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MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL RELATÓRIO DE VIAGEM AO EXTERIOR EDMONTON, CANADÁ DOUTORADO SANDUÍCHE UNIVERSIDADE DE ALBERTA Vidyã Vieira de Almeida (GEREMI-SUREG/SP) 2015

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MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

RELATÓRIO DE VIAGEM AO EXTERIOR

EDMONTON, CANADÁ

DOUTORADO SANDUÍCHE

UNIVERSIDADE DE ALBERTA

Vidyã Vieira de Almeida (GEREMI-SUREG/SP)

2015

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RELATÓRIO DE VIAGEM AO EXTERIOR

EDMONTON, CANADÁ

DOUTORADO SANDUÍCHE

UNIVERSIDADE DE ALBERTA

Vidyã Vieira de Almeida (GEREMI-SUREG/SP)

Capa: Foto de edifício onde está localizado o Department of Earth and Atmospheric Sciences, Universidade de Alberta

2015

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Índice

1. Introdução...................................................................................................

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2. Objetivos da viagem...................................................................................

2

3. Programa da viagem.................................................................................... 3 3.1. Província de Alberta 5 3.2. Cidade de Edmonton

6

4. Descrição e análise dos assuntos tratados.............................................. 8 4.1. Separação e datação U-Pb de badeleíta por TIMS 9 4.2. Separação de zircão e “CA-TIMS” 11 4.3. Microssonda eletrônica e LA-MC-ICPMS

13

5. Conclusões...................................................................................................

13

6. Agradecimentos...........................................................................................

13

7. Referências................................................................................................... 14 Anexos

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Relatório de Viagem ao Exterior, Edmonton, Canadá Vidyã Vieira de Almeida

1. Introdução

O presente relatório de viagem ao exterior contempla a descrição das

atividades desenvolvidas no projeto de doutorado sanduíche “Datação U-Pb

por TIMS do Gabro José Fernandes e Diques Toleíticos do Arco de Ponta

Grossa, Vale do Ribeira (SP-PR)”, realizado na Universidade de Alberta,

Edmonton, Canadá, no período entre 1 de outubro de 2014 e 31 de dezembro

de 2014. O projeto faz parte de curso de doutorado em andamento no Instituto

de Geociências, Universidade de São Paulo, com início em novembro de 2011,

sob a orientação do Prof. Dr. Valdecir de Assis Janasi. O projeto de doutorado

foi autorizado em reunião da DE (Diretoria Executiva) em 10 de julho de 2012

(Memo. nº 136/SEGER-2012) (em anexo) com liberação de 1 dia por semana

para a realização da pesquisa. A viagem ao Canadá foi financiada por bolsa de

doutorado sanduíche do Programa Ciência Sem Fronteiras (proc.

202043/2014-2) (em anexo) e as análises foram custeadas por projeto temático

FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) (proc.

12/06082-6). O doutorado sanduíche foi deliberado em reunião da DE em 18

de agosto de 2014 (Memo. nº 109/SEGER-2014) (em anexo), onde foi

autorizada a liberação com ônus, com a continuidade do pagamento do salário

da pesquisadora e auxílio no valor de U$$ 500,00 referente à complementação

da bolsa de doutorado sanduíche concedida pelo Programa Ciência Sem

Fronteiras.

O projeto de doutorado sanduíche foi supervisionado pelo Prof. Dr.

Larry Michael Heaman, conhecido mundialmente como um dos maiores

especialistas em datação de badeleíta e envolveu a separação e datação U-Pb

de cristais de badeleíta e zircão por TIMS (Thermal Ionization Mass

Spectometry) em laboratórios do CCIM (Canadian Centre for Isotopic

Microanalysis), Department of Earth and Atmospheric Sciences.

Adicionalmente, também foram realizadas análises químicas em minerais por

microssonda eletrônica e LA-MC-ICPMS (Laser Ablation Multi-Collector -

ICPMS).

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2. Objetivos da Viagem

A região do Vale do Ribeira (SP-PR), Arco de Ponta Grossa (Figura 1),

é uma área-chave para o estudo sobre a relação temporal e genética entre o

magmatismo toleítico e alcalino na Província Magmática Paraná-Etendeka

(PMPE), pois apresenta uma ampla variedade de corpos ígneos mesozoicos

representados por intrusões alcalino-carbonatíticas (e.g., Jacupiranga,

Cananéia; Gomes et al., 2011), diques alcalinos e diques toleíticos, estes com

direção NW e integrantes do Enxame de Diques do Arco de Ponta Grossa

(EDAPG) (e.g., Pinese, 1989; Piccirillo et al., 1990).

