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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA PRESENCIAL ALEXANDRE ROCHA DA SILVA ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NATAL - RN 2019

Modelo de Projeto - UFRN: Página inicial · Ao professor Me. Felipe de Lima Almeida por ter aceitado, sem pestanejar, e ainda, sem saber que para ele essa aceitação seria mais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA PRESENCIAL

ALEXANDRE ROCHA DA SILVA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

DE JOVENS E ADULTOS

NATAL - RN

2019

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ALEXANDRE ROCHA DA SILVA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA BASEADA NA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS

Relatório de Práticas Educativas apresentado ao Curso de Pedagogia na modalidade presencial da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia. Orientação: Prof. Me. Felipe de Lima Almeida

Aprovado em:_____/_____/2019.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Prof. Me. Felipe de Lima Almeida – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________________ Prof. Me. Paulo Roberto Lima de Souza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________________ Prof.ª Me. Nathalia Potiguara de Moraes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha “Estrela Primeira”, a minha amada mãe, “in

memorian”, que de uma maneira tão brilhantemente esteve presente em minha vida e

na vida de meus irmãos, dando amor, esperança, carinho e tudo aquilo que um filho

precisa para crescer acreditando que a vida vale a pena, mesmo em meio a tantas

dificuldades enfrentadas. A mulher maravilha das telas de cinema e revistas em

quadrinhos, sai de seu mundo virtual e passa para a realidade nua e crua, quando

pensamos no termo “mãe”.

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AGRADECIMENTOS

Ao nosso Deus todo poderoso que guiou meus passos nessa jornada cientifica, iluminando meus pensamentos para o entendimento do saber pedagógico e assim conseguir realizar este sonho de estudar e concluir um curso superior, mesmo diante de tantas dificuldades e carga de trabalho.

Em especial, à minha amada mãe, “in memorian” que me fez através de sua resistência e força de vontade quando em vida, ser forte e persistente para não desistir facilmente dos meus objetivos e conseguir, entre onze irmãos, ser o único a possuir um curso superior. Para mim e meus irmãos, uma heroína que venceu todos os obstáculos para manter vivos os seus onze filhos após uma vida conturbada de sofrimento e violência doméstica. Mas, a vida nos oferece momentos de crueldade, momentos em que obrigatoriamente temos que nos separar daqueles que mais amamos. No entanto, vive no meu pensamento, a certeza de que a minha “Estrela Primeira” continua ao meu lado nesta hora de conquista e de mudança de vida.

À minha esposa Elizabeth que sempre esteve me apoiando durante todo o tempo, em tudo e em todas as coisas, com esmero e dedicação, mesmo com tantas ausências no lar em virtude dos projetos que venho realizando em minha vida.

Aos meus irmãos e irmãs que sempre estiveram presentes em minha vida, dispondo de seus tempos para me ouvir e a ajudar a prosseguir com meus objetivos.

Ao professor Me. Felipe de Lima Almeida por ter aceitado, sem pestanejar, e ainda, sem saber que para ele essa aceitação seria mais um desafio, a ser meu orientador e também por ter sido sempre muito paciente, cuidadoso com as orientações e acima de tudo um grande amigo num momento tão especial da minha vida.

À Direção da Escola Estadual Professor João Tibúrcio, por nos abrir as portas da referida escola, para que eu pudesse desenvolver o estágio supervisionado e a professora Margareth Sueli Souza da Silva, por nos conceder espaço em sua sala de aula junto aos seus alunos. E, a partir deste período de experiência passamos a ver a EJA com outros olhos.

Aos professores do curso de Pedagogia que de forma tão brilhantemente

ministraram este curso, trazendo para nós alunos, novos ideais de observação e perspectivas, bases importantes para a nossa formação e, consequentemente nos ajudando a ser mais críticos e participativos em um mundo de pensamentos inovadores.

O meu muito obrigado a todos de coração!

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“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. (Nelson Mandela)

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LISTA DE ABREVIATURAS EJA.....................................................................................Educação de Jovens e Adultos IBGE.............................................................Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LDB.........................................................Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Pnad..............................Contínua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio Contínua

UFRN.........................................................Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 08

2 AMPARO TEÓRICO NA BUSCA DO SABER FAZER ..............................................11

3 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO ...............................................................................12

4 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EJA COMO FERRAMENTA PROPULSORA

DO SABER FAZER .......................................................................................................13

4.1 Das possibilidades de êxito na alfabetização e no letramento de jovens e

adultos a partir das contribuições do estágio supervisionado .............................. 15

5 PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS: CUMPRINDO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

NA EJA ..........................................................................................................................17

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 30

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1. INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado constitui-se como uma oportunidade para que os

estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia possam vivenciar os conteúdos

teóricos adquiridos na academia em situações práticas. Para contextualizar essa

afirmação, o presente relatório tem a finalidade de elencar e discutir as atividades

exercidas durante o estágio supervisionado realizado numa turma da Educação de

Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Professor João Tibúrcio, em Natal-RN.

Neste relato de práticas educativas será possível visualizar a prática pedagógica

utilizada pelo docente responsável pela supervisão do meu estágio e compreender as

dificuldades enfrentadas pelo professor, algo que infelizmente é presente na realidade

de quem ensina na modalidade da EJA. Além disso, o presente relatório pode trazer

também, contribuições para outros alunos do Curso de Pedagogia, que por meio da

disciplina de Estágio Supervisionado, tem a possibilidade de oportuniza o conhecimento

e reflexão da prática pedagógica aqui elencada.

