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Milena Schuster
Contadora CRC PR 072296/O-2
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PERÍCIA À AUDITORIA REALIZADA PELA 9ª REGIONAL DE SÁÚDE DO
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ NA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE
DE FOZ DO IGUAÇU PARA O PERÍODO DE 18 DE JUNHO A 31 DE DEZEMBRO
DE 2017
O Ministério Público do Estado do Paraná, através do Ofício nº. 014 de 18 de
janeiro de 2014, solicitou à 9ª. Regional de Saúde do Estado do Paraná, a realização
de auditoria na Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu para o período de
junho a dezembro de 2013.
Na ocasião, a diretoria da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu
tomou conhecimento informal do relatório da auditoria que se tornou peça chave nos
diversos processos promovidos pelo Ministério Público contra a administração
daquela Fundação, com base no seu conteúdo.
Devido à importância dada a esse relatório de auditoria pelo Ministério Público
Estadual e posteriormente pelo Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas do
Estado do Paraná, que os utilizou como documento primordial nos diversos
processos judiciais movidos contra a administração da Fundação, torna-se
fundamental demonstrar que os levantamentos realizados foram parciais e
incompletos e que não foram realizados dentro dos padrões técnicos necessários,
de maneira que não permitiram chegar à conclusões corretas.
Muito embora tenham sido realizados alguns procedimentos de auditoria,
muitos outros importantes e necessários deixaram de ser aplicados, de maneira que
pudessem cercar as informações e se chegar a uma conclusão objetiva sobre o
assunto auditado.
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Pudemos notar que em muitos dos trabalhos realizados, o auditor se limita a
divulgar alguns fatos encontrados em seu trabalho, porém não há conclusão, sequer
parcial, deixando somente algumas supostas evidências que, certamente
confundirão o leitor.
Além dos trabalhos limitados, realizados pela auditoria, encontramos alguns
problemas de ordem ética, devido a participação de profissionais na auditoria com
conflito de interesse, que colocaram em risco a independência necessária para uma
auditoria técnica.
Também há evidências de omissão de informações cruciais, de conhecimento
da equipe de auditoria que não foram levadas em consideração e que afetariam seu
parecer no relatório final apresentado.
Todas as principais ações administrativas ou operacionais, de qualquer
corporação, sejam elas públicas ou privada, inevitavelmente apresentam uma
consequência financeira, o que se reflete na contabilidade, onde tudo é registrado.
Por este motivo, nos principais países do mundo, inclusive no Brasil, os contabilistas,
administradores de empresas e economistas são os profissionais mais preparados
para realizar uma auditoria, por terem profundo conhecimento nas técnicas de
registros contábeis.
Porém, além da formação em ciências contábeis, administração de empresas
ou economia, é necessário para poder realizar uma auditoria técnica, experiência e
treinamento certificados nas técnicas de auditoria aprovadas internacionalmente.
Tal é a importância dada à auditoria, que todas as empresas de capital
aberto, com ações na bolsa de valores do Brasil, são obrigatoriamente auditadas por
auditores independentes que emitem um parecer final e que obrigatoriamente devem
seguir as mesmas normas de auditoria, a fim de garantir um resultado exato e
completo.
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Grande é a responsabilidade de um auditor de maneira que todo o seu
trabalho implica em responsabilidade profissional, podendo até a responder
criminalmente por todos os efeitos causados pelo seu relatório final de auditoria.
Todos que se utilizam de um relatório de auditoria acreditam de que se trata
de um documento através do qual, se tomam várias decisões. O investidor busca no
relatório de auditoria a fidelidade dos números e informações apresentadas nas
demonstrações financeiras das empresas.
Os órgãos públicos, assim como o Ministério Público do Estado, solicitante da
auditoria, espera que o relatório de auditoria seja completo e correto em suas
conclusões e afirmações que devem ser obtidos através da realização de um
trabalho de auditoria realizado dentro dos rígidos critérios técnicos exigidos.
No Brasil, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade, juntamente com os
CRCs – Conselhos Regionais de Contabilidade deliberam sobre as técnicas e
procedimentos que uma auditoria deve cumprir, sendo que o primeiro é que legisla a
esse respeito.
O CFC – Conselho Federal de Contabilidade emitiu o MANUAL DE
AUDITORIA DO SISTEMA CFC/CRCs aprovado através da RESOLUÇÃO CFC NO.
1.101 de 24 de agosto 2007 (anexo) que apresenta todos os quesitos necessários
para a realização de uma auditoria técnica que são utilizados pelas empresas de
auditoria independente especializadas e também pelos órgãos públicos
fiscalizadores. O Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs como referência dos
procedimentos de auditoria que deveriam ter sido utilizados a fim de garantir uma
conclusão correta suportada em fatos.
Antes de apresentar uma análise crítica do Relatório de Auditoria, e para um
melhor entendimento do período auditado, torna-se necessário discorrer sobre
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como, porque e em que circunstâncias a Fundação Municipal de Saúde de Foz do
Iguaçu, órgão auditado, foi criada pela prefeitura e como foi feita a transição da
antiga gestora OS – Organização Social Pró-Saúde e sobre os problemas
encontrados pela nova diretoria ao assumi-la.
Também é importante conhecer o que se passou no semestre auditado
(segundo semestre de 2013), visto que em nenhum momento do relatório de
auditoria foi explicado claramente os motivos e com base em que a administração
tomou suas diversas decisões e principalmente porque realizou as compras com
dispensa de licitação.
No relatório apresentado, em nenhum momento dimensiona de maneira
adequada os graves problemas que a direção que assumiu a Fundação Municipal de
Saúde de Foz do Iguaçu enfrentou, desde que assumiu simultaneamente o Hospital
Padre Germano Lauck.
Conforme informações dos diretores da Fundação à época, a equipe de
auditoria em raros momentos pediu a eles esclarecimentos ou informações e
tampouco buscaram informações ou explicações sobre as supostas irregularidades
apuradas. Tais explicações deveriam fazer parte do relatório de auditoria.
Para um melhor entendimento, a seguir será apresentada uma cronologia dos
fatos, desde a criação da Fundação, bem como todos os acontecimentos durante o
período auditado:
I - HOSPITAL MUNICIPAL PADRE GERMANO LAUCK
Para se entender tudo o que se passou, é necessário conhecer a magnitude do Hospital Padre Germano Lauck, a quantidade de atendimentos que realiza e a sua importância na região.
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É o principal e maior hospital público da Região do extremo oeste paranaense e o único pronto socorro que atende a região da tríplice fronteira.
Até a sua devolução à prefeitura, pela antiga gestora Pró Saúde, o Hospital
Padre Germano Lauck contava com 177 leitos, e para o seu funcionamento eram necessários cerca de 737 funcionários, tanto administrativos quanto assistenciais e uma equipe de cerca de 131 médicos, distribuídos nas diversas especializações.
EMPREGADOS/ MÉDICOS (em dez/2012)
QUANTIDADE
Médicos 131
Funcionários administrativos e assistenciais
737
Total 868
LEITOS (em dez/2012) QUANTIDADE
Número de leitos 152
UTI adulta e pediátrica 25
Total 177
Dados do relatório da Pró-Saúde de dezembro de 2012
Em setembro de 2013, após a transição para a gestão da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, a produção do hospital era grande e já havia sido em grande parte normalizada:
ATENDIMENTOS (setembro/2013) QUANTIDADE
Ambulatório/consulta especializadas 4.844
Pronto Socorro 847
Internados 714
Total 6.405
CIRURGIAS REALIZADAS (setembro/2013)
QUANTIDADE
Eletivas 207
Urgências 247
Total 454
LEITOS (setembro/2013) QUANTIDADE
Clínica Médica/Cirúrgica 140
Pediatria 24
Ortopedia 24
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UTI Adulto 20
UTI Pediátrica 5
Psiquiatria 7
Total 220
PRODUÇÃO S.A.D.T. (setembro/2013) QUANTIDADE
Exames Laboratoriais 87.137
Raios-X 11.787
Tomografia 589
Ultrassonografia 1.297
Outros 532
Dados obtidos no Relatório e produção da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu
II - MOTIVO DA CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO
No início de 2013, ao assumir a Prefeitura Municipal de Saúde de Foz do
Iguaçu, o prefeito Reni Pereira foi notificado pelo Ministério Público do Estado que,
não mais poderia manter o contrato com a OS – Organização Social Pró-Saúde para
a gestão do Hospital Municipal Padre Germano Lauck, dando-lhe o prazo até abril
para mudar para outro modelo de gestão.
Em abril de 2013, o então prefeito Reni Pereira foi notificado pelo Ministério
Público do Estado de que não cumprira o prazo determinado e que seria processado
judicialmente. Sob pressão e em negociação com o Ministério Público do Estado,
conseguiu a prorrogação de dois meses, transferindo o prazo final para 18 de junho
de 2013.
O prefeito e a Secretaria de Saúde do Município, com o apoio do Ministério
Público do Estado, concluiu que a melhor forma de gestão seria a criação de uma
Fundação Municipal a ser criada para esse fim, que responderia diretamente à
prefeitura de maneira que mantivesse o poder de decisão sobre ela. Esta fundação
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seria criada através de recurso especial e seria custeada pela prefeitura, através de
remuneração por prestação de serviços de saúde ao município.
Cabe mencionar que, praticamente seria impossível realizar a tarefa de criar
uma fundação pública e coloca-la em pleno funcionamento, como prometia a
prefeitura, em cerca dois meses.
Como a intenção da prefeitura era de extinguir o contrato de gestão do
Hospital Padre Germano Lauck com a OS Pró Sáude e passa-lo para a Fundação
em 18 de junho de 2013, como o hospital em pleno funcionamento, seria necessário
realizar diversas ações:
1 - Criar o modelo ideal de fundação,
2 - Fazer consulta pública sobre sua criação,
3 – Criar seu estatuto,
4 - Elaborar e aprovar a lei para sua criação,
5 – Obter os recursos financeiros para sua criação
6 – Fazer levantamento do funcionamento de todas as áreas do Hospital e
documenta-las
7 – Fazer levantamento do organograma de todas as áreas do Hospital
6 - Contratar a nova diretoria
7 - Realizar concurso público para contratar todos os médicos e funcionários
8 - Realizar todas as licitações necessárias para se manter o Hospital funcionando
9 – Promover cursos e treinamentos para todos os novos gerentes e chefes de todos
os setores, pois a OS Pró Saúde não demitiria nenhum daqueles que trabalhavam
no Hospital
10 – Realizar licitações para a compra dos medicamentos e materiais que seriam
necessários para manter o hospital funcionando
11 – Realizar um inventário físico listando todos os bens que seriam entregues pela
prefeitura à nova Fundação no dia da transição
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12 – Fazer todas as escalas de médicos e funcionários assistenciais a fim de permitir
que o Hospital e o Pronto Socorro mantivessem todos os atendimentos na data de
transição.
Contudo, no afã de obedecer a determinação do Ministério Público, a
prefeitura assumiu o prazo de dois meses para realizar tal tarefa. Tudo indica que
não foram levados em consideração os riscos que tal decisão imputaria a todos os
pacientes internados e aos que procurassem atendimento no hospital caso não
conseguissem entregar uma Fundação totalmente operante, conforme desejado.
De forma previsível, a prefeitura somente conseguiu criar a Fundação e obter
o CNPJ às vésperas da entrega do hospital e não conseguiu tornar a nova
Fundação operante. Mesmo assim, o prefeito Reni Pereira, manteve o cronograma e
entregou a Fundação à nova diretoria no dia 18 de junho e 2013, sem nenhuma
condição de gerir o Hospital Municipal Padre Germano Lauck.
A OS Pró Saúde tinha um contrato de gestão do Hospital com a prefeitura. Ao
informar seu distrato, a prefeitura teve de negociar uma pesada multa e teve de
assinar um Termo de Transição que proibia o acesso ao hospital de qualquer
diretor ou funcionário da nova Fundação, até o dia 18 de junho.
Dessa forma, em abril de 2013, o prefeito criou uma COMISSÃO DE
TRANSIÇÃO que teria a responsabilidade de criar juridicamente a Fundação
Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu e tomar todas as providencias necessárias
para que no dia da transição, o Hospital fosse entregue à nova diretoria da
Fundação em pleno funcionamento.
Para este fim, o Sr. Odair José Silveira, então Secretário de Saúde do
Município, juntamente com suas duas diretoras, foram temporariamente exonerados
de seus cargos na secretaria de saúde e foram nomeados pelo prefeito para assumir
a COMISSÃO DE TRANSIÇÃO.
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Visto que a nova diretoria não participaria dessa transição, a prefeitura se
responsabilizou de entregá-la plenamente operacional e estruturada a fim de
que pudessem dar continuidade na gestão do hospital.
A Comissão de Transição contratou toda a nova diretoria. Segundo informado
aos diretores, na ocasião de suas contratações, a prefeitura buscava profissionais
experientes de outras localidades que não tinham vínculo com o ex-prefeito que
tinha grande influência no Hospital, ou políticos locais, para que pudessem realizar
um trabalho profissional, sem influências externas.
III - PROBLEMAS ENCONTRADOS NA DATA DA TRANSIÇÃO DO HOSPITAL
Tendo a prefeitura assumido o risco de criar e operacionalizar a Fundação em
apenas dois meses, provou-se que o prazo foi desastrosamente insuficiente.
No dia 18 de junho de 2013, conforme contratado, a OS Pró-Saúde devolveu
o Hospital Municipal Padre Germano Lauck à Prefeitura. Assim, a nova diretoria da
Fundação recebeu naquele dia a nova Fundação e o Hospital onde se constatou
diversos e gravíssimos problemas:
1 – Não havia nenhum médico concursado ou contratado em nome da
Fundação.
2 – Os cerca de 130 médicos que trabalhavam no hospital, se recusaram a
trabalhar para a Fundação, pois não tinham contrato assinado. Somente
voltariam a conversar depois que recebessem da OS Pró-Saúde os serviços
prestados nos dois últimos meses. Eles culpavam o Prefeito Reni Pereira por não
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haver honrado o pagamento da indenização contratada com a OS Pró-Saúde, dos
últimos dois meses e por isso alegavam que não tinham recursos para pagá-los.
3 – Não havia nenhum funcionário concursado ou contratado em nome da
Fundação. O Sindicato estava à porta do hospital questionando o trabalho sem
registro dos funcionários que continuavam trabalhando, pois, o hospital continuava
funcionando. Para complicar mais a situação, muitos dos antigos servidores,
buscaram outros locais de trabalho e os que remanesceram não eram suficientes
para garantir a continuidade dos atendimentos de maneira adequada.
4 - Todos os funcionários no nível gerencial e de chefia foram embora com a
OS Pró-Saúde e levaram consigo todo conhecimento do funcionamento de cada
setor. A Comissão de Transição sequer levou isso em consideração e não buscou
no mercado ninguém que os substituísse.
5 – Não havia sido licitado ou contratado nenhum sistema gerencial de
informações, pois o que estava em uso era de propriedade da OS Pró-Saúde, e foi
levado embora naquele dia, junto com todas as informações e documentos.
6 – O estoque de medicamentos e materiais deixados, essenciais para o bom
funcionamento do hospital, duraria apenas duas semanas. Não havia nenhuma
licitação realizada para garantir o abastecimento do hospital. Não havia licitação
realizada para a alimentação enteral e parenteral elaborados especialmente para os
pacientes graves internados, principalmente na UTI.
7 – Nenhum contrato de locação de equipamentos essenciais ao hospital havia
sido licitado, tais como monitores cardíacos, ventiladores, bombas de infusão, e
outros imprescindíveis à UTI e aos leitos. Não havia sido licitado nenhum contrato de
fornecimento de serviços de manutenção de equipamentos e instalações. Todos os
contratos mantidos com a OS Pró-Saúde expiraram no dia 18 de junho e a
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Comissão de Transição não havia licitado ou contratado nenhum em nome da
Fundação.
8 – Não havia nenhum recurso em caixa, pois a verba para implantação, garantida
pela Lei nº. 4.084/2013 que criou a Fundação, não havia sido passada pela
prefeitura. Não havia nenhum contrato de gestão assinado entre a Prefeitura e a
Fundação, o que não garantia nenhuma garantia de recursos em curto prazo. A
única fonte de recursos viria da prefeitura e seria feita através do contrato de
prestação de serviços com a Fundação pelos serviços que passaria a fornecer, mas
tal contrato sequer existia. Ele foi emitido cerca de dois meses depois, com data
retroativa.
9 – O hospital foi entregue à nova fundação, sem que houvesse qualquer
garantia de que os bens públicos entregues à Fundação estavam completos e
regulares. Foi entregue à diretoria uma listagem de equipamentos e instalações que
foi impressa pela OS Pró-Saúde, mas não havia evidência nenhuma de conferência
que garantisse sua integridade ou integralidade do que fora passado anos atrás pela
prefeitura à OS Pró-Saúde e o que estava sendo devolvido.
11 – O Hospital foi entregue lotado, inclusive com pacientes internados na UTI
e com o pronto socorro em pleno funcionamento.
Segundo informações dos diretores que assumiram a Fundação e que foram
responsáveis pelo período auditado, fora prometido pela Comissão de Transição por
ocasião de suas contratações, que a Fundação lhes seria entregue totalmente
legalizada e operacional. Não poderia ser de outra forma, pois era total a
responsabilidade da prefeitura ao decidir por extinguir o contrato de gestão com a
OS Pró Saúde e criar a nova Fundação para assumir o Hospital lotado e
funcionando.
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Porém a Comissão de Transição, de responsabilidade da prefeitura, não
realizou nada do que seria necessário para uma “transição serena” e que prometera
à nova diretoria. Se limitou no dia 18 de junho de 2013 a realizar diante da imprensa
uma simbólica entrega de chaves ao Sr. Jorge Yamakoshi – diretor presidente da
Fundação.
Apesar das diversas cobranças à Comissão de Transição sobre a
documentação dos trabalhos realizados, foi entregue no mês de julho o Relatório de
Transição, ao qual tivemos acesso e pudemos observar o total amadorismo e falta
de critério.
Apresentado em forma nove páginas, se limita a fazer um preâmbulo sobre o
que representa o Hospital nas três primeiras páginas e as demais relaciona os
ofícios onde solicitaram diversos documentos à OS Pró Saúde. Os cerca duzentos
anexos, referem-se a cópias de diversos documentos emitidos pela OS Pró Saúde,
sem qualquer ordem ou sentido, e também não demonstravam nenhum trabalho
realizado sobre eles. Daí pode-se concluir que a Comissão de Transição, de
responsabilidade da Prefeitura, não realizou nenhum trabalho para a
operacionalização da Fundação, deixando todos os problemas a serem resolvidos
pela nova diretoria da Fundação.
Não vimos evidências de que a auditoria tenha analisado o Relatório de
Transição ou os diversos ofícios enviados ao Ministério Público, à Secretaria de
Saúde do Município, ao Comus – Conselho Municipal de Saúde, ao Prefeito Reni
Pereira informando sobre todos os problemas encontrados pela diretoria ao assumir
a Fundação.
A falta de menção por parte dos auditores de fatos tão relevantes para o
entendimento das decisões tomadas pela administração, levanta a questão se todos
os levantamentos de informações foram feitos de foram completa.
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Em suma, o que se percebe é que o Hospital Municipal Padre Germano
Lauck, principal hospital da região do extremo oeste do Paraná, com o único pronto
socorro público da região da tríplice fronteira, foi entregue de maneira irresponsável
e antiprofissional à diretoria recém-contratada da Fundação, sem nenhuma condição
de mantê-lo funcionando.
A nova diretoria, levando em consideração todos os riscos envolvidos,
resolveu fechar o hospital e transferir todos os pacientes internados para outras
instituições até que tudo fosse regularizado.
Porém tal decisão não foi aceita pelo Prefeito Reni Pereira que ordenou que o
hospital se mantivesse aberto. A ordem direta do Prefeito precisava ser acatada
pela diretoria da Fundação, pois ele tem plenos poderes sobre a Fundação.
A Lei Municipal nº. 4.084 de 5 de maio de 2013 que criou a Fundação,
também criou a figura do CONSELHO CURADOR, órgão máximo da instituição
que está acima da diretoria e é formado por 13 membros, sendo que 7 destes são
de indicação direta do Prefeito e a Secretária Municipal de Saúde era a Presidente,
mantendo assim, o absoluto controle do prefeito.
Por outro lado, a diretoria consultou o então Secretário da 9ª Regional de
Saúde do Estado, Sr. ADEMIR FERREIRA DE SOUZA, e também membro do
Conselho Curador, que acompanhou toda a transição, a fim de viabilizar a
transferência dos pacientes e fechar o hospital. Porém prontamente respondeu à
direção que não havia leitos ou UTI disponíveis na rede estadual de saúde e,
mesmo que houvesse, não haveria como transportar os pacientes.
A fim de questionar a independência dos auditores, cabe mencionar que o Sr.
ADEMIR FERREIRA DE SOUZA, em janeiro de 2014 passaria a ser o
COORDENADOR DA AUDITORIA ora contestada.
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Esse fato por si só, já seria uma comprovação do total conflito de interesses
para a condução da auditoria, pois ele não teria a independência necessária para
questionar as próprias decisões tomadas como membro do Conselho Curador que
ele fazia parte. Ao não mencionar na auditoria o fato de que, como Secretário da 9ª
Regional de Saúde do Estado, não ter apoiado o fechamento do Hospital, quando
consultado, agrava ainda mais a falta de independência.
IV - MEDIDAS EMERGENCIAIS TOMADAS PELA ADMINISTRAÇÃO DA
FUNDAÇÃO.
A partir do momento que ficou definido que o Hospital se manteria aberto, a
diretoria foi obrigada a tomar diversas medidas emergenciais, necessárias para
garantir a vida dos pacientes já internados, bem como àqueles que buscavam
atendimento emergencial no pronto-socorro.
Ressaltamos o fato da diretoria ter sido obrigada a manter o hospital aberto, o
que mostra que ela foi vítima de uma decisão inconsequente, pois colocou sobre os
ombros dela, toda a negligência da Prefeitura e ainda colocou em risco a vida de
todos os pacientes internados.
O fato da auditoria não mencionar fatos tão gritantes, induz o leitor do
relatório de auditoria a concluir que a diretoria não tinha nenhum motivo para realizar
compras e contrações emergenciais e, que se o fez, foi por livre e espontânea
vontade, o que não representa de forma alguma a realidade.
A fim de manter o hospital funcionando, o prefeito Reni Pereira disponibilizou
diversos profissionais para cobrirem os cargos em aberto. Diversos funcionários da
prefeitura passaram a trabalhar temporariamente na Fundação, nos setores: médico,
enfermagem, administrativo, financeiro, computação, jurídico, licitações e compras,
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engenharia e outros, de acordo com as necessidades. Diversos setores da prefeitura
participaram intensivamente na Fundação, desde a data da transição.
Todas as edificações e equipamentos que formam o complexo hospitalar são
patrimônio público e estavam correndo risco de degradação. A direção elaborou
relatório detalhado apresentando fotos de infiltrações, ar-condicionado sujos,
goteiras nos tetos, caixa d’agua suja, gerador com problemas, deslizamentos de
terra e outros problemas.
Não há menção e nem evidência de que a auditoria analisasse os diversos
ofícios enviados à prefeitura, ao Ministério Público, ao Comus, à Câmara de
Vereadores e à Secretaria de Saúde do Município, informando as condições em que
a diretoria recebeu a Fundação, novamente induzindo ao leitor do relatório de
auditoria a concluir que as decisões emergenciais tomadas para o manter o bem-
estar da população, foram feitas sem motivos.
Era necessário um sistema de segurança que garantisse controle total da
portaria, devido ao enorme trânsito de pessoas dentro das instalações de maneira a
coibir qualquer furto ou depredação. Dessa forma também foram tomadas várias
medidas emergenciais a fim de manter e salvaguardar equipamentos e instalações
do Hospital e que é fazem parte do patrimônio municipal.
Uma vez decidido de se manter o Hospital aberto, havia o grande risco de
responsabilização da diretoria por omissão de socorro, por decisão alheia à sua
vontade, o que os levou a realização de trabalhos intensos a fim de solucionar cada
problema encontrado e eliminar quaisquer riscos aos pacientes.
A Fundação sequer tinha recebido da Comissão de Transição um
organograma do hospital, que mostrasse como cada departamento era formado e
quantos funcionários o compunham. Não recebeu nenhum fluxograma que
mostrasse como cada setor funcionava e como tramitavam as informações nos
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setores. Não havia nenhum sistema gerencial e informações, pois o que havia até
então, fora levado pela OS Pró-Saúde e a Comissão de Transição não havia licitado
nenhum em seu lugar, conforme havia prometido.
Desde o primeiro dia de trabalho, toda a direção e funcionários
remanescentes passaram a fazer todos os levantamentos necessários.
