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1 MERCADO DE TRABALHO CEARENSE: DESEMPREGO E DESEMPREGADOS - QUEM SÃO ELES? Área 2: Mercados de trabajo Luís Abel da Silva Filho Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Mestre em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Pesquisador do Observatório das Metrópoles, núcleo da UFRN. Professor do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri – URCA. [email protected] Silvana Nunes de Queiroz Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ. Mestra em Economia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Doutoranda em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Bolsista FUNCAP. Professora Assistente do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri – URCA [email protected] Maria do Livramento Miranda Clementino Bacharela em Ciências Econômicas e em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN e em Sociologia e Política pela Fundação José Augusto. Mestra em Sociologia e Doutora em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Pós-doutora na Université Lumière, Lyon2. Professora Titular do Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN [email protected] Resumo: A discussão acerca do desemprego ganhou relativa dimensão, notadamente a partir dos anos de 1990, quando se registraram as maiores taxas de desemprego aberto já vistas no Brasil. Ao longo dos anos 2000, a ruptura à tendência dos anos pretéritos começou a dar os primeiros sinais a partir de 2004, com redução contínua do desemprego no país. Destarte, é pretensão deste artigo analisar o desemprego no Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recorte temporal analisado são os anos de 2001-2008. Como metodologia, além de uma revisão de literatura acerca do desemprego, utilizou-se o método de decomposição do desemprego, que permite através de técnicas de mensuração observar a participação de cada grupo na composição do desemprego total de uma região. O método de composição do desemprego permitiu observar que, ao longo dos anos analisados, ocorreu redução no estoque força de trabalho masculina, no estoque total de desempregados do estado, em detrimento da elevação do estoque feminino. Por outro lado, dinâmica oposta foi observada na RMF. Além do mais, constatou-se elevação da força de trabalho jovem com idade entre 15 a 24 anos no estoque total de desempregados, bem como redução da participação dos menos escolarizados (0 a 4 anos de estudo) no desemprego total, tanto no estado quanto na RMF. As evidências, portanto, permitem inferir que o mercado de trabalho cearense é seletista, o que torna determinados grupos mais vulneráveis, como é o caso de mulheres, não brancos, jovens e residentes, notadamente na RMF. Palavras-chave: Mercado de trabalho. Desemprego. Ceará. RMF.

MERCADO DE TRABALHO CEARENSE: DESEMPREGO E … de trabajo/47XI... · desemprego e forte incidência de trabalho precário nunca visto no país. Os problemas estruturais assim como

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MERCADO DE TRABALHO CEARENSE: DESEMPREGO E DESEMPREGADOS - QUEM SÃO ELES?

Área 2: Mercados de trabajo

Luís Abel da Silva Filho

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Mestre em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Pesquisador do

Observatório das Metrópoles, núcleo da UFRN. Professor do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri – URCA.

[email protected]

Silvana Nunes de Queiroz Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro –

UFRRJ. Mestra em Economia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Doutoranda em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Bolsista FUNCAP. Professora Assistente do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri –

URCA [email protected]

Maria do Livramento Miranda Clementino

Bacharela em Ciências Econômicas e em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN e em Sociologia e Política pela Fundação José Augusto. Mestra em Sociologia e Doutora em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Pós-doutora na Université Lumière, Lyon2. Professora Titular do Departamento

de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN [email protected]

Resumo: A discussão acerca do desemprego ganhou relativa dimensão, notadamente a partir dos anos de 1990, quando se registraram as maiores taxas de desemprego aberto já vistas no Brasil. Ao longo dos anos 2000, a ruptura à tendência dos anos pretéritos começou a dar os primeiros sinais a partir de 2004, com redução contínua do desemprego no país. Destarte, é pretensão deste artigo analisar o desemprego no Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recorte temporal analisado são os anos de 2001-2008. Como metodologia, além de uma revisão de literatura acerca do desemprego, utilizou-se o método de decomposição do desemprego, que permite através de técnicas de mensuração observar a participação de cada grupo na composição do desemprego total de uma região. O método de composição do desemprego permitiu observar que, ao longo dos anos analisados, ocorreu redução no estoque força de trabalho masculina, no estoque total de desempregados do estado, em detrimento da elevação do estoque feminino. Por outro lado, dinâmica oposta foi observada na RMF. Além do mais, constatou-se elevação da força de trabalho jovem com idade entre 15 a 24 anos no estoque total de desempregados, bem como redução da participação dos menos escolarizados (0 a 4 anos de estudo) no desemprego total, tanto no estado quanto na RMF. As evidências, portanto, permitem inferir que o mercado de trabalho cearense é seletista, o que torna determinados grupos mais vulneráveis, como é o caso de mulheres, não brancos, jovens e residentes, notadamente na RMF. Palavras-chave: Mercado de trabalho. Desemprego. Ceará. RMF.

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MERCADO DE TRABALHO CEARENSE: DESEMPREGO E DESEMPREGADOS - QUEM SÃO ELES?

1. Considerações iniciais O processo de integração da economia brasileira, no cenário da globalização mundial,

promoveu a reconfiguração do processo produtivo e inúmeras consequências para o mercado

de trabalho. No que concerne às reconfigurações da produção, ela passou da ótica da indústria

para os serviços, o que implicou na criação de postos de trabalho mais vulneráveis a riscos e

as tendências macroeconômicas nacionais (RAMOS, 2002). Nesse cenário, surgem novas

formas de contratação, além do acentuado desemprego nos anos de 1990 (POCHMANN,

1998; 1999; DEDECCA, 1998; BALTAR, 2003).

No contexto de reestruturação produtiva, paralelamente ao avanço da economia

brasileira na competitividade internacional, a força de trabalho foi utilizada como ajuste à

tendência global da produção. A desregulamentação do mercado de trabalho e ações do

mercado - no livre jogo entre contratador e contratado foram evidentes na economia do país

(JATOBÁ e ANDRADE, 1993). Assim, a década de 1990 consagra-se por elevadas taxas de

desemprego e forte incidência de trabalho precário nunca visto no país.

Os problemas estruturais assim como os institucionais1 permitiram o surgimento de

novas formas de contratação: em tempo parcial ou contratos sem registro em carteira. Por seu

turno, a dinâmica estrutural da produção foi marcada pela ausência de uma política de

desenvolvimento regional, em âmbito nacional, ocasionando a crescente disputa territorial por

investimentos via incentivos fiscais.

Essa conjuntura brasileira permitiu o processo de desindustrialização das regiões mais

ricas do país e a ampliação do parque industrial de unidades mais fragilizadas. Conforme

Cano (1997), Diniz (1995) e Pacheco (1999), esse processo ocorreu com maior intensidade

entre 1970-1985 e num menor ritmo pós 1985. Todavia, os postos de trabalhos criados nesse

processo destacam-se por serem, em boa medida, terceirizados, mal remunerados e de alta

rotatividade.

