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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO MODELAGEM DO CRESCIMENTO URBANO E FORMAÇÃO DE PERIFERIAS NA CIDADE DO RIO GRANDE-RS, ENTRE 1995 E 2015. Nathalia Piva da Silveira Christiano Piccioni Toralles Rio Grande/RS Dezembro/2016

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

MODELAGEM DO CRESCIMENTO URBANO E FORMAÇÃO DE

PERIFERIAS NA CIDADE DO RIO GRANDE-RS, ENTRE 1995 E 2015.

Nathalia Piva da Silveira

Christiano Piccioni Toralles

Rio Grande/RS

Dezembro/2016

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

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MODELAGEM DO CRESCIMENTO URBANO E FORMAÇÃO DE

PERIFERIAS NA CIDADE DO RIO GRANDE-RS, ENTRE 1995 E 2015.

Nathalia Piva da Silveira

Rio Grande/RS

Dezembro/2016

Trabalho apresentado como pré-requisito

para a conclusão do Curso Técnico em

Geoprocessamento do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Sul - Campus Rio Grande.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. IV

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... V

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7

1.1 Justificativa .............................................................................................................. 7

1.2 Recorte espacial e temporal .................................................................................... 8

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 10

2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 10

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 10

3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................. 11

3.1 A cidade, a periferização e o planejamento ........................................................... 11

3.2 Morfologia e modelagem urbana ........................................................................... 14

3.3 Autômatos Celulares ............................................................................................. 14

3.4 Estado da arte ....................................................................................................... 16

4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................. 20

4.1 Materiais................................................................................................................ 20

4.2 Métodos ................................................................................................................ 21

5. RESULTADOS ................................................................................................................................ 30

5.1 Simulações de crescimento urbano por autômatos celulares no CityCell .............. 30

5.2 Mapa temático e grid em SIG com a divisão de classes sociais ............................ 35

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 38

7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tabela de atributos. ............................................................................................. 24

Tabela 2: Resultados para a calibração do crescimento urbano. ......................................... 30

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A evolução do Rio de Janeiro de Souza, década de 1990. ................................... 12

Figura 2: Jogo da vida de John Conway. ............................................................................. 16

Figura 3: Exemplos de dados de input do SACI, na Colônia de Pescadores Z3, em Pelotas,

RS: a) atributos do ambiente urbano (área efetivamente urbanizada e trapiches); b) atributos

do ambiente natural (arroios, canais, matas nativas e matas plantadas). ............................ 17

Figura 4: Outputs de simulação para cidade de Arroio Grande, RS, respectivamente para as

iterações 1 e 40, inicial e final, representando um horizonte de tempo de 40 anos: A e B)

células urbanas; C e D) carregamentos urbanos (urban loads); E e F) centralidades relativas

(centrality R1); G e H) centralidades relativas (centrality R2). .............................................. 18

Figura 5: Imagem de 1995. .................................................................................................. 22

Figura 6: Imagem de 2015. .................................................................................................. 23

Figura 7: Atributos para 1995: A) Área de desenvolvimento. B) Área de preservação. C) Área

urbana. D) Porto. E) Corpos d’água. F) Laguna dos Patos. G) Oceano Atlântico. H) Praia. I)

São José do Norte. J) Ilhas. ................................................................................................. 25

Figura 8: Grid aleatório. ....................................................................................................... 25

Figura 9: Diagramas em formato de CA, representando os tipos de tensões: A) axial; B) axial

de buffer; C) polar; D) difusa 1; E) difusa 2.. ........................................................................ 27

Figura 10: Cálculo do índice de erro formal. ........................................................................ 28

Figura 11: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano

para Rio Grande, RS, entre 1995 e 2015. Melhor resultado encontrado com o predomínio

polar: A)iteração 5; B) iteração 10; C)iteração 15; D)iteração 20. ........................................ 31

Figura 12: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano

para Rio Grande, RS. Melhor resultado encontrado sem predomínio (isotenções): A)

A)iteração 5; B) iteração 10; C)iteração 15; D)iteração 20. .................................................. 32

Figura 13: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano

para Rio Grande, RS. Melhor resultado encontrado com predomínio difuso: A) iteração 5; B)

iteração 10; C) iteração 15; D) iteração 20. .......................................................................... 33

Figura 14: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano

para Rio Grande, RS. Melhor resultado encontrado com predomínio axial. A) iteração 5; B)

iteração 10; C) iteração 15; D) iteração 20. .......................................................................... 34

Figura 15: Mapa temático da renda média per capita na cidade do Rio Grande, RS. .......... 36

Figura 16: Grid da renda média per capita na cidade do Rio Grande, RS. ........................... 37

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RESUMO

A sociedade se organiza de diferentes maneiras nos diversos lugares do mundo,

porém é possível verificar que nas mais diversas sociedades a segregação se faz

presente, sendo comum perceber a separação entre ricos e pobres nas cidades.

Essa separação acaba deixando visíveis as diferentes classes econômicas

existentes. O presente estudo visou identificar periferias de baixa renda (ou seja,

focando nas menores classes econômicas) na cidade do Rio Grande, RS, utilizando

ferramentas do geoprocessamento, assim obtendo como resultado um produto

cartográfico que mostra como se dá a divisão de classes na cidade. Também foi

utilizado no estudo o software CityCell que utiliza um modelo de crescimento urbano

por autômatos celulares, possibilitando a identificação de fatores que estejam

relacionados com essa separação, simulando assim o crescimento urbano na

cidade.

Palavras-chave: formação de periferias, geossimulação, morfologia urbana, autômatos celulares.

Como este trabalho deve ser referenciado:

SILVEIRA, N. P. Modelagem do crescimento urbano e formação de periferias na

cidade do Rio Grande-RS, entre 1995 e 2015. 2016. 41f. Monografia: (Curso Técnico

em Geoprocessamento) – Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Grande do

Sul, Rio Grande, 2016.

