12
d< M~h5. BIBLIOFILIA I FORMA E NATURA E COSTUMI DEL RINOCERONTE Sa consecução da siia política no Oriente Afonso de Albuquerque. Cal-zrna- dor da fndia. projectara desde cedo a coiistruçiío de uma fortaleza em Diu, cIdz3e pertencente ao rei de Carlbaia. Neste sintido enviava no conicço dc. 1;1+ iji.,ia embaixada a Modofar 11. -3s negociações não surtiram efeito e o rei tle C~ii~nii. retiibuia o presente que Albuquerque lhe ofci-ccera com iini oiitro em que Sigiirax-a. :ili.rn cle mais. uni riiioceroiite ou ~mtda. Os embai sadores 13ortuguescs regr-s::-;- vaiii a Goa eiii Setcnibro d13 mesmo ano com O <<aiiilnal moiistr.uoso». O Govei-i:aci: 1 decide entao eiiviií-10 ao rei de Portugal. utilizniido a armada que sai de Cocliim li 3 comeqo de Janeiro de 151;;: em 20 de Maio seguinte o i*inoceronte descliibai.cai-a sáo e salvo em 1,isboa Era o pi-imeiro que chegava à Europa lios tenipgs moder-nos. Plíiiio, EstrabSo. Diodwo Siculo, itlarcial c outros haviam-se referido ao rinoceronte. O rei de Porl.uga1 «quis ver per experiência, corno diz Goes, o que os escritores aiitigos escrei-erii do 6dio natural que antre os elefantes e os rir:oc~a-. rontes. pcra o que mandou em IAisboa meter estas duas espantosas alimárias em um t e ~ r c i r oc.err:iclo>x que ficava eiitre o Paço da Ribeira e a Casa da fildia. So ' doiiiiiigo :3 de Jtiiilio de 1515 tudo estava I~rcparado para o combate que acabou por náo ter lugar. O impi'csaor alem50 Valeritini Fernarides e o jovem Daiiliiio de Govs rcfcr~nl-se ainl>os a este facto. O primeiro é conciso: Goes porém iicla descricllio por~nenoi.Izatla (9). Coiiduzido ao lugar do combate, o rinoceronte iica <(detrAs de uiis panos tl'a~mai'cyuc estavam l3cndurados em passadigo (li* in ÜA , sala íl'el-i*ei Dera a (!a leaiiiha, isto por que o elefante o n5o visse ao t\ri+rs..iV cla ~)orta». Chega o e1ef:iiite. 1). Maiiuel I manda levantar a tapec:~i*ia. E;ntfio o rI;i*?- cei.oiitc, «posto que est ivecsc. feriopeado (porque assim andava scmprc ) . I:nl *. 1 o clefaiite fez um gesto ])era o Índio que o curava e trazia picso por ttma L.: '! .; compi8ida, como em iiiodo dc lhe dizer que o deixasse i r pera ntide o i~nixo .':e-.-,. O Índio. porque a alimáiia começava de puxar, llie alargou a cadeia. leuní-'7 ) Todos estes factos (excepto o dia da chegada do rinoceroiite a Lisboa) são a~wnta- dos, coiii mais ou menos poi.nienores, pelos cronistas portugueses Castaziheda, Barros. Bráe de Albuquerque, Goes, Correia. Couto e pelo próprio Albuquerque nas suas Cartas, e foram c~ili- zados por Fontoura da Costa no seu curiosissimo estudo Les déan~hulritions (I!( rltinoce'7-os de .Iln~lofar, roi de Cn~nhuye. de 1514 à 1516, Lisbonne, Agence Générale des Colonies. 1937. p. 3-18. -4 data de 20 (de Maio) é dada pé10 inipressor alenião Valentim Fernandes, residente em Portu- gal desde c. 1490. na carta cliie em Junho (muito provàvelmente) de 1315 csci-evia a un? rios se-rs aniipos de Sureniberga. O original deste docuinento é desconhecido: a sua traduqão ein italiano foi encontrada por Angelo de ~Gubernatis na Biblioteca Nacional Central de Florença. qur s piibli- cou i-ia sua Jler,lorin interno rci vinggintori it«li«ni nelle Indie Orientnli tlcrl serolo SIII rr tuJto i1 SVI. Florença 1867, p. 168-71, e posteriormente (segundo Fontoura da Costa ílur n a , tialiti- ção da carta) na Storiri dei riaggiatori itnliani nelle Indie Orientali, Lirorno 18i.i. p. - d. -.\r5 que náo pudeiiios consultar. (2) Goes engana-se porém ao escrever que o combate se realizou em 1517.

