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    MODELO DE PROSPECO ALUVIONAR COM

    CONCENTRADOS DE BATEIA PARA O PROGRAMAGEOLOGIA DO BRASIL

    Carlos Alberto Cavalcanti Lins1 Joo Henrique Wustrow Castro2

    1 CPRM Servio Geolgico do Brasil [email protected] 2 CPRM Servio Geolgico do Brasil wustrow@2 pa.cprm.gov.br

    RESUMOEste trabalho pretende apresentar o modelo de levantamento mineralomtrico (iden-

    ticao mineralgica de concentrados de bateia) utilizado pela CPRM no Programa Ge-ologia do Brasil em desenvolvimento em todo territrio brasileiro. Para tanto utilizamos oProjeto Hulha Negra realizado na folha 1:100.000 homnima em fase de concluso, comoexemplo. A rea de aproximadamente 2.650 km2 situa-se no estado do Rio Grande do Sule est geologicamente situado: parte sobre rochas paleo e neoproterozicas do EscudoSul-riograndense; e parte sobre as unidades paleozicas, mesozicas da bacia sedimen-tar do Paran com algumas coberturas cenozicas. Foram estabelecidas 257 estaes deamostragem (densidade de 1amostra/10 km2). Utilizou-se tambm dados mineralom-tricos do Projeto Pedro Osrio, executado anteriormente na escala 1:250.000 em umarea de 15.805 km2, abrangente desta. Estes dados, 50 amostras, com um adensamentomenor, foi aditado aos dados do Projeto Hulha Negra e interpretados conjuntamente, jque utilizou a mesma metodologia de coleta e de anlise. Foram identicados entre osminerais pesados presentes na bateia os seguintes minerais-minrio: cassiterita, cromita,calcopirita, cinbrio, galena, scheelita, columbita e ouro. Estes registros foram conside-rados destaques mineralgicos. Duas ou mais estaes em bacias hidrogrcas contguasforam consideradas zonas de destaques mineralgicos e aquelas estaes isoladas foramconsideradas indicios mineralgicos pontuais. Foram identicadas 21 zonas de destaquesmineralgicos dos minerais-minrio calcopirita, cassiterita, cromita, galena e scheelita e85 indicios minerais destes e de dos demais minerais. Todas as estaes com presena deouro foram consideradas individuais.

    Palavras-chave:Prospeco mineral, concentrados de bateia, geoqumica, minerais pesados, metodologia

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    Carlos A. C. Lins e Joo H. W. Castro

    ABSTRACT

    A planning model for pan-concentrate prospecting with regional purposes used sys-tematically by the Programa Geologia do Brasil (Geology of Brazil Program) is the scopeof this paper. Hulha Negra Project developed in the State of Rio Grande do Sul was usedas an example of this methodology for planning, analytical procedures and interpretationuses. A total of 257 sampling sites were plotted, randomly distributed on the area of 2650km2. An old dataset with 50 samples from the Pedro Osrio Project, executed in an areaof 15.805 km2 (that includes this area) was added to the mineralogical dataset generated by this service. Cassiterite, chalcopyrite, cinnabar, galena, scheelite, columbite and goldwere the ore minerals present in the mineralogical dataset considered. The presence ofthese minerals in the analyzed sample was considered mineralogical highlight and ano-malous site.Two or more contiguous drainage basins with anomalous values of the same

    mineral was considered anomalous or mineralogical highlight zone. Highlight isolatedvalues were considered punctual anomalies. In resume, 21 anomalous zones and 85 punc-tual anomalies were dened in this area. All site sampling with the presence of gold wasconsidered individual anomaly, therefore there are no anomalous zones for gold.

    Keywords: Mineral exploration, pan-concentrate, geochemistry, heavy minerals,methodology

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    Modelo de prospeco aluvionar com concentrados de bateia para o programa geologia do Brasil

    INTRODUO

    Este trabalho tem como propsito principal apresentar um modelo de pros- peco aluvionar que juntamente com omapeamento geoqumico regional, acom- panha os levantamentos geolgicos doPrograma Geologia do Brasil. Este progra-ma em desenvolvimento no Brasil executaatualmente cerca de 67 projetos regionais.

    Para exemplicar o modelo utiliza-mos os dados do Projeto Hulha Negra emfase de concluso numa rea de 2.650 km2,

    que abrange a folha homnima cuja siglano corte internacional SH.22-V-C-I.Os mapas mineralomtricos (distri-

    buio quanticada dos minerais pesadosdas aluvies sobre uma base geolgica) juntamente com os mapas geoqumicos (deanomalias e de distribuio de elementosqumicos) servem de base para juntamentecom a base geolgica e o cadastro de ocor-rncias minerais gerarem os mapas meta-logenticos e de previso mineral. Quandodisponveis mapas geofsicos so tambmutilizados.

