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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Mercado Agrícola I Disciplina na modalidade a distância

Mercado Agrícola Iintranetdoc.epagri.sc.gov.br/producao_tecnico_cientifica/DOC_33632.pdf · Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Schenon Souza

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  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    PalhoaUnisulVirtual

    2011

    Mercado Agrcola IDisciplina na modalidade a distncia

  • CrditosUniversidade do Sul de Santa Catarina Campus UnisulVirtual Educao Superior a Distncia

    Reitor UnisulAilton Nazareno Soares

    Vice-Reitor Sebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da ReitoriaWillian Mximo

    Pr-Reitora AcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa

    Pr-Reitor de AdministraoFabian Martins de Castro

    Pr-Reitor de EnsinoMauri Luiz Heerdt

    Campus Universitrio de Tubaro DiretoraMilene Pacheco Kindermann

    Campus Universitrio da Grande Florianpolis Diretor Hrcules Nunes de Arajo

    Campus Universitrio UnisulVirtualDiretoraJucimara Roesler

    Equipe UnisulVirtual

    Diretora AdjuntaPatrcia Alberton

    Secretaria Executiva e CerimonialJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina

    Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendona

    Assessoria de Relao com Poder Pblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso Junior

    Assessoria DAD - Disciplinas a DistnciaPatrcia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCludia Berh V. da SilvaConceio Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil

    Assessoria de Inovao e Qualidade de EADDenia Falco de Bittencourt (Coord)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani PandiniIris de Sousa Barros

    Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.)Felipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpoTamara Bruna Ferreira da Silva

    Coordenao CursosCoordenadores de UNADiva Marlia FlemmingMarciel Evangelista CatneoRoberto Iunskovski

    Assistente e Auxiliar de CoordenaoMaria de Ftima Martins (Assistente)Fabiana Lange PatricioTnia Regina Goularte WaltemannAna Denise Goularte de Souza

    Coordenadores GraduaoAdriano Srgio da CunhaAlosio Jos RodriguesAna Lusa MlbertAna Paula R. PachecoArthur Beck NetoBernardino Jos da SilvaCatia Melissa S. RodriguesCharles CesconettoDiva Marlia FlemmingFabiano CerettaJos Carlos da Silva JuniorHorcio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanana Baeta NevesJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJorge Alexandre N. CardosoJos Carlos N. OliveiraJos Gabriel da SilvaJos Humberto D. ToledoJoseane Borges de MirandaLuciana ManfroiLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatneoMaria Cristina S. VeitMaria da Graa PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaaNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia FontanellaRogrio Santos da CostaRosa Beatriz M. PinheiroTatiana Lee MarquesValnei Carlos DenardinRoberto IunskovskiRose Clr BecheRodrigo Nunes LunardelliSergio Sell

    Coordenadores Ps-GraduaoAloisio RodriguesBernardino Jos da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora NunesLeticia Cristina BarbosaLuiz Otvio Botelho LentoRogrio Santos da Costa Roberto IunskovskiThiago Coelho SoaresVera Regina N. Schuhmacher

    Gerncia AdministraoAcadmicaAngelita Maral Flores (Gerente)Fernanda Farias

    Secretaria de Ensino a DistnciaSamara Josten Flores (Secretria de Ensino)Giane dos Passos (Secretria Acadmica)Adenir Soares JniorAlessandro Alves da SilvaAndra Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceioJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering Martins

    Luana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuza Koing ZumblickMaria Jos RossettiMarilene de Ftima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosngela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt

    Gesto DocumentalLamuni Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosEduardo RodriguesGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarlia Locks Fernandes

    Gerncia Administrativa e FinanceiraRenato Andr Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandr PrudncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot Back Thais Helena BonettiValmir Vencio Incio

    Gerncia de Ensino, Pesquisa e ExtensoMoacir Heerdt (Gerente)Aracelli Araldi

    Elaborao de Projeto e Reconhecimento de CursoDiane Dal MagoVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte

    ExtensoMaria Cristina Veit (Coord.)

    PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem)

    Ps-GraduaoAnelise Leal Vieira Cubas (Coord.)

    BibliotecaSalete Ceclia e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaRenan Felipe Cascaes

    Gesto Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)

    Capacitao e Assessoria ao DocenteSimone Zigunovas (Capacitao)Alessandra de Oliveira (Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane SurianJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoFabiana Pereira

    Tutoria e SuporteClaudia Noemi Nascimento (Lder)Anderson da Silveira (Lder)Ednia Araujo Alberto (Lder)Maria Eugnia F. Celeghin (Lder)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDbora Cristina SilveiraFrancine Cardoso da SilvaJoice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosPatrcia de Souza AmorimSchenon Souza Preto

    Gerncia de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidticosMrcia Loch (Gerente)

    Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)Silvana Souza da Cruz (Coord. Ps/Ext.)Aline Cassol DagaAna Cludia TaCarmelita SchulzeCarolina Hoeller da Silva BoeingElosa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGislaine MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJaqueline de Souza TartariJoo Marcos de Souza AlvesLeandro Roman BambergLetcia Laurindo de BonfimLygia PereiraLis Air FogolariLuiz Henrique Milani QueriquelliMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMelina de La Barrera AyresMichele Antunes CorraNgila HinckelPmella Rocha Flores da SilvaRafael Arajo SaldanhaRoberta de Ftima MartinsRoseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina BleicherSabrina Paula Soares ScarantoViviane Bastos

    Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letcia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria Rodrigues

    Avaliao da aprendizagem Geovania Japiassu Martins (Coord.)Gabriella Arajo Souza Esteves Jaqueline Cardozo PollaThayanny Aparecida B.da Conceio

    Gerncia de LogsticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)

    Logsitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardo da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens AmorimYslann David Melo Cordeiro

    Avaliaes PresenciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti

    Gerncia de MarketingFabiano Ceretta (Gerente)

    Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks

    Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)

    Jeferson PandolfoKarine Augusta ZanoniMarcia Luz de Oliveira

    Assuntos JurdicosBruno Lucion Roso

    Marketing EstratgicoRafael Bavaresco Bongiolo

    Portal e ComunicaoCatia Melissa Silveira Rodrigues Andreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoMarcelo BarcelosRafael Pessi

    Gerncia de ProduoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias

    Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierAlice Demaria SilvaAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonalves RibeiroDaiana Ferreira CassanegoDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFrederico TrilhaHigor Ghisi LucianoJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaOberdan Porto Leal PiantinoPatrcia Fragnani de Morais

    MultimdiaSrgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares Lima

    Conferncia (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto Zunino

    Produo IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)

    Gerncia Servio de Ateno Integral ao AcadmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Andr Luiz Portes Carolina Dias DamascenoCleide Incio Goulart SeemanFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandoJenniffer CamargoJuliana Cardoso da SilvaJonatas Collao de SouzaJuliana Elen TizianKamilla RosaMaurcio dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroNidia de Jesus MoraesOrivaldo Carli da Silva JuniorPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani TrentinVanessa Trindade

    Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra Branca | Palhoa SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual

  • PalhoaUnisulVirtual

    2011

    Design instrucional

    Marcelo Tavares de Souza Campos

    Luis Augusto Arajo

    Mercado Agrcola ILivro didtico

  • Edio Livro Didtico

    Professor ConteudistaLuis Augusto Arajo

    Design InstrucionalMarcelo Tavares de Souza Campos

    Projeto Grfico e CapaEquipe UnisulVirtual

    DiagramaoFenanda Fernandes

    RevisoSmirna Cavalheiro

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    Copyright UnisulVirtual 2011

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    381.41A69 Arajo, Luis Augusto

    Mercado agrcola I : livro didtico / Luis Augusto Arajo ; design instrucional Marcelo Tavares de Souza Campos. Palhoa : UnisulVirtual, 2011.

    198 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.

    1. Agropecuria Comrcio. 2. Agricultura Aspectos econmicos. I. Campos, Marcelo Tavares de Souza. II. Ttulo.

  • Sumrio

    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

    Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 - A economia e o mercado agrcola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    UNIDADE 2 - Oferta e demanda agrcola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    UNIDADE 3 - Elasticidade de produtos agrcolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    UNIDADE 4 - Anlise de mercados agrcolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

    UNIDADE 5 - Intervenes do Estado nos mercados agrcolas . . . . . . . . . 161

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189

    Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191

    Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao . . . . . . . . . . . . . 193

    Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

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    Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Mercado Agrcola I.

    O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma e aborda contedos especialmente selecionados e relacionados sua rea de formao. Ao adotar uma linguagem didtica e dialgica, objetivamos facilitar seu estudo a distncia, proporcionando condies favorveis s mltiplas interaes e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

    Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, ser acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a distncia fica caracterizada somente na modalidade de ensino que voc optou para sua formao, pois na relao de aprendizagem professores e instituio estaro sempre conectados com voc.

    Ento, sempre que sentir necessidade entre em contato; voc tem disposio diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espao Unisul Virtual de Aprendizagem, que o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe tcnica e pedaggica ter o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem o nosso principal objetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    Equipe UnisulVirtual.

  • Palavras do professor

    Caro estudante,

    Seja bem-vindo(a) disciplina de Mercado Agrcola I.

    Modestamente, com este livro procuro contribuir para a promoo do dilogo entre futuros profissionais da rea do agronegcio com a rea de mercado. Isto significa, tambm, que tenho uma ambiciosa expectativa de que isso produza frutos que, se bem cultivados, podero mudar a sua histria de vida pessoal e profissional.

    Meu compromisso, nesta disciplina, promover o entendimento da relevncia do estudo do mercado agrcola para a formao de seu conhecimento como futuro profissional do agronegcio, bem como contribuir para a formao de profissionais das reas das cincias agrrias, cincias florestais, economia, administrao e demais reas correlatas ao estudo do agronegcio.

