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MÉTODOS CIENTÍFICOS Mostrar os métodos que proporcionam as bases lógicas à investigação científica. INTRODUÇÃO A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). De forma breve veja a seguir em que bases lógicas estão pautados tais métodos. MÉTODO DEDUTIVO Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo: Exemplo: Todo homem é mortal. .....................................(premissa maior) Universal Geral.

Métodos Científicos

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MTODOS CIENTFICOS

Mostrar os mtodos que proporcionam as bases lgicas investigao cientfica.

INTRODUO

A investigao cientfica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e tcnicos (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os mtodos cientficos.Mtodo cientfico o conjunto de processos ou operaes mentais que se devem empregar na investigao. a linha de raciocnio adotada no processo de pesquisa. Os mtodos que fornecem as bases lgicas investigao so: dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo, dialtico e fenomenolgico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).De forma breve veja a seguir em que bases lgicas esto pautados tais mtodos.

MTODO DEDUTIVO

Mtodo proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupe que s a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocnio dedutivo tem o objetivo de explicar o contedo das premissas. Por intermdio de uma cadeia de raciocnio em ordem descendente, de anlise do geral para o particular, chega a uma concluso. Usa o silogismo, construo lgica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de concluso (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clssico exemplo de raciocnio dedutivo:Exemplo:Todo homem mortal. .....................................(premissa maior) Universal Geral.Pedro homem. ......................................(premissa menor) Particular ou Singular.Logo, Pedro mortal. .............................................(concluso)

Outros exemplos:

Tudo o que espiritual incorruptvel.Ora, a alma humana espiritual.Logo, a alma humana incorruptvel."A alma humana incorruptvel" uma verdade menos geral do que a que enuncia que "tudo o que espiritual incorruptvel".

Todos os homens so pecadores;Joo homem;Logo, Joo pecador.

O metal conduz eletricidade.Ora, o ferro um metal.Logo, o ferro conduz eletricidade.

A expresso principal deste raciocnio o silogismo.

MTODO INDUTIVO

Mtodo proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento fundamentado na experincia, no levando em conta princpios preestabelecidos. No raciocnio indutivo a generalizao deriva de observaes de casos da realidade concreta. As constataes particulares levam elaborao de generalizaes (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clssico exemplo de raciocnio indutivo:

Antnio mortal.Joo mortal.Paulo mortal....

Carlos mortal.Ora, Antnio, Joo, Paulo... e Carlos so homens.Logo, (todos) os homens so mortais....

Como o raciocnio consiste em se servir do que se conhece para encontrar o que se ignora, dois casos podem produzir-se, conforme seja o que se conhece inicialmente uma verdade universal (raciocnio dedutivo), ou um ou vrios casos singulares (raciocnio indutivo).O raciocnio dedutivo. O raciocnio dedutivo um movimento de pensamento que vai de uma verdade universal a uma outra verdade menos universal (ou singular).O raciocnio indutivo:Oraciocnio indutivo um movimento de pensamento que vai de uma ou vrias verdades singulares a uma verdade universal. Sua forma geral a seguinte:

O calor dilata o ferro, o cobre, o bronze, o ao.Logo, o calor dilata todos os metais.

o ferro conduz eletricidade, o cobre, tambm, o zinco, tambmferro, o cobre, o zinco so metais.Logo, o metal conduz eletricidade.

O ferro, o cobre, o zinco conduzem eletricidade.Ora, o ferro, o cobre, o zinco so metais.Logo, o metal conduz eletricidade.

MTODO HIPOTTICO-DEDUTIVO

Proposto por Popper, consiste na adoo da seguinte linha de raciocnio: quando os conhecimentos disponveis sobre determinado assunto so insuficientes para a explicao de um fenmeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, so formuladas conjecturas ou hipteses. Das hipteses formuladas, deduzem-se conseqncias que devero ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqncias deduzidas das hipteses. Enquanto no mtodo dedutivo se procura a todo custo confirmar a hiptese, no mtodo hiptetico-dedutivo, ao contrrio, procuram-se evidncias empricas para derrub-la (GIL, 1999, p.30).

