71
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS SAPUCAIA DO SUL CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO MECÂNICA Viabilidade do Uso do Cavaco de Ferro Fundido Cinzento na Fabricação de Mancais Autolubrificantes por Metalurgia do Pó Alexandre Rodrigues da Rocha Orientador: Prof. Vinicius Martins Sapucaia do Sul ANO 2013

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE …biblioteca.ifsul.edu.br/pergamum/anexos_sql_hom81/00000b/00000b6d.pdf · SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS SAPUCAIA DO SUL CURSO SUPERIOR

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS SAPUCAIA DO SUL CURSO SUPERIOR EM

TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO MECÂNICA

Viabilidade do Uso do Cavaco de Ferro Fundido Cinzento na Fabricação de Mancais

Autolubrificantes por Metalurgia do Pó

Alexandre Rodrigues da Rocha

Orientador: Prof. Vinicius Martins

Sapucaia do Sul

ANO 2013

2

ALEXANDRE RODRIGUES DA ROCHA

Viabilidade do Uso do Cavaco de Ferro Fundido Cinzento na Fabricação de Mancal

Autolubrificante por Metalurgia do Pó

Orientador : MSc Vinicius Martins

Sapucaia do Sul 2013

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso Superior em

Tecnologia de Fabricação Mecânica do

Instituto Federal Sul-Rio-Grandsense,

como requisito parcial para a obtenção do

título de Tecnólogo.

II

ALEXANDRE RODRIGUES DA ROCHA

Viabilidade do Uso do Cavaco de Ferro Fundido Cinzento na Fabricação de Mancal

Autolubrificante por Metalurgia do Pó

Aprovado(a) em 17 de Dezembro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Orientador: MSc . Vinicius Martins

__________________________________________

Professor Avaliador

Eduardo Cristiano Milke

_________________________________________

Professor da Disciplina Projeto de Graduação:

MSc. David Garcia Neto

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso Superior em

Tecnologia de Fabricação Mecânica do

Instituto Federal Sul-Rio-Grandsense,

como requisito parcial para a obtenção do

título de Tecnólogo.

III

Dedico este trabalho á minha esposa Ana Paula Pereira da Rocha e a minha filha Kaylane Pereira da Rocha .

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força para percorrer esta

estrada muitas vezes sinuosa e com alguns obstáculos.

Ao meu professor orientador Vinícius Martins pela orientação e grande empenho para

que pudéssemos atingir o objetivo proposto.

A todos os meus colegas que participaram direta ou indiretamente a alcançar a linha

de chegada desta corrida, que por muitas vezes se tornou desgastante e cansativa.

A minha família, mas principalmente a minha esposa Ana Paula Pereira da Rocha e

minha filha Kaylane Pereira da Rocha pela compreensão e apoio de muitos momentos de

ausência, mas que nunca deixaram de demonstrar carinho, paciência, compreensão e apoio.

Foi o que me deu forças para continuar e atingir o objetivo.

Ao IFSUL pela sua estrutura e seus professores por suas amizades e, principalmente

pela grande gama de conhecimentos que nos foram compartilhados como os verdadeiros

mestres o fazem.

E por último, mas não menos importante, á UFRGS Universidade Federal do Rio

Grande do Sul pela disponibilidade e utilização do Laboratório de Transformação Mecânica

( LdTM ) e todos os recursos que proporcionaram para a conclusão deste trabalho.

V

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................VIII

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................X

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS....................................................................XI

RESUMO..............................................................................................................................XIII

ABSTRACT..........................................................................................................................XIV

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15

OBJETIVO GERAL.............................................................................................................15

OBJETIVO ESPECIFICO....................................................................................................16

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA..........................................................................................17

2.1 Ferro fundido................................................................................................................17

2.1.1 Caracteristicas do ferro fundido cinzento.....................................................19

2.1.2 Aplicação Geral...............................................................................................21

2.1.3 Aplicação na indústria automobilistica.........................................................22

2.2 Mancais.........................................................................................................................23

2.2.1 Mancal de Rolamento....................................................................................24

2.2.2 Mancais de Deslizamento.............................................................................25

2.2.3 Mancais de Ferro Fundido Cinzento.........................................................26

2.2.4 Mancais Autolubrificantes...........................................................................27

VI

2.2.5 Peças Estruturais..........................................................................................29

2.3 Processos de Usinagem..................................................................................................30

2.3.1 Torneamento................................................................................................31

2.3.2 Fresamento...................................................................................................32

2.3.3 Usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento...............................................34

2.3.4 Materiais de Ferramentas para Usinagem de Ferros Fundidos

Cinzentos.............................................................................................................................34

2.3.5 Usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento com PCBN..........................36

2.4 Metalurgia do Pó.........................................................................................................37

2.4.1 Evolução Histórica da Metalurgia do Pó..................................................38

2.4.2 Características.............................................................................................39

2.4.3 Etapas do Processo.....................................................................................39

2.4.4 Etapas Complementares............................................................................42

2.4.5 Aplicações....................................................................................................43

2.4.6 Vantagens e Desvantagens do uso da Sinterização..................................46

2.4.6.1 Vantagens.............................................................................................46

2.4.6.2 Desvantagens......................................................................................48

2.5 Tribologia..................................................................................................................48

2.5.1 Princípios Básicos de Tribologia........................................................................48

VII

3 MATERIAIS E METÓDOS ..........................................................................................51

3.1 Cavaco de Ferro Fundido Cinzento...........................................................................51

3.1.1 Obtenção.................................................................................................................51

3.2 Obtenção da Matéria-prima Metálica.......................................................................52

3.3 Preparação das Amostras...........................................................................................53

3.4 Compactação dos Corpos de Prova...........................................................................53

3.5 Sinterização das Amostras...........................................................................................54

3.6 Metalografia...................................................................................................................55

3.7 Embutimento..................................................................................................................55

3.8 Lixamento/ Polimento....................................................................................................56

3.9 Análise Microdureza......................................................................................................57

4 RESULTADOS E CONCLUSÕES...................................................................................58

4.1 Compressibilidade.........................................................................................................58

4.2 Análise Microestrutural...............................................................................................60

5 CONCLUSÕES...................................................................................................................65

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...........................................................66

7 REFERÊNCIA....................................................................................................................67

VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Microestrutura do ferro fundido..........................................................................21

Figura 2-Parte Inferior de Carro de Boi..............................................................................23

Figura 3-Tipos de Mancais de Rolamento...........................................................................24

Figura 4-Constituição de Mancal Deslizamento..................................................................25

Figura 5-Mancal com Reforço Auxíliar...............................................................................27

Figura 6-Superfícies na Peça................................................................................................32

Figura 7-Fresamento frontal e periférico............................................................................33

Figura 8-Fresamento face do bloco motor...........................................................................33

Figura 9-Sequencia de Operação de Compactação do Pó..................................................40

Figura 10-Etapa Metalurgia do Pó .......................................................................................41

Figura 11-Vista Esquemática de um Forno..........................................................................41

Figura 12-Filtros sinterizados................................................................................................43

Figura 13-Visão por microscopia...........................................................................................43

Figura 14-Buchas e mancais autolubrificante......................................................................44

Figura 15-Pinhões e coroas....................................................................................................46

Figura 16-Comparativo de processos de diferentes materiais............................................47

Figura 17-Desenho esquemático dos quatro modos representativos de

desgaste....................................................................................................................................49

Figura 18-Diagrama dos processos de desgaste em função do elemento interfacial e do

tipo de movimento das interfaces..........................................................................................50

Figura 19-Diferencial bruto do trator MR...........................................................................51

Figura 20-Diferencial usinado................................................................................................51

Figura 21-Ferramenta de acabamento ( a ) ferramenta desbaste ( b )........................... 52

Figura 22-Centro de usinagem HELLER.............................................................................52

Figura 23-Cavaco de ferro fundido proveniente da usinagem............................................53

IX

Figura 24-Balança marte AL 500..........................................................................................53

Figura 25-( a ) Prensa hidráulica Figura 30-( b ) Matriz de compactação........................54

Figura 26- Gráfico temperatura de sinterização..................................................................54

Figura 27-Forno tubular vertical de sinterização................................................................55

Figura 28-( a ) Prensa de embutimento Figura 32-( b ) baquelite e

desmoldante.............................................................................................................................56

Figura 29-Polimotriz para lixamento e polimento...............................................................56

Figura 30-Microdurômetro Future / Japão modelo FM-700..............................................57

Figura 31-Curva de compressibilidade amostras de cavaco puro.....................................58

Figura 32-Curva de compressibilidade amostras com 10% Fe.........................................59

Figura 33-Curva de compressibilidade amostras com 20% de Fe....................................60

Figura 34-Microscópio olimpos.............................................................................................61

Figura 35- Microestrutura de FoFo cinzento puro.............................................................61

Figura 36-Microestrutura de FoFo cinzento com 10% de Fe............................................62

Figura 37- Microestrutura de FoFo cinzento 20% Fe........................................................62

Figura 38-Microestrutura com cavaco puro (b) Microestrutura com 10% Fe (c)

Microestrutura com 20% Fe.................................................................................................63

X

TABELAS

Tabela 1 – Faixa de composição dos ferros fundidos mais comuns....................................19

Tabela 2 – Classes e composições químicas..........................................................................20

Tabela 3 – Representações das classes da ABNT.................................................................20

Tabela 4 – Dados de velocidades de corte.............................................................................35

Tabela 5 – Resultados compressibilidade do FoFo cinzento cavaco puro.........................58

Tabela 6 – Resultados compressibilidade de FoFo cinzento com 10% Fe.........................59

Tabela 7 – Resultados compressibilidade de FoFo cinzento com 20% Fe.........................60

Tabela 8 – Microdureza das amostras de cavaco puro........................................................63

Tabela 9 – Microdureza das amostras com 10% de Fe.......................................................64

Tabela 10 – Microdureza das amostras com 20% de Fe.....................................................64

