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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Promotoria de Justiça Cível de Vitória _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Rua Raulino Gonçalves, 200, Enseada do Suá, Vitória, ES CEP 29050-405 Fone/Fax: (27) 3145-5000 EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DE VITÓRIA. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, por seu órgão de execução no uso de suas atribuições legais, com fundamento nos artigos 6.º c/c 5.º, parágrafo 1.º, ambos da Constituição Federal; artigos 1.º, inciso IV e 5.º, inciso I, ambos da Lei Federal n.º 7.347/85 e artigos 127, 129, incisos II e III, ambos da Constituição Federal, vem perante Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA (com pedido de tutela antecipada) em face do ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, representado pelo Procurador Geral do Estado podendo ser encontrado na Procuradoria Geral do Estado, com sede na Av. Nossa Senhora da Penha, 1.590, Barro Vermelho, Vitória, ES, CEP 29057-550, pelas razões de fato e de direito que se subseguem:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO … · inconstitucionalidade da LC 300/04 e concedendo prazo para que o Estado do ES se adequasse e realizasse concurso público

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Promotoria de Justiça Cível de Vitória

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______________________________________________________________________ Rua Raulino Gonçalves, 200, Enseada do Suá, Vitória, ES

CEP 29050-405 Fone/Fax: (27) 3145-5000

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DE

VITÓRIA.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, por seu órgão de execução no uso de suas atribuições legais, com

fundamento nos artigos 6.º c/c 5.º, parágrafo 1.º, ambos da Constituição

Federal; artigos 1.º, inciso IV e 5.º, inciso I, ambos da Lei Federal n.º 7.347/85

e artigos 127, 129, incisos II e III, ambos da Constituição Federal, vem perante

Vossa Excelência propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

(com pedido de tutela antecipada)

em face do ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, representado pelo Procurador

Geral do Estado podendo ser encontrado na Procuradoria Geral do Estado,

com sede na Av. Nossa Senhora da Penha, 1.590, Barro Vermelho, Vitória, ES,

CEP 29057-550, pelas razões de fato e de direito que se subseguem:

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DOS FATOS

01.

No ano de 2009 o Supremo Tribunal Federal julgou Ação Direta de

Inconstitucionalidade 3.430-8 Espírito Santo (12.08.2009 – Tribunal Pleno –

relator Min. Ricardo Lewandowski) proposta pelo Procurador-Geral da República

declarando a inconstitucionalidade das contratações temporárias amparadas pela

LC 300/04 do Estado do Espírito Santo.

02.

Ocorre que, mesmo com o Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da LC 300/04 e concedendo prazo para que o Estado do ES

se adequasse e realizasse concurso público para prover todas as vagas

ocupadas por temporários, o mesmo, em total afronta a decisão do Poder

Judiciário, não cumpriu tal decisão e, dando continuidade às inúmeras e

sucessivas inconstitucionais irregularidades na contratação de “temporários”, fez

publicar na data de 09.11.2009 a Lei Complementar n.º 502, onde, em seu artigo

17, revogou as Leis Complementares n.ºs 300/2004, 340/2005 e 405/2007, mas

manteve os contratos atualmente em vigor, acrescentando, ainda, a possibilidade

de sua renovação.

03.

Dessa forma, buscou o Estado do ES, por meio da publicação da

Lei Complementar n.º 502/2009, não só burlar a decisão do STF, quando manteu

os contratos decorrentes da LC 300/2004 (lei essa já declarada inconstitucional),

como também vem induzindo a erro a justiça com a falsa alegação de legalidade

dessas contratações temporárias.

04.

Consta dos autos do Inquérito Civil n.º MPES-2014.0009.2863-59,

que serve de base para a presente ação, que a Secretaria de Estado da Saúde

realizou os seguintes concursos públicos:

EDITAL SESA N.º 001/2008 para os seguintes cargos: médico alergista,

médico anestesiologista, médico cardiologista, médico cirurgião cabeça e

pescoço, médico cirurgião cardíaco, médico cirurgião crânio maxilo-facial,

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médico cirurgião geral, médico cirurgião plástico, médico cirurgião torácico,

médico cirurgião vascular, médico cirurgião geral, médico de família e de

comunidade, médico dermatologista, médico endocrinologista, médico

gastroenterologista, médico geriatra, médico ginecologista e obstetrícia,

médico hematologista e hemoterapia adulto, médico infectologista, médico

intensivista, médico do trabalho, médico intensivista neonatal, médico

nefrologista, médico neurocirurgia, médico neurocirurgia pediátrica, médico

neurologia, médico neuropediatra, médico nutrólogo, médico

oftalmologista, médico ortopedista e traumatologista, médico

otorrinolaringologista, médico patologista clínico, médico pediatra, médico

pneumologista, médico proctologista; médico psiquiatra, médico

reumatologista, médico socorrista, médico urologista /, médico auditor,

médico regulador e médico supervisor.

EDITAL SESA N.º 1/2010 para os seguintes cargos: especialista em

gestão, regulação e vigilância em saúde; administrador – atuação:

auditoria/gestão; arquiteto – atuação: vigilância sanitária; assistente social

– atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilância em saúde; biólogo –

atuação: vigilâncias ambiental e sanitária; contador – atuação: auditoria;

enfermeiro – atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilâncias

epidemiológicas e sanitária; engenheiro agrônomo – atuação: vigilância

sanitária; engenheiro civil – atuação: vigilância sanitária; engenheiro de

alimentos – atuação: vigilância sanitária; engenheiro químico – atuação:

vigilâncias ambiental e sanitária; estatístico – atuação: vigilância em

saúde; farmacêutico – atuação: auditoria/gestão/regulação/vigilância

sanitária; farmacêutico-bioquímico – atuação: auditoria/gestão/vigilância

ambiental, epidemiológica e sanitária; físico – atuação: vigilância sanitária;

nutricionista – atuação: vigilâncias epidemiológica e sanitária; odontólogo –

atuação: auditoria/vigilância sanitária; psicólogo – área de atuação: gestão;

químico – atuação: vigilância sanitária e veterinário – atuação: vigilâncias

ambiental e sanitária.

