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MOÇAMBIQUE PARTE I PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Constituição da República de Moçambique Princípios e normas sobre a formação profissional e emprego………………………661 PARTE II SISTEMA EDUCATIVO Lei do Sistema Nacional de Educação Lei 6/92, de 6 de Maio……………………………………………………………………………………… ……..669 PARTE III REGIME DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Exercício de Actividades de Formação Profissional por Pessoas Singulares ou Colectivas Decreto n.º 31/2001, de 6 de Novembro…………………………………………………………………..692 Lei do Trabalho (parte referente ao emprego e formação profissional) Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto………………………………………………………703 PARTE IV ESTRUTRAS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO DO EMPREGO Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional Decreto nº 37/92, de 27 de Outubro…………………………………………………..714 Escolas Profissionais Diploma Ministerial n.º4/2006, de 11 de Janeiro…………………………………………….………..722 Comissão Interministerial para a Reforma da Educação Profissional Decreto Presidencial n.º 16/2007, de 17 de Dezembro………………………………………………753

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MOÇAMBIQUE

PARTE IPRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Constituição da República de MoçambiquePrincípios e normas sobre a formação profissional e emprego………………………661

PARTE IISISTEMA EDUCATIVO

Lei do Sistema Nacional de EducaçãoLei 6/92, de 6 de Maio……………………………………………………………………………………………..669

PARTE IIIREGIME DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Exercício de Actividades de Formação Profissional por Pessoas Singulares ou ColectivasDecreto n.º 31/2001, de 6 de Novembro…………………………………………………………………..692

Lei do Trabalho (parte referente ao emprego e formação profissional)Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto………………………………………………………703

PARTE IVESTRUTRAS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

E PROMOÇÃO DO EMPREGO

Instituto Nacional de Emprego e Formação ProfissionalDecreto nº 37/92, de 27 de Outubro…………………………………………………..714

Escolas ProfissionaisDiploma Ministerial n.º4/2006, de 11 de Janeiro…………………………………………….………..722

Comissão Interministerial para a Reforma da Educação ProfissionalDecreto Presidencial n.º 16/2007, de 17 de Dezembro………………………………………………753

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PARTE IPRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Artigo 1.º(República de Moçambique)

A República de Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social.

(…)

Artigo 11.º(Objectivos fundamentais)

O Estado moçambicano tem como objectivos fundamentais:

a) a defesa da independência e da soberania;

b) a consolidação da unidade nacional;

c) a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos;

d) a promoção do desenvolvimento equilibrado, económico, social e regional do país;

e) a defesa e a promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante a lei;

f) o reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social e individual;

g) a promoção de uma sociedade de pluralismo, tolerância e cultura de paz;

h) o desenvolvimento da economia e o progresso da ciência e da técnica;

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i) afirmação da identidade moçambicana, das suas tradições e demais valores socioculturais;

j) o estabelecimento e desenvolvimento de relações de amizade e cooperação com outros povos e Estados.

(…)

Artigo 84.º(Direito ao trabalho)

1. O trabalho constitui direito e dever de cada cidadão.

2. Cada cidadão tem direito à livre escolha da profissão.3. O trabalho compulsivo é proibido, exceptuando-se o trabalho realizado no quadro da legislação penal.

Artigo 85.º(Direito à retribuição e segurança no emprego)

1. Todo o trabalhador tem direito à justa remuneração, descanso, férias e à reforma nos termos da lei.

2. O trabalhador tem direito à protecção, segurança e higiene no trabalho.

3. O trabalhador só pode ser despedido nos casos e nos termos estabelecidos na lei.

(…)

Artigo 88.º(Direito à educação)

1. Na República de Moçambique a educação constitui direito e dever de cada cidadão.

2. O Estado promove a extensão da educação à formação profissional contínua e a igualdade de acesso de todos os cidadãos ao gozo deste direito.

(…)

Artigo 97.º(Princípios fundamentais)

A organização económica e social da República de Moçambique visa a satisfação das necessidades essenciais da população e a promoção do bem-estar social e assenta nos seguintes princípios fundamentais:

a) na valorização do trabalho;

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b) nas forças do mercado;c) na iniciativa dos agentes económicos;d) na coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e

social;e) na propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo

com o interesse colectivo;f) na protecção do sector cooperativo e social;g) na acção do Estado como regulador e promotor do crescimento e

desenvolvimento económico e social.

(…)

Artigo 112.º(Trabalho)

1. O trabalho é a força motriz do desenvolvimento e é dignificado e protegido.

2. O Estado propugna a justa repartição dos rendimentos do trabalho.

3. O Estado defende que a trabalho igual deve corresponder salário igual.

Artigo 113(Educação)

1. A República de Moçambique promove uma estratégia de educação visando a unidade nacional, a erradicação do analfabetismo, o domínio da ciência e da técnica, bem como a formação moral e cívica dos cidadãos.

2. O Estado organiza e desenvolve a educação através de um sistema nacional de educação.

3. O ensino público não é confessional.

4. O ensino ministrado pelas colectividades e outras entidades privadas é exercido nos termos da lei e sujeito ao controlo do Estado.

5. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.

(…)

Artigo 121.º(Infância)

1. Todas as crianças têm direito à protecção da família, da sociedade e do Estado, tendo em vista o seu desenvolvimento integral.

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2. As crianças, particularmente as órfãs, as portadoras de deficiência e as abandonadas, têm protecção da família, da sociedade e do Estado contra qualquer forma de discriminação, de maus tratos e contra o exercício abusivo da autoridade na família e nas demais instituições.

3. A criança não pode ser discriminada, designadamente, em razão do seu nascimento, nem sujeita a maus tratos.

4. 4. É proibido o trabalho de crianças quer em idade de escolaridade obrigatória quer em qualquer outra.

(…)

Artigo 123.º(Juventude)

1. A juventude digna, continuadora das tradições patrióticas do povo moçambicano, desempenhou um papel decisivo na luta de libertação nacional e pela democracia e constitui força renovadora da sociedade.

2. A política do Estado visa, nomeadamente o desenvolvimento harmonioso da personalidade dos jovens, a promoção do gosto pela livre criação, o sentido de prestação de serviços à comunidade e a criação de condições para a sua integração na vida activa.

3. O Estado promove, apoia e encoraja as iniciativas da juventude na consolidação da unidade nacional, na reconstrução, no desenvolvimento e na defesa do país.

4. O Estado e a sociedade estimulam e apoiam a criação de organizações juvenis para a prossecução de fins culturais, artísticos, recreativos, desportivos e educacionais.

5. O Estado, em cooperação com as associações representativas dos pais e encarregados de educação, as instituições privadas e organizações juvenis, adopta uma política nacional de juventude capaz de promover e fomentar a formação profissional dos jovens, o acesso ao primeiro emprego e o seu livre desenvolvimento intelectual e físico.

(…)

Artigo 113.º(Educação)

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1. A República de Moçambique promove uma estratégia de educação visando a unidade nacional, a erradicação do analfabetismo, o domínio da ciência e da técnica, bem como a formação moral e cívica dos cidadãos.

2. O Estado organiza e desenvolve a educação através de um sistema nacional de educação.

3. O ensino público não é confessional.

4. O ensino ministrado pelas colectividades e outras entidades privadas é exercido nos termos da lei e sujeito ao controlo do Estado.

5. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.

Artigo 114.º(Ensino superior)

1. O acesso às instituições públicas do ensino superior deve garantir a igualdade e equidade de oportunidades e a democratização do ensino, tendo em conta as necessidades em quadros qualificados e elevação do nível educativo e científico no país.

2. As instituições públicas do ensino superior são pessoas colectivas de direito público, têm personalidade jurídica e gozam de autonomia científica, pedagógica, financeira e administrativa, sem prejuízo de adequada avaliação da qualidade do ensino, nos termos da lei.

3. O Estado reconhece e fiscaliza o ensino privado e cooperativo, nos termos da lei.

(…)

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PARTE IISISTEMA EDUCATIVO

SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Lei n.º 6/92 de 6 de Maio

Havendo necessidade de reajustar o quadro geral do sistema educativo e adequar as disposições contidas na Lei n.º 4/83, DE 23 de Março, às actuais condições sociais e económicas do país, tanto do ponto de vista pedagógico como organizativo.

Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da República determina:

CAPITULO IPrincípios e objectivos gerais

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ARTIGO 1 Princípios gerais

O Sistema Nacional de Educação (SNE) orienta-se pelos seguintes princípios gerais:a) A educação é direito e dever de todos os cidadãos;b) O Estado no quadro da lei, permite a participação de outras entidades, incluindo

comunitárias, cooperativas, empresariais e privadas no processo educativo;c) O Estado organiza e promove o ensino, como parte intrigante da acção

educativa, nos termos definidos na Constituição da República;d) O ensino público é laico.

ARTIGO 2 Princípios pedagógicos

O processo educativo orienta-se pelos seguintes princípios pedagógicos:a) Desenvolvimento das capacidades e da personalidade de uma forma harmoniosa,

equilibrada e constante, que confira uma formação integral;b) Desenvolvimento da iniciativa criadora, da capacidade de estudo individual e de

assimilação crítica dos conhecimentos;c) Ligação entre a teoria e a prática, que se traduz no conteúdo e método do ensino

das várias disciplinas, no carácter politécnico do ensino conferido na ligação entre a escola e a comunidade;

d) Ligação do estudo ao trabalho produtivo socialmente útil como forma de aplicação dos conhecimentos científicos á produção e de participação no esforço de desenvolvimento económico e social do país;

e) Ligação estreita entre a escola e a comunidade, em que a escola participa activamente na dinamização do desenvolvimento sócio-económico e cultural da comunidade e recebe desta a orientação necessária para a realização de um ensino e formação que respondam as exigências do desenvolvimento do país.

ARTIGO 3Objectivos gerais

São objectivos gerais do Sistema Nacional de Educação:a) Erradicar o analfabetismo de modo a proporcionar a todo o povo o acesso ao

conhecimento científico e o desenvolvimento pleno das suas capacidades;b) Garantir o ensino básico a todos os cidadãos de acordo com o desenvolvimento

do país através da introdução progressiva da escolaridade obrigatória;c) Assegurar a todos os moçambicanos o acesso à formação profissional;d) Formar cidadãos com uma sólida preparação científica, técnica, cultural e física

e uma elevada educação moral cívica e patriótica;e) Formar o professor como educador e profissional consciente com profunda

preparação científica e pedagógica, capaz de educar os jovens e adultos;f) Formar cientistas e especialistas devidamente qualificados que permitam o

desenvolvimento da produção e da investigação científica;

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g) Desenvolver a sensibilidade estética e capacidade artística das crianças, jovens e adultos, educando-os no amor pelas artes e no gosto pelo belo.

ARTIGO 4Estudos das línguas moçambicanas

O Sistema Nacional de Educação deve, no quadro dos princípios definidos na presente lei, valorizar e desenvolver as línguas nacionais, promovendo a sua introdução progressiva na educação dos cidadãos.

ARTIGO 5Idade escolar

1.As crianças moçambicanas que completem seis anos de idade serão matriculadas na 1.ª classe.

2. São estabelecidas e desenvolvidas actividades e medidas de apoio e complementos educativos visando contribuir para a igualdade de oportunidades de acesso e sucesso escolar.

3. Os pais, a família, os órgãos locais do poder e as instituições económicas e sociais contribuem para o sucesso da escolaridade obrigatória, promovendo a inscrição das crianças em idade escolar, apoiando-as nos estudos, evitando as desistências particularmente antes de completas sete classes do ensino primário.

4. O Conselho de Ministros determina o ritmo de implementação da escolaridade obrigatória de acordo com o desenvolvimento socioeconómico do país.

CAPÍTULO IIEstrutura do Sistema Nacional de Educação

ARTIGO 6Estrutura geral

O Sistema Nacional de Educação estrutura-se em ensino pré-escolar, ensino escolar e ensino extra-escolar.

CAPÍTULO III

ARTIGO 7Ensino pré-escolar

1. O ensino pré-escolar é o que se realiza em creches e jardins de infância para crianças com idade inferior a 6 anos como complemento ou supletivo da acção educativa da família, com a qual coopera estreitamente.

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2. É objectivo de ensino pré-escolar estimular o desenvolvimento psíquico, físico e intelectual das crianças e contribuir para a formação da sua personalidade, integrando as crianças num processo harmonioso de socialização favorável ao pleno desabrochar das suas aptidões e capacidades.

3. A rede do ensino pré-escolar é constituída por instituições e iniciativas dos órgãos centrais provinciais ou locais e de outras entidades colectivas ou Individuais, nomeadamente associações de pais e de moradores, empresas, sindicatos, organizações cívicas, confessionais e de solidariedade.

4. Compete ao Ministério da Educação, em conjunto com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Acção Social, definir as normas gerais do ensino pré-escolar, apoiar e fiscalizar o seu cumprimento, definir os critérios e normas para a abertura, funcionamento e encerramento dos estabelecimentos de ensino pré-escolar.

5. A frequência do ensino pré-escolar é facultativa.

ARTIGO 8Ensino escolar

1. O ensino escolar compreende:a) Ensino geral;b) Ensino técnico-profissional;c) Ensino superior.

2. Além do ensino ministrado nos estabelecimentos de ensino referidos no número anterior, o ensino escolar integra também modalidades especiais de ensino.

3. As instituições de ensino consoante a sua propriedade são estatais, cooperativas, comunitárias ou privadas.

CAPITULO IVEnsino escolar

SECÇÃO IEnsino geral

ARTIGO 9Caracterização

1.O ensino geral é o eixo central do Sistema Nacional de Educação e confere a formação integral e politécnica.

2.Os níveis e conteúdos deste ensino constituem ponto de referência para todo o Sistema Nacional de Educação.

3.O ensino geral compreende dois níveis:

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a) Primário;b) Secundário.

4. O ensino geral é frequentado em princípio, a partir do ano lectivo em que completam 6 anos.

ARTIGO 10 Objectivos

São objectivos do ensino geral:

1.Proporcionar o acesso ao ensino de base aos cidadãos moçambicanos, contribuindo para garantir a igualdade de oportunidade de acesso a uma profissão e aos sucessivos níveis de ensino.

2. Dar uma formação integral ao cidadão para que adquira e desenvolva conhecimentos e capacidades intelectuais, físicas, e na aquisição de uma educação politécnica, estética e ética.

