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MESTRAC3 EM CtNCtAS SOC!A!S
MIGRAO E INDUSTRIALIZAO:
O CASO DO CIA
D I S S E R T A O A P R E S E N T A D A A O
M E S T R A D O E M C I N C I A S H U M A N A S
D A U N I V E R S I D A D E F E D E R A L
D A B A H I A
RACHEL MARIA DE ARAJO ANDRADE
U N I V K R S I D A L ' L DA B A H I A
F A C U L D A D E BFI F I L O S O F I A
a ' s t o cANo, de Tcm bo ^ ^ ^
SALVADOR BAHIA 197)
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U n iv e rs id a d e F e d e r a ! d a B a h i a - U F B A
Facu!dade de Fi !osofia e Cincias Humanas
Esta obra foi digitaiizada no
Ce n t r o d e D i g i t a i i z a o ( CED I G ) d o
P r o g r a m a de P s -g r a d u a o em H i st ria da U F B A
Co o r d e n a o G e r a ) : P r o f . M i ) t o n M o u r a
Co o r d e n a o T c n i c a : L u i s B o r g e s
2013Contatos:[email protected] /lab@ ufba.br
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]7/25/2019 Migrao-e-Industrializao-O-Caso-do-CIA-PDF-A.pdf
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1. INTRODUBO
0presente trabalho resultado de uma pesquisa
por ns realizada como dissertao final para o curso de Mejs
trado em Cincias Humanas da Faculdade de Filosofia e Cincias
Humanas da Universidade Federal da Bahia. Tem ele como tema
geral um estudo da migrao no Brasil e, em particular, do Cen
tro Industrial de Aratu como polo de atrao de migrantes.
Situamos o tema no momento presente, tomando co
no referncia es^-ial a Bahia, ou mais precisamente, a rea
da Grande Salvador.
Achando importante uma justificativa do tema que
remos dizer da nossa motivao em tom-lo como assunto de pes;
auisa. Nos pases latino-americanos e, de modo geral, nos pai
ses em vias de desenvolvimento, dois fenmenos demogrficoslm
trazido preocupaes para os planificadores da economia e da
vida social: o aumento global da populao e sua concentrao
nas reas urbano-industriais.
Esta segunda tendncia, isto , o fenmeno migra
trio, e sobretudo, o xodo rural, de fenmeno espordico vem
se transformando num processo regular e continuo nos pases on
de a estrutura econmica, voltada para a industrializao, co
mea a perder o carter de uma economia tradicionalmente agri
cola.
0xodo rural foi um dos elementos que propulsio
nou e permitiu a industrializao e urbanizao do Brasil, nas
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dimenses em que tais fenmenos podem ser observados em nossos
dias.
Industrializao e urbanizao so dois procejssos que se acham estreitamente ligados. A cidade e a indstria
se ajudam mutuamente. 0crescimento da primeira propicia ao
setor industrial uma infra-estrutura slida - foras motrizes
para a produo, meios de comunicao, comrcio, servios - en
fim os elementos indispensveis ao seu pleno funcionamento;por
outro lado, o incremento do setor industrial tem como result^
do a formao de ncleos urbanos cada vez mais importantes do
ponto de vista econmico, social e poltico.
E, nesse sentido, a indstria e as grandes cida
des so importantes fatores de mobilidade geogrfica da popula
o, na medida em que provocam o xodo rural e, de modo gera^
as migraes internas.
Compreendendo essa dinmica, e, particularmente
interessada em conhecer seus mecanismos de funcionamento, esco
lhemos como tema de nossa dissertao final de Mestrado o fen
meno das migraes internas, tomando como ponto de referncia
para tal estudo o Centro Industrial de Aratu, para verificaran
que medida ele vem se constituindo num polo de atrao de mi
grantes.
1.1 - Ideias diretivas
Como pontos de partida e orientao para a anli
se dos dados coletados, formulamos algumas idias diretivas tne
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serviro de coordenadas bsicas de nossa investigao:
- a presso migratria para reas onde se acham insta
ladcB centros industriis resultado da combinao de fatorfs
atrativos dessas reas - expressos sob a forma de melhores cpor
tunidades de trabalho e salrio - que atuam paralelamente que
les repulsivos das reas de partida dos migrantes.
- etn face do desequilibrio existente entre o processo
de desenvolvimento industrial e a situao da agricultura, naBahia, a criao do polo industrial da Grande Salvador - Arati
principalmente, - vem constituindo um foco de atrao para a
populao rural do Estado.
- a atrao exercida pelo Centro Industrial de Aratu
mais acentuada sobre as populaes de reas mais prximas,onde mais facilmente se observa a difuso de informaes a res
peito de um possivel mercado de trabalho.
- a populao atrada para este polo de desenvolvimen
to industrial acentuadamente jovem.
1.2 - Observaes metodolgicas
Tentando esclarecer da melhor forma possivel os
caminhos seguidos a fim de atender aos objetivos propostos, a
presentaremos os procedimentos e criterios adotados durante o
trabalho.
Inicialmente consideramos importantes urna refe
rncia terica sobre o tema, seguida de urna sintese onde anali
3.
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4.
samos o fenmeno das migraes internas no Brasil; para tanto,
nos apoiamos, tanto quanto possvel, na literatura existente s
bre a matria.
Entretanto, necessrio se faz aplicar esses refe
rentes tericos a uma situao concreta para testar em que me
d ida determinados aspectos verificados com certa regularidade
no Brasil, e na Amrica Latina de modo geral, esto presentes
no contexto a ser estudado. Os trabalhos escritos sobre o a_s
sunto apontam, sem maiores divergncias, o processo de indus
trializao e a estrutura agrria das sociedades em desenvolvi
mento fatores relevantes do fenmeno da migrao. 0 primeiro
desses indicadores refere-se atuao das reas industriais^
mo poios de atrao de migrantes. Assim, nada mais justo que
escolher o Centro Industrial de Aratu, recentemente instalado
numa rea prxima a Salvador, capital do estado da Bahia, como
universo para nosso eetudo.
So empiricamente constatveis as mudanas ba_s
tante significativas que vm ocorrendo, nesses ltimos anos,
na populao da rea circunvizinha ao CIA., em funo da atrao por ele exercida. Isso porque a publicidade que foi e con
tinua sendo feita em torno desse parque industrial faz com que
se intensifiquem as expectativas de muitas pessoas com relao
ao nmero de empregos criados, com a implantao de empresas na
referida rea.
Tais expectativas motivam a corrida do campo e,
de centros urbanos menores, de grande massa da populao atrai
da pela grande oferta de empregos. Contudo, a reserva de popu
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lao para responder aos estmulos da industrializao bem
maior que a capacidade do setor industrial de absorver esta po
pulao. Na verdade, o nmero de empregos criados com o CIA.,ainda que considervel, torna-se limitado em face da grande
procura. Embora muitos migrantes venham sendo absorvidos pelo
mercado de trabalho, provavelmente, a maioria deles no conse
guiu, por diversas razoes, ingressar na fora de trabalho in
dustrial.
Desse modo, torna-se realmente muito difcil me
dir exatamente a intensidade desse fluxo migratrio que se di
rige s reas prximas do ncleo industrial em busca de melho
res condies de trabalho. Poderamos, certo, tomar ento
como universo de investigao os empregados nas empresas j em
fase de funcionamento no CIA. Em termos ideais seria, talvez,
a alternativa indicada. Uma outra possibilidade -e por ns a
dotada - seria tomar como unidade de investigao o Ncleo Ha
bitacional Rubens Costa,cenatrudo na rea de habitao do CIA
com o objetivo de alojar operrios das indstrias ali instala
das. Decidimos concentrar nosso interesse na populao a re
sidente, verificando a incidncia de migrantes, a procedncia
e ocupao anterior dos mesmos, suas caractersticas e os motL
vos que os levaram a trabalhar no CIA.
A realizao do levantamento em que se baseou o
nosso trabalho exigiu certas deliberaes; cabem, pois,algumas
justificativas para os procedimentos utilizados e esclarecimen
to das dificuldades encontradas:
Das 800 unidades residenciais que compem o uni
5.
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6.
verso do Ncleo Habitacional Rubens Costa, tomamos urna amostra
aleatoria de 60% e vamos aqui justificar tal escOlha. 0crit
rio adotado foi o mesmo utilizado pela Aesessoria de Programa
o e Oramento do Centro Industrial de Aratu quando da reali
zaao de urna pesquisa scio-economica na rea, em agosto de
1971.
Considerando o carter especifico do Ncleo, por
que vinculado a um parque industrial, urna amostra de 60% pare
ceu-nos, portanto, suficiente para assegurar uma boa margem de
segurana nos resultados obtidos.
E fot muito bom deixarmos essa margem mais ampla
porque, durante o levantamento de campo, surgiram algumas difi
culdades, no sendo possvel atingir-se os 60% estipulados ini
cialmente. Das 480 unidades habitacionais correspondentes a
60% do universo, 74 casas estavam fechadas e, segundo informa
oes dos vizinhos, por ocasio da coleta de dados, algumas de
las estavam, ja h algum tempo, sem morador; em outras casas
os moradores no se achavam presentes nas diversas ocasiSes em
que foram procurados pelas auxiliares de campo. Em 9 das uni
dades residenciais funcionavam estabelecimentos comerciais (aj*
mazens, vendas, farmcia, bar e frigorifico), em 3delas, cli
nicas de urgncia; uma escola, uma instituio assistencial e
religiosa e uma Igreja Assemblia de Deus acham-se tambm ins
taladas em 3 unidades do Ncleo. Tais casos foram, obviamentedesprezados.
Aplicou-se, assim, 391 questionrios sumrios e
algumas entrevistas tomando-se como referncia o (s)morador(es)
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da unidade residencial vinculado (s) ao CIA. Desse material
que foi retirado grande parte dos dados aqui utilizados no ca
pitulo 4. As informaes para preenchimento dos questionriosforam fornecidas pelas mulheres ou, em alguns casos, mes dos
operrios. Sendo o trabalho de campo realizado durante os dias
teis eles se encontravam nos locais de trabalho.