XI

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

C Carbono

Si Sílicio

Mn Manganês

S Enxofre

P Fósforo

ASTM American Society for Testing Materials

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

FC Designação dos Ferros Fundidos Cinzentos

SAE Society of Automotive Engineers

CNC Comando Númerico Computadorizado

NBR Norma Brasileira regulamentadora

F Força Resultante

Fc Força de Corte

Ff Força de Avanço

Fp Força Passiva

PCBN Nitreto Cúbico de Boro Policristalino

APC Aresta Postiça de Corte

MPIF Metal Powder Industries Federation

ISO International Organization Standartization

LAS Laboratório Associado de Sensores

HB Dureza Brinel

XII

P/M Metalurgia do Pó

g/m³ gramas por centímetro cúbico

KN Kilonewton

lb/pol² Libras por Polegada ao Quadrado

Fe3C Cementita

Vc Velocidade de corte

Al2O3 Óxido de Alumínio ou Alumina

SiC Carbeto de Sílicio

W Tungstênio

WC Carbeto de Tungstênio

Fe Ferro

XIII

RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo estudar a viabilidade de utilização de cavacos

de ferro fundido cinzento na produção de peças estruturais via metalurgia do pó, neste caso

mancais autolubrificantes. Foi realizado um estudo detalhado com diversas amostras, onde as

primeiras amostras foram feitas com cavaco puro, e as outras duas com porcentagem de 10%

e 20% de ferro puro. As amostras foram compactadas com diferentes valores de pressões e

posteriormente foram submetidas a sinterização num ambiente com temperatura, tempo e

velocidades de resfriamentos controladas com gás argônio, com uma taxa de aquecimento de

10 °C por minuto até atingir a temperatura de sinterização de 1150 °C. Após a sinterização os

materiais de amostra foram submetidos a análise metalográfica, através do embutimento,

lixamento com lixas de granulação de 100, 220, 400, 600, 800, 1000, polimento, análise

microscópica e microdureza.

Palavras-chave: Metalurgia do Pó, Mancais Autolubrificante, Ferro Fundido Cinzento

XIV

ABSTRACT

This work has as objective main to study the viability of use of shavings of iron melted

gray in the production of structural pieces he/she saw powder metallurgy powder in this

case, you limp self-lubrificating. A detailed study was accomplished with several samples,

where the first samples were made with pure shavings, and the other ones two with

percentage of 10% and 20% of pure iron. The samples were compacted with different values

of pressures, later the sintering were submitted in an atmosphere with temperature time and

speeds of controlled cooling,with a rate of heating of 10 °C for minute to reach the

temperature of sintering of 1150 °C. After the sintering the sample materials the analysis

metallographic were submitted, through the inlay, sanding with sandpapers of granulation of

100, 220, 400, 600, 800, 1000, polishing, microscopic analysis and microhardness.

Key-Words: Powder Metallurgy, Self-lubrificant, Iron Melted Gray

15

1 INTRODUÇÃO

O ser humano está cada vez mais consciente que os recursos naturais são finitos e que a

má gestão deles pode acarretar prejuízos irrecuperáveis. Frente a esta tomada de consciência e

a grande competitividade, que existe no atual cenário globalizado, ganha espaço cada vez

mais a preocupação com o desperdício e o uso inadequado de recursos, a produção abundante

de rejeitos, e o consumo excessivo.

Os resíduos são gerados em cada estágio da utilização de materiais desde a extração e o

processamento até o seu abandono como itens usados e parte desta sobra pode ser recuperado

e reutilizado como recursos secundários. Para as indústrias e ao meio ambiente é sempre

vantajoso reciclar o máximo possível. Os cavacos provenientes da indústria metal-mecânica

dos processos de usinagem são um exemplo de resíduos que merece destaque.

Estima-se que somente países mais desenvolvidos e preocupados com o

reaproveitamento industrial e o ambiente como o Japão, geram mensalmente mais de 10.000

toneladas deste resíduo e o seu reaproveitamento pelo baixo rendimento baixa fusão e altos

custos energéticos envolvidos levam a desenvolver métodos mais rentáveis como a moagem,

transformando-o em pó e utilizando-o como matéria-prima pela técnica de metalurgia do pó

na confecção de componentes mecânicos. No Brasil, não se tem dados concretos da

quantidade de cavacos gerados nos processos de usinagem, porém se tem números que giram

em torno de 50 toneladas mensais, nos processos de usinagem da empresa de máquinas

agrícolas John Deere Ltda.

OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo utilizar cavaco de ferro fundido cinzento oriundo da

usinagem de componentes usados na fabricação de máquinas agrícolas, para verificar a

viabilidade do seu uso na fabricação de mancais autolubrificantes via metalurgia do pó sem a

passagem do cavaco pelo processo de moagem.

16

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Utilização de cavaco de ferro fundido cinzento puro, com 10% e 20% de Fe.

Compactação e sinterização das amostras.

Analise microestrutural.

Testes de microdureza com carga de 500 g e tempo de penetração 10s.

Avaliação das curvas de compressibilidade.

17

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Ferro fundido

Dentre as ligas ferro-carbono, os ferros fundidos constituem um grupo de ligas de

fundamental importância para a indústria. Não só devido ás características inerentes ao

próprio material mas também pelo fato de, mediante a introdução de elementos de liga

aplicação de tratamentos térmicos adequados e pelo desenvolvimento do ferro fundido

nodular ter sido viável o seu emprego em aplicações que eram exclusivas dos aços ( 1 ).

A tecnologia dos ferros fundidos tem recebido continuamente, importantes

desenvolvimentos tanto em processos de fabricação como em materiais. Estes

desenvolvimentos resultam de necessidades nas áreas de aplicação ou ainda de redução de

custos trazem como consequência a atualização tecnológica de material de longa tradição de

uso na indústria automobilística ( 8 ).

De acordo com ( 1 ) ferro fundido é uma liga ferro-carbono-sílicio de teores de carbono

geralmente acima de 2 ,0 % em quantidades superiores á que é retida em solução sólida na

austenita de modo a resultar carbono parcialmente livre na forma de veios ou lamelas de

grafita. As ligas entre 2,0 % e 4,3 % são chamadas de hipoeutéticas, aquelas com carbono

acima 4,3 % são chamadas de hipereutéticas. Essas ligas apresentam na solidificação

geralmente uma fase pró-eutéticas ( austenita , grafita ) e que completa com uma solidificação

eutética ( austenita + grafita ou austenita + carbonetos ) ( 7 ).

Para os ferros fundidos é muito importante controlar a morfologia da grafita, já que esta

tem uma forte influência em suas propriedades. O formato da grafita em geral identificam os

ferros fundidos e determinam suas principais características em relação aos outros.

Características como resistência à tração, usinabilidade, capacidade de amortecimento e

condutividade térmica são diretamente afetadas pelo formato da grafita ( 1 ) e distingue os

seguintes tipos de ligas de ferro fundido. Os principais tipos de ferro fundido são: ( 3 ).

Ferro fundido cinzento: Cuja fratura mostra uma coloração cinza por isso sua

denominação, é caracterizado por apresentar como elementos de liga fundamentais o carbono

e o silício e uma estrutura em que uma parcela relativamente grande do carbono está no

estado livre na forma de (grafita lamelar) e outra parcela no estado combinado Fe3C ( 3 ).

18

Ferro fundido branco: Cuja fratura mostra coloração clara ( por isso sua

denominação ) caracterizado por apresentar ainda como elementos de liga fundamentais o

carbono mas cuja estrutura, devido as condições de fabricação e menor teor de silício,

apresenta o carbono quase inteiramente na forma combinada Fe3C ( 3 ).

Ferro fundido mesclado: Cuja fratura mostra uma coloração mista entre branca

e cinzenta caracterizado igualmente por uma mescla de proporções variáveis de ferro fundido

branco e ferro fundido cinzento Fe3C ( 3 ).

Ferro fundido maleável: Obtido a partir do ferro fundido branco, mediante

tratamento térmico especial ( maleabilização ), resultando numa transformação de todo ferro

combinado na forma de nódulos ( 3 ).

Ferro fundido nodular: Caracterizado por apresentar, devido a um tratamento

realizado ainda no estado líquido, carbono livre na forma de grafita esferoidal, o que confere

ao material características de boa ductilidade, donde a denominação frequente para este

material de ferro fundido dúctil ( 3 ).

Ferro fundido vermilar: É produto que como ferro fundido nodular, exige a

adição de elementos especiais como terras raras com um elemento adicional como o titânio,

que reduz a formação de grafita esferoidal. O ferro fundido vermicular pode ser considerado

um material intermediário entre o ferro fundido cinzento e o nodular ( 3 ).

Esses materiais citados têm uma grande importância para a indústria de bens de

consumo, logo características de boa fundibilidade e usinabilidade são de grande importância

do ponto de vista industrial. A Tabela 1 a faixa de composição dos ferros fundidos mais

comuns.

19

Tabela 1 Faixa de composição dos ferros fundidos mais comuns

C% Si% Mn% S% P%

Branco 1.8 / 3.6 0.5 / 1.9 0.25 / 0.80 0.06 / 0.20 0.06 / 0.20

Maleável 2.2 / 2.9 0.9 / 1.9 0.15 / 1.20 0.02 / 0.20 0.02 / 0.20

Cinzento 2.5 / 4.0 1.0 / 3.0 0.20 / 1.00 0.02 / 0.25 0.02 / 1.00

Nodular 3.0 / 4.0 1.8 / 2.8 0.10 / 1.00 0.01 / 0.03 0.01 / 0.10

Vermicular 2.5 / 4.0 1.0 / 3.0 0.20 / 1.00 0.01 / 0.03 0.01 / 0.10

Tipo

Composição Química

Fonte : ( 1 )

2.1.1 Caracteristicas do ferro fundido cinzento

O ferro fundido cinzento é uma liga ternária que tem como elementos de liga

fundamentais ferro, carbono e sílicio. É ferro fundido mais utilizado devido a suas

caracteristicas como: boa fundibilidade, ótima usinabilidade, resistência ao desgaste e grande

capacidade de amortecimento. Com todas essas caracteristicas há um grande interesse

industrial nesse material. Os ferros fundidos cinzentos estão compreendidos entre os seguintes

teores ( 1 ).