3. Dar uma formação que responda às necessidades materiais e culturais do desenvolvimento económico e social do país, nomeadamente:

a) Conferindo ao cidadão conhecimentos e desenvolvendo nele capacidades, hábitos e atitudes necessários à compreensão e participação na transformação da sociedade;

b) Preparando o cidadão para o estudo e trabalho independentes, desenvolvendo as suas capacidades de inovar e pensar com lógica e rigor científicos;

c) Desenvolvendo uma orientação vocacional que permita a harmonização entre as necessidades do país e as aptidões de cada um.

4. Detectar e incentivar aptidões, habilidades e capacidades especiais nomeadamente intelectuais, técnicas, artísticas, desportivas e outras.

ARTIGO 11 Ensino primário

1.O ensino primário prepara os alunos para o acesso ao ensino secundário e compreende as sete primeiras classes, subdivididas em dois graus:

a) 1.º Grau, da 1.ª à 5.ª classes;b) 2.° Grau, 6.ª e 7.ª classes.

2.São objectivos deste nível:a) Proporcionar uma formação básica nas áreas da comunicação, das ciências

matemáticas, das ciências naturais e sociais, e da educação física, estética e cultural;

b) Transmitir conhecimentos de técnicas básicas e desenvolver aptidões de trabalho manual, atitudes e convicções que proporcionem o ingresso na vida produtiva;

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c) Proporcionar uma formação básica da personalidade.

ARTIGO 12 Ensino secundário

1. O nível secundário do ensino geral compreende cinco classes e subdivide-se em dois ciclos:

a) 1.º Ciclo, da 8.ª à 10.ª classe;b) 2.ª Ciclo, 11.ª e 12.ª classes.

2. Os objectivos do ensino secundário são os de consolidar, ampliar e aprofundar os conhecimentos, dos alunos nas ciências matemáticas, naturais e sociais e nas áreas da cultura, da estética e da educação física.

SECÇÃO IIEnsino técnico-profissional

ARTIGO 13 Caracterização

1.O ensino técnico-profissional constitui o principal instrumento para a formação profissional da força de trabalho qualificada necessária para o desenvolvimento económico e social do país.

2. O ensino técnico-profissional compreende os seguintes níveis:a) Elementar;b) Básico;c) Médio.

ARTIGO 14Objectivos

São objectivos do ensino técnico-profissional:

1. Assegurar a formação integral e técnica dos jovens em idade escolar, de modo a prepará4os para o exercício de uma profissão numa especialidade.

2. Desenvolver nos jovens as qualidades básicas da personalidade, em particular, educando-os no assumir de uma atitude conecta perante o trabalho.

3. Desenvolver capacidades de análise e síntese, de investigação e inovação, de organização e direcção científica do trabalho.

ARTIGO 15Ensino elementar técnico

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1 O ensino elementar técnico forma trabalhadores qualificados para os sectores económicos e sociais, que participem nas tarefas elementares dos processos produtivos e sei viços.

2. Para ingresso neste tipo de ensino exige-se no mínimo a conclusão do 1.º Grau do ensino primário.

ARTIGO 16Ensino básico técnico

1.O ensino básico técnico forma trabalhadores qualificados pata os sectores económicos e sociais, que participem nas diferentes fases dos processos produtivos e dos serviços, dando-lhes conhecimentos científicos e técnico-profissionais e desenvolvendo capacidades, habilidades e hábitos de acordo com o estabelecido nos curricula e planos de estudos de cada especialidade.

2. Para ingresso neste ensino exige-se a conclusão do 2.º Grau do ensino primário ou o ensino elementar técnico-profissional ou equivalente.

ARTIGO 17Ensino médio técnico

1.O ensino médio técnico forma técnicos para os sectores económicos e sociais com conhecimentos científicos e técnico estabelecidos no respectivo perfil profissional do ramo e especialidade e com capacidades de direcção.

2. Para o ingresso neste nível de ensino exige-se no mínimo a conclusão do 1.º ciclo do ensino secundário geral ou do ensino básico técnico-profissional.

ARTIGO 18Duração dos cursos

A duração dos cursos e habilitações de ingresso em cada nível serão definidas pelo Conselho de Ministros.

ARTIGO 19Equivalência dos cursos

O Ministro da Educação determinará a equivalência dos cursos em conformidade com os curricula.

SECÇÃO IIIEnsino superior

ARTIGO 20Caracterização

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1 Ao ensino superior compete assegurar a formação a nível mais alto de técnicos e especialistas nos diversos domínios do conhecimento científico necessários ao desenvolvimento do país.

2. O ensino superior realiza-se em estreita ligação com a investigação científica.

3. O ensino superior destina-se aos graduados com a 12.ª classe do ensino geral ou equivalente.

ARTIGO 21Objectivos

São objectivos do ensino superior:

1. Formar nas diferentes áreas do conhecimento, profissionais, técnicos e cientistas com um alto grau de qualificação.

2. Incentivar a investigação científica e tecnológica como meio de formação dos estudantes, de solução dos problemas com relevância para a sociedade e de apoio ao desenvolvimento do país.

3. Assegurar a ligação ao trabalho em todos os sectores e ramos de actividade económica e social, como meio de formação técnica e profissional dos estudantes.

4. Difundir actividades de extensão, principalmente através da difusão e intercâmbio do conhecimento técnico-científico.

5. Realizar acções de actualização dos profissionais graduados pelo ensino superior.

6. Desenvolver acções de pós-graduação tendentes ao aperfeiçoamento científico e técnico dos docentes e dos profissionais de nível superior em serviço nos vários ramos e sectores de actividade.

7. Foi mar os docentes e cientistas necessários ao funcionamento e desenvolvimento do ensino e da investigação.

ARTIGO 22Tipos de Instituições de ensino superior

O ensino superior realiza-se em universidades, institutos superiores, escolas superiores e academias.

ARTIGO 23Criação de Instituições de ensino superior

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1. Compete ao Conselho de Ministros criar ou encerrar instituições de ensino superior estatais e autorizar a criação de instituições do ensino superior particulares, ouvido o Conselho de Reitores.

2. Lei especial definirá, os procedimentos a cumprir para a criação, funcionamento e encerramento de instituições do ensino superior.

ARTIGO 24Natureza Jurídica das Instituições de ensino superior estatais

1. As instituições de ensino superior estatais são pessoas colectivas de direito público, têm personalidade jurídica e gozam de autonomia científica, pedagógica e administrativa 2. O conteúdo e alcance da autonomia são definidos na lei sobre o ensino superior referida no número 2 do artigo 23.

ARTIGO 25Acesso

1.Poderão ter acesso ao ensino superior os indivíduos que tenham concluído com aprovação a 12.ª classe ou equivalente.

2. As condições de acesso a cada instituição de ensino superior são regulamentadas pela respectiva instituição.

3. O acesso a cada curso do ensino superior deve ter em conta a preferência do candidato, o seu nível de conhecimentos científicos e aptidões, bem como a capacidade da respectiva instituição.

4. Para permitir a frequência do ensino superior e de forma a atenuar os efeitos discriminatórios decorrentes de desigualdades económicas e regionais ou de desvantagens sociais prévias:

a) O Estado deve garantir bolsas de estudo com quotas pré-estabelecidas e outras formas de apoio para as classes de menor rendimento económico e para cada região. Estas bolsas poderão ser atribuídas a estudantes de instituições de ensino superior estatais e particulares;

b) Nas instituições de ensino superior estatais poderão ser consideradas quotas e ou reserva de lugares para os vários grupos de indivíduos mencionados na alínea anterior.

ARTIGO 26Graus e diplomas

1 O ensino superior confere os graus de bacharel e licenciado, podendo também conferir os graus de mestre e doutor quando se mostrarem criadas as condições para tal.

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2. Além dos graus referidos no número anterior, as instituições de ensino superior podem atribuir certificados e diplomas para curses especializados ou de curta duração.

3. As instituições de ensino superior outorgam títulos honoríficos.

4. Até à aprovação da legislação especial sobre o ensino superior, o Conselho de Ministros definirá as condições gerais de obtenção dos graus referidos no número 1 deste artigo, ouvido o Conselho de Reitores.

ARTIGO 27Investigação científica

1. Nas instituições de ensino superior serão criadas condições para a promoção e realização da investigação científica e tecnológica.

2. A investigação científica no ensino superior deve ter em conta os objectivos da instituição em que se insere.

SECÇÃO IVModalidades especiais de ensino escolar

ARTIGO 28Modalidades

1. Constituem modalidades especiais do ensino escolar:a) O ensino especial;b) O ensino vocacional;c) O ensino de adultos;d) O ensino à distância;e) A formação de professores.

2. Cada uma destas modalidades é parte integrante do ensino escolar mas rege-se por disposições especiais.

ARTIGO 29Ensino especial

1.O ensino especial consiste na educação de crianças e jovens com deficiências físicas, sensoriais e mentais ou de difícil enquadramento escolar e realiza-se de princípio através de classes especiais dentro das escolas regulares.

2. Crianças com múltiplas deficiências graves ou com atraso mental profundo deverão receber uma educação adaptada às suas capacidades através do ensino extra-es-colar.

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3. É objectivo do ensino especial proporcionar uma formação em todos os graus de ensino e a capacitação vocacional que permita a integração destas crianças e jovens em escolas regulares, na sociedade e na vida laboral.

4. O ensino especial é tutelado pelo Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Acção Social, a quem compete estabelecer as normas, apoiar e fiscalizar o seu cumprimento, definir os critérios para a abertura, funcionamento e encerramento dos estabelecimentos de ensino especial.

ARTIGO 30Ensino vocacional

1. O ensino vocacional consiste na educação de jovens que demonstram especiais talentos e aptidões particulares nos domínios das ciências e das artes, educação física e outros e realiza-se em escolas vocacionais.

2. A formação vocacional é feita sem prejuízo da formação básica e geral própria do ensino geral por forma a permitir um desenvolvimento global e equilibrado da personalidade do aluno.

3. O ensino vocacional é tutelado em conjunto pelo Ministério da Educação, Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Acção Social e sempre que necessário, pelo órgão estatal especialmente ligado à actividade em que se revela o talento, competindo a este órgão estabelecer as normas, apoiar e fiscalizar o seu cumprimento, definir os critérios para a abertura, funcionamento e encerramento dos estabelecimentos do ensino vocacional.

ARTIGO 31Ensino de adultos

1. O ensino de adultos é aquele que é organizado para os indivíduos que já não se encontram na idade normal de frequência dos ensinos geral e técnico-profissional.

2. Esta modalidade de ensino é também destinada aos indivíduos que não tiveram oportunidade de se enquadrar no sistema de ensino escolar na idade normal de formação, ou que o não concluíram.

3. Têm acesso a esta modalidade de ensino os indivíduos:a) ao nível do ensino primário, a partir dos 15 anos;b) ao nível do ensino secundário, a partir dos 18 anos.

4. este ensino atribui os mesmos diplomas e certificados que os conferidos pelo ensino regular, sendo as formas de acesso e os planos e métodos de estudos organizados de modo distinto, tendo em conta os grupos etários a que destinam, a experiência de vida e os conhecimentos demonstrados.

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5. O Ministério da Educação definirá as formas de avaliação dos conhecimentos e aptidões para efeitos de integração dos educandos em classes especiais.

ARTIGO 32Ensino á distância

1. O ensino à distância, mediante o recurso às novas tecnologias da informação, constitui não só uma forma complementar do ensino regular, mas também uma modalidade alternativa do ensino escolar.

2. O ensino à distância terá particular incidência no ensino de adultos e na formação contínua de professores.

ARTIGO 33Formação de professores

A formação de professores para os ensinos geral, técnico-profissional, especial e vocacional realiza-se em instituições especializadas e visa:

1. Assegurar a formação integral dos docentes, capacitando os para assumirem a responsabilidade de educar e formar os jovens e adultos.

2. Conferir no professor uma sólida formação científica, psico-pedagógica e metodológica.

3. Permitir ao professor uma elevação constante do seu nível de formação científica, técnica e psico-pedagógica.

ARTIGO 34Níveis da formação de professores

A foi mação de professores estrutura-se em três níveis:

1. Nível básico: realiza-se a formação de professores do ensino primário do 1.º Grau. As habilitações de ingresso neste nível correspondem à 7.º classe.

2. Nível médio: realiza a formação inicial dos professores do ensino primário e dos professores de práticas de especialidades do ensino técnico-profissional.As habilitações de ingresso neste nível correspondem à 10.° classe do ensino geral ou equivalentes.

3. Nível superior: realiza a formação dos professores para todos os níveis do ensino.As habilitaç3es para ingresso neste nível correspondem à 12.° classe do ensino geral.

CAPÍTULO VEnsino extra-escolar

ARTIGO 35

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Ensino extra escolar

1. O ensino extra-escolar é o que engloba actividades de alfabetização e de aperfeiçoamento e actualização cultural e científica e realiza-se fora do sistema regular de ensino.

2 O ensino extra-escolar tem como objectivo permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em suprimento da sua carência.

3. O ensino extra-escolar integra-se numa perspectiva de ensino permanente e visa a globalidade e a continuidade da acção educativa.

4. São objectivos fundamentais do ensino extra-escolar:a) eliminar o analfabetismo literal e funcional;b) contribuir para a efectiva igualdade de oportunidades educativas e profissionais

dos que não frequentaram o sistema regular do ensino ou o abandonaram precocemente, designadamente através da alfabetização e do ensino de base de crianças e adultos;

c) assegurar a ocupação dos tempos livres das crianças, jovens e adultos com actividades de natureza cultural e de ensino informal sobretudo aquelas que não tiveram acesso à escola.

5. Compete ao Estado promover a realização de actividades extra-escolares e apoiai as que neste domínio, sejam de iniciativa das associações culturais e recreativas, associações de pais, associações de estudantes e organismos juvenis, organizações sindicais e comissões de trabalhadores, organizações cívicas e confessionais e outras.

6. O Conselho de Ministros definirá em regulamentação específica a forma de certificação e de atribuição de equivalências dos estudos realizados no âmbito do ensino extra-escolar.

