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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS PRODUÇÃO DE CICLODEXTRINA GLICOSILTRANSFERASE POR MICRORGANISMOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Bacharelado … · Web viewApós este tempo o ciclo é interrompido e espera-se baixar temperatura/pressão para retirar o material de dentro da autoclave

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOSCURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS

PRODUÇÃO DE CICLODEXTRINA GLICOSILTRANSFERASE POR MICRORGANISMOS

Fabiane Zwirtes CavalheiroPelotas/2008

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOSCURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS

PRODUÇÃO DE CICLODEXTRINA GLICOSILTRANSFERASE POR MICRORGANISMOS

Relatório final de estágio apresentado à

Universidade Federal de Pelotas, sob a

orientação da Profª. Rosane da Silva Rodrigues,

como parte das exigências da disciplina de

Estágio Supervisionado, do Curso de Química de

Alimentos, para obtenção do título de Bacharel

em Química de Alimentos.

Fabiane Zwirtes CavalheiroPelotas/2008

ALUNAFabiane Zwirtes Cavalheiro

[email protected]

CONCEDENTERazão social: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Setor de realização do estágio: Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos,

Laboratório de Enzimologia

Endereço: Av. Bento Gonçalves, 9500

Fone: (51) 3308-7094

Web-site: www.ufgrs.com.br/icta

Supervisor de estágio: Plinho Francisco Hertz – Professor

ESTÁGIOÁrea de atuação: Enzimas

Período do termo de compromisso: 12 de agosto de 2008 a 07 de novembro de

2008

Número de horas de estágio: 512 horas

Nome do professor orientador: Rosane da Silva Rodrigues

Semestre e ano que o relatório foi apresentado: Relatório apresentado no 8º

semestre do Curso de Bacharelado em Química de Alimentos, referente ao 2º

semestre letivo de 2008.

3

Banca examinadora:Profª Mirian Ribeiro Galvão Machado

Profª Rosane da Silva Rodrigues

Msc. Taís Letícia Bernardi

4

Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais, por todo amor e carinho que sempre tiveram comigo e por

todo apoio e compreensão que demonstraram durante minha faculdade. Amo vocês

mais que tudo!

Ao meu irmão, pelo incentivo, dicas e socorro na hora de escrever o relatório.

Saudade de ti maninho!

Aos meus avós, pela “hospedagem”, respeito e amor que tiveram comigo

nesse período em que morei em Pelotas.

As minhas melhores amigas do mundo (Quarteto Fantástico!), sem vocês a

faculdade não teria a mínima graça!!! Obrigada pelo carinho, pelas palavras de apoio

e pela amizade incondicional. Amo muiiito vocês!

As minhas amigas de infância, Vá e Mai, por me mostrarem que a amizade

vai além de qualquer distância.

As “guerreiras”, Joh, Rê e Ana, que fizeram Porto Alegre bem mais divertida

pra mim!

Ao “pessoal” do ICTA e em especial ao laboratório 210, Manu e Cris, obrigada

por me acolherem tão bem! Com vocês aprendi que um bom ambiente de trabalho é

fundamental. Sentirei saudade da hora do cafezinho...

A minha irmã, chefa e amiga Van, não tenho palavras para agradecer tanta

dedicação e carinho comigo! Só posso agradecer a Deus por ter colocado um anjo

que nem tu na minha vida, das nossas risadas lembrarei pra sempre! Amo tu

negrinha!

Ao Profº Plinho, pela oportunidade e confiança depositada em mim e acima

de tudo pela amizade.

A Profª Rosane, pelo incentivo e orientação nesse trabalho.

Enfim, agradeço a todos os familiares e amigos que de alguma forma

ajudaram a vencer mais essa etapa da minha vida!

5

Sumário

Lista de Tabelas...........................................................................................................7

Lista de Figuras............................................................................................................9

Resumo ....................................................................................................................10

1 Introdução...............................................................................................................11

2 Objetivo...................................................................................................................13

2.2 Específicos..........................................................................................................13

3 Atividades Desenvolvidas.......................................................................................14

3.1 Cultivo dos microrganismos da coleção amazônica e do solo do estado do Rio

Grande do Sul............................................................................................................14

3.2 Ciclodextrinas.......................................................................................................15

3.3 Ciclodextrina glicosiltransferase...........................................................................17

3.4 Atividade enzimática.............................................................................................18

3.5 Purificação de CGTase........................................................................................22

3.5.1 Quantificação protéica (método de Lowry)........................................................24

3.5.2 Atividade enzimática antes da purificação........................................................26

3.5.3 Quantificação protéica (método de Lowry) antes da purificação......................27

3.5.4 Atividade enzimática após purificação..............................................................28

3.5.5 Quantificação protéica (método de Lowry) após purificação............................30

3.5.6 Atividade específica..........................................................................................31

3.5.7 Fator de purificação..........................................................................................31

3.5.8 Rendimento......................................................................................................32

3.6 Imoblização de CGTase.......................................................................................33

4 Sugestões...............................................................................................................35

5 Conclusão.......................................................................................................... .....36

6 Referências.............................................................................................................37

Apêndice.....................................................................................................................39

6

Lista de Tabelas

Tabela 1 Concentração de β-ciclodextrina para obtenção da curva

padrão........................................................................................................................19

Tabela 2 Valores de absorbância encontrados para bacilo de solo do Rio Grande do

Sul (amostra nº143)....................................................................................................20

Tabela 3 Valores de absorbância encontrados para bacilo de solo do Rio Grande do

Sul (amostra nº143) para diluição

1:20............................................................................................................................20

Tabela 4 Diluições utilizadas para curva padrão para proteína com Albumina de

Soro Bovino (BSA).....................................................................................................24

