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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP ROSA ALUOTTO DE OLIVEIRA Potencialidades e dificuldades no uso dos tablets como ferramenta didática: O estado da arte das pesquisas MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA SÃO PAULO 2014

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA...Quando o tema é o uso de tecnologias na Educação, encontramos várias estudos sobre o assunto, mas nos interessaremos nesta pesquisa pelos que

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

ROSA ALUOTTO DE OLIVEIRA

Potencialidades e dificuldades no uso dos

tablets como ferramenta didática:

O estado da arte das pesquisas

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

SÃO PAULO

2014

ROSA ALUOTTO DE OLIVEIRA

Potencialidades e dificuldades no uso dos tablets como

ferramenta didática: O estado da arte das pesquisas

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para a obtenção do título de

Mestre em Educação Matemática, sob

orientação da Profa. Dra. Maria José

Ferreira da Silva.

PUC/SP

2014

Banca Examinadora

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _________________________________ Local e Data:______________

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Antonio e Rosaria, por tudo o que sou.

Ao meu marido Carlos, pelo amor, apoio e companheirismo.

Às minhas amadas Júlia e Laura, pela paciência e compreensão.

Às minhas irmãs Assunta e Ana Lucia, pelo carinho e pela amizade.

Aos meus amigos sinceros, próximos ou distantes, pelo auxílio constante.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, pela minha vida e por toda a proteção.

Durante a realização de meu mestrado, muitas pessoas ajudaram de formas

diferentes, com contribuições inestimáveis. Certamente, se hoje posso redigir esta

página, foi devido ao imenso apoio recebido nessa jornada. Na impossibilidade de

citar todos os envolvidos, expresso meus mais profundos agradecimentos aos

amigos, colegas e familiares.

Minha especial gratidão ao Sr. Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente do Colégio

Bandeirantes, pela crença nos seus professores e também por estimular e

proporcionar todas as condições necessárias para que eu pudesse realizar meu

Mestrado.

Agradeço à Professora Doutora Maria José Ferreira da Silva, pelo carinho, pela

atenção, pelo empenho e pela disponibilidade durante todo o processo de

elaboração desta dissertação.

Aos Professores Doutores Nilson José Machado e Saddo Ag Almouloud, pela

disponibilidade em participar de minha banca examinadora e pelas preciosas

contribuições ao trabalho. Meu carinho e minha admiração aos meus dois grandes

exemplos de Professores.

Aos queridos amigos do Mestrado pelos momentos preciosos que passamos juntos.

A todos os professores, diretores, coordenadores, colegas e alunos que contribuíram

para a minha formação profissional e me tornaram digna de concluir esse Mestrado.

Seria impossível citar todos, mas tenham a certeza da minha eterna gratidão por

poder participar de suas vidas.

Oliveira, Rosa, Aluotto. Potencialidades e dificuldades no uso dos tablets como ferramenta didática: O estado da arte das pesquisas. 2014. Dissertação (Mestrado). Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática. Pontifícia Universidade católica de São Paulo. PUCSP.

RESUMO

A tecnologia invadiu nossas vidas de forma intensa e ubíqua. Os equipamentos móveis - smartphones e tablets - estão chegando às salas de aula, seja de maneira informal, trazidos pelos alunos, seja de forma institucional, com o aval dos diretores das escolas. No entanto, o fato é que, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis têm potencial significativo para transformar a aprendizagem, pais e professores não estão convencidos disso. Assim, quando se trata de incorporar as novas tecnologias no processo de ensino, parece haver uma imensa barreira a ser ultrapassada. Acreditando que ainda faltam pesquisas nessa área, decidimos por fazer um trabalho bibliográfico para verificar o estado em que se encontram e refletir sobre algumas questões apresentadas nos trabalhos. Após a pesquisa do tipo estado da arte dessa temática, destacamos, ao final, quais as principais observações e conclusões, além de possíveis lacunas de pesquisa como sugestões para trabalhos futuros. Sem a pretensão de esgotarmos o assunto, selecionamos 39 trabalhos entre artigos nacionais e internacionais, dissertações e teses para realizarmos a análise, apontando ao final as principais questões tratadas. Desse análise concluímos que as pesquisas sobre o uso do tablet em sala de aula ainda não avançaram muito e temos poucos resultados concretos, principalmente no que diz respeito à melhora do desempenho acadêmico dos alunos. Se o tablet será ou não uma ferramenta que ajudará a mudar a Educação ainda é uma questão sem resposta, o que podemos inferir é que essa ferramenta tem potencial para apoiar trabalhos colaborativos, possibilitar uma aprendizagem dentro e fora da sala de aula e aumentar a autonomia do aluno na busca de informações e na construção de seu conhecimento.

Palavras chave: Tablets. Equipamentos móveis. Tecnologia na educação.

Oliveira, Rosa, Aluotto. Possibilities and difficulties in the use of tablets as a teaching tool: The state of the art research. 2014. Dissertation (Master). Postgraduate Studies Program in Mathematics Education. Pontifical Catholic University of São Paulo. PUCSP.

ABSTRACT

Technology has invaded our lives in an intense and ubiquitous way. Mobile devices - smartphones and tablets - are reaching the classrooms, either in an informal way, brought by the students, or in an institutional way, supported by school principals. However, the fact is that although experts assert that mobile devices have a meaningful powerful tools to transform learning, parents and teachers are not fully convinced of it. Thus, when it comes to integrate new technologies in the teaching process, there seems to be a huge barrier to be overcome. In the belief that there is a lack of research in this area, we have decided to do a bibliographical work in order to verify the position in which they stand and reflect on some questions present in these papers. After the research of this kind of state of the art, we highlight, at the end, what the main observations and conclusions are, and also the possible research gaps as suggestions for future papers. Aiming at bringing further discussions, we have selected 39 papers among national and international articles, dissertations and theses to carry out the analysis, indicating towards the end the main questions which were raised. From this analysis we conclude that the researches on the use of tablet in the classroom have not made much progress yet and we have few concrete results, mainly regarding the improvement of students´ academic performance. If the tablet will be a tool to help change education, it is still a question to be answered; what we can infer is that this tool has the capability to support collaborative work, learning in and outside classroom and to increase student´s autonomy in the search of information and knowledge construction.

Keywords: Tablets. Mobile devices. Education tecnology

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Página inicial do site Periódicos da CAPES ................................... 44

Figura 2 - Página inicial da Nuteses ............................................................... 45

Figura 3 - Apresentação de um resultado de busca ....................................... 45

Figura 4 - Vantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis ....... 116

Figura 5- Desvantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis ... 120

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Pesquisas encontradas na Biblioteca Virtual da PUC-SP ............ 46

Quadro 2 - Artigos científicos, teses e dissertações ....................................... 47

Quadro 3 - Artigos científicos nacionais.......................................................... 50

Quadro 4 - Artigos científicos internacionais ................................................... 51

Quadro 5 - Dissertações ................................................................................. 52

Quadro 6 - Teses ............................................................................................ 52

Quadro 7- Pesquisas que trataram de conteúdos matemáticos ................... 103

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................13

1 – O CONTEXTO..............................................................................................................................19

1.1 UM BREVE HISTÓRICO DOS COMPUTADORES NAS ESCOLAS ......................................................................... 19

1.2 COMO CHEGAMOS AO M-LEARNING ..................................................................................................... 23

1.3 INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, COMPETÊNCIAS E DISCIPLINAS ................................................................... 27

1.4 A ERA DAS CONEXÕES ......................................................................................................................... 31

1.5 GERAÇÃO POLEGAR ............................................................................................................................ 36

2 – PROBLEMÁTICA ...........................................................................................................................40

2.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ................................................................................................................. 40

2.2 QUESTÃO DE PESQUISA E OBJETIVOS ...................................................................................................... 41

2.3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS ........................................................................................................ 42

3 - A PESQUISA ..................................................................................................................................47

3.1 CRITÉRIOS DE ESCOLHA DOS TRABALHOS ................................................................................................. 47

3.2 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS .................................................................................................................. 47

3.3 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DOS ARTIGOS NACIONAIS .................................................................... 53

3.4 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DOS ARTIGOS INTERNACIONAIS ............................................................ 77

3.5 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DAS DISSERTAÇÕES ........................................................................... 93

3.6 FICHAMENTOS E RESENHAS CRÍTICAS DAS TESES ....................................................................................... 97

4 – ANÁLISES ................................................................................................................................... 105

4.1 QUANTO AOS SUJEITOS DAS PESQUISAS ................................................................................................ 106

4.1.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 106

4.1.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 106

4.1.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 106

4.1.4 – Teses ................................................................................................................................. 107

4.2 QUANTO AO TEMA COLABORAÇÃO ...................................................................................................... 107

4.2.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 108

4.2.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 108

4.2.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 108

4.2.4 – Teses ................................................................................................................................. 108

4.3 QUANTO AO TEMA FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................................................................................... 110

4.3.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 110

4.3.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 110

4.3.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 110

4.3.4 – Teses ................................................................................................................................. 110

4.4 QUANTO A CONTEÚDOS MATEMÁTICOS ................................................................................................ 112

4.4.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 112

4.4.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 112

4.4.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 112

4.4.4 – Teses ................................................................................................................................. 112

4.5 QUANTO ÀS VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................................... 114

4.5.1 – Artigos Nacionais ............................................................................................................. 114

4.5.2 – Artigos Internacionais ...................................................................................................... 114

4.5.3 – Dissertações ..................................................................................................................... 115

4.5.4 - Teses ................................................................................................................................. 115

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 122

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 126

“Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante para com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento.”

José Manuel Moran

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INTRODUÇÃO

Os educadores, assim como os empregadores e políticos, estão começando a perguntar que mudanças precisarão fazer para preparar as futuras gerações para uma nova era política e econômica.

Jeremy Rifkin

A tecnologia invadiu nosso cotidiano e vivemos rodeados de aparatos digitais.

Os computadores estão por toda parte: nos bancos, supermercados, consultórios

médicos e nas instituições de ensino. Na escola também utilizamos computadores,

ainda que de forma mais tímida, principalmente quando estamos tratando do uso

didático, verifica-se muito mais um uso conservador do que um emprego voltado às

transformações didáticas relevantes. Embora a sociedade se aproprie da tecnologia

em tarefas cotidianas, nem sempre existe uma transferência desse conhecimento

quando o assunto é ensinar por meio de tecnologia.

Quando utilizamos a palavra tecnologia, normalmente, pensamos em

computadores. É preciso destacar, porém, que existem diversas tecnologias que já

foram incorporadas à sala de aula, como a caneta esferográfica, o caderno e o

próprio giz, que ainda são tecnologias muito úteis para a Educação.

Embora nós, professores, não saibamos muito claramente o que fazer com os

smartphones e tablets trazidos à escola, nossa geração de alunos está imersa em

um ambiente tecnológico e é constantemente bombardeada por informações. Na

verdade, de acordo com Vieira Pinto (2005), a “natureza” onde esta geração está

vivendo encontra-se repleta de aparatos tecnológicos, ou seja, a tecnologia faz parte

da realidade atual dos nossos alunos. Eles lidam com celulares, mp3, mp4, Ipod,

computadores, videogames etc.

O homem é um ser destinado a viver necessariamente na natureza. Apenas, o que se entende por “natureza” em cada fase histórica corresponde a uma realidade diferente. Se no início era o mundo espontaneamente constituído, agora que o civilizado consegue cercar-se de produtos fabricados pela arte e pela ciência, serão estes que formarão para ele a nova “natureza”. (IBID, 2005, v.1, p. 37)

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Mais do que a invasão tecnológica, o que nos deixa bastante surpresos é a

velocidade com que esses equipamentos tecnológicos evoluem. Para nós, nascidos

no século passado, essa velocidade causa estranheza e nos deixa perplexos. Já

para os nativos digitais - termo cunhado por Marc Prensky em 2001 para

caracterizar os nascidos em um tempo que o mundo já era digital – a habilidade para

navegar e ter acesso a inúmeros conteúdos, em diferentes meios e fazendo tudo ao

mesmo tempo é natural.

Quando o tema é o uso de tecnologias na Educação, encontramos várias

estudos sobre o assunto, mas nos interessaremos nesta pesquisa pelos que

enfocam as tecnologias móveis e sem fio, em especial os tablets, por tratar-se de

uma tecnologia relativamente nova, criada em 20101, já utilizada em algumas

escolas particulares e que começa a fazer parte de projetos de Educação pública.

Os tablets são equipamentos móveis semelhantes a “pequenos computadores”,

leves e com tecnologia que utiliza uma tela sensível a toques para digitar e

comandar o aparelho. De acordo com Lima Filho e Waechter (2013), nos primeiros

tablets, a principal interface de entrada e edição de texto se dava por uma caneta

especial; o lançamento do iPad e dos demais dispositivos com tela de toque

alteraram essa lógica, incorporando o uso de teclados virtuais como o principal meio

de entrada de texto. A tecnologia de “multitoque”, presente na maioria dos tablets do

mercado, é um importante componente na experiência desses equipamentos. A

partir de 20122 é possível notar a maior popularização dessa tecnologia e não é raro

encontrar crianças utilizando tablets, porém, nos intriga a facilidade com que a

“geração digital” (termo cunhado por Tapscott, 1999) utiliza e incorpora esses

equipamentos em seu dia a dia. Apenas três anos se passaram a partir da criação

dos tablets e notamos que as mudanças estão ocorrendo em um ritmo cada vez

mais acelerado. Mesmo assim, ainda não temos resposta para a seguinte questão:

utilizar essa tecnologia (tablets) modifica algo em sala de aula?

1 http://www.tecmundo.com.br/apple/3534-conheca-o-ipad-o-tao-esperado-tablet-da-

apple.htm#ixzz2TNk1qtJD

2http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/vendas-de-tablets-no-brasil-crescem-267

15

A intensidade e a velocidade com que a tecnologia invadiu nosso cotidiano

merecerão destaque no trabalho, pois, se estamos na era da conexão, devemos

saber o que fazer para trabalhar com alunos “conectados” quase que 24 horas por

dia.

Alguns pesquisadores (VIVANCOS, 2008; WEISER, 1991, apud LEMOS,

2005) utilizam o termo tecnologia transparente ou tecnologia que desaparece para

enfatizar que o foco do trabalho deverá ser sempre nas atividades didáticas e não na

tecnologia. Assim, os tablets surgem como uma potencial tecnologia transparente

com possibilidades promissoras de uso didático. São utilizados de maneira natural

pelos estudantes, ou seja, o destaque está na atividade, no conteúdo trabalhado e

não na tecnologia. A geração digital praticamente não precisa ser ensinada a utilizar

o aparelho, ao contrário, é ela que, na maioria das vezes, dá consultoria aos pais. É

uma geração que vai “mexendo” até descobrir como funciona. Porém, embora

quase todos os alunos saibam utilizar as tecnologias para realizarem tarefas

cotidianas, temos dúvidas se os estudantes sabem como tirar proveito dessas

ferramentas em prol de sua aprendizagem. O mesmo ocorre com relação aos

professores. Não é raro encontrar professores que adoram “consumir” produtos

tecnológicos, estão sempre atentos aos novos lançamentos de smartphones,

computadores e outros aparelhos, mas, quando se trata de incorporar as tecnologias

no processo de ensino, parece haver uma barreira imensa a ser ultrapassada. Por

que isso ocorre? Como fazer para que as tecnologias sejam utilizadas de maneira

adequada e no momento oportuno em sala de aula? Será o tablet a ferramenta que

faltava para uma mudança de paradigmas educacionais? São questões a que

gostaríamos de responder, mas que ainda estão sem resposta e são lançadas

apenas para nossa reflexão.

O fato é que, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis

têm potencial significativo para transformar a aprendizagem, pais e professores não

estão convencidos disso.

Diante da inevitável chegada dos equipamentos móveis às salas de aula,

como aponta o relatório realizado pela Horizon Report (JOHNSON et al, 2013),

pretendemos lançar luz sobre esses dispositivos para proporcionar uma reflexão

sobre o uso dos tablets e celulares em sala de aula. O NMC Horizon Project, que

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está atualmente em seu 11º ano, detalha as tendências tecnológicas sobre as quais

os 55 membros do conselho consultivo tinham forte concordância. Esses

especialistas (escritores, pensadores, tecnólogos e futuristas da Educação) foram

propositadamente escolhidos pela diversidade de experiências e de locais de

trabalho. Apesar da diversidade, compartilham a ideia de que as tecnologias

elencadas no relatório têm ou terão um impacto significativo na prática da Educação

Básica no mundo todo e concordam com ela. Sobre a chamada “aprendizagem

móvel”, encontramos no relatório, como previsão de implantação significativa nas

escolas, o prazo de um ano ou menos, ou seja, já é realidade em muitas escolas do

mundo.

A aprendizagem dentro e fora da sala de aula é destacada no documento,

sendo chamada de “aprendizagem híbrida”. Tal aprendizagem pode ocorrer tanto na

forma presencial como online e, de acordo com o relatório, nós, professores,

devemos conhecer e descobrir como tirar proveito de cada um dos ambientes. Com

relação ao papel da escola e do professor em um mundo no qual há abundância de

informações, os especialistas afirmam que o professor deverá passar do papel de

transmissor de conteúdo/informações para o papel de orientador. Sua função será

ensinar seus alunos a acessar e filtrar as informações primordiais.

Também consta no documento Horizon Report (JOHNSON et al, 2013) a

tendência, cada vez mais comum, do BYOD (Bring Your Own Device) que, em

tradução livre, significa “traga seu próprio dispositivo”. Essa tendência possibilita que

o dinheiro economizado pela instituição seja aplicado em outras necessidades,

tecnológicas ou não. Concordamos que os equipamentos móveis devem ser sempre

do próprio aluno, auxiliando-o na personalização de seu aparelho, de acordo com os

seus interesses e as suas necessidades.

Quando o assunto é tecnologia e sua aplicação na Educação, é sempre muito

importante elencar os desafios a serem superados. Nesse sentido, os membros do

conselho consultivo do Horizon Report não se omitiram e apresentaram uma lista de

dificuldades. Algumas delas são:

- O desenvolvimento profissional contínuo precisa ser valorizado e integrado

na cultura das escolas.

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- A resistência a mudanças, por parte do professor, muitas vezes limita a

absorção mais ampla das novas tecnologias.

- O ensino na escola básica precisa discutir a mistura cada vez maior entre

aprendizado formal e informal.

Como potencialidades, o relatório destaca a ubiquidade, isto é, encontrar-se

presente em toda parte; o estímulo à exploração, ou seja, durante uma aula,

enquanto o professor cita um fato, o aluno pode aprofundar-se no conteúdo fazendo

sua própria pesquisa; e as possibilidade de trabalhos colaborativos entre os alunos.

Intriga-nos saber que, embora as tecnologias tenham modificado as formas

de comunicação, de busca pelas informações e das relações humanas, sua

interferência na escola ainda é tímida, principalmente no que diz respeito às

mudanças de paradigmas.

Muitas dúvidas e incertezas existem sobre o uso dos tablets na Educação,

mas concordamos com Moran (2011, p.145) com relação aos avanços da sociedade

e à velocidade das mudanças em nossas vidas.

Caminhamos aceleradamente rumo a uma sociedade muito diferente que em parte vislumbramos, mas que nos reserva inúmeras surpresas. Será uma sociedade muito mais conectada, móvel, com possibilidades de comunicação, interação e de aprendizagem muito mais fascinantes ainda.

Diante desse cenário, o interesse pela pesquisa a respeito do uso dos tablets

na escola foi aumentando e delimitando-se ao lermos mais sobre o assunto. Uma

vez que os tablets, assim como a maioria das tecnologias, foram criados para

atender a uma demanda da sociedade e não especificamente a uma demanda da

escola, pretendemos investigar como estão as pesquisas sobre o uso dos

dispositivos móveis em sala de aula. Realizar esse levantamento bibliográfico nos

possibilitará alcançar uma visão mais ampla sobre o que foi produzido nessa área, e

descobrir se, com o passar dos anos, existem mais pesquisas sobre o tema, quais

as suas características e, além disso, identificar possíveis lacunas para

investigações futuras.

Ao longo deste trabalho vamos apresentar um panorama de estudos e

experiências nos quais alunos e professores usaram equipamentos móveis para

auxiliar a aprendizagem; destacar as potencialidades didáticas dos equipamentos

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móveis, em particular os tablets; e refletir sobre a finalidade/utilidade da tecnologia

em sala de aula.

Utilizaremos uma metodologia de pesquisa qualitativa, de caráter

bibliográfico, com o objetivo de compreender e expor as principais discussões

presentes nas pesquisas a respeito do uso de tablets nas escolas.

Vale destacar a introdução de Ortega Y Gasset (1991, p. 5) que, em 1939,

chamou a atenção para um debate que surgiria nos próximos anos sobre o sentido,

as vantagens, os danos e limites da técnica. O autor afirmava que era função do

escritor prever, com folgada antecipação, o que, anos mais tarde, poderia tornar-se

um problema para seus leitores. Assim, haveria tempo para refletir sobre as

implicações da técnica na vida humana. Mais adiante, expõe que a humanidade

costuma sentir um misterioso terror cósmico em relação aos descobrimentos, como

se, nesses, juntamente com seus benefícios, se escondesse um terrível perigo.

Nesse sentido, pretendemos discutir no presente trabalho sobre uma “nova” técnica:

os equipamentos móveis e suas implicações na escola, pois não podemos mais

negar que a sociedade como um todo apropriou-se da tecnologia e nós, professores,

devemos refletir constantemente sobre o seu uso em sala de aula.

A presente pesquisa está organizada da seguinte forma: no primeiro capítulo,

apresentamos o contexto da pesquisa, citando um pequeno histórico sobre os

computadores nas escolas, como chegamos ao M-Learning, e diferenciamos

informação de conhecimento. Finalizamos o capítulo mostrando algumas

características da geração atual de alunos e de nossa era.

No segundo capítulo, elencamos a justificativa da pesquisa, apresentando

nossa principal questão de estudo, nossos objetivos, assim como a metodologia e os

procedimentos utilizados.

O terceiro capítulo foi constituído com a organização dos dados e o

fichamento dos trabalhos escolhidos.

No quarto capítulo, apresentamos a análise dos dados, com reflexões a

respeito do uso de tecnologias na escola.

19

1 – O CONTEXTO

A principal meta da Educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da Educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo o que a elas se propõe.

Jean Piaget

Antes de tratarmos especificamente dos tablets, acreditamos ser necessária

uma reflexão mais ampla sobre o uso de tecnologias em sala de aula. Para tanto,

neste capítulo, trataremos de assuntos que contextualizarão nossa pesquisa. Faz-se

necessário apresentar fatos importantes no que diz respeito à área: quando os

computadores chegaram às escolas? Quais propostas pedagógicas de uso de

tecnologia nas escolas foram relevantes? Quais são os principais termos e siglas

relacionados com as tecnologias? Qual o perfil do estudante atual? São

questionamentos que pretendemos elucidar ao longo do presente capítulo.

1.1 Um breve histórico dos computadores nas escolas

Os computadores chegaram à escola no final da década de 1970, mas sua

presença ainda era tímida na década de 1980 e sua popularização ganhou força a

partir da década de 1990. Porém, de acordo com Cysneiros (1999), o uso de

tecnologia na escola nunca aconteceu de forma plena, ou seja, embora professores

e estudantes utilizem tecnologia na escola, ainda não se vivenciou uma real

inovação, apenas uma inovação conservadora. Fazemos o velho utilizando os novos

equipamentos tecnológicos.

Ainda assim a indústria de computadores e os entusiastas sempre procuram

nos convencer de que a utilização de computadores será a panaceia para todos os

males da Educação. Na década de 1990, algumas escolas, ávidas por usarem

computadores, resolveram ministrar cursos de informática para os alunos, mas

poucas propostas didáticas consistentes surgiram ao longo desses anos. Sem tais

propostas pedagógicas, o que acontecia de fato era que muitos professores

adotavam a técnica da tentativa e erro, fazendo experiências até que um bom uso

20

do computador fosse encontrado. Ainda hoje presenciamos escolas que trabalham

assim, ou seja, adotam imediatamente a nova tecnologia e vão descobrindo aos

poucos, por meio de experiências, se é boa ou ruim.

Infelizmente muitos de nós ficamos envolvidos com a ideia de que, por

princípio, o novo é sempre desejável e melhor do que o velho. E nos engajamos

nessa busca do novo para fazer melhor do que fazíamos e, sem a necessária

reflexão, adotamos a tecnologia na esperança de que o novo traga algo melhor para

a Educação. Esse pensamento tem bases nas ideias da Modernidade e refletem

características citadas por Heidegger (Costa, 2002, p.142). Assim sendo, não é raro

encontrar professores afirmando que usam as tecnologias para motivarem os

alunos, pois elas representam a modernidade. Para nós, esse é um dos piores

argumentos para defender o uso de equipamentos móveis, pois acreditamos que

motivação, por si só, não é suficiente para justificar o uso de tecnologia na escola.

Antes é preciso que a tecnologia auxilie os alunos na aprendizagem e seja utilizada

para tarefas que não seriam possíveis de serem feitas apenas com giz e lousa, que

ajudem a mudar paradigmas educacionais e a fazer com que o aluno participe mais

ativamente da construção de seus conhecimentos.

Acreditamos que está bastante claro para a maioria dos educadores que não

basta equipar as escolas com tecnologia sem que haja uma proposta pedagógica

que estruture e encaminhe o trabalho em busca de uma aprendizagem mais efetiva.

Nesse sentido, uma das poucas propostas consistentes do uso de computadores

nas escolas foi a linguagem LOGO, de Seymour Papert, criada no final da década

de 1960, que tinha como objetivo uma mudança de paradigmas na Educação.

Papert foi influenciado pelas teorias do construtivismo, uma vez que trabalhara com

Piaget. Na década de 1970, começou a ser utilizada em escolas dos Estados Unidos

e, na década de 1980, as pesquisas e os trabalhos com o LOGO tiveram início no

Brasil.

De acordo com Roszak (1988, p.118 - 119), diante de tantas confusões a

respeito do uso de computadores nas escolas, a linguagem LOGO foi uma exceção

notável, com uma filosofia educacional consistente.

Para Papert, a tarefa que melhor o computador faz pelo aluno é proporcionar

um ambiente virtual no qual o aluno pode pensar sobre o seu pensamento. Por meio

21

da linguagem de programação LOGO, o estudante vivencia as ideias poderosas do

planejar, executar, depurar, pensar, refletir e replanejar.

De acordo com Brasão (2010, p.2)

Fundamentado no construtivismo de Piaget, o Logo é uma linguagem simples e poderosa, capaz de ser utilizada por pessoas de qualquer idade. Nela, o aluno é quem controla todo o processo da maneira como ele deseja, não com padrões preestabelecidos pelo professor. No Logo, o aluno aprende princípios, técnicas e habilidades que o ajudam no aprendizado e na resolução de problemas. Com esta ferramenta, é possível criar simulações, animações, apresentações, jogos gráficos, textos, controlar dispositivos externos (robótica), com a vantagem de proporcionar a integração curricular. Outro aspecto importante é que, no ambiente Logo, o aluno aprende com o erro, o que lhe possibilita compreender por que errou e buscar uma nova resolução para o problema. O Logo procura resgatar o conhecimento por intermédio da interação do aluno com objetos do ambiente, o desenvolvimento espontâneo da inteligência e a aquisição de ideias intuitivas sobre um determinado conceito. Nessa ótica, a aprendizagem que decorre do uso do Logo na Educação é por exploração e por descoberta, sendo dado ao aluno, nesse processo, o papel ativo de construtor de sua própria aprendizagem.

Embora estejamos convencidos das possibilidades de uma aprendizagem por

descoberta proporcionada pelo ambiente LOGO, Roszak (1988, p.127-137) lança

uma crítica ao afirmar que, com o uso do LOGO, algumas ideias humanas não são

realizáveis: “se o computador não pode se elevar ao nível do sujeito, então o sujeito

deve abaixar-se até o nível do computador”. Isso ocorre porque os “computadores

pensam processivamente porque é o melhor que eles podem fazer. As pessoas que

os programam têm, portanto, que pensar desta forma”. Para o autor, o ambiente

LOGO não é capaz de dar vazão à fantasia e à imaginação humana, por isso, é

limitado e mais adequado a jogos geométricos.

