Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
i
RAFAEL PILOTTO
Modelagem e otimização de atuadores
magnéticos no controle de vibrações
18/2015
CAMPINAS
2015
iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
RAFAEL PILOTTO
Modelagem e otimização de atuadores
magnéticos no controle de vibrações
Orientadora: Prof. Dr. Katia Lucchesi Cavalca Dedini
CAMPINAS
2015
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de
Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica,
na Área de Mecânica dos sólidos e Projeto Mecânico.
xi
v
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS INTEGRADOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADEMICO
Modelagem e otimização de atuadores
magnéticos no controle de vibrações
Autor: Rafael Pilotto
Orientadora: Katia Lucchesi Cavalca Dedini
A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:
Campinas, 13 de Fevereiro de 2014
vii
AGRADECIMENTOS
À minha família por sempre acreditar em mim, não importando a situação.
Aos amigos da faculdade pelos momentos de descontração durante estes cinco anos de
curso.
Aos companheiros do LAMAR, que nestes três anos de convivência, contribuíram de
maneira fundamental para a realização deste trabalho.
Aos funcionários da oficina do Departamento de Projeto Mecânico, pelo suporte durante a
etapa experimental do trabalho.
À professora Katia, pela oportunidade que me foi oferecida, e pela (extrema) paciência
comigo desde a iniciação científica.
À Schaeffler do Brasil e ao SAE/UNICAMP pelo apoio financeiro durante o
desenvolvimento do projeto.
ix
"Always believe in yourself.
Do this and no matter where you are,
you will have nothing to fear."
Hayao Miyazaki
xi
RESUMO
O uso de atuadores magnéticos para redução de vibrações visa substituir, em algumas
ocasiões, os mancais magnéticos, uma vez que o atuador magnético envolve requisitos de projeto
de menor complexidade em sua configuração. O presente trabalho consiste em avaliar como um
atuador magnético se comporta ao controlar as vibrações em uma viga flexível de material
metálico, bi-engastada, modelada computacionalmente, utilizando o método dos elementos
finitos. O atuador magnético é inserido no modelo, utilizando a teoria de eletromagnetismo,
assim como os componentes: amplificador de corrente, sensor de posição indutivo e um
controlador PID (proporcional-integrador-derivativo). No modelo computacional, o atuador e o
sensor de posição são posicionados em diferentes nós, com o propósito de estudar a eficácia do
sistema atuador-controlador-sensor em função da sua posição ao longo da viga. Os parâmetros do
controlador PID foram obtidos utilizando o método de otimização de Ziegler-Nichols, para as
posições observadas do sistema atuador-sensor, e a técnica LPV (Linear Parameter Varying –
Variação Linear de Parâmetros) foi então aplicada para o desdobramento desses parâmetros como
uma função do comprimento da viga. Para a validação experimental, foram utilizados dois
dispositivos para a excitação externa da viga: um equipamento eletromecânico, denominado
Shaker, que gerou ondas senoidais nas frequências naturais do sistema, com o propósito de
verificar o comportamento do conjunto atuador/controlador em condições críticas, e um martelo
de impacto, que excitou a viga através de um impulso único, o qual permitiu obter a dissipação de
energia na viga em função do tempo decorrido até o amortecimento completo da resposta
transiente. Assim, foram realizadas comparações entre os resultados obtidos a partir do modelo
por elementos finitos e as análises realizadas sobre as medições na bancada experimental. Pode-
se também observar o comportamento do atuador magnético, no que concerne ao controle de
vibrações, em função de seu posicionamento ao longo da viga flexível.
Palavras-Chave: Controle de Vibrações, Controle Adaptativo, Viga Flexível Atuador
Magnético, Controle PID.
xiii
ABSTRACT
The use of magnetic actuators for vibration reduction aims to substitute, in some occasions,
the magnetic bearings, since the magnetic actuator involves less complex project requirements in
its configuration. The present study consists of evaluating how a magnetic actuator behaves while
controlling vibration in a flexible metallic beam, modeled using the finite elements method. The
magnetic actuator is inserted into the model utilizing electromagnetic theory. Other components
are added to the model through the theory of control of mechanical systems, such as: current
amplifier, inductive position sensor and a PID controller (Proportional-Integral-Derivative). The
actuator and the sensor are placed in different nodes in the computational model, in order to study
the effectiveness of the actuator-controller-sensor system depending on its positioning in the
beam. The parameters of the PID controller for the entire length of the beam were obtained using
the Ziegler-Nichols optimization method for the locations of the beam where the actuator-sensor
system was positioned and the LPV (Linear Parameter Varying) technique was applied to the
unfolding of these parameters as a function of the beam length. For the experimental validation,
two devices were used to act as an external excitation in the beam, an electromechanical
equipment called Shaker, which generated sinusoidal waves in the natural frequencies of the
system, in order to verify the behavior of the actuator/controller in critical conditions, and a
modal hammer that excited the beam through a single impulse, which allowed the energy
dissipation to be measured as a function of the time period until the complete damping of the
transient response. Thus, the results obtained from the finite elements model were compared with
the experimental analysis on the test rig. Moreover, the behavior of the magnetic actuator in
vibration control is evaluated regarding its position alongside the flexible beam.
Key Words: Vibration Control, Adaptive control, Flexible Beam, Magnetic Actuator, PID
Control.
xv
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Geometrias distintas de Mancais magnéticos Homopolar (A) e Heteropolar
(B). Fonte: (Schweitzer e Maslen, 2009) 6
Figura 2 – Exemplo de Mancal Magnético Radial. Fonte: www.schaeffler.de 9
Figura 3 – Esquema do sistema utilizado por Castro et al. (2007) com os dois atuadores. 11
Figura 4 – Esquema de montagem diferencial de atuadores magnéticos com duas
bobinas. Adaptado de Arcari 2012 16
Figura 5 – Esquema da montagem do atuador magnético com representação das
correntes utilizadas no sistema de atuador magnético (corrente permanente e corrente de
controle). 17
Figura 6 – Exemplo de diagrama de blocos de um controlador PID. 21
Figura 7 – Ilustração do fenômeno de windup e do anti-windup de um controlador
(Adaptado de Aströn & Hägglund 2006). 23
Figura 8 – Ilustração do controlador com o sistema Anti-windup. (Adaptada de Aströn
& Hägglund 2006). 23
Figura 9 – Elemento de viga com os eixos e dimensões principais para o cálculo dos
momentos de inércia de área. 27
Figura 10 – Arranjo das Matrizes de cada elemento na matriz global (Castro, 2007). 29
Figura 11 – Sistema completo Controlador + Planta do sistema. 34
Figura 12 – Fluxograma da técnica SMILE para o sistema da viga. 36
Figura 13 – Esquema do modelo de uma viga bi-engastada por elementos finitos. 38
Figura 14 – Diagrama de blocos do sistema completo (viga+atuador+controlador) pelo
método os elementos finitos. 39
Figura 15 – Viga Flexível modelada utilizando o software Pro-Engineer, com restrições
e malha visível. 40
Figura 16 – Detalhe da peça de metal modelada utilizando o software Pro-Engineer, com
malha visível. 40
Figura 17 – Diagrama de blocos para o programa de aquisição de dados da bancada
experimental. 41
xvi
Figura 18 – Comparação entre os controladores obtidos originalmente e utilizando a
técnica LPV. 42
Figura 19 – Variação dos ganhos Proporcional (a), Integral (b) e Derivativo (c), com
relação as marcações na viga flexível, utilizando a técnica LPV. 43
Figura 20 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 10 – (a) onda senoidal (b) impulso. 44
Figura 21 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 20 – (a) onda senoidal (b) impulso. 44
Figura 22 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 30 – (a) onda senoidal (b) impulso. 45
Figura 23 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 40 – (a) onda senoidal (b) impulso. 45
Figura 24 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 50 – (a) onda senoidal (b) impulso. 46
Figura 25 – Montagem experimental com Shaker. 48
Figura 26 – montagem da bancada experimental, com detalhe para o atuador magnético. 48
Figura 27 – Condicionador para transdutor de força e martelo de impacto utilizados nos
testes. 49
Figura 28 – Sensor de posição “Turck” utilizado no experimento. 50
Figura 29 – Curvas de ganho para os dois amplificadores utilizados na montagem
experimental. 50
Figura 30 – Atuador magnético unidirecional utilizado nos testes. 51
Figura 31 – Amplificadores de potência utilizados nos testes. 51
Figura 32 – Martelo de Impacto utilizado nos testes. 52
Figura 33 – a) Sistema de aquisição. b) Bancada experimental. 52
Figura 34 – Marcações da Viga utilizadas para posicionamento do atuador magnético. 54
Figura 35 – Marcações da Viga utilizadas para posicionamento da excitação externa. 55
Figura 36 – Vista panorâmica da viga flexível, com todas as marcações utilizadas. 55
Figura 37 – Fluxograma da instrumentação da bancada experimental. 56
xvii
Figura 38 – Fluxograma descrevendo o procedimento da Análise Modal Experimental
(Adaptado de Avitabile, 2001). 58
Figura 39 – Frequências naturais e modos de vibrar para a montagem da viga com o
journal posicionado na marcação 10 – Experimental: (a) 1º modo, (b) 2º modo, (c) 3º
modo, (d) 4º modo. 61
Figura 40 – Frequências naturais e modos de vibrar para a montagem da viga com o
Journal posicionado na marcação 10 – Pro-Engineer: Experimental: (a) 1º modo, (b) 2º
modo, (c) 3º modo, (d) 4º modo. 63
Figura 41 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 10 e sensor de posição na marcação 30. 66
Figura 42 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 10 e sensor de posição na marcação 40. 67
Figura 43 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 10 e sensor de posição na marcação 50. 68
Figura 44 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 10 e sensor de posição na marcação 60. 69
Figura 45 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 15 e sensor de posição na marcação 30. 70
xviii
Figura 46 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 15 e sensor de posição na marcação 40. 71
Figura 47 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 15 e sensor de posição na marcação 50. 72
Figura 48 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador
magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/journal na
marcação 15 e sensor de posição na marcação 60. 73
Figura 49 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30. 76
Figura 50 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40. 77
Figura 51 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50. 78
Figura 52 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60. 79
xix
Figura 53 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30. 80
Figura 54 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40. 81
Figura 55 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50. 82
Figura 56 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60. 83
Figura 57 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30. 85
Figura 58 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40. 86
Figura 59 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50. 87
xx
Figura 60 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60. 88
Figura 61 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30. 89
Figura 62 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40. 90
Figura 63 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50. 91
Figura 64 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60. 92
Figura 65 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30. 94
Figura 66 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40. 95
xxi
Figura 67 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50. 96
Figura 68 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60. 97
Figura 69 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30. 98
Figura 70 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40. 99
Figura 71 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50. 100
Figura 72 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a
montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) –
para o conjunto atuador/journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60. 101
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Parâmetros de diversos controladores obtidos utilizando o método de Ziegler-
Nichols da resposta em Frequência. 33
Tabela 2 – Frequências naturais obtidas na Análise Modal Experimental (Hz). 60
Tabela 3 – Frequências naturais obtidas utilizando os dois softwares (Hz). 62
Tabela 4– Valores utilizados para os parâmetros do atuador magnético e componentes
do sistema elétrico-mecatrônico para o modelo de elementos finitos. 64
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Letras Latinas
a Largura da viga [m]
b Altura da viga [m]
c Coeficiente de amortecimento [Ns/m]
e Sinal de erro do controlador
es Sinal de erro referente a saturação do controlador
g Folga do atuador magnético [m]
g0 Folga original do atuador magnético
i Intensidade da corrente elétrica [A]
ib Intensidade da corrente permanente no atuador magnético [A]
ix Intensidade da corrente de controle no atuador magnético [A]
k Coeficiente de rigidez [N/m]
ki Rigidez de corrente [N/A]
kx Rigidez de posição [N/m]
l Comprimento do caminho magnético [m]
m Massa [kg]
qm Deslocamento medido no sensor de posição [m]
u Sinal de controle
x Perturbação do eixo em relação ao atuador magnético [m]
{xc} Vetor de saída a ser controlado [m]
y Sinal de saída do sistema
ysp Sinal esperado de saída do sistema
A Área da seção transversal da viga [m2]
Ag Área de folga do circuito magnético [m2]
[Ac] Matriz de estados do controlador
B Densidade de fluxo magnético [T]
[Bc] Matriz de entradas do controlador
C Função de coerência
xxvi
[C] Matriz global de amortecimento da viga [Ns/m]
[Cc] Matriz de saídas do controlador
[Dc] Matriz de realimentação do sistema
E Módulo de Young do material [N/m2]
F Força aplicada na viga [N]
Fe Força de excitação externa [N]
Fm Força magnética exercida pelo atuador magnético [N]
Fs Frequência de amostragens dos sinais para a análise modal
{F} Vetor contendo todas as forças que atuam no sistema [N]
H Intensidade de Campo Magnético [A/m]
H1 Estimador subestimado de análise modal
H2 Estimador superestimado de análise modal
Ii Sinal de entrada no termo integrador do controlador PID
Iy Momento de inércia da viga, com relação ao eixo y [m4]
Iz Momento de inércia da viga, com relação ao eixo z [m4]
K Ganho do controlador
Kd Termo derivativo do controlador PID
Ki Termo integral do controlador PID
Km Constante magnética do atuador
Kp Termo proporcional do controlador PID
Ku Ganho definitivo para o método de Ziegler-Nichols
[K] Matriz global de rigidez da viga [N/m]
[KE] Matriz de rigidez de um elemento da viga [N/m]
[Ki] Matriz de rigidez de corrente do atuador magnético [N/A]
[Kx] Matriz de rigidez de posição do atuador magnético [N/m]
L Comprimento de um elemento de viga [m]
[ME] Matriz global de massa de um elemento da viga [m]
N Número de espiras em cada bobina
Nf Coeficiente de filtro derivativo do controlador
Pxx Densidade espectral de potência do sinal de entrada
xxvii
Pxy Densidade espectral de potência cruzada
Pyx Densidade espectral de potência cruzada
Pyy Densidade espectral de potência do sinal de saída
Si Ganho do amplificador de corrente [A/V]
Sx Ganho do sensor de posição [V/m]
Td Tempo derivativo [s]
Ti Tempo integral [s]
Tt Constante de tempo de rastreamento [s]
Tu Período definitivo para o método de Ziegler-Nichols [s]
Vc Tensão de saída do controlador PID [V]
X Transformada de Fourier do sinal de excitação
Y Transformada de Fourier do sinal de resposta
Letras Gregas
α Constante empírica de amortecimento estrutural proporcional, [s-1
]
relacionada a matriz de massa
β Constante empírica de amortecimento estrutural proporcional, [s]
relacionada a matriz de rigidez
ε Fator de correção geométrico para o modelo do atuador
μ0 Permeabilidade do meio onde a folga do atuador será mantida [H/m]
ρ Massa específica do material [kg/m3]
ω Frequência de excitação [rad/s]
Ф Fluxo magnético no circuito [Wb]
Subscritos
1 Relativo ao sentido positivo da força magnética do atuador
2 Relativo ao sentido negativo da força magnética do atuador
xxviii
Sobrescrito
Relativo as matrizes equivalentes de controle, sensor de posição e amplificador na
modelagem em espaço de estados
Abreviaturas
AMB Active Magnetic Bearing
DSI Departamento de Sistemas Integrados
FEM Finite Elements Method
FFT Fast Fourier Transform
FMECA Failure Modes, Effects, and Criticality Analysis
FRF Função de Resposta em Frequência
EDB Electrodynamic Bearings
LAMAR Laboratório de Máquinas rotativas
LMS Least Mean Square
LPV Linear Parameter Varying
LQR Linear Quadratic Regulator
LTI Linear time Invariant
MIMO Multiple input/Multiple output
PSD Power Spectrum Density
PID Proporcional-Integral-Derivativo
SAE Serviço de apoio ao estudante
SMILE Space-State Model Interpolation fo Local Estimates
SISO Single input/Single output
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
xxix
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES xv
LISTA DE TABELAS xxix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xxxi
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
3. MODELAGEM TEÓRICA 14
3.1 - ATUADOR MAGNÉTICO 14
3.2 - CONTROLADOR PID (PROPORCIONAL-INTEGRAL-DERIVATIVO) 20
3.2.1 - WINDUP E ANTIWINDUP 22
3.3 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (FEM) 26
3.4 - ESPAÇO DE ESTADOS 30
3.5 - MÉTODO DE ZIEGLER NICHOLS 33
3.6 - MODELOS L.P.V. UTILIZANDO TÉCNICA S.M.I.L.E. 35
4. SIMULAÇÃO NUMÉRICA E AQUISIÇÃO DE DADOS 38
4.1 MODELO POR ELEMENTOS FINITOS (MATLAB-SIMULINK) 38
4.2 MODELAGEM POR ELEMENTOS FINITOS (PRO-ENGINEER/
CREO ELEMENTS) 40
4.3 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DA BANCADA
EXPERIMENTAL 41
4.4 VALIDAÇÃO DA TÉCNICA SMILE UTILIZANDO
MODELOS LPV 42
5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 47
5.1 - BANCADA DE TESTES 47
5.2 - DESCRIÇÃO DOS EXPERIMENTOS 49
xxx
5.3 - DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE TESTE 53
5.3.1 EXCITAÇÃO POR RUÍDO BRANCO 53
5.3.2 EXCITAÇÃO EXTERNA HARMÔNICA 53
5.3.3 EXCITAÇÃO EXTERNA POR IMPULSO 53
5.4 DESCRIÇÃO DOS EXPERIMENTOS REALIZADOS NA BANCADA
DE TESTE 54
5.5 ANÁLISE MODAL EXPERIMENTAL 57
6. RESULTADOS 60
6.1 ANÁLISE MODAL EXPERIMENTAL 60
6.2 VALIDAÇÃO DO MODELO EM ELEMENTOS FINITOS 62
6.3 COMPARAÇÃO FEM X RESULTADOS EXPERIMENTAIS 64
6.3.1 EXCITAÇÃO POR IMPACTO 65
6.3.2 EXCITAÇÃO POR SHAKER 75
6.3.2.1 1ª FREQUÊNCIA NATURAL 76
6.3.2.2 2ª FREQUÊNCIA NATURAL 85
6.3.2.3 3ª FREQUÊNCIA NATURAL 94
7. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS 103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105
1
1. INTRODUÇÃO
Com o surgimento de problemas de engenharia, cada vez mais complexos, novas
tecnologias tornam-se imprescindíveis para a busca da solução dos mesmos. As áreas de
conhecimento da engenharia, uma vez isoladas, tornam-se interdependentes, a fim de desenvolver
novas máquinas, estruturas, componentes mecânicos e, consequentemente, metodologias mais
adequadas aos novos padrões de testes e análises.
