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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO RAMON SOLTOVSKI MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA 4.0 NO SETOR MANUFATUREIRO DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2020

MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4863/1/PG... · 2020-04-23 · SOLTOVSKI, Ramon. Theorical

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

RAMON SOLTOVSKI

MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS

PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA 4.0 NO SETOR

MANUFATUREIRO

DISSERTAÇÃO

PONTA GROSSA

2020

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RAMON SOLTOVSKI

MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS

PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA 4.0 NO SETOR

MANUFATUREIRO

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção de título de mestre em Engenharia de Produção do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Ponta Grossa-PR

Orientador: Prof. Dr. Luis Maurício Martins de Resende

Coorientador: Profa. Dra. Joseane Pontes

PONTA GROSSA

2020

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S691 Soltovski, Ramon

Modelo teórico de categorização dos riscos provenientes da implantação da Indústria 4.0 no setor manufatureiro. / Ramon Soltovski, 2020.

140 f.; il. 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Luis Mauricio Martins de Resende Coorientadora: Profª. Drª. Joseane Pontes Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação

em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020.

1. Administração de risco. 2. Automação industrial. 3. Bibliometria. 4. Categorias

(Matemática). 5. Indústria manufatureira. I. Resende, Luis Mauricio Martins de. II. Pontes, Joseane. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. IV. Título.

CDD 670.42

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,Câmpus Ponta Grossa n.13/20

Elson Heraldo Ribeiro Junior. CRB-9/1413. 04/03/2020.

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa

Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título de Dissertação Nº 349/2020

MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA 4.0 NO SETOR MANUFATUREIRO

por

Ramon Soltovski

Esta dissertação foi apresentada às 17 horas e 30 min de 14 de fevereiro de 2020, como

requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,

com área de concentração em Gestão Industrial, do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção. O(a) candidato(a) foi arguido(a) pela Banca Examinadora composta

pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o

trabalho aprovado.

Prof. Dr. Paulo Leitão Prof.ª Dr.ª Fernanda Tavares Treinta (IPB) (UTFPR)

Prof. Dr. Rui Tadashi Yoshino Prof. Dr. Luis Mauricio Martins de Resende (UTFPR) (UTFPR) Orientador(a) e Presidente da Banca

Prof. Dr. Cassiano Moro Piekarski

Coordenador do PPGEP UTFPR – Campus Ponta Grossa

A FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA ENCONTRA-SE NO DEPARTAMENTO DE

REGISTROS ACADÊMICOS DA UTFPR –CÂMPUS PON GROSSA

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AGRADECIMENTOS

A trajetória do mestrado exige muita dedicação, foco e perseverança. Desafios,

incertezas e percalços permeiam a caminhada até o fim. Apesar desta tortuosa

estrada possuir um processo solitário comum a todo pesquisador, a presença e

contributo de pessoas especiais garantem o sucesso e alcance dos objetivos. Desta

forma, agradeço a todos aqueles que estiveram apoiando nos momentos de

dificuldade e compartilhando mementos de conquistas.

Sou muito grato a todo o corpo docente por disponibilizar a oportunidade de

trabalhar e executar a pesquisa. Agradeço ao Prof. Dr. Luis Maurício Martins de

Resende e a Profa. Dra. Joseane Pontes pela orientação técnica e pessoal durante o

trabalho. Estiveram sempre atenuando momentos ansiedade, abrindo visões claras e

mais assertivas. Obrigado pela paciência e confiança depositada.

À minha banca avaliadora, Profa. Dra. Fernanda Tavares Treinta, Prof. Rui

Tadashi Yoshino e Prof. Dr. Paulo Leitão, agradeço pela disponibilidade em participar

da construção desta pesquisa e também pelas grandes contribuições engrandecendo

os nossos resultados.

Agradeço também à Universidade Tecnológica Federal do Paraná por

disponibilizar toda estrutura da instituição, tanto física como intelectual, fundamental

ao desenvolvimento das atividades.

Obrigado aos meus queridos amigos dentro e fora da universidade por tornar

este percurso uma válida e agradável experiência de aprendizagem, trazendo mais

leveza aos momentos de dificuldade. Sou grato por todo incentivo e apoio, sem os

quais não seria possível a conclusão e a conquista final.

À minha fiel companheira, Leticia Dalcol Medeiros, agradeço por ser meu

alicerce emocional. Obrigado pela enorme compreensão, generosidade e alegria,

contribuindo de forma essencial para a chegada ao fim deste percurso.

Agradeço também a minha família por estar sempre presente e acreditando em

meus sonhos.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da produção deste

trabalho, o meu muito obrigado.

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RESUMO

SOLTOVSKI, Ramon. Modelo teórico de categorização dos riscos provenientes da implantação da Indústria 4.0 no setor manufatureiro. 2020.140 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2020.

Embora o tema indústria 4.0 esteja sendo muito discutido, muitas incertezas ainda estão presentes e questões voltadas aos riscos envolvidos são pouco debatidas. Neste contexto, entender quais são e como organizar os riscos negativos provenientes dos conceitos e tecnologias da Quarta Revolução industrial para empresas e toda a cadeia de valor envolvida, pode ajudar no enfrentamento dos desafios que podem surgir. Desta forma, este trabalho tem como objetivo a construção de um modelo teórico de categorização de tais riscos dentro do escopo industrial. Para tanto, foi desenvolvida uma revisão bibliográfica sistematizada (RBS), segundo o Methodi Ordinatio de Pagani, Kovaleski e Resende (2015). O portfólio bibliográfico de 66 artigos permitiu, através de uma análise temática, o mapeamento de 28 riscos que foram divididos em quatro dimensões baseadas no conceito de sustentabilidade do Tipple Bottom Line (TBL): Riscos Econômicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais e Riscos Tecnológicos, e posteriormente em onze subdimensões. Em seguida, foi percebido relações entre as dimensões, nas quais riscos podem estar contidos em mais de uma dimensão simultaneamente. Estas relações foram posteriormente representadas através da construção de um framework teórico. Por fim, esse framework possibilitou o desenvolvimento do modelo teórico de categorização que permite a alocação de riscos provenientes da Indústria 4.0 em 15 categorias e 4 níveis. Cada nível representa quantas dimensões um mesmo risco pode causar efeito, por exemplo, um risco de nível I pode exercer efeito em uma única dimensão, um risco de Nível II em duas, e assim se segue. Após a construção das categorias, os 28 riscos mapeados anteriormente foram categorizados segundo o modelo. A categorização permitiu entender como os riscos se comportam dentro das dimensões, suas relações e como futuros riscos ainda a serem mapeados em trabalhos posteriores podem ser agrupados. O modelo se mostrou flexível para aplicações numa perspectiva prática, no qual gerentes ou especialistas podem realizar a categorização baseados em contextos diferentes. Este estudo contribui para a academia ajudando a construir maior aporte teórico sobre a questão de riscos da Indústria 4.0, para as empresas que podem melhor se preparar para os possíveis desafios encontrados no contexto da Quarta Revolução Industrial e para o meio social que pode se beneficiar de discussões trazidas pelos riscos voltados a questões de capital humano dentro dos limites empresariais, questões que envolvem toda uma sociedade e também questões ético-legais.

Palavras-chave: Indústria 4.0. Gerenciamento de Riscos. Framework Teórico. Análise Temática. Modelo teórico de Categorização.

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ABSTRACT

SOLTOVSKI, Ramon. Theorical categorization model of risks arising from the implementation of Industry 4.0 in the manufacturing sector. 2020. 140 pp. Dissertation (Master Degree in Production Engineering) –Postgraduate Program in Production Engineering, Federal Technology University - Paraná. Ponta Grossa, 2020.

Although the theme of industry 4.0 is being discussed a lot, many uncertainties are still present and issues related to the risks involved are little debated. In this context, understanding what they are and how to organize the negative risks arising from the concepts and technologies of the Fourth Industrial Revolution for companies and the entire value chain involved, can help in facing the challenges that may arise. Thus, this work aims to build a theoretical model for categorizing such risks within the industrial scope. For this, a systematic bibliographic review (SBR) was developed, according to the Methodi Ordinatio of Pagani, Kovaleski and Resende (2015). The bibliographic portfolio obtained allowed, through a thematic analysis, the mapping of 28 risks that were divided into four dimensions based on based on the Tipple Bottom Line (TBL) sustainability concept: Economic Risks, Social Risks, Environmental Risks and Technological Risks, and later in eleven subdimensions. Then, it was noticed relationships between the dimensions, in which risks can be contained in more than one dimension simultaneously. These relationships were later represented through the construction of a theoretical framework. Finally, this framework enabled the development of the theoretical categorization model that allows the allocation of risks from Industry 4.0 in 15 categories and 4 levels. Each level represents how many dimensions the same risk can have an effect, for example, a level I risk can have an effect on a single dimension, a Level II risk on two, and so on. After building the categories, the 28 risks previously mapped were categorized according to the model. The categorization allowed to understand how the risks behave within the dimensions, their relationships and how future ones yet to be mapped in later works can be grouped. The model proved to be flexible for applications in a practical perspective, in which managers or specialists can categorize risks based on different contexts. This study contributes to the academy by helping to build a greater theoretical contribution on the issue of risks in Industry 4.0, for companies that can better prepare for the possible challenges encountered in the context of the Fourth Industrial Revolution and for the social environment that can benefit from discussions brought about by risks related to human capital issues within corporate boundaries, issues that involve an entire society and also ethical-legal issues.

Keywords: Industry 4.0. Risk management. Theoretical framework. Thematic Analysis. Theorical categorization Model.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estruturação da Pesquisa ......................................................................... 19

Figura 2 – Evolução das Revoluções Industriais ....................................................... 22

Figura 3 – Triple Bottom Line de Elkington................................................................ 36

Figura 4 - Processo de Gestão de Risco ................................................................... 38

Figura 5 – Processo de Gestão de Risco de Projetos ............................................... 39

Figura 6 - Framework conceitual para riscos na cadeia de suprimentos ................... 40

Figura 7 - Etapas do Methodi Ordinatio. .................................................................... 45

Figura 8 – Exemplo de combinação de variantes ...................................................... 46

Figura 9 – Interface software Nvivo® versão 10 ........................................................ 50

Figura 10 - Exemplo de Nó construído no Nvivo® ..................................................... 51

Figura 11 - Agrupamento experimental dos riscos .................................................... 52

Figura 12 - Organização dos riscos no Nvivo ............................................................ 54

Figura 13 - Exemplo de Identificação dos Riscos ...................................................... 55

Figura 14 - Resumo dos riscos mapeados ................................................................ 55

Figura 15 - Informação sobre o número de fontes utilizadas na discussão dos riscos .................................................................................................................................. 56

Figura 16 – Análise da Relação entre as dimensões ................................................ 57

Figura 17 - Resumo da Metodologia ........................................................................ 58

Figura 18 – Gráfico da relação entre número de publicações relativo a cada ano .... 59

Figura 19 - Resumo dos Riscos Mapeados .............................................................. 63

Figura 20 - Representatividade dos riscos de forma gráfica ..................................... 93

Figura 21 - Triple Bottom Line de Elkington .............................................................. 96

Figura 22 - Framework teórico para os efeitos dos riscos da indústria 4.0 ............... 97

Figura 23 – Representação resumida dos riscos sobre as dimensões propostas. .... 98

Figura 24 – Categorização dos riscos da indústria 4.0 a partir dos efeitos. (I) Riscos Primários; (II) Riscos Secundários; (III) Riscos Terciários; (RS) Riscos à Sustentabilidade. ....................................................................................................... 99

Figura 25 – Riscos categorizados segundo as categorias desenvolvidas. ( I ) Riscos Primários; ( II ) Riscos Secundários; ( III ) Riscos Terciários. ................................. 101

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Os princípios da Indústria 4.0 .................................................................. 30

Quadro 2 – Resumo da Caracterização da Pesquisa ............................................... 44

Quadro 3 - Variantes para os dois principais eixos utilizadas como palavras-chave. 46

Quadro 4 – Riscos da Indústria 4.0 ........................................................................... 64

Quadro 5 – Categorias dos riscos da indústria 4.0. ................................................. 100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Números de artigos encontrados em cada base de dados ..................... 47

Tabela 2 – Resumo das etapas de filtragem ............................................................. 48

Tabela 3 – Relação de representatividade dos periódicos ........................................ 60

Tabela 4 – Periódicos com maior fator de impacto utilizados na pesquisa ............... 60

Tabela 5 – Relação dos países e a quantidade de artigos em que estavam presentes .................................................................................................................................. 61

Tabela 6 – Relação dos autores com maior relevância na pesquisa ........................ 62

Tabela 7 - Representatividade dos riscos ................................................................. 92

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LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

ABREPRO Associação Brasileira de Engenharia de Produção

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BDA Big Data

CPS Cyber Physical System

IA Inteligência Artificial

ISO International Organization of Standardization

I 4.0 Indústria 4.0

IoT Internet of Things

IoTT Industrial Internet of Things

JCR Journal Citatation Report

PMI Project Management Institute

PME Pequenas e Médias Empresas

RBS Revisão Bibliográfica Sistematizada

SRA Society for Risk Analysis

SSM Soft System Methodology

TBL Tripple Bottom Line

TI Tecnologia da Informação

WEF World Economic Forum

IaaS Infrastructure as a Service

PaaS Plarform as a Service

SaaS Software as a Service

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................12

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................14

1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................14

1.1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................14

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................14

1.2.1 Relações entre o Tema de Estudo, Engenharia de Produção e a Linha de Pesquisa do Grupo ..................................................................................................15

1.3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .....................................................................16

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ...........................................................................17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................20

2.1 INDÚSTRIA 4.0 .................................................................................................20

2.1.1 As Três Formas de Integração da Indústria 4.0 ..............................................23

2.1.2 Conceitos e Tecnologias-Chave da Indústria 4.0............................................23

2.1.3 Os Princípios de Design da Indústria 4.0 ........................................................28

2.1.4 As Influências da Indústria 4.0 sobre a Cadeia de Valor ................................31

2.2 SUSTENTABILIDADE .......................................................................................33

2.2.1 Tripé da Sustentabilidade ...............................................................................35

2.3 GERENCIAMENTO DE RISCO ........................................................................37

2.3.1 Gerenciamento de Riscos em Projetos ...........................................................38

2.3.2 Gerenciamento de Riscos na Cadeia de Suprimentos ...................................39

2.3.3 Identificação e classificação de riscos ............................................................41

2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ......................................................42

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .........................................................................43

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................43

3.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SISTEMATIZADA (RBS)......................................44

3.3 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA ..............................................................................49

3.4 ANÁLISE TEMÁTICA ........................................................................................50

3.4.1 Mapeamento Preliminar ..................................................................................51

3.4.2 Definição de Critérios de Agrupamento ..........................................................52

3.4.3 Agrupamento final ...........................................................................................54

3.4.4 Estudo Quantitativo dos riscos........................................................................56

3.5 ASPECTOS GERAIS SOBRE O MODELO DE CATEGORIZAÇÃO ................56

3.6 RESUMO DA METODOLOGIA .........................................................................58

3.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ......................................................58

4 RESULTADOS DO ESTUDO DO PORFÓLIO DE ARTIGOS ..............................59

4.1 RESULTADOS DA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA ...............................................59

4.2 ANÁLISE TEMÁTICA: OS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0 ..................................63

4.2.1 Riscos econômicos .........................................................................................68

4.2.2 Riscos Sociais .................................................................................................73

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4.2.3 Riscos Ambientais ..........................................................................................80

4.2.4 Riscos Tecnológicos .......................................................................................82

4.2.5 A Questão Regulamentar ...............................................................................90

4.2.6 Estudo Quantitativo dos Riscos ......................................................................91

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ......................................................94

5 MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0 …………………………………………………………………………………………….95

5.1 FRAMEWORK TEÓRICO DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0 .........................95

5.1.1 A Relação entre as dimensões .......................................................................95

5.1.2 Construção do Framework Teórico .................................................................96

5.2 CATEGORIAS DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0 ...........................................99

5.3 CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS MAPEADOS ..............................................100

5.3.1 Riscos de Nível I .............................................................................................102

5.3.2 Riscos de Nível II ............................................................................................103

5.3.3 Riscos de Nível III ...........................................................................................105

5.3.4 Riscos à sustentabilidade ...............................................................................105

5.3.5 Generalidades .................................................................................................106

5.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ......................................................107

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................109

6.1 ANÁLISE DOS OBJETIVOS .............................................................................109

6.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................110

6.3 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO..................................................................111

6.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................114

APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS COMBINAÇÕES DE PALAVRAS-CHAVE E QUANTIDADE DE ARTIGOS LEVANTADOS ........................................................126

APÊNDICE B – RELAÇÃO DOS ARTIGOS CONSTITUINTES DO PORTFÓLIO FINAL UTILIZADOS NA PESQUISA ORDENADOS PELA METODOLOGIA METHODI ORDINATIO ...........................................................................................129

APÊNDICE C – QUADRO COM OS RESULTADOS DO ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DE RISCO .....................................................................136

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12

1 INTRODUÇÃO

As chamadas “revoluções industriais” são caracterizadas por saltos

tecnológicos capazes de mudar a forma como se produz (LASI et al., 2014). A primeira

revolução que iniciou no final do século XVIII, introduziu sistemas de manufatura

mecânica através da utilização de água e vapor. A Segunda Revolução Industrial,

iniciada ao fim do século XIX, foi caracterizada pela utilização da energia elétrica para

produção em massa. Em meados do século XX, a Terceira Revolução Industrial

possibilitou a utilização da automação e a tecnologia microeletrônica (XU, XU, LI,

2018).

Percebe-se, a partir da segunda década do século XXI, uma mudança na

lógica de manufatura com uma abordagem de criação de valor cada vez mais

decentralizada e auto regulável através de tecnologias avançadas que, segundo

Zheng et al. (2018), tem diminuído as barreiras entre o mundo físico e virtual. As

mudanças e impactos que isso vem causando no setor industrial, tem sido chamado

de “Quarta Revolução Industrial” ou “Indústria 4.0”.

A utilização dos conceitos emergentes e tecnologias em evidência através das

discussões promovidas pela Indústria 4.0 como Internet das Coisas (IoT),

Computação em Nuvem, Sistemas Cyber-físicos (CPS), entre outros, pode levar

grandes benefícios para as empresas. Neste cenário, a criação de valor industrial

pode melhorar em diversos pontos, pois, segundo Kiel et al. (2017), pode haver

aumento de produtividade, vantagens competitivas, redução de custos, melhoria na

qualidade de trabalho, maior conexão vertical e horizontal entre empresas, entre

outros benefícios.

Porém, ao mesmo tempo que as empresas podem se beneficiar da evolução

tecnológica trazida pela Quarta Revolução Industrial elas precisam estar atentas aos

riscos negativos envolvidos. Segundo a ISO 31000, os riscos estão relacionados a

incertezas, as quais são muito presentes no contexto da Indústria 4.0 devido a ser um

tema que ainda está em estado conceitual e definições diferentes podem ser

encontradas (ROBLEK, MEŠKO E KRAPEŽ, 2016; PICCAROZZI, AQUILANI, GATTI,

2018). Segundo Müller, Kiel e Voigt (2018), a implantação da indústria 4.0 exige que

oportunidades compensem os desafios e os riscos sejam avaliados. Apesar disso,

poucos estudos são encontrados destacando tais pontos negativos (PICCAROZZI,

AQUILANI, GATTI, 2018).

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13

Um dos problemas que mais se discute dentro do contexto da Indústria 4.0, são

os relacionados à cibersegurança, devido à alta conectividade viabilizada por

tecnologias como Internet das coisas (IoT) deixando dados em estado de

vulnerabilidade (JANSEN, JESCHKE, 2018; KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA,

2018). Segundo a Harvey Nash / KPMG CIO Survey 2019, uma pesquisa que

relaciona liderança de TI de todo o mundo, 56% dos entrevistados listam a

cibersegurança como prioridade para o desenvolvimento tecnológico dos próximos

anos (um valor que aumentou 14% em relação ao ano anterior).

No entanto, no contexto da indústria 4.0, mais áreas dentro de uma cadeia de

valor podem ser afetadas pelas mudanças tecnológicas, como questões econômicas,

sociais e ambientais. É nesse contexto que pode se encaixar o conceito de

sustentabilidade de Elkington (1998a) que relaciona o desenvolvimento a longo prazo

de empresas ao equilíbrio de três dimensões (econômico, social e ambiental). Assim,

para que as empresas possam ser mais sustentáveis e garantam um desenvolvimento

mais conciso no cenário da Indústria 4.0, questões relacionadas aos riscos para essas

dimensões precisam ser discutidas.

Baseado nisto, o gerenciamento de riscos se torna uma ferramenta

fundamental para o desenvolvimento tecnológico sustentável. Para Tupa, Simota e

Steiner (2017), o gerenciamento eficaz de riscos é um componente crítico de qualquer

área estratégica de gestão vencedora. Segundo Tchankova (2002), um bom

gerenciamento de riscos depende de um correto levantamento ou identificação dos

riscos, sendo etapa básica para passos posteriores. Além disso, a categorização dos

riscos em ramos apropriados pode auxiliar na organização e observação dos seus

efeitos (PMI, 2013).

Diante disto, desenvolver uma forma estruturada de categorização dos riscos

gerados pelas tecnologias e conceitos da indústria 4.0 faz-se importante para um

melhor entendimento de quais são e como os riscos envolvidos podem afetar

diferentes dimensões de uma cadeia de valor industrial. E assim, companhias

industriais podem ter alternativas para um maior sucesso e assertividade no

enfretamento dos desafios envolvidos.

Dessa forma, este trabalho possui a finalidade de responder o seguinte

questionamento: Como categorizar os riscos negativos para empresas do setor

industrial relativos à implantação de conceitos e tecnologias da Indústria 4.0?

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14

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver um modelo teórico de categorização dos riscos negativos

provenientes da implantação das tecnologias e conceitos da Indústria 4.0 em

empresas do setor industrial.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Realizar uma revisão bibliográfica sistematizada (RBS) para construção de um

portfólio bibliográfico a ser utilizado como base teórica da pesquisa;

• Realizar uma análise bibliométrica dos artigos utilizados na construção da

pesquisa;

• Realizar uma análise temática para o mapeamento e estudo dos riscos da

Indústria 4.0;

• Propor um framework teórico dos riscos mapeados baseado em seus possíveis

efeitos;

• Construir categorias de risco a partir do framework proposto;

• Categorizar os riscos mapeados a partir do modelo construído;

1.2 JUSTIFICATIVA

As novas gerações estão observando uma adoção crescente de tecnologias

digitais, onde a indústria 4.0 aparece como uma revolução que remodelará as

indústrias manufatureiras de forma similar as revoluções anteriores (REISCHAUER,

2018). Este conceito tem um importante impacto estratégico de longo prazo sobre o

desenvolvimento industrial global (XU, XU, LI, 2018). Além disso, a quarta revolução

Industrial estimula os avanços na ciência e tecnologia (LIAO et al., 2018).

Dessa forma, este é um tema que tem sido muito discutido e ganhado

popularidade nos últimos anos tanto na academia como no setor industrial (BUER,

STRANDHAGEN, CHAN, 2018).

Apesar de sua popularidade, a Indústria 4.0 ainda não possui uma identidade

(REISCHAUER, 2018) ou definições claras, o que pode levar a uma representação

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distorcida do tema (PICCAROZZI, AQUILANI, GATTI, 2018). Além disso, a maioria

das pesquisas destacam as vantagens, benefícios e resultados positivos da Indústria

4.0, porém com uma escassez de trabalhos voltados para os pontos negativos

(PICCAROZZI, AQUILANI, GATTI, 2018).

Numa perspectiva empresarial, um grande avanço tecnológico pode, algumas

vezes, ser prejudicial para as empresas bem como para toda a sociedade envolvida

(LI, HOU, WU, 2017). Segundo Redanliev et al., (2019), novos riscos podem surgir na

adoção de novas tecnologias, e desta forma Müller, Kiel e Voigt (2018) alertam que a

indústria 4.0 não irá cumprir todo seu potencial até que todos os benefícios e riscos

envolvidos neste conceito sejam bem compreendidos.

Baseado no contexto sustentável, no qual uma empresa necessita de um

equilíbrio entre as dimensões econômica, social e ambiental para que possua

desenvolvimento de sucesso a longo prazo em relação ao seu ambiente

(ELKINGTON, 1998a, ELKINGTON, 1998b, ELKINGTON, 2004), o estudo dos riscos

provenientes da Indústria 4.0 que afetem tais questões também trata-se de um ponto

importante.

Portanto, devido as influências da Indústria 4.0 sobre a cadeia de valor de

empresas e a falta de pesquisas voltados aos pontos negativos envolvidos neste

contexto, um trabalho voltado ao estudo que possibilite uma forma de categorização

dos riscos provenientes da implantação deste conceito traz benefícios para a

academia, que ampliará seu aporte teórico sobre conceituações da Quarta Revolução

Industrial. No contexto de negócios, as empresas poderão se preparar melhor para

enfrentar os desafios e problemas gerados pelo avanço tecnológico através do estudo

dos possíveis efeitos dos riscos mapeados numa perspectiva econômica, social,

ambiental e tecnológica. Além disso, a sociedade também poderá se beneficiar deste

estudo a partir das discussões sociais construídas no decorrer da pesquisa.

1.2.1 Relações entre o Tema de Estudo, Engenharia de Produção e a Linha de Pesquisa do Grupo

Segundo a ABREPRO (2019), “compete a Engenharia de Produção o projeto,

a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos

integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação

e energia”. Além disso, as atividades também podem estar envolvidas com

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especificação, previsão e avaliação dos resultados obtidos desses sistemas para a

sociedade e meio ambiente. Para, Almeida et al. (2007), as atribuições do engenheiro

de produção estão relacionadas ao desenvolvimento de meios que possibilitem

otimizar processos sempre na busca por acompanhamento da evolução tecnológica

e do mercado (ALMEIDA et al., 2007).

Desta forma, pode-se perceber que o estudo da Indústria 4.0 faz parte do

ramo de trabalho do Engenheiro de Produção, devido a estar ligado ao meio produtivo

e também a grande multidisciplinaridade encontrada. Segundo Roblek, Meško e

Krapež (2016), a Indústria 4.0 pretende incluir características tecnológicas com caráter

dinâmico envolvendo múltiplas indústrias como de TI, mobilidade, construção,

medicina, etc. Para Kagerman, Wahlster e Helbig (2013), a Quarta Revolução

Industrial vem descrevendo uma tendência para o uso crescente de tecnologias de

informação e automação no ambiente de produção.

Fazendo parte da linha de pesquisa Gestão do Conhecimento e Inovação e

grupo de estudo de Engenharia Organizacional em Redes de Empresas (EORE) do

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), este trabalho

contribui para o desenvolvimento de maior aporte teórico em relação a gestão da

produção principalmente relacionado a gestão de riscos.

Além do mais, questões voltadas a riscos que envolvem empresas de uma

cadeia de valor, independentemente do setor industrial, auxiliam na ampliação de

discussões na área de redes de empresas. E ainda, segundo a ABRERO, a área de

Engenharia Organizacional também envolve conhecimentos de Gestão da Tecnologia

e Desempenho Organizacional, os quais são compreendidos por esta pesquisa

quando relacionamos questões técnicas voltadas a tecnologia e melhoria de processo

através das suas aplicações.

1.3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este estudo foi realizado através de metodologias específicas que são

brevemente introduzidas neste tópico. A pesquisa foi iniciada pelo Revisão

Bibliográfica Sistematizada (RBS) onde um portfólio de artigos foi identificado

buscando entender quais são os riscos provenientes da implantação da Indústria 4.0

no setor manufatureiro. Após isso, baseado no conteúdo que pretendia-se

desenvolver na pesquisa, outras fontes teóricas foram buscadas para construção do

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referencial teórico com temas clássicos, como gerenciamento de riscos e

sustentabilidade, e temas mais recentes como o Indústria 4.0.

Para entender melhor como os artigos mapeados no portfólio final através da

RBS, uma análise bibliométrica foi realizada, a qual será discutida no item 4.1. A

Análise temática para mapeamento dos riscos, foi baseado em princípios

desenvolvidos por Braun e Clark (2006) de agrupamento de informações. Além disso,

cada passo deste agrupamento é descrito no item 3.4 utilizando como apoio o software

QSR Nvivo® versão 10. Este programa auxilia na análise temática através de

ferramentas de codificação e seleção de informações. Desta forma, 28 riscos divididos

em 4 dimensões e 11 subdimensões foram mapeados.

Após o mapeamento dos riscos, foi possível perceber algumas

particularidades que permitiram a construção de um framework teórico para

representa-los. Essa construção foi baseada no Triple Bottom Line de Elkington

(1998a, 1998b) onde as dimensões da sustentabilidade são discutidas como forma de

garantir um equilíbrio no desenvolvimento sustentável. A forma como é construção foi

realizada é demonstrada no item 3.5.

Tendo como base o framework desenvolvido, foi possível construir 15

categorias de riscos divididas em quatro níveis que foram formadas através de uma

análise das relações entre as dimensões que permitiram ter um olhar mais especifico

para os possíveis efeitos que riscos podem desencadear. Este desenvolvimento de

categorias pode ser visto no item 3.6, o qual foi utilizado para a categorização dos

riscos mapeados.

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

Esta pesquisa está estruturada em oito capítulos e seus objetivos são descritos

na sequência. Ao fim de cada capítulo são realizadas considerações sobre o assunto

tratado em cada um.

