Max Heindel - Misterios PT

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    Max Heindel

    OS MISTRIOS ROSACRUZESThe Rosicrucian mysteries; an elementary exposition of their secret

    teachings

    (1911)

    BIBLIOTECA UPASIKAwww.upasika.com

    Coleccin Rosae Crucis N 46-A

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    Max HeindelOS MISTRIOS ROSACRUZES

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    SUMRIO

    CAPTULO I ............................................................. 3

    A Ordem dos Rosacruzes e a Fraternidade Rosacruz...................... 3 Nossa Mensagem e Nossa Misso ....................................... 3A Fraternidade Rosacruz ............................................. 6

    CAPTULO II ............................................................ 8

    O Problema da Vida e a sua Soluo.................................... 8O problema da Vida .................................................. 8Trs Teorias da Vida ............................................... 10SOMOS ETERNOS ...................................................... 12

    CAPTULO III .......................................................... 19

    Os Mundos Visveis e Invisveis...................................... 19A Regio Qumica ................................................... 19A Regio Etrica ................................................... 21

    O Mundo do Desejo.................................................... 27

    O Mundo do Pensamento................................................ 35A Regio do Pensamento Concreto .................................... 35A Regio do Pensamento Abstrato .................................... 38CREDO OU CRISTO .................................................... 43

    CAPTULO IV ........................................................... 45

    A Constituio do Homem .............................................. 45 Corpo Vital - Corpo de Desejos - Mente ............................. 45O Corpo Vital .................................................... 46O Corpo de Desejo ................................................ 48

    A Mente .......................................................... 49

    CAPTULO V ............................................................ 51

    Vida e Morte......................................................... 51 Auxiliares Invisveis e Mdiuns .................................... 51A Morte ............................................................ 53O Panorama da Vida Passada ......................................... 57O Purgatrio ....................................................... 59O Primeiro Cu ..................................................... 64O Segundo Cu ...................................................... 66O Terceiro Cu ..................................................... 67Nascimento e Vida da Criana ....................................... 68O Mistrio da Luz, da Cor e da Conscincia ......................... 69

    A Educao das Crianas ............................................ 71

    MONTE ECCLESIA ........................................................ 74

    Descrio da Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz................... 74Nossas Lies so Sermes .......................................... 76No Levantamos Horscopos .......................................... 76Curso Sobre Misticismo Cristo ..................................... 76Como se Candidatar ................................................. 76Custo dos Cursos ................................................... 76

    Apndice............................................................. 77

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    CAPTULO I

    A Ordem dos Rosacruzes e a Fraternidade RosacruzNossa Mensagem e Nossa Misso

    Mente S - Corao Nobre - Corpo Sadio

    Antes de iniciarmos uma explicao dos Ensinamentos Rosacruzes, ser bomdizermos algumas palavras acerca deles e do lugar que ocupam na Evoluoda Humanidade.

    Por razes que sero dadas posteriormente, estes Ensinamentos advogam umponto de vista dualstico: sustentam que o homem um Esprito, contendoem potencial todos os poderes de Deus, como a semente contm a planta, eque esses poderes desenvolvem-se lentamente numa srie de existncias,dentro de corpos terrestres que melhoram gradualmente; tambm, que este

    processo de desenvolvimento tem sido levado a efeito sob a direo deexaltados Seres que ainda orientam nossos passos, embora essa orientao

    v diminuindo proporo que gradualmente adquirimos intelecto evontade. Estes exaltados Seres, embora invisveis aos nossos olhosfsicos, constituem, no obstante, poderosos fatores em todos os assuntosda vida, dando aos diferentes grupos da humanidade lies que promovemeficientemente o desenvolvimento dos seus poderes espirituais. De fato, aTerra pode ser comparada a uma grande Escola de Treinamento, na qualexistem alunos de diferentes idades e capacidades, como ocorre emqualquer das nossas escolas. Existem os selvagens, vivendo e cultuandosob as condies mais primitivas, vendo a um Deus em um pau ou em umapedra. Depois, seguindo o progresso, que o homem realiza para a frente epara cima na escala da civilizao, vamos encontrar uma concepo cadavez mais elevada da Divindade, at que florescesse aqui no nosso Mundo

    Ocidental a formosa religio crist, que nos proporciona atualmente ainspirao espiritual e o incentivo para progredir.

    Essas variedades de religies foram dadas a cada grupo da humanidadepelos exaltados Seres que a Religio Crist conhece com o nome de Anjosdo Destino, cuja maravilhosa previso habilita-os a verem o rumo de algoto instvel como a mente humana, estando assim capacitados a determinaros passos necessrios para guiar o nosso desenvolvimento, de acordo comas linhas em harmonia com o mais elevado bem universal.

    Estudando a histria das antigas naes, verificaremos que, h cerca de

    600 anos antes de Cristo, uma grande onda espiritual teve sua origem nascostas orientais do oceano Pacfico, onde a grande Religio de Confcioacelerou o progresso da nao chinesa e, em seguida, tambm a Religio deBuddha comeou a conquistar seus milhes de adeptos na ndia, e aindamais a oeste tivemos a sublime filosofia de Pitgoras. Cada sistema eraapropriado s necessidades particulares do povo a que se destinava.Depois comeou o perodo dos Cticos, na Grcia, e, mais tarde, avanandopara o Oeste, a mesma onda espiritual manifestou-se na Religio Crist,na "Idade das Trevas", quando o dogma de uma Igreja dominante imps suacrena a toda a Europa Ocidental.

    lei do universo que uma onda de despertar espiritual seja sempreseguida por um perodo de decrescente materialismo, e cada uma dessasfases necessria para que o Esprito receba igual desenvolvimento,tanto no intelecto como no corao, sem ir demasiado longe em nenhuma das

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    duas direes. Os Grandes Seres mencionados anteriormente, que cuidam donosso progresso, tomam precaues para preservar a Humanidade desseperigo e, quando previram a onda de materialismo, que comeou no sculoXVI com o nascimento da nossa Cincia moderna, tomaram medidas para

    proteger o Ocidente, como antigamente salvaguardaram o Oriente dosCticos, que se viram contidos pelas Escolas de Mistrios.

    No sculo XIV, apareceu na Europa Central um grande mestre espiritualcujo nome simblico era

    Christian Rosenkreuz

    Ou

    Cristo Rosacruz,

    que fundou a misteriosa Ordem da Rosacruz, a respeito da qual tantas

    hipteses se tm levantado, sem que algo relevante tenha chegado ao

    conhecimento do mundo em geral, pois ela a Escola de Mistrios doOcidente e se abre unicamente para aqueles que alcanaram o estgio dedesenvolvimento espiritual necessrio para ser iniciados nos seussegredos, relativos a Cincia da Vida e do Ser.

    Se alcanarmos um desenvolvimento tal que nos permita deixar nosso corpo

    fsico e sair para um vo anmico pelo espao interplanetrio, veremosque o derradeiro tomo do corpo fsico tem forma esfrica, como a nossaTerra, isto , apresenta-se como um globo. Se tomarmos certo nmero deglobos do mesmo tamanho e os agruparmos ao redor de um deles, veremos queso necessrios exatamente doze para ocultar o dcimo terceiro. Portanto,doze visveis e um oculto so nmeros que revelam uma relao csmica e,como todas as Ordens de Mistrios so baseadas em linhas csmicas, todasse compem de doze membros reunidos em tomo de um dcimo terceiro, que o Cabea invisvel.

    H sete cores no espectro: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul,ndigo e violeta. Mas entre o violeta e o vermelho existem ainda outrascinco cores invisveis aos olhos fsicos, que se revelam visoespiritual. Em toda Ordem de Mistrios existem igualmente sete Irmosque, em certas ocasies, aparecem ao mundo a fim de realizar o trabalho

    necessrio para o avano da comunidade a quem esto servindo, mas cincoIrmos nunca so vistos fora do Templo. Estes trabalham com e ensinamaqueles que passaram por certos estgios de desenvolvimento espiritual eso, portanto, capazes de visitarem o Templo, por no ser convenientepara todos visit-lo.

    Que o leitor no imagine agora que essa Iniciao faz do aluno umRosacruz, do mesmo modo que a admisso de um estudante a uma Universidade

    no far dele um professor universitrio. Nem mesmo ainda depois depassados os Nove Graus desta ou de qualquer outra Escola de Mistriostorna-se ele um Rosacruz. Os Rosacruzes so Hierofantes dos MistriosMenores e, alm deles, h ainda escolas onde so ensinados os MistriosMaiores. Aqueles que j passaram pelos Mistrios Menores e se tornaramdiscpulos dos Mistrios Maiores so chamados Adeptos, mas, nem elesalcanaram ainda a posio elevada dos doze Irmos da Ordem Rosacruz oudos Hierofantes de qualquer Escola de Mistrios Menores, assim como noobtiveram a posio e o conhecimento dos professores das EscolasSuperiores, os alunos que nela acabam de ser graduados.

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    Um trabalho posterior versar sobre a Iniciao, mas podemos dizer, desdej, que a porta de uma genuna Escola de Mistrios no se abre com umachave de ouro, mas unicamente como uma recompensa aos servios meritriosfeitos Humanidade, e todo aquele que se anuncia a si mesmo como sendo

    um Rosacruz, ou que cobra qualquer preo pelos seus ensinamentos,demonstra, por qualquer desses atos, que um charlato. O verdadeirodiscpulo de qualquer Escola de Mistrios ser demasiado modesto paraanunciar esse fato. Desdenhar todos os ttulos e honrarias dos homens eno ter interesse em riquezas, a no ser nas riquezas de amor que lheforem dadas por aqueles a quem tiver o privilgio de ajudar e de ensinar.

    Nos sculos transcorridos desde que foi formada a Ordem Rosacruz, seusmembros tm trabalhado secreta e silenciosamente, esforando-se paramodelar o pensamento da Europa Ocidental, mediante as obras de Paracelso,Boehme, Bacon, Shakespeare, Fludd e outros. Todos os dias, meia-noite,

    quando as atividades fsicas do dia esto no seu refluxo inferior e osimpulsos espirituais em seu fluxo superior, eles enviam do seu Templo

    vibraes que inspiram e impulsionam as almas a neutralizar omaterialismo e a impelir o desenvolvimento dos poderes anmicos. s suasatividades devemos todos ns a espiritualizao gradual da nossa cincia,antes to materialista.

    Com o incio do sculo XX, deu-se um novo passo a frente. Ficou

    estabelecido que algo deveria ser feito para tornar cientfica aReligio, assim como para espiritualizar a Cincia, com o propsito de,no final, ambas se harmonizarem, j que hoje em dia o corao e ointelecto esto divorciados. O corao sente instintivamente as verdadesdo ensino religioso tais como os maravilhosos mistrios da ImaculadaConcepo (o Nascimento Mstico), da Crucificao (a Morte Mstica), doSangue Purificador, da Expiao dos Pecados e de outras doutrinas daIgreja, que o intelecto se recusa a acreditar, porque so incapazes de

    demonstrao e aparentemente em conflito com a lei natural. O processomaterial pode ser estimulado quando o Intelecto predomina, mas os anseiosdo corao ficam sem satisfao e, assim, o crescimento da alma ficarretardado at que o corao tambm seja satisfeito.

