos, com toda a clareza; data de 175-225 A.D. Por

isso, é a mais antiga cópia de Lucas que se tem notícia.

B) Os Unciais:

Os mais importantes manuscritos do Novo Testamento como um todo são

considerados em geral os grandes unciais, escritos em velino e em pergaminho, nos

séculos IV e V. A escrita, porém, continuou sendo a mesma utilizada nos papiros, a

uncial, se bem que nos pergaminhos as letras tornaram-se um pouco maiores e mais

regulares. Existem cerca de 299 desses manuscritos unciais, os quais estendem-se

praticamente até o século XI, a partir de quando somente a escrita minúscula foi

utilizada. Os unciais, portanto, cobrem um período de sete séculos, os quais pertencem

os mais valiosos manuscritos do Novo Testamnto.

Os seguintes representam apenas os mais importantes:

Códice Sinaítico – O primeiro lugar da lista dos manuscritos unciais do Novo

Testamento e todo pertence ao Códice Sinático, descoberto na metade do século XIXpo

L. F. Constatntin Von Tinchendorf, professor de Leipzig. Escrito em pergaminho fino

de excelente qualidade, o manuscrito contém 347 folha boa parte do Antigo Testamento

e todo o Novo Testamento, arranjados em cadernos de oito folhas. Foi escrito por cerca

de três escribas provavelmente no Egito, na primeira metade do século IV, mas

apresenta também o trabalho de vários corretores posteriores.

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A ordem dos neotestamentários é a seguinte: Evangelhos , Epístolas paulinas, Atos,

Epístolas católicas e Apocalipse, após o qual ainda a Epístola de Barnabé e grande parte

de O Pastos de Hermas, dois livros pós apostólicos. É o mais antigo manuscrito

completo existente em um dos mais valiosos, pela qualidade de eu texto. Dentre as

várias omissões que apresenta, destacam-se as seguintes: A doxologia da Oração do

Senhor (Mat. 6:13); os versículos finais do evangelho de Marcos (16:9-20); e o

incidente da mulher adúltera.

Códice Alexandrino (A ou 02) - Escrito em duas colunas por página, num

pergaminho muito fino, consiste em 773 folhas de praticamente todo o Antigo

Testamento e o Novo Testamento (com algumas lacunas principalmente em Mateus,

João e II Coríntios), mais as duas epístolas de Clemente de Roma. Data do início do

século V, e foi escrito provavelmente no Egito, pois os títulos de alguns livros contém

formas coptas do alfa1 e do ni. Ao que parece, cinco escribas trabalharam seu texto, e

várias correções posteriores, são perceptíveis. A escrita é graciosa e sem adornos, mas

as iniciais são maiores. O texto em sua maior parte é inferior, mas é o melhor

manuscrito no que diz respeito ao apocalipse.

Códice vaticano (B ou 03) – Escrito m pergaminho de excelente qualidade, consiste

em 759 folhas de um códice que continha originariamente cerca de 820. Contém quase

todo o Antigo Testamento e a maior parte do Novo Testamento. Faltam Hebreus 9:15 –

13:25, I e II Timóteo, Tito, Filemos e Apocalipse, que podem ter formado cadernos 1 Alfa e Ni são duas letras do alfabeto grego. Como o Novo Testamento foi escrito em grego, muitas letras dos idiomas grego foram usadas como marcadores de certos manuscritos. adicionais que se perderam. Foi escrito no início do século IV, em três colunas por

página, com letras pequenas e claras, de rara beleza. Como a tinta desbotasse , por volta

do século X um escriba recobriu todo o texto cm tinta nova, fazendo também uma

espécie de revisão ao deixar intactas as palavras e letras que lhe pareceram incorretas .

Já antes dele, dois outros corretores haviam trabalhado no texto original.

Escrito provavelmente no Egito, o manuscrito entrou na biblioteca do Vaticano,

onde permanece como um de seus maiores tesouros. É o que contém,

proporcionalmente, o menor número de erros, estando também menos retocado que o

Sinaítico, com quem se une em parentesco até o ponto de pertencerem a um tronco

comum, representando uma forma de texto que deve ter circulado no Egito antes do ano

200. Há uma idéias de que este códice seja a evidencia principal da mais antiga forma

de texto do Novo Testamento.

Page 39: material de reforço  introdução a bíblia

39

Códice Efraimita (C ou 04) – Ë um palimpsesto, o mais importante do Novo

Testamento. Escrito no século, provavelmente no Egito, foi trazido do Oriente Médio

para a Europa no início do século XVI. Continha originalmente toda a bíblia, tendo sido

conservadas apenas 64 folhas do Antigo Testamento e 145 do Novo Testamento com

uma coluna de texto por página. Exceção feita a II Tessalonicenses e II João, todos os

livros do Novo Testamento são representados, porém imperfeitos. No século XII, teve

seu texto raspado a fim de prover material para uma tradução grega dos tratados de

Efraim, da Síria. A escrita original, todavia, foi decifrada numa difícil tarefa concluída

pela primeira vez por Tischendorf. Encontra-se na Biblioteca Nacional de Paris, e é a

principal testemunha da segunda parte de Mateus 20:16 – “...porque muitos são

chamados, mas poucos escolhidos.”

Códice de Beza (D ou 05) – Trata-se de um antigo códice bilíngüe do Novo

Testamento. Escrito colometricamente no final do século V ou no início do século VI,

consiste em 406 folhas e contém, em páginas paralelas de uma coluna cada, o texto

grego e uma tradução latina dos evangelhos, quase em sua totalidade, e da maior parte

de Atos. Originariamente deveria conter cerca de 510 folhas, abrangendo ainda as

epístolas católicas, pois preserva também um pequeno fragmento do final de III João.

Foi produzido provavelmente na Europa Ocidental, estava em Lião no ano de 1562,

quando foi saqueado do Mosteiro de Santo Irineu pelos huguenotes e entregue a

Teodoro Beza, discípulo sucessor de João Calvino, em Genebra. Em 1581, Beza o doou

à universidade de Cambridge, em cuja biblioteca encontra-se desde então.

Códice Claromontano (D2 ou 06) - Também um manuscrito bilíngüe, no mesmo

estilo do códice Beza; seu texto grego, porém é superior, e o latim inferior ao daquele

manuscrito , contendo 533 folhas muito bem escritas, as de número 162 e 163 são

palimpsestos. Foi escrito no século VI, provavelmente na Sardenha, e contém todas as

epístolas paulinas, incluindo Hebreus. Tendo sido encontrado no Mosteiro de Clermont,

perto de Beauvais, na França, também pertenceu a Beza, e desde 1656se encntra na

biblioteca nacional de Paris.

Códice Washingtoniano (W ou 032) – Situado entre os mais importantes

manuscritos unciais descobertos no século XX, o códice Washingtoniano compreende

187 folhas dos quatro evangelhos, cujo texto está distribuído em uma coluna por página.

Os evangelhos seguem a ordem ocidental, Mateus, João, Lucas e Marcos, os quais, pela

Page 40: material de reforço  introdução a bíblia

40

variedade de estilo, parecem haver sido copiados de diferentes manuscritos. Escrito no

século V, foi adquirido no Egito em 1906 por Charles L. Freer e desde então se encontra

no Museu Freer da Instituição Smirthsoniana, em Washington. Uma de suas mais

notáveis características é o fato de ser o único manuscrito conhecido a trazer um curioso

relato após Marcos 16:14, como para atenuar a censura de Jesus aos discípulos por não

haverem crido em sua ressureição.

C) Os Minúsculos:

As datas dos manuscritos minúsculos (dos séculos IX – XV) mostram que em geral

são de qualidade inferior, se comparados as manuscritos e,m papiros ou unciais. A

importância desses manuscritos está no relevo dispensado ás famílias textuais e não à

sua quantidade. Somam 4.643, doas quais 2.646 são manuscritos e 1.997, lecionários

(livros antigos que a igreja usava no culto). Alguns desses manuscritos minúsculos mais

importantes estão identificados abaixo.

Os minúsculos da família Alexandrina são representados pelo manuscrito 33, “rei

dos cursivos”, datado do século IX ou X. Contém todo o Novo Testamento, menos

Apocalipse. É propriedade da biblioteca Nacional de Paris.

O texto cesareense emprega um tipo que sobreviveu na família 1, 118, 131, e 209 e

todos datam do século XII até o XIV.

A subfamília italiana do tipo cesareense é representada por cerca de doze

manuscritos conhecidos por família 12. Tais manuscritos haviam sido copiados entre os

séculos XI e XV. Incluem os manuscritos 13, 69, 124, 230, 543, 788, 828, 983, 1689,

1709. Julgava-se início que alguns desses manuscritos tinham texto de tipo sírio.

Muitos dos demais manuscritos minúsculos podem ser colocados em uma ou outra

das várias famílias textuais, mas sustentam-se por seus próprios méritos e não por

pertencerem a uma das famílias de manuscritos mencionados acima. Entretanto, no

todo, forma copiados de manuscritos unciais primitivos, e poucas evidencias novas

acrescentam ao Novo Testamento. Proporcionam uma linha contínua de transmissão do

texto bíblico, enquanto os manuscritos de outras obras clássicas apresentam brechas de

900 a 1000 anos entre os autógrafos e suas cópias manuscritas, como se pode ver nos

exemplos das Guerras Gálicas, de César, e das obras, de Tácito.

Page 41: material de reforço  introdução a bíblia

41

CAPÍTULO V

O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA TEXTUAL1

Neste capítulo falaremos sobre a tarefa da crítica textual na definição do melhor

texto que integra a nossa bíblia.Entende-se por crítica textual toda pesquisa cientifica

em busca da verdadeira forma de um documento escrito no original, ou, pelo menos, no

texto mais próximo do original.

O Desenvolvimento Histórico da Crítica Textual

A história do texto da bíblia na igreja pode ser dividida em vários períodos

básicos, de modo especial com referência ao Novo Testamento:

1) O período da Reduplicação (até 325) – Surgiram muitos, manuscritos em Alexandria,

no Egito.Foi uma tentativa de restauração do texto.

2) O período de padronização do texto (325-1500) – O Novo Testamento começou a ser

copiado com todo cuidado, tendo como base os manuscritos existentes.

3) O período de cristalização (1500-1648) – O texto assumiu a forma impressa em lugar

da forma manuscrita.

4) O período de crítica ou Revisão (1648 até o presente) – Revisão e critica do texto

bíblico que foram mais construtivos do que destrutivas.

Nesse período de crítica e de revisão, tem havido uma luta entre os proponentes

do “Texto Recebido” e os que advogam o “Texto Criticado”.Nesse debate o texto

criticado tem ocupado a posição de predominância.Ainda que não haja muitos

estudiosos hoje que defendam seriamente e superioridade do texto recebido, deve-se

observar que não existem diferenças substanciais entre texto recebido e o texto

criticado.As diferenças porventura existentes entre ambos são meramente de ordem

técnica e não doutrinária, visto que as variantes não acarretam implicações doutrinárias.

Apesar disso, tais estudos “críticos” com freqüência são úteis para interpretar a

bíblia, e para todos os propósitos práticos as duas tradições textuais comunicam o

conteúdo dos autógrafos, ainda que estejam separadamente guarnecidas de pequenas

diferenças escribais e técnicas. ____________________________ 1Esse capítulo encontra um fundamento muito forte em Geisler, Normam e Nix, William.Introdução Bíblica.(Veja Bibliografia).

Page 42: material de reforço  introdução a bíblia

42

Quando se aplica o termo “CRÍTICA” a bíblia, faz-se uma referência ao

julgamento de bíblia e suas partes.Ao longo da história, os documentos da bíblia foram

e continuam sendo analisados do ponto de vista histórico, arqueológico, literário, etc, e

isso gera a chamada “CRÍTICA TEXTUAL”, que por sua vez pe dividida em Alta

Crítica e Baixa Crítica.

1 – Alta Crítica:

Quando se aplica o julgamento dos estudiosos á autenticidade do texto bíblico,

esse julgamento se chama alta crítica ou crítica histórica.O assunto desse tipo de

julgamento dos especialistas diz respeito á data do texto, seu estilo literário, sua

estrutura, sua historicidade e sua autoria.

O resultado é que a alta crítica na verdade não é parte fundamental da matéria

Introdução Geral á Bíblia.Antes, a alta crítica é a própria essência da Introdução

Especial.Os resultados dos estudos da alta crítica, feitos pelos herdeiros da teologia

herética dos fins do século XVIII, não passam de um tipo de fruto altamente destrutivo.

A) O Antigo Testamento:

A última data atribuída aos documentos do Antigo Testamento induziu alguns

estudiosos a atribuir seus elementos sobrenaturais a lendas e mitos.Isso resultou na

negação da historicidade e da autenticidade de grande parte do Antigo Testamento por

estudiosos céticos.Na tentativa de mediar entre o tradicionalismo e o ceticismo, Julis

Wellhausen e seus seguidores desenvolveram a teoria documental, a qual propõe datar

os livros do Antigo Testamento de modo menos sobrenaturalista. O resultado foi que

desenvolveram a teoria JEDP sobre o Antigo Testamento.

Tal teoria baseia-se em grande parte no argumento de que Israel não possuía

escrita, antes da monarquia, e que um código Eloísa (E) e um código Javista (J)

baseavam-se em duas tradições orais a respeito de Deus (“E” indicava o nome de

Elohim e “J” o nome de Jeová [Yahweh]). A esses foi acrescentado o código

Deuteronômio (D) (documentos atribuídos ao tempo de Josias) e o chamado Sacerdotal

(“Priestly” em inglês de onde vem o “P”) do judaísmo pós-exílico.

Essas opiniões não agradaram aos estudiosos ortodoxos, pelo que se levantou

uma onda de oposição.Essa oposição surgiu só depois de longo tempo, de modo que o

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43

mundo dos estudiosos na maior parte seguiu a teoria de Wellhausen, de W. Robertson

Smith e de Samuel R. Driver.Quando, finalmente, a oposição levantou sua voz contra a

“crítica destrutiva”, esta foi considerada insignificante, desprezada e arquivada.Entre os

opositores estavam os proponentes de uma “crítica construtiva”, como William Henry

Green, A.H. Sayce, Franz Delitzch, James Orr, Wilhelm Molhelm Moller, Eduard

Naville e Robert Dick Wilson.

B) Novo Testamento:

A aplicação de princípios semelhantes aos escritos do Novo Testamento surgiu

na escola de teologia de Tubingeb, por orientação de Heinrich Paulus, de Wilhelm de

Wett e de outros.Esses homens desenvolveram princípios que desafiavam a autoria, a

estrutura, o estilo e a data dos livros do Novo Testamento.A crítica destrutiva do

modernismo induziu á critica da forma, aplicada aos evangelhos, á negação da autoria

de Paulo da maior parte das cartas a ele atribuídas até então.Chegou-se á conclusão de

que só se poderia reconhecer como autenticamente paulinas as “Quatro Grandes”

(Romanos, Gálatas, I e II Coríntios).

Por volta do final do século XIX, estudiosos começaram a desafiar a crítica

destrutiva da escola da Alta Crítica.Dentre esses estudiosos ortodoxos estavam George

Salmon, Theodor Von Zahn e R. H. Lightfoot.A obra desses homens quanto a Alta

Crítica deve certamente ser considerada crítica construtiva.Grande parte do trabalho

recente feito no campo da Alta Crítica revelou sua natureza racionalista na teologia,

ainda que reivindicasse estar fundamentada na doutrina cristã ortodoxa.Esse

racionalismo mais recente manifesta-se mais abertamente quando versa sobre certos

assuntos como os milagres, o nascimento virginal de Jesus e sua ressurreição física.