Capítulo 1 – Introdução: Possui considerações iniciais do estudo. O capítulo

possui o objetivo de apresentar a importância do estudo de riscos no contexto da

Indústria 4.0 que ainda é pouco discutida na literatura. Logo após é apresentado o

problema de pesquisa seguido pelo objetivo principal e específicos. Além disso, a

justificativa do trabalho é apresentada baseada na literatura.

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Capítulo 2 – Referencial Teórico: Este capítulo apresenta o aporte

bibliográfico necessário para o entendimento da proposta de pesquisa e para a busca

de informações utilizadas como auxílio na construção do trabalho como um todo. É

conceituado neste capítulo a Indústria 4.0, a Sustentabilidade e o Gerenciamento de

Riscos.

Capítulo 3 – Metodologia de Estudo: Apresenta como a pesquisa foi

realizada e sua caracterização. Neste capítulo encontra-se como portfólio bibliográfico

foi obtido para a realização da pesquisa, demonstrado através de uma metodologia

sistematizada de revisão da literatura. Demonstra também como a análise bibliométrica

e a análise temática para mapeamento dos riscos foram conduzidos. E ainda, neste

capítulo encontra-se como o modelo de categorização dos riscos da Indústria 4.0 foi

desenvolvido de forma breve em aspectos gerais.

Capítulo 4 – Resultados do Estudo do portfólio de artigos: Apresenta todos

os resultados voltados à análise temática dos artigos levantados no portfólio final e

também da categorização dos riscos mapeados. Entre eles está a análise bibliométrica

que identifica como os artigos utilizados estão distribuídos em ano, Journals de maior

representatividade, quantidade de publicações por países e autores de maior

relevância. Outro resultado é a discussão dos riscos mapeados divididos em quatro

dimensões (Riscos Econômicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais e Riscos

Tecnológicos) e 11 subdimensões. Além disso, este capítulo descreve um breve estudo

quantitativo dos riscos mapeados para identificar a representatividade dos assuntos

estudados no portfólio de artigos.

Capítulo 5 – Modelo de Categorização dos Riscos da Indústria 4.0: Este

capítulo descreve como um modelo de categorização é desenvolvido baseados nos

resultados encontras na discussão dos riscos. Primeiramente há a demonstração da

construção de um framework teórico para a representação das relações entre as

dimensões de riscos, em seguida categorias de riscos são desenvolvidas, e por fim, os

riscos mapeados no capítulo 4 são categorizados.

Capítulo 6 – Considerações finais: Neste capítulo, é descrito as principais

contribuições desta pesquisa baseado nos resultados do capítulo 4 e 5. É possível

encontrar uma análise sobre os objetivos da pesquisa e como foram alcançados,

considerações gerais e contribuições para o setor acadêmico, para empresas que

pretendem integrar-se no ambiente da Indústria 4.0 e para a sociedade como um todo.

Além disso, é possível encontrar nesse capítulo sugestões para futuros trabalhos.

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Referências Bibliográfica e Apêndices: Finalmente, as referências utilizadas

na pesquisa estão disponíveis na última parte do trabalho.

A estrutura deste trabalho, como descrita acima, pode ser observada na Figura

1 de forma ilustrativa.

Figura 1 - Estruturação da Pesquisa

Fonte: Autor (2020)

Realizar uma revisão bibliográfica

sistematizada (RBS) para construção de

um portifólio bibliográfico a ser

utilizado como base teórica da pesquisa

PROBLEMA DE PESQUISAComo categorizar os riscos negativos provenientes da implantação dos conceitos e

tecnologias da Indústria 4.0 no setor industrial?

OBJETIVO GERALDesenvolver um modelo teórico de categorização dos riscos negativos provenientes da

implantação das tecnologias e conceitos da Indústria 4.0 sobre empresas do setor industrial.

OBJETIVO ESPECÍFICOS

Indústria 4.0

REFERENCIAL TEÓRICO

SustentabilidadeGerenciamento de

risco

METODOLOGIA DE ESTUDO

RESULTADOS DO ESTUDO DO PORTFÓLIO DE ARTIGOS

Resultados da análise bibliométrica

Estudo de Conteúdo: Os riscos da indústria

4.0

MODELO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0

Capítulo 3

Capítulo 5

Realizar uma Análise Bibliométrica dos

artigos utilizados na construção da

pesquisa;

Realizar uma análise temática para

mapeamento dos riscos da Indústria

4.0;

Propor um framework teórico dos riscos

mapeados baseado em seus possíveis

efeitos;

Construir categorias de risco a partir do framework proposto;

Categorizar os riscos mapeados a partir do modelo contruídos;

Categorização da Pesquisa

Revisão Bibliográfica

Sistematizada

Análise Bibliométrica

Estudo de Conteúdo

Aspectos gerais sobre o modelo de

categorização

Framework teórico dos riscos da indústria 4.0

Categorias dos riscos da Indústria

4.0

Categorização dos riscos mapeados

Capítulo 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Capítulo 4

Capítulo 2

Capítulo 1

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20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 INDÚSTRIA 4.0

O termo indústria 4.0 foi construído na Alemanha a partir de um plano de

desenvolvimento tecnológico do país (LASI et al., 2014). O plano chamado “High-Tech

Strategy 2020 Action Plan” foi lançado em janeiro de 2011, no qual a Indústria 4.0

surgiu como uma iniciativa estratégica que teve posteriormente suas recomendações

iniciais de implementação formuladas por um grupo chamado “Industrie 4.0 Working

Group” entre janeiro e outubro de 2012 sob a coordenação da Academia Nacional de

Ciência e Engenharia (ACATECH) da Alemanha (KAGERMANN, WAHLSTER,

HELBIG, 2013). Em 2013 Kagermann, Wahlster e Helbig lançaram um relatório

relacionando o termo indústria 4.0 como sendo a Quarta Revolução Industrial.

Em Davos no ano de 2016, esse termo ficou ainda mais forte e influente no

Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum - WEF) com o lema “Dominando

a Quarta Revolução Industrial” discutindo como a tecnologia poderá levar a indústria

a um novo patamar de desenvolvimento (PFEIFFER, 2017). Em pouco tempo este

termo começou a ser discutido por empresas, centro de pesquisas e universidades

em âmbito global (BAHRIN et al., 2016).

O conceito de indústria 4.0 ainda não é um senso comum na ciência, não

possuindo clareza em sua definição (REISCHAUER, 2018). Apesar de ser relacionada

com a quarta revolução industrial, o fundador do Fórum Econômico Mundial comenta

que esta transformação está em curso, no entanto considera a indústria 4.0 como uma

das manifestações que impulsiona essa revolução (REISCHAUER, 2018). Segundo

Roblek, Meško e Krapež (2016), a indústria 4.0 ainda está em estado conceitual, mas

que pretende incluir características tecnológicas com caráter dinâmico envolvendo

múltiplas indústrias como de TI, mobilidade, construção, medicina, etc.

Apesar de sua inconsistência conceitual, é possível encontrar na literatura

algumas definições para este fenômeno. Para Lu (2017) é um processo de manufatura

integrado, adaptado, otimizado, orientado a serviços e interoperável, correlacionado

com algoritmos, big data e altas tecnologias. Ahuett-Garza e Kurfess (2018)

descrevem como um conceito que compreende a integração de tecnologias e agentes

com objetivo de melhorar a eficiência e a capacidade de resposta de um sistema de

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produção. Para Liu e Xu (2017), a indústria 4.0 é a quarta revolução industrial e é

caracterizada pela utilização generalizada de sistemas ciber-físicos para conectar o

mundo físico ao virtual. Reischauer (2018) levanta dois pontos de vista, o primeiro

colocando a indústria 4.0 como uma revolução tecnológica que faz parte de um ciclo

econômico capitalista a partir da teoria das ondas longas de Kondratiev, e o segundo

ponto de vista é como sendo um discurso de inovação orientado por políticas

manufatureiras que objetivam institucionalizar sistemas de inovação englobando

negócios, academia e política. Para Hofmann e Rüsch, (2017) a Indústria 4.0 possui

uma concepção de natureza abrangente, que exige que as empresas definam

individualmente o que ela significa dentro de sua realidade e valores.

De toda forma, o termo “indústria 4.0” vem descrevendo uma tendência para o

uso crescente de tecnologias de informação e automação no ambiente de produção

(KAGERMANN, WAHLSTER, HELBIG, 2013). Assim, a digitalização da indústria, por

meio dos conceitos da indústria 4.0, inclui a utilização de uma multiplicidade de

tecnologias (AHUETT-GARZA, KURFESS, 2018), como Internet das Coisas (IoT),

Impressão 3D, Sistemas Ciber-Físicos, Robôs Autônomos, Simulação, Segurança de

dados, Computação em Nuvem, realidade aumentada, Big Data, Machine Learning,

(AHUETT-GARZA, KURFES, 2018; MOKTADIR et al., 2018) entre outras.

Considerando a visão relativa à descrição como sendo a Quarta Revolução

Industrial, é possível realizar um breve histórico para descrever as diferenças entre as

revoluções anteriores. A primeira revolução industrial iniciada no final do século XVIII,

impulsionada pela construção de ferrovias (SCHWAB, 2016), foi caracterizada pela

utilização de sistemas de manufatura mecânica movidos a através de água e vapor.

Esta revolução promove a evolução da economia agrária para manufaturas

mecanizadas (XU, XU, LI, 2018). Na segunda revolução, iniciada no final do século

XIX, a utilização da energia elétrica foi a base das transformações industriais, onde foi

possível realizar a produção em massa (XU, XU, LI, 2018) e introduzir as linhas de

montagem (FONSECA, 2018). Havia ênfase no aumento da capacidade de produção,

padronização e redução de custos (FONSECA, 2018). Em meados do século XX, a

terceira revolução industrial foi caracterizada pela utilização da tecnologia

microeletrônica, tecnologias da informação (XU, XU, LI, 2018), computadores e

internet (SCHWAB, 2016) possibilitando a automação da produção (XU, XU, LI, 2018).

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Por fim, a Indústria 4.0, com início na virada do século XX (SCHWAB, 2016),

pode ser caracterizada pelo estreitamento entre o mundo físico e o virtual (ZHENG et

al., 2018) através da utilização de sistemas ciber-físicos de forma generalizada (LIU,

XU, 2017). Para Schwab (2016), a Quarta Revolução Industrial vai além de máquinas

e sistemas inteligentes conectados; seu escopo é mais amplo abrangendo áreas que

vão desde o sequenciamento genético à nanotecnologia, de energia renováveis à

computação quântica. A Figura 2, ilustra esse breve histórico.

Figura 2 – Evolução das Revoluções Industriais

Fonte: Autor (2019).

Assim, do ponto de vista técnico, pode-se descrever a indústria 4.0 como um

termo coletivo para tecnologias e conceitos da organização da cadeia de valor

(HERMANN, PENTEK, OTTO, 2015), no qual acontece a digitalização e automação

crescente do ambiente de produção, bem como a criação de uma cadeia de valor

digital para permitir a comunicação entre parceiros de negócios, produtos, ambiente

produtivo (LASI, 2014; SCHMID, 2015) e pessoas (LEZZI, LAZOI, CORALLO, 2018)

unindo o real ao virtual (ZHENG et al., 2018). Esta é a abordagem utilizada neste

trabalho como definição para Indústria 4.0.

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2.1.1 As Três Formas de Integração da Indústria 4.0

Para Kagermann, Wahlster e Helbig (2013), a implementação da indústria 4.0

possui algumas características-chaves relativas a integração de empresas e agentes

internos de uma companhia: (1) Integração horizontal através de redes de valor, (2)

integração vertical e sistemas de manufatura em rede e (3) Integração digital de ponta

a ponta da engenharia ao longo da cadeia de valor. A integração horizontal acontece

pela construção de linguagens apropriadas para comunicação entre as empresas da

cadeia de valor e a integração vertical é realizada pela compreensão fundamental das

atividades e fluxo de informações dentro das empresas de manufatura (e.g. sistema

ERP). No entanto, segundo Mazak e Huemer (2015), para que as camadas vertical e

horizontal possam ser complementadas, a integração digital de ponta a ponta permite

que todos os níveis de uma empresa de manufatura sejam conectados uns aos outros

através de um sistema global de informações com clientes, fornecedores e outros

participantes externos, ou seja, toda a cadeia de valor de um produto é conectada.

Numa integração digital de ponta a ponta, ao contrário de sistemas

interorganizacionais existentes, critérios específicos dos clientes podem ser

acomodados no projeto, configuração, pedido, planejamento, fabricação e operação.

Isto torna o sistema produtivo flexível permitindo que alterações de última hora

possam ser incorporadas e o volume de produção seja reduzido a números muito

baixos (MAZAK, HEUMER, 2015).

2.1.2 Conceitos e Tecnologias-Chave da Indústria 4.0

Alguns dos principais conceitos e tecnologias utilizadas para o desenvolvimento

digital proposto pela Quarta Revolução Industrial são descritos na sequência. Vale

destacar que por se tratar um tema ainda em construção na literatura, novos conceitos

e tecnologias podem surgir como integrantes da Indústria 4.0 dependendo da

perspectiva analisada. No trabalho de Basseto, (2019), por exemplo, a autora cita 25

componentes, já no estudo de Moktadir et al. (2018), apenas 8 tecnologias são

citadas. De toda forma, a presente pesquisa traz 11 conceitos:

Sistema Ciber-Físico (CPS). Os sistemas Ciber-Físicos (Cyber Physical

Systems – CPS), uma das principais tecnologias da Indústria 4.0, combinam

estatísticas, modelagem computacional e dados à sistemas concretos (AHUETT-

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GARZA, KURFESS, 2018), proporcionando a união do nível físico ao digital (LASI et

al., 2014). Computadores e redes monitoram e controlam processos físicos que

também afetam os sistemas computacionais e vice-versa. Assim, o design de tais

sistemas, requer a compreensão da dinâmica de computadores, software, redes e

processos físicos de forma conjunta (DERLER, LEE, VINCENTELLI, 2011). Essas

integrações podem acontecer através de uso de sensores, atuadores, unidades de

processamento e dispositivos de comunicação (HOFMANN, RÜSCH, 2017). Além

disso, os CPSs compreendem máquinas inteligentes, sistemas de armazenamento e

instalações de produção capazes de trocar informações de forma autônoma,

acionando ações e controlando umas às outras de maneira independente

(KAGERMANN, WAHLSTER, HELBIG, 2013).

Alguns exemplos de sistemas ciber-físicos podem incluir a Internet das Coisas,

os sistemas de controle industrial, veículos não tripulados ou autônomos e até

sistemas militares (ZEGZHDA, 2016).

Internet das coisas (IoT). A Internet das coisas (Internet of Things – IoT) é um

paradigma tecnológico que visa conectar qualquer um a qualquer hora e em qualquer

lugar, dando origem a novas aplicações e serviços (LU, PAPAGIANNIDIS,

ALAMANOS, 2018). Através da IoT, equipamentos ligados a recursos de identificação,

detecção, rede e processamento poderão se comunicar uns com os outros e também

com serviços pela internet. Os conceitos voltados à IoT não são novos, algumas

tecnologias como RFID (Radio-Frequency IDentification), rede de sensores e a ideia

básica de conexão da internet são utilizados há muitos anos, mas as mudanças que

a IoT propõe é ampliar a utilização dessas tecnologias em número e tipos de

equipamentos como equipar dispositivos que não foram projetados para tal uso

(WHITMORE, AGARWAL, DA XU, 2015). Além do mais, a IoT pode aumentar a

captação de dados em tempo real (LI, DA XU, ZHAO, 2015) e também permite a

interoperabilidade de informações dentro de uma organização e com o mundo externo

(AHUETT-GARZA, KURFESS, 2018).

Uma variação deste conceito é também utilizada para representar a IoT dentro

de processos de fabricação industrial: Internet das coisas industrial (Industrial Internet

of things - IIoT). Para Lezzi, Lazoi e Corallo (2018), a IIoT está relacionada à utilização

de redes de sensores sem fio e tecnologias em nuvem dentro de contextos industriais

onde dispositivos IoT, associados a máquinas, computadores e pessoas comunicam-

se entre si pela rede. Segundo Mouratidis e Diamantopoulou (2018), a IIoT oferece a

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oportunidade para indústrias construírem grandes sistemas interconectados entre as

mais diversas tecnologias e atores do processo.

Big Data Analytics (BDA). O grande número de dispositivos conectados

através de tecnologias já mencionadas como IoT e CPS podem gerar um grande

volume de dados e em diferentes formatos (HE et al., 2016). Neste contexto, segundo

Badri, Boudreau-TrudeL e Souissi (2018), o Big Data é este grande montante de

informações em volume tão amplo que excedem as capacidades intuitivas e analíticas

humanas e até mesmo de ferramentas de computação convencionais para

gerenciamento de dados.

O Big Data pode ser caracterizado por 5 V’s: Volume, Velocidade, Variedade,

Veracidade e Valor (EMANI, CULLOT, NICOLLE, 2015). O volume está relacionado à

quantidade de dados, a velocidade é a frequência de geração ou frequência de dados,

a variedade é a questão da grande diversidade de fontes geradoras de dados, a

veracidade é relativa a qualidade e confiabilidade dos dados e o valor é a questão de

extrair benefícios economicamente valiosos dos dados (WAMBA et al., 2015).

Segundo Ivanov, Dolgui e Sokolov, (2018), a veracidade e o valor são particularmente

importantes, pois, a partir de análises, é possível verificar o valor real do Big Data.

Desta maneira, o Big Data Analytics (BDA) se baseia na extração de informações úteis

deste grande volume de dados facilitando as tomadas de decisões (IVANOV, DOLGUI

E SOKOLOV, 2018).

Computação em nuvem. A computação em nuvem é a prestação de serviços

relacionados à computação ou tecnologia da informação (TI) via internet como

servidores, armazenamento ou bancos de dados. O termo nuvem é devido ao fato de

o serviço utilizado não estar presente, mas em uma local remoto, no qual todo o

sistema é controlado por um terceiro (LIU, XU, 2017).

Segundo Khan et al. (2017) os três principais modelos de serviço são na forma

de Infraestrutura como Serviço (Infrastructure as a Service – IaaS), Plataforma como

Serviço (Platform as a Service – PaaS) e Software como serviço (Software as a

Service – SaaS). A IaaS fornece aos usuários recursos de computação e rede, como

servidores de alto desempenho, armazenamento em nuvem e redes sem fio. A PaaS

fornece um ambiente de desenvolvimento ou uma plataforma que permite aos

usuários desenvolver e gerenciar aplicativos baseados na nuvem sem manter uma

infraestrutura (Wu et al., 2018). E finalmente a SaaS é o software hospedado

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remotamente, desenvolvido e gerenciado via Internet por um provedor de serviços

(CHO, CHAN, 2015).

Portanto, com a computação em nuvem, o grande volume de dados

proveniente da utilização da IoT pode ser armazenado e processado de forma rápida

permitindo decisões em tempo real (LEE, LEE, 2015) auxiliando empresas em

atividades como gerenciamento de risco e melhoria na segurança de processos

usando tecnicas de mineração de dados e algoritmos genéticos (GOBBO JUNIOR et

al., 2018). Além disso, os dados armazenados em nuvem podem ser acessados de

qualquer lugar e por diferentes usuários (gerentes, clientes, operadores,

programadores, etc.) com qualquer navegador Web ou software específico (KHAN et

al., 2017).

Segurança Cibernética (cyber-security). O aumento da conectividade

devido às tecnologias atreladas à indústria 4.0 podem aumentar a vulnerabilidade de

sistemas (JANSEN, JESCHKE, 2018). Neste contexto, a questão de segurança

cibernética representa um dos desafios mais relevantes a serem enfrentados por

empresas que pretendem adotar conceitos da indústria 4.0 (LEZZI, LAZOI, CORALLO

2018). Ataques cibernéticos podem atingir tanto sistemas em domínios

exclusivamente virtualizados como também físicos (WU, SONG, MOON, 2019). Por

exemplo, redes sem fio podem ser facilmente ser interceptadas (PILLONI, 2018) e

hackers podem comprometer um sistema cyber-físicos (JANSEN, JESCHKE, 2018)

ou praticar espionagem industrial (TUPTUK, HAILES, 2018). Assim, para proteger o

sistema de manufatura industrial contra tais ataques, estruturas de segurança

cibernética confiáveis são necessárias (MOKTADIR et al., 2018).

Realidade Aumentada. Esta tecnologia está relacionada com a utilização de

dispositivos inteligentes em que a realidade física ou real é combinada com elementos

virtuais (SAUCEDO-MARTINEZ et al., 2018) (e.g. Oculus Rift). Num cenário onde a

complexidade das máquinas aumenta progressivamente, trabalhadores podem ter

seus serviços facilitados a partir a adoção da realidade aumentada, na qual a

comunicação visual com estas máquinas pode ser ampliada através de dispositivos

poderosos e de baixo custo (STORK, 2015) fornecendo informações anteriormente

indisponíveis e simplificando atividades que antes exigiam maiores qualificações

(STOCK et al., 2018). Por exemplo, trabalhadores em operações de reparo podem ter

a visualização de instruções das atividades melhorada ajudando na conclusão de

ações (MOKTADIR et al., 2018). Ou ainda, em relação a clientes, manutenções ou

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montagens simples podem ser disponibilizadas através desta tecnologia

(SCHNEIDER, 2018).

Simulação. Num contexto industrial, a simulação é a forma de representação

do comportamento de um processo manufatureiro através de um modelo

computacional utilizando parâmetros e variáveis do processo em estudo (BADRI,

BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI, 2018). A simulação utilizando dados em tempo real

pode tornar possível a virtualização do mundo físico incluindo máquinas, produtos e

seres humanos. Isso permite que testes possam ser feitos para otimização de

máquinas antes mesmo de o produto físico entrar na linha produtiva reduzindo o

tempo de configuração de maquinas e aumento de qualidade (BAHRIN et al., 2016).

O uso desta tecnologia pode ajudar a reduzir o tempo de inatividade e falhas de um

processo de produção relativos à taxa e quantidade de produtos (MOKTADIR et al.,

2018). Entre outras aplicações da simulação pode-se citar o estudo de

comportamentos gerados por ataques cibernéticos (YU et al. 2017), estudos de

rastreamento de custo de fabricação em tempo real (RAMADAN, AL-MAIMANI,

NOCHE, 2017), ou estudos de eficiência energética (LIN et al., 2016).

Inteligência Artificial (IA). A inteligência artificial é um recurso interativo,

autônomo e de autoaprendizagem que permite que artefatos computacionais realizem

atividades que, de outra forma, exigiriam a inteligência humana para serem

executadas com sucesso (TADDEO, FLORIDI, 2018). Dentre as possibilidades

provenientes desta tecnologia pode-se citar os sistemas autônomos e machine

learning.

Machine Learning. O Machine Learning é um dos nichos mais ativos no campo

da Inteligência Artificial (LI, HOU, WU, 2017). É um termo que se refere a uma

disciplina na área da computação na qual máquinas são programadas para aprender

a partir de dados, baseando-se em um conjunto de regras matemáticas e suposições

estatísticas (CAMACHO et al., 2018). Máquinas podem adquirir a capacidade de

encontrar insights sem que haja uma programação exata para tal ação. Usando

algoritmos, as máquinas podem se adaptar e aprender de forma iterativa podendo

tomar decisões confiáveis quando expostos a novos dados (LI, HOU, WU, 2017).

Empresas podem utilizar essa tecnologia para analisar defeitos e melhorar o

desempenho de operações (MOKTADIR et al., 2018). Por exemplo, o Machine

Learning pode extrair informações úteis do Big Data gerado numa empresa ou fábrica,

tanto a partir de dados estruturados como não estruturados (AHUETT-GARZA,

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KURFESS, 2018) ou para monitoramento de segurança de redes (TUPTUK, HAILES,

2018).

Sistemas autônomos. Máquinas e equipamento terão a capacidade de

melhorar os processos através de tomada de decisões autônomas (ROBLEK,

MEŠKO, KRAPEŽ, 2016). Elementos autônomos tornam-se cientes de seu ambiente

e podem se comunicar com outros elementos para controlar o que for necessário. Por

exemplo, em uma linha de produção um produto pode se comunicar com máquinas e

informar o que é necessário em determinada etapa do processo, tornando o controle

flexível entre produtos e máquinas (TUPTUK, HAILES, 2018). O transporte através de

veículos autônomos, movimentadores de carga internas e o processamento de

pedidos poderiam interagir entre si (HOFMANN, RÜSCH, 2017). Além disso, robôs

autônomos irão interagir não somente entre eles, mas também com humanos e

aprender com eles de forma colaborativa (BAHRIN et al., 2016) e ainda, robôs

autônomos podem reduzir erros em tarefas simples (SAUCEDO-MARTINEZ et al.,

2018). Assim, tomadas de decisão serão descentralizadas, onde dados são adquiridos

e processados no mesmo local e em tempo real. A auto-organização, o auto-reparo,

a automanutenção e auto-governança são alguns dos atributos que podem aparecer

neste cenário (TUPTUK, HAILES, 2018).

Impressão 3D. A forma de usinagem tradicional acontece a partir de subtração

de material em uma peça bruta de forma a chegar no artefato desejado (KIETZMANN,

PITT, BERTHON, 2015). De maneira inversa, a impressão 3D utiliza um processo de

manufatura aditiva, no qual os produtos são formados em uma base, camada por

camada a partir de uma modelagem computacional. Do ponto de vista produtivo, a

também chamada “manufatura aditiva” pode ajudar a fabricar peças personalizadas

em pequenas quantidades atendendo a demandas específicas. Assim, peças de

reposição, próteses e produtos personalizados a clientes podem ser produzidos

(BERMAN, 2012). É possível posicionar impressoras 3D mais próximos dos pontos

de consumo diminuindo dificuldades logísticas e impactos ambientais devido a

transportes de materiais (KIETZMANN, PITT, BERTHON, 2015).

2.1.3 Os Princípios de Design da Indústria 4.0

Segundo Hermann, Pentek e Otto (2015) a indústria 4.0 pode ser baseada em

seis princípios de design: Interoperabilidade, Virtualização, Descentralização,

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Capacidade em Tempo real, Orientação a Serviços e Modularidade, descritos a

seguir.

Interoperabilidade. A interoperabilidade é uma das maiores vantagens da

indústria 4.0 (LU, 2017) que representa a capacidade de conexão e comunicação

entre dispositivos, sistemas ciber-físcos (CPS), organizações, humanos e indústria

através da Internet das Coisas e Internet de Serviços (HERMANN, PENTEK, OTTO,

2015). Além disso, também pode-se adicionar nesta definição as três formas de

conexão entre empresas de uma cadeia descritas por Kagermann, Wahlster e Helbig

(2013).

Virtualização. Criação de uma cópia virtual do mundo físico através de objetos

conectados que lançam informação em tempo real possibilitando representa-los nos

sistemas de acordo com suas relações e atividades. Cada objeto, equipamento ou

“coisa” possui uma representação digital na qual suas informações são atualizadas

continuamente e transmitidas (DAI, VASARHELYI, 2016). Através de plantas

virtualizas, sensores conectados e tais informações atualizadas (HERMANN,

PENTEK, OTTO, 2015), modelos de simulação podem ser criados para estudo do

comportamento de objetos (DAI, VASARHELYI, 2016). Por meio da virtualização da

cadeia de suprimentos, por exemplo, empresas podem se comunicar fornecendo

informações importante sobre produtos e produção em tempo real para todas as

entidades participantes (BRETTEL, 2014).

Descentralização. A descentralização de decisões é realizada através da

capacidade de CPS realizarem ações independentemente sem nenhum comando

central (HERMANN, PENTEK, OTTO, 2015). Altas demandas de customização em

massa exigem que sistemas de produção reajam rapidamente e as tomadas de

decisões podem ser realizadas por máquinas ou linhas de produção (SCHUH et al.,

2014). Máquinas podem adquirir a capacidade de encontrar insights sem que haja

uma programação exata para tal ação (LI, HOU, WU, 2017), assim, equipamentos

autônomos, serão capazes de melhorar os processos produtivos através de tomada

de decisões próprias (ROBLEK, MEŠKO, KRAPEŽ, 2016).

Trabalho em tempo real. Este princípio tem estreita ligação com a

virtualização. Através da conexão de sistemas IoT e computação em nuvem,

empresas poderão ter acesso a dados processados de forma rápida (LEE, LEE,

2015), permitindo ações como detecção de falhas de máquinas, ajustes de produção

(DAI, VASARHELYI, 2016) e tomadas de decisão em tempo real (LEE, LEE, 2015). O

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status de uma planta produtiva pode ser verificado de forma permanente, onde

sistemas IoT e CPS se comunicam com seres humanos a todo instante (HERMANN,

PENTEK, OTTO, 2015).

Orientação a Serviços. Capacidade de apresentar as funções dos processos

de produção como um conjunto de serviços (AL-JAROODI, MOHAMED, JAWHAR,

2018). Uma mentalidade voltada a serviços que vai além dos produtos é identificada

no contexto da indústria 4.0. Uma estrutura que descreve o desenvolvimento

integrado, onde pacotes específicos de produtos e serviços é oferecido para os

clientes (IBARRA, GANZARAIN, IGARTUA, 2018). Além disso, qualquer recurso,

como linhas de produção, linhas de montagem, armazenamento, computação, mão-

de-obra, know how, pode ser oferecido por meio de uma rede (DAI, VASARHELYI,

2016), tanto interna como externamente às fronteiras empresariais (HERMANN,

PENTEK, OTTO, 2015), na qual outras empresas podem pagar por esses serviços

(DAI, VASARHELYI, 2016). Como resultado, fornecedores, clientes e outros parceiros

tornam-se parte de um ecossistema em rede (IBARRA, GANZARAIN, IGARTUA,

2018).

