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DISCIPLINA METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Apostila elaborada pelos professores de MES do ICPG ICPG INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO

Metodologia de Ensino Superior

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Page 1: Metodologia de Ensino Superior

D I S C I P L I N A

METODOLOGIADO ENSINOSUPERIOR

Apostila elaborada pelos professoresde MES do ICPG

ICPG

INSTITUTOCATARINENSE DEPÓS-GRADUAÇÃO

Page 2: Metodologia de Ensino Superior

IMPORTANTE:

Esta apostila é utilizada exclusivamente com fins didáticos na disciplina de METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIORno Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Não deve ser considerada como base para consulta bibliográfica, mascomo material orientativo. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violaçãodos direitos de autor (Lei n. 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Plano de estudo da disciplina

EMENTA

OBJETIVOS

AVALIAÇÃO

REFERÊNCIAS BÁSICAS

Metodologia do Ensino Superior. O Ensino Superior e a docência. Os processos deensino e de aprendizagem. Planejamento. Avaliação da aprendizagem. Dinâmicas decondução da aula.

Definir a educação e os processos de ensino e de aprendizagem no contexto atualdo Ensino Superior.Analisar criticamente o processo de planejamento a partir da descrição dastendências pedagógicas existentes ao longo da história da educação brasileira.Fornecer subsídios com relação a pressupostos teórico-práticos da Metodologia doEnsino Superior para a construção de uma ação docente de qualidade.

A avaliação do aluno será resultado de um processo que envolverá: a presença e apontualidade; a participação nas atividades propostas; a elaboração, individual ou emgrupo, de um Plano de Aula que deverá ser considerado Trabalho Final da Disciplina(o tema/conteúdo, as unidades e as subunidades ficarão a critério do professor); aexposição oral do Plano de Aula.

ANASTASIOU, Lea das Graças Camargo; ALVES, Leonir Pessate.pressupostos para as estratégias de trabalho em aula.

3. ed. Joinville: UNIVILLE, 2004.

MASETTO, Marcos Tarciso.São Paulo: Summus, 2003.

LEITURACOMPLEMENTAR

MEIREU, Philippe. PortoAlegre:Artes Médicas, 1998.

ZABALZA, Miguel A. seu cenário e seus protagonistas. PortoAlegre:ARTMED, 2004.

Processos deensinagem na universidade:

Competência pedagógica do professor universitário.

Aprender... sim, mas como?

O ensino universitário:

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S U M Á R I O

1 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR..................................... 8

2 O ENSINO SUPERIOR E A DOCÊNCIA NO BRASIL................ 10

3 TENDÊNCIAS NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM........................................................................... 14

4 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE ENSINO:

DA ELABORAÇÃO A EXECUÇÃO................................................16

1.1FACULDADES........................................................................................................ 8

1.2 CENTROS UNIVERSITÁRIOS.............................................................................. 8

1.3 UNIVERSIDADES...................................................................................................8

1.4 MODALIDADES DE ENSINO: A DISTÂNCIA E SEMIPRESENCIAL.....................9

1.4.1 O que Educação a Distância?............................................................................. 9

1.4.2 O que é um regime de ensino semipresencial?...................................................9

1.4.3 Critérios para atuar no ensino a distância........................................................... 9

2.1 OS MODELOS METODOLÓGICOS: JESUÍTICO, FRANCÊS E ALEMÃO........ 10

2.2 UM BREVE HISTÓRICO DO ENSINO SUPERIOR

E DA DOCÊNCIA NO BRASIL ...................................................................................11

2.3 O ENSINO SUPERIOR NO CONTEXTO ATUAL................................................ 12

3.1 TRADICIONAL..................................................................................................... 14

3.2 TECNICISTA........................................................................................................ 14

3.3 LIBERTADORA.................................................................................................... 15

3.4 CRÍTICO-SOCIAL................................................................................................ 15

4.1 A SALA DE AULA E O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE ENSINO.........16

4.2 INDICADORES QUE AUXILIAM NO PLANEJAMENTO

DAS ATIVIDADES DE ENSINO..................................................................................17

4.3 MODELO DE PLANO DE ENSINO: UMA PROPOSTA....................................... 17

4.4 AULAS EXPOSITIVAS: SUA IMPORTÂNCIA E SEUS PERIGOS....................... 18

4.5 AVALIAÇÃO.......................................................................................................... 19

4.6 CURRÍCULO: CONCEITUAÇÃO E DIFERENTES DIMENSÕES....................... 19

Page 6: Metodologia de Ensino Superior

5 AMBIENTE VIRTUAL: NOVOS DESAFIOS

PARA PROFESSORES E ALUNOS...............................................22

6 ESTRATÉGIAS DE ENSINO....................................................... 24

7 ANDRAGOGIA: APRENDIZAGEM DO ADULTO....................... 26

REFERÊNCIAS.............................................................................. 28

ANEXOS......................................................................................... 32

5.1 .................................................................................................................. 23

5.2 .................................................................................................................... 23

5.3 WEBCONFERÊNCIA........................................................................................... 23

5.4 FÓRUM................................................................................................................ 23

6.1 ESTUDO DE TEXTO........................................................................................... 246.2 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS.............................................................................. 246.3 SEMINÁRIO......................................................................................................... 246.4 DRAMATIZAÇÃO................................................................................................. 246.5 SIMPÓSIO........................................................................................................... 256.6 OFICINA ( )...................................................................................... 25

CHAT..

QUIZ.

WORKSHOP

Page 7: Metodologia de Ensino Superior

M E TO D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R 07

INTRODUÇÃOO reconhecimento da necessidade da preparação metodológica tem levado

muitas instituições a desenvolver programas com o intuito de alcançar objetivos

desta natureza.

Ao analisar o currículo da disciplina Metodologia do Ensino Superior (MES), na

forma como é oferecida nas diversas instituições, fica evidenciado que o seu objetivo

é capacitar os profissionais para o exercício da docência. No entanto, devido ao fator

tempo, na maioria das vezes, o conteúdo é trabalhado rapidamente, sem

possibilidades de ser pormenorizado.

Conscientes da existência deste fator e de que a disciplina Metodologia do

Ensino Superior se caracteriza pelo rigor científico, não temos, aqui, a pretensão de

padronizar métodos, conceitos ou propostas de atividades da prática docente. Nossa

finalidade é apontar caminhos e procedimentos que poderão ser adotados pelo

professor para que atinja, total ou parcialmente, os seus objetivos em sala de aula.

Neste sentido, nossa intenção é fornecer alguns subsídios necessários para a

prática docente. Assim, nós, da Equipe de MES do ICPG, responsáveis pela

organização deste material, nos norteamos, em linhas gerais, pelos seguintes

objetivos:

Caracterizar a organização das instituições de Ensino Superior no Brasil;

Historiar o início do Ensino Superior no Brasil e a função da universidade na

sociedade atual e refletir sobre os mesmos;

Identificar e descrever as tendências pedagógicas existentes, bem como refletir

sobre as suas formas de manifestação na prática docente;

Oferecer subsídios para a elaboração de um Plano de Ensino ou Projeto deAção;

Descrever a importância do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) como

um instrumento auxiliar no processo educativo, como também identificar e

descrever algumas ferramentas existentes.

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1 INSTITUIÇÕES DEENSINO SUPERIORA Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), emseu Capítulo IV, artigo 43, atribui à educação superior,entre outras finalidades, estimular a criação cultural eo desenvolvimento do espírito científico e dopensamento reflexivo; formar diplomados nasdiferentes áreas do conhecimento, aptos para inserçãonos setores profissionais e para participação nodesenvolvimento da sociedade brasileira; e colaborarna sua formação contínua. (BRASIL, 1996).No artigo 44, a LDB descreve que a educação superiordeverá abranger cursos seqüenciais, cursos degraduação, cursos de pós-graduação, programas deextensão e pesquisa (BRASIL, 1996). Entretanto, faz-se necessário registrar que essa abrangência não éobrigatória nem está presente em todas as instituiçõesde Ensino Superior.As instituições de Ensino Superior estão basicamentedivididas em três grupos – faculdades, centrosuniversitários e universidades – sendo que poderão,desde que estruturalmente preparadas, oferecer cursosa distância.

Faculdade é uma das denominações adotadas pelasuniversidades para as suas unidades orgânicas. Cadafaculdade de uma universidade ou de um centrouniversitário está direcionada para uma área doconhecimento e, ocasionalmente, para duas ou maisáreas do conhecimento afins, como, por exemplo,Faculdade de Direito, Faculdade de Ciências Sociais eHumanas.Na identificação de uma faculdade, é mencionado oseu nome, seguido do nome da respectivauniversidade: Faculdade de Farmácia da Universidadede Coimbra, por exemplo, e não Faculdade deFarmácia de Coimbra.É possível que a faculdade seja desvinculada de umauniversidade ou de um centro universitário, fenômenoencontrado largamente no Brasil em instituiçõesparticulares de Ensino Superior.

Os centros universitários, pela legislação vigente –artigo 60, do Decreto nº 2.207, de 15 de abril de 1997 –,são compreendidos como instituições de Ensino

1.1 FACULDADES

1.2 CENTROS UNIVERSITÁRIOS

Superior pluricurriculares, que devem açambarcaruma ou mais áreas do conhecimento e oferecer umensino de excelência, “comprovada pela qualificaçãodo seu corpo docente e pelas condições de trabalhoacadêmico oferecidas à comunidade escolar, nostermos das normas estabelecidas pelo Ministro deEstado da Educação e do Desporto para seucredenciamento”. (BRASIL, 1997).Pela Lei nº 9.394/96, artigo 45, e pelo Decreto nº2.207/97, os centros universitários emergem comomais uma opção de organização institucional dedicadaao Ensino Superior. Os centros universitários nãoestão comprometidos com a institucionalização dapesquisa. No entanto, isso não os desclassifica ouisenta de promover iniciação científica. Neste sentido,grande parte dos centros universitários utiliza apesquisa como um componente indispensável àformação do graduado de nível superior.Para alguns estudiosos, os centros universitáriosdeveriam representar o estágio de transição dasfaculdades para as universidades.

ALDB, em seu artigo 52, dispõe:

A exigência da pesquisa e da formação docente é fatorque diferencia a universidade de um centrouniversi tár io. A grande preocupação dasuniversidades, para se manterem universidades, éjustamente a qualidade do desenvolvimento de suaspesquisas e a constante formação de seu quadrodocente.

1.3 UNIVERSIDADES

Art. 52. As universidades são instituiçõespluridisciplinares de formação dos quadrosprofissionais de nível superior, de pesquisa, deextensão e de domínio e cultivo do saber humano, quese caracterizam por:I - produção intelectual institucionalizada mediante oestudo sistemático dos temas e problemas maisrelevantes, tanto do ponto de vista científico ecultural, quanto regional e nacional;II - um terço do corpo docente, pelo menos, comtitulação acadêmica de mestrado ou doutorado;III - um terço do corpo docente em regime de tempointegral. (BRASIL, 1996).

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M E TO D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R 09

1.4 MODALIDADES DE ENSINO: ADISTÂNCIAE SEMIPRESENCIAL

1.4.1 O que é Educação a Distância?

1.4.2 O que é um regime de ensinosemipresencial?

Atualmente, o Ministério de Educação e Culturacredencia instituições de Ensino Superior para queofereçam cursos de graduação em regime presencial, adistância e semipresencial. Aqui, nosso interesse éfornecer algumas informações sobre essasmodalidades de ensino e sobre os requisitosnecessários para que as instituições de EnsinoSuperior possam receber o credenciamento.

A Educação a Distância, segundo o artigo 1º doDecreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (querevoga o Decreto nº 2.494/98), que regulamenta oartigo 80 da Lei nº 9.394/ 96, é a

O Ministério da Educação, por intermédio do dispostono artigo 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de1996, considera regime de ensino semipresencial aatividade de ensino de um curso de nível superior, oqual pode oferecer 20 % (vinte por cento) do total dacarga horária mediado por recursos tecnológicos etutores. (BRASIL, 1986).Vale destacar que as avaliações devem ser presenciaise que o processo de ensino e aprendizagem deveráincorporar o uso integrado de tecnologias, bem comoprever encontros presenciais sob a supervisão detutores especializados, com carga horária específicaara os momentos presenciais e a distância.

1.4.3 Critérios para atuar no ensino a distância

O Ministério da Educação, de acordo com o dispostona Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, determinaque as instituições de Ensino Superior que desejaremoferecer cursos a distância, poderão solicitarcredenciamento em qualquer época do ano (BRASIL,1986). Para obterem o credenciamento, as instituiçõesdeverão observar, entre outros critérios, os seguintes:

Cabe destacar que, além dos critérios citados, asinstituições deverão apresentar um projeto quecontemple as informações mínimas exigidas peloMinistério de Educação, como, por exemplo: estatutoda instituição e seu modelo de gestão, elenco doscursos já autorizados e reconhecidos, dados sobre ocurso pretendido (objetivos, estrutura curricular,ementa, etc.).

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagemocorre com a utilização de meios e tecnologias deinformação e comunicação, com estudantes eprofessores desenvolvendo atividades educativas emlugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005).

A criação de cursos de graduação emdireito, medicina, “odontologia epsicologia, inclusive em universidades ecentros universitários, deverá sers u b m e t i d a , r e s p e c t i v a m e n t e , àmanifestação do Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil ou doConselho Nacional de Saúde [...]”.(BRASIL, 2006).

I – breve histórico que contemple localização da sede,capacidade financeira, administrativa, infra-estrutura, denominação, condição jurídica, situaçãofiscal e parafiscal e objetivos institucionais [...];[...]III – infra-estrutura adequada aos recursos didáticos,suportes de informação e meios de comunicação quepretende adotar;IV – resultados obtidos em avaliações nacionais,quando for o caso [...]. (BRASIL, 1996).

Anotações

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2 O ENSINO SUPERIORE A DOCÊNCIA NO BRASILNo que se refere à metodologia de ensino presente hojena sala de aula do Ensino Superior brasileiro, épossível identificar a influência de modelos europeus,como o jesuítico, o francês e o alemão, que, de certaforma, ainda interferem no paradigma atual dauniversidade brasileira. A partir de Pimenta eAnastasiou (2002), podemos conhecer um pouco essesmodelos e ver em que sentido ainda fazem parte doensino em algumas de nossas universidades.

