426
Patrícia Carla Rodrigues Mota da Costa MINERALOGIA, GEOLOGIA, METALURGIA E ARTE DE MINAS NO ENSINO INDUSTRIAL NA CIDADE DO PORTO (1864-1974) Dissertação de Doutoramento na área Científica de Geologia, especialidade História e Metodologia das Ciências Geológicas, orientada pelo Professor Auxiliar Doutor Pedro M. Callapez (FCTUC) e pelo Professor Coordenador com Agregação Doutor Helder I. Chaminé (ISEP|IPP) e apresentada ao Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Julho de 2013

mineralogia, geologia, metalurgia e arte de minas no ensino

Embed Size (px)

Citation preview

  • Patrcia Carla Rodrigues Mota da Costa

    MINERALOGIA, GEOLOGIA, METALURGIA E ARTE DE MINAS NO ENSINO

    INDUSTRIAL NA CIDADE DO PORTO (1864-1974)

    Dissertao de Doutoramento na rea Cientfica de Geologia, especialidade Histria e Metodologia das Cincias Geolgicas, orientada pelo Professor Auxiliar Doutor Pedro M. Callapez (FCTUC) e pelo Professor Coordenador com Agregao Doutor Helder I. Chamin (ISEP|IPP) e apresentada ao Departamento de Cincias da Terra da Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

    Julho de 2013

  • SeeufosseAntiqurio,steriaolhosparaascoisasvelhas.

    MassouHistoriador.porissoqueamoavida.

    HenriPirenne

  • I

    Resumo

    AdissertaoaquiapresentadadebruasesobreatemticadoensinodaMineralogia,daGeologia,

    daMetalurgiaedaArtedeMinasnoInstitutoIndustrialdoPorto,desde1864at1974,nassuasvrias

    vertentes:cursos,professores,disciplinas(ensinotericoeprtico)ecoleesmuseolgicas.

    Comestainvestigaoprocuramosanalisarodesenvolvimentodoestudodestasreasdosaberna

    Escola do Porto e o seu eventual contributo para o progresso cientfico e tecnolgico em domnios

    aplicadosindstria,incluindoaextrativaeadetransformaodematriasprimasdeorigemgeolgica.

    Oensino industrialemPortugal foisofrendodiversasalteraesestruturaiseprogramticas,que

    acompanharam sucessivas polticas decretadas pela tutela, mas tambm os avanos cientficos e

    tecnolgicosqueseforamregistandonestarea,durantemaisde160anos.

    Apsumtmidodealbardodesenvolvimentoindustrialedoensinoprticoeaplicado,fomentados

    pelavisoreformistadoMarqusdePombal,figurachavedatutelaentre1750e1777,osgovernantesda

    primeirametadedo sculoXIXno souberamdirigirde formaeficazo seuesforo, chegandooPasa

    meadosdeoitocentossemumaindstriamodernizadaealaboraremplenoesemoperriosqualificados

    paratal.Sucessivosperodosdeconflitoedeforteinstabilidadepolticatambmaissoajudaram.

    ComacriaodoMinistriodasObrasPblicas,ComrcioeIndstriaem30deAgostode1852,no

    mbitodaRegenerao,iniciousenovoperododedesenvolvimentosignificativodaeconomianacional,

    tendocomograndeintervenienteFontesPereiradeMelo.

    Anteriormente,comasreformasqueseseguiramaoadventodefinitivodoLiberalismo, jhaviam

    sidocriadasalgumasescolasvocacionadasparafornecerumaformaoprofissionalizante.Foi,porm,em

    finaisde1852queocorreuo verdadeiroarranquedoensino industrialemPortugal.Conhecedoresda

    realidade industrialnacionale,emespecial,da cidadedoPorto,osdirigentesdaAssociao Industrial

    Portuense anteciparamse ao governo e criaram a sua prpria escola industrial, denominada Escola

    IndustrialPortuense,emnovembrode1852.Contudo,a intervenoestatalnotardou,oficializandoo

    ensino industrial com oDecreto de 30 de dezembro de 1852, atravs do qual se criaram o Instituto

    IndustrialdeLisboaeaEscolaIndustrialdoPorto.

    Aprimeira reformaglobalizantedoensino industrial,em1864,marcouumaviragem importante

    nestenvelde instruo.AescoladoPortopassouadenominarsedeInstitutoIndustrial,talcomoade

    Lisboa, foram sendo introduzidas novas reas do saber nos currculos (disciplinas deMineralogia, de

    Geologia,deMetalurgiaedeArtedeMinas),novos cursos (CondutoresdeMinas,professadoem trs

    anos, 1 classe, e quatro anos, 2 classe) e estabelecimentos auxiliares de ensino (laboratrios e

    gabinetes).

  • II

    Aformaodosalunospassouasercompostaporumavertentetericacomplementadaporuma

    outracomcarterprticoeexperimental.Noperodoestudado,foramvriososdocentesresponsveis

    porestasdisciplinas.DistinguimosAntnio Lus FerreiraGiro,ManuelRodriguesMiranda Jnior, Jos

    DiogoArroyo,RobertoBellarminodoRosrioFrias,CelestinoMaiaeArturMendesdaCosta,comoalguns

    dosmaisimportantesdinamizadoresdestasreasnaEscola,duranteestelongointervalo.

    As cadeiras sofreram vrias reformas e alteraes consoante o desenvolvimento tomado pelo

    ensino industrial e as prprias necessidades da indstria sua contempornea. Obviamente que estes

    fatores influenciaram os contedos programticos das mesmas, alterando, igualmente, a sua

    denominaoaolongodostempos.InicialmenteacadeiradareaapenascontemplavaaArtedeMinas,a

    DocimasiaeaMetalurgia.Comareformade1886introduziramsecontedosdeMineralogiaeGeologia

    nosplanosdecurso,mantendoumtrajetoseparadoat1974.Osmanuaisrecomendadostambmforam

    fontederefernciaparaentendermosasteoriasadotadasea influnciaexercidapelaescolafrancesae

    suastradues.

    Aprticaestavaassociadaaosgabineteselaboratriosondeeramrealizadasexperinciaseoutros

    trabalhos, no esquecendo as visitas de estudo efetuadas com o objetivo dos alunos tomarem

    conhecimento da realidade industrial da poca. O primeiro estabelecimento auxiliar de ensino a ser

    criado para estas reas foi o Gabinete deMineralogia, seguindose o Gabinete de Arte deMinas, o

    LaboratrioMetalrgicoeoGabinetedeHistriaNatural.Paraumaaprendizagemmaiseficaz,oensino

    prtico eraministrado com base em espcimes,modelos, instrumentos, quadros parietais emapas,

    adquiridosmaioritariamentenoestrangeiro,emcasascomerciaisespecializadasderenomeinternacional

    comoLesFilsd'mileDeyrolle (Paris),F.Krantz (Bona),TheodorGerdorf (Freiberg)ou J.Digeon (Paris),

    permitindotraarahistriadaaprendizagemedadidticadasCinciasGeolgicasedasEngenhariasde

    MinaseMetalrgicaassociadashistriadoensinoindustrialemPortugal.

    Emsuma,apresenadestetipodecoleesdenotaumconhecimentocientficoavanadoeuma

    partilhade ideiase tcnicas,oquepermitiu aumpas comoPortugaldesenvolveroensino industrial

    tendocomorefernciaasnaestecnicamentemaisdesenvolvidascomoInglaterra,FranaouAlemanha.

    AcriaodoensinoindustrialemPortugalconstituiu,assim,umimportantepassonodesenvolvimentodo

    pas,numapocaemquea indstriaeasviasdecomunicaoestavamemplenodesenvolvimentoe,

    graasaumamaiorfacilidadededeslocao,apartilhadeconhecimentossetornavainevitvel.

    Desdemodo,ejcommaisde160anosdehistria,oInstitutoSuperiordeEngenhariadoPortoe

    osseusdiversosacervos(museolgico,documentalebibliogrfico)soumarefernciaincontornvelpara

    acompreensodaevoluodoensinonacidadedoPortoeemPortugal.

  • III

    Abstract

    Thedissertationpresented concerns the teaching areasofMineralogy,Geology,Metallurgy and

    MiningatInstitutoIndustrialdoPortosince1864to1974withinallitsaspects:courses,teachers,subjects

    (theoreticalandpracticalclasses)andmuseologicalcollections.

    This investigation intends toanalyze thedevelopmentof theseareasofstudyatEscoladoPorto

    and its eventual contribute to the scientific and technological progress in fields applied to industry,

    includingtheextractiveandthetransformationofrawmaterialofgeologicalorigin.

    TheindustrialteachinginPortugalhasbeengoingthroughseveralstructuralandprogramschanges

    which accompanied consecutive policies decreed by central administration but also the scientific and

    technologicalprogressesthathavebeenregisteredinthisareaovermorethan160years.

    Aftera shyariseof industrialdevelopmentandpracticalandapplied teaching,promotedby the

    reformistvisionofMarqusdePombal,akey figureofcentraladministrationbetween1750and1777,

    the leaders of the first half of the XIX centurywere not capable of continuing his effort effectively.

    Therefore,thecountrybymideighthundredsdidnothaveamodernindustryworkingatfullspeedand

    qualifiedworkers.Theconsecutiveperiodsofconflictandpoliticalinstabilityalsocontributedforthisfact.

    With thecreationof theMinistriodasObrasPblicas,Comrcioe Indstriaon30August1852,

    withintheRegeneration,anewperiodofsignificantdevelopmentofnationaleconomybeganhavingasa

    majorparticipanttheministerFontesPereiradeMelo.

    Previously,withthereformsthatfollowedthedefinitiveadventofLiberalism,therehadalsobeen

    createdsomeschoolsdirectedforprofessionaltrainingbut itwasonlyattheendof1852thatoccurred

    therealstartofindustrialteachinginPortugal.TheleadersofAssociaoIndustrialPortuensehadagreat

    knowledgeofthenationalindustrialreality,andmainlyofPortocity,sotheyanticipatedthegovernment

    and created their own industrial school called Escola Industrial Portuense in November 1852.

    Nevertheless,thestateinterventiondidnottakelongandtheindustrialteachingbecameofficialwiththe

    DecreeLawof30December1852, throughwhich itwerecreated the Instituto IndustrialdeLisboaand

    EscolaIndustrialdoPorto.

    The first global reformof the industrial teaching, in1864, settled an important turnover at this

    instruction level.PortoSchoolwasnamed Instituto Industrial,aswellastheLisbonSchool,havingbeen

    introducednewareasofstudyinthecurricula(subjectsofMineralogy,Geology,MetallurgyandMining),

    newcourses(MiningConductors,processedinthreeyears,1stclass,andfouryears,2ndclass)andauxiliary

    facilitiesforteaching(laboratoriesandcabinets).

    Thestudentstrainingstartedtobecomposedbyatheoretical fieldcomplementedbyanotherof

    practical and experimental framework.Within the period being studied there were several teachers

  • IV

    responsible for these subjects.WedistinguishAntnio Lus FerreiraGiro,ManuelRodriguesMiranda

    Jnior, JosDiogo Arroyo, Roberto Bellarmino do Rosrio Frias, CelestinoMaia and ArturMendes da

    CostaassomeofthemostimportantleadershipoftheseareasatSchoolduringtheperiodunderanalysis.

    Thesubjectssufferedseveralreformsandchangesaccordingtothedevelopmentofthe industrial

    teaching and the contemporary needs of industry. Obviously, these factors influenced the syllabus

    contents of these subjects, changing also their names through the ages. At the beginning the area

    subjects only contemplated Mines, Docimasy and Metallurgy. With the 1886 reform there were

    introducedcontentsofMineralogyandGeology in thecourseplans,maintainingaseparatedpathuntil

    1974.Therecommendedmanualswerealsoareferencesourcetounderstandtheadoptedtheoriesand

    theinfluenceoftheFrenchschoolanditstranslations.

    Practicewasassociated to the cabinetsand laboratorieswereexperimentswereperformedand

    otherworks,not forgetting the field visitswith the aimofmaking the studentsbecame awareof the

    epoch industrial reality.The firstauxiliary teaching facility created for theseareaswas theMineralogy

    Cabinet, followingtheMinesArtCabinet,theMetallurgicalLaboratoryandtheNaturalHistoryCabinet.

    For amore efficient learning the practicewas performed based on specimens,models, instruments,

    parietaltablesandmaps,acquiredmainlyabroad,inspecializedshopsworldwiderecognizedsuchasLes

    FilsdmileDeyrolle(Paris),F.Krantz(Bona),TheodorGerdorf(Freiberg)orJ.Digeon(Paris),allowingto

    drawthehistoryoflearningofGeologicalSciences,MiningEngineeringandMetallurgicalEngineeringand

    associatedtothehistoryofindustrialteachinginPortugal.

    Inshort,thepresenceofthiskindofcollectionsshowsanadvancescientificknowledgeandashare

    ofideasandtechnicswhichallowedacountrylikePortugaltodeveloptheindustrialteachinghavingasa

    referencethenationsmoretechnologicaldevelopedsuchasEngland,FranceorGermany.Thecreationof

    the industrial teaching inPortugalestablished thereforean important stepon thedevelopmentof the

    country,ata time inwhich the industryand thecommunicationmeanswere fullygrowingand,witha

    highertravelingfacility,theshareofknowledgewasbecominginevitable.