Modularidade. Sistemas modulares são capazes de se ajustar de forma

flexível em casos de flutuações sazonais ou alterações nas características do produto

(HERMANN, PENTEK, OTTO, 2015). Por exemplo, módulos de produção podem ser

construídos, e cada estação pode individualmente compor os processos necessários

para uma configuração específica de clientes (DAI, VASARHELYI, 2016).

O Quadro 1 apresenta o resumo dos princípios da Indústria 4.0.

Quadro 1 - Os princípios da Indústria 4.0

Princípio Descrição

Interoperabilidade Capacidade de conexão entre dispositivos, sistemas ciber-físicos (CPS),

humanos e indústrias

Virtualização Criação de uma cópia virtual do mundo físico como forma de simulação e

controle de processos

Descentralização A capacidade de máquinas tomarem decisões independentemente sem

nenhum comando central

Trabalho em Tempo Real

Capacidade de coleta e análise de dados em tempo real

Orientação a serviços Capacidade de apresentar as funções dos processos de produção como

um conjunto de serviços1

Modularidade Sistemas modulares são capazes de se ajustar de forma flexível em casos de flutuações sazonais ou alterações nas características do

produto.

Fonte: Hermann, Pentek e Otto (2015), Al-Jaroodi, Mohamed e Jawhar, (2018), Dai, Vasarhelyi

(2016).

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Dessa forma, a partir dos princípios de design da Indústria 4.0, nota-se que

toda uma cadeia de valor envolvida em um empreendimento pode ser afetada.

2.1.4 As Influências da Indústria 4.0 sobre a Cadeia de Valor

A cadeia de valor desagrega uma empresa em atividades estratégicas

relevantes para entender o comportamento dos custos e a existência de potenciais

fontes de diferenciação, onde empresas podem se posicionar à frente de

competidores (PORTER, 1985). Além disso, para Hofbauer e Sangl (2018), essas

atividades possuem o intuito de criar valor para os clientes bem como determinam o

custo e proposição do valor afetando a rentabilidade de empresas a longo prazo. De

forma prática, a cadeia de valor é a descrição das transações e o processamento de

um produto até atingir seu mercado final no qual em cada estágio da cadeia o produto

está agregando valor (QOSE, PERI, PROKO, 2018) que posteriormente é percebido

pelo cliente.

Neste contexto, a Indústria 4.0 e os conceitos envolvidos podem afetar como

o valor é percebido dentro de uma cadeia empresarial. As formas de integração

descritas por Kagermann, Wahlster e Helbig (2013) (tem 2.1.1) é um exemplo disto,

principalmente quando tratamos da integração digital de ponta a ponta.

A digitalização e utilização de sistemas cooperativos e inteligentes

transformará a cadeia de suprimentos, tornando-a mais eficiente, integrada e

transparente. Segundo Barreto, Amaral e Pereira (2017), haverá também maior

proximidade com os clientes promovendo um aumento significativo na qualidade de

tomada de decisão. Para Kagerman, Wahlster e Helbig, (2013), as tecnologias e os

conceitos da indústria 4.0 podem trazer grandes benefícios, como o atendimento

individual de clientes, permitindo alterações com pequenos prazos e produção em

volumes mais baixos, onde critérios específicos podem ser incluídos nas fases de

projeto, configuração, pedido, planejamento, fabricação e operação. Ainda para os

mesmos autores, a flexibilidade da indústria é ampliada para atender flutuações

repentinas através de uma transparência de ponta a ponta garantindo tomadas de

decisões mais assertivas, e a utilização de recursos pode ser aprimorada, permitindo

que os trabalhadores se concentrem em atividades criativas e maior valor agregado,

automatizando serviços rotineiros.

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Quanto ao controle de processos, a mecanização e automação serão

ampliados a ponto de criar sistemas autônomos capazes de controlar a produção de

forma independente. Além disso, a digitalização do meio produtivo levará a uma

grande quantidade de dados provindos de sensores e atuadores garantindo novas

formas de análises, e assim, abrindo espaço a novas tecnologias como simulação,

proteção digital e realidade amentada (LASI et al., 2014). Dessa forma, a melhoria dos

processos de produção provenientes da Indústria 4.0 levará a uma redução do tempo

de produção, melhoria de produtividade e aumento de flexibilidade. A tomada de

decisão também será otimizada permitindo que menores quantidades de recursos

sejam utilizadas para produzir um maior volume de produtos (PILLONI, 2018).

No contexto de integração entre parceiros de uma cadeia de suprimentos, a

indústria 4.0 pode trazer uma coordenação e alinhamento total entre todas as partes

interessadas. Por exemplo, sistemas de transporte poderão comunicar sua posição e

prever horário de chegada para um sistema de armazenamento inteligente que pode

se organizar de maneira a otimizar uma entrega just-in-time ou just-in-sequence

(BARRETO, AMARAL, PEREIRA, 2017).

Apesar destes benefícios, novos desafios podem surgir a partir dos conceitos

e tecnologias da Indústria 4.0 (BARRETO, AMARAL, PEREIRA, 2017). O mercado

consumidor começando a demandar produtos e serviços com nível alto de

personalização pode tornar complexo o processamento de tais requisições, levando à

necessidade de uma cadeia de suprimentos altamente adaptável, que não pode ser

tratada com práticas comuns de gerenciamento (PREMM, KIRN, 2015). Devido à alta

sofisticação de sistemas produtivos através de tecnologias como a IoT, as

competências dos recursos humanos mudarão drasticamente e um maior grau de

especialização será demandado (BARRETO, AMARAL, PEREIRA, 2017). O grande

número de dispositivos, ferramentas e equipamentos conectados podem gerar um

grande volume de dados e em diferentes formatos tornando-se um desafio para a

gestão de dados (KHAN et al., 2017). Além disso, vários outros desafios podem estar

envolvidos, como a questão do desemprego devido a substituição de funções por

máquinas, menos controle humano devido a descentralização da tomada de decisão,

impactos ambientais (LUTHRA, MANGLA, 2018), questões legais sobre propriedade

de dados (ZHOU et al., 2018), etc.

Baseado nas transformações digitais citadas acima e suas influências, a

sustentabilidade das empresas pode ser afetada. Dessa forma, o conceito de

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sustentabilidade é discutido no tópico seguinte para que possa ser estudada no

contexto da Quarta Revolução Industrial e no decorrer da pesquisa.

2.2 SUSTENTABILIDADE

A conceituação de sustentabilidade ainda não está consolidada, pois

definições dos mais variados pontos de vista são encontrados, desafiando a eleição

de um conceito adequado para o termo (MOORE et al., 2017; SALAS‐ZAPATA,

ORTIZ‐MUÑOZ, 2019). Uma contradição gerada nestas diferentes visões é a

compreensão da sustentabilidade como desenvolvimento sustentável (SALAS‐

ZAPATA, ORTIZ‐MUÑOZ, 2019). Semanticamente, sustentabilidade é o equilíbrio

entre um artefato e seu ambiente de suporte que interagem um com o outro sem

prejuízos mútuos (FABER, JORNA, VAN ENGELEN, 2005). Por outro lado, a definição

de desenvolvimento sustentável, em uma de suas formas mais conhecidas, foi

introduzida em 1987 na Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento

(WCED – World Commission on Environment and Development) como sendo “o

desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a

capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (WCED, 1987).

Segundo Lankoski (2016) o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento com o

atributo adicional de acontecer de forma sustentável.

Na atualidade, a discussão sobre a conceituação de sustentabilidade, é

também um tema abordado devido ao fato de trazer desafios para pesquisa (MOORE

et al., 2017); SALAS‐ZAPATA, ORTIZ‐MUÑOZ, 2019). Numa perspectiva empresarial

por exemplo, existem muitos esforços e frameworks para tentar elucidar o conceito de

sustentabilidade corporativa (AMINI, BIENSTOCK, NARCUM, 2018). Mesmo

restringindo para uma abordagem de negócios a sustentabilidade por ser entendida

de maneiras bem diferentes (LANKOSKI, 2016). Essas divergências de conceituação

são influenciadas pelo fato dos autores que discutem tal assunto possuírem currículos

das mais diversas áreas como ecologia, economia, geografia, sociologia,

administração, etc. (BOLIS, MORIOKA, SZNELWAR, 2014).

Segundo Salas‐Zapata e Ortiz‐Muñoz (2019) uma forma de lidar com o termo

“sustentabilidade” é através de seus usos, podendo ser divido em quatro formas: (a)

como um conjunto de critérios sócio ecológicos que orientam a ação humana, (b)

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como uma visão ou meta de convergência de propósitos sociais, econômicos e

ambientais que as ações humanas pretendem atingir, (c) como um objeto que pode

ser pensado, estudado ou representado ou (d) como uma abordagem de estudo das

dimensões econômicas, sociais e ambientais de um sistema.

De toda forma, as diferentes definições de sustentabilidade parecem convergir

para uma ideia de incluir algum elemento de continuidade, durabilidade ou capacidade

de manter (LANKOSKI, 2016). Esta característica pode ser encontrada em algumas

definições de sustentabilidade voltadas para certas áreas em específico, apesar de

algumas delas não possuir uma forma clara de definição. A seguir estão algumas

delas.

Sustentabilidade Econômica. Empresas economicamente sustentáveis são

aquelas que garantem, a qualquer momento, fluxo de caixa suficiente para garantir

liquides e rentabilidade, produzindo retorno persistente acima da média para os

acionistas (DYLLICK E HOCKERTS, 2002). Além disso, para Spangenberg (2005), a

economia sustentável não deve prejudicar a sustentabilidade dos sistemas com os

quais está interagindo ao mesmo tempo que protege sua própria viabilidade.

Sustentabilidade Social. A sustentabilidade social busca melhorar a

proteção das pessoas contra riscos promovendo a adaptação de políticas sociais,

econômicos e ambientais de forma justa e equitativa (EIZENBERG, JABAREEN,

2017). Segundo o estudo de Boström (2012), este conceito está envolvido com a

qualidade de vida das pessoas e das gerações futuras assim como a qualidade de

governança de processo de desenvolvimento.

Sustentabilidade Ambiental. Condição de equilíbrio, resiliência e

interconectividade que permita que a sociedade humana possa satisfazer suas

necessidades de recursos e serviços das gerações atuais e futuras sem exceder a

capacidade de regeneração e saúde dos ecossistemas que os fornece (MORELLI,

2011).

De todo forma, o conceito de sustentabilidade utilizado na pesquisa é o tripé

da sustentabilidade desenvolvido por Elkington (ELKINGTON, 1998a, ELKINGTON,

1998b, ELKINGTON, 2004). Este conceito é melhor descrito no tópico seguinte.

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2.2.1 Tripé da Sustentabilidade

O tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line – TBL) é um conceito introduzido

por John Elkington a partir do princípio de que para empresas possuírem um

desenvolvimento de sucesso a longo prazo em relação ao seu ambiente é preciso

focar em três dimensões: econômica, social e ambiental (ELKINGTON, 1998a,

ELKINGTON, 1998b, ELKINGTON, 2004). A questão econômica é baseada no fato

de que empresas precisam garantir um fluxo de caixa suficiente para possibilitar

liquidez e rentabilidade (DYLLICK E HOCKERTS, 2002). O aspecto social é relativo

ao impacto que empresas e seus fornecedores possuem no capital humano da

comunidade em que trabalham. E a questão ambiental é relacionada à quantidade de

recursos que uma empresa utilizada em suas operações e aos subprodutos que

geram (e.g. resíduos, emissões atmosféricas, etc.) (HUBBARD, 2009). Assim,

segundo Elkington (2004), o TBL possui uma agenda voltada não apenas para criação

de valor econômico, mas também valor ambiental e social. Além disso, de acordo com

Hammer e Pivo (2017), a abordagem do TBL é relacionada ao conceito de

desenvolvimento sustentável exposta na WCED (1987), onde as necessidades de

desenvolvimento atuais não devem comprometer gerações futuras, ou seja, é uma

forma de expressar o valor das empresas em termos de sustentabilidade.

Portanto, de acordo com Norman e Macdonald (2004), o paradigma por trás

deste conceito do TBL é que o sucesso ou saúde de empresas pode e deve ser

medido não apenas pelo resultado financeiro, mas também por seu desempenho

social e ambiental. Para Dyllick e Hockerts (2002), o foco apenas na questão

econômica pode ser bem-sucedido no curto prazo, no entanto, a sustentabilidade de

forma completa exige que as três dimensões sejam satisfeitas simultaneamente. Isso

acontece devido ao fato dessas dimensões estarem conectadas e poderem influenciar

umas nas outras. Assim, muitos estudos sobre essas conexões tornam-se tópico de

muitas pesquisas (VENKATRAMAN, NAYAK, 2015; RENNINGS, SCHRÖDER,

ZIEGLER, 2003; CONNELLY, LIMPAPHAYOM, 2004; BOLANLE, ADEBIYI,

MUYIDEEN, 2012; HAMMER E PIVO, 2017; GIBSON, 2006).

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Figura 3 – Triple Bottom Line de Elkington.

Fonte: Baseado na Teoria de Elkington (1998a, 1998b, 2004).

A Figura 3 demonstra uma forma comum de representação desta teoria

devido a essas relações entre as questões econômica, social e ambiental tratado no

conceito do Tripple Bottom Line de Elkington, em que o equilíbrio entre elas leva

empresas à sustentabilidade.

Elkington (2004) ainda comenta que na transição para um capitalismo

sustentável, as empresas poderão se envolver em sete paradigmas que precisarão

ser mudados: o mercado, movendo-se da submissão para a competitividade, os

valores mudando de rígidos para flexíveis, a transparência de fechada para aberta, a

tecnologia do ciclo de vida de produção para função, as parcerias de desunião para

simbiose, a concepção de tempo de intenso para longo prazo e a governança de

exclusiva para inclusiva.

Baseado neste conceito de sustentabilidade, entender melhor como essas

dimensões (econômica, social e ambiental) podem ser afetadas pela indústria 4.0 é

uma questão importante. Assim, como o trabalho visa estudar os riscos provenientes

da Indústria 4.0 que também podem tomar formas nestas frentes abordadas por

Elkington, possuir uma maneira estruturada de estudar tais riscos é um ponto que

pode trazer benefícios para a presente pesquisa.

Portanto, o tópico seguinte traz informações sobre como realizar um

gerenciamento de riscos, o qual posteriormente será utilizado para mapeamento dos

riscos da Quarta Revolução Industrial.

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2.3 GERENCIAMENTO DE RISCO

A ISO (International Organization for Standardization) define risco como o

efeito da incerteza nos objetivos, podendo ser positivo, negativo ou ambos resultando

em oportunidades ou ameaças (ABNT, 2018). A SRA (Society for Risk Analysis),

também relaciona o risco com incertezas de eventos e suas consequências (SRA,

2018). No contexto do ambiente corporativo, essas incertezas levam a diversos tipos

de riscos, como, riscos de mercado, risco competitivo, risco da cadeia de suprimentos,

risco político, risco cambial, etc. (BROMILEY et al., 2015). Assim, estudos voltados ao

entendimento do risco (sua tipologia, métricas de avaliação e técnicas de controle)

são essências para o sucesso de uma empresa. Segundo Wolke (2017), esse controle

pode ser realizado através de técnicas de gerenciamento de riscos.

A NBR ISO 31000:2018 define o gerenciamento de risco como: “atividades

coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos”.

Segundo Dionne (2013), o gerenciamento de risco deve ir além do que simplesmente

minimizar a exposição de uma empresa a riscos, deve também estar ligado a

maximização do valor da empresa através da redução de custos devido aos diferentes

tipos de riscos.

Uma fundamentação genérica para a área de conhecimento voltada ao estudo

de risco é uma tarefa difícil, pois trata-se de um conhecimento multidisciplinar. Isto

proporciona uma ampla quantidade de pontos de vista sobre o assunto (AVEN, ZIO,

2014).

No entanto, a norma NBR ISO 31000:2018 propõe diretrizes para realização

de gestão risco de forma generalizada, podendo ser aplicada a organizações de

qualquer tipo e tamanho (ABNT, 2018). De acordo com essa norma,

o processo de gestão de riscos envolve a aplicação sistemática de políticas,

procedimentos e práticas para atividades de comunicação e consulta,

estabelecimento do contexto e avaliação, tratamento, monitoramento, análise

crítica, registro e relato de riscos (ABNT, 2018, p.9).

A Figura 4 ilustra como o processo de gestão de risco é definido segundo a

norma NBR ISO 31000:2018.

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Figura 4 - Processo de Gestão de Risco

Fonte: Adaptado de ABNT. NBR ISO 31000:2018 (2018).

A seguir, outras duas formas de abordagem de gerenciamento de riscos são

apresentadas dependendo do contexto ao qual irá ser aplicado. Isso tem como

objetivo demonstrar que o gerenciamento de riscos pode tomar diferentes formas,

mas, independentemente disso, sua estrutura se mante semelhante.

2.3.1 Gerenciamento de Riscos em Projetos

Na área de projetos, segundo Cagliano, Grimaldi e Rafele (2014), o

gerenciamento de risco pode ser resumido em três macro fases: Fase inicial, Fases

intermediárias e Fase Final.

A primeira macro área é relacionada à atividades referentes a compreender

as características e os objetivos do projeto em questão, definindo seu escopo e

propósito. As etapas intermediárias possuem o objetivo de identificar os riscos

juntamente com suas causas, efeitos e como se relacionam entre si, além de avaliar

suas probabilidades de ocorrência e impacto para elaborar estratégias de resposta a

esses riscos e também planos de contingência. A fase final forma atividades como,

realizar as respostas da etapa anterior monitorando-as e refinando-as, além de

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identificar, avaliar e tratar novos riscos, bem como registrar os conhecimentos,

experiências e lições aprendidas na implementação da gestão de risco.

As macro-fases de Cagliano, Gimaldi e Rafele (2014) descritas acima, podem

ser detalhadas de acordo com o processo de gerenciamento de riscos de projetos

segundo o PMI (Project Management Institute) que sugere as seguintes etapas:

planejamento, identificação, análise, planejamento de respostas e, finalmente,

monitoramento e controle (PMI, 2013). Estas etapas são definidas como:

(1) planejamento, fase onde os objetivos, a forma de abordagem e os recursos

são levantados;

(2) identificação, a qual trata-se da identificação dos riscos juntamente com

suas causas;

(3) análise, estudo das probabilidades de ocorrência e os impactos

relacionados ao risco, bem como suas influências nos resultados do projeto em termos

de custo, cronograma, escopo e variação da qualidade;

(4) planejamento de respostas, são desenvolvidas ações para aumentar as

oportunidades e diminuir as ameaças;

(5) monitoramento e controle, trata-se do controle e monitoramento dos riscos

identificados, monitoramento de riscos residuais, identificação de novos riscos, além

de avaliar a eficácia do processo de gerenciamento de riscos bem como a

formalização de lições aprendidas.

As macro-fases descritas por Cagliano, Gimaldi e Rafele (2014), juntamente

com o processo de gerenciamento de riscos de projetos segundo o PMI (2013) podem

ser relacionados segundo a Figura 5.

Figura 5 – Processo de Gestão de Risco de Projetos

Fonte: Autor (2019)

2.3.2 Gerenciamento de Riscos na Cadeia de Suprimentos

Segundo HO et al. (2015), ainda não há uma definição unificada do risco e da

gestão de risco na cadeia de suprimentos, no entanto, os autores propõem em seu

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trabalho de revisão uma definição como sendo “um esforço colaborativo

interorganizacional que utiliza metodologias quantitativas e qualitativas de

gerenciamento de riscos para identificar, avaliar, mitigar e monitorar eventos ou

condições inesperadas em nível macro e micro, o que pode afetar negativamente

qualquer parte de uma cadeia de suprimentos” (Ho et al., 2015).

Ainda no trabalho de HO et al. (2015), é possível classificar os tipos de riscos

na cadeia de suprimentos de forma holística em duas categorias: Macro-riscos e

micro-riscos. Os macro-riscos estão relacionados a eventos externos raros que podem

causar impactos negativos nas empresas, como os riscos naturais (e.g. terremotos e

desastres naturais) e os man-made risks (e.g. terrorismo, instabilidade política e

guerras). Os micro-riscos são relacionados a eventos mais corriqueiros e operacionais

originados internamente nas empresas e em sua cadeia de suprimentos. Além disso,

os micro-riscos podem ser divididos em quatro categorias: riscos de demanda, riscos

de manufatura, riscos relativos à cadeia de suprimentos e riscos de infraestrutura.

Dessa forma, em seu framework conceitual, ilustrado na Figura 6, HO et al.

(2015) unem a definição de gestão de risco na cadeia de suprimentos e a classificação

dos riscos (macro e micro riscos).

Figura 6 - Framework conceitual para riscos na cadeia de suprimentos

Fonte: Adaptado de Ho et al. (2015).

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Além disso, segundo sua revisão, os autores incluem em seu framework a

tecnologia da informação, transporte e sistemas financeiros devido a serem pontos

críticos para assegurar o funcionamento saudável da cadeia de suprimentos.

Comumente, segundo Heckmann, Comes e Nickel (2015), os riscos da cadeia

de suprimentos são associados a um conceito puramente orientado a eventos. Num

contexto de gerenciamento de riscos, os eventos são caracterizados pela sua

probabilidade de ocorrência e suas consequências na CS. No entanto, Dunke et al.

(2018) consideram que uma análise de “evento por evento” levando a uma

determinação das consequências de forma exclusiva em cada caso não é completa.

Para os autores, o fator tempo também deve ser considerado como um ponto

importante quando se trata de estudar os riscos na cadeia de suprimentos. Assim, um

risco não depende apenas de sua severidade e da probabilidade de ocorrência, mas

também do tempo, pois possui influência no grau de incerteza sobre o risco.

2.3.3 Identificação e classificação de riscos

Independentemente da abordagem da gestão de riscos (a forma generalista

da ISO, a perspectiva de gestão de projetos ou a abordagem relativa à cadeia de

suprimentos), a etapa de classificação e identificação dos riscos é uma atividade

importante que deve ser realizada.

Segundo Tchankova (2002), a identificação de riscos é um estágio básico que

dá suporte para as próximas etapas do gerenciamento de risco que revela e determina

os possíveis riscos enfrentados pelos recursos da organização. Uma correta

identificação pode assegurar a efetividade do gerenciamento de riscos. Esta etapa,

de acordo com Wu, Blackhurst e Chidambaram (2006), envolve a enumeração de

fatores de risco e é utilizada para posterior caracterização em ramos apropriado no

sistema de classificação.

Segundo o PMI (2013) e num contexto de gestão de projetos, os riscos

podem ser classificados por fontes de risco, por área afetada ou por categorias úteis

para determinar as áreas de um projeto que são mais expostas aos efeitos da

incerteza.

Esta identificação dos riscos é a etapa mais importante para esta pesquisa,

devido ao fato de que para realizar um estudo dos riscos da Indústria 4.0,

primeiramente será necessário mapeá-los.

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42

2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Este capítulo teve o intuito de descrever definições importantes que são

utilizadas no decorrer do trabalho. O conceito da Indústria 4.0 é discutido em formas

diversas assim como questões chaves envolvidas. Como trata-se do tema central da

pesquisa, sua fundamentação é ponto essencial para a pesquisa.

O tema de sustentabilidade é discutido no segundo tópico para trazer

conceitos chave que serão utilizados em algumas definições desenvolvidas para

agrupamento dos riscos no capítulo 4, além do tema do tripé da sustentabilidade que

é essencial para construção do framework teórico que é proposto em um dos objetivos

específicos.

O último tema, gerenciamento de risco, é um tema também muito importante

para fundamentar a questão voltada às incertezas que a indústria 4.0 pode gerar.

Assim, é um tópico importante para descrever como os riscos podem ser mapeados,

agrupados e estudados, embasando o atingimento do terceiro objeto específico:

“Realizar um estudo uma análise temática para o mapeamento e estudo dos riscos da

Indústria 4.0”.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Este capitulo descreve como o estudo foi desenvolvido. Na primeira seção a

caracterização da pesquisa é realizada. Em seguida, descreve-se como foi feita a

obtenção do portfólio bibliográfico que é utilizado para mapeamento dos riscos da

Indústria 4.0. Na terceira seção, é descrito como a análise temática foi realizada em

etapas. As seções quatro e cinco trazem informações gerais sobre a construção do

framework teórico baseado nos riscos mapeados e do modelo de categorização. Por

fim, um resumo da metodologia é realizado para que as informações possam ser

integradas em uma imagem.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa pode ser classificada, quanto a natureza, como básica, pois, de

acordo com Turrioni e Mello (2012) busca-se em uma pesquisa básica o progresso

científico e ampliação de conhecimento teóricos sem aplicações práticas, ou seja, tem

por meta o conhecimento pelo conhecimento. Assim, como a pesquisa é realizada

apenas através da literatura e construções teóricas, o estudo por ser caracterizado

desta forma.

Quanto aos objetivos, a pesquisa é classificada como exploratória pois busca

a partir de uma revisão bibliográfica mapear os riscos provenientes da implantação da

Indústria 4.0 sobre empresas do setor industrial. Segundo Turrioni e Mello (2012), a

pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema de

pesquisa com vista a torná-lo explícito ou a construir hipóteses podendo envolver

levantamento bibliográfico, entrevista com pessoas ou análise de exemplos que

estimulem compreensão. Segundo Gil (2008), este tipo de pesquisa normalmente é

aplicado em temas que são pouco explorados, na qual é difícil de formular hipóteses

operacionalizáveis.

Em relação a abordagem do problema, a pesquisa é caracterizada como

qualitativa, pois, assim como descrito por Turrioni e Mello (2012), o processo e seu

significado são focos principais de abordagem. Além disso, possui a característica

predominantemente descritiva considerando uma relação entre o mundo real e o

sujeito sem uma tradução direta em números.

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De acordo com Turrioni e Mello (2012), classifica-se este estudo quanto ao

método de pesquisa como soft system methodology (SSM) pois, auxilia na

estruturação do pensamento sobre problemas através de construção de modelos

conceituais e na comparação desses modelos com o mundo real.

Por fim, a técnica de coleta de dados deste estudo é através de pesquisa

bibliográfica. Segundo Gil (2008), este tipo de levantamento é elaborado

exclusivamente através de fontes bibliográficas constituídos de livros e artigos

científicos.

De forma resumida, podemos verificar a caracterização desta pesquisa no

Quadro 2 da página seguinte.

Quadro 2 – Resumo da Caracterização da Pesquisa

Caracterização da Pesquisa

Quanto à natureza Pesquisa Básica

Quanto aos objetivos Pesquisa Exploratória

Quanto a abordagem de pesquisa Pesquisa Qualitativa

Quanto ao método de pesquisa Soft System Methodology (SSM)

Quanto a técnica de coleta de dados Pesquisa Bibliográfica

Fonte: Autor (2019)

A seguir, será demonstrado como a Revisão bibliográfica Sistematizada (RBS)

foi realizada para mapeamento dos riscos da Indústria 4.0.

3.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SISTEMATIZADA (RBS)

A obtenção do portfólio bibliográfico baseou-se na busca através de uma revisão

bibliográfica sistematizada (RBS), utilizando a metodologia Methodi Ordinatio de

Pagani, Kovaleski e Resende (2015). Esta metodologia ordena artigos a partir de

critérios como o fator de impacto dos periódicos aos quais os artigos foram publicados,

o ano de publicação e número de citações. Para a aplicação desta metodologia as

etapas devem ser seguidas estão representadas na Figura 7.

Além disso, foi utilizado o software QSR Nvivo® versão 10 na Etapa 9 para

fazer o estudo dos artigos selecionados nas etapas anteriores e mapear os riscos da

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Industria 4.0. Portanto, as atividades desenvolvidas nas etapas da metodologia estão

descritas a seguir.

Figura 7 - Etapas do Methodi Ordinatio.

Fonte: Adaptado de Pagani, Kovaleski e Resende (2015).

Etapa 1 – Determinar a intenção da Pesquisa: A utilização desta metodologia de

revisão sistemática tem o objetivo de auxiliar no mapeamento dos riscos provenientes

da implantação dos conceitos e tecnologias da Indústria 4.0. Assim, a intensão da

pesquisa deste tópico contido dentro desta metodologia foi definida a partir de um dos

objetivos específicos descritos neste trabalho: mapeamento dos riscos da indústria

4.0 através de uma revisão sistemática da literatura. Estes riscos serão

posteriormente utilizados para construção do modelo de categorização.

Etapa 2 – Pesquisa exploratória preliminar com palavras-chave: Na segunda

etapa, foi realizada uma pesquisa preliminar com palavras-chave que se adequavam

ao estudo em dois principais eixos: “indústria 4.0” e “riscos” nas bases de dados

Scopus e Web of Science. Essas duas bases de dados foram selecionadas devido a

retornarem um montante de artigos com fator de impacto relevante.

Etapa 3 – Definição e combinação das palavras-chave: A terceira etapa se baseou

na identificação de variantes para os dois eixos e defini-las como palavras-chaves.

