MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO CIRCUITO DE MOAGEM DA ... · estágios de britagem. As duas linhas de moagem operam de forma independente, ... Fluxograma de processo e balanço de massas

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  • ANDRIA DE LOURDES NUNES

    MODELAGEM E SIMULAO DO CIRCUITO DE MOAGEM DA

    VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO

    SO PAULO

    2012

  • ANDRIA DE LOURDES NUNES

    MODELAGEM E SIMULAO DO CIRCUITO DE MOAGEM DA

    VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO

    Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de

    Mestre em Engenharia.

    rea de Concentrao: Engenharia Mineral

    Orientador: Prof. Homero Delboni Jr.

    SO PAULO

    2012

  • FICHA CATALOGRFICA

    Nunes, Andria de Lourdes

    Modelagem e simulao do circuito de moagem da Votorantim Metais Zinco Morro Agudo / A.L. Nunes. -- So Paulo, 2012.

    117 p.

    Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Minas e de Petr-leo.

    1. Cominuio (Modelagem matemtica) 2. Simulao (Esta- tstica) 3. Estudo de caso I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Minas e de Petrleo II. t.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Homero Delboni Jr., pela orientao e pela determinao em superar os desafios

    durante todo o trabalho.

    Votorantim Metais Zinco, pelo apoio tcnico que se configurou atravs de pessoas como

    Fernando Rezende, Marcelo Silvestre, Maximiliano Rezende, Haline Santos, Alexandre

    Caitano, Adair Resende, Jackson Vitor, alm da equipe do Laboratrio de Processos da

    Votorantim Metais Zinco Morro Agudo.

    equipe do Laboratrio de Tratamento de Minrios da EPUSP, principalmente Bianca

    Foggiato, que tanto ajudaram na etapa de caracterizao.

    Aos meus pais Alberto e Manoela, pela alegria e exemplo de carter que sempre sero. Ao

    meu esposo, Marcos Paulo e minhas filhas Paula e Brbara, pelo amor e apoio em minha

    vida profissional.

  • RESUMO

    Atualmente, o circuito de moagem da Votorantim Metais Zinco Morro Agudo (VMZMA)

    inclui dois moinhos de bolas com capacidade combinada mdia de 145 t/h, sendo 95 t/h

    processadas na Linha 1 e 50 t/h na Linha 2. A alimentao de ambas as linhas provm de

    uma nica pilha pulmo, formada pela frao passante em peneira de 10 mm, resultante dos

    estgios de britagem. As duas linhas de moagem operam de forma independente, cada uma

    sob circuito fechado com as respectivas baterias de ciclones de 10 polegadas de dimetro. O

    produto nominal do circuito deve apresentar 75% passantes na malha 44 m. A operao

    atual do circuito apresenta carga circulante elevada, da ordem de 400%, bem como eventos

    regulares de curto-circuito (by-pass) de grossos para o overflow dos ciclones, o que resulta

    em produto mais grosso do que o estipulado para a moagem. Com o intuito de analisar a

    eficincia de moagem foram realizadas campanhas de amostragem no circuito industrial da

    VMZMA, cujo resultado apontou para um melhor desempenho de um dos moinhos. Os

    dados obtidos por meio das amostragens e de caracterizao tecnolgica serviram de base

    para a calibrao dos modelos matemticos dos equipamentos de processo. Simulaes

    indicaram potencial elevado de aumento de capacidade do circuito mediante o emprego de

    peneiras de alta frequncia em substituio ou combinao com ciclones existentes.

    Recomenda-se avaliar o potencial de melhoria de desempenho metalrgico no processo de

    flotao de produtos de peneiramento, ante a produtos de ciclones.

    Palavras-chave: modelagem, simulao, moagem, classificao, peneiras de alta frequncia.

  • ABSTRACT

    Votorantim Metais Zinco Morro Agudo (VMZMA) grinding circuit has a combined capacity of

    145 t/h i.e. 95 t\h in Line 1 and 50 t/h in Line 2. The feed comprises crushed 10 mm obtained

    in a three-staged crushing circuit. The two ball mills operate in independent parallel lines

    configured in a closed circuit with 10 inch cyclones, resulting in a 75% passing in 0.044 mm

    nominal products. The operation shows a high recirculating load (~400%), as well as frequent

    oversize by pass to the products, which results in a relatively coarse product.

    Survey campaigns were conducted in the grinding circuit for assessing its overall

    performance, as well as for fitting the corresponding mathematical models. The results

    indicated a better performance associated with one of the two existing ball mill lines.

    The simulations indicate a high potencial for increasing the circuit throughput by introducing

    high frequency screens in substitution or in combination with the existing cyclones. Further

    studies were recommended for assessing the metallurgical performance associated with the

    product, as compared with cyclone products.

    Keywords: modelling, simulation, grinding, classification, high-frequency screening.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 4.1 Mecanismos de fratura, energia aplicada e distribuio granulomtrica dos produtos. ................ 16

    Figura 4.2 Movimento da carga no interior do moinho.................................................................................... 18

    Figura 4.3 Circuito aberto e fechado de moagem. ........................................................................................... 18

    Figura 4.4 Relao entre energia fornecida e tamanho de partcula de cominuio. ...................................... 26

    Figura 4.5 Distribuio tpica do parmetro r/d. .............................................................................................. 32

    Figura 4.6 Curvas de partio real e corrigida. ................................................................................................. 35

    Figura 5.1 Circuito de britagem da VMZMA. .................................................................................................... 47

    Figura 5.2 Fluxograma do circuito de moagem da VMZMA. ............................................................................ 48

    Figura 5.3 Fluxograma dos circuitos de flotao de galena e esfalerita. .......................................................... 49

    Figura 6.1 Circuito de cominuio da VMZMA. ................................................................................................ 53

    Figura 6.2 Moinho de Bond da Escola Politcnica. ........................................................................................... 59

    Figura 6.3 Drop Weight Tester. ......................................................................................................................... 61

    Figura 6.4 Representao da relao entre energia e fragmentao. .............................................................. 62

    Figura 6.5 Moinho para AI ................................................................................................................................ 65

    Figura 6.6 Fluxograma dos ensaios de peneiramento. ..................................................................................... 67

    Figura 7.1 Distribuies granulomtricas do overflow dos ciclones e undersize das peneiras......................... 72

    Figura 7.2 Fluxograma de processo e balano de massas do ajuste - Ensaio 23. ............................................. 73

    Figura 7.3 Distribuies granulomtricas experimentais e calculadas Ensaio 23. ......................................... 75

    Figura 7.4 Valores experimentais e curva paramtrica da relao entre energia e fragmentao. ................. 77

    Figura 7.5 Fluxograma de processo e balano de massas do circuito de moagem Linhas 01 e 02................ 80

    Figura 7.6 Distribuies granulomtricas experimentais e calculadas Linha 1. ............................................. 83

    Figura 7.7 Distribuies granulomtricas experimentais e calculadas Linha 2. ............................................. 85

    Figura 7.8 Parmetro taxa de quebra para o moinho Linha 1. ...................................................................... 88

    Figura 7.9 Parmetro de quebra do moinho Linha 2. .................................................................................... 89

    Figura 7.10 Parmetro de quebra dos moinhos Linhas 1 e 2. ......................................................................... 90

    Figura 8.1 Fluxograma e sumrio de balano de massas de simulao Primeira alternativa de circuito. ..... 95

    Figura 8.2 Granulometria do produto em funo da vazo de alimentao do circuito de moagem .............. 98

    Figura 8.3 Fluxograma e sumrio de balano de massas de simulao Segunda alternativa de circuito ...... 99

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 4.1 Critrio de avaliao da qualidade da calibrao de modelos. ....................................................... 41

    Tabela 5.1 Descrio dos principais equipamentos do circuito de britagem. .................................................. 47

    Tabela 5.2 Descrio dos principais equipamentos do circuito de moagem da VMZMA. ................................ 48

    Tabela 5.3 Descrio dos principais equipamentos do circuito de flotao de galena da VMZMA. ................ 50

    Tabela 5.4 Descrio dos principais equipamentos do circuito de flotao de esfalerita da VMZMA. ............ 50

    Tabela 6.1 Qualidade de dados experimentais em funo do parmetro SSQ. ............................................... 55

    Tabela 6.2 Distribuio de tamanhos das bolas da carga moedora do moinho de Bond. ................................ 59

    Tabela 6.3 Classificao de resistncia ao impacto. ......................................................................................... 63

    Tabela 6.4 Classificao de resistncia abraso de amostras ...................................................................... 64

    Tabela 7.1 Sumrios dos ensaios de peneiramento. ........................................................................................ 70

    Tabela 7.2 Resultados dos ensaios de peneiramento de alta frequncia. ....................................................... 71

    Tabela 7.3 Balanos de massas e distribuies granulomtricas ..................................................................... 74

    Tabela 7.4 Calibrao do modelo de peneiramento. ........................................................................................ 76

    Tabela 7.5 Resultados de resistncia ao impacto e fragmentao por abraso. ............................................. 77

    Tabela 7.6 Resultado do ensaio WI de Bond. ................................................................................................... 78

    Tabela 7.7 Resultado do ensaio de abrasividade de Bond. .............................................................................. 78

    Tabela 7.8 Valores mdios das variveis de processo obtidos no supervisrio da usina. ................................ 79

    Tabela 7.9 Balanos de massas e distribuies granulomtricas Linha 1. ..................................................... 81

    Tabela 7.10 Balanos de massas e distribuies granulomtricas Linha 2. ..................................................... 84

    Tabela 7.11 Calibrao do modelo de moinho de bolas Linhas 1 e 2. ............................................................. 86

    Tabela 7.12 Calibrao do modelo de ciclones Linhas 1 e 2. ........................................................................... 87

    Tabela 7.13 Anlise consolidada de desempenho do circuito de moagem. ....................................................... 92

    Tabela 8.1 Balano de massas de simulao Primeira alternativa de circuito. .............................................. 96