M~h5. - rhinoresourcecenter.com · enviada de Portugal para a Alemanha ou para a Bélgica se faz alusão «ao nosso rei de Por- tugal,, concliii~i-si? que o autor cla carta e1.a ~ioi.tuguês

  • Upload
    ngotu

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

d< M ~ h 5 . BIBLIOFILIA

I

FORMA E N A T U R A E COSTUMI DEL RINOCERONTE

S a consecução da siia política no Oriente Afonso de Albuquerque. Cal-zrna- dor da fndia. projectara desde cedo a coiistruçiío de uma fortaleza em Diu, cIdz3e pertencente ao rei de Carlbaia. Neste sintido enviava no conicço dc. 1;1+ iji.,ia embaixada a Modofar 11. -3s negociações não surtiram efeito e o rei tle C ~ i i ~ n i i . retiibuia o presente que Albuquerque lhe ofci-ccera com iini oiitro em que Sigiirax-a. :ili.rn cle mais. uni riiioceroiite ou ~ m t d a . Os embai sadores 13ortuguescs regr-s::-;- vaiii a Goa eiii Setcnibro d13 mesmo ano com O <<aiiilnal moiistr.uoso». O Govei-i:aci: 1

decide entao eiiviií-10 ao rei de Portugal. utilizniido a armada que sai de Cocliim li 3

comeqo de Janeiro de 151;;: em 20 de Maio seguinte o i*inoceronte descliibai.cai-a sáo e salvo em 1,isboa E ra o pi-imeiro que chegava à Europa lios tenipgs moder-nos.

Plíiiio, EstrabSo. Diodwo Siculo, itlarcial c outros haviam-se referido ao rinoceronte. O rei de Porl.uga1 «quis ver per experiência, corno diz Goes, o que os escritores aiitigos escrei-erii do 6dio natural que há antre os elefantes e os rir:oc~a-. rontes. pcra o que mandou em IAisboa meter estas duas espantosas alimárias em um t e~ rc i ro c.err:iclo>x que ficava eiitre o Paço da Ribeira e a Casa da fildia. S o ' doiiiiiigo :3 de Jtiiilio de 1515 tudo estava I~rcparado para o combate que acabou por náo ter lugar. O impi'csaor alem50 Valeritini Fernarides e o jovem Daiiliiio de Govs rcfcr~nl-se ainl>os a este facto. O primeiro é conciso: Goes dá porém iicla descricllio por~nenoi.Izatla (9). Coiiduzido ao lugar do combate, o rinoceronte iica <(detrAs de uiis panos tl 'a~mai' cyuc estavam l3cndurados em passadigo (li* in Ü A

, sala íl'el-i*ei Dera a (!a leaiiiha, isto por que o elefante o n5o visse ao t\ri+rs..iV cla ~)orta». Chega o e1ef:iiite. 1 ) . Maiiuel I manda levantar a tapec:~i*ia. E;ntfio o rI;i*?- cei.oiitc, «posto que est ivecsc. feriopeado (porque assim andava scmprc ) . I:nl * . 1

o clefaiite fez um gesto ])era o Índio que o curava e trazia picso por ttma L.: '! .; compi8ida, como em iiiodo dc lhe dizer que o deixasse i r pera ntide o i~nixo .':e-.-,. O Índio. porque a alimáiia começava já de puxar, llie alargou a cadeia. leuní-'7

) Todos estes factos (excepto o dia d a chegada do rinoceroiite a Lisboa) são a~wn ta - dos, coiii mais ou menos poi.nienores, pelos cronistas portugueses Castaziheda, Barros. Bráe de Albuquerque, Goes, Correia. Couto e pelo próprio Albuquerque nas suas Cartas, e foram c ~ i l i - zados por Fontoura da Costa no seu curiosissimo estudo Les déan~hulritions (I!( rltinoce'7-os de . I l n ~ l o f a r , roi de Cn~nhuye. de 1514 à 1516, Lisbonne, Agence Générale des Colonies. 1937. p. 3-18. -4 data de 20 (de Maio) é dada pé10 inipressor alenião Valentim Fernandes, residente em Portu- gal desde c. 1490. na carta cliie em Junho (muito provàvelmente) de 1315 csci-evia a un? rios se-rs aniipos de Sureniberga. O original deste docuinento é desconhecido: a sua traduqão ein italiano foi encontrada por Angelo de ~Gubernatis na Biblioteca Nacional Central de Florença. qur s piibli- cou i-ia sua Jler,lorin interno rci v inggin tor i it«li«ni nelle Indie Orientnli tlcrl serolo SIII rr t u J t o

i1 SVI. Florença 1867, p. 168-71, e posteriormente (segundo Fontoura da Costa ílur dá n a , tialiti- ção da carta) na Storiri dei riaggiatori itnliani nelle Indie Orientali, Lirorno 18i.i. p. - d. -.\r5

que náo pudeiiios consultar.

( 2 ) Goes engana-se porém ao escrever que o combate se realizou em 1517.