As regiões e estados beneficiados com a industrialização via incentivos fiscais

gozaram da elevação no número de unidades fabris e na geração de empregos. Entretanto, não

foi possível ficar incólume ao padrão de empregos gerados. Em regiões mais pobres, a

1 Define-se como a perda do poder de barganha do Estado e dos órgãos de defesa do trabalhador, em atuar em prol da força de trabalho, numa economia desregulada e de livre concorrência.

3

exemplo do Nordeste brasileiro, os postos de trabalhos mostraram-se, sobremaneira, mais

precários que os observados em regiões de maior envergadura, em sua capacidade produtiva e

em sua estrutura industrial (SILVA FILHO e QUEIROZ, 2011). Além disso, o desemprego

aberto metropolitano foi registrado com maior veemência nas regiões fragilizadas, além da

incidência do desemprego oculto pelo desalento e pelo trabalho precário (BASTOS, 2010).

No tocante ao desemprego, estudos empíricos têm mostrado elevada concentração em

grupos sociais mais vulneráveis, assim como em regiões mais propícias a esse fenômeno,

tanto em escala internacional (OSÓRIO DE ALMEIDA et al,1995; FUNKHOUSER, 1996)

quanto em âmbito nacional (BARROS, et al 1997; CORSEUIL et al, 1999; BASTOS, 2010).

Em escala regional, Silva Filho (2011) constatou forte incidência do fenômeno concentrado,

em sua grande maioria, em mulheres, jovens e não brancos, nas áreas metropolitanas de

Fortaleza, Recife e Salvador. Além disso, nessas mesmas regiões metropolitanas foram

registrados elevados índices de empregos informais ao longo dos anos 2000.

Ante isso, é pretensão deste artigo observar o mercado de trabalho no Ceará e na

Região Metropolitana de Fortaleza, destacando-se, sobremaneira, o desemprego e o perfil do

desempregado metropolitano e de todo o Estado. Para tanto, utilizam-se dados da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, para os anos de 2001-2008.

Quanto aos procedimentos metodológicos, observam-se as características

determinantes do desemprego na área de abrangência da pesquisa, a partir do método

utilizado por Corseuil et al, (1997), aplicado por Bastos (2010).

Para atingir os objetivos propostos pelo estudo, o artigo está assim estruturado: além

destas considerações iniciais, a segunda seção apresenta uma breve revisão de literatura

acerca do desemprego e da vulnerabilidade de alguns grupos sociais na América Latina e no

Brasil; a terceira seção reporta-se ao mercado de trabalho cearense e a sua estrutura; a quarta

seção faz a análise descritiva dos dados para o estado do Ceará e da RMF; em seguida, a

quinta seção apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para observar a

composição do desemprego; na sexta analisam-se os resultados da pesquisa e, por último,

chega-se às considerações finais.

2. Desemprego e vulnerabilidade no mercado de trabalho: algumas considerações2

2 O Ministério do Trabalho e do Emprego chama atenção para o cuidado que se deve ter ao qualificar o conceito de vulnerabilidade no mundo do trabalho. Isto porque, em geral, o que se observa em inúmeros estudos é a pouca ou nenhuma discussão do seu significado conceitual. Nesse sentido, o MTE (2007), interpreta/entende que “as

4

Analisar o desemprego nas economias em desenvolvimento sugere, sempre, a

retomada do discurso acerca da reestruturação produtiva e dos seus impactos sobre o mercado

de trabalho na periferia do capitalismo mundial3. Diante disso, com o avanço do capitalismo

global, guiado pela busca de novos mercados e por condições de produção pautadas por

baixos custos, além do avanço da ideologia de Estado mínimo e das ações do sistema

neoliberal, o mercado de trabalho é massificado pela livre ação entre oferta e demanda, sendo

o preço da mão-de-obra, em muitos casos, fator determinante para atração de recursos de

capital.

Desse modo, com a reestruturação baseada na livre mobilidade de capitais, com o

avanço da tecnologia de ponta, desencadeada pela robótica e pela microinformática, as

economias menos desenvolvidas são afetadas, tanto na concorrência por mercados quanto na

desocupação da força de trabalho mais vulnerável. Essas transformações radicais nos

paradigmas da produção foram necessárias para ganhos de escala e de escopo e para

ampliação do sistema capitalista pelo mundo. No entanto, cabe destacar que os problemas

para o mercado de trabalho foram de grande intensidade, surgindo com isso, novas formas de

contratação, redução de empregos com carteiras e contratação por hora.

O papel do Estado regulador perdeu espaço na dimensão da livre mobilidade de

capitais e dos mercados em livre concorrência. Os resultados mais catastróficos dessas ações

foram observados no mercado de trabalho e, sobremaneira, nos grupos sociais mais

vulneráveis a tais ações. Tanto o emprego precário quanto o desemprego aberto em escala

elevada assolaram as economias menos desenvolvidas e os grupos étnicos menos protegidos

em países em desenvolvimento. O resultado da ausência do estado, da perda de barganha do

poder sindical e da desregulamentação das leis do trabalho foi sentido, sobretudo, nos

períodos de crescimento econômico crítico.

Diante disso, em todo o mundo em desenvolvimento, assistiu-se à elevação dos

contratos informais de trabalho e consequentemente à redução dos postos com registros em

carteira de trabalho. Paralelamente, o desemprego assolou essas economias e acentuou

situações de vulnerabilidade no mercado de trabalho [são] determinadas pela situação desvantajosa de grupos ou indivíduos em relação à posse desses ativos/atributos (físicos, pessoais e sociais), [e] podem ainda ser agravadas pelas superposições possíveis das diversas dimensões de vulnerabilidade. Neste sentido, é necessário que as situações de vulnerabilidade sejam expressas por indicadores capazes de captar essas superposições e também de revelar como ou em que intensidade cada uma dessas dimensões afetam a situação de vulnerabilidade no mundo do trabalho”. (MTE-DIEESE, 2007, p.26-27). 3 Não é pretensão deste estudo entrar na imensidão da seara da globalização e da reestruturação produtiva, apenas se faz menção para os possíveis impactos na qualidade dos postos de trabalho e do desemprego estrutural, por ela causado.

5

problemas de ordem sociais já elevados. Funkhouser (1996) e Marcoullier et al (1997)

observaram que a informalidade no mercado de trabalho tem maior dimensão para a

População Economicamente Ativa feminina, não branca, idosa e muito jovem. Essas

características resultam da seletividade do mercado de trabalho e do crescimento na oferta de

emprego inferior ao crescimento da PEA desses países.

