15
Mídias, identidades culturais e cidadania: sobre cenários e políticas de visibilidade midiática dos movimentos sociais 1 Denise Cogo 2 Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Resumo Esse texto busca levantar e discutir as relações entre os processos de midiatização das sociedades contemporâneas e as estratégias e políticas de ação e intervenção de atores e movimentos sociais visando à visibilidade midiática de suas agendas cidadãs, especialmente aquelas que envolvem as chamadas políticas de identidade. A partir de exemplos tomados de contextos nacionais e transnacionais, reflete-se sobre o papel de diferentes tecnologias e dispositivos midiáticos, das redes comunicacionais assim como sobre a (re) configuração de noções como cultura, etnia, hibridização, popular, comunitário, alternativo e cidadão que resultam das disputas e negociações dos movimentos sociais contemporâneos pela afirmação de suas demandas identitárias no espaço das mídias. Palavras-chave Mídia; cidadania; identidades culturais; movimentos sociais Corpo do trabalho O mapeamento de três eixos ou cenários, em que se dinamizam contemporaneamente as interfaces entre mídias, identidades culturais e cidadania é o percurso delineado para a construção desse texto. Cenários em torno dos quais os 1 Trabalho apresentado ao NP 12 – Comunicação para a Cidadania, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom 2 Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos – RS. Pesquisadora do CNPq e consultora da CAPES. É coordenadora, no Brasil, do projeto de cooperação internacional Brasil (Unisinos) - Espanha (UAB) intitulado “Mídia e interculturalidade: estudo das estratégias de midiatização das migrações contemporâneas nos contextos brasileiro e espanhol e suas repercussões na construção midiática da União Européia e do Mercosul”., financiado pela CAPES e MECD. E-mail [email protected].

Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Midias Identidades Culturais e Cidadania

Citation preview

Page 1: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

Mídias, identidades culturais e cidadania: sobre cenários e políticas de visibilidade midiática dos movimentos sociais 1

Denise Cogo 2 Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Resumo Esse texto busca levantar e discutir as relações entre os processos de midiatização das

sociedades contemporâneas e as estratégias e políticas de ação e intervenção de atores e

movimentos sociais visando à visibilidade midiática de suas agendas cidadãs,

especialmente aquelas que envolvem as chamadas políticas de identidade. A partir de

exemplos tomados de contextos nacionais e transnacionais, reflete-se sobre o papel de

diferentes tecnologias e dispositivos midiáticos, das redes comunicacionais assim como

sobre a (re) configuração de noções como cultura, etnia, hibridização, popular,

comunitário, alternativo e cidadão que resultam das disputas e negociações dos

movimentos sociais contemporâneos pela afirmação de suas demandas identitárias no

espaço das mídias.

Palavras-chave Mídia; cidadania; identidades culturais; movimentos sociais Corpo do trabalho

O mapeamento de três eixos ou cenários, em que se dinamizam

contemporaneamente as interfaces entre mídias, identidades culturais e cidadania é o

percurso delineado para a construção desse texto. Cenários em torno dos quais os

1 Trabalho apresentado ao NP 12 – Comunicação para a Cidadania, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom 2 Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos – RS. Pesquisadora do CNPq e consultora da CAPES. É coordenadora, no Brasil, do projeto de cooperação internacional Brasil (Unisinos) - Espanha (UAB) intitulado “Mídia e interculturalidade: estudo das estratégias de midiatização das migrações contemporâneas nos contextos brasileiro e espanhol e suas repercussões na construção midiática da União Européia e do Mercosul”., financiado pela CAPES e MECD. E-mail [email protected].

user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
Page 2: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

2

movimentos sociais articulam, em ämbito local, nacional ou mesmo transnacional, suas

estratégias e políticas de visibilidade identitária, cujas dinâmicas podem se entendidas a

partir da perspectiva de “modos próprios de navegação social. formulada pelo antropòlogo

Roberto DaMatta. quando se refere aos modos muito particulares de construção e

percepção de realidades e de relações sociais e de criação de soluções frente às crises que

pautam nosso ethos identitário nacional – a brasilidade - 3

O midiático como matriz configuradora das identidades – um primeiro cenário

Um primeiro cenário refere-se à especificidade do que denomino de as mìdias

como matrizes configuradoras das identidades culturais em que, mais do que meros

dispositivos técnicos, mídias como televisão, o rádio ou a Internet passam atuar como

instâncias que atribuem visibilidade às ações de outros campos sociais e instituições e

propõem e asseguram modos próprios de existência e estruturação de realidades pertinentes

a esses campos. Trata-se, conforme enfatiza o pesquisador Antonio Fausto Neto, de um

crescente processo de publicização da vida privada operado pelos meios de comunicação

através de um conjunto de “regras privadas” que são os saberes – enquanto formas e

estratégias – inerentes ao mundo do próprio discurso midiático, principalmente das esferas

do jornalismo. 4

O amplo processo de midiatização das comemorações do Quinto Centenário de

Descobrimento do Brasil, entre 1997 e 2000, capitaneada pela Rede Globo e pela Fundação