    Therefore,andwithovermorethan160yearsofhistory,the InstitutoSuperiordeEngenhariado

    Portoanditsseveralcollections(museological,documentalandbibliographic)areaninevitablereference

    forthecomprehensionofthedevelopmentofteachinginPortocityandinPortugal.

  • V

    Agradecimentos

    No desenvolvimento da presente dissertao de doutoramento tivemos oportunidade de

    contactar,commaiorprofundidade,ascoleeshistricasdeMineralogia,GeologiaePaleontologiae

    aprendermos,commaisacuidade,aevoluodasprticasmetodolgicasligadasaoensinoexperimental

    do antigo Instituto Industrial do Porto. Estas colees so esplios enraizados no referido Instituto

    IndustrialenaAcademiaPolitcnicadoPorto.Todavia,asatuais funesde responsveldoMuseudo

    ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto) propiciaram uma rara oportunidade para evoluirmos

    academicamente, aprofundando aorganizao seletado esplio e criando laos institucionais efetivos

    comacomunidadeacadmicanacionaleinternacional.

    Adocumentao,osequipamentoseosespcimesde"petrificados"naturaisque,paulatinamente,

    foram sendo descobertos na sequncia da nossa investigao, permitiram traar, commais rigor, a

    histriadoensinodaMineralogia,GeologiaeArtedeMinasnaEscoladoPortoeasuaimportncianos

    curriculadosestudantescandidatosacondutoresdeminase,atualmente,engenheirosgeotcnicos.

    No seu conjunto, proporcionaramnos uma oportunidade nica de realizar investigao sobre o

    papel dos museus industriais, merecendo particular ateno ao que esteve associado ao Instituto

    IndustrialdoPorto.

    Com o desafio que nos foi lanado, no dealbar do ano de 2009, pelo responsvel do espao

    museolgicodeMineralogiaeGeologiadoDepartamentodeEngenhariaGeotcnica,ProfessorHelder

    I.Chamin(ISEP),paraarealizaodestainvestigao,sentimosperanteumaexcelentepossibilidadede

    aprendermosumpoucomais,explorandoeste temacombaseemcoleesedocumentosque,atao

    momento, no tinham sido estudados. Para o efeito, por intermdio do ProfessorHelder I. Chamin

    contactmos o Professor Lus Carlos Gama Pereira que simptica e pacientemente nos recebeu no

    DepartamentodeCinciasdaTerradaFaculdadedeCinciaseTecnologiadaUniversidadedeCoimbra.

    Dadaa contingnciadomomento, foinosporele sugeridoonomedoProfessorPedroCallapez como

    possvel orientador capaz de acompanhar, com a segurana e profundidade acadmica necessrias, o

    temadeteseemquesto.

    O presente trabalho envolveu um grande conjunto de apoios humanos emateriais que foram

    fundamentais para a sua execuo. Embora se trate de um estudo de investigao individual, aqui

    expressamos o nosso reconhecimento e agradecimento a todos aqueles que, ao longo destes quatro

    anos,nosajudaramaconcretizaresteexigente trabalho.Gostaramosdemanifestara sinceragratido

    aosorientadorescientficosdoestudo,oProfessorPedroCallapez (DCT|FCTUC)eoProfessorHelder I.

    Chamin(DEG|ISEPIPP),que,desdedoprimeirominuto,vislumbraramnoprojetopornsapresentado,

    uma boa fonte de interessante e original investigao. Durante a elaborao do nosso trabalho,

  • VI

    funcionaram comoumadupla intensa, imparvele complementaremostraramse sempredisponveis

    paranosreceberouestaremnomeiodopdoespaomuseolgicodeMineralogiaeGeologiaouda

    papelada doMuseu do ISEP, seguindo sempre, com a maior ateno, o decurso da investigao,

    colocandonosquestesousugestesefornecendonospistasparaumamelhorexecuodosobjetivosa

    alcanar.Almdisso,semprenosestimularamacontataroutrosinvestigadoresdomeio(emparticular,o

    DoutorJosManuelBrando(CEHFCi|UE),aProfessoraMariadeFtimaNunes(CEHFCi|UE),oProfessor

    M. J. Lemos de Sousa (CIAGEB|UFP), o Professor L. C. Gama Pereira (DCT|FCTUC), que muito nos

    enriqueceremcomajudaspontuaisousistemticasaonveldadiscussoedapartilhabibliogrfica...)ea

    apresentao dos resultados preliminares das investigaes em congressos internacionais. Muito

    ObrigadoPedroeHelder,portudo...

    Emsegundolugargostaramosdeagradecerminhafamlia,emparticularminhaMeeaomeu

    Paipelocarinhocomqueconstantementenosapoiaram.AomeumaridoeaosmeusfilhosHugoeIns,

    quetantasvezesprescindiramdaminhapresenaparaqueaMepudesseestudar...

    GratospresidnciadoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto(ProfessorJooRocha,Eng.Jos

    Oliveira e Eng Joana Sampaio) e s sucessivas direes do Departamento de EngenhariaGeotcnica

    (Professor Jos Augusto Fernandes e Professor A. Carlos Galiza), por nos terem possibilitado, sem

    quaisquerrestries,arealizaodestetrabalhoe,bemassim,facilitandooacessodocumentaodo

    seu valioso Arquivo Histrico e permisso, sempre que solicitada, para deslocaes a seminrios, a

    colquios e a conferncias, tendo assim a oportunidade de divulgar e publicar os resultados das

    investigaes.No gostaramos de esquecer de nomear os docentes doDepartamento de Engenharia

    Geotcnica/LaboratriodeCartografiaeGeologiaAplicadado ISEP (emparticular,aProfessoraMaria

    EugniaLopes,aProfessoraMariaJosAfonsoeoProfessorJooPauloMeixedo),quesempreestiveram

    disponveispararesponderemsquestesmaistcnicasecientficas.

    Agradecemos igualmente ao Diretor do Departamento de Cincias da Terra da Faculdade de

    CinciaseTecnologiadaUniversidadedeCoimbra,oProfessorAlcidesPereira,asfacilidadesconcedidase

    a colaborao desinteressada, na sua pessoa ou na de outros docentes e funcionrios da casa, que

    sempremotivaramasprossecuodestadissertao.

    Finalmente,querodeixarumagradecimento,departicularestima,minhacolegadeofcio,Raquel

    Almeida(ISEP)pelasua inteiradisponibilidadeparadiscutiralgunspontoscomigoetambmatodosos

    meus amigos, pela pacincia e compreenso demonstradas, que desde o incio acreditaram emmim,

    dandomeforaparaterminarestetrabalhocomxito.

    Atodos,osmeusmaisveementesagradecimentos!

  • VII

    ndiceGeral

    Pg.

    Resumo.. I

    Abstract.. III

    Agradecimentos.... V

    ndicedeCaptulos..... VII

    ndicedeFiguras... XI

    ndicedeQuadros. XXVII

    ndicedeEstampas.. XXXI

    ndicedeCaptulos

    CaptuloI

    1. Introduo

    1.1 AscoleesdeGeocincias...

    1.2 ObjetodeEstudo..

    1.3 Estruturadadissertao........

    1.4 ProcedimentosMetodolgicos

    1.4.1 Conceitos

    1.4.2 Limitaesedificuldades

    1

    6

    8

    14

    16

    ParteIContextualizao

    CaptuloII

    2.1AsAcademiasdeensinosuperioreosInstitutosIndustriais:semelhanasediferenas.

    2.1.1OPortoeosseusestabelecimentosdeensino

    2.1.2Lisboaeosseusestabelecimentosdeensino..

    19

    20

    30

  • VIII

    2.1.3OsurgimentodosinstitutosindustriaisemmeadosdosculoXIX... 37

    CaptuloIII

    3.1 CriaoeevoluodoensinoindustrialemPortugal

    3.1.1Asprimeirasreformaseducativasesuacontextualizao..

    3.1.2Osprimrdiosdoensinoindustrial(18341851).

    3.1.3Dacriaoafirmao(18521910):opapeldasescolasdoPorto..

    3.1.4APrimeiraRepblica(19101926).

    3.1.5OEstadoNovo(19261974)..

    3.1.6ATerceiraRepblica...

    49

    73

    82

    114

    120

    129

    ParteIIOcasodaEscoladoPorto

    CaptuloIV

    OscursosdeminaserespetivasdisciplinasprofessadosnaescoladoPortoentre1864e1974. 135

    CaptuloV

    Acomponentetericadoensinoindustrial

    5.1Atividadeletiva..

    5.2Docentesedisciplinas..

    5.3Programas.

    5.4Manuaisdeensino..

    5.5Exerccioseexames.

    177

    182

    194

    232

    251

    CaptuloVI

    Acomponenteprticadoensinoindustrial

    6.1OadventodoensinoprticoemPortugal..

    253

  • IX

    6.2Osgabineteselaboratriosprticoseasuaevoluoduranteavignciadaescola..

    6.2.1GabinetesdeMineralogia,deGeologia,deArtedeMinasedeMetalurgia..

    6.2.2GabinetedeHistriaNatural.

    6.2.3Afiguradopreparador..

    6.3Acomponenteprtica:experincias,trabalhosprticosevisitasdeestudo

    6.3.1Experinciasetrabalhosprticos..

    6.3.2Asvisitasdeestudo..

    256

    258

    273

    275

    278

    281

    CaptuloVII

    AsgeocoleesdoInstitutoIndustrialaoInstitutoSuperior

    7.1Antecedentes..

    7.2AsgeocoleesdoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto:oestadodaarte.....

    7.3Osvriosinventriosdascolees..

    7.4Aquisio,incorporaoepercursodasprincipaiscolees....

    7.4.1AcoleoTheodorGersdorf,Freiberg

    7.4.2AcoleoJulesDigeon,Paris.

    7.4.3AcoleoLesFilsdmileDeyrolle,Paris.

    7.4.4AcoleodeDr.F.Krantz,Bona.

    7.4.5Outrosfornecedores..

    287

    294

    299

    310

    316

    323

    326

    334

    339

    CaptuloVIII

    Concluseseperspetivasfuturas.... 346

    Fonteseobrasdeconsulta.. 352

    Estampas

  • XI

    ndicedeFiguras

    Figura1.ExemplodeumacartamanuscritadopresidentedaComissoGeolgica,GeneralEng..

    JoaquimFilippeNerydaEncarnaoDelgado(18351908)deofertademateriaisdidticoscoleo

    demapasdageologiadaEuropaparaoInstitutoIndustrialdoPorto(ArquivodoEspao

    museolgicodeMineralogiaeGeologiadoISEP/MuseudoISEP)...........................................

    5

    Figura2.Fluxogramailustrativodaproblemticaemtornodascoleesdoespaomuseolgicode

    MineralogiaeGeologiadoISEP....................................................

    15

    Figura3.AAcademiadeMarinha,ladonorte,ondetambmesteveinstaladaaAuladeNutica.

    Desenhofeitoem1883porJ.C.VitorinoVilaNova...

    22

    Figura4.ConstruodoedifciodaAcademia,ladopoente,segundoodesenhofeitoem1833porJ.

    C.VitorinoVilaNova,ondeaindasevaIgrejadaGraanointeriordoedifico,queestavanuma

    fasemuitoinicialdasuaconstruo.....

    26

    Figura5.SaladasSessesdoConselhoAcadmicodaAcademiaPolitcnicadoPorto,nadcadade

    80dosculoXIX(fotografiaemalbuminapertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.

    6155FOT)

    28

    Figura6.EdifciodaGraaondeseencontravainstaladaAcademiaPolitcnicadoPortoeoInstituto

    IndustrialdoPorto.FachadaNorte(gravuraretiradadoAnnuariodaAcademiaPolytecnicadoPorto,

    annolectivode18821883sextoanno)

    30

    Figura7.SolardosSoaresdeNoronha,ondefuncionaramosprimeiroscursosdaAuladoComrcio

    deLisboa(fotografiapertencenteaoArquivoMunicipaldeLisboa,autoriadeJosArturBrcia

    (1871?1945),dimenses13x18cm,cotaantigaBAR000921).

    31

    Figura8.EdifcioondefuncionouaAcademiaRealdaMarinha,antigonoviciadodaCotovia,onde

    tambmfuncionouoRealColgiodosNobres(CUNHA,1937)..

    33

    Figura9.SaladoRisco,com80por20metros.Aquidesenhavamsetodososcomponentesda

    embarcao,atravsdeumsistemaderguas,medidas,fioseestacas.Foidestrudanogrande

    incndiode18deabrilde1916.

    34

  • XII

    Figura10.EdifcioondefuncionouaEscolaPolitcnicadeLisboaentre1837e1911eonde

    permaneceuaFaculdadedeCinciasapsacriao,em1911,daUniversidadedeLisboa.Neleest

    instalado,nopresente,oMuseudeHistriaNaturaledaCinciadaUniversidadedeLisboa.

    36

    Figura11.RetratodeJooCarlosdeSaldanhaOliveiraeDaun,primeiroDuquedeSaldanha(1790

    1876).

    39

    Figura12.ExcertodacartaenviadapelodiretorinterinodaEscolaIndustrialdoPorto,JosParada

    Leito,paraRepartioCentraldoMinistriodasObrasPblicas,emmaiode1854,ondeest

    indicadoexplicitamentequeaAssociaoIndustrialPortuensesuprimiudasuaescolatodasasaulas

    comequivalnciasdaescoladoestado,transitandoosseusalunosparaonovoestabelecimento

    deensino,demodoanoprovocaratrasosnosseusestudos(documentopertencenteaoArquivo

    HistricodoISEP)....