Tabela 5 Valores de absorbância encontrados para extrato enzimático de

ciclodextrina glicosiltransferase (CGTase) obtida de Bacillus circulans antes da

purificação..................................................................................................................26

Tabela 6 Valores de absorbância encontrados para o extrato enzimático de CGTase

produzida por Bacillus circulans diluído 20 vezes antes da

purificação..................................................................................................................26

Tabela 7 Valores de absorbância encontrados para quantificação protéica em

extrato enzimático de CGTase produzida por B. circulans antes da

purificação..................................................................................................................27

Tabela 8 Valores de absorbância de atividade enzimática encontrados para extrato

enzimático de CGTase produzida por B. circulans diluído 200 vezes após a

purificação..................................................................................................................28

Tabela 9 Valores de absorbância de atividade enzimática encontrados para extrato

enzimático de CGTase produzida por B. circulans diluído 2000 vezes após a

purificação..................................................................................................................29

7

Tabela 10 Valores de absorbância encontrados para quantificação protéica do

extrato enzimático de CGTase produzido por B. circulans após a

purificação..................................................................................................................30

Tabela 11 Rendimento da purificação do extrato enzimático de CGTase produzido

por B. circulans...........................................................................................................33

8

Lista de Figuras

Figura 1 Organograma parcial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.......12

Figura 2 Estrutura da α, β e γ-ciclodextrina...............................................................15

Figura 3 Formação de complexo por encapsulação de molécula de p-xileno por β-

ciclodextrina................................................................................................................16

Figura 4 Perda proporcional de cor através do encapsulamento da fenoftaleína pela

ciclodextrina................................................................................................................18

Figura 5 Gráfico da curva padrão de β-ciclodextrina.................................................19

Figura 6 Fluxograma da purificação da enzima CGTase .........................................23

Figura 7 Gráfico da curva padrão de BSA.................................................................25

Figura 8 Fluxograma de imobilização de CGTase....................................................34

9

Resumo

CAVALHEIRO, Fabiane Zwirtes. Produção de ciclodextrina glicosiltransferase por microrganismos, 2008, 40f. Trabalho acadêmico apresentado ao curso de

Bacharelado em Química de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas – UFPel.

Este trabalho objetiva apresentar as atividades desenvolvidas durante o

estágio curricular realizado no Laboratório de Enzimologia do Instituto de Ciência e

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Diferentes bactérias provenientes de uma coleção amazônica e do solo do RS foram

cultivadas para verificar a produção de ciclodextrina glicosiltransferase (CGTase),

onde apenas a bactéria nº 143 proveniente do solo do Rio Grande do Sul apresentou

atividade enzimática. Devido ao achado tardio dessa bactéria não se pode realizar

testes para identificá-la. Os resultados apresentados neste trabalho referem-se a

valores encontrados pela equipe do laboratório de Enzimologia que realiza a

produção, purificação e imobilização de CGTase, através da bactéria Bacillus

circulans. A purificação da enzima chega a resultados positivos, uma vez que se

obtém 34,62 de fator de purificação (ou seja, a enzima fica 34 vezes mais pura).Os

objetivos desse estágio foram cumpridos deixando ainda portas abertas para a

realização de novos estudos referente a bactéria nº 143.

Palavras-chave: CGTase; produção; purificação; imobilização.

1

1. Introdução

O Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ICTA) foi instituído pelo

Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 29 de

dezembro de 1958, tornando-se o primeiro Instituto de pesquisas científicas em

alimentos no Brasil. O ICTA compõe-se dos Departamentos de Ciências dos

Alimentos e de Tecnologias dos Alimentos, os quais atuam na áreas de ensino,

pesquisa e extensão em que são atendidos os cursos de graduação de Engenharia

de Alimentos, Nutrição, Farmácia, Agronomia, Engenharia Química, Química e

Biomedicina, e os cursos de pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos,

Engenharia Química, Veterinária, Agronomia, Bioquímica e Biotecnologia. A fig. 1

apresenta o organograma parcial da Universidade Federal do Rio grande do Sul.

O Laboratório de Enzimologia tem como linha de pesquisa principal a

produção de metabólitos microrgânicos de interesse alimentar, com ênfase no

desenvolvimento de técnicas de produção, purificação e utilização de enzimas.

Sendo assim, o Laboratório mantém uma coleção de microrganismos e busca,

através de pesquisas, novos metabólitos e enzimas provenientes de microrganismos

ambientais.

1

Figura 1. Organograma parcial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Reitoria Pró Reitoria Superintendências

Secretarias Associações Unidades Universitárias e Institutos especializados

Conselho superior

Diretórios acadêmicos

Órgãos suplementares ICTA

1

2. Objetivos

2.1 Geral

O objetivo geral do estágio foi a aplicação e o aprimoramento dos

conhecimentos adquiridos no Curso de Química de Alimentos para a realização de

técnicas de microbiologia e de enzimologia e posterior avaliação do potencial de

produção da ciclodextrina glicosiltransferase em uma coleção de bactérias isoladas

de ambientes amazônicos e de solos do Rio Grande do Sul.

2.2 Específicos

- Realização de técnicas de microbiologia para manter e multiplicar os

microrganismos de interesse;

- Realização de técnicas de enzimologia para detectar e quantificar a

atividade de ciclodextrina glicosiltransferase;

- Realização de técnicas de purificação e análise de proteínas.

1

3. Atividades Desenvolvidas

Durante o estágio foram realizadas técnicas de microbiologia para o cultivo

dos microrganismos a serem testados; de produção da enzima ciclodextrina

glicosiltransferase (CGTase) e técnicas para quantificação e purificação do extrato

enzimático produzido.