Pimenta e Anastasiou (2002, p. 45) nos ensinam que“as escolas superiores aqui estabelecidas foram cópiaspioradas das escolas portuguesas”, sendo que

A análise do modelo jesuítico e de sua recepção emnossas universidades permite concluir, de acordo comAnastasiou (2008), que “a predominância da aulaexpositiva, do 'falar' do professor e do repasse doconhecimento tem sua origem metodológica nospassos fixos do método jesuítico/português”, o qual,de certa forma, ainda se faz presente entre nós, mesmopassados mais de duzentos anos, permanecendo pelaforça do hábito.Em se tratando do modelo francês-napoleônico, amaior influência que herdamos está na organizaçãoadministrativa, na fragmentação organizacionalcurricular e nas estruturas de poder. A partir do iníciodo século XIX, a América Latina e o Brasil passaram asofrer influências do modelo universitário francês –também chamado de modelo napoleônico –, cujosurgimento ocorreu, em 1806, com a criação dauniversidade imperial de Napoleão. (ANASTASIOU,2008).Anastasiou (2008) explica que “a universidadenapoleônica não se preocupava com a pesquisacientífica, mas dedicava-se predominantemente àpreparação dos quadros administradores do país

2.1 OS MODELOS METODOLÓGICOS:JESUÍTICO, FRANCÊS EALEMÃO

médicos, juristas, professores, engenheiros e técnicosde nível superior –”, o que também aconteceu emterras brasileiras a partir de 1808. No modelo francês,no que diz respeito à metodologia, a relaçãoprofessor/aluno/conhecimento limitava o foco paraum ensino predominantemente profissionalizante,sempre “centrado na figura do professor repassador eno estudo das obras clássicas de cada época”; o papelda memorização do conteúdo realizado pelo aluno eraobrigação primordial; e a força da avaliação era“elemento essencialmente classificatório e decorrentede decisões definidas pelo poder do professor”. Alémdisso, havia a preocupação com a preservação de umametodologia tradicional, que podemos chamar depedagogia da manutenção. (ANASTASIOU, 2008).Com o modelo humboldtiano-alemão, surgiu a ideiada produção do conhecimento por meio da pesquisa.Surgido a partir da década de 1950 em quase toda aAmérica Latina, esse modelo igualmente influenciou auniversidade no Brasil.O modelo alemão, também chamado humboldtiano,de acordo comAnastasiou (2008), colocava “em pautaa questão da pesquisa científica, visando preparar ohomem para a descoberta científica, para formular aciência a ser ensinada, levando em conta as grandestransformações da época. Segundo a mesma autora,era a livre pesquisa que deveria se tornar a principalmissão da universidade, e não o ensino. Da mesmaforma, era necessário levar em consideração ascondições que cercavam e possibilitavam talacontecimento:

os modelos escolares portugueses, comparados comos europeus de sua época, revelavam- se defasados esuperados, permanecendo fiéis ao modelo medievalde ensino, baseado unicamente na dedução filosóficae em princípios apriorísticos, [...] tomando comométodo de ensino os elementos do modelo jesuítico.

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t ratava-se de uma universidade eli t is ta ,extremamente seletiva, tanto do ponto de vista socialquanto intelectual, assegurando uma relação entreprofessor-aluno calcada no seminário e no controleinformal. Portanto, essencialmente diferente domodelo jesuítico ou napoleônico. Ao adentrar auniversidade, o estudante já portava sólida formaçãobásica, tanto do ponto de vista humanístico quantocientífico, o que lhe possibilitava um trabalhointelectual independente, assim como maturidadepara se orientar por conta própria nos seminários, nosquais o professor elaborava sua própria doutrina. Apredominância da pesquisa tornou-se característicabásica da escola superior, ficando a transmissão dosaber acumulado como decorrência natural.Arelaçãoprofessor-aluno extremamente autoritária, compredominância de aulas expositivas, sem umcompartilhar sistemático de situações de troca ou

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Sabemos que os modelos aqui apresentados nãoesgotam a amplitude dos determinantes da atualuniversidade brasileira, mas o conhecimento doselementos explicitados pode nos auxiliar na discussãode posicionamentos que deveriam se constituir empreocupação de todos que atuam no Ensino Superiorna função ensino.

Atrajetória das práticas docentes, no Brasil, teve inícioem 1500, com a chegada dos jesuítas, e, desde então,vem sendo moldada por variadas forças históricas quese sucedem através dos tempos.

2.2 UM BREVE HISTÓRICO DO ENSINOSUPERIOR E DADOCÊNCIANO BRASIL

M E TO D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R 11

pesquisas conjuntas, deixa sérias lacunas quanto àsquestões relacionadas com a teoria-prática.(ANASTASIOU, 2008).

[...] Essas práticas docentes revelaraminfluências da pedagogia tradicional, com suportedo modelo da formação religiosa, em que oprofessor, centro das ações pedagógicas erareconhecido como “o detentor do saber”. Essapremissa influenciou profundamente a açãodocente, sendo que seus reflexos se estendem até osdias de hoje e se mostram insuficientes. Com osurgimento da escola nova, na década de 30, oprofessor deixa essa posição central, a qual foitransferida para o estudante, passando a agir comoinstigador de aprendizagem, num processo opostoao da pedagogia tradicional, que acabou não seefetivando na prática.

Já em 1964, a partir do governo militar, impera,na educação brasileira – mobilizada pela expansãoindustrial –a racionalidade técnica, a eficiência e aprodutividade, inclusive tendo como apoio a Lei deDiretrizes e Bases da Educação nº 5.692/71.Salienta-se, então, a fragmentação dosconhecimentos e a formação docente paraatividades específicas, tanto no ensino de primeirograu, como no de segundo grau, e o currículo passaa ser determinado em âmbito nacional eobrigatório, enfatizando a formação técnico-profissional.

Nesse contexto, o professor, passou a ser um

Leitura complementar

Características do senso comum

técnico especialista, sobrepondo-se a umaformação que permitisse um olhar crítico ereflexivo sobre o sentido de sua prática e de seucompromisso com a educação e com a sociedadecomo um todo. A predominância dos aspectosprodutivos e do fazer acontecer preponderaramsobre o pensar, o analisar, o refletir.

Parafraseando Tardiff (1997), pode-se dizerque, na década de 1960, os professores foramignorados na sua capacidade de transformação eusados para a perpetuação do status quo e que, nadécada de 1970, configuraram-se comoesmagados, o que os impossibilitou de alavancarqualquer iniciativa crítica.

Na década de 1980, considerada, ainda, a fasede controle sobre os professores, a escola começa aassumir um papel mais organizativo etransformador junto à sociedade, mobilizada pelasteorias críticas que surgiam, ultrapassando a visãotecnicista para uma concepção mais dialética, emque as experiências vividas passaram a servalorizadas como possibilidades de aprendizagem.Conforme

Therrien, citado por Tardiff (1997), os docentesapareceram na busca de nova expectativa,detentores de um saber plural, crítico e interativo,baseado na práxis. No entanto, somente a partir dosanos 1990, o professor passou a ser colocado nocentro dos debates e das problemáticas educativas.

Nóvoa (1995) afirma que estamos no cerne doprocesso identitário da profissão docente e, mesmonos tempos da racionalização e da uniformização,cada um continuou a produzir sua maneira de serprofessor.

No que diz respeito aos tempos e aos espaços deformação docente, ao perguntarmos aosprofessores das mais diversas áreas doconhecimento,que profissões exercem, é comumrecebermos respostas como: sou engenheiro, souadvogado, sou consultor de empresas. Essasrespostas ainda aparecem com uma cargaidentitária muito forte, pois o tempo de formaçãodedicado à construção dessas profissões é de longaduração: geralmente inicia em nível médio,seguido de um curso degraduação e, no mínimo, demais um curso de pós-graduação, em nível deespecialização, perfazendo um total aproximado de10 anos de formação profissional. Por essesindicadores, os profissionais se sentem preparadosa exercer a docência em cursos técnicosprofissionais, ou mesmo na educação superior, comconsiderada qualificação.

Neste sentido, algumas questões são

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12

2.3 O ENSINO SUPERIOR NO CONTEXTOATUAL

As universidades brasileiras chegaram ao século XXIcom muitas questões para serem resolvidas. Os seusproblemas e suas soluções possuem uma variedade dedimensões – política, cultural, administrativa eorganizacional –, entre os quais são alvo de umaabordagem mais direta aqueles relacionados à suaestrutura e ao seu funcionamento. Há, inclusive, umaReforma Universitária sendo proposta e discutida peloMinistério da Educação e Cultura (MEC) e pelacomunidade brasileira. Estão sendo alvo de discussãoquestões curriculares, acesso especial para algunssegmentos da população, avaliação de cursos e,principalmente, a função que a universidade brasileiradeve ter.Para entendermos a universidade brasileira e suasfunções na atualidade, daremos uma rápida olhada emsua história.As instituições de Ensino Superior se estruturaramcomo universidades apenas entre os séculos XI e XV.Constituídas “de uma comunidade de discípulos quegravitavam em torno de um mestre responsável pelasua escola”, possuíam “a Igreja Católica comoresponsável pelos primeiros atos de criação”.(CAMPOS, 1999). Na Europa, as primeirasuniversidades surgiram em Bolonha, Paris e Pádua,respectivamente, em 1108, 1211 e 1222.No Brasil, o surgimento da universidade foi tardio.Apesar da existência, desde o início do século XIX, decursos superiores, somente a partir de 1930 começou oprocesso de organização das universidades, o queocorreu pela simples aglutinação das faculdades e dasescolas existentes na época. Dessa forma foramfundadas, em 1933, as universidades de Minas Gerais.Quanto à criação da Universidade de São Paulo,ocorrida em 1934, esta representou uma inovaçãodesse processo, pois “procurou determinar objetivosinstitucionais que harmonizassem estruturaorganizacional e metas acadêmicas consistentes,integrando o ensino superior e a pesquisa”.(CAMPOS, 1999).Ainda segundo Campos (1999), em virtude do regimeautoritário, implantado em março de 1964, váriasturbulências ocorreram no Brasil, sobretudo causadaspor perseguições políticas.

Apesar de estudos apontarem como verdadeira apremissa apresentada, esta, por si só, não se basta.Considerando-se que a docência é uma profissão tãoimportante como outras, a formação pedagógica setorna indispensável para que possa o docente tornar-seum verdadeiro profissional, independente do nível deatuação.

recorrentes: Para ser profissional docente, o que serequer? Qual é a formação para o exercício domagistério? Que tempo demanda essa formação?Que enfoque científico deve orientá-la?As práticasprofissionais do engenheiro, do advogado e doadministrador continuam sendo suficientes paraexercer a função de “professor”? Como essa práticas e e f e t i v a e m a u l a ? E s s e s e o u t r o squestionamentos, cujas respostas exigem toda umareflexão na realidade presente e em todos os seuspressupostos sociais, políticos, históricos eculturais.

Pesquisadores da formação docente apontamque é preciso contar com a experiência teórica eprática dos profissionais das mais diversas áreas doconhecimento para atuarem como docentes, pois osmesmos detêm um profundo conhecimento da suaespecificidade. Esse conhecimento, construído aolongo dos cursos de formação inicial, comotambém da sua experiência prática, decorrente dosanos de atuação no mercado de trabalho, deve servisto como possibilidade de diálogo entre aquelessaberes (da experiência) com os novos saberes aserem construídos com os estudantes. Acontribuição de Behrens (1998, p. 58) ratifica essaquestão: nesse grupo de profissionais que atuam nadocência, o destaque da contribuição assenta-seexatamente na preciosidade das experiênciasvivenciadas em sua área de atuação. Comoprofissionais em exercício contaminam osestudantes com os desafios e as exigências domundo mercadológico, trazem a realidade para asala de aula e contribuem significativamente naformação dos acadêmicos.

Fonte: GOMES, Heloisa Maria et al.um

diálogo complexo.Disponívelem:<http://209.85.215.104/search?

q=cache:sU6fdZcdVTYJ:www.uepg.br/olhardeprofessor/pdf/revista72_artigo10.pdf+Neste+sentido , + a l g u m a s + q u e s t % C 3 % B 5 e s + s % C 3 -%A3o+recorrentes,+tais+como:+O+que+se+requer+para+ser+profissional+docente%3F&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1>.Acesso em: 12 abr. 2008.

Formação docente e as mudanças na sala:

Essa crise ocorreu em 1968 e, em resposta àsexigências de novas vagas, instituiu-se um grupo detrabalho que gerou a Lei 5.540/68, a chamada Lei daReforma Universitária. Essa reforma eliminou acátedra, instituiu a departamentalização acadêmica, osistema de matrícula por disciplinas, os ciclos básicose profissionais, os vestibulares classificatórios, os

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M E TO D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R 13

quadros para o desenvolvimento científico etecnológico, quanto para uma concepção radical euniversal de cidadania.O ensino de graduação e de pós-graduação, no sentidoapresentado, visa à ética e à ampliação da prática dacidadania. Para essa conquista, corpo docente, corpodiscente, organização didático- pedagógica e infra-estrutura devem ser articulados e mobilizados. Dessaforma, a política de ensino de qualquer universidadebrasileira deve lançar as bases para o desenvolvimentode ações das diferentes áreas de conhecimento, bemcomo ser concebida de forma a contemplar atividadesvoltadas à realidade próxima e ao patrimôniocientífico universal. Entre os elementos que devemestar presentes, podemos citar:

• responsabilidade e compromisso social dauniversidade no processo de formação profissional;• formação humanística que privilegie a sólida visãode homem;• indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,avançando na prática deste princípio e enfocando nosprojetos pedagógicos as ações que consubstanciem talprincípio;• pesquisa como princípio educativo, que é primordialpara a construção de autonomia intelectual,profissional e cidadania e• necessidade de instituir espaços e experiênciasinterdisciplinares, alcançando a unidade do saber.

