Microsoft Word - Apostila ADEQUAÇÃO DE MATERIAIS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

Embed Size (px)

Citation preview

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

ADEQUAO DE MATERIAIS PARA ALUNOS COM DEFICINCIAKaire Sutti Izdio terapeuta ocupacional Miriam Miyuki Tamashiro fisioterapeuta 17 e 18 de setembro Esta discusso temtica foi proposta com o objetivo de discutir os elementos que tm comprometido a efetiva incluso escolar de alunos com deficincia. Dada a garantia de acesso a escola, a necessidade atual garantir a permanncia de forma adequada, para a qual a existncia e constante oferta de materiais adequados se fazem necessrias para o uso de alunos, professores e demais pessoas no dia-a-dia escolar. As seis discusses temticas realizadas entre os dias 17 e 18 de setembro tiveram contedos diferentes, dada a interatividade da proposta. Desta forma, o presente material foi usado como apoio, e aqui constam todas as informaes que foram ou que potencialmente poderiam ser utilizadas durante a discusso. Procuramos incluir as referncias tericas, no entanto, para as fotos, no houve tempo hbil de incluir os crditos pertinentes. necessrio desvelar os sentidos historicamente construdos dos conceitos empregados aos diversos aspectos relacionados educao de pessoas com deficincia. Sem isso corre-se o risco de perpetuao do uso dos termos incluso e excluso, e conseqentemente incluso escolar, de forma polissmica e generalizada, sem contudo alcanar prticas coerentes e consistentes, especialmente quanto aos materiais adequados em direo s necessidades dos alunos com deficincia. Diversos conceitos e ideologias influenciam o oferecimento e uso dos materiais adequados, tanto pelo professor quanto pelo aluno. As polissemias precisam ser desveladas quanto aos conceitos de: SADE DOENA DEFICINCIA EDUCAO REABILITAO / CURA DIREITO CRIANA ESCOLA INCLUSO EXCLUSO

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

MATERIAIS ADAPTADOS Para no serem confundidos com utenslios comuns do dia-a-dia escolar, como cadernos ou mochilas, preciso considerar materiais adaptados quando possuem estreita relao com a questo da deficincia. Assim, so equipamentos, instrumentos ou materiais adquiridos comercialmente, modificados ou feitos sob medida que tm a finalidade de promover a independncia e autonomia s pessoas com deficincia ou incapacidades em tarefas ou em outras situaes de sua vida escolar. Procuram otimizar a relao da pessoa com o ambiente com maior conforto e menor desgaste energtico. A aceitao do uso de materiais adaptados por pessoas com deficincia em busca de independncia e autonomia sofre influncia da cincia, tcnica e interesse econmico de uma poca, constituindo-se em um fenmeno multidimensional, que envolve aspectos mecnicos, biomecnicos, ergonmicos, funcionais, cinesiolgicos, ticos, estticos, polticos, afetivos, subjetivos e como tal deve ser analisado. Rocha & Castiglioni, 2005, p. 98-9 Compreender a diferenciao entre independncia e autonomia durante o processo de uso de materiais adaptados permite que os recursos tecnolgicos especializados sejam entendidos a partir do aluno com deficincia e de seu processo de aprendizado, e no como um material adaptado em ambiente escolar com funo potencialmente didtica, ou como uma forma ou condio nica e indiscutvel de permanncia na escola imposta por terapeutas e/ou professores. AJUDAS TCNICAS Decreto 3.298 / 99 Captulo VII Da equiparao de oportunidades Art. 19 - Consideram-se ajudas tcnicas, para os efeitos deste decreto, os elementos que permitem compensar uma ou mais limitaes funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficincia, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicao e da mobilidade e de possibilitar sua plena incluso social. Pargrafo nico So ajudas tcnicas: I prteses auditivas, visuais e fsicas; II rteses que favoream a adequao funcional; III equipamentos e elementos necessrios terapia e reabilitao da pessoa portadora de deficincia; IV equipamentos, maquinarias, utenslios de trabalho especialmente desenhados ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficincia; V elementos de mobilidade, cuidado, higiene pessoal necessrios para facilitar a autonomia e segurana da pessoa portadora de deficincia; VI elementos especiais para facilitar a comunicao, a informao e a

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

sinalizao para a pessoa portadora de deficincia; VII equipamentos e material pedaggico especial para educao, capacitao e recreao da pessoa portadora de deficincia; VIII adaptaes ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e a autonomia pessoal; e X bolsas coletoras para os portadores de ostomia. O PROCESSO DE AJUDAS TCNICAS

DESENHO UNIVERSAL So pressupostos do conceito de desenho universal: 1- Equiparao nas possibilidades de uso: O design til e comercializvel s pessoas com habilidades diferenciadas. 2- Flexibilidade no uso: O design atende a uma ampla gama de indivduos, preferncias e habilidades. 3- Uso simples e intuitivo: O uso do design de fcil compreenso, independentemente de experincia, nvel de formao, conhecimento do idioma ou a capacidade de concentrao do usurio. 4- Captao da informao: O design comunica eficazmente ao usurio

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

as informaes necessrias, independentemente de sua capacidade sensorial ou de condies ambientais. 5- Tolerncia ao erro: O design minimiza o risco e as conseqncias adversas de aes involuntrias ou imprevistas. 6- Mnimo esforo fsico: O design pode ser utilizado com um mnimo de esforo, de forma eficiente e confortvel. 7- Dimenso e espao para uso e interao: O design oferece espaos e dimenses apropriados para interao, alcance, manipulao e uso, independentemente de tamanho, postura ou mobilidade do usurio. http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=42. Acesso em 09/09/2008 INCLUSO SOCIAL Alguns princpios da incluso, que a construo de uma sociedade para todas as pessoas, so: - celebrao das diferenas - direito de pertencer - valorizao da diversidade humana - solidariedade humanitria - igual importncia das minorias - cidadania com qualidade de vida Sassaki, 2006, p. 17 CONCEITOS INCLUSIVISTAS Atendem os princpios da incluso social: - independncia e autonomia - empoderamento - equiparao de oportunidades - incluso social - modelo social de deficincia - rejeio zero - vida independente Sassaki, 2006 INDEPENDNCIA E AUTONOMIA Embora paream sinnimas, dentro do movimento das pessoas com deficincia possuem significados distintos. A autonomia a condio de domnio do ambiente fsico e social, com o mximo de privacidade e dignidade da pessoa que a exerce. Seria a realizao de tarefas sem a ajuda de outra pessoa, o que significa que as habilidades da pessoa ou as condies de execuo da atividade podem