Tendo em vista que nenhum funcionário ou médico havia sido contratado pela
Comissão de Transição, passou-se a fazer um levantamento emergencial de todos
os funcionários e médicos que seriam necessários para manter as escalas do
Hospital. Foi levantado todos daqueles que tinham interesses em continuar
trabalhando no Hospital, mas em nome da Fundação. Levantou-se todos os cargos
que continuariam desocupados a fim de buscar no mercado quem os completasse.
Assim seria necessário promover processos de contratação emergencial e
temporária, legalizando toda a situação dos trabalhadores.
Com base na lista de medicamentos e materiais deixados pela OS Pró-
Saúde, que durariam somente cerca de duas semanas, foi feito levantamento
emergencial de tudo o que seria necessário adquirir em caráter de urgência, para
manter o hospital funcionando.
Não há evidências de que a auditoria tenha visto o contrato assinado pela OS
Pró Saúde onde se comprometia a devolver a mesma quantidade de medicamentos
e materiais recebidos que estavam no estoque quando assumiu o Hospital.
Visto que nenhuma empresa de prestação de serviços de manutenção de
equipamentos, limpeza, segurança e outros serviços haviam sido contratadas pela
Comissão de Transição, passou-se a fazer um levantamento das empresas da
região que pudessem fornecer tais serviços, inclusive consultando àquelas que já
prestavam serviços no hospital via OS Pró-Saúde.
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A Fundação é pública e, segundo seu próprio estatuto, deve realizar suas
compras via licitação com base na lei 8.666 de 21 de junho de 1993, e as
contratações de colaboradores devem ser feitas via concurso público.
Porém, a mesma Lei 8.666/93, também prevê as situações emergenciais
onde pode haver a dispensa de licitação:
Art. 24. É dispensável a licitação:
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
prorrogação dos respectivos contratos;
Tratava-se do principal hospital público da região, com a maioria dos leitos
ocupados por pacientes, com um pronto socorro em pleno atendimento e diversas
consultas médicas e cirurgias agendadas. Mas a Fundação não tinha pessoal,
medicamentos suficientes em estoque e nem os equipamentos necessários ao
adequado atendimento aos pacientes.
Todos esses problemas representavam risco à vida dos pacientes e risco ao
patrimônio público:
- Alimentação enteral e parenteral – muitos pacientes em estado grave necessitam
de alimentação personalizada, elaboradas por nutricionista levando em
consideração a necessidade de cada um, e são fornecidas por empresas
especializadas e ministradas através de sondas.
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- Lavanderia – toda rouparia utilizada nos leitos e nas cirurgias ficam contaminadas e
necessitam de lavagem e higienização feitas por empresa especializada.
- Engenharia médica – é necessário manter equipe de engenheiros médicos de
plantão para dar assistência técnicas imediata a todos os equipamentos que
mantém a vida dos pacientes bem como manter os equipamentos e instalações em
condições de uso. Todas as instalações de um hospital, e principalmente o ar
condicionado precisa de limpeza e manutenção constantes a fim de se evitar focos
de contaminação por disseminação aérea.
- Limpeza – todas as áreas do hospital são passíveis de contaminação e devem
seguir os mais rígidos programas de limpeza. É necessário manter equipes treinadas
e estoques de produtos e materiais especialmente voltados à limpeza hospitalar e
equipamentos adequados para esta finalidade.
- Segurança/atendimento - o setor de atendimento é o primeiro a receber os
pacientes e realiza as triagens bem como recepcionam e encaminham os familiares.
A circulação de doentes, acompanhantes e visitantes é grande nas 24 horas do dia e
por isso, as instalações precisam ser seguras. O setor de segurança garante a
integridade física de todos os funcionários, pacientes e de todo o patrimônio público
do hospital. Em ambiente hospitalar e de pronto socorro, constantemente ocorrem
situações de risco onde o pessoal da segurança precisa intervir.
- Alimentação – o hospital tem que servir diariamente até cinco refeições para cada
internado, obedecendo a uma dieta estabelecida individualmente pela equipe
médica e de nutricionistas. Os acompanhantes também têm direito a refeições.
Grande parte do pessoal assistencial trabalhava no sistema de 12 x 36 horas e há
muitos plantonistas que necessitam de refeições, dessa forma deve-se manter uma
cozinha funcionando 24 horas por dia.
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- Sistema gerencial – o hospital contava com o sistema da prefeitura para
documentação dos processos de atendimento e faturamento ao SUS, porém o
sistema gerencial havia sido levado pela OS Pró-Saúde. Esse sistema é de grande
importância para gerir o hospital, pois garante o registro de cada atividade, bem
como o controle de estoques de medicamentos e materiais, da frequência dos
médicos e de funcionários, e fornecendo todas as informações necessárias para
manter todos os processos em andamento, inclusive informações para a folha de
pagamentos dos colaboradores.
Contabilidade/Folha de Pagamentos – as atividades do hospital são muitas e
precisam ser contabilizadas. É necessário manter todos os registros contábeis e de
pessoal, sempre atualizados. Trata-se de exigência legal de qualquer empresa,
sendo que um hospital público também precisa prestar informações a diversas
entidades de fiscalização.
- Medicamentos e materiais – os medicamentos são necessários para o tratamento e
alguns para a manutenção da vida do paciente. Os materiais são essenciais para
ministrar medicamentos, realizar as cirurgias, fazer tratamentos e atendimento nas
emergências médicas. Uma vez aberto o pronto socorro, é necessários se manter o
estoque grande e variado de medicamentos e materiais que garantam o atendimento
completo a qualquer cidadão que venha buscar assistência.
- Equipamentos médicos – muitos são de propriedade do hospital, e precisam de
manutenção constante. Outros são locados ou comodatados em virtude da
manutenção fornecida pelas empresas fornecedoras que garantem reparos ou troca
imediata, pois geralmente são utilizados para a manutenção da vida dos pacientes
internados.
- Recursos Humanos – um hospital dessa magnitude necessita de diversos
profissionais da área médica e assistencial especializados (enfermeiros e auxiliares).
As equipes devem ser completas e treinadas de maneira que haja assistência aos
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pacientes 24 horas por dia. A região de Foz do Iguaçu tem carência desse tipo de
profissional e a demanda do mercado é grande, o que dificulta muito completar cada
equipe.
- Médicos – devido às características de hospital/pronto socorro, é necessário
manter equipes médicas com todas as especialidades em prontidão, pois um
paciente pode necessitar atendimento de mais de uma especialidade médica. A
grande parte das equipes médicas dão atendimento de plantão ou sobreaviso de
maneira que cada especialidade esteja disponível 24 horas por dia. A região de Foz
do Iguaçu tem carência de muitas das especialidades, de maneira que foi necessário
abrir contratação emergencial e temporária de médicos de outras localidades, pois
muitos médicos que prestavam serviço no hospital optaram por não trabalhar para a
Fundação. Mesmo assim levou-se meses para completar os quadros das
especialidades médicas, pois as contratações eram temporárias que, para muitos,
não valia a pena a mudança para Foz do Iguaçu.
- Jurídico – tendo em vista que a Fundação não tinha nenhum advogado para
auxiliar nos diversos processos licitatórios, nos processos de dispensa de licitação,
nos processos de contratações temporárias de empresas fornecedoras de serviços e
equipamentos e para dirimir quaisquer dúvidas jurídicas que envolvessem a
Fundação, a prefeitura enviou advogado para esse trabalho, até a formação do
corpo jurídico próprio.
Uma vez determinado pelo prefeito a continuidade dos atendimentos, foi
necessário fazer as diversas contratações emergenciais de profissionais e de
empresas especializadas e realizar compras emergenciais para mantê-lo
funcionando. Caso algum dos setores mencionados estivesse incompleto ou
estivesse com funcionamento precário, certamente colocaria em risco a vida dos
pacientes internados e daqueles que buscassem atendimento emergencial no pronto
socorro.
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O patrimônio público envolvido também corria risco sem a devida manutenção
e segurança em suas instalações.
Todas essas contratações feitas em caráter emergencial foram necessárias a
segurança dos pacientes e do patrimônio público.
Nenhum dos fatos apresentados foi mencionado no relatório de auditoria
dando a sua devida importância, o que mostraria ao leitor a existência de risco de
vida aos pacientes e o risco ao patrimônio público. Mais aterrador é o fato da
auditoria, ao analisar todos os processos de compras emergenciais, não mencionar
o artigo 24 da lei no. 8666/93 que permite a realização desse tipo de compra. A
omissão de trabalhos tão importantes coloca em questão a seriedade e
profissionalismo da auditoria realizada.
V - O CONSELHO CURADOR
A Lei 4.084/13 que criou a da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu,
também criou o seu estatuto que foi aprovado através do Decreto 2256 de 9 de maio
de 2013, onde mostra a função do Conselho Curador:
Seção I
Do Conselho Curador
Art. 9º O Conselho Curador, órgão superior de direção, fiscalização e controle da
Fundação, será constituído de 13 (treze) membros titulares e respectivos suplentes
com mandato de 3 (três) anos, permitindo a recondução dos seus membros por igual
período, sendo a composição da seguinte forma:
I - Secretário Municipal da Saúde;
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II - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente com experiência na área de Gestão em Saúde;
III - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente, com experiência na área de Gestão Hospitalar;
IV - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente, com experiência na área orçamentária e financeira;
V - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente experiência na área jurídica;
VI - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente com experiência na área de administração;
VII - 1 (um) membro indicado pelo Prefeito dentre pessoas com formação e
preferencialmente, experiência na área de informática;
VIII - 1 (um) Secretário Municipal de Saúde dos Municípios da 9ª Regional de Saúde,
indicado pelo Conselho Regional de Secretários Municipais de Saúde - CRMS;
IX - 1 (um) membro indicado pela Secretaria de Estado da Saúde;
X - 1 (um) representante indicado pelo Conselho Municipal de Saúde, através de
eleição interna,
XI - 1 (um) servidor municipal, estatutário ou celetista, lotado na área de saúde,
indicado pelos servidores municipais através de eleição interna;
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XII - 1 (um) membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz
do Iguaçu – CODEFOZ;
XIII - 1 (um) representante indicado pela Câmara Municipal.
§ 1o Em casos de falecimento, renúncia, destituição, incompatibilidade e
impedimento de membro titular, o Conselho empossará o suplente e solicitará a
indicação de substituto no prazo máximo de 30 (trinta dias) e, nos casos de
representantes dos servidores municipais e do Conselho Municipal de Saúde, que
tal indicação ocorra através de eleição específica, no mesmo prazo.
§ 2º Os membros do Conselho Curador respondem pelos danos resultantes de
omissão do cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo,
ou com violação do Estatuto.
§ 3º A função de Presidente do Conselho Curador será exercida pelo Secretário
Municipal da Saúde e a Vice-Presidência por um dos membros indicados pelo
Prefeito Municipal
Assim, o Conselho Curador é formado por 13 membros, sendo que 7 são
indicações diretas do prefeito e a presidência é ocupada pelo Secretário de Saúde
do Município. Assim, o prefeito tem maioria no Conselho Curador e mantém o
controle absoluto da Fundação.
O Estatuto também define a diretoria executiva e suas funções:
Seção III
Da Diretoria Executiva
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Art. 11. A Diretoria Executiva, órgão responsável pela gestão da Fundação Municipal
de Saúde de Foz do Iguaçu e subordinada ao Conselho Curador, é constituída das
seguintes funções:
I - Diretor Presidente;
II - Diretor Administrativo - Financeiro;
III - Diretor Assistencial;
IV - Diretor Técnico.
§ 1o O Diretor Presidente da Fundação e os demais cargos serão eleitos pelo
Conselho Curador.
Visto que a Diretoria Executiva é subordinada ao Conselho Curador, todas as
decisões tomadas em caráter emergencial foram submetidas a ele. Todas foram
aprovadas e documentadas em atas que estão à disposição de todos, e a auditoria
não as verificou para certificar se todas as medidas emergenciais foram
devidamente aprovadas, o que mostra um trabalho incompleto.
O Sr. ADEMIR FERREIRA DE SOUZA, então Secretário da 9ª Regional de
Saúde do Estado também fazia parte do Conselho Curador e participou das
decisões tomadas que ora são questionadas nesta auditoria, desta maneira, passa a
ter responsabilidade pelos danos resultantes da omissão e dos atos praticados.
VI - DIFICULDADES EM REALIZAR AS COMPRAS EMERGENCIAIS
Todo o processo de transição da OS Pró-Saúde foi difícil. Desde a aprovação
da lei que criou a Fundação, houve diversas manifestações públicas por conta dos
funcionários da OS Pró-Saúde, devido a cobrança do Sindicato e pela mídia em
geral que colocava em questão se a nova fundação continuaria existindo.
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Havia um grande volume de compras e contratações emergenciais a fazer, e
a Fundação não tinha pessoal suficiente para realizar todos os processos
necessários. Foi preciso fazer um mutirão entre os funcionários remanescentes da
OS Pró Saúde, os novos colaboradores recém-contratados temporariamente e os
profissionais disponibilizados pela prefeitura. A Secretaria de Saúde do Município
auxiliou nos processos de compras dando suporte técnico.
Além dos problemas e limitações operacionais, havia o problema financeiro
da Fundação. O atraso no pagamento da prefeitura das últimas parcelas do distrato
com a OS Pró-Saúde ocasionou o atraso no pagamento de salários do pessoal e da
remuneração dos médicos que foram ao prefeito reclamar. Visto que o prefeito
alegava não haver recursos para esse pagamento, a especulação da mídia girava
em torno da questão: haveria recursos para a implantação da Fundação e
manutenção do Hospital?
A Os Pró-Saúde também passou a atrasar os pagamentos dos diversos
fornecedores pelo mesmo motivo, causando o mesmo questionamento por parte do
mercado fornecedor.
Também veio a público o fato da nova Fundação não ter nenhum recurso em
caixa, que a prefeitura não havia repassado os R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de
reais) necessários para o pagamento das despesas pré-operacionais e iniciais e que
não havia contrato de gestão assinado com a prefeitura que garantisse qualquer
receita, ou seja, a Fundação estava “quebrada”.
Todo esse processo já havia desgastado a imagem da nova Fundação que
precisava ainda contratar funcionários, médicos e fornecedores, em caráter de
urgência. Este também foi um dos motivos para que muitos ex-funcionários e
médicos desistissem de trabalhar na Fundação.
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Por conta dessa péssima imagem criada, as empresas fornecedoras que
foram convidadas as participar das compras estavam inseguras em fornecer e não
receber.
Muitas empresas formam convidadas, porém somente algumas apresentaram
suas propostas. Devido a total falta de recursos da Fundação, naturalmente as
empresas que participaram da tomada de preços, incluíram o risco de inadimplência
em seus preços. Toda empresa privada tem fins lucrativos e levam em
consideração, ao elaborar seus preços, os riscos envolvidos. O risco de
inadimplência ao fornecer a uma Fundação pública sem recursos era muito grande o
que faria os preços nas propostas dos fornecedores subirem. Porém, outro fator que
faria os preços reduzirem, seria promover a concorrência entre os fornecedores.
Dessa forma, muito embora o artigo 24 da Lei 8.666/93 garantisse a dispensa
de licitação, a direção, por sugestão da assessoria jurídica, optou por colher no
mínimo, três cotações para cada processo de compra emergencial. Este
procedimento garantiu que os valores das compras permanecessem em patamares
próximos aos de mercado, podendo eventualmente, em alguns casos, ter ficado
pouco acima devido aos riscos que a Fundação passou a representar.
Não há evidências no relatório de auditoria que tenham analisado a Lei
4.084/13 que criou a da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu e
determinou que haveria a dotação financeira inicial para cobrir as despesas de
implantação da Fundação e que nunca foi paga.
No relatório menciona que foi pago R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)
para esse fim, o que é um erro. Caso analisassem o Contrato de Gestão 063/2013
firmado entre a Fundação e a Prefeitura, constataria que o valor pago refere-se aos
serviços prestados no mês de junho de 2013, e não o valor destinado às despesas
iniciais.
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Também nota-se que não tomaram conhecimento do Relatório da Diretoria
que levanta o valor de R$ 5.0000.000,00 (Cinco milhões de reais) para tais
despesas. Deveria ter constatado que a Comissão de Transição da Prefeitura não
fez nenhuma aquisição, portanto deveriam respeitar o levantamento feito pela
diretoria dos gastos efetivamente feitos com essas despesas de implantação.
A omissão da falta de repasse do valor para despesas de implantação leva o
leitor do relatório de auditoria a concluir que a Fundação não estava sofrendo por
falta recursos para pagar os fornecedores de tudo o que foi adquirido para manter o
Hospital aberto, o que gerou os mais diversos transtornos à administração da
Fundação.
VII - PROBLEMAS FINANCEIROS DURANTE O PERÍODO AUDITADO
A Fundação sofreu por falta de recursos durante todo o período de 18 de
junho a 31 de dezembro de 2013, período auditado. Até o contrato de Gestão, que
se tornou o único meio de geração de recursos para a Fundação, sempre foi pago
com atraso. Os valores inicialmente acordados, eram sempre parcelados o que
ocasionou atrasos em todos os pagamentos durante o período, inclusive da folha de
funcionários e médicos.
1 –A lei 4.084/13 - artigo 6º - parágrafo I, ficou estabelecida uma previsão de
pagamento pela prefeitura, o valor necessário para fins de investimentos e custeio
da fase da sua implantação. Este valor serviria para o pagamento das despesas
iniciais, tais como aquisição de medicamentos e materiais, para cobrir as reformas
necessárias e para o pagamento dos processos de contratações. Também serviria
para criar um caixa para garantir o pagamento em dia dos funcionários, no 5º dia útil
do mês, visto que os pagamentos mensais do Contrato de Gestão e Prestação de
Serviços ocorrem sempre depois desse dia.
Previsão para as despesas pré-operacionais:
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Despesas Valor – em Reais
1 - Compra de emergencial de Medicamentos e Materiais R$ 800.000,00
2 -Contratação de empresa pra realizar processos de
seleção, entrevistas, exames admissionais de todos os
colaboradores
R$ 400.000,00
3 –Contratação de empresa para elaboração de lados
(PPRA, PCMSO e outros)
R$ 50.000,00
4 –Reformas emergenciais na edificação, instalações e
equipamentos
R$ 550.000,00
5 –Compra de máquinas e equipamentos médicos R$ 200.000,00
6 –Folha de Pagamentos própria e de terceirizados R$ 3.000.000,00
Total R$ 5.000.000,00
Dados obtidos no Relatório da Diretoria – 2013 de 31 de janeiro de 2014.
Este valor nunca foi repassado pela prefeitura e causou um rombo enorme nas
contas da Fundação que persistiram até o final de 2013.
Nota:
O primeiro aporte que a prefeitura fez à Fundação no valor de R$ 2.000.000,00 em
junho de 2013, e ela alegava que era a dotação inicial para despesas pré-
operacionais, o que não corresponde à verdade, pois este valor referia-se a
prestação de serviços da Fundação no mês de junho de 2013. Tanto é verdade que
este valor foi pago através do CONTRATO Nº. 063/2013 – CONTRATO DE
GESTÃO COM A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE FOL DO IGUAÇU PARA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS de 19 de junho de 2013.
2 – Em 15 de junho de 2013 o Governador do Estado do Paraná, Carlos Alberto
Richa, esteve em visita ao hospital onde foi assinado o protocolo de intenções onde
a Fundação, a prefeitura e o governo do estado, onde a Fundação receberia o valor
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total de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais) num período de 12 meses,
destinados ao Hospital.
“CLAÚSULA PRIMEIRA – OBJETO: O presente Protocolo de Intenções tem por
objetivo a conjugação de esforços entre os protocolantes com a finalidade de prover
o desenvolvimento de ações e serviços de saúde no Hospital Municipal Padre
Germano Lauck para a população do município de Foz do Iguaçu e região por meio
do Sistema Único de Saúde-SUS.”
Conforme o Plano de Trabalho emitido pela Secretaria de Saúde do Estado
do Paraná, em seu anexo III – PLANO DE APLICAÇÃO, os valores deveriam ser
aplicados em: R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais) destinados a Compra de
Materiais e R$ 18.000.000,00 (dezoito milhões de reais) destinados a Pagamentos
de Serviços. Os valores estavam proibidos de serem utilizados para pagamento
Folha de Funcionários, devido à rubrica da destinação da verba. Assim, com o intuito
empregar corretamente o valor do convênio, a Fundação optou por terceirizar os
serviços que não fossem objeto fim do hospital, ou seja, prestação de serviços
médicos hospitalares.
Tais valores deveriam passar pela prefeitura, pois o estado não podia fazê-lo
diretamente ao Hospital ou à Fundação.
O Governo do Estado do Paraná honrou o compromisso e repassou à
prefeitura, o valor de R$ 12.700.000,00 (doze milhões e setecentos mil reais) até 31
de dezembro de 2013. Porém a prefeitura decidiu não repassar os valores à
Fundação, alegando que seriam usados para pagar o Contrato de Gestão,
contrariando a destinação do recurso estadual, o que veio a agravar a situação
financeira da Fundação.
Tal alegação não é aceitável, pois a prefeitura recebe do SUS verba pelos
atendimentos feitos no hospital.
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Isso não foi aceito pela direção da Fundação, pois o Plano de Aplicações não
especificaria os R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais) destinados a compra de
materiais e foram intempestivamente cobrados e documentados através de ofícios.
3 – Até assumir a Fundação, em nenhum momento a prefeitura informou à direção
da nova Fundação o custo real do Hospital, de maneira que foi feito um
levantamento emergencial onde se apurou a estimativa de custo mensal para se
manter a Fundação operante e mantendo o Hospital Municipal funcionando.
O Valor apurado foi de R$ 4.621.892,54 (quatro milhões e seiscentos e vinte e
um mil e oitocentos e noventa e dois reais e cinquenta e quatro centavos) foi
informado pelo diretor financeiro, Sr. Alexei Santos ao prefeito Reni Pereira em julho
de 2013.
Os gastos mensais do Hospital com os serviços laboratoriais da prefeitura
eram da ordem de R$ 1.100.000,00 (um milhão e cem mil reais) por mês. Visto que
o prefeito decidiu fechar o laboratório municipal e passar a realização desses
serviços à Fundação, seria necessário incrementar este valor no orçamento, pois tal
custo passaria a ser pago por ela:
R$ 4.621.000,00 - Gastos mensais, considerando o aumento devido a contratação
dos médicos via CLT
R$ 1.100.000,00 - Custo com Laboratório que era da Prefeitura e passou para a
Fundação R$ 5.721.000,00 NOVO CUSTO MENSAL ESTIMADO PELA
FUNDAÇÃO.
4 – A Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu foi criada única e
exclusivamente para gerir o Hospital Municipal Padre Germano Lauck em nome da
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prefeitura. Seria natural que a prefeitura bancasse todo o custeio do Hospital,
mesmo havendo um contrato de Gestão onde a Fundação seria remunerada pelos
serviços de saúde prestados à prefeitura.
A prefeitura deveria fazer todos os aportes necessários para manter a
Fundação saudável e cobrir todos os seus gastos, mesmo porque a Fundação foi
criada para resolver o problema do Hospital Municipal.
Dessa forma os valores de custo apresentados pela direção da Fundação
deveriam ser respeitados e reembolsados, seja mediante contrato de gestão, seja
por qualquer outro tipo de aporte legal por parte da prefeitura. Deveria ainda investir
na Fundação para que fosse promovida a melhora do atendimento à população da
região do extremo oeste paranaense, assim como se comprometeu com o Governo
do Estado ao receber as verbas extras descritas no tópico 2.
O Custo da Fundação vs Repasses de junho a dezembro de 2013 foi o seguinte:
Mês Repasses da Prefeitura Pagamentos - Fundação
JUNHO R$ 2.000.000,00 R$ 1.343.071,00
JULHO R$ 830.000,00 R$ 4.400.934,00
AGOSTO R$ 2.885.000,00 R$ 5.142.603,00
SETEMBRO R$ 4.695.000,00 R$ 6.582.132,00
OUTUBRO R$ 4.714.000,00 R$ 7.757.693,00
NOVEMBRO R$ 3.330.000,00 R$ 7.851.385,00
DEZEMBRO R$ 5.899.000,00 R$ 8.465.440,00
TOTAL R$ 24.363.000,00 R$ 41.543.258,00
A Fundação encerrou o ano de 2013 com uma falta de R$ 17.180.288,00.
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Caso o valor da estimativa de custo fosse respeitada e paga e a prefeitura cumprisse
todos os pagamentos, o resultado final seria outro:
R$ 5.000.000,00 – custeio para implantação – lei 4.084/2013
R$ 12.700.000,00 – repasse do governo do estado para 2013
R$ 28.605.000,00 – 5 meses do custo estimado pela direção da Fundação
R$ 46.305.000,00 - TOTAL DE RECEITAS ESTIMADAS PARA 2013
A Fundação, encerraria o ano de 2013 com uma sobra de R$ 4.762.000,00
(quatro milhões e setecentos e sessenta e dois mil reais) que serviriam para pagar
parte dos R$ 14.996.699,00 (quatorze milhões e novecentos e noventa e nove mil e
seiscentos e noventa e nove reais) apresentados como contas a pagar em 31 de
dezembro de 2013.
