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CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO APRESENTAÇÃO  Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo. Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a auto- reflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de modo a r esponsabilizá- lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas conseqüências no exercício profissional. A missão primordial de um código de ética profissional não é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem- se em princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores universais, tais como os constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; sócio-culturais, que refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo. As sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos or ienta. A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil, responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional. Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional-legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes. Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi construído a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta dos psicólogos e aberto à sociedade. Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de um instrumento de reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo psicólogo. Para tanto, na sua construção buscou-se: a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam todas as práticas e estas demandam uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional. b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial para as relações que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços. c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes multiprofissionais. d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não

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CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOPSICÓLOGOAPRESENTAÇÃO

 Toda profissão define-se a partir de umcorpo de práticas que busca atenderdemandas sociais, norteado por elevados

padrões técnicos e pela existência denormas éticas que garantam a adequadarelação de cada profissional com seuspares e com a sociedade como um todo.

Um Código de Ética profissional, aoestabelecer padrões esperados quanto àspráticas referendadas pela respectivacategoria profissional e pelasociedade, procura fomentar a auto-reflexão exigida de cada indivíduo acercada sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, porações e suas conseqüências no exercícioprofissional.

A missão primordial de um código de éticaprofissional não é de normatizar anatureza técnica do trabalho, e, sim, a deassegurar, dentro de valores relevantespara a sociedade e para as práticasdesenvolvidas, um padrão de conduta quefortaleça o reconhecimento social daquelacategoria.Códigos de Ética expressam sempre umaconcepção de homem e de sociedade quedetermina a direção das relações entre osindivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que devem sepautar pelo respeito ao sujeito humano eseus direitos fundamentais. Por constituira expressão de valoresuniversais, tais como os constantes naDeclaração Universal dos DireitosHumanos; sócio-culturais, que refletem arealidade do país; e de valoresque estruturam uma profissão, um códigode ética não pode ser visto como umconjunto fixo de normas e imutável notempo. As sociedades mudam,

as profissões transformam-se e isso exige,também, uma reflexão contínua sobre opróprio código de ética que nos orienta.

A formulação deste Código de Ética, oterceiro da profissão de psicólogo noBrasil, responde ao contexto organizativodos psicólogos, ao momento

do país e ao estágio de desenvolvimentoda Psicologia enquanto campo científico eprofissional. Este Código de Ética dosPsicólogos é reflexo danecessidade, sentida pela categoria e suasentidades representativas, de atender à

evolução do contexto institucional-legal dopaís, marcadamentea partir da promulgação da denominadaConstituição Cidadã, em 1988, e daslegislações dela decorrentes.Consoante com a conjuntura democráticavigente, o presente Códigofoi construído a partir de múltiplosespaços de discussão sobre a ética daprofissão, suas responsabilidades ecompromissos com a promoção dacidadania. O processo ocorreu ao longo detrês anos, em todo o país, com aparticipação direta dos psicólogos e abertoà sociedade.

Este Código de Ética pautou-se peloprincípio geral de aproximar-se mais deum instrumento de reflexão do que de umconjunto de normas aserem seguidas pelo psicólogo. Para tanto,na sua construção buscou-se:a. Valorizar os princípios fundamentaiscomo grandes eixos que devem orientar arelação do psicólogo com a sociedade, aprofissão, as entidadesprofissionais e a ciência, pois esses eixosatravessam todas as práticas e estasdemandam uma contínua reflexão sobre ocontexto social e institucional.

b. Abrir espaço para a discussão, pelopsicólogo, dos limites e interseçõesrelativos aos direitos individuais ecoletivos, questão crucial para as relaçõesque estabelece com a sociedade, oscolegas de profissão e os usuários oubeneficiários dos seus serviços.

c. Contemplar a diversidade que configura

o exercício da profissão e a crescenteinserção do psicólogo em contextosinstitucionais e em equipesmultiprofissionais.

d. Estimular reflexões que considerem aprofissão como um todo e não em suaspráticas particulares, uma vez que osprincipais dilemas éticos não

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se restringem a práticas específicas esurgem em quaisquer contextos deatuação.

Ao aprovar e divulgar o Código de ÉticaProfissional do Psicólogo, a expectativa é

de que ele seja um instrumento capaz dedelinear para a sociedadeas responsabilidades e deveres dopsicólogo, oferecer diretrizes para a suaformação e balizar os julgamentos dassuas ações, contribuindo para ofortalecimento e ampliação do significadosocial da profissão.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAISI. O psicólogo baseará o seu trabalho norespeito e na promoção da liberdade, dadignidade, da igualdade e da integridadedo ser humano, apoiado nos valores queembasam a DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos.II. O psicólogo trabalhará visandopromover a saúde e a qualidade de vidadas pessoas e das coletividades econtribuirá para a eliminação de quaisquerformas de negligência, discriminação,exploração, violência, crueldade eopressão.