Sistemas mecânicos, porém, estão sempre sujeitos a vibrações e, assim, expostos aos efeitos
temporais de fadiga e desgaste, que podem, num curto intervalo de tempo, causar perdas bruscas
nas propriedades físicas e geométricas destes sistemas. Portanto, muitas vezes, são necessários
dispositivos auxiliares para atuar em paralelo ao sistema principal, com a finalidade de manter o
desempenho deste sistema em relação às suas funções de projeto.
Um exemplo deste caso é o controle de vibrações progressivas em um sistema devido ao
tempo de uso, cujas fontes podem ser originárias de estruturas de suporte das máquinas,
desbalanceamento residual, ou excitação pela base, entre outras.
A frequência natural experimental de uma estrutura é obtida através de um teste
amplamente empregado no estudo dinâmico de estruturas, e consiste na aplicação de uma força
de excitação externa à estrutura, normalmente exercida por um dispositivo eletromecânico,
denominado Shaker. A resposta da estrutura é, então medida, em vários pontos para posterior
análise modal da estrutura e conseguinte identificação de seus parâmetros vibracionais. A
conexão física entre a estrutura e a fonte de excitação, tal como a qualidade do sinal gerado, são
fatores essenciais para um resultado de alta qualidade. Aplicando-se, então, técnicas de análise
modal às medições feitas, é possível obter as frequências naturais e os modos de vibrar do
sistema mecânico.
2
O conceito de aplicação de atuadores eletromagnéticos surge, nesse contexto, como uma
solução para o controle de vibrações, pois possibilita a introdução de forças compensadoras no
sistema através de forças eletromagnéticas, praticamente sem interação mecânica com a estrutura
em análise.
O conceito inicial do atuador magnético é simples, porém permite tanto a excitação externa
sem contato quanto o controle de vibrações, quando associado a um sistema de controle.
Entretanto, a avaliação das características de desempenho, que venham atender à solicitação
dinâmica do sistema, envolve procedimento de certo grau de complexidade.
O estado da arte, para o projeto até então desenvolvido, aborda considerações sobre o
modelo eletro-mecânico utilizado nas simulações, a influência da distribuição das bobinas e da
corrente elétrica aplicada, o efeito da folga entre os polos do atuador e a superfície do sistema
vibratório onde este atua, o efeito do tipo de geometria dos polos do atuador, assim como a
influência da frequência de excitação na força eletromagnética gerada.
Este trabalho tem por objetivo avaliar o desempenho de um controlador relativamente
simples, o PID (Proporcional-Integral-Derivativo), no controle de vibrações de um elemento de
viga com elevado grau de elasticidade, ou seja, uma viga muito flexível. A aplicação do
conhecimento aqui desenvolvido é ampla, podendo, por exemplo, ser direcionada para o controle
ativo de vibrações em sistemas de transmissão altamente flexíveis.
Primeiramente, foi desenvolvida a modelagem do sistema mecânico em questão, uma viga
altamente flexível, bi-engastada, através do método dos Elementos Finitos, utilizando o software
MATLAB, e então analisada, com o propósito de identificar as primeiras frequências naturais do
sistema, bem como seus modos próprios de vibrar.
Ao modelo de elementos finitos da viga, foi adicionado o modelo do atuador magnético,
obtido através da teoria de eletromagnetismo, e também os modelos numéricos dos componentes
do sistema eletrônico, como o amplificador de potência e o sensor de posição indutivo.
3
O controle PID foi aplicado ao modelo da viga, com os parâmetros proporcional, integral e
derivativo obtidos através do método de otimização de Ziegler-Nichols para sistemas SISO
(single input, single output) para diversas combinações de entrada (sensor de posição) e saída
(atuador magnético). O Método LPV (Linear Parameter Varying) é utilizado para interpolar os
valores encontrados com a técnica de otimização para alguns pontos da viga e construir uma
função cujo domínio contém todo o comprimento da viga.
Uma bancada de testes experimentais foi construída para a identificação dos parâmetros
vibracionais da viga, através de uma análise modal experimental, onde as três primeiras
frequências naturais e modos próprios de vibrar da viga foram identificados. Em seguida, o
conjunto atuador/controlador foi aplicado na presença de excitações externas do tipo senoidal,
através de um Shaker, e impulso, através de um martelo de impacto.
O objetivo principal do trabalho consiste em comparar os resultados obtidos das simulações
numéricas com os resultados obtidos na bancada experimental, para verificar a validade do
modelo do sistema, bem como verificar em quais posições o conjunto atuador magnético/sensor
de posição possui a maior eficiência no controle de vibrações.
Na sequência, o capítulo 2 deste trabalho apresenta uma revisão bibliográfica detalhada nos
quesitos atuadores magnéticos, AMBs (Active Magnetic Bearings), e também Controle PID,
essenciais para a compreensão e aplicação desses modelos no sistema mecânico utilizado.
A modelagem teórica foi desenvolvida no capítulo 3, consistindo na utilização da teoria de
eletromagnetismo para a elaboração do modelo do atuador magnético, da teoria de controle
abrangendo os parâmetros P, I e D do controlador, bem como da técnica de otimização de
Ziegler-Nichols. Também pode ser encontrado neste capítulo a teoria completa da modelagem
LPV e a construção do modelo completo utilizando espaço de estados.
No capítulo 4 há uma descrição do modelo de elementos finitos utilizado nas simulações
numéricas, e também uma descrição do programa utilizado para aquisição dos dados obtidos da
bancada experimental, e também a validação numérica da técnica LPV.
4
No capítulo 5 está apresentada a metodologia experimental utilizada para a construção da
bancada de testes, bem como a descrição das propriedades geométricas do atuador magnético e
uma lista de todos os componentes utilizados na montagem.
O capítulo 6 contém os resultados, numéricos e experimentais, e finalmente, o capítulo 7
contém as conclusões e considerações finais do trabalho, bem como algumas sugestões para
trabalhos futuros.
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Atuadores magnéticos, embora relativamente recentes, tem sido o enfoque de amplos
trabalhos desenvolvidos, desde seus princípios básicos de funcionamento (eletromagnetismo) até
a otimização da sua função (controle). Skowronski (1993) em um relatório entregue à NASA
(North American Space Agency), a fim de incorporar essa tecnologia no controle e sustentação de
painéis solares na Estação Espacial Internacional, conduziu uma introdução sobre os preceitos
básicos de um atuador magnético, levando em consideração vários parâmetros que influenciam a
força magnética obtida, como intensidade da corrente, área do polo e número de espiras
utilizadas.
Araújo e Lépore (1993) utilizaram imãs permanentes para controlar vibrações em rotores,
modelando forças magnéticas através de equações analíticas. O modelo do rotor foi desenvolvido
utilizando o método da matriz de transferência e a resposta do sistema foi obtida por análise
modal. Um dos imãs permanentes foi empregado como excitação externa e o outro como força de
controle em um sistema rotativo com velocidade de 1000 rpm. Neste trabalho, observou-se com
sucesso a redução da amplitude de deslocamento do disco central.
Uma análise sobre uma variedade de sensores que podem ser aplicados na levitação
magnética de mancais magnéticos é estudada em Boehm et al. (1993). Os sensores utilizados no
estudo foram: capacitivos, de efeito Hall, ópticos, laser, ultra-sônicos e de corrente parasita. As
características estudadas pelos autores, em cada tipo de sensor, são referentes à mudança de fase
entre o sinal de saída e entrada do sensor, resposta em frequência, estabilidade e efeitos de
temperatura nesses sensores.
Knight et al. (1994), em uma análise dinâmica de mancais magnéticos, utilizaram valores
medidos para as forças em um atuador magnético de dois graus de liberdade e obtiveram
equações de movimento não lineares para um mancal magnético, devido ao acoplamento
geométrico entre as coordenadas do sistema. Essa análise consistia em examinar o
6
desbalanceamento do sistema sujeito às forças de um mancal magnético ativo (AMB) controlado
linearmente. Os autores chegaram à conclusão de que, como essas equações são não lineares, seu
comportamento é diferente daquele de sistemas lineares, e a longo prazo, a implementação de
mancais magnéticos para esse tipo de análise depende de um conhecimento aprofundado das
características não lineares do sistema rotor-atuador-controlador.
Knospe e Tamer (1997) pesquisaram a influência da estabilidade e da robustez de um
sistema de controle com a finalidade de reduzir vibrações induzidas em rotores suportados por
mancais magnéticos. Foram utilizadas ferramentas de análise que produziram matrizes de ganho
sintetizado. Utilizando três dessas matrizes, cada uma com um intervalo de velocidade de
operação, uma bancada de testes foi construída, cada uma das matrizes foi implementada no
controlador e, então, sua eficácia foi verificada com o valor estipulado no projeto da matriz.
Em outro relatório para a NASA, Allaire et al. (1997) fizeram um estudo sobre a perda de
energia em mancais magnéticos. Primeiramente, os autores explicaram as duas geometrias
básicas de mancais magnéticos (Homopolar e Heteropolar) e suas diferenças básicas.
Posteriormente, foi utilizada uma câmara de vácuo, onde foi colocado um rotor suportado por
dois mancais acionados por motores elétricos, onde as perdas eram medidas através da conversão
da energia cinética gerada pelo rotor em energia térmica. A configuração homopolar apresentou
menores perdas comparadas com a heteropolar (Figura 1).
Figura 1 – Geometrias distintas de Mancais magnéticos Homopolar (A) e Heteropolar (B).
Fonte: (Schweitzer e Maslen, 2009)
7
Antila (1998) determinou os parâmetros linearizados de um mancal magnético radial
utilizando modelo bidimensional de elementos finitos. A verificação foi feita através de testes
conduzidos em duas máquinas, onde os resultados mostraram que o mancal pode ser empregado
operando na sua região de saturação. Também foi estudado o efeito do acoplamento entre os
movimentos em duas direções perpendiculares. O autor também apresentou modelos para o
estudo da histerese magnética e das correntes parasitas (eddy currents),este último derivado da
solução do campo magnético para uma direção.
Em Howe (2000) são apresentadas diversas aplicações para os atuadores magnéticos,
desenvolvidas principalmente na Universidade de Sheffield, na Inglaterra, como atuadores
esféricos, que possuem múltiplos graus de liberdade, atuadores eletromecânicos e eletro-
hidráulicos com aplicação na indústria aeroespacial, entre outras.
Em Maslen (2000) pode ser encontrada uma visão geral da teoria de magnetismo (equações
de Maxwell, força magnética, histerese, etc), assim como um estudo aprofundado sobre atuadores
eletromagnéticos, desde detalhes sobre a sua construção, principalmente empregando a
montagem diferencial, até características dos sensores de posição utilizados. O autor também
disponibiliza informações para o projeto do mancal e o emprego de amplificadores no projeto. No
final, aborda algumas técnicas de controle analógico e digital, dando enfoque ao controle
utilizando espaço de estados.
Em Ferreira et al. (2002), foi desenvolvida uma máquina de indução trifásica sem mancal,
onde a sustentação do rotor é feita através de atuadores magnéticos. Para o controle de posição do
sistema foram utilizados um controlador PD (para controlar a posição do rotor, visto que o
controlador PD possui como característica uma resposta rápida) e um controlador PI (para
controlar a corrente no sistema).
Aenis et al. (2002) estudaram a possibilidade de identificação de falhas em bombas d’água
com mancais magnéticos. Para tal, foram utilizadas funções de resposta em frequência (FRF).
Um dos problemas enfrentados pelos autores foi a necessidade de uma estimativa precisa para a
força magnética, assim, boa parte deste trabalho se dedicou às diversas formas de análise para
8
estimar essas forças. Os métodos utilizados foram os de corrente-deslocamento (medindo
corrente nas bobinas) e os métodos baseados no fluxo magnético (utilizando sensores de efeito
Hall) e concluíram que o erro na estimativa com os sensores Hall é menor (2% para 4 sensores,
1% para 8 sensores) se comparados à medição de corrente nas bobinas (8%).
Skricka e Markert (2002) mostraram em seus estudos os benefícios de uma integração entre
os componentes de um mancal magnético (controlador, amplificador de potência, sensores,
condicionadores de sinal e eletroímãs), a fim de eliminar desvantagens, como a alta despesa de
manutenção e a elevada sensitividade do conjunto. A integração ocorre em duas frentes, a
integração física, ou de hardware e a integração do processamento de informação, utilizando para
isso, microeletrônicos como plataforma de hardware.
Um ponto importante nos estudos de mancais magnéticos foi abordado em Schweitzer
(2002), a saber, as limitações físicas às quais estes estão submetidos. O autor apresenta os
seguintes pontos em sua obra: capacidade de carga, tamanho, rigidez, temperatura de operação,
precisão, velocidade e perdas. A capacidade de carga do mancal, por exemplo, depende de fatores
como o seu arranjo, e sua geometria. Esta também depende dos sistemas elétrico, eletrônico e
mecatrônico (controle) e, principalmente, das propriedades do material do atuador. O autor
exemplifica esses efeitos comparando as forças obtidas por unidade de área do polo em um
mancal feito de materiais convencionais e outro feito com ligas de cobalto, mostrando a
vantagem das ligas de cobalto. A faixa de frequência do mancal também é estudada, e sua relação
é diretamente proporcional à potência utilizada no amplificador e inversamente proporcional à
força magnética.