Carbono – 2,50 % a 4,0 %

Silicio – 1,20 % a 3,00 %

Manganês – 0,30 % a 1,00 %

Fósforo – 0,10 % a 1,00 %

Enxofre – 0,05 % a 0,255 %

A ASTM agrupa os ferros fundidos nos tipos apresentados na Tabela 2 a seguir. Os

números dessas classes correspondem aos limites de resistência à tração lb / pol², ou seja

classe 20 = 20.000 lb/pol².

20

Tabela 2 Classe e composição química

Fonte: Própria

A Tabela 3 apresenta o sistema ABNT, por sua vez os ferros fundidos cinzentos são

designados por FC (ferro fundidos cinzento) e por algarismos indicativos dos limites minimos

de resistência à tração.

Como em todas as ligas metálicas, existe uma correlação intima entre as propriedades

do ferro fundido e sua estrutura, correlação essa que no caso particular do ferro fundido

21

cinzento é mais estreita e mais complexa, tendo em vista a presença de carbono livre na forma

de grafita e a forma de distribuição e dimensões que os veios de grafita apresentam. A Figura1

apresenta a micrográfia do ferro fundido cinzento da classe FC 250. Observa-se neste

exemplo a morfologia da grafita e a distribuição, caracterizando o ferro fundido cinzento. É

frequente, ainda, adicionar outros elementos de liga visando alterar certas caracteristicas dos

materiais ( 1 ). Os ferros fundidos cinzentos exibem uma resistência elevada ao desgaste,

relacionada a morfologia da grafita ( 6 ).

Figura 1 Microestrutura do ferro fundido cinzento revelando a estrutura da

grafita ( sem ataque , 200 X ) e também a matriz ( com ataque , 400 X ) classe FC 250

Fonte: ( 7 )

2.1.2 Aplicação Geral

A medida que os algarismos (FC 30 com 300N/mm por exemplo) aumentam os

valores de resistência e dureza porém com pior usinabilidade. Abaixo segue as classes dos

ferros fundidos cinzentos ( 3 ).

As classes FC-10 e FC-15 pela excelente fusibilidade e usinabilidade são

indicadas principalmente a FC-15 para bases de máquinas, carcaças metálicas etc ( 3 ).

As classes FC-20 e FC-25 aplicam-se em elementos estruturais de máquinas

operatrizes, tais como, barramentos, cabeçotes, mesas etc ( 3 ).

22

As classes FC-30 e FC-35 devido a sua maior resistência mecânica e maior

dureza aplicam-se em engrenagens pequenos virabrequins, bases pesadas e colunas de

máquinas, buchas grandes, blocos de motor etc ( 3 ).

Finalmente a classe FC-40 de maior resistência entre todas as classes possui

elementos de liga como níquel, cromo e molibdênio face á sua maior tendência á formação de

camada coquilha seu emprego é feito em peças de espessura média e grande ( 3 ).

Outras aplicações dos ferros fundidos cinzentos, além das mencionadas, incluem anéis

de pistão, produtos sanitários, tampas de poços de inspeção, tubos, conexões, carcaças de

compressores, rotores, pistões hidraúlicos,engrenagens, eixos de comando de válvulas e

virabrequins.

2.1.3 Aplicação na indústria automobilistica

Dada a importância da aplicação do ferro fundido cinzento na indústria automobilistica

a SAE agrupou esse material em cinco classes. As aplicações correspondentes são as

seguintes segundo ( 3 ).

Classe G 1800 – Peças fundidas miscelâneas (no estado fundido ou recozido),

onde a resistência mecânica não é o requisito principal.

Classe G 2500 – Pequenos blocos de cilindro, cabeçotes de cilindros, cilindros

resfriados a ar pistões, discos de embreagem, carcaças de bombas de óleo, caixas de

transmissão, caixas de engrenagem, tambores de freio para serviço leve, tambores de freio a

discos de embreagem para serviço moderado, onde o alto teor de carbono minimiza o efeito

desfavorável do calor.

Classe G 3000 – Blocos de cilindro de automóveis e motores diesel, cabeçotes

de cilindros volantes, pistões, tambores de freios e caixas de transmissão de tratores para

serviço médio .

Classe G 3500 – Blocos de motores diesel, blocos e cabeças de cilindro de

caminhões e tratores, volantes pesados, caixas de transmissão de tratores, caixa de

engrenagem para serviço pesado, onde se exige alta resistência mecânica e á fadiga.

23

Classe G 4000 – Peças fundidas para motores diesel, cilindros, camisas de

cilindros, pistões e eixos de comando de válvulas.

2.2 Mancais

Segundo, ( 10 ) mancal é definido como um dispositivo fixo fechado, sobre o qual é

apoiado um eixo. Sua função é comportar um eixo, e existem duas formas principais

empregadas para esse propósito: o mancal de deslizamento, na qual há uma bucha de material

macio entre a base do mancal e o eixo, tratando-se de uma solução para baixas rotações; e o

mancal de rolamento, adequado para maiores rotações. Os mancais são usados até mesmo em

construções simples como um carro de boi, pois não seria útil se faltasse este elemento o

mancal como mostra a Figura 2 abaixo ( 10 )

Figura 2 Parte inferior de carro de boi

Fonte: ( 10 )

Os mancais são de grande relevância para o perfeito funcionamento das máquinas, caso

ocorram falhas nos mancais grandes prejuízos podem ser percebidos na produção. Existem

dois tipos de mancais mais utilizados :

Rolamento

Deslizamento

24

2.2.1 Mancal de rolamento

Este tipo de mancal é utilizado quando é necessário maior velocidade e menor atrito.

Quando o eixo gira dentro do furo é produzido o atrito denominado de escorregamento. Para

reduzir esse atrito utiliza-se o rolamento: que é um elemento de máquina que permite o

movimento relativo controlado entre duas ou mais partes. Eles limitam as perdas de energia

produzidas pelo atrito ( 10 ) .

O comportamento do mancal de rolamento pode ser verificado através do tato e da

audição. No entanto, para fazer a avaliação do processo de giro, é necessário girar o

rolamento lentamente através do tato, isso permite constatar se o movimento está tendo

dificuldades para girar ou não. Já na avaliação pela audição é necessário que o rolamento gire

através de rotações reduzidas, levando em consideração o ruído emitido que se classificam

como: raspantes, estrepitoso ou metálico; se isto ocorrer é porque as pistas estão sujas,

descascadas, com folgas ou com falta de lubrificação ( 10 ).

O mancal de rolamento é constituído de dois anéis concêntricos e entre esse anéis são

colocados elementos rolantes como: Esfera, Rolete e Agulha as Figuras 3 abaixo representam os

três tipos de mancais.

Figura 3 Tipos de mancais de rolamento

Fonte : ( 10 )

25

2.2.2 Mancais Deslizamento

A função do mancal de deslizamento é servir de apoio para eixos girantes. Estes

mancais estão sujeitos às forças de atrito devido a rotação do eixo, ou seja, o atrito ocorre

devido ao contato da superfície do eixo com o mancal ( 10 ).

Os mancais são constituídos de uma bucha fixada em um suporte e são utilizados em

máquinas pesadas e em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa velocidade evita o

superaquecimento dos equipamentos expostos ao atrito. São simples de montar e desmontar.

A vida útil dos mancais de deslizamento poderá ser prolongada seguindo alguns parâmetros:

os materiais necessitam ser muito bem escolhidos e apropriados a partir do desenvolvimento

do projeto de fabricação ( 10 ).

O projeto de fabricação deverá prever os modos para os trabalhos de manutenção,

conservação, limpeza, lubrificação, alinhamento e reposição, mas no caso de possíveis danos

faz-se importante consider as principais funções dos mancais de deslizamento, que são: apoiar

e guiar os eixos abaixo Figura 4 mostra um de deslizamento ( 10 ).

Figura 4 Constituição de um mancal deslizamento

Fonte : ( 10 )

26

2.2.3 Mancais de Ferro Fundido Cinzento

Os mancais de ferro fundido cinzento tem como características .

Fácil fusão e moldagem.

Boa resistência mecânica.

Excelente usinabilidade.

Boa resistência ao desgaste.

Boa capacidade de amortecimento.

As propriedades dos ferros fundidos cinzentos dependem dos seguintes fatores:

microestrutura, composição química e secção da peça. Na microestrutura, a presença de

carbono livre ou grafita é o fator predominante, porque quanto maior sua quantidade, mais

mole e menos resistente será o material. Além disso, a forma da grafita, a dimensão dos veios

e a sua distribuição afetam igualmente as propriedades. Se na matriz metálica a ferrita

predominar, a usinabilidade do material é melhor, mas sua resistência mecânica e ao desgaste

serão prejudicadas. Por outro lado se a perlita predominar, os ferros fundidos cinzentos

apresentarão melhor resistência mecânica. Uma matriz metálica contendo ferrita e perlita em

proporções idênticas, proporcionará ao material dureza e resistência mecânica intermediárias

( 26 ) ( 27 ).

Quanto à composição química, os elementos básicos que influenciam as propriedades

mecânicas são o carbono e o silício e em menor extensão, o fósforo. Destes três elementos, o

silício é o mais importante, pois é o principal responsável pela formação de grafita e melhora

a resistência à corrosão e à oxidação a temperaturas elevadas ( 26 ) ( 27 ).

A secção das peça é outro fator significativo na influência nas propriedades mecânicas.

Isso se deve ao efeito da velocidade de resfriamento. Se for rápida pode levar a formação de

ferro fundido branco ou mesclado, com apreciáveis variações nas propriedades mecânicas

como dureza e resistência ao desgaste. Se for lenta proporciona maior quantidade de carbono

livre ou grafita ( 26 ) ( 27 ).

27

Devido ao efeito dimensional, as propriedades mecânicas, a resistência à tração em

particular, dependerá do tipo de material do molde e das dimensões das secções. Nos mancais

de base oca, temos os reforços para auxiliar neste sentido abaixo a Figura 5 mostra um mancal

com reforços auxiliares ( 26 ) ( 27 ).