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

sofrer alteraes para o desempenho autnomo. J a independncia significa a condio de tomar decises sem a ajuda de outras pessoas, mesmo que para a realizao do que decidiu seja necessria a ajuda de outra pessoa. Para o exerccio dessa independncia, trs aspectos so importantes: a quantidade de informaes que a pessoa possui, a qualidade delas e a autodeterminao ou prontido para us-las na tomada de decises. A habilidade de autodeterminao aprendida e desenvolvida a partir de oportunidades que a pessoa com deficincia tem. Sassaki, 2006, p. 35-6 A constituio da independncia pessoal se d pelos relacionamentos interpessoais. A constituio de autonomia se d pela aquisio de habilidades. So processos que funcionam em alimentao e retroalimentao. EMPODERAMENTO Conceito inclusivista que fala do uso do poder que toda pessoa tem para fazer e tomar decises. Com isso, toma o controle de sua vida e toma parte ativa do processo de incluso. O poder pessoal no algo que se recebe de algum, como o poder poltico, pois j se nasce com ele. s outras pessoas cabe reconhecer que pessoas com deficincia tambm possuem esse poder pessoal para fazer suas escolhas. Sassaki, 2006, p. 37 EQUIPARAO DE OPORTUNIDADES o processo de mudanas de sistemas sociais gerais, como educao, sade, esportes, de forma que as pessoas tenham acesso ao servio que oferecem, inclusive as pessoas com deficincia. Sassaki, 2006, p. 38 INCLUSO SOCIAL Conceito inclusivista que se refere ao processo de construo de uma sociedade inclusiva. Caracteriza-se por um esforo bilateral entre sociedade e pessoas com deficincia, inclusive na mudana de mentalidade, para equacionar problemas, decidir solues e equiparar oportunidades nos sistemas sociais para o uso de todas as pessoas. Quando todos os sistemas sociais promoverem equiparao de oportunidades a todas as pessoas, o autor considera que a sociedade ser inclusiva. Sassaki, 2006, p.39-41

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

MODELO SOCIAL DA DEFICINCIA O modelo social da deficincia, outro conceito inclusivista, que se ope ao MODELO MDICO DA DEFICINCIA, reconhece que os problemas que a pessoas com deficincia enfrentam no esto s nela, mas tambm na sociedade, que lhe causa incapacidades ou desvantagens quanto ao desempenho de papis sociais atravs de: - Seus ambientes restritivos; - Suas polticas discriminatrias e suas atitudes preconceituosas que rejeitam a minoria e todas as formas de diferenas; - Seus discutveis padres de anormalidade; - Seus objetos e outros bens inacessveis do ponto de vista fsico; - Seus pr-requisitos atingveis apenas pela maioria supostamente homognea; - Sua quase total desinformao sobre deficincias e sobre direitos das pessoas que tm essas deficincias; - Suas prticas discriminatrias em muitos setores da atividade humana. Sassaki, 2006, p. 45 MODELO MDICO DA DEFICINCIA O modelo mdico da deficincia entende que a deficincia um problema exclusivo da pessoa que a tem. Por isso, o prprio indivduo quem tem que se adaptar sociedade ou ele teria que ser mudado por profissionais atravs de reabilitao e cura. Tal modelo tem sido responsvel, em parte, pela resistncia da sociedade em aceitar a necessidade de mudar suas estruturas e atitudes para incluir em seu seio as pessoas com deficincia e ou com outras condies atpicas para que estas possam, a sim, buscar o seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional. sabido que a sociedade sempre foi, de um modo geral, levada a creditar que, sendo a deficincia um problema existente exclusivamente na pessoa com deficincia, bastaria prover-lhe algum tipo de servio para solucion-lo. Centros de reabilitao vm, h muitas dcadas, desempenhando rigorosamente o papel de principal agente disseminador do modelo mdico da deficincia, e tenta melhorar s pessoas para adequ-las aos padres da sociedade. claro que algumas vezes pessoas com deficincia necessitam, de fato, de apoio fsico ou mdico, porm importante que isto atenda s suas necessidades e lhes d maior controle sobre sua vida. Esse apoio deve ser decidido e feito com elas, e no por elas. Sassaki, 2006, p. 29-30

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

REJEIO ZERO Conceito inclusivista que se refere s atitude de uma instituio para se recriar atravs de servios e programas para atender as necessidades das pessoas. As avaliaes em todas as suas formas, antes utilizadas para admisso segundo critrios de elegibilidade, agora passam para a moderna finalidade de oferecer parmetros em face dos quais as solues so buscadas para todos. O autor considera que assim as instituies voltam a servir as pessoas, e no mais as pessoas servindo a instituio, ajustando-se aos seus critrios. Sassaki, 2006, p. 49 VIDA INDEPENDENTE um conceito inclusivista que nasceu nos Estados Unidos em 1975 e no Brasil em 1988. Refere-se ao estilo de vida protagonizado pelo cidado com deficincia, que no est, ou busca no estar mais, sob a tutela de familiares e instituies. Inclui a existncia de servios servios, equipamentos, centros e programas, aos quais a pessoa com deficincia serve-se tal como um cliente, um consumidor. Para o autor, o estilo de vida independente o exerccio da cidadania da pessoa com deficincia, que beneficia-se dos bens e servios sociais e contribui ativamente no desenvolvimento da sociedade, da economia, da poltica e da cultura. Sassaki, 2006, p. 51 EDUCAO ESPECIAL possvel vrias interpretaes da legislao, especialmente quanto ao preferencialmente na rede regular de ensino, quando no puder satisfazer as necessidade educativas ou sociais do aluno, ou quando necessrio ao bem-estar do educando. Atendimento educacional especializado e oferta de educao especial podem ser compreendidos como a continuidade do ensino segregado para todas as pessoas com deficincia. No entanto, se a Constituio quisesse que atendimento educacional especializado significasse o mesmo que educao espacial segregada, manteria o termo educao especial no texto da Lei Maior. O termo s vem aparecer em legislao infra-constitucional posterior, mas que no pode entrar em conflito de objetivo com a Constituio. Assim, confirma-se o que Sassaki (2006) e os resgates histricos nos falam: da sobreposio de prticas e da confuso do significado dos termos utilizados em conseqncia disso que se vive durante as transformaes sociais. INTEGRAO ESCOLAR O modelo mdico da deficincia trouxe a noo de integrao social baseada na adaptabilidade que a pessoa com deficincia deveria ter em relao ao meio social que quisesse participar. Corresponderia a um esforo unilateral de

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

adaptabilidade da pessoa com deficincia, cabendo a sociedade que condescendesse sua presena, reforada e reforando o modelo mdico da deficincia. A prtica da integrao social, que no deixa de ser segregacionista, pode ser identificada: - Pela insero pura e simples daquelas pessoas com deficincia que conseguiram ou conseguem, por mritos pessoais e profissionais prprios, utilizar os espaos fsicos e sociais, bem como seus programas e servios, sem nenhuma modificao por parte da sociedade, ou seja, da escola comum, da empresa comum, do clube comum, etc. - Pela insero daquelas pessoas com deficincia que necessitavam ou necessitam alguma adaptao especfica no espao fsico comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem, s ento, estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com pessoas no deficientes. - Pela insero de pessoas com deficincia em ambientes separados dentro dos sistemas gerais. Por exemplo: a escola especial junto comunidade; classe especial numa escola comum; horrio exclusivo para pessoas deficientes num clube comum, etc. Rocha, Castiglioni & Vieira, 2001, p. 9; Sassaki, 2006, p. 34 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Segundo a Declarao de Salamanca: No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianas ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em funo de deficincias ou dificuldades de aprendizagem. Segundo Sassaki, 2006, p.16: Voltando s necessidades especiais, estas ento podem resultar de condies atpicas, tais como: - deficincias intelectual, fsica, auditiva, visual e mltipla - dificuldades de aprendizagem - insuficincias orgnicas - superdotao - problemas de conduta - distrbio do dficit de ateno com hiperatividade, distrbio obsessivo compulsivo, sndrome de Tourette - distrbios emocionais - transtornos mentais

