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mix legal Maio 2012 Publicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo ADMINISTRAçãO PúBLICA Antes da Copa, Brasil precisa vencer uma difícil partida no Senado REGULAçãO FecomercioSP derruba PL que obrigaria o desfibrilador LEGISLAçãO Projeto de Lei pode complicar processo de recuperação judicial pág. 02 pág. 03 pág. 04 FecomercioSP acredita que o PL 3187/12 trará mais equidade e transparência às relações de consumo O Projeto de Lei 3187/12, de autoria do deputado Francisco Araújo (PSD-RR), propõe mudanças nos artigos 30, 36 e 37 da Lei 8.078/90, o Código do Con- sumidor (CDC). O objetivo é proibir a utilização de imagens meramente ilustrativas em produtos e serviços, equiparando tal prática à divulgação de propaganda enganosa. Araújo defende que só indivíduos cientes do que adquirem podem exercer plenamente sua cidadania nas relações de consumo. De acordo com o deputado, o uso de figuras meramente ilustrativas induz ao erro. Segundo a Assessoria Técnica da FecomercioSP, a mudança não altera- ria a utilização de imagens ilustrativas, uma vez que a norma atual, além de trazer uma infinidade de proteções ao consumidor, já prevê que a pu- blicidade deve dispor informações claras e precisas. O próprio artigo 37 do CDC estabelece, em seu 1º parágrafo, que é enganosa qualquer modalida- de de informação ou comunicação publicitária, inteira ou parcialmente falsa, capaz de ludibriar o consumidor. Ou seja, o CDC prevê que qualquer imagem veiculada em anúncios deve ser fidedigna ao produto ofertado. A FecomercioSP destaca, ainda, que o CDC é interpretativo e regula a proteção ao consumo de uma forma geral, dedutiva e não particula- rizada. Contudo, a FecomercioSP apoia o projeto que não gera prejuízo ao empresário, mas apenas traz mais transparência e equidade para as relações de consumo. ILUSTRAçõES ENGANOSAS

MixLegal Impresso nº 26

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Veja no MixLegal Impresso: A utilização de imagens meramente ilustrativas em produtos e serviços pode configurar propaganda enganosa; Projeto de Lei pode complicar processo de recuperação judicial; FecomercioSP derruba PL que obrigaria o desfibrilador

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mixlegal maio 2012

Publicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo

AdministrAção púBliCAAntes da Copa, Brasil precisa vencer uma difícil partida no Senado

rEgulAçãoFecomercioSP derruba PL que obrigaria o desfibrilador

l E g i s l A ç ã oProjeto de Lei pode complicar processo de recuperação judicial

pág.02 pág.03 pág.04

Fecomerciosp acredita que o pl 3187/12 trará mais equidade e transparência às relações de consumo

O Projeto de Lei 3187/12, de autoria do deputado Francisco Araújo (PSD-RR), propõe mudanças nos artigos 30, 36 e 37 da Lei 8.078/90, o Código do Con-sumidor (CDC). O objetivo é proibir a utilização de imagens meramente ilustrativas em produtos e serviços, equiparando tal prática à divulgação de propaganda enganosa.

Araújo defende que só indivíduos cientes do que adquirem podem exercer plenamente sua cidadania nas relações de consumo. De acordo com o deputado, o uso de figuras meramente ilustrativas induz ao erro.

Segundo a Assessoria Técnica da FecomercioSP, a mudança não altera-ria a utilização de imagens ilustrativas, uma vez que a norma atual, além de trazer uma infinidade de proteções ao consumidor, já prevê que a pu-blicidade deve dispor informações claras e precisas. O próprio artigo 37 do CDC estabelece, em seu 1º parágrafo, que é enganosa qualquer modalida-de de informação ou comunicação publicitária, inteira ou parcialmente falsa, capaz de ludibriar o consumidor. Ou seja, o CDC prevê que qualquer imagem veiculada em anúncios deve ser fidedigna ao produto ofertado.

A FecomercioSP destaca, ainda, que o CDC é interpretativo e regula a proteção ao consumo de uma forma geral, dedutiva e não particula-rizada. Contudo, a FecomercioSP apoia o projeto que não gera prejuízo ao empresário, mas apenas traz mais transparência e equidade para as relações de consumo.

ilustraçõEs EnGanosas

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Para mudar hábitos e impactar a sociedade, a economia e

o meio ambiente de maneira positiva, precisamos colocar

novas ideias em prática. Se você pensa desta maneira,

participe do 3º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade,

que vai destacar práticas e projetos realmente inovadores.

Inscrições abertas. Para mais informações, acesse: www.fecomercio.com.br/sustentabilidade

O MUNDO PRECISA DE NOVAS IDEIAS.VOCÊ TEM ALGUMA?