    40

    Figura13.GravuradoPadreTeodorodeAlmeida(17221804),membrodistintodaCongregaodo

    Oratrio

    52

    Figura14.Decretode4dejaneirode1837queextingueoRealColgiodosNobres,referindoa

    transfernciadosseusalunosparaoColgioMilitar....

    54

    Figura15.ExcertodosEstatutosdaUniversidadedeCoimbra,onderefereaimportanteexistncia

    deummuseu,vol.III,TituloIV,DosEstabelecimentospertencentesFaculdadedeFilosofia,

    CapituloI,DoGabinetedeHistriaNatural..

    54

    Figura16.ExcertodaCartadeLeide6denovembrode1772queregulamentaoensinodos

    estabelecimentosoficiaisdasprimeirasletrasedaaritmticaemtodasascomarcasdoReinode

    Portugal..

    56

    Figura17.FolhaderostodapublicaodosEstatutosdaUniversidadedeCoimbra,1772 57

    Figura18.SessoinauguraldaAcademiaRealdasCincias,Lisboa. 60

    Figura19.IlustraoevocativadodesastredaPontedasBarcas,ocorridoduranteasegundainvaso

    francesa,projetadaporCarlosAmaranteeinauguradaa15deagostode1806.Eraconstitudapor

    vintebarcasligadasporcabosdeaoequepodiaabriremduaspartesparadarpassagemao

    trfegofluvial..

    62

    Figura20.GravuradoretratodeManuelFernandesToms(17711822),consideradoafiguramais

    importantedoprimeiroperodoliberal(gravuraretiradadaobradeJosLusCardoso,1983,p.5).

    64

  • XIII

    Figura21.FotografiadoPalcioRealnoPorto,conhecidoigualmenteporPalciodasCarrancas.

    construdoapartirde1795,paraservirdehabitaoefbricadosMoraeseCastro,proprietriosda

    FbricadeTiradordeOuroePratanaRuadosCarrancas.DuranteoperododocercodoPorto,

    servedequartelgeneralaD.PedroIV,queseinstalaapenastemporariamente,comreceioquea

    artilhariamiguelistaatacasseoedifcio.Em1861,adquiridoporD.PedroV,tornandoseassim

    conhecidocomoPalcioRealdaTorredaMarca(ouPalcioReal).Vriosmonarcasportugueses

    passaramnestepalcio,emvisitasmaisoumenosdemoradas.Em1942,inauguraseoatualMuseu

    NacionalSoaresdosReis,paraalbergaraobradoartista,permanecendocomotalatatualidade.

    (fotografiapertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.6124)

    69

    Figura22.ExcertodoDecretodecriaodosliceusnacionaisem17denovembrode1836,por

    ManueldaSilvaPassos.

    74

    Figura23.ExcertodoDecretode20desetembrode1844,daresponsabilidadedeCostaCabral,que

    reformaaInstruoPblicaemPortugal

    77

    Figura24.VistapanormicasobreorioDouro,nosentidodafoz,dacidadedoPortoedeGaia,

    datadademeadosdosculoXIX.AofundoaPontePnsil,construdaentre1841e1842edemolida

    em1887porjnooferecersegurana.Autor:ManuelJosdeSouzaFerreira(fotografia

    pertencenteaoacervodoMuseudoISEP.ninv.6004FOT)

    79

    Figura25.ExtratodosestatutosdaAssociaoIndustrialPortuense,aprovadosem26deagostode

    1852,JornaldaAssociaoIndustrial,n3,Quartafeira15desetembro,anode1852,p.36,onde

    estexplanadaafinalidadedaAssociao

    84

    Figura26.ExtratodoDecretode30dedezembrode1852,quecriaoInstitutoIndustrialdeLisboae

    aEscolaIndustrialdoPorto.ColeoOficialdaLegislaoPortuguesa,Lisboa,1852,p.867

    86

    Figura.27.QuadroapresentadonorelatriosobreaEscolaIndustrialdoPorto,desdeasuacriao

    ataberturadoanoletivode18551856,comalistanumricaporordemalfabticadas

    profissesdosalunosquefrequentaramaescolanoanoletivode185455,nomeadamente

    alfaiates,carpinteiros,estampadores,barbeiros,canteiros,escultoreseesticadores,entre

    outros

    89

    Figura28.RetratoaleodoprimeirodiretorinterinodaEscolaIndustrialdoPorto,Prof.Jos

    ParadadaSilvaLeito(18091880);ooriginalencontrasenoSaloNobredaReitoriadaFundao

    UniversidadedoPorto..

    90

  • XIV

    Figura29.SecoIIdoDecretode1dedezembrode1853,respeitanteaoregulamentoprovisrio

    paraoInstitutoIndustrialdeLisboaeparaaEscolaIndustrialdoPorto..

    91

    Figura30.PanormicadefinaisdosculoXIX,princpiosdoXX,doedifcioondeestavaminstaladasa

    AcademiaPolitcnicadoPortoeoInstitutoIndustrialdoPorto,denominadonapocadeEdifcioda

    GraaouPaodosEstudos.Atualmente,funcionaneste localaReitoriadaUniversidadedoPorto,

    naPraadeGomesTeixeira..

    92

    Figura31.SessosolenedaproclamaodaRestauraodaMonarquianavarandadosPaosdo

    ConcelhodeVianadoCasteloa20dejaneirode1919.

    119

    Figura32.CaminhodeferroecomboiodaredeferroviriamineiradoLena,emLeiria.Visitade

    estudosdosalunosdoInstitutodoPorto,18a20junho1931(fotografiapertencenteaoacervodo

    MuseudoISEP,ninv.6266FOT)..

    122

    Figura33.Interiordaoficinadecarpintaria,mostrandoalunosatrabalhare,emprimeiroplano,

    umaserraeltrica.AoficinadecarpintarialocalizavasenasinstalaesdoInstitutonaRuadeSo

    Tom,1971(fotografiapertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.6082FOT).

    126

    Figura34.ExemplodoesboogeolgicodaregiodosarredoresdoPortopublicadonasMemrias

    daAcademiaRealdasCincias,porC.Ribeiro(1860)comoestudointituladoMemriasobreo

    grandefilometalliferoquepassaaonascentedAlbergariaavelhaeOliveiradAzemis.

    139

    Figura35.FotografiadaportadadaCartaGeolgicadePortugallevantadasobadireodeCarlos

    RibeiroeNeryDelgado,apresentadanaExposioUniversaldePariseimpressaem1876

    (ExemplarpertencenteaoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto)...

    142

    Figura36.ProgramadoCursodehabilitaoparaCondutoresdeMinas,aprovadosporPortariado

    MinistriodasObrasPblicas,ComrcioeIndstriade15demaiode1867(documento

    pertencenteaoArquivoHistricodoISEP)...

    144

    Figuras37e38.Registodamatrculadosdoisprimeirosalunosordinriosda7cadeiraArtede

    Minas,DocimsiaeMetalurgia,noanoletivode18681869(documentopertencenteaoArquivo

    HistricodoISEP).

    146

    Figura39.PrimeirapginacomnumeraodocatlogodoGabinetedeMineralogiadoInstituto

    IndustrialdoPorto,datadode1869,ondesepodelerColleodemineralogiaclassificadasegundo

    Dufrenoy(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)..

    147

  • XV

    Figura40.ExcertodoDecretode30dedezembrode1869,queintroduzalgumasalteraesao

    ensinoindustrial,nomeadamenteocursocomercialnaescoladeLisboaeaexclusividadenaescola

    doPortodocursodeCondutoresdeMinaseMestresMineiros

    147

    Figura41.OfcioemitidopelaDireoGeraldoComrcioeIndstriaem9dejaneirode1879,

    autorizandoaaberturadoconcursoparaoprovimentodolenteparaastimacadeira

    (correspondnciaexpedidaentre18761880,documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).

    148

    Figura42.ExcertodotermodepossedeManoelRodriguesMirandaJnior,Livrodostermosde

    possedoslentesemaisempregadosdaEscolaIndustrialdoPorto,Porto,19desetembrode1853,

    JosdeParadaeSilvaLeito,DiretorInterino8dejaneirode1881(Documentopertencenteao

    ArquivoHistricodoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto).

    149

    Figura43.MapadosalunosmatriculadosnoscursosdoInstitutoIndustrialdoPorto,anexon3do

    relatriodeatividadesdoanoletivo18801881(documentopertencenteaoacervodoArquivo

    HistricodoISEP)....

    150

    Figura44.MapadosalunosqueobtiveramaCartadeCapacidadedoCursodeCondutordeMinas

    de1classe,anexon9dorelatriodeatividadesdoanoletivo18811882(documento

    pertencenteaoacervodoArquivoHistricodoISEP)

    151

    Figura45.GrupodeprofessoreseestudantesjuntoaoedifciodaCompanhiaIndustrialPortuguesa.

    Visitadeestudorealizadade18a20junhode1931(fotografiapertencenteaoacervodoMuseudo

    ISEP,ninv.6264FOT)..

    158

    Figura46.NotciaretiradadoJornalATribunade17deabrilde1925,ondedescritaaposio

    doConselhoEscolardoInstitutoIndustrialeComercialdoPortoapresentadaCmarados

    Deputadossobreaquestodottulodeengenheiro(documentopertencenteaoArquivoHistrico

    doISEP)...

    164

    Figura47.FotografiaareadonovoedifciodoInstitutoIndustrialdoPorto,inauguradoem1967,

    naRuadeS.Tom,Porto(fotografiapertencenteaoMuseudoISEP,ninv.6142)

    169

    Figura48.QuadrorepresentativodaorganizaodocursobasedeConstruesCiviseMinas,

    estabelecidonoRegulamentopublicadoem4denovembrode1950eprofessadonoInstituto

    IndustrialdoPorto

    170

    Figura49.FotografiadegrupodamaioriadosdocentesdoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto,

  • XVI

    noanode1928(fotografiapertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL6154FOT). 177

    Figura50.Ofciode5desetembrode1853,doMinistriodasObrasPblicas,DireodoComrcio

    edaIndstria,Repartiocentral,enviadoparaJosdeParadaeSilvaLeito,comainformaoda

    suanomeaocomodiretor interinodaEscola Industrialecomo lenteda4cadeira (documento

    pertencenteaoArquivoHistricodoISEP)..

    179

    Figura51. ExcertodoCapituloVIIdoDecretode30dedezembrode1864,onde estipulada a

    categorizaodosdocentesdoInstitutoIndustrialdoPorto..

    180

    Figura52.Excertodoprogramaestabelecidoparaoconcursoparaprovimentoda7Cadeirado

    InstitutoIndustrialdoPorto,publicadonodiriodoGovernon259de16denovembrode1876

    184

    Figuras53e54.Registodotermodeextraodopontoparaaprimeiraprovaoraldocandidatoao

    concursoparaprovimentodolugardeprofessordastimacadeiradoInstitutoIndustrialdoPorto,

    ManuelRodriguesMirandaJnior,intituladoaguaconsideradacomoagentegeolgico.

    187

    Figura55.AssinaturadeManuelRodriguesMirandaJniorretiradadoseutermodeposse,assinado

    nodia3desetembrode1881.

    187

    Figura56.RetratodebustodePauloMarcelinoDiasdeFreitas(18491929),ProfessorCatedrtico

    da11cadeiraZoologia,BotnicaElementareseHigienedasIndstrias,doInstitutoIndustrialdo

    Porto,em1887(fotografiapertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL6165FOT).

    189

    Figura57.Despachoministerialde7deagostode1897,queautorizaManuelRodriguesMiranda

    Jnioradeslocarseaoestrangeiro.

    193

    Figuras58e59.Registodoprogramada7 cadeirano copiadordeRegulamentoseRegistosdo

    Instituto Industrial do Porto, em 1870 (documento pertencente ao Arquivo Histrico do

    ISEP)

    196

    Figura 60.Detalhe do programa da 11 cadeira Zoologia e Botnica elementares.Higiene das

    indstrias e das construes, da responsabilidade do lente catedrtico PauloMarcelino Dias de

    Freitas, correspondente ao ano letivo de 18871888 do Instituto Industrial e Comercial do

    Porto..

    197

    Figura61.PrimeiraestampadoAtlasdeBotnicaRaiz,deAntnioXavierPereiraCoutinho,1898. 198

    Figura62.Detalhedoprogramada15cadeiraMineralogia,DocimsiaeGeologia,da

    responsabilidadedolentecatedrticoJosDiogoArroyo,correspondenteaoanoletivode1887

  • XVII

    1888doInstitutoIndustrialeComercialdoPorto 200

    Figura63.Detalhedoprogramada16cadeiraArtedeMinaseMetalurgia(18871888),

    preparadoelecionadopelolenteManuelRodriguesMirandaJnior...

    203

    Figuras64e65.ModeloescaladeventiladorFabryparademonstraodossistemasdeventilao

    subterrneos.ObjetopertencenteaoacervodoMuseudoISEP,construtorTh.Gersdorf,Freiberg

    (objetopertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL582OBJ)..

