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MODELO MULTICRITÉRIO DE APOIO
A DECISÃO PARA SELEÇÃO DE
FORNECEDORES
André Luís Almeida Bastos
(FURB/UFSC/UNIFEBE)
Kleberson Evandro Matias
(FURB)
Henriette Damm
(FURB)
Monica Maria Mendes Luna
(UFSC)
Resumo Este trabalho apresenta uma discussão da aplicação de um método
multicritério - o Método AHP (Processo de Análise Hieráquica) como
recurso para auxiliar na visualização de diferentes cenários para
seleção de fornecedores, no processo de aquuisição de um item para
suprir o setor produtivo de uma organização. Para alcance dos
objetivos, foi realizado um estudo de caso, por meio de uma pesquisa
exploratória, na qual a coleta de dados foi realizada in loco na
empresa em estudo, com interação direta com o decisor. Os resultados
demonstram que o método AHP é eficiente no que tange à obtenção da
definição dos critérios utilizados na seleção, à possibilidade de
julgamento de importância relativa dos critérios definidos e,
efetivamente, à obtenção de um ranking de fornecedores. Ressalta-se,
entretanto, que apesar de eficiente recurso para tomada de decisão em
múltiplos cenários de opções, o método é pouco difundido nas
organizações.
Palavras-chaves: Tomada de decisão. Seleção de fornecedores.
Método AHP
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
2
1. Introdução
Os gestores das organizações convivem diariamente com a necessidade de gerenciar e
tomar decisões ante a uma diversidade de variáveis associadas ao seu negócio. Num sistema
produtivo, por exemplo, destacam-se alguns fatores que influenciam no desempenho da
empresa como um todo: variação dos estoques, deficiência em compras, demandas definidas
em curto prazo, variações sazonais, seleção de fornecedores, considerando a diversidade de
critérios em consonância aos objetivos estratégicos da empresa. Assim, cabe à gerência de
produção desenvolver um plano de metas e mecanismos estratégicos que busquem atingir os
objetivos traçado pela organização (RUFCA, 2004).
Para auxiliar os gestores no alcance dos resultados desejados, uma das opções é a
utilização de modelos matemáticos de planejamento. Eles auxiliam na visualização dos
problemas e fazem com que o responsável pela tomada de decisão possa se basear em
informações quantitativas que sirvam de base para a geração de ações e para a comparação
das conseqüências absolutas ou relativas destas ações (CORRÊA, 1996).
Deve-se destacar a importância dos instrumentos internos comumente utilizados na
seleção dos fornecedores pela organização pois, é a partir destes instrumentos que a empresa
analisa e decide qual dos fornecedores possui melhores condições de atender aos requisitos
impostos para determinados produtos adquiridos. Em tais situações, um Processo de Análise
Hierárquica, conhecido como método AHP (Analytic Hierarchy Process), torna-se um
instrumento de grande relevância.
O presente estudo objetiva discutir a aplicação do método AHP, como um eficiente
método multicritério na seleção de fornecedores para a aquisição de um determinado item por
uma organização. Para tanto, considera-se, inicialmente, a identificação dos critérios
utilizados pela empresa para esta seleção bem como os julgamentos realizados por meio de
notas individuais atribuídas aos fornecedores. Para alcançar os objetivos propostos, recorreu-
se a um estudo de caso com a realização de entrevista estruturada para coleta de dados, com
auxílio de um questionário previamente elaborado e aplicado presencialmente na empresa em
estudo. Os dados obtidos foram analisados segundo a própria aplicação do método AHP.
Dessa forma, a pesquisa caracteriza-se como exploratória.
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Este artigo está dividido nas seguintes fases: uma breve consideração conceitual e o
histórico do método AHP, um estudo de caso contendo a aplicação de todas as etapas do
método até a obtenção do ranking dos fornecedores, de acordo com o grupo de critérios
envolvidos e, por fim, uma análise da comparação entre os critérios envolvidos, bem como as
considerações finais.