Pela mesma ótica, Márquez e Pages (1998), Freije (2001) e Corbacho (2002)

acompanharam o mercado de trabalho em países latino-americanos e constataram que, além

do sexo, a idade da PEA é determinante na busca e manutenção de uma vaga no mercado de

trabalho. A mão-de-obra feminina, conforme os autores, têm maiores possibilidades no

mercado informal de trabalho, além disso, elas são mais expostas ao desemprego.

Essas características são, portanto, determinantes do desemprego em países em

desenvolvimento. Ozório de Almeida et al (1995) observou em países latino-americanos, que

a raça/cor é requisito que influencia a consecução vaga no mercado de trabalho, sendo, pois,

os não brancos maioria relativa no contingente populacional de desempregados, além de

serem eles maioria relativa no estoque de empregados na informalidade. Trata-se, porém, de

um mercado de trabalho excludente e seletista, onde a força de trabalho é massificada diante

de características étnicas, caso em que o desemprego e o subemprego afetam, em maior

escala, os grupos sociais já citados.

Hirata (2009) observou que as mulheres são minorias nos postos de trabalhos de maior

projeção social, além de encontrarem maiores dificuldades em ingressar no mercado de

trabalho formal. Os estudos empíricos de Corseuil et al (1997), Corseuil (1999) e Bastos

(2010), dentre outros, também para o Brasil, demonstram a incidência do desemprego,

sobremaneira para idosos, jovens e mulheres, além da localização regional de a PEA

determinar o desemprego e o seu tempo de permanência. Corroborando tais achados, Bastos

(2010) constata elevadas taxas de desemprego aberto, desemprego oculto pelo desalento e

desemprego oculto pelo trabalho precário, com maior incidência nos grupos étnicos e etários

anteriormente citados.

Conforme Barros et al (1997), cabe ainda destacar a diferença gritante do desemprego

entre os grupos sociais no Brasil, o que em seu contexto histórico já era evidenciada. Para o

autor, mesmo que o histórico brasileiro de desemprego tenha se mantido com registros de

baixas taxas até o início dos anos de 19904, é possível que, mesmo nesse período, as taxas de

4 Corseuil et al (1999) propõe que a economia brasileira é caracterizada em seu percurso histórico com baixas taxas de desemprego, além da baixa produtividade marginal do trabalho (até década de 1980). Nesse caso, a reestruturação produtiva pode ter elevado o desemprego, dado, sobretudo, pela elevação da produtividade

6

desemprego agregadas tenham ocultado o problema do desemprego por grupos sociais, que

divergem acentuadamente nas economias em desenvolvimento.

No caso do Nordeste metropolitano, estudos recentes5 têm demonstrado elevados

índices de empregos informais, que atingem principalmente mulheres, não brancos, jovens e

idosos, além das elevadas taxas de desemprego aberto, que atingem, sobremaneira, os grupos

sociais já citados. Ante isso, percebe-se que os estudos empíricos, para as economias em

desenvolvimento, convergem no que concerne ao desemprego. Há, portanto, discriminação e

segregação no mercado de trabalho, e a população mais vulnerável tem as mesmas

características sócio-econômicas e demográficas, notando-se ainda que, a diferenciação

regional acentua ainda mais as diferenças entre aqueles que estão ou que experimentam

constantemente o desemprego.

3. Ceará: vulnerabilidade no mercado de trabalho, desemprego e emprego

As transformações estruturais da produção e do trabalho são responsáveis pela nova

dinâmica do mercado de trabalho brasileiro. Esse fenômeno de precarização do trabalho e de

segregação e discriminação do trabalhador vem afetando sobremaneira as economias em

desenvolvimento. No caso brasileiro, estudos empíricos têm demonstrado a intensidade desse

fenômeno, além de evidenciar o desemprego diferencial por região do país (CORSEUIL et al,

1999). O Nordeste apresenta, sobremaneira, elevado diferencial tanto de estrutura produtiva

quanto da performance ocupacional da força de trabalho.

O estado do Ceará não ficou incólume ao processo de segregação e discriminação no

mercado de trabalho, acentuando as diferenças de rendimentos por raça/cor e sexo (MIRO e

SULIANO, 2010; APARICIO e QUEIROZ, 2011), além de aglomerar maior contingente de

desempregados nas mesmas características e somar ainda a questão da idade (SILVA FILHO,

2011; APARICIO e QUEIROZ, 2011). Além disso, no Ceará, é possível observar o

diferencial de rendimento médio nos mesmos segmentos, comparando-se a RMF e o interior

do estado. Silva Filho e Queiroz (2009a) observaram que, em 2006, enquanto somente 7,28%

dos ocupados na indústria formal na RMF recebiam rendimento de até 1 salário mínimo, no

restante do estado esse percentual era de 14,16%. Somando-se a isso 82,90% na RMF e

90,88% no interior do estado, o rendimento chegava até 2 salários mínimos no setor em

questão. Com esses dados, percebe-se a diferença regional dentro da mesma unidade da

marginal do trabalho, somando-se a inovação tecnológica utilizadas no processo de produção. Com isso, assistiram-se nos anos de 1990, as mais elevadas taxas de desemprego aberto já registradas no Brasil. 5 Ver, por exemplo, Silva Filho (2011) e Aparicio e Queiroz (2011).

7

federação, como também o baixo rendimento médio do trabalho no segmento que, além de ser

formal é, em tese, o que melhor remunera, ou remunerava em anos pretéritos em todo o país.

Chama atenção a baixa taxa de formalidade nos postos de trabalho na RMF na

comparação com outras RMs do Nordeste. Silva Filho (2011), utilizando dados da PNAD

para o período de 2001-2008, observou que, embora a RMF tenha a menor taxa de

desemprego, se comparada à Região Metropolitana de Recife e Salvador, nela concentra-se a

maior taxa de informalidade, bem como o menor rendimento médio entre os ocupados nas

categorias selecionadas para o estudo6. Além disso, há diferenças entre a formalidade e

informalidade, considerando-se sexo, raça/cor e idade da PEA, principalmente entre o

metropolitano e o interior do Ceará.

No caso específico do estado do Ceará, conforme a Figura 1, que apresenta a

população ocupada por condição de proteção no trabalho no Ceará e na RMF, constata-se que

entre os anos de 2001 a 2008 houve redução das taxas de desemprego tanto metropolitano

quanto de todo o estado. Além do mais, reduziu-se, embora levemente, a participação dos

ocupados sem carteira em detrimento daqueles com contratos formais de trabalho.