Mesmo assim, a proposta pedagógica que embasou o uso da linguagem

LOGO é digna de nota e acreditamos que seja possível a transferência dessa

filosofia de trabalho para outras práticas que utilizam tecnologias, principalmente no

que diz respeito às posturas de alunos e professores. Alunos mais ativos no

processo de aprendizagem, professores que utilizem menos o papel de transmissor

de conteúdos e o ciclo pedagógico (ação – reflexão – depuração – ação) são

fundamentais para formamos alunos críticos e reflexivos.

Mais recentemente, podemos citar o Projeto UCA (Um Computador por

Aluno) ou OLPC (One Laptop Per Child) como foi chamado mundialmente. Seymour

Papert também esteve envolvido nesse projeto. A ideia era entregar um laptop por

22

criança e promover atividades que favorecessem o desenvolvimento de habilidades

computacionais, de comunicação e interação. No Brasil o projeto UCA foi proposto

pelo Governo Federal em 2005, objetivando a inclusão digital, permitindo que

professores e alunos de escolas públicas tivessem acesso às novas tecnologias da

informação. De 2008 a 2011 algumas escolas públicas brasileiras receberam os

equipamentos e cada estado ficou responsável por dar continuidade ao projeto.

Sabe-se que pouco foi feito e, segundo Silva e Neto (2012), embora o objetivo de

inclusão digital tenha sido atingido nas escolas envolvidas, há falta de evidência

empírica sobre seus efeitos na Educação.

Um fato incontestável é que todo bom uso de tecnologia depende da

formação do professor. De acordo com Bernardete Gatti, em palestra proferida na

PUC-SP em 2013, as políticas públicas são um grande problema da formação de

professores no Brasil, pois a cada nova gestão, normalmente, ocorre uma ruptura

dos programas em andamento e os novos dirigentes lançam mão de “grandes”

novas ideias. Por exemplo, o Projeto UCA, no qual foi investido muito dinheiro, está

praticamente acabado, sem nunca ter começado de verdade, e a nova proposta é a

compra de tablets pelo Governo Federal. Mais uma vez, estamos iniciando uma

nova fase, com uma nova “grande” ideia de “auxílio” à Educação de nossos jovens:

a chegada de tablets às escolas públicas.

Destacamos o que foi dito por Ortega Y Gasset (1991): devemos propiciar a

discussão sobre o uso das tecnologias, refletindo sobre seus aspectos positivos e

negativos. No caso da Educação, o ideal seria que essa discussão viesse antes da

chegada dos equipamentos, pois um professor consciente do uso que deverá fazer

da tecnologia em prol da aprendizagem é mais importante do que a simples entrega

de computadores nas mãos dos alunos. Lévy (1996, apud SILVA E NETO, 2012)

afirma que antes de aderir às cegas à realidade virtual ou de condená-la

veementemente, devemos estudá-la, pensá-la, aprendê-la e, principalmente,

compreendê-la, para que possamos ter uma opinião formada a respeito. Arriscamos

dizer que muitos desses projetos fracassam porque não investem o tempo

necessário na formação e reflexão do professor sobre as novas práticas.

Nos anos 1990, os computadores chegaram às escolas de forma mais intensa

e atualmente a maioria delas têm laboratórios de informática.

23

No Brasil, uma pesquisa realizada para conhecer a realidade das escolas

públicas com relação ao uso dos computadores e o acesso à Internet3 nos mostrou

que há laboratórios de informática em 73% das escolas entrevistadas e a maioria

delas possui, em média, 20 computadores, que são utilizados em duplas de alunos.

Entre as atividades mais realizadas estão produção de textos, pesquisa de

conteúdo, produção dos próprios conteúdos pelos alunos, uso dos portais

educativos e de redes sociais. Com o avanço tecnológico e a popularização dos

equipamentos, os computadores não ficaram restritos às escolas, mas também

surgiram nas casas das pessoas. Mais recentemente, os celulares com acesso à

internet (smartphones) deixaram de fazer parte apenas da rotina de grandes

executivos para tornarem-se equipamentos presentes no dia a dia da grande maioria

da população. Essa ubiquidade dos smartphones nos oferece um novo cenário de

aprendizagem: o chamado M-Learning ou aprendizagem móvel, do qual trataremos

a seguir.

1.2 Como chegamos ao M-Learning

Com a popularização da Internet no final dos anos 1990 e a criação de

aparelhos celulares com acesso à Internet, muitas mudanças foram acontecendo e

de forma bastante rápida. Os primeiros smartphones, criados em 2003, tinham como

principais consumidores executivos que precisavam estar conectados com a

empresa durante suas viagens de negócios e tinham como desvantagem os

pequenos visor e teclado, que dificultavam seu uso. A partir do lançamento do

iPhone, em 2006, esse panorama mudou completamente e pessoas comuns,

principalmente jovens, deixaram seus celulares antigos e compraram aparelhos que

lhes permitiriam a conexão a qualquer tempo e lugar. Criava-se assim o panorama

para a aprendizagem móvel (M-Learning).

Porém, essa história de invenções e avanços tecnológico teve sua semente

lançada bem antes dos anos 1990.

Parece-nos difícil imaginar que a palavra cibernética tenha surgido em 1948,

no trabalho de Norbert Wiener (1949, apud ROSZAK, 1988, p. 25), que viria a ser

3http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso-computadores.shtml?page=3

24

um dos teóricos da tecnologia da informação. De acordo com Roszak (1988, p.25), a

palavra cunhada por Wiener para a nova tecnologia de automação trazia consigo

traços de uma segunda revolução industrial, embora, nas páginas de seu estudo, o

computador fosse ainda uma invenção exótica, sem nome estabelecido ou imagem

precisa.

Em 1948, Claude Shannon publicou um trabalho, reconhecido como uma das

maiores realizações intelectuais sobre a Teoria da Informação do século XIX,

intitulado “A Mathematical Theory of Comunication”. Shannon foi um dos primeiros a

diferenciar a palavra informação do sentido do senso comum.

Roszak apresenta que, por volta dos anos 1950, começou o debate sobre os

sistemas de informação e essa palavra (informação) atingiu o status de quase

divina, devido à sua importância na sociedade. Nessa teoria, a informação não é

mais ligada ao conteúdo semântico das afirmações. Ao contrário, a informação

passa a ser considerada uma medida apenas quantitativa de trocas comunicativas,

especialmente aquelas que ocorrem através de algum canal mecânico que exige

que a mensagem seja codificada e, a seguir, descodificada em impulsos eletrônicos.

Os dados estão por toda parte e os computadores representam um papel importante

nesse processo de armazenamento e processamento de dados.

O UNIVAC I (UNIVersal Automatic Computer), primeiro computador comercial

fabricado nos Estados Unidos, só seria criado em 1951, ou seja, três anos após o

trabalho de Shannon, mas era muito grande e vagaroso para executar programas

sofisticados. Graças ao trabalho de Shannon, o computador encontrou seu caminho

na rede de telecomunicações mundial que germinava, de forma que poderia

estender-se além do uso local.

Nesses anos, muita coisa foi feita no que concerne à computação e ao

desenvolvimento das telecomunicações. Com a miniaturização, já citada em 1988

por Roszak, os equipamentos móveis tornaram-se “minicomputadores” conectados

em rede e que se comunicam com máquinas de todo o planeta.

Com o crescimento e desenvolvimento acelerado das inovações tecnológicas,

em pouco mais de 60 anos passamos de computadores gigantescos, que ocupavam

salas inteiras, para os microcomputadores pessoais, depois para os

25

microcomputadores portáteis e, mais recentemente, para tablets e smartphones.

Nesse novo contexto, surge um conceito chamado M-Learning.

Em trabalho realizado em Portugal, Moura (2010, p.39) traz algumas

definições de Mobile Learning ou M-Learning. Mobile Learning ou aprendizagem

móvel é a expressão didático-pedagógica usada para designar um novo “paradigma”

educacional, baseado na utilização de tecnologias móveis. Em se tratando da

mudança de paradigmas educacionais, encontramos outra definição de M-Learning,

um pouco mais ampla. Segundo Georgiev et al. (2004, p.2, apud MOURA 2010,

p.40) a definição de M-Learning não é apenas baseada na tecnologia, mas deve

contemplar:

A possibilidade de aprender em todo lugar e a todo momento sem conexão física permanente à rede por meio de cabos. Isso pode ser alcançado por meio do uso de dispositivos móveis, como palmtops, celulares, computadores portáteis e tablets. Eles precisam ser passíveis de serem conectados a outros dispositivos eletrônicos para oferecerem informações educativas e para concretizarem a troca bilateral de informação entre os alunos e o professor. (Tradução nossa)

4

Essa possibilidade de aprendermos em diferentes locais e a qualquer hora

resulta em alterações significativas de comportamentos dos estudantes. A esse

respeito, de acordo com o relatório da UNESCO (2012), a aprendizagem por meio

de dispositivos móveis envolve mais do que simplesmente a incorporação de novas

tecnologias para apoiar as estratégias pedagógicas vigentes, ela requer uma

mudança de paradigma instrucional que esteja comprometida com mudanças na

forma como os estudantes aprendem.

Concordamos com Moura quando afirma que “a tecnologia móvel provocou

diferenças radicais na maneira como a sociedade trabalha, aprende e se diverte”.

Nesse sentido, para Weinberger (apud MOURA, 2009), estamos vivendo a era da

conexão, as tecnologias móveis estão em toda a parte e se espalham rapidamente.

Lemos (2005) apresenta como a era da informação passou para a era da

conexão e como ocorreram as mudanças nas práticas sociais a partir da mobilidade

4 The ability to learn everywhere at every time without permanent physical connection to cable

networks. This can be achieved by the use of mobile and portable devices such as PDA, cell phones, portable computers and Tablet PC. They must have the ability to connect to other computer devices, to present educational information and to realize bilateral information exchange between the students and the teacher.

26

que os equipamentos (celulares, tablets etc) nos proporcionam. Uma característica

muito importante da chamada era da conexão é o fato de não precisarmos nos

deslocar até a rede, pois a rede está se tornando ubíqua, envolvendo-nos em uma

conexão generalizada e tudo isso é efetivamente sem fio.

Segundo o autor, passamos da tecnologia baseada nos PCs (personal

computers) dos anos 1970 para a baseada nos CCs (computadores coletivos) com o

crescimento da Internet nos anos 1990 e agora temos os CCms (computadores

coletivos móveis), devido aos avanços tecnológicos e à disponibilidade de conexão

em diferentes locais. Nessa era dos computadores coletivos móveis, temos um

ambiente generalizado de conexão, de ubiquidade, que foi previsto por Weiser em

1991, quando, em seu trabalho, lançou as bases da computação ubíqua.

Para Weiser, a “Ubicomp” “leva em consideração o ambiente humano natural e permite que os computadores se dissolvam no pano de fundo”. (LEMOS, 2005, p.2 e p.5)

Quando o assunto é uso de computadores, um dos primeiros termos

utilizados foi a sigla TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação. Algumas

iniciativas com discurso modernizante atribuíram à escola a função de desenvolver

habilidades técnicas nos alunos para torná-los aptos ao manuseio de novas

ferramentas tecnológicas no mercado de trabalho. Nas décadas de 1980 e 1990

grandes programas governamentais surgiram concebendo as tecnologias como

“ferramentas” que deveriam ser ensinadas aos alunos.

Mais recentemente, outros pesquisadores começaram a se referir às NTICs –

Novas Tecnologias da Informação e Comunicação.

Atualmente encontramos diversos termos para designar as tecnologias

digitais:

TIMS – Tecnologias da Informação Móveis e Sem fio.

TMSF - Tecnologias Móveis e Sem Fio.

TDEs - Tecnologias Digitais Emergentes.

Essas três últimas, TIMS, TMSF e TDEs podem ser consideradas

praticamente sinônimas e designam exatamente o foco de nossa pesquisa: os

equipamentos móveis e sem fio (basicamente os celulares e tablets).

27

Apesar de não apresentar um uso didático do celular, Lemos (2005) mostra

que os telefones celulares têm sido utilizados com vários propósitos e foram

definitivamente transformados em um “teletudo” devido às variedades de uso que

têm apresentado (além de fazer e receber chamadas, é possível ouvir músicas, tirar

fotos, acessar a Internet etc.). Para o autor, é característica da pós-modernidade a

vontade de conexão a todo o momento e lugar e isso favorece, além da troca de

informações rápida e intensa, a possibilidade de organização de movimentos

políticos e sociais por meio da Internet (chamados de swarm ou smart mobs).

Nesse novo contexto de conexão ubíqua, temos o desafio de

compreendermos as características da era da conexão e suas implicações, pois

acreditamos que não seja possível refletir sobre o uso dos equipamentos móveis no

contexto didático sem antes reconhecer e compreender como estão as relações dos

usuários com a mobilidade. Se o M-Learning mostra-se como mais uma

possibilidade de aprendizagem, potencializado pelos novos celulares e tablets, é

imprescindível ter claro como professores e estudantes devem comportar-se diante

de um cenário no qual as informações são obtidas facilmente e por diferentes meios.

Para discutirmos um pouco mais sobre esse assunto, iremos agora diferenciar

informação de conhecimento e tratar rapidamente de disciplinas e competências que

são, respectivamente, os meios e os fins fundamentais da Educação.

1.3 Informação, conhecimento, competências e disciplinas

De acordo com Charlot (2008) o professor é convidado a utilizar as

tecnologias no ensino, mas, muitas vezes, não recebe formação para tanto e não há

espaço para a devida reflexão sobre a diferença entre informação e saber e as

estruturas escolares (quantidade de alunos por turma, formato das avaliações,

proposta pedagógica etc) não combinam com o uso pedagógico das tecnologias.

Por esse motivo pensamos ser necessária esta discussão antes de darmos início à

nossa pesquisa. Embora alguns estudiosos diferenciem saber de conhecimento, não

trataremos dessa diferença no presente trabalho. Vamos considerar os termos como

conceitos sinônimos e, portanto, iremos distinguir apenas informação de

conhecimento.

28

Há muitas pessoas que ainda confundem acumular informação com ter

conhecimento. Alguns acreditam que quanto mais informações conseguirmos

acumular, mais conhecimento teremos adquirido. Nesse sentido, de maneira

provocadora, Roszak (1988, p.13/14) apresenta uma característica bastante singular

dos computadores: a capacidade de armazenar grandes quantidades de informação

e a compara com a memória dos seres humanos:

Uma vez que a capacidade de armazenar dados corresponde, de certo modo, àquilo que chamamos de memória nos seres humanos, e uma vez que a capacidade para seguir procedimentos lógicos corresponde, de certo modo, àquilo que chamamos de raciocínio nos seres humanos, muitos membros desse culto concluíram que aquilo que fazem os computadores corresponde, de certo modo, ao que chamamos pensamento [...] Meu argumento consiste justamente em insistir que há uma distinção fundamental entre aquilo que faz a máquina [...] e o que faz a mente, quando pensa.

Felizmente, já está claro para muitos que ter conhecimento é muito mais do

que organizar um punhado de informações adequadas. Para Valente et al (2007)

conhecimento é o que cada indivíduo constrói atribuindo significado às informações

que tem, de acordo com sua experiência.

De acordo com Roszak (1988), o problema dessa confusão entre

conhecimento e informação deve-se aos empiristas que ajudaram a criar em nossa

cultura concepções fortemente reducionistas sobre o conhecimento. Isso nos levou a

subestimar o papel da imaginação na produção do conhecimento, fazendo com que

algumas pessoas chegassem a acreditar que bastava acumular um número

suficiente de informações, para que elas se transformassem em conhecimento. Essa

concepção foi questionada e atualmente acredita-se cada vez mais no poder das

ideias, das intuições e da criatividade para estimular a pesquisa e a descoberta.

Criar ambientes de aprendizagem onde os estudantes possam desenvolver

habilidades criativas deve ser a meta. De acordo com Crockett (2012), devemos

estimular contextos nos quais a aprendizagem ocorra através de projetos de criação

utilizando áudio, vídeo e imagens.

Há outros tantos mal-entendidos em Educação que valem a pena ser

explorados, como, por exemplo, o dos conceitos de disciplina e competência. Para

Machado (2002), a meta principal da escola não é o ensino de conteúdos

disciplinares, mas o desenvolvimento de competências pessoais. Em outras

29

palavras, “nossas” disciplinas deveriam servir de pretexto para auxiliar nossos

estudantes a desenvolverem competências.

Para o autor (MACHADO, 2002, p.139):

O Trivium (lógica, retórica e gramática) não visava qualquer formação específica ou à preparação para o trabalho, destinando-se a todos os cidadãos; aliás, não é outra a origem da expressão “isto é trivial”. A subversão das funções das disciplinas, com a transformação do meio em fim, é uma corrupção moderna da ideia original. [...] Aos poucos, o processo de fragmentação do conhecimento caminhou no sentido da crescente subdivisão da própria ciência em múltiplas disciplinas e a supervalorização do conhecimento disciplinar.

Mas, à medida que buscamos definir competências, esbarramos em outro

conceito, o de habilidades e, novamente, as disciplinas escolares deverão ser meios

para desenvolvê-las, sendo estas consideradas microcompetências.

Concordamos com Machado (2002, p. 153) que o que deverão permanecer

no aluno, depois que o tempo apagar da memória alguns conteúdos vistos na

escola, são as competências pessoais desenvolvidas tacitamente por meio das

disciplinas.

Muitas discussões acontecem quando os professores devem definir quais são

os conteúdos essenciais a serem ensinados e isso poderá levar a decisões de

eliminar alguns conteúdos do currículo na crença de que são desnecessários para a

formação do estudante. O que também é deixada de lado é a ideia de que os

conteúdos, quaisquer que sejam, são meios para atingirmos um fim maior: o

desenvolvimento de habilidades e competências, cada vez mais necessário na

formação dos alunos no atual contexto. Assim sendo, o desenvolvimento de

habilidades e competências vai além dos conteúdos disciplinares. Acreditamos que

o professor de Matemática poderá utilizar, por exemplo, o conteúdo de PA e PG

para desenvolver nos alunos a capacidade de construir e interpretar gráficos e

também habilidades de argumentação, ou seja, ao “ler” um gráfico de uma função

linear e outro de uma função exponencial, deverá explicar qual dos dois “cresce”

mais rapidamente e por que isso ocorre. Assim, ao final desse processo, o que ficará

de mais valioso para o aluno não serão as fórmulas e os cálculos de PA e PG, mas

as habilidades e competências pessoais que foram desenvolvidas por meio dos

conteúdos.

30

Outra expressão utilizada em Educação e que vem ganhando destaque é a

“aprendizagem ao longo da vida” (lifelong learning), que merece maiores

explicações, pois nos levará a outros conceitos de informação “empurrada” e

informação “puxada” que utilizaremos em nossas análises.

Para explicar tal termo, José Armando Valente lançou mão de ideias de

Delval (2000 apud VALENTE et al, 2007), discípulo de Piaget, sobre a nossa

capacidade de aprender e ensinar ao longo da vida, e afirmou que o fazemos sem

muitas vezes nos darmos conta disso, na maioria das vezes, em situações

prazerosas.

De acordo com Freire (1970, apud VALENTE et al, 2007) quando as pessoas

estão no pico da capacidade de aprender, durante o período escolar e de trabalho,

na maior parte das vezes elas são ensinadas, no sentido de que a informação é

depositada no aprendiz pelo professor.

Embora saibamos que podemos aprender tanto no sistema de ensino dito

tradicional quanto no construtivista, Valente et al (2007) define de maneira bastante

esclarecedora essas duas formas de aprendizagem. De acordo com o autor, ao

longo de nossa vida, aprendemos tanto em situações de “puxar” a informação

quanto em situações em que a informação é “empurrada” e, nesse caso, temos que

ter flexibilidade para transformar uma informação “empurrada” em conhecimento.

Essa habilidade de converter informação em conhecimento depende de cada

indivíduo.

Cabe a nós decidirmos se utilizaremos as tecnologias para proporcionar uma

aprendizagem “empurrada” ou “puxada”. Novamente, qualquer projeto de utilização

de tecnologia em sala de aula deverá colocar a questão da proposta pedagógica

para seu uso em primeiro plano, assim como a formação do professor e o papel do

aluno nessa nova configuração escolar.

Entendemos que o professor é um dos elementos-chave na visualização de

novos cenários educativos. Para Almeida e Moran (2005), os professores precisam

ter conhecimento técnico para que seja possível implantar soluções didáticas

inovadoras e um conhecimento didático para explorar os recursos técnicos

disponíveis de maneira adequada.

31

A experiência pedagógica do professor é fundamental. Conhecendo as técnicas de informática para a realização dessas atividades e sabendo o que significa construir conhecimento, o professor deve indagar se o uso do computador está ou não contribuindo para a construção de novos conhecimentos. (ALMEIDA e MORAN, 2005, p. 23).

Nesse sentido, também Prensky (2010) nos chama atenção para a

responsabilidade do professor. Segundo o autor, um professor conhecedor das

especificidades de cada tecnologia e suas potencialidades de uso didático será

fundamental no planejamento e na condução das atividades em sala de aula.

Assim, devemos ter claro que as tecnologias são apenas meios/ferramentas

na construção de conhecimento e nunca um fim em si mesmas, pois, como já

apresentamos, elas são ótimas fornecedoras de informações, mas será o professor

que deverá auxiliar seus alunos a construírem conhecimento e a desenvolverem

habilidades e competências. Nesse sentido, para que a tecnologia não seja utilizada

apenas para reproduzir o sistema de ensino dito tradicional e perpetuar a ideia de

uma inovação conservadora, a discussão sobre o uso das mesmas deverá ser

realizada antes da sua implantação e os professores deverão ter claro a verdadeira

razão da utilização das tecnologias e qual o sentido real da Educação. Sem essa

reflexão, os computadores, ou quaisquer equipamentos, por mais modernos que

sejam, continuarão a sustentar um ensino baseado no acúmulo de informações em

detrimento do desenvolvimento de habilidades e competências. Mas, como atingir

tais objetivos em um contexto em que o aluno é bombardeado com informações,

uma vez que vivemos na era das conexões? Sem a pretensão de responder à

presente questão, vamos apresentar, a seguir, algumas características da era das

conexões.

1.4 A era das conexões

Alguns autores como Lemos (2005) e Oliveira (2010) classificam nosso

momento atual como a era das conexões, pois, com as tecnologias móveis e sem fio

somadas à ubiquidade da Internet, as pessoas querem estar conectadas o tempo

todo e o smartphone está se transformando em uma prótese humana, causando

inclusive síndrome de abstinência quando o aparelho quebra ou é esquecido em

casa.

32

Uma vez que já citamos a era das conexões durante o trabalho, apenas para

ilustrar e reforçar ainda mais as grandes mudanças nessa nova era, vamos nos valer

de uma divisão da história da humanidade em cinco períodos feita por Oliveira

(2010). Esses cinco períodos são:

Era da Agricultura (até 1776) – O principal valor atribuído ao ser humano nesse período estava associado à posse da terra. Assim, quem possuía terra tinha mais importância e poder nessa sociedade. Era do Artesanato (1776 até 1860) – Suas características ficaram mais acentuadas com os movimentos de libertação dos escravos em diversos países. Nessa era, o valor era a força de trabalho. Era Industrial (1860 até 1970) – Tempo de muitas transformações na sociedade, marcado pelas invenções tecnológicas. Uma grande depressão econômica e duas guerras mundiais promoveram a transição de valor do “trabalho” para a posse do capital. No final do século 20, devido aos avanços tecnológicos tão expressivos, a informação transformou-se no principal valor. Era do conhecimento (1970 até 2000) – a informação passou a ser o único valor de fato. Vale destacar que grande parte dessas informações são virtuais e intangíveis. Era das conexões (a partir de 2000) – É uma era alavancada por toda a tecnologia proporcionada pelo crescimento dos meios de comunicação, sobretudo telefonia e Internet. O principal valor agora não é a posse de informação, mas o que vale nesse momento é a capacidade de fazer conexões, sejam elas sociais ou entre as informações obtidas. (OLIVEIRA, 2010, p.23 - 25).

Recordemos de um desenho da década de 1960: “Os Jetsons”. Criado por

Hanna-Barbera, a família do futuro, que vive no ano de 2062, inundou nossa mente

com possibilidades inimagináveis para a época, como conceber o seu chefe

telefonando para sua casa e a conversa ocorrendo face a face, um vendo o que o

outro fazia. Pois bem, talvez a intenção dos criadores fosse apenas a de serem

engraçados, mas muitas das “invenções” criadas no desenho existem atualmente,

por exemplo, as videoconferências.

As crianças de hoje não se surpreendem com esses avanços tecnológicos

como nós, adultos. Enxergam todas as mudanças com a naturalidade de uma

geração que nasceu nesse tempo digital e de rápidas mudanças. Mas, nessa atitude

existe um problema que precisamos destacar: o descolamento da técnica do técnico.

Segundo Ortega y Gasset (1991), há uma fase da técnica em que o técnico não

domina mais todo o processo de fabricação e isso lhe dá a impressão de que a

máquina é a peça importante.

Essa sensação de naturalidade com que muitos enxergam as novas

invenções pode esconder o problema de estarmos nos esquecendo de que todas as

33

novas tecnologias são criações humanas, ou seja, somos nós, os humanos, que

planejamos e construímos as máquinas e não o contrário. Talvez, diante desse

cenário intensamente tecnológico, seja função da escola e dos professores chamar

a atenção dos alunos para o que realmente importa: nós somos os criadores de toda

a tecnologia que existe ao nosso redor. Ou seja, ela não existe por uma magia, mas

é produto da mente humana. Embora, devido aos avanços tecnológicos, muitas

vezes utilizemos tecnologias sem saber exatamente como elas funcionam, devemos

deixar claro aos estudantes que é possível compreender toda a tecnologia que está

envolvida em novas invenções humanas. Certamente, para isso teremos que

entender e aprender matemática, física, química e outras “disciplinas” que estão

envolvidas nessas invenções.

De acordo com Ortega y Gasset (1991) a técnica não se limita apenas a

satisfazer as necessidades básicas humanas, mas também a criar o bem-estar do

homem, pois ele não se contenta apenas em viver, mas quer alcançar estados de

prazer e bem-estar. É por meio dessa busca do prazer e do bem viver que o homem

aproveita seus momentos “livres” para criar novas tecnologias que lhe proporcionam

o melhor viver no mundo, e, para alcançar o bem viver, são criados os supérfluos.

Em nosso contexto, o aparelho celular pode ser considerado um supérfluo sem o

qual muitos não conseguem mais viver.

O pensamento do filósofo espanhol é bem retratado na canção: “a gente não

quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a

gente quer prazer para aliviar a dor”. Essa busca pelo prazer está se tornando cada

vez mais impaciente, principalmente pelos jovens. Essa é mais uma das

características da era das conexões.

Segundo Bauman e May (2010), estamos vivenciando um mundo fluido,

frenético. A velocidade das transformações não nos permite viver como

antigamente, planejando tranquilamente nosso futuro. Essa inquietude das

mudanças também é vista no mercado de trabalho. Há alguns anos, um profissional

era formado para realizar tarefas muito específicas e relacionadas estritamente com

sua área de formação. Atualmente, as empresas esperam cada vez mais um

profissional polivalente, ou seja, que saiba aprender e adaptar-se às necessidades

do mercado.

34

Dessa forma, se as novas tecnologias e esse mundo frenético de mudanças

nos trouxeram facilidades, também algumas desvantagens surgiram nesse caminho.

Complicações que não existiam agora fazem parte do cotidiano das pessoas e

chegam às escolas. Com o uso dos dispositivos móveis, a atenção e concentração

do estudante são desviadas para os aparelhos. Em público, o excesso do uso dos

smartphones causa constrangimentos ao tocarem em momentos inadequados e

serem utilizados sem o necessário bom senso. Pais têm utilizado os tablets para

entreterem seus filhos em restaurantes e poderem comer sem estresse. Com isso, o

diálogo e a interação familiar ficam prejudicados.

De acordo com Rifkin (2011, p.268)

É lamentável que hoje as crianças entre oito e dezoito anos nos Estados Unidos gastem seis horas e meia por dia interagindo com mídia eletrônica – televisão, computadores, vídeo games e outros. No curto período entre 1997 e 2003, houve uma queda de 50% na proporção de crianças de nove a doze anos que brincavam com outras crianças passeando, caminhando, trabalhando no jardim e brincando na praia. Menos de 8% dos jovens agora passam tempo nessas atividades tradicionais ao ar livre.

