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Universidade de Brasília DANIELA ITABORAHY DOS SANTOS MENINAS E MENINOS NO PROGRAMA ESPORTE ESPERANÇA/SEGUNDO TEMPO EM BELO HORIZONTE Belo Horizonte 2007

meninas e meninos no programa esporte esperança/segundo

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Universidade de Brasília

DANIELA ITABORAHY DOS SANTOS

MENINAS E MENINOS NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA/SEGUNDO TEMPO EM BELO HORIZONTE

Belo Horizonte

2007

DANIELA ITABORAHY DOS SANTOS

MENINAS E MENINOS NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA/SEGUNDO TEMPO EM BELO HORIZONTE/MG

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.

Orientador: Prof. Ms. Gounnersomn Luiz Fernandes

Belo Horizonte

2007

SANTOS, Daniela Itaborahy dos

Meninas e Meninos no Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo. Belo Horizonte, 2007.

49 p.

Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Inclusão 2. Gênero 3. Esporte Social

DANIELA ITABORAHY DOS SANTOS

MENINAS E MENINOS NO PROGRAMA ESPORTE

ESPERANÇA/SEGUNDO TEMPO EM BELO HORIZONTE/MG

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

Presidente:

Professor Mestre GOUNNERSOMN LUIZ FERNANDES Centro Universitário de Belo Horizonte

Membro:

Professor Mestre ISRAEL TEOLDO COSTA Centro Universitário de Belo Horizonte

Belo Horizonte (MG), 02 de setembro de 2007.

Ao saudoso professor, amigo e “chefe” Aquiles Milhomem Xavier

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família por me permitirem estudar sossegada, mesmo diante da perda de nossos queridos parentes, durante o desenvolvimento deste estudo. Ao EvE, pelo suporte técnico e paciência há tantos anos. Aos tutores Efrain Maciel (e seu Boletim da Educação Física) e Mário Zanzarrans pelo incentivo. A professora Lucila e professor Juarez pelos telefonemas, e-mails e cartas, sempre atenciosos. Ao meu professor orientador Gounnersom sobretudo pela compreensão e competência. A Sidney Jairo pela confiança e oportunidade diante do Ministério do Esporte e aos técnicos de referência pela ajuda com os milhares de arquivos! Ao Piazza e Cássia da AGAP/MG pela vontade de ajudar em todos os momentos. A todos os amigos da SMAES como o queridos Jair Bala e Alexandre Castro (Leco), Gaspar e Peter, Julio, Cristiane, Marquinho, Rosária, Coronel, Artemísia, Sr. Danilo e Zezinho, pela alegria constante. A TODOS os colegas do Programa como os corajosos Luizinho do Riviera, Paulinho Germano do Tupinambás, Ismael do Mineirinho... quanta garra! Agora, do fundo do meu coração, agradeço aos funcionários (Sr. Luiz, Carlinhos, Juscelma, Edilene, Carlão, Marcão, os do final de semana, os do Galpão...) e principalmente aos meus inspiradores alunos e amigos da Praça de Esportes da Saudade, em especial, quase que exclusivamente, aos ‘basqueteiros’ Ricardo, Estevão e prof. Barbosa, pelo carinho com o qual reforma sempre a Praça com os outros queridos basqueteiros do final de semana. A toda a comunidade que a freqüenta (e me agüenta!). Vocês foram minha inspiração diária! Visto que já estou me alongando demais, deixo mais um agradecimento especial, pois sinto que não basta apenas dedicar cada letra deste trabalho ao saudoso professor Aquiles. Mais que um amigo, foi o “chefe” da tribo. Quisera eu descrever a importância de sua passagem por esta vida, seu exemplo de dedicação, o quanto me incentivou com o livro... Quisera eu ter as suas certezas. Tem dias lá na Praça que quase morro de Saudade! Obrigada por tudo, meu amigo! Hoje acredito que este é um dos caminhos que nos leva a Deus: amizade sincera! Muito obrigada! Muito obrigada! Muito obrigada!

RESUMO

O Programa Segundo Tempo é uma parceria do Governo Federal/Ministério do Esporte com as cidades do Brasil. Em Belo Horizonte, em 2005, houve uma parceria com o programa Esporte Esperança, da Prefeitura Municipal da capital, e este laço passou a ser chamado de Esporte Esperança/Segundo Tempo. Seus 54 Núcleos esportivos e toda estrutura já existente foram implementados com o apoio do Governo, trazendo reforço no lanche e profissionais de Educação Física para atenderem a faixa etária entre sete e 17 anos, nas nove regionais administrativas da cidade. Dois dos principais objetivos deste Programa são a inclusão social através do esporte e a facilitação do acesso ao esporte às crianças e jovens vulnerabilizados socialmente, ou seja, que correm risco social em contato com drogas, violência, condições precárias de higiene e moradia. No entanto, surgiu uma inquietação quando, no Núcleo Praça da Saudade, observou-se que a presença feminina não alcançava o índice de 10% das inscrições totais recebidas. A partir daí procurou-se conhecer a realidade do Programa em sua totalidade. Portanto, o objetivo deste estudo foi refletir, a partir da quantidade de crianças e jovens inscritos e das atividades oferecidas, sobre a participação feminina e masculina no Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo oferecido em Belo Horizonte/MG durante o ano 2006, uma vez que diferentes questionamentos entre os gêneros estão presentes também no meio esportivo, ainda que a prática, como sugere este Programa, seja voltada para os conceitos do esporte educacional. A pesquisa teve caráter documental com análise estatística descritiva. O resultado mostrou o total de 9169 inscrições recebidas de crianças e jovens, durante o ano 2006. Houve abrupta diferença entre o número de meninos e meninas inscritos no programa, cuja porcentagem chegou a 91,36% do gênero masculino e apenas 8,64% do gênero feminino. Observou-se ainda que foram oferecidas a turmas masculinas apenas 3 modalidades durante todo o ano (futebol de campo, futsal e basquete). Às meninas foram oferecidas 8 modalidades diferentes (destaques para futsal e queimada) e para as turmas mistas, alcançou-se a maior diversificação de modalidades, num total de 13 destacando-se o futebol de campo e o futsal. É preocupante a tendência de “especialização” ou de reforço de uma cultura mono-esportiva, ou seja, da prática restrita ao esporte futebol. Conclui-se que a proposta e objetivo de inclusão de crianças e jovens em situação de risco social, no Programa Segundo Tempo/Esporte Esperança, em Belo Horizonte/MG, pode não estar atingindo plenamente o seu público-alvo, sem distinção de gênero. Fazem-se necessários mais estudos sobre este tema, visto que muito pouco a respeito se encontrou na literatura atual.

PALAVRAS CHAVES: Inclusão, Gênero, Esporte Social.

ABSTRACT

The Programa Segundo Tempo is a partnership of the Governo Federal/Ministério do Esporte with the cities of Brazil. In Belo Horizonte, in 2005, it had a partnership with the program Esporte Esperança, of the Municipal City Hall, and it passed to be called Esporte Esperança/Segundo Tempo. It’s 54 sport centers and all existing structure already and had been implemented with the support of the Government, bringing reinforcement in the snack and professionals of Physical Education. They take care of children between 7 and 17 years old. One of the main objectives of this Program is the social inclusion through the sport for who lives in social risk and in contact with drugs, violence, precarious conditions of hygiene and housing run. However, a fidget appeared when, in the sport center called Praça da Saudade, it was observed that the feminine presence did not reach the index of 10% of the received total registrations. From it was looked there to know if the reality of the Program is the same its totality. Therefore, the objective of this study was to reflect, from the amount of children and the activities offered, on the feminine and masculine participation in the Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo offered in Belo Horizonte/MG during year 2006, because, nowadays there are different questionings between the sorts in the middle of sports. The research had documentary character with analysis descriptive statistics. The result showed to the total of 9169 registrations received from children and young, during year 2006. It had abrupt difference enters the number of boys and girls in the Program, whose percentage arrived 91.36% of masculine sort and only 8.64% of the feminine sort. It was still observed that only 3 modalities during all the year had been offered to the masculine groups (soccer, futsal and baketball). To the girls 8 different modalities (prominences for futsal) and for the mixing groups had been offered, reached it bigger diversification of modalities, in a total of 13, especially soccer and futsal. The trend of "specialization" is preoccupying, because many children had contact only with the soccer. One objective/proposal of the Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo in Belo Horizonte/MG, can not be working well (without sort distinction). More studies become necessary on this subject, because there is not informations about it in current literature.

KEYWORDS: Inclusion, Sort, Social Sport.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Núcleos do Programa Criança e Adolescente em 2001, por Regionais..19

Tabela 2 – População por gênero e faixa etária, de acordo com as Regionais de Belo Horizonte em 2003 ..........................................................................20

Tabela 3 – Número de equipamentos do Esporte Esperança/Segundo Tempo em Belo Hor izonte em 2006.............................................................28

Tabela 4 – Número total de inscrições recebidas pelos Núcleos do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo de acordo com a Regional e

faixas etárias atendidas pelo Programa em 2006................................ 38

Tabela 5 – Inscrições advindas do gênero masculino de acordo com Regional e faixas etárias, em 2006........................................................................... 39

Tabela 6 – Inscrições advindas do gênero feminino de acordo com regional e faixas etárias, em 2006 .......................................................................... 40

LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS

Gráfico 1 – Conjunto dos equipamentos disponibilizados para o Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo em Belo Horizonte ................................... 29

Gráfico 2 – Modalidades oferecidas a turmas exclusivas do gênero masculino, por Regional, em 2006 ................................................................................ 33

Gráfico 3 – Modalidades oferecidas a turmas exclusivas do gênero feminino, por Regional, em 2006 ................................................................................ 34

Gráfico 4 – Modalidades oferecidas a turmas mistas, por Regional em 2006 ......... 37

Gráfico 5 – Porcentagem dos inscritos no Programa Esperança/Segundo Tempo em Belo Horizonte, por gênero, em 2006 .................................................... 41

Quadro 1 – Número de modalidades manifestadas em cada Regional, por gênero, em 2006................................................................................................... 32

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1 1.1 - Objetivo............................................................................................................. 3 1.2 - Justificativa e Relevância ................................................................................. 3 1.3 - Hipótese ou Suposição..................................................................................... 4

CAPÍTULO 2: DESENVOLVIMENTO .......................................................................... 5 2.1 - Revisão de Literatura........................................................................................ 5

2.1.1 - Inclusão e Exclusão: significado, causas e efeitos.................................... 5 2.1.2 - O Esporte: Relações de Inclusão, Exclusão e Gênero ............................. 6 2.1.3 - O Programa Segundo Tempo: Política Pública e Esporte ...................... 11

2.1.3.1 - Política Pública.................................................................................. 11 2.1.3.2 - O Esporte como Estratégia de Inclusão Social................................. 13 2.1.3.3 - O Programa Segundo Tempo ........................................................... 14

2.1.3.3.1 - Origens, Características e Metas ............................................... 14 2.1.3.4 - O Programa Segundo Tempo em Belo Horizonte/MG ..................... 16

2.1.3.4.1 - Implantação ................................................................................ 16 2.1.3.4.2 – Diretrizes para implementação do Programa............................ 23

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA.................................................................................. 24 3.1 - O campo de pesquisa..................................................................................... 24 3.2 - Tipo de pesquisa ............................................................................................ 24 3.3 - Procedimentos para o levantamento dos dados / informações ..................... 26 3.4 - Procedimento para o tratamento e análise dos dados................................... 27 3.5 - Cuidados Éticos.............................................................................................. 27

CAPÍTULO 4: RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................. 28 4.1 - O Programa Segundo Tempo em Belo Horizonte/MG................................... 28

4.1.1 - As Instalações.......................................................................................... 28 4.1.2 - A Materialidade ........................................................................................ 30 4.1.3 - A Programação Prevista e as Práticas Corporais Oferecidas................. 31 4.1.4 - Os Participantes do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo..... 38

CAPÍTULO 5. Conclusão ou Considerações Finais................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 45

1

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

O Programa Segundo Tempo, do Governo Federal, chegou a Belo

Horizonte/MG através do Ministério da Educação.

