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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA I MODELO ATUAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO PROF. EGBERTO P. TAVARES 2010 MODELO ATUAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

MODELO DO SETOR EL TRICO 2010 - CCK Automação · iniciativa que seja de interesse do setor elétrico e dos consumidores é submetida ao processo de audiências públicas, expediente

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA I

MODELO ATUAL DO

SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

PROF. EGBERTO P. TAVARES

2010

MODELO ATUAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

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INDICE

1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................... 03

2- O NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO..............................................................

2.1 – CNPE- CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENERGÉTICA.......................

2.2 - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME..................................................

2.3 - CMSE- COMITÊ DE MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO................

2.4 – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA - ONS.................................................

2.5 - EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA................................................

2.6 – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL.............................

2.7 – CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - CCEE...........

3– OS AGENTES DE MERCADO.............................................................................

3.1 – GERAÇÃO .......................................................................................................

3.2 – TRANSMISSÃO ...............................................................................................

3.3 – DISTRIBUIÇÃO................................................................................................

3.4 – COMERCIALIZAÇÃO.......................................................................................

3.5 – AUTOPRODUTOR...........................................................................................

3.6 – PRODUTOR INDEPENDENTE........................................................................

3.7– CONSUMIDORES LIVRES...............................................................................

4 – O MERCADO LIVRE DE ENERGIA....................................................................

4.1 - O QUE É? .........................................................................................................

4.2 – COMO FUNCIONA?.........................................................................................

5 - O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL ..................................................................

6 – NOMENCLATURA.....................................................................................................

7-BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................

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MODELO ATUAL DO SETOR DE ELÉTRICO BRASILEIRO

1 – INTRODUÇÃO

Com o endividamento externo do Setor Elétrico, na década de 70, e o

esgotamento dos recursos estatais para a expansão do setor, o governo optou por uma

reestruturação do setor elétrico, que teve início com as privatizações das empresas

distribuidoras e continuou, nos anos 90, com a criação de várias empresas como a

Agência Nacional de Energia Elétrica e o Operador Nacional do Sistema.

Esses fatos, sem dúvida contribuíram para o progresso energético do país, e

culminaram no que chamamos hoje de Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro.

O Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro é hoje, um modelo complexo, de

grande porte e com um alto nível hierárquico, que começa pelo Ministério de Minas e

Energia, passa pela ANEEL, pelo Operador Nacional do Sistema, Eletrobrás, CCEE

(antigo MAE) e assim sucessivamente, até que os agentes do setor recebam as

diretrizes apontadas por esses órgãos.

Os agentes do setor recebem a concessão do poder concedente para atuar nas

diversas áreas existentes seja como gerador, transmissor, distribuidor, autoprodutor,

produtor independente, comercializador ou consumidor livre.

No caso específico das distribuidoras, elas recebem a concessão da ANEEL logo

cabe a agência agir como fiscal procurando de um lado garantir um serviço tecnicamente

adequado às necessidades dos consumidores, e de outro lado, garantir os interesses

das concessionárias, estabelecendo tarifas razoáveis para a sua remuneração,

avalizando dessa forma a saúde financeira das empresas.

A fim de que seja mantido o equilíbrio financeiro das empresas é estabelecida

uma tarifa de energia na hora em que a concessão é dada e depois essa tarifa passa por

processos de revisão (períodos de 3 a 5 anos), e reajustes anuais que visam remunerar

adequadamente a distribuidora.

A cada reajuste, a tarifa aumenta de preço, aumentando também os gastos dos

consumidores com energia. E isso tem repercutido da seguinte maneira no mercado de

energia: os consumidores industriais até então cativos, estão buscando alternativas para

diminuírem seus gastos com energia e estão deixando de ser consumidores das

concessionárias para se tornarem agentes de mercado ou, consumidores livres de

energia.

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A migração para o mercado livre de energia tem se mostrado uma alternativa

muito eficiente na redução dos custos com energia dos consumidores, pois no ambiente

livre é possível negociar o preço pago pela energia junto aos agentes do setor

(geradores e comercializadores) e continuar pagando pelo uso do sistema de

transmissão e distribuição da concessionária local, um valor estipulado pelo governo

(ANEEL), que a remunere adequadamente.

2- O NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO

Na década de 90 o Brasil deu início à modernização do setor elétrico. Essa

modernização veio através de marcos regulatórios e da criação de várias entidades do

setor, como a ANEEL, o ONS e o MAE (atual CCEE).

Em 1993, ao re-equilibrar as finanças do setor, a Lei 8.631 promoveu a

reorganização econômico-financeira das empresas e abriu caminho para a

reestruturação da indústria de energia elétrica. Na figura a seguir, pode-se verificar os

principais marcos e mudanças do Setor Elétrico.

Figura 1- Organograma dos principais marcos e mudanças do Setor Elétrico

Pode-se dizer que o novo modelo proposto pelo MME tem três objetivos:

- garantir a segurança de suprimento de energia elétrica;

- promover a modicidade tarifária , por meio da contratação eficiente de energia

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para os consumidores regulados;

- promover a inserção social no Setor Elétrico , em particular pelos programas

de universalização de atendimento.

A tabela a seguir resume as principais diferenças entre o modelo vigente

antes de 1998 e o novo modelo do setor.

Tabela 1 – As Mudanças no Setor Elétrico Brasileiro

Modelo Antigo Modelo Novo

Financiamento através de recursos

públicos

Financiamento através de recursos

Públicos (BNDES) e privados

Empresas verticalizadas

Empresas divididas por atividades:

Geração

Transmissão,

Distribuição e

Comercialização

Empresas predominantemente estatais Abertura para empresas privadas

Monopólios – Competição inexistente Competição na geração e comercialização

Consumidores cativos Consumidores livres e cativos

Tarifas reguladas em todos os segmentos Preços livremente negociados na geração

e Comercialização

,

� Atividade aberta à competição. � Não regulada economicamente. � Tem garantido o livre acesso ao sistema de transmissão.

�Permite o livre acesso de todos os Agentes ao mercado. �Regulação técnica e econômica. �Entrada de novos projetos de transmissão por licitação.

�Permite o livre acesso de todos os Agentes ao mercado. �Regulação técnica e econômica. �Encargos que estimulam o uso eficiente da rede.

�Compra e venda de energia elétrica nos mercados de longo prazo e “spot”. �Atividade aberta à competição. �Preços de energia negociados livremente.

CC

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Fonte: Palestra Dr. Luiz Antonio Sanches

Figura 2 - Reestruturação do Setor Elétrico Pós-privatizações A reforma do setor provocou o surgimento de novas funções e modificou o

conteúdo e a forma de outras atividades. As novas entidades resultantes desta reforma e

seus papéis são apresentados a seguir:

7

Fonte: Palestra Dr. Luiz Antonio Sanches

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2.1 – CNPE- CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENERGÉTIC A

Responsável pela integração entre as políticas energéticas e as demais políticas públicas

2.2- MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME

No novo modelo institucional, o Ministério de Minas e Energia (MME) é o

órgão responsável pela definição das políticas públicas para o setor elétrico

brasileiro. Órgão do poder executivo, o MME elabora os programas

governamentais com base nas diretrizes do Conselho Nacional de Política

Energética e define as metas e os instrumentos para a prestação de serviços

aos consumidores.

2.3- CMSE- COMITÊ DE MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO

Órgão permanente interno do MME, responsável pelo fornecimento de

energia elétrica, primando pelo equilíbrio entre oferta e demanda.

2.4 – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA - ONS

O ONS foi criado pela Lei nº. 9.648 de 27.05.98 e pelo Decreto nº. 2.655 de

02.07.98, para operar supervisionar e controlar a geração de energia elétrica no

Sistema Interligado Nacional1 e administrar a rede básica2 de transmissão de

energia em nosso país, com o objetivo de atender os requisitos de carga,

otimizar custos e garantir a confiabilidade do Sistema, definindo ainda as

condições de acesso à malha de transmissão em alta tensão do país.

O ONS é uma entidade de direito privado integrado pelas empresas de

geração, transmissão, distribuição e comercialização, além de importadores e

exportadores de energia e consumidores livres. Integra ainda o ONS o Ministério

de Minas e Energia, que tem poder de veto em questões que conflitem com as

diretrizes e políticas governamentais para o setor.

1 Sistema Interligado Nacional (SIN) - Instalações responsáveis pelo suprimento de

energia elétrica a todas as regiões do país eletricamente integradas. Apenas cerca de 2% da

capacidade de produção do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados

localizados principalmente na região amazônica.

