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Administração da Produção e Sistemas de Informação - MECANISMOS DE INTERIORIZAÇAO DOS CUSTOS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA: RUMO A MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO Carmem Silvia Sanches Mestre e doutoranda em Administração de Empresas pela EAESP/FGV. E-mail: [email protected] RESUMO: A fim de motivar mudanças no comportamento da indústria em relação ao meio ambiente, estão sendo implementados, especialmente nos países desenvolvidos, mecanismos de interiorização de custos ambientais. Dentre os mecanismos até então disponíveis, podem-se destacar, mais especificamente, as abordagens de co- mando e controle, os instrumentos econômicos e a auto-regulação, que são aqui apresentados e amparados por prós e eontras, assim como as vantagens e desvantagens sob o ponto de vista do empresariado, pois há uma intensa polêmica em torno da eficiência e eficácia de cada um deles para produzir as respostas desejadas por parte das empresas industriais. ABSTRACT: In order to motivate changes in the behaviour of the industry regarding environment, interiorization mechanisms of environment costs have been developed, special/y in developed countries. Among the available mechanisms, we can emphasize more specifical/y the approaches of command and control, the economic instruments, and the auto-regulation. There is an intensive controversy related to efficiency and effectiveness of each mechanism to produce the desirable answers from industrial enterprises, and they are here presented and supported by pros and cons, as wel/ as advantages and disadvantages under the point of view of management. PALAVRAS-CHAVE: meio ambiente, indústria, mecanismos de interiorização de custos ambientais, auto- regulação, ISO 14000. KEY WORDS: environment, industry, interiorization mechanisms of environment costs, auto-regulation, ISO 14000. 56 RAE - Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 37, n. 2, p. 56-67 Abr.lJun. 1997

MECANISMOS DE INTERIORIZAÇAO DOS CUSTOS AMBIENTAIS … · los sobre os consumidores ou produtores en-volvidos, efeitos estes que não são plenamen-te refletidos nos preços de mercado",

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Administração da Produção e Sistemas de Informação

-MECANISMOS DE INTERIORIZAÇAODOS CUSTOS AMBIENTAIS NA

INDÚSTRIA: RUMO A MUDANÇASDE COMPORTAMENTO

Carmem Silvia SanchesMestre e doutoranda em Administração de

Empresas pela EAESP/FGV.E-mail: [email protected]

RESUMO: A fim de motivar mudanças no comportamento da indústria em relação ao meio ambiente, estão sendoimplementados, especialmente nos países desenvolvidos, mecanismos de interiorização de custos ambientais.Dentre os mecanismos até então disponíveis, podem-se destacar, mais especificamente, as abordagens de co-mando e controle, os instrumentos econômicos e a auto-regulação, que são aqui apresentados e amparados porprós e eontras, assim como as vantagens e desvantagens sob o ponto de vista do empresariado, pois há umaintensa polêmica em torno da eficiência e eficácia de cada um deles para produzir as respostas desejadas porparte das empresas industriais.

ABSTRACT: In order to motivate changes in the behaviour of the industry regarding environment, interiorizationmechanisms of environment costs have been developed, special/y in developed countries. Among the availablemechanisms, we can emphasize more specifical/y the approaches of command and control, the economicinstruments, and the auto-regulation. There is an intensive controversy related to efficiency and effectiveness ofeach mechanism to produce the desirable answers from industrial enterprises, and they are here presented andsupported by pros and cons, as wel/ as advantages and disadvantages under the point of view of management.

PALAVRAS-CHAVE: meio ambiente, indústria, mecanismos de interiorização de custos ambientais, auto-regulação, ISO 14000.

KEY WORDS: environment, industry, interiorization mechanisms of environment costs, auto-regulation, ISO14000.

56 RAE - Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 37, n. 2, p. 56-67 Abr.lJun. 1997

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MECANISMOS DE INTERIORIZAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA ...

As atividades industriais são de extrema re-levância para a conformação da sociedademoderna, influenciando (e sendo influenciadaspor) valores e atitudes dessa sociedade, assimcomo seu processo de desenvolvimento e cres-cimento econômico. Até algumas décadas atrás,porém, esse processo não considerava os efei-tos adversos nos ecossistemas e na própria so-ciedade, permitindo que emergissem problemassociais e ambientais que cada vez mais tornam-se críticos para o bem-estar da sociedade, comoa miséria e a pobreza, o desemprego, a devas-tação de solos produtivos, a poluição das águase do ar, entre outros.

A Conferência das Nações Unidas sobre oMeio Ambiente Humano (realizada em Esto-colmo, em 1972) evidenciou que os proble-mas ambientais têm um caráter relevante paraa sociedade moderna e envolvem a participa-ção de todos os agentes econômicos. A Con-ferência das Nações Unidas sobre Meio Am-biente e Desenvolvimento e o Fórum Globaldas Organizações Não-Governamentais(ONGs), realizados em 1992 no Rio de Janei-ro, ratificaram essa importância e a necessi-dade de cooperação.

De uma forma geral, pode-se dizer que todaa trajetória da questão ambiental, desde a dé-cada de 70 até o momento, enfatiza que as so-luções envolvem ações e responsabilidades detodos os agentes sociais e econômicos, taiscomo a sociedade civil, os governos e tambémo setor privado, evidenciando-se ainda que sãonecessárias mudanças nas práticas econômi-cas em todo mundo, a fim de se estabelecer umnovo patamar de decisões e critérios que orien-tem o uso de todos os recursos - financeiros,tecnológicos, físicos, humanos e naturais.

Na indústria, a conscientização acerca daproblemática e da necessidade de mudançasjá se vem ampliando, e o desafio lançado emfóruns internacionais está sendo colocado àsempresas dentro de seus próprios ambientesde negócios, mediante pressões cada vez mai-ores exercidas por diversos agentes, particu-larmente a sociedade civil e os governos.

A atuação da sociedade civil e dos gover-nos sobre a indústria, a fim de que esta incor-pore a problemática ambiental em suas ativi-dades produtivas e de negócios, vem-se in-tensificando através de diversas formas, den-tre elas as pressões exercidas por comunida-des locais e grupos ambientalistas diretamen-te sobre as empresas, as regulamentações eoutras políticas ambientais governamentais

etc. Nesse contexto de pressões em prol dacausa ambiental, vale destacar particularmentea ampliação do papel e da atuação das organi-zações não-governamentais (ONGs), entida-des privadas sem fins lucrativos. O principalpapel das ONGs tem sido o de atuar como gru-pos de pressão junto aos poderes econômicose políticos - ou mesmo como gestoras de pro-gramas de conservação de reservas naturais,de pesquisa científica e de educação ambientaljunto às comunidades - proporcionando umaampliação da percepção pública acerca dos pro-blemas ambientais, assim como a mobilizaçãode parte da sociedade em busca de soluções paraos problemas sociais e ambientais.

Mas mesmo com todas essas pressões, hánumerosos obstáculos à mudança imediatanas práticas industriais, como será mostradoa seguir.