2. Referencial teórico
De acordo com Miranda (2008), as abordagens tradicionais de decisão surgiram com o
desenvolvimento da pesquisa operacional, após a Segunda Guerra Mundial. O autor destaca
que a modelagem matemática da pesquisa operacional trabalha com único critério ou com
múltiplos critérios, os quais devem representar perfeitamente as preferências do decisor. O
uso dos múltiplos critérios não é uma simples generalização das abordagens tradicionais, mas
sim, constitui-se em um novo paradigma para analisar contextos decisórios e auxiliar à
tomada de decisão.
Na prática, a análise de multicritério à decisão consiste em um conjunto de métodos e
técnicas para auxiliar ou apoiar pessoas e organizações a tomarem decisões, sob a influência
de uma multiplicidade de critérios. A aplicação de qualquer método de análise multicritério
pressupõe a necessidade de especificação anterior sobre qual objetivo o decisor pretende
alcançar, quando se propõe comparar entre si, várias alternativas de decisão, recorrendo ao
uso de múltiplos critérios (GOMES, 2002).
Segundo Santos (2009), o método AHP foi um dos primeiros métodos desenvolvidos
no ambiente das decisões multicritério discretas. Este método foi criado em 1980 pelo
professor Tomas L. Saaty sendo um dos mais usados no mundo. O tema vem evoluindo desde
então, com uma diversidade de contribuições em pesquisas.
O método AHP tem por definição uma função que busca agregar os valores de cada
alternativa sujeita em cada critério. Isso representa que a importância relativa de cada critério
advém do conceito de “taxa de substituição” (trade-off). A teoria da utilidade multiatributo
possibilita definir uma medida de mérito (valor) global para cada alternativa, indicadora de
sua posição relativa numa ordenação final e facilita o estabelecimento de hierarquias
(GOMES, 2002).
O processo básico de aplicação do AHP consiste em priorizar a importância relativa de
n elementos de tomada de decisão em relação a um objetivo, através de avaliações parciais
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destes elementos, dois a dois facilitando a análise pelos avaliadores. Além disso, através de
um índice de consistência de julgamento, verificam-se os valores atribuídos a cada par de
critérios estão coerentes (RAFAELI, 2007)
A seguir são apresentadas as principais etapas de anáise de decisão envolvendo
múltiplos critérios no desenvolvimento de uma função de valor multiatributo (GOMES,
2004):
- Identificar os tomadores de decisão;
- Definir as alternativas;
- Estruturar em níveis hierárquicos;
- Avaliar as alternativas em relação aos critérios (denominado pontuação, scoring),
quantificar o valor de cada alternativa;
- Verificar a consistência dos critérios;
- Determinar a avaliação Global de cada alternativa;
3. Resultados do estudo de caso
O presente estudo foi realizado numa empresa de pequeno porte do setor metal-
mecânico. Tal empresa possui cerca de 40 funcionários produzindo esquadrias e estruturas
metálicas na cidade de Guaramirim/SC. As informações foram obtidas por meio de entrevistas
estruturadas, mediadas por um questionário previamente elaborado e respondido pelo
responsável do setor de Suprimentos da empresa.
3.1 Identificação dos critérios
O passo inicial para identificação dos critérios comumente utilizados para a seleção de
fornecedores nas empresas, foi com base no trabalho de Bastos et al (2010). Este trabalho
sugere uma diversidade de critérios a serem utilizados para a seleção de fornecedores
recorrentes em grande parte das organizações. No presente trabalho, estes critérios foram
submetidos a uma avaliação com 11 empresas de médio e grande portes do setor metal-
mecânico do Vale do Itajaí/SC. A avaliação dos critérios de seleção junto às empresas
permitiu identificar o % de incidência com que tais critérios são utilizados. A Tabela 1 ilustra
os resultados.