CAPITULO VIDirecção e administração

ARTIGO 36 Responsabilidade do Ministério da Educação

1. O Ministério da Educação é responsável pela planificação, direcção e controlo da administração do Sistema Nacional de Educação, assegurando a sua unicidade.2. Os curricula e programas do ensino escolar, com excepção do ensino superior, têm um carácter nacional e são aprovados pelo Ministro da Educação.

3. Sempre que se revele necessário, podem ser introduzidas adaptações de carácter regional aos curricula e programas nacionais por forma a garantir uma melhor qualificação dos alunos, desde que com isso não se contrariem os princípios, objectivos e concepção do Sistema Nacional de Educação. Estas adaptações são aprovadas pelo Ministro da Educação.

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ARTIGO 37Conselho de Reitores

1. Até definição da legislação especial, para assuntos respeitantes ao ensino superior será criado um órgão consultivo e de assessoria, o Conselho de Reitores.

2. O Conselho de Reitores tem como membros permanentes o Ministro da Educação, que o preside, e os reitores das instituições de ensino superior.

3. Compete, em especial, ao Conselho de Reitores:

a) pronunciar se sobre a criação ou encerramento de instituições do ensino superior;

b) pronunciar se sobre propostas de introdução, supressão ou equiparação de graus do ensino superior;

c) propor a que cursos do ensino superior dão acesso os diferentes ramos do 2.° Ciclo do ensino secundário geral, bem como os diversos cursos do ensino médio técnico;

d) propor as quotas previstas no artigo 23, n.º 5, alíneas a) e b);e) fiscalizar a actividade das instituições do ensino superior;f) Apreciar e avaliar o nível de ensino e da investigação científica nas instituições

de ensino superior;g) apresentar propostas e recomendações visando aumentar a qualidade e eficácia

do ensino superior;h) propor modalidades de estabelecimento de equivalências de estudos e

habilitações para efeitos de ingresso no ensino superior;i) preparar legislação pertinente sobre a organização e funcionamento do ensino

superior para aprovação competente;j) j)Aprovar o regimento do Conselho.

CAPÍTULO VIIImplementação do Sistema Nacional de Educação

ARTIGO 38Implementação

O Ministério da Educação, define a forma e métodos de implementação progressiva do Sistema Nacional de Educação.

ARTIGO 39Reconhecimento e equivalência de habilitações anteriores

1. São reconhecidas as habilitações obtidas antes da entrada em vigor do Sistema definido na presente lei.

2. O Ministério da Educação deverá publicar uma tabela oficial de equivalências.

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CAPÍTULO VIIIDisposições finais

ARTIGO 40ºÉ revogada a Lei n.º 4/83, de 23 de Março.Aprovada pela Assembleia da República.O Presidente da Assembleia da República, Marcelino dos Santos.Promulgada em 6 de Maio de 1992.Publique-se.O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.

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PARTE IIIREGIME DE FORMAÇÃO

PROFISSIONAL

EXERCÍCIO DE ACTIVIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL POR PESSOAS

SINGULARES OU COLECTIVAS

Decreto n.º 31/2001 de 6 de Novembro

Tornando-se necessário estabelecer o quadro Jurídico para o funcionamento dos estabelecimentos que ministrem cursos de formação profissional, ao abrigo do disposto na alínea e) do n.º 1 do artigo 153 da Constituição da República, o Conselho de Ministros decreta:

CAPÍTULODisposições gerais

ARTIGO 1

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(Objecto)

O presente decreto fixa as normas para o exercício de actividades de formação profissional por pessoas singulares ou colectivas que prosseguem fins lucrativos ou comunitários.

ARTIGO 2(Âmbito)

1.O regime Jurídico regulado por este diploma aplica-se aos estabelecimentos de formação profissional e à componente de formação profissional dos estabelecimentos com outras finalidades.

2.Os estabelecimentos de formação profissional abrangidos pelo presente diploma podem Igualmente realizar actividades de aprendizagem, reconversão e estágios profissionais.

ARTIGO 3(Definições)

Para efeitos do presente decreto considera-se:

a) Formação profissional - conjunto de actividades que visam a aquisição de conhecimentos e capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento exigidas para o exercício das funções próprias de uma profissão ou grupo de profissões em qualquer ramo de actividade económica ou social;

b) Centro de formação profissional - estabelecimento instalado e equipado para a realização de programas de formação profissional, com vista a atender as necessidades de preparação de mão-de-obra e permitir o acesso dos formandos ao mercado de trabalho;

c) Centro de formação profissional comunitário - instituição de formação profissional criada e gerida por membros de uma comunidade e ao serviço desta, podendo os respectivos formadores serem voluntários da mesma comunidade;

d) Certificado de formação profissional - documento conferido pelo centro de formação profissional ao formado, confirmando a conclusão do curso e a aptidão para o exercício da actividade profissional.

CAPÍTULO IIAutorização e requisitos para o exercício de actividades de formação profissional

ARTIGO 4(Competência)

1.Compete ao Ministro do Trabalho autorizar o exercício de actividade de formação profissional, a requerimento do interessado.

2.O requerimento deve conter, o seguinte:

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a) Identificação, nacionalidade e domicílio do requerente, com indicações sobre as habilitações literárias, ocupação e experiência profissional na área de formação profissional, tratando-se de pessoas singulares;

b) Identificação do representante e sede do requerente, bem como as restantes indicações referidas no número anterior, relativas ao gestor do estabelecimento de formação profissional, quando se trate de pessoa colectiva.

3.O requerimento referido no número anterior deve ser instruído com os seguintes documentos:

a) Certificado de registo criminal dos proprietários;b) Regulamento interno do centro;c) Regulamento de avaliação da aprendizagem;d) Currícula de formação;e) Relação do equipamento e outros meios auxiliares à formação;f) Currículum vitae do gestor do centro;g) Perfil dos formadores; h) Modelo de Certificado.

4.A entrega do requerimento e dos documentos referidos neste artigo é feita na Delegação Provincial do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, a qual fará a apreciação do processo.

ARTIGO 5(Instalações)

1.As instalações destinadas ao exercício da actividade de formação profissional devem reunir os seguintes requisitos:

a) Ter salas e oficinas de formação com dimensões, sistema de ventilação e iluminação de acordo com as normas técnicas e de higiene e segurança no trabalho, aplicáveis para cada especialidade;

b) Ter condições adequadas quanto à higiene e segurança no trabalho, prevenção e combate a incêndios;

c) Ter instalações e equipamentos necessários para garantir o cumprimento dos programas de formação.

2.A vistoria destinada a verificação dos requisitos para o exercício da actividade de formação profissional é efectuada por uma equipa multidisciplinar, compreendendo técnicos do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional, do Ministério da Saúde e do Serviço Nacional de Bombeiros, após apresentação do documento comprovativo do pagamento, pelo requerente, da importância correspondente a três salários mínimos nacionais.

ARTIGO 6

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(Alvará)

1.Autorizado o funcionamento do centro de formação profissional, o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional emite o alvará que constitui documento bastante para o exercício da actividade, no qual serão averbados os cursos autorizados.

2.A concessão do alvará será feita após a apresentação do documento comprovativo do pagamento, pelo requerente, da importância correspondente a dois salários mínimos nacionais.

3.A consignação das receitas referidas no número anterior será decidida por despacho conjunto dos Ministros que superintendem as áreas do trabalho e das finanças.

4.A introdução de novos cursos de alterações curriculares aos cursos consignados no alvará é autorizada pelo Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional.

5.O encerramento dos centros de formação profissional é previamente comunicado ao Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional.

6.O alvará é válido por um período de três anos contados a partir da data da sua emissão, podendo ser renovado por Iguais e sucessivos períodos, mediante automação do Ministro do Trabalho.

ARTIGO 7(Registos)

1. Para efeitos de escrituração do processo de formação profissional cada centro deve possuir um sistema de registo de matrículas dos formandos, frequência, resultados das avaliações e da formação, cópias dos certificados de qualificação emitidos, processos disciplinares e relatórios.2. Na eventualidade de o centro de formação profissional cessar as suas actividades, todos os registos sobre os resultados da formação dos formandos, a partir da data da sua autorização são enviados para o INEFP em disquete.

ARTIGO 8(Certificação)

1.Os certificados de aproveitamento de cursos de formação profissional são emitidos pelo próprio centro, nos termos do disposto no artigo 180 da Lei n.º 8/98, de 20 de Julho.

2.Os certificados referidos no número anterior devem conter os seguintes dados:

a) Nome do estabelecimento de formação profissional, conforme indicado na autorização e no alvará;

b) Nome completo do formando a quem é atribuído o certificado;c) Designação do curso, conforme Indicado no alvará;

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d) Batas de início e fim da formação;e) Número de horas formativas;f) Número do certificado;g) Data de emissão;h) Assinatura do gestor do estabelecimento;i) Conteúdo da formação no verso.

CAPÍTULO IIIFormandos

ARTIGO 9(Enquadramento)

1.Os centros de formação profissional devem informar aos candidatos à formação sobre:a) A sua liberdade de Inscrição;b) O seu perfil de saída após a conclusão do curso;c) Competências a adquirir durante a formação;d) Procedimentos de avaliação da aprendizagem;e) Serviços de apoio social dos formandos.

2.Os regulamentos dos estabelecimentos de formação profissional devem conter mecanismos que facilitem a resolução, no prazo máximo de quinze dias, de qualquer reclamação relativa ao processo administrativo e de formação apresentada pelos formandos à direcção do centro.

ARTIGO 10(Direitos dos formandos)

Os formandos enquadrados no processo de formação do centro terão direito a:

a) Um certificado de formação ao terminarem a formação com aproveitamento;b) Assistência médica e medicamentosa providenciada pelo centro de formação

profissional, em caso de acidente ocorrido durante a execução de trabalhos do processo formativo, no centro de formação ou em lugar onde por indicação deste decorra acção formativa.

ARTIGO II

(Deveres dos formandos)

São, em especial, deveres dos formandos:

a) Apresentarem-se sóbrios e com decoro no centro e nas sessões de formação;b) Serem assíduos na assistência às sessões de formação;c) Serem pontuais;d) Cumprem o regulamento interno do centro de formação profissional.

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CAPITULO IVArticulação entre o Estado e os centros de formação profissional

ARTIGO 12(Articulação com o Estado)

1.O Estado, através do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, apoia as Instituições de Formação Profissional nos termos dos princípios e objectivos gerais da política do emprego.

2.Para efeitos do disposto no número anterior, o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional poderá fornecer apoios metodológicos e técnicos nos seguintes termos:

a) Formação e aperfeiçoamento técnicos de gestores e formadores dos centros de formação profissional;

b) Fornecimento de programas e manuais de formação;c) Assessoria técnica em programas específicos, quando solicitados.

ARTIGO 13

(Dados estatísticos)Os Centros de Formação Profissional obrigam-se a fornecer dados estatísticos e outros, de acordo com as Instruções, modelos e prazos estabelecidos pelo Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional.

ARTIGO 14(Fiscalização

1. As instituições de Formação Profissional estão sujeitas à fiscalização técnica através de órgãos competentes do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional. 2. A fiscalização incide particularmente sobre a observância dos currícula e do cumprimento das normas do presente decreto.

CAPITULO VSanções

ARTIGO 15(Centros de Formação Ilegais)

1.Sempre que se detecte um centro de formação profissional ilegal, o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional deve proceder ao encerramento do mesmo, com a aplicação de multa de 20 salários mínimos nacionais.

2. Em caso de reincidência, a multa a aplicar será de montante igual ao dobro do montante fixado no número anterior.

ARTIGO 16(Paralisação da actividade)

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Serão cancelados os alvarás aos centros de formação profissional que não exerçam actividades formativas durante um ano consecutivo.

ARTIGO 17(Publicidade falsa ou enganosa)

1.A divulgação pública das actividades dos centros de formação profissional deve respeitar a ética e a dignidade da actividade formativa, visando uma informação correcta, com escrupuloso respeito pela verdade.

2.O não cumprimento do disposto no número anterior será punido com multa de vinte salários mínimos nacionais.

ARTIGO 18(Outras sanções)

1.Aos proprietários das Instituições de formação profissional que Violem o disposto neste decreto podem ser aplicadas, pelo Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, de acordo com a natureza e gravidade da violação, as seguintes sanções:

a) Advertência,b) Multa de valor de 30 salários mínimos nacionais,c) Suspensão das actividades por período até dois anos;d) Encerramento definitivo.

2 Todas as Infracções às disposições deste decreto serão registadas nos processos dos respectivos centros de formação profissional, no Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional.

3. A aplicação de sanções será objecto de despacho do Director-Geral do INEFP, sob proposta do Delegado Provincial do INEFP, à excepção da alínea d) que compete ao Ministro do Trabalho.

CAPITULO VIDisposições transitórias e finais

ARTIGO 19(Instituições existentes)

Todos os centros de formação profissional em funcionamento na data da entrada em vigor do presente decreto deverão regularizar a sua situação no prazo de cento e vinte dias, observando as regras nele contidas.

ARTIGO 20(Entrada em vigor)

O presente decreto entra em vigor trinta dias após a sua publicação. Aprovado pelo Conselho de Ministros.

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Publique-se.O Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi.

LEI DO TRABALHO(parte referente ao emprego e formação profissional)

Lei n.º 23/2007,de 1 de Agosto

CAPÍTULO VIIEmprego e Formação Profissional

SECÇÃO IPrincípios gerais

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ARTIGO 237(Direito ao trabalho)

O direito ao trabalho para todos os cidadãos, sem discriminação de qualquer natureza, tem por princípios básicos a capacidade e a aptidão profissional do indivíduo e a igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou tipo de trabalho.

ARTIGO 238(Direito à formação profissional)

1. A formação profissional é um direito fundamental dos cidadãos e dos trabalhadores, cabendo ao Estado e empregadores permitir o seu exercício através de acções que visem a sua efectivação.

2. A formação, o aperfeiçoamento, a reciclagem e a reconversão profissionais dos trabalhadores, especialmente dos jovens, têm por finalidade desenvolver as capacidades e a aquisição de conhecimentos, facilitar-lhes o acesso ao emprego e aos níveis profissionais superiores, tendo em vista a sua realização pessoal e a promoção do desenvolvimento económico, social e tecnológico do país.

