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Moçambique - JÁ! Justiça Ambiental - Março 2012

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JA! Justiça Ambiental pretende divulgar as diversas faces da matriz e agenda de desenvolvimento de Moçambique centradas nos grandes investimentos com particular destaque para os seus impactos prejudiciais ao meio ambiente e ao Povo moçambicano.

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Page 1: Moçambique - JÁ! Justiça Ambiental - Março 2012

Edição # 9: 5 de Marrço 2012

Conselho Editor: Anabela Lemos, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, SílviaDolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha

Propriedade da JA! Justiça Ambiental Rua Marconi, no 110, 1o andar ­Maputo­Tel: 21496668 E­mail:[email protected], [email protected] Foto:A.LemosGoverno chumba opção fluvial

Savana 1/3/2012Foi uma surpresa agradável abrir o jornal “Savana” e ler anoticia que informava o público a rejeição do “Estudo deImpacto Ambiental” (EIA), da proposta de transporte do carvãopelo Rio Zambeze, das companhias mineiras “Riversdale/RioTinto”.Na altura do lançamento do “EIA”, a JA fez uma análise aoestudo e chegou à conclusão, que o estudo não erafundamentado em dados científicos, os resultados damodelagem não eram confiavéis, o período para olevantamento de dados insuficientes e que havia falta deinformação e estudos sobre outras alternativas.A JA concluiu depois de ler o EIA que o projecto não deveriaser aprovado e que o Rio Zambeze não tinha condicões parao transporte de carvão. Aliás a “Riversdale/Rio Tinto”tinham aobrigação de procurar soluções mais sustentavéis para otransporte e escoamento do carvão, quer seja por via férreaou rodoviária, como aliás deveria ter sido considerado desde oinício ou seja escolher das três opções, ao invés de apenas serestringirem a uma única opção “a navegação”, principalmentequando existem outras, sendo isso também uma boaoportunidade e um factor para o desenvolvimento dalocalidade e das comunidades, como é o caso das linhasférreas.Congratulamos o nosso Governo pela análise e decisãocorrecta deste projecto, esperando que continuem firmes nadecisão e apelando sempre à priorização de alternativas maissustentáveis como é o caso da linha férrea.“ O poeta checolosvaquio Vaclav Havel quando esteve naprisão, escreveu sobre a diferença entre o optimismo e aesperança:“Optimismo” ­ ele argumentou ­ era baseado no desejo quetudo se ia resolver.”Esperança”, por sua vez, era baseada na orientação doespirito. Não assumindo que tudo se há­de resolver mas simfundamentado na convicção que o que estamos a fazer éCorrecto, sem nos importarmos com o resultado.

Foi lançado um relatório das organizações “Earthworksand MiningWatch Canada” intitulado“ Troubled Waters”,queanalisa os despejos de residuos solidos (lixo) que estão aenvenenar os nossos oceanos, rios e lagos, com especialdestaque para os residuos causados pela mineração.A pesquisa durou um ano e descobriu que as empresas demineração estão a despejar toneladas de resíduos dasminas nos oceanos, rios e lagos O relatório“TroubledWaters”poderá ser visto no seguinte site:www.nodirtygold.org/troubledwaters.cfm( com fotografias, mapas etc)Nós temos esta esperança e como disse o poeta May Sarton

“ mantenham a esperança guardas do espiríto, vocês sabemque sem a escuridão nada nascerá”

Sociedade Civil Africana Exige um EfectivoTribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos

(TADHP)Moçambique acolheu em Fevereiro último o semináriointernacional de capacitação sobre o (TADHP),com vista aaperfeiçoar procedimentos de encaminhamento decontenciosos judiciais ao Tribunal. Organizado pela LigaMoçambicana de Direitos Humanos (LDH),o semináriodestinado a advogados e activistas, contou com a presençado Presidente do Tribunal Supremo da África do Sul e Juiz do(TADHP) , Bernard Ngoepe e a Comissária Africana dosDireitos Humanos e dos Povos, Pansy Tlakula.A Presidente da LDH, Maria Alice Mabota, disse que aformação constitui um grande passo rumo ao reforço dasociedade civil dos países africanos falantes da LínguaPortuguesa no sistema africano dos Direitos Humanos e asua inserção no sistema regional e internacional dos DireitosHumanos, visando a resolução de problemas relacionadoscom violações de Direitos Humanos cometidos pelos poderpolítico nos países africanos.Os Estados Membros da União Africana(UA) incluindoMoçambique adoptaram o Protocolo a a Carta Africana deDireitos Humanos e dos Povos em 10 de Junho de 1998 , emOuagadougou, em Burkina Fasso. O referido Protocolo,vinculativo para os Estados Partes que o ratifiquem, entrouem vigor a 24 de Janeiro de 2004. Até Março de 2011somente 26 Estados membros entre os quais Moçambiquehaviam ratificado o Protocolo que estabelece o TribunalAfricano. Entretanto, apesar de ter ratificado este ProtocoloMoçambique não assinou a necessária Declaração quepermite o acesso directo ao Tribunal por parte de indivíduose Organizações Não Governamentais. Com esta capacitaçãoespera­se que nos próximos meses várias iniciativas deadvocacia sejam promovidas com vista a sensibilizar oGoverno e a Assembleia da República de Moçambique aefectuar a declaração sobre o protocolo Africano referenteaos Direitos do Homem e dos Povos.

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Mudanças climáticas! Soluções verdes de maispara serem verdade !Desde os anos 90, vem se intensificando o debate sobre asmudanças climáticas. Os cientistas do PainelIntergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) assimcomo diversas Organizações Não Governamentais (ONGs)emitiram pareceres que confirmam as evidências daexistência do aquecimento global e alertam para anecessidade imediata de enfrentar o problema.Face a isto, decisores políticos e económicos a nívelinternacional, empresas multinacionais, bancos e algumasagências internacionais empenharam­se em criar e promoversoluções para mitigar e adaptar às Mudanças Climáticas.Dentro das quais as mais populares são: os agro­combustíveis, plantações florestais, economia verde, créditosde carbono e o REDD ( Redução de Emissões porDesmatamento e Degradação). Contudo, a legitimidadedestas soluções são questionáveis, pois as mesmas têmvindo a demonstrar que, não foram criadas para emitir menosgases de efeito de estufa, muito menos para beneficiar osmais afectados pela crise climática. Outro ponto relevantenesta questão é o fenómeno de ocupação pelos paísesindustrializados que se tem verificado há mais de 10 anos naConferência das Partes sobre Mudanças Climáticas. O queum dia no passado foi uma conferência para discussão desoluções para as mudanças climáticas, hoje em dia, nadamais é do que uma conferência económica onde asmultinacionais exibem os seus certificados de “sustentabilidade” e disputam entre elas quem faz melhor usodas palavras “verde” e “ecológico ”; os decisores políticos eGovernos corrompem e deixam­se corromper e os bancos eagências internacionais, fazem uso do tráfico de influências eganham assim o seu por fora.O conselho editorial, decidiu então criar neste boletimuma secção para arrolar uma a uma as falsas soluçõespara as mudanças climáticas. Nesta edição começaremoscom os milagrosos Agro­combustíveis!

AGRO­COMBUSTÍVEISAgro­combustiveis são um tipo de biocombustiveis ( sãocombustíveis derivados de biomassa (origem orgânica) aexcepção dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural ecarbono), como o biogás derivado do esterco de lixeiras eóleo vegetal usado) que consiste na plantação em grandeescala de monoculturas como a jatropha, cana­de­açúcar,milho e soja para obtenção de biodiesel e etanol. Estes têmsido promovidos a nível mundial como uma das principaisalternativas às duas maiores crises dos últimos tempos: criseenergética e climática.Em 2009, a União Europeia aprovou uma directriz queprevê a substituição de 5.75% dos combustíveis fósseis poragro­combustíveis no sector de transportes a partir de 2010 –a importação deveria ultrapassar os 10 biliões de litros porano. A meta dos Estados Unidos era de reduzir o consumode combustíveis fósseis em 20% e a demanda por etanolpoderia atingir 132 biliões de litros por ano (mais de 3 vezes aprodução actual mundial) até 2017. No entanto, para atingirestes objectivos, a Europa precisaria que 70% das suas terrasagrícolas fossem plantações de agro­combustíveis e osE.U.A. teriam que processar toda a sua produção de milho esoja em combustível. Como isto não é possível, o mundoindustrializado está a voltar­se para os Países do HemisférioSul, para atender às suas necessidades em termos de agro­

