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[email protected] facebook.com/professorcarlosluzardo twitter.com/carlosluzardo 51 99955.7502 2 AULA ENEM/2018 Texto III Texto IV Tema A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for- mação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A importância do voto consciente para a sociedade brasileira apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.” Texto I Antes do século 20, escolher representantes era privilégio de poucos A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes me- diante o voto, é bem recente. E ainda incompleta. Neste momento, menos de metade das pessoas do planeta vive em democracias. Mas essa situação já é um avanço considerável. (…) O voto feminino foi uma conquista árdua. No Brasil, no início do século 20, a advogada carioca Myrthes de Campos (a primeira mulher a ingressar na Ordem dos Advogados do Brasil, em 1906) teve negado o pedido de participar das eleições. Esse direito só foi reconhecido às mulheres com o Código Eleitoral de 1932. E olha que o Brasil estava na vanguarda. Na Suíça e em Portugal, o “voto de saias” só virou lei, respectivamente, em 1971 e 1974. Em compensação, no Brasil, o direito de voto aos analfabetos, previsto até 1889 e depois negado, só foi res- tabelecido a partir de 1985. Fomos o último país da América do Sul a fazê-lo. Disponível em:<https://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/sufragio-universal-eleicoes-436279.shtml> Acesso em 20 de jun. 2016 (Adaptado) Texto II Você liga a TV e as mesmas palavras aparecem: desvio de dinheiro público, improbidade administrativa, caixa 2. Sem falar nos deslizes que os governos cometem mesmo quando são bem-intencionados. Diante de tanta desilusão com a política no Brasil, muita gente decide chutar o balde, recusar todos os candidatos de uma vez e votar nulo. Outros se perguntam se, afinal de contas, o ato de anular tem algum valor para melhorar o país. Na história, o voto nulo já foi uma bandeira ideológica. Era uma ideia básica dos anarquistas, um dos movi- mentos utópicos que nasceram no século 19 e fizeram sucesso no começo do século 20. Para eles, votar nulo era uma condição para manter a própria liberdade, se recusando a entregá-la na mão de um líder. (…) Quando o país votava escrevendo em cédulas de papel, era comum aparecerem entre os vencedores perso- nagens esquisitos, como o rinoceronte Cacareco, campeão de votos a vereador de São Paulo em 1958, ou o bode Cheiroso, eleito vereador em Pernambuco. (…) O voto nulo não serve como protesto, mas como exercício de consciência: se o eleitor não conhece os candidatos bem o suficiente para votar neles, é melhor ficar quieto e não votar em ninguém. (…) O voto nulo pode ser um direito jogado fora, mas também uma escolha consciente de quem não se sente apto para tomar uma decisão. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/adianta-votar-nulo> Acesso em 20 jun. 2016 (Adaptado) O cenário atual do Brasil configura-se de intensas mudanças e tomadas de atitudes político-sociais. Com isso, vem-se discutindo a importância do voto consciente na sociedade, relacionando a necessidade desse me- canismo democrático com os impactos causados no país. Por isso, é necessário que a sociedade reflita sobre a legitimidade e o valor do voto. A ausência de consenso político e social, em relação a escolha de um candidato eleitoral, advém de um passado histórico-cultural repleto de atitudes autoritárias que desrespeitam os direitos humanos, um exemplo, o Coronelismo e o “voto de cabresto” durante a República Velha. Apesar das transformações políticas ocorridas no governo de Getúlio Vargas na revolução de 1930, a herança do passado influencia a questão política eleitoral com a permanência da troca de favores, com a compra de votos e com a corrupção em geral. É importante salientar que a ação de aliciação e desvirtuação da venda de votos acarretam consequências que refletem a situação governamental do país, intensificando a desigualdade, o desrespeito, a degeneração e a desmoralização presentes na sociedade. Portanto, é essencial a atuação do Estado, da sociedade e das instituições sociais na conscientização do voto, ressaltando a seriedade e a magnitude desse sistema que tem o poder de transformar a nação. Os segmentos do Governo Federal devem criar e ampliar as políticas e projetos eficazes de esclarecimento e de informação sobre o voto durante os processos eleitorais, sinalizando a maior participação dos setores administrativos no acompa- nhamento da fiscalização das infrações nas eleições e na garantia da legitimidade do voto. REDAÇÃO MODELO (para corrigir...) Disponível em: <http://prof-marcosalexan- dre.blogspot.com.br/2010/10/charge-voto-cons- ciente.html&gt; Acesso em 20 jun. 2016

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51 99955.75022AULA

E N E M / 2 0 1 8

Texto III Texto IVTema

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-mação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A importância do voto consciente para a sociedade brasileira apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”

Texto IAntes do século 20, escolher representantes era privilégio de poucos

A história do sufrágio universal, o direito do ser humano de escolher de forma livre seus representantes me-diante o voto, é bem recente. E ainda incompleta. Neste momento, menos de metade das pessoas do planeta vive em democracias. Mas essa situação já é um avanço considerável. (…)

O voto feminino foi uma conquista árdua. No Brasil, no início do século 20, a advogada carioca Myrthes de Campos (a primeira mulher a ingressar na Ordem dos Advogados do Brasil, em 1906) teve negado o pedido de participar das eleições. Esse direito só foi reconhecido às mulheres com o Código Eleitoral de 1932. E olha que o Brasil estava na vanguarda. Na Suíça e em Portugal, o “voto de saias” só virou lei, respectivamente, em 1971 e 1974.

Em compensação, no Brasil, o direito de voto aos analfabetos, previsto até 1889 e depois negado, só foi res-tabelecido a partir de 1985. Fomos o último país da América do Sul a fazê-lo.

Disponível em:<https://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/sufragio-universal-eleicoes-436279.shtml> Acesso em 20 de jun. 2016 (Adaptado)

Texto II

Você liga a TV e as mesmas palavras aparecem: desvio de dinheiro público, improbidade administrativa, caixa 2. Sem falar nos deslizes que os governos cometem mesmo quando são bem-intencionados. Diante de tanta desilusão com a política no Brasil, muita gente decide chutar o balde, recusar todos os candidatos de uma vez e votar nulo. Outros se perguntam se, afi nal de contas, o ato de anular tem algum valor para melhorar o país.

Na história, o voto nulo já foi uma bandeira ideológica. Era uma ideia básica dos anarquistas, um dos movi-mentos utópicos que nasceram no século 19 e fi zeram sucesso no começo do século 20. Para eles, votar nulo era uma condição para manter a própria liberdade, se recusando a entregá-la na mão de um líder. (…)

Quando o país votava escrevendo em cédulas de papel, era comum aparecerem entre os vencedores perso-nagens esquisitos, como o rinoceronte Cacareco, campeão de votos a vereador de São Paulo em 1958, ou o bode Cheiroso, eleito vereador em Pernambuco. (…)

O voto nulo não serve como protesto, mas como exercício de consciência: se o eleitor não conhece os candidatos bem o sufi ciente para votar neles, é melhor fi car quieto e não votar em ninguém. (…) O voto nulo pode ser um direito jogado fora, mas também uma escolha consciente de quem não se sente apto para tomar uma decisão.

Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/adianta-votar-nulo> Acesso em 20 jun. 2016 (Adaptado)

O cenário atual do Brasil confi gura-se de intensas mudanças e tomadas de atitudes político-sociais. Com isso, vem-se discutindo a importância do voto consciente na sociedade, relacionando a necessidade desse me-canismo democrático com os impactos causados no país. Por isso, é necessário que a sociedade refl ita sobre a legitimidade e o valor do voto.

A ausência de consenso político e social, em relação a escolha de um candidato eleitoral, advém de um passado histórico-cultural repleto de atitudes autoritárias que desrespeitam os direitos humanos, um exemplo, o Coronelismo e o “voto de cabresto” durante a República Velha.

Apesar das transformações políticas ocorridas no governo de Getúlio Vargas na revolução de 1930, a herança do passado infl uencia a questão política eleitoral com a permanência da troca de favores, com a compra de votos e com a corrupção em geral.

É importante salientar que a ação de aliciação e desvirtuação da venda de votos acarretam consequências que refl etem a situação governamental do país, intensifi cando a desigualdade, o desrespeito, a degeneração e a desmoralização presentes na sociedade.

Portanto, é essencial a atuação do Estado, da sociedade e das instituições sociais na conscientização do voto, ressaltando a seriedade e a magnitude desse sistema que tem o poder de transformar a nação. Os segmentos do Governo Federal devem criar e ampliar as políticas e projetos efi cazes de esclarecimento e de informação sobre o voto durante os processos eleitorais, sinalizando a maior participação dos setores administrativos no acompa-nhamento da fi scalização das infrações nas eleições e na garantia da legitimidade do voto.

REDAÇÃO MODELO (para corrigir...)

Disponível em: <http://prof-marcosalexan-dre.blogspot.com.br/2010/10/charge-voto-cons-

ciente.html&gt; Acesso em 20 jun. 2016

O que eles pensam?A Folha traz uma série de entrevistas com pré-candidatos ao pleito deste ano

Neste ano eleitoral, a Folha traz uma série de entrevistas com os candidatos à Presidência da República e demais políticos que aspiram a um cargo público na eleição.Oferece também análises de especialistas sobre os principais temas discutidos na campanha e os desafios que o Brasil tem pela frente.

Atrás de aliança com DEM, Alckmin diz que pesquisas virarão de ponta cabeçaEx-governador defende investigações sobre caixa dois em São Paulo e afirma ser 'vida

Geraldo Alckmin, 65, pré-candidato do PSDB à Presidência, diz estar "trabalhando" para compor uma aliança com DEM, partido que tem flertado com a candidatura de Ciro Gomes (PDT)."Se depender de mim, estaremos juntos", disse o ex-governador paulista à TV Folha.Com 7% das intenções de voto no último Datafolha e atrás de seus principais adversários, Alckmin diz que as pesquisas vão "virar de ponta cabeça".Sobre suspeitas envolvendo a Dersa e caixa dois para campanhas tucanas, diz que tudo deve ser investigado. "Sou vida limpa", afirma.PESQUISASNunca houve uma campanha com tanta fragmentação de pré-candidatos. Há também uma desesperança com a política. Hoje, mais de 60% dos eleitores não têm candidato definido. O que é bom. Mostra que o eleitor estará mais amadurecido.A dez dias da eleição no Tocantins, quem estava em primeiro era o ex-prefeito da capital e, em segundo, uma senadora.