3.1 Cultivo dos microrganismos da coleção amazônica e do solo do estado do Rio Grande do Sul

O laboratório de Enzimologia possui duas coleções de bactérias, uma é

proveniente de ambiente amazônico e a outra proveniente de solos do Rio Grande

do Sul. A coleção de ambientes amazônicos é composta por 100 bactérias, das

quais foram testadas 76. Já a coleção do solo é composta por 500 bactérias, das

quais foram testadas apenas 100 bactérias que já estavam identificadas como sendo

do gênero Bacillus,

Para a realização da inoculação, primeiramente é feito o preparo do meio de

cultura caldo BHI (Brain heart infusion – Infusão de cérebro e coração) onde foi

adicionada a quantidade de 25 mL de água mili-Q para 0,925g de caldo BHI,

seguindo as especificações do fabricante (Merck). Mistura-se a água e o extrato,

sendo este meio armazenado em um erlenmeyer para posterior autoclovagem. A

escolha do caldo BHI para o cultivo de microrganismos deve-se ao fato desse meio

ser, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), rico em

nutrientes de coração e cérebro, peptona e dextrose, além de ser fonte de

nitrogênio, carbono, enxofre e vitaminas. Na autoclavagem os materiais ficam

expostos a uma temperatura de pelo menos 121ºC e uma pressão de 1atm durante

15 minutos. Após este tempo o ciclo é interrompido e espera-se baixar

temperatura/pressão para retirar o material de dentro da autoclave.

1

Para que haja segurança e evite-se contaminação, a inoculação é realizada

em capela de fluxo laminar vertical. As culturas estoque de bactérias amazônicas e

do solo são mantidas congeladas em suspensão de glicerol 20%. Utilizando uma

alça de platina estéril, são retiradas duas alçadas de cada cultura estoque e

colocadas no erlenmeyer com caldo BHI que é devidamente identificado de acordo

com o número da amostra.

Em seguida os erlenmeyers são levados para a incubadora de bancada

CONTEMP, durante 24 horas com agitação constante de 160rpm e temperatura de

37ºC. A leitura é realizada após esse período observando-se a cor do caldo BHI,

cuja cor original do meio é amarelo claro e límpido, o que indica que não houve

crescimento bacteriológico e o crescimento é detectado quando o caldo fica com

aspecto turvo, como pode ser visto no Apêndice A.

Após crescimento em BHI, retira-se uma alíquota (1mL) para inocular em um

meio contendo amido afim de estimular a produção de CGTase, conforme será

descrito mais adiante.

3.2 Ciclodextrinas

As ciclodextrinas (CDs) são oligossacarídeos cíclicos, compostos de seis,

sete ou oito unidades de glicose unidas por ligações α-1,4, denominadas

respectivamente de α, β, γ-CD (Figura 2). Em razão da ciclização, as extremidades

redutora e não redutora se ligam, de forma que todas as ciclodextrinas são não

redutoras (CEREDA, 2003).

α- ciclodextrina β- ciclodextrina γ-ciclodextrina

Figura 2. Estrutura da α, β e γ-ciclodextrina.

Fonte: FIELDER; PAJATSCH; BÖCK, 1996.

1

As ciclodextrinas apresentam uma cavidade interna hidrofóbica e a região

externa hidrofílica. Tal característica favorece sua interação com uma variedade de

substâncias, formando complexos de inclusões (Figura 3) que alteram as

características físicas e químicas da molécula hóspede (GOMES APUD ALLEGRE E

DERATINI,1994; BENDER, 1986, SZEJTLI, 1997). Segundo Pszczola (1988), a

complexação ocorre quando uma molécula hospedeira preenche totalmente ou em

parte a cavidade interna da ciclodextrina. Um dos critérios para a complexação é o

tamanho da molécula a ser encapsulada, que deve ser compatível com a cavidade

da CD. Outro critério é a polaridade da molécula encapsulada e sua competição com

os demais compostos presentes no meio. Segundo Bertolini, Cereda e Chuzel

(1998), alguns dos efeitos da encapsulação de compostos por CDs são a proteção

contra oxidação, degradação pela luz, calor, perdas por volatilidade, redução ou

eliminação de gostos ou odores desagradáveis, estabilização de cores, vitaminas,

aromatizantes e saborizantes.

Na indústria alimentícia, as CDs podem ser utilizadas especificamente para:

extrair componentes específicos através de separação líquido-líquido favorecendo a

extração de componentes amargos de frutas cítricas ou proteínas hidrolisadas;

extração de cafeína do café ou chá; compostos de aroma oleosos podem ser

extraídos diretamente de fontes naturais, como alho e cebola, sem a necessidade da

utilização de solventes ou de processo de destilação; remoção de colesterol da

gordura do leite ou da gema de ovos; remoção de ácidos graxos livres de gorduras

para melhorar as propriedades de frituras; encapsulação de vitaminas lipofílicas e

vitaminas do complexo B para proteção contra oxidação, degradação térmica e

reações com outros componentes e para estabilização de óleos essenciais voláteis

de chá (CEREDA,2003).

Figura 3. Formação de complexo por encapsulação de molécula de p-xileno

por β- ciclodextrina.

1

Fonte: Pszczola, 1988.

3.3 Ciclodextrina glicosiltransferase (CGTase)

A ciclodextrina glicosiltransferase [CGTase; 1,4- α-D-glucana: 1,4-α-D-

glicopiranosil transferase; EC 2.4.1.19] é uma enzima extracelular da família 13 das

α-amilases. É produzida por microrganismos em sua maioria do gênero Bacillus

(também podendo seu produzida pelos gêneros Pseudomonas, Klebsiella,

Clostridium, Brevibacterium e Micrococcus), e possui a habilidade de converter o

amido e seus substratos em ciclodextrinas. Um aspecto característico das enzimas

da família das α-amilases é que todas utilizam o mecanismo de α-conservação,

porém seu substrato ou especificidade do produto é largamente variável (PINTO

apud VAN DER MAAREL et al., 2007).