O objetivo principal da viagem envolveu a separação e datação U-Pb

de badeleíta e zircão por TIMS de amostras provenientes do EDAPG e do

Gabro José Fernandes, como parte do desenvolvimento de tese de doutorado

com foco no estudo sobre a diversidade e evolução temporal do magmatismo

Mesozoico na região do Vale do Ribeira (SP-PR). Trabalhos recentes têm

demonstrado a viabilidade de obtenção de idades U-Pb em rochas vulcânicas e

diques da PMPE (Janasi et al., 2011; Pinto et al., 2011; Florisbal et al., 2014).

Em particular, a datação pelo método convencional (TIMS) em zircão ou

badeleíta oferece a possibilidade de alcançar precisão da mesma ordem do

método Ar-Ar (± 0,5 Ma ou melhor), com a vantagem de se tratar normalmente

de resultados mais robustos. Esses dados são fundamentais na investigação

de eventos de curta duração, como é o caso da evolução do magmatismo

toleítico na PMPE. Datações U-Pb eram inexistentes para as rochas estudadas

e os novos dados obtidos auxiliarão no entendimento sobre a evolução do

magmatismo na região e suas implicações geodinâmicas.

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Figura 1. Mapa tectônico simplificado mostrando o Arco de Ponta Grossa com a localização dos principais alinhamentos e da área de trabalho. Mapa modificado de Ruberti et al. (2005). Intrusões alcalino-carbonatíticas: JC (Jacupiranga), PAR (Pariquera-Açu), CN (Cananéia), BC (Bairro da Cruz), BN (Banhadão), BIT (Barra de Itapirapuã), TU (Tunas), JF (Gabro José Fernandes).

3. Programa da viagem (fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Canada, http://www.statcan.gc.ca)

O Canadá é o segundo maior país em área total do mundo (9,98

milhões de km2) com uma área que se estende do oceano Pacífico, a oeste, ao

oceano Atlântico, a leste. É delimitado a norte pelo oceano Ártico e faz fronteira

a sul com os Estados Unidos (Figura 2). O território foi povoado por povos

aborígenes por milênios e que possuíam sua própria rede de comércio, crenças

espirituais e hierarquias sociais antes do início da colonização inglesa e

francesa na costa Atlântica no século XV. Após a Guerra dos Sete Anos (1754-

1763), a França cedeu suas colônias para a Grã-Bretanha por meio do Tratado

de Paris (1763). O país hoje é subdividido em 10 províncias (e.g., Alberta,

British Columbia, Manitoba, Ontario, Quebec) e 3 territórios (Northwest

Territories, Nunavut e Yukon) (Figura 2). A população total estimada em 2014 é

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de 35.540.400 de pessoas, sendo que a província de Ontario apresenta a

maior população (13.678.700 de pessoas) (http://www.statcan.gc.ca). A

densidade populacional é de cerca de 3,1 hab/km2 (dados de 2005,

http://www.statcan.gc.ca).

Figura 2. Mapa geográfico do Canadá com indicação das províncias e capitais, com destaque para a província de Alberta. Fonte: (http://en.wikipedia.org/wiki/File:Political_map_of_Canada.png ).

Hoje o Canadá é uma democracia parlamentar e uma monarquia

constitucional, sendo a rainha Elizabeth II a chefe de estado e o primeiro

ministro, atualmente Stephen Harper, o chefe do governo. O escritório do

primeiro ministro (Prime Minister´s Office) é o órgão mais poderoso do governo.

A rainha é representada no país pelo governador geral do Canadá, atualmente

David Lloyd, que por sua vez apresenta poderes limitados para decisões

políticas no país.

O país é bilíngue com as línguas oficiais francesa e inglesa. A

economia é mista e integra a 11a maior economia do mundo, gerida

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principalmente pela indústria de serviços que emprega aproximadamente três

quartos da população. As indústrias primárias madereira e de petróleo também

possuem grande importância, com destaque para as grandes reservas de

petróleo na província de Alberta.