    Esta metodologia utilizada de for-ma sistemtica no Programa Geologia doBrasil. Nos levantamentos executados naescala 1:100.000 o adensamento de con-centrados de bateia e sedimentos de cor-rente ca em torno de 1 amostra/10 km2 coletados no mesmo stio de amostragem,em locais diferentes. Os sedimentos decorrente so coletados nos trechos retilne-os do leito do rio visando principalmente adisperso hidromca e evitando tendn-cia na amostragem. Os concentrados de bateia da aluvio so coletados em concen-

    tradores naturais do leito do rio ou, na faltadestes, em partes mais profundas do leito,onde se localizam horizontes de cascalhos.

    Neste trabalho alm dos dados doProjeto Hulha Negra, em fase de conclu-so, utilizamos tambm os dados do Proje-to Pedro Osrio, desenvolvido numa folhahomnima na escala 1:250.000, abrangen-te do projeto citado, Figura 1. Neste casoo levantamento foi executado com umadensamento menor (1 amostra/50 km2,aproximadamente), porm analisados coma mesma metodologia analtica.

    Figura 1 Localizao da rea de estudo, mostrando as Folhas Hulha Negra 9Sh.22-V-C-I) e PedroOsrio (SH.22-V-C).

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    A geologia da rea abrange, de formareduzida, diversas unidades litoestratigr-cas do Paleoproterozico, Neoprotero-zico, Paleozico e Cenozico, (ChemaleJr. et al. 1995, Ramgrab et al., 1997, todosin Grazia, 1997).

    Na poro nordeste da Folha Hulha Negra, onde predomina o Paleoproterozi-co, aoram rochas granticas que fazem par-te da Sute Intrusiva Santo Afonso, formada basicamente por monzogranitos de gromdio a grosseiro que englobam xenlitosde rochas de composio gnissica. As ro-

    chas desta sute apresentam contatos intru-sivos com a Seqncia Metamrca Arroioda Porteira (formada por ardsias, litose quartzitos) e com o Complexo Granito-Gnissico. Ocorrem, nesta poro da reada Folha Hulha Negra, diques riolticos.

    Na poro central da Folha, com pre-dominncia do Neoproterozico, aoramrochas vulcnicas das unidades Hilrio eRodeio Velho (respectivamente andesti-cas e riolticas) e rochas sedimentares dasunidades Arroio dos Nobres e Guaritas;todas estas unidades fazem parte da Baciado Camaqu, conhecida por conter mine-ralizaes cupro-aurferas e tambm de Pbe Zn, alm de rochas calcrias.

    Na poro sudeste, tambm com predominncia do Neoproterozico, ocor-rem rochas metamrcas de baixo grauformando o Complexo Porongos, no qualaoram xistos, litos e paragnaisses comquartzitos e rochas calco-silicticas e me-tavulcnicas.

    Tambm ocorrem na rea desta Fo-lha a seqncia gondunica, hospedeiradas jazidas de carvo Hulha Negra e Sei-val, que se encontram no interior da FolhaHulha Negra.

    Dentre as ocorrncias minerais ca-dastradas na rea, alm das de carvo j re-feridas, h ocorrncias de Cu e de Pb, almde vrias ocorrncias de calcrio dolomti-co, algumas delas em explotao.

    METODOLOGIA DEAMOSTRAGEM

    A distribuio das estaes de amos-tragem obedeceu aos critrios determina-dos pela metodologia de mapeamento geo-qumico e mineralomtrico (identicaomineralgica de gros minerais da frao pesada) dos levantamentos geolgicos re-gionais da CPRM Servio Geolgico doBrasil para as folhas do corte internacional100.000 (aproximadamente 2.650 km2).

    Foram programadas 257 estaes de

    amostragem de concentrados de bateia.A distribuio das estaes obedeceu, nocaso presente, um padro regular, de formaa abranger a maior quantidade de territrio possvel.

    As amostras de concentrados de ba-teia foram coletadas de forma composta,nos trechos da drenagem com concentra-dores naturais (curvas, corredeiras, etc.).

    Todas as informaes de campo dasamostras de concentrados de bateia foramregistradas em formulrio prprio (cader-neta de campo geoqumica) para posteriorarquivamento, junto com os resultadosanalticos, na base de dados geoqumicosda CPRM no GEOBANK (http://geobank.sa.cprm.gov.br/ ).

    METODOLOGIA ANALTICA

    As amostras foram inicialmentesecadas e tiveram suas fraes mag-nticas identificadas em um separador

    FRANTZ. O restante do material foi passado atravs de lquido denso (bro-mofrmio), as alquotas formadas pelosminerais de densidade abaixo de 2,97foram descartadas. As fraes obtidasseguiram para o estudo analtico atra-vs de lupa binocular e microscpio. Aanlise mineralgica foi reportada deforma semiquantitativa nos seguintesintervalos:

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    Modelo de prospeco aluvionar com concentrados de bateia para o programa geologia do Brasil

    < 1% reportado como 11 5 % reportado como 35 25 % reportado como 1525 50 % reportado como 4050 75 % reportado como 60> 75 % reportado como 85

    As amostras de concentrado de ba-teia foram analisadas, no laboratrio daCPRM Porto Alegre, pelo Gelogo JooHenrique Wustrow Castro.