Para o eixo “Indústria 4.0”, as variantes foram baseadas no fato desse termo descrever

a tendência da digitalização e automação do ambiente de produção, bem como a

criação de valor digital. Assim, termos com propósito similar utilizados ao redor do

mundo encontrados na literatura foram empregados como as variantes da “indústria

1 - Determinação da intenção da Pesquisa

2 - Pesquisa Exploratória preliminar com palavras-chave

3 - Definição e combinação das palavras-chaves

4 - Pesquisa final nas bases de dados

5 - Processos de filtragem

6 - Levantamento do Fator de impacto, ano

de publicação e número de citações

7 - Ordenação dos Artigos Segundo o

InOrdinatio

8 - Obtenção dos artigos completos

9 - Leitura final e formação do portfólio

final

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4.0”. Para o eixo “Riscos”, as variantes foram baseadas na definição de risco segundo

a NBR ISO 31000:2018 como o “efeito da incerteza nos objetivos”. O Quadro 3 resume

quais foram tais variantes para cada eixo que posteriormente foram utilizadas como

palavras-chave.

Quadro 3 - Variantes para os dois principais eixos utilizadas como palavras-chave.

Indústria 4.0 Riscos

Industry 4.0 Risk*

Industrie 4.0 Uncertainty

Advanced Manufacturing Uncertainties

Industrial Internet Challenge*

Smart Manufacturing Barrier*

Fourth Industrial Revolution Driver*

Internet of Everything Opportunity

Made-in-China 2025 Opportunities

Fonte: Autor (2019)

O termo “Made-in-China 2025” foi utilizado devido a trazer questões de

desenvolvimento tecnológico semelhantes à Industria 4.0, assim, riscos relativos a

questões que os dois termos compreendem podem ser analisados.

Para algumas palavras-chave relativas ao eixo “Riscos”, suas versões plural e

singular foram utilizadas de forma separada devido as terminologias diferentes nestas

formas. As outras palavras-chaves que apenas necessitavam do acréscimo da letra

“S” para se tornar em sua versão plural, foi utilizado somente um asterisco.

Por fim, os dois eixos e suas variantes foram combinados uma a uma gerando

64 combinações diferentes. A Figura 8 mostra um exemplo das combinações, onde o

termo “Industry 4.0” é combinada com as variantes de “Risco”.

Figura 8 – Exemplo de combinação de variantes

Fonte: Autor (2019)

AND

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Etapa 4 – Pesquisa final nas bases de dados: A pesquisa final foi então realizada

através das combinações de palavras-chave descrita na etapa anterior nas bases de

dados Web of Science e Scopus para encontrar um número bruto de artigos. A relação

de todas as combinações, assim como a quantidade de artigos encontrados em cada

base de dados podem ser vistas no Apêndice A. De forma resumida, na Tabela 1 é

apresentado o resultado inicial deste levantamento.

Tabela 1 – Números de artigos encontrados em cada base de dados

Combinações Scopus Web of Science Total

Industry 4.0

Industrie 4.0

Advanced Manufacturing

Industrial Internet

Smart Manufacturing

Fourth Industrial Revolution

Internet of Everything

Made-in-China 2025

AND

Risk*

Uncertainty

Uncertainties

Challenge*

Barrier*

Driver*

Opportunity

Opportunities

5148 2622 7770

Fonte: Autor (2019)

Portanto, foi levantado um total bruto de 7770 artigos para realizar o estudo

em questão. As informações desses artigos extraídas em formato BibTex foram então

levadas ao software de gerenciamento de referências Mendeley Desktop©, onde o

processo de filtragem foi iniciado.

Etapa 5 – Processos de filtragem: O número bruto de artigos foi então filtrado

seguindo os seguintes critérios: “Exclusão de duplicatas”, “Exclusão de livros e

capítulos de livros”, “Exclusão pela leitura dos títulos” e “Exclusão pela leitura do

resumo”. Além disso, os artigos de conferência não foram excluídos devido ao

assunto ser recente e estes tipos de artigos poderem possuir conteúdos relevantes

para a pesquisa.

Na filtragem pelo critério de “Exclusão de duplicatas”, através de uma

ferramenta disponível no software Mendeley Desktop©, o número bruto de artigos foi

reduzido para 3190 artigos. Estes artigos, agora sem duplicatas, foram filtrados pela

“Exclusão de livros e capítulos de livros” como segundo critério de exclusão, no qual

o número de trabalhos diminuiu para 3088. Após isso, a terceira etapa de filtragem

através do critério de “Exclusão pela leitura dos títulos” reduziu o número de artigos

para 1246 que então passaram pelo último filtro através “Exclusão pela leitura dos

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resumos” levando ao número final do portfólio preliminar de 112 artigos. O resultado

dessas filtragens pode ser melhor visualizada na Tabela 2.

Tabela 2 – Resumo das etapas de filtragem

Etapas Artigos excluídos Quantidade

Número Bruto de Artigos - 7770

Filtro por duplicatas 4582 3190

Filtro pela exclusão de livros e capítulos de livros 102 3088

Filtro pela leitura de títulos 1842 1246

Filtro pela leitura de resumos 1134 112

Portfólio Final - 112

Fonte: Autor (2019)

Após isso, os 112 artigos do portfólio preliminar foram extraídos do

gerenciador de referências e lavados ao software Excel® para que pudessem ser

tabelados e analisados na etapa posterior.

Etapa 6 – Identificação do ano de publicação, fator de impacto e número de

citações: Nesta etapa, foram extraídas as informações dos 112 artigos do portfólio

preliminar necessárias para a realização da Etapa 7. O ano de publicação já estava

contido nos arquivos quando extraídos em formato BibTex na Etapa 4. O fator de

impacto foi consultado através da relação disponível no site da Clarivate Analytics e o

número de citações de cada artigo foi adquirido através do Google Scholar.

Etapa 7 – Ordenação dos artigos segundo o InOrdinatio: Esta etapa de ordenação

dos artigos proposta na metodologia, é realizada através do cálculo do índice

InOrdinatio através da seguinte expressão (1).

𝐼𝑛𝑂𝑟𝑑𝑖𝑛𝑎𝑡𝑖𝑜 = ((𝐹𝑖1000⁄ ) + 𝛼[10 − (𝐴𝑛𝑜𝑃𝑒𝑠𝑞 − 𝐴𝑛𝑜𝑃𝑢𝑏)] + (∑ 𝐶𝑖)) (1)

Onde, Fi: Fator de impacto do periódico; α: Coeficiente definido pelo pesquisador; AnoPesq: Ano em que a pesquisa foi realizada; AnoPub: Ano de publicação do artigo; Ci: Número de citações do artigo em outros trabalhos.

O Valor de α é atribuído pelo pesquisador podendo variar entre 1 e 10. Quanto

mais próximo de 1, menor será a importância que o pesquisador atribui ao ano de

publicação dos artigos, e quanto mais próximo de 10 maior será o peso do ano de

publicação no cálculo.

No entanto, como o portfólio final de artigos foi integralmente utilizado nesta

pesquisa, então esta ordenação não teve propósito prático. É melhor utilizado este

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ranqueamento quando há a necessidade de um critério de escolha entre as obras

mais relevantes do portfólio final (Pagani, Kovaleski, Resende, 2015).

Etapa 8 – Obtenção dos artigos por completo: Os 112 artigos foram adquiridos na

íntegra para que pudessem ser analisados na Etapa 9.

Etapa 9 – Leitura final e formação do portfólio final: Os artigos do portfólio

preliminar foram analisados no software QSR Nvivo® Versão 10 para que as

informações fossem melhor organizadas e os riscos pudessem estudados. No

entanto, durante a leitura dos artigos foi verificado que muitos deles não possuíam

informações que pudessem ser aproveitadas para o estudo dos riscos da Indústria

4.0. Desta forma, após a leitura dos 112 artigos, o número realmente utilizado nesta

pesquisa no mapeamento dos riscos da Indústria 4.0 foi de 66, os quais estão

disponíveis no Apêndice B em forma de tabela com suas informações de títulos,

autores, periódicos de publicação, fator de impacto das revistas e valor do InOrdinatio.

Os 66 artigos finais foram estudados primeiramente em uma análise

bibliométrica, brevemente comentada no subitem seguinte (3.3), e em uma análise

temática para estudo do conteúdo no próximo item (3.4).

3.3 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

Os 66 artigos foram primeiramente analisados com intuito de se obter um

panorama geral bibliométrico. Segundo DA SILVA, HAYASHI, HAYASHI (2011), a

análise bibliométrica é um estudo que possibilita construir indicadores para avaliar a

produção científica de indivíduos, áreas do conhecimento e países.

Desta forma, esta análise foi realizada a partir dos dados encontrados nos

artigos. Foram levantadas informações para encontrar o número de publicações em

cada ano através da data de publicação de cada artigo, os autores de maior

relevância, os periódicos de maior representatividade através do número de

publicações que possuem dentro do portfólio estudado e, por fim, os países de maior

relevância baseada nas afiliações referentes aos autores dos artigos.

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3.4 ANÁLISE TEMÁTICA

Utilizando os 66 artigos do portfólio final, o estudo dos riscos negativos

provenientes da implementação de conceitos e tecnologias da Indústria 4.0 foi

realizado a partir de uma análise temática. Segundo Braun e Clark (2006), a análise

temática é baseada no estudo de informações textuais com intuito de identificar,

analisar e relatar padrões ou temas em uma composição de dados. Para isto, quatro

etapas foram desenvolvidas: (1) Mapeamento Preliminar, (2) Estabelecimento de

critérios de agrupamento, (3) Agrupamento Final e (4) Estudo Quantitativo dos Riscos

Mapeados. Todas estas etapas foram realizadas com auxílio do software QSR Nvivo®

Versão 10. A Figura 9 apresenta a interface geral do programa.

Figura 9 – Interface software Nvivo® versão 10

Fonte: Nvivo® versão 10

As quatro etapas realizadas para análise temática são discutidas em detalhes

na sequência.

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3.4.1 Mapeamento Preliminar

O mapeamento preliminar foi realizado a partir do estudo de todos os artigos

individualmente a procura de indícios sobre riscos provenientes da Indústria 4.0. Isto

pôde ser feito através das etapas inicias de uma análise temática que, segundo Braun

e Clark (2006), são baseadas na leitura do conteúdo das fontes de informações e

posteriormente codificação de dados reunindo extratos relevantes a cada código.

Para isto, durante a leitura dos artigos os trechos que pudessem trazer informações

sobre tais riscos eram marcados através de uma codificação que o software QSR

Nvivo® permite chamada de “nó”. Nestes “nós” os trechos de texto podem ser

imputados e agrupados em caixas de conteúdo. Por exemplo, durante a pesquisa um

“nó” foi construído para que os trechos de texto com informações relativas a riscos

para o capital humano pudessem ser agrupados (Figura 10). Esse procedimento de

agrupamento de conteúdo foi então sendo repetido, onde os riscos foram sendo

identificados e o conteúdo dos artigos analisado.

Figura 10 - Exemplo de Nó construído no Nvivo®

Fonte: Nvivo® versão 10

Desta forma, os riscos com características comuns foram sendo agrupados

em “nós” de forma preliminar até que um padrão pudesse ser encontrado. A Figura

11, mostra vários agrupamentos construídos no Nvivo® ainda em fase experimental.

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Figura 11 - Agrupamento experimental dos riscos

Fonte: Autor com auxílio do Nvivo® versão 10 (2019).

Após a distribuição das informações em códigos (“nós”), em uma análise

temática uma das fases que podem ser realizadas é o agrupamento em temas. Estes

temas reúnem os códigos construídos em um sentido mais amplo relacionando-os

(BRAUN, CLARK, 2006). A etapa seguinte demonstra como isto é realizado.

3.4.2 Definição de Critérios de Agrupamento

Após o estudo preliminar, a segunda etapa é baseada na criação de temas

através de critérios de agrupamento com intuito de organizar os códigos mapeados

anteriormente em uma maneira mais lógica. Para isto, um padrão foi encontrado entre

os códigos no qual o agrupamento dos riscos poderia ser baseado nos efeitos que

podem gerar sobre a sustentabilidade das empresas.

Dessa forma, foram utilizados três conceitos de sustentabilidade já discutidos

anteriormente na revisão bibliográfica (item 2.2) que são utilizados como base de

criação dos temas: Sustentabilidade Econômica, Sustentabilidade Social e

Sustentabilidade Ambiental. O entendimento desses conceitos é descrito a seguir:

Sustentabilidade Econômica. É a capacidade de garantia de fluxo de caixa

suficiente para manter liquides e rentabilidade produzindo retorno persistente acima

da média para os acionistas (DYLLICK E HOCKERTS, 2002) além de não prejudicar

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a sustentabilidade dos sistemas com os quais está interagindo (SPANGENBERG,

2005).

Sustentabilidade Social. Trata-se da busca da melhoria da proteção das

pessoas promovendo políticas sociais, econômicas e ambientais justas, equitativas

(EIZENBERG, JABAREEN, 2017) e com qualidade de vida para a atual e futuras

gerações (BOSTRÖM, 2012).

Sustentabilidade Ambiental. É a condição de equilíbrio, resiliência e

interconectividade que permita que a sociedade humana possa satisfazer suas

necessidades de recursos e serviços das gerações atuais e futuras sem exceder a

capacidade de regeneração e saúde dos ecossistemas que os fornece (MORELLI,

2011).

Além desses três conceitos de sustentabilidade, é proposto nesse trabalho um

quarto conceito para a sustentabilidade, que se optou por denomina-lo de

Sustentabilidade Tecnológica 4.0 e descrito na sequência. A definição deste conceito

se mostrou necessário para a pesquisa devido a alguns riscos identificados possuírem

características e efeitos que afetam diretamente a utilização de tecnologias e

conceitos da Indústria 4.0. Neste contexto, a utilização eficiente dessas tecnologias é

primordial para o sucesso de empresas que pretendem se integrar na Quarta

Revolução Industrial onde, segundo Moktadir et al. (2018), a falta de uma política

estratégica de implantação é um desafio a ser enfrentado.

Sustentabilidade tecnológica 4.0. É a capacidade de manter, utilizar e

implantar tecnologias, sistemas tecnológicos e princípios da Indústria 4.0 de forma

completa e eficiente com intuito de conduzir a melhorias estruturais e aumentar valor

tecnológico garantindo desempenho social, econômico e ambiental. Esta definição foi

construída baseada na pesquisa de Lankoski (2016) que comenta sobre a

característica de sustentabilidade de possuir um elemento de durabilidade ou

capacidade de manter, no equilíbrio sustentável baseado no Triple Bottom Line de

Elkington (1998) e nos princípios de design da Indústria 4.0 de Hermann, Pentek e

Otto (2015).

Assim, partindo dos conceitos de sustentabilidade descritos anteriormente,

foram criados os temas de agrupamento de informações em forma de quatro

Dimensões de Risco: Riscos Econômicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais e Riscos

Tecnológicos. Essas dimensões compõem os riscos mapeados de acordo com sua

capacidade de afetar um dos conceitos de sustentabilidade propostos. Por exemplo,

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54

um risco econômico é o risco que pode impactar a sustentabilidade econômica, e

assim por diante.

Além disso, subdimensões foram propostas para representar áreas ou setores

de vulnerabilidade dentro de cada dimensão seguindo a proposta do PMI (2013), na

qual os riscos também podem ser agrupados de forma a determinar as áreas mais

expostas aos seus efeitos.

Feito a construção dos critérios de agrupamento, a etapa seguinte demonstra

como os riscos ficaram finalmente distribuídos.

3.4.3 Agrupamento final

Assim como comentado na etapa anterior, 4 dimensões foram desenvolvidas

como representantes dos temas. Dentro destas dimensões foram construídas 11

subdimensões (“subtemas”) que agrupam um total de 28 riscos negativos relativos à

implantação dos conceitos e tecnologias da Indústria 4.0. A Figura 12 mostra como

este agrupamento ficou distribuído no Nvivo®, onde é possível ver uma das dimensões

dividida em suas subdimensões e os riscos alocados. Cada risco foi construído em

formato de “nó”, onde ficam alocados os trechos de textos referentes aquele

determinado risco.

Figura 12 - Organização dos riscos no Nvivo

Fonte: Autor com auxílio do Nvivo® versão 10.

Dimensão

Subdimensão

Risco

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55

Além disso, os riscos foram identificados em símbolos com intuito de que

pudessem ser representados de forma esquemática em análises posteriores. Essa

identificação foi baseada nas iniciais da dimensão e subdimensão que cada risco

pertence além de uma numeração sequencial. A seguir, um esquema é demonstrado

na Figura 13.

Figura 13 - Exemplo de Identificação dos Riscos

Fonte: Autor (2019)

Por fim, um resumo de como o mapeamento dos riscos foi organizado pode ser

observado na Figura 14. Todos os riscos, foram discutidos individualmente a partir da

literatura.

Figura 14 - Resumo dos riscos mapeados

Fonte: Autor (2019)

Além das 4 dimensões encontradas, outro assunto foi encontrado durante o

mapeamento dos riscos e que estava presente em todas as dimensões: questões

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56

regulamentares. Estas questões foram tratadas em um tópico a parte (item 4.2.5) e

também discutidas nos resultados.

3.4.4 Estudo Quantitativo dos riscos

Para finalizar o estudo dos riscos, uma análise quantitativa referente a

porcentagem de representatividade de cada risco foi realizada. Apesar da análise

temática não possui caráter quantitativo (BRAUN, CLARK, 2006), Boyatzis (1998)

comenta que pode ser utilizada para transformar dados qualitativos em uma forma

que possibilite estudos estatísticos. Para isto, as informações encontradas no Nvivo®

referentes ao número de diferentes fontes utilizadas na discussão dos riscos foram

adquiridas. A Figura 15 mostra um exemplo deste tipo de informação encontrada.

Figura 15 - Informação sobre o número de fontes utilizadas na discussão dos riscos

Fonte: Autor com auxílio do Nvivo® versão 10.

Assim, a porcentagem de representatividade de cada risco foi calculada pela

relação entre o número de fontes utilizadas para sua construção sobre o total de 66

artigos do portfólio final.

3.5 ASPECTOS GERAIS SOBRE O MODELO DE CATEGORIZAÇÃO

A partir do conteúdo dos riscos discutidos nos resultados obtidos pelos passos

do item anterior foi possível encontrar relações entre as dimensões devido a alguns

riscos possuírem efeitos em diferentes dimensões simultaneamente. Dessa forma,

alguns riscos poderiam estar alocados em mais de uma dimensão. Baseado nisso,

cada risco foi estudado individualmente em todas as dimensões a procura de citações

que demonstrassem tais relações. Partindo do pressuposto que um risco classificado

em uma dessas dimensões possui efeito sobre a sustentabilidade que deu nome para

tal dimensão (e.g. Riscos Ambientais possuem efeitos sobre a sustentabilidade

ambiental), basta identificar quais outras sustentabilidades podem exercer efeito. Os

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57

quadros que possuem os resultados de tal análise, podem ser visualizados no

Apêndice C. A Figura 16 demostra um trecho de como esta análise foi realizada.

Figura 16 – Análise da Relação entre as dimensões

Fonte: Autor (2019)

Posteriormente, estas relações entre as dimensões foram então estudadas

baseado no Tripple Bottom Line de Elkington como forma de construir um framework

teórico. Esta representação é realizada para que os riscos mapeados possam ter uma

forma de visualização mais didática.

Partindo da análise das relações entre as dimensões, apesar dos riscos

mapeados estarem divididos em grupos (4 dimensões e 11 subdimensões), a

possibilidade de um risco permutar entre dimensões exige uma forma mais adequada

de categorizá-los. Portanto, para resolver esta condição, uma nova categorização é

proposta neste modelo.

Feito o desenvolvimento das novas categorias, os riscos mapeados são

novamente distribuídos. Baseado nisto, algumas considerações foram encontradas e

discutidas podendo trazer benefícios para os estudos dos riscos da Indústria 4.0.

Desta forma, as empresas poderão verificar uma maneira de categorizar os riscos

mapeados neste trabalho e também novos riscos que podem surgir.

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58

3.6 RESUMO DA METODOLOGIA

O resumo dos passos para construção desta pesquisa é esquematizado

através da Figura 17.

Figura 17 - Resumo da Metodologia

Fonte: Autor (2019)

3.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Neste capítulo é descrito de forma detalhada como os procedimentos da

pesquisa foram realizados. Primeiramente é feita a caracterização da pesquisa

demonstrando quais são os tipos de estudo e esta pesquisa faz parte. Em seguida

apresenta-se como a revisão bibliográfica sistematizada (RBS) foi realizada a partir

da metodologia utilizada. Esta revisão da literatura permitiu a construção de um

portfólio bibliográfico que foi utilizado em todas as etapas posteriores da pesquisa e

assim, o primeiro objetivo específico foi atingido.

A análise bibliométrica e a análise temática são descritos em etapas, das

quais os resultados podem ser vistos no capítulo seguinte.

Além disso, a breve descrição da construção do framework teórico e das

categorias de riscos baseadas no Triple Bottom Line é apresentada com intuito de

trazer uma primeira visão de como o estudo dos riscos em dimensões foi realizado.

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59

4 RESULTADOS DO ESTUDO DO PORFÓLIO DE ARTIGOS

Este capítulo traz os resultados referentes a análise bibliométrica (4.1) e

análise temática (4.2) dos 66 artigos do portfólio final levantados a partir da

metodologia proposta por Pagani, Kovaleski e Resende (2015) descritas no capítulo

anterior.

4.1 RESULTADOS DA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

O número de publicações por ano pode ser observado na Figura 18, na

qual pode-se visualizar que existe um crescimento exponencial à medida que os anos

se tornam mais recentes. Isso indica que o assunto estudado possui uma tendência

de aumento de pesquisas nos próximos anos. Esta pesquisa foi realizada em janeiro

de 2019.

Figura 18 – Gráfico da relação entre número de publicações relativo a cada ano

Fonte: Autor (2019*)

* Análise realizada em janeiro de 2019

O maior montante de artigo é de 2018 com uma quantidade de 39 artigos

representando aproximadamente 59,1 % do total. Assim, esta pesquisa possui um

caráter atual, pois o tema está em alta. Apesar da base de artigos representada neste

gráfico possuir esta tendência, o assunto discutido no presente trabalho relativo aos

“riscos da Indústria 4.0” até a data de levantamento deste portfólio não possuiu

nenhum artigo tratando desta temática de forma específica. Portanto, trata-se de um

ramo de estudo novo na academia.

4 6

15

39

2

0

10

20

30

40

50

"2015" "2016" "2017" "2018" "Jan/2019"

Número de Publicações por Ano

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60

O estudo dos Journals com maior representatividade dentro deste portfólio

de 66 artigos pode ser observado na Tabela 3. Foram encontrados apenas quatro

periódicos que publicaram mais que dois artigos no período analisado: Process Safety

and Environmental Protection, AI & Society, IEEE Access e Sustainability. Isto mostra

uma grande pulverização de publicações do tema.

Tabela 3 – Relação de representatividade dos periódicos

Journal Quantidade de artigos

Fator de Impacto

Representatividade (%)

Process Safety and Environmental Protection 5 2,905 7,57

AI & Society 4 0 6,06

IEEE Access 3 3,557 4,55

Sustainability 3 2,075 4,55

IEEE Transactions on Industrial Informatics 2 5,430 3,03

Journal of Manufacturing Systems 2 3,699 3,03

Computer in Industry 2 2,850 3,03

Technological Forecasting and Social Change 2 3,131 3,03

International Journal of Production Research 2 2,623 3,03

Procedia Manufacturing 2 0 3,03

Procedia CIRP 2 0 3,03

Advances in Intelligent Systems and Computing 2 0 3,03

Demais Journals 30 - 45,46

Eventos 5 - 7,57

Total 66 - 100

Fonte: Autor (2019)

Uma outra análise que se pode realizar é elencando os sete Journals com

maior fator de impacto segundo o Índice JCR (Journal Citation Report), onde é

possível perceber que temos periódicos de alta influência acadêmica no estudo.

Tabela 4 – Periódicos com maior fator de impacto utilizados na pesquisa

Journal Quantidade de artigos Fator de Impacto

Science 1 41,058

Nature Nanotechnology 1 37,490

IEEE Communications Magazine 1 9,270

Proceedings of the IEEE 1 9,107

IEEE Signal Processing Magazine 1 7,451

IEEE Transactions on Industrial Informatics 2 6,764

Technovation 1 4,802

Fonte: Autor (2019)

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61

Em relação aos países com maior representatividade, a análise foi

realizada baseada nos países das afiliações referentes aos autores dos artigos. Dessa

forma, como um mesmo artigo pode conter mais de um autor, ele também pode conter

mais de uma afiliação. Isto leva a possibilidade de um país pontuar mais de uma vez

no mesmo estudo. Assim, o resultado dessa análise está disponível na Tabela 5, na

qual os países estão dispostos em ordem decrescente com relação ao número de

artigos em que esteve presente através de suas afiliações.

Tabela 5 – Relação dos países e a quantidade de artigos em que estavam presentes

País Quantidade de artigos País Quantidade de artigos

EUA 25 França 2

Reino Unido 18 Japão 2

Alemanha 16 Suíça 2

China 14 Taiwan 2

Itália 10 Bélgica 1

Brasil 5 Dinamarca 1

Suécia 5 Espanha 1

Canadá 4 Finlândia 1

Índia 4 Gana 1

Portugal 4 Holanda 1

Bangladesh 3 Hong Kong 1

Eslovênia 3 Noruega 1

Hungria 3 Paquistão 1

Malásia 3 República Tcheca 1

México 3 Rússia 1

Arábia Saudita 2 Singapura 1

Áustria 2 Tunísia 1

Fonte: Autor (2019)

Através dessa análise é possível perceber que o país com maior influência na

pesquisa em questão é os EUA seguido do Reuni Unido. Além disso, a Alemanha

estar entre os países mais representativos era um fato esperado devido ao termo

“indústria 4.0” ter surgido neste país. No entanto, o Reino Unido, a China e a Itália

também tiveram uma pontuação elevada. Assim, pode-se observar que a pesquisa

possui uma ampla variedade de países atuantes em seu desenvolvimento.

A última análise bibliográfica é relativa aos autores de maior relevância. O

resultado desta análise está disponível na Tabela 6, na qual observar-se informações

sobre o nome do autor, o h-index do autor (índice disponível pela Scopus que mede

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62

tanto a produtividade como o impacto dos autores dentro desta base de dados), a

afiliação do autor, o país da afiliação, número de artigos em que o autor teve

participação e a porcentagem de representatividade do autor sobre o total de artigos.

Tabela 6 – Relação dos autores com maior relevância na pesquisa

Autor h-

índex Afiliação País

Quantidade de Artigos

Representa-tividade (%)

Voigt, K.-I. 9 Friedrich-Alexander University Erlangen-

Nürnberg Alemanha 4 6,06

Wan, J. 36 South China University of

Technology China 4 6,06

Kiel, D. 5 Friedrich-Alexander University Erlangen-

Nürnberg Alemanha 3 4,55

Wang, S. 10 South China University of

Technology China 3 4,55

Arnold, C. 4 Friedrich-Alexander University Erlangen-

Nürnberg Alemanha 2 3,03

Gunasekaran, A. 60 California State University EUA 2 3,03

Kamble, S.S. 8 National Institute of

Industrial Engineering (NITIE)

Índia 2 3,03

Li, D. 22 South China University of

Technology China 2 3,03

Müller, J.M. 5 Friedrich-Alexander University Erlangen-

Nürnberg Alemanha 2 3,03

Stock, T. 3 Technische Universität

Berlin Alemanha 2 3,03

Vasilakos, A.V. 83 Luleå University of

Technology Suécia 2 3,03

Fonte: Autor (2019)

O restante dos autores não apresentados na Tabela 6 estiveram presentes

em apenas um único artigo. Portanto, a partir dos dados da Tabela 6 é possível

perceber que não há uma representatividade tão expressiva entre os autores de maior

relevância onde os autores Voigt, K.-I. e Wan, J. na primeira colocação possuem

apenas 6,15% sobre o total de artigos. Isso pode ter ocorrido devido ao tema de

pesquisa (“riscos da indústria 4.0”) possuir certo ineditismo e ainda pode não haver

autores referência no assunto. No entanto, existe uma proeminência da Alemanha

entre estes autores o que, como aconteceu na análise dos países mais relevantes,

era esperado devido a ser o berço da Indústria 4.0. Outro fator observável nesta tabela

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63

é o fato da Universidade alemã Friedrich-Alexander University Erlangen-Nürnberg ser

afiliação da maioria dos autores neste levantamento.

4.2 ANÁLISE TEMÁTICA: OS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0

Considerando a metodologia de mapeamento, os 28 riscos agrupados nas 4

dimensões e 11 subdimensões são discutidos nesta seção. A distribuição dos riscos

é apresentada no Quadro 5 juntamente com os autores utilizados para formular a

conceituação e construção dos riscos. Além disso, a codificação para cada risco

demonstrada na metodologia também está representada em uma coluna do Quadro

5. Outra informação que pode ser encontrada neste mapeamento são as fontes e

efeitos dos riscos. Essas informações trazem um esqueleto mais completo de cada

um dos riscos.

A Figura 19, já apresentada na metodologia é novamente trazida aqui para

melhor visualização do mapeamento realizado.