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

SERVIOS DE APOIO ESPECIALIZADOS A expresso quando necessrio muito preocupante, pois deixa em aberto uma questo que inerente prpria condio desse alunado. Exatamente pelas peculiaridades da clientela da educao especial, necessrio que haja oferta permanente de servios de apoio especializados na escola regular para que esse alunado possa se incluir na escola. Entendo que os alunos deficientes precisam de condies efetivas e especiais para atender s suas necessidades educativas especiais. Caso contrrio, onde estaria o especial da educao? Isso implica condies criadas e asseguradas socialmente por meio de organizao do trabalho pedaggico. Por exemplo: como ter um aluno com deficincia visual includo na escola regular se no houver textos em braile, em fitas gravadas, em material ampliado? Como ter um aluno com deficincia auditiva includo na escola regular se no houver condies de comunicao garantidas? Como ter um aluno com deficincia mltipla includo na escola regular se no houver adaptaes de mobilirio, acesso e utilizao de modernas tecnologias? Ainda mais, para incluir o alunado denominado especial, as escolas precisam do professor especializado presente nos programas escolares, oferecendo apoio pedaggico ao aluno e acompanhamento efetivo aos demais profissionais da escola, para que a representao da deficincia, enquanto incapacidade, se altere. Caiado, 2006, 23-24 INCLUSO ESCOLAR Existe um uso polissmico dos termos integrao e incluso. Na terminologia moderna integrao significa insero da pessoa com deficincia preparada para conviver em sociedade e incluso significa processo de modificao da sociedade como pr-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania. H uso da palavra integrao plena com o significado de incluso e tambm o uso de integrao, integrao plena e incluso com o sentido de integrao. Sassaki, 2006, p. 42-3 EDUCAO INCLUSIVA OU EDUCAO PARA TODOS Mas no se pode perder de vista que a incluso escolar est substituindo a integrao escolar, e um processo para a educao inclusiva, que se so formadas por escolas inclusivas. As escolas inclusivas propem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que estruturado em virtude dessas necessidades. A incluso causa uma mudana de perspectiva educacional, pois no se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa em

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

geral. Mantoan, 1997, p. 145 apud Sassaki, 2006, p. 126 NEGATIVIDADE DA DEFICINCIA O sentimento negativo de se ter uma deficincia tem uma histria de sculos: Idade Mdia at sc. XVIII o saber mdico passa por profundas mudanas decorrentes da concepo mecnica. Assim, o corpo uma mquina cujas leis precisam ser descobertas. A deficincia uma anomalia da natureza. O que antes era feito pela Igreja agora passa a pertencer ao mdico: o novo rbitro do destino do deficiente. Ele julga, ela salva, ela condena. Industrializao Desenvolve-se a doutrina do trabalho como valor supremo do ser humano. A definio do homem est ligada a ser produtivo e trabalhador. Quem no produtivo, no trabalhador, e conseqentemente, no nem consumidor, rejeitado. Idade Contempornea marcada pela Revoluo Francesa, o lugar do homem na sociedade uma preocupao. As instituies de reabilitao tinham como objetivo enquadrar a pessoa com deficincia no mundo social recm-inaugurado, tendo em vista a boa conduta e sua incluso na ordem social estabelecida . Estar em um servio de reabilitao a condio para participar de novo da sociedade, depois que se conclusse sua reabilitao motora-funcional . Rocha,2006, p.11, 19, 27, 29, 32; Feij, 2002, p. 27; Silva & Heidemann, 2002, p. 83. POSITIVIDADE DA DEFICINCIA Rocha (2006, p. 12) reflete sobre o percurso histrico que desencadeou a formulao de declaraes, que expressam o incio da positividade em substituio a negatividade da deficincia e a possibilidade de novos lugares sociais e no imaginrio social para as pessoas com deficincia. Credita essa substituio aos acontecimentos ocorridos aps a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando surgem nos Estados Unidos associaes de soldados com deficincia em decorrncia dos combates de guerra. Outrora pessoas com direitos garantidos, com funes econmica e social definidas, valorizadas e eficientes ptria, os ex-combatentes viram-se surpreendidos pelo fato da deficincia suspender seu reconhecimento de sujeito de direitos pela sociedade, sua positividade, porque eram depositrios da deficincia. Ento, os ex-combatentes passam a exigir seus direitos em relao assistncia e reabilitao para se reintegrarem nao. Foi o reconhecimento da nao da positividade do soldado que permitiu que a deficincia emergisse como uma questo social.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

DECLARAO DE DIREITOS Declarar um direito muito significativo. Equivale a coloc-lo dentro de uma hierarquia que o reconhece solenemente como um ponto prioritrio das polticas sociais. Mais significativo ainda se torna esse direito quando ele declarado e garantido como tal pelo poder interventor do Estado no sentido de assegur-lo e implement-lo. A declarao e a garantia de um direito tornam-se imprescindveis no caso de pases, como o Brasil, com forte tradio elitista e que tradicionalmente reservam apenas s camadas privilegiadas o acesso a bem social. Por isso, declarar e assegurar mais do que uma proclamao solene. Declarar tirar do esquecimento e proclamar aos que no sabem, ou esquecem, que eles continuam a ser portadores de um direito importante. Disso resulta a necessria cobrana quando ele no respeitado. Cury, 2002, p. 11 POR QUE DECLARAES E CONVENES TM SIDO CITADAS PARA DEFENDER QUE ALUNOS COM DEFICINCIA ESTUDEM EM ESCOLAS REGULARES? O Brasil faz parte de comunidades internacionais formadas por diversos outros pases e sua participao permitida e definida pela Constituio. Uma delas a ONU Organizao das Naes Unidas e outra a OEA Organizao dos Estados Americanos, que constantemente declaram sua posio quanto aos direitos humanos, o que implica o posicionamento de seus Estados Partes. 1981 ANO INTERNACIONAL DAS PESSOAS DEFICIENTES A partir da dcada de 80, impulsionado pelo Ano Internacional da Pessoa Deficiente, iniciaram-se no Brasil as aes a partir das prprias pessoas com deficincia, que incorporaram-se ou foram incorporadas a outras lutas de grupos excludos como os pobres, as mulheres e os negros em um momento especfico da realidade brasileira: a redemocratizao e conquista de cidadania aps a ditadura militar. Esta, atravs de seu aparato repressivo, instalou a cultura do medo atravs do regime militar e desencadeou muitos movimentos sociais de oposio para recuperao de direitos no mais reconhecidos e pela conquista de outros, como servios de sade, escolas, fim de discriminao social e jurdica, transporte, pleno acesso aos espaos pblicos, polticas pblicas para pessoas com deficincia, dentre outro. s pessoas com deficincia couberam convencer as demais pessoas da populao de quem aliarem-se juntamente por essas questes no atrapalharia as conquistas, mas as facilitariam por se tratar de um movimento de direitos universais do cidado Rocha, 2006, p. 14