    Alm da discusso sobre mercado agrcola, seus agentes de produo e consumo, no decorrer da disciplina voc ter oportunidade de analisar temas de crescente importncia na atualidade como as diferentes estruturas de mercado, o papel do Estado na agricultura e suas intervenes nos mercados agrcolas.

    Sem pretenso de esgotar o assunto, mostrarei para voc como os mercados agrcolas funcionam e, principalmente, como os preos so formados nos diferentes tipos de mercados.

  • Exemplos do mundo real no passado recente, como, por exemplo, situaes envolvendo a produo e demanda por caf; a fuso entre a Sadia e a Perdigo, que deu origem a um gigante no setor de alimentos: a BRF Brasil Foods; a JBS Friboi e o mercado do arroz facilitam o entendimento dos conceitos e contedos da disciplina. Para aqueles que esto iniciando seus estudos em mercados agrcolas, este livro o ponto de partida para a sua compreenso.

    Um timo estudo!

    Professor Luis Augusto Arajo

  • Plano de estudo

    O plano de estudos visa a orient-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construo de competncias se d sobre a articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    o livro didtico;

    o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

    as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoavaliao);

    o Sistema Tutorial.

    Ementa

    Evoluo da economia inserida no contexto histrico. Polticas para o desenvolvimento agrcola. Dinmica da agricultura capitalista. Noes de microeconomia e macroeconomia. Anlise de mercado. Custos de produo. Relaes entre o desenvolvimento econmico e a agricultura. O Estado e as polticas agrcolas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Objetivos

    Geral

    Disseminar conhecimentos bsicos sobre o comportamento dos principais elementos que afetam o mercado agrcola, permitindo melhor entendimento e compreenso do papel do agronegcio e de suas relaes com o sistema econmico em geral.

    Especficos:

    Analisar a microeconomia dos mercados agrcolas, com nfase compreenso dos diferentes modelos de mercado.

    Identificar os principais mtodos de anlise de mercado, assim como entender o paradigma de sua estrutura, conduta e desempenho.

    Conhecer os limites e as potencialidades das polticas agrcolas.

    Carga Horria

    A carga horria total da disciplina 60 horas-aula.

    Contedo programtico/objetivos

    Veja, a seguir, as unidades que compem o livro didtico desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que voc dever alcanar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias sua formao.

    Unidades de estudo: 5

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1 A economia e o mercado agrcola

    Nesta unidade voc ser levado a entender o que mercado e atividade econmica. Aprender a identificar o problema da agricultura, a compreender o funcionamento da economia e a analisar os sistemas econmicos e a importncia do estudo econmico. Com o estudo destes conceitos ficar mais fcil a compreenso dos contedos das unidades seguintes relacionados ao mercado agrcola.

    Unidade 2 Oferta e demanda agrcola

    Voc aprender os conceitos de oferta e demanda, equilbrio de mercado, assim como escassez e excedente. A maioria desses conceitos ilustrada por exemplos relacionados ao mercado de caf, que continuar a ser utilizado nas prximas unidades deste livro. Alm disso, voc aprender os componentes do modelo da oferta e da demanda e como esse modelo pode ser usado para entender o comportamento dos mercados agrcolas.

    Unidade 3 Elasticidade de produtos agrcolas

    Por que to pouca gente vive e trabalha no campo no Brasil e, em especial, nos Estados Unidos? No estudo da unidade anterior voc utilizou o modelo da oferta e da demanda para prever como o preo e a quantidade mudam. Caso o preo do caf venha a subir, por exemplo, sabemos que sua demanda cair. A questo essencial saber qual o volume demandado de caf torna-se sensvel as mudanas no preo do produto? A resposta a essas duas perguntas est relacionada ao tema desta unidade elasticidade. Aqui voc aprender o que elasticidade, como so medidos os diferentes tipos de elasticidade e qual a sua importncia para os produtores e consumidores de produtos agrcolas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Unidade 4 Anlise de mercados agrcolas

    Nesta unidade voc estudar o que estrutura de mercado e quais so os tipos existentes no caminho percorrido entre os produtores rurais e os consumidores finais. Aprender as diferenas existentes entre a concorrncia perfeita e o monoplio e os efeitos dessa diferena no bem-estar da sociedade. Em seguida, examinaremos por que o oligoplio to importante e quais so as polticas normalmente empregadas para mant-los bem comportados. Voc aprender, ainda, a partir do contedo relacionado competio monopolstica, como as empresas diferenciam seus produtos. Alm disso, voc estudar um mtodo de anlise de mercado conhecido por paradigma de estrutura-conduta-desempenho.

    Unidade 5 Intervenes do Estado nos mercados agrcolas

    Nesta unidade voc aprender sobre os diferentes tipos de intervenes do Estado no mercado agrcola e suas consequncias. Comeamos explicando as razes que levam interveno do Estado na agricultura, para, em seguida, tratar da interveno estatal e seus instrumentos: as polticas macroeconmicas e as polticas setoriais. Examinaremos o que acontece quando os governos tentam controlar os preos em um mercado competitivo e quando tentam determinar a quantidade comprada e vendida de um bem. E, finalmente, verificaremos o efeito esperado do imposto sobre vendas e compras.

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    Mercado Agrcola I

    Agenda de atividades/Cronograma

    Verifique com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura, da realizao de anlises e snteses do contedo e da interao com os seus colegas e professor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

  • 1UNIDADE 1A economia e o mercado agrcolaObjetivos de aprendizagem

    Compreender o funcionamento da economia, dos sistemas econmicos e a importncia do estudo econmico.

    Conhecer o conceito de micro e macroeconomia.

    Aprender sobre o que mercado e a atividade econmica.

    Identificar o mercado como um problema da agricultura de curto e de longo prazo.

    Sees de estudo

    Seo 1 Por que estudar economia?

    Seo 2 Sistema econmico

    Seo 3 Micro e macroeconomia e a economia agrcola

    Seo 4 Os mercados e a atividade econmica

    Seo 5 Mercado: o problema da agricultura

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de estudo

    No passado, mais precisamente na Idade Mdia, a cidade de Paris foi considerada um dos maiores centros da civilizao ocidental.

    Voc pode imaginar os agricultores trazendo seus produtos alimentcios das provncias para a cidade de Paris e trocando-os por bens produzidos pelos artesos da cidade?

    Surpreendentemente, ningum dizia aos agricultores o que as pessoas da cidade necessitavam, tampouco aos artesos quais eram as necessidades dos agricultores. Ao final do dia, poucos produtos ficavam sem ser vendidos.

    Atualmente, este mesmo procedimento de troca acontece no mundo inteiro e em todos os mercados.

    Caro aluno, neste contedo voc ser levado a entender o que mercado e atividade econmica; a identificar o problema da agricultura; a compreender o funcionamento da economia; os sistemas econmicos e a importncia do estudo econmico. Com esses conceitos ficar mais fcil a compreenso dos contedos das unidades seguintes relacionados ao mercado agrcola.

    Seo 1 Por que estudar economia?

    Como resposta pergunta Por que estudar economia? iniciamos este estudo com uma abordagem sobre a aplicao dos fundamentos de economia. Nesta abordagem, apresentamos a definio de economia, apontando seu problema fundamental, principalmente no que se refere aos fatores de produo e s necessidades humanas. A ideia responder tal questo relacionando-a ao conceito de mercado agrcola.

    Como voc j deve ter percebido em seu cotidiano, os fundamentos de economia so aplicados em muitas situaes de nossas vidas.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Podemos aplicar esses fundamentos quando decidimos comprar um caf, quando decidimos comprar um carro ou quando preciso decidir a respeito de um financiamento.

    Portanto, possvel notar que todas essas decises que envolvem finanas pessoais envolvem tambm as finanas das empresas e as finanas do prprio governo.

    O tema economia aparece diariamente tambm quando voc assiste televiso, quando voc l um jornal internacional (Financial Times) ou quando voc l um jornal local (Globo Economia e Negcios e a Folha de So Paulo).

    Voc j parou para pensar que ns, seres humanos, somos atormentados por necessidades?

    Note que estamos sempre em busca de algo: desejamos amor, reconhecimento social, necessidades materiais, conforto, bem-estar, etc. Os esforos para realizar nossos desejos, ou seja, a busca pelo bem-estar social, geralmente esto ligados s conquistas materiais. Portanto, essa busca constante torna-se tambm uma preocupao de mbito econmico.

    A definio de economia e de seu problema fundamental

    A economia pode ser definida como uma cincia social que estuda como as pessoas ganham o seu sustento e se relacionam a partir disso. uma cincia que estuda os negcios comuns da vida.

    Economia a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. (VASCONCELLOS, 2005, p. 1).

  • 20

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Segundo Troster e Mochon (2003, p. 5),

    a economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e servios e distribu-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

    Hoje em dia, um cidado brasileiro dispe de um leque de bens e servios a adquirir que corresponde a mais de 15 vezes do que se tinha disposio no incio do sculo XX. Pensando nesse aumento significativo de riqueza, pergunta-se: Por que continuamos lutando pelos nossos ganhos? Se hoje temos mais riqueza que nossos avs ou bisavs, por que no afrouxamos um pouco e paramos de trabalhar tanto?

    Existem dois bons motivos para isso:

    a) as necessidades humanas so ditas ilimitadas;

    b) os recursos disponveis so finitos ou limitados.

    Segundo Wonnacott e Wonnacott (1982, p. 23), por no podermos ter tudo devemos decidir o que teremos.

    O leque de nossos desejos extremamente amplo. Queremos bens diversos como carro, casa, roupas e calados. Queremos servios diversos como viajar, consultas mdicas, consultas odontolgicas e servios de uma cabeleireira. Alm disso, a satisfao de um desejo inicial pode criar um desejo novo e maior.

    De um modo geral, os desejos materiais provm de duas fontes:

    a) necessidades biolgicas bsicas;

    b) necessidades por bens e servios.