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1. INTRODUÇÃO

O processo de urbanização é um fato que cresce cada vez mais com o passar

dos anos. Sobre este podemos destacar diversos pontos positivos como

oportunidades de trabalho, melhor capital econômico e financeiro, entre outros.

Porém existem também os pontos negativos, entre eles a segregação urbana, que é

caracterizada por uma divisão social da população, que consiste no ato de se

afastar, ou seja alta renda se afastando da baixa renda, formando assim as

periferias. Existem fatores que inferem na criação e crescimento das periferias sendo

de grande importância a captura dos padrões de forma e localização relativos à

produção destas.

Segundo Barros (2004), grande parte dos estudos sobre a formação de

periferias urbanas tem seu foco em questões políticas, econômicas e sociológicas,

sendo menos recorrentes estudos com abordagem no campo da morfologia. A

morfologia aborda a organização da estrutura urbana conjuntamente com os

fenômenos que lhes originaram e suas transformações ao longo do tempo.

Com o auxílio de diversas ferramentas do geoprocessamento, como

mapeamento, georreferenciamento, entre outras e seguindo um método baseado em

modelagem urbana e geossimulação o presente trabalho visa modelar o crescimento

urbano da cidade do Rio Grande, num recorte temporal que vai de 1995 até 2015,

identificando através das simulações analisando os fatores que contribuíram para

isso, e indicar caminhos para a modelagem da formação de periferias de baixa

renda, visando uma difusão da modelagem via autômatos celulares em estudos

sociais.

1.1 Justificativa

O presente trabalho tem como intuito estudar fatores morfológicos que

interferem diretamente no crescimento urbano da cidade do Rio Grande, de modo a

auxiliar em futuros estudos sobre a formação de periferias de baixa renda. A cidade

vive um longo processo de urbanização, passando por vários momentos de maior e

menor desenvolvimento econômico ao longo dos 279 anos desde sua fundação.

Tendo recebido a implantação de um polo naval na sua área industrial, na última

década, a cidade seguiu apresentando falhas em sua infraestrutura e planejamento,

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sendo perceptível a partir de observações empíricas, por exemplo: a fragilidade no

sistema de saúde pública, aumento da frota e tráfego de automóveis intensificado,

além de um mercado imobiliário supervalorizado.

Dentre eles cabe destacar a periferização, criada pelas forças da especulação

imobiliária, o que consiste em expansões da mancha urbana com a criação de

periferias ao redor da cidade. Quando uma cidade é fundada, ela abrange mais o

entorno do seu núcleo original, seu “centro” tradicional, mas com o passar do tempo,

a cidade vai se periferizando, ou seja, vai crescendo ao redor da área urbana e se

afastando do “centro”. Este fenômeno é um importante fator que implica no

funcionamento da cidade, sendo importante entendê-lo, para que ocorra um melhor

planejamento da cidade.

O geoprocessamento é uma área do conhecimento muito vasta e nos fornece

meios de estudar fenômenos espaciais, entre eles os fenômenos de urbanização,

que, como dito anteriormente, são de extrema importância para o entendimento dos

processos de construção e reconstrução dos espaços urbanos. Uma das alternativas

que vem sendo usadas para tais estudos são os simuladores, pois permitem que as

cidades sejam estudadas de maneira dinâmica, inserindo a dimensão temporal à

dimensão espacial. Dentre os vários simuladores existentes no mundo, o Laboratório

de Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas desenvolveu o CityCell, um

software que tem sido usado em diversos estudos exploratórios em cidades da

região sul do estado do Rio Grande do Sul e, inclusive, em outras cidades brasileiras

e estrangeiras. Assim, está proposta esta pesquisa para a cidade do Rio Grande, se

inserindo no repertório de estudos urbanos com simulação e geotecnologias.

1.2 Recorte espacial e temporal

A cidade do Rio Grande, a mais antiga do estado do Rio Grande do Sul,

fundada em 1737, segundo o Censo 2010 do IBGE, possui 197.228 habitantes,

sendo destes 189.418 vivendo em áreas urbanizadas (96%). Seu processo de

expansão deve-se a partir do Porto Velho e do forte Jesus-Maria-José (primeira

construção da cidade). Ao longo dos anos, o processo de urbanização foi se

intensificando com o surgimento de atividades industriais, principalmente com a

criação da Fábrica de Tecelagem Rheingantz, no século XIX, que fez com que a

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cidade se expandisse para além das imediações do Porto Velho, dando início à

construção do bairro Cidade Nova (ROCHA, 2010).

No ano de 1964 surgiu o primeiro loteamento de interesse social no

município, a Cohab I, já no ano de 1970 ocorreu a instalação do Superporto e, com

isso, o crescimento da indústria pesqueira no município. Neste período também

aumentaram as criações de novos loteamentos do tipo Cohab como, por exemplo, a

Cohab II e o Parque Marinha, que tinham moradias populares dotadas de total

infraestrutura (ROCHA, 2010).

Na década de 80 a economia brasileira passou por uma fase de diminuição no

seu crescimento, o que acabou refletindo diretamente nas políticas habitacionais

adotadas pelo Estado brasileiro, fazendo com que fosse extinto, no ano de 1986, o

Banco Nacional de Habitação, o que gerou o surgimento de ocupações com

moradias irregulares no município (ROCHA, 2010).

A década de 1990 não foi marcada por programas habitacionais

governamentais de grande destaque. Entretanto, um acontecimento pode ser

entendido como um marco no Brasil e que teve reflexos no retorno em investimentos

no setor imobiliário. Em 27 de fevereiro de 1994 ocorreu no Brasil a implantação do

Plano Real, com a publicação da Medida Provisória 434. O Plano Real foi um

programa brasileiro que tinha como objetivo uma reforma econômica, sendo a mais

ampla medida econômica já realizada no Brasil e pretendia controlar a hiperinflação

que assolava o país. Se mostrou muito eficaz, reduzindo a inflação, ampliando o

poder de compra da população e remodelando os setores econômicos nacionais

(FILGUEIRAS, 2000).