Roberto Marinho e assumido posteriormente por outras empresas de comunicação, é um

exemplo recente da presença significativa das mídias como as principais propositoras e

gestoras, no espaço público brasileiro, de uma agenda temática sobre a nacionalidade, as

identidades culturais e a especificidades da trajetória do multiculturalismo no contexto

nacional.5

3 DAMATTA, Roberto. O que faz o Brasil Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. 4 FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999. 5 No marco do projeto intitulado Brasil 500, a Fundação Roberto Marinho e a Rede Globo inauguraram, no ano de 1997, uma programação especial constituída de um amplo calendário de eventos, propondo à sociedade brasileira que a Celebração dos Quinto Centenário fosse “experienciada” a partir de três eixos ou esferas – a festa, a história e a ação educacional – culminando na data comemorativa dos 500 anos no dia 22 de abril de 2000. que foi assumida posteriormente por outras empresas de comunicação no Brasil

user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
Page 3: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

3

“Brasil festeja 500 anos na tela da Globo”, título de uma das matérias publicadas

por um jornal brasileiro no ano de 2000 6, parece sintetizar com propriedade um tipo de

protagonismo desempenhado pelo esfera midiática ao propor à nação brasileira porque

devemos celebrar os 500 anos e como devemos celebrá-los. O desempenho dessa tarefa

pela mídia, especialmente pela Rede Globo, é reconhecida pelo próprio campo intelectual,

encarregado até então da função assumida contemporaneamente pelos mídia, segundo

analisou, na época, uma das representantes desse campo, a historiadora brasileira Lucia

Lippi de Oliveira, [...] “o programa comemorativo da Rede Globo de Televisão constitui o

mais rico exemplo de recorrência de um número considerável de ícones do IV Centenário

[...] agora transmitidos sob novo formato e com uma dimensão impensável cem anos atrás.

O consenso, a unidade nacional, não dependem mais do apelo dos intelectuais patriotas,

mas substancialmente dos índices de audiência” 7

As mídias deixam, portanto, de se constituir em meros dispositivos

transportadores de sentidos acrescidos às mensagens ou, ainda, em simples espaços de

interação entre produtores e receptores, para se converterem, de forma crescente, em um

ethos, naquilo que a pesquisadora argentina Maria Cristina Matta define como “marca,

modelo, matriz, racionalidade produtora e organizadora de sentido”.8 Em síntese similar, o

pesquisador Eliseo Verón define a midiatização como a condição que marca as sociedades

pós-industriais como em sociedades em que “o fato de haver meios transforma as práticas

sociais no que se refere às suas modalidades de funcionamento institucional, mecanismos

de tomada de decisão, hábitos de consumo, condutas mais ou menos ritualizadas”., ainda

que, não deixe de alertar, contudo, para o risco de vermos a midiatização como a única

forma estruturante das sociedades contemporâneas e como matriz explicativa da totalidade

de seu funcionamento. 9

No contexto europeu, a denominação Amigos e Parentes de Vítimas da Imigração

Clandestina adotada por uma ONG marroquina na Espanha, assim como a apropriação de

um dispositivo muito usado pela própria mídia na mediatização das migrações 6 Publicado pelo jornal gaúcho Zero Hora em 16 de abril de 2000. 7 OLIVEIRA, Lucia Lippi. Imaginário histórico e poder cultural: as comemorações do Descobrimento. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 14, nº 26, 2000. p. 196. 8 MATTA, Maria Cristina. De la cultura masiva a la cultura mediática. Diálogos de la Comunicación. Lima: Felafacs. nº 56, p. 80-90, out. 1999. 9 VERÓN, Eliseo. Interfaces. Sobre la democracia audiovisual evolucionada. In: FERRY,Jean-Marc et al. El nuevo espacio público. Barcelona: Gedisa, 1998. p. 124-139.

user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
Page 4: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

4

contemporâneas – o uso de cifras – é um exemplo de como uma matriz midiática

atravessa e é incorporada pelas próprias estratégias e ações dos imigrantes e suas redes na

visibilidade de uma agenda sociocultural das migrações. 10

A ONG marroquina Amigos e Parentes de Vítimas da Imigração Clandestina calcula que cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido entre 1997 e 2001, ao cruzar o Estreito de Gibraltar, onde apenas 14 quilômetros separam o continente africano da Europa.11

No marco desse protagonismo midiático, as modalidades de ação e intervenção de

atores e movimentos sociais na sociedade passam, portanto, a construir-se cada vez mais

tensionadas pela exigência de um tipo de visibilidade pública atribuída pela lógica meios de

comunicação ao mesmo tempo em que também esses atores e movimentos se apropriam e

reelaboram tais lógicas, transformando a esfera das mídias em um espaço simbólico de

conflitos, disputas e negociações e que se encontra, portanto, submetido permanentemente

às tensões contraditórias dos interesses que circulam na sociedade.