23,1 24,2 24,1 25,3 24,9 25,9 27,8 28,4

39,6 41,9 42,3 42,8 42,5 42,9 43,4 43,2

76,9 75,8 75,9 74,7 75,1 74,1 72,2 71,6

60,4 58,1 57,7 57,2 57,5 57,1 56,6 56,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Protegido Ceará Protegido RMF Não-protegido Ceará Não-protegido RMF

Figura 1: População ocupada por condição de proteção no trabalho segundo o ano de referência - Ceará e RMF - 2001-2008 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE 6 Ver Silva Filho (2011), Mercado de trabalho e estrutura sócio-ocupacional: estudo comparativo entre as regiões metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador – 2001-2008. (Dissertação de Mestrado em Economia) <http: www.observatoriodasmetropoles.net/download/dissertacao_luis_abel.pdf>.

8

Quando se observa a formalidade dos postos de trabalho é evidente a menor taxa de

participação no Estado, em detrimento da RMF. Em 2001, quando a PNAD foi a campo,

encontrou apenas 23,1% de ocupados protegidos no estado do Ceará, enquanto esse

percentual se elevava para 39,6% na RMF. Em 2008, o percentual de protegidos no trabalho

eleva-se para 28,4% no âmbito estadual e para 43,2% no tecido metropolitano. Vale frisar que

o crescimento de 5,3% na população ocupada e protegida no estado e de 3,6% na RMF no

período em análise, pode estar relacionado à interiorização das atividades produtivas via

políticas de interiorização das indústrias cearenses, a partir das ações do Fundo de

Desenvolvimento Industrial do Ceará – FDI7. Por seu turno, a dinâmica econômica

metropolitana, com maior concentração de ocupações estatutárias, militares e industriais, por

assim dizer, permite observar maior percentual de proteção no trabalho na RMF, em

comparação às áreas interioranas do estado8.

Ainda na Figura 1, é possível observar a leve tendência que segue o mercado de

trabalho em reduzir a participação dos ocupados sem carteira e elevar a participação dos

contratos formais de trabalho tanto em nível estadual quanto metropolitano. Sem dúvida, a

melhoria nos indicadores econômicos do país, observadas a partir de 2004, tem sido

responsável pela criação de postos de trabalho com vínculos formais (REMY, QUEIROZ e

SILVA FILHO, 2010). Nesse contexto, o Ceará tem acompanhado a tendência observada em

nível nacional e regional, embora seu crescimento relativo, na criação de postos formais de

trabalho, seja inferior ao observado em unidades com padrões de produção semelhantes9.

Essa seção apresentou algumas considerações acerca do mercado de trabalho cearense,

com ênfase no estado e na RMF. Levaram-se em consideração diferenças regionais e

abordaram-se alguns achados que relatam a discriminação por sexo, raça/cor e idade da PEA.

A seção que segue aborda o foco central desse estudo – o desemprego no Ceará e na RMF,

para em seguida apresentar os seus determinantes.

4. Estatísticas do desemprego recente no Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza: 2001-2008 O desemprego no estado do Ceará tem dinâmica acoplada às variações

macroeconômicas nacionais. Na Figura 2, observa-se que o ano de maior incidência de

desemprego no estado e na RMF foi 2003 Justamente nesse ano, o Brasil registrou a menor

7 Para melhor compreensão ver Pontes, Vianna e Holanda (2006); Silva Filho e Queiroz (2009b) 8 Na figura 1, considera-se formal os trabalhadores com carteira de trabalho assinada, além dos empregadores com previdência e dos militares e estatutários. 9 Nesse caso, refere-se aos estados da Bahia e de Pernambuco.

9

taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (1,1%) na década de 2000 (BASTOS, 2010), e

o Ceará também apresentou baixo crescimento (1,4%) no seu PIB (IPECE, 2011).

Por outro lado, a partir de 2004, verifica-se tendência de redução nas taxas de

desemprego no estado e na RMF. Porém, constata-se que o desemprego metropolitano ao

longo da série estudada, sempre foi superior ao do estado.

Durante os anos observados, o desemprego aberto no Ceará foi sempre de um dígito,

diferentemente da RMF, que, somente no ano de 2008 alcançou tal resultado (FIGURA 2).

Nesse último ano, a PNAD encontrou apenas 6,2% da PEA do estado desempregada e 8,7%

na RMF. Cabe relatar que houve redução do desemprego aberto na área de estudo quando

comparado o primeiro ao último ano da série. A RMF reduz de 11,9% em 2001 para 8,7% em

2008 o percentual de desempregados. Já o estado passa de 7,1% para 6,2% entre 2001 e 2008,

respectivamente.

7,17,9 8,1 7,7 7,8 7,5

6,96,2

11,9

13,5 13,613,1 12,9

12,011,4

8,7

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Ceará RMF

Figura 2: Percentual de desempregados no Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza – 2001-2008 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE Quando se analisa o desemprego segundo o sexo, os dados da Figura 3 revelam as

maiores taxas para as mulheres na RMF e as menores para os homens em todo o estado. É

possível, portanto, observar que ocorreu redução das taxas de desemprego do primeiro para o

último ano analisado para ambos os sexos e em ambas as áreas estudadas. Em 2001, enquanto

a taxa de desemprego masculina no estado do Ceará era de 6,2%, na RMF o desemprego

10

atingia 10,4% da população do mesmo sexo. Ainda em 2001, o desemprego feminino foi

superior ao masculino em todo o estado (8,2%) e inferior ao feminino na RMF (13,8%).

6,2 6,3 6,4 6,2 6,4 6,45,7 5,3

10,411,5 11,3 11,5 11,1 10,7

9,9

7,78,2

10,0 10,49,6 9,6

9,08,5

13,8

15,816,6

15,0 15,0

13,613,1

10,0

7,4

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mas - Ceará Mas - RMF Fem - Ceará Fem - RMF

Figura 3: Percentual de desempregados segundo o sexo - Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza – 2001-2008 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE O comportamento das taxas de desemprego permaneceu com leves alterações ao longo

dos oito anos em observação, reduzindo-se levemente, para o sexo masculino e feminino,

tanto na UF quanto na Região Metropolitana. O desemprego metropolitano feminino, que

atingiu 13,8% dessa PEA em 2001, reduz-se para 10,0% em 2008, enquanto para todo o

estado, essa redução foi de 8,2 para 7,4%. Para a PEA masculina, o desemprego no estado

caiu de 6,2% para 5,3% e, na RMF, de 10,4% para 7,7%, em 2001 e 2008, respectivamente.

Quando se observa o desemprego segundo a raça/cor, os dados mostram redução das

taxas de desempregos tanto para brancos quanto para não brancos, em ambas as áreas

analisadas, entre 2001 a 2008. Contudo, cabe destacar que, ao comparar o percentual de

desempregados para o Ceará, no primeiro ano, a PEA branca era de 6,4% e de 7,4% para a

PEA não branca. Na RMF o percentual de desocupados segundo as mesmas características

demográficas eram de 10,3% para o primeiro grupo e 13,1% para o segundo em 2001.