É neste cenário de constante urbanização que se insere este trabalho.

Enquanto recorte temporal para o estudo, o ponto inicial está marcado no ano de

1995, um ano depois da implantação do Plano Real e segue ao longo de 20 anos,

finalizando em 2015. Além disso, 2015 se insere no contexto atual de nova crise

econômica nacional, com reflexos, entre outros, novamente no setor imobiliário.

A área de estudo propriamente dita, ou seja, o recorte espacial, é a área

efetivamente urbanizada da cidade do Rio Grande, a qual apresenta o fenômeno da

periferização, como já relatado.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Este trabalho pretende analisar as dinâmicas do crescimento urbano,

capturando padrões de forma e localização relativos à produção da cidade e das

periferias de baixa renda na cidade do Rio Grande, RS.

2.2 Objetivos Específicos

Ligados ao objetivo geral tem-se como objetivos específicos:

1) Coletar e espacializar dados sobre a forma da cidade do Rio Grande, RS,

de suas periferias e do ambiente natural de entorno, em dois pontos no tempo, 1995

e 2015;

2) Simular o crescimento urbano da cidade do Rio Grande entre 1995 e 2015;

3) Comparar o resultado simulado com os dados de 1995, a partir de critérios

de forma e de localização;

4) Localizar as periferias de baixa renda da cidade do Rio Grande.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A cidade, a periferização e o planejamento

Para Lúcio Costa a cidade é a expressão palpável da necessidade humana de

contato, comunicação, organização e troca, numa determinada circunstância físico-

social e num contexto histórico. Uma cidade consiste em um núcleo populacional

caracterizado por um espaço amplo onde ocorrem relações e fenômenos sociais,

culturais e econômicos. Chamamos de centro, portanto, a área de uma cidade onde

está localizada a maior concentração de atividades econômicas, tendo como foco o

comércio, além de funções administrativas. Por existir diversos modelos de cidade é

difícil chegar a uma definição concreta para cada um desses modelos, todavia toda

cidade tem o seu centro, que muitas vezes não corresponde ao que seria o centro

geográfico. (FERREIRA, 2009). Algumas cidades apresentam mais de um centro,

sendo um exemplo os centros de bairros balneários, como o caso do bairro Cassino,

na cidade do Rio Grande, RS.

Sobre a estrutura espacial urbana, ou estrutura das cidades, cabe destacar

que Villaça (2001) considera como elementos da estrutura espacial urbana

o centro principal da metrópole (a maior aglomeração de empregos ou de

comércio e serviços); os subcentros de comércio e serviços (aglomerações

diversificadas de comércios e serviços, réplicas menores do centro

principal), os bairros residenciais e as áreas industriais. (KNEIB, 2011, pg.

9).

“A natureza da cidade é centrípeta, pois a área central de negócios (central

business districts – CBD) atrai os consumidores de todo o tecido urbano, fazendo

com que as atenções dos citadinos se voltem para o centro do assentamento e não

para suas franjas” (SOUZA, 2010, pg. 92). Ainda que ao longo da história da ciência

urbana tenham sido formulados vários modelos de cidade que conduzem a formas

de estruturação diferenciadas, a lógica do modelo da cidade concêntrica segue

acontecendo.

Sem encontrar modelos que evidenciassem aspectos próprios da realidade

brasileira, Souza (2003), no início da década de 1990, propôs um modelo evolutivo

específico para a cidade do Rio de Janeiro. Com enfoque na segregação

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socioespacial, os cinco esquemas gráficos demonstram uma cidade que, no

processo de crescimento, passa por momentos de realocação de baixa renda do

centro para as bordas da cidade, setorização da alta renda denotando o movimento

em direção à periferia, surgimento de conjuntos habitacionais e multicentralidades

especializadas (figura 2).

Figura 1: A evolução do Rio de Janeiro de Souza, década de 1990.

Fonte: Souza (2003, pg. 23).

Visto que vivemos em sociedade capitalista, as áreas de uma cidade podem

ser caracterizadas de acordo com a renda da população que reside nelas,

denotando forte segregação socioeconômica do espaço urbano, sendo um

fenômeno diretamente proporcional ao porte da cidade.

A palavra periferia é um sinônimo de subúrbio, do latim suburbium,

literalmente sub-cidade (FERREIRA, 1975). De maneira genérica, quer dizer “tudo

que está ao redor”, termo que é utilizado para designar as áreas em redor das áreas

centrais de um dado aglomerado urbano. Porém, nas grandes cidades da América

Latina e de outros países é muito comum os termos subúrbio ou periferia serem

utilizados para designar áreas que não possuem todos os recursos de infraestrutura

e serviços, sendo também associados às áreas de baixa renda, como as favelas.

A periferização no Brasil está associada às obras de higienização e

embelezamento que ocorreram, entre o final do século XIX e início do século XX,

nas grandes cidades do país na época. A população pobre, removida de suas

moradias, rumava para áreas de morros e bordas das cidades. A partir do momento

que uma população é tirada de uma área próxima para ser colocada em uma mais

distante é aumentado o custo social, pois com essa população é necessário levar

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toda uma infraestrutura, como redes elétricas, água potável e saneamento,

transporte coletivo, postos de saúde, coleta de lixo, para que essa população

consiga viver afastada. Estas infraestruturas e serviços muitas vezes não são

levados até as periferias ou são implantados de modo precário, denotando um

planejamento urbano falho nessas áreas. (MARICATO 2001).

