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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Promotoria de Justiça Cível de Vitória
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________ Rua Raulino Gonçalves, 200, Enseada do Suá, Vitória, ES
CEP 29050-405 Fone/Fax: (27) 3145-5000
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE
DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DE
VITÓRIA.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, por seu órgão de execução no uso de suas atribuições legais, com
fundamento nos artigos 6.º c/c 5.º, parágrafo 1.º, ambos da Constituição
Federal; artigos 1.º, inciso IV e 5.º, inciso I, ambos da Lei Federal n.º 7.347/85
e artigos 127, 129, incisos II e III, ambos da Constituição Federal, vem perante
Vossa Excelência propor
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
(com pedido de tutela antecipada)
em face do ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, representado pelo Procurador
Geral do Estado podendo ser encontrado na Procuradoria Geral do Estado,
com sede na Av. Nossa Senhora da Penha, 1.590, Barro Vermelho, Vitória, ES,
CEP 29057-550, pelas razões de fato e de direito que se subseguem:
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DOS FATOS
01.
No ano de 2009 o Supremo Tribunal Federal julgou Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.430-8 Espírito Santo (12.08.2009 – Tribunal Pleno –
relator Min. Ricardo Lewandowski) proposta pelo Procurador-Geral da República
declarando a inconstitucionalidade das contratações temporárias amparadas pela
LC 300/04 do Estado do Espírito Santo.
02.
Ocorre que, mesmo com o Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da LC 300/04 e concedendo prazo para que o Estado do ES
se adequasse e realizasse concurso público para prover todas as vagas
ocupadas por temporários, o mesmo, em total afronta a decisão do Poder
Judiciário, não cumpriu tal decisão e, dando continuidade às inúmeras e
sucessivas inconstitucionais irregularidades na contratação de “temporários”, fez
publicar na data de 09.11.2009 a Lei Complementar n.º 502, onde, em seu artigo
17, revogou as Leis Complementares n.ºs 300/2004, 340/2005 e 405/2007, mas
manteve os contratos atualmente em vigor, acrescentando, ainda, a possibilidade
de sua renovação.
03.
Dessa forma, buscou o Estado do ES, por meio da publicação da
Lei Complementar n.º 502/2009, não só burlar a decisão do STF, quando manteu
os contratos decorrentes da LC 300/2004 (lei essa já declarada inconstitucional),
como também vem induzindo a erro a justiça com a falsa alegação de legalidade
dessas contratações temporárias.
04.
Consta dos autos do Inquérito Civil n.º MPES-2014.0009.2863-59,
que serve de base para a presente ação, que a Secretaria de Estado da Saúde
realizou os seguintes concursos públicos:
EDITAL SESA N.º 001/2008 para os seguintes cargos: médico alergista,
médico anestesiologista, médico cardiologista, médico cirurgião cabeça e
pescoço, médico cirurgião cardíaco, médico cirurgião crânio maxilo-facial,
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médico cirurgião geral, médico cirurgião plástico, médico cirurgião torácico,
médico cirurgião vascular, médico cirurgião geral, médico de família e de
comunidade, médico dermatologista, médico endocrinologista, médico
gastroenterologista, médico geriatra, médico ginecologista e obstetrícia,
médico hematologista e hemoterapia adulto, médico infectologista, médico
intensivista, médico do trabalho, médico intensivista neonatal, médico
nefrologista, médico neurocirurgia, médico neurocirurgia pediátrica, médico
neurologia, médico neuropediatra, médico nutrólogo, médico
oftalmologista, médico ortopedista e traumatologista, médico
otorrinolaringologista, médico patologista clínico, médico pediatra, médico
pneumologista, médico proctologista; médico psiquiatra, médico
reumatologista, médico socorrista, médico urologista /, médico auditor,
médico regulador e médico supervisor.
EDITAL SESA N.º 1/2010 para os seguintes cargos: especialista em
gestão, regulação e vigilância em saúde; administrador – atuação:
auditoria/gestão; arquiteto – atuação: vigilância sanitária; assistente social
– atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilância em saúde; biólogo –
atuação: vigilâncias ambiental e sanitária; contador – atuação: auditoria;
enfermeiro – atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilâncias
epidemiológicas e sanitária; engenheiro agrônomo – atuação: vigilância
sanitária; engenheiro civil – atuação: vigilância sanitária; engenheiro de
alimentos – atuação: vigilância sanitária; engenheiro químico – atuação:
vigilâncias ambiental e sanitária; estatístico – atuação: vigilância em
saúde; farmacêutico – atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilância
sanitária; farmacêutico-bioquímico – atuação: auditoria/gestão/vigilância
ambiental, epidemiológica e sanitária; físico – atuação: vigilância sanitária;
nutricionista – atuação: vigilâncias epidemiológica e sanitária; odontólogo –
atuação: auditoria/vigilância sanitária; psicólogo – área de atuação: gestão;
químico – atuação: vigilância sanitária e veterinário – atuação: vigilâncias
ambiental e sanitária.