EDITAL SESA N.º 1/2013 para os seguintes cargos: médico alergista;

médico anestesiologista; médico cardiologista; médico cardiologista

pediátrico; médico cirurgião cabeça e pescoço; médico cirurgião crânio

maxilo-facial; médico cirurgião geral; médico cirurgião pediátrico; médico

cirurgião plástico; médico cirurgião torácico; médico cirurgião vascular;

médico cirurgião geral; médico dermatologista; médico endocrinologista;

médico endocrinologista pediátrico; médico fisiatra; médico

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gastroenterologista; médico geriatra; médico ginecologista e obstetrícia;

médico hematologista e hemoterapeuta adulto; médico homeopata;

médico infectologista; médico intensivista adulto; médico intensivista

neonatal; médico intensivista pediátrico; médico do trabalho; médico

nefrologista; médico nefrologista infantil; médico neurocirurgião; médico

neurocirurgião pediátrico; médico neurologista; médico neuropediatra;

médico nutrólogo; médico oftalmologista; médico onoc-hematologista;

médico oncologista; médico ortopedista e traumatologista; médico

otorrinolaringologista; médico patologista; médico pediatra; médico

pneumologista; médico proctologista; médico psiquiatra; médico psiquiatra

infantil; médico radiologista; médico reumatologista; médico reumatologista

infantil; médico socorrista; médico ultrassonografista; médico urologista;

médico auditor; médico regulador; médico supervisor; assistente social;

biólogo; enfermeiro; farmacêutico; farmacêutico bioquímico; fisioterapeuta;

fonoaudiólogo; nutricionista; odontólogo cirurgião bucomaxilofacial;

psicólogo; terapeuta ocupacional; técnico em enfermagem; técnico em

imobilização ortopédica; técnico em laboratório; técnico em necropsia;

técnico em nutrição; técnico em órtese e prótese; técnico em radiologia.

05.

Ocorre que mesmo após a realização desses concursos, a

Secretaria de Estado da Saúde manteve e vem mantendo em seu quadro

inúmeros servidores contratados temporariamente para a prestação do serviço

público de caráter essencial e permanente tanto para os cargos específicos da

área da saúde, a saber: médico clínico geral, nutricionista, psicólogo, assistente

social, auxiliar de enfermagem, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, médico

cardiologista, médico clínico geral, médico cirurgião cabeça e pescoço, médico

geriatra, médico gastroenterologista, médico ginecologista/obstetra, médico

homeopata, médico neurologista, médico oftalmologista, médica

ortopedista/traumatologista, médico pediatra, médico regulador, médico

urologista, técnico em enfermagem, técnico em laboratório, terapeuta

ocupacional, veterinário, farmacêutico/bioquímico, fisioterapeuta, médico

nefrologista, médico neuropediatra, fonoaudiólogo, médico cirurgião plástico,

médico cirurgião buco-maxilo, odontólogo, médico ultrassonografista, médico

proctologista, auxiliar de laboratório, técnico de imobilização ortopédica, médico

anestesiologista, fonoaudiólogo, médico cirurgião vascular, médico socorrista,

médico gastroenterologista, médico neuropediatra, médico do trabalho, médico

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patologista, odontologista cirurgião bucomaxilofacial, médico psiquiatra, técnico

em radiologia, médico angiologista, médico dermatologista, médico

pneumologista, médico endocrinologista, médico pneumologista, médico

reumatologista etc., como para o exercício de funções burocráticas: auxiliar

administrativo, auxiliar de serviços gerais, motorista, telefonista, assistente

administrativo, auxiliar administrativo, contador, técnico em segurança do trabalho

etc., conforme consta das atuais informações prestadas nos autos pela própria

Secretaria de Estado da Saúde (Fls. 464/486).

06.

Comprovam, ainda, os autos que inúmeras dessas contratações

temporárias estão sendo feitas pela Secretaria de Estado da Saúde, utilizando

recurso público estadual da área da saúde, sendo que esses servidores estão

atuando para a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, uma instituição

autárquica federal, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), com autonomia

didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, que

oferece serviços na área da saúde por meio do Hospital Universitário Cassiano

Antônio Moraes – HUCAM, hospital esse que desde o mês de abril de 2013

passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares –

EBSERH, empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pelo

governo federal com a finalidade de gerenciar os hospitais universitários do País.

07.

Cumpre registrar que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

– EBSERH que administra o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes –

HUCAM realizou no ano de 2013 concursos públicos para o preenchimento de

cargos para sua área médica, assistencial e administrativa, portanto para os

cargos que a SESA contrata de forma inconstitucional e ilegal, temporariamente,

para lotar em uma autarquia federal.

08.

Comprovam os autos, ainda, que além de contratar

temporariamente e lotar servidores em autarquia federal, de forma

inconstitucional e ilegal, também contrata temporariamente, com recursos da área

da saúde, para lotar servidores em outro órgão da Administração Pública

Estadual, a saber, o Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo, que faz parte da

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Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do ES. Senão

vejamos:

09.

A Constituição Federal em seu Capítulo III – Da Segurança

Pública - art. 144 dispõe que a Segurança Pública, dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e

da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: V

– polícias militares e corpo de bombeiros militares.

10.

De igual forma a Constituição do Estado do ES em seu Capitulo I

– Da Segurança Pública – art. 126 dispõe que são órgãos da administração

pública encarregados da segurança pública e subordinados ao Governador do

Estado e à Secretaria de Estado da Segurança Pública: II – a Polícia Militar.

11.

Por sua vez, o Organograma da Polícia Militar do Estado do

Espírito Santo se encontra assim constituído:

COMANDANTE GERAL

SUBCOMANDANTE GERAL

DIREÇÃO GERAL DIREÇÃO SETORIAL ÓRGÃO DE EXECUÇÃO

DIRETORIA DE

SAÚDE

CENTRO

ADMINISTRATI

VO

HPM POLICLÍNI

CA

CENTRO

ODONTOLÓGI

CO

CENTRO

FARMACEUTI

CO

BIOQUÍMICO

Divisão

administrativa

Divisão

clínica

médica

Divisão

médica

Divisão clínica

odontológica

Divisão

químico

farmacêutico

Divisão pessoal Divisão

cirúrgica

Divisão

perícia

médica e

promoção à

Divisão Prótese

e Log.

