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1 Destaque Depec - Bradesco Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Ano XII - Número 112 - 02 de julho de 2015 Ellen Regina Steter Fonte: BCB, IBGE Elaboração: BRADESCO Melhora da composição da carteira de crédito e desalavancagem das famílias deverão conter a alta da inadimplência A retratação da atividade econômica brasileira esperada para este ano, com impacto sobre o mercado de trabalho, e os ajustes da política monetária suscitam questionamentos quanto à capacidade de pagamento das famílias e à tendência para a taxa de inadimplência. Em 2015, o PIB deverá recuar 1,7%, com elevação de aproximadamente 2,0 p.p. da taxa de desemprego, passando de uma média de 4,8% no ano passado para 6,8% neste ano, acompanhada por significativa desaceleração dos ganhos reais salariais. A despeito desse cenário, esperamos uma elevação discreta da taxa de inadimplência das carteiras de crédito voltado à pessoa física. Comparando o desempenho da taxa de desemprego e o da inadimplência, em nível, notamos que a partir de 2007 e, especialmente após 2010, a aderência dessas variáveis diminuiu. É possível apontar pelo menos duas explicações para esse descasamento: i) no passado recente, a taxa de desemprego ficou mais resiliente à perda de ritmo da atividade econômica, em decorrência principalmente de um cenário restritivo de oferta de mão-de-obra, e ii) especificamente em 2011, a piora da taxa de inadimplência foi mais intensa do que a sugerida pelo mercado de trabalho, em função de condições específicas da carteira de crédito, notadamente da linha de veículos. Ainda que no passado recente a aderência entre a taxa de inadimplência e a taxa de desemprego não tenha se mostrado expressiva, devemos considerar que uma elevação da taxa de desemprego afetará a tendência da inadimplência. Dessa forma, a alternativa proposta é considerar a variação da taxa de desemprego e não apenas a sua evolução em nível. Nesse caso, mesmo em 2011 e 2012, o comportamento do mercado de trabalho, menos favorável, suscitava atenção para os atrasos da carteira de pessoa física. No gráfico a seguir, é possível notar a correlação entre a taxa de inadimplência das famílias (em nível) e a variação da taxa de desemprego em doze meses. Taxa de inadimplência e taxa de desemprego (séries dessazonalizadas) e em p.p. 7,9 5,9 7,7 8,5 5,7 6,1 7,3 8,2 6,0 6,3 13,1 12,5 9,3 7,4 8,5 5,9 6,1 5,3 5,6 4,6 6,3 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 nov/02 jan/03 mar/03 mai/03 jul/03 set/03 nov/03 jan/04 mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05 jul/05 set/05 nov/05 jan/06 mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07 mai/07 jul/07 set/07 nov/07 jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09 mar/09 mai/09 jul/09 set/09 nov/09 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 jan/11 mar/11 mai/11 jul/11 set/11 nov/11 jan/12 mar/12 mai/12 jul/12 set/12 nov/12 jan/13 mar/13 mai/13 jul/13 set/13 nov/13 jan/14 mar/14 mai/14 jul/14 set/14 nov/14 jan/15 mar/15 mai/15 Taxa de inadimplência Inadimplência nova Taxa de desemprego

Melhora da composição da carteira de crédito e ... · de inadimplência, iniciado em 2011 e que alcançou o pico em meados de 2012, a participação do crédito consignado na carteira

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Destaque Depec - BradescoD

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osAno XII - Número 112 - 02 de julho de 2015

Ellen Regina Steter

Fonte: BCB, IBGEElaboração: BRADESCO

Melhora da composição da carteira de crédito e desalavancagem das famílias deverão conter a alta da

inadimplência

A retratação da atividade econômica brasileira esperada para este ano, com impacto sobre o mercado de trabalho, e os ajustes da política monetária suscitam questionamentos quanto à capacidade de pagamento das famílias e à tendência para a taxa de inadimplência. Em 2015, o PIB deverá recuar 1,7%, com elevação de aproximadamente 2,0 p.p. da taxa de desemprego, passando de uma média de 4,8% no ano passado para 6,8% neste ano, acompanhada por significativa desaceleração dos ganhos reais salariais. A despeito desse cenário, esperamos uma elevação discreta da taxa de inadimplência das carteiras de crédito voltado à pessoa física.