EDITAL SESA N.º 1/2013 para os seguintes cargos: médico alergista;
médico anestesiologista; médico cardiologista; médico cardiologista
pediátrico; médico cirurgião cabeça e pescoço; médico cirurgião crânio
maxilo-facial; médico cirurgião geral; médico cirurgião pediátrico; médico
cirurgião plástico; médico cirurgião torácico; médico cirurgião vascular;
médico cirurgião geral; médico dermatologista; médico endocrinologista;
médico endocrinologista pediátrico; médico fisiatra; médico
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gastroenterologista; médico geriatra; médico ginecologista e obstetrícia;
médico hematologista e hemoterapeuta adulto; médico homeopata;
médico infectologista; médico intensivista adulto; médico intensivista
neonatal; médico intensivista pediátrico; médico do trabalho; médico
nefrologista; médico nefrologista infantil; médico neurocirurgião; médico
neurocirurgião pediátrico; médico neurologista; médico neuropediatra;
médico nutrólogo; médico oftalmologista; médico onoc-hematologista;
médico oncologista; médico ortopedista e traumatologista; médico
otorrinolaringologista; médico patologista; médico pediatra; médico
pneumologista; médico proctologista; médico psiquiatra; médico psiquiatra
infantil; médico radiologista; médico reumatologista; médico reumatologista
infantil; médico socorrista; médico ultrassonografista; médico urologista;
médico auditor; médico regulador; médico supervisor; assistente social;
biólogo; enfermeiro; farmacêutico; farmacêutico bioquímico; fisioterapeuta;
fonoaudiólogo; nutricionista; odontólogo cirurgião bucomaxilofacial;
psicólogo; terapeuta ocupacional; técnico em enfermagem; técnico em
imobilização ortopédica; técnico em laboratório; técnico em necropsia;
técnico em nutrição; técnico em órtese e prótese; técnico em radiologia.
05.
Ocorre que mesmo após a realização desses concursos, a
Secretaria de Estado da Saúde manteve e vem mantendo em seu quadro
inúmeros servidores contratados temporariamente para a prestação do serviço
público de caráter essencial e permanente tanto para os cargos específicos da
área da saúde, a saber: médico clínico geral, nutricionista, psicólogo, assistente
social, auxiliar de enfermagem, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, médico
cardiologista, médico clínico geral, médico cirurgião cabeça e pescoço, médico
geriatra, médico gastroenterologista, médico ginecologista/obstetra, médico
homeopata, médico neurologista, médico oftalmologista, médica
ortopedista/traumatologista, médico pediatra, médico regulador, médico
urologista, técnico em enfermagem, técnico em laboratório, terapeuta
ocupacional, veterinário, farmacêutico/bioquímico, fisioterapeuta, médico
nefrologista, médico neuropediatra, fonoaudiólogo, médico cirurgião plástico,
médico cirurgião buco-maxilo, odontólogo, médico ultrassonografista, médico
proctologista, auxiliar de laboratório, técnico de imobilização ortopédica, médico
anestesiologista, fonoaudiólogo, médico cirurgião vascular, médico socorrista,
médico gastroenterologista, médico neuropediatra, médico do trabalho, médico
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patologista, odontologista cirurgião bucomaxilofacial, médico psiquiatra, técnico
em radiologia, médico angiologista, médico dermatologista, médico
pneumologista, médico endocrinologista, médico pneumologista, médico
reumatologista etc., como para o exercício de funções burocráticas: auxiliar
administrativo, auxiliar de serviços gerais, motorista, telefonista, assistente
administrativo, auxiliar administrativo, contador, técnico em segurança do trabalho
etc., conforme consta das atuais informações prestadas nos autos pela própria
Secretaria de Estado da Saúde (Fls. 464/486).
06.
Comprovam, ainda, os autos que inúmeras dessas contratações
temporárias estão sendo feitas pela Secretaria de Estado da Saúde, utilizando
recurso público estadual da área da saúde, sendo que esses servidores estão
atuando para a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, uma instituição
autárquica federal, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), com autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, que
oferece serviços na área da saúde por meio do Hospital Universitário Cassiano
Antônio Moraes – HUCAM, hospital esse que desde o mês de abril de 2013
passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares –
EBSERH, empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pelo
governo federal com a finalidade de gerenciar os hospitais universitários do País.
07.
Cumpre registrar que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
– EBSERH que administra o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes –
HUCAM realizou no ano de 2013 concursos públicos para o preenchimento de
cargos para sua área médica, assistencial e administrativa, portanto para os
cargos que a SESA contrata de forma inconstitucional e ilegal, temporariamente,
para lotar em uma autarquia federal.
08.
Comprovam os autos, ainda, que além de contratar
temporariamente e lotar servidores em autarquia federal, de forma
inconstitucional e ilegal, também contrata temporariamente, com recursos da área
da saúde, para lotar servidores em outro órgão da Administração Pública
Estadual, a saber, o Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo, que faz parte da
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Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do ES. Senão
vejamos:
09.
A Constituição Federal em seu Capítulo III – Da Segurança
Pública - art. 144 dispõe que a Segurança Pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: V
– polícias militares e corpo de bombeiros militares.
10.
De igual forma a Constituição do Estado do ES em seu Capitulo I
– Da Segurança Pública – art. 126 dispõe que são órgãos da administração
pública encarregados da segurança pública e subordinados ao Governador do
Estado e à Secretaria de Estado da Segurança Pública: II – a Polícia Militar.
11.
Por sua vez, o Organograma da Polícia Militar do Estado do
Espírito Santo se encontra assim constituído:
COMANDANTE GERAL
SUBCOMANDANTE GERAL
DIREÇÃO GERAL DIREÇÃO SETORIAL ÓRGÃO DE EXECUÇÃO
DIRETORIA DE
SAÚDE
CENTRO
ADMINISTRATI
VO
HPM POLICLÍNI
CA
CENTRO
ODONTOLÓGI
CO
CENTRO
FARMACEUTI
CO
BIOQUÍMICO
Divisão
administrativa
Divisão
clínica
médica
Divisão
médica
Divisão clínica
odontológica
Divisão
químico
farmacêutico
Divisão pessoal Divisão
cirúrgica
Divisão
perícia
médica e
promoção à
Divisão Prótese
e Log.
Divisão Análise
Clínica
Laboratorial
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saúde
Divisão
Orçamento e
Financeira
Divisão
Ginecologi
a e
Obstretríci
a
Divisão
Enfermage
m
Ambulatoria
l
Divisão OME’S
destacadas
Divisão
Farmácia
Divisão
Pediatria
Divisão de
Apoio
Clínico
Divisão de
Enfermage
m Clínica
12.