As dificuldades de lidar comas questões ambientais porparte da indústria reflete asdúvidas, as incertezas e osvalores a que a sociedadecomo um todo est6 suleita.

AGENTES DE MUDANÇAS

A problemática ambiental exigeconscientização para que se adotem soluçõespráticas, viáveis. As soluções mais eficazes,conforme atestam inclusive documentos inter-nacionais (como o relatório The Limits toGrowth, do Clube de Roma, de 1974,' o rela-tório Nosso Futuro Comum, da ComissãoMundial de Meio Ambiente e Desenvolvimen-to (CMMAD),2 e a Agenda 2P), relacionam-se à mudança do comportamento dos agenteseconômicos. No entanto, algumas dificulda-des para a realização dessas mudanças dizemrespeito ao comportamento dos próprios agen-tes indutores sobre a indústria, a saber:

a) a sociedade civil: há uma aparente relu-tância por parte dos consumidores em re-duzir significativamente seus próprios ní-veis de consumo. Um exemplo refere-se àdependência que a sociedade tem do carropara sua mobilidade e ao fato de ainda não

© 1997, RAE - Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil

1. VIGEVANI, Tulio. Meio Ambiente erelações intemacionais: a questão dosfinanciamentos. São Paulo, IEA/USP(Coleção Documentos, Série AssuntosInternacionais, 31), 1994, p. 11-13.

2. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIOAMBIENTE E DESENVOLVIMENTO(CMMAD). Nosso Futuro Comum. 2 ed.,Rio de Janeiro: Editora da FundaçãoGetúlio Vargas, 1994.

3. UNCED. Agenda 21. Rio de Janeiro:United Nations Conference onEnvironment and Development (UNGED),1992.

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4. BUCHHOLZ, Rogene A.; MARCUS,Alfred A.; POST, James E. ManagingEnvironmental Issues: a Casebook.Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall,1992, p. xi-xii.

5. FISHER, S.; DORNBUSH, R.Introduction to Microeconomics. NewYork, McGraw Hill, 1983. Citado porCOMUNE, Antonio E. Meio Ambiente,Economia e Economistas: uma brevediscussão, p. 50. In MAY, P. H.; MOnA,R. S. (Orgs.). Valorando a Natureza -Análise Econômica Para oDesenvolvimento Sustentável. Rio deJaneiro: Campus, 1994, p. 45-59.

6. COMUNE, Antonio E. Meio Ambiente,Economia e Economistas: uma brevediscussão. In MAY, P. H.; MOnA, R. S.(Orgs.). Valorando a Natureza - AnáliseEconômica Para o DesenvolvimentoSustentá vel. Rio de Janeiro: Campus,1994, p. 45-59.

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ter exercido uma mudança de comporta-mento radical em relação a esse produto.Já em países em desenvolvimento, como oBrasil, grande parcela da população vive,de forma tão aguda, problemas econômi-cos e sociais relacionados à subsistência eàs necessidades básicas, que tendem a ex-cluir a problemática ambiental de suaspreocupações.

b) o Governo: muitas das medidas e políti-cas adotadas visam a "alcançar" a natu-reza no sentido de tentar reparar os da-nos acumulados no passado. Assim, con-centram-se muito mais em tratar os efei-tos ambientais visíveis, como a poluição,sem se preocupar com as verdadeiras cau-sas e preveni-las.

A essas dificuldades, referentes aos prin-cipais grupos de pressão sobre a indústria,adicionam-se outras barreiras que vêm difi-cultando não só a adoção de práticas ambien-tais, mas mudanças de comportamento deuma forma geral. Dentre essas barreiras, des-tacam-se: 4

a) falha dos mercados em refletir os custossociais e ambientais, incluindo o custo paraas gerações futuras, de bens ou serviços;

b) a dificuldade de estabelecerem-se, com cer-teza, riscos, custos e benefícios;

c) a falta de boa vontade generalizada de in-divíduos e organizações em fazer investi-mentos de longo prazo, com prazos de re-tomo incertos;

d) o desejo e a necessidade generalizados (seinatos ou socialmente instigados) de pre-servar ou maximizar interesses pessoais in-dividuais e corporativos;

e) a dificuldade de obter, entender, e compa-rar informações sobre impactos ambientaisde ações individuais ou organizacionais esuas alternativas;

f) a dificuldade de detectar e analisar alter-nativas que sejam ambientalmente respon-sáveis e as conseqüências que poderiamoferecer para outros fins desejáveis soci-almente, como crescimento econômico,emprego, justiça social, direitos da mu-lher etc.

Ou seja, a dificuldade de lidar com asquestões ambientais, por parte da indústria,reflete as dúvidas, as incertezas e os valoresa que a sociedade, como um todo, está su-

jeita. Entretanto, esperar que a sociedade e/ou os governos encontrem as melhores so-luções para então adotar as práticas maisadequadas pode levar empresas industriaisa perderem a oportunidade de obter vanta-gens competitivas num mercado que já semostra bastante concorrido, marcado por in-certezas, instabilidade e rápidas mudanças.

O mercado tem um importante papel a de-sempenhar na motivação da mudança de com-portamento e da adoção de medidas que pro-tejam o meio ambiente, e muitas das soluçõessó serão encontradas por esse mecanismo.Porém, constata-se que os problemas ambien-tais crescem em grande parte porque os pre-ços pagos pelos consumidores por bens e ser-viços não refletem totalmente os custos quesua provisão, uso e descarte impõem sobre omeio ambiente, Na prática, o mercado freqüen-temente falha, e também os governos,

O Governo tem interferido no mercadopara compensar as falhas e proteger o meioambiente, Tal ação baseia-se no conceito de"economias externas ou externalidades", de-senvolvido no campo das ciências econômi-cas para tratar com as questões dos custossociais. Segundo Fisher & Dornbush:" "umaexternai idade surge sempre que a produçãoou o consumo de um bem tem efeitos parale-los sobre os consumidores ou produtores en-volvidos, efeitos estes que não são plenamen-te refletidos nos preços de mercado",

Para que as externalidades sejam neutra-lizadas, podem-se aplicar medidas queinternalizem os custos ambientais, A inter-nalização ou interiorização dos custos ambien-tais é uma maneira de equilíbrio das forçasde mercado e de distribuição mais justa, emtermos monetários, dos danos que a socieda-de está suportando como efeitos da modifi-cação da qualidade do meio ambiental. Nãose trata, porém, como nota Comune," "deoperação simples e fácil, pois os instrumen-tos econômicos disponíveis para tanto nãosão perfeitamente satisfatôrios", Com isso,tem-se tomado parte de um debate amplo so-bre qual a forma mais eficiente de internali-zar os custos ambientais na indústria e refle-ti-los nos preços dos produtos, Em âmbito in-ternacional, já há um acordo entre os paísesmembros da Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE), fir-mado em 1972, concordando em basear suaspolíticas ambientais em um "Princípio do Po-luidor Pagador" (PPP)_ Seu mecanismo in-

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corre na interferência nas decisões do con-sumidor, mediante a elevação do preço dosprodutos ambientalmente mais nocivos. Oaumento dos preços desses produtos envia umsinal de mercado ao consumidor, para queesse procure um substituto mais limpo. Comoos consumidores reagem, os produtores de-vem fazer o mesmo.