Nenhum dos dois foi sequer para o segundo turno.Essa pesquisa vai virar de ponta cabeça. A campanha só vai começar mesmo com o rádio e a televisão, que é 31 de agosto. Vai ser uma campanha curta, de um mês.ALIANÇA COM O DEMSe depender de mim, estaremos juntos. E já estamos em muito estados. Estamos apoiando os democratas na Bahia, no Pará, no Amapá.É normal que os partidos tenham como objetivo chegar ao poder e ter candidato a cargo executivo. À medida que eles tinham candidato à Presidência, nós não insistimos. A partir do momento que eles disseram que vão escolher outro candidato, estamos trabalhando e queremos estar juntos.Hoje já temos cinco partidos encaminhados para uma aliança, o que nos dará cerca de 20% do tempo no rádio e na TV. Temos um diferencial que é o que fizemos, pois entre o falar e o fazer na política existe um abismo. Como ex-governador (de São Paulo), dá para mostrar o que foi feito.DESAFIOSNão vai ser fácil para quem assumir a Presidência. É o sexto ano de déficit primário, com a dívida pública do governo passando os R$ 5 trilhões, chegando a mais de 75% do PIB.Não é um quadro simples. Mas quem for eleito vai ter mais de 50 milhões de votos e a legitimidade disso é muito grande para poder implementar rapidamente as reformas.Faremos a reforma política, com voto distrital ou distrital misto, com cláusula de desempenho mais forte. Também a reforma tributária, para simplificar o modelo, a reforma da Previdência e a reforma do Estado. Vamos enxugar, reduzir.AJUSTE FISCALNós sabemos fazer ajuste fiscal e vamos fazer isso rapidamente para a economia voltar a crescer. Não vai ter crescimento sem investimento e não vai ter investimento sem confiança de que estamos no rumo certo e que o país não vai quebrar.E com isso podemos ter política monetária de juros baixos, câmbio competitivo e o Brasil volta a crescer. Faremos também

uma grande inserção internacional. Eu pretendo abrir a economia.CAIXA 2, CCR E DERSAA Folha publicou na Primeira Página matéria que repercutiu em todas as televisões, rádios e sites e que era mentirosa. Ela dizia que dentro do inquérito havia sido dito que teria recursos da CCR para a minha campanha em 2010.Ficamos sabendo e nosso advogado leu de A a Z. Não tem nem menção. Fazer uma matéria de ouvir dizer é muita irresponsabilidade. Não se pode brincar com o caráter das pessoas.[Em maio, a Folha publicou reportagem mostrando que a CCR, maior concessionária de estradas do país, repassou R$ 5 milhões para o caixa dois da campanha de Alckmin, segundo relatos de representantes da empresa ao Ministério Público. O dinheiro teria sido entregue ao cunhado do tucano, o empresário Adhemar Ribeiro, segundo a narrativa feita à Promotoria, que ainda investiga o caso].Agora, se surgiu uma denúncia, investigue-se. Sou vida limpa. Tenho 40 anos de vida pública e meu patrimônio não dá para comprar aquela máquina ali [diz, apontado para uma câmera].Precisa respeitar as pessoas. Essa forma de jogar todo mundo, dizer que ninguém presta, é um grande desserviço para a sociedade, porque você destrói a política.Com o Paulo Vieira [de Souza, ex-diretor da Dersa investigado por desvios] eu não tenho nenhum relacionamento. Com o Laurence Casagrande [outro ex-diretor da Dersa investigado] eu não tenho nenhuma intimidade.

Rabello de Castro quer prisão perpétua para homicidasEx-presidente do IBGE e do BNDES no governo Temer, Castro promete plano de metas para "mudar o Brasil“

Paulo Rabello de Castro, 69, pré-candidato à Presidência da República pelo PSC, defende a "tolerância zero" contra a criminalidade e a prisão perpétua para homicídios premeditados."Armar a população, só nos casos de quem estiver longe de uma delegacia de polícia", diz.

Ex-presidente do IBGE e do BNDES no governo Michel Temer, Castro promete um plano de 20 metas para "mudar o Brasil".GREVEFaço uma leitura desta greve também como uma manifestação. O país ainda está em 2013. Porque lá, a população já se perguntava: "Por que a educação não é padrão Fifa? Por que a saúde é esse escândalo? Por que não temos um sistema tributário eficiente?". Tudo isso ficou no ar, pois 2013 não acabou.Os caminhoneiros não conseguem levar comida para casa. Depois de seus problemas, a Petrobras quer muito rapidamente recompor o seu caixa. Só que ela não está percebendo que, como uma atividade estratégica que não é concorrencial, ela pode impor custos extraordinários a um elo mais fraco da corrente produtiva. Pois, no elo final, quem compra os serviços dos caminhoneiros também não está disposto a sofrer repasse.O que está em jogo é desvendar que metade do custo do combustível é "sociedade com o governo", pois o governo é o grande sócio secreto dessa armação através de uma quantidade enorme de tributos.PLATAFORMAO futuro governo é baseado em um tripé. A mãe de todas as reformas deve ser a tributária, com um impacto que chamo de Plano Real dos impostos, atacando o manicômio tributário. Temos que ter também um plano de eficientização do gasto público. E com isso sair para a terceira perna do tripé, um plano de crescimento que no nosso partido ganhou o nome de programa de 20 metas.VALORESO PSC tem uma visão que não é exatamente conservadora. Eu diria que é renovadora. Porque hoje a família no Brasil, vamos combinar, é um núcleo sob ataque. Hoje, pai e mãe juntos é um negócio complicado. O cara está desempregado, a mãe está histérica, o filho sofre, o tiroteio acontece na favela.O governo tem de ser pró família, e a família tradicional é a visão do partido, mas revelando-se absolutamente compatível com as expressões afetivas de cada um.A legislação já é clara em determinar que relações homoafetivas estão dentro da lei. No que diz respeito ao aborto, já existe

uma legislação que, para o partido, parece bastante equilibrada.O que não vamos é polemizar sobre coisas que a sociedade já avançou e já se posicionou.20 METASO "Ponte para o Futuro" (plano de Temer no pós-impeachment) não é nem o introito do nosso plano de 20 metas. Ali não foi feita conta nenhuma.Precisamos ter um plano, determinação e encantamento, pois o povo precisa estar com você. Não é uma democracia tão direta, mas acho que os partidos vão se juntar a um programa. Quem estiver conosco vai respeitar o nosso programa, que estará sendo vigiado pelo povo brasileiro.Temos que conversar com todos. O top do nosso programa de 20 metas é tolerância zero com o crime. Inclusive, e isso dependerá de passar no Congresso, o agravamento da pena por homicídio premeditado, o chamado doloso. Isso requer a prisão perpétua, com trabalho para que os recursos do encarcerado homicida ajudem a família da vítima.

Adversários colocam país em risco, diz Henrique MeirellesPré-candidato do MDB e ex-ministro afirma que propostas de Marina, Ciro e Bolsonaro podem levar Brasil ao retrocesso

Henrique Meirelles, 72, ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência, afirma que as propostas de alguns de seus adversários podem estar contribuindo para a piora na economia e tendo impacto negativo sobre a atual recuperação."Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões", disse à TV Folha. Meirelles afirma que, apesar da baixíssima popularidade de Michel Temer (MDB), ele defenderá o legado do governo do qual participou.ECONOMIA MAIS LENTAÉ normal que no período eleitoral ocorra alguma variação nas expectativas, nos níveis de confiança e investimento, e que issoinfluencie um pouco a economia.A própria perspectiva de algum candidato não prosseguir essa agenda de reformas e modernização pode gerar algum nível

de insegurança.O ajuste (nas expectativas) não é muito diferente daquilo que eu esperava. A maioria dos analistas ainda está com uma previsão de crescimento entre 2,5% e 3% para o ano.Essa é uma recuperação gradual, que cada vez mais vai tendo consequências. A inflação está baixa há um bom tempo e isso tem um efeito muito grande na sensação de bem estar da população e no padrão de renda. Também foram criados 2 milhões de empregos nos últimos dois anos e a expectativa é de mais 2 milhões neste ano.PROPOSTAS DOS ADVERSÁRIOSAs propostas feitas por alguns candidatos falam por si. Não é uma questão de rótulo. Quem propõe eliminar o teto de gastos e ter um aumento sem controle nos gastos públicos... Ou restrições à proposta de reforma da Previdência, e voltar atrás em outras...A Marina (Silva, da Rede) fala do teto, o Ciro (Gomes, do PDT) fala de mudar as reformas já feitas e o (Jair) Bolsonaro (PSL)tem um histórico de votos com uma linha mais intervencionista e estatizante. Basta ler o que eles estão dizendo e chegar às suas conclusões.Não há duvida de que se algumas propostas que estão sendo feitas pelos extremos forem de fato implementadas, podemos ter problemas graves no futuro.Se a eleição der a vitória a um candidato que desmonte essas reformas e volte ao que o Brasil tinha até 2016, podemos ter problemas sérios.REFORMA DA PREVIDÊNCIACom ou sem teto (de gastos), a reforma da Previdência é inevitável, haja visto o que aconteceu em países que não fizeram, como a Grécia. Num certo momento, a Previdência quebrou e eles tiveram que cortar o valor da aposentadoria dos já aposentados.Cortaram 14 vezes, o que é uma barbaridade. Se olharmos as despesas da Previdência, a questão não é quando ou se será feita, mas quão rápido ela terá de ser feita no futuro e quão radical terá de ser se atrasar muito. É uma questão matemática.

DEFESA DE TEMERO governo tirou o Brasil da maior recessão da história e está fazendo as reformas fundamentais. Fui ministro da Fazenda e parte integrante desse processo de reformas e de recuperação. Não é uma questão de defesa do legado meramente. É de mostrar a realidade, do que está acontecendo no país e os resultados do trabalho deste governo.Esse esclarecimento, principalmente nos programas de televisão, sobre o que está acontecendo no país terá um efeito decisivo sobre esses aspectos. Defendo, e acho que esse governo está transformando o país. Participei com muito orgulho do trabalho realizado.CANDIDATOS NO CENTROO alinhamento (no centro) se dará naturalmente, e não vai ser feito por acordo prévio nos bastidores, antes da hora. Quando não está claro ainda quais candidatos que de fato terão maior potencial.Para isso temos dois turnos e um tempo de propaganda na TV. Eu tenho um bom tempo e acredito que, no momento em que isso tudo for conhecido, nossa candidatura tem um potencial enorme de crescer. Essa é uma oportunidade histórica de o MDB ter um candidato e ganhar a eleição.

Ciro diz ter pena de Gleisi e que PT faz burricePré-candidato do PDT à Presidência respondeu à presidente petista, que resiste a uma aliança entre os partidos

Ciro Gomes, 60, pré-candidato do PDT à Presidência, diz ter "pena" de Gleisi Hoffmann pelo fato de a presidente do PT ter afirmado que o pedetista "não passa no PT nem com reza brava".A afirmação de Gleisi foi uma resposta à possibilidade de o PT indicar um nome para ser vice em uma chapa com Ciro. "Para se ver como é questão de dar pena, meu partido, o PDT, portanto, eu, estou apoiando quatro dos cinco dos principais candidatos a governador do PT", disse Ciro à TV Folha.