BIBLIOFILIA

4

contiido o cabo dela na miio, de maneira que com o passo mui seguro começou de eiicaminhai* pcra onde o elefante estava, lcvanCo o í'ociliho posto no chão, asso- prando pelas ventas com tanta força que fazia levantar o pó e palhas do chãa como se fora um redemoinho de vento». O elefante volta-se. Depara com o rinoce- ronte. Urra e dá mostras de querer combater. <.Contuclo, depois que o rinoceronte chegou junto dele, querendo já cometer pela barriga, parece que pela pouca iclade de que era, desconfiado de se poíler ajudar dos dentes contra iiin tamanho iinigo, por os ter :linda tão pequenos que lhe i150 sairirlm c l : ~ boca mais de três pal~ilos. fez volta em redondo, endireitando pcra 6zi jarela cle grades de ferro que estava junto da porta do páteo que oulhava dc longo clas casas da Ribeira, nas quais p6s a cabeça com tanta força que torceu dous dos barões das grades, que seriam de gros- sura d'oito boas polegadas em quadi*ado, per entre os qiiais dous barões saiu, dei- xando o Índio que o governava no chão, que n~is ta pressa se lançou dele, o que, se nãlo fizera, rebentara entre as grades e o lurnear ele cima da janela. Saido assi o elefante do piiteo tomou o caminho dos Estaos, oncle era sua pousada, não tendo conta com coiisas que achasse diante, assi homens de pé como de cavalo, que perante todos passava fazendo tamanha revolta que coni os brados que davam uns aos outros que se guardassem parecia que era algiía batalha posta fora de sua ordem ou desbaratada dos imigos» ( 3 ) .

Aqui poderia ter terminado a história dum rinoceronte. filas foi pelo con- Arário. Um alemão (9 apressava-se a enviar de Foi-tiigal para o seu país ou para a Bélgica um esqiiiço do rinoceronte, ao mesmo tempo que a sua descriçáo (9. Um e outra chegaram directa ou indirectamente à s mãos de Albrccht Dürer que no mesmo alio de I515 executava o desenho que estaria na origem da gravura Rhino- certa 151:? (li). A célebz-e gravura, cuja legenda repetia por assim dizer textiial- mente a referida deseriçáo, teria em breve oito edições ( ' ) e não passaria de modo nenhum despercebida. Rabelais examinou detidamente uma destas edições em Lyon, onde lhe foi mostrada pelo mercador alemão Hans Kleberger ( b ) . O geógrafo alem50 Sebastião Münster não a ignorou táo pouco, pois se é certo que se serviu de Plínio e

(9 Crónica do feliclssinu, r e i D. , I l (~nuel , IV, Coimbra, Por ordem da Universidade, 1935, p. 53-4.

( A ) Uni alemão, certamente, e não uin 1,ortugiiês. Como numa carta cm língua alemã enviada de Portugal para a Alemanha ou para a Bélgica se faz alusão «ao nosso rei de Por- tugal,, concliii~i-si? que o autor cla carta e1.a ~ioi.tuguês. Esta intcrpretaqáo não parece convili- cente. Com efeito os mercadores italianos que ria mesma época residiam em Portugal niio se expri- miam de nianeii-a diferente a isespeito de D. Manuel I. Pode ver-se esta carta nyztd- Fontoura da Costa, itlen?, p. 33-4.

(" Publicados por Fontoura .da Costa, Les déo~~~b / t l t r t i o ) t s , gravura n. 2. Cf. p. 23.

(9 Reproduzida por Fontoura da Costa, idem, gravura n. 4

( r ) Ver Campbell Dodgson, Cata log t~e of early Gernian und Flentish Tl'oodeuts preser- ved in the Department of Pr ints nnd Drau~ings i n the Bl-itislb fll~tseurn, I, Londres 1903, p. 307-8, e E m i n Panofsky, Albrecht Dürer, Princeton University Press, 1945, I , p. 192, 11, p. 43 n. 356.

(') Ver Richard Salomon, A trace of Dürer inr Rabelais, in b f o d e m Language Notes, LVIII (Baltimore 1943), p. 498-001. !

BIBLIOFILIA

de Solino para a descrição do rinoceroiite que dá na sua Cosmographia, utiliza igual- mente a gravura de Dürer, ao ponto de repetir o erro do seu compatriota sobre a data do desembai-que do rinocc!ronte em Lisboa: 1 de Maio de 1513 em vez de 20 de Maio de 1515 (!I). Durer fará ainda figurar o 'i-irioceronte na torre central do <Arco de Triunfo» em honra de hIaximiliano I ; o paquiderme está enfim repre- sentado numa das esculturas da Torre de Eelém.