O substrato mais freqüentemente utilizado para a produção de CGTase é o

amido solúvel, sendo também utilizadas outras fontes de amido como farelo de trigo

e caldo de maceração de milho (VAN DER MAAREL et al., 2002). Para que o amido

seja utilizado, tanto pelo homem como por bactérias e fungos, é necessária a

presença de enzimas que possuam a habilidade de degradação e síntese.

Os microrganismos que apresentaram crescimento em caldo BHI, conforme

descrito anteriormente, são utilizados em uma fermentação submersa a qual é

realizada em erlenmeyers de 500mL contendo 100mL de meio. Cada erlenmeyer é

inoculado com 1mL de um pré-inóculo de 24horas (meio BHI), incubado à 37°C sob

agitação de 150rpm. O meio utilizado tem como composição 0,5% de extrato de

levedura; 0,5% de peptona; 0,1% de K2HPO4; 0,02% de MgSO4; 1% de amido

solúvel. Para regular o pH do meio (9,7-10, que é o mais indicado para a produção

CGTase por Bacillus circulans segundo estudo prévio do grupo de pesquisa do

laboratório) utiliza-se Na2CO3 estéril na concentração de 150g.L-1 – adicionando-se

aproximadamente 1mL do carbonato de sódio para cada 50mL de meio de amido. O

turvamento do meio de cultivo após 18 horas de incubação À 37ºC e 180rpm (ver

Apêndice B) indica a presença de enzima amilácea, não sendo necessariamente

ciclodextrina glicosiltransferase.

1

3.4 Atividade enzimática

A confirmação de atividade enzimática é realizada através do método de

fenolftaleína (KANEKO et al., 1987), modificado por PINTO et al. (2007). Em tubos

de ensaio contendo 350μL de meio de cultivo (extrato enzimático), são adicionados

650μL de uma solução de amido solúvel em tampão fosfato (pH 6,0 – 0,1M) à 4%.

Os tubos são, então, incubados a 60°C por 15 minutos. A reação é interrompida com

a adição de 4mL de fenolftaleína diluída em Na2CO3 (13,5 g.L-1), na proporção de

1:100. É feita a leitura das amostras em espectrofotômetro Ultrospec 3100 pro na

faixa de 550nM. O método baseia-se no fato de que a fenolftaleína é encapsulada

em presença de ciclodextrina, com perda proporcional de cor como mostrado na

figura 4.

Figura 4. Perda proporcional de cor através do encapsulamento da

fenoftaleína pela ciclodextrina

A curva padrão (Figura 5) é feita a partir de uma solução 0,02g de β-

ciclodextrina em 50mL de tampão fosfato 0,1M pH 6, a partir dessa solução são

feitas diluições de 40 a 400μg.mL-1 (Tabela 1), obtendo assim uma curva com dez

pontos da seguinte maneira: 1mL de solução de cada diluição é colocado em tubo

1

de ensaio e adiciona-se 4mL de fenolftaleína (diluída em Na2CO3 13,5g.L-1) em cada

tubo. Procede-se a leitura em espectrofotômetro à 550nM.

Tabela 1. Concentração de β-ciclodextrina para obtenção da curva padrão

Μg.mL-

1

Absorbância550nM

Absorbância550nM

Absorbância550nM

Absorbância média

%= (branco – amostra)/

branco *100

400 0,654 0,651 0,661 0,6553 35,3

360 0,677 0,670 0,670 0,3723 32,6

320 0,711 0,699 0,719 0,7096 28,9

280 0,732 0,760 0,749 0,747 25,1

240 0,781 0,778 0,779 0,7793 21,9

200 0,807 0,800 0,818 0,8083 19,0

160 0,868 0,855 0,811 0,8446 15,3

120 0,890 0,896 0,932 0,906 9,2

80 0,928 0,926 0,937 0,9303 6,7

40 0,970 0,979 0,970 0,9733 2,5

Curva padrão de β-ciclodextrina

y = 0,0919x - 0,5801R2 = 0,9948

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,0

0 100 200 300 400 500Concentração (μg/mL)

% c

iclo

dext

rina

Figura 5. Gráfico da curva padrão de β-ciclodextrina.

1

Tanto a curva padrão, como o protocolo de atividade são desenvolvidos em

triplicata para verificar a reprodutividade dos resultados. Para identificar a

interferência de algum reagente é feito um “branco”, onde a enzima é inativada

através de fervura durante 4 minutos antes da adição de amido.

Dentre as bactérias analisadas somente foi encontrada produção enzimática

em uma amostra, identificada com o nº 143, sendo um bacilo proveniente de solo do

Rio Grande do Sul rico em matéria orgânica. Essa produção enzimática foi

comprovada pelo protocolo de atividade enzimática onde foi encontrada uma

absorbância média de 0,254 à 550nM. Esse valor (tabela 2) foi enquadrado dentro

da curva padrão realizada com β-ciclodextrina.

Tabela 2. Valores de absorbância encontrados para bacilo de solo do Rio Grande do

Sul (amostra nº143)

Amostra Absorbância (550nM)

Branco 0,995

1 0,253

2 0,251

3 0,257

Média das Absorbâncias 0,254

Os valores encontrados (tabela 3) na leitura em espectrofotômetro não

permitiram que os valores fossem enquadrados na curva padrão. Então fez-se

diluições até que o valor ficasse da faixa delimitada pela curva padrão, que

correspondeu a diluição de 1:20.

