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Missão Promover e consolidar uma cultura institucional de reflexão e informação sobre os assuntos pedagógicos. Objectivos Informar (Vox-box) 1) Divulgar informações do interesse de toda a comunidade da FPCE-UC, relativas ao Conselho Pedagógico. 2) Informar sobre eventos e documentos com acentuada relevância pedagógico-científica. Formar (Boa praxis) 3) Contribuir para a formação e reflexão em torno dos processos pedagógi- cos no Ensino Superior. 4) Disseminar e dar relevo a boas práticas pedagógicas. Transformar (Olhares cruzados) 5) Promover o cruzamento de perspectivas entre os diferentes agentes e actores da FPCE e UC acerca das questões pedagógicas. Índice Missão 1 Objectivos 1 Boa Praxis 1 Olhares Cruzados 4 Box-Vox 6 I T F I n f o r m a r Nº.1 || Novembro de 2012 || FPCE-UC 1 Editorial Longe vão os tempos em que a representação social associada ao bom/boa aluno/a era a de um/a jovem isolado/a, de ar “macambúzio”, encerrado/a em si mesmo/a cujo único interesse parecia residir na obtenção, quase obsessiva, de boas notas. Tinham alcunhas pouco simpáticas como “marrões”, os “nerd” e uma vida social inexistente. Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades! Hoje em dia o/a aluno/a com sucesso educativo, conforme se pode ver na rúbrica “Boa Praxis”, tem interesses diferenciados. Possui uma vida rica em termos sociais e pessoais, é confiante e a sua postura para consigo, com os outros e com a sociedade em geral, é de questionamento, de argumentação e de exploração dos novos conhecimentos. Participa na vida académica e na vida civil. Boa Praxis No número zero do Informa-Te esta rubrica debruçou- se sobre “Quem são os bons professores universitários?”, a partir da obra de K. Bain (What the Best College Teachers Do, 2004). Na presente edição, procurando dar a conhecer o outro lado, apresentamos o tema “Quem é o bom estudante universitário?”, através de excertos de entrevistas realizadas às melhores alunas dos 3 cursos da FPCE no ano letivo de 2010/2011: Cláudia Melo; Telma Marques e Daniela Duarte. Bom aluno: Dentro e fora da Faculdade Há tempo para tudo? Cláudia: Acho que em primeiro lugar é preciso aprender as competências do foco da atenção, e foi esse o meu exercício ao longo destes cinco anos de curso. Eu nunca (IN)FORMA-TE Boletim do Conselho Pedagógico

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Missão

Promover e consolidar uma cultura institucional de reflexão e informação sobre os assuntos pedagógicos.

Objectivos

Informar (Vox-box)1) Divulgar informações do interesse de toda a comunidade da FPCE-UC,

relativas ao Conselho Pedagógico.2) Informar sobre eventos e documentos com acentuada relevância pedagógico-científica.

Formar (Boa praxis)3) Contribuir para a formação e reflexão em torno dos processos pedagógi-

cos no Ensino Superior.4) Disseminar e dar relevo a boas práticas pedagógicas.

Transformar (Olhares cruzados)5) Promover o cruzamento de perspectivas entre os diferentes agentes e

actores da FPCE e UC acerca das questões pedagógicas.

Índice

Missão 1Objectivos 1Boa Praxis 1Olhares Cruzados 4Box-Vox 6

I T

F

Inform

ar

Nº.1 || Novembro de 2012 || FPCE-UC

1

Editorial

Longe vão os tempos em que a representação social associada ao bom/boa aluno/a era a de um/a jovem isolado/a, de ar “macambúzio”, encerrado/a em si mesmo/a cujo único interesse parecia residir na obtenção, quase obsessiva, de boas notas. Tinham alcunhas pouco simpáticas como “marrões”, os “nerd” e uma vida social inexistente.

Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades! Hoje em dia o/a aluno/a com sucesso educativo, conforme se pode ver na rúbrica “Boa Praxis”, tem interesses diferenciados. Possui uma vida rica em termos sociais e pessoais, é confiante e a sua postura para consigo, com os outros e com a sociedade em geral, é de questionamento, de argumentação e de exploração dos novos conhecimentos. Participa na vida académica e na vida civil.

Boa Praxis

No número zero do Informa-Te esta rubrica debruçou-se sobre “Quem são os bons professores universitários?”, a partir da obra de K. Bain (What the Best College Teachers Do, 2004). Na presente edição, procurando dar a conhecer o outro lado, apresentamos o tema “Quem é o bom estudante universitário?”, através de excertos de entrevistas realizadas às melhores alunas dos 3 cursos da FPCE no ano letivo de 2010/2011: Cláudia Melo; Telma Marques e Daniela Duarte.

Bom aluno: Dentro e fora da Faculdade

Há tempo para tudo?

Cláudia: Acho que em primeiro lugar é preciso aprender as competências do foco da atenção, e foi esse o meu exercício ao longo destes cinco anos de curso. Eu nunca

(IN)FORMA-TEBoletim do Conselho Pedagógico

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deixei de ir a uma Queima, e nunca deixei de ir a uma Latada e até posso ter pecado por excesso, por ter ido todos os dias. Nunca deixei de me divertir! Mesmo durante o ano sempre fui a jantares de curso, nunca deixei de sair. Agora, tenho um lema: quando é para divertir, divirto-me, mas quando é para trabalhar, trabalho e não deixo que outros estímulos me distraiam dessa tarefa que é um grande objectivo da minha vida.

Telma: Sim, há tempo para tudo, mas para isso temos de fazer uma boa gestão desse tempo. Se tivermos o dia todo a estudar é normal que fiquemos cansados e mais distraídos e nesse sentido é importante sair de casa, espairecer um bocadinho. Porque assim no dia seguinte estamos mais dispostos a estudar, e mais focalizados.

Daniela: Eu penso que sim… Pelo menos eu tive tempo suficiente para me divertir e estudar. Não me considero uma “marrona” insociável. Vivi numa residência universitária e frequentemente faziam festas, por tudo e por nada e qualquer tema era uma festa, também não é que saísse com as minhas colegas da faculdade, fazíamos jantares, mas nunca foi muito de sair à noite. Preferia divertir-me em casa, a ver filmes, a conversar, ver televisão.

Estratégias de um bom aluno

Como não tropeçar nas monumentais?

Cláudia: No meu caso, o que mais me ajudou foi que, sempre que tinha que estudar fazia programas, quase como se fossem índices de um trabalho que eu tinha que fazer. Assim, eu pegava na matéria toda que tinha de estudar para a frequência ou exame, dividia-a por temas e definia os materiais a que eu tinha de recorrer para estudar bem cada um deles. Depois pensava nos dias que tinha para o estudo e dividia os temas por cada dia de trabalho. Eu nunca deixei de dormir, por exemplo, sempre tive as minhas oito horas de sono, no meu caso as minhas oito horas repartiam-se por deitar cedo e levantar cedo. Mas as oito horas também se podem repartir de outra forma, há pessoas que gostam de estudar de noite! Depois, ao longo do dia eu ia cumprindo o meu programa, o meu plano de estudo e ao final do dia sempre tinha tempo para me divertir um pouco. Eu tive facilidade no sentido de sempre colocar pequenas metas a mim própria, ou seja, eu ia fazendo estes tais planos e estas tais metas diárias. Nunca tinha como grande meta estudar tudo para o exame. Acabava por não ter grande margem para a chamada, procrastinação. Porque se nós um dia começamos a estudar e o nosso objectivo é saber as duzentas páginas para o exame, mais facilmente nos podemos perder, pois se tivermos pouco tempo não será possível. Então se não é possível mais facilmente achamos que não vale a pena estar a estudar as duzentas páginas, porque não vamos conseguir a tempo sabê-las. Eu nunca caí nessa tendência! Tentei sempre colocar pequenas metas que fossem concretizáveis.