Finalmente, queremos registrar um agradecimento
ao Professor Machado Neto, aos professores do curso e, em especiai, professora Zahid Machado Neto pelo incentivo e orien
tao que nos deu durante toda a fase de elaborao deste tra
balho.
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8.
2. BASES TERICAS DE APOIO
A estrutura demogrfica de uma sociedade normal
mente varia em funo de um duplo movimento: o primeiro, resul
tado do crescimento natural ou vegetativo da populao e deter
minado pelas diferenas entre as taxas de natalidade e mortali
dade; o segundo, especial, relativo aos deslocamentos paciflrcs
de pessoas, implicando mudana de residncia de uma rea para
outra e, em alguns casos, tambm, de estilo de vida e de traba
lho. Este ltimo movimento pode ser definido como fenmeno da
migrao.
Nosso objetivo central estudar os movimentos dei
populao circunscritos aos limites de uma sociedade politica
mente organizada, as chamadas migraes internas; para tanto,
pareceu-nos indispensvel recorrer literatura existente a
que tivemos acesso. Assim, apresentaremos a seguir uma sinte-'
se do material terico que trata dos aspectos gerais do fenme
no, da multiplicidade de suas formas e da ao simultnea, ou
no, dos fatores de atrao e expulso de migrantes de uma
rea para outra.
2.1 - Quadro tipolgico das migraes internas
Para se construir uma tipologia das migraes in
temas torna-se necessrio, antes de tudo, fazer uma distino
entre o que se considera como pnpulao urbana e populao ru
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ral.
Os criterios utilizados para uma caracterizao
de populao urbana e de populao rural apresentam certo grau
de arbitrariedade, dando margem a que os mesmos sejam defini
dos por estatsticos, demgrafos e outros estudiosos do assun
to desde a forma mais simplificada, quase exclusivamente ba
se do nmero de habitantes que vive numa aglomerao, at ae
mais complexas, que a esse dado acrescentam outras variveisconsideradas bsicas para melhor compreenso dos conceitos de
populao urbana e populao rural.
Qual o significado desses dois elementos?
Os demgrafos fazem referencia a um criterio nu
mrico ou quantitativo (mais comumcnte adotado, seja isolada
mente ou associado a outros) que considera urbana a populao
de uma localidade quando esta atinge ou ultrapassa um nmero
determinado de habitantes. *
Quando, alem dos dados quantitativos, intervenan
dicadores de ordem qualitativa torna-se bem mais completa adis
tino entre o habitat rural e urbano, pois, alm dos dados
quantitativos atuam fatores de ordem qualitativa, por exemplo,
9-
(l) - Critrio bastante relativo que pode variar de pais para
pas. Assim, "nos Estados Unidos, na Blgica, nos Pa i
ses Baixos, a populao de uma localidade s urbana quando
conta com mais de 5 000 habitantes; na Frana, em Portugal, no
Mxico, na Argentina, esse nmero reduzido a 2 000; na Colom
bia, a 1 500". Paul Hugo - Demografia Brasileira, pg. 190.
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diariamente uma mo de obra volante da cidade para o campo e
vice-versa.
No caso brasileiro, o criterio utilizado pela
Comisso Censitria Nacional, para definir os quadros urbano,
suburbano e rural foi estabelecido com sentido mais amplo con
siderando que os ncleos que so sede administrativas deveriam
ser, de fato, aglomerados urbanos de alguma importancia. o
que se pode depreender do texto do Decreto Lei n? 311, de 2 demaro de 193& que ftxou normas de sistematizao para a divi
so territorial do pas.
"A experiencia dos ltimos censos parece ter moj
trado que as caractersticas da populao urbana nem sempre sito
respeitadas pela administrao municipal por uma determinao
vlida das zonas correspondentes." Uma soluo apresenta
da pelo Professor Mortara para corrigir essas possveis distor
es foi a de considerar como urbana a populao das zonas ur
baas c suburbanas apenas quando ca for superior a 5 CCO *iabi
tantes. A vantagem de tal limite seria a de eliminar urna popu
lao com caractersticas rurais, que de outra forma poderia
vir incluida na categoria urbana.
Em nossa opinio o que melhor caracteriza essas
duas grandes divises da populao em urbana e rural, e canela
est de acordo a grande maioria dos demgrafos muito mais "o
carter das atividades, dos modos de vida e no propriamente a
(5) - Paul Hugon - op. cit., pg. 190
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aglomerao, o nmero de habitantes da comunidade.
A posio de Maria Isaura Pereira de Queiroz
e mais ou menos idntica a esse respeito. Admite ela que adistino entre grupos urbanos e grupos rurais deve ser feita
muito mais em funo das peculiaridades da organizao do tra
balho que pela localizao no espao e a forma de habitat.
Feitos esses esclarecimentos, passemos a discri
minar os principais tipos de mobilidade da populao no interior de um pais.
Levando-se em considerao a maior ou menor dis
tncia que separa a rea de origem da rea de destino, as mi
graoes internas so inter-regionais, quando a mobilidade geo
grfica se faz, num mesmo pas, de uma regio para outra, ouintra-regionais, quando os fluxos migratrios so efetuados
dentro de uma mesma regio.
Podem, ainda, as migraes internas ser classifi
cadas em trs grandes grupos de acordo com as caractersticasch
zona de partida e chegada, tomando como variveis as categorias rural c urbana.
a) migrao inter-rural, movimento de
de uma rea rural para outra tambm rural. cabvel se fazer
12.
(6) - Castro Barreto - Povoamento e populao - poltica populacional brasileira apud Francisco Camargo - op. cit.
pg. 45.
(7) - "Por que uma Sociologia dos grupos rurais" in Sociologia
Rural, pg. 15
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13.
uma distino referente s condies da rea do partida que,
segundo Paul Hugon, pode ser uma regio de cultura de subs!
tencia ou do uma agricultura de tipo comercial. No primeiro
caso, o migrante abandona sua terra para sc instalar numa regi
ao onde as formas de explorao agrcola atingiram nveis mais
altos de desenvolvimento. As condies climticas, a presso
demogrfica ou o sistema agrrio da rea dc origem levaram-na
a se constituir num ponto de emigrao por excelncia. No se
gundo caso, o migrante parte do uma zona agrcola comercial di
rigindo-se a uma outra onde a agricultura apresenta mais altos
ndices de crescimento ou, pelo menos, de crescimento igual ao
dc sua regio dc origem.
b) a migrao rural-urbana, mais comumente deno
minada de exodo rural, caracteriza-se pela emigrao de grande(9)numero de pessoas de zonas rurais para centros urbanos,^' sig
nificando uma transferncia da fora de trabalho ocupada na
agricultura e pecuria para atividades urbanas. Tal fenmeno
mostra-se mais intenso nos perodos de transformao da estru
tura econmica de um pas, particularmente naquele em quese a
celcra o processo de industrializao.
A migrao rural-urbana pode se efetuar sob duas
formas: migrao cclica tambm denominada sazonal e migrao
(8) - op. cit. pg. 188
(9) - Esse tipo de migrao se d tambm em sentido inverso,
isto , da cidade para o campo, embora no se verifique
com muita intensidade.
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permanente. Estariam incluidos no primeiro caso aqueles indi
viduos que deixam suas comunidades em periodos anuais conheci
dos, chaados, geralmente, perodos de entre-safra e que vari
am de acordo com o tipo de atividade agrcola em que esto en
gajados. Saem, via de regra, desacompanhados da familia,o que
perfeitamente explicvel por se tratar de um curto perodo
de permanncia na cidade.
Denomina-se migrao permanente quando os traba
lhadores rurais se radicam definitivamente na cidade ou, pelo
menos, quando tal mudana implica num afastamento prolongado
do grupo de origem. Os casados, muitas vezes,mudam-se com
toda a familia ou decidem viajar inicialmente sozinhos, deixan
do no campo filhos e esposa (esta com responsabilidades econo
micas e sociais frente ausencia do marido) a quem vai buscar
depois de alcanar certa estabilidade no novo ambiente.
c) est ainda incluida entre os moviment
nos de populao, a migrao inter-urbana que engloba os deslo
camentos de populao de urna rea urbana para outra igualmente
14.
(10) - A migrao sazonal tambm se d frequentemente partindo
de uma rea rural para outra igualmente rural.
(11) - Na maioria dos casos no se trata de um rompimento to
tal j que continuam mantendo uma srie de vnculos de
tipo econmico, social, familiar ou comunal com sua comunidade
de origem.
(12) - Esse tipo de migrao tambm denominado de "migrao
por etapas."
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urbana. Esse tipo dc migrao muito frequente partindo de
cidades menores para centros mais adiantados - metrpoles e ci
dades industriais.
2.2 - Fatores que se constituem em razes de migrao
Procurando analisar dc forma mais aprofundada as
razes reais do xodo rural, podem ser apontados alguns fatoies
considerados bsicos para melhor compreenso de tal fenmeno:
de um lado, como fatores de expulso do campo, estariam o tipo
dc estrutura agrria, a introduo dc novas tcnicas na agri
cultura e o forte crescimento natural da populao rural,
por outro lado, o desequilbrio do processo de desenvolvimento
econmico (criando enormes distncias econmicas e sociais en
tre campo e cidade, ou mesmo entre regies) e o processo cres
cente de industrializao de certos ncleos urbanos atuam for
temente como poios de atrao dc migrantes rurais e de popula
es provenientes de centros urbanos menos desenvolvidos.
0baixo nvel de vida das populaes do Interiorde muitos pases, sobretudo nas regies onde predominam as gran
des propriedades rurais, a conservao de prticas tradicionais
de valorizao do solo (basicamente empricas) e, principalmen
15.
(13) - Outras causas do xodo rural seriam as calamidades natu
rais (incidncia de prolongados perodos de seca, por
exemplo) que a tcnica moderna ainda no pde eliminar.
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te, a impossibilidade de acesso ao meio essencial de produo-
- a terra leva os indivduos a buscarem melhores condies
de vida, experimentando novas fontes de produo j que o seu
meio nno dispe de condies de prend-los. Qualquer oportuni
dade que surja significa um atrativo para o homem do campo,con
vertendo-o cm migrante.