Novamente a auditoria simplesmente aceitou os argumentos da Prefeitura
para a situação financeira da Fundação e não verificou os diversos documentos que
consubstanciam os valores ora apresentados nessa perícia.
A auditoria não analisou o CONTRATO Nº. 063/2013 – CONTRATO DE
GESTÃO COM A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU
PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS de 19 de junho de 2013 no valor de R$
2.000.000,00, também não analisou Protocolo de Intenções firmado pelo Governo do
Estado, a Prefeitura e a Fundação, onde esta última receberia o valor total de R$
30.000.000,00 (trinta milhões de reais) num período de 12 meses, destinados ao
Hospital onde efetivamente foram repassados em 2013 o valor de R$ 12.700.000,00
e que a prefeitura não repassou.
Limitou-se a informar que o valor foi repassado à Prefeitura colocando a
argumentação dela para o não repasse. Caso verificasse o Plano de Trabalho
emitido pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, em seu anexo III – PLANO
DE APLICAÇÃO saberia que a destinação era para a Fundação para aplicação em
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Serviço e Compra de Materiais e Medicamentos. Por não ter analisado tal
documento, a auditoria entendeu o motivo das terceirizações dos diversos setores
que não eram objeto fim da Fundação, assim chegando a uma conclusão errônea
sobre esses processos.
Também não informou o aumento do custo da Fundação ao valor mensal de
R$ R$ 1.100.000,00 referentes aos serviços laboratoriais que até então eram pagos
diretamente pela Prefeitura que teve de assumir diretamente.
Também não mencionou o documento elaborado pelo Diretor Financeiro da
Fundação, apresentado ao Prefeito no início de julho de 2013, comprovando que o
custo mensal seria de R$ R$ 4.621.000,00, sem contar o custo adicional com
despesas laboratoriais, informado pelo Diretor Financeiro da Fundação, Sr. Alexei
Santos em julho de 2013 ao prefeito. Visto que a Comissão de Transição sequer fez
o levantamento do custo da Fundação, deveria analisar e aceitar o valor informado
pela direção da Fundação.
Deixar de analisar tão importantes documentos faz concluir que a auditoria fez
um trabalho parcial e não acessou os diversos documentos disponíveis e
importantes para o entendimento de toda a situação, atendo-se somente aos
argumentos apresentados pela Prefeitura.
Uma auditoria deveria, de acordo com as normas de auditoria, obter e
documentar em seu relatório, todas as explicações que deveriam ser levantadas
junto a direção da Fundação, o que não foi feito. Com certeza tudo seria explicado e
o relatório final seria outro.
VIII - OUTROS PROBLEMAS
1 - MÉDICOS CELETISTAS
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Muito antes da criação da Fundação, o Ministério Público do Trabalho
havia intimado a prefeitura a contratar os médicos em regime CLT, pois até
então eram contratados através de empresas terceirizadas, o que caracterizava
“terceirização de atividade fim”, o que no seu entendimento, era ilegal. Dessa forma,
a Fundação foi obrigada a contratar os médicos no regime da CLT.
Tendo em vista que a prefeitura não entregou a Fundação com os médicos
devidamente concursados e contratados, a administração teve de contratá-los
emergencialmente e em caráter temporário, via CLT, o que foi uma grande
dificuldade.
A grande maioria dos médicos que prestava serviços no hospital via OS Pró-
Saúde, não queria ser contratado no regime celetista, pois como terceirizados não
tinham que marcar o ponto e podiam trabalhar em diversos outros locais. Também
alegavam que iram ter perdas financeiras devido ao pagamento dos encargos
trabalhistas e aumento de impostos, mesmo recebendo diversos benefícios tais
como férias, 13º salário e previdência social.
Pela falta de substitutos, foi feita uma demorada negociação com cada grupo
de médicos, que acabaram por assinar seus contratos ao longo dos três primeiros
meses. Todos receberam via RPA até assinarem seus contratos de trabalho
individuais.
Um dos maiores problemas é a região de Foz do Iguaçu carecer de oferta das
diversas especialidades médicas, tais como neurologistas, pediatras, ortopedistas,
vasculares, intensivistas, cardiologistas e outros.
Mesmo assim, houve grande dificuldade para completar as equipes, pois
muitos decidiram por não trabalhar para a Fundação e não havia disponibilidade de
profissionais no mercado local para substituí-los. Foram necessárias várias
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campanhas para recrutar médicos de outras regiões, até conseguir compor todas as
equipes. Até então, muitos dos médicos remanescentes foram obrigados a realizar
várias horas extras, o que onerou ainda mais o caixa.
A auditoria não menciona a exigência do Ministério Público do Trabalho para
a contratação dos médicos como celetistas, pois representam a atividade fim da
Fundação, que é prestar serviços de saúde. Pior ainda é que chega a recomendar
que todos os médicos sejam terceirizados o que é uma afronta à determinação do
Ministério Público do Trabalho e é ilegal por transformar um profissional celetista em
terceiro para realizar o mesmo trabalho.
2 - LABORATÓRIO
Logo no início das atividades da Fundação, a prefeitura decidiu fechar o
Laboratório Municipal, que prestava serviços também ao hospital, alegando que o
seu custo era muito alto para o município. Decidiu também que a Fundação criaria
um laboratório próprio e que passaria a fornecer serviços laboratoriais também às
UPAs do município.
Mesmo sofrendo com a estrutura precária e a falta de recursos, a Fundação
foi obrigada a mais uma vez acatar a decisão da Prefeitura. Segundo determinação
da Secretaria de Saúde do Município, a criação do Laboratório na Fundação deveria
acontecer rapidamente.
Por sugestão da própria secretaria municipal de saúde, a Fundação deveria
contratar empresa terceirizada para fornecer tais serviços, pois a Fundação não
tinha conhecimento e nem foco em serviços laboratoriais e também não era seu
objetivo fim.
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Assim, a secretaria de saúde auxiliou no processo de contratação
emergencial, apresentando as exigências necessárias. É importante salientar que tal
decisão não partiu da diretoria, e sim de uma exigência da prefeitura.
A contratação emergencial foi coordenada pela Secretaria de Saúde do
município e foi aprovada pelo Conselho Curador, documentada em ata.
Ao analisar o laboratório da Fundação, a auditoria não levou em
consideração que esta foi uma determinação imediata da prefeitura. Ao omitir
tal informação tira a responsabilidade da prefeitura sobre todos os problemas
causados por esta contratação emergencial feita pela Fundação.
3 - ATRASO NOS PAGAMENTOS
Devido aos constantes atrasos nos repasses por parte de prefeitura, a
administração teve de atrasar, por diversas vezes, o pagamento de quase todos os
fornecedores e a folha de pagamentos de colaboradores e médicos.
Os fornecedores de medicamentos e materiais passaram a liberar pequenas
quantidades de produtos, na medida em que a Fundação pagava algumas
duplicatas vencidas, havendo sempre grande desgaste nessas negociações. Alguns
fornecedores pararam de fornecer mercadorias, mesmo tendo ganho as licitações, o
que ocasionou várias novas compras emergenciais.
Todos esses atrasos pioraram a imagem da Fundação, tornando-a
inadimplente perante o mercado, aumentando assim o risco para quem vende e
consequentemente aumentando os preços nas cotações. Por muitas vezes, houve
falta de materiais essenciais o que fez a administração pedir emprestado aos
diversos hospitais da região.
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Os atrasos no pagamento aos médicos também geraram grande insatisfação,
sendo que muitos diminuíram seus atendimentos, prejudicando as consultas,
cirurgias e as escalas programadas. Durante o período, houve duas paralisações
dos médicos, e na última, a Fundação teve de pedir mediação ao CRM Conselho
Regional de Medicina de Curitiba para intervir na negociação.
Mesmo diante de todas essas dificuldades, a direção, todos os médicos e
todos os colaboradores se empenharam para manter os atendimentos adequados,
buscando empréstimos de medicamentos e materiais junto a outras instituições, com
o único intuito de atender à população e continuar prestando um serviço de
qualidade.
Cabe salientar que, o setor de ouvidoria interna entrevistava mensalmente
grande parte dos internados e familiares e foi notória a aprovação dos serviços e
atendimentos prestados, conforme ficou documentado nos relatórios mensais.
Ao omitir os atrasos nos pagamentos da Prefeitura, a auditoria mostra um
trabalho superficial e incompleto. O fato de muitos fornecedores, mesmo tendo
ganho a licitação, deixaram de fornecer seus produtos o que levou a Fundação a
realizar mais compras emergenciais.
O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
Em janeiro de 2013, foi o Ministério Público Estadual que exigiu do prefeito
Reni Pereira encerrar o contrato de gestão mantido com a OS Pró-Saúde obrigando-
o a buscar outra alternativa para administrar o Hospital Municipal Padre Germano
Lauck. Inicialmente deu um prazo até abril para que fosse feita essa mudança.
Por não ter tomado nenhuma providência nesse sentido, foi lhe concedido um
novo prazo de dois meses que venceria em 18 de junho de 2013. Assim foi criada a
Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu às pressas.
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Seria praticamente impossível criar e operacionalizar uma fundação pública
em apenas dois meses que teria de assumir o maior hospital da região, em pleno
funcionamento. Para isso, seria necessário:
1 - Realizar estudos técnicos para definir o tipo de fundação e seu estatuto,
2 - Fazer consulta pública a fim de torná-la aceita,
3 - Aprovar a lei de sua criação e registrar o novo CNPJ
4 – Criar, aprovar e liberar a verba para pagamentos das despesas pré-operacionais,
5 – Elaborar e assinar contrato de gestão da prefeitura com a Fundação a fim de
criar uma dotação orçamentária que permitisse realizar licitações e concursos
públicos,
6 – Elaborar um programa detalhando cada passo de como seria feita a transição da
OS Pró-Saúde para a nova Fundação com um cronograma, um organograma de
todo o pessoal que formaria o corpo administrativo e as chefias necessárias, relação
de quantos formariam as equipes assistenciais e quais os turnos necessários,
relação dos médicos especialistas com a s escalas que comporiam o corpo clínico,
dos fluxogramas de como todos os setores funcionariam, quais seriam as equipes e
quantidade de médicos ,
7 – Realizar concursos públicos para contratar todos os funcionários e médicos que
fossem trabalhar no hospital,
8 – Fazer levantamento das necessidades e licitar todas as empresas de locação
dos equipamentos,
9 – Fazer levantamento dos medicamentos e materiais a serem entregues e as
necessidades para os meses seguintes e realizar licitações,
10 – Fazer um levantamento de tudo o que a prefeitura passou para a OS – Pró-
Saúde e que seria devolvido, realizando um inventário físico constando o estado de
todos os bens que seriam devolvidos e confrontando os dois levantamentos e dando
soluções às diferenças encontradas, fazer uma relação de todos os bens que seriam
entregues à Fundação e firmando um novo compromisso de devolução desses bens
em caso de extinção da Fundação.
11 – Contratar da nova diretoria que assumiria a Fundação.
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12 – Fazer um cronograma de transição entre a Comissão de Transição e a nova
diretoria da Fundação.
Como era de se esperar, quase nada disso aconteceu e a nova diretoria da
Fundação a recebeu com os enormes problemas já relatados.
Cabe lembrar que o Ministério Público Estadual atuou como consultor na
elaboração do estatuto da Fundação e da lei que a criou e estava ciente de toda a
situação.
Quando houve a primeira greve dos médicos que se negaram a trabalhar para
a Fundação, os promotores Dr. Marcos Cristiano de Andrade da 6ª Promotoria de
Justiça e Dr. Ródney André Cessel da 9ª Promotoria de Justiça, estiveram com a
diretoria da Fundação e puderam presenciar a negativa dos médicos para
retornarem ao atendimento dos pacientes.
Durante o período auditado, foram diversos os ofícios encaminhados pelo
Ministério Público do Estado, à direção da Fundação, pedindo esclarecimentos de
todos os fatos e dificuldades que estavam acontecendo.
Os ofícios foram devidamente respondidos e mostrados todos os problemas
causados pela desastrosa forma de transição, da irresponsabilidade da prefeitura em
assumir prazo tão curto para realizá-la e pela falta de coragem de fechar o hospital
que não tinha condições de continuar funcionando adequadamente.
Foi delinquente a forma como a prefeitura entregou um hospital lotado, sem a
mínima condição de funcionamento a uma diretoria recém contratada, obrigando-os
a mantê-lo aberto e isso não poderia ter acontecido.
O Ministério Público do Estado do Paraná sabia da situação
emergencial em que se encontrava o hospital ao ser entregue à nova Fundação. Era
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de conhecimento que o prefeito tomara a decisão de transferir o hospital, mesmo
sem a mínima condição de mantê-lo funcionando, da maneira em que se encontrava
a nova Fundação. Mesmo assim foi mantida a determinação deste Ministério para
que a empresa OS Pró Saúde deixasse de geri-lo.
É de se estranhar que o mesmo Ministério Público veio a promover diversas
ações legais sobre os diretores do hospital alegando que foram feitas compras
ilegais com dispensa de licitação, em desacordo com a Lei 8.666/03 Lei da
Licitações.
Ora, a mesma Lei 8.666/03, em seu artigo 24, dispensa o processo licitatório
desde que haja risco à vida humana ou risco ao patrimônio público. Ambos os riscos
ocorriam num hospital lotado e sem nenhuma infraestrutura contratada, e isso era do
conhecimento do Ministério Público.
Vale ressaltar que assim como a diretoria tinha responsabilidade sobre os
atos praticados, a prefeitura e o conselho curador também deveriam ter sido
responsabilizados por essa situação.
O Ministério Público Estadual encomendou ao Sr. ADEMIR FERREIRA DE
SOUZA, que fazia parte do Conselho Curador, coordenar a auditoria, que por sua
vez permitiu a participação do Sr. DANIEL DE SOUZA BARCELOS, indicado pelo
prefeito Reni Pereira para fazer parte da equipe de auditoria. Este, ao final da
auditoria, tornou-se diretor assistencial da equipe de intervenção na Fundação.
Essas pessoas não poderiam jamais fazer parte dos trabalhos de auditoria, o
que coloca em questão a independência da auditoria e sua validade.
A AUDITORIA
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“O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), criado pelo Decreto-Lei nº 9.295/46,
tem por atribuição a fiscalização e o controle das atividades financeiras, econômicas,
administrativas, contábeis e orçamentárias dos Conselhos de Contabilidade, bem
como a prestação de serviço público indispensável à classe contábil e à sociedade.
Esta primeira publicação do Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs reúne de
forma sistematizada os procedimentos de auditoria, abordando desde os conceitos
básicos sobre matéria, programa de trabalho, check-list, planejamento, papéis de
trabalho, procedimentos técnicos, relevância e critérios de auditoria e outros.
Abordam-se também as condutas profissionais do auditor quando da realização do
trabalho, elementos do código de ética, assim como as normas sobre fraude e erro.
O Manual traz ainda procedimentos emanados das normas do CFC e do Tribunal de
Contas da União (TCU), no que couber, para o desenvolvimento dos trabalhos
internos da auditoria, com vistas a atender aos instrumentos regulamentados por
essas entidades, assim como por outros órgãos fiscalizadores.”
* Introdução do MANUAL DE AUDITORIA DO SISTEMA CFC/CRCs aprovado
através da RESOLUÇÃO CFC NO. 1.101 de 24 de agosto 2007.
Antes mesmo de discorrer sobre as irregularidades da auditoria realizada,
cabe o questionamento sobre a equipe de auditoria.
O CFC – Conselho Federal de Contabilidade explica em seu portal
(http://www.portalcfc.org.br/coordenadorias/fiscalizacao/faq/faq.php?id=6409) quais
as exigências do profissional para realizar uma auditoria:
“De acordo com o Decreto-Lei nº 9.295/46 que criou os Conselhos de Contabilidade
e regulamentou as atribuições do Contador e do Técnico em Contabilidade ficou
determinado em seus Artigos 25 e 26 que a execução de trabalhos de auditoria e
perícia contábil são exclusivas de contador.
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“Art. 25 São considerados trabalhos técnicos de contabilidade:
a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral;
b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os
necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos
balanços e demonstrações;
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral,
verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações
judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos
Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica
conferidas por lei aos profissionais de contabilidade.”...
Com a Resolução CFC nº 560/83, o Conselho Federal de Contabilidade
dispôs sobre as prerrogativas de que trata o Art. 25 do Decreto-Lei nº 9.295/46 e
regulamentou que as atividades compreendidas na Contabilidade constituem
prerrogativas, sem exceção, dos contadores e técnicos em contabilidade
legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições privativas dos contadores.
Nessa mesma resolução em seu Art. 3º, ficaram estabelecidas essas
atribuições dos contabilistas e em seu § 1º ficam estabelecidos as atribuições
privativas de Contador, mas especificamente os itens 33, 34 e 35 que tratam das
auditorias e perícias.
“Art. 3º São atribuições privativas dos profissionais da contabilidade:
33) auditoria interna e operacional;”
34) auditoria externa independente;
35) perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais;
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§ 1º São atribuições privativas dos contadores, observado o disposto no § 2º, as
enunciadas neste artigo, sob os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25,
26, 29, 30, 32, 33, 34, 35, 36, 42, 43, além dos 44 e 45, quando se referirem a nível
superior.”
Assim sendo, a execução de trabalhos de perícia e auditoria são
atribuições privativas de contador devidamente habilitado não sendo permitido
por lei a realização desses trabalhos por técnico em contabilidade nem
qualquer outro profissional de nível superior.”
Ao observarmos o rol dos profissionais que realizaram a auditoria, descrito na
pagina 2 do relatório de auditoria, podemos notar que não há nenhum contabilista
relacionado:
Composição da equipe por ordem alfabética:
Ademir Ferreira de Souza (Coordenação) - Gestor Hospitalar – 9ª R S
Ana Gláucia B. Zanini – Advogada
Arialba do Rocio Cordeiro Freire - Advogada – 9ª Regional de Saúde
Cássio Roberto Vieira Tahan ~ Médico Auditor – 9ª Regional de Saúde
Daniel de Souza Barcelos - Administrador Hospitalar - Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu
Eliane dos Santos Deina - Técnica Administrativa – 9ª Regional de Saúde
Iara Rute Corrêa Duarte - Médica Auditora – 9ª Regional de Saúde
Sâmia Ahmad El Ghandour - Farmacêutica – 9ª Regional de Saúde
PARTICIPANTE O B S E R V A D O R A
Claudia Vicente - Auditora - Ministério Público
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Visto que esta auditoria foi requisitada pelo Ministério Público do Estado
e cujo relatório de auditoria serviu como peça chave para promover diversos
processos judiciais, seria necessário que fossem obedecidas todas as
exigências legais e técnicas a fim de que garantir seu resultado. Para se
realizar uma auditoria técnica é necessária a formação superior em Ciências
Contábeis e ter habilitação em auditoria, através de certificações e de
treinamento especializado. Não bastaria ter conhecimento técnico da área
auditada, pois isso não é o suficiente para garantir um resultado exato.
É necessária a formação em Ciências Contábeis, conforme obriga a o
Decreto Lei 9.296/46. Também é necessária a certificação do profissional em
técnicas de auditoria, que permite realizar os diversos trabalhos obrigatórios
em cada setor auditado.
Tais pré-requisitos garantem uma auditoria impessoal e sem
direcionamento, garantindo que ao seu final todos que os aspectos
operacionais e legais foram considerados de maneira objetiva e conclusiva.
Questiona-se ainda, qual a razão da presença de médicos auditores na
equipe de auditores, se não houve nem há questionamento sobre aplicabilidade,
uso, ou atividade médica em qualquer área, tendo em vista que o Ministério Público
solicitou Auditoria de Avaliação de Gestão e Auditoria Especial, e não de uma
Auditoria Financeiro/Operacional, e médicos auditores não exerceram
qualquer função nas auditorias acima pedidas, tendo seu trabalho focado nas
atitudes médicas tomadas no tratamento de pacientes, nas prescrições
médicas, nos atos médicos, na solicitação de medicamentos de alto custo, na
solicitação de implantáveis (órteses, próteses e implantáveis) e outros
procedimentos exclusivos da atividade médica, e mesmo assim, o trabalho do
auditor médico, é geralmente realizado quando parte de processos de controle
e de qualidade ou quando estes são chamados a opinar tecnicamente diante
de discrepâncias ou dúvidas, exclusivamente no campo médico, nos levando a
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crer que no açodamento de montar uma equipe, ás normas técnicas para
realização de uma auditoria não foram observadas, convocando pessoas
incapacitadas para formar a equipe, demonstrando a fragilidade técnica da
mesma como um todo.
Por si só, a formação técnica inapropriada da equipe de auditoria
desqualifica o trabalho realizado.
Segundo o Relatório de Auditoria Financeiro/Operacional realizada pela 9ª
Regional de Saúde, o seu objetivo era avaliar a gestão da Fundação Municipal de
Saúde de Foz do Iguaçu, no Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Tal auditoria
foi realizada a pedido do Ministério Público Estadual, com base em denúncias de
supostas irregularidades.
Visto que a auditoria visava a avaliação da gestão da Fundação e ao
levantamento de supostas irregularidades solicitadas pelo Ministério Público,
tecnicamente tratou-se de Auditoria de Avaliação de Gestão e Auditoria Especial, e
não de uma Auditoria Financeiro/Operacional:
“MANUAL DE AUDITORIA DO SISTEMA CFC/CRCs aprovado através da
RESOLUÇÃO CFC NO. 1.101 de 24 de agosto 2007 - Item 6 – TIPOS DE
AUDITORIA
Abordam-se neste tópico os tipos de auditorias voltadas para o Controle Interno de
entidades equiparadas à administração pública, cujo parâmetro formam as normas
adotadas pela Secretaria Federal de Controle Interno da União, conforme Instrução
Normativa nº 01, de 6 de abril de 2001.
Os tipos de auditoria de Controle Interno de entidades equiparadas à administração
pública governamental estão assim classificadas: Auditoria de Avaliação da Gestão,
Auditoria de Acompanhamento da Gestão, Auditoria Contábil, Auditoria Especial e
Auditoria Operacional.
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Dentre os tipos de auditoria listados, podemos concluir que a auditoria realizada
enquadra-se na seguinte categoria:
6.1 - Auditoria de Avaliação de Gestão
6.1.1 Esse tipo de auditoria visa emitir opinião com vistas a certificar a regularidade
das contas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, a
probidade na aplicação dos recursos públicos e na guarda ou na administração de
valores e outros bens ou a ela confiados, compreendendo, entre outros, os
seguintes aspectos: exame das peças que instruem os processos de tomada ou
prestação de contas; exame da documentação comprobatória dos atos e fatos
administrativos; verificação da eficiência dos sistemas de controles administrativo e
contábil; verificação do cumprimento da legislação pertinente; e avaliação dos
resultados operacionais e da execução dos programas de trabalho quanto à
economicidade, eficiência e eficácia dos mesmos.
6.2 - Auditoria de Acompanhamento de Gestão
6.2.1 Realizada ao longo dos processos de gestão, com o objetivo de se atuar em
tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais positivos e negativos de
uma unidade ou entidade, evidenciando melhorias e economias existentes no
processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional.
Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs 28
6.3 Auditoria Contábil
6.3.1 Compreende o exame dos registros e dos documentos e na coleta de
informações e confirmações, mediante procedimentos específicos, pertinentes ao
controle do patrimônio de uma unidade, entidade ou projeto. Objetivam obter
elementos comprobatórios suficientes que permitam opinar se os registros contábeis
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foram efetuados de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e se
as demonstrações deles originárias refletem, adequadamente, em seus aspectos
mais relevantes, a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do
período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. Tem
por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos de convênios.
6.4 - Auditoria Especial
6.4.1 Objetiva o exame de fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza
incomum ou extraordinária, sendo realizadas para atender à determinação expressa
de autoridade competente. Classificam-se nesse tipo os demais trabalhos de
auditoria não-inseridos em outros tipos de atividades.
6.5 - Auditoria Operacional
6.5.1 Consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao
processo operacional, ou parte dele, das unidades ou das entidades da
administração pública, programas de trabalho, projetos, atividades ou segmentos
destes, com a finalidade de emitir uma opinião sobre a gestão quanto aos aspectos
da eficiência, da eficácia e da economicidade, procurando auxiliar a administração
na gerência e nos resultados, por meio de recomendações que visem aprimorar os
procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial.