5

Esse aspecto de as crianças optarem por jogos eletrônicos ao invés de por

brincadeiras ao ar livre é bem ilustrado na frase: “Gosto mais de brincar em casa,

porque é lá que estão todas as tomadas” Louv (apud RIFKIN, 2012, p.268).

Além do notável poder de distração gerado pelos aparelhos móveis, há

também o fenômeno do excesso de informações disponíveis. Nossos jovens estão

consumindo informações de maneira expressa, com extrema facilidade na sua

obtenção, mas vale lembrar que, muitas vezes, senão na maioria delas, de maneira

superficial. Segundo Ascott (apud LÉVY, 2009, p.13-15) o momento em que vivemos

é caracterizado como o “segundo dilúvio”, o das informações, gerado pelo avanço

das telecomunicações. Para o autor:

A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera. A densidade dos links entre as informações aumenta vertiginosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes. [...] O dilúvio informacional jamais cessará. A arca não repousará no topo do monte Ararat. O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano das informações. Devemos aceitá-lo como nova condição. Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar.

5 St. George, D. (19 de junho, 2007). Getting Lost in the Great Outdoors. Washington Post. Acessado

de http://www.washingtonpost.com/wp- dyn/content/article/2007/06/18/AR2007061801808.html.

35

Uma vez que o “segundo dilúvio” não cessará, torna-se mais do que

necessário ensinarmos nossos alunos a buscar e filtrar as informações na rede. Na

era das conexões, o professor deverá se comportar como um design do

conhecimento (CHINALLI, 2013). De acordo com a pesquisadora, a Internet se

apresenta como uma interface com recursos multidimensionais poderosos e terá

participação expressiva na construção do novo modelo de Educação no século XXI.

Além do acesso facilitado às informações na rede, um novo modelo de cursos on-

line está ganhando força, são os MOOCS (Massive Open Online Courses). São

cursos elaborados por professores ligados a grandes universidades e que

pretendem difundir o conhecimento em grande escala e a qualquer parte do mundo

em que as pessoas tenham acesso à Internet. Certamente, são soluções

tecnológicas que causarão grande impacto na Educação.

Para Charlot (2008, p.20):

O acesso fácil a inúmeras informações, graças à Internet, faz com que o docente já não seja para o aluno, como foi outrora, a única, nem sequer a principal fonte de informações sobre o mundo. Sendo assim, é preciso redefinir a função do professor, para que este não seja desvalorizado. Mas este trabalho de redefinição ainda não foi esboçado.

Atualmente, o poder e a responsabilidade dos professores será escolher

como e quando a tecnologia será útil em sala de aula. Isso significa que devemos

conhecer suas potencialidades e também os problemas gerados devido ao uso

inadequado para que sejam utilizadas como mais uma ferramenta importante na

aprendizagem, pois, de acordo com Lévy (2009), nem a salvação nem a perdição

residem na técnica. Os instrumentos são construídos pelos homens e são eles os

responsáveis, coletivamente, pelo seu uso adequado.

Além do grande dilúvio de informações característico da era conexão, existe

outro fenômeno jamais visto na história da humanidade: cinco gerações diferentes

convivendo em uma mesma realidade, devido ao aumento da expectativa de vida do

ser humano (OLIVEIRA, 2010, p. 11). Essa convivência implica um aumento de

conflitos de gerações: entre pais e filhos, chefes e empregados, professores e

alunos etc. Se esses conflitos também chegaram à escola, acreditamos ser

importante conhecermos um pouco mais sobre a geração de alunos atual, chamada

de geração polegar por Moura (2009), da qual trataremos a seguir.

36

1.5 Geração polegar

Esse termo “geração polegar” foi utilizado por Moura (2009) para designar a

atual geração de jovens. O termo representa o dedo mais utilizado por nossos

alunos para comandar os aparelhos celulares que já são presença constante nas

escolas. Porém, de acordo com a pesquisadora, enquanto a tecnologia avança e se

populariza, os conflitos entre pais, filhos e educadores aumentam. Os pais

presenteiam seus filhos com celulares (muitas vezes as crianças têm menos de dez

anos de idade) com a intenção de ter mais controle sobre eles. Porém, o que ocorre

é exatamente o contrário. Com o uso de celulares e tablets conectados à Internet, o

mundo dessas crianças se abre, as possibilidades de conexão aumentam

substancialmente e consequentemente, ao invés de aumentar, o controle dos pais

sobre os filhos fica reduzido.

A autora expõe que esse avanço extremamente rápido nos trouxe alguns

problemas, entre eles a falta de uma cultura digital de comunicação e de uso dos

aparelhos. Não é raro encontrar alunos que não conseguem abandonar o celular no

momento de prestar atenção às explicações do professor. Outras vezes, os próprios

pais decidem telefonar para os filhos em horário escolar, atrapalhando assim o

andamento das aulas. Pesquisas apontam (EDUTOPIA, UNESCO, 2012) que a

maior das preocupações entre pais e professores é que os estudantes distraiam-se

demais se estiverem com equipamentos móveis durante as aulas. Embora esse seja

um grande problema a ser enfrentado, especialistas na área orientam que o melhor

caminho não é banir os equipamentos, mas negociar políticas de uso e, assim, tirar

proveito das ferramentas e facilidades proporcionadas pela tecnologia, conseguindo

engajar os estudantes nas tarefas da escola.

Mesmo sabendo que a solução mais simples é a proibição do uso dos

equipamentos e que algumas escolas tenham optado por esse caminho,

acreditamos que essa não seja a melhor saída. Não podemos perder de vista que as

tecnologias móveis estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, com maior

intensidade na vida das gerações mais jovens, e que esse contato intenso com a

tecnologia afeta nossos hábitos, nossa comunicação e nossa cultura.

37

Para nós, professores, é importante entender melhor alguns dos

comportamentos das novas gerações, principalmente as chamadas Y e Z. Saber

como é a dinâmica de suas vidas, como aprendem e como lidam com o excesso de

informações causado pela tecnologia torna-se fundamental para pensar em novas

estratégias para ensinar. Embora não haja consenso entre os autores, destacamos

os nomes dados a algumas das gerações. São elas: Belle Époque (nascidos entre

1920 e 1940), Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1960), Geração X (nascidos

entre 1960 e 1980), Geração Y e Geração Z. Vamos destacar algumas

características das gerações Y e Z, ou geração polegar como Moura (2009) a

designou devido à grande habilidade de escrever em pequenos dispositivos móveis

utilizando os polegares. Para compreendermos melhor as mudanças na sociedade e

também na Educação quando o assunto é o uso de tecnologias, é necessário, pois,

compreender como o jovem de hoje se comporta, quais são algumas de suas

crenças, alguns de seus hábitos e algumas de suas ações.

Nascidos entre 1980 e 1999, os jovens da geração Y estão agora no mercado

de trabalho e possuem algumas características muito peculiares. São extremamente

informados, embora muitas vezes as informações fiquem em um nível bem

superficial. Nasceram em uma organização familiar bem diferente das gerações

anteriores, muitas vezes em famílias de pais ausentes na Educação dos filhos. Essa

ausência foi amenizada com computadores, videogames, cursos extracurriculares

de línguas, que, além de substituir a presença dos pais, aumentaram a

competitividade desses jovens no mercado de trabalho. A tecnologia, muito presente

na vida dessas crianças, determinou algumas características da geração Y: são

individualistas, competitivos e adoram desafios (pois se sentem como em um jogo e

querem “passar para outras fases”).

Fazer questionamentos constantemente, demonstrar ansiedade e impaciência em quase todas as situações, desenvolver ideias e pensamentos com superficialidade, buscar viver com intensidade cada experiência, ser transitório e ambíguo em suas decisões e escolhas – essas são algumas das principais características atribuídas à Geração Y. (OLIVEIRA, 2010, p. 63).

A geração Z nasceu após os anos 1990. Outros autores consideram os

nascidos a partir de 2000. Ao contrário das gerações anteriores, a geração Z não é

formada pelos filhos da geração Y; o que a caracteriza é que ela já nasceu digital, ou

38

seja, não sabe o que significa viver sem Internet, computadores, celulares etc. Outra

característica dessa geração é o fato de realizar várias coisas ao mesmo tempo.

Certamente são multitarefas. Assim, diferentemente dos migrantes digitais (todos

que nasceram antes do advento das tecnologias digitais – Marck Prensky, 2001) os

membros dessa geração não precisam aprender como viver em um ambiente de

imersão digital, pois já nasceram nele.

Ao contrário da geração X, que aprendeu a jamais contestar seus

“superiores”, as gerações Y e Z fazem do questionamento e da diferente concepção

de hierarquia (ou da falta dela) características marcantes. Muitas vezes, como

professores pertencentes à Geração X, não compreendemos o motivo desses

comportamentos e acusamos o aluno de rebelde ou até mesmo de mal educado.

Essas características estão muito relacionadas ao fato de que na Web tudo se

encontra no mesmo plano e todos podem contribuir para produção de conhecimento

sem hierarquia alguma.

De acordo com Oliveira (2010, p.26) “atualmente, há mais informação

publicada na Internet em uma semana do que todo o conteúdo gerado até o século

XIX”.

O autor cita algumas etapas do comportamento humano frente a algo novo.

São elas: negação, resistência, exploração, aceitação, envolvimento e

comprometimento.

Muitas vezes, ao enfrentarmos uma situação de mudanças, nem sempre

podemos adotar uma posição resistente às mesmas. Assim, levianamente adotamos

um discurso de aceitação, mas não nos envolvemos de fato, deixando as mudanças

a uma distância segura e controlável. Acreditamos que essa seja uma postura muito

comum entre os professores: mudamos o discurso mas não mudamos nossa prática.

Isso talvez porque, segundo Oliveira (2010, p.34), o tempo que alguém leva para

aderir a qualquer mudança varia de pessoa para pessoa. Algumas vão da negação

ao comprometimento em segundos; outras precisam de anos. Ousamos afirmar que

o professor lança mão do que Peter Woods (1990 apud CHARLOT, 2008, p.22, 23)

chamou de “estratégias de sobrevivência”. Segundo o autor,

o primeiro objetivo do professor, explica ele, é sobreviver, profissional e psicologicamente, e só a seguir vêm os objetivos de formação dos alunos.

39

Quanto mais difíceis as condições de trabalho, mais predominam as estratégias de sobrevivência.

Para Charlot (2008, p.23)

São essas estratégias de sobrevivência, e não uma misteriosa “resistência à mudança”, que freiam as tentativas de reforma ou inovação pedagógica. Quem propõe uma mudança significativa desestabiliza as estratégias de sobrevivência do professor e este não recusa a mudança, mas a reinterpreta na lógica de suas estratégias de sobrevivência – o que, muitas vezes, acaba por esvaziar o sentido da inovação.

Acreditamos que com a chegada dos dispositivos móveis à sala de aula, mais

especificamente com a utilização dos tablets, o “laboratório de informática” estará à

disposição de professores e alunos a todo o momento, o que, para o bem e para o

mal, implicará uma mudança na dinâmica da sala de aula e a postura passiva do

aluno poderá mudar, levando-o à possibilidade de puxar as informações e de ser

mais ativo em sua aprendizagem, fazendo o professor mudar sua prática. Ocorre

que, esses contextos estão se modificando de forma frenética, com a geração

polegar utilizando cada vez mais seus celulares e tablets em sala de aula. Sendo

essa situação inevitável e tendo claro que a escola deverá estar atenta para não ser

apenas transmissora de informações e que deveremos utilizar as tecnologias móveis

para ajudar os alunos na construção de sua aprendizagem e no desenvolvimento de

habilidades e competências que o auxiliarão por toda a sua vida, vamos iniciar

nossa pesquisa.

40

2 – PROBLEMÁTICA

“Todo fato surge a partir de uma ideia; é a resposta a uma questão que não poderíamos ter formulado, se em primeiro lugar uma ideia não tivesse sido inventada; esta, ao isolar uma porção do mundo, a torna importante, chamando nossa atenção e estimulando a pesquisa”

Theodore Roszak

Neste capítulo explicitaremos a problemática que motivou a pesquisa.

2.1 Justificativa da Pesquisa

Em quase 24 anos de magistério, vivenciei as mais diferentes realidades

escolares: escolas públicas e particulares, centralizadas e de periferia; curso regular

e suplência, aula para estudantes e também professores. Desde 1995, trabalhando

com Informática em Educação, presenciei o surgimento da Internet no Brasil, que,

inicialmente, estava presente em poucas escolas e restrita a poucas residências,

sendo o seu uso bastante esporádico. Em alguns anos o panorama mudou

completamente: atualmente são poucos os que não têm acesso à Internet. Os

celulares, em aproximadamente dez anos, tornaram-se aparelhos que fazem “quase

tudo”. Gostaríamos de compreender como a escola se comporta diante dessa

revolução tecnológica.

Moura (2010) relata como os jovens portugueses estão utilizando as

tecnologias móveis e a introdução dessas tecnologias na Educação, apresentando

uma visão da mudança de paradigma, passando do que chamou de sedentarismo à

mobilidade educacional. Esse fato tem nos chamado muito a atenção, pois, se até

pouco tempo atrás era o professor decidia se queria levar seus alunos ao laboratório

de informática, agora, com os smartphones e tablets, o laboratório já está na própria

sala de aula, “levado” pelos alunos. O que fazer com o “laboratório” que está nas

mãos dos alunos?

A pesquisa se justifica devido à inevitável chegada dos equipamentos móveis

às salas de aula, como aponta o relatório realizado pela Horizon Report (JOHNSON

et al, 2013). As tendências apresentadas pelo NMC Horizon Project mostram que as

tecnologias, em particular os tablets, têm ou terão um impacto significativo na prática

41

da Educação Básica no mundo todo com previsão de implantação significativa nas

escolas em um ano ou menos, ou seja, já é realidade em muitas escolas do mundo.

Os smartphones e tablets redefiniram o que chamamos de computação móvel, e nos últimos quatro ou cinco anos, os aplicativos se tornaram um viveiro de desenvolvimento, resultando em uma pletora de aplicativos de aprendizagem e produtividade... Tablets, smartphones e aplicativos móveis se tornaram poderosos demais, ubíquos demais e úteis demais para serem ignorados. (JOHNSON et al, 2013, p.16)

Realizar esse levantamento bibliográfico nos possibilitará alcançar uma visão

mais ampla sobre o que foi produzido nessa área, como estão as pesquisas que

tratam de matemática e equipamentos móveis, quais as principais características

dos equipamentos móveis e, além disso, identificar possíveis lacunas para

investigações futuras.

2.2 Questão de pesquisa e objetivos

Realizando a compilação e análise dos trabalhos de pesquisa selecionados,

pretendemos traçar um panorama do estado da arte sobre os usos de equipamentos

móveis, em particular os tablets, na Educação, e encontrar respostas para nossa

questão de pesquisa: qual é o estado atual das pesquisas que tratam de tablets

inseridos na Educação?

Outras questões menores, mas que estruturarão o trabalho, são:

Quais as características dos tablets?

Quais as principais vantagens do uso de equipamentos móveis na sala de

aula?

Quais as desvantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula?

Que reflexões podemos destacar sobre o uso das novas tecnologias móveis

na escola? São elas meios ou fins?

Para tanto, o presente estudo se propõe a:

Sistematizar a produção científica a respeito do uso de dispositivos

móveis (em particular dos tablets) em sala de aula.

Refletir sobre o uso de tablets: seus potenciais e suas limitações.

42

Sobre as possibilidades de contribuição da pesquisa, objetivamos elencar

trabalhos realizados com os equipamentos móveis nas escolas para lançar luz sobre

o fenômeno aparentemente inevitável da utilização dos mesmos nas salas de aula e,

a partir das experiências, refletir sobre suas potencialidades e seus entraves, sobre

nossas crenças e proporcionar maior compreensão do fenômeno da tecnologia

inserida na prática de sala de aula, levando-nos a ampliar nossa experiência com

relação ao uso didático dos tablets.

Nesse sentido, relataremos, ao final do trabalho, quais são as

potencialidades, as limitações e também as principais dificuldades encontradas

durante o uso dos tablets em sala de aula.

2.3 Metodologia e procedimentos

Utilizaremos a metodologia de pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico.

Inicialmente, almejávamos conhecer e compreender os avanços relativos ao uso dos

equipamentos nas escolas mas, ao longo da revisão bibliográfica, notamos que se

trata de um campo recente de investigação, o que nos fez repensar a pesquisa e

optar por traçar um panorama dos trabalhos realizados até o momento. De acordo

com Fiorentini e Lorenzato (2009, p.69):

Dizemos que uma pesquisa é exploratória ou diagnóstica quando o pesquisador, diante de uma problemática ou temática ainda pouco definida e conhecida, resolve realizar um estudo com o intuito de obter informações ou dados mais esclarecedores e consistentes sobre ela.

Esse estudo pretende inventariar e organizar os principais resultados das

produções encontradas e refletir sobre eles. Segundo Fiorentini e Lorenzato (2009),

podemos dizer que a pesquisa enquadra-se na modalidade de estado da arte. De

acordo com Ferreira (2002, s/p):

Nos últimos quinze anos tem se produzido um conjunto significativo de pesquisas conhecidas pela denominação “estado da arte” ou “estado do conhecimento”. Definidas como de caráter bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.

43

A presente pesquisa também é chamada de bibliográfica ou de revisão por

Fiorentini e Lorenzato (2009), pois é a modalidade de estudo que se baseia em

análises de documentos históricos, revisão de trabalhos acadêmicos e material

encontrado em bancos de dados oficiais. Para esse tipo de pesquisa, a coleta de

dados é realizada por meio das leituras e dos fichamentos dos documentos, que

podem ser encontrados em diferentes suportes: revistas, entrevistas, dissertações,

artigos, relatórios etc.

Esse tipo de pesquisa depende da quantidade de trabalhos analisados e por

vezes recebe críticas quando a amostra é considerada pequena. Nesse sentido,

entendemos que a proposta do presente trabalho é lançar mão dessa técnica de

investigação para, a partir das pesquisas analisadas, refletir a respeito do uso da

tecnologia na escola, em particular das tecnologias móveis. Para tanto, deveremos

criar categorias de análise dos trabalhos que nos sejam úteis na exploração dos

dados apresentados.

De acordo com Ferreira (2002) as pesquisas do tipo “estado da arte” não

podem ser compreendidas apenas como um levantamento catalográfico de

trabalhos. Pretendemos ir um pouco além da simples descrição dos trabalhos,

analisando aspectos como: os sujeitos envolvidos, as vantagens e desvantagens do

uso dessa tecnologia, entre outros.

Com base nos dados obtidos temos por finalidade traçar um pequeno cenário

sobre as pesquisas com tecnologias móveis, em particular os tablets, assim como

indicar sugestões de futuras pesquisas nesse campo de conhecimento. Além disso,

no decorrer de todo o trabalho adotaremos uma postura reflexiva com relação à

tecnologia em sala de aula com o intuito de discutir o real propósito dos aparatos

tecnológicos na Educação, seus benefícios e seus prejuízos. Dito de outra forma,

refletiremos sobre ganhos e perdas quando o assunto for o uso dos equipamentos

móveis em sala de aula por professores e alunos.

Para conseguirmos responder aos questionamentos, realizamos um

levantamento dos trabalhos que se relacionavam com a temática.

Primeiramente fizemos uma seleção de trabalhos sobre o uso de

equipamentos móveis na Educação, apresentados em congressos dos quais

participamos. No congresso SBIE 2011 (Simpósio Brasileiro de Informática em

44

Educação), realizado em novembro de 2011, no Brasil, quase nada foi apresentado

sobre o uso do tablets. Em compensação, no ISTE 2012 (International Society for

Technology in Education), realizado no final de junho de 2012, nos EUA,

encontramos uma grande variedade de trabalhos e experiências utilizando os tablets

na Educação. É possível inferir que, apesar dos eventos não terem acontecido

simultaneamente (são sete meses de diferença), nos Estados Unidos essa

tecnologia está sendo largamente utilizada, enquanto que no Brasil o uso do recurso

em sala de aula ainda é bastante tímido.

A participação nesse congresso internacional sobre tecnologias na Educação

(ISTE 2012) nos orientou imensamente, pois a grande maioria dos artigos e das

pesquisas consultados foi de trabalhos realizados nos Estados Unidos e na

Austrália.

A partir dos trabalhos encontrados nos anais do ISTE sobre o tema, iniciamos

nossa leitura.

Elencaremos agora alguns dos procedimentos de busca realizados na

Internet para obter os trabalhos científicos que serão citados na presente pesquisa.

Inicialmente o levantamento pelo banco de teses e dissertações da CAPES

(figura 1) não nos trouxe muitos resultados, o que gerou grande frustração e também

desconforto. Realizamos então uma rota alternativa.

Figura 1 - Página inicial do site Periódicos da CAPES

FONTE: http://www.periodicos.capes.gov.br/

Durante a busca no site da CAPES, utilizamos diversas palavras-chave, entre

elas Tablets; Tablets+Educação; Tablets+sala de aula; Tablets+escola;

Equipamentos móveis; Mobilidade; Mobilidade+Educação. Apesar das tentativas,

45

nenhum resultado foi encontrado para as buscas. Realizamos então uma busca na

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (figura 2).

Figura 2 - Página inicial da Nuteses

FONTE: http://www.nuteses.ufu.br/

Na busca com a palavra mobilidade, o sistema retornou 27 resultados, mas

nenhum relativo a equipamentos móveis na Educação.

Ao procurarmos usando as palavras “equipamentos móveis”, o sistema

retornou 27 resultados, dos quais apenas um era relacionado a equipamentos

móveis em Educação. Devido à data de publicação (figura 3), o trabalho não foi

considerado, pois estávamos interessados em trabalhos publicados a partir de 2009.

Figura 3 - Apresentação de um resultado de busca

FONTE: http://www.nuteses.ufu.br/

Outras fontes consultadas para realizar a pesquisa foram a Biblioteca Virtual

da PUC São Paulo e o site de busca Google Acadêmico.

Na Biblioteca virtual da PUC encontramos cinco pesquisas cujos temas estão,

de alguma forma, como mostra o quadro 1, relacionados ao nosso trabalho.

46

Quadro 1 - Pesquisas encontradas na Biblioteca Virtual da PUC-SP

Título do trabalho Autor Área Ano

A calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio

Nhoncance, Leandro Mestrado Profissional em Ensino De Matemática

2009

O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias no contexto da conexão sem fio

Ono, Arnaldo Turuo Doutorado em Educação: currículo

2010

Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem

Gomes, Celso Augusto dos Santos

Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital

2011

Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica

Mandaio, Claudia Mestrado em Educação: currículo

2011

Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal

Weckelmann, Valeria Faria

Doutorado em Educação: currículo

2012

FONTE: produção da autora

Ao pesquisarmos no Google Acadêmico encontramos 26 trabalhos realizados

no Brasil. Embora a quantidade tenha sido significativamente maior, a maioria deles

não tratava de tecnologias móveis na Educação, além disso, ao lermos esses

trabalhos, notamos que alguns deles não se referiam ao uso de tecnologias móveis

na escola, embora o título ou mesmo os mecanismos de busca indicassem o

contrário. Ao final dessa etapa, selecionamos 19 artigos nacionais para serem

analisados.

Outra forma encontrada para realizar a busca de trabalhos foi por meio de

referências nos anais do Congresso ISTE 2012. A busca nos levou ao site EdITLib,

onde encontramos a maioria das pesquisas listadas a seguir, totalizando dez

artigos/relatórios que foram analisados.

Ao final, temos um total de 39 trabalhos, sendo 19 artigos científicos

nacionais, 12 artigos/relatórios internacionais, 4 dissertações e 4 teses.

47

3 - A PESQUISA

Assim como o programa Vila Sésamo introduziu crianças e suas famílias para o potencial da televisão como um meio educacional duas gerações atrás, as crianças de hoje serão beneficiadas se os benefícios das tecnologias móveis forem a força para a aprendizagem e descoberta na próxima década.

Carl Shuler

Neste capítulo apresentamos a organização dos dados coletados por meio

dos fichamentos, dos quadros e das resenhas, a fim de organizar os registros e

favorecer a posterior análise.

3.1 Critérios de escolha dos trabalhos

Os critérios usados na escolha dos trabalhos foram:

(i) mais recentes (realizados entre 2009 e 2013)

(ii) cujo tema tratou de dispositivos móveis na Educação.

Com a utilização desses critérios, encontramos uma pequena quantidade de

trabalhos e decidimos analisar todos eles.

3.2 Organização dos dados

Após termos realizado todas as opções de busca de trabalhos e termos

selecionado 39 trabalhos para a análise, elaboramos o quadro 2.

Quadro 2 - Artigos científicos, teses e dissertações

Nome do trabalho Autor (es) Ano

01. Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica

Araujo Jr, C. F.; Dias, E. J.; Cerri, M. S.; Cenatti, A.

2012

02. Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação

Silva, H. C. da; Neto, R. de F. B.

2012

03. Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento oncológico

Barbosa, D. N. F.; Bassani, P. B. S.; Miorelli, S. T.

2013

04. Novas tecnologias aliadas à Educação Jardim, L. C. 2013

48

05. Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e mobUS. Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem

D’Oliveira, R. B. D.; Costa, D. P.

2012

06. Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão bibliográfica

II Congresso Internacional TIC e Educação

Santos, D. M. B.; Duram, A. A.; Burnham, T. F.

2012

07.Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas

Bernardo, J. C. O. 2013

08. Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets

Cavalcante, R. C.; Oliveira, E. A.; Ayres, P. A. A.

2011

09. Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática

Neto, J.F.B.; Fonseca, F.S.da 2013

10. O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática

Oliveira, J. B.; Santana, A. M. Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.; Silva, D. L.; Queiroz, F. N.

2012

11. Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova era da Tecnologia da Educação

Chinalli, D. V. F. 2013

12. O uso de tecnologia na Educação, priorizando a tecnologia móvel

Pereira, L. R.; Schuhmacher, V. R. N.; Schuhmacher, E.; Dalfovo, O.

2012

13. Celulares, smartphones e tablets na sala de aula: complicações ou contribuições?

Matheus, M. C.; Brito, G. S. 2011

14. Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para tablets aplicados à Educação a Distância na empresa Delinea

Olsen, C. A.; Ribeiro, C. N.; Pereira, L. K.; Kleis, M. L.; Cortellini, R. C.

2012

15. O uso de tablets educacionais no Ensino Médio Fahl, D.; Sakis, M. A.; Martins, S. M.; Pereira, T. M.; Avi, P. C.; Brizzi, M. L. S.

2013

16. Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na utilização de dispositivos móveis na Educação

Bottentuit Junior, J. B. 2012

17. Tecnologias digitais na Educação: uma análise das políticas públicas brasileiras

Maia D. L.; Barreto, M. C. 2012

18. Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual

Lima filho, M. A.; Waechter, H. N.

2013

19. Tecnologias em sala de aula: explorando as possibilidades do tablet na Educação

Domingues, N. S.; Heitmann, F. P.; Chinellato, T. G.

2013

20. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”

Moura, A.M.C. 2009

21. Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile Learning

Carvalho, Ana A. A. 2011

22. Pockets of potencial: Using Mobile Technologies to Promote Children's Learning

Shuler, Carl. 2009

23. Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program

Hunger, G.; Hodges, C. 2009

49

24. I am a 21st Century teacher: If you teach me with

technology, I will use technology to teach my students Bull, Prince H. 2010

25. Roundtable horizons of Educational Innovations: 8 pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most impact in education in the next few years and that teachers can use

Genesi, André G.; Assumpção, C. M.

2011

26. Examining implementation strategies, goals, and impacts of Apple Ipad tablets in K-12 educational settings

Jones, S.; Strudler, N. 2012

27. Media tablets in Educational practice: what can we learn?

Zijdeman-Boudreau, Anita 2012

28. A whole-school approach to technological literacy: mobile learning and the Iphone

Herrington, J.; McKenzie, S. ; Pascoe, R.; Woods-McConey, A.; MacCallum, J.; Wright, P.

2010

29. Building mobile apps to support sense-making in Mathematics

Pelton, T. W.; Pelton, L. F. 2012

30. Project – Mobile Devices for Learning – What you need to know

Robledo, J. 2012

31. Mobile IT Higher Education Dobbin, Gregory; Dahlstrom,E.; Arroway, P.

2011

32. Tecnologias móveis na Educação

Higuchi, A. A. da S. 2011

33. A Calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio

Nhoncance, L. 2009

34. Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem

Gomes, C. A. dos S. 2011

35. Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica

Mandaio, C. 201

36. Apropriação do telemóvel como ferramenta de mediação em Mobile Learning. Estudos de caso em Contexto Educativo.

Moura, A. M. C. 2010

37. M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática

Batista, Sílvia C. F. 2011

38. O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias da conexão sem fio

Ono, A. T. 2010

39. Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal

Weckelmann, V. F. 2012

FONTE: produção da autora

A partir do Quadro 2, com o total de trabalhos encontrados, separamos as

pesquisas em grupos menores, para melhor visualização e análise. Os trabalhos

foram agrupados por níveis acadêmicos (Artigos, Mestrados e Doutorados).