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

1990 DECLARAO DE JOMTIEM Educao para todos A Declarao Mundial sobre a Educao para Todos, que foi elaborada em 1990 pelos pases mais populosos do mundo, entre eles o Brasil, reconhece a dificuldade da implantao da educao para todos nos pases em desenvolvimento por diversos fatores. Cita as diversas minorias que necessitam de ateno quanto a educao e no permite que as pessoas com deficincia sejam relegadas diante desse ideal. No seu artigo 3, item 5 afirma: As necessidades bsicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficincias requerem ateno especial. preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso educao aos portadores de todo e qualquer tipo de deficincia, como parte integrante do sistema educativo. 1994 - DECLARAO DE SALAMANCA Em 1994, a Declarao de Salamanca fala em escolas inclusivas como o melhor para a escolarizao de crianas com deficincia, reafirmando princpios de Direitos Humanos e do acolhimento da diversidade humana. Na Estrutura de Ao em Educao Especial que a acompanha, afirma no item 3: O princpio que orienta esta Estrutura o de que escolas deveriam acomodar todas as crianas independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingsticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianas deficientes e super-dotadas, crianas de rua e que trabalham, crianas de origem remota ou de populao nmade, crianas pertencentes a minorias lingsticas, tnicas ou culturais, e crianas de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condies geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianas ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em funo de deficincias ou dificuldades de aprendizagem. CONVENO DE GUATEMALA Conveno Interamericana para a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia Quando define deficincia, alm de mencionar as perdas funcionais, admite que ela pode ser causada ou agravada pelo ambiente econmico e social (Art. I, inciso I), o que mostra o alinhamento com o Modelo Social de Deficincia da proposta de incluso social, que chama de plena integrao no artigo II. Define discriminao: Art I Inciso 2 a) o termo discriminao contra as pessoas portadoras de deficincia significa toda diferenciao, excluso ou restrio baseada em deficincia, antecedente de deficincia, conseqncia de deficincia anterior ou percepo

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

de deficincia presente ou passada, que tenha o efeito ou o propsito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exerccio por parte das pessoas portadoras de deficincia de seus direitos e de suas liberdades individuais. b) no constitui discriminao a diferenciao ou preferncia adotada pelo Estado parte para promover a integrao social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficincia, desde que a diferenciao ou preferncia no limite em si mesma o direito igualdade dessas pessoas e que elas no sejam obrigadas a aceitar tal discriminao ou preferncia. DIREITO A legislao o grande mecanismo de luta da modernidade. Inserir direitos reconhecidos na legislao nacional um grande passo em busca de justia social, da equiparao de oportunidades; enfim, garantir a permanncia de reconhecimento do direito. Trata de uma atuao na dimenso tica da excluso, buscando evitar a perpetuao de situaes desfavorveis e o tratamento das pessoas com deficincia como cidados de segunda classe, incapazes de aprender, conviver e partilhar dos recursos da comunidade. Bartalotti et alli, 2004, p. 20 Os direitos so os mesmos para todos; mas como nem todos se acham em igualdade de condies para os exercer, preciso que essas condies sejam criadas os recriadas atravs da transformao da vida e das estruturas dentro das quais as pessoas se movem. Miranda, 1998, p. 202 cit. por Feij, 2002, p. 71 Esses direitos so os mesmos dos demais cidados, diferenciando-se apenas quanto s medidas especiais usadas pelos portadores para exerc-los, o que se torna indispensvel. Portanto os direitos so os mesmos, mas o meio utilizado para fru-los que diferente. Feij, 2002, p. 68

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

A HIERARQUIA DAS LEIS Constituio Federal de 1988 Art. 59. O processo legislativo compreende a elaborao de: I - emendas Constituio; II - leis complementares; III - leis ordinrias; IV - leis delegadas; V - medidas provisrias; VI - decretos legislativos; VII - resolues. Pargrafo nico. Lei complementar dispor sobre a elaborao, redao, alterao e consolidao das leis. Comentrio: A hierarquia entre elas no significa uma lei mais importante que outra. Quando se trata de Constituio ou lei complementar, ambas tm a mesma fora legal de cumprimento. No entanto, as leis infra-constitucionais no podem legislar em sentido contrrio ao que diz a Constituio, devem estar em conformidade com ela. Exemplos de lei complementar so o Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n8.069 de 13 de julho de 1990) e a LDB (Lei n 9.394 de 20 de dezembro de 1996). J os decretos esto ligados a leis e regulamentam de forma mais precisa o seu contedo, para que sejam cumpridas sem distores. CONSTITUIO DE 1988 As garantias legais de acesso ao ensino regular aos alunos com deficincia fica clara somente na Constituio de 1988, embora a maioria das seis Constituies do Brasil anteriores ela atribusse a educao como direito de todos (Constituies de 1924, art. 8; 1934, art. 149 e 151; 1937, art. 130; 1946, art. 166 e 168 inc I; e 1967, art. 168), com a educao primria obrigatria e gratuita, mas no como direito pblico subjetivo. Art. 208. O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante garantia de: III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino; 1- O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo. 2 O no-oferecimento do ensino obrigatrio pelo Poder Pblico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. DIREITO PBLICO SUBJETIVO O reconhecimento da educao como um direito pblico subjetivo pela Constituio de 1988, ou seja, um direito que possa ser cobrado na Justia, e reafirmado no Estatuto da Criana e do Adolescente Lei 8.069 de 1990, caracteriza o Estado de Direito, que privilegia o ponto de vista dos cidados. Quem no teve acesso aos nove anos obrigatrios de ensino pode exigi-lo

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

perante as autoridades a qualquer momento. Cury, 2002, p. 11. LEI 7.853/89 Criminalizao do preconceito Art. 8 - Constitui crime punvel com recluso de 1 a 4 anos, e multa: I recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrio de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, pblico ou privado, por motivos derivados da deficincia que porta. Competncias da CORDE Art. 12 Compete CORDE I provocar a iniciativa do Ministrio Pblico, ministrando-lhe informaes sobre fatos que constituam objeto da ao civil de que trata essa lei, e indicando-lhe elementos de convico. DECRETO 3.298/99 Regulamenta a Lei 7.853/89 POLTICA NACIONAL DE INTEGRAO DA PESSOA PORTADORA DE DEFICINCIA Define legalmente as deficincias. Define princpios, diretrizes, objetivos, instrumentos para o acesso, ingresso e permanncia da pessoa com deficincia em todos os servios oferecidos na comunidade. Define Ajudas Tcnicas e a caracteriza como instrumento para a equiparao de oportunidades. Elege a norma tcnica da ABNT para acessibilidade como parmetro para construo e reformas de espaos com acessibilidade. Fala em servios de Educao Especial. Art. 25 Os servios de educao especial sero ofertados nas instituies de ensino pblico ou privado do sistema de educao geral, de forma transitria ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno que est integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educao das escolas comuns no puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessrio ao bem estar do educando.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