    204

    Figura66.Modeloescaladefornoderevrberoparapudlagemcomsoleiramvel,sistema

    Pernot,utilizadonasaulasdeMetalurgia.Estepermitiaexplicaraconstituioeofuncionamento

    deumfornodepudlarnaproduodeferromacio:ocarvodemadeiraficanumdosladosdo

    forno,aquecendoindiretamenteoferrocoadocontidonoutrocompartimentodoforno,no

    havendocontactodiretoentreocombustveleometal(objetopertencenteaoacervodoMuseudo

    ISEP,ninv.MPL577OBJ)

    205

    Figura67.Detalhedoprogramada7cadeira1parteBotnica industrial,2parteZoologia

    industrial,3parteHigienegeralecolonial,prophylaxia internacional,segundoasalteraesdo

    Decretode3denovembrode1905

    208

    Figura68.Detalhedoprogramada8cadeiraMineralogiaeGeologia,segundoasalteraesdo

    Decretode3denovembrode1905

    212

    Figura69.Detalhedoprogramada11 cadeiraMetalurgia, Legislaomineira,ArtedeMinas,

    TopografiaSubterrnea(1905).

    213

    Figura70.ModelodidticopertencenteaoMuseudoISEP,quedemonstraoprocessodeBessemer,

    mtodomaisbaratonapocadeproduziraoatravsdoferrofundido:achavedestemtodoa

    explosodearquepassaatravsdoferrofundido,retirandolhetodasasimpurezasecarbonoe

    mantendo,aomesmotempo,umatemperaturaelevadaparaqueoferrosemantenhaderretido.

    (ninv.MPL458OBJ)..

    215

    Figura71.ModelodeBombadeRittingerparaminaspertencenteaoacervodoMuseudoISEP

    (objetopertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL1334OBJ)

    217

    Figura72.Detalhedoprogramada22cadeiraDesenhotopographico,Desenhoarchitectonico,

    Desenhodemachinas,Desenhodecorteseplantasdeminas,segundoasalteraesdoDecretode3

    denovembrode1905..

    218

  • XVIII

    Figura73.PerfillongitudinaldeumaminanafreguesiadeCovelo,concelhodeGondomar,distrito

    doPorto,realizadoaumaescalade1:400.Soapresentadasasvriasgaleriasconstituintesda

    mina,assimcomoasdatasdasuaconstruo.AutorJosRibeirodaSilvaLimaJnior,em8demaio

    de1913,trabalhorealizadona22cadeira,pertencenteaosCursosdeMinas,deConstruesCivis

    eObrasPblicasouaoCursoSuperiorIndustrial,ProfessorJosMigueldeAbreu(trabalho

    pertencenteaoacervodoMuseudoISEPninv.MPL3755ED).......

    219

    Figuras74.Folhaderostodo livrodoProfessorA.PereiraForjaz,TabelasparaaDeterminaode

    Minerais..

    221

    Figura75.FolhaderostodolivrodoProfessorA.J.GonalvesGuimares,TboasdeKobellpara

    determinaodosmineraisporviaqumica,1910

    221

    Figura76.ModelodeaparelhodeperfuraoKindChaudron,pertencenteaoacervodoMuseudo

    ISEP,quetinhacomofinalidadedemonstraraaberturadeumpoopormeiodeumasondalarga

    atravsdeterrenoaqufero,deixandopenetraraguanaescavaoeassentandoseo

    revestimentosdepoisdefeitatodaaescavaoataoterrenoimpermevel(objetopertencente

    aoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL4533OBJ).

    222

    Figuras77e78.Modeloescaladefornoderevrberoparaao,sistemaMartinSiemens,

    pertencenteaoacervodomuseudoISEP,utilizadonasaulasdeMetalurgia,quepermitiaexplicara

    constituioeofuncionamentodeumfornoMartinSiemenseaproduodeaohomogneo

    (objetopertencenteaoacervodoMuseudoISEP,ninv.MPL569OBJ)..

    223

    Figura79.Programada22cadeiraExploraodeMinas,datadode1932eassinadopelodocente

    ArturMendesCosta(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).

    225

    Figuras80e81.Modelodidticodetrmelduploparademonstraodoprocessodeclassificao

    dominrio,comduasmalhasdeclassificao.Estamquinaerautilizadaessencialmentenasminas

    decarvo(objetopertencenteaoMuseudoISEP,ninv.MPL4765OBJ)

    227

    Figura82.Modelodebombaaspirantepremente,destinadaaelevaraguaouqualqueroutro

    lquido,poraspirao,porpressooupelosefeitoscombinados(objetopertencenteaoMuseudo

    ISEP,ninv.MPL499OBJ)

    230

    Figuras83e84.RelaodoslivrosdeMineralogiadaBibliotecadoInstitutoIndustrialdoPorto,em

    1868(documentopertencenteaoarquivohistricodoMuseudoISEP).

    234

    Figura85.RelaodoslivrosdeHistriaNaturalexistentesnaBibliotecadoInstitutoIndustrialdo

  • XIX

    Porto,em1868(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP) 235

    Figura86.PginaderostodolivrodeAmdeBurat,MinralogieApplique,de1864,recomendado

    paraoensinoda7cadeiraArtedeMinas,DocimsiaeMetalurgiaem1874(livropertencenteao

    FundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    236

    Figura87.PginaderostodolivrodeFranoisSulpiceBeudant,CourslmentairedHistoire

    Naturelle,Minralogie,4ed.1874.Recomendadoparaa7cadeiraem1874(livropertencenteao

    FundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    237

    Figura88.PginaderostodolivrodeAmdeBurat,GologieApplique,5edio.18691870,

    recomendadoparaasegundaparteda7cadeiraem1874(livropertencenteaoFundoBibliogrfico

    AntigodoISEP)..

    239

    Figura89.PginaderostodolivrodeM.StanislasMeunier,CourslmentairedeGologie

    applique,1872.Recomendadoparaa7cadeiraem1881(livropertencenteaoFundoBibliogrfico

    AntigodoISEP)..

    240

    Figura90.PginaderostodolivrodeFranoisSulpiceBeudant,CourslmentairedHistoire

    Naturelle,Minralogie,4ed.,1874.Recomendadoparaa7cadeiraem1881(livropertencenteao

    FundoBibliogrficoAntigodoISEP)...

    241

    Figura91.PginaderostodolivrodeA.Leymerie,recomendadoparaa15cadeira,Mineralogiae

    Geologia,em1888(livropertencenteaoFundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    242

    Figuras92e93.FolhasderostodoslivrosdeBotnicaeZoologiadeMaximinianoLemos

    recomendadosparaa11cadeiraZoologiaeBotnicaelementaresehigienedasindstrias,em

    1891(livrospertencentesaoFundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    243

    Figuras94e95.PginasderostodolivrodeA.F.Nogus,emdoisvolumes,recomendadoparao

    estudodaMineralogiaem1897(livrospertencentesaoFundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    245

    Figura96.PginadoRostodolivrodeJ.D.Dana,comtraduodeW.Houtlet,recomendadoparao

    estudodaGeologia,em1897(livropertencenteaoFundoBibliogrficoAntigodoISEP)

    246

    Figura97.PrimeirapginadasebentadeMineralogia,dcadade40dosculoXX(documento

    pertencenteaoArquivoHistricodoMuseudoISEP)

    249

    Figura98.AspetodofrontispciodoedifcioconstrudoparaoensinodaQumica(entre1773e

    1777)duranteareformadaUniversidadedeCoimbrainiciadapeloMarqusdePombal,em1772.

  • XX

    NomesmolocalsituavaseanteriormenteorefeitriodoColgiodeJesus.Nopresenteesteedifcio

    histricoalbergapartedosespaosexpositivosdoMuseudaCinciadaUniversidadede

    Coimbra..

    254

    Figura99.TabeladasdespesasdoensinoindustrialapresentadanofinaldoDecretode20de

    dezembrode1864,ondemencionadaaverbaparaaquisiodemodelos,mquinas,aparelhose

    coleesdosmuseustecnolgicos,gabinetesdeFsicaedeGeologiaedoLaboratrioQumico,dos

    InstitutosdeLisboaePorto..

    258

    Figura100.ExcertodacartadirigidaaoReiD.LusIpelodiretordoInstitutoIndustrialdoPorto,em

    1dejunhode1867,emqueinformasobreacriaodediversosestabelecimentosauxiliaresno

    InstitutoIndustrialdoPorto,entreelesoGabinetedeMineralogia(documentopertencenteao

    ArquivohistricodoISEP)..

    258

    Figura101.ExcertodacartaenviadaparaaDireoGeraldoComrcioeIndstria,em21deabrilde

    1886,solicitandoautorizaoparaopagamentodemodelos,aparelhosemecanismosparao

    GabinetedeMineralogiaeArtedeMinasdoInstitutoIndustrialdoPorto(documentopertencente

    aoarquivoHistricodoISEP)..

    260

    Figuras102e103.ProjetodadistribuiodadotaodoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto

    pelosseusdiversosGabinetesdeensinoprtico,nomeadamente:GabinetedeZoologiaeBotnica

    (apoio11cadeira),GabinetedeMineralogia(apoio15cadeira),GabinetedeArtedeMinas

    (apoio16cadeira)(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)

    261

    Figura104.Notadoscontratosdearrendamentodeedifciosparaserviodeinstruoindustriale

    comercialdoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto,em30dejunhode1898.Segundoo

    documentooGabinetedeMineralogiasituavase,aestadata,nostodoedifciodaAcademia

    Politcnica(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)..

    264

    Figura105.Cartadatadade31demaiode1906,enviadapelodiretordoInstitutoIndustriale

    ComercialdoPortoaoseucorpodocente,comafinalidadedecomunicarasprincipaisalteraesdo

    Decretode5denovembrode1905,respeitanteaoensinoprtico(documentopertencenteao

    ArquivoHistricodoISEP).

    266

    Figura106.Projetodehorrioparaoexerccioescolardoanoletivode19061907,aprovadopelo

    ConselhoEscolar,ondesedestacaaatribuiodehorasespecficasdedicadasaostrabalhos

    prticos(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)..

    267

  • XXI

    Figura107.Horrioatribudo,emfevereirode1907,aopreparadorda8e11cadeiras,Nuno

    FreireDiasSalgueiro,paraqueacompanhassearealizaodostrabalhosprticosconstantesdos

    programas(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).....

    268

    Figura108.Livroderegistodostrabalhosprticosda5cadeira(primeiraparte)Mineralogia,em

    1920,doInstitutoIndustrialdoPorto(documentopertencenteaoArquivoHistricodo

    ISEP).....

    270

    Figura109.Plantadogabinete,laboratrioeauladeMineralogiaeGeologiadoInstitutoIndustriale

    ComercialdeLisboa,em189495.NasalaA,gabinete,estavamcolocadasaocentroasvitrinascom

    osminerais(1),naslateraisosarmrioscomasrochas(2)easmesas(3).AsalaBquecorrespondia

    aogabinetedoprofessor,asalaCaoLaboratrioeasalaDaula.

    271

    Figuras110.ExcertodoprojetodedistribuiodadotaodoInstitutoIndustrialeComercialdo

    Portopelosseusdiversosgabinetesdeensinoprtico,nomeadamenteparaoGabinetedeZoologia

    eBotnica(11cadeira),GabinetedeMineralogia(15cadeira)eGabinetedeArtedeMinas(18

    cadeira),elaboradopeloConselhoEscolarem23deoutubrode1888(documentopertencenteao

    ArquivoHistricodoISEP).

    274

    Figura111.Excertoreferente8cadeira(1parteMineralogia,2parteGeologia)doprojetode

    horrioparaosexercciosescolaresateremlugarduranteoanoletivo19061907,aprovadopelo

    ConselhoEscolarem30dejunhode1906,comamenodetalhadadosdiasdasemanaedashoras

    deincioedefimasaulas..

    276

    Figura112.CartaenviadaaodiretordasMinasdeSoPedrodaCova,em3deagostode1881,a

    solicitarautorizaoparaumalunodoInstitutoarealizarumavisita(documentopertencenteao

    ArquivoHistricodoISEP).

    281

    Figura113.CartaenviadapelodiretordoInstitutoIndustrialdoPortoparaogerentedaempresa

    CarbonferadoPorto,asolicitarumavisitadosalunosdacadeiradeMinasssuasinstalaes.A

    visitarealizousenodia5demarode1920(documentopertencenteaoArquivoHistricodo

    ISEP).....

    283

    Figura114.FotografiadavisitadeestudodoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto,dejunhode

    1931,queincluiuumaparagemnaFbricadeCimentosLiz,emMaceira,Leiria(ninv.

    MPL6271FOT).

    284

    Figura115.CartaenviadaaoDiretorGeraldoEnsinoIndustrialeComercial,em8dejunhode1922,

  • XXII

    asolicitarumsubsdioparaasviagensdosalunosdacadeiradeMinas(documentopertencenteao

    ArquivoHistricodoISEP).

    285

    Figura116.PginaderostodoTomoIdolivropublicadoporCarlvonLinnem1758,Systema

    naturaeperregnatrianaturae..

    288

    Figura117.GravuradeVenceslaudeSousaPereiraLima(18581919),lenteda9cadeira

    Mineralogia,PaleontologiaeGeologiadaAcademiaPolitcnica,noanoletivo188586.

