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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 7ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SE- ÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA: Ação Penal nº 0509503-57.2016.4.02.5101 (Operação Calicute), Ação Penal nº 0510300- 33.2016.4.02.5101 (Operação Mascate), Ação Penal nº 0502041-15.2017.4.02.5101 (Operação Eficiência), Processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo Tele- mático – Calicute), Processo nº 0506980-72.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo telefônico – Calicute), Processo nº 0503054-49.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios da Dirija), Processo nº 0503808-88.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios REGI- NAVES), Processo nº 0510300-33.2016.4.02.5101 (Colaboração Premiada Adriano Mar- tins), Processo nº 0501041-77.2017.4.02.5101 (Quebra de sigilo telemático – Mascate), Processo nº 0501037-40.2017.4.02.5101 (Quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico – Mascate), Processo nº 0501036-55.2017.4.02.5101 (Busca e Apreensão – Mascate) e Processo nº 0501034-85.2017.4.02.5101 (Pedido de prisão ARY FILHO) O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais 1 , em especial a disposta no art. 129, I, da Constituição Federal, comparece perante esse Juízo para, com base nas provas contidas nos autos eletrônicos em epígrafe, oferecer DENÚNCIA em desfavor de: SÉRGIO DE OLIVEIRA CABRAL SANTOS FILHO (SÉRGIO CABRAL), CPF nº 744.636.597-87, CI nº 63857346 (IFP/RJ), brasileiro, divorciado, jornalista, nascido no Rio de Janeiro, nascido em 27/01/63, filho de Sérgio Cabral Santos e Magaly de Oliveira Cabral Santos, com endereço na Rua Aristides Espínola, 27, Apto. 401, Leblon, Rio de Janeiro-RJ, atualmente custodiado na Penitenciária José Frederico Marques (Benfica), 1 Designados para atuar neste feito e conexos pela Portaria PGR/MPF nº 1307, de 07 de dezembro de 2017.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA … · ... Processo nº 0501041-77.2017.4.02.5101 (Quebra de sigilo ... da Lei 12.850/2013) – de materialidade e autoria ... no período

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 7ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SE-

ÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA:

Ação Penal nº 0509503-57.2016.4.02.5101 (Operação Calicute), Ação Penal nº 0510300-

33.2016.4.02.5101 (Operação Mascate), Ação Penal nº 0502041-15.2017.4.02.5101

(Operação Eficiência), Processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo Tele-

mático – Calicute), Processo nº 0506980-72.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo telefônico

– Calicute), Processo nº 0503054-49.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios da

Dirija), Processo nº 0503808-88.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios REGI-

NAVES), Processo nº 0510300-33.2016.4.02.5101 (Colaboração Premiada Adriano Mar-

tins), Processo nº 0501041-77.2017.4.02.5101 (Quebra de sigilo telemático – Mascate),

Processo nº 0501037-40.2017.4.02.5101 (Quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico

– Mascate), Processo nº 0501036-55.2017.4.02.5101 (Busca e Apreensão – Mascate) e

Processo nº 0501034-85.2017.4.02.5101 (Pedido de prisão ARY FILHO)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no exercício de suas

atribuições constitucionais e legais1, em especial a disposta no art. 129, I, da Constituição

Federal, comparece perante esse Juízo para, com base nas provas contidas nos autos

eletrônicos em epígrafe, oferecer DENÚNCIA em desfavor de:

SÉRGIO DE OLIVEIRA CABRAL SANTOS FILHO (SÉRGIO

CABRAL), CPF nº 744.636.597-87, CI nº 63857346 (IFP/RJ),

brasileiro, divorciado, jornalista, nascido no Rio de Janeiro,

nascido em 27/01/63, filho de Sérgio Cabral Santos e Magaly

de Oliveira Cabral Santos, com endereço na Rua Aristides

Espínola, 27, Apto. 401, Leblon, Rio de Janeiro-RJ, atualmente

custodiado na Penitenciária José Frederico Marques (Benfica),1 Designados para atuar neste feito e conexos pela Portaria PGR/MPF nº 1307, de 07 de dezembro de 2017.

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em cumprimento de prisão preventiva;

ARY FERREIRA DA COSTA FILHO (ARY FILHO), CPF nº

738.185.187-34, CI 05.313.989-5 (IFP/RJ), brasileiro,

divorciado, funcionário público, nascido em 02/03/1961, com

endereço na Estrada Barra de Guaratiba, 8620-A, Barra de

Guaratiba, Rio de Janeiro-RJ;

SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”), CPF nº

596.324.887-68, filho de Ilza de Castro Oliveira, nascido em

23/06/1958, residente e domiciliado à Rua Toneleros, nº 30,

Apto 1004, Copacabana, Rio de Janeiro/RJ, atualmente

custodiado na Penitenciária José Frederico Marques (Benfica),

em cumprimento de prisão preventiva;

GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, CPF nº

257.448.797-49, inscrita na OAB/RJ nº 145.391, nascida em

10/05/1952, residente e domiciliada na Avenida General

Barbosa Lima 95 apto 201, Copacabana, Rio de Janeiro/RJ;

SONIA FERREIRA BATISTA, CPF nº 316.379.307-04,

brasileira, nascida em 23/12/1954, residente e domiciliada na

Avenida das Américas, nº 13.600, bloco 04, apto 105, Barra da

Tijuca, Rio de Janeiro/RJ;

JAIME LUIZ MARTINS, brasileiro, casado, empresário, RG nº

90-1-00208-0, CREA-RJ, CPF nº 878541477-87, nascido em

09/11/1967, domiciliado na Rua Paulo Moreno, 386, Barra da

Tijuca, Rio de Janeiro;

JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, português,

divorciado, identidade estrangeiro nº W216850-h

se/DPMAF/DFP, CPF nº 098.795.107-63, nascido em

10/06/1943, domiciliado na Av. Lúcio Costa, 5300, Bl. 1, apt

202, Barra da Tijuca.2/55

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pela prática dos crimes a seguir descritos:

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

A presente denúncia é resultado da investigação realizada pelo Ministério

Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, desdobramento das Operações

Calicute2, Eficiência3 e Mascate4 tendo por objeto a prática de crimes de lavagem de capitais

perpetrados por SÉRGIO CABRAL, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO CASTRO

DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, SONIA

FERREIRA BATISTA, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS

revelados inicialmente após a decretação de medidas cautelares de busca e apreensão e

quebra de sigilo bancário e fiscal em desfavor de integrantes da ORCRIM articulada por

SÉRGIO CABRAL, e confirmados, posteriormente, a partir da celebração de acordo de

colaboração premiada com JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO

MARTINS5, conjuntamente considerados com outros fartos elementos de prova.

O objetivo almejado foi o de aprofundar a investigação de organização

criminosa responsável pela prática dos crimes de corrupção, fraude a licitações, cartel e

lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas financiadas ou

custeadas com recursos federais pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Restou comprovado que a organização criminosa liderada por SERGIO

CABRAL possuía uma estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos: a) o

núcleo econômico, formado por executivos das empreiteiras cartelizadas contratadas para

execução de obras pelo Governo do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, dentre elas a

ANDRADE GUTIERREZ e a CARIOCA ENGENHARIA, as quais ofereceram vantagens

indevidas a mandatários políticos e gestores públicos; b) o núcleo administrativo,

composto por gestores públicos do Governo do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, os quais

solicitaram e administraram o recebimento das vantagens indevidas pagas pelas2 Processo nº 0509503-57.2016.4.02.5101.3 Processo nº 0502041-15.2017.4.02.5101.4 Processo nº 0501853-22.2017.4.02.5101.5 Processo nº 0503054-49.2017.4.02.5101.

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empreiteiras; c) o núcleo financeiro operacional, formado por responsáveis pelo

recebimento e repasse das vantagens indevidas e pela ocultação da origem espúria,

inclusive através da utilização de empresas e escritórios de advocacia, algumas delas

constituídas exclusivamente com tal finalidade; d) o núcleo político, formado pelo líder da

organização criminosa, o ex-governador SÉRGIO CABRAL.

Com a finalidade de aprofundar as investigações sobre a atuação da

organização criminosa, obtendo-se mais provas dos crimes de corrupção delatados, assim

como dos esquemas da lavagem de dinheiro utilizados para dissimular a origem espúria dos

valores pagos, o MPF requereu e esse Juízo deferiu a realização de medidas cautelares de:

i) quebra telemática de e-mails e de dados armazenados em nuvem; ii) quebra de sigilos

fiscal e bancário, via SIMBA; iii) quebra de sigilo de registros telefônicos, via SITTEL; iv)

monitoramento telefônico por único período imediatamente anterior à deflagração da

Operação Calicute; v) busca e apreensão; vi) prisões preventiva, temporária e conduções

coercitivas; vii) bloqueio de bens e valores.

Ao cabo das investigações, foi possível demonstrar a existência de provas

– obtidas de forma autônoma à declaração dos colaboradores (art. 4º, § 16º, da Lei

12.850/2013) – de materialidade e autoria suficientes ao oferecimento de acusações formais

de diversos agentes na Ação Penal nº 0509503-57.2016.4.02.5101.

Com o aprofundamento das investigações, foi possível identificar a

atuação ilícita de SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”) como um dos

operadores financeiros do grupo, sendo certo que no processo foi imputado a ele, além do

crime de pertencimento à organização criminosa, o crime de lavagem de dinheiro, pelo fato

de ter distribuído, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2016, pelo menos R$

2.324.500,00 (dois milhões, trezentos e vinte e quatro mil e quinhentos reais).

Posteriormente, no curso da Operação Mascate, houve o aprofundamento

das investigações, que descortinou a atuação de ARY FILHO, na qualidade de operador

financeiro do grupo, a quem coube lavar os proventos criminosos obtidos junto a variadas

empresas.

Destarte, a prática do crime de lavagem, por meio de uma rede de

empresas “amigas”, que celebravam contratos fictícios com os membros da organização

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criminosa, de forma a justificar o elevado padrão de vida que levavam, já foi objeto de três

outras denúncias oferecidas em decorrência das denominadas operações Calicute,

Eficiência e Mascate.

A presente denúncia restringe-se a crimes de lavagem de dinheiro

cometidos por SÉRGIO CABRAL, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO CASTRO

DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, SONIA

FERREIRA BATISTA, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS,

precipuamente por meio de empresas do GRUPO DIRIJA, composto pelas empresas

DIRIJA NITEROI DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA (CNPJ: 003.850.067/0001-03),

BARRAFOR VEÍCULOS LTDA (CNPJ: 004.082.647/0001-60), DISBARRA DISTRIBUIDORA

BARRA DE VEICULOS LTDA (CNPJ: 03.504.493/0001-95), KLAHN MOTORS

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S.A (CNPJ: 008.589.404/0001-74), SPACE

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (CNPJ: 008.086.917/0001-62), CARCOM (CARCRED)

PROMOTORA DE NEGOCIOS LTDA. (CNPJ: 15.100.166/0001-57) e GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A (CNPJ: 04.750.747/0001-18), administradas

por JAIME LUIZ e JOÃO DO CARMO. Os crimes de lavagem de dinheiro ocorreram nas

seguintes modalidades:

1. 165 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 165 oportunidades

distintas, no período 10 de outubro de 2007 a 22 de agosto de 2014, de R$

6.858.692,06 (seis milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e

dois reais e seis centavos) de contas em nome de empresas do GRUPO DIRIJA para

contas em nome da empresa GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA);

2. 39 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 39 oportunidades distintas,

no período de 30 de dezembro de 2009 a 02 de maio de 2011, de R$ 1.074.582,50

(um milhão e setenta e quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta

centavos) de contas em nome de empresas do GRUPO DIRIJA para contas em

nome da empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA;

3. 8 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 8 oportunidades distintas, no

período de 30 de setembro de 2013 a 22 de agosto de 2014, de R$ 157.540,00

(cento e cinquenta e sete mil quinhentos e quarenta reais) de contas em nome de

empresas do GRUPO DIRIJA para contas em nome da empresa SFB APOIO

ADMINISTRATIVO;

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4. Um ato de lavagem de dinheiro com a venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A de imóvel situado na Avenida Lucio

Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, para ARY

FILHO, mantendo-se o mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA.