Para finalizar, consideramos importante dizer quedeve acompanhar os elementos mencionados umapolítica de flexibilização de currículos e depluralização de formação que garanta sólidaformação; que amplie os espaços e as oportunidadespara o atendimento de novas demandas de ensino e deconhecimento; e que permita ganhos qualitativos parao desenvolvimento de nosso país.

Contudo e apesar de não existir nenhuma políticasubstancial estabelecida pelos últimos governos desdea Reforma de 1968, a universidade brasileira construiuum modelo que, atualmente, tem alguns princípiosbem claros. Esse modelo deve contribuir para odesenvolvimento sustentável de nosso país, semprebuscando um ensino indissociável da pesquisa e daextensão.Conforme o Plano Nacional de Graduação (1999), auniversidade tem a tarefa de proporcionar uma

O objetivo proposto pelo Plano Nacional deGraduação (1999) “exige o domínio dos modos deprodução do saber na respectiva área, de modo a criaras condições necessárias para o permanente processode educação continuada”, ou seja, a universidade temo dever de dar a formação constante para todos que aprocuram.Entretanto, a função social da universidade, pensadacom base no referido modelo, pressupõe duasvicissitudes extremas ligadas ao modelo ou àestratégia de desenvolvimento a que ela está a serviço.Uma delas, conforme aponta o Plano Nacional deGraduação (1999), é o “modelo concentrador, quebusca aproximar o país do padrão internacional pelofortalecimento científico e tecnológico dedeterminados setores da sociedade, a partir do qual éaceita a exclusão de enormes segmentos sociais”. Aoutra é o modelo includente, segundo o “qual odesenvolvimento deve ser igualitário, centrado noprincípio da cidadania como patrimônio universal, demodo que todos os cidadãos possam partilhar osavanços alcançados”. (PLANO NACIONAL DEGRADUAÇÃO, 1999).Diante do exposto, os sujeitos envolvidos,professores, estudantes, coordenadores de cursos, pró-reitores, profissionais de diferentes organizações,entre outros, têm colocado que o exercício daautonomia universitária requer que a universidade nãoaceite ser colocada a serviço de um único segmentosocial. Sua função essencial, e que não pode seresquecida, é tanto contribuir para a formação de

colegiados de cursos, os conselhos de ensino epesquisa, etc. (CAMPOS, 1999).

formação para o exercício de uma profissão que, emuma era de rápidas, constantes e profundasmudanças, requer, necessariamente, atentaconsideração por parte da universidade.A decorrência normal deste processo parece ser aadoção de uma nova abordagem de modo a ensejaraos egressos a capacidade de investigação e a desempre 'aprender a aprender'.

Anotações

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3 TENDÊNCIAS NO PROCESSODE ENSINO E APRENDIZAGEMA maneira como o professor encara o processopedagógico está, muitas vezes, diretamenterelacionada à sua formação acadêmica ou cultural.Neste sentido, a relação com seus alunos pode ocorrerde forma unilateral – o professor fala e o aluno escuta –ou de forma multilateral – professor e alunos secomunicam, refletem, discutem, formulam ereformulam convicções, conceitos, conhecimentos,etc.A seguir, apresentaremos algumas das tendênciaspedagógicas que norteiam a prática do professorado.No entanto, ressaltamos que o professor não deve,necessariamente, ficar preso a uma delas. Todavia,deve buscar o que há de melhor em cada uma e usarcom intuito de auxiliar na eficiência de sua prática. Astendências pedagógicas são teorias norteadoras, e nãoreceitas prontas.Bordenave e Pereira (2001) abordam que oseducadores reconhecem a oposição entre dois tipos deeducação: a educação bancária, em que o professor éum transmissor do saber, sendo conferida importânciasuprema aos conteúdos, e educação problematizadora,em que, com base na participação ativa e no diálogoconstante entre professores e alunos, o conteúdoprogramático não é única fonte de estudo.As tendências pedagógicas são genericamenteclassificadas em: tradicional, tecnicista, libertadora ecrítico-social.

Trata-se de uma modelo educacional fortementemarcado pelo método cartesiano, isto é, parte da ideiade que o aluno é uma , sem informações,cabendo ao professor a função de a ele transmitir taisinformações.Os fundamentos básicos deste paradigma educacionalsão:

não existe a preocupação com acompreensão dos conteúdos vistos.Amemorização é aprincipal meta da prática pedagógica, e a avaliaçãoaparece como instrumento que serve para mensurar oque o aluno conseguiu memorizar. O professor toma alição, e cabe ao aluno responder exatamente aquilo quefoi transmitido em sala de aula. Os conteúdos estãovinculados à transmissão da cultura acumulada.

3.1 TRADICIONAL

tabula rasa

Os conteúdos:

A sala de aula:

Aavaliação:

Os conteúdos:

A sala de aula:

A avaliação:

é vista como o único espaço possívelde aprendizado, pois as experiências exteriores a elasão pouco valorizadas. O professor é autoridade emsala de aula; é detentor do saber. A relação éverticalizada: o professor fala, e o aluno ouve; a aulaexpositiva é a principal metodologia. Cabe ao aluno seadaptar à metodologia do professor. Freire (1979) sereferia a essa educação como uma educação bancária,pois o professor, neste caso, “deposita” os conteúdosna “cabeça” dos alunos.

é utilizada com o objetivo de revelar se oaluno conseguiu reter o conteúdo repassado peloprofessor. Geralmente, a prova é o instrumento deavaliação mais utilizado. O aluno não é avaliado noprocesso; somente no momento das provas.A pedagogia tradicional está muito presente noscolégios e nas faculdades, sendo que, para a maioriadas instituições, a aprendizagem só é possível na salade aula. Isto nos permite afirmar que “a palmatória sefoi, mas a educação tradicional ainda continuaarraigada na prática escolar.” (DANTON; CARLO,2008)

Esta tendência surgiu com o objetivo de atender àsnecessidades oriundas do processo de industrializaçãodo mundo: sua origem remonta à RevoluçãoIndustrial, ocorrida na Inglaterra do final do séculoXIX. Portanto, o tecnicismo faz parte dos bancosescolares há mais de 200 anos.Os fundamentos básicos deste paradigma educacionalsão:

as informações são ordenadas numasequência lógica de conteúdos, e a preocupação é,basicamente, a transmissão de conteúdos quehabilitem os alunos a atenderem às necessidades domercado de trabalho.

é organizada de forma racional; osalunos são dispostos de maneira que o professor possaatingir todos. A relação professor/aluno é objetiva,cabendo ao professor transmitir as informações e, aoaluno, fixá-las.

tem por objetivo avaliar o desempenhodo aluno. Os livros didáticos e as palavras transmitidaspelo professor são as únicas fontes de informaçõesexigidas e disponíveis aos alunos. Em geral, não existe

3.2 TECNICISTA

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M E TO D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R 15

preocupação em diversificar as fontes de informaçãoe, conseqüentemente, a construção de novosconhecimentos.A tendência tecnicista chegou ao Brasil nos anos deditadura militar, período em que o país demandava demão-de-obra especializada para atender à crescentenecessidade do setor industrial, e permanece até osdias de hoje.

Não aparece com frequência nas práticas de ensino.Seu foco principal é levar professores e alunos a atingirum nível de consciência da realidade em que vivem nabusca da transformação social. Paulo Freire foi oprincipal difusor desta tendência, que possui osseguintes fundamentos básicos:

não resultam de um projeto de ensinoelaborado pelo professor ou pelo coletivo da escola,mas sim, da realidade e/ou das necessidades do grupo;portanto, aparecem naturalmente do cotidiano doseducandos.

: é calcada no princípio da criticidade,sendo o foco central o questionamento da realidade, damaneira como o homem se relaciona com os outroshomens e com seu meio ambiente. Na relaçãoprofessor/aluno, predomina o diálogo, a liberdade deexpressão. A relação é de igual para igual. Grupos dediscussão são muito presentes.

geralmente se baseia na auto-avaliação,cabendo aos professores respeitarem os diversosritmos de desenvolvimento dos educandos.Para a tendência libertadora, o mundo é dinâmico.Neste sentido, existe uma preocupação que vai além dacompreensão deste mundo, pois o método buscatransformá-lo.

Esta tendência apresenta algumas mudanças emrelação às anteriormente citadas: nela, o aluno passa aser o centro de um processo de ensino que não maisprivilegia os conteúdos e a disciplina rígida. Atendência crítico-social chegou ao Brasil no início dadécada de 1970, sendo contemporânea ao modelotecnicista. Os seus principais fundamentos são:

são baseados nos aspectos culturaispresentes na realidade escolar e visam articulá-los comos movimentos concretos de transformação dasociedade; logo, o mundo externo está presente nosconteúdos e nos debates de sala de aula.

tem como base um método que parteda experiência do aluno e a confronta com a realidade.

3.3 LIBERTADORA

3.4 CRÍTICO-SOCIAL

Os conteúdos:

A sala de aula

A avaliação:

Os conteúdos:

A sala de aula:

O aluno aparece como participador, e o professor,como mediador entre o saber e o aluno.

não apresenta o objetivo de mensurar oconhecimento do aluno; ao contrário, não existemnotas, exames nem castigos. A aprendizagem écentrada nas capacidades cognitivas já estruturadasnos alunos.É interessante observar que, de acordo com estatendência, o mundo não é estático, mas dinâmico;sendo assim, está em constante transformação, emreconstrução, sendo necessário compreendê-lo.

A avaliação:

Anotações

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4 PLANEJAMENTO DASATIVIDADES DE ENSINO:DA ELABORAÇÃO À PRÁTICA4 . 1 A S A L A D E A U L A E OPLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DEENSINO

É utópico, em pleno século XXI, na chamadasociedade do conhecimento e da informação, acreditarque a sala de aula seja composta por pessoas decomportamentos e pensamentos padronizados: todasalegremente dispostas a ouvir e concordarpassivamente com as “coisas” a serem ditas peloprofessor. O professor/transmissor e o aluno/receptorde conteúdos é uma relação que entrou em falência noséculo passado. Não basta saber transmitir conteúdos;é preciso saber promover a compreensão dessesconteúdos.Neste sentido, torna-se essencial que o professorcompreenda que a docência é uma atividadepermanentemente orientada por uma teoria e por umaprática. A parte teórica à que nos referimos é aquelaque corresponde aos conteúdos que o docenteacumulou ou construiu ao longo de sua carreiraprofissional ou de sua formação acadêmica. Aatividade prática corresponde à ação orientada poressa teoria, ou seja, a busca constante pelos caminhosmais eficazes para tornar os conteúdos (ArcabouçoTeórico) acessíveis aos alunos(Transposição Didática).Tal entrelaçamento constante entre teoria e prática nospermite vislumbrar que a atividade docente não é umaatividade exclusivamente prática ou teórica, tampoucoconcebida numa realidade rotineira, como a atividadeprática de um caixa bancário ou de um mecânico deautomóveis, os quais geralmente são orientados porprocedimentos de ordem puramente técnica e, muitasvezes, repetitiva. Na atividade docente, a realidade éoutra. O dia-a-dia da sala de aula, seja no EnsinoFundamental, no Médio ou no Superior, é muitodiferente. As realidades são mutáveis, e os desafios,constantes.Com frequência, em nosso cotidiano escolar, ouvimosexpressões como: “Para 'dar' aula, basta saber bem oconteúdo” ou, ainda, “Todo aluno é igual, ninguémquer nada com nada mesmo”. Isto não é verdade.A sala de aula é um espaço de diversidades (culturais,

ideológicas, econômicas e sociais). Portanto, para queas aulas se desenvolvam de maneira tranqüila eagradável e os conteúdos possam ser compreendidospelos alunos, faz-se necessário um Projeto de Ação,um Plano de Aula, concebido no próprio espaço emque será aplicado, isto é, na sala de aula. O Projeto deAção deve ser resultado de um entendimento coletivoque envolve alunos e professores.A compreensão da diversidade só é possível quandocompreendemos e/ou conhecemos um pouco sobrecada aluno: Onde trabalha? O que faz? Onde mora? Écasado? Tem filhos? Por que está cursando esta ouaquela faculdade? Na verdade, as respostas a estassimples perguntas contribuirão para a revisão oureformulação do Plano de Aula. Com essa ação, oprofessor respeitará as individualidades, os saberestrazidos, as diferenças existentes, etc.O professor deve ter a concepção de que vivemosnuma sociedade de constantes transformações, ondeas pessoas, a todo o momento, se constroem e ser e c o n s t r o e m , n ã o e n q u a n t o i n d i v í d u o s ,exclusivamente, mas enquanto agentes sociais. Nós,professores e alunos, vivemos neste constante devir.