A vivência na modalidade da EJA contribui para a construção de competências e

habilidades que serão requeridas no exercício das futuras funções dos licenciados em

Pedagogia, dentro da escola e de outros ambientes não escolares, onde se façam

necessárias a existência dos procedimentos socioeducacionais e pedagógicos que

recaiam sobre as práticas do professor dos alunos da EJA. Conforme afirma Freire

(1989):

Alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escreve o que se entende. (...). Implica uma auto formação da qual pode resultar uma postura atuante do homem sobre seu contexto. Para isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador. Isto faz com que o papel do educador seja fundamentalmente dialogar com o analfabeto sobre situações concretas, oferecendo-lhes os meios com que os quais possa se alfabetizar. (FREIRE, 1989, p.72)

Dentro da perspectiva da Educação Básica, o Rio Grande do Norte ainda

apresenta estatisticamente números bem expressivos com relação ao baixo nível de

escolaridade, principalmente quando se refere as condições de localização dentro do

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espaço geográfico. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), "a taxa de analfabetismo no Rio Grande do Norte reduziu 1,2 ponto percentual

entre 2016 e 2017, entre pessoas de 15 anos ou mais de idade”. Os dados fazem parte

da pesquisa Educação 2017, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicilio Contínua (BRASIL, 2017). Neste sentido, torna-se necessário, segundo

Moura (2009), pensar na formação do professor de jovens e adultos, no atual contexto

socioeconômico, político e cultural, partindo de uma avaliação e reflexão da prática

educativa tanto na formação inicial quanto continuada desses educadores.

Assim, neste relatório podemos argumentar e fortalecer o pensamento de que a

prática escolar exercida neste componente curricular em si representa um espaço de

construção e desenvolvimento de habilidades que visam contribuir e melhorar a prática

pedagógica para a formação dos jovens e adultos que não tiveram oportunidade de

estudar na idade certa.

As relações de ensino e aprendizagem para os alunos da EJA ocorrem de

maneira bem diferenciada daquilo que normalmente estamos acostumados a ver e a

lidar, uma vez que a grande maioria desses alunos passam o dia trabalhando e durante

a noite buscam um tempo para ir à escola para estudar e aprender algo que possa

beneficiar seu desenvolvimento no trabalho. Nessa ideia, focamos no pensamento de

como fazer o aluno avançar diante das dificuldades encontradas em sala de aula,

apontando desafios para serem vencidos como resultados da aprendizagem. Para isto

foi necessário criar atividades produtivas considerando as reais condições de cada

aluno, a fim de não motivar esse aluno a se evadir da sala de aula por dificuldade no

aprender fazer.

Nesse sentido, o papel do professor na EJA é de justamente tentar conciliar essa

dificuldade com a vontade de aprender do aluno, apresentando ideias essenciais,

inovadoras e sustentáveis para o fortalecimento do aprendizado do aluno da EJA. Com

isto, teremos a oportunidade de observar que a prática pedagógica do professor, vai se

mostrar eficaz, a partir dos resultados alcançados para alfabetizar seus educandos.

Para tanto, o professor deve fazer um minucioso diagnóstico da turma,

antecipadamente às tarefas que pretende desenvolver em sala de aula, para que não

se comprometa o desempenho dos mesmos, tendo em vista que numa turma onde

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existem alunos de diferentes faixas etárias, certamente haverá também, alguns com

conhecimento de mundo mais aguçados que outros, apesar de estar no mesmo nível

escolar.

Em decorrência desses preceitos, o que me levou a optar em fazer este relato

sobre a experiência na EJA, vivida com os alunos da Escola Estadual Professor João

Tibúrcio, foi justamente por me identificar mais com a situação de atuar como professor

da EJA do que como professor da Educação Infantil.

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2. AMPARO TEÓRICO NA BUSCA DO SABER FAZER

Para embasamento deste relato de práticas educativas buscou-se o aporte

teórico a partir das principais ideias de alguns autores relacionados à temática de

Estágio Supervisionado e de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Neste sentido,

destacamos os autores GADOTTI e ROMÃO (2008), GALVÃO e SOARES (2006),

GOMES, (2009), FERREIRO (2011), FREIRE (1979, 1989, 1991, 2003 e 2007),

LERNER (2002), MOURA (2006), MOURA (2009), PIMENTA (1997 e 2010), PINTO

(1991), SOARES (2003) e TFOUNI (2002).

A fundamentação deste relatório foi consubstanciada sob a forma crítica e

autônoma com a perspectiva de apresentar alguns aspectos dentro do contexto escolar,

trabalhando a temática da prática pedagógica, em conformidade como o nível de

atuação na modalidade da EJA.

Para isto, inicialmente, apresentaremos o tópico sobre o Estágio Supervisionado

e abordaremos as definições das práticas pedagógicas direcionadas para a modalidade

de Educação de Jovens e Adultos e a relevância da continuidade da prática

educacional para além dos muros da escola.

Em seguida, abordaremos a importância da contribuição do Estágio

Supervisionado para a EJA, destacando os aspectos fundamentais que norteiam a

figura do estagiário como professor em formação para o fortalecimento do ensino

pedagógico direcionado aos alunos desta modalidade de ensino.

Posteriormente, finalizaremos discorrendo sobre as possibilidades de êxito na

alfabetização e no letramento de jovens e adultos, abordando a importância das

experiências já adquiridas, como os seus saberes, experiências e expectativas de vida,

por estarem, na maioria dos casos, já vinculados ao trabalho e depois tentar relacionar

com a doutrina da norma culta que é imposta pelo currículo de acordo com a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96).

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3. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

De acordo com Pimenta (2010), entende-se por Estágio Supervisionado como a

idealização do aprender a profissão docente no decorrer do estágio, o que supõe estar

atento as particularidades e as interfaces da realidade escolar e sua contextualização

na sociedade, possibilitando uma atualização contínua dos fazeres pedagógicos e um

reposicionamento do pensamento crítico com as situações mais próximas da realidade

de seus discentes, uma vez que os estágios possibilitam novos olhares para o

desenvolvimento da prática pedagógica.

Sob esta perspectiva a legislação de estágio em vigor, Lei nº 11.788/2008,

apresenta embasamento jurídico para que o estágio supervisionado esteja vinculado ao

processo educativo nos cursos de graduação, e aí enfatizamos em especial na área de

educação onde os parâmetros sociais estão evidentes no fazer pedagógico do

professor alfabetizador. (BRASIL, 2008).