Posteriormente, em 2005, com apoio do Ministério do Esporte, estabeleceu

aliança também com a Secretaria Municipal Adjunta de Esportes desta capital

(SMAES).

O Programa faz parcerias institucionais com governos estaduais, prefeituras

municipais, organizações não-governamentais, e demais entidades nacionais e

internacionais, por estarem em contato direto com o público-alvo, conhecerem sua

realidade e desenvolverem projetos de inclusão social (VASCONCELOS, 2006:11).

Para esta cidade a proposta foi oferecer atividades gratuitas a estudantes da

rede pública em seu contra turno escolar (Programa Segundo Tempo na Escola), e

atividades esportivas a crianças e jovens participantes de um outro programa já

existente na cidade, chamado Esporte Esperança (Programa Esporte

Esperança/Segundo Tempo), dentre outras parcerias posteriormente estabelecidas.

Vasconcelos (2006:22) afirma que em Minas Gerais, o Segundo Tempo na

Escola é o terceiro colocado dentre os outros estados do Brasil por apresentar o

maior número de crianças e jovens atendidos pelo programa (80.852), ficando atrás

apenas de Bahia (104.594) e Rio de Janeiro (90.564). Em seguida aparecem Distrito

Federal (66.872) e Goiás (55.723), respectivamente.

A parceria do Programa Segundo Tempo com o Programa Esporte Esperança

abrange atualmente 54 escolas de esporte, ou Núcleos1, localizadas

estrategicamente em áreas de vulnerabilidade social.

Os Núcleos estão distribuídos pelas nove Secretarias Municipais da

Coordenação de Gestão Regional (SCOMGER ou apenas Regional2) da capital

mineira.

1 Nome dado a cada equipamento onde é ministrado o esporte do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo. Possuem localização, espaço físico e outras características distintas. 2 Entende-se como Regional a subdivisão de um município, reunindo bairros definidos num certo espaço geográfico, populacional e administrativo.

2

Entende-se como vulnerabilidade social todas as situações que predispõem a

vida da criança e do adolescente ao perigo constante, como, por exemplo, o contato

com drogas, violência, condições precárias de higiene e moradia.

Com seu objetivo voltado para inclusão e para o esporte educacional,

acredita-se que a boa proposta do programa traz benefícios diversos ao seu público-

alvo que são crianças e jovens de 7 a 17 anos.

Assim este estudo visa refletir, a partir da quantidade de crianças e jovens

inscritos e das atividades oferecidas, sobre a participação feminina e masculina no

Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo desenvolvido em Belo Horizonte/MG.

Neste primeiro capítulo faz-se uma breve apresentação deste trabalho de

pesquisa.

No segundo capítulo, procurou-se elucidar os conceitos de inclusão e

exclusão, visto que a inclusão constantemente aparece como um problema social

que pode ser atenuado ou enfrentado, por meio da educação através do esporte.

Neste mesmo capítulo, encontra-se a revisão de literatura que possibilitou

primeiramente um estudo mais aprofundado sobre o tema e posteriormente, uma

reflexão acerca da “supremacia” dos meninos diante de algumas modalidades e a

exclusão das meninas desde os primórdios na história da Educação Física.

Ainda no segundo capítulo exploram-se as políticas públicas do esporte, e

faz-se um aprofundamento no funcionamento do Programa Segundo Tempo e na

parceria firmada em Belo Horizonte com o Programa Esporte Esperança.

No terceiro capítulo caracteriza-se a pesquisa documental e sua análise

descritiva como a forma considerada mais apropriada para o levantamento, o

tratamento e a análise das informações utilizadas neste estudo.

No quarto capítulo estão os resultados obtidos e a discussão baseada em fala

dos autores estudados na revisão de literatura.

No quinto e último capítulo encontra-se a conclusão do presente estudo,

reafirmando a importância do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo,

inclusive, como uma política pública voltada o combate à desigualdade social entre

os gêneros.

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1.1 - Objetivo

Refletir, a partir da quantidade de crianças e jovens inscritos e das atividades

oferecidas, sobre a participação feminina e masculina no Programa Esporte

Esperança/Segundo Tempo oferecido em Belo Horizonte/MG.

1.2 - Justificativa e Relevância

Este trabalho se justifica por visar sistematizar e produzir informações

relevantes sobre este importante programa social do Governo Federal, através do

levantamento de informações que poderão auxiliar na avaliação e, se for o caso, na

correção da rota seguida atualmente, além de fornecer subsídios mais palpáveis

para melhorias e avanços no Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo em

Belo Horizonte, uma vez que há enorme escassez de pesquisas deste tipo

relacionadas ao Programa.

O interesse por este tema surgiu a partir de uma observação feita pela

monitora do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo no Núcleo Praça da

Saudade, Regional Leste de Belo Horizonte, que se percebeu como única pessoa do

gênero feminino que freqüentou o referido Núcleo, embora numa posição/lugar de

implementação das atividades programadas, no período da tarde, por vários meses.

Ora, porque a inscrição e a presença de meninas no Programa não atingiu

porcentagens ou índices correspondentes a sua representatividade (quantitativa) na

população em geral? A partir daí iniciou-se a busca por dados concretos para aclarar

ou desvelar essa impressão de reduzida presença feminina no Núcleo anteriormente

mencionado, mas, também, no conjunto dos Núcleos do Programa.

A relevância deste estudo, sobretudo no que diz respeito ao Programa

Esporte Esperança/Segundo Tempo, está amparada nos próprios objetivos do

programa organizado pelo Ministério do Esporte, dentre os quais destaca-se:

garantir a inclusão de participantes (crianças e jovens) de 7 a 17 anos, sem qualquer

tipo de distinção, que residam no entorno dos Núcleos, estejam matriculados numa

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escola de ensino formal, especialmente àqueles que estejam vulnerabilizados

socialmente.

1.3 - Hipótese ou Suposição

Acredita-se que a quantidade de crianças e jovens do gênero feminino seja

inferior ao número de crianças e jovens do gênero masculino e que isto possa ser

um reflexo do tipo de prática corporal oferecida pelo programa, os esportes (mais

especificamente determinados modalidades esportivas), que, em alguns casos, tem

uma vinculação específica com o “ser masculino”. Neste caso, a proposta e objetivo

de inclusão de crianças e jovens em situação de risco social, no Programa Segundo

Tempo/Esporte Esperança, em Belo Horizonte/MG, pode não estar atingindo

plenamente o seu público-alvo, sem distinção de gênero.

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CAPÍTULO 2: DESENVOLVIMENTO

2.1 - Revisão de Literatura

2.1.1 - Inclusão e Exclusão: significado, causas e efeitos

De acordo com Jonsson (1999:67), quando se inserem todas as pessoas num

mesmo meio, cria-se pelo próprio fato, um meio que promove a mudança e a

evolução em cada um de seus membros. A coletividade se torna mais rica e mais

completa.

A palavra inclusão pressupõe a integração de um modo geral, a

democratização do conhecimento, a garantia de acesso ao que se tem direito na

sociedade, ou ainda, de acordo com Araújo (2006:12-14), a inclusão social existe

com a finalidade de oportunizar a todos as mesmas igualdades de condições.

A inclusão social tem ampla abrangência, envolve informação e

conhecimento, emprego de tecnologia, investimento de infra-estrutura e social,

vontade política e determinação de fazer. Sem isto não haverá inclusão social

(OLINDA, 2006:123-124).

Já a exclusão social é entendida como um processo que marginaliza

indivíduos e grupos sociais de seus direitos como cidadão. Para Fisher (2001:5), os

principais aspectos em que a exclusão se apresenta dizem respeito à falta de

acesso ao emprego, a bens e serviços, e também à falta de segurança, justiça e

cidadania.

De acordo com Sposati (apud Azevedo e Barros, 2004:78-84), a definição de

exclusão está intimamente ligada à definição de inclusão social, sendo processos

sociais interdependentes que revelam desequilíbrios explícitos pela desigualdade da

distribuição de renda e oportunidades. Desta forma para se definir exclusão é

necessário definir a dimensão utópica da inclusão social.

Para Guimarães (2002:2), a exclusão social pode ser resultado da submissão

de um indivíduo ou grupo à pobreza, mas pode também resultar de valores culturais

que definem o que deve ser considerado benigno ou não.

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Assim faz-se importante questionar as causas da exclusão cuja conseqüência

é gerar a formação de um enorme contingente de pessoas colocadas à margem, ou

seja, marginalizados de algum ou alguns processos sociais.

E ainda, de acordo com Olinda (2006:123-124), a população excluída do

desenvolvimento, da estrutura social do Estado, mostra a literatura especializada, é

mais vulnerável aos problemas de saúde-doença. Ela adoece mais, fica mais tempo

doente e morre mais de causas básicas possíveis de serem evitadas, quando

comparada àquela que está no contexto social de inclusão.

2.1.2 - O Esporte: Relações de Inclusão, Exclusão e Gênero

O esporte no Brasil, após a reformulação do Desporto Nacional3, foi

conceituado como uma

atividade predominantemente física, que enfatiza o caráter formativo-educacional, seja obedecendo a regras pré-estabelecidas ou respeitando normas, respectivamente em condições formais ou não formais, abrangendo três manifestações: esporte-educação, esporte-participação e esporte-performance (VIDAL, 2004:1).

Para Tubino (2006:34), constitui-se na efetiva dimensão do esporte:

a) O esporte-educação;

b) O esporte-participação ou esporte popular;

c) O esporte performance ou esporte de rendimento.

Assim o esporte foi considerado como um dos fenômenos mais importantes

do final do século XX e vem sendo compreendido através dos vários significados

que exerce em nossa sociedade nestas três dimensões, reconhecidas pelo

3 Decreto 91452/85, regulamentado pela Portaria Ministerial 598/85.

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Ministério do Esporte, que desenvolveu uma estrutura organizacional

compreendendo três secretarias com seus respectivos departamentos, a saber:

Secretaria Nacional de Esporte Educacional: departamentos de Esporte

Escolar, de Identidade Cultural e de Esporte Universitário;

Secretaria Nacional do Desenvolvimento do Esporte e Lazer:

departamentos de Políticas Sociais de Esporte e de Lazer e Departamento de

Ciência e Tecnologia do Esporte;

Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento: departamento de

Esporte de Base e de Alto Rendimento e Departamento de Excelência

Esportiva e Promoção de Evento.

O caráter inclusivo do esporte é observado e bastante valorizado no esporte-

educação e no esporte-participação. Considerando-se que o esporte-educação é

aquele que abrange toda a população,

indica-se que ele deva ser um meio de descoberta e desenvolvimento de futuros participante do esporte-performance, propiciando todas as condições favoráveis para que suas capacidades psicomotoras sejam contempladas com programas efetivos e vivências desportivas de acordo com as indicações de suas faixas etárias (VIDAL, 2004:01).