Nas 1120 ficam por aqui as aiidaiiças do rinoceronte. D. Biaiiuel I que, em 1514. havia oferecido ao papa Lego S um elefante e outros animais e produtos exóticos ( I v ) , enviava-lhe no atio seguiiite, pi*ovAvelmente em Dezembro, grandes quantidades de especiarias - pimenta, cravo, canela, gengibre? maças, noz mos- cada, malagueta, bcnjoim -, pichéis e tasas lavradas íle bastiães que excediam o peso de seis quintais e, além disso. «a alimái-ia por nome chamada g n ~ í d a . com sua cadeia dourada» ("). Era talvm para agradecer a I,eáo X a concessão recente da «Rosa de ouro» que D. JIaiiuel recebeu e111 Lisboa c111 meados de Jullio de 1515 ("). A iiau do comaiido de João de Piiia lança Ancora em Marselha em Jaiieiro de 1516. Corre a notícia que o rinocerolite se ~ ~ i c o n t r a a ~ O I - C ~ O . 13 conhecicla a predilecçáo de Francisco I pela fauna exótica: «Cornine nous teiions quelquc petit chieri poui* compagnie, que faisons coucher sur les pieds de nostre lict pour plaisir, Francois Ier y avoit telles fois clucl(liie lioii, orice ou autre telle fiere beste, qui se faisoyent chere comme quelque animal privé és maisoiis des paisans» ('9). O rei de Franca náo deixou pois perder a oport.uiiid:idt. de ver pela primeira vez um rino- cei-onte. Saíra de JIilão no conieço de 1616 com clestiilo A Piaoveiiça. Cliegado a hlarselha, cséjouriia ledict seig~ieur qiiatre joui-s audict blarseille et durant iceulx alla deux lieues en nier veoii* urie mei.veilleuse beste appelée rcyiiocei-on, laquelle beste le Roy de Portiigal envc.)yoit ai1 Pape avec plusieurs aultres pi.éseiis» ( 2 ' ) .

( : I ) Cf. C o s ~ ~ t o y rnpli inc tctliir ersctlis libri IV.. . Aiictoru Sebastinno .lIii~tste~ro, Rasileae apud Henrichum Petri inense martio anno Salutis M.D.L., p. 1086. Münster refere-se ao combate em Lisboa entre o rinocei.onte e o elefante, e que rião é inencionaclo pelo pintor alemão; soube disso por inforii~açáo o ~ a l , sem dúvida.

(''I) Cf. Luís de Matos, X c ~ t ~ t r r t , intc.ltetto e co.qtzi~ni clell'elefante, in Roletint Irlternnrio- .nu1 ile Eib l iograf i r~ Ltcso-Brrtsileira, I , p, 44-5.

(I1) Ver Relasóes cle Pero rle Alccíçoz*a Carneiro, Conde d a Idanha, do tempo que elc e aeu pai António Cnrneiro s e r r i ram tle Secretrírios (1.515 a 1568) . Revistas e anotadas por Ernesto de Campos de Anclrada, Inipi*ensa Nacional dc Lisboa, 193'7, p. 198-9. Em data que nos é impos- sível precisar D. Manuel I ofereceu dois cariielos a Leão X, que iriain desfilar no carnaval i-oniano d e 1519 ou de 1.520. Ver Marino S a n . ~ t o , I Ilictrii, t. XSVII I , col. 301.

(1" Cf. Kelnqões tle P. A . Carneiro . p. 196-7, e P. Mac Swiney de Mashanaglass, Lcs Toses d'or enroyc'es pnr IPS p(rpe.9 ~ ? I X roi.9 (?c Portr<gnl arc sciziètne sihcle, Paris, A. Picard, 190.5.

(I3) Testeniunlio de Pieriee ~ e l ó n , citado por L. Sainéan, L'Histoirc! S a t u r e l l ~ duns I'o7tivre d e Rnbelais, in Retqtie rltc seiziilme siJcle, 111 (Paris l 9 1 5 ) , p. 222-3. Em data incerta, tal- vez pouco tempo depois de t e r visto o rinocei.oiite, Fi.ancisco I enviava a Poi . tu~~a1 Antoine de Conflans a fim de coinpi.ai. elefantes e outros prodiitos exóticos; cf. Luís de Matos. ident. ihid., p. 46 n. 5 . Antoine de Conflans é personagem conhecido: ver Catalogzte fles -4ctes de Frnnfois , ,

I", I , Pa r i s 1881, p. 220 n. 1214; 111 p. 354 n. 5546. V, p. (i32 n. 17904 e p.'li7.i n. 18140.

(14) Cf. J o ~ ( m u 1 de Jenn Bnrril lon (151.5-1516), éd. de Pierre de Vaissière, I, Par i s 1897 , p. 193.

1

BIBLIOFILIA

Aprosima-se o f im do rinoceronte. A nau de João de Pina naufraga em breve no Golfo de Génova com toda a sua tripulaçáo e carga: tudo se perdeii. O riiioce- roiite dá à costa e é remetido empalhado a Lego X, afirma Paolo Giovio: «Ne veiinc a Roma la sua vera effigie e grandezzu, c ciò ful de1 mese di Febiaio l'ariiio 1 5 1 5 ~ (I5).