Na Região Metropolitana o maior índice de desemprego foi registrado para o grupo de

não brancos em 2003 (14,8%), já para os brancos a maior taxa registrada ocorreu no ano de

2002 (8,2%), não sendo superior a um dígito em nenhum ano. No caso do estado, os dados

revelam o pior desempenho do mercado de trabalho para a PEA de cor branca em 2003

(7,7%) e para a não branca (8,2%) no mesmo ano.

11

6,47,2 6,9 7,3 7,5

10,3

11,7 11,3 11,2 11,210,5 10,9

7,48,2 8,1 8,1

7,5

13,1

14,4 14,814,3

13,812,8

11,7

5,76,6

7,7

8,57,08,2

6,3

8,6

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Branco - Ceará Branco - RMF Não-branco - Ceará Não-Branco - RMF

Figura 4: Percentual de desempregados segundo a raça/cor - Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza – 2001-2008 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE Entre 2001 e 2008, os dados mostram redução de 13,1% para 8,6% no percentual de

não brancos desempregados na RMF, sendo esse o movimento mais acentuado; e, de 10,3%

para 8,5%, a redução do percentual de desempregados brancos na mesma região. No estado

como um todo, o desemprego da PEA não branca baixou de 7,4% para 6,3%, do primeiro para

o último ano, bem como de 6,4% para 5,7% da PEA que se declararam brancos à PNAD nos

mesmos anos.

Para se observar o nível que atingiu o desemprego no Ceará e na RMF, segundo a

idade da PEA, os dados plotados na Tabela 1 mostram que, em todas as faixas etárias e em

todos os anos observados, o desemprego metropolitano foi superior ao de todo o estado, indo

de encontro à teoria.

As maiores taxas de desemprego estadual e metropolitano incidiram sobre a PEA com

idade entre 15 e 24 anos em todos os anos observados. O desemprego metropolitano chegou a

atingir 27,0% deles na RMF, em 2004. Em todo o estado, a maior taxa foi de 16,5% em 2006.

Todavia, para essa faixa etária, os dados ratificam o encontrado na literatura para países

latino-americanos (MÁRQUEZ e PAGES, 1998; FREIJE, 2001; e, CORBACHO, 2002) e

para o Brasil (BARROS et al (1997); BASTOS, 2010), sendo, portanto, convergentes os

resultados encontrados nesse estudo aos demais aqui citados.

12

Há, todavia, a necessidade de se considerar a trajetória diferenciada das taxas de

desemprego segundo a idade da PEA. No estado do Ceará, elevou-se o desemprego para

aqueles com idade entre 10 e 14 anos, movimento diferente do observado na RMF que,

contrariamente, reduziu o percentual quando comparado o primeiro ao último ano. Para as

demais faixas etárias, registrou-se redução do desemprego tanto em nível estadual quanto

metropolitano, entre 2001 e 2008.

Tabela 1: Percentual de desempregados segundo e faixa etária - Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza – 2001-2008

De 10 a 14 De 15 a 24 De 25 a 39 De 40 a 59 60 anos ou mais

Ano

Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF 2001 2,7 8,6 14,6 22,7 6,4 9,9 3,5 6,4 0,9 4,4 2002 5,0 12,6 15,8 26,2 7,2 11,2 3,4 6,1 0,7 2,5 2003 3,6 14,1 15,9 26,0 7,4 11,5 3,9 6,8 1,5 4,6 2004 3,0 6,0 15,4 27,0 6,8 10,7 3,8 6,2 1,2 3,4 2005 4,1 12,7 16,4 26,7 6,9 10,9 3,9 5,9 0,8 1,4 2006 2,6 11,1 16,5 25,6 6,9 9,8 3,2 5,7 0,8 2,3 2007 3,4 15,9 14,1 23,1 6,6 9,9 3,0 5,6 1,6 2,7 2008 4,6 7,9 13,7 19,8 5,9 7,2 2,4 3,8 1,2 1,6

Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE

Impõe-se, porém, destacar que, contrariando o amplamente difundido na literatura

acerca do desemprego e os seus impactos segundo as faixas etárias, no estado do Ceará e na

RMF, os menores índices de desemprego encontrados foram para a PEA com idade de 60

anos ou mais. Todavia, conforme Silva Filho (2011), 80,9% dos ocupados nessa faixa etária

estavam desprotegidos no trabalho no ano de 2008.

Quanto ao desemprego segundo os anos de estudo da PEA, os dados da Tabela 2

apontam para menores percentuais de desempregados, exatamente para aqueles com menos

anos de estudo. Esse resultado é, portanto, condicionado por fatores inerentes ao mercado de

trabalho local, além das condições de trabalhos aceitas por tais indivíduos. Para a população

com escolaridade entre 0 e 4 anos de estudo, o desemprego afetava 3,9% e 9,1% no estado e

na RMF, respectivamente, no ano de 2001, reduzindo-se para 2,8% e 5,2% em 2008,

respectivamente. Por outro lado, são eles que ocupam os maiores percentuais de

desprotegidos no trabalho, chegando a atingir 78,2% em 2008, na RMF, sendo ainda o maior

percentual de desprotegidos entre as RMs do Nordeste (SILVA FILHO, 2011).

Para aqueles com escolaridade entre 5 e 8 anos de estudo, observou-se redução das

taxas de desemprego tanto no âmbito estadual quanto metropolitano, quando se compara 2001

13

a 2008. Para tanto, o desemprego na RMF atingiu mais de um dígito em quase todos os anos,

à exceção de 2008 (8,7%), sendo que somente em 2001 (10,2%) esse percentual superou um

dígito em todo o estado cearense.

Tabela 2: Percentual de desempregados segundo e faixa de escolaridade - Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza – 2001-2008

De 0 a 4 De 5 a 8 De 9 a 11 12 para cima Ano

Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF 2001 3,9 9,1 10,2 14,3 12,1 14,3 5,8 7,5 2002 4,4 11,2 9,3 13,1 14,3 17,3 5,2 7,6 2003 4,4 10,2 9,8 15,6 14,1 16,9 6,0 6,3 2004 4,0 9,3 8,9 15,0 13,2 16,5 6,7 8,0 2005 3,9 8,7 9,5 13,6 13,6 17,9 4,7 5,9 2006 3,9 8,7 8,6 12,9 12,0 15,2 6,0 6,7 2007 3,1 7,3 7,3 12,0 11,8 14,8 5,5 7,4 2008 2,8 5,2 6,8 8,7 10,0 11,2 6,0 7,2

Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE

A PEA com escolaridade entre 9 e 11 anos de estudo experimentou as maiores taxas

de desemprego aberto no período analisado. Em todos os anos observados, o desemprego foi

de dois dígitos tanto no estado quando na RMF. Seja pela busca de emprego com melhores

condições de trabalho, seja pela não aceitação de empregos precários ou pela pouca

oportunidade de empregos para mão-de-obra qualificada, o fato é que o desemprego foi

substancialmente elevado exatamente para aqueles com nível de escolaridade considerável

tanto no tecido metropolitano quanto em todo o estado.