Figura 5 Mancal com reforço auxiliar

Fonte : ( 26 )

2.2.4 Mancais Autolubrificantes

Estes mancais fazem parte de uma das mais antigas aplicações industriais das peças

metálicas porosas obtidas pela Metalurgia do Pó. A porosidade existente nas peças

sinterizadas atua como reservatório de óleo que irá formar o filme lubrificante da região eixo-

mancal, evitando-se assim o desgaste prematuro destas superfícies. Quatro variações básicas

destes mancais estão contempladas em nossa linha de fabricação: bronze, aço,ferro-grafite e

ferro-bronze. Cada uma destas aplicações tem características e indicações específicas cuja

recomendação é sistematicamente conduzida pela nossa engenharia através do estudo caso a

caso de cada aplicação. Os mancais são porosos para que eles absorvam o óleo aplicado no

revestimento exterior, sendo conhecidos como dispositivos autolubrificante ( 28 ).

28

Os modelos de mancais são produzidos de metal em pó compactado, como o bronze ou

o cobre. Por causa do material do qual os mancais são feitos, o metal é microscopicamente

poroso. Quando os mancais recebem uma camada de óleo na superfície externa, o óleo será

elaborado através dos poros para lubrificar o cilindro interno ( 28 ).

Um mancal pode ser lubrificado de diversas maneiras. Alguns polímeros sintéticos

lubrificam as partes móveis sem aproveitar-se em temperaturas extremamente frias. Outros

mancais são revestidos com madeira de lei, porosa e oleada para que o óleo seja elaborado

mais facilmente ( 28 ).

Apesar de serem autolubrificantes, os mancais muitas vezes não desempenham bem

suas funções por falta de lubrificação. O rolamento pode desgastar-se até que já não fique

perfeitamente cilíndrico. Isto pode causar a vibração do rolamento conforme ele se move,

afetando negativamente o movimento do mecanismo. Outras vezes, pode não haver

lubrificante suficiente, ou o lubrificante torna-se viscoso demais através de condições

adversas de temperatura. Quando não há lubrificação suficiente, o rolamento deixa de se

mover. A adição de cobre, estanho, níquel, ferro ou fósforo aumenta a resistividade mecânica

da bucha. Nos mancais com suporte de aço também usa-se a metalurgia do pó para

revestimento de Cu-Pb ligas de cobre sinterizado com adição de chumbo ou estanho ou grafite

em pó materiais plásticos como o náilon e o politetrafluretileno (teflon) ( 28 ).

Os mancais sinterizados são autolubrificantes por serem mergulhados em óleo quente

após sua fabricação. Este processo faz com que o óleo fique retido na porosidade do material

e com o calor do trabalho venha à superfície cumprir sua função a fabricação de mancais

autolubrificantes são geralmente em ( 28 ):

Ferro-chumbo-grafita (o mais resistente)

Bronze (mais comum)

Ferro (mais resistente que o bronze)

29

2.2.5 Peças Estruturais

Nessa classe estão compreendidas diversas formas e geometrias simples ou complexas

para inúmeras aplicações da Metalurgia do Pó ( linha automotiva, eletrodomésticos, linha

branca, ferramentas elétricas, entre outras). Densidade, dureza, tolerâncias dimensionais e

grande gama de solicitações podem ser combinadas de forma a atender especificações amplas

contempladas em inúmeras destas aplicações. Tratamentos térmicos, superficiais,

impregnações e usinagens posteriores fazem parte das operações complementares que

permitem o custo-benefício da técnica quando comparada a processos mecânicos

convencionais ( 28 ).

A densidade de 5,5g/cm³ é a menor densidade utilizada em peças de ferro. Se uma peça

com densidade inferior a essa for sinterizada, suas propriedades mecânicas serão muito pobres

para aplicações práticas. Para mancais autolubrificantes de ferro, são comuns densidades entre

5,7 e 6,2g/cm³. Após esses valores de densidade, as pressões de compactação envolvidas

sobem cada vez mais acentuadamente, causando consideráveis deformações plásticas entre as

partículas e conseqüente atrito interno e contra as paredes da matriz ( 28 ).

Do ponto de vista econômico, não se deve levar a densidade a valores extremos, já que

isso acarreta rápido desgaste do ferramental. Na prática, em cerca de 90% dos casos, procura-

se trabalhar na faixa de 5,7 a 6,8g/cm³ para peças de ferro, conduzindo a processos bastante

econômicos. Para mancais autolubrificantes do bronze, as densidades mais usadas estão entre

5,8 e 6,9 g/cm³ ( 28 ).

A fabricação de mancais autolubrificantes pode ser em:

Ferro-chumbo-grafita (o mais resistente).

Bronze (mais comum).

Ferro (mais resistente que o bronze).

A adição de cobre, estanho, níquel, ferro ou fósforo aumenta a resistividade mecânica

da bucha nos mancais com suporte de aço também usa-se a metalurgia do pó para

revestimento de Cu-Pb ligas de cobre sinterizado com adição de chumbo ou estanho ou grafite

em pó materiais plásticos como o náilon e o politetrafluretileno (teflon) ( 28 ).

30

Os mancais sinterizados são autolubrificantes por serem mergulhados em óleo quente

após sua fabricação. Este processo faz com que o óleo fique retido na porosidade do material

e com o calor do trabalho venha à superfície cumprir sua função ( 28 ).

2.3 Processos de Usinagem

A usinagem é o processo de fabricação mais popular do mundo, transformando em

cavaco algo em torno de 10% de toda a produção de metais e empregando dezenas de milhões

de pessoas ( 25 ). Isso demonstra a importância da usinagem e de suas pesquisas para a

evolução industrial.

De acordo com ( 13 ), a usinagem tem ainda a peculiaridade de ser um processo

essencialmente prático e envolve um elevado número de variáveis. Para Shaw 1984 é

praticamente impossível prever o desempenho no corte dos metais. No entanto, o estudo e

interpretação de maneira adequada contribuem para o entendimento do processo este é o

procedimento mais próximo da capacidade de prever seu comportamento. Logo se faz

necessário estudar os processos de usinagem e suas particularidades ( 13 ).

As operações de acabamento das peças para alcançar baixas tolerâncias dimensionais de

produtos através da remoção de excesso de material causados pelos processos de formação de

produto chamam-se processos de usinagem ( 4 ).

Desde a introdução das primeiras máquinas de usinagem em 1700, estes processos são

indispensáveis para a produção de produtos variados. Segundo ( 4 ), nos dias atuais, máquinas

com comandos computadorizados de altíssimas velocidades de remoção de cavaco já são

produzidas e industrializadas no mundo inteiro.

Um processo de usinagem é basicamente composto pelos seguintes sistemas: ferramenta,

máquina e a peça a ser usinada. O conhecimento profundo de cada um desses sistemas e o

conhecimento da interação entre os mesmos podem otimizar muito o tempo envolvido e o

dinheiro gasto com a usinagem de um produto qualquer. O processo mais utilizado de

usinagem é o CNC ( Comando Numérico Computadorizado ) ( 11 ).

Esta tecnologia começou a ser aplicada em 1945 pelo empresário americano Dr. John T .

Parson.

31

Na necessidade de produzir hélices de helicóptero com qualidade e velocidade Parson

desenvolveu um método de posicionamento para fazer o contorno de difícil geometria das

hélices utilizando o conceito numérico de coordenadas em fresamento. Dentre os processos de

usinagem os dois principais são torneamento e fresamento.

2.3.1 Torneamento

Segundo ( 11 ), tornos são máquinas que executam o torneamento, destinados a remover

material da superfície de uma peça com movimentos de rotação por meio de ferramentas de

corte que se deslocam continuamente. Ele pode trabalhar em qualquer tipo de superfície de

revolução, sendo que a peça usinada tem o movimento principal de rotação, enquanto que, por

sua vez, a ferramenta executa o movimento de avanço e translação. O torno pode ser utilizado

em superfícies cilíndricas externas e internas, superfície plana no topo das peças, que facear,

abrir rasgos ou entalhes de qualquer forma em superfícies cônicas, esféricas, perfiladas e

peças roscadas.

A norma NBR 206175 descreve os conceitos básicos de torneamento como:

Torneamento é um processo mecânico de usinagem destinado a obter superfícies através

de rotações com a ajuda de uma ou mais ferramentas monocortantes. Para isso a peça

rotaciona em torno do eixo principal de rotação da máquina e a ferramenta se desloca

simultaneamente segundo uma trajetória coplanar com o referido eixo.

Pode ser dividido em retilíneo ou curvilíneo. As superfícies das peças a serem usinadas,

de acordo com a Figura 6, são definidas por ( 11 ) como:

Superfície a usinar: parte da peça a ser usinado;

Superfície usinada: é o resultado da usinagem produzido pela ação da

ferramenta de corte;

Superfície transitória: como seu nome indica é a parte transitória da peça entre

a ferramenta de corte e o gume da peça ainda não usinado;

32

Figura 6 Superfícies na peça

Fonte: ( 11 )

2.3.2 Fresamento

Fresamento é o processo de usinagem no qual a remoção de material ocorre de modo

intermitente por meio do movimento da ferramenta de corte (normalmente multicortante),

gerando superfícies das mais variadas formas. Normalmente a peça efetua o movimento de

avanço (velocidade baixa), enquanto que a ferramenta, gira a uma velocidade relativamente

alta e executa o movimento de corte mantendo o eixo de giro numa posição fixa ( 23 ).

De acordo com ( 23 ), em geral tanto a peça quanto a ferramenta podem se movimentar.

Esses movimentos podem ser tanto independentes quanto combinados, o que permite ampla

gama de operações gerando superfícies planas ou curvas, ranhuras, ressaltos roscas,

engrenagens e outras formas. Tal fato proporciona vantagens ao processo de fresamento em

virtude da variedade de formas que podem ser produzidas, da qualidade da superfície obtida,

das altas taxas de remoção de cavacos e da disponibilidade de ampla variedade de

ferramentas. Uma outra característica do processo é que cada gume da ferramenta (fresa)

remove uma porção de material da peça na forma de pequenos cavacos individuais ( 17 ).

O fresamento pode ser dividido em dois principais grupos (fresamento frontal e

fresamento periférico), de acordo com ( 23 ), conforme se verifica na Figura 7 outros

métodos podem ser considerados variações desses dois.