MTODO DIALTICO

Fundamenta-se na dialtica proposta por Hegel, na qual as contradies se transcendem dando origem a novas contradies que passam a requerer soluo. um mtodo de interpretao dinmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos no podem ser considerados fora de um contexto social, poltico, econmico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

MTODO FENOMENOLGICO

Preconizado por Husserl, o mtodo fenomenolgico no dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrio direta da experincia tal como ela . A realidade construda socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Ento, a realidade no nica: existem tantas quantas forem as suas interpretaes e comunicaes. O sujeito/ator reconhecidamente importante no processo de construo do conhecimento (GIL, 1999; TRIVIOS, 1992).Empregado em pesquisa qualitativa.

Mtodo dedutivo

De acordo com a acepo clssica, aquele que parte de verdades universais para obter concluses particulares, ou seja, parte de teorias e de leis gerais para a determinao ou previso de fenmenos particulares. Trata-se de objetos ideais, pertence ao nvel da abstrao sendo, portanto, muito utilizado na Lgica e na Matemtica, mas de menor aplicao nas cincias sociais. defendido pelos racionalistas como Descartes, Spinoza, Leibniz, segundo os quais apenas a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.Destina-se a demonstrar e a justificar e exige aplicao de recursos lgico-discursivos.Esse mtodo tem como critrios de verdade a coerncia, a consistncia e a no-contradio.O prottipo da deduo o silogismo, um raciocnio lgico composto que, a partir de duas preposies chamadas premissas, chega a uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominada concluso.O mtodo dedutivo recebeu crticas no sentido de ser apontado como um raciocnio essencialmente tautolgico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Nesse sentido, quando se aceita, por exemplo, que todo homem mortal e cita-se o caso de Joo, nada adicionado, pois essa caracterstica j foi inserida na premissa maior. Alm disso, devido ao carter apriorstico do raciocnio dedutivo, partir de uma afirmao geral significa supor conhecimento prvio.

Mtodo indutivo

A induo percorre o caminho inverso da deduo, ou seja, a cadeia de raciocnio estabelece conexo ascendente do particular para o geral. Assim, so as condies particulares que levam s teorias e leis gerais. O raciocnio indutivo parte do efeito para as causas, exigindo verificao, observao e/ou experimentao. O mtodo indutivo nasceu com a filosofia moderna, defendido pelos empiristas, como Bacon, Hobbes, Locke, Hume, para os quais o conhecimento fundamentado na experincia, sem levar em considerao princpios estabelecidos. O mtodo trata de problemas empricos, e a generalizao deve ser constatada a partir da observao de casos concretos suficientemente confirmadores da realidade. As concluses so provveis, no contidas nas premissas.Para que ocorra induo necessrio que as observaes sejam muitas e repetidas sob ampla variedade de situaes. Alm disso, nenhuma proposio de observao deve conflitar com a lei universal derivada. possvel um argumento indutivo ser falso, embora suas premissas sejam verdadeiras e ainda assim no haver contradio. Isso ocorre quando h uma (ou mais) proposio de observao (hiptese) logicamente possvel, mas inconsistente, isto , se essas premissas fossem estabelecidas como verdadeiras, terminariam por falsificar o argumento.Dizer, por exemplo, que todas as frutas que caem das rvores esto maduras um fato logicamente possvel, mas inconsistente.O mtodo indutivo, mesmo tendo reconhecida a sua importncia, recebeu inmeras crticas. Uma delas, feita por David Hume (1711-1776), decorre do fato de o raciocnio indutivo no transmitir certeza e evidncia. Alm disso, a generalizao exigiria a observao de todos os fatos, como defende Karl Popper em sua obra A lgica da investigao cientfica.

Mtodo hipottico-dedutivo

Mtodo desenvolvido por Popper, em 1935, que parte da percepo de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual se formulam hipteses e, pelo processo de inferncia dedutiva, testa a predio da ocorrncia de fenmenos abrangidos pela hiptese (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 106). No mtodo hipottico-dedutivo, o cientista, combina observao cuidadosa, habilidade nas antecipaes e intuio cientfica, para alcanar um conjunto de postulados que regem os fenmenos de interesse; a partir da, deduz as conseqncias observveis e verifica as conseqncias por meio de experimentao, refutando ou substituindo os postulados, quando necessrio, por outros e assim prosseguindo. Historicamente relacionado com a experimentao, esse mtodo uma tentativa de equilbrio entre os mtodos indutivo e dedutivo.Gil (2006, p. 30) apresenta o mtodo hipottico-dedutivo a partir do seguinte esquema: ---Trata-se de um mtodo bastante usado em pesquisas das cincias naturais que no se limita generalizao emprica das observaes realizadas, podendo-se, atravs dele, chegar construo de teorias e leis.