III. O psicólogo atuará comresponsabilidade social, analisando críticae historicamente a realidade política,

econômica, social e cultural.

IV. O psicólogo atuará comresponsabilidade, por meio do contínuoaprimoramento profissional, contribuindopara o desenvolvimentoda Psicologia como campo científico deconhecimento e de prática.

V. O psicólogo contribuirá para promover auniversalização do acesso da população àsinformações, ao conhecimento da ciênciapsicológica, aos serviços e aos padrões

éticos da profissão.

VI. O psicólogo zelará para que o exercícioprofissional seja efetuado com dignidade,rejeitando situações em que a Psicologiaesteja sendo aviltada.

VII. O psicólogo considerará as relações depoder nos contextos em que atua e os

impactos dessas relações sobre as suasatividades profissionais, posicionando-sede forma crítica e em consonânciacom os demais princípios deste Código.

DAS RESPONSABILIDADES DOPSICÓLOGOArt. 1º – São deveres fundamentais dospsicólogos:

a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazercumprir este Código;

b) Assumir responsabilidades profissionaissomente por atividades para as quaisesteja capacitado pessoal, teórica etecnicamente;

c) Prestar serviços psicológicos dequalidade, em condições de trabalhodignas e apropriadas à natureza dessesserviços, utilizandoprincípios, conhecimentos e técnicasreconhecidamente fundamentadosna ciência psicológica, na ética e nalegislação profissional;

d) Prestar serviços profissionais emsituações de calamidade pública ou deemergência, sem visar benefício pessoal;e) Estabelecer acordos de prestação deserviços que respeitem os direitos dousuário ou beneficiário de serviços de

Psicologia;

f) Fornecer, a quem de direito, naprestação de serviços psicológicos,informações concernentes ao trabalho aser realizado e ao seu objetivoprofissional;

g) Informar, a quem de direito, osresultados decorrentes da prestação deserviços psicológicos, transmitindosomente o que for necessáriopara a tomada de decisões que afetem o

usuário ou beneficiário;

h) Orientar a quem de direito sobre osencaminhamentos apropriados,a partir da prestação de serviçospsicológicos, e fornecer, sempre quesolicitado, os documentos pertinentes aobom termo do trabalho;

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i) Zelar para que a comercialização,aquisição, doação, empréstimo, guarda eforma de divulgação do material privativodo psicólogo sejam feitas conforme osprincípios deste Código; profissionais,respeito, consideração e solidariedade, e,

quando solicitado, colaborar com estes,salvo impedimento por motivo relevante;

k) Sugerir serviços de outros psicólogos,sempre que, por motivos justificáveis, nãopuderem ser continuados pelo profissionalque osassumiu inicialmente, fornecendo ao seusubstituto as informações necessárias àcontinuidade do trabalho;

l) Levar ao conhecimento das instânciascompetentes o exercício ilegal ou irregularda profissão, transgressões a princípios ediretrizesdeste Código ou da legislação profissional.

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

a) Praticar ou ser conivente com quaisqueratos que caracterizem negligência,discriminação, exploração, violência,crueldade ou opressão;

b) Induzir a convicções políticas,filosóficas, morais, ideológicas, religiosas,de orientação sexual ou a qualquer tipo depreconceito, quando do exercício de suasfunções profissionais;

c) Utilizar ou favorecer o uso deconhecimento e a utilização de práticaspsicológicas como instrumentos decastigo, tortura ou qualquerforma de violência;

d) Acumpliciar-se com pessoas ouorganizações que exerçam ou favoreçamo exercício ilegal da profissão de psicólogoou de qualquer outra atividade

profissional;

e) Ser conivente com erros, faltas éticas,violação de direitos, crimes oucontravenções penais praticados porpsicólogos na prestação de serviçosprofissionais;

f) Prestar serviços ou vincular o título depsicólogo a serviços de atendimentopsicológico cujos procedimentos, técnicase meios nãoestejam regulamentados ou reconhecidospela profissão;

g) Emitir documentos sem fundamentaçãoe qualidade técnicocientífica;

h) Interferir na validade e fidedignidade deinstrumentos e técnicas psicológicas,adulterar seus resultados ou fazerdeclarações falsas;