Comparando o desempenho da taxa de desemprego e o da inadimplência, em nível, notamos que a partir de 2007 e, especialmente após 2010, a aderência dessas variáveis diminuiu. É possível apontar pelo menos duas explicações para esse descasamento: i) no passado recente, a taxa de desemprego ficou mais resiliente à perda de ritmo da atividade econômica, em decorrência principalmente de um cenário restritivo de oferta de mão-de-obra, e ii) especificamente em 2011, a piora da taxa de inadimplência foi mais intensa do que a sugerida pelo mercado de trabalho, em função de condições específicas da carteira de crédito, notadamente da linha de veículos.

Ainda que no passado recente a aderência entre a taxa de inadimplência e a taxa de desemprego não tenha se mostrado expressiva, devemos considerar que uma elevação da taxa de desemprego afetará a tendência da inadimplência. Dessa forma, a alternativa proposta é considerar a variação da taxa de desemprego e não apenas a sua evolução

em nível. Nesse caso, mesmo em 2011 e 2012, o comportamento do mercado de trabalho, menos favorável, suscitava atenção para os atrasos da carteira de pessoa física. No gráfico a seguir, é possível notar a correlação entre a taxa de inadimplência das famílias (em nível) e a variação da taxa de desemprego em doze meses.

Taxa de inadimplência e taxa de desemprego (séries dessazonalizadas) e em p.p.

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Taxa de inadimplência e desemprego dessazonalizada

Taxa de inadimplênciaInadimplência novaTaxa de desemprego

Fonte: BCB e IBGE

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Taxa de inadimplência e VARIAÇÃO EM 12 MESES DA TAXA DE DESEMPREGO dessazonalizada EM PP

Taxa de inadimplênciaInadimplência novaTaxa de desemprego

Taxa de inadimplência e variação em 12 meses da taxa de desemprego (série dessazonalizada e em p.p.)

Contudo, ainda que relevante para explicar o comportamento da taxa de inadimplência, recorrer apenas à variação da taxa de desemprego para projetar os atrasos pode não ser suficiente. Apesar de modelos simples, que consideram somente o mercado de trabalho como variável explicativa para a inadimplência, sinalizarem uma elevação razoável nos atrasos das famílias, projetamos uma alta mais moderada. Estimamos que os atrasos acima de 90 dias do sistema financeiro nacional passarão do patamar atual de 6,3% (praticamente estável nos primeiros cinco meses do ano) para 7,1% em dezembro deste ano. Lembrando que esse critério de inadimplência não contempla as compras à vista com cartão de crédito (modalidade que não possui atrasos). Se forem consideradas, o percentual de inadimplência projetado para este ano ficará em 6,0% ante os atuais 5,3%.

Nossa projeção abaixo daquela sugerida exclusivamente pelo cenário atual do mercado de trabalho está baseada na mudança da composição da carteira de crédito de pessoa física, com participação maior de linhas de baixo risco, como o crédito consignado. Vale considerar que no último ciclo de elevação da taxa de inadimplência, iniciado em 2011 e que alcançou o pico em meados de 2012, a participação do crédito consignado na carteira estava ao redor de 25%. Atualmente esse percentual é superior a 33%, o que é bastante relevante, ainda mais se consideramos que 61% do crédito consignado são de funcionários públicos, 32% aposentados e pensionistas do INSS e apenas 7% de funcionários do setor privado. No quadro seguinte, detalhamos por modalidade nossa projeção da taxa de inadimplência do crédito com recursos livres do sistema financeiro nacional para o final de 2015.