Sendo assim, a inelasticidadc da produo agrico
la, o tipo dc explorao dominante a as formas arcaicas de re
lao de trabalho afastam o trabalhador da rea rural dc ori_
gem, para a cidade, onde imagina encontrar melhores possibili
dades dc trabalho, salrio e condies gerais de vida.
0 incremento natural da populao rural deve-se,
em grande parte, alta taxa de natalidade (consideravelmente
mais elevada que a da populao urbana) e pronunciada tendn
cia diminuio das taxas de mortalidade^** ) fenmeno carac
ueristico da evoluo demogrfica contempornea e resultante
dos progressos alcanados pela medicina.
A forte "pressno vegetativa do campo" cria um de
sequilbrio entre a mo de obra disponvel c o emprego que podc resultar numa saturao absoluta ou relativa do fator huma
no. Tal situao estimula os deslocamentos de trabalhadores a
gricolas para outras reas rurais onde sejam melhores as possi
bilidades de trabalho ou para atividades na indstria ou servi
1 6.
(14) - Diminuio nem sempre muito expressiva nas reas mais
atrasadas, mas, sempre sensvel.
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17.
os nas zonas urbanas. Esse esquema tem validade sobretudo em
reas agrcolas evoludas, quando as inovaes introduzidas
nos processos de cultura da terra, na criao de animais, no
beneficiamcnto de produtos ou nos meios de transporte dos lo
cais de produo para os centros de consumo constituem fatores
nitidamente favorveis h liberao de pondervel poro de mo
de obra rural.
0desenvolvimento da cnica aplicada agrieul
tura, aumentando a produtividade do trabalhador, permite a am
pliao da oferta de produtos agrcolas, embora ponha em dispo
nibilidade uma parcela da mo de obra empregada. E, em qual
riuer parte onde se aplique agricultura o progresso tcnico,
possibilitando uma produo capaz dc satisfazer a procura com
menor nmero de trabalhadores, ocorrer o fenmeno do xodo rural.
Elemento considerado, multas vezes, de fundamen
tal importncia para explicar os fluxos migratrios do campo a
ra a cidade o desequilbrio existente entre o processo de
crescimento do setor agrcola se comparado ao setor industrial.
"Nas naes hoje industrializadas, urbanizao,
industrializao e elevao da produtividade agrcola marcha
ram igualmente, assegurando um certo equilbrio na sociedade
global. Tal correlao no parece existir nos pases do Ter
(15) - Fenmeno tpico de pases onde se introduziu no setor
agrcola uma tecnologia bastante desenvolvida.
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18.
ceiro Mundo. Crescimento urbano e crescimento da agricultura
esto dissociados. Esse desequilbrio alem de causar graves
perturbaes um verdadeiro processo cumulativo de nubdesen
volvimento."
Quando um pais apresenta no seu processo de de
senvolvimento esse fator de desequilibrio, isto , quando se
desenvolve uma poltica de incentivo aos investimentos no se
tor secundrio de sua economia cm detrimento das atividades a
gricolas, os poios industriais passam a atuar, fortemente, co
mo fator de atrao propiciando o deslocamento das populaes
agrcolas para esses centros mais desenvolvidos. Isto, de re
ferencia ao desequilbrio entre setores da economia, mas, h
que se considerar que o crescimento das regies mais industria
lizadas se processa em ritmo cada vez mais acelerado, aumentando as diferenas estruturais e as distncias entre nveis de
vida, gerando, assim, um desequilibrio regional num mesmo paia.
"Essa acentuao progressiva das desigualdades econmicas e so
ciais entre regies de observao geral. 0livre jogo das
foras de mercado suscita um processo de enriquecimento progiaa
sivo nas regies mais ricas."
E os centros urbano-industriais mais desenvolvi
dos, na medida em que podem oferecer vantagens em termos de em
(16) - Gilbert Blardone - Progrs conomique dans le tiers mon
de. pag. 95
(17) - Paul Hugon - op. cit., pag. 201
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prego, salrios mais altos, melhores oportunidades cultu
rais e educacionais estimulam, fortemente, as migraes inter-
nas("^) para essas reas. No mundo inteiro so as cidades de
mais de 20000habitantes que possuem as taxas de crescimento
mais fortes. Tal situao deriva da atrao que a cidade exer
ce sobre os migrantes, efeito que aumenta paralelamente im
portncia da mesma e que se analisa essencialmente nas mlti
pias vantagens das condies de emprego que se desenvolvem ao
mesmo tempo que a cidade. "A industrializao e a urbanizao- como estruturas de enquadramento e de funcionamento - esto,
de fato, estreitamente ligadas." Quanto mais a cidade
cresce mais ela tem condies de fornecer s indstrias uma in
fra-estrutura. slida - foras motrizes para a produo, trans
portes, comunicaes, comrcio para a circulao dos produtos-
- enfim os elementos necessrios a seu pleno desenvolvimento.
As cidades grandes e a indstria so, pois, im
portantes fatores de mobilidade demogrfica n-i medida em que
provocam o xodo rural e as migraes internas, em geral.
0desenvolvimento dos meios de comunicao tam
bm pode ser considerado, em certa medida, como um elemento es
timulador de migrao interna. Tais progressos permitem a di
fuso de imagens culturais das reas mais modernas at as mais
19.
(19 ) * Sxodo rural e, tambm, migrao de uma rea urbana paraoutros centros urbanos mais desenvolvidos.
(20) - Paul Hugon - op. cit., pg. 225
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20.
afastadas, provocando uma maior irradiao dos padres de con
sumo e estilos de vida prprios de regies mais desenvolvidas.
Tem papel relevante a constituio da rede de transportes per
mitindo e facilitando a mobilidade geogrfica da populao no
interior de um pais.
2 .3 - Os primeiros contatoe com a cidade grande e os mecaniaips
de insero no mercado de trabalho urbano-industrial
A adaptao do trabalhador (seja ele proveniente
de zona rural ou de centros urbanos mais atrasados) as novas
condies de vida impostas pelo mundo industrial-urbano s se
faz atravs o abandono gradual das estruturas tradicionais e a
incorporao em sistemas mais complexos de produo e vida so
ciai.
Os primeiros contatos com a cidade grande consti
tuem, geralmente, um periodo bastante dificil(^) pois, vindo
de regies pouco desenvolvidas o migrante ainda no est apto
para executar as tarefas exigiaa pela sociedade industrial.
"Operrio sem especializao, ele s conhecer no inicio as ta
(21) - Uma maneira de amenizar essa fase de adaptao (no caso
de migrantes rurais) a situao denominada "migraopor etapas," isto , a passagem de uma zona rural para outra
mais evoluida antes de chegar rea urbana. Assim o impacto
seria menor e a adaptao se faria menos dificilmente.
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refas mais duras, menos remunetadae e menss estveis. Suas
condies de vida so, frequentemente, as mais precrias; no
raro, nos grandes centros industriais, em casebres miserveis,
elas apresentam seu aspecto mais terrvel e onde se tem a im
presso de que o xodo rural no teve outro efeito seno o de
transforip&r a pobreza rural em misria citadina. Para mui
tos a mudana no representa nada mais que essa situao.
Naqueles aspectos referentes s oportunidades de
emprego verifica-se que o jovem migrante, frequentemente, no
pode sequer oferecer-se como mo de obra por desconhecer os me
canismos mais gerais que controlam a participao no mercado
de trabalho, isto , informaoes referentes oferta, maneira
de conseguir e efetuar uma adaptao entre suas capacidades pes
soais em termos de qualificao e as exigncias dos empregos
disponveis.
Neste momento o despreparo do migrante dificulta
uma competio no mercado industrial e urbano. No dispondo
de um nvel de qualificao pelo menos razovel, as possibili
dades de encontrar emprego so multo restritas vez que o merca
do de trabalho, nesse particular, se apresenta bastante exigen
te. Despreparado, sem capacitao profissional defin J!a, o mi
grante forado a aceitar qualquer emprego, sendo absorvido
pelos nveis mais baixos na escala ocupacional e, consequente
mente, pelos de mais baixa remunerao.
21.
(22) - Paul Hugon - op. cit., pg. 228
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Outro ponto que merece ser explicitado que
medida que o mercado de trabalho se organiza em moldes burocr
ticos, passa-se a exigir do trabalhador-migrante, pelo menos,
o reconhecimento legal da sua condio; em outras palavras, pa
ra se oferecer como mo de obra necessita possuir documento^?^
Sem a documentao, situao mais frequente, v-se margem do
mercado constitudo e, consequentemente, fora da proteo le
gal outorgada ao trabalhador, marginalizando-se dos sistemas
mais produtivos e de mais alta remunerao. Nestas condiesresta-lhe o subemprego. Tal situao cria um ambiente favor
vel integrao do migrante no mercado de trabalho urbano-iji
dustrial apenas na medida em que so iniciais e temporrias,gor
mitindo um primeiro reajuste s condies de vida urbana e
obteno dos requisitos necessrios categoria de trabalhador
regularmente admitido. Alguns, portanto, terminam sendo absor
vidos pelo sistema urbano-industrial. "A cidade que o havia
atrado, mas que de inicio s lhe permitia assistir ao espet
culo, pouco a pouco vai lhe permitir participar e se integrar
nela, definitivamente?
(23) - Carteira do Ministrio do Trabalho, Titulo de eleitor,
carteira de identidade.
(24) - Paul Hugon - op. cit. pg. 228
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2?.
3. MIGRAES INTERNAS NO BRASIL
3.1- Histrico
Embora no se disponha de informaes muito pre
cisas sobre as correntes migratrias anteriores a 19^0, sabe-
que os movimentos de populao no Brasil datam de muito tempa
Poder-se-ia mesmo reportar ao perodo colonical quando os ind.
genas, nmades por excelncia, viviam se deslocando de uma re
a a outra por todo o territrio nacional, cultivando terras
ora num lugar, ora noutro. Tambm os negros, quando conseguem
romper a fiscalizao dos engenhos, fugiam dos canaviais do li
toral, embrenhando-se no interior do pas. Essas referncias
foram apontadas apenas para demonstrar que a migrao interna
longe de ser um fenmeno recente entre ns, existia desde otem
po do Brasil Colnia. '
Juarez Brando Lopes fala de "movimentos re
lativamente curtos,circunscritos regio" referindo-se s migraoes na regio Nordeste, do Serto para o Litoral, decorren
tes das grandes estiagens.