Divisão Análise

Clínica

Laboratorial

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saúde

Divisão

Orçamento e

Financeira

Divisão

Ginecologi

a e

Obstretríci

a

Divisão

Enfermage

m

Ambulatoria

l

Divisão OME’S

destacadas

Divisão

Farmácia

Divisão

Pediatria

Divisão de

Apoio

Clínico

Divisão de

Enfermage

m Clínica

12.

Desta forma, o HPM, assim como o Centro Odontológico, o

Centro Farmacêutico Bioquímico e a Policlínica, locais onde, certamente, os

oficiais dentistas, farmacêuticos, médicos e enfermeiros encontram-se lotados,

e, por sua vez, cumprindo suas cargas horárias, compõem a Diretoria de

Saúde, que se encontra subordinada a Direção Setorial, que por sua vez se

encontra subordinada ao Subcomandante Geral, que por fim está subordinado

ao Comandante Geral da Polícia Militar deste Estado que integra a Secretaria

de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do ES. E mais, os oficiais

dentistas, farmacêuticos, médicos e enfermeiros são subordinados diretamente

aos seus respectivos diretores, que por sua vez são subordinados ao

Comandante Geral da Polícia Militar.

13.

No decorrer desses anos o Ministério Público deste Estado vem

buscando junto ao Governo do Estado do ES e a Secretaria de Estado da Saúde

regularizar a questão em tela, intensificando a fiscalização na nomeação dos

candidatos aprovados nos concursos públicos objetos do EDITAL SESA N.º

01/2008, do EDITAL SESA N.º 01/2010 e do EDITAL SESA N.º 01/2013, porém

as inconstitucionalidades e ilegalidades permaneceram/permanecem no âmbito

do nosso Estado.

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14.

Na data de 19.03.2012, na sede da Procuradoria Geral de Justiça

do Espírito Santo, foi realizada reunião para tratar das irregularidades no que

tange a contratação de servidores “temporários” por parte da Secretaria de

Estado da Saúde – SESA que contou com a presença do Procurador Geral de

Justiça, das Promotoras de Justiça integrantes do extinto Grupo Especial de

Trabalho de Políticas da Saúde - GETIPOS, do Secretário de Estado da Saúde,

da Subsecretária de Gestão e Recursos Humanos, de Procuradores do Estado,

do Subsecretário de Estado para Assuntos Administrativos e de Financiamento

da Atenção à Saúde, do Subsecretário de Estado de Gestão do Gabinete do

Governador e da Gerente de Recursos Humanos da SESA, onde, ao final, restou

firmado compromisso por parte do Estado do ES de realizar concurso público

para suprir toda a demanda de contratos temporários e outros cargos que se

fizerem necessários no prazo máximo de 01 (um) ano a contar da data da citada

reunião, sendo que no prazo máximo de 90 (noventa dias) deveria ser publicado

o edital do concurso público, bem como que o Estado providenciaria a nomeação

dos candidatos aprovados nos concursos públicos em vigor;

15.

Assim, embora não cumprido o acordo em sua totalidade, foi

publicado o Edital n.º 01- SESA/ES, de 20.02.2013, com abertura de 2.121

vagas, distribuídas pelos níveis médio, técnico e superior, concurso esse

homologado no final de outubro de 2013.

16.

Já na data de 16.07.2014, na sede da Procuradoria Geral de Justiça

do Espírito Santo, foi realizada nova reunião com os mesmos representantes do

Governo do Estado acima relacionados e novo acordo foi firmado com o

Ministério Público deste Estado no sentido de que até o final de dezembro de

2014 todos os candidatos aprovados no quantitativo de vagas seriam nomeados

com a devida substituição dos servidores contratados temporariamente e que até

o final do prazo de validade do concurso público em vigor os demais aprovados

no cadastro de reserva seriam convocados com a criação de novos cargos

públicos efetivos, com o desligamento de todos os contratos temporários que não

estiverem legalmente justificados.

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17.

Quanto aos servidores temporários contratados pela SESA e

lotados no HUCAM, após inúmeras reuniões ficou acordado: 1) Quanto aos

servidores temporários contratados pela SESA e lotados no HUCAM/EBSERH:

TODOS os servidores contratados temporariamente pela Secretaria de Estado

da Saúde – SESA que se encontrassem lotados no Hospital Universitário

Cassiano Antônio de Moraes - HUCAM não teriam seus contratos renovados

e/ou teriam os mesmos rescindidos, de forma que a vigência desses contratos

não ultrapassasse o dia 31 de dezembro de 2014, período esse em que o

HUCAM/EBSERH deveria providenciar a substituição desses servidores

temporários por candidatos aprovados no concurso público por ele realizado; 2)

Quanto aos servidores efetivos da Secretária de Estado da Saúde – SESA

lotados no HUCAM/EBSERH: TODOS os servidores efetivos da Secretaria de

Estado da Saúde – SESA que atualmente estivessem lotados no Hospital

Universitário Cassiano Antônio de Moraes - HUCAM deveriam retornar

imediatamente para a sua origem, cabendo a SESA a adoção das medidas

necessárias para tanto, SALVO aqueles que atuam nos Programas mantidos

pelo Governo do Estado do ES que ali funcionam, a saber: Tuberculose,

DST/AIDS, Banco de Olhos e PAVIVIS, e nos seguintes serviços referenciados:

hepatologia, onco-hemato, infertilidade e climatério, sendo que neste caso a

SESA deveria providenciar até o dia 31 de outubro de 2014 a cessão dos

mesmos nos termos da legislação vigente, comprometendo-se o

HUCAM/EBSERH a providenciar a substituição desses servidores por

candidatos aprovados no concurso público por ele realizado; QUE quanto a

assistente social e a psicóloga, contratadas temporariamente, que atuavam no

PAVIVIS estas seriam substituídas por candidatos aprovados no concurso

público conforme já acordado no item 1; QUE quanto aos 03 (três) médicos

efetivos, sendo 01 (uma) intensivista neonatal e 2 (duas) pediatras que

atuavam no HUCAM, estes ali permaneceriam até a substituição por

candidatos aprovados no concurso do HUCAM/EBSERH ou até que a SESA

venha a necessitar dos serviços dos mesmos em sua rede própria; Quanto aos

médicos oftalmologistas especialistas temporários contratados pela Secretaria

de Estado da Saúde - SESA e lotados no Hospital Universitário Cassiano

Antônio de Moraes – HUCAM: a SESA substituiria os oitos médicos

oftalmologistas temporários lotados atualmente no HUCAM por candidatos

aprovados no concurso público regido pelo Edital n.º 1- SESA/ES, de 20 de

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fevereiro de 2013, sendo que neste caso deveria providenciar até o dia 31 de

novembro de 2014 a cessão dos mesmos nos termos da legislação vigente.

18.

Ocorre que até a presente data os acordos não foram cumpridos

em sua totalidade, e a Secretaria de Estado da Saúde ainda mantêm em seu

quadro aproximadamente 2.500 (dois mil e quinhentos) servidores contratados

temporariamente, dentre funções essenciais e administrativas, tanto nela lotados

quanto irregularmente lotados em outro órgão estadual/autarquia federal,

enquanto que concursos públicos foram realizados, homologados, candidatos

foram aprovados e suas nomeações sequer foram esgotadas.

19.

Assim, as contratações temporárias no âmbito do Estado do ES se

perpetuam mediante prorrogações sucessivas e ilimitadas e/ou novas

contratações temporárias deflagradas, em flagrante afronta ao princípio

constitucional do concurso público, bem como outros postulados constitucionais

administrativos, a exemplo dos princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade e da eficiência.

DDOOSS FFUUNNDDAAMMEENNTTOOSS JJUURRÍÍDDIICCOOSS

I – DOS ATOS ATENTATÓRIOS AS CONSTITUIÇÕES FEDERAL E

ESTADUAL:

20.

A Constituição Federal em seu art. 37, caput, e inciso II tornou

obrigatória a aprovação prévia em concurso público para o provimento de

quaisquer cargos ou empregos na administração direta e indireta, inclusive

para o preenchimento de emprego nas empresas públicas e sociedades de

economia mista, pessoas jurídicas de direito privado integrantes da

administração indireta. Senão vejamos:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, também,

ao seguinte:

(...)

II – a investidura em cargo ou emprego público depende de

aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e

títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou

emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para

cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração;

21.

De igual forma, a Constituição do Estado do ES em seu art. 32,

caput, e inciso II:

Art. 32. As administrações públicas direta e indireta de quaisquer

dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerão aos princípios

de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,

finalidade, interesse público, razoabilidade, proporcionalidade e

motivação, e também aos seguintes:

I - omissis

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de

aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e

títulos, de acordo com a natureza e a complexibilidade do cargo ou

emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para

cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração;

22.

O saudoso mestre Hely Lopes Meirelles nos ensina que concurso

público é o meio técnico posto à disposição da administração para obter-se

moralidade, eficiência e aperfeiçoamento dos serviços públicos, e ao mesmo

tempo, atender ao princípio da isonomia, uma vez que propicia igual

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oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos a todos os que atendam

aos requisitos estabelecidos de forma geral e abstrata em lei.

23.

Por sua vez no mesmo art. 37, inciso IX, a Constituição Federal ao

dispor que a lei estabelecerá os casos de contratação por prazo determinado,

estabelece que para serem válidas essas contratações para atender

necessidade temporária devem observar a condição de existência de

legislação infraconstitucional que as preveja expressamente e defina seus

casos, condições e prazos.

24.

Assim a Constituição Federal só permitiu duas exceções ao

princípio da obrigatoriedade do concurso público: a primeira: no caso dos

cargos em comissão, que são de livre nomeação e exoneração com base

em critérios subjetivos da autoridade competente (art. 37, II, CF); e a

segunda: no caso de contratação por tempo determinado, para atender

necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CF).

25.

Ocorre que o Estado do Espírito Santo, ora demandado, vem

descumprindo há décadas o comando constitucional, tendo o Supremo Tribunal

Federal (STF), inclusive, já declarado a inconstitucionalidade das contratações

temporárias amparadas pela Lei Complementar n.º 300/2004, concedendo

prazo para que o Estado do ES se adequasse e realizasse concurso público para

provimento das vagas ocupadas por temporários, prazo esse que se expirou

desde 15.10.2009, sendo que até a presente data não houve o seu

cumprimento. Pelo contrário, tais contratações temporárias vêm se perpetuando

agora sob o amparo da Lei Complementar Estadual n.º 502/2009.

26.

De acordo com o voto do Relator da Ação Direta de

Inconstitucionalidade 3.430-8 Espírito Santo, Ministro Ricardo Lewandowski:

(...) É que a dispensa de concurso público para contratação de

servidores configura medida extrema, que só pode ser admitida em

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situações excepcionais, identificadas, uma a uma, numa base ad hoc,

as quais, à evidência, não podem ser antecipadas.

Caso pudessem ser previstas, a Administração Pública teria o dever

de tomar as providências ao seu alcance para evita-las ou, na pior das

hipóteses, remediá-las, tendo em conta, em especial, o princípio da

precaução, que na área da saúde, encontra abrigo no art. 196, caput,

da Carta Magna, segundo o qual:

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco

de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (grifos

meus).

(...)

27.

Continua o ministro relator expondo em seu voto:

(...)

A transitoriedade das contratações de que trata o art. 37, IX, da CF,

com efeito, não se coaduna com o caráter permanente de atividades

que constituem a própria essência, a razão mesma de existir do

estado, qual seja a prestação de serviços essenciais à população,

dentre os quais figuram, com destaque, os serviços de saúde.