A prática esportiva como instrumento educacional é um dos princípios que

regem o Programa Segundo Tempo, contudo, visa o desenvolvimento integral das

crianças, jovens e adolescentes. Ao se ensinar o esporte, é necessário preparar o

aluno para obter certas habilidades, sobretudo por meio de descobertas que o

permitam sentir prazer e alegria em praticar a atividade. Aprender o movimento, as

técnicas, sua cultura corporal, aprender a lidar com expectativas e desejos. Aprender

a lidar também com os desejos dos outros faz parte dos benefícios da prática de

esportes.

Segundo Morin (apud TUBINO, 2006:34), a educação tem um papel crítico-

transformador no comportamento do indivíduo. Sendo assim, o esporte educacional

propõe uma transformação integral no individuo.

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Fernandes (2002:1) afirma que no tocante ao esporte-participação, é

marcante a presença do espírito lúdico, promovendo prazer e tendo como fim, levar

a descontração e desenvolvimento pessoal, ou seja, é a dimensão onde se

caracteriza a verdadeira democratização social.

Já o esporte-rendimento visa a superação do atleta, a quebra de recordes,

apenas a vitória interessa. Estão excluídos desta dimensão todos aqueles que não

forem extremamente habilidosos e que não possuírem técnicas refinadas, pois o que

se busca com esta prática é a perfeição. Este esporte se apresenta praticamente

como um show, um espetáculo onde a cada momento busca-se a superação, o nível

mais alto do podium, a qualquer preço.

O mesmo autor nos atenta ainda para o outro lado do esporte-rendimento

crianças e indivíduos cada vez mais jovens estão sendo levados a se especializarem precocemente, pondo em risco seu futuro, tudo porque na fase da brincadeira estavam sendo exploradas a servirem como cobaias de treinamento desportivo. Por outro lado, é no esporte-rendimento que se encontram vários ídolos do esporte nacional que são os principais espelhos e focos da motivação de nossas crianças. (FERNANDES. 2002:01)

Indiferente da dimensão sociológica que o esporte se encontre, observa-se uma

forte presença de padrões de gênero no que se refere à prática esportiva, e o

gênero é muitas vezes visto como um fator que contribui para a exclusão nesta área.

De acordo com Grossi (1998:115) o gênero é a organização social da

diferença entre os sexos. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas constrói

o sentido dessa realidade.

Para Scott (1995:5), gênero é visto aqui como elemento constitutivo das

relações sociais e históricas fundadas sobre diferenças percebidas entre os dois

sexos, mas que não são conseqüência direta nem da biologia, nem da fisiologia e

que explicam persistentes desigualdades de todos os tipos entre mulheres e

homens.

Louro (1997:5) diz ainda que buscar diferenças comparando-se homens e

mulheres biologicamente é irrecorrível, seja no âmbito do senso comum, ou seja,

revestida por uma linguagem “científica”, a distinção biológica, ou melhor, a distinção

sexual serve para compreender – e justificar – a desigualdade social.

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Souza e Altmann (1999:52-68) acreditam que na aparência das diferenças

biológicas entre os sexos ocultaram-se relações de poder marcadas pela dominação

masculina e

que mantiveram a separação e a hierarquização entre homens e mulheres, mesmo após a criação da escola mista, nas primeiras décadas deste século. Buscou-se manter a simbologia da mulher como um ser dotado de fragilidade e emoções, e do homem como força e razão, por meio das normas, dos objetos, do espaço físico e das técnicas do corpo e dos conteúdos de ensino, fossem eles a ginástica, os jogos ou - e, sobretudo - os esportes.

Para Louro (apud OLIVEIRA e DUARTE, 2006:3) “a visão da masculinidade

do menino no esporte sempre foi muito valorizada, quanto para as meninas o

contato físico no jogo e a agressividades vão contra a feminilidade das mesmas”.

De acordo com Ross e Haynes (apud SALLES, 2003:12), apesar de a prática

de exercícios físicos e esportes tenha sido, historicamente, domínio masculino, é

reconhecida a posição social de algumas categorias de esportes tipicamente

masculinas e, outras, femininas.

Para o homem, segundo Messner (apud COSTA et al, 2005:70-72), “a prática

de exercícios físicos era vista como uma importante fonte de experiência da

validação da masculinidade”.

Badinter (apud ALTMANN, 1999) afirma que os esportes que exigem

competição, força física, contato físico, e agressão, são considerados como melhor

iniciação à virilidade, pois nesse espaço que o adolescente ganha "status de

macho", mostrando publicamente seu desprezo pela dor, o controle do corpo, a força

e a vontade de ganhar e vencer os outros.

Já entre as mulheres, segundo Messner (2005:165-179), “as práticas

esportivas surgiram só no final do século XIX na Europa, principalmente as

caminhadas, a prática de bicicleta e do tênis”.

Este comportamento era visto como “uma novidade imoral, uma

degenerescência e até mesmo pecado” (PRIORE, 2002:01). Nesta época,

contestava-se tudo que pudesse desviar o sexo feminino do papel de mãe dedicada

exclusivamente ao lar.

Além disso, vários decretos, resoluções e documentos no curso da história da

humanidade privavam as mulheres da prática esportiva.

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Em 1965, de acordo com Goellner (2004:38-41), o Conselho Nacional de

Desportos baixou a seguinte deliberação: “as mulheres não é permitida a prática de

lutas de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo,

rugby, halterofilismo e baseball”. Contudo, para Melo (2005:70-72), Atletismo,

futebol, boxe, rugby, water pólo eram tidos como esportes violentos e não

adaptáveis ao sexo feminino.

Soares (1994:01) lembra que “a formação física da mulher abrangia trabalhos

manuais, jogos infantis, ginástica educativa e os esportes considerados menos

violentos”.

Melo (2005:70-72) afirma que vários preconceitos e estereótipos ainda

cercam a prática das mulheres em determinadas modalidades e para Paim (2004:1),

“apesar das transformações ocorridas nas últimas décadas, com relação à prática

esportiva, o futebol em especial, é assumido, historicamente, ainda como sendo um

domínio masculino”.

Questões de gênero são facilmente observadas hoje em dia quando

presenciarmos algumas mudanças como: aos homens é dado o direito de praticar o voleibol, mas Ginástica Rítmica ainda continua sobre o domínio feminino, e o futebol passa a ser praticado cada vez mais por mulheres, tanto nos clubes quanto em algumas escolas. Se no passado apenas meninos jogavam bola, hoje meninas já freqüentam esses campos não mais apenas como espectadoras, mas buscando aos poucos romper com as hierarquias de gênero (SOUZA E ALTMANN, 1999:52-68).

De acordo com Altmann (2001:1) os Parâmetros Curriculares Nacionais4

acreditam mesmo que uma estratégia, para não se reproduzir estereótipos das

relações sociais entre os sexos, pode partir da escola através das aulas de

Educação Física mistas, ou seja, envolvendo ambos os gêneros, pois esta pode ser

uma oportunidade de meninos e meninas observarem, descobrirem e aprenderem a

ser mais tolerantes, não discriminar e compreender as diferenças.

Desde então vem sendo construída uma Educação Física com propósitos

inclusivos, baseados nos princípios do esporte-educação e do esporte-participação,

4 Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou PCN’s, consistem num instrumento para a elaboração de projetos que viabilizam a prática educativa efetiva.

11

onde meninos e meninas têm o mesmo direito ao acesso a pratica esportiva, e

podem usufruir a mesma forma dos benefícios.

As intervenções dos professores nestes casos de pode ser um trabalho árduo

principalmente porque os papéis femininos e masculinos estão internalizados na

cultura das crianças, que rejeitam com veemência atividades consideradas do sexo

oposto. (BRASIL, 2004:99).

Obstáculos ainda existem aos montes, pois a atuação do profissional, que se

encontra muitas vezes desatualizado em seus conhecimentos, é também

fundamental para o sucesso da inclusão através do esporte.

Com as propostas do esporte-educação há o crescimento das possibilidades

de professores desenvolverem um esporte mais democrático, participativo, com

minimização da competição, através de um esporte inclusivo com propostas

pedagógicas consistentes que ajudem a quebrar este mito, ainda tão resiste em

nosso meio: o mito da pratica esportiva apenas para os bons/mais habilidosos.

Assim, a inclusão aponta para uma nova perspectiva para a prática esportiva,

visando à possibilidade de serem praticados por todos em tempos e espaços iguais

(BRASIL, 2004:72).

2.1.3 - O Programa Segundo Tempo: Política Pública e Esporte

2.1.3.1 - Política Pública

Como afirmam Miranda e Vieira (2002:1) “entendem-se como políticas

públicas às ações estatais no seio da sociedade com o objetivo de diminuir as

desigualdades sociais”.

Para Ortollanni (2006:1) o termo Política Pública deriva do inglês "public

policy". Neste idioma, existem palavras distintas para designar o que entendemos

por política. A palavra "policy" se relaciona com iniciativas governamentais,

diretrizes, ações, planos e interesses sociais, enquanto a palavra "politics" refere-se

à política partidária, políticos, interesses partidários e interesses particulares.

12

A responsabilidade de dizer qual ação de políticas públicas é prioridade para

a sociedade é predominantemente dos órgãos governamentais a partir do interesse

público, o que é um processo complexo, por respeitar uma dada hierarquia ou

estrutura, que gira em torno de recursos do governo, da motivação e de interesses

políticos dos dirigentes.

A política pública pode acontecer através de um conjunto de programas, de

uma proposta dos órgãos governamentais, de uma decisão do governo, dentre

outras que busquem uma resposta a problemas sociais.

Miranda e Vieira (2002:01) afirmam que as políticas públicas sociais estiveram

voltadas durante décadas para o investimento em ações voltadas para a educação e

o mercado de trabalho. No entanto a partir da década de 90, segundo as autoras,

“percebeu-se que o governo brasileiro passou a utilizar e incentivar as Políticas

Públicas de Esporte e Lazer como meios de buscar a equidade social”.

Assim, observa-se a crescente necessidade do desenvolvimento de políticas

públicas de esporte, e lazer, que além de conterem aspectos lúdicos, divertidos e

prazerosos, sejam favoráveis a história de cada região, resgatando toda a

comunidade, pois com estes aspectos se torna possível vivenciar a inclusão,

valorizar as práticas corporais trazidas pelas crianças, somadas aos benefícios das

atividades físicas que levantam a auto-estima daqueles que se sentem excluídos e

geralmente o são.

Necessitam-se políticas públicas que convidem os envolvidos a se habituarem

com a prática esportiva, os possibilitando expressar suas idéias com segurança,

diante de situações diversas do nosso cotidiano, em busca da dignidade, angariando

valores incomensuráveis na formação de cada cidadão.

O Programa Segundo Tempo de acordo com a Secretaria Nacional de

Esporte Educacional (BRASÍLIA, 2006), é uma política pública reconhecida pelas

Nações Unidas como o maior programa sócio-esportivo do mundo, com inclusão

social através do esporte, que envolve mais de um milhão de crianças e

adolescentes em todo o Brasil.

Lettnin (2005:14) acredita que o Programa Segundo Tempo vem assegurando

condições educativas de qualidade elevada para todos. Disse ainda, que estudiosos

como Mesquita (1992), Garganta (1998), Bento et al. (1999) e Stefanello (1999) têm

demonstrado que as práticas esportivas extracurriculares são consideradas um meio

formativo por excelência para a educação de crianças e jovens praticantes.