Foi, entretanto, a partir de 1877 que se iniciou
o xodo de nordestinos para fora da regio. A longa durao
(25) - Juarez Brando Lopes - Desenvolvimento e Mudana Social.
pg. 57
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26/93
24.
(2 anos) da seca, nesse perodo, levou alguns retirantes Ama
znia atrados pela borracha e estimulados pelo Governo.
"Pela primeira ve2, porm, a Nao tomou consci.
ncia do flagelo. A seca nordestina passou a ser problema na
cional. As primeiras medidas do Governo Federal foram toma
das".(*^) 0 xodo de nordestinos para a Amaznia se prolongou
at 1920, quando a crise da borracha acarretou a reduo de_s
se fluxo e, paralelamente, tem incio a migrao de populaes
nordestinas para as lavouras de caf no estado de So Paulo, ent
substituio do imigrante europeu. "O Brasil teve de recorrer
a imigrantes europeus para suprir os claros do estado de So
Paulo, pois era mais fcil deslocar o estrangeiro do que o ho
mem do interior. Foi s depois da Primeira Guerra Mundial que
a populao do Brasil se ps em movimento, movimento esse que,depois da Segunda Guerra aumentou de tal maneira que chegou a
causar inquietaes."^*^)
Tal afirmao verdadeira na medida em que ee
verifica, pelos dados dos ltimos Censos, a intensidade dos mo
vimentos de populao no Brasil, sobretudo os ndices de imi
grao naquelas unidades da federao onde essas taxas j se
apresentam bastante elevadas.
Como se pode ver, a migrao interna no feno
meno novo no Brasil mas, a sua intensidade, hoje, as proporoas
(26) - Juarez Brando Lopes - op. cit. pg. 57
(27) - Juarez Brando Lopes - op. cit. pg. 57
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que assumiu e suas consequncias tm sido objeto de reflexoga
ra os estudiosos do assunto.
Os fatores que estimulam o deslocamento dos indi
vduos de uma rea para outras reas, os diversos tipos de mi
graSo e os aspectos gerais do fenmeno sero temas por ns lia
tados neste capitulo.
3-2- Tipos de migrao no Brasil
As migraes dc carter inter-regional, no Bra
sil, poderiam ser classificadas em dois grandes grupos, fican
do em primeiro lugar os fluxos que se dirigem de regies agr.
colas para outras regies tambm agrcolas; casos que ilustram
esse primeiro tipo so as migraes de reas rurais do Nordes
te para as lavouras do Sul e Sudeste do pais e, tambm, os des
locamentos das lavouras paulistas para os cafezais do norte do
Paran. Em seguida, viriam os deslocamentos de trabalhadores
de reas rurais para os centros industriais do pais, especial
mente para o estado de So Paulo.
Podemos, de certa forma, medir a tendncia ao xo
do rural e sua intensidade comparando, pelos dados dos Censos,
a proporo de populao rural na populao total. Tal anl_i
se nos permite verificar uma diminuio gradativa da populao
rural acompanhada de um crescimento da populao urbana. Cada
vez mais se intensifica esse fenmeno entre ns, conforme se
pode observar no grfico e na tabela que se seguem:
25 .
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28/93
26 .
Populao rural-urbana (^)
1940 19 5O i960 1970
45% t 56% A
rural t ]urbana
- f 2QPopulao rural total nas regies do Brasil '
Regioes% da populao rural total
1940 1950 i960 1970
Norte 72,3 68,5 62,2 54,9
Nordeste 76,5 73,6 65,8 58,0
Sudeste 60,6 52,5 42,7 27,2
Sul 72,3 70,5 62,4 55,4
Centro-oeste 78,5 75,6 65,0 51,7
Total 68,8 63,8 54,9 44,0
Fonte: Recenseamento e Sinopse Preliminar-1970
(28) - Paul Hugon - op. cit. pg. 206
(29) - apud Paul Hugon - op. cit. pg. 206
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27.
No Brasil se verificou uma diminuio relativa
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significativo ressaltar que a tendncia dos
fluxos migratrios para So Paulo, inicialmente para a agricul
tura, passam a se dirigir, depois de algum tempo, para outros
setores da atividade econmica.
A indstria paulista, a asceno de 'trabalhador
agrcola (em caso de xodo rural) a operrio de grandes inds
trias, os salrios mais altos, enfim, todas as vantagens que a
grande cidade pode oferecer tm atrado milhares de nordestinos
a So Paulo. Isso por demais conhecido e j exaustivamente
comprovado. Juarez Brando Lopes, por exemplo, num estudo rea
lizado em 1956/58em uma indstria paulista observou que um
quarto de seus operrios (nao qualificados e semi-qualificado^
era constitudo de indivduos procedentes do nordeste brasile_i
ro e da Bahia.
Ao lado dessas correntes principais, outras, par
tindo das regies sudeste, sul e principalmente do nordeste d_i
rigem-se ao norte e centro-oeste brasileiro; so os fluxos que
se dirigem sobretudo de Minas Gerais, Bahia e estados nordesti
nos, para Gois.
Cabe ainda uma pequena referncia s migraes
de trabalhadores para as chamadas zonas novas procura de ser
vios pblicos. Caso tpico e recente dessa migrao o de_s
locamento de homens do nordeste e centro-oeste do pais para o
trabalho de construo das rodovias Transamaznica e Perime
28 .
(32) - Cf. Juarez Brando Lopes - op. cit. pg. 62
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tral-Norte estimulada pelo prprio plano de integrao - rodo
via e colonizao - a que se prope o Governo Federal.
Com referencia s migraes intra-regionais, dejstacam-se aquelas correntes que partem do Piau e Cear para o
Maranho e do Rio Grande do Sul para Santa Catarina, ainda que
nenhuma delas seja realmente significativa. Tambm para esse
tipo de migrao So Paulo atua como polo de atrao; os mais
numerosos deslocamentos de um estado para outro no perodo 3^0
-I95O se verificaram de Minas Gerais para So Paulo na ordem de
512 7 % migrantes.
Dado que as cidades maiores e a indstria exeioan
atrao sobre o conjunto da rea que as cerca, caberia lembrar
os fluxos migratrios que num mesmo estado se dirigem do inte
rior (zona rural ou urbana) para a capital, principalmente, ou
mesmo para outras cidades maiores do estado. Embora no tenha
mos encontrado nos autores consultados denominao especifica
para esse tipo de migrao, parece-nos acertado denomin-la de
migrao intra-estadual j que a mobilidade est circunscrita
a uma s unidade da federao.
No nordeste brasileiro teramos dois casos bem
tpicos dessa situao: Recife e Salvador. Dados do IBGE iMs
tram que 76% da populao urbana de Recife formada por fluxos
29.
(33) - Embora sem maior significao, a migrao intra-estadual
se efetua tambm de uma rea rural para outra igualmente
rural e, em menor escala, de centros urtanos para zonas rurais.
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30.
migratrios, cujos componentes, em sua maioria, tm como rea
de origem a zona rural do estado de Pernambuco, embora a cida
de conte com grande nmero de habitantes vindos de outros esta
dos do nordeste - 6l 158paraibanos, 24 500alagoanos e 18600
potiguares.
A situao mais ou menos idntica em Salvador
onde o saldomigratrio de sua populao de 1940 a 1950foi de
46 644 habitantes, chegando a 76090no decnio subsequente e
atingindo um total de 85916habitantes no periodo que vai de
1960a 1968. 0 Censo Demogrfico de 1970 - Bahia registrou
um total de 297 584 pessoas no naturais de Salvador e a resi
dentes, sendo que 236871desse total proveniente do interi
or do estado da Bahia, sobretudo da chamada "zona de influ
ncia predominante" de Salvador que compreende as regies do
Recncavo (a mais prxima, mais povoada e melhor servida pelos
meios de comunicao), Feira de Santana e Jequi. Em menor e_s
cala migrantes de todo o interior do estado chegam capital,
fixando-se ai como residentes.
(34) - Cf. Ivan Mauricio - "A nova guerra dos Mascates" in Opi
nio. 30/7 a 07/08/1973-
(35) * Programa de Recursos Humanos - A Dinmica Populacional
de Salvador. pg. 91
(36) - Fundao IBGE - Censo Demogrfico - Bahia - 1970 pgs. f
369/371
(37) - Cf. Jacqueline B. Garnier - "As migraes para Salvador"
in Boletim Baiano de Geografia, pg. 524
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31.
Finalmente falaremos da migrao sazonal ou tem
porria. Na regio nordeste, por exemplo, este movimento de
populao se processa entre o agreste e o serto, de um ladq
e a zona da mata onde predominam as culturas da cana de acar
e de cacau, de outro. A dinmica dessa sada temporria est
ligada ao fato de os trabalhadores (cultivando terras prprias
ou alheias) dedicarem-se cultura do algodo (produto para co
mercializao), alm do milho c feijo produzidos para a sutsi
tncia. No agreste se ocupam com o trato de suas pequenas cul
turas de fevereiro a maro - preparando o terreno, plantando,
limpando - at setembro e outubro quando, consumidos o milho e
o feijo necessitam de dinheiro para a sobrevivncia; como nos
seus roados s h o algodo para a colheita, trabalho que po
de ser executado por mulheres e crianas, tratam de migrar pa
ra a zona aucareira, onde usinas e engenhos esto necessitan-
(38)do de braos para a colheita e moagem da cana.' '
0fluxo migratrio dirige-se, frequentemente, pa
ra o vale do Cear Mirim (Rio Grande do Norte) onde por razoes
geogrficas as etapas de plantio e colheita da cana so execu
tadas simultaneamente, obrigando, assim, as usinas a duplicaiac
o nmero de trabalhadores.
A situao apresenta-se menos complexa na zona
(38) - EsBes trabalhadores recebem, na zona da mata, vrias denomlnaoes, como por exemplo, "corumbas," 'baatingueirod'
ou "curaus."
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canavieira do estado da Paraba; ai no se verifica a coinci
dncia nas etapas do plantio e colheita (sendo a rea menos
mida o plantio pode ser efetuado numa fase anterior colheita)
e, assim, o acrscimo do nmero de trabalhadores na poca da
safra de apenas 20% sobre o total empregado no inverno.