Não estamos sugerindo que o professor vá para a salade aula sem um projeto inicial; ao contrário, todadisciplina é carregada de conteúdos e objetivospreviamente determinados.Na verdade, o que propomos é a sujeição dos objetivose conteúdos previamente determinados à realidade àqual serão aplicados. Essa sujeição, sem dúvida,permitirá que o professor atrele os conteúdos àrealidade, utilize instrumentos de avaliaçãoadequados, aplique dinâmicas que atinjam o maiornúmero de alunos e utilize uma linguagem acessível a

Não é possível respeito aos educandos, à suadignidade, ao seu ser formando-se, a sua identidadefazendo-se, se não se levam em consideração ascondições em que eles vêm existindo, se não sereconhecesse a importância dos 'conhecimentos deexperiência feitos' com que chegam à escola. Orespeito devido ao educando não me permitesubestimar, pior ainda, zombar do saber que ele trazconsigo para a escola. (FREIRE, 1996, p. 64)

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todos, enfim, faça uso de uma didáticaverdadeiramente comprometida com a participaçãoefetiva dos alunos e permanentemente vinculada aosobjetivos da disciplina.A palavra didática vem do grego que querdizer arte de ensinar. Para Nérici (1993, p. 49),

Conforme comentamos anteriormente, um Projeto deAção ou Plano de Aula, verdadeiramente concebidono espaço em que será aplicado, certamenteproporcionará ao professor, a partir de conteúdospreviamente selecionados , um ambiente formado poralunos interessados, críticos, reflexivos e maduros.O Plano de Aula, como já dissemos, é flexível, mudade acordo com as realidades, e, neste sentido, faz-senecessário um breve estudo da turma em que oprofessor ministrará a sua aula e, conseqüentemente,aplicará seu plano.Sugerimos as seguintes etapas para essa leitura:1.Quantidade de alunos: esta informação éfundamental. O número de alunos presentes na salasugerirá ao professor o tom de voz a ser utilizado, osinstrumentos de avaliação mais adequados, asdinâmicas de grupo que poderão ser usadas, etc.2. Apresentação do professor: é o momento em que oprofessor expõe sua história de vida, bem como suatrajetória docente (sua formação, suas atividadesprofissionais, sua produção científica, suasexpectativas em relação à turma, etc.). Nesta etapa, osalunos, em geral, sentem-se mais à vontade ecomeçam a interagir com o professor. É interessanteque a apresentação seja descontraída ou o menosformal possível.3. Apresentação dos alunos: entendemos que algumasinformações sejam indispensáveis, como, porexemplo: nome, ocupação (se tiver), por que escolheuo curso, idade, se reside próximo à instituição deensino ou se reside em outro município, etc. Essasinformações permitem ao professor identificar osalunos mais extrovertidos (que se expõem com mais

didaktiké,

4.2 INDICADORES QUE AUXILIAM OPLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DEENSINO

1

tranqüilidade) e também os mais introvertidos ou maisacanhados. Aqui o professor começa a vislumbrar osinstrumentos avaliativos e as dinâmicas de grupo maisadequados à turma.4. Apresentação da disciplina: talvez seja o momentomais importante, pois os conteúdos, os objetivos, asavaliações e os procedimentos metodológicos serãoexpostos e discutidos. É possível que vários alunosqueiram esclarecer dúvidas a respeito dos temas ouassuntos propostos no Plano Inicial.5. Expectativa com relação à disciplina:compreendemos que esta etapa seja fundamental paraa elaboração de um Plano de Aula realmentecomprometido com a disciplina e com o curso. Asinformações aqui concebidas permitirão ao professorutilizar uma Didática que atenda às expectativas,como, por exemplo, aulas expositivas, expositivo-dialogadas, se deverão ser utilizadas dinâmicas degrupos, se os instrumentos avaliativos devem serprovas, trabalhos, apresentação de seminários, entreoutras.Percorridas as etapas mencionadas, é aconselhávelque o professor leia e refletia, novamente, sobre o seuPlano de Aula inicial e, se necessário, faça as devidasalterações.

Não existem modelos de Plano de Aula padronizados.As instituições de ensino, em geral, estabelecem ummodelo que melhor atenda às suas necessidades. Omodelo (Quadro 1) que propomos pode e deve seralterado sempre que necessário; porém, algumasinformações são indispensáveis para nortear a práticadocente.

4.3 MODELO DE PLANO DE ENSINO:UMAPROPOSTA

a didática é um conjunto de recursos técnicos que temem mira dirigir a aprendizagem do educando, tendoem vista levá-lo a atingir um estado de maturidadeque lhe permita encontrar-se com a realidade e namesma poder atuar de maneira consciente, eficiente eresponsável.

1 São conteúdos selecionados para atender às necessidades dos alunos. A seleção geralmente ocorre após o professor pesquisar/estudar o perfil dos alunos da turma. Em cursos degraduação e de pós-graduação, é comum alunos de cursos distintos comporem uma única turma e, nesses casos, faz-se necessária a aplicação de uma didática adequada (conteúdos,linguagem, avaliações e metodologias).

O essencial, quanto ao planejamento de aula, é que oprofessor reflita sobre o que vai fazer, sobre a maneiracomo vai orientar a aprendizagem de seus discípulos,de maneira a não ficar o trabalho docente em puraimprovisação ou rotina, não se incomodando com arealidade de seus discípulos e das realidadescircunstanciais que constituem o momento presente.(NÉRICI, 1993, p. 108).

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Identificação: Carga HoráriaFase:

Disciplina:

Professor (a):

FILOSOFIA DA INSTITUIÇÃOEMENTA

A ementa apresenta o rol das temáticas que constituem a disciplina, área ou projeto, ou seja, contém os grandes temas quedeverão ser tratados, os quais nortearão a organização do conteúdo programático para cada unidade a ser desenvolvida no

curso.

Objetos do Conhecimento

(unidades e subunidades)

Reúne um conjunto de Temas/Unidades

que serão trabalhados. Devem estar em

sintonia com a ementa. É interessante

que cada tema/unidade seja subdividido

e subunidades.

Objetivos

Específicos

O objetivo

expressa e

intencionalidade da

ação docente.

Propostas de

Atividades

Identificar os

mecanismos didáticos

utilizados para atingir

os objetivos

propostos e garantir a

aprendizagem do

aluno. (aulas

expositivas,

dinâmicas de grupo,

dramatização, estudo

de caso, etc)

Procedimentos de Avaliação

(instrumentos)

Identificar/listar os instrumentos que

serÃo utilizados na avaliação dos

alunos (provas, seminários, trabalhos

em grupo,etc.)

Recursos utilizados:

Referências:

Básicas Complementares Eletrônicas

Quadro 1 –Modelo Plano de AulaFonte: Elaborado pelos autores (2008)

Temos o entendimento de que o modelo apresentado,quando bem elaborado, pode auxiliar de formaeficiente o professor no seu dia-a-dia em sala de aula.O modelo apresenta, de um lado, as unidades e assubunidades que serão trabalhadas e, do outro, osobjetivos específicos. Nossa proposta é que, para cadauma das subunidades, quando for o caso, seja traçadoum objetivo, pois entendemos que, seguindo essaproposta, o professor passa a ter as suas aulas traçadasno próprio Plano de Ensino. Assim, o professor ganhatempo e direcionamento nas suas atividades.

A prática de aulas expositivas é largamente utilizadapelos docentes, e isto tem uma explicação histórica;afinal, desde os tempos mais remotos do EnsinoSuperior, esta prática docente é utilizada, razão pelaqual resolvemos reservar um espaço para refletirrapidamente sobre a mesma. As demais práticas,

4 .4 AULAS EXPOSITIVAS: SUAIMPORTÂNCIAE SEUS PERIGOS

como, por exemplo, dinâmicas de grupos ou, atémesmo, trabalhos individuais, são utilizadas comoalternativas complementares à aula expositiva.Não queremos enaltecer ou condenar a práticaexpositiva. O que pretendemos é alertar para asarmadilhas que ela, em si mesma, impõe ao professor.Às vezes, inconscientemente, o docente torna suasaulas informativas, cansativas, autoritárias e compoucos momentos de estímulos para a compreensão doaluno. Claro que existem professores que, fazendo usoda prática expositiva, conseguem promover aulasinteressantes e, ao mesmo tempo, carregadas deconteúdos.Balcells e Martin (1985, apud GODOY, 1997)sugerem nove pontos a serem levados emconsideração no momento de preparar uma aulaexpositiva.Apresentamos quatro deles:

• Conhecer a fundo a matéria: é uma exigênciaessencial para a clareza da exposição.

Levar em conta o tipo de auditório: neste caso, é•

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importante certificar-se se os alunos possuem osconhecimentos prévios necessários para acompanhara exposição que está sendo realizada.

Uso de apontamentos: embora seja útil que a aulaexpositiva seja dada a partir de anotações elaboradaspreviamente, o professor precisa ter cautela para queisso não transforme a exposição em uma leiturasimples e enfadonha do material por ele preparado.

A duração da aula expositiva: uma vez que aexposição oral feita pelo professor é, normalmente,mais cansativa para os alunos do que outras práticas deensino, em que eles podem ter uma participação maisativa, o professor deve evitar estendê-la por um tempoexcessivo, sob o risco de provocar a desatenção dosestudantes.

O uso dos audiovisuais: a utilização de imagens e depequenos textos contribuem à medida que podemseduzir o aluno na prática de ensino.

A aula expositiva não pode ser evitada, pois é omomento em que o professor socializa todo o seuarcabouço teórico e prático, podendo despertar o alunopara a importância do que está sendo trabalhado.Nesse instante, o aluno pode sentir-se instigado emquerer saber mais sobre os temas expostos. Oprofessor deve evitar falar incansavelmente coisasque, muitas vezes, não apresentam sentido ou vínculoscom a realidade.

A avaliação deve ser entendida como um instrumentoque vai além de uma simples mensuração dosconteúdos desenvolvidos em sala de aula.Todo professor sabe que os alunos que fazem asmelhores provas não são, necessariamente, os quemerecem as melhores notas. Entretanto, o professor sóage de forma justa se der as notas de acordo com asregras e normas apropriadas ao contexto particular;nesse caso, as normas e regras apropriadas às provas.Para Heller (1998), a justiça é uma virtude fria, poisrequer imparcialidade. Sob esta ótica, propomos que aavaliação seja um instrumento para:

revelar o que ainda precisa ser feito (os instrumentosavaliativos são indicadores daquilo que o alunoaprendeu/compreendeu e daquilo que precisa ser aindacompreendido);

compreender o processo (tanto para os alunos comopara os professores);

fixar um norte e buscar referenciais (o processo deavaliação precisa estar relacionado aos objetivos dadisciplina);

4.5AVALIAÇÃO

••

identificar o que de positivo já foi feito, ratificar oque já existe (inclusive, comemorar as conquistas);

corrigir os rumos (alterar procedimentosmetodológicos, baixar ou aumentar os níveis deexpectativas).

Currículo é palavra de origem latina, derivada doverbo que significa caminho ou percurso aseguir, jornada, trajetória. Para Pacheco (1996, p. 15)encerra duas ideias principais: “[...] uma de sequênciaordenada, outra de noção de totalidade de estudos”.Atualmente, quando atribuímos ao currículo asequência linear e ordenada de estudos ou o conjuntode disciplinas que compõe um determinado curso,temos a compreensão de currículo como umasequência ordenada.O termo currículo, desde sua concepção como campode trabalho específico na área educacional, temapresentado diversas definições, muitas vezespolissêmicas e controversas. Ao longo da história, ocurrículo tem sido definido como:

rol de disciplinas ou grade curricular a ser seguida;determinação de objetivos, conteúdos e sequência de

atividades a serem implementados pela escola;conjunto de conhecimentos ou matérias a serem

superados pelo aluno;programa de atividades planejadas seqüencialmente

e metodologicamente ordenadas conforme orientaçãoobtida no manual do professor;

resultados pretendidos de aprendizagem pela escolaou professor;

implementação do plano reprodutivo para a escola deuma determinada sociedade;

experiências recriadas pelos alunos por meio dasquais se desenvolverão;

habilidades a serem dominadas visando aodesenvolvimento profissional dos alunos;

programa com conteúdos e valores social, política eeconomicamente contextualizados para que os alunospossam contribuir e interferir na reconstrução dasociedade.

Como podemos observar, não há consenso sobre osignificado da palavra currículo. Contudo, não se podenegar que ele é fruto do seu tempo. ConformeargumentaApple (1994, p. 59),

4.6 CURRÍCULO: CONCEITUAÇÃO EDIFERENTES DIMENSÕES

currere,

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O currículo revela aspectos vinculados a relações depoder, o que configura o contexto educacional comoum espaço fundamentalmente político (FREIRE,1993). Nesta perspectiva, para Moreira (1994, p. 28),

A educação assim concebida indica uma função daescola voltada para a realização plena do ser humano,alcançada pela convivência e pela ação concreta,qualificada pelo conhecimento. Historicamente, asescolas se preocuparam mais em desenvolver osconteúdos conceituais. Portanto, há de ser construídauma escola cuja construção demande uma passagemque se inicia no âmbito dos princípios filosóficos eprossiga em direção a um projeto pedagógico, indodeste para as práticas e ações dos professores. Essapassagem pressupõe uma reflexão de todos osenvolvidos sobre todas as decisões que dão forma auma escola, desde o currículo e o comprometimentodos pais, passando pelas aulas, pelas metodologiasadotadas e, até, pelas que se referem à gestão escolar.Nenhum currículo pode fixar-se por muito tempo.Deve haver um repensar constante sobre suacontemporaneidade, ou seja, sua atualidade e suaadequação ao que está acontecendo no mundo real. Osalunos precisam, também, de conteúdos atitudinais eprocedimentais que lhes sirvam para melhorentenderem a sociedade global e melhor conviverem eagirem em sua comunidade e em sua atividade.O currículo apresenta diferentes dimensões:

• Currículo oficial: é o que foi planejado oficialmentepara ser trabalhado nas diferentes disciplinas e sériesde um curso. É o que consta na Proposta Curricular doEstado, nas Propostas Curriculares das Secretarias deEducação ou nos livros didáticos elaborados a partirdestas;

Currículo formal: abrange todas as atividades econteúdos planejados para serem trabalhados na salade aula. Inclui, também, o currículo oficial;

Currículo em ação ou real: são todos os tipos deaprendizagens que os estudantes realizam comoconsequência de estarem escolarizados. É aconsequência de viver uma experiência num ambienteque propõe-impõe todo um sistema de comportamentoe valores, e não só de conteúdos de conhecimentos aassimilar;

Currículo explícito: representa a dimensão visível docurrículo e se constitui nas aprendizagensintencionalmente buscadas ou deliberadamentepromovidas por meio do ensino;

Currículo vazio ou nulo: se constitui nosconhecimentos ausentes, tanto das propostascurriculares (currículo formal), como das práticas dasala de aula (currículo em ação), que, muitas vezes,abrangem conhecimentos significativos efundamentais para a compreensão da realidade e para aatuação nela. Também chamado “campos de silêncio”ou de “omissões”, seu significado é fundamental paraentender o currículo como espaço de afirmação enegação de elementos das diferentes culturas,produzindo efeitos sobre o estudante, tanto em funçãodo que diz, como daquilo que silencia.

O currículo nunca é apenas um conjunto neutro deconhecimentos [...] Ele é sempre parte de umatradição seletiva, resultado da seleção de alguém, davisão de algum grupo acerca do que sejaconhecimento legítimo. É produto de tensões,conflitos e concessões culturais, políticas eeconômicas que organizam e desorganizam um povo.