Segregação (ato ou efeito de segregar-se/afastar-se) socioespacial é um

processo no qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar

cada vez mais em diferentes regiões (VILLAÇA, 2001). Referindo-se à concentração

de uma classe no espaço urbano, a segregação não impede a presença, nem o

crescimento de outras classes no mesmo espaço. Segundo o mesmo autor,

diferentes classes podem estar presentes em uma mesma região, porém um setor

segregado caracteriza-se pela predominância de alguma classe em determinada

região. Normalmente ocorre a divisão “centro x periferia”. Dentre as explicações para

a segregação da alta renda estão a busca pelo prestígio e status social e a

preservação de valores imobiliários; já para a segregação da baixa renda entram

fatores como a especulação imobiliária e a alienação da força de trabalho.

Basicamente as elites se apropriam das melhores regiões da cidade e impedem seu

uso pelas classes mais pobres.

Há contradições na formação de periferias de baixa renda, pois muitas

pessoas acreditam que elas se formem apenas em áreas afastadas, nas bordas da

cidade, segundo o conceito geométrico da palavra periferia. Mas, conforme o

conceito socioeconômico, existem muitos casos em que as periferias são formadas

próximas aos centros. Geralmente o Poder Público disponibiliza moradias para

pessoas de baixa renda em locais distantes e, em razão das dificuldades de

locomoção, isso acaba fazendo com que se formem áreas de baixa renda ao redor

dos centros, sendo muitos terrenos invadidos pela população pobre.

Por outro lado, também existem áreas periféricas que atraem o interesse da

camada rica da população. Regiões normalmente marcadas pela presença de

condomínios fechados, alguns exemplos dessas áreas no Brasil são a Barra da

Tijuca no Rio de Janeiro, assim como os condomínios Alphaville e Granja Viana na

grande São Paulo, estes considerados subúrbios ricos. (FERREIRA, 2009)

Entre outros desafios urbanos, lidar com a segregação socioespacial e os

seus problemas decorrentes exige esforços do Poder Público para a compreensão

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dos fenômenos e pela busca por soluções que os resolvam ou, ao menos, os

minimizem. A estruturação e a reestruturação de uma cidade requer muito

planejamento. Esse planejamento é de extrema importância, afinal uma sociedade

necessita de qualidade de vida. Segundo Culling Worth (1997 apud SOUZA, 2010)

são quatro os elementos fundamentais para uma atividade de planejamento: 1)

pensamento orientado para o futuro; 2) escolha entre alternativas; 3) consideração

de limites, restrições, potencialidades, prejuízos e benefícios; 4) possibilidade de

diferentes cursos de ação, os quais dependem de condições e circunstâncias

variáveis. É possível perceber que esses quatro elementos se aplicam para qualquer

uma que seja a atividade de planejamento, como por exemplo, o planejamento da

semana de uma pessoa e até mesmo o planejamento de uma cidade.

Nesse caminho, o uso da ciência urbana, suas teorias, técnicas e

instrumentos, muitos aplicando conhecimentos de geoprocessamento, são de suma

importância para subsidiar ações de planejamento para um futuro de cidades

melhores e mais equânimes socioespacialmente. Os pressupostos usados para a

elaboração do estudo de caso da formação de periferias na cidade do Rio Grande

são apresentados a seguir.

3.2 Morfologia e modelagem urbana

Morfologia urbana trata do formato da cidade, mais precisamente, pode-se

dizer que estuda as relações entre os fenômenos urbanos e a forma da cidade, no

que diz respeito a sua dinâmica temporal e ordenação espacial (TORALLES, 2013).

Ela aborda a organização da estrutura urbana conjuntamente com os fenômenos

que lhes originaram e suas transformações ao longo do tempo.

Os padrões de forma e os padrões de localização das periferias na estrutura

urbana são importantíssimos para o trabalho e para capturá-los foi escolhida a

modelagem urbana como abordagem metodológica, com o uso dos autômatos

celulares.

3.3 Autômatos Celulares

Os autômatos celulares, difundidos na literatura internacional como CA, são a

principal maneira de implementar a abordagem de sistemas auto-organizáveis no

contexto de modelos urbanos. Foram considerados por diversos autores, incluindo

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Batty (1998) e Torrens (2001), instrumentos promissores para lidar com interações

locais e vizinhanças sociais, irreversibilidades espaciais, processos cumulativos e

variedade de comportamentos e uso do espaço urbano (FURTADO e VAN DELDEN,

2011).

De maneira mais precisa, Portugali (2000, p. 66) o define como:

O modelo padrão bidimensional de autômatos celulares é uma estrutura de

células, onde cada célula individual pode estar em um dos vários estados

possíveis (vazio, ocupado, etc) e ter várias propriedades possíveis

(desenvolvido, subdesenvolvido, pobre, rico e assim por diante). A dinâmica

do modelo é gerada por um processo iterativo onde as iterações do estado

de cada célula é determinado novamente por regra(s) de tranformação. As

regras são locais e se referem às relações entre a célula e seus vizinhos

imediatos. O nome do jogo é ver como, o que e em que circunstâncias,

inter-relações e interações entre as células locais implicam estruturas

globais, comportamentos e propriedades do sistema como um todo.

[tradução da autora].

Os CA surgiram em meados de 1940, a partir de estudos de John von

Newman e Stanislaw Ulam para criação de sistemas autorreplicativos (LIU, 2009).

Entretanto só nos anos 1970 que os CA foram ganhando o destaque merecido, a

partir do chamado Jogo da Vida (Game of Life), de John Conway (figura 2), o qual

executa simulações, por meio de regras simples, em um ambiente de células,

representando processos como os de nascimento, sobrevivência e morte de uma

população, considerando a cada rodada do jogo as relações de cada célula do

sistema com sua vizinhança imediata (TORRENS, 2000; GREMONINI e VICENTINI,

2008).

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Figura 2: Jogo da vida de John Conway.