    293

    Figura118.DisposiodosedifciosdentrodoCampusdoInstitutoSuperiordeEngenhariado

    Porto,nopresente.OEspaoMuseolgicodeMineralogiaeGeologia"estlocalizadonoedifcioC,

    assinaladoavermelho,eminstalaoafetaaoDepartamentodeEngenhariaGeotcnica..

    295

    Figuras119,120,121e122.AspetosdasaladodenominadoEspaoMuseolgicodeMineralogiae

    Geologia,comascoleeshistricasaindadispostasemcondiesprecriaseaguardando

    limpeza,recuperaoeinventariao(fotografias:PatrciaCosta,fevereirode2012)....

    297

    Figuras123e124.Etiquetasdasamostrasextraviadas,pertencentesColeohistricade

    MineralogiaeGeologiadoISEPequeseencontram,presentemente,emcursoderestauroede

    determinaodarespetivaassociao(fotografias:PatrciaCosta,2012).

    298

    Figuras125,126,127e128.AspetosdasaladoEspaoMuseolgicodeMineralogiaeGeologia

    aquandodostrabalhosdeconservaodosexemplaresemprateleirasdevidamenteidentificadase

    emcaixasdeacrlico(fotografias:PatrciaCosta,2013)

    299

    Figura129.FotografiadaSaladeMineralogiadoInstitutoIndustrialeComercialdeLisboa,

    pertencenteaoArquivoMunicipaldeLisboa.AutoriadeAugustoBobone,cdigodereferncia

    PT/AMLSB/BOB/S00243..

    302

    Figura130.FaturadosmodelosdeanatomiaclsticadoDr.AuzouxparaoGabinetedeHistria

    NaturaldoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto,em1890(documentopertencenteaoArquivo

    HistricodoISEP).

    303

    Figura131.PlantadocorpoG(4piso),situadosnaRuadeS.Tom(Porto),ondeassinaladaa

    localizaoprovisriadomobiliriodoLaboratriodeMineralogiaeGeologiaeoGabineteMuseu

    deMineralogia.PlantadoMinistriodasObrasPblicas,JuntadasConstruesparaoensino

    TcnicoeSecundrio,abrilde1966(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).

    309

    Figuras132e133.Etiquetaspertencentesadoisespcimes,existententesnacoleode

  • XXIII

    Mineralogia,comaindicaododoador,nestecasoSousaOliveiraeMendesdaCosta,parao

    GabinetedeMineralogia.

    310

    Figura134.Excertodarequisiodasmquinas,aparelhosedemaisobjetosparaosdiversos

    gabineteselaboratriosdoInstitutoIndustrialdoPorto,paraoanoeconmicode1866/1867,

    nomeadamenteacomprade2000exemplaresdemineraisparaoGabinetedeMineralogia

    (documentopertencenteaoArquivohistricodoISEP)..

    312

    Figura135.DetalhedeetiquetadoConstrutorTheodorGersdorf,Freiberg. 315

    Figura136.DetalhedeetiquetadoConstrutorJ.Digeon,Paris.. 315

    Figura137.EtiquetadeespcimefssilecaixacartonadadofornecedorLesFilsdmileDeyrolle,

    Paris

    315

    Figura138.EtiquetadeespcimefssildofornecedorDr.F.Krantz,Bona 315

    Figura139.Modelodecrivovibratriooumesaoscilante,construdoporTheodorGersdorfnassuas

    oficinas,entre18801894(modelopertencenteaoacervomuseolgicodoISEP,ninv.

    MPL578OBJ).

    316

    Figura140.Notaqueacompanhaalistadosmodelosnecessriosparaainstalaodogabinete

    anexocadeiradeArtedeMinaseMetalurgia,em1888,assinadaporManuelRodriguesMiranda

    Jnior(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)..

    318

    Figura141.Listadescriminadadosmodelosnecessriosparaainstalaodogabineteanexo

    cadeiradeArtedeMinaseMetalurgia,encomendadospeloprofessorManuelRodriguesMiranda

    Jniorem1888(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).

    319

    Figura142.CartaenviadaporTheodorGerdorfaoProfessorMirandaJniorerespetivatraduo,

    naqualdadaanotciadoandamentodotrabalhodeconstruodosmodelosencomendadospara

    ogabineteanexocadeiradeArtedeMinaseMetalurgia,em18deoutubrode1888(documento

    pertencenteaoArquivoHistricodoISEP)...

    320

    Figura143.RegistodaAlfndegadoPorto,referenteaoenviodeumacaixacommodelose

    mquinasparaexploraomineira,damarcaTheodorGerdorf(documentopertencenteaoArquivo

    HistricodoISEP).

    321

    Figura144.Legenda/etiquetadomodeloderevestimentodegaleriademinas,construdopor

    RichardBraun,Freiberg(modelopertencenteaoacervomuseolgicodoMuseudoISEP,ninv.

  • XXIV

    MPL1212OBJ).. 322

    Figuras145e146.Desenhodegaleriacomrevestimentoimbricadoourevestimentodegaleriaspor

    palplanchas(tipocaixa)escala1/24,autorJoaquimAmricoVasconcellos,dataderealizao19

    demaiode1917erespetivomodelopertencenteaoMuseudoISEP(ninv.MPL584OBJ).

    323

    Figura147.ModelodebritadordeBlake,adquiridoaJulesDigeon,Paris,em1888,paraoGabinete

    deArtedeMinas(modelopertencenteaoMuseudoISEP,ninv.MPL4089OBJ)

    325

    Figura148.ModelodefornoRaschette,adquiridoaJulesDigeon,Paris,em1888,paraoGabinete

    deArtedeMinas(modelopertencenteaoMuseudoISEP,ninv.MPL576OBJ)..

    325

    Figura149.Faturadecompradeumacoleode25utensliosdesondagenscasaJ.Digeon,Paris,

    emmaiode1889(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)

    326

    Figura150.FaturadacompradematerialparaoensinodaZoologiaedaBotnicaCasamile

    Deyrolle,deParis,emdezembrode1889(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP)

    327

    Figuras151e152.Folhadoherbriode300plantasadquirido,emdezembrode1889,aocomptoir

    demileDeyrolleedestinadoaoGabinetedeHistriaNaturaldoInstitutoIndustrialdoPorto

    (herbriopertencenteaoMuseudoISEP,ninv.4874)..

    328

    Figura153.CpiadacartaenviadaDireoGeraldoComrcioeIndstriaparaaprovaodo

    pagamentodomaterialdeensinoparaa11cadeira(ZoologiaeBotnica)fornecidopormile

    DeyrolledeParis,enviadaem22denovembrode1889(documentopertencenteaoArquivo

    HistricodoISEP).

    329

    Figuras154e155.DoisdosquadrosparietaisdacasamileDeyrolleexistentesnacoleohistrica

    doISEPereferentestecnologia(Metalurgia,metaispreciosos,mineraisesuasdiversas

    aplicaes).

    330

    Figura156.MoldagemdoartrpodefssilEurypterusremipes,mileDeyrolle,Paris.. 331

    Figura157.MoldagemdocrustceofssilKolegaquindins,mileDeyrolle,Paris 331

    Figura158.MoldagemdecrniodoperissodctilofssilPalaeotherium,mileDeyrolle,Paris. 331

    Figura159.MoldagemdemolardoproboscdeofssilElephasprimigenius,mileDeyrolle,Paris. 331

    Figura160.Pormenordoquadroparietalrepresentativodaseogeolgicadopooartesianode

  • XXV

    Grenelle.AdquiridocasaLesFilsdmileDeyrolle,Paris. 332

    Figura161.Quadrocomumcorteidealdeumvulcoestratiformeativo,adquiridocasaLesFils

    dmileDeyrolle,Paris..

    333

    Figura162.AparelhodeAlphonseFavre,LesFilsdemileDeyrolle,Paris,pertencenteaoacervodo

    MuseudoISEP(ninv.MPL4034OBJ)

    334

    Figura163.Mecanismoparaaproduoartificialdosburgosedaslajesestriadaspeladenudao

    subterrnea,LesFilsdemileDeyrolle,Paris,pertencenteaoacervodoMuseudoISEP(ninv.

    MPL4620OBJ)..

    334

    Figura164.Aparelhoparaoestudoexperimentaldaorogeniageral,LesFilsdemileDeyrolle,Paris,

    pertencenteaoacervodoMuseudoISEP(ninv.MPL4621OBJ).

    334

    Figura165.Dispositivoparaproduoderedemoinhoseconsequentementeformaodas

    marmitasdegigante,LesFilsdemileDeyrolle,Paris,pertencenteaoacervodoMuseudoISEP(n

    inv.MPL4658OBJ).

    334

    Figura166.DescriodomaterialarequisitarparaoGabinetedeMinas,casaF.Krantz,em31de

    marode1926,peloprofessorMendesdaCosta(documentopertencenteaoArquivoHistricodo

    ISEP)

    336

    Figura167.FaturadacasaDr.F.Krantzreferenteaoenviodeumacoleode500rochas,

    organizadasegundoaclassificaodeFouquMichelLvy,dedezembrode1926(documento

    pertencenteaoArquivoHistricodoISEP)

    338

    Figuras168e169.DoisexemplaresdacoleodosServiosGeolgicosdoInstitutoSuperiorde

    EngenhariadoPorto,comaindicaodaprovenincia,datadacolheiraenmeroidentificativo

    (fotografias:PatrciaCosta,ISEP)..

    341

    Figura170.FaturadacompradematerialparaoGabinetedeMineralogia,encomendadopelo

    professorCelestinodaCostaMaia,emjunhode1928,casaJulioWorm(documentopertencente

    aoArquivoHistricodoISEP)..

    342

    Figura171.Coleode161cristaisnaturaisemsuportecomredoma(JardimdeCristais;cf.

    BRANDO,2008)..

    343

    Figura172.Coleodemodeloscristalogrficosemvidro. 343

  • XXVI

    Figura173.Coleodemodeloscristalogrficosemvidroecarto.. 344

  • XXVII

    ndicedeQuadros

    Quadro1.CursosministradosnaAcademiaRealdoPortonadatadasuacriao.. 25

    Quadro2.EscolasqueantecederamaUniversidadedoPortode1762a1911.. 30

    Quadro3.AcademiasexistentesnacidadedeLisboaduranteoltimoquarteldosculoXVIII 35

    Quadro 4. Comparao das alteraes de denominaes e divises nos Institutos Industriais de

    LisboaePorto,de1852a1974..

    42

    Quadro5.PercursoesubsequentesdesignaesdoInstitutoIndustrialdeCoimbra(19211975). 47

    Quadro6.Sntesedosprincipaisacontecimentospolticosesociaisdecorridosentre1750e1834.. 71

    Quadro7.PercursohistricodosConservatriosdeArteseOfcioscriadosemPortugalem1836e

    1837..

    75

    Quadro8.Sntesedosprincipaisacontecimentoscomrepercussonareadoensino,ocorridos

    entre1835e1852..

    81

    Quadro9.OrganizaodaEscolaIndustrialPortuenseerepartiodonmerodealunosinscritos

    nasvriasdisciplinaslecionadasnoanode1852.

    85

    Quadro10.CadeirascriadaspeloDecretode30dedezembrode1852paraaEscolaIndustrialdo

    PortoeparaoInstitutoIndustrialdeLisboa...

    87

    Quadro11.Disciplinasdo2graudeensino,segundoareformadoensinoindustrialpublicadaem

    20dedezembrode1864

    95

    Quadro12.CursosministradosnosInstitutosIndustriais(18521864). 96

    Quadro13.AlteraesintroduzidaspeloDecretode30dedezembro1886aonveldedisciplinas

    lecionadasnoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto..

    100

    Quadro14.AlteraesnoensinoIndustrialintroduzidaspeloDecretode8deoutubrode1891... 102

    Quadro15.AlteraesnoensinocomercialintroduzidaspeloDecretode8deoutubrode1891........ 102

    Quadro16.Cursoerespetivasdisciplinasintroduzidoscomareformadoensinode1891.. 103

    Quadro17.AlteraesintroduzidaspeloDecretode25deoutubro1893emalgumasdasdisciplinas

  • XXVIII

    lecionadasnasecoindustrial.... 108

    Quadro18.AlteraesintroduzidaspeloDecretode3denovembrode1905aonveldedisciplinas

    lecionadasnoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto..

    110

    Quadro19.SntesedosprincipaisacontecimentosnacionaisreferentesaoensinoemPortugal,

    18531905...

    112

    Quadro20.CursosministradosnoInstitutoIndustrialdoPortoapartirde1918.... 116

    Quadro21.EstabelecimentosanexoexistentesnoInstitutoIndustrialdoPortosegundoo

    regulamentode1919

    117

    Quadro22.CursosministradoserespetivosttulosprofissionaisnoInstitutodoPorto,apsa

    reformade1931..

    123

    Quadro23.CursosprofessadosnosinstitutosIndustriaiserespetivahabilitaolegalsegundoo

    Decreton20:328de21desetembrode1931.

    124

    Quadro24.DenominaesdaescoladoPortoduranteoperodode1886a1933.... 124

    Quadro25.LegislaorelativaaoensinopublicadaduranteoEstadoNovo... 127

    Quadro26.MarcoshistricosnoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPortoentre1989e2008. 130

    Quadro27.PrincipallegislaomineiranasegundametadedosculoXIX.. 136

    Quadro28.Organizaodoscursoslecionadosnosestabelecimentosdeensinoindustriale

    comercialdependentesdoMinistriodasObrasPblicas,ComrcioeIndstriaedefinidosna

    reformadoensinoindustrialde1891..