Harris e Widbro (2003) fizeram uma introdução sobre mancais magnéticos (Figura 2) e
suas características fundamentais, também elucidando um pouco da teoria de suspensão
magnética. Os autores descreveram as vantagens dessa tecnologia sem contato, uma vez que a
mesma praticamente elimina as perdas por atrito encontradas nos mancais convencionais. Ao
final é apresentado um exemplo, onde as vantagens da utilização desse tipo de mancal são
comparadas aos mancais hidrodinâmicos, quando aplicados em um compressor a gás padrão
(ANSI).
9
Figura 2 – Exemplo de Mancal Magnético Radial.
Fonte: www.schaeffler.de
Uma obra essencial para o conhecimento na construção de mancais magnéticos é Polajzer
(2003). Neste texto é apresentado todo o equacionamento dos campos magnéticos e forças
magnéticas. O diferencial dessa obra é a utilização de funções de otimização para a determinação
dos parâmetros geométricos do mancal, bem com simulações utilizando o método dos elementos
finitos para a obtenção e análise do campo magnético. O autor também apresenta o
desenvolvimento de um controlador PI e um controlador PD em cascata para realizar o controle
do mancal magnético.
Cole et al. (2004) tiveram por objetivo desenvolver um sistema de controle ativo para
detectar o que os autores denominaram falhas externas e falhas internas. Falhas externas ocorrem
devido a perturbações externas ao sistema (atuador magnético), como deformação ou quebra do
rotor. Falhas internas, analogamente, são falhas que prejudicam o próprio processo de atuação e
controle do sistema, como erros de software, falhas em placas de aquisição, sensores danificados,
bobinas danificadas Finalmente, o controlador robusto em conjunto com esse sistema de detecção
de falhas foi desenvolvido a partir de uma rede neural.
Bash (2005) utilizou mancais magnéticos como atuadores magnéticos para monitorar as
condições de operação de uma bancada de testes suportada por mancais convencionais, utilizando
um mancal heteropolar com oito polos. As falhas estudadas foram trincas no rotor e fricção (rub).
10
O objetivo do trabalho foi de identificar tais falhas utilizando mancais magnéticos como elemento
de excitação e não de suporte, como em outros trabalhos citados pelo autor. Os resultados
mostram que, quando o contato ocorre sem a rotação do eixo, os valores das frequências naturais
aumentam, enquanto as amplitudes da resposta diminuem, com o aumento da força de contato.
Schweitzer (2005) apresentou os aspectos de confiabilidade e segurança aplicados a
mancais magnéticos. Segundo o autor, pelo fato desses mancais serem de fato sistemas
mecatrônicos, estão sujeitos a falhas específicas nos sub-sistemas que o compõem (software,
circuitos eletrônicos e falhas mecânicas, principalmente). Também destaca alguns pontos que
devem ser analisados durante o projeto desses mancais para se aproximarem de um sistema
totalmente seguro (teórico). Exemplos utilizados no trabalho são: utilização da norma ISO-14839
para sistemas rotativos empregando mancais magnéticos, aplicação de sistemas de redundância e
o emprego do FMECA (Failure Modes, Effects, and Criticality Analysis). O trabalho também
apresenta o conceito de máquinas inteligentes. Neste tipo de sistema, a máquina conhece seu
estado atual e é capaz de otimizá-lo por meio de informações internas processadas. Isto conduz a
um melhor funcionamento, com características de auto-calibração, auto-diagnóstico, auto-
correção, e ainda, associado a isso, menor manutenção e maior segurança.
Chiba et al. (2005) é uma das referências mais expressivas nessa área, detalhando todo o
desenvolvimento de atuadores magnéticos, incluindo a montagem diferencial de atuadores (polos
diametralmente opostos), utilizando o fato de que atuadores só exercem forças de atração. Em sua
obra também foi calculada a força eletromagnética do atuador, bem como foram apresentados
modelagem, controle e sistema de potência para mancais magnéticos.
Guiráo (2006) estudou a influência da variação dos parâmetros do controle feedback tipo
PID em sistemas com mancais magnéticos. Um controle adaptativo, do tipo feedforward
utilizando um algoritmo LMS (Least Mean Square – Mínimos Quadrados) foi utilizado em
sobreposição ao controle PID para fazer o controle da vibração do rotor nas velocidades críticas.
Também foi analisado o efeito da posição dos sensores de posição e a variação nas propriedades
geométricas do mancal utilizado no controle da vibração.
11
Kasarda et. al (2007) mostraram que a obtenção da força magnética, utilizando os valores
de intensidade da corrente elétrica e distância do entreferro (air-gap), pode ser melhor estimada
ao se empregar o método de medição multiponto, se comparada com a técnica usual, de medição
em apenas um ponto. Os resultados obtidos pelos autores mostram que a técnica multiponto
permite obter valores experimentais da força magnética com predições de 1,03% e desvio padrão
de 0,83%, enquanto a técnica usual permite obter valores de predição da força de 5,76% e desvio
padrão de 6,17%.
Castro et al. (2007) apresentaram, utilizando a montagem diferencial proposta em Chiba et
al. (2005), o cálculo da força que um atuador magnético aplica, utilizando como base a Lei de
Ampère. Os autores também utilizaram o método dos elementos finitos para comparação dos
polos do atuador para duas geometrias distintas (circular ou plana), a fim de verificar qual possui
maior eficiência para o sistema utilizado: um eixo de seção circular. A geometria utilizada foi a
circular, uma vez que o air gap permanece constante, enquanto que correções necessitariam ser
feitas no modelo matemático para o polo de geometria plana (Figura 3).
Figura 3 – Esquema do sistema utilizado por Castro et al. (2007) com os dois atuadores.
Furtado (2008) apresentou um desenvolvimento detalhado de todos os sistemas que
compõe um atuador magnético (sistema mecânico, elétrico e magnético), e também sua
modelagem e construção. Utilizando elementos finitos, foram analisadas as influências de
parâmetros construtivos do atuador na sua eficácia, como geometria dos polos, a posição dos
12
sensores Hall (que medem a intensidade do campo magnético) e a distribuição de espiras no
núcleo ferromagnético. Utilizou-se um controlador proporcional implementado com auxílio de
amplificadores operacionais e, então, uma bancada experimental foi construída para a validação
das modelagens computacionais.
Perini (2009) utilizou um sistema com mancais convencionais e controle feedback em um
mancal magnético para faze-lo funcionar como um atuador magnético a fim de reduzir a vibração
de sistemas rotativos. Esse resultado foi comparado com outro sistema utilizando mancais
magnéticos no lugar dos mancais convencionais para a redução de vibração no sistema e controle
feedforward sobreposto ao feedback.
Em Mendes (2011) foi desenvolvido um sistema de excitação externa para um modelo de
sistema rotativo utilizando um atuador magnético como fonte de excitação sem contato. A
dissertação apresentou a modelagem em elementos finitos de um eixo contendo um disco e dois
mancais hidrodinâmicos, juntamente com o modelo do atuador magnético. O ensaio consistiu em
rotacionar o eixo com velocidades variando de 1000 a 3000 rpm e verificar o efeito do atuador
como fonte de excitação externa. Uma bancada foi montada e um atuador magnético foi
construído para a validação dos programas computacionais.
Anantachaisilp et al. (2012) demonstraram várias possibilidades de otimização para um
controlador PID, que é um dos mais utilizados para o controle de atuadores magnéticos. Os
autores apresentaram cinco maneiras de se otimizar um controlador PID, baseadas na robustez e
na performance de malha fechada: Ziegler-Nichols, Ziegler-Nichols sem sobre-sinal, Ziegler-
Nichols com algum sobre-sinal, Método de Tyreus-Luyben e Método de Shinskey. Para a
validação foram realizadas simulações computacionais e testes práticos em bancadas.
Bauomy (2012) estudou a estabilidade de um sistema com mancais magnéticos e um rotor
cuja rigidez era variável (quadrática e cubicamente) em função do tempo. Para esse propósito foi
utilizado o método da resposta em frequência para analisar o sistema em condições próximas da
ressonância sub-harmônica. O método de Runge-Kutta de quarta ordem foi utilizado para analisar
a estabilidade desse sistema no regime permanente para essa ressonância.
13
Impinna et al. (2012) apresentaram o conceito de mancais eletrodinâmicos (Electrodynamic
Bearings - EDB), que são mancais magnéticos, os quais geram forças através da utilização da
interação entre correntes parasitas em um condutor girante e campos magnéticos estáticos. A
característica mais interessante sobre o seu funcionamento é que a levitação pode ser alcançada
por meios passivos, eliminando assim a necessidade de equipamentos eletrônicos na sua
utilização. Os autores explicitam, porém, que a principal falha dos EDBs é a falta de um
procedimento de projeto adequado, uma vez que a opção mais utilizada é o uso do método dos
elementos finitos e tentativa e erro, o que agrega muito tempo e custo ao processo. Os autores
tentaram, a partir da necessidade de um projeto mais rápido, desenvolver uma metodologia para
uma primeira aproximação para o projeto do EDB.
Wang (2012) observou que, embora não ocorra contato em mancais magnéticos, ainda
existe uma força equivalente de fricção, similar à encontrada nos mancais convencionais, que
gera perdas de eficiência. Foi desenvolvido um método de pesquisa similar ao utilizado para
encontrar as perdas em mancais convencionais, a fim de beneficiar os projetos futuros de mancais
magnéticos. Foi construída uma bancada, onde os mancais foram simplificados em Eletroímãs
em forma de “U”, para analisar apenas os graus de liberdade não relacionados à rotação do eixo.
Garcia (2014) utilizou dois métodos de controle, LQR e PID na tentativa de estabilizar um
rotor suportado por mancais convencionais, baseando-se no critério utilizado na norma ISO-
14839. Os resultados obtidos mostram que a 1800rpm, o controle LQR tem melhor desempenho
do que o PID, embora ao aumentar o ganho proporcional, o controlador PID mostrou melhorias
na redução de amplitude de vibração. Deve-se tomar cuidado, pois a alteração dos parâmetros do
controle interfere com a margem de estabilidade do controlador.
O presente trabalho se insere, no contexto do estado da arte apresentado, como uma
aplicação em estrutura altamente flexível, para controle de vibrações induzidas por excitação
externa, em regime permanente, e também em regime transiente. Neste quesito, as fontes de
informação mais importantes no desenvolvimento deste trabalho são Maslen (2000), Polajzer
(2003), Chiba (2005), Castro (2007), Furtado (2008), Perini (2009) e Mendes (2011).
14
3. MODELAGEM TEÓRICA
Neste capítulo será apresentado o embasamento teórico da modelagem utilizada na
simulação numérica do sistema (Furtado 2008 e Perini 2009).
Inicialmente, o modelo do atuador magnético é desenvolvido para a montagem diferencial
e, em seguida, a força magnética é linearizada, e facilmente inserida na equação de movimento
do sistema. O modelo do controlador PID é, então, desenvolvido de forma que seu sinal de
controle é uma função de seus parâmetros de ganho proporcional, derivativo e integral. A técnica
anti-windup, conhecida como Back-calculation é aplicada para prevenir casos em que o
controlador possa atingir sua condição de saturação.
Uma vez definidos os modelos do atuador e do controlador, o modelo do sistema mecânico
é desenvolvido, utilizando o método dos elementos finitos para sua representação matemática
que, neste caso, consiste num elemento de viga. A este modelo é inserida a força magnética do
atuador magnético como excitação externa.
A partir deste ponto o sistema viga-atuador é representado em espaço de estados,
permitindo assim, a inserção do controlador no sistema.
Finalmente, os parâmetros do controlador são otimizados para algumas condições
específicas de montagem para, em seguida, serem interpolados por uma técnica de variação linear
de parâmetros, que torna o controlador adaptativo a essas condições.
3.1 ATUADOR MAGNÉTICO
A teoria básica do atuador magnético está calcada nos princípios do eletromagnetismo,
onde a Lei de Ampére explicita um campo magnético (H) em função do número de espiras (N),
15
enroladas ao redor de um caminho magnético de comprimento (l), e conduzindo uma corrente
elétrica de magnitude (i), segundo a equação (1):
𝐻 = 𝑁𝑖 𝑙⁄ (1)
O fluxo magnético (Ф) no circuito depende exclusivamente da intensidade de fluxo
magnético (B) e da área de folga do circuito magnético (Ag), incluindo, neste caso, ambos os
polos do atuador:
Ф = 𝐵𝐴𝑔 (2)
A densidade de fluxo (B), por sua vez, é função da permeabilidade (μ0) do meio onde a
folga será mantida (no caso do ar: μ0 =4π.10-7
H/m) e do campo magnético (H):
𝐵 = μ0H (3)
Organizando as equações (1) e (3), e substituindo o comprimento do caminho magnético L
pela folga (g) entre o material e a bobina em ambos os polos, segundo a Figura 4, obtém-se o
campo magnético, respectivamente, para cada uma das bobinas:
𝐵 =μ0Ni
2g (4)
Segundo a teoria do eletromagnetismo, a força magnética, é dada por:
𝐹𝑚𝑎𝑔 =𝐵2𝐴𝑔
2𝜇0 (5)
Para estimar a força aplicada em cada um dos polos da bobina, considera-se metade da área
superficial (Ag) dos polos, conforme equação (5). Substituindo a equação (4) em (5), tem-se a
força magnética em função dos parâmetros de projeto da bobina:
𝐹𝑚𝑎𝑔 =μ0𝑁
2𝑖2𝐴𝑔
8g2 (6)
16
Figura 4 – Esquema de montagem diferencial de atuadores magnéticos com duas bobinas.
Adaptado de Arcari 2012
Para a montagem diferencial da Figura 4, a força magnética real será igual a duas vezes a
força em cada polo, encontrada na equação (6), portanto:
𝐹𝑚 = 2𝐹𝑚𝑎𝑔 = μ0𝑁
2𝑖2𝐴𝑔
4g2 (7)
Como o circuito magnético real possui efeitos que normalmente reduzem a força obtida,
como difusão das linhas de força e fugas de corrente, os quais não são levados em consideração
na formulação teórica, é aconselhável a imposição de um fator de correção geométrico (ε≤1) para
a obtenção de resultados mais precisos. A nova expressão para a força magnética é, portanto:
𝐹𝑚 = ε μ0𝑁
2𝑖2𝐴𝑔
4g2 (8)
As forças magnéticas geradas nesses sistemas são de atração, e, portanto, os atuadores
devem ser dispostos aos pares diametralmente opostos em um arranjo de dupla ação (montagem
diferencial), conforme Figura (4), sendo g1 e g2 as folgas (gaps) entre as bobinas e a viga, Ag1 e
Ag2 as áreas dos polos das bobinas. Assim, haverá forças em ambos os sentidos do eixo x.
Portanto, a partir da equação (8), a força magnética resultante (Fm) no atuador será uma diferença
entre as forças diametralmente opostas (utilizando as notações da Figura (4)):
17
𝐹𝑚 = 𝐹1 − 𝐹2 = 𝜀𝜇0𝐴𝑔𝑁
2
4(𝑖12
𝑔12 −
𝑖22
𝑔22) (9)
Sendo que as folgas (g1 e g2) podem ser escritas em função da folga original g0 como:
𝑔1 = 𝑔0 – 𝑥 (10)
𝑔2 = 𝑔0 + 𝑥 (11)
Esta consideração é válida para um rotor perfeitamente centrado, sendo que, neste caso, x
representa a perturbação no eixo, medida a partir da posição central. A diferença no sinal de x
representa que, quando o eixo se aproxima na direção a um imã, estará simultaneamente se
distanciando do outro. De maneira semelhante às folgas, as correntes i1 e i2 também podem ser
reescritas em função de uma corrente permanente (bias), i0 e uma corrente de controle ix:
𝑖1 = 𝑖0 + 𝑖𝑥 (12)
𝑖2 = 𝑖0 – 𝑖𝑥 (13)
Figura 5 – Esquema da montagem do atuador magnético com representação das correntes
utilizadas no sistema de atuador magnético (corrente permanente e corrente de controle).