13

2.1.3.2 - O Esporte como Estratégia de Inclusão Social

A inclusão pode ser um dos importantes princípios metodológicos das

atividades físicas, assim, Costa (2006:1) diz que entende-se como atividade

esportiva inclusiva, toda e qualquer que, levando em consideração as

potencialidades e as limitações físico-motoras, sensoriais e mentais dos seus

praticantes, propicie a sua efetiva participação nas diversas atividades esportivas

recreativas e, conseqüentemente, o desenvolvimento de todas as suas

potencialidades.

Como afirma Tubino (2006:30), o esporte é um instrumento que permite aos

indivíduos de todas as classes sociais, raças e credos experimentar igualdade e

justiça social. Aprendem as crianças, também, a conviver com vitórias e derrotas,

aprendem a vencer através do esforço pessoal; desenvolvem-se através do esporte

a independência e a confiança em si mesmos, o sentido de responsabilidade, entre

outros princípios e valores.

Assim como uma estratégia de inclusão através do esporte, o Programa

Segundo Tempo/Esporte Esperança se mantém visando sobretudo a ampliação do

acesso aos esportes para os mais carentes, que paralelamente às aulas de

Educação Física nas escolas proporciona as crianças muitas vezes o primeiro

contato com diferentes modalidades esportivas, e pode ser o momento determinante

para a continuidade do jovem com a prática.

O Ministério do Esporte prevê a inclusão de meninos e meninas no Programa,

uma vez que podem se inscrever quaisquer crianças, adolescentes e jovens

matriculados no Ensino Fundamental e Médio dos estabelecimentos públicos de

educação no Brasil localizados em áreas de risco social, bem como aqueles que

estão fora da escola, de forma a oportunizar sua inclusão no ensino formal. Além do

mais, as aulas são oferecidas gratuitamente.

A prática esportiva é capaz de unir raças e povos, no entanto o acesso ao

esporte não é tão fácil, pois como cita Filho (2005:1), de fato, a maioria da

população, principalmente da periferia, fica na dependência de esforços isolados,

para que possa resistir e também fazer parte desta história.

O esporte, de acordo com Oliveira (2003:9), é muitas vezes utilizado em

nossa sociedade como estratégia de ocupação do período ocioso do dia que muitas

14

vezes leva as crianças para as ruas a mercê de servirem ao tráfico e roubos, uma

vez que com o advento da industrialização houve um aumento populacional de

indivíduos sem qualificação profissional que contribuíram para a formação de

favelas, e de pessoas desocupadas/ociosas ou subempregadas.

Araújo (2006:14) afirmou no seu estudo intitulado “A Inclusão por meio do

Esporte” que com o advento do Programa Segundo Tempo, novas possibilidades

surgiram, principalmente para as comunidades menos favorecidas, que são a

maioria. Disse ainda que ao chegar do Programa uma estrutura mínima de esporte,

foi dado um impulso inicial importante no processo da sociabilização através do

esporte.

Assim o esporte é um dos principais aliados no processo de inclusão, devido

aos benefícios que oferece, pois como coloca Barbosa (2003:1) as vantagens do

esporte são muitas, dentre elas “estimula a socialização, [...] ocasiona maior

empenho na busca de objetivos, reforça a auto-estima, ajuda a equilibrar a ingestão

e o gasto de calorias e leva a uma menor predisposição a moléstias”.

No entanto, não se podem confundir as intenções de estratégia de inclusão

através do esporte, enxergando os programas sociais implementados através do

setor esportivo com objetivos desconexos da realidade.

2.1.3.3 - O Programa Segundo Tempo

2.1.3.3.1 - Origens, Características e Metas

O Programa Segundo Tempo é um programa idealizado pelo Ministério do

Esporte, criado em 2003 e encontra-se regulamentado pelas Portarias de nºs 96, de

02 de dezembro de 2004; nº 32, de 17 de março de 2005; nº 46, de 08 de abril de

2005; nº 123, de 13 de setembro de 2005 e nº 135, de 26 de outubro de 2005, em

consonância com o estabelecido na Instrução Normativa nº01/97 e na Lei 8,666/93;

no Art. 217, caput e inciso II da Constituição Federal; nos Arts. 2º, 3º e 7º

(modificado pela Lei nº 10.672, de 15.5.2003), da Lei nº 9.615 de 24 de março de

15

1998; na Resolução nº 85, de 12 de fevereiro de 2003; nos atos de criação e

regulamentação do Ministério do Esporte, respectivamente, na MP nº 163, de 23 de

janeiro de 2003 e no Decreto nº 4,668, de 9 de abril de 2003; no art. 59 da Lei

8,069/90, de 13 de julho de 1990; e, ainda, na Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de

1996.

Os objetivos do programa, de acordo com o Manual de Diretrizes e

Orientações do Programa Segundo Tempo (BRASÍLIA, 2006), são:

Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte;

Oferecer prática esportiva de qualidade;

Garantir o acesso às diversas atividades oferecidas pelo Núcleo de esporte;

Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte como ponto educacional;

Despertar a consciência da prática esportiva como atividade necessária ao bem

star individual e coletivo;

Contribuir para o desenvolvimento humano, em busca de qualidade de vida;

Contribuir para o processo de inclusão educacional e social;

Garantir recursos humanos qualificados e permanentes para coordenar e

ministrar as atividades esportivas;

Promover hábitos saudáveis para crianças, adolescentes e familiares;

Estimular crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva em torno de

práticas esportivas saudáveis, direcionadas ao processo de desenvolvimento da

cidadania;

Contribuir para a ampliação da atividade educacional, visando oferecer educação

permanente e integral por meio do esporte;

Contribuir para a redução da exposição de crianças e adolescentes às situações

de risco social;

Apoiar as ações de erradicação do trabalho infantil;

Contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência escolar da

criança e do adolescente;

Apoiar a geração de emprego e renda através da mobilização do mercado

esportivo nacional;

Implementar indicadores de acompanhamento e avaliação do esporte

educacional;

16

Obter reconhecimento nacional e internacional do Programa.

Souza (2006:10) diz que o programa propõe o aumento de alunos envolvidos,

o aumento na continuidade de participação esportiva na vida escolar, chegando a

uma educação integral e também projetando formas de espalhar a prática e a cultura

esportiva do país. Isso tudo se dará a partir de um projeto pedagógico e

educacional, competições regionais, estaduais e nacionais, eventos e festivais

esportivos.

2.1.3.4 - O Programa Segundo Tempo em Belo Horizonte/MG

2.1.3.4.1 - Implantação

Na década de 90 foi criado em Belo Horizonte o Programa Criança e

Adolescente pela SMES na capital.

O programa Criança e Adolescente era responsável por planejar, coordenar,

executar, supervisionar e avaliar políticas públicas de esporte e lazer, pautadas nas

diretrizes legais do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)5, também criado na

década de 90, assegurando, assim, o cumprimento do dever público no que tangia

ao atendimento dos direitos referentes ao esporte e ao lazer.

A opção do programa foi pelo esporte social e baseando-se nos princípios de

inclusão, participação, ludicidade e respeito, visava proporcionar o esporte e o lazer

às crianças e adolescentes de Belo Horizonte, democratizando o acesso aos

equipamentos públicos esportivos e oferecendo atividades que viessem a contribuir

na sua formação pessoal, social, técnica e cognitiva, contribuindo para o

desenvolvimento pleno do cidadão e para a melhoria da qualidade de vida

(SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTES DE BELO HORIZONTE, 2001:2).

5 O Estatuto da Criança e do Adolescente está regido pela Lei Federal nº 8069/90.

17

O Programa Criança e Adolescente era composto por quatro projetos sócio-

educativos, que apesar de já não funcionarem hoje em dia, estão registrados no site6

oficial da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, com arquivos datados de dezembro

de 1999, dos quais procedem as informações seguintes.

O Projeto Miguilim Esportes surgiu em 1993 e o principal objetivo foi

implementar e executar uma política pública de atendimento e assistência às

crianças e adolescentes com trajetória de vida nas ruas de Belo Horizonte

acreditando-se que estas corriam risco pessoal e social.

Buscou assegurar-lhes os direitos básicos preconizados pelo ECA,

sensibilizando-os para o retorno ao convívio familiar, o que de fato aconteceu pois

70% retornaram às suas casas ou ao convívio comunitário.

Após um amplo processo de reordenamento da sua estrutura e

funcionamento, ocorrido entre setembro de 1997 e novembro de 1998 o projeto

concentrou suas ações diretas na abordagem de rua, no acompanhamento familiar e

não levou mais este nome.

O Projeto Dente de Leite foi criado em agosto de 1994 e tinha por objetivo

“difundir o gosto e o hábito da prática regular e educativa do futebol de campo,

ampliando e democratizando oportunidades de vivências esportivas para crianças e

adolescentes” (MALHEIROS, 1999:4).

Além do esporte, as crianças de 12 a 17 anos, e posteriormente da faixa

etária de 9 a 17 anos, contavam com palestras educativas abordando temas como

sexualidade, higiene, entre outros.

Para viabilizar esta iniciativa, um Programa chamado “SOS Futebol Amador”

revitalizou e reformou diversos campos de várzea da capital mineira e segundo o

Sistema de Informação do Gabinete do Prefeito (1999:1), houve parceria com a

Associação de Garantia ao Atleta Profissional de Minas Gerais (AGAP/MG) e

Secretaria Municipal de Abastecimento Os alunos eram orientados por ex-jogadores

de futebol profissional filiados a AGAP/MG (denominados “Monitores”) e por

“Auxiliares da Comunidade” que faziam a ligação direta com a comunidade no

entorno do campo.

Malheiros (1999:5) afirma ainda que em 1995, onze meses depois de iniciado,

o Projeto Dente de Leite apresentava-se com a seguinte configuração: 21 Núcleos

6 Apresentação do Programa Criança e Adolescente. Disponível em <http://portal4.pbh.gov.br/ pbh/pgESEARCH_CENTRO.html?paramIdCont=568>. Acesso em 4 dez.20060

18

distribuídos em todas as nove regionais da cidade, atendendo aproximadamente três

mil crianças. Em julho de 1999, compunha-se de 31 Núcleos atendendo em torno

de quatro mil e setecentas crianças e adolescentes.

O Projeto Módulo de Esporte e Lazer (MEL) foi um projeto sócio-educativo

voltado à difusão de práticas esportivas regulares, desenvolvido por meio de

escolinhas para crianças e adolescentes de 7 a 15 anos (FIG.4). Teve início em

setembro de 1998, quando foram abertas as turmas de futsal e voleibol no Núcleo

da Praça da Saudade já com 108 crianças participantes.

O MEL proporcionava vivências lúdicas e esportivas “através de processos

pedagógicos voltados para o futsal, voleibol, handebol, basquetebol e futebol de

areia e posteriormente capoeira e peteca” (SECRETARIA MUNICIPAL DE

ESPORTES DE BELO HORIZONTE, 2001:2). Possuiu nove7 Núcleos.

De acordo com o Sistema de Informação do Gabinete do Prefeito (1999:1),

“com este projeto pretendeu-se buscar a educação democrática lúdica, a construção

da cidadania, o desenvolvimento pessoal, cultural e técnico-esportivo dos

participantes”.

O Projeto Bom de Bola, Bom de Escola “foi um projeto de iniciação esportiva

para crianças e adolescentes desenvolvido em parceria com a Polícia Militar de

Minas Gerais” (SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO GABINETE DO PREFEITO,

1999:1) e resistiu em dois Núcleos abertos durante o ano 2000.