Se o serviço público é de caráter essencial e permanente, como

aquele objeto do diploma legal atacado, só pode ser prestado por

servidores admitidos em caráter efetivo, mediante competente

concurso público, nos termos do art. 37, II, da carta Magna.

No caso sob análise, o texto normativo capixaba regulou a

contratação temporária de profissionais da área da saúde, atividade

essencial de índole permanente.

No que concerne à contratação de pessoal estranho à área da saúde

(...), vale lembrar, na esteira do parecer subscrito pela AGU, que esta

Corte já se pronunciou no sentido do descabimento da contratação

temporária de servidores para o exercício de funções burocráticas,

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conforme decidida na ADI 2.987/SC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,

assim ementada:

“EMENTA: Servidor público: contratação temporária

excepcional (CF, art. 37, IX): inconstitucionalidade de sua aplicação

para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias e

permanentes.”

(...)

28.

Desta forma, para burlar o julgamento do Supremo Tribunal

Federal, na data de 09.11.2009, dando continuidade as inúmeras, sucessivas e

inconstitucionais contratações de “temporários”, o Estado do ES publicou a Lei

Complementar n.º 502/2009 (atualmente em vigor), onde no artigo 17 revogou as

LC n.ºs 300/2004, 340/2005 e 405/2007, mas manteve os contratos oriundos

dessas leis complementares, acrescentando, ainda, a possibilidade de suas

renovações.

29.

Desta forma, restou comprovado nos autos do Inquérito Civil n.º

MPES-2014.0009.2863-59 em anexo que: a) a Secretaria de Estado da Saúde –

SESA mantém em seu quadro aproximadamente 2.500 (dois mil e quinhentos)

servidores contratados de forma temporária para cargos específicos da saúde e

burocráticos para a prestação do serviço público de caráter “essencial” e

“permanente”, contratos esses que vêm sendo renovados ininterruptamente

desde o ano de 1995, inclusive lotando-os também de forma ilegal em autarquia

federal e outro órgão estadual; b) os concursos públicos são homologados

(Editais publicados em 2008, 2010 e 2013) com candidatos aprovados e não

nomeados, enquanto esses cargos estão sendo ocupados por temporários.

30.

Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) já entendeu que a

aprovação em concurso público dentro do número de vagas fixado no edital cria

para o candidato direito adquirido à nomeação, e não mera expectativa de direito,

obedecida a ordem de classificação, além de já ter declarado expressamente

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que o direito à nomeação abrange, sim, o candidato aprovado em cadastro

reserva, como abaixo se vê do recente acórdão:

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREQUESTIONAMENTO.

AUSÊNCIA. SÚMULA 282 DO STF. ADMINISTRATIVO.

INVESTIDURA EM CARGO OU EMPREGO PÚBLICO NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. SUBMISSÃO À

REGRA CONSTITUCIONAL DO CONCURSO PÚBLICO.

CANDIDATO QUE PASSA A FIGURAR DENTRO DO NÚMERO

DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. SURGIMENTO DE

NOVAS VAGAS. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO.

AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

I – Ausência de prequestionamento dos arts. 2º e 173, § 1º, II, da

Constituição. Incidência da Súmula 282 do STF. Ademais, a tardia

alegação de ofensa ao texto constitucional, apenas deduzida em

embargos de declaração, não supre o prequestionamento.

Precedentes.

II – A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que,

para a investidura em cargo ou emprego público, as empresas

públicas e as sociedades de economia mista se submetem à regra

constitucional do concurso público, prevista no art. 37, II, da Lei

Maior. Precedentes.

III – O Plenário desta Corte, no julgamento do RE 598.099/MS, Rel.

Min. Gilmar Mendes, firmou entendimento no sentido de que

possui direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado dentro

do número de vagas previstas no edital de concurso público.

IV – O direito à nomeação também se estende ao candidato

aprovado fora do número de vagas previstas no edital na hipótese

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em que surgirem novas vagas no prazo de validade do concurso.

Precedentes.

V – Agravo regimental a que se nega provimento.

(ARE 790897 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,

Segunda Turma, julgado em 25/02/2014, PROCESSO

ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 06-03-2014 PUBLIC 07-03-2014)

31.

De igual forma já se firmou entendimento no sentido de que a mera

expectativa de nomeação dos candidatos aprovados fora do número de vagas

passa a ser direito líquido e certo no caso de contratação de pessoal de forma

precária para o preenchimento de vagas existentes dentro do prazo de validade

do concurso:

STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO RE 739426

MA (STF)

Data de publicação: 02/10/2013

Ementa: EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO.

CONTRATAÇÃO DE TEMPORÁRIOS. CANDIDATA

APROVADA EM CONCURSO PÚBLICO. PRETERIÇÃO.

DIREITO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTES. ACÓRDÃO

RECORRIDO PUBLICADO EM 27.8.2012. A jurisprudência desta

Corte é firme no sentido de que a contratação de temporários para

o exercício de atribuições próprias do cargo efetivo, quando

existem candidatos aprovados em concurso público vigente,

configura preterição na ordem de nomeação e faz surgir para os

referidos candidatos o direito à nomeação. Precedentes. Agravo

regimental conhecido e não provido.

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32.

Assim, o matéria ora objeto da presente ação já se encontra

pacificada nas mais altas Cortes do Judiciário Nacional, conforme retro

demonstrado, portanto não interessa se o candidato comprova que foi aprovado

dentro do número de vagas ou para cadastro de reserva; não importa nem

mesmo que o prazo do concurso em que ele logrou êxito tenha expirado.

Desde que demonstrado ter havido, no prazo de validade do concurso,

contratações temporárias ou nomeação de terceirizados para funções que

seriam desempenhadas pelos novos servidores, o direito a nomeação se faz

presente.

II – DOS ATOS ATENTATÓRIOS A LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.º

46/1994:

33.

A Lei Complementar n.º 46/94 que disciplina o Regime Jurídico

Único para os servidores públicos civis da administração direta, das autarquias e

das fundações do Estado do ES, de qualquer dos seus poderes dispõe que:

CAPÍTULO IX

DOS AFASTAMENTOS

Regulado pelo Decreto n.º 4095-N de 1997.