2 Rede Básica – Sistema elétrico interligado constituído pelas linhas de transmissão,

barramentos, transformadores de potência e equipamentos com tensão igual ou maior que

230 kV ou instalações em tensão inferior, quando especificamente definidas pela ANEEL.

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Uma das principais funções do ONS é fazer parte de uma rede de múltiplos

agentes para promover a otimização dos recursos energéticos disponíveis ao

Sistema. Essa otimização é feita através da coordenação da geração e da

transmissão.

2.5- EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

Executa estudos de planejamento para o MME que são oferecidos à

contestação pública adquirindo, posteriormente, caráter determinativo.

2.6 – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL

A mudança de papel do Estado no mercado de energia deixando de ser

fundamentalmente executor para se tornar basicamente regulador e fiscalizador

exigiu a criação de um órgão capacitado técnica e especificamente para

normalizar e fiscalizar as atividades do Setor Elétrico.

Assim, foi instituída pela Lei nº. 9.427 de 26.11.97 e constituída pelo

Decreto nº. 2.335 de 03.10.97 a ANEEL.

A ANEEL é uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que

tem por finalidade a mediação, regulação, controle tarifário e fiscalização da

produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica,

zelando pela qualidade dos serviços prestados, pela universalidade de

atendimento aos consumidores e pelo estabelecimento das tarifas para os

consumidores finais, preservando, sempre, a viabilidade econômica e financeira

dos Agentes e da indústria.

Uma parte importante da missão da ANEEL é assegurar a qualidade dos

serviços prestados à sociedade buscando, na medida do possível, a mediação

entre os interesses dos agentes econômicos e dos consumidores. Cabe ao

órgão regulador a tarefa de implementar as diretrizes e política energética do

poder executivo.

Em todas as suas ações como órgão regulador e em sua comunicação com

a sociedade, a ANEEL adota a transparência como valor absoluto. Qualquer

iniciativa que seja de interesse do setor elétrico e dos consumidores é submetida

ao processo de audiências públicas, expediente que abre espaço para a

discussão e o envio de contribuições dos segmentos interessados. Nenhum ato

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estratégico sobre o setor elétrico é editado pela ANEEL sem que tenha sido

objeto de intenso debate público.

Desta mesma forma, ocorrem os processos de revisão e reajuste tarifários.

A cada etapa do processo, ocorrem publicações de forma que os interessados

podem acompanhar os processos e até mesmo interferir, se for o caso de

acharem os reajustes abusivos.

2.7 – CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - CCEE

A CCEE surgiu a partir do MAE, Mercado Atacadista de Energia Elétrica,

que foi uma das inovações mais importantes do setor elétrico. Sua implantação

foi indispensável para o efetivo estabelecimento da competição entre os agentes

econômicos.

Criado pela Lei nº. 9.648 de 27.05.98 e pelo Decreto nº. 2.655 de

02.07.98, como um mercado auto-regulado, o MAE foi instituído através da

assinatura de um contrato de adesão multilateral (acordo de mercado), com a

finalidade de viabilizar as transações de energia elétrica por meio de Contratos

Bilaterais3 e do Mercado de Curto Prazo4, promovendo a livre concorrência e a

ampla competição entre as empresas que executam os serviços de energia

elétrica no Sistema Interligado Nacional.

A ASMAE era a Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de

Energia Elétrica, uma sociedade de direito privado, braço operacional do MAE e

empresa autorizada da ANEEL.

Integrado por empresas concessionárias de geração, distribuição e

comercialização de energia elétrica o MAE passou por uma série de

modificações, até que se tornou um modelo adequado para a expansão da

competição entre os agentes econômicos.

Em 2001, durante a crise energética, a ANEEL foi obrigada a intervir no

MAE, pois o modelo de gestão e governança apresentava fortes conflitos de

3 Contratos Bilaterais – São contratos de compra e venda de energia, negociados livremente entre duas partes. São firmados entre os agentes, sem a participação da ANEEL ou do MAE. Tais contratos são registrados no MAE sem informações de preços, apenas os montantes contratados, que serão contabilizados, registrados pelos Agentes vendedores e validados pelos Agentes compradores. 4 Mercado de Curto Prazo – Segmento do MAE onde é transacionada a energia elétrica não contratada bilateralmente, as eventuais sobras de contratos bilaterais de compra de energia firmados pelos agentes da categoria Consumo e as insuficiências em relação aos contratos bilaterais de venda de energia elétrica de responsabilidade dos Agentes da Categoria de produção.

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interesse que resultavam em não cumprimento de suas responsabilidades,

comprometendo todo o contexto setorial. Foi quando foi proposta a

reestruturação do MAE, o que foi feito através da Lei nº. 10.433 de 24.04.02

transformando a instituição ASMAE em pessoa jurídica de direito privado, com a

denominação MAE, e terminando com a sua auto-regulação.

Em continuação a reestruturação do MAE em agosto de 2004, a partir da

Lei nº. 10.848, de 15.03.04 e pelo Decreto nº. 5.177, de 12.08.04, o MAE deu

origem a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE.

Pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, sob regulação e

fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica, a CCEE assumiu o papel

de administradora ( contabilização + liquidação ) dos contratos de atendimento

aos consumidores regulados - ACR e livres – ACL e tem por finalidade viabilizar

a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional. É

integrada por titulares de concessão, permissão ou autorização, por outros

agentes vinculados aos serviços e às instalações de energia elétrica, e pelos

consumidores livres.

A CCEE é responsável por todas as atividades requeridas à

administração do Mercado, inclusive financeiras, contábeis e operacionais,

sendo as mesmas reguladas e fiscalizadas pela ANEEL.

Nela se processam as atividades comerciais de compra e venda de

energia elétrica por meio de contratos bilaterais e de um mercado de curto

prazo, restrito aos sistemas interligados Sul/Sudeste/Centro Oeste e

Norte/Nordeste.

A CCEE não compra ou vende energia e não tem fins lucrativos. Ela

viabiliza as transações de compra e venda de energia elétrica entre os agentes

de mercado.

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Figura 3 Histórico da CCEE

3 – Os Agentes de Mercado

Com a reestruturação do setor, em 1998, surgiram novos Agentes e novas

funções para os Agentes que já existiam:

3.1- Geração

“A atividade é aberta à competição, não é regulada economicamente e

todos os geradores têm a garantia de livre acesso aos sistemas de transporte de

energia elétrica (transmissão e distribuição). Os geradores podem negociar sua

energia com preços livremente negociados. Os montantes de energia elétrica a

serem gerados são determinados pelo ONS.” (MAE – Mercado Atacadista de

Energia, p.17)

3.2- Transmissão

“As Linhas de transmissão constituem vias de uso aberto e podem ser

utilizadas por qualquer Agente, com a devida remuneração ao proprietário

através do custo do uso do sistema de transmissão determinado pela ANEEL e

administrado pelo ONS.” (MAE – Mercado Atacadista de Energia, p.17)

3.3- Distribuição

“A distribuição é a atividade que permanece regulada técnica e

economicamente pela ANEEL. Assim como as linhas de transmissão, as redes

de distribuição devem conceder liberdade de acesso a todos os Agentes de

Mercado, através do custo do uso do sistema de distribuição determinado pela

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ANEEL e administrado pelo Distribuidor.” (MAE – Mercado Atacadista de

Energia, p.17)

3.4- Comercialização

“Com a reestruturação do Setor Elétrico, surgiu a figura do Comercializador

de Energia, responsável pela compra e venda de energia elétrica a

Distribuidores, Geradores, ou Consumidores Livres, com preços livremente

negociados entre as partes. Esta atividade é regulada técnica e não

economicamente pela ANEEL.” Referência – Livro do MAE pág.17

3.5- Autoprodutor

“É a entidade que autorizada pela ANEEL produz, de forma individual ou

consorciada, energia elétrica para uso próprio, podendo fornecer o excedente às

concessionárias de energia elétrica e/ou ao Mercado de Curto Prazo.”

(MAE – Mercado Atacadista de Energia, p.17)

3.6- Produtor Independente

“Pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam

concessão ou autorização do Poder Concedente para produzir energia elétrica

destinada ao comércio de toda ou parte da produção, por sua conta e risco.”

(MAE – Mercado Atacadista de Energia, p.17)

3.7- Consumidores Livres

O Consumidor Livre pode adquirir energia de qualquer fornecedor, não

sendo mais obrigado a comprar da distribuidora local.