Fonte: <sites.polis.usp.br>

Para Portugali (2000 apud TORALLES 2013), modelos que trabalham com

CA são ferramentas interessantes para a simulação urbana, porque contém

semelhanças entre as células do ambiente computacional e as unidades espaciais

de cidades reais (edificações, lotes, quarteirões), como também com os pixels de

imagens raster, assim como as imagens de satélite.

3.4 Estado da arte

No ano de 2010, Glauco Umbelino e Alisson Barbieri participaram do XVII

Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Minas Gerais, com o

trabalho “Uso de Autômatos celulares em estudos de população, espaço e

ambiente”, onde apresentam o potencial de contribuição dos autômatos celulares

para diversos estudos. Para eles, CA são definidos como estruturas matriciais

integrantes de SIG, que tornam possível modelar o estado futuro de um objeto a

partir do seu estado atual e de sua interação com os objetos vizinhos. Neste trabalho

os autores citam vários programas computacionais que utilizam autômatos celulares,

sendo esses, “SLEUTH”, “Agent Analist”, “CLUE-S”, “Dinamica”, “DUEM”, “LTM”,

“SACI” e “UGAT”. Além do conceito de CA, foi apresentada sua utilidade na criação

de cenários futuros e também na investigação das tendências que levam a estes

cenários, que podem ser utilizados no planejamento urbano e na formulação e

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implementação de políticas públicas de curto, médio e longo prazos. E também a

eficiência do mesmo em estudos populacionais.

Otavio Peres e Maurício Polidori (2009), do Laboratório de Urbanismo da

Universidade Federal de Pelotas, escreveram o trabalho titulado “Modelos Urbanos

baseados em Autômatos Celulares: integrando ambiente natural e o crescimento

urbano”, no qual exploram a possibilidade de utilização de autômatos celulares para

estudos de simulação de crescimento urbano, tratando de modo integrado fatores

urbano, naturais e institucionais (figura 4). Utilizam um dos softwares citados no

trabalho anterior, o “SACI”, considerado como alternativa para operacionalização de

simulações de crescimento urbano integradas a fatores do ambiente natural, cujos

testes vêm indicando, simultaneamente, as possibilidades operacionais e a

necessidade de atualização. O CityCell (SARAIVA e POLIDORI, 2014), software

utilizado para o presente estudo, é também produzido pela equipe do Laboratório de

Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismos, Universidade Federal de

Pelotas e é considerado a evolução atualizada do SACI - Simulador do Ambiente da

Cidade (figura 3).

Figura 3: Exemplos de dados de input do SACI, na Colônia de Pescadores Z3, em Pelotas, RS: a)

atributos do ambiente urbano (área efetivamente urbanizada e trapiches); b) atributos do ambiente

natural (arroios, canais, matas nativas e matas plantadas).

Fonte: Peres e Polidori (2009)

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Figura 4: Outputs de simulação para cidade de Arroio Grande, RS, respectivamente para as iterações

1 e 40, inicial e final, representando um horizonte de tempo de 40 anos: A e B) células urbanas; C e

D) carregamentos urbanos (urban loads); E e F) centralidades relativas (centrality R1); G e H)

centralidades relativas (centrality R2).

Fonte: Toralles (2013).

Um outro estudo realizado com autômatos celulares é a dissertação de

mestrado de Christiano Piccioni Toralles (2013), intitulada “Cidade e crescimento

periférico: modelagem e simulação da formação de periferias urbanas com

autômatos celulares”. Neste trabalho é retratado o crescimento periférico na cidade

de Pelotas, RS, tendo como objetivo identificação de relações entre morfologia e

dinâmicas do crescimento periférico, buscando capturar padrões de localização e

forma de manchas urbanas relativas à produção das periferias, utilizando técnicas

de modelagem e simulação por autômatos celulares. Implementado no software

CityCell, foram associados os padrões de localização e forma das manchas dos

tipos periféricos na estrutura urbana com concentração de facilidades urbanas e de

estoques construídos, com características do ambiente natural e com características

de similaridade socioeconômica de vizinhança. Obtendo um resultado relativamente

bom, pois obteve alto índice de acerto na simulação da estrutura formal das

manchas correspondentes aos dois tipos periféricos (figura 5).

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Figura 5: Resultados de simulação da formação de periferias de baixa renda, com a regra de

transição chamada Tendência de Crescimento Periférico, para Pelotas, RS, entre 1985 e 2010.

Respectivamente a evolução temporal (iterações de cálculo) de 1, 5, 10, 15, 20 e 25 anos.

Fonte: Toralles (2013)

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

Para poder realizar o estudo foram utilizadas imagens da cidade do Rio

Grande nos anos de 1995 e 2015, que foram coletadas do catálogo de imagens do

INPE (Landsat 5) e também do Google Earth (GeoEye), respectivamente. Para

realizar os processos de georreferenciamento e recorte das imagens foi necessário

o auxílio do software CAD e para a combinação das bandas do software ENVI.

Para a geração dos dados de entrada (inputs) no modelo simulador foram

necessários dados sobre a área urbanizada e sobre o ambiente natural de entorno.

Os atributos urbanos foram representados no software a partir de classificação

supervisionada, por análise visual do autor, das imagens de satélite citadas

anteriormente. Para os atributos do ambiente natural, foi usada conjuntamente a

classificação do macrozoneamento ambiental do município, constante no Relatório

de Caracterização Municipal do Plano Municipal de Saneamento Básico (Engeplus,

2013, p. 301). Para os dados socioeconômicos urbanos, foram usados os dados do

Censo 2010 (IBGE, 2010), disponíveis online: as shapes1 dos setores censitários e

as tabelas do referido censo, especificamente a tabela básica com dados da média

de renda dos setores censitários. As simulações foram realizadas no CityCell

(versão 4.2 Curupira) (SARAIVA e POLIDORI, 2014), um software de simulação com

Autômatos Celulares, produzido pelo Laboratório de Urbanismo da Universidade

Federal de Pelotas, com licença livre e gratuita, disponível para download no site

<http://wp.ufpel.edu.br/citycell/>.