Art. 53. O servidor público não poderá servir fora da repartição em

que for lotado ou estiver alocado, salvo quando autorizado, para

fim determinado e por prazo certo, por autoridade competente.

Art. 54. O servidor público poderá ser cedido aos Governos da

União, de outros Estados, dos territórios, do Distrito Federal ou dos

Municípios, DESDE QUE SEM ÔNUS PARA O ESTADO, pelo

prazo de 05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador,

salvo situações especificadas em lei.

Regulado pelo Decreto nº 4339-N, de 02.10.98.

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Art. 55 - A cessão de servidor público de um para outro Poder do

próprio Estado somente poderá ocorrer para o exercício de cargo

em comissão e sem ônus para o Poder cedente.

Art. 56. O servidor público que tenha sido colocado à disposição de

órgão estranho à administração pública estadual apenas poderá

afastar-se novamente do cargo, com a mesma finalidade ou para

gozar licença para o trato de interesses particulares, após prestar

serviços ao Estado por período igual ao do afastamento.

Art. 57 com redação dada pela LC 136/1998.

Parágrafo único. Findo o prazo da cessão, o servidor público

retornará ao seu lugar de origem, sob pena de incorrer em

abandono de cargo. (NR)

34.

De acordo com a classificação proposta pelo saudoso mestre Hely

Lopes Meireles, classificação essa também adotada pelos doutrinadores

modernos, os agentes públicos são classificados em cinco grandes grupos:

agentes políticos, agentes administrativos, agentes honoríficos, agentes

delegados e agentes credenciados. Por sua vez, os agentes administrativos

podem ser classificados em: servidores públicos, empregados públicos e

temporários. Senão vejamos:

Os agentes administrativos são todos aqueles que exercem um

atividade pública de natureza profissional e remunerada, sujeitos a

hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente

federado ao qual pertencem. São os ocupantes de cargos públicos, de

empregos públicos e de funções públicas nas administrações direta e

indireta das diversas unidades da federação, nos três Poderes. Podem

ser assim classificados:

a) servidores públicos: são os agentes administrativos sujeitos a

regime jurídico-administrativo, de caráter estatutário (isto é, de

natureza legal, e não contratual); são os titulares de cargos

públicos de provimento efetivo e de provimento em comissão;

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b) empregados públicos: são os ocupantes de empregos públicos,

sujeitos a regime jurídico contratual trabalhista; tem “contrato de

trabalho”, em sentido próprio, e são regidos basicamente pela

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT(são por isso chamados

“celetistas”);

c) temporários: são os contratados por tempo determinado para

tender necessidade temporária de excepcional interesse público,

nos termos do art. 37, IX, da Constituição; não tem cargo público

nem emprego público; exercem uma função pública remunerada

temporária e o seu vínculo funcional com a administração pública

é contratual, mas se trata de um contrato de direito público, e não

de natureza trabalhista (eles não tem o “contrato de trabalho”

propriamente dito, previsto na Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT); em síntese, não são agentes públicos celetistas,

nem propriamente estatutários, mas estão vinculados à

administração pública por um regime funcional de direito

público, de natureza jurídico-administrativa (e não trabalhista).

Julgamos oportuno registrar que alguns autores utilizam a expressão

“servidores públicos” em sentido amplo, englobando os servidores

públicos em sentido estrito (estatutários) e os empregados públicos.

(Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, in Direito Administrativo

Descomplicado, 19.ª Ed., Ed. Método, SP).

35.

Desta forma, de acordo com o Regime Jurídico Único dos

Servidores Públicos deste Estado a CESSÃO é a modalidade de afastamento

temporário de servidor público titular de cargo efetivo ou de emprego

público que lhe possibilita exercer atividades em outro órgão da mesma esfera

de governo para ocupar cargo em comissão ou em esfera distinta, sempre

em ambos os casos SEM ÔNUS para o poder cedente ou SEM ÔNUS para

o Estado, respectivamente.

36.

Desta forma, no Estado do Espírito Santo a cessão de servidores

públicos não vem atendendo as normas Constitucionais tanto Federal como a

Estadual, e nem tão pouco a legislação infraconstitucional, uma vez que a

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Secretaria de Estado da Saúde além de contratar temporariamente servidores

para exercer funções públicas remuneradas de caráter permanentes e

essenciais, com recursos públicos da área da saúde, lota também esses

servidores temporários em outro órgão do estado, a saber, no Hospital da

Polícia Militar - HPM, pertencente a Secretaria de Segurança Pública e Defesa

Social do Estado do ES com ônus para Secretaria de Estado da Saúde, e de

igual forma, lota esses servidores temporários em autarquia federal, vinculada

ao Ministério da Educação, a saber: o Hospital Universitário Cassiano Antônio

Moraes – HUCAM, com ônus para a Secretaria de Estado da Saúde.

III – DA LESÃO AO INTERESSE COLETIVO OU DIFUSO NÃO PATRIMONIAL:

37.

Para obedecer às normas acima explicitadas o administrador

público tem que tomar providências tanto para propiciar como para manter a

legalidade, a impessoalidade, a moralidade como a eficiência na prestação do

serviço público de saúde. Assim, não basta que sejam disponibilizados

servidores para a prestação de serviços públicos de saúde. Tais servidores

devem ser investidos no cargo ou emprego público por meio de concurso

público de provas ou de provas e títulos, devendo preencher os requisitos

estabelecidos em lei. No presente caso, é claro que os princípios em tela não

vêm sendo respeitados pelo Demandado. Na situação, ora considerada, o

poder público acionado não cumpre, há anos, sua obrigação constitucional de

nomear candidatos aprovados em concurso público para prestar serviços

essenciais e permanentes na área de saúde, ao contrário vem contratando

servidores temporários para a prestação desses serviços.

38.

Por outro lado, em razão da ilegalidade, pessoalidade,

imoralidade e ineficiência na prestação dos serviços públicos de saúde, o

nosso ordenamento jurídico também não exclui a possibilidade de que um

grupo de pessoas venha a ter um interesse difuso ou coletivo de natureza não

patrimonial lesado. E daí nasce à pretensão de ver tal dano reparado.