Figura 19 - Resumo dos Riscos Mapeados

Fonte: Autor (2019)

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64

Quadro 4 – Riscos da Indústria 4.0

RISCOS ECONÔMICOS

Cód. Risco Fonte Efeito Autores

Su

bd

ime

ns

õe

s

Fin

ance

iro REF1

Risco de altos custos de implantação

Alto grau de complexidade da infraestrutura de implantação

- Desprendimento de grandes quantias em investimentos;

Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Moktadir et al. (2018); Li, Hou e Wu (2017); Luthra e Mangla (2018); Kiel et al. (2017);

Liao et al. (2018)

REF2 Risco de retorno financeiro incerto

Falta de clareza sobre os custos-benefícios das

tecnologias

- Prejuízo sobre investimentos; - Não atingimento de metas de implantação;

Man e Strandhagen (2017); Kamble, Gnasekaran e Sharma (2018); Le e Le

(2015); Kiel et al. (2017); Müller, Buliga e Voigt (2018)

Pla

ne

jam

en

to e

Gestã

o

REP1 Risco de imprecisão

na implantação Falta de planejamento ou

padrão de implantação

- Implantação ineficaz; - Adoção de soluções de baixa incorporação de valor; - Adoção de soluções de baixo impacto positivo; - Utilização ineficiente de tecnologias;

Schneider (2018); Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Müller, Buliga e Voigt

(2018); Moktadir et al. (2018); Müller, Kiel, Voigt (2018); Piccarozzi, Aquilani e Gatti (2018); Freddi (2018); Kiel et al. (2017)

REP2

Risco de autossabotagem

sobre a cadeia de valor

Falta de planejamento da cadeia de suprimentos

- Enfraquecimento da cadeia de suprimentos; - Parceiros com dificuldades de acompanhamento tecnológico; - Pressão sobre PMEs

Müller, Kiel e Voigt (2018); Sommer (2015); Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Luthra e Mangla (2018); Müller, Buliga e

Voigt (2018)

REP3 Risco de

dependência de parceiros

Falta de competência interna para desenvolvimento de

tecnologias - Monopolização de fornecedores;

Müller, Buliga e Voigt, (2018); Schneider, (2018); Kiel et al., (2017)

Me

rca

do

REM1 Risco de problemas

de concorrência Surgimento facilitado de

novos players

- Pressão competitiva; - Dificuldade mercadológica; - Colapso competitivo;

Barreto, Amaral e Pereira (2017); Kiel, et al. (2017); Freddi (2018); Li, Hou e Wu (2017)

REM2 Risco de

intervenções negativas de clientes

Clientes com alta influência na criação de valor

- Confusão na atribuição de valor; - Dificuldade de atingimento de objetivos estratégicos;

Li, Hou e Wu (2017); Kamble, Gunasekaran e Gawankar (2018); Barreto, Amaral e

Pereira (2017); Kiel, Arnold e Voigt (2017); Pilloni, (2018); Müller, Buliga e Voigt, (2018)

REM3 Risco de dificuldade

de aceitação de clientes

Resistência as inovações tecnológicas

- Perda de clientes; - Perda de mercado consumidor;

Kiel, Arnold e Voigt (2017); Kiel et al. (2017); Schneider (2018)

Continua

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65

Continuação

RISCOS SOCIAIS

Cód. Risco Fonte Efeito Autores

Su

bd

ime

ns

õe

s

Cap

ital H

um

an

o

RSC1 Risco de falta de

mão de obra qualificada

Exigência de qualificação para utilização das novas

tecnologias

- Dificuldade de desenvolvimento de

trabalhadores;

- Utilização ineficiente de tecnologias;

- Imprecisão na implantação da Indústria 4.0;

- Aumento de custos para contratação de mão de obra qualificada;

Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Li, Hou e Wu (2017); Moktadir et al. (2018); Kiel et al. (2017); Freddi (2018); Imran e

Kantola (2018); Lee e Lee (2015); Saucedo-Martínez et al. (2018); Tupa, Simota e

Steiner, (2017)

RSC2 Risco de relutância a

mudanças Má gestão da transferência

de conhecimento

- Aumento da dificuldade de implantação da

Indústria 4.0;

- Difusão ineficiente do conceito da indústria 4.0;

Pressão sobre trabalhadores;

Luthra e Mangla (2018); De Souza Jabbour et. al., (2018); Schneider (2018)

RSC3 Risco à integridade

física de trabalhadores

Novas formas de interação homem-máquina

- Acidentes de trabalho;

- Custo de adaptação de maquinários;

Badri, Boudreau-Trudel e Souissi, (2018); Robla-Gómez et al. (2017); Gobbo Junior et

al. (2018); Gao et al. (2015); Jansen e Jeschke (2018)

RSC4 Risco de problemas

psicossociais

Pressões sobre trabalhadores devido as mudanças

tecnológicas - Adversidades psicossociais de trabalhadores;

Badri, Boudreau-Trudel e Souissi, (2018); Hirschi, (2018); Imran e Kantola (2018)

So

cie

da

de

RSS1 Risco de aumento da

desigualdade e tensões sociais

Vantagens para uma menor classe da sociedade

- Diminuição do bem-estar social;

- Desigualdade Salarial;

- Desigualdade na distribuição de renda;

- Acumulação de renda;

- Desigualdade entre países;

Maynard (2015); Salento (2018); Caruso (2017); Bonilla et al. (2018); Li, Hou e Wu

(2017); Rajnai e Kocsis (2017); Freddi (2018)

RSS2 Risco de perda de

posições de trabalho Substituição da mão de obra

por máquinas

- Pressão sobre trabalhadores;

- Impactos e problemas sociais;

Li, Hou e Wu (2017); Freddi, (2018); Caruso (2017); Fonseca (2018); Salento (2018);

Hirschi, (2018)

Ética

e L

eg

alid

ad

e

RSE1 Risco de

inteligências artificias antiéticas

Inteligências artificias com capacidades decisórias

- Dificuldade nas responsabilizações das

consequências geradas por AIs;

- Influência de máquinas nas decisões humanas;

- Escolhas antiéticas de máquinas;

- Acidentes entre trabalhadores e máquinas

Taddeo e Floridi (2018); Winderfiel et al. (2019)

RSE2 Risco de invasão de

privacidade Acesso a dados privados

- Consequências éticas e legais;

- Utilização de informações sem consentimento

dos usuários;

- Segurança pessoal fragilizada;

Lee e Lee (2015); Zhou et al. (2018); Roblek, Meško e Krapež (2016); Sisinni et

al. (2018); Strange e Zucchella (2017); Romero et al. (2018); Özdemir (2018)

Continua

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66

Continuação

RISCOS AMBIENTAIS

Cód. Risco Fonte Efeito Autores

Su

bd

ime

ns

õe

s

Recu

rso

s N

atu

rais

RAR1

Risco de alto consumo de

recursos naturais para produção de

tecnologias

Fabricação das novas tecnologias 4.0

- Aumento da utilização de recursos escassos;

- Sobrecarga ambiental; Bonilla et al. (2018); Stock et al. (2018);

RAR2

Risco de alto consumo de energia

para operação de tecnologias

Operação das novas tecnologias 4.0

- Custos com alto consumo de energia; Zhou et al. (2018); Pilloni (2018); Moktadir

et al. (2018); Li et al. (2017);

Con

tro

le d

e

po

luen

tes RAC1

Risco de aumento de lixo eletrônico e

resíduos

Falta de interoperabilidade de equipamentos e utilização de recursos de difícil reciclagem

- Descarte de obsoletos no meio ambiente;

- Altos custos de reciclagem; Bonilla et al. (2018); Stock et al. (2018)

RAC2 Risco de aumento de

consumo de combustíveis

Fabricação de equipamentos, transporte de obsoletos e alto

consumo de energia - Poluição atmosférica;

Bonilla et al. (2018); Stock et al. (2018); Moktadir et al. (2018)

RISCOS TECNOLÓGICOS

Cód. Risco Fonte Efeito Autores

Su

bd

ime

ns

õe

s

cnic

os

RTT1 Risco de

interferência nos sinais

Ambiente com excesso de equipamentos conectados e condições desafiadoras do

ambiente fabril

- Baixa eficiência no trânsito de informações;

- Baixa confiabilidade de informações;

- Impacto sobre a produtividade;

Pilloni, (2018); Preuveneers e Ilie-Zudor, (2017); Sisinni et al. (2018); Li et al. (2017)

RTT2 Risco de

incapacidade técnica da rede

Rede de internet com baixa capacidade técnica

- Atraso no intercâmbio de dados;

- Alto consumo de energia para diminuição de

latência.

- Impacto sobre equipamentos físicos;

- Baixo desempenho do controle em tempo real;

He et al. (2016); Khan et al. (2017); Pilloni (2018); Preuveneers e Ilie-Zudor (2017);

Sisinni et al. (2018); Moktadir et al. (2018); Luthra e Mangla (2018); Chen et al. (2018)

RTT3 Risco de falta de interoperabilidade

Equipamentos e sistemas incompatíveis

- Baixa integração de equipamentos e sistemas;

- Aumento de custo de implantação de novas

tecnologias;

- Ajustes de equipamentos antigos;

- Lixo eletrônico;

Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Khan et al. (2017); Wan et al. (2016); Ur

Rehman (2018); Pilloni (2018); Sisinni et al. (2018); Xu, Xu e LI (2018); Gao et al.

(2015); Kalør et al. (2018); Bonilla et al. (2018); Kiel et al. (2017)

Continua

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67

Fonte: Autor (2019).

Continuação

RISCOS TECNOLÓGICOS

Cód. Risco Fonte Efeito Autores

cnic

os

RTT4 Risco de caos

tecnológico Hiperconectividade

- Impacto sobre o desempenho de um sistema;

- Impacto sobre o desempenho de uma cadeia

de suprimentos;

- Propagação de erros de forma generalizada e descontrolada;

Stock e Seliger (2016); Maynard (2015); Lee e Lee (2015); Özdemir (2018); Ivanov,

Dolgui e Sokolov, (2018)

Se

gu

rança

de

Da

do

s

RTS1 Risco de ataque

cibernético Sistema de segurança de

dados ineficiente

- Queda produtividade;

- Danos financeiros;

- Lesão de trabalhadores;

- Produtos defeituosos;

- Vazamento e manipulação de dados;

- Sucateamento de máquinas;

- Danos ambientais;

- Espionagem industrial;

- Ataques terroristas;

Tupa, Simota e Steiner (2017); Jansen e Jeschke (2018); Tuptuk e Hailes (2018); Wu

Song e Moon (2019); Radanliev et al. (2018); He et al. (2016); Lezzi, Lazoi e

Corallo (2018); (Gao et al., 2015); Kamble, Gunasekaran e Sharma (2018); Kiel et al. (2017); Lee e Lee (2015); Maynard (2015); Pilloni, (2018); Özdemir (2018); Strange e

Zucchella (2017); Wang et al. (2016); Zhou et al. (2018); Dawson (2018), WU et al.,

(2018); Kiel et al. (2017)

RTS2 Risco de divulgação de dados privados

Sistema de segurança de dados ineficiente

- Perda de lucratividade;

- Vazamento de dados privados alheios;

- Problemas legais;

- Fragilização da reputação empresarial;

Müller, Buliga e Voigt (2018); Freddi (2016); Roblek, Meško e Krapež (2016); Xu, Xu e li

(2018)

Ge

stã

o d

e D

ado

s RTG1

Risco de análise ineficaz dos dados

Sobrecarga de dados

- Baixa eficiência no trânsito de informações;

- Comprometimento da análise em tempo real;

- Custos com processamentos desnecessários;

- Comprometimento de sistemas;

Foidl e Felderer (2016); He et al. (2016); Khan et al. (2017); Ivanov, Dolgui e

Sokolov, (2018); Wang et al. (2016); Li et al. (2017); Ur Rehman (2018)

RTG2 Risco de dados de

má qualidade Sobrecarga de dados

- Baixa confiabilidade de informações;

- Baixa precisão das informações;

- Tomada de decisões erradas;

- Custos com processamento de dados não

proveitosos;

- Sistemas de análise de informação ineficientes;

Ur Rehman (2018); Li et al. (2017); Kirchen et al. (2017); Yan et al. (2017); Xu, Xu e LI (2018); Chen et al. (2018); Luthra e Mangla

(2017)

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A seguir é realizada a discussão dos riscos apresentados no Quadro 5.

4.2.1 Riscos econômicos

Além de estudar como as tecnologias podem desempenhar ações num

contexto da Quarta Revolução Industrial, entender como implantá-las, qual as suas

consequências e quais riscos econômicos estão envolvidos são pontos importantes a

serem tratados para a estruturação de um plano tecnológico. Dessa forma, as

incertezas relativas à Indústria 4.0 com relação a sustentabilidade econômica são

discutidas a seguir.

4.2.1.1 Financeiro

• (REF1) – Risco de alto custo de implantação

Devido à concorrência, as empresas necessitarão responder às mudanças de

mercado que as novas tecnologias provocam ajustando-se de maneira oportuna e

positiva (LI, HOU, WU, 2017). No entanto, o alto grau de complexidade para

desenvolver uma infraestrutura adequada para implementação da Indústria 4.0 pode

exigir pesados custos de investimento (KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA, 2018;

MOKTADIR, 2018; KIEL et al., 2017; LUTHRA, MANGLA, 2018). Investimento em

parques de máquinas e estruturação de sistemas de TI serão necessários (MÜLLER,

BULIGA, VOIGT, 2018) Para Liao et al. (2018), este é um desafio em potencial pois,

uma infraestrutura de apoio bem implementada pode ditar uma eficaz instalação dos

conceitos e tecnologias da indústria 4.0.

Além disso, segundo Li, Hou e Wu (2017), para uma transformação eficiente,

as empresas necessitarão investir não somente em problemas atuais e fixos, mas

também para desenvolvimentos futuros. E ainda, pode haver a necessidade de altos

investimentos em mão de obra qualificada (KIEL et al., 2017) e treinamentos

(MÜLLER, BULIGA, VOIGT, 2018), onde habilidades técnicas serão cada vez mais

requisitadas (LI, HOU, WU, 2017).

Portanto, o desprendimento de capital pode ser alto e empresas devem ficar

atentas para que o elevado custo não seja aplicado de forma danosa.

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• (REF2) – Risco de retorno financeiro incerto

Todo investimento possui incertezas quanto aos seus retornos, e com a

implantação da indústria 4.0 não é diferente. O custo-benefício dos investimentos na

Quarta Revolução Industrial ainda não possui uma definição clara. As tecnologias

emergentes, mesmo demandando grandes investimentos, podem não ter os retornos

monetários esperados (KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA, 2018). Por exemplo,

segundo Lee e Lee (2015) e Kiel et al. (2017), as empresas devem ser cuidadosas

quanto ao investimento em tecnologias como a IoT devido aos potenciais benefícios

ainda serem incertos. Na pesquisa de Müller, Buliga e Voigt (2018), entrevistados

percebem a Indústria 4.0 como muito custosa no curto prazo enquanto os seus

benefícios podem ser sentidos a longo prazo. Os autores também trazem a

preocupação sobre a possibilidade da Indústria 4.0 aumentar substancialmente os

custos enquanto a disposição dos clientes em pagar pode não aumentar

proporcionalmente.

Müller, Buliga e Voigt (2018), ainda comentam que a criação de valor pode

ser um desafio, pois empresas que investem em coleta de informações através das

tecnologias da Indústria 4.0, podem ter dificuldade em colocá-las em uso comercial.

Além disso, de acordo com Man e Strandhagen (2017), os custos das soluções da

Indústria 4.0 em algumas áreas como apoio de serviços ao cliente, otimização da

cadeia de suprimentos e facilitação de práticas sustentáveis não estão atualmente

mapeados. Dessa forma, é um desafio fazer estimativas sobre seus retornos e

desenvolver uma relação de custo-benefício.

Portanto, as empresas precisam estar atentas a esse tópico devido ao fato de

que escolhas errôneas de tecnologias podem ser custosas e não garantir o

atingimento de melhorias e tendências esperadas.

4.2.1.2 Planejamento e Gestão

• (REP1) – Risco de imprecisão na implantação da Indústria 4.0

Apesar das oportunidades gerais da indústria 4.0 já estarem bem

documentadas (SCHNEIDER, 2018), existe falta de padrões de implantação

(KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA, 2018). Há uma escassez de estudos

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quantitativos voltadas para as demandas da indústria 4.0 com foco em entender quais

são os serviços digitais realmente necessários e urgentes ou quais serviços os

clientes estão dispostos a pagar (SCHNEIDER, 2018). É importante entender a

relação de criação de valor a partir de soluções da indústria 4.0 (MÜLLER, BULIGA,

VOIGT, 2018). Dessa forma, o desconhecimento desse tipo de informação pode levar

uma implementação equivocada iniciando por soluções digitais de menor impacto

positivo. Segundo Kiel et al. (2017) a implementação de tecnologias imaturas pode

ameaçar a qualidade de produtos e do processo, bem como a robustez da produção.

Além do mais, gerentes podem tem dificuldade em desenhar estratégias de

implementação nos casos específicos de suas corporações (SCHNEIDER, 2018),

onde as empresas devem estar prontas para mudar do topo as raízes (PICCAROZZI,

AQUILANI, GATTI, 2018). Moktadir et al. (2018) levanta a falta de uma política

estratégica em relação a indústria 4.0 como um desafio para a implantação, o que

também pode envolver a necessidade de mão de obra qualificada para sua correta

construção. Para Müller, Kiel, Voigt (2018), a implantação exige que oportunidades

compensem os desafios e os riscos sejam avaliados.

Em um cenário de longo-médio prazo, a pesquisa de Freddi (2018) trouxe a

discussão sobre algumas tecnologias terem desenvolvimento evolutivo acelerado e

as empresas não possuírem a mesma taxa de desenvolvimento, assim, quando as

empresas estão prontas para adotar novas soluções, as tecnologias podem já ter

progredido para um estágio adicional. Segundo Caruso (2017), existe uma lacuna

entre o crescimento exponencial das tecnologias e a taxa lenta de adoção de

inovações pelas empresas.

• (REP2) – Risco de autossabotagem sobre a cadeia de valor

As cadeias de valor de corporações podem conter Pequena e Médias

Empresas (PMEs) como participantes ativas. No entanto, segundo o estudo de Müller,

Kiel e Voigt (2018), as tecnologias e conceitos da Indústria 4.0 possuem relações

positivas mais fortes em grandes empresas do que em PMEs. A pesquisa de Sommer

(2015), mostrou que empresas grandes se sentem mais preparadas para a Indústria

4.0 que as menores. Além do mais, essa pesquisa também mostra que quanto menor

o tamanho da empresa, maior o risco de se tornarem vítimas em vez de beneficiários

da Quarta Revolução Industrial. De acordo com Kamble, Gunasekaran e Sharma

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(2018) e Luthra e Mangla (2018), é difícil adotar tecnologias da indústria 4.0 em PMEs

devido à falta ou disponibilidade de fundos. Ou ainda, Sommer (2015), comenta que

PMEs podem ter dificuldades quanto à escassez de know how e de capital humano

qualificado. Isso fica mais evidente na pesquisa de Müller, Buliga e Voigt (2018), na

qual PMEs revelam possuírem esta falta de expertise para lidar com os desafios

trazidos pela Indústria 4.0 bem como sua necessidade de auxílio externo como

governo e comunidades comerciais.

Dessa forma, num contexto onde grandes empresas podem afetar a própria

cadeia de suprimentos devido aos investimentos em tecnologias da Quarta Revolução

Industrial, PMEs podem ter dificuldades na adaptação digital. Assim, aumentar as

pressões de digitalização sobre parceiros de menor porte, pode afetar também os

investidores do topo da cadeia, onde, segundo Sommer (2015), ampliar a diferença

entre PMEs e grandes corporações não é interessante.

• (REP3) – Risco de dependência de parceiros

A conexão dos integrantes em toda uma cadeia de valor devido a digitalização

proposta pela Indústria 4.0 requer completa abertura, cooperação e confiança. Isto é

referente não apenas a parceiros, mas também clientes e fornecedores. Assim, a

cooperação é um desafio crítico para a integração horizontal interempresarial (KIEL et

al., 2017). Neste contexto de integração, empresas podem se beneficiar de

tecnologias e modelos de negócios cooperativos (SCHNEIDER, 2018), no entanto, o

alto envolvimento pode trazer problemas para as empresas que temem ficar

dependentes de companhias experientes de TI (Tecnologia da Informação) possuídas

de conhecimentos e expertise necessárias para o desenvolvimento tecnológico

(MÜLLER, KIEL, VOIGT, 2018; SCHNEIDER, 2018).

4.2.1.3 Mercado

• (REM1) – Risco de problemas de concorrência

Organizações e empresas estão profundamente interessadas em encontrar

novas tecnologias com intuito de oferecer melhores serviços e, assim, aumentar sua

vantagem competitiva (BARRETO, AMARAL, PEREIRA, 2017). Espera-se que as

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novas tecnologias como IIoT (Industrial Internet of Things) aumentem a

competitividade se as empresas forem capazes de aproveitar propositalmente a

dinâmica de mercado acelerada e as mudanças das fronteiras industriais (KIEL, et al.,

2017). No entanto, o aumento de competitividade pode representar uma ameaça de

crescente concorrência devido ao surgimento de novas áreas de negócio e a mudança

do equilíbrio de mercado (KIEL, et al., 2017). Através da digitalização, os limites de

empresas individuais podem desaparecer possibilitando a integração de companhias

de diferentes setores e de diferentes regiões geográficas (XU, XU, LI, 2018). Um

aumento da quantidade de players de mercado pode surgir rapidamente facilitados

pelas alterações de tais fronteiras industriais (KIEL, et al., 2017). Além disso, os líderes

tecnológicos têm mudado a expectativa de clientes quanto a como os produtos devem

ser, levando as empresas a mudarem seu modelo de negócios (LI, HOU, WU, 2018),

em que serviços oferecidos estão aumentando sua capacidade de criação de valor

(FREDDI, 2018). Um fato que pode influenciar estes novos modelos de negócio é a

questão de que a personalização é algo cada vez mais procurada por clientes, onde

para atender tais necessidades individuais, as empresas começam a converter a

cadeia de valor do lado da produção para o lado do serviço (LI, HOU, WU, 2018). Ou

ainda, para Stock e Seliger (2016), vender funcionalidade, acessibilidade e serviços

de valor agregado além de apenas o produto tangível, será um conceito de liderança

no mercado.

Assim, se as empresas não puderem responder às mudanças de mercado de

forma oportuna e positiva, é provável que enfrentem os desafios da concorrência e

até mesmo entrem em colapso (LI, HOU, WU, 2017).

• (REM2) – Risco de intervenções negativas de clientes

Assim como comentado no risco anterior, a partir da transformação digital e o

uso de sistemas inteligentes, novos modelos de negócio surgirão e empresas estarão

mais próximos das necessidades individuais dos consumidores (BARRETO,

AMARAL, PEREIRA, 2017), onde além de produtos as empresas necessitarão

fornecer serviços. Neste cenário, o ponto de vista dos clientes se torna ainda mais

importante que antes (KIEL, ARNOLD, VOIGT, 2017).

Num contexto em que empresas utilizam tecnologias que permitam a

personalização ou customização de produtos, as companhias colocarão o cliente

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73

como um participante ativo no processo de criação de valor de um produto. Clientes

poderão intervir e ajustar especificações não apenas antes da finalização de um

pedido, mas também durante o projeto, fabricação, montagem e teste (LI, HOU, WU,

2017), incorporando também mudanças de última hora possibilitando customização

em massa (PILLONI, 2018). Assim, empresas podem ter dificuldades em atingir seus

objetivos se houverem clientes influindo no processamento de forma a otimizar seus

ganhos. Por exemplo, a empresa pode ter o valor de sustentabilidade como algo

importante dentro da organização, no entanto, o cliente pode avaliar esse valor como

item de baixa prioridade (KAMBLE, GUNASEKARAN, GAWANKAR, 2018). Além do

mais, o alto índice de personalização e demandas individuais que podem surgir,

dificultam e atrasam a implementação de soluções da indústria 4.0 devido a levarem

a baixas taxas de padronização (MÜLLER, BULIGA, VOIGT, 2018).

• (REM3) – Risco de dificuldade de aceitação de clientes

A utilização de novas tecnologias e novas formas de apresentar um produto

ou serviço para clientes pode gerar desafios de aceitação. Segundo Kiel et al. (2017),

trabalhando de forma orientada à clientes e serviços, desafios podem surgir quanto a

envolver e entender de perto os problemas e expectativas dos consumidores. Para

Kiel, Arnold e Voigt (2017), a partir da conectividade através de tecnologias como a

IIoT, novos segmentos de clientes podem surgir além dos limites das empresas.

Assim, equipes de vendas especializadas serão necessárias para enfrentar os

desafios de convencer clientes sobre a natureza benéfica dos novos recursos. Neste

contexto, segundo Schneider (2018), estudos devem ser feitos para entender melhor

quais os serviços os clientes estão dispostos a pagar.

Dessa forma, os prós e contras dessas novas oportunidades devem ser

estudadas de forma estratégica (KIEL, ARNOLD, VOIGT, 2017) para que clientes não

sejam perdidos.

4.2.2 Riscos Sociais

A digitalização de empresas também pode trazer consequências sociais tanto

interna como externamente às suas dependências. Portanto, essa dimensão de riscos

possui o intuito de descrever como as companhias que adotam tecnologia da Indústria

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74

4.0 podem influenciar a sustentabilidade social do meio onde está inserido e também

as influencias sociais para trabalhadores.

4.2.2.1 Capital humano

• (RSC1) – Risco de falta de mão de obra qualificada

O aprimoramento da mão de obra é uma das barreiras levantadas por Kamble,

Gunasekaran e Sharma (2018) para implantação da Indústria 4.0. Profissionais cada

vez mais qualificados e talentos inovadores podem ser muito requisitados para

atender as novas necessidades requeridas pela Quarta Revolução Industrial e para

as novas exigências dos clientes (LI, HOU, WU, 2017). Em uma pesquisa com

empresas de couro, Moktadir et al. (2018) comentam que gestores podem enfrentar

algumas situações críticas envolvendo tecnologias complexas requerendo habilidades

técnicas de mão de obra.

Assim, encontrar talentos humanos para as demandas da indústria 4.0 pode

ser um desafio em potencial (SAUCEDO-MARTÍNEZ et al., 2018; TUPA, SIMOTA,

STEINER, 2017). Além disso, não só durante a operação das novas tecnologias que

a escassez de mão de obra qualificada pode ser um desafio, segundo Moktadir et al.

(2018), a implementação bem-sucedida da Indústria 4.0 também pode depender

fortemente de profissionais especializados. Os estudos de Kiel et al. (2017) e Freddi

(2018) trazem resultados que demonstram o desafio que empresas possuem devido

a demanda de profissionais capacitados para este cenário tecnológico tanto para

recrutamento quanto para treinamento e desenvolvimento interno. E ainda, Kiel et al.

(2017) também comentam que a escassez de mão de obra qualificada exigirá de

empresas investimentos financeiros para supri-la.

Baseado nestas demandas, a gestão de carreira pode ser uma saída que

empresas podem seguir para se adaptar no cenário de competências gerado pelas

transformações tecnológicas (IMRAN, KANTOLA, 2018).

• (RSC2) – Risco de relutância a mudanças

Luthra e Mangla (2018), levantam em seu estudo que comportamentos

relutantes relativos à indústria 4.0 é um desafio a ser enfrentado, no qual podem haver

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algumas empresas que ainda se sentem inseguras ou ainda não estão familiarizadas

com os conceitos da Industria 4.0.

De forma intraempresarial, a transição para a indústria 4.0 pode encontrar

problemas quanto a resistência a mudanças por parte de trabalhadores (DE SOUZA

JABBOUR et. al., 2018). Gestores precisam estar preparados para problemas de

aceitação de mudanças, ceticismo e tendências de inércia. Alguns pontos devem ser

analisados dentro desse contexto tal qual a forma como o conceito da indústria 4.0 é

percebida pelos trabalhadores, verificar se esse entendimento é influenciado pelos

níveis hierárquicos ou entender quais medos relativos à transformação tecnológica

podem surgir (SCHNEIDER, 2018). Ou ainda, entender se a digitalização pode fazer

com que engenheiros se sintam ameaçados quanto a perda de competências ou se

gestores podem temer perder poder de escolha devido a descentralização da decisão,

são pontos a serem discutidos pois também podem gerar certa resistência às

mudanças digitais (SCHNEIDER, 2018). Assim, um entendimento comum sobre a

relevância da digitalização deve ser alcançado em todos os departamentos

interdisciplinares e níveis hierárquicos uma vez que os trabalhadores podem temer às

mudanças tecnológicas (KIEL et al., 2017).

• (RSC3) – Risco à integridade física de trabalhadores

As mudanças causadas pela indústria inteligente no ambiente de trabalho,

podem gerar riscos ocupacionais. Como as regulamentações ou padrões

normalmente são criados de forma reativa, os primeiros trabalhadores em contato com

tais mudanças, podem sofrer consequências (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL,

SOUISSI, 2018).