    Com o propsito de proporcionar ao mundo um ensino harmonioso quesatisfaa mente e ao corao, foi necessrio descobrir um Mensageiro e

    instru-lo. Era necessrio que ele reunisse determinadas qualidadesextraordinrias; o primeiro escolhido fracassou ao no passar por certaprova, depois de ter passado vrios anos sendo preparado para essetrabalho.

    uma verdade indiscutvel que h um tempo para semear, como h outropara colher, e que tambm h determinadas ocasies para todos os

    trabalhos da vida e, em concordncia com esta Lei da Periodicidade, cadaimpulso para a elevao espiritual deve ser empreendido no momentoapropriado, para que seja bem-sucedido. A primeira e a sexta dcada decada sculo so especialmente propcias para o comeo da divulgao denovos ensinamentos espirituais. Por esta razo, os Rosacruzes ficarammuito preocupados com aquela falha porque restavam somente cinco anospara terminar a primeira dcada do sculo XX.

    A segunda escolha de um mensageiro recaiu sobre o autor deste trabalho,embora naquela poca ele no soubesse disso e, planejando ascircunstncias ao seu redor, facilitaram-lhe o comeo de um perodo depreparao para o trabalho que eles desejavam que o autor executasse.Trsanos depois, por ocasio de sua viagem Alemanha, e tambm por

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    circunstncias preparadas pela Irmandade invisvel, e quando se achava nolimite do desespero, ao perceber que a luz, que era o objetivo da suaprocura, no passava de um facho de lanterna mgica, os Irmos da OrdemRosacruz puseram-no a prova, para ver se ele poderia ser um fiel

    mensageiro para transmitir ao mundo os Ensinamentos que desejavamconfiar-lhe. Quando o autor superou a prova, deram-lhe a monumentalsoluo para os problemas da existncia que foi publicada, pela primeiravez, no Conceito Rosacruz do Cosmos em novembro de 1909, pouco mais de umano antes de expirar-se a primeira dcada do sculo XX. Este livro marcouuma nova era na chamada literatura "oculta" e as muitas edies, queforam publicadas desde aquele tempo, assim como as milhares de cartas quechegam ao autor, so testemunhas eloqentes do fato de que as pessoasesto encontrando nestes ensinamentos uma satisfao que durante longotempo haviam buscado em vo.

    Os Rosacruzes ensinam que todas as grandes religies tm sido dadas aospovos que as professam por Inteligncias Divinas, que determinaram cada

    sistema de adorao de forma adaptada as necessidades da Raa ou Nao.Um povo primitivo no pode corresponder a uma religio sublime e elevada,e.vice-versa. Aquilo que pode favorecer uma raa, poderia prejudicaroutra e, seguindo o mesmo princpio, idealizou-se um sistema dedesenvolvimento anmico adaptado especialmente ao Povo do Ocidente que,por temperamento e constituio racial, j no poderia acompanhar adisciplina de uma Escola Oriental, organizada para os Hindus maisatrasados.

    A Fraternidade Rosacruz

    Com o propsito de propagar ao Mundo Ocidental os EnsinamentosRosacruzes, fundou-se a Fraternidade Rosacruz no ano de 1909. Ela oarauto da Era Aquariana, quando o Sol, por precesso, passar pelaconstelao de Aqurio, o que far com que se manifestem todos os poderes

    espirituais e intelectuais latentes do homem, simbolizados por essesigno. Da mesma forma que o calor do fogo aquece todos os objetos dentrode sua esfera de irradiao, assim tambm o Raio de Aqurio elevara asvibraes da Terra a uma freqncia que somos incapazes de compreenderagora, embora j tenhamos demonstraes eloqentes dos trabalhos

    materiais desta fora, nas invenes que tem revolucionado o modo de vidada gerao atual. Ficamos maravilhados com os Raios X, por meio dos quaisse v atravs do corpo humano, mas cada um de ns tem um sentido latenteque, quando estiver desenvolvido, permitir ao homem ver atravs dequalquer corpo e a qualquer distncia. Maravilhamo-nos com asconversaes telefnicas que atravessam o continente americano, mas todostemos uma capacidade latente de falar e de ouvir, muito mais aguda;surpreendemo-nos com as proezas de naves sob as guas, ou de avies sobreas nuvens, mas tambm todos ns somos capazes de passar pelas profundezas

    das guas, ou de cruzar os ares e, ainda mais, poderemos atravessar asrochas mais slidas e o fogo crepitante, quando soubermos o modo de faz-lo, e at o relmpago lento, comparado com a velocidade que poderemospercorrer. Isto parece hoje um conto de fadas, como pareceram as novelasde Julio Verne para a gerao anterior, mas a Idade Aquariana sertestemunha da realizao de todos esses sonhos e de muito mais, sonhosdos quais atualmente nem podemos fazer idia. Essas faculdades seroento naturais em grande nmero de pessoas que as vem desenvolvendogradualmente, do mesmo modo que, outrora, aprendemos a caminhar, a falar,a ouvir, a ver.

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    Nisto existe, porm, um grande perigo, pois, como bvio, qualquerpessoa dotada de semelhantes faculdades poder us-las para prejudicartodo o mundo, a menos que esteja dotada por um esprito de abnegao e dealtrusmo, a toda prova. Assim, pois, a religio necessria atualmente,

    como nunca o foi antes, para cultivar o Amor e o sentimento fraternalentre os homens, para que, desse modo, possam preparar-se para o uso dosgrandes dons que lhes esto reservados, para empreg-los bem esabiamente. Essa necessidade de religio sentida especialmente porcerta classe de pessoas, nas quais o ter est menos aderido aos tomosfsicos do que est na maioria e, por esta razo, essas pessoas estocomeando a sentir agora as vibraes Aquarianas.

    Essa classe est mais uma vez dividida em dois grupos. Num deles domina ointelecto, e as pessoas de tal classe procuram por isso apossar-se dosmistrios espirituais sem curiosidade e so conduzidas unicamente pelo

    frio imprio da razo. Elas procuram o caminho do conhecimento peloconhecimento em si mesmo, considerando-o como uma finalidade em si. A

    idia de que o conhecimento s tem valor quando posto em prtica parauso construtivo, parece que ainda no foi percebida por elas. A estaclasse podemos chamar ocultistas.

    O outro grupo no se preocupa com o conhecimento, mas sente uma atraointerna para Deus e segue o Caminho da Devoo, em direo ao elevadoIdeal posto a sua frente em Cristo, procurando fazer as obras que Elefez, apesar das dificuldades impostas pelo seu corpo carnal, e isto, como tempo, resultar numa iluminao interna que trar consigo todo oconhecimento conseguido pela classe anterior e muito mais ainda. Esta aclasse dos msticos.

    Cada um desses grupos defronta-se com determinados perigos. Se o

    ocultista obtiver a iluminao e desenvolver dentro de si as faculdades

    espirituais latentes, poder us-las para satisfazer seus propsitospessoais, para maior prejuzo dos seus semelhantes. Isto se chama magianegra e o castigo que automaticamente cair sobre a cabea do perpetradordeste crime to horroroso que melhor por um vu sobre isso. O msticotambm pode enganar-se devido a sua ignorncia e cair nas redes da lei danatureza, mas, como impulsionado pelo amor, seus erros nunca seromuito srios e, a medida que cresce em graa, a voz silenciosa dentro doseu corao falar mais distintamente para lhe indicar o caminho.

    A Fraternidade Rosacruz esfora-se para preparar o mundo em geral, e ossensitivos dos dois grupos especialmente, para o despertar dos podereslatentes no homem, a fim de que todos possam ser guiados a salvo atravsda zona perigosa e para que se capacitem da melhor forma possvel para ouso de suas novas faculdades. Faz-se um esforo para ligar o amor - sem o

    qual, declarou So Paulo, o conhecimento de todos os mistrios intil -com um conhecimento mstico baseado e fundamentado no amor. Assim, osdiscpulos desta Escola podero se converter em expoentes vivos destacincia unificadora da alma da Escola da Sabedoria Ocidental e educargradualmente a humanidade em geral nas virtudes necessrias possedesses elevados poderes.

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    CAPTULO II

    O Problema da Vida e a sua SoluoO problema da Vida

    Entre todas as vicissitudes da vida, embora a experincia humana variemuito de indivduo para indivduo, h um acontecimento que e inevitvelpara todos: a Morte! No importa qual seja a nossa posio social; se avida que vivemos foi louvvel ou no; se nossa passagem entre os homensficou marcada por grandes feitos; se vivemos uma vida saudvel ou deenfermidades; se fomos famosos e rodeados de amigos ou obscuros esolitrios, chegar um momento em que estaremos ss, diante do portal daMorte, e seremos forados a dar um salto no escuro.

    O pensamento sobre esse salto e o que possa existir alm, fora todacriatura a pensar. Nos anos de juventude e sade, quando o barco da nossavida navega nos mares da prosperidade, quando tudo nos parece belo e

    brilhante, podemos por de lado tal pensamento; mas certamente chegar umdia na vida de toda pessoa sensata em que o problema da Vida e da Morteimpor-se- sua conscincia, recusando-se a ser posto de lado. Nem serde grande proveito aceitar uma soluo preconcebida, forjada por qualquerum, sem reflexo e na base da f cega, porque esse um problemafundamental que cada pessoa deve resolver por si mesma, para ficarsatisfeita.

    No limite oriental do Deserto do Saara est a mundialmente conhecidaEsfinge, com sua face impenetrvel voltada para o Leste, sempre saudandoo Sol, quando seus primeiros raios anunciam um novo dia. Diz a mitologiagrega que era habito desse monstro formular um enigma a todo viajante,devorando aqueles que no sabiam responder acertadamente. Mas quandodipo resolveu o enigma, a Esfinge destruiu-se a si mesma.

    O enigma que a Esfinge propunha aos homens era o da Vida e o da Morte,

    uma questo que tinha tanta importncia naquele tempo quanto hoje, e parao qual cada um deve encontrar uma resposta ou ser devorado na mandbulada morte. Mas, uma vez que a pessoa tenha encontrado a soluo para oproblema, tomar-se- evidente que, na realidade, a Morte no existe eaquilo que se parece com ela no passa da mudana de um estado de

    existncia para outro. Portanto, ao homem que encontra a verdadeirasoluo para o enigma da vida, a Esfinge da morte deixa de existir e elepode elevar sua voz num grito triunfante: "Oh Morte, onde est o teuaguilho? Oh tumulo, onde est a tua vitria?".

    Vrias teorias tem sido formuladas para se resolver esse problema da

    vida. Essas teorias podem ser divididas em duas classes fundamentais: ateoria monstica, que sustenta que todos os fatos da vida podem ser

    explicados, tomando-se como base este mundo visvel no qual vivemos, e ateoria dualista, que explica uma parte destes fatos por fenmenos da vidaocorridos em mundos que esto fora do alcance da nossa viso fsica.

