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MENSAGEM DE NATAL E DE ANO NOVO DO ALMIRANTE CHEFE …€¦ · novo ano, saúdo todos os que servem Portugal na Marinha. Sendo este um tempo de especial valori-zação dos laços

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MENSAGEM DE NATAL E DE ANO NOVODO ALMIRANTE CHEFE DO ESTADO-MAIORDA ARMADA E AUTORIDADE MARÍTIMA NACIONAL

REVISTA DA ARMADA | 481

Militares, Militarizados e Civis da Marinha,No espírito da quadra Natalícia em que nos

encontramos e neste virar de página para um novo ano, saúdo todos os que servem Portugal na Marinha.

Sendo este um tempo de especial valori-zação dos laços familiares, o meu primeiro pensamento vai para aqueles que, no cum-primento da sua missão, no mar ou em terra, não podem estar junto dos que lhes são mais queridos, com a certeza porém que a camara-dagem e a amizade própria dos marinheiros lhes amenizará o afastamento.

Uma palavra de agradecimento também para as famílias destes militares e militariza-dos, pelo carinho com que, na retaguarda, garantem o indispensável apoio aos seus entes

queridos, bem-haja a todos.Volvido mais um ano de extrema dificulda-

de, face à conjuntura económica nacional e internacional, orgulhamo-nos de, apesar das naturais limitações por ela impostas, fruto do esforço, dedicação e espírito de bem servir de todos, termos cumprido a nossa missão: “Ga-rantir que Portugal pode usar o mar no seu próprio interesse”.

Em 2013 cumprimos um conjunto de tarefas no âmbito da defesa militar e do apoio à políti-ca externa, da segurança e autoridade do Esta-do nas águas de jurisdição nacional e do desen-volvimento económico, científico e cultural, de que nos podemos orgulhar.

Estivemos presentes nos países de língua oficial portuguesa, assegurando a cooperação

técnico-militar, participámos nas operações de manutenção de paz no Kosovo, no Afeganistão e no Mali, assegurámos a participação de uma fragata na Operação Atalanta, que embarcou o comando da força da União Europeia, no âmbito do combate à pirataria, bem como a integração de um submarino na força da NATO, empenhada na operação Active Endeavour, na luta contra o terrorismo.

Foi ainda com enorme satisfação que, recen-temente, aumentámos ao efetivo da Marinha mais uma unidade naval, o NRP Figueira da Foz.

Por tudo o que fizemos impõe-se que, como CEMA e AMN, reconheça publicamente o tra-balho realizado pelos que no mar, a partir do mar, no litoral e nos serviços em terra, dão o seu melhor ao serviço do País, através da Marinha, quer na componente militar, quer na não militar.

Para 2014, e como referi no meu discurso de apresentação à Marinha, perspetivam-se tem-pos difíceis, pois bem sabemos que a tormenta ainda vai durar algum tempo, mas tenho a cer-teza que as enormes restrições que temos sen-tido podem ser minoradas com unidade de es-forço, determinação e perseverança, apanágio dos que cumprem Portugal no mar. Conto com o vosso espírito de serviço, a vossa dedicação, entrega e iniciativa, para que, juntos, possamos encontrar o melhor caminho para continuar a cumprir a nossa missão.

Temos de saber tirar partido do momento em que vivemos no sentido de, na dificuldade, encontrar formas de, em articulação com todos os setores, nos adaptarmos à nova conjuntura, reestruturando o que é necessário, mas man-tendo inalterável o que funciona bem, sempre com o desígnio em mente de nos tornarmos mais eficientes e eficazes.

Conto convosco, e quero que saibam que po-dem contar com o Comandante da Marinha, para, de forma coesa, disciplinada e com senti-do do dever, continuarmos a defender os supe-riores interesses de Portugal, através da nossa secular instituição.

Termino esta minha mensagem fazendo vo-tos para que 2014 vos traga saúde, realização pessoal e profissional, mas também satisfação pelo dever cumprido e orgulho em ser Mari-nheiro.

Desejo a todos um Santo Natal e um Feliz 2014.

Luís Manuel Fourneaux Macieira FragosoAlmirante

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REVISTA DA ARMADA | 481

DiretorCALM Carlos Manuel Mina HenriquesChefe de Redação CMG Joaquim Manuel de S. Vaz FerreiraRedatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de BritoSecretário de RedaçãoSCH L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Publicação Oficial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 481 / Ano XLIIIJaneiro 2014

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifício das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 321 76 50Fax: 21 347 36 24

Endereço da Marinha na Internetwww.marinha.pt

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.ptPaginação eletrónica e produçãoSmash Creative / smash.ptTiragem média mensal4500 exemplaresPreço de venda avulso: € 1,50

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

DISCURSO DO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA

A GÉNESE DA MARINHA PORTUGUESA

PRESIDENTE DA REPÚBLICA VISITA A MARINHA

Mensagem de Natal e de Ano Novo do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional02

Tomada de PosseEntrega de Comando21

Vigia da História 6030

Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada condecoradoCondecorações pelo Chefe do Estado-Maior da Armada12

Novo Diretor da Revista da Armada26

Símbolos HeráldicosCC

Almirante Saldanha Lopes condecorado com Legião de Honra Francesa10

Academia de Marinha23

Quarto de Folga33

OCEAN REVIVAL – O sonho tornado realidade14

Entrega do Estandarte Heráldico à Unidade de Apoio às Instalações Centrais da Marinha / Regata Master de Snipe 201328

Tomada de Posse do Chefe do Estado-Maior da Armada04

A Reserva Naval em Macau22

Saúde para Todos 1031

Celebração eucarística pelos militares falecidos / Comemorações do 95º aniversário do Armistí-cio, 90º aniversário da Liga dos Combatentes e 39º aniversário do fim da guerra do Ultramar13

Notícias29

Almirante Saldanha Lopes cessa funções de CEMA11

Comissão Cultural da Marinha24

Notícias PessoaisConvívio34

Abertura Solene do ano letivo na Escola NavalAbertura do ano letivo na ETNA16

30º Aniversário do NRP Polar Entrega de Comando do NRP Polar27

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SUMÁRIO

AnunciantesROHDE & SCHWARZ, Lda.

CapaAlmirante Macieira FragosoFoto 1SAR FZ Horta Pereira

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TOMADA DE POSSE DO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA

O Almirante Luís Manuel Fourneaux Ma-cieira Fragoso foi empossado no cargo de

Chefe do Estado-Maior da Armada pelo Presi-dente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, no passado dia 9 de dezembro, no Palá-cio de Belém, na presença das mais represen-tativas figuras da hierarquia do Estado.

Na cerimónia foram lidos os termos da posse pelo Dr. Arnaldo Pereira Coutinho, Secretário--Geral da Presidência da República, seguindo--se a leitura e assinatura da declaração de compromisso de honra pelo Almirante CEMA e a assinatura do ato de posse pelo Presidente da República.

Seguiram-se os cumprimentos pelas indivi-dualidades que, entre outras figuras da hie-rarquia do Estado, incluíram a Presidente da Assembleia da República, Dra. Maria da As-sunção Esteves, o Primeiro-Ministro, Dr. Pedro Passos Coelho, o Presidente do Tribunal Cons-

titucional, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal de Contas, o Vice-Primeiro-Ministro, o Ministro da Defesa Nacional, a Ministra da Agricultura e do Mar, o General CEMGFA, o Presidente da Comissão de Defesa Nacional, o Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna, os Generais CEMFA e CEME, três ex-CEMA, o Diretor Nacional da PSP e o 2º Comandante Geral da GNR, bem como a família, Oficiais das Forças Armadas e civis.

De seguida o Almirante CEMA dirigiu-se às Instalações Centrais da Marinha, onde decor-reu a cerimónia de apresentação à Marinha.

Recebido no portão da Praça do Município, pelo VALM Vice-CEMA e pelo Comandante da UAICM, foram prestadas honras com “Apitos da Ordenança” e uma força da Marinha cons-tituída pela Banda da Armada, Estandarte Na-cional e uma companhia de Fuzileiros presta-ram as honras militares ao Almirante Macieira

Fragoso, que se iniciaram com o hino “Maria da Fonte”, enquanto o NRP Vasco da Gama, fundeado no Tejo, efetuava 19 tiros de salva. O Almirante Macieira Fragoso passou depois revista à força em parada.

Após a cerimónia militar, o Almirante CEMA deslocou-se para a Casa da Balança onde era aguardado por convidados pessoais, Oficiais Generais, Oficiais, Sargentos e Praças, Milita-rizados e Civis da Marinha, sublinhando-se a presença de cinco ex-Chefes do Estado-Maior da Armada.

O Almirante Macieira Fragoso proferiu na ocasião uma alocução, onde transmitiu aos Militares, Militarizados e Civis da Marinha as “linhas mestras” para o seu mandato, transmitindo-lhes também uma mensagem de esperança e confiança.

No final foi cumprimentado por todos os presentes.

Presidente da República conferiu posse ao Almirante Luís Macieira Fragoso como CEMA

Foto Luís Filipe Catarino / Presidência da República Fotos 1SAR FZ Horta Pereira

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O Almirante Luís Manuel Fourneaux Maciei-ra Fragoso nasceu em Lisboa, a 19 de julho de 1953, e ingressou na Escola Naval em 1971, ten-do concluído a licenciatura em Ciências Militares Navais – Marinha em 1975. Especializado em eletrotecnia, frequentou o Curso Geral Naval de Guerra, o “Senior Course” do Colégio de Defesa da NATO, o Curso de Promoção a Oficial General e ainda diversos cursos de atualização e aperfei-çoamento de que se destacam os relacionados com a preparação para a receção das Fragatas classe Vasco da Gama. Fora da Marinha frequen-tou a Pós-graduação da Universidade Católica em Segurança e Defesa.

Serviu em diversas unidades navais, desde draga-minas a fragatas, como chefe de serviço de navegação, chefe de serviço de electrotecnia e imediato, de que se destaca o cargo de imediato na primeira guarnição da fragata Vasco da Gama.

Comandou a lancha de fiscalização Açor (1977-78) e o patrulha Rovuma (1984-86).

Em terra, desempenhou, entre outras, as fun-ções de Chefe das Secções de Segurança Militar e de Informações Estratégicas da Divisão de Infor-mações do EMA e na Direção do Serviço de Instru-ção e Treino (atual DSF), onde esteve envolvido na gestão do programa de formação das guarnições das fragatas “Vasco da Gama”.

Fora da Marinha, desempenhou funções na Divisão de Operações do Estado-Maior Interna-cional da OTAN (IMS), em Bruxelas (1998-2001), bem como oficial de ligação do Comité Militar da NATO ao Colégio de Defesa da NATO. Foi depois Diretor de Instrução da Escola Naval e, de 2002 a 2004, esteve como assessor do Ministro de Esta-do da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar. De seguida, ainda no Ministério da Defesa Nacional, ocupou o cargo de Subdiretor Geral de Armamen-to e Equipamentos de Defesa.

Foi promovido a Contra-Almirante a contar de 21 de fevereiro de 2007, tendo assumido o car-go de Diretor do Serviço de Formação, seguido do Comando da Escola Naval, entre fevereiro de 2008 e abril de 2010. Promovido a Vice-Almirante foi, em 19 de abril de 2010, nomeado Diretor do Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM), cargo que exerceu até Julho de 2011, após o que foi nomeado para assumir o cargo de Inspetor--Geral da Marinha a partir de 13 de julho de 2011.

Em 25 de junho de 2013 tomou posse como Superintendente dos Serviços do Material, de-sempenhando os dois cargos em acumulação, até à sua promoção a Almirante e tomada de posse como Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, em 09 de de-zembro de 2013.

O Almirante Macieira Fragoso, durante a sua carreira, foi agraciado com vários louvores e con-decorações, de que se destacam cinco medalhas Militares de Serviços Distintos – ouro e prata e duas medalhas Militares de Mérito Militar.

O Almirante Macieira Fragoso é casado, tem uma filha, dois filhos e sete netos.

ALMIRANTE LUÍS MANUEL FOURNEAUX MACIEIRA FRAGOSOCHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA

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A presença de Vossas Excelências nesta ceri-mónia em que inicio funções como Chefe do Es-tado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional é um gesto de simpatia e de solidarie-dade que muito me sensibiliza e agradeço.

Senhor Almirante Saldanha Lopes, começo por lhe dirigir um especial agradecimento pela sua presença nesta cerimónia que, como bem sabe, é carregada de simbolismo para mim e para a Marinha. O meu muito obrigado Senhor Almirante pela sua presença pelo que ela repre-senta nos domínios institucional e pessoal, mas principalmente o meu reconhecimento pela for-ma como, com grande camaradagem e amiza-de, neste curto espaço de tempo, procurou de forma cuidada passar-me o testemunho.

Senhor Almirante Carvalho Abreu, Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada e nos últimos dias Chefe do Estado-Maior da Armada interino, uma palavra de muito apreço por, neste período de indefinição e nas circunstâncias que bem co-nhecemos ter tomado o leme da nossa Marinha e, por se continuar a disponibilizar para assegu-rar o cargo de Vice-CEMA, até à posse do futuro incumbente. A sua disponibilidade e espírito de serviço, pondo o interesse da Marinha bem aci-ma do pessoal, representa para todos nós um grande exemplo. Bem-haja Senhor Almirante.

Aos Senhores Almirantes ex-Chefes do Esta-do-Maior da Armada o meu sentido reconhe-cimento pela presença de Vossas Excelências pelo importante apoio pessoal que traduz, mas também e principalmente pelo sinal de conti-nuidade do comando da Marinha.

À Senhora Dona Maria Alexandra Leitão, ex-presso o meu agradecimento muito sentido por, com a sua presença, manifestar a sua so-lidariedade muito amiga e por nos lembrar o seu Excelentíssimo marido, o Senhor Almiran-

te Sousa Leitão, ilustre Chefe do Estado-Maior da Armada, com quem tive a honra de servir como seu Ajudante e que, desde então, passou a constituir uma referência para mim, como homem, como militar e como Comandante.

Gostaria ainda de expressar o meu agradeci-mento à minha família e amigos aqui presentes, em especial à minha mulher que me acompa-nhou e apoiou ao longo de toda a minha carreira e que sem esse apoio e compreensão, certamen-te não teria chegado a este momento.

Finalmente, agradeço e saúdo todos os que quiseram honrar-me com a sua presença, fa-zendo questão de estarem nesta cerimónia da minha apresentação à Marinha. Quero, tam-bém, expressar um pensamento especial para aqueles que se encontram ausentes em missão na linha da frente.

Ao assumir o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada, e de Autoridade Marítima Nacio-nal, quero partilhar convosco dois sentimentos. A enorme honra que sinto por ter sido escolhido para tão relevante cargo e a enorme respon-sabilidade que sinto por, nos próximos anos, comandar a nossa Marinha e, principalmente, por liderar os homens e as mulheres que no dia--a-dia cumprem Portugal no Mar.

Militares, Militarizados e Civis da Marinha,Sendo esta a primeira vez que me dirijo à Ma-

rinha, importa indicar as linhas mestras do meu mandato para, nas circunstâncias atuais, e em completa sintonia, procurarmos continuar a dignificar esta instituição a que nos orgulha-mos de pertencer.

Portugal vive momentos de extrema dificul-dade, consubstanciados no cumprimento de um exigente programa de ajustamento eco-nómico e financeiro, ao qual a Marinha não é, nem quer ser alheia.

As presentes dificuldades financeiras têm tido impacto não só na qualidade das nossas vidas enquanto cidadãos portugueses que somos, mas também na qualidade dos resultados da nossa ação profissional que pretendemos de ex-celência, mas que a escassez de recursos muitas vezes não permite alcançar. Mas nós, que esta-mos habituados às dificuldades que muitas ve-zes se nos apresentam no mar, sabemos que só com uma guarnição unida, coesa, disciplinada e determinada em ultrapassar as dificuldades, po-demos levar o navio para águas safas.

Sabemos que a tormenta ainda vai durar al-gum tempo e que este comandante e a sua guar-nição irão continuar a pugnar para continuar a singrar nestas águas tormentosas com realismo e com segurança, minimizando as avarias que nos impeçam de, quando o vento voltar a soprar bonançoso, retomarmos o nosso já secular cami-nho. Estou certo que assim será e que tal como os nossos antepassados, que em vários momentos da nossa história foram capazes de enfrentar e superar as tormentas, saindo delas com força e esperança renovada, também nós o faremos.

Não tenho dúvidas que para o sucesso é ne-cessário unidade de esforço, determinação, per-severança e espírito de serviço. Os homens e as mulheres, que servem na Marinha, forjam a sua têmpera no mar, que nos ensina a ser humildes e a saber esperar aguentando o mar revolto, até surgir a oportunidade de guinar, aumentar a ve-locidade e voltar ao rumo pretendido.

É este o sinal de esperança que vos quero transmitir: “depois da tempestade, vem a bo-nança”. Temos de saber esperar, continuando a pensar o futuro da Marinha no respeito pelos princípios que nos regem, preservando a nossa coesão e alimentando os valores que nos são próprios, como Marinheiros e como militares: a lealdade, a honra, a coragem, o espírito de ser-viço e a disciplina.

Mas, a Marinha não é só constituída pelos que a servem atualmente no ativo. A Marinha tem um património e uma história feita por todos os que no passado a serviram, de modo a que hoje nos orgulhamos do que ela representa. Por esse facto, e porque nós militares não deixamos um camarada para trás, estarei atento aos que nos precederam ao serviço da Marinha.

Vivemos num mundo em acelerada transfor-mação, pelo que as instituições, e no presente caso a Marinha, para continuar a ser relevante, cumprindo a sua missão de garantir a Portugal o uso do mar, tem de se adaptar às novas cir-cunstâncias, como aliás foi sempre acontecen-do ao longo da sua história e, designadamente, nos últimos anos.

Por força das circunstâncias, restruturar é hoje em Portugal uma palavra recorrente, mas restruturar não deve ser entendido como “sim-plesmente mudar”, de forma avulsa, baseada em preconceitos, só porque está na moda. Restruturar deve ser sim consequência de um processo consubstanciado em estudos, que de-correm de trabalhos de análise do presente e prospetiva do futuro, mantendo os valores que

Discurso do Chefe do Estado-Maior da Armada

Foto 1SAR FZ Horta Pereira

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nos regem, mas com um desígnio bem defini-do, no tempo e na ambição.

Foi desse modo que a Marinha se veio prepa-rando com muito estudo e reflexão, no sentido de apoiar as alterações organizacionais e de processos que possam gerar efetivas sinergias e eliminar o supérfluo, mantendo a essência daquilo que nos caracteriza como instituição de serviço público.

Pretendo, assim, levar a cabo uma restrutu-ração que terá como referência as orientações superiores, plasmadas na resolução “Defesa 2020”, cuja implementação se encontra em cur-so, que se baseará nos estudos conduzidos pelo Estado-Maior da Armada, com o envolvimento de todos os setores da Marinha e em articulação com as demais entidades do universo da Defesa Nacional e numa perspetiva de abertura com a sociedade. Neste processo, serei determina-do mas prudente, procurando sempre discernir entre o que é a natural resistência à mudança daquilo que representa uma argumentação per-tinente. Nada será intocável mas também nada será mudado só porque fica bem mudar.