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39.

Consoante o disposto no art. 5º, inciso X, da CF, “são invioláveis

a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o

direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

No que diz respeito ao dano moral, trata-se de fenômeno que pode acometer

tanto um indivíduo em específico, como grupamentos sociais expressivos, ou

mesmo a sociedade como um todo (dano moral coletivo ou difuso), sendo que

em ambos os casos a indenização é devida. O dano moral coletivo configura-

se, portanto, quando a ação danosa, mais do que diminuir e fragilizar a

administração, resulta na frustração deliberada de um ideal coletivo que abala

a imagem e a credibilidade do ente público, incutindo no povo a ideia de

desmazelo do gestor diante das necessidades dos administrados. No ponto, é

oportuno trazer à colação a lição do Procurador Regional da República ANDRÉ

DE CARVALHO RAMOS a esse respeito:

Com isso, vê-se que a coletividade é passível de ser indenizada

pelo abalo moral, o qual, por sua vez, não necessita ser a dor

subjetiva ou estado anímico negativo, que caracterizariam o dano

moral na pessoa física, podendo ser o desprestígio do serviço

público, do nome social, a boa imagem de nossas leis, ou mesmo o

desconforto da moral pública, que existe no meio social. […]

Assim, a dor psíquica na qual se baseou a teoria do dano moral

individual acaba cedendo espaço, no caso do dano moral coletivo, a

um sentimento de desapreço que afeta negativamente toda a

coletividade.

40.

No mesmo sentido, colhe-se a lição de CARLOS ALBERTO

BITAR FILHO, para quem:

[...] dano moral coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma

dada comunidade, ou seja, é a violação antijurídica de um

determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano

moral coletivo, está-se fazendo menção ao fato de que o patrimônio

valorativo de um a certa comunidade (maior ou menor), idealmente

considerado, foi agredido de maneira absolutamente injustificável

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do ponto de vista jurídico: quer isso dizer, em última instância, que

se feriu a própria cultura, em seu aspecto imaterial. Tal como se dá

na seara do dano moral individual, aqui também não há que se

cogitar de prova da culpa, devendo-se responsabilizar o agente

pelo simples fato da violação (damnum in re ipsa).

41.

No caso em tela, o Demandado, afastando-se do interesse

público, vem dando causa, por ação ou omissão, ao colapso do sistema público

de saúde do Estado, prejudicando diretamente a tessitura social. Isto porque ao

contratar servidores temporários para o exercício de cargos essenciais e

permanentes na área da saúde pública, o que vem se perpetuando ao tempo

dos anos, impossibilitou que candidatos aprovados em concursos públicos

realizados e homologados tivessem acesso ao serviço público, contribuindo

para o afloramento de sentimento de desamparo e da sensação de ineficiência

absoluta das instituições. Daí, portanto, a presença do dano moral coletivo,

dedutível da lastimável situação da saúde pública estadual. Visível, assim, que

tais comportamentos devem ser reparados civilmente, observados os marcos

compensatórios e punitivos (punitive damages). Nesse quadro, pretende-se

não só ver compensado o abalo ou a diminuição da credibilidade da

administração pública, mas também punir o infrator pelo ato, o que encontra

eco na teoria do valor do desestímulo (punitive damages), observado, em todo

caso, o direito de regresso em face do agente público causador do dano.

42.

Contudo, ao descumprir os ditames constitucionais e

infraconstitucionais, todos acima explicitados, o Governo do Estado do ES fez

prevalecer sua própria vontade e deixou de se submeter ao Direito,

descaracterizando, com isso, o Estado Democrático de Direito, senão vejamos

o que a doutrina nos esclarece:

Os homens que detém o poder são submetidos ao direito e unidos

pelo direito, o que representa uma forma de garantir os cidadãos

contra os demandos do Poder Público, impondo a submissão deste

a um quadro normativo geral e abstrato, disposto de forma prévia e

que tem a função conformadora da atividade estatal. Identificada a

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submissão do Estado ao direito, tem-se o que os germânicos

denominaram de Estado de Direito (Rechtstar).

(...)

(...) Como pondera Duguit, “a questão frequentemente discutida de

saber qual é o objetivo do Estado, ou mais exatamente do poder

público, se resolve da seguinte maneira: o poder público tem por

objetivo realizar o direito; ele é obrigado pelo direito a fazer tudo o

que esteja ao seu alcance para garantir o reinado do direito. O

Estado é criado pela força, mas essa força só é legítima enquanto se

exerce em conformidade com o direito. Não dizemos como Ihering

que o direito é a política da força, mas sim que o poder público é a

força posta a serviço do direito”. Dessa conclusão não destoa

Kelsen, para quem “ o poder político é a eficácia da ordem jurídica

reconhecida como Direito”.

(...)

Nessa linha, serão injurídicos aqueles atos que não busquem seu

fundamento de validade na norma ou que excedam o âmbito de

atuação por ela estatuído. (...)

(Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, in Improbidade

Administrativa, 2.ª Ed., Ed. Lumen Juris, 2004).

DA TUTELA ANTECIPADA

43.

No presente caso, necessária se faz a urgente concessão da

medida liminar para cessar, imediatamente, as ações do Demandado, no intuito

de obrigá-lo a nomear todos os candidatos aprovados nos concursos públicos

realizados e homologados pela Secretaria de Estado da Saúde, dentro e fora

do número de vagas de forma a substituir todos os servidores temporários

listados nos autos, tanto nos cargos específicos da área da saúde como para

as funções burocráticas, e assim, esgotando os aprovados, promover a

abertura imediata de novo concurso público para a substituição dos

temporários que ainda permanecerem.

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44.

No caso em tela, a concessão da liminar deve levar em conta os

requisitos exigidos para a tutela antecipada prevista no art. 273, inciso I, do

CPC, quais sejam a alegação verossímil e o fundado receio de dano irreparável

ou de difícil reparação.

45.

Por sua vez, o artigo 12 da Lei nº 7.347/85 também prevê a

possibilidade da concessão de medida liminar, com ou sem justificação prévia.