LEI 9.394/96 LEI DE DIRETRIZES E BASES Art. 4. O dever do Estado com a educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de: III- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 58. Entende-se por educao especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 1. Haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola regular, para atender s peculiaridades da clientela de educao especial. 2. O atendimento educacional ser feito em classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns de ensino regular. Art. 59. Os sistemas de ensino asseguraro aos educandos com necessidades especiais: I- currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizao especficos, para atender s suas necessidades; III- professores com especializao adequada em nvel mdio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integrao desses educandos nas classes comuns; LEI 3956/01 Promulgao da Conveno Interamericana para a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia (Conveno de Guatemala). Sua insero na legislao brasileira mais uma proteo jurdica aos direitos e garantias individuais, uma das clusulas ptreas do art. 60 4 da Constituio, ou seja, que no aceitam emenda constitucional que a contradigam. DISCRIMINAO A Conveno de Guatemala e seu entendimento jurdico e aplicaes so preocupaes de Fvero (2004, p. 45-6), que diz que ela indica exatamente a forma como essa diferenciao pode ser admitida para que no se transforme em discriminao: 1 requisito: preciso que a diferenciao seja adotada para promover a insero social ou o desenvolvimento pessoal daquele que est sendo diferenciado. Ou seja, preciso que se trate de uma medida positiva, um meio de acesso a..., e no uma diferenciao para negao de acesso. 2 requisito: ainda que se trate de uma medida positiva, preciso que essa diferenciao no limite, em si mesma, o direito igualdade dessas pessoas. Essa proibio tambm muito importante, porque deixa claro que a diferenciao positiva, ou permisso de acesso tem que visar o mesmo

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

direito fundamental a ser exercitado por qualquer pessoa (sade, educao, trabalho, lazer). 3 requisito: finalmente, e felizmente para quem tem deficincia, ainda que a diferenciao seja considerada positiva, que no fira em si mesma o direito igualdade; de acordo com a Conveno, para no ser discriminatria, preciso que a pessoa no esteja obrigada a aceitar a diferenciao, ou mesmo a preferncia. DECRETO 5.296/04 LEI DA ACESSIBILIDADE Regulamenta as Leis 10.048/00 e 10.098/00 O captulo VII trata somente sobre as ajudas tcnicas, e formas de sua viabilizao para a populao. NBR 9050 Define: Acessibilidade: Possibilidade e condio de alcance, percepo e entendimento para a utilizao com segurana e autonomia de edificaes, espao, mobilirio, equipamento urbano e elementos. Adaptado: Espao, edificao, mobilirio, equipamento urbano ou elemento cujas caractersticas originais foram alteradas posteriormente para serem acessveis. Adequado: Espao, edificao, mobilirio, equipamento urbano ou elemento cujas caractersticas foram originalmente planejadas para serem acessveis. EXCLUSO A excluso o resultado de um processo, e a impossibilidade de poder partilhar, o que leva vivncia da privao, da recusa, do abandono e da expulso inclusive, com violncia, de um conjunto significativo da populao, por isso, uma excluso social e no pessoal. No se trata de um processo individual, embora atinja pessoas, mas de uma lgica que est presente nas vrias formas de relaes econmicas, sociais, culturais e polticas da sociedade brasileira. Esta situao de privao coletiva que se est entendendo por excluso social. Ela inclui pobreza, discriminao, subalternidade, no eqidade, no acessibilidade, no representao pblica. Sposatti, 1996, apud Wanderley, 1999, p. 21

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

MECANISMOS DE EXCLUSO Importante forma para efetivar a incluso entender os mecanismos que geram a excluso: Desqualificao: processo relacionado a fracassos e insucessos que passam essencialmente pelo emprego, que faz com que o Estado seja convocado a criar polticas regulao social para manter a coero da sociedade Desinsero: processo de dimenso simblica de excluso social a partir dos valores de uma sociedade que define as normas, colocando a existncia das pessoas enquanto indivduos sociais em questo quando no atendem a norma ora definida. No h relao direta com pobreza ou outras situaes sociais desfavorveis. Desafiliao: causada por ruptura de vnculos de pertencimento. No a ausncia de vnculos, mas a ausncia de insero do sujeito em estruturas que tem um sentido Apartao social: noo prpria do contexto brasileiro, proposta por Cristvo Buarque em 1993. uma forma agressiva de intolerncia social, pois considera o outro como no semelhante enquanto gnero humano, sem acesso a meios de consumo, bens e servios, dentre outros. Wanderley, 1999, p. 21-2 CONCEITO DE SADE Modelo mdico ausncia de doena Concepo de sade biolgica e orgnica, contrapondo normal X patolgico Modelo social qualidade de vida Concepo de sade e doena enquanto processo scio-histrico, compreendendo os processos de segregao e incluso social O QUE DEFICINCIA? Embora reconheamos os limites das terminologias, devemos ter claro que elas podem nos auxiliar na busca de servios e recursos que garantam a pessoa com deficincia sua participao na sociedade. AEE Deficincia Fsica, 2007, p.22 DEFICINCIA FSICA Decreto 3.298 / 99 Art. 4 - considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes categorias: I deficincia fsica alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da funo

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho de funes. (Redao dada pelo Decreto 5.296 / 04) DEFICINCIA VISUAL Decreto 3.298 / 99 Art. 4 - considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes categorias: III deficincia visual cegueira, na qual a acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; a baixa viso, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; os casos nos quais a somatria da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 ou a ocorrncia simultnea de ; quaisquer condies anteriores. (Redao dada pelo Decreto 5.296 / 04) DEFICINCIA AUDITIVA Decreto 3.298 / 99 Art. 4 - considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes categorias: II deficincia auditiva perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqncias de 500HZ, 1.000HZ, 2.000HZ e 3.000Hz. (Redao dada pelo Decreto 5.296 / 04) DEFICINCIA MENTAL Decreto 3.298 / 99 Art. 4 - considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes categorias: IV deficincia mental funcionamento intelectual significamente inferior mdia, com manifestao antes dos dezoito anos e limitaes associadas a duas ou mais reas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicao; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilizao de recursos da

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

comunidade; e) sade e segurana; f) habilidades acadmicas; g) lazer; e h) trabalho. (Redao dada pelo Decreto 5.296 / 04) CONCEITO DE REABILITAO Decreto 3.298 / 99 Art. 17 - beneficiria do processo de reabilitao a pessoa que apresenta deficincia, qualquer que seja a sua natureza, agente causal ou grau de severidade: 1 - Considera-se reabilitao o processo de durao limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficincia alcance o nvel fsico, mental ou social funcional timo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua prpria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma funo ou uma limitao funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais. CONCEITO DE EDUCAO Civilidade? Academicismo? Cidadania? Com o estabelecimento da escola, houve mudanas no sentido da educao. De acordo com o relatado por Aris, ela transformou-se de civilidade para o academicismo, com sobreposio e enfrentamento dessas duas abordagens por pelo menos dois sculos. Cury buscou tambm no processo histrico as bases da valorizao atual da educao como um aspecto de cidadania social e poltica. Cita o sentido de educao compreendido no Iluminismo, que sustentava a responsabilidade individual a partir da realizao de interesses racionais, e no mais passionais. Era uma forma de garantir que os indivduos pudessem ser capazes do autogoverno pelo uso da razo, e participassem de uma sociedade agora composta de pessoas livres. A instruo pblica a cargo do Estado serviria para dar o impulso interventor inicial. Aris, 1981, p. 187-8; Cury, 2002, p. 1 REPRESENTAO SOCIAL DE CRIANA Identifica-se na histria brasileira, atravs de vrios aspectos e sendo um deles as prticas sociais, quatro recorrentes representaes sociais sobre criana e adolescente, que emergem e se consolidam sem que haja, contudo, o total desaparecimentos das demais. Ento, configura-se sempre uma coexistncia marcada pelo embate simblico. Segundo essas representaes sociais, crianas e adolescentes so: - objetos de proteo social, caracterstica do Brasil-Colnia; - objetos de controle e de disciplinamento, caracterstica do incio do Brasil-