Neste sentido, pretendo fazer incidir a minha atenção na estrutura orgânica cujo edifício e articulação são fundamentais para um eficien-te funcionamento de toda a Marinha, tendo em consideração as futuras disponibilidades de pessoal. Pretendo também reavaliar as diversas carreiras de militares, no sentido de procurar a maior flexibilidade possível na gestão das car-reiras e no provimento dos cargos, bem como, procurar a constante adaptação para que a for-mação ministrada na Marinha, a todos os níveis, seja efetivamente relevante e eficiente.

A outra área que será revisitada no sentido de se conseguir mais eficiência é a que se relacio-na com o apoio às unidades navais, designada-mente, nas estruturas da logística do material e do apoio direto aos navios.

Os novos navios, cada vez mais automatiza-dos, permitem reduzir significativamente as guarnições, mas introduzem outras necessida-des e novas formas de os operar e explorar.

Senhores Almirantes, minhas Senhoras e meus Senhores,

A continuada exiguidade de recursos finan-ceiros para afetar à operação e manutenção da esquadra tem conduzido a uma preocupante falta de atividade dos navios, em especial dos navios combatentes, com funestas consequên-cias para o adestramento da esquadra. Nesse sentido, desenvolverei todos os esforços para minimizar este problema, designadamente, procurando a rápida adjudicação do forneci-mento de um novo simulador de ação tática. Mas, a continuada carência de recursos finan-ceiros tem também obstado a que os navios tenham uma regular manutenção, o que tem criado um crescente défice naquela importan-te área, que já atinge quase toda a esquadra e que importa acautelar para que não se tor-ne irreversível, sobretudo em navios que ainda têm muitos anos para serem operados e onde foram investidos recursos muito avultados.

A renovação dos meios navais, que se iniciou nos anos 90 com o armamento das fragatas da classe Vasco Gama e das LFR classe Argos, foi continuada ao longo da primeira década deste século com a entrada ao serviço dos dois subma-rinos e das duas fragatas classe Bartolomeu Dias. Contudo, a renovação sofreu um grave revés quando, pelas vicissitudes conhecidas dos ENVC, do programa para a construção de 8 NPO, 6 LFC e um Navio Polivalente Logístico que deveriam ter sido entregues até fim de 2012, apenas foi au-mentado ao efetivo da Marinha o segundo NPO há alguns dias. Esta situação criou uma enorme perturbação no planeamento de manutenção da esquadra ao obrigar a reinvestir em navios com mais de 40 anos de intensa atividade operacio-nal, sem quaisquer garantias que se venha a ob-ter retorno do investimento efetuado. Este é um problema sério com que nos confrontamos mas, estou certo que perseguindo uma linha de ação consequente, conseguiremos corrigir esta situa-ção, afastando-nos do olho do furacão.

Mas para além da recuperação do programa de substituição das corvetas e dos patrulhas, importa igualmente investir na modernização dos meios que atingiram a meia-vida, designa-damente, as fragatas, através de programas que permitam ultrapassar a obsolescência lo-gística de alguns sistemas vitais e a moderni-zação de outros, para que aquelas mantenham a respetiva capacidade combatente e inerente relevância. Este será, também, um assunto que merecerá a minha melhor atenção.

Por outro lado, tendo presente que as marinhas não se improvisam, é forçoso que façamos uma prospetiva daquilo que pretendemos que seja a composição da esquadra no futuro e, nesse sen-tido, serão aprofundados os estudos já iniciados com o projeto designado “Marinha a 20 anos”.

Portugal, por muito que se possa querer mu-dar, a geografia não muda e por isso será sem-pre um país marítimo, com uma longa e presti-giosa história de feitos valorosos no mar, o que faz de nós um povo de marinheiros, pelo menos na alma. A importância do mar para a econo-mia portuguesa, parece por demais evidente, e poderá, e deverá, ser mais preponderante, o que exige vontade para apostar no mar, e nas atividades com ele relacionadas.

Mas não nos podemos esquecer que, a imple-mentação da estratégia nacional para o mar, recentemente aprovada, e um consequente au-mento dos interesses naquela área vai, necessa-riamente, implicar uma maior exigência no que respeita ao exercício da autoridade do Estado no mar, para que seja assegurado um ambiente de segurança, e o respeito pela legislação vigente.

Desde há muito, o Estado atribuiu de forma continuada à Marinha não só uma missão de natureza militar, consubstanciada na defesa de Portugal e dos seus interesses no mar, como também, baseado nas competências e capaci-dades nela residentes, um conjunto de tarefas de natureza não militar, como era o caso do socorro a náufragos, da farolagem e da fiscali-zação e repressão dos ilícitos no mar.

Entretanto, os processos evoluíram e as ativi-dades relacionadas com o mar sofisticaram-se, assim como as estruturas organizativas dos es-tados. Portugal não foi alheio a esta evolução e, nesse sentido, a legislação aplicável a este domí-nio de atividades foi também evoluindo.

Nesta conformidade foram publicados dois De-cretos-Lei, o 43 e o 44 de Março de 2002, procu-rando enquadrar a atividade não militar da Ma-rinha com a Constituição da República. Foi então criado o cargo de Autoridade Marítima Nacional que se insere na estrutura do Sistema da Auto-ridade Marítima que inclui todas as entidades com responsabilidades de autoridade marítima. Recentemente, sentindo a necessidade de clarifi-car e aperfeiçoar a legislação anterior, em 31 de Outubro de 2012, o Governo fez publicar o De-creto-Lei nº 235. No preâmbulo deste diploma é referido e cito “Importa, por isso, reconhecer que actualmente a Marinha representa uma moldu-ra institucional com legitimidades heterogéneas e capacidades multifuncionais, onde se identifi-ca uma componente de acção militar que consti-tui o ramo naval das Forças Armadas, histórica e conceptualmente designado de Armada, e uma componente de acção não militar, fora do pro-pósito imediato e do âmbito próprio das Forças Armadas, que constitui uma outra estrutura do Ministério da Defesa Nacional, designada Auto-ridade Marítima Nacional.

De facto, actualmente, ambas as componen-tes, militar e não militar, não se confundem, sem prejuízo de se articularem sinergicamente numa lógica funcional de alinhamento e com-plementaridade entre capacidades e compe-tências, no exercício do emprego operacional no mar”, fim de citação.

Assegurar o melhor desempenho destas duas componentes da nossa Marinha, garantindo a melhor articulação na ação, assegurando que não haverá estruturas ou meios redundantes, antes velando por uma utilização sinérgica dos meios, será tarefa do Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional. Será um dos meus principais desígnios.

Minhas Senhoras e meus Senhores,Como já antes aludi, vivemos tempos de

grande exigência no emprego dos parcos re-cursos e de incertezas e perplexidades, quer no plano pessoal quer no profissional.

Nessa medida, procurarei promover uma gestão que recorrendo às modernas tecnolo-gias e práticas de apoio à gestão já instaladas na Marinha, promova a maior interação possí-vel entre todos os setores funcionais.

Exercerei um comando de proximidade por-que os tempos o exigem e porque esse sempre foi o meu estilo de comandar.

Marinheiros,Vou mandar apitar à faina, a missão que te-

mos para cumprir é difícil e rodeada de incerte-zas, mas coesos e determinados, estou seguro que levaremos a Marinha a bom porto.

“A Pátria honrae que a Pátria vos contempla” Viva a Marinha, Viva Portugal.

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No dia 29 de outubro, o Presidente da Repú-blica (PR), Professor Doutor Aníbal Cavaco

Silva, visitou a Marinha, acompanhado pela Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Na-cional, Dra. Berta Cabral, pelo Chefe do Estado--Maior da Força Aérea, General Araújo Pinhei-ro, e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General Pina Monteiro, tendo sido recebidos na Base Naval de Lisboa, no Alfeite, pelo Al-mirante Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante Saldanha Lopes.

Nesta visita procurou-se dar a conhecer ao Presidente da República as capacidades da Marinha para apoio a populações vítimas de catástrofe.

Conforme expresso na Lei Orgânica da Mari-nha – LOMAR, entre outras missões incumbe à Marinha, nos termos do disposto na Consti-tuição e na lei, “colaborar em missões de pro-teção civil e em tarefas relacionadas com a sa-tisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações”.

Neste âmbito, a Marinha tem vindo conti-nuadamente a preparar e a treinar os seus

militares para o desempenho de ações de Proteção Civil e Apoio Humanitário, quer em território nacional quer fora de área. Este tipo de treino teve início com a integração das fra-gatas da classe “Vasco da Gama” nos anos 90 e decorre regularmente nas instalações da ETNA, na Base Naval de Lisboa, e nas instala-ções da Marinha Britânica, na Base Naval de Devonport, em Plymouth.

Procura-se, com o treino que os nossos na-vios cumprem durante os períodos de adestra-mento anterior ao seu emprego operacional, que as unidades navais fiquem aptas a prestar apoio a populações vítimas de desastres natu-rais em zonas próximas da sua área de opera-ções, mas também em zonas mais longínquas se necessário, aproveitando para tal a mobili-dade, a versatilidade e a rápida capacidade de resposta de uma unidade naval em missão.

Através do treino, cimentado com a expe-riência recolhida no apoio prestado em situa-ções reais, nos Açores em 1980, 1997 e 1998, em Moçambique e em Timor em 1999 e 2000 e na Madeira em 2010, existe hoje a capacida-

de de preparar eficazmente as fragatas e cor-vetas atribuídas regularmente ao dispositivo naval, para atuarem de forma pronta perante situações de calamidade, numa ação especial-mente valiosa em zonas ribeirinhas, particu-larmente em casos em que exista interrupção de vias de comunicação terrestres e em que o acesso por mar seja o único viável.

Neste âmbito, a visita do Presidente da Re-pública foi uma oportunidade para a Mari-nha mostrar de que forma são adestradas as guarnições nesta área, tendo para o efeito sido preparado e conduzido um exercício-demons-tração pela fragata Álvares Cabral.

A visita iniciou-se a bordo do navio, onde o Diretor do Centro Integrado de Treino e Ava-liação Naval, CMG Croca Favinha, numa breve apresentação, explicou o conceito do exercício DISTEX (DISasTer relieve EXercise) e os eventos que iriam ser observados a bordo e no recinto de treino em terra. Em seguida, o PR deslocou--se ao Posto de Comando a Bordo (PCB), no Centro de Operações, onde o CFR Gamurça Serrano, Comandante do NRP Álvares Cabral,

PRESIDENTEDA REPÚBLICA VISITA A MARINHA

Foto Luís Filipe Catarino / Presidência da República

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teve oportunidade de explicar o processo de comando e controlo desenvolvido a partir da-quele local do navio, por forma a acompanhar, controlar e potenciar o desempenho das diver-sas equipas no terreno.

Após deixar a Álvares Cabral, a comitiva deslocou-se à ETNA, onde, numa área com facilidades de treino dedicadas, foi simulado um terramoto de grande intensidade numa povoação de média dimensão, com os acessos rodoviários cortados, infraestruturas severa-mente danificadas, sistemas básicos de água e eletricidade degradados ou totalmente des-truídos e elevado número de vítimas, de diver-

sa gravidade, inclusivamente encarceradas ou soterradas em áreas habitacionais em ruínas.

Na área de simulação, o Presidente da Re-pública teve oportunidade de observar as equipas da Álvares Cabral em ação, assistindo feridos, desencarcerando vítimas dentro de viaturas acidentadas, recuperando sistemas de abastecimento de água e de produção e distribuição de eletricidade e resgatando habi-tantes de construções colapsadas. Teve ainda o PR a oportunidade de visitar e assistir ao tra-balho do Posto de Comando em Terra (PCT) na coordenação das diversas equipas, de visitar o Posto Avançado de Saúde (PAS), onde são as-sistidas e estabilizadas as vítimas mais graves, de assistir ao processo de controlo e recen-seamento de habitantes e de testemunhar a evacuação, através do helicóptero orgânico do navio, de uma vítima em estado muito grave.

No final da demonstração, o Presidente da República testemunhou ao Almirante CEMA o seu apreço pela demonstração a que tinha as-sistido e fez questão de felicitar a Marinha pelo desenvolvimento desta capacidade e de com-

petências tão relevantes no apoio à população e à estrutura nacional da Proteção Civil.

Por último, importa ainda referir que, duran-te o período da visita, embora fora do âmbito da assistência humanitária, houve também oportunidade para o PR se deslocar à fragata D. Francisco de Almeida, onde, através de uma visita conduzida a bordo pelo comandante do navio, CFR Silvestre Correia, foi possível tomar contacto com este meio naval e ficar a conhe-cer as suas relevantes capacidades.

Colaboração da Direção do CITAN

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ALMIRANTE SALDANHA LOPES CONDECORADO COM LEGIÃO DE HONRA FRANCESA

O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante José Saldanha Lo-

pes, foi agraciado pelo Presidente da Repú-blica francês, François Hollande, com o grau de Oficial da Légion d’Honneur, pelo seu em-penho no desenvolvimento das relações de cooperação entre Portugal e a França.

A cerimónia de condecoração realizou-se no dia 6 de novembro de 2013, no Hôtel de la Marine (Estado-Maior da Marinha Francesa), em Paris, e a medalha foi imposta ao Almi-rante Saldanha Lopes pelo seu homólogo francês Almirante Bernard Rogel.

À chegada ao EMA, o Almirante CEMA foi recebido com as devidas honras protocola-res perante uma formatura que incluiu o es-tandarte nacional, a banda da Marinha fran-cesa e uma companhia de fuzileiros. Depois de cumprimentar o estandarte francês, e de se ouvirem os hinos nacionais “A Portu-guesa” e “La Marseillaise”, o Almirante Sal-danha Lopes foi convidado a passar revista à formatura, seguindo-se a cerimónia de condecoração.

Frente ao Almirante Bernard Rogel, a quem François Hollande delegou a imposi-ção de condecoração, o Almirante CEMA foi investido de Oficial da Légion d’Honneur, a mais alta condecoração francesa.

A delegação portuguesa compreendeu, além do Almirante Saldanha Lopes e Senho-ra, o Embaixador de Portugal em França, Dr. José Filipe Moraes Cabral, o Embaixador de Portugal junto da OCDE, Dr. Paulo Vizeu Pinheiro, o Chefe do Gabinete do CEMA, CALM Seabra de Melo, e Senhora, e o Adido de Defesa de Portugal em Paris, COR Neves Marinheiro. A cerimónia contou ainda com representantes do Estado-Maior da Armada Francesa, assim como do Adido de Defesa de França em Portugal, CDR François Escar-ras, a quem se juntou o CMG Christophe Bergey, antigo Adido em funções em Lisboa.

Após a cerimónia, que se inseriu numa curta visita oficial à Marinha Francesa, o Almirante Saldanha Lopes assinou o Livro de Honra no Gabinete do Almirante Rogel, seguindo-se um almoço institucional na Sala dos Almirantes com troca de ofertas institu-cionais e pessoais.

Ainda no âmbito do encontro bilateral en-tre os Chefes de Estado-Maior, foram reafir-madas as linhas estratégicas de cooperação das duas Marinhas para a ação do Estado no Mar, bem como para o desafio das ações de cooperação com África a nível marítimo.

A Legião de HonraA Legião de Honra é a mais alta con-decoração francesa, tendo sido esta-belecida em 1802 por Napoleão Bo-naparte para recompensar os méritos adquiridos para a Nação pelos cidadãos de todos os setores de atividade do país, civis ou militares, independente-mente da condição social e hereditária. O lema da Ordem é “Honra e Pátria”.

Divide-se em cinco graus: Chevalier (Cava-leiro), Officier (Oficial), Commandeur (Co-mandante), Grand Officier (Grande Oficial) e Grand Croix (Grande Cruz).

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na UAM Alva, passando revista aos navios atracados na BNL. Depois de desembarcar na Doca de Marinha, o Almirante Saldanha Lopes dirigiu-se às ICM onde foi recebido pelo Vice--Chefe do Estado-Maior da Armada (VCEMA), VALM Carvalho Abreu.

O culminar das cerimónias realizou-se pe-rante um dispositivo protocolar que, sob as ordens do Comandante da UAICM, arriou o distintivo do Almirante CEMA, que foi depois entregue ao Almirante Saldanha Lopes pelo VALM VCEMA.

negro, e pelo Comandante da BNL, CMG Dores Aresta.

Seguiu-se um almoço vo-lante no Salão Nobre do Pa-lácio do Alfeite com todos os Oficiais Generais na Efeti-vidade do Serviço, represen-tantes dos vários Setores da Marinha, Administradores da Arsenal do Alfeite e diversos convidados.

A cerimónia militar de despedida do Almirante Sal-danha Lopes teve início às 15h00 em frente ao Palácio do Alfeite. Uma força constituída pela Banda da Armada, Estandarte Nacional e uma com-panhia a três pelotões (Escola Naval, Mista: ETNA/Navios e Fuzileiros), comandada pelo 2TEN FZ Gomes Goulart, prestou as honras devidas ao Almirante CEMA, que se iniciaram com o Hino “Maria da Fonte”, enquanto o NRP João Roby, fundeado na Bacia de Manobra da BNL, efetuava 19 tiros de salva. O Almirante Saldanha Lopes passou depois Revista à força em parada, a qual desfilou ao som da “Marcha da Marinha”.

Despedindo-se do Comandante Naval, o Almirante CEMA embarcou, seguidamente,

O Almirante José Carlos Torrado Saldanha Lopes terminou o seu mandato como

Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) no passado dia 29 de novembro, completando um ciclo de três anos ao leme da Marinha.

Depois de se despedir dos oficiais, sargentos e praças do seu Gabinete, o Almirante CEMA saiu das Instalações Centrais de Marinha (ICM) rumo à Capitania do Porto de Lisboa (CPL). A despedir-se no Portão da Ribeira das Naus es-teve o Comandante da Unidade de Apoio às ICM (UAICM), CMG Noronha Bragança, acom-panhado por dispositivo protocolar.

Já na CPL, perante uma formatura com ele-mentos da Direção-Geral da Autoridade Ma-rítima (DGAM), Polícia Marítima, Faroleiros, Instituto de Socorros a Náufragos e Poluição, a despedida do Almirante Saldanha Lopes en-quanto Autoridade Marítima Nacional (AMN) contemplou a assinatura do Livro de Honra da DGAM, uma cerimónia de condecorações, uma breve alocução do Almirante AMN e um Porto de Honra.

Após esta cerimónia, o Almirante CEMA embarcou na UAM Alva na Doca do Espanhol – cais do Achigã, com destino ao Palácio do Alfeite, na Base Naval de Lisboa (BNL), onde foi recebido, com dispositivo protocolar, pelo Comandante Naval, VALM Monteiro Monte-

ALMIRANTESALDANHA LOPESCESSA FUNÇÕESDE CEMA

Fotos 1SAR A Ferreira Dias

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VICE-CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA CONDECORADO

CONDECORAÇÕES PELO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA

O Chefe do Estado-Maior da Armada con-decorou, no passado dia 26 de novem-

bro, com a Medalha Militar de Serviços Distin-tos – Ouro o Vice-Almirante Carvalho Abreu, Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada.

No louvor concedido pelo Almirante CEMA é salientado o seu comando, com brilhantis-mo, em terra e no mar, de diversas unida-des, como o Corpo de Fuzileiros, o Comando Operacional dos Açores e a fragata Álvares Cabral. É destacada também a sua ação nas áreas da gestão superior da Marinha e do EMGFA, com realce para o desempenho das exigentes funções de Diretor do CITAN, de Assessor pessoal do Almirante CEMGFA e de Chefe do Estado-Maior Conjunto do EMGFA.