­combustível (1). África ocupa um lugar importante no radardos promotores dos agro­combustíveis e os Governosafricanos vêem neles benefícios financeiros de enormepotencial para as elites políticas e financeiras(2).Os agro­combustiveis são o mais novo negócio “ecológico”das empresas petrolíferas. Em 2006 a BP assumiu ocompromisso de investir mais de 1,5 biliões de dólares emoperações e pesquisa de agro­combustível, em 2011anunciou que vai investir 96 milhões de dólares na produçãode cana do Brasil(3); A Shell associada a Codexis e a Cosaninvestiram cerca de 12 biliões de dólares em cana­de­açúcarpara produção de etanol(4) . Grandes companhias do ramopetrolífero como Petrobras, Shell, BP, Cargill Chevrom fazemparte da lista dos maiores investimentos do ano de 2011 embioenergia (5).No entanto, várias Pesquisas(6), tem vindo a provar que osagro­combustíveis estão longe de serem ecológicos e deserem a solução para a crise energética. Pois, o seu modelode produção (de monocultura) é caracterizado pela ocupaçãode grandes e contínuas áreas de terra, uso intensivo defertilizantes, agrotóxicos e herbicidas químicos, usoexcessivo de água e energia. Para além de desviaremrecursos (financeiros) destinados ao investimento epromoção de energias limpas e renováveis como a eólica e asolar.Em Países como a Indonésia já se faz sentir o impacto dosagro­ combustíveis na biodiversidade. Cerca de 18 milhõesde hectares de florestas foram cortadas em prol da produçãodo óleo de palma. O abate indiscriminado de florestas levoua perda de biodiversidade e espécies como o Orangotango eo Tigre sumatra que se encontram em risco de extinção (7).De acordo com o Fórum Permanente da ONU sobrequestões indígenas, o desmatamento de florestas para abrirespaço para monoculturas coloca em risco cerca de 60milhões de pessoas indígenas, pois estes dependeminteiramente das florestas para a sua sobrevivência.A produção de agro­combustíveis tem também implicaçõesdirectas na segurança e soberania alimentar doscamponeses e comunidades indígenas. A crescentedemanda por biomassa aliada à expansão das áreas decultivo da matéria prima conduzem à ocupação de áreasdestinadas à agricultura familiar e a uma maior pressãosobre recursos naturais ( terra, florestas, rios etc).

uso excessivo de água

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A produção de agro­combustíveis tem também implicaçõesdirectas na segurança e soberania alimentar dos camponesese comunidades indígenas. A crescente demanda por biomassaaliada à expansão das áreas de cultivo da matéria primaconduzem à ocupação de áreas destinadas à agriculturafamiliar e a uma maior pressão sobre recursos naturais ( terra,florestas, rios etc). Casos de conflitos de terra, usurpação deterra violação de direitos humanos e trabalhistas,deslocamentos forçados, prisões ilegais devido a expansão demonoculturas estão muito bem documentados um pouco portodo Mundo, principalmente em Países como a Guatemala,Colômbia, Indonésia, Brasil, Moçambique e Mali. Um informede 2011 sobre o Índice Global da Fome diz que as mudançasclimáticas, a crescente demanda de agro­combustíveis e oaumento do comércio mundial de matérias­primas foram asprincipais causas da falta dos alimentos, que resultou na fomeque afecta o Chifre da África(2).O uso excessivo da água é também um aspecto crítico dafase de produção dos agro­combustíveis. A escassez daágua reduz a produtividade de forma significativa até mesmoem solos mais férteis. Consequentemente, a expansão dosagro­combustíveis aumentará a demanda e o consumo deágua.Para obter um litro de etanol, a partir do milho, utiliza­se entre1200 e 3400 litros de água (8). A cana­de­açúcar, a palma e ajatropha também precisam de enormes quantidades de águapara a sua produção. Outro aspecto a considerar é a relaçãoentre mudanças climáticas e escassez de água. É sabido queum dos maiores impactos das mudanças climáticas será adisponibilidade de água para consumo humano e a difíciltarefa de gestão dos recursos hídricos e abastecimento deágua potável às comunidades fazem parte da lista dosproblemas mais graves da maioria dos Países Africanos.Actualmente 1,6 bilião de pessoas vivem em áreas comescassez de água (9).