Tabela 3. Valores de absorbância encontrados para bacilo de solo do Rio Grande do

Sul (amostra nº143) para diluição 1:20

Amostra Absorbância (550nM)Branco 0,995

1 0,702

2 0,701

3 0,711

2

Média das Absorbâncias 0,705

Considerando que uma unidade de atividade da CGTase (U) é definida como

a quantidade de enzima que forma 1μg de ciclodextrina por minuto, fez-se os

seguintes cálculos para os valores encontrados:

% de ciclodextrina formada durante a reação

Absorbância branco – média absorbância da amostra x 100

Absorbância branco

0,995 – 0,705 x 100 = 29,1%

0,995

Calculando a equação da reta para o valor encontrado

y = 0,0919x – 0,5801

29,1 = 0,0919x – 0,5801

x = 322,96

Considerando que o tempo de reação à 60°C é de 15 minutos, e que a unidade de

atividade é dada em μg de ciclodextrina formada por minuto

322,96 ÷ 15 = 21,53U.mL-1

Multiplicando pelo valor de diluição

21,53 x 20 = 430,61U.mL-1

O valor de atividade da enzima produzida pela amostra 143 foi de

430,61U.mL-1. Resultado esse muito satisfatório uma vez que o último resultado

obtido pela equipe do laboratório que utiliza Bacillus circulans para produção da

enzima foi de 503,2U.mL-1.

2

3.5 Purificação de CGTase

A purificação da enzima (Figura 6) foi feita de acordo com Rosso (2005), o

qual utiliza amido como meio de adsorção. Primeiramente a enzima produzida foi

colocada em “falcon” (15mL) e centrifugada à 3000g por 15 minutos, para a retirada

de células e sólidos interferentes. Do sobrenadante foram retiradas alíquotas para

realizar a atividade enzimática e quantificação protéica pelo método de Lowry, que

será descrito mais adiante. Em seguida, 10mL do extrato enzimático (sobrenadante

da amostra) foi colocado em banho gelado e adicionado de 1,1g de amido de milho

e 0,16g de (NH4)2SO4. Solução que homogeneizada e novamente centrifugada a

3000g/10min. O sobrenadante dessa centrifugação foi descartado e o precipitado

(complexo enzima-amido) submetido a duas lavagens com 1mL de solução de

(NH4)2SO4 (1,6%) à 0°C cada, entre as quais a amostra foi centrifugada sob as

mesmas condições anteriores. A lavagem foi realizada para retirar impurezas que

ainda pudessem estar presentes na amostra assegurando o estabelecimento da

ligação amido – enzima. Segundo Scopes (1994) este fenômeno é denominado

salting out ou precipitação por sais, onde os sais desidratam as proteínas atraindo

as moléculas de água do meio, de modo a ficar menos água disponível para as

moléculas protéicas. A solubilidade de uma proteína depende da quantidade de

água disponível ao redor de seus grupos iônicos (quanto menor for o número de

moléculas de água, menor será a solubilidade). Após a lavagem o sobrenadante foi

novamente descartado e ao precipitado adicionado 1mL de α-CD 10mM esta mistura

foi homogeneizada e colocada em shaker à 40°C durante 30 minutos, em seguida,

realizada a centrifugação à 8rpm por 15 minutos. O sobrenadante (enzima livre de

amido) foi colocado em tubos Amilcon Ultra (ultrafiltração) até o máximo de 4mL por

tubo, os quais foram novamente centrifugados durante 10 minutos à 5000g. O

material filtrado foi descartado e à enzima aderida a membrana adicionados 4mL de

tampão fosfato 0,1M pH 6 e submetido a nova centrifugação nas condições

anteriores para eliminar qualquer impureza ainda existente. A enzima extraída e

purificada ficou retida na membrana e novos testes de atividade e quantificação

protéica foram realizados para calcular o rendimento do procedimento de

purificação.

2

Figura 6. Fluxograma da purificação da enzima CGTase

12-13mL do cultivo

Centrifugação 3000g/15min

Adição de 1,1g de amido de milho e 0,16g

de (NH4)2SO4

Centrifugação 3000g/10min

Lavagem com (NH4)2SO4 1,6% 0°C

Centrifugação 3000g/10min

Lavagem com (NH4)2SO4 1,6% 0°C

Centrifugação 3000g/10min

Shaker 40°C/30min

Centrifugação 8rpm/15min

Atividade enzimática

Ultrafiltração

Quantificação protéica (método de Lowry)

2

3.5.1 Quantificação protéica (método de Lowry)

A quantificação de proteína nas amostras foi realizado pelo método de Lowry

que consiste em duas reações colorimétricas: a reação de biureto, na qual os íons

Cu2+ interagem com as ligações peptídicas originando uma coloração azul intensa; E

a reação que envolve a adição do reagente de Follin-Ciocalteau em uma mistura

complexa de sais inorgânicos cuja reação com a tirosina e o triptofano resultam em

uma coloração azul esverdeada intensa. A combinação dessas duas reações

fornece um teste muito mais sensível que as duas reações isoladamente (LOWRY et

al., 1951). Para a realização desse método é necessário primeiramente preparar os

reagentes: A- sulfato de cobre pentahidratado CuSO4 . 5H2O 0,5%; B – hidróxido de

sódio 0,1N acrescido de carbonato de sódio 2% e tartarato de sódio e potássio

0,1%; C – Follin- Ciocalteau, diluído 1:1 com água destilada. Estes reagentes são

armazenados em geladeira.

Preparados os reagentes foi obtida uma curva padrão (Figura 7) para proteína

utilizando BSA (Albumina do Soro Bovino) com diluições de 0,1 a 1mg.mL-1 (Tabela

4).