O currículo não é um veículo de algo a ser transmitidoe passivamente absorvido, mas o terreno em queativamente se criará e produzirá cultura. O currículoé, assim, um terreno de produção e de política culturalno qual os materiais existentes funcionam comomatéria- prima de criação, recriação e, sobretudo, decontestação e transgressão.

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5 AMBIENTE VIRTUAL:NOVOS DESAFIOS PARAPROFESSORES E ALUNOSOs professores do Ensino Superior necessitamconviver e aprender a trabalhar com os novos espaçosde aprendizagem escolar presentes no século XXI. Oslaboratórios de informática, bem como salas de aulasequipadas, como com internet, são mecanismosindispensáveis para a efetivação do processo técnico-pedagógico. Os ambientes virtuais surgem comomecanismos auxiliares, mas não como substitutos darelação presencial entre professores e alunos. Oambiente virtual torna-se um grande parceiro doprofessor em regime presencial, ao mesmo tempo emque permite uma continuidade das atividades emambientes externos aos bancos escolares. Antes, oprofessor só se preocupava com o aluno em sala deaula; agora, sua relação com o aluno pode ocorrer,também, a distância.Apesar de as mudanças na educação brasileiraocorrerem com pouca frequência e permanência, amaior e talvez mais significativa esteja ocorrendoatualmente por intermédio da tecnologia. Estamos nosreferindo ao computador, que já é ferramentaimportante nas casas e escolas brasileiras. Algumasdas diversas atividades realizadas pelo homem, hoje,podem ser realizadas Um exemplo disso équando vamos ao banco, quando fazemos compraspela internet ou, ainda, lemos um jornal .Enfim, o ambiente , chamado de ambientevirtual, também já está presente na educação.A inserção da tecnologia na educação começou com apopularização da internet como um espaço depesquisa, de comunicação e de aprendizagem.Consequentemente, as escolas se aproveitaram disso ecriaram oAmbiente Virtual deAprendizagem (AVA).O AVA é um sistema de gerenciamento de ensino eaprendizagem que funciona pela internet. Este sistemapossibilita a interação entre os participantes, assimcomo amplia e enriquece os espaços de aprendizagem,privilegiando a atividade do sujeito na construção doconhecimento.OAVAtem vários objetivos, entre os quais citamos:

• oportunizar um espaço de interação entre os sujeitospor meio de diferentes tipos e objetos de conhecimentopossibilitados pelo ambiente;

on-line.

on-line

online

propiciar um espaço para a realização deexperiências educacionais com uma propostapedagógica inovadora;

possibilitar a vivência de uma cultura daaprendizagem que implique rupturas paradigmáticas;

oportunizar um espaço de desenvolvimento-pesquisa-ação-capacitação de forma sistemática esistêmica;

possibilitar a interdisciplinaridade num ambiente decooperação entre sujeitos de diferentes áreas deconhecimento.

Nos ambientes virtuais, são fundamentais os papéis doprofessor e do aluno. Compete ao educador o papel demediador de informações, facilitando o processo deaprendizado do aluno como usuário, e este, por suavez, passa a ser um usuário ativo que contribui para oaprimoramento de sua aprendizagem. Cabe, também,ao professor sempre se reciclar e aprender a aprenderconstantemente, pois só assim terá a certeza de que os

e demais tecnologias poderão atingir osobjetivos pedagógicos (VILLA, 1998). Em um mundoonde as informações estão disponíveis para qualquerum, o professor deve estar preparado para qualquerquestionamento, principalmente em sua área deatuação.Para Galvis (1992, p. 52), “um ambiente deaprendizagem poderá ser muito rico, porém, se o alunonão desenvolve atividades para o aproveitamento deseu potencial, nada acontecerá”. Nesse ambiente, cabeao aluno o papel principal, pois ele deve serparticipativo, organizado, interessado e autônomo,além de saber trabalhar em equipe e ser um grandepesquisador, buscando aprimorar seus conhecimentos.Deve, igualmente, contribuir com os esclarecimentose exposições do professor e participar ativamente dasdiscussões em sala de aula e dos trabalhos em grupo,efetivando a cooperação e a importância do trabalhoem grupo como alavancador do processo demecanismos cognitivos e afetivos.O AVA é um sistema que fornece suporte a qualquertipo de atividade realizada pelo aluno, i to é, é umconjunto de ferramentas para diferentes situações doprocesso de aprendizagem, utilizando diversos

softwares

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recursos de comunicação, interação e construção entreos sujeitos que participam do ambiente. São algunsdesses recursos: o o a webconferência e ofórum.

A palavra em português, significa conversaçãoou, simplesmente, bate-papo. O é uma ferramentade comunicação que permite a interação entre duas oumais pessoas em tempo real. Possibilita encontrosvirtuais para a discussão e a troca de informações demodo mais informal e atrativo.Na educação, é fortemente utilizada no Ensino aDistância, pois permite que, em tempo real, alunos eprofessores conversem com o intuito de esclarecerdúvidas sobre os temas estudados ou, mesmo, refletirsobre eles. Pode ser utilizado para a discussão de temaspropostos em sala, para os alunos tirarem dúvidassobre determinado tema ou para elaboração, peloprofessor, de questões sobre um tema e realização dequestionamentos.

O é uma atividade composta por questõeselaboradas pelo professor, que pode ter prazo definidopara a sua realização e ser avaliada automaticamentepelo sistema, poupando, assim, o trabalho da correção.Com este recurso, o professor pode elaborar questõesde múltipla escolha, verdadeiro ou falso, respostabreve, resposta numérica, associação ou descrição. O

também pode ser utilizado o questionário paraverificar a aprendizagem do aluno em determinadoconteúdo, estimular a reflexão sobre um tópico ourevisar o conteúdo, organizar o estudo de textos ou,ainda, constituir-se numa prova virtual.

A webconferência é um recurso que possibilita acomunicação de um ou mais participantes por meio de

É um recurso completo, pois utiliza áudio,vídeo, , apresentação de slides ou outrosdocumentos, transferência de arquivos e ainda servecomo ponto de encontro para os participantes e suportepara dúvidas. Os alunos e os professores podem secomunicar em tempo real, além de que este recursopermite a apresentação e o recebimento de textos,gráficos, desenhos, etc.

chat, quiz,

chat,

chat

quiz

quiz

webcam.

chat

5.1

5.2

5.3 WEBCONFERÊNCIA

CHAT

QUIZ

5.4 FÓRUM

O fórum de discussão é uma ferramenta que permite ainteração entre duas ou mais pessoas, independente deelas estarem , o que ajuda quem não pode estar

na hora de um , por exemplo. Um fórumproporciona a discussão de temas mais específicosrelacionados aos conteúdos mediados e orientadospelo professor, proporcionando a possibilidade deaprofundamento dos mesmos e a troca de informaçõese de conhecimento.O professor pode trabalhar com um tema polêmico eorientar o grupo a dar sua opinião sobre o tema ouposicionar-se diante dos colegas. Além disso, a turmapode ser dividida em dois ou mais grupos, e cada grupoficar responsável pela defesa de um determinadoponto de vista. Assim, os alunos precisam pesquisar eestudar o tema. Outra forma de usar o fórum é formularargumentos a partir de uma problemática, na qual oaluno deve postar os argumentos a favor ou contra. Oaluno também é livre para designar umquestionamento para um ou mais colegas responderempor meio do fórum.

on-line

on-line chat

Anotações

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6 ESTRATÉGIAS DE ENSINOMuitos professores vivenciam, na condição de alunos,dinâmicas de aulas em que o ensino se resumia àapresentação, seguida de explicação de conteúdos,algumas vezes, “soltos”. A transmissão imperava.Hoje sabemos que, além da construção deconhecimentos, o ensino “[...] contém, em si, duasdimensões: uma utilização intencional e uma deresultado, ou seja, a intenção de ensinar e a efetivaçãodessa meta pretendida”. (ANASTASIOU; ALVES,2004, p. 13).O trabalho docente, então, não se reduz ao ensino erequer a avaliação constante de um processo queenvolve um conjunto de pessoas na construção deconhecimentos e saberes. Nesta direção, devem serpropostas ações que desafiem o aluno e quepossibilitem o desenvolvimento de suas operaçõesmentais.A condução de uma aula ou a aplicação de umadinâmica será sempre útil desde que envolva reflexãoe sentimento. A criticidade, a historicidade e acontextualização dos temas trabalhados devem estarsempre incluídas nas aulas. A sensação depertencimento à turma é outra condição necessáriapara que a aula aconteça; a participação do grupo éimprescindível.A seleção das estratégias e da metodologia de ensino aser utilizada está diretamente relacionada ao ProjetoPolítico-Institucional (PPI) e ao Projeto Pedagógicode Curso (PPC). Neste contexto relacional, o professordireciona, organiza, operacionaliza e insere asestruturas de ensino e de aprendizagem.Lembramos que o ensino com pesquisa deve estarpresente sempre. O aluno universitário deve serdesafiado como investigador, deve assumirresponsabilidades, adquirir autonomia e desenvolver adisciplina. Em sua formação profissional inicial, deveconstruir projetos: definir problemas de pesquisa,selecionar dados e procedimentos de investigaçãoanalisar, interpretar e validar suas suposições,apresentar resultados e recomendações.Procuramos pontuar algumas estratégias capazes deacrescentar elementos que auxiliem o professor naorganização da sua atuação docente: estudo de texto,solução de problemas, seminário, dramatização,simpósio e oficina (workshop).

6.1 ESTUDO DE TEXTO

6.2 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

6.3 SEMINÁRIO

6.4 DRAMATIZAÇÃO

Um texto pode ser utilizado para buscar informaçõesnovas, explorar ideias, fazer análises ou elaborarnovos conhecimentos. Trata-se, basicamente, daexploração das ideias de um autor a partir de um estudocrítico. O acompanhamento do professor é condiçãoespecial para a utilização dessa estratégia, pois, muitasvezes, as habilidades de leitura e interpretação ainda seencontram pouco desenvolvidas nos alunos. ParaAnastasiou eAlves (2004, p. 80), “[...] devem se tornarobjeto de trabalho sistemático na universidade paratodas as áreas de formação”.

Trata-se da apresentação de um problema em sala,capaz de mobilizar o aluno para a busca de soluções. Oproblema deve levar em conta o enfrentamento de umasituação nova para o aluno, que, a partir de dadosexpressos na descrição desse problema, deve resolvê-lo aplicando leis ou princípios que estão sendodiscutidos como objeto de estudo. Permite verificar olevantamento de hipóteses, a análise de dados, acriticidade, a reflexão, a criatividade e a totalidade dediferentes contextos.

É um espaço para semear ideias. Trata-se daapresentação de um tema resultante de um trabalho depesquisa sobre determinado conteúdo. É precisoorganizar um calendário para as apresentações eespaço físico, bem como orientar os alunos durante oprocesso para que tenham domínio e coerência nomomento da socialização. O que garante o sucessodesta estratégia de ensino e de aprendizagem é a suapreparação. Os alunos precisam ter clareza dos estudosa serem feitos e dos papéis a serem desempenhados emum seminário, pois é o momento de apresentar síntesesintegradoras.

É uma representação e atende a várias finalidades:incita a capacidade de os alunos se colocarem no papelde um “outro”; desenvolve a criatividade e aimaginação; possibilita interação e liberdade de

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expressão; confronta pontos de vista; e estimula opensamento. Deve conter ideias, conceitos eargumentos relacionados a um objeto de estudo ou auma situação. Pode ser planejada ou espontânea.

Possibilita a ampliação de conhecimentos, a visão demúltiplos olhares e escutas diferenciadas. Tem efeitomultiplicador, pois trata de reunir palestras e preleçõesbreves, apresentadas por várias pessoas sobre diversosaspectos de um mesmo assunto. Um mesmo conteúdoé dividido em unidades significativas e cabe aoprofessor a indicação de bibliografias a seremconsultadas, evitando repetições. É preciso levar emconta a logicidade dos argumentos, a pertinência dasquestões, o estabelecimento de relações e osconhecimentos relacionados ao tema.

Favorece a aprendizagem de um ofício, implicaaplicação, processamento de dados e de conceitos jáadquiridos. Na oficina, a experiência de cada um émuito importante para a construção de um novo fazer.Trata-se da reunião de um grupo com interessescomuns, que aprofunda um tema sob a orientação doprofessor. A organização e o planejamento sãocondições para que a oficina aconteça. Pode conterdinâmicas diferenciadas, como: palestras, atividadespráticas, dinâmicas recreativas, saídas a campo, relatode pesquisas e de experiências, vivência desentimentos, releituras de músicas, vídeos, poesias,etc.Além das estratégias citadas, outras poderão se fazerpresentes no dia-a-dia de sala de aula. Os jogos e osportfólios são exemplos de estratégias que tambémpodem ser utilizadas.