50

Os dados foram organizados de forma que, na primeira coluna, destacamos

os autores, pois futuramente serão citados em nossas análises.

Quadro 3 - Artigos científicos nacionais

Autor (es) Nome do trabalho Ano

Araujo Jr, C. F. Dias, E. J. Cerri, M. S. Cenatti, A.

Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica

2012

Silva, H. C. da Neto, R. de F. B.

Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação 2012

Barbosa, D. N. F. Bassani, P. B. S. Miorelli, S. T

Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento oncológico

2013

Jardim, L. C. Novas tecnologias aliadas à Educação 2013

D’Oliveira, R. B. D. Costa, D. P.

Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e mobUS, Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem

2012

Santos, D. M. B.Duram, A. A.Burnham, T. F.

Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão bibliográfica

2012

Bernardo, J. C. O. Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas

2013

Cavalcante, R. C. Oliveira, E. A. Ayres, P. A. A.

Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets

2011

Neto, J.F.B. Fonseca, F.S.da

Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática

2013

Oliveira, J. B. Santana, A. M. Reali, G. A. Oliveira, M. C. D. Silva, D. L. Queiroz, F. N.

O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática

2012

Chinalli, D. V. F. Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova era da Tecnologia da Educação

2013

Pereira, L. R. Schuhmacher, V. R. N. Schuhmacher, E. Dalfovo, O.

O uso de tecnologia na Educação, priorizando a tecnologia móvel

2012

Matheus, M. C. Brito, G. S.

Celulares, smartphones e tablets na sala de aula: complicações ou contribuições?

2011

Olsen, C. A. Ribeiro, C. N. Pereira, L. K. Kleis, M. L. Cortellini, R. C.

Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para tablets aplicados a Educação a Distância na empresa Delinea

2012

Fahl, D. Sakis, M. A. Martins, S. M. Pereira, T. M. Avi, P. C. Brizzi, M. L. S.

O uso de tablets educacionais no Ensino Médio 2013

Bottentuit Junior, J. B. Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na utilização de dispositivos móveis na Educação

2012

Maia D. L. Barreto, M. C.

Tecnologias digitais na Educação: uma análise das políticas públicas brasileiras

2012

51

Lima filho, M. A. Waechter, H. N.

Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual

2013

Domingues, N. S. Heitmann, F. P. Chinellato, T. G.

Tecnologias em sala de aula: explorando as possibilidades do tablet na Educação

2013

FONTE: produção da autora

No quadro 3 elencamos todos os artigos nacionais encontrados no período de

2009 a 2013. Uma primeira observação que deve ser feita é a nossa surpresa ao

encontrarmos uma quantidade de trabalhos maior do que a esperada. Foram 19

artigos nacionais, quantidade superior ao número de artigos internacionais

analisados, contrariando nossa hipótese de que haveria mais trabalhos

internacionais na área.

Abaixo destacamos o quadro 4 com todos os artigos internacionais

encontrados. Diferentemente dos artigos nacionais que começaram a serem

publicados a partir de 2011, os trabalhos internacionais foram realizados com dois

anos de antecedência. Isso pode indicar que a preocupação com o uso didático dos

equipamentos móveis iniciou-se um pouco mais cedo nos outros países,

principalmente em Portugal e nos Estados Unidos.

Quadro 4 - Artigos científicos internacionais

Autor (es) Nome do trabalho Ano

Moura, A.M.C. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”

2009

Carvalho, Ana A. A. Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile Learning

2011

Shuler, Carl. Pockets of potencial: Using Mobile Technologies to Promote Children's Learning

2009

Hunger, G. Hodges, C.

Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program

2009

Bull, Prince H. I am a 21

st Century teacher: If you teach me with

technology, I will use technology to teach my students 2010

Genesi, André G. Assumpção, C. M.

Roundtable horizons of Educational Innovations: 8 pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most impact in education in the next few years and that teachers can use

2011

Jones, S. Strudler, N.

Examining implementation strategies, goals, and impacts of Apple Ipad tablets in K-12 educational settings

2012

Zijdeman-Boudreau, A. Media tablets in Educational practice: what can we learn? 2012

Quadro 3: Artigos científicos internacionais

52

Herrington, J McKenzie, S. Pascoe, R. Woods-McConey, A. MacCallum, J. Wright, P.

A whole-school approach to technological literacy: mobile learning and the Iphone

2010

Pelton, T. W. Pelton, L. F.

Building mobile apps to support sense-making in Mathematics

2012

EDUTOPIA.org/ Projeto – Mobile Devices for Learning – What you need to know

2012

FONTE: produção da autora

Embora tenhamos encontrado uma quantidade expressiva de artigos

internacionais que trataram do uso dos equipamentos móveis na Educação, o

quadro 5 nos mostra que não foram encontradas dissertações internacionais sobre o

assunto. Certamente, não podemos concluir que não tenha havido pesquisas de

mestrado internacionais na área, mas infelizmente não conseguimos encontrá-las

para analisá-las no presente trabalho.

Quadro 5 - Dissertações

Autor (es) Nome do trabalho ANO

Higuchi, A. A. da S. Tecnologias móveis na Educação 2011

Nhoncance, L. A Calculadora do celular na sala de aula: uma proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio

2009

Gomes, C. A. dos S. Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem

2011

Mandaio, C. Uso do computador portátil na escola: perspectivas de mudanças na prática pedagógica

2011

FONTE: produção da autora

Com relação às teses, notamos que duas delas foram realizadas inteiramente

no Brasil, uma em Portugal e outra em parceria Brasil e Portugal. No quadro 6

destacamos as pesquisas encontradas que serão analisadas no presente trabalho.

Quadro 6 - Teses

Autor(es) Nome do trabalho ANO

Moura, A. M. C.

Doutorado - Braga

Apropriação do telemóvel como ferramenta de mediação em Mobile Learning. Estudos de caso em Contexto Educativo.

2010

Ono, A. T. O processo de construção do conhecimento por meio das novas tecnologias da conexão sem fio

2010

Batista, S. C. F. M-LearnMat: modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática

2011

Weckelmann, V. F. Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugual

2012

FONTE: produção da autora

53

3.3 Fichamentos e resenhas críticas dos artigos nacionais

De acordo com Fiorentini e Lorenzato (2007), em uma pesquisa bibliográfica,

a coleta de informações é realizada por meio de fichamentos de leituras. Esperamos

que essas fichas de anotações nos auxiliem na organização sistemática das

informações contidas em cada um dos trabalhos elencados. Para tanto, elaboramos

um ficha composta dos seguintes itens: Título do trabalho, Autor, Programa ou

Instituição, Objetivos, Sujeitos, Vantagens, Desvantagens (ou problemas

enfrentados) e a Resenha Crítica.

Título do trabalho 1: Mobile Learning no Ensino de Matemática: um

framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica

Autor(es): Araujo Jr, Carlos F.; Dias Eduardo J.; Cerri, Maria S.; Cenatti,

Ademir

Programa/ Instituição: Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) – SP

Objetivo(s): Usar os tablets para promover o ensino de Ciências, Tecnologia

e Matemática.

Promover o domínio e a confiança por parte dos docentes no uso do tablet no

ensino de conteúdos específicos.

Avaliar possíveis problemas de infraestrutura existentes no ambiente escolar.

Avaliar situações e dinâmicas de aprendizagem em sala de aula.

Sujeitos: Dois projetos-pilotos envolvendo 51 alunos do 2.o ano do ensino

médio de uma escola particular SP.

Vantagens/ facilidades: O tablet tem potencial para promover a interação e

colaboração entre os alunos. É importante para organizar atividades colaborativas.

Desvantagens/ problemas: Receio da dependência com a tecnologia. “O

tablet resolve tudo e os alunos ficam sem conhecimento.”

Resenha crítica: Os autores afirmam que os dispositivos móveis têm trazido

possibilidades de uso na Educação. Entre as possibilidades destacadas na pesquisa

estão a ampliação do espaço da escola e do tempo de aprendizagem e o

desenvolvimento de aprendizagem ativa, interativa e colaborativa.

54

Apresentam uma problemática: o ensino de Ciências, Tecnologia e

Matemática na Educação básica tem sido um grande desafio a ser vencido em

vários países, apesar de várias políticas governamentais terem sido criadas para

isso.

As conclusões do trabalho, apesar de positivas, foram baseadas mais no

ponto de vista dos alunos do que a partir das percepções dos professores. Faltam

medidas mais objetivas sobre o quanto o uso dos dispositivos móveis afeta

verdadeiramente o aprendizado dos alunos.

Algumas lacunas apontadas para futuras pesquisas são:

A falta de foco na coletividade, pois os autores estão muito centrados

nas questões de aprendizagem individual.

Nenhum trabalho apresentou uma pesquisa envolvendo diferentes

tipos de instrumentos portáteis.

As pesquisas não tratam das vantagens e desvantagens de forma

equilibrada, focam apenas vantagens ou então apenas desvantagens.

Poucas pesquisas seguem o viés mais qualitativo, concentrando-se em

abordagens quantitativas.

A maioria dos trabalhos trata de realidades de países desenvolvidos

(na Europa, no Canadá e a grande maioria nos EUA). Há uma

demanda por pesquisas que investiguem o contexto brasileiro.

Os trabalhos consultados foram analisados de uma única ótica, sendo

necessária uma visão multidisciplinar nesses estudos (unindo

psicologia, educação, sociologia, filosofia entre outras).

Título do trabalho 2: Análise sobre utilizações de tecnologias na Educação

Autor: Silva, Hellen Corrêa da; Neto, Renato de Freitas Bulcão

Programa/ Instituição: Universidade Federal de Goiania (UFG) – Goiânia

Objetivo: Apontar a necessidade de cada instituição construir sua própria

metodologia para utilizar as TICs.

Sujeitos: 9.o ano EF de escola particular em Anápolis.

55

Vantagens/ facilidades: Impactos positivos em habilidades cognitivas e nas

competências relacionadas ao uso de computadores.

Os equipamentos móveis podem agregar desempenho e dinamicidade ao

processo diário das aulas.

Desvantagens/ problemas: Embora a escola tenha deixado claro que o uso

dos telemóveis está atrelado à sua finalidade pedagógica, muitos pais ainda não

acreditam no uso benéfico desse equipamento.

Resenha crítica: O trabalho traz uma investigação sobre as tecnologias na

escola e sobre como elas contribuem com as práticas pedagógicas. O estudo foi

realizado a partir da observação de aulas em salas interativas. Os professores estão

sendo habilitados para trabalhar com esses recursos tecnológicos e com

metodologia diferenciada.

Os autores citam uma experiência realizada no Peru sobre o programa OLPC

(One Laptop Per Child) implantado em 319 escolas primárias rurais. O estudo

mostrou que, embora tenha aumentado a proporção de estudantes com acesso aos

computadores, nenhuma evidência dos efeitos sobre os desempenhos em

Matemática e Linguagem foi encontrada. Como saldo positivo destacaram um

desenvolvimento de habilidades cognitivas gerais e de competências relacionadas

ao uso de computadores.

A matéria do jornal The Economist apontou que o retorno do investimento

peruano ao dar notebooks aos alunos desapontou, pois as crianças que receberam

os aparelhos não mostraram nenhuma melhora de desempenho em Matemática ou

leitura e não foi encontrada evidência de que o acesso ao laptop tenha aumentado a

motivação ou o tempo dedicado às tarefas de casa.

O estudo compara o projeto UCA (do Brasil) com o OLPC (do Peru),

mostrando que no UCA os alunos e professores foram estimulados a utilizarem os

conteúdos educacionais disponíveis (vídeos da Khan Academy, objetos de

aprendizagem e aulas criadas por educadores e aprovadas pelo MEC). Concluindo

que, além de dar os laptops aos estudantes, é necessário investir em formação de

professores.

56

Embora a pesquisa tenha obtido um grau de aprovação elevado pelos alunos

para o uso de equipamentos tecnológicos durante as aulas, não apresentou

resultados da eficácia do uso desses aparatos em termos de desempenho

acadêmico.

Os resultados obtidos favoreceram a ótica dos alunos. Esse estudo, em

princípio, reforça que o foco na tecnologia, sem formação adequada dos professores

para sua incorporação à Educação e sem objetivos alinhados com o currículo, não

gera resultados positivos de aprendizagem.

Título do trabalho 3: Aprendizagem com mobilidade: experiências com o uso

de tecnologias móveis envolvendo crianças e adolescentes em tratamento

oncológico.

Autor: Barbosa, Débora Nice Ferrari; Bassani, Patrícia B. Scherer;

Miorelli, Sandra Teresinha;

Programa/ Instituição: Universidade Feevale - Novo Hamburgo - RS

Objetivo: Construir uma Comunidade Virtual de Aprendizagem (CVA) para

auxiliar no reforço escolar e na aprendizagem de pacientes com câncer.

Sujeitos: Pacientes de oncologia com idades entre 6 e 18 anos.

Vantagens/ facilidades: A aprendizagem lúdica por meio dos tablets poderá

influenciar no prazer de estudar e aprender Matemática e Português. O tablet é um

artefato cultural ubíquo e colaborativo.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores apresentam uma experiência de uso de

tecnologias móveis para auxiliar o estudo de crianças hospitalizadas que estão em

tratamento oncológico na região do Vale dos Sinos (RS).

No trabalho, o foco do uso de tecnologias móveis foi no reforço aos conteúdos

do currículo escolar e no tratamento de temas relacionados à informática.

57

É interessante observar que as autoras relataram que os estudantes

costumavam desistir do aplicativo quando enfrentavam dificuldades cognitivas. O

motivo, segundo os mesmos, é que tinham preguiça de pensar.

Concluem o artigo afirmando que os sujeitos da pesquisa não encontraram

dificuldades com o uso do tablet, mas desanimavam rapidamente quando

encontravam dificuldades com o conteúdo. Mesmo assim, os sujeitos perceberam

que a aprendizagem e a diversão podem andar em conjunto. Ao final, sinalizaram

que seria interessante desenvolverem mais pesquisas com a utilização de

tecnologias móveis.

Título do trabalho 4: Novas tecnologias aliadas à Educação

Autor(es): Jardim, Lucas Costa

Programa/ Instituição: Revista Universo Acadêmico

Objetivo(s): Mostrar como a tecnologia pode, em sala de aula, auxiliar “a

manter o foco dos alunos no professor e no conteúdo que ele transmite”.

Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.

Vantagens/ facilidades: Aula mais interessante, melhor elaborada,

facilitando o entendimento e motivando o aluno.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: O autor defende que, em uma época de várias evoluções

tecnológicas, as mesmas podem e devem auxiliar professores na melhoria do ensino

e assim aumentar o rendimento escolar dos alunos.

O resultado da pesquisa mostra que as novas tecnologias estão sendo

integradas à Educação e que as resistências dos professores com relação ao uso

das TICs estão diminuindo.

Título do trabalho 5: Benefícios da Computação Pervasiva na Educação e

mobUS, Um sistema Móvel no Auxílio à Aprendizagem

58

Autor(es): D’Oliveira, Ricardo B. D.; Costa, Diego P.

Programa/ Instituição: Simpósio Brasileiro de Informática na Educação

(SBIE) 2012 - RJ

Objetivo(s): Mostrar que o uso das tecnologias móveis em sala de aula pode

ser benéfico.

Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.

Vantagens/ facilidades: Mobilidade e colaboração. Facilitar a criação de uma

rede para todos os usuários auxiliarem-se mutuamente na resolução de problemas.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores destacam que a computação móvel vem

ganhando destaque, tornando-se uma tecnologia acessível e possibilitando cenários

ubíquos com vários usuários conectados e interligados. Isso nos mostra que o

cenário previsto por Weiser - os computadores se tornarão invisíveis à percepção

comum (1991 apud D’Oliveira e Costa, 2012) - se concretizou.

Para atingirem seus objetivos, os autores do artigo apresentam as

possibilidades de um sistema computacional com a pretensão de construir um

ambiente explorando abordagens sensíveis ao contexto para construção de

conhecimento. Relatam também que cada vez mais os usuários preferem sistemas

que disponibilizem leitura, facilidade de uso e customização, a qualquer momento e

em qualquer lugar.

Concluem afirmando que o avanço e a difusão tecnológica potencializarão a

modificação do cenário físico de ensino e de aprendizagem.

Título do trabalho 6: Dispositivos móveis em sala de aula: uma revisão

bibliográfica

Autor(es): Santos, David Moises B.; Duram, Adolfo A.; Burnham, T.F.

Programa/ Instituição: II Congresso Internacional TIC e Educação

Objetivo(s): O artigo traz uma revisão bibliográfica sobre a convergência

tecnológica (proliferação de equipamentos móveis que se comunicam entre si em

59

escala mundial) de forma não sistematizada (uso de forma livre, não sistematizado),

apontando as principais questões tratadas nos trabalhos consultados e mostrando

seis lacunas de pesquisa.

Sujeitos: Estudantes universitários

Vantagens/ facilidades: Os dispositivos móveis já estão presentes nas

escolas, trazidos pelos alunos.

Desvantagens/ problemas: O uso dos equipamentos de forma não

sistematizada, sem orientação pedagógica.

Resenha crítica: Os autores apresentam uma problemática bastante comum

nas escolas: cada vez mais estudantes universitários utilizam dispositivos móveis

em sala de aula sem necessariamente ter uma orientação pedagógica, criando um

cenário desafiador para a Educação Superior.

Para tratar do assunto, o artigo traz uma revisão bibliográfica da temática,

apontando as principais questões relatadas nos treze trabalhos consultados (entre

elas, a relação entre o uso dos dispositivos e o desempenho acadêmico) e

mostrando seis lacunas para futuras pesquisas.

Os autores apontam para um fenômeno interessante que é o fato de os

alunos tomarem a iniciativa de uso dos equipamentos móveis na sala de aula e não

o contrário, ou seja, em vez de o incentivo à tecnologia partir das instituições, são os

estudantes que “forçam” o uso dos equipamentos em sala de aula de maneira

informal, espontânea e não sistematizada, muito menos institucionalizada.

Concluem elencando as lacunas como sugestões para trabalhos futuros:

pesquisas com foco na coletividade;

pesquisas que considerem outros ciberinstrumentos que não apenas

laptops;

pesquisas que ponderem vantagens e desvantagens;

pesquisas com uso de técnicas qualitativas;

pesquisas que abordem realidades fora do eixo dos países

desenvolvidos;

60

pesquisas que levem em consideração a necessidade de análises

multidisciplinares.

Título do trabalho 7: Dispositivos móveis digitais na incrementação do

processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas

Autor(es): Bernardo, Júlio César O.

Programa/ Instituição: Revista EDAPECI - Vol. 13 - N. 01 – SE – Mestrando

em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Objetivo(s): Evidenciar que o uso de equipamentos móveis em processos

formativos de professores poderá conduzir à revisão da atitude e da prática

pedagógica, sintonizando o ensino com a cultura digital.

Sujeitos: Não existem sujeitos na presente pesquisa.

Vantagens/ facilidades:

Ter mobilidade.

Anotar ideias.

Consultar informações na Internet.

Fazer registros por meio da câmera e gravar sons.

Ser suporte à aprendizagem formal e informal.

Ter conectividade.

Ser touchscreen – facilidade com a interface intuitiva.

Haver segmentação dos textos interconectados entre si.

Facilitar a leitura e escrita digitais, que poderão ser simultâneas,

coletivas e interativas. Estimular a colaboração.

Possibilitar o acesso a materiais de aprendizagem a qualquer hora e

em qualquer lugar. Transcender as paredes da sala de aula.

Desvantagens/ problemas: Risco de fraudes que a Internet pode gerar.

Resenha crítica: O autor inicia trazendo a problemática da resistência dos

professores com relação às tecnologias na escola.

61

Faz uso de uma pesquisa bibliográfica para investigar as potencialidades e os

desafios do MLearning, repensando a formação docente e a gestão do ensino. O

pesquisador expõe que, diante dos crescentes avanços tecnológicos, devemos

repensar a Educação e a prática pedagógica conservadora. De acordo com o

pesquisador, tentar inovar, reenquadrar e aprimorar metodologias para essa nova

clientela é imprescindível. Nesse sentido, vale lembrar que o novo contexto da

tecnologia tornará acessível, conveniente e simples, para um número muito maior de

estudantes, aprender em formatos que sejam customizados (CHRISTENSEN, 2012,

P.71).

A realização de dois eventos pela UNESCO (UNESCO Mobile Learning

Week) reforça a crença das possibilidades de utilizar os equipamentos móveis em

processos formativos. No estudo realizado pela UNESCO, encontram-se programas

experimentais bem-sucedidos, como é o caso do projeto realizado pelo Ministério da

Educação do Paraguai que envolveu 18000 alunos de Educação secundária e

mostrou um índice de aproveitamento de 60% em conteúdos como Matemática,

Língua Espanhola e Literatura.

Em oposição ao estudo no Paraguai, no Brasil, temos iniciativas

governamentais proibindo o uso de celulares nas escolas. Mesmo assim, existem

ações que visam à inclusão digital dos estudantes brasileiros, mas de forma tímida.

No Brasil, os incentivos governamentais concentram-se em equipar escolas e

entregar equipamentos para os professores, mas sem uma cuidadosa formação e

acompanhamento durante os projetos.

O autor nos mostra o quanto a gestão escolar e os docentes são importantes

no processo de mudança. Para questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a construir

e reconstruir conhecimento com o uso articulado de tecnologias, o professor precisa

saber quais mídias são tratadas pelos dispositivos móveis e o que elas podem

oferecer à prática no processo de ensino e de aprendizagem. De acordo com Demo

(2010, p. 115), o problema do equacionamento adequado encontra-se na figura do

professor, que deverá definir o que, nesta história, é motivação da aprendizagem e o

que é saber pensar. Finaliza afirmando que muito há de ser observado e analisado

nos cenários de M-Learning, sobretudo no Brasil, onde é nítida a necessidade de

mais pesquisas sobre o tema.

62

Título do trabalho 8: Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica

formal usando tablets.

Autor(es): Cavalcante, Rodolfo C.; Oliveira, Elthon A. da S.; Ayres, Pedro A.

A.

Programa/ Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Objetivo(s): Apoiar o ensino e o aprendizado da lógica formal por meio de

uma ferramenta tecnológica desenvolvida para ser utilizada em tablets de uma forma

mais dinâmica e divertida.

Sujeitos: Alunos universitários da disciplina de lógica no curso de

computação.

Vantagens/ facilidades: auxiliar o aluno no processo de ensino/aprendizado

dessa disciplina de uma forma mais dinâmica.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Para os autores, disciplinas teóricas de cursos de

computação são responsáveis pela retenção dos alunos no curso. Isto se deve ao

fato de o aluno ter que manipular muitos conceitos matemáticos abstratos.

Os pesquisadores citam que levaram em consideração uma das

potencialidades dos tablets: a mobilidade (poder ser utilizado em qualquer lugar e a

qualquer momento) para a criação da ferramenta que seria concebida para ser um

jogo.

No trabalho os autores relatam com bastante cuidado aspectos técnicos da

ferramenta criada, mas não apresentam resultados da aplicação do “jogo” com os

estudantes. Apenas argumentam que a ferramenta se propõe a auxiliar o ensino e a

aprendizagem.

Título do trabalho 9: Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio

ao ensino de Matemática

Autor(es): Neto, J. F. B.; Fonseca, F. S. da

63

Programa/ Instituição: Centro de Informática – Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE)

Objetivo(s): Utilizar jogos educativos para dispositivos móveis como meio de

estimular o aprendizado da Matemática.

Sujeitos: 16 alunos de escolas do Recife, sendo quatro do 8.o ano de uma

escola particular e 12 alunos do 1.o ano EM de escola pública.

Vantagens/ facilidades: Mobilidade, motivação e interesse dos alunos.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores defendem que as novas tecnologias, em

particular os jogos educativos, estão fornecendo novas possibilidades para as

práticas docentes, o que pode resultar na melhoria da qualidade do processo

educativo.

Um mês depois da utilização do jogo, 86% dos participantes estavam mais

motivados e participativos nas aulas.

Os autores concluem o artigo expondo os resultados positivos da avaliação

feita com os alunos e complementam que, apesar de ter sido detectada pelos

professores uma melhoria de rendimento escolar dos participantes, não foi possível

comprovar cientificamente que tal melhoria se deu em virtude do uso dos jogos.

Título do trabalho 10: O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas

auxiliadoras no Ensino da Matemática

Autor(es): Oliveira, J. B.; Santana, A. M.; Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.;

Silva, D. L.; Queiroz, F. N.

Programa/ Instituição: Faculdade de Tecnologia (FATEC)

Objetivo(s): Esclarecer e conscientizar os docentes sobre a necessidade de

atualização e capacitação para a utilização dos recursos tecnológicos e

objetos de aprendizagem disponíveis.

Sujeitos: alunos universitários.

64

Vantagens/ facilidades: facilitar o acesso à informação e tornar as aulas

mais dinâmicas

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns

aspectos e algumas questões inerentes às tecnologias móveis como apoio didático

no processo de ensino e aprendizagem. Destaca que o acesso à informação está

cada vez facilitado pelos avanços tecnológicos e pela popularização dos dispositivos

móveis nas Instituições de Ensino, possibilitando o Mobile Learning (Aprendizado

Móvel). Também são tecidas considerações sobre as características do discente,

reflexões sobre a importância da socialização do saber com o uso dessas

tecnologias e sobre como as tecnologias móveis tendem a facilitar o processo de

aprendizagem na sociedade moderna. Propor um melhor esclarecimento para os

docentes e conscientizá-los da necessidade de se atualizar e capacitar para a

utilização dos recursos tecnológicos e objetos de aprendizagem disponíveis

atualmente também são aspectos deste trabalho. Por último, os autores apresentam

como se deu a inserção do software Geogebra em tablets pelos alunos da

Faculdade de Tecnologia de Ourinhos (Fatec), São Paulo – Brasil, e as futuras

pretensões com essa metodologia a favor do ensino e da aprendizagem dos

diversos saberes científicos ensinados no contexto educacional.

Segundo os autores, para ser positiva, a adoção dessa tecnologia depende

da adaptação de professores e alunos, uma vez que nenhum recurso garante o

aprendizado, mas pode auxiliar na construção do conhecimento, formando cidadãos

reflexivos, dinâmicos, críticos e capazes de construir o seu próprio conhecimento

através de experiências e vivências.

Finalizam citando Valente (2003, p.22 apud OLIVEIRA et al, 2012): O domínio

das técnicas acontece por necessidade e exigência do pedagógico e as novas

possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico.

Título do trabalho 11: Nexialistas: os designers do conhecimento e a nova

era da Tecnologia da Educação

65

Autor(es): Chinalli, Didiane. V. F.

Programa/ Instituição: Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)

Objetivo(s): Sintetizar as mudanças nos processos educacionais que

emergiram impulsionadas pelo acelerado desenvolvimento tecnológico e apontar as

vertentes dominantes da Educação no século XXI ante a inclusão das novas

tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem; os novos modelos educativos

que estão sendo propostos e implantados ao redor do mundo e a mudança de

abordagem na construção da interdisciplinaridade para a construção dos conteúdos

curriculares.

Sujeitos: O presente artigo não apresentou sujeitos.

Vantagens/ facilidades: o tablet é uma ferramenta de interação,

predominantemente visual, com seu sistema touch screen. O ensino é colaborativo e

interativo. Há flexibilidade do ponto de vista espacial-temporal.

Desvantagens/ problemas: O trabalho não apresentou desvantagens no uso

dos equipamentos móveis.

Resenha crítica: A autora se propôs a sintetizar as mudanças nos processos

educacionais que emergiram impulsionadas pelo acelerado desenvolvimento

tecnológico e na esteira da mudança comportamental e cognitiva vivenciada pelas

atuais gerações Y e Z. Apontou também as vertentes dominantes da Educação no

século XXI ante a inclusão das novas tecnologias nos processos de ensino-

aprendizagem; os novos modelos educativos que estão sendo propostos e

implantados ao redor do mundo; e a mudança de abordagem na construção da

interdisciplinaridade para a construção dos conteúdos curriculares. Por derradeiro,

discorreu sobre as características dos profissionais nexialistas que, como agulhas de

marear, deverão apontar para o Norte, para a construção do conhecimento a partir

de agora, arquitetando um novo arranjo dos saberes.