33

Figura 7 Fresamento frontal e periférico

Fonte: ( 17 )

As diferenças entre os dois são:

Periférico (concordante ou discordante): Operação nas quais os dentes ativos

estão na superfície cilíndrica da ferramenta. O eixo da fresa é paralelo à superfície que está

sendo gerada. As fresas são chamadas de cilíndricas ou tangenciais ( 5 ).

Frontal: Nesse caso, os dentes ativos da fresa estão na superfície frontal da

ferramenta. O eixo da fresa é perpendicular à superfície gerada. As fresas são chamadas

frontais ou de topo ( 5 ).

O fresamento é utilizado tanto para desbaste quanto para acabamento de peças. No caso

do fresamento frontal (por exemplo, as faces do bloco do motor) ( 23 ) recomenda que o

diâmetro da fresa seja maior do que a largura a ser fresada (recomenda-se D>1,5 x ae), como

pode ser visto na Figura 8.

Figura 8 Fresamento da face dos cilindros do bloco de motor

Fonte: ( 5 )

34

2.3.3 Usinabilidade do ferro fundido cinzento

A usinabilidade expressa o modo como um material se comporta quando usinado, segundo

( 24 ), a usinabilidade pode ser determinada segundo vários critérios, sendo os principais:

Força e potências requeridas;

Máxima taxa de remoção de cavacos;

Taxa de desgaste da ferramenta;

Acabamento superfícial;

Controle de cavaco;

O baixo custo do material e a fundição não são os únicos fatores responsáveis pela

aplicação em larga escala do ferro fundido cinzento na indústria. O baixo custo de desbaste e

acabamento das peças também produzidas também são um ponto que deve ser considerado. O

ferro fundido cinzento é considerado um material de boa usinabilidade, segundo quase todos

os critérios. As forças e as potências de corte requeridas são relativamente baixas, e a taxa de

remoção de material é considerada alta e a taxa de desgaste da ferramenta é considerada baixa

( 3 ) ( 24 ) ( 22 ).

A superfície gerada é um tanto fosca, mas ideal para o escorregamento. Os cavacos

produzidos são contínuos, em forma de lasca, que não apresentam problemas sério de

controle. Um problema relacionado a usinagem do ferro fundido cinzento são as partículas

finas de grafite que são lançadas ao ar, que exige o uso de equipamentos de proteção pelo

operdor. Este problema diminui quando a operação é realizada a baixas velocidades ou com

aplicação de fluído de corte ( 3 ) ( 24 ) ( 22 ).

2.3.4 Materiais de ferramentas indicado para usinagem de ferros fundidos cinzentos

Os materiais de ferramentas mais usados são os aços, o metal duro as cerâmicas, e mais

recentemente os PCBNs. Com a modernização das máquinas utilizando cada vez velocidades

de cortes maiores e a evolução dos materiais de fabricação de ferramentas aumentam-se as

35

opções para sua usinagem. Atualmente, utiliza-se com bons resultados,além do metal duro da

classe K, as cerâmicas mistas (Al2O3+TiC) e o PCBN. Este último em velocidade de corte

extremamente altas, acima de 800 m/min em operações de acabamento ( 16 ).

A usinagem de ferro fundido com ferramentas de cerâmica mista é mais recente e são

utilizadas, principalmente onde se quer obter um acabamento superficial e uma melhor

estabilidade dimensional, é o caso da usinagem dos discos de freio, tambor de freio cilindros e

volantes de motores, etc. A Tabela 4 mostra as velocidades de corte recomendadas para

torneamento de ferro fundido cinzento, com três tipos de materiais de ferramentas utilizados

( 24 ).

Tabela 4 Velocidades de Corte FoFo cinzento

Dureza HB

Ferramentas de

aço rápido .

Avanço 0,5 mm

/ver

Ferramentas de metal

duro Avanço 0,5 mm /

ver

Ferramentas de cerâmica ( Alumina ou SIALON

) Avanço 0,25 mm / ver

115-150 40 120 450

150-200 25 90 400

200-250 20 70 250

250-300 12 55 180

Fonte: ( 24 )

Os valores relacionados de velocidades de corte possíveis de serem adotados na

usinagem com ferramentas cerâmicas tem contribuido para que este tipo de material seja cada

vez mais utilizado. Investigações sobre comportamento de ferramentas cerâmicas á base de

alumina(Al2O3), no torneamento do ferro fundido cinzento apresentam resultados

satisfatórios. O acabamento superficial obtido permite a eliminação do processo posterior de

retificação. Resultados satisfatórios foram obtidos também no uso de cerâmicas a base de

nitreto de silício na usinagem de ferro fundido ( 3 ).

Em baixas e médias Vc, o mecanismo de desgaste predominante é o “ atrito “. O fato do

cavaco formado apresentar a forma descontínua faz com que ocorra maior variação no seu

processo de formação. A falta de regularidade no fluxo de material sobre a superfície de saída

da ferramenta promove a condição propícia para ocorrência de “ atrito “.

36

A aresta postiça de corte (APC) ocorre nos ferros fundidos cinzentos, quando usinados

com ferramentas de aço rápido e metal duro. A presença da APC permanece mesmo em

velocidades de corte mais elevadas que aquelas apresentadas pelos aços, devido á maior

diferença de dureza entre a matriz e a grafita ( 24 ). A APC muda de forma com o aumento da

velocidade de corte e do avanço,até desaparecer. A usinabilidade dos ferros fundidos

cinzentos é superior á das demais classes de ferro fundidos e dos aços com valores

equivalentes de dureza.

2.3.5 A usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento com PCBN

Para materiais ferrosos a dureza é um fator fundamental na determinação de

usinabilidade . Com o ferro fundido cinzento no entanto, a microestrutura é o fator indicador

desta usinabilidade. A redução da ferrita livre ou o refino das lamelas de grafita, reduzem a

usinabilidade, nos ferros fundidos cinzentos ( 19 ).

Ferramentas de corte de PCBN, foram especificadas para trabalhar bem nos ferros

fundidos cinzentos,desde que dois importantes critérios sejam completamente cumpridos:

A microestrutura deveria ser completamente perlítica;

A velocidade de corte deveria ser acima de 500 m/min;

A formação da microestrutura completamente perlítica, depende principalmente da

composição química e da taxa de resfriamento. Como viu-se o cromo e o cobre, são

formadores de perlíta, enquanto que o molibdênio tende a diminuir as lamelas. A taxa de

resfriamento depende muito da forma da seção da peça e também da técnica de fundição

empregada ( 19 ).

De uma forma geral fundições onde ocorre o refriamento rápido e em pequenas seções

apresenta uma menor tendência para formação de ferrita livre. Portanto em taxas de

resfriamento muito rápidas á formação do ferro fundido branco duros e carbonetos

intergranulares, ficando muito difícil de usinar com ferramentas convencionais,mas com a alta

tenacidade e resistência a abrasão do PCBN, isso se torna possível ( 19 ).

37

2.4 Metalurgia do pó

Metalurgia do Pó ou Powder Metallurgy (P/M) é uma técnica de fabricação de produtos

metálicos (ferrosos ou não ferrosos) obtidos através da conformação de pós metálicos seguido

de tratamento térmico de sinterização, onde o material é submetido a temperaturas abaixo do

ponto de fusão sob atmosfera controlada de gás argônio, conferindo-se propriedades físicas e

mecânicas de acordo com as normas MPIF, ASTM, SAE, ISO e demais correlatas com P/M

( 2 ).

O efeito do custo-benefício é contemplado a nível material e dimensional, o primeiro

através da formulação da composição química e conseqüentes propriedades físico-mecânicas

na medida exata da solicitação o segundo é obtido sistematicamente pela compactação em

ferramental específico garantindo geometrias e tolerâncias apertadas com alta repetibilidade.

O processo é ecologicamente correto e exerce menor impacto ao meio ambiente (quando

comparado aos processos convencionais) devido a melhor utilização da matéria-prima, menor

consumo de energia e utilização seletiva de elementos de liga ( 2 ).

Em vários casos práticos como em eixos excêntricos e pinhões em pontas de eixo

obtêm-se economia significativa pela utilização de peças sinterizadas agregadas a um a peça

original simples. Em situações como está, o processo de fabricação utiliza-se dos métodos

convencionais para a "peça básica" e da metalurgia do pó para a produção da "parte

complexa. A Metalurgia do pó vem a ser um processo de fabricação cuja finalidade é produzir

peças compactando pós-metálicos, cerâmicos ou compósitos (metal + cerâmica) ( 2 ).

Trata-se de uma técnica de fabricação que permite a produção de peças com formas

definitivas ou praticamente semi acabadas dentro de tolerâncias bastante apertadas, produção

de componentes com certas características estruturais e físicas impossíveis de serem obtidas

através de qualquer outro processo metalúrgico ( 2 ).

O processo consiste em compactar ou modelar a mistura e aquecê-la, com objetivo de

melhorar a ligação da mistura estrutural interna. A característica específica do processo é que

a temperatura permanece abaixo da temperatura de fusão do elemento constituinte principal

chamada sinterização ( 14 ).

38

A metalurgia do pó é um processo em que a economia de material é levada ao extremo,

com mínimas perdas de matéria-prima,comparada com a usinagem tradicional, em que as

perdas podem chegar a 50% do material. Certas ligas podem ser obtidas pela metalurgia do pó

a custos menores do que se fossem produzidas pela metalurgia convencional. A possibilidade

de conjugar peças simples e partes sinterizadas representam um importante fator de economia

de custos, com preservação de qualidade do produto final ( 14 ).

O controle exato da composição química desejada do produto final,a redução ou

eliminação das operações de usinagem,o bom acabamento de superfície, a pureza dos

produtos obtidos e a facilidade de automação do processo produtivo são alguns dos motivos

que tornam a metalurgia do pó uma fonte produtora de peças para praticamente todos os

ramos da indústria como o automobilístico de informática, aeroespacial, de material

eletroeletrônico, de equipamentos e implementos agrícolas e têxtil ( 14 ).