A regio cacaueira (sul da Bahia) tambm chegam
correntes migratrias desse tipo. Isso porque sendo o cacau u
ma cultura permanente (no existe a preocupao anual com o
plantio) h uma sensvel diferena entre os perodos de safra
e entre-safra no que se refere ao nmero de trabalhadores ocu
pados. Como a colheita muito prolongada, estendendo-se pra
ticamente de abril a dezembro (com um intervalo curto no ms
de agosto), h uma grande quantidade de migrantes que se deslo
ca do nordeste da Bahia e de Sergipe para trabalhar nessa
rea.
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33.
ca dos mesmos constatou que muitos deles deslocavam-se cinco,
seis e at sete vezes para So Paulo, no perodo do desemprego
sazonal., reintegrando-se pouco tempo depois sua comunidade e
s tarefas agrcolas.
3.3- Fatores de migrao no Brasil
0 fenmeno da migrao rural-urbana no Brasil e_a
t intimamente ligado e deriva mesmo da estrutura agrria do
pais. A estrutura vigente, ao estabelecer o regime de grandes
propriedades e formas tradicionais de relao de trabalho,atua
como fator de expulso do trabalhador rural de sua rea de ori
gem. For outro lado, o desequilbrio do nosso processo de de
senvolvimento econmico, apoiando-se nos incentivos fiscais con
cedidos indstria, em detrimento das atividades agrcolas,:8z
com que os poios industriais brasileiros, particularmente aque
les instalados na zona sul do pas, constituam um forte fator
de atrao para as populaes de reas menos desenvolvidas, es
timulando assim o deslocamento para esses grandes centros industriais.
No Brasil o crescimento desigual das economias
gionais e dos respectivos nveis de vida representam uma das
causas mais determinantes das migraes internas. Observa-se
regies com uma economia agrcola de carter essencialmente tm
dicional e com um setor industrial incipiente, ao lado de ou
tras mais desenvolvidas graas a um setor agrcola incorporado
a uma eeonomia de tipo capitalista e, principalmente, existen
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36/93
cia de um parque industrial.
Em mbito nacional a consolidao econmica dada
regio sudeste e, sobretudo, ao estado de So Paulo, teve ini
cio com a cafeicultura que, favorecendo o estabelecimento de
condies necessrias industrializao, passou a atuar, aps
a sua implantao, como verdadeira "bomba de suco" da popula
o de outras reas do pais.
ccrto que no apenas So Paulo, capital econ
mica do pais, atua como polo de atrao dc migrantes; ai o fe
nmeno mais significativo. Entretanto, os fluxos migratri
os se dirigem tambm a Guanabara e Minas Gerais (regio sudes
te), Paran, Santa Catarina e Pio Grande do Sul (regio sul) e
Pernambuco e Bahia (no nordeste), onde sc instalaram os maio
res parques industriais de cada uma dessas regies, conforme sepode ver no quadro que se segue:
Setor industrial (^1)
34.
Unidades daFederao
N? de estabelecimentos
Valor doproduto
Pessoalocupado
Foramotriz
So Paulo 36254 658067422 831339 2647 8 5Guanabara 5 328 1 1 1 31954o 176636 364 5DMinas Gerais 12372 71 445 397 140 268 422 8^Paran 6417 47 063544 68455 236 059Santa Catarina 5900 26334875 69682 201059Rio G. do Sul 12629 85245397 134630 362623Pernambuco 3606 32998271 72058 187 637
Bahia 5 950 22 348 946 50 023 63500
Fonte: Censo Industrial - i960
(4l) - apud Paul Hugon. op. cit. pg. 230
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B surpreendente o crescimento populacional das
reaE urbanas desses estados, particularmente de suas metrp^
les; e, nesse sentido, a contribuio do xodo rural e, de mo
do geral, das migraes internas bastante significativo.
E por que as cidades industriais atraem migran
teB? A primeira explicao seria a expectativa de encontrarla
balho na indstria ou servios urbanos, dado que a cidade pode
oferecer uma diversidade considervel e crescente de atividade
nos setores secundrio e tercirio, com a proliferao do co
mrclo em geral e dos servios privados. Com referncia aos
migrantes rurais a esperana de um trabalho mais estvel atua
como estimulo mudana, Para o trabalhador habituado aos tra
balhos duros da roa, as atividades urbanas lhes parece menos
cansativas fisicamente, alm de estar assegurado pela legisla
o trabalhista. Os nveis mais altos de remunerao e a pos
sibilidade de elevao do nvel de vida, na medida em que me
lhorem as condies de alojamento e alimentao, so tambm' as
piraes de todo migrante que chega metrpole industrial. To
das essas caractersticas do mundo urbano, aliadas posslbili
dade de ascenso social, aquisio de conhecimentos, mais am
pias alternativas de lazer contribuem decisivamente para ocres^
cimento populacional das grandes metrpoles brasileiras, espe
cialmente aquelas situadas no centro-sul do pais, em detrimen
to daB reas rurais e centros urbanos menos desenvolvidos.
No recenseamento de 1960a populao urbana, no
Brasil, representava 46,% da populao total. 0 fenmeno da
urbanizao foi to forte nesses ltimos dez anos que, pelos
35.
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resultados do Censo de 1970 esse percentual se elevou a 55*9%
da populao total. E, pela primeira vez em nosso pais, a po
pulao urbana ultrapassou os ndices da populao rural.
0processo de urbanizao no apresenta homogSBi^
dade em todo o territrio nacional variando segundo as regies
do pais, conforme mostra a tabela que se seque:
Distribuio da populao urbana pelas regies do Brasil
(% da populao total)
36.
RegioesPeriodos
1940 1950 i960 1970
Norte 3,1 3,08 3,0 3,1Nordeste 26,2 25,2 24,0 22,0
Sudeste 56 , 1 57,1 55,6 55,4
Sul 12,3 12 ,2 13,9 14,0
Centro-Oeste 2,09 3,0 3,2 4,7
Brasil 3 1 ,2 36,1 46,3 55,9
Fonte: Sinopse Preliminar do Censo de 1970
(43) - Nessa regio se encontram as 3 .nais populosas cidades
do Brasil: So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
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37 .
H que ae considerar que o aumento da populao
urbana no deriva do seu crescimento natural; tal crescj.
mento provocado, em grande parte, pelas migraes internas.
Mas, esse acelerado processo de urbanizao, no Brasil, ro per
mitiu que as cidades grandes se preparassem para enfrentar o
aumento da populao produzido pelas migraes. 0mundo urba
no-industrial no tem condies de acolher todos os migrantes
(veja-se, por exemplo, os problemas de ordem habitacional e e
ducacional) e, muito menos, de absorver no mercado de trabalho
toda essa fora de trabalho disponvel; tal incapacidade fran
camente visvel quando se observa os ndices de subemprego, de
semprego, ou ainda, de deliquncia e criminalidade.
Outra razo, no to fundamental atualmente, en
tre as j apontadas que pode explicar as migraes de nordestinos so as calamidades, sobretudo a incidncia de prolongados
perodos de seca, as ms condies climticas, enfim "uma natu
reza que ainda no est na medida do homem - que vive obsecado
pela fome, doena e pela morte.
Finalmente, o desenvolvimento e a multiplicao
dos meios de comunicao de idias no Brasil vem possibilitan
do a comparao entre situaes econmicas e niveis de vida do
Nordeste e Sul do pais ou mesmo entre duas reas de uma mesma
(43) - As taxas de natalidade nas cidades so geralmente infe
riores quelas apresentadas em reas rurais.
(44) - Paul Hugon - op. cit. pg. 203
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regio, tornando cada vez menos suportveis a permanncia nas
reas desfavorecidas e atuando, de certa forma, como estimulo
s migraes internas.
Aqui tem papel relevante a constituio ou ampli
ao da rede de transportes, no leste e nordeste do Brasil. ^
nicialmente, diz Juarez Brando Lopes, os contigentes nor
destinos vinham por via martima; finalmente chegou, com a e_s
trada de rodagem transnordestina, a era do caminho e dos "pars
-de-arara" o que contribuiu, em certa medida, para aumentar o
volume dos fluxos migratrios.
interessante observar que as migraes nordes
tinas para fora da regio dc fenmeno peridico passa a ser
continuo. 0 socilogo L.A. Costa Finto chega a Alar do apare
cimento de uma ideologia de migrao que consiste na generali
zao da idia de que "sair melhorar". Diz ainda o referido
autor que a emigrao de um indivduo, antes vista pela famili
a como uma desgraa, hoje, ao contrrio, encarada como uma
esperana de melhores dias; os que ficam esperam que o esposq
pai, irmo ou parente lhes enviem da grande cidade os meios para partirem tambm.
38.
(45) - Cf. Juarez Brando Lopes - Desenvolvimento e Mudana So
ciai, pg. 59
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41/93
39-
4 - 0 PROCESSO DE MIGRARO NA BAHIA B 0 CENTRO INDUSTRIAL DE
ARATU
4.1- Aspectos da industrializao na Bahia
Na regio Nordeste, os estados de Pernambuco e
Bahia so os que apresentam os mais altos ndices de industria
lizao, graas a uma srie de vantagens oferecidas pelos r
gos federais e apresentadas sob a forma de incentivos fiscais,
sistemas de crdito e financiamento, essas unidades da federa
o e, sobretudo, suas capitais passaram a se constituir poios
de desenvolvimento industrial.
A localizao geogrfica da Bahia, o seu sistema
de escoamento seja rodovirio, martimo e ferrovirio e a exijs
tncia de recursos naturais diversificados ofereciam amplas pcs
sibilidades para se implantar ali um parque industrial. 0 de
senvolvimento do setor secundrio no Estado, hoje cada vez nBis
crescente, teve inicio na dcada de 6o, ainda que a dcada an
terior tenha contribudo de forma decisiva para estabelecer asbases da industrializao que ora se processa; foi nesse perio
do (nos anos 50) que tiveram incio as atividades da PETR0BRA
o funcionamento da Hidro-Eltrica de Paulo Afonso, ao lado da
criao da SUDENE e do Banco do Nordeste.