2 – Baixa Crítica:

Quando o julgamento dos estudiosos se aplica à confiabilidade do texto bíblico, ela é

classificada como baixa crítica ou textual.A baixa crítica aplica-se à forma ou ao texto da

bíblia, numa tentativa de restaurar o texto original.Não deve ser confundida com a alta crítica,

visto que a baixa crítica textual, estudo a forma das palavras de um documento, e não o seu

valor documental.Muitos exemplos da baixa podem ser encontrados na história da transmissão

do texto bíblico.Alguns desses exemplos foram, produzidos por leais defensores do

cristianismo ortodoxo, mas outros provieram de seus mais veementes opositores.

Page 44: material de reforço  introdução a bíblia

44

Os estudiosos que se interessam por obter o original de um texto, mediante a aplicação de

certos critérios ou padrões de qualidade, são críticos textuais. Em geral, o trabalho desses

homens pe construtivo, e sua atitude básica positiva.Alguns deles seguem o exemplo de

B.F.Westcott,Frederick G.Kenyon,Bruce Metzger e outros.Os que usam esses critérios para

tentar destruir o texto são “descobridores de defeitos”, apenas se interessam por encontrar

falhas, e seu trabalho é basicamente negativo e destrutivo.

Visto que muitos dos que abraçaram a alta crítica investiram muito tempo e energia no

estudo da crítica textual, tem havido uma tendência para que se classifiquem todos os críticos

textuais com o termo”modernistas”, críticos destrutivos ou críticos apegados à “Alta

Crítica”.Ao fazerem isso, alguns cristãos virtualmente “atiram o bebê no ralo junto com a água

do banho”. Desaprovar a crítica textual meramente porque certos críticos da “Alta Crítica”

empregaram esse método em seu trabalho dificilmente representa uma posição justificável,

digna de ser defendida.

A questão mais importante não é se a crítica é alta ou baixa, mas se é sadia, ortodoxa.Trata-

se do assunto de evidências e de argumentações, não de pressuposições apriorísticas

CAPÍTULO VI

AS LÍNGUAS DA BÍBLIA

Como escritura, a bíblia foi produzida num contexto humano e torno-se resultado de

uma produção humana.Conforme vimos no capítulo que trata dos manuscritos, homens

escreveram, ao longo das gerações, as revelações que lhes foram dadas por Deus.Apesar de que

nem tudo foi escrito era resultado de visões sobrenaturais.

Na torre de Babel, Deus confundiu as línguas (Gen. 10).e, mediante a dispersão dos

povos, idiomas e dialetos foram surgindo facilitando a comunicação nos grupos que

permaneceram unidos e dificultando a comunicação entre os grupos que permaneceram

distantes.Considerando que várias alternativas estavam abertas diante de Deus, quando decidiu

escolher um meio de transmitir sua verdade aos homens, a linguagem falada e escrita tornou-se

um veículo de comunicação que permaneceu ao longo da história.Deus poderia Ter usado um

ou mais dos veículos empregados em várias ocasiões, ao longo dos tempos bíblicos.Por

exemplo, Deus usou anjos nos tempos da bíblia (Gen. 18,19; Apoc. 22:8-21). O lançar sortes,

além do Urim e Tumim, também foi empregado, afim de procurar saber a vontade de Deus

Page 45: material de reforço  introdução a bíblia

45

(Êxo. 28:30 ;Prov. 16:33),da mesma forma que se ouvia avoz da consciência(Rom.2:15) e da

criação (Sal. 19:1-6).Além disso, Deus usou vozes audíveis (I Sam. 3)e milagres diretos (Juiz.

6:36-40).

Nos tempos primitivos as tradições eram transmitidas oralmente às

gerações.Contudo, com o passar do tempo a mente humana foi ficando cada vez mais limitada

para reter na íntegra tudo o que havia sido comunicado.Nesse contexto, Deus decidiu fazer com

que sua mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um registro

escrito entregue aos homens.Tal registro seria mais preciso, mais permanente, mais objetivo e

mais facilmente disseminável do que qualquer outro meio.

Mil e quinhentos anos antes de Cristo, Moisés é chamado por Deus para o

cumprimento de uma missão especial.Não apenas resgatar o povo da escravidão egípcia, mas

também para transmitir, através da escrita, a vontade de Deus para seu povo e a humanidade

em geral.As línguas utilizadas no registro da revelação, a bíblia, vieram das famílias de línguas

semíticas e indo-européias.Da família semítica se originaram as línguas do Antigo Testamento,

ou seja, o hebraico e o aramaico (siríaco).Além dessas línguas, o latim e o grego representam a

família indo-européia.De modo indireto, os fenícios exercem um papel importante na

transmissão da bíblia, ao criar o veículo básico que fez que a linguagem escrita fosse menos

complicada do que havia sido até então: inventaram o alfabeto.

1 – As Línguas do Antigo Testamento:

O aramaico era a língua dos sírios, tendo sido usada em todo o período do Antigo

Testamento.Durante o século VI A.C., o aramaico se tornou a língua geral de todo o Oriente

Próximo.Seu uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblicos de Esdras

4:7-6:18; 7:12-26 e Daniel 2:4-7:28.

O hebraico foi adaptado pelos israelitas que falavam o aramaico.Tal como sucede

com outros idiomas, o hebraico foi-se modificando de um período histórico para outro.O

hebraico bíblico difere do hebraico empregado pela Mishnah, e é muito diferente do hebraico

moderno.Já desde o século II A.C., o hebraico bíblico deixara de ser falado pelo povo judeu.E

uma língua irmã, o aramaico, havia tomado o lugar do hebraico.As referências

neotestamentárias ao hebraico não aludem ao hebraico clássico, e sim, ao aramaico.(Jô. 5:2;

19:13, 17, 20; Atos 21:40; 22:2).Ocorrem algumas palavras e mesmo frases em aramaico, no

novo testamento grego, como talitha cumi (Mar. 5:41), Elói, Eloí, Lama Sabachthami (Mar.

15:34) e Maranata (I Cor. 16:22).O idioma hebraico era escrito somente com consoantes, sem

vogais, e, da direita para a esquerda.

Page 46: material de reforço  introdução a bíblia

46

O hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente adequada para

a tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus e o relacionamento do Senhor

com esse povo.O hebraico encaixou-se bem nessa tarefa porque é uma língua

pictórica.Expressa-se mediante metáforas vívidas e audaciosas, capazes de desafiar e

dramatizar a narrativa dos acontecimentos.Além disso, o hebraico é uma língua pessoal.Apela

diretamente ao coração e às emoções, e não apenas é mente e à razão.É uma língua em que a

mensagem é mais sentida do que meramente pensada.

O hebraico clássico continuou sendo usado na liturgia das sinagogas, da mesma

forma que a igreja cristã ocidental reteve o latim, com propósitos litúrgicos.Algumas poucas

cartas foram encontradas entre os materiais encontrados nos manuscritos do Mar Morto,

escritas em hebraico, o eu significa que o idioma hebraico não morrera inteiramente.Três

fragmentos de orações foram encontrados em Dura-Europus,datados do século II A .D., o que

demonstra que alguns cristãos hebreus continuaram a usar, embora de forma limitada, o

hebraico clássico em sua adoração.

2 – As Línguas do Novo Testamento:

As línguas semíticas também foram usadas na relação do Novo Testamento.Na

verdade, Jesus e seus discípulos falavam o aramaico, sua língua materna, tendo sido essa língua

falada por todo a Palestina.Além das línguas semíticas a influenciar o Novo Testamento, temos

as indo-européias, o latim e o grego.O latim influenciou ao emprestar muitas palavras, como

“centurião”, “tributo” e “legião”, e pela inscrição na cruz (latim, hebraico e grego).

No entanto, a língua em que se escreveu o Novo Testamento foi o grego.Até fins do

século XIX, cria-se que o grego do Novo Testamento era a “língua especial” do Espírito Santo,

mas a partir de então essa língua tem sido identificada como uns dos cinco estágios do

desenvolvimento da língua grega.Esse grego Koinê1 era a língua mais amplamente conhecida

em todo o mundo do século I. O alfabeto havia sido tomado dos fenícios.Seus valores culturais

e vocabulário cobriam vasta extensão geográfica, vindo a tornar-se a língua oficial dos reinados

em que se dividiu o grande império de Alexandre, o grande.

O aparecimento providencial dessa língua, ao lado de outros desenvolvimentos

culturais, políticos, sociais e religiosos, durante o século I A.C., fica implícito na declaração de

Paulo: “Mas vindo a plenitude dos tempos,Deus enviou sei filho,nascido de mulher nascido sob

a lei”(Gal. 4:4).

O grego do Novo Testamento adaptou-se de modo adequado á finalidade de

interpretar a revelação de Cristo em linguagem teológica.Tinha recursos lingüísticos especiais

para essa tarefa por ser um idioma intelectual.Era um idioma da mente. Mais do que do

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47

coração, e os filósofos atestam isso amplamente.O grego era uma língua quase universal.A

verdade do Antigo Testamento a respeito de Deus foi revelada inicialmente a uma nação,

Israel, em sua própria língua, o hebraico.A revelação completa, data por Cristo, no Novo

Testamento, não veio de forma tão restrita.Em vez disso, a mensagem de Cristo deveria ser

anunciada no mundo todo (Mat. 28:18-19).

_________________________ 1Essa palavra significa Comum. Indica que era o grego da periferia e não o grego clássico.

Page 48: material de reforço  introdução a bíblia

48

CAPÍTULO VII

A CANONIDADE DA BÍBLIA

A Bíblia é a palavra inspirada por Deus ao homem ao longo das gerações.Esse

livro passou por um processo de canonização, o que o separou como um livro especial e

que continha a autoridade para a igreja cristã. Canonicidade é o estudo que trata do

reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração.

A Palavra “CÂNON” vem do termo grego “KANON” (cana ou régua), que, por

sua vez, se origina do hebraico “KANEH”, palavra do Antigo Testamento que significa

“VARA” ou “CANA DE MEDIR” (Ezeq. 40:3). Mesmo em época anterior ao

cristianismo, essa palavra era usada de modo mais amplo, com sentido de padrão ou

norma, além de cana ou unidade de medida.O Novo Testamento emprega o termo em

sentido figurado, referindo-se a padrão ou regra de conduta (Gal. 6:16).

A existência de um canos ou coleção de escritos autorizados antecede o uso do

termo “CÂNON”.A comunidade judaico coligiu e preservou as escrituras sagradas

desde o tempo de Moisés.O maior testemunho da canonização da bíblia é a declaração

que fez o apóstolo Paulo ao dizer que “Toda criatura é inspirada por Deus...” (II Tim.

3:16).Nesse contexto existem alguns sinônimos de canonicidade. Vejamos:

Escrituras Sagradas – Um dos conceitos mais antigos de cânon foi o de

escritos sagrados.O fato de os escritos de Moisés serem considerados sagrados se

demonstra pelo lugar em que eram guardados, ao lado da arca da aliança (Deut. 31:24-

26).Depois do templo ter sido construído, esses escritos foram preservados em seu

interior (II Reis 22:8). A consideração especial dada a esses livros especiais mostra que

eram tidos como canônicos ou sagrados.

Escritos Autorizados – A canonicidade das escrituras também é designada

autoridade divina.A autoridade dos escritos mosaicos foi salientada perante Josué e

perante Israel (Jos.1:8).Todos os reis de Israel foram exortados a esse respeito.Lemos:

“Quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si num livro uma cópia desta

lei ... Conservará a cópia consigo, e a lerá todos os dias de sua vida, para que aprenda a

temer ao Senhor seu Deus, e a guardar todas as palavras desta lei...”(Deut.17:18-

19).Visto que esses livros vieram da parte de Deus, vieram revestidos de sua autoridade.

Sendo escritos dotados de autoridade, eram canônicos, normativos, para o crente

israelita.

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49

Livros Proféticos – As obras e as palavras dos falsos profetas eram rejeitadas e

jamais agrupadas e guardadas num lugar santo. De fato, segundo Josefo, só os livros

que haviam sido redigidos durante o período profético, de Moisés até o rei Artaxerxes,

podiam ser canônicos.Assim se expressou Josefo: “Desde Arataxerxes até nossa época

tudo tem sido registrado, mas nada foi considerado digno do esmo crédito das obras do

passado, visto que a sucessão exata de profetas cessou”. Foram canônicos apenas os

livros de Moisés a Malaquias, pois só esses foram escritos por homens em sucessão

profética. Do período de Artaxerxes (século IV A.C.) até Josefo (Século I A.D.), não

houve sucessão profética; por isso não faz parte do período profético.O Talmude faz a

mesma afirmação, dizendo: “Até esta altura [século IV A.C.] os profetas profetizavam

mediante o Espírito Santo; a partir desta época inclinai os vossos ouvidos e ouvi as

palavras dos sábios ( Seder Olam Rsbba, 30). Portanto, para ser canônico, qualquer livro

do Antigo Testamento deveria vir de sucessão profética, durante o período profético.

Os livros da bíblia não são considerados oriundos de Deus por se haver

descoberto neles algum valor; são valiosos porque provieram de Deus que é a fonte de

todo o bem. O processo mediante o qual Deus nos concede sua Revelação chama-se

inspiração.É a inspiração de Deus num livro que determina sua canonicidade. A bíblia

constitui o cânon ou medida pela qual tudo mais deve ser medido e avaliado pelo fato

de ter autoridade concedida por Deus. O sentido primário da palavra cânon aplicado às

escrituras é aplicado na acepção ativa, a bíblia é a norma que governa a fé.O sentido

secundário, segundo o qual um livro é julgado por certos cânones e é reconhecido como

inspirado (sentido passivo), não deve ser confundido com a determinação divina de

canonicidade. Só a inspiração divina determina a autoridade de um livro, Istoé, se ele é

canônico, de natureza normativa.

1 - Princípios da Canonicidade:

No processo de canonização dos livros sagrados alguns critérios foram

considerados. Ao longo da história surgiram vários escritos falsos e mensagens

apócrifas mesmo no meio do povo de Deus. Tais escritos e mensagens eram uma

ameaça aos fundamentos da fé e confiança nas Revelações divinas.

A) A autoridade de um livro – A expressão “ASSIM DIZ O SENHOR” está

presente nos escritos sagrados, com muita freqüência no Antigo Testamento.

Isso aponta para a origem divina da mensagem bem como a autoridade que ela

traz.

Page 50: material de reforço  introdução a bíblia

50

B) A Autoria de um Livro – Os livros proféticos só foram produzidos pelo

Espírito santo, que inspirou os homens (II Ped. 1:20-21). A palavra de Deus foi

entregue ao povo mediante os profetas.

C) A confiabilidade de um Livro –A confiabilidade de um livro estava em

sua mensagem.Ela dava testemunho de origem.Alguns livros canônicos foram

questionados com base nesse mesmo princípio.Poderia a carta de Tiago ser

inspirada, se contradissesse o ensino de Paulo a respeito da justificação pela fé

e nunca pelas obras? Até que a compatibilidade essencial entre autores fosse

comprovada, a carta de Tiago foi questionada por alguns estudiosos.

D) A Natureza Dinâmica de um Livro – Essa característica da canonização

aponta para a capacidade da mensagem bíblica de transformar vidas humana as

pelo poder de Deus.

E) Aceitação do Livro – A palavra de Deus, dada mediante seus profetas e

contendo a verdade, deve ser reconhecida pelo povo. Os livros de Moisés

foram aceitos imediatamente pelo povo de Deus.Foram coligidos, citados,

preservados e até mesmo impostos sobre as novas gerações.

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51

CAPÍTULO VIII

BREVE VISÃO PANORÂMICA DOS LIVROS DA BÍBLIA

No estudo de Introdução Geral à Bíblia é relevante que se tenha uma visão

panorâmica, ainda que resumida, do livros da bíblia. O cânon sagrado composto de

sessenta e seis livros tem uma história.Cada livro tem suas características e objetivos

especiais, bem como escritores e épocas diferentes.

Nesse capítulo1, faremos uma breve descrição de cada livro da bíblia para que

tenhamos uma visão panorâmica de cada um deles.