SECÇÃO IIEmprego

ARTIGO 239(Serviço público de emprego)

Para execução das medidas de política de emprego, o Estado desenvolve as suas actividades nos domínios da organização do mercado de emprego, com vista à colocação dos trabalhadores em postos de trabalho adequados à sua qualificação profissional e às demandas dos empregadores, através dos estudos da evolução dos programas de emprego, informação, orientação e formação profissional e do funcionamento de serviços públicos e gratuitos de colocação.

ARTIGO 240(Medidas de promoção de emprego)

Constituem medidas de promoção de emprego:

a) a preparação e execução dos planos e programas de desenvolvimento, envolvendo todos os organismos do Estado e em colaboração com os parceiros sociais, em actividades articuladas e coordenadas nas áreas de criação, manutenção e recuperação de postos de trabalho;

b) o apoio à viabilização das iniciativas individuais e colectivas que visem a criação de oportunidades de emprego e de trabalho, bem como a promoção de investimentos geradores de emprego nos vários sectores de actividade económica e social;

c) os incentivos à mobilidade profissional e geográfica dos trabalhadores e suas famílias na medida conveniente ao equilíbrio da oferta e da procura

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de emprego e em função da aplicação de investimentos sectoriais e regionais para promoção social de grupos socioprofissionais;

d) a definição de programas de informação e orientação profissional dos jovens e dos trabalhadores, visando capacitar os cidadãos e as comunidades para a escolha livre da profissão e género de trabalho, segundo as suas capacidades individuais e as exigências do desenvolvimento do país;

e) o desenvolvimento de actividades de cooperação com países estrangeiros no domínio do trabalho migratório;

f) a organização de serviços públicos e gratuitos de colocação;g) a regulamentação e supervisão das actividades privadas de colocação de

trabalhadores, licenciamento, controlando e fiscalizando o seu exercício.

SECÇÃO IIIPromoção de acesso ao emprego para jovens

ARTIGO 241(Regime contratual de jovens)

1. Tendo em vista a promoção do emprego é consagrada a liberdade de utilização do contrato de trabalho a prazo para jovens recém-formados.

2. Os contratos de trabalho por tempo determinado celebrados com candidatos a emprego podem ser livremente renovados não podendo, porém, ultrapassar o limite máximo de oito anos de trabalho consecutivos no mesmo empregador neste regime, salvo nos casos previstos no artigo 42 da presente Lei.

ARTIGO 242(Regime da reforma obrigatória)

A reforma obrigatória, prevista no n.º 2 do artigo 125 da presente Lei, visa promover a libertação de vagas para os candidatos jovens.

ARTIGO 243(Estágios pré-profissionais)

1. O empregador que receba estudantes finalistas, de qualquer nível de ensino, em regime de estágio pré-profissional, com remuneração, goza de benefícios fiscais, a estabelecer em legislação específica.

2. O empregador pode celebrar acordos com estabelecimentos de ensino para realização de estágios pré-profissionais não remunerados.

3. O estágio pré-profissional conta para efeitos de experiência profissional.

SECÇÃO IVFormação profissional

ARTIGO 244(Princípios gerais)

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1. A formação profissional dirige-se aos trabalhadores no activo, aos jovens que pretendam ingressar no mercado de trabalho sem ter qualificação profissional específica, aos candidatos a emprego em geral, trabalhadores sinistrados ou que careçam de reconversão profissional.

2. A formação profissional dos trabalhadores no activo é assegurada pelos respectivos empregadores.

ARTIGO 245(Formação e orientação profissionais)

1. O reforço da formação profissional pressupõe a adopção de medidas que visem, nomeadamente:

a) estimular a coordenação da formação profissional;b) criar cursos de formação com planos curriculares que correspondam às

reais necessidades do mercado;c) incentivar a formação de trabalhadores, prestada pelos empregadores;d) apoiar a inserção no mercado de trabalho dos formandos que concluam

cursos de formação profissional;e) prevenir o surgimento de desemprego em consequência de

desenvolvimento tecnológico.

2. A orientação profissional, a executar em colaboração com as estruturas do sistema de ensino, abrange os domínios da informação sobre o conteúdo, perspectivas, possibilidades de promoção e condições de trabalho das diferentes profissões, bem como sobre a escolha de uma profissão e respectiva formação profissional.

ARTIGO 246(Objectivos)

1. A formação, aperfeiçoamento e reconversão profissionais são regidos pelo Estado em coordenação com os parceiros sociais, visando assegurar o desenvolvimento de capacidade e a aquisição de habilidades e de conhecimentos necessários para o exercício de uma profissão qualificada dos jovens e adultos, facilitando-lhes o acesso ao mercado de trabalho.

2. Ao Estado incumbe promover acções destinadas à formação e reconversão profissional dos trabalhadores, através da concessão de benefícios fiscais, de facilitação de empresas de formação profissional, geridas ou não por empregadores.

ARTIGO 247(Formação de trabalhadores no activo)

1. Os trabalhadores no activo têm direito a acções de formação profissional, de acordo com as necessidades da empresa.

2. Para os efeitos do disposto no artigo anterior, o empregador promove acções de formação visando:

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a) estimular o aumento da produtividade e a qualidade dos serviços prestados através do desenvolvimento profissional dos seus trabalhadores;

b) aumentar as qualificações profissionais dos seus trabalhadores, bem como a actualização dos seus conhecimentos com vista ao seu desenvolvimento pessoal;

c) permitir a progressão dos trabalhadores na carreira profissional;d) preparar os trabalhadores para o desenvolvimento tecnológico na empresa e no

mercado;e) promover acções de formação em exercício;f) organizar e estruturar planos anuais de formação profissional na empresa com

direito a certificado;g) facilitar a continuação de estudos aos trabalhadores que pretendam frequentar

cursos profissionais fora da empresa sem interferência no horário de trabalho.

ARTIGO 248(Aprendizagem)

1. No âmbito da formação profissional, as empresas podem admitir aprendizes nos trabalhos relativos à especialidade profissional a que a aprendizagem se refere, devendo esta permitir-lhes acesso à respectiva carreira profissional.

2. Para efeitos do número anterior, a aprendizagem tem duração variável conforme os usos relativos à profissão.

3. Não podem ser admitidos nos estabelecimentos ou empresas, para aprendizagem, menores com idade inferior a doze anos.

ARTIGO 249(Contrato de aprendizagem)

1. Contrato de aprendizagem é aquele pelo qual um estabelecimento ou empresa se compromete a assegurar, em colaboração com outras instituições, a formação profissional do aprendiz, ficando este obrigado a executar as tarefas inerentes a essa formação.

2. O contrato de aprendizagem está sujeito à forma escrita e contém obrigatoriamente a identificação das partes contraentes, o conteúdo e duração da aprendizagem, o horário e local em que é ministrada a aprendizagem e o montante da bolsa de formação, bem como as condições para rescisão do contrato.

3. Podem ser celebrados contratos-promessa de contratos de trabalho com os aprendizes que os possibilitem a exercer a profissão ao serviço das entidades que tenham ministrado a aprendizagem.

4. As normas regulamentares da aprendizagem de cada profissão ou grupo de profissões são definidas mediante proposta das entidades interessadas, por diploma do ministro que tutela a área do Trabalho.

5. O contrato de aprendizagem não confere a qualidade de trabalhador e os direitos e deveres do aprendiz são regulados pela legislação específica.

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ARTIGO 250(Cursos de formação profissional)

1. Os cursos de formação profissional têm por finalidade proporcionar a aquisição ou aperfeiçoamento de conhecimentos, capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento requeridos para o exercício de uma profissão ou grupo de profissões, e podem ser ministrados por qualquer entidade qualificada do sector público ou privado, tendo em conta a realidade económica e social do país e as exigências do mercado de emprego.

2. Devem ser assegurados os direitos e expectativas dos formandos pelas entidades que ministrem os cursos, mediante a celebração de contratos entre a entidade formadora e o formando.

3. O contrato celebrado com menores em idade escolar para efeitos de formação e capacitação profissional carece de autorização prévia dos seus representantes legais e do Ministério que tutela a área da educação.

4. O regime que regula a situação jurídica dos formandos e o funcionamento dos estabelecimentos que ministrem cursos de formação profissional, total ou parcialmente financiados por fundos públicos, consta do diploma específico.

5. Findo o curso de formação profissional com aproveitamento, os formados podem ser submetidos a estágio com vista à sua adaptação aos processos de trabalho em função da natureza e das exigências técnicas das tarefas a executar.

SECÇÃO VAvaliação profissional de trabalhadores

ARTIGO 251(Conceito e fins)

1. A avaliação é a verificação, segundo regras previamente estabelecidas, da aptidão e requisitos de qualificação que o trabalhador deve possuir para desempenhar determinadas funções.

2. A avaliação tem por finalidade garantir a ocupação dos postos de trabalho por trabalhadores que reúnam as condições adequadas e contribuir para o ordenamento salarial.

3. A avaliação tem lugar nos seguintes casos:

a) quando seja necessário preencher postos de trabalho vagos;b) quando se pretenda averiguar os motivos do baixo rendimento de um

trabalhador;c) a pedido do trabalhador;d) por decisão do tribunal de trabalho;e) por decisão da direcção da empresa ou estabelecimento, ou sob proposta do

órgão sindical competente.

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4. As empresas ou estabelecimentos, onde as condições o permitam, podem constituir comissões de avaliação dos seus trabalhadores.

ARTIGO 252(Promoção de trabalhadores)

1. Considera-se promoção a passagem do trabalhador para uma categoria correspondente a funções de complexidade, exigências, grau de responsabilidade e salário superiores.

2. Na promoção dos trabalhadores deve tomar-se em conta, para além das suas qualificações, conhecimentos e capacidades, a atitude demonstrada perante o trabalho, o esforço de valorização profissional, a conduta disciplinar e a experiência e antiguidade nas funções.

3. A promoção deve ser registada no processo individual do trabalhador e aditada no seu contrato de trabalho.

4. O empregador deve divulgar pelos trabalhadores o quadro de pessoal da empresa ou estabelecimento, bem como as condições de acesso e promoção na base da qual se promovem as acções de formação profissional e de reciclagem.

ARTIGO 253(Carteira profissional)

As qualificações profissionais reconhecidas aos trabalhadores são registadas em carteira profissional, cujo regime consta da legislação específica ou dos estatutos das ordens profissionais.

ARTIGO 254(Habilitações profissionais)

As habilitações profissionais conferidas pelos cursos de formação profissional são estabelecidas pelo órgão da administração do trabalho e atribuídas pelas respectivas instituições de formação.

ARTIGO 255(Garantias do trabalhador)

Quando as funções exercidas pelo trabalhador não corresponderem às suas qualificações, o tribunal do trabalho ou o órgão de mediação e arbitragem, oficiosamente ou a pedido do trabalhador, notifica o empregador sobre o posto de trabalho compatível com aquelas qualificações.

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PARTE IVESTRUTURAS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO

DO EMPREGO

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INSTITUTO NACIONAL DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

(INEFP)

Decreto nº 37/92de 27 de Outubro

Criação do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFP), e aprovação do respectivo Estatuto Orgânico.A atribuição do Governo em matéria de emprego e formação profissional, bem como a satisfação das exigências das entidades empregadoras e das necessidades do cidadão, requerem a criação de uma estrutura flexível e eficaz assente nos princípios de gestão tripartida, com participação do Estado, dos trabalhadores, e dos empregadores em conformidade com as directrizes da Organização Internacional do Trabalho tendo em vista alcançar a melhor rentabilidade dos recursos financeiros e patrimoniais e a viabilização das iniciativas de investigação e estudo de novos programas de emprego. Nestes termos e ao abrigo da alínea g) do n.º 1 do artigo 153 da Constituição, o Conselho de Ministros decreta:

ARTIGO 1.º

1. É criado o Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional abreviadamente designado por INEFP cujo estatuto orgânico faz parte integrante do presente diploma.

2. O Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional é dotado de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira.

ARTIGO 2.º

O Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional funciona subordinado ao Ministério do Trabalho e exerce a sua actividade em todo o território nacional.

ARTIGO 3.º

Compete ao Ministro do Trabalho criar as condições necessárias e determinar os actos respeitantes à implantação do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional.

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Aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.O Primeiro-Ministro, Mário Fernandes da Graça Machungo.

ESTATUTO ORGÂNICO DO INSTITUTO NACIONAL DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

ARTIGO 1.º (Natureza)

1.O Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional, adiante designado por INEFP, é uma entidade pública, dotada de personalidade jurídica e de autonomia administrativa e financeira.2. O INEFP tem a sua sede em Maputo podendo, sempre que o exercício das suas actividades o justificar, criar delegações e serviços locais ou designar representantes.

ARTIGO 2.º(Objecto)

O INEFP tem por objecto a aplicação, controlo e avaliação da política nacional de emprego, aprovada pelo Governo, traduzida na promoção de oportunidades de emprego, no desenvolvimento de acções de orientação e formação profissional e, especificamente, as cometidas às respectivas estruturas centrais e regionais.

ARTIGO 3.º(Atribuições)

O Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional tem, nomeadamente, as seguintes atribuições:

a) Proceder à investigação, estudo permanente e divulgação da situação do emprego, das necessidades o disponibilidades da mão-de-obra.

b) Promover a correcta utilização da mão-de-obra disponível c assegurar a integração das estratégias do emprego e formação profissional nos planos nacionais de desenvolvimento;

c) Providenciar pela instalação de serviços gratuitos de colocação, promoção de emprego, informação e orientação profissional e formação profissional;

d) Assegurar a participação dos representantes dos empregadores c dos trabalhadores na definição da política nacional de emprego;

e) Colaborar com outros organismos, instituições e organismos internacionais, assim como com outros países, nos domínios do emprego, orientação c formação profissional.

ARTIGO 4.º(Gestão do INEFP)

O INEFP, é gerido por um conselho de administração composto por três representantes do Estado, três das entidades empregadoras e três representantes dos trabalhadores.

ARTIGO 5.º

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(Órgãos do INEFP)

São órgãos do INEFP:a) O conselho de administração;b) A direcção geral.

ARTIGO 6.º(Nomeação do presidente do conselho de administração)

O Presidente do Conselho de Administração é nomeado por despacho do Primeiro-Ministro, sob proposta do Ministro do Trabalho.

ARTIGO 7.º(Nomeação dos administradores)

1. Os administradores são nomeados por despacho do Ministro do Trabalho.

2. Os administradores representantes das entidades empregadoras e dos trabalhadores são propostos pelas respectivas organizações representativas.