A parceria consistia na utilização dos equipamentos esportivos da Polícia

Militar de Minas Gerais (22º Batalhão e 125º Companhia) e era dirigido a crianças e

adolescentes na faixa etária de 8 a 14 anos, e posteriormente de 7 a 15 anos, que

morassem nas adjacências destes equipamentos. Visava-se a melhoria do

rendimento escolar dos participantes bem como a boa convivência entre a Polícia

Militar e a comunidade.

O projeto era coordenado por técnicos (professores de Educação Física) da

Secretaria Municipal de Esportes de Belo Horizonte, oferecendo-se atividades de

Futsal, Futebol de areia, Voleibol e oficinas lúdico-artístico-pedagógicas. Este último

só para meninas.

7 A relação de nomes e endereços do projeto MEL encontra-se disponível em <http://portal4.pbh.gov.br/ pbh/pgESEARCH_CENTRO.html?paramIdCont=582>. Acesso 4 dez. 2006.

19

O balanço do número de Núcleos do Programa Criança e Adolescente em

2001, referente aos 4 projetos que eram desenvolvidos, está representado na tabela

a seguir:

Tabela 1 Núcleos do Programa Criança e Adolescente em 2001, por Regionais.

Regionais Miguilim

Dente de Leite

MEL

Bom de Bola,

Bom de Escola

Barreiro - 5 -

Centro-Sul 1 3 - 1

Leste - 5 1 -

Nordeste - 3 2 -

Noroeste - 5 1 -

Norte - 5 1 -

Oeste - 5 1 1

Pampulha - 5 3 -

Venda Nova

- 5 - -

TOTAL 1 41 9 2

Fonte: Secretaria Municipal de Esportes de Belo Horizonte (SMES). Secretaria de Esportes Apresenta Trabalho com Enfoque Social. Belo Horizonte: [s.n.] 55p, 2001.

Com a crescente abertura de novos Núcleos dentre equipamentos de quadras

e campos, houve então uma nova reformulação administrativa em 2003 e por

votação entre os próprios monitores do até então Programa Criança e Adolescente,

um novo nome foi proposto, sendo ele o Esporte Esperança.

Com isso os núcleos dos 4 projetos anteriores, que possuíam melhor

funcionamento, passaram a ser regidos por uma organização em comum e

passaram a ser denominados como Programa Esporte Esperança.

A Secretaria Municipal de Esportes (SMES), posteriormente, passa a ser

chamada de Secretaria Municipal Adjunta de Esportes (SMAES).

Neste período, segundo dados do Anuário Estatístico de Belo Horizonte

(2003), que é um documento público que contém os mais recentes números sobre o

contingente urbano da capital, a população de crianças e jovens se encontrava da

20

seguinte forma, de acordo com gênero, faixas etárias, e Regionais, em Belo

Horizonte:

Tabela 2 População por gênero e faixas etárias, de acordo com as regionais de Belo Horizonte, em 2003

5 a 9 ANOS 10 a 14 ANOS 15 a 19 ANOS 5 a 19 ANOS REGIONAL

FEM MASC FEM MASC FEM MASC FEM MASC TOTAL

BARREIRO 11805 11489 12304 12298 13364 13688 37473 37475 74948

CENTRO-SUL 7434 7289 8864 9070 11863 12996 28161 29355 57516

LESTE 9902 9897 10832 10698 11910 12661 32644 33256 65900

NORDESTE 11250 10926 12034 12078 13777 14358 37061 37362 74423

NOROESTE 12511 12327 13830 13660 15911 16371 42252 42358 84610

NORTE 8622 8466 8962 8870 9986 10124 27570 27460 55030

OESTE 10543 10399 11233 11081 12637 13250 34413 34730 69143

PAMPULHA 5407 5470 6096 5810 6615 6892 18118 18172 36290

VENDA NOVA 10907 10482 11305 11022 12539 12973 34751 34477 69228

BELO HORIZONTE 88381 86745 95460 94587 108602

113313

292443

294645

587088

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (PBH). Anuário Estatístico de Belo Horizonte. p. 87, 2003.

Em 2005, com a consolidação da parceria entre o Ministério do Esporte e a

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) o Programa Segundo Tempo chegou

na capital implementando as atividades do Esporte Esperança e aproveitando toda a

estrutura já formada por ele (54 Núcleos distribuídos em 9 regionais da cidade),

tornando-se assim o Esporte Esperança/Segundo Tempo, sob a coordenação da

SMAES.

A seguir a relação das Regionais e seus respectivos Núcleos em 2006:

Regional Barreiro: C.T.I., Hoffman, Milionários, Parque Ecológico Vila Pinho

e Urucúia.

Regional Oeste: C.A.C. Havaí, Campo Havaí, Estrela, Fundo da Colina,

Morro das Pedras, Salgado Filho e Vista Alegre.

Regional Venda Nova: Bahia, Comunidade da Lagoa, Manchester, Oriente e

Santa Mônica.

Regional Centro-Sul: 22º Batalhão da P.M.M.G., Querubins, Santa Lúcia,

Santa Maria e Vila Nossa Senhora de Fátima.

21

Regional Noroeste: Parque Ecológico Aeroporto Carlos Prates, Grêmio

Mineiro, Palmeirense, Pastoril e Pinheiros.

Regional Norte: Aliança, C.A.C. Providência, Etelvina Carneiro, Napoli, Novo

Aarão Reis e Tupinense.

Regional Leste: Bola de Ouro, Mineirinho, Pedreira II, Praça da Saudade,

Real Pompéia, Riviera e Tupinambás.

Regional Nordeste: C.E.C.A.A.C., Conjunto Paulo VI, Grenal, Inconfidência,

Parque Renato Azeredo e Vila Maria.

Regional Pampulha: C.A.C. São Francisco, Confisco, Confisco II, Engenho

Nogueira, Estrela Azul, Lagoa do Nado, Seias e Suzana.

Desde a consolidação da parceria, o Programa conta com recursos do

Governo Federal, o que permitiu a contratação de profissionais de Educação Física

para atuarem como Coordenadores dos Núcleos ao lado dos Monitores de Esporte,

a aquisição de novos materiais esportivos e a oferta de reforço alimentar para as

crianças e adolescentes participantes nos núcleos de todas as Regionais.

A maioria dos Monitores do Esporte Esperança/Segundo Tempo ainda

encontra-se composta pelos ex-atletas profissionais do Futebol de Campo, que

continuam amparados pela AGAP/MG, parceira do Programa desde o início.

O papel do Auxiliar de Comunidade, no entanto, foi extinto em 2006 e aqueles

que não abriram mão do Programa se tornaram Monitores.

Para aqueles Monitores que não fossem graduados em Educação Física, foi

exigido um curso de Capacitação Profissional através do órgão responsável,

chamado Conselho Regional de Educação Física de Minas Gerais (CREF-6/MG), a

fim de que sua atuação fosse regulamentada. Hoje os Monitores do Esporte

Esperança/Segundo Tempo ocupam a categoria de Profissionais Provisionados de

Educação Física.

O profissional Provisionado, de acordo com o Conselho Federal de Educação

Física (CONFEF, 2006) é aquele não graduado8 em Educação Física, que até a data

da regulamentação da profissão de Educação Física9, tenha comprovadamente

8 A Resolução nº 045/2002 dispõe sobre o registro de não-graduados em Educação Física no Sistema CONFEF/CREF’s. 9 A Lei 9696 de 01/09/1998 regulamenta a atuação do Profissional de Educação Física.

22

exercido atividades próprias da profissão, tal como provar um tempo mínimo de

atividades em uma categoria especifica dentre as atividades físicas.

Os antigos Técnicos, agora chamados de Coordenadores Técnicos Regionais

(ou Técnicos de Referência), são graduados em Educação Física e são o elo entre

os Coordenadores de Núcleo e Monitores com a coordenação geral do programa.

Os Técnicos de Referência atuam dentro da Secretaria Municipal de

Esportes, sendo responsáveis, cada um, por três regionais, divididos sob a seguinte

forma:

Técnico de Referência 1: Norte, Noroeste e Centro Sul;

Técnico de Referência 2: Pampulha, Nordeste e Leste;

Técnico de Referência 3:Venda Nova, Barreiro e Oeste.

Algumas das atribuições do Monitor (e do extinto cargo de Auxiliar de

Comunidade), de acordo com o documento intitulado Atribuições dos Monitores e

Auxiliares de Comunidade (2006:1):

Executar aulas de qualidade;

Realizar a inscrição do aluno de forma clara e completa

Zelar pelo material, equipamento e local de trabalho

Manter contato com entidades locais (centros de saúde, escolas, Polícia).

Algumas das atribuições do Coordenador de Núcleo, de acordo com o

documento intitulado Atribuições dos Coordenadores de Núcleo (2006:1) sempre

com o apoio do monitor (e do auxiliar enquanto existia):

Propor e desenvolver ações e atividades que visem melhorias do núcleo;

Relatar o desempenho das atividades da equipe através de relatório mensal;

Controlar o banco de dados através do controle das fichas de cadastro;

Preencher os relatórios mensais corretamente e solicitar materiais.

As instalações disponibilizadas para o Esporte Esperança/Segundo Tempo

em sua maioria localizam-se em espaços públicos. De acordo com Filho (2005:1)

23

espaço públicos são “locais como a praça, o parque, o campo de futebol que são

referencial na comunidade como ponto de encontro para a caminhada diária, a

conversa com os amigos, o encontro de grupos de convivência, o ‘joguinho’ do

campeonato do fim de semana”, enfim, locais de extrema importância na

sociabilidade e integração de crianças, jovens, velhos e adultos da

regional/comunidade/bairro.

2.1.3.4.2 – Diretrizes para implementação do Programa

De acordo com o documento intitulado “Diretrizes Gerais para Planejamento

Pedagógico”, algumas das principais diretrizes seguidas pelo Esporte

Esperança/Segundo Tempo em 2006 foram:

As turmas devem se dividir entre as seguintes faixas etárias: 7 a 10 anos; 11

a 13 anos e 14 a 17 anos;

A duração das aulas deve ser de 75 minutos com 5 minutos de intervalo entre

as aulas;

A divisão das aulas deve ser de uma hora para as atividades e quinze

minutos para a verificação da presença, distribuição de coletes e distribuição

de lanches aos participantes;

Deverão haver 3 turmas por turno divididas em masculinas, femininas e

mistas, neste caso, indiscriminadamente;

São necessários 25 alunos por turma de esportes em quadras e 30 alunos por

turma de esporte em campos;

Deve-se oferecer a modalidade futebol em equipamento com campo, e

oferecer o mínimo de 2 e o máximo de 3 modalidades em quadras.

24

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA

3.1 - O campo de pesquisa

O foco deste estudo foi o Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo de

Belo Horizonte/MG, seus 54 núcleos distribuídos em 9 regionais e sua população

formada por crianças e jovens com idade entre 7 e 17 anos, inscritos durante o ano

letivo de 2006 que foi de fevereiro a dezembro do mesmo ano.

Os 54 núcleos consistem em equipamentos públicos ou privados, de campos

ou quadras. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (2006) equipamentos

públicos são campos de várzea, pistas de cooper, quadras e praças esportivas,

construídas, conservadas e mantidas pelo poder público municipal; beneficiando a

população de baixa renda e proporcionando ao mesmo tempo, lazer, educação e a

prática esportiva.

As características dos núcleos são ao mesmo tempo peculiares e

semelhantes por estarem localizados em sua maioria em campos de várzea e

praças públicas onde freqüenta também toda a população do seu entorno.

As diversidades das regionais estão intrínsecas, dentre outros aspectos, ao

tamanho regional e populacional de cada uma.