    Tabela 8.2 Sumrio dos resultados das simulaes Primeira alternativa de circuito. ................................... 97

    Tabela 8.3 Balano de massas de simulao Segunda alternativa de circuito............................................. 100

    Tabela 8.4 Comparaes entre o cenrio base e os simulados ...................................................................... 102

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AI Abrasividade de Bond

    BBM Black Box Model

    DEM Descrite Element Model

    DSM Dutch States Mine

    DWT Drop Weight Test

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBRAM Instituto Brasileiro de Minerao

    JKMRC Julius Kruttschnitt Mineral Research Centre

    LCT-USP Laboratrio de Caracterizao Tecnolgica da Universidade de So Paulo

    LSC-EPUSP Laboratrio de Simulao e Controle da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo

    PBM Modelo de Balano Populacional

    PCA P Calcrio Agrcola

    PIB Produto Interno Bruto

    PMM Perfect Mixing Model

    PNM Plano Nacional de Minerao

    SAD Sequncia Argilo-Dolomtica

    VMZMA Votorantim Metais Zinco Morro Agudo

    WI Work Index

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................................................................................. 11

    2 OBJETIVO..................................................................................................................................................... 12

    3 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................................................ 13

    4 REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................................................................ 14

    4.1 COMINUIO NO TRATAMENTO DE MINRIOS .......................................................................................... 14

    4.1.1 Princpios de cominuio ............................................................................................................................. 15

    4.1.2 Processo de britagem .................................................................................................................................. 16

    4.1.3 Processo de moagem .................................................................................................................................. 16

    4.1.4 Classificao industrial ................................................................................................................................ 19

    4.1.4.1 Peneiramento .............................................................................................................................................. 20

    4.1.4.2 Ciclonagem .................................................................................................................................................. 22

    4.1.5 Leis da cominuio ...................................................................................................................................... 23

    4.2 MODELAGEM DE PROCESSOS DE COMINUIO ......................................................................................... 27

    4.2.1 Modelo de Balano Populacional ................................................................................................................ 28

    4.2.2 Modelo do Misturador Perfeito .................................................................................................................. 29

    4.3 MODELAGEM DE PENEIRAMENTO E CLASSIFICAO ................................................................................. 33

    4.3.1 Modelo de curva de partio ...................................................................................................................... 33

    4.3.2 Modelo de ciclones ..................................................................................................................................... 36

    4.3.3 Modelo de peneiras .................................................................................................................................... 39

    4.4 CALIBRAO DE MODELOS ......................................................................................................................... 40

    4.4.1 Calibrao e simulao do modelo de moinho de bolas ............................................................................. 41

    4.4.2 Calibrao do modelo de peneiras .............................................................................................................. 43

    4.4.3 Calibrao do modelo de ciclone ................................................................................................................ 43

    5 OPERAES NA VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO .............................................................. 44

    5.1 VOTORANTIM METAIS ZINCO ...................................................................................................................... 44

    5.2 VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO .......................................................................................... 44

    5.2.1 Jazida ........................................................................................................................................................... 45

    5.2.2 Lavra ............................................................................................................................................................ 45

    5.2.3 Circuito de cominuio ................................................................................................................................ 46

    5.2.4 Circuito de flotao ..................................................................................................................................... 48

    6 MATERIAIS E MTODOS ............................................................................................................................. 51

    6.1 PRIMEIRA AMOSTRAGEM ........................................................................................................................... 51

    6.2 SEGUNDA AMOSTRAGEM ........................................................................................................................... 51

    6.3 BALANOS DE MASSA ................................................................................................................................. 53

  • 6.4 CARACTERIZAO TECNOLGICA ............................................................................................................... 55

    6.4.1 WI de Bond .................................................................................................................................................. 56

    6.4.1.1 Descrio do ensaio WI de Bond ................................................................................................................. 58

    6.4.1.2 Eficincia energtica.................................................................................................................................... 60

    6.4.2 Drop Weight Test - DWT .............................................................................................................................. 60

    6.4.2.1 Descrio do ensaio DWT ............................................................................................................................ 61

    6.4.3 Abraso........................................................................................................................................................ 63

    6.4.3.1 Descrio do ensaio de tamboramento ...................................................................................................... 63

    6.4.4 Abrasividade de Bond .................................................................................................................................. 64

    6.4.4.1 Descrio do ensaio AI ................................................................................................................................ 65

    6.4.4.2 Procedimento .............................................................................................................................................. 65

    6.5 PENEIRAMENTO DE ALTA FREQUNCIA ...................................................................................................... 66

    6.5.1 Descrio do ensaio ..................................................................................................................................... 66

    7 RESULTADOS E DISCUSSES MODELAGEM MATEMTICA E DESEMPENHO ......................................... 69

    7.1 PENEIRAMENTO DE ALTA FREQUNCIA ...................................................................................................... 69

    7.2 CIRCUITO INDUSTRIAL DE MOAGEM ........................................................................................................... 76

    7.2.1 Resistncia ao impacto e abraso ............................................................................................................... 76

    7.2.2 WI de Bond .................................................................................................................................................. 77

    7.2.3 Abrasividade de Bond .................................................................................................................................. 78

    7.2.4 Modelagem e anlises de desempenho ...................................................................................................... 78

    7.2.4.1 Balanos resultantes das modelagens ........................................................................................................ 79

    7.2.4.2 Parmetros dos modelos ............................................................................................................................. 86

    7.2.4.3 Modelo balano populacional ..................................................................................................................... 87

    7.2.4.4 Modelo energtico ...................................................................................................................................... 91

    8 RESULTADOS E DISCUSSES - SIMULAES .............................................................................................. 94

    8.1 PRIMEIRO CENRIO ..................................................................................................................................... 95

    8.2 SEGUNDO CENRIO ..................................................................................................................................... 99

    9 SUMRIO, CONCLUSES E RECOMENDAES ........................................................................................ 103

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................................................................. 105

    ANEXO 1 DADOS REFERENTES AOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS DA MOAGEM DA VMZMA ....................................................... 111

    ANEXO 2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS PENEIRAMENTO DE ALTA FREQUNCIA ENSAIO 23 ..................................................... 113

    ANEXO 3 RESULTADOS DOS ENSAIOS NA CLULA DE IMPACTO ............................................................................................. 114

    ANEXO 4 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE MOABILIDADE DE BOND ......................................................................................... 115

    ANEXO 5 VARIVEIS DE PROCESSO SEGUNDA CAMPANHA DE AMOSTRAGEM ....................................................................... 116

    ANEXO 6 VALORES EXPERIMENTAIS DE GRANULOMETRIAS E PORCENTAGENS DE SLIDOS OBTIDOS NA SEGUNDA CAMPANHA DE

    AMOSTRAGEM ............................................................................................................................................................... 117

  • 11

    1 INTRODUO

    A atividade de minerao destaque na economia brasileira registrando em 2010,

    segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o maior crescimento dentro

    do Produto Interno Bruto (PIB). O aumento dos preos das commodities e a diversidade de

    bens minerais produzidos no pas foram os fatores que possibilitaram tal sucesso.

    Segundo o Instituto Brasileiro de Minerao (IBRAM), para os prximos anos

    previsto um novo ciclo recorde de investimentos que alcanar US$ 64,8 bilhes at 2015 e

    US$ 270 bilhes nos prximos 20 anos, de acordo com o Plano Nacional de Minerao

    (PNM) 2030.

    Alinhada a estas expectativas a Votorantim Metais Zinco S/A, integrante do grupo

    Votorantim, tem como direcionadores importantes projetos de modernizao e ampliao

    de sua capacidade produtiva. Estes, somados aos fatores como minerao prpria,

    tecnologia de tratamento de minrios e eficiente gesto de processos garantem a

    competitividade da empresa.

    Potencializar tal competitividade, principalmente em custos por meio do crescimento

    da produo e captura de valores, estratgia para a Votorantim Metais Zinco Morro Agudo

    (VMZMA). E dentre os processos que garantem o incremento da produo necessria est a

    etapa de cominuio que, por adequar o tamanho das partculas aos processos

    subsequentes, determinante no desempenho do circuito industrial. Alm disso, o elevado

    consumo de energia a constitui tambm como prioritria no desempenho econmico.

    Neste contexto, o aperfeioamento tecnolgico do processo de cominuio

    existente, seja atravs da melhoria de desempenho, seja aliado pesquisa sobre novas

    tcnicas e/ou processos, maximiza os resultados. A prtica de simulao computacional

    tradicionalmente utilizada para a otimizao de circuitos industriais e se destaca por seu

    baixo custo e agilidade, alm de permitir a anlise detalhada de diversas opes de circuitos

    e condies operacionais. Este trabalho demonstra a aplicao prtica de simulao no

    circuito de moagem da VMZMA.

  • 12

    2 OBJETIVO

    A modelagem matemtica permite uma anlise detalhada do desempenho de

    equipamentos e do processo integrado de cominuio, bem como explora, atravs de

    simulaes, alternativas de melhoria de desempenho. O objetivo do presente trabalho foi,

    portanto, demonstrar a aplicao da modelagem matemtica no circuito de moagem da

    VMZMA, incluindo a simulao da substituio parcial ou total de ciclones por peneiras de

    alta frequncia.

  • 13

    3 ESTRUTURA DO TRABALHO

    O trabalho desenvolvido foi estruturado conforme as seguintes etapas:

    Reviso da bibliografia referente aos aspectos abordados;

    Planejamento e execuo de duas amostragens no circuito industrial da VMZMA: a

    primeira teve como objetivo a obteno de amostras para ensaios de peneiramento

    de alta de frequncia e a segunda serviu de base para anlise de desempenho e

    criao de plataforma para simulaes;

    Execuo de balanos de massa, anlises de desempenho e modelagem matemtica;

    Execuo de ensaios de peneiramento em peneiras de alta frequncia;

    Simulaes;

    Anlise dos resultados e discusses;

    Concluses.

  • 14

    4 REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo, so apresentados os conceitos sobre os processos de cominuio e

    classificao, alm de descries sobre as propriedades de fragmentao de minrios.