Na Figura 5, i0 e ix são, respectivamente, as intensidades da corrente permanente no circuito
(bias) e a da corrente de controle (ou perturbação), que em uma das bobinas é somada e na outra
é subtraída. Esta aproximação é necessária pois a corrente permanente (i0) permite posicionar a
referência para a variação da corrente de controle (ix) numa região praticamente linear da curva
de saturação da bobina. Desta forma, para pequenas variações de ix, é possível proceder com a
18
linearização da força magnética F. Substituindo, então as equações (10), (11), (12) e (13) na
equação (9), escreve-se o modelo completo da força magnética resultante:
𝐹𝑚 = 𝜀𝜇0𝐴𝑔𝑁
2
4((𝑖0+𝑖𝑥)
2
(𝑔0−𝑥)2−(𝑖0−𝑖𝑥)
2
(𝑔0+𝑥)2) = 𝜀𝐾𝑚 (
(𝑖0+𝑖𝑥)2
(𝑔0−𝑥)2−(𝑖0−𝑖𝑥)
2
(𝑔0+𝑥)2) (14)
Onde Km é a constante magnética e depende apenas de parâmetros de projeto do atuador.
Para a linearização da equação (14) utiliza-se a série de Taylor, em torno do ponto de equilíbrio
(ie e xe). A formulação básica da Série de Taylor para equação da força apresenta a seguinte
forma:
𝐹𝑚(𝑖𝑥, 𝑥) = 𝐹𝑚(𝑖𝑒, 𝑥𝑒) + (𝜕𝐹𝑚
𝜕𝑖𝑥)𝑖𝑥=𝑖𝑒,𝑥=𝑥𝑒
(𝑖𝑥 − 𝑖𝑒) + (𝜕𝐹𝑚
𝜕𝑥)𝑖𝑥=𝑖𝑒,𝑥=𝑥𝑒
(𝑥 − 𝑥𝑒) + ⋯(15)
Linearizando-se em torno de uma corrente de controle ix=ie não nula, e xe=0, tem-se os
seguintes termos associados à equação (15):
𝐹𝑚(𝑖𝑒 , 𝑥𝑒) = 𝐹𝑚(𝑖𝑒 , 0) = 𝜀𝐾𝑚 ((𝑖0+𝑖𝑒)
2
𝑔02−(𝑖0−𝑖𝑒)
2
𝑔02 ) = 𝜀
𝐾𝑚4𝑖𝑒𝑖0
𝑔02 (16a)
(𝜕𝐹𝑚
𝜕𝑖𝑥)𝑖𝑥=𝑖𝑒,𝑥=𝑥𝑒
= 𝜀𝐾𝑚 (2(𝑖0+𝑖𝑒)
(𝑔0−𝑥)2+2(𝑖0−𝑖𝑒)
(𝑔0+𝑥)2) = 𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 (16b)
(𝜕𝐹𝑚
𝜕𝑥)𝑖𝑥=𝑖𝑒,𝑥=𝑥𝑒
= 𝜀𝐾𝑚 (−2(𝑖0+𝑖𝑒)
2
(𝑔0−𝑥)3−2(𝑖0−𝑖𝑒)
2
(𝑔0+𝑥)3 ) = −𝜀
4𝐾𝑚(𝑖02+𝑖𝑒
2)
𝑔03 (16c)
Assim, substituindo os termos resultantes das equações (16a-c) na equação (15):
𝐹𝑚 = 𝜀𝐾𝑚4𝑖𝑒𝑖0
𝑔02 + 𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 (𝑖𝑥 − 𝑖𝑒) − 𝜀
4𝐾𝑚(𝑖02+𝑖𝑒
2)
𝑔03 𝑥 →
𝐹𝑚 = 𝜀𝐾𝑚4𝑖𝑒𝑖0
𝑔02 + 𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 𝑖𝑥 − 𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 𝑖𝑒 − 𝜀
4𝐾𝑚(𝑖02+𝑖𝑒
2)
𝑔03 𝑥 (17)
Considerando ie << i0, é possível eliminar o termo de maior ordem associado à ie, assim:
𝐹𝑚 = 𝜀4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 𝑖𝑥 − 𝜀
4𝐾𝑚𝑖𝑜2
𝑔03 𝑥 (18)
De acordo com a equação (18), as forças no atuador magnético dependem da corrente de
controle e da posição do eixo, para uma dada corrente permanente e uma folga g0. A variação
devido à corrente de controle na bobina é denominada ganho de rigidez de corrente (ki), enquanto
que a variação devido à variação da folga é chamada de rigidez de posição (kx). Assim, a equação
da força (18) se torna:
19
𝐹𝑚 = 𝑘𝑖𝑖𝑥 + 𝑘𝑥𝑥 (19)
As grandezas ki e kx são representadas, de acordo como a expansão na série de Taylor, pelos
seguintes termos:
𝑘𝑖 = 𝜕𝐹
𝜕𝑖𝑥= 𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 (20)
𝑘𝑥 = 𝜕𝐹
𝜕𝑥= −𝜀
4𝐾𝑚𝑖02
𝑔03 (21)
A rigidez de corrente (ou ganho do atuador) é positiva, pois, um aumento na força externa
aplicada em uma dada direção, corresponde a um aumento na corrente de controle. A rigidez de
posição é negativa, pois quanto maior a distância entre a viga e o polo da bobina, menor a força
magnética obtida.
Agrupando os termos das equações (20) e (21) na equação (19), obtém-se a equação
linearizada da força magnética:
𝐹𝑚 = (𝜀𝜇0𝐴𝑔𝑁
2𝑖0
𝑔02 ) 𝑖𝑥 − (𝜀
𝜇0𝐴𝑔𝑁2𝑖02
𝑔03 ) 𝑥 = (𝜀
4𝐾𝑚𝑖0
𝑔02 ) 𝑖𝑥 − (𝜀
4𝐾𝑚𝑖02
𝑔03 ) 𝑥 (22)
Deve-se lembrar de que as forças atuando no sistema terão, além da componente
magnética, uma componente mecânica, ou de excitação (Fe), que pode ser, no caso aqui em
estudo, do tipo harmônico ou de impacto. A força magnética deve compensar os efeitos da força
de excitação. Portanto:
𝐹 = 𝐹𝑒 − 𝐹𝑚 (23)
A equação de movimento para um sistema massa-mola-amortecedor é definida conforme a
equação (24), onde m, c e k correspondem respectivamente a massa, amortecimento e rigidez da
viga:
𝑚�� + 𝑐�� + 𝑘𝑥 = 𝐹 (24)
Portanto, reorganizando a equação (24) com auxílio das equações (19) e (23), obtém-se o
modelo do sistema da viga agregando o atuador magnético:
𝑚�� + 𝑐�� + (𝑘 + 𝑘𝑥)𝑥 + 𝑘𝑖𝑖𝑥 = 𝐹𝑒 (25)
20
3.2 CONTROLADOR PID (PROPORCIONAL-INTERGAL-DIFERENCIAL):
O controlador PID padrão é descrito pela seguinte equação no domínio do tempo (Ogata,
2010):
𝑢(𝑡) = 𝐾 (𝑒(𝑡) +1
𝑇𝑖∫ 𝑒(𝜏)𝑑𝜏𝑡
0+ 𝑇𝑑
𝑑𝑒(𝑡)
𝑑𝑡) (26)
Nessa equação, u é o sinal de controle, e e representa o erro associado a esse controle (que
é simplesmente a diferença entre o valor esperado do sinal de saída e o valor obtido desse mesmo
sinal). Pode-se observar, então, que o sinal de controle é simplesmente uma soma algébrica de 3
termos distintos: o termo P, que é proporcional ao erro, o termo I, que é proporcional a integral
do erro no tempo, e o termo D, proporcional a derivada no tempo do erro. Os parâmetros do
controlador são: K que é chamado de ganho proporcional (este valor pode ser diferente para cada
um dos termos, se necessário), Td e Ti que são respectivamente o tempo derivativo e o tempo
integral. O processo de otimização de controladores PID consiste na busca de valores para esses
três parâmetros (K, Td e Ti), a fim de encontrar a melhor configuração do controlador para aquela
determinada função.
A equação (26) pode ser também representada como uma função de transferência, da
forma:
𝐺(𝑠) = 𝐾 (1 +1
𝑠𝑇𝑖+ 𝑠𝑇𝑑) (27)
Redefinindo os parâmetros do controlador como: K=Kp, K/Ti=Ki e K.Td=Kd, chega-se a
forma mais conhecida da equação do controlador PID (Figura 6):
𝑃𝐼𝐷(𝑠) =𝐾𝑑𝑠
2+𝐾𝑝𝑠+𝐾𝑖
𝑠 (28)
21
Figura 6 – Exemplo de diagrama de blocos de um controlador PID.
Cada um dos parâmetros possui uma influência no controlador PID como um todo. O
termo proporcional (Kp) é relacionado à rigidez do sistema. Se o valor de Kp for muito elevado, o
sistema se torna instável, pois multiplica diretamente a resposta às variações no erro.
Analogamente, se o parâmetro Kp for muito pequeno, a resposta em relação a valores de erro
muito elevados será pequena, resultando num controlador de baixa sensibilidade ao erro, o que
resulta em um esforço de controle muito pequeno para as perturbações no sistema. A contribuição
do parâmetro integral (Ki) é proporcional tanto em relação a magnitude do erro quanto ao seu
tempo de duração. Este parâmetro corresponde à soma de todos os erros instantâneos durante o
período de tempo, e retorna o desvio acumulado que deveria ter sido corrigido previamente, o que
pode gerar um sobressinal em relação ao valor esperado. O parâmetro integral também tende a
eliminar o erro estacionário residual oriundo do controlador puramente proporcional. O
parâmetro derivativo (Kd) ajuda a prever o comportamento do sistema e, assim, melhorar o tempo
de acomodação e a sua estabilidade. Geralmente, não é muito utilizado, devido a sua alta
sensibilidade ao ruído obtido nas medições. Se o ruído for muito elevado, o termo derivativo
tende a diminuir a efetividade do controlador como um todo, devido ao seu comportamento
errático nessas condições.
O ganho derivativo normalmente apresenta uma limitação na qual amplifica medições de
alta frequência, o que pode piorar a saída do sistema. Uma solução para este problema é adicionar
um coeficiente de filtro (Nf) ao modelo de controle que atua como um filtro passa-baixa e, assim,
22
consegue remover as componentes de alta frequência das medições. A equação do controlador,
com a adição do filtro, se torna:
𝑃𝐼𝐷(𝑠) =(𝐾𝑝+𝐾𝑑𝑁𝑓)𝑠
2+(𝐾𝑝𝑁𝑓+𝐾𝑖)𝑠+𝐾𝑖𝑁𝑓
𝑠2+𝑁𝑓𝑠 (29)
3.2.1 WINDUP E ANTI-WINDUP:
Embora diversas condições do comportamento de um controlador PID sejam bem descritas
pela teoria linear, alguns efeitos não lineares devem ser levados em consideração, uma vez que os
atuadores magnéticos em geral possuem limitações em sua construção, como por exemplo:
número de espiras na bobina, diâmetro do fio de cobre, área do polo, folga, dimensões do núcleo
ferromagnético, etc. Quando um sistema de controle deve atuar em uma ampla gama de
condições operacionais, não é raro o controlador levar o atuador a operar em seu limite de
saturação. Uma vez que esta situação venha a ocorrer, o loop de malha fechada é interrompido e
o sistema passa a funcionar como um sistema de malha aberta, visto que o atuador tende a
permanecer no seu limite de saturação independente da saída do sistema. Num controlador PID,
em que há um termo integral, o erro continuará a ser integrado, conforme equação (26), tornando-
se muito elevado devido ao seu caráter cumulativo. A consequência imediata é que o controlador
pode passar por transientes muito longos a partir do momento de saturação do atuador.
A Figura 7 mostra o sinal de controle (u), o sinal de saída (y) e o sinal de saída esperado
(ysp) para condição de saturação do controlador. No instante em que o sinal esperado (ysp) deve
atingir seu valor máximo (Figura 7-a), o sinal de controle (u) alcança o seu valor máximo (umax),
o qual não é o suficiente para eliminar o erro entre o sinal esperado e a saída (e=ysp-y), assim, a
integral do erro do controle na equação (26) e, consequentemente, a parte integral do sinal de
controle continua a aumentar sucessivamente a cada loop.
23
Figura 7 – Ilustração do fenômeno de windup e do anti-windup de um controlador
(Adaptado de Aströn & Hägglund 2006).
Figura 8 – Ilustração do controlador com o sistema Anti-windup. (Adaptada de Aströn &
Hägglund 2006)
24
Uma vez que o sinal de controle desejado (u) continua a aumentar existe uma diferença
entre o sinal desejado e o sinal real (uout) do atuador em saturação, o qual obviamente não é
suficiente para que y atinja o valor de ysp. Pode-se observar que o valor do sinal de controle (u)
continua a aumentar indefinidamente, até que o sinal de saída esperado seja novamente reduzido
a um valor controlável, ou seja, abaixo do limite de saturação do atuador. Mesmo assim, pode-se
notar um atraso na resposta (u) devido ao tempo necessário para que o atuador saia da região de
saturação.
Esse fenômeno de windup é conhecido desde a época dos controladores analógicos e várias
tentativas para evitá-los foram concebidas. Quando os controladores alcançaram a era digital,
vários métodos foram desenvolvidos, chamados de Anti-windup, dentre os quais será tratado o
método Back Calculation, utilizado neste trabalho para o projeto do controlador.
O método Back calculation funciona da seguinte forma: quando o valor do sinal de saída do
controlador atinge a saturação, o termo integral do controlador é recalculado para que o novo
valor do sinal de saída esteja abaixo do limite de saturação.
A Figura 8 mostra um diagrama de blocos contendo um controlador PID de acordo com as
equações (27) e (28), com anti-windup utilizando Back-calculation. O sistema possui um sistema
de realimentação extra, gerado pela medição do sinal de saída de um modelo matemático do
atuador, formando um sinal de erro (es), composto pela diferença do sinal de saída do controle (v)
e do sinal de saída do atuador (u). O sinal de erro é alimentado no termo integral do controlador
através de um ganho (1/Tt), onde Tt é chamado de tracking time constant (constante de tempo de
rastreamento).
É possível observar que, se não houver saturação, o sinal de erro é praticamente nulo e,
portanto, não haverá nenhum efeito sobre o funcionamento normal do atuador. No caso de
saturação, obviamente o sinal de erro será diferente de zero, quebrando assim o loop de malha
fechada devido ao sinal (u) permanecer constante neste caso. O loop em torno do termo integral
ocasiona, então, o sinal de compensação de forma que o sinal de entrada do integrador se anule.
25
Pela Figura 8, observando-se o somatório à frente do ganho Integral, nota-se que o sinal de
entrada do integrador (Ii) é dado por:
𝐼𝑖 =1
𝑇𝑡𝑒𝑠 +
𝐾
𝑇𝑖𝑒 (30)
sendo e é o sinal de erro do controlador. Fazendo o sinal de entrada do integrador nulo
(Ii=0) tem-se:
𝑒𝑠 = −𝐾𝑇𝑡
𝑇𝑖 𝑒 (31)
Tomando-se o regime permanente, e lembrando que es=u-v, tem-se que:
𝑣 = 𝑢𝑙𝑖𝑚 +𝐾𝑇𝑡
𝑇𝑖 𝑒 (32)
Onde ulim é o valor de saturação do sinal de entrada do atuador. Sendo que os valores de e e
de ulim possuem o mesmo sinal, pode-se afirmar que o sinal de saída v é sempre maior que ulim,
impedindo que o valor de es seja negativo e, assim, que o controlador entre em windup. A taxa na
qual o sinal de saída do controlador é redefinida é dada pelo ganho 1/Tt.