O território apresenta oito regiões com vegetações distintas, incluindo a

floresta boreal no escudo canadense e a tundra na região próxima do Ártico. O

clima varia de acordo com a região do país, com regiões onde as temperaturas

podem chegar a -40 ºC no inverno e a 40 ºC em curtos períodos no verão. A

região de Vancouver apresenta clima distinto em relação às outras áreas do

Canadá, com temperaturas mais amenas no inverno e um verão mais seco.

3.1. Província de Alberta (fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Alberta, http://www.statcan.gc.ca)

A província de Alberta está localizada na região oeste do Canadá

(Figura 3), sendo limitada a oeste pela British Columbia, a leste pela província

Saskatchewan, a norte pelos Northwest Territories e faz divisa a sul com o

estado americano de Montana. Alberta é a quarta província mais populosa do

Canadá com 4.121.700 pessoas (dados de 2014: http://www.statcan.gc.ca) e a

quarta maior província em área total do Canadá (661.848 km2). A capital da

província é Edmonton, no entanto a maior cidade é Calgary, localizada a

aproximadamente 290 km a sul de Edmonton e com uma população de

1.195.194 habitantes (dados do “The City of Calgary”, 2014).

A região norte de Alberta é em boa parte recoberta por floresta boreal,

enquanto a região das montanhas rochosas, no limite sudoeste da província,

também apresenta florestas formadas principalmente por coníferas (Alberta

mountain florests). Ao sul, ocorrem regiões formadas por pradarias compostas

por gramíneas.

O clima da região é continental, com influência do clima ártico, o que

ocasiona frios extremos no inverno, com temperaturas mínimas que podem

variar entre -56 ºC, no norte de Alberta, a -46 ºC no sul. No verão as

temperaturas podem chegar a 32 ºC nas montanhas e 40 ºC na região sul da

província.

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Figura 3. Mapa da província de Alberta com localização das cidades de Edmonton e Calgary e com indicação das montanhas rochosas, a sudoeste, e planícies. Fonte: http://www.worldatlas.com/webimage/countrys/namerica/province/abz.htm .

A economia na província é uma das mais fortes do Canadá, com a

maior produção de petróleo e gás do país, estando em segundo lugar como

maior exportador mundial em gás natural. O setor de tecnologia e agricultura

também apresentam notável importância. A renda per capita em 2007 era a

maior do Canadá (C$ 74.825,00), com valor 61% maior do que a média

nacional (C$ 46.441,00).

3.2. Cidade de Edmonton (fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Edmonton, http://ualberta.ca, http://www.ualbertacentennial.ca/history/index.html)

A cidade de Edmonton (Figura 4) é a capital da província de Alberta e

apresenta uma população de 812.201 pessoas (dados de 2011), o que a torna

a segunda maior cidade da província e a quinta maior do Canadá. Conhecida

como “Gateway to the North” (Portal para o Norte), a cidade apresenta fácil

acesso às regiões produtoras de petróleo, localizadas no norte de Alberta,

assim como às minerações de diamante no Northwest Territories. A cidade é

um ponto central para a indústria petroquímica, o que lhe conferiu o apelido de

“Oil Capital in Canada” (capital do petróleo no Canadá). A cidade também é um

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centro cultural, governamental e educacional, abrigando diversos festivais ao

longo do ano.

Figura 4. O rio Saskatchewan e o centro da cidade de Edmonton.

A Universidade de Alberta (Figura 5) está entre as 5 melhores

universidades do Canadá e aparece no ranking das 100 melhores

universidades do mundo. Sua fundação ocorreu em 1908 por meio da parceria

entre Alexander Cameron Rutherford (Primeiro Premiê de Alberta) e Henry

Marshall Tory (professor da Universidade McGill e 1º presidente da

Universidade de Alberta). Os primeiros anos da universidade foram guiados por

Tory que recrutou os primeiros professores e organizou a construção dos

primeiros edifícios, começando pelo Athabasca Hall em 1911. Esses anos

foram negativamente influenciados pela Primeira Guerra Mundial e pela

epidemia de influenza em 1918. Após um declínio durante a Grande Depressão

e Segunda Guerra Mundial, a universidade passou por um período de grande

expansão que durou de 1945 a 1969. A década de 1970 até os dias atuais

também têm sido uma época de expansão contínua, apesar de alguns períodos

com cortes financeiros.