4 – O Mercado Livre de Energia

O mercado livre de energia, também conhecido como Ambiente de

Contratação Livre5 , é um ambiente de contratação de energia onde o

5 “Ambiente de Contratação Livre – ACL é o segmento de mercado no qual se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica, objeto de contratos bilaterais livremente negociados, conforme

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consumidor livre negocia livre e competitivamente de quem quer comprar e por

quanto tempo quer contratar energia de um determinado fornecedor. Fica a

cargo do consumidor a avaliação de preços, visto que no mercado livre ele pode

comprar de qualquer Agente Vendedor6 de energia, seja qual for a área ou

subsistema onde ele esteja situado.

Vale lembrar que, assim como o consumidor livre tem a possibilidade de

avaliar preços ele deve se conscientizar da responsabilidade de também

assumir riscos. Uma vez que no mercado livre as decisões tomadas no presente

certamente repercutirão no futuro seja positiva ou negativamente. Por isso, a

decisão de ir para o ambiente livre de contratação não deve ser tomada de uma

hora para outra. Deve ser feito um estudo de viabilidade e análise de riscos.

4.1 – Como Funciona?

Implementado na prática a partir da Lei nº. 9.648, de 27 de maio de 998, o

livre mercado trouxe ao consumidor a possibilidade de atuar de forma mais

concreta nas suas despesas com a eletricidade. Empresas de maiores portes,

escolherem o seu fornecedor, buscando melhores condições de atendimento

aos seus perfis de carga.

Além disso, um outro benefício trazido com o livre mercado é uma maior

transparência no preço da energia elétrica, que passou a segregar as parcelas

de energia propriamente dita e do transporte da mesma. Sendo também

possível, identificar nessas parcelas os serviços, encargos e impostos

incidentes. Na figura a seguir temos um esquema que mostra como se

distribuem as parcelas que incidem na conta do consumidor.

regras e procedimentos de comercialização específicos.” Referência Decreto nº. 5.163 de 30 de julho de 2004. 6 “Agente Vendedor – o titular de concessão, permissão ou autorização do poder concedente para gerar, importar ou comercializar energia elétrica.” Referência Decreto nº. 5.163 de 30 de julho de 2004.

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Figura 4 – A conta da energia no Mercado Livre

5 - O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL

“Com tamanho e características que permitem considerá-lo único

em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia

elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte

predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O

Sistema Interligado Nacional é formado pelas empresas das regiões

Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas

3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se

fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente

na região amazônica.” Ref. Site do ONS 02.06.05

O SIN tem predominância de usinas hidroelétricas com

reservatórios de regularização plurianual e grande capacidade de

armazenamento, principalmente nas regiões Sudeste / Centro-Oeste e

Nordeste, sendo que 65% da capacidade de armazenamento do SIN,

estão concentrados numa área situada no interior do país denominada

“Quadrilátero dos Reservatórios”, onde estão concentrados os grandes

reservatórios de acumulação do sistema, referentes às bacias dos rios

Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins.

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Esta característica confere ao SIN uma grande dependência da

espacialidade das chuvas, de forma que não basta chover no país, mais

sim onde, quando e quanto chove, de forma que essas precipitações ao

longo do período úmido garantam vazões afluentes que possibilitem o

replecionamento do armazenamento desses reservatórios, assegurando

o atendimento energético do SIN.

O Sistema Interligado Nacional é dividido em quatro subsistemas

de acordo com as regiões geopolíticas. Cada subsistema tem a sua

peculiaridade e apesar da integração, eles são operados e planejados

com políticas energéticas diferentes entre si.

a-) Subsistema Sudeste

b-) Subsistema Sul

c-) Subsistema Nordeste

d-) Subsistema Norte

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6- NOMENCLATURA

A

ABCE - Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica. A entidade reúne empresas de energia elétrica que atuam na transmissão, geração e distribuição e que possuem concessão para exploração de serviço público. Foi criada em 1936. ABEER - Associação Brasileira de Energia Renovável e Eficiência Energética. ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear. Instituição que reúne técnicos e pesquisadores do setor nuclear brasileiro com o objetivo de difundir informações sobre as aplicações pacíficas da energia nuclear e promover maior integração entre a comunidade nuclear e a sociedade brasileira. ABRACE - Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia Elétrica. Entidade que congrega os grupos industriais de maior consumo de energia do país. Seus associados respondem por 20% da energia consumida ou por 33% da fatia de consumo industrial no Brasil. Representa os consumidores chamados eletrointensivos, como as indústrias de cimento, cobre, alumínio, química e petroquímica, ferro-ligas, aço, mineração, papel e celulose, gases do ar dentre outras. ABRACEEL - Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica. Tem como objetivo promover a união dos agentes comercializadores autorizados pela Aneel e representá-los junto aos poderes públicos e organizações nacionais e internacionais. ABRADEE - Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica. Iniciada com o antigo Comitê de Distribuição, a Abradee transformou-se em associação em 1995. As empresas associadas respondem por mais de 95% do mercado brasileiro de energia elétrica. ABRAGE - Associação Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica. Foi criada em 1998 e tem como objetivo alcançar o melhor desenvolvimento das atividades ligadas à geração de energia elétrica. A associação representa as grandes geradoras de energia elétrica, de origem predominantemente hidráulica. ABRATE - Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica. Instituição criada em 1999 para reunir e defender os interesses das empresas de transmissão de energia elétrica, agentes que surgiram com o processo de implantação do novo modelo do setor elétrico. Acordo de Mercado - Contrato firmado entre todos os agentes do setor (comercializadores, importadores, exportadores, consumidores livres, geradores) que define as condições para instituição e funcionamento do MAE. Acordo de Recompra - Acordo entre geradores e distribuidores de energia comprometidos com contratos iniciais que estabelece que as distribuidoras de energia acumulam créditos em energia para utilização futura quando a carga do sistema foi menor do que a energia contratada.Esses créditos, quando contraídos, contribuem para reduzir a exposição dos geradores no momento da transação e, uma vez acumulados para os meses seguintes, contribuem para reduzir também a exposição dos distribuidores em momentos futuros. Acordo Geral do Setor Elétrico - Acerto firmado entre geradoras e distribuidoras com o objetivo de definir regras para compensação das perdas financeiras geradas pelo racionamento de energia 2001/2002. O acordo, fechado em dezembro de 2001, prevê financiamento de até R$ 7,5 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas e reajuste tarifário extraordinário de 2,9% para consumidores rurais e residenciais, com exceção dos consumidores de

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baixa renda, e de 7,9% para consumidores de outras classes, a título de recomposição das perdas. ANA - Agência Nacional de Águas. Instituída em junho de 2000, a agência é uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. É responsável pela implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos e por aplicar a Lei das Águas (1997), que disciplina o uso dos recursos hídricos no país. ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Autarquia em regime especial, vinculada ao MME, criada em dezembro de 1996. A agência regula e fiscaliza as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. Também media conflitos entre consumidores e agentes do mercado e entre os próprios agentes; concede, permite e autoriza instalações e serviços de energia; homologa reajustes tarifários; assegura a universalização e a qualidade adequada dos serviços prestados, e estimula investimentos e a competição entre os agentes do setor. Anexo V - Documento que integra os contratos iniciais assinados entre geradoras e distribuidoras de energia. Essa cláusula determina a compra compulsória, pelas geradoras, de parte da energia economizada durante períodos de racionamento. O valor de compra dessa energia é maior que o estabelecido nos contratos iniciais. ANP - Agência Nacional de Petróleo. É uma autarquia criada em agosto de 1997, vinculada ao MME. É o órgão regulador do setor de petróleo. Tem como finalidade promover a regulação, contratação e fiscalização das atividades econômicas integrantes deste setor. APINE - Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica. Criada em 1995, a associação tem como objetivo representar as empresas interessadas na produção independente de energia elétrica junto aos poderes públicos e instituições nacionais e internacionais. ASMAE- Administradora de Serviços do Mercado de Energia Elétrica. Extinta com a Medida Provisória 29 (07/02/2002). A MP foi resultado das alterações propostas pelo Comitê de Revitalização do Setor Elétrico, criado no âmbito da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE). Antes de extinta, funcionava como pessoa jurídica, de direito privado, que prestava serviços administrativos, técnicos e jurídicos ao Mercado Atacadista de Energia (MAE). Autoprodutor - Concessionário ou agente autorizado pela Aneel que gera energia para consumo próprio. Essa energia pode substituir ou complementar o volume adquirido da distribuidora.