    153

    Quadro29.NmerodealunosdetodasasclassesnasdisciplinasdereadeMineralogiae

    Metalurgiaentrede1868e1900....

    155

    Quadro30.DisciplinasquecompunhamoplanodeestudosdoCursodeMinasdoInstituto

    IndustrialdoPorto,publicadonoDecretode3novembrode1905...

    159

    Quadro31.Disciplinasquecompunhamosdoisprimeirosanosdocursogeraleosdoisanosdo

    cursoespecializadodeMinas,segundooDecreton5:029,de5dedezembrode1918...

    162

    Quadro32.PlanocurriculardocursoespecializadodeMinasdoInstitutoIndustrialeComercialdo

  • XXIX

    Porto,deacordocomoDecreton11:364de9dedezembrode1925.. 165

    Quadro33.NovoplanocurriculardoCursodeConstrues,ObrasPblicaseMinas,introduzido

    pelareformadoensinoindustrial,de1931..

    167

    Quadro34.CursosdareaerespetivoestatutoprofissionaldeMinaseMetalurgiaministradosde

    1864a1974.

    173

    Quadro35.Docentesdo6grupoentre1963e1975.. 192

    Quadro36.AlgumasobrasdereferncianareadaMineralogiaeGeologiautilizadasnoInstituto

    IndustrialdoPorto,oudispiniveisnoseuacervobibliogrfico

    233

    Quadro37.EstatsticadaBibliotecadoInstitutoIndustrialeComercialdoPortoem30desetembro

    de1926..

    247

    Quadro38.ListadealgunsdoslivrosexistentesnofundobibliogrficoantigodoISEP(sculoXX).. 250

    Quadro39.EstabelecimentosdeensinoprticoexistentesnaescoladoPorto,comenfaseparao

    perodode1864e2006..

    257

    Quadro40.Refernciasencontradasrespeitantesaospreparadoresda8e11cadeiras,entre

    1907e1953.

    277

    Quadro41.RegistodevisitasdeestudoefetuadaspelosalunosdoInstitutoIndustrialdoPorto

    duranteasegundametadedosculoXIX..

    282

    Quadro42.AtuaiscoleesligadasaoensinodaMineralogia,Geologia,Paleontologia,Minase

    MetalurgiadoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto.

    300

    Quadro43.DescrioquantitativadascoleespertencentesaoGabinetedeMineralogiae

    Geologia,em1926..

    304

    Quadro44.ColeesexistentesnoGabinetedeMinaseMetalurgiasegundooinventriodadcada

    de20dosculoXX..

    305

    Quadro45.ColeesdeMineralogia,deGeologiaedePaleontologiaexistentesnasdiferentessalas

    elaboratriosdoInstitutoIndustrial,segundoocadastrodosbensdodomnioprivado,em1938..

    306

    Quadro46.Aquisiesfeitasentre1867e1927,paraosGabineteseLaboratriosdeMineralogia,

    MetalurgiaeArtedeMinaseHistriaNatural,talcomovemdescritonoslivrosdecaixadoInstituto

  • XXX

    IndustrialdoPorto.. 314

    Quadro47.Descriodacoleode25mineraisderochasadquiridacasaF.Krantzem1926.. 337

    Quadro48.DescriodosexemplarespertencentescoleodosServiosGeolgicos 340

  • XXXI

    IndicedeEstampas

    EstampaI.ColeoTheodorGersdorf,Freiberg

    EstampaII.ColeoTheodorGersdorf,Freiberg

    EstampaIII.ColeoJulesDigeon,Paris

    EstampaIV.ColeodaComissoGeolgicaeServiosGeolgicosdePortugal

    EstampaV.ColeodaComissoGeolgicaeServiosGeolgicosdePortugal

    EstampaVI.ColeoLeFilsdemileDeyrolle,Paris

    EstampaVII.ColeoLesFilsdemileDeyrolle,Paris

    EstampaVIII.ColeoDr.F.Krantz,Bona

  • 1

    CaptuloI

    EntradadoedifciocentraldoInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto,localizado

    naRuadoDr.AntnioBernardinodeAlmeida,Porto.

    1. Introduo

    1.1AscoleesdeGeocincias

    Quandoem2009 inicimosotrabalhode investigao,naFaculdadedeCinciaseTecnologiada

    UniversidadedeCoimbra,conducenteelaboraodapresentedissertao,naespecialidadedeHistria

    eMetodologiadasCinciasGeolgicas,dascoleeshistricasdeMineralogiaeGeologia1edeArtede

    MinaseMetalurgiapertencentesaoatual InstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto (ISEP), tnhamos

    comometaacontextualizaodessasmesmascolees,relacionandoasuaexistnciaeoseupercurso

    comodesenvolvimentodestasreasdoconhecimentocientficonoensinoindustrialenaEscola,apardo

    contextopoltico,socialeeconmicoqueseviveuemPortugalenaEuropaindustrializada,entreosanos

    de1852e1974.

    Logonoinciodonossopercursoconstatmosqueestesfatoreseramindissociveisesatravsda

    suaconjugaoeanlisetransversalpoderamosalcanarumavisoglobaldotemaemestudo.Aferimos

    aimportnciadestetipodecoleeseaexistnciadeumaredeinternacionaldetransaesdeespcimes

    1Estasgeocoleesestiveram, tradicionalmente, ligadasaoDepartamentodeEngenhariaGeotcnica (DEG)do ISEP tomandoatualmente a designao de EspaoMuseolgico deMineralogia e Geologia (Cf. Artigos 6. e 12 do Regulamento n.158/2011RegulamentodoDepartamentodeEngenhariaGeotcnicaDiriodaRepblica,2. srie,N.45,demarode2011,p.1084210844).

  • 2

    naturaisemateriaisdidticos,emquePortugalacabariaporseviraintegrar,sobretudoapartirdoltimo

    quarteldenovecentos.

    Porm, a compreenso do desenvolvimento do interesse pelas Cincias Naturais e seus

    antecedentesconstituiuoprimeiropassoparaaconstruodeummapade ideiasqueviriaasero fio

    condutordanossainvestigao.Nopretendamosqueoresultadofinalfosseumapanormicaexaustiva

    dotema,massimestudartodaacontextualizaodascoleesnaorganizaodaEscola,ao longodos

    seusmaisde160anosdehistria,aomesmotempoquetentmoscompreenderatquepontoosfatores

    polticos e econmicos vividos em Portugal, durante este longo perodo, poderiam ter influenciado o

    percursodoensinoindustrialnacidadedoPorto.

    A existncia de colees de Geologia (ou numa terminologiamais abrangente de colees de

    Geocincias) e de outros materiais didticos associados, tais como modelos, quadros e mapas, em

    diversas instituies de ensino superior demonstrou, em primeira instncia, a importncia destas

    disciplinas nos planos curriculares dos cursos, que, como sabido, tiveram o seu incio na segunda

    metadedosculoXVIII,sendoestasdepoisigualmenteincorporadasnosinstitutosdeensinoindustrial,j

    emmeadosdosculoXIX.Porm,paraentendermosaexistnciadestascoleestivemosquepercebero

    sentido evolutivo desta cincia, dos principais fatores que estiveram na sua origem e das tcnicas

    mineiras emetalrgicas associadas (pormenores, por exemplo, em AGRICOLA 1912;GERBELLA, 1947;

    SIMESCORTEZ,1965;FFVMML,2006).

    Para alm dosmuseus de Histria Natural, que incluam todos os reinos da natureza, surgem

    tambm neste perodo os museus geolgicos, ligados a uma aplicao prtica mais lata da cincia

    (DOUHTY,1996:5),mastambmmuitoassociadosaoaproveitamentoeconmicodosrecursosmineirose

    atividadeamadoradecuriososedesociedadescientficas locais2(DELICADO,2009:103).Ao longodos

    sculos XVIII e XIX nascem assim diferentes tipos demuseus dedicados s cincias naturais, que se

    difundemportodosospasesdaEuropa,noficandoPortugalalheioatalmovimentodedifuso(op.cit.).

    A atraopelouniversodanatureza jerauma realidadeemPortugal,entreos colecionadores

    joaninos, tipificandobemvaloresculturaiseaspiraescoletivasem trnsitoe ilustrandoa irrupode

    interrogaes cientficas de novo tipo. Nos gabinetes privados imperava a desordem, to ao gosto

    maneirista,naexibiodosnaturaliaetartificialia (BRIGOLA,2003:69).Decorridosalgunsanosecoma

    ascenso de Sebastio de Carvalho e Melo (16991782), futuro Marqus de Pombal, temos o

    aparecimentodeumnovocontextodereceodacincianasociedadeportuguesa.Comaexpulsodos

    Jesutas, em 1759, e com o triunfo da conceo jusnaturalista do poder rgio3, ruram os derradeiros

    obstculoseclesisticosepolticosaumprogramadeabsolutismorgioesclarecido.ACoroaabriuseaos

    2ComoporexemplooMuseumofPracticalGeologyqueabriuemLondresnoanode1851.3ConsignadanaLeidaBoaRazo(1769),abasedetodaadoutrinaedireitopositivoposteriores.Doravanteseriaarazoquepresidiaaoordenamentojurdicoenoasleisdosromanos,asleiscannicas,asglosasdeBrtoloeAcrsioouasopiniesdosmagistrados.Cf.(LOPES,2010:127).

  • 3

    novos interesses econmicos e sociais e penetrao da cinciamoderna, cuja pedra de toque foi

    aproximaoscinciasexatasenaturais(op.cit.).Desdemodo,oprimeiromuseudeHistriaNaturale

    respetivoJardimBotnicofoifundadoemPortugal,em1768,por iniciativadaCasaReal,paraeducao

    dosprncipes.ORealGabinetedeHistriaNatural4acolheuascoleesrecolhidasnasviagensfilosficas

    s colnias5 e nas expedies a Portugal Continental e ilhas, realizadas por naturalistas treinados em

    estgiosprofissionalizantesnoMuseu(DELICADO,2009:106).

    A reforma pombalina daUniversidade de Coimbra, em 1772, dita a criao de uma Faculdade

    dedicada ao ensino das CinciasNaturais e das Cincias FsicoQumicas.Os Estatutos estabeleciam a

    criao de estabelecimentos anexos de apoio ao ensino, entre os quais um Gabinete ouMuseu de

    HistriaNaturaleumJardimBotnico(op.cit.:108).AligaoorgnicadoMuseuedoJardiminstituio

    universitria constitui um trao distintivo dessa reforma, embora tenha ditado algumas fragilidades

    quotidianas,mas salvaguardou tradies seculares, sendoherdeiradeumahistoricidade impossvelde

    encontraremqualqueroutromuseuportugus(BRIGOLA,2003:138139).

    O ltimo dosMuseus de Histria Natural setecentista foi o da Real Academia das Cincias. A

    instituiofundadaem1779careciadeumacoleodeespcimesanimais,vegetaisemineraisdoreinoe

    das colnias e assim, em 1781, a Academia publica um folheto intitulado, Breves instrues aos

    correspondentes da Academia das Cincias de Lisboa sobre as remessas dos produtos e notcias

    pertencentesHistriadaNaturezapara formarumMuseuNacional,ondeespecificavaedescreviaas

    normasparaacolheita,preparaoetransportedeexemplaresparaomuseuequaisasinformaesque

    deveriamacompanharcadapea.Em1792aAcademiarecebeolegadodehistrianaturaldoPadreJos

    Mayne (17231792). Porm, o museu da Academia apenas foi formalmente constitudo em 1834,

    recebendonoanoseguinteacoleodemineraisdaIntendnciadeMinaseMetaisdoReinoedoisanos

    depoisoespliodoRealMuseudaAjuda.As suas colees foram ainda aumentadas comddivasde

    scioseamigosdaAcademia(DELICADO,2009:109110).

    Porm,podemosconsiderarqueamuseologiacientficasetecentistaportuguesa,noobstanteo

    ambienteiluministadapoca,aindasecircunscreviafundamentalmenteagruposrestritos,nombitoda

    UniversidadeoudaCorte (MENDES,2009:32).Todoseles6erammuseus cientficos,orientadosparao

    domnio da Histria Natural, subdividida nos seus trs ramos constituintes (Mineralogia, Botnica e

    Zoologia)ecujosobjetivoseramcontribuirparaa investigaoeensinodessacinciaeparaoestudoe

    promoodassuasaplicaesprticas(GOUVEIA,1993:178).

    4MaistardeRealMuseudaAjuda.5NomeadamenteBrasil,Goa,Angola,MoambiqueeCaboVerde,em1783.6RealMuseudaAjuda,MuseuNacional eMuseudaUniversidadedeCoimbra (Cf.GOUVEIA,HenriqueCoutinho (1993) Aevoluo dosMuseus Nacionais portugueses: tentativa de caracterizao. Homenagem a J. R. dos Santos, Vol. II. Lisboa:InstitutodeInvestigaoCientficaeTropical,p.178).

  • 4

    Durante o sculo XIX, fatores como as revolues liberais e o desenvolvimento da cincia e da

    tecnologia,acompanhadopelosprogressosdaindustrializao,iriamlanarnovosdesafiossinstituies

    museolgicas.