Esse tipo de procedimento de auditoria consiste numa atividade de assessoramento
ao gestor do Sistema
CFC/CRCs, com vistas a aprimorar as práticas dos atos e fatos administrativos,
sendo desenvolvida de forma tempestiva, atuando sobre a gestão, seus programas
de trabalho e sistemas informatizados.
Tendo em vista que não houve acesso aos papéis de trabalho da
auditoria que dão suporte a todas as afirmações do relatório, não é possível
questionar o planejamento, o alcance do trabalho (escopo), os programas de
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trabalho utilizados, o alcance das análises realizadas e nem as cópias dos
documentos examinados, que devem obrigatoriamente fazer parte dos papéis
de trabalho da auditoria.
Somente o relatório de auditoria serve como base para a contestação do
trabalho realizados pela equipe auditora, pois nele há evidências de diversas
falhas técnicas grotescas que induz ao leitor uma conclusão equivocada, seja
pela falta de dados, seja por se utilizarem de procedimentos incompletos, seja
pela falta de conclusões ao final de cada trabalho.
De acordo com a boa prática, todo relatório de auditoria deve expressar
a opinião do auditor ao final de cada trabalho.
Notamos que foram feitos “levantamentos de algumas informações” que
foram simplesmente colocadas no relatório “dando a entender” que são
irregulares, porém praticamente não há afirmação do que está errado e qual a
sua consequência financeira.
Talvez não haja opinião por não haver elementos suficientes para se
poder fazer alguma afirmação, seja por um levantamento incompleto, ou seja,
por falta de conhecimento técnico. A auditor quando finaliza seu trabalho,
precisa emitir uma opinião, ou expressar o porquê de não poder dar a sua
opinião, caso contrário seu trabalho passa a ser meramente especulativo. A
auditoria, não poderia deixar de documentar as demais informações
necessárias para um entendimento completo de cada situação. Nesse caso a
omissão de fatos relevantes induz o leitor a conclusão errada.
Esta auditoria encara que o período auditado foi normal e a Fundação
Municipal de Saúde teve alguns contratempos em seu caminho que são
levemente mencionados. O que se pode observar é que havia um caos
instalado, conforme toda a introdução deste documento, mostrando como a
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nova diretoria recebeu a Fundação de forma totalmente irregular, o Hospital
Padre Germano Lauck lotado, sem nenhum recurso e sendo obrigada pelo
prefeito a mantê-lo aberto.
A fim de podermos identificar o que é certo e o que é duvidoso, iremos
analisar cada fato levantado nesta auditoria:
Para a realização de uma auditoria técnica, é imprescindível que não
haja quaisquer interesses ou vínculo direto do auditor com o objeto auditado.
Isso significa que deve haver total independência do auditor para realizar um
trabalho técnico, sem influências ou conflito de interesses.
Partindo do Coordenador da Auditoria, o Sr. ADEMIR FERREIRA DE SOUZA
– então Secretário da 9ª Regional de Saúde do Paraná, jamais poderia sequer
participar desta auditoria, muito menos coordená-la, colocando em risco a sua
independência.
O Sr. Ademir fez parte do CONSELHO CURADOR da Fundação e participou
das decisões tomadas na Fundação, objeto da auditoria, e como conselheiro, tinha a
responsabilidade sobre as decisões tomadas.
ESTATUTO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU
Seção I
Do Conselho Curador
Art. 9º O Conselho Curador, órgão superior de direção, fiscalização e controle da
Fundação, será constituído de 13 (treze) membros titulares e respectivos suplentes
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com mandato de 3 (três) anos, permitindo a recondução dos seus membros por igual
período, sendo a composição da seguinte forma:
IX - 1 (um) membro indicado pela Secretaria de Estado da Saúde;
§ 2º Os membros do Conselho Curador respondem pelos danos resultantes de
omissão do cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo,
ou com violação do Estatuto.
O Sr. Ademir tinha como membro do conselho curador é conhecedor de todos
os problemas enfrentados pela Fundação, desde a transição. Não poderia ser de
outra forma, pois o Hospital Municipal Padre Germano Lauck é o maior hospital sob
sua responsabilidade na 9ª Regional de Saúde do Estado sob seu comando.
Inclusive na data da transição, quando a diretoria tinha a intenção de fechar o
hospital, ao ser consultado, afirmou que não havia leitos disponíveis na rede para
transferência e nem transporte dos pacientes. Porque no relatório de auditoria, em
nenhum momento, relatou a verdadeira situação da Fundação e nem os motivos que
levou a administração a realizar compras com dispensa de licitação?
.
Era sabido na ocasião que o prefeito Reni Pereira tinha grande interesse em
mudar a administração da Fundação para colocar na administração da Fundação
funcionários de sua confiança.
Com base no relatório da auditoria, houve a intervenção da prefeitura e a
demissão de toda a diretoria.
Note-se que após a auditoria, o Sr. Daniel de Souza Barcelos tornou-se
diretor assistencial da Fundação.
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Tudo isso coloca em dúvidas a independência dessa Auditoria. De acordo
com o Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs, aprovado pela Resolução CFC
1.101/07, destaca da importância da ética no trabalho de auditoria:
5.Código de Ética
A ética deve ser um balizador fundamental, ou seja, um imperativo categórico na
conduta do profissional contábil, tendo o objetivo precípuo de fixar e conduzir a
forma de atuação do contabilista no seu mister no seio da sociedade, observadas as
normas editadas pelo CFC e outras pertinentes.
5.1 Deveres do Auditor
5.1.1 Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação
vigente e resguardados os interesses da entidade, sem prejuízo da dignidade e
independência profissionais.
5.1.3 Comunicar, desde logo, aos seus superiores, em documento reservado,
eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular
consulta ou lhe confiar trabalho.
5.1.6 Manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da
profissão.
De acordo com os princípios de ética estabelecidos, o Sr. ADEMIR
FERREIRA DE SOUZA e o Sr. DANIEL DE SOUZA BARCELOS estariam impedidos
de participar dos trabalhos de auditoria por falta de independência.
Não há evidências de que tenham comunicado em documento reservado a as
circunstâncias que pudessem influir em suas opiniões ou qualquer manifestação da
existência de impedimento.
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Uma auditoria sem ética não tem valor jurídico e, ao contrário, reputa
responsabilidade criminal àqueles que realizam uma auditoria ilegal que venha a
trazer prejuízos a outrem.
PONTOS LEVANTADOS PELA AUDITORIA
VI - P E S Q U I S A DOCUMENTAL E DE CAMPO
6.1 SERVIÇOS MÉDICOS
A forma de contrato do trabalho médico é variável, heterogénea, onerosa e de
difícil controle. Agrega despesas, nem sempre necessárias, com horas extras. Existe
risco de duplo pagamento da hora trabalhada, além dos encargos trabalhistas
inerentes do modelo CLT.
O número de horas contratadas no regime CLT varia de profissional para
profissional, e dependendo mais do interesse do médico que da necessidade da
instituição, podendo variar de 60 a 180 horas ao mês. A grande maioria dos médicos
tem uma parte do salário através de horas
contratadas, como exposto anteriormente e uma outra parte do salário referente a
procedimentos clínicos, cirurgias eletivas, consultas médicas e visita a leitos de
pacientes internados. Procedimentos esses que são pagos à parte, em valores pré-
definidos para cada procedimento. Essas atividades seriam desenvolvidas em horas
diferentes daquelas horas contratadas por CLT, tornando esse processo de difícil
controle, em nossa avaliação.
Além dos plantões e atendimentos de urgência/emergência, não estão
claramente definidas outras atividades a serem desenvolvidas, para as horas diárias
contratadas.
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Portanto, o contrato e a forma de pagamento do trabalho médico são variáveis de
acordo com a especialidade e a natureza do procedimento. O que pode gerar
demandas futuras, já que não há isonomia.
Existem também especialidades e profissionais contratados como pessoa jurídica,
como por exemplo; Cirurgia Pediátrica, Oftalmologia, Reumatologia, Nefrologia,
dentre outros.
Considerando que a atual forma de contratualização adotada pela Fundação
Municipal de Saúde é confusa, onerosa e de difícil controle, embasados em
experiências de outros hospitais públicos e filantrópicos, com administração própria
ou através de fundação, recomendamos que o modelo de gestão da equipe, no
hospital Municipal Padre Germano Lauck seja regime de C L T , preferencialmente
através de concurso público, para os profissionais não médicos e contrato via
pessoa jurídica para os médicos, tornando mais económico para a Fundação e mais
justo para os profissionais. Preveniria distorções e demandas judiciais futuras,
evitaria o favorecimento a determinados grupos de profissionais e facilitaria o
controle de pagamento por serviço realmente prestado.
Esses procedimentos seriam remunerados com base na Tabela S U S ou AMB,
sempre dentro da realidade local de mercado.
Some-se a estes fatores a questão do Adicional de Insalubridade. Nos
comprovantes de pagamento de salário destes profissionais, a base de cálculo é
sobre o valor fixo de R $ 3.056,82 independentemente de outros critérios (por
exemplo: salário mínimo, salário base, salário líquido, proporcionalidade de carga
horária). Desta forma, o pagamento de 2 0 % sobre este valor, para cada médico, é
de R $ 611,36, ao invés dos R $ 140,00 (correspondentes a 2 0 % de R $ 700,00
pagos para os outros empregados celetistas da Fundação).
Item 6.1 – SERVIÇOS MÉDICOS
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Afirmam que “a atual forma de contratualização (de médicos) adotada pela
Fundação Municipal de saúde é confusa, onerosa e de difícil controle” e que “existe
o risco de duplo pagamento”.
ONEROSA
Foi o Ministério Público do Trabalho que exigiu que médicos passassem
a ser contratados em regime da CLT, pois caso contrário, seria uma
terceirização de atividade fim de um hospital público.
Os médicos não queriam ser contratados como funcionários, pois
necessitaria marcar o ponto e também perderiam a vantagem de trabalhar no
horário que lhes conviesse. Mesmo assim, a administração teve de contratá-
los como celetistas. Para tanto, houve a necessidade de criar formas de pagar
a produção de cirurgias e consultas através de um programa de premiação por
produtividade.
Realmente houve um aumento nos gastos com encargos sociais, mas foi
necessário para atender a uma exigência legal.
“CONFUSA E DE DIFÍCIL CONTROLE”
Cada especialidade médica tem suas características de trabalho, mas todas
são necessárias em um hospital. Há especialidades que exigem plantão de 24
horas, outras que ficam de sobreaviso em casa e são convocadas quando se é
necessário, mas ficam à disposição do Hospital.
Em Foz do Iguaçu, algumas especialidades médicas tem um número restrito
de profissionais. São apenas quatro neurologistas na região, que cobrem todos os
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principais hospitais, sendo que também não há oferta dessa especialidade nas
regiões próximas, por isso foi criado um tipo diferenciado de contrato terceirizado
onde eles garantissem o atendimento pleno no hospital.
Só havia uma médica intensivista pediátrica na região e foi necessário criar
um contrato diferenciado para reabrir a UTI pediátrica.
Apesar da auditoria sugerir que o sistema era confuso e de difícil controle,
isso não corresponde a verdade. Havia controle efetivo sobre as horas trabalhadas,
via ponto eletrônico e câmeras junto ao relógio de ponto e via produtividade
levantada dos procedimentos realizados/produção dos terceirizados, eram
controlados via escala e produção, apontados pelo sistema e confrontados com os
prontuários médicos. Tudo isso era conferido pelo Diretor Técnico antes de ser
enviado para o financeiro para os devidos pagamentos.
Os controles implantados realmente não eram complexos, mas eram
efetivos. Um gestor deve manter um sistema de controles internos que garanta
que não sejam realizados pagamentos indevidos, mesmo que sejam
trabalhosos. O fato do auditor não compreender a sistemática não desmerece
o controle.
Convém esclarecer que com este modelo, não houve falhas no atendimento
aos pacientes tanto nas emergências, como no acompanhamento de pacientes
internados, provando que a metodologia utilizada foi eficiente e eficaz naquilo a que
se destinava, objetivo máximo de uma organização hospitalar.
“RISCO DE DUPLO PAGAMENTO “
Muito embora tenham apontado que pudesse ocorrer duplo pagamento, não
houve menção de nenhum caso encontrado.
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Um auditor não pode fazer nenhuma afirmação que não seja
consubstanciada com alguma prova documental, não pode fazer suposições.
Todas essas contratações de médicos foram feitas em caráter emergencial e
temporário, pois a Fundação foi entregue com o Hospital lotado sem nenhum médico
contratado. Tendo em vista a resolução do prefeito em manter o hospital aberto, tais
medidas foram necessárias a fim de poder prestar atendimento aos pacientes.
A auditoria recomenda que os médicos sejam todos contratados como
terceirizados. Caso isso fosse feito, a administração estaria desobedecendo
uma determinação do Ministério Público do Trabalho que já havia se
manifestado a esse respeito. Isso comprova que a auditoria foi incompleta e
não tomou conhecimento de tal determinação legal e nem questionou a
direção a esse respeito, ou se tomou conhecimento, incorreu num erro maior
em sugerir confrontar uma decisão legal para a economizar recursos
financeiros, o que colocou a Fundação em risco de processos trabalhistas.
A nova diretoria implantada pelo prefeito após a intervenção causada
pela auditoria, contrariando as recomendações do Ministério Público do
Trabalho, voltou a contratar os médicos de forma terceirizada o que permitiu a
ocorrência de diversas irregularidades que vieram a ser apuradas
posteriormente. Outro agravante foram os diversos processos trabalhistas que
a Fundação passou a responder por transformar empregados celetistas em
terceirizados para realizarem as mesmas funções, o que é ilegal. Onerosa e
ilegal se tornou a sistemática recomendada pela auditoria e adotada pela nova
diretoria colocada após a intervenção.
Cabe salientar que em uma auditoria normal, todos os pontos
levantados devem ser indagados à direção e devem ser relatados no relatório
final, para não haver equívocos sobre as decisões tomadas. Mas isso não foi
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feito por esta auditoria. Dessa forma, são inválidos os valores que a auditoria
apresentou como suposta economia com a contratação de médicos como
terceirizados.
Segundo o Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs, aprovado pela Resoulção
CFC 1.101/07:
5.Código de Ética
5.1 Deveres do Auditor
5.1.1 Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação
vigente e resguardados os interesses da entidade, sem prejuízo da dignidade e
independência profissionais.
A proposição da auditoria de contratar os médicos como terceirizados,
ofende diretamente à determinação do Ministério Público do Trabalho.
5.1.4 Inteirar-se de todas as circunstâncias antes de emitir opinião sobre qualquer
caso.
Notadamente o auditor não buscou os motivos que suportassem sua
opinião sobre o sistema de contratação.
Também não se inteirou da determinação do Ministério Público do
Trabalho, ou mesmo tendo conhecimento deste fato, sugere que a Fundação
tome providências ilegais a fim de supostamente economizar recursos, o que
também é ilegal e a colocou em risco de processos judiciais e suas
consequências financeiras.
Não se aprofundou em testes para poder opinar que o sistema pode
permitir “duplo pagamento” sem, no entanto, ter encontrado evidências de
quaisquer fatos desse tipo.
Milena Schuster
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O auditor deveria se basear no sistema de controles internos como um
todo e se certificar que o conjunto de controles é falho e demonstrá-lo em que
ponto isso acontece, senão trata-se de simples especulação, o que
descaracteriza como um trabalho técnico.
5.2 Vedações ao Auditor
5.2.3 Concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou destinado a
fraudá-la ou praticar, no exercício da profissão, ato definido como crime ou
contravenção.
Ao recomendar a contratação dos médicos como terceirizados, esta
vedação foi claramente descumprida.
5.2.8 Dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido
de documentos.
O auditor sequer pode alegar que não tinha conhecimento da recomendação
do MP do Trabalho, pois se questionasse a direção da Fundação, certamente lhe
seria explicado.
Diga-se que em qualquer auditoria, todos os pontos levantados devem se
questionados junto a direção da entidade auditada e, seria necessário, mencionar os
argumentos apresentados no relatório final.
A direção da Fundação afirmou que não foi procurada para discutir tais
questões, o que leva a concluir que não se tratou de auditoria técnica em
busca da verdade.
Item 6.2 FARMÁCIA/AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS
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É mencionado que desde a transição, até novembro houve falta de
medicamentos e que as aquisições já eram feitas via pregão, de acordo com o
estatuto. Cabe lembrar que a falta de medicamentos deveu-se a vários fatores:
A Os Pró-Saúde havia se comprometido a deixar um estoque de
medicamentos e materiais na ordem de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais),
sendo que deixou menos da metade desse valor, onde os estoques durariam no
máximo duas semanas. Isso gerou diversas compras emergenciais a fim de manter
a continuidade dos atendimentos, sem risco aos pacientes.
Mesmo assim, em virtude dos diversos atrasos no pagamento dos
fornecedores, ocasionado pelo atrasos no repasse feito pela prefeitura, fez com que
muitos fornecedores que tinham contrato de fornecimento, somente liberassem os
produtos mediante o pagamento de algumas duplicatas em atraso, e nem sempre
entregavam todo o pedido, com receio de aumentar a inadimplência. Algumas
empresas que ganharam as licitações desistiram de fornecer seus produtos, gerando
assim outras compras emergenciais. Isso aconteceu até o final de dezembro de
2013.
A auditoria apresentou tal situação como explicada, mas não
documentou quais fatos a levaram a esta conclusão, deixando o leitor do
relatório com dúvidas.
Ítem 76.3 LABORATÓRIO
O prefeito determinou o fechamento do Laboratório Municipal e passou para a
Fundação recém-criada, a responsabilidade de prestar tais serviços, inclusive para
as UBS – Unidades Básicas da Saúde, da prefeitura.
Milena Schuster
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A Fundação já se encontrava com sérios problemas com a falta de recursos,
falta de funcionários e de médicos e estava buscando sanar todos os problemas já
relatados anteriormente, mas foi obrigada a assumir mais essa nova atribuição.
Tendo em vista a falta de conhecimento técnico em administrar um
laboratório, ficou definido que tal serviço seria terceirizado, por sugestão da própria
secretaria de saúde do município, pois não era objetivo fim da instituição. Para tanto
o pessoal da Secretaria de Saúde do Município que tinha tais conhecimentos, que
então mantinha seu laboratório deu toda a assistência na elaboração do contrato de
prestação de serviços.
“Vale frisar que causa estranheza, o item 45.2 (fls 9) do Contrato de
Prestação de Serviços 47/2013, no qual a Contratada (João Michels Freire & Cia
Ltda – EPP) se compromete a bonificar à Contratante (Fundação Municipal de
Saúde de Foz do Iguaçu) 5% (cinco por cento) sobre os valores unitários de todos os
exames executados, sob a finalidade de proporcionar um reinvestimento em
manutenções e melhorias dos serviços prestados pela entidade pública”.
Indagando a diretoria sobre este item, a mesma informou que o valor foi
estipulado a título de cobrança de aluguel pela utilização das instalações da
Fundação. Este valor serve para realizar a manutenção e melhorias no imóvel. Mas
isto não foi indagado à direção da Fundação e foi mencionado simplesmente como
um “fato estranho”.
“O custo médio mensal do laboratório é de R$ 465.945,94, para uma produção
média de 94.026 exames. Destes cerca de 20.000 são realizados para atender à
demanda do hospital cuja produção média mensal de serviços ficou assim
distribuída: AIHs: 653; CIRURGIAS: 393, além do pronto atendimento.”
Milena Schuster
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Visto que a auditoria se propôs a avaliar o desempenho da Fundação
Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, não tem sentido em simplesmente
informar o custo mensal do laboratório.
Um dado que sempre esteve disponível é o fato da prefeitura tinha um
custo de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) por mês, o que mostraria que
houve sim uma economia ao município de R$ 150.000,000 (cento e cinquenta
mil reais) por mês o que equivale a uma redução na ordem de 25% (vinte e
cinco por cento).
“Utilizamos como parâmetro um hospital de perfil assistencial semelhante
administrado pelo Estado e que apresenta os seguintes números: 147 leitos, média
mensal de 500 AIHs (23% menor); 311 cirurgias (20% menor); 600 atendimentos no
Pronto Socorro, onde são realizados 9.000 exames clínicos, portanto, media de 8
exames por AIH
Há que se rever e avaliar o número de exames realizados para atender às
necessidades do hospital: da media de 30 exames por AIH observados no HMPGL,
quando utilizados os mesmos dados e cálculos”
O relatório mostra o Hospital Padre Germano Lauck, em comparação com o
Hospital Regional de Francisco Beltrão de uma região vizinha. Os auditores
comparam os atendimentos de períodos diferentes, do ano de 2013 ao
primeiro e do ano de 2012 do segundo, o que não é nada técnico.
Para uma comparação correta deveria se utilizar os dados de 2013 do
Hospital Regional de Francisco Beltrão, mesmo porque tais dados já estavam
disponíveis para a 9ª Regional de Saúde do Paraná onde o Sr. Ademir,
Coordenador desta auditoria era secretário e tinha acesso direto a essas
informações.
Milena Schuster
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Veja a comparação entre os dois hospitais com bases nos dados de 2013 e
podemos notar grandes diferenças das apontadas para 2012:
HM Pe. Germano
Lauck 2013
HR de Francisco
Beltrão 2013 %
Total de Leitos 152 110
% de ocupação 77% 70%
Leitos ocupados 117 77 65,8%
UTI 25 9 36,0%
Cirurgias 450 199 44,2%
Pronto Socorro -
atendimentos
900 400 44,4%
O comparativo entre dois hospitais pode ser um dos trabalhos de
auditoria, mas não é nada conclusivo por si só. Os hospitais comparados têm
grandes diferenças entre si e tem equipes médicas diferentes e necessidades
diferentes.
Seria uma conduta técnica realizar testes por amostragem dos exames
realizados e verificar junto aos médicos requisitantes de cada setor o que foi
solicitado e posteriormente deveria buscar opinião de uma junta médica se havia
real necessidade para tais exames nos casos apontados.
Deveria verificar se todos os exames foram realmente requisitados pelos
médicos e se foram realmente realizados pelo laboratório.
Afirmar que o número de exames solicitados pela equipe médica do
hospital, baseado tão somente na comparação com outro hospital, não é um
trabalho técnico e não é o suficiente para colocar em dúvida a capacidade dos
médicos de diagnosticar corretamente seus pacientes e solicitar exames
Milena Schuster
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laboratoriais que achem necessários, pois todos os exames são solicitados
somente por médicos.
Além do mais, se na equipe de auditoria tinha médicos auditores, como
realmente teve, presume-se que estes buscaram junto aos documentos
analisados, as solicitações de exames de necessidade questionável, ou em
duplicidade, e não há nos resultados da auditoria nenhuma menção a erros,
deslizes, má conduta ou conduta “viciada” por parte dos médicos atendentes
no Hospital Padre Germano Lauck.
Se o objetivo era determinar se o laboratório estava realizando exames
desnecessários, isso não foi comprovado e talvez não tenha sido verificado,
como deveria ser .A imprecisão matemática da equipe de auditoria e a falta de
revisão da coordenação nos trabalhos realizados, culminou em uma conclusão
absurda.
Alegam que o Hospital Padre Germano Lauck faz 30 exames laboratoriais por
AIH enquanto o Hospital Regional de Francisco Beltrão faz 8 exames por AIH é um
grande erro.
Se dividirmos os 9.000 exames informados pelo 500 AIHs também informados
pela auditoria, teremos 18 exames por AIH e não 8 exames por AIH.
Por outro lado, a auditoria deveria comparar os números do Laboratório
Municipal quando era fornecedor do Hospital Municipal Padre Germano Lauck e logo
perceberia que sempre foram em média 20.000 exames/mês fornecidos ao hospital.
Comparar os números de dois laboratórios que fornecem ou forneceram ao mesmo
hospital, pode sim, dar informações conclusivas.
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Se houve pedidos desnecessários de exames, não ficou evidenciado pela
auditoria se os médicos pediram a mais ou se a administração incluiu exames não
solicitados.
Ítem VII – CIRURGIAS DO HMPGL
O objetivo da auditoria segundo o relatório era:
“Para apurar se a quantidade dos atendimentos cirúrgicos realizados pela fundação
em 2013 está de acordo com o previsto no Anexo Técnico I do Contrato no.
093/2013, bem como a efetividade da realização destas cirurgias...”
A única conclusão apresentada para este tópico foi anexar vários gráficos e
demonstrativos de produção e a seguir:
“Observa-se que houve redução em todos os meses do segundo semestre de 2013
em relação ao mesmo período de 2012.
Não há evidências de nenhuma análise mais expressiva e a conclusão é
a simples verificação dos gráficos: houve redução em todos os meses.
Se o objetivo era comparar a produção do hospital como Contrato de
Prestação de Serviços à Prefeitura, não há nenhuma conclusão a respeito. Por outro
lado, deveria explicar os motivos que ocasionaram a redução na produção do
hospital e nada foi explicado, muito menos há explicação da diretoria sobre este fato,
pois ela não foi consultada sobre este fato.