A criao de poios industriais no Nordeste resul
tou na alterao do quadro dos movimentos migratrios no &asiL
Os dados do Censo de 70 mostram que os movimentos migratrios
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42/93
40.
de carter intra-regional tm sido substancialmente maiores que
aqueles inter-regionais. Tal situao tem significado preciso,
que a presso migratria j no to forte para os * centros
tradicionais de Rio de Janeiro e So Paulo desde quando os cen
tros urbanos regionais, na medida em que se industrializam pas
sam a se constituir em poios de atrao.
0 caso de Salvador, capital do Estado da Bahia,
tpico dessa situao. 0processo crescente de industrializa
o, entre outros fatores, teve como resultado o vertiginoso
crescimento populacional da cidade, conforme se pode ver no qua
dro abaixo:
Crescimento populacional de Salvador
Populaao dc Salvador
1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970'
129109 174412 205313 283422 290443 417235 635971 1027,142
Fonte: Anurio Estatstico do Brasil e Sinopse
Preliminar do Censo Demogrfico - 1970
Comparando os dados dos Censos de 1960/1970 pode
mos verificar que, alm de Salvador, alguns municpios de sua j
rea metropolitana apresentaram um crescimento populacional bastante significativo, crescimento que pode ser explicado, em gan
de parte, pela proliferao de indstrias na rea. Os municp_i
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os de Camaari e Sim&s Filho ilustram bem esEa situao*
41.
Crescimento populacional de Camaari e Simes Filho
MunicpiosPopulao
I960 1970
Camaari 21 849 34 281
Simes Filho 9 953 22202
Fonte: Sinopse Preliminar do Censo Demogrfico
1970
Salvador, embora no tenha funes de metrpolesemelhante s de So Paulo e Rio de Janeiro, teve seu parque
industrial consideravelmente ampliado nesses ltimos anos, o
que contribuiu para transformar a cidade em metrpole regional
exercendo sua influncia em todo o territrio baiano e,at mes
mo, em estados vizinhos.
0 Centro Industrial de Aratu constitui, hoje, o
principal polo de concentrao industrial do Estado. Estando
cie diretamente ligado ao objetivo especfico de nosso estudo
deixa-lo-emoe parte pera ser tratado num item especial.
Contguo rea do CIA comeou a formar-se um a
glomerado industrial espontneo que se transformou, depois de
alguns anos, no Centro Industriei dc Camaari, rea que apre
senta uma srie de fatores favorveis implantao de empresas
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industriais* sobretudo aquelas ligadas ao setor petroqumico.
"Quando se iniciou a construo do CIA a perspectiva ento e
xistente para o municpio de Camaari era a de que permanecer!
a corno rea de influncia e no mais que isto, seu destino su
bordinando-se ao comportamento de Aratu como polo dinamizador
da regio. Entretanto, pela interferencia de fatores vrios*
naturais e espontneos, tal perspectiva, no se concretizou. Ao
invs, comeo a afirmar-se em Camaari a existencia de um par
que industrial autnomo (...). Obviamente a tendncia futura
ser a interao que o planejamento desde j est considerando
entro Aratu e Camaari (...) Interao entre 2 poios autno
(46)mos .' ^
Outras areas do Estado ainda que no possuam n
dices de industrializao to elevados quanto as anteriores, a
presentam, de certo modo, concentraes industriais significa
tivas na economia baiana.
0 municpio de Feira de Santana, por exemplo, pe
la sua localizao geogrfica e por se constituir num ponto de
convergncia das rodovias que ligam grande parte do interior
baiano capital do Estado, tornou-sc um centro econmico onde
se desenvolveu ump pequena concentrao de indstrias. As pos
sibilidades parr este nunicipio nu! entprr" consideravelmente
cotr a construo do ro^ovic BR-$24 (Rio-Bahia) favorecendo, as
42.
46 - Secretaria de Industria e Comrcio - Planejamento indus
trial de Camaari. Diagnstico preliminar e Termos de re
ferncia. pg. 1
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sim, as condioee de crescimento e expanso da econonia local
que culrinou con s criao do piit.eiro distrito industrirl do
estudo - o Centro Industrial Subr - sobre o qual frremos co
mentrios meie adiante.
Cruz das Almas e farr^o^ipe, municpios lidados
economia fumageira, so "reas que apresentam uma situao
tpica de atividade industrial totalmente vinculada e dependen
te do setor primrio, o que marca profundamente sua configura-
^c". C?)
Ilhus, Itabuna (zona cacaueira), Vitria da
Conquista e Jequi (zona de pecuria) sao importantes centros
urbanos do estado da Bahia. Nos dois primeiros o setor secun
drio acha-se de certa forma "sufocado pela rentabilidade e
prestigio da empresa rural".^^^ Em Conquista e Jequi a inds
tria sofre os mesmos efeitos de restrio por parte do setor
primrio, s que decorrente no mais da agricultura cacaueira
e sim da atividade pecuria. Ainda assim a industrializao
vem tentando, com algum exito, romper esse quadro, o que certa
mente ser possvel com a implantao de distritos industriais
em municpios de cada uma dessas reas, Ilhus e Vitria da
Conquista, respectivamente.
43.
47- Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social - Mo de Obra
Operria-Industrial pg. 4
48- Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social - op. cit. pag.
4
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A existncia desseB ncleos industriais, espalha
dos pelo interior do Estado, aliada preocupao do governo
em descentralizar e interiorizar o setor industrial na Bahia
foram fatores que motivaram um trabalho de seleo e implanta
o de distritos industriais nessas reas com o objetivo de
criar pequenas e mdias empresas, aproveitando a matria prima
local e absorvendo o contingente de mo de obra do interior.
A primeira experincia nesse sentido foi o Centro
Industrial Suba situado no municpio de Feira de Santana a108 km de Salvador. Para implantao dos demais distritos fo
ram selecionados 4 municpios baianos - Ilhus, Vitria da Con
quista, Jequi e Juazeiro - que, em suas reas de influncia,a
tuam como capitais regionais.
4.2 - 0 Centro Industrial de Aratu - CIA
A seleo de reas para criao de centros tidus
triais feita, geralmente, com base nas vantagens especiais
existentes em funo de recursos naturais, infra-estrutura dis
ponvel ou mao de obra especializada de modo a tornar economi
camente vivel o empreendimento que vem a se constituir numa
alternativa conveniente ao desenvolvimento de uma cidade, Esta
do ou regio.
Baseando-se em tais critrios os Governos Federal e Estadual, decidircm numa ao conjunta criar um polo in
dustrial prximo cidado do Salvador (vide grfico 1), propor
cionando condioes e vantagens, com o objetivo de estimular os
44.
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GRFICO ) L OC AL IZA O GEOGRFtCA DOCENTRO INDUSTRIAL
DE ARATU
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45.
investimentos industriais na rea.
Uma das primeiras medidas concretas tomadas ne_s
te sentido foi o Decreto de n? 15 432, baixado pelo Governo do
Estado e datado de 10 de fevereiro de 1965; pelo qual flcatam
assegurados ao centro, j ento denominado Centro Industrial cb
Aratu, os recursos indispensveis sua implantao, constitui
dos de 25% das indenizaes pagas pela Fetrobrs ao Estado, so
- ' ' (49bre a produo local de petroleo e gas natural: ^
A escolha do Estado da Bahia para implantao de
centro industrial no se efetuaria de maneira arbitrria, j
que, segundo dados encontrados no Flano Diretor do Centro In
dustrial de Aratu, existiriam ali vantagens especiais para o
investimento na rea, aqui discriminadas de forma sintetiza
da:
a) situao geogrfica do estado;
b) variedade de recursos naturais, minerais e a
gricolas; .
c) possibilidades no que diz respeito ao desenvd.
vimento dc um parque petroqumico;
d) mercado em expanso para produtos manufatura
doa e de consumo final;
d) variedades de fontes de energia;
f) sistema virio (A Bahia integra-se s diversas
4 9 - 0 CIA foi criado pela Lei Estadual n? 2321 de 11 de fevep ***
reiro de 1966, abrangendo uma rea de 436 km .
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regies do pais atravs das rodovias: BE-116 e BR-101 - Centro
-Sul; BR-242 - Centro-oeste; BR-101, BR-116 e BR-110 interli
gam Salvador a todas as capitais do Nordeste).
Informa, ainda, o Plano Diretor do CIA encontrar
na rea de Aratu um conjunto de condies excepcionalmente fa
vorveis(^) & uma grande concentrao industrial, dai a esco
lha dessa rea para instalao do centro; tal deciso encontra
justificativa nos seguintes fatores:
a) possibilidade -*'e suprtncnto r!e c^ua de super
ficie c de subsolo;
b) ofeitn dc derivados do petrleo e gs natural;
c) proximidade dc Salvador e de outros ncieoe
populacionais, possibilitando a oferta de survios especializa
dos existentes naqueles centros urbanos;
d) oferta elstica da terra;
c) recursos industriais existentes ou em
tao, j considerveis;
f) existncia de alguns ncleos habitacionais qie
podem suprir mo de obra com deslocamento em condies usuais,
por trem e nibus.
0 objetivo fundamental do CIA seria, assim, asse
gurar uma oferta elstica e estvel de terrenos industriais em
46.
50 - Essas condies favorveis atrairam vrias indstrias pa
ra a rea de Aratu, mesmo antes de instalado o Centro In
dustrial.
51 - Cf. Plano Diretor do CIA.
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rea bem situada, racionalmente zoneada (vide grfico 2) e e
quipada, oferecendo s indstrias excelentes condloes de com
petitividade, pelas vantagens iniciais de implantao e baixos
custos de operao.
As condiSes da rea atraram grande nmero de
empresarios que, motivados pelas vantagens oferecidas, resolve
ram investir no CIA. A configurao do quadro atual do CIA, a
presentada nos quadros que se seguem, demonstra claramente tal
situao:
47.