Face os factos apresentados, o argumento que defendem queos agro­combustíveis são uma medida de mitigação eadaptação às mudanças climáticas são no mínimo, devido afalta de informação, perigosas. É verdade que a combustãodos motores com agro­combustíveis emitem menos carbonopara atmosfera, no entanto se for considerado o seu ciclocompleto de produção, transformação e distribuição o balançode emissão de gases é negativo. O mesmo acontece com obalanço energético a energia gasta para a sua produção émaior do que a energia que obtêm na sua fabricação, aenergia que entra para a sua produção é maior do que a quesai da sua produção.

Para obter uma cópia do novo relatório da EPA visite a página da internethttp://www.epa.gov/dioxinPara mais informação sobre os perigos das dioxinas, consulte a página na internethttp://chej.org/wp­content/uploads/Documents/Dioxin% 20Sheet.pdf% 20Fact

ALERTALançado o relatório da EPA (Agência de ProteçãoAmbiental dos Estados Unidos) sobre o efeito dasDioxinas na Saúde, com 27 anos de atrasoA EPA lançou finalmente o seu relatório sobre os efeitoscancerígenos das Dioxinas na saúde (confirmados desde1997). Os sucessivos adiamentos do lançamento do mesmodevem­se à grande interferência da indústria química. Osgrupos ambientais e de saúde dos Estados Unidos e domundo inteiro celebram com alegria este marco importante.As Dioxinas acumulam­se no corpo humano através dosalimentos que ingerimos. Segundo a EPA mais de 90% daexposição humana às dioxinas ocorre através da nossadieta. As dioxinas prevalecem na carne, peixe, laticínios eoutros alimentos gordurosos.As dioxinas são substâncias com efeito carcínogénico noHomem. Causam ainda uma vasta gama de efeitos não­cancerígenos adversos, nomeadamente na reprodução,desenvolvimento, ao nível do sistema imunológico eendócrino tanto no Homem como em animais. Nas crianças,a exposição às dioxinas tem sido associada a um coeficientede inteligência reduzido, atrasos na psicomotricidade e noneurodesenvolvimento além de alterações comportamentais,incluindo hiperatividade.Em estudos com humanos, as Dioxinas foram associadas adepressão do sistema imunológico e alterações no estadoimunológico levando ao aumento de infecções. As dioxinaspodem também perturbar o funcionamento normal dashormonas, mensageiros químicos que o corpo utiliza para ocrescimento e regulação. As Dioxinas interferem com osníveis da tiróide em crianças e adultos e tem sido associadasa diabetes.Antecipando as preocupações acerca das dioxinas nosalimentos, o Centro de Saúde, Meio Ambiente & Justiça(CHEJ) preparou as 6 dicas mais importantes para reduzir aexposição a Dioxinas através dos alimentos:­ Comer menos gordura animal,comprar carnes magras eaves,e cortar a gordura antes de cozinhar.­ Comer produtos lácteos sem gordura,ou com o mínimopossível,produtos lácteos, como leite, queijo e iogurte.­ O peixe é uma escolha alimentar saudável, mas os peixestambém são afectados, a evitar peixes gordos (como osalmão),retirar a gordura antes de cozinhar e comer.­ Comprar produtos alimentares ( animais) que não foramalimentados com rações compostas por produtos animaistais como gorduras, etc, pois estas aumentam a quantidadede Dioxinas ingerida pelos animais,aumentando assim aconcentração de Dioxinas presente neste produtos.­ Coma mais frutas e verduras.­ Amamentar os seus bebês,o leite materno ainda é o maissaudável para seu bebé.