3.2 - Tipo de pesquisa

A pesquisa teve caráter documental com análise estatística descritiva (média)

enquadrando-se no conceito de Godoy (1995:1) que afirma que a pesquisa

documental consiste no estudo de documentos considerados importantes como

fontes de dados, onde se buscam novas interpretações, ou interpretações

complementares, através do exame de materiais de natureza diversa, que ainda não

receberam um tratamento analítico, ou que podem ser reexaminados.

25

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2001), define documento

como “qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma

unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos,

manuscritos, registros (...), sem modificações, independentemente do período

decorrido desde a primeira publicação”.

A análise descritiva, de acordo com Gil (2001:20-22) visa “descrever as

características de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de

relações entre variáveis, assumindo, em geral, a forma de levantamento”.

Os documentos analisados neste estudo foram:

Relação dos núcleos por Regionais: nome e localização de cada um;

Balanço do número de inscritos no ano: tabela criada pelo Coordenador

do Programa contendo o número de inscrições recebidas dos núcleos em

2006 de acordo com a regional e de acordo com as 3 faixas etárias adotadas

pelo Programa;

Ficha de Freqüência: preenchida pelo monitor diariamente em campo,

mostra quais os dias a criança ou jovem esteve presente. Contém dados

como nome e Regional do núcleo, nome do Monitor e Coordenador de

Núcleo, nome dos alunos, data de nascimento de cada um, modalidade

praticada, faixa etária da turma, mês, dias e horários das aulas, gênero da

turma e média de freqüência individual.

Folha de Rosto das fichas de Freqüência: resumo das fichas de freqüência

de cada núcleo onde estão registrados o número total inscritos por gênero, o

número de novatos, número total de alunos, número total de freqüência,

modalidades praticadas, faixa etária e horários das aulas, e contém espaço

para assinatura do Monitor, Coordenador de Núcleo e observações do

Técnico;

Diretrizes Gerais para o Planejamento Pedagógico: documento

apresentado na primeira capacitação de Monitores e Coordenadores de

núcleo, oferecida pela SMAES em fevereiro de 2006 que padronizava as

características organizacionais das atividades e orientava o preenchimento

correto dos formulários e organização do banco de dados;

26

Secretaria de Esportes Apresenta Trabalho com Enfoque Social: livreto

produzido pela SMES em 2001, com distribuição interna, contendo

informações sobre todos os programas sociais existentes;

Atribuições dos Monitores e Auxiliares de Comunidade: documento que

dita formas de organizar as atividades em campo;

Atribuições dos Coordenadores de Núcleo: documento que dita formas de

organizar o funcionamento do Núcleo;

Regulamento Geral do Torneio Esporte Esperança/Segundo Tempo

2006: dispõe de normas que regeram o torneio em 2006.

3.3 - Procedimentos para o levantamento dos dados / informações

Como ponto de partida deste estudo utilizou-se uma pesquisa bibliográfica

com o objetivo principal de analisar as contribuições que a literatura já traz sobre o

tema proposto. A pesquisa está embasada também em documentos da SMAES, no

site oficial da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, no material didático fornecido

pelo curso de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Centro de Educação

à Distância da Universidade de Brasília e na Constituição Brasileira.

Em seguida, através de uma pesquisa de campo, buscou-se analisar a

realidade acerca do desenvolvimento do programa para depois levantar dados

quantitativos sobre o número de crianças e jovens inscritos e as modalidades

oferecidas pelo programa, em cada núcleo.

Primeiramente numa visita a SMAES foi levantado o número de núcleos

existentes no Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo. A seguir, através do

Coordenador do Programa, foi apresenta uma planilha com o número de inscrições

realizadas durante o ano em cada regional, de acordo com a faixa etária.

Finalmente foram consultadas as fichas dos relatórios mensais enviadas

pelos monitores e coordenadores de cada núcleo, mensalmente, aos respectivos

Técnicos de Referência.

27

3.4 - Procedimento para o tratamento e análise dos dados

A análise estatística foi realizada através do programa Windows Excel 2000

(Microsoft Office Corporation), bem como a criação de tabelas e gráficos.

3.5 - Cuidados Éticos

Por cuidados éticos e para viabilizar o início da pesquisa, foi oferecido um

documento intitulado “Carta de Obtenção de Consentimento para Pesquisa” ao

coordenador geral do Programa com quem houve também um longo diálogo. A carta

continha uma breve apresentação da pesquisadora, visava expor claramente os

objetivos do trabalho e a forma através da qual este seria realizado e ainda

informava sobre a necessidade da publicação em meio científico dos resultados

levantados de cada Núcleo.

Houve também um segundo documento chamado de “Carta para Obtenção

de Consentimento Livre Esclarecido”, que foi assinado pela pesquisadora e pelo

coordenador geral do Programa que representava também a opinião dos Técnicos

de Referência. Este assegurava que dados como a identidade dos alunos inscritos

no programa, monitores e outros profissionais que trabalharam durante o período da

pesquisa, seriam preservados e autorizava a pesquisadora a ter livre acesso aos

documentos e materiais do arquivo do Programa sob supervisão dos Técnicos de

Referência e/ou Coordenador Geral do Programa, durante os meses de novembro

de 2006 e janeiro de 2007.

28

CAPÍTULO 4: RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 - O Programa Segundo Tempo em Belo Horizonte/MG

4.1.1 - As Instalações

De acordo com o conceito de equipamento sugerido pela PBH as instalações

do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo encontraram-se na em

equipamentos públicos de campos de várzea (destinados exclusivamente ao futebol)

e quadras poliesportivas, ou não.

Cada equipamento no programa deve ser entendido como um Núcleo com

campo ou quadra, salve o CAC Havaí que tem, além da quadra para as atividades,

uma das salas do estabelecimento disponível para as aulas de Ginástica Rítmica. A

seguir encontra-se a quantidade de equipamentos por Regional.

Tabela 3 Número de equipamentos do Esporte Esperança/Segundo Tempo de Belo Horizonte em 2006

Regionais Campos Quadras

Barreiro 5 -

Centro-Sul 2 3

Leste 6 1

Nordeste 2 4

Noroeste 5 -

Norte 5 1

Oeste 5 2

Pampulha 4 4

Venda Nova 5 -

TOTAL 39 15

29

Observa-se que todas as Regionais possuem pelo menos dois campos de

futebol, cada. A Regional que apresentou o maior número de equipamentos de

campos foi a Leste (6) e as Regionais com o menor número de campos foram a

Centro Sul (2) e Nordeste (2).

Três Regionais não possuem quadras, somente campos (Barreiro, Noroeste e

Venda Nova). As Regionais Nordeste e Pampulha apresentam o maior número de

equipamentos de quadras, empatando em 4, cada uma.

Em suma, as instalações utilizadas para o desenvolvimento das atividades

junto às crianças e jovens vinculadas ao pelo Programa Esporte

Esperança/Segundo Tempo em 2006 foram 39 campos de futebol e 15 quadras.

Gráfico 1 Conjunto dos equipamentos disponibilizados para o Programa

Esporte Esperança/Segundo Tempo em Belo Horizonte

Fonte: Tabela 3

Pode-se atribuir essa discrepância entre o número de equipamentos de

quadra e campo ao histórico do extinto programa Criança e Adolescente e seus

projetos. De acordo com a literatura estudada, o Esporte Esperança/Segundo

Tempo herdou muitos destes equipamentos do planejamento anterior do programa

que o precedeu. Somente o Projeto Dente de Leite, antes da reformulação, possuía

41 equipamentos de campos, enquanto o MEL deixou 12 quadras, além do Bom de

Bola, Bom de Escola, com 2 quadras e o Miguilim com 1 quadra. No entanto, sabe-

se que a quadra do Projeto Miguilim e uma quadra do Bom de Bola, Bom de Escola

não foram aproveitados após a reformulação. Não se sabe ao certo quais ou

quantos equipamentos de campo não foram utilizados pelo Esporte Esperança,

porém percebe-se que a grande maioria sim.

30

4.1.2 - A Materialidade

As aquisições de materiais e lanches para o programa são feitas por meio de

concorrência pública/licitação, na qual a preocupação central é com o menor preço.

O repasse desses materiais para os Núcleos é feita de acordo com a

demanda dos Monitores e Coordenadores de Núcleo, feitas através dos relatórios

mensais. Estes profissionais, responsáveis pela programação e implementação das

atividades junto às crianças e jovens em loco, costumam queixar, tanto da

durabilidade, quanto da qualidade dos materiais esportivos disponibilizados.

Aos Monitores foram oferecidos no início do ano uniformes para trabalho:

camisa, short, jaqueta e calça. Aos alunos foram oferecidos coletes de duas faces

para serem usados durante as aulas e uniforme de jogo completo, com camisa,

calção e meias, para eventos como torneios ou jogos extras. Ambos em modelos

masculinos.

A ausência de uniformes femininos pode se dever a maioria dos monitores

serem ex-atletas de futebol do sexo masculino, do extinto projeto Dente de Leite. As

monitoras surgiram somente anos depois, com a criação do projeto MEL. Com a

vinda de graduados em Educação Física, aumentou-se o número de Coordenadoras

de Núcleo, que atualmente usam para trabalhar, somente a camisa oferecida como

uniforme do programa, mas a maioria ainda aguarda recebê-la.

No início de 2006 foi entregue a cada núcleo um kit contendo bolsa de

primeiros socorros contendo uma mini caixa de isopor para gelo, um garrafa plástica

para água e uma embalagem para soro fisiológico, além de uma grande bolsa de

lona plástica para guardar os uniformes dos alunos.

Para os campos de futebol a SMAES disponibiliza bolas de futebol de campo

nos tamanhos infantil e juvenil, redes para as traves do gol, bombas para encher as

bolas, bicos das bombas e apitos.

Para as quadras disponibilizam-se bolas de tamanhos infantil e juvenil para

futsal, voleibol, basquete e handebol, redes para as traves do gol, bombas para

encher as bolas, bicos das bombas e apitos.

31

Para o núcleo que oferece Ginástica Rítmica foram disponibilizadas massas,

cordas, bambolês, bolas, colchonetes. Atualmente apenas o Núcleo CAC Havaí

apresenta esta modalidade e a compra foi realizada especificamente para ele.

Outros materiais como cones, cordas e bambolês, dentre outros devem ser

solicitados ao Técnico de Referência que avalia e providencia ou descarta a

necessidade da compra.

4.1.3 - A Programação Prevista e as Práticas Corporais Oferecidas

A programação muitas vezes é sugerida pelos próprios Monitores e

Coordenadores no decorrer do ano, visando seu Núcleo isoladamente. As propostas

são analisadas pelos respectivos Técnicos de Referência e caso sejam aprovadas

são repassada à Coordenação geral do programa que viabilizará a realização.

Sob a mesma condição um Núcleo pode se organizar para fazer intercâmbio

com outros Núcleos ou escolas da região se deslocando até eles ou realizando

atividades extras no próprio Núcleo, ficando a equipe de Coordenador de Núcleo e

Monitor, responsáveis pelo meio de transporte de segurança e a assinatura de

autorização dos pais ou responsáveis dos alunos.

Uma sugestão da SMAES para 2006 foi a programação e realização do

Torneio Esporte Esperança/Segundo Tempo, que se realizou no Parque das

Mangabeiras, em 2006. De acordo com o Regulamento Geral do torneio, ele teve a

finalidade de promover um conjunto de atividades esportivas de caráter competitivo

destinado aos usuários de equipamentos de quadra de toda as Regionais. O objetivo

foi desenvolver o intercâmbio sócio-desportivo e propiciar momento de lazer de

forma organizada e segura aos usuários do Programa. Todos os participantes

ganharam lanche especial e camisetas alusivas ao Programa Segundo Tempo.