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Tabela 1 – Critérios identificados pelos compradores
Critérios Porcentagem de critérios
selecionados
Preço 22
Qualidade 19
Pontualidade 22
Flexibilidade 11
Idoneidade 8
Inovação 6
Capacidade administrativa/financeira 3
Referência de terceiros 6
Sistema da qualidade 3
Fonte: Elaborado pelos autores.
Hickling (1981) apud Corrêa (1996) argumenta sobre os fatores que devem ser
administrados no processo de tomada de decisão. O autor reforça que, na prática, este
processo consiste em decisões relacionadas a muitas alternativas, variedade de efeitos,
mudança de foco, etc. Gomes (2004) ressalta sobre a importância de se fazer uma pré-
avaliação dos critérios envolvidos no processo de tomada de decisão. Em alguns casos, há a
necessidade de defini-los em outros e reduzir as alternativas em uma lista menor, visando
facilitar o processo de tomada de decisão.
Com base nestes argumentos, os autores fundamentaram a decisão de se trabalhar com
quatro critérios apenas neste trabalho, tendo em vista a necessidade de minimizar as
alternativas para o decisor mas, com base nos critérios de maior incidência no grupo de 11
empresas previamente entrevistadas. Assim os critérios de maior incidência nas empresas e
utilizados no trabalho são: Preço (A) Qualidade (B), Pontualidade (C) e Flexibilidade (D).
3.2 Estruturação dos níveis hierárquicos
Nesta etapa aplicou-se um segundo questionário na empresa em estudo, visando
comparar três de seus fornecedores de um item a ser adquirido, de acordo com os critérios A,
B, C e D, identificados na etapa anterior.
Com a estruturação em nível hierárquico, ilustrado na figura 1, pode-se visualizar os
critérios dos fornecedores em relação a um objetivo, que é o fornecedor ideal.
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Figura 1 – Estrutura hierárquica para a seleção do fornecedor ideal.
Fonte: Elaborado pelos autores.
3.3 Avaliação dos fornecedores pelos seus respectivos critérios
Para avaliar os critérios foi utilizada a escala fundamental de Saaty (1991). Segundo o
autor, o motivo para se trabalhar com a lógica ilustrada no Quadro 1 é a existência do
denominado limite psicológico, segundo o qual o ser humano pode, no máximo, julgar
corretamente 7 ± 2 pontos, ou seja, nove pontos para distinguir essas diferenças. E acrescenta,
um outro motivo da existência desta tabela ser de 1-9 é a habilidade para fazer distinções
qualitativas, muito bem representadas entre os cinco atributos: igual, fraco, grande, muito
grande e absoluta. Nesta situação, uma pessoa pode fazer a relação entre os atributos com
grande precisão (SAATY, 1991).
Em outro argumento para a consistência do julgamento, Saaty (2000) reforça que o ser
humano tem a habilidade de estabelecer relações entre objetos ou idéias de forma que elas
sejam coerentes, tal que estas se relacionem bem entre si e suas relações apresentem
consistência.
Quadro 1 – Escala Fundamental de Saaty (1991)
INTENSIDADE PONTUAÇÃO FORMA DE AVALIAÇÃO
1 Igual importância As duas atividades contribuem
igualmente para o objetivo.
3 Importância pequena de uma
sobre a outra
A experiência e o juízo favorecem uma
atividade em relação à outra.
5 Importância grande ou
essencial
A experiência ou juízo favorece
fortemente em relação à outra.
FORNECEDOR IDEAL
Preço Qualidade Pontualidade Flexibilidade
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor 3
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7 Importância muito grande ou
demonstrada
Uma atividade é muito fortemente
favorecida em relação à outra. Pode ser
demonstrada na prática.
9 Importância absoluta
A evidência favorece uma atividade em
relação à outra, com o mais alto grau de
segurança.
2, 4, 6, 8 Valores intermediários Quando se procura uma condição de
compromisso entre duas definições.
