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5/7/2014 Midia NINJA
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5 July 2014 6:26 PM Visualizaes 34 Pontuao: 26
Felipe Rodrigues, umsobrevivente da polcia cariocapor Mauricio Becerra
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5/7/2014 Midia NINJA
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Quando os policiais disseram a Felipe Rodrigues, 21 anos, que baixasse a cabea, ele perguntou
por que eu tenho que me curvar?. "Para no dar errado na foto, responderam os policiais.
Segundos depois deram dois tiros, um atingindo-o no peito e outro pegando de raspo. Os policiais
pensaram que Felipe estava morto e um disse para o outro "d dois tiros para o alto para que assim
parea uma troca de tiros". Antes de descer o morro, colocaram um saco de cocana dentro da
cueca dele.
Era uma manh clara, o sol nascia por trs dos edifcios de Copacabana e atravessava o cu para
iluminar o rosto dos policiais que desciam da mata da favela Chapu Mangueiras. Para eles era o
tratamento justo visto que o cara semanas antes os increpou na rua depois que os PMs o
chamaram de rato de esgoto. Felipe, que trabalha com pintura e dava aulas de skate, no aceitou
o insulto e devolveu perguntando: Quem so vocs para chamar a gente rato de esgoto?
A oportunidade se apresentou naquela manh de 31 de maio. Felipe voltava de uma festa na praia,
o aniversrio de sua namorada. J amanhecia e subiu para a comunidade. Fernando Rodrigues, o
pai dele, conta que tomou um caf com um amigo e como s oito da manh no tinha cigarro, saiu
para comprar um. A loja estava fechada, mas encontrou a guarnio da UPP (Unidade de Polcia
Pacificadora), que lembravam dele, o prenderam e o levaram mata. Meu filho falava no entendo
nada, estava em uma festa e vou para minha casa agora- conta seu pai.
LETALIDADE POLICIAL
No mesmo dia que abriu a Copa do Mundo no Brasil em So Paulo, Mateus Alves dos Santos, de 14
anos, somou ao obiturio escrito pela polcia carioca. Dois policiais o detiveram junto com um
amigo suspeitos de roubar no centro da cidade. Os policiais os colocaram na viatura, passaram pela
delegacia mas no ficaram por l. O destino era o morro do Sumar, onde seriam executados.
Um dos jovens sobreviveu aos ferimentos de bala na perna e nas costas. Fingindo-se de morto,
esperou a sada de seus algozes para correr e pedir ajuda. Por medo, a famlia hesitou por vrios
dias em fazer a denncia.
O Anurio Brasileiro de Segurana Pblica aponta que todos os dias cinco pessoas so mortas pela
polcia no Brasil. Em 2012, 1.890 pessoas foram assassinadas por policias, ou seja, quatro vezes
mais que a mdia nos Estados Unidos (410) pas famoso pela letalidade da instituio.
Em So Paulo a letalidade policial aumentou antes do incio dos meses da Copa, durante o primeiro
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trimestre deste ano, o nmero de mortes causadas por confrontos com a polcia do Estado
triplicou em relao ao mesmo perodo do ano passado, segundo o Ministrio da Segurana
Pblica. Os mortos pela ao policial foram 85 pessoas na capital, totalizando 156 no Estado tudo.
Os nmeros so os mais altos em dez anos. Pessoas feridas por policiais no estado, totalizando 142
e 73 na capital. A Polcia Civil responsvel pela morte de 4 pessoas em So Paulo e 7 em todo o
estado em supostos confrontos.
S em abril de 2014, dados do Instituto de Segurana Pblica do Rio de Janeiro apontam 36
mortes sob o ttulo Homicdio devido interveno da polcia. Nmeros de 2013 falam que a
polcia de So Paulo responsvel por 7,5% dos assassinatos no estado e que a polcia do Rio de
Janeiro responsvel por 8,7%. O grande paradoxo que muitas destas vtimas so negros, como
grande parte da fora policial.
As Unidades de Polcia Pacificadora (UPP) no ficam fora dessa estatstica. Segundo uma pesquisa
do site UOL, usando dados do Instituto de Segurana Pblica do Estado do Rio de Janeiro, as
pessoas desaparecidas aumentaram nas primeiras 18 comunidades que receberam a UPP, entre
2007 e 2012. O nmero aumentou de 87 para 133, ou seja, mais de 56%.
Dados do Instituto de Segurana Pblica do Rio de Janeiro mostram que, durante 2012, foram 19
mortes e outros 12 em 2013 pela interveno das UPPs.
UMA COMUNIDADE QUE PERGUNTA
Ao descer do mato os policias se encontraram com a noiva de Felipe e vrias pessoas da
comunidade perguntando o que fizeram com ele. Algum avisou a mulher dele que os policias
levaram Felipe mata. Ela e vizinhos da comunidade foram para l- conta Fernando. Os policiais
surpresos no responderam nada.
A noiva procurou na mata e achou Felipe agonizando perto das 10 da manh. Embora j estivesse
perdendo sangue h duas horas, ainda estava vivo. Se no chegassem os moradores ele estaria
morto- reflete seu pai.
Quando Fernando chegou ao Chapu Mangueira naquela manh encontrou com os mesmos
policiais que levaram seu filho. Estavam rindo e debochando. Pedi a eles para respeitar minha
famlia. Eles mandaram caminhar pela sombra e ter cuidado para no andar a topada.
No dia 23 de junho, familiares de pessoas mortas ou feridas pela polcia carioca das comunidades
da Mar, Babilnia, Realengo e Chapu Mangueira se mobilizaram por trs de um cartaz que dizia:
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A Festa dos Estdios No Vale as Lgrimas nas Favelas.
Chegaram at Copacabana onde a FIFA sedia a Fan Fest para apresentar o rosto das pessoas
mortas. Amarildo, Mateus, Afonso Maurcio, Cludia, Maria de Ftima, Alessandra de Jesus,
Adielson, Douglas e Edilson so s alguns nomes que integram a lista da morte. Quantos mais
sero?
Lei a m ai s:
Favela | Polcia | Unidade de Polcia Pacificadora