Cabe lembrar que a Fundação recebeu o hospital lotado no dia 18 de junho
de 2013, no momento da transição, e os médicos não haviam sido contratados e
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muitos se negaram a prestar serviços à Fundação. As equipes assistenciais também
estavam desfalcadas.
Pelos gráficos, podemos notar que foram realizadas 33 cirurgias eletivas em
junho, sendo que 18 dias foram de responsabilidade da OS Pró-Saúde e um dia da
Fundação.
Em julho a Fundação basicamente não realizou cirurgias eletivas, em virtude
da falta de médicos que foram gradativamente convencidos a aceitar o contrato de
trabalho via CLT. Neste período a priorização foi dada às cirurgias emergenciais,
onde a maioria dos médicos que estavam trabalhando atuou. Mesmo assim, houve
redução em mais de 50% das cirurgias emergenciais em junho, aumentando
gradativamente a partir de julho.
A queda das cirurgias eletivas em dezembro é tradição em hospitais públicos,
pois muitos médicos saem de férias nesse período, mas podemos notar um aumento
significativo nesse mesmo mês nas cirurgias emergenciais, cujo atendimento é feito
por demanda. Normalmente nas épocas de festas há incidência maior de acidentes.
Devido aos diversos problemas enfrentados pela Fundação durante o
segundo semestre de 2013, houve a diminuição em todos os atendimentos. As
greves dos médicos, a falta de profissionais, a falta de materiais e medicamentos
devido aos atrasos nos pagamentos de fornecedores, tiveram consequências em
toda a produção do hospital.
Ao compararmos a produção de cirurgias da OS Pró-Saúde de 2012 com a da
Fundação de 2013, devemos levar em consideração que a primeira contava como
cirurgia pequenos procedimentos, tais como a retirada de sutura no ambulatório, o
que não acontecia na Fundação.
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Outro propósito deste trabalho, segundo o relatório de auditoria, foi “verificar a
efetividade da realização das cirurgias”.
Numa auditoria técnica seria necessário para esta verificação, elaborar
previamente um programa de auditoria onde previsse todos os passos que
deve seguir um processo de cirurgia, de acordo com o Sistema Sus, desde a
consulta que gerou a necessidade de cirurgia, até o recebimento dos valores
do Sus.
Tal programa deve ser elaborado através do levantamento das
informações do processo do auditado. Depois é necessário elaborar um
sistema de amostragem onde haja processos escolhidos de forma estatística,
podendo ser estendidos com processos que sejam “estranhos ou suspeitos”
ou outros que sejam objeto de denúncias.
Dessa forma, o auditor tem uma visão ampla do sistema de informações
que registra todas as cirurgias e, através do número de casos irregulares
encontrados.
Assim deveria fazer cálculos estatísticos que determinaria a relevância
do total apurado com o universo analisado. Uma vez validado o sistema e
analisadas as exceções, poderá emitir opinião sobre a veracidade das
cirurgias e se as informações são completas e verdadeiras.
Se tal trabalho foi realizado, não há nenhuma menção a esse respeito no
relatório.
Porém, se não foram identificadas nenhuma irregularidade relevante, o
auditor deveria emitir opinião consubstanciando os números apresentados.
Milena Schuster
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A omissão de opinião simplesmente sugere que não encontrou nada de
errado, e isso não é auditoria em busca da verdade, e sim a busca de supostos
erros cometidos pela Fundação.
Item VIII – DAS RECEITAS DA FUNDAÇÃO
Para a análise das receitas da Fundação, a auditoria levantou somente os
Contrato de Gestão nº. 063/2-13 e nº. 093/2013 e concluiu que a prefeitura repassou
R$ 1.045.000,00 (um milhão e quarenta e cinco mil reais) a mais do que estava
previsto, mas não realizou nenhuma análise sobre os motivos, deixando inconclusivo
o trabalho.
Nesta análise não é sequer comentado todos os pagamentos parciais e em
atraso que a prefeitura fez à Fundação, piorando todos os problemas já existentes.
Esses atrasos são descumprimento do contrato e deveriam ser mencionados pois
afetou diretamente a performance da Fundação.
Se o objetivo era analisar as receitas da Fundação, a auditoria precisaria
verificar os motivos da prefeitura não repassara a verba para despesas pré-
operacionais aprovada na lei nº. 4.084 de 5 de maio de 2013, onde teria sido
acertado o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), que não foram
repassados pela prefeitura e que gerou um déficit desde o primeiro dia em que
assumiu o Hospital.
Outra receita não foi analisada foram os recursos liberados pelo
Governo do Estado do Paraná, acordados mediante Convênio firmado com a
Prefeitura e a Fundação em 15 de junho de 20013, onde foram liberados R$
12.700.000,00 (doze milhões e setecentos mil reais) para custeio de serviços e
compra de materiais para Fundação. O repasse foi feito à prefeitura que não
repassou a Fundação, descumprindo assim a destinação da verba.
Milena Schuster
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Esses dois repasses que deixarem de ser feitos pela prefeitura ocasionaram o
déficit no final de 2013 bem como os diversos atrasos nos pagamentos dos
fornecedores e deveriam ser reportados no relatório de auditoria pois também
afetaram diretamente o desempenho da Fundação em 2013.
Em 20 de dezembro de 2013 foi assinado o adendo ao Contrato 093/2013
aumentando em 25% o limite de faturamento dos serviços prestados pela Fundação
à prefeitura.
Esse fato se torna relevante em uma auditoria, pois é a comprovação de
que os valores pagos pela prefeitura eram insuficientes. Tal adendo não foi
verificado pela auditoria
É necessário lembrar que a Fundação foi criada pela prefeitura para prestar
serviços exclusivos a ela e o interesse do município era mantê-la funcionando
plenamente.
Se houve algum depósito maior que o previsto, deveria ser investigado
junto a prefeitura os motivos da realização do pagamento.
“Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs, aprovado pela Resoulção CFC
1.101/07:
5.Código de Ética
5.1 Deveres do Auditor
5.1.4 Inteirar-se de todas as circunstâncias antes de emitir opinião sobre qualquer
caso.
5.2 Vedações ao Auditor
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70
5.2.8 Dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido
de documentos.”
O auditor deveria ter feito as verificações normais de uma auditoria, como a
busca de informações junto a direção e deveria explicar o fato da Fundação estar
sofrendo com os atrasos no pagamento dos contratos de gestão e dos valores que
não foram repassados pela prefeitura.
Deveria incluir no relatório todo o histórico desastroso desde a entrega do
Hospital o que permitiria ao leitor entender o que se passou e o que ocasionou todos
os problemas financeiros na instituição.
Uma auditoria é realizada para se obter a opinião do auditor, que é um
especialista e que realiza trabalhos técnicos para apurar a verdade. Porém
esse trabalho foi incompleto e inconclusivo, realizado de forma superficial
demonstrando a incapacidade técnica do auditor, o que gerou um resultado
inconclusivo e, por estar mencionado no relatório, deveria ter a nota da
impossibilidade de emitir uma opinião a respeito.
Item IX DAS DESPESAS
De acordo com informações levantadas dos balancetes, a auditoria apurou
que o exercício de 2013 encerrou com um passivo de R$ 14.616.428, 45 (quatorze
milhões e seiscentos e dezesseis mil e quatrocentos e vinte e oito reais). Mas
também não mencionou os R$ 17,700.000,00 (dezessete milhões e setecentos mil)
que a prefeitura deixou de repassar à Fundação e que a deixaria com uma sobra de
R$ 4.762.000,00 (quatro milhões e setecentos e e sessenta e dois mil reais).
Em momento nenhum, menciona que a prefeitura agravou problemas
financeiros e operacionais devido aos atrasos e o não repasse de verbas para
a fundação.
Milena Schuster
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9.1 DOS SERVIÇOS TERCEIRIZADOS PELA FUNDAÇÃO
“Ressalva-se que as informações deste trabalho foram baseadas nas cópias dos
documentos encaminhados pela Fundação Municipal bem como nos documentos
requisitados durante a auditoria in loco, que seguem em anexo.”
Com base no descritivo do trabalho realizado neste item pela auditoria,
conclui-se que se tratou de uma simples verificação de documentos e não uma
auditoria.
Um trabalho de auditoria é composto de diversas técnicas complementares a
fim da se apurar a veracidade e a fidelidade dos eventos e, por conseguinte, dos
números apresentados pela instituição auditada, através de análise documental, dos
processos internos, confrontados com as normas internas e a legislação vigente,
validando através de testes abrangentes o respectivo sistema de informações.
Também faz parte dos trabalhos de auditoria entrevistas com todos os setores
envolvidos, inclusive a direção, buscando uma visão ampla sobre todos os motivos
que culminaram em cada decisão, para que ao final, haja condições de emitir
opinião inequívoca sobre o resultado apurado.
Note-se que a auditoria se limitou a uma análise documental, sem levar
em conta os demais trabalhos que deveriam ter sido realizados, o que dá ao
leitor do relatório de auditoria uma visão extremamente limitada do que se
realmente se passou e as devidas justificativas, no caso de desvio de padrão.
Toda instituição tem um sistema de controles internos que garantem que tudo
o que acontece está de acordo com as normas internas adotadas. Porém, é normal
que alguns eventos não sigam o curso normal esperado, mas não significa
Milena Schuster
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necessariamente que estejam erradas. Para esse fim, toda instituição tem
profissionais que decidem quais caminhos tomar.
A auditoria necessariamente tem que questionar e documentar cada fato
estranho apurado, mas tem a obrigação de verificar profundamente e apresentar em
seu relatório, quais foram os motivos alegados pela administração para tais decisões
e, ao final, emitir uma conclusão inequívoca ou explicar os motivos pelos quais não
pode emitir opinião.
A maneira como o relatório foi apresentado, simplesmente apontando
supostas irregularidades induz erroneamente o leitor, principalmente o
Ministério Público do Estado, solicitante da auditoria, a uma conclusão errada,
visto a omissão de importantes informações que explicariam os fatos
apresentados.
9.1 DOS SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
9.1.1 REFEIÇÕES
Como já foi mencionada no próprio escopo do trabalho (alcance) dessa
perícia, onde foram somente analisados os documentos apresentados, estaremos
complementando com informações relevantes que trarão uma completa visão dos
fatos.
Diz o relatório ao analisar o contrato de prestação de alimentação na
Fundação pela empresa JEFFERSON ANTÕNIO AGUIAR – ME.
“O referido contrato foi firmando em 19/06/2013, por prazo determinado de 180 dias,
com o objetivo de fornecimento de refeições, tais quais, café da manhã, almoço,
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lanche da tarde, jantar e ceia para os pacientes, respectivos acompanhantes e
funcionários, pelo valor de R$ 12,00 por refeição.
Ao verificar as notas fiscais, constatou-se valores a menor em relação ao contratado,
para as refeições de “café da manha” e “ceia”, ao custo unitário de R$ 8,00. Por
outro lado, a cláusula 12 (doze reais) por refeição, incluindo alimentação enteral e
parenteral (....) ........Verificou-se, posteriormente, a aquisição por parte da
Fundação, de dietas enterais e parenterais com outros fornecedores.
Como já foi demonstrado anteriormente, para se manter o hospital
funcionando 24 horas por dia, seria necessária a manutenção de serviço de
refeições ininterruptos, a fim de fornecer ao paciente 5 alimentações por dia, bem
como para servir aos médicos e demais funcionários, em todos os turnos de
funcionamento.
Devido ao grande volume de compras e contratações emergenciais, e
também por causa da falta de funcionários, foi feito um mutirão entre os funcionários
remanescentes da OS Pró Saúde, pessoal contratado emergencialmente e
colaboradores cedidos pela prefeitura, foi feito um mutirão para realiza tais
contratações. Muito embora pudesse ser feita a compra emergencial com dispensa
de licitação, foram convidadas ao menos três empresas fornecedoras em cada
processo, a fim de dar competitividade e reduzir os valores finais.
Devido à falta de um setor jurídico na ocasião das contratações, a diretoria
informou que ocorreram alguns erros na confecção dos contratos.
Mesmo os fornecedores vencedores terem apresentado os menores preços,
posteriormente o setor de compras fez diversos ajustes junto a eles, a fim de trazer
ao mínimo os preços praticados. No caso das refeições, argumentou-se que o café
da manhã e a ceia não poderia ter o mesmo preço, pois os custos eram muito
diferentes e o fornecedor renegociou abaixo de R$ 12,00 para R$ 8,00, o que
Milena Schuster
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deveria ser mencionado como um fator positivo e não negativo, como foi
apresentado pela auditoria.
Com relação as dietas enterais e parenterais, a direção concorda que houve
erro na confecção dos contratos, pois tais refeições são feitas especialmente por
outras empresas e são ministradas normalmente através de sondas e foram
contratadas separadamente, em outro processo.
Com isso supõe-se (mera suposição) que, ao ser elaborado o texto do
contrato firmado entre a Fundação e o fornecedor Jefferson ....., quem o fez utilizou-
se de algum modelo de contrato existente na internet ou outra fonte qualquer e, sem
conhecimento da matéria, não excluiu do texto as palavras enteral e parenteral,
obrigando em tese, o contratado a fornecer aquele serviço ao mesmo preço do que
praticaria para s refeições normais.”
Nota-se que este equívoco ocorreu pela falta de conhecimento desse tipo de
alimentação pelo colaborador que fez o convite às empresas fornecedoras de
alimentos normais e que fez o contrato.
Quando a auditoria supõe (mera suposição) como o fez em seu relatório,
prova a falta de investigação para se apurar os fatos. Uma auditoria jamais
pode supor.
A Cláusula 09 cita: “A CONTRATADA obriga-se a elaborar e entregar relatórios a
cada (trinta) dias, demonstrando o cumprimento das obrigações aqui assumidas”. A
exemplo de outros contratos firmados, o controle de produtividade (conferência por
parte de um preposto contratante) é falho, de modo que não é possível afirmar que
os valores cobrados pela contratada estejam rigorosamente de acordo com a
produção...
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Para o controle das refeições, a administração emitiu tickets pré-numerados,
carimbados e assinados que cada funcionário recebia no início do mês e os
entregava na entrada do refeitório. Até os acompanhantes de pacientes recebiam
diariamente o seu ticket. O controle dos tickets era feito pelo departamento
financeiro e este controlava a quantia de refeições que deveriam ser pagas ao final
de cada mês.
Uma vez que a auditoria alega que não havia controle efetivo sobre as
alimentações fornecidas, deveria realizar trabalhos alternativos, tais como o
“cálculo global” muito usado em auditoria, onde se levanta as quantidades e
valores por outros meios.
A auditoria deveria levantar a quantidade de funcionários e médicos e
visitantes de um período, inclusive por período noturno e matutino através do
sistema de marcação eletrônico de ponto, visto que todos são celetistas, e os
acompanhantes pelo controle da portaria e poderia calcular quantas refeições
foram servidas e comparar com os valores cobrados.
Assim poderiam emitir uma opinião técnica a esse respeito, o que não
foi feito. A auditoria diz que o controle é falho, e para fazer tal afirmação tem
que indicar o trabalho realizado e o por que da afirmação. O auditor é obrigado
a consubstanciar toda e qualquer afirmação e descrever exemplos do que
apurou no seu relatório, mas isso não foi feito.
Verifica-se que as Certidões de INSS e FGTS da Empresa vencedora e o Parecer
Jurídico não possuem uma ordem cronológica compatível com o Procedimento, uma
vez que contrato foi firmado em 19/06/2013 enquanto que o parecer jurídico
favorável à contratação foi exarado em 01/07/2013.
. Certidão Negativa Municipal: -7/08/2013
. Certidão Negativa Estadual : 31/10/2013
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. Certidão Negativa Federal: 21/12/2013
. Certidão Negativa FGTS : 31/07/2013
. Certidão Negativa Previdenciária: 30/12/2013
. Parecer Jurídico assinado pelo Assessor jurídico da Fundação Municipal de Saúde
de Foz do Iguaçu, datado de 01/07/2013
Como já mencionado, a situação caótica como a Fundação foi entregue à
nova diretoria em junho de 2013 gerou diversos problemas, além daqueles já
relatados anteriormente.
Entre os problemas detectados esta a falta de pessoal no setor de compras, a
falta de assessor jurídico para fazer controle dos documentos e contratos, a
rotatividade daqueles que entraram e saíram durante os primeiros meses e a
participação temporária de funcionários da prefeitura em cada setor, o que pode
justificar as várias falhas de controle interno e de documentações, pois os processos
passaram por várias mãos.
Com a contratação do assessor jurídico e setor financeiro/compras, foi
realizado o levantamento de cada contrato e de cada processo a fim de serem
criteriosamente revisados .
Foi informado, que os documentos que não foram localizados , seja por
extravio, seja por qualquer outro motivo, foram novamente solicitados aos
fornecedores. sabendo-se que não se é possível obter certidões com data anterior.
Quanto ao parecer do jurídico foi explicado que ocorreu somente quando foi
contratado o assessor jurídico, que foi posteriormente à data do contrato com o
fornecedor, o que explica a diferença nas datas.
Apesar das certidões apontadas apresentarem datas posteriores à
contração, elas atestam a regularidade da empresa, e ao serem analisadas pelo
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jurídico, concluiu-se que não invalidavam os processos de compra. Isso pode
representar uma falha de controle ou uma falta no processo documental, mas
não significa que tenha sido feito premeditadamente.
9.1.3 Dos Serviços de Terceiros – PJ...
A Fundação contratou a empresa MR. Assistência de Saúde e Medicina do Trabalho
Ltda, CNPJ 11.613.633/0001-91, com sede em Pato Branco em 06/2013 para
prestar serviços de consultoria e assessoria, recrutamento, seleção e recondução de
profissionais especializados, bem como consultas e exames admissionais e
implantação do SESMT pel valor de R$ 357.900,00.
ANALISE: este contrato requer uma análise detalhada de seu conteúdo face às
inúmeras incongruências e contradições contidas em seu texto, a saber, e
considerando que:
a) PREÇO – “item 7: A CONTRATANTE pagará à CONTRATADA R$
357.000,00 (tr...) a serem pagos em duas parcelas, mediante apresentação
da respectiva nota fiscal até o dia 02 (dois) do mês seguinte ao da prestação
de serviços; ”
b) “Item 7.1: A primeira parcela será paga na data inicial do projeto”.
c) “Item 7.2: A segunda parcela será paga após 30 (trinta) dias do
pagamento da primeira parcela”.
d) “Item 8: para receber o pagamento acima mencionado, a CONTRATADA
assume a obrigação de, mensalmente, apresentar à CONTRATANTE cópias
autenticadas da quitação de todas as obrigações legais para com os
propostos designados por ela para a prestação de serviços, sob pena do não
pagamento...”
e) PRAZO – “Item 9: Este contrato é celebrado para vigorar por prazo
determinado de 180 dias...”
Milena Schuster
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f) “Item 20: Assessoria e Consultoria Geral em saúde e acompanhamento por
12 meses de todo o projeto implantado, nos quesitos de Medicina do
Trabalho”.
g) “Item 22: A CONTRATADA obriga-se a elaborar e entregar relatórios a cada
30 dias demonstrando o cumprimento das obrigações aqui assumidas”. (todos
os grifos são nossos)
h) “Item 128: A equipe da CONTRATADA deverá ser composta por ‘ Engenheiro
Civil com especialidade em Segurança do Trabalho, 7 psicólogas, 2 médicos
do trabalho, 2 técnicos do trabalho, 1 enfermeiro e 10 assistentes
administrativos.”
DA ANÁLISE:
a) No Item 7 fica definido que a CONTRATADA deverá apresentar nota fiscal até
o dia 02 do mês subsequente ao serviço executado. Como isso seria possível
se o pagamento total do contrato se daria dentro dos 30 primeiros dias do
compromisso enquanto que a duração do contrato é de 6 meses?
A Fundação necessitava urgentemente do serviço de recrutamento, seleção e
de todo o processo psicológico e médico e laboratorial de todos os funcionários,
a fim de legalizar a situação de todos os cerca de 700 colaboradores que
deveriam já estar contratados quando a Fundação foi entregue em 18 de junho
de 2013.
Este foi basicamente o primeiro processo de contratação de empresa
terceirizada feito pela Fundação, naquele momento crítico quando a nova
diretoria recebeu a Fundação e o Hospital.
Não temos como questionar sobre o que a auditoria deixou de apresentar
como as demais cláusulas do contrato, pois não há mais acesso aos documentos
da Fundação, porém com certeza o ítem 7:1: A primeira parcela será paga na
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79
data inicial do processo não significaria pagamento antecipado, pois isso é ilegal
e a Fundação não tinha nenhum recurso no dia 18 de junho de 2013.
A previsão era que a primeira parcela seria paga no dia 2 do mês
subsequente, ou seja, em julho, como de fato ocorreu. A segunda parcela
somente foi paga meses depois.
A auditoria deveria incluir as datas dos pagamentos efetivamente
realizados, pois isso explicaria tudo e concluiria que não houve
irregularidades nesse sentido.
b) Se em trinta dias o compromisso financeiro da CONTRATANTE para com a
CONTRATADA já estava concluído, qual a necessidade da existência do item
8, obrigando a CONTRATADA a apresentar mensalmente cópias dos
documentos ali descritos sob pena de não receber pelos serviços prestados,
se já recebeu?
c) Que garantias teria a CONTRATANTE de que a CONTRATADA cumpriria
com todas as obrigações assumidas, num prazo de até 12 meses, tendo
recebido todo o valor pactuado nos primeiros trinta dias de contrato?
Como já foi demonstrado, o prazo para o segundo pagamento ocorreria
somente 30 depois do primeiro pagamento de julho, ou seja, seria em agosto de
2013, caso a MR entregasse todo o trabalho concluído e cumprisse as demais
exigências contratuais.
A existência do item 8 obrigava a empresa MR apresentar o comprovante de
pagamento de todos os serviços médicos e laboratoriais que viesse a contratar, pois
caso não o fizesse, a Fundação seria co-responsável pela dívida. Desta maneira,
podemos concluir que cláusula garantia que a Fundação não corresse esse risco.
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80
A auditoria ao analisar o objeto do contrato não levou em consideração o
serviço incluso de implantação do SESMT - Serviço Especializado em Engenharia e
Segurança em Medicina do Trabalho, que tem como objetivo trabalhar na prevenção
e no tratamento de doenças ocupacionais preservando assim a saúde dos
trabalhadores.
Percebe-se que as cláusulas do contrato são complementares e todas
precisariam ser cumpridas para que o segundo pagamento fosse realizado. O prazo
limite de 180 dias descritos no contrato é o prazo máximo para as contratações
emergenciais, de acordo com a lei 8.666/03.
Ao analisar as cláusulas em conjunto, conclui-se que assegurariam que a MR
somente receberia depois de completar todos os serviços contratados. Caso
completasse em 30 dias, receberia no mês seguinte. A entrega de todos os
documentos dos processos realizados também fazia parte do contrato. O pagamento
da segunda parcela somente foi feito meses depois, pois houve vários problemas de
atraso e houve demora no cumprimento integral das cláusulas por parte da MR.
Dessa forma, leva-se a crer que o contrato foi feito a fim de preservar integralmente
os interesses da Fundação.
A auditoria não evidenciou as datas em que os pagamentos foram
realizados, pois invalidaria os argumentos das supostas irregularidades no
contrato. Novamente auditoria deixou de buscar informações que trariam
esses esclarecimentos.
Diz o relatório, em sua análise, que “este contrato requer uma análise
detalhada de seu conteúdo face às inúmeras incongruência e contradições contidas
em seu texto”, o que a auditoria efetivamente não o fez.
9.4 Dos Serviços de Estacionamento/Portaria
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Foi firmado Contrato entre a Fundação e a Empresa Denis Cristiano dos Santos
Estacionamento – ME, em 19/06/2013, para prestar serviços de Recepção, Portaria,
Motorista, Telefonista, Auxiliar Administrativo e Assistente Social pelo valores
contraentes no Anexo I,.......; Foram juntadas as cotações de 3 Empresas, bem
como os seguintes documentos:
. Proposta Embrasil ....
. Proposta Visão ....
.Proposta Denis Cristiano dos Santos Estacionamento...... 18/06/2013 – 77
funcionários – R$ 478.665,00.