Apresentou algumas constatações:

Quase a totalidade desses novos modelos educativos joga por terra a

concepção da segmentação do currículo escolar e universitário em

disciplinas estanques.

A tendência de se valorizar a autonomia de escolha do estudante.

66

A presença da flexibilidade na transmissão do conhecimento do ponto

de vista espacial-temporal e a ideia do ensino colaborativo e interativo.

A pesquisadora defende que, diante de tantos avanços tecnológicos e

mudanças na sociedade, a Educação não poderá se manter estática unicamente

replicando as metodologias usadas há anos. Nesse cenário será necessária a

postura do professor como um profissional que a autora define como nexialista (a

palavra vem da literatura de ficção: nexialista era o tripulante responsável por

estabelecer os nexos entre as diferentes áreas do saber, para interpretar situações

complexas e solucioná-las). Na Educação, o nexialista não é somente um

solucionador de problemas como ocorre em outras áreas, mas sim um criador de

conteúdos e um criador de novos arranjos para o conhecimento. Ele constrói, como

um designer de currículos, os nexos entre os saberes por meio de “estruturas

macro” como eixos temáticos, por exemplo, arquitetando a interdisciplinaridade entre

as grandes áreas do conhecimento e chegando até os subníveis de composição de

conteúdos obrigatórios, facultativos e de inferências.

A conclusão deste trabalho de pesquisa bibliográfica foi que a entrada e o

aprimoramento das novas tecnologias na área educacional são irreversíveis, bem

como as mudanças cognitivas nas novas gerações de estudantes decorrentes da

assimilação da informação e do conhecimento pela via predominantemente visual.

Também se constatou que a nova face da Educação requer um rearranjo da

construção e transmissão dos saberes, sendo esta mediada a partir de agora pelos

profissionais nexialistas, requerendo-se, para tanto, uma mudança na construção

das políticas educacionais no Brasil e no mundo.

Título do trabalho 12: O uso da tecnologia na Educação, priorizando a

tecnologia móvel

Autor(es): Pereira, L. R.; Schuhmacher, V. R. N.; Schuhmacher E.; Dalfovo

O.

Programa/ Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina e

Universidade Regional de Blumenau

67

Objetivo(s): Desenvolver um Objeto de Aprendizagem (OA) para dispositivos

móveis, como ferramenta de apoio ao processo de Ensino de Matemática no

conteúdo de Aritmética, para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Sujeitos: Alunos do quarto ao sétimo ano do EF.

Vantagens/ facilidades: Mobilidade, colaboração e interatividade

(conectividade).

Desvantagens/ problemas: O uso inadequado dos equipamentos móveis

pode prejudicar o rendimento escolar dos alunos.

Resenha crítica: Trazendo à tona o fato de que a geração de estudantes

nasceu submersa na tecnologia móvel, os autores argumentam que fazer uso dos

recursos disponíveis pode ser produtivo e eficiente no ambiente escolar. E defendem

que, embora o uso inadequado possa prejudicar o rendimento dos alunos, esses

equipamentos, quando utilizados com objetivos educacionais específicos e

definidos, são capazes de promover a interação e auxiliar no processo de ensino-

aprendizagem.

É mais um trabalho no qual encontramos a necessidade de o professor

possuir conhecimento sobre esta ferramenta e de dominá-la, além de dever ser

criativo para desenvolver atividades e entretenimentos para os alunos.

Este trabalho trata da construção do objeto de aprendizagem (OA)

denominado de “PACMATE”, da sua concepção e disponibilização, com o objetivo

de incentivar professores a fazer uso das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) em ambiente escolar. O jogo passou ainda por um processo de

validação junto ao público-alvo proposto, sendo considerado adequado para os seus

propósitos. O OA se encontra disponível no Observatório da Educação Básica

(OBEB), projeto financiado pelo INEP/CNPq, que disponibiliza em seu ambiente

outros Objetos de Aprendizagem tais como mapas, cadernos temáticos e jogos a

serem utilizados por professores do Ensino Básico. Além disso, o OBEB promove a

formação didático/pedagógica de professores no uso das TIC por meio de cursos de

formação.

Embora a pesquisa trate de novas tecnologias aplicadas à Educação,

notamos que existe uma concepção de ensino com enfoque mais tradicional. De

68

acordo com os pesquisadores, “a sociedade necessita de ferramentas que

agreguem valor ao processo de ensino, de modo que os conteúdos sejam facilmente

absorvidos pelos alunos”. E, mais adiante, complementam: “assim, o principal

objetivo de incorporar as tecnologias de informação, nesse processo, é minimizar as

dificuldades, proporcionando o entendimento dos temas apresentados com

ferramentas alternativas”.

Título do trabalho 13: Celulares, smartphones e tablets na sala de aula:

complicações ou contribuições?

Autor(es): Mateus, M. C.; Brito, G. S.

Programa/ Instituição: Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Objetivo(s): Pesquisar a presença de dispositivos móveis em sala de aula

para então visualizar possíveis contribuições.

Sujeitos: Nove professores de uma escola pública estadual.

Vantagens/ facilidades: Possibilitar pesquisas na Internet, uso da câmera e

de aplicativos específicos.

Desvantagens/ problemas: Dispersão dos estudantes.

Resenha crítica: Os autores lançam várias questões ao longo do artigo, entre

elas: celulares, smartphones e tablets em sala de aula podem contribuir para a

aprendizagem dos alunos?

Nos últimos tempos, novos aparelhos têm surgido no espaço escolar. São os

celulares, que, em versão mais completa, são chamados de smartphones e, de

forma ainda tímida, os tablets. Reclamações surgem de todos os lados e o que se

dissemina é o malefício desses aparelhos à sala de aula, por dificultarem a

concentração e atrapalharem a aprendizagem. Mas será que não é possível

encontrar contribuição alguma? Muitas vezes a proibição aumenta a vontade de

utilizar esses equipamentos, o que gera ainda mais conflitos. Para esse estudo

foram ouvidos professores do centro da cidade de Curitiba – Paraná. Os resultados

indicam que é possível aproveitar essas tecnologias em aulas, aliando-as ao

conteúdo e ao planejamento.

69

Muitas pesquisas já comprovam que não é suficiente apenas a

disponibilização de aparatos tecnológicos, que é importante entender como utilizá-

los a favor da mediação do conhecimento e da informação e também como

possibilidade de interação e de colaboração entre integrantes do cotidiano escolar.

Sobre o papel do professor, os pesquisadores apontam que será

fundamental, pois o “professor é quem direciona os trabalhos, provoca a curiosidade

e instiga o debate, a crítica e a pesquisa”.

Os sujeitos foram convidados a responderem à seguinte questão: Você

acredita que celulares, smartphones e tablets podem ser utilizados como recursos

pedagógicos em suas aulas? Como?

As respostas se dividem em três categorias: há os que se posicionam

completamente contra a utilização desses dispositivos em sala de aula e ressaltam

todos os possíveis pontos negativos; alguns não se importam com a presença dos

equipamentos, mas também não veem nenhum potencial pedagógico; e há também

os que utilizam os aparelhos, mesmo que de forma tímida, em explicações, em

apresentações de trabalho e até mesmo para pesquisas rápidas durante a

explanação do conteúdo.

A maior parte dos professores afirma não ver qualquer finalidade pedagógica

nesses aparelhos e ressalta a dificuldade em dar aulas, e explicar o conteúdo, com

alunos utilizando tais equipamentos.

Os autores concluem o artigo afirmando que existem complicações, mas

também possibilidades de contribuição que podem e devem ser exploradas,

reforçando que a presença do professor como estimulador, incentivador e

provocador da aprendizagem, nunca foi tão importante e necessária.

Título do trabalho 14: Desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos para

tablets aplicados à Educação a Distância na empresa Delinea

Autor(es): Olsen, C. A.; Ribeiro, C. N.; Pereira L. K.;Kleis M. L.; Cortellini R.

C.

Programa/ Instituição: Delinea - Florianópolis

70

Objetivo(s): Definir um padrão para o desenvolvimento de conteúdos

hipermidiáticos aplicados aos tablets.

Sujeitos: clientes da empresa Delinea.

Vantagens/ facilidades: Quebra de paradigmas da aprendizagem

organizacional presencial.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores apresentam um cenário de mudanças nas

escolas do mundo todo e consideram a tecnologia parte integrante dos processos de

ensino e de aprendizagem. Uma característica importante é que as informações não

se apresentam mais de forma hierarquizada, mas sim de maneira “rizomática” (termo

utilizado por Deluze e Guattari por analogia à vegetação aquática que se desenvolve

na superfície da água, sem tronco e sem caule, totalmente ramificada. Assim, um

rizoma, em tese, pode se conectar a qualquer outro ponto, oferecendo muitos

começos e muitos fins). O presente trabalho pautou-se pela necessidade de se

definir um padrão de desenvolvimento de conteúdos hipermidiáticos aplicados aos

tablets, visando acompanhar as iniciativas na implantação dessa tecnologia nas

Instituições de Ensino e a utilização dos tablets por parte dos alunos. O objetivo foi

buscar uma solução abrangente envolvendo hardware, softwares, jogos, conteúdo

interativo e ferramentas para os professores e gestores. Para isso criou-se um grupo

de pesquisa a fim de reunir informações e conhecimentos. A equipe responsável

pela pesquisa investigou cerca de 21 ferramentas até chegar a seu primeiro

protótipo da solução de conteúdos interativos para tablet, encontrando vantagens e

desafios em cada uma destas ferramentas.

Título do trabalho 15: O uso de tablets educacionais no Ensino Médio

Autor (es): Fahl, D.; Sakis, M. A.; Martins, S. M.; Pereira, T. M.; Avi, P. C.;

Brizzi, M. L. S.

Programa/ Instituição: Departamento de Ciências Exatas e Engenharia –

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ)

71

Objetivo(s): Produzir materiais virtuais interativos, disponibilizando–os para

download e uso facilitado (em quaisquer dispositivos eletrônicos, mesmo que não

possuam acesso remoto).

Sujeitos: Professores da rede pública em formação que receberam os tablets

do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Vantagens/ facilidades: Os materiais produzidos apresentam aos alunos

métodos de aprendizagem mais interessantes, que ajudam no aprendizado e na

fixação de conteúdos.

Desvantagens/ problemas: A falta de infraestrutura das escolas, de acesso

à Internet e principalmente os problemas com a rede WiFi.

Resenha crítica: Atualmente, dispositivos móveis estão sendo inseridos no

meio educacional, professores da rede pública estão recebendo tablets para auxiliá-

los no processo de ensino e esses profissionais têm sido inseridos nessa nova era

tecnológica, porém, mesmo com todos os incentivos para a incorporação de novas

tecnologias no ensino, ainda existe resistência de muitos professores, pois grande

parte deles tem dificuldades na utilização desses meios de ensino.

Novamente, o tema formação de professores está presente em mais um dos

trabalhos consultados. Os autores finalizam o artigo com a constatação de que um

dos grandes desafios para o uso de novas tecnologias pelos professores é a

integração dos recursos tecnológicos com a prática do ensino. Para o ensino ser

eficaz o professor precisa ter domínio sobre as ferramentas que vai utilizar e bons

conteúdos para apresentar aos alunos, incentivando assim a participação deles nas

aulas, promovendo pesquisas e debates.

Título do trabalho 16: Do computador ao tablet: vantagens pedagógicas na

utilização de dispositivos móveis na Educação.

Autor(es): Bottentuit Junior, J. B.

Programa/ Instituição: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

72

Objetivo(s): Apresentar um breve histórico sobre a evolução dos

computadores, passando pela concepção da Internet até chegarmos ao

aparecimento dos dispositivos móveis.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens: Mobilidade; menor custo, se comparado aos dos desktops;

estímulo ao trabalho cooperativo/colaborativo e ao desenvolvimento de múltiplas

competências cognitivas (ler, escrever, pesquisar, sintetizar, analisar, interpretar,

aplicar etc); diminuição do uso de papel.

São leves, podendo ser carregados facilmente e ser utilizados em

diferentes ambientes.

Podem manter uma verdadeira biblioteca ao alcance das mãos.

Tornam imediata a comunicação entre professores e alunos e entre os

pares.

Quando conectados à Internet, podem favorecer a criação de

atividades mais ricas, inclusive com acesso direto a um mundo de

informações atualizadas.

Permitem que seus usuários descarreguem vários aplicativos que

fazem com que o aparelho se torne mais completo e funcional.

Permitem que um texto ou uma imagem possam ser visualizados com

maior detalhe, ou seja, com a abertura dos dedos sobre qualquer área

da tela pode-se ver em maior tamanho tudo o que se deseja.

Se cada aluno tiver seu próprio tablet, a escola não precisa manter

diversos laboratórios de informática para atender a várias turmas em

laboratórios, evitando-se, inclusive, os famosos rodízios. Com os

tablets os investimentos mudam: em vez de adquirir muitas máquinas,

a escola irá investir em conexão de alta velocidade.

Desvantagens/ Problemas:

Resistência dos professores.

Não substitui totalmente o computador, uma vez que nem todos os

aplicativos foram desenvolvidos para funcionar no tablet.

A digitação de textos mais longos torna-se cansativa.

73

O preço do dispositivo ainda não é acessível a todos.

Torna o contato físico entre os seres humanos cada vez mais restrito.

Resenha crítica: Contextualizando o surgimento dos computadores, da

Internet e, mais recentemente, dos dispositivos móveis, o autor do presente artigo

tem como objetivo apresentar algumas possibilidades para o uso dessa nova

tecnologia, a serem implementadas em contexto de sala de aula. Além disso, cita

alguns estudos realizados no Brasil e na Europa com estes dispositivos e, por fim,

comenta sobre o tablet, suas características, vantagens e desvantagens.

De acordo com o autor, uma vez que a utilização desses dispositivos pelos

jovens é incontornável, os professores precisam vislumbrar as potencialidades

desses aparelhos a fim de utilizá-los a favor das suas práticas pedagógicas, caso

contrário, os alunos continuarão utilizando os dispositivos durante as aulas para

outras finalidades, e o professor perderá a grande oportunidade de criar diversas

situações didáticas fazendo uso desses recursos.

O autor cita também algumas experiências do projeto UCA, cujo maior

objetivo alcançado foi promover a universalização de acesso à tecnologia a partir da

meta de garantir que todos os estudantes e professores tivessem o seu próprio

computador.

São citadas algumas estratégias de utilização dos dispositivos, dentre elas o

uso da câmera fotográfica para o ensino de línguas, com o registro de erros de

ortografia nas placas da cidade; o uso das gravações em áudio para incentivar a

oralidade e o aperfeiçoamento da pronúncia; a produção de vídeos educacionais.

O autor reforça que a postura do professor estimulando a criação do novo e a

aprendizagem pela descoberta contribuirão para a Educação em sintonia com o

século XXI.

Título do trabalho 17: Tecnologias digitais na Educação: uma análise das

políticas públicas brasileiras

Autor(es): Maia, Denis L.; Barreto, Marcília C.

74

Programa/ Instituição: Universidade. Estadual do Ceará (UECE)

Objetivo(s): Analisar como se deu a inserção das tecnologias digitais no

espaço escolar brasileiro.

Sujeitos: A presente pesquisa não apresentou sujeitos.

Vantagens/ facilidades: recursos que podem favorecer a criação de espaços

mais significativos e atraentes para a construção de conhecimentos. Inclusão digital

dos alunos.

Desvantagens/ problemas: falta de investimento na formação de

professores.

Resenha crítica: De acordo com os autores, diante da disseminação das

tecnologias digitais em diversas atividades na sociedade moderna, a Educação não

deve ficar alheia a esse processo. A partir da década de 1990, são encontrados

documentos oficiais que recomendam a inserção e o incentivo ao uso das

tecnologias digitais em Educação, por serem consideradas ferramentas que

viabilizam a criação de espaços mais significativos de aprendizagem.

Os pesquisadores ressaltam que há um descompasso entre a aquisição dos

recursos tecnológicos e a preparação docente para a utilização das tecnologias,

citando também o projeto UCA e, mais recentemente, a compra de quase 600 mil

tablets para serem distribuídos em aproximadamente 58 mil escolas brasileiras. É

interessante destacar a informação fornecida pelos autores de que no início do

projeto da compra dos tablets não estava prevista nenhuma capacitação dos

professores, pois julgavam que eles aprenderiam a explorar pedagogicamente os

recursos na prática de sala de aula, reforçando-se a ideia de que os governantes se

preocupam muito mais com os equipamentos do que com a formação dos

professores.

Ao fim desse estudo, evidencia-se uma desarticulação entre a inserção das

tecnologias digitais em Educação e a formação docente para o uso, sugerindo-se

uma atuação mais intensa na formação inicial de professores para o uso pedagógico

de tecnologias. Os autores defendem que alguns recursos podem favorecer a

criação de espaços mais significativos e atraentes para a construção de

conhecimentos, mas que só promoverão uma mudança positiva quando professores

75

estiverem qualificados para fazer uso pedagógico efetivo dessas ferramentas. Tal

perspectiva vislumbra alterações significativas no âmbito da gestão pedagógica e,

consequentemente, da qualidade do ensino.

Os autores concluem o trabalho afirmando que é inegável que a implantação

de laboratórios de informática educativa ou a adoção de computadores portáteis

individuais contribuem para a inclusão digital dos alunos, em especial das classes

menos favorecidas. Afirmam que, entretanto, por serem utilizados em um espaço

educativo, devem propiciar aos alunos e professores condições de ensino e

aprendizagem mais significativas. Além disso, o estudo sugere uma atuação mais

contundente na formação inicial de professores para o uso das tecnologias digitais.

Entende-se que essa frente de ação possibilita a articulação entre a recomendação

de utilização, a inserção das tecnologias digitais nas instituições de ensino e a

formação docente.

Título do trabalho 18: Tecnologias assistivas presentes no tablet e seu

potencial para uma Educação inclusiva de pessoas com deficiência visual

Autor(es): Lima Filho, Marcos A.; Waechter, Hans N.

Programa/ Instituição: Departamento de Design - Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE)

Objetivo(s): Identificar recursos de acessibilidade visual presentes em

tablets, descrever os respectivos objetivos, sua natureza e as instruções básicas

dessas ferramentas.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens/ facilidades: tecnologias assitivas: slide ruler, leitura automática,

digitação falada, monitor Braille, autodescrição, reconhecimento de voz, zoom, texto

aumentado e cores invertidas.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores nos mostram que a produção dos livros

didáticos está centrada na tecnologia do papel. No contexto da acessibilidade visual

76

em sala de aula, os livros didáticos dividem espaço com suas respectivas versões

impressas em Braille ou com fontes de tamanho ampliado. Até então, não foi

possível a produção de um design universal que contemplasse o suporte a todos os

usuários.

Com a adoção e invasão dos equipamentos móveis na sala de aula, os

educadores são chamados a avaliarem os méritos e limites das novas tecnologias.

Este estudo, do tipo exploratório e descritivo, identificou os recursos de

acessibilidade visual presente em tablets. A pesquisa concluiu que as tecnologias de

acessibilidade presentes nos tablets propiciam um acesso mais democrático aos

livros hipermidiáticos, suportando um projeto mais universal no acesso ao currículo e

à Educação.

Título do trabalho 19: Tecnologias em sala de aula: explorando as

possibilidades do tablet na Educação.

Autor(es): Domingues, N. S.; Heitmann, F. P.; Chinellato, T. G.

Programa/ Instituição: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

Objetivo(s): Apresentar aplicativos que possam ser utilizados em aulas de

Matemática, gerar discussões sobre tecnologias em sala de aula e trabalhar em

grupos.

Sujeitos: O presente trabalho não envolveu sujeitos.

Vantagens/ facilidades: A potencialidade do tablet em prol da Educação.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens.

Resenha crítica: Os autores apresentam o cenário de investimentos públicos

para equipar escolas e professores com tecnologias, mostrando assim que tais

tecnologias estão ganhando espaço nas salas de aula. Porém, para que a presença

da tecnologia, em particular dos tablets, seja produtiva na escola, é necessário um

bom preparo dos profissionais, de forma que esses se sintam aptos a lidar com as

diversas possibilidades que podem ser exploradas em prol da Educação.

A preocupação com a formação dos professores para o uso de tecnologias

está bastante presente no texto. Nesse sentido, a proposta do minicurso foi deixar

77

os professores explorarem os tablets e depois pedir que eles elaborassem uma

proposta de uso didático dessa tecnologia em aulas de Matemática. Ao final

esperava-se discutir sobre as tecnologias e motivar os professores a utilizarem o

recurso.

3.4 Fichamentos e resenhas críticas dos Artigos Internacionais

Título do trabalho 20: Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem

suportado por tecnologias móveis para a “Geração Polegar”

Autor(es): Moura, Adelina

Programa/ Instituição: Universidade do Minho - Portugal

Objetivo(s): Apresentar uma reflexão sobre o potencial das tecnologias

móveis em contexto educativo e suas implicações no processo de ensino e de

aprendizagem e investigar tal potencial.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens: O conceito “geração polegar” implica novos cenários educativos

e a mudança de paradigma do sedentarismo à mobilidade educacional dos

estudantes

Desvantagens: Não foram apresentadas desvantagens do uso de

equipamentos móveis.

Resenha crítica: Com o argumento de que o telemóvel é um “canivete

suíço”, a pesquisadora acredita que não podemos desperdiçar as possibilidades

oferecidas por essa tecnologia e defende a ideia de que o mau uso do equipamento

decorre da falta de uma cultura digital. Para usufruir das potencialidades dos

equipamentos móveis é necessário que os professores passem por uma “reciclagem

tecnológica” e é preciso conscientizar os alunos de que telemóvel, além de ser uma

ferramenta de comunicação, pode servir também para a construção do

conhecimento.

78

Título do trabalho 21: Educating Teachers in ICT: from Web 2.0 to Mobile

Learning

Autor(es): Carvalho, Ana A. A.

Programa/ Instituição: Department of Curriculum Studies and Educational

Technology, Institute of Education, University of Minho - Portugal

Objetivo(s): Mostrar como o governo Português está promovendo a

capacitação dos professores para o uso de novas tecnologias em sala de aula.

Sujeitos: 17 professores em serviço que cursam mestrado na Universidade

do Minho.

Vantagens/ facilidades: Leveza e portabilidade dos equipamentos móveis.

Aprendizagem em qualquer hora e em qualquer lugar.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Segundo a pesquisadora, os professores devem ter

habilidades para criarem atividades interativas para equipamentos móveis de tal

forma que os estudantes possam aprender em qualquer hora e em qualquer lugar. O

governo Português está incentivando o uso de novas tecnologias e criando vários

programas tanto para professores quanto para estudantes. No início dos programas

de formação, nos anos 1990, os professores eram incentivados a utilizarem a Web

1.0 e aprendiam a construir seus próprios websites. Mais tarde, foram introduzidas

no curso WebQuests, seguidas pelas ferramentas da Web 2.0 como, por exemplo, a

criação de blogs e redes sociais. Atualmente os programas estão investindo na

capacitação dos professores para o uso de tecnologias móveis, já que as mesmas

são uma consequência natural de uma nova sociedade de comunicação global.

Além disso, os professores notaram que os alunos optaram pelos celulares e tablets

e não levavam seus notebooks para a escola por serem pesados demais.

Nesse contexto, a autora elenca cinco tópicos que podem ser enfatizados nos

programas de formação: ensinar no século XXI, avaliar as informações disponíveis

na Internet, criar recursos que favoreçam a exploração da Internet, publicar e

interagir com a Web 2.0 e aprender com equipamentos móveis.

79

Sobre as tecnologias móveis, a autora afirma que, sejam os equipamentos

bem recebidos pelos professores ou não, a realidade é que eles chegam às salas de

aula levados pelos alunos e que é preciso garantir que essa tecnologia seja utilizada

de forma produtiva pelos estudantes.

No curso de formação citado no presente artigo, 71% dos entrevistados

respondeu que queriam aprender como trabalhar com equipamentos móveis na sala

de aula, mas ninguém respondeu que já sabia como trabalhar com essa tecnologia,

reforçando-se a necessidade de haver investimento em formação de professores

para o uso da tecnologia em sala de aula.

Título do trabalho 22: Pockets of potential – Using Mobile Technologies to

promote Children´s Learning

Autor(es): Shuler, Carly

Programa/ Instituição: The Joan Ganz Cooney Center at Sesame Workshop

Objetivo(s): Estimular o debate da sociedade e também da escola sobre as

potencialidades dos dispositivos móveis. Aprender a produzir, desenvolver,

promover e preparar um plano de ação para transformar a aprendizagem móvel.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens/ facilidades: Encorajar a aprendizagem a qualquer hora e em

qualquer lugar. Possibilitar a equidade digital. Fomentar a comunicação e

colaboração. Ubiquidade

Desvantagens/ problemas: Foram apresentados como desvantagens: o

potencial de distração; os comportamentos antiéticos; as questões sobre a

privacidade; o descrença de pais e professores no potencial das ferramentas; a não

existência, até o momento, de uma teoria de aprendizagem com essas tecnologias;

o aumento do "tempo de tela", que já está tão comum na vida das crianças; a

dificuldade de monitoramento do conteúdo acessado pelas crianças; a crescente

utilização de abreviaturas e gírias na escrita dos estudantes; o cyberbulling; a

preocupação, em grande parte especulativa, sobre o fato de o uso do celular poder

gerar problemas de saúde nas crianças. No caso específico dos celulares, o estudo

80

apontou ainda como desvantagens a pouca duração da bateria e o pequeno

tamanho da tela.

Resenha crítica: A autora nos mostra um panorama alarmante no ensino nos

EUA: em várias escolas americanas, mais de 50% dos estudantes desistem antes

de obterem seus diplomas de conclusão do Ensino Médio. Ao mesmo tempo, sabe-

se que mais da metade da população mundial possui celulares e que crianças com

mais de 12 anos correspondem ao segmento de usuários que mais cresce nos EUA.

Como as tecnologias móveis tornam-se cada vez mais presentes na vida das

crianças em todo o mundo e com o intuito de estimular o debate da sociedade e

também da escola sobre as potencialidades dos dispositivos móveis, a Instituição

Cooney apresentou este relatório em 2009. A pesquisa traz evidências e exemplos

de como os equipamentos móveis podem redefinir a aprendizagem e o ensino na

próxima década. Este relatório apresenta um inventário de mais de 25 projetos de

aprendizagem utilizando equipamentos móveis nos EUA. Ele mostra como

dispositivos móveis podem ajudar a promover o conhecimento e desenvolver

habilidades em crianças que terão de competir e cooperar no século XXI.

O projetou focou no domínio necessário da língua materna; em outras línguas

internacionais; no quarteto ciência, tecnologia, engenharia e Matemática; na

colaboração e no desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico em

atividades dentro e fora da escola.

O relatório também apontou problemas bem semelhantes à realidade

brasileira, tais como falta de financiamento aos projetos inovadores que utilizam

tecnologias móveis na Educação, falta de políticas públicas de incentivo e pouco

investimento na formação de professores.

O relatório destacou oportunidades para melhorar a Educação, aproveitando

as características da aprendizagem móvel:

Incentivar a aprendizagem "em qualquer lugar e a qualquer hora". Os

dispositivos móveis permitem que os alunos se reúnam e acessem as

informações dentro e fora da sala de aula.

Atingir crianças carentes. Devido ao seu custo relativamente baixo, os

dispositivos portáteis auxiliam na equidade digital, atingindo crianças

81

de comunidades economicamente desfavorecidas e de países em

desenvolvimento.

Melhorar as interações sociais do século 21. As tecnologias móveis

têm o poder de promover e fomentar a colaboração e comunicação.

Facilitar uma experiência de ensino personalizado. Uma vez que nem

todas as crianças são iguais, a instrução deve ser adaptável para cada

aluno.

Porém, apesar de especialistas afirmarem que os equipamentos móveis têm

potencial significativo para transformar a Educação, pais e professores ainda não

estão convencidos disso.

Título do trabalho 23: Using tablets for collaborative problem-based learning

in a mathematics specialist program

Autor(es): Hunger, G.; Hodges, C.