O rinoceronte náo seguirá pois em cortejo pelas ruas de Roma pejadas cie curiosos, do aristocrata ao plebeu, como sc vira ern 151.1 com o desfile do elefante. Não terá ai, como este, uma rua ou uma ~ s t a i a g e r l com o seu nome ( ' l i ) . Um único poeta Iatiiio lhe dedicará uma estrofe t l t s doze versos ("). Todavia Paolo Giovio referir-se-lhe4 nos seus Elogia mais loiigamente do clue ao elefante (IF), e inais tarde. quando Alexandre de Jiédicis procui*a uma empresa significativa e pede coii- selho a Giovio, este não hesitara em escollier o rinoceronte: «Ritrovandosi gagliai-do e potente della personna, desiderava farsi faiiloso pcer guerra, dicendo che per acqiiis- t a r gloria e per la fattiorie Imperiale sai-ebbe animosamente entrato in ogni diffi- cile impresa, deliberando de vincere ò moriisc. &li domaiidò dunque i i r i giorno coii instanza che io gli volessi trovare una bella impwsa per le sopraveste d'arnle secondo questo significato. Et io gli elessi que1 fiei-o animale, che si chiama rhino- cerote, iiemico capitale dell'elefante, i1 quale esselido mandato a Roma, aciò clie combattesse seco, da Emanouello Re di Portogallo, essendo già stato veduto in Provenza, dove scese in terra, s'affogò in mare pei. uil'aspra fortuna, ne gli scogli poco sopra Poito Venere (. . .) Fecesi duilque la foi-ma de1 detto rhinocerote ili bel- lissimi ricami, che seivivano anchor per coperta di cavalli barbari, i quali corroiio in Roma et altrove i1 premio de1 palio, Con un motto di sopra in lingua spapuo la - N o n buelzyo sin vencer: Io non r i t o m o indietro sin vi f toria- , secondo que1 verso che dice:

R h i n o c ~ r o s nmtqttnm z~ictzls ccb ]toste s.ec2if.

E parve che questa impresa gli piacesse tarito che Ia fece intagliare di lavoro d'agi- mia nel corpo della sua corazza» (19).

Mas o rinoceronte, tal como o elefante, terá o seu poemeto eni língua ita- liana, composição de titulo longo e de sabor geográfico, à maneira do Renasci- mento: Forrnn e natura e costzt.)ni de 10 Rinocerothe stato condzttto int portogaUo

(Is) Llirilogo tlell'ivtprese nt i l i tnr i e t ctnrorose, di Allolzsi,q?lor Giovio vescot70 di Xocern, coít ? L U ~ ( l g w m m e n t o (li rllesser Lodovir.« Ilo7,~e?tichi, nel medesi;no .so.qgetto. Con la tavola. In Vincaia alipresso Gabriel Giolito de'Ferrari. [1557], p. 31. Cf. Goes, ide>i~, iliul., p. 55. Ao contrário do que foi afirmado algures, a data de 1515 (= 1516) está certa. Giovio não fez mais do que seguir normalmente o estilo florentino, segundo .o qual o ano começava apenas em 25 de Março.

(16) Cf. Luís de Matos, idem, ibiíl., p. 46.

(li) Publicada por Giovio in Pauli Iaiii Nouocomensis Episcopi Nucerini Elogul uirontrn bellica uirtute illtrstrilim ueris imuginibus s~rpposita ... Florentiae In officina Laurentii Torren- tini Ducalis Typographi, MDLI, p. .306.

(1s) Idem, ibidem. (lu) P. Giovio, Diulogo dell'imprese militari et amorose, cit., p. 31-2.

'1 BIBLIOFILIA

da1 Capitania de Lar?nata de1 Re e altre belle cose conclutte dalle i n s u l ~ nouamente trouate. E seu autor o médico flo~entino Giovanni Giacomo Penni ( " O ) , e foi publi- cado em Roma em Julho de 1515. Isto prova até que.. ponto tudo quanto dizia res- peito aos novos mundos era objecto do mais vivo interesse, pois que o poemeto estava impresso desde 13 deste mês e o rinoceronte, como se viu, chegara a Lisboa em 20 de Maio. Fernando Colombo comprou o opúsculo ern Roma em h'ovcmbro deste mesmo ano, como o confessa na sua nota manus6rita no final do poemcto, e é pre- cisamente este exemplar (o único conhecido, segundo cremos) que se eiicoiltra hoje na Biblioteca Colombina de Sevilha. Parece que tem passado despei.cebido a todos os que se ocuparam do rinoceronte.

Giovanni Giacomo Penni nao é mais do que um fraco versejador; ele próprio o reconhece de. algum modo :

Qual fa i1 cava1 che ne la guerra è uso che anitrisce, raspa e non si ferma e salta e molte volte isbuffa i1 muso s'avien che Ia trombeta suoni a scherma: cosi fo io, benctié inetto mi accuso a compor veisi: ho la musa infcrma. Di giorno in giorno seritendo de'casi convien bagnarmi iie'rivi pegasi.