. Documentos da Empresa com menor preço:
. CNPJ: 02/07/2013
. Certidão Positiva com Efeito Negativa Municipal: 03/07/2013
. Certidão Negativa Estadual: 02/07/2013
. Certidão Negativa Federal: 16/06/2013
. Certidão Negativa FGTS: 04/07/2013
. Certidão Negativa Previdenciária: 25/01/2013
. Certidão Negativa Débitos Trabalhistas: 03/07/2013
. Parecer Jurídico assinado pelo Assessor Jurídico da Fundação Municipal de Saúde
de Foz do Iguaçu, datado de 01/07/2013
Verifica-se que as Certidões de INSS e FGTS da empresa vencedora e o Parecer
Jurídico não possuem uma ordem cronológica compatível com o Procedimento, uma
vez que o contrato foi firmado em 19/06/2013. Ainda o objeto “Prestação de Serviços
de Portaria e Zeladoria” foi incluído no Requerimento de Empresário em 21/06/2013.
Conforme já apresentado anteriormente no ítem 9.1.1, as circunstâncias em
que a Fundação foi entregue à nova diretoria, ocasionaram várias falhas de controle
dos documentos em alguns processos de compras, os quais foram sanados com a
contratação do Assessor Jurídico e dos demais funcionários do setor.
Milena Schuster
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O parecer do jurídico foi dado somente quando da contratação pela Fundação
de um assessor jurídico, que foi posteriormente ao contrato com o fornecedor, o que
explica a diferença nas datas.
Apesar dessas certidões apresentarem datas posteriores à contração,
elas atestam a regularidade da empresa. Isso pode representar uma falha de
controle ou uma falta no processo documental, mas não desqualificam o
processo de contratação emergencial.
Na análise do instrumento contratual observou-se que consta como sede a
Rua Juscelino Kubitischek, 171, Vila Portes, Foz do Iguaçu/PR. Sabedores de que a
numeração predial da citada avenida está disposta no sentido crescente, partindo do
centro em direção ao viaduto da BR 277, e que na região da Vila Portes a
numeração ultrapassa os 4.000, a equipe de auditoria fez busca local, não
encontrando aquele endereço. Feito levantamento junto ao Cadastro Nacional de
Pessoal Jurídica constatou-se que a empresa em questão está registrada com
endereço sito à Av. José Maria de Brito no. 1415, Sala 108, Jardim da Nações em
Foz do Iguaçu.
A responsabilidade dos funcionários do setor de compras é exigir a
apresentação das diversas documentações emitidas pelos órgãos públicos que são
responsáveis por certificar a regularidade das empresas.
Cabia à Fundação certificar-se de existência desses documentos. Não existe
nenhuma exigência legal que obrigue o setor de compras visitar a empresa
fornecedora e conferir seu endereço. Na própria lei 8.666/03 que norteia as compras
da Fundação não inclui a exigência de investigar o endereço dos fornecedores.
Qual o motivo para a auditoria incluir a informação de divergência de
endereço? Porque a auditoria se prestou a realizar este trabalho? Ao passo
Milena Schuster
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83
que deixa de cumprir vários trabalhos padrões de uma auditoria técnica, se
presta a realizar investigações que não tem nenhum valor para a suposta
Avaliação do Desempenho Financeiro/Operacional, descrito como objetivo em
seu relatório.
Durante a auditoria in loco foram fornecidas as cópias dos holerites dos
funcionários contratados pela Empresa que presta os serviços contratados. Foi
realizada uma provisão dos possíveis custos mensais por função, embasados nos
salários dos holerites:
Serviço
Recepcionista
Telefonista
Motorista
Porteiro
Auxiliar
Administrativo
Salário Normal 778,00 778,00 963,00 958,00 840,00
Média Adicionais
(HE,
Ad. Noturno
302,57
243,73
461,00
203,86
140,00
INSS 291,75 275,87 384,48 313,70 264,60
FGTS 86,4456 81,7384 113,92 92,9488 78,4
Auxílio
Alimentação
230,00 230,00 230,00 230,00 230,00
Auxílio
Transporte
102,00 102,00 102,00 102,00 102,00
Uniformes 35,00 35,00 36,00 37,00 38,00
Provisão de
Férias
86,44 86,44 104,00 106,44 93,33
Provisão de 13º
Salario
64,83 64,83 80,25 79,83 70,00
Encargos
Provisão de
Férias
E 13º Salário
52,95
52,95
65,54
65,20
57,17
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Provisão de
Rescisão
34,58 32,70 45,57 37,18 31,36
Custo
Administrativo
50,00 50,00 50,00 50,00 50,00
Subtotal 2.114,57 2.033,26 2.638,76 2.276,17 1.994,86
Total 1,114,57 2.033,26 2.638,76 2.276,17 1.994,86
Contrato com
Fundação
5.230,20 4.340,00 5.900,00 6.099,15 4.790,13
Suposta Margem
por
Posto trabalho
3.115,69
2.306,74
3.261,24
3.822,98
2.795,27
% 60% 53% 55% 63% 58%
Além dos encargos sociais, benefícios, provisões férias, 13º salário, uniformes,
provisão multa FGTS rescisão trabalhista, foi incluído custo administrativo estimado
de R$ 50,00 por funcionário. Com base na diferença entre o custo estimado por
funcionário e o valor pago pela Fundação, chegou-se a uma margem de 54% a 63%,
dependendo da função, por funcionário.... As tabelas acima dividem em duas
categorias: com 20% e com 40% de Adicional Insalubridade. Ocorre que, à mesma
época, os funcionários Celetistas empregados diretamente pela FMS, recebiam
pelas funções insalubres R$ 140,00 e R$ 280,00, respectivamente, sem distinção de
carga horária ou função. A tabela comparativa abaixo demonstra a majoração
contratual para este acréscimo em específico, comparando ambos empregadores
(Fundação e Terceirizada): ....
A equipe de auditoria fez um levantamento dos custos com dos profissionais
para a área de portaria e recepção e os comparou com o custo do contrato
terceirizado.
Tal levantamento teria seu valor caso fosse feito com maior acuracidade e
rigor técnico.
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A começar pelo Custo Administrativo para o qual definiu aleatoriamente o
valor de R$ 50,00, sem, no entanto, realizar nenhum levantamento criterioso a fim da
se apurar o real gasto com esses funcionários. O valor de R$ 50,00 reais representa
2,19% dos gastos apurados por eles. Esse valor por si só, demonstra
desconhecimentos dos reais custos que envolvem a contração de um funcionário.
O custo administrativo e operacional deve contemplar diversos gastos, tais
como: treinamento, reciclagem, prevenção, comunicação, custos com chefia e
gerenciamento do funcionário, emissão de holerites, controle de horas, controle de
assiduidade e produtividade, cesta básica e outros que sequer foram mencionados.
Um dos custos que não foi mensurado é o risco de afastamento por motivo de
saúde o que implica em novas contratações adicionais, o que encarece todo o setor.
Não se pode quantificar com precisão estes custos, pois não se teve acesso
aos papéis de trabalho da auditoria, mas são conhecidamente muito significativos,
pois são esses custos que justificam a terceirização dos serviços em qualquer
entidade.
A equipe de auditoria ao simplesmente apontar a diferença entre a
contratação direta desses funcionários com o custo de contratação terceirizada, não
explicou que toda empresa que se propõe a fornecer tais serviços, tem outros custos
que não foram mencionados.
Primeiramente, foi omitido os 14,25 % de Impostos e Contribuições que a
empresa necessitaria para faturar à Fundação?
Tributo Alíquota %
ISS 3,00
IRRF 1,00
Milena Schuster
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CSSL 1,00
PIS 1,65
Cofins 7,60
TOTAL 14,25
Visto que a empresa fornecedora tem fins lucrativos, seria de se esperar que
se computasse uma margem de lucro, não inferior a 10%.
Devemos lembrar que a situação instável da Fundação, no momento da
contratação, era muito delicada e o mercado sabia, através de mídia, que não havia
dinheiro em caixa e nem dotação formalizadas com a prefeitura, o que poderia gerar
atraso nos pagamentos ou até incorrer no não recebimento, caso a instituição
fechasse.
Para o empresário que se propõe a investir recursos e fornecer serviços a
uma entidade em tal situação, com certeza embutiria nos custos o risco financeiro
que era grande.
O fato de terem sido obtidas duas outras propostas de outras empresas onde
se apurou maior valor, traduz esse entendimento por parte do mercado.
A decisão pela terceirização desses serviços foi motivada
principalmente para se aproveitar os recursos que o Governo do Estado do
Paraná havia oferecido e que não poderia ser usado para pagamento da folha
de funcionários. A decisão pela terceirização por parte da administração,
aprovada pelo Conselho Curador, tornou legítima essa contratação. Pode-se
questionar os valores, mas são autênticos pois o mercado que os definiu.
A forma como a auditoria apresenta esta comparação e a falta de
informações complementares que explicariam as decisões tomadas, leva o
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leitor a uma conclusão errônea, quando deveria faze-la de forma precisa e
objetiva.
Da análise dos documentos acostados aos Autos, bem como dos documentos
solicitados durante a Auditoria in loco, verifica-se que foram realizados pagamentos
no montante d eR$ 811.949,36 durante o período em análise, restando um saldo a
pagar de R$ 504.090,10 em 31/12/2013, conforme segue: .....
A direção da Fundação decidiu pela terceirização dos diversos serviços que
não faziam parte do Objeto da Fundação, que é prestar assistência em saúde, a fim
de enquadrar seus gastos e utilizar os R$ 30.000.000,00 que seriam recebidos do
Governo do Estado para 2013. No plano de aplicação desta verba, estava proibida a
utilização para pagamento de Salários, conforme Plano de Aplicação apresentado
pela Secretaria do Estado da Saúde.
A grande parte do valor que seria recebido pela prestação de serviços firmada
com a prefeitura, seria para o pagamento de funcionários, visto que a Fundação teria
de contratar os 130 médicos como celetistas, a fim da atender a exigência do
Ministério Público do Trabalho.
Assim, o gasto com folha de pagamentos seria muito grande o que
impossibilitaria de aproveitar os recursos estaduais, caso todos os setores da
Fundação fossem contratados como funcionários.
Dessa forma a administração, com aprovação do Conselho Curador em
assembleia, optou pela terceirização daqueles serviços que não fizessem parte de
seu objeto fim, acatando a orientação da equipe da Secretaria de Saúde do Governo
do Estado que esteve presente na fundação, quando foi elaborado o Plano de
Aplicação dos recursos.
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O trabalho realizado pela equipe de auditoria de comparar o custo de
contrato de terceirizado, com o custo que a Fundação caso contratasse o setor
com celetista faz parte do trabalho de auditoria, porém, deveriam ser
realizados outros trabalhos complementares, tais como:
1 - Verificar junto a direção os motivos que levaram a Fundação optar por
terceirizar tais serviços.
2 - Verificar o Termo de Intenção assinado pela Fundação, Prefeitura e
Governo do Estado e analisado o Plano de Aplicação dos recursos onde não
poderiam ser utilizados para pagamento de funcionários. A auditoria deveria
ter ciência da decisão da terceirização, pois o próprio responsável pela
auditoria, o Sr. ADEMIR FERREIRA DA SOUZA era o secretário da 9ª Regional
de Saúde do Estado, representante da Secretaria do Estado da Saúde da
região participou da assinatura do Convênio para terceirizar os serviços a fim
respeitar o Plano de Aplicação dos recursos.
3 - Verificar se o Conselho Curador aprovou essa contratação emergencial, o
que de fato ocorreu, conforme ata da 2ª Reunião do Conselho Curador
realizada em 26 de junho de 2013 (pagina 2) :
CONTRATOS DE COMPRAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
“Tendo em vista que o CNPJ da Fundação é novo, a grande maioria dos
fornecedores se negaram a fazer vendas a prazo. Dessa forma, fizemos três
cotações para cada tipo de produto ou serviço que precisaríamos, dentro dos
fornecedores que se prontificaram a nos fornecer, e levamos em consideração os
últimos preços praticados pelos fornecedores da antiga gestora a fim de
determinarmos o menor preço para compras. Outro agravante foi a demora na
transferência dos recursos à Fundação, fato este que nos forçou negociar a
fragmentação de muitos pedidos e contratos a fim de podermos receber os produtos
Milena Schuster
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e serviços, para suprir nossas necessidades imediatas. Outro fato é que os recursos
que estamos recebendo do Estado, não podem ser utilizados para o pagamento de
funcionários ou medicamentos, prestando-se para pagar aquisições de materiais,
serviços de terceiros e outras. Este fato foi agravado pela exigência do ministério
público que nos proibiu contratar os médicos como prestadores de serviços, exigindo
contratá-los pela CLT. Dessa forma, não temos mais como pagar os médicos com os
recursos do Estado. A fim de podermos viabilizar nosso fluxo de caixa e utilizar os
recursos do Estado para pagamento do nosso custeio, optamos por terceirizar
muitos dos serviços, tais como cozinha, portaria, estacionamento, manutenção,
diminuindo assim, a nossa folha de pagamentos e aumentando os serviços de
terceiros. Porém, exigimos que as empresas vencedoras na terceirização
contratassem as pessoas que iriam trabalhar nos setores terceirizados.”
Pressupõe-se que a auditoria tinha acesso as decisões do Conselho curador, pois o
próprio responsável pela auditoria, o Sr. ADEMIR FERREIRA DA SOUZA, também
fazia parte do Conselho Curador que aprovou tais contratações.
4 - Verificar junto aos outros dois concorrentes o porquê de suas propostas
terem preços maiores do que a empresa vencedora.
5 - Obter junto à alta administração os comentários sobre todas as questões
levantadas pela auditoria e documenta-las em seu relatório.
Como conclusão do único trabalho realizado pela equipe de auditoria,
que foi comparar o preço do contrato de prestação de serviços com o custo de
folha de pagamentos caso tal setor fosse contratado diretamente pela
Fundação, seria natural e óbvio chegar à conclusão de que o valor seria maior.
Uma vez que os serviços seriam prestados por empresas terceiras e todos os
riscos trabalhistas passariam a ser de sua responsabilidade, é natural que os preços
Milena Schuster
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seriam majorados se comparados à contratação direta pela Fundação. Além dos
riscos trabalhistas, o custo de administração e a margem de lucro dessas empresas
seriam embutidos no preço do contrato.
A auditoria não contemplou o custo do RISCO EMPRESARIAL que a
fornecedora corria de receber seus honorários com atraso e ter de arcar com
os custos financeiros do investimento que precisaria fazer, o que de fato
ocorreu.
Antes da contratação desses serviços ora analisados, a Fundação não tinha
nenhuma dotação orçamentária assinada em contrato, sendo que a única dotação
prevista para o pagamento de despesas pré-operacionais estipuladas na lei 4.084/13
sequer foi repassada pela Prefeitura.
Havia grande risco da Fundação se extinguir, pois inclusive a mídia divulgava
a todo momento a falta de recursos e os diversos problemas que atravessava.
Tudo isso representava risco de inadimplência o que, naturalmente as
empresas repassaram no preço de suas propostas, o que justificava uma margem
considerável no preço, acima da margem de lucro normal.
É inaceitável que a equipe de auditoria não tenha analisado o risco que as
empresas fornecedoras corriam.
A equipe de auditoria mostrou em seu relatório que as demais empresas
participantes apresentaram preços maiores, o que deveria concluir que os preços
praticados eram de mercado, dentro dos riscos envolvidos na ocasião.
Novamente o Relatório da Auditoria demonstra os valores, mas não
conclui nada a respeito, o que é falta grave em um trabalho de auditoria.
Apresenta várias planilhas mostrando a diferença de valores entre se contratar
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Contadora CRC PR 072296/O-2
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diretamente e se contratar os mesmos serviços terceirizados. Tenta induzir o
leitor a concluir que houve perdas enormes e que isso foi feitor
deliberadamente, sem um motivo que beneficiasse a Fundação, pior ainda,
deixa várias informações desconexas com o firme intuito de mostrar alguma
irregularidade, que ao serem analisadas a fundo percebe-se que não
ocorreram.
Quanto ao atraso no pagamento deste fornecedor em 31 de dezembro de
2013, houve a informação de que a prefeitura deixou de repassar os R$
30.000.000,00 recebidos do Governo do Estado à Fundação.
9.7 Dos Serviços de Manutenção e Engenharia Clínica.
Foi firmado o contrato de no. 50/2013 em 19/06/2013 entre a Empresa Empreiteira
Sul Ltda. – ME e a Fundação para prestação de serviços de manutenção preventiva
e corretiva predial, recepção, portaria, motorista, telefonista, engenharia clínica
auxiliar administrativo e assistente social pelo valores descriminados abaixo:...
No contrato firmado entre as partes consta como endereço da CONTRATADA a
Avenida Juscelino Kubitscheck, no. 1320, Bairro Centro, na cidade de Foz do
Iguaçu, endereço não existente. Levantamento feito ao Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica constatou-se que o endereço cadastrado pela empresa é a Avenida
Juscelino Kubischeck no. 626, Sala 06, Box 04 – Centro.
Novamente a auditoria deixa de realizar trabalho de auditoria e passa a
realizar trabalho de investigação.
As documentações exigidas nos processos de compras da Fundação estão
de acordo com a lei no. 8.666/03 e foram cumpridas.
Não cabe a Fundação verificar se o fornecedor mudou-se ou tem outro
endereço. Por que a Fundação deveria questionar os endereços apresentados
nos diversos documentos emitidos pelos diversos órgãos públicos?
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Novamente levanta-se a dúvida de qual o motivo de tal informação ser
colocada num relatório de auditoria sem que haja nenhum comentário ou
informação adicional ou justificativa a respeito?
Durante auditoria in loco foram fornecidas as cópias dos holerites dos
funcionários contratados pelas Empresas que prestam os serviços contratados. Foi
realizada uma provisão dos possíveis custos mensais para cada funcionário,
embasados no salário dos holerites: .....
Além dos encargos sociais, benefícios, provisões férias, 13" salário, uniformes,
provisão multa F G TS rescisão trabalhista, foi incluído custo administrativo estimado
de R$ 50,00 por funcionário. Com base na diferença entre o custo estimado por
funcionário e o valor pago pela Fundação, chegou-se a uma margem de 52% a 63%,
dependendo da função, por funcionário.
No caso do cargo de AUXILIAR ADMINISTRATIVO, a Fundação também tem
contrato direto via CLT, com 21 empregados (dados da Folha de Pagamento de
setembro/2013). A remuneração individual é composta da seguinte formia: Salário:
R$ 837.56 - F G T S: R$ 67.00 - INSS: R$ 67,00 (cota do empregado).
Neste sentido, para a mesma função, há pessoas contratadas por três
empregadores diferentes: Empreiteira Sul; Denis Cristiano e diretamente pela
Fundação. A organização destas escalas é feita pelo Sr. Marcos, funcionário da
Fundação Municipal apresentado como Coordenador de Atendimento, que dispõe as
pessoas nos diversos postos, independentemente de qual empresa seja o
empregador. Por se tratar de contratos de terceirização de serviços, o preposto da
empresa contratante não deveria distribuir tarefas e montar escalas.
Como já demonstrado no item 9.4 a contratação desses serviços
terceirizados, foram feitas a fim de poder utilizar os recursos no valor de R$
30.000.000,00 para 2013, concedidos pela Secretaria de Saúde do Estado do
Paraná que não podiam ser utilizados em folha de pagamentos de funcionários.
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Do mesmo modo, a equipe de auditoria simplesmente se esmera em
mostrar as diferenças financeiras entre a contratação de funcionários via CLT
e via contrato de terceiros e não apresenta essas informações cruciais para
um bom entendimento das razões pelas quais optou-se por esta terceirização.
Também não informa que tudo foi devidamente aprovado pelo Conselho
Curador e foi feito dentro dos preceitos da Leis 8.666/03 como compra emergencial,
de acordo com o artigo 24. É clara a intenção da suposta auditoria ao apresentar
vários demonstrativos comparativos que é, no mínimo, tentar provar que a
administração fez algo errado, contra os interesses da Fundação, como se pode
notar exatamente o contrário.
Num esforço para buscar e maximizar todos os recursos disponíveis, a
administração, com a aprovação do Conselho Curador terceirizou os cargos que não
eram seu objetivo fim, que é prestar assistência em saúde, a fim de poder aproveitar
o valor cedidos pelo Governo do Estado, e que promoveu a competição entre três
fornecedores a fim de minimizar o custo com tal contrato.
Também neste caso, a auditoria não menciona nenhum desses fatos
relevantes, não menciona a aprovação do Conselho Curador e não menciona
que o prefeito recebeu e não repassou os recursos enviados pelo Governo do
Estado à Fundação.
9.8 Contrato com Empreiteira Sul Ltda.
Microempresa: avaliar compatibilidade da receita e do quantitativo de funcionários
com o porte da empresa. Lei Complementar N° 139 10/11/11 (e LC 123/2006).
ME - Receita Bruta Anual de até 360.000,00
E P P (Empresa de Pequeno Porte) - RBA entre 360.000,01 e 3.600.000,00
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Salvo se não for optante pelo SIMPLES.
Endereço que consta no contrato não existe fisicamente: "Rua" Juscelino Kubitschek
1320. Endereço que consta no CNPJ atual está correto: J K 626 Sala 6. Traía-se de
uma saia comercial no Edifício Pietro Ângelo. Também checado pessoalmente. Falta
reconhecimento de firma nas assinaturas.
Se o objetivo deste trabalho era avaliar a compatibilidade da receita e do
quantitativo de funcionários com o porte da empresa, conforme descrito no início do
tópico, isso não foi feito.
Simplesmente foi mencionado diversas informações sobre o tipo de ME e
EPP mas não há conclusão alguma, somente informações soltas, sem validade
alguma.
Mostrar que o endereço do contrato não está correto e dizer que
pessoalmente foram verificar e comprovaram que a empresa existe em outro
endereço, serve apenas para mencionar que a empresa mudou-se, e da
maneira colocada no relatório da auditoria parece um problema grave, o que
de fato não é.
EMPREITEIRA SUL dados do CNPJ obtidos via site da Receita Federal,em
12/02/2014 CNAE (natureza das atividades da empresa). Principal; Atividades
Paisagísticas; secundário: construção de edifícios.
Cargos e o próprio escopo do contrato são incompatíveis com a Atividade
Económica. Os contratos sociais foram solicitados e ainda estão sendo analisados.
Não estavam nos anexos.
Visto que a atividade secundária representa o ramo de construção,
notadamente ela atua na construção civil e pode prestar manutenção em prédios.
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Diz que o auditor não completou o trabalho, pois não analisou o contrato
social da empresa, então não deveria afirmar que o escopo do contrato é
incompatível com a atividade da empresa.
Os valores para os postos de trabalho, constantes no contrato estão muito acima da
média de mercado. Cargos operacionais estão entre 850,00 e 1.000,00. Admite-se
até 100% sobre o salário, para encargos sociais, trabalhistas, benefícios e
provisionamentos. E Taxa de Administração, 20%.
Não há relatório de produtividade e acompanhamento forma! (por escrito) das
atividades desempenhadas
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO - AREA DA SAUDE 2013/2014
Valores sofrerão alteração após data base 1 de fevereiro.
Pisos salariais: Zelador 740,00
São apresentadas apenas várias afirmações sem nenhum fundamento e
escritas de forma confusa.
Faltou uma revisão e aprofundamento nos trabalhos que permitisse formular
alguma opinião precisa a respeito do assunto auditado. Novamente coloca que se
admite até 100% sobre o salário, encargos e provisionamentos. Qual a base para
essa afirmação?
Este item demonstra claramente a falta de cuidado ao realizar os
trabalhos, que parecem ter sido conduzidos de forma aleatória e incompleta,
sem nenhuma revisão, jamais poderia ser apresentado em relatório de
auditoria.
9.9 DENIS CRISTIANO DOS SANTOS - ESTACIONAMENTO ME
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Microempresa: avaliar compatibilidade da receita e do quantitativo de funcionários
com o porte da empresa.
Lei Complementar N" 139 10/11/11 (e LC 123/2006).
ME - Receita Bruta Anual de até 360.000,00
E P P (Empresa de Pequeno Porte) - RBA entre 360.000,01 e 00.000,00
Salvo se não for optante pelo SIMPLES.
Contrato 48/2013
Na mesma data em que foi celebrado o contrato com a empresa "Empreiteira Sul".
Objeto, a prestação de serviços (mão-de-obra), porém contratando funcionários para
exercer funções que já constavam do outro contrato.
Foi realizado trabalho superficial, afirmado que na mesma data foi celebrado
outro contrato para exercer as mesmas funções que constam no contrato, mas não
as relaciona e nem exemplifica.
O objeto do contrato firmado com a Empreiteira Sul, referia-se a serviços
de manutenção, enquanto que o objeto do contrato com a Denis Cristiano dos
Santos era de serviço de portaria. Bastaria ao auditor verificar os serviços
efetivamente prestados por estas empresas e comprovar que eram diferentes.
“Endereço que consta no contrato não existe fisicamente (verificado no local,
pessoalmente). Rua Juscelino Kubitschek 171 Vila Portes (obs.: a Av. J K termina na
Vila Portes).