Postas tais considerações de naturezas introdutórias, é necessário

esclarecer que, considerando o tamanho e a complexidade da atuação da organização

criminosa liderada pelo ex-governador SÉRGIO CABRAL, no presente momento da

investigação, foram produzidas e analisadas provas referentes ao oferecimento de denúncia

englobando apenas os crimes de lavagem de dinheiro perpetrados no contexto descrito

alhures.

Portanto, não há que se falar em arquivamento implícito quanto a pessoas6

não denunciadas ou fatos ora não imputados, especialmente em razão de ainda estar em

curso investigação sobre os demais ilícitos penais.

Ademais, muito embora as condutas dos fatos aqui narrados sejam,

evidentemente, correlatos aos ilícitos imputados nas ações penais acima aludidas7, com

eles não se confundem, sendo autônomos e independentes, pelo que resta afastada, desde

logo, qualquer futura alegação de litispendência ou bis in idem pelos crimes ora descritos.

2. IMPUTAÇÕES TÍPICAS

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO

CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de SÉRGIO CABRAL, entre 10

de outubro de 2007 e 22 de agosto de 2014, em 165 (cento e sessenta e cinco)

oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis milhões oitocentos e cinquenta e

oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis centavos), convertendo em ativos lícitos o6 Saliente-se que, conforme ressaltado na cota de oferecimento da presente denúncia, o Ministério PúblicoFederal deixou de oferecer denúncia em face de CARLOS MIRANDA em razão da celebração de acordo decolaboração premiada homologado no Supremo Tribunal Federal. Nos termos do mencionado acordo, ocolaborador tem o benefício de não ser denunciado novamente após já ter sido condenado por penas nospatamares ali estabelecidos. De toda sorte, o não oferecimento de denúncia em face do colaborador nãorepresenta arquivamento, podendo ser oferecida denúncia em caso de revogação do acordo celebrado.7 Decorrentes das Operações Calicute e Mascate.

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produto de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa, por meio da

transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, composto pelas empresas DIRIJA NITEROI

DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA (25 pagamentos), BARRAFOR VEÍCULOS LTDA (43

pagamentos), DISBARRA DISTRIBUIDORA BARRA DE VEICULOS LTDA (42 pagamentos),

KLAHN MOTORS DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S.A (26 pagamentos), SPACE

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (24 pagamentos) e CARCOM (CARCRED)

PROMOTORA DE NEGOCIOS LTDA. (5 pagamentos), administradas por JAIME LUIZ e

JOÃO DO CARMO, para a empresa GRALC/LRG AGROPECUÁRIA, com a justificativa de

prestação de serviços de consultoria inexistente (Conjunto de Fatos 01 – Lavagem de

Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA

(“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, JAIME LUIZ MARTINS

e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de SÉRGIO

CABRAL entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de 2011, em 39 (trinta e nove)

oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e quatro mil

quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), convertendo em ativos lícitos o

produto de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa, por meio da

transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, em especial pelas empresas DIRIJA NITEROI

DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA (7 pagamentos), BARRAFOR VEÍCULOS LTDA (11

pagamentos), DISBARRA DISTRIBUIDORA BARRA DE VEICULOS LTDA (11 pagamentos),

KLAHN MOTORS DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S.A (5 pagamentos) e SPACE

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (5 pagamentos), administradas por JAIME LUIZ e

JOÃO DO CARMO, para a empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA,

comandada por SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”) e GLADYS SILVA

FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, com a justificativa de prestação de serviços de advocacia

inexistente (Conjunto de Fatos 02 – Lavagem de Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SONIA FERREIRA BATISTA, JAIME LUIZ

MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de

SÉRGIO CABRAL, entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, em 8 (oito)

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oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil quinhentos e

quarenta reais), convertendo em ativos lícitos o produto de crimes de corrupção praticados

pela organização criminosa, por meio da transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, em

especial pelas empresas SPACE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (3 pagamentos) e

CARCOM (CARCRED) PROMOTORA DE NEGOCIOS LTDA. (5 pagamentos),

administradas por JAIME LUIZ e JOÃO DO CARMO, para a empresa SFB APOIO

ADMINISTRATIVO, administrada por SONIA FERREIRA BATISTA, com a justificativa de

prestação de serviços de consultoria inexistente (Conjunto de Fatos 03 – Lavagem de

Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, ARY FERREIRA DA

COSTA FILHO, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS

praticaram, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio Costa,

3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, registrado junto ao 9º

RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em espécie de R$ 2.200.000,00

(dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção do mencionado bem em nome da

empresa GRAN BARRA, com a finalidade de converter os recursos de origem ilícita

pertencente à organização criminosa em ativo lícito e também para ocultar o real proprietário

do bem. (Fato 04 – Lavagem de Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

3. Dos Crimes de Lavagem de Dinheiro

3.1. Crimes antecedentes

Os crimes de lavagem de capitais consumados após 10/07/2012 sofrem a

incidência da Lei 12.683/2012, que aboliu o rol de crimes antecedentes, podendo hoje

qualquer crime dar ensejo à lavagem de capitais. Os anteriores exigem a presença de um

dos crimes previstos no rol do artigo 1º da Lei 9.613/98, em sua redação original.

O crime de lavagem de dinheiro é um crime autônomo, podendo o sujeito

ativo do delito de lavagem de capitais ser qualquer pessoa, inclusive o autor, coautor ou

partícipe da infração penal antecedente. Nestes termos, a lavagem de capitais não é mero8/55

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exaurimento do crime antecedente, podendo o réu responder por ambos os crimes, inclusive

em ações penais diversas (Inq 2471, Ricardo Lewandowski, STF). Do mesmo jeito, o fato de

o agente não ter participado do crime antecedente é irrelevante para a sua

responsabilização pelo crime de lavagem de capitais (RHC 201001913605, Alderita Ramos

de Oliveira, Desembargadora Convocada do TJ/PE – Sexta Turma, 12/03/2013).

Quanto ao crime antecedente, como já longamente tratado pela doutrina e

jurisprudência, exige-se apenas indícios do seu cometimento (art. 2º, §1º, da Lei

9.613/1998) (STF, Inq 2471, Ricardo Lewandowski). Conquanto exija o delineamento dos

indícios de cometimento de uma infração penal antecedente, o delito de lavagem com ela

não guarda qualquer relação de dependência para efeito de persecução penal (STJ, HC

201200506937, Og Fernandes – Sexta Turma, 21/06/2013). Assim é que não há

necessidade de denúncia ou condenação do agente em um dos crimes antecedentes (RHC

201001913605, Alderita Ramos de Oliveira, Desembargadora Convocada do TJ/PE – Sexta

Turma, 12/03/2013). Ainda, o crime de lavagem de dinheiro admite que os recursos ilícitos

provenham direta ou indiretamente dos crimes prévios elencados (STJ, RESP

200902404509, Nefi Cordeiro – Sexta Turma, 16/03/2015).

No presente caso de lavagem de dinheiro estão presentes diversos crimes

antecedentes de corrupção passiva praticados através de organização criminosa. Assim, as

condutas de ocultação e dissimulação de valores consumados antes de 10/07/2012 ficam

tipificadas no art. 1º, incisos V e VII c/c § 4º, da Lei nº 9.613/98 (antes do advento da Lei nº

12.683/2012), enquanto as promovidas após essa data estão tipificadas no art. 1º, caput c/c

§4º da Lei nº 9.613/98 (com a nova redação da Lei nº 12.683/2012).

Pelo menos entre 1º de janeiro de 2007 e 17 de novembro de 2016, ARY

FILHO, com SÉRGIO CABRAL FILHO, SÉRGIO DE CASTRO OLIVEIRA (BIG/SERJÃO),

CARLOS MIRANDA, CARLOS BEZERRA, WAGNER JORDÃO, JOSÉ ORLANDO,

ADRIANA ALCELMO, FRANCISCO DE ASSIS NETO (KIKO), THIAGO DE ARAGÃO

GONÇALVES PEREIRA E SILVA (THIAGO ARAGÃO), além de outras pessoas imunes em

razão de colaboração premiada e de terceiros a serem denunciados oportunamente ou

ainda não identificados, de modo consciente, voluntário, estável e em comunhão de

vontades, promoveu, constituiu, financiou e integrou, pessoalmente, uma organização

criminosa que tinha por finalidade a prática de crimes de corrupção ativa e passiva, fraude a

licitações e cartel em detrimento do Estado do Rio de Janeiro, bem como a lavagem dos9/55

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recurso financeiros auferidos desses crimes, tendo sido denunciado pelo crime de

pertinência à organização criminosa em decorrência das investigações encetadas na

denominada Operação Mascate8.

Conforme mencionado no início desta peça, verificou-se, nos mesmos

moldes existentes em relação às demais organizações criminosas investigadas pela

Operação Lava Jato, a sua estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos: a)

o núcleo econômico, formado por executivos das empreiteiras cartelizadas contratadas

para execução de obras pelo Governo do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, dentre elas a

ANDRADE GUTIERREZ e a CARIOCA ENGENHARIA, as quais ofereceram vantagens

indevidas a mandatários políticos e gestores públicos; b) o núcleo administrativo,

composto por gestores públicos do Governo do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, os quais

solicitaram e administraram o recebimento das vantagens indevidas pagas pelas

empreiteiras; c) o núcleo financeiro operacional, formado por responsáveis pelo

recebimento e repasse das vantagens indevidas e pela ocultação da origem espúria,

inclusive através da utilização de empresas e escritórios de advocacia, algumas delas

constituídas exclusivamente com tal finalidade. ARY FILHO e SÉRGIO DE CASTRO

OLIVEIRA (BIG/SERJÃO) fizeram parte desse núcleo; d) o núcleo político, formado pelo

líder da organização criminosa, o ex-governador SÉRGIO CABRAL.

A investigação que culminou na deflagração da Operação Mascate,

desdobramento das Operações Calicute e Eficiência, demonstrou que ARY FILHO era

pessoa de confiança de SÉRGIO CABRAL e um de seus operadores financeiros mais

importantes.

Compulsando agendas de telefones obtidas pelas quebras telemáticas de

CARLOS MIRANDA, HUDSON BRAGA e SÔNIA BAPTISTA, no âmbito da Operação

Calicute, foram identificados os telefones que ARY FILHO. Em seguida, com base nesses

números de terminais, foram descobertas centenas de ligações entre os envolvidos na

Organização Criminosa (CARLOS MIRANDA, HUDSON BRAGA e CARLOS BEZERRA) e

ARY FILHO, cadastradas no Sistema de Investigação de Registros Telefônicos e

Telemáticos (SITTEL).

8 Processo nº 0501853-22.2017.4.02.5101.10/55

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– Terminal nº 55 (21) 99470-28639:

Nome Terminal Terminal NomeQuant

.

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521988476082Luiz Carlos

Bezerra40

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521997233315Sergio De Oliveira

Cabral SantosFilho

17

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5524999956000Jose Orlando

Rabelo10

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521981933663Carlos Emanuel

De CarvalhoMiranda

8

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521979541212 Hudson Braga 4

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521994103525Wilson Carlos

Cordeiro Da SilvaCarvalho

1

Reginaves Industria E ComercioDe Aves Ltda

5521994702863 5521994103525 Luis Claudio Maia 1

– Terminal nº 55 (21) 98596-5002:

Nome Terminal Terminal Nome Quant.

Ary Ferreira Da Costa Filho 5521985965002 5521981933663Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

35

Ary Ferreira Da Costa Filho 5521985965002 5521988476082 Luiz Carlos Bezerra 29Ary Ferreira Da Costa Filho 5521985965002 5521979541212 Hudson Braga 22Ary Ferreira Da Costa Filho 5521985965002 5521979541212 Hudson Braga 6

Terminal nº 55 (21) 7831- 242210:

Nome CPF Terminal Terminal CPF Nome Quant.

552178312422 552188476082596.461.017-

04Luiz Carlos Bezerra 54

552178312422 552181933663993.572.087-

04Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

14

552178312422 5521979541212498.912.607-

63Hudson Braga 11

9 Terminal cadastrado em nome de Reginaves, porém identificado nas agendas dos integrantes da ORCRIMcomo de titularidade de ARY FILHO. Informações presentes no DOC nº 01.