ARTIGO 8.º(Mandato dos administradores)

1. A duração do mandato dos administradores 6 de três anos, renovável por iguais e sucessivos períodos.

2. Quando se verifique uma vaga no Conselho de Administração por morte, demissão ou perda das qualidades exigíveis para o cargo de administrador providenciar-se-á pela sua substituição, designando-se um novo no prazo de sessenta dias.

3. O mandato do administrador designado nos termos do número anterior termina na data em que teria expirado o mandato do membro substituído.

ARTIGO 9.º(Reuniões do conselho de administração)

1. O conselho de administração reúne-se por convocação escrita do seu Presidente, dirigida com pelo menos oito dias de antecedência:

a) Em sessão ordinária, uma vez por trimestre;b) Em sessão extraordinária, por iniciativa do presidente ou a requerimento de pelo menos

um terço dos membros do conselho de administração.2. Em caso de urgência, o prazo referido no número anterior pode ser reduzido para três dias por decisão do Presidente, que fixa a ordem do dia, por proposta do director-geral e a comunica ao Ministro do Trabalho.

ARTIGO 10.º

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(Funções do conselho de administração)

1. Ao conselho de administração compete assegurar a gestão geral das actividades doINEFP, devendo deliberar sobre:

a) O regulamento interno do INEFP;b) O relatório anual do INEFP;c) A aquisição, cessão de direitos, alienação sob qualquer forma de bens móveis do

INEFP;d) A aceitação de legados e heranças;e) Os planos e programas de acção do INEFP.

2. O orçamento global do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional deverá ser aprovado pelo Ministro de tutela, sob proposta do conselho de administração.

ARTIGO 11.º(Funções do presidente do conselho de administração)

1.Ao presidente compete presidir as reuniões do conselho de administração e representar legalmente o INEFP.

2. Em caso de impedimento o Presidente do Conselho de Administração é substituído por um dos Vice-Presidentes.

ARTIGO 12.º(Irregularidades do conselho de administração)

1. Em caso de irregularidades, de má gestão ou de falta de decisão que impeça o normal funcionamento do INEFP o conselho de administração pode ser dissolvido por decisão do Primeiro-Ministro.

2. Se as irregularidades forem imputáveis a um ou vários administradores, a sua destituição é determinada por despacho do Ministro do Trabalho, após informação do conselho de administração.

3. A destituição implica a incapacidade de exercício das funções de administrador durante dois anos a contar da data da decisão da destituição.

ARTIGO 13.º(Comissão de controlo do conselho de administração)

O conselho de administração designa anualmente a comissão de controlo constituída por três auditores.

ARTIGO 14.º(Funções da comissão de controlo)

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A comissão de controlo tem por funções:a) Verificar a contabilidade;b) Examinar as contas anuais de gestão, devendo apresentar ao conselho de administração

um relatório sobre as operações efectuadas durante o ano e sobre a situação financeira do fim do ano;

c) Proceder, pelo menos uma vez por ano e sem aviso, à verificação de caixa e de contabilidade.

ARTIGO 15.º(Direcção-geral)

1.O funcionamento e gestão correntes do INEFP ficam a cargo de um director nomeado pelo Ministro do Trabalho, ouvido o conselho de administração.

2.Ao Director do INEFP cabe, nomeadamente:

a) Dar execução às decisões do conselho de administração;b) Autorizar as receitas e as despesas;c) Representar o INEFP por delegação do presidente do conselho de administração.

3. O director presta contas da sua actividade ao conselho de administração através do relatório anual e sempre que para o efeito seja solicitado.

4. Todos os funcionários da direcção do INEFP são nomeados por despacho do Ministro do Trabalho, após parecer do conselho de administração.

ARTIGO 16.º(Fontes de financiamento)

1.Constituem receitas para o funcionamento do INEFP:

a) A comparticipação do Instituto Nacional de Segurança Social;b) A comparticipação do orçamento do Estado;c) A comparticipação das empresas públicas, estatais e privadas com esquemas próprios de

segurança social e que não contribuam para este sistema;d) As provenientes da produção de bens e prestação de serviços que o INEFP

eventualmente possa realizar;e) Outras que lhe venham a ser atribuídas.

2.Os Ministros do Trabalho e das Finanças estabelecerão as percentagens da comparticipação das fontes referidas nas alíneas b) e c) do número anterior.

ARTIGO 17.º(Encargos do INEFP)

Constituem encargos do INEFP:

a) As despesas com o respectivo funcionamento;

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b) Os custos de aquisição, manutenção e conservação de bens ou serviços necessários ao seu funcionamento e ao exercício das suas atribuições;

c) As remunerações do presidente c restantes membros do conselho de administração cujo montante será fixado pelo Ministro do Trabalho, ouvido o Ministro das Finanças.

ARTIGO 18.º

Sem prejuízo do princípio de autonomia financeira estabelecido, os fundos alocados ao Instituto pelo Orçamento Geral do Estado obedecerão às regras e mecanismos estabelecidos para os fundos públicos, cabendo ao Ministério das Finanças a respectiva fiscalização.

ARTIGO 19.º

1.Até 30 de Setembro de cada ano, o conselho de administração apresentará ao Ministério das Finanças o seu orçamento para o ano seguinte, na parte relativa aos financiamentos do Orçamento Geral do Estado.

2.Compete ao conselho de administração assegurar a elaboração das contas relativas aos financiamentos do Orçamento Geral do Estado, devendo remeter ao Ministério das Finanças, trimestralmente, o respectivo balancete.

3.Até 31 de Março de cada ano, o conselho de administração submeterá ao Ministério das Finanças o processo de contas do exercício do ano anterior, relativo aos financiamentos do Orçamento Geral do Estado.

ARTIGO 20.º

As contas anuais do INEFP deverão ser submetidas a julgamento do Tribunal Administrativo, até 31 de Março do ano seguinte a que respeita o exercício.

ARTIGO 21.º(Estatuto do pessoal do INEFP)

1. O quadro de pessoal do INEFP bem como o respectivo regime disciplinar obedecerão às normas em vigor para o aparelho de Estado.

2. A admissão de pessoal e a progressão nas carreiras profissionais obedecem ao regulamento das carreiras profissionais aprovado para o INEFP.

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ESCOLAS PROFISSIONAIS

Diploma Ministerial n.º4/2006 de 11 de Janeiro

Havendo necessidade de conferir maior organização no funcionamento das Escolas Profissionais criadas ao abrigo do Diploma Ministerial n.º 138/2003, de 31 de Dezembro, no uso das competências que me são conferidas, ao abrigo da alínea d) do artigo 3 do Decreto Presidencial n.º 18/2005, de 31 de Março, determino:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento das Escolas Profissionais, em anexo ao presente Diploma Ministerial e que dele faz parte integrante.

Artigo 2. O presente Diploma Ministerial entra imediatamente em vigor.

Maputo, 12 de Setembro de 2005. – O Ministro da Educação e Cultura, Aires Bonifácio Baptista Ali.

___

Regulamento das Escolas Profissionais

Preâmbulo

O Ministério da Educação de Moçambique (MINED) através da Direcção Nacional do Ensino Técnico (DINET) tem vindo a estabelecer as bases para o relançamento de uma rede nacional de escolas provedoras de formação técnica e profissional de nível elementar, na perspectiva partilhada de que as formações aí ministradas e dirigidas a uma parte significativa da população de Moçambique constituem um pilar irrecusável de sustentação do seu desenvolvimento.

Nesse sentido, a “Estratégia do Ensino Técnico-Profissional em Moçambique 2002-2011 – Mais Técnicos, Novas Profissões e Melhor Qualidade,” aprovada pelo Conselho de Ministros em 20 de Dezembro de 2001, aponta, claramente, as linhas de força da

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revitalização do ensino elementar, consignando que “a ampliação e renovação da rede das escolas de artes e ofícios e elementares de agricultura contribuirá para a formação de mão-de-obra necessária ao desenvolvimento rural, redução da pobreza e a fixação das populações do campo” ao mesmo tempo que aponta para um desejável “melhoramento e adequação da estrutura do subsistema do ETP e dos conteúdos de formação, introduzindo formas flexíveis de organização curricular, permitindo uma constante adaptação às necessidades locais, ao progresso científico e à evolução tecnológica bem como o alcance de uma maior eficiência interna”.

Assim, e na esteira do Diploma Ministerial n.º 138/2003 de 12 de Setembro publicado no n.º 53 do 3º Suplemento – I Série – do Boletim da República pelo presente, se publica o Regulamento das Escolas Profissionais de Moçambique.

ARTIGO 1Missão das Escolas Profissionais (EP)

1. A missão das EP é qualificar profissionalmente adolescentes e jovens moçambicanos como núcleo de uma estratégia de desenvolvimento sócio-económico nacional que requer e repousa, em boa parte, na existência de uma mão-de-obra competente e apta a evoluir nos mais variados contextos profissionais e laborais.

2. O Projecto Educativo (PE) de cada escola profissional confere-lhe uma identidade própria que a distingue pela especificidade da sua proposta educativa – princípio da diferenciação - de tal modo que as EP desempenham, para as regiões onde estão inseridas, um papel de “motor” de desenvolvimento local, privilegiando e construindo, em cada dia, um diálogo com os diferentes parceiros sociais, a identificação dos interesses e necessidades, num esforço permanente de valorização da sua acção, de uma maior transparência e de uma grande visibilidade.

3. As EP devem estar abertas a organização de outras ofertas complementares de qualificação profissional para jovens e para adultos, por iniciativa própria ou em parceria com outras instituições, nomeadamente empresas, de modo a assegurarem a qualificação das pessoas e dos territórios locais em que elas se movimentam, promovendo, deste modo, um racional aproveitamento das suas capacidades instaladas.

4. A constituição de uma rede pública nacional de EP é um objectivo prioritário do MINED.

5. Integram a primeira fase do programa de relançamento do Ensino Técnico Profissional as Escolas Profissionais de:

Moamba – Província do Maputo;Inhamissa – Província de Gaza;Massinga – Província de Inhambane;Ilha de Moçambique – Província de Nampula;Songo – Província de Tete.

6. O subsistema deverá expandir-se quer pela criação de novas escolas quer pela transformação de escolas já existentes.

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ARTIGO 2O modelo institucional

Os princípios estruturantes do modelo institucional preconizado para as EP são, fundamentalmente, cinco:

a) Integração, na medida em que se valoriza a integração institucional e a integração curricular;

b) Diferenciação, fazendo com que o projecto educativo de cada escola, centrado na oferta de formações territorializadas, seja diferente do das outras;

c) Flexibilidade, permitindo que cada escola incorpore a procura de soluções adequadas ao seu meio, aos seus alunos/formandos e aos seus professores/ /formadores;

d) Modularização, de tal modo que cada uma das disciplinas ou áreas disciplinares que compõem o plano de estudos é organizada em módulos;

e) Profissionalização, que fará com que cada escola crie ambientes de formação próximos dos ambientes de trabalho, promovendo, deste modo, a qualificação profissional dos recursos humanos necessários à modernização empresarial e ao desenvolvimento das regiões.

ARTIGO 3Atribuições

As EP prosseguem, entre outras, as seguintes finalidades:a) Contribuir para a realização pessoal dos jovens, proporcionando-lhes uma

adequada preparação para a inserção sócio-profissional;b) Promover a qualificação profissional de grau elementar e o desenvolvimento

integral de cada um dos adolescentes e jovens que as frequentam, proporcionando- -lhes um desenvolvimento que favoreça a integração e orientação profissional a partir da iniciação profissional;

c) Fomentar, nos alunos/formandos, o gosto pelo empreendedorismo e pela iniciativa, em particular a iniciativa empresarial;

d) Apoiar cada um dos alunos/formandos, uma vez graduados, no seu processo de inserção socioprofissional, através da criação de “ Unidades de Inserção na Vida Activa” – (UNIVA);

e) Facultar aos jovens contactos com o mundo do trabalho e a experiência profissional;

f) Participar activamente nos esforços nacionais em prol do desenvolvimento socioeconómico, dotando o país dos recursos humanos que necessita;

g) Contribuir para a diminuição do êxodo rural, favorecendo o desenvolvimento local e a fixação das populações em ambientes condignos integrando-se, de corpo inteiro, nos objectivos do PARPA;

h) Permitir aos jovens o prosseguimento dos seus estudos, de acordo com o estipulado neste regulamento.

ARTIGO 4Natureza e regime

1. As EP podem ser de natureza pública, privada e comunitária.

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2. As EP gozam de autonomia administrativa, financeira, pedagógica e cultural, devendo seguir os normativos nacionais de estão escolar.

3. As EP regem-se pelo presente normativo e pelos seus estatutos.

ARTIGO 5Tutela

No desempenho da sua actividade as EP estão sujeitas à tutela do MINED, através da DINET.

ARTIGO 6Entidades Promotoras

1. Podem ser entidades promotoras das EP, entidades públicas, privadas, ou comunitárias.

2. Para as escolas de iniciativa não estatal será celebrado um contrato programa entre a entidade sua promotora e o MINED.

3. O contrato programa a que alude o número anterior contemplará os seguintes aspectos:

a) Modo de integração na política educativa do país;b) Aceitação dos princípios de orientação política definidas para as EP;c) Particularidades de funcionamento;d) Modalidades de certificação e condições de exercício da mesma certificação;e) Regras de controlo e avaliação externa;f) Prazo de vigência do contrato e condições para a sua renovação;g) Procedimentos a adoptar em caso de incumprimento.

ARTIGO 7Oferta de formação

1. A oferta de formação das EP deverá proporcionar um amplo leque de formação geral, comum a todos os alunos/formandos e facultar, também, uma especialização terminal, prévia à obtenção do primeiro emprego.

2. Cada curso integra-se numa área de formação profissional que funciona como raiz de formação, numa subárea de formação ou curso e numa área de especialização ou especificação terminal.

3. Os planos de estudo integram três componentes: a componente sócio-cultural, a componente técnico-profissional e o estágio.

ARTIGO 8Regime de acesso

1. O público-alvo das EP é constituído, prioritariamente, por alunos saídos da EP2, com a sétima classe concluída. Para estes alunos as EP oferecem cursos de qualificação profissional de dois anos de duração.