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Repblica; - objetos de represso social, caracterstica de meados do sculo XX; - sujeitos de direitos, caracterstica da dcadas de 70 e 80 do mesmo sculo Pinheiro, 2004, p. 4Esquerda:

A pasta contm fotos e figuras de objetos e pessoas. O aluno indica com o dedo a figura da qual deseja contar algo ou falar a respeito. Direita: O aluno responde indicando a foto selecionada.

O material foi confeccionado com o objetivo de permitir a troca de figuras para comunicao, com aes motoras do professor ou do aluno. Dessa forma, a prancha permite usar dois ou mais estmulos dependendo das caractersticas do aluno ou da comunicao. O aluno pode, por exemplo, escolher uma das figuras e indicar se deseja comer ou beber. A indicao, nesse caso, poder ser feita ao olhar em direo as figuras que esto separadas. Para outros alunos, a indicao pode ser feita por meio do apontar com o dedo ou mesmo com o ato de pegar a figura.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Neste caso particular, trata-se de uma folha de uma pasta de comunicao, que mede 32 cm de altura por 23 de largura, com fundo em papel carto de cor preta. Verifica-se que o tema em questo se refere aos materiais escolares, como tesoura, cola, lpis, caneta, entre outros. O aluno aponta para as figuras solicitando os materiais ou respondendo s indagaes do professor ou dos demais alunos.

Figura 5 Tesoura eltrica ativada por acionador.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Na educao infantil todas as crianas esto se desafiando no uso da tesoura. Alguns alunos possuem maior facilidade, outros ainda mostram dificuldades, mas todos esto orgulhos os de seus feitos. Nesse caso, o menino com deficincia fsica no poder participar da atividade de recorte e colagem, a menos que consigamos uma tesoura diferente para que ele possa manej-la com a habilidade que possui (fechar a mo ou bater a mo). Encontramos ou construmos uma tesoura adaptada para nosso aluno, mas ele ainda no consegue manejar simultaneamente a tesoura e o papel. Nesse caso, mudamos a atividade, que de individual passa a ser coletiva: o grupo de alunos trabalha junto e um colega segura o papel, o outro usa a tesoura, o outro passa a cola e juntos fazem a colagem.

Durante a escrita ou desenho comum quebrar a ponta do lpis. Ser que possvel meu aluno fazer a ponta de seu lpis se consegue manejar bem somente uma das mos? Foi essa pergunta que inspirou a criao de um apontador adaptado: um apontador comum foi colado sobre um taco de madeira e, dessa forma, a mo que apresenta maior dificuldade consegue fixar o taco enquanto a outra maneja o lpis dentro do apontador.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Podemos confeccionar engrossadores de lpis, pincis, giz de cera, rolo para pintura e tubo de cola colorida, utilizando uma espuma. A da figura ao lado de flutuador de piscina (spaghetti) e existe em diversas cores. Uma outra possibilidade uma espuma que , originalmente, serve para o revestimento de encanamento de gua quente. Esta espuma vendida em metro e a encontramos em vrios dimetros.

No caso de crianas sem possibilidade de usar as mos, podemos usar uma ponteira para a boca ou cabea e com ela fazer, alm da digitao, o desenho, a pintura, virar a pgina, entre outros. Na ponteira de boca a ponta intraoral deve ter o formato em U. Dessa forma, garantir maior fixao pela ao de toda a arcada dentria. Poderemos tambm experimentar recursos que sejam utilizados com os ps, com ou sem acessrios de ajuda para fixar o lpis, pincel ou outro acessrio.

Alguns alunos apresentam dificuldades em acompanhar a turma e seu ritmo para aprender a leitura diferenciado. Nesse caso, os textos apoiados com smbolos facilitaro a competncia no entendimento do texto. O aluno se desafiar a ler e ter mais sucesso, o que favorecer sua auto-estima. Imerso no contexto de escrita e smbolos, ele passa a fazer leitura global e tem acesso a novos conhecimentos com autonomia. Atravs do software Escrevendo com Smbolos (www.clik.com.br) o professor especializado poder produzir, para o aluno, os textos apoiados por smbolos.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Jogo americano com smbolos, para a hora do lanche.

Estudo sobre as partes do corpo.

Outros acessrios: a criatividade no tem limite e podemos criar vrios acessrios com objetivo de organizar e disponibilizar vocabulrio de smbolos grficos ao aluno.

No projeto mostrado a seguir vemos a poltrona postural colocada sobre uma cadeira onde tambm foram colocadas pequenas rodas, para auxiliar na mobilidade, dentro da sala de aula. Essa mesma poltrona poder ser colocada no cho, no momento de rodinha e brincadeiras com os colegas.

O aluno que segue est em frente do computador, utilizando um teclado apoiado sobre a mesa. Ao baixar a cabea, ele perde o tnus extensor e aumenta a atividade flexora por ao do RTCS. A soluo para ele foi colocar o teclado em um plano inclinado e, neste caso, sua cabea no baixar, mantendo a qualidade de tnus postural.

O Recurso confeccionado com lmina de compensado, forrado com plac as de espuma fina e encapado com tecido emborrachado. Uma faixa de velcro permite grudar saquinhos cheios de areia ou arroz. Nesses saquinhos so colados numerais, letras ou formas geomtricas. O quadro mede 70 cm de comprimento por 50 cm de largura. Esse tamanho pode ser ajustvel necessidade do aluno.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

A reglete uma rgua de madeira, metal ou plstico com um conjunto de celas braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana. O puno um instrumento em madeira ou plstico no formato de pra ou anatmico, com ponta metlica, utilizado para a perfurao dos pontos na cela braille. O movimento de perfurao deve ser realizado da direita para a esquerda para produzir a escrita em relevo de forma no espelhada. J a leitura realizada da esquerda para a direita. Esse processo de escrita tem a desvantagem de ser lento devido perfurao de cada ponto, exige boa coordenao motora e dificulta a correo de erros.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

2.4. Recomendaes teis Sentar o aluno a uma distncia de aproximadamente um metro do quadro negro na parte central da sala. Evitar a incidncia de claridade diretamente nos olhos da criana. Estimular o uso constante dos culos, caso seja esta a indicao mdica. Colocar a carteira em local onde no haja reflexo de iluminao no quadro negro. Posicionar a carteira de maneira que o aluno no escreva na prpria sombra. Adaptar o trabalho de acordo com a condio visual do aluno. Em certos casos, conceder maior tempo para o trmino das atividades propostas, principalmente quando houver indicao de telescpio. Ter clareza de que o aluno enxerga as palavras e ilustraes mostradas. Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de ver bem em ambiente com muita luz). Evitar iluminao excessiva em sala de aula. Observar a qualidade e nitidez do material utilizado pelo aluno: letras, nmeros, traos, figuras, margens, desenhos com bom contraste figura/fundo. Observar o espaamento adequado entre letras, palavras e linhas. Utilizar papel fosco, para no refletir a claridade. Explicar, com palavras, as tarefas a serem realizadas.