MECANISMOS DE MUDANÇAS

Sob o Princípio do Poluidor Pagador, háem vigor três mecanismos de internalização doscustos ambientais nas atividades da indústria,apontados por Schimidheiny," a saber:

1. Comando e controle: trata-se basicamen-te de regulamentações governamentais,que incluem padrões de desempenho paraas tecnologias e os produtos, padrões deemissão e de efluentes etc.

2. Instrumentos econômicos: trata-se de es-forços para alterar os preços dos recursose dos bens e serviços no mercado, atravésde alguma forma de ação governamentalque afetará o custo da produção e/ou doconsumo.

3. Auto-regulação: trata-se de iniciativas to-madas pelas empresas ou por setores daindústria a fim de se auto-regularem me-diante a adoção de padrões, monitora-mentos, metas de redução da poluição, eassim por diante.Os dois primeiros mecanismos fazem parte

de políticas ambientais implementadas pelosgovernos. A política ambiental governamentalpode também usar outras ferramentas de incen-tivo às práticas ambientais, como, por exemplo,a educação ambiental, o desenvolvimento de ca-pacidade tecnológica etc., mas que não são for-mas utilizadas especificamente para internali-zar os custos ambientais na indústria e refleti-los nos preços dos produtos, embora não sejamincompatíveis com eles.

Instrumento de Comando e Controle

O "comando e controle" é um instrumen-to de política ambiental utilizado pelo gover-no para combater os efeitos da degradação domeio ambiente mediante o uso do poder depolícia do Estado. Os principais mecanismosda "abordagem de comando e controle" são:normas e padrões, licenças e permissões econtrole do uso do solo e da água. Dentre es-

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ses, as normas e padrões têm sido mais utili-zados na regulamentação ambiental em paí-ses desenvolvidos e em desenvolvimento.

As principais críticas quantoà abordagem de comando econtrole referem-se a suaeficiência e eficácia parainteriorizar os custosambientais na indústria. Asexperiências com comando econtrole vêm mostrandoalguns problemas, tantopara o governo quanto paraa indústria.

As normas e padrões definem os objetivosambientais e estabelecem as quantidades deconcentração de substâncias que podem serlançadas no ar, na água e no solo ou que, even-tualmente, possam estar contidas em um bemou serviço. Em geral, é possível identificartrês tipos de normas e padrões:

a) normas e padrões de qualidade ambien-tal: dizem respeito à qualidade média domeio receptor da poluição e estabelecema quantidade máxima aceitável neste am-biente;

b) normas e padrões de emissão: incidem di-retamente nas emissões das atividades quepoluem, informando a quantidade máximade concentração de poluentes lançada poruma fonte específica. Essas normas ou pa-drões podem ser categorizadas em tecno-lógicos e de performance. Nos primeiros,a tecnologia é estipulada, para que as fir-mas cumpram as determinações ambien-tais. Nos segundos, adotam-se medidas dedesempenho (volume ou concentração depoluentes que podem ser emitidos), exis-tindo flexibilidade para que os poluidoresescolham as alternativas que consideremmais eficientes;

c) normas e padrões de produtos: procuramregulamentar a poluição gerada pelas ca-racterísticas dos produtos finais e estabe-lecem requisitos mínimos com relação àssubstâncias contidas em um produto e àtecnologia empregada em sua elaboração.

7. SCHMIDHEINY, Stephan. Mudando orumo: uma perspectiva empresarialglobal sobre o desenvolvimento e meioambiente. Rio de Janeiro: Editora daFundação Getúlio Vargas, 1992, p. 19.

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8. COMUNE, Antonio E. Op. cit.

9. GUIMARÃES, Paulo C. V.;DEMAJOROVIC, Jacques; OLIVEIRA,Roberto G. Estratégias Empresariais eInstrumentos Econômicos de Gestão. SãoPaulo, Anais do 111Encontro Nacionalde Gestão Empresarial e MeioAmbiente, v. I, p. 17-29, 1995.

10. GUIMARÃES, Paulo C. V.;DEMAJOROVIC, Jacques; OLIVEIRA,Roberto G. Op. cit.

11. GUIMARÃES, Paulo C. V.;DEMAJOROVIC, Jacques; OLIVEIRA,Roberto G. Op. cit.

12. SCHMIDHEINY, Stephan. Op. cit., p.24; GUIMARÃES, Paulo C. V.Instrumentos Econômicos paraGerenciamento Ambiental: a cobrançapelo uso da água no Estado de São Paulo.Revista de Administração de Empresas,v. 33, n. 5, p. 88-97, Sel/Out 1993;SHRIVASTAVA, Paul. Greening Business:Profiting the Corporation and theEnvironment. Cincinnati, Ohio:Thompson Executive Press, 1996, p. 149-158.

13. GUIMARÃES, Paulo C. V.;DEMAJOROVIC, Jacques; OLIVEIRA,Roberto G. Op, cit.

14. BARDE, Jean-Philippe. The EconomicApproach to the Environment. The OECOObserver, n. 158, p. 12-15, Jun/JuI1989.

15. BARDE, Jean-Philippe; OPSCHOOR,Johanes B. From Stick to Carrot in theEnvironment. The OECO Observet; n.186, p. 23-27, Feb/Mar 1994;GUIMARÃES, Paulo C. v; DEMAJOROVIC,Jacques; OLIVEIRA, Roberto G. Op. cit.

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Na verdade, se não houver monitoramen-to, as normas e padrões de meio ambientenão pressupõem em si mesmas nenhum me-canismo econômico. Conforme notamComune" e Guimarães et al.,' esse sistematem relação com o princípio de internaliza-ção do efeito externo porque, em geral, umamulta é aplicada caso ocorram infrações.Além disso, o atendimento às normas legis-lativas exige modificações operacionais, o queeleva os custos das operações, identificando-os à internalização de custos ambientais. Nafalta de poder de execução - ou enforcement- o único incentivo para o cumprimento dasnormas é a consciência social ou a exigênciado próprio mercado.

Quanto às licenças e permissões, normal-mente estão ligadas à política de controle daqualidade do ar, da água e do solo. As condi-ções específicas para obtê-las variam de paíspara país, mas em geral mantêm-se algumasconsiderações básicas. Essas condições são:obediência a formas específicas de procedimen-to; escolha de local que minimize os impactosambientais e econômicos; instalação de plantade tratamento ou equipamentos de controle depoluição em um prazo de tempo determinado;e adoção de outras medidas de proteção am-biental. Uma vantagem das licenças e permis-sões está relacionada à possibilidade de seremretiradas ou suspensas sempre que haja umoutro interesse com maior prioridade. Essa op-ção implica o pagamento de uma taxa que podeaté mesmo ser usada como cobertura dos cus-tos dos programas de controle de poluição. \O

Por sua vez, o controle do uso da água edo solo é aplicado normalmente em nívellocal, como instrumento de preservação am-biental. Pode impedir que indústrias polui-doras localizem-se em áreas não apropria-das ou pode controlar a densidade popula-cional. Seu problema está relacionado à suavulnerabilidade às pressões políticas e eco-nômicas, que podem levar a um desrespeitodos objetivos ambientais. 11

A abordagem "comando e controle" pare-ce ser, para muitos, mais conveniente, pois tan-to a indústria quanto o governo são mais ex-perientes em matéria de regulamentação doque em outros mecanismos. Em geral, os go-vernos acham que a regulamentação é maissegura para atingir os objetivos ambientais ea indústria julga poder influenciá-la por meioda negociação."