B

Balanço Energético Nacional (BEN) - Documento produzido anualmente pela Secretaria de Energia do MME com o objetivo de apresentar os fluxos energéticos das fontes primárias e secundárias de energia, desde sua produção até o consumo final, nos principais setores da economia. Barragem - Construção que retém água para controlar o nível e a vazão de rios. Biomassa - Matéria orgânica de origem vegetal ou animal que pode ser aproveitada para geração de calor ou eletricidade. Pode ser produzida pelo aproveitamento do lixo residencial, comercial ou industrial como serragem, arroz, cascas de árvores pelo bagaço da cana-de-açúcar, recurso abundante no país. Blecaute (Apagão) - Falta generalizada de energia em uma determinada região.

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C

Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétri ca (CBIEE) - Formada por empresas nacionais e estrangeiras que possuem investimentos no setor elétrico do país. Entidade sem fins lucrativos que atua como um fórum para discussão dos aspectos relacionados ao modelo do setor elétrico brasileiro. Câmara de Gestão da Crise do Setor Elétrico (GCE) - Criada e instalada pela Medida Provisória 2.198-3, de 29 de maio de 2001, teve como objetivos administrar programas de ajuste da demanda energética, coordenar os esforços para o aumento da oferta de energia elétrica, além de propor e implementar medidas de caráter emergencial para solucionar a crise do setor elétrico em 2001. Câmara de Gestão do Setor Elétrico (CGSE) - Criada em 6 de junho de 2002, essa câmara substitui a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), instituída em maio de 2001 para gerir o racionamento de energia e os problemas do setor elétrico. A CGSE faz parte do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) do MME e é presidida pelo ministro da pasta. Dentre suas atribuições está a continuidade aos trabalhos e estudos até então coordenados pela GCE. Capacidade instalada - Total da capacidade de geração de todas as turbinas de uma usina. Co-geração - Processo que permite a produção simultânea de energia elétrica, térmica e de vapor, a partir de uma única fonte de combustível, como gás natural, lixo industrial, biomassa dentre outros. O processo de queima desse combustível produz energia térmica (calor) e, ao mesmo tempo, movimenta os geradores para produção de energia elétrica. Comercializador - Pessoa jurídica especialmente constituída para comprar e vender energia elétrica para concessionárias, autorizadas ou para consumidores livres. Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial (CBEE) - Empresa pública federal criada em 29 de agosto de 2001 (Medida Provisória 2.209), conforme diretrizes da GCE, e vinculada ao MME. Tem como objetivo tornar viável o aumento da capacidade de geração e da oferta de energia elétrica de qualquer fonte em curto prazo, dentro do Programa de Energia Emergencial. A empresa vai administrar a contratação de 58 usinas com capacidade instalada para gerar 2.154 MW de 2002 a 2005. A CBEE será extinta em 30 de junho de 2006. Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão do S etor Elétrico (CCPE) - Entidade responsável pelo planejamento da expansão dos sistemas elétricos brasileiros. Foi criado em 1999 (Portarias 150 e 485 do MME). Tem como objetivo orientar as ações de governo para assegurar o fornecimento de energia nos níveis de qualidade e quantidade demandados pela sociedade, oferecer um quadro de referência para os planos de investimento dos agentes do mercado e, finalmente, definir a expansão adequada da rede elétrica de transmissão. Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico - Instalado no âmbito da GCE em 22 de junho de 2001, o comitê tem como missão encaminhar propostas para corrigir desfuncionalidades correntes e propor aperfeiçoamentos para o modelo do setor elétrico. Em janeiro de 2002, o comitê sugeriu a implementação de 33 medidas para reorganizar o setor. Esse comitê está, atualmente, subordinado a CGSE. Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos (CFURH) - Valor pago pelas concessionárias e empresas autorizadas a produzir energia elétrica, a título de compensação pelo uso dos recursos hídricos com esta finalidade. A cobrança equivale a 6,75% do valor da energia gerada e o valor arrecadado é gerenciado pela Aneel. Municípios atingidos por barragens (com a construção de usinas) ficam com 45% do total arrecadado. Igual montante é destinado aos estados onde se localizam as represas. Os 10% restantes são encaminhados à União.

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Concessionária de serviço público - Agente titular de serviço público federal delegado pelo poder concedente mediante licitação (concorrência). As concessionárias podem ser geradoras, distribuidoras ou transmissoras de energia. Conselho de Consumidores de Energia Elétrica - Representação de consumidores criada por cada uma das distribuidoras de energia elétrica. Com caráter consultivo, cabe ao conselho orientar, analisar e avaliar questões ligadas ao fornecimento, tarifas e adequação dos serviços prestados pela empresa. Instituído em 1993, teve suas condições alteradas em 2000 (Resolução 138 da Aneel). Pelas novas determinações, deve ser composto por um representante de cada classe de consumo e de um representante de alguma entidade de defesa do consumidor. Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) - Órgão de assessoramento do Presidente da República, tem como finalidade formular políticas e diretrizes para o setor de energia. Criado em agosto de 1997, o CNPE é presidido pelo ministro de Minas e Energia e conta com a participação dos ministros da Ciência e Tecnologia, Planejamento, Orçamento e Gestão, Meio Ambiente, Fazenda, Casa Civil e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Além disso, é composto por um cidadão especialista em energia, um integrante de uma universidade e um representante dos Estados. Em junho de 2002, o CNPE passou a abrigar a CGSE, substituta da GCE. Consumidor - Pessoa física ou jurídica que solicitar à concessionária o fornecimento de energia elétrica, assumindo, assim, a responsabilidade pelo pagamento das faturas e outras obrigações fixadas pela Aneel. Consumidor Cativo - Consumidor autorizado a comprar energia somente da concessionária que atua na rede a qual está conectado. Consumidor de Baixa Renda - Consumidor residencial atendido por circuito monofásico que, nos últimos 12 meses, tenha tido consumo mensal médio inferior a 80 kWh/mês. Os consumidores que gastam entre 80 e 220 kWh/mês também serão considerados de baixa renda, mas os critérios ainda serão definidos pela Aneel. A definição consta da Lei 10.438 (2002). Consumidor do Grupo A - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão igual ou superior a 2,3 kV ou atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a partir de sistema subterrâneo de distribuição, caracterizado pela estruturação tarifária binômia. Consumidor do subgrupo A1 - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão igual ou superior a 230 kV. Consumidor do subgrupo A2 - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão de 88 a 138 kV. Consumidor do subgrupo A3 - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão de 69 kV. Consumidor do subgrupo A3a - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão de 30 a 44 kV. Consumidor do subgrupo A4 - Conjunto de unidades consumidoras com fornecimento de energia em tensão de 2,3 a 25 kV. Consumidor do subgrupo B1 - Unidade consumidora residencial e unidade consumidora residencial caracterizada como baixa renda. Consumidor do subgrupo B2 - Unidade consumidora rural, unidade consumidora caracterizada como cooperativa de eletrificação rural e como serviço público de irrigação.