6.5 SIMPÓSIO

6.6 OFICINA(WORKSHOP)

Anotações

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7 ANDRAGOGIA:APRENDIZAGEM DO ADULTONo Ensino Superior, trabalhamos com sujeitos quechegam à universidade ainda adolescentes e que, empouco tempo, avançam para a idade adulta e, portanto,apresentando habilidades cognitivas de aprendizagemdiferentes das crianças e dos pré-adolescentes. Estaparticularidade precisa ser considerada no sentido de oprofessor conhecer melhor esses sujeitos, para que oplanejamento de ensino apresente estratégiascompatíveis aos estilos de aprendizagem dos mesmos.Estudos da psicologia também têm apontado para umprocesso evolutivo do desenvolvimento cognitivo naidade adulta, podendo o mesmo durar a vida toda,como se pode constatar em programas de educaçãopermanente ou continuada.No sentido apontado, Oliveira (1999, p. 60-61) afirmaque

Desenvolver ações pedagógicas que extrapolem apassividade do estudante adulto é oportunizar aparticipação do mesmo. O educador precisa partir dapremissa de que o adulto é um ser pensante, tem ideiaspróprias, criadas pelas experiências de vida, e expõeoralmente com uma facilidade impressionante,quando seu interlocutor lhe oferecer abertura para isso.Assim, para Pinto (1991), o educador não pode seapresentar de forma arrogante e erudita diante doadulto que busca ampliar sua formação, para que estenão se sinta inferiorizado e se torne retraído. Todas aspossibilidades de abertura que conduzem para umaconfiança mútua, entre o educador e o educandoadulto, precisam ser oportunizadas. Neste sentido,

Freire (1970) afirma que o ser humano deve ser osujeito de sua educação, destacando-a como aeducação que conscientiza ou problematiza,diferentemente da “educação bancária oudomest icadora” . A educação precisa ser“emancipadora”, capaz de habilitar o indivíduo para oauto- reconhecimento, para a interpretação darealidade que o cerca e a conscientização de suasituação.Alguns estudos atuais têm apontado para anecessidade de conhecer o processo de aprendizagemdos adultos, que não pode ser o mesmo das crianças. Aprópria palavra pedagogia ou , que tem suaorigem no grego ( = criança e = queconduz), significa, literalmente, aquele que conduz acriança. Alguns pesquisadores, então, percebendo quemuitos métodos de aprendizagem possuem direçõesespecíficas para crianças, contestam-nos no sentido deque o adulto aprende de outras formas. Por isso,introduzem a palavra andragogia, termo próprio paradesignar a educação de adultos. A este respeito,Cavalcanti (2007) apresenta um estudo, no qual citaKnowles, que, em 1970, passou a ser o disseminadordas ideias geradas por Lindermann, em 1926, de queandragogia é “a arte e a ciência de orientar os adultos aaprender”. Cavalcanti (2007) destaca, também, que,para Knowles, “à medida que as pessoas amadurecem,sofrem transformações e:

Passam de pessoas dependentes para indivíduosindependentes, autodirecionados.

Acumulam experiências de vida que vão serfundamento e substrato de seu aprendizado futuro.Direcionam seus interesses pelo aprendizado para o

desenvolvimento das habilidades que utilizam no seupapel social, na sua profissão.Passam a esperar uma imediata aplicação prática do

que aprendem, reduzindo seu interesseporconhecimentos a serem úteis num futuro distante.Preferem aprender para resolver problemas e desafios,mais que aprender simplesmenteum assunto.

Passam a apresentar motivações internas (comodesejar uma promoção, sentir-se realizadopor sercapaz de uma ação recém-aprendida etc.), maisintensas que motivaçõesexternas, como notas emprovas, por exemplo.

paidagogos

paidós agogós

Embora nos falte uma boa psicologia do adulto e aconstrução de tal psicologia esteja, necessariamente,fortemente atrelada a fatores culturais, podemosarrolar algumas características dessa etapa da vidaque distinguiriam, de maneira geral, o adulto dacriança e do adolescente. O adulto está inserido nomundo do trabalho e das relações inter-pessoais deum modo diferente daquele da criança e doadolescente. Traz consigo uma história mais longa (eprovavelmente mais complexa) de experiências,conhecimentos acumulados e reflexões sobre omundo externo, sobre si mesmo e sobre as outraspessoas. Com relação à inserção em situações deaprendizagem, essas peculiaridades da etapa de vidaem que se encontra o adulto fazem com que ele tragaconsigo diferentes habilidades e dificuldades (emcomparação com a criança) e, provavelmente, maiorcapacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobreseus próprios processos de aprendizagem.

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Cavalcanti (2007) destaca, ainda, as diferenças entreos princípios da andragogia e da pedagogia, úteisquanto às estratégias e aos planejamentos para facilitara aprendizagem do adulto (Quadro 2).

Os princípios apresentados no Quadro 2 já estão sendoutilizados, inclusive, para a administração de recursoshumanos de muitas empresas. O fato de o adultoautogerir seu próprio aprendizado, auto-avaliar-se eser capaz de desencadear um processo de motivar- setem propiciado às empresas muitas vantagens.Cavalcanti (2007) também apresenta a observação deKelvin Miller sobre a análise de que

Outros estudos apontam para diferentes maneiras eestratégias que os indivíduos adultos apresentam paraaprender, como o intitulado “estilo de aprendizagem”.Segundo Portilho (2008), são quatro os estilos deaprendizagem observados em alunos universitários,que, por meio de suas características específicas,ajudam a identificar quais estilos cada um adota nomomento de aprender:

1. Estilo Ativo: se apresenta nos indivíduos ousados,improvisadores, espontâneos, descobridores,criativos, participativos, competitivos, desejosos poraprender e que geralmente são muito falantes.

2. Estilo Reflexivo: encontra-se em pessoasponderadas, receptivas, analíticas, persistentes,observadoras, detalhistas, prudentes e que gostam deestudar o comportamento humano.

3. Estilo Teórico: predomina em pessoas maismetódicas, que buscam a lógica no que fazem; sãoobjetivas, críticas, sistemáticas, planejadoras,disciplinadas e curiosas; gostam de saber os“porquês” e buscam modelos e teorias em tudo o queconhecem.

4. Estilo Pragmático: aparece em alunos cujascaracterísticas mais expressivas são a praticidade, aeficácia, a utilidade, a segurança em si, além deserem diretos e objetivos nas coisas que fazem.Gostam de experimentar técnicas novas e atuais.As reflexões e os estudos aqui apresentados exigem,pois, a adoção de estratégias e de conceitosandragógicos nos currículos e abordagens didáticasno Ensino Superior. Não se trata de abandonar todasas metodologias tradicionais, planejadas e dirigidaspara a formação dos profissionais, mas se trata deoportunizar um aprender e um ensinar maiscompartilhado e democrático, uma relaçãohorizontal entre o mestre e o aprendente, no sentidode possibilitar, simultaneamente, a produção deconhecimento e a humildade.

estudantes adultos retêm apenas 10% do que ouvem,após 72 horas. Entretanto serão capazes de lembrar de85% do que ouvem, vêem e fazem, após o mesmoprazo... e as informações mais lembradas são aquelasrecebidas nos primeiros 15 minutos de uma aula oupalestra. (Grifos do autor).

Característicasda Aprendizagem Pedagogia Andragogia

RelaçãoProfessor/Aluno

O professor é o centrodas ações, decide oque ensinar, como

ensinar e avaliaa aprendizagem.

A aprendizagem adquireuma característica maiscentrada no aluno, naindependência e na

auto-gestão daaprendizagem.

Razões daAprendizagem

Crianças (ou adultos)devem aprender o que

a sociedade espera quesaibam (seguindo um

currículo padronizado).

Pessoas aprendem orealmente precisam saber

(aprendizagem para aaplicação prática na

vida diária).

Experiênciado Aluno

O ensino é didático,padronizado, e

a experiência do alunotem pouco valor.

A experiência é rica fontede aprendizagem, atravésda discussão e da soluçãode problemas em grupo.

Orientação daAprendizagem

Aprendizagempor assunto ou matéria.

Quadro 2 – Princípios da pedagogia e da andragogiaFonte: Cavalcanti (2007).

Aprendizagem baseadaproblemas, exigindo

amplagama deconhecimentosparase chegar à solução.

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Metodologia do trabalho científicoLes

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Construção e reconstrução de umambiente de aprendizagem para educação ad i s t â n c i a .

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ANEXO A - LEITURAS COMPLEMENTARES

1 INTRODUÇÃO

O artigo traz uma reflexão sobre o papel do professoruniversitário, em termos da didática, frente aos novosdesafios da sociedade contemporânea. Não basta apenas oprofessor tomar conhecimento da teoria que cerca o seutrabalho, refletir sobre a sua prática, sem haver umamobilização de sua ação consciente de acordo com osnovos desafios propostos.

Faz-se necessário que o profissional passeconstantemente pelo processo de formação, o qual se dá pormeio de um processo contínuo de reflexão-ação-reflexão.Deve ter em mente a importância das implicações do ofíciode docente no que se diz respeito às suas competências,planejamento, avaliação, dificuldades do corpo discente,ou seja, à sua identidade, para que o processo ensino-aprendizagem ocorra por meio de conteúdos significativos,reflexíveis, com postura flexível e utilização de avaliaçõesdiversificadas.

Além disso, depende para que ocorram mudanças, dametodologia utilizada pelo professor universitário em salade aula. Mas faz-se, também, necessário que ele coloqueem prática os quatro pilares da educação, a fim de “ser” umprofessor marcante positivamente para os alunos,construindo e vivenciando com eles atividadespedagógicas no cotidiano da sala de aula universitária.Neste sentido, a aprendizagem do professor deve sersempre atualizada, devido aos impactos das novastecnologias na sociedade e na educação.

A didática é a procura de escolha de procedimentospara que o aluno aprenda. São os métodos, recursos e

posturas utilizados pelos docentes visando à aprendizagemdo aluno. O professor universitário que não tem didática sópensa na transmissão do conteúdo trabalhado, sem seimportar com o desempenho dos alunos, ou melhor, sem sepreocupar com a formação integral do sujeito que querformar para a vida.

No entanto, é de extrema importância que o professoruniversitário tenha consciência do sentido do ensino comosendo o ato de se organizar, articular e apresentar oconteúdo, criando situações para que os alunos interajamentre si e com os conteúdos de ensino e desperte, assim, suacuriosidade. Para tanto, é necessário prever e organizar oespaço e o tempo, considerando os avanços alcançadoscomo alavanca para novas aprendizagens. O professor devese utilizar da avaliação como atividade contínua ediagnóstica.

Diante dos aspectos apontados, tem-se que considerara importância da base intelectual do profissional. Aformação do professor se dá por meio de um processocontínuo de reflexão. Para que isso ocorra, deve haver um

O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM TERMOS DADIDÁTICA, FRENTE AOS NOVOS DESAFIOS DA SOCIEDADE

CONTEMPORÂNEA²

Daniella Basso Batista Pinto³

Resumo

Palavras-chave:

Com o presente texto, objetivou-se mostrar o papel do professor universitário, em termos da didática, frente aos novosdesafios da sociedade contemporânea. Foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica referente aos conteúdostrabalhados e discutidos em sala de aula na disciplina de Didática do Ensino Superior, para buscar ideias inovadoras deautores pertinentes ao assunto, bem como para uma reflexão da teoria e mobilização da prática desses profissionais daeducação.

Professor universitário. Didática. Desafios. Sociedade. Teoria. Prática. Mobilização.

O currículo não é um veículo de algo a ser transmitidoe passivamente absorvido, mas o terreno em queativamente se criará e produzirá cultura. O currículoé, assim, um terreno de produção e de política culturalno qual os materiais existentes funcionam comomatéria- prima de criação, recriação e, sobretudo, decontestação e transgressão.

2 Disponível em: <http://www.gestaouniversitaria.com.br>.

3 Formação Acadêmica Pós-graduação stricto sensu – Mestranda em Educação, Arte e História da Cultura - Universidade Mackenzie Pós-graduação - MBA em GestãoEducacional (Monografia Científica: As competências do líder-gestor educacional na organização escolar privada) - Uni FMU (2007) Epanhol – CNA (cursando) Pós-graduaçãolato sensu – Curso de Especialização em Psicopedagogia (Monografia Científica: Os comprometimentos do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em crianças nafase de alfabetização) - Universidade Paulista - UNIP (2001) Pedagogia – Habilitação: Administração Escolar (Monografia Científica: A psicopedagogia e os problemasde aprendizagem) – Universidade Mackenzie (1997) Magistério – Colégio Sagrado Coração de Jesus (1994).

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embasamento teórico e prático de didática. O professor nãodeve ficar amarrado só às questões cognitivas, mas tambémà função do ensino.

Aprende-se a ser professor com a prática reflexiva, aqual leva à transformação de sua ação.

Isaia (2004) completa o seu pensamento, afirmandoque:

Neste sentido, o professor ideal é aquele que criasituações para desenvolver o olhar crítico e o pensamentoreflexivo. Não permanece preso a livros, vai além datransmissão de conteúdos. Permite a troca, tem o olhar alémdo que é óbvio, aceita a aproximação com o aluno(afetividade), demonstra preocupação por ele e o orienta.Valoriza e propicia situações que aumentam a auto-estima.Motiva as aulas. Procura conhecer o aluno. Não fica preso auma única estratégia. Está constantemente se atualizando.Educa para a vida, como cidadão crítico. Valoriza, assim, odiálogo e permite a integração do grupo.Ama a profissão.

O professor universitário, então, deve se preocuparcom a realização pessoal do aluno em sua totalidade, com oobjetivo de formar o homem total, aquele que aprende aconhecer, aprende a fazer, aprende a viver com os outros eaprende a ser, ou seja, desenvolve os quatro pilares nosquais a educação se baseia ao longo de toda a vida.

A Comissão Internacional sobre Educação para oséculo XXI afirma, em seu relatório para a UNESCO(1999)

Enfim, o professor ideal é aquele que marcapositivamente seus alunos. É o chamado professorinesquecível, ou seja, aquele que ensina bem, conhece bema área, aquele que não dá apenas aulas expositivas, pormelhores que sejam, aquele que alia característicaspositivas do domínio afetivo às do domínio cognitivo,aquele que planeja suas aulas, usa, em sua prática,pressupostos da teoria interacionista e articula as posiçõesteóricas na disciplina que ensina com postura políticaclara.:

Castanho (2001) conclui que o professor: “[...] ampliaos horizontes próprios e dos alunos, faz-se seguro e incutesegurança, busca a verdade a despeito de todas asdificuldades e contingências... tem anseios, dúvidas,sonhos, esperanças...”

Por falar no professor universitário, é de grandeimportância trabalhar com as atividades pedagógicasdiversificadas, as quais devem ser eficientes e eficazes paracolaborar com a aprendizagem dos alunos e melhorar aqualidade dos cursos. Neste sentido, Masetto (2003)contribui dizendo que

Vale ressaltar que há uma atividade pedagógica que éfundamental que o professor universitário desenvolva: aavaliação. Esta é capaz de motivar os alunos paradesenvolverem seu processo de aprendizagem. Por isso,deve ser formativa, contínua e processual, a fim de levar àreflexão e buscar informações para mobilizar o processo deaprendizagem e adquirir percepções que ajudarão por todaa vida. Enfim, não é uma atividade que tem como objetivoapenas medir e controlar, verificar e fazer julgamentos, masuma atividade que permite diagnosticar o que foiaprendido, detectar as dificuldades durante o processo, afim de levar o aluno a progredir e realizar com maissegurança as atividades futuras.