Para o pedetista, também é "uma burrice" a estratégia do PT de querer pedir aos candidatos de centro-esquerda que defendam um indulto para Lula na campanha eleitoral.ESQUERDA DESUNIDATemos que ter muita paciência e respeito com esse tempo do PT. Mas o que está em discussão não parece ser aquilo que interessa mesmo: a sorte do Brasil ou/e a possibilidade dessa agenda antipovo, antipobre e antinacional ser legitimada pelo voto.Isso é o que deveria nos comover e ser o grande cimento de nossa unidade ou de um mínimo de cuidado ao explicitarmos nossas diferenças. Mas como está dado de barato na cabeça de muitos da nossa turma de que essa gente da direita, o Temer, o PSDB, vai perder as eleições, desloca-se a preocupação do Brasil para quem vai mandar, quem vai ter a hegemonia do processo. E esse é o grande e velho vício da esquerda antiga do Brasil e do mundo.Por isso que há a afirmação irônica de que a esquerda só se une na cadeia."REZA BRAVA"Vou ter paciência, respeito e compreendo o drama do PT. E tenho pena de uma pessoa da responsabilidade da presidente nacional do PT dizer uma coisa dessas.Para se ver como é questão de dar pena, meu partido, o PDT, portanto, eu, estou apoiando quatro dos cinco dos principais candidatos a governador do PT.Minha crença é que a população brasileira não é um eleitorado de cabresto, nem meu nem de ninguém. Eu vou tocar o meu bonde.INDULTO A LULAO presidente Lula está a meio caminho de recursos [na Justiça]. Se a burocracia do PT cria uma campanha pelo indulto, o que ela está dizendo? Que o Lula será condenado em última instância.Isso nega a estratégia dos advogados do Lula. A sentença contra o Lula é injusta e a prova é frágil. Eu não vou cair nessa burrice.

Na crise do mensalão, muito petista valentão hoje afrouxou geral. Pergunta para o Lula quem tava lá às sete da manhã todos os dias ajudando?Não acho, francamente, que o PT seja inocente nesse quadro todo. Só acho que, nesse momento, o PT é vítima de uma ação desequilibrada.ECONOMIAO Brasil está se desindustrializando desde os anos 1980 para cá. Em 1980, um terço do PIB brasileiro era extraído da indústria, que era a soma da China, da Coreia do Sul, da Malásia, de Cingapura e do Vietnã e ainda sobrava um pouco.Hoje a China é sozinha seis vezes e meia o Brasil. Estamos nos desindustrializando como nenhum país do mundo, por isso nós temos 13 milhões de desempregados.Faz muito tempo que a burocracia do PT deixou de pensar sobre essas questões.Nenhum país do mundo se desenvolveu sem uma forte indução de um forte Estado nacional em parceira com uma forte iniciativa privada. Nenhum.O Brasil quando saiu de uma economia rural de subsistência e virou a 15ª economia do mundo não pelo laissez-faire, pelo espontaneísmo individual do mercado.Sei que a iniciativa privada é uma ferramenta indispensável para explicar o progresso, mas sozinha não é capaz de fazer o desenvolvimento.GOVERNABILIDADEDesde o general [Eurico Gaspar] Dutra, em 1945, todos os presidentes se elegeram com minoria no Congresso. E todos tiveram poderes quase imperiais nos seis primeiros meses a um ano.O exemplo mais caricato e chocante é o [Fernando] Collor, que se elegeu com nada, fez o sequestro da poupança do povo, e Congresso e Judiciário disseram amém. Portanto, o tempo da reforma são os seis primeiros meses.

PARTIDOSO MDB precisa ser desmontado como frente hegemonizada por uma quadrilha de bandidos. Não vejo o PSDB nem o PT como uma quadrilha de bandidos.E se não fosse a confrontação miúda de São Paulo [entre PSDB e PT], eles deveriam ter cooperado historicamente. São duas fundações do Brasil redemocratizado e, ao se negarem a cooperar, emerge quem? A roubalheira e os corruptos.O Lula botou o Michel Temer na linha de sucessão do Brasil, e a Dilma empoderou o Eduardo Cunha.

Estado perdulário deve acabar, diz Marina SilvaCandidata da Rede faz defesa enfática da Lava Jato e afirma que pode governar com pessoas do PT, MDB e PSDB

Marina Silva, 60, pré-candidata da Rede à Presidência, defende a Lava Jato, é contra o conteúdo das reformas do governo Temer e diz que poderá governar com gente do PT, MDB e PSDB pelo fim de um "Estado perdulário"."A Lava Jato é uma das maiores contribuições desde a redemocratização do Brasil", disse à TV Folha.Sem Lula, Marina aparece com 15% das intenções de voto no Datafolha, empatada tecnicamente com Jair Bolsonaro (PSC), que tem 17%.Questionada sobre uma possível aliança com Joaquim Barbosa, do PSB (ex-partido de Marina) e que tem até 10% das intenções de voto, afirma: "É uma pessoa que vai dar uma contribuição para o processo político".DERROTA EM 2014Tínhamos a avaliação de que estávamos concorrendo de forma equânime, mas vimos que foi uma eleição fraudada, onde o uso do caixa 2, a violência política e atitudes autoritárias prevaleceu.A Lava Jato revelou quem é quem e vamos participar sabendo que muitos estão concorrendo a um habeas corpus ou a um salvo conduto.A autocritica que faço é que tínhamos a compreensão de que iríamos fazer uma disputa com base nas regras do jogo, de

acordo com a lei. E não foi uma campanha assim.LAVA JATOÉ uma das maiores contribuições desde a redemocratização do Brasil. Está ajudando a desmontar uma estrutura criminosa de uma corrupção institucional que há décadas assola as finanças públicas.Temos uma situação em que devemos institucionalizar as conquistas da Lava Jato para não enxugar gelo.Por isso é importante agora a mobilização para combinar a prisão em segunda instância com o fim do foro privilegiado dos políticos.PRISÃO DE LULAÉ um momento difícil da história de nosso país. Não podemos ter uma visão de Justiça como vingança.Temos que dar um passo civilizatório de pensar a Justiça como reparação. Os que cometeram erros devem ser investigados, assegurado o direito de defesa. E se ficar comprovado que cometeram crimes, devem ser punidos.Empresários e alguns políticos estão sendo punidos, mas a sociedade precisa se mobilizar pelo fim do foro privilegiado, pois existem os que estão escondidos no Congresso e no Planalto com seus foros. A lei deve ser igual para todos. O problema é que a sociedade está vendo uma parte cumprir com suas penas e uma outra que está impune.Não se pode ter dois pesos e duas medidas.JOAQUIM BARBOSATemos uma relação de respeito, com certeza. Se ele deseja contribuir com a política nesse momento tão difícil que estamos vivendo, fará isso e o PSB está fazendo uma discussão interna se tem candidatura própria ou não, ou se apoia outras candidaturas.Eu respeito o processo interno e acho que ele trará uma grande contribuição. A minha candidatura não depende da dos adversários.COALIZÃO DE GOVERNONão podemos ganhar a Presidência conformados com a ideia de que a maioria no Congresso se faz na base do fisiologismo.

Defendo o presidencialismo de proposição. A composição do governo e da maioria no Congresso tem de ser com base no programa. Não dando diretorias de estatais.Hoje temos um Estado perdulário, que não entrega serviços, não faz avaliação de desempenho, que não avalia seus próprios projetos.Tenho respeito pelas posições dos demais partidos e não temos pretensão de ser os donos da verdade.Existem pessoas boas no PT, no MDB e no PSDB. A visão maniqueísta de que só são bons os do meu partido levou o país ao buraco.REFORMAS DE TEMERA reforma trabalhista apresentada foi totalmente draconiana. A proposta de congelar o Orçamento público em 20 anos não é nem heterodoxa, é uma falta de bom senso em um país com as iniquidades sociais que temos. O que propomos é fazer isso por meio da lei orçamentária.Existe uma polêmica se o déficit da Previdência é de fato do tamanho que dizem. Mas o gasto é muito grande. Todos os especialistas dizem que é. Na reforma (apresentada por Temer), privilégios foram blindados. Esse governo não tem legitimidade e credibilidade para fazer esse debate com a sociedade.

País precisa acabar com feudos públicos e privados, diz MaiaPresidente da Câmara diz que novo governo pode aprovar reforma da Previdência

Rodrigo Maia, 47, candidato à Presidência pelo DEM e presidente da Câmara dos Deputados, afirma que o Brasil precisa ter coragem para enfrentar "feudos públicos e privados"."Há desonerações, incentivos e benefícios que vão para o setor privado e que muitas vezes não sabemos se estão gerando emprego e melhora de vida da sociedade ou apenas garantindo um setor ineficiente", afirma.

Em entrevista à TV Folha, Maia disse acreditar que, eleitos, novo governo e Congresso terão condições de aprovar a reforma da Previdência e contornar a atual crise fiscal.O presidente da Câmara afirma que, se o presidente eleito quiser tentar votar a Previdência antes de assumir, ele poderá colocar o tema em votação.PREVIDÊNCIAHá uma compreensão da sociedade em relação à distorção dos sistemas de Previdência público e privado. Não é normal que um servidor possa se aposentar com 50 anos e que um trabalhador que ganha salário mínimo, e que representa quase 70% de nossos aposentados, só consiga se aposentar com 60.Essa compreensão se reflete no atual Congresso e no de amanhã (pós eleição).O que não há ainda é uma compreensão em relação a uma idade mínima no regime geral. A sociedade ainda entende que há um outro caminho para se financiar a Previdência no regime geral.Isso sempre vai se refletir no Congresso e também no próximo ano se os candidatos não colocarem de forma clara que essa é uma agenda decisiva para que o Brasil possa entrar num caminho de crescimento econômico.Estamos no limite do que dá para fazer sem precisar gerar nenhum dano a nenhum servidor ou cidadão. Portugal chegou a um ponto em que o direito adquirido acabou. O sistema quebrou e tem gente até hoje que teve 30%, 40% do salário cortado. Não precisamos chegar nesse ponto.FEUDOSÉ preciso ter a coragem de enfrentar alguns feudos, não apenas no serviço público, mas também no privado. Há desonerações, incentivos e benefícios que vão para o setor privado e que muitas vezes não sabemos se estão gerando emprego e melhora de vida da sociedade ou apenas garantindo um setor ineficiente da economia.Em um país com todas as desigualdades que temos, explicar isso para o cidadão muitas vezes não é fácil. Muitas vezes o grupo que comanda um feudo desse vai para o debate não defendendo a posição dele publicamente, mas dizendo que aquilo é contra o trabalhador, que o consumidor está sendo prejudicado.

DENÚNCIA CONTRA TEMERNão estou atrás de informações e não tenho informação. A melhor coisa que faço é continuar com a pauta da Câmara, não tratando desse tema.Já temos muitos problemas no Brasil e estamos vivendo momentos de instabilidade econômica e política. Esse é outro assunto que vai gerar instabilidade. Se essa for a decisão do Ministério Público, vamos pautar, como pautamos as duas últimas denúncias.FORO E PRISÕESSou a favor que se garanta as mudanças que estão sendo colocadas e de que a decisão do Supremo seja para todos e não exclusiva para parlamentares. De que desça para a primeira instância e só mantenha (o foro) para os casos cometidos dentro do exercício do mandato.O ideal é sempre que o Congresso legisle. Eu digo aos deputados que ficam na dúvida que temos de legislar sobre o foro, sobre a [prisão] em segunda instância. Porque quando a gente reclama do ativismo do Supremo e não faz nada, estamos concordando com aquela decisão.LULA E IMPEACHMENTAs pessoas têm uma memória do governo Lula, de quando o Brasil crescia, mas não têm memória do final do governo dele, muito expansionista nos gastos. O que gerou a eleição da presidente Dilma, escolhida por ele, e que gerou uma crise econômica enorme, talvez a maior da história.O atual governo não conseguiu mostrar que [a recessão] veio dos dois anos de Lula e da escolha dele pela presidente Dilma.O presidente [Temer] passou por todas essas crises [com as denúncias do Ministério Público], o que tirou dele as condições de construir essa narrativa verdadeira de como era o Brasil em 2016 e como é o de hoje.De fato há uma certa dúvida da sociedade em relação ao impeachment, mas não tenho dúvida de que, se ele não tivesse acontecido, a vida dos brasileiros hoje seria muito pior, com inflação e juros altos e a recessão aumentando.