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Consumidor do subgrupo B3 - Unidades consumidoras das demais classes. Consumidor do subgrupo B4 - Unidade consumidora caracterizada como iluminação pública. Consumidor Livre - Consumidor legalmente autorizado a escolher seu fornecedor de energia. Consumidores do subgrupo AS - Conjunto de unidades consumidores com fornecimento de energia em tensão inferior a 2,3 kV, atendido a partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturado neste grupo em caráter opcional. Consumidor do Grupo B - Unidade consumidora com fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV ou atendida em tensão superior à mencionada e caracterizada pela estruturação tarifária monômia. Conta Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC) - Conta criada em 1993, tem como finalidade cobrir custos da utilização de combustíveis fósseis, como óleo diesel e carvão, empregados na geração termelétrica nos sistemas interligado e isolado (áreas não atendidas pelo serviço de eletrificação). As distribuidoras recolhem mensalmente da tarifa um valor equivalente a sua cota (proporcional ao mercado atendido por cada empresa). Esse fundo é administrado pela Eletrobrás. O valor anual é definido pela Aneel. Conta de Compensação de Variação de Valores de Iten s da Parcela A (CVA) - Mecanismo criado em outubro de 2001 para compensação das variações de valores de itens dos custos não gerenciáveis (Parcela A) ocorridas entre reajustes tarifários anuais das distribuidoras de energia. Na data do reajuste anual, se a CVA estiver negativa, há repasse para tarifa. Se a conta estiver positiva, o saldo é usado para abater o reajuste anual das tarifas. Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - Fonte de subsídio criado para tornar competitivas fontes alternativas de energia, como eólica e biomassa, e promover a universalização dos serviços de energia elétrica. Além de fontes alternativas, a CDE cobre os custos de termelétricas a carvão que já haviam entrado em operação em 1998 e da instalação de transporte para gás natural. Os recursos virão de pagamentos anuais realizados a título de uso de bem público, multas aplicadas pela Aneel e a partir de 2003, das cotas anuais pagas por agentes que vendam energia para o consumidor final. Terá duração de 25 anos e é considerada sucessora da CCC. Contrato com Obrigação de Aquisição (take or pay) - Modalidade de contrato usada para a compra de gás natural para as usinas termelétricas. Prevê a obrigação de compra de uma quantidade mínima do combustível. Nesse tipo de contrato, mesmo que o combustível não seja usado, é preciso efetuar o pagamento referente à quantidade mínima pelo preço previamente determinado. Contrato de Adesão - Instrumento contratual firmado entre consumidores e fornecedores de energia elétrica com cláusulas estritamente vinculadas às normas e regulamentos aprovados pela Aneel. O contrato não pode ser aceito parcialmente pelas partes. Contrato de Concessão - Contrato firmado entre a Aneel e geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia, definindo direitos e obrigações para prestação de serviço público de energia elétrica ao consumidor. Para geradoras o prazo do contrato é de 35 anos, para distribuidoras e transmissoras, a duração é de 30 anos. Todos os contratos podem ser renovados por igual período. Contrato de Fornecimento - Instrumento contratual firmado entre a concessionária e o consumidor do Grupo A para ajustar as características técnicas e as condições comerciais do fornecimento de energia elétrica.

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Contrato de uso e de conexão - Instrumento legal em que o consumidor livre e a concessionária estabelecem condições de utilização do sistema elétrico local, de acordo com regulamentação específica. Contratos bilaterais - São contratos de compra e venda de energia em volumes livremente acertados entre duas partes (agentes do mercado), sem a participação da Aneel ou do MAE. Nesses contratos é definida a quantidade de energia contratada. Os preços da energia não constam desses contratos. Contratos Iniciais - São contratos de compra de compra e venda de energia de longo prazo, firmados entre geradoras e distribuidoras, entre distribuidoras e distribuidoras ou entre geradoras e geradoras. Os preços da energia comercializada por esses contratos são fixados pela Aneel. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (C ide) - Contribuição que incide sobre importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível. Os recursos arrecadados são destinados ao pagamento de subsídios a preços ou ao transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo, ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. Criada pela lei 10.336 de dezembro de 2001. Curva de Segurança - Indicador do nível mínimo de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas necessário para assegurar a geração de energia elétrica suficiente para o atendimento do consumo. Curva-guia - Indicador de acompanhamento do nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Custo do Déficit - Preço da energia no mercado de curto prazo (spot) em uma situação de racionamento. Sinaliza o custo de oportunidade de se produzir energia elétrica quando há escassez. Reflete as perdas econômicas para a sociedade provocadas pela redução forçada da oferta de energia. Custo Marginal da Operação - Custo por unidade de energia produzida para atender a um acréscimo de carga no sistema. Custos Gerenciáveis - Custos que dependem essencialmente da eficácia da gestão empresarial, como os gastos com pessoal, compra de materiais, pagamento de serviços de terceiros, outras despesas e remuneração. Também chamados de custos controláveis, são indexados a variação do Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) da Fundação Getúlio Vargas para cálculo do reajuste tarifário anual previsto nos contratos de concessão. Custos Não-gerenciáveis - Também chamados de Parcela A ou custos não controláveis, são custos que independem de decisões das concessionárias, como a Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC); cota da Reserva Global de Reversão (RGR); Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE); Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH); energia adquirida de Itaipu para revenda convencional; Encargos pelo Uso da Rede Básica; Transporte da energia gerada por Itaipu, e Encargos de Conexão do Sistema.

D

Demanda - Média das potências elétricas instantâneas solicitadas por consumidor ou concessionário durante um período especificado.

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Demanda assegurada - Demanda que deve ser obrigatoriamente colocada à disposição do consumidor por parte do concessionário, no ponto de entrega, de acordo com o valor e o período de vigência do contrato. Demanda contratada - Demanda estipulada em contrato, posta continuamente à disposição do consumidor ou concessionário e que será integralmente paga, independentemente de ser ou não utilizada durante o período de faturamento. Demanda de ultrapassagem - Parcela da demanda medida que excede o valor da demanda contratada. Demanda faturável - Demanda considerada para o cálculo da fatura a ser cobrada do consumidor ou concessionária. Desligamentos Programados - Interrupções previamente planejadas no fornecimento de energia elétrica. Despacho - Definição, pelo ONS, da quantidade de energia que uma usina irá gerar em um determinado momento. Desverticalização - Separação das atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica dentro de uma mesma empresa. Pelo modelo proposto pelo governo para o setor elétrico, uma mesma empresa só pode exercer uma dessas atividades. Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora (DMIC) - Tempo máximo de interrupção contínua da distribuição de energia elétrica para uma unidade consumidora qualquer. Duração de Interrupção Individual por Unidade Consu midora (DIC) - Intervalo de tempo que em um período observado, em cada unidade consumidora, ocorreu interrupção na distribuição de energia elétrica. Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Cons umidora (DEC) - Intervalo de tempo que, em média, em um período observado, em cada unidade consumidora de um conjunto considerado ocorreu interrupção da distribuição de energia elétrica.

E

ELETROBRÁS - Criada em 1961, a Centrais Elétricas Brasileiras S/A é uma empresa pública, vinculada ao MME. Holding das concessionárias federais de geração e transmissão de energia elétrica, a Eletrobrás tem como subsidiárias a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Eletronorte, Eletrosul, Furnas e Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE). Possui metade do capital de Itaipu Binacional. Congrega, ainda, o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e opera os programas do governo na área de energia como o Procel, Luz no Campo e Reluz. Eletrointensivos - Consumidores industriais para os quais os gastos com energia elétrica representam parcela significativa dos custos de produção. São exemplos as indústrias de papel, ferro-ligas, soda-cloro e gases industriais. Energia Armazenada - Energia potencialmente disponível nos reservatórios das hidrelétricas, cujo cálculo considera o volume de água armazenado e a capacidade de geração da usina. Energia Assegurada - É a definição contratual da quantidade de energia que uma determinada usina gera. A energia assegurada de cada usina é uma fração da capacidade total de geração do

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sistema interligado nacional e é com base nessa definição que é feita a remuneração da usina, independentemente da quantidade de energia efetivamente gerada. Energia Eólica - Energia gerada a partir da força dos ventos. A energia cinética do vento é transformada, pelas turbinas, em energia mecânica que, por sua vez, se transforma em energia elétrica. Energia Hidrelétrica - Energia elétrica produzida pelo aproveitamento do potencial hidráulico de um rio. A água gira a turbina, transformando energia hidráulica em energia mecânica que, por sua vez, se transforma em energia elétrica. Energia Limpa - Energia que não produz resíduos poluentes, como a solar e a eólica. Energia Livre - Energia não contratada e comercializada no mercado de curto prazo (spot). Energia Natural Afluente (ENA) - Energia que pode ser produzida com a vazão de água de um determinado rio a um reservatório de uma usina hidrelétrica. Energia Nova - Energia produzida por usinas recém construídas, cujos investimentos ainda não foram amortizados e que, por essa razão, é mais cara que a energia velha. Energia Solar - Energia produzida por meio do aproveitamento da luz do sol. Existem dois aproveitamentos: o térmico e o fotovoltaico. No aproveitamento térmico, a luz do sol é usada apenas como fonte de calor para sistemas de aquecimento. No fotovoltaico, a luz do sol se transforma em energia elétrica. Energia Térmica - Aenergia térmica ou calorífica é resultado da combustão de diversos materiais, como carvão, petróleo e gás natural. Ela pode ser convertida em energia mecânica por meio de equipamentos como a máquina a vapor, motores de combustão ou turbinas a gás. Energia Velha - Energia produzida pelas hidrelétricas estatais cujos investimentos já foram parcialmente ou totalmente amortizados. Por causa disso, o preço da energia produzida por essas usinas é mais baixo do que o das usinas construídas recentemente e que ainda não recuperaram o investimento feito.