Programa/ Instituição: University of Virginia

Objetivo(s): Verificar como aulas on-line bem planejadas e usando tecnologia

podem ser criadas para comunidades de aprendizagem virtuais nas quais a

interação entre os estudantes seja necessária.

Sujeitos: alunos e corpo docente de um programa de especialização

profissional de Matemática do Estado da Virginia.

Vantagens/ facilidades: Interação e colaboração entre estudantes

Desvantagens/ problemas: A dificuldade de exibir conteúdo matemático

(com muitos símbolos, equações e expressões) restringia a colaboração on-line.

Resenha crítica: Até pouco tempo, a dificuldade de digitarmos expressões

matemáticas na Internet com rapidez e agilidade era entrave em atividades

colaborativas e de comunicação em tempo real para alunos e professores. Até

recentemente, a colaboração a distância era difícil, levando ao insucesso de

diversos projetos. Com o passar do tempo, devido ao desenvolvimento tecnológico,

as frustrações tendem a diminuir.

82

No presente estudo, os autores descrevem esforços recentes no uso de

tablets e outros dispositivos móveis para promover a colaboração e a integração

durante o processo de resolução de problemas matemáticos no programa de

especialização. Embora a discussão tenha sido fundamentada na experiência com

Matemática, poderá ser relevante em outras áreas ou situações nas quais a

comunicação com conteúdo matemático se fizer necessária.

As novas tecnologias têm contribuído para movimentar discussões a respeito

do sistema dito tradicional de ensino, no qual o professor é considerado como o

“recurso” principal de aprendizagem. Certamente, essa situação apresentava

coerência há alguns anos, mas não se sustenta nos dias atuais.

Aspectos da aprendizagem matemática devem ter foco nos conceitos

matemáticos e na exploração dos mesmos na resolução de problemas. A ênfase

deve ser na participação do aluno em atividades de formulação e avaliação de

questões, nas quais os estudantes expliquem suas perguntas, soluções e seus

exemplos com argumentos válidos.

A intenção das instruções no programa era incentivar a participação ativa em

resolução de problemas (com o conteúdo dos números racionais) e proporcionar

estratégias diferentes de resolução. Assim, cada estudante deveria ser capaz de

submeter seu trabalho para discussão em pequenos grupos e também em grupos

maiores.

Ao final do estudo, os alunos foram capazes de ouvir, ver e manipular seus

trabalhos em um ambiente on-line ao vivo. Para eles, criar as expressões

matemáticas necessárias e símbolos era tão natural quanto é possível quando se

usa papel e lápis.

Título do trabalho 24: I Am a 21st Century Teacher: If You Teach Me with

Technology, I Will Use Technology to Teach My Students

Autor(es): Bull, Prince H.

Programa/ Instituição: North Carolina Central University, Educational

Technology, U.S.A

83

Objetivo(s): Analisar as percepções dos sujeitos a respeito da integração das

novas tecnologias em sala de aula.

Sujeitos: 18 pós-graduandos que lecionam para os alunos do 1.o ano da

universidade.

Vantagens/ facilidades: O estudo revelou a eficácia de encorajar os

indivíduos a aprenderem novas habilidades.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso

de equipamentos móveis no presente trabalho.

Resenha crítica: Este estudo incidiu sobre as percepções dos sujeitos em

relação à integração da tecnologia em seus cursos do primeiro ano, o uso de

tecnologia fora da sala de aula, a percepção da integração de tecnologia em 2012 e

os fatores que influenciaram a sua eficiência para essa integração. Entre o outono

de 2008 e a primavera de 2009, dois levantamentos sobre os instrumentos

tecnológicos foram aplicados: (1) atitudes dos professores com relação ao uso

Tecnologia e (2) competências computacionais básicas para os professores que

irão utilizar novas tecnologias. Os resultados revelam atitudes positivas para a

integração de tecnologia na escola.

Os sujeitos também participaram de um grupo de discussão no final do

semestre da primavera de 2009. Houve resultados significativos desse estudo com

relação à influência do estado afetivo em relação à tecnologia, à influência do

conhecimento prévio, aos usos sociais da tecnologia e aos níveis de habilidades

desses instrutores (sujeitos da pesquisa). Os resultados desse estudo são

encorajadores para as possibilidades de integração futura da tecnologia no século

21 nas salas de aula.

Título do trabalho 25: Roundtable horizons of Educational Innovations: 8

Pratical and live demonstrations of the new technologies that will have the most

impact in education in the next few years and that all teachers can use

Autor(es): Assumpção, Cristiana M.; Genesini, André G.

Programa/ Instituição: Educamos on line e Colégio Bandeirantes - Brasil

84

Objetivo(s): Indicar como decidir qual tecnologia deve ser integrada no

currículo e, principalmente, quais ferramentas têm o potencial para serem adotadas

nas escolas nos próximos cinco anos.

Sujeitos: Não houve envolvimento de sujeitos no presente trabalho.

Vantagens/ facilidades: Mobilidade e interatividade

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores do artigo basearam-se no Horizons Report,

relatório produzido anualmente que apresenta as potenciais tecnologias que estarão

nas escolas nos próximos cinco anos. Nesse relatório, uma das tecnologias citadas

são os tablets.

Os autores apresentam na publicação um panorama tecnológico: o iPad

vende, em média, um milhão de unidades por mês; cem mil smartphones Android

são ativados por dia; a TV digital está se espalhando por todo o Brasil e pelo mundo;

o conteúdo que foi produzido em 50 anos de programas de TV equivale a dois

meses de filmes enviados para o YouTube; demorou 13 anos para a televisão

chegar a 50 milhões de espectadores, enquanto o Facebook atingiu 100 milhões de

usuários em nove meses. As principais características de todas essas tecnologias

são a mobilidade e a interação. Já que os jovens interagem entusiasticamente com

essas tecnologias, dizem os autores, é hora de trazer esse mesmo entusiasmo para

o currículo. O mundo está mudando rapidamente e a Educação não pode ficar para

trás. Mas como saber o que adotar ou qual padrão será usado na Educação com

todas essas opções?

Dezenas de tecnologias têm surgido nos últimos anos e têm crescido

exponencialmente. Entre todas estas tecnologias, as que mais provavelmente

afetarão a Educação em um futuro próximo são: realidade aumentada, smartphones,

tablets, Web 2.0 (Facebook, Twitter), cenas e objetos em 3D (feitos pelos alunos),

realidade aumentada, conteúdo aberto etc.

Este artigo tinha como objetivo apenas a apresentação da proposta de

trabalho para uma mesa redonda, por isso não mostrou maiores discussões ou

conclusões.

85

Título do trabalho 26: Examining implementation strategies, goals, and

impacts of apple Ipad tablets in K-12 educational settings

Autor(es): Jones, Sherwood; Strudler, Neal

Programa/ Instituição: University of Nevada - USA

Objetivo(s): Examinar a implantação dos tablets no K-12 educational setting.

Cada escola deverá desenvolver seu próprio plano de implantação de uso e

gerenciamento dos Ipads.

Sujeitos: Educadores de quatro escolas de um distrito escolar no sudoeste

dos EUA (uma escola elementar, duas escolas de Ensino Fundamental e uma de

Ensino Médio).

Vantagens/ facilidades: possibilidades educativas dos tablets devido ao seu

tamanho e às facilidades de uso. Favorece a criatividade.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores deixam claro que este artigo apresenta o

contexto e os principais aspectos e resultados de um estudo ainda em andamento

até a data da publicação do mesmo. Baseados em ferramentas de diagnóstico,

fornecidas pela Apple, foram examinados estratégias, procedimentos e políticas que

podem ser usados para facilitar as atuais implantações dos tablets e auxiliar futuros

projetos.

Segundo os pesquisadores, os tablets têm tamanho e poder para proverem

os educadores com possibilidades educativas e criativas que antes, com os

computadores desktop, eram limitadas. É importante lembrar que, de acordo com

Hall (2010), no início da implantação de uma nova tecnologia é muito comum que os

professores tentem utilizá-la da mesma forma que faziam com as ferramentas

antigas.

Os teóricos têm nos ensinado que a introdução e o sucesso de qualquer

inovação pode ser uma tarefa dolorosa e difícil para os envolvidos. Fullan (2001)

afirmou que não importa quão honrados sejam os motivos, cada indivíduo envolvido

86

na efetiva implementação irá experimentar algumas preocupações sobre o

significado de novas práticas, dos objetivos, das crenças e dos meios de

implementação.

A proposta dos autores é apresentar as mudanças e difusões das inovações

descritas nas pesquisas realizadas para que esses resultados nos ajudem a

organizar perspectivas. Eles ressaltam que cada escola deverá desenvolver seu

próprio plano de ação e ter seus próprios objetivos.

O presente estudo procura responder às seguintes perguntas relativas à

aplicação iPad em salas de aula (Na escola básica americana, chamada de K-12):

1. Como é que a implementação de iPads em escolas K-12 pode ser facilitada

para atingir altos níveis de uso nas salas de aula em uma escola e em um grande

distrito?

2. Quais estratégias, procedimentos e práticas podem ser aplicados nas

implementações para atingir um uso generalizado e eficaz de iPads nas salas de

aula?

3. Qual é o grau de efetiva implantação dos Ipads em todas as salas de aula e

escolas identificadas, e como as diferenças afetam os resultados esperados?

Os resultados deste estudo serão utilizados para ajudar os educadores a

compreender e superar os desafios envolvidos na implementação de iPads e outros

dispositivos móveis em suas escolas, aumentando as chances de sucesso.

Os resultados apresentados são parciais uma vez que a pesquisa não estava

concluída até a data da publicação do presente artigo, mas é possível afirmar que as

implementações variam não só de escola para escola, mas também dentro de cada

escola.

Título do trabalho 27: Media tablets in Educational practice: what can we

learn?

Autor(es): Zijdemans-Boudreau, Anita

Programa/ Instituição: College of Education – Pacific University - USA

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Objetivo(s): Descobrir quais ações são necessárias para criar e apoiar a

comunidade na sua busca de desenvolver habilidades e aulas para a adoção de

novas tecnologias móveis para a aprendizagem.

Sujeitos: O estudo envolveu estudantes, professores e profissionais de

programas de especialização em uma pequena universidade.

Vantagens/ facilidades: Potencial didático dos tablets.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: De acordo com a autora, algumas habilidades e

competências adequadas aos profissionais na economia do conhecimento são

apoiadas pelo uso das TICs e muitas vezes os jovens só têm oportunidade de

desenvolverem tais competências nas escolas.

Com a preponderância de tecnologias emergentes, as instituições de ensino

terão que auxiliar professores, estudantes e profissionais a desenvolverem

habilidades, aptidões e experiências baseadas em tecnologia como requisito para

alcançar a Educação em um mundo digital. Este estudo visa promover essa agenda,

engajando os interessados em uma comunidade de prática para explorar o impacto

de uma recente geração de dispositivos móveis - o tablet - sobre a aprendizagem e

prática de ensino. Esta apresentação compartilha as fases iniciais desta

investigação, na esperança de envolver mais colegas com interesses ou projetos

similares.

Título do trabalho 28: A whole-school approach to technological literacy:

mobile learning and the iPhone

Autor(es): Herrington, Jan; McKenzie, Susan; Pascoe, Robin; Woods-

McConey, Aamanda; MacCallum, Judith; Wright, Peter

Programa/ Instituição: School of Education, Faculty of Arts and Education,

Murdoch University - Austrália

Objetivo(s): Instigar a aprendizagem móvel em uma Faculdade de Educação

a partir de uma mudança cultural.

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Sujeitos: Professores do Ensino Superior

Vantagens/ facilidades: Ajuda os alunos a melhorarem suas competências

na Matemática e na língua materna e a reconhecerem suas capacidades.

Pode ser usado para incentivar experiências tanto independentes quanto

colaborativas de aprendizagem.

Ajuda os alunos a identificarem as áreas em que eles precisam de assistência

e apoio.

Ajuda a reduzir a formalidade da experiência de aprendizagem e a engajar os

alunos mais relutantes.

Ajuda os alunos a permanecerem mais concentrados nas atividades por

períodos mais longos.

Ajuda a elevar a autoestima e a autoconfiança.

Desvantagens/ problemas: “Invasão” do trabalho nos horários de descanso

dos professores.

Resenha crítica: Os autores afirmam que a aprendizagem móvel não é

generalizada no ensino superior e que seu potencial é enorme. Este artigo descreve

um projeto que teve como objetivo instigar a aprendizagem móvel em uma Escola de

Educação para a alfabetização tecnológica e fomentar a aprendizagem profissional

dos docentes. O projeto se propôs a apoiar cada acadêmico na Escola no uso do

iPhone ou iPodTouch na sua vida pessoal e também pesquisar o uso do dispositivo

em contextos pedagógicos. O artigo descreve o processo de planejamento e as

iniciativas de desenvolvimento profissional para serem implementadas, além de

questões relacionadas com a aquisição e o uso de telefones celulares no contexto

profissional. Neste projeto, a Universidade ofereceu apoio para os professores, com

o objetivo de aumentar a consciência das possibilidades didáticas do uso desses

dispositivos e o desenvolvimento de atividades pessoais.

A necessidade de preparar os professores de ensino superior para o M-

Learning é um desafio crítico de aprendizagem profissional. Algumas estratégias

apontadas pelos pesquisadores para apoiar esse desenvolvimento profissional:

89

1. Desenvolver um entendimento compartilhado dos quadros teóricos e das

filosofias de abordagem.

2. Desenvolver de compreensão das qualidades das tecnologias à mão, e que

os profissionais têm tempo para desenvolver essas habilidades tecnológicas antes

de utilizar os equipamentos móveis com os alunos.

3. Proporcionar ciclos de trocas de experiências e reflexões sobre as

implicações das novas práticas.

Os pesquisadores investigaram também quais são as crenças e atitudes dos

membros da Escola de Educação que optaram por não serem envolvidos, e suas

razões, porém, esses dados não foram fornecidos no presente artigo.

Concluíram que a introdução do iPhone e iPodTouch em uma Escola Superior

de Educação é um catalisador para a mudança que vai ajudar a "reorganizar a

ordem social" no ensino e na pesquisa da Escola.

Título do trabalho 29: Building mobile apps to support sense-making in

Mathematics

Autor(es): Pelton, Timothy W.; Pelton, Leslee F.

Programa/ Instituição: Department of Curriculum and Instruction, University

of Victoria - Canada

Objetivo(s): Apresentar aplicativos para dispositivos móveis para a

aprendizagem de Matemática.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens/ facilidades: Os dispositivos móveis possibilitam uma interface

direta e útil de apoio às crianças na exploração e compreensão de conteúdos

matemáticos.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens no uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: Os autores projetam aplicativos móveis para ajudar as

crianças a construir a sua compreensão matemática. O objetivo é criar uma coleção

abrangente de aplicativos gratuitos para apoiar a aprendizagem da Matemática nos

90

ensinos Fundamental e Médio. Os dispositivos móveis com tecnologia touch

fornecem uma interface direta e muito útil que pode ajudar as crianças a explorar e

compreender a Matemática enquanto jogam. Para garantir sua utilidade educacional,

os modelos visuais são integrados em cada um dos aplicativos MathTappers para

ajudar as crianças a darem sentido à Matemática que estão aprendendo.

Os autores citam apps criados para o ensino de Matemática: Clockmaster,

MathTappers (find sums, multiplex, estimate fractions, equivalents, carbono choices,

numberline) e concluem afirmando que todas as crianças podem aprender

Matemática e que uma maneira de conseguir isso é por meio da criação de simples

aplicativos de fácil utilização para os dispositivos que já estão em suas mochilas.

Título do trabalho 30: EDUTOPIA – Mobile devices for learning: What you

need to know

Autor(es): Robledo, Jhoanna

Programa/ Instituição: EDUTOPIA - George Lucas Educational Foundation

Objetivo(s): Ajudar os estudantes, que são íntimos da tecnologia, a

utilizarem-na em prol de seu aprendizado.

Sujeitos: Alunos do 9.o ano e seus professores.

Vantagens/ facilidades: Colaboração e maior envolvimento dos estudantes.

Desvantagens/ problemas: Distração dos estudantes.

Resenha crítica: Um desafio atual é ajudar os estudantes, que já estão

familiarizados com as tecnologias, a utilizarem-nas em prol de seu aprendizado. O

relatório aponta a necessidade de mudança de paradigmas.

Os equipamentos móveis tornaram-se tão essenciais na vida dos estudantes

quanto o café da manhã. De acordo com Pew Internet Project, em 2011, 77% dos

jovens de idades entre 12 e 17 anos tinham celulares. Uma porcentagem bem maior

do que em 2004, que era de 45%.

Muitas escolas americanas optaram por não permitir o uso de celulares em

sala de aula. De acordo com pesquisa realizada pela United Nations Educational,

91

Scientific and Cultural Organization (UNESCO), somente Illinois e New Hampshire

implementaram iniciativas utilizando equipamento móveis.

Encontramos também a menção aos prós e contras no uso desses

equipamentos em sala de aula. A maior das preocupações é que os estudantes irão

se distrair demais se estiverem com equipamentos móveis durante as aulas.

Especialistas na área orientam que o melhor caminho não é banir os equipamentos,

mas negociar políticas de uso e assim tirar proveito das ferramentas e facilidades

proporcionadas pela tecnologia e engajar os estudantes nas tarefas da escola. O

projeto piloto K-Nect, na Carolina do Norte, mostrou que os equipamentos móveis

podem efetivamente melhorar o desempenho nas notas dos testes de Matemática.

Alunos do 9.o ano que não tinham acesso a computadores e Internet em casa

receberam smartphones para poderem acessar materiais suplementares sobre

Matemática e também entrarem em contato com seus professores e colegas por

intermédio do aparelho. De acordo com a Organização Project Tomorrow,

aproximadamente 2/3 desses alunos tiveram notas melhores em Matemática e 50%

estão pensando em seguir carreira em Matemática. Os professores participantes

demonstraram uma maior responsabilidade com o ensino e em trabalhar de maneira

mais colaborativa com os alunos. Relataram também que seus alunos ficaram mais

ativos nas salas de aula.

De acordo com a pesquisa da UNESCO realizada na América do Norte,

trabalhar com os equipamentos móveis envolve muito mais do que incorporar a

tecnologia nas práticas pedagógicas. É preciso um novo paradigma que

fundamentalmente mude a forma como os estudantes aprendem.

Título do trabalho 31: Mobile IT in Higher Education

Autor(es): Dobbin, Gregory; Dahlstrom, Eden; Arroway, Pam

Programa/ Instituição: EDUCASE – Center for applied research

Objetivo(s): Fornecer uma visão atual sobre a tecnologia e um mapa das

diferentes perspectivas e abordagens que as instituições envolvidas adotaram para

trabalhar com as tecnologias móveis.

Sujeitos: Alunos, professores e funcionários de 209 instituições americanas.

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Vantagens/ facilidades: Colaboração, mobilidade e comunicação.

Desvantagens/ problemas: Problemas com a infraestrutura tecnológica.

Resenha crítica: A introdução do trabalho de Dobbin et al (2011, p.06) nos

traz uma curiosa história de 1877 sobre o telefone. Ao assistir à demonstração do

que o aparelho era capaz de fazer, o presidente dos EUA Rutherford B. Hayes disse:

“It’s a great invention, but who would want to use it anyway?”

O que a história nos mostra é que novas tecnologias nos oferecem novas

formas de fazer coisas que antes nem sequer imaginávamos. Com as palavras dos

autores (DOBBIN et al, 2011, p.06 - 07):

Novas tecnologias muitas vezes nos desafiam a repensar pressupostos básicos que temos sobre como fazemos determinadas coisas. No caso do telefone, isso ocorreu assim que foi inventado e voltou a ocorrer mais de uma vez desde então. A computação móvel (mobile computing) foi considerada a terceira revolução digital (logo depois da internet banda larga e das redes sociais). Para muitos, there’s an app for that (tem um aplicativo para isso) não é apenas um slogan de propaganda, mas sim uma doutrina para a vida no século XXI – nós esperamos que nossos dispositivos móveis possibilitem a execução de qualquer tarefa que executaríamos em outros computadores. (tradução nossa)

6

Tecnologias que há algum tempo poderiam parecer pura ficção científica

tornaram-se acessórios indispensáveis na vida moderna. Basta olharmos nossos

alunos, eles carregam consigo uma combinação de equipamentos móveis: celulares,

ipod, tablets etc. Atualmente, os tablets mudaram como, onde e quando nós

interagimos com as pessoas ao nosso redor.

Além de apresentarem reflexões sobre o papel da tecnologia em nossas

vidas, os autores destacam os resultados da pesquisa também do ponto de vista

mais técnico, mostrando as demandas e necessidades dos estudantes com relação

à infraestrutura tecnológica das instituições, revelando inclusive a preocupação com

políticas de segurança dos dados acessados pelos estudantes.

6 New Technologies often challenge us to rethink basic assumptions about how we do certain things.

With the phone, this happened at its invention and more than once since then… Mobile computing has been described as the third digital revolution (following broadband Internet and social networking) For many, “there’s an app for that” is not just a marketing slogan but a tenet of life in the 21

st century – we

expect to be able to do anything on our mobile devices that we can do on any other computer.

93

De acordo com os autores, provavelmente não existe uma única estratégia

que seja perfeita para a implantação dos tablets em todas as instituições, cada uma

das faculdades ou universidades deverá seguir seu próprio caminho, conforme suas

necessidades e prioridades. É certo que muitas instituições ainda estão refletindo

sobre o tema e analisando como incorporar as novas tecnologias em seu campus,

quer seja administrativa, quer seja pedagogicamente.

3.5 Fichamentos e resenhas críticas das Dissertações

Título do trabalho 32: Tecnologias móveis na Educação

Autor(es): Higuchi, Adriane A. da S.

Programa/ Instituição: Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura -

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Objetivo(s): Identificar se e como o aparelho celular está sendo incorporado

pelo ambiente escolar.

Sujeitos: 10 profissionais (coordenadores e professores) de quatro escolas

públicas e uma particular de Mogi das Cruzes e Suzano – Região metropolitana de

São Paulo.

Vantagens/ facilidades: Disponibilidade de câmera fotográfica para apoiar

atividades em sala de aula. Participação mais ativa e criativa no desenvolvimento de

projetos. Interação e colaboração entre alunos e entre professor e aluno. Mobilidade

(física, temporal e contextual)

Desvantagens/ problemas: Resistência dos educadores. Possibilidade de

distração do aluno com o aparelho.

Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, o uso da tecnologia móvel

tem provocado mudanças em vários segmentos da sociedade, que se apropria cada

vez mais da linguagem digital e imprime novas características às relações humanas.

Embora a atual geração demonstre habilidades para navegar em movimento nas

inúmeras informações e para fazer tudo ao mesmo tempo, de que maneira ocorre a

apropriação desta tecnologia nas escolas? Quais são os desafios para essa prática?

A proposta da pesquisa é realizar uma reflexão interdisciplinar envolvendo Educação

94

e tecnologias da informação e comunicação, buscando compreender se e como a

escola incorpora as tecnologias móveis no processo educacional.

A pesquisa buscou captar de que forma o aparelho celular é utilizado dentro

do ambiente escolar e como o professor e aluno lidam, percebem, sentem e se

comportam diante da experiência. O estudo mostrou que o aparelho celular vem

sendo utilizado de maneira informal e em situações de improviso, a partir de

iniciativas de professores ou dos alunos. O tema “aprendizagem móvel” ainda é

desconhecido para a maioria dos sujeitos envolvidos e a maioria dos educadores

mostrou-se contrária ao uso dos celulares durante as aulas. Outros professores

admitiram nunca terem pensado na possibilidade de utilizar o celular como auxiliar

de práticas pedagógicas.

A autora conclui seu estudo afirmando que os resultados demonstraram que,

apesar da popularização dos aparelhos celulares, a utilização dos mesmo em

atividades educacionais foi considerada incompatível com o ambiente escolar

tradicional.

Título do trabalho 33: A calculadora do celular na sala de aula: uma

proposta para a exploração da divisão inexata no Ensino Médio

Autor(es): Nhoncance, Leandro

Programa/ Instituição: Mestrado Profissional em Ensino de Matemática –

PUC - SP

Objetivo(s): Retomar conceitos básicos de Matemática, em especial a divisão

de números naturais.

Sujeitos: 15 alunos da 3.a série do Ensino Médio de uma escola pública

estadual.

Vantagens/ facilidades: Motivou os alunos

Desvantagens/ problemas: Não foram citadas desvantagens do uso dos

equipamentos móveis no trabalho.

Resenha crítica: O pesquisador propôs uma sequência de atividades que

auxiliasse os alunos a obterem o resto natural em uma divisão inexata utilizando a

95

calculadora do celular. O autor justifica sua pesquisa relatando que os alunos da 3.a

série do Ensino Médio têm dificuldades em resolver uma operação de divisão e

acrescenta que utilizou a ferramenta da calculadora do celular porque observou que

nem todos os alunos carregavam consigo calculadoras, mas que todos possuíam

celulares e poderiam fazer uso desse aplicativo sem maiores problemas.

Por meio da pesquisa foi constatado que o algoritmo da divisão havia sido

esquecido pelos alunos, mas que, diante das propostas de atividades realizadas, as

dificuldades apresentadas foram sanadas. Embora o autor cite algumas

características da aprendizagem com equipamentos móveis, mesmo que de maneira

tímida, não apresentou maiores argumentos que diferenciassem o uso da

calculadora de um celular do uso de uma calculadora simples e portátil.

Título do trabalho 34: Expandindo a sala de aula: recursos tecnológicos

ubíquos em processos colaborativos de ensino e aprendizagem

Autor(es): Gomes, Celso A. dos S.

Programa/ Instituição: Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design

Digital – PUC - SP

Objetivo(s): Vislumbrar algumas potencialidades de recursos tecnológicos

em atividades educacionais contextualizadas.

Sujeitos: A pesquisa não envolveu sujeitos.

Vantagens/ facilidades: Colaboração. Ubiquidade. Extensão da sala de aula.

Transgressão de limites temporais e espaciais do ambiente escolar. Autonomia do

aluno.

Desvantagens/ problemas: Não foram apresentadas desvantagens do uso

de equipamentos móveis.

Resenha crítica: A partir de duas evidências, a emergência do ciberspaço

para além dos desktops e a urgente necessidade de as práticas educacionais

acompanharem a ecologia comunicacional pluralista, o autor propõe a pesquisa.

Assim, foram elaboradas atividades educacionais que fazem uso da ubiquidade de

recursos comunicacionais. Um dos objetivos é contribuir para a integração das

96

práticas cotidianas tecnológicas dos estudantes em prol do processo de ensino e

aprendizagem em que se inserem.

Trata-se de uma pesquisa que busca estudar tais recursos tecnológicos como

ferramentas eficazes para a extensão ubíqua de processos colaborativos de ensino

e de aprendizagem e pretende-se verificar se tais recursos, como extensores da sala

de aula, podem ser eficientes para o processo de ensino e aprendizagem de forma

contextualizada à utilização da estratégia com temas transversais. Conjectura-se

que, com tal estratégia, a utilização de recursos ubíquos de comunicação pode ser

vista como um caminho promissor para a ressignificação dos tempos, dos espaços e

das relações em contextos educacionais, com a complexidade da configuração das

sociedades contemporâneas sob o paradigma informacional.

Na conclusão o pesquisador ressalta que as potencialidades dos

equipamentos móveis poderão estreitar a relação entre a Educação formal e

informal. O trabalho se edifica em propostas que visam, antes de tudo, à construção

de valores e éticas para a formação da consciência moral autônoma dos estudantes.

Título do trabalho 35: Uso do computador portátil na escola: perspectivas de

mudanças na prática pedagógica

Autor(es): Mandaio, Cláudia

Programa/ Instituição: Mestrado em Educação: Currículo – PUC/SP

Objetivo(s): Identificar os indícios de mudanças nas práticas que professores

do Ensino Fundamental I de uma escola estadual e de uma escola municipal do

interior de São Paulo desenvolvem com o uso de computador portátil em sala de

aula.

Sujeitos: alunos e professores de escolas estadual e municipal do interior de

São Paulo.

Vantagens/ facilidades: Desenvolvimento de habilidades no uso da

tecnologia e de comunicação. Promoção de atividades contextualizadas,

colaborativas e responsáveis. Experiências de aprendizagem individualizada.

Mobilidade.

97

Desvantagens/ problemas: O predomínio da reprodução de práticas de

caráter instrucionista ou de exercitação, mesmo no uso do computador e da Internet.