Modalidade Participação estimada na carteira (dez/15) Inadimplência dez/14 Inadimplência dez/15

Nível mais elevado da inadimplência da série

(desde mar/11)

Cheque Especial 3,1% 13,8% 15,8% 15,7%Crédito pessoal ex-consignado 12,9% 7,5% 8,5% 9,4%Consignado público 21,2% 2,3% 2,7% 3,1%Consignado privado 2,5% 5,0% 6,5% 6,1%Consignado INSS 10,5% 1,8% 2,0% 2,0%Aquisição de veículos 22,1% 3,9% 4,6% 7,2%Aquisição de outros bens 1,5% 8,9% 10,5% 13,1%Cartão de crédito rotativo 3,7% 37,2% 40,9% 39,0%Cartão de crédito parcelado 1,5% 0,3% 2,0% 6,3%Leasing veículos 0,2% 9,5% 10,5% 11,9%Leasing outros bens 0,0% 1,0% 2,0% 5,6%Desconto de cheque 0,2% 1,8% 2,5% 3,6%Crédito renegociado 2,8% 18,0% 21,0% 22,1%Outros 1,7% 7,2% 8,0% 10,5%Total ex-cartão à vista 6,3% 7,1%Cartão de crédito à vista 16,0%Total com cartão à vista 6,0%

Decomposição da taxa de inadimplência de pessoa física do sistema financeiro nacional (acima de 90 dias)

Fonte: BCB, IBGEElaboração: BRADESCO

Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO

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A relevância do mix da carteira de crédito para o comportamento da taxa total de inadimplência pode ser percebida por uma simples simulação. Se aplicarmos as taxas de inadimplência alcançadas pelas linhas de crédito no último ciclo de alta (2011/2012), que mostrou expressiva piora na modalidade de veículos, na composição atual da carteira de crédito das famílias,

obteremos um percentual de atraso consideravelmente inferior ao experimentado. A taxa de inadimplência teria sido de 7,6% e não de 8,2%. Evidentemente são ciclos completamente distintos (inclusive do ponto de vista de propagadores). Contudo, o exercício acima descrito revela uma composição mais saudável da carteira de crédito atualmente.

Modalidade Participação estimada na carteira (dez/15) Inadimplência mai/12

Simulação da Inadimplência em 2012,

com composição da cartira de 2015

Cheque Especial 3,1% 13,6% 13,6%Crédito pessoal ex-consignado 12,9% 8,7% 8,7%Consignado público 21,2% 3,1% 3,1%Consignado privado 2,5% 5,9% 5,9%Consignado INSS 10,5% 1,7% 1,7%Aquisição de veículos 22,1% 7,2% 7,2%Aquisição de outros bens 1,5% 12,3% 12,3%Cartão de crédito rotativo 3,7% 37,0% 37,0%Cartão de crédito parcelado 1,5% 4,2% 4,2%Leasing veículos 0,2% 9,1% 9,1%Leasing outros bens 0,0% 5,4% 5,4%Desconto de cheque 0,2% 2,4% 2,4%Crédito renegociado 2,8% 19,0% 19,0%Outros 1,7% 5,4% 5,4%

Total ex-cartão à vista 8,2% 7,6%Cartão de crédito à vista 16,0%Total com cartão à vista 6,4%

Decomposição da taxa de inadimplência de pessoa física do sistema financeiro nacional (acima de 90 dias), considerando a taxa de inadimplência obtida em maio de 2012

Vale lembrar que essas informações sobre a inadimplência são referentes à carteira com recursos livres e, portanto, não contemplam a linha do crédito habitacional. Ao longo dos últimos anos, notamos crescimento significativo dessa modalidade, tanto que sua participação na carteira de pessoa física avançou de forma relevante. Em 2007, essa linha representava cerca de 10% da carteira de crédito às famílias e hoje sua participação supera os 30%. Dessa forma, acompanhar o risco de crédito dessa carteira se mostra fundamental. Entretanto, a série histórica da inadimplência de crédito habitacional divulgada pelo Banco Central é relativamente recente, com o início em março de 2011. A informação mostra que os atrasos acima de 90 dias têm oscilado ao redor de 2,0%, patamar considerado saudável.