As principais críticas quanto à abordagem

de comando e controle referem-se a sua efi-ciência e eficácia para interiorizar os custosambientais na indústria. As experiências comcomando e controle vêm mostrando algunsproblemas, tanto para o governo quanto paraa indústria. Guimarães et al. 13 destacam queos recursos necessários (financeiros, pes-soal, organizacionais etc.) e o tempo empre-gado pelas agências governamentais na abor-dagem de comando e controle são altos. Dolado da indústria, a abordagem exige normal-mente a padronização da tecnologia, e issonão gera incentivos para a busca de soluçõesalternativas, que poderiam ser menospoluentes ou mais custo-efetivas.

O "comando e controle" exerce importan-te influência no sentido de internalizar os cus-tos ambientais e induzir a indústria a adotarpráticas ambientais em conformidade com osobjetivos estabelecidos. No entanto, essa abor-dagem exige informações e custos adminis-trativos elevados, que acabam por se tomarum elemento oneroso tanto para o governoquanto para a própria sociedade. Além do altocusto social dessa ferramenta, ela não incen-tiva as empresas a irem além dos padrões es-tabelecidos e tentarem resolver os problemasambientais mais eficientemente, e a custosmais baixos. Trata-se, enfim, de um instru-mento que incentiva a indústria a adotar prá-ticas reativas, reagindo às regulamentações, enão buscando tecnologias alternativas ou prá-ticas mais convenientes.

Instrumentos econômicos

Os instrumentos econômicos são uma ou-tra abordagem de política ambiental governa-mental, diretamente derivados da teoria eco-nômica das externalidades. Seu mecanismobusca embutir nos preços dos produtos os cus-tos da poluição e dos danos ambientais, indu-zindo mudanças de comportamento nos consu-midores. Segundo Barde," os instrumentos eco-nômicos operam como incentivos financeirosaos poluidores, que selecionam as soluções maisvantajosas: poluir e pagar, ou investir no con-trole da poluição para evitar pagar.

Já foram identificados mais de 100 tiposde instrumentos econômicos em uso nos paí-ses-membros da OCDE, que podem ser englo-bados em quatros modalidades principais: li-cenças negociáveis; cobranças e taxas sobreemissões; cobranças sobre produtos; sistemasdepósito-restituição. 15

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16. GRUBB, Michael. LicençasNegociáveis. In COMISSÃO SOBREGOVERNANÇA GLOBAL. NossaComunidade Global. Rio de Janeiro:Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996,p.162.

MECANISMOS DE INTER/ORIZAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA ...

As licenças negociáveis são cotas, permis-sões ou tetos de poluição, ou, de forma maisgeral, direitos para usar o meio ambiente. Sãocomercializados pelas autoridades competen-tes, que podem alocá-los gratuitamente ouoferecê-los para venda. Nesse caso, as licen-ças podem ser negociadas, vendidas e com-pradas, sem interferência central, mas dentrodos limites das regras estabelecidas pelas au-toridades.

A abordagem das licenças negociáveis foilargamente utilizada nos Estados Unidos,principalmente para controlar a poluição doar. Segundo Grubb," dado seu êxito inicial, ogoverno norte-americano as transformou noprincipal elemento da legislação Clean AirAct, que regula as emissões de dióxido de en-xofre. Até agora, as licenças negociáveis fo-ram utilizadas em apenas 4 países (Alema-nha, Austrália, Canadá e Estados Unidos), eo sistema apresentou um baixo custo de im-plementação. Ainda não há certeza, porém,de que seja possível utilizá-las no plano glo-bal, especialmente em países que não dispo-nham de uma estrutura bem desenvolvida paraesse tipo de transação.

Já as cobranças e taxas sobre emissões es-tabelecem uma taxa a ser cobrada sobre uni-dades incrementais de poluição. São aplica-das às emissões de poluentes do ar, da águae do solo, e também sobre poluição sonora.São apropriadas quando a alteração ambien-tal pode ser estimada corretamente e menosadequadas quando se pretende garantir umgrau de qualidade ambiental geral e não sóquanto a poluentes individuais. Algunsexemplos são as cobranças e taxas sobre óxi-dos sulfúricos na França e a cobrança sobreóxidos nítricos na Suécia.

Quanto às cobranças sobre produtos, sãotaxas que incidem sobre o preço do produtoque cause algum tipo de poluição na fase deprodução, consumo ou descarte. São projetadaspara alterar os preços relativos de produtospoluentes, como combustíveis, fertilizantes,pesticidas, baterias, materiais de embalagemetc. O objetivo é estimular alternativas maiseficientes no combate à poluição.

Os sistemas depósito-restituição, por suavez, consistem no estabelecimento de umacaução, associada à compra de um produtocuja restituição é vinculada à devolução daembalagem ou do próprio produto após o seuuso. Seu objetivo é o de estimular a reciclageme a prevenção da poluição, podendo ser da ini-

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ciativa do governo e/ou das próprias empre-sas. Nos países desenvolvidos, têm sido apli-cados sobre recipientes de bebidas (garrafasde vidro, vasilhames de plástico e latarias).

Além dos instrumentos econômicos acimarelacionados, outros podem ser elencados, taiscomo empréstimos a juros subsidiados paraauxiliar o processo de implantação de equi-pamentos anti-poluição, a criação e sustenta-ção de mercados para produtos reciclados, opoder de compra do Estado para induzir com-portamentos ambientalmente desejáveis entreseus fornecedores etc. Embora seja amplamen-te reconhecida a importância desses instru-mentos, a literatura não tem dado a mesmaênfase que às quatro modalidades comenta-das anteriormente, que são consideradas asmais importantes e são de fato as mais aplica-das, principalmente na região da OCDE, ondeos instrumentos econômicos são utilizadoscom mais intensidade.

De uma forma geral, nos países desenvol-vidos, os instrumentos de política econômicatêm sido cada vez mais adotados como alter-nativa às políticas de comando e controle, nosentido de aumentar a eficiência da gestãoambiental a custos mais baixos. Parte dessaexplicação refere-se às exigências de informa-ção e aos custos administrativos da aborda-gem de comando e controle, que acabaram porabrir o caminho para as experiências com asabordagens de mercado, conforme apontamLaffont & Tirole.17 Já Schimidheiny" consi-dera as vantagens da abordagem de mercadocomo fatores determinantes para a sua disse-minação. Tais vantagens são: "proporcionarrecompensas e incentivos constantes para me-lhorias contínuas, utilizar os mercados demaneira mais intensiva, incentivar a buscade meios mais eficazes em termos de custopara atingir os objetivos ambientais propos-tos, e também passar do controle da poluiçãopara a prevenção da poluição".