Em um ambiente industrial proposto pela Quarta Revolução Industrial,

humanos e máquinas podem interagir em tarefas difíceis e perigosas. À medida que

que a separação dos espaços entre humanos e robôs é removida, procedimentos de

segurança já estabelecidos podem ser rompidos abrindo espaço para riscos de

impactos entre homens e máquinas (ROBLA-GÓMEZ et al., 2017; GOBBO JUNIOR

et al., 2018). Neste contexto, as interações entre homem-máquina em estreita relação

apresentam uma gama ampla de riscos difíceis de serem previsíveis. Portanto, robôs

colaborativos devem ser conscientes da segurança e devem reconhecer ações que

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76

possam causar ferimentos ou ameaçar a seguridade dos trabalhadores (BADRI,

BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI, 2018).

Além disso, em um caso de segurança cibernética, a integridade de

operadores e consumidores também pode ser ameaçada se um invasor puder

controlar sistemas (GAO et al., 2015). Existe a possibilidade de manipulações de

máquinas através de hackers levarem consequências como ferimentos e até mesmo

perdas de vidas (JANSEN, JESCHKE, 2018).

Outro ponto a ser considerado, é a questão da necessidade do

desenvolvimento de padrões voltados à segurança, em que empresas poderão ser

demandadas de desprendimento de investimentos para adaptar maquinários (BADRI,

BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI, 2018).

• (RSC4) – Riscos de problemas psicossociais

Ainda dentro de um cenário de riscos ocupacionais, num contexto de

sociabilidade, as mudanças e o aumento de complexidade do ambiente de trabalho

devido as transformações digitais da Indústria 4.0 pode levar a alterações no conteúdo

de tarefas (variedade, ciclo, habilidade, incertezas, etc.), no gerenciamento

(responsabilidades, comunicações, funções, relações, etc.), e outros fatores

organizacionais como aumentos salariais, promoção, segurança de emprego, valor

social, etc. (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI, 2018). Além disso, a

capacidade de adaptação das pessoas às mudanças tecnológicas torna-se cada vez

mais importante, onde o desenvolvimento da noção de adaptabilidade da carreira

pode ajudar na compreensão de quais recursos psicossociais precisam lidar para ter

sucesso nos desafios do modelo de trabalho cada vez mais digitalizado e

automatizado (HIRSCHI, 2018). Portanto, esses tipos de mudanças e interações na

forma e organização do trabalho podem ser vistos de maneira negativa e gerar riscos

psicossociais que devem ser considerados (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI,

2018).

Baseado nestas transformações, Imran e Kantola (2018) propõem que os

desafios no gerenciamento dos recursos humanos durantes as mudanças

tecnológicas, podem ser administrados a partir de uma visão ligada a competências

dos trabalhadores com intuito de analisar fraquezas e fortalezas do capital humano e

desenvolvê-las de acordo.

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77

4.2.2.2 Sociedade

• (RSS1) – Risco de aumento da desigualdade e tensões sociais

Assim como todas as revoluções industriais anteriores existe o risco de a

Quarta Revolução Industrial aumentar a desigualdade social, ampliar a tensão

geopolítica e diminuir o bem-estar de um grande número de pessoas (MAYNARD,

2015). Não é improvável que a digitalização possa reproduzir as mais sérias

contradições devido a acumulação de renda: o declínio do emprego e o aumento das

desigualdades (SALENTO, 2018).

Segundo Caruso (2017), a transformação tecnológica poderá implicar em uma

necessidade de mão de obra qualificada e diminuir a demanda de mão de obra pouco

qualificada. A pressão sobre trabalhadores que possuem baixos salários aumentará e

terão seus empregos ameaçados. Dessa forma, as vagas de emprego podem ser

destinadas a uma menor parcela da sociedade com nível de qualificação mais elevada

(CARUSO, 2017) que reorganiza a distribuição de renda e aumenta a desigualdade

social (RAJNAI, KOCSIS, 2017) e salarial (FEDDI, 2018). Além disso, em um cenário

de desenvolvimento tecnológico, se os aumentos de produtividade não forem

traduzidos em aumento de salários a todos os níveis hierárquicos, os ganhos podem

ficar nas mãos de poucos selecionados (CARUSO, 2017).

Em uma visão mais ampla, pode haver um aumento de desigualdade entre

países. Se a disseminação da Indústria 4.0 não for feita de forma geograficamente

homogênea, haverá nichos de países economicamente e socialmente desfavorecidos,

assim a diferença entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos pode aumentar

(BONILLA et al., 2018).

Outro fator que pode agravar a desigualdade social é o chamado “platform

effect”, no qual plataformas digitais desfrutam de grandes retornos criando redes para

conectar compradores e vendedores em uma variedade de serviços e produtos. O

problema deste efeito é a geração do domínio de mercado por grandes plataformas

excluindo pequenos participantes (LI, HOU, WU, 2017).

• (RSS2) – Risco de perda de posições de trabalho

Assim como comentado no risco anterior, os trabalhadores podem ser

pressionados devido a possibilidade de seus empregos serem ameaçados (CARUSO,

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78

2017). O desenvolvimento tecnológico tem aumentado a automatização de trabalhos

e atividades em todos os seus níveis (LI, HOU, WU, 2017). Há uma preocupação

quanto à capacidade de o uso de robôs substituir o trabalho humano, não apenas em

tarefas repetitivas e pouco qualificadas, mas em ocupações de alta complexidade

(FREDDI, 2018), onde posições de trabalho podem desaparecer. De certa forma,

ainda existe uma incerteza quanto a previsões relativas a esse assunto tanto por

instituições públicas como privadas (CARUSO, 2017). Quando olhamos em um nível

micro, os impactos da digitalização sobre as ocupações de trabalho podem ser

negativos (FREDDI, 2018) principalmente para aquelas que exigem baixa qualificação

(LI, HOU, WU, 2017; FONSECA, 2018). Essa concorrência entre máquinas e homens

em que trabalhos físicos são substituídos gradualmente, pode causar problemas

sociais como já aconteceu no passado (RAJNAI, KOCSIS, 2017).

Apesar disso, estamos prestes a passar por mudanças no mercado em que

ao mesmo tempo que ocupações correm riscos, novas irão surgir (CARUSO, 2017;

HIRSCHI, 2018; SALENTO, 2018) o que abre discussão sobre os reais efeitos

negativos na empregabilidade gerada pela indústria 4.0.

4.2.2.3 Ética e Legalidade

• (RSE1) – Risco de consequências éticas provenientes de inteligências

artificiais

A questão ética devido as consequências de decisões realizadas por sistemas

autônomos e inteligentes é uma discussão importante e necessária (WINFIELD et al.,

2019). Por exemplo, a inteligência artificial (IA) é alimentada por dados diversos,

portanto possui desafios relacionados à governança, incluindo consentimento,

propriedade e privacidade. Apesar desses tipos de obstáculos existirem mesmo sem

a inteligência artificial, essa tecnologia possui desafios únicos devido a sua natureza

autônoma e autodidata (TADDEO, FLORIDI, 2018). Um desafio é a questão de

responsabilização ética consequentes de ações provenientes de inteligências

artificias, na qual é discutível como e a quem o erro deve ser atribuído (TADDEO,

FLORIDI, 2018; WINFIELD et al., 2019). Por exemplo, Taddeo e Floridi (2018) citam

o caso onde máquinas descriminavam homens afro-descentes e hispânicos em

tomadas de decisões sobre concessão de liberdade condicional.

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Outro desafio que deve ser levado em consideração é a proteção da

autodeterminação humana devido a onipresença invisível dessas tecnologias (e.g. AIs

podem influenciar nossas decisões e escolhas de forma silenciosa à medida que se

fundem em nosso ambiente) (TADDEO, FLORIDI, 2018).

Dentro desse contexto, o campo de estudo da ética de robôs é divida em dois

ramos. O primeiro é relativo a como desenvolvedores, fabricantes e operadores

podem se comportar para minimizar danos éticos que podem surgir a partir de robôs

e inteligências artificias. O segundo trabalha a questão de como os robôs podem se

comportar eticamente, onde tanto a engenharia como filosofia estariam envolvidos

para solucionar tal questionamento (WINFIELD et al., 2019).

Portanto, para Winfield et al. (2019), desenvolver máquinas conscientes de

suas ações e das possíveis consequências prejudiciais é um problema que merece

atenção. O autor também comenta que em um cenário onde máquinas éticas

estivessem prontas para aplicação, elas precisariam ser protegidas contra utilização

indevida, além do surgimento da necessidade de criação de normas técnicas e

processos de investigação de acidentes. E ainda, Taddeo e Floridi (2018) trazem o

fato de que identificar o conjunto correto de princípios éticos no desenvolvimento de

IAs não é uma tarefa fácil devido ao fato de tais princípios variarem de acordo com

domínios de análise e contextos culturais.

• (RSE2) – Risco de invasão de privacidade e uso indevido de dados

A propriedade de dados alheios abre espaço para discussões sobre invasão

de privacidade. Por exemplo, uma grande quantidade de dados de usuários pode ser

disponibilizada (e.g. localização, movimentação, condições de saúde, preferências de

compra, etc.) devido a dispositivos IoT provenientes de equipamentos inteligentes

como instrumentos de saúde, serviços de emergência de carros, etc. (LEE, LEE,

2015). Zhou et al. (2018), comentam que utilizar informações privadas para análises

preditivas pode gerar impactos negativos e informações confidencias como estado de

saúde pode ser informado a familiares sem consentimento do indivíduo. Ou ainda,

Roblek, Meško e Krapež (2016) discorrem sobre produtos inteligentes poderem ter

sensores em suas embalagens para indicar quando estão sendo utilizados pelos

usuários e podem se conectar com dispositivos quando digitalizados. Segundo os

autores, preocupações de privacidade e segurança pessoal começam a surgir a partir

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desse tipo de apropriação de informações, onde, de acordo com Zhou et al. (2018),

questões legais podem estar envolvidas. Assim, segundo Strange e Zucchella (2017),

há necessidade de regulamentações para este cenário.

Sisinni et al. (2018) cometam que a privacidade de dados pode ser garantida

através de proteção criptográfica, no entanto, a grande diversidade de dados para

serem anonimizados contidos nas informações, é um desafio para este tipo de defesa.

A apropriação de dados pode gerar problemas legais e éticos, pois

informações podem ser utilizadas de forma indevida (ROMERO et al., 2018), por

exemplo, empresas podem utilizar dados pessoais para prever a saúde de um

funcionário com intuito de basear uma promoção ou rescisão de contrato (ROMERO

et al., 2018). Ou ainda, uma pessoa no controle total de redes possui terreno fértil para

novas estruturas de poder social e políticos em forma de governança autoritária

(ÖZDEMIR, 2018).

Portanto, utilizar dados alheios de forma despótica, manipuladora ou para

benefício próprio, também é um assunto que pode levar empresas e organizações a

situações éticas que precisam ser discutidas.

4.2.3 Riscos Ambientais

A indústria 4.0 também pode gerar impactos para o meio ambiente. Dessa

forma, a sustentabilidade ambiental é discutida nesta dimensão com intuito de melhor

entender quais são os riscos ambientais envolvidos na digitalização de empresas no

contexto da Quarta Revolução Industrial.

4.2.3.1 Recursos Naturais

• (RAR1) – Risco de alto consumo de recursos naturais para produção de

tecnologias

Uma infraestrutura de apoio para a transformação digital devido à Indústria

4.0 será necessária, incluindo novas máquinas, sensores, sistemas softwares, etc.

Uma adoção massiva de tecnologias a partir dessa nova demanda dependerá de

utilização de recursos naturais como matéria-prima, água, energia e combustíveis

para fabricação dos novos equipamentos (BONILLA et al., 2018). Pode haver aumento

de demanda de materiais críticos para determinadas regiões geográficas (STOCK et

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al., 2018). Recursos escassos no planeta como o lítio e terras raras, que são difíceis

de extrair, manipular, purificar e reciclar, também podem ter suas demandas

aumentadas (BONILLA et al., 2018). Além disso, a miniaturização de tecnologias tem

possibilitado a utilização de pequenas quantidades de metais tecnológicos em

composições o que dificulta a sua recuperação podendo ser perdidos para sempre

(STOCK et al., 2018). Neste cenário de utilização de recursos, pesquisas de

minimização da utilização de metais raros e reciclagem devem ser incentivadas

(BONILLA et al., 2018).

• (RAR2) – Risco de alto consumo de energia para operação de tecnologias

Em uma etapa operacional, apesar de as novas tecnologias oferecerem

serviços que melhoram o controle de consumos da produção, a demanda de alto

consumo de energia pode ser ainda considerada como um desafio a ser enfrentado

(BONILLA et al., 2018, STOCK et al., 2018). Por exemplo, a Indústria 4.0 em

funcionamento devido ao uso crescente de tecnologias (MOKTADIR et al., 2018)

como as redes wireless industriais que demandam de latência baixa (LI et al., 2017;

PILLONI, 2018), sistemas criptográficos de segurança de dados (ZHOU et al., 2018)

e processamento de dados (STOCK et al., 2018) podem requer pesados consumos

desse recurso (LI et al., 2017; PILLONI, 2018). Dessa forma, Kamble, Gunasekaran e

Gawankar (2018) comentam que estudos voltados a esgotamento de fontes de

energia devem ser realizados.

Portanto, o meio ambiente pode ficar sobrecarregado e um impacto negativo

na sustentabilidade ambiental deve ser esperado (BONILLA et al., 2018).

4.2.3.2 Controle de Poluentes

• (RAC1) – Risco de aumento de lixo eletrônico e resíduos

A falta de interoperabilidade entre equipamentos pode gerar consequências

ambientais. Maquinários poderão ser substituídos na aquisição de novas tecnologias

devido a não poderem ser integrados aos novos sistemas. Portanto, haverá a

necessidade de se pensar em como será feito o descarte de materiais obsoletos pois

a substituição de maquinários pode aumentar a quantidade de lixo eletrônico

(BONILLA et al., 2018). Além do mais, pode haver a um aumento na utilização de

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materiais e recursos naturais difíceis de reutilizar, onde ainda não há práticas de

reciclagem ou os custos envolvidos podem ser altos (STOCK et al., 2018). Assim, a

reciclagem e reaproveitamento de equipamentos obsoletos pode se tornar um assunto

recorrente na utilização das novas tecnologias.

• (RAC2) – Risco de aumento de consumo de combustíveis

A fabricação de novos equipamentos devido a adoção massiva de tecnologia

da Indústria 4.0 pode também exigir a utilização de combustíveis (BONILLA et al.,

2018) no funcionamento dos processos fabris. Além disso, Bonilla et al. (2018)

comentam que haverá a necessidade de transporte de materiais obsoletos para

descarte ou reciclagem também demandando a utilização deste recurso. E ainda, em

uma perspectiva operacional, Stock et al. (2018) comentam que pode haver aumento

de emissões de CO2 devido ao crescimento da demanda de energia primária para

processamento de data centers responsáveis por grandes volumes de dados e,

segundo e Moktadir et al. (2018), grandes quantias de gases do efeito estufa podem

ser emitidos diariamente.

4.2.4 Riscos Tecnológicos

As tecnologias digitais são um dos assuntos mais discutidos quando é

abordado o conceito de Indústria 4.0. Essas tecnologias ao serem implantadas podem

ter alguns impedimentos técnicos e de utilização em que as empresas devem se

atentar. Além do mais, as incertezas tecnológicas podem afetar a forma como dados

são manuseados e geridos levando possíveis problemas. Desta forma, os riscos

atrelados as tecnologias da Quarta Revolução Industrial e como a sustentabilidade

tecnológica 4.0 pode ser afetada estão descritos a seguir.

4.2.4.1 Técnico

• (RTT1) – Risco de interferência nos sinais

Com a rápido crescimento da conectividade provenientes da Indústria 4.0

devido a conceitos como IIoT (Internet das Coisas Industrial), haverá muitos

dispositivos conectados e coexistindo em proximidade. As implantações densas e em

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larga escala destes dispositivos podem levar a um número sem precedentes de

interferências entre eles (SISINNI et al., 2018). Redes de internet Industrial sem fio

(Industrial Wireless Network), por exemplo, podem enfrentar grandes desafios devido

aos múltiplos sinais existentes em ambientes conectados (LI et al., 2017).

Dessa forma, estes dispositivos podem ser limitados em memória e

inteligência com intuito evitar tais interferências (SISINNI et al., 2018). Além disso, o

ambiente industrial é caracterizado por ter condições desafiadoras para transferência

de sinais (LI et al. 2017), por exemplo, presença de poeira, vibrações, temperaturas

críticas, umidade, presença de motores, obstáculos metálicos, etc. Dessa forma, a

confiabilidade e eficiência de comunicação pela rede pode ser prejudicada (PILLONI,

2018; PREUVENEERS, ILIE-ZUDOR, 2017, LI et. al, 2017). Para Li et al. (2017), a

falta de capacidade de gerar dados confiáveis pode causar situações inesperadas

para toda uma fábrica, onde a etapa de produção ou sistemas de alarme, por exemplo,

podem ser afetados (LI et al, 2017).

• (RTT2) – Risco de incapacidade técnica da rede

No cenário de alta conectividade da Indústria 4.0, a grande quantidade de

dispositivos e equipamentos heterogêneos conectados podem sobrecarregar a rede

(CHEN et al., 2018). O controle e acesso em tempo real, uma questão importante

dentro do contexto da Indústria 4.0, necessita que a largura de banda (bandwidth) seja

rápida e descarregada (KHAN et al., 2017). Segundo Preuveneers e Ilie-Zudor (2017),

possuir baixa latência (atraso na transferência de dados) é preocupação fundamental

para realizar o controle de sistemas de produção em tempo real.

Na pesquisa de Pilloni (2018), o autor levanta a redução na latência e a

precisão da rede como desafios a serem enfrentados antes da implementação de

conceitos da indústria 4.0. Um atraso na transferência de dados, por exemplo, pode

criar problemas para os dispositivos físicos conectados entre si os quais podem ter

atuadores trabalhando em sequência com intervalos de tempo pré-definidos (KHAN

et al., 2017). Além disso, a redução de latência pode exigir altos custos e grande

consumo de energia (LI et al., 2017).

Além disso, o crescimento explosivo de tecnologias como os aplicativos

também aumenta a dificuldade para o desempenho em tempo real, especialmente em

termos de escala e complexidade (SISINNI et al., 2018). De forma mais ampla, a

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comunicação em tempo real entre empresas também possui obstáculos devido a

problemas de rede, como conectividade instável (MOKTADIR et al., 2018).

Dessa forma, a largura de banda e o fluxo de dados são desafios para a

transferência de informações (HE et al. 2016), assim uma boa infraestrutura e redes

de internet eficientes são cruciais para um eficaz gerenciamento de dispositivos

interconectados (LUTHRA, MANGLA, 2018).

• (RTT3) – Risco de falta de interoperabilidade

As redes industriais a partir conceitos da indústria 4.0 serão altamente

heterogêneas, pois apresentarão diversas tecnologias de comunicação (KALØR et al.,

2018) como máquinas, sensores, CPSs, dispositivos IoT, etc. (KHAN et al., 2017).

Uma barreira na adoção de soluções de IoT e a criação de um ecossistema de CPS,

é o estabelecimento de uma integração e interoperabilidade contínua entre essas

diferentes tecnologias e sistemas (KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA, 2018).

Muitas instalações podem conter máquinas e equipamentos, em que cada um possui

um formato diferente para se comunicar com outras máquinas (GAO et al., 2015).

Além do mais, fornecedores podem oferecer serviços em interfaces diferentes que

não possuem interação entre elas (WAN et al., 2016).

Assim, uma grande heterogeneidade nos formatos de dados pode ser gerada

(UR REHMAN, 2018) que segundo Khan et al. (2017) dificultam a aquisição e análise

de informações, onde dados devem ser convertidos para garantir certa

interoperabilidade entre componentes. Para Wan et al., (2016) ainda é muito difícil

capturar, analisar e utilizar todos os tipos informações dos diferentes tipos de

dispositivos devido à falta de arquiteturas padronizadas de IoT. Ainda são necessárias

pesquisas para lidar com o obstáculo do gerenciamento de coisas conectadas em uma

plataforma comum e padrão (XU, XU, LI, 2018). Além do mais, a interoperabilidade e

conexão entre empresas ao longo de uma cadeia de valor também pode ser afetada

devido à falta de uma linguagem comum de transferência de dados (KIEL et al., 2017).

A falta de interoperabilidade entre dispositivos aumentará significativamente

a complexidade e o custo de implantação e integração de tecnologias da indústria 4.0

como a IIoT (SISINNI et al., 2018). Equipamentos industriais mais antigos podem

exigir ajustes para que possam conversar com novas tecnologias (PILLONI, 2018;

SISINNI et al., 2018) ou mesmo serem descartados gerando lixo eletrônico (BONILLA

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et al., 2018). Portanto, a interoperabilidade é um princípio chave para adoção e

automação da Indústria 4.0 (KHAN et al., 2017).

• (RTT4) – Risco de caos tecnológico

O alto índice de integração é uma das consequências das tecnologias

relativas à indústria 4.0. De acordo com Stock e Seliger (2016), a partir do conceito de

integração End-to-End, uma das características da indústria 4.0, todos os

stakeholders, produtos e equipamentos podem ser integrados em uma rede virtual

que intercambiam dados em diferentes fases do ciclo de vida de um produto.

No entanto, à medida que tecnologias se tornam mais sofisticadas, surge uma

necessidade de uma nova geração de capacidades de previsão que respondam a

trajetórias de alta velocidade, não-lineares e estreitamente acopladas (MAYNARD,

2015). Além disso, neste cenário onde muitos dados estarão disponíveis e requisitos

intensivos de processamento serão exigidos, sistemas podem enfrentar dificuldades

de resiliência (XU, XU, LI, 2018), ou seja, será um desafio para os sistemas se auto

organizarem frente a situações difíceis.

Portanto, em um mundo hiperconectado, um erro em uma parte do sistema

pode causar desordem de forma generalizada (LEE; LEE, 2015) como em um efeito

dominó (ÖZDEMIR, 2018). Um único dispositivo pode ter um problema insignificante,

mas para um sistema, as reações em cadeia de outros dispositivos conectados podem

se tornar desastrosas. Por exemplo, a largura de banda de internet pode ficar

sobrecarregada causando problemas de desempenho para todo um sistema (LEE;

LEE, 2015). Ou ainda, algumas tecnologias podem aumentar a exposição a riscos

externos (catástrofes naturais, resseções econômicas, greves etc.) e efeito cascata,

onde uma interrupção na cadeia de suprimentos não localizada cai em cascata

afetando o desempenho da cadeia como um todo. Isto é devido aos sistemas poderem

se tornar mais complexos e flexíveis no qual estoques intermediários podem se tornar

desnecessários (IVANOV, DOLGUI, SOKOLOV, 2018).

4.2.4.2 Segurança de dados

• (RTS1) – Risco de ataque cibernético

Um dos riscos mais comentados pela literatura está atrelado à segurança de

dados. As integrações de TI e digitalização da produção pode criar um perigo em

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potencial (TUPA, SIMOTA, STEINER, 2017), tanto em conexões vertical e internas às

empresas como em conexões horizontais em cadeias de valor inteiras (KIEL et al.,

2017). A medida que a conectividade aumentada devido as tecnologias, os sistemas

industriais ficam cada vez mais suscetíveis e vulneráveis em relação à segurança

cibernética (JANSEN, JESCHKE, 2018; KAMBLE, GUNASEKARAN, SHARMA, 2018;

LEE, LEE, 2015; MAYNARD, 2015; ÖZDEMIR, 2018; STRANGE, ZUCCHELLA, 2017;

XU, DAVID, KIM, 2018; ZHOU et al., 2018; DAWSON, 2018, WU et al., 2018). O

volume de dados heterogêneos e sua transferência para a nuvem aumenta o risco de

segurança (KHAN et al., 2017), pois redes sem fio podem ser facilmente interceptadas

(PILLONI, 2018) assim como a conexão aberta entre participantes de uma cadeia de

valor (KIEL et al., 2017). Hackers podem acessar sistemas de TI e comprometer um

sistema cyber-físico (CPS), por exemplo. Essas intervenções devido ao Hacking

podem ter fontes com diferentes intensões como: utilização de forma não intencional

por usuários autorizados, hackers por diversão, hackers experientes com más

intensões ou estados atacando infraestruturas de outros países, empresas ou

indivíduos (JANSEN, JESCHKE, 2018).

Tuptuk e Hailes (2018) levantam alguns tipos de ataques cibernéticos como:

Ataques de negação de serviço (DoS atack), ataques de espionagem, sabotagem de

informações entre dispositivos, injeção de informações falsas, injeção de atrasos na

transferência de dados, adulteração de dados, retransmissão de dados, falsificação

de identidade para acesso ilegítimo, obtenção de dados vazados, exploração de

vulnerabilidades, manipulação de sistemas físicos e ataques contra machine learning.

Os danos causados por ataques cibernéticos podem tomar diferentes

dimensões. Hackers podem manipular máquinas causando danos físicos e

sucateamento, podem realizar modificações de especificações técnicas resultando

em produtos defeituosos (WU, SONG, MOON, 2019), ou ainda, podem gerar perda

de produção devido a indisponibilização de máquinas. Por consequência, danos

financeiros podem ser causados (JANSEN, JESCHKE, 2018). Além disso, uma

interrupção de serviços pode afetar muitas empresas quando consideramos uma

cadeia como um todo (RADANLIEV et al., 2018). Num contexto econômico mais

amplo, ataques podem realizar manipulações no mercado de ações (HE et al., 2016).

Para o capital humano, a segurança de operadores pode ser ameaçada (GAO et al.,

2015), pois ferimentos e perdas de vidas podem ser causados pela manipulação de

máquinas (JANSEN, JESCHKE, 2018). Quando consideramos preocupações

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governamentais, efeitos catastróficos podem atingir toda uma nação (JANSEN,

JESCHKE, 2018) como ataques terroristas (TUPTUK, HAILES, 2018). No contexto

ambiental, Tuptuk e Hailes citam um exemplo em que um ataque cibernético causou

o vazamento de um sistema de esgoto atingindo parques e rios. Outros casos reais

são citados nos estudos de Tuptuk e Hailes (2018), Jansen e Jeschke (2018); Wu,

Song e Moon (2019); He et al. (2016) demonstrando que se trata de um problema já

existente.

Além disso, para Lezzi, Lazoi, Corallo (2018), os riscos de segurança estão

relacionados a perda de confidencialidade, integridade ou disponibilidade dos

sistemas de informações, onde a falta de confidencialidade pode resultar em

divulgação de dados, a falta de integridade pode resultar em modificação ou perda de

dados e a falta de disponibilidade pode resultar em negação de serviço e perda de

produtividade. Assim, segundo os autores, as empresas devem estar atentas as

consequências dos riscos de segurança de dados pois pode levar a altos custos e

perda de lucratividade.

Portanto, os efeitos e desafios devido a ataques cibernéticos podem tomar

dimensões muito diferentes. Assim, mecanismos de segurança cibernética terão

papéis importantes quando o assunto é o tema da Indústria 4.0 (HE et al., 2018).

• (RTS2) – Risco de divulgação de dados privados

Este risco é brevemente comentado no item anterior como consequência de

ataques cibernéticos. Contudo, essa possibilidade é aqui melhor explanada.

Neste cenário, o crescente número de objetos IIoT sendo equipados com

tecnologias para fornecer recursos de identificação, computação e comunicação em

operações da indústria, a questão de segurança e privacidade deve ser considerada

(ZHOU et al., 2018). Empresas devem estar atentas a possibilidade de dados sigilosos

serem divulgados (TUPTUK, HAILES, 2018). Informações estratégicas como dados

comerciais e know-how, se revelados, podem levar perda de lucro (WANG et al.,

2016). Zhou et al. (2018) comentam que na ausência de mecanismos de segurança

apropriados, o vazamento de informações privadas é inevitável (ZHOU et al., 2018).

Além disso, devido a digitalização, empresas podem ter acesso a dados de

todos os stakeholders de uma cadeia de suprimentos. Para Müller, Buliga e Voigt

(2018), como as informações compartilhadas entre empresas podem envolver dados

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confidenciais, as empresas são não somente responsáveis pela segurança de seus

próprios dados, mas também pelos dados dos parceiros ligados a elas. Freddi (2016)

comenta que algumas dessas informações podem ser muito sensíveis no que diz

respeito a sua divulgação como a composição de medicamentos em setores do ramo

farmacêutico. Várias informações sobre clientes e fornecedores são geralmente

armazenadas em nuvem pública em vez de data centers privados, na qual os dados

podem ficar vulneráveis (WANG et al., 2016). Neste cenário, pode haver o

envolvimento de questões legais (WANG et al., 2016; ZHOU et al., 2018) relativas a

direitos de propriedade de dados (FREDDI, 2018). Como levantado por Roblek, Meško

e Krapež (2016), se informações privadas podem ser utilizadas, regras éticas devem

ser seguidas apesar de, segundo Xu, Xu e li (2018), interpretações legais ainda serem

vagas para o contexto de segurança cibernética.

Outra consequência é possibilidade de comprometimento da

interoperabilidade entre empresas, as quais podem ficar receosas em aderir a um

sistema integrado devido à, segundo (ZHOU et al., 2018), informações privadas

poderem ser divulgadas.

4.2.4.3 Gestão de dados

• (RTG1) – Risco de análise ineficaz dos dados

Além dos problemas de interoperabilidade já mencionado o grande número

de dispositivos, ferramentas e equipamentos conectados gerando um grande volume

de dados e em diferentes formatos (Big Data) é também um desafio para a aquisição,

transformação (KHAN et al., 2017), armazenamento e análise das informações (HE et

al., 2016). Saber quais dados devem ser coletados, como esses dados devem ser

coletados e como formulá-los são pontos importantes a serem estudados (WANG et

al., 2016). Neste contexto, o processamento e análise de informações heterogêneas

pode ser dificultado pela falta de soluções em formato unificado (UR REHMAN, 2018)

como arquiteturas de IoT padronizadas (WAN et al., 2016).