i) Induzir qualquer pessoa ou organizaçãoa recorrer a seus serviços;

 j) Estabelecer com a pessoa atendida,familiar ou terceiro, que tenha vínculocom o atendido, relação que possainterferir negativamente nos objetivos doserviço prestado;

k) Ser perito, avaliador ou parecerista emsituações nas quais seus vínculos pessoaisou profissionais, atuais ou anteriores,possam afetar a qualidade do trabalho aser realizado ou a fidelidade aosresultados da avaliação;

l) Desviar para serviço particular ou deoutra instituição, visando benefíciopróprio, pessoas ou organizaçõesatendidas por instituiçãocom a qual mantenha qualquer tipo devínculo profissional;

m) Prestar serviços profissionais aorganizações concorrentes de modo quepossam resultar em prejuízo para aspartes envolvidas,decorrentes de informações privilegiadas;n) Prolongar, desnecessariamente, aprestação de serviços profissionais;

o) Pleitear ou receber comissões,empréstimos, doações ou vantagensoutras de qualquer espécie, além doshonorários contratados, assim comointermediar transações financeiras;

p) Receber, pagar remuneração ouporcentagem por encaminhamento deserviços;

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q) Realizar diagnósticos, divulgarprocedimentos ou apresentar resultadosde serviços psicológicos em meios decomunicação, de forma a expor pessoas,grupos ou organizações.

Art. 3º – O psicólogo, para ingressar,associar-se ou permanecer em umaorganização, considerará a missão, afilosofia, as políticas, as normas e aspráticas nela vigentes e suacompatibilidade com osprincípios e regras deste Código.

Parágrafo único: Existindoincompatibilidade, cabe ao psicólogorecusar-se a prestar serviços e, sepertinente, apresentar denúncia ao órgãocompetente.

Art. 4º – Ao fixar a remuneração pelo seutrabalho, o psicólogo:

a) Levará em conta a justa retribuição aosserviços prestados e as condições dousuário ou beneficiário;

b) Estipulará o valor de acordo com ascaracterísticas da atividade e ocomunicará ao usuário ou beneficiárioantes do início do trabalho a ser realizado;

c) Assegurará a qualidade dos serviçosoferecidos independentemente do valoracordado.

Art. 5º – O psicólogo, quando participarde greves ou paralisações, garantirá que:

a) As atividades de emergência não sejaminterrompidas;

b) Haja prévia comunicação da paralisaçãoaos usuários ou beneficiários dos serviçosatingidos pela mesma

Art. 6º – O psicólogo, no relacionamentocom profissionais não psicólogos:a) Encaminhará a profissionais ouentidades habilitados e qualificadosdemandas que extrapolem seu campo deatuação;

b) Compartilhará somente informaçõesrelevantes para qualificar o serviçoprestado, resguardando o caráterconfidencial das comunicações,assinalando a responsabilidade, de quemas receber, de preservar o sigilo.

Art. 7º – O psicólogo poderá intervir naprestação de serviços psicológicos queestejam sendo efetuados por outroprofissional, nas seguintes situações:

a) A pedido do profissional responsávelpelo serviço;

b) Em caso de emergência ou risco aobeneficiário ou usuário do serviço, quandodará imediata ciência ao profissional;

c) Quando informado expressamente, porqualquer uma das partes, da interrupçãovoluntária e definitiva do serviço;

d) Quando se tratar de trabalhomultiprofissional e a intervenção fizerparte da metodologia adotada.

Art. 8º – Para realizar atendimento nãoeventual de criança, adolescente ouinterdito, o psicólogo deverá obterautorização de ao menos um de seusresponsáveis, observadas asdeterminações dalegislação vigente:

§1° – No caso de não se apresentar umresponsável legal, o atendimento deveráser efetuado e comunicado às autoridadescompetentes

§2° – O psicólogo responsabilizar-se-ápelos encaminhamentos que se fizeremnecessários para garantir a proteçãointegral do atendido.

Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o

sigilo profissional a fim de proteger, pormeio da confidencialidade, a intimidadedas pessoas,grupos ou organizações, a que tenhaacesso no exercício profissional.

Art. 10 – Nas situações em que seconfigure conflito entre as exigênciasdecorrentes do disposto no Art. 9º e as

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afirmações dos princípios fundamentaisdeste Código, excetuando-se os casosprevistosem lei, o psicólogo poderá decidir pelaquebra de sigilo, baseandosua decisão na busca do menor prejuízo.

Parágrafo único – Em caso de quebra dosigilo previsto no caput deste artigo, opsicólogo deverá restringir-se a prestar asinformaçõesestritamente necessárias.

Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestarinformações, considerando o previstoneste Código.

Art. 12 – Nos documentos que embasamas atividades em equipe multiprofissional,o psicólogo registrará apenas asinformações necessáriaspara o cumprimento dos objetivos dotrabalho.

Art. 13 – No atendimento à criança, aoadolescente ou ao interdito, deve sercomunicado aos responsáveis oestritamente essencialpara se promoverem medidas em seubenefício.

Art. 14 – A utilização de quaisquer meiosde registro e observação da práticapsicológica obedecerá às normas desteCódigo e a legislaçãoprofissional vigente, devendo o usuário oubeneficiário, desde o início, ser informado.

Art. 15 – Em caso de interrupção dotrabalho do psicólogo, por quaisquermotivos, ele deverá zelar pelo destino dosseus arquivos confidenciais.

§ 1° – Em caso de demissão ouexoneração, o psicólogo deverá repassar

todo o material ao psicólogo que vier asubstituí-lo, oulacrá-lo para posterior utilização pelopsicólogo substituto.

§ 2° – Em caso de extinção do serviço dePsicologia, o psicólogo responsávelinformará ao Conselho Regional de

Psicologia, que providenciará a destinaçãodos arquivos confidenciais.

Art. 16 – O psicólogo, na realização deestudos, pesquisas e atividades voltadaspara a produção de conhecimento e

desenvolvimento de tecnologias:a) Avaliará os riscos envolvidos, tantopelos procedimentos, como peladivulgação dos resultados, com o objetivode proteger as pessoas,grupos, organizações e comunidadesenvolvidas;

b) Garantirá o caráter voluntário daparticipação dos envolvidos, medianteconsentimento livre e esclarecido, salvonas situações previstas em legislaçãoespecífica e respeitando os princípiosdeste Código;

c) Garantirá o anonimato das pessoas,grupos ou organizações, salvo interessemanifesto destes;

d) Garantirá o acesso das pessoas, gruposou organizações aos resultados daspesquisas ou estudos, após seuencerramento, sempreque assim o desejarem.

Art. 17 – Caberá aos psicólogos docentesou supervisores esclarecer, informar,orientar e exigir dos estudantes aobservância dosprincípios e normas contidas neste Código.

Art. 18 – O psicólogo não divulgará,ensinará, cederá, emprestará ou venderáa leigos instrumentos e técnicaspsicológicas quepermitam ou facilitem o exercício ilegal daprofissão.

Art. 19 – O psicólogo, ao participar de

atividade em veículos de comunicação,zelará para que as informações prestadasdisseminem oconhecimento a respeito das atribuições,da base científica e do papel social daprofissão.

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Art. 20 – O psicólogo, ao promoverpublicamente seus serviços, por quaisquermeios, individual ou coletivamente:

a) Informará o seu nome completo, o CRPe seu número de registro;

b) Fará referência apenas a títulos ouqualificações profissionais que possua;

c) Divulgará somente qualificações,atividades e recursos relativos a técnicase práticas que estejam reconhecidas ouregulamentadas pela profissão;

d) Não utilizará o preço do serviço comoforma de propaganda;

e) Não fará previsão taxativa deresultados;

f) Não fará auto-promoção em detrimentode outros profissionais;

g) Não proporá atividades que sejamatribuições privativas de outras categoriasprofissionais;h) Não fará divulgação sensacionalista dasatividades profissionais.

DAS DISPOSIÇÕES GERAISArt. 21 – As transgressões dos preceitosdeste Código constituem infração

disciplinar com a aplicação das seguintespenalidades, naforma dos dispositivos legais ouregimentais:

a) Advertência;b) Multa;c) Censura pública;d) Suspensão do exercício profissional, poraté 30 (trinta) dias, ad referendum doConselho Federal de Psicologia;e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de

Psicologia.

Art. 22 – As dúvidas na observância desteCódigo e os casos omissos serãoresolvidos pelos Conselhos Regionais dePsicologia, ad  referendum do ConselhoFederal de Psicologia.

Art. 23 – Competirá ao Conselho Federalde Psicologia firmar jurisprudência quantoaos casos omissos e fazê-la incorporar aeste Código.

Art. 24 – O presente Código poderá ser

alterado pelo Conselho Federal dePsicologia, por iniciativa própria ou dacategoria, ouvidos os Conselhos Regionaisde Psicologia.

Art. 25 – Este Código entra em vigor em27 de agosto de 2005.