Fonte: SANTOS e VIAGI, 2009.
Na aplicação do método, são considerados também os valores inversos do Quadro 1.
Dessa forma, torna-se possível avaliar positiva e negativamente os critérios dos fornecedores.
Procedimentos semelhantes foram adotados por Sellitto e Mendes (2006). Os resultados da
avaliação dos critérios podem ser visto na figura 2.
Figura 2 – Matriz de comparação entre critérios
Fonte: Elaborado pelos autores.
A figura 3 ilustra a aplicação do questionário na empresa em estudo, de acordo com os
três fornecedores de um item a ser adquirido pela empresa. Observa-se a comparação entre os
fornecedores para cada um dos critérios.
Pre
ço
Qual
idad
e
Pontu
alid
ade
Fle
xib
ilid
ade
Preço 1 2 -3 2
Qualidade 1 3 2 Comparação das células
Pontualidade 1 3 Inverso (recíproco) do valor de
comparação
Flexibilidade 1
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Figura 3 – Matriz de comparação entre os fornecedores.
Fonte: Elaborado pelos autores.
3.4 Verificação de consistência
Nesta etapa da metodologia é determinada a Razão de Consistência (RC), ou seja
evidencia-se a consistência sobre as notas de julgamento propostas pelo decisor pois,
dependendo da nota proposta, o resultado indicará se os critérios estão consistentemente
relacionados.
Na primeira parte do cálculo é identificado o autovetor. O autovetor é o valor que
direciona o cálculo, e para isso deve-se ser normalizado para que o somatório de seus
elementos seja igual à unidade. Basta, para isto, calcular a proporção de cada elemento em
relação à soma, conforme a Equação 1.
Análise dos critérios A –
Preço F
orn
eced
or
1
Fo
rnec
edo
r 2
Fo
rnec
edo
r 3
Fornecedor 1 1 6 5
Fornecedor 2 1 -2
Fornecedor 3 1
Análise dos critérios B-
Qualidade
Fo
rnec
edo
r 1
Fo
rnec
edo
r 2
Fo
rnec
edo
r 3
Fornecedor 1 1 2 -3
Fornecedor 2 1 -2
Fornecedor 3 1
Análise dos critérios C-
Pontualidade
Fo
rnec
edo
r 1
Fo
rnec
edo
r 2
Fo
rnec
edo
r 3
Fornecedor 1 1 2 2
Fornecedor 2 1 2
Fornecedor 3 1
Análise dos critérios D -
Flexibilidade
Fo
rnec
edo
r 1
Fo
rnec
edo
r 2
Fo
rnec
edo
r 3
Fornecedor 1 1 -3 4
Fornecedor 2 1 -3
Fornecedor 3 1
1,...,1,/1
mjmCwCw j
m
j
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Considerando que no presente caso tem-se 4 critérios então m=4 e o desenvolvimento
da equação é conforme a Tabela 2.
Tabela 2 – Desenvolvimento da equação 1
C1 C2 C3 C4
1/5 12/23 1/14 1/4 1,043 0,260792
1/10 6/23 9/14 1/4 1,253 0,313432
3/5 2/23 3/14 3/8 1,276 0,319061
1/10 3/23 1/14 1/8 0,426 0,106716
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para testar a consistência da resposta, o que indica se os dados estão logicamente
relacionados, Saaty (1991) propõe o seguinte procedimento:
Com os resultados da Tabela 2, são inseridas as informações na Equação 2.
Assim, obtem-se a multiplicação das matrizes de preferências dos 4 critérios,
conforme a Tabela 3.
Tabela 3 – Multiplicação das matrizes de preferências dos 4 critérios..
Aw =
Fonte: Elaborado pelos autores.