Desta forma, o HPM, assim como o Centro Odontológico, o
Centro Farmacêutico Bioquímico e a Policlínica, locais onde, certamente, os
oficiais dentistas, farmacêuticos, médicos e enfermeiros encontram-se lotados,
e, por sua vez, cumprindo suas cargas horárias, compõem a Diretoria de
Saúde, que se encontra subordinada a Direção Setorial, que por sua vez se
encontra subordinada ao Subcomandante Geral, que por fim está subordinado
ao Comandante Geral da Polícia Militar deste Estado que integra a Secretaria
de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do ES. E mais, os oficiais
dentistas, farmacêuticos, médicos e enfermeiros são subordinados diretamente
aos seus respectivos diretores, que por sua vez são subordinados ao
Comandante Geral da Polícia Militar.
13.
No decorrer desses anos o Ministério Público deste Estado vem
buscando junto ao Governo do Estado do ES e a Secretaria de Estado da Saúde
regularizar a questão em tela, intensificando a fiscalização na nomeação dos
candidatos aprovados nos concursos públicos objetos do EDITAL SESA N.º
01/2008, do EDITAL SESA N.º 01/2010 e do EDITAL SESA N.º 01/2013, porém
as inconstitucionalidades e ilegalidades permaneceram/permanecem no âmbito
do nosso Estado.
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14.
Na data de 19.03.2012, na sede da Procuradoria Geral de Justiça
do Espírito Santo, foi realizada reunião para tratar das irregularidades no que
tange a contratação de servidores “temporários” por parte da Secretaria de
Estado da Saúde – SESA que contou com a presença do Procurador Geral de
Justiça, das Promotoras de Justiça integrantes do extinto Grupo Especial de
Trabalho de Políticas da Saúde - GETIPOS, do Secretário de Estado da Saúde,
da Subsecretária de Gestão e Recursos Humanos, de Procuradores do Estado,
do Subsecretário de Estado para Assuntos Administrativos e de Financiamento
da Atenção à Saúde, do Subsecretário de Estado de Gestão do Gabinete do
Governador e da Gerente de Recursos Humanos da SESA, onde, ao final, restou
firmado compromisso por parte do Estado do ES de realizar concurso público
para suprir toda a demanda de contratos temporários e outros cargos que se
fizerem necessários no prazo máximo de 01 (um) ano a contar da data da citada
reunião, sendo que no prazo máximo de 90 (noventa dias) deveria ser publicado
o edital do concurso público, bem como que o Estado providenciaria a nomeação
dos candidatos aprovados nos concursos públicos em vigor;
15.
Assim, embora não cumprido o acordo em sua totalidade, foi
publicado o Edital n.º 01- SESA/ES, de 20.02.2013, com abertura de 2.121
vagas, distribuídas pelos níveis médio, técnico e superior, concurso esse
homologado no final de outubro de 2013.
16.
Já na data de 16.07.2014, na sede da Procuradoria Geral de Justiça
do Espírito Santo, foi realizada nova reunião com os mesmos representantes do
Governo do Estado acima relacionados e novo acordo foi firmado com o
Ministério Público deste Estado no sentido de que até o final de dezembro de
2014 todos os candidatos aprovados no quantitativo de vagas seriam nomeados
com a devida substituição dos servidores contratados temporariamente e que até
o final do prazo de validade do concurso público em vigor os demais aprovados
no cadastro de reserva seriam convocados com a criação de novos cargos
públicos efetivos, com o desligamento de todos os contratos temporários que não
estiverem legalmente justificados.
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17.
Quanto aos servidores temporários contratados pela SESA e
lotados no HUCAM, após inúmeras reuniões ficou acordado: 1) Quanto aos
servidores temporários contratados pela SESA e lotados no HUCAM/EBSERH:
TODOS os servidores contratados temporariamente pela Secretaria de Estado
da Saúde – SESA que se encontrassem lotados no Hospital Universitário
Cassiano Antônio de Moraes - HUCAM não teriam seus contratos renovados
e/ou teriam os mesmos rescindidos, de forma que a vigência desses contratos
não ultrapassasse o dia 31 de dezembro de 2014, período esse em que o
HUCAM/EBSERH deveria providenciar a substituição desses servidores
temporários por candidatos aprovados no concurso público por ele realizado; 2)
Quanto aos servidores efetivos da Secretária de Estado da Saúde – SESA
lotados no HUCAM/EBSERH: TODOS os servidores efetivos da Secretaria de
Estado da Saúde – SESA que atualmente estivessem lotados no Hospital
Universitário Cassiano Antônio de Moraes - HUCAM deveriam retornar
imediatamente para a sua origem, cabendo a SESA a adoção das medidas
necessárias para tanto, SALVO aqueles que atuam nos Programas mantidos
pelo Governo do Estado do ES que ali funcionam, a saber: Tuberculose,
DST/AIDS, Banco de Olhos e PAVIVIS, e nos seguintes serviços referenciados:
hepatologia, onco-hemato, infertilidade e climatério, sendo que neste caso a
SESA deveria providenciar até o dia 31 de outubro de 2014 a cessão dos
mesmos nos termos da legislação vigente, comprometendo-se o
HUCAM/EBSERH a providenciar a substituição desses servidores por
candidatos aprovados no concurso público por ele realizado; QUE quanto a
assistente social e a psicóloga, contratadas temporariamente, que atuavam no
PAVIVIS estas seriam substituídas por candidatos aprovados no concurso
público conforme já acordado no item 1; QUE quanto aos 03 (três) médicos
efetivos, sendo 01 (uma) intensivista neonatal e 2 (duas) pediatras que
atuavam no HUCAM, estes ali permaneceriam até a substituição por
candidatos aprovados no concurso do HUCAM/EBSERH ou até que a SESA
venha a necessitar dos serviços dos mesmos em sua rede própria; Quanto aos
médicos oftalmologistas especialistas temporários contratados pela Secretaria
de Estado da Saúde - SESA e lotados no Hospital Universitário Cassiano
Antônio de Moraes – HUCAM: a SESA substituiria os oitos médicos
oftalmologistas temporários lotados atualmente no HUCAM por candidatos
aprovados no concurso público regido pelo Edital n.º 1- SESA/ES, de 20 de
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fevereiro de 2013, sendo que neste caso deveria providenciar até o dia 31 de
novembro de 2014 a cessão dos mesmos nos termos da legislação vigente.