A falta da cooperação entre os pares. O acesso à Internet em casa não ser padrão

para os alunos. A inexistência de propostas de projetos colaborativos.

Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, as pesquisas na área

apontam para a necessidade de novas práticas pedagógicas para que os recursos

tecnológicos disponíveis sejam efetivamente usados e aproveitados para uma

aprendizagem mais significativa. Como resultados apresentam-se indícios de

mudanças nas práticas dos professores com o uso do computador portátil, das quais

se destacam: o foco nos objetivos de desenvolver a autonomia dos alunos,

promover atividades colaborativas e reflexivas e buscar desenvolver competências

no uso da tecnologia. A inovação tecnológica pode impulsionar a inovação

pedagógica, embora esta seja mais difícil de ser implementada do que a primeira.

Merece destaque um dado citado na tese de que na escola municipal

pesquisada a característica da mobilidade dos equipamentos já está sendo

aproveitada, embora não na sua totalidade: os professores e alunos saem do

ambiente do laboratório de informática e atuam com a tecnologia móvel em sala de

aula, embora ainda se encontrem muito presos à ideia de uma sala específica para o

trabalho com tecnologia. Embora essa atitude represente um avanço significativo, há

entraves a serem superados, como, por exemplo, o ensino com tecnologia, mas

pautado nas práticas pedagógicas mais tradicionais.

Para a pesquisadora este trabalho trouxe a confirmação de que o uso de

computadores portáteis promove mudanças na prática dos professores, mesmo que

essas mudanças estejam ainda nos estágios iniciais e longe de alcançar a

relevância que poderiam ter os computadores no processo de aprendizagem das

crianças.

3.6 Fichamentos e resenhas críticas das Teses

Título do trabalho 36: Apropriação do Telemóvel como Ferramenta de

Mediação em Mobile Learning. Estudos de Caso em Contexto Educativo

Autor(es): Moura, Adelina M. C.

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Programa/ Instituição: Doutorado em Ciências da Educação, na

Especialidade de Tecnologia Educativa - Instituto de Educação - Universidade do

Minho - Portugual

Objetivo(s): Analisar como os alunos se apropriam do telemóvel como

ferramenta de aprendizagem; avaliar como o telemóvel medeia (molda) as

atividades de aprendizagem; estudar as implicações das tecnologias móveis em

atividades de aprendizagem; propor um quadro referencial teórico para integração

de tecnologias móveis (telemóvel) num contexto de M-Learning que oriente o aluno

para a aprendizagem autônoma e ao longo da vida; analisar as potencialidades e

limitações da integração de tecnologias móveis no processo de ensino e

aprendizagem, em particular, de línguas.

Sujeitos: 68 alunos do ensino secundário geral e profissional, diurno e

noturno, de duas escolas urbanas, uma pública e outra semiprivada.

Vantagens/ facilidades: Colaboração, maior atividade do aluno, ubiquidade,

aprendizagem em qualquer tempo e em qualquer espaço, motivação e concentração

dos alunos, aumento a diversidade de propostas, possibilidade de o aluno melhorar

aorganização e o armazenamento da informação.

Desvantagens/ problemas: Professores não querem sair da zona de

conforto.

Resenha crítica: Os dispositivos móveis têm sido usados como ferramentas

de aprendizagem em mobile learning. A emergência de novos cenários educativos

levou a pesquisadora a tentar compreender os desafios e as oportunidades da

integração de dispositivos móveis, como o telemóvel, no processo de ensino e

aprendizagem.

Segundo Sharples et al. (2005, apud MOURA, 2010, p.43), em virtude da

utilização de uma tecnologia pessoal, centrada no utilizador, móvel, potencializadora

do trabalho em rede, ubíqua e durável, a aprendizagem tornar-se-á personalizada,

centrada no estudante, situada, colaborativa, ubíqua e ao longo da vida. Essas

previsões de Sharples muito nos chamaram a atenção e nos provocaram reflexões

sobre o futuro da Educação e sobre a utilização dos equipamentos móveis em sala

de aula. De acordo com Gagnon (2009, apud MOURA 2010, p.83), a penetração dos

99

equipamentos móveis é aproximadamente três vezes maior do que a dos

computadores fixos e portáteis.

O estudo analisou como os alunos se apropriaram do telemóvel como

ferramenta de aprendizagem, avaliou o telemóvel como ferramenta de mediação em

atividades de aprendizagem e analisou as potencialidades e limitações da sua

integração no processo de ensino e aprendizagem.

A análise dos dados obtidos permitiu concluir que os alunos aceitaram usar os

seus próprios telemóveis, que incorporaram naturalmente nas suas práticas de

estudo, explorando as várias funcionalidades durante as atividades curriculares,

realizadas dentro e fora da sala de aula, de forma individual e colaborativa. O

telemóvel usado como ferramenta mediadora de aprendizagem possibilitou tirar

dúvidas e aprender quando era mais conveniente, permitiu contato permanente com

os conteúdos curriculares, aumentou a motivação do aluno pela disciplina e

aperfeiçoou a leitura em língua estrangeira. Os dados revelaram ainda grande

satisfação dos alunos pelas tarefas realizadas, que tornaram o processo de ensino e

aprendizagem mais atrativo, e o reconhecimento do potencial educacional do

telemóvel para apoio ao estudo. Porém, seu uso obriga o professor e o aluno a

definirem um papel novo tanto, ao impor a ambos os desafios renovados e

constantes. O objetivo é que o aluno participe do jogo da aprendizagem e que essa

participação seja efetiva, tanto na resolução de tarefas, como na sugestão de

atividades. A implementação de um contexto de aprendizagem móvel deve

proporcionar a concretização de um sistema de ensino mais flexível, em que o

estudante possa gerir com responsabilidade a aquisição de conhecimentos e

compreender melhor as dificuldades acadêmicas e os modos de agir sobre elas num

contexto de natureza não avaliativa. Deve tornar possível a criação de uma

comunidade escolar móvel, um espaço virtual escolar gratuito, fácil e ubíquo.

Quando todos os alunos tiverem Internet no seu telemóvel, poderão facilmente

continuar conectados aos colegas, professores, outros elementos da comunidade

educativa e conteúdos curriculares, sem precisarem estar num local fixo.

Título do trabalho 37: M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de

M-Learning em Matemática

100

Autor(es): Batista, Silvia C. F.

Programa/ Instituição: Doutorado no Programa de Pós-Graduação em

Informática na Educação. Centro de Estudos Interdisciplinares em Novas

Tecnologias da Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Objetivo(s): Verificar como o M-LearnMat pode contribuir para o

planejamento de atividades de M-Learning em Matemática, no Ensino Superior.

Sujeitos: Alunos do curso de Cálculo I do Ensino Superior

Vantagens/ facilidades: Autonomia na exploração de conteúdos.

Colaboração. Acesso aos materiais de acordo com a necessidade individual do

estudante.

Desvantagens/ problemas: Custo dos aparelhos. Tamanho da tela (nos

celulares). Falta de aparelhos adequados à atividade. Presença de diferentes

aparelhos com diferentes plataformas.

Resenha crítica: A autora propôs um modelo pedagógico para atividades de

M-Learning em Matemática. Tal modelo tem por objetivo orientar práticas educativas

que envolvam o uso de dispositivos móveis no Ensino Superior. A revisão

bibliográfica, a pesquisa exploratória e um estudo de caso piloto forneceram dados

para melhor compreensão do uso educacional dos celulares.

A experimentação sinalizou que o M-LearnMat tem potencial para orientar as

atividades a que se destina, colaborando para que as mesmas sejam desenvolvidas

segundo estratégias definidas.

Quando questionados se o uso de diversos recursos tecnológicos no apoio à

disciplina contribuiu para a aprendizagem, um percentual superior a 90% respondeu

afirmativamente.

A pesquisadora conclui seu trabalho mostrando que utilizar celulares para fins

educativos ainda implica enfrentar algumas dificuldades, que tendem a diminuir com

os avanços tecnológicos e com a diminuição dos preços dos aparelhos. Afirma

também que na Matemática, em geral, as tecnologias digitais possibilitam

simulações, visualizações, experimentações, levantamento de hipóteses entre

outros. Como M-Learning, adicionam-se possibilidades extras, tais como praticidade,

101

mobilidade, alcance ao maior número de pessoas, aprendizagens em contextos

reais etc. Nesse sentido, o uso de dispositivos móveis pode contribuir para que o

processo de ensino e de aprendizagem de Matemática se torne mais acessível e

próximo da realidade do aluno. Como sugestões a pesquisadora propôs: a

realização de novas experimentações em diferentes contextos envolvendo outros

professores; a adaptação do M-LearnMat para outros níveis de ensino; a ampliação

do escopo da pesquisa, incluindo questões relacionadas ao tema sensibilidade ao

contexto e Educação ubíqua; o desenvolvimento de aplicativos para Matemática,

gratuitos, para dispositivos móveis; e a elaboração de uma metodologia de avaliação

da qualidade de aplicativos para dispositivos móveis, direcionados à Matemática.

Título do trabalho 38: O processo de construção do conhecimento por meio

das novas tecnologias no contexto da conexão sem fio

Autor(es): Ono, Arnaldo Turuo

Programa/ Instituição: Doutorado em Educação: Currículo/ PUC - SP

Objetivo(s): Entender como os indivíduos constroem conhecimento por meio

das novas tecnologias, à luz da proposta de inter-relação da Espiral da

Aprendizagem e da Teoria de Criação do Conhecimento.

Sujeitos: 65 sujeitos (participantes do Campus Party, profissionais da

Business School São Paulo e especialistas em Educação de uma Comunidade

Virtual).

Vantagens/ facilidades: Potencializar as oportunidades de construção do

conhecimento.

Desvantagens/ problemas: As tecnologias móveis ainda são caras e não

acessíveis a todos.

Resenha crítica: Segundo o autor, entender como os indivíduos estão se

apropriando das novas tecnologias é questão importante para o desenvolvimento de

projetos educacionais que considerem esses recursos.

102

Por melhor que seja o ambiente de aprendizagem virtual, é fundamental o

interesse pela participação, pela interação e pelo compartilhamento, para que os

indivíduos construam o conhecimento.

As novas tecnologias, quando reconhecidas como agregadoras de valor para

determinada atividade, são integradas às estruturas existentes e sua “existência”

passa a ser transparente para esta comunidade, compondo o meio onde as

interações ocorrem e os conhecimentos são construídos.

Em suas conclusões o pesquisador ressalta que as novas tecnologias não

substituem as anteriores, são integradas e muitas vezes utilizadas de maneiras mais

criativas do que as originalmente pensadas. E sugere a realização de uma pesquisa-

ação sobre tecnologias móveis e sem fio, além de uma pesquisa experimental com

estudantes utilizando smartphones e realizando atividades em um ambiente virtual.

Título do trabalho 39: Indicadores de mudanças nas práticas pedagógicas

com o uso do computador portátil em escolas do Brasil e de Portugal.

Autor(es): Weckelmann, Valéria Faria

Programa/ Instituição: Doutorado em Educação: Currículo/ PUC – SP

Objetivo(s): Identificar mudanças nas práticas pedagógicas de professores

com o uso de computadores portáteis em escolas do Brasil e de Portugal. Apreender

se a integração do computador portátil nas práticas pedagógicas implica mudanças

no relacionamento entre os alunos e destes com os professores e se ocorreram

alterações nas estratégias didáticas. Identificar os aspectos que as dificultam e as

contribuições da utilização deste dispositivo móvel na Educação, buscando constatar

as condições necessárias para que os professores se sintam motivados e seguros

para utilizar esta tecnologia em suas práticas pedagógicas.

Sujeitos: 17 alunos do 4.o ano (9 a 10 anos) de uma escola pública do 1.o

ciclo da Educação Básica de Portugal e a professora da turma mencionada. No

Brasil, uma turma de 21 alunos do 4.o ano do EF (8 a 9 anos) em uma escola

municipal no Interior de São Paulo e sua respectiva professora.

103

Vantagens/ facilidades: Reorganização do espaço e do tempo de sala de

aula. A horizontalização das relações entre professores e alunos. A percepção do

erro como hipótese de reflexão e o aumento da motivação dos alunos e professores.

O desenvolvimento do trabalho colaborativo, do pensamento crítico e reflexivo. A

iniciativa para a pesquisa e a inclusão digital das famílias. O aumento da autoestima

dos alunos.

Desvantagens/ problemas: Falta de conexão com Internet. Fragilidade do

computador portátil adotado. Falta de estrutura na formação de professores.

Dificuldades de aprendizagem nos fundamentos da língua Portuguesa e Matemática.

Ausência de articulação entre as instâncias política, administrativa, de gestão da

escola, da escola e da comunidade.

Resenha crítica: De acordo com a pesquisadora, a integração de novas

tecnologias ao currículo e, portanto, às práticas pedagógicas provoca tensões

(VALENTE, 2011 apud WECKELMANN, 2012), pois implica uma nova perspectiva

de ensino e de aprendizagem que modifica o trabalho docente (WECKELMANN,

2006, 2008). Tais mudanças não acontecem repentinamente, são um processo

lento, do qual faz parte a conscientização dos professores sobre as transformações

sociais e os reflexos destas nas práticas de ensino e aprendizagem,

contextualizando os docentes em um novo cenário, fomentando nele a vontade de

construir algo novo a partir do compartilhamento das dúvidas, angústias,

questionamentos e incertezas de maneira reflexiva, com o objetivo de reconstruir

novos referenciais pedagógicos.

Além de todos os quadros já apresentados, optamos pela realização de um

último quadro com os trabalhos mais relacionados com o ensino de Matemática.

Como, desde o início, gostaríamos de identificar as pesquisas que tratavam

de equipamentos móveis no ensino e na aprendizagem de Matemática, decidimos

realizar o quadro 7 para dar destaque aos trabalhos encontrados. Vale destacar que

apenas 8 dos 39 trabalhos selecionados para análise trataram de conteúdos

matemáticos.

Quadro 7- Pesquisas que trataram de conteúdos matemáticos

104

Autor (es) Nome do trabalho Ano

Araujo Jr, C. F.; Dias, E. J.; Cerri, M. S.; Cenatti, A.

Mobile Learning no Ensino de Matemática: um framework conceitual para uso dos tablets na Educação Básica

2012

Bernardo, J. C. O. Dispositivos móveis digitais na incrementação do processo de ensino e aprendizagem: mobile learning no rompimento de paradigmas

2013

Cavalcante, R. C.; Oliveira, E. A.; Ayres, P. A. A.

Apoiando o processo de Ensino/Aprendizado da lógica formal usando tablets

2011

Neto, J.F.B.; Fonseca, F.S.da

Jogos educativos em dispositivos móveis como auxílio ao ensino de Matemática

2013

Oliveira, J. B.; Santana, A. M. Reali, G. A.; Oliveira, M. C. D.; Silva, D. L.; Queiroz, F. N.

O uso de tablets e o Geogebra como ferramentas auxiliadoras no Ensino de Matemática

2012

Hunger, G.; Hodges, C. Using tablets for collaborative problem-based learning in Mathematics specialist program

2009

Pelton, T. W.; Pelton, L. F. Building mobile apps to support sense-making in Mathematics

2012

Batista, Sílvia C. F. M-LearnMat: Modelo pedagógico para atividades de M-Learning em Matemática

2011

FONTE: produção da autora

105

4 – ANÁLISES

Introduzir novas tecnologias na sala de aula não melhora o aprendizado automaticamente, porque a tecnologia dá apoio à pedagogia, e não vice-versa. Infelizmente, a tecnologia não serve de apoio para a velha aula expositiva, a não ser da forma mais trivial, como passar fotos e filmes. Para que a tecnologia tenha efeito positivo no aprendizado, os professores precisam primeiro mudar o jeito de dar aula.

Marck Prensky

Tínhamos como objetivo responder às questões: como se encontra o estado

atual das pesquisas sobre os equipamentos móveis na Educação? Quais as

principais vantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula? Quais as

desvantagens do uso de equipamentos móveis na sala de aula? Quais os principais

aspectos que devem ser levados em conta quando tratamos do uso das novas

tecnologias móveis na escola? São elas meios ou fins?

Para tanto, organizamos as informações obtidas após a leitura e o fichamento

dos trabalhos e vamos apresentar algumas conclusões que nos auxiliarão na análise

e nas reflexões sobre como os dispositivos móveis têm sido utilizados no contexto

educacional.

Vale destacar que a quantidade de artigos (nacionais e internacionais)

encontrada sobre o tema foi expressivamente maior do que a de teses e

dissertações. Arriscamos dizer que esse fato é devido à novidade do tema, uma vez

que as tecnologias móveis são bastante recentes. Assim sendo, é natural que haja

mais artigos publicados do que teses e dissertações, uma vez que as mesmas

exigem um maior tempo de pesquisa e maior aprofundamento teórico.

A velocidade na qual surgem as tecnologias é consideravelmente superior à

necessária para a realização das pesquisas e a destas estas, por sua vez, superior à

aplicação dessas tecnologias em sala de aula. De acordo com Mandaio (2011), a

inovação tecnológica pode impulsionar a inovação pedagógica, embora esta seja

mais difícil de ser implementada do que a primeira.

Optamos por realizar a análise inicial dividindo os trabalhos em artigos

nacionais, artigos internacionais, dissertações e teses.

106

4.1 Quanto aos sujeitos das pesquisas

Antes de iniciarmos a presente pesquisa, acreditávamos que encontraríamos

um grande número de trabalhos tratando da formação de professores, uma vez que

está bastante claro que são eles que comandam a dinâmica das aulas e são

considerados fundamentais na mudança do cenário educativo. Para confirmar nossa

suposição, optamos por investigar quais os principais sujeitos envolvidos nas

pesquisas. Dentre os trabalhos, procuramos classificá-los em trabalhos cujos alunos

eram os sujeitos da pesquisa, trabalhos cujos professores eram os sujeitos,

trabalhos que envolveram ambos como sujeitos e trabalhos bibliográficos, sem

sujeitos envolvidos. Dos 39 trabalhos, apenas dois não se encaixaram nessa

classificação.

4.1.1 – Artigos Nacionais

Nessa categoria, a grande maioria optou por realizar pesquisas de caráter

bibliográfico ou então por investigar os alunos, somando 16 trabalhos, divididos

igualmente, ou seja, oito deles tinham como sujeitos da pesquisa os alunos e outros

oito não apresentaram sujeitos. Nesse caso, apenas dois dos trabalhos realizaram

pesquisas cujos sujeitos foram os professores.

4.1.2 – Artigos Internacionais

É na análise dos dados deste segmento que encontramos o maior número de

pesquisas envolvendo a formação de professores: foram quatro trabalhos que

tiveram como sujeitos os professores. Outros quatro trabalhos foram bibliográficos e,

portanto, sem sujeitos envolvidos e, por fim, mais quatro artigos optaram por

investigar tanto os alunos quantos os professores.

4.1.3 – Dissertações

Curiosamente, cada uma das dissertações consultadas optou por uma das

categorias elencadas, ou seja, uma pesquisa investigou os alunos, uma os

professores, uma analisou o tema sob a óptica de ambos e outra optou por uma

pesquisa bibliográfica.

107

4.1.4 – Teses

Das quatro teses encontradas sobre o tema, metade delas investigou os

alunos; uma, os alunos e professores; e outra delas optou por outros sujeitos que

não se encaixam nas categorias escolhidas. Certamente, foram as teses que

focaram com maior intensidade os estudantes. Em contrapartida, nenhuma pesquisa

desse segmento optou por investigar mais intensamente a formação de professores.

Diante desses dados, notamos que há sim uma demanda grande por

pesquisas que envolvam a formação de professores. Pesquisas essas que

considerem os professores como sujeitos e analisem a implantação de novas

tecnologias móveis do ponto de vista dos professores.

4.2 Quanto ao tema colaboração

O tema trabalho colaborativo esteve presente em quase metade do total dos

trabalhos elencados, apontando para uma forte tendência atual. Embora a

potencialidade de criar ambientes colaborativos de aprendizagem tenha sido citada

com frequência, poucos exemplos práticos de como fazer isso foram descritos nas

pesquisas.

A maioria dos trabalhos apresentou a colaboração entre os alunos como uma

das vantagens do uso dos equipamentos móveis na Educação, mas chamou-nos

atenção o fato de poucos trabalhos citarem a colaboração entre professores, tão

necessária no uso de tecnologias em sala de aula.

Nossos alunos estão muito mais acostumados a trabalhar em ambientes

colaborativos e isso se deve, em grande parte, à Internet. Essa constatação vai ao

encontro do pensamento de Rifkin (2011, p. 256):

Novos modelos de ensino destinados a transformar a educação de uma forma competitiva para uma experiência de aprendizagem colaborativa e solidária estão surgindo à medida que escolas e faculdades tentam alcançar uma geração que cresceu na internet e está habituada a interagir em redes sociais abertas onde a informação é compartilhada em vez de ser guardada. O pressuposto tradicional de que “conhecimento é poder” a ser usado para ganho pessoal está sendo substituído pela noção de que conhecimento é uma expressão das responsabilidades compartilhadas para o bem-estar coletivo da humanidade e do planeta como um todo.

Mais adiante o autor completa:

108

O mais importante é que, ao aprenderem a pensar e agir de forma distribuída e colaborativa, os estudantes passam a se ver como seres solidários, envolvidos em relações compartilhadas, em comunidades cada vez mais inclusivas que eventualmente se estendem por toda a biosfera. (RIFKIN, p. 262).

Concluindo, a maioria dos trabalhos focou a colaboração entre os alunos,

deixando de lado pesquisas que deem enfoque à colaboração entre professores,

abrindo assim mais um campo de investigações futuras: analisar como se dá a

colaboração entre os professores quando tratamos de tecnologias móveis na

Educação.

4.2.1 – Artigos Nacionais

Em um total de 19 trabalhos, seis citaram a possibilidade de realização de

trabalhos colaborativos como uma das vantagens da utilização dos equipamentos

móveis na Educação.

4.2.2 – Artigos Internacionais

Nos trabalhos internacionais foi encontrada, proporcionalmente, quase a

mesma quantidade dos estudos que citaram a colaboração como uma das

potencialidades dos equipamentos móveis. Em quatro dos artigos, esteve presente a

proposta de trabalhos e aprendizagem colaborativos.

4.2.3 – Dissertações

Os trabalhos colaborativos apareceram com mais destaque nas dissertações

analisadas. Das quatro dissertações elencadas, três delas citaram a colaboração na

aprendizagem como uma das vantagens dos equipamentos móveis.

4.2.4 – Teses

Fechando esse ciclo de análise, todas as teses consultadas mostraram ser

mesmo uma grande tendência educativa a necessidade de realizarmos mais

trabalhos colaborativos na escola. Nesses trabalhos, entre as vantagens, a

colaboração passa a ser o tema mais citado sobre os equipamentos móveis na

atualidade. Isso nos indica que devemos olhar para ambientes de aprendizagem que

considerem as experiências baseadas na interação dos sujeitos em grupo e não

para os que priorizem o ensino e a aprendizagem como processos individualizados.

Complementando essa análise gostaríamos de citar Rifkin (2011, p. 262):

109

A perspectiva distribuída e colaborativa começa com o pressuposto de que aprender é sempre uma experiência profundamente social. Aprendemos por participação. Embora nossa educação convencional encoraje a noção de que o aprendizado é uma experiência particular, na realidade “pensar ocorre tanto entre indivíduos quanto dentro deles”. Embora todos nós aproveitemos momentos de reflexão privada, mesmo assim, a substância de nossos pensamentos acaba sendo ligada, de uma maneira ou de outra, a nossas experiências anteriores compartilhadas com os outros, das quais internalizamos significados compartilhados. Os novos reformadores da educação enfatizam a derrubada de paredes e o engajamento das mais diversas pessoas em comunidades de aprendizado mais distribuído e colaborativo, tanto no espaço virtual quanto real. A proliferação de redes sociais e formas colaborativas de participação na Internet estão levando a educação para além dos confins da sala de aula, para um ambiente de aprendizagem global no ciberspaço. [...] Quando estudantes de culturas completamente diferentes participam de atividades acadêmicas conjuntas e de projetos de sala de aula em tempo real no espaço virtual, o aprendizado transforma-se em uma experiência lateral que se alastra pelo mundo.

Segundo o próprio Rifkin (2011, 267-268), as experiências em escolas que

utilizaram um sistema baseado em aprendizagem colaborativa e distribuída foram

bem-sucedidas e

as primeiras avaliações dos programas de reforma educacional colaborativa e distribuída são encorajadoras. As escolas relatam uma redução marcante da agressão, da violência e de outros comportamentos antissociais, a diminuição de ações disciplinares, maior cooperação entre estudantes, comportamento mais social, mais atenção em sala de aula, um desejo maior de aprender e o aprimoramento da capacidade de pensamento crítico.

Sendo assim, esse item colaboração merece ser vivenciado nos novos

modelos educacionais. Vale destacar que, embora tenha aparecido com grande

ênfase o potencial dos equipamentos móveis de favorecer trabalhos colaborativos,

praticamente nenhuma experiência concreta e mais detalhada foi citada nos artigos

ou pesquisas consultados. Assim sendo, nos parece que existe uma demanda por

pesquisas mais experimentais que descrevam e analisem como se deu o trabalho

colaborativo e quais os resultados verificáveis na aprendizagem dos alunos. Não

basta apenas citar que a colaboração é fundamental para que ocorra a

aprendizagem, mas sim investigar a fundo e constatar cientificamente que houve

avanço na construção de conhecimento pelos alunos quando os mesmos

trabalharam em um ambiente colaborativo de aprendizagem.

110

4.3 Quanto ao tema formação de professores

Embora já tenhamos citado nossa preocupação com a formação dos

professores para o uso das novas tecnologias, os trabalhos consulados nos

mostraram dados bastante interessantes. Enquanto os artigos nacionais e

internacionais citaram o tema formação de professores com índices quase idênticos

e próximos a 50%, nas teses e dissertações esse tema apareceu apenas uma vez

em oito trabalhos.

Mesmo com essa discrepância, analisando todas as 39 pesquisas, obtivemos

um total de 16 trabalhos que apresentaram a preocupação com a formação de

professores para o uso das novas tecnologias móveis e sem fio.

4.3.1 – Artigos Nacionais

Dos 19 artigos, nove destacaram a urgente necessidade de formação de

professores para o uso das novas tecnologias.

4.3.2 – Artigos Internacionais

Novamente, o índice obtido com a análise dos artigos nacionais se manteve

ao conferirmos quantos trabalhos internacionais mencionaram a importância do

investimento na formação de professores quando o tema é o uso dos dispositivos

móveis em sala de aula. Nesse caso, foram cinco dos 11 trabalhos que observaram

ou avaliaram a necessidade de formação de professores para o uso das novas

tecnologias.

4.3.3 – Dissertações

Nenhum dos trabalhos citou a formação de professores no trabalho. Uma vez

que nossa pesquisa mostra indícios de que o professor bem preparado e consciente

do uso das novas tecnologias é fundamental na mudança de paradigmas

educacionais, torna-se necessária a realização de pesquisas que deem maior

importância à formação de professores com esse enfoque tecnológico.

4.3.4 – Teses

Apenas uma das quatro pesquisas citou o tema formação de professores.

Mais uma vez se mostra presente essa lacuna de estudos na área.

111

Ao analisar os trabalhos notamos que existe uma demanda por pesquisas

acadêmicas que tratem do tema formação de professores com o uso de novas

tecnologias móveis e sem fio.

Embora os equipamentos móveis estejam cada vez mais presentes em sala

de aula, muitos professores ainda não acreditam plenamente no potencial

pedagógico desses pequenos dispositivos. Arriscamos afirmar que o motivo dessa

descrença seja a incompatibilidade dos tablets com o ambiente escolar dito

tradicional, baseado na aula expositiva e no professor como única fonte de

informações. Essa resistência por parte dos professores só será vencida quando

cada escola oferecer momentos de reflexões e trocas de experiências para seus

docentes compartilharem angústias, ideias e avanços no uso das novas tecnologias.

Em se tratando de uso de novas tecnologias para auxiliar a estrutura

tradicional de ensino, encontramos três trabalhos nos quais a inovação proposta é

bastante conservadora. Vamos apresentar alguns exemplos.