    Para entender melhor essa questo, pense na seguinte situao: ao comer uma garoupa, peixe considerado nobre, em um restaurante conceituado, satisfazemos nossas necessidades bsicas de alimentao. Mas estamos fazendo mais. Estamos nos alimentando de um prato saboroso, em um ambiente confortvel e elegante.

  • 21

    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Obtemos o suprfluo junto com o bsico. O prazer que nos do suficiente para que nos motive a trabalhar a fim de obt-los.

    A letra da msica Gente, composio de Raul Seixas e Cludio Roberto, ilustra esta ideia de que o ser humano est sempre a querer algo. Acompanhe:

    Gente (Composio: Raul Seixas e Cludio Roberto)

    Gente to louca E no entanto tem sempre razo Quando consegue um dedo J no serve mais, quer a mo E o problema to fcil de perceber que gente Gente nasceu pra querer Gente t sempre querendo Chegar l no alto Pra no fim descobrir J cansado que tudo to chato Mas o engano bem fcil de se entender que gente Gente nasceu pra querer Em casa, na rua, na praia, na escola ou no bar... ah! Gente fingindo, escondendo seu medo de amar...oh!

    A maioria das questes importantes de nosso tempo, tais como desemprego, inflao, pobreza e desigualdade, desenvolvimento, regulao governamental, dficit oramentrio, seguridade social e poluio possuem algo comum: o desafio de se utilizar os fatores de produo (recursos) escassos de forma eficiente. Portanto, o problema fundamental da economia est relacionado diretamente escassez de recursos.

    Como voc pode perceber, ao analisarmos a atual realidade mundial vimos que a escassez o principal objeto de estudo da economia.

    Para ler a letra na sua ntegra e escutar a msica, voc pode acessar o EVA desta disciplina.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Fatores de produo e as necessidades humanas

    Os fatores de produo podem ser agrupados em:

    Recursos naturais: so os usados na produo e que so extrados diretamente da natureza, como: os solos, os minerais, as guas, a fauna, a flora, o sol e o vento.

    O Brasil utiliza aproximadamente 50 milhes de hectares com a produo de gros.

    Recursos humanos: so todas as atividades humanas usadas na produo de bens e servios.

    Capital: so todos os bens materiais produzidos pelo homem e que so utilizados na produo.

    O fator capital abrange o conjunto de riquezas acumuladas por uma sociedade, dos quais, podemos citar:

    a) infraestrutura econmica;

    b) infraestrutura social;

    c) construes e edificaes;

    d) equipamentos de transportes;

    e) mquinas e equipamentos;

    f) matrias-primas.

    Tecnologia um termo utilizado para englobar uma ampla variedade de mudanas de tcnicas e mtodos de produo.

  • 23

    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Como voc pode perceber no presente estudo o principal motivo de se estudar economia pode ser traduzido na seguinte relao: fatores de produo escassos x necessidades ilimitadas (LEITE, 2007, p. 20).

    Para Mankiw (2004, p. 17), o estudo da economia importante, entre outras razes, para:

    a) ajudar no entendimento do mundo em que se vive;

    b) ser um participante mais efetivo e perspicaz da prpria economia; e

    c) proporcionar melhor compreenso dos limites e potencialidades da poltica econmica.

    Outro bom motivo que est relacionado aos contextos mencionados anteriormente que os princpios de economia podem ser aplicados em muitas situaes de nossas vidas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 2 O sistema econmico

    Como a economia pode influenciar negcios comuns em nosso cotidiano? Veremos a seguir que cenas comuns de nossas vidas revelam algumas questes importantes que a economia ajuda a responder. Entre essas questes temos: Como funciona nosso sistema econmico? Isto , como se consegue fornecer os bens e servios?

    Os principais agentes econmicos que compem o referido sistema so:

    a) famlias: oferecem fatores de produo s empresas e consomem os bens e servios os quais so colocados sua disposio;

    b) empresas: produzem a maioria dos bens e servios que so disponibilizados s famlias (consumidores);

    c) governo: outro importante agente econmico e tem as seguintes atribuies (entre outras):

    o fornecimento do chamado bem pblico;

    a definio dos rumos econmicos de uma nao atravs do estabelecimento da poltica econmica;

    e o estabelecimento de um marco jurdico-institucional no qual se desenvolve a atividade econmica. Esta atribuio do governo gera o chamado sistema econmico.

    Como nossa sociedade consegue obter esse leque de bens e servios que as famlias comuns podem adquirir?

    A resposta est relacionada obteno de um sistema que funcione bem para coordenar as atividades produtivas. Como voc pode notar, uma sociedade precisa escolher um conjunto particular de arranjos institucionais e um mecanismo de coordenao para responder aos problemas econmicos fundamentais, ou seja, precisa escolher um sistema econmico.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Os sistemas econmicos podem diferir em relao (1) a quem possui os fatores de produo e (2) aos mtodos utilizados para coordenar e conduzir as atividades econmicas. (McCONNELL e BRUE, 2001, p. 29).

    A utilizao de um sistema de mercado e de preo para coordenar e conduzir a atividade econmica e os recursos produtivos privados caracteriza o sistema de economia de mercado (capitalismo puro ou economia descentralizada). Os defensores desse sistema argumentam que no existe a necessidade de o governo planejar, controlar ou intervir na economia.

    As caractersticas mais importantes de uma economia de mercado so:

    a) a propriedade privada dos recursos e meios de produo;

    b) a liberdade individual de escolha;

    c) a concorrncia;

    d) a busca pelo lucro;

    e) os preos determinados pelas foras de oferta e demanda.

    A propriedade pblica dos fatores de produo e as decises econmicas tomadas atravs do rgo central de planejamento do governo caracterizam o sistema econmico socialista (economias centralmente planejadas). O referido rgo de planejamento determina os objetivos de produo para cada empresa e a quantidade de recursos que devem ser utilizados para que a produo acontea.

    O sistema socialista impe muitas limitaes liberdade dos consumidores e produtores de capital e servio, influenciando-os a tomarem suas decises econmicas. Como justificativa para sua existncia, esta corrente de pensamento econmico confere a autoridade estatal como a mais bem posicionada entidade para decidir quais escolhas e polticas so mais benficas para a sociedade.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A maioria das economias do mundo real situa-se entre esses dois polos, ou seja, entre o sistema de economia de mercado e o sistema socialista. O sistema alternativo conhecido por sistema misto.

    Na economia brasileira, o governo intervm ativamente promovendo o crescimento econmico e a estabilidade econmica, fornecendo certos bens e servios e promovendo a distribuio de renda.

    O Brasil tem uma economia de mercado em que a produo e o consumo so o resultado das decises descentralizadas de indivduos e das empresas. No h autoridade central dizendo s pessoas o que, quanto, como e para quem produzir. Cada consumidor compra o que escolhe e cada produtor individual faz o que acredita ser mais interessante, mas com um envolvimento ativo do governo na economia.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Seo 3 Macro e microeconomia e a economia agrcola

    Existem dois nveis diferentes nos quais se dividem os estudos econmicos: a macroeconomia e a microeconomia. A macroeconomia a rea da anlise econmica que tem seu foco no comportamento da economia em seu conjunto. Em contraste, a microeconomia trata das decises de produo e consumo de consumidores e produtores, alm da alocao dos recursos escassos entre as vrias alternativas de produo de bens e de servios.

    Para voc entender o escopo e a abrangncia do estudo econmico, comeamos por examinar mais detalhadamente a diferena entre macro e microeconomia.

    Macroeconomia

    Para entender o que macroeconomia, imagine-se olhando uma floresta por cima. Na macroeconomia o foco de estudo se volta para a floresta e no para a rvore. Trazendo este exemplo para a realidade econmica, o estudo se volta para o agregado de pessoas e empresas e no para os indivduos.

    Sendo assim, a macroeconomia preocupa-se em analisar:

    a) o emprego total no pas e no como a empresa deve contratar seus trabalhadores;

    b) o gasto total com todos os bens e servios em conjunto e no o gasto do consumidor por segmento econmico, como, por exemplo, em atividades de lazer;

    c) o comportamento do nvel geral de preos agregados e no o que est determinando, por exemplo, o preo final de um sorvete;

    d) o nvel do Produto Interno Bruto (PIB) e no como est o nvel de renda de cada indivduo.

    Produto Interno Bruto (PIB) representa o valor do agregado de bens e servios finais produzidos pelo pas dentro de seu territrio, em determinado perodo de tempo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Macroeconomia o ramo da cincia econmica que se preocupa em estudar a economia como um todo, analisando o comportamento e a relao existente entre os grandes agregados econmicos, tais como inflao, PIB, taxa de juros, taxa de cmbio, investimento, poupana, emprego e moeda.

    Microeconomia

    Retomando a metfora anterior, imagine-se agora olhando e estudando determinada espcie de rvore daquela imensa floresta: o foco nesta anlise a arvore e no a floresta. Portanto, a preocupao da microeconomia com o comportamento das unidades individuais no mercado em geral.

    Microeconomia estuda como os indivduos e as empresas tomam decises e como essas decises afetam os preos e a produo de bens e servios. (WESSELS, 2002, p. 1).

    De forma genrica,

    [...] a Microeconomia concebida como o ramo da cincia econmica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivduos e famlias (estas, desde que caracterizadas por um oramento nico), ao estudo das empresas, suas respectivas produes e custos, e ao estudo da gerao e preos dos diversos bens, servios e fatores produtivos. (GARFALO, 2004, p.101).

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Economia agrcola

    A economia agrcola uma importante rea de conhecimento porque se preocupa com as necessidades bsicas da sociedade, ou seja, como produzir alimentos e fibras para as pessoas na forma e no tempo certo.

    Economia agrcola pode ser definida como uma cincia social aplicada que trata da maneira como o ser humano escolhe usar o conhecimento tcnico e os recursos produtivos escassos, como terra, trabalho, capital e capacidade administrativa para produzir alimentos e fibras e distribulos para consumo dos inmeros membros da sociedade. (MENDES, 1998, p. 25).