ALERTA.....Pesticida Endosulfan relacionadocom leucemia infantilElevados níveis de “endosulfan”, um pesticida altamentetóxico e amplamente utilizado nas plantações de castanhaassim como em outras plantações, foram encontrados namedula óssea de crianças que sofrem de leucemia. Leia oartigo completo na seguinte página da internet:http://www.dailymail.co.uk/indiahome/indianews/article­2102288/Endosulfan­pesticide­linked­blood­cancers­children.html

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O que são as dioxinas?As Dioxinas e os Furanos são alguns dos produtos químicos

mais tóxicos cientificamente conhecidos. O relatório lançadoem Setembro de 1994 pela Agência Norte Americana deProteção Ambiental (EPA) descreve claramente as Dioxinascomo uma grave ameaça à saúde pública.O termo Dioxina define uma substância composta porcentenas de produtos químicos altamente persistentes nomeio ambiente. A Dioxina surge de processos industriais queenvolvem a utilização de cloro, tais como a produção deresíduos químicos, incineração, pesticidas e branqueamentoda pasta de papel no processo de fabrico de papel, comosubproduto não intencional.As Dioxinas foram o principal componente tóxico doconhecido “Agente Laranja” durante a Guerra do Vietname efoi encontrada em vários locais tais como: Love Canal,Niagara Falls e Nova Iorque. Constituiu também a causa deevacuação em Times Beach, EUA e Seveso em Itália.Dioxinas causam cancro?Sim. O relatório da EPA confirmou que as dioxinas sãosubstâncias cancerígenas para o Homem. Em 1997, aAgência Internacional de Pesquisa sobre Cancro (IARC) ­parte da Organização Mundial de Saúde – publicou o o estudosobre Dioxinas e Furanos e anunciou a dioxina 2,3,7, 8­TCDDcomo a mais potente, considerada um composto cancerígenodo Grupo 1, o que significa que é um conhecido cancerígenohumano. Em 2003, uma re­avaliação do risco de cancro pelasdioxinas reafirmou que não há nenhuma "quantidade segura"ou "limite" conhecidos abaixo dos quais as dioxinas sãoinofensivas.

Algumas das principais fontes de Dioxinas:­ Produtos químicos para a produção de Policloreto de Vinilo(PVC).­ Incineradores de resíduos municipais­ Incineradores de resíduos médicos­ Fábricas de cimento­ Queima de produtos hospitalares­ Queima de plásticos e pneus

Fotografia cedida pela Dra. Pat Costner em 2002. Aqui amostra o momentoem que a dioxina nos contamina, é passado de pais para filhos, é a herançaque estamos a deixar.