Telma: Na minha opinião não existem estratégias infalíveis para ser bom aluno, cada pessoa deve ter os seus próprios métodos de estudo, e muitas vezes os que funcionam com uns, não funcionam com outros. Contudo todos nós ao longo de todos estes anos de estudo temos aprendido quais as melhores estratégias, no meu caso vou às aulas que na minha opinião é fundamental para perceber a matéria e ser capaz de elaborar o meu próprio plano de estudo; também gosto de sublinhar os apontamentos para posteriormente ser capaz de elaborar os meus resumos o que é essencial uma vez que organizamos a matéria por palavras nossas, o que permite quando estamos a estudar compreendê-la melhor. Por fim também e importante tirar dúvidas com os professores, este explicam-nos a matéria e dão-nos exemplos que nos permitem compreende-la

Mas o/a bom/boa aluno/a não é somente aquele/a que obtém um excelente aproveitamento escolar. A nosso ver, é também aquele/a que tem uma posição íntegra e eticamente responsável, nomeadamente quando nos referimos a processos de plágio ou outros menos corretos de desempenho académico. Esta atitude idónea qualifica-o/a enquanto cidadão/ã socialmente responsável e, de certo, o/a acompanhará, igualmente, na transição para o mundo laboral.

Esta Edição do Boletim do Conselho Pedagógico visa partilhar com a comunidade académica os temas relacionados com a identidade social destes membros juvenis, mas também, tal como na Rúbrica “Olhares Cruzados”, um conhecimento aprofundado da opinião de informantes privilegiados sobre temas atuais que se colocam no Ensino Superior.

É acima de tudo um Boletim elaborado pela comunidade académica para a comunidade académica onde em todas as edições todos terão uma voz ativa.

Aproveitamos para desejar a todos e a todas um Bom ano Letivo de 2012/2013.

Os docentes do CP

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mais facilmente.

Daniela: […] Na Universidade não há muitos deveres, mas temos de os fazer de forma autónoma. Sempre tive o hábito de ler a aula, reler os textos recomendados sobre a mesma e, portanto quando tinha exame não precisava de muito tempo para estudar porque já ia lendo e ia tirando as minhas anotações, conjugando os apontamentos da aula com o que retirava dos textos e, muitas vezes, ia pesquisar mais à internet e fazia as minhas anotações. Assim, antes do exame bastava um ou dois dias para reler as anotações que tinha feito ao longo do semestre.

A bússola:

PowerPoints, sim ou não?

Cláudia: É uma referência. Como normalmente os powerpoints estão muito bem organizados pelos grandes temas do assunto, muitas vezes eu utilizava-os para fazer os meus programas de estudo, portanto para mim serviam sempre como uma referência. A

partir daí, sempre que importante pegava nas referências do professor e, com base no tempo que tinha, explorava outro tipo de literatura.

Telma: Os powerpoints que os professores nos facultam são na minha opinião fundamentais, uma vez que funcionam como fio condutor de toda a matéria. Quando temos muita matéria e pouco tempo para a estudar, os powerpoints permitem-nos organizar o nosso estudo e fazer o nosso próprio plano de estudo.

Daniela: Acho bastante bem, porque pelo menos para mim era o fio condutor dos meus apontamentos, tentava guiar-me pela ordem dos powerpoints que os professores lecionavam, se bem que retirava sempre apontamentos das aulas, mas o recurso aos slides[…]ajudava-me a recordar pormenores e exemplos tecidos pelos professores.

Ir às aulas, coisa do passado?