    As amostras de concentrados de ba-teia do Projeto Folha Pedro Osrio foram

    analisadas de forma similar, mineralgicasemiquantitativa, Grazia, 1997.Os dados de ouro foram registra-

    dos por contagem de pintas diferente dosoutros minerais, tanto no projeto Hulha Negra como no Pedro Osrio. No projetoHulha Negra as pintas foram reportadastanto pela quantidade como pelo tamanho, pequena, mdia ou grande. Devido a sub- jetividade deste critrio consideramos osresultados uniformemente.

    TRATAMENTO DOS DADOS ERESULTADOS OBTIDOS

    Os dados analticos de concentradosde bateia tiveram o seguinte tratamento:acrescentamos as 257 amostras de con-centrados de bateia aquelas coletadas noProjeto Pedro Osrio, em nmero de 50,analisadas com metodologia similar.

    Alm dos minerais-minrio outras es- pcies minerais foram identicadas e quan-ticadas, porm no consideradas neste tra- balho. Todos os dados analticos de minerais

    identicados na anlise mineralgica foramregistrados na base de dados GEOBANK, para estudos posteriores.

    Para efeito de interpretao conside-ramos apenas os minerais-minrio e asso-ciados mais importantes.

    Nas amostras do Projeto Pedro Osrioselecionamos cassiterita, columbita, scheelita,cromita, ouro, calcopirita e galena. Nas amos-tras da Folha Hulha Negra selecionamos sche-elita, ouro, calcopirita, cassiterita, cromita,cinbrio e galena, Tabela 1. Em trs estaesde Pedro Osrio e Hulha Negra coincidem, to-talizando 51 estaes com ouro. Os dados dastabelas 1 e 2 no coincidem porque parte dasestaes com destaques, quando contguasformam zonas e no so consideradas nos in-dcios mineralgicos (isolados).

    Projetos Calcopirita Cassiterita Cinbrio Columbita Cromita Galena Ouro Scheelita

    HulhaNegra 11 25 2 - 16 1 36 48

    PedroOsrio 6 11 - 2 4 4 18 13

    Tabela 1 Destaques Mineralgicos

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    Os dados analticos mineralgicostiveram o seguinte tratamento:

    - As amostras situadas em duas oumais bacias contguas foram agrupa-das em zonas de destaques mineral-gicos, com exceo do ouro;

    - As amostras isoladas foram con-sideradas Indcios mineralgicos,colocando-se o smbolo do mineralcorrespondente;

    - Para as amostras de ouro, todas asestaes foram consideradas indcios

    mineralgicos, colocando-se juntoao smbolo do elemento o nmero de pintas detectadas.O conjunto de zonas de destaques

    mineralgicos e indcios mineralgicosindividuais foram plotados no Mapa deDestaques Mineralgicos, Figura 2.

    MAPA DE DESTAQUESMINERALGICOS

    Foram individualizadas 21 zonas dedestaques mineralgicos e 90 indcios mine-ralgicos em 85 estaes, Tabela 2, destaca-dos no Mapa de Destaques Mineralgicos.

    Mineral Indcios Mineralgicos Zonas de Destaques MineralgicosCalcopirita 7 3Cassiterita 10 6Cinbrio 2 -

    Columbita 2 -Cromita 6 4

    Galena 5 1Ouro 51 -

    Scheelita 7 7

    Tabela 2 Estaes Anmalas

    CONCLUSES

    A metodologia adotada no Progra-ma Geologia do Brasil e que padro para todos os levantamentos geolgicosnas escalas 1:100.000 e 1:250.000, exe-cutados pela CPRM Servio Geolgi-co do Brasil, tem-se mostrado ecientecomo suporte para a elaborao dosmapas metalogenticos e de previso derecursos minerais, nalidade maior do programa.

    O mapa de destaques mineralgi-cos ou mapa mineralomtrico juntamentecom os mapas geoqumicos (de anomaliase de distribuio de elementos-trao) e omapa de ocorrncias minerais so inter- pretados conjuntamente sobre a base ge-olgica de forma a denir a expectativametalogentica para a rea. Tanto para a base geolgica como para a metalogeniaos mapas geofsicos so considerados,quando disponveis.

    A ecincia da metodologia podeainda ser comprovada pela grande quan-tidade de reas alvo selecionadas aparaservios de maior detalhe.

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    Agradecimentos

    Meus agradecimentos CPRM Servio Geolgico do Brasil, que liberouos dados analticos e a licena para divul-gar a metodologia adotada, e ao gelogoJos Leonardo Silva Andriotti, por suascontribuies na redao do texto da basegeolgica e na reviso deste trabalho.

    REFERNCIAS

    Grazia, C. A., 1997. Prospeco Aluvionar por concentrados de bateia de mine-rais detrticos na Folha Pedro Osrio(SH.22-Y-C). Programa de Levanta-mentos Geolgicos Bsicos do Brasil(PLGB). CPRM, Porto Alegre. 56 pp.