Assim, se, no contexto norte-americano, a homogeneização tem sido uma

estratégia que vem contribuindo para a conversão das culturas e das identidades culturais

em mercado a partir da produção e oferta de um amplo espectro de produtos midiáticos -

que sob a rubrica do hispanismo – são dirigidos a esses públicos, essa homogeneização tem

sido questionada pelos distintos grupos étnicos, como porto-riquenhos e mexicanos que

reivindicam ofertas de sentidos, como é caso das telenovelas, calcados em suas

especificidades étnicas e culturais.12

Outro exemplo de manejo simbólico de referentes de identidade na busca por dar

visibilidade da uma agenda cidadã nas mídias resultou da ação dos indígenas brasileiros no

marco das estratégias de midiatização das celebrações do Quinto Centenário de

Descobrimento do Brasil referidas anteriormente.

10 Sobre o processo de midiatização das migraçoes contemporâneas, ver as pesquisas de COGO, Dense. Midìa, migraçao e interculturalidade. Sao Leopoldo: Unisinos/Fapergs/CNPq, 2004 ((Relatório de pesquisa vol. I e II). e LORITE GARCÍA, Nicolás (dir.). Tratamiento informativo de la inmigración en España. 2002. Madrid: Instituto de Migraciones y Servicios Sociales (IMSERSO), 2004. 11 GIBRALTAR é rota de imigração ilegal. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 out. 2002. p. A-9. Ver COGO, Dense. Midìa, migraçao e interculturalidade. Sao Leopoldo: Unisinos/Fapergs/CNPq, 2004 (Relatório de pesquisa vol. II). 12 SINCLAIR, John. From latin americans to latinos: spanish-language television in the United States and its audiences. Panamerican Colloquium Cultural Industries and Dialogue Between Civilizations in the Americas. Montreal: Gricis/Université de Montreal au Québec, 22-24 abril de 2002. p. 1-11 (Anais do Congresso em versão on-line).

user
Marcador de texto
Page 5: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

5

A polissemia que marcou a enunciação das culturas indígenas na mídia brasileira,

como resultado, em grande medida, de estratégias das organizações indígenas, comportou

desde a visão mítica e romântica dos indígenas associadas a um revigoramento do mito do

bom selvagem, passando pelo confronto histórico pautado na dualidade índio versus

branco, até a presença dos indígenas brasileiros como atores sociais no espaço público

brasileiro contemporâneo.13

A construção de políticas de visibilidade midiàtica como um segundo cenário

Dessas dinâmicas, converge, portanto, um segundo cenário, configurado pelo que

eu denomino de estratégias e políticas de visibilidade midiàtica que emergem dos

processos de afirmação e disputa, no campos das mìdias, das particularidades culturais e

das identidades como resultado da ação de indivíduos, grupos e movimentos sociais.

Através da busca dessa visibilidade, cujas dinâmicas assumem um caráter mais ou menos

organizativo, essas micropolíticas cotidianas de visibilidade vão demandando a inclusão, na

agenda pública, de uma multiplicidade de demandas simbólicas e materiais.

O que implica, ainda, em refletir como os movimentos sociais vão articulando, no

marco da formulação dessas políticas, a questão do reconhecimento com a questão da

redistribuição dos recursos materiais e simbólicos na sociedade. Stuart Hall chama atenção

para os riscos impostos às culturas e às identidades pela lógica midiática da visibilidade. No

âmbito do Corporate Multiculturalism de Goldberg ou do multiculturalismo comercial,

Hall alerta para a insuficiência dos postulados que sugerem que o reconhecimento público

da diferença ou da diversidade cultural, através, por exemplo, da visibilidade midiática,

assegurem a resolução (e dissolução) desses problemas no âmbito do consumo privado,

“sem qualquer necessidade de redistribuição do poder e dos recursos.” 14.

Tal crítica é resgatada por Baumann quando nos instiga a pensar em que medida a

versão culturalista que assumem, especialmente no contexto norte-americano, algumas 13 Ainda que muitas dessas construções midiáticas tenham assumido um caráter de criminalização, especialmente a partir dos conflitos que envolveram as populações indígenas no decorrer da programação oficial das comemorações, culminando nos conflitos com a polícia, em Porto Seguro, na Bahia, no dia 22 de abril de 2000. No entanto, os índios brasileiros se conduziram e foram conduzidos, igualmente, ao espaço da mídia, ainda, via a construção de perfis humanizados expressos em entrevistas que buscaram compreender seus protagonismos nas comemorações oficiais do Quinto Centenário e no contexto da sociedade brasileira na contemporaneidade. 14 HALL, Stuart. A questão multicultural. In: HALL, Stuart. Da diáspora – identidades e mediações culturais . Belo Horizonte: Editora UFMG/ Representação da UNESCO no Brasil, 2003. p. 53.

user
Marcador de texto
Page 6: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

6

lutas sociais orientadas a reivindicações de reconhecimento identitário tendem hoje a se

manifestar desvinculada da idéia de justiça distribributiva [...]. No caminho para a versão

“culturalista” do direito humano ao reconhecimento, cai por terra a tarefa incumprida do

direito humano ao bem estar e a uma vida vivida com dignidade.15

Tributária do próprio incremento das tecnologias da comunicação, a intensificação

dos contatos, conexões e intercâmbios entre culturas, favorecidos pelas múltiplas redes

globais e pela aceleração dos processos migratórios no marco dessas redes, são fatores que,

associados às apropriações e usos que fazem as culturas e os movimentos culturais de

distintas dispositivos tecnológicos e midiáticos, favorecem essa emergência e afirmação de

múltiplas identidades.