Manuela defende fim da prisão após 2ª instância e mais Estado na economiaPré-candidata do PC do B à Presidência diz que torce para Lula disputar a eleição

Manuela D"Ávila, 36, pré-candidata à Presidência pelo PC do B, defende o fim da prisão após condenação em segunda instância e afirma que sua posição (e de seu partido) não é para beneficiar exclusivamente o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.Ela diz esperar que o petista possa se candidatar. "Torço e acredito que ele deva concorrer nas eleições." Em entrevista à TVFolha, Manuela defende que o BNDES e os bancos públicos sejam utilizados para induzir a indústria nacional.SEGUNDA INSTÂNCIATorço e acredito que o presidente Lula deva concorrer nas eleições. Espero que o Supremo faça um debate sobre a ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade) que nosso partido patrocinou para garantir a ele o direito de usufruir da liberdade e, depois, de registrar a sua candidatura.Esse é um debate importante pois cria-se uma espécie de divisão artificial na sociedade brasileira, como se só existissem os lulistas e os eleitores dele e os que defendem a autonomia do Judiciário de decidir. Não é nada disso o que está colocado.Infelizmente, nós somos poucos a defender a Constituição de 1988 e o conjunto de legislações que avançamos do ponto de vista penal e civil desde a Constituição. Nosso esforço é fazer a sociedade compreender que essas questões não são relacionadas às eleições, do ponto de vista das candidaturas colocadas, mas que deveria ser um debate anterior.CUBA E VENEZUELASou candidata a presidente do Brasil. Respeito os caminhos de Cuba e Venezuela e o de todos os povos. A tradição da diplomacia brasileira é de mediação dos conflitos para a paz.Passamos no último ano para o comando de um presidente que dá pitaco no país vizinho, inclusive fomentando intervenção militar de outra região na nossa. O Brasil precisa apostar nos mecanismos de diálogo para se estabelecer caminhos pacíficos.O que eu quero para a Venezuela? A paz. Que oposição e governo consigam sentar à mesa e buscar uma solução, que

respeitem as regras e as normas. Sobre Cuba, também respeito o caminho que o povo tem escolhido para si. Cuba enfrenta um bloqueio econômico há mais de 50 anos.ESQUERDAA esquerda tem um conjunto de candidaturas e o primeiro colocado nas pesquisas, que é o Lula. Nosso campo político tem um bom desempenho. Mesmo sem Lula somamos 24 pontos. Não tenho convicção de que a direita se organizará em torno de uma única candidatura. Eles têm muitos problemas para resolver entre eles.Neste momento não há um centro, e as candidaturas estão situadas, basicamente, em dois campos: aqueles que defendem, com variações, um projeto de desenvolvimento para o Brasil, entre os quais me situo, e aqueles que defendem um conjunto de reformas ultraconservadoras que não levará à retomada do crescimento da economia.ESTADO E ECONOMIAO papel central do BNDES e dos bancos públicos é a garantia da retomada da economia brasileira. O BNDES tem de ser o nosso parceiro na construção de uma indústria nacional que gere empregos de qualidade. O olhar sobre o crescimento da dívida pública mira apenas na doença, no tamanho, e não na capacidade que o Brasil deve ter de retomar o crescimento.É imprescindível pensar numa reforma tributária. Como combater o aumento da dívida sem debater a capacidade de arrecadar do Estado? Cobramos muitos impostos dos pobres e não cobramos nenhum imposto dos multimilionários.É engraçado que a gente fala de taxação das grandes fortunas e uma parte da classe média acredita que seu patrimônio se enquadraria em grandes fortunas. Temos uma parte muito pequena da população brasileira que declaradamente recebe mais de R$ 160 mil por mês.

Para Álvaro Dias, provocação levou a tiros contra caravana de LulaPré-candidato do Podemos diz que ataque no Paraná pode ter sido 'encenação'

O senador paranaense Álvaro Dias, 73, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, afirma que o atentado à caravana do ex-presidente Lula em seu estado na semana passada pode ter sido "encenado" e que a violência ocorreu porque "houve provocação" do petista."O ex-presidente não está em campanha. É um condenado à prisão. Está afrontando a legalidade democrática", disse à TV Folha.Dias tem 6% das intenções de voto em cenário do Datafolha sem Lula, mas atinge 18% na região Sul.Ele defende o fim do "sistema corrupto" de coalizão e as privatizações. Diz que "só morto" abandonaria a candidatura.ATAQUE À CARAVANAPrecisamos aguardar a conclusão das investigações. Podem ser duas alternativas: um atentado ou uma encenação. Essa é uma cogitação, e nenhuma hipótese pode ser descartada. A investigação é que vai concluir.Da nossa parte, não podemos compactuar com a violência. Mas também cabe combater a provocação. Houve a violência porque houve provocação. O ex-presidente [Lula] não está em campanha. É um condenado à prisão. Está afrontando a legalidade democrática. E, com isso, irresponsavelmente, ele está provocando violência.Uma reação que tem provavelmente a mesma proporção da provocação. Eu condeno as duas coisas. Não sei que mão puxou esse gatilho. Primeiro é preciso concluir a investigação.TROCAS DE PARTIDOMudei de sigla [o Podemos é o oitavo partido de Dias] para não mudar de lado. As razões são as mais diversas, como a contestação do sistema.O Podemos é um movimento que está sendo construído, e vamos depender daqueles que aderirem. O partido quer fazer a leitura correta das prioridades da população. Não posso afirmar hoje que o Podemos está caminhando para se constituir um partido programático. Mas é a minha última esperança.ALIANÇA COM ALCKMINTenho a menor rejeição entre todos os candidatos e quando sou conhecido ela é ainda menor. Esse é um patrimônio que

tenho de cultivar. Gosto do [Geraldo] Alckmin [candidato do PSDB] como pessoa, mas não gosto do sistema que ele sustenta.Se não acabarmos com o sistema ele continuará produzindo barões da corrupção.É claro que sozinho não posso destruir isso, mas agora tenho a oportunidade de convocar a sociedade.Só a morte me afastará dessa disputa, porque assumi isso como uma missão inarredável, que é a de combater esse sistema.GOVERNO DE COALIZÃOO mal é a coalizão que reúne gregos, troianos e otomanos, todos no mesmo barco e afundam.Eu aposto na inteligência da nação. Há no inconsciente coletivo um movimento irresistível de mudança. A sociedade vai atropelar aqueles que se recusarem a essa mudança. O presidente, com o poder que o presidencialismo lhe confere, vai apresentar suas propostas de mudança primeiro à sociedade e convencer de que que elas são imprescindíveis. Com as pessoas assimilando essas propostas, vamos ao Congresso, e o Congresso não rema contra a correnteza. Os que resistirem serão atropelados.PRIVATIZAÇÕESTemos muita coisa para privatizar, por isso não precisa ser tudo. Temos 149 empresas estatais federais, 30% delas criadas pelos governos do PT. Muitas são cabides de emprego. Evidente que temos de ter um grande programa de privatização.Mas tem que primeiro valorizar as empresas que foram desvalorizadas e encontrar o momento adequado [para vender]. Não pode ser na bacia das almas a entrega de patrimônio público.Algumas empresas especiais que dizem respeito a estratégia e segurança nacionais, como Petrobras, seria crime de lesa-pátria vender agora pela metade do seu valor. Lá no futuro pode até se discutir, mas é uma empresa que pode colocar dinheiro no caixa do Tesouro Nacional, que é lucrativa e tem um patrimônio incrível.

Boulos faz aceno a petistas e diz que Lula sofre injustiçaPré-candidato do PSOL à Presidência diz que PT poderia estar em sua base parlamentar se houvesse aliança programática

Guilherme Boulos, 35, pré-candidato à Presidência pelo PSOL, afirma que, se eleito, o PT poderá ter participação em seu governo e que os movimentos sociais de sem-teto e sem-terra terão "um grande aliado" no Planalto.Em entrevista à TV Folha, Boulos diz que o ex-presidente Lula é vítima de "uma profunda injustiça, uma condenação sem provas" e que gostaria de ter uma aliança "programática" com o PT.Líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ele diz que o Congresso está desmoralizado e que, na Presidência, pretende governar com plebiscitos e referendos para que "o povo decida sobre grandes temas".Sobre o governo do ditador Nicolás Maduro na Venezuela, Boulos afirma que ele foi "eleito pelo povo". "Vejo muito pouco ser falado sobre o fato de a oposição na Venezuela ser violenta. E que a direita tem milícias."CONGRESSO E PLEBISCITOSEspero que o povo brasileiro saiba renovar esse Congresso, que está desmoralizado amplamente. Que aprovou a reforma trabalhista e o congelamento de investimentos sociais. Não podemos fugir do fato de que esse modelo de governabilidade faliu.A lógica da política como balcão de negócios é que está gerando a mais profunda desesperança. Precisamos fazer uma profunda reforma política no Brasil que enfrente a lógica de que um partido como o MDB, que nunca elegeu um presidente da República, chantageie e dê as cartas há 30 anos.O Congresso Nacional é fundamental, mas não pode decidir tudo sozinho. Uma reforma política deve colocar o povo no tabuleiro da política, propondo plebiscitos e referendos para temas fundamentais. As pessoas têm de ser ouvidas.ESQUERDA E DESIGUALDADEEstamos em uma guinada tão triste para a intolerância, ódio e conservadorismo que basta você ficar parado que você está na esquerda. Eu sou o candidato que defende a igualdade social, o resgate da democracia. Estamos em um ponto em que quem defende a igualdade social e se coloca contra o abismo que leva, hoje no Brasil, a termos seis bilionários tendo o que têm 100 milhões de pessoas, é tachado de extrema esquerda. Isso é sinal dos tempos.PT E LULA