    No seu famoso quadro "A Escola de Atenas", Rafael apresentou de uma formamuito hbil as atitudes dessas duas escolas de pensamento. Vemos nessemaravilhoso quadro um trio Grego, semelhante aqueles em que os filsofos

    outrora costumavam congregar-se. Sobre os diversos degraus que conduzemao interior do edifcio, v-se um grande nmero de homens mergulhados emprofunda conversao, mas, no centro, no cimo dos degraus, permanecemduas figuras que se supe serem Plato e Aristteles, um apontando para

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    cima, o outro para a terra, encarando-se mudos, mas com profunda econcentrada determinao, cada um pretendendo convencer o outro de quesua opinio a verdadeira, porque ambos esto convictos em seu corao.Um deles sustenta que feito do barro da terra, que veio do p, ao qual

    voltar; o outro advoga firmemente a idia de que h algo superior quesempre existiu e continuar existindo, no importa o que possa acontecerao corpo em que se vive agora.

    A questo de saber quem est certo ainda se acha sem soluo para agrande maioria da humanidade. Milhes de toneladas de papel e muita tintaforam gastas em tentativas inteis de chegar-se resoluo da questocom argumentos, mas permanecer a interrogao para todos que nosolucionaram o enigma por si mesmos, porque esta uma questofundamental, faz parte da experincia da vida de cada ser humano resolv-la e, portanto, ningum pode nos dar a soluo final para a nossa

    satisfao. Aqueles que realmente solucionaram esse problema, tudo o quepodem fazer mostrar aos outros o caminho que os levou a encontrar a

    soluo e, desse modo, conduzir o investigador para que tambm possapelos prprios esforos chegar a uma concluso.

    Esta a finalidade deste pequeno livro. No se pretende oferecer umasoluo para o problema da vida, para que ela seja aceita cegamente, pelaconfiana na capacidade de investigao do autor. Os ensinamentos aquiexpostos foram oferecidos por meio da Grande Escola Ocidental deMistrios Ordem Rosacruz, e so o resultado dos testemunhos de grandenmero de videntes exercitados, e que foram comunicados ao autor esuplementados por sua investigao pessoal dos planos atravessados peloEsprito na sua jornada cclica, desde o mundo invisvel at este planode existncia e o seu retomo.

    No obstante, advertese o estudante de que o autor pode ter entendido de

    modo errado alguns dos ensinamentos e de que, apesar do maior cuidado queteve, pode ter tomado algum ngulo errneo daquilo que acredita ter vistono mundo invisvel, no qual as possibilidades de se equivocar somltiplas. Aqui, no mundo que nos cerca, as formas so fixas, no mudamfacilmente; mas no mundo ao nosso redor, perceptvel somente visoespiritual, podemos dizer que no existe realmente a forma e que tudo alie vida. Para ser mais exato, as formas so to mutveis que as

    metamorfoses descritas nos contos de fadas ocorrem ali com uma freqnciaimpressionante e, por esta razo, temos as surpreendentes revelaes demdiuns e clarividentes inexperientes que, embora honestos, so enganadospela iluso da forma, que efmera, por serem incapazes de ver a vida,que constitui a base permanente da forma.

    preciso que aprendamos a ver nesse mundo. A criana de poucos meses

    ainda no consegue avaliar bem o espao e pretende apanhar objetos queesto fora do seu alcance, at que aprenda a calcular as distncias. Umapessoa cega que readquire a capacidade da viso por uma operao, noprincpio estar inclinada a fechar os olhos quando for de um lugar paraoutro, e dir que, para ela, e mais fcil caminhar pelo tato do que pelaviso, devido ao fato de que ainda no aprendeu a usar sua novafaculdade. Do mesmo modo, a pessoa cuja viso espiritual se tenhamanifestado recentemente, precisa de treinamento e, neste caso, ainstruo ainda mais necessria do que criana e ao cego jmencionados. Negar a algum essa instruo seria o mesmo que colocar uma

    criana recm-nascida num berrio onde as paredes fossem recobertas porespelhos de diferentes curvaturas, cncavos e convexos, que retorcessem e

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    desfigurassem sua prpria imagem e a dos que a assistem. Se uma crianacrescesse em tal ambiente e no lhe fosse possvel ver a forma real dascoisas, a sua e a dos companheiros, naturalmente acreditaria que asformas reais seriam aquelas deformadas que se habituou a ver, quando, na

    realidade, os espelhos seriam os causadores dessa iluso. Se a criana eas pessoas envolvidas numa experincia desta ndole fossem um diaretiradas desse lugar ilusrio, no seriam capazes de reconhecer asformas naturais at que fossem devidamente treinadas para isso. Aquelesque desenvolveram a viso espiritual esto expostos a sofrer taisiluses, at que sejam instrudos para ajustar-se distoro e ver avida, que permanente e estvel, desprezando a forma, que evanescentee instvel. O perigo de ver as coisas fora de foco permanece sempre e to sutil que o autor sente o dever imperativo de advertir aos leitorespara que tomem todas as suas citaes referentes aos mundos invisveiscom a maior cautela, pois ele no tem a menor inteno de enganarningum. Sente-se, antes, inclinado a aumentar do que a diminuir suasprprias limitaes, e aconselharia o estudante no aceitar nada do que

    o autor escreveu sem primeiro raciocinar por si mesmo. Desse modo, se elese enganar, ter-se- enganado sozinho, no podendo censurar o autor porisso.

    Trs Teorias da Vida

    Apenas trs teorias dignas de considerao so apresentadas como solues

    ao enigma da existncia e, com o propsito de que o leitor possa fazer aimportante escolha entre elas, passamos a apresenta-las resumidamente,dando alguns dos argumentos que nos levam a defender a doutrina doRenascimento como o mtodo que favorece o desenvolvimento da alma e aaquisio final da perfeio, oferecendo a melhor soluo ao problema davida.

    1) A Teoria materialista ensina que toda a vida e apenas uma curta

    jornada do bero ao tumulo, que no h no Cosmos inteligncia superior do homem, que sua mente e produto de certas correlaes da matria, eque, portanto, a existncia termina com a morte e a dissoluo do corpo.

    Houve dias em que os argumentos dos filsofos materialistas pareciam

    convincentes, mas, medida que a cincia avana, descobre-se mais e maisevidncias de que h um lado espiritual no Universo. Que a vida e aconscincia possam existir sem que disso nos seja dado evidncia algumafoi plenamente comprovado nos casos de pessoas que se encontravam emtranse profundo, consideradas como mortas durante vrios dias e quedespertaram repentinamente, contando tudo o que se passou em torno do seucorpo durante o transe. Cientistas eminentes, tais como Sir Oliver Lodge,Camille Flammarion, Lombroso, e outros homens de inteligncia brilhante ecapacidade cientifica, declararam inequivocamente, como resultado de suas

    investigaes, que a inteligncia que chamamos homem sobrevive morte docorpo e continua vivendo em torno de ns, independentemente de a vermosou no, como a luz e a cor existem em torno de uma pessoa cega,independentemente do fato de essa pessoa percebe-las ou no. Essescientistas chegaram a essa concluso depois de muitos anos de cuidadosainvestigao. Eles descobriram que os chamados mortos podem, e o fazem emdeterminadas circunstncias, comunicar-se conosco, de tal forma quequalquer engano a este respeito inadmissvel. Sustentamos que tal

    testemunho muito mais valioso do que o argumento do materialismo,porque baseado sobre anos de investigao cuidadosa e porque est emharmonia com Leis to bem conhecidas como a Lei da Conservao da Matriae a Lei da Conservao da Energia. A mente uma forma de energia e est

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    imune a destruio, contrariamente ao que afirma o materialista.Portanto, podemos por de lado a Teoria materialista, por considera-laimprpria devido ao fato de ela no se harmonizar com as Leis da Naturezae com fatos bem estabelecidos.

    2) A Teoria Teolgica proclama que, justamente antes de cada nascimento,

    criada por Deus uma alma e esta entra no mundo, onde vive por um tempoque varia desde poucos minutos at um nmero no muito grande de anos;que no final desse curto espao de vida, ela retorna, passando peloportal da Morte ao invisvel Alm, onde permanece para sempre, num estadode felicidade ou de sofrimento, conforme as aes que tenha praticado emseu corpo durante os poucos anos em que aqui viveu.

    Plato insistia na necessidade de uma definio clara dos termos comobase de um argumento, e nos confirmarmos que isso to necessrio aotratar-se do problema da vida, do ponto de vista da Bblia, como o paraos argumentos platnicos. De acordo com a Bblia, o homem um sercomposto, que consta de Corpo, Alma e Esprito. Os dois ltimos termosso, freqentemente, tomados como sinnimos, mas ns insistimos em queno podem ser tomados um pelo outro e, para sustentar nossa afirmao,apresentamos a explicao a seguir.

    Todas as coisas esto em estado de vibrao. As vibraes dos objetos que

    nos rodeiam esto constantemente agindo sobre ns e trazem aos nossossentidos o conhecimento do mundo exterior. As vibraes do ter atuamsobre os nossos olhos, para que possamos ver, e as vibraes do artransmitem os sons aos nossos ouvidos.

    Tambm respiramos ar ter que, desse modo, esto carregados das imagens esons do nosso ambiente, e assim, pelo ato da respirao, recebemosinternamente um quadro completo do ambiente que nos rodeia, em todos os

    movimentos da nossa vida.

    Esta uma proposio cientifica. A cincia no explica o que acontecer

    com essas vibraes, mas, de acordo com os Ensinamentos dos MistriosRosacruzes, elas so transmitidas ao sangue e se gravam sobre um pequenotomo no corao, to automaticamente como so produzidas, na pelculasensvel, as imagens cinematogrficas, ou como se gravam os sons numdisco. Esse registro tem inicio com a primeira inalao de ar da crianarecm-nascida, e termina somente com o ultimo estertor do homemmoribundo; a "alma" um produto da respirao. O Gnesis tambm mostra arelao entre a respirao e a alma, nas seguintes palavras: "E o SenhorDeus formou o homem do p da terra e soprou em suas narinas o sopro davida; e o homem se fez uma alma vivente." (A mesma palavra: nephesh traduzida como respirao e como alma, na passagem citada.)

    Na existncia post-mortem dispe-se do registro respiratrio. Os bons

    atos da vida produzem sentimentos de prazer e a intensidade da atraoincorpora-os ao Esprito, como poder anmico. Por conseguinte, o registrorespiratrio dos bons atos a Alma que se salva e que, pela unio com oesprito, se torna imortal. Acumulando-se esse Bem, vida aps vida, nos

    tornamos mais ricos de alma, e, como conseqncia, isso tambm e a basedo crescimento anmico.