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2. Em localidades onde o EP2 não esteja suficientemente desenvolvido, poderá ser facultado o acesso directo a estes cursos de qualificação a alunos oriundos do EP1, alargando-se a duração dos cursos, nesses casos, para três anos.

ARTIGO 9Estrutura curricular

1. Os cursos técnico-profissionais de nível elementar têm uma estrutura que compreende um período de formação na escola e um período de formação nas empresas.

2. O período de formação na escola compreende as seguintes componentes de formação:a) Sociocultural, com um peso de aproximado de 40% do total da carga horária

prevista, formada por duas subcomponentes: a geral, constituída pelas disciplinas de Português, Inglês, Mundo Actual e Educação Física e que será comum para todas as escolas e a científica de base constituída por um conjunto de disciplinas que suportarão técnica e cientificamente as aprendizagens da componente técnico-profissional;

b) Técnico-profissional, variável em função do conjunto de áreas de formação e que visa favorecer aprendizagens em domínios específicos do saber, aplicados no exercício profissional nos vários tipos de actividades económicas;

c) Área de projecto profissional, que visa criar um tempo dedicado ao desenvolvimento por parte do aluno/ /formando de um projecto concreto de aplicação dos conhecimentos e da experiência adquiridos ao longo da formação.

Parágrafo Único. As componentes referidas em b) e c) têm cerca de 60% do peso total da carga horária prevista para a parte escolar do curso.

3. O período de formação nas empresas traduz-se num estágio profissional, que se seguirá ao período de formação na escola.

4. O estágio profissional, com duração variável, será devidamente acompanhado pelas escolas e pressupõe a existência de um Plano de Estágio por cada aluno estagiário.

ARTIGO 10Ano complementar do nível elementar

1. Com vista ao prosseguimento de estudos e à aquisição de algumas competências profissionais relacionadas com o “saber supervisionar e conduzir” é instituído o “ano complementar” do ensino elementar, com a seguinte estrutura curricular:

a) Formação sociocultural – comum para todos os cursos, com um peso de 70% da carga horária prevista, formada por duas subcomponentes com um peso de 35% cada: geral, constituída pelas disciplinas de Português, Inglês, Ciências Historico-Geográficas, Formação Moral e Cívica e Educação Física, e científica, que engloba as disciplinas de Matemática, Ciências Físico-Químicas e Biologia;

b) Formação tecnico-profissional, igualmente constituída por duas subcomponentes: específica, com um peso de 20% da carga horária prevista e que engloba as disciplinas de Noções de Contabilidade e Gestão,

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2.Gestão de Recursos, Legislação Laboral e Informática Aplicada e disciplinas optativas , igualmente com um peso de 10% da carga horária prevista e que engloba até duas disciplinas da c componente técnicoprofissional do curso de nível elementar frequentado anteriormente.

3. Em cada ano e em cada escola, poderão matricular-se no ano complementar os alunos que tendo completado o nível elementar, com estágio realizado, tenham obtido, na parte escolar do curso, uma média igual ou superior a 12 valores.

4.Os referenciais de formação e os planos de estudo do ano complementar dos cursos elementares do ensino técnicoprofissional serão aprovados pelo MINED.

ARTIGO 11Duração dos cursos

1. Para os alunos oriundos do EP2 os cursos elementares têm a duração de 2 anos, distribuídos por um conjunto de 4períodos, ocupando 2520 horas de formação em contexto escolar a que se deve seguir um período de realização de estágio profissional, com uma duração mínima de 480 horas e máxima de 720 horas

2. Para os alunos oriundos do EP1 os cursos elementares têm a duração de 3 anos, distribuídos por um conjunto de 6 períodos, ocupando 3780 horas em contexto escolar.

3. O ano complementar do nível elementar do ensino técnico-profissional a que alude o artigo anterior tem uma carga lectiva de 1120 horas distribuídas por 2 períodos.

4. O horário semanal previsto é de 35 horas para qualquer dos casos.

ARTIGO 12Organização e desenvolvimento curricular

1. A definição das linhas orientadoras gerais para a organização dos programas e dos respectivos conteúdos, quer dos cursos elementares quer do ano complementar, são da responsabilidade da DINET e serão objecto de publicação de manuais técnico pedagógicos específicos.

2. O desenvolvimento curricular modular dos programas, privilegiará não só a interdisciplinaridade e a flexibilidade na sequencialidade e duração dos módulos, de modo a potenciar a adaptabilidade destes ao projecto educativo que cada escola protagoniza, mas também, as necessidades de coordenação entre a formação sociocultural, a formação técnico-profissional e a formação prática.

3. Cada manual é constituído por:a) Perfil profissional dos Graduados;b) Plano de estudos;c) Elencos modulares por áreas disciplinares;d) Instalações, equipamentos, ferramentas e materiais;e) Bibliografia de apoio.

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4. Cada escola, com a participação da sua equipa de professores/ formadores, deverá, no exercício da sua autonomia e a partir das propostas programáticas da DINET constituídas por elencos modulares, elaborar, para cada curso, a sua proposta de desenvolvimento curricular modular, que fará parte integrante do plano de actividades da escola, de modo a garantir a adaptabilidade dos módulos às realidades do meio e do tecido sócio-ecónomico e cultural.

5. A estrutura de cada módulo é constituída por: objectivos, conteúdos, actividades de aprendizagem, recursos, critérios de avaliação, articulações, duração.

ARTIGO 13Regime de avaliação

1. A avaliação curricular processa-se segundo três modalidades: a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação sumativa.

2. No início de cada módulo serão realizadas actividades de diagnóstico que testem os pré-requisitos necessários ao desenvolvimento dos respectivos conteúdos, (conceptuais, procedimentais e atitudinais).

3. Ao longo do desenvolvimento do módulo a avaliação deve resultar da auto e hetero-avaliação dos alunos/formandos e da avaliação realizada pelo professor/formador.

4. O Regulamento de Avaliação, aplicável às Escolas Profissionais, constitui o Anexo I deste Regulamento.

ARTIGO 14Progressão curricular

O regime de progressão no plano de estudos segue a lógica modular, partindo de uma metodologia pedagógica e didáctica que permita individualizar os ritmos de aprendizagem.

ARTIGO 15Prova de aptidão profissional (PAP)

1. A componente de “Projecto Profissional” será valorizada para efeitos de progressão de estudos e de certificação profissional.

2. Os alunos/formandos, para além da participação em seminários sobre o empreendedorismo e sobre a criação de auto emprego, terão um tempo dedicado à realização de um projecto profissional, que será analisado na Prova de Aptidão Profissional.

3. A PAP é apresentada perante um júri constituído para o efeito, conforme se estipula no Regulamento de Avaliação, que constitui o Anexo I deste Regulamento.

ARTIGO 16Estágio

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1. Nos cursos técnico-profissionais de nível elementar, aprovado o aluno/formando, tanto na avaliação contínua como na Prova de Aptidão Profissional, integrada no período de formação na escola, deve seguir-se um período de formação nas empresas que compreenderá, a realização de um estágio profissional com uma duração compreendida entre 480 (mínima) e 720 horas (máxima).

2. A realização deste estágio profissional, é obrigatória, podendo, em caso de necessidade, ser realizado na própria escola, nas práticas de produção.

3. Após a realização do estágio profissional o aluno/formando apresentará relatório dos trabalhos desenvolvidos a um júri que será constituído conforme se estipula no Regulamento de Estágio e que constitui o anexo II deste Regulamento.

4. No ano complementar não há obrigatoriedade de realização do estágio.

ARTIGO 17Regime de faltas

1. O máximo de faltas justificadas permitido aos alunos/ /formandos é de 10% do valor da carga horária atribuída a cada disciplina do plano de estudos.

2. Compete à Direcção Pedagógica de cada escola elaborar e aprovar os critérios adoptados para a justificação das faltas dos alunos/formandos.

ARTIGO 18Certificação

1. Após a conclusão do curso (parte escolar e estágio), os alunos/formandos terão direito a um diploma profissional que deverá mencionar não só as classificações obtidas mas também, de forma sucinta, o descritivo da formação realizada, nomeadamente, o respectivo plano de estudos, o projecto profissional desenvolvido e o tipo de estágio realizado.

2. Compete à Direcção Nacional do Ensino Técnico elaborar modelo de diploma a adoptar.

3. As acções conducentes ao reconhecimento e à certificação institucional dos cursos serão desenvolvidas pelo MINED.

ARTIGO 19Equivalências

1. Para efeitos profissionais aos diplomados com os cursos técnico-profissionais de nível elementar, ministrados nas Escolas Profissionais, após a conclusão do estágio profissional, é conferida a equivalência ao nível básico técnico-profissional.

2. Aos diplomados com o ano complementar, é conferida equivalência à 10ª classe do ensino secundário geral.

ARTIGO 20

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Recrutamento de pessoal docente

1. O regime de recrutamento de professores/formadores das EP seguirá o processo normal de recrutamento de docentes.

2. A selecção do pessoal docente reger-se-á pelo princípio da adequação dos perfis dos candidatos às exigências profissionais previamente definidas.

3. Para a docência das áreas técnicas as escolas podem recorrer a professores/formadores que mantenham actividade profissional ou empresarial efectiva e que pelas suas reconhecidas competências representem uma significativa mais valia para o processo de ensino/aprendizagem.

ARTIGO 21Receitas

Constituem receitas das escolas:a) As dotações que lhe forem concedidas pelo Estado;b) As propinas de matrícula e frequência;c) As receitas derivadas da prestação de serviços ou da venda de produtos e bens;d) Os juros de depósitos bancários dos dinheiros ou valores que recebam;e) Quaisquer outras receitas que lhe sejam atribuídas;f) Os subsídios e subvenções, comparticipações, doações e legados aceites a

benefício de inventário.

ARTIGO 22Impressos administrativos-pegadógicos

1. A progressão curricular modular requer a existência de impressos administrativo pedagógicos específico.

2. Para garantir uma uniformidade nos processos administrativo-pedagógicos das escolas, a DINET editará os impressos que suportarão os diferentes registos que as escolas devem elaborar, nomeadamente:

a) Pautas de avaliação formativa;b) Pautas de avaliação modular sumativa;c) Pautas globais de avaliação;d) Pautas de exame;e) Actas de auto e hetero-avaliação;f) Folhas de registo de assiduidade de alunos;g) Termo de encerramento de módulo;h) Livros de Ponto;i) Livros de Termos;j) Boletim de inscrição de estágio;k) Caderneta de estágio;l) Mapa de visitas do professor acompanhante;m) Grelha de Avaliação do monitor;n) Grelha de avaliação do estágio;o) Termo de encerramento do estágio;p) Diploma final.

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ARTIGO 23Avaliação do novo modelo

O modelo curricular e pedagógico, ora proposto, será sujeito a uma avaliação externa em moldes a definir pelo MINED.

ARTIGO 24Disposições finais e transitórias

1. Para boa execução deste diploma a Direcção Nacional do Ensino Técnico elaborará os normativos de supervisão da experiência.

2. Casos omissos e de interpretação do presente regulamento serão da competência do MINED, através da DINET.

Anexo I

Regulamento de Avaliação nas EscolasProfissionais

Avaliação – Conceitos genéricosPretende-se com o modelo educativo das Escolas Profissionais, fazer delas “ Escolas de Sucesso”.

Para este objectivo assume particular importância o sistema de progressão modular bem como o processo de avaliação. O objectivo dos cursos do ensino técnico profissional elementar é preparar profissionais para o desempenho qualificado de uma profissão e para o exercício de uma cidadania consciente.

Avaliar não é julgar. É, antes de mais, (i) informar o aluno acerca dos progressos, dificuldades e resultados obtidos na aprendizagem; (ii) esclarecer as causas do seu sucesso e insucesso; (iii) estimular o seu desenvolvimento global nas áreas cognitiva, afectiva, relacional-social e psicomotora; (iv) certificar os conhecimentos e competências adquiridas. As Escolas Profissionais adoptam a “estrutura modular”, como forma de organizar a formação profissional e o processo de ensino/aprendizagem e é à luz deste figurino curricular que os procedimentos avaliativos deverão ser definidos, de modo a permitirem o controlo e a retroacção contínuos.

ARTIGO 1Objecto da avaliação

O presente Regulamento de Avaliação define o regime de avaliação das escolas profissionais e estabelece:

a) As disposições a observar na avaliação dos processos de ensino/aprendizagem dos alunos/formandos;

b) As condições de progressão no plano de estudos e de aproveitamento dos alunos/formandos nos cursos;

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c) As formas de apuramento das classificações finais;

ARTIGO 2Âmbito da avaliação

A avaliação deverá incidir sobre a consecução das metas estabelecidas querem nos programas das disciplinas quer nas actividades educativas transdisciplinares previstas no plano de estudos e sobre as competências transversais a todo o plano de estudos, identificadas e estabelecidas pela direcção pedagógica, em cooperação com os demais actores educativos.

ARTIGO 3Intervenientes no processo de avaliação

Intervêm no processo de avaliação e de acordo com a especificidade de cada momento de avaliação, os seguintes actores:

a) O professor/formador;b) O aluno/formando e os alunos/formandos;c) Os conselhos de professores de turma;d) O orientador educativo (director de turma);e) O responsável de curso (delegado da especialidade);f) O director adjunto pedagógico;g) O Director do Lar / Internato;h) Representantes das associações empresariais, profissionais e sindicais;i) O Presidente do Conselho de Escola.

ARTIGO 4Modalidade de avaliação

A avaliação processa-se segundo três modalidades:a) A avaliação diagnóstica, realizada pelo professor/formador no início de cada

módulo para testar a existência de pré-requisitos necessários ao desenvolvimento dos respectivos conteúdos;

b) A avaliação formativa com carácter sistemático e contínuo, na qual intervêm essencialmente o professor/formador e o aluno/formando;

c) A avaliação sumativa que terá lugar: c.1) no final de cada módulo com a intervenção do professor/ formador e dos alunos/formandos; c.2) no momento da conclusão do conjunto de módulos de cada disciplina, através de reunião do conselho de turma.

ARTIGO 5Instrumentos de avaliação

1. Compete aos professores/formadores desenvolverem e utilizarem os instrumentos de avaliação que considerem adequados a cada disciplina, módulo ou actividade de aprendizagem.