26
3.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (FEM):
O método dos elementos finitos (FEM- Finite Elements Method) é uma técnica numérica
muito utilizada nos estudos da mecânica do contínuo, a fim de simplificar a abordagem de
problemas muito complexos. Neste método, um sistema contínuo é discretizado em elementos
considerados, em sua individualidade, também contínuos. Assim, neste caso, o deslocamento em
qualquer ponto do sistema é expresso em função dos deslocamentos de um conjunto determinado
de nós, aplicando-se uma função de interpolação. Para o presente trabalho foi utilizado o modelo
de pequenas deformações, sem a inclusão de fenômenos de cisalhamento nem de deformação na
região plástica do material. Também não havia nenhum interesse na deformação axial da viga
flexível (eixo X da Figura 9), pois esta seria desprezível devido a condição de bi-engaste.
A equação (33) representa para o sistema estudado, assim:
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + [𝐾]{𝑥} = {𝐹} (33)
Onde [M], [C] e [K] são, respectivamente, as matrizes globais de massa, amortecimento e
rigidez do sistema, e {F} é um vetor contendo as forças externas (força magnética do atuador e a
força de excitação mecânica).
A matriz de Massa do elemento de viga, considerado um elemento de seção constante e de
massa contínua e uniforme, para um elemento bidimensional é dada por (Nelson & McVaugh
1976):
[𝑀𝐸] =𝜌𝐴𝐿
420
[ 1560 156 𝑠𝑖𝑚.0 −22𝐿 4𝐿2
22𝐿 0 0 4𝐿2
54 0 0 13𝐿 1560 54 −13𝐿 0 0 1560 13𝐿 −3𝐿2 0 0 22𝐿 4𝐿2
−13𝐿 0 0 −3𝐿2 −22𝐿 0 0 4𝐿2]
(34)
Enquanto a matriz de rigidez do elemento de viga é dada por:
27
[𝐾𝐸] = 𝐸
[ 12𝐼𝑧
𝐿3⁄
012𝐼𝑦
𝐿3⁄ 𝑠𝑖𝑚.
0−6𝐼𝑦
𝐿2⁄
4𝐼𝑦𝐿⁄
6𝐼𝑧𝐿2⁄ 0 0
4𝐼𝑧𝐿⁄
−12𝐼𝑧𝐿3⁄ 0 0
−6𝐼𝑧𝐿2⁄
12𝐼𝑦𝐿3⁄
0−12𝐼𝑦
𝐿3⁄
6𝐼𝑦𝐿2⁄ 0 0
12𝐼𝑦𝐿3⁄
0−6𝐼𝑦
𝐿2⁄
2𝐼𝑦𝐿⁄ 0 0
6𝐼𝑦𝐿2⁄
4𝐼𝑦𝐿⁄
6𝐼𝑧𝐿2⁄ 0 0
2𝐼𝑧𝐿⁄
−6𝐼𝑧𝐿2⁄ 0 0
4𝐼𝑧𝐿⁄ ]
(35)
Onde, tem-se o comprimento do elemento (L),.a área da seção transversal da viga (A),
massa específica do material (ρ), o módulo de Young do material (E) e os respectivos momentos
de inércia de área ,com relação a Y e Z (Iy e Iz).
Como os elementos de viga estão bem caracterizados pela predominância da dimensão na
direção axial, adotou-se o modelo de viga de Euler-Bernoulli, ou seja, são desprezados os efeitos
de cisalhamento.
Figura 9 – Elemento de viga com os eixos e dimensões principais para o cálculo dos
momentos de inércia de área.
28
Onde y e z representam os deslocamentos nos eixos Y e Z, e θy e θz representam as
respectivas rotações. Os índices n e n+1 representam dois nós subsequentes no modelo da viga
Como a viga em questão possui seção retangular (Figura 9), onde a representa a largura da
viga e b a altura da mesma, os momentos em ambos os eixos principais de inércia são dados por:
𝐼𝑦 =𝑏𝑎3
12⁄ (34)
𝐼𝑧 =𝑎𝑏3
12⁄ (35)
Para a obtenção da matriz de amortecimento [C] adotou-se a premissa de amortecimento
estrutural proporcional:
[𝐶] = 𝛼[𝑀] + 𝛽[𝐾] (36)
Onde α e β são constantes empíricas. Neste trabalho, foi considerado que o amortecimento
estrutural não depende de α, e assim, é diretamente proporcional à matriz de rigidez do sistema
estudado (Weyming & Novak, 1996). A equação (36) torna-se, portanto:
[𝐶] = 𝛽[𝐾] (37)
Com as matrizes de elementos formadas, estas são reagrupadas em matrizes globais de
massa, rigidez e amortecimento, que possuem iguais dimensões dependendo do número n de nós,
inicialmente definido no problema. Essas matrizes irão conter todos os graus de liberdade do
modelo (Figura 10).
29
Figura 10 – Arranjo das Matrizes de cada elemento na matriz global (Castro, 2007).
É necessário encontrar um número de nós que produza resultados representativos,
respeitando a convergência do método, de forma a evitar instabilidades numéricas.
De acordo com a Figura 10, as matrizes elementares [ME], [CE] e [KE], compreendem dois
nós do modelo da viga, assim, os vetores respectivos de deslocamento, velocidade e aceleração
associados a cada elemento tem a seguinte forma (Equação 38), de acordo com as notações da
Figura 9:
{𝑥} =
{
𝑦𝑛𝑧𝑛𝜃𝑦𝑛𝜃𝑧𝑛𝑦𝑛+1𝑧𝑛+1𝜃𝑦𝑛+1𝜃𝑧𝑛+1}
{��} =
{
𝑦��𝑧��𝜃𝑦𝑛
𝜃𝑧𝑛
𝑦𝑛+1𝑧𝑛+1
𝜃𝑦𝑛+1
𝜃𝑧𝑛+1 }
{��} =
{
𝑦��𝑧��𝜃𝑦𝑛
𝜃𝑧𝑛
𝑦𝑛+1𝑧𝑛+1
𝜃𝑦𝑛+1
𝜃𝑧𝑛+1 }
(38)
30
3.4 ESPAÇO DE ESTADOS:
A representação matemática de um problema em equações diferenciais lineares de segunda
ordem, como é o caso da equação (33), pode ser feito na forma de espaço de estados que, por sua
vez, permite a redução da ordem do modelo, facilitando a integração do sistema mecânico e a
inserção do modelo do controlador do atuador magnético.
Explicitando novamente a equação (33) para a viga:
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + [𝐾]{𝑥} = {𝐹} (33)
A equação de espaço de estados correspondente apresenta a seguinte forma:
{{��}{��}} = [
[0] [𝐼]
−[𝑀]−1[𝐾] −[𝑀]−1[𝐶]] {{𝑥}{��}} + [
[0]
[𝑀]−1] {𝐹} (39)
A equação que representa o modelo do atuador magnético, na forma matricial, possui a
seguinte forma:
{𝐹𝑚} = [𝐾𝑖]{𝑖𝑥} + [𝐾𝑥]{𝑥} (40)
Adicionando a equação (40) à equação (33), obtém-se a equação matricial do sistema
viga+atuador magnético:
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + [𝐾]{𝑥} = {𝐹} = {𝐹𝑒} − {𝐹𝑚} →
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + [𝐾]{𝑥} + [𝐾𝑥]{𝑥} + [𝐾𝑖]{𝑖𝑥} = {𝐹𝑒} →
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + ([𝐾] + [𝐾𝑥]){𝑥} + [𝐾𝑖]{𝑖𝑥} = {𝐹𝑒} (41)
Assim, o espaço de estados do sistema viga+atuador torna-se:
{{��}
{��}} = [
[0] [𝐼]
−[𝑀]−1([𝐾] + [𝐾𝑥]) −[𝑀]−1[𝐶]] {{𝑥}
{��}} + [
[0] [0]
[𝑀]−1 −[𝑀]−1[𝐾𝑖]] {{𝐹𝑒}
{𝑖𝑥}}(42)
Nessa equação, [Kx] e [Ki] são matrizes que contém os valores de rigidez de posição e
da rigidez de corrente na diagonal principal correspondente ao grau de liberdade em que o
atuador é posicionado (equações (20) e (21)). O vetor {ix} contém os valores das correntes de
controle na posição do atuador.
O sistema completo consiste em: um atuador magnético, uma viga flexível, um controlador
PID, um sensor de posição e em um amplificador de potência. Assumindo um sensor de posição
31
linear, a relação entre o valor medido de tensão qm e o deslocamento x é dada pelo ganho do
sensor de posição Sx:
𝑞𝑚 = 𝑆𝑥𝑥 (43)
O amplificador, quando sujeito a uma tensão de entrada Vc, aplica uma corrente
proporcional a esta tensão, através de um ganho linear Si entre a tensão de entrada (Vc) e a
corrente de saída (ix):
𝑖𝑥 = 𝑆𝑖𝑉𝑐 (44)
Para um controlador PID, a equação de espaço de estados, possui a forma:
{𝑥��} = [𝐴𝑐]{𝑥𝑐} + [𝐵𝑐]{𝑞𝑚} (45)
{𝑉𝑐} = [𝐶𝑐]{𝑥𝑐} + [𝐷𝑐]{𝑞𝑚} (46)
Sendo {qm} o vetor de entrada e {xc} o vetor de saída a ser controlado. A matriz [Ac], neste
caso, contém o modelo do controle. Substituindo as equações (43) e (44) nas equações (45) e
(46), obtém-se a equação de espaço de estados para o sistema eletrônico composto pelo
controlador, sensor e amplificador:
{𝑥��} = [𝐴𝑐]{𝑥𝑐} + [𝐵𝑐][𝑆𝑥]{𝑥} (47)
{𝑖𝑥} = [𝐶𝑐][𝑆𝑖]{𝑥𝑐} + [𝐷𝑐][𝑆𝑖][𝑆𝑥]{𝑥} (48)
A fim de reescrever a equação de espaço de estados, são feitas as seguintes equivalências:
[𝐴𝑐 ] = [𝐴𝑐] (49)
[𝐵𝑐 ] = [𝐵𝑐][𝑆𝑥] (50)
[𝐶𝑐 ] = [𝐶𝑐][𝑆𝑖] (51)
32
[𝐷𝑐 ] = [𝐷𝑐][𝑆𝑖][𝑆𝑥] (52)
Onde as matrizes [𝐴𝑐 ], [𝐵𝑐 ], [𝐶𝑐 ] e [𝐷𝑐 ] são, respectivamente a matriz do modelo do
controlador, a matriz do ganho equivalente de entrada, a matriz do ganho equivalente do sensor
de posição e a matriz do ganho equivalente do amplificador.
Desse modo as equações (45) e (46) tornam-se:
{𝑥��} = [𝐴𝑐 ]{𝑥𝑐} + [𝐵𝑐 ]{𝑥} (53)
{𝑖𝑥} = [𝐶𝑐 ]{𝑥𝑐} + [𝐷𝑐 ]{𝑥} (54)
Também, é possível agrupar as equações de espaço de estados para o sistema viga+atuador
(40) e do sistema eletrônico ((51) e (52)), encontrando, assim, a forma matricial para o sistema
completo:
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + ([𝐾] + [𝐾𝑥]){𝑥} + [𝐾𝑖]([𝐶𝑐 ]𝑥𝑐 + [𝐷𝑐 ]𝑥) = {𝐹𝑒} →
[𝑀]{��} + [𝐶]{��} + ([𝐾] + [𝐾𝑥] + [𝐾𝑖][𝐷𝑐 ]){𝑥} + [𝐾𝑖][𝐶𝑐 ]𝑥𝑐 = {𝐹𝑒} (55)
Finalmente, é possível obter a representação no espaço de estados para o sistema completo,
onde a equação de saída é composta pelas variáveis passíveis de serem controladas.
{
{��}
{��}
{𝑥��}} = [
[0] [𝐼] [0]
−[𝑀]−1([𝐾] + [𝐾𝑥] + [𝐾𝑖][𝐷𝑐 ]) −[𝑀]−1[𝐶] −[𝑀]−1[𝐾𝑖][𝐶𝑐 ]
[𝐵𝑐 ] [0] [𝐴𝑐 ]
] {
{𝑥}
{��}𝑥𝑐
} + [
[0]
[𝑀]−1
[0]] {𝐹𝑒} (56)
33
3.5 MÉTODO DE ZIEGLER-NICHOLS:
Um método clássico para determinação dos parâmetros de um controlador PID foi
apresentado por John G. Ziegler e Nathaniel B. Nichols em 1942 (Aströn e Hägglund 1995). Esse
método, denominado por método de Ziegler-Nichols da resposta em frequência, é baseado no
conhecimento do ponto em uma curva de Nyquist na qual a função de transferência de todo o
sistema (P(s)) intercepta o eixo real negativo, determinando assim os valores de Ganho
Definitivo (Ku) e Período Definitivo (Tu). Esses valores são obtidos associando um controlador à
planta do sistema e considerando-o apenas proporcional, ou seja, fazendo Ti=∞. e Td=0 na
equação 27. Em seguida, o ganho proporcional K é aumentado até que o processo comece a
oscilar (limiar de instabilidade). O ganho proporcional, nesse limiar, torna-se o ganho definitivo
Ku e o correspondente período de oscilação da planta, o período definitivo Tu. O método utiliza
expressões simples (Tabela 1) para os valores de K, Ti e Td em função de Ku e Tu.
Tabela 1 – Parâmetros de diversos controladores obtidos utilizando o método de Ziegler-
Nichols da resposta em Frequência.
Tipo de Controlador K Ti Td
P 0,5Ku - -
PI 0,4Ku 0,8Tu -
PID 0,6Ku 0,5Tu 0,125Tu
O método da resposta em frequência pode ser visto como um método empírico de
otimização, onde os parâmetros dos controladores foram obtidos após muitos testes
experimentais ao longo de muitos anos. Para o sistema utilizado neste trabalho, a Planta P(s)
pode ser observada na Figura 11 com todos os componentes descritos na seção 3.4.
34
Figura 11 – Sistema completo Controlador + Planta do sistema.
A Figura 11 mostra como a planta do sistema P(s) é obtida através do modelo em elementos
finitos (e espaço de estados). É possível observar que o sistema encapsulado pela planta é
composto de todos os componentes citados na seção 3.4 (controlador PID, atuador magnético,
sensor de posição, amplificador de corrente e a própria viga flexível), com a adição do sistema de
excitação.
35
3.6 MODELOS L.P.V. UTILIZANDO TÉCNICA S.M.I.L.E.:
Após o desenvolvimento dos controles otimizados, conforme seções precedentes, para
vários conjuntos de entradas (sensor de posição) e saídas (atuador magnético) ao longo da viga,
esse grupo de controladores pode ser reparametrizado em um único controlador, sendo este uma
função da posição do atuador magnético na viga flexível, utilizando, para isso, uma técnica LPV
(Linear Parameter Varying, ou variação linear de parâmetros). Para este caso, foi utilizada
também a técnica SMILE (State-Space Model Interpolation of Local Estimates, ou Interpolação
de modelos de espaço de estados de estimativas locais). É uma das diversas técnicas utilizadas na
obtenção de modelos LPV. Esta técnica consiste na interpolação de modelos LTI (espaço de
estados com matrizes invariantes no tempo) obtidos para diversas condições de operação do
sistema (nesse caso, para diversas posições do atuador magnético).