1 2 1/3 2 0,260792 1,207
1/2 1 3 2
x
0,313432
=
1,614
3 1/3 1 3 0,319061 1,526
1/2 1/2 1/3 1 0,106716 0,500
2,...,1,1
njAvCwAf jij
m
i
j
mCw ji /
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Utilizando a equação do autovetor:
Além disso, para verificar se existe consistência no desenvolvimento do método deve-
se calcular o índice de consistência (IC) para posterior cálculo da razão de consistência (RC).
O IC é dado pela Equação 3.
IC = ( λmax - n)/(n - 1) (3)
Substituindo os valores, tem-se:
IC = (4,813 - 4)/(4 - 1)
IC = 0,271
A Razão de Consistência (RC) é dada pela Equação 4.
RC = IC / IR (4)
Pela tabela 4 de índice aleatório, a quantidade de critérios no problema são 4 então RI
é 0,90.
Tabela 4 - Índice Aleatório (RI)
Valores de IR para matrizes quadradas de ordem n
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RI 0 0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49
Fonte: Saaty (1991).
Dessa forma:
RC = 0,271/ 0,90, ou seja, RC = 0,301
Para Gomes (2004), quanto maior for RC, maior será a inconsistência. Quando n=2,
RC é nulo; quando n=3, RC deve ser menor que 0,05; quando n=4, RC deve ser menor que
813,4107,0
500,0
319,0
526,1
313,0
614,1
261,0
207,1
4
1][1
1
m
i i
máxw
Aw
n
813,4 máx
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0,09. Em geral, uma inconsistência aceitável para n > 4 é RC ≤ 0,10 (TREVIZANO &
FREITAS, 2005).
Para os 4 critérios avaliados, a razão de consistência resultou em 0,301, acima do valor
determinado. Para valores maiores que 0,10 a literatura recomenda que se faça uma revisão da
matriz de comparação.
Dessa forma, a revisão da matriz foi efetuada reorganizando-se os critérios em 4
grupos com 3 critérios cada e verificando a consistência de cada grupo. A Tabela 5 ilustra os
resultados obtidos nas matrizes de comparação:
Tabela 5 – Razão de consistência para 3 critérios
Critérios avaliados1 Q Pr Po F Pr Po F Q Po F Q Pr
RC 0,5780 0,0310 0,1500 0,0309
Onde: Q = qualidade; Pr = preço; Po = pontualidade; F = flexibilidade
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na tabela 5, são ilustrados os resultados da razão de consistência dos grupos de
critérios avaliados. Nota-se que os cálculos efetuados são os mesmos da razão de consistência
(RC) para os de 4 critérios.
Observa-se que os grupos (Q, Pr, Po) e (F, Q, Po) resultou respectivamente em uma
razão de consistência RC = 0,578 e RC = 0,150, ou seja, inconsistente. Portanto, estes grupos
de critérios não devem ser considerados. Nas demais comparações a razão de consistência
resultou menor que 0,05, ou seja, os dados estarão logicamente relacionados, podendo ser
utilizado para determinar o fornecedor ideal.
3.5 Ranking dos fornecedores
Nesta etapa foram utilizados os grupos de critérios descritos na tabela 5, que
apresentaram consistência (valor abaixo de 0,05), juntamente com a avaliação dos
fornecedores para criar o ranking dos fornecedores, resultando na Tabela 6.
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Tabela 6 – Ranking dos fornecedores para os dois grupos de critérios.
Grupo de critérios (F, Q, Pr) Grupo de critérios (F, Pr, Po)
Fornecedores Pontuação Fornecedores Pontuação
1 0,476 1 0,402
3 0,197 2 0,209
2 0,166 3 0,167
Fonte: Elaborado pelos autores.
Com o resultado do ranking ilustrado na Tabela 6, pelo método AHP e pelo grupo F, Q
e Pr, a ordem de prioridade das alternativas são, em primeiro F1, em segundo no ranking o F3,
sendo que F2 é o que apresentou a menor pontuação. Para o grupo F, Pr, Po, a ordem de
prioridade das alternativas são, em primeiro F1, em segundo F2 e F3 apresentou a menor
pontuação. Portanto, com estas análises é recomendada ao comprador que adquira a matéria-
prima do fornecedor F1.