Nessa premissa o estágio supervisionado surge no sentido de aproximar as

Universidades às escolas de educação básica por meio de estágios obrigatórios e de

dar meios concretos e consubstanciados ao formando de Pedagogia conforme

legislação atrelada ao currículo, para que este possa experimentar a docência e lidar

com alunos em sala de aula, ainda durante a sua formação acadêmica, tendo como

objetivos primordiais o aperfeiçoamento das atribuições pedagógicas que permeiam do

processo escolar nos anos iniciais de sua carreira docente, bem como determinar as

atribuições específicas do estagiário nesse cenário profissional atreladas ao contexto

de como as universidades podem colaborar com as escolas públicas de educação

básica por intermédio de laços que envolvam ações pedagógicas.

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4. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EJA COMO FERRAMENTA PROPULSORA

DO SABER FAZER

Os contextos formadores do licenciando em pedagogia devem estar ligados ao

senso crítico, social e cultural do ser humano, onde o saber fazer e o saber pedagógico

se relacionam num patamar de idealizações que fortalecem a prática educativa. Para a

concretização dessas ações pedagógicas, é necessário que o aluno em formação tenha

uma conduta firme que o leve a conhecer a escola com olhares atentos aos desafios

que irá enfrentar. Ser professor, requer hábitos dedicados à educação e cidadania que

vão além dos muros das escolas. Assim, de acordo com Galvão e Soares (2006), “[...] a

partir do momento que o professor considere o estudante jovem e adulto, como

produtor de saber e de cultura, ainda que não saiba ler e escrever, esse alfabetizando

em práticas efetivas de letramento, o processo de alfabetização se torna muito mais

significativo”.

Os princípios norteadores do licenciando em pedagogia que estão nas diretrizes

curriculares nacionais do curso de pedagogia, elencam atributos que englobam uma

organização complexa que tem relação com a função social e formativa do cidadão.

Ademais o profissional de educação deve conter um desejo que o leve a abraçar toda e

qualquer atividade que corrobore com o fazer pedagógico e atente para o mecanismo

de valorização da etnia, da crença ou da razão social como fatores que elevem sua

autoestima de ser professor.

Sob esta perspectiva, de acordo com Gadotti e Romão (2008, p.121): “O

contexto cultural do aluno trabalhador deve ser a ponte entre o saber e o que a escola

pode proporcionar, evitando, assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de

fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão.

Ainda dentro desses parâmetros, podemos frisar as perspectivas da educação

que estão voltadas para os processos educativos e modalidade de ensino EJA a qual

integra os indivíduos que se encontram em atraso com seus estudos, emergindo a

necessidade de discutirmos sobre essa realidade.

A EJA foi criada com o intuito de proporcionar àqueles que não tiveram

oportunidade de concluir seus estudos na idade certa, uma nova oportunidade. Assim,

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ficou estipulado no artigo 34 da Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB), que: "A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não

tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria" (BRASIL, 1996). Uma lei que chegou com o objetivo de mudar a situação da

educação no País, enfatizando os jovens e adultos que estavam fora de sua faixa etária

para a continuação ou conclusão dos estudos nos direitos constitucionais relacionados

à educação que fazem parte das obrigações do Estado.

Para isto, vimos que, ao analisarmos as compreensões sobre a Educação de

Jovens e Adultos na contemporaneidade, percebemos que apesar da existência de

outras políticas públicas anteriores, a atual LDB nº 9.394/96, aprovada pelo Congresso

Nacional no final do exercício de 1996, deixou de fora um importante objeto de

negociação que ocorreu ao longo de oito anos de tramitação dessa Lei naquela Casa,

desprezando parcela dos acordos e consensos estabelecidos anteriormente.

Consequentemente, não houve grandes inovações no campo da modalidade da EJA,

tendo como único em termos de novidades o rebaixamento da idade mínima para os

candidatos a exames supletivos, que ficou fixado em 15 anos de idade para o ensino

fundamental e em 18 anos para o ensino médio. (BRASIL, 1996).

No entanto, a Constituição Brasileira de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação de 1996, preveem que o Executivo Federal elabore e submeta ao Congresso

Nacional, planos plurianuais de educação. O foco desse plano é buscar a

democratização da educação e superação do analfabetismo no Brasil. Entretanto, os

equívocos das políticas educacionais não demonstram ser suficientes, pois, não

esclarecem as causas da persistência de enormes índices de analfabetismo no País,

sendo os investimentos em educação absolutamente inferiores aos investimentos dos

demais países latino-americanos com níveis correlatos de desenvolvimento econômico.

Deste modo, as contribuições do estágio supervisionado, não somente, mas

também somam às possibilidades de êxito na alfabetização e no letramento dos alunos

da EJA por sua configuração primordial de fortalecimento do aprendizado cognitivo,

buscando analisar quais os reais motivos que levam ao abandono, a evasão ou a

desistência escolar. Esse estágio tem a possibilidade de fazer com que o graduando

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aumente suas formas de compreensão do processo transformador de opiniões e

críticas pedagógicas se opondo a pensamentos já formados por outros.

4.1 Das possibilidades de êxito na alfabetização e no letramento de jovens e

adultos a partir das contribuições do estágio supervisionado

De acordo com Pinto (1991), o problema do método é capital na educação de

adultos. Nesta fase é um problema muito mais difícil que na instrução infantil, porque se

trata de instruir pessoas já dotadas de uma consciência formada, com hábitos de vida e

situação de trabalho que não podem ser arbitrariamente modificados.

As características fundamentais que devem satisfazer o método são as seguintes: deve ser tal que desperte no adulto a consciência da necessidade de instruir-se e de alfabetizar-se. Deve partir dos elementos que compõem a realidade autêntica do educando, seu mundo de trabalho, suas relações sociais, suas crenças, valores, gostos artísticos. O método não deve ser imposto ao aluno, e sim criado por ele no convívio do trabalho educativo com o educador (PINTO, 1991, p. 86).