18.
Ocorre que até a presente data os acordos não foram cumpridos
em sua totalidade, e a Secretaria de Estado da Saúde ainda mantêm em seu
quadro aproximadamente 2.500 (dois mil e quinhentos) servidores contratados
temporariamente, dentre funções essenciais e administrativas, tanto nela lotados
quanto irregularmente lotados em outro órgão estadual/autarquia federal,
enquanto que concursos públicos foram realizados, homologados, candidatos
foram aprovados e suas nomeações sequer foram esgotadas.
19.
Assim, as contratações temporárias no âmbito do Estado do ES se
perpetuam mediante prorrogações sucessivas e ilimitadas e/ou novas
contratações temporárias deflagradas, em flagrante afronta ao princípio
constitucional do concurso público, bem como outros postulados constitucionais
administrativos, a exemplo dos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade e da eficiência.
DDOOSS FFUUNNDDAAMMEENNTTOOSS JJUURRÍÍDDIICCOOSS
I – DOS ATOS ATENTATÓRIOS AS CONSTITUIÇÕES FEDERAL E
ESTADUAL:
20.
A Constituição Federal em seu art. 37, caput, e inciso II tornou
obrigatória a aprovação prévia em concurso público para o provimento de
quaisquer cargos ou empregos na administração direta e indireta, inclusive
para o preenchimento de emprego nas empresas públicas e sociedades de
economia mista, pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
administração indireta. Senão vejamos:
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, também,
ao seguinte:
(...)
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
21.
De igual forma, a Constituição do Estado do ES em seu art. 32,
caput, e inciso II:
Art. 32. As administrações públicas direta e indireta de quaisquer
dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerão aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
finalidade, interesse público, razoabilidade, proporcionalidade e
motivação, e também aos seguintes:
I - omissis
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexibilidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
22.
O saudoso mestre Hely Lopes Meirelles nos ensina que concurso
público é o meio técnico posto à disposição da administração para obter-se
moralidade, eficiência e aperfeiçoamento dos serviços públicos, e ao mesmo
tempo, atender ao princípio da isonomia, uma vez que propicia igual
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oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos a todos os que atendam
aos requisitos estabelecidos de forma geral e abstrata em lei.
23.
Por sua vez no mesmo art. 37, inciso IX, a Constituição Federal ao
dispor que a lei estabelecerá os casos de contratação por prazo determinado,
estabelece que para serem válidas essas contratações para atender
necessidade temporária devem observar a condição de existência de
legislação infraconstitucional que as preveja expressamente e defina seus
casos, condições e prazos.
24.
Assim a Constituição Federal só permitiu duas exceções ao
princípio da obrigatoriedade do concurso público: a primeira: no caso dos
cargos em comissão, que são de livre nomeação e exoneração com base
em critérios subjetivos da autoridade competente (art. 37, II, CF); e a
segunda: no caso de contratação por tempo determinado, para atender
necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CF).
25.
Ocorre que o Estado do Espírito Santo, ora demandado, vem
descumprindo há décadas o comando constitucional, tendo o Supremo Tribunal
Federal (STF), inclusive, já declarado a inconstitucionalidade das contratações
temporárias amparadas pela Lei Complementar n.º 300/2004, concedendo
prazo para que o Estado do ES se adequasse e realizasse concurso público para
provimento das vagas ocupadas por temporários, prazo esse que se expirou
desde 15.10.2009, sendo que até a presente data não houve o seu
cumprimento. Pelo contrário, tais contratações temporárias vêm se perpetuando
agora sob o amparo da Lei Complementar Estadual n.º 502/2009.
26.
De acordo com o voto do Relator da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.430-8 Espírito Santo, Ministro Ricardo Lewandowski:
(...) É que a dispensa de concurso público para contratação de
servidores configura medida extrema, que só pode ser admitida em
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situações excepcionais, identificadas, uma a uma, numa base ad hoc,
as quais, à evidência, não podem ser antecipadas.
Caso pudessem ser previstas, a Administração Pública teria o dever
de tomar as providências ao seu alcance para evita-las ou, na pior das
hipóteses, remediá-las, tendo em conta, em especial, o princípio da
precaução, que na área da saúde, encontra abrigo no art. 196, caput,
da Carta Magna, segundo o qual:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (grifos
meus).
(...)
27.
Continua o ministro relator expondo em seu voto:
(...)
A transitoriedade das contratações de que trata o art. 37, IX, da CF,
com efeito, não se coaduna com o caráter permanente de atividades
que constituem a própria essência, a razão mesma de existir do
estado, qual seja a prestação de serviços essenciais à população,
dentre os quais figuram, com destaque, os serviços de saúde.
Se o serviço público é de caráter essencial e permanente, como
aquele objeto do diploma legal atacado, só pode ser prestado por
servidores admitidos em caráter efetivo, mediante competente
concurso público, nos termos do art. 37, II, da carta Magna.
No caso sob análise, o texto normativo capixaba regulou a
contratação temporária de profissionais da área da saúde, atividade
essencial de índole permanente.