3.6 Análise da comparação entre os critérios
A comparação entre os critérios é de extrema importância no modelo AHP pois, são
eles que direcionam o estudo e indicam qual é a opção ideal, de acordo com a preferência do
decisor.
Uma leitura do gráfico da Figura 4 aponta para a seguinte preferência do comprador:
- A pontualidade é 3 vezes mais importante que o preço;
- O preço é 2 vezes mais importante que a qualidade;
- A qualidade é 3 vezes mais importante que a pontualidade.
Pode-se perceber que os critérios qualidade e preço se destacam em relação ao critério
pontualidade. Dessa forma, não se apresenta uma preferência nestes critérios, ocasionando a
inconsistência nesta matriz.
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Figura 4 – Visualização da matriz de comparação entre os critérios preço, qualidade e
pontualidade.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na Figura 5, pode-se destacar a preferência do decisor pelo critério pontualidade em
comparação aos critérios preço e flexibilidade, resultando em um RC 0,035, abaixo do 0,05, o
que demonstra consistência na comparação entre os critérios.
Figura 5– Visualização da matriz de comparação entre os critérios preço, flexibilidade e
pontualidade.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na Figura 6, é evidenciado que o comprador possui duas preferências de dois critérios,
pontualidade em comparação a flexibilidade e qualidade em comparação a pontualidade.
Além disso, pode-se perceber que o RC está baixo pois o critério qualidade apresentou uma
maior preferência, mas não o suficiente para atingir um nível de consistência.
Pr Q Po
Pr 1 2 1/3
Q 1/2 1 3
Po 3 1/3 1
RC = 0,5780
Pr Q
Po
Po
Q
Pr
0
1
2
3
Po
Q
Pr
Pr Po F
Pr 1 1/3 2
Po 3 1 3
F 1/2 1/3 1
RC = 0,0310
Pr Po
F
F
Po
Pr
0
1
2
3
F
Po
Pr
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Figura 6– Visualização da matriz de comparação entre os critérios flexibilidade, qualidade e
pontualidade.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na figura 7 está expressa a preferência do decisor pelos critérios preço e qualidade. No
entanto, pela comparação entre outros critérios, preço apresentou uma maior preferência,
resultando no direcionamento deste critério e tornando-o consistente.
Figura 7 – Visualização da matriz de comparação entre os critérios preço, qualidade e
flexibilidade.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na figura 4 verificou-se que quando comparados os critérios qualidade e preço, o
decisor ficou em dúvida e quantificou de igual maneira para ambos os critérios. O mesmo
ocorreu na figura 6, pontualidade e qualidade apresentaram resulta semelhantes, no entanto
qualidade se sobre saiu diante do critério flexibilidade o que reduziu a razão de inconsistência
indicando a preferência do decisor pela opção qualidade.
Pr Q F
Pr 1 2 2
Q 1/2 1 2
F 1/2 1/2 1
RC = 0,0309
Pr Q
F
F
Q
Pr
0
1/2
1
1 1/2
2
F
Q
Pr
Q Po F
Q 1 3 2
Po 1/3 1 3
F 1/2 1/3 1
RC = 0,1500
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Entre as quatro figuras analisadas, destacam-se as figuras 5 e 7, tendo em vista que os
os critérios pontualidade e preço apresentaram maior destaque em seus respectivos grupos.
Estes dois critérios serão decisivos para selecionar o fornecedor ideal.
4. Considerações finais
O Setor de Suprimentos possui um papel muito importante na organização, indo muito
além da simples generalização do conceito de movimentar bens e armazená-los, minimizando
custos. É uma concepção fundamentalmente estratégica voltada a operações de médio e
longo prazo, como geração e manutenção de alianças comerciais apropriadas à obtenção das
respostas rápidas exigidas pelo mercado, gerenciamento eficiente de informações, previsões,
promoções, prospecção de novos nichos de consumo e o desenvolvimento colaborativo de
novos produtos.