Tabela 4. Diluições utilizadas para curva padrão para proteína com Albumina de

Soro Bovino (BSA)

Diluição

Reagente 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sol. Alcalina

(mL)

2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5

H2O

(μL)

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

Albumina (μL) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Follin-

Ciocalteau

(μL)

300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300

2

Como mostrado na Tabela 4, 100μL de cada diluição são adicionados de

2,5mL de uma solução alcalina (reagente A + reagente B, na proporção de 1:50) e

armazenados por 10 minutos à 37°C. Decorrido esse tempo adicionou-se 300μL do

reagente C e após homogeneização as amostras são armazenadas em local escuro

por 30 minutos. Em seguida procedeu-se a leitura em espectrofotômetro à 750nM. A

leitura das absorbâncias dessas diluições são plotadas em gráfico através do

programa Excel® (Figura 5), cujo intervalo deve abranger os valores de proteína

encontrados para a amostra analisada. Para o extrato enzimático proveniente do

cultivo faz-se o mesmo procedimento, substituindo 100μL de BSA por 100μL da

amostra.

y = 0,4172x + 0,0049R2 = 0,992

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Concentração

Abso

rbân

cia

0

Figura 7. Gráfico da curva padrão de BSA.

Mesmo tendo encontrado uma bactéria produtora de CGTase durante a

varredura realizada, não foi possível purificar e nem quantificar a proteína dessa

amostra devido ao término do estágio. Sendo assim, os resultados apresentados

neste relatório referem-se à CGTase produzida pela equipe do laboratório, através

da bactéria Bacillus circulans.

Antes da purificação foram realizadas análises de atividade (Tabela 5) e

quantificação protéica para o extrato enzimático (sobrenadante do cultivo) obtendo

os seguintes resultados:

2

3.5.2 Atividade enzimática antes da purificação

Tabela 5. Valores de absorbância encontrados para extrato enzimático de

ciclodextrina glicosiltransferase (CGTase) obtida de Bacillus circulans antes da

purificação

Amostra Absorbância (550nM)

Branco 1,005

1 0,296

2 0,291

3 0,296

Média das Absorbâncias 0,294

Como esse valor (0,294) não fica enquadrado na curva padrão, faz-se

diluições até encontrar um valor adequado, neste caso a diluição foi de 1:20 (tabela

6).

Tabela 6. Valores de absorbância encontrados para o extrato enzimático de CGTase

produzida por Bacillus circulans diluído 20 vezes antes da purificação

Amostra Absorbância (550nM)

Branco 0,995

1 0,662

2 0,656

3 0,650

Média das Absorbâncias 0,656

% de ciclodextrina formada durante a reação

Absorbância branco – média absorbância da amostra x 100

Absorbância branco

0,995 – 0,656 x 100 = 34,1%

0,995

2

Calculando a equação da reta para o valor encontrado

y = 0,0919x – 0,5801

34,1 = 0,0919x – 0,5801

x = 377,4

Considerando que o tempo de reação à 60°C é de 15 minutos, e que a unidade de

atividade é dada em μg de ciclodextrina formada por minuto

377,96 ÷ 15 = 25,15U/mL

Multiplicando pelo valor de diluição, obtem-se:

25,15 x 20 = 503,15U/mL

Esse valor mostra que antes da purificação há 503,15 unidades de

ciclodextrina por mili litro de amostra.

3.5.3 Quantificação Protéica (método de Lowry) antes da purificação

Os valores obtidos das leituras em espectrofotômetro para a quantificação

protéica estão expressos na tabela 7.

Tabela 7. Valores de absorbância encontrados para quantificação protéica em

extrato enzimático de CGTase produzida por B. circulans antes da purificação

Amostra Absorbância (750nM)

1 0,169

2 0,169

3 0,167

Média das Absorbâncias 0,168

Confrontando este resultado com a equação da curva padrão, percebe-se que o

mesmo está enquadrado no gráfico, obtendo-se o seguinte resultado:

2

y = 0,4172x + 0,0049

0,168 = 0,4172x + 00049

x = 0,39mg/mL de proteína

O valor encontrado indica que antes da purificação há 0,39 mili gramas de

proteína por mili litro de amostra.

Após a purificação são realizadas novas análises de atividade enzimática e

quantificação protéica para a enzima purificada, obtendo os seguintes resultados:

3.5.4 Atividade enzimática após a purificação

A atividade enzimática após a purificação é realizada com a amostra diluída

200 vezes (Tabela 8), isso se deve ao fato de o produto da purificação ser obtido em

quantidade muito pequena e, para que possam ser analisados os parâmetros

desejados (atividade enzimática e quantificação de proteína), faz-se necessário diluir

ainda mais a amostra com adição de tampão fosfato (0,1M pH 6), na proporção de

1:10 (portanto a análise é feita com a enzima diluída 2000 vezes, como mostrado na

tabela 9). Devido a alta taxa de purificação, a enzima torna-se mais concentrada,

portanto realiza-se a verificação da atividade já com a enzima diluída.

Tabela 8. Valores de absorbância de atividade enzimática encontrados para extrato

enzimático de CGTase produzida por B. circulans diluído 200 vezes após a

purificação

Amostra Absorbância (550nM)

Branco 0,937

1 0,245

2 0,259

3 0,246

Média das Absorbâncias 0,250

Entretanto, esse valor ainda não se enquadra na curva, tornando necessário

realizar mais diluições, até encontrar um valor adequado (tabela 9).