ANTIGO TESTAMENTO

1- GÊNESIS:

Título – Os judeus nomeiam o livro de Gênesis de acordo com sua primeira

palavras no texto hebraico. A palavras “BERESHITH” que significa “NO PRINCÍPIO”.

Autoria – Judeus e cristãos consideram Moisés, o grande legislador e líder dos

hebreus no tempo do êxodo, o autor do livro de Gênesis.

Contexto Histórico – O livro de Gênesis foi escrito cerca de 1500 anos antes de

Cristo.Ele contém um resumo dessa história do mundo abarcando muitos séculos.Os

capítulos iniciais de Gênesis não podem ser colocados num contexto histórico, como

nós comumente imaginamos de história.Não temos nenhuma história do mundo

antediluviano, a não ser aquela escrita por Moisés.Também não temos registros

arqueólogos, exceto o testemunho dos fósseis.

Tema – O Gênesis relata o início de todas a s coisas, conforme o seu

significado, isto é, NO PRINCÍPIO.

2- ÊXODO:

Título – Os judeus nomeiam esse livro de acordo com a primeira frase do texto

hebraico, “WE’ELEH SHEMOTH”. O nome êxodo é composto por duas palavras

________________________________ 1 Esse capítulo está baseado em duas obras:Seventh-Day Adventist Bible Commentary e The

Interpreter’s Bible.Para maiores informações dessas obras veja a bibliografia.

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gregas que significa “A SAÍDA”.Uma referência aos israelitas quando deixaram o

Egito.

Autoria – Como em todos os livros do Pentateuco, Moisés é indicado como o

autor desse livro.O conteúdo desse livro testifica da autoria mosaica.

Contexto Histórico – O livro do êxodo é uma continuação das narrativas

iniciadas no Gênesis.No início do livro um período de cerca de oitenta anos é

coberto.Isso indica o final do governo dos hicsos no Egito i início da escravidão

israelita.

Tema – A intervenção de Deus na história de seu povo, bem como a libertação

deste da escravidão egípcia .

3 – LEVÍTICO:

Título – Antigos hebreus eruditos nomearam-no “WAYIQRA”.Isso em função

de que ele trata do sacerdócio e os sacrifícios.Comumente é chamado “O LIVRO DAS

LEIS”.

Autoria – Moisés (conforme o Pentateuco).

Contexto histórico - A história do livro de Levítico é a história do santuário.Os

rituais do santuário marcam o contexto em que foi escrito esse livro.

Tema – Levítico trata principalmente com o sacerdócio e o ministério do

santuário.

4 – NÚMEROS:

Título – Os hebreus o chamaram de “BEMIDBAH” que significa “NO

DESERTO”.Aponta para o “RECENSEAMENTO”.

Autoria – Moisés.

Contexto Histórico – Escrito durante a peregrinação de Israel pelo

deserto.Indica o período nômade do povo de Deus.

Tema – Começa com o censo no Sinai e prossegue com a caminhada do povo

pelo deserto.

5 – DEUTERONÔMIO:

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Título – No texto hebraico é representado pela expressão “ESTAS

PALAVRAS”. A LXX coloca como a “SEGUNDA LEI”.

Autoria – Moisés.

Contexto Histórico – O acampamento de Israel em Sidim nas planícies de

Moabe.

Tema – Recapitulação da Legislação.

6 – JOSUÉ:

Título – O título do livro é tomado do sucessor de Moisés.Josué, filho de Num,

da tribo de Efraim. Seu nome significa “SALVAÇÃO”.

Autoria – O livro de Josué trata-se de uma compilação de fatos e eventos que

marcaram o final da direção de Moisés e os fatos que sucederam aquela época.Há muita

discussão quanto a autoria de Josué.Porém, de modo geral aceita-se o fato de que Josué

é o compilador.

Contexto Histórico – Em geral se aceita a época do livro no século XIV A.C.

Isso leva ao tempo dos Hititas, povo que é mencionado em Josué 1:4. Muitas conquistas

são mencionadas no livro, especialmente a de Jericó (Josué 6).

Tema – O grande tema do livro é a fidelidade de Deus no cumprimento de suas

promessas, sob a liderança hábil de Josué.

7 – JUÍZES:

Título – O livro deriva seu nome dos títulos dos homens que governaram Israel

após a morte de Josué, isto é, “JUÍZES”.

Autoria – Não é conhecido quem escreveu o livro dos Juizes.Porém, de acordo

com uma antiga tradição judaica, foi escrito por Samuel.

Contexto Histórico – O período dos juizes durou de 350 anos, isto é, de 1400-

1050 A.C. Os cananitas e outros povos da Mesopotâmia são mencionados como

habitantes da região.

Tema – A direção de Deus na história do povo através dos juizes. (período de

350 anos).

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8 – RUTH:

Título – Esse livro recebe o nome do personagem cuja história ele propõe

contar, isto é, “RUTE”. É considerado um apêndice ao livro de Juizes e uma introdução

aos livros de Samuel.

Autoria – Há muita discussão quanto a autoria do livro de Rute. Uns dizem que

foi Samuel pela posição que o livro se encontra no cânon.Outros dizem que foi um dos

grandes profetas no tempo de Davi.Há uma conjectura de que o livro tem como autor

alguém na época de Esdras e Neemias.

Contexto Histórico – A história desse livro é colocada para a época dos

juizes.Os costumes, a sociedade e a forma de governo que aparecem nesse livro se

harmonizam com o relato no livro dos juizes.

Tema – O principal propósito do livro de Rute é dar informações a respeito dpos

antepassados imediatos de Davi, o maior dos reis de Israel de cuja linguagem deveria

vir o Messias.

9 – SAMUEL:

Título – Originariamente esses dois livros aparecem com um só volume.Seu

título era “REINOS”.Envolvia os dois livros de I e II Reis, sendo que o livro de Samuel

tinha como título I e II Reinos.

Autoria – Há discussão sobre a autoria desses livros.Todavia, uma tradição

judaica diz que os primeiros 24 capítulos de I Samuel foram escritos por Samuel, e o

restante de i Samuel e II Samuel foram escritos por Nata e Gade (I Crôn. 29:29).

Contexto Histórico – O livro de I Samuel cobre o período de transição de juizes

ao reino unido, incluindo o último juizado, este de Samuel e o primeiro reino, este de

Saul. O segundo livro de Samuel trata exclusivamente com o reino de Davi. I Samuel

quarenta anos, ou 1011-971 A.C.

Tema – O primeiro livro fala da teocracia e os problemas causados pelo

estabelecimento da monarquia. O segundo fala das glórias do reinado de Davi em

Hebrom e Jerusalém.

10 – REIS:

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Título – Como dissemos, esses livros integravam um só volume.No texto

hebraico palavra é “MELAKIM” que significa reis.O título indica o conteúdo dos

livros.

Autoria – Esses livros são mais uma compilação de histórias dos reinos,

provavelmente teve um editor que reuniu os relatos da época. Não podemos identificar

pessoa que reuniu os materiais desse livro na forma que conhecemos, porém uma

tradição judaica tem um relato no talmude, Baba Bathra, 15 a, que foi Jeremias. Se II

Reis 25:27-30 for considerado como um escritor posterior, o editor poderia ter sido

Jeremias ou um inspirado contemporâneo seu.

Contexto Histórico – Os reinados de Israel e os impérios que rodearam o povo

de Deus durante a monarquia Israelita.

Tema – Revelar os planos e propósitos divinos nas experiências da história da

monarquia Israelita.

11 – CRÔNICAS:

Título – Como os livros de Reis, esses livros originalmente formavam um só

volume. No texto hebraico a expressão era “DIBRE HAYYAMIM”, que significa

“EENTOS DOS DIAS”.Esse título parece ser uma abreviação que literalmente

significava “LIVRO DOS EVENTOS DIÁRIOS”.

Autoria – Um cuidadoso exame do texto hebraico dos livros de Crônicas,

Esdras e Neemias indica que estes três livros estão intimamente ligados um ao outro em

linguagem, estilo e pontos de vista em geral. Em função disso, tudo indica que Esdras

seja o autor.

Contexto Histórico – Esses livros consistem basicamente de um esboço registro

do povo de Deus da criação ao período Persa. A ênfase principal repousa na história de

Davi e seus sucessores em a nação judaica.Se Crônicas-Esdras-Neemias foi

originariamente um só volume, escrito por Esdras, que voltou à Judá durante o reinado

de Artaxerxes I (465-423 A.C.), o contexto histórico doa livros das Crônicas, até o

tempo de produção seja considerado,seria o mesmo quanto o contexto histórico dos

livros de Esdras e Neemias.

Tema – Os livros das Crônicas iniciam com um esboço genealógico de história

antiga de Adão até o tempo de Davi.A história da criação, os primeiros e os últimos

patriarcas até o Egito, etc.

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12 – ESDRAS:

Título – Nos manuscritos hebraicos Esdras e Neemias aparecem como um só

volume como os livros de Samuel, Reis e Crônicas.

Autoria – Esdras e Neemias formam uma continuação histórica e literária dos

livros das Crônicas.Um estudo do estilo e linguagem revela que eles provavelmente

tiveram o mesmo autor.Uma tradição judaica (o talmude) indica Esdras como o autor

principal (Baba Bathra) e Neemias como aquele que completou a obra.

Contexto Histórico – O retorno do povo de Deus do exílio é o evento coberto

pelo livro.Sob a direção de Zorobabel é reconstruída a história do povo.Os eventos

descritos por Esdras e Neemias acontecem na primeira metade do período do Império

Persa.

Tema – O livro relata o plano divino na restauração dos judeus. A grandeza de

Deus revelada num pequeno grupo de fiéis (reconstrução do templo).

13 – NEEMIAS:

O livro de Neemias se encaixa no livro de Esdras, uma vez que foram

contemporâneos nos eventos relatados por ambos os livros.

14 – ESTER:

Título – O livro de Ester leva como seu nome aquela heroína da história, em

função da coragem de uma jovem mulher na salvação do povo de Deus no império

Persa.

Autoria – O autor do livro de Ester é desconhecido.Há muita discussão sobre a

autoria desse livro. Alguns nomes são mencionados como possíveis autores, porém, não

há uma confirmação definitiva quanto a esse detalhe.

Contexto Histórico – O domínio do império Persa é o cenário histórico do livro

de Ester.Esses eventos são colocados no século V A.C.

Tema – O cuidado protetor de Deus, bem como o fracasso dos projetos humanos

contra o povo de Deus são itens que definem o tema desse livro.

15 – JÓ:

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Título – O livro deixa como seu título o nome de seu principal personagem que

é Jó.

Autoria – A autoria do livro de Jó é atribuída a Moisés.

Contexto Histórico – O cenário desse livro é o deserto onde estava Moisés.Ele

é um poema que descreve a experiência humana.Havia adoradores do verdadeiro Deus

em terra distantes que iam dos limites da descendência de Abraão.

Tema – A presença de Deus em meio ao sofrimento humano, bem como a

capacidade divina de reverter tragédia que alcança o ser humano.

16 – SALMOS:

Título – O livro dos Salmos no original traz a palavra “TEHILLIM” ou

“SEPHER TEHILLIM” que significa “LOUVORES” ou “LIVRO DOS LOUVORES”.

Autoria – Esse livro não teve somente um autor, porém muitos. A maioria dos

Salmos teve Davi como autor.

Contexto Histórico – Os Salmos vêem desde o tempo de Moisés.É dito que a

composição deles cobre um período de mais ou menos mil anos.

Tema – O homem está em aflição – Deus concede alívio.Esse em o tema

universal em seu apelo do livro de Salmos.

17 – PROVÉRBIOS:

Título – o título, “PROVÉBIOS” é tomado das primeiras palavras do livro.A

palavra hebraica é “MASHAL” que significa “SER COMO” ou “COMPARAR”.

Autoria – Salomão é tido como o autor do livro.

Contexto – O reinado de Salomão.

Tema – O tema desse livro é exaltar a sabedoria, que é descrita como o temor do

Senhor.

18 – ECLESIÁSTES:

Título – O nome desse livro no hebraico é “QOHELETH” que significa

“PREGADOR”.

Autoria – Salomão é tido como o autor do livro.

Contexto Histórica – O reinado e a experiência de Salomão.

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Tema – Sem Deus não há verdadeira felicidade e alegria para o homem.

19 – CANTARES:

Título – No hebraico “SHIR HASHSHIRIM” que significa “CÂNTICO DOS

CÂNTICOS”.

Autoria – Salomão é indicado como o autor do livro.

Contexto Histórico – O livro encontra seu contexto na época dourada da

monarquia hebraica.

Tema – A descrição do amor em forma poética.Aqui o amor de Deus é descrito

em favor de seu povo.

20 – ISAÍAS:

Título – Na cultura hebraica era chamado de “O LIVRO DO PROFETA”.A

LXX traz o nome de Isaías como o título do livro.

Autoria – O profeta Isaías foi o autor do livro que leva o seu nome.Isso é

descrito jáno primeiro vereso do livro.

Contexto Histórico – O ministério do profeta Isaías deu-se no século VIII A.C.

e cobriu o domínio de quatro reis.

Tema – A salvação de Deus em favor de seu povo.

21 – JEREMIAS:

Título – O livro tem como título o nome de seu personagem, isto é, JEREMIAS.

Autoria – Ao longo de seu ministério, Jeremias teve o auxílio de um secretário

(Baruque), porém ele é tido como o autor do livro.

Contexto Histórico – Durante os primeiros dias do seu ministério de Jeremias,

três grandes poderes, Assíria, Egito e Babilônia se digladiavam pelo domínio.Ele é

colocado no século VI A.C.

Tema – Declarações proféticas a respeito do fim do Reino de Judá.

22 – EZEQUIEL:

Título – No original tem o nome de Ezequiel.

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Autoria – Ezequiel é tido como o autor do livro que leva seu nome.

Contexto Histórico – O exílio de Babilônico.

Tema – O propósito de Deus para seu povo na amarga experiência no exílio.

23 – DANIEL:

Título – O livro tem o nome de seu principal personagem, isto é, Daniel.

Autoria – A visão tradicional de judeus e cristãos é que o livro foi escrito no

século VI A.C. e que Daniel foi o seu autor.

Contexto Histórico – Abrange os impérios Babilônicos e Persa.

Tema – Histórica e profecia. O domínio de Deus sobre os governos humanos.

25 – OSÉSIAS:

Título – Tem como título o nome próprio profeta que o escreveu, isto é, Oséias.

Autoria – Oséias.

Contexto Histórico – Profetizou no Reino do Norte.Possivelmente foi

contemporâneo do profeta Isaías.

Tema – O amor de Deus pelos seus filhos errantes é o tema central do livro.

26 – JOEL:

Título – Como título, o livro tem o nome de Joel.

Autoria – Joel.

Contexto Histórico – O próprio profeta não diz nada do tempo de seu escrito. É

provável que seu ministério tenha ocorrido nos primeiros anos do rei Josias.

Tema – Muitos resumem o tema do livro em “promessas de restauração ao favor

divino”.

27 – AMÓS:

Título – o livro traz o nome de Amós.

Autoria – Amós.

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Contexto Histórico – Amós foi chamado para cumprir o seu ministério numa

época quando os reinos de Judá e Israel viviam uma fase de prosperidade. O seu

ministério ocorreu mais ou menos entre 767 e 753 A.C.

Tema – O principal propósito de Amós foi chamar a atenção do povo de Deus

para seus pecados, e se possível fazer com que voltassem ao arrependido.

28 – OBADIAS:

Título – O livro traz o nome do profeta, isto é, Obadias.

Autoria – Obadias.Contudo, há uma certa dificuldade de identificar quem é esse

Obadias já que a bíblia fala de alguns personagens com esse nome.

Contexto Histórico – Obadias não identifica os reis que reinavam na época de

seu ministério. Todavia, seus escritos proféticos perecem referir-se às invasões

babilônicas em Jerusalém.

Tema – A punição divina que viria sobre Edom.

29 – JONAS:

Título – O nome Jonas é colocado como título do livro.

Autoria – Jonas.