E ao cabo do Forma e natztra e costrtmi ((e1 rinoceronte a sua opinião sobre a obra que realizou não é diferente:

.A

Dirh qualchuno che questi versi a caso si sieno stati fatti e seiiza ingegnio e ch'io vituperi le Muse e'l Pegaso, mostrando vjle e inetto i1 mi'iiigegnio; forse qualchiiri che serà persuaso che mi clovessi in versi fare hor degnio: l'opiniorie è falsa che Ia sorte f a godere e stentare insino a morte.

O médico florentino está contudo bem iiiformado ("). Parece certo que não teve qualquer documento entre máos, mas é evidente que obteve informações orais, provàvelmente de algum dos mercadores florentinos que se correspondiam regular- mente com os seus compatriotas estabelecidos em Lisboa. Não ignora ria verdade

(.:O) Conhecemos a profissão do autor do poenieto por amável indicação do nosso Amigo Dr. Roberto Rarchiesi, leitor de italiado na Faculdade de Letras de Lisboa, a quem exprimimos o nosso reconhecimento. Cf. Domenico Gnoli, Lu Roina di Leon X. Quadri e studi originali anno- ta t i e publicati a cura di Aldo Gnoli, Milão, Ulrico Hoepli, 1938, p. 72 n. 1.

( 2 1 ) Engana-se porém ao af irmar que a frota de 1515 era comandada pelo próprio Afonso de Albuquerque. '

BIBLIOFILIA

que a armada da carreira da índia chegara a Lisboa no afim de Maio» de 1515 e que se compunha de três navios carregados de especiarias cujos nomes reunirá nesta prosaica oitava :

Et mirra e pepeloiigo e pepcli*ondo, sandali rossi, cubcl~be e cariella, legno aloè, reubarbaro iocuntlo, indaco, incenso, lacha molto ibella e benzuí che fornirebbe e1 mondo; garofani e zenzibero, cosa snella; e altra cosa de piii qualitade per opera& opnora quando $:li accade.

Dii por outro lado precisões que faltam na dociimentação portuguesa coiiliecida. Sabe-se com efeito que Albuquerque enviara A minha, ao futuro D. João I11 e à Infanta D. Isabel, na frota de 1515, ~a lg i í as coiisas de cá» que náo são especifi- cadas, escepto «duas meninas» oferecidas à Infanta (--). Ora o autor do poemeto parece descoiihecer, é certo, este último poi.menolg, ]nas é muito mais explícito quanto ao resto. Assim, o Governador da Índia enviara ao rei uma cimitarra guarnecida d: pedras preciosas, entre elas um rubi avaliado eni quarenta mil cruzados de ouro, quatro manilhas adi gran v a l u t a ~ , enfim:

Poi un collare di tante gioie inseito che farebbe Ia notte parer giorno; di perle oriental tutto è coperto, rubini e diamaliti e altre cose ha attorno.

44s cortesãs, por seu lado, não tinham sido esquecidas: o alrníscar contava-se entre os perfumes que Ihes eram oferecidos:

E t ha condutto per le cortigiane quatro milia once di nluscho perfetto e ben once trecento de ambracane aciò che meglio possin dar diletto; varie altre cose per viso e per mane e animali che fanno odori nel letto, e tante gentilcizze e tante frasche che ciascuna potrà impire le tasche.

(22) Ver Carta8 de Afonso de Albz~querque ... publicadas ... sob. a direcção de Raimundo . António de Bulhão Pato, I, Lisboa 1884, p. 356.

BIBLIOFILIA

O médico florentino não viu pois o rinoceronte, como o prova a cronolo- gia dos factos apontados anteriormente, e não conheceu tão pouco a gravura de Diirer. Seja como for, a descrição que nos dá do paquiderme é exacta:

Nella sua giunta e1 capitano prefato a1 Re di Portogallo suo iignore uno animale rubesto ha presentato che ad vederlo sol mette telarore. Questo con le so carne s'è bardato soda la pelle e d'uno strano colore, scaglioso qual le garnbc di testudine e regge a ogni botta come ancudine.

E continua imediatamente a descrever o - rinoceronte, - pondo em relevo tudo quanto é essencial:

Rinocerothe è dicto 10 animale pe' piè legato 10 menono d'intorno e con catene perché e' face male. c .

Sopra de1 nas0 ha un pulito corno, ; - ! r . li orechi d'uno mula naturale

- . e ciascuno piè è di t re dita adorno; le gambe corte c grosso come un bova e dicesi che f a mirabil prova. \

Giovanni Giacomo Penni conclui pelo ódio natural do rinoceronte contra o elefante '

e pelo aintellettop comum a um e a outro:

Questo odia 10 elefante per natura e spesso si 10 maza con que1 corno cosí ogni animale de su statura. Se picoli animali se trova intorno di rioiare quelli c01 corno non se cura . perché è di dkscretione assai adorno; e come 10 elefante ha 10 intelletto a tale che l'uno de l'altro hanno sospetto.