10 Não foram identificados no Sittel os assinantes referentes aos terminais nº55 (21) 78312422 e nº55 (21)978312422, porém há referência desses números de terminais na agenda de CARLOS MIRANDA como detitularidade de ARY FILHO, conforme se depreende dos dados obtidos a partir da quebra do sigilo telemáticodo investigado no processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101.

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552178312422 5521981933663993.572.087-

04Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

5

552178312422 552178511680596.461.017-

04Luiz Carlos Bezerra 4

552178312422 5521988476082596.461.017-

04Luiz Carlos Bezerra 3

552178312422 5521999724144871.278.067-

72Claudia De Moura

Soares Bezerra2

552178312422 5521997261035316.379.307-

04Sonia Ferreira Baptista 1

Terminal nº 55 (21) 97831-2422:

Nome CPF Terminal Terminal CPF NomeQuantidade

5521978312422 5521996261035316.379.307-

04Sonia Ferreira Baptista 7

5521978312422 5521999724144871.278.067-

72Claudia De Moura

Soares Bezerra3

5521978312422 5521988476082596.461.017-

04Luiz Carlos Bezerra 3

5521978312422 5521979541212498.912.607-

63Hudson Braga 2

5521978312422 5521997261035316.379.307-

04Sonia Ferreira Baptista 1

5521978312422 5521981933663993.572.087-

04Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

1

Saliente-se que o terminal nº:55 21 99470-2863 é identificado nos contatos

do Whatsapp de CARLOS BEZERRA como sendo de ARY FILHO pelo codinome ARI

BALONETA11.

Compulsando os e-mails da caixa de correio eletrônico do CARLOS

BEZERRA, foram identificados alguns e-mails que constam referências a ARI e BALONETA

associados a valores entregues pela Organização Criminosa12.

11 Dados obtidos a partir da quebra do sigilo telemático de CARLOS BEZERRA no processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101.

12 Dados obtidos a partir da quebra do sigilo telemático de CARLOS BEZERRA no processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101.

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Ademais, conforme relatório de análise da Polícia Federal foram

encontradas anotações na residência de CARLOS BEZERRA fazendo referência a

recebimento de valores por ARY.

Assim, não restam dúvidas de que ARY FILHO integrou a organização

criminosa, capitaneada por SÉRGIO CABRAL, tendo recebido grandes quantias de maneira

ilícita. Sua participação é provada por acordos de colaboração premiada, por documentos

apreendidos em razão do cumprimento de mandados de busca e apreensão e pelos dados

telemáticos e telefones encontrados.

De outro giro, desde o início das investigações já havia menção ao

codinome BIG em anotações e e-mails de CARLOS BEZERRA, referindo-se a entrega de

valores a essa pessoa. Ao se analisar a caixa de e-mails de CARLOS BEZERRA, BIG

passou a ser identificado como sendo SÉRGIO DE CASTRO OLIVEIRA.

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Dezenas de e-mails e anotações da caixa de correio eletrônico de

CARLOS BEZERRA indicam que BIG, SERJÃO ou BIG ASSHOLE, apelidos para a mesma

pessoa de SÉRGIO DE CASTRO OLIVEIRA, tinha importante atuação na movimentação de

dinheiro em espécie da organização criminosa.

Na colaboração premiada de RENATO e MARCELO CHEBAR, doleiros de

SÉRGIO CABRAL, a identidade de BIG restou esclarecida, corroborando as conclusões

realizadas pela investigação.

“Que em 2003, após começar a trabalhar com seu irmão, umapessoa que era conhecida como “SERJÃO”, começou a visitaro escritório dos colaboradores, localizado na Av. Rio Branco nº123/sala 1105, Centro, Rio de Janeiro/RJ, levando uma pastade laptop com dinheiro em espécie; Que inicialmente SERJÃOentregava dinheiro em espécie no escritório cerca de trêsvezes por mês; Que o volume de recursos entregues aumentouapós a eleição de SÉRGIO CABRAL como Governador doEstado do Rio de Janeiro; Que o dinheiro era guardado em umcofre; Que não sabe dizer como SERJÃO foi apresentadocomo emissário de SÉRGIO CABRAL para seu irmão; Quequando começou a trabalhar no escritório já havia um vínculoentre eles; (…) Que não sabe dizer o telefone ou e-mail deSERJÃO; Que o Colaborador fazia a prestação de contas dosrecursos aplicados de maneira esporádica e informal para opróprio SERJÃO; Que o relacionamento era baseado naconfiança; (…) Que a partir de 2006/2007, pelo que se recorda,os recursos começaram a se avolumar e SERJÃO/BIG passoua ter um cargo no governo, momento no qual passou acomparecer no escritório acompanhado de CARLOSEMANUEL DE CARVALHO MIRANDA; Que CARLOSMIRANDA tinha uma postura mais impositiva, dandoorientações a respeito da destinação dos recursos; Que, com opassar do tempo, SERJÃO foi se ausentando da entrega dosrecursos, tendo a função sido assumida por CARLOSMIRANDA;” (Depoimento de MARCELO CHEBAR)

“Que conheceu SÉRGIO CABRAL no final dos anos 90; Quepor volta de 2002/2003, durante o carnaval, SÉRGIO CABRALprocurou o colaborador assustado com o escândalo do

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propinoduto; Que SÉRGIO CABRAL não estava envolvido como referido escândalo, mas ficou preocupado com conta quepossuiria no Israel Discount Bank of New York (IDB/NY); Querecorda-se que o encontro se deu na Rua Alexandre Ferreira,na Lagoa, no Rio de Janeiro; Que, salvo engano, SÉRGIOCASTRO DE OLIVEIRA (“Serjão/Big”) estava presente noreferido encontro; Que SÉRGIO CABRAL perguntou se ocolaborador poderia receber os valores que possuía em suaconta de nome “Eficiência”, com o que o colaboradorconcordou, tendo os valores sido transferidos para duas contasde sua titularidade de nome “Siver Fleet” e “Alpine Grey”; Queos valores transferidos foram da ordem de USD 2.000.000,00;Que a partir daí os valores ficaram em nome do colaborador;Que “Serjão” ia ao escritório do colaborador, localizado na Av.Rio Branco, nº 123/1105, Centro, Rio de Janeiro/RJ, paraentregar valores em espécie, pelo menos mensalmente; Queos valores entregues variavam; Que não havia um valor fixo,mas pode dizer que variavam de R$ 50.000,00 a R$250.000,00; Que os valores eram transportados em mochila,pasta ou envelopes; (...) Que as entregas de valores emespécie em reais no escritório do colaborador eram feitasdesde sempre por SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA(“Serjão”); Que a partir de 2007, “Serjão” foi nomeado aalgum cargo público quando CARLOS MIRANDA assumiu atarefa de fazer as entregas em espécie no escritório docolaborador” (Depoimento de RENATO CHEBAR).

“Que “Big” era o codinome de SERJÃO, SERGIO CASTRODE OLIVEIRA; (…) Que “pagts menor” referem-se apagamentos feitos em favor de CARLOS MIRANDA; QueCARLOS MIRANDA era referenciado como “amigo” e tambémcomo “menor”; Que a expressão “menor” era utilizada paracontrastar com o “Big” que também fazia entregas dedinheiro;” (Depoimento de RENATO CHEBAR)

Os depoimentos são bastante convincentes com a identificação do

investigado e sua participação na organização criminosa.

Também corroboram as vinculações subjetivas entre SÉRGIO DE

CASTRO OLIVEIRA e os outros membros da organização criminosa as centenas de

ligações telefônicas entre eles.

NOME TERMINAL TERMINAL NOME QUANTIDADE

Sergio CastroOliveira

5521982590022 5521988476082 Luiz Carlos Bezerra 369

Sergio De Castro 552181937596 552181933663 Carlos Emanuel De 203

15/55

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Oliveira Carvalho Miranda

Sergio De CastroOliveira

552122355978 5521988476082 Luiz Carlos Bezerra 106

Sergio De CastroOliveira

552181937596 552188476082 Luiz Carlos Bezerra 87

Sergio De CastroOliveira

552181937596 552196261035Sonia Ferreira

Baptista76

Sergio De CastroOliveira

55*106*11729 55*83*71589Wagner Jordao

Garcia56

Sergio De CastroOliveira

552122355978 552188476082 Luiz Carlos Bezerra 47

Sergio De CastroOliveira

552122355978 5521981933663Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

44

Sergio CastroOliveira

5521999992317 5521997233315Sergio De Oliveira

Cabral Santos Filho22

Sergio De CastroOliveira

552122355978 5521999724144Claudia De Moura

Soares Bezerra19

Sergio CastroOliveira

5521971089387 5521988476082 Luiz Carlos Bezerra 17

Sergio CastroOliveira

5521982590022 5524999956000Jose Orlando

Rabelo8

Sergio CastroOliveira

5521982590022 5521999724144Claudia De Moura

Soares Bezerra6

Sergio De CastroOliveira

552122355978 5521996261035Sonia Ferreira

Baptista5

Sergio CastroOliveira

5521982590022 5521979541212 Hudson Braga 2

Sergio De CastroOliveira

552181937596 552178625070Wagner Jordao

Garcia2

Sergio De CastroOliveira

55*106*11729 55*83*9397 Luiz Carlos Bezerra 2

Sergio CastroOliveira

5521982590022 5521981933663Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

2

Sergio De CastroOliveira

552122355978 5521997261035Sonia Ferreira

Baptista1

Sergio De CastroOliveira

552181937596 552199793663Carlos Emanuel DeCarvalho Miranda

1

Com efeito, BIG exercia o papel de operador financeiro da organização

criminosa, movimentando grande quantia de recursos.

Na caixa de e-mails de CARLOS BEZERRA, constam as seguintes

entregas de dinheiro realizadas por BIG a integrantes da organização criminosa e seus

familiares.

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1) No dia 01.09.2014, SERJÃO (BIG) entregou a quantia de R$ 150.000,00 (cento e

cinquenta mil reais), valor proveniente da atividade ilícita da organização criminosa, para

ARY FERREIRA DA COSTA FILHO.

2) No dia 28.05.2015, BIG retirou R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor proveniente da

atividade ilícita da organização criminosa, do caixa administrado por CARLOS BEZERRA,

entre outras saídas.

3) No dia 10.06.2015, BIG entrega R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor proveniente da

atividade ilícita da organização criminosa, para ARY FERREIRA DA COSTA FILHO.

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4) No dia 22.06.2015, BIG recebe R$ 15.000,00 (quinze mil reais), do caixa administrado por

CARLOS BEZERRA, valor proveniente da atividade ilícita da organização criminosa, em

virtude do seu aniversário, dia 23 de junho.

5) No dia 10.08.2015, BIG entrega R$ 100.000,00 (cem mil reais), valor proveniente da

atividade ilícita da organização criminosa, ao caixa paralelo de CARLOS BEZERRA para

esse realizar o pagamento de despesas de Magali, mãe de SÉRGIO CABRAL, e CARLOS

MIRANDA.

6) No dia 10.09.2015, BIG entregou R$90.000,00, valor proveniente da atividade ilícita da

organização criminosa, a CARLOS BEZERRA para efetuar pagamento de despesas com a

folha de pagamento e a mãe de SÉRGIO CABRAL.

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7) No dia 14.09.2015, BIG entregou R$ 54.500,00 (cinquenta e quatro mil e quinhetos reais),

valor proveniente da atividade ilícita da organização criminosa, a CARLOS BEZERRA para

ser entregue como destinatário final pessoa de codinome BD (codinome de SÉRGIO

CABRAL) e Déia prima (pessoa não identificada).

8) No dia 22.10.2015, BIG entregou R$ 200.000,0013 (duzentos mil reais), valor proveniente

da atividade ilícita da organização criminosa, a CARLOS BEZERRA para destinação

posterior aos pagamentos de familiares de SÉRGIO CABRAL e CARLOS MIRANDA.

9) No dia 18.02.2016, BIG entregou R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor proveniente da

atividade ilícita da organização criminosa, a CARLOS BEZERRA.

13 O termo usado por CARLOS BEZERRA para se referir ao valor repassado por BIG foi“Duque”. Na linguagem popular (gíria), em especial no jogo do bicho – costumeiramente jogadopor CARLOS BEZERRA - o termo “Duque” significa 200.http://diariosdeharveydent.blogspot.com.br/2011/04/pequeno-dicionario-prisional.html. No caso nãosão duzentos reais. São duzentos mil reais.