No entanto, medir a eficiência e eficáciados instrumentos econômicos exige cautela,pelo fato de estarem inseridos num contextode política ambiental que também inclui ou-tros aspectos de políticas públicas. Esse con-texto é descrito por Barde & Opschoor," epodemos destacar os seguintes fatos:

1. os instrumentos econômicos nunca sãoaplicados isoladamente. O que os paísesaplicam, na prática, são combinações deinstrumentos econômicos sustentados por

17. LAFFONT, Jean-Jacques; TIROLE,Jean. Environmental Policy, Complianceand Innovation. European EconomicReview, v. 38, n. 3, 4, p. 555-562, Apr1994.

18. SCHMIDHEINY, Stephan. Op. cit., p.21·22.

19. BARDE, Jean-Philippe; OPSCHOOR,Johanes B. Op. cit.

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20. BARDE, Jean-Philippe; OWENS,Jeffrey. lhe Evolution of Eco-taxes. TheOECD Observer. n. 198, p. 11-16, Feb/Mar 1996.

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regulamentações. Com isso, as ênfases da-das em instrumentos individuais variamamplamente de acordo com o tipo de pro-blemática ambiental e o país;

2_ a meta principal dos instrumentos econô-micos deveria ser a de agir como um in-centivo para mudança de comportamento,mas as experiências mostram que nem sem-pre isso acontece. Em geral, são colocadosem níveis mais baixos do que o necessáriopara induzir essas mudanças. Essa é umadas razões porque os instrumentos e as re-gulamentações coexistem. Embora embri-onária, está emergindo uma tendência paraimpor sistemas com taxas mais altas, masa maioria dos países não conta ainda com osuporte político suficiente para implemen-tar uma elevação das taxas e dos impostos;

Em comparação àsabordagens de comando econtrole, os instrumentoseconômicos estão muito maispróximos dos mecanismos demercado, deixando aosagentes econômicos maiorliberdade para escolheremsuas práticas. Por outro lado,com a complexidade e as inter-relações de todas as questõeseconômicas e ambientais,constituem mais um elementoque, de preferência, deve seranalisado no conjunto, e nãocomo elemento isolado.

3. muitos dos impostos e cobranças mantêmum propósito essencialmente financeiro,ou seja, buscam os recursos monetáriospara dar suporte a outras medidas de pro-teção ambiental. Os fundos levantados sãodestinados a uma série de propósitos: aju-das financeiras de todos os tipos para osetor privado e autoridades locais (baciasaquáticas na França e Holanda); apoiar areabilitação de áreas poluídas (Super Fundnos Estados Unidos); sustentar projetos dePesquisa & Desenvolvimento no controle

da poluição, cobrindo os custos adminis-trativos de implementação das políticas decontrole da poluição e de medir as emis-sões, e assim por diante;

4. a reforma tributária já está sendo implemen-tada em alguns países, e está na agenda deoutros, a fim de que seja complementar emutuamente reforçante às políticas ambien-tais. Como atentam Barde & Owens," al-gumas das taxas e impostos já existentes emalguns países podem ser facilmente identi-ficados como "ambientalmente relevantese benéficos", como os impostos sobre o usode transporte e consumo de energia. Outros,porém, têm efeitos perversos, como é o casoda taxação mais baixa sobre o combustíveldiesel para veículos, os quais induzem a am-pliação do sistema de transporte rodoviá-rio, e também sobre os veículos movidos adiesel (os quais podem criar sérios proble-mas de poluição, em particular a poluiçãodo ar e a poluição sonora nos meios urba-nos). Sendo assim, alguns países já come-çaram a identificar e modificar impostos etaxas distorcidos ambientalmente.

Os países que estão tentando implementarinstrumentos econômicos estão encontrandoalgumas restrições e obstáculos. Alguns des-ses partem do empresariado, que teme que osinstrumentos possam representar apenas umônus adicional ao processo produtivo, uma vezque já estão sujeitos à regulamentação em vi-gor. Vale lembrar que os instrumentos eco-nômicos são uma ferramenta de política ambien-tal, utilizada pelos governos para internali-zar os custos ambientais. Mais ainda, não sãoas únicas ferramentas usadas na implementa-ção de políticas de desenvolvimento sustentá-vel. Em comparação às abordagens de coman-do e controle, os instrumentos econômicos es-tão muito mais próximos dos mecanismos demercado, deixando aos agentes econômicosmaior liberdade para escolher suas práticas.Por outro lado, com a complexidade e as inter-relações de todas as questões econômicas eambientais, constituem mais um elemento que,preferencialmente, deve ser analisado no con-junto, e não como elemento isolado.

Auto-regulação

A auto-regulação é uma outra forma deapoiar a internalização dos custos ambientais,incentivando muito mais as iniciativas do se-

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MECANISMOS DE INTERIORIZAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA ...

tor empresarial a adotar práticas ambientaismais sustentáveis que o uso de políticas go-vernamentais mais duras.

As primeiras formas de auto-regulaçãoque surgiram em relação à dimensão ambien-tal, ocorreram mediante acordos voluntári-os. Acordo voluntário é um contrato entreautoridades públicas (por exemplo, o Minis-tério do Meio Ambiente) e a indústria (umaassociação comercial ou uma firma indivi-dual) ou entre uma firma e uma municipali-dade ou associação de moradores locais. Eleacarreta a assinatura de um documento for-mal pelas partes, sob o qual as associaçõescomerciais, indústrias ou firmas comprome-tem-se a alcançar uma série de objetivosambientais. O Governo não está envolvidode nenhuma forma, exceto por um compro-misso informal de não adotar regulamenta-ções relativas à atividade coberta pelo acor-do voluntário enquanto ele permanecer emvigor. Assim, o contrato tem a força de leiprivada, somente, e não acarreta penalida-des legais pela quebra de seus termos."

Os acordos voluntários têm sido usadosdesde a década de 70, especialmente em paísesdesenvolvidos, algumas vezes para comple-mentar e tomar mais fortes as regulamenta-ções já existentes. Esse é o caso no Japão, onde40.000 acordos foram concluídos, desde ocomeço dos anos 70, por empresas e autori-dades locais, e os padrões estabelecidos poreles foram freqüentemente mais restritos queos padrões nacionais ou de regulamentaçõesmunicipais.

De uma forma geral, os acordos voluntá-rios representam benefícios à indústria por-que, quando antecipam regulamentações, asempresas ganham mais tempo para realiza-rem as adaptações necessárias, ou então in-fluenciar a definição de objetivos da políticagovernamental. Além disso, dão ao setor umgrau de segurança regulamentar ou estabili-dade, devido ao compromisso assumido pelogoverno, mesmo informalmente. Sob o pontode vista empresarial, outras vantagens rela-cionam-se ao fato de que os acordos voluntáriosoferecem um incentivo para as firmas inves-tirem em processos de produção mais adequa-dos, em vez de se submeterem aos objetivosambientais impostos pelas autoridades, alémde possibilitarem uma imagem pública maispositiva da indústria.