Quadro atual de emuresas no CIA
Situao das empresas Nmero deempresasMo de obra
ocupada
Em produo 57 10 740
Em implantao 25 3 563
Total d2 14 303
Fonte: Assessoria de Planejamento do CIA
Quadro atual de projetos - CIA
Situao dos projetos Nmero de
projetos
Mo de
obra
aprovados 12 1 514
em anlise 11 1 931em elaborao 41 5 314
sigilosos 24 1 770
Total 88 10539
Fonte: Assessoria de Planejamento do CIA
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GRF!CO )! ZONEAMENTO DOCENTRO [NDUSTRtALDE ARATU
O M A t M O W t . 7 5 Q Q H A
M M A P O M U M M A 1 3 0 0 H A
O K A O K t A B A n t C O M H C I O O O H A
0 S A O E I R ^ S I O 0 0 0 H A
f O m P L M 0 O m E O R O O C l i S
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48.
4 . 3 * 0 movimento migratrio em funo do CIA observado atra
vs do Ncleo Habitacional Rubens Costa
4.3 .1 - 0 Ncleo Rubens Costa
J no Plano Diretor do Centro Industrial de Ara
constava a criao de "reas de habitao nas proximidades das
zonas industriais, principalmente para alojar operrios fabris^
cuja produtividade aumenta com a menor distncia e a faciliadedc acesso ao local de emprego, e com melhores condies ambien
tais de habitao c trabalho. Tambm se dever prever habita
o para os empregados dc servios diversos, pois de se eep^
rar que toda uma populao se deslocar para a regio, em car
ter permanente. Ademais, uma das consequncias importantes da
CIA ser aliviar Salvador das migraes que fazem crescer sua
populao marginar o que importa na convenincia de que a
rea do Centro possa fixar o maior nmero de famlias, e assim
constituir um mercado de mo de obra local o mais numeroso e
mais variado que seja economicamente vivel para estimular as
indstrias. Isto , o esforo que necessariamente ter de ser
feito para alojar esse incremento da populao, deve ser apli
cado na proximidade do novo mercado de trabalho - onde poss
vel dar uma orientao ao povoamento - e no na cidade, onde
predonina o subeniprc^o"^^^
Assim, o plano
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50.
A segunda etapa do plano de habitao encontra
se em fase de execuo; 1200unidades residenciais esto sendo
construidas. Alm disso, acham-se em fase de estudo, projetos
para a construo de 2pequenos ncleos: no primeiro deles oi
mero de unidades habitacionais poder oscilar entre 300a 500
residncias, sendo que outro, especialmente para executivos,
possuir de 50a 100residencias.
4.3.2 - Procedencia da populao residente
Em qualquer estudo de nigrao importante co
nhecer a trajetria do migrante, o itinerrio percorrido de_s
de a partida da rea de origem at a.rea de chegada que, nonosso caso, foi o Ncleo Habitacional Rubens Costa do Centro
Industrial de Aratu. 0 volume de migrantes, as razoes de mi
grao so tambm aspectos de grande interesse para o nosso es
tudo.
Na anlise do Ncleo Habitacional do CIA vimosque oa operarios sorteados na amostra procedem, em sua maiori^
dos municipios do Recncavo baiano perfazendo um total de 36,5%
(vide grfico 3). Alis, a regio do Recncavo a mais po
pulosa do Estado da Bahia. Um quinto da populao acha-se ai
concentrada. No perodo 50/60 houve um incremento substancial
na populao urbana dessa rea, decorrente do xodo rural cu
da transferencia de contingentes populacionais de outras zonas
fisiogrficas para as cidades do Recncavo; o afluxo demogrfi
fico, nesse periodo, foi resultado do processo de industrial!-
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GRAF!CO)t! PROCEDENOA DAPOPULAO DONCLEO HABtTACtONALRUBENS COSTA
L E C E H O A -
LL
X U C R Q - R E B t A O 0 0 R E C B M E A V B 7 .
O t J R O S E S I A O O S - 1 7 X
S A t V A [ ) 0 t ! . B A H ! A - 2 9 X
0 M R A S M ! C R Q - R E B ! Q t S .
I D E M t U S I V E S A L H O Q R F0ME: tEVARIAWEMO BE CAMM
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zao nas reas petrolferas.
Embora a cidade de Salvador tambm esteja inclu^
da no Recncavo, decidimos deix-la . parte para efeito de an
lise. Sua contribuio bastante significativa pois segundo
os dados colhidos durante o levantamento de campo 29*04% nas
ceu nesta cidade.
Considerando o Centro Industrial como um polo de
atraao de migrantes, podemos afirmar que sua influencia efe
tivamente exercida sobre a populao circunvizinha dos munic
pios do Recncavo. Ai, as estradas de ferro e de rodagem, es
tas em grande parte asfaltadas e contando com linhas regulares
de onibus, facilitam a mobilidade da populao pela regio.
Muitos dos trabalhadores industriais procedem das
micro regies de Feira de Santana, Jequi e, em menor escala,
do Agreste de Alagoinhas e outras cujos dados podem ser vistos
na tabela II.
Os resultados obtidos por Jacqueline Beaujeu Gar
nier, quando de uma pesquisa realizada sobre migraes para
Salvador, foram confirmados no nosso levantamento com referen
cia significativa contribuio do Recncavo, Feira de Santa
na e Jequi como regies que forncccm migrantes para Salvador.
Com relao primeira delas, assim se expressa a autora: " a
regio maiB prxima de Salvador, a mais povoada, a mais valori^
zada, a melhor servida pelos meios de comunicao diretos, que
se revela como a grande fornecedora das migraes para a mtrjs
pole? (54)
54 - Jacqueline B. Garnier - "As Migraes para Salvador" in
Boletim Baiano de Geografia - pg. 524
51.
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Do total de operarios sorteados na amostra,57 de
les tem como rea de origem outros estados do Brasil (vide gr
fico 4). E aqui poder-se-ia fazer duas consideraes de acor
do com a procedencia destes individuos: a presena de nordes
tinos* paraibanos, pernambucanos, cearenses, alagoanos e, so
bretudo, s e r g i p a n o s ^ 5 ) _ poderia, at certo ponto, ser expli
cada como uma atrao de Salvador e, por que no dizer, do seu
parque industrial.
No segundo caso, esto englobados aqueles proce
dentes do sul e sudeste do pas: Minas Gerais, Rio de Janeirq
So Paulo, Paran e Espirito Santo. Estes, em nmero bastante
reduzido, quando consultados a respeito da motivao para traba
lhar no CIA alegaram, em sua maioria, a ordem de transferncia
de suas respectivas matrizes para assessorar a implantao das
filiais na rea. Os motivos da migrao foram, portanto, Intel
ramente diversos daqueles referidos pelos nordestinos cuja sai
da foi, em larga escala, motivada pela expectativa de melhores
condies de vida e de trabalho em Salvador.
Conhecida a rea de origem de nossos entrevista
dos, seria interessante acompanhar a trajetria de todos elee
52.
55 - Dos trabalhadores provenientes de outros estados do BrasIL
a grande maioria tem como estado natal Sergipe. Alis,osdados colhidos no Recenseamento de 70, demonstram o quanto
forte o fluxo migratrio de Sergipe para Salvador. Veja-se per
exemplo, que das 60 713 pessoas no naturais do estado da Ba
hia e residentes em Salvador, 20 664 tm Sergipe como estadom
tal.
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GRAFICO tV PROCEDENCIA DA
POPULAO DONCLEO HABITACIONALRUBENS COSTA
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at a chegada ao ncleo do CIA. Entretanto, dificuldades en
contradas durante o perodo de levantamento de campo levou-nos
a reduzir o nmero de informaes. De maneira alguma queremos
dizer que elas no sejam importantes. Consideramo-las fundanai
tais, apenas em nosso caso, tomou-se impossvel trabalhar es
ees dados. Assim, conhecida a cidade natal, obtivemos tambm
informaes referentes ao local de ltima residncia dos traba
lhadores, antes da fixao no Ncleo.
Constatamos, pela anlise dos dados, que grande
parte dos trabalhadores, antes de chegar ao Ncleo, tinha como
residncia a cidade do Salvador (64,70%), estando includos ras
se grupo os que ali nasceram e aqueles que migraram para aque
la cidade. Tal situao pode ser explicada, em grande parte,
pelo fato de ter sido Salvador a cidade onde mais se fez publicidade em torno do CIA e, porque, sendo ela a capital do esta
do, a poder-se-ia encontrar mais facilmente, toda uma gama de
informaes a respeito da nova frente de empregos criada com a
implantao do CIA.
Em segundo lugar, acham-se aqueles provenientesde cidades do Recncavo, particularmente as que esto mais pr
ximas do Centro Industrial, e j caracterizadas por alguma con
centrao industrial como, por exemplo, Camaari, Candeias, Ca
tu, Madre de Deus, So Sebastio do Pass e Simes F i l h o . ( 6)
Em menor escala, indivduos procedentes de outras regies do es
53.
56- Mais adiante veremos que a maioria dos nossos entrevista
dos j se encontrava vinculado ao setor secundrio.
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54.
tado (vide tabela III) vieram diretamente para o Ncleo sempas
sar por Salvador ou outros municpios mais prximos do Centro
Industrial.
Com relao ao tempo de permanncia no local de
residncia anterior ao Ncleo, achamos aconselhvel dividi-lo
em dois perodos. Sendo o objetivo do trabalho tentar medir a
t que ponto o Centro Industrial de Aratu vem se constituindo
num polo de atrao, tor.anos co* o ano-base aquele de sua irplai
taao para dividir esses dois perodos. Assin, aqueles que ti
veran! coro ltino local de residncia Salvador ou municpios tb
Recncavo prxir os da rea do CIA e ai permaneceram num pero
do inferior a 7 anos, poder ter efetuado a migrao para essas
reas motivados pjla oferta de empregos criada com a inplanta-
o do CIA (Quando de anlise dos dados que apontan as razcs
que levaram os entrevistados a trabalhar no CIA, tal situao
pode scr vista de forma raie clara e nais objetive).
Importante tanbn conhecer as atividades desen
volvidas assin coro o setor da econonia a que se achavam liga
dos antes da fixao no Ncleo. A anlise dos dados demonstrou
que o nmero de operrios que j se achava vinculado ao setor
secundrio da economia era bastante expressivo, correspondendo
a 60,35% do total. Aqui tambm esto includos os casos de
transferncia da empresa matriz para a filial do CIA e aqueles
operrios que j trabalhavam em empresas instaladas na rea,an
tes mesmo da criao do Centro Industrial. Atravs de entrevjs
tas realizadas observamos que, entre os demais,alguns trabalha
vam em pequenas empresas desempenhando tarefas de carter mui
to mais artesanal que industrial.