É realçada ainda a sua brilhante carreira, no desempenho das exigentes funções de Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada e o seu contributo determinante para o com-plexo processo de reestruturação das Forças Armadas e da Marinha em particular.

O Chefe do Estado-Maior da Armada con-decorou, com a Medalha Militar de

Serviços Distintos – Ouro, o Vice-Almirante Macieira Fragoso, Superintendente dos Ser-viços de Material, o Vice-Almirante Bonifácio Lopes, Superintendente dos Serviços de Pes-soal, o Vice-Almirante Monteiro Montene-gro, Comandante Naval, e o Vice-Almirante Cunha Lopes, Diretor-Geral da Autoridade Marítima. Foi também condecorado, com a Medalha Militar de Serviços Distintos – Prata, o Contra-Almirante Bossa Dionísio, Diretor da Comissão Cultural da Marinha. A cerimónia realizou-se no dia 27 de novembro, no Sa-lão Nobre do Gabinete do Chefe do Estado--Maior da Armada.

Nos louvores do Almirante CEMA, são des-tacadas as funções desempenhadas pelos Oficiais Generais condecorados, realçando a elevada competência e dedicação demons-tradas em todas elas.

Ao Vice-Almirante Macieira Fragoso, des-taque pelo seu empenhamento pessoal e perspicaz liderança, no enquadramento da atividade inspetiva da Marinha na IGM. Ao Vice-Almirante Bonifácio Lopes, pela ges-tão superior do pessoal, contribuindo, en-tre outros aspetos, para a manutenção da

certificação do Sistema de Gestão de Recur-sos Humanos. Ao Vice-Almirante Monteiro Montenegro, pela sua mestria na gestão dos recursos disponíveis, tendo desenvolvido ini-ciativas com vista à contenção de despesas no setor das operações militares, permitindo manter um produto operacional “digno de realce”. Ao Vice-Almirante Cunha Lopes, pela

solidificação institucional, técnica e logística de toda a estrutura da Autoridade Marítima, no quadro orgânico da Administração Públi-ca. Por fim, ao Contra-Almirante Bossa Dioní-sio, pela divulgação da cultura e promoção da Marinha, através da coordenação de diferen-tes eventos culturais.

Foto 1SAR FZ Horta Pereira

Foto 1SAR A Ferreira Dias

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Militar do MDN, o Diretor da Comissão Cultural da Marinha, o Diretor do Museu de Marinha, o Presidente da Comissão Portuguesa de História Mi-litar, os representantes do Comandante-Geral da GNR e do Diretor Nacio-nal da PSP, membros do Conselho Supremo da Liga dos Combatentes, os membros da Direção Central da Liga dos Combatentes, um representante do Presidente da CML, o Presidente da Junta de Freguesia de Belém, a entidade convidada para fazer a oração alusiva ao dia da comemoração – Professor Dr. António José Telo, uma delegação da Royal British Legion, uma delegação da Associação Francesa Souvenir Français e o Prof. Dr. Sa-muel Joshua Ruah, Presidente da Assembleia Geral da Real Associação de Bombeiros Voluntários de Lisboa.

Proferiram discursos o General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, o orador convidado, Professor Dr. António Telo, e o CEMGFA, General Esteves Araújo.

As cerimónias continuaram com a imposição da Medalha de Ouro de Serviços Distintos ao estandarte da Liga dos Combatentes pelo CEMGFA, e do Grande Colar da Medalha de Agraciamento de Honra e Mérito da Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa pelo Presidente da Assembleia Geral daquela instituição.

Seguiram-se condecorações a membros dos Núcleos da Liga dos Com-batentes, impostas pelo CEME e pelo Presidente da Liga dos Combatentes.

A cerimónia prosseguiu com a colocação de coroas de flores pelas en-tidades presentes e pelas associações de combatentes que quiseram associar-se ao acto e com uma invocação religiosa pelo Capelão da Arma-da, CMG Fernandes Costa, a que se seguiram os toques de silêncio, de homenagem aos mortos e de alvorada.

Por fim desfilaram as forças em parada, a que se seguiu uma visita ao Forte e às exposições nele patentes.

Também marcaram presença outros ofi-ciais generais e muitos militares, militariza-dos e civis que, desta forma, exprimiram o seu respeito em relação aos que já partiram.

Momento sempre de grande emoção foi a homenagem aos mortos traduzida nos to-ques efetuados pela fanfarra. É realmente um momento de grande reflexão, comunhão e partilha.

Este ano a responsabilidade da animação coral e litúrgica esteve a cargo dos Cadetes da Força Aérea Portuguesa .

Finda a cerimónia, regressámos às nossas unidades, certos de termos cumprido a nos-sa obrigação relativamente àqueles que fo-ram nossas referências e que nos ensinaram princípios orientadores para a nossa missão de marinheiros e de homens.

Não os vamos esquecer.Até para o ano.

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICAPELOS MILITARES FALECIDOS

COMEMORAÇÕES DO 95º ANIVERSÁRIO DO ARMISTÍCIO, 90º ANIVERSÁRIO DA LIGA DOS COMBATENTES E 39º ANIVERSÁRIO DO FIM DA GUERRA DO ULTRAMAR

Celebrou-se no passado dia 5 de novembro, na Igreja de Santa Maria de Belém, no histó-

rico Mosteiro dos Jerónimos, a tradicional cele-bração eucarística do Dia de Fiéis Defuntos, em memória dos membros da grande família das Forças Armadas e Forças de Segurança.

Face à resignação de D. Januário Torgal Fer-reira, até agora Bispo militar, e à ainda não to-mada de posse do novo Ordinário Castrense, a solene concelebração foi presidida pelo Ca-pelão-chefe e Vigário-geral Castrense, Capelão Manuel da Costa Amorim.

Todos os capelães da Marinha estiveram presentes assim como diversos capelães de outros Ramos das Forças Armadas e das For-ças de Segurança.

O Ministro da Defesa Nacional, a Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional e o Secretário de Estado da Administração Interna também participaram na cerimónia.

Na ausência do ALM CEMA em serviço no es-trangeiro, a Marinha esteve representada pelo VALM VCEMA.

No dia 9 de novembro realizaram-se junto ao Forte do Bom Sucesso, frente ao Monumento aos Mortos do Ultramar, as comemorações

do 95º aniversário do Armistício da I Grande Guerra, do 90º aniversário da Liga dos Combatentes e do 39º aniversário do Fim da Guerra do Ultramar.

As comemorações constaram duma parada militar com forças dos três ramos das FA’s, com a Banda da Armada e os estandartes de mais de 40 Núcleos da Liga dos Combatentes, que desfilaram perante as tribunas onde se encontravam as entidades e os convidados presentes na cerimónia.

Presidiu à cerimónia o CEMGFA, General Esteves Araújo, e estiveram presentes os Chefes dos três ramos das FA’s, muitos oficiais generais da Armada, do Exército e da Força Aérea e das forças de segurança, várias entidades civis e militares, nomeadamente, o Chefe da Casa Militar da Presidência da República, o Chanceler das Antigas Ordens Militares, os Adidos de Defesa da Alemanha, do Brasil, dos Estados Unidos da América, da França, de Marrocos, da Rússia e de Timor-Leste, representantes do Ministro da Defesa Nacional e da Secretária de Estado da Defesa, o Co-mandante da STRIKFORNATO, o Diretor-Geral de Pessoal e Recrutamento

Graça BarreiroCFR

Colaboração da LIGA DOS COMBATENTES

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OCEANREVIVAL

Pelas 10 horas do dia 21 de setembro de 2013 o Navio Oceanográfico Ex-A527 Almeida

Carvalho, zarpou do Ponto de Apoio Naval da Marinha (PAN) em Portimão para iniciar a sua última viagem em direção ao Parque OCEAN REVIVAL situado em frente à praia do Alvor.

Este foi o quarto navio que a Marinha Portugue-sa doou à Câmara Municipal de Portimão, que se associou com a SUBNAUTA numa parceria na Associação MUSUBMAR. Estas duas entidades (Câmara de Portimão e a SUBNAUTA) juntaram--se num propósito comum e inovador, com o objetivo de colocar este ativo à disposição de todos os operadores turísticos, sobretudo os da Região Algarvia, propondo-se desenvolver uma oferta ímpar de mergulho.

A MUSUBMAR – Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Turismo Subaquático, é uma associação sem fins lucrativos e desen-volve a sua atividade com o nome de projeto OCEAN REVIVAL, proporcionando um desen-volvimento sustentável, contrariando a sazona-lidade das atividades subaquáticas.

A Câmara de Portimão disponibilizou os na-vios doados pela Marinha e a SUBNAUTA lide-rou o projeto de instalação, promoção e anga-riação de fundos para a sua concretização.

Para tal, os navios foram descontaminados e preparados para ser afundados criando dessa forma um recife artificial único no Mundo, um museu subaquático, constituído por quatro dife-rentes tipos de navios, e um destino de excelên-cia para mergulhadores nacionais e estrangeiros.

Mas comecemos pelo princípio contando um pouco da história deste navio que foi lançado à água em 30 de Julho de 1964 nos estaleiros de Marietta na Virgínia Ocidental, EUA. Desde a sua “nascença” não teve um percurso fácil de-vido a fatores diversos tais como cheias no rio Ohio, greves prolongadas nos estaleiros, epide-mias de gripe e dificuldades financeiras da em-presa construtora.

Pelas razões apontadas a Marinha dos Esta-dos Unidos, em 1965, tomou conta do navio, que continuou com a senda de “azares”. Nes-se mesmo ano o ciclone tropical Betsy passou por Nova Orleães, onde o navio se encontrava, tendo sido abalroado por outro navio que se encontrava à deriva; arrancado do cais sofreu rombos que o afundaram acabando por ficar assente a 9 metros de profundidade. No entan-to, dois meses depois estava de novo a flutuar.

Só em Janeiro de 1969 é entregue à Marinha dos EUA, tendo sido destinado a operar em águas geladas, mercê da sua característica de casco reforçado, com o nome de USS “KELLAR”. Durante dois anos foi utilizado no Oceano Pacífi-co efetuando levantamentos hidrográficos.

Em Janeiro de 1971 foi entregue à Marinha Portuguesa e em 1972 inicia o seu serviço em missões oceanográficas, as quais desempe-nhou até Dezembro de 2002, tendo passado à situação de desarmado para abate ao serviço.

Nesses trinta anos navegou mais de 41000 horas e percorreu 244000 milhas náuticas, maioritariamente no oceano Atlântico e no

oceano Índico. Como foi construído para climas frios foi adaptado pela Marinha Portuguesa para o clima das costas de África pelo que era considerado um navio para todos os climas.

Tal como a fragata Hermenegildo Capelo, este navio foi descontaminado e preparado nos esta-leiros Batistas SA, em Alhos Vedros, cuja ativida-de mais frequente é o desmantelamento.

Refira-se que a primeira etapa desta desconta-minação é a avaliação dos pontos no navio que contêm amianto que de seguida é retirado por empresa especializada neste tipo de trabalho.

São também removidos todos os hidrocarbo-netos, cabos elétricos e equipamentos hidráuli-cos e elétricos, não significando isto que o navio fica só com o casco, porque na realidade ficam vários objetos característicos que mesmo para quem nunca tenha entrado num navio, não fica com dúvidas sobre qual a finalidade e a funcio-nalidade do espaço.

Durante os trabalhos de descontaminação foram retiradas algumas peças emblemáticas e representativas de cada um dos navios, que agora passam a estar expostas num espaço próprio no Museu de Portimão. É assim possí-vel reviver a história dos navios e aprofundar os conhecimentos sobre os mesmos.

Quanto aos equipamentos que permanecem no navio são sujeitos a uma limpeza, lavagem e nova limpeza para que dessa forma nada possa contaminar o ambiente.

Um naufrágio é efetivamente um local de mergulho que muitos dos mergulhadores pro-curam e têm o desejo de visitar, mas um navio devidamente preparado e afundado para rece-ber a visita de mergulhadores é outro comple-tamente diferente, pois neste caso é possível remover quase todos os perigos que um nau-frágio pode apresentar.

Uma característica muito importante relacio-nada com a segurança dos mergulhadores é a de o navio passar a ter aberturas nos diversos com-partimentos para que quando se entre num de-terminado espaço tenha mais duas saídas. Tam-bém por questão de segurança é possível iniciar o mergulho num determinado nível do navio e manter sempre esse nível sem que seja necessá-rio subir ou descer para completar a visita.

Durante este processo de preparação são vá-rias as entidades que têm de dar o seu parecer para que o navio possa ser afundado e todas

O SONHO TORNADO REALIDADE

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essas inspeções foram cumpridas sem o menor reparo. No entanto, no início deste projeto al-gumas (poucas) vozes se manifestaram contra, mas os factos vieram provar todas as mais valias que suportam este projeto.

Tendo sido concluída a preparação em Alhos Vedros, foi chegada a hora do navio ser rebocado para Portimão onde nas duas semanas anterio-res ao afundamento se fazem os trabalhos finais.

Mas, mais uma vez este navio voltou a “fazer--se difícil” porque foi necessário aproveitar a maré e logo na saída encalhou antes de alcançar o canal dos catamarans do Montijo. Tal “enca-lhanço” obrigou a espera de nova maré na ma-drugada seguinte e após novo “puxão” eis que volta a encalhar noutro local. Só no final desse dia se conseguiu safar o navio e levá-lo para o mar da palha onde trocaria de rebocador.

O reboque até Portimão não teve quaisquer percalços, mas a manobra de atracar ao PAN foi altamente dificultada pelo vento e pela corren-te de maré que se faz sentir no rio, pelo que só na terceira tentativa foi possível atracar.

Mas voltando um pouco atrás, algumas das pessoas que prestaram serviço a bordo deste navio referenciaram que o mesmo era famoso por ter uma mesa de matraquilhos a bordo, e nesse sentido o homem por detrás de todo este projeto, Luís Sá Couto, não quis deixar de colo-car a bordo uma mesa de matraquilhos adquiri-da em segunda mão.

Os preparativos finais em Portimão foram na primeira semana executados pelos estaleiros Batistas SA que tiveram de remover a selagem necessária à viagem de reboque de Lisboa a Portimão e a abertura das últimas passagens interiores e as do casco.

Na última semana o trabalho foi executado pelas equipas do CARC – Canadian Artificial Reef Consultants e da Marinha, e consistiu na prepa-ração e colocação da pirotecnia e dos explosivos.

Durante esta última etapa, à semelhança das anteriores, esteve sempre presente uma equi-pa de mergulhadores sapadores da Marinha, tendo em consideração o tipo muito específico de explosivos que se utilizaram.

Uma vez mais as condições meteorológicas e a maré não foram facilitadoras no dia do afun-damento e, contrariamente ao que tinha sido “hábito” nos anteriores afundamentos, o navio só pôde zarpar do PAN de Portimão pelas 10 horas (duas horas mais tarde) porque as corren-tes de maré no rio assim o determinaram.

Mas também o mar e a ondulação foram motivo para preocupação pelo que o posiciona-mento do navio também foi muito dificultado, tendo em determinado momento o navio fica-do à deriva pois os cabos que o prendiam aos rebocadores soltaram-se.

Por fim, e com uma hora de atraso em rela-ção à hora prevista (13 horas), estavam coloca-dos os detonadores, foi feita a contagem final e foram acionadas as cargas que afundaram o navio. Foi um afundamento perfeito e o navio “desceu” em cerca de 1 minuto e 15 segundos tendo ficado na sua posição natural num fundo de cerca de 30 metros de profundidade e pron-

to para ser explorado por mergulhadores.Embora não fosse necessário ao afundamen-

to, foram colocados no navio três pontos de pirotecnia que quase em simultâneo com o re-bentamento das cargas que fazem as aberturas no casco abaixo da linha de água, explodiram e criaram o efeito visual de bolas de fogo.

Desta vez a moldura que cercava o local de afundamento estava bem composta por diver-sos tipos de embarcações cheias de pessoas que quiseram presenciar um evento raro, que foram mantidos fora do perímetro de segurança deter-minado e mantido pela Autoridade Marítima.

Mas este projeto contempla ainda a instala-ção de uma câmara hiperbárica (já adquirida)

no hospital de Portimão. Esse equipamento é semelhante àqueles que estão instalados no hospital Pedro Hispano no Porto e no hospital da Marinha em Lisboa, que atualmente estão a funcionar de segunda a sexta com sessões de manhã e de tarde (já com listas de espera), fa-zendo tratamentos de variadíssimas patologias.

É um facto que este equipamento é crucial no tratamento de acidentes de descompressão, sobretudo nos relacionados com o mergulho, mas também e porque recentemente saímos da época de fogos, a câmara hiperbárica é o aconselhado no tratamento de desintoxicação por inalação de fumos. Nesta situação uma úni-ca sessão é suficiente para a recuperação do pa-ciente, enquanto que em tratamento hospitalar requer uma semana de internamento.

Que balanço se pode fazer para as entidades que se envolveram neste projeto?

■ A Marinha e o Ministério da Defesa Nacio-nal conseguiram a seu tempo ter a visão de que este activo (os quatro navios) vai valer muito mais ao País como recife artificial do que ven-dido como sucata;

■ A CARC junta ao seu currículo quatro navios afundados em Portugal e com um recorde de dois afundamentos no mesmo dia;

■ Os estaleiros Batistas SA ganharam uma competência mais, a de descontaminar navios para serem afundados como recifes artificiais e local de mergulho;

■ A equipa de mergulhadores sapadores da Marinha teve a oportunidade de acompanhar

a preparação final e praticar o processo de colo-cação de cargas pirotécnicas e explosivas para o afundamento dos navios;

■ As diversas entidades de quem dependem as autorizações e inspeções puderam colocar em prática aquilo que só estava no papel e nun-ca tinha sido implementado;

■ Quanto ao local, é já neste momento um vi-veiro de peixe; os dois primeiros naufrágios estão completamente cobertos de organismos e as visi-tas de mergulhadores já superam as expetativas.

Em menos de um ano ficou completa a fase de afundamento dos quatro navios, a qual necessitou, no entanto, de quase seis anos de trabalhos prévios, nomeadamente o reconheci-

mento das mais valias do projeto e as autoriza-ções das inúmeras entidades oficiais que foram chamadas a dar o seu parecer.

É chegado o momento de reconhecer que há em Portugal (em Portimão) um sítio único no Mundo onde qualquer operador turístico, qual-quer mergulhador, pode exercer a sua atividade num recife artificial que é, ao mesmo tempo, um museu subaquático, criado com todas as precau-ções ambientais e de segurança.

Persistência e mérito são duas palavras que definem a pessoa que está por detrás do pro-jeto OCEAN REVIVAL. A persistência de alguém que idealizou afundar navios num local da cos-ta do Algarve para juntar mais uma atividade (não sazonal) na região, que no início conse-guiu reunir à sua volta investidores, mas que, dada a demora de seis anos e a conjuntura que nos últimos dois anos e meio esteve em re-cessão, não puderam esperar; o mérito de ter conseguido, só por si, o que muitos duvidaram e nem se atreveram a tentar.

No entanto, as portas foram abertas e neste momento já se fala em novos projetos de cariz semelhante para outras regiões do País.