    Um marco importante foi a criao do Museu Geolgico de Lisboa, em 1859. Embora sejam

    escassas as referncias sua instalao, muitas vezes encarado como uma resposta bvia s

    necessidades prticas decorrentes dos trabalhos desenvolvidos pelas ComissesGeolgicas do Reino7,

    nomeadamenteade instalaoedisponibilizaoparafuturaconsultadosmateriaisrecolhidosdurante

    ascampanhas(BRANDO,2009a:165).ContrariamenteaoutrosmuseusdeHistriaNaturaldasegunda

    metade do sculo XIX, que repartiam os seus objetivos entre a investigao e a educao, oMuseu

    Geolgicocolocouainvestigaoacimadetodasasoutrasvertentes(op.cit.).

    Ao longodos anosoitocentosomuseupassa a ser visto comoum excelente complementodas

    escolas,emespecialnoqueconcerneaoensinotcnicoprofissional(MENDES,2009:33).Aconfirmaresta

    linha de pensamento, em 1852, aquando do surgimento, do ensino industrial em Portugal, ficou

    estipuladonodecretoacriaodeumMuseuIndustrialnoInstitutoIndustrialdeLisboa,divididoemduas

    partes:depsitodemquinasecoleestecnolgicasecomerciais8.

    NocasodoPortonoexisteoficialmenteacriaodeummuseunaEscolaantecessoradoISEP,em

    1852.Porm,atravsda leituradediversacorrespondnciapossvelconcluirqueasuaexistnciaera

    umarealidade.Sabemosquelogoem1856foiadquiridodiversomaterialdidtico,emdiversasreasdo

    saber,havendoassimuminvestimentoporpartedosdirigentesdaEscola,emmanteroensinoadequado

    realidadeindustrialdopas.

    ()ascompetentesOrdensAlfandegadoPortoparaopagamentoporencontrodosdireitosrespetivoss4caixas

    quevieramdePariscomloiaevidrosparaoMuseudaEscolaIndustrialdessacidade()9

    Na figura 1 apresentase, como exemplo, uma cartamanuscrita do presidente da Comisso do

    Servio Geolgico, General Eng. Joaquim Filippe Nery da Encarnao Delgado (18351908)10, que

    acompanhavaaofertademateriaisdidticos(coleodacartageolgicainternacionaldaEuropa)paraa

    bibliotecadoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto.

    7Estasdesenvolveramasuaatividadeentre1857e1918,sucedendolheosServiosGeolgicosdePortugal(SGP),entre1918e1993esucederamlheumasriedeinstituiescomoutrasdesignaesemqueincorporaramascompetnciasdosSGP(IGMInstitutoGeolgicoeMineiro,INETIInstitutoNacionaldeEngenharia,TecnologiaeInovao)eactualmenteoLaboratrioNacionaldeEnergiaeGeologia(LNEG),quetutelaoMuseuGeolgico(http://www.lneg.pt/MuseuGeologico/MuseuGeologico).

    8Decretode30dedezembrode1852,TITULO II,Do Instituto IndustrialDeLisboa,artigos10e11,queestipulaosgrausdeensinoeaspartesqueconstituamoMuseuIndustrial.9CartaenviadapeloMinistriodasObrasPblicas,RepartiodeContabilidadeparaodiretorinterinodaEscolaIndustriala2dejaneirode1856(documentopertencenteaoArquivoHistricodoISEP).

    10 Joaquim Filippe Nery da Encarnao Delgado (18351908), pormenores biogrficos em: http://cvc.institutocamoes.pt/ciencia/p37.html.

  • 5

    Figura1.Exemplodeumacartamanuscrita,datadade12deJulhode1905,dopresidentedaComissodoServio

    Geolgico,GeneralEng.JoaquimFilippeNerydaEncarnaoDelgado(18351908)deofertademateriaisdidticos

    coleodacartageolgicainternacionaldaEuropaparaoInstitutoIndustrialeComercialdoPorto(Arquivodo

    EspaomuseolgicodeMineralogiaeGeologiadoISEP/MuseudoISEP).

    Ao longodostempos foramvriosos laboratriosegabinetesqueexistiriamnaescoladoPorto,

    inicialmentedenominadosdeestabelecimentosauxiliaresdeensino,consideradossempreumapeade

    grande importncianoensino industrial.Sobo lemasaberfazeracomponenteexperimentalaplicada

    (i.e., privilegiando a prtica segundo umamatriz de ensino tericoprtico) desempenhou sempre um

    papelrelevantenaformaodosestudantesquefrequentaramaEscola.Houveassimumapreocupao

    constante por parte do Conselho Escolar em equipar, da forma mais completa possvel, estes

    estabelecimentoscomaparelhos,mquinas,amostraseespcimesdidticos.Nosdiversosrelatriosque

  • 6

    anualmente eram enviados tutela11 eram descritas todas as aquisies feitas,maioritariamente no

    estrangeiro12,bemcomooestadodedesenvolvimentodosgabineteselaboratriosexistentesnaEscola.

    As colees deHistriaNatural alvo do nosso estudo esto inseridas neste contexto. Estas colees,

    compem atualmente o acervo doMuseu do ISEP13, que tem como objetivo reunir, em benefcio da

    comunidade, bens culturais,materiais e imateriais, representativos da evoluo do ensino industrial,

    destacandooseucontributoparaodesenvolvimentonacional.

    1.2 Objetodeestudo

    Umadasmotivaesqueestiveramnabasedaescolhadotemadopresentetrabalhofoiofactode

    ataomomentonenhumestudotersidofeitonosentidodeperceberaexistncia/origemdascolees

    deMineralogiaeGeologiaedeArtedeMinaseMetalurgiado InstitutoSuperiordeEngenhariado

    Porto,bemcomoasuaarticulaocomoensinotericoeprticoexercidonesteestabelecimentodesde

    asuacriaoem1852.SalienteseofactodacoleodeMineralogiaeGeologia(ecomaindapartesdo

    espliodacoleodeArtedeMinaseMetalurgia)seranicaquenoincorporouataomomentoos

    acervosdoMuseudo ISEP,estandoaindasoba tuteladoDepartamentodeEngenhariaGeotcnicano

    atualespaomuseolgicodeMineralogiaeGeologia14.Oseuacessofoicondicionadoatumpassado

    recente,emvirtudedautilizaoregulardeespcimeseamostrasemaulasprticas,aliadodeficiente

    organizaodascolees,provocadapelamudanaabruptaedescuidadadeedifcio,novirardosegundo

    milnio,dacoleodeamostrasdeMineralogia,PaleontologiaeGeologia,noseiodoCampusdoISEP.

    Encontrase atualmente no edifcio C, pertencente ao Departamento de Engenharia Geotcnica. Esta

    coleoherdeiradoespliodoInstitutoIndustrialdoPortoedaAcademiaPolitcnicadoPorto.uma

    coleoextensa,degrandevalorpatrimonial,queachmosquevalia,emerecia,apenaestudar,valorizar

    econtextualizar,tentandoreconstituiroseupercursocomocoleodidticaedeinvestigao.

    Recuandoorigemdoacervo,podemosafirmarcomexatidoqueacoleoalvodonossoestudo

    s comeou a ser constituda a partir da reforma do ensino industrial datada de 1864. Esta reforma

    preconizava a formao de uma elite tcnicocientfica que provesse os quadros do Estado de um

    conjuntodecompetncias indispensveisparaaconstruode infraestruturas,desistemasracionaisde

    administraodoterritrioedeformasdeexplorareconomicamenteosespaosnacionais(SIMESetal.,

    2013:19). No caso do Porto, esta reforma introduziu as cadeiras (ou disciplinas) deMineralogia, de

    11MinistriodasObrasPblicas,ComrcioeIndstria.12Frana,InglaterraeAlemanha.13 O Museu do ISEP foi criado em 1999, como um servio no Instituto Superior de Engenharia do Porto(http://www.isep.ipp.pt/museu). Atualmente, oMuseu do ISEP apoia e integrase no projeto nacional Roteiro dasMinas ePontosdeInteresseMineiroeGeolgicodePortugal(http://www.roteirodeminas.pt).14Cf.Regulamenton.158/2011RegulamentodoDepartamentodeEngenhariaGeotcnicaDiriodaRepblica,2.srieN.454demarode2011,pp.1084210844.

  • 7

    Geologia,deArtedeMinasedeMetalurgianosplanosdeestudodoscursosministradosnaEscolado

    Porto,nomeadamenteocursodeCondutoresdeMinas.

    As colees permaneceram sempre nos estabelecimentos de ensino aplicado, tendo sido

    manuseadasde forma continuadadurantedcadas. Partindodaperspetivade PEARCE (1992:16),que

    consideraquedevidoaofactodeumobjetoterestadosemprenumdevido lugargeraassuasprprias

    tcnicasde anlise, ajudando a compreenderosobjetose as relaesque existem entreelese a sua

    localizao,sendoestaumaparte importantenodesenvolvimentoecompreensodocontextoondese

    inseremascolees,analismoslogopartidaalocalizaodacoleoemestudoemuitasquestesse

    foram levantando: Quando que estas colees foram adquiridas? A que comptoirs que foram

    compradas? Quem foi o responsvel, ou responsveis, pelas encomendas? Foram equipar que

    laboratriosegabinetesdeensinoaplicado?Quemeramosdocentesdasrespetivascadeiras?Quaisos

    programas das cadeiras? Como estavam organizadas?Qual a sua contextualizao e especificidades a

    nvelnacionalenombitointernacional?

    Destemodo,anossainvestigaofoinorteadaporumconjuntodequestesepressupostos,alguns

    delesbaseadosemestudosdecoleessimilaresepesquisassobreoensinoindustrial.Conseguimoscom

    esta investigaoresponderdeumaformamuitopragmtica,masno,emalgunspontos,toexaustiva

    quantoqueramos,devidoescassezdeinformaoepresenadelacunasnadocumentaoexistente

    quesuportouanossainvestigao.Aconsultadebibliografiasobreestatemtica,dascolees,permitiu

    nos adquirir uma viso global e contextualizar o que se passava noutros estabelecimentos de ensino

    nacionais,nomeadamentenoInstitutoIndustrialdeLisboa,naAcademiaPolitcnicadoPorto,naEscola

    PolitcnicadeLisboaenaUniversidadedeCoimbra.VerificmosassimqueoInstitutoIndustrialdoPorto

    seguia osmesmomodelos que as escolas referidas, no que concerne aos programas, compndios e

    coleesdidticas,emboraestivssemosnapresenadeescolasdediferentesgrausdeensino.

    Noqueserefereespecificamentescolees,julgamosqueascategorias/tipologiaspropostas,na

    suatesededoutoramento,porLOURENO(2005:3334)seriamasmaisadequadasparaoacervodoISEP;

    cujaopiniotambmpartilhadaporoutrosautorescomoBRANDO(2008:168).Classificamosassimo

    acervo em estudo na categoria/tipologia de colees de ensino (referidas tambm como colees de

    estudo),poisdesdeasuaorigemfoidestinadoexatamenteaessafuncionalidade15.

    Aorganizaosistemticadascoleesnofoicontempladanombitodonossotrabalhovistoque

    muitasdasamostrasnoconservavamasetiquetasoriginais,necessitandodeumaidentificaoimediata

    comrecursoameiosdedeterminaocomplementares(mineralgicos,petrogrficosougeoqumicos),o

    que envolveria recursos que no estavam disponveis no tempo que tnhamos para a realizao da

    investigao.

    15PodemosdaroexemplodacoleodeanatomiadoInstitutdAnatomie,UniversidadedeStrasbourgLouisPasteur,acoleodearqueologiaMuseudeLouvainlaNeuve,UniversidadeCatholiquedeLouvain(Blgica).Cf.(LOURENO,2005:3536).

  • 8

    1.3 Estruturadadissertao

    O presente trabalho apresenta o seu corpo de texto hierarquizado em duas partes.A Primeira

    parte (compostapeloscaptulos IIe III)dedicadacontextualizaodoensinoemPortugal,partindo

    dosprincipaisestabelecimentosdeensinoquesurgiramemPortugal(AcademiasPolitcnicas,Institutose

    Universidades), desde as primeiras reformas educativas empreendidas sobre a gide doMarqus de

    Pombal e passando por uma apreciao sobre a criao e evoluo do ensino industrial at III

    Repblica.

    ASegundaparte(captulosIVaVII)dedicadaaumestudomaisaprofundadodaEscoladoPorto,

    no qual se incide, sobretudo, nos cursos deminas e respetivas cadeiras (disciplinas), na componente

    tericaeprticadoensino industrialenosacervosdecoleesdemateriaisdidticosqueforamsendo

    adquiridos e utilizados, desde os primrdios do Instituto Industrial, at ao atual Instituto Superior de

    EngenhariaintegradonoPolitcnicodoPorto.AprecederestaspartesintegramosocapituloI,apresente

    notaintrodutria,queconstituiumaespciedeguiodostraosepressupostosgeraisdotrabalho.

    APrimeiraparte (Contextualizao)estdivididaemdoiscaptulos.Nocaptulo II (AsAcademias

    de ensino superior e os Institutos Industriais: semelhanas e diferenas) so abordados os primeiros

    estabelecimentosdecarizcientficoe industrialquesurgiramnonossopas,destacandoseosdacidade

    doPortoea importnciaqueestes tiveramna formaode tcnicoseoperriosespecializadosparao

    tecidoindustrialemergentenaregio,mastambmcomopercursoresdofuturoinstitutoIndustrial.