Aqui tem a presença do

mudanças na rEcupEração JudicialFecomercio-sp acredita que proposta poderia atrasar a homologação dos planos de recuperação

Para o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), após mais de seis anos em vi-gor, a lei número 11.101 de 2005, que regu-la a recuperação judicial e extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, precisa de ajustes. O parla-mentar é autor do Projeto de Lei número 2875, de 2011, que propõe alterar o artigo 56 da referida norma, que prevê a realiza-ção de uma Assembleia Geral de credores para apurar o plano de recuperação judi-cial da empresa, na hipótese de haver ob-jeção de qualquer credor. A proposta visa estabelecer que, uma vez posta alguma objeção, fica vedada ao credor a desistên-cia em relação a tal pedido, que será, por sua vez, apreciado em Assembleia Geral.

A recuperação judicial é uma ação que tem por finalidade reorganizar as ativida-des da empresa em crise para permitir a ma-nutenção da fonte produtora, do emprego e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da sociedade e de sua função social. A inexistência de qualquer determi-nação legal que regule a hipótese do credor renunciar à objeção interposta gerou um celeuma no judiciário, provocando jurispru-dência conflitante. Bezerra aponta a ausên-cia de dispositivo específico para a matéria e as decisões divergentes como motivadores para a proposta, que foi pensada a partir de um caso que ocorreu em 2011.

Em recurso movido por uma empresa contra um banco, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o cre-dor pode retirar sua impugnação contra plano de recuperação judicial até a convo-cação da Assembleia Geral. Um dos credo-res havia impugnado o plano, mas, antes da convocação da Assembleia, retirou a objeção, ao que o juiz homologou a de-sistência, dando prosseguimento à ação. Entretanto, um banco, também credor, entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte para ver reconhe-cida a impossibilidade de desistência, ou a possibilidade de se ouvir outros credores. Desta vez, a Casa decidiu que o juiz não poderia ter homologado a renúncia. No seu recurso ao STJ, a empresa em recu-peração afirmou que, com a desistência, a Assembleia se tornou desnecessária. O relator reconheceu que a lei não prevê procedimento no caso de o credor objetar o plano e depois desistir, mas que não se pode obrigar a parte a prosseguir com a impugnação, não havendo razão legal para não homologar a abdicação.

Bezerra argumenta, então, na ausên-cia de amparo legal para disciplinar o pedido de desistência, deve-se alterar a lei 11.101/05 para preencher a lacuna. Além disso, o deputado afirma que a renúncia da objeção é intempestiva e pode abalar a

segurança jurídica, além de prejudicar os interesses dos demais credores, uma vez que há procedimentos e custos envolvidos na convocação da Assembleia. Ele afirma, ainda, que nos termos do artigo 55, a parte teve prazo de 30 dias, contados da publi-cação da relação de credores, para ponde-rar a respeito da objeção. Tempo, na visão de Bezerra, mais do que suficiente para o amadurecimento da decisão.

Para a Assessoria Técnica da Feco-mercioSP, a decisão do STJ de permitir a desistência da objeção até a convocação oficial da Assembleia é mais acertada, até porque, tal convocação somente se dá se houver alguma objeção. Assim, se o cre-dor, por qualquer razão, julgou positivo aceitar o plano de recuperação apresen-tado pela empresa devedora, após tê--lo impugnado, a desistência da objeção não causa nenhum prejuízo ao processo, desde que realizada antes da convocação da Assembleia. A entidade acredita que a renúncia à objeção proposta pelo credor, ao contrário do que defende Bezerra, não causa qualquer lesão à empresa nem aos credores, mas facilita a homologação do plano de recuperação. Portanto, na visão da FecomercioSP, a redação da lei deve ser alterada de acordo com a jurisprudência firmada pelo STJ, visando propiciar a cele-ridade processual.

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FEcomErcio-sp consEGuE vitóriapl 2984/2011 colocava em risco o alvará de funcionamento de inúmeros estabelecimentos comerciais no país

Para mudar hábitos e impactar a sociedade, a economia e

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O MUNDO PRECISA DE NOVAS IDEIAS.VOCÊ TEM ALGUMA?

Aqui tem a presença do

O deputado Laércio Oliveira (PR-SE) re-tirou da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei número 2984, de 2011, após receber oficio da FecomercioSP ponderando sobre os ônus que a medida iria gerar para os empresários caso fosse aprovada.

O PL 2984/2011 pretendia tornar obri-gatória a disponibilização permanente de desfibrilador cardíaco externo automáti-co em locais públicos. Contudo, a Assesso-ria Técnica da FecomercioSP esclarece que, da forma como foi escrito, o 2º artigo do

Projeto de Lei também atingia a pratica-mente todos os estabelecimentos comer-ciais e de prestação de serviços, uma vez que conceituava como local público “toda e qualquer edificação que tenha uma cir-culação diária de, no mínimo, 100 pesso-as e que não seja destinada a residência”. Marca que é ultrapassada pela maior par-te dos estabelecimentos no País.

Assim, os estabelecimentos comerciais teriam de arcar com o custo de adquirir o aparelho e, também, de manter um pro-

fissional da área médica em seu quadro de funcionários. Custo que se somaria aos já excessivos ônus trabalhistas, tributários e administrativos que sobrecarregam o empresário no País.