No que concerne à contratação de pessoal estranho à área da saúde
(...), vale lembrar, na esteira do parecer subscrito pela AGU, que esta
Corte já se pronunciou no sentido do descabimento da contratação
temporária de servidores para o exercício de funções burocráticas,
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conforme decidida na ADI 2.987/SC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
assim ementada:
“EMENTA: Servidor público: contratação temporária
excepcional (CF, art. 37, IX): inconstitucionalidade de sua aplicação
para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias e
permanentes.”
(...)
28.
Desta forma, para burlar o julgamento do Supremo Tribunal
Federal, na data de 09.11.2009, dando continuidade as inúmeras, sucessivas e
inconstitucionais contratações de “temporários”, o Estado do ES publicou a Lei
Complementar n.º 502/2009 (atualmente em vigor), onde no artigo 17 revogou as
LC n.ºs 300/2004, 340/2005 e 405/2007, mas manteve os contratos oriundos
dessas leis complementares, acrescentando, ainda, a possibilidade de suas
renovações.
29.
Desta forma, restou comprovado nos autos do Inquérito Civil n.º
MPES-2014.0009.2863-59 em anexo que: a) a Secretaria de Estado da Saúde –
SESA mantém em seu quadro aproximadamente 2.500 (dois mil e quinhentos)
servidores contratados de forma temporária para cargos específicos da saúde e
burocráticos para a prestação do serviço público de caráter “essencial” e
“permanente”, contratos esses que vêm sendo renovados ininterruptamente
desde o ano de 1995, inclusive lotando-os também de forma ilegal em autarquia
federal e outro órgão estadual; b) os concursos públicos são homologados
(Editais publicados em 2008, 2010 e 2013) com candidatos aprovados e não
nomeados, enquanto esses cargos estão sendo ocupados por temporários.
30.
Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) já entendeu que a
aprovação em concurso público dentro do número de vagas fixado no edital cria
para o candidato direito adquirido à nomeação, e não mera expectativa de direito,
obedecida a ordem de classificação, além de já ter declarado expressamente
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que o direito à nomeação abrange, sim, o candidato aprovado em cadastro
reserva, como abaixo se vê do recente acórdão:
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. SÚMULA 282 DO STF. ADMINISTRATIVO.
INVESTIDURA EM CARGO OU EMPREGO PÚBLICO NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. SUBMISSÃO À
REGRA CONSTITUCIONAL DO CONCURSO PÚBLICO.
CANDIDATO QUE PASSA A FIGURAR DENTRO DO NÚMERO
DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. SURGIMENTO DE
NOVAS VAGAS. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
I – Ausência de prequestionamento dos arts. 2º e 173, § 1º, II, da
Constituição. Incidência da Súmula 282 do STF. Ademais, a tardia
alegação de ofensa ao texto constitucional, apenas deduzida em
embargos de declaração, não supre o prequestionamento.
Precedentes.
II – A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que,
para a investidura em cargo ou emprego público, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista se submetem à regra
constitucional do concurso público, prevista no art. 37, II, da Lei
Maior. Precedentes.
III – O Plenário desta Corte, no julgamento do RE 598.099/MS, Rel.
Min. Gilmar Mendes, firmou entendimento no sentido de que
possui direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado dentro
do número de vagas previstas no edital de concurso público.
IV – O direito à nomeação também se estende ao candidato
aprovado fora do número de vagas previstas no edital na hipótese
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em que surgirem novas vagas no prazo de validade do concurso.
Precedentes.
V – Agravo regimental a que se nega provimento.
(ARE 790897 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Segunda Turma, julgado em 25/02/2014, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 06-03-2014 PUBLIC 07-03-2014)
31.
De igual forma já se firmou entendimento no sentido de que a mera
expectativa de nomeação dos candidatos aprovados fora do número de vagas
passa a ser direito líquido e certo no caso de contratação de pessoal de forma
precária para o preenchimento de vagas existentes dentro do prazo de validade
do concurso:
STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO RE 739426
MA (STF)
Data de publicação: 02/10/2013
Ementa: EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO.
CONTRATAÇÃO DE TEMPORÁRIOS. CANDIDATA
APROVADA EM CONCURSO PÚBLICO. PRETERIÇÃO.
DIREITO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTES. ACÓRDÃO
RECORRIDO PUBLICADO EM 27.8.2012. A jurisprudência desta
Corte é firme no sentido de que a contratação de temporários para
o exercício de atribuições próprias do cargo efetivo, quando
existem candidatos aprovados em concurso público vigente,
configura preterição na ordem de nomeação e faz surgir para os
referidos candidatos o direito à nomeação. Precedentes. Agravo
regimental conhecido e não provido.
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32.
Assim, o matéria ora objeto da presente ação já se encontra
pacificada nas mais altas Cortes do Judiciário Nacional, conforme retro
demonstrado, portanto não interessa se o candidato comprova que foi aprovado
dentro do número de vagas ou para cadastro de reserva; não importa nem
mesmo que o prazo do concurso em que ele logrou êxito tenha expirado.
Desde que demonstrado ter havido, no prazo de validade do concurso,
contratações temporárias ou nomeação de terceirizados para funções que
seriam desempenhadas pelos novos servidores, o direito a nomeação se faz
presente.
II – DOS ATOS ATENTATÓRIOS A LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.º
46/1994:
33.
A Lei Complementar n.º 46/94 que disciplina o Regime Jurídico
Único para os servidores públicos civis da administração direta, das autarquias e
das fundações do Estado do ES, de qualquer dos seus poderes dispõe que:
CAPÍTULO IX
DOS AFASTAMENTOS
Regulado pelo Decreto n.º 4095-N de 1997.
Art. 53. O servidor público não poderá servir fora da repartição em
que for lotado ou estiver alocado, salvo quando autorizado, para
fim determinado e por prazo certo, por autoridade competente.