    O registro dos nossos maus atos tambm se processa por meio da nossa

    respirao, nos momentos em que os cometemos. Cada um desses atos mausproduzem dor e sofrimento para o esprito no Purgatrio, e s depois de oesprito ter conseguido expi-los que esses atos se apagam do registro

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    respiratrio. Como essa parte da alma no pode viver independentemente doseu esprito vivificante, o registro da respirao correspondente aosnossos pecados se desintegra pelo expurgo e, desse modo, podemosverificar que "a alma que peca, morrer". A recordao do sofrimento que

    se produz por ocasio da purgao permanece, entretanto, com o esprito,como conscincia, para nos conter se tentarmos repetir os mesmos mausatos em vidas posteriores.

    Dessa forma, todos os atos, bons ou maus, so registrados pela ao darespirao, que , portanto, a base da alma; mas, enquanto os registrosda respirao dos bons atos se amalgamam com o esprito, e nele vivempara sempre como alma imortal, o registro respiratrio dos maus atos sedesintegra e essa a alma que peca e morre.

    Ao mesmo tempo que a Bblia afuma que a imortalidade da alma est

    condicionada as boas obras, nenhuma distino faz com respeito aoesprito. A afirmao clara e conclusiva quando se diz que: "Ao partir-se o cordo prateado... ento o p voltara a terra, de onde veio, e oesprito voltara a Deus, que o deu."

    A Bblia ensina que o corpo feito de p, ao qual voltara, e que uma

    parte gerada pela respirao perecvel, mas que o esprito sobrevive morte do corpo e persiste para sempre. Portanto, uma "alma perdida", naacepo comum do termo, no ensinamento bblico, porque o esprito nofoi criado e eterno como o prprio Deus e, por isso, a Teoria Teolgicaortodoxa no pode ser verdadeira.

    3) A Teoria do Renascimento, ensina que cada esprito e uma parte

    integrante de Deus, que contm em si todas as potencialidades divinas -assim como a bolota contm o carvalho - e que, por meio de muitasexistncias em corpos terrestres, de contextura gradualmente mais

    perfeita, seus poderes latentes vo sendo desenvolvidos lentamente e setornam utilizveis como energia dinmica; e que ningum pode perder-se,mas sim que todos, por fim, alcanaro a perfeio e a reunio com Deus,levando cada um consigo a experincia acumulada, como fruto de suaperegrinao atravs da matria.

    Ou, ento, como podemos dizer em forma potica:

    SOMOS ETERNOS

    Numa nuvem tormentosa sibilando; na asa de Zfiro,

    O coro do esprito canta os hinos sacros do mundo, alegremente

    Escuta! Ouve suas vozes: "Pelas portas da morte ns passamos,

    a Morte no existe; alegrai-vos a vida continua eternamente".

    Somos, sempre fomos e sempre o seremos

    Somos uma parte da Eternidade,

    Mais velha que a Criao, a parte de Um Grande Todo,

    Cada Alma Individual, na sua imortalidade.

    No tear farfalhante do Tempo, nossa roupagem formamos, A rede doPensamento urdidos eternamente;

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    O que modelada na Terra, no cu que planejamos

    E ao nascer, nossa raa e nossa ptria, j as trazemos na mente.

    Brilhamos em uma jia e sobre a onda danamos

    Cintilamos em pleno fogo, a tumba desafiamos

    atravs de formas vrias em tamanho, gnero e nome

    A essncia individual a mesma, a que sempre carregamos.

    E quando alcanarmos o mais elevado grau,

    A gradao do crescer com nossas mentes relembraremos

    Para que, elo por elo, possamos junt-los todos

    E passo a passo tragar o caminho que percorremos.

    Com o tempo saberemos, o que realmente foi feito

    O que eleva e enobrece, o certo e a verdade

    Sem malicia com ningum, sempre agindo com bondade,

    Em e atravs de ns, a Deus ser feita a Vontade.

    Aventuramo-nos a dizer que h somente um pecado: a ignorncia; e s uma

    salvao: o conhecimento aplicado. Ainda o mais sbio dentre ns sabemuito pouco de tudo quanto se pode aprender, e ningum alcanou aperfeio, nem esta pode ser conseguida numa s e curta vida. Masobservamos que tudo na Natureza tende a se desenvolver lenta epersistentemente, procurando alcanar estados cada vez mais elevados; aesse processo chamamos de Evoluo.

    Uma das principais caractersticas da evoluo esta no fato de que ela se

    manifesta em perodos alternados de atividade e repouso. O ativo vero,no qual todas as coisas sobre a Terra se multiplicam e procriam, seguido pelo descanso e a inatividade do inverno. As atividades do diaalternam-se com a quietude da noite. O fluxo dos oceanos seguido pelorefluxo das mars. Assim, como todas as coisas se movem em ciclos, no razovel supor-se que a vida, que se manifesta sobre a Terra durante unspoucos anos, se acabe, quando a Morte chega, mas que to seguramente comoo Sol reaparece pela manh, depois de ter-se ocultado ao chegar a noite,tambm a vida que terminou com a morte de um corpo h de manifestar-se

    outra vez num novo veiculo e num ambiente diferente.

    Nossa Terra pode ser comparada a uma Escola a qual voltamos, vida apsvida, para aprender novas lies, da mesma forma que nossos filhos vo escola, dia aps dia, para aumentar seus conhecimentos. A criana dormedurante a noite que medeia entre dois dias de escola, e o esprito tambmtem seu descanso da vida ativa entre a morte e um novo nascimento. H,tambm, diferentes classes nesta escola do mundo, que correspondem aosdiferentes graus, desde o jardim de infncia at a Universidade. Nasclasses inferiores encontramos Espritos que s freqentaram a Escola daVida poucas vezes; estes so os atuais selvagens, mas com o tempo, far-se-o mais sbios e melhores do que nos somos agora, e ns mesmosprogrediremos em vidas futuras a alturas espirituais que atualmente nem

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    podemos conceber. Se formos aplicados na aprendizagem das lies da vida,progrediremos muito mais depressa nessa escola da vida do que sefolgarmos e desperdiarmos nosso tempo. Isso obedece aos mesmosprincpios que governam nossas instituies de ensino.

    Ns no estamos aqui pelo capricho de Deus. Ele no colocou uns num

    jardim e outros num deserto, nem tampouco deu a alguns corpos saudveis,de modo a poderem viver livres de dores e enfermidades, enquanto outrosforam colocados em pobres circunstncias que nunca se vem livres da dor.Mas o que somos devemos nossa diligncia ou negligncia, e o queseremos no futuro depender do que queiramos ser, e no do capricho de umDeus ou de um destino inexorvel. No importa quais sejam ascircunstncias; est em ns mesmos o poder de domin-las, ou seremosdominados por elas, de acordo com a nossa vontade.

    Sir Edwin Arnold exprime esta idia de modo magnfico em seu livro A Luzda sia:

    "Os Livros dizem bem, meus Irmos a vida de cada homem

    de sua anterior existncia vemos bem o resultado;

    Trazem dores e misrias os erros que praticaram,

    trazem bnos infinitas, os acertos do passado.

    Cada um tem sua dignidade, como os mais altivos a tem

    ao redor, acima e abaixo, com poderes ao dispor,

    sobre toda a humanidade e sobre tudo o que vive

    cada um livremente age causando alegria ou dor.

    Quem labutou, um escravo, como prncipe poder voltar

    por virtudes alcanadas e por nobre merecer,

    quem governou, um rei, em farrapos poder vagar

    por todas as coisas que fez e as que deixou de fazer."

    Ou ento, como disse: Ella Wheeler Wilcox

    "Um barco sai para Leste e para o Oeste um outro saicom o mesmo vento que sopra, numa nica direo.

    E a posio certa das velas e no o sopro do vento

    que determina, por certo, o caminho em que eles vo.

    Os caminhos do destino so como os ventos do mar

    conforme ns navegamos ao longo e atravs da vida.

    a ao da alma que a meta nos vai levar

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    e no a calmaria ou o constante lutar."

    Quando queremos que algum se encarregue de uma determinada misso,escolhemos uma pessoa que nos parea particularmente capacita da para

    cumpri-la e, assim, havemos de supor que um Ser Divino usaria pelo menoso mesmo bom-senso, e no escolheria qualquer um para levar esta mensagemse no estivesse capacitado para isso. Assim, pois, quando lemos naBblia que Sanso foi escolhido para destruir os Filisteus, e queJeremias foi predestinado a ser profeta, muito lgico supor-se queestavam particularmente aptos para levar a cabo sua misso. Joo, oBatista, tambm nasceu para ser o arauto do Salvador que estava parachegar e para pregar o Reino de Deus, que deve ocupar o lugar do reinadodos homens.

    Se essas pessoas no tivessem recebido uma preparao prvia, co mo

    poderiam ter-se desenvolvido para cumprir suas vrias misses e, se foramtreinadas, de que modo o foram, se no em vidas anteriores?

    Os judeus acreditavam na Doutrina do Renascimento ou, do contrrio, noperguntariam a Joo, o Batista, se ele era Elias, como est no primeiroCapitulo do Evangelho de so Joo. Os Apstolos de Cristo tambmsustentavam essa crena, como podemos ver pelo incidente relatado noCap.16 de so Mateus, onde Cristo pergunta-lhes: "Que dizem os homens queEu, o Filho do Homem, sou?" E os apstolos responderam: "Alguns dizem queTu s Joo Batista, outros que es Elias, e outros que es Jeremias, ou umdos profetas". Nesta ocasio, Cristo assentiu tacitamente com o ensino doRenascimento, porque no corrigiu seus discpulos, como seria seu dever,em sua qualidade de Mestre, se verificasse que seus discpulos tinham umaidia errnea.

    Mas a Nicodemos Ele disse inequivocamente: "A no ser que um homem nasa

    outra vez, no poder ver o reino de Deus", e no Cap.11 de So Mateus, noversculo 14, disse Cristo, referindo-se a Joo, o Batista: "Este Elias". No Cap.17 de So Mateus, no versculo 12, Ele disse: "Elias jveio, e eles no o conheceram, mas fizeram com ele o que quiseram..."."ento os discpulos compreenderam que Ele lhes falava de Joo, oBatista."

    Assim, pois, ns sustentamos que a Doutrina do Renascimento oferece parao problema da vida a nica soluo que est em harmonia com as Leis daNatureza, que responde aos requisitos ticos da questo, e nos permiteamar a Deus sem anular nossa razo, diante das desigualdades da vida edas circunstncias diversas que do comodidade e bem-estar, sade eriqueza a poucos, enquanto tudo isso negado a tantos outros.