Cláudia: É muito importante definir os objectivos: “O que eu quero!”. Para tal, se ainda não foram desenvolvidas, desenvolver estratégias de estudo eficazes, porque as pessoas são todas diferentes, portanto é necessário definir que estratégias existem, ou por si próprio ou por conselho de outras pessoas. Eu acho que é muito importante ir às aulas. Para aprendermos as matérias como deve de ser, consolidá-las e não ser só o decorar e marrar acho que é importante ir aprendendo gradualmente, dar tempo para reflectir, para exercitar os conhecimentos. Para isso as aulas são fundamentais.

Telma: Na minha opinião ir as aulas não devia ser obrigatório, nós estamos num nível de ensino em que já temos capacidade de decisão, e nesse sentido devemos ser capazes de decidir o que é melhor para nós. Para mim, é importante ir as aulas, e para ter boas notas torna-se fundamental, contudo isto não deve ser imposto.

Daniela: No Ensino Superior acho que a obrigatoriedade de frequência das aulas não faz sentido. Depende da consciência de cada um estar aqui ou não estar. Se a pessoa vem para aqui, vem para estudar, não vem para aqui para ir...para às noites e depois não consegue acordar e não vai à aula. Mas também há o outro lado, considero que há aulas e professores que não cativam e, por isso não vale a pena, pelo menos a mim não valia a pena. No início do semestre ia a todas as aulas mas depois deixava de frequentar porque sentia estar a perder tempo. Por vezes, por respeito ao professor (para não ter a sala vazia) ia às aulas, mas ficava a ler os textos relacionadas com a mesma.

Cláudia Melo

Telma Marques

Daniela Duarte.

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Olhares Cruzados

Cruzar pontos de vista de pessoas capazes de olhar e refletir sobre as situações, a partir de perspectivas únicas e autorizadas, fundadas na vasta experiência que as suas funções lhes outorgaram, recolher percepções dos contornos que as mudanças que temos vindo a atravessar no Ensino Superior assumiram, assumem e em que se poderão vir a configurar, é de um valor inestimável para compreendermos e refletirmos melhor acerca dos processos de mudança em que todos temos estado, de forma mais ou menos comprometida, envolvidos.

Assim, indo ao encontro da dimensão transformar deste boletim, a equipa do anterior Conselho Pedagógico programou e realizou um conjunto de três entrevistas, designadamente à Srª ex-Vice-Reitora da Universidade de Coimbra (Doutora Cristina Robalo Cordeiro; CRC), ao Sr. Vice-Director da FPCE (Doutor António Gomes Ferreira; AFG) e ao anterior Presidente do NEPCE (João Oliveira; JO). O tema agregador desta iniciativa prende-se com o processo de Bolonha, cujas ideias fundamentais apresentamos nesta rubrica. Os excertos aqui facultados constituem a segunda parte da informação recolhida e dão continuidade à primeira edição do Boletim. Os olhares cruzados sobre duas das questões colocadas, representam um contributo para a reflexão que, continuamente, precisamos de realizar, e um elemento relevante a considerar para um futuro comum, a definir e projetar com mais clareza, justificação e consistência de opções face aos desafios do futuro, na senda da construção de um processo de ensino aprendizagem de crescente qualidade pedagógica e científica, baseado numa cultura de responsabilização participada.

1 - Qual o contributo da avaliação do desempenho dos docentes para os processos de ensino-aprendizagem?

CRC - “Julgo que ninguém está muito satisfeito com essa questão […] e que o resultado ficou aquém das expectativas, nomeadamente no que toca ao trabalho e à actividade pedagógica dos docentes. É paradoxal (e inaceitável) a possibilidade de os docentes terem

uma boa classificação e simultaneamente um mau desempenho pedagógico. Não privilegiar essa dimensão - de tal maneira que uma apreciação negativa, de um ponto de vista pedagógico, não iniba um “Muito bom” final – é mau e deve ser alterado.