    Tambm so descritos a modelagem do circuito de moagem e calibrao de modelos.

    4.1 COMINUIO NO TRATAMENTO DE MINRIOS

    A cominuio, ou reduo controlada do tamanho das partculas, um processo

    industrial de tratamento de minrios que tem os seguintes objetivos principais:

    obter um produto com granulometria determinada;

    liberar o(s) mineral(is) de interesse econmico da ganga;

    aumentar a superfcie especfica das partculas facilitando as reaes qumicas

    subsequentes e/ou permitir o manuseio e o transporte contnuo do material.

    A distribuio granulomtrica dos produtos resultantes da cominuio de grande

    importncia, uma vez que modula o desempenho das etapas subsequentes de concentrao.

    Em particular, a presena de finos ou grossos em excesso igualmente deletria, pois ambos

    podem causar diminuio na recuperao metalrgica do mineral de interesse em processos

    como flotao, concentrao gravtica e lixiviao, entre outros.

    O grau de cominuio deve ser determinado em funo de parmetros tcnicos e da

    influncia destes sobre os ndices econmicos do processo. Assim, o consumo energtico, o

    consumo de corpos moedores e as recuperaes mssicas e metalrgicas dos processos

    subsequentes so parmetros que exercem influncia em custos de operao e

    investimentos.

    De acordo com a granulometria do minrio e os princpios de cominuio envolvidos,

    os processos de cominuio empregados em tratamento de minrios podem ser

    classificados em britagem ou moagem.

    Tais processos apresentam baixa eficincia mecnica e so grandes consumidores de

    energia representando um desafio para a indstria e a cincia. Beraldo (1987) estima como

    sendo da ordem de 2 a 3% a eficincia energtica da moagem.

  • 15

    4.1.1 Princpios de cominuio

    A fragmentao de uma partcula ocorre ao longo de pontos ou planos de fraqueza

    ou de falhas na estrutura atmica do material. A forma como a fragmentao ocorre, bem

    como a energia envolvida dependem da natureza das partculas e das foras aplicadas.

    Portanto, a distribuio caracterstica de tamanhos do produto depende no s da natureza

    das foras de coeso interna das partculas como tambm da forma e da intensidade de

    energia que foi aplicada sobre a partcula.

    Conforme Beraldo (1987) existem trs mecanismos de quebra que esto sempre

    presentes nos processos de cominuio. Os quais so:

    Abraso: ocorre quando a fora insuficiente para provocar uma fratura em toda a

    partcula. Prevalece uma concentrao de foras perifricas que provoca pequenas

    fraturas superficiais, gerando partculas finas e pouca diminuio de tamanho da

    partcula original. Esse tipo de fratura ocorre quando partculas se encontram entre

    superfcies que se movimentam em sentido contrrio.

    Compresso: ocorre quando a fora aplicada de forma lenta e progressiva,

    permitindo o alvio do esforo com o aparecimento da fratura. Em geral as foras

    aplicadas so pouco superiores resistncia das rochas ou das partculas. Esse o

    tipo de fratura que ocorre em britadores e produz poucos fragmentos de grande

    dimetro e cujos produtos se apresentam em duas faixas de tamanho: partculas

    grossas resultantes da quebra induzida pela tenso, e partculas finas da quebra por

    compresso no local onde a carga aplicada.

    Impacto: ocorre quando os esforos de fragmentao so aplicados rapidamente e

    em intensidade muito superior resistncia das partculas submetidas

    fragmentao. Esse tipo de fratura ocorre em britadores de mandbulas, giratrios,

    cnicos e em moinhos, nas zonas de queda das bolas ou barras. Predominam na

    distribuio granulomtrica resultante dessa fratura partculas mais finas.

    A Figura 4.1 mostra esquematicamente estes mecanismos e energia aplicada

    juntamente com a distribuio granulomtrica dos produtos da quebra.

  • 16

    Figura 4.1 Mecanismos de fratura, energia aplicada e distribuio granulomtrica dos produtos. Fonte: Adaptada de Kelly & Spottswood (1982).

    4.1.2 Processo de britagem

    A britagem aplicada a fragmentos de distintos tamanhos, variando desde rochas de

    100 mm at 10 mm.

    Normalmente, para que possa haver uma liberao satisfatria do mineral valioso

    necessrio que o minrio seja reduzido a uma granulometria fina. Nestas condies, a

    fragmentao desenvolve-se por meio de sucessivas etapas e equipamentos apropriados e

    reduz as partculas a tamanhos centimtricos. A britagem pode ser realizada em circuito

    fechado, com peneira, cuja frao grossa retorna ao britador como carga circulante. Outra

    alternativa a configurao aberta, com uma nica passagem do material pelo

    equipamento.

    4.1.3 Processo de moagem

    A moagem comumente executada em estgios e, segundo Taggart (1951)

    classificada em: moagem grossa (produto com tamanho mximo entre 3,36 e 0,84 mm),

    moagem intermediria (produto com tamanho mximo de 0,600 mm e com no mximo 75%

    passante em 0,074 mm), e moagem fina (produto com tamanho mximo de 0,074 mm).

    Cisalhamento (Tenso

    Localizada)

    Compresso

    Impacto

    Au

    men

    to d

    a inte

    nsid

    ade d

    e en

    ergia

  • 17

    A moagem geralmente o ltimo estgio do processo de cominuio, onde as

    partculas so reduzidas pela combinao de impacto, compresso, abraso e atrito a um

    tamanho adequado liberao do mineral que provavelmente ser concentrado nos

    processos subsequentes.

    Os equipamentos normalmente empregados so o moinho cilndrico ou tubular

    (barras, bolas ou seixos) e o moinho de martelos. Embora a moagem seja conduzida a seco

    ou a mido, esta ltima apresenta vantagens, pois a gua um excelente meio de

    transporte e dissipao de calor (Chaves, 2001).

    As principais variveis de um moinho so suas dimenses (dimetro e comprimento)

    e as variveis operacionais (grau de enchimento, velocidade de rotao, porcentagem de

    slidos da polpa alimentada).

    Segundo Luz et al. (2004), o grau de enchimento a porcentagem do volume interno

    do moinho ocupado com corpos moedores, incluindo os vazios entre os mesmos. A maior

    capacidade do moinho com um fator de enchimento (carga do meio moedor) de 50%.

    A porcentagem de slidos tima funo da distribuio granulomtrica da carga

    circulante do circuito e deve ser cuidadosamente avaliada, uma vez que a quantidade de

    gua adicionada causa mudanas no tempo de residncia das partculas no interior do

    moinho, na viscosidade e na densidade da polpa, que levam a variaes no desempenho do

    processo de moagem.

    A velocidade de rotao influencia o movimento da carga dentro do moinho. Sob

    baixas rotaes, a carga rola sobre ela mesma, fenmeno a que Taggart (1951) denominou

    movimento de cascata. Com o aumento progressivo da rotao, os corpos moedores so

    lanados em trajetrias parablicas, movimento denominado catarata. A Figura 4.2 ilustra

    ambos os movimentos.

  • 18

    Figura 4.2 Movimento da carga no interior do moinho. Fonte: Adaptado de Austin e Klimpel (1964)

    A velocidade em que ocorre a centrifugao completa de um nico corpo moedor

    denominada velocidade crtica, cuja expresso a que segue:

    DVc

    305,42 (4.1)

    onde:

    Vc = velocidade crtica (rpm);

    D = dimetro do moinho (m).

    Os circuitos de moagem so classificados, conforme a Figura 4.3, em dois grupos.

    Figura 4.3 Circuito aberto e fechado de moagem.

    Aberto: o material alimentado diretamente no moinho e o produto sai pela

    descarga sem etapa de classificao;

    Fechado: a descarga do moinho conduzida a um equipamento de classificao e o

    produto grosseiro retornado alimentao do moinho, enquanto o produto fino

    segue para etapas subsequentes. Neste tipo de circuito uma partcula pode passar

    Movimento Catarata

    Movimento Cascata

    Alimentao

    Carga circulante

    Produto

    Alimentao

    Produto

  • 19

    vrias vezes pelo moinho at atingir o tamanho desejado. Este tipo de circuito pode

    ter duas configuraes:

    Direto: o minrio alimenta diretamente o moinho junto com o underflow do

    classificador;

    Reverso: o minrio alimenta diretamente o classificador cujo underflow

    alimenta o moinho.

    Na indstria o circuito aberto pouco utilizado, pois no possui nenhum tipo de

    controle da distribuio de tamanho do produto.

    Segundo Napier-Munn (1996), os circuitos fechados so mais eficientes na obteno

    da granulometria desejada, o que evita a sobremoagem e, consequentemente, diminui o

    consumo de energia. Por este motivo, geralmente, a moagem realizada nesta configurao

    com um classificador cuja frao grossa retorna ao moinho como carga circulante.

    Independentemente de qual seja a configurao, os ndices a serem calculados e/ou

    controlados so os seguintes:

    Granulometria do produto: geralmente P80 do overflow do equipamento de

    classificao;

    Vazo de alimentao nova do circuito;

    Consumo especfico de energia (E): definido em kWh/t, representa o consumo

    lquido de energia (kWh) por tonelada de alimentao nova processada,

    equivalente tambm potncia demandada (kW) por t/h processada;

    Carga circulante (CC): definida como a razo entre as vazes de underflow e overflow

    do equipamento de classificao.

    4.1.4 Classificao industrial

    Conforme descrito na seo 4.1 o objetivo da cominuio a reduo controlada do

    tamanho das partculas, para tanto, deve existir no circuito um equipamento que faa a

    separao entre o material que j se encontra no tamanho especificado e o restante. No

    tratamento de minrios a separao por tamanho realizada em equipamentos como

    peneiras, ciclones, entre outros.

    O classificador recebe o material do moinho e o separa em duas populaes distintas,

    denominadas grossos e finos. Os grossos so constitudos pela frao da alimentao do

  • 20

    classificador que retorna ao moinho ou carga circulante, enquanto os finos correspondem ao

    produto final do circuito de moagem.