As disputas no âmbito processo de regulamentação das chamadas rádios

comunitárias no Brasil, iniciado, em 1998, a partir da aprovação de uma legislação

específica, têm sido marcadas por demandas pautadas em micropolíticas identitárias e

reivindicatórias de setores sociais específicos como os religiosos e os juvenis. Grande parte

da polêmica discussão sobre a implementação das chamadas ações afirmativas ou cotas

para afrodescendentes no Brasil se desenrola hoje no ambiente comunicacional da Internet

através de websites e listas de discussão.

As migrações contemporâneas expressam, em diferentes contextos, a materialidade

da dinâmica simbólica em torno das quais se definem as agendas de cidadania e o

deslocamento de sua publicização, de modo cada vez mais pluralizado, para a esfera das

mídias. É o caso da comunidade de equatorianos que produz e edita um boletim impresso

em Barcelona16, ou, ainda, das entidades confessionais brasileiras que se dedicam à

produção de um conjunto de boletins e outros materiais impressos dirigidos aos imigrantes

estrangeiros, especialmente aqueles oriundos do Mercosul confessionais, inclusive com a

adoção de políticas lingüísticas plurais.17

Outro referente dessa política de visibilidade deriva da associação entre

clandestinidade e dispositivos midiáticos empreendidos por imigrantes e de suas redes

15 BAUMANN, Zygmund. Comunidad – en busca de seguridad en un mundo hostil. Madrid: Singlo Veintiuno, 2003. p. 104-105. 16 Huellas - Boletin Informativo de la Asociación Ecuador Llactaru. 17 No Brasil, destacam-se os boletins A Família da Pompéia (CIBAI-Migrações de Porto Alegre), editado em português, italiano e espanhol, Integrar (Centro de Estudos Migratórios Cristo Rei – Porto Alegre); Notícias – SPM (Serviço Pastoral dos Migrantes – São Paulo); Vai e Vem (Serviço Pastoral dos Migrantes em São Paulo); Boletín Nosotros de la Pastoral de los Inmigrantes Latino-Americanos (Serviço Pastoral dos Migrantes em São Paulo), editado em espanhol.

user
Marcador de texto
Page 7: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

7

atrvaés de propostas como a do El Paracaidista, la guia del recién llegado a Miami que se

apresenta, em sua versão online, como “um periódico mensual que circula en el sur de

Florida en mas de 400 puntos em Miami-Dade y Broward, con información de orientación

actualizada de utilidad para el recién llegado de habla hispana y para residentes de largo

tiempo, com su paralelo em Internet. El Paracaidista.com”.

Por essa associação, a publicação merece a menção do jornal O Globo em duas

matérias intituladas” e ‘El Paracaidista’ é a bíblia dos argentinos em Miami”.18

Uma publicação mensal, que já ganhou site na Internet e programa de rádio, a “El Paracaidista! (“O pára-quedista), transformou-se na bíblia dos exilados. Editada por duas jornalistas, a argentina Cynthia Zak e a venezuelana Ira Guevara, é um verdadeiro manual de sobrevivência. Ensina como evitar chamar a atenção da Imigração e onde encontrar quartos ou apartamentos baratos. A revista também traz ofertas de empregos e diz onde encontrar roupas e alimentos grátis nas horas de maior aperto. – Acabamos nos tornando uma tábua de salvação para muitos. O importante é que eles confiam em nós, e as autoridades não interferem em nosso trabalho – diz Ira.

A fluidez, transitoriedade e fragmentação das experiências identitárias e das novas

sociabilidades que despontam da conjunção dos dois cenários descritos anteriormente, vão

reordenando as pautas de produção, circulação e consumo comunicacionais e midiáticos, e

ao mesmo tempo (re) atualizando e transnacionalizando, de um ponto de vista acadêmico-

científico, todo um repertório de noções como o popular, o alternativo, o comunitário, o

hibridismo. Noções que, no pensamento acadêmico latino-americano, estão sintetizadas no

legado do pensamento de autores como Jesus Martín-Barbero e Nestor García Canclini no

esforço de compreensão dos processos de luta e de constituição das cidadanias nas

contextos locais, regionais e nacionais do continente.