O Departamento de Geologia da Universidade de Alberta foi fundado

em 1912 por Dr. John A. Allan que teve como principal prioridade, a criação de

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uma coleção de rochas, minerais e fósseis no departamento. Em 1995, ocorreu

a união dos departamentos de geologia e geografia para formar o Department

of Earth and Atmospheric Sciences (Departamento de Ciências da Terra e

Atmosféricas), nome que é utilizado até hoje. O departamento oferece cursos

de geologia, paleontologia e ciências atmosféricas, com uma ampla gama de

laboratórios disponíveis, com destaque para o Canadian Centre for Isotopic

Microanalysis com equipamentos voltados para análises isotópicas de U-Th-

Pb, Re-Os, H, Li, B, C, N, O, Mg, Si, S, Cl, em minerais por microssonda iônica

(SIMS), TIMS e/ou LA-MC-ICPMS.

Figura 5. Campus da Universidade de Alberta em Edmonton.

4. Descrição e análise dos assuntos tratados

Durante os três meses do doutorado sanduíche as atividades se

concentraram na preparação de amostras para geocronologia U-Pb de cristais

de badeleíta e zircão por TIMS de amostras provenientes do EDAPG e do

Gabro José Fernandes. Os cristais de zircão provenientes de uma amostra de

gabro também foram selecionados para análises de isótopos de oxigênio por

SIMS (Secondary Ion Mass Spectometry) a serem realizadas no CCIM.

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4.1. Separação e datação U-Pb de badeleíta por TIMS

O mineral badeleíta (ZrO2) ocorre em rochas terrestres e lunares como

um mineral traço, comumente com cristalização tardia, localizado em porções

fracionadas de magmas máficos com apatita, ilmenita, ± zircão e ± zirconolita

(Heaman & LeCheminant, 1993). O mineral é ideal para datação U-Pb devido à

sua alta concentração em U (até 3000 ppm), rara ocorrência como xenocristal,

concentração muito baixa em Pb comum e pouca perda de Pb em amostras

não-metamórficas (Heaman & LeCheminant, 1993).

No total foram preparadas 8 amostras do projeto de doutorado sendo: 4

amostras de diabásio e 4 amostras do Gabro José Fernandes. O processo de

separação de badeleíta envolveu de forma geral os seguintes passos:

(i) fragmentação da amostra de rocha com uso de marreta e serra à disco;

(ii) lavagem e posterior cominuição da amostra em moinho de tungstênio por

três minutos e meio;

(iii) a amostra cominuída é transferida para um recipiente de plástico, onde é

adicionada uma pequena quantidade de sabão em pó (calgon) e água (Figura

6A);

(iv) o recipiente com a amostra é deixado em ultrassom por cerca de 20

minutos;

(v) a amostra é transferida aos poucos, com auxílio de uma colher, para a

mesa de Wilfley para a separação dos concentrados de minerais leves e

pesados. O concentrado de minerais pesados é dividido em concentrado de

pesados e “super pesados” (Figura 6B);

(vi) o concentrado de minerais “super pesados” é transferido para um pequeno

recipiente de plástico, onde os minerais magnéticos são separados com o

auxílio de um imã de mão;

(vii) o concentrado final de minerais não-magnéticos é então observado em um

estereomicroscópio para identificação e catação dos cristais de badeleíta

(Figura 7).

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Figura 6. (A) Amostra cominuída misturada com água e sabão. (B) Mesa de Wilfley em funcionamento.

Figura 7. Cristais de badeleíta proveniente de amostra de diabásio.

Após a catação dos cristais de badeleíta, iniciou-se o processo de

dissolução dos grãos para análise isotópica no TIMS. Neste processo, os grãos

a serem analisados foram transferidos para pequenos frascos a fim de se

efetuar uma lavagem com HNO3 e acetona. Ao final da lavagem dos grãos,

estes foram transferidos para bombas de teflon, lavadas previamente com

ácidos, juntamente com 48% HF e 7N HNO3 (7:1) e 8,65 ± 0,03 mg de spike

(205Pb-235U). As bombas são deixadas em forno a 190ºC por dois dias. Após

esse período, as bombas são deixadas por algumas horas em uma chapa

quente para a evaporação dos ácidos. Depois desse processo, uma quantidade

de 3,1N HCl é adicionado às bombas que são novamente deixadas em forno à

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190ºC por mais dois dias. O material é então transferido para béqueres de

plástico, onde é adicionada uma gota de H3PO4. Os béqueres são então

colocados em uma chapa quente por 12 horas e o material resultante é então

levado ao TIMS para o início da análise isotópica U-Pb.