Art. 54. O servidor público poderá ser cedido aos Governos da
União, de outros Estados, dos territórios, do Distrito Federal ou dos
Municípios, DESDE QUE SEM ÔNUS PARA O ESTADO, pelo
prazo de 05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador,
salvo situações especificadas em lei.
Regulado pelo Decreto nº 4339-N, de 02.10.98.
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Art. 55 - A cessão de servidor público de um para outro Poder do
próprio Estado somente poderá ocorrer para o exercício de cargo
em comissão e sem ônus para o Poder cedente.
Art. 56. O servidor público que tenha sido colocado à disposição de
órgão estranho à administração pública estadual apenas poderá
afastar-se novamente do cargo, com a mesma finalidade ou para
gozar licença para o trato de interesses particulares, após prestar
serviços ao Estado por período igual ao do afastamento.
Art. 57 com redação dada pela LC 136/1998.
Parágrafo único. Findo o prazo da cessão, o servidor público
retornará ao seu lugar de origem, sob pena de incorrer em
abandono de cargo. (NR)
34.
De acordo com a classificação proposta pelo saudoso mestre Hely
Lopes Meireles, classificação essa também adotada pelos doutrinadores
modernos, os agentes públicos são classificados em cinco grandes grupos:
agentes políticos, agentes administrativos, agentes honoríficos, agentes
delegados e agentes credenciados. Por sua vez, os agentes administrativos
podem ser classificados em: servidores públicos, empregados públicos e
temporários. Senão vejamos:
Os agentes administrativos são todos aqueles que exercem um
atividade pública de natureza profissional e remunerada, sujeitos a
hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente
federado ao qual pertencem. São os ocupantes de cargos públicos, de
empregos públicos e de funções públicas nas administrações direta e
indireta das diversas unidades da federação, nos três Poderes. Podem
ser assim classificados:
a) servidores públicos: são os agentes administrativos sujeitos a
regime jurídico-administrativo, de caráter estatutário (isto é, de
natureza legal, e não contratual); são os titulares de cargos
públicos de provimento efetivo e de provimento em comissão;
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b) empregados públicos: são os ocupantes de empregos públicos,
sujeitos a regime jurídico contratual trabalhista; tem “contrato de
trabalho”, em sentido próprio, e são regidos basicamente pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT(são por isso chamados
“celetistas”);
c) temporários: são os contratados por tempo determinado para
tender necessidade temporária de excepcional interesse público,
nos termos do art. 37, IX, da Constituição; não tem cargo público
nem emprego público; exercem uma função pública remunerada
temporária e o seu vínculo funcional com a administração pública
é contratual, mas se trata de um contrato de direito público, e não
de natureza trabalhista (eles não tem o “contrato de trabalho”
propriamente dito, previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT); em síntese, não são agentes públicos celetistas,
nem propriamente estatutários, mas estão vinculados à
administração pública por um regime funcional de direito
público, de natureza jurídico-administrativa (e não trabalhista).
Julgamos oportuno registrar que alguns autores utilizam a expressão
“servidores públicos” em sentido amplo, englobando os servidores
públicos em sentido estrito (estatutários) e os empregados públicos.
(Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, in Direito Administrativo
Descomplicado, 19.ª Ed., Ed. Método, SP).
35.
Desta forma, de acordo com o Regime Jurídico Único dos
Servidores Públicos deste Estado a CESSÃO é a modalidade de afastamento
temporário de servidor público titular de cargo efetivo ou de emprego
público que lhe possibilita exercer atividades em outro órgão da mesma esfera
de governo para ocupar cargo em comissão ou em esfera distinta, sempre
em ambos os casos SEM ÔNUS para o poder cedente ou SEM ÔNUS para
o Estado, respectivamente.
36.
Desta forma, no Estado do Espírito Santo a cessão de servidores
públicos não vem atendendo as normas Constitucionais tanto Federal como a
Estadual, e nem tão pouco a legislação infraconstitucional, uma vez que a
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Secretaria de Estado da Saúde além de contratar temporariamente servidores
para exercer funções públicas remuneradas de caráter permanentes e
essenciais, com recursos públicos da área da saúde, lota também esses
servidores temporários em outro órgão do estado, a saber, no Hospital da
Polícia Militar - HPM, pertencente a Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social do Estado do ES com ônus para Secretaria de Estado da Saúde, e de
igual forma, lota esses servidores temporários em autarquia federal, vinculada
ao Ministério da Educação, a saber: o Hospital Universitário Cassiano Antônio
Moraes – HUCAM, com ônus para a Secretaria de Estado da Saúde.
III – DA LESÃO AO INTERESSE COLETIVO OU DIFUSO NÃO PATRIMONIAL:
37.
Para obedecer às normas acima explicitadas o administrador
público tem que tomar providências tanto para propiciar como para manter a
legalidade, a impessoalidade, a moralidade como a eficiência na prestação do
serviço público de saúde. Assim, não basta que sejam disponibilizados
servidores para a prestação de serviços públicos de saúde. Tais servidores
devem ser investidos no cargo ou emprego público por meio de concurso
público de provas ou de provas e títulos, devendo preencher os requisitos
estabelecidos em lei. No presente caso, é claro que os princípios em tela não
vêm sendo respeitados pelo Demandado. Na situação, ora considerada, o
poder público acionado não cumpre, há anos, sua obrigação constitucional de
nomear candidatos aprovados em concurso público para prestar serviços
essenciais e permanentes na área de saúde, ao contrário vem contratando
servidores temporários para a prestação desses serviços.
38.
Por outro lado, em razão da ilegalidade, pessoalidade,
imoralidade e ineficiência na prestação dos serviços públicos de saúde, o
nosso ordenamento jurídico também não exclui a possibilidade de que um
grupo de pessoas venha a ter um interesse difuso ou coletivo de natureza não
patrimonial lesado. E daí nasce à pretensão de ver tal dano reparado.