F

Fator X - Fator que atua como instrumento de repartição dos ganhos de eficiência da concessionária com seus consumidores. Previsto nos contratos de concessão assinados entre as empresas prestadoras do serviço público de energia elétrica e a Aneel, o fator X é um fator de correção do reajuste tarifário com o objetivo principal de induzir a busca pela melhoria da eficiência econômica de cada empresa. Fontes Renováveis de Energia (Fontes Alternativas) - Recursos naturais e renováveis que podem ser aproveitadas para geração de energia elétrica como os ventos, a força das marés, a biomassa e a luz solar. Por serem naturais, o processo de geração de energia é menos poluente que o das fontes tradicionais, como os combustíveis. Freqüência de Interrupção Individual por Unidade Co nsumidora (FIC) - Número de interrupções na distribuição de energia elétrica ocorridas em um período observado em cada unidade consumidora. Freqüência Equivalente de Interrupção de Energia (F EC) - Número de interrupções na distribuição de energia elétrica ocorridas, em média, no período observado, em cada unidade

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consumidora de um determinado conjunto.

G

Gás Natural - Mistura de hidrocarbonetos, com destaque para o metano, inodoro e sem cor. É o mais limpo dos combustíveis fósseis e permite ampla utilização para aquecimento, esfriamento, produção de energia elétrica e outros usos industriais. A construção do Gasoduto Brasil-Bolívia está permitindo o incremento da geração de energia elétrica por meio da termoeletricidade no país, alvo do Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT). Gasbol - Gasoduto Brasil-Bolívia, com 3.150 quilômetros de extensão, possibilita a importação de gás natural da Bolívia pelo Brasil. É o maior projeto da Gaspetro, subsidiária da Petrobrás, construído em parceria com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). O gás boliviano abastece as usinas incluídas no Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT). Gato - Ligação elétrica ilegal, sem a contratação do serviço de fornecimento de energia elétrica junto à distribuidora. Geração de Reserva - Contratação de longo prazo de energia termelétrica, inclusive por parte do governo, de uma capacidade de geração com custos rateados entre os consumidores. O objetivo é reduzir a dependência da geração de energia das chuvas que abastecem os reservatórios das hidrelétricas. É diferente do seguro anti-apagão (encargo de capacidade emergencial) porque a geração de reserva ficaria indefinidamente disponível no sistema, enquanto a energia emergencial é temporária.

H

Horário de Ponta - Período de três horas consecutivas compreendido entre o intervalo de 17h às 22h, a ser definido por cada distribuidora de energia, de acordo com o registro do maior consumo. O horário de ponta é verificado apenas nos dias úteis. Horário de Verão - Procedimento por meio do qual os relógios são adiantados em uma hora em relação ao horário legal para proporcionar melhor aproveitamento da luz natural e, conseqüentemente, reduzir o consumo de energia, em especial no horário de ponta. O horário de verão é adotado na maior parte do território nacional, no período de outubro a fevereiro, onde a primavera e o verão proporcionam dias mais longos que as noites. Foi adotado pela primeira vez no Brasil em 1931 e desde 1985 vem sendo praticado todos os anos. Em 2008 foi definido que o horário de verão iniciar-se-á sempre no segundo domingo de outubro com término no 2º domingo de fevereiro. Caso caia em carnaval, fica valendo o 3º domingo de fevereiro. É posto em prática por meio de um decreto presidencial.

I

Iluminação Pública - Serviço que tem por objetivo prover de luz os logradouros públicos no período noturno ou dos locais que necessitam de iluminação permanente durante o dia.

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K

KiloVolt (kV) - Unidade de medida de tensão. Um kV representa 1.000 Volts (V). KiloWatt (kW) - Unidade de potência. Um kW representa 1.000 watts. O consumo de energia elétrica é representado pelo número de kW gastos em um período de 1 hora (kWh). O MegaWatt (MW) possui 1 milhão de Watts. O GigaWatt (GW) representa um bilhão de Watts. O TeraWatt (TW) possui um trilhão de Watts.

L

Leilões de Energia - Mecanismo adotado pelo governo federal para que as geradoras estatais possam vender a energia velha, mais barata, sem comprometer a formação de preços competitivos no mercado para não afastar novos investidores no setor. Á medida em que os contratos iniciais terminarem, a partir de 2003, a energia que estava contratada será vendida por meio de leilões. Luz no Campo - Programa Nacional de Eletrificação Rural, criado pelo Governo federal em dezembro de 1999. Tem como objetivo levar energia elétrica para um milhão de propriedades e domicílios rurais de todo o país. Coordenado pelo MME, é desenvolvido pela Eletrobrás com recursos obtidos pela Reserva Global de Reversão (RGR).

M

Mecanismo de Aversão ao Risco de Racionamento - Instrumento criado para sinalizar a possibilidade de falta de energia em um horizonte de dois anos. O mecanismo altera a formação de preço da energia em função do risco de racionamento. Quanto maior o risco, maior o preço. O risco de racionamento é calculado com base no nível de água dos reservatórios em relação ao previsto na curva de segurança. Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) - Processo comercial no qual os geradores de energia, sob a égide do Mercado Atacadista de Energia, compartilham os riscos financeiros associados ao despacho centralizado do ONS. Pelo MRE, cada usina é responsável pela geração de uma determinada quantidade pré-estabelecida de energia (energia assegurada). Dessa forma, o ONS pode definir um volume de geração maior ou menor para uma usina sem afetá-la economicamente. Média de Longo Termo (MLT) - Média de energia natural afluente calculada a partir de uma série histórica. A MLT está ligada a quantidade de chuvas que alimenta a vazão dos rios que alimentam os reservatórios das hidrelétricas. Há uma MLT para cada subsistema (Norte, Sul, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste). Medida Provisória do Setor Elétrico (MP 14) - Medida Provisória publicada em dezembro de 2001 que tratava da contratação de energia emergencial, da criação do Proinfra, da recomposição tarifária extraordinária e do repasse dos custos não-gerenciáveis (parcela A) para as tarifas. A MP oficializou o Acordo Geral do Setor Elétrico. Depois de votada no Congresso Nacional, se transformou na lei 10.438, sancionada em abril de 2002. Mercado Atacadista de Energia (MAE) - Empresa de direito privado, sem fins lucrativos, submetida à regulamentação da Aneel, recriada em fevereiro de 2002 (por meio da Medida Provisória 29), em substituição à extinta Asmae. No MAE se processam as atividades comerciais de compra e venda de energia elétrica por meio de contratos bilaterais ou em um mercado de curto prazo (spot), restrito aos sistemas interligados Sul/Sudeste/Centro-Oeste e Norte/Nordeste. O MAE

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apenas viabiliza as transações de compra e venda de energia elétrica entre os agentes do mercado. Mercado de Curto Prazo (spot) - Segmento do Mercado Atacadista de Energia onde se negocia a energia não contratada bilateralmente ou as sobras dos contratos bilaterais. Ministério de Minas e Energia (MME) - Criado em 1960, o MME está passando por um processo de mudança em razão da crise de energia elétrica vivida pelo país em 2001. Com sua nova estrutura, o MME será capaz de formular políticas e planos de curto, médio e longo prazos, e de propor medidas preventivas ou corretivas para assegurar a confiabilidade do suprimento de energia ao país. Compete a MME zelar pelo equilíbrio conjuntural e estrutural entre a oferta e demanda de energia elétrica. No setor mineral, o MME atua na promoção do desenvolvimento dessa indústria no país.

N

Newave - Software desenvolvido pelo Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel) para ser utilizado na determinação do valor da energia no Mercado Atacadista de Energia, chamado de Preço MAE.

O

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - Agente de direito privado criado para coordenar e controlar a operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica nos sistemas interligados brasileiros. O ONS responde pelo acompanhamento do consumo de energia e do nível de água dos reservatórios das principais usinas do país. Instituído pela lei 9.468/98 e pelo decreto 2.655/98, teve seu funcionamento autorizado pela Aneel por meio da resolução 351/98. O controle da operação do Sistema Interligado Nacional começou em 1º de março de 1999.