Contexto Histórico – O ministério de Jonas é colocado nos anos de 792-753

A.C. viveu no tempo do rei de Jeroboão II.

Tema – A graça de Deus traz salvação a todas as pessoas.

30 – Miquéias:

Título – No original o livro traz o nome de Miquéias.

Autoria – Miquéias, o morastita.

Contexto Histórico – Seu ministério ocorreu no século VIII A.C., durante um

período difícil de Israel.Nessa época a Assíria estava no domínio.

Tema – A condenação do povo no cativeiro e as glórias messiânicas.

31 – NAUM:

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Título – O livro traz o nome do profeta que é seu autor, isto é, Naum.

Autoria – Naum.

Contexto Histórico – Foi escrito cerca de cento e cinqüenta anos depois de

Jonas, isto é, mais ou menos em 640 A.C.

Tema – A destruição de Nínive.Nesse livro a destruição de Nínive é: Declarada,

Descrita e Definida.

32 – HABACUQUE:

Título – Habacuque é o nome dado ao título do livro.

Autoria – Hacuque.

Contexto Histórico – Possivelmente, Habacuque escreveu o seu livro num

perído de profunda apostasia, durante a última parte do reinado de Manasses.

Tema – Os propósitos de Deus e os por quês humanos.

33 – SOFONIAS:

Título – O título do livro traz o nome do profeta Sofonias.

Autoria – Sofonias.

Contexto Histórico – O profeta estabelece a sua profecia no tempo do rei

Josias.É provável que ele tenha sido contemporâneo de Habacuque.

Tema – Como o profeta Joel, ele dá ênfase ao “DIA DO SENHOR”.

34 – AGEU:

Título – O livro traz o nome do seu autor.Ageu.

Autoria – Ageu.

Contexto Histórico – O retorno do povo judeu da Babilônia e o apoio que Ciro

concedeu ao povo em sua religião e tradições.Possivelmente, o ministério de Ageu

durou apenas três meses.

Tema – Mensagens destinadas a fazer uma grande obra para Deus.

35 – ZACARIAS:

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Título – Zacarias.Nome do personagem do livro.

Autoria – Zacarias.

Contexto Histórico – Contemporâneo de Ageu. Os eventos estão ligado no

ministério dos dois profetas.

Tema – Mensagens destinadas a fazer uma grande obra para Deus. ( Mensagens

Congêneres com Ageu).

36 – MALAQUIAS:

Título – Malaquias. Significa “MENSAGEIRO”

Autoria – Malaquias.

Contexto Histórico – O tempo de Neemias.

Tema – Advertência aos líderes religiosos e ao povo.

NOVO TESTAMENTO

1 – MATEUS:

Título – Os manuscritos gregos antigos trazem o nome de Mateus como o título

desse evangelho.

Autoria – Mateus.

Contexto Histórico – Mateus escreve esse evangelho para a comunidade de

Judeus convertidos ao cristianismo que habitavam o território da Síria.

Tema – A messianidade de Cristo para os judeus.

2 – MARCOS:

Título – Os manuscritos antigos trazem o nome de Marcos como o título desse

evangelho.

Autoria – Marcos

Contexto Histórico – O ministério de Cristo no meio dos gentios. Em geral o

escrito é colocado entre os anos 55-70 A.D.É provável que Marcos tinha em vista os

cristãos em Roma.

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Tema – Jesus Cristo, Filho de Deus.(Marcos divide o evangelho em duas

seções:1a Jesus como o Messias – Mar. 1-8:30. 2a Jesus como o filho de Deus –

Mar.8:31-15:39).

3 – LUCAS:

Título – “ O Evangelho de acordo com Lucas” em manuscritos posteriores.

Autoria – De modo unânime Lucas é aceito como o autor do escrito.

Contexto Histórico – Lucas escreve seu evangelho para gentios gregos. Essa é

uma das razões porque ele faz poucas referências ao Antigo Testamento. O que seria

estranho aos seus leitores.

Tema – o evangelho de Jesus Cristo para todas as raças.

4 – JOÃO:

Título – João é o nome que aparece nos mais antigos manuscritos.

Autoria – João.

Contexto Histórico – É dito que João escreveu seu evangelho em Éfeso entre 90

e 100 A.D. A igreja estava enfrentando ensinos heréticos que estava se introduzindo no

cristianismo.

Tema – A divindade de Cristo.

5 – ATOS DOS APÓSTOLOS:

Título – Em alguns manuscritos aparece somente o nome Atos.

Autoria – Lucas.

Contexto Histórico – O cristianismo no Império Romano.

Tema – A história da igreja.

6 – ROMANOS:

Título – Romanos é o título de acordo com os manuscritos.

Autoria – Paulo (muito embora Tércio a escreveu.Rom. 16:22)

Contexto Histórico – Escrito de Corinto no inverno de 57-58 A.D.

Tema – A salvação pela fé em Cristo.

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7 – CORÍNTIOS:

Título – De acordo com manuscritos antigos, Coríntios é o título para essas duas

epístolas de Paulo.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – A visita de Paulo a Éfeso. De lá ele escreveu essas

epístolas para a igreja de Corinto.

Tema – Instruções teológicas e litúrgicas.

8 – GÁLATAS:

Título – Gálatas.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – A controvérsia dos judaizantes após concílio de Jerusalém

no ano 49 A.D.

Tema – A justificação pela fé em Jesus Cristo ( tendo como contexto as decisões

do concílio de Jerusalém).

9 – EFÉSIOS:

Título – Os manuscritos trazem “EFÉSIOS”.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – Foi escrita entre 61 e 63 A.D., durante a prisão domiciliar

de Paulo em Roma, e mais ou menos no mesmo tempo da epístola aos Colossenses.

Tema – UNIDADE.Esse é tema da epístola. Abrange as relações sociais desde o

lar até a igreja.

10 – FILIPENSES:

Título – Filipenses.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – A epístola aos Filipenses foi escrita de Roma durante a

prisão de Paulo.Foi escrita mais de dez anos após a visita de Paulo a Filipos.

Tema – Amizade e conselhos espirituais.

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11 – COLOSSENSES:

Título – Dizem que essa epístola não tinha título originalmente, mas que um

escriba acrescentou mais tarde. Nos manuscritos consta Colossenses.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – As filosofias que marcavam a vida social e intelectual da

cultura romana que no século I conspirava contra o cristianismo.

Tema – Combate às heresias.

12 – TESSALONICENSES:

Título – Aos Tessalonicenses.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – Tessalônica foi uma importante cidade, capital da

Segunda divisão da Macedônia. O contato de Paulo nessa cidade foi durante sua

Segunda viagem missionária. Ela fez parte de campanhas evangelísticas de Paulo.

Tema – Amor, fidelidade e dedicação pastoral.

13 – TIMÓTEO:

Título – Os mais antigos manuscritos indicam o nome de Timóteo como título

da epístola.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – Timóteo era pastor em Éfeso quando Paulo escreveu essas

epístolas. A segunda ele escreveu da prisão em Roma. As duas epístolas de Paulo a

Timóteo são escritas num contexto de companheirismo e orientação pastoral.

Tema – Orientações ministeriais e administrativas para a igreja (pastorado de Timóteo).

14 – TITO:

Título – Os manuscritos trazem o nome de Tito, muito embora como se tratasse

de uma carta pessoal não havia um título formal.

Autoria – Paulo.

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Contexto Histórico – Tito ministrava o evangelho na ilha de Creta.Um ilha do

Mediterrâneo que foi alcançada pelo evangelho.

Tema – Orientação pastoral e conselhos administrativos, bem como uma vida social em

harmonia com o evangelho.

15 – FILEMON:

Título – Filemon, de acordo com manuscritos antigos.

Autoria – Paulo.

Contexto Histórico – Paulo estava preso em Roma quando escreveu esta

epístola.Trata-se de uma carta pessoal.A crise entre Filemon e Onésimo foi a razão que

originou essa epístola.

Tema – Cordiabilidade nas relações humanas.

16 – HEBREUS:

Título – Hebreus.

Autoria – Há muita discussão quanto a autoria dessa epístola.Uns atribuem a

Paulo a autoria outros rejeitam essa idéia.Ao longo da história do cristianismo muitos

aceitaram definitivamente a autoria dessa carta como sendo de Paulo.

Tema – Aplicação dos rituais do Antigo Testamento no Novo Testamento, tendo

Cristo como o ponto central do cumprimento desses rituais.

17 – TIAGO:

Título – Essa era mais uma epístola que não tinha originalmente um título.

Porém, alguns manuscritos primitivos trazem o nome de Tiago como título.

Autoria – Há dificuldade em identificar que Tiago é o autor da epístola.

Contexto Histórico – Essa epístola é escrita para os cristãos em geral.Pelas

alusões geográficas, a Palestina é sugerida como o ambiente de origem dessa epístola.

Tema – Cristianismo prático.

18 – PEDRO:

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Título – Os manuscritos trazem o nome de Pedro como título do escrito.

Autoria – Pedro.

Contexto Histórico – Nas duas epístolas, Pedro está escrevendo para os cristãos

espalhados através de vários pontos da Ásia Menor. Possivelmente foram escritas de

Roma.

Tema – Ensinos Pastorais.

19 – JOÃO:

Título – Nas três epístolas o nome de João aparece nos manuscritos antigos

como título.

Autor – João é aceito como autor dessas epístolas, em função de similaridades

entre elas.

Contexto Histórico – o ambiente histórico dessas epístolas está muito ligado ao

próprio evangelho que leva o nome de João.

Tema – Ensinos e propósitos pastorais.

20 – JUDAS:

Título – Judas é o nome que aparece nos manuscritos antigos.

Autoria – Possivelmente Judas, o irmão de Tiago.

Contexto Histórico – Há dificuldades de determinar aspectos históricos sobre

os quais construir um cenário histórico para essa epístola.

Tema – Defesa da fé cristã.

21 – APOCALIPSE:

Título – Apocalipse de João.

Autoria – João, o discípulo amado.

Contexto Histórico – João estava na ilha de Patmos, exilado.Foi nessa ilha que

ele teve as revelações apocalípticas, durante o domínio de Dominiciano, imperador de

Roma.

Tema – Revelação (apocalipse).

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GLOSSÁRIO

Alegoria –E a representação ou interpretação figurativa de uma coisa sob imagem de outra. Apócrifo- Livros pseudobíblicos compostos por autores judeus no período do segundo templo.Estes não foram incluídos na bíblia hebraica. A maioria desses livros sobrevieram apenas em traduções; Alguns foram incluídos na septuaginta e outros foram preservados por várias seitas cristãs.

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Apologia – E um discurso tendo como característica e objetivo principal a defesa de algo. Arqueologia – Estudo de princípios,ou seja,é a ciência encarregada pelas das descobertas do passado. Arquétipo – Exemplar padrão de determinado tipo de texto.O códice vaticano é o arquétipo do grupo de alexandrino. Autógrafo –Termo técnico que designa o manuscrito ou documento original de uma obra. Canonização – E o processo pelo qual o conteúdo das escrituras sagradas, e especificamente, cada uma das partes da bíblia hebraica, foram encerradas e definidas como autoritativas. Cânom – a lista dos livros da qual a bíblia e composta. Códice – Termo derivado do latim “CODEX” que designava a principio uma tabua de cera, na qual se escrevia com um ponteiro de ferro chamado stilus, de onde provem a palavra “ESTILO”, aplicada à composição literária.Como as tábuas eram muito usadas para fins judaicos, chamou-se “CÓDIGO” a um sistema de leis. Colação – Confronto da cópia de um manuscrito com original ou com cópia, para verificar a correspondência entre os textos e assim analisar a maior ou menor autoridade para a escolha de texto exato. Crítica Textual – Nome dado ao estudo técnico de manuscritos antigos e versões de textos do antigo testamento a fim de definir a leitura correta do texto. Diáspora –Termo grego que foi que significa “DISPERSSAO”.Refere-se a populaçaõ judaica fora da terra de Israel. Ditografia – Escrever duas vezes aquilo que deveria ter sido escrito só uma vez. Emenda – A tentativa de eliminar erros encontrados nos manuscritos.A correção era feita no corpo do manuscrito ou margem. Etmologia – Ramo da lingüística que investiga a origem e derivação de palavras, ou a origem ou derivação de uma palavra em si mesma. Evangelhos Sinópticos – Os primeiros três evangelhos porque mostram extensiva concordância em suas linhas gerais e no conteúdo. Exegese – Explicação e interpretação de um texto conforme o autor queria que fosse compreendido. Gênero – Uma espécie literária caracterizada por feições de identificações em comum das passagens que a consistem. Hagiógrafos – Os escritos.Refere-se a terceira divisão da bíblia hebraica entre os judeus.

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Haplografia – Escritura de uma letra, sílabas ou palavras só uma vez, quando deveria Ter sido escrita mais do que uma vez. Helenismo –Termo que designa o período da cultura grega a partir de Alexandre Magno(356-323 AC..). Hermenêutica – A ciência da interpretação de textos escritos com regras e princípios cientificamente formulados. Homeoteleuto – A comissão de uma passagem intermediaria porque o olho do copista pulou de uma terminação para outra que se assemelha. Judaizantes – Nome dado a judeus militantes na retenção da lei judaica na igreja não somente por judeus convertidos mas também para outra que se assemelha. Koinê – O grego popular da época dos apóstolos.Os escritos do Novo Testamento foram registrados no grego Koinê em contraste com o grego clássico. Macabeus – Família judaica que desempenhou um papel de proeminência em libertar a Judéia do império Selêucido Sírio no século II A.C. Massorah – Termo hebraico que significa “TRADIÇAO”. Apontava para a transmissão do texto bíblico ao longo das gerações. Massoretas – Grupo de eruditos que trabalhavam para preservar a forma correta do texto bíblico. Metátese – E a troca da posição certa das letras ou palavras. Midrash – Termo usado para o método de interpretação bíblica que estava em voga nos tempos rabínicos. Pais Apostólico – Autores que escreveram geralmente entre os ano s de 90 e 150 A.D.e e receberam esse cognome por ser provável que alguns deles tenha sido discípulos dos apóstolos. Paleografia – Ciência que estuda as formas ou padrões das letras e sua historia a fim de facilitar a datação de inscrições e manuscritos. Parablepse – Neologismo técnico que literalmente significa”UM OLHAR AO LADO.” Patrística – Conjunto de obras produzidas pelos chamados pais da igreja, ou escritores eclesiásticos dos primeiros séculos do cristianismo. Pentatêuco – Os primeiros cinco livros do Antigo Testamento ou o livro da lei. Perícope – Uma passagem bíblica, especialmente uma que é designada para ser lida em voz alta no culto público. Pseudepígrafo – Escritos judaicos pós- canônicos que foram publicados com títulos ou nome falso.

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Qunran – Nome do local a noroeste do mar morto onde foram encontrados numerosos manuscritos entre 1947 e 1956 chamados os manuscritos do mar morto. Rabbi – Termo hebraico que aponta para mestre professor.Refere-se aos mestres do judaísmo. Rabinisno – Teologia dos rabis.Eles tinham a tarefa de expor as escrituras judaicas para a sua comunidade. Septuaginta – Tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego ocorrida em 285 AC. Targum – A tradução e as paráfrases do Antigo Testamento em aramaico. Testemunha – Designação que se dá ao manuscrito, versão ou citação patrística que confirma ou contraria determinada variante. Texto Massorético – Texto bíblico tradicional considerado autoritativo pelos judeus. Tradição – E um processo fundamental em toda a cultura e todas as formas de vida espiritual.Aplica-se a palavras, costumes, usos, ritual, ordenanças, leis e atitudes. Tipologia – O esquema de pensamento que vê pessoas, eventos e instituições como tipo ou padrões de pessoas, eventos e instituições subseqüentes e maiores. Variantes – São formas diferentes conhecidas de mesmo texto encontradas em diversos manuscritos. Vulgata – Nome da versão latina da bíblia preparada por Jerônimo a pedido do papa Damaso em 382 AC. Yom Kippur – O dia mais solene do ano judaico celebrado como o dia do perdão. No ritual do santuário era o dia da expiação. Zelotes – Membros de um grupo radical, messiânico e político no judaísmo, que se separou do movimento dos fariseus.