2.4.1 Evolução Histórica da Metalurgia do Pó

Embora pesquisas arqueológicas mostrem que o homem já produzia armas, lanças e

ferramentas a partir de aglomerados de ferro, há cerca de 6000 anos a.C., somente no século

XIX foram dados os primeiros passos para o desenvolvimento da moderna metalurgia do pó.

O ano de 1829 representa um marco na história da metalurgia do pó, a partir deste período a

produção de peças de platina maleável,material que até então não podia ser processado por

fundição normal, em razão do seu alto ponto de fusão cerca de 1.775°C ( 14 ).

No início do século XX foram desenvolvidos processos para obtenção de peças de

tungstênio e de molibdênio por sinterização. Mas a produção só se expandiu mesmo após a

Segunda Guerra Mundial para atender à demanda da florescente indústria automobilística.

Hoje são inúmeras as aplicações industriais de peças produzidas por sinterização. Esta

tecnologia, comparada à metalurgia convencional,tornou-se competitiva tanto por razões

tecnológicas quanto por razões econômicas. Onde for preciso produzir grandes quantidades de

peças, de formas complexas, sempre haverá espaço para a metalurgia do pó ( 14 ).

39

2.4.2 Características

Através da metalurgia do pó consegue-se a fabricação de um componente de uso

universal, os mancais autolubrificantes. Realmente, a porosidade existente num mancal

sinterizado pode ser preenchida com óleo para garantir uma lubrificação permanente entre o

eixo e o mancal. É também a metalurgia do pó o único processo conhecido para a produção de

determinadas ligas de altíssima dureza em condições industriais.

Além de poderem ser impregnadas com óleo para funcionarem com mancais auto

lubrificantes, as peças sinterizadas podem ser impregnadas com rezínas para selar os poros

interconectantes, infiltradas com ligas metálicas para se aumentar a resistência mecânica,

tratadas termicamente, cromadas, niqueladas, ferróxidadas, etc...

A maioria das peças sinterizadas pesa menos de 2,5kg embora peças com até 15kg

possam ser fabricadas. Em seu desenvolvimento inicial, a metalurgia do pó produzia peças de

formas geométricas bastante simples, em contraste com a atualidade onde, por motivos

principalmente econômicos, procura-se fabricar cada vez mais complexas, já que os processos

convencionais tornam-nas extremamente onerosas.

2.4.3 Etapas do Processo

O processo de produção da metalurgia do pó envolve três etapas fundamentais: a

obtenção dos pós, a compactação e a sinterização propriamente dita( 16 ) ( 5 ).

Obtenção do pó: O tamanho,a forma e a distribuição dos grãos são

características importantes na produção de peças sinterizadas e variam conforme o método de

obtenção do pó. Os métodos de obtenção podem ser mecânico, químico, físico e físico-

químico. Dependendo das características desejadas do grão, mais de um método pode ser

empregado sucessivamente ( 16 ).

Compactação: Nesta etapa, uma quantidade predeterminada de pó é colocada

na cavidade de uma matriz montada em uma prensa de compressão, que pode ser mecânica ou

hidráulica. A compactação ocorre por deslocamentos simultâneos dos punções superior e

inferior, à temperatura ambiente. A Figura 9 mostra seqüência dessa operação ( 16 ).

40

Figura 9 Sequencia de operação de compactação do pó

Fonte:( 16 )

Nos primeiros movimentos do punção superior e do punção inferior, a compactação

causa apenas o adensamento do pó, sem deformação das partículas e sem produzir adesão

entre elas. Se o processo for interrompido, o pó não manterá uma forma com contornos

definidos. O aumento da pressão provocará deformação plástica das partículas ( 16 ).

As partes mais finas de cada partícula sofrerão deformação ou quebra, que favorece o

entrelaçamento dos grãos, produzindo uma espécie de “solda fria”. Com o aumento da

compressão, o atrito do material contra as paredes da matriz e a fricção interna das partículas

elevam a densidade do material aos valores desejados ( 16 ).

Após a compactação, a peça é chamada de “compactado verde”, consistência que faz

lembrar a de uma paçoca de amendoim, que deve ser manuseado com cuidado para não se

quebrar. A densidade e a resistência são duas características importantes nesta etapa, pois

influenciam as propriedades mecânicas da peça final ( 16 ).

A zona neutra é a região do compactado verde em que as partículas menos sofreram a

ação das forças de compactação. Dependendo da geometria da peça, a localização da zona

neutra torna inviável a produção de uma peça por sinterização, pois não se consegue, em torno

dessa zona, um grau de compactação compatível com as outras regiões da peça ( 16 ).

Sinterização : Esta é a etapa de consolidação final da peça. A massa de partículas, na

forma de compactado verde ou confinada em moldes é aquecida a temperaturas altas, mas

abaixo do ponto de fusão do metal base, sob condições controladas de temperatura,

41

velocidade de aquecimento e resfriamento, tempo de permanência e atmosfera. Na Figura 10

abaixo mostra as etapas, de obtenção de peças via metalurgia do pó ( 16 ).

Figura 10 Etapa da metalurgia do pó

Fonte: ( 29 )

A sinterização é feita normalmente em fornos contínuos, caracterizados por três zonas

de operação: preaquecimento, manutenção da temperatura e resfriamento conforme mostra a

Figura 11.

Figura 11 Vista esquemática de um forno

Fonte: ( 16 )

42

2.4.4 Etapas complementares

Calibração: Durante a sinterização as peças podem sofrer alteração

dimensional fora do previsto, para corrigir os defeitos, utiliza-se a calibração que é uma

deformação plástica por aplicação de pressão realizada em matriz específicos a fim de atingir

a tolerância dimensional requerida da peça ( 14 ) .

Recompressão: Uma nova compressão realizada na peça após a sinterização

com a finalidade de reduzir a porosidade superficial e/ou aumentar a densidade final do

produto resultando na melhoria das propriedades mecânicas da peça ( 14 ).

Tratamento térmicos / Termoquímicos: As peças sinterizadas podem receber

tratamentos térmicos após a sinterização a fim de alterar suas propriedades mecânicas. Nos

tratamentos termoquímicos, a porosidade desempenha um papel importante, pois os poros

comunicantes permite a difusão de gases ou líquidos para o seu interior interferindo

positivamente ou negativamente no resultado final ( 14 ).

Usinagem: Assim como na fundição, muitas peças sinterizadas são submetidas

a posterior usinagem para conseguir a configuração projetada que muitas vezes, não é

possível de se obter no processo p. ex.: furos, roscas, rasgos, etc ( 14 ).

Infiltração: É um processo de fechamento dos poros (total ou parcial) de uma

peça sinterizada com baixa ou média densidade (5,6 até6,8 g/cm³no caso dos aços) com um

metal ou liga de ponto de fusão mais baixo. A infiltração do metal líquido ocorre por efeito de

capilaridade, e tem o objetivo de melhorar as propriedades mecânicas, resistência à

corrosão,promover a estanqueidade do produto e também como pré-tratamento para

acabamento superficial, como cromagem, niquelação e galvanização neste caso somente os

poros superficiais e os poros comunicantes são fechados ( 14 ).

Impregnação: Consiste em impregnar substâncias como óleos, graxas,

impermeabilizantes para evitar corrosão ou oxidação. É realizada com banho quente, banho

parcial (capilaridade) ou a vácuo ( 14 ).

43

2.4.5 Aplicações

Filtros sinterizados: São utilizados em várias aplicações industriais que requerem

resistência em altas temperaturas e resistência mecânica e química ( p.ex. filtragem de gases,

óleos combustíveis e minerais ). São utilizados também como abafadores de ruído e válvula

corta chamas. São fabricados em bronze, níquel, aços inoxidáveis, titânio e outros. A Figura

12 apresenta exemplo de filtros sinterizados ( 14 ).

Figura 12 Filtros sinterizados

Fonte: ( 14 )

A Figura 13 mostra a microscopia do material sinterizado apresentando difusão dos

grãos .

Figura 13 Visão por microscopia

. Fonte: ( 14 )

44

Mancais e buchas autolubrificantes: Uma das características da sinterização é

possibilitar o controle da porosidade do produto final. Esta característica é particularmente

importante na produção de mancais autolubrificantes. A porosidade existente no mancal pode

ser preenchida com óleo, para garantir uma lubrificação permanente entre o eixo e o mancal

( 14 ).

São aplicadas principalmente na indústria automobilística, de eletrodoméstico, motores

elétricos e ferramentas elétricas.

A porosidade existente nas peças sinterizadas atua como um reservatório de óleo que irá

formar o filme lubrificante da região eixo-mancal, evitando assim o desgaste prematuro destas

superfícies. Nos mancais sinterizados padronizados existentes no mercado, a porosidade

interconectada poderá variar de 15 a 25% do volume total do material.

A combinação de rigidez mecânica, resistência ao choque, homogeneidade estrutural,

facilidade de obtenção de certas formas geométricas com a vantagem da auto-lubrificação faz

da aplicação destes mancais o caminho correto para simplicidade de projeto e baixo custo a

Figura 14 apresenta exemplos de buchas e mancais autolubrificantes.

Figura 14 Buchas e mancais autolubrificantes

Fonte: ( 29 )

Baterias: Utilizam níquel poroso nos acumuladores cádmio-níquel e nas pilhas ( 14 ).

45

Próteses: Implantes cirúrgicos são recobertos com liga porosa (à base de Co-Ti),

permitindo que o tecido ósseo penetre nos poros e assegure uma boa ligação com o implante

( 14 ).

Materiais especiais: São ligas (como W90-Cu-Ni) que não permite fabricação

industrial devido ao alto ponto de fusão (3410°C), alta densidade (18 g/cm³), e outras

características. Possuem alto poder de absorção de radiações do setor nuclear e blindagens

para o setor militar ( 14 ).

Discos de freio e embreagem: São feitos à base de liga de cobre ou ferro-cobre, aos

quais se adiciona agente de atrito (SiC, SiO2, Al2O3) e agente lubrificante (Pb,C, MoS2)

(14 ).

Metal duro: O carboneto de tungstênio com adição de aglomerantes metálicos também

chamado de metal duro, tem importância fundamental no campo das ferramentas de

corte,peças de desgaste e brocas para perfuração de rochas. Nessas ferramentas, o metal duro

é adaptado nas partes cortantes, na forma de pastilha que possuem elevada dureza e suportam

temperaturas de até 1.000°C sem sofrer perda de corte ( 14 ).