[O SGQP] é um instrumento precioso na gestão da qualidade pedagógica da UC, que precisa de correcções que tornem fiáveis os seus resultados e que simplifiquem a sua aplicação. É urgente que os docentes acreditem na sua bondade e eficácia e a ele possam aderir sem reservas. […] Para isso, o SGQP tem que estar a funcionar de forma inequívoca e oferecer totais garantias de credibilidade. Quando isso acontecer, este sistema será um excelente instrumento para aceder à apreciação dos estudantes sobre a qualidade do ensino que ministramos e deve ser tido em conta na avaliação do desempenho docente.

“ [Neste âmbito, há também a considerar] a absoluta necessidade de revalorizar a figura do Coordenador de Curso […] figura que deve capaz de aglutinar e de congregar todos os docentes (e discentes) implicados no mesmo Curso. Através de reuniões regulares com todos os docentes, o Coordenador deve poder avaliar o funcionamento do curso de forma integrada, e nomeadamente no que diz respeito à organização dos horários, aos métodos de avaliação, às matérias leccionadas. [É importante] a criação de estímulos de trabalho em conjunto, de trabalho em rede, cimentando as relação entre os docentes, e entre os docentes e os estudantes.”

“[…] O ensino não deve desligar-se da investigação […] Acredito que ensina bem quem investiga e investiga bem quem conhece a prática pedagógica. O conhecimento e a experiência pedagógica podem ser benéficos para a investigação e a produção de saber ajuda o docente na sala de aula. Estas actividades devem cruzar-se e não podem ser separadas. […] É preciso rever o entendimento do que deve ser a relação entre o ensino e a investigação. […] É muito importante que nós possamos libertar os docentes e os investigadores […] de tarefas burocráticas e administrativas que, [sendo] muitas vezes excessivas, os impedem de dedicar o tempo devido quer à investigação quer ao ensino.”

AFG - “A avaliação do desempenho dos docentes é mais do que a avaliação da sua acção lectiva e a avaliação dos alunos não incide somente sobre os docentes. Portanto, não se trata só de uma avaliação dos docentes pelos alunos, trata-se de uma avaliação da instituição pelos alunos, e eles dão elementos preciosíssimos, e muito mais fiáveis do que as pessoas por vezes imaginam.” […] “De qualquer modo, estas avaliações deviam ser equacionadas a partir duma definição de uma cultura institucional, capaz de ajudar a clarificar a leitura que temos da realidade, de elucidar

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Ex-Vice-Reitora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo Cordeiro (Foto: UC/José Dinis).

 

Sr. Vice-Director da FPCE, António Gomes Ferreira.

o propósito da instituição e o contexto em que vivemos, para depois enunciarmos precisamente ao que queremos ir.”

“Na definição e na clarificação devia ser óbvio o que é que podíamos exigir a cada uma das pessoas. Em determinados períodos ou em determinados percursos devia-se valorizar fundamentalmente um desses aspectos (funções nos órgãos; docência ou investigação), naqueles que o docente e a instituição consideravam que eram os mais adequados ao perfil, ao desejo, ao investimento desse profissional. Por exemplo, tenho insistido que os coordenadores de curso sejam autênticos gestores do curso; eles deviam ser os responsáveis pela qualidade do curso. Para isso, têm que investir mais; mas, até agora, não têm podido porque um coordenador de um curso é um docente normal, é um investigador normal. Ainda agora, nas questões da avaliação de desempenho não foi particularmente valorizado esse cargo. Talvez seja a sobrecarga dos docentes que mais prejudica o processo de ensino-aprendizagem. Ela é claramente prejudicial à relação pedagógica e à organização das dinâmicas relativas ao ensino-aprendizagem.”

JO - “[…] A avaliação dos docentes por parte dos discentes é fundamental. A desvalorização actual da avaliação dos docentes, feita pelos estudantes preocupa-me um pouco e acho que merece uma reflexão profunda por parte da comunidade académica. […] O fundamental é que esta opinião seja válida, e tenha valor prático, ou seja, dentro das práticas do docente […] Não concordo, no entanto, que estes critérios sejam utilizados como ferramentas de “arremesso” contra os docentes, não é essa a ideia, acho que deve ser uma ferramenta de diálogo. […] Daquilo que conheço, os Professores aqui da Faculdade têm uma muito maior proximidade e uma muito maior disponibilidade em relação aos alunos do que docentes de outras Faculdades”

2 – Qual o perfil de um bom Conselho Pedagógico (CP)?