LUZ DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO 6

O último capítulo, analisamos algumas das razões que nos permitem reconhecer

na Bíblia um livro de inspiração divina. Nenhuma explicação pode dar conta de seu apelo universal, de seu poder de transformar vidas e inspirar os atos mais heróicos e que mais dignificam o ser humano. É um livro que fala ao coração do homem com uma autoridade moral irrecusável. Tudo que de melhor há na civilização ocidental deriva, em

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última análise, suas raízes dos ensinamentos Bíblicos. A Bíblia , em suma, apresenta credenciais autênticas de um livro divinamente inspirado.

Como tal, a Bíblia não espera confirmação científica de espécie alguma, porque nenhuma ciência esta em condições de se pronunciar sobre a validade de seus ensinamentos morais e religiosos. Transmitir á humanidade uma mensagem autêntica da parte de Deus,iluminar com uma luz fidedigna seu destino eterno, eis a fidelidade suprema da Bíblia. Em suas páginas Deus nos fala não em termos filosóficos ou teológicos acessíveis apenas a uma minoria erudita, mas em termos de uma história concreta e vivida sobre aterra, uma história, em essência, não diferente da história de cada dia. Trata-se da história de um povo escolhido e educado por Deus, o povo de Israel, povo que ao se turno devia partilhar com o resto da humanidade a experiência abençoada desta comunhão mais intima com o Criador.

Deus fala á humanidade através da história vivida por um povo particular e interpretada por profetas e apóstolos. Essa qualidade histórica da mensagem bíblica a coloca numa categoria á parte, e a distingue de todas as demais chamadas “revelações”. A mensagem a distingue de todas as demais chamadas “revelações“. A mensagem divina é transmitida, cena após cena, através de acontecimentos reais, tais como a saída do povo de Israel do Egito, a conquista da terra sob Josué, a reforma sob o profeta Samuel, o estabelecimento da monarquia sob Saul e Davi etc. A interpretação religiosa deste acontecimento pertence ao domínio da fé, e a ciência nada pode dizer sobre a validade desta interpretação. Mas os acontecimentos históricos em si podem ser confirmados ou invalidados pela investigação histórico-crítica. É aqui que a arqueologia entra em jogo. A arqueologia como ciência ancilar da história, vai gradualmente desenterrando o passado da humanidade, e nos permite ver, com muito maior clareza, as várias etapas da vida com várias civilizações. Com técnicas cada vez mais refinadas, ela examina os vestígios de antigas cidades com seus templos e palácios, desenterra monumentos e inscrições e, peça por peça, permite reconstruir a história de cidades e civilizações cobertas pela poeira dos séculos.

As escavações arqueológicas freqüentemente trazem à luz arquivos com documentos preciosos que projetam luz sobre a vida comercial, religiosa e social de povos até então desconhecidos, ou apenas entrevistos nos escritos de autores clássicos gregos e romanos. Citemos, a título de exemplo, a descoberta dos arquivos de Assurbanipal, da Assíria, em meados do século passado; dos arquivos dos banqueiros Marashu & Irmãos, em Nipur, ao sul da Babilônia; dos arquivos do colégio sacerdotal de Ugarit, na Síria; e, mais recentemente, dos arquivos de Ebla, ao sul de Alepo, na Síria, cujos tabletes cobertos de escrita cuneiforme estão sendo decifrados pelo Dr. Pettinato, da Universidade de Roma.

_ Pode-se então afirmar que a arqueologia prova a Bíblia? _ Seria mais correto dizer que a arqueologia do Oriente Próximo tem em geral confirmando o quadro histórico do povo de Israel, que a Bíblia nos traça. Quanto à mensagem religiosa que ela comunica, nem a arqueologia, nem outra ciência qualquer, pode sobre ela se comunicar. Foge à alçada da ciência emitir julgamento sobre a veracidade de uma afirmação religiosa. Esta é adereçada à fé.

_ Neste caso, como pode a arqueologia nos ajudar a aceitar ou rejeitar a Bíblia? _ A arqueologia, confirmando a autenticidade dos fatos históricos mencionados

na Bíblia, corrobora a expectativa de que a mensagem religiosa é igualmente digna de fé. Inversamente, se a arqueologia demonstrasse que o quadro histórico que a Bíblia nos delineia não passa de um amontoado de lendas e anacronismos, a mensagem religiosa veria sua credibilidade diminuída.

_ Quais são os acontecimentos mais antigos, da narrativa bíblicas, suscetíveis de verificação pela arqueologia?

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_ Provavelmente os eventos ligados com a vida dos patriarcas enfocado no livro de Gênesis, tais como Abraão, Isaque e Jacó. Nos círculos intelectuais do século passado, era marca da avantgarde negar qualquer valor histórico ao livro de Gênesis. Para os críticos inclinados ao ceticismo, os patriarcas seriam figuras lendárias de um passado nebuloso sem qualquer autenticidade.

_ Não é esta a atitude ainda dos eruditos mais ilustres, no domínio do Velho Testamento?

_ Absolutamente não. Um século de descobertas arqueológicas no Oriente Próximo sapou a base do ceticismo quanto à época patriarcal. O decano dos orientalistas americanos, o Dr. William F. Albright, como resultado de uma vida de estudos arqueológicos, trocou sua posição de cético, na de um firme crente na historicidade essencial do Velho Testamento.

_ Poderia dar-me um exemplo de como a arqueologia tem minado a narrativa bíblica?

_ Tomemos o caso da cidade de Ur, de onde a Bíblia diz ter Abraão emigrado para a Terra Prometida. Pois bem, até meados do século passado, nada se sabia de Ur, nem mesmo se a cidade jamais existira. Aliás, a ignorância era total quanto à geografia e à história da antiga Mesopotâmia, até que a pá dos arqueólogos começasse a desenterrar os vestígios de antigas cidades, e as inscrições vindas à luz começassem a ser decifradas. Pouco a pouco, as antigas civilizações do vale da Mesopotâmia começaram a ser iluminadas, e uma multidão de dados históricos e geográficos esclarecidos. Cidades começaram a suspeitar o lugar exato da antiga Ur. Confirmação absolutamente não foi, porém, obtida, até os trabalhos de Sir Leonard Wooley no mesmo local, entre 1922 e 1930. Sabe-se hoje que Ur foi um dos grandes centros da civilização sumeriana. Seu grande templo, consagrado ao deus da Lua, erguia-se, qual torre gigantesca, no centro da cidade. Ao redor do templo, espalhava-se a cidade com suas ruas estreitas, ao longo das quais se alinhavam as casas de adobe, sem janelas. Muitas dessas casas eram construídas em torno de um pátio, para o qual se abriram as portas e janelas.Excelente idéia, num país onde é preciso se proteger do calor e do vento canicular que sopra do deserto.

_ Ficou provado que Abraão, na narrativa bíblica, habitava em Ur? _ Não, do mesmo modo que Heinrich Schliemann não pôde demostrar que

Heitor ou Paris habituavam em Tróia. Mas Sir L. Wooley descobriu, na ruínas de Ur, um tablete de argila com o nome de Abraão, mostrando que o nome era corrente em Ur. Não é muito, mas é mais do que H. Schliemann fez para os heróis de Tróia. Ademais, André Parrot mostrou que os nomes de Abraão, Sara, Jacó, Benjamim eram correntes também em Mari, outra cidade real sobre o rio Eufrates, algumas centenas de quilômetros ao norte de Ur.

_ Começo a compreender que o valor da arqueologia não consiste tanto em provar ou desaprovar a veracidade de acontecimentos específicos, mas em recriar o ambiente cultural de uma dada época, permitir uma comparação inteligente com os dados fornecidos pela Bíblia.

_ Exatamente. É raro descobrirem-se, nas ruínas de cidades antigas, documentos que permitam confirmar a autenticidade de um nome ou de evento mencionados na Bíblia. Mais freqüente é se descobrirem contratos comerciais, códigos legislativos, certificados de casamento e de adoção, que ilustram os usos e costumes de determinada sociedade e, deste modo, esclarecem certas afirmações que encontramos na Bíblia. Assim o código de Hamurábi, com seus duzentos e cinqüenta parágrafos, redigido por volta de 1750 antes de nossa era, mostra quais eram as práticas correntes em matéria de aluguéis de casas, barcos ou animais, de casamento e divórcios, de adoção de filhos, de honorários de médicos, veterinários e construtores, etc., evidência clara de que costumes semelhantes aos da época patriarcal prevaleciam em todo o mundo semítico.

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_ Por falar em costumes de uma dada época, há qualquer significação no fato de que Abraão, na ausência de filhos, pensava adotar Eliézer, um de seus escravos, e constituí-lo seu herdeiro?

_ Sem dúvida. Vários documentos encontrados na Mesopotâmia demonstram a importância da adoção, para um casal sem filhos. Era considerado uma desgraça chegar à velhice sem o amparo, ao menos, de um filho, que cuidasse dos pais e lhes desse uma sepultura condigna. Em compensação, o filho adotivo era constituído herdeiro legítimo do patrimônio. Naturalmente, o ceretificado de adoção devia ser redigido por escriba competente, sobre um tablete de argila, e atestado por testemunhas. A descoberta de vários destes certificados esclarece as práticas mencionadas na Bíblia, e evidencia que a época patriarcal corresponde bem ao começo do segundo milênio antes de nossa era. Várias dessas práticas caíram no olvido, alguns séculos mais tarde.

_ Lembro-me do caso estranho de Raquel, que furtou os ídolos de seu pai, quando fugiu com os filhos, da casa paterna. De que serviriam esses ídolos em circunstâncias tão precárias, e por que os escondeu com tanto afã, como se tratasse de algo muito precioso?

_ Documentos achados em Eshnuna, no norte da Mesopotâmia, demonstram que a posse dos ídolos da família correspondia a um título de propriedade. Raquel queria, assim, assegurar que, na disputa com Labão, seu pai, sobre a partilha da propriedade, os direitos da sua família fossem salvaguardados. Aquilo que, à primeira vista, parecia um gesto bizarro da parte de Raquel, evidencia-se, à luz dos costumes da época, um recurso bastante astuto.

_ Um capítulo do livro do Gênesis, que muito me intriga, é o capítulo 19, onde fala da destruição das cidades de Sodoma e Gomorra por uma chuva de fogo e enxofre. Esse capítulo me parece inteiramente lendário. Pode a arqueologia dizer-nos qualquer coisa a respeito?

_ Sua observação é bem oportuna. Até muito recentemente, não se conhecia nenhuma referência, fora da Bíblia, as cidades de Sodoma e Gomorra que, aliás figuram em vários textos bíblicos como exemplo crasso da maior degradação moral. Pode-se imaginar a surpresa, nos meios críticos quando os nomes dessas cidades apareceram nos arquivos da cidade de Elba, descoberta há pouco, por uma expedição arqueológica italiana. A publicação desse fato por Pettinato, data de 1976. Elba teria florescido no terceiro milênio antes de nossa era, como uma grande metrópole do mundo antigo, e mantinha relações comerciais com todo o Oriente Próximo, inclusive com as cidades de Sodoma e Gomorra. Como Elba foi destruída pelo rei Naramsin de Acade, por volta de 2.300 A.C., caindo em total esquecimento até há pouco, é evidente que Sodoma e Gomorra já existiam nessa data. Os milhares de tabletes de argila, descobertos em Tell Marddiq (Elba), prometem muitas surpresas quando tiverem sido inteiramente decifrados e publicados. O fato, porém, de que tantas vezes as descobertas arqueológicas têm confirmando a veracidade das alusões históricas feitas pela Bíblia, obriga os críticos a serem muito mais prudentes em seus pronunciamentos desfavoráveis às Sagradas Escrituras.

_ Há, na sua opinião, qualquer evidência histórica da descida de Jacó e de sua família ao Egito? Compreendo que até hoje nenhuma referência à entrada e permanência dos israelitas no Egito, foi encontrada em documentos egípcios antigos. Não se trataria de uma lenda simples e pura?

_ V.Sa . tem razão em dizer que nenhuma referência direta à entrada dos israelitas no Egito foi encontrada em documentos contemporâneos. O silêncio das fontes egípcias, porém, não constitui evidência de que a afirmação dos livros de Gênesis e Êxodo não passa de pura lenda. Em primeiro lugar, nenhum povo inventaria a história humilhante de que seus antepassados tivessem sido escravos noutro país, se essa história não se baseasse em fatos autênticos. Lendas tendem, em geral, a glorificar o passado de

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um povo, e não denegri-lo. Em segundo lugar, se a estada dos israelitas no Egito terminou por um êxodo triunfal, então não é de se esperar que os egípcios inscrevessem esse capítulo, desabonador do prestígio nacional, em seus anais.Diga-se de passagem que os egípcios nem mesmo tinham anais que mereçam o nome. O que se conhece de sua história provém de inscrições esporádicas, gravadas nos muros de algum templo, particularmente o de Karnak, em Tebas, ou nas paredes das capelas funerárias de algum alto funcionário. Assim, Tutmoses III fez gravar no templo de Amun o relato de suas campanhas militares na Ásia. Seti II, deixou também um a reportagem sucinta de sua vitória sobre os líbios, e Ramsés III outra de seu triunfo sobre “os povos do mar”. Mas, como dizíamos acima, não há uma crônica sistemática e consecutiva dos acontecimentos principais, como é o caso da Assíria, no primeiro milênio antes de nossa era. O que há são panegíricos exaltando as proezas de um outro faraó, em frases estereotipadas. Nessas circunstâncias, é vão esperar que uma referência à presença e êxodo dos israelitas fosse figurar numa inscrição real.

_ Mas ,se os israelitas passaram vários séculos no Egito, como a Bíblia afirma, então deveria haver traços dessa permanência na língua e nos costumes israelitas.

_ Efetivamente, há indicações de que os israelitas foram afetados pela língua e pela cultura egípcias.Vários nomes israelitas têm uma colocação egípcia.Vários nomes israelitas têm uma coloraçao egípcia.Éter esses, os eruditos enumeram os nomes de Moisés, Hur e Finéias. As condecorações recebidas por José ao ser elevado á posição de vizir, correspondem as praticas no Egito como ilustram as cenas gravadas em muitos túmulos. Além disso a presença de expressões não hebraicas,nas narrativas concernentes a José e a Moisés, só se explica pela contaminação do hebraico com vocábulos egípcios.

_ Custa-me crer que um povo,reduzido á escravidão no Egito,fosse subitamente dotado de uma legislação tão elevada,como as que se lê nos livros de Levítico,Números e Deuteronômio.

_ Quando se desconhecia a existência de códigos das leis em vários lugares do Oriente Próximo ainda mais antigos que o código mosaico, era difícil crer que os israelitas culturalmente tão acima de seus contemporâneos.Com as descobertas sucessivas de códigos como o de Urukagina,de Urnamu,de Hamurabi ,et..., para mencionar os principais, verifica-se que a legislação mosaica tem muito em comum com a legislação em vigor, em outras sociedades semíticas. Havia, por assim dizer, uma tradição legal, comum a todo mundo semítico. O que distingue a legislação mosaica, porém, é a sua maior elevação moral e a ausência de todo traço de politeísmo.

_ Mais a complexidade do ritual do santuário, erigido no deserto, é surpreendente. Tem-se a impressão de que uma boa parte dessas prescrições vem de que uma época bem mais sofisticada. Não seria mais fácil admitir que muito dessa legislação date de época muito posterior á de Moisés?