Além disso, Freire (1991) afirma que "não bastava saber ler que "Eva viu a uva",

seria preciso compreender a posição que Eva ocupava no seu contexto social, quem

trabalhava para produzir a uva e quem lucrava com esse trabalho." Bem como a

dinâmica de trabalhar nesse indivíduo, as práticas pedagógicas no sentido de que o

mesmo tenha as percepções corretas das palavras, que não fique apenas no rótulo de

repetir palavras, e sim, no aguçado desejo de descobrir seu significado, o qual está

relacionado com o pensamento de Freire onde diz que,

[...] a concepção crítica da alfabetização não será feita a partir da mera repetição mecânica de pa-pe-pi-po-pu, la-le-li-lo-lu que permitem formar pula, pelo, lá, li, pulo etc, mas através de um processo de busca, de criação em que os alfabetizandos são desafiados a perceber a significação profunda da linguagem e da palavra (FREIRE, 1991, p. 16).

Concomitantemente a este pensamento, Freire também relata que "o papel do

educador não é só ensinar os conteúdos básicos, mas dar oportunidades ao educando

tornar-se crítico e através da leitura compreender o que acontece no seu meio, não

apenas ler sem um contexto, tornando-se uma leitura mecânica". Freire (2003) ainda

dizia que “a metodologia utilizada em sala de aula pelo professor, deveria ser baseada

na realidade do educando, considerando sua história de vida, suas experiências”.

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As políticas governamentais precisam englobar as particularidades que envolvem

os sujeitos contemporâneos que por ventura foram excluídos de sua educação na idade

certa e atentar para a resolução da problemática que enfraquece a estrutura

educacional na escola de educação básica e depois disso, procurar preencher as

lacunas deixadas pelo próprio sistema a fim de atender as necessidades e os objetivos

dos alunos que frequentam a modalidade EJA na sociedade.

Dentro desses parâmetros o estagiário pode contribuir no letramento de jovens e

adultos a partir do momento em que consiga construir com esse aluno, os ideais de

crítica e análise daquilo que ele esteja lendo ou escrevendo. A alfabetização é muito

importante, mas ela deve estar paralela ao letramento, pois ambos se relacionam de

forma harmônica entre si.

A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita, entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escrita de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas. Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social. (TFOUNI, 2002, p.9).

Também para Ferreiro (2011) o valor educacional recai diante da importância de

o indivíduo se tornar um sujeito alfabetizado, tendo a possibilidade de aguçar

entendimentos ainda não compreendidos e com isto mudar a realidade na perspectiva

de interpretação da alfabetização e do letramento em seu contexto:

[...] Há que se alfabetizar para ler o que os outros produzem ou produziram, mas também para que a capacidade de ‘dizer por escrito’ esteja mais democraticamente distribuída. Alguém que pode colocar no papel suas próprias palavras é alguém que não tem medo de falar em voz alta. (FERREIRO, 2011, p.54).

Alfabetizar-se sem letramento significa escrever e não saber o que escreveu.

Essa lacuna o profissional de educação na modalidade EJA enfrenta um grande desafio

por ser seus alunos na maioria, carregados de uma vasta experiência de mundo.

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5. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS: CUMPRINDO O ESTÁGIO

SUPERVISIONADO NA EJA

Dentre as possibilidades que fissuram certezas e verdades herdadas pelo

Estágio Supervisionado, a habilidade em ser criativo é o que vai definir os saberes dos

futuros professores diante das dificuldades e falta de recursos encontrados na escola

durante o desenvolvimento das suas atividades na prática pedagógica. Sendo assim,

para o desdobramento deste relatório, foram recorridos aos estudos bibliográficos,

procurando abordar alguns temas considerados importantes para a discussão da

prática pedagógica com os alunos da EJA a partir de um viés quanti-qualitativo das

análises.

Aprender a profissão docente no decorrer do estágio supõe estarem atento as particularidades e as interfaces da realidade escolar em sua contextualização na sociedade. Onde a escola está situada? Como são seus alunos? Onde moram? Como é a comunidade, as ruas, as casas que pertencem a adjacências da escola? (PIMENTA, 2010, p.111).

Assim sendo, para vencer os anseios de lidar com uma turma da EJA foram

definidos objetivos que fortaleçam a prática de estágio supervisionado dos formandos

em Pedagogia que estão voltados para o público-alvo da EJA: Identificar os

conhecimentos prévios dos profissionais de educação que já atuam na área de ensino

com base no Estágio Supervisionado; Compreender as dificuldades encontradas após

atuar como professor em formação na prática pedagógica; e Entender o processo de

ensino-aprendizagem dos conteúdos pedagógicos voltados para os alunos da EJA, a

partir das perspectivas apontadas pelos membros da equipe gestora do Estágio

Supervisionado e demais professores.

O relatório em questão implica, ainda, no registro da obtenção de práticas

pedagógicas mais aguçadas por parte dos profissionais de educação que pretendem

atuar no campo da EJA, que é notoriamente uma parcela do processo de escolarização

no Brasil que necessita de grandes melhorias no trabalho docente, mais

especificamente no trabalho de alfabetização e de letramento dos indivíduos que

formam esse público. Essa modalidade de ensino persiste, porém com diversas

dificuldades e particularidades que precisam de um olhar analítico e de investimentos

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concretos desde a formação de professores até a realidade dos alunos em sala de aula,

a fim de que possam ser garantidas reflexões mais apuradas com relação a EJA, bem

como políticas públicas que garantam a continuação dos alunos dessa modalidade na

escola, investimentos nas áreas administrativas, estruturais, além de recursos didáticos

e metodológicos que garantam essa mudança, fundamentadas nas palavras de Moura

(2006, p. 110) “[...] o professor precisa urgentemente repensar sua ação educativa”.