    O Brasil tem um importante papel a desempenhar nessa rea. Alm do agronegcio ser responsvel por quase 30% do PIB nacional, mais de 40% da receita gerada com as exportaes brasileiras e cerca de 37% do total de empregos do pas, advm do agronegcio, sendo que o Brasil aparece no cenrio mundial como a nao que pode, na prxima dcada, aumentar 40% sua produo agrcola.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 4 Os mercados e a atividade econmica

    De acordo com Adam Smith, em sua clssica obra A riqueza das naes,

    no da benevolncia do aougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da considerao que eles tm pelos prprios interesses. Apelamos no humanidade, mas ao amor prprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter. (SMITH, 1976, p.18).

    Para McConnel e Brue (2001, p. 35), mercado uma instituio ou mecanismo que rene compradores e vendedores de bens, servios ou fatores de produo.

    Existem diversos tipos de mercados, mas suas definies dependem do problema a ser analisado. Os mercados so classificados segundo algumas tipologias, as quais so apresentadas a seguir:

    a) os mercados geogrficos: incorporam a utilidade de lugar. Ex.: alguns mercados so locais, enquanto outros podem ser nacionais ou internacionais;

    b) os mercados de um produto: incorporam a utilidade de forma. Ex.: os restaurantes de comidas rpidas, os postos de gasolina e o mercado de trigo;

    c) os mercados temporais: incorporam a utilidade de tempo. Ex.: o mercado de milho no ms de abril ou o mercado de sorvete nos meses do inverno;

    d) os mercados pessoais ou impessoais: o enquadramento depende, fundamentalmente, se existe o relacionamento cara a cara entre compradores e vendedores, ou seja, se estes entram em contato um com o outro. Ex.: a feira livre exemplo de mercado pessoal, enquanto uma compra realizada pela internet exemplo de mercado impessoal.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    O funcionamento de uma economia de mercado

    A maioria dos pases utiliza os mercados para responder aos problemas fundamentais da economia. Na sequncia voc aprender como identificar os principais grupos de tomadores de deciso e os principais mercados atravs de um modelo simplificado de economia de mercado. Veja a figura a seguir:

    Mercado deBens e Servios

    Mercado deFatores deProduo

    Demanda de bens e servios

    Oferta de bense servios

    O que e quanto

    produzir

    Para quem

    produzir

    Como

    produzir

    Oferta de servios dos fatores de produo

    Demanda de servios dos fatores de produo

    $

    $ $

    $ FamliaEmpresas

    Figura 1.1 Funcionamento simplificado de uma economia de mercadoFonte: Adaptado de Krugmann (2007, p. 26).

    Nessa figura voc pode observar dois grupos de tomadores de deciso, tambm conhecidos por agentes econmicos: as famlias e as empresas. Por simplificao, note que neste modelo no est sendo considerado um importante agente econmico importante: o governo.

    O mecanismo que coordena as decises desses agentes econmicos o chamado sistema de mercado, que pode ser classificado como:

    a) mercado de bens e de servios;

    b) mercado de fatores de produo (recursos).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    O local em que os recursos ou fatores de produo so comprados e vendidos denomina-se mercado de fatores de produo. As famlias ofertam seus recursos (fatores de produo) s empresas que os buscam para a produo de bens e servios.

    Para adquirir esses recursos as empresas remuneram o seu uso a um preo que depender das foras de oferta e de demanda particular para cada recurso. Os pagamentos acontecero na forma de salrios, juros, lucros e aluguis das empresas para as famlias (indivduos).

    A partir do momento em que famlias e indivduos so remunerados pelo uso de seus fatores de produo, podem ser considerados como consumidores. Os bens e servios das empresas so comprados e vendidos no mercado de bens e de servios.

    A interao das decises de demanda dos consumidores e da oferta das empresas determina os preos dos inmeros bens e servios existentes no mercado. Os gastos realizados pelos consumidores constituem as receitas das empresas.

    O modelo simplificado de uma economia de mercado sugere uma rede complexa e interrelacionada de tomadores de deciso e atividades econmicas. O fantasma da escassez persegue as transaes nos mercados de bens e de servios e de fatores de produo realizados pelas famlias e pelas empresas.

    O comrcio pode ser bom para todos

    Pense em uma famlia que se isola de todas as outras ao no realizar suas relaes comerciais. Na opo pelo isolamento, precisaria produzir sua prpria comida, confeccionar suas prprias roupas, gerar sua prpria energia, entre outros itens. Portanto, veja que a maioria das famlias beneficia-se muito quando podem realizar o comrcio de seus bens e servios com outras pessoas. O comrcio permite que as pessoas se especializem naquilo que sabem fazer: seja na agricultura, na confeco de produtos, na prestao de servios, entre outros.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    A razo pela qual temos poucos indivduos autossuficientes que h ganhos do comrcio. Os ganhos do comrcio surgem, sobretudo, quando h especializaes. As vantagens das especializaes e os ganhos do comrcio delas resultantes foram brilhantemente descritos por Adam Smith (1776), em A riqueza das naes.

    O livre comrcio funciona e vale tanto para as pessoas quanto para os pases. Atualmente a China, pas comunista, est restabelecendo a livre iniciativa, e atualmente o principal parceiro comercial do Brasil. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011, p. 87).

    Os mercados e a organizao da atividade econmica

    No incio do desenvolvimento capitalista, Adam Smith (1776) j afirmava em sua teoria que o livre comrcio era eficiente nas relaes de troca existentes. Em 1848, Karl Marx publica o Manifesto comunista, no qual defende um sistema econmico alternativo que substitui o livre mercado pelo planejamento estatal.

    Vrios pases adotaram esse sistema, desde a Rssia at a Coreia do Norte. Hoje, s uns poucos permanecem comunistas e os nicos que possuem qualquer tipo de sucesso econmico so os que esto restabelecendo a livre iniciativa. (LOFT, 2009, p. 13).

    Na economia de mercado as decises so realizadas por milhes de empresas e famlias. Essas empresas e famlias interagem no mercado em que os preos e os interesses prprios guiam suas decises.

    Apesar da tomada de deciso descentralizada e de tomadores de deciso movidos pelo interesse particular, as economias de mercado tm se mostrado muito bem-sucedidas na organizao da atividade econmica. Um dos objetivos desta disciplina fazer com que voc entenda como essa mo invisvel do mercado faz sua mgica.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 5 Mercado: o problema da agricultura

    Ao longo do sculo passado, os produtores rurais do Brasil adotaram novas tcnicas agrcolas e variedades de cultivo que reduziram os custos e aumentaram os rendimentos. As consequncias deste ato, quando cada agricultor tratou de aumentar sua prpria renda, foi expulso de muitos agricultores dessa atividade. Com o sucesso do aumento dos rendimentos em suas lavouras, os preos tm cado continuamente. Os preos em queda reduziram a renda de muitos agricultores e muitos desses passaram a considerar a atividade agrcola como no sendo atrativa.

    A agricultura tem problemas dentro e fora da porteira agrcola, mas sem dvida, fora dos limites da fazenda, ou seja, fora do alcance do produtor rural que ocorre a maior parte dos problemas que afetam o resultado econmico-financeiro, com adversas conseqncias sociais. (MENDES, 1998, p. 9).

    Ao longo dos anos, os agricultores enfrentaram severas flutuaes de preos e redues peridicas em suas rendas. Existem dois problemas na agricultura: o primeiro, como sendo de curto prazo relacionado s flutuaes, ano a ano, de preos e rendas agrcolas. O segundo, de longo prazo, est relacionado com o fato de a agricultura ser um setor em declnio.

    O declnio da agricultura pode ser explicado por duas caractersticas dos mercados agrcolas: ao longo do tempo a oferta tem aumentado rapidamente; e a demanda por produtos agrcolas tem aumentado de maneira lenta. (McCONNELL e BRUE, 2001, p. 331).

    Um exemplo desse declnio na agricultura pode ser ilustrado pela variao de preos do arroz entre os anos de 1995 e 2011, conforme apresenta a figura a seguir. Podemos verificar na srie histrica de preos do arroz (em reais por saca de 50 kg) flutuaes ano a ano e variaes cclicas de preos. A linha reta inicia com um valor de R$40,00/saca e termina abaixo de R$30,00/saca, com tendncia de declnio acentuado. A referida figura ilustra a mdia do valor anual recebido pelos produtores de arroz de Santa Catarina, indexado pelo ndice Geral de PreosDisponibilidade Interna (IGP-DI) com base em abril de 2011.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Figura 1.2 Srie histrica de preos do arroz recebidos pelo produtor em Santa Catarina entre 1995 a abril de 2011 Fonte: Epagri/Cepa (2011).

    A tendncia do declnio da agricultura pode ser revertida, ou talvez amenizada. O entendimento da evoluo dos preos e da renda agrcola passa tambm pela anlise dos fatores determinantes da demanda e, no s, dos fatores determinantes da oferta como veremos a seguir.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Como reverter a tendncia de declnio da agricultura

    O declnio da agricultura pode ser revertido com aumento do poder de consumo das faixas de renda, aumento da populao mundial e pela nova matriz de combustveis base de insumos agrcolas.

    A evoluo da renda real dos consumidores brasileiros em todas as faixas de renda tem levado a uma crescente massificao da demanda por produtos agroindustriais no mercado interno.

    Em nvel mundial, observamos a entrada de centenas de milhes de pessoas no mercado de consumo de alimentos, principalmente no continente Asitico. Observamos, ainda, o aumento da demanda de biocombustveis.

    Essas variveis determinantes da demanda podem fazer com que se tenha maior consumo que oferta, provocando um aumento dos preos. Caso isto se confirme, o problema deixa de ser da agricultura e passa a ser do consumidor.