2. Para além dos instrumentos de avaliação constantes nos normativos nacionais de avaliação os professores/formadores deverão, ainda, utilizar uma diversidade de outros

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instrumentos e técnicas em função do tipo de informação que pretendam e do tempo de que disponham para a recolher, nomeadamente:

a) Grelhas de observação directa;b) Listas de verificação;c) Registos de incidentes críticos;d) Questionários;e) Entrevistas;f) Portfólios de evidências de aprendizagem;g) Relatórios;h) Testes (verdadeiro / falso; sim/não; de escolha múltipla; de completamento; de

associação; de resposta curta;)i) Outros.

ARTIGO 6Momentos de avaliação

As escolas deverão calendarizar, pelo menos, dois momentos de avaliação formativa e dois momentos de avaliação sumativa.

ARTIGO 7Escalas de avaliação

A tradução da avaliação sumativa faz-se utilizando a escala de 0 (zero) a 20 (vinte) valores. A tradução da avaliação formativa faz-se segundo a escala que se segue:

ARTIGO 8Publicita de avaliação

1. A publicitação das classificações dos módulos deve ocorrer após a realização das avaliações acima referenciadas, devendo as escolas escolher os métodos de publicitação mais adequados à sua realidade.

2. Atendendo à lógica modular adoptada, a classificação final de cada módulo a publicar em pauta, só terá lugar quando o aluno atingir uma nota igual ou superior a 10 valores.

3. Compete ao director de turma em articulação com a direcção pedagógica, fornecer aos alunos e aos seus encarregados de educação uma informação sucinta sobre o desenvolvimento global das principais aprendizagens realizadas, das dificuldades evidenciadas por cada aluno e, ainda, com indicações relativas a actividades de remediação e/ou enriquecimento.

ARTIGO 9Regime de progressão

1. O regime de progressão no plano de estudos segue a lógica modular, a partir de uma metodologia pedagógica e didáctica que permita a progressão curricular de tal modo que os alunos/formandos progridam segundo os seus próprios ritmos.

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2. Os módulos são unidades de ensino/aprendizagem coesas, flexíveis, combináveis entre si e definidas em termos de conteúdos, actividades, objectivos e tempo médio de duração.

3. No início de cada módulo serão realizadas actividades de diagnóstico que testem os pré-requisitos necessários ao desenvolvimento dos respectivos conteúdos.

4. Ao longo do desenvolvimento do módulo, a avaliação deve ser a resultante da auto e hetero-avaliação dos alunos/ /formandos e da avaliação realizada pelo professor/formador.

5. No final de cada módulo a avaliação traduzir-se-á por uma classificação quantitativa.

6. A aprovação num módulo implica uma nota igual ou superior a dez valores.

7. Sempre que o aluno/formando não atinja os objectivos essenciais, o professor/formador deverá dar-lhe uma nova oportunidade, definindo com ele as estratégias de superação que sejam adequadas, ajustando as estratégias de ensino-aprendizagem e dando-lhe mais tempo para a avaliação do módulo; se o aluno/formando atingir esses objectivos, então, o professor/ /formador registará a nota; caso contrário, o aluno/formando solicitará, administrativamente, uma avaliação extraordinária, e vendo as escolas definir as regras e condições que regulem esta situação.

ARTIGO 10Prova de aptidão profissional (PAP)

1. A prova de Aptidão Profissional (PAP) é um projecto pessoal, transdisciplinar integrador de todos os saberes e competências desenvolvidas ao longo da formação.

2. Os alunos/formandos, além de seminários sobre empreendedorismo, criação de auto-emprego e de empresas, terão um tempo dedicado à realização de um projecto profissional que será objecto de análise e avaliação na sua Prova de Aptidão Profissional.

3.Compete a cada aluno/formando conceber, realizar e avaliar o seu projecto sob a orientação e acompanhamento de um ou mais professores/formadores. Este projecto deverá ocorrer após dois terços do plano curricular e realizar-se-á em verdadeiro contexto de trabalho.

4. Do trabalho realizado o aluno/formando fará um relatório que será apreciado pelo júri da PAP;

5. O júri a que alude o número anterior será constituído pelos seguintes elementos: director pedagógico da escola, que preside, o director de turma, professores/formadores das especialidades envolvidas, um representante das associações empresariais, outro das associações sindicais, ou profissionais dos sectores afins do curso. § 1º O júri para deliberar necessita da presença de, pelo menos, três elementos, sendo obrigatoriamente, um representante do empresariado ou das associações sindicais.

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6. Consideram-se aprovados na PAP os alunos que obtenham uma classificação igual ou superior a dez valores.

7. A PAP será valorizada para efeitos de progressão e de certificação.

8. As escolas deverão elaborar os normativos internos que presidem à realização da PAP.

ARTIGO 11Estágio profissional

1. Aprovado o aluno/formando, na formação em contexto escolar, isto é, em todos os módulos de todas as disciplinas do plano de estudo e na Prova de Aptidão Profissional, deve seguir-se um período de formação nas empresas, de estágio profissional obrigatório.

2. A realização do estágio deverá ser feita, preferencialmente, em empresas, mas, onde tal se torne impossível, por existência incipiente ou mesmo não existência de tecido empresarial, deverá ser realizado na própria escola, nas práticas de produção.

3. O estágio terá uma duração compreendida entre 480 horas (mínima) e 720 horas (máxima).

4. O estágio será avaliado qualitativamente seguindo a escala: Suficiente , Bom , Muito Bom.

5. Haverá lugar à repetição do estágio sempre que o aluno/formando não obtenha nenhuma das classificações referidas no número anterior.

6. O Regulamento de Estágio que constitui o Anexo II deste Regulamento, precisa as tramitações e procedimentos a adoptar nesta etapa do percurso de formação, dos alunos/formandos, em contexto real de trabalho.

ARTIGO 12Classificações finais de cada disciplina

A classificação final de cada disciplina obter-se-á pela média aritmética simples das classificações obtidas em cada módulo.

ARTIGO 13Classificação final do plano de estudos

A classificação final respeitante à conclusão do plano curricular obtém-se pela média aritmética simples das classificações finais de cada disciplina.

ARTIGO 14Classificação final do curso e fórmula de apuramento

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A classificação final do curso (CF) obtém-se atribuindo peso 2 (dois) ao Plano Curricular (PC) e peso 1 (um) à Prova de Aptidão Profissional (PAP). Assim, a classificação final a inscrever no diploma é obtida aplicando a fórmula seguinte:

ARTIGO 15Diploma final

No final do curso o diploma a emitir deve mencionar não só as classificações obtidas, tanto nas disciplinas como na PAP, mas também, deforma sucinta o descritivo da formação realizada, nomeadamente, o respectivo plano de estudos, o projecto profissional desenvolvido, o tipo de estágio realizado e respectiva classificação qualitativa.

ARTIGO 16Casos omissos

Casos omissos e de interpretação do presente regulamento serão da competência do MINED, através da DINET.

___

Anexo IIRegulamento de Estágio Profissional

Regulamento de Estágio – Nota introdutória O estágio profissional é um tempo de formação dedicado a uma vivência prática em posto de trabalho das diversas tarefas profissionais inerentes a cada uma das diferentes áreas de formação. Ocorrendo, desejavelmente, fora das escolas – ainda que possa vir a ser realizado nelas – o estágio profissional é um complemento de formação que permitirá aos alunos/estagiários integrarem-se nos contextos funcional e organizacional das empresas, o que muito valorizará as aprendizagens. Convindo harmonizar procedimentos e tramitações, pelo presente se publica o “Regulamento de Estágio” que faz parte integrante do Regulamento das Escolas Profissionais.

ARTIGO 1Objectivos

1. O estágio profissional tem por objectivo a mobilização dos saberes e saber-fazer num contexto profissional particular, um saber transferir os conhecimentos adquiridos pelos alunos/ estagiários para um contexto real de trabalho, a partir da execução prática de diferentes tarefas ou da concepção de projectos relacionados com as suas áreas de formação.

2. O estágio deve contribuir para a consciencialização da natureza do trabalho actual e futuro e deve ser uma importante componente do desenvolvimento pessoal, social e profissional.

ARTIGO 2Âmbito e natureza

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1. O plano de estágio deverá ser concebido de forma a que se possa avaliar a transdisciplinariedade adquirida no quadro da formação e ajustar-se-á ao perfil de competências exigidas para cada perfil de saída.

2. Após a realização do estágio o aluno/estagiário deve ser capaz de executar sozinho as actividades concretas da sua profissão, e ser capaz de analisar e resolver os problemas encontrados.

ARTIGO 3Temas e planos

1. Compete aos alunos/estagiários escolherem os temas sobre os quais pretendem realizar o estágio profissional, devendo os mesmos serem aceites e aprovados pelo Conselho Pedagógico (CP).

2. Aprovados os temas pelo CP, a metodologia de trabalho será definida pelos intervenientes designados para esse fim (professor coordenador do estágio, professores acompanhantes, monitores das empresas envolvidas) com a participação dos alunos/ estagiários

ARTIGO 4Inscrição

1. A inscrição no estágio é obrigatória e formaliza-se mediante o preenchimento de um boletim específico fornecido pela escola, podendo ocorrer após a aprovação do aluno/estagiário na parte escolar do curso e na prova de aptidão profissional.

2. No acto da inscrição e no boletim a que se alude no número anterior, os alunos/estagiários deverão mencionar os temas do estágio e, se não recorrerem à “Carteira de Sítios” oferecida pela escola, deverão, igualmente, indicar o local onde o querem realizar.

ARTIGO 5Local de execução

1. O estágio pode ser realizado na escola ou fora dela, em locais que constem da “Carteira de Sítios”, reconhecidos como idóneos pela escola e que garantam o acompanhamento dos alunos/ estagiários.

2. No caso dos alunos/estagiários indicarem o local onde pretendem realizar o estágio, compete à escola, de acordo com os princípios definidos anteriormente, aceitar, ou não, o mesmo.

ARTIGO 6Duração, calendarização e particularidades

1. O estágio terá uma duração mínima de 480 e máxima de 720 horas.

2. A variabilidade deste período de tempo decorre do nível de competências já adquiridas pelo aluno/estagiário, ao longo da sua formação em contexto escolar.

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3. Tendo em conta o n.º 1 do presente artigo, compete ao Director Adjunto Pedagógico, atribuir o n.º de horas de estágio a cada aluno/estagiário, depois de ouvido o parecer dos professores/ formadores da especialidade.

4. Mediante proposta do professor acompanhante e do monitor da empresa o período de estágio inicialmente previsto pode ser alterado, não podendo, nunca, ultrapassar as 720 horas.

5. Após a realização do estágio, os alunos/estagiários deverão fazer entrega nos serviços administrativos da escola da “Caderneta de Estágio” fornecida pela escola e, ainda, de dois exemplares do “Relatório Final de Estágio” que, obrigatoriamente, deverão elaborar.

6. Salvo os casos especiais devidamente aprovados pelo CP e ratificados pela direcção da escola, a não conclusão do estágio dentro dos períodos estabelecidos, obrigará os alunos/ estagiários à sua repetição.

ARTIGO 7Orientação e acompanhamento

1. Quando o estágio se realize na escola os alunos/estagiários serão acompanhados por monitores internos para além do professor acompanhante.

2. Sempre que o estágio se realize em empresas exteriores e que reúnam as condições previstas no art.º 5º, a escola designará, igualmente, o professor acompanhante e as empresas indicarão os monitores que orientarão a formação.

ARTIGO 8Vínculos e funções

A) Professor - Coordenador dos estágios

1. O professor - coordenador dos estágios será nomeado pela direcção pedagógica da escola, sob proposta do CP e a ele competirá a organização e supervisão das diferentes acções, articulando-se com os professores acompanhantes, monitores e com os alunos/ estagiários .

2. O professor-coordenador estabelecerá, também, as regras gerais de funcionamento do estágio, assim como as regras para a escrita e apresentação do relatório final de estágio.

3. O professor-coordenador do estágio manterá a direcção da escola, bem como o CP, ao corrente das acções desenvolvidas, apresentando-lhes os problemas que surgirem e que necessitem de resolução pontual.

4. Compete, ainda, ao professor coordenador dos estágios, para casos excepcionais devidamente justificados, propor ao CP a anulação do mesmo para os alunos/estagiários que manifestem sucessivos incumprimentos, decisão que deverá, no entanto, ser ratificada pela direcção da escola.

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B) Professor - Acompanhante

1. O professor-acompanhante (tutor) do estágio, nomeado pelo coordenador, terá como função o acompanhamento do aluno/ estagiário durante o período da realização do estágio, inteirando-se dos seus progressos e dificuldades, a partir de informações recolhidas no local onde se desenvolvem as actividades e articulando-se com os respectivos monitores das empresas.

2. As informações a que alude o número anterior serão comunicadas ao aluno/estagiário e registadas na “Caderneta de Estágio”.

3. Ao professor acompanhante compete, igualmente, prestar apoio e orientações ao aluno/estagiário na organização do relatório final.

C) Monitores

1. Os monitores terão como função específica a orientação e a avaliação das diferentes tarefas a realizar pelos alunos/ /estagiários, segundo parâmetros constantes na “Caderneta de Estágio” e previamente definidos entre o professor acompanhante e o monitor.

2. Os elementos de avaliação deverão ser registados na respectiva Caderneta em colaboração com o professor acompanhante.

ARTIGO 9Apresentação do relatório final do estágio

1. Após a realização do estágio, o aluno/estagiário, de acordo o estipulado em A) ponto 2 do artigo 8, deverá fazer a entrega de dois exemplares do relatório final que elaborou, bem como da “Caderneta de Estágio”.

2. O relatório a que se alude no número anterior de verá ser dactilografado, ou processado em computador, em formato A4 e encadernado, seguindo as regras adoptadas em cada escola, conforme se estipula em A) ponto 2 do artigo 8º.

3. O relatório será entregue ao professor acompanhante que fará uma primeira apreciação.

4. Caso o relatório não atinja os objectivos considerados necessários, o professor acompanhante pode devolvê-lo ao aluno/ estagiário para uma reformulação.

5. Quando o professor acompanhante considerar que o relatório final atingiu os objectivos considerados necessários, informará o coordenador do estágio para que este convoque o júri de avaliação e marque a data da respectiva discussão.

6. Os trabalhos que, pelo seu conteúdo, forem considerados de interesse para a escola, poderão ser publicamente elogiados e merecedores de louvor especial.