    O desempenho de um classificador pode ser caracterizado pela anlise da sua curva

    de partio ou seletividade, que consiste em um grfico com dimetro das partculas nas

    abscissas e, na ordenada, a frao da alimentao que direcionada frao grossa (Delboni

    Jr., 1989).

    Conforme Carrisso e Correia (2004) no peneiramento a separao tem por base o

    tamanho geomtrico das partculas, enquanto na ciclonagem, a separao realizada

    tomando-se como base a velocidade em que os gros atravessam um meio fluido. No

    processamento mineral, o meio fluido mais utilizado a gua. A classificao a mido

    aplicada, habitualmente, para populaes de partculas com granulometria relativamente

    fina, nas quais o peneiramento no funciona de forma eficiente.

    A etapa de classificao exerce grande influncia sobre o desempenho do circuito de

    moagem por determinar sua carga circulante e a capacidade de produo do circuito, alm

    do tamanho do produto final.

    4.1.4.1 Peneiramento

    Peneiramento a separao de uma populao de partculas em duas ou mais

    classes, estando estas limitadas a uma parte superior e outra inferior. No peneiramento a

    mido adiciona-se gua para facilitar a passagem das partculas finas atravs da tela. O

    material retido na tela da peneira denominado oversize e o passante undersize, este ltimo

    possui a maior proporo de partculas finas.

    Os equipamentos utilizados no peneiramento podem ser divididos em trs tipos:

    Grelhas: constitudas por barras metlicas dispostas paralelamente, regularmente

    espaadas entre si;

    Crivos: formados por chapas metlicas planas ou curvas, perfuradas por um sistema

    de furos de vrias formas e dimenses determinadas;

    Telas: constitudas por fios metlicos, tranados geralmente em duas direes

    ortogonais, ou ainda painis de borracha ou poliuretano de forma a deixarem entre si

    "malhas" ou "aberturas" de dimenses determinadas.

  • 21

    Esses equipamentos podem ser classificados de acordo com o seu movimento, em

    duas categorias:

    Fixa: a nica fora atuante a fora da gravidade e por esta razo esses

    equipamentos possuem superfcie inclinada. Como exemplo h grelhas fixas e

    peneiras DSM, introduzidas pela Dutch States Mine, que so utilizadas para

    desaguamento de suspenses e para uma separao de suspenses de partculas

    finas;

    Mvel: grelhas, peneiras rotativas, peneiras horizontais e peneiras vibratrias.

    A eficincia de peneiramento se refere quantidade de material que ficou retido ou

    passou corretamente na peneira e, na maioria das vezes, expressa em porcentagem.

    Dependendo do produto considerado trs valores de eficincia podem ser calculados:

    Eficincia do oversize: refere-se quantidade do oversize da alimentao que foi

    direcionado ao oversize;

    Eficincia do undersize: refere-se quantidade do undersize da alimentao que foi

    direcionado ao undersize;

    Eficincia global: refere-se quantidade de material total separado corretamente.

    A eficincia , portanto calculada a partir da distribuio granulomtrica da

    alimentao e dos produtos (oversize e undersize). Em peneiramento de alta frequncia a

    eficincia definida em uma determinada malha e, geralmente, no material fino conforme

    mostra as frmulas que se seguem:

    B

    UDEU (4.2)

    100

    *100

    DC

    ACU (4.3)

    onde:

    EU = eficincia do undersize;

    U = % peso no undersize;

    A = % oversize na alimentao;

    B = % undersize na alimentao;

  • 22

    C = % oversize no produto oversize;

    D = % undersize no produto undersize.

    4.1.4.2 Ciclonagem

    Atualmente o ciclone o equipamento mais utilizado pela indstria mineral para a

    classificao de partculas finas devido a caractersticas como alta capacidade, fcil controle

    operacional e ausncia de partes mveis.

    Seu funcionamento se deve alimentao tangencial na parte cilndrica do mesmo,

    que forma um movimento em espiral descendente, arrastando as partculas maiores e mais

    pesadas para a sada inferior do equipamento (apex), cujo fluxo denominado underflow. J

    as partculas menores e menos densas so arrastadas para o centro do equipamento, onde

    forma-se um vrtice ascendente, e saem pelo vortex, formando o overflow.

    As vazes do underflow e overflow so obtidas pelo dimetro dos orficios do vortex

    e apex e pela presso em que o equipamento submetido. Segundo Kelly e Spottiswood

    (1982), a velocidade da polpa em qualquer ponto do ciclone pode ser dividida em trs

    componentes quais sejam:

    Tangencial: confere o movimento de rotao polpa;

    Radial: faz com que as partculas se direcionem parede do ciclone. Como as

    partculas relativamente grossas apresentam maior massa, estas se encaminham

    rapidamente regio mais prxima parede do ciclone, onde perdem a velocidade e

    fluem em movimento espiral para baixo, em direo ao apex. Como as partculas

    relativamente finas no possuem massa suficiente para se encaminharem s paredes

    do ciclone, estas seguem o fluxo vertical ascendente, em direo ao vortex;

    Vertical: determina se a partcula ser encaminhada ao vortex ou ao apex. No

    primeiro caso a partcula segue o fluxo ascendente, mais diludo, formado por uma

    maioria de finos, enquanto no segundo caso, a partcula segue o fluxo descendente,

    com maioria de grossos. A componente vertical determina, portanto, a partio de

    slidos do ciclone.

    Dessa forma, a regio prxima parede do ciclone ocupada predominantemente

    por partculas grosseiras, e a regio central, preferencialmente por partculas finas (Kelly &

    Spottiswood, 1982).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Tangente

  • 23

    4.1.5 Leis da cominuio

    Os processos de cominuio envolvem uma grande quantidade de energia, pois cada

    partcula deve ser submetida a grandes esforos antes que ocorra qualquer fratura

    significativa. A maioria dos processos industriais de cominuio apresenta baixa eficincia,

    considerando-se a energia terica necessria para criar uma nova superfcie (Austin et al.,

    1984).

    Devido baixa eficincia energtica e grande contribuio da energia nos custos de

    produo, durante muito tempo, os processos de cominuio foram estudados somente

    com respeito energia consumida, e todos os modelos anteriores de avaliao do processo

    de fragmentao associavam a energia consumida ao grau de reduo de tamanho, expresso

    como porcentagem passante em uma determinada peneira (Chieregati, 2001).

    Quanto mais fino o produto, maior a quantidade de energia necessria para se

    alcanar uma reduo de tamanho equivalente. Logo, energia e fragmentao podem ser

    relacionadas conforme a relao a seguir (Napier-Munn et al., 1996):

    nx

    dxKdE (4.4)

    onde:

    dE = incremento de energia aplicada a uma massa unitria de minrio;

    dx = incremento na diminuio de tamanho das partculas;

    x = tamanho das partculas;

    K = constante que depende do minrio;

    n = expoente que depende da lei considerada.

    Foram propostas diferentes teorias relacionadas energia de fragmentao, que

    resultaram em diferentes interpretaes dessa relao, principalmente no que se refere ao

    expoente n. Algumas das assim denominadas Leis derivadas da relao acima so descritas

    a seguir.

  • 24

    Lei de Rittinger (n = 2)

    A teoria mais antiga foi publicada por Rittinger em 1867, considerada a Primeira Lei

    da cominuio, especfica que a energia consumida diretamente proporcional nova

    superfcie gerada pela britagem ou moagem. Como a rea especfica inversamente

    proporcional ao dimetro das partculas, a expresso do consumo de energia proposta por

    Rittinger foi:

    12

    11

    xxKE (4.5)

    onde:

    x1 e x2 = tamanhos das partculas da alimentao e do produto, respectivamente.

    Esta teoria considera somente a energia necessria para produzir a ruptura de corpos

    slidos ideais (homogneos, isotrpicos e sem falhas), uma vez que o material tenha

    alcanado sua deformao crtica do limite de ruptura.

    primeira vista parece ser uma teoria razovel, mas uma anlise mais profunda

    revela simplificaes, uma vez que Rittinger assumiu que toda energia consumida

    transferida carga a ser moda e no considerou a deformao que ocorre antes da quebra

    das partculas (Bond, 1952). Em resumo, a Primeira Lei define o fenmeno fundamental, ou

    propriedade macro-fenomenolgica, e o seu scale-up para a operao contnua industrial.

    Lei de Kick (n = 1)

    Em 1885, Kick demonstrou matematicamente que a energia necessria para realizar

    a fragmentao depende apenas da relao de reduo, sendo independente da

    granulometria original. Portanto, a relao de reduo dependeria apenas da energia

    consumida. A expresso da energia consumida desenvolvida por Kick, conhecida como

    Segunda Lei da cominuio, foi a seguinte:

  • 25

    2

    1lnx

    xKE (4.6)

    Embora a teoria de Kick seja aceitvel para materiais homogneos, a energia

    calculada no corresponde quela requerida na prtica, devido influncia de fraturas e

    outras zonas de fraquezas no processo de fragmentao. Em resumo, com a Segunda Lei da

    cominuio se obtm a expresso matemtica que descreve o processo em estado

    estacionrio.

    Lei de Bond (n = 3/2)

    Em 1952, Bond postulou a Terceira Lei ou Teoria da cominuio como resultado de

    um extenso trabalho experimental em escala de laboratrio, piloto e industrial. Bond sugere

    que o trabalho despendido por unidade de volume ou peso inversamente proporcional

    raiz quadrada do tamanho e derivou a equao a seguir:

    12

    11

    xxKE (4.7)

    A relao de Bond (1952) utilizada at hoje, embora em muitos casos sua aplicao

    seja restrita.

    Charles (1957) e Holmes (1957) apresentaram, independentemente, uma equao na

    qual o expoente do tamanho deixa de ser 1 e passa ser uma varivel cujo valor deve estar

    entre 0 e 1. A expresso simplificada proposta por esses autores foi:

    1

    1

    1

    2

    11nn

    xxKE (4.8)

    Entretanto, uma vez que o trabalho envolvido na determinao da varivel n para os

    diferentes materiais sob condies de operao distintas muito grande, as ideias de

    Charles (1957) e Holmes (1957) no foram utilizadas na prtica.