CRC – “Temos que valorizar o CP e definir muito bem as suas funções, as suas atribuições e a sua natureza. [Neste] momento, o CP é um lugar onde os estudantes têm ainda uma capacidade de exprimir e de fazer ouvir a sua voz, [embora] não de uma forma deliberativa. O CP não toma decisões mas pode ajudar a colocar questões, a levantar problemas – e é isso que nos interessa - devendo ser também capaz de fazer propostas e de trazer soluções. Penso que as Direcções das Faculdades devem dar uma grande atenção aos CP’s, valorizando a sua acção: deste órgão, pela presença dos estudantes e pela presença de professores com grande experiência, podem sair ideias, princípios, projectos que valorizam não apenas a [respectiva] Faculdade, mas que podem ser divulgados e partilhados por toda a comunidade universitária. Entendo o CP […], no caso específico de Bolonha, como um parceiro fundamental a ser consultado e a ter uma voz activa na tomada de decisão”.

AFG – “Eu penso que o Conselho Pedagógico devia ser mais propositivo e que devia ser um órgão mais autónomo. O CP devia ter um projecto e devia ser o garante da qualidade pedagógica na Faculdade. Devia definir a orientação pedagógica e apresentar as linhas e regras de funcionamento pedagógico. O CP devia ter conceitos pedagógicos, ideias claras, devia ter indicadores que orientassem o caminho a percorrer, que fossem, até, tidos como condição sine qua non para que um docente pudesse ser avaliado como bom professor. Do meu ponto de vista, deviam existir directrizes, orientações claras acerca do que é um trabalho pedagógico de qualidade, tentando fixar alguma cultura de responsabilização”.

Não é, seguramente, a composição do Conselho Pedagógico que

João Oliveira, antigo Presidente do NEPCE.

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inviabiliza o traçar do caminho que deve indicar a cultura pedagógica que se quer para a Faculdade. A experiência que eu tenho de trabalhar com os alunos neste órgão diz-me que eles são os primeiros a querer que as coisas funcionem com rigor, com justiça, e não puxam para o facilitismo. O CP não devia ter outra preocupação que não fosse pedagógica. Devia ser mais afirmativo, mais analítico, deixar recomendações aos alunos, aos professores, aos Coordenadores de Curso, ao Conselho Científico, à Direcção. Eu acho que o CP devia reunir mais com estruturas representativas dos alunos e, através delas, tentar condicionar a responsabilização dos alunos no processo ensino-aprendizagem. Na verdade, todos temos que trabalhar muito sobre problemas vários como a questão do plágio e do copianço, sobre o problema do que é a qualidade, sobre qual deve ser o esforço do aluno na aprendizagem. Uma cultura de responsabilização, não se pode fazer, pura e simplesmente, através de determinações, sejam elas do Conselho Científico, da Direcção ou do CP. Tem de se fazer um trabalho sistemático e sistémico durante uma geração para dar algum resultado.

JO - “[…] Eu acho que o CP tem um papel fundamental, está estatutariamente definido e é bastante claro, portanto em termos legais não há muito a fazer a não ser que façamos uma proposta de alteração dos estatutos da nossa Faculdade.[…] Acho que será fundamental criar outras bases de comunicação, de diálogo. Poderá também ser utilizado, eventualmente, e falando mais em relação ao NEPCE/AAC, o jornal “O Claustro” para a difusão de algumas informações. […]; poderiam ser realizadas sessões de esclarecimento e debate público sobre questões pedagógicas. […] Aqui na Faculdade, eu acho que existe esta disponibilidade por parte do docente; sempre que o discente necessite de alguma coisa, está disponível para providenciar a bibliografia