    A teoria da hereditariedade, lanada pelos materialistas, aplica-sesomente forma pois, da mesma maneira que um carpinteiro usa material dedeterminada pilha de madeira para construir uma casa na qual h de viver,tambm o esprito toma de seus pais a substncia com a qual h deconstruir sua casa. O carpinteiro no poderia construir uma casaresistente e durvel usando madeira imprpria; e da mesma maneira, o

    esprito s pode construir um corpo semelhante ao daqueles de quem tirouo material. Mas a teoria da hereditariedade no se aplica ao plano moral,pois fato notrio que nas galerias dos criminosos da Amrica e daEuropa no h um caso em que estejam juntos pai e filho. Assim, embora osfilhos dos criminosos tenham herdado tendncias para o crime, podemmanter-se fora das malhas da Lei. A hereditariedade tambm no vitoriosa no plano intelectual, porque podem ser citados muitos casos em

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    que um gnio e um idiota saem da mesma origem. O grande Cuvier, cujocrebro era aproximadamente da mesma capacidade do de Daniel Webster ecujo intelecto foi igualmente grande, teve cinco filhos que morreram deparalisia geral. O irmo de Alexandre, o Grande, foi um idiota; em suma,

    nos sustentamos que deve ser encontrada outra soluo que possaesclarecer esses fatos da vida.

    A Lei do Renascimento, junto com sua companheira, a Lei da Causa,

    explicam tais fatos satisfatoriamente. Depois de morrermos, aps umavida, tornamos a voltar mais tarde a Terra, sob circunstnciasdeterminadas pelo modo pelo qual vivemos antes. O jogador atrado paraos cassinos e para os hipdromos, para associar-se a outros de igualgosto; o msico atrado para as salas de concertos e conservatrios,para Espritos que lhe so afins, e o Ego que volta traz consigo osgostos e averses que o obrigam a procurar seus pais entre aqueles da

    classe a que ele pertence. Mas algum pode nos apontar agora casos em quese encontram juntas pessoas de gostos inteiramente diversos, vivendo

    vidas torturadas, pelo fato de se verem agrupadas na mesma famlia,foradas pelas circunstncias a permanecerem ali contra a sua vontade.Isso, porm, no invalida a Lei, de modo algum. Em cada vida contramoscertas obrigaes que no podemos cumprir na ocasio. Talvez tenhamosfugido a um dever como, por exemplo, o de atender a um parente invlido,e a morte chegou antes de termos a compreenso desse nosso erro. Esseparente, por sua vez, pode ter sofrido muito por nossa negligncia earmazenou contra ns uma grande dose de amargura, antes que a morteterminasse o seu sofrimento. A morte, e a conseqente mudana para outroambiente, no liquida nossas dvidas desta vida, assim como a mudana deuma cidade na qual vivemos atualmente no liquida as dvidas que tenhamoscontrado antes da mudana. , portanto, perfeitamente possvel queaqueles dois que se prejudicaram mutuamente, como descrevemos, venham aser reunidos como membros de uma mesma famlia. Ento, mesmo que no se

    lembrem do mal que fizeram, a antiga inimizade se manifestar e far comque se odeiem novamente, at que a aflio resultante os obrigue a setolerarem mutuamente e, por fim, talvez, aprendam a se amar, em vez de seodiarem.

    Na mente do pesquisador tambm se apresenta essa pergunta: Seja estivemosaqui antes, por que no nos lembramos disso? Mas a essa pergunta podemosresponder que, embora a maioria das pessoas no seja consciente do modopelo qual passaram suas vidas anteriores, outras h que tem ntidalembrana de suas vidas passadas. Uma amiga do autor, por exemplo, quandovivia na Frana, comeou, certo dia, a descrever a seu filho coisas arespeito de uma certa cidade na qual iam fazer uma excurso de bicicleta,e o menino exclamou: "Me, no precisa me dizer nada disso; eu conheoessa cidade, porque nela vivi, e nela me mataram".E comeou a descrever acidade, falando de certa ponte. Posteriormente, o rapaz levou a me atessa ponte e mostrou-lhe o lugar onde havia encontrado a morte h algunssculos. Outra amiga, por ocasio de uma viagem a Irlanda, viu uma cenaque reconheceu, e tambm descreveu aos companheiros uma paisagem queseria vista atrs de uma volta do caminho, que ela nunca havia vistoantes nesta vida; assim, preciso admitir que ela havia conservado amemria de uma vida anterior. Inmeros outros exemplos poderiam sercitados, nos quais essas mincias de memria e vislumbres repentinosrevelam-nos fatos de uma vida anterior. O caso comprovado, no qual umamenina de trs anos de idade, em Santa Brbara, descreveu sua vida e suamorte j foi relatado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Esta , talvez, a

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    evidncia mais positiva, pois se baseia na narrao de uma meninademasiado pequena para que pudesse ter aprendido a mentir.

    Porm, essa teoria da vida no repousa em mera especulao. Este um dos

    primeiros fatos da vida demonstrados ao discpulo de uma Escola deMistrios. Ensina-se-lhe a observar uma criana a hora da morte, e depoisde observ-la no mundo invisvel dia aps dia, at que ela volte arenascer um ou dois anos mais tarde. Ento, ele sabe com absoluta certezaque ns voltaremos a Terra, para colher numa vida futura o que semeamosagora.

    A razo de escolher-se uma criana de preferncia a um adulto porque a

    criana renasce muito rapidamente, pois sua curta vida na Terra deu muitopoucos frutos, e estes so logo assimilados, enquanto o adulto, que viveuuma longa vida e tinha muita experincia, permanece nos mundos invisveispor sculos, de modo que o discpulo no poderia observ-lo desde a morteat o renascimento. A causa da mortalidade infantil ser explicadaposteriormente. Por enquanto, s queremos deixar bem assentado o fato deque est dentro das possibilidades de cada homem, sem exceo, tornar-secapaz de chegar ao conhecimento direto daquilo que aqui estamosensinando.

    O intervalo mdio entre duas vidas terrestres de cerca de mil anos.

    Isto determinado pelo movimento do Sol, chamado pelos astrnomos deprecesso dos equincios, movimento pelo qual o Sol se move atravs decada um dos Signos do Zodaco cerca de 2.100 anos aproximadamente.Durante esse tempo, as condies sobre a Terra tero mudado de talmaneira que o Esprito encontrar aqui experincias inteiramente novas epor isso voltar.

    Os Grandes Guias da Evoluo sempre conseguem o mximo benefcio atravs

    das condies que Eles planejam e, como as experincias nas mesmascondies sociais so muito diferentes para o homem e para a mulher, oEsprito Humano renasce duas vezes durante os 2.100 anos medidos pelaprecesso dos equincios acima mencionada, nascendo uma vez como homem eoutra como mulher. Esta a regra, mas ela est sujeita s modificaes

    que sejam necessrias a fim de facilitar a ceifar aquilo que o Espritosemeou, como requer a Lei da Causa, que atua em conjunto com a Lei doRenascimento. Desse modo, um esprito pode ser levado a renascer muitotempo antes que haja expirado os mil anos, a fim de cumprir certa misso,ou pode ser retido nos mundos invisveis at depois do tempo em quedeveria renascer, se essa lei fosse uma lei cega. Mas as Leis da Naturezano so cegas. So Grandes Inteligncias que sempre subordinam asconsideraes de menor importncia aos fins superiores, e sob suabenfica orientao estamos progredindo constantemente, vida aps vida,

    nas condies exatamente adaptadas a cada indivduo, at que, com otempo, alcancemos uma evoluo mais elevada e nos convertamos em Super-homens.

    Oliver Wendel Holmes expressou to magistralmente esta aspirao e suarealizao nestas linhas:

    "Oh! Minh'alma, constri para ti manses mais majestosas,

    enquanto as estaes passam ligeiramente!

    Abandona o teu invlucro finalmente;

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    Deixa cada novo templo, mais nobre que o anterior

    com cpula celeste, com domo bem maior,

    e que te libertes, decidida,

    largando tua concha superada nos agitados mares desta vida."

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    CAPTULO III

    Os Mundos Visveis e InvisveisA Regio Qumica

    Se algum capaz de usar conscientemente seu corpo espiritual com amesma facilidade com que usamos nossos veculos fsicos voasse da Terraaos espaos interplanetrios, a Terra e os outros planetas do nossoSistema Solar parecer-lhe-iam como se fossem compostos de trs espciesde matria. A matria mais densa, que a nossa Terra invisvel, parecer-lhe-ia como se fosse o centro do globo, tal como a gema que ocupa ocentro de um ovo. Em torno desse ncleo, ele observaria uma matria de umgrau mais sutil, disposta uniformemente em relao massa central talcomo a clara est ao redor e externamente gema. Mediante uma observaoum pouco mais atenta, descobriria tambm que essa segunda espcie desubstncia interpenetra a terra slida at o centro, do mesmo modo peloqual o sangue se infiltra pelas partes mais slidas da nossa carne. Pela

    parte externa dessas duas camadas de matria interpenetradas eleobservaria ma terceira camada, ainda mais fina, que corresponderia casca do ovo, com a diferena de que esta terceira amada a mais fina esutil dos trs graus de matria, e que interpenetra ambas as partesinternas.

    Como foi dito previamente, a massa central, vista espiritualmente, onosso Mundo Fsico invisvel, composto de slidos, lquidos e gases. Tudoisso constitui a Terra, sua atmosfera e tambm o ter, do qual a cinciafsica fala hipoteticamente, dizendo que interpenetra as substnciasatmicas dos elementos qumicos. A segunda camada de matria chamada deMundo do Desejo, e parte exterior conhecemos com o nome de Mundo doPensamento.

    Uma pequena reflexo esclarecer-nos- o assunto, mostrando que necessria essa constituio para podermos explicar os fatos da vida comonos os vemos. Todas as formas do mundo ao nosso redor so constitudas desubstncias qumicas - slidos, lquidos e gases - mas, no que se refereao seu movimento, tais formas obedecem a impulsos distintos e separadose, quando essa energia impulsionadora cessa, a forma torna-se inerte. Umamquina a vapor move-se pelo impulso que recebe de um gs invisvelchamado vapor. Antes que o vapor encha o seu cilindro, a mquinapermanece parada e, quando a fora impulsionadora desviada, seu

    movimento para novamente. O dnamo gira sob a influncia ainda mais tile uma corrente eltrica, que tambm pode fazer funcionar um aparelhotelegrfico ou fazer soar uma campainha, mas o dnamo cessa o seu giroveloz e o som persistente da campainha emudece quando se interrompe a

    passagem da corrente eltrica. A forma do pssaro, do animal e do serhumano tambm cessa seu movimento quando a fora interna que chamamosvida dela se retira.

    Todas as formas so impelidas o movimento pelo desejo: o pssaro e oanimal cruzam a terra e o ar no seu desejo de garantir o alimento e oabrigo, ou com o propsito de procriao. O homem tambm se move pordesejos semelhantes, mas tem, alm disso, outros incentivos mais elevadosque o impulsionam a esforar-se; entre eles est o desejo de semovimentar com maior rapidez, o que o levou a construir a mquina a vapore outros inventos que se movem em obedincia ao seu desejo.