4.2. Separação de zircão e “CA-TIMS”

A separação de cristais de zircão das mesmas amostras onde foram

encontrados cristais de badeleíta foi, de maneira geral, realizada da seguinte

forma:

(i) o concentrado de pesados foi primeiramente peneirado e a fração mais fina

submetida a uma separação magnética com imã de mão ou por “queda livre”

dependendo da quantidade de material (Figura 8 A);

(ii) o concentrado resultante é então submetido a uma separação magnética no

Frantz com as correntes de 0,2 A, 0,4 A e 0,6 A (Figura 8 B);

(iii) o concentrado não-magnético obtido em 0,6 A é então submetido a uma

separação com iodeto de metileno (densidade de 3,32 g/cm3) (Figura 8 C). O

concentrado final decantado é então observado em estereomicroscópio para

identificação e catação dos cristais de zircão (Figura 8 D).

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Figura 8. (A) Separação de minerais magnéticos por “queda livre”. (B) Separador magnético Frantz. (C) Separação com iodeto de metileno. (D) Estereomicroscópio para identificação e catação de badeleíta e zircão.

Os cristais de zircão foram submetidos a um processo de abrasão

química (“CA-TIMS”, chemical abrasion-TIMS) seguindo o procedimento de

Mattinson (2005), com o objetivo de remover áreas com perdas de Pb por meio

de annealing do retículo do cristal em altas temperaturas. De forma geral foi

realizada a seguinte preparação:

(i) Os grãos são colocados em cadinhos de quartzo (quartz crucibles) e

dispostos em forno a 1000 ºC por 48 horas;

(ii) Os grãos são transferidos para um frasco (savillex) onde é colocado 14N

HF. O frasco é colocado dentro de uma bomba que é disposta em forno a

120ºC por 24 horas.

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4.3. Microssonda eletrônica e LA-MC-ICPMS

Durante os três meses de trabalho foram realizados cinco dias de

análises químicas pontuais no laboratório de microssonda eletrônica da

Universidade de Alberta. Foram analisados minerais presentes em 20 seções

delgadas das amostras de diabásio, gabro e diques alcalinos. Também foram

realizados 4 dias de análise de isótopos de Sr em clinopiroxênio e plagioclásio

e isótopos de Pb em feldspato potássico por LA-MC-ICPMS. O objetivo das

análises pontuais é a caracterização das fases minerais e identificação de

possíveis zoneamentos químicos-isotópicos. Os dados servirão de base para a

construção de modelos petrogenéticos para as rochas estudadas.

5. Conclusões

O cronograma de execução proposto no projeto inicial foi cumprido

integralmente e os dados obtidos são muito importantes para o

desenvolvimento do projeto de doutorado. A separação de badeleíta e zircão

foi bem sucedida e os resultados das primeiras frações analisadas no TIMS

foram obtidos durante o doutorado sanduíche. Os dados U-Pb são inéditos

para as rochas estudadas e serão potencialmente publicados em periódicos

internacionais. As análises realizadas em microssonda eletrônica e LA-MC-

ICPMS estão em tratamento e também contribuirão para a publicação dos

dados e consequente finalização da tese de doutorado.

6. Agradecimentos

A minha ida ao Canadá só foi possível devido à colaboração e

confiança de meus colegas e superiores da CPRM, em especial, Manoel

Barreto (Diretor Presidente), Roberto Ventura (Diretor de Geologia e Recursos

Minerais - DGM), Maria Glícia da Nóbrega Coutinho (Chefe da Assessoria de

Assuntos Internacionais), Luiz Carlos da Silva (Comitê Técnico-Científico -

CTC), José Carlos Garcia Ferreira (Superintendente Regional de São Paulo),

Elizete Domingues Salvador (GEREMI-SUREG/SP, Gerência de Recursos

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Minerais, Superintendência Regional de São Paulo), Palmiro Franco Capone

(Secretário-Geral) e todos os colegas da GEREMI-SUREG/SP.