Não obstante, este relatório também se propõe a mostrar uma semente de

análise para que possamos entender de forma significativa os processos que implicam

na dinâmica pedagógica que o graduando deve obter por intermédio do Estágio

Supervisionado, pois pensando de acordo com Pimenta (2010), "estágio como reflexão

da práxis possibilita aos alunos que ainda não exercem o magistério aprender com

aqueles que já possuem experiências da área docente." (p.103), e assim sendo,

acreditamos que o professor é um personagem que deve estar sempre buscando

conteúdo novos para atividades específicas de seu campo de atuação dentro de suas

particularidades, uma vez que podemos afirmar que a educação sozinha não resolve

nada!

Dessa maneira, dentro de um contexto educacional no qual às universidades têm

compromisso firmado com formação docente, há um interesse em aproximar os centros

acadêmicos às escolas de educação básica e, juntamente a isto, observa-se a ideia do

envio de professores em formação para o cumprimento de estágios obrigatórios nessas

escolas. Por conseguinte, surgiu a necessidade de registrar a minha experiência vivida

em situação de Estágio Supervisionado como foco motivacional para a execução deste

relato.

Paralelamente aos compromissos assumidos por ocasião dos estágios, sabe-se

que muitos avanços já foram obtidos no campo da educação básica, entretanto, muitas

ações ainda precisam ser realizadas, bem como muitas perguntas ainda precisam ser

formuladas e respondidas e, a partir daí, apontamos a dinâmica do Estágio

Supervisionado como fundamental para a pesquisa e análise das práticas

socioeducacionais e pedagógicas que poderiam ser executadas pelos graduandos em

Pedagogia já após o período inicial de curso para que possam ser familiarizados com a

prática pedagógica que esteja próxima da realidade da escola.

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Diante dessa realidade o Estágio Supervisionado se faz necessário também para

a transição do graduando, desde a sala de aula como discente à sua atuação como

profissional da área de educação, em especial aqui, no campo da EJA, onde as

contribuições pedagógicas serão bastante relevantes para a Educação no sentido de

buscar o melhoramento do ensino-aprendizagem dos professores em formação que

que objetivam lecionar com os alunos da EJA.

Ademais, as políticas governamentais precisam, também, atender as

particularidades que envolvem os sujeitos contemporâneos da educação de jovens e

adultos; garantir o acesso às escolas; depois garantir a permanência e

consequentemente assim a aprendizagem efetiva dos alunos envolvidos nesse

processo, visto que esse direito está calcado nos Parâmetros Curriculares Nacionais,

na Base Nacional Comum Curricular, na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional

e também na própria Constituição Federal de 1998 e que, mesmo assim, não vem

alcançando grandes índices de aproveitamento.

Nessa perspectiva, partimos para a observação e análise do sujeito da EJA. O

aluno do curso de Pedagogia por intermédio do Estágio Supervisionado procura está

instrumentalizado para exercer as funções pedagógicas compreendendo as relações

sociais dentro e fora do âmbito escolar, com possibilidades de estabelecer o

pensamento crítico no desempenho de suas funções corroborando com as

transformações dos educandos no processo de ensino-aprendizagem, encaminhando

para uma situação que possa transformar o indivíduo alfabetizando num ser com

capacidades reflexivas do seu pensamento.

Uma identidade profissional constrói-se com base na significação social da profissão; na revisão constante dos significados sociais da profissão; na revisão das tradições. Mas também na reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque são prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade, do confronto entre as teorias existentes, da construção de novas teorias. Constrói-se também pelo significado que cada professor, como ator e autor, confere à atividade docente do seu cotidiano com base em seus valores, seu modo de situar-se no mundo, suas histórias de vida, suas representações, seus saberes, suas angústias e seus anseios (PIMENTA, 1997, p.42).

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No meu caso, como trabalhava durante o dia, a única opção era fazer o curso

durante a noite, em decorrência disto também só poderia realizar o supracitado estágio

no período da noite, o que dificulta em muito para nós alunos da disciplina de Estágio

Supervisionado do curso de Pedagogia noturno, uma vez que tínhamos que faltar

algumas aulas para a conclusão do estágio e para a noite certamente só nos restaria

abraçar o campo da EJA.

O estágio foi realizado na Escola Estadual Professor João Tibúrcio, por sua

localização ser próxima de minha residência, a forma como fui recepcionado pela

direção da escola, bem como por atender diversos outros fatores que facilitavam a

minha ida para o cumprimento do estágio. A escola fica localizada na Rua dos Pajeús,

s/nº - Alecrim - Natal - RN, 59037-800, na Zona Leste da capital potiguar, bem

localizada e seu antigo acesso era pela Avenida Presidente Bandeira, nº 536. Voltada,

inicialmente, apenas para a educação primária, a Escola Estadual Professor João

Tibúrcio iniciou suas atividades em 14 de abril de 1935, credenciada pelo Decreto

765/34. Tornou-se referência e começou a atrair novos estudantes de diversos pontos

da cidade, sendo necessário expandi-la para atender a nova demanda que surgia.

Atualmente, a escola oferece 16 turmas de ensino, distribuídas em séries que vão do 1º

ao 9º ano, funcionando nos turnos matutino e vespertino, além da Educação de Jovens

e Adultos, no período noturno, ofertando, no total, 915 vagas para o ano de 2017.

Para processo da prática pedagógica, foi escolhida uma turma do 3º Ano do 1º

Segmento de EJA, onde os dados deste relatório foram coletados a partir das aulas

supervisionadas pela professora da turma, a qual se dedicou com apreço e estima a

orientar e a mostrar as possibilidades de como se portar diante de situações adversas

em sala de aula, defronte de uma turma ansiosa e dispersa ao mesmo tempo pelo

desejo de aprender a ler e a escrever com exatidão, respeitando os perfis de cada

aluno, suas histórias e culturas carregadas nas experiências de mundo. A professora

supervisora neste estágio, é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte e já trabalha como profissional da educação há 26 anos. No momento

atua como professora de uma turma da EJA com 27 alunos.