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Nos e-mails acima transcritos, chega-se à conclusão de que BIG

movimentou em 07 entregas e 02 retiradas de dinheiro em espécie o montante de R$

664.500,00 (seiscentos e sessenta e quatro mil e quinhentos reais), no período de setembro

de 2014 a fevereiro de 2016.

Além dos atos acima narrados, há outros atos de BIG como fornecedor de

valores a CARLOS BEZERRA como podemos ver abaixo:

1) Nos dias 08.07.2015 (R$ 100.000,00), 13.07.2015 (R$ 30.000,00), 14.07.2015 (R$

150.000,00), 22.07.2015 (R$ 200.000,00) e 23.07.2015(R$ 200.000,00), BIG entregou os

respectivos valores a CARLOS BEZERRA, valor proveniente da atividade ilícita da

organização criminosa.14

14 E-mail do dia 16.08.2015 descoberto na caixa de correio eletrônico de CARLOS BEZERRA, ondeconstam anotações referentes a contabilidade paralela da Organização Criminosa.

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2) Em dia não preciso, porém em julho de 2015, BIG recebeu R$ 15.000,00 (quinze mil

reais) de CARLOS BEZERRA valor proveniente da atividade ilícita da organização

criminosa.

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3) No dia 16.08.2015, BIG recebeu o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de CARLOS

BEZERRA, valor proveniente da atividade ilícita da organização criminosa.

4) No dia 20.01.2016, BIG entregou R$ 90.000,00 (noventa mil reais), valor proveniente da

atividade ilícita da organização criminosa, a CARLOS BEZERRA para o pagamento de

despesas de pessoas e familiares dos membros da organização.

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Nas quatro operações ilícitas acima listadas, foram ocultadas a origem e a

destinação de recursos que somam o valor de R$ 605.000,00 (seiscentos e cinco mil reais),

no período de agosto de 2015 a janeiro de 2016.

Somam-se ao acima exposto as 06 movimentações dos valores entregues

por meio dos irmãos doleiros RENATO e MARCELO CHEBAR a SÉRGIO DE CASTRO

OLIVEIRA (BIG), no período de agosto de 2014 a dezembro de 2014, no total de R$

1.055.000,00 (um milhão e cinquenta e cinco mil reais), constantes na planilha de controle

de caixa apresentada pelos colaboradores:

DATA DESCRIÇÃO MOVIMENTAÇÃO11/08/14 big -R$ 200.000,0007/11/14 big -R$ 55.000,0025/11/14 big -R$ 300.000,0026/11/14 big -R$ 100.000,0026/11/14 pegou big R$ 200.000,0001/12/14 botafogo big -R$ 200.000,00

As movimentações de propina da organização criminosa por intermédio de23/55

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SÉRGIO DE CASTRO OLIVEIRA (SERJÃO/BIG) listadas acima já foram objeto do

processo nº 2017.51.01.015979-2, e somam o valor de R$ 2.324.500,00 (dois milhões,

trezentos e vinte e quatro mil e quinhentos reais), no período de agosto de 2014 a fevereiro

de 2016, o que denota sua atuação efetiva como um dos operadores financeiros do grupo.

3.2. A utilização das empresas do grupo DIRIJA para a lavagem de dinheiro da

organização criminosa

Com o avanço das investigações, especialmente com a celebração de

acordo de colaboração premiada com JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO

MONTEIRO MARTINS, homologado nos autos do processo nº 0503054-49.2017.4.02.5101,

restou comprovado que SÉRGIO DE OLIVEIRA CABRAL SANTOS FILHO, ARY

FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”),

GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA e SONIA FERREIRA BATISTA

promoveram a lavagem de ativos utilizando o grupo DIRIJA, composto pelas empresas

DIRIJA NITEROI DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, BARRAFOR VEICULOS LTDA,

DISBARRA DISTRIBUIDORA BARRA DE VEICULOS LTDA, KLAHN MOTORS DIST DE

VEICULOS S. A, SPACE DIST.VEICULOS S/A e CARCOM (CARCRED) PROMOTORA DE

NEGOCIOS LTDA, as quais são administradas pelos dois colaboradores.

Essas operações de lavagem foram realizadas a pedido de um operador

financeiro da organização criminosa, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, com a

transferência de valores ou pagamentos de boletos, por uma das empresas do grupo

DIRIJA, em favor das empresas GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA),

administrada por CARLOS MIRANDA, FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA,

administrada por SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA

FALCI DE CASTRO OLIVEIRA e SFB APOIO ADMINISTRATIVO, administrada por SONIA

FERREIRA BATISTA.

O colaborador JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS conheceu ARY

FERREIRA DA COSTA FILHO por volta de 1994/1995, época em que ainda era sócio de

seu irmão ADRIANO MONTEIRO MARTINS.

No ano de 2006, JOÃO foi procurado por ARY FILHO, tendo este, a

mando de SÉRGIO CABRAL, solicitado que o grupo DIRIJA simulasse ter recebido24/55

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prestação de serviços das empresas GRALC, FALCI e SFB, para justificar a transferência de

valores para as mencionadas empresas.

Na sistemática estabelecida, que se estendeu de 2007 a 2014, ARY FILHO

realizava a entrega periódica para os representantes do grupo DIRIJA de dinheiro em

espécie e notas fiscais emitidas pelas empresas GRALC CONSULTORIA (LRG

AGROPECUÁRIA), de CARLOS MIRANDA, SFB APOIO ADMINISTRATIVO, de SONIA

FERREIRA BATISTA, e FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, de SÉRGIO DE

CASTRO OLIVEIRA e GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, e, em seguida

solicitava que JOÃO DO CARMO e seu filho JAIME LUIZ fizessem a transferência bancária

dos recursos para as referidas empresas como se estivessem fazendo pagamento por

prestação de serviços, que na realidade não existiam.

Os colaboradores JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO

MONTEIRO MARTINS assinavam os documentos que fossem necessários, fornecidos por

ARY e davam as ordens para a transferência dos valores. Saliente-se que as empresas

GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA), SFB APOIO ADMINISTRATIVO e FALCI

CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA nunca prestaram nenhum serviço para o

GRUPO DIRIJA, sendo certo que ARY providenciou os contratos fictícios para que os

colaboradores assinassem, de modo a dar respaldo documental aos pagamentos efetuados.

O modus operandi adotado para o branqueamento de recursos seguiu

padrão semelhante ao revelado na Operação Mascate, consoante detalhado pelos

colaboradores e sintetizado no seguinte trecho do depoimento de JOÃO DO CARMO

MONTEIRO MARTINS:

“QUE conheceu ARY FERREIRA DA COSTA FILHO por volta de 1994/1995;QUE o primeiro contato foi intermediado por ANTONIO JOSÉ, que erafuncionário público na região de Jacarepaguá; QUE nessa época ainda erasócio de seu irmão ADRIANO MONTEIRO MARTINS, sobrinho ADRIANOJOSÉ REIS MARTINS e ANTONIO JOSÉ TRINDADE, em um grupoeconômico único, GRUPO DIRIJA; QUE naquela época cada membro dafamília ficava à frente de uma das empresas; QUE nesse período todo ocontato com o ARY era feito por intermédio do irmão, do sobrinho e do sócioANTONIO JOSÉ TRINDADE; QUE no ano de 2000 houve a cisão total dogrupo de família; QUE o declarante e seu filho ficaram com a empresaDIRIJA, enquanto os outros sócios ficaram com os grupos EUROBARRA eAMÉRICAS; QUE mesmo após a cisão do grupo, o declarante mantevecerto contato com ARY, que, de vez em quando, procurava a empresasolicitando consertos de carros, sem pagar pelo serviço; QUE, em 2006,ARY procurou o declarante pedindo ajuda para a campanha de SÉRGIO

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CABRAL ao Governo do Estado do Rio de Janeiro; QUE o declaranteauxiliou com empréstimo de carros para a campanha; QUE, em 2007, ARYprocurou o declarante, a pedido do Governador, solicitando um favor; QUE ofavor consistia em receber dinheiro em espécie e notas fiscais, respaldadaspor contratos “fictícios”, e que o declarante deveria internalizar essesrecursos na contabilidade da empresa e posteriormente repassar paraempresas indicadas; QUE o declarante, mesmo ciente da ilicitude, achou porbem atender ao pedido por receio de possíveis retaliações do governoestadual; QUE ARY se mostrava uma pessoa muito influente no governoestadual; QUE ARY levava o dinheiro em espécie, junto com as notas fiscaisdas empresas beneficiadas pelo esquema, para que os recursos fosseminternalizados no caixa do GRUPO DIRIJA e posteriormente transferidospara empresas indicadas pelo ARY; QUE ARY agendava os encontros pormeio da secretária Rosane, solicitando marcar um café com o declarante;QUE ARY também ligava para o telefone celular pessoal do declarante paramarcar a entrega do dinheiro; QUE o declarante se compromete aapresentar posteriormente o número dessa linha telefônica que recebia asligações; QUE ARY entregava o dinheiro em espécie, com a nota fiscal, onome da empresa que deveria ser beneficiada e a conta-corrente para atransferência; QUE o declarante assinava os documentos que fossemnecessários, fornecidos pelo ARY e dava as ordens para o processamentointerno na empresa; QUE ARY frequentemente ligava cobrando o repasse dodinheiro para as empresas indicadas; QUE não se recorda das empresasGRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA), SFB APOIOADMINISTRATIVO e FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA;QUE, com a deflagração da “Operação Calicute”, o filho do declarante fezum levantamento desses pagamentos e empresas indicadas pelo ARY; QUEnunca teve contato com qualquer sócio dessas empresas e nem com osbeneficiários; QUE essas empresas nunca prestaram nenhum serviço para oGRUPO DIRIJA; QUE o ARY levava também contratos fictícios para que odeclarante assinasse, para dar respaldo documental aos pagamentosefetuados às empresas indicadas pelo ARY; QUE a empresa do declarantenão teve qualquer benefício econômico com essas práticas; QUE emprestoutambém cinco carros para a campanha de 2010; QUE não conheceCARLOS MIRANDA, sócio-gerente da GRALC CONSULTORIA; QUE nãoconhece SONIA FERREIRA BATISTA, sócia da empresa SFB APOIOADMINISTRATIVO; QUE não conhece SERGIO DE CASTRO OLIVERA ouqualquer dos sócios da empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS ECONSULTORIA; QUE ARY agendava os encontros com a SecretáriaROSANE, que até hoje trabalha na empresa DIRIJA, pelo telefone 3527-9137/9136;”

Como narrado, as operações articuladas por ARY FERREIRA DA COSTA

FILHO tinham o objetivo de dar aparência de licitude ao dinheiro em espécie arrecadado

pela organização criminosa, por meio da sua inserção no caixa de empresas com grande

volume de movimentações financeiras e posterior repasse para pessoas jurídicas vinculadas

aos beneficiários, tendo respaldo em alguns contratos fictícios, referentes à prestação de

serviços que não foram executados.