ARTIGO 10Júri de avaliação de estágio

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1. O júri que preside à avaliação do estágio é constituído pelos seguintes elementos: director pedagógico da escola, que preside, o professor acompanhante do estágio, monitor da empresa, um representante das associações empresariais, outro das associações sindicais, ou profissionais dos sectores afins do curso.

2. O júri para deliberar necessita da presença de, pelo menos, três elementos, sendo um obrigatoriamente, representante do empresariado ou das associações sindicais.

ARTIGO 11Avaliação do estágio

1. A avaliação do estágio efectuar-se-á a partir da apresentação e da discussão oral do relatório final de estágio, com uma duração máxima de 60 minutos.

2. Os alunos/estagiários poderão apresentar os seus trabalhos a partir de uma exposição oral, podendo-a ilustrá-la com meios audiovisuais e multimédia, não podendo o tempo de apresentação exceder 30 minutos.

3. A arguição será feita, principalmente, pelo professor acompanhante, podendo no entanto qualquer membro do júri interrogar o aluno/estagiário, a quem é dada a possibilidade de responder às críticas que lhe forem dirigidas.

ARTIGO 12Classificação final do estágio

1. A avaliação final do estágio será a resultante da apreciação da qualidade do trabalho desenvolvido, do seu carácter inovador e da defesa do mesmo por parte do aluno/estagiário.

2. Do júri sairá uma classificação qualitativa, obtida a partir da avaliação quantitativa proposta pelos membros do júri, de acordo com as seguintes ponderações: -Professor acompanhante e monitor – nota com peso dois; -Outros intervenientes considerados no artigo 10 deste Regulamento – nota com peso um;

3. A nota final obter-se-à pela média, ponderada, arredondada às unidades calculadas a partir de cada nota dos intervenientes;

4. A escala qualitativa, bem como a respectiva correspondência quantitativa, é a seguinte:

Avaliação qualitativa Referência quantitativa

Suficiente.......................... 10-13Bom ................................ 14-17Muito Bom ...................... 18-20

5. Das decisões do júri lavrar-se-á a respectiva acta.

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ARTIGO 13Carteira do sítio de realização do estágio

1. Os estágios oferecidos pelas escolas constarão, de uma “Carteira de Sítios” (CS), à qual os alunos/estagiários terão acesso, por solicitação expressa.

2. A CS mencionará a designação das empresas ou instituições envolvidas, as suas características técnicas, os temas para os quais podem proporcionar a realização do estágio e outros aspectos considerados de interesse para os alunos/estagiários (possibilidade de alojamento, alimentação, transporte, prémios de trabalho, etc.)

3. As candidaturas à CS serão solicitadas pelos alunos/ estagiários através do preenchimento de um impresso que deverá ser apresentado no prazo previamente estabelecido.

4. A selecção dos alunos/estagiários pelas respectivas empresas/instituições será feita pelo CP, e será publicamente anunciada.

5. Os alunos/estagiários poderão reclamar da decisão relativamente à selecção a que se alude em 4, no prazo de 48 horas após a publicação do resultado.

6. O CP deverá emitir o seu parecer sobre as reclamações no prazo de uma semana, o qual não é passível de nova reclamação.

ARTIGO 14Caderneta de estágio

1. A Caderneta de Estágio fornecida pela escola, destina-se a registar as tarefas executadas pelos alunos/estagiários durante o período de realização do estágio.

2. O preenchimento da caderneta é obrigatório.

3. Na caderneta de estágio será, igualmente, registada a assiduidade do aluno/estagiário, competindo tal tarefa ao monitor de estágio. 4 . Quinzenalmente, o monitor procederá à avaliação do aluno/ /estagiário preenchendo a grelha específica.

5. Sempre que o professor acompanhante visite o aluno/estagiário no seu posto de trabalho deverá fazer constar a visita na Caderneta de Estágio.

6. No final do estágio o professor acompanhante e o monitor da empresa preencherão o “Termo de Encerramento do Estágio”,procedendo a uma avaliação global e qualitativa do aluno/estagiário.

7. Depois do período de realização do estágio a caderneta de estágio disponibilizará para o aluno/estagiário informações de suporte à elaboração do Relatório Final.

8. A quando da entrega do relatório final, conforme estipula o n.º 5 do artigo 6, o aluno/estagiário fará, igualmente, entrega da sua Caderneta de Estágio que estará

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acessível aos membros do júri durante a defesa e avaliação do estágio, na esteira do artigo 11 do presente Regulamento.

ARTIGO 15Faltas

Durante a realização do estágio os alunos/estagiários estão sujeitos ao regime geral de faltas em vigor nas empresas onde decorrerem os estágios, não podendo dar mais do que 5% do número de horas previsto para a realização do estágio.

ARTIGO 16Casos omissos

Os casos omissos ou de interpretação, não contemplados no presente regulamento, serão objecto de resolução específica pelo Conselho Pedagógico.

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COMISSÃO INTERMINISTERIAL PARA A REFORMA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (CIREP)

Decreto Presidencial n.º 16/2007, 17 de Dezembro

Tendo em vista prosseguir com a reestruturação do subsistema do ensino técnicoprofissional de modo a dotá-lo de capacidade para formação de uma força de trabalho qualificada, capaz de participar activamente no desenvolvimento económico do país e a promoção do auto-emprego, no âmbito do combate a pobreza, ao abrigo da alínea c) do n.º 1 do artigo 160 da Constituição da República, o Presidente da República decreta:

ARTIGO 1 (Quadro institucional)

1. É criada a Comissão Interministerial para a Reforma da Educação Profissional, doravante designada por CIREP, a quem cabe a orientação em termos de políticas da Reforma da Educação Profissional e supervisão do seu processo de implementação.

2. É criada a Comissão Executiva da Reforma da Educação Profissional, doravante designada por COREP, responsável pela implementação das políticas e estratégias da Reforma da Educação Profissional, abreviadamente designada por REP.

3. É criado um Secretariado Executivo, responsável pela execução do programa anual de trabalho e do orçamento aprovados pela COREP.

ARTIGO 2(Composição da CIREP)

1. A Comissão Interministerial para a Reforma da Educação Profissional será presidida pelo Primeiro-Ministro e integra:

a) O Ministro da Educação e Cultura;b) O Ministro do Trabalho;c) O Ministro das Finanças;d) O Ministro da Planificação e Desenvolvimento;e) O Ministro da Agricultura;f) O Ministro da Indústria e Comércio;g) O Ministro da Ciência e Tecnologia;h) O Ministro da Função Pública.

2. O Ministro da Educação e Cultura é o Vice-Presidente da CIREP.

3. A CIREP reúne-se ordinariamente com periodicidade semestral e, sempre que necessário, em sessão extraordinária.

ARTIGO 3(Competências da CIREP)

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1. Compete à CIREP:a) Assegurar o enquadramento do processo da REP na perspectiva do

desenvolvimento nacional;b) Aprovar medidas de política adequadas à consolidação da REP;c) Assegurar o alinhamento do plano de execução com as políticas e estratégias

definidas para a REP;d) Promover a interacção da REP com os diversos subsistemas de Educação no

sentido da sua integração num sistema nacional;e) Promover a participação equilibrada dos diferentes intervenientes do Governo,

Sector Privado e Sociedade Civil em todas as actividades da COREP.

2. A CIREP deve submeter anualmente um relatório das suas actividades ao Conselho de Ministros, dele constando as recomendações julgadas necessárias sobre políticas relacionadas com a REP.

ARTIGO 4(Composição da COREP)

A Comissão Executiva de Reforma da Educação Profissional é presidida pelo Ministro da Educação e Cultura e integra:

a) Um representante do Ministério da Educação e Cultura;b) Um representante do Ministério do Trabalho;c) Um representante do Ministério da Indústria e Comércio;d) Um representante do Ministério da Planificação e Desenvolvimento;e) Um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia;f) Um representante do Ensino Superior;g) Dois representantes de diferentes organizações de empregadores do sector

privado;h) Dois representantes de diferentes organizações de trabalhadores;i) Três representantes de outras organizações da sociedade civil, com envolvimento

relevante da Educação Profissional.

2. A COREP convidará as organizações não governamentais descritas nas alíneas g), h) e i) do nº 1 deste artigo a nomear, de entre si, os seus respectivos representantes.

3. A vice-presidência da COREP cabe ao Ministro do Trabalho.

4. O mandato dos membros da COREP é de três anos, sendo renovável por iguais períodos.

ARTIGO 5(Competências da COREP)

1. Compete à Comissão Executiva da Reforma da Educação Profissional:a) Definir as estratégias e acções prioritárias da REP e assegurar a sua

implementação de uma forma efectiva e eficiente;

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b) Recomendar à CIREP as políticas necessárias para facilitar e reforçar a implementação da REP;

c) Aprovar os manuais de operação e de implementação da REP;d) Designar o Director do Secretariado Executivo;e) Aprovar o programa anual de trabalho e respectivo orçamento da REP,

submetido pelo Secretariado Executivo, e monitorar o progresso da sua execução;

f) Mobilizar os recursos financeiros necessários à implementação da REP dos sectores públicos e privado;

g) Responder pela boa gestão dos recursos afectos à REP, em obediência às regras aplicáveis aos fundos públicos e acordos internacionais;

h) Monitorar as medidas e resultados do processo de implementação da REP;i) Assegurar que os novos investimentos na área da Educação Profissional sejam

compatíveis com a visão, metodologia e quadro financeiro da REP;j) Propor à CIREP a moldura geral para a definição e validação dos padrões de

competência e qualificação;k) Fixar e registar os padrões de competência e qualificação;l) Proceder à acreditação dos provedores de formação e dos examinadores de

acordo com os padrões de competência e qualificações aprovados e registados;m) Identificar e aprovar as conexões e complementaridade entre os diversos

subsistemas da Educação Profissional;n) Promover a disseminação da informação e debate sobre a nova abordagem

integrada da Reforma da Educação Profissional;o) Criar ou extinguir comissões de trabalho;p) Aprovar o regulamento interno da COREP, bem como as normas de

funcionamento do Secretariado Executivo;q) Executar outras competências que lhe forem atribuídas pela CIREP.

2. A COREP pode delegar, de forma expressa, competências no Secretariado Executivo.

3.A COREP submeterá um relatório semestral das suas actividades à CIREP, nele incluindo as recomendações que julgar necessárias ao bom andamento da Reforma.

ARTIGO 6(Funcionamento da COREP)

1. A COREP reúne-se ordinariamente de dois em dois meses e, sempre que necessário, em sessão extraordinária.

2. Em função da natureza das matérias a tratar, poderão ser convidadas outras individualidades a participar nas sessões da COREP.

3. As decisões da COREP são tomadas por consenso. Na falta de consenso, as decisões são tomadas por maioria simples de votos.

4. O Presidente da COREP tem voto de qualidade, em caso de empate.

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ARTIGO 7(Secretariado Executivo)

1. O Secretariado Executivo é dirigido por um Director, designado pela COREP, a quem presta contas.

2. O Secretariado Executivo possui uma estrutura orgânica interna própria, a qual será definida de acordo com as suas necessidades e aprovada pela COREP.

3. O Secretariado Executivo preparará o programa de trabalho anual e respectivo orçamento da REP para aprovação pela COREP.

4. Sob a orientação e direcção da COREP, o Secretariado Executivo é o órgão de execução das políticas de educação profissional, faz a monitoria dos resultados e aconselha a COREP em termos de políticas de formação formal e não formal.

5. Os representantes dos parceiros de cooperação e as agências financiadoras prestarão assessoria e apoio técnico ao Secretariado, em moldes a estabelecer pela COREP.

ARTIGO 8(Competências do Secretariado Executivo)

Compete ao Secretariado Executivo:a) Implementar as políticas e estratégias definidas para a REP;b) Implementar o programa de trabalho anual e respectivo orçamento tal como

definidos no Manual Operacional;c) Preparar o programa de trabalho anual e respectivo orçamento para aprovação

pela COREP;d) Executar o orçamento do programa de trabalho anual da REP, incluindo recursos

externos e fundos de comparticipação de acordo com os procedimentos financeiros e de provisão estabelecidos para a REP;

e) Manter contactos com as agências governamentais e não-governamentais e instituições da Educação Profissional envolvidas na implementação do programa de trabalho anual e respectivo orçamento;

f) Assegurar a correcta gestão financeira e os procedimentos contabilísticos para a implementação da REP;

g) Levar a cabo a aquisição de bens e serviços necessários à gestão corrente do Secretariado;

h) Manter e gerir todos os registos dos contratos celebrados em relação a consultores e aquisição de bens e serviços;

i) Proceder à monitoria e avaliação do processo de implementação da REP;j) Gerir e coordenar o desenvolvimento de padrões de competência, qualificações e

planos curriculares e proceder à monitoria da sua aplicação;k) Identificar os obstáculos, bem como as conexões e complementaridade entre os

diversos subsistemas existentes e propor soluções adequadas;l) Definir e implementar a estratégia e procedimentos de comunicação para a

disseminação da REP;

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m) Preparar a agenda e documentação, produzir actas e assegurar os aspectos logísticos das reuniões da COREP;

n) Coordenar as missões conjuntas dos parceiros de cooperação, seminários e outros eventos;

o) Produzir relatórios periódicos e propostas sobre o processo de implementação da REP;

p) Executar outras actividades aprovadas pela COREP que lhe forem atribuídas no âmbito da REP.

ARTIGO 9

(Contratação de serviços e trabalhos)

1. O Secretariado Executivo é responsável pela contratação de técnicos e consultores, bem como pela rigorosa observância das normas de provisão de bens de acordo com o programa anual de trabalho e com os procedimentos financeiros estabelecidos para a REP

2. O regulamento interno, a ser aprovado pela COREP, definirá os níveis de intervenção do Secretariado Executivo.

ARTIGO 10(Providência orçamental)

Os recursos financeiros necessários à implementação do presente decreto presidencial serão inscritos na dotação orçamental do Ministério que superintende a área da educação.

ARTIGO 11(Transição de meios)

Transitam para a CIREP e COREP todos os meios humanos, materiais e financeiros da CIREP e COREP criadas pelo Decreto 29/2005, de 23 de Agosto, do Conselho de Ministros.

Publique-se.O Presidente da República. — ARMANDO EMÍLIO GUEBUZA.

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