  • 26

    Segundo Prasher (1987), todas essas expresses, propostas para a relao entre

    energia consumida e fragmentao, requerem correes para aplicaes.

    Em 1961, Hukki verificou que as leis da cominuio poderiam ser aplicadas em certos

    intervalos de cominuio em funo da granulometria do produto. O grfico apresentado na

    Figura 4.4 mostra que as trs leis seriam aplicveis para certos intervalos granulomtricos,

    mas a Lei de Bond seria aplicvel no intervalo granulomtrico em que normalmente se

    desenvolve a operao de moagem de minrio.

    Figura 4.4 Relao entre energia fornecida e tamanho de partcula de cominuio. Fonte: Adaptado de Hukki (1961).

    Entretanto, a Lei de Bond pode levar a discrepncias em funo das condies de

    operao quando estas so muito distintas das condies estipuladas como padro por

    Bond. O prprio Bond e posteriormente Rowland (1978) procuraram corrigir algumas dessas

    discrepncias introduzindo outros fatores.

    Em resumo, as trs primeiras leis da cominuio, particularmente a terceira, tm sido

    extensivamente aplicadas para o dimensionamento de novas instalaes nas ltimas

    dcadas, se tornando a metodologia padro adotada pelas empresas especializadas em

    engenharia para dimensionamento de operaes.

    No entanto, apesar da Lei de Bond reconhecer a relao existente entre o consumo

    especfico de energia e tamanho do produto e ser amplamente aplicada, no suficiente

    para explicar os fenmenos envolvidos nos processos de cominuio. Por exemplo, a Lei de

    Bond no considera como varivel o desempenho do classificador, tampouco a influncia da

    Ener

    gia

    con

    sum

    ida

    (kW

    h/t

    )

    Tamanho (m)

    RITTINGER (inclinao = -1)

    Faixa convencional de moagem

    Faixa convencional de britagem Faixa pouco conhecida

    BOND (inclinao = -0,5)

    KICK (inclinao = 0)

  • 27

    carga circulante no sistema, cujo impacto no comportamento operacional do circuito

    relevante.

    Essas e outras limitaes motivaram o interesse de diversos grupos de pesquisadores

    na tentativa de melhor quantificar os fenmenos dos processos de cominuio. Interesse

    este que propiciou, modernamente, o surgimento de uma abordagem diferente,

    denominada Modelagem de Processos de Cominuio, que ser apresentada na seo

    seguinte. Suas aplicaes so principalmente: sugestes de otimizao, alteraes no layout,

    programas para otimizao de processos, mxima capacidade e/ou mnimo custo de

    operao, melhores resultados metalrgicos, sistemas especialistas de controle e

    estabilidade operacional.

    4.2 MODELAGEM DE PROCESSOS DE COMINUIO

    Segundo Girolamo (1997) a modelagem matemtica um conjunto de tcnicas que

    visam obteno de um modelo. O modelo uma equao ou conjunto de equaes que

    transformam os dados de entrada em um conjunto de dados de sada, representando um

    fenmeno ou um processo. Os modelos tambm podem ser apresentados na forma de

    tabelas, bacos ou grficos.

    Em cominuio, os modelos, segundo Napier-Munn et all. (1999), devem representar

    a aplicao de energia por um equipamento a fim de resolver problemas prticos de

    otimizao. O modelo deve incluir dois elementos bsicos:

    Propriedades de fragmentao do minrio: essencialmente a fragmentao que

    ocorre em funo de aplicao de energia;

    Caractersticas do equipamento de cominuio: a quantidade e a maneira de

    energia aplicada, bem como o transporte de slidos pelo equipamento.

    Os modelos para cominuio, especificamente na moagem, so divididos em duas

    classes principais, quais sejam, os fenomenolgicos e os fundamentais, que so descritos a

    seguir:

    Fenomenolgicos: aqueles que consideram a cominuio como uma transformao

    entre a alimentao e distribuio granulomtrica do produto, levando em

    considerao a caracterizao do material e a representao dos processos de

    fragmentao atravs de variveis fenomenolgicas como a taxa de quebra.

  • 28

    Tericos ou fundamentais: aqueles que consideram cada elemento dentro do

    processo, com detalhes da fragmentao, levando em considerao a mecnica

    newtoniana e as interaes entre partculas do minrio e elementos do

    equipamento. Estes modelos requerem uma grande capacidade computacional para

    simulao por considerar um nmero substancial de variveis. Atualmente se

    emprega a tcnica dos elementos discretos (DEM Discrite Element Method) para tal

    classe de modelos.

    Segundo Girolamo importante tambm considerar os modelos empricos, que so

    derivados inteiramente da observao de dados de sada em resposta procura da melhor

    expresso que os correlacione. Estes modelos so bastante teis para desenvolvimento de

    modelos tericos.

    Os modelos fenomenolgicos conhecidos tambm como Black Box Models (BBM),

    visam prever a distribuio granulomtrica do produto a partir da distribuio

    granulomtrica da alimentao, da maneira pela qual as partculas se quebram e de

    experincias anteriores com equipamentos similares. Utilizam variveis artificiais para

    representar o fenmeno de quebra e no os princpios fsicos envolvidos.

    A partir do desenvolvimento computacional foi possvel analisar a fragmentao de

    diferentes classes de tamanho no processo de cominuio, segundo o Modelo de Balano

    Populacional (PBM).

    4.2.1 Modelo de Balano Populacional

    Mazzinghy (2009), em sua dissertao de mestrado relatou que o Modelo de Balano

    Populacional (PBM) inicialmente proposto por Epstein, descreve o processo de moagem

    atravs de eventos sucessivos de quebra das partculas. Cada um dos sub-processos da

    moagem (fragmentao do material, redistribuio dos fragmentos, transporte e

    classificao das partculas dentro do moinho) representado por equaes descritivas.

    Conforme Beraldo (1987) o PBM baseia-se nos seguintes conceitos:

    Funo seleo (velocidade especfica de quebra): a velocidade com que as

    partculas contidas em um intervalo granulomtrico so fragmentadas. Refere-se

    probabilidade de uma partcula sofrer cominuio e expresso pela relao entre a

  • 29

    massa que foi cominuda e a massa inicial de material em uma dada faixa de

    tamanhos. Depende principalmente das condies operacionais da moagem;

    Funo quebra (appearance function): a estequiometria da fragmentao, ou seja,

    como se d a distribuio do material proveniente de um dado intervalo de tamanho

    quando este se quebra. Representa as caractersticas de fragmentao do material,

    que a relao entre energia aplicada e fragmentao resultante. A funo quebra

    pode ser estimada atravs de ensaios de laboratrio, pois uma caracterstica

    intrnseca ao minrio;

    Funo classificao: caracteriza o movimento diferencial das partculas para dentro

    e fora de um sistema contnuo de moagem e depende do tamanho das partculas.

    Aps uma sucesso de eventos de quebra, cada frao submetida a uma

    classificao antes de sofrer o prximo estgio. Desta forma, partculas mais grossas

    so retidas atravs do bloqueio de sua passagem para o prximo evento de quebra.

    4.2.2 Modelo do Misturador Perfeito

    A descrio deste texto baseada em Delboni (2007).

    Com base nos conceitos de Modelos de Balano Populacional, Whiten (1976)

    considerou o fenmeno como um misturador perfeito, eliminando assim as dificuldades em

    estabelecer o tempo de residncia para cada frao granulomtrica no interior do moinho.

    O Modelo de Misturador Perfeito ou Perfect Mixing Model (PMM) para moinho de

    bolas baseia-se no balano de massas para cada faixa granulomtrica, considerando o

    equilbrio entre os fluxos que entram e os que saem da frao considerada. A equao que

    descreve tal equilbrio a seguinte:

    jjiijj

    i

    j

    ji srpasrf 1

    (4.9)

    ou

    01

    jjijj

    i

    j

    jii srasrPf (4.10)

  • 30

    Subtraindo-se a condio de j igual a i na somatria da massa proveniente da

    fragmentao de fraes mais grossas que a considerada a equao 4.10 adquire a seguinte

    forma:

    0)1(1

    1

    iijjijj

    i

    j

    jii asrasrPf (4.11)

    Os vetores fi, pi e si representam, respectivamente, a vazo de alimentao do

    moinho, a vazo de descarga do moinho e o contedo interno do moinho (carga) em cada

    intervalo granulomtrico i. A varivel aij representa a frao retida na malha i proveniente da

    malha j aps um evento de fragmentao, enquanto o parmetro ri corresponde

    frequncia desses eventos para a i-sima faixa de tamanhos.

    Portanto,

    fi = vazo de alimentao da frao i do moinho;

    j

    i

    j

    jij sra

    1

    1

    = vazo para a i-sima faixa granulomtrica da carga do moinho,

    proveniente de quebra que ocorrem em faixas granulomtricas mais grossas que i;

    (risi - aiirisi) = vazo na qual o material deixa a frao i e passa para fraes mais finas

    da carga do moinho;

    pi = vazo na qual o material deixa a frao i e descarregado do moinho.

    Para melhor entendimento de cada um dos termos da equao acima, o diagrama

    abaixo, conforme Delboni Jr. (2006), apresenta os fluxos mssicos correspondentes s

    partculas encaminhadas a uma determinada frao granulomtrica e dela descarregadas.

  • 31

    Para sua aplicao em moinhos de bolas, o PMM necessita ser adaptado, uma vez

    que a carga de minrio de moinhos industriais raramente conhecida ou mesmo acessvel.