Este Código de Ética Profissional é fruto deamplos debates ocorridos entre os anosde 2003 e 2005, envolvendo:

- 15 fóruns regionais de Ética, que

culminaram com o II Fórum Nacional deÉtica;- os trabalhos de uma comissão depsicólogos e professores convidados;- os trabalhos da Assembléia das PolíticasAdministrativas e Financeiras do SistemaConselhos de Psicologia, APAF, tudo sob aresponsabilidade do Conselho Federal dePsicologia.

Princípios Fundamentais da Ética emPesquisa com Seres Humanos

As questões éticas relacionadas àspesquisas que envolvem seres humanosapóiam-se em 3 princípios básicos que sãoconsiderados o fundamento de todas asregulamentações e diretrizes quenorteiam a condução ética de pesquisas.Estes princípios são:

Respeito pelas pessoasBeneficência

 Justiça Estes princípios são consideradosuniversais, transcendendo barreirasgeográficas, culturais, econômicas, legais

e políticas.

Pesquisadores, instituições e sociedadeestão, de certa forma, obrigados aassegurar-se de que estes princípiosestarão sendo seguidos durante todo oprocesso de realização das pesquisas queenvolvem seres humanos. Embora estesprincípios possam ser considerados

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universais, a disponibilidade de recursosnecessários para a sua manutenção não é,de forma alguma, universal. Nessesentido, os procedimentos utilizados paraa vigilância ética dos estudos pode nãoalcançar um nível considerado ótimo ou

aceitável. Um exemplo dessa situação é ofato de que não existem princípiosuniversais que delimitem como um estudoclínico deveria ser supervisionado eacompanhado. Apesar dessas limitações,estes princípios devem direcionar ocomportamento de todas as pessoasenvolvidas no planejamento,implementação e financiamento depesquisas que envolvem seres humanos.

O TCLE – Termo de ConsentimentoLivre e Esclarecido – é um documentoque dá informações e esclarecimentos aosujeito da pesquisa científica. O objetivo épossibilitar uma tomada de decisão demaneira justa e livre de constrangimentosa respeito de sua participação ecolaboração em um projeto de pesquisa. Éum protocolo exigido pela Resolução CMS196/96 (itens IV, IV.1, IV.2 e IV.3), doMinistério da Saúde. Portanto, trata-se deuma forma de proteção legal e moraltanto para o pesquisador quanto para opesquisado, vez que os dois assumemresponsabilidades. O TCLE, assim, é umdocumento que tem valor de provaforense que também protege a instituiçãona qual o projeto de pesquisa está sendoelaborado e conduzido.

No TCLE devem constar as informaçõesmais essenciais do protocolo de pesquisa,de maneira didática e objetiva. De fato, éum documento obrigatório que expressa ocompromisso de cumprimento de todas asexigências descritas na Resolução acimareferida, como o objetivo central deesclarecer ao sujeito voluntário o que sepretende com a pesquisa, a pesquisa

pretendida, e não o contrário, umadeclaração do sujeito de que foiesclarecido quanto à pesquisa. Éfundamental que se observe o respeito àdignidade humana, especialmente no quese refere à prestação de informações eesclarecimentos aos sujeitos da pesquisaem linguagem clara, objetiva e acessível.O TCLE deve ser confeccionado em duas

vias, uma para o sujeito da pesquisa eoutra para o pesquisador, com asassinaturas das duas partes, podendo sero representante legal, no caso de o sujeitoda pesquisa ser incapaz legalmente.

Os componentes do TCLE, em linguagemleiga e clara, abrangem:

1) título do Projeto e nome completo dosujeito da pesquisa, com sua idade e sexo;2) apresentação das justificativas e dosobjetivos da pesquisa;3) descrição e explicação dosprocedimentos que serão usados;4) relação dos procedimentos de rotina esua realização;5) relação e explicação de procedimentosalternativos que possam ser vantajosos epelos quais o sujeito da pesquisa possaoptar;6) descrição dos desconfortos e riscosesperados nos procedimentos;7) descrição dos benefícios para oparticipante;8) direito de confidencialidade ao sujeitoda pesquisa, ou seja, a prerrogativa denão identificação e de manutenção docaráter confidencial e privativo dasinformações;9) garantia de acesso, em qualquermomento da pesquisa, aos pesquisadoresresponsáveis para esclarecimento dedúvidas sobre os procedimentos, riscos,benefícios, etc;10) direito de acesso atualizado aosresultados da pesquisa;11) garantia de livre retirada do sujeito dapesquisa, em qualquer etapa; e12) outras garantias que se façamnecessárias pela natureza da pesquisa.