A FecomercioSP reconhece a sensibili-dade do deputado em retirar de tramita-ção o projeto que, além do custo adicio-nal, iria impor o risco de inviabilização da atividade e de revogação do alvará de funcionamento às empresas que descum-prissem a norma.

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presidente: Abram Szajmandiretor executivo: Antonio Carlos Borgescolaboração: Assessoria TécnicaCoordenação editorial e produção: Fischer2 Indústria CriativaEditor chefe: Jander RamonEditora executiva: Selma Panazzoprojeto gráf ico e arte: TUTUfale com a gente: [email protected] Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista - 01313-020São Paulo - SP - www.fecomercio.com.br

mixlegal

EntEnda a polêmica lEi GEral da copaAlém dos problemas de infraestrutura, o Brasil está enfrentando um jogo duro no campo legislativo

O Projeto de Lei número 2330, de 2011, que pretende criar um marco legal para a realização da Copa do Mundo de 2014 e da Copa das Confederações de 2013, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 28 de março e, agora, tramita em regime de urgência no Senado Federal. Contudo, o Conselho Superior de Direito da FecomercioSP afirma que a proposta, mais conhecida como Lei Geral da Copa, rompe diversos princípios constitucionais, afastando efeitos das leis gerais de esta-dos e municípios, bem como dos estatutos do idoso e do torcedor.

Entre os pontos mais polêmicos da Lei Geral da Copa está a legalização da ven-da de bebidas alcoólicas nos estádios, que obrigaria os estados-sede do Mundial que têm legislação própria proibindo a venda de álcool nas arenas esportivas a reverter estas leis para atender à exigência da Fifa – que tem uma cervejaria como patroci-nadora – ao menos no período dos jogos.

O PL 2330/2011 também prevê que a Fifa detenha a exclusividade na comercia-lização de produtos, divulgação de mar-cas, propagandas de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou comércio de rua no perímetro de dois quilômetros ao redor dos locais de compe-tição. Contudo, essa restrição, segundo o próprio projeto, diz que a delimitação das áreas de exclusividade, chamadas de locais oficiais de competição, não prejudicará as atividades dos estabelecimentos comer-ciais, que poderão se manter regularmente em funcionamento, desde que não reali-zem nenhum tipo de associação com os eventos oficiais. A captação de imagens ou sons e o acesso aos locais oficiais de com-petição também será exclusividade da Fifa, que retém o poder de autorizar terceiros mediante solicitação. A União ficaria res-ponsável pelos danos que causar por ação ou omissão e por assegurar à Fifa o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A venda de ingressos é outro ponto da Lei Geral da Copa que contraria a legislação em vigor no País, conforme destaca o Conse-

lho Superior de Direito da FecomercioSP. Isso porque os ingressos, de acordo com o PL, se-riam divididos em quatro categorias, sendo que somente aqueles da mais barata seriam vendidos com desconto de 50% (a famosa meia-entrada) para estudantes, pessoas com mais de 60 anos e inscritos nos progra-mas federais de distribuição de renda.

A comercialização dos ingressos desti-nados à categoria quatro, a mais barata, também prevê a realização de sorteios públicos para conceder entradas gratui-tas às pessoas naturais residentes no País, sendo que, no mínimo, 10% do total de in-gressos sorteados serão para os jogos da Seleção Brasileira. Os sorteios devem acontecer com “pra-zo razoável que evite filas ou constrangimentos”, mas o PL 2330/2011 não especifica qual será este prazo.

Para possibilitar que todos os brasi-leiros acompanhem os jogos da Copa do Mundo, a Lei Geral da Copa também pre-tende obrigar as escolas públicas e priva-das a ajustarem os calendários letivos de forma que as férias coincidam com todo o período dos jogos, desde a abertura até o encerramento.

Apesar de o PL 2330/2011 apresentar vários pontos polêmicos e, segundo o Con-selho Superior de Direito da FecomercioSP, inconstitucionais, também há alguns pontos positivos. Por exemplo, a conces-são de visto por meio eletrônico. Iniciativa que, de acordo com o Conselho de Turismo e Negócios da FecomercioSP, tende a be-neficiar o turismo nacional, facilitando a entrada de estrangeiros e estimulando a concessão de vantagens semelhantes para os brasileiros que pretendem visitar outros países.

Por fim, a Assessoria Técnica da Feco-mercioSP lembra que o PL também prevê uma premiação de R$ 100 mil, paga pelo

Ministério dos Esportes, e um auxilio espe-cial mensal de até R$ 3.916,20, pagos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), para os jogadores sem recursos ou com recursos limitados que tenham sido ti-tulares ou reservas das seleções brasileiras que foram campeãs das Copas do Mundo da Fifa de 1958, 1962 e 1970. Sendo que, nos casos de falecimento do beneficiário, tal montante deve ser transferido para seus herdeiros, de acordo com o Código Civil.