O médico de Florença vai mais longe. integrado n a sua época, deseja que os príncipes cristãos ponham termo as guerras que fazem entre si ; estabelecida

BIBLIOEILIA

a paz, será então possível trazer ao seio da Igreja os povos de <fé, lei e supers- tição falazes, :

S'el ciel coiiserite mai tra' Christiani pace, ispegnerassi tazite fede e lege e superstition tutte fallace ; sarà Leon Pastor con uiia gregge e caveiasse ogni iin de contu~lace. Consental, se gli piace a ch'il (siel regge, nel grato tempo di Papa Leone per tutto sia de Christo e1 Confalone.

E é a oportunidade para o autor do poemeto de p6r em relevo a dívida da Cris- tandade para com o rei de Portugal:

Quanto obligo aùbia la Christianitade c01 celibrato Re di Portogallo si vede e repricarlo rion acchacte; perché non si potrebbe sí 1aud:~rlo che non meriti più per so bontade. - .--- -

11 ciel consenta in vita prosperar10 salvi e mantenga e1 suo stato gi.ocundo tanto che una fé sola sia a1 mondo.

Giovanni Giacomo Penni iião fazia mais do que exprimir o pensamento comum a tantos outros no Renascimento: a paz entre os soberanos europeus, a conversão dos, Infiéis e a consequente expansão do Cristianismo.

LUfS DE MATOS

501rifs i 08eGn 4: $apf%~tmi dr b efnocero. rbe t s t o sondtam~ impsxtcig&ti[ose[ Csgira . . mio ae lar mata 0cl.i: %e r alar::. b%:b6g csok con . - ducec -- . .- 8 N e . - - - inTjdãg -- .- - . w o u ~ r n ~ s ~ ~ ~ c . . cL--Nheil--U $s?tb!tt~&

MT f~ (1 tar;a!'t!$nt 1.1 ~ n r n j t rlo 1Lí;li~ t u3 $ ~ : I I I S ~ d utf t ina rrrfo!o ' . X I . ( ~ c ! X ~ l i i t t ir« r;fi?.i T i l t n h ( < r i m PI â\< di - j&~r10 j . l i !~ fi:3 fi ~ : ; C T C 5%

c fq!it.1 i ii~clfe !?oit< c f l ~ ~ f y d tL n:afo vou aiiiriii te r i i t ) t l :~ ;i p : c f i n t i f ~ fiuir:; tbt la rroil~bcrlr ~ U O I ) ! afinina . . tbc ~do<ckrio Cci ii.tt:c rcrrorc to? fa IC b:lrcbç iiitt[o nifsrecfo y3c1to tor I: fr> i z i i : i fc b:r.f.?!~

t c m ~ ~ : qqf'\ba 13 ilitir~ f l t f t í~ r ;~ -1; { fd,, 13,pcl!c z dum ftriwo <y!nc : 3 bi Sior:jc tii ~rùziio feti(st:do~~ C J ~ Ç C J ~ I I O ~ O ';uJ~ IC p m h ~ tIi ~<I!FZ!::~ r?::o:rii 'Jdpirini s i rioi pcg~fi T I esc nojrii b i i a coinc 4nii;.!.~ic,

~ ~ o : L I PU! :r ma Tsi terpatoco:fo 2 Ft cut ;>.:rciyi !a rnlcrinia t(b:c<b~

tio:^ ln: riii.1~ da j n i c0l.i i: !o:ro tbi no:l ba piii .~rdir olp:ir I J bocb.1

':, f 0 2 f i ~ cbe vil 31 b:ro q!i.iltbc c ~ i i l ~ i $0 , f: m ~ i oal cicio I , ~ U J grdtia i:ib;ub~ L. f ~ r o b ~ i e 3 ci~f<b;i~i firncii~u!nj~

Ptuttc ~0i3t f i le tUff: J fp t i~ i l j a

~ i i i o c t r c tbc h t di~to :o ~:;in?il: pcpic Ics;irí, to rrTr.ict:o d i ~ i : ~ r 9-3

6 k

= ío i i ( 3 1 ~ ic per C I I C C f d r t rrr..lc foyl.,~ dci fi,.f~ J '11 p f ~ t 2 LC~FÚ 11 crccbith~r:.~ ir;ul; czrur,.!t t ti(iiii:o pto l>r rti rrr Jiib~ adorr!a le &~n,bc c,?:rc 7 krot?o ccmc rnJ$c;;3 ~r d:cc5 ctc irl inri dbit posa.