Se o PT defender o mesmo programa que estamos defendendo, seguramente [estará na base do governo]. A aliança que queremos é programática. A nossa candidatura é resultado de uma aliança do PSOL e PCB com uma série de movimentos sociais, o que é algo inédito. O PSOL vai aumentar sua bancada e vai entrar com condições de disputa em vários Estados.De todas as coisas que nos diferenciam da direita, as mais importantes são a solidariedade e a generosidade. O fato de eu terdiferenças com o Lula, que são públicas, não quer dizer que eu vá ser conivente com injustiça. O que está acontecendo com o Lula neste momento é uma profunda injustiça, uma condenação sem provas, com setores do Judiciário agindo como chefes de partido em um movimento evidente para tirá-lo do processo eleitoral.CORRUPÇÃOAcredito que combater a corrupção e não ser leniente com ela é chave. Mas o combate à corrupção não pode ser motivo para perseguição política. Em alguns momentos a Lava Jato atuou de forma política, e o caso do julgamento do Lula é um deles.VENEZUELAA Venezuela errou ao não ter diversificado sua matriz econômica e hoje é totalmente dependente do petróleo. Quando ele estava a US$ 100 o barril, estava bem. Quando cai para U$ 40, a economia foi para o saco. Paga-se hoje o preço da não diversificação da matriz econômica. A Venezuela tem problemas na política. Mas vejo muito pouco ser falado sobre o fato de a oposição ser violenta, que comprovadamente queima alimentos. A direita tem milícias na Venezuela.O governo Maduro foi eleito e o povo na Venezuela é quem tem de definir os destinos do país. O que é inadmissível é ter ameaças de invasão estrangeira. Se as prisões na Venezuela são políticas, isso é um problema. Se for eleito presidente chamarei o [Nicolás] Maduro para a posse, assim como chamaria o [Donald] Trump.OCUPAÇÕESTemos uma situação dramática no Brasil, com mais de 7 milhões de moradias vazias e mais de 6 milhões de famílias sem casa. Tem mais casa sem gente do que gente sem casa. Os movimentos sociais que lutam por moradia digna, por terra, por reforma agrária e reforma urbana seguramente teriam num governo nosso um grande aliado. Uma ocupação em um terreno

ocioso não acontece porque as pessoas querem, ninguém vai lá e ocupa porque achou bonito. Elas ocupam porque não têm alternativa.A melhor forma de lidar com problema de moradia no Brasil é ter políticas que construam milhões de moradias, não é reprimindo com polícia.

MST e MTST são 'terroristas', diz Flávio Rocha, pré-candidato do PRBEle diz não ser politicamente correto e defende população armada e redução da maioridade penal

Flávio Rocha, 60, pré-candidato do PRB à Presidência, diz não ser "politicamente correto" e por isso não tem medo de defender o direito de a população se armar e a redução da maioridade penal.Em entrevista à TV Folha, ele chama de "terroristas" movimentos como o MST (Movimento Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).CEO do grupo Guararapes, dono da Riachuelo, Rocha se diz liberal na economia, "um guardião da competitividade". "Mas em contraposição a esse ciclo que queremos deixar para trás, que é o da inversão de valores."DISCURSOHá muitos candidatos que ficam confinados nos temas econômicos, falando em eficiência do Estado e privatização. Não é isso o que vai mexer com o coração do eleitor, que está particularmente angustiado com temas que dizem respeito a valores, como corrupção e criminalidade.Apesar de o centro estar congestionado, existe espaço para um candidato que possa ser um guardião da competitividade, mas que tenha coerência na questão dos valores, em contraposição a esse ciclo que nós queremos deixar para trás, que é o da inversão de valores.SEGURANÇA

Na segurança existe um temor paranoico da classe política do politicamente correto, e por isso temas como redução da maioridade penal ficam praticamente órfãos.Acreditar que a criminalidade se deve à desigualdade e à pobreza é uma injustiça com os mais pobres, tendo em vista que a imensa maioria dos mais pobres é vitima da desigualdade e não é feita de criminosos.Nossa crença tem a ver com a crença da economia. Se a riqueza é mérito individual, a culpa não deve ser socializada. Pois se a culpa é de todos, ela não é de ninguém.O criminoso é um indivíduo que tomou a decisão solitária de puxar o gatilho. Acreditar diferente é um caminho para a impunidade.Não sou a favor da pena de morte porque o único que pode tirar uma vida é Deus. Com relação ao desarmamento, sou contra o monopólio da força pelo Estado.RELIGIÃOEu sou cristão, mas uma candidatura presidencial tem de ir muito além. Veja que há até um preconceito com a religião evangélica. Os evangélicos representam 30% da população e têm todo o direito de se manifestar, até porque os valores que eles emanam são do bem e compatíveis com minha candidatura.MBLEu fui o primeiro empresário a ousar sair da moita e defender o impeachment [de Dilma], pois já considerava a situação insustentável. Os meninos do MBL (Movimento Brasil Livre) me procuraram cumprimentando.A partir daí passei a conviver e confesso que me encanto com a maturidade intelectual daqueles meninos. E eles realmente começaram a entrar em redutos de hegemonia cultural de esquerda, e conseguiram abrir um debate e um contraponto.São liberais e defendem uma agenda com coerência. Nunca vi o MBL titubear ou trair o seu ideário. Tenho aprendido muito com eles.TERRORISTAS

O MST é um grupo terrorista. Tivemos uma fábrica invadida há duas semanas por 800 membros do MST. Você vê a violência que existe nesses ataques, e isso precisa ser criminalizado. A lei não pode tratar com essa benevolência esses grupos terroristas.[Sobre o MTST] Acho que é terrorismo interromper uma rua, interditar uma marginal em um dia de trabalho. Está na hora de darmos um basta nas ações desses grupos.ECONOMIAQuero ser o guardião da competitividade. Estamos em 153º como país mais hostil ao investimento e isso gera 14 milhões de desempregos.Há uma burocracia que se reveste de bandeiras nobres, mas que tem tarefas ideológicas. Em nome do trabalhador se comete maldades inomináveis contra o próprio trabalhador.

Com foco em batalhadores, Afif diz que Lula deve ter direito à defesaCandidato do PSD pensa em repetir bordão de 1989 'Juntos chegaremos lá!' na campanha

Guilherme Afif Domingos, 74, pré-candidato à Presidência pelo PSD afirma que o ex-presidente Lula deveria ter tido preservado o seu direito de defesa "até o fim".Ele se posiciona contra a prisão após condenação em segunda instância. "O que não se pode é usar o recurso com chicana", disse em entrevista à TV Folha.Candidato a presidente em 1989, Afif chegou em sexto. Ele pensa em repetir seu bordão à época ("Juntos chegaremos lá!") e focará nos "batalhadores", empreendedores formais e informais.PRISÃO DE LULASou Constituinte e sei o que escrevemos na Constituição sobre a privação de liberdade. Lá está claro. Só pode haver (prisão)

quando houve o trânsito em julgado.Se olharmos a letra da Constituição, há o direito de defesa. O Lula tem de ter o direito de defesa até o fim.O que não se pode é usar o recurso com chicana, que é o que se critica no Brasil.Pode-se interpretar o recurso e ver o que é interposição de recurso protelatório. Mas o recurso legítimo tem de ser analisado como direito de defesa da pessoa. Isso vale para todo mundo.PUNIÇÕESAcredito que não tem retorno e esse é um consenso nacional. Agora, você jogar todas as suas fichas na punição não é o caminho. Temos de jogar as fichas na mudança desse sistema.Existe um rompimento total entre Nação e Estado. As pessoas não se julgam representadas dentro do Congresso Nacional. A reforma do sistema eleitoral teria de ter sido muito mais profunda e não vejo mudança nessa direção, mas no sentido de (o sistema atual) se preservar. Não basta punir e o sistema continuar igual.PULVERIZAÇÃOAinda estamos em um grande vácuo, e não acredito que essa pulverização de candidaturas se mantenha. Todos nós temos que nos viabilizar, inclusive o [Geraldo] Alckmin [pré-candidato do PSDB], que também não está preenchendo o espaço que lhe foi destinado. Os próximos 90 dias são de ocupação de espaço.Em 1989 tivemos uma eleição muito pulverizada. Mas neste ano os partidos estão olhando muito a eleição parlamentar, até por conta do pouco caixa de campanha.Quanto menos candidatos (para presidente) tivermos, melhor para a eleição de deputados, que é o que vai dar poder ao partido depois, inclusive recursos no futuro.Esta é um a eleição ainda absolutamente aberta. Ninguém é favorito.BATALHADORESHá uma luta entre o que é moderno e o que é antigo no Brasil. Sou um liberal, e um liberal de massa. Da micro, pequena e média empresa, do regime de competição.

Nossa bandeira defende o batalhador, que é essa imensa classe de empreendedores. Essa será a mola mestra, essa multidão de batalhadores formais e informais.É o Brasil real. Pode ser até que eu repita o mantra "Juntos chegaremos lá!" por conta do recall, que é muito grande.No Brasil, se tivermos 200 municípios com médias e grandes empresas, é muito. Mas todos têm micro e pequenas empresas. É sobre esse batalhador que eu vou falar.RENOVAÇÃOA população quer renovação com experiência. Temos um recall do passado de que não foi bom ter um outsider [Fernando Collor], que confiscou a poupança e acabou em impeachment.O eleitor quer renovação, quer uma pessoa não comprometida com as maracutaias, mas quer experiência.COSTUMESO mundo gay hoje consegue se manifestar com total liberdade e eu sou totalmente favorável. Mas quando se fala em casamento, o termo está errado. É um contrato, porque casamento é macho e fêmea, não tem jeito.Sobre drogas, tenho profunda dúvida sobre a liberação. Sobre o consumo, tem de ter uma responsabilidade. Quem é consumidor deve ter um brutal agravante na hora que tem um acidente.No caso do aborto, eu sou contra a pena de morte. Sou a favor do aborto nos casos já previstos em lei.Fui contra o voto aos 18 anos e até hoje falo a mesma coisa, pois se baixasse a idade para votar, acabaríamos [em algum momento] baixando a maioridade penal.Sou a favor de baixar a idade para trabalhar, de 16 para 14 anos, com a obrigatoriedade de estudar. Porque hoje jogamos essa leva de adolescentes na mão do crime.