De acordo com o documento da SMAES intitulado, “Diretrizes Gerais para

Planejamento Pedagógico”, observou-se que foi prevista, para equipamentos de

campo, a prática exclusiva do futebol. Para os equipamentos de quadra, foram

previstas duas a três modalidades diferentes, no máximo.

32

Diante disso, foi realizado o levantamento das modalidades que foram

oferecidas durante o ano 2006 em cada regional, através da análise dos

documentos “Ficha de Freqüência” e “Folha de Rosto das fichas de Freqüência”.

No Quadro 1 foram registradas as modalidades freqüentadas em 2006 por,

pelo menos, durante um mês em cada Regional, de acordo com a divisão das

turmas em categoria masculina, feminina ou mista.

Quadro 1 Número de modalidades manifestadas em cada regional, por gênero, em 2006

ADMINISTRAÇÕES REGIONAIS

NE

RO

MODALIDADES

BA

RR

EIR

O

CE

NT

RO

SU

L

LE

ST

E

NO

RD

ES

TE

NO

RO

ES

TE

NO

RT

E

OE

ST

E

PA

MP

UL

HA

VE

ND

A N

OV

A

TO

TA

L

BASQUETE - - - - - - × - - 1

CAMPO × × × × × × × × × 9

Mas

culin

o

FUTSAL - × × × - × × × - 6

CAMPO - - × - - - - × - 2 FUTSAL × - × - × - × - 4 FUTEBOL DE AREIA - × - - - - - - - 1 GINÁSTICA RÍTMICA - - - - - - × - - 1 HANDEBOL - - - - - - - × - 1 IEU - - - × - - - - - 1 QUEIMADA - × - × - - - × - 3

Fem

inin

o

VOLEIBOL - × - - - - - - - 1 ATLETISMO - - - - - × - - - 1 BASQUETE - - - - - × × - - 2 CAMPO - × × × - × × × - 6 DANÇA - - - - - - - × - 1 FUTSAL - × × × - × × × - 6 HANDEBOL - × - - - - × × - 3 PETECA - × - - - - - - - 1 QUEIMADA - × × - - - - × - 3 VOLEIBOL - × - - - - × × - 3 IEU - - - × - - - - - 1 FUTEBOL DE AREIA - × - - - - - - - 1 VOLEI AREIA - × - - - - - - - 1

Mis

to

RECREAÇÃO - - × - - - - × - 2

Observa-se ao analisar as práticas oferecidas exclusivamente ao gênero

masculino, que o futebol de campo, bem como o futsal, apareceram em 100% dos

equipamentos que os ofereciam (9 núcleos de futebol de campo e 6 de futsal).

33

Paim (2004:1), já havia em seus estudos, percebido o quanto o futebol

continua sendo a modalidade masculinizada, em relação à prática esportiva. Para

ele, o futebol em especial, é assumido, historicamente, ainda como sendo um

domínio masculino.

O Basquete apareceu como modalidade exclusivamente masculina na

regional Oeste devido a uma única turma de basquete masculino existente no CAC

Havaí.

Como mostra o gráfico a seguir, as turmas compostas exclusivamente pelo

gênero masculino ficaram restritas, de acordo com a abordagem dos Núcleos, a

apenas três, modalidades esportivas, que foram condicionadas pelo espaço físico

(campo de futebol e quadra poliesportiva) existente.

Gráfico 2 Modalidades oferecidas a turmas exclusivas do gênero masculino, por regional, em 2006

Fonte: Quadro 1

Quanto ao número de meninas inscritas em modalidades oferecidas com

exclusividade ao gênero feminino, foi observado que o futebol de campo aparece

apenas em duas Regionais: Leste (núcleo Riviera) e Pampulha (núcleos Seias e

Suzana).

O futsal exclusivamente para meninas foi oferecido em 4 das 6 regionais que

possuem quadras: Centro Sul (Querubins, 22º Batalhão e Conjunto Santa Maria),

Pampulha (CAC São Francisco e Engenho Nogueira), Norte (CAC Providência) e

Nordeste (Parque Renato Azeredo). As regionais Leste e Oeste não ofereceram

futsal exclusivamente feminino em 2006.

A modalidade futsal de areia exclusiva para o gênero feminino existe apenas

34

na regional Centro-sul (núcleo Querubins), apesar de alguns equipamentos como,

por exemplo, a Praça da Saudade, possuírem espaço adequado para tal.

A Modalidade Ginástica Rítmica apareceu apenas na regional Oeste onde

existe uma sala para esta modalidade que atende meninas de 8 a 12 anos, no CAC

Havaí.

O handebol feminino foi detectado na regional Pampulha (núcleo Confisco I)

que manteve a turma apenas durante o mês de abril de 2006.

A queimada feminina apareceu em 3 regionais: Centro Sul (Querubins),

Nordeste (Conjunto Vila Maria) e Pampulha (Confisco). No Núcleo Conjunto Vila

Maria há registro da modalidade apenas durante o mês de outubro.

A iniciação Esportiva Universal (IEU) somente para meninas foi oferecida pela

regional Nordeste, através do Núcleo CECAAC.

O voleibol feminino foi oferecido na regional Centro Sul (núcleo Querubins) e

na regional Nordeste (núcleo CECAAC).

Assim, para a categoria feminina o contato durante o ano foi com oito

modalidades diferentes, de maneira dispersa entre os núcleos, de acordo com o

gráfico 3:

Gráfico 3

Modalidades oferecidas a turmas exclusivas do gênero feminino, por Regional em 2006

Fonte: Quadro 1

Há de se observar que as modalidades futebol de campo e futsal podem ter

se sobressaído como modalidade praticada exclusivamente por meninas devido ao

35

tipo de equipamento oferecido, uma vez que é sabido que o programa possui 39

campos de futebol e apenas 15 quadras. Souza e Altmann (1999:52-68) afirmaram

que o futebol passa a ser praticado cada vez mais por mulheres, tanto nos clubes

quanto em algumas escolas, já que elas freqüentam esses campos não mais apenas

como espectadoras, mas buscando aos poucos romper com as hierarquias de

gênero.

As mesmas autoras comentam na literatura estudada que apesar de

presenciarmos algumas mudanças na sociedade, a Ginástica Rítmica ainda continua

sobre o domínio feminino, o que foi observado no núcleo CAC Havaí, único que

apresenta a modalidade, que é oferecida apenas para meninas.

Melo (2005:70-72) afirma que vários preconceitos e estereótipos ainda

cercam a prática das mulheres em determinadas modalidades, e o que foi percebido

neste estudo é que pode estar havendo preconceito também em relação à prática

dos meninos que ficou, o que é preocupante, restrita a três modalidades no ano.

Dentre as modalidades oferecidas a turmas mistas, ou seja, que possuam ao

menos uma pessoa do sexo oposto, apenas uma regional ofereceu o atletismo. Na

regional Norte (núcleo CAC Providência) foi detectada uma turma de atletismo que

durou apenas 2 meses (outubro e novembro) e ainda dividiu o horário desta

modalidade com o basquete, mesmo não estando esta divisão prevista no

funcionamento dos núcleos.

Duas regionais ofereceram basquete para ambos os gêneros. Na região Norte

(núcleo CAC Providência) ofereceu-se o basquete, mas era reservado um espaço da

aula para o atletismo, como citado acima. Na regional Oeste foi oferecido pelo

Núcleo Salgado Filho, onde perdurou-se por apenas 3 meses e pelo CAC Havaí que

manteve o basquete misto durante todo o ano.

No futebol de campo misto, 6 regionais receberam os alunos, sendo elas:

Centro-sul, Leste, Nordeste, Norte, Oeste e Pampulha, no entanto, o numero de

meninas nas turmas era muito baixo, variando de 1 a 5 meninas. Apenas duas

turmas apresentaram 9 e 12 meninas, mas para uma turma ser considerada mista,

segundo alguns monitores, basta a presença de apenas uma menina no grupo.

A modalidade Dança para ambos os gêneros foi oferecida em apenas na

Regional Pampulha (núcleo CAC São Francisco) e a especialidade durante o ano

variou entre Axé e Forró. Modalidades como ginástica e dança são novidades no

36

programa, pois surgiram com a parceria do programa Segundo Tempo e o Esporte

Esperança que antes trabalhava apenas esportes com bola.

O futsal misto apareceu em todas as regionais (6) que possuíam quadras. Na

regional Centro Sul observou-se futsal misto no 22º Batalhão, Querubins, Santa

Lúcia e na Vila N. Sra. de Fátima. Neste último o futsal era praticado também

concomitante a outras modalidades como handebol, futsal de areia e queimada, pois

dependia da vontade da turma a cada dia. Na regional Leste houve futsal misto em

apenas uma turma, na Praça da Saudade. Na regional Oeste foi oferecido no núcleo

CAC Havaí e Salgado Filho, sendo neste ultimo praticado juntamente com o

handebol. O futsal misto também se manifestou nas regionais Nordeste (núcleo

Inconfidência) e Norte (CAC Providência).

O handebol misto foi oferecido na regional Centro sul onde o núcleo Vila

Fátima dividia o horário com o futsal. Na regional Oeste o núcleo Salgado filho

ofereceu handebol no segundo semestre do ano, dividindo o horário com futsal ou

voleibol. Na Pampulha o núcleo Confisco teve handebol misto apenas durante o mês

de março.

A peteca surgiu como modalidade mista apenas na regional Centro-Sul,

dividindo horário com a queimada, somente no mês de maio.

A Queimada mista aconteceu na regional Centro-sul, no núcleo Querubins,

dividindo espaço com voleibol ou futsal durante o ano, e também no núcleo Vila

Fátima, dividindo com futsal ou handebol. Apareceu também na regional Pampulha

(núcleos Confisco I e CAC São Francisco) e na regional Leste (núcleo Praça da

Saudade).

Houve turma mista de voleibol na regional Centro-Sul (núcleos 22º Batalhão e

Querubins) onde dividiam-se espaço com futsal ou queimada. Na regional Oeste os

núcleos CAC Havaí e Salgado Filho manifestaram voleibol misto mas o Salgado

Filho dividiu a turma com o handebol. Na regional Pampulha (CAC São Francisco) a

modalidade durou o ano todo.

A Iniciação Esportiva Universal mista foi trabalhada na regional Nordeste

(núcleo CECAAC).

Houve uma turma mista de futebol de areia e outra de vôlei de areia

respectivamente no núcleo 22º Batalhão em julho e no Querubins em maio, ambos

na regional Centro-sul.

37

Outras atividades, classificadas como recreação, surgiram na regional Leste

(Praça da Saudade) e na Pampulha (CAC São Francisco). Atividades de recreação,

segundo os Monitores, devem ser entendidas como atividades lúdicas, que variam a

cada dia, entre jogos populares, brincadeiras e modalidades esportivas com regras

adaptadas.

Foram nas turmas mistas que se alcançou a maior diversificação de

modalidades (13), também de maneira dispersa, mas oportunizada aos dois

gêneros, embora os esportes coletivos também tenham sobressaído.