P

Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) - Usinas hidrelétricas com capacidade instalada superior a 1 MW e até 30 MW e com área de reservatório de até três quilômetros quadrados. A energia gerada pelas PCH que iniciarem operação até 2003 entrará no sistema de eletrificação com isenção de taxas pelo uso das redes de transmissão e distribuição. Essas usinas também ficarão livres do pagamento da remuneração municipal e estadual pela utilização dos recursos hídricos. Se instaladas no sistema isolado da região Norte, com o objetivo de substituir as geradoras térmicas a óleo diesel, receberão incentivo do fundo formado pelos recursos da CCC. Período seco - Período caracterizado pela redução do volume de chuvas. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste o período seco tem duração de sete meses consecutivos e vai de maio a novembro. Na região Sul, as chuvas são distribuidoras ao longo do ano, mas os meses de junho e julho geralmente são mais secos. Na região Norte, com exceção do Norte do Amazonas e Roraima, o período de outono e inverno (abril a setembro) é mais seco. No Norte do Amazonas e em Roraima, a época da estiagem acontece de dezembro a maio. Período úmido - Período caracterizado pelo aumento do volume de chuvas. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, o período úmido tem duração de cinco meses consecutivos e vai de dezembro a abril. Na região Sul, as chuvas são bem distribuídas ao longo ano, com exceção dos meses de junho e julho, mais secos. Na região Norte, com exceção do Norte do Amazonas e Roraima, as chuvas se concentram na primavera e verão (setembro a março). No Norte do Amazonas e em Roraima, as chuvas acontecem de abril a agosto.

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Permissionário de serviço público - Pessoa física ou jurídica detentora de autorização federal para execução de obras de transmissão ou distribuição de energia destinada a seu consumo privativo ou de associados. Plano B - Programa de Redução do Consumo por Corte de Carga, criado em julho de 2001 pela GCE, durante o período de racionamento. Também chamado de Plano B, o programa foi apresentado como um plano de ações preventivas, caso o racionamento adotado não fosse suficiente para reduzir o consumo nas margens esperadas. O plano prevê medidas emergenciais como a decretação de feriados e até cortes diários de energia. Plano Decenal - Documento que traça o planejamento indicativo da expansão do setor elétrico com objetivo de fornecer uma referência ao mercado para que os agentes possam elaborar com menos incertezas o seu planejamento estratégico, buscando vantagens competitivas. É elaborado pelo CCPE. Poder Concedente - União, estados ou municípios que delegam o direito à exploração de serviços públicos através de concessões, permissões ou autorizações. Preço MAE (PMAE) - Valor da energia elétrica negociada no Mercado de Curto Prazo (Mercado Spot). O preço do MAE varia conforme a relação de oferta e demanda de energia. Produtor Independente de Energia Elétrica (PIE) - Agente que recebe concessão ou autorização do poder concedente para produzir energia elétrica destinada à comercialização, parcial ou integral, por conta e risco do próprio agente. Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios -Energia das Pequenas Comunidades (Prodeem) - O Programa tem como objetivo atender comunidades carentes isoladas, não supridas de energia elétrica pela rede convencional. O atendimento dessas comunidades é feito pela utilização de fontes renováveis locais em base auto-sustentável, para permitir o desenvolvimento econômico e social dessas comunidades. O programa, coordenado pelo MME, foi criado em 1994. Programa de Energia Emergencial - Criado pela GCE em 2001, o programa tem como objetivo proporcionar um "seguro" contra eventuais desequilíbrios entre oferta e demanda de energia até 2005. O programa funciona como uma garantia de oferta de energia até que sejam restauradas as condições normais de atendimento energético ao sistema interligado nacional. Por seu caráter emergencial, o programa contratou, por meio da CBEE, a geração de 2.155 MW até o ano de 2005. Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Ene rgia Elétrica (Proinfra) - Instituído em 26 de abril de 2002 (Lei 10.438), o programa pretende ampliar em 3.420 MW, inicialmente, a participação da geração de energia elétrica no país a partir da utilização de fontes alternativas como eólica, Pequenas Centrais Hidrelétricas e Biomassa. Pela lei, os Produtores Independentes Autônomos que vierem a desenvolver esses empreendimentos terão garantia de compra da energia gerada pela Eletrobrás por um prazo de 15 anos. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétric a (Procel) - O objetivo deste programa é promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica no país para eliminar os desperdícios e, conseqüentemente, reduzir custos e a necessidade de investimentos setoriais. Foi instituído em 1985 pelos ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio, mas em 1991 foi transformado em programa de governo. O Procel utiliza recursos da Eletrobrás, da Reserva Global de Reversão (RGR) e de entidades internacionais. Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT) - Programa para estimular a geração de energia por usinas térmicas no país. Coordenado pelo MME, o PPT estabelece como incentivo às empresas participantes a garantia de suprimento de gás natural por 20 anos, a aplicação do valor

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normativo de energia à distribuidora e, por fim, a garantia, pelo BNDES, de acesso ao Programa de Apoio Financeiro e Investimentos Prioritários do Setor Elétrico. Criado em 24 de fevereiro de 2000, o programa ganhou impulso durante a crise de energia de 2001, no âmbito da GCE.

R

Racionalização - Uso da energia elétrica sem desperdício e, ao mesmo tempo, sem abrir mão do conforto e das vantagens que ela proporciona, gerando redução do consumo sem prejuízo à eficiência e à qualidade dos serviços. Racionamento - Redução compulsória no consumo de energia elétrica de consumidores finais, estabelecida por decreto presidencial. O mais recente aconteceu de 1º de junho de 2001 a 28 de fevereiro de 2002 nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, com redução média determinada de 20% no consumo. Na região Norte, o racionamento durou de 15 de julho a dezembro de 2001, com redução média de 15% imposta ao consumo. A região Sul não foi obrigada a reduzir o consumo. Reajuste Anual - Previsto nos contratos de concessão, o reajuste anual é calculado com base em uma fórmula que leva em conta a variação dos Custos Não-gerenciáveis (Parcela A ). Os custos gerenciáveis são corrigidos pelo IGP-M. Além disso, nas concessionárias que já passaram por Revisão Periódica , é aplicado o Fator X para redução do IGP-M. O reajuste anual é homologado pela Aneel na data de aniversário da assinatura do Contrato de Concessão. Reajuste Tarifário - Atualização dos preços da energia elétrica prevista nos contratos de concessão, com objetivo de preservar o equilíbrio econômico e financeiro das empresas. Pelos contratos, existem três modalidades de reajuste tarifário: reajuste anual, revisão periódica e revisão extraordinária. Reducão - Plano de Redução do Consumo e Aumento da Oferta de Energia Elétrica, elaborado pela Aneel e MME em abril de 2001 como alternativa ao racionamento de energia elétrica, decretado em junho de 2001. O plano continha 33 medidas para racionalização do uso da energia e aumento de oferta. Recomposição Tarifária Extraordinária - Reajuste de tarifa concedido em dezembro de 2001 às distribuidoras e geradoras das regiões que estiveram sob racionamento. Previsto no Acordo Geral do Setor Elétrico, resultou em um aumento de 2,9% na tarifa dos consumidores residenciais (com exceção dos Consumidores de Baixa Renda) e rurais e de 7,9% para os demais consumidores. O objetivo do reajuste foi repor as perdas que distribuidoras e geradoras de energia tiveram com a redução do consumo imposta pelo governo. A duração do reajuste varia de acordo com o tempo necessário à recuperação das perdas de cada concessionária. Rede Básica - Instalações elétricas pertencentes ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Rede de Distribuição - Rede destinada à distribuição de energia elétrica em uma zona de consumo delimitada. Rede de Transmissão - Rede ou sistema para transmissão de energia elétrica entre regiões ou entre países para alimentação de redes subsidiarias. Rede Elétrica - Conjunto de subestações, linhas e outros equipamentos ligados entre si para conduzir a energia elétrica das centrais produtoras aos consumidores. Religação - Procedimento efetuado pela concessionária para restabelecer o fornecimento de energia elétrica à unidade consumidora, a pedido do mesmo consumidor responsável pelo fato que motivou a suspensão.