A atualidade da noção de “popular” , entendida não como uma essência a priori,

mas como configuração de estratégias instáveis, diversas e, algumas vezes, ambivalentes,

com que os próprios setores populares e/ou movimentos sociais constroem seus

posicionamentos na sociedade, nos faz entender que é necessário preocupar-se menos com

o que se extingue do que com o que se transforma, conforme nos sugere a reflexão de

García Canclini.

18 “Grupos ajudam quem vive na clandestinidade”. O Globo. Rio de Janeiro, 22 jun. 2002. online.

user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
Page 8: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

8

De modo similar, a hibridização e a mestiçagem, intensificadas pela

interculturalidade migratória, econômica e mediática, conforme assinala o mesmo autor,

nos indica que, no marco das políticas de visibilidade, a noção de identidades não

comporta apenas a idéia de “fusão, coesão e osmose, mas confrontação e diálogo”, não nos

permitindo perder de vista as assimetrias, desigualdades, assim como os conflitos e

ambivalências, que atravessam a constituição de tais políticas.

Nesses tempos em que “as decepções das promessas do universalismo abstrato conduziram a crispações particularistas” (Laplantine-Nouss, 1997:14), o pensamento e as práticas mestiças são recursos para reconhecer o distinto e elaborar as tensões da diferença. A hibridação, como processo de intersecção e transações, é o que faz possível que a multiculturalidade evite o que tem de segregação e possa se converter em interculturalidade. As políticas de hibridação podem servir para trabalhar democraticamente com as divergências para que a história não se reduza a guerrar entre culturas, como imagina Samuel Huntington. Podemos escolher viver em estado de guerra ou em estado de hibridação.19

Como fruto desse pensamento, o alternativo e comunitário, que, na América Latina,

vêm definindo, nas últimas três décadas, experiências e projetos envolvendo os meios de

comunicação de baixa potência ou de pequena circulação parecem também ter suas

fronteiras cada vez mais tênues e hibridizadas. O fim das ditaduras nos anos 80 na maioria

dos países latino-americanos, as lutas sociais que culminaram com a institucionalização de

projetos como o das rádios comunitárias no Brasil no final dos anos 90, a aceleração dos

processos de segmentação das mídias que pluralizou o cenário midiático e favoreceu uma

apropriação crescente do termo comunitário pelos sistemas massivos de comunicação.

contribribuíram não apenas para o alargamento da polissemia e dos usos do termo

comunitário em diferentes setores sociais mas também para a redefinição do caráter político

atribuído a muitas experiências e projetos que se desenvolveram pautados pela oposição às

mídias massivas. Ou, ainda, por uma noção universal de “local” e de “pertencimento”,

muitas vezes, circunscrita mais a uma espacialidade geográfica ou a uma territorialidade

específica e menos a uma espacialidade simbólica.

Conforme assinala a pesquisadora brasileira Cicília Peruzzo, embora as

demarcações geográficas contribuam para a configuração do local, elas são imensuráveis, 19 GARCÍA CANCLINI, Néstor. Noticias recientes sobre la hibridación. Disponível em: <http://www.cholonautas.edu.pe/pdf/SOBRE%20HIBRIDACION.pdf>. Acesso em: 21 junho 2003. p. 7.

Page 9: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

9

no que se refere à cobertura e aos efeitos das mídias, por se somarem “às demais

singularidades, identidades e diversidades sócio-culturais, históricas, ecológicas,

econômicas, de comunicabilidade etc., que ajudam a constituir o espaço local ou o

comunitário.” 20 Peruzzo atenta, ainda, para o caráter relacional que assume a noção de

local no cenário comunicacional contemporâneo.

Tanto o local como o regional só podem ser compreendidos na relação de um com o outro, ou deles com outras dimensões espaciais, como o nacional e o global. Ele pode mudar suas feições em cada caso: o regional pode ser o norte do Espírito Santo, o nordeste brasileiro, a América Latina etc. Por outro lado, qualquer uma das dimensões de espaço só se realiza, sob o ponto de vista de suas fronteiras, ou melhor das pseudo-fronteiras, se colocada em contraposição com o seu contrário. O local só existe enquanto qual, se tomado em relação ao regional, ao nacional ou ao universal. Na outra ponta, o global, como parâmetro de referência, precisa se tornar local para se realizar. Afinal, o ato de consumir é local. A indústria de tênis da marca x só aumenta seu faturamento se o calçado for consumido aqui e ali, ou seja em localidades concretas. 21

A cidadania (re) configurada como terceiro cenário

A dinamização da agenda dos movimentos sociais no marco desses dois cenários

analisados até aqui - o das mìdias como matrizes configuradoras das identidades culturais

e o das estratégias e políticas de visibilidade midiática das experiências identitárias dos

movimentos sociais - apontam para a relevância da reflexão sobre as reconfigurações de

um terceiro cenário: o das demandas por cidadania.