46.

Ambos os requisitos estão presentes no caso em tela, como

demonstrado a seguir.

47.

A verossimilhança das alegações fundamenta-se em todas as

constatações feitas em razão das informações e listagens encaminhadas pela

própria Secretaria de Estado da Saúde comprovando: a rotineira realização de

processos seletivos para contratação de servidores temporários; a prorrogação

frequente desses contratos temporários; a existência de concursos públicos

homologados; a existência de candidatos aprovados; e a permanência de

servidores contratados temporariamente ocupando cargos essenciais e

permanentes. O fundado receio de dano irreparável decorre da situação de

que, primeiramente, a permanência de servidores temporários em cargos

essenciais e permanentes do serviço público de saúde afronta o principio da

isonomia, impedindo, dessa forma, igual oportunidade de acesso àqueles que

atendam aos requisitos legais, além de prejudicar as nomeações dos

aprovados nos poucos concursos, ora realizados, e homologados, frustrando a

expectativa de direito e até mesmo o direito adquirido desses candidatos, além

de atentar contra a moralidade administrativa, bem como contra a eficiência

administrativa e o aperfeiçoamento do serviço público, contribuindo, assim,

para o caos na saúde pública, ensejando graves consequências aos pacientes

SUS que precisam de uma assistência efetiva à saúde.

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DOS PEDIDOS

48.

Por todo o exposto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO:

a. Seja concedida a MEDIDA LIMINAR, por estarem presentes a

verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou

de difícil reparação, determinando, sob pena de multa diária a ser fixada

por este Juízo não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), que:

I - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da Saúde,

no prazo máximo de 30 (trinta) dias, exonere TODOS os servidores

temporários contratados pela SESA que se encontram lotados em outro órgão

estatual listado nos documentos atualizados de Fls. 464/486 dos autos do

Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59 (em anexo), e outros que porventura

forem contratados até a concessão da presente liminar, a saber, no Hospital da

Polícia Militar – HPM pertencente à Secretaria de Segurança Pública e Defesa

Social do Estado do ES, e no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes _

HUCAM, pertencente à Universidade Federal do Espírito Santo – UFES,

autarquia federal;

II - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da

Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos

aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado

e homologado, Edital SESA n.º 01/2008, que porventura não foram nomeados

no período de validade do mesmo;

III – Depois de cumprido o item II, o Estado do Espírito Santo, por meio de sua

Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,

nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do

concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2008, em

substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos

atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59

(em anexo), que se encontravam também contratados temporariamente dentro

do prazo de validade deste concurso público;

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IV - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da

Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos

aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado

e homologado, Edital SESA n.º 01/2010, que porventura não foram nomeados

no período de validade do mesmo;

V – Depois de cumprido o item IV, o Estado do Espírito Santo, por meio de sua

Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,

nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do

concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2010, em

substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos

atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59

(em anexo), que se encontravam também contratados temporariamente dentro

do prazo de validade deste concurso público;

VI - o Estado do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da

Saúde, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, nomeie TODOS os candidatos

aprovados dentro do número de vagas previstas no concurso público realizado

e homologado, Edital SESA n.º 01/2013;

VII – Depois de cumprido o item VI, o Estado do Espírito Santo, por meio de

sua Secretaria de Estado da Saúde, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,

nomeie TODOS os candidatos aprovados dentro do cadastro de reserva do

concurso público realizado e homologado, Edital SESA n.º 01/2013, em

substituição a TODOS os servidores temporários listados nos documentos

atualizados de Fls. 464/486 dos autos do Inquérito Civil n.º 2014.0009.2863-59

(em anexo), e outros que porventura foram/forem contratados até a concessão

da presente liminar;

VIII - Depois de cumpridos os itens VI e VII, o Estado do Espírito Santo, por

meio de sua Secretaria de Estado da Saúde, em ainda havendo candidatos

aprovados dentro do cadastro de reserva do concurso público realizado e

homologado, Edital SESA n.º 01/2013, após o término da validade do citado

concurso público, nos termos do art. 37, inciso II, da Constituição Federal,

prorrogue-o imediatamente;

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IX – Esgotada a listagem dos candidatos aprovados dentro do número de

vagas previstas nos concursos públicos realizados e homologados, Edital

SESA n.º 01/2008, Edital SESA n.º 01/2010 e Edital SESA n.º 01/2013, bem

como dos aprovados no cadastro de reserva, e permanecendo servidores

temporários exercendo cargos na Secretaria de Estado da Saúde, o Estado do

Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Estado da Saúde, no prazo

máximo de 60 (sessenta) dias publique novo Edital para a realização de

concurso público abrindo cargos com número de vagas que englobe todos os

servidores temporários que foram mantidos em razão de não existirem mais

candidatos aprovados nos referidos concursos públicos realizados e

homologados para serem nomeados, bem como mantendo o cadastro de

reserva com quantidade de candidatos aprovados suficiente para prover futuras

vagas que surgirem dentro do seu prazo de validade;

b. Seja a presente petição autuada, juntamente com os autos do

procedimento que segue em anexo, e processada na forma e no rito

preconizado na Lei nº 7.347/85;

c. Seja citado o Demandado, para, querendo, contestar a presente ação no

prazo legal;

d. Sejam, ao final, julgados procedentes os pedidos postulados em sede de

antecipação de tutela, confirmando-a, bem como incluindo as demais

contratações temporárias inconstitucionais e ilegais que ocorrerem e que

forem comprovadas no curso desta ação;

e. Seja o Demandado condenado ao pagamento de indenização

(compensatória e punitiva) em razão dos danos morais coletivos

perpetrados, em valor arbitrado por Vossa Excelência, não inferior a R$

500.000,00 (quinhentos mil reais);

f. Protesta pela produção de todas as provas legalmente admitidas no

direito, em especial, a prova documental, pericial e testemunhal.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) para efeitos

meramente fiscais, conquanto seja de valor inestimável o bem jurídico tutelado

– SAÚDE.

Vitória, ES, 13 de julho de 2015.