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    Se no houvesse ferro nas montanhas, o homem no poderia construirmquinas. Se no houvesse clcio no solo, a estrutura ssea do esqueletoseria impossvel e se, finalmente, no houvesse este Mundo Fsico, comseus elementos slidos, lquidos e gasosos, este nosso corpo denso jamais

    teria existncia. Raciocinando de modo anlogo, toma-se logo evidente quese no houvesse um Mundo do Desejo, composto de matria de desejos, noteramos meios para formar os sentimentos, as emoes e os desejos. Umplaneta composto com os materiais que percebemos com ossos lhos fsicos ecom nenhuma outra substncia, poderia ser o reino de plantas que cresceminconscientemente as que no tem desejos que as obriguem a se mover.Entretanto, a existncia dos reinos animal e humano seria impossvel.

    Alm disso, h no mundo um nmero infinito de coisas, desde os maissimples e elementares instrumentos at inventos mais complexos,habilmente construdos pela mo do homem. Isso revela o fato de que

    existe o pensamento humano e sua habilidade. O pensamento tambm deve tersua fonte de origem, tal como a forma e o sentimento. Vimos que era

    necessrio ter o material adequado para construir uma mquina a vapor, ouum corpo e, raciocinando de modo idntico, conclumos que, para obter-sematerial para exprimir desejos; deve haver um mundo tambm composto dematria de desejos. Levando osso argumento a uma concluso lgica,sustentamos tambm que, a menos que um Mundo do Pensamento fornea umreservatrio de matria mental do qual possamos tir-la, seria impossvelpara ns pensar e inventar as coisas que vemos, mesmo sob a forma maisprimitiva de civilizao.

    Assim, pois, ser claro que a diviso de um planeta em mundos no est

    baseada numa especulao metafsica caprichosa, mas uma necessidadelgica na economia da Natureza. Portanto, deve ser levada em conta portodo aquele que queira estudar e anseie compreender a natureza internadas coisas. Quando vemos um carro movido eletricidade movimentar-se

    pelas nossas ruas, esse movimento no suficientemente explicadodizendo-se que o motor acionado por eletricidade de tantos ampres etantos volts. Esses nomes servem apenas para aumentar a nossa confuso,at que estudemos cuidadosamente a cincia da eletricidade; ento,veremos que o mistrio se aprofunda ainda mais porque, enquanto o carromovido eletricidade pertence ao mundo da forma inerte perceptvel anossa viso, a corrente eltrica que o movimenta pertence ao reino dafora, o invisvel Mundo do Desejo, e o pensamento que o inventou e que odirige vem de um mundo ainda mais sutil chamado Mundo do Pensamento, que o lar do Esprito Humano, o Ego.

    Podese objetar que esta linha de argumentao torna complexo um assuntosimples, mas um pouco de reflexo logo nos mostrar o engano dessaobjeo. Qualquer cincia vista superficialmente parece excessivamente

    simples; anatomicamente, podemos dividir o corpo em carne e osso;quimicamente, podemos fazer a diviso em slidos, lquidos e gases; mas,para dominar completamente a cincia da anatomia, e necessrio despendermuitos anos em estudos, com dedicao, e aprender a conhecer todos ospequenos nervos, os ligamentos que unem as articulaes entre as diversaspartes da estrutura ssea, estudar as diversas espcies de tecidos e suadisposio no nosso sistema, de formam os ossos, os msculos, asglndulas, etc., cujo conjunto conhecemos como corpo humano.Paracompreender bem a cincia da qumica, devemos estudar a valncia dotomo, que determina o poder de combinao dos vrios elementos,juntamente com suas outras caractersticas, tais como o peso atmico,densidade; etc. Constantemente, apresentam-se novas maravilhas ao qumico

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    mais experiente, que compreende de modo mais amplo a vastido da cinciade sua escolha.

    O advogado recm-diplomado julga saber mais e ser capaz de dar opinio

    sobre os casos mais complexos, melhor do que os Juizes do SupremoTribunal, que empregam muitas horas, meses e at anos, deliberandoseriamente sobre as decises. Mas aqueles que, sem terem estudado, cremque compreendem e que so capazes de discorrer sobre a mais profunda detodas as cincias, que a cincia da Vida e do Ser, cometem um grandeerro. Depois de anos de pacientes estudos, de uma vida santa aplicada investigao mais profunda, muitas vezes um homem fica perplexo diante daimensidade do assunto que estuda. Ele descobre que esse assunto toenorme, em ambas as direes, no extenso e no limitado, que desafia adescrio e que a linguagem humana no tem palavras para exprimir o quev. Portanto, ns sustentamos que (e falamos apoiados num conhecimento

    conseguido depois de muitos anos de investigao de profundos estudos) asdistines mais sutis que fizemos e faremos no so de forma alguma

    arbitrrias mas so absolutamente necessrias, como o so as divises edistines feitas na Anatomia ou qumica.

    No mundo Fsico, nenhuma forma tem sentimento no verdadeiro sentido dapalavra. a vida que nela mora quem sente, como veremos pelo fato de umcorpo que responde ao mais leve contacto quando est imbudo de vida nomostrar sensao alguma, mesmo que seja cortado em pedaos, depois que avida o abandonou. Foram feitas demonstraes pelos homens de cincia,particularmente pelo professor Bose, de Calcut, para mostrar que hsensao nos tecidos de um animal morto, at mesmo no estanho e emoutros metais, mas ns sustentamos que os diagramas que parecemdemonstrar seus argumentos, na realidade provam somente uma resposta aosimpactos, semelhante ao pulo de uma bola de borracha, e que no devem serconfundidas essas reaes com sentimentos, tais como amor, dio, simpatia

    e averso. Goethe tambm d-nos em sua novela "Wahlverwandtschaft"(Afinidades eletivas) belssimas ilustraes de como parece que os tomosse amam, e odeiam, pelo fato de alguns elementos se combinaremfacilmente, enquanto outros se recusam a misturar-se, fenmeno produzidopelos diferentes graus e velocidade a que vibram os diversos elementos euma desigual inclinao dos seus eixos. Somente onde vida sensvel podehaver sentimento, de prazer ou de dor, de tristeza ou de alegria.

    A Regio Etrica

    Alm dos slidos, lquidos e gases que compem a Regio Qumica do Mundo

    Fsico, h ainda um grau mais sutil de matria, chamado ter, queinterpenetra substancialmente a estrutura atmica da Terra sua atmosfera,como ensinado pela cincia. Os cientistas nunca viram, no pesaram, nem

    mediram ou analisaram essa substncia, mas admitem que ela deve existir,para que se possa efetuar a transmisso da luz e vrios outros fenmenos.Se nos fosse possvel viver num quarto de onde tivesse extrado o ar,poderamos falar com a maior intensidade da voz, tocar a mais poderosadas campainhas ou at disparar um canho junto ao nosso ouvido, e nemassim ouviramos o menor som, porque o ar o meio de transmisso asvibraes do som ao tmpano do ouvido e, neste caso, faltaria esse ar.Mas, se fosse acesa uma luz eltrica, perceberamos imediatamente seusraios; a luz iluminaria o quarto, apesar da falta de ar. Da se concluique deve haver uma substncia capaz de ser posta em vibrao entre a luzeltrica e nossos olhos. A este meio os cientistas chamam de ter, mas to sutil que ainda no se pode inventar nenhum instrumento capaz de

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    medi-lo ou de analis-lo; por isso os homens de cincia possuem poucasinformaes a seu respeito, embora sejam forados a postular a suaexistncia.

    No pretendemos diminuir o valor das descobertas dos cientistas modernos.Temos a maior admirao por eles e estamos em grande expectativa diantedas ambies que os levam a novas conquistas, mas percebemos que h umalimitao no fato de todas as descobertas do passado terem sido feitasmediante a criao de maravilhosos instrumentos empregados da maneiramais engenhosa para resolver os problemas aparentemente insolveis eenigmticos. O poder da cincia est principalmente nos seusinstrumentos, pois o cientista pode fumar: "Combinemos uma quantidade decristais colocados de certo modo, dentro de um tubo, e dirijamos essetubo para um determinado ponto do espao, onde agora nada se v a olhonu. Veremos, ento, um belssimo astro chamado Urano". Se forem

    observadas todas as suas instrues, qualquer pessoa ser capaz,rapidamente e sem preparo algum, de provar por si mesma a verdade da

    afirmao do cientista. Mas, desde que os instrumentos da cincia so atorre da sua fora, marcam tambm o limite do seu campo de investigao,porque impossvel pr-se em contacto com o Mundo Espiritual atravs deinstrumentos fsicos, de modo que a investigao dos ocultistas comeaonde o cientista Fsico encontra o seu limite, e segue adiante por meiosespirituais.

    As investigaes dos ocultistas so to cuidadosas e to dignas de

    confiana quanto s investigaes feitas pelo cientista materialista,embora no sejam to facilmente demonstrveis ao pblico em geral. Ospoderes espirituais encontram-se adormecidos dentro de cada ser humano e,quando espertam, compensam a falta do microscpio ou do telescpio, poispermitem ao seu possuidor investigar instantaneamente as coisasexistentes alm do vu da matria. Mas essas faculdades s se desenvolvem

    pela aplicao paciente e pela continuidade da prtica que se prolongapor muitos anos, e so muito poucos os que tm f para comear apercorrer o caminho do conhecimento, ou a persistncia necessria paraprosseguir no caminho das provaes. Por esta razo, as afirmaes dosocultistas no tm crdito.

    Entenderemos facilmente que uma longa provao deva preceder essa

    realizao, porque uma pessoa possuidora de viso espiritual capaz depenetrar atravs das paredes de uma casa to facilmente como nscaminhamos atravs do ar; pode ler vontade os pensamentos maisreservados dos que lhe esto prximos e, se uma pessoa dotada desemelhante poder no fosse levada pelos motivos mais puros edesinteressados, seria um flagelo para a humanidade. Por esta razo, estepoder est protegido, do mesmo modo que tiraramos uma bomba de dinamite

    do alcance de um anarquista, ou de uma pessoa ignorante, mesmo que fossebem intencionada. Pela mesma razo, tiraramos os fsforos e um barril deplvora do alcance de ma criana.

    A bomba de dinamite na mo de um engenheiro experiente pode ser usadapara abrir estradas, para o desenvolvimento do comrcio, e um agricultorinteligente pode usar a plvora com boa finalidade para limpar o campo develhos troncos de arvores. Mas, nas mos de um criminoso mal-intencionado, ou de uma criana ignorante, um explosivo pode destruirmuitas propriedades e muitas vidas. A fora a mesma, mas est sendo

    usada diferentemente, de acordo com a inteno ou a habilidade de quem ausa, podendo produzir resultados de natureza oposta. Assim tambm

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    acontece com os poderes espirituais. H um segredo neles, como num cofrede banco, que mantm a todos afastados at merecerem o privilgio depossu-lo, e tenha chegado o tempo do seu emprego.

    Como j dissemos, o ter matria fsica, sensvel s mesmas leis quegovernam as outras substncias fsicas neste plano de existncia. Porisso s se requer uma pequena extenso da viso fsica para ver-se o ter(que dividido em quatro graus de densidade); o halo azulado que se vnos desfiladeiros das montanhas realmente ter da espcie chamada deter qumico, pelos investigadores ocultistas. Muitas pessoas que vemesse ter no esto cientes de que possuem uma faculdade que no comuma todos. Outras, que desenvolveram a viso espiritual, no so dotadas deviso etrica, fato esse que parece uma anomalia at que se compreendamais profundamente o assunto da clarividncia.