O metal duro só pode ser produzido a partir do pó de tungstênio (W) puro, misturado ao

pó de carbono em proporções cuidadosamente controladas para garantir a correta composição.

Esta mistura é levada a uma temperatura de cerca de 1.700°C, que provoca a união do

tungstênio e do carbono, dando origem às partículas duras do metal duro, representadas pelos

carbonetos de tungstênio (WC).

O carboneto de tungstênio dissolve-se facilmente em cobalto (Co), o qual é adicionado à

mistura, atuando como metal ligante. O resultado final combina as propriedades da partícula

dura (resistência ao desgaste) com as propriedades do metal ligante (tenacidade e absorção de

impacto).

Contatos elétricos: São produzidos a partir de ligas Ag-W, Ag-WC, Ag-Ni e W puro

que garantem boa condutividade elétrica e térmica, preservando a resistência mecânica

quando aquecidos, resistência à tendência de soldagem quando em serviço e elevada

resistência ao desgaste ( 14 ).

46

Ligas magnéticas: É economicamente viável obter pequenos ímãs e ímãs permanentes

em Co5Sm (Sm = samário), ímãs cerâmicos em ferrita de bário, peças polares e núcleos

magnéticos de ampla utilização em motores e autofalantes de carros, rádio e TV ( 14 ).

Peças mecânicas: Fabricadas em Fe, Fe-Cu-Ni, Fe-Cu-Ni-Mo, Fe-Cu-Pm (Pm =

promécio), com ou sem carbono,são usados em engrenagens do eixo comando e do

virabrequim, arfos,buchas da junta homocinética, anéis sincronizadores, cubo-polia da bomba

d’água, amortecedores, pistão, corpo e guia da válvula, caixa de câmbio (cubos, anéis e luvas

sincronizadoras). A figura 15 mostra peças produzidas pela metalurgia do pó ( 14 ).

Figura 15 Pinhões e coroas

. Fonte: ( 29 )

2.4.6 Vantagens e desvantagens do uso da sinterização

Para análise da metalurgia do pó existe vantagens e desvantagens.

2.4.6.1 Vantagens

Alto aproveitamento da matéria prima, geralmente acima de 95%.

Este aproveitamento reflete-se no custo de fabricação permitindo que o produto

seja economicamente vantajoso frente aos obtidos por outros processos.

47

É um processo com baixo impacto ambiental por não ser poluente e por exigir

uma baixa energia de transformação do material. Figura 16 apresenta comparativos de

diferentes materiais.

Figura 16 Comparativo de processos de diferentes materiais

Fonte: ( 29 )

As propriedades mecânicas são dimensionadas de acordo com as aplicações,

evitando-se assim o desperdício pelo uso de materiais superdimensionados.

Permite a fabricação de altos volumes de peças.

Permite a fabricação de peças com formas mais complexas.

Ótimas tolerâncias dimensionais.

Ótimo acabamento superficial.

Possui um bom desempenho em aplicações críticas de longa duração.

Permite as mais variadas combinações de elementos químicos (ligas) e por

conseqüência permite obter várias microestruturas.

Permite a fabricação de materiais compósitos.

O controle da porosidade permite a fabricação de filtros metálicos e de mancais

autolubrificantes impregnados com óleo.

48

Este mesmo controle da porosidade permite a fabricação de materiais com densidade

100% cujas propriedades mecânicas excedem as dos materiais obtidos por processos

convencionais.

2.4.6.2 Desvantagens

Limita a forma geométrica da peça ( tem que ser extraída de uma matriz ).

Obriga a execução de grandes lotes de produções, devido ao custo elevado do

ferramental.

Limita o tamanho das peças, já que a potência requerida na compactação é

proporcional a área da seção transversal. Peças grandes exigem máquinas de elevada potência

para sua compactação.

2.5 Tribologia

O termo tribologia, que vem do grego Τριβο (Tribo - esfregar) e Λογοσ (Logos - estudo)

foi utilizado oficialmente pela primeira vez, em 1966 em um relatório feito por H. Peter Jost

para o comitê do departamento inglês de educação em ciência. Neste relatório o termo foi

definido como a “ciência e tecnologia de superfícies interativas em movimento relativo e dos

assuntos e práticas relacionados” ( 30 ).

Jost foi o primeiro a estudar os impactos econômicos devido à utilização dos

conhecimentos de tribologia. Este estudo é considerado o marco de criação da tribologia as

estimativas de reduções de gastos apresentadas no relatório de Jost são de que mediante o uso

do conhecimento existente podem-se reduzir as perdas por desgaste em 20%. O aspecto

ambiental também é muito importante na análise global das perdas por desgaste ( 30 ).

2.5.1 Princípios básicos de tribologia

Um dos principais focos de estudo da tribologia é o desgaste tradicionalmente são

aceitos quatro modos de desgaste que estão representados na Figura 17 ( 31 ).

49

Figura 17 Desenho esquemático dos quatro modos representativos de desgaste

Fonte: ( 31 )

O desgaste adesivo ocorre quando a ligação adesiva entre as superfícies é

suficientemente forte para resistir ao deslizamento. Como resultado dessa adesão uma

deformação plástica é causada na região de contato gerando uma trinca, que pode se propagar

levando à geração de um terceiro corpo e a uma transferência completa de material. No

desgaste abrasivo ocorre remoção de material da superfície, esse desgaste ocorre em função

do formato e da dureza dos dois materiais em contato. Quando o desgaste é ocasionado pelo

alto número de repetições do movimento ele é chamado de desgaste por fadiga. Finalmente o

desgaste corrosivo ocorre em meios corrosivos, líquidos ou gasosos. Neste tipo de desgaste

são formados produtos de reação devido às interações químicas e eletroquímicas ( 31 ).

Essas reações são conhecidas como reações triboquímicas e produzem uma intercamada

na superfície que depois é removida. Os modos de desgaste podem ocorrer através de diversos

mecanismos estes são descritos pela consideração de mudanças complexas na superfície

durante o movimento. Em geral o desgaste ocorre através de mais de um modo, portanto a

compreensão de cada mecanismo de desgaste em cada modo se torna importante. A Figura 18

mostra um breve resumo destes mecanismos ( 31 ).

50

Figura 18 Diagrama dos processos de desgaste em função do elemento interfacial e do

tipo de movimento das interfaces

Fonte: ( 31 )

O desgaste ocorre em função da cinemática do sistema pode variar entre deslizamento,

rolamento, oscilação, impacto e erosão, dependendo do tipo de interação e do movimento das

interfaces. A erosão pode ainda ser classificada pelo estado físico do contra-corpo, sólido ou

líquido, ou pelo ângulo de ação, alto ou baixo ( 31 ).

Os processos de desgaste também poderão ser classificados quanto ao elemento

interfacial podendo ser de desgaste de 2-corpos ou estar sob ação de partículas sólidas

pressionadas entre duas superfícies, por exemplo poeira em lubrificantes ou minerais e em

rochas sob pressão caracterizando um desgaste de 3-corpos. O pesquisador tem que ter

sempre em mente o tipo de aplicação do material que ele deseja testar para que possa simular

as mesmas condições de velocidade, de movimento e de carga ( 31 ).

51

3 . MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Cavaco de ferro fundido

3.1.1 Obtenção

O cavaco de ferro fundido utilizado neste trabalho, foi gerado na usinagem de um

componente que compõe a montagem do trator MR, mais precisamente um diferencial

fornecido pela empresa de fundição BRmetals, com 500Kg no seu estado bruto como

apresenta a Figura 19.

Figura 19 Diferencial bruto do trator MR

Fonte:Própria

A Figura 20 apresenta o Diferencial do MR usinado pronto para montagem, após 60

minutos de usinagem e retirada de 50Kg de cavaco.

Figura 20 Diferencial usinado

Fonte:Própria

52

A Figura 21 apresenta as ferramentas utilizadas nas principais operações de retirada de

cavacos, utilizadas na fresagem do diferencial ferramenta ( a ) acabamento, ferramenta ( b )

desbaste.

Figura 21 Ferramenta de acabamento ( a ) Ferramenta desbaste ( b )

Fonte:Própria

A Figura 22 apresenta o centro de usinagem modelo MCH 350 da empresa HELLER

utilizado na usinagem do diferencial citado na Figura 22 .

Figura 22 Centro de usinagem HELLER

Fonte:Própria

3.2 Obtenção da materia prima metálica

A composição das amostras foram obtidas com cavaco de ferro fundido cinzento com

adição de percentuais de 0,10 e 20 % de ferro puro em pó da empresa Hoganas. A Figura 23

apresenta o cavaco proveniente da usinagem.

53

Figura 23 Cavaco de ferro fundido proveniente da usinagem

Fonte:Própria

3.3 Preparação das amostras

As amostras foram pesadas em uma balança marca, Marte modelo AL 500 com

capacidade máx. de 500g e mín. de 0,002g como mostra a Figura 24 a fim de obter o

resultado de suas massas para os cálculos percentuais de cada elemento usado na mistura.

Figura 24 Balança marte AL 500

Fonte:Própria

3.4 Compactação dos corpos de prova

Para a compactação dos corpos de prova foi utilizada uma matriz cilíndrica de aço

temperado com cavidade de diâmetro interno de 13 mm e altura e profundidade de 53 mm,

com o punção inferior de 15 mm de altura e o punção superior de 65 mm como demonstra a

Figura 25 (b). A prensa hidráulica da marca Bovenaw P30 st com capacidade máxima de 30

toneladas como mostra a Figura 25 (a).

54

Figura 25 ( a ) Prensa hidráulica Figura-25 ( b ) Matriz de compactação

Fonte:Própria

3.5 Sinterização das amostras

Para sinterização das amostras foi usado um forno tubular vertical, com temperatura,

tempo e velocidades de resfriamentos controladas com gás argônio com uma taxa de

aquecimento de 10°C por minuto até atingir a temperatura de sinterização de 1150°C. A

Figura 26 mostra gráfico temperatura de sinterização e Figura 27 exibe o forno tubular

vertical de sinterização.