Em outras palavras, o objetivo da técnica é obter um modelo “contínuo” e adaptativo em
relação ao parâmetro de variação do sistema, a partir de modelos obtidos para condições de
operação discretas. A técnica SMILE é constituída por 5 passos, (De Caigny et al. 2011):
1º - Obter uma combinação válida de entradas e saídas (SISO – Single Input, Single
Outrput), a partir do sistema inicial (MIMO – Multiple Input Multiple Output). Como já foi dito
na seção anterior, o método de otimização do controlador utilizou somente uma entrada e uma
saída, caracterizando, assim um sistema SISO somente para aplicação da otimização. O sistema
real consiste em um sistema MIMO, pois possui duas entradas (força do atuador magnético e
força de excitação externa) e duas saídas (deslocamento medido pelo sensor de posição e pelo
atuador magnético);
2º - Calcular e ordenar os polos, e zeros, para os modelos SISO de cada condição de
operação;
3º - Dividir cada modelo SISO original em um ganho multiplicado pela conexão em série
de sistemas de 1ª e 2ª ordem (obtidos pela ordenação dos polos e zeros), de forma a obter um
novo modelo SISO;
4º - Para cada condição de operação, calcular a matriz de transformação entre os sistemas
SISO novo e antigo, e aplicá-la no sistema MIMO original;
36
5º - Resolver o problema de otimização para obter as matrizes do modelo LPV MIMO
interpolado, obtendo assim o controlador adaptativo do sistema.
É importante notar que os primeiros 4 passos são necessários para assegurar que o modelo
MIMO seja representado de maneira consistente, assim o problema de otimização possui solução.
Um diagrama demonstrando como a técnica SMILE foi aplicada no contexto deste trabalho está
representado na Figura 12, e uma descrição matemática mais completa pode ser encontrada em
De Caigny et al. (2011).
Figura 12 – Fluxograma da técnica SMILE para o sistema da viga.
Deve- se, no entanto, tomar alguns cuidados na aplicação da técnica SMILE; quando da
implementação do método:
O sistema deve ter um número de zeros constante para todas as condições de operação;
37
A combinação entrada-saída escolhida deve ser controlável e não possuir zeros em zero
(diferenciador puro);
A combinação escolhida no passo anterior deve ter um número de zeros constante para
todas as condições de operação, caso contrário, volta-se ao passo anterior e uma nova
combinação é escolhida;
Quando distribuindo os polos e zeros nos sub-sistemas de primeira e segunda ordem (na
forma canônica observável), deve-se tomar o cuidado de não alocar polos ou zeros complexos
conjugados em sub-sistemas diferentes.
38
4. SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E AQUISIÇÃO DE DADOS
Neste capítulo, serão apresentadas as considerações e os parâmetros utilizados nas
simulações numéricas, realizadas para o modelo em elementos finitos, bem como a descrição do
programa utilizado para a aquisição e o processamento dos dados obtidos da bancada
experimental.
4.1 MODELO POR ELEMENTOS FINITOS (MATLAB-SIMULINK)
Para a simulação por elementos finitos, modelou-se a viga bi-engastada, de maneira a
representar a bancada experimental. No modelo por elementos finitos do sistema foram utilizados
elementos de 25mm de comprimento. Sendo assim, para a viga utilizada (1000mm), tem-se 40
elementos (e 41 nós). A peça de metal que foi utilizada em conjunto com o atuador magnético
também foi modelada e adicionada ao modelo da viga no grau de liberdade associado ao atuador
magnético.
Para simular os engastes no primeiro e no último nó, optou-se por elevar as rigidezes dos
graus de liberdade associados a esses nós a valores extremamente altos, impedindo o
deslocamento e a rotação em todas as direções (Arcari, 2012). As localizações dos componentes
(sensor de posição e atuador magnético) foram colocadas de acordo com a montagem da bancada
experimental, de modo a comparar o modelo computacional com os resultados dos testes (Figura
13).
Figura 13 – Esquema do modelo de uma viga bi-engastada por elementos finitos.
39
As propriedades do material que compõem a viga de aço-inoxidável são os seguintes:
Módulo de Young E = 2,1x1011
N/m2, densidade ρ = 7800kg/m
3. Para o amortecimento, foi
utilizada a hipótese de amortecimento estrutural proporcional, cujo coeficiente de amortecimento
estrutural é β = 2x10-4
(Weiming & Novak, 1996).
De maneira similar ao modelo de elementos finitos, um diagrama de blocos foi criado,
utilizando o Matlab-Simulink (Figura 14). A figura mostra como o modelo do atuador magnético,
visto na seção 3.1, é adicionado ao modelo de espaço de estados da viga, em conjunto com os
outros componentes do sistema (controlador PID, amplificador de corrente e sensor de posição).
Figura 14 – Diagrama de blocos do sistema completo (viga+atuador+controlador) pelo
método os elementos finitos.
40
4.2 MODELAGEM POR ELEMENTOS FINITOS (PRO-ENGINEER/CREO
ELEMENTS)
Com o propósito de verificar se o modelo em elementos finitos criado no MATLAB
representava fielmente a viga flexível, foi utilizado um software comercial, o Pro-Engineer, que
utiliza milhares de elementos em sua malha. A viga foi modelada (Figura 15), juntamente com a
peça de metal (Figura 16), e utilizando o módulo MECHANICA foram obtidas as frequências
naturais da viga, as quais foram comparadas às obtidas no modelo por elementos finitos, que
podem ser encontradas no capítulo 6 deste trabalho.
Figura 15 – Viga Flexível modelada utilizando o software Pro-Engineer, com restrições e
malha visível.
Figura 16 – Detalhe da peça de metal modelada utilizando o software Pro-Engineer, com
malha visível.
41
4.3 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DA BANCADA
EXPERIMENTAL
O Matlab-Simulink também foi utilizado para o sistema de aquisição utilizado na parte
experimental, o qual pode ser observado na Figura 17.
Figura 17 – Diagrama de blocos para o programa de aquisição de dados da bancada
experimental.
Os sinais de entrada do programa são, como exemplificados acima, os valores de tensão no
sensor de posição (Vsen) e a tensão medida pela célula de carga acoplada ao Shaker ou ao martelo
(Vexc). A corrente permanente (Ib) do sistema é transformada em tensão através do ganho inverso
do amplificador, uma vez que o controlador PID tem como sinal de saída um valor de tensão, e
não de corrente. A tensão de saída do controlador (Vpid) é chamada de tensão de controle, que
será somada ou subtraída em cada um dos lados do atuador, analogamente à corrente de controle
vista no capitulo 3.
Para o processamento de dados, os sinais do sensor e da célula de carga passam pelos seus
respectivos inversos dos ganhos (-1 na Figura 17), respectivamente, a fim de serem armazenados
42
os valores de posição medidos no sensor e da força medida na célula de carga, bem como as
intensidades das correntes medidas em ambos os lados do atuador magnético.
4.4 VALIDAÇÃO DA TÉCNICA SMILE UTILIZANDO MODELOS LPV
Utilizando a técnica SMILE para obtenções dos modelos LPV para controladores PID, foi
possível obter controladores que se adaptassem a um espectro de 1cm a 50cm (centro) da viga
analisada. Como explicado anteriormente, foi necessário calcular os controladores otimizados
para algumas posições dentro desse espectro, para então, utilizar a técnica para interpolar os
valores obtidos em um controlador adaptativo. As posições para os quais estes controladores
foram estabelecidos são 15, 25, 35 e 45 cm, na viga flexível. Os valores dos ganhos singulares
para os controladores, nestas posições, podem ser observados na Figura 18:
Figura 18 – Comparação entre os controladores obtidos originalmente e utilizando a técnica
LPV.
43
Pode ser observado que os valores obtidos utilizando LPV são praticamente idênticos aos
obtidos originalmente. Assim, foram construídos controladores para todos os sistemas SISO, a
serem utilizados nos testes, variando a posição do sensor de posição, e consequentemente, o
sistema estudado. Na Figura 19, é possível observar como os valores dos ganhos proporcional,
integral e derivativo variam em função da posição da viga, utilizando esta técnica.
(a)
(b)
(c)
Figura 19 – Variação dos ganhos Proporcional (a), Integral (b) e Derivativo (c), com relação as
marcações na viga flexível, utilizando a técnica LPV.
Com o propósito de validar o controle obtido utilizando o método LPV, foram realizadas
simulações numéricas utilizando posições para o conjunto atuador magnético/journal diferentes
daquelas utilizadas no projeto do controlador. Assim, as simulações utilizaram as marcações 10,
20, 30, 40 e 50 para a montagem do journal (e com o sensor de posição também nestas mesmas
marcações), tanto para excitação senoidal na 1ª frequência natural do sistema quanto para a
excitação por impulso. Os resultados podem ser observados nas Figuras 20-24.
44
(a)
(b)
Figura 20 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 10 – (a) onda senoidal (b) impulso.
(a)
(b)
Figura 21 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 20 – (a) onda senoidal (b) impulso.
45
(a)
(b)
Figura 22 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 30 – (a) onda senoidal (b) impulso.
(a)
(b)
Figura 23 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 40 – (a) onda senoidal (b) impulso.
46
(a)
(b)
Figura 24 – Respostas no tempo do sistema utilizando controladores obtidos através do
método LPV – Posição 50 – (a) onda senoidal (b) impulso.
Observa-se que, à exceção da Figura 20 (a), todas as respostas mostraram uma melhoria
visível com respeito a amplitude de vibração e ao tempo da resposta transiente, no caso do
impulso. Estes resultados preliminares comprovam que um controlador adaptativo pode ser
utilizado em uma estrutura flexível como a viga em questão, o que otimiza a etapa de recalcular
um novo controle para cada posição na qual o atuador magnético pode ser montado.
47
5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Neste capítulo serão apresentados os procedimentos, a instrumentação e a montagem
experimental utilizadas na verificação dos resultados obtidos na simulação numérica.
5.1 BANCADA DE TESTES
A bancada experimental utilizada para a validação das simulações numéricas foi montada
utilizando uma viga flexível de aço inoxidável de dimensões 1000x33x1,3mm, engastada nas
suas extremidades a dois suportes, utilizando parafusos. Uma peça de aço de dimensões
50x55x7mm é fixada à viga na posição correspondente ao atuador magnético, com o propósito de
torná-la mais espessa, evitando que as linhas de campo geradas do atuador atravessem a viga,
uma vez que estas se propagam em material ferromagnético. Uma vez que a viga possui uma
espessura muito pequena, esta pode tornar o atuador ineficaz no controle do sistema. Para aplicar
a excitação externa ao sistema foram utilizados dois equipamentos: um dispositivo eletro-
mecânico, conhecido como Shaker (Figuras 25 e 26), que gera uma força senoidal de frequência
constante durante toda a duração do experimento; e um martelo de impacto para excitação por
impulso. Os sinais de força são enviados a uma placa de aquisição e controle NI-PCIe-6259
(analógico/digital) da “National Instruments” que possui 16 canais de entrada (input) e 4 canais
de saída (output).
48
Figura 25 – Montagem experimental com Shaker.
Figura 26 – montagem da bancada experimental, com detalhe para o atuador magnético.
Na utilização do Shaker, foi necessário fixar um transdutor de força em um stinger (uma
haste metálica flexível) com o propósito de medir a força normal à viga gerada pelo Shaker. O
transdutor foi um exemplar da marca Brüel & Kjaer, type 8200, em conjunto com um
condicionador NEXUS, também da Brüel & Kjaer, que transforma o sinal da força em tensão e a
envia para a placa de aquisição no computador (Figura 27). O martelo de impacto possui o
transdutor de força acoplado à sua cabeça.
49
Figura 27 – Condicionador para transdutor de força e martelo de impacto utilizados nos
testes.
5.2 DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS:
O deslocamento da viga foi medido utilizando um sensor de proximidade Turck (Figura
28), modelo Bi6-M18-LiU com faixa de calibração entre 2 e 4mm, e seu respectivo
condicionador. O sinal do sensor de proximidade passa ainda por dois filtros: um filtro que
remove o ganho DC e um filtro passa-baixa, que permite a passagem dos sinais de baixa
frequência, filtrando os sinais com frequências mais elevadas (acima da frequência de corte de
500Hz). Esse sinal é, então, enviado para a mesma placa de aquisição utilizada para os sinais da
força de excitação externa (Martelo/Shaker).
50
Figura 28 – Sensor de posição “Turck” utilizado no experimento.
Para o atuador magnético (Figura 29), os polos de cada um dos pares de bobinas são
conectados a um amplificador de potência constante (Figura 30), que possuem as curva de ganho
observadas na Figura 28. Esses amplificadores também são, por sua vez, conectados à placa de
aquisição utilizada para o sensor de posição e demais componentes.
Figura 29 – Curvas de ganho para os dois amplificadores utilizados na montagem
experimental.
51
Figura 30 – Atuador magnético unidirecional utilizado nos testes.
Figura 31 – Amplificadores de potência utilizados nos testes.
O Shaker utilizado para a excitação harmônica foi um modelo da marca Brüel & Kjaer
Vibration Exciter type 4809 com uma faixa de frequências de 10Hz a 20kHz e intensidade de
força harmônica com pico de 45N (10lbf), e seu respectivo condicionador. O martelo utilizado
52
para a excitação por impacto foi um modelo fabricado no departamento de sistemas integrados da
FEM-Unicamp (Figura 32), e foi utilizada uma ponta de borracha com o propósito de excitar as
frequências mais baixas, uma vez que a viga é muito flexível.
Figura 32 – Martelo de Impacto utilizado nos testes.
As Figuras 33(a) e 33(b) mostram a montagem completa (Figura 33(b)) com a
instrumentação utilizada nos testes (33(a)).
Figura 33 – a) Sistema de aquisição. b) Bancada experimental.
53
5.3 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE TESTE
5.3.1 EXCITAÇÃO POR RUÍDO BRANCO
A excitação por ruído branco teve por objetivo realizar a análise modal experimental da
viga (detalhada no capítulo 3), utilizando o Shaker posicionado em uma única posição da viga e
tendo o deslocamento da viga medido em vários pontos através do sensor de posição. A força
exercida pelo Shaker é medida pelo transdutor de força posicionado na extremidade do stinger, e
está em contato com a viga.
5.3.2 EXCITAÇÃO EXTERNA HARMÔNICA
A excitação harmônica também utilizou o Shaker e seu condicionador. O sinal foi enviado
através de um programa de aquisição desenvolvido para este fim, ou seja, para o propósito do
trabalho, foram geradas ondas senoidais nas frequências naturais do sistema (estas últimas
obtidas através da análise modal experimental).
5.3.3 EXCITAÇÃO EXTERNA POR IMPULSO
A excitação por impulso foi realizada utilizando um martelo de impacto, aplicando um
pulso único em um ponto específico da viga.
54
5.4 DESCRIÇÃO DOS EXPERIMENTOS REALIZADOS NA BANCADA DE
TESTES
Uma vez que a viga é muito flexível, foram escolhidas apenas duas posições nas quais o
atuador magnético apresenta atuação compatível com o sistema, ou seja, atua sem que a
amplitude do deslocamento da viga a fizesse aderir ao imã (polo do atuador), impossibilitando
qualquer tipo de medição. As posições selecionadas para o atuador foram as marcações 10 e 15
da viga (Figura 34), e a excitação externa foi sempre posicionada na marcação 90 da viga (Figura
34). O sensor de posição, por sua vez, foi posicionado em vários pontos ao longo da viga, para
verificar a eficácia do atuador magnético em todo o comprimento. O sensor foi posicionado nas
marcações 30, 40, 50, 60 e 70 (seção central da viga flexível) conforme Figura 36.
Para o Shaker, as medições foram realizadas nas três primeiras frequências naturais do
sistema e foi comparada a medida do sensor de posição sem o atuador e com o atuador magnético
em todas as posições do sensor.
Para o martelo de impacto, foi utilizado o quesito da redução do transiente, onde foi medido
o transiente causado pelo impulso sem e com o atuador magnético.