    Assim, considerando-se que o contedo do moinho est perfeitamente misturado (PMM), a

    carga do moinho est relacionada com o produto atravs de uma taxa de descarga di, para

    cada faixa granulomtrica, conforme mostra a frmula que se segue:

    iii sdP ou i

    id

    Pis (4.12)

    Combinando as equaes 4.11 e 4.12 acima teremos:

    0111

    1

    i

    i

    ii

    j

    ijii

    i

    ii pd

    raa

    di

    rPf (4.13)

    Fica assim definido o parmetro principal do modelo de operao de moinho de

    bolas, que o quociente r/d. Esse parmetro pode ser calculado diretamente a partir de

    estimativas das distribuies granulomtricas da alimentao e do produto do moinho, bem

    como uma funo quebra que represente com fidelidade as caractersticas de fragmentao

    do minrio processado. A Figura 4.5 mostra uma distribuio tpica de valores r/d em funo

    do tamanho da partcula.

    Intervalo de tamanho

    Alimentao Carga Produto

  • 32

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    0 1 2 3 4 5 6

    r/d

    *

    Tamanho (mm)

    Figura 4.5 Distribuio tpica do parmetro r/d. Fonte: Adaptado de Foggiato, 2009.

    A diviso deste parmetro pelo tempo de residncia mdio das partculas no interior

    do moinho leva normalizao do mesmo, qual seja, independe das dimenses ou mesmo

    condies operacionais do moinho estudado. A equao abaixo representa a normalizao

    do parmetro r/d.

    Q

    LDx

    d

    r

    d

    r

    i

    i

    i

    i

    4

    2

    * (4.14)

    onde:

    D = dimetro interno do moinho (m);

    L = comprimento interno do moinho (m);

    Q = vazo volumtrica de alimentao do moinho (m3/h).

    Desta forma, segundo Delboni Jr. (2006) o modelo matemtico da operao de

    moinhos de bolas definido a partir das caractersticas do minrio (appearance function) e

    caractersticas do equipamento (r/d*). Este ltimo sendo representado por uma curva

    quadrtica, definida por trs ou no mximo quatro pontos, utilizando-se o mtodo spline

    function para cobrir toda a faixa granulomtrica estudada. Na prtica, entretanto, o

    parmetro r/d* no funo somente do equipamento, mas tambm de uma complexa

    interao entre o binmio equipamento/minrio processado. Por esse motivo, em exerccios

    de otimizao de operaes existentes recomenda-se a realizao de amostragens para

    calibrao do modelo.

    x1 x2 x3 x4

    r/d

    Tamanho (mm)

  • 33

    4.3 MODELAGEM DE PENEIRAMENTO E CLASSIFICAO

    Esta seo sobre modelagem de peneiras e ciclones baseado em Delboni (2007).

    Segundo o autor, modelos matemticos da operao de equipamentos de classificao so

    baseados em dois componentes, a saber:

    Modelo da curva de partio do sistema minrio/equipamento;

    Modelo de operao do equipamento, que fornece principalmente, valores de

    capacidade. Ambos os modelos sero tratados nas sees 4.3.1, 4.3.2 e 4.3.3 que

    seguem.

    4.3.1 Modelo de curva de partio

    As curvas de partio representam o desempenho de qualquer separador em termos

    de separao de tamanhos ou recuperao de slidos e constituem a base de um dos

    modelos propostos para os equipamentos de separao por tamanhos.

    A partio advm de dados obtidos em campanhas de amostragem e definida

    numa operao de classificao como a proporo da alimentao que passa para o produto

    que contm a maioria relativa de grossos. Quando o equipamento o ciclone o produto

    assim definido o underflow e, se tratando de peneira refere-se ao oversize.

    A descrio a seguir baseada nos equipamentos de classificao hidrulica, como os

    ciclones.

    A partio pode ser tomada em carter global, ou seja, o quociente da diviso entre

    as vazes totais de underflow e de alimentao ou, em carter individual para cada faixa

    discreta de tamanhos segundo a frmula abaixo:

    AAi

    uuiri

    Mm

    MmP (4.15)

    onde:

    mUi e mAi = porcentagens retidas simples em massa da i-sima frao granulomtrica

    do underflow e da alimentao, respectivamente;

  • 34

    MU e MA = vazes globais de slidos dos fluxos de underflow e de alimentao,

    respectivamente.

    comum, entretanto, observar que curvas de partio baseadas em dados

    experimentais no passam pela origem. Isto acontece porque a separao no ideal. H,

    portanto, mecanismos que controlam o processo de classificao e que fazem com que

    partculas finas sejam endereadas ao underflow. Vrios mecanismos foram propostos para

    quantificar tal fenmeno, denominado by-pass ou curto-circuito, porm, o mais utilizado o

    de Kelsall (1953), que associa a todas as classes granulomtricas o mesmo valor de by-pass

    igual recuperao de gua no underflow.

    f

    fri

    ciR

    RPP

    1 (4.16)

    onde:

    Rf = partio de gua, neste caso igual ao by-pass;

    Pci = partio corrigida.

    Uma vez subtrada a parcela correspondente ao by-pass de cada classe

    granulomtrica, obtm-se a curva de partio corrigida do sistema. Para normalizar a curva

    de partio corrigida, segundo Yoshioka e Hota (1955 apud Chaves, 2001) deve-se dividir os

    valores das abscissas (tamanho de partcula) pelo dimetro mediano de partio (d50c)

    obtendo-se, desta forma, a curva padro do sistema, conforme proposto por Yoshioka e

    Hota.

    A curva padro de partio reveste-se de importncia para a modelagem de

    processos, visto que, segundo Lynch e Rao (1975), dentro de certos limites independe da

    condio operacional do sistema e mostra-se vlida para ciclones de diferentes tamanhos.

    Devido sua importncia, a curva padro de partio foi objeto de diversas

    parametrizaes. A Figura 4.6 apresenta, de forma esquemtica, as curvas de partio real e

    corrigida.

  • 35

    0%

    50%

    100%

    0.01 0.1 1

    Par

    ti

    o (

    %)

    Tamanho (mm)

    Experimental

    Corrigida

    Figura 4.6 Curvas de partio real e corrigida.

    Independente da equao empregada, os parmetros necessrios para caracterizar a

    operao atravs de curvas de partio so:

    Dimetro mediano corrigido (d50c): indica o tamanho de partculas que tem as

    mesmas possibilidades de ser encaminhadas para o underflow ou para o overflow.

    um parmetro de posio da curva de partio;

    Inclinao da curva (): segmento prximo ao d50c e por ser um parmetro de

    disperso est associado, ainda que erroneamente, qualidade da separao;

    Partio de gua para o underflow (Rf): associada parcela correspondente ao by-

    pass.

    As frmulas mais utilizadas para representar a curva padro de partio so a de Plitt

    (1986) (adaptao da distribuio de Rosin-Rammler) e a de Whiten, apresentadas a seguir:

    mici xeP 2ln1 (4.17) Plitt

    2

    1...1..

    *

    ee

    exP

    ii x

    ic (4.18) Whiten

    onde:

    c

    ii

    d

    dx

    50

    = inclinao prxima da abscissa igual a 1 (di = d50c) da curva padro de partio;

    d50

    Real

    0,01 0,1 1

    50

    0

    100

    Corrigida

    Par

    ti

    o (

    %)

    Tamanho (mm)

  • 36

    e * = parmetros que modulam a conformao da curva de partio e a

    descrevem;

    m = inclinao da curva de partio.

    A parametrizao proposta por Plitt apresenta a convenincia de poder ser obtida

    diretamente sobre grfico bi-logartmico e, atravs de uma simples regresso linear, ser

    calculado diretamente o valor da inclinao (m) da curva de partio. J a equao de

    Whiten requer regresses no-lineares para clculo de sua inclinao ().

    Apesar das parametrizaes acima representarem satisfatoriamente a grande

    maioria das operaes de classificao em tratamento de minrios, existem situaes em

    que a curva de partio do sistema no corresponde ao formato de "S" esperado, sendo

    ento necessria a utilizao de outros mtodos para sua parametrizao. Nessas situaes,

    utilizam-se geralmente mtodos numricos como spline function (Whiten), mtodo

    discretizante (Delboni), dentre outros.

    4.3.2 Modelo de ciclones

    Existe na literatura especfica uma srie de modelos de operao de ciclones, porm

    os modelos consagrados so os de Plitt (1976) e Nageswararao (1995), este ltimo originado

    diretamente do modelo criado por Lynch e Rao (1975). A seguir ser descrito o modelo de

    Nageswararao, em termos das equaes paramtricas, suas peculiaridades e limitaes.

    O modelo de Nageswararao tem por base quatro equaes que so relativas ao

    clculo do dimetro mediano da separao, da partio de gua, da partio de polpa e da

    vazo volumtrica de alimentao do ciclone.

    Os trs primeiros parmetros so necessrios para o estabelecimento dos valores de

    partio real, que sero atribudos a cada intervalo granulomtrico. As ltimas trs variveis

    definem as vazes da alimentao e dos produtos gerados.

  • 37

    A relao para clculo do dimetro mediano corrigido de separao a seguinte:

    22,0

    93,0

    47,052,0

    35,0

    2,0

    5,0

    5,0

    50

    cpc

    u

    c

    oc

    c

    c

    c

    iDc

    gDP

    P

    D

    D

    D

    DD

    D

    L

    D

    DKd

    O (4.19)

    onde:

    Di = dimetro equivalente do inlet (m);

    Do = dimetro do vortex (m);

    Du = dimetro do apex (m);

    Dc = dimetro do ciclone (m);

    Lc = comprimento da seo cilndrica do ciclone (m);

    = ngulo da parte cnica do ciclone (o);

    P = presso de alimentao da polpa (kPa);

    p = densidade de polpa na alimentao (t/m3);

    g = acelerao da gravidade (9,81 m/s2);

    KD0 = constante a ser estimada a partir dos dados;

    = termo relativo frao volumtrica de slidos, que obedece seguinte equao:

    2

    82,1

    105,8

    10

    vc

    vc

    (4.20)

    cv = frao volumtrica de slidos na alimentao.

    A constante KD0 permite a calibrao da equao e depende das caractersticas do

    minrio que alimenta o ciclone, principalmente quanto distribuio granulomtrica e peso

    especfico.