_ Sua pergunta dificilmente poderia ser respondida antes das descobertas feitas em Ras-Shamra, a antiga Ugarit, a partir de 1929. Arqueólogos franceses, liderados por Claude Scheffer, realizaram aí uma série de descobertas sensacionais. Alem do templo principal, foi identificada uma biblioteca, num edifício anexo, que se poderia chamar o colégio sacerdotal. Esta biblioteca continha tablete escritos em oito diferentes línguas: acádio, egípcio, hitita, amorita, fenício, e o idioma de Ugarit propriamente dito um dileto semítico, escritos em caracteres cuneiformes a um alfabeto com 24 caracteres apenas. A decifração da escrita ugarítica foi conseguida independentemente por Bauer Virolleaud, e hoje é possível ler ugarítico com quase a mesma facilidade que se lê o hebraico. Pois bem, os arquivos de Ugarit revelaram que se praticavam aí um ritual religioso tão complexo como o prescrito na lei de Moisés. Mais ainda. Vários termos técnicos, que descreviam certas ofertas e cerimônias, eram os mesmos encontrados no ritual mosaico. Não admira, pois as

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duas línguas estão relacionadas entre si do mesmo modo que o português e o italiano. Derivam ambas de um meio comum semítico.

_ Não se poderia pensar então que os israelitas tomaram emprestadas certas noções religiosas dos habitantes de Ugarit com sua cultura mais elevada?

_ Mais coreto seria dizer que o que há de comum ás religiões de Israel e Ugarit é um resíduo de nações que remontam a tempo que ambos os povos formavam um só tronco, o tronco semítico.

_ Deixando de lado o período dos juízes, que bem sei ser um capitulo um tanto obscuro da historia israelita, que luz lança arqueologia sobre o período dos reis que vão de Davi a Zedequias?

_ Nesse período, os contatos da historia israelita com as de outros povos se tornam mais freqüentes. Mencionemos a expedição de faraó Sisaque, que saqueou inúmeras cidades da palestina no quinto ano do rei Reoboão. Esta expedição que deve ter ocorrido em 927 A.C, é mencionado tanto na bíblia como em uma longa inscrição no templo de Karnak, gravada por ordem do próprio Sisaque. Cento e cinqüenta e seis cidades foram citadas na inscrições, nas quais foram facilmente identificadas com cidades na Palestina. Outro exemplo interessante, de um acontecimento histórico narrado de dois pontos de vista independentes é fornecida pela inscrição da “Pedra Moabit” descoberta pelo missionário alemão F.Klein, em Diban, na Transjordânia. Reconhecendo o valor histórico da inscrição, Kein quis comprar dos nativos a pedra. Intrigados pelo interesse do estrangeiro numa simples pedra, imaginaram que ela tivesse algum poder mágico, e resolveram quebrá-la e destruí-la e destribuir os pedaços como amuletos. Felizmente, antes de levarem a efeito seu plano pueril, o sábio francês Clermont_Ganeau tinha tirado uma impressão da pedra em gesso, que permitia ler a inscrição com bastante clareza.A descrição narra, do ponto de vista moabita, a revolta liderada pelo rei Mesa contra Acabe, rei de Judá. A narrativa do ponto de vista israelita, pode ser lida no cap. 3 de II Reis. As duas narrativa se harmonizam tão bem quanto se poderia esperar. Desse período em diante, os anais do rei da Assíria tornam-se bastante completos, e as referencias ao rei de Israel e de Judá são freqüentes. O “Obelisco Negro”, de Salmaneser III, cita pelo nome de Jéu de Israel e o mostra rendendo homenagem ao monarca assírio. O “Prisma Teylor” , de Senaqueribe, descreve detalhadamente uma campanha militar ao Ocidente, e faz menção especifica ao rei Ezequias, de Judá que procurava subtrair-se do jugo assírio. O prisma fala da conquista de varias cidades de Judá, mas corretamente nada diz da conquista de Jerusalém, onde o profeta Isaías encorajava o rei a por sua confiança em Deus. A inscrição de Senaqueribe diz simplesmente: ‘’Quanto a Esequias o judeu,... como um pássaro engaiolado encerrei-o em Jerusalém,sua cidade real.’’ _ Não há nenhum caso de contradição entre os documentos históricos de outros povos e a narrativa bíblica? Tem a bíblia sempre razão? _ Houve tempo em que os críticos pretendiam corrigir a Bíblia na base de especulações teóricas. Depois, com a entrada da arqueologia em campo, os monumentos começaram a corrigir os críticos, demonstrando com suas teorias nem sempre correspondiam aos fatos. Hoje o prestigio da Bíblia, como fonte histórica, é tal que a Bíblia é usada para corrigir os próprios monumentos. _ Isto me interessa sobremodo! Poderia V.Sª ilustrar sua asserção com um exemplo concreto? _ Tenho em mente uma descrição de Sargão, em que ele arroga a si a gloria de ter conquistado Samaria. Sabe hoje que esse evento ocorreu em 722 A.C. Ora a Bíblia diz que Sargão tenha conquistado Samaria. O texto pertinente, que se encontra em II Reis, declara que Salmaneser é que atacou Israel em duas etapas no tempo do rei Oseias. Na primeira, Oséias foi reduzido a posição de vassalo da Assíria, com a obrigação de pagar tributo anual. Na segunda etapa, o rei de Assíria investiu contra

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Oséias, que se tinha revoltado, capturou Oséias, e depois de u m sítio de três anos conquistou Samaria. Embora o texto bíblico não diga claramente que Salmaneser ou outro rei da Assíria tomou Samaria, a conclusão mais provável em que o rei em vista não é outro senão o próprio Salmaneser. Tudo indica que Sargao estava mentindo quando afirmou que foi ele o conquistador. A ambigüidade da situação resulta de Sargão ter subido ao trono da Assíria no mesmo ano da queda de Samaria, em consequência de uma conspiração vitoriosa contra Salmaneser V. É interessante, porém, que nos seus anais de seus primeiros anos de reinado, Sargão nem uma só vez sita a tomada de Samaria. Somente anos depois se lembrou de acrescentar mais esse triunfo á suas proezas. Em vista da tendência bem conhecida dos escribas irem exagerando cada vez mais os efeitos de seus soberanos, somos inclinados a saber que Sargão, em seu ultimo anal, se estava apenas se vangloriando de vitórias que de direito pertenciam a seu predecessor. Os sábios têm razão de corrigir os anais de Sargão a luz do testemunho da Bíblia, cuja imparcialidade é provada.

_ Possuímos algum manuscrito original do Velho Testamento, ou algo que nos dê uma idéia do tipo de escrita empregada? _ Não, nenhum manuscrito original sobreviveu no clima relativamente úmido da Palestina. Talvez fosse providencial que isso acontecesse. Sex tivéssemos o manuscrito original do profeta, Jeremias, por exemplo é provável que a humanidade, com sua tendência a idolatria, tivesse feito dele um objeto de veneração. É suficiente saber que nosso texto do Velho Testamento, é para todos os efeitos práticos, idênticos ao texto que nosso Senhor leu na sinagoga de Nazaré num certo sábado. _Que evidencia tem V.Sª para afirmar que nosso Velho Testamento é idêntico ao que Cristo e seus apóstolos usavam há quase dois milênios? - Sua pergunta vem a propósito. Estamos hoje em condição de respondê-lo como em nenhuma ocasião antes de 1947.

- Tem V.Sª em mente em descoberta, a descoberta dos manuscritos do Mar Morto, em 1947 e anos subseqüente? - Exatamente. Entre os manuscritos que vieram à luz, depois de repousar durante

séculos em cavernas de sobranceiras ao Mar Morto, encontram-se dois rolos em bom estado de preservação, do livro do profeta Isaías. Uma comparação minuciosa entre o texto dessa cópia e o texto do melhor manuscrito hebraico existente, revela que os texto são praticamente idênticos, se excetuarmos certas diferenças ortográficas e o uso de sinônimos. Ora, segundo São Lucas 4, na Sinagoga de Nazaré nosso Senhor leu um trecho de Isaías 61. Daí asseverarmos ser o texto de Isaías, que se encontram em nossa Bíblia, praticamente idêntico ao texto corrente nos dias de Jesus. Naturalmente, a comparação deve ser feita na língua original _o hebraico. _ Mas há razão suficiente para supor que os manuscritos do Mar Morto sejam tão antigos como se pretende? Não podiam datar, digamos, da Idade Média? _ Aprecio seu interesse em querer ir ao fundo da questão. A época em que os manuscritos foram escritos pode ser estabelecidos por dois critérios: pela paleografia ou pelo contexto arqueológico. _Não me confunda com termos técnicos, que não entendo. Que quer dizer paleografia? _ Não se assuste com termos técnicos. Eles são cunhados para economizar palavras aos especialistas. Um termo técnico vale por dezenas de palavras explicativas. Mas, naturalmente, o amável leitor não é obrigado a conhecer termos técnicos que não sejam de sua profissão. Paleografia é a ciência que procura estabelecer a data de um documento pelo estilo da escrita. O estilo de qualquer escrita evolui através dos séculos, embora não tão rápido quanto os automóveis, que muda de ano em ano. Um perito pode reconhecer a marca e o ano de um automóvel, de relance. Pois bem, um especialista em escrita hebraica tanto se familiarizou com o estilo da escrita em diferentes épocas que,

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mediante breve exame, pode dizer a data aproximada de um texto qualquer. O Dr. W .F. Albright, estudando a caligrafia dos manuscrito de Isaías, achando em 1947, concluiu que este datava aproximadamente do século I antes de Cristo. _ Obrigado. Poderia V.Sª tornar um instante para explicar o que significa contexto arqueológico? - Contexto arqueológico refere-se ao conjunto de evidências tais como cerâmica, moedas, pedaços de madeiras ou tecido, etc. que, nas mão de um especialista,permitem datar o objeto em questão. Um exame cuidadoso de cavernas do Mar Morto, feito pelos arqueólogos de Vaux eHardinge, revelou, pela presença de moedas e outros objetos, que as cavernas teriam sido habitadas por uma comunidade religiosa entre os anos 200 antes de Cristo e até 70 de nossa era, ou seja, até a conquista e destruição de Jerusalém pelos exércitos comandados por Tito. O que provavelmente aconteceu, é que na devastadora guerra de 66-71, em que os judeus, em desespero de causa, empenharam-se contra os romanos, toda a Judéia foi sistematicamente subjugada, e a comunidade religiosa de Qumrã destruída. Em vista do perigo iminente, os manuscritos foram colocados dentro de vasos de argila, selados com barro e escondidos nas cavernas próximas do mosteiro. Com a morte do ultimo esseno, os manuscritos ai repousaram esquecidos, ate serem casualmente descobertos por um garoto beduíno que pastoreava suas cabras nessa região agreste.

_ V.Sª. mencionou que, no contexto arqueológico, ate a presença de madeira ou tecidos é importante.Poderia explicar a razão?

_ Com efeito. Os peritos possuem hoje uma técnica para determinar a idade de qualquer porção de matéria orgânica dentro de certos limites.É o chamado método do Carvão-14. Toda matéria orgânica contém átomos de acordo comum, e em pequena proporção átomos de Carbono-14, que é radioativo.Dizer que é radioativo é equivalente a dizer que o Carbono-14 desintegra-se com a emissão de partículas menores e energia.Conseqüentemente, a proporção de Carbono-14 num pedaço de matéria orgânica diminui, com o corre dos anos, ao passo que a proporção de carbono comum permanece constante. Se a “meia-vida” do Carbono-14 e sua curva de desintegração, é possível estabelecer quando morreu a árvore, por exemplo, da qual foi feita a mesa ou banco, ou quando morreu o animal de cuja pele foi feita o couro que serviu de material de escrita.O exame de um pedaço de couro, de um manuscrito do Mar Morto, revelou o que já se sabia através do estudo das moedas, isto é, que o couro datava da época de Cristo, com um erro não superior a 100 anos, mais ou menos.

_ Isto tudo é muito interessante, mas, mesmo os manuscritos do Mar Morto, são apenas copias de copias dos documentos originais. Possuímos qualquer documento que mostre o estilo da escrita usada por Isaias ou Jeremias?

_ Sim; possuímos um documento autêntico do tempo do rei Ezequias, que foi um contemporâneo de Isaias.Trata-se da chamada “Inscrição de Siloé”, descoberta também por um menino, quando mergulhava numa piscina em Jerusalém, em fins do século passado.O garoto chamou a atenção de seu professor, um alemão, que foi achado, uma inscrição em caracteres hebraicos antigos, na parede de um túnel que traz água da fonte de Giom para a piscina de Siloé. A inscrição. Que hoje se encontra no museu arqueológico de Constantinopla, comemora a conclusão do túnel, aberto por ordem do rei Ezequias. A inscrição, regida em hebraico clássico, dá-nos uma boa idéia da linguagem e do estilo de escrita usada pelo próprio Isaias. Quanto a Jeremias, estamos igualmente na posição bastante feliz de possuirmos alguns documentos contemporâneos, as chamadas “Ostraka de Laquis”. Ostraka é um termo grego que se aplica a qualquer pedaço de cerâmica, geralmente vasos quebrados, que serviriam de material para escrever pequenas notas ou mesmo votar nas eleições. Desse termo se deriva a palavra “ostracismo”, que originalmente significava o exílio votado pela assembléia ateniense contra certos políticos. Pois bem, em 1935 Starkey, dirigindo

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escavações na vizinhança das ruínas da cidade-forte de Laquis, no sul de Judá, descobriu alguns cacos de cerâmica cobertos de caracteres hebraicos arcaicos.Decifrados e publicados pelo erudito judeu Torczyner, as cartas revelaram ser parte da correspondência trocada entre os chefes das guarnições que ainda resistiam ao ataque babilônico, pouco antes da queda de Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor, em 586 antes de nossa era.Uma das cartas mencionava em certo profeta, mas não há certeza, de que se trate do profeta Jeremias. De qualquer modo, essas cartas lacônicas e mutiladas nos dão uma boa idéia de como se escrevia no tempo de Jeremias, que presenciou o cerco de Jerusalém.

_ Diga-me ainda uma coisa, por favor.Confesso que minha confiança na autenticidade do Velho Testamento foi fortalecida por este estudo. Mas, e o livro de Daniel?Podemos aceita-lo com a mesma confiança com que aceitamos outras partes do Velho Testamento?Sei que ele tem sido alvo especial de ataque por parte dos críticos. _ Aprecio seu interesse pelo livro de Daniel. Realmente ele tem sido alvo de persistentes ataques, porque suas profecias, se autênticas, constituem uma das mais fortes evidencias a favor da inspiração divina da Bíblia. Houve tempo em que era moda apontar os anacronismos históricos do livro de Daniel.Particularmente a referencia a Belsazar, no capitulo 5 de Daniel, era considerada uma gafe histórica.Nem Berosso, que compôs uma historia de Babilônia por volta do ano 300 antes de nossa era, nem qualquer historiador grego ou romano sequer mencionava Belsazar. Por muitos, o capitulo 5 de Daniel era tido como pura lenda.Essa era a situação ate meados do século dezenove. Foi então que Botta, Layard, Rssam, começara escavações arqueológicas na Mesopotâmia, e trouxeram a luz milhares de tabletes em escrita cuneiforme. A etapa seguinte consistiu em decifrar a escrita e ler os tabletes e inscrições em monumentos. Gradualmente a historia da Assíria e do país de Acabe, no sul da mesopotâmia, começou a ser elucidada. Listas das dinastias reais foram encontradas, os anais dos reis da Assíria foram lidos, e luz começou a espancar as trevas que cercavam as civilizações dos vales do Tigre e do Eufrates.Em 1861, Talbot publicou a tradução do primeiro tablete que fazia referencia ao nome de Belsazar. Em 1882, Pinches pulblicou um documento conhecido como “Crônica de Nabonide”, em que aparece o nome de Belsazar. Outros tabletes foram surgindo com os nomes de Nabonide e Belsazar, associados em orações, juramentos, etc. O quadro foi-se esclarecendo gradualmente, e vários estudiosos sugeriram que Belsazar era, de fato, regente em Babilônia durante a longa permanência de Nabonide em Tema, no norte da Arábia. Faltava, porem, um tablete que afirmasse expressamente que Belsazar tinha poderes reais. Finalmente, em1924 Sidney Smith pulblicou um documento encontrado no museu Britânico, o qual recebeu o titulo de “Narrativa em verso de Nabonide”. Nesse documento, afirma-se taxativamente que Naboide tinha conferido a regência a Belsazar. Toda a duvida, qunto a realidade histórica de Besalzar e a exatidão do cap.5 de Daniel, desvaneceu-se, para confusão dos críticos. O fato de Belsazar oferecer a Daniel o terceiro lugar no reino, se o profeta lesse e interpretasse a misteriosa escrita na parede, mostra que Belsazar mesmo ocupava o segundo lugar em Babilônia, como co-regente com seu pai.A credibilidade da narrativa bíblica foi mais uma vez vindicada. _ Quer V. Sª.Afirmar que todos os problemas históricos do livro de Daniel já foram esclarecidos? _ Não, não posso afirmar tanto. A identidade de Dario o Medo, do cap. 6, ainda não foi esclarecida de maneira inteiramente satisfatória.Alguns pensam ser uma referencia ao tio de Ciro, Ciaxares II, rei titular da Média. Há exemplos históricos de um monarca ser conhecido por mais de um nome. Além disso, a transmissão de nomes próprios de uma língua para outra é freqüentemente, errática. Os gregos, por exemplo, preservaram os nomes de muitos reis egípcios, que de modo algum podem ser hoje identificados, embora o quadro dos reis egípcios esteja praticamente completo.