Inicialmente no período do meu estágio houve a possibilidade de observação da

turma que perdurou por quatro encontros em sala de aula. A observação foi o meu

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primeiro contato direto com os alunos. A partir daí, durante quatro dias percebi que as

atitudes dos alunos da EJA têm certas particularidades e que também retratam um

sentimento de desejo de aprender a ler e a escrever corretamente de forma repentina,

em função da carga diária de trabalho que exige a cada dia, mais e mais conhecimento

e, para isto percebem que precisam de uma base energética de vontades para

enfrentar os desafios e possibilidades de estarem numa sala de aula frequentemente

durante alguns dias da semana.

Foi notório que boa parte dos alunos de EJA, de uma forma geral, no ciclo inicial,

não possuem firmeza no que escrevem ou leem, isto por estarem afastados muito

tempo da escola ou por nunca ter ido antes, mas a maneira como eles reagem diante

das mudanças e a forma de se aproximar do outro, sempre com olhar atento às

recepções do outro por estarem numa sala praticamente multisseriada, bem como com

colegas de diversas idades, tem a possibilidade de vivenciar constantemente diversas

experiências. Cada aluno com seu mundo próprio e cheio de dúvidas com relação as

atividades que eram postas pela professora e com isso, as conversas paralelas eram

muito poucas, uma vez que não se criavam muitas intimidades entre eles, tendo em

vista o pouco tempo de convívio numa mesma turma.

Com essa observação, os parâmetros de análise da turma me fizeram refletir e

acreditar que sempre vale a pena ir atrás de alternativas condizentes para a prática

educativa no sentido de ampliar o fazer docente. Dessa forma a observação contribuiu

bastante para a minha formação acadêmica, agregando fatos evidentemente positivos

que certamente servirão como experiência para a minha prática pedagógica no futuro.

Nessa perspectiva, dando continuidade no estágio, tivemos seis encontros aonde

partimos para uma intervenção dialogada com os alunos, sob a supervisão da

professora em sala de aula, que seguindo suas orientações construímos algumas

atividades didáticas. As atividades que foram desenvolvidas nem sempre terminavam

no mesmo dia, pois os alunos sempre saiam antes do horário previsto, em virtude da

situação de segurança da escola, por ser localizada em uma área comercial do bairro

do Alecrim, onde o comércio fecha no final da tarde, tornando-se muito perigoso o

perímetro do bairro no qual fica a escola, pelos muitos assaltos que ocorrem nas

redondezas. Entretanto, a regência foi surgindo entre os seis dias disponíveis para a

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intervenção em sala de aula, tendo em vista que os alunos estavam próximos do

período de provas e com isto não poderíamos articular com metodologias que fugissem

muito do que estava previsto no currículo.

Nas primeira e segunda aulas foram realizadas tarefas nas áreas da língua

portuguesa e da ciência propondo uma integração com atividades interdisciplinares. A

professora supervisora sugeriu que implantasse os conhecimentos didáticos da

alfabetização e do letramento para levar aos alunos a apresentação das diversas

espécies de animais que eles próprios possuíam nas suas casas, a fim de obter a

familiaridade com a escrita dos nomes dos animais que estão no meio social desses

alunos, utilizando uma temática que foi voltada para a compreensão da leitura e da

escrita dos nomes desses animais. Além de estabelecer as práticas sociais de

compartilhamento entre os colegas em sala de aula, esta atividade atribuiu a

psicogênese da língua escrita na busca da conservação do conhecimento pedagógico

sobre o porquê de cada nome, bem como as regras que devem ser seguidas para a

leitura e escrita aprimorando o seu conhecimento de mundo, valores e preceitos éticos

e morais já formalizados, com a intenção de criar algumas atividades ligadas aos

ensinamentos de Paulo Freire que enfatiza a utilização máxima do conhecimento do

aluno. Também, em síntese, naquilo que Soares (2003) diz exatamente:

Segundo Vygotsky, existem dois níveis de desenvolvimento: o nível de desenvolvimento real, que compreende as ações já internalizadas pelo alfabetizando, ou seja, é aquilo que ele já aprendeu ou já consegue fazer sozinho; e o nível de desenvolvimento potencial, que corresponde àquilo que o alfabetizando está em potencial de aprender ou fazer com a ajuda de alguém. Entre estes dois níveis encontra-se a zona de desenvolvimento proximal, definidora daquelas “funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Estas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento” (Vygotsky, 1998-113) e é ali que o alfabetizador deve intervir, mediando o processo de aprendizagem, para que estas funções potenciais se tornem reais. (SOARES, 2003)

Dessa forma, podemos perceber o rendimento escolar dos alunos, com a

apresentação das atividades respondidas de forma aceitável para o nível em que se

encontravam. Eles passaram a dispor de mais vontade de estar presente em sala de

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aula, pela nova sistemática que foi oferecida para a realização das atividades que saiu

de uma forma de educação bancária para uma maneira mais lúdica e contagiante para

os alunos. Esse resultado traz um sentimento de dever cumprido e que certamente vem

agregando valores educacionais da prática docente para a minha formação.

Na terceira aula, prosseguindo com o estágio, abrimos uma nova atividade

aproveitando as informações que os próprios alunos já continham em suas

performances do dia a dia, no entanto, não existia um domínio formal de como era

elaborado. Após um círculo de conversa entre todos em sala de aula, decidimos buscar

informações baseadas na norma culta para a construção de um bilhete. Essa atividade

foi muito interessante, porque despertou em toda a turma um grande interesse em

estudar a temática escolhida, uma vez que a maioria, senão todos já escreveram algo

para alguém, seja para um colega de classe, um vizinho ou mesmo alguém da própria

família. Foi também uma grande oportunidade onde os alunos, de diferentes

concepções e visão de mundo, se interagiram para a conclusão da tarefa que lhes foi

proposta. Nessa atividade a ideia seria de que todos escrevessem alguma coisa para

alguém, mesmo que fosse imaginário, pois numa turma de EJA os laços de

entretenimento são mais curtos que em outras circunstâncias de estudos na idade

certa. Há um leque mais aberto de distância de idade e frequência entre um aluno e

outro, dificultando essa interação. Contudo a atividade de elaboração de um bilhete

deixou a turma bem à vontade com os próprios colegas. Surgiram os mais inusitados

tipos de assunto para o gênero bilhete, foram muitos criativos, com palavras pouco

formais, mas que conseguiram alcançar o objetivo da aula.