1 Shapefile é a extensão criada pela ESRI (empresa que produz o software ArcGIS) para seus

arquivos vetoriais espacializados. Esses arquivos vetoriais são linhas, pontos e polígonos que podem

ser utilizados dentro de SIGs (Sistemas de Informação Geográfica) (DUFT, 2014).

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4.2 Métodos

4.2.1 Coleta das imagens:

Para coletar a imagem do ano de 1995 ocorreu o acesso ao catálogo de

imagens do INPE2 no dia 24 de abril de 2016 às 16 horas e 47 minutos, após a

solicitação a imagem do satélite Landsat 5 foi recebida através de endereço

eletrônico no mesmo dia. Já para a obtenção da imagem do ano de 2015 do satélite

GeoEye foi realizado o acesso ao Google Earth no dia 24 de abril de 2016 às 17

horas e 22 minutos, procurado a imagem da data requerida e após feito o

salvamento da mesma, com a melhor resolução disponível.

4.2.2 Combinação de bandas na imagem 1995

A imagem de 1995 apresentava uma difícil visualização para identificar os

atributos necessários. Para obter uma melhor visualização da mesma ela foi inserida

no software ENVI e foram realizadas algumas combinações de bandas3 até que

constatado que a combinação 3, 4 e 5, respectivamente, atingia um resultado de

melhor contraste (fig. 5).

2 Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>.

3 As bandas espectrais representam faixas do espectro eletromagnético e têm a capacidade de

discriminar e/ou realçar diferentes objetos nas imagens. Cada banda encontra-se em tonalidades de

cinza e é possível criar uma composição falsa-cor para melhorar a visualização dos objetos

(MEDEIROS, 2013).

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Figura 5: Imagem de 1995.

Fonte: INPE

4.2.3 Georreferenciamento e recorte das imagens através do software CAD

Para realizar o geoposicionamento das imagens, tiveram que ser coletados

pontos de controle, tendo estes as seguintes coordenadas geográficas (UTM

WGS84 Zona 22S): Ponto 1 (X= 390151,40 Y= 6447787,17) e Ponto 2 (X= 39506,36

Y= 6454784,21). Após, as imagens, uma de cada vez, assim como os pontos, foram

inseridos no software AutoCAD Raster Design e assim geoposicionadas. O recorte

para que ambas tivessem o mesmo tamanho foi realizado logo em seguida, primeiro

na imagem de 2015 (fig. 6), através da ferramenta rectangle na aba Raster Tools, e

após o mesmo processo foi realizado com a imagem de 1995 (fig. 5).

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Figura 6: Imagem de 2015.

Fonte: Google Earth

4.2.4 Coleta de dados e geração de inputs (dados de entrada) do modelo no

CityCell:

Através do Relatório de Caracterização Municipal do Plano Municipal de

Saneamento Básico (Engeplus, 2013, p. 301) e de classificação supervisionada foi

possível coletar dados sobre as áreas da cidade do Rio Grande e suas divisões,

para que os inputs pudessem ser gerados. O mesmo processo foi realizado nas

duas imagens, pelas duas apresentarem a diferença de datas, como a área urbana

da cidade foi se modificando ao longo destes 20 anos de estudo não houve a

possibilidade de utilizar o mesmo input para as duas imagens. Na tabela abaixo

pode-se observar os atributos utilizados para a geração desses inputs, bem como os

tipos, comportamentos, pesos (com base em Toralles (2013) e adaptações

determinadas empiricamente) e estados dentro do modelo de CA. Também foi

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criado um atributo chamado de “aleatório”, com valores (entre 0,7 e 1,0) gerados

randomicamente no próprio software, de modo a representar no modelo a incerteza

típica dos sistemas complexos e dos processos urbanos.

Tabela 1: Tabela de atributos.

Fonte: Da autora.

Cabe destacar a importância do atributo “porto”, que não havia sido previsto

para ser criado inicialmente. Sem ele, as simulações iniciais, através de simples

análise visual, resultavam em um formato muito diferente da realidade de 2015, para

qualquer parametrização. Após ter sido incluído no modelo, o formato se aproximou

da realidade, podendo conduzir a hipótese de que o porto não é somente importante

para a economia local, mas também é importante para a morfologia urbana da

cidade do Rio Grande.

O input de 2015 é usado como cenário de controle, para fins de comparação

com o resultado simulado do crescimento entre 1995 e 2015. Na figura a seguir (fig.

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7 e 8) pode-se visualizar cada um dos atributos utilizados para a realização do

estudo, no input de 1995.

Figura 7: Atributos para 1995: A) Área de desenvolvimento. B) Área de preservação. C) Área urbana.

D) Porto. E) Corpos d’água. F) Laguna dos Patos. G) Oceano Atlântico. H) Praia. I) São José do

Norte. J) Ilhas.

Fonte: Da autora.

Figura 8: Grid aleatório.

Fonte: Da autora

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4.2.5 Calibração dos parâmetros do modelo implementado no CityCell:

Inicialmente, se fez a seleção da regra de transição adotada para o

crescimento urbano: Potencial de Limiar - Treshold Potencial4. As regras de

transição são procedimentos matemáticos que buscam representar algum fenômeno

real e, em um ambiente de CA, fazem mudanças no comportamento de cada célula,

no espaço de tempo, a partir do que existe nela e do que acontece em sua

vizinhança, ou seja, das características dos atributos que as descreveram.

Após, fez-se necessário testar os parâmetros que compõem a regra de

transição escolhida. Foram testados parâmetros diversas vezes, isto é, modificando

os valores nos processos realizados até que se chegasse em resultados que

apresentem similaridade com a realidade, calibrando assim o modelo. Esta etapa

aconteceu diretamente no software CityCell, utilizando os seguintes parâmetros:

Lambda externo: está relacionado à taxa de crescimento das células

urbanas dentro do modelo ao longo do tempo.