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Relógio de Luz - Equipamento que permite a leitura do consumo de energia elétrica. Reluz - Programa que tem como objetivo promover e implantar sistemas eficientes de iluminação pública nos municípios para melhorar a qualidade da segurança pública e reduzir as despesas das administrações municipais com eletricidade. Ligado ao MME, é coordenado Eletrobrás. O programa é implementado pelas concessionárias, por meio de contratos com os municípios. Reseb - Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, desenvolvido de agosto de 1996 a novembro de 1998, pela consultoria internacional Coopers & Lybrand. O estudo sugeria a desverticalização das atividades das empresas do setor, com as atividades de geração e distribuição privatizadas e manutenção dos serviços de transmissão como monopólio estatal. O projeto não chegou a ser concluído. O estudo vem sendo complementado pelo MME, por meio do Reseb-Com. Reserva Global de Reversão (RGR) - Cota anual embutida nos custos das concessionárias para geração de recursos para expansão e melhoria dos serviços públicos de energia elétrica. Foi criada em 1971 (lei 5.655). Os valores são recolhidos mensalmente em favor da Eletrobrás, responsável pela administração dos recursos, e devem empregados também no Procel . Reservatórios - Local para armazenamento da água necessária à movimentação das turbinas de uma usina hidrelétrica para geração de energia elétrica. Revisão Extraordinária - Parte dos contratos de concessão, pode ser solicitada na época do Reajuste Anual, sempre que a concessionária julgar que algum evento causou desequilíbrio econômico-financeiro. A decisão de conceder ou não o reajuste pedido na revisão extraordinária é da Aneel . Revisão Periódica - Incluída nos contratos entre Aneel e concessionárias, é realizada a cada cinco anos de vigência do contrato de concessão e serve para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro. Nessa revisão é estabelecido o valor do Fator X que vai vigorar nos Reajustes Anuais até a próxima revisão. Risco Cambial - Termo usado para definir o risco a que os investidores em termelétricas estavam submetidos ao comprar gás natural em dólar e vender a energia gerada por esse combustível em Real. Esse risco impedia o financiamento dos empreendimentos, uma vez que a tarifa só pode ser reajustada uma vez ao ano. Em 2001, durante a crise de energia elétrica, o Governo resolveu a questão e, desde então, a Petrobrás, fornecedora do gás natural, assume os custos da diferença entre as duas moedas ao longo de um período de 12 meses e repassa às termelétricas na época do reajuste contratual previsto.

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Seguro Anti-apagão (Encargo de Capacidade Emergenci al) - Valor pago pelos consumidores de energia para custear o aluguel de 58 usinas termelétricas com capacidade de geração de até 2.154 MW em caso de risco de falta de energia. Os consumidores de baixa renda não pagam o encargo, que começou a ser cobrado em março de 2002, com valor de R$ 0,0049 por kWh. O valor, que pode ser revisto a cada três meses, aumentou para R$ 0,0057 por kWh em junho de 2002. As distribuidoras repassam o valor arrecadado dos consumidores para a CBEE, responsável pelo Programa de Energia Emergencial. Cobrado até junho de 2006.

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Sistema Interligado Nacional (SIN) - Instalações responsáveis pelo suprimento de energia elétrica a todas as regiões eletricamente interligadas. É formado pelas empresas geradoras do Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte, com potência instalada de 67.987 MW. Até o final do ano de 2000, a rede de transmissão era formada por 70 mil quilômetros de linhas de transmissão, de acordo com dados do ONS. Isso permite a integração eletroenergética entre os sistemas de produção e a transmissão para o suprimento do mercado consumidor. Sobretaxa - Aumento aplicado à tarifa para a energia consumida além da cota de consumo estabelecida durante o Racionamento de 2001/2002. Subestações - Instalações elétricas em que, por meio de transformadores, realizam-se as transferências de energia elétrica entre redes de tensões diferentes. Subsídio Cruzado - Distorção entre as tarifas das diferentes categorias de consumidores, por meio da qual os consumidores residenciais pagam tarifas mais elevadas para que consumidores industriais paguem tarifas menores. Esse mecanismo impede que as tarifas reflitam os custos reais de fornecimento de energia elétrica para cada categoria de consumidor. A eliminação dos subsídios cruzados está sendo estudada pelo Comitê de Revitalização do Modelo Setor Elétrico da GCSE.

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Tarifa - Preço da unidade de energia elétrica ou da demanda de potência ativa. Tarifa Amarela - Tipo de tarifa da estrutura tarifária horo-sazonal, que permite a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo a consumidores residenciais, conforme horário de utilização da energia elétrica. Tarifa Azul - Tipo de tarifa da estrutura tarifária horo-sazonal que permite a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo ou de demanda de potência de energia elétrica a consumidores industriais, conforme o horário de utilização do dia e períodos do ano. Tarifa de Consumo - Valor em moeda corrente cobrado pelo consumo de um quilowatt/hora (kWh), ou outra unidade adequada. Tarifa de Selo - Parcela da tarifa que é igualmente rateada entre todos os usuários do sistema de transmissão para completar a receita dos serviços. Tarifa de Transmissão - Valor cobrado pela utilização do serviço de transporte de energia elétrica por meio de um conjunto de linhas e subestações em voltagem de 230 kV, chamada de rede básica. Tarifa de Ultrapassagem - Tarifa que se aplica ao valor de demanda que superar o valor da demanda contratada ou assegurada nos contratos de fornecimento de energia elétrica. Tarifa Fiscal - Valor em moeda corrente declarado periodicamente pelo poder concedente. Essa tarifa é utilizada para o cálculo do limite de investimento do concessionário e para o cálculo da participação financeira do consumidor. Tarifa social de baixa renda - Tarifa de energia elétrica aplicada a consumidores de baixa renda. A uniformização dos critérios para a prática dessa tarifa ainda será definida pelo Comitê de Revitalização do Setor Elétrico , da CGSE. Atualmente, cada distribuidora adota regras diferenciadas para classificação desse segmento de consumidor. A proposta é elaborar regras de aplicação geral dessa classificação.

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Tarifa Verde - Tipo de tarifa da estrutura tarifária horo-sazonal que permite a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica aos consumidores industriais, de acordo com o horário de utilização do dia e períodos do ano, e uma tarifa única de demanda de potência. Tarifação por classe - Sistema de tarifação na qual os valores são estabelecidos de acordo com as características do fornecimento ou do suprimento. As classes são residencial, rural, comercial, industrial, poder público, iluminação pública, serviço público e consumo próprio. Tarifa-fio - Tarifa que poderá ser criada para remunerar o uso da rede de distribuição para o transporte de energia. Ainda está em estudo pelo Comitê de Revitalização do Setor Elétrico, da CGSE. A idéia é que os consumidores livres que comprarem energia diretamente das geradoras paguem pela utilização do sistema de distribuição. Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétric a (TFSEE) - Criada em 1996 (Lei 9.247), a taxa é cobrada de concessionários, autoprodutores e produtores independentes de energia elétrica. Tem valor anual equivalente a 0,5% do benefício econômico anual auferido por esses agentes, de acordo com resultado da aplicação de uma fórmula. É recolhida mensal e diretamente pela Aneel e o valor apurado é fonte de receita para operacionalização das atividades da agência. >Taxa de Iluminação Pública - Taxa cobrada dos contribuintes pelas prefeituras para custear a iluminação pública. Tensão - Diferença de potencial elétrico entre dois pontos de um circuito. Também pode ser chamada de voltagem.

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Usina Hidrelétrica (UHE) - Central que utiliza a energia mecânica da água para girar as turbinas e gerar energia elétrica. Usina Nuclear - Central termelétrica que utiliza reação nuclear como fonte para geração de energia elétrica. Usina Térmica (UTE) - Central na qual a energia química, contida em combustíveis fósseis, é convertida em energia elétrica. Usinas Merchants - Usinas que não possuem contratos de venda de energia elétrica. A produção é vendida no Mercado de Curto Prazo (spot).

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Valor Normativo (VN) - É valor máximo de repasse do custo da energia aos consumidores cativos . Por ser um valor fixo, serve de indicação do preço da energia em longo prazo. Em maio de 2002 o governo definiu um VN único para todas as fontes de energia. Valor Normativo de Referência - É o valor da energia produzida por usinas termelétricas a gás natural e por fontes alternativas (biomassa, eólica e PCH), que têm custos maiores que o estabelecido no VN único. Como o limite de repasse do custo para o consumidor continua sendo o VN, a diferença entre os dois deverá ser coberta com recursos da CDE, no caso da geração por fontes alternativas, e pela Cide, no caso da energia produzida pelas termelétricas a gás natural. Proposta do Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico. Voltagem - Tensão elétrica expressa em volts.

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6 - BIBLIOGRAFIA - Palestra O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO, proferida pelo Dr. Luiz Antonio Sanches, em novembro de 2005. - Trabalho de Conclusão de Curso “ INFLUÊNCIA DAS TARIFAS NO CRESCIMENTO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA” - MMaarrcceellllaa LLaannzzeettttii DDaahheerr ddee DDeeuuss –– UUFFFF 22000055.. -- MAE – Mercado Atacadista de Energia - Apostila de Análise Econômica de Sistemas Elétricos, da UFF, do Professor Amando Alves - Decreto Nº 5.163 de 30 de julho de 2004 - Site da ABRACE - Manual de Tarifação da Energia Elétrica – Procel

- Site da ANEEL - Nomenclatura