    A razo que, como o ter matria fsica, a viso etrica depende dasensibilidade do nervo tico, enquanto a viso espiritual adquirida elodesenvolvimento das foras vibratrias latentes em dois pequenos rgossituados no crebro: o Corpo Pituitrio e a Glndula Pineal. Pessoasmopes podem ter viso etrica, apesar de no serem capazes de ler esletras de um livro, podendo, porm, ter a faculdade de "ver atravs deuma parede", devido ao fato de que seu nervo tico responde maisrapidamente s vibraes sutis do que s vibraes grosseiras.

    Quando qualquer pessoa v um objeto com a viso etrica, v atravs desse

    objeto, da mesma maneira como os Raios X penetram nas substncias opacas.Se uma pessoa dotada de tal faculdade olha uma: mquina de costura,perceber primeiramente a caixa externa, depois as peas no interior, ealm disso, ver a parte mais afastada da caixa.

    Se desenvolveu o grau de viso espiritual que lhe abre o Mundo do Desejo

    e olha para o mesmo objeto, ver este por dentro e por fora ao mesmotempo. Se o observa mais de perto, perceber todos os seus diminutostomos rodopiando em seus eixos, sem que a menor partcula fique excludada sua percepo.

    Mas, se a sua viso espiritual foi desenvolvida em tal grau que capazde ver a mquina de costura com a viso peculiar do Mundo do Pensamento,ela perceber uma cavidade onde antes viu uma forma.

    As coisas vistas com a viso etrica so muito parecidas na colorao.

    So quase vermelho-azulada, prpura ou violeta, dependendo da densidadedo ter mas, quando vemos um objeto com a viso espiritual, que pertenceo Mundo do Desejo, ele cintila e resplandece em milhares de cores semprecambiantes, to indescritivelmente belas, que s podem ser comparadas a

    um fogo vivo. O autor, por esta razo, chama este grau de capacidade deviso da cor mas, quando a viso espiritual do Mundo do Pensamento omeio de percepo, o vidente encontra em acrscimo, alm de cores aindamais belas, que emanam da cavidade a que j nos referimos, um fluxoconstante de um certo som harmonioso. De modo que este mundo no qual goravivemos conscientemente e que percebemos por meio dos nossos sentidos

    fsicos essencialmente o mundo da forma; o Mundo do Desejo especialmente o mundo da cor; e o Mundo do Pensamento o reino do som.

    Devido relativa proximidade ou distncia desses mundos, uma esttua,

    uma forma, desafia os estragos do tempo durante milnios, mas as cores deuma pintura se desbotam em muito menos tempo, porque vem do Mundo doDesejo, e a msica, que tem sua origem no mundo mais afastado de ns, o

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    Mundo do Pensamento, como o fogo-ftuo, que ningum pode deter ouaprisionar, desaparecendo logo que tenha sido ouvida. Mas h na cor e namsica uma compensao por essa crescente evanescncia.

    A esttua fria e inanimada, como o mineral de que feita, e exerceatrao somente sobre poucos, embora sua forma seja uma realidadetangvel.

    As formas de uma pintura so ilusrias, ainda que expressem vida devido cor que vem de uma regio na qual nada inerte e sem vida. Por estarazo, a pintura apreciada por muitos.

    A msica intangvel e efmera, mas provm do Mundo do Esprito e,

    embora seja to fugaz, reconhecida pelo Esprito como uma linguagem daalma, vinda diretamente do mundo celestial, como um eco do nosso lar doqual agora estamos exilados, tocando, portanto, uma corda sensvel emnosso ser, no importando se compreendemos ou no motivo real disso.

    Vemos, pois, que h vrios graus de viso espiritual, cada um adaptado aoreino suprafsico que se abre a nossa percepo: viso etrica, viso dacor e viso tonal.

    O investigador ocultista verifica que o ter de quatro classes ou dedensidade, a saber: o ter qumico, o ter da Vida, o ter de Luz e oter Refletor.

    O ter qumico o meio de expresso das formas que promovem aassimilao, o crescimento, a manuteno da forma.

    O ter da Vida o campo de manifestao das foras que atuam napropagao, ou seja, na construo de novas formas.

    O ter de Luz transmite o poder motor do Sol ao longo dos vrios nervosdos corpos vivos e torna possvel o movimento.

    O ter Refletor recebe impresso das imagens de tudo o que existe; vive ese move. Ele tambm grava todos os acontecimentos, de modo semelhante aofilme de uma cmara cinematogrfica. Neste registro, os mdiuns epsicmetras podem ler o passado, baseados no mesmo princpio em que, sobcondies adequadas, os filmes so reproduzidos uma ou mais vezes.

    Temos falado do ter como um meio ou caminho de foras, uma que no temsentido concreto para as mentes comuns, porque a fora invisvel. Mas,para um investigador ocultista, as foras no so apenas nomes, tais comovapor, eletricidade, etc. Ele as percebe como seres inteligentes, dediferentes graus, sejam sub ou supra-humanos. O que chamamos de "Leis daNatureza" so grandes inteligncias que guiam seres mais elementares, deacordo com certas regras destinadas a ampliar tua evoluo.

    Na Idade Mdia, quando ainda havia muitas pessoas dotadas de uma

    reminiscncia de clarividncia negativa, falava-se em Gnomos, Duendes eFadas, que vagavam pelas montanhas e pelos bosques. Esses seres so osEspritos da terra. Tambm se falava das Ondinas ou Espritos da gua quehabitavam os rios e os arroios; das Silfos, que pairavam sobre a nvoados vales e pntanos, como Espritos do ar. Mas pouco se falava dasSalamandras, pois estas so Espritos do fogo, no sendo portantodescobertas ou acessveis to facilmente maioria das pessoas.

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    As antigas lendas tradicionais so agora consideradas como supersties;mas, no obstante, uma pessoa dotada de viso etrica pode perceber ospequenos gnomos construindo a verde clorofila nas folhas das plantas edando s flores as mltiplas e delicadas tonalidades de cores que

    deleitam ao nosso olhar.

    Os cientistas tentaram, vez por outra, dar-nos uma explicao adequada dofenmeno do vento e da tormenta, mas falharam notavelmente, nem oconseguiro enquanto procurarem uma soluo mecnica para aquilo querealmente uma manifestao da Vida. Se fossem capazes de ver as hostesde Silfos voando de um lado para outro, eles saberiam quem e quais so oselementos responsveis pela inconstncia do vento; se pudessem observaruma tempestade martima por meio da viso etrica, perceberiam que afrase ''luta dos elementos" no uma frase vazia, porque o mar verdadeiramente um campo de batalha de Silfos e Ondinas, e o ulular datempestade o grito de guerra dos espritos do ar.

    Tambm as Salamandras se encontram por toda a parte e no h fogo quepossa ser aceso sem o seu auxlio, porm so mais ativas ocultamente, nointerior da Terra, onde so responsveis pelas exploses e erupesvulcnicas.

    As classes de seres que acabamos de mencionar ainda so subumanas; mas,

    dentro de algum tempo, alcanaro um estgio de evoluo correspondenteao humano, embora sob circunstncias diferentes das que agora servem parao nosso desenvolvimento. Contudo, presentemente, as maravilhosasinteligncias que chamamos de Leis da Natureza dirigem os exrcitos dasentidades menos desenvolvidas.

    Para chegar melhor compreenso do que so esses diferentes seres e sua

    relao conosco, damos o seguinte exemplo: Suponhamos que um mecnico

    esteja construindo uma mquina e que a seu lado um co o observe. O cov o homem em seu trabalho e o modo como usa suas diversas ferramentaspara dar forma aos materiais e tambm como a mquina lentamente vaitomando forma com o uso de metais rudes como o ferro, o ao, o lato eoutros. O co um ser de uma evoluo inferior e no compreende a

    inteno do mecnico; no obstante, v tanto o trabalhador como o seutrabalho, e o resultado que se apresenta como uma mquina.

    Suponhamos agora que o co s fosse capaz de ver os materiais que

    lentamente vo mudando de forma, se juntam e se convertem numa mquina,mas que no pudesse perceber o trabalhador nem a atividade que eledesenvolve. Neste caso, o co estaria em relao ao mecnico na mesmasituao que ns estamos em relao as Grandes Inteligncias que chamamosLeis da Natureza e seus auxiliares, os espritos da natureza, porque

    vemos as manifestaes do seu trabalho como Fora que move a matria dediferentes maneiras, mas sempre sob condies imutveis.

    No ter tambm podemos observar os Anjos, cujo corpo mais denso feitodesse material, assim como o nosso corpo fsico formado de gases,lquidos e slidos. Esses Seres esto um passo alm do estado humano,

    assim como ns estamos um grau mais avanados em relao evoluoanimal. Todavia, nunca fomos animais semelhantes aos da fauna atual;contudo, num estgio anterior no desenvolvimento do nosso planeta,tivemos uma constituio semelhante do animal. Nessa ocasio, os Anjoseram humanos, mas nunca possuram um corpo denso como o nosso, nem nuncaatuaram em nenhuma matria mais densa do que o ter. Algum dia, nofuturo, a Terra voltar a ser etrica. Ento o homem ser semelhante aos

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    Anjos. Por isso a Bblia nos diz que o homem foi feito um pouco inferioraos Anjos (Epstola de So Paulo aos Hebreus, Cap. 2, vers. 7). Como oter a avenida das foras vital e criadora, e como os Anjos so peritosconstrutores do ter, podemos facilmente compreender que esto altamente

    capacitados para serem os sentinelas das foras propagadoras no vegetal,no animal e no homem. Na Bblia ns os encontramos encarregados dessatarefa: Dois Anjos foram a Abrao e lhe anunciaram o nascimento de Isaac,prometendo um filho ao homem obediente a Deus. Mais tarde, esses mesmosAnjos destruram Sodoma por causa do abuso da fora criadora. Foramtambm Anjos que anunciaram aos pais de Samuel e de Sanso o nascimentodaqueles gigantes do crebro e dos msculos. A Isabel apareceu o Anjo(no Arcanjo) Gabriel e anunciou-lhe o nascimento de Joo, e depoisapareceu tambm a Maria com a mensagem de que ela havia sido eleita paraconceber Jesus.

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    O Mundo do Desejo

    Quando a viso espiritual se desenvolve at o ponto em que nos tornapossvel percepo do Mundo o Desejo, o nefito se defronta com muitas

    maravilhas, pois as condies so to diferentes do Mundo fsico que umrelato delas parece to inacreditvel como um conto de fadas paraqualquer pessoa que no as tenha visto com seus prprios olhos.