No mesmo sentido, as informações trazidas por JAIME LUIZ MARTINS:

“QUE conheceu ARY FERREIRA DA COSTA FILHO por volta de 1994/1995,que frequentava a empresa pela relação pessoal com o tio ADRIANOMONTEIRO MARTINS e primo ADRIANO JOSÉ REIS MARTINS e ANTONIO

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JOSÉ TRINDADE, que eram sócios do declarante e de seu pai no chamadoGRUPO DIRIJA; QUE naquela época cada membro da família ficava à frentede uma das empresas; QUE nesse período todo o contato com o ARY erafeito por intermédio do tio, do primo e do sócio ANTONIO JOSÉ TRINDADE;QUE no ano de 2000 houve a cisão total do grupo de família, quando odeclarante perdeu o contato com os outros membros da família e com ARYpor conseguinte; QUE o declarante e seu pai ficaram com a empresaDIRIJA, enquanto os primos ficaram com os grupos EUROBARRA eAMÉRICAS; QUE, em 2006, ARY procurou seu pai pedindo ajuda para acampanha de SÉRGIO CABRAL ao Governo do Estado do Rio de Janeiro;QUE acredita que o pai auxiliou com empréstimo de carros para acampanha, mas não sabe de detalhes porque toda a negociação foiconduzida pelo pai; QUE, em 2007, seu pai lhe contou que ARY esteve naempresa a pedido do Governador, solicitando um favor; QUE o favorconsistia em receber dinheiro em espécie e notas fiscais, respaldadas porcontratos “fictícios”; internalizar esses recursos na contabilidade da empresae posteriormente repassar para empresas indicadas; QUE o pai dodeclarante, mesmo ciente da ilicitude, achou por bem atender ao pedido porreceio de possíveis retaliações do governo estadual; QUE ARY levava odinheiro em espécie, junto com as notas fiscais das empresas beneficiadaspelo esquema, para que os recursos fossem internalizados no caixa doGRUPO DIRIJA e posteriormente transferidos para empresas indicadas peloARY; QUE ARY agendava os encontros com o pai do declarante e entregavao dinheiro em espécie, com a nota fiscal, o nome da empresa que deveriaser beneficiada e a conta-corrente para a transferência; QUE seu paiassinava os documentos que fossem necessários, fornecidos pelo ARY edava as ordens para o processamento interno na empresa; QUE, com adeflagração da “Operação Calicute”, o declarante fez um levantamentodessas operações e empresas indicadas pelo ARY; QUE, após a suacondução coercitiva e diante das perguntas sobre as empresas GRALCCONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA), SFB APOIO ADMINISTRATIVO eFALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, das quais não selembrava, resolveu fazer o levantamento; QUE nunca teve contato comqualquer sócio dessas empresas e nem com os beneficiários; QUE essasempresas nunca prestaram nenhum serviço para o GRUPO DIRIJA; QUE oARY levava também contratos fictícios para que o pai do declaranteassinasse, para dar respaldo documental aos pagamentos efetuados àsempresas indicadas pelo ARY; QUE esclarece que os contratosnormalmente firmados pelo GRUPO DIRIJA eram assinados por doisrepresentantes da empresa, mas nos contratos de ARY, apenas o pai dodeclarante assinou; QUE os pagamentos para a FALCI ocorreram no períodode dezembro de 2009 a maio de 2011, totalizando R$1.145.000,00; QUE aGRALC recebeu pagamentos desde setembro de 2007 a agosto de 2014,totalizando R$7.710.000,00; QUE a SFB recebeu pagamentos de setembrode 2013 a agosto de 2014, totalizando R$160.000,00; QUE a empresa dodeclarante não teve qualquer benefício econômico com essas práticas; QUEa empresa também estava toda regularizada, não tinha irregularidadestributárias que justificassem o receio pela fiscalização; QUE acredita que seupai tenha tido receio pelo fato de ARY ser uma pessoa “perigosa”; QUE, nopassado, quando o grupo era unido ao tio e ao primo tiveram algunsproblemas fiscais, que chegaram ao conhecimento do declarante após acisão do grupo; QUE as empresas foram autuadas pela Receita e aderiramao REFIS; QUE após essa autuação, o Grupo Dirija teve que reformular suacontabilidade, para sanar as irregularidades escriturárias anteriores; QUE oJuízo da recuperação judicial determinou a realização de auditoria fiscal naempresa, a qual constatou a regularidade da contabilidade da empresa edeferiu o pedido de recuperação judicial; QUE não conhece o CARLOSMIRANDA, sócio-gerente da GRALC CONSULTORIA; QUE não conheceSONIA FERREIRA BATISTA, sócia da empresa SFB APOIOADMINISTRATIVO; QUE não conhece SERGIO DE CASTRO OLIVERA ouqualquer dos sócios da empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS ECONSULTORIA; QUE ARY agendava os encontros com a Secretária

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ROSANE, que até hoje trabalha na empresa DIRIJA, pelo telefone 3527-9137”.

Conforme esclarecido pelos colaboradores, com a deflagração da

Operação Calicute, levantaram as operações do grupo DIRIJA e as empresas indicadas por

ARY, tendo encontrado grande volume de transferências e pagamentos de boletos em favor

das empresas GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA), SFB APOIO

ADMINISTRATIVO e FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, sem que tivesse

havido qualquer prestação de serviços.

3.3. Conjunto de fatos 01: lavagem de dinheiro com a transferência de valores das

empresas do grupo DIRIJA para a empresa GRALC CONSULTORIA (LRG

AGROPECUÁRIA)

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO

CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de SÉRGIO CABRAL, entre 10

de outubro de 2007 e 22 de agosto de 2014, em 165 (cento e sessenta e cinco)

oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis milhões oitocentos e cinquenta e

oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis centavos), convertendo em ativos lícitos o

produto de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa, por meio da

transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, composto pelas empresas DIRIJA NITEROI

DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA (25 pagamentos), BARRAFOR VEÍCULOS LTDA (43

pagamentos), DISBARRA DISTRIBUIDORA BARRA DE VEICULOS LTDA (42 pagamentos),

KLAHN MOTORS DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S.A (26 pagamentos), SPACE

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (24 pagamentos) e CARCOM (CARCRED)

PROMOTORA DE NEGOCIOS LTDA. (5 pagamentos), administradas por JAIME LUIZ e

JOÃO DO CARMO, para a empresa GRALC/LRG AGROPECUÁRIA, com a justificativa de

prestação de serviços de consultoria inexistente (Conjunto de Fatos 01 – Lavagem de

Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Em outubro de 2007, após ARY FERREIRA DA COSTA FILHO ter

procurado o colaborador JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, a pedido do então

Governador SÉRGIO CABRAL, solicitando ajuda que consistia em receber dinheiro em

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espécie e notas fiscais, relacionadas a contratos fictícios de consultoria da empresa

GRALC/LRG AGROPECUÁRIA, as empresas do Grupo DIRIJA passaram a internalizar os

recursos ilícitos em sua contabilidade e posteriormente transferir recursos para a empresa

GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA).

ARY FERREIRA DA COSTA FILHO levava o dinheiro em espécie, junto

com as notas fiscais das empresas beneficiadas pelo esquema, para que os recursos

fossem internalizados no caixa do GRUPO DIRIJA e posteriormente transferidos para

empresas indicadas por ARY.

Seguindo essa sistemática, foram feitas, entre 10 de outubro de 2007 e 22

de agosto de 2014, 165 (cento e sessenta e cinco) transferências ou pagamentos de

boletos em favor da empresa GRALC CONSULTORIA (LRG AGROPECUÁRIA), assim

especificadas:

Quant Titular da

conta de

origem

Data da

transferência

Valor Titular da

conta de

destino

Referência

1 Barrafor 10/10/2007 4.277,50 Gralc SIMBA2 Disbarra 16/11/2007 4.900,00 Gralc SIMBA3 Disbarra 16/11/2007 4.485,00 Gralc SIMBA4 Barrafor 08/06/2009 23.462,50 Gralc Fls 62 documento 15 Disbarra 08/06/2009 23.462,50 Gralc Fls 107 documento 16 Barrafor 08/06/2009 16.204,97 Gralc SIMBA7 Disbarra 08/06/2009 10.803,29 Gralc SIMBA8 Barrafor 22/07/2009 23.462,50 Gralc Fls 54 documento 19 Disbarra 22/07/2009 23.462,50 Gralc Fls 114 documento 110 Barrafor 22/07/2009 16.204,96 Gralc SIMBA11 Disbarra 22/07/2009 10.803,31 Gralc SIMBA12 Barrafor 21/08/2009 23.462,50 Gralc Fls 58 documento 113 Disbarra 21/08/2009 23.462,50 Gralc Fls 111 documento 114 Barrafor 21/08/2009 16.204,97 Gralc SIMBA15 Barrafor 21/08/2009 16.204,97 Gralc SIMBA16 Disbarra 21/08/2009 10.803,29 Gralc SIMBA17 Disbarra 21/08/2009 10.803,29 Gralc SIMBA18 Dirija 24/08/2009 37.540,00 Gralc Fls 86 documento 119 Barrafor 25/08/2009 23.462,50 Gralc Fls 85 documento 120 Disbarra 25/08/2009 23.462,50 Gralc Fls 119 documento 121 Dirija 27/08/2009 37.540,00 Gralc Fls 154 documento 122 Barrafor 22/10/2009 23.462,50 Gralc Fls 55 documento 123 Disbarra 22/10/2009 23.462,50 Gralc Fls 115 documento 1

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24 Dirija 22/10/2009 37.540,00 Gralc Fls 151 documento 125 Barrafor 22/10/2009 16.204,97 Gralc SIMBA26 Disbarra 22/10/2009 10.803,29 Gralc SIMBA27 Dirija 09/11/2009 37.540,00 Gralc Fls 152 documento 128 Barrafor 09/11/2009 16.204,97 Gralc SIMBA29 Disbarra 09/11/2009 10.803,29 Gralc SIMBA30 Barrafor 30/11/2009 23.462,50 Gralc Fls 80 documento 131 Barrafor 30/11/2009 23.462,50 Gralc Fls 81 documento 132 Disbarra 30/11/2009 23.462,50 Gralc Fls 122 documento 133 Disbarra 30/11/2009 23.462,50 Gralc Fls 123 documento 134 Dirija 30/11/2009 37.540,00 Gralc Fls 153 documento 135 Barrafor 30/12/2009 23.462,50 Gralc Fls 79 documento 136 Disbarra 30/12/2009 23.462,50 Gralc Fls 124 documento 137 Dirija 30/12/2009 37.540,00 Gralc Fls 150 documento 138 Barrafor 30/12/2009 16.204,97 Gralc SIMBA39 Disbarra 30/12/2009 10.803,29 Gralc SIMBA40 Barrafor 08/01/2010 16.204,97 Gralc SIMBA41 Disbarra 08/01/2010 10.803,29 Gralc SIMBA42 Barrafor 22/01/2010 23.462,50 Gralc Fls 57 documento 143 Disbarra 22/01/2010 23.462,50 Gralc Fls 113 documento 144 Dirija 29/01/2010 37.540,00 Gralc Fls 149 documento 145 Barrafor 26/02/2010 16.204,97 Gralc SIMBA46 Disbarra 26/02/2010 10.803,29 Gralc SIMBA47 Barrafor 24/03/2010 23.462,50 Gralc Fls 51 documento 148 Barrafor 24/03/2010 23.462,50 Gralc Fls 52 documento 149 Disbarra 24/03/2010 23.462,50 Gralc Fls 117 documento 150 Disbarra 24/03/2010 23.462,50 Gralc Fls 118 documento 151 Dirija 24/03/2010 37.540,00 Gralc Fls 148 documento 152 Barrafor 24/03/2010 16.204,97 Gralc SIMBA53 Disbarra 24/03/2010 10.803,29 Gralc SIMBA54 Klahn 24/03/2010 16.204,97 Gralc SIMBA55 Space 24/03/2010 16.204,97 Gralc SIMBA56 Barrafor 24/03/2010 23.462,50 Gralc Planilha empresa57 Dirija 29/03/2010 37.540,00 Gralc Fls 146 documento 158 Barrafor 16/04/2010 23.462,50 Gralc Fls 60 documento 159 Disbarra 16/04/2010 23.462,50 Gralc Fls 109 documento 160 Dirija 16/04/2010 37.540,00 Gralc Fls 145 documento 161 Barrafor 16/04/2010 17.831,50 Gralc SIMBA62 Barrafor 16/04/2010 17.831,50 Gralc SIMBA63 Disbarra 16/04/2010 12.200,50 Gralc SIMBA64 Disbarra 16/04/2010 12.200,50 Gralc SIMBA65 Klahn 16/04/2010 16.204,97 Gralc SIMBA66 Klahn 16/04/2010 16.204,97 Gralc SIMBA67 Space 16/04/2010 16.204,97 Gralc SIMBA68 Space 16/04/2010 16.204,97 Gralc SIMBA69 Disbarra 19/05/2010 12.200,50 Gralc SIMBA70 Klahn 20/05/2010 16.204,96 Gralc SIMBA71 Space 27/05/2010 16.204,97 Gralc SIMBA72 Barrafor 28/05/2010 17.831,50 Gralc SIMBA