Gráfico 4 Modalidades oferecidas a turmas mistas, por regional em 2006

Fonte: Quadro 1

A divisão de turmas mista, para Altmann (2001:1) adveio das normas dos

Parâmetros Curriculares Nacionais, cujos organizadores acreditam que este

envolvimento de ambos os gêneros pode ser uma oportunidade de meninos e

meninas observarem, descobrirem e aprenderem a ser mais tolerantes, não

discriminar e compreender as diferenças.

No entanto há que se considerar, repito, que para a turma ter sido

considerada mista, bastou que tivesse no mínimo, apenas uma menina e um menino

inscritos. Nestas modalidades estudadas foram observadas em todas as turmas

mistas que a presença feminina era sempre inferior a 30%.

De fato, percebe-se que nem todas as modalidades oferecidas têm propósitos

inclusivos, baseando-se nos princípios do esporte-educação, que de acordo com

Vidal (2004:01) deveria propiciar todas as condições para que suas capacidades

38

psicomotoras fossem contempladas através de vivências desportivas variadas, ou

seja, onde meninos e meninas tivessem o mesmo direito ao acesso à pratica

esportiva, e pudessem usufruir da mesma forma dos benefícios.

Observa-se ainda que a escolha de conteúdos/atividades/modalidades

esportivas também esteve, no ano 2006, condicionada ao

interesse/habilidade/segurança de Monitores e Coordenadores de Núcleo.

4.1.4 - Os Participantes do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo

A TAB. 4 mostra o levantamento resultante desta pesquisa sobre o número de

inscritos e inscritas no programa Esporte Esperança/Segundo Tempo em 2006, de

acordo com as faixas etárias em que as turmas são divididas para as aulas e de

acordo com a Regional a qual pertencem.

Tabela 4 Número total de inscrições recebidas pelos núcleos do Programa Esporte Esperança/Segundo

Tempo, de acordo com a regional e faixas etárias atendidas pelo programa em 2006

Faixas Etárias Regional

07 a 10 anos 11 a 13 anos 14 a 17 anos TOTAL

Barreiro 299 237 252 788

Centro-Sul 288 270 347 905

Leste 532 628 428 1588

Nordeste 381 170 168 719

Noroeste 332 333 247 912

Norte 407 372 250 1029

Oeste 400 484 282 1166

Pampulha 338 431 342 1111

Venda Nova 319 390 242 951

TOTAL 3296 3315 2558 9169

Fonte: fornecida pelo coordenador geral do Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo.

39

Observa-se que a regional Leste recebeu o maior número de inscrições em

2006, com o total de 1588 e a regional Barreiro recebeu o menor número, com

apenas 788 inscrições.

Esta diferença não se justifica se considerarmos o tamanho da população de

crianças e jovens de cada Regional, uma vez que a Regional Leste, de acordo com

o Anuário Estatístico de Belo Horizonte (2003), teve cerca de 65.900 e a Regional

Barreiro 74.948 habitantes na faixa etária atendida pelo Programa, ou seja, a

Regional Barreiro é que deveria ter apresentado um maior número de inscritos.

Assim parte-se para a análise dos equipamentos existentes nestas Regionais.

A Leste possui uma quadra poliesportiva e seis campos com equipamentos

exclusivos para o futebol enquanto a regional Barreiro possui cinco campos de

futebol, ou seja, o a regional Leste possui uma quadra e um campo a mais que o

Barreiro, apesar de apresentar menor população jovem que a regional Barreiro.

Percebe-se através da tabela 4 que o número das inscrições em todas as

regionais, de acordo com as faixas etárias, estão bem equilibrados, sendo recebida

maior demanda da faixa entre 11 e 13 anos, seguida da faixa de 7 a 10 anos e a

menor faixa com os jovens de 14 a 17 anos. Observa-se que todas as faixas etárias

foram contempladas.

A seguir, a tabela mostra o número de meninos que se inscreveram no

programa em 2006, também de acordo com a faixa etária em que se encontravam e

com a regional referente ao núcleo que participaram durante o ano.

Tabela 5 Inscrições advindas do gênero masculino de acordo com a regional e faixas etárias, em 2006

Faixa Etária Regional

07 a 10 anos 11 a 13 anos 14 a 17 anos TOTAL

Barreiro 282 223 246 751

Oeste 335 406 269 1010

Venda Nova 300 370 226 896

Centro-Sul 219 222 291 732

Noroeste 321 325 246 892

Norte 390 358 250 998

Leste 493 587 423 1503

Nordeste 301 152 164 617

Pampulha 266 391 321 978

TOTAL 2907 3034 2436 8377

40

A regional Oeste apresentou o maior número de meninos inscritos (1010). O

menor número de inscrições masculinas foi observado na regional Nordeste (617).

A contagem populacional do Anuário Estatístico de Belo Horizonte (2003) diz

que a regional Oeste possui 34.730 habitantes e a Nordeste 37.362 habitantes do

gênero masculino na faixa etária de 5 a 19 anos, ou seja, como o número de

meninos por regional não é tão discrepante, esta diferença no número de inscrições

recebidas pode-se dever também ao fato da regional Oeste possuir 5 campos

enquanto a Nordeste possui apenas 2, e nos campos, os meninos aparecem em

massa.

Dentre os meninos a faixa etária que realizou mais inscrições em 2006 foi

com idade entre 11 e 13 anos (3.034), seguidos da faixa que vai de 7 a 10 anos

(2.907) e depois a de 14 e 17 anos (2.436). Apesar das faixas etárias de 11 a 13 e

14 a 17 anos apresentarem uma diferença de inscrições de 600 crianças acredito

que todas as faixas etárias foram contempladas.

A seguir, está descrito o número de meninas que se inscreveram no programa

em 2006, também de acordo com a faixa etária em que elas se encontravam e de

acordo com a regional referente ao núcleo que participaram durante o ano.

Tabela 6 Inscrições advindas do gênero feminino de acordo com a regional e faixas etárias, em 2006

Faixa Etária Regional

07 a 10 anos 11 a 13 anos 14 a 17 anos TOTAL

Barreiro 17 14 6 37

Oeste 65 78 13 156

Venda Nova 19 20 16 55

Centro-Sul 69 48 56 173

Noroeste 11 8 1 20

Norte 17 14 0 31

Leste 39 41 5 85

Nordeste 80 18 4 102

Pampulha 72 40 21 133

TOTAL 389 281 122 792

41

O número maior de inscrições do gênero feminino se deu na regional Centro

Sul (173 meninas) e o menor na regional Noroeste (20 meninas). De acordo com os

dados do Anuário Estatístico de Belo Horizonte (2003), o número de meninas na

região Centro-Sul era de 28.161 habitantes e na Noroeste, 42.252 meninas na faixa

etária de 5 a 19 anos! Assim, como explicar o baixo número de meninas no

programa, se nas estatísticas populacionais elas existem em grande número?

Analisando o número de equipamentos esportivos disponíveis pelo programa

encontramos na Centro Sul 2 campos e 3 quadras, enquanto na Noroeste, tem-se 5

campos de futebol. Visto que o Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo

oferece apenas a modalidade futebol nos equipamentos de campo e visto que de

acordo com a literatura estudada o futebol é tido como esporte de meninos, poderia

ser esta uma razão do afastamento delas, mas não somente esta. Parece haver algo

além do tipo de equipamento ou modalidades oferecidas!

O gráfico a seguir expressa uma abrupta diferença entre o número de

meninos e meninas inscritos no programa, cuja porcentagem chega a 91,36% do

gênero masculino e apenas 8,64% de presença feminina em 2006.

Gráfico 5 Porcentagem de inscritos no Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo, por gênero, em 2006

Fonte: Tabelas 5 e 6

Na literatura estudada, Scott (1995:1) afirma que o gênero é visto como

elemento constitutivo das relações sociais e históricas fundadas sobre diferenças

percebidas entre os dois sexos. De acordo com o autor as desigualdades existem

sim, de todos os tipos entre mulheres e homens, no entanto, para este estudo, deve-

se atentar para as diferenças no tratamento entre meninos e meninas.

42

O os dados encontrados refletem uma realidade muito dura, ao mostrar que o

número de inscrições recebidas pela população feminina é extremamente inferior a

masculina em todas as regiões da cidade.

Souza e Altmann (1999:52-68) sugerem que a histórica dominação masculina

foi responsável por manter a separação e a hierarquização entre homens e

mulheres.

Mas, se de acordo com Costa (2006:1) a inclusão pode ser um dos

importantes princípios metodológicos das atividades esportivas inclusivas, a

potencialidade do Programa de trabalhar a inclusão está sendo desperdiçada.

As limitações observadas como o acesso às modalidades oferecidas e o

número de meninas participantes, parecem não estar sendo desenvolvidos com

efetividade.

43

CAPÍTULO 5. Conclusão ou Considerações Finais

Os dados levantados e apresentados neste estudo são preocupantes, uma

vez que apenas 8,64% das crianças e jovens participantes no Programa Esporte

Esperança/Segundo Tempo foram do gênero feminino.

Isto quer dizer que o Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo em Belo

Horizonte, no ano de 2006, atendeu quase que exclusivamente as crianças e jovens

do gênero masculino, ou seja, a realidade observada no Núcleo Praça da Saudade,

que deu origem ao problema desta pesquisa, também foi encontrada nos demais

(53) Núcleos do referido Programa.

Aqui se arrisca a apontar como uma das possíveis causas, o afirmado na

hipótese.

O Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo ao herdar os equipamentos

(espaços físicos), parte dos monitores e modalidades esportivas existentes em

outros programas “sociais” empreendidos desde a primeira metade dos anos 90,

também, culturalmente falando, manteve o atendimento quase que exclusivo de

crianças e jovens do gênero masculino.

Tão preocupante é a tendência de “especialização” ou de reforço de uma

cultura mono-esportiva, ou seja, da prática dos meninos restrita ao esporte futebol. O

futebol de campo, nesta pesquisa, lidera o ranking de modalidades mais praticadas

somente por meninos, seguido do futsal, e ambos muito distantes do basquete, que

apareceu na lista devido apenas a um professor se “aventurou” a oferecê-lo em seu

núcleo.

Será que esta iniciativa de praticar o basquete partiu de demanda da própria

comunidade? Ou do interesse do professor? Ou foi de acordo com a disponibilidade

de material para aquele núcleo? O mesmo questiona-se sobre a Ginástica Rítmica.

Há de se indagar sobre o condicionamento de equipamentos, materiais e

principalmente do interesse dos envolvidos.

A competência e a boa formação dos Monitores, Coordenadores de Núcleos e

até mesmo dos Técnicos de Referência, que são responsável por autorizar uma

nova prática no núcleo, podem inclusive ser o fator determinante na oferta de

modalidades variadas.

44

Como este trabalho analisou apenas o número de inscritos, faz-se também

necessário o estudo da freqüência dos gênero no programa, pois as inscrições

ocorreram de fato, mas as meninas e os meninos podem ter se inscrito e não

continuaram por muitos meses, visto que em outros estudos se questiona a evasão

e rotatividade de crianças no próprio Programa Segundo Tempo.

Creio que para o Programa Esporte Esperança/Segundo Tempo tem-se uma

forte necessidade de se criar alternativas materiais e didáticas junto aos Monitores e

Coordenadores de Núcleo, que atuam diretamente com as crianças e jovens.

Ou ainda, repensar a formação/capacitação de Monitores e Coordenadores

de Núcleos, repensar as estratégias de planejamento, na divulgação estratégica

para atrair a participação das meninas, e a promoção de mudanças na cultura

esportiva que ainda persiste, existe realmente em ritmo progressivo e preocupante.

Seriam estes alguns dos importantes passos a fim de combater a

desigualdade social entre os gêneros.

45

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