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Dos operrios do CIA que residem no Ncleo, sorte
ados na amostra, 17,15% achavam-se ligados ao setor tercirio
incluindo aqueles que trabalhavam no comrcio, seja como empre
gados ou por conta prpria e em servios de modo geral. Ali^
desenvolver atividade por conta prpria como o comrcio, por e
xemplo, parte de um padro de independncia econmica difund_i
do no Brasil entre os que vem da lavoura e os que vivem em pe
quenas cidades. 0trabalho por conta prpria representa um va
lor cultural multo grande para as camadas mais baixas da popula;o.(57)
Uma parcela de 8,44% ingressou na fora de traba
lho recentemente como operrios das empresas instaladas no CIA;
nessa faixa significativa a concentrao de jovens.
Finalmente, uma feferncia queles que vieram do
setor agrcola e que na tabela rv representa um percentual irre
levante de 2,30%. Aqui importante salientar que essa vincul-
lao agricultura diz respeito ocupao anterior ao trabalho
no CIA. Se, ao contrrio, tomarmos como referncia a rea de o
rigem da populao estudada vamos ver que, entre os baianos,(vi
de tabela V) quase 30% proveniente de reas rurais. Alis,
prevendo a corrida do campo para a cidade em funo da criao
do CIA, os planejadores do Centro Industrial reservaram uma
rea denominada "zona de transio" ao lad.o da faixa habitacio
nal destinada a "atividade horti-granjeiras de apoio ao CIA, ou
55.
57 - Cf. Juarez B. Lopes - Sociedade Industrial no Brasil,pg.
36.
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a reflorestamento. Estima-se que a presena de atividade agr_
cola ao lado da faixa habitacional, amenizar aB condies am
bientais das unidades vicinais, alm de supri-las de alguns ar
tigos. Facilitar, tambpi, a transio do homem de uma vida
agrcola, em que se formou, para um meio u r b a n o - i n d u s t r i a l ^ ^ )
Uma sntese das condies da agricultura no Esta
do da Bahia particularmente no Recncavo, fornecer elementos
para explicar os fatores que contriburam na expulso dessa po
pulaao de origem rural.
0 centro da atividade econmica na Bahia, apesar do eres
cimento industrial verificado nos ltimos anos, continua sendo
o setor primario, ou mais precisamente a atividade agrcola.
Tal atividade caracteriza-se pelas grandes propriedades -os la
tifndios monocultores - ou pela expressiva fragmentao dasterras - os minifndios - que, como os primeiros, so igualmen
te i m p r o d u t i v o s . (59) lado deste aspecto de ordem estrutur.
outros fatores concorrem para que a produtividade agrcola n
apresente ndices considerados satisfatrios, quais sejam, as
formas tradicionais de relao de trabalho, a falta de especia
lizao da mo de obra ocupada (empregando tcnicas rudimenta-
56.
53 - Plano Diretor do CIA - cap. III, pg, 6
59 - Um estudo sobre xodo rural na Bahia aponta como fator re-
pulsor do campo, entre outras coisas "as superficies grandes demais e cinsuficientemente desenvolvidas economicamente, do
que resulta o regime dos latifndios improdutivos, assim como o
das propriedades pequenas demais para serem produtivas".
Paul Hugon - op. cit. pg. 196
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res de cultivo do solo* geralmente base do empirismo), a ex
plorao da terra sem o necessrio emprego de adubos e ferti
lizantes para superar o seu desgaste, a baixa rnmunerao do
trabalho agrcola e, ainda o sistema limitado de f inane iamenTc
agrcola impossibilitando uma modernizao da lavoura. Este ,
em linhas gerais, o quadro da agricultura na Bahia.
A zona do Recncavo no se constitui uira exceo
regra. Ai, a atividade agrcola, particularmente voltada
ra o setor de exportao depende de centros externos para co
locao de seus produtos, estando, por isso mesmo, sujeita s
frequentes oscilaes deste r-ercado externo. Ao lado de una
agricultura de exportao h un setor dc economia de subsis
tncia, dc rrpjide fragilidade e sempre relegado a segundo pl*.
no, visto estaren as nelhores terras sempre ocupadas pelas la
vouras de exportao al*' de conpetir em desigualdade de con
dies com o setor exportador na obteno de financiamento pa
ra investir no setor. *
0 setor de exportao, no Recncavo, est repre
sentado pelas economias canavieira e fumageira."A monocultura
aucareira, elemento propulsionador e toda a rea mais exten
sa e mais representativa do Recncavo encontra no massap um
solo ideal; no sistema de propriedade - as sesmarias - um pon
to de partida excelente para o seu crescimento. A produo
para a exportao vai se adequar e integrar no sistema capita
lista mercantil mundial". Tal situao perdura por muito
60 - Zahid Machado Neto - Quadro Sociolgico da Civilizao
do Recncavo - pg. 7
57.
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tempo at que se d"uma ruptura de grandes propores com a abo
lio." A atividade aucareira que teve sua fase urea de
expanso e apogeu, comea, a partir de ento, a entrar em decli
nio. As crises se sucedem, Apesar de algumas tentativas para
super-las verifica-se, algum tempo depois, o colapso da econo
mia aucareira que hoje sobrevive no Recncavo graas a urna jgo
litica protecionista do govemo.
A lavoura do fumo tambm tem papel relevante na
economia do Recncavo, sendo uma atividade agrcola, assim cono
o acar, organizada em funo de um mercado exterior. Ao coi
trrio da cana de acar a atividade fumageira se desenvolveu
em pequenas propriedades de terra, verificando-se nessas reas
"relaes de trabalho que em muito pouco diferem da comum parce^
ria no aluguel da terra, cabendo sempre ao proprietrio deata
as funes de concentrar o produto que ele estoca e vende aos
trapiches ou diretamente s fbricas". A oferta elstica
de mao de obra nao estimula aos proprietrios de terra, no se
tor, uma modernizao da agricultura. A permanncia de tal si
tuao resulta numa baixa produtividade da lavoura fumageira.
Este quadro das lavouras canavieira e fumageira,aqui apresentado de maneira geral, no pode deixar de ter sous
efeitos na poltica de mo de obra, podendo gerar condies fa
vorveis emigrao dessas reas. Outro aspecto que determina
o clima de insatisfao nas reas rurais que o carter da ati
58.
61 - Zahid Machado Neto - op. cit. pg. 7
62 - Zahid Machado Neto - op. cit. pg. 9
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vidade agrcola eBt a exigir uma quantidade mo de obra tnai
or em determinados perodos aps o que rompe-se o vinculo en
tre empregador e empregado. J que a maioria dos trabaUiadoiBB
no tm acesso ao meio assencial de produo - a terra - esses
longos perodos de desemprego estimulam o xodo em direo s
cidades,sobretudo para o setor industrial onde crescen
te a oferta de trabalho, ainda que limitada em face da grande
procura. Desses migrantes, os que se ligam ao setor secundri
o resultam, provavelmente, de um peneiramento que exclui agtan
de maioria, sobretudo aqueles que vm das camadas mais baixas
da populao rural.
Essa oferta 'e trrbalho na rea urbana,ainda que
limitada com relao procura, ofcrece vantagens em ternos
lariais no que estir.ula as migraes do interior do estado. Ca
be aqui uma considerao a respeito da questo salarial. A di
ferena entre os salrios pagos na agricultura e aqueles pa^os
na indstria (beu raie eluvadoe se comparados aos agrcolas )
constitui, ccrtarcntc, o fator nais direto dc atraEo que a ci
dade exerce sobre o hor-er** rural; entretanto, tal diferena
bastante relativa, pois a sociedade urbana, pelas condies r.esnas do seu estilo de vida cria uma srie de necessidades que
representa para o migrante rural uma sobrecarga inexistente no
seu antigo oramento quando habitante do campo.
59.
63- No caso do acar, por exemplo, a fragilidade da economiavoltada, desde o inicio da colonizao brasileira, para a
cultura da cana, no propiciou a fornao de ncleos urbanos de
economia diversificada, fazendo com que a presso migratria
se fizesee, principalmente, no sentido de Salvador.
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6o.
4.3.3 - Fatores de migrao para o Ncleo do CIA
Um dos aspectos principais do estudo de migrao
consiste na anlise dos elementos que influram e motivaram a
sada para outra rea. Aqui se observa que os motivos apresen
tados refletem, de certa forma, aqueles elementos que se cons
tituem fatores de atrao do ponto de vista das reas urbano
industriais.
nal e expressa sob a forma de "arranjar emprego", "salrio tals
alto e trabalho melhor", "transferncia", "possuir carteira
e, paralelamente, uma boa remunerao que vai refletir no au
mento do poder aquisitivo, constituram as motivaes e aspira
es mais fortes para os trabalhadores do CIA, residentes no
Ncleo. certo que a situao de assalariado industrial que
lhe assegurada, a participao no mundo urbano, os salrios
mais altos atuam fortemente como fatores de atrao de migran
tes, mas, importante no esquecer que, para aqueles vindos de
reas rurais, os fatores repulsivos atuam fortemente, motivan
do cada vez mais sadas de reas rurais para centros urbanos.
Analisando a situao real, a atrao que a cidade exerce de
64 - Tendo escolhido o Ncleo Habitacional como universo de
nosso trabalho, explicada est a presena de uma varivel
- a casa prpria - expressa isoladamente ou aliada a outro fa
tor como motivo de ida para o CIA.
0exame de tais informaes revela-nos a predomi
nncia de uma motivao econmica ligada situao ocupacio-
assinada" (vide tabela Portanto, a procura de emprego
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6 i .
corre e depende objetivamente das desvantagens do campo, ex
pressas sob a forma de impossibilidade de acesso ao meio essen
ciai de produo - a terrra - e baixa remunerao do trabalho
agrcola.
4.3.4 - Caracterizao da populao do Ncleo
Conhecida a procedncia e os motivos que levaram
os nossos entrevistados a trabalharem no CIA e residirem no Nu
cleo, partimos para um conhecimento dessa populao,iden