O tempo de respostas num sistema de Análise de Big Data (BDA) totalmente

automatizado e operando de forma completa (executando todas as operações de

engenharia, preparando e analisando dados automaticamente), é também um tema

importante devido à pontualidade de informações poderem afetar todo um sistema.

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Por exemplo, sistemas ciber-físicos, atuadores e outros dispositivos precisam de

acesso em tempo real (KHAN et al., 2017) e atrasos podem comprometer a análise.

Ivanov, Dolgui e Sokolov (2018), comentam que o aumento da complexidade de

coordenação dos dados gerando problemas de atraso nas respostas pode afetar os

processos de toda uma cadeia de suprimentos.

Assim, caso a análise dessa grande quantidade de dados não seja realizada

de forma eficaz, o controle em tempo real pode ser comprometido (HE et al., 2016),

uma sobrecarga de informações pode ser gerada (FOIDL, FELDERER, 2016) e um

sistema inteiro pode ser afetado (UR REHMAN, 2018). Desta forma, armazenar e

gerenciar os dados além de possuir um tempo de resposta baixo no sistema são

objetivos primários para o desemprenho do BDA (UR REHMAN, 2018).

Além do mais, sistemas tradicionais de gerenciamento de dados possuem

impedimentos para a análise do Big Data, pois é difícil realizar coleta,

armazenamento, gerenciamento e processamento em ferramentas e tecnologias

clássicas (KHAN et al., 2017). E ainda, a análise e processamento de dados exigem

conhecimentos profundo das ferramentas do Big Data (KHAN et. Al., 2017), assim a

mão de obra altamente qualificada pode ser exigida (UR REHMAN, 2018), assim, a

falta dela pode se tornar um desafio para o desempenho do processamento de dados.

• (RTG2) – Risco de dados de má qualidade

A enorme quantidade de informações geradas no contexto da indústria 4.0 a

partir de várias fontes heterogêneas também pode trazer dificuldades para a qualidade

de dados (LI et al., 2017; KIRCHEN et al., 2017). De acordo com o levantamento de

Luthra e Mangla (2017) a qualidade dos dados é uma preocupação crítica para a

Indústria 4.0 pois, segundo Li et al. (2017), os fluxos de trabalhos conectados

dependem de informações precisas. Segundo Kirchen et al. (2017), dados de má

qualidade podem levar a análises de informações de forma errônea prejudicando

tomadas de decisões.

O grande montante de dados gerados pode dificultar a obtenção de

informações proveitosas (LI et al., 2017). De acordo com Ur Rehman (2018), existe

um campo de estudo voltado a transmissão de dados significativos, onde a massa de

dados poderá conter informações não desejadas, que, segundo Xu, Xu e Li (2018),

poderá caracterizar um desafio para construção de aplicações práticas. Para Chen et

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al. (2018), a grande maioria dos dados provenientes da manufatura inteligente são

não-estruturados o que, segundo Yan et al. (2017), devem ser transformados em

dados estruturados para que as barreiras devido a diferença de fonte, formato,

dimensão e outros fatores sejam eliminados e as informações úteis possam ser

extraídas. Portanto, haverá a necessidade de desenvolver sistemas IoT capazes de

fazer uma análise limpa apenas com dados proveitosos, pois desta forma custos

quanto ao armazenamento e análise de dados sem muita significância podem ser

economizados (UR REHMAN, 2018).

Além disso, no contexto da Indústria 4.0 é fácil obter dados incompletos e

deficientes devido a falha de transporte, limitações de dados e erros ou perda de

pacotes, especialmente em redes industriais de grande escala. Ou seja, a integridade

dos dados é uma característica importante a ser avaliada para a composição de

sistemas conectados (LI et al., 2017). E ainda, a confiabilidade dos dados é também

um aspecto a ser considerado devido ao fato de sistemas inteiros poderem ser

afetados devido a problemas relativos a este tema (LI et al., 2017).

4.2.5 A Questão Regulamentar

Além de todos os aspectos econômicos, sociais, ecológicos e tecnológicos,

questões regulamentares e legais envolvidas na digitalização de empresas devem ser

discutidas, pois podem fundamentar os benefícios da digitalização. Segundo Salento

(2018), espera-se que as instituições nacionais e supranacionais ajustem a

regulamentação econômica de maneira a oferecer uma estrutura facilitadora das

melhorias digitais.

Na questão de segurança cibernética, não há padrões específicos na

manufatura, muito menos para a manufatura inteligente (TUPTUK, HAILES, 2018).

Strange e Zucchella (2017) chamam atenção para a necessidade de regulamentação

devido aos potenciais riscos cibernéticos e implicações para a privacidade de

indivíduos, onde Saleem et al., (2018) comentam que a ausência de padrões e

regulamentações efetivas alheados a uma governança fraca limitam o funcionamento

da IoT. Além disso, de acordo com Tuptuk e Hailes (2018), não há métricas que

avaliem a eficácia e a seleção da melhor abordagem para esta questão, causando a

falsa sensação de segurança na utilização de algumas diretrizes.

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91

Em uma perspectiva social, regulamentações de segurança, saúde e

integridade física de trabalhadores, podem ser estabelecidas tardiamente devido a

leis, regulamentos e padrões surgirem de forma reativa à acontecimentos. Além disso,

padrões devem se adequar as mudanças conduzidas pelas inovações tecnológicas

onde regras antigas não se apliquem (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI,

2018). Para Salento (2018), é questionável se a extrema digitalização dos processos

de produção terá efeitos benéficos na regulação do trabalho e do emprego. Ou ainda,

segundo Taddeo e Floridi (2018), a regulamentação ética envolvida na utilização de

Inteligências artificias é uma tarefa necessária, pois oportunidades de melhoria do

bem-estar individual e social podem ser perdidas.

Em relação ao meio ambiente, dentro do portfólio estudado, há poucos

trabalhos voltados ao impacto ambiental negativo da Indústria 4.0 o que pode levar a

problemas não esperados para este ramo do conhecimento, em que regulamentações

podem estar envolvidas.

De forma mais abrangente, Maynard (2015) comenta que a digitalização pode

possibilitar a fabricação de produtos físicos na mesma velocidade que produtos de

software. No entanto, as regulamentações de fabricação permanecem em ciclos de

produção que se estendem por anos e não por horas. Isso pode levar as tecnologias

emergentes a caírem em buracos em uma rede regulatória inadequada que podem

causar ameaças para saúde, segurança e meio ambiente.

Dessa forma, regulamentações imprecisas podem afetar todas as dimensões

de riscos discutidas neste trabalho, aumentando, assim, a necessidade de criação de

padrões que ajudem a gerir e diminuir incertezas da implementação da Indústria 4.0.

Segundo Tuptuk e Hailes (2018), apesar de padrões não serem regulamentações, os

reguladores podem ditar a conformidade com um padrão de tal forma que ele se torne

parte de um regulamento.

4.2.6 Estudo Quantitativo dos Riscos

Os riscos que são mais comentados na literatura podem ser vistos através

dos dados dispostos na Tabela 7 a seguir. Estes dados trazem um forma de realizar

um estudo quantitativo baseado no portfólio literário estudado.

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92

Tabela 7 - Representatividade dos riscos

Cód. Risco Quantidade de artigos

(%)

RTS1 Risco de ataque cibernético 31 46,97

RTS2 Risco de divulgação de dados privados 20 30,30

RSC1 Risco de falta de mão de obra qualificada 12 18,18

RSS2 Risco de perda de posições de trabalho 11 16,67

RTT2 Risco de incapacidade técnica da rede 11 16,67

RSE2 Risco de invasão de privacidade e uso indevido de dados 9 13,64

RTT3 Risco de falta de interoperabilidade 8 12,12

REF1 Risco de alto custo de implantação 7 10,61

RSS1 Risco de aumento da desigualdade e tensões sociais 7 10,61

REF2 Risco de retorno financeiro incerto 6 9,09

REP1 Risco de imprecisão na implantação da Indústria 4.0 6 9,09

RTG2 Risco de dados de má qualidade 6 9,09

REP2 Risco de autossabotagem sobre a cadeia de valor 5 7,58

RSC3 Risco à integridade física de trabalhadores 5 7,58

RAR2 Risco de alto consumo de energia para operação de tecnologias

5 7,58

RTG1 Risco de análise ineficaz dos dados 5 7,58

RSC2 Risco de relutância a mudanças 4 6,06

RTT1 Risco de interferência nos sinais 4 6,06

REM1 Risco de problemas de concorrência 3 4,55

REM3 Risco de dificuldade de aceitação de clientes 3 4,55

RAC2 Risco de aumento de consumo de combustíveis 3 4,55

RTT4 Risco de caos tecnológico 3 4,55

REP3 Risco de dependência de parceiros 2 3,03

REM2 Risco de intervenções negativas de clientes 2 3,03

RSC4 Riscos de problemas psicossociais 2 3,03

RSE1 Risco de consequências éticas provenientes de inteligências artificiais

2 3,03

RAR1 Risco de alto consumo de recursos naturais para produção de tecnologias

2 3,03

RAC1 Risco de aumento de lixo eletrônico e resíduos 2 3,03

Fonte: Autor (2019)

Pode-se perceber a partir da Tabela anterior que os riscos relacionados com

segurança cibernética são os mais comentados (RTS1 e RTS2). O risco de ataque

cibernético presente em 46,97 % dos artigos e o risco de divulgação de dados privados

em 30,30 %. Isto pode ter ocorrido pela crescente utilização de tecnologias de

conexão como o a IoT, um dos principais conceitos da Indústria 4.0 (LEZZI, LAZOI,

CORALLO, 2018). Ao mesmo tempo, podemos ver as questões ambientais em

posições mais abaixo no ranking, como por exemplo o RAR1 (Risco de alto consumo

de recursos naturais para produção de tecnologias) e o RAC1 (risco de amento de lixo

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93

eletrônico e resíduos), ambos com apenas 3,03% de representatividade. Apesar

disso, podemos ver o risco ambiental relacionado ao consumo de energia (RAC2) na

posição 15 com uma porcentagem de participação um pouco maior (4,55%).

O entendimento de como as dimensões de risco estão distribuídas nessa

análise pode ser melhor verificada na Figura 20.

Figura 20 - Representatividade dos riscos de forma gráfica

Fonte: Autor (2019)

A partir do gráfico acima, podemos perceber que as dimensões que mais são

discutidas na literatura são a Tecnológica e a Social. O risco social em maior posição

no ranking é o risco de falta de mão de obra qualificada (RSC1) com 18,18% de

representatividade, seguido pelo risco de perda de posições de trabalho (RSS2) com

16,67%. Isso pode ser causado pela grande discussão referente ao aprimoramento

da mão de obra como sendo uma das maiores barreiras no contexto da Quarta

Revolução Industrial (KAMBLE, GUNASEKARAN SHARMA, 2018).

Na dimensão econômica, o primeiro risco aparece apenas na posição 8 do

ranqueamento (risco de alto custo de implantação - REF1). Isso demonstra que mais

estudos devem ser feitos para o contexto econômico. No entanto, pode-se perceber

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

0

5

10

15

20

25

30

35

RT

S1

RT

S2

RS

C1

RS

S2

RT

T2

RS

E2

RT

T3

RE

F1

RS

S1

RE

F2

RE

P1

RT

G2

RE

P2

RS

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RA

R2

RT

G1

RS

C2

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T1

RE

M1

RE

M3

RA

C2

RT

T4

RE

P3

RE

M2

RS

C4

RS

E1

RA

R1

RA

C1

Repre

senta

tivid

ade

Núm

ero

de A

rtig

os

Quantidade de Artigos Representatividade

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que questões financeiras são as que mais aparecem nesta dimensão (REF1 – 10,61%

- e REF2 – 9,09%), seguidos pelo risco de planejamento relacionado a imprecisão na

implantação da Indústria 4.0 (REP1 – 9,09%).

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Este capítulo descreve os resultados obtidos a partir dos métodos construídos

na metodologia relativos ao estudo do portfólio dos artigos. Cada risco mapeado foi

individualmente discutido para que pudessem ser melhor compreendidos e o apoio

teórico pudesse ser desenvolvido. Assim, o terceiro objetivo específico (“Realizar uma

análise temática para o mapeamento e estudo dos riscos da Indústria 4.0”) foi atingido.

A questão regulamentar também faz parte dessa construção teórica, pois traz

pontos importantes para embasamento das dimensões de risco e para o

enfrentamento dos desafios emergentes da Indústria 4.0, pois trata-se de um assunto

encontrados em todas as dimensões de riscos.

O resultado do estudo quantitativo traz insights importantes sobre as áreas

discutidas dentro do contexto de riscos da Quarta Revolução Industrial, tais como:

quais riscos são mais discutidos na literatura, quais precisam de mais estudos e quais

merecem atenção para pesquisadores e gerentes empresariais.

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95

5 MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0

Este capítulo representa como o modelo de categorização foi construído de

forma detalhada, assim como sua aplicação sobre os riscos mapeados. Na primeira

parte, a construção do framework teórico é discutida para organização dos riscos

mapeados. Na segunda seção, as categorias de riscos são construídas, e na última

parte, os riscos mapeados são categorizados.

5.1 FRAMEWORK TEÓRICO DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0

Esta seção descreve como o framework teórico foi construído. Primeiramente,

discute-se as relações entre as dimensões, em seguida a construção propriamente

dita do framework é apresentada.

5.1.1 A Relação entre as dimensões

Baseado nas informações de fontes e efeitos do Quadro 5 do item 4.2 e nos

resultados apresentados no Apêndice C, é possível perceber as relações entre as

dimensões devido a alguns riscos possuírem efeitos em mais de um tipo de

sustentabilidade. Por exemplo, o risco de falta de interoperabilidade (RTT3), apesar

de categorizado como Risco Tecnológico, também pode exercer efeitos sobre a

sustentabilidade econômica. O contrário também é verdadeiro, pois o risco econômico

REP1 (risco de imprecisão na implantação) pode gerar efeito tecnológico devido a

causar desafios para adoção das tecnologias e conceitos da Indústria 4.0. Outros

exemplos são os riscos RSC1 (risco de falta de mão de obra qualificada) e RAR1

(risco de aumento de consumo de recursos naturais) categorizados respectivamente

nas dimensões de risco social e ambiental, que também podem gerar efeitos

econômicos. E ainda, o risco tecnológico RTT2 (risco de incapacidade técnica da

rede) também pode exercer o efeito ambiental de aumento do consumo de energia.

Além disso, também é possível perceber essa relação entre as dimensões, a

partir do conceito de sustentabilidade tecnológica 4.0 desenvolvido, onde uma

empresa que pretenda ser sustentável no contexto tecnológico da Indústria 4.0,

também precisa seguir os princípios de design Hermann, Pentek e Otto (2015). Assim,

um risco que pode afetar um desses princípios, também tem influência sobre esta

definição de sustentabilidade. Apesar da maioria dos riscos mapeados que afetam

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estes princípios serem de origem na Dimensão de Riscos Tecnológicos, outras

dimensões também podem afeta-los. Por exemplo, o risco RSE1 (risco de

consequências éticas provenientes de inteligências artificiais) tem influência direta

sobre o princípio de Descentralização da Indústria 4.0, pois decisões de Inteligências

Artificiais (IA) precisam ser avaliadas em suas possíveis consequências (TADDEO,

FLORIDI, 2018; WINFIELD et al., 2019) podendo levar a um atraso na adoção dessas

tecnologias.

5.1.2 Construção do Framework Teórico

Dessa forma, após verificar cada risco individualmente sobre suas relações

em outras dimensões (Apêndice C), é possível construir um framework que possa

representar tal condição.

Para esta construção, partiu-se do conceito do tripé da sustentabilidade (Triple

Bottom Line) de Elkington, na qual uma representação gráfica e teórica permite a

interseção entre três dimensões (Econômica, Social e Ambiental). Estas interseções

podem ser utilizadas para representar os riscos com efeitos sobre mais de um tipo de

sustentabilidade, como ilustrado na Figura 21.

Figura 21 - Triple Bottom Line de Elkington

Fonte: Baseado na teoria de Elkington (1998a; 1998b)

No entanto, a representação da Figura 21 não satisfaz esta pesquisa devido

as questões tecnológicas não poderem ser representadas. Assim, para que uma

construção gráfica possa ser desenvolvida e este desfalque possa ser suprido, as

quatro Dimensões de Risco (Riscos Econômicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais

e Riscos Tecnológicos) precisam ser representadas. Para isto, quatro elipses

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dimensionais entrelaçadas foram construídas, onde tal condição é satisfeita. Além do

mais, a questão regulamentar verificada durante o levantamento dos riscos do capítulo

anterior (item 4.2.5) também pode ser representada na construção desta formação.

Como existe a necessidade de regulamentações precisas para o contexto da indústria

4.0, a questão regulamentar será ilustrada como uma base de suporte para todas as

dimensões.

Desta forma, o framework teórico proposto baseado nos efeitos dos riscos da

Indústria 4.0 sobre os conceitos de sustentabilidade definidos pode ser finalizado em

forma de quatro elipses dimensionais correlacionadas e suportadas pelas

regulamentações (Figura 22).

Figura 22 - Framework teórico para os efeitos dos riscos da indústria 4.0

Fonte: Autor (2019).

Com a ilustração da Figura 22 pode-se verificar todas as áreas possíveis entre

as quatro dimensões, assim os riscos da Indústria 4.0 podem ser alocados nesta

diagramação de acordo com seus efeitos. Por exemplo, um risco com efeito sobre a

sustentabilidade econômica pode ser alocado na área amarela e um risco que possua

efeito em mais de um tipo de sustentabilidade pode ficar alocado em uma das

interseções.

Com intuito de resumir os riscos levantados sem a distribuição individual nas

áreas propostas, as quatro Dimensões de Risco descritas no capítulo anterior (Riscos

Tecnológicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais e Riscos Tecnológicos) podem ser

organizadas de acordo com a ilustração da Figura 23.

Dimensão de Riscos Sociais (DRS)

Dimensão de Riscos Ambientais (DRA)

Dimensão de Riscos Econômicos (DRE)

Dimensão de Riscos Tecnológicos (DRT)

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Figura 23 – Representação resumida dos riscos sobre as dimensões propostas.

Fonte: Autor (2019)

Apesar desta distribuição, representada na Figura 23, trazer uma forma de

organizar os riscos esquematicamente, eles não estão organizados corretamente

conforme o Apêndice C. Assim, para que estes riscos possam ser organizados de

forma correta, primeiramente categorias de riscos serão construídas para denominar

cada área proposta no framework. Esta categorização é apresentada no modelo do

capítulo seguinte.

• Risco de perda de posições de trabalho

• Risco de consequências éticas provenientes de inteligências artificiais

• Risco de invasão de privacidade e uso indevido de dados

Riscos Sociais

• Risco de falta de mão de obra qualificada

• Risco de relutância a mudanças

• Riscos à integridade física de trabalhadores

• Riscos de problemas psicossociais

• Risco de aumento das desigualdades e tensões sociais

Riscos Ambientais

• Risco de aumento de consumo de recursos naturais para produção de tecnologias

• Risco de alto consumo de energia para operação de tecnologias

• Risco de aumento de lixo eletrônico e resíduos

• Risco de aumento de consumo de combustíveis

Riscos Tecnológicos

• Risco de interferência nos sinais

• Risco de sobrecarga da rede

• Risco de falta de interoperabilidade

• Risco de caos tecnológico

• Risco de ataque cibernético

• Risco de divulgação de dados privados

• Risco de análise ineficaz dos dados

• Risco de dados de má qualidade

Regulamentações

Riscos Econômicos

• Risco de alto custo de implantação

• Risco de retorno financeiro incerto

• Risco de autossabotagem sobre a cadeia de suprimentos

• Risco de imprecisão na implantação

• Risco de Dependência de parceiros

• Risco de problemas de concorrências

• Risco de intervenções negativas de clientes

• Risco de dificuldade de aceitação de clientes

Legenda

Dimensão de Riscos Sociais (DRS) Dimensão de Riscos Ambientais (DRA)

Dimensão de Riscos Tecnológicos (DRT) Dimensão de Riscos Econômicos (DRE)

DRT

DRE

DRA

DRS

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99

5.2 CATEGORIAS DOS RISCOS DA INDÚSTRIA 4.0

Após a construção do framework teórico para os efeitos dos riscos é possível

desenvolver categorias baseadas nas áreas demonstradas pela representação gráfica

proposta possibilitando retratar quais e quantas dimensões os riscos possuem efeito.

Portanto, a partir das elipses dimensionais e suas interseções, uma forma de

categorização é desenvolvida, na qual categorias e níveis de categorização estão

inseridos. Para isto, cada área presente no framework é considerada uma categoria

que são denominadas a partir dos efeitos que os riscos possuiriam caso fossem

alocados em determinada área e também a partir uma combinação das denominações

das quatro sustentabilidades (Econômica, Social, Ambiental e Tecnológica)

conceituadas nesta pesquisa. A Figura 24 demonstra esse raciocínio.

Figura 24 – Categorização dos riscos da indústria 4.0 a partir dos efeitos. (I) Riscos Primários; (II) Riscos Secundários; (III) Riscos Terciários; (RS) Riscos à Sustentabilidade.

Fonte: Autor (2019)

Além do mais, também representado na Figura 24, as categorias são

agrupadas em três níveis: Primário ( I ), Secundário ( II ) e Terciário ( III ). O nível

primário indica que um risco possui efeito em apenas uma dimensão, o secundário

indica que um risco possui efeito em duas dimensões e o terciário indica que um risco

I

II

III

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100

possui efeito em três dimensões. Finalmente, ao centro do framework fica indicado os

riscos que possuem efeito nas quatro dimensões, denominados aqui como Riscos à

Sustentabilidade (RS). Portanto, a Sustentabilidade de forma completa é tratada neste

trabalho como a capacidade das empresas em equilibrar as quatro dimensões de

forma a garantir seu sucesso econômico, social, ambiental e tecnológico no contexto

da indústria 4.0.

A categorização descrita pela Figura 24 é demonstrada em forma de um

quadro, em que as informações propostas podem ser observadas de forma conjunta.

Quadro 5 – Categorias dos riscos da indústria 4.0.

Níveis Categoria Conceito de Sustentabilidade que possui

efeito

Pri

mári

os

(I)

Riscos Puramente Econômicos Econômica

Riscos Puramente Sociais Social

Riscos Puramente Ambientais Ambiental

Riscos Puramente Tecnológicos Tecnológica

Secu

nd

ári

os

(II

)

Riscos Socioambientais Social e Ambiental

Riscos Econômicos-ambientais Econômica e Ambiental

Riscos Socioeconômicos Social e Econômica

Riscos Tecnoeconômicos Tecnológica e Econômica

Riscos Tecnoambientais Tecnológica e Ambiental

Riscos Tecnosociais Tecnológica e Social

Terc

iári

os

(III

)

Riscos Tecnosocioambientais Tecnológica, Social e Ambiental

Riscos Econômico-socioambientais Econômica, Social e Ambiental

Riscos Tecnosocioecômicos Tecnológica, Social e Econômica

Riscos Tecnoeconômico-ambientais Tecnológica, Econômica e Ambiental

Riscos à Sustentabilidade Tecnológica, Econômica, Social e Ambiental

Fonte: Autor (2019)

Dessa maneira, os riscos podem ser categorizados de acordo com seus

efeitos possibilitando entender quais e quantos conceitos de sustentabilidade são

afetados.

5.3 CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS MAPEADOS

Por fim, baseado nas relações entre as dimensões (Apêndice C) e nas

categorias construídas, os riscos mapeados foram categorizados e corretamente

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101

distribuídos no framework. Assim, o resultado dessa organização pode ser visto na

Figura 25.

Figura 25 – Riscos categorizados segundo as categorias desenvolvidas. ( I ) Riscos Primários; ( II ) Riscos Secundários; ( III ) Riscos Terciários.

Fonte: Autor (2019)

A seguir, como forma de facilitação do entendimento, as relações e a forma

como os riscos foram alocados na Figura 25 são discutidas em tópicos divididos nos

níveis de categorização a seguir.

Legenda

Dimensão de Riscos Econômicos

Dimensão de Riscos Ambientais

Riscos Puramente Ambientais ( I )

• Risco de alto do consumo de recursos naturais para produção de tecnologias

• Risco de aumento do consumo de combustíveis

• Risco de alto consumo de energia para operação de tecnologias

Riscos Econômico-Ambientais ( II )

• Risco de aumento de lixo eletrônico e resíduos

Riscos Puramente Econômicos ( I )

• Risco de alto custo de implantação

• Risco de Retorno financeiro incerto

• Risco de autossabotagem sobre a cadeia de valor

• Risco de dependências de parceiros

• Risco de problemas de concorrência

Riscos Tecnoeconômico-Ambiental ( III )

• Risco de incapacidade técnica da rede

• Risco de falta de interoperabilidade

Riscos Tecnoeconômico ( II )

• Risco de Imprecisão na implantação

• Risco de intervenção negativas de clientes

• Risco de Interferência nos sinais

• Risco de Caos tecnológico

• Risco de Divulgação de dados privados

• Risco de análise ineficaz dos dados

• Risco de dados de má qualidade

• Risco de dificuldade de aceitação dos clientes

Riscos à Sustentabilidade

• Risco de ataque cibernético

Regulamentações

Riscos Tecnosocial ( II )

• Risco de relutância a mudanças

• Risco de consequências éticas provenientes de Inteligências Artificiais

Riscos Socioeconômicos ( II )

• Risco à integridade física de trabalhadores

Riscos Tecnosocioeconômicos ( III )

• Risco de falta de mão de obra qualificada

Dimensão de Riscos Sociais

Dimensão de Riscos Tecnológicos

Riscos Puramente Sociais ( I )

• Risco de problemas psicossociais

• Risco de desigualdade e tensões sociais

• Risco de perda de posições de trabalho

• Risco de Invasão de privacidade

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102

5.3.1 Riscos de Nível I

Os riscos que podem trazem consequências para apenas uma das dimensões

separadamente são a seguir discutidos com intuito de trazer insigths provenientes

deste tipo de nível de riscos.

Riscos Puramente Econômicos

Os riscos puramente tecnológicos trazem uma relação interessante na forma

como as empresas se posicionarão frente aos efeitos negativos providentes da Quarta

Revolução Industrial. Essa afirmação é baseada no fato de que as empresas podem

necessitar cobrir o alto custo de implantação de toda infraestrutura necessária para

aplicação da Indústria 4.0 (REF1), ao passo que podem enfrentar problemas de um

retorno financeiro incerto (REF2). Segundo Lee e Lee (2015) e Kiel et al. (2017), as

empresas devem ser cuidadosas quanto ao investimento nas tecnologias emergentes.

Além da afirmação acima, os riscos REM1 (Risco de problemas de

concorrência) e REP (Risco de dependências de parceiros) demostram que o

mercado e o fornecimento de produtos e serviços pode se modificar e as empresas

precisam estar atentas em como se posicionar neste meio. Ao mesmo tempo que

enfrentam a concorrência e possível dependência de parceiros, as empresas

necessitarão olhar para sua própria cadeia de valor e verificar se seus parceiros estão

aptos para acompanhar seu desenvolvimento tecnológico (REP 2).

Riscos Puramente Sociais

Os riscos mapeados neste trabalho e categorizados como riscos puramente

sociais colocam questões em que os efeitos podem ser diretamente sentidos por

trabalhadores ou a sociedade como um todo. Numa perspectiva interna às empresas,

os trabalhadores podem enfrentar problemas psicossociais devido as pressões das

mudanças geradas pela Indústria 4.0 (RSC4) (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL,

SOUISSI, 2018), ou enfrentar infrações à privacidade em que dados pessoais ficam

cada vez mais conectados (RSE2). Isso pode significar um trabalho da área de gestão

de pessoas necessitando agir sobre os trabalhadores para conduzir uma transição

tecnológica menos impactante, os fazendo se adaptar e se proteger contra possíveis

percalços. Imran e Kantola (2018) propõem que os desafios no gerenciamento dos

recursos humanos, podem ser administrados a partir de uma visão ligada a

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103

competências dos trabalhadores com intuito de analisar fraquezas e fortalezas do

capital humano e desenvolvê-las de acordo.

Quanto abrangemos de forma mais ampla envolvendo toda uma sociedade,

os riscos que aparecem trazem questões de desigualdades ou tensões sociais (RSS1)

e perdas de posição de trabalho (RSS2). Aqui, as ações de prevenção podem ser

provenientes do setor público ou mesmo do meio privado com projetos sociais para

evitar o que Caruso (2017) traz como a discussão sobre os ganhos ficarem nas mãos

de poucos selecionados.

Riscos Puramente Ambientais

Esta categoria de riscos demonstra falta de estudos na literatura voltadas

questões ambientais no ambiente da Indústria 4.0. Dos quatro riscos ambientais

(código iniciados por “RA”), três deles ficaram alocados nesta categoria. Assim,

poucas relações entre outras dimensões puderam ser mapeadas. Além do mais, esta

categoria trouxe riscos que estão ligados a algum consumo de recursos, naturais ou

não, portanto, esperava-se que também trouxessem relações com a dimensão

financeira devido aos custos relacionados. No entanto, essas relações não se

mostram de forma explicita pelos pesquisadores.