    Assim, exatamente sobre um aspecto que est fora dos limites da fazenda que o presente livro procura enfocar: o mercado agrcola. Para compreender a formao dos preos nos mercados agrcolas e quais so os vrios fatores que os influenciam tanto do lado da oferta como do lado da demanda agrcola, assim como as implicaes geradas tanto para consumidores quanto para os produtores de alimentos.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    Sntese

    Neste contedo voc obteve resposta para a pergunta: Por que estudar economia? Aprendeu que os fundamentos de economia so aplicados em muitas situaes de nossas vidas. Neste sentido, pde conhecer algumas definies sobre o que economia e qual o seu problema fundamental. Percebeu o conflito existente entre os fatores de produo e as necessidades humanas.

    Voc verificou que uma sociedade precisa escolher um sistema econmico dentre os dois diferentes sistemas existentes: economias de mercado (capitalistas) e economias socialistas.

    Pde perceber, ainda, que os estudos da economia podem ser realizados de duas formas: o estudo da economia em seu conjunto, chamado de macroeconomia; e o estudo das decises de produo e de consumo de consumidores e produtores, e da alocao de recursos entre diferentes alternativas de produo, chamado de microeconomia.

    Estudou, de forma simplificada, como funciona uma economia de mercado, cujo comrcio pode ser bom para todos uma vez que os mercados parecem ser uma boa maneira de organizar a atividade econmica.

    Por fim, pde constatar que o problema agrcola de curto prazo est relacionado s flutuaes de preos e rendas agrcolas que variam de ano a ano, e que o problema agrcola de longo prazo est relacionado ao fato de a agricultura ser um setor em declnio. Este ltimo problema poder ser revertido caso se confirmem as projees de que o aumento na demanda seja maior que a oferta agrcola.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de autoavaliao

    1) De acordo com a mo invisvel de Adam Smith, em seu clssico intitulado A riqueza das naes:

    No da benevolncia do aougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da considerao que eles tm pelos prprios interesses. Apelamos no humanidade, mas ao amor prprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter. (SMITH, 1976, p. 18).

    Perguntase: Qual o interesse do padeiro, cervejeiro e aougueiro em vender, respectivamente, po, cerveja e carne? O que eles recebem em troca?

    2) De acordo com a viso geral da macroeconomia e de como ela difere da microeconomia, relacione os itens da primeira coluna com as respectivas questes microeconmicas ou macroeconmicas na segunda coluna.

    ( 1 ) Questes microeconmicas ( ) Eu deveria fazer uma faculdade de Agronegcios ou aceitar um emprego j?

    ( 2 ) Questes macroeconmicas ( ) Quantas pessoas esto empregadas na economia brasileira em seu conjunto este ano?( ) Que polticas pblicas deveriam ser adotadas para facilitar o acesso universidade para estudantes de baixa renda?( ) O que determina o comrcio total em produtos do agronegcio entre o Brasil e o resto do mundo?( ) Que polticas pblicas deveriam ser adotadas para promover o emprego e o crescimento da economia brasileira em seu conjunto?( ) O que determina o custo, para uma universidade, de oferecer um novo curso sobre o Agronegcio?

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 1

    3) A partir da leitura geral do contedo Economia e o Mercado Agrcola de nosso material didtico, marque V para a alternativa verdadeira ou F para a alternativa falsa. Justifique a(s) alternativa(s) falsa(s).

    ( ) A escolha individual a base da economia; se no envolve escolha, no economia.

    ( ) Os bens de capital so bens e servios que entram na produo de outros bens.

    ( ) As famlias constituem a oferta no mercado de bens e demanda no mercado de fatores.

    ( ) Os trs fatores produtivos tradicionais so trabalho, capital e recursos naturais.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    ( ) Nas economias modernas, as pessoas fazem escambo, em vez de troclos por dinheiro.

    Saiba mais

    LEITE, A. L. da S. Fundamentos econmicos. Instrucional designer: Dnia Falco de Bittencurt; -6. ed. rev. Palhoa: UnisulVirtual, 2005.

  • 2UNIDADE 2Oferta e demanda agrcolaObjetivos de aprendizagem

    Entender o que um mercado competitivo e como este mercado pode ser descrito pelo modelo de oferta e demanda.

    Analisar a diferena entre movimentos ao longo de uma curva de demanda e de oferta e deslocamentos da curva da demanda e da curva da oferta.

    Compreender o funcionamento do sistema de preos em uma economia de mercado e o que preo de equilbrio.

    Sees de estudo

    Seo 1 Mercado competitivo

    Seo 2 Demanda agrcola

    Seo 3 Oferta agrcola

    Seo 4 Equilbrio de mercado

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de estudo

    Quando uma geada atinge uma importante regio produtora de caf, o preo do produto aumenta nos supermercados. Se o clima contribuiu para o aumento da safra de arroz de 2010/11, os preos deste produto despencam. Mas o que esses acontecimentos tm em comum? Todos mostram como funcionam a oferta e a demanda.

    Muitas pessoas utilizam os termos oferta e demanda como referncia para indicar as leis do mercado em funcionamento. As relaes de demanda e de oferta podem ajudar voc a compreender no apenas questes econmicas especficas de um determinado mercado, mas tambm de como toda a economia opera. A oferta e a demanda so as foras que fazem as economias de mercado funcionar.

    Neste contedo, voc aprender que o conceito de oferta e demanda tem um significado preciso. Aprender, ainda, os componentes do modelo da oferta e da demanda e como esse modelo pode ser usado para entender como os mercados agrcolas se comportam.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Seo 1 Mercado competitivo

    Os preos do caf, recebido pelo produtor, dobraram entre 2002 e 2006. Neste sentido, voc deve estar se perguntando: Quem decide a elevao dos preos do caf?

    Produtores e consumidores de caf constituem um mercado, um grupo de vendedores e compradores. Observe que este mercado formado por muitos compradores e vendedores de caf.

    Outra caracterstica importante a ser observada refere-se influncia das aes dos indivduos neste mercado sobre o preo. As decises individuais tanto dos produtores, em ampliar ou reduzir a produo de caf, quanto dos consumidores, em comprar mais ou menos caf, no tm efeito perceptvel sobre o preo final do produto.

    Quando voc decide tomar um cafezinho aps o almoo em determinada cafeteria, ao final, voc pergunta ao vendedor quanto custa? O mesmo acontece quando um produtor de caf decide vender tantas sacas do produto, neste caso, a pergunta feita ao comprador : Quanto esto pagando pela saca de caf?

    Quando todos os participantes do mercado, tanto consumidores quanto produtores, so tomadores de preo, caracteriza-se um mercado competitivo.

    Mercado competitivo um mercado no qual existem muitos compradores e vendedores de um bem ou servio e nenhum deles podem influenciar o preo pelo qual o bem ou servio vendido. (KRUGMAN, 2009, p. 62).

    Voc j parou para pensar porque os mercados competitivos so diferentes de outros mercados?

    Compare o problema com que se defrontam o produtor de caf e um executivo de uma empresa fabricante de automveis, se devem ou no produzir mais de seus respectivos produtos.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A preocupao do produtor de caf simplesmente se o preo compensa o custo de produo extra. Para o fabricante de automveis, a questo um pouco mais complexa, porque os poucos participantes deste mercado sabem que suas aes tm um impacto perceptvel sobre o preo final do produto no mercado.

    O fabricante de automveis opera em um mercado que no competitivo, ou seja, h poucos produtores de automveis no mercado. Alm de perguntar se o preo compensa o custo de produo extra de automveis, o fabricante precisa perguntar tambm se a produo extra de automveis no ir pressionar para baixo o preo de mercado e reduzir seu lucro.

    Neste estudo, nossa ateno est direcionada ao mercado competitivo, que tem seu comportamento bem descrito por um modelo conhecido por modelo de oferta e demanda.

    Os elementos deste modelo que voc aprender a seguir so os seguintes: a curva da demanda e da oferta, os fatores que deslocam as curvas de oferta e demanda, o preo de equilbrio do mercado, a maneira como o preo de equilbrio muda quando a curva de oferta e demanda se desloca.

    Neste sentido, iremos estudar contedos os quais voc ter a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos referentes s caractersticas e o funcionamento de um mercado competitivo, assim como o comportamento dos demais tipos de mercado.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Seo 2 Demanda agrcola

    Quantas pessoas gostam de consumir um cafezinho aps o almoo? Acredito que aqui no Brasil e pelo resto do mundo so milhes de pessoas.

    O nmero de pessoas que ir comprar um cafezinho depender do preo final do caf. Quando o preo do caf se eleva, como aconteceu no ano de 2006, algumas pessoas deixaram de consumir caf e procuraram outro produto para substitu-lo, como o ch, ou mesmo o refrigerante.

    Quanto mais alto o preo de um produto, menos pessoas desejam comprlo; quanto mais baixo seu preo, acontece o contrrio, ou seja, mais pessoas estaro desejosas de comprlo.

    Retomando o exemplo anterior, o resultado final da fabricao e distribuio de todos os insumos usados na produo do caf, as atividades de produo agrcola, os processos de coleta, estocagem, transporte, processamento e o comrcio atacadista e varejista de caf chamado de consumo.

    A seguir, voc estudar o comportamento das pessoas com relao s suas decises de procurar satisfazer seus desejos de consumo. Alm disso, reconhecer a importncia das atitudes dos consumidores de alimentos e fibras de origem agrcola na operao do agronegcio brasileiro.

  • 46

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A curva de demanda

    Como voc pode desenhar a curva de demanda por caf?

    Primeiramente, voc pode montar uma tabela de demanda que mostre quanto de caf os consumidores desejam adquirir a diferentes nveis de preos. A tabela a seguir ilustra uma demanda mundial hipottica de caf:

    Tabela 2.1 Tabela de demanda de mercado para caf

    Preo do caf (reais/unidade)

    Quantidade demandada de caf (bilhes de unidades)

    4,00 10

    3,00 12

    2,00 14

    1,00 16

    Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (D = 18 2P) (2011).