Cjc:to di C~litotc Y ~i r ~ 3 ~1/.ril3 A;5,3~flu O ~ Í J 13 ~ t t ' f i t ~ : e per n~tora al. @o113 C (0:n~fo v:] c?pit~r:a3 2 f~ i~ f lr ) h 10 1n.1 jli í0n ~ U C 1 C O ~ T ? ~ :? con i f ] ~ o e tre ca f ~ : t gr~i idt 1tirn~ CJT: o.;i)t mi o ù l t L ~ C luo Il,i::ir.? ~ J U ~ ~ I I ~ ~ , I C et figiot 9o;lti ,cb:!!tiã:~ í'c r icot i ttitntali fc trmn i i iom L~ricbr diricbc ja írilí\lo i:uini~ d i ~ ú i ~ r c c;uclft c01 to: no non fc cura ÉI [:OMS 1\10 d:t c.rpit :iiio ~D;VJIIO pír c l x bt oi ~fi~crt-tot~c G C I ~ ~ d e r t ~ o aifai:To doi bAcI?~rcb3 dicio c qze(lo : torne lo Elcf iiitr ba lo icfcÍftíro f i i i ~ ~ : o a!Tai f i e ~ I I I . I I I U : L I O o r a i c <L'< :uiiodc Iilnonnrro fcfpiro

Er iri:io fcntndo C!K fi f(rhe a '&onn fila lie Iiidi di *pornpta n r I e I c t f" ri1rouc~q!1~1?0 $3nc(crotc

d q : i c i u ~ o o c O C C dic~ao i ti( f~ gcil FPL'I,C d ~ G I C ~ C O c5dacro s qocl?otomt ~~ i i ino iòc f~ j s fo pzr cbc ci;I corilo a j n i .tnrm.i!t pcr ccng '

d i rcf?.~rli oSt~;.iro c;jiii!~i chc viao <ai ch iii qú:I icrnro prcjincoojni drg z k..ic.frr!o dun t ~ i ~ t o ri q510 cbc f:cctTú::o Ic fcr-,c a qoc!!r? r t . l t~g to:~cilic:o a fiioit Q:o 2 a t t imi t i z rccarrdo c& (rrifo to t I rpmci

a o i c r f c ptr f9mue li íycil~k (01 f i ~ i o 9 1 0 o m~ jo moitc tab

r . q.tRo dcgifo qtrnslr fr cfinhtg . . lrn collcrt di t j ~ e g~~ftfnf'ttfg : 1) [ - f~~:alof i l mi!iii<lx í ~ l ~ r t l d l e ghef~irtl-be 13 noitrrparrr @ano

2 2;a3;fidc F i r ip ;~ iszi g-%r,~~:irita . c( garIc v.ficnri;! :rina c copntu di h: prùirsic chc fia qudlit TI:! vctt tatirii c ~E;i~i;!rricsl~crofc o utto>W

i torr c t i : ~ ~ n cbc sli cifra 10 jftr f a n ~ rei; cri. ::i .&: fccs!do cbio einctto -

: it v i m a goma c I3 pose f,?,..: IUJ IC rbr ficr aricrlrirlu;lfi( To úiwiro na M;' f:i:crno iit ;nc& i: ttrt:rrrte

P 2 pcr ob2ci:farni It ~~;zrol C

i fb~ctTckdri~o lar4 btt? i40,;Lxiw , qua~rocci~:!~ CJI~:JI",~ ODL 1031!012 ., .

FI Rt c3 vC.3 E!~?"PcF~ " cb: ?11>1Gtr~bh: t i l h53 i i t l i f ~ ; ; ~

. t ~ r ~ f i c J a ~ i ~ ~ o ~ : ~ c i l o ~ ~ $ i p C C f i n ~ : c t r p t i á ~ i ~ ~ ; \ $ i ; i j 3 i J 1 0 f i 1 O . ! 11 ii .blt.~ti ~;litbd.'llJ t ~ I )~I -TJ , ,

I $n'*rn;tg G siaie l i a ;iVrt V n h j $tik:i~q 1 ul Q03,fB ftitr~d: n.rti vrio tcloro . -

q . d giriniii~ crii<ia:i dc;o

9 io voleík aprticn!art 30 bo tpaanjz p)r 13 í'ii.~ h ~ t o 33 ' ' ~ t f c c d c r i <i fdrr t ~ u p p ~ fxm& t pct b o i p:icd!:i Somtiirni z uilFt tck i c i d ~ i r s 9 3 cfun:i •

tkl cit 1 viua IJTJ Tua r.inrric~ íoiioiifl pur c b r i o p a ~ marnido tnn:6 (bc t i R J F ~ 3c pd!T: ~n;riRt

tbt na1 p0iT0 tcp*pa tantf;iitari prorpcriii cccl IJ (3.1 f c ~ i í r ~ u . :?%iir Dc ci.iTd,:ur cc.li::<cndr z fpoip gtutf tdt11 t m o robilfi f

b ~ R a b-:ir:ai ~ c t t o (a inpo2tnn;a z vil 31 f~jlc piatc 9titbo:a <~gfmil Fa ~ a ~ e q ~ i o cbr !«',ia rC.njo odznii qudcoh j r t io fcta;>:c i w t : ~ h~í