necessária [de modo a que ele possa], fora das aulas, realizar o seu próprio processo de aprendizagem, e que tem havido um grande esforço no sentido de melhorar o processo de ensino-aprendizagem. […] As [referidas] sessões de esclarecimento [com a presença] dos Coordenadores de mestrado ou licenciatura seriam extremamente potenciadoras de [clarificação] de algumas dúvidas que surgem. […] O Doutor António Gomes Ferreira e outras pessoas do CP, [quando ele era seu Presidente], tiveram a necessidade de criar uma plataforma de diálogo com os estudantes. Porque não reactivar isso? Porque não reactivar essas reuniões?

“[…]Fomentar a presença dos Coordenadores de licenciatura e mestrado nas reuniões do NEPCE/AAC com os representantes de ano, acho que é uma forma, um caminho muito útil para nós e para os docentes. Acho que estas pontes de comunicação são do interesse de todos. […] Não devemos ter medo de discutir estas questões apesar de serem mais ou menos polémicas, porque este espírito de abertura e receptividade, por exemplo, que temos, aqui, hoje nesta entrevista, será o primeiro passo, na minha opinião, para criarmos a tal mudança que se pretende com Bolonha. A verdadeira mudança ainda está por fazer, [que permita que um aluno possa], de facto, dar a sua opinião acerca dum docente, e vice-versa, sem haver aquelas barreiras de comunicação e meta-comunicação que ficaram por resolver, ou aqueles ruídos no diálogo que muitas vezes se estabelecem exactamente porque existem muitas estruturas e existem poucas pessoas. Ou seja, existe pouco encontro entre as pessoas; existe […] demasiada formalidade na comunicação. […] É fundamental haver também estes espaços de maior contacto entre Professores e alunos para que as barreiras sejam quebradas e para que consigamos estabelecer um diálogo profícuo”.

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Box-Vox

Plágio e software para a sua detecção e prevenção

O plágio em contexto académico é uma realidade que tem vindo a preocupar cada vez mais docentes e investigadores, especialmente com o acesso facilitado a fontes de informação na Web. Mais do que uma questão comportamental implica, igualmente, questões éticas importantes para as quais os alunos parecem ainda não ter uma consciência clara da sua importância e gravidade.

As questões de plágio possuem diferentes contornos e diferentes dimensões de gravidade. Existem situações em que os alunos utilizam o pensamento e trabalho de autores de forma pontual sem a referência de fontes por fatores diversos, que vão desde o descuido, da falta de conhecimento das normas de elaboração de trabalhos científicos até à utilização extensa, recorrente e intencional de textos e fontes sem a sua identificação, o que revela uma atitude moral e eticamente incorrecta.

A Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra, consciente deste grave problema, colocou à disposição de todos os docentes o programa “Ephorus”. Este software permite a prevenção e a deteção rápida e eficaz de plágio, uma vez que, utilizando um trecho ou uma palavra-chave do trabalho a pesquisar, este, através das bases de dados a que se encontra associado permite encontrar documentos, trabalhos, livros, artigos e outras fontes primárias e secundárias associadas.

Os passos associados a este software encontram-se presentes nas seguintes imagens:

1º Enviar um documento para a Ephorus2º Os resultados são exibidos num relatório dos diversos

documentos disponíveis (conforme figura abaixo)3º Identificação da página da internet ou outros trabalhos

onde o documento “suspeito” terá ido buscar infor-mação, utilizando-a como sua.

O processo é extremamente simples e de fácil acesso aos professores, facilitando a deteção de plágio.

Todos os docentes possuem já esta ferramenta, disponibilizada pela Direcção da FPCE da Universidade de Coimbra

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Participaram na edição deste número: Albertina Oliveira, Clara Santos, Marta Santos e Vânia Fernandes

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