Há, porém, diversas críticas quanto aosacordos voluntários, normalmente prove-

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nientes do público e das ONGs. Quanto ao pú-blico, não é automaticamente receptivo a essetipo de iniciativa voluntária porque equivale apedir ao setor privado que se autopolicie. Já asONGs são habitualmente bastante desconfia-das de acordos voluntários, porque a maioriadeles não dá qualquer penalidade no caso denão obediência, não estando sujeitos a proces-sos legais. Outra crítica diz respeito ao fato deexercerem um papel defensivo, pois normal-mente desenvolvem um diálogo apenas com osgovernos e suas agências regulatórias, e rela-cionam-se a problemas ambientais específicose localizados, sem dirigir um programa maisativo no sentido de a indústria exercer uma res-ponsabilidade ambiental maior.

Apesar de possíveis falhas,documentos como a "Cartade Princípios para oDesenvolvimentoSustentável", da CIC,e oPrograma '~tuaçãoResponsável", da indústriaquímica, têm o mérito dedesafiar as empresasindustriais a converterem aretórica em práticasambientais. Além disso,marcam um novo contextode participação doempresariado rumo àinteriorização dos custosambientais.

Além dos acordos voluntários, firmadosentre uma empresa individual ou associaçãoindustrial e autoridades públicas, municipali-dade ou comunidade, surgiram outras formasde auto-regulação. Por exemplo: o Programa"Atuação Responsável" (Responsible Care) daindústria química, onde uma indústria em par-ticular compromete-se, unilateralmente, a ado-tar toda uma série de medidas de proteção am-biental. Essas medidas baseiam-se em seis có-digos, a saber: consciência comunitária e res-posta de emergência, segurança de processo,prevenção da poluição, distribuição, saúde e se-

21. POTlER. Michel. Agreemenl on lheEnvironment. The OECD Observer, n.189, p. 8·11, AuglSep 1994.

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22. SHRIVASTAVA, Paul. Op. cit., p. 41,49.

23. SHRIVASTAVA, Paul. Op. cit., p. 176.

24. ELKINGTON, John. Towards lhesustanaoie Corporalion: Win-Win-WinBusiness Strateçies for SuslainableDevelopment. California ManagementReview, v. 36, n. 2, p. 90-113, Winter1994.

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gurança do trabalhador e ciclo de vida do pro-duto (uma responsabilidade da empresa porseus produtos, da concepção ao pós-uso). Oprograma foi instalado em 1985 no Canadá, e,desde então, passou a ser organizado em di-versos países pelas associações nacionais dosetor, com programas similares.

Uma outra iniciativa, mas desta vez es-tendendo-se a todos os setores da indústria,foi a "Carta de Princípios para o Desenvol-vimento Sustentável", lançada pela CâmaraInternacional de Comércio (CIC) em 199LAté 1994, mais de L 100 firmas em todo omundo já haviam endossado os 16 princípi-os de conformidade ambiental, compreendi-dos como metas a serem atingidas.

As principais críticas a esse documentoreferem-se à sua generalidade e a seu caráterparcialmente reformista. Algumas dessas crí-ticas, mencionadas por Shrivastava.P abran-gem argumentos como "suas idéias, emboraexcelentes, são muito gerais para criar cor-porações sustentáveis" e "suas iniciativas sãoreformistas e não radicais o suficiente, poispermitem que as empresas continuem fazen-do o que estão fazendo, com apenas algumasmodificações ambientais incrementais":

Apesar de possíveis falhas, documentoscomo a "Carta de Princípios para o Desenvol-vimento Sustentável", da CIC, e o Programa"Atuação Responsável", da indústria química,têm o mérito de colocar às empresas indus-triais o desafio de converter a retórica em prá-ticas ambientais, Além disso, marcam um novocontexto de participação do empresariado rumoà interiorização dos custos ambientais.

Nesse novo contexto, incluem-se aindaoutros códigos de conduta internacionaispara a indústria, como os Princípios CERES(Coalition for Environmentally ResponsibleEconomies), de 1990, e o Keidaren GlobalEnvironment Charter, de 1991, entre outros

Os Princípios CERES (antigamente cha-mado Princípios Valdez) datam de 1989, masuma nova versão foi revista e adotada peloConselho de Diretores CERES, em 18 deabril de 1992_ Esse Conselho de Diretoresrepresenta mais de 500 corporações, incluin-do comunidades de ambientalistas e de in-vestimento social que obtêm e prestam in-formações ao CERES. Os Princípios CERESestabelecem uma ética e padrões ambientaispara avaliar atividades de empresas que afe-tam direta ou indiretamente o meio ambien-te e para promover a responsabilidade am-

biental, de uma forma que permita acomo-dar mudanças tecnológicas e realidades am-bientais. Os Princípios compreendem:

1. proteção da biosfera;2. uso sustentável dos recursos naturais;3. redução e despejo de resíduos;4. conservação de energia;5. redução de riscos;6_ comercialização de produtos e servi-ços seguros;7_ compensação por danos causados aomeio ambiente;8_ informação ao público;9_ compromisso gerencial/administra-tivo;10_ auditorias e relatórios anuais.

Como forma de criar uma visão ambiental-mente sustentável, alguns autores, comoShrivastava, 23 recomendam às empresas que de-sejam ser ambientalmente sustentáveis, queadotem a "Carta de Princípios para o Desen-volvimento Sustentável" ou adaptem os Prin-cípios CERES_

De outra forma, pode-se dizer que todosos códigos internacionais de conduta têm tidoaceitação entre o empresariado, pelo menosna retórica. A tarefa de disseminação dessescódigos tem sido feita especialmente pelasassociações de indústrias. Entretanto, têmsurgido algumas insatisfações entre os mem-bros dessas associações, levando ao apareci-mento de "concorrentes" que estão desenvol-vendo uma série de "redes ou consórcios denegócios verdes" e iniciativas relacionadas.

Essas redes de negócios verdes baseiam-se particularmente na cooperação e troca deinformações entre seus membros, no sentidode incentivar a adoção de práticas ambien-tais adequadas às suas necessidades, inclu-indo a contabilização de custos ambientais eo desenvolvimento e implementação de sis-temas de gestão ambientaL Dentre essas re-des de negócios, podem-se destacar a Inicia-tiva de Gestão Ambiental Global (GlobalEnvironmental Management Initiative -GEMI) e o Green World Survey of 50Countries, nos Estados Unidos, além de umaprofusão de organizações tais como oBusiness in the Environment (BiE), oAdvisory Comittee for Business in theEnvironment (ACBE) e o Prince of Wales'Business Leaders Forum (PWBLF), na In-glaterra, e o BAUM, na Alemanha."