Experiências de cidadania marcadas pela efemeridade, instabilidade e

desterritorialização, pautadas e organizadas pelo pertencimento a múltiplas identidades e

redes sociais, interagem no espaço público, especialmente midiáticos, associando matrizes

clássicas a novos modos de expressão cidadã, que resultam de competências e habilidades

para apropriação e usos dos recursos comunicacionais e midiáticos, como os digitais, não

raramente desenvolvidas à margem da educação formal.

20 PERUZZO, Cicilia. Mídia local e suas interfaces coma mídia comunitária. Anais do XXVI Congresso Brasileiros de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte: Intercom, 2003. (Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Comunicação para a Cidadania). 21 PERUZZO, Cicilia. Mídia local e suas interfaces coma mídia comunitária. Anais do XXVI Congresso Brasileiros de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte: Intercom, 2003. (Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Comunicação para a Cidadania).

user
Marcador de texto
user
Marcador de texto
Page 10: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

10

Tal processo é tributário, em grande medida, da assimetria que marca a distribuição

dos recursos materiais e simbólicos, inclusive os comunicacionais, na chamada Sociedade

da Informação em que gerações excluídas, ou desigualmente incluídas, nos sistemas

educativos, comunicacionais e midiáticos vão gestando criativa e solidariamente estratégias

e redes de inclusão que comportam desde dispositivos mais artesanais e domésticos, como

os alto-falantes e o videocassete, até os mais sofisticados, como os digitais.

Exemplo é o protagonismo juvenil observado na trajetória das rádios comunitárias

instaladas em regiões periféricas das cidades brasileiras, ou, ainda, o projeto intitulado

Rede de Jovens de Comunicação, que reúne adolescentes de nove regiões da cidade de Belo

Horizonte. Apoiada por diferentes grupos, projetos e instituições ligados à promoção da

cidadania, a rede, definida pelos jovens que a constituem como uma rede de solidariedade,

é responsável pela produção e veiculação de programas de rádio, tv e jornal e pela

manutenção de uma agência de notícias e um website com o objetivo de fazer circular e dar

visibilidade a questões e temáticas ligadas ao universo adolescente, como a educação,

direitos, saúde, qualidade de vida e violência.22

Outras referências sobre essas novas modalidades de exercício de cidadania nos

chegam de listas de discussão como aquela intitulada Outros 500 que, por iniciativas de

ONGs e setores da sociedade civil brasileira, funcionou durante as comemorações do

Quinto Centenário de Descobrimento do Brasil, especialmente para fazer circular textos e

imagens contendo versões dos conflitos entre a polícia, as organizações indígenas e outros

representantes de movimentos sociais brasileiros. Os chamados movimentos de ativismo

global, cujas expressões mais conhecidas foram os protestos antiglobalização realizados em

Seattle, Gênova e Porto Alegre, são outro indicativo de como vão se redefinindo os

âmbitos, estratégias, políticas e ações de cidadania na sociedade contemporânea.

Os processos de criação de identidades supranacionais no marco da chamada

cidadania comunitária inscrita nos projetos de integração regional como o da União

Européia e do Mercosul, expressam, igualmente, as reorientações das experiências de

cidadania contemporânea. Desde uma perspectiva comunicacional e cultural, observam-se

tensões e disputas entre dois projetos políticos de gestão da diversidade sociocultural e da

22 Ver http://www.redejovembh.org.br/jornais/jornal1.pdf

Page 11: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

11

interculturalidade representadas pela variedade de culturas, valores e identidades das

sociedades a serem integradas.

De um lado, um projeto pautado na integração das distintas identidades em uma

identidade supranacional, através da criação de uma “comunidade imaginada”, como a de

europeus ou de mercosulinos, a exemplo do que pauta a constituição dos estados-nação, e,

por outro lado, a criação de um espaço de interação e diálogo ancorado na idéia de uma

“comunidade de comunicação na diversidade”, a ser construída a partir da criação de um

espaço de igualdade, ainda que não isento de disputas e negociações, em que possam se

encontrar as distintas culturas e imaginários dos diferentes países.23

A própria preocupação acerca do papel pedagógico dos meios de comunicação na

sociedade contemporânea, que tem mobilizado projetos e ações de intervenção no âmbito

das políticas de comunicação em diferentes países, parecem sofrer reorientações se

analisarmos, por exemplo, aqueles projetos e iniciativas desenvolvidos nas últimas décadas

sob a rubrica de pedagogia dos meios de comunicação, de leitura crítica da comunicação ou

de educação para a comunicação .

No caso do Brasil, onde esse tipo de iniciativa ganhou relevância nos anos 80 e parte

dos 90, a partir, sobretudo, do pioneirismo e liderança da União Cristã Brasileira de

Comunicação (UCBC) com o projeto Leitura Crítica da Comunicação (LCC) 24, hoje

convivem uma multiplicidade de vozes que disputam espaço para dizer como desejam que

seja atuação cidadã das mídias na sociedade. Um passeio pela Internet nos põe perante

diferentes modos de propor a chamada Leitura Crítica ou Pedagogia dos Meios de

Comunicação, desde aqueles que reeditam velhas posturas moralistas orientadas pela

proibição e pela censura dos conteúdos dos meios até aqueles que não crêem na validade ou

legitimidade de um único ponto de vista – seja ele mais ou menos progressista – como

referência para pautar a postura e a atuação crítica da sociedade frente à mídia, mas que, ao

contrário, aos telespectadores, ouvintes ou leitores, deve ser ofertada uma pluralidade de

pontos de vista que os capacitem a formular seus próprios julgamentos ou sua crítica da

mídia.