Figura 34 – Marcações da Viga utilizadas para posicionamento do atuador magnético.
55
Figura 35 – Marcações da Viga utilizadas para posicionamento da excitação externa.
Figura 36 – Vista panorâmica da viga flexível, com todas as marcações utilizadas.
Um fluxograma relacionando a instrumentação utilizada na bancada pode ser visualizado
na Figura 37. É possível observar que o valor de tensão medido pelo sensor de posição passa por
dois filtros analógicos (um filtro DC e um passa-baixa), o sinal então passa pelo controle
adaptativo, que emite uma tensão de controle Vcont para o amplificador, que transforma essa
tensão em corrente e a envia aos polos do atuador magnético. No caso da excitação por Shaker, o
sinal senoidal é enviado através do programa de aquisição de dados e então o valor medido pela
56
célula de carga é enviado de volta ao programa para comparação com o valor desejado a fim de
otimizar o experimento.
Figura 37 – Fluxograma da instrumentação da bancada experimental.
57
5.5 ANÁLISE MODAL EXPERIMENTAL
Enquanto a análise modal clássica parte da premissa de que as equações de movimento
(matrizes de massa, rigidez e amortecimento) são conhecidas, em uma bancada experimental isto
não ocorre. Nesse sentido, a análise modal experimental consiste em medir experimentalmente as
FRFs (Funções de resposta em frequência) do sistema e, a partir destas, obter os parâmetros
modais do sistema. O trabalho de Avitabile (2001) aborda diversos aspectos sobre a análise
modal experimental, sem focar no desenvolvimento matemático.
A função resposta em frequência corresponde à resposta do sistema em função da
frequência da força de excitação. Um sistema linear, quando excitado por uma força harmônica,
vibra na frequência da excitação, porém apresentando variações de amplitude e fase. Assim, a
FRF é uma grandeza complexa que pode ser representada através de gráficos de amplitude e fase.
Desta forma, a fim de se obter experimentalmente as FRFs, é necessário excitar o sistema
em suas frequências naturais dentro da faixa de interesse (para este trabalho foram utilizadas as
quatro primeiras), o que pode ser realizado a partir da utilização de diversos tipos de sinais, como
impulso, ruído branco ou uma varredura em frequência (chirp). Para o presente trabalho, foi
escolhido um sinal do tipo ruído branco, medido nos pontos 20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80 da viga,
como mostrado na Figura 36, da seção anterior. Após a escolha do tipo de excitação a ser
utilizada, existe uma série de passos a serem seguidos para a obtenção da FRF do sistema,
observados na Figura 38.
58
Figura 38 – Fluxograma descrevendo o procedimento da Análise Modal Experimental
(Adaptado de Avitabile, 2001).
O primeiro passo é fazer o sinal passar por um filtro passa-baixa analógico antes de ser
digitalizado, filtrando as altas frequências que não se encontram na faixa de interesse (para o
trabalho foi utilizado uma frequência de corte de 500Hz) e evitando o efeito de aliasing, que
corresponde ao aparecimento de picos em baixas frequências devido a componentes harmônicas
de alta frequência, comprometendo a medição. Por esse motivo esses filtros são chamado de
filtros anti-aliasing.
O passo seguinte corresponde à digitalização do sinal analógico utilizando um conversor
analógico-digital. Após a digitalização, uma função janela é aplicada ao sinal. Funções Janela são
funções de ponderação aplicadas para que o sinal satisfaça as condições de periodicidade da
59
transformada de Fourier, utilizada na próxima etapa. Caso essas funções não sejam utilizadas,
ocorre um fenômeno de distorção no espectro de frequência do sinal, chamado de leakage.
A transformada de Fourier é, então, utilizada para obter o espectro de frequência do sinal de
excitação e de resposta. A partir desses espectros, são calculadas as densidades espectrais de
potência (PSD - Power Spectrum Density) diretas e cruzadas (Equação 56), onde Pxx(ω)
corresponde a PSD do sinal de entrada, Pyy(ω) corresponde à PSD do sinal de saída, Pxy(ω) e
Pyx(ω) às PSDs cruzadas, X(ω) é a transformada de Fourier da excitação, Y(ω) a transformada de
Fourier da resposta (a barra superior indica o conjugado) e Fs é a frequência de amostragem dos
sinais.
𝑃𝑦𝑦(𝜔) = 𝑌(𝜔). 𝑌(𝜔) /𝐹𝑠
𝑃𝑥𝑥(𝜔) = 𝑋(𝜔). 𝑋(𝜔) /𝐹𝑠 (57)
𝑃𝑥𝑦(𝜔) = 𝑋(𝜔). 𝑌(𝜔) /𝐹𝑠
𝑃𝑦𝑥(𝜔) = 𝑌(𝜔). 𝑋(𝜔) /𝐹𝑠
São realizadas diversas medições (neste trabalho foram feitas 10 medições, por questões de
custo-benefício devido ao tempo restrito da montagem) e calculadas as médias (para este
propósito 20 médias foram calculadas), minimizando o efeito de ruído. Finalmente, a partir do
uso dos estimadores H1 e H2 (equações 57 e 58), a FRF é calculada. Para medir a correlação entre
ambos os estimadores e, assim, a qualidade da FRF medida experimentalmente, utiliza-se uma
função de Coerência, simbolizada por C(ω) (Equação 59), que varia entre 0 e 1. Ruído nas
medições é um dos principais fatores que pode levar a FRF estimada a possuir um valor baixo de
coerência.
𝐻1(𝜔) = 𝑃𝑥𝑦(𝜔)/𝑃𝑥𝑥(𝜔) (58)
𝐻2(𝜔) = 𝑃𝑦𝑦(𝜔)/𝑃𝑦𝑥(𝜔) (59)
𝐶(𝜔) = 𝐻1(𝜔)/𝐻2(𝜔) (60)
60
6. RESULTADOS
6.1 ANÁLISE MODAL EXPERIMENTAL
A análise modal experimental foi realizada para a peça de metal (journal) posicionada em 2
pontos diferentes da viga flexível, nos pontos 10 e 15, como vistos na marcação. Uma análise da
viga sem a peça de metal também foi realizada. Os valores das frequências naturais obtidas em
ambas as análises, podem ser vistas na Tabela 2:
Tabela 2 – Frequências naturais obtidas na Análise Modal Experimental (Hz)
Posição do Journal Sem journal 10 15
1ª frequência natural 7,45 7,32 7,45
2ª frequência natural 20,64 19,81 20,64
3ª frequência natural 42,36 38,22 42,18
4ª frequência natural 69,23 59,54 69,20
Os modos de vibrar da viga também foram obtidos, utilizando como pontos de medição as
marcações 20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80 da viga. Os modos de vibrar correspondentes às quatro
primeiras frequências naturais da viga, podem ser vistos na Figura 39a-d.
É possível observar que os valores das frequências naturais obtidos para o journal
posicionado na marcação 15 são semelhantes aos valores obtidos sem o journal, isso deriva do
fato de que a bancada de testes foi desmontada após os primeiros dois testes (Sem journal e
journal na posição 10) e uma vez remontada, possivelmente as mesmas condições de engaste da
montagem original não foram obtidas para o último teste, resultando nestes valores tabelados.
61
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 39 – Frequências naturais e modos de vibrar para a montagem da viga com o journal
posicionado na marcação 10 – Experimental: (a) 1º modo, (b) 2º modo, (c) 3º modo, (d) 4º modo.
62
6.2 VALIDAÇÃO DO MODELO EM ELEMENTOS FINITOS
Como dito anteriormente, um modelo da viga foi construído utilizando o software Pro-E,
com a finalidade de verificar se o modelo numérico representa, de maneira adequada, a viga
flexível com o journal, utilizando um número menor de elementos em sua estrutura. Os valores
obtidos para as 4 primeiras frequências naturais, nas mesmas condições da análise modal
experimental (sem journal, journal na marcação 10, e journal na marcação 15) podem ser
observadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Frequências naturais obtidas utilizando os dois softwares (Hz).
Sem Journal Erro
(%)
Journal 10 Erro
(%)
Journal 15 Erro
(%) MATLAB Pro-E MATLAB Pro-E MATLAB Pro-E
1ª 8.51 8.55 0.53 8.65 8.99 3.88 8.11 8.49 4.46
2ª 23.45 23.57 0.53 21.74 23.22 6.36 19.99 20.99 4.75
3ª 45.97 46.21 0.54 44.22 42.33 4.48 39.68 40.11 1.08
4ª 75.98 76.41 0.56 67.56 68.27 1.04 69.80 69.31 0.71
Como é possível observar, os valores são muito próximos, com erros inferiores a 7 pontos
percentuais entre os dois pacotes computacionais, o que comprova a eficácia do modelo por
elementos finitos.
É preciso notar, porém, que os valores das frequências naturais obtidas através da análise
modal experimental (Tabela 2) são diferentes dos obtidos através das simulações (Tabela 3) em
percentuais de até 12%. Isto ocorre uma vez que a simulação possui engastes ideais, significando
deslocamentos nulos nas extremidades, condição esta que não representa perfeitamente a bancada
experimental, devido à precisão de manufatura das peças e das ferramentas utilizadas. A
uniformidade da viga flexível em questão dimensional e do material suposto também pode ser
questionada, uma vez que as simulações previam uma viga totalmente homogênea.
63
Também foi realizada uma análise modal com o modelo construído no Pro-Enginner, cujos
modos de vibrar, para as mesmas condições da análise modal experimental (Figura 39), foram
obtidos a fim de verificar a semelhança com o modelo real da viga (Figuras 40).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 40 – Frequências naturais e modos de vibrar para a montagem da viga com o Journal
posicionado na marcação 10 – Pro-Engineer: Experimental: (a) 1º modo, (b) 2º modo, (c) 3º
modo, (d) 4º modo.
Comparando-se os gráficos obtidos nas Figuras 39 (Análise modal experimental) e 40
(análise usando software comercial de elementos finitos) é possível verificar que em ambos os
casos, os 4 primeiros modos de vibrar são semelhantes em sua forma, bem como nas localizações
dos nós desses modos.
64
6.3 COMPARAÇÃO FEM X RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Apesar de o método LPV ser capaz de obter um controlador que seja efetivo em um amplo
espectro da viga flexível analisada, existem restrições experimentais de ordem física que
impedem os testes de serem realizados com o atuador/Journal em todas as marcações cujos
controladores foram obtidos. O problema principal reside no fato de a viga ser muito flexível,
assim, uma vez que ao atuador magnético trabalha com forças de atração, se uma amplitude de
vibração for demasiadamente elevada, a viga é atraída com força excessiva e, assim, pode aderir
no atuador magnético, impossibilitando qualquer tipo de teste. Foram, portanto, escolhidas
apenas duas posições para a realização de todos os testes possíveis, evitando incidentes deste
tipo. As comparações puderam ser realizadas uma vez que a questão da hipótese do
amortecimento estrutural proporcional foi comprovada (Pilotto, 2013).
Os resultados obtidos, através do método dos elementos finitos, tentam reproduzir as
condições utilizadas na bancada de testes. Assim, os parâmetros da montagem estão listados na
Tabela 4.
Tabela 4 – Valores utilizados para os parâmetros do atuador magnético e componentes do
sistema elétrico-mecatrônico para o modelo de elementos finitos.
Parâmetro Valor
Atuador Magnético
Fator de correção geométrico (ε) 0,8
Permeabilidade do ar (µ0) 4π*10-7
H/m
Área da folga do atuador (Ag) 3,2*10-4
m2
Número de espiras (N) 225
Corrente permanente (ib) 0,8 A
Folga entre a viga e o atuador (g0) 3,5*10-3
m
Sensibilidade do sensor de posição 987 V/m
Ganho do amplificador de corrente 1,2231 A/V
65
6.3.1 EXCITAÇÃO POR IMPACTO
A finalidade da utilização deste tipo de excitação foi verificar como o atuador magnético,
em conjunto do controlador PID, reduz o tempo da resposta transiente na viga flexível. Como
citado anteriormente, os resultados são compostos por medições feitas pelo sensor de posição nas
marcações 30, 40, 50 e 60 da viga flexível, para duas posições do conjunto Journal-atuador
magnético: marcações 10 e 15 da mesma viga, com a excitação sempre atuando na marcação 90.
Para o sensor de posição localizado na marcação 70, os resultados foram semelhantes ou piores
que a marcação de 60, não sendo, portanto, aqui representados. Tal fato deve-se a distância, cada
vez maior, a partir da marcação 50, entre o sensor de posição e o atuador magnético (marcação 10
e 15). Foram utilizados tempos de simulações de 3 segundos. Os resultados podem ser
observados nas Figuras 41-48:
66
(a)
(b1)
(b2)
Figura 41 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 10 e sensor de
posição na marcação 30.
67
(a)
(b1)
(b2)
Figura 42 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 10 e sensor de
posição na marcação 40.
68
(a)
(b1)
(b2)
Figura 43 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 10 e sensor de
posição na marcação 50.
69
(a)
(b1)
(b2)
Figura 44 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 10 e sensor de
posição na marcação 60.
70
(a)
(b1)
(b2)
Figura 45 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 15 e sensor de
posição na marcação 30.
71
(a)
(b1)
(b2)
Figura 46 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 15 e sensor de
posição na marcação 40.
72
(a)
(b1)
(b2)
Figura 47 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 15 e sensor de
posição na marcação 50.
73
(a)
(b1)
(b2)
Figura 48 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por impacto, obtidas
através de simulações numéricas (a) e a montagem experimental (sem atuador magnético (b1) e
com atuador magnético (b2)) – para o conjunto atuador/Journal na marcação 15 e sensor de
posição na marcação 60.
Observa-se que o atuador magnético, em conjunto com o controlador PID otimizado,
conseguiu com sucesso reduzir as vibrações para as medições feitas mais próximas a sua posição
74
(Figuras 41-43, 45-47), mas para posições mais afastadas do atuador magnético, e
consequentemente mais próximas da excitação, o controlador não foi capaz de reduzir a
amplitude (Figuras 44 e 48).
Com respeito às comparações entre simulações e resultados experimentais, destaca-se,
primeiramente, que os gráficos b1 e b2 das figuras não tem início no tempo zero, mas em valores
de tempo diferentes para cada teste. Isso ocorre, pois, como o martelo, ao contrário do Shaker,
não é um dispositivo automático, o impacto é executado manualmente, assim que o programa de
aquisição inicia a aquisição de dados, resultando em tempos diferentes de aplicação do impacto
para cada teste. Contudo, todos os gráficos de resposta da bancada possuem um tempo total de 3
segundos, de modo a permitir a comparação com os resultados simulados.
Os resultados simulados, em grande parte, demonstraram com fidelidade promissora o que
foi visto nas simulações numéricas, principalmente para as posições mais próximas entre o sensor
de posição e o atuador magnético. Quando os sensores se distanciam do atuador, observa-se que
os resultados experimentais são de fato diferentes dos obtidos em simulação numérica. Sendo a
viga muito flexível, nos testes experimentais, o impacto pode não ter sido suficiente para excitar a
viga da mesma maneira com a qual a simulação respondeu na mesma situação.
75
6.3.2 EXCITAÇÃO POR SHAKER
Os testes utilizando o Shaker consistem em excitações senoidais nas frequências naturais do
sistema, que compõe as condições mais criticas de operação do mesmo, com o intuito de verificar
como o atuador magnético se comporta em tais condições. Para os testes, foram utilizadas as três
primeiras frequências naturais do sistema. Foram realizados testes nas mesmas posições dos
testes por impacto: atuador/Journal nas marcações 10 e 15 e o sensor de posição nas marcações
30, 40, 50 e 60 e excitação na marcação 90. Os resultados podem ser observados a seguir, para a
1ª (Figuras 49-56), 2ª (Figuras 57-64) e 3ª frequências naturais (Figuras 65-72).