  • 38

    A relao para clculo da vazo volumtrica de alimentao a seguinte:

    68,05,0

    2

    2,0

    1,0

    45,0

    c

    o

    p

    c

    c

    c

    c

    iQo

    D

    D

    P

    PD

    D

    L

    D

    DKQ (4.21)

    onde:

    Q = vazo volumtrica de polpa de alimentao (m3/h);

    KQ0 = constante a ser estimada a partir dos dados.

    As parties de gua (Rf) e polpa (Rv) para o underflow so calculadas pelas relaes

    abaixo:

    53,0

    27,0

    4,219,122,0

    24,0

    5,0

    1

    cpc

    u

    c

    O

    c

    c

    c

    iWf

    gDP

    P

    D

    D

    D

    D

    D

    L

    D

    DKR (4.22)

    31,0

    27,0

    83,194,022,0

    24,0

    25,0

    1

    cpc

    u

    c

    O

    c

    c

    c

    iVv

    gDP

    P

    D

    D

    D

    D

    D

    L

    D

    DKR (4.23)

    onde:

    Rf = partio de gua para o underflow (%);

    Rv = partio volumtrica de polpa para o underflow (%);

    KW1 e KV1 = constantes a serem estimadas a partir dos dados.

    As constantes KD0, KQ0, KW1 e KV1 dependem exclusivamente das caractersticas do

    minrio que alimenta o ciclone principalmente quanto distribuio granulomtrica e ao

    peso especfico (Nageswararao, 1995) e permitem a calibrao das relaes. Deve-se notar,

    entretanto, que pequenas quantidades de modificadores de viscosidade, tais como argilas,

    tm forte efeito nos valores das constantes.

    A frmula para clculo da vazo (presso) de alimentao a seguinte:

    68,05,0

    2

    2,0

    1,0

    45,0

    0

    c

    o

    pc

    c

    c

    c

    iQ

    D

    DPD

    D

    L

    D

    DKQ

    (4.24)

  • 39

    O modelo de Nageswararao (1995) tem como premissa fundamental o fato da curva

    padro de partio no depender das condies de operao do ciclone. Essa curva vlida

    para equipamentos que guardem aproximadamente as mesmas relaes geomtricas entre

    seus elementos, bem como condies de operao prximas s obtidas em amostragens.

    Dessa forma, necessria a realizao de pelo menos uma amostragem com o

    minrio para se obter a curva padro de partio do sistema, e esta servir para simulaes

    posteriores. Neste ponto os modelos de Plitt e Nageswararao diferem conceitualmente, j

    que Plitt introduziu uma equao especfica para o clculo do coeficiente de inclinao da

    curva padro de partio, ao passo que no modelo de Nageswararao, esse parmetro deve

    ser obtido a partir de dados experimentais.

    Uma caracterstica favorvel ao modelo de Nageswararao a obteno direta das

    parties globais de massa e gua, uma vez que neste modelo esto explicitadas as

    equaes especficas para clculo dos parmetros Rf e Rv. No modelo de Plitt, apenas uma

    das equaes dedicada a esses parmetros, qual seja, S que representa o quociente entre

    vazes volumtricas do underflow e overflow.

    No modelo de Plitt, para se determinar as vazes dos produtos, emprega-se,

    normalmente, um procedimento interativo, o que introduz um grau de liberdade indesejvel

    no sistema.

    4.3.3 Modelo de peneiras

    Embora existam modelos de natureza mecanstica, capazes de descrever com

    razovel grau de fidelidade o comportamento de partculas sobre a tela de peneiras, o

    modelo utilizado no presente trabalho constou de curva de partio simples. Ou seja, trata

    de um modelo de separao de slidos por tamanho e no relativo a um equipamento

    especfico de processo.

    Os modelos mecansticos de peneiras so considerados complexos e dotados de

    vrios parmetros que dependem de ensaios especficos para calibrao. Ademais, como

    no h interesse no escalonamento ou dimensionamento destes equipamentos com base

    em modelos matemticos, o modelo de curva de partio simples, com base nos parmetros

    d50c, inclinao e partio de gua, serviu aos propsitos do presente estudo.

  • 40

    4.4 CALIBRAO DE MODELOS

    Aps a obteno de dados experimentais os modelos devem ser calibrados ou

    ajustados para o sistema ou processo analisado. Assim, ajuste do modelo (fitting) o

    conjunto de simulaes com os dados de entrada e de sada previamente conhecidos e

    representativos do sistema, visando tornar os parmetros (constantes) do modelo

    adequados ao processo especfico e tornar as respostas destes representativas.

    Segundo Delboni (2003), os procedimentos de calibrao do modelo de ciclones,

    peneiras e moinhos consistem em calcular as constantes de cada equao (peneiras e

    ciclones) ou taxa de quebra (moinhos) com base nos valores experimentais dos parmetros

    utilizados pelo modelo, assim como das condies de operao dos testes.

    A qualidade da calibrao estimada atravs do desvio padro global dos valores

    calculados pelo modelo ajustado em relao aos valores iniciais. Numericamente o desvio

    padro global (SD) calculado pela raiz quadrada do quociente da diviso da somatria dos

    erros ponderados pelo nmero de valores estimados (n), conforme a equao abaixo.

    n

    CalcExp

    SD

    n

    i i

    ii

    2

    (4.25)

    Para os ensaios conduzidos no presente trabalho a qualidade dos ajustes foi avaliada

    atravs do SD global que representa a soma dos erros devidos s variveis medidas que,

    nesse caso, so: as distribuies granulomtricas de alimentao, underflow e overflow (xi),

    porcentagens de slidos (Cwj), vazes (Qsk) e constantes das equaes do modelo (Km). A

    frmula abaixo apresenta o clculo do SD global.

    433

    ,,

    24

    23

    23

    2

    n

    KQsQsCwCwOUF

    xx

    SDm m

    m

    k k

    ckek

    j j

    cjejn

    i i

    ciei

    (4.26)

    Para circuitos fechados com operao de um estgio de classificao, o critrio

    descrito na Tabela 4.1 permite avaliar a qualidade da calibrao do modelo.

  • 41

    Tabela 4.1 Critrio de avaliao da qualidade da calibrao de modelos.

    Intervalo Qualidade

    SD < 1 Excelente

    1 SD < 1.5 Boa

    1,5 SD < 2 Razovel

    SD 2 Baixa

    Portanto, a classificao da qualidade do ajuste de modelo em funo do SD pode

    estar entre excelente, SD < 1 ou baixa caso o SD seja maior ou igual a 2.

    4.4.1 Calibrao e simulao do modelo de moinho de bolas

    A calibrao de modelo de moinhos de bolas consiste basicamente em calcular o

    valor de r/d* para cada frao granulomtrica. Nesta etapa ficam definidos os valores de

    trs ns da funo r/d* se utilizado o mtodo spline function para cobrir toda a faixa

    granulomtrica.

    Uma vez calculados, ou selecionados, os valores do parmetro r/d*, em conjunto

    com as caractersticas do minrio (aij), o modelo encontra-se calibrado para exerccios de

    simulao. Nessas condies, os valores normalizados do parmetro r/d* serviro de base

    para o clculo de r/d, conforme as condies especficas simuladas.

    A equao abaixo serve de base para exerccios de simulao empregando-se o

    modelo de moinhos de bolas, o que indica que a funo r/d* pode ser escalonada em funo

    dos valores empregados em simulaes. Ou seja, os valores obtidos a partir de ajuste de

    modelos (r/d*AJUS) sero calculados para as simulaes (r/d*SIM).

    AJUSi

    i

    SIMi

    i

    d

    rEscaladeFator

    d

    r

    **

    * (4.27)

    Os cinco fatores de escala relativos s variveis de operao passveis de alterao e

    seus efeitos no parmetro r/d* so descritos resumidamente a seguir.

  • 42

    Efeito do dimetro (D) do moinho: FA

    AJUS

    SIMA

    D

    DF (4.28)

    Efeito do grau de enchimento (GE) do moinho: FB

    AJUSAJUS

    SIMSIMB

    GEGE

    GEGEF

    1

    1 (4.29)

    Efeito da velocidade do moinho (velocidade em % da velocidade crtica): FC

    AJUS

    SIMC

    Vel

    VelF (4.30)

    O fator de correo Fc vlido para variaes da velocidade do moinho (Vm) dentro

    dos seguintes limites, 55% Cs < Vm < 78% Cs, onde Cs corresponde ao valor da velocidade

    crtica do moinho.

    Efeito da variao das caractersticas de moabilidade (WI) do minrio: FD

    8,0

    SIM

    AJUSD

    WI

    WIF (4.31)

    Efeito do dimetro (Db) de bolas:

    2

    bMax KDX (4.32)

    onde:

    XMax = tamanho de partcula no qual ocorre a mxima taxa de quebra (mm);

    Db = dimetro de bola (mm);

    K = constante (aproximadamente 4,4 x 10-4 mm-1)

  • 43

    Os fatores de correo so os seguintes:

    2

    bAJUS

    bSIME

    D

    DF para X > XMax (4.33)

    bAJUS

    bSIM

    E

    D

    DF

    1

    1

    para X < XMax (4.34)

    4.4.2 Calibrao do modelo de peneiras

    A calibrao do modelo de peneiras aqui empregada consiste essencialmente no

    estabelecimento da curva de partio do sistema, bem como nos parmetros da equao

    paramtrica selecionada. A equao de Whiten foi selecionada e a calibrao feita a partir

    da determinao do parmetro da equao conforme equao 4.18.

    4.4.3 Calibrao do modelo de ciclone

    O modelo de operao de ciclones aqui selecionado (Nageswararo) requer a

    calibrao do modelo da curva de partio, conforme descrita na seo anterior. Alm disso,

    h a necessidade de se calibrar as constantes KDO, KQO, KW1 e KV1, conforme descritas na

    seo 4.3.2 do presente texto.