Má gestão de lixo periga ambiente e saúdepublica na zona do Parque Industrial deBeleluane (PIB)Na sequência das queixas feitas por diversos sectores dasociedade e cidadãos singulares denunciando a existênciade uma enorme cratera localizada no PIB, junto ao RioMatola e a deposição de enormes quantidades de lixoorgânico e sólido na referida cratera, pelas varias empresasvizinhas, autorizadas pela administração do parque.Na sequência das denúncias, e preocupados com o assunto,a JA visitou o local e após ter confirmado a veracidade dosfactos relatados, contactou e manteve encontro com aassessora para a área jurídica do PIB afim de ter umesclarecimento referente à deposição de lixo na área e obteruma cópia da licença ambiental autorizando a realização daactividade. Foi através deste contacto que ficamos a saberque a instituição não possui uma licença ambiental e nem foicapaz de apresentar um plano de medidas programáticasconcertadas e sustentáveis para a resolução do problema dacratera, assim como um plano de gestão do lixo e deavaliação do potencial estado de contaminação do solo eágua no local, “ que demonstra a tamanha falta de interessee responsabilidade das autoridades dos gestores do Parque,que por sinal é o maior parque industrial do País”.O despejo do lixo,representa um perigo iminente decontaminação do Rio Matola em caso de ocorrência dechuvas intensas, culminando também com o desabamentode terra e consequente escoamento do lixo para o rio,perigando a saúde publica e o meio ambiente, considerandoo facto de este rio ser a fonte de subsistência de muitasfamílias habitando nas proximidades do mesmo.A Justiça Ambiental (JA!), enviou uma carta ao MICOA edepois emitiu no dia 14 de Outubro de 2011 um comunicadode imprensa sobre as irregularidades na gestão do lixo noParque Industrial de Beluluane­Zona Franca. O comunicadonão apenas tencionava divulgar o assunto, mas também deampliar o debate nacional sobre a inserção das perspectivaisambientais na governação e no desenvolvimento sustentávelde Moçambique, assim como persuadir ao MICOA e demaisinstituições, para que interviessem urgentemente no sentidode avaliar o actual sistema de gestão de resíduos sólidos e oseu potencial na contaminação do ar, solo e o iminenteperigo à saúde publica e ao meio ambiente.Apesar de a JA! ter intervido no sentido de alertar sobre osiminentes perigos da actividade, e na tentativa de evitar queo pior acontecesse, esta foi ignorada, o lixo continuou a serdepositado e posteriormente coberto com areia, antesmesmo de se ter concluído a montagem dos tubos, comomedida para permitir o termino da erosão, mas que no nossoentender era também uma forma de tornar invisível aexistência de resíduos no local.A JA!, sendo uma associação de Investigação, Pesquisa eConservação do Meio Ambiente, preocupada com a situação,e não tendo resposta sobre o assunto, efectuou mais umavisita ao local, no dia 19 de Janeiro do ano em curso, apósdias de chuva intensa, e confirmou aquilo que mesmo quemnão é especialista em matéria de impacto ambiental poderiaprever. Quase todo lixo que ali tinha sido depositado ecoberto, havia sido arrastado e escoado para o rio,resultando também no desabamento de terra. O que não sóconstitui um severo dano ambiental, mas também umatentado à saúde publica.

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Foto:Mauro Pinto

A ENI e o Lixo SuspeitoUm mês depois da sua neutralização ainda não há umdesfecho para o caso da operação clandestina de transportede grandes quantidades de lixo atribuída à empresa EnteNazionale Idrocarburi­ENI east africa spa, uma multinacionalde capitais italianas envolvida na prospecção e pesquisa depetróleo e gás na bacia do Rovuma, ao largo da Costa Nortede Moçambique. A ENI east africa spa, as Direcçõesprovinciais para a Coordenação da Acção Ambiental de CaboDelgado e Nampula e o Município de Nacala­Porto têmposições diferentes e contraditórias em relação ao tipo de lixoapreendido pela Policia Municipal de Nacala­Porto no passadodia 27 de Janeiro.Numa operação pouco transparente e com fortes indícios deilegalidades que podem consubstanciar­se em práticas decorrupção e de natureza criminal, a ENI east africa spa temconfundido as autoridades nacionais e a opinião públicanacional. Num comunicado citado pelo jornal Diário deMoçambique datado de 13 de Fevereiro e agora na posse daDirecção provincial para a Coordenação da Acção Ambientalde Nampula, a ENI disse que “desde Setembro de 2011 até aopresente momento tem feito o transporte de resíduos nãoperigosos, nomeadamente papel, plástico, latas e madeira de

Pemba para Nacala, uma vez que a área de despejo dePemba, baseado no padrão mínimo de desperdício, não eraadequada para essa actividade”.Entretanto, o Director geral da ENI east africa spa emMoçambique Sr. Cristiano Salimo contactado pela JustiçaAmbiental no dia 29 de Fevereiro último negou que a suaempresa tenha emitido e divulgado algum comunicado oudocumento relacionado com este caso. “Nós nunca emitimosnenhum comunicado porque não temos nada a dizer sobreeste assunto” disse Salimo para mais adiante contradizer­seao afirmar que” o nosso repórter em Roma vai escrever umcomunicado sobre tudo isto, antes de apontar o Ministériodos Recursos Minerais como sendo a entidade com mandatopara se pronunciar sobre quaisquer informações relativas àactividades da sua companhia.Não é a primeira vez que representantes da Eni emMoçambique recusam­se a prestar declarações à JustiçaAmbiental. No passado dia 6 de Fevereiro correnterecusaram­se a abordar o assunto alegando que a empresaapenas estabelece contactos com o Instituto Nacional dePetróleo­INP e com o Ministério para a Coordenação da