Distribuição dos percentuais das tensões Axial, Axial de Buffer, Polar,

Difusa 1 e Difusa 2: estas tensões estão relacionadas aos tipos e

formatos do crescimento urbano, refletindo padrões encontrados na

evolução urbana de cidades.

As cinco tensões são as seguintes (Toralles, 2013, pg. 56, apud Polidori,

2004) (fig. 9):

Axial: ao longo dos caminhos preferenciais entre pares de células com

carregamentos urbanos, sendo associadas ao sistema de circulação

urbana.

Axial de buffer: na vizinhança dos caminhos preferenciais, representando

uma área de influência desse caminho.

Polar: ocorre de forma concêntrica, na vizinhança imediata de uma célula

geradora de tensão, representando influências de escala local.

4 Regra de transição em autômatos celulares desenvolvida por Polidori (2004) para modelar e simular

o crescimento de cidades.

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Difusa 1: distribuída de maneira semialeatória (a partir de um sorteio

probabilístico que considera características de comportamento e morfologia

das células do sistema), sendo diretamente proporcional a baixos valores de

centralidade celular e baixas resistências e representando a produção

imobiliária formal, relativa às populações de média e alta renda.

Difusa 2: distribuídas de maneira semialeatória, diretamente proporcional as

baixas centralidades e altas resistências do ambiente celular, representando

a produção imobiliária informal, utilizada por populações de baixa renda.

A B C D E

Figura 9: Diagramas em formato de CA, representando os tipos de tensões: A) axial; B) axial de

buffer; C) polar; D) difusa 1; E) difusa 2..

Fonte: Toralles (2013) apud Polidori (2004)

Quanto à distribuição das 5 diferentes tensões nos processos simulados,

representando possíveis características morfológicas de crescimento urbano, foram

testadas 4 diferentes organizações de parâmetros: 1) isotensões: distribuição

igualitária, ou seja, 20% para cada uma; 2) predomínio axial: maior percentual para

as tensões Axial e Axial de Buffer; 3) predomínio polar: maior percentual para a

tensão Polar; 4) predomínio difuso: maior percentual para as tensões Difusa 1 e

Difusa 2.

Cada processo simulado foi também regulado para 20 iterações de cálculos,

ou seja, 20 repetições dos cálculos relativos à regra de transição adotada. Estas 20

iterações correspondem a um horizonte temporal de 20 anos, a partir do ajuste do

valor usado para o lambda.

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4.2.6 Avaliação dos resultados:

A avaliação dos resultados se deu na comparação visual simples, ou seja,

uma comparação feita a olho nu, sendo comparados o cenário de controle com os

resultados obtidos nos diversos processos de simulação realizados. De mesmo

modo, também foi feita avaliação por comparação através de critérios de forma. Os

critérios de forma utilizados foram: o número total de células, o número de células de

borda, a compacidade5 e a fragmentação6.

Foi realizada uma média com todas as simulações feitas para todos os

diferentes predomínios, levando em consideração o cálculo do índice de erro formal

(fig. 10), buscando verificar o predomínio de menor erro, ou seja, maior aproximação

com o cenário de controle.

Figura 10: Cálculo do índice de erro formal.

Fonte: Toralles (2013, pg. 68).

4.2.7 Construção de SIG com dados socioespaciais de renda:

Foi construído um SIG no software ArcMap da renda média per capita,

utilizando os valores de salários mínimos que estratificam as classes sociais no

Brasil. No software foi inserido o arquivo shapefileo shape juntamente com a

imagem do cenário controle (2015), sobrepostos. Após foi feito um join (junção de

5 Segundo Polidori (2004), “um círculo atinge a máxima compacidade para uma figura geométrica em

duas dimensões”, pois tem um menor perímetro. Assim, compacidade é uma relação da área com o

perímetro usada para interpretação da cidade a partir da forma do conjunto.

6 Segundo Polidori (2004), fragmentação “equivale ao grau de descolamento ou de não-contiguidade

de cada célula em relação a suas vizinhas, computando todas as células urbanas do sistema”.

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duas ou maios tabelas) da shape de setores com a tabela “Básico” do Censo, a

partir do código do setor, para que assim fosse gerado esse SIG. Por fim, foi gerado

um mapa temático da renda média, classificado pelos valores salariais

correspondentes às classes socioeconômicas A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E, no

formato shape e no formato grid (raster).

A classificação da renda e os salários mínimos utilizados foram do ano de

2010, baseados em dados do DIEESE e da ABEP (Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa), em razão dos dados de renda média do setor censitário

serem do Censo 2010. A classe A1 corresponde à parcela da população mais rica,

com renda familiar média de R$12.926,00 em 2010; classe A2 com R$8.418,00;

classe B1 com R$4.418,00; classe B2 com R$2.565,00; classe C1 com R$1.541,00;

classe C2 com R$1.024,00; classe D com R$714,00; e a classe E, correspondendo

à parcela mais pobre, com média de renda familiar de R$477,00 (ABEP, 2012).

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5. RESULTADOS

5.1 Simulações de crescimento urbano por autômatos celulares no CityCell

Das diversas simulações do crescimento urbano realizadas, com os diferentes

tipos de predomínio testados para calibração paramétrica, chegou-se a resultados

que podem ser visualizados na tabela síntese (tab. 2) e nas figuras a seguir,

correspondendo a cada uma das distribuições de tensões de crescimento urbano

testadas.

Tabela 2: Resultados para a calibração do crescimento urbano.

Fonte: Da autora.