Falta rubrica da contratada nas páginas
Falta reconhecimento de firma Dados do CNPJ obtidos via site da Receita Federal,
em 12/02/2014
CNAE (natureza das atividades da empresa)
. Principal: Estacionamento de veículos;
Secundários:
-Serviços combinados para apoio a edifícios;
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-Serviços de Telefonia Fixa Comutada;
-Preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo
-Serviços de transporte de passageiros;
-Atividades Paisagística
Atividade Económica principal incompatível com o escopo do contrato.”
Novamente o auditor questiona o endereço do fornecedor. Não sendo de
responsabilidade da Fundação fazer esta verificação, como já explicado
anteriormente. Apesar da divergência no endereço, a empresa existe, conforme
consulta ao site da Receita Federal – CNPJ: Av. José Maria de Brito, 1415 – sala
108 – Jardim das Nações – Foz do Iguaçu.
O auditor afirma que há incompatibilidade do CNAE pois a atividade
principal é estacionamento, porém ele mesmo apresenta a atividade
secundária que é “serviços combinados para apoio a edifícios.
No cartão do CNPJ ainda complementa: 81.11-7-00 - Serviços
combinados para apoio a edifícios, exceto condomínios prediais. Ou seja, o
serviço de portaria se enquadra na atividade secundária da empresa.
“Verificar quando houve a alteração das atividades secundárias junto à RF. Os
contratos sociais foram solicitados e ainda estão sendo analisados. Não estavam
nos anexos “.
Nesse momento, o auditor deixa pendências no seu trabalho, descrita no
Relatório de Auditoria o que é totalmente irregular. Menciona que não verificou
quando houve a alteração da atividade secundária, o que não serviria para
nada.
Não buscou o contrato social o que poderia ser solicitado diretamente
ao fornecedor e em último caso, obter junto a Junta Comercial.
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Notadamente o auditor não verificou documentos relevantes que seriam
facilmente dispostos para auditoria, deveria ter feito todos os trabalhos
alternativos para garantir a integridade da auditoria.
“Embora haja nos contratos cláusula prevendo a elaboração, conferencia e
análise de relatórios de produtividade, estes não foram localizados. Informações
verbais dão conta que nunca teriam sido elaborados.”
O setor de compras era responsável pelo controle dos serviços prestados e
recebia os faturamentos e os comparava com as planilhas de controle. O auditor
deveria ter procurado a diretoria financeira para questionar sobre esse assunto e
certamente receberia tais documentos. Mais um trabalho incompleto e inconclusivo.
XI PATRIMÔNIO
Há vários itens que não foram etiquetados ou registrados em sistema. O Sr. Jones,
Gerente de Infraestrutura, alegou desconhecer que em algum momento o Hospital
contou com os serviços dos profissionais de Patrimônio (supervisor e auxiliar),
supostamente contratados pela empresa EMPREITEIRA SUL.
Faltam informações sobre itens. Avaliar depreciação física e contábil.
SISTEMA OPERACIONAL (Software) Genius Sistemas Médicos Analisar justificativa
para substituição do Software anterior, que era superior tecnologicamente em
comparação e de amplo domínio dos profissionais.
O patrimônio público que forma o todo o parque instalado do hospital é um
dos bens públicos mais importantes do município.
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É sabido que foram aplicados diversos recursos, desde sua construção, nas
instalações e equipamentos que consumiram muitos recursos da prefeitura que
formam todo o acervo do Hospital Municipal Padre Germano Lauck.
Este patrimônio foi cedido à OS Prós Saúde, há anos atrás, quando assumiu
a gestão do Hospital. Conforme atestam antigos servidores da Secretaria de Saúde
do Município, foi feita relação de todos os bens patrimoniais que foram repassados e
que, deveriam ser devolvidos em sua integralidade e no mesmo estado de
conservação, caso o contrato de gestão se encerrasse.
Assim também deveria ser feito com o estoque deixado na ocasião para a OS
Pró Saúde. Antes da transição da gestão da direção assumir a Fundação, a
Comissão de Transição recebeu da OS Pró Saúde uma listagem de todo o
patrimônio, porém a prefeitura não fez nenhuma conferência.
A Comissão de Transição se limitou a entregar à Fundação, a mesma
listagem da OS Pró Saúde, 3 meses depois da transição. Também não foi feito
nenhum termo de entrega dos bens do Hospital à Fundação.
A boa prática seria que a prefeitura fizesse um levantamento físico e
comparado à relação dos bens entregues à OS Pró Saúde, assim, deveria cobrar o
que faltasse e descontar dos valores pagos à Pró Saúde, por ocasião de sua saída.
Deveria elaborar uma lista atualizada dos bens a serem entregues à
Fundação onde deveria ser assinado um termo de responsabilidade sobre os bens
recebidos, com o compromisso de devolvê-los integralmente, caso a Fundação não
mais gerisse o Hospital.
É responsabilidade da prefeitura garantir a integridade do patrimônio
municipal que compõe o Hospital.
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Uma auditoria séria teria dado prioridade à verificação da integridade do
patrimônio que forma o Hospital, pois seria um dos itens mais relevantes
devido aos valores envolvidos.
Novamente a auditoria se limitou a verificar a falta de etiquetas em
alguns itens e deixar mais uma pendência que era de avaliar a depreciação
física e contábil. Ainda, levou a crer que a Empreiteira Sul tenha sido
contratada para realizar este trabalho, o que não procede de fato.
O trabalho de auditoria sobre o patrimônio municipal do Hospital foi
totalmente negligenciado e a auditoria não fez menção a responsabilidade da
prefeitura na preservação do patrimônio público.
XII- PARÂMETROS UTILIZADOS
Antes da conclusão do relatório, realizamos visita técnica ao Hospital Regional do
Sudoeste Walter Alberto Pecóits, de Francisco Beltrão, administrado pela Secretaria
de Estado da Saúde, com vistas a obter dados para uma análise comparativa, uma
vez que se trata de hospital com características semelhantes quanto ao perfil
assistencial, dimensões, demanda e capacidade de atendimento.
A comparação da produção e custos do Hospital Muncipal Padre Germano
Lauck de Foz do Iguaçu com o Hospital Regional do Sudoeste Walter Alberto
Pecóits de Francisco Beltrão pode trazer à luz alguns questionamentos.
Porém, qualquer divergência relevante não é por si só conclusiva, pois trata-
se de dois hospitais situados em locais diferentes, um com administração da
prefeitura e outro com administração do Governo do Estado, ambos com equipes
médicas diferentes e necessidades locais diferentes.
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Todas e quaisquer aparentes divergências devem ser apenas indicativos e
não informações conclusivas, devendo ser aplicadas diversas outras técnicas de
auditoria a fim de se buscar os motivos e as justificativas dessas divergências.
A boa técnica de auditoria deveria ser aplicada com a comparação da
gestão da Fundação com a gestão da OS Pró Saúde, em períodos similares.
Mesmo assim, deveria também fazer a aplicação de outros trabalhos de
auditoria para se chegar a verdade dos fatos, que será questionada a seguir,
de acordo com os pontos levantados.
12.1 Demanda e capacidade de atendimento do HRSWAP
O HRSWAP dispõe de 147 leitos utilizáveis, sendo 61 cirúrgicos, 21 clínicos, 10 UTI
neonatal, 20 UTI adulto, 18 de obstetrícia e 17 de pediatria. Portanto, neste quesito,
o HRSWAP é 2,64% menor que o HMPGL, O hospital conta com 04 salas cirúrgicas,
realizando cirurgias eletivas e de urgência/emergência. A exemplo de Foz do Iguaçu,
Francisco Beltrão também é cidade polo: 8ª Regional, cuja demanda origina-se da
população do município e de 27 outros municípios da região
Assim que o relatório de auditoria chegou ao conhecimento do Dr. Faisal
Jomaa, então presidente da Fundação, no primeiro semestre de 2014, este entrou
em contato com a administração do HRSWAP e obteve diversas informações
divergentes da apresentada pela equipe de auditoria, assim emitiu o documento
ESCLARECIMENTOS SOBRE O RELATÓRIO DE AUDITORIA DE NATUREZA
FINANCEIRO – OPERACIONAL NO HOSPITAL MUNICIPAL PADRE GERMANO
LAUCK – HMPGL, datado de 13 de maio de 2014, que foi encaminhado aos
diversos órgãos que haviam recebido o relatório de auditoria, inclusive o Ministério
Público do Estado:
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“O número de internação do Hospital Regional de Francisco Beltrão é de em
média 420 pacientes/mês (referência 2013); dispõe de apenas 9 leitos de UTI’s; O
número de cirurgia entre urgência, emergência e eletiva é de em média 199/mês; e o
atendimento no Pronto Socorro é de 400 atendimento/mês e a taxa de ocupação é
de em média 70% (setenta por cento), ou seja, dos 110 (cento e dez) leitos, em
média 77 (setenta e sete) estão ocupados.
Já o Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, tem média de internação de 700
pacientes mês; Dispõe de 25 Leitos de UTI’s; o número de cirurgia entre
urgência/emergência e eletiva é de 450/mês; e o atendimento no Pronto Socorro é
de em média 900 atendimento/mês, e a Taxa de ocupação é de 77 % (setenta e
sete por cento), ou seja, dos 152 (cento e cinquenta e dois) leitos, em média 117
(cento e dezessete) estão ocupados, ou seja, uma diferença de 40 (quarenta) leitos
em média”.
As informações apresentadas com base no ano de 2013 do HMPGL,
comparadas à produção do HRSWAP de 2012, são muito diferentes.
A discrepância entre os números apresentados no relatório de auditoria com o
levantado pelo Dr. Faisal Jomaa, são evidentes e mostra que não há similaridade
entre os dois hospitais. A estrutura e os atendimentos realizados pelo HMPGL são
muito maiores que os do HRSWAP, o que representava consequentemente em
gastos muito maiores.
“12.2 Resumo dos principais custos financeiros para comparação:
Custo Recursos Humanos R$ 667.853,20
Encargos R$ 80.142.38
Honorários Médicos R$649.199.00
Serviços de Terceiros R$396.823,55
Materiais R$450.000.00
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Manutenção R$80,000,00
Medicamentos R$86.850,98
Refeições – Valor unitário médio/valor mensal RS6.38 R$163.176,72
Custo médio mensal do hospital R$2.673.860,83
12.3 ANÁLISE:
12.3.1 RH - O RH é composto por servidores públicos do Estado, exceto médicos e
serviços de apoio terceirizados, a um custo mensal de R$ 747.995.58 (setecentos e
quarenta e sete mil novecentos e noventa e cinco reais e cinquenta e oito centavos),
correspondente a salário mais encargos. No comparativo conclui-se que os salários
dos servidores do HRSWAP, bancados pelo Estado, são mais altos que os do
HMPGL. No total são 288 servidores.”
Segue a análise do Dr. Faisal Jomaa:
“Relativamente a Recursos Humanos, o Relatório da Auditoria aponta um
Custo de R$ 667.853,20 (seiscentos e sessenta e sete mil oitocentos e cinquenta e
três reais e vinte centavos). Todavia em contato com o Sr. Eduardo Cioatto, Diretor
Geral do Hospital Regional do Sudoeste, nos passou que o custo com Recursos
Humanos na verdade gira em torno de 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil
reais) por mês, sem contar os honorários médicos, que gira em torno de R$
650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) mensais. “
“12.3.2 - HONORÁRIOS MÉDICOS - Estes profissionais são contratados através do
consórcio formado pelos municípios da regional, a um custo médio mensal de R$
649.199,00 (seiscentos e quarenta e nove mil cento e noventa e nove reais),
enquanto que os dados e informações da direção do HMPGL dão conta de que o
custo mensal dos profissionais médicos é de 1.250.000,00 (um milhão duzentos e
cinquenta mil reais).”
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Torna-se óbvio que o custo de médicos contratados via consórcio terceirizado
pelo HRSWAP são menores que do HMPGL que são contratados via CLT. Este
último tinha um maior volume de serviços prestados, quase que o dobro de
produção, e ainda acrescidos dos encargos sociais que o primeiro não tem.
A opção de contratar os médicos via CLT não foi definida
unilateralmente pela Fundação, mas foi feito a fim de acatar a determinação do
Ministério Público do Trabalho que assim o exigiu.
“12.3.3 - Serviços de Terceiros. Essa forma de contratação para os serviços de
apoio alcança mensalmente, no HRSWAP, R$ 366.283,55 (Trezentos e sessenta e
seis mil duzentos e oitenta e três reais e cinquenta e cinco centavos). No HMPGL o
valor médio mensal, segundo dados do balancete da fundação, é de R$
1.292.159,78 (um milhão duzentos e noventa e dois mil cento e sessenta e nove
reais e setenta e oito centavos), excluídos alguns serviços médicos terceirizados.”
Analisando os gastos reais com folha de pagamentos do HRSWAP,
médicos e serviços terceirizados (R$ 1.400 mil + R$ 650 mil + R$ 397 mil = R$
2.447 mil) , se comparados com os gastos com folha de pagamentos +serviços
terceirizados, incluindo os médicos do HMPGL (R$ 1.206 mil + R$ 1.292 mil =
R$ 2.498 mil) não são tão discrepantes quanto foi apresentado pela equipe de
auditoria.
12.3.4 - Serviços materiais, medicamentos e manutenção obedecem a
características bem diferentes entre as unidades de saúde, cabendo aqui uma
análise individualizada, o que já foi feito dentro do relatório.
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Quanto aos gastos com medicamentos do HRSWAP, continua o Dr. Faisal
Jomaa:
“Quanto aos medicamentos, consta como custo médio mensal em medicamentos R$
86.000,00 (oitenta e seis mil reais). Ocorre que somente foi levado em consideração
os medicamentos adquiridos do CEMEPAR. Todavia, não existe informação no
relatório, que a grande maioria dos medicamentos são repassados diretamente pela
Secretaria de Saúde do Estado.”
Tais dados somente mostram como não é possível se fazer uma simples
comparação entre os dois hospitais.
A comparação técnica seria feita entre os custos da gestão da Fundação
com os custos da OS Pró Saúde no ano anterior, para o mesmo período, pois
foram auditadas pela própria prefeitura e pela 9ª Regional de Saúde do Estado,
o que já foi explicado anteriormente.
“12.3.5 - Refeições. Enquanto no HRSWAP são servidas, em média, 25.576
refeições/mês ao preço unitário de R$ 6,38, com custo mensal de R$ 163.176.72, no
HMPGL pelo valor unitário, esse custo está 38.08% mais alto, independentemente
da quantidade de refeições servidas por mês.”
Quanto ao custo de refeições, já foi explicado no item 9.1.1 REFEIÇÕES os
motivos da terceirização por parte da Fundação.
Foi mostrado o trabalho superficial feito pela equipe de auditoria onde
somente comparou o custo de um refeitório de um Hospital Estadual de
Francisco Beltrão, esclarecido que realmente há diferenças entre o custo de
um refeitório próprio e refeições terceirizadas.
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O custo de refeições tem variáveis importantes que parecem não foram
levadas em conta, tais como custos locais de produção, peculiaridades do cardápio,
necessidades especiais dos pacientes dependendo das especialidades que são
oferecidas no nosocômio, tipos de internações, que não foram citadas para efeito
comparativo, no parecer da auditoria realizada.
“9.1.1 REFEIÇÕES”
Como já foi mencionada no próprio escopo do trabalho (alcance) dessa
perícia, onde foram somente analisados os documentos apresentados, estaremos
complementando com informações relevantes que trarão uma completa visão dos
fatos.
Diz o relatório ao analisar o contrato de prestação de alimentação na
Fundação pela empresa JEFFERSON ANTÕNIO AGUIAR – ME.
“O referido contrato foi firmando em 19/06/2013, por prazo determinado de 180 dias,
com o objetivo de fornecimento de refeições, tais quais, café da manhã, almoço,
lanche da tarde, jantar e ceia para os pacientes, respectivos acompanhantes e
funcionários, pelo valor de R$ 12,00 por refeição.
Ao verificar as notas fiscais, constatou-se valores a menor em relação ao contratado,
para as refeições de “café da manha” e “ceia”, ao custo unitário de R$ 8,00. Por
outro lado, a cláusula 12 (doze reais) por refeição, incluindo alimentação enteral e
parenteral (....) ........Verificou-se, posteriormente, a aquisição por parte da
Fundação, de dietas enterais e parenterais com outros fornecedores.”
Como já foi mensionado anteriormente, para se manter o hospital funcionando
24 horas por dia, seria necessária a manutenção de serviço de refeições
ininterruptos, a fim de fornecer ao paciente 5 alimentações por dia, bem como para
servir aos médicos e demais funcionários, em todos os turnos de funcionamento.
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Devido ao grande volume de compras e contratações emergenciais, e
também por causa da falta de funcionários, foi feito um mutirão entre os funcionários
remanescentes da OS Pró Saúde, pessoal contratado emergencialmente e
colaboradores cedidos pela prefeitura, foi feito um mutirão para realiza tais
contratações.
Muito embora pudesse ser feita a compra emergencial com dispensa de
licitação, foram convidadas ao menos três empresas fornecedoras em cada
processo, a fim de dar competitividade e reduzir os valores finais.
Devido a falta de um setor jurídico na ocasião das contratações, ocorreram
alguns erros na confecção dos contratos.
Mesmo os fornecedores vencedores terem apresentado os menores preços,
posteriormente o setor de compras fez diversos ajustes junto a eles, a fim de trazer
ao mínimo os preços praticados. No caso das refeições, argumentou-se que o café
da manhã e a ceia não poderia ter o mesmo preço, pois os custos eram muito
diferentes e o fornecedor renegociou e baixo de R$ 12,00 para R$ 8,00, o que
deveria ser mencionado como um fator positivo e não negativo, como foi
apresentado pela auditoria. Mesmo tendo contratos assinados, tais negociações
ocorrem em qualquer instituição, pública ou privada.
Com relação as dietas enterais e parenterais, houve erro na confecção dos
contratos, pois tais refeições são feitas especialmente por outras empresas e são
ministradas normalmente através de sondas e foram contratadas separadamente,
em outro processo.
Continua o questionamento do Dr. Faisal Jomaa:
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“Ainda, voltando a análise das refeições, sabendo que lá a cozinha não é
terceirizada, quais dados foram levados em consideração para formar o custo de R$
6.38 (seis reais e trinta e oito centavos) a refeição?”
“XIII - CONCLUSÃO - ENCAMINHAMENTOS E RECOMENDAÇÕES
13.1 É responsabilidade do Gestor Público o controle, acompanhamento e
fiscalização das ações desenvolvidas por uma fundação pública por ele instituída,
com a qual mantém contrato de gestão, cujas ações são financiadas pelo erário. A
efetivação do contrato entre Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu e a Fundação
Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu está baseado em um Plano Operativo
contendo em seu escopo todas as obrigações e responsabilidades de ambas as
partes, incluindo aí auditorias periódicas de avaliação e controle. Por essas
considerações, entende a equipe de auditoria que possível deflagração de
procedimentos administrativos no caso de evidenciada qualquer infração, deve ser
feita pelo município.”
Apesar da equipe de auditoria frisar a responsabilidade da Prefeitura
Municipal de Foz do Iguaçu em fiscalizar através auditorias periódicas, o que não foi
feito, não indica nenhuma culpa por ineficiência ou omissão por parte do município.
Novamente, em nenhum momento esclarece sobre os atrasos
constantes nos repasses dos valores contratados à Fundação que
ocasionaram as quedas na produtividade do Hospital, com já apresentado
anteriormente.
“13.2 No sentido de contribuir para a melhoria do desempenho operacional do
Hospital Municipal Padre Germano Lauck, apresentam-se as propostas e
recomendações, a seguir:
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13 2.1 SERVIÇOS MÉDICOS - Observadas as falhas de controle e medição dos
serviços prestados pelos médicos, e face às peculiaridades inerentes à profissão,
recomendar à Fundação mudança do vínculo dos mesmos junto à. instituição,
articulando para que seja regido por pessoa jurídica, como já era praticado antes, e
não mais por CLT, cujo controle se mostrou ineficiente e ineficaz com claro prejuízo
financeiro para a fundação.”
Uma auditoria jamais pode recomendar algo que seja ilegal, visto que a
contratação via CLT foi determinada pelo Ministério Público do Trabalho, os
auditores estão recomendando ações ilegais.
Devido a falta de médicos especialistas na região da tríplice fronteira, aqueles
que fossem dispensados via CLT, certamente seriam os mesmos que prestariam os
mesmos serviços no hospital, o que na ocasião em que a auditoria fez tal sugestão,
era ilegal e colocava a Fundação em risco.
Cabe lembrar que, logo após a intervenção realizada pela Prefeitura na
Fundação, depois da divulgação do Relatório de Auditoria, onde foi destituída toda a
diretoria, demitiram todos os médicos e os contrataram como terceirizados.
Tem-se notícia de que muitos médicos que sofreram esta ilegalidade
passaram a processar a Fundação criando uma dívida trabalhista de enormes
proporções.
Também pudemos notar que a terceirização dos médicos através de
empresas terceirizadas também promoveram diversas irregularidades onde o
Ministério Público atualmente processa diversos servidores e a empresa médica
contratada, por faturamento de serviços que não foram realizados.
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Tal recomendação da auditoria fez desencadear uma série de
irregularidades. Fica o questionamento do objetivo real e a validade desta
auditoria, feita com a participação irregular de servidores da prefeitura.
“13.2.2 FARMÁCIA/AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS - As informações obtidas
junto à equipe técnica responsável dão conta de que os problemas denunciados ao
Ministério Público foram satisfatoriamente solucionados a partir do mês de
novembro/2013. Continua, no entanto, reclamação quanto ao controle devido à
mudança em curso da empresa responsável pelo software, considerado de baixa
resolutividade. Recomendamos, portanto, justificativas pela mudança e,
preferencialmente, manter a empresa contratada anteriormente ou realizar licitação
para contratação de outra que venha a atender a todas as necessidades do
hospital.”
Além do trabalho realizado pela equipe de auditoria, também deveria ser
verificado o estoque inicial de medicamentos que a OS Pró Saúde deixou. Deveria
ser no mesmo valor, atualizado, de quando ela recebeu da prefeitura, por ocasião de
quando assumiu o Hospital.
Não se pode afirmar a diferença, mas funcionários da Secretaria de Saúde
informaram que tal verificação não foi feita por parte da prefeitura quando recebeu o
hospital de volta e o entregou à Fundação.
Esse trabalho complementaria o levantamento feito e poderia dar um
panorama melhor sobre os estoques da farmácia.
13.2.3 LABORATÓRIO - Os valores unitários praticados foram contratados pela
tabela local, definida pela Secretaria Municipal, aprovada pelo Legislativo Municipal
com o aval do Conselho Municipal de Saúde. O Laboratório atende à demanda do
hospital, média de 20.000 exames mensais, e à rede básica de saúde do Município,
por força de contrato prevendo 60.000/mês. Verificado peio sistema de controle que
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a média mensal de exames realizados é 94.026, tem-se uma produção de pelo
menos 17.53% superior ao contratado. Além disso, 20.000 exames foram
considerados, pelos parâmetros normais, muito acima do necessário em relação ao
conjunto de serviços prestados pelo hospital. Recomenda-se, portanto, a melhoria
nos controles de requisição de exames e principalmente, sobre as informações e
registros dos serviços prestados peio laboratório.
A equipe de auditoria não poderia chegar a tal conclusão somente baseado
na comparação do HMPGL com o HRSWAP de Francisco Beltrão, que tem
características e volumes de atendimento bem diferentes.
Não poderia recomendar a diminuição de solicitações de exames por parte da
equipe médica, sem antes fazer uma verificação por uma junta médica que
analisassem todos os prontuários e certificassem que os exames foram
desnecessários.
Esta recomendação afronta diretamente os princípios éticos da
medicina, onde somente médicos poderiam dar opinião sobre decisões
tomadas pela equipe médica, através de um processo completo e formal. Tal
recomendação não poderia ser feita.
“13.2.4 CIRURGIAS DO HMPGL - O número de cirurgias eletivas realizadas
atualmente pelo hospital sob gestão da Fundação é, em média, 40% inferior ao
praticado anteriormente. A justificativa da administração do hospital foi de que na
transição não havia contrato. No entanto, documentos apresentados, não sustentam
essa afirmativa. Constatou-se, ainda, um custo maior no faturamento da unidade. A
recomendação, nesse caso, também recaí na mudança do vínculo dos profissionais
médicos em relação ao custo, e em uma gestão mais clara sobre a prestação desse
serviço face à demanda existente, buscando formas de otimização dos serviços,
aumentando, em consequência, a produção,”
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É errônea a afirmação da auditoria de que a justificativa dada pela
administração do Hospital para a queda na produção tenha sido apenas a falta
de contrato de gestão assinado.
Os contratos existiram, mas sempre remuneravam aquém da necessidade
financeira da Fundação e, ainda a prefeitura realizou todos os pagamentos em
atraso e incompletos, fazendo com que encerrasse o ano com um enorme passivo.