    Podemos observar, a partir da interpretao dos dados contidos na tabela acima, que o preo de mercado do caf estando a R$2,00/unidade, os consumidores esto dispostos a comprar 14 bilhes de sacas de caf. Mas quando o preo elevado para R$3,00/unidade, alguns consumidores acham o preo alto demais e somente 12 bilhes de unidades podero ser adquiridas.

    A figura a seguir ilustra o comportamento da curva de demanda para o caf. O eixo vertical representa o preo de uma unidade de caf e o eixo horizontal representa as quantidades em bilhes de sacas que os consumidores desejam adquirir.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    8 10 12 14 16

    Preo do caf

    Quantidade de caf (bilhes de sacas)

    medida que o preo sobe, a quantidade

    demandada cai

    Curva de demanda

    Figura 2.1 Curva da demanda de cafFonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos e que representam uma curva de demanda linear (2011).

    Para facilitar a interpretao da figura anterior, admita que a curva da demanda tenha o comportamento de uma reta. Cada ponto no grfico corresponde a um par de dados contidos na tabela anterior.

    A curva de demanda uma relao que mostra quanto de um bem ou servio os consumidores esto dispostos a comprar, com diferentes nveis de preos, em determinado perodo, considerando todos os demais condicionantes da demanda inalterados.

    Voc deve ter observado que a tabela de demanda e a curva de demanda refletem que quando o preo se eleva, a quantidade demandada (o desejo de consumo) diminui; quando preo diminui, a quantidade demandada se eleva. Essa relao foi exposta pelo economista Alfred Marshall (1842-1924) e ficou conhecida como sendo a Lei da Demanda.

    Os condicionantes da demanda so aqueles fatores que influenciam a quantidade que se deseja consumir de bens e servios. Os condicionantes so o tamanho da populao, a renda do consumidor, os preos dos produtos relacionados, o nvel de propaganda, a sazonalidade e as preferncias dos consumidores.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Segundo a Lei da Demanda, tende a haver uma relao inversa entre os preos de um produto e as quantidades que os consumidores estaro dispostos a adquirir, por unidade de tempo, em condies ceteris paribus (com tudo o mais constante).

    Note que a curva de demanda tem uma inclinao negativa e isso reflete a chamada Lei da Demanda.

    Considerando a anlise anterior, podemos fazer a seguinte pergunta:

    Quais seriam as principais razes para a inclinao negativa da curva da demanda, ou seja, quais as razes pelas quais os consumidores compram uma quantidade menor de um produto quando os preos se elevam (e viceversa)?

    Os itens a seguir esclarecem algumas dvidas sobre a curva negativa da demanda:

    a) o efeito novo consumidor: novos consumidores potenciais deixam de adquirir o caf quando os preos se elevam;

    b) o efeito renda: a renda monetria do consumidor permaneceu inalterada, mas seu poder aquisitivo diminuiu com o aumento do preo do caf. Em consequncia disso, sua renda real diminui tambm, e agora o consumidor dever diminuir a quantidade comprada de caf;

    c) o efeito substituio: quando o preo do caf eleva-se, a satisfao do consumidor por compr-lo diminui relativamente, aumentando a possibilidade de o consumidor adquirir um produto substituto que no teve alterao de preo (por exemplo, o ch).

    Em outro exemplo do mundo real, quanto Lei da Demanda, considere que o consumo de gasolina varia conforme se altera o preo ao consumidor da Europa, quando comparado com os consumidores dos Estados Unidos.

  • 49

    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Na Europa, devido s altas taxas (impostos), os consumidores pagam duas vezes mais do que pagam os consumidores americanos. Segundo a lei da demanda, se espera que os europeus consumam por dia bem menos que os consumidores dos Estados Unidos. (KRUGMAN, 2009, p. 64).

    A figura a seguir ilustra o comportamento dos consumidores europeus conforme destacado anteriormente.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4

    Estados Unidos Canad

    Japo

    Itlia

    Reino Unido Frana

    Espanha

    Gales por dia per capita

    Preo da gasolina (por galo)

    Figura 2.2 A Lei da Demanda e o consumo de gasolina na Europa comparado ao consumo nos Estados Unidos Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 64).

    As alteraes nos preos de um produto resultam em mudanas nas vendas. Este evento causa, apenas, um movimento ao longo da curva de demanda. A curva de demanda permanece inalterada e existe apenas uma mudana na quantidade demandada do produto.

    A seguir, voc estudar outros fatores que influenciam a demanda. Esses fatores so chamados de deslocadores de demanda.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Deslocamentos da curva de demanda

    A Organization for Economic Cooperation and Development (OCDE) e a Food and Agriculture Organization (FAO), em seu relatrio Perspectivas para a agricultura 2010-2019, preveem para os prximos dez anos que os preos mdios de vrios produtos agrcolas se situem acima dos nveis da dcada anterior aos picos de 2007-2008, tanto em termos nominais como reais (ajustados pela inflao). Em termos reais, por exemplo, estima-se que os preos mdios do trigo e dos cereais secundrios estejam de 15 a 40% mais elevados, em comparao ao perodo compreendido entre os anos de 1997 a 2006.

    Como os preos tendem a aumentar, e considerando a Lei da Demanda, voc pode se perguntar: haver uma reduo no consumo de um leque de produtos agrcolas? Isso significa, por exemplo, que a quantidade demandada de trigo e caf ir diminuir?

    A resposta questo acima est relacionada expresso ceteris paribus, que significa: com tudo o mais constante. No mundo real, tudo o mais no est constante, e ele mudar muito nos prximos anos. Com isso, os condicionantes da demanda tambm tero mudanas significativas.

    Retomemos mais uma vez o exemplo do caf. As estimativas apontam que a populao mundial e o nmero de consumidores potenciais aumentaram nos ltimos anos. Esses fatores que afetam a demanda do produto fazem com que a um mesmo preo mais consumidores demandem maiores quantidades de caf.

    A tabela de demanda e a curva de demanda para o caf em 2010 e sua projeo para 2015, representados pela tabela e figura a seguir, apresentam dados hipotticos, os quais ilustram este fenmeno.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Tabela 2.2 Tabela de demanda de mercado para caf em 2010 e sua projeo para 2015

    Preo do caf (reais/unidade)

    Quantidade demandada de caf (bilhes de sacas)

    Em 2010 Em 2015

    4,00 10 12

    3,00 12 14

    2,00 14 16

    1,00 16 18

    Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (2011).

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    10 12 14 16 18

    Quantidade de caf (bilhes de sacas)

    Preo do caf Curva de demanda

    Em 2010

    Em 2015

    Aumento na

    demanda provocado

    pelo crescimento da

    populao mundial

    Figura 2.3 Um aumento na demanda de caf em bilhes de sacas em decorrncia do crescimento da populao Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (2011).

    O aumento da populao mundial e o nmero de consumidores potenciais geram um aumento na demanda, ou seja, uma elevao na quantidade demandada para qualquer dado preo. Este o evento que faz com que a curva de demanda se desloque para a direita.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Mantendo-se constante o preo de R$2,00/unidade de caf, o consumo mundial de 14 bilhes de sacas em 2010. Com o aumento da populao mundial, o consumo estimado do produto ser de 16 bilhes, em 2016, a esse mesmo nvel de preo.

    As mudanas que ocorreram entre 2010 e 2015 geram uma nova curva de demanda, em que a quantidade demanda maior que a anterior, a um mesmo nvel de preo. Como voc pode visualizar na figura anterior, a curva de demanda de 2015 est mais direita que aquela de 2010.

    O deslocamento da curva de demanda mostra uma alterao na quantidade demandada a qualquer preo dado, ocasionando uma mudana de posio da curva de demanda para sua nova posio.

    Os quatro principais fatores que deslocam a curva da demanda so os seguintes:

    a) os preos dos bens relacionados;

    b) a renda da populao;

    c) as preferncias e gostos; e

    d) as expectativas.

    Outros fatores que influenciam o deslocamento da demanda esto relacionados a seguir:

    a) o tamanho da populao;

    b) o nvel de propaganda;

    c) processos de urbanizao;

    d) polticas governamentais direcionadas ao consumo (impostos e subsdios);

    e) disponibilidade de crdito;

    f) sazonalidade;

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    g) nvel de educao da populao;

    h) clima;

    i) sexo;

    j) moda;

    k) geografia.

    No exemplo anterior, para exemplificar o deslocamento direita da demanda, utilizamos o aumento da populao mundial.

    Segundo Mendes e Padilha Jnior (2007, p. 89),

    dependendo apenas do crescimento populacional, que s tende a crescer, a curva de demanda no mdio e longo prazo ir se deslocar para a direita. As estimativas so de que a populao cresa a 0,5% ao ano nos pases desenvolvidos e de 1,7% nos pases em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Confirmadas as projees, a demanda vai se deslocar (para a direita), proporcionalmente menos nos pases desenvolvidos do que nos demais pases.

    Na sequncia, voc ir compreender um pouco mais sobre os quatro principais fatores que deslocam a curva da demanda.

    Mudanas nos preos dos bens relacionados

    Voc, quando vai a um supermercado, tem a opo de adquirir, por exemplo, caf ou ch. A relao existente entre esses dois bens de substituio, por isso dito que estes so bens substitutos.

    Como fontes de protena animal, voc pode optar: carne de boi, de frango, de peixe, de carneiro ou de peru. Os automveis podem ser abastecidos com diversas fontes de energia: lcool, gasolina, diesel, gs natural (GNV) e eletricidade.

    Bens substitutos so aqueles que tm uma funo similar. Se houver elevao do preo de um bem, haver aumento no consumo de outro.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Observe que uma diminuio no preo da carne bovina (bem A) induz a uma diminuio na demanda por carne de frango (bem B), deslocando a demanda deste ltimo para a esquerda.