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39.
Consoante o disposto no art. 5º, inciso X, da CF, “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
No que diz respeito ao dano moral, trata-se de fenômeno que pode acometer
tanto um indivíduo em específico, como grupamentos sociais expressivos, ou
mesmo a sociedade como um todo (dano moral coletivo ou difuso), sendo que
em ambos os casos a indenização é devida. O dano moral coletivo configura-
se, portanto, quando a ação danosa, mais do que diminuir e fragilizar a
administração, resulta na frustração deliberada de um ideal coletivo que abala
a imagem e a credibilidade do ente público, incutindo no povo a ideia de
desmazelo do gestor diante das necessidades dos administrados. No ponto, é
oportuno trazer à colação a lição do Procurador Regional da República ANDRÉ
DE CARVALHO RAMOS a esse respeito:
Com isso, vê-se que a coletividade é passível de ser indenizada
pelo abalo moral, o qual, por sua vez, não necessita ser a dor
subjetiva ou estado anímico negativo, que caracterizariam o dano
moral na pessoa física, podendo ser o desprestígio do serviço
público, do nome social, a boa imagem de nossas leis, ou mesmo o
desconforto da moral pública, que existe no meio social. […]
Assim, a dor psíquica na qual se baseou a teoria do dano moral
individual acaba cedendo espaço, no caso do dano moral coletivo, a
um sentimento de desapreço que afeta negativamente toda a
coletividade.
40.
No mesmo sentido, colhe-se a lição de CARLOS ALBERTO
BITAR FILHO, para quem:
[...] dano moral coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma
dada comunidade, ou seja, é a violação antijurídica de um
determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano
moral coletivo, está-se fazendo menção ao fato de que o patrimônio
valorativo de um a certa comunidade (maior ou menor), idealmente
considerado, foi agredido de maneira absolutamente injustificável
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do ponto de vista jurídico: quer isso dizer, em última instância, que
se feriu a própria cultura, em seu aspecto imaterial. Tal como se dá
na seara do dano moral individual, aqui também não há que se
cogitar de prova da culpa, devendo-se responsabilizar o agente
pelo simples fato da violação (damnum in re ipsa).
41.
No caso em tela, o Demandado, afastando-se do interesse
público, vem dando causa, por ação ou omissão, ao colapso do sistema público
de saúde do Estado, prejudicando diretamente a tessitura social. Isto porque ao
contratar servidores temporários para o exercício de cargos essenciais e
permanentes na área da saúde pública, o que vem se perpetuando ao tempo
dos anos, impossibilitou que candidatos aprovados em concursos públicos
realizados e homologados tivessem acesso ao serviço público, contribuindo
para o afloramento de sentimento de desamparo e da sensação de ineficiência
absoluta das instituições. Daí, portanto, a presença do dano moral coletivo,
dedutível da lastimável situação da saúde pública estadual. Visível, assim, que
tais comportamentos devem ser reparados civilmente, observados os marcos
compensatórios e punitivos (punitive damages). Nesse quadro, pretende-se
não só ver compensado o abalo ou a diminuição da credibilidade da
administração pública, mas também punir o infrator pelo ato, o que encontra
eco na teoria do valor do desestímulo (punitive damages), observado, em todo
caso, o direito de regresso em face do agente público causador do dano.
42.
Contudo, ao descumprir os ditames constitucionais e
infraconstitucionais, todos acima explicitados, o Governo do Estado do ES fez
prevalecer sua própria vontade e deixou de se submeter ao Direito,
descaracterizando, com isso, o Estado Democrático de Direito, senão vejamos
o que a doutrina nos esclarece:
Os homens que detém o poder são submetidos ao direito e unidos
pelo direito, o que representa uma forma de garantir os cidadãos
contra os demandos do Poder Público, impondo a submissão deste
a um quadro normativo geral e abstrato, disposto de forma prévia e
que tem a função conformadora da atividade estatal. Identificada a
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submissão do Estado ao direito, tem-se o que os germânicos
denominaram de Estado de Direito (Rechtstar).
(...)
(...) Como pondera Duguit, “a questão frequentemente discutida de
saber qual é o objetivo do Estado, ou mais exatamente do poder
público, se resolve da seguinte maneira: o poder público tem por
objetivo realizar o direito; ele é obrigado pelo direito a fazer tudo o
que esteja ao seu alcance para garantir o reinado do direito. O
Estado é criado pela força, mas essa força só é legítima enquanto se
exerce em conformidade com o direito. Não dizemos como Ihering
que o direito é a política da força, mas sim que o poder público é a
força posta a serviço do direito”. Dessa conclusão não destoa
Kelsen, para quem “ o poder político é a eficácia da ordem jurídica
reconhecida como Direito”.
(...)
Nessa linha, serão injurídicos aqueles atos que não busquem seu
fundamento de validade na norma ou que excedam o âmbito de
atuação por ela estatuído. (...)
(Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, in Improbidade
Administrativa, 2.ª Ed., Ed. Lumen Juris, 2004).
DA TUTELA ANTECIPADA
43.
No presente caso, necessária se faz a urgente concessão da
medida liminar para cessar, imediatamente, as ações do Demandado, no intuito
de obrigá-lo a nomear todos os candidatos aprovados nos concursos públicos
realizados e homologados pela Secretaria de Estado da Saúde, dentro e fora
do número de vagas de forma a substituir todos os servidores temporários
listados nos autos, tanto nos cargos específicos da área da saúde como para
as funções burocráticas, e assim, esgotando os aprovados, promover a
abertura imediata de novo concurso público para a substituição dos
temporários que ainda permanecerem.
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44.
No caso em tela, a concessão da liminar deve levar em conta os
requisitos exigidos para a tutela antecipada prevista no art. 273, inciso I, do
CPC, quais sejam a alegação verossímil e o fundado receio de dano irreparável
ou de difícil reparação.