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_ Qual é a atitude que o crente nas Escrituras deve assumir nestas circunstâncias? _ Minha opinião, uma vez que a Bíblia tem sido provada correta em tantos casos, quando os críticos afirmam o contrario, é ser de bom aviso guardar pacientemente a elucidação do problema.Uma fonte fidedigna como a Bíblia merece nossa confiança, mesmo que haja obscuridades de uma natureza ou de outra. Já o grande Abrão Lincoln dizia: “Aceite a Bíblia pela razão até onde for possível; deste ponto em diante, aceite-a pela fé”. Trate-se de um bom conselho.Um livro vasto e profundo como a Bíblia, para sempre nos acenará com mistérios insondáveis. Estes constituem uma prova de sua origem divina e um desafio ao estudo perseverante e humilde.

A ARQUEOLOGIA CONFIRMA A BÍBLIA 7

Observemos, de início que, como no caso do Velho Testamento, a função da

arqueologia não é tanto confirmar datas e personagens mencionados nas Escrituras, como esclarecer o ambiente em que se desenrolou a história bíblica.Não é de esperar que cada afirmação histórica de um escritor bíblico possa ser validada por uma descoberta arqueológica.Conhecer o ambiente político e cultural em que o cristianismo foi primeiro pregado, pode ser tão importante como saber se há ou não confirmação

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extrabíblica para o fato de Pôncio Pilatos ter sido o procurador da Judéia ao começar João Batista sua pregação no deserto, como afirma o evangelho de S.Lucas.No intuito de manter a simplicidade da exposição, prosseguiremos o diálogo iniciando no capítulo anterior, pois assim podemos responder ás perguntas e objeções que se levantam na mente do leitor á medida que o tema é desenvolvido.

_ Poderia V. Sª.explicar o que significa as siglas A.C. e A .D. que acompanham muitas datas nos livros de história? _ Sua pergunta enseja ótimo ponto de partida para o assunto deste capítulo.A sigla A.C.vem da expressão latina ante Christo e significa”antes de Cristo”.Aplica-se a datas anteriores à era cristã. A sigla A.D.,por sua vez, provém do latim annus Domini, e quer dizer “ano do Senhor”.Aplica-se a datas posteriores ao nascimento de Cristo, que é tomado como ponto de partida de uma nova era.

_ Já usavam siglas na antiguidade? _ Sim, escritores latinos faziam amplo uso de siglas. Aparentemente, o desejo de

economizar palavras é tão antigo quanto a raça.Em muitas inscrições latinas lê-se, por exemplo, a sigla S.Q.P.R., que eram as iniciais da frase Senatus Que Populus Romanus,”o senado e o povo romano”.Era a frase usada para indicar que uma lei ou decreto eram a expressão da vontade do senado e do povo romano.Outra sigla muito empregada era A.U.C. do latim aburbe condita, que significava “desde a fundação da cidade”.Para os romanos, a data da fundação de Roma era naturalmente a data que seria de ponto de partida para sua cronologia.

_ Com quem se originou a idéia de datar os acontecimentos do nascimento de Cristo?

_ Foi o monge Dionísio que, por volta do ano 500 A.D., concebeu a idéia de datar todos os acontecimentos em referência ao evento, que para os cristãos é o evento central da História .

_Quer isto dizer que o ano 1 A . D.corresponde ao ano do nascimento de Cristo? _ Foi o que Dionísio tinha em mente.Segundo seus cálculos, Jesus teria nascido

no ano 753 A.U.C. isto é, no ano 753 depois da fundação de Roma. Infelizmente, Dionísio cometeu um erro de quatro ou cinco anos, de modo que Jesus realmente nasceu no ano 748 ou 749 depois da fundação de Roma. Como este erro só foi descoberto no século XVI achou-se melhor não alterar os milhares de datas computadas seria enorme.Para sermos estritamente corretos, deveríamos dizer que Jesus nasceu no ano 4 A . C.

_ Mas isto parece uma contradição! _ Sem dúvida parece uma contradição dizer que Jesus nasceu quatro anos antes

da era cristã.Mas, para os historiadores, era melhor abris uma exceção do que alterar todas as datas históricas tradicionais.Como soaria, por exemplo, dizer que o Brasil foi descoberto no ano 1496 em vez de 1500?

_ Pareceria estranho, por certo, para quem desde a infância se habituou com a data de 1500.Mas poderia V. Sª. esclarecer com fatos concretos o que levou os estudiosos a concluir que Dionísio cometeu um erro de quatro ou cinco anos?

_ Com muito prazer, se o amável leitor não for avesso a questão de cronologia. O evangelho de S.Mateus deixa bem claro que Jesus nasceu em Belém antes da morte do rei Herodes. Herodes, quando informado do nascimento de alguém não de sua família, que pudesse vir a ser “rei dos judeus”, planejou e levou a efeito o massacre doa inocentes, registrado em S.Mateus, cap.2.Se o massacre ocorreu no ultimo ano da vida de Herodes, então Jesus deve ter nascido antes de 749 da fundação de Roma, que é a data da morte de Herodes.

_ Há alguma significação religiosa em saber-se que Jesus nasceu no ano 4 A .C. em vez de no ano 1 A.D.?

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_ Há realmente, e esta é a razão de nos termos demorado em esclarecer o assunto. Quanto S.Lucas afirma que Jesus tinha “cerca de trinta anos ao começar o Seu ministério,”1 então foi no ano 27 A .D.que seu ministério começou visto ter nascido cerca de quatro anos antes de nossa era.E esta é justamente a data que obtemos ao estudarmos uma importante profecia do livro de Daniel, concernente á data do aparecimento do Messias.É um assunto tão vital em suas conseqüências que pretendemos considera-lo mais o fundo noutro capítulo.

_ Começo a perceber que há uma relação íntima entre o Velho e o Novo Testamentos. O assunto parece-me cada vez mais interessante.

_ A unidade do Velho e do Novo Testamento jaz á própria raiz da fé cristã.O Velho Testamento era a única Bíblia que havia no tempo de Jesus. E era a ele que Jesus apelava para confirmar a origem divina de sua missão.Foi do Velho Testamento que Jesus disse certa vez: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Min.” 2 Na conversação com dois discípulos no caminho de Emaús, após Sua ressurreição, Jesus citou passagens das três divisões tradicionais do Velho Testamento ,a saber, da Lei de Moisés ,dos Profetas e dos Salmos, para convence-los de que cumprimento das Escrituras.3 O velho Testamento é, em suma preparação para o Evangelho.

_ Não seria mais correto dizer que toda a história da humanidade até Cristo foi essencialmente uma preparação para o Evangelho?

_Correto. Já Eusébio de Cesaréia, o primeiro grande historiador cristão, assim pensava.É de sua autoria uma obra intitulada Praeparatio Evangélica, na qual expõe o conceito que V. Sª.mencionou, de que toda historia da humanidade foi primordialmente um preparação para o Evangelho, isto é,para a vinda de Cristo.

_ Este é um conceito notável pela sua profundidade. Como deve ser realmente entendido?

_ Deve ser entendido à luz do texto no qual o apóstolo S.Paulo afirma que vindo “a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho”. 4Na longa procissão dos séculos, uma divina Providência presidia sobre a marcha da História de modo a preparar o estágio deste mundo para a recepção do Filho de Deus.

_ Poderia V.Sª. ser mais específico?O assunto me interessa profundamente. _ Quero dizer que Ciro, Alexandre, Júlio César e todos os demais vultos

históricos foram, num sentido transcendental, instrumentos da providência divina.É verdade que travaram suas batalhas, conquistaram outros povos, alteraram o mapa do mundo.Eles o fizeram como seres morais livres, responsáveis por suas decisões.Mas acima do tinido das armas e do tumulto das guerras,Deus guiava o curso dos acontecimentos discretamente no sentido de preparar o ambiente para o advento de Jesus Cristo.Ciro, por exemplo, a quem o profeta Isaías chama o”meu ungido”,conquistou o Oriente Próximo para os medos e persas.Mas ao faze-lo, introduziu um clima mais humano entre vencidos e vencedores.Destruiu o império de Babilônia, cujo progresso religioso estava atravancado por superstições milenares.Permitiu aos cativos judeus retornarem á Terra Prometida e lá acender mais uma vez o fanal de uma religião mais pura Unificando o mundo oriental, contribuiu Ciro para a difusão da língua aramaica, que por sua vez se tornou o veículo para a disseminação de uma cultura e de concepções religiosas mais elevadas.Além disso, os persas, estabilizando o cenário internacional durante dois séculos, deram tempo ao povo judeu de c9nsolidar suas convicções religiosas num clima mais favorável.

_ Concordo com que V. Sª.disse de Ciro.Mas qual teria sido, então, o papel de Alexander no drama divino?

_ Alexandre, filho de Felipe II da Macedônia, o maior gênio militar da época, e educado por Aristóteles,filósofo e cientista genial, planejou conquistar o império persa movido não somente pela sede de glória e de despojos. Mas com o intuito de difundir a

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cultura grega no Oriente Próximo.Sua carreira vitoriosa durou apenas 12 anos, mas seus efeitos alteraram permanentemente o curso da História.O resultado foi a helenização da bacia oriental do Mediterrâneo.A cultura superior da Grécia impôs-se em toda parte.Gregos tornaram-se os costumes, grega a língua falada em toda parte.Até os judeus das grades cidades adotaram o grego como o vernáculo.Menos de um século depois da morte de Alexandre os judeus de Alexandria reclamavam a tradução do Velho Testamento para o grego.E era na versão grego, conhecida como a Septuaginta,que o Velho Testamento circulava entre os judeus dispersos pelo Império Romano,nos dias do apóstolo Paulo.A língua grega, com sua maravilhosa flexibilidade, foi o grande instrumento para a pregação do evangelho entre os gentios.Os diferentes livros que compõem o Novo Testamento foram originalmente escritos em grego, pois esta era a língua da maioria dos cristãos fora da Palestina. Alexandre, indiretamente, contribuiu, pelas suas conquistas,para a difusão especular do cristianismo.

O efeito da helenização da bacia do Mediterrâneo foi além da implantação de uma língua universal. Sob o impacto de novas idéias, homens em toda parte começaram a libertar-se do provincialismo que cerceava seu horizonte mental e espiritual. Os laços multisseculares que os prendiam aos costumes e á religião ancestral, começaram a ceder ante o novo espírito que fazia cada qual sentir-se cidadão do mundo, livre na escolha de sua profissão, sua moradia, sua opinião filosófica, e, mais importante de tudo, livre na escolha de sua religião. O novo individualismo que se propagou por toda parte, com seu efeito catalisador sobre a mente humana, foi também um elemento vital na preparação do mundo para a recepção do Evangelho.

_ V.Sª. mencionou Júlio César, sem dúvida o maior dos estadistas romanos.Qual foi o papel de Roma no grande plano que V.Sª. convencionou chamar “preparação evangélica”?

_ Bem, devo confessar que a expressão não é minha, mas de Eusébio de Cesaréia.E certamente concordamos ser uma expressão feliz.Júlio César é o símbolo de Roma e da Pax Romana. O império romano sonhado por Júlio César, mas só efetivado por seu sobrinho Otávio Augusto, proporcionou ao mundo mediterrâneo duzentos anos de paz e prosperidade. O clima de lei e ordem imposto por Augusto e seus sucessores, criou condições excepcionalmente favoráveis á propagação da fé cristã.Boas estradas ligaram as partes mais distantes do império.Banditismo e pirataria foram, em grande parte, eliminados. Podia-se viajar em segurança do Helesponto às Colunas de Hércules, como de Roma a Alexandria. Além disso, cidadãos romanos e provinciais podiam respirar seguros sob a proteção das leis e dos tribunais romanos. Apesar da distância de alguns imperadores, e da venalidade de certos magistrados, a humanidade não gozara até então de maior paz e prosperidade. Quando os arautos do evangelho se espalharam pelo império, eles o fizeram em condições de liberdade e segurança com as quais não se podia sequer sonhar em épocas anteriores. Não fossem as autoridades romanas na Palestina, o próprio ministério de Cristo poderia ter sido encurtado prematuramente. Basta lembrar quantas vezes as autoridades judaicas tentaram tirar-Lhe a vida.

_ Mas sempre pensei que os cristãos fossem severamente reprimidos pelas autoridades romanas!

_ Há nisto um mal-entendido.Até o tempo do imperador Marco Aurélio, os cristãos não foram, como regra perseguidos por causa de suas convicções religiosas. A perseguição desencadeada por Nero não se estendeu fora de Roma e não visava extirpar a religião cristã. Os cristãos talvez acusados pelos judeus __ sabe-se que Popília, esposa de Nero,era judia _ serviram de bode expiatório para desviar a ira da população, que se voltara contra o próprio Nero, suspeito de ter provocado um incêndo em Roma, com graves prejuízos para as classes mais pobres.Mesmo trinta anos depois no tempo do imperador Domiciano, em cujo governo o apóstolo João teria sido exilado na ilha de Patmos a perseguição dos cristãos não foi generalizada.No tempo do imperador Trajano,

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por volta do ano 110 A.D.,Plínio o moço, governador da Bitínia, dirigiu-lhe uma carta perguntando o que fazer com cristãos em sua província.A carta é uma das fontes mais antigas a mencionar a existência de cristãos, e nada contém de derrogatório contra eles.Cita algumas de suas práticas religiosas e sua boa conduta cívica.Provavelmente, o que ocorria é que judeus enciumados denunciavam os cristãos por não queimarem incenso ao imperador. Ou recusavam prestar-lhe culto divino, como era costume em certas províncias da Ásia.A resposta de Trajano é que os cristãos não deviam ser abjeto de busca policial, a não ser que houvesse uma denúncia.Nesse caso, deviam ser intimados ao tribunal e julgados de acordo com as leis vigentes, relativas ao culto do imperador.O parecer de Trajano estabeleceu um precedente observado pelos imperadores seguintes até Marco Aurélio.

_ Ora, justamente Marco Aurélio, o imperador –filósofo, que no meio de suas campanhas militares achava tempo para compor meditações sobres o estoicismo!