O sonho de um homem (Luís Sá Couto) tor-nou-se uma realidade que após tanto tempo conseguiu derrubar as muitas barreiras que se lhe foram deparando e concretizou esse sonho que deve orgulhar o próprio e Portugal.

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ciais, alusiva à formação técnico profissional na ETNA.

A segunda parte da cerimónia, de natureza mais académica, que contou com a presença global dos formadores e formandos da ETNA, foi presidida pelo SSP, VALM Bonifácio Lopes, e iniciou-se com uma alocução do Comandan-te relativa ao balanço do ano letivo findo e aos desafios que se perspetivam. Seguiu-se a lição inaugural, proferida pela 1SAR HE Helena Dinis e subordinada ao tema “O suporte básico de vida”.

A terminar, procedeu-se à entrega dos pré-mios escolares previstos no Sistema de For-mação Profissional da Marinha e os atribuídos pela Marinha de Espanha e pela AFCEA .

Colaboração da ESCOLA DE TECNOLOGIAS NAVAIS

curso “CMG Henrique Quirino da Fonseca” que iniciaram agora o seu percurso. De seguida, realizou-se o lançamento do livro “Escola Naval – Talant de bien faire”, da autoria do CMG Alves Salgado, que teve o patrocínio da EDP. Este livro faz uma ligação importante à história desta bi-centenária instituição, com a memória dos que por cá passaram e o espírito de quem vive o dia--a-dia pensando no futuro.

O CMG Franco Facada, condecorado no ano passado com a Medalha Naval de Vasco da Gama, atribuída ao melhor docente, proferiu de forma exemplar a tradicional lição inaugural, subordinada ao tema “Tempo e Navegação”.

No final da cerimónia procedeu-se à entrega de diplomas e de prémios escolares aos alunos que terminaram os cursos.

Colaboração da ESCOLA NAVAL

ABERTURA SOLENE DO ANO LETIVO NA ESCOLA NAVAL

ABERTURA DO ANO LETIVO NA ETNA

Realizou-se no passado dia 15 de novembro, a cerimónia de Abertura Solene do Ano Le-

tivo 2013/2014 na Escola Naval, presidida pela Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacio-nal, Drª Berta Cabral.

Estiveram presentes diversas entidades convi-dadas em representação dos outros ramos das FA’s e respetivos estabelecimentos de ensino, a Câmara Municipal de Almada, bem como Uni-versidades e outras instituições que mantêm uma sólida relação com a Escola Naval.

Após o Hino da EN entoado pelos cadetes, a cerimónia iniciou-se com a alocução do Coman-dante da EN, CALM Bastos Ribeiro, que come-çou por fazer uma retrospetiva das atividades desenvolvidas no passado ano letivo, tendo realçado a redução significativa nos períodos de navegação disponíveis para as viagens de instrução em consequência das restrições orça-

No passado dia 4 de outubro, presidida pelo Almirante CEMA, realizou-se na Escola

de Tecnologias Navais (ETNA) a cerimónia de Abertura do Ano Letivo 2013-2014, que assi-nalou, perante representantes do MDN e dos diversos setores da Marinha, bem como ou-tros ilustres convidados, o início de mais um ciclo formativo e onde se fez um balanço das atividades desenvolvidas, assim como uma re-flexão sobre as perspetivas e desafios do novo ano escolar.

Depois das honras militares, o Comandante da ETNA, CMG Henriques Gomes, proferiu uma alocução em que destacou os nove anos da Escola, associados a uma nova realidade or-ganizacional do parque escolar da Marinha, e o importante legado dos extintos G1EA e G2EA

mentais, acrescentando que a formação equi-librada dos cadetes impõe que a par das salas de aula tenham uma forte ligação ao mar e aos meios navais. Referiu que o novo ano letivo se iniciou com 200 alunos de mestrado integrado distribuídos por 5 anos de formação, 6 alunos de medicina e 12 alunos de oito licenciaturas do Politécnico e 19 alunos estrangeiros. Destacou o concurso de 605 candidatos para as 41 vagas do 1º ano.

O Comandante da EN deu ainda especial real-ce ao contínuo desenvolvimento de parcerias e protocolos estratégicos de âmbito nacional, assim como a sucessiva e permanente busca do conhecimento de excelência, realçando o desempenho do Centro de Investigação Naval no âmbito da Investigação e Desenvolvimento.

Felicitou os novos GM pelo sucesso agora al-cançado, e deu as boas vindas aos cadetes do

na nobre missão de assegurar a formação dos nossos marinheiros, assinalados com a presen-ça de seus antigos Comandantes. Manifestou ainda a satisfação pelas duas incorporações do ano em curso, que induziram uma dinâmica própria na Escola e vão contribuir para atenuar as dificuldades sentidas em termos de pessoal.

A cerimónia militar prosseguiu com a im-posição de condecorações, a homenagem aos mortos em defesa da Pátria e o desfile das forças em parada, compostas por um batalhão a seis companhias, da guarnição e alunos dos diversos cursos de formação, con-tando ainda com a participação da Fanfarra e da Banda da Armada.

Seguidamente foi efetuada uma visita à exposição estática, patente na Messe de Ofi-

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A GÉNESEDA MARINHA PORTUGUESA (1147-1225)

INTRODUÇÃOEntre a mítica batalha do Cabo Espichel, em

1180, na qual o lendário D. Fuas Roupinho te-ria obtido a primeira vitória naval portuguesa sobre os Mouros, e a nomeação do genovês Manuel Pessanha como almirante, por D. Di-nis, em 1317, os historiadores inclinam-se mais para a segunda como a data fundadora da Ma-rinha Portuguesa. No entanto, o Mar foi, desde sempre, um factor indissociável da sustenta-ção de Portugal como estado independente e, provavelmente, o país jamais teria viabilidade se os nossos primeiros reis não tivessem segui-do uma estratégia marítima coerente e dado a devida importância ao emprego de forças navais, não apenas em apoio das operações terrestres mas também como um indispensá-vel vector de projecção de força.

Neste enquadramento, um dos aspectos que está por esclarecer é a existência ou não de uma marinha organizada anterior ao reina-do de D. Dinis. Embora a documentação co-nhecida seja, nesse âmbito, bastante escassa, encontramos vários indícios que, conjugados, nos indicam que já muito antes teria havido a preocupação de edificar uma força naval de adequada dimensão para dar resposta a ne-cessidades básicas de sustentação do País.

NECESSIDADES BÁSICAS DE DEFESA E SUSTENTAÇÃO

Durante os primeiros anos de Portugal como “estado” independente e, já antes disso, no pe-ríodo de afirmação do Condado Portucalense face ao reino de Leão, o Mar parece estar, pra-

ticamente, ausente da acção estratégica nacio-nal, centrando-se esta quase exclusivamente nas conquistas territoriais (sem desprezar, na-turalmente, o papel de uma modesta compo-nente naval no apoio às operações terrestres, de que é exemplo a utilização de barcas arma-das na protecção da foz do rio Minho durante a expedição de D. Teresa a Tuy em 11211). Con-quanto fossem, gradualmente, empurrados para o Sul, os mouros mantinham o domínio das rotas marítimas da costa portuguesa sem necessidade de grande frota, bastando armar

alguns corsários. Nos reinados de D. Afonso Henriques e D. Sancho I fala-se genericamente destas acções e da necessidade que os monar-cas tiveram de armar alguns pequenos navios para lhes dar caça e proteger os portos e bar-cos pesqueiros.

Só a partir de 1147, com a conquista de Lisboa, o País passa a dispor de um porto de mar de grande envergadura associado a uma grande cidade marítima2. O passo seguinte foi dado com a conquista de Alcácer do Sal (1157). Ficava, deste modo, assegurada a posse dos

PARTE 1A FUNDAÇÃO (1147-1190): UMA MARINHA INCIPIENTE?

Fig. 1a/1b – Diego Xelmírez, arcebispo de Compostela (miniatura do séc. XIII) e D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques (litografia de Pedro Augusto Guglielmi, 1942). O primeiro foi responsável pela criação de uma frota de galés destinada a proteger as costas galegas das incursões sarracenas e normandas; a segunda mandou armar barcas para protecção da foz do rio Minho.

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dois principais portos da costa ocidental, que garantiam a abertura comercial ao exterior e a entrada de mercadorias essenciais (alimentos, armas) à continuação do esforço militar e à so-brevivência do jovem país.

Com o movimento das cruzadas no seu auge, ficava, além disso, garantido um importante ponto de escala para as frotas de cruzados que se dirigiam para a Terra Santa, o último por-to em terras cristãs antes de se lançarem no Mediterrâneo e na incerta passagem junto às costas dos infiéis. As visitas destas expedições armadas revelar-se-iam um apoio fundamen-tal em diversas ocasiões (como, de resto, já se tinham revelado na tomada de Lisboa), que não foram, obviamente, desprezadas pelos nossos primeiros reis.

Garantida a posse de uma potencial base de operações, poderíamos, a partir daqui, ter as-sistido a um notório desenvolvimento da acti-vidade naval portuguesa (haveria meios para tal?), de modo a proteger o comércio maríti-mo e as rotas dos cruzados, mas a verdade é que D. Afonso Henriques parece ter-se virado para o interior da Península até ao desastre de Badajoz (1169), altura em que, provavel-mente por efeitos do ferimento que recebera na perna (que o impediria de voltar a mon-tar), se nota o esmorecimento na sua activi-dade militar. Depois de repelida uma incursão moura em Santarém (1171), estabelece uma trégua com os Almóadas, que dura até 1178. Nesse ano é o infante D. Sancho a atravessar o Guadiana e a avançar até Sevilha, saquean-do os seus arredores. Como suposta represá-lia, uma frota comandada por Mohamed Ibn Mardanix entra no Tejo em 1179 e ataca os arredores de Lisboa. Terá sido, possivelmen-te, aí que o Rei reconheceu a necessidade de armar navios para a defesa dos portos e da costa, pois, em 1179, os forais de Santarém, Lisboa e Coimbra concedem foro de cavaleiro ao alcaide, espadeleiros, proeiros e petintal de cada barca de guerra.

Mas será, de facto, credível que o nosso Fundador ignorasse quase por completo a

vertente estratégica naval durante os trinta anos subsequentes à conquista de Lisboa? A resposta a esta pergunta está intimamente li-gada a duas lendárias e, até certo ponto, obs-curas figuras daquele período, cuja ligação entre si será, possivelmente, maior do que poderemos, à partida, imaginar: Geraldo--Sem-Pavor e D. Fuas Roupinho.

Comecemos pelo segundo: a figura de D. Fuas Roupinho, de cuja existência não se conhecem provas documentais – tendo o seu nome sur-gido numa tradição oral apenas registada no século XVI –, e que se supõe tratar-se de um tal Fernão Gonçalves conhecido como o “Fa-roupim”, mencionado no Livro de Linhagens do conde D. Pedro, materializa a reacção de D. Afonso Henriques às incursões navais mouriscas sobre Lisboa. Ora, de acordo com a tradição, D. Fuas (mantenhamos, por conveniência de esti-lo, esta onomástica) teria sido mandado, pelo Rei, a Lisboa “armar Galés, e que fosse elle por Capitão, para ir pe-leijar com os mouros”. Ora, perguntamos nós, quanto tempo seria preciso para aprontar uma pequena (?) for-ça de galés3? Para dar uma resposta imediata ao avistamento do ini-migo, os navios teriam, forçosamente, de exis-tir em estado de pron-tidão para combate, a menos que as referidas “galés” mais não fos-sem do que algumas barcas armadas à pres-sa. Mas se assim fosse, estariam estas barcas à altura de enfrentar navios especificamen-te concebidos para o corso? E o adestra-mento do pessoal que

as guarneceu, incluindo o do próprio “Almiran-te”4? Mesmo que a base das suas tripulações fosse constituída por pescadores ou outros marítimos, com uma razoável experiência ma-rinheira, não se passa facilmente das artes da pesca para as manobras de combate. É certo que já não estaríamos propriamente perante a frota de Ibn Mardanix e que as “nove Galés de Mouros” ao largo de Lisboa mencionadas por Duarte Galvão poderiam mais não ser do que navios mercantes reconvertidos para o saque, uma vez que na altura não seria raro o comér-cio e a pirataria/corso andarem de mãos dadas. O facto é que, acreditemos ou não na existência do mítico “Almirante”, parece ter, efectivamen-te, ocorrido uma vitória naval cristã ao largo de Lisboa (tradicionalmente conhecida como Ba-talha do Cabo Espichel) por volta de 1180, ou não tivesse ela sido mencionada pelo cronista árabe Ibn Khaldun, que refere o apresamento de vinte (!) navios sarracenos. Parece-nos, pois, que se terá registado um acontecimento digno de nota. Mesmo tendo em conta que a tradi-ção portuguesa poderá ter exagerado o feito – hipótese aparentemente desmentida pela escrita do cronista árabe – estaremos, porven-tura, num patamar superior ao das “obscuras acções navais” referidas por Carlos Selvagem. Se os feitos extraordinários relatados das cró-nicas devem ser, por norma, encarados com a devida reserva, não é menos verdade que uma abordagem cegamente iconoclasta poderá fa-zer com que se desprezem acontecimentos de certa forma relevantes no contexto em causa.

Como poderia, então, esta vitória ter ocorri-do se o lado português não dispusesse já de um conjunto de navios (galés ou outros) pre-parados para a guerra? A menos que se tivesse tratado de uma esquadra estrangeira (de cuja hipotética vinda ou passagem não se conhece

Fig. 2 – Navios normandos (tapeçaria de Bayeux, séc. XI). Ligeiros e de fundo achatado, foram empregues nas razias vikings que assolaram a Península Ibérica nos séculos IX e X, tendo, ainda, servido de transporte aos príncipes escandinavos que partici-param nas Cruzadas. É possível que alguns navios deste tipo tenham ficado em Portugal para integrar a incipiente e heterogénea marinha nacional.

Fig. 3 – Navio dos cruzados (iluminura do séc. XIII). A iconografia da época é muito estilizada, mas percebe-se que se trata de um navio acastelado, bojudo e de alto bordo, típico do norte da Europa, mais adequado à navegação atlântica do que as galés.

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registo), a força de combate teria de começar a ser preparada uns anos antes. Seriam navios deixados pelos cruzados ou tomados ao ini-migo durante a conquista de Lisboa? Poucos admitirão a hipótese de se tratar de navios construídos de raiz, uma vez que só durante o reinado de D. Sancho II se regista a existência de estaleiros reais (recuperação das taracenas muçulmanas de Lisboa?) e a construção siste-mática de galés. No entanto, parece-nos per-feitamente plausível que as referidas tarace-nas pudessem ter prosseguido a sua produção após a queda de Lisboa em mãos cristãs, even-tualmente com o recurso a artífices mouros ou moçárabes, mesmo que fosse apenas para produzir um punhado de galés ou para reparar as que tinham sido capturadas (ou não fosse, nestes tempos, a captura muito mais lucrativa do que a destruição, como se depreende, aliás, dos relatos dos combates navais).

CEUTA: UMA FALSA PARTIDA?Após a reparação da esquadra e o seu refor-

ço com as galés apresadas, D. Fuas terá, então, percorrido a costa de Portugal e do Algarve. Não tendo encontrado o inimigo, passa o Es-treito e entra na baía de Ceuta, de onde se sabia que partiam os navios que auxiliavam as incursões sarracenas nas tentativas de recu-peração de Lisboa e Santarém, apresando os navios inimigos. Se esta incursão a Ceuta foi, efectivamente, levada a cabo, Portugal teria de dispor de uma frota suficientemente forte para atacar um porto conhecido como ponto de partida das armadas dos corsários bar-barescos (sendo quase certo que neste caso particular haveria, adicionalmente, informa-ções seguras da preparação de uma ofensiva). Não nos parece credível que o ataque àquele porto pudesse ter ocorrido por mero acaso, na sequência do patrulhamento da costa ociden-tal da Península. Sendo plausível que o nosso “Primeiro Almirante” quisesse, primeiro, cer-tificar-se de que não haveria nas imediações restos da esquadra inimiga, não nos podemos esquecer que, com as condições de navegação da época, dificilmente uma frota conseguiria manter uma patrulha contínua da costa du-rante muito tempo, pelo que o objectivo teria de estar, à partida, bem definido.

Uma segunda incursão, que, segundo al-guns autores, poderá ter sido meramente aci-dental5, já não seria tão bem sucedida, uma vez que os mouros estariam, desta vez, bem preparados. Enfrentando 54 galés inimigas, D. Fuas terá sucumbido neste combate desigual, em que teriam sido perdidas 11 galés portu-guesas. A acreditarmos nestes números, es-tamos já perante forças navais de dimensões respeitáveis.

Quaisquer que tenham sido os pormenores destes combates, o mais importante aqui é a referência ao facto de a frota portuguesa se ter aventurado em águas controladas pelo Mouro, flagelando-o no seu próprio terreno.

Poderíamos estar perante meras acções de retaliação, com impacto pouco mais do que psicológico. Ou seria algo de mais profundo, que vinha sendo preparado desde há algum tempo? Recuemos alguns anos e revisitemos o celebérrimo Geraldo-Sem-Pavor, numa al-tura em que parece ter, definitivamente, per-dido os favores reais:

Pouco tempo depois da derrota de Badajoz parece ter havido um desentendimento entre Geraldo e o seu rei, que o teriam levado a di-rigir-se a Sevilha e a oferecer os seus serviços ao califa Yusuf I. Vários relatos mencionam a posterior troca de correspondência entre este aventureiro e D. Afonso Henriques, sugerindo a sua utilização como agente duplo, o que, de resto, não era invulgar para a época. Interes-sante é a versão segundo a qual Geraldo teria

passado para o Norte de África e escrito ao rei a partir da região do Suz, em Marrocos, incen-tivando-o a enviar navios armados e a tomar aquelas terras, acção em que poderia contar com a sua colaboração. Esta missiva teria sido interceptada pelos agentes do Califa e custa-do a vida a Geraldo (por volta de 1176), mas se acreditarmos nesta versão podemos admi-

Fig. 5 – Batalha naval do Cabo Espichel, 1180 (quadro de Luigi Monti, Museu de Marinha)

Fig. 4 – Galés árabes (ilustração de um manuscrito do séc. XI). Navio combatente por excelência, utilizada no abalroa-mento e abordagem de navios inimigos, com ou sem esporão, a galé medieval é, muitas vezes, uma versão simplificada das trirremes gregas e romanas.

tir a hipótese de D. Afonso Henriques consi-derar, efectivamente, um ataque ao Norte de África pelo menos quatro anos antes da bata-lha do Cabo Espichel e da primeira expedição de D. Fuas Roupinho. E do ponto de vista es-tratégico havia várias vantagens em optar por esta modalidade de acção:■ Neutralização de um reconhecido “ninho” de piratas/corsários sarracenos;■ Corte da passagem de reforços e de abas-

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tecimentos vindos do Norte de África, iso lando deste modo, os reinos mouros do Sul da Península;■ Pressão sobre a retaguarda inimiga;■ Corte do mais provável eixo de invasão da Península;■ Controlo da navegação no Estreito.