Entendemos que o crédito habitacional é tido pelas famílias como uma dívida soberana, afinal parte relevante do financiamento imobiliário realizado pelo sistema financeiro nacional tem como finalidade a aquisição da casa própria. Portanto, a possibilidade de um choque elevado na inadimplência dessa linha só seria compatível com um cenário de estresse, o que não julgamos plausível. Mesmo assim, vale destacar que o percentual financiado do imóvel pelo sistema financeiro (LTV – Loan-to-value) é baixo, ao redor de 60%, fato que minimiza o risco de crédito da carteira. Assim, mesmo com a desaceleração da atividade econômica, a taxa de inadimplência deverá continuar oscilando ao redor de 2,0%, comportamento similar ao dos últimos meses.

Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO

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Inadimplência crédito imobiliário de pessoa física - atrasos acima de 90 diasFonte: BCB

Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO

Taxa de inadimplência do crédito imobiliário de pessoa física - atrasos acima de 90 dias em p.p.

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Evolução do endividamento e do comprometimento de renda das famílias

EndividamentoComprometimento

Evolução do endividamento e do comprometimento de renda das famílias em p.p.

Além da tendência do mercado de trabalho, é importante considerar na análise de inadimplência a evolução do endividamento e comprometimento de renda das famílias brasileiras. O indicador de endividamento disponibilizado pelo Banco Central ainda tem mostrado crescimento, ou seja, o estoque de dívida segue aumentado em relação à renda anual das famílias. Mas o simples aumento do endividamento não significa necessariamente piora do poder de compra da população. Isso porque essa alta do endividamento não foi acompanhada por elevação do comprometimento

de renda, parcela de renda mensal necessária para quitar o financiamento.

No gráfico a seguir, é possível observar a trajetória tanto do endividamento quanto do comprometimento de renda. Importante notar que mesmo com o ligeiro aumento do endividamento, o comprometimento de renda das famílias está praticamente estável, sugerindo que parcela expressiva do aumento das dívidas das famílias tem como origem o financiamento imobiliário, com prazos mais dilatados e taxas de juros menores.

Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO

Nesse ciclo de crédito, além do crescimento do endividamento estar bastante baixo (com crescimento de 1 p.p. nos últimos doze meses), o incremento é proveniente principalmente do crédito habitacional. De fato, o endividamento das famílias atrelado às

linhas de crédito ao consumo está recuando. Portanto, diferente dos outros períodos de elevação da inadimplência (2008/2009 e 2011/2012), as famílias brasileiras estão desalavancando a sua renda com relação ao consumo.

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Variação em doze meses do endividamento das famílias com crédito do sistema financeiro nacional (em pontos percentuais)

Crédito HabitacionalTotalConsumo

Fonte: BCB

Fonte: BCB Elaboração: BRADESCO

Endividamento das famílias com crédito do sistema financeiro nacional (em pontos percentuais)- variação em 12 meses

Assim, soma-se à mudança favorável da carteira de crédito de pessoa física com recursos livres (excluindo, portanto, o crédito habitacional), o fato de a desaceleração econômica não ser coincidente a um ciclo de expansão do crédito ao consumo. Pelo contrário, as famílias estão desalavancando nesse

quesito, diante do recuo da confiança, das pressões inflacionárias e dos ajustes dos gastos com bens e serviços. Esses fatores corroboram nossa expectativa de que o aumento da taxa de inadimplência das famílias será baixo, chegando a 7,1% ao final deste ano, a despeito do enfraquecimento do mercado de trabalho.

Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs PiresEconomia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves BastAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi BarufiEstagiários: Ariana Stephanie Zerbinatti / Thomaz Lopes Macetti / Victor Hugo Carvalho Alexandrino da Silva / Davi Sacomani Beganskas / Ives Leonardo Dias Fernandes / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves

Equipe Técnica

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