    No mundo real, s vezes, uma queda no preo do bem A induz os consumidores a demandarem mais do bem B. Quando isto acontece, a relao entre os bens so de complementaridade, e esses pares de bens so conhecidos por bens complementares.

    Como voc consome os bens complementares juntos, a mudana no preo de um bem afetar a demanda de seu complementar. Quando o preo de um bem (A) se eleva, a demanda de seu bem complementar (B) decresce, e faz deslocar para a esquerda a demanda deste ltimo bem.

    Como foi descrito anteriormente, bens complementares so os que so consumidos em conjunto. So exemplos destes bens: o caf e o leite, o po e o queijo, a gasolina e o carro, entre outros.

    Mudanas na renda da populao

    As mudanas na renda da populao influenciam os consumidores a comprar mais ou menos de um determinado bem, mesmo que seu preo permanea o mesmo.

    Se a renda familiar aumenta, mais provvel que as famlias consumam mais caf. O aumento na renda da populao far com que a curva da demanda da maioria dos bens se desloque para a direita.

    Voc deve estar se perguntando: Por que a maioria dos bens? A maioria dos bens so bens normais, ou seja, a demanda deles aumenta quando a renda do consumidor sobe.

    Contudo, existem alguns bens em que ocorre o processo inverso. Esses so conhecidos como bens inferiores. Neste caso, um aumento da renda desloca a curva da demanda para a esquerda.

    Bens complementares so aqueles que so consumidos em conjunto. Se houver a elevao do preo de um bem, haver diminuio no consumo de outro.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Por exemplo, quando aumenta a sua renda, o consumidor pode diminuir ou deixar de consumir carne de segunda; e, ainda, pode diminuir ou deixar de andar de nibus.

    Mudanas nas preferncias

    O que voc pode chamar de mudanas nas preferncias? Preferncias so as atitudes de um consumidor em relao a bens e servios. Ocorrem devido moda, s crenas e s mudanas culturais.

    Um exemplo que influencia na mudana da preferncia por um determinado produto a Pscoa. Nesse perodo, a quantidade de consumidores que desejam gastar com chocolate aumenta consideravelmente.

    Imagine, ainda, que voc aprecie tomar caf no perodo da tarde, enquanto eu aprecio tomar determinado refrigerante. Mesmo que tenhamos a mesma renda, as nossas respectivas demandas por bebida sero bem diferentes.

    Quando as preferncias mudam a favor de um bem, mais pessoas querem compr-lo a qualquer dado preo. Assim, a curva da demanda se desloca para a direita.

    Mudanas nas expectativas

    As mudanas nas expectativas podem diminuir ou aumentar a demanda de um bem.

    Os cafezais brasileiros foram atingidos por uma forte geada em 1993. Voc, como consumidor, quando ocorre um evento como este, espera que os preos subam e se antecipa comprando mais desse produto antes que os preos se elevem. Nesse caso, expectativas de uma elevao de preos levam a um aumento da demanda.

    As mudanas nas expectativas de renda futura tambm podem levar a mudanas na demanda.

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    Caso voc ache que sua renda ir diminuir no futuro, provavelmente reduzir a demanda de alguns bens, procurando poupar algo.

    Para ter uma viso geral dos fatores que deslocam a demanda, voc pode visualizar os elementos que esto contidos no quadro a seguir.

    Tipo de mudana Evento Resultado esperado

    a) Renda

    A um bem normal A renda aumenta A demanda de A aumenta

    A um bem inferior A renda aumenta A demanda de A diminui

    b) Preo dos bens relacionados

    A e B so substitutos O preo de B aumenta A demanda de A aumenta

    A e B so complementares O preo de B aumenta A demanda de A diminui

    c) Preferncias e gostos

    As preferncias e gostos mudam a favor de A

    A demanda de A aumenta

    d) Expectativas

    O preo de A esperado aumentar no futuro

    A demanda de A aumenta hoje

    e) Nmero de consumidores

    O nmero de consumidores aumenta

    A demanda de mercado de A tambm aumenta

    Quadro 2.1 Fatores que deslocam a demanda e o resultado esperado Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 70).

  • 57

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    Seo 3 Oferta agrcola

    A partir de agora voc estudar o comportamento das pessoas com relao s suas decises de produo e reconhecer a importncia das atitudes dos produtores de alimentos e fibras de origem agrcola para o agronegcio brasileiro.

    Voc deve se perguntar: Por que os preos do caf para os produtores dobraram entre 2002 e 2006?

    A resposta est relacionada diminuio da oferta de dois grandes pases exportadores mundiais de caf: o Brasil e o Vietn. Aqui, no Brasil, os baixos preos obtidos pelos produtores na dcada anterior fizeram com que muitos deles deixassem de plantar caf.

    A quantidade de caf que os consumidores querem comprar depender do preo que eles tero de pagar. Esta relao a mesma para os produtores, na qual a quantidade de caf que eles iro produzir e vender depender do preo oferecido pela saca.

    A curva de oferta

    Como voc desenha a curva de oferta por caf?

    Os procedimentos utilizados so os mesmos que adotamos para o estudo da curva da demanda. Primeiramente, voc dever elaborar um estudo de oferta que demonstre quanto de caf os produtores esto dispostos a produzir a diferentes nveis de preos. A tabela a seguir ilustra uma oferta mundial hipottica de caf.

    Tabela 2.3 Tabela de oferta de mercado para o caf

    Preo do caf (reais/unidade) Quantidade ofertada de caf (bilhes de sacas)

    4,00 14

    3,00 12

    2,00 10

    1,00 8

    Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (O = 7 + 1,2P) (2011).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A tabela anterior, referente oferta de mercado para o caf, mostra a quantidade de sacas de caf que os produtores estaro dispostos a oferecer a cada preo.

    A figura a seguir demonstra o comportamento da curva de oferta para o caf. O eixo vertical representa o preo de uma unidade de caf e o eixo horizontal representa as quantidades que os produtores desejam vender. Admita, tambm, que a curva da oferta tenha um comportamento de uma reta. Cada ponto no grfico corresponde a um par de dados contidos na tabela anterior.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    8 10 12 14 16

    Preo

    do caf

    Quantidade de caf (bilhes de sacas)

    medida que o preo

    sobe, a quantidade

    ofertada aumenta

    Curva de oferta

    Figura 2.4 Curva da oferta de cafFonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos e que representam uma curva de oferta linear (2011).

    A partir da anlise dos dados contidos na tabela e figura anterior, constatamos que se o preo de mercado do caf estiver em R$2,00/unidade, os produtores estaro dispostos a vender dez bilhes de unidades daquele produto. Mas se o valor estiver a R$1,00/unidade, alguns produtores acharo o preo baixo demais, e somente oito bilhes de unidades sero vendidas.

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    A curva de oferta uma relao que mostra quanto de um bem ou servio os produtores esto dispostos a vender, com diferentes nveis de preos, em determinado perodo, considerando todos os demais condicionantes da oferta inalterados.

    Voc deve ter observado que a tabela de oferta e a figura da curva de oferta refletem que quando o preo se eleva, a quantidade ofertada (o desejo de produzir) aumenta; quando o preo diminui, a quantidade ofertada tambm diminui. Essa relao ficou conhecida como sendo a Lei da Oferta.

    Segundo a Lei da Oferta, tende a haver uma relao positiva entre os preos de um produto e as quantidades que os produtores estaro dispostos a vender, por unidade de tempo, em condies ceteris paribus.

    Note que a inclinao positiva da curva de oferta reflete a chamada Lei da Oferta.

    Conforme voc j pode observar, alteraes nos preos de um produto resultam mudanas nas vendas. Este evento causa, apenas, um movimento ao longo da curva de oferta, a qual permanece inalterada, existindo somente uma mudana na quantidade ofertada do produto.

    A seguir, voc estudar outros fatores que influenciam a oferta, os chamados fatores deslocadores de oferta.

    Deslocamentos da curva de oferta

    Segundo as projees feitas pela OCDE e a FAO, os preos agrcolas de vrios produtos tendem a aumentar at 2019.

    Considerando a Lei da Oferta, voc pode se perguntar: Haver um aumento na produo de vrios produtos agrcolas? Isso significa que a quantidade ofertada de caf ir aumentar?

    Os condicionantes da oferta so aqueles fatores que influenciam a quantidade que se deseja produzir de bens e servios. Podemos citar como exemplos daqueles condicionantes os preos dos insumos, as tecnologias empregadas na produo e as expectativas de compra e venda.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A resposta questo anterior est tambm relacionada expresso ceteris paribus (com tudo o mais constante). No mundo real, tudo o mais no est constante, e com isso tambm os condicionantes da oferta tero alteraes.

    Por exemplo, admita que o Vietn passe a ser um grande produtor de caf a partir dos prximos anos (fato real que aconteceu anos atrs). Este fato, que afeta a oferta do produto, faz com que a um mesmo preo mais produtores desejem ofertar quantidades de caf.

    A oferta de mercado para o caf em 2010 e sua projeo para 2015, representados por dados hipotticos contidos na tabela e figura a seguir, ilustram este fenmeno.

    Tabela 2.4 Tabela de oferta de mercado para caf em 2010 e sua projeo para 2015

    Preo do caf (reais/unidade)

    Quantidade ofertada de caf (bilhes de sacas)

    Em 2010 Em 2015

    4,00 14 15

    3,00 12 13

    2,00 10 11

    1,00 8 9

    Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (2011).

    De acordo com a tabela anterior, para o preo de R$2,00/unidade de caf a produo mundial dez bilhes de sacas em 2010. Com o aumento da participao do Vietn na oferta mundial, a oferta estimada do produto ser de 11 bilhes em 2015, a esse mesmo nvel de preo.

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    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    8 10 12 14 16

    Preo do caf

    Quantidade de caf (bilhes de sacas)

    Curva de oferta

    Aumento na oferta provocado pelo aumento na produo de caf no Vietn

    Em 2015 Em 2010

    Figura 2.5 Um aumento da oferta de caf pelo VietnFonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (2011).