76
6.3.2.1 1ª FREQUÊNCIA NATURAL
(a)
(b1)
(b2)
Figura 49 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (A) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30.
77
(a)
(b1)
(b2)
Figura 50 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40.
78
(a)
(b1)
(b2)
Figura 51 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50.
79
(a)
(b1)
(b2)
Figura 52 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60.
80
(a)
(b1)
(b2)
Figura 53 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30.
81
(a)
(b1)
(b2)
Figura 54 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40.
82
(a)
(b1)
(b2)
Figura 55 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50.
83
(a)
(b1)
(b2)
Figura 56 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 1ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60.
Assim como nas simulações por impacto, para a 1ª frequência natural do sistema é possível
observar que o controle consegue reduzir com sucesso as vibrações para as locações do sensor de
84
posição mais próximas do atuador magnético (Figuras 49-51, 53-55), porém não foi eficiente na
redução de amplitude para as posições do sensor mais próximas da excitação. (Figuras 52 e 56).
Para a marcação 70 e além, o atuador magnético agiu como uma nova excitação, produzindo
amplitudes maiores com o controle do que sem este.
Os valores obtidos através das simulações encontram-se em boa concordância com os
valores obtidos na bancada experimental, sendo a amplitude de vibração reduzida nos mesmos
pontos estudados das simulações, e também aumentando a amplitude de vibração do sistema
quando o sensor de posição foi alocado na marcação 70.
85
6.3.2.2 2ª FREQUÊNCIA NATURAL
(a)
(b1)
(b2)
Figura 57 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30.
86
(a)
(b1)
(b2)
Figura 58 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40.
87
(a)
(b1)
(b2)
Figura 59 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50.
88
(a)
(b1)
(b2)
Figura 60 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60.
89
(a)
(b1)
(b2)
Figura 61 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30.
90
(a)
(b1)
(b2)
Figura 62 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40.
91
(a)
(b1)
(b2)
Figura 63 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50.
92
(a)
(b1)
(b2)
Figura 64 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 2ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60.
Para a 2ª frequência natural, os resultados foram similares aos obtidos nos testes com
excitação na 1ª frequência natural. Neste caso, os valores com melhor redução de vibração são os
93
obtidos das posições 30 e 40 do sensor (Figuras 57, 58, 61 e 62). É possível também notar que,
para a Figura 59-A, a resposta da amplitude de vibração sem o atuador é diferente da esperada
para uma excitação na frequência natural. Isto advém do fato de que, uma vez que a Figura 59-a
corresponde a posição 50 (centro da viga), é provável que esse ponto coincida com o nó do 2º
modo de vibrar da viga, o que reflete na resposta temporal, sendo, portanto, a amplitude de
vibração consideravelmente menor que a encontrada nos demais testes. Comportamento análogo
ocorre na Figura 63, este, porém, de difícil controlabilidade.
Os valores de vibração, para alocações dos sensores próximos a excitação, também
apresentaram-se de difícil atenuação, como pode ser observado nas Figuras 60 e 64.
Os valores obtidos da bancada experimental também representam com bastante eficácia os
valores obtidos nas simulações, no quesito de redução de vibrações, embora os valores simulados
possuam uma redução maior do que sua contraparte experimental.
94
6.3.2.3 3ª FREQUÊNCIA NATURAL
(a)
(b1)
(b2)
Figura 65 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 30.
95
(a)
(b1)
(b2)
Figura 66 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 40.
96
(a)
(b1)
(b2)
Figura 67 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 50.
97
(a)
(b1)
(b2)
Figura 68 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 10 e sensor de posição na marcação 60.
98
(a)
(b1)
(b2)
Figura 69 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 30.
99
(a)
(b1)
(b2)
Figura 70 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 40.
100
(a)
(b1)
(b2)
Figura 71 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 50.
101
(a)
(b1)
(b2)
Figura 72 – Comparação entre as respostas do sistema a excitação por Shaker na 3ª
frequência natural do sistema, obtidas através de simulações numéricas (a) e a montagem
experimental (sem atuador magnético (b1) e com atuador magnético (b2)) – para o conjunto
atuador/Journal na marcação 15 e sensor de posição na marcação 60.
Neste caso, é possível observar que as curvas de amplitude de vibração para as posições 30
(figuras 65 e 69) e 60 (figuras 68 e 72) apresentam comportamento particular diferente das
102
apresentadas anteriormente. Isto ocorre por estarem nas marcações próximas aos nós do 3º modo
de vibrar do sistema. Assim, o controle não apresenta um bom desempenho para estas condições,
conseguindo alguma redução da vibração em 30, mas excitando o sistema a amplitudes
extremamente elevadas de vibração em 60.
Mais uma vez, o controlador se mostrou ativo quando os sensores de posição estão mais
próximos do atuador magnético, porém de maneira menos eficiente do que para as duas primeiras
frequências naturais analisadas. Isto ocorre, possivelmente, pois com frequências mais elevadas,
os valores de amplitude são alterados mais rapidamente, o que faz com que o controlador
necessite de uma resposta mais rápida, o que provavelmente dificultou uma melhoria significativa
na resposta do sistema.
103
7. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
O presente trabalho apresenta uma contribuição na integração de modelo de um sistema
mecânico composto de uma viga flexível de aço inoxidável com o modelo físico de um atuador
magnético, utilizado para controle frente a uma fonte externa de força de excitação, neste caso,
um martelo de impacto ou um excitador eletromecânico (Shaker).
Foi realizada a montagem de uma bancada de testes, onde a viga foi montada bi-engastada
em dois suportes, e o atuador magnético (mais um Journal de aço) foi alocado em duas posições,
e um sensor de posição foi colocado em diferentes posições na viga flexível com o propósito de
verificar como o controlador se comporta, tentando reduzir vibrações induzidas através de um
martelo (impacto) e de um Shaker (ondas senoidais nas frequências naturais do sistema) ao longo
da viga. Nesta etapa, concluiu-se que o atuador magnético não poderia ser colocado em posições
próximas ao centro da viga bi-engastada, uma vez que, na possibilidade de a amplitude de
vibração da viga ser igual ou maior que a folga entre o atuador magnético e a viga (air-gap), esta
pode aderir nos polos do atuador. Os resultados obtidos nesta etapa foram comparados aos
obtidos utilizando o modelo em elementos finitos, a fim de verificar se o mesmo prediz a resposta
do sistema de forma condizente com a bancada experimental.
Conclui-se finalmente, que o controlador adaptativo, obtido através da combinação do
método de Ziegler-Nichols e da técnica LPV, é promissor para o controle de vibrações na viga
flexível em posições até 40 cm de distância entre a posição do sensor e a do atuador magnético.
Porém, para posições mais afastadas do atuador e mais próximas à excitação externa, o
controlador se mostrou ineficaz em controlar as vibrações, sendo que em alguns casos aumentou
a amplitude de vibração.
O modelo utilizado para o projeto do controlador correspondeu de forma satisfatória as
expectativas da aplicação prevista para este trabalho.
104
Para as próximas etapas deste trabalho, podem ser consideradas as seguintes proposições:
Verificar se as discrepâncias encontradas na analise modal frente ao modelo
numérico para pequenas deformações, são devidas não só ao engaste, mas também
pela própria limitação do modelo linear. Neste caso, vale investigar um modelo para
grandes deformações, incluindo não linearidades;
Utilizar este tipo de controle adaptativo para uma viga em balanço, que representa
uma condição ainda mais crítica do sistema;
Utilizar a técnica LPV para máquinas rotativas, utilizando como parâmetro variável
a rotação do sistema, de preferência em condições críticas, como a velocidade
crítica (frequência natural) e o limiar de instabilidade do sistema;
Verificar se a técnica LPV é compatível com outros tipos de controle de maior
complexidade, como o H-infinito.
105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AENIS, M.; KNOPF, E.; NORDMANN, R. Active Magnetic Bearings for the
Identification and Fault Diagnosis in Turbomachinery. Mechatronics, v.12, p.1011-1021,
2002.
ALLAIRE, P. E.; KNOSPE, C. R.; WILLIAMS, R. D.; LEWIS, D. W.; BARRET, L. E.;
MASLEN, E. H.; HUMPHRIS, R. R. High Performance Magnetic Bearings for Aero
Applications – Final Report. NASA Grant No. NAG3-1334, Mechanical, Aerospace and Nuclear
Engineering, University of Viginia, Charlottesville, VA, United State. 37p. February 05, 1997.
ANANTACHAISILP, P.; LIN, Z.; ALLAIRE, P. PID Tuning Methods for Active Magnetic
Bearing Systems. In: 13th International Symposium on Magnetic Bearings, 2012, Arlington,
VA, USA.
ANTILA, M., 1998, Electomechanical Properties of Radial Active Magnetic Bearings,
Acta Polytechnica Scandinavica, Eletrical Engineering Series, No. 92, 96pp. Published by the
Finnish Academy of Technology. ISBN 952-5148-73-4. ISSN 0001-6845.
ARAÚJO, C. A.; LÉPORE, F. P. N. Vibration Control of Flexible Rotors Using External
Magnetic Forces. Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences, v.15, n.4, p.350-
390, 1993.
ARCARI, S. “Controllo delle Vibrazioni di uma Trave sottile tramite um Attuatore
Elettromagnetico”. 2012, 88p. Dissertazione (Tesi di Laurea) – Politecnico de Milano, Scuola
de Ingegneria dell’Informazione.
ASTRÖM K. J., HÄGGLUND T., PID Controllers: Theory, Design and Tuning 2nd
ed.,
Instrument Society of America, 343p., 1995.
ASTRÖM K. J., HÄGGLUND T., Advanced PID Control, Instrument Society of
America, 460p., 2006.
106
AVITABILE, P. Experimental Modal Analysis - A Simple Non-Mathematical Overview.
Sound & Vibration magazine, Jan, 2001.
BASH, T. J. “Active Magnetic Bearings used as an Actuator for Rotor Health
Monitoring in Conjunction with Conventional Support Bearings”. 2005. 75p. Dissertation
(M.Sc.) – Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg – VA, United States.
BAUOMY, H. S. Stability Analysis of a Rotor-AMB System with Time Varying Stiffness.
Journal of the Franklin Institute, v.349, n.5, p.1871-1890, 2012.
BOEHM, J., GERBER, R., KILEY, N. R. C. Sensors form Magnetic Bearings, IEEE
Transactions on Magnetics, Vol. 29, No. 6, November, pp 2962-2964,1993
CASTRO, H. F.; FURTADO, R. M.; CAVALCA, K. L.; PEDERIVA, R.; BUTZEK, N.;
NORDMANN, R. Experimental Performance Evaluation of Magnetic Actuator used in Rotating
Machinery Analysis. Journal of the Brazilian Society of Mechanical Science & Engineering,
v.29, n.1/93, January-March, 2007.
CHIBA, A.; FUKAO, T.; ISHICAWA, O.; OSHIMA, M.; TAKEMOTO, M.; DORRELL,
D. G. Magnetic Bearings and Bearingless Drives. Newnes, 2005. 381p.
COLE, M. O. T.; KEOGH, P. S.; SAHINKAYA, M. N.; BURROWS, C. R. Towards fault-
tolerant active control of rotor–magnetic bearing systems. Control Engineering Practice, v.12,
p.491-501, 2004.
DE CAIGNY, J., CAMINO J.F. and SWEYERS J., Interpolation-based Modelling of
MIMO LPV systems, IEEE Transactions on Control Systems Technology, vol. 19, no. 1, pp.
46-63 , 2011.
FERREIRA, J. M. S.; CASTRO, F. E. F.; SALAZAR, A. O. Controle de Posição Radial
de Máquina de Indução sem Mancal. CBA, Natal – RN, Brasil, 2002.
FURTADO, R. M. “Desenvolvimento de um Atuador Magnético para Excitação sem
Contato de Sistemas Rotativos”. 2008. 113p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Engenharia
Mecânica, Universdade Estadual de Campinas, Campinas – SP, Brasil.
107
GARCIA, J. D. G.;GOMES, A. C. N.; STEPHAN, R. M. Performance Assessment of a
Self-Bearing Motor: na Application of IS014839. In: 14th International Symposium on
Magnetic Bearings, 2014, Nilópolis, RJ, BRA.
GUIRÁO, P. H. F. “Controle Ativo de Vibrações de Rotores com Mancais Magnéticos
– Influência dos Parâmetros do Controlador PID”. 2006. 114p. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho, Ilha Solteira – SP, Brasil.
HARRIS, T.; WIDBRO, L. Magnetic Bearing – A New World Opens for Design
Engineers. p.21-25, November, 2003.
HOWE, D. Magnetic Actuators. Sensors and Actuators, v.81, p.268-274, 2000.
KASARDA. M. E., Marshall, J., Prins, R., Active Magnetic Bearings Based Force
Measurement Using the Multi-Point Technique, Mechanics Research Communications 34, pp.
44-53., 2007.
KNIGHT, J.; WALSH. T.; VIRGIN, L. Dynamic Analysis of a Magnetic Bearing with Flux
Control. 2nd
. International Symposium on Magnetic Suspension Technology, Part 1 p.353-
366, 1994.
KNOSPE, C. R.; TAMER, S. M. Experiments in Robust Control of Rotor Unbalance
Response using Magnetic Bearings. Mechatronics v. 7, n. 3, pp 217-229, 1997.
IMPINNA, F.; DETONI, J.; AMATI, N.; TONOLI, A. Non-Dimensiona Design approach
for Electrodynamic Bearings. In: 13th International Symposium on Magnetic Bearings, 2012,
Arlington, VA, USA.
MASLEN, E. Magnetic Bearings. University of Virginia, 2000. 233p.
MENDES, R. U., “Desenvolvimento de um Sistema de Atuação Magnética para
Excitação de Sistemas Rotativos”. 2011. 119 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de
Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
108
NELSON, H. D.; MCVAUGH, J. M. The Dynamics of Rotor-Bearing Systems Using
Finite Elements. Journal of Engineering for Industry, p.593-600, May 1976.
OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. 5ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010. 824p.
PERINI, E. A. “Redução de Vibrações de Rotores Utilizando Atuadores Magnéticos e
Sistema de Controle Feedforward”. 2009, 263p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira
– SP, Brasil.
PILOTTO, R. “Modelagem e Análise de Atuadores Magnéticos para controle de
Vibrações”. 2013, 92p Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Engenharia Mecânica,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP, Brasil.
POLAJZER, B. “Design and Analysis of an Active Magnetic Bearing Experimental
System”. 2003, 77p. Dissertation (Ph.D.) - Faculty of Electrical Engineering and Computer
Science, Maribor, Slovenia.
SKOWRONSKI, L.; BISESE, A. Introduction to Magnetic Bearings. NASA – CR –
197187, Uncla, ECE 485, 16.p, April 05, 1993.
STRICKA, N.; MARKERT, R. Improvements in the Integration of Active Magnetic
Bearings. Control Engineering Practice, v10, n.8, p. 917-922, 2002.
SCHWEITZER, G. Active Magnetic Bearings – Chances and Limitations. In: 6th
International IFToMM Conference on Rotor Dynamics, Sydney, Australia, 2002
SCHWEITZER, G. Safety and Realiability Aspects for Active Magnetic Bearings
Applications– a Suvey, Proc. ImechE Vol. 219, Part I: J. Sysetms and Control Engineering, pp.
383-392, 2005.
SCHWEITZER, G., MASLEN, E. H. Magnetic Bearings – Theory, Design, and
Application to Rotating Machinery. Berlin: Springer-Verlag. 535pp., 2009
109
WANG, X.; WANG, W. Research of the Equivalent Friction Force and Power Loss of a
Magnetic Bearing. In: 13th International Symposium on Magnetic Bearings, 2012, Arlington,
VA, USA.
WEIMING, L.; NOVAK, M. Dynamic behavior of turbine-generator-foundation
systems. Earthquake Engineering and Structural Dynamics, v.24, n.3, p.339-360, 1996.