Além dos motivos atrás enunciados, não es-queçamos que o Norte de África fazia parte do antigo espaço romano-cristão conquistado pelos muçulmanos, estando, portanto, na con-tinuidade da reconquista cristã da Península. Outros motivos, como o travar da expansão castelhana para Sul não estariam, na altura, na ordem das preocupações do rei português, uma vez que todo o Sul da Península estava, ainda, em aberto, como o demonstram as atrás referi-das campanhas conduzidas pelo infante D. San-cho na bacia do Guadalquivir. Também a even-tual passagem da frota castelhana para Oeste do Estreito não seria, por ora, uma preocupação

de monta, uma vez que só em 1262 se regista-ria o emprego de uma armada castelhana, por ocasião da tomada de Cádiz. No entanto, tal não retira o valor estratégico daquele ponto de pas-sagem obrigatório de toda a navegação que cir-culava entre o Atlântico e o Mediterrâneo, com destaque para as frotas dos cruzados.

Temos, então, bons motivos para crer na possibilidade de D. Afonso Henriques ter em-pregado alguns anos do seu reinado na prepa-ração de uma frota suficientemente forte para um desembarque em terras marroquinas. E quatro ou cinco anos parecem suficientes para, ao ritmo de dois ou três navios por ano, constituir uma esquadra de uma dezena de navios combatentes, suficiente não só para enfrentar pequenos grupos de corsários mas também para enquadrar uma frota de assalto.

Seja como for, a intenção de estabelecer uma testa-de-ponte do outro lado do estreito, se a havia, ter-se-á gorado com a derrota da frota de D. Fuas Roupinho ao largo de Ceuta. Será D. Sancho I a prosseguir, de certo modo, esta es-tratégia ofensiva a Sul, não no Norte de África mas no reino dos Algarves, com a conquista de Silves, em 1188. Aproveitando, para o efeito, a passagem de uma frota de cruzados (53 naus),

Mapa 1 – A Reconquista Cristã da Península Ibérica

teria incluído na volumosa expedição naval quarenta galés e galeotas portuguesas, acom-panhadas de vários navios de transporte de víveres e munições. Aliás, é neste reinado que nos surgem os primeiros indícios da existência de uma marinha organizada, pois o “Inquisitio de Relego Ulixbonẽ”, de 1210, menciona a fi-gura do “pretor dos navios”.

O COMÉRCIO COM O NORTE DA EUROPA

Na edificação do estado português, o movi-mento das Cruzadas não serviu apenas para fornecer apoio militar à tomada de cidades costeiras. Tendo permitido a reabertura do Mediterrâneo, contribuiu decisivamente para o retomar do tráfego comercial entre este e o Norte da Europa, do qual Portugal se tornou um natural entreposto, ficando, assim, garan-tida a sua viabilidade como estado.

Como atrás foi referi-do, a coroa portuguesa dependia do abaste-cimento externo de matérias-primas e ar-tefactos para sustentar a sua guerra contra os mouros e para manter a sua independência face aos reinos vizi-nhos de Leão e Cas-tela. Por outro lado, a fundação de Portugal enquadra-se cronolo-gicamente num perío-do de ressurgimento das cidades europeias e de ascensão da clas-

se burguesa, não só por reacção dos povos às arbitrariedades feudais, mas também porque os reis, pressionados com as pesadas despesas de guerra, se viram na contingência de recorrer aos préstimos dos mercadores, cedendo-lhes, em contrapartida, amplos privilégios.

Não é, assim, de estranhar que, em 1184, encontremos mercadores portugueses em Bruges, local de venda dos afamados têxteis flamengos, onde, seis anos mais tarde, se fundará a primeira feitoria lusa. Em 1203, encontramo-los também em Inglaterra, bus-cando lãs e metais.

Na transição entre os séculos XII e XIII, Portu-gal não é, definitivamente, um estado isolado. Charneira entre o Mediterrâneo e a Europa ocidental, está, já, em diálogo aberto com es-tes dois mundos, no meio dos quais forjará a sua identidade histórica.

DEFINIÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO E ESTRATÉGICO NACIONAL

No início do reinado de D. Sancho I, Portugal tem já grosseiramente definido aquele que será o seu território continental, entre o Minho

e o Algarve, persistindo apenas alguma inde-finição quanto aos limites orientais das terras situadas a Sul do Tejo. Neste espaço destaca-se a posse dos três mais importantes portos da costa ocidental da Península: Lisboa, Alcácer do Sal e Silves, que garantem a abertura ao ex-terior e o apoio às operações navais.

Estão, por outro lado, encontrados dois im-portantes eixos de expansão marítima: o eixo comercial com o Norte da Europa e o intencio-nado estabelecimento de uma testa-de-ponte no Norte de África (embora a falta de docu-mentação não nos permita comprovar taxati-vamente este último).

É, de facto, curioso que, menos de meio sécu-lo após a sua fundação, o nosso País visse, já, es-boçados o seu espaço físico continental e uma envolvente estratégica que se manterão, grosso modo, com algumas variantes moldadas pelo contexto histórico, nos cinco séculos seguintes.

Nada disto teria sido possível sem a adopção de uma política marítima consistente e sem uma decisiva aposta na edificação e utilização de meios navais.

Notas1 É de referir, também neste período, o oferecimento

de “naves portuguesas” à frota galega do arcebispo D. Diego Xelmírez.

2 Tendo a frota cristã sido, essencialmente, composta de navios dos cruzados, não deixa de ser interessante a menção feita na carta do cruzado Osberno à morte do “Rector Galeata Regis” numa porta do castelo. Seria esta figura – eventualmente identificada como o célebre Martim Moniz – o comandante de uma verdadeira es-quadra de galés do Rei?

3 Empregamos o termo “galés” com uma certa reser-va, uma vez que só a partir do reinado de D. Sancho II encontramos documentos que comprovam a utilização e a construção daquele tipo de navios. É possível que os cronistas quinhentistas aplicassem a designação de “galé”– o navio combatente por excelência –, de um modo genérico, a qualquer navio armado para a guerra.

4 De acordo com as crónicas, D. Fuas teria assumido o comando da frota na altura em que seria alcaide de Por-to de Mós, onde repelira um ataque mouro. Teria tido ao seu dispor um certo número de barcas armadas com as quais já teria enfrentado algumas incursões de piratas sarracenos? É certo que falamos de um comandante militar que poderá não ter tido intervenção directa na manobra dos navios, mas teria forçosamente de ser possuidor de alguns conhecimentos que o habilitassem a enfrentar a realidade do combate no mar, mesmo que este, na sua forma mais rudimentar, se baseasse nas téc-nicas de abordagem.

5 De acordo com Frei António Brandão, teria sido um temporal a empurrar os navios, na altura ao largo do Algarve, para lá do Estreito. Consideramos, no entanto, algo duvidoso que os mouros tivessem a sua esquadra concentrada naquele porto à espera que um fortuito golpe de vento ou de mar fizesse cair nas suas mãos a frota cristã (a menos que o objectivo fosse, inicialmen-te, o lançamento de uma operação naval ofensiva con-tra as costas cristãs), tal como nos parece muito pouco provável que, mesmo empurrados por ventos fortes, os navios se tivessem visto forçados a passar pela estreita abertura que dá acesso ao Mediterrâneo, em vez de ar-ribar a uma zona safa da costa.

Moreira SilvaCFR

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

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TOMADA DE POSSE

ENTREGA DE COMANDO

SUPERINTENDENTE DOS SERVIÇOS FINANCEIROS

NRP ÁLVARES CABRAL

Em 14 de novembro tomou posse como Su-perintendente dos Serviços Financeiros, o

CALM Silva Ramalheira, em cerimónia que de-correu na Casa da Balança e foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, tendo assis-tido o Secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional, os Generais Diretores Financeiros do Exército e da Força Aérea, o Diretor da 2ª Dele-gação da Direção-Geral do Orçamento, diversos oficiais generais, antigos Superintendentes dos Serviços Financeiros, bem como outros oficiais, sargentos, praças, militarizados e civis.

A cerimónia iniciou-se com a imposição de condecoração ao Superintendente cessante, CALM Esteves Nunes, com a Medalha de Servi-ços Distintos, grau Ouro.

Após a leitura da Ordem usou da palavra o Superintendente empossado, que sublinhou o

A 26 de setembro, ocorreu na BNL, a bordo do NRP Álvares Cabral, a cerimónia de en-

trega de comando do navio, do CMG Sobral Do-mingues para o CFR Gamurça Serrano.

A cerimónia foi presidida pelo COMNAV, VALM Monteiro Montenegro, tendo contado com a presença de outros oficiais generais, vá-rios convidados civis, comandantes de unidades navais, diretores de diversas unidades da estru-tura de Marinha, bem como outros oficiais.

A cerimónia iniciou-se com o discurso do Co-mandante cessante que salientou o facto de, apesar das relevantes limitações da atual conjun-

facto de, com relevân-cia para o futuro, ser expectável a manu-tenção dos constran-gimentos no financia-mento das atividades da Marinha e a conti-nuação do processo de reforma estrutural da Defesa Nacional e das FA’s. Mais referiu a necessidade do “(...) reforço do capital de

credibilidade e de relevância própria da SSF no domínio dos recursos financeiros disponibiliza-dos à Marinha para o cumprimento da sua mis-são, CONTRIBUIR PARA O USO DO MAR (...)”.

No final, o Almirante CEMA tomou a palavra para salientar a importância do esforço desen-volvido no sentido de consolidar uma gestão dinâmica e eficiente dos recursos financeiros.

Salientou ainda a importância da ação da SSF se desenvolver em permanente concertação, articulação e solidariedade com todos os Se-tores Funcionais da Marinha sem descurar, na vertente externa, a necessidade de assegurar a cooperação com os outros Ramos das FA’s e a continuidade de uma cultura de rigor e res-ponsabilidade, consubstanciada numa rigorosa prestação de contas ao Tribunal de Contas, a par da manutenção de uma elevada credibili-

tura, durante o seu co-mando foi possível cum-prir um ciclo operacional completo, incluindo um período de revisão inter-média, o ciclo de treino nacional, o treino em Inglaterra, e o seu pos-terior empenhamento operacional como navio--almirante da Operação ATALANTA. A Álvares Ca-bral ao operar de forma

eficaz a mais de 7000 milhas de distância, duran-te um período alargado, provou, nas palavras do orador, a vitalidade da Marinha, a têmpera dos nossos marinheiros e a eficácia dos navios. Nas suas palavras, este é o garante de que a Marinha ultrapassará certamente as atuais dificuldades.

Seguiu-se a leitura do louvor ao CMG Sobral Do-mingues, e o ato formal da entrega de comando.

O novo comandante usou da palavra mani-festando o seu orgulho e satisfação pelas no-vas funções, tendo partilhado no seu discurso quatro princípios orientadores para o seu co-mando: o princípio da necessidade da ação sim-

O CALM Sílvio Manuel Henriques da Silva Ra-malheira nasceu em Aveiro, ingressou na Escola Naval em 1976 e foi promovido a GM, após con-clusão do curso de Administração Naval.

Entre 1981 e 1989 embarcou nos NRP’s Baptista de Andrade e Honório Barreto e prestou serviço na BNL. Depois de ter integrado a Missão para a Construção das Fragatas Vasco da Gama, foi chefe do serviço de abastecimento da primeira guarnição do NRP Vasco da Gama, comissão que concluiu como chefe do departamento de logística, já como capitão-tenente, em finais de 1993.

Entre 1994 e 2003 desempenhou funções na Divisão de Planeamento Financeiro e Controlo Orçamental da Direção de Administração Finan-ceira, como chefe do serviço de abastecimento dos Comando de Zona e Departamento Marítimo do Norte e, por fim, na Divisão de Pessoal e Orga-nização do EMA.

De agosto de 2003 a dezembro de 2005 foi chefe da Repartição de Vencimentos e Abonos da Chefia do Serviço de Apoio Administrativo (CSAA) e, a partir de dezembro de 2005, promovido a CMG, chefe da CSAA, até junho de 2009.

Tendo desempenhado o cargo de chefe do ga-binete do SSF, frequentou o curso de promoção a oficial general entre 2009 e 2010.

A partir de setembro de 2010 e até setembro de 2013, exerceu o cargo de Diretor de Adminis-tração Financeira.

Da sua folha de serviço constam vários louvores e condecorações.

O CFR Alexandre Joaquim Gamurça Serrano ingressou na Escola Naval, tendo concluído em 1991 a Licenciatura em Ciências Militares-Navais, curso de Marinha.

Após a promoção a GM, foi imediato no NRP Zaire e comandou no ano seguinte o NRP Águia. Eespecializou-se em Artilharia, tendo prestado serviço no NRP Roberto Ivens como Chefe do Serviço de Informações em Combate. Em julho de 1999 foi Chefe do Serviço de Operações de Superfície e Antiaéreas do NRP Álvares Cabral. De junho de 2007 a maio de 2009, comandou o NRP Jacinto Cândido.

De julho de 2011 a maio de 2012 foi Chefe do Estado-Maior do SNMG1.

Em terra desempenhou funções como forma-dor na área de operações no Centro de Instrução de Tática Naval (CITAN), como professor de ope-rações e tática naval na Escola Naval e como ofi-cial adjunto no Estado-Maior do Comando Naval, EMA e EMGFA.

Ao longo da sua carreira foi alvo de vários lou-vores, tendo sido agraciado com diversas conde-corações nacionais e NATO.

dade junto dos órgãos do Ministério da Defesa Nacional e do Ministério das Finanças.

ples e eficaz, o princípio do espírito entusiasta e positivo, o princípio da verdade e o princípio da pertença, que vê espelhado no NRP Álvares Cabral, o orgulho da sua guarnição.

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Apenas uma ressalva, quando no final o Almirante Sarmento Rodrigues diz:.. e des-ta maneira estaremos pagos, uns e outros.

Com este trabalho Miranda da Rocha dá--nos uma prova de que ainda não esgotou o dever de “pagar” à Marinha o benefício que dela retirou quando na efectividade de serviço.

Cumpre a divisa “De bem servir sem cuidar recompensa” adoptada pela Re-serva Naval.

Meu caro António Miranda da Rocha.Todos nós, oficiais da Reserva Naval, te

agradecemos por este serviço prestado à Marinha e por manteres a nossa classe no nível que todos nós desejamos que ela te-nha. Também por interpretares fielmente o voto do Almirante Sarmento Rodrigues, ajudando a reivindicar para a Marinha o lugar que lhe deve pertencer.

A presença aqui, hoje, de tão ilustre as-sistência prova certamente que o reco-nhecimento não é apenas dos RN.”

Eng.º Pires de Lima1TEN RN

A RESERVA NAVAL EM MACAUNo passado dia 11 de Julho realizou-se,

no Pavilhão das Galeotas do Museu de Marinha, a apresentação do livro “A Re-serva Naval em Macau” da autoria do 2º tenente RN Dr. Miranda da Rocha, o úni-co oficial RN que prestou serviço naquele território.

Do evento transcrevem-se partes da alo-cução então proferida pelo 1TEN RN Eng.º Pires de Lima:

“Alguns meses separam a apresentação, neste emblemático cenário do Pavilhão das Galeotas, de dois documentos, tra-zendo para o presente a memória viva de dois períodos da presença portuguesa nas duas mais longínquas províncias do Ultramar - primeiro sobre Timor, hoje so-bre Macau.

Dois testemunhos demonstrativos da marca deixada no carácter de quem pres-tou serviço em qualquer das Províncias do então Ultramar Português, marca tão forte que mais de 40 anos passados não fazem esquecer essas épocas.

No livro “Recordações de um Marinhei-ro -Timor 1973/1975”, o seu autor, o Al-mirante Leiria Pinto, seu último Coman-dante da Defesa Marítima, fez-nos aqui um relato, que certamente alguns dos presentes recordarão, numa demonstra-ção muito para além da simples descrição de factos, porque mesmo sendo relativa a episódios de um passado de décadas, o autor não conseguiu esconder a emo-ção que essa recordação lhe causou, nem conseguiu alhear os presentes desse mesmo sentimento.

O livro que hoje nos é apresentado, “A Reserva Naval em Macau”, relato de uma comissão entre os anos de 1968/1970, tem uma característica muito especial, que é uma das razões porque me ofereci para esta função, depois do autor me ter dirigido convite para prefaciar a obra. Um privilégio que muito me sensibiliza e cujo agradecimento reforço neste momento.

Uma característica comum deste livro e também da obra citada do Almirante Lei-ria Pinto. Os dois autores colocam a sua própria posição de protagonistas num pa-tamar inferior daquele em que colocam a sua e nossa Marinha, destacando sobretu-do a acção desta naquelas épocas.

Cumprem, de forma natural, o voto do Almirante Sarmento Rodrigues quando em 1959, como Director e 1.º Comandan-te da Escola Naval, no acto de Juramento

de Bandeira dos cadetes do 1.º curso de oficiais da Reserva Naval se dirigiu a estes em formatura e disse em dado momen-to: … os hábitos de dis-ciplina militar, o brio tão característico desta velha Corporação, a convivên-cia de boa camaradagem com os restantes cadetes dos quadros permanen-tes, o sentimento de utili-dade do seu esforço, tudo foram aquisições que muito valorizaram, neste período os jovens futuros oficiais.

...sem dúvida que a sua passagem pela Marinha lhes há-de completar e aperfeiçoar a sua forma-ção, sob vários aspectos, entre os quais se deve realçar o moral. Na verda-de, no ambiente em que têm vivido nestes últimos meses e em que mais alguns permanece-rão, hão-de ter certamente temperado o seu carácter à luz do sentimento de obe-diência militar, do gosto das responsabili-dades, do respeito pela dignidade huma-na, da isenção e integridade de carácter, do culto da honra, do amor à Marinha e às suas tradições.

... os que para cá vieram, sairão da Ma-rinha mais homens, mais Portugueses, e terão decerto uma melhor compreensão do valor da Marinha e da sua gente. E nas futuras missões que o destino lhes reser-var, hão-de com certeza ser-lhes muito úteis os ensinamentos colhidos e saberão por sua vez ajudar a reivindicar para a Marinha o lugar que lhe deve pertencer, dentro do conjunto das actividades na-cionais.

... e desta maneira estaremos pagos, uns e outros...

Esta alocução do então comandante da Escola Naval é um texto de reflexão para muitos oficiais da Reserva Naval e eu não prescindo de o reler quando procuro inspi-ração para elogiar a obra dos marinheiros.

Está neste texto tudo quanto se pode dizer de António Francisco Miranda da Rocha. Tudo o mais que possa ser dito é redundante. N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

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ACADEMIA DE MARINHA

XIII SIMPÓSIO DE HISTÓRIA MARÍTIMASubordinado ao tema «Nos Mares da China.

A propósito da chegada de Jorge Álvares, em 1513», decorreu nos dias 28, 29 e 30 de outubro o XIII Simpósio de História Marítima.

A sessão de abertura foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante José Carlos Saldanha Lopes.

Nas palavras que proferiu, e após agradecer e saudar a presença do Almirante CEMA, dos oradores e dos restantes participantes, bem como o patrocínio da EDP e os apoios do BES, do Instituto Internacional de Macau e da Co-missão Cultural da Marinha – através do Mu-seu de Marinha, o Presidente da Academia de Marinha destacou que muito embora o Sim-pósio pretendesse “relembrar a data em que, pela primeira vez, um navegador luso chegou à China”, não se poderia deixar de recordar os 500 anos em que “percorrendo o diversificado horizonte do seu valor histórico, mas olhando--o também como marco inicial de um longo re-lacionamento de mútuo respeito e admirável convivência, constitui uma vultosa mais-valia, longamente acumulada, atingindo hoje forte importância prospectiva”.