    O significativo aumento da produo de caf no Vietn gerou uma elevao na oferta, ou seja, um aumento na quantidade ofertada de caf para qualquer dado preo. Este evento fez com que a curva de oferta se deslocasse para a direita, conforme representado na figura anterior.

    As mudanas que ocorreram entre os anos de 2010 e 2015 geraram uma nova curva de oferta, em que a quantidade ofertada maior que a anterior, a um mesmo nvel de preo. Como voc pode visualizar na figura anterior, a curva de oferta de 2015 est mais direita que aquela de 2010.

    O deslocamento da curva de oferta mostra a mudana na quantidade ofertada a qualquer preo dado, representando a mudana de posio da curva de oferta para sua nova posio.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os cinco principais fatores que deslocam a curva da oferta, entre outras causas possveis, so os seguintes:

    a) os preos dos bens relacionados;

    b) a tecnologia;

    c) os preos dos insumos;

    d) as expectativas; e

    e) o nmero de produtores.

    Mudanas nos preos dos bens relacionados

    Quando um produtor rural decide elaborar seu plano de produo, a quantidade a ser ofertada de um determinado tipo de produto depender do preo de produtos alternativos. O efeito da alterao de preo, dos produtos relacionados, poder afetar diretamente a quantidade a ser produzida de um determinado produto, dependendo da relao existente entre eles (alternativas).

    Admita, por exemplo, que os produtores possam optar entre o plantio de caf ou algodo. A relao existente entre esses dois bens de substituio, por isso dito que estes so bens substitutos na produo.

    Observe que uma diminuio no preo do caf (bem A) induz a um aumento na oferta por algodo (bem B), deslocando a oferta deste ltimo para a direita.

    No mundo real, s vezes, uma queda no preo do bem A induz os produtores a ofertarem mais o bem B. Quando isto acontece, a relao entre os bens de complemento e, por isso, esses pares de bens so conhecidos por bens complementares na produo.

    Por exemplo, um produtor de milho e carne suna. Quando o preo do milho diminui, o qual utilizado como insumo na produo de sunos, o produtor tem um estmulo para aumentar a produo de carne suna.

    Bens substitutos na produo so os que no podem compartilhar, no espao e no tempo, uma mesma rea. A elevao do preo de um bem causa reduo da produo de outro.

    Bens complementares na produo so aqueles produzidos em conjunto. A diminuio do preo de um bem causa o aumento na produo do outro.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Como os bens complementares so produzidos juntos, a mudana no preo de um bem afetar a produo de seu complementar. Quando o preo de um bem se eleva, a produo de seu bem complementar decresce, e faz deslocar para a esquerda a curva de oferta deste ltimo.

    Mudanas na tecnologia

    A tecnologia, no espao rural, refere-se s tcnicas de transformar insumos em produtos agrcolas.

    O complexo conjunto de atividades que transformam o gro de caf colhido nas propriedades rurais em caf solvel, o qual ser servido em seu caf da manh, denomina-se tecnologia.

    No Brasil, nas ltimas dcadas, o acmulo de conhecimento em agricultura tropical foi grande.

    Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 1990 o Brasil colhia 57,9 milhes de toneladas de gros em 37,9 milhes de hectares. Hoje, na safra 2009/2010, colhe mais de 140 milhes de toneladas em 47,9 milhes de hectares. Podemos observar que a rea plantada aumentou 26,4%, mas a produo aumentou 147%.

    Uma tecnologia estratgica para o Brasil foi a tropicalizao da soja, atravs de um processo de melhoramento gentico desenvolvido pela Embrapa. A soja, de origem asitica, de clima temperado, no se adaptava ao clima brasileiro. Com a cultura adaptada para regies de baixa latitude, o Brasil se tornou o segundo maior produtor mundial e o maior exportador mundial do gro. (MENDES e PADILHA JNIOR, 2007, p. 153).

    O desenvolvimento de novas tecnologias no mercado agrcola, como apresentado no exemplo anterior, reduz os custos de produo, eleva a oferta e desloca, para a direita, a curva da oferta.

  • 64

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Mudanas nos preos dos insumos

    O aumento no preo de um insumo tem influncia direta nos custos de produo de um bem. Quando o preo do insumo se eleva, os produtores estaro menos dispostos a produzir e vender o bem, e a curva da oferta se deslocar para a esquerda.

    Um aumento no preo de adubo, utilizado na produo do caf, eleva o custo de produo do produto e os produtores estaro menos dispostos a ofertar caf. Como resultado final, a curva de oferta se desloca para a esquerda.

    Mudanas nas expectativas

    Assim como as expectativas podem deslocar a curva da demanda, elas tambm podero deslocar a curva da oferta.

    Como as expectativas alteram a oferta? As escolhas dos produtores dependem da comparao do preo corrente com o preo futuro esperado pelo seu produto.

    Imagine um produtor que tem em estoque sacas de caf e recebe a notcia que o preo do caf aumentar no futuro. A deciso esperada que o produtor ir esperar o preo do caf se elevar para vender sua produo, o que ocasionar a reduo da oferta do produto hoje.

    Um aumento do preo futuro esperado pelo seu produto desloca para a esquerda a curva de oferta do produto.

    Nmero de produtores

    A oferta em um mercado depende do nmero de vendedores. Por exemplo, se Joo e Paulo resolvessem deixar de cultivar o caf, a oferta no mercado diminuiria. Caso a situao fosse contrria, ou seja, se esses produtores decidissem produzir mais caf, a oferta no mercado aumentaria.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Para ter uma viso geral dos fatores que deslocam a oferta, voc pode visualizar os elementos que esto contidos no quadro a seguir:

    Mudana Evento Resultado esperado

    a) Preo dos insumos

    O preo do insumo utilizado na produo de A aumenta

    A oferta de A decresce

    O preo do insumo utilizado na produo de A diminui

    A oferta de A aumenta

    b) Preo dos bens relacionados

    A e B so substitutos na produo

    O preo de B aumenta A oferta de A diminui

    A e B so complementares na produo

    O preo de B diminui A oferta de A aumenta

    c) Tecnologia

    A tecnologia utilizada para produzir A melhora

    A oferta de A aumenta

    d) Expectativas

    O preo de A esperado aumentar no futuro

    A oferta de A diminui hoje

    e) Nmero de produtores

    O nmero de produtores de A aumenta

    A oferta de mercado de A aumenta

    Quadro 2.2 Fatores que deslocam a oferta e o resultado esperado Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 77).

    Tendo analisado a demanda e a oferta em separado, vamos agora combinar essas duas foras de mercado para determinar como se formam a quantidade de um bem e o seu preo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 4 Equilbrio de mercado

    Ao estudar os elementos que compem o modelo da oferta e da demanda voc compreende como se comporta a curva da oferta, a curva da demanda e os fatores que fazem com que essas curvas se desloquem para a direita ou para a esquerda. Antes de estudarmos como se d o equilbrio de mercado, considere a seguinte reflexo.

    Para tomar o seu caf da manh de hoje, voc utilizou produtos que vieram de diferentes regies e pases. O caf, propriamente dito, pode ter sido produzido no Estado de So Paulo, Paran, Minas Gerais ou Esprito Santo e utilizado insumos, como adubos, vindos de outros pases.

    O palito de fsforo utilizado para acender o fogo veio dos Estados Unidos. O gs que voc utilizou para aquecer seu caf veio do Oriente Mdio. A colherzinha para mexer o caf foi fabricada no Estado de So Paulo, com o minrio de ferro extrado em Minas Gerais. O acar utilizado para adoar seu caf foi produzido em Santa Catarina, com a cana-de-acar vinda do nordeste brasileiro.

    Para que voc possa tomar seu caf, muitas atividades de produo e comercializao precisaram ser implementadas. O mecanismo utilizado para manter a ordem e colocar as coisas em seus lugares certos, na maioria das economias do mundo, denomina-se mercado.

    Como voc utiliza esses elementos da oferta e da demanda para prever o preo que determinado bem ou servio ser comprado e vendido?

    Utilizando uma analogia feita por Alfred Marshall, o qual refere que, para cortarmos uma folha de papel, so necessrias as duas lminas da tesoura. Para entendermos a formao do preo de determinado produto, preciso considerar o comportamento das duas lminas: da oferta e da demanda.

    Um mercado competitivo est em equilbrio quando o preo se move para um nvel em que a quantidade ofertada e a quantidade demandada de um bem so iguais. A esse nvel de preo, os desejos dos consumidores e dos produtores esto atendidos.

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    Mercado Agrcola I

    Unidade 2

    Como voc encontra o preo de equilbrio e a quantidade de equilbrio do caf?

    preciso combinar as curvas da demanda e da oferta em um mesmo grfico, conforme ilustrado na figura a seguir. Da mesma forma, deve combinar as informaes relativas s quantidades demandadas e ofertadas conforme aparecem na tabela e figura a seguir.

    Tabela 2.5 A demanda, a oferta e o equilbrio de mercado para caf

    Preo do caf (reais/unid.)

    Quantidade demandada de caf (bilhes de sacas)

    Quantidade ofertada de caf (bilhes sacas)

    Equilbrio, excedente (+) ou escassez ()

    4,00 10 14 (+) 4

    3,00 12 12 (Equilbrio) 0

    2,00 14 10 () 4

    1,00 16 8 () 8

    Fonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (D = 18 2P) e (O = 6 + 2P) (2011).

    Equilbrio (E)

    Quantidade de equilbrio

    Preo de equilbrio

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    8 10 12 14 16

    Preo do caf

    Quantidade de caf (bilhes)

    Oferta Demanda

    Figura 2.6 Equilbrio de mercado do cafFonte: Elaborao do autor, a partir de dados hipotticos (2011).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A interseo das curvas de oferta e demanda acontece no ponto E,