Mtodo dialtico

O conceito de dialtica usado desde a Antiguidade, embora o sentido tenha se alterado ao longo dos sculos. No mtodo dialtico tudo visto em constante mudana, pois sempre h algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma. possvel, segundo Gil (2006, p.31), identificar alguns princpios comuns a toda abordagem dialtica:a) Princpio da unidade e da luta dos contrrios (unidade dos opostos) os fenmenos apresentam aspectos contraditrios, que so organicamente unidos e constituem a indissolvel unidade dos opostos. Os opostos no se apresentam simplesmente lado a lado, mas em estado constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte do desenvolvimento da realidade.b) Princpio da transformao das mudanas quantitativas em qualitativas - Quantidade e qualidade so caractersticas imanentes (inerentes) a todos os objetos e fenmenos, e esto inter-relacionados. No processo de desenvolvimento, as mudanas quantitativas graduais geram mudanas qualitativas e essa transformao opera-se em saltos.c) Princpio da negao da negao (mudana dialtica) - O desenvolvimento processa-se em espiral, isto , suas fases repetem-se, mas em nvel superior. A mudana nega o resultado e o resultado, por sua vez, negado, mas essa segunda negao conduz a um desenvolvimento e no a um retorno ao que era antes.

Mtodo Fenomenolgico

Gil (2006, p. 32) inclui este mtodo entre os de abordagem. Desenvolvido por Edmund Husserl (1859-1938) preocupa-se em entender o fenmeno como ele se apresenta na realidade, isolando-o de influncias, embora mais tarde, durante a verificao e comprovao dos resultados obtidos, as relaes abandonadas possam ser levadas em considerao. Nesse sentido, prope a estabelecer uma base segura, livre de pressuposies, para todas as cincias e consiste em mostrar o que dado e em esclarecer esse dado. Sua adoo implica uma mudana radical de atitude em relao investigao cientfica. Por isso, embora comentado, ainda no vem sendo muito empregado na pesquisa social. Mas medida que procura captar o essencial, o pesquisador evitar o parcelamento da pesquisa e a atomizao dos dados. A reflexo fenomenolgica poder tambm auxiliar o pesquisador na formulao de problemas, na construo de hipteses e na definio de conceitos com vistas fundamentao terica de pesquisa.--

A INDUO

I. Noes gerais.a) Definio. A induo um raciocnio pelo qual o esprito, de dados singulares suficientes, infere uma verdade universal.o ferro conduz eletricidade, o cobre, tambm, o zinco, tambmferro, o cobre, o zinco so metais.Logo, o metal conduz eletricidade.b) Natureza da induo. A definio que precede nos permite compreender que a induo difere essencialmente da deduo.Com efeito, est no raciocnio dedutivo a concluso contida nas premissas como aparte no todo, enquanto que, no raciocnio indutivo, isto fcil de ver comparando os seguintes exemplos:

Deduo

Induo

2. Princpio da induo. Podemos enunci-lo assim:O que verdadeiro ou falso de muitos indivduos suficientemente enumerados de uma espcie dada, ou de muitas partes suficientemente enumeradas de um todo dado, verdadeiro ou falso desta espcie e deste todo.Os processos do raciocnio indutivo adotados pelas cincias experimentais sero estudados na Lgica material.Quanto questo do fundamento da induo ou do valor do raciocnio indutivo iremos reencontr-la na Lgica maior (induo cientfica) e na Psicologia(abstrao).--

Mtodos Indutivo e DedutivoEm suma, podem-se resumir estes mtodos em indutivo e dedutivo. O mtodo indutivo parte de observaes particulares para as generalizaes, ou seja, se todas as premissas so verdadeiras, a concluso provvel, mas no necessariamente verdadeira; ao passo que o mtodo dedutivo parte de observaes gerais para chegar a concluses particulares, observando que se todas as premissas so verdadeiras, a concluso deve ser verdadeira. Toda a informao ou contedo factual da concluso j estava, pelo menos implicitamente, nas premissas.Percebe-se, assim, que a marca da induo a argumentao, enquanto a marca da deduo observao. Uma pesquisa pode usar os dois mtodos simultaneamente; dependendo da forma estrutural da pesquisa.Um exemplo para diferenciar os dois mtodos: Deduo:

Induo:

Joo pecador;Pedro pecador;Logo, possvel que todos os homens sejam pecadores.