2.3.2. Recursos No- pticos Tipos ampliados: ampliao de fontes, de sinais e smbolos grficos em livros, apostilas, textos avulsos, jogos, agendas, entre outros. Acetato amarelo: diminui a incidncia de claridade sobre o papel. Plano inclinado: carteira adaptada, com a mesa inclinada para que o aluno possa realizar as atividades com conforto visual e estabilidade da coluna vertebral. Acessrios: lpis 4B ou 6B, canetas de ponta porosa, suporte para livros, cadernos com pautas pretas espaadas, tiposcpios (guia de leitura), gravadores. Softwares com magnificadores de tela e Programas com sntese de voz. Chapus e bons: ajudam a diminuir o reflexo da luz em sala de aula ou em ambientes externos. Circuito fechado de televiso --- CCTV: aparelho acoplado a um monitor de TV monocromtico ou colorido que amplia at 60 vezes as imagens e as transfere para o monitor.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

A mquina de escrever tem seis teclas bsicas correspondent es aos pont os da cela braille. O toque simultneo de uma combinao de teclas produz os pontos que correspondem aos sinais e smbolo desejados. um mecanismo de escrita mais rpido, prtico e eficiente. A escrita em relevo e a leitura ttil bas eiam-s e em component es especficos no que diz respeito ao movimento das mos, mudana de linha, adequao da postura e m anuseio do papel. Esse processo requer o desenvolvimento de habilidades do tato que envolvem conceitos espaciais e numricos, sensibilidade, destreza m otora, coordenao bimanual, discriminao, dent re outros aspectos. Por isso, o aprendizado do sistema braille deve ser realizado em condies adequadas, de forma simultnea e complementar ao processo de alfabetizao dos alunos cegos.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

2.3.1. Recursos pticos Recursos pticos para longe: telescpio: usado para leitura no quadro negro, restringem muito o campo visual; telessistemas, telelupas e lunet as. Recursos pticos para perto: culos especiais com lentes de aumento que servem para melhorar a viso de perto. (culos bifocais, lentes esferoprism ticas, lentes monofocais esfricas, sistemas telemicroscpicos). Lupas manuais ou lupa s de mesa e de apoio: teis para ampliar o tamanho de fontes para a leitura, as dimens es de mapas, grficos, diagramas, figuras etc. Quanto maior a am pliao do tamanho, menor o campo de viso com diminuio da velocidade de leitura e maior fadiga visual.

Caneta maluca: caneta Bic com um fio comprido de l enrolado em um carretel na parte superior e com a ponta enfiada no lugar da carga para desenhar sobre prancha de velcro.

Pranchas para desenhos em relevo: retngulo de eucat ex recoberto com tela de nilon de proteo para produo de desenhos com lpiscera ou recobert o com couro para desenhos com carretilhas.

Sorob: Instrument o utilizado para trabalhar clculos e operaes mat emticas; espcie de baco que cont m cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as contas fixas.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

O computador, com recursos de acessibilidade, pode ser tambm uma alternativa para o aluno que necessita de escrita rpida. (www.clik. com.br). (Figura 26)

Vocalizadores: os vocalizadores so recursos mais sofisticados, que contm as pranchas de comunicao com voz e que ajudam a comunicao das pessoas em seu dia-a-dia. Atravs de um vocalizador, o usurio manifesta seus pensamentos, sentiment os e desejos, escolhendo um a tecla do equipamento que, ao ser selecionada, emite um a voz que expressa a mensagem escolhida. Sobre as teclas so colocadas imagens (fotos, sm bolos, figuras) ou palavras, que correspondem ao contedo sonoro gravado, ou texto que ser transformado em voz sintetizada.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

3.1. Espao F sico e Mobilirio Lembramos que a configurao do espao fsico no percebida de forma imediata por alunos cegos, tal como ocorre com os que enxergam. Por isso, necessrio possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do es pao fsico e da disposio do mobilirio. A coleta de informaes se dar de forma processual e analtica atravs da explorao do espao concreto da sala de aula e do trajet o rotineiro dos alunos: entrada da escola, ptio, cantina, banheiros, biblioteca, secretaria, sala dos professores e da diretoria, escadas, obstculos. As portas devem ficar completamente abert as ou fechadas para evitar imprevistos desagradveis ou acidentes. O mobilirio deve ser estvel e qualquer alterao deve ser avisada. Convm reservar um espao na sala de aula com mobilirio adequado para a disposio dos instrumentos utilizados por esses alunos que devem incumbir-se da ordem e organizao do material para assimilar pontos de referncia teis para eles.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

3.2. Comunicao e Relacionamento A falta da viso desperta curiosidade, interesse, inquiet aes e no raro, provoca grande impacto no ambiente escolar. Costuma ser abordada de forma pouco natural e pouco espontnea porque os professores no sabem como proceder em relao aos alunos cegos. Eles manifestam dificuldade de aproximao e de comunicao, no sabem o que fazer e como fazer. Nesse caso, torna-se nec essrio quebrar o tabu, dissipar os fantasmas, explicitar o conflito e dialogar com a situao. Somente assim ser possvel assimilar novas atitudes, procedimentos e posturas. Os educadores devem estabelecer um relacionamento abert o e cordial com a famlia dos alunos para conhecer melhor suas necessidades, hbitos e comportament os. Devem conversar naturalmente e esclarecer dvidas ou responder pergunt as dos colegas na sala de aula. Todos precisam criar o hbito de evitar a comunicao gestual e visual na int erao com esses alunos. recomendvel tambm evitar a fragilizao ou a superproteo e combater atitudes discriminatrias.