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A GEMI é uma organização sediada emWashington, Estados Unidos, formada por 20empresas de grande porte, como a Procter &Gamble e a AT&T, entre outras, interessa-das em promover a implementação da Cartada CIC. Como diferenciação da Carta origi-nal, a GEMI projetou um programa de auto-avaliação para ajudar as empresas naquantificação e no acompanhamento de seuprogresso quanto aos 16 princípios da cartade intenções. Além disso, conduz conferên-cias e workshops para gerentes e adminis-tradores de empresas (com)partilharem asmelhores práticas de gestão ambiental. Ade-mais, incentiva a integração da qualidadeambiental nas práticas das empresas, usan-do os princípios e ferramentas da QualidadeTotal (Total Quality Management - TQM).25

No Brasil, também surgiram iniciativassemelhantes de auto-regulação, como o Com-promisso Empresarial para a Reciclagem(CEMPRE). Lançado em 1992, trata-se de umacooperação da iniciativa privada, envolvendoempresas nacionais e multinacionais, a fim dedesenvolver e capacitar a indústria nessa área."

De uma forma geral, podem-se verificaresforços ativos por parte da indústria, no sen-tido de empreender e disseminar práticas am-bientais que promovam uma maior responsa-bilidade das empresas quanto às questõesambientais. Tais iniciativas também têm a pre-ocupação de adequar os princípios desustentabilidade à realidade dos mercados emque as empresas estão inseridas, verificandosuas necessidades e conveniências.

ISO 14000

Devido à observação das novas exigências demercado - envolvendo a globalização e a prote-ção ambiental e a necessidade de inter-relacioná-las - está surgindo um sistema de gestãoambiental que pretende ser universal e de carátervoluntário: a ISO 14000.

A ISO (International StandardizationOrganizationt é uma organização não-gover-namental fundada em 1947, com sede em Ge-nebra, na Suíça, que atua como uma federaçãomundial de organismos nacionais de normali-zação. A ISO conta atualmente com mais de100 membros, sendo um único membro de cadapaís, entre eles a Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT). A partir de 1971, a ISOconstituiu 3 comitês técnicos, para tratar ex-clusivamente da normalização de métodos e

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análises ambientais: o TC-146 - Qualidade doAr, o TC-147 - Qualidade da Água, e o TC-190 - Qualidade do Solo. Com a elaboração eo lançamento de uma série de normas interna-cionais de Sistemas de Gestão Ambiental, comoa BS 7750 pela British Standards lnstitution daGrã-Bretanha, em 1992, seguida de outras ini-ciativas (na França, a AFNOR; na Holanda, aNNI; e na Espanha, a AENOR), a ISO ficousensibilizada e criou o SAGE (Strategic AdvisoryGroup on Environment), com o objetivo de pro-por as ações necessárias para um enfoquesistêmico de normalização ambiental ecertificação. Os trabalhos do SAGE resultaramna criação do Comitê Técnico (TC) 207 - Ges-tão Ambiental, em 1993, cujos esforços refle-tem-se na elaboração do sistema ISO 14000, quedeverá ser implementado ainda em 1996.27

Devido à constatação dasnovas exigências demercado (que envolvem aglobalização e a proteçãoambiental) e danecessidade de inter-relacioná-Ias, está surgindoum sistema de gestãoambiental que pretende seruniversal e de carátervoluntário - a ISO 14000.

As normas da família ISO 14000 refletema crescente necessidade da indústria - e tam-bém de outras organizações - conheceremuma legislação ambiental complexa e cons-tantemente em mudança, adequando-se a elae aos crescentes riscos e responsabilidades, aocontrole dos custos ambientais, à necessidadede melhoria contínua e também aos cuidadoscom a imagem pública das empresas. A ISO14000, assim, atende aos ditames de interna-lização dos custos ambientais de uma formamais pró-ativa, permitindo ainda que se rea-lizem maiores progressos em relação aos im-pactos ambientais da indústria.

Assim como todas as iniciativas de auto-regulação, a ISO 14000 tem diversas vanta-gens sobre os mecanismos governamentaisde internalização dos custos ambientais, co-

25. ELKINGTON, John. Op. cit.;SHRIVASTAVA, Paul. Op cit., p. 54.

26. LOUREIRO, Maria R. GestãoAmbiental no Brasil: Aspectos Potiticose Sociais. São Paulo: Núcleo de Pesquisase PublicaçôeslEAESP/FGV (Série TextosDidaticos, n. 13), 1992, p. 25.

27. NAHUZ, Márcio A. R. O Sistema ISO14000 e a certificação ambiental. Revistade Administração de Empresas, v. 35, n.6, p. 55·66, Nov/Dez 1995; REIS, MauricioJ. L. ISO 14000: gerenciamentoambiental: um novo desafio para a suacompetitividade. Rio de Janeiro:Qualitymark Ed., 1995, p. 4.

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28. SCHMIDHEINY, Stephan. Op. cit., p.20-21.

29. AVILA, Joseph A.; WHITEHEAD,Bradley W. WHat is EnvironmentalStrategy? McKinsey Quarter/y, n. 4, p.53-68, 1993.

30. SCHMIDHEINY, Stephan. Op. cit., p.20-21.

31. LONG, BiII L. Cleaner Production inOECD Countries. Paris, /ndustry andEnvironment, v. 17, n. 4, p. 23-26, Oct-Dec 1994.

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mentados nas seções anteriores. As princi-pais referem-se ao fato de que evita gastospúblicos na coleta de informações, com suatransformação em regulamentos e com o mo-nitoramento de seu efeito, revelando-se as-sim, como nota Schmidheiny," mais baratapara a sociedade. Para a indústria, em parti-cular, representa uma oportunidade dedirecionar e estabelecer os padrões mundi-ais, empregando as tecnologias disponíveismais convenientes e evitando a legislação quepoderá ser implementada se tais práticas nãoforem adotadas. Quanto a essas vantagens,Frank P. Popoff, presidente da DowChemical," declara que "se nós falharmosem agir em nosso próprio acordo, iremos nosdeparar com mandatos governamentais, eeles serão ineficientes, punitivos e inconsis-tentes de nação para nação - um atoleiro".

Por outro lado, a abordagem de auto-regulação pode ser limitada pelas própriasempresas, pelo menos por aquelas que empre-gariam "práticas desleais", como o cartelismoou o não comprometimento. 30De qualquer for-ma, a adoção da auto-regulação condiz com abusca pelo equilíbrio das forças de mercado epermite a inovação, sendo um grande passo,não só para a internalização dos custos ambien-tais, mas também para a adoção de práticasmais criativas para lidar com os impactos quea indústria acarreta ao meio ambiente.