Já a PEA com 12 anos ou mais de estudo experimentaram desemprego somente

superior àqueles com os menores índices de escolaridade. No estado do Ceará, a taxa de

desocupados saiu de 5,8% em 2001, para 6,0% em 2008, mostrando leve aumento do primeiro

para o último ano analisado. Já na RMF, embora superior ao observado em todo o estado, o

movimento foi contrário, caindo de 7,5%, em 2001, para 7,2%, em 2008.

5. Procedimentos metodológicos Neste estudo utiliza-se o método proposto por Corseuil (1997) e replicado por Bastos

(2010). Para tanto, a fonte de dados utilizada por Corseuil (1997) foi a Pesquisa Mensal de

Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, enquanto Bastos

(2010) recorreu aos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do

DIEESE/SEADE. Por seu turno, nessa investigação, a base usada para a composição do

14

desemprego é calculada a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do

IBGE.

A área de abrangência da pesquisa compreende o desemprego em todo o estado do

Ceará, localizado na região Nordeste do Brasil e na Região Metropolitana de Fortaleza. a

escolha do estado foi motivado pelo relativo desempenho econômico que o mesmo vem

demonstrando nos últimos anos e por apresentar, no ano de 2008, durante a crise econômica

mundial, a menor taxa de desemprego entre os estado da região. Parte-se do pressuposto de

que o desemprego metropolitano é mais acentuado, seja pelo fato da aglomeração

populacional em busca de maiores oportunidades de trabalho concentrarem-se nestas

localidades ou pela existência de maiores possibilidades de emprego no tecido metropolitano

brasileiro, que apresenta elevada concentração de atividades produtivas.

Figura 5: Estado do Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza – RMF10.

Fonte: mapa adaptado a partir do Atlas do Desenvolvimento Humano da PNUD. Para a construção da composição do desemprego, foram utilizadas as seguintes

variáveis:

10 Nesse estudo, os municípios considerados na composição da RMF são: Fortaleza, Caucaia, Aquiraz, Pacatuba, Maranguape, Maracanaú, Eusébio, Guaiúba, Itaitinga, Chorozinho, Pacajus, Horizonte e São Gonçalo do Amarante.

15

� Estoque total de desempregados: pessoas que se declararam desempregadas na semana

de referência da pesquisa;

� Estoque de desempregados segundo o sexo: masculino e feminino;

� Estoque de desempregados segundo a raça/cor: branco e não branco, sendo que não

brancos são compostos por pretos e pardos (foram excluídos dessa amostra amarelos e

indígenas);

� Estoque de desempregados segundo a faixa etária: 10 a 14; 15 a 24; 25 a 39; 40 a 59;

60 ou mais anos;

� Estoque de desempregados segundo os anos de estudo: 0 a 4; 5 a 8; 9 a 11; 12 ou mais

anos.

A metodologia proposta por Corseuil et al (1997) investigou as metrópoles brasileiras,

no período que compreende os anos de 1986 e 1995; e, posteriormente, Bastos (2010)

replicou-a para as metrópoles brasileiras e para o Distrito Federal, na série temporal entre

1999 e 2007. Nesse estudo, além de outra fonte de dados utilizada pelos autores, o lócus de

pesquisa é o estado do Ceará e a RMF.

Destarte, o desemprego de um grupo populacional de uma região pode ter a seguinte

decomposição:

UNNPPPiPiNiNiUiUUi /*/*/*/*// = (1)

Onde,

U = estoque de desempregados total no estado do Ceará e na RMF nos anos selecionados

(2001-2008);

Ui = assume o caráter de estoque de desempregados do grupo i no estado do Ceará e na RMF;

N = número de membros da PEA total no estado do Ceará e na RMF;

Ni = número de membros da PEA do grupo i tanto no estado quanto na RMF;

P = representa o número de membros da PIA total no estado do Ceará e na RMF no período

em análise.

Pi = denominado como o número de membros da PIA do grupo i;

A partir da equação 1, reescreve-se a equação 2 da forma que se segue:

16

P

Pi

PN

PiNi

NU

NiUiUUi *

/

/*

/

// = (2)

Transformando-se os dados da equação (2) em logaritmos naturais, pode-se captar o

efeito elasticidade na decomposição dos fatores que afetam o desemprego.

Dessa forma, tem-se:

)/()]/()/([)]/()/([)/( PPiLnPNLnPiNiLnNULnNiUiLnUUiLn +−+−= (3)

Com esta expressão temos as variações expressas da seguinte forma:

)/()]/()/([)]/()/([)/( PPiLnPNLnPiNiLnNULnNiUiLnUUiLn ∆+∆−∆+∆−∆=∆ (4)

Apresentado o método, a expressão (4) propõe observar a variação da participação do

grupo i no estoque de desempregados de uma região. Interpretando Corseuil et al (1997) e

Bastos (2010), a participação dos desempregados de um determinado grupo i em uma

determinada região está diretamente relacionada à variação do peso deste grupo populacional

na PIA da região; a taxa de participação da força de trabalho do grupo i na taxa da

participação da força de trabalho da região; a participação da taxa de desempregos i em

relação a taxa total de desempregados existentes na região.

Diante dos procedimentos aqui adotados, os resultados da pesquisa estão expostos na

seção que se segue.

6. Evolução da participação no desemprego e os seus componentes no Ceará e na Região

Metropolitana de Fortaleza - 2001 e 2008

Diante dos dados aqui plotados, pode-se observar que houve redução da participação

masculina no desemprego no estado do Ceará. Para tal resultado, todos os fatores colaboraram

para tal declínio, com exceção da variação do peso do grupo da PIA do estado, que se elevou

nos anos observados (0,0104). Contrariamente ao verificado para os homens, no caso das

mulheres, os resultados revelam elevação de sua participação no desemprego no estado. Para

elas, o único fator que levemente contribuiu para retirá-las do desemprego foi a variação da

PIA feminina, que em sentido oposto ao observado para os homens, diminuiu -0,0095 no

período em foco. Já o comportamento da taxa de desemprego do grupo (0,0203), assim como

17

o comportamento da taxa de participação da força de trabalho feminina no estado (0,0339)

elevaram-se, provocando o aumento da participação delas no desemprego em nível estadual.