É importante aqui referir, que de todos os documentos solicitados pela JA, ao Parque Industrial de Beleluane, nomeadamente alicença ambiental, o plano de medidas programáticas concertadas e sustentáveis para a resolução do grave problema da craterae o plano de gestão de lixo naquele parque, ainda não nos foi facultado.Este, é apenas um dos vários exemplos negativos em relação a atitude de muitas instituições, principalmente as queconcentram­se apenas nos seus ganhos financeiros, deixando de fora todos outros aspectos ligados a sustentabilidadeambiental e a justiça social duma forma geral, ao ignorarem as recomendações feitas pelas organizações da sociedade civil, quetanto fazem para minimizar e mesmo evitar os impactos e riscos que varias actividades industriais colocam ao meio ambiente,desta forma, contribuindo para uma sociedade mais íntegra, um ambiente menos danificado e um desenvolvimento sustentávelde Moçambique, e que venha a contribuir para um planeta onde todos possam viver de forma digna e justa.

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"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último riofor poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree

Uma pessoa inteligente resolve um problema,um sábio o previne. "Albert Einstein"

Agro­combustivéis referências:1/GIMÉNEZ, E.H. ( 2007). Biofuels: The Five Myths of the Agro­fuels Transition.Available in www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=61882/Entrevista com Nnimmo Bassey presidente da Amigos da Terra Internacional,fundador e diretor­executivo da Environmental Rights Action.http://www.biodieselbr.com/noticias/em­foco/agrocombustiveis­solucao­051211.htm3/http://www.innovativeindustry.net/biofuel­investments­of­big­oil­companies­part1 ;http://brasilagro.wordpress.com/2011/09/15/de­olho­no­futuro­bp­investe­em­novas­usinas­de­etanol­no­brasil/4/http://www.innovativeindustry.net/biofuel­investments­of­big­oil­companies­part15/http://www.biofuelsdigest.com/bdigest/2012/01/01/top­10­biofuels­predictions­for­2012/6/NAT & FASE (2008). Novos caminhos para o mesmo lugar: a falas solução dos agro­combustiveis. Brasil / ActionAid (2010). Meals per gallon The impact of industrialbiofuels on people and global hunger /Via Campesina/ 2009 AgrocombustíveisIndustriais Alimentam a Fome e a Pobreza.Caderno número 1/ UNAC & JA! ( 2010).the jatropha trap?the realities of farming jatropha in mozambique,. Friends of the EarthInternational. /Sofía Monsalve Suárez, Saturnino Borras Jr.(2010). Desenvolvimento,para quem? Impacto dos Projectos de Desenvolvimento sobre os Direitos Sociais daPopulação Rural Moçambicana. FIAN International.7­Marcus Colchester, Norman Jiwan,et.al. (2006), Promised Land, Palm Oil and LandAcquisition in Indonesia: Implications for Local Communities and Indigenous Peoples,Forest Peoples’ Programme, Perkumpulan Sawit Watch ; The Ape for Oil Scandal,Friends of the Earth, 2005.8 ­ Entrevista a Fronçois Houtart http://www.galizacig.com/avantar/opinion/16­9­2009/o­escandalo­dos­agrocombustiveis­nos­paises­do­sul9­ http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/08/escassez­de­agua­vai­aprofundar­a­crise­alimentar­no­planeta­diz­onu.html