EFETIVIDADE DAS MUDANÇAS

Pelo que foi apresentado até então, podem-se verificar amplas discussões no campo dateoria econômica, acerca da questão ambien-tal e das ferramentas de política econômica,especialmente no que se refere à eficiência e àefetividade. Entretanto, enquanto alguns au-tores poderiam discutir "qual a melhor ferra-menta" para a interiorização dos custos ambien-tais, parece já estar havendo um consensoquanto à melhor forma de abordar a questãoem termos práticos. Esse consenso gira emtorno da combinação entre os três mecanis-mos, e evidencia um melhor entrosamento en-tre o governo e a indústria no sentido de coope-rarem para a proteção ambiental e buscarem amelhor forma de tratar a questão. Como notaBill L. Long, diretor para Meio Ambiente daOCDE:31 "O que está emergindo nos paísesmembros da OeVE com respeito àsferramen-tas de política ambiental, é uma abordagemhíbrida, baseada na procura e aplicação de

um mix que inclui regulamentação governa-mental, instrumentos econômicos de merca-do e acordos voluntários ajustados para pro-blemas ambientais específicos".

Assim, o balanço atual das iniciativas li-gadas à utilização de mecanismos para incor-poração dos custos ambientais na indústriaparece ser otimista, particularmente nos paí-ses desenvolvidos, a despeito dos obstáculose barreiras que têm sido encontrados para suaimplementação. Isso pode representar umamudança no comportamento e nos paradigmasda concorrência industrial, no sentido de pas-sar-se a tratar a qualidade do meio ambientecomo uma fonte potencial de rentabilidade evantagem competitiva. Contudo, essa postu-ra ainda não está generalizada pela indústria,embora cada vez mais surjam exemplos de em-presas que estão se antecipando às exigênciase adotando posturas pró-ativas em relação aomeio ambiente.

CONCLUSÃO

A ampliação da conscientização de todaa sociedade, no que diz respeito à problemá-tica ambiental, e a busca de um senso co-mum para lidar com essas questões são trans-formações em curso, e estão contribuindopara tornar o ambiente de negócios das em-presas industriais ainda mais turbulento eimprevisível, uma vez que uma variedade deoutras mudanças - na economia internacio-nal e no processo de globalização da produ-ção e do consumo, entre outras - tambémestão se realizando.

A complexidade e a inter-relação dosproblemas existentes acabaram por refleti-rem-se no âmbito das preocupações dos go-vernos e também das indústrias, resultandono surgimento e desenvolvimento de diver-sas alternativas voltadas para a motivaçãode mudanças no comportamento das empre-sas industriais como, por exemplo, os ins-trumentos de interiorização dos custos am-bientais.

A interiorização dos custos ambientais éuma maneira de equilibrar as forças de mer-cado e de distribuir mais eqüitativamente (emtermos monetários) os danos que a socieda-de está suportando como efeitos da modifi-cação da qualidade do meio ambiente. As ex-periências desenvolvidas em todo o mundoquanto aos instrumentos de interiorizaçãodos custos ambientais mostram que as mu-

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danças no sentido de tentar conciliar os di-versos interesses envolvidos na questão jáestão sendo efetuadas, colocando a todos osagentes (particularmente aos da indústria) odesafio de participar do processo e elevar seusníveis de percepção e atuação. Trata-se, po-rém, de iniciativas em desenvolvimento e

muito ainda deve ser feito no sentido de bus-car-se bem-estar e qualidade de vida paratoda a população. O meio ambiente tomou-se um elemento-chave para repensarem os va-lores e ideologias vigentes na sociedade e es-tabelecerem-se novas formas de pensamentoe ação em todas as práticas produtivas. Cl

Quadrol

Os 16 princípios de conformidade ambiental da CIC1. Prioridade corporativa: reconhecer a gestão ambiental entre as mais altas prioridades corporativas,como fator determinante para o desenvolvimento sustentável. Estabelecer políticas, programas e práticaspara conduzir operações de uma forma ambientalmente correta.2. Gestão integrada: integrar totalmente essas políticas, programas e práticas em cada negócio comoelemento de gestão em todas as suas funções.4. Aperfeiçoamento de processos: promover continuamente as políticas corporativas, programas edesempenho ambiental, levando em consideração o desenvolvimento tecnológico, o conhecimentocientifico, as necessidades do consumidor e as expectativas da comunidade, partindo dos requisitos dalegislação ambiental e correlata, e aplicar os mesmos critérios globalmente.4. Educação dosfuncionários: educar, treinar e motivar os funcionários de forma a conduzir suas atividadesde uma maneira ambientalmente responsável.5. Avaliação prévia: avaliar os impactos ambientais antes de iniciar uma nova atividade ou projeto, antesde desativar ou fechar uma instalação ou abandonar um local.6. Produtos e serviços: desenvolver e providenciar produtos ou serviços que não apresentem impactosambientais indevidos, e que sejam seguros para o uso intencionado, eficientes no consumo de energia erecursos naturais. E que possam, ainda, ser reciclados, reutilizados ou dispostos de forma segura no meioambiente.7. Orientação aos clientes: orientar e, quando relevante, educar clientes, distribuidores e o público nouso seguro, transporte, estocagem e disposição dos produtos, aplicando considerações similares às provisõesde serviços.8. Instalações e operações: desenvolver, projetar e operar instalações e conduzir atividades levando emconsideração o uso eficiente de energia e de materiais, o uso sustentável dos recursos renováveis, aminimização dos impactos ambientais adversos, da geração de resíduos e do uso e disposição segura ecorreta dos resíduos gerados.9. Pesquisa: elaborar e promover pesquisa dos impactos ambientais das matérias-primas, produtos,processos, emissões e resíduos associados à produção da empresa e dos meios de minimizar tais impactosadversos.10. Abordagem preventiva: prevenir impactos ambientais significativos e/ou irreversíveis, modificandoa produção, comercialização ou uso de produtos, ou serviços baseados no conhecimento científico etecnológico.11. Contratados efornecedores: promover a adoção desses princípios pelos subcontratados que agem emnome da empresa. Encorajar, e, quando apropriado, exigir melhorias nas suas práticas, tomando-asconsistentes e compatíveis com aquelas da empresa e estimular a adoção abrangente desses princípiospelos fornecedores.12. Prontidão para emergência: desenvolver e manter, onde existem riscos significantes, planos deprevenção e de emergência em conjunto com serviços emergenciais, autoridades competentes e acomunidade local, reconhecendo o potencial dos impactos fronteiriços.14. Transferência de tecnologia: contribuir para a transferência de tecnologia e métodos de gestão aossetores industriais e outros públicos interessados.14. Contribuição ao esforço comum: contribuir para o desenvolvimento das políticas públicas, dosprogramas governamentais, intergovemamentais e das iniciativas educacionais quanto à conscientizaçãoe a proteção ambiental.15.Abertura às preocupações: promover um diálogo aberto com funcionários e o público, antecipando erespondendo às suas preocupações sobre riscos potenciais e impactos das operações, produtos, resíduose serviços, incluindo aqueles de significância transfronteiriça e global.16. Conformidade e comunicação: medir o desempenho ambiental, conduzir auditorias ambientaisregulares e avaliações de confomidade com os requisitos da empresa, requisitos legais e com estesprincípios; periodicamente providenciar informações apropriadas para o Conselho de Administração,funcionários, autoridades e o público em geral.