Pré-candidato pelo Novo, Amoêdo defende privatização total e prevê 10 ministériosO presidenciável diz também que país não deveria usar dinheiro público para financiar partidos políticos

João Amoêdo, 55, pré-candidato à Presidência pelo Partido Novo, diz ser favorável à privatização total das estatais e do encolhimento para dez no número de ministérios."O Brasil não precisa de um estado grande porque é pobre. É justamente o contrário disso", disse o ex-executivo do mercado financeiro em entrevista à TV Folha.Com 1% das intenções voto segundo o Datafolha, Amoêdo aposta também na eleição para deputados federais a fim de fortalecer seu partido, que terá cerca de 360 candidatos em 18 estados.TAMANHO DO ESTADOSomos a favor da privatização total. Petrobras, Caixa, Banco do Brasil. Se por acaso as pesquisas disserem que não é isso o que a grande maioria quer, nós vamos explicar. Porque achamos que isso é bom para o eleitor. E não mudar a pauta porque essa não é a que faz sucesso.Queremos trabalhar com a máquina pública bem enxuta, com a ideia de dez ministérios, e reduzir bastante a quantidade de secretarias para que o estado foque nas áreas essenciais.Obviamente que quem está no estado vai sempre defender a ideia de que precisamos ter estatais e o poder concentrado em Brasília, pois isso atende aos interesses de quem está lá.Temos uma falência do atual modelo do estado brasileiro, onde se tem uma carga tributária altíssima, onde se trabalha 153 dias por ano para pagar impostos, e onde a saúde, educação e segurança são ruins.GESTÃO E POLÍTICAEntrei na política e montei o partido acreditando que a política é o caminho. Estou em processo de ser um político. Os políticos podem ser gestores também, e não gosto da ideia de dissociar as duas coisas. Isso é impossível.O que queremos é que a política na área pública atenda aos interesses da comunidade, e não os interesses privados. Mas não devemos demonizar a política.POLÍTICAS SOCIAIS

Gosto do Bolsa Família porque o volume de recursos utilizado para o total de benefícios é pequeno. Vale a pena por isso. E o governo dá o dinheiro para as pessoas.Não é para construir uma rede de supermercados populares onde as pessoas comprariam produtos subsidiados, onde a chance de haver um ambiente mais propício para corrupção seria enorme.Temos de trabalhar para tirar as pessoas desse processo, para que não necessitem mais de auxílio. E comemorar a quantidade de pessoas que saem do programa, não a das que entram.SALÁRIO MÍNIMOA valorização do salário mínimo não deve ser por caneta, mas por uma política de aumento da produtividade. Senão, fica insustentável e cria rombos como os atuais nas contas públicas.A valorização tem de ser por meio da qualificação das pessoas, por meio de capacitação e educação. O aumento do salário acabará sendo consequência disso.NORTE E NORDESTEÉ o estado e o seu peso que está impedindo que essas regiões consigam produzir e crescer. Quando olhamos qualquer lugar do mundo e analisamos a relação entre maior liberdade econômica e maior renda per capita, vemos que ela é direta.No Brasil, concentramos poder em Brasília, e damos migalhas para os outros, onde as pessoas gostariam de empreender e montar negócios para poder trabalhar.Quando o cidadão tem mais poder e autonomia, e o estado é menos intervencionista, é quando os países mais crescem.DINHEIRO PÚBLICONão é razoável que não tenhamos hospitais funcionando direito, uma educação de má qualidade e que usemos dinheiro público para financiar partidos políticos, que são entidades privadas.Cerca de 40% desse novo fundo eleitoral aprovado no ano passado irão para os quatro partidos que estão mais envolvidos nas denúncias da Lava Jato. Não faz sentido colocar dinheiro público nisso.

Não se sabe quem manda no Brasil, se presidente ou juiz, diz AldoPré-candidato pelo Solidariedade à Presidência diz que país precisa de líder forte, com autoridade

O ex-deputado Aldo Rebelo, 62, pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade, diz que o poder no Brasil está "pulverizado" e que o país precisa de um presidente "forte, com autoridade".Após décadas de militância no PC do B e de uma rápida passagem pelo PSB, ele ingressou no Solidariedade, ligado à Força Sindical. O novo partido de Aldo esteve à frente do processo de impeachment de Dilma Rousseff, de quem ele foi ministro.DILMA ROUSSEFFMeu sentimento é de lealdade, gratidão e de reconhecimento dos erros que ela pode ter cometido, inclusive dos erros políticos para que fosse afastada do governo.Mas essas críticas já foram publicamente manifestadas, inclusive por aliados dela. Seu grau de isolamento facilitou a missão de seus adversários.NOVO PARTIDOMinha entrada no partido tem relação com o compromisso com a base dos trabalhadores que compõem o Solidariedade, com o desenvolvimento do Brasil e o direito dos trabalhadores. Me identifico com o movimento sindical.Minhas convicções profundas e duradouras não se alteram com a filiação partidária.Eu era dirigente do PC do B, não o PC do B, e nem me responsabilizava pelas opiniões do PC do B. Sobre [Joseph) Stalin (ex-líder soviético acusado de vários crimes], o reconhecimento maior que ele recebeu em vida foi do primeiro ministro britânico [Winston] Churchill, que reconheceu o seu papel na derrota do nazismo e na luta dos aliados.Essa é a relação que pode merecer essa deferência. No mais, não tenho opinião que me comprometa com os presumíveis erros de Stálin.NOVO PRESIDENTE

O presidente precisa ser muito forte, ter capacidade e autoridade. É um paradoxo, mas o Brasil vai precisar de um presidente forte, não autoritário, mas com autoridade. Quando olhamos para os Brics, e podemos ter todas as divergências com o presidente dos EUA, mas, quando olhamos, há um chefe no Executivo. Na China, na Índia, na Rússia ou na França (há autoridade).No Brasil, o poder está pulverizado. Não sabemos mais se manda no país um juiz de primeiro grau, um deputado líder no Congresso ou um ministro do Supremo, onde há 11 autoridades diferenciadas.SEGUNDO TURNOÉ precipitado examinar qual segundo turno poderemos ter. Porque, tirando o Lula da disputa, todos os candidatos viram terceira via.Ninguém chega a 20% e quase todos têm chance de chegar a 10% A eleição está muito fragmentada e não há um fato novo, que seria a remoção de uma candidatura em favor de outra. Como, hipoteticamente, o Lula apoiar outra candidatura.NOVO CONGRESSOA renovação no Congresso deve ficar na média histórica. Quando renovou muito, foi 60%. Quando foi pouco, 40%.PREVIDÊNCIAO país precisa voltar a crescer e se desenvolver. É uma lenda dizer que o país não volta a crescer por causa da crise fiscal. Diz isso quem não entende de economia.O país não volta a crescer porque não há investimento privado, público e confiança dos investidores. Porque não existe a percepção, por parte dos investidores, de um governo que assegure um ambiente favorável ao investimento, que apoie o capital. Não é só a questão fiscal. Todo governo tentou fazer a reforma da Previdência, e não é fácil. É necessária, mas não pode recair sobre os mais fracos. Deve perder quem tem muito, e não são os trabalhadores privados ou rurais. Algumas corporações do setor público precisam ser alcançadas.

Vera Lúcia, pré-candidata pelo PSTU, quer desapropriar 100 empresasEx-operária que concorrerá à Presidência diz que Venezuela não serve de modelo: "É um Estado capitalista“

A ex-operária Vera Lúcia Salgado, 50, pré-candidata à Presidência pelo PSTU, diz que, se eleita, desapropriaria cerca de cem empresas e que a Venezuela não serve de modelo. "É um Estado capitalista", disse à TV Folha.Ela prega a revolução operária e afirma que o modelo mais próximo do ideal seria o dos cinco primeiros anos após a Revolução Russa, em 1917.REVOLUÇÃOO Brasil precisa de uma revolução socialista. Que tenha como tarefa central organizar a classe trabalhadora.No Brasil, cem grandes empresários são detentores de 70% da riqueza produzida. É para expropriar? É. Não estamos falando dos pequenos e médios empresários, mas das multinacionais, dos bancos.Para que tudo isso fosse colocado para o atendimento das necessidades do conjunto da população. Hoje é como se toda a riqueza produzida se voltasse contra os trabalhadores.GOVERNO LULAO governo Lula não mudou essa lógica. E quem ganhou foram os bancos, as grandes empresas. O próprio Lula não se cansa de dizer que nenhum banqueiro podia reclamar de seu governo. Aos trabalhadores só foram dadas pequenas concessões, como o Bolsa Família. Não se pode dizer que a vida das pessoas melhora dando a elas R$ 200 ou R$ 300. Isso é o congelamento da miséria.Houve também concessões na área do crédito, que acabaram endividando os trabalhadores e aposentados. Com isso a economia foi aquecida, mas quem lucrou? Os bancos e a grande indústria.Lula fez a sua experiência dentro dos marcos do sistema capitalista. Deu no que deu. Toda sua proposta não resolveu os problemas dos pobres.

VENEZUELANão é modelo. É um Estado capitalista e tem uma economia capitalista voltada para a exportação de petróleo. E importação de quase tudo para o consumo interno. Esse processo chamado pelo governo de lá de socialismo do século 21 é pura retórica.A estatização que ocorreu na Venezuela inclusive foi "meia-boca". O modelo que mais se aproxima do socialismo que nós defendemos foi a Revolução Russa nos seus primeiros cinco anos. Não é o da ex-União Soviética.ELEIÇÕESNossa campanha vai ser pobre, como sempre foi, pedindo contribuição para os trabalhadores. Não temos condição de fazer uma campanha grandiosa, aí a gente vai e faz do jeito que pode.As eleições se dão num esquema fraudulento, antidemocrático. Nós, do PSTU, utilizamos esse espaço para falar das nossas ideias, e é legítimo que nós, enquanto partido, façamos isso.O PSTU não é um partido eleitoral, é um partido que se organiza e organiza os trabalhadores independentemente disso, mas, no período da campanha, nós temos uma visibilidade maior.Apesar de muita gente não querer, a gente existe e é um fato. A classe dominante é organizada. Se queremos derrubar os de cima, nós, que somos aqui de baixo, precisamos nos organizar também.

Por que nossa política é tão burraPode dizer que eles não representam você. Que são todos ladrões. Mas a razão da picaretagem está mais próxima de nós do que do Congresso. E a solução também

O novato estava tão incomodado com o bate-boca no plenário daCâmara que o veterano foi consolá-lo. “Olha, Tiririca, eu entendo seunervosismo”, disse Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), descendente doPatriarca da Independência, cuja família está na política nacionaldesde 1822. “É que você está acostumado com o circo. O circo é umambiente de paz, harmonia, alegria. E de organização. Aqui é essabaderna, essa gritaria danada”, disse o deputado de 83 anos e novemandatos. Tiririca concorda. “Nos três primeiros meses, fiquei muitoacuado. Mas vi que funcionava assim, e ponto”, diz o segundodeputado mais votado da história, com 1,35 milhão de votos (atrásapenas do falecido Enéas). Mas, mesmo com tanta popularidade,Tiririca vai abandonar a política. Quando o Partido da República oconvidou a ser candidato, sua mãe o convenceu a aceitar porqueassim ele poderia “ajudar muita gente”. “Só que não é assim. Éinteresse próprio, é interesse de partido, é interesse do governo.” Nacampanha, ele prometeu contar ao eleitor o que fazia um deputadofederal. Hoje ele sabe. “É uma pessoa que trabalha muito e produzmuito pouco.”

Tiririca virou ícone da descrença na democracia brasileira. Da sua eleição ao anúncio de volta à vida circense, a mensagem éa mesma – “pior que está não fica”. Mas será que as coisas vão tão mal assim? Comparado aos nossos colegas emergentes,somos até uma democracia admirável. Nossas eleições são livres. Nosso sistema de votação eletrônica, embora peque emtransparência, é referência mundial. Nossa imprensa é independente, ao menos nas principais capitais. E temos três poderesbem divididos. Ok, o presidente tem grande poder – como administrar um orçamento de R$ 2,3 trilhões e criar medidasprovisórias com valor de Lei. Mas, para servir de freio a ela há 513 deputados e 81 senadores que estão lá representando opovo e seus Estados. Sem a aprovação deles, no Congresso, o Executivo não faz nada. No papel, é um modelo lindo. Só quena prática eu, você e a torcida de todos os times da pátria sabemos que a verdade não é bem por aí.