Educar é a atividade humana que consiste em cultivar,habilitar, ensinar, formar e elevar o indivíduo e o gênerohumano. Os valores humanos são essenciais para aformação do aluno, pois é por meio deles que se formamcidadãos conscientes de que o respeito e a solidariedade são

[...] a reflexão não é um processo mecânico esolitário, nem um simples exercício de criação ouconstrução de novas ideias, que pode ser imposto aofazer docente, mas uma prática que expressa a tomadade decisões e as concepções que temos acerca denossa ação pedagógica. (ISAIA, 2004).

A construção do papel do de ser professor é coletiva,se faz na prática de sala de aula e no exercício deatuação cotidiana, seja na escola, seja nauniversidade. É uma conquista social, compartilhada,pois implica em trocas e representações. Assim, asformas mais úteis de representação das ideias, asanalogias, ilustrações, exemplos, explicações edemonstrações, a maneira de representar e formular amatéria, para torná-la compreensível, revela acompreensão do processo de ensinar e de aprenderpelo professor. O domínio desses aspectos éfundamental na construção do conhecimentopedagógico pelo professor.

A educação deve organizar-se em torno de quatropilares fundamentais que serão de algum modo paracada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprendera conhecer, isto é, adquirir os instrumentos dacompreensão; aprender a fazer, para poder agir sobreo meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim departicipar e cooperar com os outros em todas asatividades humanas; finalmente aprender a ser, viaessencial que integra as três precedentes.

O professor é um artesão numa prática pessoal,integrando as várias contribuições das váriasdisciplinas, capaz de auto-observação, auto-avaliação e auto-regulação. Ensina a caminhar compassos firmes e também ensina o fascínio do ousar.Ensina trilhas e desenvolve o atrevimento de sair dastrilhas aprendidas. (CASTANHO, 2001).

[...] sempre que desenvolvemos atividadespedagógicas com a preocupação de criar melhorescondições para a aprendizagem dos alunos,conseguimos motivá-los para o estudo dasdisciplinas, envolvê-los com sua formaçãoprofissional e tornar significativo para eles o curso degraduação [...]

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os pilares da sociedade. É com a transmissão desses valoresque o professor universitário deve se preocupar ao formarseus alunos para a vida.

Ao ensinar, o professor está participando de umprocesso de autoconhecimento e autotransformação. Nestesentido, a aula deve ser transformada em palco de discursose práticas direcionadas para a autonomia e liberdade, ondeas inteligências são somadas, onde cada professor aprendea ter amor por aquilo que realiza e estimula as capacidades eas inteligências dos alunos. Somente assim haverá atransformação tão sonhada por todos.

Infelizmente, o aluno como pessoa não é preocupaçãopara muitos professores. Para eles, o conteúdo é maisimportante e, se está atrasado e precisa ser atualizado, passaa ser o cerne das suas relações com os alunos.Assim, os diaspassam, os alunos passam os professores vão passandorapidamente por esses dias sem deixarem marcas profundasnaquilo que realizam.

Os professores têm que repensar o seu papel. Precisamdesenvolver as competências de criar, estruturar, dinamizarsituações de aprendizagem e estimular a aprendizagem e aautoconfiança nas capacidades individuais. O educadorprecisa agir na mesma lógica das capacidades e das atitudesque pretende ajudar a desenvolver nos alunos. Enfim, temde se considerar num constante processo de autoformação eidentificação profissional.

O grande desafio para os professores será ajudar adesenvolver nos alunos as capacidades de trabalhocooperativo e também o espírito crítico. Mas este não sedesenvolve por meio de monólogos expositivos, e sim nodiálogo, no confronto de ideias e práticas, na capacidade deouvir o outro, a si próprio.

O professor universitário deve estar a todo o momentose reciclando, se questionando, para que haja mobilizaçãoem sua prática. Deve buscar caminhos a fim de aprimorar eaprofundar seus conhecimentos e suas habilidades e setornar, a cada dia, marcante, ideal e fascinante no processoensino-aprendizagem. Para tanto, deve repensar em suapostura didático-pedagógica, considerando a noção deprofessor reflexivo que se baseia na consciência dacapacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o serhumano como criativo, e não como mero reprodutor deideias e práticas que lhe são exteriores.

REFERÊNCIAS

CASTANHO, S. (org). Temas e textos em metodologiado ensino superior. 3. ed. São Paulo: Papirus, 2001.

DEMO, Pedro. O novo papel dos professores. FolhaDirigida, São Paulo, 17 a 23 out. 2003. ano X, nº 1017.Suplemento.

ISAIA, S. M. et al. Formação do professor do EnsinoSuperior: um processo que se aprende? Revista do Centrode Educação, Santa Maria, nº 2, v. 29, p. 121-133, 2004.

MASETTO, Marcos T. Competência pedagógica doprofessor universitário. São Paulo: Summus, 2003.

PERRENOULD, Philippe. Construir as competênciasdesde a escola. PortoAlegre:Artmed, 1999.

RELATÓRIO PARA A UNESCO DA COMISSÃOINTERNACIONAL SOBRE A EDUCAÇÃO PARA OSÉCULO XXI. Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed.Cortez, 1999.

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Por Ética, entende-se o conjunto de princípiosuniversais que norteiam a ação humana em seu amploespectro, mas que de modo estrito aplica-seespecialmente à política (relações de Cidadania) e àspráticas profissionais (relações resultantes da divisãosocial do Trabalho). Sujeito de direitos e obrigações naSociedade, o Homem, por sua Razão e Vontade Livre,soergue coletivamente, pela Cultura, o espírito. Porisso, inerente a toda e qualquer abordagem ética que sefaça nos estudos da Sociedade, levanta-se a questão daEducação e dos educadores como problema central, oinício do Pensamento Grego. Em vários de seusdiálogos, Platão, entre outros, explicita a necessidadede uma educação primorosa, formando-se, assim, umacasta de Dirigentes Filósofos .

Sempre coube à Família a tarefa de educar, deinculcar nas novas gerações os valores fundamentaisde suas respectivas culturas. Com a RevoluçãoIndustrial e com o advento da Era Tecnológica, pelacomplexidade da divisão social do Trabalho e dasnecessidades de força de trabalho altamenteespecializada, de um lado, e grandemente versátil deoutro, as exigências de conhecimento e de diversidadede habilidades pediram a constituição de poderosasestruturas de ensino e de aprendizagem. Estas, por suavez exigiram mestres com idênticas habilidades:conhecimento aprofundado e versatilidade nas açõespedagógicas, tanto em sala de aula quanto em outrasmodalidades de aprendizagem. O processo de ensino ede aprendizagem prevê ao Mestre Professor a missãode ser a pedra de toque (a Pedra Filosofal dosalquimistas), aquele elemento na presença do qual serealiza o milagre da transformação do “chumbo emouro”. Da própria Alquimia veio a noção do termo“catalisador”. É esse o papel do Professor. O processoé interior ao aluno; o personagem central é a própriatransformação que acontece no âmago dos alunos: omilagre da passagem da ignorância ao saber. Esse

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VALORES FUNDAMENTAIS DOMAGISTÉRIO

milagre só é comparável ao das Bodas de Caná (Jo.2,1-12) e à “transubstanciação”, pela qual, por força domilagre sacramental (ex ), pão e vinhosão transformados no Corpo e no Sangue do Senhor(concepção medieval que trai a influência alquímica).Feita a comparação, o “milagre” de fato ocorre narelação ensino e aprendizagem plena quando assistidapelo Professor.

Mas, então, não é possível o autodidatismo ?Sempre é possível, mas, muito mais custoso,demorado, muito mais sofrido e doloroso. Para asuperação desse impasse, constitui- se o Mestre,apontando caminhos, mostrando atalhos . Mais ainda:o Professor é a ponte com a Consciência, com a FonteColetiva do Saber. Dessa forma, a própria relaçãoProfessor-Aluno é o sujeito (autor da ação) doprocesso de ensino e de aprendizagem.

VALORES ESPECÍFICOS DA PRÁTICAMAGISTERIAL

Os valores enraízam-se em nosso ser duplamente:pela Razão, já que a esta cabe a função de(piloto navegador, em grego), planejador, e peloCoração, a fonte perene da energia vital. Esta energiadeve tomar a forma da cordialidade, que predispõe aobom humor como forma de ser. “Bom humor” é o frutodireto da harmonia entre o corpo e o psiquismo,produzindo os “humores espiritualizados”, tudo o quese denomina como “bons modos”, delicadeza semafetação e disponibilidade irrestrita (estar totalmente“presente”). De outro lado, é fácil perceber que pessoamal-humorada é como maçã estragada: acaba porcontaminar o cesto todo.

Cordialidade e bom humor são o “assoalho doCastelo de Camelot”, o castelo da dedicação à causa,da busca do Santo Graal, o Amor. Este é a liga, ocimento, que une as pessoas, fundindo-as em um únicodestino: a felicidade. Assim, a cordialidade, o bomhumor e o ideal da dedicação à causa acabam por levarfinalmente à meta. O Professor deve adotar essesvalores como a força capaz de efetivamente tornar reala aprendizagem.

opereoperato

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PRINCÍPIOS ÉTICOS QUE REGEM A PRÁTICA DO ENSINO SUPERIOR4

Prof. Sálvio Alexandre Müller5

4 Arquivo particular do autor.5 Graduado pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira (1975), com especialização pela Universidade Federal de Santa Catarina (1980) e mestrado pelaUniversidade Federal de Santa Catarina (1987). (In memorian).6 Especialmente no diálogo A República, o citado filósofo expressa com ênfase a necessidade que tem a polis de governantes sábios que possam governar mesmosem lei. O próprio Mito da Caverna (cap. 7 do referido Diálogo) não deixa de ser uma visão mística do Mestre.7 Deve-se ter cuidado nas críticas ao Ensino a Distância. O contato do aluno com os professores é fortemente acentuado pelo Material de Aprendizagem,embora seja pequena fisicamente.8 Sócrates, sabedor do tremendo esforço dessa passagem da ignorância ao saber, compara-o ao trabalho de parto e, em honra a sua mãe, que era parteira, o Filósofodenominou sua metodologia de ensino com o termo “maiêutica”.

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Outro conjunto de valores que deve ser levado emconta são os recursos que os modernos processos dec o m u n i c a ç ã o d i s p õ e m , f a c i l i t a n d oextraordinariamente a busca dos dados doconhecimento. Antes, os demorados processos para aobtenção desses dados encareciam e retardavam aprodução de novos conhecimentos. Esses novosprocessos têm como seu paradigma máximo a redemundial de dados (internet).

Por outro lado, multiplicam-se os meiosaudiovisuais de grande efeito, meios auxiliares doensino, que espetacularmente implementam osprocessos gerais da comunicação. Esta, em suaplenitude, leva, também, à Consciência infinita deDeus e à própria consciência, quando esta perder oscontornos limitadores do ego.

A comunicação, na e para a didática, é a própriaessência do processo ensino e aprendizagem.Cordialidade e bom humor conformam apredisposição que antes se chamou de “assoalho deCamelot”, a base da utopia pessoal.

A comunicação também faz emergir as virtudes dobom Professor, em parte inatas, em parte adquiridaspela prática ascética, traduzida em um enorme esforçopessoal. O cultivo dessas virtudes impede igualmentea florescência dos vícios correlatos, o lado sombrio dapersonalidade, repleto de manias, cacoetes edesagradáveis manifestações do descontroleemocional. Vale a pena dar uma passada de olhosnessas virtudes e nesses vícios que, respectivamente,elevam o Professor ao êxtase de uma aula perfeita ou oatiram no inferno e no caos de uma aula sem controle.

Aparentemente, o que se abordará aqui poderáparecer uma lição de psicologia educacional ou deformação da personalidade. Embora tambémacompanhem esse contexto, os fundamentos datipologia dos professores propostos neste textoefetivamente vão muito além disso. É uma propostamuito antiga, mas que não perdeu sua força explicativae está fazendo sucesso acadêmico nos EstadosUnidos . Fornece uma compreensão mais operacionaldo inter-relacionamento das pessoas, possibilitando asuperação dos entraves e ruídos nesses processosinterativos, o que, sem dúvida, representou um beloachado intelectual para se dar conta das relaçõesprofessor/aluno.

Uma das possíveis formas de apresentação desseparadigma é o de nove díades, cada uma constituída dovício dominante na personalidade e da virtude querepresenta sua superação . Que superação é esta? É o

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início de um caminho áspero em direção à “aulaperfeita” que, sem dúvida, jamais será alcançada, masque, a cada dia, estará mais próxima. Eis as díades(Quadro 1).

Aprimeira díade tem como vício dominante a raiva,proveniente da frustração que decorre da concepçãodemasiado estreita que se tem do mundo e do Cosmos.Quer-se a realidade reduzida à própria medida. Opequenino ego, utilizando-se da Razão, quer tomar olugar pertinente à Consciência absoluta. Aferra-se aosdogmas, que se parecem efetivamente à suprema eabsoluta Verdade. O protótipo histórico sob influênciamarcante dessa díade é o inquisidor espanhol, odominicano Frei Tomás de Torquemada. Condenoumilhares de judeus e hereges à fogueira em nome daortodoxia católica, no final do séc. XV.

Como Professor, “dá conta do recado”, emboratenha enorme dificuldade de aceitar a opinião dosalunos. É de “marcar” certos alunos e os “persegue”pelo simples fato de pensarem diferentemente e comliberdade. Se os alunos persistirem em suacontestação, transtorna-se e entra em crise histérica,capaz de agir impulsivamente, como arremessar umacaneta contra os mesmos.

Esse Professor tem necessidade de desenvolversentimentos de Misericórdia, de abrir os horizontespara além de seu estreito casulo. Esse Professor cricrideve buscar a Magnanimidade (grandeza de alma:

+ ), de tal forma que, em vez de encolher,magna anima

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Quadro 1 – As díadesFonte: Elaborado pelo autor.