Para a pessoa com deficincia mental, a acessibilidade no depende de suport es externos ao sujeito, mas tem a ver com a sada de uma posio passiva e automatizada diante da aprendizagem para o acesso e apropriao ativa do prprio saber. De fato, a pessoa com deficincia mental encontra inmeras barreiras nas interaes com o meio para assimilar as propriedades fsicas do objeto de conhecim ento, como por exemplo: cor, forma, textura, tamanho e outras caractersticas retiradas diretamente desse objeto. Isso ocorre porque so pessoas que apresent am prejuzos no funcionamento, na estruturao e na construo do conhecimento. Por esse motivo, no adianta propor-lhes atividades que insistem na repetio pura e simples de noes de cor, forma etc. para que, a partir desse suposto aprendizado, o aluno consiga entender essas e as demais propriedades fsicas dos objetos, e ainda possa transp-las para outros contextos de aprendizagem. A criana sem deficincia mental consegue espontaneamente retirar informaes do objeto e construir conc eitos, progressivamente. J a criana com deficincia mental precisa exercitar sua atividade cognitiva, de modo que consiga o mesmo, ou uma aproximao do mesmo avano. Esse exerccio intelectual im plica em trabalhar a abstrao, at ravs da projeo das aes prticas em pensamento. A projeo e a coordenao das aes prticas em pensamento so part es de um processo cognitivo que natural nas pessoas que no tm deficincia mental. Para aquelas que tm uma deficincia mental, essa passagem deve ser estimulada e provocada, para que consigam interiorizar o conhecimento e fazer us o dele, oportunament e.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

Devem ser oferecidas situaes, envolvendo aes em que o prprio aluno teve participao ativa na sua execuo e/ou faam part e da experincia de vida dele. O contato direto com os objetos a serem conhecidos, ou seja, com a sua concret ude no pode ser descartada, mas o importante intervir no sentido de fazer com que esses alunos percebam a capacidade que tm de pensar, de realizar aes em pensam ento, de tomar conscincia de que so capazes de usar a inteligncia de que dispem e de ampli-la, pelo seu esforo de compreenso, ao resolver uma situao problema qualquer. Mas sempre agindo com autonomia para escolher o caminho da soluo e a sua maneira de atuar inteligent emente.

O Atendimento Educacional Especializado para aprendizagem da Lngua Portuguesa exige que o profissional conhea m uito bem a organizao e a estrutura dessa Lngua, bem como, metodologias de ensino de segunda lngua. O uso de recursos visuais fundamental para a compreenso da Lngua Portuguesa, seguidos de uma explorao contextual do contedo em estudo; O atendimento dirio em Lngua Port uguesa, garant e a aprendizagem dessa lngua pelos alunos. Para a aquisio da Lngua Portuguesa, preciso que o professor estimule, permanentemente, o aluno, provocando-o a enfrentar desafios. O atendimento em Lngua Portuguesa de extrema importncia para o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com surdez na sala comum. A avaliao do desenvolvimento da Lngua Portuguesa deve ocorrer continuam ente para assegurar que se conheam os avanos do aluno com surdez e para que se possa redefinir o planejamento, se for necessrio.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

BibliografiaABNT NBR 9050 Disponvel em ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AEE. Disponvel em

ARIS, P. Histria social da criana e da famlia. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981, 2 edio. BARTALOTTI, C.C. et alii Construindo um programa de apoio incluso da criana com deficincia na escola regular: uma ao da terapia ocupacional na formao de educadores. In: CADERNOSCentro Universitrio S. Camilo. So Paulo, v. 10, n 4, p. 9-18, out./dez. 2004. BRASIL . Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 Com indicao at emenda constitucional n 53 de19/12/2006. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7ao.htm> . Acesso em 18 de fevereiro de 2007. ______ . Decreto n 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia, consolida as normas de proteo, e d outras providncias. In: Acessibilidade. Braslia: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005. ______ . Decreto n 3.956 de 08 de outubro de 2001. Disponvel em: . Acesso em 24 de fevereiro de 2007. ______ . Decreto n 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e d outras providncias. In: Acessibilidade. Braslia: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005. ______ . Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as de diretrizes e bases da educao nacional. Disponvel em: . fevereiro de 2007.

Acesso

em

24

de

CAIADO, K.R.M. Aluno deficiente visual na escola: lembranas e depoimentos. Campinas, SP: Autores Associados: PUC, 2006, 2 ed. (Coleo educao contempornea) DECLARAO Mundial sobre Educao para TodosDeclarao de Jomtien. 9 de maro de 1990, Jomtien, Tailndia. Disponvel em . Acesso em 28 de junho de 2007. DECLARAO Universal dos Direitos das Crianas. Disponvel em: . Acesso em 17 de fevereiro de 2007. FVERO, E.A.G. Direitos das pessoas com deficincia: garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA Ed.. 2004. FEIJ, A.R.A. Direitos humanos e proteo jurdica da pessoa portadora de deficincia: normas constitucionais de acesso efetivao da cidadania luz da Constituio Federal de 1988. Braslia: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2002. IZDIO, K.S. Aes escolares em relao aos alunos com deficincia no municpio de Guarulhos Perspectiva dos profissionais das escolas. (Monografia de especializao) So Paulo, 2007. MANZINI, E.J. Portal de ajudas tcnicas para educao: equipamento e material pedaggico especial para educao, capacitao e recreao da pessoa com deficincia fsica : recursos para comunicao alternativa. [2. ed.] / Eduardo Jos Manzini, Dbora Deliberato. Braslia : [MEC, SEESP], 2006. PINHEIRO, A. A. A.. A criana e o adolescente, representaes sociais e processo constituinte. In: Psicol. estud., Maring, v. 9, n. 3, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 10 Fev 2007. Prpublicao. doi: 10.1590/S1413-73722004000300003 p. 04. ROCHA, E.F. Reabilitao de pessoas com deficincia. SP: Roca, 2006. ______.; CASTIGLIONI, M.C. Reflexes sobre recursos tecnolgicos: ajudas tcnicas, tecnologia assistiva, tecnologia de assistncia e tecnologia de apoio. Rev. Ter. Ocup. Univ. So Paulo, v.16, n.3, p. 97-104, set./dez., 2005.

IZDIO, K.S. Apostila de apoio terico para a Discusso Temtica Adequao de Materiais para Alunos com Deficincia. Itaquaquecetuba, setembro de 2008, 37p.

SASSAKI, R.K. InclusoConstruindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2006, 7 edio. SAWAIA, B. B. Introduo. Excluso ou incluso perversa. In: ______. As artimanhas da excluso. So Paulo, Editora Vozes, 1999. SILVA, A.M.F.; HEIDEMANN, I.T.S.B. Desvelando a deficincia em busca da cidadania. Acta Paul. Enf. V. 15, n 1, jan/mar, 2002. Disponvel em: < http://denf.epm.br/~felipe/2002/15-1/pdf/art10.pdf>. Acesso em 17 de fevereiro de 2007. UNESCO Declarao de Salamanca - Sobre Princpios, Polticas e Prticas na rea das Necessidades Educativas Especiais. Salamanca, Espanha, junho de 1994. Disponvel em: . Acesso em 24 de fevereiro de 2007. UNESCO Declarao Mundial sobre Educao para Todos Satisfao das Necessidades Bsicas de Aprendizagem. Jomtiem, Tailndia, maro de 1990. Disponvel em: < http://www.unesco.org.br/publicacoes/copy_of_pdf/decjomtien>. Acesso em 24 de fevereiro de 2007. WANDERLEY, M. B. Refletindo sobre a noo de excluso. In: SAWAIA, B. B. As artimanhas da excluso. So Paulo: Editora Vozes, 1999. ZULIAN, M.A.R., ROCHA, E.F. Estratgias do uso da comunicao alternativa e ou aumentativa na organizao de um ambiente inclusivo na educao infantil Uma experincia valiosa In: Iberdiscap 2006 IV Congresso Ibero-Americano sobre Tecnologias de Apoio a Portadores de Deficincia, 20 a 22 de fevereiro de 2006, Vitria ES, Brasil. Vol. II Vitria: UFES, 2006 p. 165-169.