    Comefeito,opanoramadoensinoemPortugaldesetecentosnoeramuitoanimador.Valeramas

    reformasempreendidaspeloMarqusdePombal,em1772.DuranteoreinadodeD.Jos Ifoicriadaa

    AulaNutica (1761)noPorto,quemeio sculodepoisdeuorigemaumestabelecimentouniversitrio

    dotadodetodososrequesitosdapoca,ousejaaAcademiaPolitcnicadoPorto (1837).Nacidadede

    Lisboaopercursofoiumpoucodiferente,aoseremcriadas diversasescolasdeensinoespecializado.A

    primeira foi aAula do Comrcio (1759), seguida pelaAula deDesenho (1781).No que diz respeito

    MarinhacriaramseduasAcademias:aAcademiaRealdaMarinha(1779),queacabouporserextintaem

    1837,tendosidocriadasparaoseulugaraEscolaPolitcnicadeLisboaeaAcademiaRealdosGuardas

    Marinhas(1782).

    Umpoucomaistarde,jemmeadosdosculoXIX,surgemosInstitutosindustriaisdeLisboaedo

    Porto.Comaextinodascorporaes(1834)aliada,umpoucomaistarde,aumamelhoriadaconjetura

    econmica do nosso pas, principalmente durante o Fontismo, originouse o impulso necessrio para

    estabelecer definitivamente o ensino industrial, semelhana do que j se havia feito outros pases

    europeus.Porm,aprimeiraaofoidesenvolvidapelaAssociaoIndustrialPortuense16,aopromovera

    criaodaEscolaIndustrialPortuense(novembrode1852),queapenasfuncionouat implementao

    16MaisinformaesCf.(SOUSA&ALVES,1996).

  • 9

    deumensino industrialoficialem30dedezembrodomesmoano.Apartirdestemomentooensino

    industrialdesenvolveusede acordo com a evoluonaturalda economia edopanorama tecnolgico

    nacional,reorganizandoasuaestruturasemprequeasnecessidadesconjeturaisassimoexigiram,at

    passagem do ensino industrial ao nvel superior (1974), atravs da to desejada democratizao do

    ensino.

    NocaptuloIII(CriaoeevoluodoensinoindustrialemPortugal)descrevemostodoopercurso

    das reformas educativas empreendidas desde o reinado de D. Jos I at 1974, embora relevando as

    consequnciase implicaesqueestas tiveramparaaprossecuodeste tipodeensinona cidadedo

    Portoenassuasescolas.

    Depois da expulso da Companhia de Jesus (1759), procedeuse secularizao da instruo

    nacional.Logoem1761,coma fundaodoColgiodosNobres, foramcontratadosalgunsprofessores

    estrangeirosde renomepara virem lecionarpara Portugal.Nomes comoGiovanniAntonioDallaBella

    (17301823)17 ou Domingos Vandelli (17301816)18 so disso exemplo. Em 1772, com a Reforma da

    UniversidadedeCoimbra,oensinoexperimentalpassouaserministradonosestabelecimentoscientficos

    dasnovasFaculdadesdeFilosofiaNaturaledeMatemtica,deixandoassim,apartirdessemomento,de

    serpraticadonoColgiodosNobres.

    Com amorte deD. Jos I e a subida ao trono de sua filhaD.Maria I, pouco simpatizante das

    polticas de Pombal, iniciouse uma nova era nos destinos do pas, cada vez mais dependente do

    imperialismoinglsedecontingnciasdaevoluopolticainternacional,pautadaquefoipelaRevoluo

    Francesade1789.

    UmdosimportantesmarcosdoseureinadofoiafundaodaAcademiaRealdasCincias(1779),

    semelhanadoquevinhasucedendonaEuropacomacriaodeoutrascongnereseuropeias.

    NasdcadasseguintesPortugalatravessouumapocaconturbadacomas invases francesasea

    fuga da famlia real para oBrasil, aGuerra Peninsular e o governo deBeresford, at Revoluo ou

    Regenerao em 1820 e Carta Constitucional de 1822. Os anos vindouros tambm trouxeram

    considervelagitaopolticaaopas,comoaVilafrancada (1823),aAbrilada (1824),aguerracivileo

    CercodoPorto(julhode1832aagostode1833).Todosestesfatoresprovocaramatrasossignificativosno

    desenvolvimentoeconmicoeindustrialdePortugal,afetandoacinciaeoensino.

    Apartirde1836assistimosauma importantemudanano sistemaeducativoportugus comas

    reformasdePassosManuel,acriaodosConservatriosdeArteseOfcioseasaesgovernativasde

    CostaCabral,doDuquede Saldanha,de FontesPereiradeMelo edoDuqueda Terceira.No finaldo

    reinado de D. Maria II, encontrado algum equilbrio proporcionado por uma certa estabilizao do

    rotativismonamonarquiaconstitucional,deuseoarranquedefinitivodoensino industrialemPortugal

    17GiovanniAntonioDallaBella(17301823),pormenoresbiogrficosem:http://cvc.institutocamoes.pt/ciencia/p34.html.18DomingosVandelli(17301816),pormenoresbiogrficosem:http://cvc.institutocamoes.pt/ciencia/p10.html.

  • 10

    comacriaodoInstitutoIndustrialdeLisboaedaEscolaIndustrialdoPorto(1852).Agrandefinalidade

    destasduasinstituieseraeducareinstruirasnovasclasseslaboriosas.

    Esteensinoviriaasofrer,aolongodossculosXIXeXX,jduranteaIRepblica,vriasreformas

    nosentidodeadaptarasnecessidadesdaindstriacomarealidadedopas.ComainstauraodoEstado

    Novo,em1926,Portugalatravessouumperodoquepodeserdivididoemtrsfases:(1)192640,quese

    pautou pelo advento do salazarismo e do corporativismo; (2) 194150, influenciada pelo ciclo da II

    GuerraMundialepelodopsguerra;e (3)195174,marcadapelaguerra colonialemfricaeoutros

    territriosultramarinoseporum longoprocessode isolamento internacionaledeagoniapaulatinado

    regime.Estas fases condicionaram,naturalmente,a filosofia subjacenteaodesenvolvimentodoensino

    industrial.Nestesentidoassinalaremos,aindanesteponto,todasasreformasaeleassociadasatsua

    subidaaopatamardeensinosuperior,nomedamenteareformadoensinoindustrialde1931(Decreton

    20:328),areformade1933(Decreton22:739),eapublicaodaLein1947de11deabrilde1936(Lei

    deBasesdaEducaodoEstadoNovo),estaltimaconsideradaummarcohistricoao introduziruma

    novaordemnoseiodonovoestadodaeducaoescolarportuguesa.

    ASegundapartedestetrabalho,denominadaOcasodaEscoladoPortocompostaporquatro

    captulosadicionais.Destaforma,nocaptuloIV(Oscursosdeminaserespetivasdisciplinasprofessados

    naescoladoPortoentre1864e1974)estabeleceremosumpercursocronolgicodescritivodoscursos

    lecionadosduranteolongointervaloemestudo.

    EmPortugal,asegundametadedosculoXIXfoimarcadaporumperododegrande incremento

    da indstriamineiraecomapublicaodevrias leisaregulamentaremamineraonacional.Perante

    talpanorama,apartirdestemomento,acriaodecursosassociadoslaboraodeminasederecursos

    mineraismetlicosenometlicos,tornousenumarealidadeexpressiva,tantonaAcademiaPolitcnica

    doPortoenaEscolaPolitcnicadeLisboa,comonosInstitutos Industriais,emboraaquiumpoucomais

    tarde. O curso de Condutores deMinas do Instituto Industrial do Porto s comeou efetivamente a

    funcionarem1867,apsapromulgaodosprogramasdos cursosporpartedoMinistriodasObras

    Pblicas,Comrcioe Indstria,emPortariadatadade15demaiodesseano.Logoem1869ocursoviu

    alteradaasuadenominaoparaCursodeCondutoresdeMinaseMestresMineiros,emvirtudedenovas

    disposiesdatutelarealtivamenteaoensinoindustrial,introduzidaspeloDecretode30dedezembro.A

    situao s voltou amodificarse em 1886, com a reorganizao do ensino industrial decretada em

    dezembro, aqualalterouadenominaoparaCursodeMinas, classificado como cursoespecial.Esta

    reformanofoimuitoduradoura,dadoquefoisubstitudaporumaoutraem1891,naqualosInstitutos

    Industriais passaram a ser considerados estabelecimentos de ensino mdio, com cursos industriais

    especiaisdosquaisfaziaparteoCursodeMetalurgiaeArtedeMinas,mantendoseottuloprofissional

    deCondutordeminas,MestreMetalrgicoeMestreMetalurgista.

  • 11

    Nasdcadasseguinteseemfunodaconjunturapolticaeeconmica,foramintroduzidasmuitas

    outrasalteraes(1905,1918,1947,1950)atintroduodasreformasestruturantesdeVeigaSimo,

    jem1973.AsbasesrefletiamaslinhasdepensamentotraadaspeloEstadoNovonoquediziarespeito

    educaodestedonvelprescolarataoensinosuperior.

    Com o fim do regime e a publicao do DecretoLei n 830/74 de 31 de dezembro, o ensino

    industrial passou a ajustarse nova realidade social, poltica e econmica vivida em Portugal. Este

    momentomarca igualmente o reconhecimento damaisvalia dos institutos industriais atravs da sua

    conversoeminstitutossuperiores.

    NocaptuloV(Acomponentetericadoensinoindustrial)analisaremososdocentes,asdisciplinas,

    osprogramascurriculareseoscompndiosadotados,bemcomotextosdeapoiosdiversasdisciplinas

    ligadassreasdaMineralogia,GeologiaeMetalurgia.

    ApesardoensinodaHistriaNatural jtersido introduzidonosplanoscurricularesnasprincipais

    escolasdopas,scomacriaoda7cadeiranareformadoensinoindustrialde1864,queseinicioua

    introduodestasmatriasneste tipodeensino, comeando a funcionarde formaefetiva apartirde

    1867.AntnioLusFerreiraGiro(18231876)19foioprimeiroprofessordestarea.

    Em1886, foipublicadamaisuma reformadoensino industrialqueoriginouvriasalteraesna

    divisoedenominaodascadeiras.Passaramassimaexistirtrsnovasdisciplinasrelacionadascomos

    contedos programticos em estudo: 11 cadeira Zoologia, Botnica elementares e Higiene das

    indstrias,queficouacargodePauloMarcelinoDiasdeFreitas(18491929);15cadeiraMineralogiae

    Geologia,lecionadaporManuelRodriguesMirandaJniore16cadeiraArtedeMinaseMetalurgia,da

    responsabilidadede JosDiogoArroyo (18551925).Estaorganizaomanteveseat1891,dataemse

    reorganizoupela terceiravezeste tipodeensino,coma justificaode sernecessrioeconomizarnos

    serviospblicos,sendoqueasdisciplinasvoltaramamudarradicalmente.

    Na sucesso da tendncia reformista da tutela, o ano de 1905 ficou marcado por mais uma

    reorganizaosubstancialnaestruturaodoInstitutodoPorto,baseadanareformajimplementadano

    Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, em 30 de junho de 1898. Ficou o ensino destas reas

    organizado agora da seguinte forma: 7 cadeira 1 parte: Botnica Industrial, 2 parte: Zoologia

    Industrial,3parte:Higienegeralecolonial,docenteAntniodeSousaMagalhesLemos(18551931);8

    cadeira1parte:Mineralogia,2parte:Geologia,docenteRobertoBellarminodoRosrioFrias(1853

    1918); 11 cadeira 1 parte:Metalurgia e LegislaoMineira, 2 parte: Arte deMinas, Topografia

    subterrnea, docenteManuel RodriguesMiranda Jnior e 22 cadeira 3 parte: Desenho e cortes,

    DesenhodaMinas,docenteJosMigueldAbreu.

    19AntnioLusFerreiraGiro(18231876), lentedaAcademiaPolitcnicadoPortoedoInstitutoIndustrialdoPorto,fidalgodaCasaReal,militarepoltico(Cf.http://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1013296).

  • 12

    Masalteraesintroduzidasnoficaramporaqui.Comoveremosforamvrias,principalmentena

    dcadade30ede50,asalteraesqueocorreramnascadeiraseseusprofessores.

    Noquedizrespeitoaosprogramascurricularesdescreveremoseanalisaremososseuscontedos

    programticos. A elaborao destes era da responsabilidade dos professores responsveis pelas

    respetivas cadeiras, sendo posteriormente aprovados pelo Conselho Escolar. Os programas foram

    sofrendo alteraes peridicas, adequandose s novas abordagens de aprendizagem dasmatrias, e

    ajustandosesempressucessivasreformasqueoensinoindustrialsofreriaaolongodostempos.

    Nestecaptuloestudaremosaindaosmanuaisadotadosparaaoensinodasdiversasdisciplinas.A

    escolhadosmanuais, semelhanadoque sepassava comosprogramas,erada responsabilidadedo

    professordadisciplina,sendodepoistambmaprovadospeloConselhoEscolar.Foramadotadosalguns

    dosautoresderefernciadapoca,entreosquaisAmdeBurat(18091883),F.S.Beudant(17871850),

    Stanilas Meunier (18431925), J. Langlebert, A. Leym