Figura 26 Gráfico temperatura de sinterização

Fonte: Própria

55

Figura 27 Forno tubular vertical de sinterização

Fonte:Própria

3.6 Metalografia

O controle de qualidade de um produto metalúrgico pode ser microestrutural e

dimensional. O dimensional (metrologia) preocupa-se em controlar as dimensões físicas de

um determinado produto, denomina-se Metrologia. O microestrutural (metalográfia)

preocupa-se com o material que forma a peça e sua composição, propriedade, estrutura e

aplicação. Para uma boa análise microestrutural do material seguiu-se etapas que são

indispensáveis .

3.7 Embutimento

O embutimento é de grande importância para o ensaio metalográficos, pois além de

facilitar o manuseio de peças pequenas, evita que amostras com arestas rasguem a lixa ou o

pano de polimento, bem como o abaulamento durante o polimento. Existem dois tipos de

embutimento a frio e a quente. Neste caso foi usado o sistema a quente em uma prensa como

mostra a Figura 28 ( a ) e baquelite e desmoldande com Figura 28 ( b ).

56

Figura 28 ( a ) Prensa de embutimento Figura 28 ( b ) Baquelite e desmoldante

Fonte:Própria

3.8 Lixamento / Polimento

Esta operação tem como objetivo, eliminar riscos e marcas mais profundas da superfície

dando um acabamento a esta superfície para posteriormente ser aplicado o polimento. Para

esta operação foram usadas lixas com granulometria de 100, 220, 400, 800, 1000 com giro de

90° entre uma e outra. Após a etapa de lixamento ocorreu o polimento das amostras, que tem

como objetivo ter um acabamento superficial polido e isento de marcas utilizou-se para este

fim abrasivo de alumina a Figura 29 mostra polimotriz.

Figura 29 Polimotriz para lixamento e polimento

Fonte:Própria

57

3.9 Análise Microdureza

Para análise de microdureza foi utilizado um microdurômetro da marca Future-Tech /

Japão modelo FM -700,características de 25-200 gf,com seleção automática de carga como

mostra a Figura 30. A carga usada foi de 500g,com penetração de 10s.

Figura 30 Microdurômetro Future Tech/ Japão modelo FM-700

Fonte:Própria

58

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Compressibilidade

A Tabela 5 abaixo apresenta os resultados de compressibilidade, obtidos após a

compactação do cavaco de ferro fundido cinzento puro com diferentes cargas.

Tabela 5 Resultados Compressibilidade do FoFo cinzento cavaco puro

Amostra Força (ton) Pressão (MPa) Massa Diâmetro Altura Densidade ( g / cm³ )

0 2,8

1 2,64 200 5,04 13,1 7,4 5,055

2 5,28 400 5,032 13,1 7,1 5,261

3 7,92 600 5,004 13,1 7,11 5,224

4 10,56 800 5,029 13,1 7,05 5,295

5 13,2 1000 4,89 13,1 6,92 5,245

Amostra cavaco-puro

Fonte:Própria

A Figura 31 apresenta a curva de compressibilidade gerada através dos dados da Tabela

5 com amostras de cavaco puro, observa-se que a partir de 400 MPa de pressão a curva de

compressibilidade se mantém.

Figura 31 Curva de compressibilidade amostras de cavaco puro

Fonte:Própria

59

A Tabela 6 apresenta os resultados da compressibilidade após a compactação do cavaco

de ferro fundido cinzento com 10% de Fe.

Tabela 6 Resultados da compressibilidade do FoFo cinzento 10% Fe

Amostra Força (ton) Pressão (MPa) Massa Diâmetro Altura Densidade ( g / cm³ )

0 2,8

1 2,64 200 5,17 13,4 8,85 4,336

2 5,28 400 5,21 13,4 8,35 4,631

3 7,92 600 5,18 13,4 8,3 4,632

4 10,56 800 5,23 13,4 8,2 4,734

5 13,2 1000 5,15 13,4 8,15 4,69

Amostra cavaco-puro 10% Fe

Fonte:Própria

A Figura 32 apresenta a curva de compressibilidade do FoFo cinzento com 10 % de Fe

gerada com dados obtidos da Tabela 6 , observa-se que a partir de 400 MPA de pressão a

curva de compressibilidade se mantém.

Figura 32 Curva de compressibilidade FoFo cinzento 10 % de Fe

Fonte:Própria

A Tabela 7 apresenta os resultados da compressibilidade do FoFo cinzento com 20%

de Fe, após a compactação.

60

Tabela 7 Resultados compressibilidade FoFo cinzento 20% Fe

Amostra Força (ton) Pressão (MPa) Massa Diâmetro Altura Densidade ( g / cm³ )

0 2,8

1 2,64 200 5,08 13,4 8,9 4,237

2 5,28 400 5,1 13,4 8,5 4,453

3 7,92 600 5,09 13,4 8,55 4,419

4 10,56 800 5,09 13,4 8,35 4,525

5 13,2 1000 5,08 13,4 8,4 4,489

Amostra cavaco-puro 20% Fe

Fonte:Própria

A Figura 33 apresenta a curva de compressibilidade do FoFo cinzento com 20 % de Fe

gerada com dados obtidos da Tabela 7, observa-se que a partir de 400 MPA de pressão a

curva de compressibilidade se mantém.

Figura 33 Curva de compressibilidade FoFo cinzento com 20 % de Fe

Fonte:Própria

4.2 Análise Microestrutural

As superfícies das amostras após ensaios foram analisadas por um microscópio ótico

modelo olimpos como mostra a Figura 34.

61

Figura 34 Microscópio Olimpos

Fonte:Própria

As micrografias foram realizadas em amostras contendo cavaco de ferro fundido

cinzento puro, com 10% e 20% de Fe. A Figura 35 apresenta a microestrutura de uma amostra

com cavaco de ferro fundido cinzento puro, com poros significativos com média presença de

ferro e grande presença de carbono.

Figura 35 Microestrutura de ferro fundido cinzento puro

Fonte:Própria

Figura 36 apresenta a microestrutura do ferro fundido cinzento com 10% de Fe com

diminuição do carbono, poros reduzidos e maiores quantidades de Fe.

Poros

Ferro

Carbono

Grafita

62

Figura 36 Microestrutura ferro fundido cinzento com 10% de Fe

Fonte:Própria

Figura 37 apresenta a microestrutura do ferro fundido cinzento com 20% de Fe

apresenta diminuição da porosidade em função do aumento do Fe.

Figura 37 Microestrutura ferro fundido cinzento com 20% de Fe

Fonte:Própria

A Figura 38 apresenta ilustrações das microestruturas das amostras, fazendo

comparativo da diminuição dos poros devido ao aumento da porcentagem de Fe utilizado nas

amostras.

Poros

Ferro

Carbono

Grafita

Poros

Ferro

Carbono

Grafita

63

Figura 38 ( a ) Microestrutura com cavaco puro ( b ) Microestrutura com 10% Fe ( c )

Microestrutura com 20% Fe

( a ) ( b ) ( c )

Fonte:Própria

As análises de microdurezas foram analisadas em quatro pontos distintos a Tabela 8

apresenta os resultados obtidos em amostras de cavaco de FoFo cinzento puro.

Tabela 8 Microdurezas das amostras de cavaco puro

Amostra 1 Amostra 3 Amostra 5

500 g 170,9 220,6 202,8

10 s penetração 170,6 198,4 156,1

cavaco puro 150,3 209,5 154,4

147,4 201,2 204,7

Média 159,8 207,425 179,5

Ensaio de microdureza VICKERS

Fonte:Própria

A Tabela 9 apresenta os resultados de microdureza das amostras de cavaco de FoFo

cinzento com 10 % de Fe.

64

Tabela 9 Microdureza cavaco de FoFo cinzento com 10 % de Fe

Amostra 1 Amostra 3 Amostra 5

500 g 215,6 235,3 173,5

10 s penetração 253,6 196,6 209,2

10% Fe 206,5 208,2 185,2

238,9 240,6 173,7

Média 228,65 220,175 185,4

Ensaio de microdureza VICKERS

Fonte:Própria

Tabela 10 apresenta ensaio de microdureza da amostra de ferro fundido cinzento com

20% de Fe.

Tabela 10 Microdureza cavaco FoFo cinzento com 20 % Fe

Amostra 1 Amostra 3 Amostra 5

500 g 141,7 192,3 135,2

10 s penetração 148,7 194,4 147,7

20% Fe 183,5 197 169

212,5 180,6 172,7

Média 171,6 191,075 156,15

Ensaio de microdureza VICKERS

Fonte:Própria

Após analise dos resultados obtidos nos três ensaios pode se verificar diferenças

significativas nos valores encontrados, essas diferenças podem ser explicadas devido a

dificuldade de encontrar pontos adequados para realização dos ensaios.

65

5 CONCLUSÕES

A diluição do pó de ferro no cavaco de ferro fundido cinzento, diminuiu os valores

da densidade. A compactação realizada a 800 MPa produziu corpos de prova com maior

densidade em todas as amostras analisadas. A curva de compressibilidade se manteve estável

a partir de 400 MPa de pressão em todas as amostras analisadas.

Os resultados obtidos nos ensaios de dureza ficaram todos acima dos 155 Vickers que

equivale a ± 160 Brinell estes valores estão dentro da faixa de dureza requerida para

fabricação de mancais em ferro fundido cinzento que esta entre 145 á 170 Brinell, porém os

resultados da densidade ficaram abaixo da densidade de 5,7 e 6,2 g/cm³ que é a especificação

para fabricação de mancais autolubrificantes de ferro.

66

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Após analisar alguns resultados obtidos neste trabalho podemos sugerir algumas

sugestões para se obter melhores resultados:

Obter o pó de cavaco de ferro fundido cinzento através da moagem, sem alterar

a porcentagem de ferro puro inicialmente proposto.

Aumentar a porcentagem de ferro puro gradualmente e analisar o

comportamento das amostras.

Realizar sinterizações em diferentes temperaturas e analisar o comportamento

do sinterizado.

67

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APÊNDICE