Após breves palavras do Presidente da Clas-se de História Marítima, Académico Francisco Contente Domingues, foi apresentada a con-ferência de abertura, intitulada «Ocidente--Oriente: um Diálogo continuado», pelo Presi-dente da Comissão Científica, Académico João de Deus Ramos.

Foram atribuídos prémios às conferências apresentadas neste Simpósio, o que consti-tuiu uma inovação. Assim, contemplando três áreas transversais de investigação, o Prémio EDP-Academia de Marinha foi entregue aos seguintes autores: “Missionação e Encontro

1º SUBTEMAAS PRIMEIRAS VIAGENSAcadémico João Paulo de Oliveira e CostaProf. Doutor Francisco Roque de OliveiraAcadémico Paulo Sousa PintoAcadémico Luís Filipe ThomazAcadémico António de Andrade MonizAcadémica Ana Paula AvelarProf. Doutor Jorge Santos Alves Prof. Doutor Luís SaraivaAcadémico Carlos Francisco Moura

2º SUBTEMAESTABELECIMENTO E COMÉRCIOAcadémico Rui de Sousa LoureiroAcadémico Vítor Gaspar RodriguesAcadémico Jorge Semedo de MatosProf. Doutor Manuel Cadafaz de Matos Académico Tiago Machado de CastroAcadémico José Manuel GarciaAcadémico Fernando Gomes PedrosaDr. João Pedro da Rocha Joaquim Académico Vítor Serrão

Académico István RákócziProf. Doutor Sandro MendonçaAcadémico António Costa Canas Prof. Doutor Paulo de AssunçãoAcadémico João Abel da FonsecaDrª. Cristina Costa GomesProf. Doutor António Alves-Caetano Dr. Alexandre de Paiva MonteiroAcadémico Fernando David e SilvaDr. António Chrystêllo TavaresProf. Doutor Manuel Galvão de Melo e Mota

3º SUBTEMACAMINHOS DO PRESENTE E DO FUTUROTenente-general José Garcia Leandro Profª. Doutora Carmen Amado MendesProf. Doutor Carlos Gaspar

de Culturas”, ex aequo, aos Prof. Doutores Ma-nuel Cadafaz de Matos e Paulo Assunção; “Via-gens e Ciência”, ex aequo, à Dra. Cristina Costa Gomes e ao Académico António Costa Canas; e “Política e Comércio”, ex aequo, ao Prof. Dou-tor António Alves-Caetano e ao Dr. Alexandre Paiva Monteiro.

Na sua alocução final, o Presidente, Almi-rante Vieira Matias, salientou, como primeiro aspeto conclusivo, “a visão ampla que nós, os Portugueses, tivemos no estabelecimento, na implantação na China e no vasto Oriente e na ambição de desenvolver os interesses nacio-nais nessa imensa área do mundo onde, com muito e inteligente saber técnico e humano, fomos grandes como nenhum povo até essa altura. Conhecimento, tecnologia, tenacida-de, espírito de sacrifício, orgulho nacional e bom relacionamento humano foram a chave do êxito”. Outra conclusão a retirar do que foi debatido ao longo dos três dias de trabalhos, disse, é a necessidade de “valorizar o exemplo do passado com a sua enorme mais-valia que soubemos ir acumulando, ao longo do relacio-namento multisecular com o grande e promis-sor país que é a China”.

A terminar, o Almirante Vieira Matias agrade-ceu aos oradores, aos participantes, aos mem-bros das comissões organizadora e científica, bem como ao pessoal civil e militar que presta serviço na Academia de Marinha, congratulan-do-se pelo sucesso deste evento, que “consti-tuiu um êxito assinalável”.

Por fim foi oferecido aos participantes, na Galeria, um beberete-convívio, por gentileza do Instituto Internacional de Macau.

Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA

Subordinadas a subtemas, e seguidas de debate, as comunicações efetuadas ao longo dos três dias de trabalhos seguiram o programa do Simpósio.

Fotos 1SAR FZ Horta Pereira e 1SAR A Ferreira Dias

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COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA

MUSEU DE MARINHA | 150 ANOS

GESTÃO DE COLEÇÕESNO MUSEU DE MARINHA

A necessidade de garantir de forma perma-nente a salvaguarda do acervo, melhoran-

do, por exemplo, as condições de preservação das peças e o sistema de controlo do patrimó-nio histórico da Marinha, bem como a obriga-toriedade de cumprir a legislação nacional em vigor, levaram a que, nos últimos anos, o Mu-seu de Marinha tenha posto em prática inúme-ros projetos na área da gestão de coleções 2.

Um dos projetos mais relevantes tem sido o da remodelação das condições de guarda e acesso às reservas museológicas 3, com vista ao cum-primento do desiderato que determina que os Museus devem “possuir reservas organizadas, de forma a assegurar a gestão das coleções, ten-do em conta as suas especificidades” 4, devendo estas “estar instaladas em áreas individualizadas e estruturalmente adequadas, dotadas de equi-pamento e mobiliário apropriado para garantir a conservação e segurança dos bens culturais” 5.

Este processo, iniciado em 2009, teve como primeiro passo a escolha do local onde deveria ser instalado um novo espaço de reserva, com as condições necessárias à efetiva preservação e conservação das peças, quer em termos de acondicionamento e controlo ambiental, quer em termos de segurança do acervo. Possibilita-ria, simultaneamente, a substituição de outros locais de reserva já existentes, cujas condições ambientais, de acondicionamento e de acesso ficavam aquém dos requisitos para peças mu-seológicas, sobretudo por estarem expostas a grandes variações de temperatura e humidade relativa, prejudiciais à sua preservação, parti-cularmente no caso de peças constituídas por materiais mais frágeis (têxteis, papel, madeira).

Entre 2011-2012, com a escolha e limpeza do local efetuadas, assistiu-se ao processo de instalação das “Reservas Novas”, num espaço de cerca de 120 m2, aproveitando-se algumas das características do edifício, nomeadamente

a altura do piso, para a implantação de um sistema de estantes em dois pisos, com capacidade para mi-lhares de peças. Contí-guo ao espaço de reser-va, criou-se um espaço de trabalho com cerca de 130 m2, destinado à receção de peças, regis-to de entrada de peças, inventariação, limpeza e acondicionamento, consulta, etc. Estes es-paços ficaram concluí-dos em 2012, por oca-sião do 50.º Aniversário do Museu de Marinha em Belém.

A criação do novo espaço de reserva significou um enorme avanço no processo de reorganiza-ção das coleções do Museu, mas ainda haverá muito a fazer. A grande variedade de peças no acervo do Museu implica a existência de reservas próprias para diferentes tipologias de peças, pelo que será necessário rever e adaptar os restantes espaços de reserva existentes às condições ne-cessárias para a salvaguarda das coleções. Este é um dos propósitos a curto-médio prazo.

O processo de transferência de peças para as “Reservas Novas”, parte integrante da reor-ganização das reservas, ainda se encontra em curso. Neste momento, as “Reservas Novas” albergam já cerca de 4600 peças. Este é um trabalho moroso que carece de cuidados espe-ciais, não só porque o manuseamento das pe-ças assim o exige, mas também porque envol-ve diversos procedimentos como a avaliação de estado do espólio, a verificação e atribuição de números de inventário, a marcação de pe-ças, a limpeza e desinfestação, o acondiciona-

mento adequado com a utilização de materiais inertes e a sua recolocação em reserva.

Na realidade, o processo de reorganização das reservas caminha a par e passo, como seria de esperar, com o trabalho de verificação e registo do património 6, tendo sido, nos últimos anos, desenvolvidas algumas ações neste sentido.

Em 2011 e 2012, procedeu-se à verificação do património histórico da Marinha existente no Museu de Marinha, através de um grupo de trabalhado exclusivamente empenhado nesta missão. Este trabalho exaustivo implicou a conferência de todos os espaços do museu (exposição, reservas e serviços) para verifica-ção das existências “peça a peça”, bem como a consulta de documentação associada (livros de registo, livros de entrada, processos de ce-dências, guias de remessa, etc.), permitindo um maior conhecimento do acervo do Museu e alertando para inúmeras situações anóma-las, que puderam ser prontamente resolvidas. Inicialmente, esta ação esteve restrita ao uni-verso de peças que se encontram no Museu,

“Os museus têm o dever de adquirir, preservar e valorizar os seus acervos, a fim de contribuir para a salvaguarda do património natural, cultural e científico. Os seus acervos constituem património público significativo, ocupam posição legal especial e são protegidos pelo direito internacional. A noção de gestão é inerente a este dever público e implica zelar pela legitimida-de da propriedade desses acervos, por sua permanência, documentação, acessibilidade e pela responsabilidade em casos de sua alienação, quando permitida.” 1

Fotos Rui Salta

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havendo contudo intenção de alargar este processo ao restante acervo do Museu, que se encontra cedido, em modalidade de emprésti-mo de longa duração e/ou depósito, a outras unidades de Marinha e a entidades externas.

Reconhecendo igualmente a necessidade de melhorar o inventário e sistema de documen-tação do Museu, têm vindo a ser implemen-tadas algumas alterações, nomeadamente a adoção de um novo sistema de atribuição de número de inventário, a aquisição de uma base de dados apropriada e a organização do Arquivo do Serviço do Património.

O inventário do Museu passava, até recen-temente, pela produção de fichas manuais re-ferentes às peças do acervo e pelo seu registo em Base de Dados própria, em Access. Em 2011 foi adquirido o sistema InPatrimonium, da em-presa Sistemas de Futuro, numa tentativa de encontrar uma resposta mais adequada para a gestão do património histórico da Marinha. Aproveitou-se, igualmente, esta ocasião para se efetuar a transição para um novo sistema de atribuição do número de inventário, mais sim-ples e obedecendo a regras normalizadas.

A nova base de dados, para além de ter sido criada propositadamente para a gestão de co-leções de museus, permite a gestão integrada das restantes coleções do Museu (Centro de Documentação, Arquivo Histórico de Imagens da Marinha e Arquivo de Desenhos e Planos) bem como a gestão de aspetos relacionados com o espólio museológico: inventário, em-préstimos, movimentos, restauros, exposi-ções, etc. Ao contrário do sistema anterior, utiliza campos controlados, que evitam erros de introdução e permitem uma normalização do processo de registo. Para tal, foi necessário que o Museu definisse listas de linguagem nor-malizadas (Thesauri), a ser utilizadas na descri-ção de determinados campos (designações de peças, materiais, autores, etc.).

Embora já tenha sido efetuada a migração de todos os registos da base de dados anterior para o atual sistema e sendo já possível traba-lhar com o sistema novo, está ainda em curso a verificação e correção dos cerca de 18.000 registos.

O novo sistema de informação não se destina apenas à inventariação das peças pertencentes ao Museu de Marinha. De facto, e na sequên-cia do determinado no Despacho do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada n.º 51/89, de 14 de Dezembro, as Unidades devem enviar listagens/fichas de inventário com descrição do património histórico à sua carga ao Museu e é responsabilidade deste manter atualizado o in-ventário da totalidade do património histórico da Marinha. O conhecimento e registo desta informação na base de dados do Museu não implicam a transferência da propriedade das peças, mas possibilitam um conhecimento mais abrangente do património histórico da Marinha.

A gestão das coleções de um museu implica, obrigatoriamente, a produção e manutenção de documentação associada às peças. Esta do-cumentação, que inclui fichas de inventário, pro-

cessos de incorporação, cedência e depósito, re-latórios sobre ações de conservação e restauro, processos de exposi-ções e outros eventos relevantes, é armaze-nada num Arquivo de carácter permanente, conservado no Serviço do Património. A ma-nutenção deste Arquivo é essencial para a re-constituição da história das peças, sobretudo a partir do momento em que dão entrada no Museu. Reconhecendo a importância desta documentação, iniciou-se, em 2012, a reorganização deste Arquivo.

Também no campo da conservação, o Museu de Marinha tem vindo a desenvolver algumas ações destinadas à salvaguarda do espólio.

No âmbito da conservação preventiva, o Mu-seu tem vindo a investir na melhoria dos siste-mas de monitorização e controlo ambiental dos espaços, tanto na Exposição Permanente e Salas de Exposições Temporárias, como nas Reservas. Atualmente, o Museu tem capacidade para, em todos os seus espaços, efetuar a monitorização ambiental, com recurso a equipamentos pró-prios - dataloggers, luxímetros, etc. O controlo ambiental apresenta, contudo, mais obstáculos, dado o local de implantação e dimensão do Mu-seu. Até ao momento, este controlo é efetuado sobretudo de forma pontual através de equipa-mentos móveis (desumidificadores, aquecedo-res, etc.). No entanto, para as “Reservas Novas” foi já adquirido um sistema de climatização que permitirá um melhor controlo ambiental daque-le espaço, e cuja instalação se prevê esteja con-cluída em 2014. Estão em estudo formas para melhorar o controlo ambiental nos restantes espaços.

Foram, igualmente, dados os primeiros pas-sos para a implementação de um Plano de Conservação Preventiva, um documento que caracteriza a instituição museológica, efetua a avaliação dos riscos e descreve normas e pro-cedimentos destinados a “garantir a preserva-ção e proteção do património cultural” 7, englo-bando aspetos de segurança, monitorização ambiental, materiais expositivos, circulação de bens culturais, públicos, etc.

Para além dos passos dados na implemen-tação de procedimentos de conservação pre-ventiva, o Museu tem realizado algumas ações de conservação e restauro. Embora nalguns casos, tenha sido possível efetuar restauros pontuais, através das Oficinas do Museu, so-bretudo ao nível de modelos e mobiliário, na maioria dos casos, por falta de pessoal espe-cializado em Conservação e Restauro, torna-se necessário recorrer a contratação externa. Nos últimos anos, os trabalhos de restauro mais importantes envolveram o Programa de Res-tauro da Coleção de Galeotas Reais.

Uma gestão de coleções verdadeiramente eficiente implica a existência de normas e pro-cedimentos. Desta forma, o Serviço do Patri-mónio, encontra-se, atualmente, em fase de revisão e produção de normativos e manuais de procedimentos destinados à normalização das tarefas relacionadas com a gestão de co-leções: Política de Incorporação, Política de Documentação, Normas para o Registo e In-ventário de Peças; Normas de Acesso às Reser-vas; Manual de Procedimentos para utilização da Base de Dados; Normas para a Cedência de Peças, etc. Prevê-se que estes documentos possam ser utilizados não só pelo Museu de Marinha, na sua atividade diária, mas também pelas restantes unidades de Marinha que têm a seu cargo património histórico e cultural.

Todos estes projetos que o Museu tem en-cetado têm vindo a contribuir para a melhoria da gestão das coleções e para a salvaguarda do património histórico da Marinha, permitindo o seu usufruto pelo público e criando condições para que o Museu possa atingir aquele que é um dos seus objetivos a curto-médio prazo, a sua certificação e entrada na Rede Portuguesa de Museus.

Ana Tavares2TEN TSN-HIS

Serviço do Património / Departamento de MuseologiaMuseu de Marinha

Notas1 UNESCO/ICOM – Código de Ética para os Museus.2 A gestão de coleções do Museu de Marinha é asse-gurada pelo Serviço do Património, na dependência do Departamento de Museologia, e implica a incorporação de peças, a manutenção de inventários e sistemas de in-formação devidamente atualizados, do tratamento das cedências e depósitos de bens culturais, a organização das reservas museológicas, a monitorização e controlo ambiental de todos os espaços museológicos, a conser-vação preventiva, a conservação e restauro de peças e o acesso às coleções.3 Projeto P34, da Diretiva Setorial da Cultura.4 Lei-Quadro dos Museus Portugueses, Lei n.º 47/2004, de 19 de Agosto de 2004.5 Idem.6 Projeto P35, da Diretiva Setorial da Cultura.7 “Plano de Conservação Preventiva. Bases orientadoras, normas e procedimentos”, IMC, 2007.

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CALM Carlos Manuel Mina Henriques

NOVO DIRETOR DA REVISTA DA ARMADA

Realizou-se no passado dia 21 de novem-bro, no Salão Nobre do Gabinete do

CEMA, a cerimónia de tomada de posse do novo diretor da Revista da Armada, CALM Carlos Manuel Mina Henriques, em substi-tuição do CALM EMQ Luís Augusto Roque Martins, que exercia aquelas funções desde 21 de outubro de 1998.

A cerimónia foi presidida pelo ALM CEMA e contou com a presença do ALM Vieira Matias, Presidente da Academia de Marinha, do VCE-MA, VALM Carvalho Abreu, e de numerosos Oficiais Generais, Diretores de Serviço, ofi-ciais, sargentos, praças e civis, designadamen-te a guarnição da RA e demais convidados.

Iniciou-se a cerimónia com a leitura de louvor e imposição da Medalha de Serviços Distintos – Ouro ao CALM Roque Martins, seguindo-se a leitura da Ordem e a posse do novo Diretor.

Seguidamente, usou da palavra o empossa-do, de cujo discurso se releva:

“… A Revista da Armada é, desde há 42 anos, o órgão de comunicação oficial da Ma-rinha competindo-lhe a divulgação interna e externa das suas atividades, contribuindo, deste modo, para a sua dignificação e pres-tígio e, acima de tudo e não menos impor-tante, para o reforço da coesão e desenvol-vimento do espírito de corpo do seu pessoal.

(...) É nesta perspetiva que, na hora de ren-dição do quarto, faço um reiterado pedido a

todos os senhores almirantes responsáveis pelos diferentes setores, convidando-os a que continuem a colaborar ou mesmo que refor-cem a colaboração com a Revista da Arma-da, incentivando os Comandos e Organismos subordinados a participar na divulgação das suas realizações e das suas notícias, dignifi-cando e prestigiando, desta forma e cada vez mais, a nossa Marinha.

No mesmo sentido, exorto todos os cola-boradores, que pessoal e desinteressada-mente dão o seu contributo para a edição da Revista, a manterem viva essa vontade e empenho de participar nesta missão de produzir mensalmente a Revista da Armada, associando-se deste modo a este importante desígnio….”

Por fim, tomou a palavra o ALM CEMA para enaltecer a qualidade e o prestígio alcança-do pela RA nos últimos 15 anos e elogiar os excelentes serviços prestados pelo CALM Ro-que Martins durante esse longo período em que foi seu Diretor.

Ao novo Diretor desejou sorte e ofereceu um voto de confiança na prossecução dos mais altos desígnios da Revista da Armada, para engrandecimento da Marinha.

Encerrou a cerimónia com a apresentação de cumprimentos individuais ao novo Dire-tor, e felicitações ao CALM Roque Martins no final de uma brilhante carreira.

Fotos 1SAR A Ferreira Dias

O CALM Carlos Manuel Mina Henriques tem 60 anos de idade e 41 de serviço, ten-do passado à Reserva em 21 de novembro de 2012.

Concluiu o Curso de Marinha da Escola Naval em 1977.

Especializou-se em Armas Submarinas e possui, entre outros, os Cursos Geral Naval de Guerra, Complementar Naval de Guerra e de Promoção a Oficial General.

Esteve embarcado em várias Unidades Navais, tendo comandado o NRP Bom-barda e o NRP Alabarda. Exerceu funções de Chefe dos Serviços de Navegação e de Artilharia do NRP Augusto Castilho, Ime-diato do NRP Lagoa, Chefe do Serviço de Armas Submarinas do NRP Comandante Sacadura Cabral e do NRP Comandante Roberto Ivens, Imediato da UAM Creoula e Imediato do NRP Vasco da Gama.