23 Sobre esse debate, ver GRIMSON, Alejandro. Fronteras, migraciones y Mercosur – crisis de las utopías integracionistas. Disponível em: http://www.apuntes-cacyp.org/N7-Grinsom.htm>. Acesso em: 12 julho 2003. 24 Denominado, posteriormente, de Educação para a Comunicação.

Page 12: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

12

No Brasil, tem sido representativa dessa disputa a campanha “Quem financia a

Baixaria é contra a Cidadania” da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos

Deputados”, cujo nascimento é marcado pela perspectiva de pressionar TVs e

patrocinadores de programas que desrespeitam os direitos humanos. Os idealizadores da

campanha lançaram uma cartilha que aponta como forma de baixaria na TV,

[...] a apologia ao crime, tortura e linchamento, a discriminação racial, sexual e religiosa, as afrontas à dignidade de “pessoas fragilizadas (como deficientes, consumidores de drogas e portadores do HIV), a valorização da exploração sexual, pedofilia e incesto, estímulo à “precipitação da sexualidade infantil e infanto-juvenil”, a exposição abusiva” de crianças e adolescentes (inclusive em reportagens sobre “dificuldades no interior da família”), a divulgação de imagens de pessoas privadas de liberdade (também por motivos de saúde) e a imputação de autoria de crime sem provas ou sem condenação transitada em julgado.”25

Nesse cenário de disputas e redefinições contribuem, em grande medida, para

colocar no centro do debate das relações entre informação, sistemas democráticos e

cidadania, a possibilidade um modelo único de Sociedade da Informação, ao estilo do

chamado “infoentretenimento” – mescla entre informação e entretenimento -, que nos tem

sido ofertado, de forma crescente, hoje, a partir da emergência e intensificação dos

processos de fusão e convergência entre as grandes corporações midiáticas.

Tal debate tem se intensificado e assumido especificidade no contexto de fóruns

como o da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação sob os auspícios da ONU

(Organização das Nações Unidas (ONU) , que, em um primeiro encontro realizado, em

Genebra, em dezembro de 2003, sob os auspícios da ONU, cuja sìntese de sua visão de

sociedade da informação aparece expressa na Declaração de Princípios Construir la

Sociedad de la Información: un desafío global para el nuevo milenio.

Nuestra visión común de la Sociedad de la Información Nosotros, los representantes de los pueblos del mundo, reunidos en Ginebra del 10 al 12 de diciembre de 2003 con motivo de la primera fase de la Cumbre Mundial sobre la Sociedad de la Información, declaramos nuestro deseo y compromiso comunes de construir una Sociedad de la Información centrada en la persona, integradora y orientada al desarrollo, en que todos puedan crear, consultar, utilizar y compartir la información y el conocimiento, para que las personas, las comunidades y los pueblos puedan emplear plenamente sus posibilidades en la

25 Ver http://www.uol.com.br/aprendiz/n_noticias/satelite/id240103.htm. Os responsáveis pela campanha mantêm, ainda, uma página na Internet http://www.eticanatv.org.br

Page 13: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

13

promoción de su desarrollo sostenible y en la mejora de su calidad de vida, sobre la base de los propósitos y principios de la Carta de las Naciones Unidas y respetando plenamente y defendiendo la Declaración Universal de Derechos Humanos..26

Outro fórum de discussão e disputa em torno de um modelo de Sociedade da

Informação é a Plataforma pelo Direito à Comunicação, entidade que congrega

organizações não governamentais de diferentes países com atuação no campo da mídia e

comunicação, responsável pelo lançamento da Campanha CRIS (Direito á Comunicação na

Sociedade da Informação), cuja proposição parece questionar justamente a possibilidade de

existência de um modelo único de “Sociedade da Informação”, conforme o próprio grupo

difunde pela Internet

Nuestra visión de la Sociedad de la Información se fundamenta en el Derecho a Comunicar como un medio de acrecentar los derechos humanos y fortalecer la vida social, económica y cultural de las personas y las comunidades. Para lograrlo, resulta fundamental que las organizaciones de la sociedad civil se unan para cooperar en la construcción de una sociedad de la información basada en principios de transparencia, diversidad, participación, justicia social y económica, e inspiradas por la equidad de género y la perspectivas culturales y regionales. CRIS – CMSI.27

Expresso na proposição da Campanha CRIS e claramente em disputa nos fóruns de

discussão e formulação de políticas sobre a Sociedade da Informação, o deslocamento de

um paradigma informacional para um paradigma comunicacional parece manter-se, ainda,

como uma exigência no desenho das ações e práticas dos movimentos sociais no marco de

uma agenda sociocultural em que se cruzam as variáveis identidades culturais e cidadania.