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73 Dirija 15/06/2010 37.540,00 Gralc Fls 144 documento 174 Dirija 28/06/2010 37.540,00 Gralc Fls 143 documento 175 Barrafor 28/06/2010 17.831,50 Gralc SIMBA76 Disbarra 28/06/2010 12.200,50 Gralc SIMBA77 Klahn 28/06/2010 16.204,97 Gralc SIMBA78 Space 28/06/2010 16.204,97 Gralc SIMBA79 Dirija 16/07/2010 37.540,00 Gralc Fls 142 documento 180 Barrafor 28/07/2010 37.540,00 Gralc Planilha empresa81 Disbarra 28/07/2010 37.540,00 Gralc Planilha empresa82 Barrafor 20/08/2010 37.540,00 Gralc Fls 59 documento 183 Dirija 20/08/2010 37.540,00 Gralc Fls 77 documento 184 Disbarra 20/08/2010 37.540,00 Gralc Fls 110 documento 185 Barrafor 08/10/2010 37.540,00 Gralc Fls 61 documento 186 Dirija 08/10/2010 37.540,00 Gralc Fls 75 documento 187 Disbarra 08/10/2010 37.540,00 Gralc Fls 108 documento 188 Barrafor 03/11/2010 37.540,00 Gralc Fls 63 documento 189 Dirija 03/11/2010 37.540,00 Gralc Fls 94 documento 190 Disbarra 03/11/2010 37.540,00 Gralc Fls 106 documento 191 Dirija 17/12/2010 37.540,00 Gralc Planilha empresa92 Dirija 20/12/2010 37.540,00 Gralc Fls 91 documento 193 Disbarra 21/12/2010 37.540,00 Gralc Fls 112 documento 194 Barrafor 22/12/2010 37.540,00 Gralc Fls 56 documento 195 Barrafor 28/12/2010 37.540,00 Gralc Fls 82 documento 196 Disbarra 30/12/2010 37.540,00 Gralc Fls 125 documento 197 Barrafor 23/02/2011 37.540,00 Gralc Fls 53 documento 198 Disbarra 23/02/2011 37.540,00 Gralc Fls 116 documento 199 Dirija 23/02/2011 37.540,00 Gralc Planilha empresa

100 Dirija 28/02/2011 37.540,00 Gralc Fls 87 documento 1101 Disbarra 28/02/2011 37.540,00 Gralc Fls 120 documento 1102 Barrafor 01/03/2011 37.540,00 Gralc Fls 74 documento 1103 Barrafor 24/03/2011 37.540,00 Gralc Fls 1 documento 1104 Disbarra 24/03/2011 37.540,00 Gralc Fls 97 documento 1105 Dirija 24/03/2011 37.540,00 Gralc Fls 140 documento 1106 Dirija 20/04/2011 37.540,00 Gralc Fls 141 documento 1107 Barrafor 28/04/2011 37.540,00 Gralc Fls 2 documento 1108 Disbarra 28/04/2011 37.540,00 Gralc Fls 95 documento 1109 Barrafor 24/05/2011 37.540,00 Gralc Fls 84 documento 1110 Dirija 24/05/2011 37.540,00 Gralc Fls 138 documento 1111 Disbarra 31/05/2011 37.540,00 Gralc Fls 126 documento 1112 Barrafor 20/06/2011 35.663,00 Gralc SIMBA113 Klahn 20/06/2011 32.409,94 Gralc SIMBA114 Disbarra 22/06/2011 37.540,00 Gralc Fls 96 documento 1115 Barrafor 22/06/2011 37.540,00 Gralc Fls 72 documento 1116 Dirija 22/06/2011 37.540,00 Gralc Fls 137 documento 1117 Barrafor 27/07/2011 37.540,00 Gralc Fls 83 documento 1118 Disbarra 28/07/2011 37.540,00 Gralc Fls 121 documento 1119 Dirija 29/07/2011 37.540,00 Gralc Fls 88 documento 1120 Klahn 30/08/2011 56.310,00 Gralc Fls 40 documento 1121 Space 31/08/2011 56.310,00 Gralc Fls 7 documento 1

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122 Klahn 14/10/2011 56.310,00 Gralc Fls 21 documento 1123 Space 14/10/2011 56.310,00 Gralc Planilha empresa124 Klahn 09/11/2011 56.310,00 Gralc Fls 23 documento 1125 Space 09/11/2011 56.310,00 Gralc Planilha empresa126 Space 08/12/2011 32.409,94 Gralc SIMBA127 Space 08/12/2011 32.409,94 Gralc SIMBA128 Klahn 08/12/2011 32.409,94 Gralc SIMBA129 Barrafor 09/12/2011 35.663,00 Gralc SIMBA130 Disbarra 09/12/2011 24.401,00 Gralc SIMBA131 Space 12/12/2011 56.310,00 Gralc Fls 10 documento 1132 Klahn 12/12/2011 56.310,00 Gralc Fls 35 documento 1133 Klahn 27/12/2011 56.310,00 Gralc Fls 22 documento 1134 Space 16/01/2012 56.310,00 Gralc Fls 9 documento 1135 Klahn 16/01/2012 56.310,00 Gralc Fls 36 documento 1136 Klahn 17/02/2012 56.310,00 Gralc Fls 20 documento 1137 Space 17/02/2012 56.310,00 Gralc Planilha empresa138 Space 20/03/2012 56.310,00 Gralc Fls 8 documento 1139 Klahn 20/03/2012 56.310,00 Gralc Fls 37 documento 1140 Klahn 19/04/2012 56.310,00 Gralc Planilha empresa141 Klahn 14/05/2012 112.620,00 Gralc Fls 34 documento 1142 Klahn 18/06/2012 112.620,00 Gralc Fls 19 documento 1143 Klahn 02/07/2012 112.620,00 Gralc Fls 18 documento 1144 Klahn 06/08/2012 112.620,00 Gralc Fls 31 documento 1145 Klahn 12/09/2012 112.620,00 Gralc Fls 33 documento 1146 Klahn 10/10/2012 112.620,00 Gralc Fls 30 documento 1147 Klahn 26/11/2012 112.620,00 Gralc Fls 38 documento 1148 Klahn 10/12/2012 112.620,00 Gralc Fls 29 documento 1149 Klahn 30/01/2013 112.620,00 Gralc Fls 39 documento 1150 Space 04/03/2013 112.620,00 Gralc Fls 12 documento 1151 Klahn 04/03/2013 112.620,00 Gralc Fls 32 documento 1152 Space 02/04/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa153 Space 23/05/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa154 Space 31/05/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa155 Space 28/06/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa156 Space 16/08/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa157 Space 21/08/2013 112.620,00 Gralc Planilha empresa158 Space 30/09/2013 93.850,00 Gralc Planilha empresa159 Space 18/11/2013 93.850,00 Gralc Planilha empresa160 Space 12/12/2013 93.850,00 Gralc Planilha empresa161 Carcred 06/01/2014 93.850,00 Gralc Fls 136 documento 1162 Carcred 03/02/2014 93.850,00 Gralc Planilha empresa163 Carcred 14/03/2014 93.850,00 Gralc Fls 132 documento 1164 Carcred 10/04/2014 93.850,00 Gralc Fls 131 documento 1165 Carcred 22/08/2014 93.850,00 Gralc Fls 128 documento 1

Total: 165 ocorrências no valor total de R$ 6.858.692,06.

Para justificar a transferência dos mencionados valores, foram celebrados

contratos fictícios de consultoria entre a empresa GRALC e empresas do grupo DIRIJA. Os

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colaboradores conseguiram localizar um contrato de prestação de serviços fictícios de

assessoria empresarial pela GRALC CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. à DIRIJA

NITERÓI – DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA., celebrado em 01/08/2007, com

remuneração no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), parcelado em 05

(cinco) vezes em parcelas iguais e sucessivas de R$ 30.000,00 (trinta mil reais):

A empresa GRALC CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA., cujo nome

atual é LRG AGROPECUÁRIA LTDA., pertence a CARLOS MIRANDA, e foi criada

exclusivamente com o intuito de lavar dinheiro da propina de SÉRGIO CABRAL.

Em que pese o expressivo volume de recursos recebidos, não há qualquer

documento que indique ter havido qualquer trabalho realizado pela empresa GRALC em

favor das empresas do grupo DIRIJA, de modo que a transferência de valores se deu,

unicamente, para a lavagem dos recursos ilícitos provenientes da organização criminosa.

Diante dos fatos expostos, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, JAIME

LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência

de SÉRGIO CABRAL, praticaram 165 (cento e sessenta e cinco) atos de lavagem de

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dinheiro, de forma reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 10 de outubro

de 2007 e 22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a

origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis

milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis centavos),

estando incursos nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

3.4. Conjunto de fatos 02: lavagem de dinheiro com a transferência de valores das

empresas do grupo DIRIJA para a empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E

CONSULTORIA

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA

(“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, JAIME LUIZ MARTINS

e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de SÉRGIO

CABRAL entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de 2011, em 39 (trinta e nove)

oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e quatro mil

quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), convertendo em ativos lícitos o

produto de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa, por meio da

transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, em especial pelas empresas DIRIJA NITEROI

DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA (7 pagamentos), BARRAFOR VEÍCULOS LTDA (11

pagamentos), DISBARRA DISTRIBUIDORA BARRA DE VEICULOS LTDA (11 pagamentos),

KLAHN MOTORS DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S.A (5 pagamentos) e SPACE

DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (5 pagamentos), administradas por JAIME LUIZ e

JOÃO DO CARMO, para a empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA,

comandada por SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”) e GLADYS SILVA

FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, com a justificativa de prestação de serviços de advocacia

inexistente (Conjunto de Fatos 02 – Lavagem de Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Em dezembro de 2009, após ARY FERREIRA DA COSTA FILHO ter

procurado o colaborador JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, a pedido do então

Governador SÉRGIO CABRAL, solicitando ajuda que consistia em receber dinheiro em

espécie e notas fiscais, relacionadas a contratos fictícios de advocacia da empresa FALCI

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CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, as empresas do Grupo DIRIJA passaram a

internalizar os recursos ilícitos em sua contabilidade e posteriormente transferir recursos

para a empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, pertencente aos

denunciados SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”) e GLADYS SILVA FALCI

DE CASTRO OLIVEIRA.

ARY FERREIRA DA COSTA FILHO levava o dinheiro em espécie, junto

com as notas fiscais das empresas beneficiadas pelo esquema, para que os recursos

fossem internalizados no caixa do GRUPO DIRIJA e posteriormente transferidos para

empresas indicadas por ARY.

Seguindo essa sistemática, foram feitas, entre 30 de dezembro de 2009 e

02 de maio de 2011, 39 (trinta e nove) transferências ou pagamentos de boletos em favor da

empresa FALCI CASTRO ADVOGADOS E CONSULTORIA, assim especificadas:

Quant Titular da

conta de

origem

Data Valor Titular da

conta de

destino

Referência

1 Space 30/12/2009 28.155,00 Falci Fls 13 documento 12 Klahn 30/12/2009 28.155,00 Falci Fls 24 documento 13 Space 25/01/2010 28.155,00 Falci Fls 14 documento 14 Klahn 25/01/2010 28.155,00 Falci Fls 25 documento 15 Space 24/03/2010 28.155,00 Falci Fls 15 documento 16 Space 24/03/2010 28.155,00 Falci Fls 16 documento 17 Klahn 24/03/2010 28.155,00 Falci Fls 26 documento 18 Klahn 24/03/2010 28.155,00 Falci Fls 27 documento 19 Space 16/04/2010 28.155,00 Falci Fls 17 documento 110 Klahn 16/04/2010 28.155,00 Falci Fls 28 documento 111 Barrafor 27/05/2010 23.462,50 Falci Planilha Empresa12 Disbarra 16/06/2010 23.462,50 Falci Fls 99 documento 113 Barrafor 28/06/2010 23.462,50 Falci Fls 65 documento 114 Disbarra 28/06/2010 23.462,50 Falci Fls 105 documento 115 Barrafor 16/07/2010 23.462,50 Falci Fls 69 documento 116 Disbarra 16/07/2010 23.462,50 Falci Fls 100 documento 117 Dirija 28/07/2010 37.540,00 Falci Planilha Empresa18 Barrafor 20/08/2010 23.462,50 Falci Fls 67 documento 119 Dirija 20/08/2010 37.540,00 Falci Fls 78 documento 120 Disbarra 20/08/2010 23.462,50 Falci Fls 102 documento 121 Dirija 08/10/2010 37.540,00 Falci Fls 76 documento 122 Barrafor 03/11/2010 23.462,50 Falci Fls 64 documento 1

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23 Disbarra 03/11/2010 23.462,50 Falci Fls 127 documento 124 Barrafor 10/11/2010 23.462,50 Falci Fls 70 documento 125 Dirija 10/11/2010 37.540,00 Falci Fls 93 documento 126 Disbarra 10/11/2010 23.462,50 Falci Fls 98 documento 127 Disbarra 13/12/2010 23.462,50 Falci Planilha Empresa28 Barrafor 14/12/2010 23.462,50 Falci Fls 71 documento 129 Disbarra 14/12/2010 37.540,00 Falci Fls 139 documento 130 Dirija 15/12/2010 37.540,00 Falci Fls 92 documento 131 Barrafor 16/12/2010 23.462,50 Falci Fls 68 documento 132 Disbarra 16/12/2010 23.462,50 Falci Fls 101 documento 133 Barrafor 23/02/2011 23.462,50 Falci Fls 66 documento 134 Dirija 23/02/2011 37.540,00 Falci Fls 90 documento 135 Disbarra 23/02/2011 23.462,50 Falci Fls 103 documento 136 Dirija 28/02/2011 37.540,00 Falci Fls 89 documento 137 Disbarra 28/02/2011 23.462,50 Falci Fls 104 documento 138 Barrafor 01/03/2011 23.462,50 Falci Fls 73 documento 139 Barrafor 02/05/2011 23.462,50 Falci Fls 3 documento 1

Total: 39 ocorrências, totalizando R$ 1.074.582,50.