  • 44

    5 OPERAES NA VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO

    5.1 VOTORANTIM METAIS ZINCO

    A Votorantim Metais Zinco S/A, empresa de capital nacional integrante do grupo

    Votorantim, a maior produtora de zinco da Amrica Latina e est entre as dez maiores

    produtoras mundiais.

    Iniciou sua trajetria em 1956 com a criao da Companhia Mineira de Metais, em

    Trs Marias, Minas Gerais. Atualmente designada Votorantim Metais Zinco, possui dez

    unidades produtivas no Brasil, EUA, China e Peru, alm da participao majoritria na quarta

    maior mineradora de zinco do Peru (Compaia Minera MILPO).

    Os ativos produtivos no Brasil esto localizados em Minas Gerais com dois

    empreendimentos mineiros, em Vazante e Paracatu, duas usinas metalrgicas, em Trs

    Marias e Juiz de Fora. Desde 2009, aliados a uma nova tecnologia de lixiviao sob presso

    em autoclave, os concentrados dos empreendimentos mineiros de Vazante e Paracatu

    garantem, nas respectivas propores de 86% e 14%, a autossuficincia em concentrados

    metalurgia de Trs Marias.

    O sistema Trs Marias, composto pelos dois empreendimentos mineiros e a

    metalurgia de zinco tem, em um mercado com forte concorrncia, a competitividade

    garantida por fatores como minerao prpria, tecnologia de tratamento de minrios,

    gesto eficiente de processos e investimentos permanentes na ampliao de sua capacidade

    de produo.

    A seguir so apresentadas as operaes do empreendimento mineiro Votorantim

    Metais Zinco Morro Agudo, onde foi conduzido o presente trabalho.

    5.2 VOTORANTIM METAIS ZINCO MORRO AGUDO

    A VMZMA iniciou suas operaes em meados da dcada de 1980 e est localizada no

    municpio de Paracatu, noroeste de Minas Gerais, onde explora e beneficia minrio

    sulfetado contendo zinco e chumbo nos minerais-minrios esfalerita e galena

    respectivamente, com gerao de calcrio dolomtico como coproduto.

  • 45

    5.2.1 Jazida

    O depsito de zinco e chumbo da VMZMA encontra-se associado a rochas

    carbonticas de ambiente recifal, idade Pr-Cambriana Superior, pertencentes Formao

    Vazante, Grupo Bambu.

    A jazida est localizada no flanco oeste do Morro do Calcrio e tem dimenses

    aproximadas de dois quilmetros no sentido norte-sul e 0,8 quilmetros no sentido leste-

    oeste.

    As mineralizaes esto contidas em uma unidade dolomtica, denominada

    dolarenito, rocha dolomtica com clastos milimtricos tambm de composio dolomtica.

    Na capa do jazimento encontra-se a unidade denominada Sequncia Argilo-Dolomtica

    (SAD), constituda de rocha rtmica composta por nveis milimtricos argilosos e dolomticos;

    e na base por uma unidade denominada Brecha Dolomtica, composta por brecha

    intraformacional.

    Os minrios tm como principais componentes os minerais esfalerita e galena, que

    ocorrem predominantemente de forma disseminada e, subordinadamente, h a presena de

    pirita e barita. A galena muito pobre em prata, enquanto a esfalerita mostra

    enriquecimento em cdmio (cerca de 300 ppm).

    A presena reduzida de pirita e o baixo teor de ferro na esfalerita conferem aos

    concentrados produzidos pela VMZMA baixos nveis de impureza de ferro. Os teores mdios

    dos minrios da jazida so da ordem de 3,78% e 1,30% de Zn e Pb, respectivamente, no

    recurso mineral; e de 3,20% e 1,20% de Zn e Pb, respectivamente, na reserva mineral. Os

    recursos e as reservas so da ordem de 12 Mt e 10 Mt de minrio, respectivamente.

    5.2.2 Lavra

    A lavra executada em mina subterrnea e est atualmente a uma profundidade de

    600 metros da superfcie com previso de extenso a 900 metros. A mina produz trs mil

    toneladas de minrio por dia com teores mdios de 3,2% de Zn e de 1,2% de Pb.

    O mtodo de lavra adotado cmaras e pilares, com acesso por nveis que seccionam

    a mina a cada 33 metros, sendo determinado pela inclinao dos corpos de minrio. Por

    estes nveis desenvolvem-se rampas no mergulho aparente dos corpos que configuram um

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    lay-out final de cmaras com dez metros de largura, altura correspondente a espessura do

    corpo e pilares entre uma cmara e outra de 6 x 6 metros espaados longitudinalmente de

    oito metros.

    A mina tem um alto grau de mecanizao com frota de jumbos diesel e eltricos,

    carregadeiras tipo LHD, caminhes traados alm de equipamentos para apoio como scaler,

    para saneamento de tetos, anfo loader, para carregamento de frentes e outros.

    A infra-estrutura da mina contempla dois acessos bsicos: um shaft com

    profundidade de 320 metros, com dois skips cujas capacidades so de 6,5 toneladas de

    minrio cada, assim como uma rampa para acesso de equipamentos e pessoas. Abaixo da

    estao de carga o transporte ocorre por caminhes.

    O minrio chega superfcie pelos skips e alimenta o processo de britagem.

    O estril gerado durante as etapas de desenvolvimento da mina direcionado para o

    enchimento das cmaras j lavradas, eliminando-se o transporte de material para a

    superfcie e, consequentemente, a necessidade de formao de pilha de estril. Buscando o

    maior aproveitamento do bem mineral em funo da evoluo tecnolgica e do valor do

    minrio o planejamento de lavra contempla atualmente lavra em reas j exauridas, bem

    como reprocessamento de material de barragem.

    5.2.3 Circuito de cominuio

    O circuito de cominuio da VMZMA se divide em duas etapas: britagem e moagem.

    O circuito de britagem realizado a seco em trs estgios: britagem primria, secundria e

    terciria, conforme mostra a Figura 5.1.

  • 47

    Figura 5.1 Circuito de britagem da VMZMA.

    A britagem primria realizada em circuito aberto, onde o britador primrio

    alimentado por minrio descarregado do alimentador vibratrio. O material britado

    armazenado em uma pilha primria que alimenta a britagem secundria. O produto da

    britagem secundria alimenta uma peneira vibratria de dois decks; o undersize, frao

    passante em 10 mm, o produto final da britagem e forma a pilha de homogeneizao

    atravs de tripper, enquanto o oversize segue para o britador tercirio fechando o circuito

    com a peneira. A Tabela 5.1 apresenta a descrio dos principais equipamentos instalados

    no circuito industrial da VMZMA.

    Tabela 5.1 Descrio dos principais equipamentos do circuito de britagem.

    Equipamento Fabricante Modelo Capacidade(t/h)

    Britador primrio Nordberg M-2504 200

    Britador secundrio Nordberg M-1352 200

    Britador tercirio Nordberg HP 400 200

    Peneira vibratria Haver & Boecker D2200-6500 350

    O material estocado na pilha de homogeneizao retomado e alimenta a moagem

    atravs de cinco alimentadores. A etapa de moagem consiste em duas linhas paralelas com

    moinhos de bolas em circuito fechado com ciclones, sendo designadas como Linha 1 e Linha

    2, conforme mostra a Figura 5.2.

    Shaft

    Alimentador vibratrio

    Pilha primria

    Britador primrio Britador

    tercirio

    Britador secundrio Pilha

    secundria

    Pilha homogeneizao

    Peneira vibratria

  • 48

    Linha 1 Linha 2

    Figura 5.2 Fluxograma do circuito de moagem da VMZMA.

    Nesta configurao a alimentao nova direcionada aos silos pelo divisor de fluxo e

    encaminhada ao respectivo moinho. O produto do moinho alimenta os ciclones, cujos

    overflows, com produto 75% passantes na malha 325 Tyler (0,044 mm) so encaminhados

    etapa de flotao e o underflow dos ciclones conduzido alimentao dos moinhos,

    fechando, portanto, o circuito. H adio de gua na alimentao dos moinhos de bolas e

    nas caixas de bomba de polpa. A Tabela 5.2 apresenta uma descrio dos principais

    equipamentos da etapa de moagem. A descrio completa encontra-se no Anexo 1.

    Tabela 5.2 Descrio dos principais equipamentos do circuito de moagem da VMZMA.

    Equipamento Fabricante Modelo Capacidade nominal

    Moinho de bolas 13,6 x 20 ps Nordberg Descarga por Overflow 95 t/h

    Moinho de bolas 12 x 18,3 ps Nordberg Descarga por Overflow 45 t/h

    Ciclones Krebs D10LB10,5 12 ciclones

    Ciclones Krebs 8D10Gmax3061 8 ciclones

    5.2.4 Circuito de flotao

    O processo de flotao na usina industrial da VMZMA ocorre em dois circuitos

    distintos. No primeiro flota-se a galena e, em seguida, a esfalerita. A concentrao da galena

    e da esfalerita consistem em circuito de flotao que renem estgios rougher, cleaner e

    scavenger conforme mostrado na Figura 5.3.

    Alimentao flotao

    Alimentao flotao

    Alimentao nova

    Caixa de polpa 2

    Bateria ciclones 2

    Divisor de fluxo

    Bateria ciclones 1

    Caixa de polpa 1

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    Figura 5.3 Fluxograma dos circuitos de flotao de galena e esfalerita.

    O overflow da classificao condicionado e alimenta a flotao de galena que

    ocorre de forma direta. O produto desta etapa, concentrado de chumbo, armazenado para

    posterior exportao.

    O rejeito do circuito de galena preparado e encaminhado alimentao da

    concentrao de esfalerita. Nesta etapa, o produto da flotao o concentrado de zinco.

    Esse material expedido para a Votorantim Metais Zinco Trs Marias.

    Como coproduto do processo de concentrao tem-se o p calcrio agrcola (PCA).

    Diversas melhorias de processo ocorreram ao longo dos ltimos anos de forma a no gerar

    rejeitos durante o proc