A tabela 2 traz a síntese dos estudos de parametrização, visando à calibração

do modelo. Nela estão apresentados os critérios de comparação entre o resultado

simulado e o cenário de controle, bem como os resultados médios encontrados nos

testes com cada tipo de distribuição de tensões de crescimento urbano. Juntamente

com os resultados médios, está o cálculo do percentual de erro, indicando o quanto

o resultado se aproxima do cenário de controle de 2015.

A parametrização com predomínio polar, com percentuais de erros formais

menores, foi entendida como melhor resultado da parte do estudo correspondente a

modelagem e simulação do crescimento urbano.

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a) Predomínio Polar:

Figura 11: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano

para Rio Grande, RS, entre 1995 e 2015. Melhor resultado encontrado com o predomínio polar:

A)iteração 5; B) iteração 10; C)iteração 15; D)iteração 20.

Fonte: Da autora.

Foram feitas diversas simulações de crescimento de 1995 até 2015, com

diversos testes de calibrações de parâmetros, para que se pudesse chegar em um

resultado próximo do cenário de controle. Na figura 11 encontra-se o resultado que

apresentou maior semelhança com a realidade, dentre os vários processos

simulados com predomínio polar. Não foi levada em consideração apenas a

localização, mas também os critérios de comparação morfológicos, visto que o

trabalho visava capturar padrões de forma também ligados ao crescimento urbano.

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b) Sem predomínio:

Figura 12: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano para Rio

Grande, RS. Melhor resultado encontrado sem predomínio (isotenções): A) A)iteração 5; B) iteração

10; C)iteração 15; D)iteração 20.

Fonte: Da autora.

A figura 12 apresenta o melhor resultado das simulações sem predomínio, ou

seja, com todos os parâmetros com o mesmo valor, chamado de isotensões. Assim

como nas demais simulações, esse resultado traz questionamentos do porquê não

bater com a realidade. Uma das hipóteses para explicações encontra-se pela

peculiaridade da forma física da cidade do Rio Grande, polinucleada e com parte da

mancha urbana localizada em uma península.

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c) Predomínio Difuso:

Figura 13: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano para Rio

Grande, RS. Melhor resultado encontrado com predomínio difuso: A) iteração 5; B) iteração 10; C)

iteração 15; D) iteração 20.

Fonte: Da autora.

As figuras 13 e 14 apresentam predomínios difuso e axial, respectivamente,

também apresentando as simulações que mais se aproximaram da realidade,

levando em consideração os critérios de validação utilizados: número total de

células, o número de células de borda, a compacidade e a fragmentação.

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d) Predomínio Axial:

Figura 14: Outputs de células urbanas para o estudo de calibração do crescimento urbano para Rio

Grande, RS. Melhor resultado encontrado com predomínio axial. A) iteração 5; B) iteração 10; C)

iteração 15; D) iteração 20.

Fonte: Da autora.

Como pode ser observado nos outputs acima correspondentes ao predomínio

axial, as iterações se distanciaram do cenário controle (2015), tendo um número de

células maior, além de não corresponder com a localidade em que se deu o

crescimento urbano no município ao longo destes 20 anos em que o estudo se dá.

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5.2 Mapa temático e grid em SIG com a divisão de classes sociais

No mapa apresentado na Figura 15 insere-se a parte do trabalho voltada às

periferias. Ele nos apresenta a divisão de classes de acordo com a renda per capita

média do setor censitário do IBGE, organizada em 8 classes no SIG, da classe A1,

que seria a mais alta renda, até a classe E, que seria a mais baixa, a partir da

estratificação indicada pela ABEP conforme a quantidade de salários mínimos

familiares (foi considerada a média brasileira de 3,1 pessoas por família, para

encontrar o valor salarial per capita).

Em função de contratempos que reduziram o tempo de pesquisa, a

construção de inputs dos núcleos de baixa renda, para a modelagem e simulação do

fenômeno do crescimento periférico e formação de periferização, os mesmos não

foram introduzidos no CityCell. Entretanto, a saída encontrada foi trabalhar com

dados socioeconômicos em SIG, uma ferramenta muito utilizada no

geoprocessamento, podendo os resultados indicarem caminhos para a continuidade

da pesquisa.

O grid referente à Figura 16 mostra o mesmo resultado do mapa temático da

Figura 15, sendo uma conversão do shape em células de 200 metros, assim como

os inputs produzidos no software CityCell. Este grid apresenta a divisão de classes

pela média da renda per capita nas determinadas áreas da cidade. O objetivo da

geração do mesmo foi uma posterior introdução do mesmo no CityCell.

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Figura 15: Mapa temático da renda média per capita na cidade do Rio Grande, RS.

Fonte: Da autora.

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Figura 16: Grid da renda média per capita na cidade do Rio Grande, RS.

Fonte: Da autora.

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6. CONCLUSÕES

O crescimento urbano é um fator que gera consequências ambientais, mas

também influência em inúmeros aspectos da organização social dentro de uma

cidade. Ao longo do trabalho isso pode ser percebido de diversas maneiras,

procurando sempre fatores que estivessem ligados a esse crescimento. A

periferização é um fenômeno que está relacionado ao crescimento urbano, logo

ambos foram investigados para que se pudesse chegar a um resultado final.

Através dos dados coletados e inseridos no software CityCell, pode-se simular

o crescimento urbano. Entretanto, não coincidiu em localização com a realidade, e

apresentou algumas diferenças formais, talvez por diversos fatores que possam ser

investigados posteriormente, dando continuidade ao trabalho realizado.

Por fim conclui-se que as ferramentas utilizadas se mostraram muito

relevantes para a realização do trabalho, mesmo com os resultado das simulações

não batendo com a realidade no caso de Rio Grande. Porém conseguiu-se ter uma

ideia dos padrões de forma e localização que estão diretamente relacionados com o

mesmo. Além disso, o resultado da divisão das classes sociais pode servir de base

para geração de inputs das periferias de baixa renda (ou também alta renda) em

futuros estudos.

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7. REFERÊNCIAS

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