Agradeço ao Prof. Dr. Larry Michael Heaman, pela supervisão do

doutorado sanduíche, ao Prof. Dr. Valdecir de Assis Janasi pela orientação do

doutorado na Universidade de São Paulo e ao Dr. Barry Shaulis por todo

auxílio durante o desenvolvimento do trabalho na Universidade de Alberta.

Também agradeço ao Programa Ciência Sem Fronteiras pela bolsa de

doutorado sanduíche (proc. 202043/2014-2) e à FAPESP pelo financiamento

das análises realizadas (proc. 12/06082-6).

7. Referências

Florisbal, L.M.; Heaman, L.M.; Janasi, V.A.; Bitencourt, M.F. 2014. Tectonic significance of the Florianópolis Dyke Swarm, Paraná-Etendeka Magmatic Province: A reappraisal based on precise U-Pb dating. Journal of Volcanology and Geothermal Research, 289, 140-150.

Gomes, C.B.; Ruberti, E.; Comin-Chiaramonti, P.; Azzone, R.G. 2011. Alkaline magmatism in the Ponta Grossa Arch, SE Brazil: A review. Journal of South American Earth Sciences, 32: 152-168.

Heaman, L.M.; LeCheminant, A.N. 1993. Paragenesis and U-Pb systematics of baddeleyite (ZrO2). Chemical Geology, 110 (1-3): 95-126.

Janasi, V.A.; de Freitas, V.A.; Heaman, L.H. 2011. The onset of flood basalt volcanism, Northern Paraná Basin, Brazil: A precise U-Pb baddeleyite/zircon age for a Chapecó-typedacite. Earth and Planetary Science Letters, 302 (1-2): 147-153.

Mattinson, J.M. 2005. Zircon U-Pb chemical abrasion (“CA-TIMS”) method: Combined annealing and multi-step partial dissolution analysis for improved precision and accuracy of zircon ages. Chemical Geology, 220: 47-66.

Piccirillo, E.M.; Bellieni, G.; Cavazzini, G.; Comin-Chiaramonti, P.; Petrini, R.; Melfi, A.J.; Pinese, J.P.P.; Zantadeschi, P. & De Min, A. 1990. Lower Cretaceous tholeiitic dyke swarms from the Ponta Grossa Arch (southeast Brazil): Petrology, Sr-Nd isotopes and genetic relationships with the Paraná flood volcanics. Chemical Geology, 89 (1-2): 19-48.

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TO WHOM IT MAY CONCERN Brasilia, August 18, 2014

We hereby certify that the CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, of the Ministry ofScience, Technology and Innovation of Brazil, has granted a scholarship for 3 months to Vidya Vieira de Almeida topursue Split Fellowship Program starting in October/2014 up to December/2014 at University of Alberta

This scholarship consists of:

Monthly stipend of: CAD 1.470,00

Addictional for High-Cost monthly of CAD 452,00

Maintenance costs(single payment): CAD 1.470,00

Health insurance fees up to CAD 300,00

Bench Fees (as approved by CNPq).

Aid for Transportation: USD 1.604,00

Tuition or bench fees (as stated in university invoice or other official document)

Invoices concerning tuition or bench fees must clearly state the scholar's full name and CNPq reference number(202043/2014-2).

All invoices should be properly specified and should be countersigned by the student to guarantee prompt payment.

The invoices should be sent to the e-mail address [email protected] or the following address:

CNPq Coordenação de Execução de Bolsas no Exterior - COEBE SHIS, Quadra 01, Conjunto B, Bloco B, Térreo Edifício Santos Dumont - Lago Sul - CEP: 71605-170 - Brasília - DF - Brasil

If any of the above requested information is missing, it will not be possible to have charges paid.

This document is public and does not need signature recognition - Article 19, interpolated proposition II, FederalConstitution of Brazil.

To view the digital version of this document or ensure its authenticity, visit http://servicosweb.cnpq.br/visualizador/and enter the protocol number 5510655944468477 or upload the file digitally signed.

Ministério da Ciência e Tecnologia eInovação MCTI

Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciêntifico eTecnológico - CNPqCoordenação de Execução de Bolsas no ExteriorSHIS Quadra 01 Conjunto B - Bloco B, TérreoEdifício Santos Dumont Lago Sul, Brasilia - DF CEP: 71605-170

Telefone 0800-619697 e-mail: [email protected]

Ananias Nunes da Silva FilhoCoordenador de Execução de Bolsas no Exterior - COEBE

PO=347/2010

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