2

Tabela 9. Valores de absorbância de atividade enzimática encontrados para extrato

enzimático de CGTase produzida por B. circulans diluído 2000 vezes após a

purificação

Amostra Absorbância (550nM)

Branco 0,998

1 0,705

2 0,698

3 0,698

Média das Absorbâncias 0,700

% de ciclodextrina formada durante a reação

Absorbância branco – média absorbância da amostra x 100

Absorbância branco

0,998 – 0,700 x 100 = 29,9%

0,998

Calculando a equação da reta para o valor encontrado

y = 0,0919x – 0,5801

29,9 = 0,0919x – 0,5801

x = 331,7

Considerando que o tempo de reação à 60°C é de 15 minutos, e que a unidade de

atividade é dada em μg de ciclodextrina formada por minuto

331,7 ÷ 15 = 22,11U/mL

Multiplicando pelo valor de diluição

22,11 x 2000 = 44222,12U/mL

2

3.5.5 Quantificação protéica (método Lowry) após purificação

Os valores obtidos das leituras em espectrofotômetro para a quantificação

protéica da amostra diluída 10 vezes estão expressos na tabela 10.

Tabela 10. Valores de absorbância encontrados para quantificação protéica do

extrato enzimático de CGTase produzido por B. circulans após a purificação

Amostra Absorbância (750nM)

1 0,052

2 0,046

3 0,040

Média das Absorbâncias 0,046

Confrontando este resultado com a equação da curva padrão, percebe-se que

o mesmo está enquadrado no gráfico, obtendo-se o seguinte resultado:

y = 0,4172x + 0,0049

0,046 = 0,4172x + 00049

x = 0,099mg/mL

Multiplicando pelo fator de diluição

0,099 x 10 = 0,99mg/mL de proteína

Na tabela 11, além dos parâmetros analisados (atividade e proteína), podem

ser encontrados os valores de atividade específica – valor de atividade enzimática

por concentração de proteína, sendo que quanto maior o valor de atividade

específica menor quantidade de outras proteínas, portanto mais purificada está a

enzima. Isto pode ser comprovado pelo fator de purificação, que mostra que a

enzima está trinta vezes mais purificada.

3

3.5.6 Atividade específica

A atividade específica é realizada para medir a quantidade de atividade

enzimática por concentração de proteína, e é calculada antes e depois da

purificação para comparação dos resultados

Antes da purificação

Atividade (U/mL) = 503,15 =1290,13

Proteína (μg/mL) 0,39

Após a purificação

Atividade (U/mL)

Proteína (μg/mL)

44222,12 = 44668,81

0,99

Os valores encontrados mostram que a atividade específica aumentou de

1290,13 para 44668,81, significando que a enzima está realmente mais purificada,

livre de outras proteínas interferentes.

3.5.7 Fator de purificação

O fator de purificação mostra quantas vezes a enzima está purificada, neste

caso o valor obtido mostra que a CGTase ficou 34,62% mais pura.

Atividade específica antes da purificação

Atividade específica pós purificação

44668,81 = 34,62%

1290,13

3

3.5.8 Rendimento

Para esse cálculo é necessário considerar o volume do qual se retirou

alíquota para realizar o ensaio de atividade, uma vez que o resultado encontrado é

proporcional a esse volume. Ou seja, para medir atividade enzimática antes da

purificação (bem como a proteína contida), partiu-se de 90mL de extrato enzimático

(sobrenadante da centrifugação do meio de cultura para eliminar células e outros

interferentes). Já após a purificação, foi obtido um total de 0,225mL de enzima, a

qual foi diluída para poder realizar as análises desejadas.

Volume x atividade (antes purificação) = 100%

90 x 503,15 = 45283,5

Volume x atividade (depois purificação) = X

0,225 x 44222,12 = 9949,98

45283,5 ------------ 100%

9949,98 ------------ X

X= 21,97%

Sendo assim, o rendimento final da purificação foi de 21,97%. Esse valor

representa que após a purificação, foi possível recuperar aproximadamente 22% da

atividade enzimática. A equipe de pesquisa se mostrou satisfeita com o valor obtido

e procura repeti-lo para que este resultado tenha reprodutibilidade. A tabela 11 é um

resumo de todos os resultados obtidos.

3

Tabela 11. Rendimento da purificação do extrato enzimático de CGTase produzido

por B. circulans

Purificação

Volume (mL)

Atividade (U. mL-1)

Proteína (μg/mL)

Atividade específica

Fator de purificação

(%)

Rendimento (%)

Antes 90 503,15 0,39 1290,13 ---- 100

Depois 0,225 44222,12 0,99 44668,81 34,62 21,97

3.6 Imobilização de CGTase

Visando o reaproveitamento de resíduos de polietileno tereftalato (PET) e a

reutilização da enzima na indústria alimentícia, a equipe do laboratório de

Enzimologia utiliza para a imobilização (Figura 8) a metodologia de OLIVEIRA

(1989), onde fragmentos de PET (10g) segmentados nas proporções de 5x5x1mm

são incubados com 30mL de metanol contendo 3mL de hidrazina hidratada à 40°C

por 17 horas. Logo após o PET é lavado com metanol e metanol 90%v/v

sucessivamente por duas vezes cada. Decorrida a lavagem, é adicionado 24mL de

HCl 0,6N e 3mL de NaNO2 5% 0,7M aos PET’s, que são expostos à 25°C durante 4

horas sob agitação 120rpm. Depois desse período faz-se uma nova lavagem água

destilada (duas vezes) e NaCl 0,1M (duas vezes). Antes de colocar os fragmentos

em contato com a enzima, lava-se os mesmos com água destilada. Os PET’s são

colocados em contato com 30mL de enzima diluída em tampão fosfato 0,1M pH 6,

sob refrigeração em agitador magnético por 24 horas.

Após esse procedimento de imobilização, faz-se cinco lavagens consecutivas

dos PET’s com 30mL de água destilada cada, sendo que as águas de lavagens são

armazenadas em recipientes diferentes procedendo-se as análises de atividade e

quantificação protéica para cada uma delas com o intuito de verificar o quanto de

enzima foi perdida durante a lavagem e para analisar a eficácia da imobilização

realiza-se o método de atividade enzimática para os PET’s. Essa técnica esta sendo

padronizada no laboratório, portanto, não há resultados para serem apresentados

até o presente momento.