­MICOA. Depois de muita insistência, a ENI mostrou­sedisposta a pronunciar­se sobre a clandestina e suspeitaoperação de transporte do lixo através do seu sector deimprensa que por sinal, na altura não se encontrava presente.Para todos efeitos a ENI prometeu contactar a JA! mais tarde,facto que nunca chegou a acontecer. No dia 14 de Fevereiroa Justiça Ambiental submeteu uma carta de pedido deinformação sobre o caso do lixo que até ao momento aindanão teve resposta da parte desta empresa. No dia 28 deFevereiro último a JA mais uma vez esteve e sem sucessonos escritórios da Eni east africa sap.O presidente do Concelho Municipal de Nacala, Chale Ossufoé citado pela imprensa nacional como tendo denunciado“aquilo que ele chamou de aliciamento de trabalhadores dalixeira municipal, por parte de indivíduos identificados comosendo enviados pelo grupo petrolífero italiano ENI e dosTransportes Barreiros que pretendiam despejar dejectos nalixeira municipal de Nacala”. Na ocasião, Chale Ossufogarantiu não ter autorizado a nenhuma empresa para odespejo de lixo no seu território e que a credencial na posseda empresa ENI terá sido passada pelo servente do ConcelhoMunicipal, o qual, por inerência de funções, chefia a lixeira.A Direcção provincial para a Coordenação da Acção Ambientalde Nampula contactada telefonicamente pela JA! estranha aatitude e o comportamento da Eni east africa spa diante detodo o processo à volta da clandestina operação de transportede lixo de Pemba para Nacala­Porto. Segundo o Inspector­chefe da Direcção Provincial para a Coordenação da AcçãoAmbiental de Nampula, Norberto Narciso “nós não assumimosessa informação divulgada através de um comunicadoalegadamente da Eni, uma empresa que nunca está presente.Neste momento o processo deste caso já foi remetido aoMinistério Público e ainda aguardamos pelo relatório doMinistério da Saúde, instituição encarregue de proceder aosexames laboratoriais da mostra de lama com a coracastanhada dos resíduos recolhidos na lixeira municipal deNacala­Porto”.A Direcção provincial para a Coordenação da Acção Ambientalde Cabo Delgado representada pelo senhor Mussa Amadedisse que trata­se apenas de uma descoordenação entre a enie as autoridades moçambicanas e afirma que ate ao momentoo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental nãorealizou nenhuma inspecção junto ao alto mar com vista aapurar as circunstancias e condições em que o referido lixoterá sido retido de lá e até ao Porto de Pemba onde seenconta instalado um estaleiro daquela companhiaNos finais do mês de Janeiro, o País e a opinião públicamoçambicana têm sido surpreendidos e confrontados pornoticias de uma operação de transporte de grandesquantidades de lixo realizada pela Ente Nazionale Idrocarburi­ENI east africa spa. A referida operação foi efectuada numpercurso de cerca de 500km entre a cidade de Pemba naProvíncia de Cabo Delgado e o município de Nacala­Porto naprovíncia de Nampula sem a devida autorização econhecimento das autoridades competentes das províncias deCabo Delgado, Nampula e do Município de Nacala Porto.Até ao momento, o MICOA e todo o executivo de Maputoainda não se pronunciaram sobre este caso controverso emuito mal esclarecido por todas as pessoas envolvidas.

Mais um escândalo envolvendo a MultinacionalValeSuíça acusa Vale de usar País para fugir aos impostos.Um mês depois de ter sido eleita a pior companhia do mundono "Public Eye” (olhar cidadão) e de protestos emMoçambique e na Colômbia, a multinacional brasileira estáenvolvida em mais um escândalo mundial. Diversos meios decomunicação social e partidos políticos suíços denunciaram,no final de Fevereiro, a gigante Vale pela fuga ao fisco noBrasil com recurso a transferências, em 2007, da sua sedemundial em Saint­Prex, no cantão suíço de Vaud, paraaproveitar as prerrogativas locais. De acordo com o JornalEstado de São Paulo as autoridades suíças acusam a Valede estar a usar um acordo de isenção fiscal em 2006, com aabertura de um escritório na Suíça, para transformar essePaís em destino dos seus lucros mundiais. Com isso, aempresa estaria fugindo ao pagamento de impostos.Ementrevista ao Estado, o integrante da Comissão de Finançasdo Cantão de Vaud, Jean Michel Favez, revelou que a fúriade um grupo de partidos políticos é motivada pelo facto deque a Vale, na ocasião do acordo, indicou que seus lucrosprovenientes das actividades na Suíça não passariam de US$50 milhões e que criaria empregos na região, além de ajudaruma universidade local. "Por isso, os benefícios foram dados.Hoje, descobrimos que o escritório registou lucros de mais deUS$ 5 biliões e não criou os empregos prometidos", declaroua fonte.Fonte: (O Estado de S.Paulo)Para mais informacoes:http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=64876