Na quarta aula foram feitas as correções daquilo que estava escrito nos bilhetes

de cada aluno, pois o tempo para trabalhar com a dinâmica em sala de aula era muito

curto e o período noturno já é castigado por esse curto espaço de tempo e, atrelado a

isto tem a questão da saída dos alunos, fazendo com que a escola seja esvaziada

antes do horário previsto por questão de segurança como falamos anteriormente. É de

fundamental importância que os alunos tenham contato com diversos gêneros textuais,

até por que muitos gêneros textuais não são reconhecidos como gênero textual

também por alguns alunos da EJA, por isso foi pensado em um gênero diferente, mas

que pelo menos a maioria dos alunos já tivessem algum contato. A elaboração do

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bilhete para eles foi, com certeza, um marco para a construção de novas ideias textuais,

incentivando a prática da leitura e da escrita diante de um saber mais aproximado da

norma culta. De acordo com as palavras de Tfouni (2002):

O processo de representação que o indivíduo deve aprender a dominar durante a alfabetização não é linear (som-grafema); é antes um processo complexo, que acompanha o desenvolvimento, e que passa por estágios que vão desde a microdimensão (por exemplo, representar o som /s/ com os grafemas ss (osso), c (cena), sc (asceta), xc (exceto) etc.) até um nível mais complexo (representar o interlocutor ausente durante a produção de uma carta, por exemplo). (TFOUNI, 2002, p. 19)

Com essas atividades podemos diagnosticar melhor o grau de dificuldade que

cada aluno possuía no desenvolvimento da leitura e da escrita. Ademais foi observado,

também, que eles estavam vinculados a um processo de ensino-aprendizagem

pautados nos métodos de uma educação bancária, onde as formas de repetição e

exposição de conteúdos são apenas repassadas para os alunos de forma não

significativa, sentimos assim a necessidade de realizar algumas atividades lúdicas.

O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o sistema de escrita. É formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro. É formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida explícita ou implicitamente, pelos autores dos textos com os quais interagem, em vez de persistir em formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade de outros [...]. O desafio é promover a descoberta e a utilização da escrita como instrumento de reflexão sobre o próprio pensamento [...]. (LERNER, 2002, p. 27-28)

Dando continuidade à prática pedagógica no estágio, tivemos a quinta aula, onde

os olhares dos alunos se voltaram com mais atenção, pois as operações básicas de

matemática são muito necessárias em nosso dia a dia. No entanto, muitos ainda não

conseguem efetuar operações de adição e subtração de números naturais com mais de

dois dígitos e, para facilitar o entendimento desses problemas, fizemos uma

comparação dos fatos por analogia, e assim levantamos a seguinte hipótese: “quando

formos pensar em cálculos, vamos pensar como se estivéssemos lidando com o nosso

dinheiro”. Depois dessa analogia, deu para perceber que os alunos passaram a

enxergar a dinâmica da matemática com outros olhos e viram que as resoluções dos

problemas sugeridos não eram tão difíceis de serem resolvidas. Os recursos

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disponíveis na escola para o desenvolvimento da prática pedagógica eram muitos

escassos, principalmente no período noturno, que era específico para os alunos da

EJA, os materiais didáticos sem sempre estavam disponíveis para utilização.

Foram iniciadas as atividades com as operações matemáticas básicas de adição,

no desenvolver desta tarefa percebemos que boa parte dos alunos conseguem lidar

bem com os valores até dois algarismos, mas não conhecem os termos da adição,

dessa forma foi realizada uma explanação no quadro com a participação da turma.

Nessa ocasião foram demonstrados vários exemplos e na resolução desses exercícios

foi observada a dificuldade em somar números acima de dois dígitos. Como os recursos

eram escassos houve a necessidade de improvisar e trabalhamos com materiais

didáticos de baixo custo, como a régua de napier que nos auxiliou como alternativas

para ensinar na multiplicação de números matemáticos.

Por conseguinte, na sexta aula, dando continuidade ao contexto matemático,

foram realizados alguns exercícios de forma bem simples para que todos pudessem

compreender a dinâmica das operações da adição e juntos obter os resultados das

equações com as correções e esclarecimento de dúvidas individualmente. Com uma

aula mais lúdica e simplificada do que é matemática, a turma passou a ter menos

dificuldade e a entender melhor os números naturais na resolução dos conflitos

matemáticos. Mesmo parecendo está atrelada a uma educação bancária, a ideia de

levar o aluno ao quadro para tentar resolver sentenças matemáticas de adição e

subtração passou a ser uma atividade disputada ao final desse nosso encontro, pois

muitos queriam demostrar que já sabiam resolver algumas equações matemáticas que

antes eram vistas com olhares longínquos da realidade e tinham o desejo de expor para

os colegas por meio do quadro de giz.

Após a intervenção dialogada com os alunos por meio dessas atividades

didáticas, certamente ficou visto que a prática pedagógica quando vista pelos olhos do

outro, nos remete a uma reflexão de nossas atitudes. Ao se deparar como professor em

formação de uma turma passamos a enxergar e perceber os obstáculos que podem nos

obrigar a tomar decisões precisas para a solução de qualquer problemática, nessa

premissa esse projeto de pesquisa de Estágio Supervisionado nos ampara diante dos

procedimentos para enfrentar grandes desafios. Nesse contexto, para Gomes,

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Ao observar a prática de um educador, invariavelmente diferente de um lugar para outro, por exemplo, o estagiário precisa ter condições de apreender a(s) teoria(s) que a sustenta(m) e poder realizar uma leitura pedagógica para além do senso comum, tendo como base teorias e fundamentos estudados e confrontados com as situações da prática profissional para a produção de alternativas e de novos conhecimentos. Estamos referindo-nos às práxis, à capacidade de articular dialeticamente o saber teórico e o saber prático. (GOMES, 2009, p.75).