Tabela 3: Evolução da participação segundo o sexo no desemprego e os seus componentes - Ceará e RMF - 2001 e 2008

Ceará RMF Descrição Masculino Feminino Masculino Feminino

∆ ln ( UUi / ) -0,0468 0,0446 0,0058 -0,0054 ∆ ln ( NiUi / )- ∆ ln ( NU / ) -0,0281 0,0203 0,0102 -0,0107 ∆ ln ( PiNi / )- ∆ ln ( PN / ) -0,0291 0,0339 -0,0241 0,0222 ∆ ln ( PPi / ) 0,0104 -0,0095 0,0197 -0,0169 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE.

Na RMF, como pode ser observado, ocorreu elevação da participação da força de

trabalho masculina no estoque de desempregados. Nesse caso, tanto o comportamento da taxa

de desemprego do grupo (0,0102) em relação ao desemprego da região, quanto a variação do

peso do grupo (0,0197) na PIA na região corroboraram o resultado. Diante disso, somente o

comportamento da taxa de participação da força de trabalho do grupo em relação à força de

trabalho da região impactou positivamente no sentido de reduzir a participação deles no

estoque total de desempregados (-0,0241). Já para as mulheres, registrou-se redução da

participação delas no estoque total de desempregados na RMF. Para tanto, o comportamento

da taxa de desemprego feminino (-0,0107) em relação ao desemprego total, assim como a

variação do peso do grupo (-0,0169) na PIA da região responderam por tal efeito.

Em relação ao estoque de desempregados segundo a raça/cor, observou-se redução

tanto de brancos quanto de não brancos, tanto no Ceará quanto na RMF, variando apenas a

intensidade. Mas a redução da PEA branca (-0,0324) no estoque total de desempregados no

estado foi significativamente superior ao observado para os não brancos (-0,0062). No caso

do primeiro, somente a variação do peso do grupo na PIA da região corroborou tal resultado,

o que foi significativo, já que tanto o comportamento da taxa de desemprego do grupo em

comparação com a taxa de desemprego do estado quanto o comportamento da taxa de

participação da força de trabalho do grupo em comparação com o da taxa de participação na

força de trabalho no estado contribuíram em sentido contrário, ou seja, para elevá-los no

desemprego. Já para o segundo grupo, somente a variação do peso do grupo na PIA da região

agiu em sentido contrário.

18

Tabela 4: Evolução da participação segundo a raça/cor no desemprego e seus componentes - Ceará e RMF - 2001 e 2008

Ceará RMF Descrição Branco Não-branco Branco Não-branco

∆ ln ( UUi / ) -0,0324 -0,0062 -0,0633 -0,0108 ∆ ln ( NiUi / )- ∆ ln ( NU / ) 0,0194 -0,0265 0,1246 -0,1058 ∆ ln ( PiNi / )- ∆ ln ( PN / ) 0,0100 -0,0058 0,0068 -0,0182 ∆ ln ( PPi / ) -0,0618 0,0260 -0,1947 0,1132 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE Nota 1: Não branco corresponde à pretos e pardos.

Na RMF, somente a variação do peso do grupo de brancos na PIA da região contribuiu

para a redução deles no estoque de desempregados, sendo que os demais fatores

movimentaram de forma a elevar o desemprego. Já para os não brancos, tanto o

comportamento da taxa de desemprego do grupo em relação ao desemprego total, bem como

o comportamento da taxa de participação da força de trabalho do grupo em comparação com o

da taxa de participação da força de trabalho da região colaboraram para a redução dos não

brancos no estoque total de desempregados.

Quanto à composição do estoque de desempregados por faixa etária, os dados da

Tabela 5 mostram que, para o primeiro grupo etário (10 a 14 anos), no estado do Ceará, se

elevou a participação relativa deles no estoque de desempregado. Isto porque aumentou

significativamente o comportamento da taxa de desemprego do grupo em relação à taxa de

desemprego da região e, nesse caso, mesmo que os dois outros fatores tenham colaborado em

declinação, tal fato não foi o suficiente.

Já na RMF, a participação no estoque total de desempregado, nessa faixa etária,

apresentou redução. Para tal, tanto o comportamento da taxa de participação da força de

trabalho do grupo em relação à força de trabalho da região, bem como a variação do peso

deles na PIA da região variando negativamente fizeram reduzir relativamente o estoque total

de desempregados.

Tabela 5: Evolução da participação segundo a faixa etária no desemprego e seus componentes - Ceará e RMF - 2001 e 2008

De 10 a 14 De 15 a 24 De 25 a 39 De 40 a 59 De 60 anos ou mais Descrição Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF

∆ ln ( UUi / ) 0,090 -0,539 0,001 0,082 -0,003 -0,081 -0,027 -0,004 0,172 -0,538 ∆ ln ( NiUi / )-

∆ ln ( NU / ) 0,287 0,219 0,027 0,179 0,021 -0,004 -0,098 -0,202 0,156 -0,722 ∆ ln ( PiNi / )-

∆ ln ( PN / ) -0,131 -0,631 -0,002 -0,011 0,000 0,020 0,004 0,004 -0,029 -0,019 ∆ ln ( PPi / ) -0,065 -0,127 -0,024 -0,087 -0,023 -0,097 0,068 0,193 0,045 0,203 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE

19

No caso da faixa etária que compreende a PEA desocupada com idade entre 15 e 24

anos, observa-se elevação deles no estoque total de desempregados tanto no estado quanto na

RMF. Em todo o estado, a elevação deles ocorreu em menor intensidade (0,001) do que o

observado na RMF (0,082). Além disso, não só em âmbito estadual como também

metropolitano, apenas o comportamento da taxa de participação da força de trabalho do grupo

em comparação com o da taxa de participação na força de trabalho na região foi suficiente

para elevar o estoque deles no desemprego.

Por outro lado, constatou-se redução do desemprego da PEA para o grupo de idade

entre 25 a 39 anos no estoque total de desempregados tanto metropolitano quanto estadual.

Nesse último, somente a variação do peso do grupo na PIA da região concorreu para tal

resultado. Mas na RMF responderam por esse resultado tanto o fator citado quanto o

comportamento da taxa de desemprego do grupo em comparação ao da taxa de desemprego

da região.

Para a PEA desocupada com idade entre 40 e 59 anos assiste-se à redução da

participação deles no estoque total de desempregados ao longo dos anos observados tanto no

estado (-0,027) quanto na região metropolitana (-0,004). Para tanto, apenas o comportamento

da taxa de desemprego do grupo em comparação ao da taxa de desemprego da região teve

referência. Já na faixa etária que compreende a PEA desempregada com idade de 60 anos ou

mais, no estado do Ceará verificou-se a elevação da participação deles no estoque total de

desempregados (0,172), diferentemente da RMF em que ocorreu movimento contrário (-

0,538). No Ceará, somente o comportamento da taxa de participação na força de trabalho do

grupo em comparação ao da força de trabalho da região variou de forma a reduzir o estoque

de desempregados, o que não foi suficiente para barrar tal fenômeno. Já na RMF, somente a

elevação do peso do grupo na PIA da região contribuiu para elevá-los ao estoque total de

desempregados, não sendo suficiente para promover a elevação dessa PEA no estoque total de

desempregados.