3

Figura 8. Fluxograma de imobilização de CGTase

10g de PET(5x5x1mm)

Adição de 30mL de metanol + 3mL de hidrazina hidratada

Shaker 40°C/ 17 horas

Lavagem com metanol(2x)

Lavagem com metanol90%

(2x)

Adição de 24mL de HCl 0,6N + 3mL NaNO2 5%

0,7M

Shaker 25°C/ 120rpm/ 4horas

Lavagem com NaCl 0,1M (2x)

Lavagem com água destilada (4x)

Imobilização 4ºC em agitador magnético

3

4. Sugestões

Sugere-se à equipe do Laboratório de Enzimologia que sejam realizados

testes para identificar o gênero e espécie da bactéria 143 proveniente de solo do Rio

Grande do Sul, para que estudos mais aprofundados possam ser desenvolvidos.

Ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos, sugere-se que seja

inserida na grade curricular uma cadeira específica sobre enzimas, devido a

importância deste tema na indústria alimentícia.

3

5. Conclusão

O estágio curricular permitiu colocar em prática os conhecimentos adquiridos

durante o Curso, bem como aprofundar assuntos que não foram enfatizados na

grade curricular.

Com o desenvolvimento desse trabalho foi possível participar da rotina de um

laboratório de pesquisa e, através de contato/convivência com doutorandos e

mestrandos acompanhar os trabalhos e expandir conhecimentos em outras áreas

que não a do estágio.

Os objetivos foram alcançados deixando portas abertas para seguirem os

estudos nessa área.

3

6. Referências

ALVES-PRADO, H. F.; CUCOLO, G.; GOMES, E.; SILVA, R. Estudo da produção de

ciclodetrina glicosiltransferase (CGTase) pela linhagem bacteriana termofilica 69. In:

XIV Simpósio Nacional de Fermentações (SINAFERM), Florianópolis. Anais do SINAFERM, 2003. v. 1. p. 1-1.

ANVISA. Descrição dos meios de cultura empregados nos exames microbiológicos,

disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/microbiologia/mod_4_2004.pdf>.

Acesso em 24 set. 2008.

CEREDA, M.P. Tecnologias, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas Latino Americanas. São Paulo: Fundação Cargill, v.3, 2003. 711p.

FIEDLER, G.; PAJATSCH, M.; BÖCK, A. Genetics os a novel raw starch utilization

pathwat present in Klebsiella oxytoca. Journal of Molecular Biology London,

v.256, p. 279-291, 1996.

KANEKO, T; KATO, T.; NAKAMURA, N.; HORIKOSHI, K. Spectrophotometric

determination of cyclization activity of β-cyclodextrin-forming cyclodextrin

glucanotransferase. Journal of Japanese Society of Starch Science, Tokyo, v.34,

p.44-48, 1987.

LOWRY, O. H.; ROSENBOUGH, N. J.; FARR, R. L.; RANDALL, R. J.; Protein

measurement with the Folin phenol reagent. Journal of Biological Chemistry.

v.193, p.265–275, 1951.

3

OLIVEIRA, E.A; SILVA, M.P.C; FIGUEREDO, M.B.Z; CARVALHO, L.B Jr.

Imobilization od proteins on plates of Dacron. Applied Biochemistry and Biotechnology, v.22, p.109-114, 1989.

SCOPES, Robert K. Protein Purification: principles and practice. 3ed. New York:

Springer, p.76-85, 1994.

PINTO, Flávia S. T. Produção de ciclodextrina glicosiltransferase pela bactéria alcalófica Bacillus circulans ATCC 21783: cultivo em batelada, batelada alimentada e estado semi-sólido, Brasil. 2007. 70f. Tese (Mestrado em Ciência e

Tecnologia de Alimentos)- Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

PSZCZOLA, D.E. Production and potential food applications of ciclodextrins. Food Technology, Chigago, v.42, n.1, p.96-100, 1988.

ROSSO, A.; FERRAROTTI, S.; MIRANDA, M.V; KRYMKIEWICZ, N; NUDEL, B.C;

CASCONE, O.;Rapid affinity purification processes for cyclodextrin

glycosyltransferase from Bacillus circulans. Biotechnology Letters, Buenos Aires,

v.27, p.1171-1175, 2005.

VAN DER MAAREL, M.J.E.C.; VAN DER VEEN, B.; UITDEHAAG, J.C.M.;

LEEMHUIS,H.; DIJKHUIZEN, L. Properties and applications os starch-converting

enzymes of the α-amylase family. Journal of Biotechnology, Amsterdam, v.94, p.

137-155, 2002.

3

APÊNDICE

3

APÊNDICE A – Fotos da produção dos microrganismos

Meio de cultura BHI translúcido, antes de ser inoculado.Fonte: Arquivo do autor

Meio de cultura BHI turvo, após 24 horas de incubação.Fonte: Arquivo do autor

4

APÊNDICE B – Fotos da produção e atividade enzimática de CGTase

Meio de amido translúcido, antes de ser inoculadoFonte: Arquivo do autor

Meio de amido turvo, após 18 horas de incubaçãoFonte: Arquivo do autor

4

APÊNDICE B – Fotos da produção e atividade enzimática de CGTase

Shaker utilizado para incubação dos microrganismosFonte: Arquivo do autor

Tubos de ensaio imersos no banho-maria à 60°C durante a atividade enzimática

Fonte: Arquivo do autor

4

APÊNDICE C – Fotos da purificação da CGTase

Falcons após a primeira centrifugação durante a purificação da CGTaseFonte: Arquivo do autor

Tubos de ultrafiltração Amilcon Ultra, após centrifugação, durante a purificação de CGTase

Fonte: Arquivo do autor

4