Em resumo, fica esclarecido aqui que os encontros ocorridos com os alunos da

turma do 3º Ano do 1º Seguimento de EJA da Escola Estadual Professor João Tibúrcio

durante o período de realização do meu estágio supervisionado foi um marco de

inspiração para abraçar a nobre profissão de educador. Nesses encontros, busquei

abordar alguns temas que pudessem despertar interesses comuns da turma, usando

alternativas a fim de tentar atender aos mais diversos pontos de reflexão dos

educandos nesse processo formativo. Por conseguinte, ficou notório também que os

alunos gostaram bastante das dinâmicas que foram utilizadas, tendo em vista o

entusiasmo demostrado ao final de cada encontro, pois receberam algo aparentemente

inovador no planejamento do fazer pedagógico, com oficinas de entretenimento no

desenvolvimento das atividades propostas. Isto ficou transparente pelos resultados

obtidos nas avaliações que tiveram após as tarefas recebidas, claro que não houve

uma generalização, mas que alcançou um grande percentual dos alunos existentes em

sala de aula.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de regência para uma turma, quer seja da EJA ou quer seja de

qualquer outra modalidade, requer bastante atenção e afinco, tendo em vista que nessa

modalidade de ensino a frequência dos alunos não são cumpridas à risca, pois a

grande maioria já possui uma certa idade e nem sempre há disponibilidade para

enfrentar uma sala de aula, sabe-se que há diversos fatores como a má alimentação,

falta e precariedade nos transportes escolares, moradias em áreas de risco dentre

outros que levam a baixa frequência dos alunos da EJA em sala de aula. Para isto,

cabe não só às autoridades governamentais e familiares, mas também ao professor

colaborador buscar o interesse pelo aprendizado do aluno, tornando a vida desse aluno

na escola muito mais atrativa. Nessa premissa, partimos para a discussão de uma

temática, analisando quais objetivos foram alcançados diante das tarefas trabalhadas.

Nesta fase do procedimento de ensino-aprendizagem, foi verificada a capacidade de

atuação de cada aluno em sala de aula, quais os seus pensamentos e quais as suas

conclusões diante da atividade que foram propostas durante o estágio.

A partir do momento em que os graduandos em Pedagogia são instigados a

expor seus pensamentos e conhecimentos no campo prático, traz consigo o currículo

que foi aprendido durante todo o curso, e, notadamente, serão recorridos os

referenciais teóricos para firmar como base as suas decisões. As percepções de

mudanças ocorrerão de forma dinâmica e estarão nas ações pedagógicas de cada um

à medida em que o graduando vai reformulando seus pensamentos e conceitos de sua

própria prática educacional. As atitudes irão ocorrer de acordo com a necessidade

também de cada um, porém todos terão como incentivo basilar o conteúdo dos

Estágios Supervisionados por ser essa disciplina, responsável pela permanência do

estagiário em sala de aula pela primeira vez, fazendo, assim, um elo de análises críticas

entre o formando e o formado em Educação Básica.

Surpreendentemente em um contexto pedagógico, há preocupações que nos

levam a buscar a adequação das opções metodológicas aos problemas definidos no

processo de educação dentro da perspectiva escolar, ou seja, conduzem a uma

reflexão que induz a construção teórica do desenvolvimento técnico-científico da prática

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dos profissionais de educação. A experiência vivida durante o Estágio Supervisionado

na Escola Estadual Professor João Tibúrcio, foi responsável por despertar um olhar

mais crítico diante da execução da docência, pois ficar diante de indivíduos que já

possuem uma base de experiência de mundo, mesmo que não alfabetizados, nos faz

refletir sobre o peso de ser um pedagogo-alfabetizador e formador de opiniões.

Acreditar que tem potencial para fazer mudanças na vida de uma pessoa adulta

é o que nos faz prosseguir nesta caminhada educacional, agarrando-se sempre aos

referenciais teóricos do currículo, a fim de não rotular situações do cotidiano do aluno

da EJA.

Dessa maneira, a corrente norteadora da educação básica que fortalece os

parâmetros dos profissionais da educação, não deve ser extinta do processo de

escolarização no Brasil. Essa corrente de ensino pedagógico e socioeducacional deve

persistir, mesmo em meio a diversas dificuldades e particularidades que na qual

precisam de um olhar analítico e de investimentos concretos como a formação de

professores em nível superior, implantação de políticas públicas voltadas para a

garantia da continuação dos alunos na escola, investimentos nas áreas administrativas,

estruturais e de recursos didáticos e metodológicos também devem ser implementados

com maior assiduidade.

Além disso, as políticas governamentais precisam atender as particularidades

que envolvem os sujeitos contemporâneos da educação básica, a fim de garantir o

acesso às escolas, e, depois, garantir a sua permanência e assim, garantir também, a

aprendizagem crítica e formadora de opinião. E isso só vai ser possível se juntos,

governo, família e escola abraçarem essa causa com objetivos de formar o pensamento

do indivíduo para que enxergue a sala de aula como fonte de obtenção de

conhecimento, e assim fazer com que esse cidadão se transforme num sujeito com

ideais de conhecimento crítico e pesquisador.

Por conseguinte, as causas do baixo índice de alfabetização precisam ser

assumidas e resolvidas por pessoas que estejam vinculadas com o compromisso de

mudanças na prática pedagógica para que se continuem os avanços que a população

espera ver na educação básica no Brasil.

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Por fim, essa investigação também se propõe a plantar uma semente de análise

em que possamos entender de forma significativa os processos que levam a

qualificação dessa educação e o consequente retorno aos alunos com a produção de

pensamentos críticos voltados para um melhor resultado de todo esse processo e de

suas particularidades, e assim, com base nessa observação, alcançarmos os

questionamentos para análise e estudos dos aspectos que contribuirão para o sucesso

do aprendizado acadêmico.

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REFERÊNCIAS

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