Tudo funcionaria bem, não fosse o fato de, em vez de um mandato, o Congresso receber carta branca de seus eleitores. Sim,deixamos nossos representantes fazerem o que quiserem com seus cargos. Passado um mês desde a eleição de 2010, umem cada cinco eleitores havia se esquecido em que parlamentar tinha votado, segundo pesquisa do Tribunal SuperiorEleitoral. Já o Estudo Eleitoral Brasileiro, feito pela Unicamp, mostra que 70% esqueceram em 2010 em que deputadovotaram quatro anos antes. Não é que o brasileiro não sinta que seus representantes o representem. Ele sequer sabe quemé o seu representante. E, sem isso, o congressista não tem controle. Faz o que quer.

Vamos às urnas a cada dois anos, mas no resto do tempo não participamos das escolhas feitas no bairro, na igreja, notrabalho e nos outros espaços que fazem parte da nossa vida. “A política virou um departamento à parte, dissociado dasociedade”, diz o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ). “E o povo a vê como uma instância que não lhe diz respeito.” Oresultado é que dificilmente a carreira política atrai as pessoas mais capacitadas. Você tem algum amigo talentoso? Poisbem, provavelmente ele não quer ser político. Em geral, pessoas talentosas vão à universidade, escolhem uma profissão evão brilhar muito em uma empresa ou em qualquer espaço onde lhes deem recompensas mais imediatas e palpáveis. Apolítica é frustrante demais. Para entrar nela, é preciso atravessar a piscina de lama do financiamento eleitoral. Depois, é

necessário lutar contra um grupo de pessoas que estão lá por motivos que não são exatamente “a formação de um paísmelhor”. A quem então interessaria a profissão de suas excelências?

Bem-vindo ao zoológico

Poucos quilômetros passados desde o aeroporto Juscelino Kubitschek, chega-se a um trevo no qual uma placa indica:“zoológico”. Parece piada, mas, se você seguir a indicação, chegará a Brasília. Como um zoológico, a capital federal é isoladado hábitat natural da maioria da população (a única região metropolitana a menos de 12 horas de ônibus é a de Goiânia). Aomesmo tempo, também reúne num pequeno espaço uma fauna muito representativa da diversidade brasileira. Para garantiressa representatividade, os espécimes expostos passam por uma seleção que acontece a cada quatro anos: as eleições paradeputado ou senador.

Em alguns países, como nos EUA, a eleição para a Câmara é como uma competição de 100 metros rasos – cada cadeirarepresenta um distrito, disputado por alguns poucos candidatos próximos ao eleitor. Em outros países, como a Espanha, é comouma prova de equipe – vota-se num partido, que apresenta uma proposta política. Já no Brasil, temos uma ultramaratona. Sãomilhares de candidatos disputando as cadeiras de um Estado inteiro, cada um correndo por si. Segundo o cientista políticoBarry Ames, da Universidade de Pittsburgh, esse nosso sistema dá espaço para quatro tipos de candidatos – e nenhum deles éaquele seu amigo talentoso. Vamos chamá-los de Líderes de Entidade, Burocratas, Caciques e Pastores.

Em regiões metropolitanas, quem tem mais chance são os Líderes de Entidades: sindicatos, federação de indústrias,associações de comerciantes e conselhos de profissionais. Essas entidades se organizam em torno dos interesses de suacategoria e lançam líderes para defendê-los em Brasília. Já em campanhas espalhadas pelo Estado, ganham uma vantagemtremenda os Burocratas, como os secretários de educação ou saúde. Eles são figuras que, por terem ocupado cargosestratégicos no Executivo, têm uma grande exposição para a população – e acabam lembrados na hora das urnas.

Agora, no eleitorado de municípios menores, quem ganha são os Caciques – geralmente, membros de famílias políticastradicionais na região. Uma vez no poder, elas conseguem fortalecer sua influência alimentando seu curral eleitoral com verbasfederais. E, por fim, há uma última possibilidade: juntar votos de algumas poucas pessoas que tenham algo em comum, masque estejam espalhados por todo o Estado. A princípio, isso vale para qualquer minoria – vegetarianos, correntes ideológicasradicais, descendentes de imigrantes, LGBTs… Mas para se eleger é preciso mais do que uma identidade. É necessário terlíderes, uma estrutura de campanha e uma rede de seguidores. Hoje, quem tem isso mais bem organizado são os pastores deigrejas evangélicas.

Essa divisão tem um problema sério: o poder se torna um incentivo por si mesmo. Só será eleito quem já tiver poder. Afinal,como competir com um burocrata que tem a máquina pública a seu lado? Ou com um líder religioso que controla as almas de

seu rebanho? Diante do moto-perpétuo político, não há espaço para pessoas com talento, nem para os interesses do cidadão comum. Assim, a política deixa de ser um lugar para a discussão de ideias ou para a construção de um país melhor – ela apenas serve para manter as antigas e duvidosas estruturas. Ou seja, melhorar a nossa vida não necessariamente está em debate por lá.

A corrida do ouroCerto, sabemos o perfil de quem se elege. Mas, antes de começar a eleição do voto, o candidato precisa vencer uma outra:a eleição do dinheiro. Afinal, uma campanha é muito cara. Envolve gravações em estúdio, organização de comícios, aluguelde carros de som e escritórios em várias cidades. Quanto dá em média? Em 2010, cada deputado federal eleito arrecadouem média R$ 1,1 milhão. Isso legalmente. Já ilegalmente não dá para saber, pois a grana rola fora dos bancos, em maletas ecuecas.Quais as diferenças entre a eleição do voto e a da grana? Bom, na primeira todo cidadão tem o mesmo valor: um único votoem um único candidato. Já a eleição da grana é desigual. Quanto mais rico o doador, mais ele pode doar – para pessoasfísicas, até 10% dos seus rendimentos; para empresas, até 2%. Isso significa o óbvio. Por exemplo, em 2010, o ex-governadore um dos maiores produtores de soja do mundo Blairo Maggi (PR-MT) teve direito a votar com muito mais dinheiro do quevocê, leitor comum: R$ 779,8 mil do próprio bolso e R$ 435,5 mil do grupo empresarial que ele controla. Hoje é senador,integra a bancada ruralista e preside a Comissão de Meio Ambiente (apesar de ter recebido o nada honroso prêmioMotosserra de Ouro, do Greenpeace, concedido a quem mais destrói, justamente, o meio ambiente). Como é permitidodoar a quantos candidatos quiser, a maioria dos grandes financiadores diversifica os donativos. Não quer vincular seu nomea um candidato específico? Basta dar a grana para um intermediário – o comitê partidário -, que depois a repassa para ocandidato.Em 2010, 91,3% do financiamento foi feito por empresas. Mas por que o setor privado doa tanto dinheiro para um políticose reeleger? Desejo de fortalecer as instituições democráticas? Uhm, não exatamente. As empresas que mais doam sãotambém as com maiores interesses no governo. Dos R$ 4,2 bilhões totais, R$ 400 milhões vieram de 14 construtoras – sim,aquelas que mais tarde terão contratos para realizar obras públicas. Outros R$ 155 milhões vieram de dez bancos privados,que dependem da política econômica do governo. Ao que tudo indica, as empresas não doam – elas investem.Qual o impacto disso na política? O primeiro é um golpe na credibilidade. Por que você compra a SUPER? Provavelmenteporque você confia nas informações aqui. Sim, os R$ 13 de cada exemplar são salgados, mas é o preço que permite à revista

Em Brasília, 19 horas

“A figura do político está mais por baixo do que umbigo de cobra. Você vira um leproso quando é candidato. Chega amachucar”, diz o deputado federal Guilherme Campos (PSD-SP). E depois de eleito? “Aí, todo mundo é seu amigo.” Portanto,aos eleitos, parabéns. Agora, o parlamentar receberá uma bela estrutura do Estado para exercer suas atividades. O salário ébom, mas não é de marajá. É próximo ao de diretores de empresa: R$ 26,7 mil. Depois, será sorteado seu gabinete. Se tiversorte, ele irá para o anexo IV – um prédio com balcões de companhias aéreas no térreo, elevadores exclusivosparlamentares, gabinetes de 39 m2 e banheiro privativo. Se tiver azar, terá de se contentar com o anexo III – o “favelão”.Então, receberá belos R$ 78 mil mensais para contratar a equipe de até 25 funcionários em seu gabinete. E, para cobrirgastos com combustível, avião, telefone e divulgação de suas atividades, há o “cotão” – uma ajuda de R$ 21 a R$ 44 mil.Somando tudo, temos o segundo parlamentar mais caro do mundo, depois do americano.Mas o que ele consegue fazer com tudo isso? Se sua função fosse propor projetos de lei, a coisa iria bem: em 2012 foramapresentados 1.841 projetos. Só que, deles, apenas 13 foram aprovados (e desses, quatro foram originados no Congresso.QUATRO, sendo que um era para aumentar o salário dos servidores do Senado). Em parte isso acontece porque umainfinidade dos projetos é irrelevante – datas comemorativas e propostas estapafúrdias, como a penalização da heterofobia ea obrigatoriedade da plantação de uma árvore a cada criança nascida. “O mais frustrante no Congresso é a incapacidade derealizar aquilo que você promete na campanha”, diz Fernando Gabeira (PV-RJ), que, depois de quatro mandatos dedeputado federal, abandonou a Câmara para tentar a eleição a governador do Rio de Janeiro em 2010. “Já os grandes temasde porte nacional foram levados ao Tribunal de Justiça, como o aborto de anencéfalos, a união civil e a marcha damaconha”.

Chega de tanta burriceSim, algo deu errado. O que fazer, então? Sonhar com uma bomba no meio do Planalto Central, como pedem certascampanhas de Facebook? Derrubar tudo e começar de novo? Bom, a Rússia fez isso na Revolução de 1917, e a Alemanhatambém, em 1933. E, se você se lembrar da aula de História, nenhuma das duas tentativas terminou bem. Como disseWinston Churchill ao Parlamento inglês em 1947, “a democracia é a pior forma de governo – exceto todas as outras”.Algumas reformas poderiam melhorar bastante a dinâmica da nossa democracia – ainda que não resolvam a raiz doproblema. Há quase duas décadas, o Congresso tem prometido isso por meio de uma reforma política. Na prática, sóentregaram duas mudanças: a emenda da reeleição, obtida sob denúncias de compra de votos, e a Lei da Ficha Limpa,votada sob a pressão de 1,3 milhão de assinaturas. “Muita gente fala que o sistema não funciona e que é preciso umareforma. Mas essa reforma não é feita justamente porque deputados e senadores precisam votar nela. Por isso, ela acabafracassada”, diz Gabeira. O principal ponto dessa reforma política é a mudança do sistema eleitoral – aquele sistema malucoque transformou as eleições do Legislativo numa caríssima maratona.Mas isso seria apenas o primeiro problema a ser resolvido na nossa política. O segundo, tão importante quanto, é a questãoda grana. Como já vimos, as empresas têm imenso poder no nosso jogo político. Uma alternativa seria botar o Estado parafinanciar todo o processo. No financiamento público, pessoas físicas ou empresas não podem doar para nenhum candidato– apenas para um fundo público, que também receberia o dinheiro de impostos. Isso, em parte, já acontece. Em 2012, ohorário eleitoral gratuito custou aos cofres públicos R$ 606 milhões em renúncia fiscal e R$ 286 milhões do fundo partidário(uma ajuda de custo a que partidos políticos têm direito). Mas o financiamento público traz alguns pontos importantes.Quanto será dinheiro suficiente e quanto será dinheiro demais? Por que um cidadão seria obrigado a dar o dinheiro de seusimpostos para um partido com cujas ideias não concorda?Foi pensando nessas questões que Lawrence Lessig, professor de direito em Harvard e cofundador do Creative Commons,teve uma ideia. Para ele, a grana do fundo público de campanha deveria virar um “vale-democracia”. Digamos que cadaeleitor tenha direito a um vale-democracia fixo de R$ 50, deduzido do imposto de renda. É um dinheiro que você iria gastar