Em terra desempenhou funções de Di-retor do Centro de Instrução de Minas e Contramedidas, Adjunto do Chefe da Di-visão de Pessoal e Organização do Estado--Maior da Armada, Assessor Militar para a Marinha do MDN e, nesta qualidade, membro do Comissariado da EXPO’98, “Staff Officer Maritime Operations” no SACLANT - EUA, Chefe do Departamento de Apoio e Chefe da Divisão de Logística do Comando Naval, Chefe do Estado--Maior do Comando Naval, Chefe do Es-tado-Maior do Centro de Operações Con-junto do EMGFA e, mais recentemente, Comandante da Flotilha e em acumulação 2º Comandante Naval. Na situação de Re-serva desempenhou o cargo de vogal do Conselho Superior de Disciplina da Arma-da e de individualidade de reconhecido mérito na Comissão do Domínio Público Marítimo.

Da sua folha de serviços constam vários louvores e condecorações. Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Aviz e de Comendador da Ordem do In-fante D. Henrique.

Foi-lhe concedido o distintivo de OURO de Horas de Navegação/Tempo de Embarque.

O CALM Mina Henriques é casado com a Drª Maria Filomena Cabral Raposo Henri-ques e tem um filho e dois netos.

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ENTREGA DE COMANDO DO NRP POLAR  

30º ANIVERSÁRIODO NRP POLAR

No dia 23 de outubro realizaram-se a bordo, na BNL, as comemorações do 30º aniver-

sário do NRP Polar. Nesta singela cerimónia foi prestada uma sentida homenagem aos ex--comandantes, evocando o contributo presta-do pelo navio à Marinha e ao País, na formação dos cadetes da Escola Naval (EN).

A cerimónia foi presidida pelo 2º Comandan-te Naval e Comandante da Flotilha, CALM Sil-vestre Correia, tendo contado com a presença do Comandante da Escola Naval, CALM Bastos Ribeiro, e dos ex-comandantes do NRP Polar, entre outros distintos convidados.

Ao longo dos anos, o NRP Polar tem tido como nobre e fundamental missão a partici-pação na formação dos cadetes da EN, propor-

No dia 8 de novembro, decorreu a bordo do NRP Polar, na BNL, a cerimónia de entrega de comando, na qual o CFR José Isabel rendeu

o CFR Abrantes Horta.A cerimónia foi presidida pelo 2º Comandante Naval e Comandante

da Flotilha, CALM Silvestre Correia, e contou com a presença do Chefe de Gabinete do CEMA, CALM Seabra de Melo, do Comandante da EN, CALM Bastos Ribeiro, para além de diversos convidados civis e militares e da guarnição do NRP Polar.

Do seu discurso de entrega de comando, o Comandante Abrantes Hor-ta salientou que esteve empenhado em missão em 51 fins de semana das 155 semanas em que foi Comandante do navio e, por fim, dirigiu aos alunos da EN palavras sentidas, “aos Cadetes da Escola Naval, mo-tivação primária de toda a minha ação no exercício do comando, exorto a que continuem a cultivar o gosto pelo mar e a manter a vontade de aprender que demonstraram nos embarques no NRP Polar, não perden-do nunca de vista o lema da nossa Escola mãe – Talant de Bien Faire – vontade de bem-fazer. A Marinha espera muito de vós.”

Por fim, o comandante empossado, ao fazer uso da palavra, referiu que “manterá o rumo em busca da qualidade da formação e treino dos futuros oficiais”, e que “aqui embarcados, os futuros oficiais da Marinha complementarão a sua formação como militares e como marinheiros, onde colocarão em prática os seus conhecimentos de navegação e de

cionando às novas gerações o contacto próximo com a vida no mar e o enfrentar dos desafios que este lhes coloca.

Como navio escola, é um meio privilegiado para a aplicação prática de conhe-cimentos, técnicas e perícias navais, complementando a formação teórica ministrada na EN.

O NRP Polar (ex-Anne Lin-de) foi construído em 1977 nos estaleiros Phoenix B. V., Westerbroeck, em Roter-dão, teve o seu primeiro re-gisto em Viersen (RFA) e foi

usado em cruzeiros charter até 1982.É uma réplica do famoso iate América que

atravessou o Atlântico para vencer a 100 Gui-nea Cup, em 1851, dando o seu nome ao troféu mais cobiçado do mundo.

Em 1983 foi adquirido pela Windjammer fur Hamburg para ser entregue à Marinha como contrapartida pela cedência da Sagres I.

Em 21 de outubro de 1983, o NRP Polar foi au-mentado ao efetivo dos navios da Armada, por Portaria de 19 de outubro. Efetuou a sua pri-meira missão em abril de 1985, depois de um longo período de fabricos para adaptação à sua nova missão, substituindo na instrução de ca-detes da Escola Naval o palhabote Sirius (1876), antigo iate real.

marinharia, e onde a adaptação à vida no mar estará sempre presente. Aqui, estarão expostos aos elementos natureza, mas será perante o mar que ganharão o respeito por ele, e reconhecerão o esforço dos outros que nele navegam. É aqui que reforçarão as vertentes morais, intelec-tuais e físicas, que os preparará profissionalmente para serem eficazes a bordo dos navios da esquadra.”

A cerimónia terminou com um beberete, no qual foram realizadas as salvas artilheiras em honra do NRP Polar, pela Marinha e por Portugal.

COMANDANTES DO NRP POLAR■ CFR José Manuel Castanho Paes (21OUT83 – 11ABR86)

■ CTEN José António Rodrigues Pereira (11ABR86 – 11OUT88)

■ CTEN Júlio Manuel Sajara Madeira (11OUT88 – 26AGO91)

■ CTEN José Inácio Batista Viegas (26AGO91 – 26SET95)

■ CTEN António Maya Dias Pinheiro (26SET95 – 14MAI96)

■ CTEN Guilherme Adelino F. Marques Ferreira (14MAI96 – 07OUT99)

■ CFR Diogo Alberto Font Xavier da Cunha (07OUT99 – 24JUL02)

■ CTEN Miguel Nuno P. de Matos Machado da Silva (24JUL02 – 12MAI03)

■ CTEN Filipe Alexandre Silvestre Matos Nogueira (12MAI03 – 15JAN07)

■ CTEN Jaime Carlos do Vale Ferreira da Silva (15JAN07 – 02NOV10)

■ CFR Fernando José Abrantes Horta (02NOV10 - 08NOV13)

■ CFR Carlos Alberto José Isabel (08NOV13 - Atual)

Nestes 30 anos ao serviço da Marinha, o NRP Polar embarcou mais de 3000 cadetes e aspi-rantes da EN, tendo realizado cerca de 13.000 horas de navegação.

A bordo, os cadetes e aspirantes da EN têm a possibilidade de pôr em prática os conheci-mentos adquiridos, especialmente nas áreas da navegação, marinharia e manobra do navio, potenciando o desenvolvimento de compe-tências e capacidades como a capacidade de liderança, espírito de camaradagem, coesão de grupo e boa vivência a bordo.

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Campeonato de Masters a que foi considerada mais Master, totalizando um somatório de idades superior a 150 anos.

No domingo, um vento fraco de leste assegurou a realização de 3 rega-tas, permitindo validar o campeonato e definir os vencedores do Troféu Conde Martins/ Fernando Bello.

A cerimónia de entrega dos prémios do Campeonato e Troféu decor-reu na sede do CNOCA, durante um salutar convívio entre os participan-tes e um aconchegante caldo-verde, tendo o clube recebido estimulan-tes elogios pela organização da prova e pela forma como esta decorreu.

Colaboração do CNOCA

ENTREGA DO ESTANDARTE HERÁLDICO À UNIDADE DE APOIO ÀS INSTALAÇÕES CENTRAIS DA MARINHA

REGATA MASTER DE SNIPE 2013 TROFÉU CTE. CONDE MARTINS / ENG. FERNANDO BELLO

Decorreu em 8 de outubro, em cerimónia presidida pelo Vice-chefe do Estado-Maior da Armada, VALM João da Cruz de Carvalho

Abreu, a entrega do estandarte heráldico à Unidade de Apoio às Ins-talações Centrais da Marinha, representada pelo seu comandante, o CMG Nuno António de Noronha Bragança.

Em conformidade com a Lei Orgânica da Marinha (LOMAR) que estabelece a UAICM como uma das três bases da Marinha, o seu es-tandarte heráldico (ver figura e descrição heráldica na caixa) foi con-cedido por despacho de 16 de julho de 2013, do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada.

A cerimónia contou com a presença de diversos convidados em representação dos organismos sediados nas Instalações Centrais da Marinha. No final da cerimónia foi realizada uma visita aos novos alo-jamentos do Oficial de Dia e adjuntos, disponibilizados pela UAICM desde 1 de outubro de 2013.

Realizou-se no fim-de-semana de 5 e 6 de outubro, organizado pelo Clube Náutico dos Oficiais e Cadetes da Armada (CNOCA), a regata

de Master de Snipe 2013, tendo a particularidade que a idade do timo-neiro necessitava de ser igual ou maior que 45 anos e a soma das idades dos 2 tripulantes teria de ser igual ou maior que 80 anos. Esta prova englobou o Troféu Cte. Conde Martins / Eng. Fernando Bello, comemo-rando o 60º aniversário da vitória desta tripulação no Campeonato do Mundo de Snipe, no Mónaco.

Foi em setembro de 1953 que o Comandante António Conde Martins e o Engenheiro Fernando Lima Bello se deslocaram ao principado do Mónaco, depois de vencerem os habituais desafios relativos a recursos disponíveis, para participarem naquele evento náutico mundial, tendo alcançado o primeiro título de vela mundial por uma tripulação portu-guesa, situação que perdurou por 40 anos.

Estando presentes 24 Snipes, com 48 experientes velejadores incluin-do o próprio Comandante António Conde Martins ao leme de uma embarcação, a calma de vento de sábado não permitiu a conclusão de qualquer regata, permitindo apenas a adaptação aos barcos por par-te de bastantes velejadores, alguns já com ausências prolongadas da competição. No final do dia, com uma evocação, seguida de jantar no Pavilhão das Galeotas do Museu de Marinha, homenageou-se os vele-jadores Campeões do Mundo de 1953, junto ao Snipe “Garrancho” que se encontra naquele local em exposição desde 1999, tendo-se aprovei-tado para, com surpresa, agraciar de entre as tripulações presentes no

DESCRIÇÃO HERÁLDICADO ESTANDARTEEsquartelado de prata e negro, brocante uma aspa de vermelho. Sobreposto a este ordenamento o es-cudo do brasão de armas circundado por folhas de loureiro em ouro, envolvido por um listel circular de prata com a legenda em letras negras, tipo elzevir, «UNIDADE DE APOIO ÀS INSTALAÇÕES CENTRAIS DA MARINHA». Franjas de prata, cordões e borlas de negro e prata, haste e lança de prata.

Foto 1SAR A Ferreira Dias

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No passado dia 27 de novembro de 2013 ocorreu na Esquadrilha de Submarinos a cerimó-nia de lançamento da moeda comemorativa do 100º aniversário do submarino Espadarte,

primeiro submarino Português, emitida pela Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM).Com o valor facial de 2,5 euros, a moeda “Centenário do Espadarte” apresenta a represen-

tação do submarino com a legenda “100 anos Submarino Espadarte”, numa emissão limitada de 2500 exemplares, em prata, com acabamento proof, embalada em estojo com certificado de garantia.

A cerimónia contou com as presenças do VALM Monteiro Montenegro, Comandante Naval, e do Dr. Rodrigo Brum, Vogal da Administração da INCM, em representação do Presidente do Conselho de Administração da INCM, para além de diversos convidados do Comandante da Esquadrilha de Submarinos e do Presidente da INCM.

Por convite da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos – APAC, o Núcleo de Radioamadores da Armada – NRA participou no

passado dia 5 de outubro na celebração do “Dia Nacional dos Castelos”. Do programa delineado pela APAC constou uma atividade radioama-dorística para a qual haveria de ser o NRA convidado a dar execução. E assim foi. Feitas as necessárias consultas às várias entidades tute-

lares, através dos seus associados distribuídos pelo país continental e insular, o Núcleo instalou de Valença a Tavira, Açores e Madeira, 15 estações de amador em outros tantos castelos, fortes e fortalezas. Sob a coordenação do NRA, o evento envolveu mais de 50 ra-dioamadores e teve a duração de sensivelmente 10 horas. Com cerca de 4.000 contactos efetuados, a evocação da celebração em causa e a divulgação do nosso riquíssimo patri-mónio arquitetónico histórico-militar medieval chegou a todo o território nacional. Além fronteiras levou a 70 países distribuídos pelos cinco continentes, quer em Fonia (Single Side Band), FSK (Frequency Shift Keying) ou CW (Continuous Wave), o nome de Portugal, um pouco da sua História, dos radioamadores nacionais e naturalmente do NRA.

Uma tal inovação no programa de celebrações originou, nesta efeméride, um aconte-cimento inédito a nível nacional. De facto nunca antes algo semelhante fora feito pelos radioamadores portugueses e a adesão à iniciativa superou todas as expetativas, como atestam, em abono, os inúmeros comentários que recebemos.

A todos quantos deram o seu contributo para esta atividade expressamos os nossos agradecimentos, nomeadamente aos municípios e outras entidades que facilitaram o acesso e instalação das nossas estações no interior das fortificações sob sua responsabi-lidade. Um agradecimento muito particular aos Departamentos Marítimos do Norte e da Madeira pelas facilidades em Leça da Palmeira e no Funchal.

SMOR António GamitoRadioamador CT1CZT

A Marinha assinalou no passado dia 28 de outubro o aniversário do VALM Luciano de

Bastos que atingiu o século de vida, com muitas histórias e vivências, grande parte delas ligadas à Marinha.

O VALM Luciano Bastos entrou na Escola Naval em 1931, sendo o mais novo dos 33 aspirantes do seu curso de Marinha. Teve uma carreira marcadamente ligada à Hidrografia. É o decano dos Engenheiros Hidrógrafos Portugueses, des-de 1986.

Senhor Almirante, muitos parabéns e que con-te muitos mais sempre com essa boa disposição.

Organizada pela Academia de Marinha, será inaugurada nas instalações do Museu de Marinha, no dia 3 de junho de 2014, a XIII Exposição de Artes Plásticas, subordinada ao tema “O Mar e Motivos Marítimos”.

Para participar é indispensável o envio, através de correio eletrónico, para o endereço [email protected] (num tamanho máximo de 9MB), até 14 de abril, dos seguintes dados:

- Curriculum Vitae (com a indicação do endereço eletrónico) com o máximo de 12 linhas;

- Uma imagem devidamente identificada de cada uma das obras a expor para figurar no catálogo.

As obras deverão ser entregues no Museu de Marinha (Departamento do Património), em 23, 24, 28 e 29 de abril, das 10:00 às 12:00 horas e das 14:00 às 16:00, e terão de ser retiradas no período de 8 a 12 de setembro.

A exposição estará aberta ao público todos os dias, com exceção de 2.ª feira, de 4 de junho a 31 de agosto de 2014. A cada expositor será atribuído um certificado de participação na Exposição.

NÚCLEO DE RADIOAMADORES DA ARMADA NA CELEBRAÇÃO DO DIA NACIONAL DOS CASTELOS 2013

MOEDA COMEMORATIVA DOS 100 ANOS DO SUBMARINO ESPADARTE

100 ANOS DE VIDA VALM LUCIANODE BASTOS

XIII EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS 2014

NOTÍCIAS

Foto 1SAR FZ Horta Pereira

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capelão frei Manuel do Espírito Santo Guada-lupe e a 17 de Dezembro, dia do aniversário da Rainha D. Maria, era inaugurado o Hospital dos Marinheiros Portugueses em Cronstad.

O hospital encontrava-se instalado numa casa alugada, cujos encargos de aluguer eram suportados pela Coroa, dispunha de 8 camas para doentes, quartos separados para oficiais,1 alojamentos para o médico, o enfermeiro e o capelão e capela.

Prestavam serviço no hospital um enfermeiro, António Soares, e um médico que também era cirurgião, médico esse que não se apurou quem fosse, sendo possível que fosse estrangeiro.

A criação do hospital, a que acção da Compa-nhia dos Vinhos não deveria ter sido estranha, terá tido origem em motivos de natureza eco-nómica e na necessidade de adequado acom-panhamento dos doentes por pessoal falando a mesma língua.

De acordo com os estatutos do hospital este destinava-se a todos os marinheiros portugue-ses, mesmo quando embarcados em navios es-trangeiros, bem como a todos os marinheiros es-trangeiros matriculados em navios portugueses.

Cada cama dispunha de lençóis, enxergão de palha, colchão, travesseiro e cobertores de papa sendo a roupa de cama substituída se-manalmente. Aos doentes, que no acto de ad-missão eram obrigados a trocar de roupa, eram fornecidas camisas de pano de linho, calças de riscado, roupões de chita forrados a baeta, bar-retes brancos e chinelos, a roupa pessoal era mudada duas vezes por semana.

Para a higiene pessoal cada doente dispunha de um balde com tampa para água fria, uma caneca de pau com tampa, uma celha, toalhas e pente. A alimentação era fornecida em três refeições diárias, almoço, jantar e ceia (actual-mente designar-se-iam como pequeno almo-ço, almoço e jantar) em conformidade com 2 tipos de dieta, a dieta rigorosa ou a meia dieta.

A administração do hospital estava cometida a um expedidor, Francisco José Oliveira.

Em próxima ocasião adiantaremos mais al-guns factos relacionados com o único hospital estrangeiro existente na Rússia e, igualmente, o único hospital português para marinheiros em território estrangeiro.

Com. E. Gomes

Nota1 Ao tempo designavam-se por oficiais os homens

com ofício, no caso em apreço, a designação abrangia carpinteiros, mestres, contramestres, tanoeiros, etc... para além, como é óbvio, do capitão e dos pilotos.

HOSPITAL DOS MARINHEIROS PORTUGUESES NA RÚSSIA (I)

VIGIA DA HISTÓRIA 60

Ainda o ministro plenipotenciário Francisco José Horta Machado, o primeiro a ser nomea-do para a corte russa, não tinha chegado a S. Petersburgo, o que sucedeu em Outubro de 1779, e já o navio Nª Sª da Guia e S. António, de que era capitão Manuel Álvares Carqueija, propriedade da Companhia da Agricultura dos Vinhos do Alto Douro, ali se encontrava, mais concretamente em Cronstad, porto de mar da capital S. Petersburgo.

No ano seguinte de 1780 já foram 3 os navios da Companhia dos Vinhos que aportaram à Rússia.

O sucesso inicial e as boas perspectivas co-merciais levaram à criação, em Março de 1781, duma Companhia Portuguesa de Comércio na Rússia, cujos administradores foram eleitos pela Junta de Administração da Companhia dos Vinhos, sendo que um deles, José Pedro Celestino Velho, deputado da Junta de Admi-nistração, foi nomeado Cônsul de Portugal em Cronstad.

Um quarto administrador eleito, Domingos Gonçalves Caldas, que fora aluno da Aula de Navegação do Porto e que efectuara, no âm-bito do curso, uma viagem à Rússia em 1780, embarcado na galera Nª Sª da Boa Viagem e S. Lourenço, pediu escusa do lugar; à sua no-meação não deveria ser estranho o facto da memória que apresentou, no final da viagem, versasse sobre o comércio na Rússia.