    Muitos nem podem acreditar a existncia de semelhante mundo, em que

    outras pessoas possam ver aquilo que invisvel para eles; no obstante,h muitas pessoas cegas s belezas deste mundo que ns vemos. Um cego denascena poderia dizer-nos: "Sei que este mundo existe. Posso ouvir,cheirar, sentir e, sobretudo, posso receber sensaes dele; mas quandovocs falam da luz e da cor, para mim essas coisas no existem. Vocsdizem que vem tais coisas, mas eu no posso acreditar porque eu mesmono posso v-las. Vocs dizem que a luz e a cor me rodeiam, mas nenhumdos sentidos que possuo me revelam essas coisas, e no posso creditar queexista o sentido que vocs chamam de viso. Creio que vocs esto

    sofrendo de alucinaes". Poderamos nos compadecer muito sinceramentedesse pobre homem assim afetado mas, apesar do seu raciocnio eceticismo, das suas objees e reclamaes, seramos obrigados asustentar que nos vemos a os e a cor.

    O homem cuja viso espiritual foi despertada encontra-se em situao

    semelhante em relao aos que no percebem o Mundo do Desejo, do qual elefala. Se o cego adquire a faculdade da viso por uma operao, seus olhosabrir-se-o e ser obrigado a admitir a existncia da luz e da cor, queanteriormente negava; do mesmo modo, quando a viso espiritual adquirida por qualquer pessoa, ela tambm percebe por si mesma os fatosrelatados por outros. Tampouco constitui argumento contra a existnciados planos espirituais o fato de variarem as descries das condies domundo invisvel feitas pelos videntes. No precisamos mais do que ler os

    livros de viagens e comparar os relatos apresentados pelos exploradoresda China, da ndia ou da frica, para vermos que suas descries variamimensamente e, s vezes, so contraditrias, porque cada viajante viu ascoisas do seu ponto de vista, sob condies diferentes das encontradaspor seus colegas. Sustentamos que a pessoa que leu o maior nmero dessesrelatos diferentes acerca de um determinado pas, mesmo que se sintaconfusa pelas contradies dos narradores, ter uma idia mais ampladesse pas e dos seus habitantes do que a pessoa que apenas leu umahistria em que todos os autores estivessem de acordo. Da mesma forma, asdiferentes verses dos visitantes do Mundo do Desejo so de valor, porquedo uma viso mais ampla e completa do que se todos tivessem visto ascoisas de l, o esmo ngulo.

    Neste mundo, a matria e a fora so muito diferentes. A principalcaracterstica da matria, aqui, a inrcia, isto , a tendncia a

    permanecer imvel at que seja acionada por uma fora que a ponha emmovimento. No Mundo do Desejo, pelo contrrio, a fora e a matria soquase indistintas uma da outra. Quase poderamos chamar a matria dedesejos de fora-matria, porque est em incessante movimento,respondendo ao mais leve sentimento da vasta multido de seres que povoamesse maravilhoso Mundo da Natureza. Freqentemente falamos dos"prolficos milhes" da China ou da ndia, e at as nossas grandescidades, como Londres, Nova York, Paris ou Chicago, considerando-asextremamente super-povoadas; mas mesmo a mais densa populao de qualquerponto da Terra extremamente rarefeita comparada com o superlotado Mundodo Desejo. Porm, seus habitantes no sentem por isso nenhum incmodo,

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    porque enquanto aqui, no nosso mundo Fsico, duas coisas no podem ocuparo mesmo lugar no espao, l muito diferente. Pode existir uma multidode seres ou de coisas no mesmo lugar e no mesmo momento, e estaremocupadas nas atividades mais diversas, sem interferirem naquilo que fazem

    os outros, tal a maravilhosa elasticidade da matria de desejo.Comoexemplo, podemos mencionar um caso em que o autor, enquanto assistia a umservio religioso, percebeu claramente no altar certos seres interessadosem facilitar o servio e trabalhando para conseguir esse objetivo. Aomesmo tempo, cruzou o espao e passou sobre o altar uma mesa em redor daqual quatro pessoas jogavam cartas. Esses seres estavam alheios existncia daqueles que se dedicavam a atender nosso servio religioso,como se eles no existissem.

    O Mundo do Desejo a morada da maioria dos que morreram durante um tempomais ou menos longo aps esse evento, a esse respeito podemos dizer que

    os chamados "mortos" esto freqentemente, durante um grande perodo detempo, entre os seus amigos que ainda vivem.Invisveis para seus

    familiares, eles se movem pelos lugares que lhes eram habituais. Aprincpio, muitas vezes eles esto inconscientes dessa situao jmencionada de que duas pessoas podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempoe de que quando se sentam numa cadeira mesa, um ser vivo pode ocupar omesmo lugar supostamente vazio. A pessoa que erroneamente chamamos demorta, a princpio sair rapidamente da cadeira, para evitar que sesentem em cima dela, mas logo ela aprender que, mesmo que isso acontea,no a molestaro em virtude da sua atual condio e que ela poderpermanecer sentada, sem cuidados.

    Nas regies inferiores do Mundo do Desejo pode ser visto o corpo completode cada ser, mas nas regies superiores parece que s as cabeaspermanecem. Rafael que, como muitas outras pessoas da Idade Mdia, eradotado da faculdade que chamamos de segunda viso, mostrou-nos essa

    condio em sua Madona da Sixtina, que agora est na Galeria de Arte deDresden, em que a Virgem e o menino Cristo so representados como seestivessem flutuando numa atmosfera dourada, rodeados de uma hoste decabeas de espritos, condies que o investigador ocultista sabe estarde acordo com os fatos reais.

    Entre as classes de entidades que, por assim dizer, so "nativos" daquele

    reino da natureza, talvez nenhuma seja mais conhecida no mundo Cristo doque os Arcanjos. Esses Seres elevados foram humanos no tempo da histriada Terra em que ainda ramos idnticos s plantas. Desde ento javanamos dois graus, atravs dos estados de desenvolvimento animal ehumano. Os atuais Arcanjos tambm avanaram dois graus no seu progresso:um no qual foram semelhantes aos que agora so os Anjos, e deram outropasso pelo qual se tornaram aquilo que agora denominamos Arcanjos.

    Apesar de diferir do nosso em sua forma, seu corpo mais denso feito de

    matria de desejo e usado por eles como veculo de conscincia, damesma maneira pela qual usamos o nosso corpo Fsico. Os Arcanjos soperfeitos manipuladores das foras do Mundo do Desejo e essas foras,como veremos, impelem o mundo inteiro ao. Por esta razo os Arcanjostrabalham com a humanidade no sentido do desenvolvimento industrial epoltico, como rbitros dos destinos dos povos e das naes. Tambmpodemos dizer que os Anjos so os Espritos da Famlia, cuja misso unir uns tantos Espritos como membros de uma famlia, unindo-os pelos

    laos do sangue e pelo amor da espcie, enquanto os Arcanjos podem serchamados de Espritos raciais e nacionais, porque unem as naes pelo

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    patriotismo, pelo amor ao lar e ao pas. Eles so responsveis pelaelevao e queda das naes; do a paz ou a guerra, vitrias ou derrotas,isto , aquilo que melhor sirva aos interesses do povo que regem.Podemoscomprovar isso, por exemplo, pelo livro de Daniel, onde o Arcanjo Miguel

    (que no deve ser confundido com Miguel, embaixador do Sol na Terra) chamado de Prncipe dos filhos de Israel. Outro Arcanjo diz a Daniel (noCap. X) que Ele tenciona lutar contra o Prncipe da Prsia por meio dosGregos.

    H diversos graus de inteligncia entre os seres humanos; alguns so

    capazes de ocupar posies elevadas, inteiramente fora do alcance deoutros. Assim tambm acontece com os seres superiores. Nem todos osArcanjos esto preparados para governar uma nao ou reger os destinos deuma raa, povo ou tribo; alguns h que de forma alguma esto aptos parapoder governar os seres humanos mas, como os animais tambm tem uma

    natureza de desejos, esses Arcanjos de graus inferiores governam osanimais como Espritos-Grupos e, dessa maneira, se desenvolvem adquirindo

    capacidade superior.

    O trabalho dos Espritos da Raa pode ser facilmente observado no povoque governam. Quanto mais baixo na escala da evoluo est um povo, tantomais mostra ele as suas caractersticas raciais. Isto devido ao doEsprito da Raa. Um Esprito nacional o responsvel pela ctis morenacomum aos italianos, enquanto outro, por exemplo, responsvel por todosos escandinavos serem louros. Nos tipos mais avanados da humanidade, ha mais ampla divergncia do tipo comum, devido individualizao do Ego,que, deste modo, exprime na forma e nas feies suas idiossincrasiasparticulares. Entre os tipos mais inferiores da humanidade, tais como osMongis, os negros nativos da frica e os ilhus dos mares do sul, asemelhana dos indivduos de cada tribo quase impossibilita aosocidentais civilizados distingui-los entre si. Entre os animais, onde o

    esprito separado no est individualizado, nem tem conscincia prpria,a semelhana no apenas fsica mas tambm se estende aos gostos ecaractersticas. Podemos escrever a biografia de um homem, porque asexperincias de cada um difere da dos outros e seus atos so distintos,mas no podemos escrever a biografia de um animal, pois todos os membrosda mesma espcie agem do mesmo modo nas mesmas circunstncias.Se, por umlado, quisermos conhecer os feitos de Eduardo VII, de nada nos servirestudar a vida do prncipe consorte, seu pai, ou de Jorge V, seu filho,desde que ambos sero inteiramente diferentes de Eduardo.Com o propsitode saber que espcie de homem ele foi, teremos necessidade de estudar suavida individual. Se, por outro lado, queremos conhecer as caractersticasdos castores, podemos observar qualquer um de sua espcie e, quandotivermos estudado os seus hbitos, conheceremos os hbitos de toda aespcie dos castores. O que chamamos de "instinto" , na realidade adireo dos "Espritos-Grupos" que governam os membros separados de cadaespcie animal, telepaticamente, por assim dizer.

    Os antigos Egpcios tinham conhecimento destes Espritos-Grupos dos

    animais e desenhavam muitos deles toscamente, sobre os muros dos templose das tumbas. Tais figuras, com corpo humano e cabea de animal, vivemrealmente no Mundo o Desejo. Pode-se falar com eles e verificar que somais inteligentes que o nvel mdio dos seres humanos.

    Esta afirmao faz surgir outra peculiaridade das condies do Mundo do

    Desejo a respeito da linguagem. Aqui, no nosso mundo, a linguagem humana to variada que h paises em que as pessoas que vivem a apenas alguns

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    quilmetros de distncia falam um dialeto to diferente que s com grandedificuldade se entendem entre si, e cada nao tem seu idioma prprio quedifere totalmente da lngua dos demais.

    Nas Regies inferiores do Mundo do Desejo h a mesma diversidade delnguas que na Terra, e os chamados "mortos" de uma nao estoimpossibilitados de conversar com pessoas que viveram em outro pas. Dao grande valor do conhecimento de lnguas para os "AuxiliaresInvisveis", dos quais falaremos mais diante, porque sua esfera deutilidade se alarga enormemente