Com base nestes conceitos, este artigo buscou contribuiu para o desenvolvimento de
uma ferramenta que auxilie na escolha de fornecedores. Servindo de suporte para tomada de
decisão em situação de múltiplas escolhas com a utilização do método AHP, adequando à
realidade de uma empresa metal mecânico e servindo de suporte para tomada de decisão na
seleção de um fornecedor ideal.
O método demonstrou ser eficaz para o fim proposto, pois direcionou de uma maneira
objetiva para um fornecedor ideal, chegando ao seguinte ranking fornecedor 1 peso 0,474,
fornecedor 3 peso 0,197 e fornecedor 2 peso 0,166, portanto a recomendação ao decisor a
compra de matéria-prima do fornecedor 1.
No entanto, verificou-se durante o desenvolvimento do método que para os 4 critérios
adotados, a razão de consistência ficou em 0,301, acima do nível de consistência, que é de
0,10. Por isso, concluímos que para os critérios preço, qualidade e pontualidade não devem
ser comparadas juntas, pois segundo a literatura, quando o resultado for inconsistente é
porque os critérios não estão logicamente relacionados, ou seja, o decisor não está
demonstrando uma preferência por um critério. Após esta etapa, foi necessário reavaliar os
critérios e identificar os motivos pelo qual não foi atingida a consistência desejada. Para isso,
os critérios foram avaliados e reagrupados em grupos de 3 e verificado a consistência em cada
grupo. Verificou-se que os critérios preço, qualidade e pontualidade em uma razão de
consistência RC = 0,578, demonstrando a inconsistência na tomada de decisão, outro grupo de
critério pontualidade, qualidade e flexibilidade também apresentaram inconsistência, pois
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diferente do cálculo para 4 critérios os de 3 critérios o nível de consistência é de 0,031 e
mesmo assim continuam acima do nível de consistência, no entanto o grupo de critérios
flexibilidade, qualidade e preço apresentaram uma razão de consistência igual a 0,0309 e o
grupo que apresenta os critérios flexibilidade, qualidade e preço resultou na razão de
consistência de 0,034, ambos com nível de consistência abaixo de 0,05, que é aceitável para 3
critérios.
Com isto pode-se concluir que o diferencial na tomada de decisão para a escolha de
um fornecedor ideal são as preferências por pontualidade que obteve o RC = 0,031, e o preço
com RC = 0,0309. Sendo que diferença entre este dois critérios alterou somente a colocação
entre os segundo e terceiro lugar no ranking.
Por fim, é importante frisar que o modelo multicritério é muitas vezes desvalorizado e,
conseqüentemente pouco utilizado para processos de tomada de decisão, especialmente pela
sua complexidade numérica, e pela não obrigatoriedade da utilização do mesmo. Dessa forma,
normalmente as decisões são tomadas avaliando o cenário superficialmente, desconsiderando,
sistematicamente, fatores que interferem direta e indiretamente no processo, contribuindo para
diminuir a confiabilidade da decisão frente ao alcance dos objetivos estratégicos explícitos ou
implícitos da organização.
REFERÊNCIAS
BASTOS, A. L. A.;LUNA, M. M. M.; MARTINS, F. G., DAMM, H.; SANTOS,
L.Caracterização das Relações de Parceria nas Cadeias de Suprimentos das Empresas
do Setor Metal-mecânico do Vale do Itajaí-SC. Anais do XVII Simpósio de Engenharia de
Produção, SIMPEP 2010 – Bauru, SP. Disponível em:
<http://www.simpep.feb.unesp.br/anais_simpep.php?e=5>. Acesso em: 10 abr. 2010.
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