Para justificar a transferência dos mencionados valores, foram celebrados

contratos de prestação de serviços fictícios de consultoria e assessoria jurídica pela FALCI E

CASTRO ADVOCACIA E CONSULTORIA à SPACE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS S/A e

à KLAHN DISTRIBUIDORA DE VEÍCUYLOS S/A, ambos datados em 01/12/2009, assinados

por GLADYS, esposa de SERJÃO, previam remuneração de R$ 30.000,000 mensais:

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Conforme reconhecido pelos colaboradores, os referidos serviços dos

contratos em referência nunca foram prestados, tendo sido assinados formalmente com

a única intenção de dar aparência lícita às transferências de valores para a empresa FALCI

& CASTRO.

Em que pese o expressivo volume de recursos recebidos, não há qualquer

documento que indique ter havido qualquer trabalho realizado pela empresa FALCI &

CASTRO em favor das empresas do grupo DIRIJA, de modo que a transferência de valores

se deu, unicamente, para a lavagem dos recursos ilícitos provenientes da organização

criminosa.

Saliente-se que no e-mail de CARLOS BEZERRA, um dos integrantes da

organização criminosa, foi localizada a orientação de depósito na conta da FALCI

ADVOGADOS, o que denota a utilização da mencionada empresa para a lavagem de

recursos do grupo:

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Convém ressaltar a atuação de SÉRGIO DE CASTRO OLIVEIRA (BIG)

como operador financeiro da organização criminosa capitaneada por SÉRGIO CABRAL. A

esposa de BIG, GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA, assinou os contratos

fictícios de prestação de serviços às empresas do grupo DIRIJA sem que houvesse qualquer

ato praticado em favor dessas empresas.

Ademais, em outros e-mails de CARLOS BEZERRA ficou registrada a

existência de orientações para que SERJÃO entregasse dinheiro para ARY, o que confirma

a atuação conjunta dos denunciados:

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Diante dos fatos expostos, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SÉRGIO

CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”), GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO

OLIVEIRA, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob

orientação e anuência de SÉRGIO CABRAL, praticaram 39 (trinta e nove) atos de lavagem

de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 30 de

dezembro de 2009 e 02 de maio de 2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e

dissimular a origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50

(um milhão e setenta e quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos),

estando incursos nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

3.5. Conjunto de fatos 03: lavagem de dinheiro com a transferência de valores das

empresas do grupo DIRIJA para a empresa SFB APOIO ADMINISTRATIVO

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, cartel e fraude a

licitações, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SONIA FERREIRA BATISTA, JAIME LUIZ

MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, sob orientação e anuência de

SÉRGIO CABRAL, entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, em 8 (oito)

oportunidades distintas, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza, disposição,

movimentação e a propriedade de R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil quinhentos e

quarenta reais), convertendo em ativos lícitos o produto de crimes de corrupção praticados

pela organização criminosa, por meio da transferência de recursos do GRUPO DIRIJA, em

especial pelas empresas SPACE DISTRIBUIDORA DE VEÍCULO S/A (3 pagamentos) e

CARCOM (CARCRED) PROMOTORA DE NEGOCIOS LTDA. (5 pagamentos),

administradas por JAIME LUIZ e JOÃO DO CARMO, para a empresa SFB APOIO

ADMINISTRATIVO, administrada por SONIA FERREIRA BATISTA, com a justificativa de

prestação de serviços de consultoria inexistente (Conjunto de Fatos 03 – Lavagem de

Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Em setembro de 2013, após ARY FERREIRA DA COSTA FILHO ter

procurado o colaborador JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, a pedido do então

Governador SÉRGIO CABRAL, solicitando ajuda que consistia em receber dinheiro em

espécie e notas fiscais, relacionadas a contratos fictícios de consultoria da empresa SFB

APOIO ADMINISTRATIVO, as empresas do Grupo DIRIJA passaram a internalizar os

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recursos ilícitos em sua contabilidade e posteriormente transferir recursos para a empresa

SFB APOIO ADMINISTRATIVO, pertencente a denunciada SONIA FERREIRA BATISTA.

ARY FERREIRA DA COSTA FILHO levava o dinheiro em espécie, junto

com as notas fiscais das empresas beneficiadas pelo esquema, para que os recursos

fossem internalizados no caixa do GRUPO DIRIJA e posteriormente transferidos para

empresas indicadas por ARY.

Seguindo essa sistemática, foram feitas, entre 30 de setembro de 2013 e

22 de agosto de 2014, 8 (oito) transferências ou pagamentos de boletos em favor da

empresa SFB APOIO ADMINISTRATIVO, assim especificadas:

Quant Titular da

conta de

origem

Data Valor Titular da

conta de

destino

Referência

1 Space 30/09/2013 18.770,00 SFB Fls 6 documento 12 Space 18/11/2013 18.770,00 SFB Planilha Empresa3 Space 12/12/2013 20.000,00 SFB Planilha Empresa4 Carcred 06/01/2014 20.000,00 SFB Fls 135 documento

15 Carcred 03/02/2014 20.000,00 SFB Fls 134 documento

16 Carcred 14/03/2014 20.000,00 SFB Fls 133 documento

17 Carcred 10/04/2014 20.000,00 SFB Fls 130 documento

18 Carcred 22/08/2014 20.000,00 SFB Fls 129 documento

1Total: 8 ocorrências, totalizando R$ 157.540,00

Em que pese o expressivo volume de recursos recebidos, não há qualquer

documento que indique ter havido qualquer trabalho realizado pela empresa SFB APOIO

ADMINISTRATIVO em favor das empresas do grupo DIRIJA, de modo que a transferência

de valores se deu, unicamente, para a lavagem dos recursos ilícitos provenientes da

organização criminosa.

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A propósito, pesquisas na base de dados da Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS/MTE) demonstraram que a empresa SFB APOIO

ADMINISTRATIVO EIRELI, cuja única sócia é a denunciada SONIA FERREIRA BAPTISTA,

com sede na Avenida das Américas, nº 13.600, bloco 04, apto 105, Barra da Tijuca – Rio de

Janeiro/RJ, que vem a ser o mesmo endereço de SONIA, no período de 2005 a 2013, não

possuía empregados informados, do mesmo modo no sistema do Ministério do Trabalho e

Emprego.

Convém salientar que SONIA FERREIRA BAPTISTA ocupou função de

confiança como assistente parlamentar de SÉRGIO CABRAL, quando este foi senador da

República.

Diante dos fatos expostos, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, SONIA

FERREIRA BATISTA, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS,

sob orientação e anuência de SÉRGIO CABRAL, praticaram 8 (oito) atos de lavagem de

dinheiro, de forma reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 30 de

setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e

dissimular a origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade R$ 157.540,0042/55

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(cento e cinquenta e sete mil quinhentos e quarenta reais), estando incursos nas penas do

artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

3.6. Fato 04: lavagem de dinheiro com a compra de imóvel, que estava sendo

adquirido por ARY FILHO, pela empresa GRAN BARRA EMPREENDIMENTS E

PARTICIPAÇÔES S/A

Consumados os delitos antecedentes de corrupção, ARY FERREIRA DA

COSTA FILHO, JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS

praticaram, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio Costa,

3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, registrado junto ao 9º

RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em espécie de R$ 2.200.000,00

(dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção do mencionado bem em nome da

empresa GRAN BARRA, com a finalidade de converter os recursos de origem ilícita

pertencente à organização criminosa em ativo lícito e também para ocultar o real proprietário

do bem. (Fato 04 – Lavagem de Ativos/Art. 1º, §4º, da Lei 9.613/98).

Em 18/05/2011, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO valeu-se dos

colaboradores JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS para

ocultar a real propriedade de imóvel adquirido com recursos de origem ilícita, localizado na

Avenida Lúcio Costa 3600, Bloco 1, apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ.

Conforme esclarecido por JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, em

18/05/2011 houve a venda de imóvel situado na Avenida Lúcio Costa 3600, Bloco 1,

apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, de propriedade da GRAN BARRA

EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A para ARY FERREIRA DA COSTA FILHO.

No entanto, os denunciados formalizaram, apenas, contrato de promessa

de compra e venda, assinado pelos colaboradores JAIME LUIZ MARTINS e JOÃO DO

CARMO MONTEIRO MARTINS, em nome da GRAN BARRA, e por ARY FILHO:

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Em razão da venda, ARY FILHO pagou em espécie aos colaboradores o

valor de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais). No entanto, o bem

permaneceu até a presente data registrado em nome da empresa GRAN BARRA.

Vale transcrever trecho das declarações do colaborador JOÃO DO

CARMO MONTEIRO MARTINS:

QUE além dos fatos narrados nos outros anexos, o declarante informa que,em 18/05/2011, houve a venda de imóvel de propriedade da GRAN BARRAEMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A para ARY FERREIRA DACOSTA FILHO; QUE o imóvel consiste em um apartamento situado naAvenida Lúcio Costa 3600, Bloco 1, apartamento 1201, Barra da Tijuca, Riode Janeiro/RJ; QUE ARY procurou o declarante querendo comprar o referidoimóvel; QUE o valor total foi de R$2.200.000,00; QUE ARY efetuou opagamento em espécie; QUE a transação foi realizada somente por meio decontrato particular de compra e venda; QUE não houve transferência dapropriedade no RGI pelo ARY; QUE até hoje o imóvel está em nome daGRAN BARRA, mas a posse do imóvel desde 2009/2010 estava com o ARY;QUE entre 2009 e 2011, o declarante firmou alguns contratos de comodatocom ARY, que estava com problemas com a ex-mulher; QUE em 2016 odeclarante foi por ARY informando que havia um interessado em comprar oimóvel, assim solicitou que o declarante fizesse o registro da transferênciano RGI da GRAN BARRA diretamente esse terceiro; QUE o filho dodeclarante se recusou a fazer a transação se o dinheiro não entrasseformalmente na empresa (...)

No mesmo sentido, as informações trazidas pelo colaborador JAIME LUIZ

MARTINS:

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Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

QUE além dos fatos narrados nos outros anexos, o declarante informa que,em 18/05/2011, houve a venda de imóvel de propriedade da GRAN BARRAEMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A para ARY FERREIRA DACOSTA FILHO; QUE o imóvel consiste em um apartamento situado naAvenida Lúcio Costa 3600, Bloco 1, apartamento 1201, Barra da Tijuca, Riode Janeiro/RJ; QUE ARY negociou diretamente com o pai do declarante;QUE o declarante foi chamado para assinar o contrato; QUE ARY efetuou opagamento em espécie; QUE o valor total foi de R$2.200.000,00; QUE nãohouve transferência da propriedade no RGI pelo ARY; QUE até hoje o imóvelestá em nome da GRAN BARRA, mas a posse do imóvel desde 2011 estavacom o ARY; QUE em 2016 foi contactado por pessoa de nome IGOR(vinculado a um cartório de registro de imóveis que o declarante não sabeprecisar), informando que o tio do declarante, através da empresa IMBRA,estaria comprando esse imóvel do ARY, querendo fazer o registro datransferência no RGI da GRAN BARRA diretamente para a IMBRA; QUE odeclarante informou que não poderia fazer a transferência dessa forma, poisa GRAN BARRA não contratou com a IMBRA, mas apenas com ARY; QUE,além do IGOR, o próprio ARY procurou o pai do declarante propondo essatransação; QUE tanto o declarante quanto o seu pai se recusaram a fazer atransação; QUE se coloca à disposição para qualquer esclarecimento que sefaça necessário.