De acordo com Jardim (2013, p. 25-26)

Estamos vivenciando uma época de transformações e evoluções tecnológicas e estas novas tecnologias podem e devem auxiliar professores e profissionais da educação na melhoria da qualidade do ensino, aumentando assim o nível de compreensão dos alunos, melhorando o rendimento escolar dos mesmos. [...] Um dos desafios da atualidade é manter o foco dos alunos voltado para o professor e o conteúdo que ele transmite. Uma das alternativas encontradas para auxiliar os professores neste objetivo é o uso de alguns recursos tecnológicos que visam dar uma clareza maior no conteúdo que está sendo transmitido e, consequentemente, melhorando a compreensão dos alunos.

Notamos claramente a postura de “empurrar as informações”, citada por

Valente et al (2007). Nesse caso, as tecnologias só têm utilidade para ilustrar a aula

e fazer com que o conteúdo seja mais facilmente “empurrado” ou até mesmo

“despejado na cabeça” dos estudantes.

No artigo de Pereira et al (2012) encontramos a seguinte frase: “assim, fica

claro que a sociedade necessita de ferramentas que agreguem valor ao processo de

ensino, de modo que os conteúdos sejam facilmente absorvidos pelos alunos”. Essa

frase parece bastante contraditória com outros trechos do artigo, nos quais os

autores citam as possibilidades de aprendizagem a qualquer hora e em qualquer

112

lugar proporcionadas pelos equipamentos móveis, além do desenvolvimento de

atividades colaborativas entre alunos e também entre os professores.

4.4 Quanto a conteúdos matemáticos

De acordo com Amorim (2012, p.105)

Ao pensar em estratégias que promovam a aprendizagem, o emprego de tecnologias no ensino de Matemática é visto por alguns pesquisadores como uma importante estratégia didático-pedagógica. [...] Oliveira (2009) salienta que as novas dinâmicas de ensinar e aprender Matemática com o uso intensivo de tecnologias digitais possibilita interações, trocas, colaboração em projetos coletivos, em tempo e em lugares diferentes, porém não substituem o papel do professor.

Nesse sentido, esperávamos encontrar uma grande quantidade de trabalhos

que mostrassem a estreita relação entre o uso de equipamentos móveis e o ensino

de Matemática. Ao final de nossa busca, notamos que essa hipótese estava

equivocada, pois encontramos apenas oito pesquisas, em 39 trabalhos consultados.

4.4.1 – Artigos Nacionais

Foi nos artigos nacionais que encontramos o maior índice de pesquisas

relacionadas com a Matemática: cinco artigos num total de 19.

4.4.2 – Artigos Internacionais

Foram encontrados dois artigos que trataram de Matemática e Equipamentos

móveis na Educação.

4.4.3 – Dissertações

Não encontramos nenhuma dissertação relacionando o uso dos dispositivos

móveis e o ensino e a aprendizagem Matemática, mostrando uma lacuna nas

pesquisas.

4.4.4 – Teses

Das quatro teses consultadas, uma delas abordou o ensino de Matemática e

o uso de equipamentos móveis. Trata-se da tese de doutorado de Batista (2011).

No trabalho intitulado M-LearnMat: modelo pedagógico para atividades de M-

Learning em matemática, a pesquisadora desenvolveu um modelo para atividades

113

de M-Learning em Matemática no Ensino Superior e os resultados foram bastante

animadores, podendo ser concluído que os equipamentos móveis têm potencial para

serem utilizados nas práticas educativas. Outra afirmação importante encontrada na

pesquisa diz respeito às potencialidades das tecnologias para a Matemática.

Segundo Batista (2011, p.106), em geral, as tecnologias digitais possibilitam

simulações, visualizações, experimentações, levantamento de hipóteses, entre

outras.

Na maioria dos trabalhos com algum conteúdo matemático, os autores

desenvolveram ferramentas que, de alguma forma, auxiliassem no ensino de

conteúdos, seja por meio de jogos, com a utilização de Objetos de Aprendizagem,

seja por meio do uso de aplicativos prontos ou do Geogebra. Entre todas as

pesquisas, a que mais nos chamou a atenção foi a de Batista (2011), pelo seu

aprofundamento e completude.

Tratando especificamente do ensino de Matemática, merece destaque

também um projeto bem-sucedido, tanto para aumentar as notas dos alunos em

matemática, quanto para desenvolver competências de colaboração. Trata-se do

Project K-Nect, desenvolvido em escolas da Carolina do Norte, nos EUA. De acordo

com Lucy Gray, diretora do Consortium for School Networking’s Leadership for

Mobile Learning, o programa-piloto mostrou que o uso de equipamentos móveis

pode efetivamente melhorar a aprendizagem em matemática. Foram escolhidos

estudantes do 9º. ano (ninth grade) que não possuíam acesso a computadores e

Internet em casa. Eles ganharam smarthphones com os quais poderiam ter acesso a

materiais suplementares de matemática e também conectarem-se com os

professores e colegas utilizando mensagens instantâneas.

Ao final do projeto, quase 2/3 dos alunos estavam fazendo cursos extras de

matemática e mais da metade desses 2/3 estavam pensando em seguir uma

carreira no campo da matemática como consequência de participarem do Projeto K-

Nect7.

7 “almost two-thirds of the students are taking additional math courses, and over 50 percent are now

thinking about a career in the math field as a result of participating in Project K-Nect”. Site: projectknect.org.

114

Além disso, os professores afirmaram que os estudantes envolvidos no

projeto demonstraram mais responsabilidade pela própria aprendizagem e tornaram-

se mais colaborativos e mais ativos na sala de aula.

4.5 Quanto às vantagens e desvantagens

Em algumas pesquisas sobre o estado da arte a respeito do uso de

tecnologias na Educação, os pesquisadores revelaram que a maioria delas destacou

fortemente os aspectos positivos em detrimento dos negativos e das dificuldades

enfrentadas quando o assunto é o uso das novas tecnologias. Motivamos-nos a

fazer esse mesmo levantamento com a amostra de trabalhos selecionada e

observamos um maior equilíbrio, ou seja, 50% de todos os trabalhos apresentaram

apenas vantagens no uso de tecnologias móveis na Educação, mas outros 50%

trouxeram à tona tanto aspectos positivos quanto negativos quando fazemos uso

dos dispositivos em sala de aula. Esses dados nos dão indícios de que os

pesquisadores estão mais atentos a essa necessidade de equilíbrio entre os prós e

os contras quando o objetivo é promover uma reflexão sobre os novos

equipamentos. Mesmo assim, são poucos os trabalhos que se empenharam em

destacar muitos problemas ou dificuldades quando o tema é tecnologia na

Educação. Nesse caso, merece destaque a pesquisa de Shuler (2009) que

mencionou diversas desvantagens ou problemas na área.

A grande maioria dos trabalhos citou a preocupação com a distração dos

alunos ao utilizarem os equipamentos móveis durante as aulas como a principal

desvantagem.

4.5.1 – Artigos Nacionais

Observando as informações nos artigos nacionais, notamos que mais da

metade das pesquisas citaram apenas vantagens no uso das tecnologias móveis,

perfazendo um total de dez trabalhos.

4.5.2 – Artigos Internacionais

A tendência de apontar apenas os aspectos positivos do uso das novas

tecnologias se mostrou maior na leitura dos artigos internacionais, já que sete deles

apontaram apenas vantagens.

115

4.5.3 – Dissertações

Nas dissertações escolhidas, o percentual se manteve igual, ou seja metade

dos trabalhos optou por elencar apenas aspectos positivos do uso das novas

tecnologias móveis na Educação e a outra metade das pesquisas apresentou tanto

as vantagens quanto as desvantagens do uso das mesmas.

4.5.4 - Teses

Já na análise das teses encontradas, observamos que todos os

pesquisadores mostraram vantagens e desvantagens do uso das novas tecnologias.

Das vantagens citadas, consideramos importante apresentar as que mais

foram citadas nos trabalhos. São elas:

possibilidades de trabalhos colaborativos;

mobilidade;

maior interatividade;

facilidade de acesso às informações;

ubiquidade;

aprendizagem em qualquer hora e lugar.

Nossa intenção, desde o início, sempre foi apresentar e discutir algumas das

potencialidades dos tablets e, por isso, optamos por realizar uma apresentação de

todas as vantagens citadas nos trabalhos em uma nuvem de palavras, como mostra

a figura 4: recurso gráfico para apresentar os termos mais utilizados em

determinados textos. Acreditamos ser uma ferramenta visual bastante interessante

para destacar algumas das vantagens e potencialidades desses equipamentos.

Nesse tipo de imagem, as palavras mais citadas aparecem proporcionalmente

maiores e com maior destaque. Embora já houvesse a intenção de utilizar esse

recurso visual no trabalho, por uma feliz coincidência encontramos essas nuvens de

palavras também na dissertação de Mandaio (2011). A autora optou por iniciar cada

um dos capítulos de sua pesquisa com uma nuvem de palavras bastante

significativa para o leitor compreender o desenvolvimento das ideias fundamentais

em questão.

116

Figura 4 - Vantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis

FONTE: produção da autora

Observando esse recurso gráfico, notamos que a palavra com maior destaque

é “colaborativa”. Isso indica que ela foi a mais citada nos trabalhos analisados e dá

indícios de que se trata de uma tendência educacional para os próximos anos: cada

vez mais proporcionar trabalhos colaborativos entre alunos e também entre os

professores. Por outro lado, a palavra “competências” mostra-se em tamanho

bastante reduzido se comparada às outras. Embora tenhamos discutido e

apresentado que uma das grandes funções da escola seja proporcionar, por meio

dos conteúdos e das disciplinas, o desenvolvimento de habilidades e competências,

seu tamanho na nuvem de palavras não demonstrou ser essa uma das

preocupações quando o assunto é o uso das tecnologias móveis na Educação. Da

mesma forma, podemos observar que as palavras “quebra” e “paradigmas” também

apareceram em tamanho reduzido. Embora necessária, talvez a quebra de

paradigmas educacionais esteja longe de tornar-se uma realidade.

As palavras “mobilidade”, “qualquer”, “hora” e “lugar” destacam uma das

principais características dos tablets: potencializar a aprendizagem dentro e fora da

escola, a qualquer tempo e lugar.

117

Não podemos deixar de mencionar outro aspecto a ser levado em conta: a

necessidade de uma mudança curricular para que as reais potencialidades dos

equipamentos móveis sejam colocadas em prática.

É praticamente senso comum que a escola tem a função de preparar seus

alunos para a cidadania e, para isso, somente as disciplinas acadêmicas, como

estão no currículo hoje, são insuficientes. Na opinião de Leadbeater (2000, apud

MOURA 2010, p.130), temos que deixar de olhar para a educação como um ritual de

passagem que envolve a aquisição de conhecimentos e qualificações suficientes

para entrar na vida adulta. De acordo com o guia realizado pela organização não

governamental EDUTOPIA, os estudantes também precisam adquirir um conjunto de

habilidades e competências que lhes servirão para a vida toda. São os chamados “4

Cs”, (Parthership for 21st Century Skills):

- Colaboração

- Criatividade

- Comunicação

- Pensamento Crítico

Essas competências não excluem outras já desenvolvidas na escola, tais

como leitura, escrita e interpretação de textos, resolução de problemas etc. Vale

destacar Moura (2010, p.131) sobre a relação entre as competências e os

conhecimentos:

Para a ciência cognitiva as competências e os conhecimentos são interdependentes. Por isso, possuir uma base de conhecimento é fundamental para aquisição de mais conhecimento e também de competências. Isto quer dizer que as competências não podem ser adquiridas ou aplicadas de forma eficaz sem conhecimentos prévios, numa ampla gama de assuntos, e a escola tem de estar atenta a isto.

O relatório (EDUTOPIA) menciona que o mais ambicioso dos objetivos é

integrar as competências do século 21 com os conteúdos tradicionais da escola.

Nesse sentido, foi bastante interessante encontrar no trabalho de Moura (2010) a

menção a alguns projetos que, utilizando tecnologias móveis, centravam seus

objetivos no desenvolvimento de diferentes competências, entre as quais:

colaboração, lidar com situações problemas e desenvolvimento do pensamento

crítico.

118

Também Rifkin (2011, p.250-252) aponta para essa preocupação com o novo

currículo:

As universidades e as escolas precisarão começar a treinar a força de trabalho da Terceira Revolução Industrial. O currículo precisará focar cada vez mais em tecnologia da informação, nano e biotecnologia, ciências da Terra, ecologia e teoria de sistemas, bem como em habilidades vocacionais, incluindo o desenvolvimento e o marketing de tecnologias de energia renovável, transformar edifícios em miniaturas de energia, instalar tecnologia de armazenamento de hidrogênio e outras, instalar redes inteligentes de serviços públicos, fabricar transporte movido a célula de combustível de hidrogênio e a eletricidade, implantar redes de logística verdes e outros. [...] Assim como as escolas na década passada eram equipadas com computadores pessoais e conexões da internet de modo que os estudantes pudessem gerar suas próprias informações e compartilhá-las uns com os outros no espaço virtual, a atual geração de estudantes precisará estar equipada com tecnologias da TRI (Terceira Revolução Industrial) de modo a poder captar sua própria energia renovável e compartilhá-la em espaços de energia de fonte aberta.

Portanto, deve ficar claro para todos nós que não podemos pensar em

estratégias inovadoras de ensino em um modelo curricular ultrapassado. Para tanto,

não basta dotar as escolas de novos equipamentos tecnológicos, devemos sim,

assumir uma postura de orientadores da aprendizagem e auxiliar os alunos na busca

de informações e na construção de seus conhecimentos.

Com relação às desvantagens, os maiores problemas ainda estão

relacionados com a resistência dos professores ou com o descrédito deles na

ferramenta. Dois trabalhos citaram a falta de investimento na formação dos

professores como uma das grandes dificuldades para a boa implantação dos

equipamentos móveis em sala de aula.

Embora não seja uma desvantagem, mas sim um problema a ser enfrentado

por professores e diretores das escolas, a falta de infraestrutura técnica é um

entrave a ser vencido. É notório que muitas escolas, principalmente as públicas,

sofrem com a falta de apoio técnico e também com dificuldades relativas à conexão

de Internet. Claramente, os equipamentos móveis só poderão ser utilizados com

todo o seu potencial se houver uma infraestrutura de acesso à rede de

computadores eficiente. Quanto ao apoio técnico, podemos inferir que, sem a ajuda

e o suporte de pessoas especializadas, os professores sentem-se solitários e

inseguros no uso das tecnologias em sala de aula.

119

Outro grande problema ou desvantagem no uso desses equipamentos é o

risco de distração dos alunos durante as aulas. De acordo com Rifkin (2011, p. 271-

272):

Jovens estão crescendo em um mundo altamente mediado por estimulação eletrônica de todos os tipos e constantemente bombardeados por um fluxo de informação estão perdendo a capacidade de se concentrar, de acordo com inúmeros estudos conduzidos nos anos recentes. Em salas de aula onde várias tarefas se tornaram a norma e as distrações são a regra, a capacidade de refletir, organizar os pensamentos e perseguir uma ideia até sua conclusão torna-se cada vez mais fugaz. Muitas crianças sentem-se sobrecarregadas e esgotadas quando chegam ao ensino médio.

Algumas pesquisas observaram também que os pais dos alunos não estão

completamente convencidos do potencial de aprendizagem dos equipamentos

móveis.

Um problema apontado na pesquisa de Herrington et al (2009) é a

preocupação dos professores com a privacidade e com a “invasão” dos momentos

de descanso através dos e-mails enviados e lidos nas horas de folga do professor.

O problema de a tecnologia aumentar a quantidade de trabalho não é

encontrado apenas na área da Educação, mas afeta a sociedade como um todo.

Carr (2010) expõe como esse problema nos influencia e diz que, normalmente, a

tecnologia nos proporciona uma “sobra” de tempo que será utilizada para realizar

outro trabalho. Na era da conexão, o trabalho, que antes era realizado apenas no

escritório, na fábrica ou na escola, está entrando em nossas casas, em nosso

horário “livre”, de maneira bastante intensa. Quantas vezes, nos finais de semana,

recebemos e-mails tratando de trabalho e já iniciamos a tarefa mesmo estando em

nossos momentos de descanso?

Para destacar e analisar os principais problemas do uso de equipamentos

móveis, recorremos novamente ao recurso gráfico da nuvem de palavras, como é

mostrado na figura 5. Essa figura mostra as palavras recorrentes e destaca-as de

acordo com sua incidência: quanto maior o tamanho, mais vezes ela apareceu entre

as desvantagens observadas nos trabalhos analisados.

Para nós é muito importante destacar e refletir sobre alguns dos principais

entraves para a adoção dos tablets e acreditamos que esse recurso visual será

significativo e nos ajudará nas análises.

120

Figura 5- Desvantagens na aprendizagem com os equipamentos móveis

FONTE: produção da autora

Como era esperado, após nossa discussão ao longo do trabalho, a palavra

com maior destaque é “distração”, indicando ser essa a maior preocupação de pais

e professores quando se trata de entregar tablets nas mãos dos estudantes. Embora

essa questão cause muita preocupação, existem algumas alternativas para

minimizar o problema, sendo a criação de uma cultura de uso adequado entre os

estudantes a solução mais adequada para o momento. Além disso, outra opção é

proporcionar mais atividades nas quais os estudantes sejam engajados na

construção de seus conhecimentos, “puxando” as informações necessárias e sendo

auxiliados pelos professores na sistematização de conteúdos.

Outras palavras com médio destaque são “formação”, “professores” e

“infraestrutura”, mostrando que, sem a infraestrutura adequada, o bom uso de

tecnologias móveis é prejudicado. Além disso, a formação dos professores para o

uso dos tablets em sala de aula é importante..

Finalizando, quando o assunto é o que não devemos fazer ao utilizar os

tablets em sala de aula, Daccord (2012) aponta uma lista de erros mais comuns

cometidos por professores:

1) Foco em aplicativos de conteúdo – O erro mais comum cometido com Ipads é se concentrar em aplicativos específicos para determinado assunto... Em vez disso, devemos nos concentrar na gama incrível de consumo, curadoria e criatividade possível em níveis de ensino e disciplinas, utilizando apenas quatro aplicações gerais: um aplicativo de

121

anotações, um aplicativo screencasting, um aplicativo para criação de áudio, e um aplicativo de criação de vídeo... O conteúdo vem de uma ampla gama de materiais disponíveis em toda a Web e em nossas salas de aula, e não de apps. 2) Falta de formação do Professor na Gestão de Ipads - Um dos erros óbvios é não fornecer aos professores formação profissional adequada. Antes de entregar os Ipads aos alunos, muitas vezes as escolas entregam o equipamento aos professores, assumindo que o uso dos tablets em um ambiente pessoal vai, naturalmente, traduzir a experiência para o ambiente de trabalho. Isso não acontece. Os professores precisam de instruções sobre como incorporar os dispositivos no processo de aprendizagem, o que é bastante diferente do que experimentar algumas apps. Décadas de pesquisa mostraram que, quando os professores têm acesso às novas tecnologias, seu instinto é usar as novas tecnologias para estender as práticas existentes... Os professores precisam de tempo para a colaboração profissional (e muitas vezes apoio externo) para aprender a cultivar a leitura, escrita, fala e compreensão oral e desenvolver estratégias para diferenciar o ensino usando uma variedade de aplicações e também utilizar algumas das ferramentas da Web. 3) Tratar o iPad como um computador, esperando que ele sirva como um laptop - Fazer comparações iPad versus laptop sufoca a capacidade de ver como o iPad facilita a aprendizagem centrada no aluno. Ipad não substitui o computador. Além disso, a mobilidade dos tablets significa que os alunos podem tirar fotos, gravar áudio e vídeo filmagens, em qualquer lugar... Então, coloque os Ipads nas mãos de professores que entendem que os alunos aprendem melhor ativos. 4) Tratar Ipads como dispositivos multiusuário - Os Ipads foram concebidos como dispositivos de um único usuário. Portanto, não se destina a ser compartilhado. As restrições financeiras obrigaram muitas escolas a abandonar 1 por 1 (um computador por aluno) ... Em vez de compartilhar Ipads em várias salas de aula, as escolas devem alocá-los apenas para algumas salas de aula participantes de um projeto-piloto. Assim, as escolas devem documentar os sucessos e fracassos do grupo-piloto para extrair as melhores práticas que servirão de base para a expansão dos tablets no futuro. 5) A falta de uma resposta convincente para a questão "Por que utilizar Ipads na escola?" - Muitos administradores escolares simplesmente não conseguem apresentar à comunidade escolar o motivo da compra dos Ipads. Como resultado, terão que enfrentar a resistência de professores, pais - e até mesmo dos alunos - que não entendem por que esses dispositivos estão sendo introduzidos em suas salas de aula. (DACCORD, 2012, s/p. tradução nossa).

Certamente, ainda não temos a resposta mais convincente para a questão

proposta por Daccord: Por que utilizar os tablets na escola? Mas, sem termos a

pretensão de termos esgotado o assunto, esperamos ter conseguido trazer a

reflexão sobre o uso dos equipamentos móveis para outro patamar.

122

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O uso de tecnologia não é o alvo, mas sim um meio para permitir práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem”

Mike Sharples

Se, no início da implantação de uma nova tecnologia, é muito comum que os

professores tentem utilizá-la da mesma forma que faziam com ferramentas antigas,

a proposta do trabalho foi lançar luz sobre o potencial dos equipamentos móveis na

elaboração de propostas didáticas diferenciadas, mostrando também as principais

dificuldades e os maiores desafios enfrentados para que possamos refletir a respeito

de sua utilização nas escolas. O importante é observar as outras possibilidades

oferecidas pelas novas tecnologias e utilizá-las para fazer coisas que antes nem

sequer imaginávamos.

A pesquisa nos mostra que estamos vivenciando um período de transição

entre o conhecimento das tecnologias móveis e sem fio para a efetiva adoção

desses dispositivos em práticas educativas mais adequadas à sociedade atual, na

qual o professor já deixou de ser a fonte exclusiva de informações dos estudantes.

Assim sendo, almejamos que os tablets, potencializadores de trabalhos em rede, de

uma aprendizagem personalizada, ubíquos e cada vez mais populares, sejam uma

das molas propulsoras de mudanças nas práticas didáticas, favorecendo a

aprendizagem ativa, a colaboração entre os estudantes, entre os professores e entre

os alunos e os professores.

As possibilidades de aprendermos a qualquer hora e em qualquer lugar

oferecidas pelas novas tecnologias devem ser consideradas, sem esquecermos o

papel do professor como mediador de todo o processo. O professor estabelecerá

metas, fará questionamentos, instigará a pesquisa e garantirá o rigor e a qualidade

dos trabalhos. Com relação à visão dos professores nos trabalhos que mencionaram

essa questão, observamos também o desconhecimento sobre as possibilidades de

aplicação do dispositivo em aulas e ainda a resistência por parte de alguns

profissionais, indicando, mais uma vez, a urgência de haver capacitação contínua

dos professores, seja na formação inicial, seja na formação em serviço.

123

Criar ambientes de aprendizagem em que os estudantes possam desenvolver

habilidades criativas é o papel do professor. Como profissionais da área da

educação, devemos estimular a criação de contextos nos quais a aprendizagem

ocorra através de projetos de criação utilizando áudio, vídeo e imagens.

As novas tecnologias possibilitam a Educação em uma nova dimensão, em

que um novo conhecimento e outras habilidades são priorizados, como já citamos.

Entre essas habilidades, a necessidade de desenvolver e priorizar o pensamento

criativo como aspecto fundamental da cognição humana. De acordo com Roszak

(1998, p.143), “a mente pensa com ideias e não com informação. E acrescenta: a

principal tarefa da Educação é ensinar os jovens a lidar com ideias: como avaliá-las,

expandi-las e adaptá-las a novos usos”. Na verdade, para o autor, as ideias é que

organizam as informações e não o contrário.

Uma vez que estamos tratando desse novo contexto, os estudos indicaram

que a integração da tecnologia na sala de aula é um processo que envolve a

mudança no sistema educacional e não acontece instantaneamente, ou seja,

demanda um longo período de tempo e envolvimento de professores e alunos,

investimento na formação dos professores e também na infraestrutura tecnológica

da escola. Nesse processo, deve haver uma mudança na cultura da escola, e a

tecnologia servirá para apoiar o trabalho pedagógico em sala de aula.

Sendo assim, um novo contexto se instala em sala de aula no momento em

que, a partir de um celular ou de um tablet conectado à Internet, o estudante tem

acesso a quase tudo a que teria se estivesse em frente a um computador pessoal.

Vale destacar que, embora o tablet seja praticamente um minicomputador, seu uso

não o substituiu, pois nem todas as tarefas que antes eram feitas nos computadores

ou laptops podem ser realizadas nos tablets. O que deverá ocorrer é o incentivo à

criação de outras atividades, em que os maiores potenciais da ferramenta sejam

significativos para a aprendizagem dos alunos: a mobilidade e grande autonomia da

bateria. Arriscamos dizer que é um equívoco substituir os computadores por tablets

na escola toda. O cenário ideal é que os equipamentos convivam em harmonia e

que professores e alunos possam decidir quando é o melhor momento de utilizar

cada um deles. Um exemplo bem simples é a digitação de longos textos. Apenas

para citar um exemplo, para quem está acostumado com o teclado de um

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computador pessoal, a tarefa transferida para o tablet torna-se cansativa e muitas

vezes verdadeiramente trabalhosa.

Sobre a promessa de os tablets revolucionarem a Educação nos próximos

anos, ainda é cedo para responder a essa questão, mas acreditamos que analógico

e digital deverão conviver em harmonia, um complementando o outro. Em outras

palavras, quando o giz e a lousa se fizerem necessários - e certamente teremos

momentos em que o uso dos mesmos será de grande valia - continuaremos com

eles, por outro lado, no momento em que a tecnologia realmente trouxer um ganho

para a aprendizagem ou mesmo para que os alunos desenvolvam outras habilidades

necessárias à nova era, lançaremos mão dos aparatos tecnológicos com clareza de

que são meios úteis para aquele tipo de trabalho. Atualmente, os pesquisadores nos

fazem refletir sobre o "pensar fora da caixa", isso quer dizer que devemos utilizar o

novo em tarefas verdadeiramente diferentes das tradicionais. Caso contrário, as

novas tecnologias serão apenas um fim em si mesmas. Se lançarmos mão das

novas tecnologias para "informatizar" o ensino tradicionalmente expositivo e

centrado no professor, nossos alunos digitais pedirão unanimemente para

retornarmos ao velho e bom quadro negro.

Finalizamos reforçando algumas lacunas de pesquisa, deixando-as como

sugestões de futuros trabalhos:

01. Faltam pesquisas que analisem a implantação das novas tecnologias sob

o ponto de vista dos professores.

02. Faltam pesquisas que tratem especificamente dos tablets no ambiente

educacional.

03. Faltam pesquisas que relacionem o uso dos tablets com o Ensino de

Matemática.

04. Faltam pesquisas que se proponham a discutir, com equilíbrio e isenção,

os pontos fortes e os pontos fracos do uso dos tablets na sala de aula.

Desse análise concluímos que as pesquisas sobre o uso do tablet em sala de

aula ainda não avançaram muito e temos poucos resultados concretos,

principalmente no que diz respeito à melhora do desempenho acadêmico dos

alunos. Se o tablet será ou não uma ferramenta que ajudará a mudar a Educação

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ainda é uma questão sem resposta, o que podemos inferir é que essa ferramenta

tem potencial para apoiar trabalhos colaborativos, possibilitar uma aprendizagem

dentro e fora da sala de aula e aumentar a autonomia do aluno na busca de

informações e na construção de seu conhecimento.

Certamente, este estudo é apresentado com grande dose de incompletude,

devido ao tempo e também à inexperiência da pesquisadora. O que nos consola é

que:

O bom artífice deve evitar a busca inflexível da solução de um problema até torná-lo perfeitamente isolado e autossuficiente; [...] A alternativa positiva a essa compulsão de resolver está em aceitar um certo grau de incompletude no objeto, decidindo deixá-lo sem solução. [...] O bom artífice aprende a identificar quando é o momento de parar. Persistir no trabalho pode levar a uma degradação. (SENNETT, 2013, p. 292)

Ao final de um trabalho como este, existe sempre a esperança de que ele caia

nas mãos de professores extremamente competentes e que digam: “ Mas isso eu já

estou fazendo com meus alunos”. Esperamos que a maioria dos profissionais da

Educação já esteja buscando alternativas aos antigos métodos educativos e

preparando a próxima geração para viver em uma sociedade conectada,

colaborativa, responsável e crítica.

.

126

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