Como já demonstrado incansavelmente, a Fundação foi criada pela prefeitura
a fim de atender à exigência do Ministério Público de extinguir o contrato de gestão
que havia com a OS Pró Saúde.
Foi minuciosamente demonstrado todos os problemas causados pela falta de
tempo e falta de preparação por parte da prefeitura para criar uma Fundação, fazer
as dotações de verbas, aprova-las e providenciar os recursos, contratar todos os
médicos e funcionários, via concurso e todas as empresas fornecedoras via licitação,
conforme preconiza o seu estatuto, para que, no dia 18 de junho pudesse entregá-la
funcionando plenamente à diretoria que assumiria naquela data. A Fundação foi
entregue de forma caótica à nova diretoria.
A prefeitura entregou a Fundação e o Hospital de maneira totalmente
irregular, não havia sido feito nenhum concurso para contratação dos médicos e dos
funcionários, não havia sido feita nenhuma licitação para contratar os serviços ou
comprar os produtos essenciais para se manter o hospital funcionando. Muitos
outros problemas encontrados naquela data foram longamente apresentados neste
documento.
Não havia nenhum dinheiro em caixa pois a verba para as despesas pré-
operacionais criada pela lei 4.804/13 que criou a Fundação, não havia sido paga
pela prefeitura. Para piorar a situação, o Hospital foi entregue cheio de pacientes
internados, inclusive na UTI e o pronto socorro estava em pleno atendimento.
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É bom lembrar que a nova diretoria somente poderia assumir suas atribuições
no dia 18 de junho, dia da transição, por conta de um contrato assinado entre a
prefeitura e a OS Pró Saúde.
Apesar da intenção da nova diretoria da Fundação querer fechar o hospital
até que tudo fosse regularizado, o prefeito determinou que ele permanecesse aberto
e atendendo.
Visto que o Conselho Curador, órgão máximo da Fundação é formado por
mais de 50% de servidores da prefeitura e a presidente era a Secretária de Saúde,
não houve opção senão acatar tal decisão e tomar todas as medidas emergências
para dar pleno atendimento a todos os pacientes.
Mesmo que o prefeito permitisse fechar o hospital, naquele momento isso
seria impossível. O secretário da 9ª Regional de Saúde ao ser consultado a respeito,
prontamente afirmou que não havia leitos disponíveis na rede e nem transporte para
encaminhar todos os pacientes internados.
Lembrando ainda que a falta de recursos e os constantes atrasos nos
repasses gerou outros diversos problemas que pioraram a produtividade do Hospital.
Com já foi demonstrado no Ítem VII – CIRURGIAS DO HMPGL acima, a
redução na produção de cirurgias da Fundação ocorreu em grande parte pela falta
de médicos, pela falta de recursos decorrente dos atrasos nos pagamentos por parte
da prefeitura que perdurou durante todo o período auditado e que a tornou
inadimplente e consequentemente reduziu a aquisição de medicamentos e materiais
necessários a manutenção plena do hospital e a possibilidade de trabalhar com a
produtividade máxima.
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Também foi explicado que a OS Pró Saúde computava como cirurgia os
pequenos procedimentos, tais como retirada de sutura feita no ambulatório, que a
Fundação deixou de computá-las como tal.
A auditoria, ao afirmar que o único motivo alegado pela diretoria para a
queda de produtividade do hospital tenha sido a falta de contrato de gestão, é
totalmente inadequada e sem sentido. Isso só demonstra a incapacidade
técnica daquele que realizou o trabalho.
“13.2.5 DAS RECEITAS E DESPESAS DA FUNDAÇÃO - O financiamento do
hospital é originário do município. Através do Contrato de Gestão no. 093, esse
aporte foi de R$ 21.318.000,00 para um período de 6 meses, em parcelas iguais
3.553.000,00. Foi repassada, nesse período, a importância de R$ 24.363.000,00,
superior, portanto, em R$ 1.045.000,00. Valor esse muito abaixo do custo
apresentado pelo hospital que foi de 39.359.699,60, gerando um déficit na ordem de
R$ 14.996.699,60. Embora a equipe não tenha tido acesso ao novo instrumento
contratual, informações dão conta de que novo aditivo foi firmado, com valor teto de
127.000.000,00, pelo prazo de 24 meses.
Diante do exposto, recomenda-se à gestão do hospital a formatação ou revisão, se
já existir, de um planejamento minucioso das ações e da implantação de rigoroso
controle dos custos de produção para que seja compatível com o Plano Operativo no
qual se baseia o contrato de gestão. Ao Gestor Municipal recomenda-se a realização
sistemática de auditoria técnica dentro da unidade para avaliação periódica do
cumprimento ou não das responsabilidades inerentes ao contrato com revisão do
Plano Operativo, de maneira a incluir valores de pontuação. Outra previsão
estatutária e regimental é o funcionamento de um conselho fiscal. Tivemos acesso a
uma ata do Conselho Gestor dando conta de sua criação no mês de
dezembro/2013. No entanto, não se observou qualquer registro de atuação desse
colegiado.”
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Conforme afirmação da auditoria, ela tem conhecimento de um novo contrato
de gestão firmado para 24 meses no valor de R$ 127.000.000,00.
Isso representa R$ 5.291.666,60 por mês, muito além dos R$ 3.553.000,00
pagos durante o segundo semestre de 2013, onde houve muito mais despesas, visto
os gastos com as despesas de implantação.
A Prefeitura ao assumir este novo valor, reconhece que os valores
pagos eram insuficientes para fazer frente às reais despesas da Fundação.
“13.2.6 DO PASSIVO – No período em que o hospital esteve sob gestão da
Fundação, entre junho e dezembro/2013, foi acumulado um passivo de R$
14.616.428,45.
Dentre outras recomendações quanto aos débitos, ressalta-se a necessidade
de se elaborar um plano de liquidação gradativa desse passivo, sem afetar a
qualidade de atenção dispensada aos usuários, iniciar, imediatamente, de acordo
com o planejamento financeiro e a previsão de entradas, o provisionamento dos
recursos necessários para fazer frente a encargos sociais, manutenção predial,
recuperação e substituição de equipamentos médico-hospitalares.”
A auditoria deveria mencionar a verba de implantação da Fundação que a
prefeitura deixou de repassar, na ordem de R$ 5.000.000,00.
Também deveria mencionar os Recursos enviados pelo Governo do Estado
do Paraná na ordem de R$ 12.700.000,00 que não foi enviado à prefeitura e não foi
repassado à Fundação.
Caso tais recursos tivessem sido repassados à Fundação, muitos dos
problemas enfrentados pela administração seriam minimizados e se encerraria o
exercício de 2013 sem um déficit tão significativo.
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Em termos de auditoria, a omissão de fatos tão relevantes coloca em
questão a eficácia da auditoria.
“13.2.7 DOS SERVIÇOS DE TERCEIROS
12.2.7.1 LAVANDERIA – Os custos e a prestação de serviços de Lavanderia estão
dentro da média praticada, não se verificando, em tese, prejuízo à instituição.
13.2.8 CONTRATAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – Em entrevista com o Diretor
Presidente do Hospital, juntamente com a Diretora de Administração, os mesmos
informaram que a contratação de RH por empresas se deu em razão de que, no
início da gestão, a Secretaria de Estado da Saúde firmou compromisso de repassar
à Fundação a importância de R$ 15,000.000,00, pela modalidade de Convénio. Que
no plano de trabalho a ser apresentado para efetivação do repasse não poderia ser
incluído o custo com Recursos Humanos. Ocorre que, por diversas razões, o
compromisso foi firmado, mas na modalidade de Repasse Fundo a Fundo, onde o
município de Foz do Iguaçu, Gestão Plena, passou a ser o destinatário dos recursos,
aplicando-os da melhor forma possível. Assim sendo, a fundação poderia adotar a
modalidade que entendesse mais viável para a contratação das equipes de apoio,
vindo a manter a terceirização das mesmas. Dentro do período de tempo auditado,
junho a dezembro/2013, análises dos documentos apresentados pela instituição
comprovam um custo entre 53 e 64% superior quando comparados ao valor de
mercado para subcontratação de serviços com consequente prejuízo à fundação e
ao erário. Recomenda-se, portanto, a revisão completa dos contratos de
terceirização de mão de obra, recuando os custos a um patamar razoável ou a
rescisão unilateral de todos eles e contratação direta dos trabalhadores, por CLT,
através de concurso público.”
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O Protocolo de Intenções assinado em junho de 2013 entre a Fundação, a
Prefeitura e o Governo do Estado, fala claramente que os recursos teriam como a
“finalidade de prover o desenvolvimento de ações e serviços de saúde no Hospital
Municipal Padre Germano Lauck”.
Após várias cobranças feitas a Prefeitura, somente no meio do semestre,
após haver feito todas as contratações emergenciais de serviços de terceiros é que
a Secretaria de Saúde informou que os valores não seriam repassados mediante
prestação de serviços do contrato de gestão.
Ora, se fosse esse o objetivo do convênio, porque o Plano de Aplicação
elaborado pelos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado datado de 19 de junho
de 2013 e assinado pelo Sr. Cezar Silvestri – Secretário do Governos, em seu anexo
III – Plano de Aplicação, termina que os recursos fosse utilizados nas contas:
3.3.90.30 – Materiais – R$ 12.000.000,00 e 3.3.90.30 – Serviços – R$
18.000.000,00?
O que poderia fazer a administração da Fundação, que foi criada para
resolver um problema da prefeitura, que estava totalmente dependente das suas
decisões, via Conselho Curador, senão ficar a mercê de tais desmandos?
Como poderia fazer o distrato com todos os fornecedores já contratados sem
ter recursos para indenizá-los e para criar os setores próprios para substituí-los, se
mal tinha recursos para pagar a folha de pagamentos?
A auditoria ao fazer a afirmação simplista de que isso seria plenamente
viável certamente não leva em conta de que se trata do maior hospital da
região do extremo oeste do Paraná e que mantém o único pronto socorro da
região. Afirmar que “a fundação poderia adotar a modalidade que entendesse
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mais viável para a contratação das equipes de apoio” é tão absurda quanto
sem nenhuma base técnica.
“13.2.9 PATRIMÔNIO - Não foi apresentado pela administração do hospital
documentação que comprove um controle razoável e racional do patrimônio da
unidade, apesar de possuir quadro próprio pessoal terceirizado para administrá-lo.
Recomenda-se a capacitação do pessoal próprio para realização de um
levantamento completo do acervo, e seu registro “
Como já foi comentado no ítem X- PATRIMÔNIO, todo o acervo que compõe
o Hospital foi entregue de forma irregular à administração do Hospital no dia da
transição.
A única relação de bens entregues pela Comissão de Transição da prefeitura
foi entregue dois meses depois daquela data e era somente uma cópia de listagem
emitida pela OS Pró Saúde com data de maio de 2013.
A boa prática de auditoria exige que qualquer em qualquer entrega de
patrimônio, principalmente na modalidade de empréstimo de bem público, seja
realizado um Inventário Físico onde são relacionados todos os bens
envolvidos, desde edifícios, instalações, equipamentos e utensílios, com
evidência do seu estado geral de depreciação e integridade.
A prefeitura, ao receber tal relação de bens, deveria ter feito tal inventário e,
mais ainda, deveria ter comparado ao que foi entregue inicialmente quando a OS
Pró Saúde e cobrado o que foi acordado naquela ocasião, que seria a devolução
integral de tudo, no estado que foi entregue.
Conforme combinado, a prefeitura deveria ter entregue a Fundação à nova
diretoria, já com o sistema de ativo imobilizado atualizado e em pleno
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funcionamento, para que pudesse assinar o devido recebimento de tais bens. Nada
disso aconteceu.
A nova direção da Fundação, quando recebeu as instalações do Hospital, se
deparou com diversos problemas em todo o ativo imobilizado, necessitando realizar
diversos reparos emergenciais a fim de que fosse mantido a integridade dos bens
recebidos.
Tudo isso foi reportado em relatório encaminhado aos diversos órgãos
competentes. Mesmo coma falta de recursos, ainda iniciou também o moroso e
minucioso processo de levantamento de todo o acervo do hospital.
A auditoria, de forma simplista, tenta passar toda a responsabilidade do
risco sobre o patrimônio do Hospital para a administração da Fundação.
Como procedimento de auditoria, deveria ter exigido o inventário físico que a
prefeitura deixou de realizar e o documento de recebimento dos bens da OS
Pró Saúde.
Deveria exigir as evidências da conferência que a Prefeitura deixou de
fazer e por fim deveria exigir o termo de entrega dos bens à Fundação, o que
não foi feito.
CONCLUSÃO SOBRE O TRABALHO DE PERÍCIA
A auditoria é um exame sistemático das atividades desenvolvidas em
determinada entidade ou setor, que tem o objetivo de averiguar se elas estão de
acordo com as disposições planejadas e estabelecidas previamente, se foram
implementadas com eficácia e se estão adequadas.
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O Ministério Público do estado solicitou à 9ª Regional de Saúde do Estado a
realização de uma auditoria e a equipe auditora se propôs a realizar uma “Avaliação
de Desempenho Financeiro-operacional do Hospital Padre Germano Lauck”,
conforme enuncia na abertura do relatório de auditoria na sua 1ª página.
Ainda em seu escopo de trabalho (alcance), informa que:
“Diante das inúmeras informações de supostas irregularidades que passaram a
ocorrer desde que a Fundação assumiu a gestão do Hospital Municipal Padre
Germano Lauck enviadas ao Ministério Público do Estado do Paraná, o presente
trabalho tem por finalidade a auditoria das contas do segundo semestre de 2013 da
Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu”.
Uma vez que a auditoria foi pedida por uma entidade judicial, certamente os
resultados apresentados seriam interpretados como prova de verdade e seriam
utilizados em medidas judiciais, caso fosse encontrada qualquer ilegalidade.
A 9ª Regional de Saúde do Estado assumiu a responsabilidade de realizar
esta auditoria e a apresentar um relatório oficial ao final do trabalho.
Tal responsabilidade deveria ser seguida pela contratação de profissionais
capacitados que pudessem realizar tal trabalho dentro dos mais rigorosos critérios
técnicos de auditoria e da lei, visto todas as consequências legais envolvidas.
Porém, a analisar o Relatório de Auditoria baseado nas normas de auditoria
emanadas pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade, que é a entidade
responsável por determinar as normas técnicas que qualquer auditoria deve seguir,
foram observados vários erros cometidos pela equipe auditora.
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A começar pela participação do Coordenador da auditoria, o Sr. Ademir
Ferreira de Souza que fazia parte do Conselho Curador durante o período auditado
e participou da aprovação das diversas medidas questionadas pela auditoria.
Segundo o estatuto da Fundação, o conselheiro responde diretamente sobre
todas as decisões tomadas. Pudemos constatar que o relatório de auditoria sequer
menciona qualquer responsabilidade do Conselho Curador sobre nenhum fato
ocorrido.
Como coordenador, foi responsável pela finalização do Relatório de Auditoria
e jamais poderia ter participado da equipe, muito menos como responsável geral.
Isso fere diretamente o princípio de independência, que evita o conflito de interesses
e que pode invalidar o trabalho do auditor.
Diversos pontos levantados pela auditoria sobre compras e contratações
irregulares, mas não menciona em nenhum momento que o Conselho Curador
tomou conhecimento e as aprovou.
Outro agravante foi a participação do Sr. Daniel de Souza Barcelos, servidor
da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, na equipe de auditoria, o que também
representou grande conflito de interesses pois tinha sua independência
comprometida.
A Fundação foi criada para resolver um problema da Prefeitura que era a
gestão do Hospital Municipal. A prefeitura tinha todos os poderes nas decisões da
Fundação, pois o Conselho Curador é formado em sua maioria pelos servidores da
prefeitura e sua presidente era a secretária de saúde.
Fato que pôde ser analisado é que a maioria das situações irregulares que a
Fundação sofreu foi por conta de resoluções tomadas pela prefeitura, seja pela
forma irresponsável que entregou a Fundação e o Hospital à nova diretoria, seja
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pelos atrasos nos pagamentos do contrato de gestão, seja porque não repassou a
verba aprovada em lei para o período inicial da Fundação, seja por não ter aceito o
fechamento do hospital na data de transição, seja por não ter repassado as verbas
recebidas do Governo do Estado ou seja por ter obrigado o Hospital a assumir o
serviço de laboratório depois de fechar o laboratório municipal.
O Relatório de Auditoria não menciona em nenhum momento a
responsabilidade da prefeitura ao criar as situações de emergência que a diretoria
da Fundação teve que conviver durante todo o período auditado.
A participação de um servidor da prefeitura na auditoria é inaceitável e fere o
princípio técnico da auditoria da independência do auditor.
A participação de ambos os profissionais já questiona a auditoria realizada e
coloca em dúvida os princípios que nortearam os trabalhos, de maneira que tira todo
o seu valor de verdade.
Uma vez que a auditoria teve como objetivo realizar a avaliação do
desempenho financeiro-operacional e se propôs a auditar as contas do segundo
semestre de 2013, seria necessária a formação superior em ciências contábeis dos
auditores. Essa exigência é feita pelo Decreto Lei 9.296/46 em seu artigo 25, e
detalhada pela Resolução nº 560/8 do Conselho Federal de Contabilidade.
O profissional de ciências contábeis é doutrinado nas técnicas de registros
contábeis e é conhecedor da legislação societária e tributária, dos sistemas de
informações, dos documentos essenciais e é familiarizado com as operações
normais de uma entidade.
Isso por si só não o capacita para realizar uma auditoria, mas é um requisito
básico.
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Para poder estar habilitado a realizar auditoria, tem que ter comprovadamente
participado de cursos sobre técnicas de auditoria, o que completa seus
conhecimentos, permitindo assim realizar um levantamento e análise técnicos,
podendo emitir uma opinião inequívoca sobre os trabalhos em uma auditoria.
A falta de participação de profissionais com formação superior em ciências
contábeis com comprovado treinamento em técnicas de auditoria, desqualifica a
equipe de auditoria e a incapacita de realizar os trabalhos propostos, invalidando
assim tudo o que foi apresentado por eles.
Podemos notar que nos diversos pontos levantados pelos auditores, há a
apresentação de diversas evidências levantadas, mas os auditores não foram em
busca dos motivos que as geraram não avaliaram as circunstâncias em que
ocorreram os fatos.
O erro enorme de omitir detalhes de como a Fundação e o Hospital foram
entregues aos diretores, de que a prefeitura, usando de toda sua força no Conselho
Curador, não permitiu que o Hospital fosse fechado, obrigando-os a tomar diversas
medidas emergenciais para manter a vida dos pacientes internados, mostra a total
falta de conhecimento legal sobre a responsabilidade civil e criminal de um gestor de
hospital sobre a vida de pacientes internados e daqueles que buscam atendimento
no pronto socorro.
Muitos levantamentos foram feitos superficialmente onde o a auditor se
satisfez ao se deparar com alguma suposta irregularidade. A falta de conhecimento
nas diversas técnicas de auditoria tornou os seus trabalhos incompletos de maneira
que não tomaram conhecimento dos diversos fatores que justificavam todas as
ações analisadas.
Não informaram que havia uma situação de emergência desde o momento
que a prefeitura entregou o hospital sem nenhum médico ou funcionário contratado,
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sem nenhum valor em caixa e com o hospital lotado, ainda sendo obrigados a
mantê-lo aberto.
Tal situação de risco à vida dos pacientes internados e o risco de segurança
que os bens públicos estavam correndo, o que legalmente justificariam a dispensa
de licitação e justificaria a bagunça nas documentações nos processos de compras,
por falta de pessoas que pudessem realizar os trabalhos.
A omissão se mostrou proposital, visto que o Coordenador da auditoria era
Secretário da 9ª Regional de Saúde do Estado que participou ativamente de todo o
processo de transição e o Hospital era o maior e mais importante de sua região e
também membro do Conselho Curador, e ele poderia esclarecer perfeitamente todos
esses fatos.
Talvez a equipe de auditoria não tivesse acesso a alguns detalhes dos pontos
levantados junto aos funcionários, mas se seguissem os passos de uma auditoria
técnica, teriam discutido cada questão levantada com a direção a fim de obter e
documentar sua versão.
O processo de se discutir com a alta administração os pontos levantados, visa
documentar os argumentos apresentados, mas também busca levantar outras
evidências sobre o processo auditado. Caso tivessem cumprido esse procedimento,
teriam recebido explicações sobre todos os motivos e circunstâncias em que cada
fato ocorreu, teriam acesso a diversos documentos, tais com o contrato de gestão
com a prefeitura, os relatórios da situação do ativo imobilizado, os diversos ofícios
enviados aos Ministérios Públicos, Sindicatos, Comus, Prefeitura, Câmara do
Vereadores e Secretaria de Saúde do Estado apresentando toda a situação que a
Fundação passava. Assim, teriam acesso a todas as atas do Conselho Curador e
todas as determinações que a prefeitura impôs à Fundação.
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Ao recomendarem no relatório que a Fundação demitisse todos os médicos e
os contratassem como terceirizados, afrontaram diretamente a determinação do
Ministério Público do Trabalho que exigira a contratação em regime celetista. Para
agravar ainda mais, a lei não permite demitir um funcionário e recontratá-lo como
terceiro para realizar o mesmo trabalho. Isso demonstra a falta de conhecimento
legal e a falta de levantamento das exigências do Ministério Público do Trabalho.
Como já apresentado nas contestações de cada item do relatório, foi
mencionado os diversos trabalhos que deixaram de ser realizados, e que seriam
obrigatórios para tornar o levantamento de informações completo que validaria a
auditoria.
Ao analisar a formatação do relatório de auditoria, pode se notar que foi
elaborado de forma leiga e sem os critérios exigidos em uma auditoria técnica.
Apesar do objetivo ter sido a avaliação do desempenho financeiro-
operacional, não foram feitos os trabalhos de auditoria necessários para se emitir
uma opinião a respeito.
Para esse fim, seria necessário a verificação do balanço ou balancetes
mensais do período. Seria necessária a validação de todos os sistemas de
informações e deveriam se feitos diversos testes a fim de validá-los. Seria
necessário fazer o levantamento do funcionamento de todos os sistemas de
informações e de trâmites de bens e materiais dentro da instituição e aplicado testes
para validá-los.
Como pudemos constatar no relatório, não há menção desse tipo de trabalho.
Na realidade foi feito o apenas levantamento dos processos motivo de denúncia e a
busca de irregularidades, o que descaracteriza o trabalho proposto.
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Mesmo que tenha sido esse o objetivo, para as o relatório ter validade de
auditoria, seria necessário realizar outros procedimentos.
Como foi feita a análise para cada item direcionado, cada auditor documentou
o que achou importante, porém a boa técnica de auditoria, exige uma padronização
para não confundir o leitor.
Cada ponto levantado deveria trazer evidências concretas da irregularidade
encontrada, demonstrar que todos os trabalhos de auditoria foram realizados e ao
final, emitir uma opinião inequívoca sobre o assunto auditado.
Notamos que nenhum item analisado apresenta uma opinião final concluindo
se são verdadeiras, se estão documentadas e se foram devidamente registradas.
Na maior parte dos casos, são apresentadas algumas evidências de
irregularidades, mas não são analisadas com profundidade. Essa prática é
totalmente nociva a uma auditoria, pois a falta de informações leva o leitor do
relatório a conclusões erradas, pois foca-se apenas o ponto de vista dessas
irregularidades.
A falta de desconhecimento das técnicas de auditoria não podem ser
desculpa para a apresentação de um trabalho falho que leve a outros a conclusões
erradas.
A apresentação desta perícia se iniciou com cerca de trinta páginas
dedicadas a mostrar a situação em que a prefeitura entregou a Fundação e o
Hospital à nova administração. Mostra cronologicamente os motivos da criação da
Fundação, a forma como foi entregue, as decisões da prefeitura agravaram toda a
situação durante todo o segundo semestre de 2013.
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Tal apresentação foi extensa, mas necessária, a fim de poder entender a que
a diretoria e funcionários da Fundação foram expostos por trabalhar com uma
prefeitura totalmente desorganizada.
Tais fatos dão luz a todos os itens levantados pela auditoria e complementam
as informações sobre cada evento, mostrando que a auditoria deveria ter feito para
realizar um trabalho correto e objetivo.
A responsabilidade do auditor é criminal, pois o resultado de seu trabalho tem
força judicial.
De acordo com a análise criteriosa realizada de cada item levantado pela
auditoria, com base nas informações e documentos verificados que
consubstanciaram as afirmações aqui contidas, concluímos que a auditoria realizada
pela 9ª Regional de Saúde de Foz do Iguaçu não tem valor legal, pois é incompleta,
omissa e não foi elaborada de acordo com as normas técnicas e legais de auditoria.
Santo Antonio do Sudoeste – PR 11 de Junho de 2018.
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