45.
Por sua vez, o artigo 12 da Lei nº 7.347/85 também prevê a
possibilidade da concessão de medida liminar, com ou sem justificação prévia.
46.
Ambos os requisitos estão presentes no caso em tela, como
demonstrado a seguir.
47.
A verossimilhança das alegações fundamenta-se em todas as
constatações feitas em razão das informações e listagens encaminhadas pela
própria Secretaria de Estado da Saúde comprovando: a rotineira realização de
processos seletivos para contratação de servidores temporários; a prorrogação
frequente desses contratos temporários; a existência de concursos públicos
homologados; a existência de candidatos aprovados; e a permanência de
servidores contratados temporariamente ocupando cargos essenciais e
permanentes. O fundado receio de dano irreparável decorre da situação de
que, primeiramente, a permanência de servidores temporários em cargos
essenciais e permanentes do serviço público de saúde afronta o principio da
isonomia, impedindo, dessa forma, igual oportunidade de acesso àqueles que
atendam aos requisitos legais, além de prejudicar as nomeações dos
aprovados nos poucos concursos, ora realizados, e homologados, frustrando a
expectativa de direito e até mesmo o direito adquirido desses candidatos, além
de atentar contra a moralidade administrativa, bem como contra a eficiência
administrativa e o aperfeiçoamento do serviço público, contribuindo, assim,
para o caos na saúde pública, ensejando graves consequências aos pacientes
SUS que precisam de uma assistência efetiva à saúde.
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DOS PEDIDOS
48.
Por todo o exposto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO:
a. Seja concedida a MEDIDA LIMINAR, por estarem presentes a
verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou
de difícil reparação, determinando, sob pena de multa diária a ser fixada
por este Juízo não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), que:
I - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da Saúde,
no prazo máximo de 30 (trinta) dias, exonere TODOS os servidores
temporários contratados pela SESA que se encontram lotados em outro órgão
estatual listado nos documentos atualizados de Fls. 464/486 dos autos do
Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59 (em anexo), e outros que porventura
forem contratados até a concessão da presente liminar, a saber, no Hospital da
Polícia Militar – HPM pertencente à Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social do Estado do ES, e no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes _
HUCAM, pertencente à Universidade Federal do Espírito Santo – UFES,
autarquia federal;
II - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da
Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos
aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado
e homologado, Edital SESA n.º 01/2008, que porventura não foram nomeados
no período de validade do mesmo;
III – Depois de cumprido o item II, o Estado do Espírito Santo, por meio de sua
Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do
concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2008, em
substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos
atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59
(em anexo), que se encontravam também contratados temporariamente dentro
do prazo de validade deste concurso público;
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IV - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da
Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos
aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado
e homologado, Edital SESA n.º 01/2010, que porventura não foram nomeados
no período de validade do mesmo;
V – Depois de cumprido o item IV, o Estado do Espírito Santo, por meio de sua
Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do
concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2010, em
substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos
atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59
(em anexo), que se encontravam também contratados temporariamente dentro
do prazo de validade deste concurso público;
VI - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da
Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos
aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado
e homologado, Edital SESA n.º 01/2013;
VII – Depois de cumprido o item VI, o Estado do Espírito Santo, por meio de
sua Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do
concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2013, em
substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos
atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59
(em anexo), e outros que porventura foram/forem contratados até a concessão
da presente liminar;
VIII - Depois de cumpridos os itens VI e VII, o Estado do Espírito Santo, por
meio de sua Secretaria de Estado da Saúde, em ainda havendo candidatos
aprovados dentro do cadastro de reserva do concurso público realizado e
homologado, Edital SESA n.º 01/2013, após o término da validade do citado
concurso público, nos termos do art. 37, inciso II, da Constituição Federal,
prorrogue-o imediatamente;
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IX – Esgotada a listagem dos candidatos aprovados dentro do número de
vagas previstas nos concursos públicos realizados e homologados, Edital
SESA n.º 01/2008, Edital SESA n.º 01/2010 e Edital SESA n.º 01/2013, bem
como dos aprovados no cadastro de reserva, e permanecendo servidores
temporários exercendo cargos na Secretaria de Estado da Saúde, o Estado do
Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da Saúde, no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias publique novo Edital para a realização de
concurso público abrindo cargos com número de vagas que englobe todos os
servidores temporários que foram mantidos em razão de não existirem mais
candidatos aprovados nos referidos concursos públicos realizados e
homologados para serem nomeados, bem como mantendo o cadastro de
reserva com quantidade de candidatos aprovados suficiente para prover futuras
vagas que surgirem dentro do seu prazo de validade;
b. Seja a presente petição autuada, juntamente com os autos do
procedimento que segue em anexo, e processada na forma e no rito
preconizado na Lei nº 7.347/85;
c. Seja citado o Demandado, para, querendo, contestar a presente ação no
prazo legal;
d. Sejam, ao final, julgados procedentes os pedidos postulados em sede de
antecipação de tutela, confirmando-a, bem como incluindo as demais
contratações temporárias inconstitucionais e ilegais que ocorrerem e que
forem comprovadas no curso desta ação;
e. Seja o Demandado condenado ao pagamento de indenização
(compensatória e punitiva) em razão dos danos morais coletivos
perpetrados, em valor arbitrado por Vossa Excelência, não inferior a R$
500.000,00 (quinhentos mil reais);
f. Protesta pela produção de todas as provas legalmente admitidas no
direito, em especial, a prova documental, pericial e testemunhal.
Dá-se a causa o valor de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) para efeitos
meramente fiscais, conquanto seja de valor inestimável o bem jurídico tutelado
– SAÚDE.
Vitória, ES, 13 de julho de 2015.