VÍCIO

Ira

Orgulho

Vaidade

Inveja

Avareza

Medo

Insaciabilidade

Luxúria

Preguiça

VIRTUDE

Misericórdia

Humildade

Plenitude

Despreendimento

Generosidade

Coragem

Sabedoria

Moderação

Amor

9 Faz-se referência aqui ao eneagrama, uma tipologia das personalidades originária provavelmente do Oriente, com o objetivo de servir de “caminho para oaperfeiçoamento”, uma passagem segura dos vícios às virtudes.10 Por que “uma das possíveis formas”? Porque a determinação dessa forma dependerá do objetivo que se queira atribuir a determinado trabalho. Neste texto,visam-se focar os vícios que entravam o processo de ensino-aprendizagem, juntamente com a respectiva virtude, na conquista da qual alcançará o ponto onde teráinício sua marcha rumo à perfeição do exercício profissional. Outra forma seria, por exemplo, a conquista do equilíbrio emocional na vida familiar; outra, ainda, a busca

da consciência de si, etc.

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expanda seu espírito para gestos acolhedores.A segunda díade apresenta-se sob a forma do

Orgulho. O Professor que “veste” essa fantasianormalmente é um bom Mestre, principalmenteprestimoso e cooperativo. Seduz seus alunos com seudiscreto charme. Tem boa capacidade de trabalho e éresponsável. Entretanto, faz tudo isso apenas para suasatisfação pessoal. Trata bem os alunos, mascondicionalmente. E a condição que ele lhes impõe élhe deverem “eterna” gratidão. Tem enormedificuldade para aceitar a “ingratidão” (ou o que elejulga que ela seja). Sente necessidade de rodear-se debajuladores e de colaboradores e acólitos que rendamsubmissa homenagem ao seu ego inflado. Ai do alunoque se atravessar em sua brilhante e gloriosa trajetóriaacadêmica! Julga-se estrela de raro brilho e desdenha,de uma ou de outra forma, seus colegas de Magistério.

A salvação desse Professor está no exercíciocotidiano da Humildade, isto é, no reconhecimento desuas reais limitações e na disponibilidadeincondicional ao exercício do Magistério. Devereconhecer se como simples instrumento dentro doprocesso de ensino e aprendizagem, largando mão dafalsa idéia de que ele seja necessário nesse processo.“Vocês sabem alguma coisa porque eu os ensinei. Semmim, vocês nada sabem e a nada chegarão”. Orgulho eSoberba: a figura mítica que melhor caracteriza essadíade é Lúcifer (Feito de Luz), que se compara a Deus(Consciência absoluta). Derrotado, é exilado aosabismos do Tártaro.

A terceira díade configura normalmente um padrãobrilhante de Professor, o chamado . Ativo, asmais das vezes alegre e comunicante, é, até certoponto, ele próprio o espetáculo. Suas palestras sãoconcorridas; um sucesso de vendas! Entretanto, após oprimeiro choque, inicia-se um processo deesvaziamento. As aulas tornam-se repetitivas, epercebe-se que tudo não passou de encenação armadapelo vício da Vaidade (em latim , derivada de

, vazio).A máscara do sucesso esconde um coração vazio,

sem emoções. A realidade é reduzida a algumas desuas possíveis representações, invariavelmente asmais charmosas. Tal Professor não se preocupa comseus alunos, a não ser enquanto claque, platéia.Também não lhe interessa conhecê-los em seusanseios e em suas angústias. Tudo o que lhe interessa éo aplauso. Normalmente, veste-se bem, apresentamodos de comportamento Impecáveis. Mas, atrás damáscara, nada existe.

A recuperação desse profissional de ensino está,

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showman

vanitate

vanu

inicialmente, em restituir-lhe a auto-estima ou,mesmo, presenteá-lo com ela. Como se alienou emcerto momento de si mesmo, agora necessitaplenificar-se e harmonizar-se interiormente,procurando aprofundar seus conhecimentos eaprimorar sua sensibilidade falando menos eescutando mais.

A quarta díade retrata normalmente um Mestre emoposição ao anterior. Trata-se aqui de um Professorconhecido por “Senhor Desastre”. Suas aulas sãoconfusas pelo fato de não conseguir construir ummodelo adequado de Ensino. Aliás, a principalcaracterística sua é não conseguir se prender a umplano. É o caos; os alunos se dispersam, perdem aconcentração; o Professor se dispersa mais ainda,trazendo à baila assuntos não previstos no Plano deAprendizagem. Não consegue disciplinar seus alunosque, por sua vez, não conseguem aceitar a aula caótica,armando-se, assim, um grande hiato na formação dosfuturos profissionais.

O vício dominante na estrutura dessa personalidadeé a Inveja. Esse vício brota da falta de esperança(desespero), da sensação terrível de ter sidoabandonado pela Divindade. Olha ao seu redor epercebe a alegria (é muito sensível) que existe nomundo, deprime-se mais ainda e dá vazão à amargura,à inveja e ao ciúme. Vale a pena assistir ao filme“Agonia e Êxtase”, pois Michelangelo Buonarottienquadrava-se nessa díade.

Para recuperar esse profissional, é preciso,primeiramente, dar-lhe ciência de sua origem divina,da mesma forma como acontece com uma fagulha daGrande Fogueira Cósmica que, após ser expelida,retorna à chama central. Depois disso, esseprofissional deverá, com verdadeiro empenho,cultivar em si a virtude do Desprendimento. Como édono de uma sensibilidade acentuada, um bomcaminho em direção a essa virtude é a expressãoartística. Com a arte, lhe advirá a capacidade de seorganizar e, a partir do gozo estético, o desprender-seda autocomiseração. Sem dúvida, será um excelenteProfessor.

Sobre os mascarados da quinta díade, tem-se a dizerque correm mais piadas sobre suas(mancadas) do que queixas de suas aulas. Sãoprofessores que, literalmente, escondem um vasto eprofundo saber. Apresentam grande dificuldade deexpressar o que sabem. Suas aulas são monótonas esem vida; não há prazer nem energia disponível. Otédio se instala entre os alunos, bloqueando a energiacatalisadora que dele deveria emanar. O maiorproblema dessas aulas não é o caos que possa se

boutades

11 É preciso lembrar a definição de “necessário”: aquilo que não pode não ser

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instalar. É a inércia, a ausência de qualquermovimento, de algum sinal vital, indicando que aindaocorre algo ligado ao processo de ensino e deaprendizagem. O vício que provoca em sala de aulaesse verdadeiro buraco negro é a Avareza, definidacomo a incapacidade de partilhar com os outros algoque se considera seu. O avarento não sonega apenasdinheiro, mas também, e principalmente,conhecimento.

Exemplo acabado de avarento é o personagem “TioPatinhas”, criado por Walt Disney, e, por sua vez,Ebenezer Scrooge, calcado no personagem criado porCharles Dickens, no seu Conto “A Christmas Carol”(1843). Do lado do conhecimento, exemplo marcantede avarento é Albert Einstein, que revolucionou aFísica Clássica enquanto trabalhava numdepartamento burocrático do Estado Suíço. Só maistarde foi Professor em grandes universidadesamericanas. Hoje, reúnem-se em uma só pessoa osdois “avarentos” (Tio Patinhas/Scrooge e Enstein): oempresário americano Bill Gates, que serve, também,de maravilhoso exemplo de superação pela filantropia.

Como salvar este avarento de seu abismodevorador? Primeiramente, pelo Conhecimento. Esteleva o Professor a ver com clareza os infinitosdesígnios da Consciência absoluta. Ele pode, assim,pregustar da própria Onisciência divina. Em segundolugar, pela prática da generosidade, que o faz abrir-sesem temor, de ver-se espoliado pelos seus alunos.Assim, ter-se-á gerado um gênio.

Quanto à sexta díade, os que se encontram detrás desuas máscaras caracterizam-se pelo medo que lhes róias entranhas. Trata-se de um medo visceral que ostorna ansiosos e incapazes de relaxar. São bonsprofessores, sérios e honestos, e costumam depositarinteira confiança em seus alunos. Mas, por issomesmo, serão traídos uma única vez.Ai dos alunos quese atreverem a tanto!

Para uma pessoa acossada pelo medo, a traição é opior dos pecados. Para recuperar o Professor da sextadíade, encarcerado no medo, será necessárioreconquistar-lhe a confiança na Humanidade. Eleprecisa acreditar na bondade intrínseca do homem e naJustiça divina. Com isto, nascerá dentro dele a grandevirtude da coragem que, para Sócrates, era a maior dasvirtudes. Somente pela coragem é possível evoluir emanter a esperança de uma sobrevivência na e pelaConsciência universal. Munido dessa coragem, oProfessor será capaz de não só participar ativamentedo processo ensino e aprendizagem, como também dese tornar um grande e verdadeiro Mestre para seusdiscípulos durante e depois de seus estudos.

Quanto à sétima díade, tem-se a afirmar que cobre

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grandes aventureiros, até mesmo brilhantesobservadores de muitas e muitas coisas e, emconseqüência, provavelmente alguns deles tambémacabarão por se transformar em bons conferencistas.Mas, para o processo ensino e aprendizagem, revelamalguns graves defeitos. São por demais loquazes esuperficiais. Tendem a buscar, mesmo na pesquisamais séria, o lado prazeroso e mais descomprometido,mesmo com sacrifício da maior cientificidade. Há umadose não desprezível de irresponsabilidade,mostrando um vício específico de sua situação: a Gula.Trata-se de uma exagerada abertura para o exterior desi e da sala de aula, uma constante necessidade decoisas novas, de outras pessoas e de novas relações,num frenesi de atividades díspares, desfocando-se,assim, os objetivos propostos no planejamento dadisciplina.

As conseqüências não-desejáveis acontecerão. Osalunos também se dispersarão e passarão a manifestargrande insegurança, principalmente no que tange àavaliação: não sabem o que estudar para a prova; nãosabem que trabalhos desenvolver; não sabem o que éessencial, importante ou apenas assessório nodesenvolvimento da disciplina.

Como corrigir esse Professor? Antes de mais nada,é preciso discipliná-lo e convencê-lo a disciplinar seusalunos. Esta é a regra número um no processo deensino e aprendizagem. E o primeiro a aplicar a regratem de ser o Professor. Não é possível impingir aosalunos uma norma se o professor não a respeita comotal. O exemplo de vida é a única maneira de transmitiros valores. A isso se chama Sabedoria. A virtudecorrige o Professor “guloso” que, na prática do ensino,só sabe “viajar”.

A oitava díade abriga leões, personalidades comsede de poder. Ora, poder é Luxúria. Esse vício é abusca, pura e simples, da intensidade. Assim, não lhesinteressa o que fazem, mas a intensidade com que ofazem. O “certo” e o “errado” parecem não lhes dizerrespeito, tanto quanto justo ou injusto ou, ainda, seprejudicam ou não a terceiros. São amorais,egocêntricos, o que lhes tira a visão e a experiência datranscendência. Preocupam-se apenas com aintensidade da experiência, donde possam extrair omáximo de emoções. Suas aulas, por isso mesmo,tendem a ser pesadas. São inflexíveis no “passar” amatéria; exigem de todos os alunos uma performancegeralmente muito acima do normal. “Divertem-se”com a conseqüente gritaria e lamúrias dos estudantes;apresentam algo de prazer sádico (Luxúria) emproduzir esse “terror” entre os alunos.

Como domar esses “leões”, ainda mais por obteremnormalmente bons resultados em seus trabalhos e

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12 A expressão buraco negro pertence ao jargão da Astronomia e define uma estrela que implode, gerando tamanha energia gravitacional que até mesmo a luz é absorvida.

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serem grandes mobilizadores de recursos para auniversidade? Além disso, pela disciplina queconseguem impor aos alunos, elevando o padrão e operfil dos egressos, bem como pela própria e enormecapacidade de trabalho, acabam por se impor, também,nos Departamentos e Conselhos. Grandes realizadorese batalhadores incansáveis. Conseguir mudar o focodesses Professores não é tarefa fácil e, muito menos,bem recebida pelos próprios.

Mas, trata-se de algo que deve ser feito. É precisomostrar-lhes que a imposição é a formacompletamente equivocada de se estabelecer um bompadrão de conhecimento e que esta inibe acriatividade, essencial ao desenvolvimento doConhecimento e a evolução da Consciência absoluta.Deve-se convencê-lo do acerto do que afirma oEvangelho: “Bem-aventurados os mansos, porquepossuirão a terra” (Mt. 5, 5). A moderação de seuímpeto realizador é a única maneira de diminuir atensão que costuma criar em sala de aula.

Finalmente, a nona díade, a “máscara” docamaleão, a partir de onde se apresenta umpersonagem que, em sala de aula, representa sempreum enigma. Jamais se pode saber, ou antever, o queacontecerá em uma aula dirigida por ele. Poderá seruma brilhante aula, ou apenas um caos, ou, ainda, umaburocrática e insossa “passada de matéria”. Istodependerá do “humor de camaleão” que podeacometê-lo no próprio transcurso da aula. Isso se deveao vício que afeta a personalidade do Professor sobessa díade. Em grego, esse vício era denominado

, com o significado de “indolência”.Usa-se, também, o termo “preguiça”, mas

indolência é mais que preguiça; é “preguiça de ser”.Essa personalidade, em algum momento de suaexistência, perdeu a si mesma, “perdeu sua face”; não évisível a si mesma; não tem noção de sua importânciapara o mundo. Portanto, não tem acesso ao Amor porausência de amor próprio. É órfão de si mesmo.

Profissionalmente, é um excelente cumpridor deordens e apegado às suas funções. Entretanto, écarente de iniciativas, não por incapacidade, mas para“não aparecer”, não chamar a atenção dos demais.Esconde-se como se fosse continuamente apontadocomo culpado.

É bom Professor; bom demais! Domina a sala deaula com relativa facilidade, mas tem enormedificuldade de “cobrar desempenho” dos alunos. Nãoconsegue ser objetivo, e o resultado não é satisfatório.Acaba aprovando todos os seus alunos, premiando,assim, os maus e prejudicando os bons.

Onde buscar a solução para o “camaleão”? Trata-sede ajudá-lo a se redescobrir e ao seu valor para o grupo.

acídia

Lentamente (trata-se de Personalidades que semobilizam com lentidão), caminhará à plenitude de si

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