Diante dos fatos expostos, ARY FERREIRA DA COSTA FILHO, JAIME

LUIZ MARTINS e JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS praticaram, no dia 18/05/2011,

um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de organização criminosa, consistente na

venda pela empresa GRAN BARRA EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel

localizado na Avenida Lucio Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio

de Janeiro/RJ, registrado junto ao 9º RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor

pago em espécie de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), com a

manutenção do mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA, com a finalidade de

converter os recursos de origem ilícita pertencente à organização criminosa em ativo lícito e

também para ocultar o real proprietário do bem, estando incursos nas penas do artigo 1º,

§4º, da Lei 9.613/98.

4. CAPITULAÇÃO E CONCURSO DE CRIMES

Tendo SÉRGIO DE OLIVEIRA CABRAL SANTOS FILHO (SÉRGIO

CABRAL):

Praticado 165 (cento e sessenta e cinco) atos de lavagem de dinheiro, de forma

reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 10 de outubro de 2007 e

22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a

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origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis

milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis

centavos), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (165 crimes em

continuidade);

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade);

Praticado 8 (oito) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio

de organização criminosa entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de

modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza, disposição,

movimentação e propriedade R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil

quinhentos e quarenta reais), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei

9.613/98 (8 crimes em continuidade);

Praticado, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio

Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ,

registrado junto ao 9º RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em

espécie de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção

do mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA, com a finalidade de

converter os recursos de origem ilícita pertencente à organização criminosa em ativo

lícito e também para ocultar o real proprietário do bem, está incurso nas penas do

artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

Vale frisar que os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro constituem

imputações autônomas por representarem mecanismos distintos de branqueamento de

capitais, que serviram para afastar cada vez mais o dinheiro ilícito de sua origem. Nesse

diapasão, os diferentes conjuntos de fatos criminosos foram praticados em concurso

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material, devendo as penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 serem aplicadas na forma do

artigo 69, do Código Penal (quatro conjuntos de crimes praticados em concurso material).

Tendo ARY FERREIRA DA COSTA FILHO (ARY FILHO):

Praticado 165 (cento e sessenta e cinco) atos de lavagem de dinheiro, de forma

reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 10 de outubro de 2007 e

22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a

origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis

milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis

centavos), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (165 crimes em

continuidade);

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade);

Praticado 8 (oito) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio

de organização criminosa entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de

modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza, disposição,

movimentação e propriedade R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil

quinhentos e quarenta reais), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei

9.613/98 (8 crimes em continuidade);

Praticado, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio

Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ,

registrado junto ao 9º RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em

espécie de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção

do mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA, com a finalidade de

converter os recursos de origem ilícita pertencente à organização criminosa em ativo

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lícito e também para ocultar o real proprietário do bem, está incurso nas penas do

artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

Vale frisar que os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro constituem

imputações autônomas por representarem mecanismos distintos de branqueamento de

capitais, que serviram para afastar cada vez mais o dinheiro ilícito de sua origem. Nesse

diapasão, os diferentes conjuntos de fatos criminosos foram praticados em concurso

material, devendo as penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 serem aplicadas na forma do

artigo 69, do Código Penal (quatro conjuntos de crimes praticados em concurso material).

Tendo SÉRGIO CASTRO DE OLIVEIRA (“SERJÃO/BIG”):

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade).

Tendo GLADYS SILVA FALCI DE CASTRO OLIVEIRA:

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade).

Tendo SONIA FERREIRA BATISTA:

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Praticado 8 (oito) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio

de organização criminosa entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de

modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza, disposição,

movimentação e propriedade R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil

quinhentos e quarenta reais), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei

9.613/98 (8 crimes em continuidade).

Tendo JAIME LUIZ MARTINS:

Praticado 165 (cento e sessenta e cinco) atos de lavagem de dinheiro, de forma

reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 10 de outubro de 2007 e

22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a

origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis

milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis

centavos), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (165 crimes em

continuidade);

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade);

Praticado 8 (oito) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio

de organização criminosa entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de

modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza, disposição,

movimentação e propriedade R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil

quinhentos e quarenta reais), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei

9.613/98 (8 crimes em continuidade);

Praticado, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio

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Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ,

registrado junto ao 9º RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em

espécie de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção

do mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA, com a finalidade de

converter os recursos de origem ilícita pertencente à organização criminosa em ativo

lícito e também para ocultar o real proprietário do bem, está incurso nas penas do

artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

Vale frisar que os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro constituem

imputações autônomas por representarem mecanismos distintos de branqueamento de

capitais, que serviram para afastar cada vez mais o dinheiro ilícito de sua origem. Nesse

diapasão, os diferentes conjuntos de fatos criminosos foram praticados em concurso

material, devendo as penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 serem aplicadas na forma do

artigo 69, do Código Penal (quatro conjuntos de crimes praticados em concurso material).

Tendo JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS:

Praticado 165 (cento e sessenta e cinco) atos de lavagem de dinheiro, de forma

reiterada e por intermédio de organização criminosa entre 10 de outubro de 2007 e

22 de agosto de 2014, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a

origem, natureza, disposição, movimentação e propriedade de R$ 6.858.692,06 (seis

milhões oitocentos e cinquenta e oito mil seiscentos e noventa e dois reais e seis

centavos), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (165 crimes em

continuidade);

Praticado 39 (trinta e nove) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por

intermédio de organização criminosa entre 30 de dezembro de 2009 e 02 de maio de

2011, de modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza,

disposição, movimentação e propriedade R$ 1.074.582,50 (um milhão e setenta e

quatro mil quinhentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), está incurso nas

penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 (39 crimes em continuidade);

Praticado 8 (oito) atos de lavagem de dinheiro, de forma reiterada e por intermédio

de organização criminosa entre 30 de setembro de 2013 e 22 de agosto de 2014, de

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Núcleo de Combate à Corrupção – Força Tarefa

modo consciente e voluntário, ao ocultar e dissimular a origem, natureza, disposição,

movimentação e propriedade R$ 157.540,00 (cento e cinquenta e sete mil

quinhentos e quarenta reais), está incurso nas penas do artigo 1º, §4º, da Lei

9.613/98 (8 crimes em continuidade);

Praticado, no dia 18/05/2011, um ato de lavagem de dinheiro por intermédio de

organização criminosa, consistente na venda pela empresa GRAN BARRA

EMPREENDIMENTS E PARTICIPAÇÔES S/A do imóvel localizado na Avenida Lucio

Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ,

registrado junto ao 9º RGI, matrícula 22.129, para ARY FILHO, pelo valor pago em

espécie de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), com a manutenção

do mencionado bem em nome da empresa GRAN BARRA, com a finalidade de

converter os recursos de origem ilícita pertencente à organização criminosa em ativo

lícito e também para ocultar o real proprietário do bem, está incurso nas penas do

artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98.

Vale frisar que os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro constituem

imputações autônomas por representarem mecanismos distintos de branqueamento de

capitais, que serviram para afastar cada vez mais o dinheiro ilícito de sua origem. Nesse

diapasão, os diferentes conjuntos de fatos criminosos foram praticados em concurso

material, devendo as penas do artigo 1º, §4º, da Lei 9.613/98 serem aplicadas na forma do

artigo 69, do Código Penal (quatro conjuntos de crimes praticados em concurso material).

5. REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer o

recebimento e processamento da denúncia, com a citação do denunciado para o devido

processo penal e oitiva dos colaboradores, observando-se o teor de seus acordos de

colaboração premiada, e testemunhas abaixo arroladas. Uma vez confirmadas as

imputações, requer a condenação do denunciado, determinando-se o valor de confisco e

cumulativamente, um valor mínimo de R$ 20.581.629,10 (vinte milhões quinhentos e oitenta

e um mil seiscentos e vinte e nove reais e dez centavos), correspondente ao dobro do valor

das lavagens de dinheiro identificadas, para reparação dos danos causados pela infração.

Requer, ainda, seja juntada aos autos a íntegra dos seguintes processos,53/55

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para que as provas ali produzidas sejam utilizadas no presente processo: Ação Penal nº 0509503-

57.2016.4.02.5101 (Operação Calicute), Ação Penal nº 0510300-33.2016.4.02.5101 (Operação

Mascate), Ação Penal nº 0502041-15.2017.4.02.5101 (Operação Eficiência), Processo nº

0506973-80.2016.4.02.5101 (Quebra de Sigilos Fiscal e Bancário da Operação Calicute),

Processo nº 0506602-19.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo Telemático – Calicute), Processo nº

0506980-72.2016.4.02.5101 (Quebra de sigilo telefônico – Calicute), Processo nº 0503054-

49.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios da Dirija), Processo nº 0503808-

88.2017.4.02.5101 (Colaboração Premiada sócios REGINAVES), Processo nº 0510300-

33.2016.4.02.5101 (Colaboração Premiada Adriano Martins), Processo nº 0501041-

77.2017.4.02.5101 (Quebra de sigilo telemático – Mascate), Processo nº 0501037-

40.2017.4.02.5101 (Quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico – Mascate), Processo nº

0501036-55.2017.4.02.5101 (Busca e Apreensão – Mascate) e Processo nº 0501034-

85.2017.4.02.5101 (Pedido de prisão ARY FILHO).

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2018.

EDUARDO RIBEIRO GOMES EL-HAGEProcurador da República

FABIANA KEYLLA SCHNEIDERProcuradora da República

JOSÉ AUGUSTO SIMÕES VAGOSProcurador Regional da República

LEONARDO CARDOSO DE FREITASProcurador Regional da República

MARISA VAROTTO FERRARIProcuradora da República

RAFAEL A. BARRETO DOS SANTOSProcurador da República

RODRIGO TIMÓTEO DA COSTA E SILVAProcurador da República

SERGIO LUIZ PINEL DIASProcurador da República

STANLEY VALERIANO DA SILVA Procurador da República

FELIPE ALMEIDA BOGADO LEITE

Procurador da República

Documento eletrônico assinado digitalmente. Data/Hora: 29/01/2018 13:56:43Signatário(a): SERGIO LUIZ PINEL DIASCódigo de Autenticação: 686C14F470832C198DC0D6603714B719Verificação de autenticidade: http://www.prrj.mpf.mp.br/transparencia/autenticacao-de-documentos/

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ROL DE TESTEMUNHAS E COLABORADORES:

ADRIANO JOSÉ REIS MARTINS, CPF nº 888.492.447-20, CI nº 21.175-(CORECON),

brasileiro, casado, economista, com endereço na Avenida das Américas, 10.333, bloco 02,

apto 1501, Rio de Janeiro/RJ;

CARLOS EMANUEL DE CARVALHO MIRANDA, CPF nº 993.572.087-04, com endereço

na Av. Borges de Medeiros, 2.373, Apto. 201, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, atualmente

custodiado

JAIME LUIZ MARTINS, CPF nº 878541477-87, RG nº 90-1-00208-0, CREA-RJ, brasileiro,

casado, empresário, domiciliado na Rua Paulo Moreno, 386, Barra da Tijuca, Rio de

Janeiro/RJ (Caso por qualquer motivo deixe de ocupar o polo ativo do presente processo);

JOÃO DO CARMO MONTEIRO MARTINS, CPF nº 098.795.107-63, identidade estrangeiro

nº W216850-h se/DPMAF/DFP,português, divorciado, , domiciliado na Av. Lúcio Costa, 5300,

Bl. 1, apt 202, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ (Caso por qualquer motivo deixe de

ocupar o polo ativo do presente processo);

ROSANE MARIA BARRETO MONTEIRO, CPF 887.223.177-91, podendo ser intimada em

seu endereço comercial na Estrada do Gabinal, 433, loja B, Jacarepaguá.

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