Por curiosidade refira-se que o outro aulista, Miguel Setaro, que fora a Riga em viagem no mesmo ano de 1780, se estabeleceu, no ano seguinte, na Rússia sendo, anos mais tarde, no-meado cônsul de Portugal.

Aquando do estabelecimento da Casa de Co-mércio, em Julho de 1781, já 2 navios da Com-panhia dos Vinhos ali se encontravam, aguar-dando-se para breve a chegada de um terceiro.

O estabelecimento do tráfego marítimo com a Rússia suscitou, desde logo, um conjunto de problemas de que, por se relacionarem com o nosso propósito, salientamos dois, sendo um deles o facto de não haver, em Cronstad, assis-tência religiosa (católica, apostólica e romana), a morte, em 1780, de um marinheiro sem as-sistência religiosa foi bastante sentida, o outro problema resultou do aparecimento de doen-ças relacionadas com as condições climatéricas que eram pouco usuais para os marinheiros portugueses, o único caso de que consegui apurar qual a causa do internamento, refere-se a um marinheiro que, em 1805, foi amputado dos dedos e parte dos pés devido ao frio.

Tais problemas tiveram, logo em 1782, solu-ção, em Janeiro apresentou-se em Cronstad o

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N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

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RABDOMIÓLISE

SAÚDE PARA TODOS 10

AP- O que é a rabdomiólise?SH- A rabdomiólise é uma síndrome clínico-la-boratorial que resulta da destruição das células musculares, com consequente libertação dos vários constituintes celulares para a circulação sanguínea.

AP- Quais as causas dessa destruição muscular?SH- Existem várias causas para a rabdomiólise e a atividade muscular excessiva figura como uma das mais frequentes. O consumo de álcool, o esmagamento traumático muscular (e.g. aci-dentes viação), a utilização de determinados fármacos e drogas, as convulsões e o aumento da temperatura corporal também potenciam a morte das células musculares.

AP- Entre os praticantes de exercício físico, quem está em risco de desenvolver rabdomiólise?SH- Os indivíduos que praticam atividade física muito intensa, especialmente se não treinados, desidratados e sob condições climatéricas ad-versas.

AP- São os militares considerados um grupo de risco?SH- A rabdomiólise induzida pelo exercício físico foi inicialmente associada quase exclu-sivamente ao treino militar, mas atualmente encontra-se descrita em várias situações de prática de exercício físico violento (e.g. ultra-maratonas). Na Marinha todos os militares de-vem cumprir os requisitos exigidos no âmbito da aptidão física; existem contudo alguns gru-pos em que essa exigência é maior, como é o caso dos mergulhadores e dos fuzileiros. Estes últimos, cumprem com regularidade grandes exigências físicas, muitas das vezes em cená-rios ambientais adversos onde valores extre-mos de temperatura e/ou humidade agravam as dificuldades. Posto isto, é possível que os fu-zileiros constituam um grupo profissional com risco aumentado para o desenvolvimento de rabdomiólise.

AP- Como se manifesta a rabdomiólise?SH- A apresentação clínica da rabdomiólise é frequentemente discreta e carateriza-se pela tríade: mialgia (dor muscular), fraqueza muscu-lar e alteração da cor da urina (castanho-aver-melhada). Podem surgir outras queixas como a sensação de mal-estar geral, náuseas, vómitos, febre, palpitações ou diminuição do débito uri-nário. A gravidade deste quadro varia desde casos sem repercussões significativas até casos complicados com insuficiência renal aguda, ar-ritmias ou morte.

AP- Como se faz o diagnóstico definitivo?SH- Através de análises clínicas, sendo a creati-na-fosfoquinase sérica (CK) o parâmetro mais utilizado. A CK é libertada para a circulação san-guínea após a morte das células musculares. Valores iguais ou superiores a 1.000 UI/L fazem o diagnóstico de rabdomiólise, mas a interpre-tação dos resultados deve ser criteriosa: valores elevados em avaliações pontuais são comuns em indivíduos que praticam exercício físico re-gularmente, particularmente em casos de exer-cício prolongado, intenso e com levantamento de pesos.

AP- Existe tratamento para a rabdomiólise?SH- Sim, e deve ser iniciado o mais cedo possível para diminuir o risco de complicações. A identifi-cação de sintomas/sinais que suscitem a dúvida deste diagnóstico deve motivar a procura de cui-dados diferenciados, nomeadamente de uma consulta médica. A abordagem terapêutica envolve a remoção dos fatores precipitantes, o tratamento das complicações bioquímicas e a prevenção da in-suficiência renal aguda com hidratação endove-nosa agressiva. Devido à morte das células musculares existe uma quantidade anormalmente alta de proteí-nas musculares (ex: mioglobina) na circulação sanguínea. Se existe concomitantemente desi-dratação vai haver acumulação dessas proteí-

nas no rim, provocando insuficiência renal por obstrução, o que acontece em cerca de 30% dos casos de rabdomiólise. Nestes casos pode haver necessidade de recorrer à hemodiálise.

AP- Mas o mais importante… Como se pode prevenir esta síndrome?SH- Sabe-se que a temperatura e/ou humidade relativa do ar elevadas, a privação de água, o consumo de álcool e/ou drogas ilícitas, a suple-mentação indiscriminada com suplementos ali-mentares, e o exercício físico intenso e prolonga-do potenciam o quadro de rabdomiólise. É certo que nem todos os fatores da equação podem ser modificados, mas é possível minimizar o impacto dos restantes: é importante prevenir a desidratação através da ingestão de líquidos em volume suficiente para suprir as perdas resultan-tes da prática de exercício físico.

AP- Como se pode identificar a desidratação?SH- Através de 3 indicadores: a sede, a cor da uri-na (urina concentrada – escura – é indicativa de desidratação) e o peso corporal (cuja diminuição se relaciona com a perda de líquidos – deve ser ingerido 1 L de água por cada quilo perdido).

O exercício físico intenso e prolongado, tanto mais quando associado ao calor e con-sumo indiscriminado de suplementos ali-mentares, pode originar um quadro clínico denominado por rabdomiólise que, em últi-mo caso, pode levar à morte. É importante investir na prevenção, sendo fundamental o combate à desidratação.

Ana Cristina Pratas1TEN MN

Ano novo, vida nova. Este provérbio, bem conhecido por todos, tem a sua origem no facto de ser em janeiro que muitas pessoas traçam novas metas para si próprias, as conhecidas “pro-messas de ano novo”. As mais comuns são arranjar um novo emprego, perder alguns quilos ou começar alguma atividade física.

Neste contexto, e dado que o objetivo da prática regular de exercício físico é beneficiar a saú-de, importa esclarecer os riscos do exercício físico inadequado, assim como os sinais de alarme a que se deve estar atento quando o exercício se está a tornar prejudicial.

Se os sinais de alarme não são valorizados pode surgir um quadro clínico grave, potencial-mente fatal, chamado de rabdomiólise.

Para melhor compreensão deste problema, cada vez mais frequente, foi pedida colaboração ao médico que estudou esta entidade em meio naval: Primeiro-tenente Médico Naval Santos Henriques (Centro de Educação Física da Armada).

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JOGUEMOS O BRIDGE

PALAVRAS CRUZADAS

Problema nº 169

Problema nº 450

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 169

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 450

Todos vulneráveis. S joga o contrato de 6 ♠ com a saída a ♦10. Qual deve ser o seu plano de jogo para cumprir o contrato?

Solução neste número

HORIZONTAIS: 1 – O maior poeta dramático da Inglaterra (1564 – 1616) (ap). 2 – Arbusto medicinal da região do Amazonas. 3 – Mil e cinquenta e um romanos; dar luz a. 4 – É quase utero; rio costeiro francês. 5 – Um dos rios dos Infernos, cujo nome significa esquecimentos (Mitol.); moradia. 6 – Aqueles que fazem arengas. 7 – Falta uma para ser sesso (assento); que não é transparente. 8 – No meio da alga; herói de uma canção de gesta (séc. XII) que se identifica com uma personagem real. 9 – Pequena embarcação sem quilha; raiva (inv). 10 – Arte de determinar a densidade dos líquidos com o areómetro (pl). 11 – Remoção.

VERTICAIS: 1 – Breves resumos; unidade de pressão atmosférica. 2 – Instrumento de ginástica, formado de duas esferas pesadas, reunidas por uma haste curta, e que se ergue para exercitar os músculos do braço; medida agrária. 3 – Antiga máquina de guerra, para arrombar portas e muralhas; possui. 4 – No princípio de Kubilai; cidade dos Estados-Unidos (Nevada) célebre pelos seus divórcios rápidos; da aurora. 5 – Época; no meio da osga; quatro de Malavi. 6 – Coloca selo em; povo (ant). 7 – Puma na confusão; no meio e no fim de geo; no princípio de atmosfera. 8 – Bem na barafunda; nome comum das plantas sarmentosas do sertão; nota musical. 9 – Iao na confusão; rio da América do Norte, secção de S. Lourenço (inv). 10 – Braço de mar; homem de pouco siso (inv. e pl.) 11 – Are na confusão; ossaria na confusão.

Como é formosa a noite de NatalNoite feita de luz e alegria;Nenhuma tem beleza à sua igual,Nem tanta singeleza e harmonia!

Aqueles que andam longe, em terra alheiaSem receber a estafa da jornada;Regressam nesta noite à sua aldeia,Para ter junto dos seus, a consoada.

As 12 vazas serão obtidas com 5♠ + 1 corte a ♥ + 4♦ + 2♣, pelo que serão necessárias algumas precauções face à saída poder ser uma carta seca, como é o caso, logo a necessidade de destrunfar, mas conservando um trunfo no morto para cortar uma ♥, depois de abrir o corte sem a mão ir para E que tem 3 trunfos e destruiria naturalmente essa possibilidade. Vejamos então como deve S jogar: faz de R e destrunfa 2 vezes com R e 10; ♦ para o A e outro para cortar; abre então o corte a ♥ jogando o R para o A de W; recebe o ataque a ♣ que deixa vir para o R, corta uma ♥ com o último trunfo do morto e vem à mão no corte de mais um ♦, apurando o naipe. Finalmente, tira o trunfo de E, vai ao morto com o A de ♣ e joga os 2 ♦ apurados para o cumprimento do contrato.

Nunes MarquesCALM AN

HORIZONTAIS: 1 – Shakespeare. 2 – Uaruremboia. 3 – MLI; Alumiar. 4 – Uter; Aa. 5 – Letes; Casa. 6 – Arengueiros. 7 – Seso; Opaca. 8 – Lg; Oger. 9 – Bateira; Ari. 10 – Areometrias. 11 – Removimento. VERTICAIS: 1 – Sumula; Bar. 2 – Haltere; Are. 3 – Arietes; Tem. 4 – Ku; Reno; Eoo. 5 – Era; Sg; Limv. 6 – Sela; Grei. 7 – Pmua; Eo; Atm. 8 – Ebm; Cipo; Re. 9 – Aoi; Aragain. 10 – Ria; Socerat. 11 – Ear; Asariso.

Carmo Pinto1TEN REF

NORTE (N)

RD8

9 AV7532

A86

SUL (S)

AV1052

R73

R6

R92

OESTE (W)

64

AV865

10 D10743

ESTE (E)

973

D1042

D984

V5

123456789

1011

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

QUARTO DE FOLGA

NOITE DE NATAL SCH Baptista Simões

Até no lar mais pobre há rabanadas,Cobertas com açúcar e canela;E o vinho, das enfusas atestadas,Enchendo os copos, vai regando a goela

Terminada a ceia, a horas mortas,Num ambiente de amor e carinho;É tradicional bater às portasPara dar as “boas festas” aos vizinhos.

No fim da reza, e antes de deitar,Os pequenos vão cheios de fé;Em velha e ingénua crença colocarOs sapatinhos sobre a chaminé.

E dormem confiantes na certezaQue o menino lhes há-de oferecer;Brinquedos novos, a maior riquezaQue os seus desejos podem conceder!Enfim!... é noite de Natal!

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JANEIRO 201434

REVISTA DA ARMADA | 481

COMANDOS E CARGOS

RESERVA

REFORMA

FALECIDOS

NOMEAÇÕES

NOTÍCIAS PESSOAIS

CONVÍVIO

■ CALM AN Sílvio Manuel Henriques da Silva Ramalheira nomeado Superin-tendente dos Serviços Financeiros da Armada ■ CFR Manuel Vicente Silvestre Correia nomeado Comandante do NRP D. Francisco de Almeida ■ CFR Alexan-dre Joaquim Gamurça Serrano nomeado Comandante do NRP Álvares Ca-bral ■ CFR Carlos Alberto José Isabel nomeado Comandante NRP Polar ■ 1TEN Luís Carlos Brandão Marques nomeado Comandante do Destacamento de Mergulhadores Sapadores Nº 2.

■ CALM MN João Nuno da Rocha e Menezes Cordeiro ■ CFR Nelson Pe-drosa Ruivo da Silva ■ CFR EHH Aldino Manuel dos Santos de Campos ■ CTEN AN José Carlos de Ábrio Barrocal ■ SMOR CM Manuel António Do-mingues Gomes ■ SMOR CM José Manuel Agulhas Serrano Castelo ■ SCH E Mário Rosa dos Santos ■ SCH L João Luís Costa Martins ■ SCH L Fernando da Conceição Nunes ■ SCH C Victor Manuel Almeida Barros ■ SAJ E José Maria Mira Busca ■ CAB TFH Carlos Manuel Mestre Rodrigues ■ CAB CM Luís Manuel Fernando do Ó Sequeira ■ CAB FZ Pedro Gaiveo Duarte Lúzio.

■ CFR José Alberto Alves dos Santos ■ CFR SEE António José Nunes Remédios ■ CTEN OT Luís Gonzaga Nunes Madeiras ■ CTEN EMQ Manuel de Jesus Carras-queira ■ SMOR FZ Abílio Matias ■ SMOR TF Abílio Fernandes Neto Marques ■ SCH CM Diamantino dos Santos Gouveia ■ SCH E José Sebastião Ramos Lou-renço ■ SCH H António Fernando Furtado da Costa Oliveira ■ SAJ M Manuel João Salvador ■ SAJ L João Manuel Rosa Sequeira ■ SAJ MQ João Carlos Freire Mesquita ■ CAB CM José António Simões Migalhada ■ CAB L Fernando Martins Ribeiro ■ CAB L Rui Manuel Antunes Lopes ■ CAB CM Carlos Manuel Dias Valco-vo ■ CAB CM Martinho António Rita Carvalho ■ CAB CCT Nuno Paulo de Jesus Varela ■ CAB L Artur José Furtado de Figueiredo ■ CAB L Carlos Manuel Araújo de Queirós.

■ CTEN AN REF Carlos Amante Crujeira ■ 1TEN OTS REF Joaquim Tiago de Almeida ■ 1TEN SG REF António Maia de Freitas ■ SMOR FZ REF Jacinto Ba-lixa Urbano ■ SAJ M REF Francisco António Ferreira Calado ■ SAJ TF REF José António da Costa Teixeira ■ SAJ ETS José Carlos da Silva Rosado ■ SAJ A REF José Costa Caldas ■ 1SAR B REF Carlos de Araújo ■ CAB E REF Joaquim Maria Ribeiro ■ CAB M REF José Francisco Marques Grilo ■ FAR. 2ª CL QPMM REF José Ricardo de Mendonça.

Para comemorar o 41º aniversário do ingres-so na Briosa, irá realizar-se em 18 de janeiro

um convívio no Restaurante “5 Amigos”, em Pedroso (Grijó), Porto.

A comissão organizadora fretará um trans-porte para os interessados se deslocarem para o referido convívio, com partida do Laranjeiro, Portão Verde, às 6h30, e com eventual para-gem na Praça de Espanha, em Lisboa.

Os interessados devem contactar:› SMOR E José Armada Tm 967 620 636; › SCH E Manuel Pais Tm 936 265 993; › SCH FZ João Marques Tm 966 877 631; › SCH M Amândio Nascimento Tm 919 870 179; › SAJ MQ Jeremias Moura Tm 965 855 564; › 1SAR M António Cardoso Tm 934 492 272.Coordenadas: 41 ̊02´33 N / 8 ̊33´48 W, na Avenida Doutor Moreira Sousa, 3958.

“FILHOS DA ESCOLA“ DE JANEIRO DE 1973

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REVISTA DA ARMADA | 481

O primeiro Regulamento de Heráldica da Armada, anexo à portaria nº 722/72,

de 14 de dezembro, foi aprovado pelo Mi-nistro da Marinha CALM Manuel Pereira Crespo (1911-1980) com vista «a regular heraldicamente a representação simbólica dos comandos, forças, unidades, serviços e órgãos dos serviços» que então cons-tituíam a Armada. Só seria revogado em 2010 pelo diploma atualmente em vigor, que recebeu a designação de Regulamento de Heráldica da Marinha, em resultado das alterações introduzidas pela lei orgânica da Marinha aprovada no ano transato.

Em cumprimento do disposto na referi-da portaria, no início de 1973 era criado o Gabinete de Heráldica Naval. Colocado na direta dependência do Ministro da

Marinha, tinha como função proceder ao ordenamento e propor a aprovação dos diferentes símbolos heráldicos, isto é, brasões de armas, armas pessoais, flâ-mulas, estandartes e guiões heráldicos da Armada.

O primeiro diretor do Gabinete de He-ráldica Naval foi o CMG Alberto Amaral Marques de Abrantes, que tinha como adjuntos o CFR José Agostinho de Sousa Mendes, o CFR Carlos Alberto de Oliveira e Lemos, o CTEN António Maria de Sá Al-ves Sameiro e o Dr. António Pedro de Sá Alves Sameiro.

Depois de os primeiros símbolos heráldi-cos terem sido aprovados em 1974, com-pletam-se este ano quatro décadas de atividade do Gabinete de Heráldica Naval,

cuja ação tem contribuído para fomentar o espírito de corpo entre os militares que servem nas diferentes unidades, estabele-cimentos e órgãos da Marinha.

Como forma de assinalar os 40 anos de atividade do Gabinete de Heráldica Naval, a Revista da Armada inicia, com o pre-sente número, a divulgação dos símbo-los heráldicos recentemente aprovados, acompanhados da respetiva descrição he-ráldica e simbologia sumária, a exemplo do que havia sido feito entre 1993 e 1998 com os símbolos mais antigos.

CFR António Manuel GonçalvesGabinete de Heráldica Naval

NOVOS SÍMBOLOS HERÁLDICOS DA MARINHA40 ANOS DO GABINETE DE HERÁLDICA NAVAL

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

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BRASÃO DE ARMAS DO CONSELHO DO ALMIRANTADO

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de azul com duas âncoras de ouro passadas em aspa, com os cepos carregados com duas quinas. Em orla sete conjuntos de duas âncoras de prata passadas em aspa. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legen-da em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «CONSELHO DO ALMIRANTADO».

SIMBOLOGIADe acordo com o Regulamento de Heráldica, as duas âncoras passadas em aspa simbolizam o posto de vice-almirante, enquanto as duas âncoras passadas em aspa com os cepos carregados com duas quinas constituem a insígnia do posto de almirante. O conjunto alude ao Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada presidindo ao Conselho do Almirantado, rodeado pelos vice-almirantes seus conselheiros que nele têm assento.

SÍMBOLOS HERÁLDICOS