Quando se observa a PEA desocupada, segundo os anos de estudo, constata-se que

para aqueles com escolaridade entre 0 e 4 anos, todos os fatores variaram de forma a retirá-los

do estoque total de desempregados, tanto no Ceará como na RMF. Movimento semelhante

ocorreu para o grupo entre 5 e 8 anos de estudo, em que somente a variação do peso desse

grupo na PIA total da região, nesse caso todo o estado, não corroborou para a retirada do

estoque total de desempregados, diferentemente da RMF, no qual todos os fatores tiveram

efeitos positivos para retirá-los do desemprego.

20

Tabela 6: Evolução da participação segundo os anos de estudo no desemprego e seus componentes - Ceará e RMF - 2001 e 2008

De 0 a 4 De 5 a 8 De 9 a 11 De 12 para cima Descrição Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF Ceará RMF

∆ ln ( UUi / ) -0,235 -0,622 -0,128 -0,383 0,211 0,446 0,261 0,658 ∆ ln ( NiUi / )- ∆ ln ( NU / ) -0,090 -0,244 -0,126 -0,189 -0,028 0,071 0,069 0,272 ∆ ln ( PiNi / )- ∆ ln ( PN / ) -0,031 -0,100 -0,016 -0,062 0,008 0,024 -0,014 -0,003 ∆ ln ( PPi / ) -0,114 -0,277 0,014 -0,132 0,231 0,350 0,205 0,388 Fonte: PNAD, 2001 - 2008 / IBGE Para a PEA desocupada com escolaridade entre 9 e 11 anos, observou-se sua elevação

no estoque total de desempregados tanto no estado quanto na RMF, sendo mais acentuado

para essa do que para aquele. Na RMF, todos os fatores contribuíram para elevar a

participação desse grupo no estoque total de desempregados, diferentemente do resultado

observado para o estado, onde o comportamento da taxa de desemprego do grupo em

comparação ao da taxa de desemprego do estado variou de forma a retirá-los do desemprego,

sem, contudo, obter sucesso final, haja vista que os demais fatores tiveram maior intensidade

em elevá-los no desemprego total.

Para a PEA desempregada com escolaridade de 12 ou mais anos, somente o

comportamento da taxa de participação da força de trabalho do grupo em comparação com o

da taxa de participação da força de trabalho na região movimentou-se no sentido de reduzir a

participação da PEA no estoque total de desempregados, o que não foi suficiente, dado que

ocorreu elevação desse grupo no estoque total de desempregados no estado e na área

metropolitana.

7. Considerações finais

Este artigo teve como objetivo observar a dinâmica recente do mercado de trabalho no

estado do Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza, com foco específico sobre o

desemprego. Os principais achados nos faz debruçar sobre um mercado de trabalho com forte

incidência de informalidade, sendo que, em 2008, 71,6% no estado e 56,8% na RMF

representavam o contingente de trabalhadores sem proteção trabalhista. Mesmo com o

elevado nível de informalidade, o desemprego aberto ainda atingiu 8,7% na RMF e 6,2% no

estado, nesse mesmo ano.

21

Como “regra”, o desemprego não só o metropolitano, mas também o estadual

atingiram, com maior intensidade, a força de trabalho feminina, durante todos os anos

analisados. Além do mais, a PEA não branca apresentou elevadas taxas de desemprego

aberto, mesmo em um cenário de redução ao longo dos anos observados.

Além disso, observou-se que o desemprego é bastante elevado para a força de trabalho

jovem, com idade entre 15 e 24 anos, tanto no tecido metropolitano quanto em todo o estado,

atingindo 13,7% da PEA jovem em nível estadual e 19,8% na RMF. Houve ainda reduzidas

taxas de desemprego para a PEA com idade acima de 60 anos em toda a série observada e em

ambas as áreas analisadas. Adicionalmente, constataram-se reduzidas taxas de desemprego

para a PEA com baixo nível de escolaridade e taxas mais elevadas para aqueles com mais

anos de estudo em todo o Ceará, bem como na RMF. Esse resultado pode indicar que os

postos de trabalho criados no Ceará, em sua maioria, exigem mão-de-obra pouco qualificada,

dado o tipo de empreendimentos/atividades que predominam na RMF e em todo o estado.

Utilizando-se o método de composição do desemprego para o Ceará e a RMF, os

dados mostraram que, no estado, ocorreu redução da participação da força de trabalho

masculina no desemprego total e, por outro lado, elevação da participação da força de

trabalho feminina no desemprego. Já na RMF, a dinâmica foi contraria, elevando-se a

participação da força de trabalho masculina no desemprego total em detrimento da redução da

força de trabalho feminina.

Em relação à raça/cor, no estado e na RMF, bem como, para a força de trabalho branca

e não branca, registrou-se redução da participação deles no estoque de desempregados, sendo

mais significativa a redução para os brancos em detrimento dos não brancos. A intensidade da

redução foi mais acentuada no âmbito estadual em relação ao metropolitano.

No tocante ao estoque de desempregados segundo a idade da PEA, constatou-se

dinâmica diferenciada entre as faixas etárias e entre os espaços observados. É fato, porém, que

se elevou a participação da PEA desempregada com idade entre 15 e 24 anos tanto na RMF

quanto em todo o Ceará. Contrariamente, reduziu-se a participação daqueles que tinham idade

entre 25 e 39 e 40 e 59 anos, tanto em escala estadual quanto metropolitana.

No que diz respeito à composição do desemprego segundo os anos de estudo, os dados

mostram que todos os fatores observados contribuíram para retirar a PEA desempregada, com

escolaridade entre 0 e 4 anos de estudo, do estoque total de desempregados, em todo o estado

e na RMF. Na faixa de 5 a 8 anos de estudo, o movimento foi semelhante, sendo que somente

na variação do peso desse grupo na PIA total da RMF, enquanto em nível estadual, não foi

observado tal efeito. Já nas faixas de 9 a 11 anos, bem como de 12 ou mais anos, elevou-se

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sua participação no estoque total de desempregados, em ambos os lócus geográficos

estudados.

Com os resultados encontrados, pode-se afirmar que há, portanto, seletividade e,

portanto, “vulnerabilidade” para determinados grupos sociais, no mercado de trabalho

cearense e em sua RMF, isto porque o desemprego atinge em maior escala os grupos sociais

compostos por mulheres, não brancos, jovens e, contrariamente ao esperado, a PEA com

melhor nível de escolaridade.

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