O pensamento pedagógico-comunicacional do educador brasileiro Paulo Freire

parece, portanto, não ter perdido vigência quando se trata na formulação de estratégias e

políticas de visibilidade midiática operadas a partir da noção de um conhecimento, que,

para Freire, “é construído através das relações entre os seres humanos e o mundo” 28, e em

uma comunicação que se define “como a situação social em que as pessoas criam

conhecimento juntas ao invés de transmiti-lo, dá-lo ou impô-lo” 29

26 Ver http://www.itu.int/wsis/documents/doc_multi.asp?lang=es&id=1161|1160 27 El Mundo, La Carta de Cris. Ver http://lac.derechos.apc.org/wsis/crisdocs.shtml 28 LIMA, Venício Artur de. Comunicaçao e cultura: as ideias de Paulo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. p. 64. 29 LIMA, Venício Artur de. Comunicaçao e cultura: as ideias de Paulo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. p. 64

user
Marcador de texto
Page 14: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

14

Referências bibliográficas BAUMANN, Zygmund. Comunidad – en busca de seguridad en un mundo hostil. Madrid: Singlo Veintiuno, 2003. p. 104-105. COGO, Denise. GOMES, Pedro, SILVEIRA, Fabrício. Multiculturalismo e esfera midiática: a (re) descoberta dos 500 anos na mídia brasileira – estudo da produção e da recepção das identidades culturais no contexto da midiatização dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. São Leopoldo: Unisinos/CNPq/Fapergs, 2002 (Relatório de Pesquisa). COGO, Denise. No ar... uma rádio comunitária . São Paulo: Paulinas, 1998. COGO, Denise. Mídia, migração e interculturalidade. São Leopoldo: Unisinos/CNPq/Fapergs, 2004. (Relatório de pesquisa vol. I e II). COGO, Denise. O Outro imigrante: das estratégias de midiatização das migrações contemporâneas na mídia impressa brasileira. Ciberlegenda. Rio de Janeiro. n. 10, p. 1-11, 2002. Disponível em: <http://www. uff.br/mestcii/denise1.htm>. Acesso em: 02 agosto 2003. DAMATTA, Roberto. O que faz o Brasil Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1993, FAUSTO NETO, Antonio. Comunicação e mídia impressa. Estudo sobre a AIDS. São Paulo: Hacker Editores, 1999. GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas – estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo; EDUSP, 1998 GARCÍA CANCLINI, Néstor. Noticias recientes sobre la hibridación. Disponível em: <http://www.cholonautas.edu.pe/pdf/SOBRE%20HIBRIDACION.pdf>. Acesso em: 21 junho 2003. p. 7.

GRIMSON, Alejandro. Fronteras, migraciones y Mercosur – crisis de las utopías integracionistas. Disponível em: http://www.apuntes-cacyp.org/N7-Grinsom.htm>. Acesso em: 12 julho 2003.

LIMA, Venício Artur de. Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981 LORITE GARCÍA, Nicolás (dir.). Tratamiento informativo de la inmigración en España. 2002. Madrid: Instituto de Migraciones y Servicios Sociales (IMSERSO), 2004. MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Mexico: Gustavo Gilli, 1987. MALDONADO, Efendy. Práxis reflexiva comunicacional e configurações sociais tranformadoras. Anais do XXVI Congresso Brasileiros de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte: Intercom, 2003. (Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Comunicação para a Cidadania). MATTA, Maria Cristina. De la cultura masiva a la cultura mediática. Diálogos de la Comunicación. Lima: Felafacs. nº 56, p. 80-90, out. 1999. OLIVEIRA, Lucia Lippi. Imaginário histórico e poder cultural: as comemorações do Descobrimento. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 14, nº 26, 2000.

Page 15: Midias Identidades Culturais e Cidadania Denise Cogo

15

PERUZZO, Cicilia. Mídia local e suas interfaces coma mídia comunitária. Anais do XXVI Congresso Brasileiros de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte: Intercom, 2003. (Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Comunicação para a Cidadania). SEMPRINI, Andrea. Le multiculturalisme. Paris: Presses Universitaires de France, 1997. SINCLAIR, John. From latin americans to latinos: spanish-language television in the United States and its audiences. Panamerican Colloquium Cultural Industries and Dialogue Between Civilizations in the Americas. Montreal: Gricis/Université de Montreal au Québec, 22-24 abril de 2002. p. 1-11 (Anais do Congresso em versão on-line). TOURAINE, Alain. ¿Podremos vivir juntos? Iguales y diferentes. Madrid: Editora PPC, 1997. VERÓN, Eliseo. Interfaces. Sobre la democracia audiovisual evolucionada. In: FERRY,Jean-Marc et al. El nuevo espacio público. Barcelona: Gedisa, 1998. p. 124-139.