_ Não se surpreenda, porém.Precisamente os imperadores mais conscienciosos é que começaram a tomar nota dos cristãos.Seu desinteresse pela carreira militar, sua despreocupação por cargos públicos, sua ausência habitual das festividades pagãs em que motivos políticos e religiosos se misturavam, tudo isto indicava uma incompatibilidade profunda entre o império, com sua estrutura político-religiosa, e a igreja cristã.Dia viria em que alguns imperadores se convenceriam de que a unidade monolítica do império estava ameaçada pela atitude intransigente dos cristãos que se consideravam cidadãos do reino dos céus.Mas isto já nos leva ao terceiro século de nossa era, e portanto além do período da Pax Romana. Além deste ponto, a preservação do império já não era essencial à sobrevivência da igreja cristã.

_ E as catacumbas em Roma? Costumava pensar que era um lugar de refúgio dos crsitãos em tempo de perseguição.

_ É o que muitos têm imaginado.Mas já considerou a impossibilidade prática de um punhado de cristãos perseguidos abrirem estas extensas galerias subterrâneas, como as catacumbas de São Calixto e Santo Estevão? E isto mesmo, junto dos muros da cidade, como pode verificar quem visita Roma hoje? Não; essas galerias foram abertas legalmente pelos cristãos, valendo-se de certas leis que protegiam comunidades religiosas fundadas com o fim de prover a seus membros um funeral decente.Temos no Brasil ordens religiosas e beneficentes com finalidade idêntica.Naturalmente, as catacumbas, além de prover lugar para sepultamento doa mortos, tornavam-se um ponto conveniente de reunião nem tempo em que ainda não havia igreja. É possível que as catacumbas fossem porteriormente usadas como lugares de refúgio em tempo de perseguição, mas isto só no terceiro século.

_ Há outros exemplos de como a história ou a arqueologia elucidam costumes aos acontecimentos mencionados no Novo Testamento? _ Certos nomes que figuram nas páginas do Novo Testamento podem ser confirmados por fontes históricas independentes, tais como Flávio Josefo, Tito Lívio, Suetônio, Tácito, etc. Assim o nome de Quirino, que era governador da Síria quando se fez um recenseamento em sua província, é mencionado por Josefo.5 O mesmo aconteceu no caso dos nomes de Pôncio Pilatos,Herodes Agripa, o rei Aretas de Damasco,os procuradores Festo e Félix, o procônsul Gálio de Corinto, etc. Certos Eventos recebem confirmação independente, como a fome que ocorreu no tempo do imperador Cláudio, ou a existência de Politarcas em Tessalônica. Evidentemente, não podemos esperar que todo pormenor histórico do Novo Testamento seja igualmente tratado por algum historiador profano. A importância do que se passava na Palestina no tempo de Cristo não foi plenamente percebida senão muitas décadas mais tarde.

_ Quem é o primeiro autor profano a mencionar o nome de Cristo? _ Flávio Josefo é o primeiro a cita-lo em sua obra, originalmente escrita em

grego, As Guerras Judaicas, embora a passagem em questão tenha sido considerada uma

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interpolação por alguns estudiosos. Ninguém, porém, duvida da autenticidade do parágrafo em que ele menciona o martírio de Tiago. Se excluirmos Josefo, então Tácito, em seus Anais, é o primeiro a referir-se a Cristo; e Plínio o jovem seria cronologicamente o seguinte.

_ É ainda possível identificar os lugares ligados à vida e à morte de Jesus Cristo? _ Sim, muitos desses lugares continuaram a ser habitados até hoje, e sua

identidade nunca se perdeu. Entre eles poder-se-iam mencionar Jerusalém, Belém, Jericó e Nazaré. Em outros casos, cidades desapareceram ou decaíram até se tornarem aldeias insignificantes. Além disso, a ocupação árabe alterou muitos dos nomes originais, e só especialistas conseguem reconhecê-los. O que ocorreu na Palestina é semelhante ao que ocorreu com nomes latinos em Portugal e alhures. Só pessoas familiarizadas com os princípios da evolução fonética reconheceriam Tejo no antigo nome de Tagus, ou Lisboa em Olissipum. Felizmente, um grande auxílio é provido por uma obra de Eusébio de Cesaréia, conhecida como Onomastikon, e que é realmente um dicionário de geografia bíblica. Nesse volume Eusébio, que vivia na Palestina no quarto século de nossa era, identifica centenas de lugares bíblicos de acordo com a tradição corrente em seus dias, dando sua posição relativa a outras localicadades vizinhas. Noutros casos, é preciso combinar as informações fornecidas pela Bíblia ou por Eusébio, em seu dicionário, com pesquisas arqueológicas, para se chegar a resultados positivos. Pode-se, no entanto, dizer que, de 1.500 localidades mencionadas no Velho Testamento, um terço está mencionadas no Velho ou no Novo Testamento, um terço está identificado definitivamente, outro terço está identificado em caráter provisório, e o restante aguarda esclarecimentos futuros.

_ Bem, o que tenho em mente não é identificação de cidades, o que penso não ser difícil, mas, sim, a de lugares específicos como a estrebaria onde Jesus nasceu; a sinagoga em Nazaré, onde pregou; o pretório de Pilatos, em Jerusalém, onde foi julgado; o lugar de Sua sepultura. Em outras palavras, são os “lugares santos” passíveis de identificação?

_ Muitos dos chamados “lugares santos” estão hoje abrigados sob alguma igreja. Há, por exemplo, a Igreja da Natividade, em Belém, onde é mostrada ao visitante a caverna na qual Jesus teria nascido. Anexa a essa igreja, há outra, protegendo a cela monástica onde Jerônimo teria traduzido a Bíblia para o latim. O mais que se pode dizer é que estas igrejas ocupam o lugar aproximado em que ocorreram os acontecimentos em questão. Acontece, porém, que a igreja apostólica não estava interessada particularmente em “lugares santos”. A igreja tinha ascendido após a ressurreição, e de onde aguardava Sua volta para breve. Além disso, os cristãos eram pobres demais para construir igrejas nos primeiros dois séculos. O Novo Testamento mais de uma vez fala de igrejas que se reuniam em alguma casa particular. O apóstolo Paulo, por exemplo, escrevendo a Filemom, referiu-se à “igreja que está em tua casa”.6 Some-se ainda o fato de que na Palestina os cristãos sofreram repetidas perseguições da parte dos judeus. Conseqüentemente, havia pouco interesse e inclinação para dispensara aos “lugares santos” particular atenção. Lembre-se, de outro lado, o leitor, que a vida na Judéia foi violentamente alterada pela guerra que devastou o país entre os anos 66 e 71 de nossa era, e que culminou com a destruição de Jerusalém. Quando dois ou três séculos mais tarde a igreja começou a se interessar nos “lugares santos”, em vários casos a identidade do local original não podia mais ser afiançada.7

_ Já li algo a respeito da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, de propriedade conjunta da Igreja Católica Romana, da Grega Ortodoxa e da Armênia Ortodoxa. Não foi esta construída no lugar exato da crucifixão e sepultura de Jesus?

_ Quando Helena, mãe do imperador Constantino, mandou erigir essa igreja, três séculos já haviam decorrido desde a crucifixão. Jerusalém já tinha sido devastada em duas guerras desastrosas. Segundo a profecia de Cristo, registrada em Mateus 24, não

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devia ficar pedra sobre pedra, como resultado dessas guerras. Se, depois desse caos, a comissão encarregada de erigir a igreja do santo Sepulcro a erigiu no lugar exato, é ainda matéria controvertida. O assunto é complicado, pelo fato de que a topografia da cidade moderna de Jerusalém não é precisamente a do tempo de Cristo. Sabemos que os muros atuais foram construídos pelo sultão turco Solimão, o Magnificente, no século XVI, e não seguem com exatidão a linha dos muros existentes no tempo de Cristo.

_ Bem, reconheço que a identificação exata de um “lugar santo” não tem significado religioso. O acontecimento é muito mais vital do que o lugar em que transpirou. Mas a curiosidade leva-me a fazer outra pergunta. Compreendo, por leituras recentes, que escavações arqueológicas puseram a descoberto o pavimento, diante do pretório de Pilatos, onde Jesus foi julgado.8 É esta identificação correta?

_ Sim, há boas razões para crer que essa identificação seja correta. Quem visita hoje o convento de S. Francisco, ao lado da Via Dolorosa, em Jerusalém. É levado a descer a um subterrâneo no qual há um pavimento, feito com grandes lajes, que mostram marcas e inscrições tipicamente romanas. Parece corresponder ao lithostrotos de Jesus. Visíveis, sobre as lajes há ranhuras delineando um jogo que servia de passatempo aos soldados da guarnição romana. Correta, também, como não podia deixar de ser, é a identificação da área do antigo templo, construído por Herodes, cujo esplendor enchia de orgulho os judeus do tempo de Cristo. Hoje, parte dessa área é ocupada por uma mesquita maometana de cujos minaretes soa cinco vezes ao dia o chamado aos fiéis para oração. Reconhecíveis, também, como do tempo de Herodes, são as enormes pedras que formavam um muro de suporte para a plataforma sobre a qual se erguia o templo. Durante séculos os judeus vinham lamentar, junto desse muro, sua passada glória.

_ Ouvimos bastante sobre a identificação dos “lugares santos”, e sua exposição convence-me, acima de qualquer dúvida, de que a religião cristã está firmemente ancorada na História e na Geografia. Diga-me, por favor, tem a arqueologia projetado alguma luz sobre o ambiente cultural do tempo de Jesus e Seus discípulos?

_ Folgo em saber que o assunto o interessa. Quanto ao ambiente cultural daquela época distante, estamos cada vez mais bem informados, graças a estudos históricos e arqueológicos que progridem. Sabe-se, por exemplo, que a Palestina não era uma província tacanha, do império romano. Sua posição estratégica, na rota de comunicações entre a Ásia e a África, conferia-lhe importância excepcional. O interesse demonstrado por Marco Antônio e Otávio, ao coroarem Herodes rei da Judéia no ano 40 antes de Cristo, é evidência de como a Palestina ocupava posição vital na estrutura do império. Situada na encruzilhada das nações, a palestina não escapou ao processo de helenização que alterou o estilo de vida no Oriente Próximo, depois de Alexandre. A antiga cidade de Samaria, destruída por João Hircano no segundo século antes de nossa era, foi reconstruída em estilo helenístico por Herodes, que lhe deu o nome de Sebaste, em honra ao imperador Augusto. Forum, templo, pórticos estádio dão evidência de sua riqueza imensa. A cidade de Siquém, cuja existência remonta ao período patriarcal, foi igualmente reconstruída sob o nome de Neápolis, “cidade nova”. Hoje, é ainda uma cidade florescente, com o nome de Nablus. Na Transjordânia floreciam, no tempo de Cristo, dez cidades ligadas a Decápolis, por tratados comerciais e políticos. Eram todas cidades fortemente helenizadas, e uma delas, Gerasa, quarenta quilômetros ao norte da moderna Amã, foi cognominada a “Pompéia do Oriente”, pois suas ruínas rivalizaram em profusão com as de sua cognata italiana.

O ambiente cultural na Palestina do tempo de Cristo criava, para os arautos do evangelho, problemas tão difíceis como os criados pela nossa civilização sofisticada. Havia também os discípulos de Diógenes, conhecidos como “cínicos”, e que correspondiam aos nossos modernos “hippies”, em seu desprezo pelas convenções sociais. Se o cristianismo triunfou sobre as filosofias correntes e sobre os sistemas

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religiosos que chamavam por atenção, foi por seu mérito superior, sua qualidade de uma revelação autenticamente divina.

_ Poderia V.Sa dizer algo sobre o valor histórico do livro dos Atos dos Apóstolos? É a narrativa de Lucas fidedigna?

_Viveu no século passado um inglês, com o nome de William Ramsay, que na sua mocidade foi tocado pelo espírito de racionalismo e ceticismo da época. Resolveu atacar o livro de Atos, como Strauss e Renan tinham atacado os evangelhos, e demonstrado que não podia resistir o rigor de um exame científico. Para tanto, era preciso conhecer a fundo a geografia da Ásia Menor, pois aí se desenrolou uma boa parte da história narrada no livro de Atos. William Ramsay passou anos familiarizando-se com a geografia, topografia e história de cada uma das cidades relacionadas com as viagens missionárias do apóstolo Paulo. O resultado desse estudo intenso, de vários anos, foi que William Ramsay se convenceu da autenticidade do livro de Atos, pois na sua opinião, somente um companheiro de Paulo poderia descrever os fatos com tanta precisão. O cético de outrora, tornara-se um dos mais ardorosos defensores do livro de Atos e legou à posteridade valiosos comentários sobre este.9 Haja vista o título raro de “politarca” aplicado aos magistrados de Tessalônica.10 Este título, ignorado pelos autores clássicos aparece em 19 inscrições encontradas em Tessalônica e vizinhança. O mesmo é verdade do título “asiarca”, aplicado a certas autoridades de Éfeso, que se tinham tornado amigas de Paulo. Não só as ruínas de Éfeso têm sido extensamente investigadas, revelando um magnífico anfiteatro, uma biblioteca e o famoso templo de Diana, como o título “asiarca” também foi confirmado por inscrições.11

Além disso, somente um contemporâneo de Paulo poderia saber que, quando o apóstolo visitou a ilha de Chipre, cerca do ano 47 A D., a ilha era governada por um procônsul e não um protetor, como o foi em outras ocasiões. O caso de prisioneiros romanos poderem apelar a César, se julgassem prejudicados, como o fez Paulo perabte o tribunal de Festo, é reconhecido no direito romano. Na viagem final, que levou Paulo até Roma, são mencionadas as cidades de Siracusa na Sicília, de Régio na Calábria, de Putéoli, onde Paulo desembarcou e de onde seguiu a pé até Roma. Ora todas essas localidades são conhecidas, e algumas delas são florescente até hoje. Quanto á prisão em que São Paulo passou seus últimos dias antes de ser decapitado por ordem de Nero, a tradição a identifica com a prisão mamertina próxima ao Forum Romano. Em conclusão, podemos afirmar que, os fatos até hoje acumulados pela pesquisa imparcial, atestam a autenticidade histórica do livro de Atos.

_ Permita-me V. Sa uma pergunta final. Não pertence o livro do Apocalipse, o último do Novo Testamento, a uma categoria à parte, uma vez que encerra visões e profecias e não propriamente história?

_ Sua observação é a propósito. O livro de Apocalipse é, de fato, diferente. É o livro profético por excelência, dentro do Novo Testamento. Isto, porém, não significa que não tenha um fundo histórico. Foi descrito pelo apóstolo João em circunstâncias históricas bem definidas. O autor foi exilado para a ilha de Patmos é bem conhecida e fica no Mar Egeu, não distante da antiga cidade de Éfeso. Era usada como colônia penal na época. A perseguição desencadeada pelo imperador Dominicano ocorreu, segundo as melhores indicações, no tempo que o apóstolo João era bispo em Èfeso. Dominicano insistia em ser chamado deus ac dominus, “deus e senhor”, títulos que um cristão só podia atribuir em sã consciência a Cristo, e nunca a um mero mortal. Acontecia, porém, que a província da Ásia, da qual Éfeso era a principal cidade, era o centro do culto do imperador, e já no ano 29 A C. foi erigido um templo em honra a Roma e ao imperador divinizado. De outro lado essa província era também a mais intensamente evangelizada da Ásia, visto que Paulo ali trabalhava cerca de três anos. O choque da fé cristã com as práticas pagãs era inevitável. Dessa incompatibilidade resultou a prisão e banimento do apóstolo João.

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_ Pergunto, porém, se o conteúdo do Apocalipse tem qualquer fundamento histórico.

_ O livro do Apocalipse abre-se com as sete cartas às sete igrejas da província da Ásia. São cartas autênticas, escritas a igrejas bem conhecidas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. A origem de comunidades cristãs em três dessas cidades ainda pode ser estudada nas epístolas de Paulo. Duas dessas cidades ainda são florescentes. Esmirna e Filadélfia. As ruínas das outras, têm sido identificadas. Não há dúvida, pois, de que as sete igrejas foram igrejas históricas confrontadas com perigos e problemas reais. O fundo histórico do livro de Apocalipse fornece uma base sólida para as revelações proféticas que encerra.