de qualquer jeito, mas que vai para as eleições, para o candidato da sua preferência. Se você quiser apoiar a campanha dealguém, é só dividir o vale-democracia entre quantos candidatos quiser. Se você não quiser fazer isso, o voucher vai diretoao partido ao qual você é afiliado. E, se você não for afiliado a nenhum partido, ele vai para financiar a Justiça Eleitoral.O sistema não impede as doações privadas, desde que haja um limite do quanto se pode doar. Se você quiser dar umaajuda extra a alguém, poderá contribuir com, no máximo, R$ 100 – seja você um estivador, seja você o Eike Batista. Oresultado é que vai se dar bem na campanha quem tiver capacidade de mobilizar mais microdoadores (as pessoas), e nãoquem tiver relações com os grupos econômicos mais interessados em influenciar os rumos da política. Quem vai decidirisso serão muitos cidadãos – e não só algumas empresas. Ou seja, o interesse do povo pode entrar na pauta. Claro queessa ideia também tem seus problemas. Por exemplo, ela democratizaria apenas a superfície do financiamento eleitoral –o mundo das doações não-contabilizadas, os famosos caixa 2, seguiria existindo. E poderia até crescer.A terceira reforma necessária já começou a valer. É a transparência. Desde maio de 2012, todos os órgãos públicos eprivados que recebem dinheiro público são obrigados a fornecer quaisquer dados a qualquer pessoa que pedir – sem queela precise explicar seus motivos (só não vale informação pessoal ou sigilosa.) Também precisam publicar na internetdados como o uso de recursos, editais de licitações, contratos e tantos outros documentos que revelem o andamento daadministração. Assim, o Brasil colocou em prática o que já prometeu 23 anos antes em sua Constituição, e se tornou o 90ºpaís a abrir seus dados públicos. Com uma vantagem – fez isso já numa era de democratização da internet e redes sociais.Só que isso por si só não faz revolução. Dados amontoados não significam muita coisa. Para que eles se transformem eminformação, é necessário que sejam interpretados. Ou seja, só servem para algo quando os seres humanos entram najogada. E é nesse ponto que, finalmente, começamos a encontrar a verdadeira resposta para a embananação dademocracia no Brasil: a participação popular. Corrupção, hegemonia de grupos econômicos nas decisões políticas,paroquialismo… Todos as burrices que vimos nas páginas anteriores são apenas reflexos de um único problema: a falta departicipação popular na política.

Um sinal retumbante

Em 2013, milhares de manifestantes se reuniram numa série de grandes protestos relacionados às tarifas de ônibus em SãoPaulo. A partir de 13 de junho, quando a tropa de choque da Polícia Militar atacou manifestantes que gritavam “semviolência”, o movimento ganhou apoio de pessoas que até então o criticavam pelo vandalismo de uma minoria.Manifestações se espalharam pelo Brasil e por algumas cidades europeias e americanas. Em São Paulo, diga-se, amanifestação contra os R$ 0,20 a mais ganhou como mote a frase “”não são só os R$ 0,20”.É que esse tipo de movimento, organizado em redes, sempre ganha vida própria, sem uma cartilha definida. Os protestosentão, acabaram difusos – basicamente “contra tudo”. Mas isso é o de menos. Essas manifestações, no fundo, foram algomuito maior: um sinal retumbante de que os cidadãos querem derrubar o muro entre sociedade e política.Sinais mais silenciosos têm pipocado também, numa velocidade crescente. Um exemplo surgiu em Maringá, Paraná.Durante os anos 90, mais de R$ 100 milhões foram desviados da prefeitura. Quando a mutreta foi descoberta, em 2000, arevolta foi enorme. Mas, em vez de ficar reclamando, a sociedade civil decidiu reagir. Primeiro, lideranças se reuniram efundaram a Sociedade Eticamente Responsável (SER), em 2004. No ano seguinte, o novo prefeito, Silvio Barros (PP), abriuos dados da prefeitura num portal de transparência na internet. Então, para escrutinar esses dados, o SER formou em 2006o Observatório Social de Maringá. Sua função era basicamente dar treinamento para que qualquer cidadão sem filiação apartido político monitorasse voluntariamente o uso de dinheiro público do município. Professores, aposentados,estudantes, advogados. Não importa. Em vez de perder tempo compartilhando posts raivosos ou comentando matérias noFacebook, os voluntários puderam usar sua indignação analisando se editais de licitação não eram viciados, divulgando-ospara o maior número de empresas possível, fiscalizando os preços, as quantidades e a qualidade dos produtos e serviçoslicitados, e acompanhando sua entrega. Deu tão certo que, em 2009, o Observatório Social de Maringá venceu umconcurso em Inovação Social da ONU para América Latina e Caribe. E a ideia se espalhou para mais de 60 municípios peloBrasil.

Open bar da democraciaOutro exemplo vem da Índia. Na maior democracia do mundo, a corrupção generalizada impede que dinheiro do governochegue à também maior população de miseráveis do mundo. O que a organização MKSS começou a fazer em 1994 nopaupérrimo e semidesértico Estado do Rajastão? Pegou cópias dos orçamentos dos panchayats (as assembleias de aldeia,base do sistema político indiano) e começou a lê-los em público para a população – assim todo mundo podia ver o quantode dinheiro público deixava de chegar a eles. Como o governo se recusava a liberar documentos, a MKSS integrou ummovimento por uma lei de acesso à informação – que foi aprovada para o território indiano em 2005, sete anos antes doBrasil.Esse tipo de auditoria participativa serve de controle do uso do dinheiro público. É bastante, mas a população engajadapode ir além, se quiser. Não só controlar, mas decidir com o que o dinheiro público vai ser usado. Os primórdios dessa ideiasurgiram ainda em 1989 em Porto Alegre. Era o Orçamento Participativo. Nele, a população ia a assembleias para definir asprioridades dos gastos do município. Desde então, a ideia se espalhou pelo mundo. Isso, claro, surgiu numa época em quepessoas precisavam ir à prefeitura até para pegar uma segunda via do IPTU.Hoje, as redes sociais ampliam drasticamente o nível de participação. O passo mais tímido é botar em votação na internetquais obras pré-selecionadas devem ser realizadas – caso do Orçamento Participativo Digital de Belo Horizonte, iniciado em2007. Mas ferramentas de crowdsourcing podem levar isso muito mais adiante – e bem mais próximo de você.Quer que a prefeitura resolva a tampa de bueiro aberta? A lâmpada queimada? Revitalize o canto ermo onde você foiassaltado? Ferramentas como o FixMyStreet, do Reino Unido, e o SeeClickFix, dos EUA, permitem que qualquer cidadãoidentifique num mapa problemas nos serviços públicos. É o crowdmapping (mapa colaborativo). A prefeitura pode entãopegar esses relatos, encaminhá-los para os órgãos certos e, quando resolvidos, mudar o status do post para “fechado”. Acurto prazo, o cidadão ajuda a administração a saber onde agir pontualmente. A longo prazo, é possível constatar padrõesem que os problemas aparecem – e, uma vez conhecendo o padrão, dá para traçar planos para resolver o problema antesmesmo que ele aconteça.

Isso abre espaço para o passo seguinte: usar ferramentas de redes sociais para a democracia direta. Algo parecido com issoaconteceu na Islândia. Em 2008, a economia do país desabou – e a descrença na política se tornou tamanha que levoualgum engraçadinho a colocar o país à venda no eBay. Dos escombros, os islandeses decidiram criar uma nova Constituição– escrita não por políticos profissionais, mas pelo próprio povo.Primeiro, reuniram mil cidadãos estatisticamente representativos da diversidade regional e demográfica do país para fazerum brainstorming sobre o que o país queria ser (pausa para imaginar as ideias esdrúxulas que saíram). Então, elegeram 25cidadãos para redigir um rascunho da Constituição. As conclusões foram publicadas online para que qualquer cidadãopudesse comentar o texto – foram 3,6 mil comentários e 370 sugestões. Depois de referendado, o texto acabou aprovadopor 2/3 dos eleitores.Isso, claro, só é possível porque a Islândia tem um alto nível de escolaridade, uma pequena população (menos da metadedo Acre) e uma enorme vontade de mudar o país. E, infelizmente, a democracia direta apenas funciona em casos isolados.Caso contrário, corre-se o risco de tomar decisões baseadas no calor do momento e contra a vontade de minorias. “Tenho328 mil seguidores no Twitter, mas não posso escrever `digam as leis que vocês querem¿. Cada um desses 328 mil só vaipensar em si mesmo”, diz Cristovam Buarque.Mas a democracia direta pode também ser usada a favor da democracia representativa, que pouco mudou desde o século19. Ferramentas em rede podem servir de meio de diálogo e pressão contínuo entre a população e seus representantes. Osprimeiros passos já foram dados. Um deles são as petições online. Neste ano, por exemplo, o Congresso brasileiro recebeumais de 1,6 milhão de assinaturas eletrônicas por meio do Avaaz contra a posse de Renan Calheiros na presidência doSenado. Como o regimento da Casa não reconhece esse tipo de documento, nada foi feito. Mas a pressão chegou lá. Seesse tipo de ação continuar a ser ignorado, a legitimidade desses parlamentares será (ainda mais) deteriorada. Outro passoé o surgimento em vários países de partidos que fazem crowdsourcing de suas plataformas políticas – como o PartidoPirata, presente em 28 países, inclusive com dois assentos no Parlamento Europeu e mais de 40 em assembleias estaduaisda Alemanha.

As ações feitas com as novas ferramentas tecnológicas podem ser desdenhadas, chamadas de “democracia do sofá”. De fato, elas levantam mais bandeiras contra do que a favor de algo. Também são mais influenciadas por comoções do que pelo debate racional. Por fim, tendem a se desmobilizar tão logo o assunto perde o frescor. Mas a tecnologia traz algo que a velha política não permitia: a troca imediata entre o poder público e a população. Se corrupção e crise de representatividade não passam de sintomas de uma doença maior – o distanciamento entre eleitor e eleito -, as redes sociais podem agir direto na raiz do problema. Elas levam a política para a vida das pessoas, em vez de limitar a participação às eleições. E permitem agir em espaços que vão da rua até o Congresso. E se o sofá não bastar? Então, as redes sociais podem mostrar o seu lado explosivo: a mobilização para protestar nas ruas. O mundo árabe descobriu isso. O movimento Occupy Wall Street descobriu isso. A Turquia descobriu isso. E o Brasil também. Bem-vindo ao futuro da democracia.