Apesar das afirmações acima, as preocupações com o consumo de recursos

é um ponto de alerta trazido por esta categoria, tanto para a produção das novas

tecnologias como para sua operação (riscos RAR1, RAR2 e RAC2).

5.3.2 Riscos de Nível II

Os casos relacionados aos riscos que podem afetar dois conceitos de

sustentabilidade e, portanto, alocados em interseções de duas dimensões são

discutidos na sequência.

Riscos Tecnosociais

Os riscos Tecnosociais trazem questões de efeitos gerados através da

relação entre os trabalhadores e tecnologias da Quarta Revolução Industrial. Isso

acontece tanto no sentido humano para com as tecnologias, onde trabalhadores

podem se tornar relutantes às mudanças envolvidas na Indústria 4.0 (RSC2) (DE

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SOUZA JABBOUR et. al., 2018) podendo dificultar a adoção de novas tecnologias,

como no sentido das tecnologias para com os humanos que podem ganhar atribuições

inteligentes de decisão e gerar consequências éticas (RSE1) (TADDEO, FLORIDI,

2018; WINFIELD et al., 2019).

Riscos Tecnoeconômico

Essa categoria é a que possui a maior quantidade de riscos, portanto,

questões tecnológicas e econômicas em conjunto são as mais discutidas na literatura.

Nesta categoria encontramos problemas relacionados ao uso ineficiente ou a própria

ineficiência técnica das tecnologias 4.0 e como podem afetar de forma negativa o setor

financeiro. Por exemplo, a interferência de sinais do excedente de tecnologias

conectadas (RTT1) ou o risco de caos tecnológico (RTT4) podem gerar perda

produtiva, assim como a análise ineficaz do Big Data (RTG1).

Além disso, essa categoria mostra como à relação com clientes pode afetar

questões tecnológicas e financeiras. Primeiramente, a intervenção dos clientes pode

ser uma realidade no meio produtivo durante todo o ciclo de fabricação (LI, HOU, WU,

2017) possibilitando a geração de ineficiências tecnológicas e, por consequência,

financeiras. Num extremo oposto, os clientes podem ter dificuldade de aceitar as

novas tecnologias e serviços (KIEL, ARNOLD, VOIGT, 2017), injustificado um

investimento.

Riscos Econômico-Ambientais

Nesta categoria, apenas um risco foi identificado e alocado, o qual descreve

como a geração de lixo de eletrônico pode ser também um problema financeiro devido

o investimento na correta destinação ou processamento do mesmo (RAC1). Isso

acontece devido ao fato de haver uma possível substituição de substituição de

tecnologia obsoletas (BONILLA et al., 2018).

Riscos Socioeconômicos

O risco à integridade física de trabalhadores é o único representante dessa

categoria. Este risco envolve a necessidade do desenvolvimento de padrões voltados

à segurança, em que empresas poderão ser demandadas de desprendimento de

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investimentos para adaptar maquinários em casos onde trabalhadores necessitarão

realizar atividades com máquinas inteligentes. (BADRI, BOUDREAU-TRUDEL,

SOUISSI, 2018).

5.3.3 Riscos de Nível III

Na sequência são apresentados e discutidos os riscos encontrados nesta

pesquisa que podem afetar três conceitos de sustentabilidade simultaneamente.

Riscos Tecnoeconômico-Ambientais

Os riscos dessa categoria, demonstram que investir nas tecnologias em

evidência através do conceito da Indústria 4.0, exigem uma alta conectividade entre

os agentes participantes como sistemas ciber-físcos (CPS), organizações, humanos

e indústria através da Internet das Coisas e Internet de Serviços (HERMANN,

PENTEK, OTTO, 2015). Esta alta conectividade, além de poder trazer empecilhos

tecnológicos como a falta de interoperabilidade (RTT3) e incapacidade técnica da rede

(RTT2), pode acarretar em custos com substituição de maquinários obsoletos e

aumento no consumo de energia para redução de latência da rede de conexão (LI et

al., 2017). Além disso, pode gerar consequências ambientais como o próprio consumo

de energia (LI et al., 2017) e também o lixo eletrônico gerado pela substituição dos

equipamentos (BONILLA et al., 2018).

Riscos Tecnosocioeconômicos

Como representante desta categoria está o risco de falta de mão de obra

qualificada (RSC1). Além de ser um risco orginalmente social, pode ter consequências

tecnológicas devido a implementação bem-sucedida da Indústria 4.0 depender de

profissionais capacitados (MOKTADIR et al., 2018) e também consequências

econômicas devido a necessidade de investimentos em mão de obra qualificada (KIEL

et al., 2017).

5.3.4 Riscos à sustentabilidade

Como nesta pesquisa a Sustentabilidade é considerada como a capacidade

das empresas em equilibrar as quatro dimensões de forma a garantir seu sucesso

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econômico, social, ambiental e tecnológico no contexto da Indústria 4.0, os riscos

atribuídos nessa categoria merecem atenção especial. Este é o caso do risco de

ataque cibernético que pode exercer efeito sobre as quatro dimensões.

Num contexto econômico, um ataque cibernético pode causar perda de

produtividade (LEZZI, LAZOI, CORALLO, 2018), produtos defeituosos, sucateamento

de máquinas (WU, SONG, MOON, 2019), etc. No âmbito social, a segurança de

trabalhadores pode ser ameaçada (GAO et al., 2015), pois ferimentos e perdas de

vidas podem ser causados pela manipulação de máquinas (JANSEN, JESCHKE,

2018). E quando tratamos de questões ambientais, podemos citar problemas como o

mencionado por Tuptuk e Hailes (2018) de vazamento de esgoto casado por um

ataque cibernético atingindo parques e rios, e também outros encontrados nos

trabalhos de Jansen e Jeschke (2018); Wu, Song e Moon (2019) e He et al. (2016).

Por fim, a questão tecnológica trata-se da própria interferência na execução e

manipulação das tecnologias.

Um fato que pode ter alocado este risco na categoria central, é o fato de ele

ser o risco mais comentado na literatura dentro do portfólio estudado (item 4.2.6). Isso

pode auxiliar a ter mais informações e facilitar a localização de relações com outras

dimensões.

5.3.5 Generalidades

De forma geral outros pontos podem ser encontrados a partir dos resultados

encontrado na Figura 25. Nota-se a partir desta distribuição que todos os riscos

tecnológicos (código iniciado por “RT”) possuem algum efeito sobre a sustentabilidade

econômica, pois todos eles encontram-se em áreas onde existe interseções com a

Dimensão de Riscos Econômicos. Destes, apenas dois estão contidos também na

interseção com a Dimensão de Riscos Ambientais (Risco de incapacidade técnica da

rede - RTT2 - e Risco de falta de interoperabilidade - RTT3), um ao centro da imagem

(risco de ataque cibernético – RTS1) e o restante na área de riscos Tecnoeconômicos.

Dessa forma, é possível entender que os efeitos sobre a sustentabilidade tecnológica

4.0 possui uma estreita relação com a sustentabilidade econômica.

Outro ponto que também pode ser notado é que algumas áreas da Figura 25

não foram preenchidas, principalmente as representantes dos riscos de nível III. No

entanto, o desenvolvimento desta forma de categorização possui o intuito de ser

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aplicável em momentos futuros. Esta afirmação é baseada no fato da Quarta

Revolução Industrial ainda ser um tema muito recente, onde muitas tecnologias e

conceitos ainda não foram totalmente explorados ou aplicados. Portanto, riscos ainda

não mapeados podem surgir futuramente e, assim serem classificados segundo a

estrutura proposta por este trabalho. Além do mais, perspectivas diferentes podem

utilizadas para avaliar os riscos nas categorias construídas, como análises subjetivas

de gerentes que podem avaliar os efeitos dos riscos de acordo com seu contexto ou

visão de negócios.

Ainda sobre áreas vazias no gráfico, a categoria de riscos puramente

tecnológicos não apresentou representantes. Segundo a definição desta pesquisa, os

riscos puramente tecnológicos representaram aqueles que podem exercer efeitos

apenas sobre a sustentabilidade tecnológica 4.0 sem afetar questões econômicas,

sociais e ambientais. No entanto, é importante frisar que o presente trabalho possui

em seu escopo o ambiente industrial, no qual esta questão específica pode não estar

contida. Segundo Roblek, Meško e Krapež (2016), a indústria 4.0, apesar de ainda

estar em estado conceitual, pretende incluir características tecnológicas com caráter

dinâmico envolvendo múltiplos setores como de TI, mobilidade, construção, medicina,

etc. Dessa forma, riscos que estão fora do escopo industrial, em dimensões não

mapeadas neste trabalho, podem conter possíveis efeitos que não o social, ambiental

e econômico como os contextos de saúde ou culturais. Com isso, para que os

objetivos deste trabalho sejam preservados em relação ao ambiente industrial, o

capítulo posterior apresentará como sugestões para trabalhos futuros, o mapeamento

de riscos puramente tecnológicos, uma vez que este torna-se tema para um outro

trabalho.

5.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Este capítulo descreve a construção de uma modelo de categorização dos

riscos da indústria 4.0 a partir de uma perspectiva da sustentabilidade. A construção

do framework e as categorias desenvolvidas, sugerem uma forma de distribuir os

riscos baseados em seus efeitos sobre os quatro tipos de sustentabilidades utilizados

na pesquisa (sustentabilidade econômica, sustentabilidade social, sustentabilidade

ambiental e sustentabilidade tecnológica 4.0).

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Desta forma, é possível verificar como os riscos se comportam dentro das

dimensões e as relações baseados na literatura. Assim, pontos relativos a que tipo de

efeitos os riscos podem tomar, são estabelecidos. Além disso, este modelo pode ser

utilizado em estudo futuros para categorizar riscos futuros.

Outro ponto a ser levado em consideração é o fato do modelo se mostrar

flexível para utilização em perspectivas e contextos específicos de empresas. Como

a presente pesquisa utilizou a literatura como base de julgamento de como os riscos

poderiam ser categorizados dentro do modelo proposto, gerentes e especialistas

podem avaliar os efeitos dos riscos de maneira diferente e categorizá-los de acordo.

Isto pode ajudar empresas a se preparar para Quarta Revolução Industrial dentro de

sua realidade.

Por fim, o modelo também apresentou possíveis análises para dimensões fora

do escopo estudado, podendo preencher a área de dimensão tecnológica que se

mostrou vazia. Isto pode ser o estopim para estudos na área de gerenciamento de

riscos no contexto da Indústria 4.0, principalmente em questões além do escopo

industrial como saúde, cultura, etc.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo tem o objetivo de apresentar as considerações finais da

pesquisa realizada. Com intuito de deixo mais organizado, será dividido em seções:

Análise dos objetivos, considerações gerais, contribuições do trabalho e limitações e

sugestões para trabalhos futuros.

6.1 ANÁLISE DOS OBJETIVOS

O presente trabalho atingiu o objetivo geral proposto: Desenvolver um modelo

teórico de categorização dos riscos negativos provenientes da implantação das

tecnologias e conceitos da Indústria 4.0 sobre empresas do setor industrial. Além

disso, trouxe uma forma de categorização que pode ser utilizada para futuros riscos

ainda a ser mapeados no contexto da Quarta Revolução Industrial.

Os objetivos específicos também foram atingidos e as considerações sobre

cada um pode ser vista a seguir.

1. Realizar uma revisão bibliográfica sistematizada (RBS) para construção

de um portfólio bibliográfico a ser utilizado como base teórica da

pesquisa: Foi atingido no capítulo de metodologia, onde é descrito passo a

passo e resultou no portfólio de 66 artigos utilizado na pesquisa.

2. Realizar uma Análise Bibliométrica dos artigos utilizados na construção

da pesquisa: Foi atingido através do estudo bibliométrico do item 4.1.

3. Realizar uma análise temática para mapeamento dos riscos da Indústria

4.0: Foi atingido no item 4.2, onde cada risco foi discutido individualmente

mapeados através dos passos propostas na metodologia utilizando o software

Nvivo®. Além disso, o item 4.2.6 demonstra o resultado do estudo quantitativo

dos riscos mapeados.

4. Propor um framework teórico dos riscos mapeados baseado em seus

possíveis efeitos: Foi atingido na construção do framework do item 5.1, onde

é possível visualizar como ele foi estabelecido baseado no Tripple Bottom Line.

5. Construir categorias de risco a partir do framework proposto: pode ser

visto no item dos resultados 5.2. Cada categoria foi construída baseada no

framework desenvolvido.

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6. Categorizar os riscos mapeados a partir do modelo construído: Foi

atingido no item 5.3, no qual os riscos mapeados foram categorizados segundo

as categorias construídas.

6.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A indústria 4.0 possui o potencial de gerar grandes mudanças no contexto

industrial, no entanto, vulnerabilidades e riscos podem estar envolvidos durante a

implantação das novas tecnologias e transformação digital de empresas. Dessa

forma, o presente trabalho traz uma visão sobre os potencias riscos provenientes a

implantação da Indústria 4.0 no setor industrial numa perspectiva da sustentabilidade.

Para isto, foram mapeados e discutidos os riscos a partir de uma extensa revisão da

literatura relacionando as palavras-chave “risco” e “indústria 4.0”.

Após o mapeamento dos riscos foi possível dividi-los em quatro dimensões

(Riscos Econômicos, Riscos Sociais, Riscos Ambientais e Riscos Tecnológicos)

baseadas nos efeitos que os riscos possuem em quatro conceitos de sustentabilidade

definidos a partir da literatura (sustentabilidade econômica, sustentabilidade social,

sustentabilidade ambiental e sustentabilidade tecnológica 4.0).

A partir da discussão e estudo quantitativo dos riscos foi possível perceber

que existem mais questões tecnológicas e sociais discutidas na literatura e questões

econômicas e ambientais precisam de mais contribuições acadêmicas. Os riscos

econômicos demonstraram vulnerabilidade financeiras, de planejamento e

mercadológicas. Os riscos sociais apresentam possíveis efeitos tanto interna (capital

humano) como externamente aos limites empresariais (sociedade) além de questões

éticas e legais. Os riscos ambientais demonstram haver possíveis aumentos no

consumo de recursos naturais e poluição. E na perspectiva tecnológica, riscos

técnicos, de segurança de dados e manuseio de dados são apresentados. Além disso,

questões regulamentares foram verificadas, onde todas as dimensões podem ser

influenciadas.

Além da discussão dos riscos, o estudo de seus efeitos permitiu desenvolver

um framework para representar as relações entre as dimensões devido a alguns riscos

apresentarem a condição de poder exercer efeito em mais de um tipo de

sustentabilidade. O framework construído possibilitou o desenvolvimento de

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categorias, no qual tanto riscos puros (com efeito em apenas uma sustentabilidade)

quanto riscos que possuem a condição descrita poderiam ser alocados.

Foi possível entender também através da caracterização dos riscos que a

sustentabilidade tecnológica possui estreita relação com a sustentabilidade

econômica. Além disso, relações entre as outras dimensões também foram

encontradas, nas quais é possível visualizar de forma completa como os riscos

levantados podem ser distribuídos.

Apesar de não serem encontrados riscos puramente tecnológicos, riscos

dessa categoria poderiam ser mapeados em relação a questão de substituição de

softwares que não afetam questões econômicas, sociais ou ambientais. Este tipo de

ocasião pode ser encontrado na grande concorrência de empresas de TI que gera

grande oferta de serviços tecnológicos.

Além disso, a forma de caracterização construída se mostra útil para futuros

mapeamentos de riscos pois garante abertura para categorizar questões que ainda

não foram encontradas ou discutidas sobre a Indústria 4.0. Por se tratar de um tema

recente, muitos riscos ainda podem ser encontrados e categorizados segundo a

proposta deste trabalho, enaltecendo dessa forma, a importância e relevância do

presente trabalho.

6.3 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO

Diante da originalidade do presente trabalho, visualizada através das

pesquisas obtidas a partir do portfólio bibliográfico, nota-se a importância deste estudo

no contexto mundial atual, onde a Quarta Revolução Industrial é eminente. Conhecer

os riscos da Indústria 4.0 instiga o embasamento de futuras pesquisas sobre o mesmo

tema, além de promover o conhecimento industrial sobre os riscos da indústria 4.0, o

que melhora economicamente e socialmente as chances de obter melhores resultados

a partir da implantação dos conceitos de indústria por parte das indústrias, dado o

impacto e magnitude do tema “Indústria 4.0” em questão.

Para melhor organizar as contribuições deste trabalho, estes serão divididos

em acadêmico, econômico e social.

Âmbito Acadêmico: Numa perspectiva teórica, o trabalho contribui para a

construção literária sobre a Indústria 4.0, principalmente no tema relacionado aos

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riscos negativos que ainda não possui aporte teórico considerável. Além do mais, este

estudo pode ser visto como uma integração ao conceito de sustentabilidade do Tripple

Bottom Line de Elkington, pois uma nova dimensão é proposta e questões

tecnológicas podem ser tratas em uma perspectiva própria. Outro ponto interessante,

é questão de os riscos mapeados estarem apensa no contexto empresarial, propondo

possíveis novos estudos para categorias não abrangidas.

Por fim, esta pesquisa desenvolveu uma metodologia de análise temática

(item 3.4) que pode auxiliar em pesquisas qualitativas futuras.

Âmbito Econômico: As empresas podem verificar como riscos dentro de seu

contexto pode afetar os pilares da sustentabilidade e se preparar para problemas

esperados. Além disso, os riscos futuros que podem surgir durante a mudança

tecnológica podem ser categorizados segundo o framework proposto e entender e tipo

de efeito podem gerar. Assim, entender a natureza dos riscos da Quarta Revolução

Industrial ajuda a prevenir problemas, evitar gastos inesperados e contornar pontos

negativos. Como este estudo faz parte de uma das etapas de um gerenciamento de

riscos (Levantamento dos riscos), pode ajudar gerentes a ter uma primeira noção de

como iniciar esta análise dentro do âmbito de sua empresa.

Âmbito Social: A sociedade pode se beneficiar deste estudo através das

discussões sociais estabelecidas nesta pesquisa. Questões como desigualdade

social, desemprego e qualificação profissional são pontos levantados que podem ser

o estopim de novos estudos. Órgãos públicos podem se preparar melhor para estes

desafios com intuito de minimizá-los e as empresas podem apoiar a diminuição dos

impactos negativos através do conhecimento prévio levantado neste trabalho. Além

disso, um ponto levantado é a questão de desigualdades entre países, onde nações

inteiras podem necessitar estar atentas em questões de desenvolvimento tecnológico.

E ainda, a questão das regulamentações levantadas no item 4.2.5 é um ponto

importante, pois podem ajudar no processo de padronização que ainda é frágil no

contexto da Indústria 4.0 tanto em questões econômicas como ambientais, sociais e

ético-legais.

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113

6.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como o estudo realizado utilizou apenas a literatura para o levantamento dos

riscos, pesquisas baseadas na aplicação do modelo teórico através de opiniões de

especialistas podem ser realizadas onde novos riscos podem ser mapeados. A

aplicação também pode ser realizada dentro do escopo de uma empresa específica

para verificar como os riscos se comportam dentro de um contexto prático ou mesmo

em diferentes setores industrias (e.g., indústria alimentícia, indústria automobilística,

indústria têxtil, etc.).

A perspectiva puramente teórica deste estudo também abre espaço para

pesquisas quantitativas, onde a probabilidade e o impacto dos riscos mapeados

podem ser avaliados. Além disso, investigações voltadas a estratégias de mitigação e

monitoramento dos riscos levantados podem ser estruturadas.

Outra sugestão para trabalhos futuros é a investigação dos riscos puramente

tecnológicos, pois apenas o setor industrial foi pesquisado, assim, novos estudos

podem ser realizados para verificar se novas dimensões podem ser mapeadas em

escopos de pesquisa diferentes (e.g. Saúde, Cultura, Smart Cities, etc.) que não o

econômico, social, ambiental ou tecnológico.

Através do estudo quantitativo dos riscos do item 4.2.6, pode-se perceber que

existem poucos trabalhos voltados para a perspectiva ambiental abrindo espaço para

pesquisas nesta área. Isto também é percebido para questões econômicas que

aparecem apenas na oitava posição no ranking de representatividade dentro do

portfólio estudado. Além do mais, não foram verificados trabalhos que estudassem a

viabilidade da Indústria 4.0, tornando-se um ponto importante para pesquisas futuras.

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126

APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS COMBINAÇÕES DE PALAVRAS-CHAVE E QUANTIDADE DE ARTIGOS LEVANTADOS

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127

Combinações Scopus Web of science Total

"Industry 4.0" AND "risk*" 182 106 288

"Industrie 4.0" AND "risk*" 21 7 28

"Advanced Manufacturing" AND "risk*" 140 68 208

"Industrial Internet" AND "risk*" 49 28 77

"Smart Manufacturing" AND "risk*" 40 18 58

"Fourth Industrial Revolution" AND "risk*" 38 27 65

"Internet of Everything" AND "risk*" 15 9 24

"Made-in-China 2025" AND "risk*" 2 3 5

"Industry 4.0" AND "uncertainty" 65 29 94

"Industrie 4.0" AND "uncertainty" 6 3 9

"Advanced Manufacturing" AND "uncertainty" 100 74 174

"Industrial Internet" AND "uncertainty" 11 7 18

"Smart Manufacturing" AND "uncertainty" 29 10 39

"Fourth Industrial Revolution" AND "uncertainty" 10 8 18

"Internet of Everything" AND "uncertainty" 4 1 5

"Made-in-China 2025" AND "uncertainty*" 2 2 4

"Industry 4.0" AND "uncertainties" 65 13 78

"Industrie 4.0" AND "uncertainties" 6 1 7

"Advanced Manufacturing" AND "uncertainties" 100 18 118

"Industrial Internet" AND "uncertainties" 11 5 16

"Smart Manufacturing" AND "uncertainties" 29 7 36

"Fourth Industrial Revolution" AND "uncertainties" 10 4 14

"Internet of Everything" AND "uncertainties" 4 2 6

"Made-in-China 2025" AND "uncertainties" 2 1 3

"Industry 4.0" AND "challenge*" 770 549 1319

"Industrie 4.0" AND "challenge*" 152 83 235

"Advanced Manufacturing" AND "challenge*" 383 241 624

"Industrial Internet" AND "challenge*" 260 203 463

"Smart Manufacturing" AND "challenge*" 183 118 301

"Fourth Industrial Revolution" AND "challenge*" 159 118 277

"Internet of Everything" AND "challenge*" 98 74 172

"Made-in-China 2025" AND "challenge" 11 3 14

"Industry 4.0" AND "barrier*" 40 26 66

"Industrie 4.0" AND "barrier*" 10 3 13

"Advanced Manufacturing" AND "barrier*" 69 36 105

"Industrial Internet" AND "barrier*" 8 5 13

"Smart Manufacturing" AND "barrier*" 16 12 28

"Fourth Industrial Revolution" AND "barrier*" 8 9 17

"Internet of Everything" AND "barrier*" 3 3 6

"Made-in-China 2025" AND "barrier*" 0 0 0

Continua

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128

Continuação

Combinações Scopus Web of science Total

"Industry 4.0" AND "driver*" 83 50 133

"Industrie 4.0" AND "driver*" 17 6 23

"Advanced Manufacturing" AND "driver*" 33 25 58

"Industrial Internet" AND "driver*" 21 14 35

"Smart Manufacturing" AND "driver*" 13 5 18

"Fourth Industrial Revolution" AND "driver*" 16 10 26

"Internet of Everything" AND "driver*" 7 6 13

"Made-in-China 2025" AND "driver*" 1 1 2

"Industry 4.0" AND "opportunity" 338 36 374

"Industrie 4.0" AND "opportunity" 60 4 64

"Advanced Manufacturing" AND "opportunity" 210 41 251

"Industrial Internet" AND "opportunity" 84 14 98

"Smart Manufacturing" AND "opportunity" 78 9 87

"Fourth Industrial Revolution" AND "opportunity" 102 12 114

"Internet of Everything" AND "opportunity" 46 4 50

"Made-in-China 2025" AND "opportunity" 5 0 5

"Industry 4.0" AND "opportunities" 338 163 501

"Industrie 4.0" AND "opportunities" 60 25 85

"Advanced Manufacturing" AND "opportunities" 210 97 307

"Industrial Internet" AND "opportunities" 84 40 124

"Smart Manufacturing" AND "opportunities" 78 42 120

"Fourth Industrial Revolution" AND "opportunities" 102 61 163

"Internet of Everything" AND "opportunities" 46 23 69

"Made-in-China 2025" AND "opportunity" 5 0 5

Total 5149 2623 7770

Fonte: Autor (2019)

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129

APÊNDICE B – RELAÇÃO DOS ARTIGOS CONSTITUINTES DO PORTFÓLIO FINAL UTILIZADOS NA PESQUISA ORDENADOS PELA METODOLOGIA METHODI ORDINATIO

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130

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

1 Lee, I., Lee, K. The Internet of Things (IoT): Applications,

investments, and challenges for enterprises 2015 Business Horizons 2,588 705 765

2 Wang, S., Wan, J., Li, D.,

Zhang, C. Implementing Smart Factory of Industrie 4.0: An

Outlook 2016

International JournaL of Distributed Sensor Networks

0 469 539

3 Stock, T., Seliger, G. Opportunities of Sustainable Manufacturing in

Industry 4.0 2016 Procedia Cirp 0 369 439

4 Wan, J., Tang, S., Shu,

Z., Li, D., Wang, S., Imran, M., Vasilakos, A.V.

Software-Defined Industrial Internet of Things in the Context of Industry 4.0

2016 IEEE Sensors Journal 2,617 231 301

5 Roblek, V., Mesko, M.,

Krapez, A. A Complex View of Industry 4.0 2016 Sage Open 0 203 273

6 Gao, R., Wang, L., Teti,

R., Dornfeld, D., Kumara, S., Mori, M., Helu, M.

Cloud-enabled prognosis for manufacturing 2015 Cirp Annals-Manufacturing

Technology 3,333 212 272

7 Li, Xi A review of industrial wireless networks in the

context of industry 4.0. 2017 Wireless networks 1,981 180 260

8 Xu, L.D., Xu, E.L. e Li, L. Industry 4.0: state of the art and future trends 2018 International Journal of Production Research

2,623 106 196

9 Chen, B., Wan, J., Shu, L., Li, P., Mukherjee, M.,

Yin, B.

Smart Factory of Industry 4.0: Key Technologies, Application Case, and Challenges

2018 IEEE Access 3,557 88 178

10 Sommer, L. Industrial Revolution - Industry 4.0: Are German

Manufacturing SMEs the First Victims of this Revolution?

2015 Journal of IndustriaL

Engineering and Management-JIEM

0 109 169

11 Müller, J.M., Buliga, O.,

Voigt, K.-I. Fortune favors the prepared: How SMEs approach

business model innovations in Industry 4.0 2018

Technological Forecasting and Social Change

3,131 70 160

12 Mueller, J.M., Kiel, D.,

Voigt, K.-I.

What Drives the Implementation of Industry 4.0? The Role of Opportunities and Challenges in the

Context of Sustainability 2018 Sustainability 2,075 56 146

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131

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

13 Barreto, L., Amaral, A.,

Pereira, T. Industry 4.0 implications in logistics: an overview 2017 Procedia Manufacturing 0 63 143

14 Strange, R., Zucchella, A. Industry 4.0, global value chains and international

business 2017

Multinational Business Review

0 52 132

15 Kiel, D., Mueller, J.M., Arnold, C., Voigt, K.-I.

Sustainable Industrial Value Creation: Benefits and Challenges of Industry 4.0

2017 International Journal of Innovation Management

0 50 130

16 Wu, M., Song, Z., Moon,

Y.B.

Detecting cyber-physical attacks in CyberManufacturing systems with machine

learning methods 2019

Journal of Intelligent Manufacturing

3,667 27 127

17

De Souza Jabbour, A.B.L., Jabbour, C.J.C., Foropon, C., Godinho

Filho, M.

When titans meet – Can industry 4.0 revolutionise the environmentally-sustainable manufacturing

wave? The role of critical success factors 2018

Technological Forecasting and Social Change

3,131 36 126

18 Sisinni, E., Saifullah, A., Han, S., Jennehag, U.,

Gidlund, M.

Industrial internet of things: Challenges, opportunities, and directions

2018 IEEE Transactions on Industrial Informatics

5,430 35 125

19 Kiel, D., Arnold, C., Voigt,

K.-I.

The influence of the Industrial Internet of Things on business models of established manufacturing

companies - A business level perspective 2017 Technovation 4,802 40 120

20

Saucedo-Martinez, J.A., Perez-Lara, M.,

Marmolejo-Saucedo, J.A., Salais-Fierro, T.E.,

Vasant, P.

Industry 4.0 framework for management and operations: a review

2018 Journal of Ambient

Intelligence and Humanized Computing

1,423 30 120

21 Maynard, A.D. Navigating the fourth industrial revolution 2015 Nature Nanotechnology 37,49 56 116

22 Ivanov, D., Dolgui, A.,

Sokolov, B. The impact of digital technology and Industry 4.0 on the ripple effect and supply chain risk analytics

2018 International Journal of Production Research

2,623 26 116

23 Li, G., Hou, Y., Wu, A. Fourth Industrial Revolution: Technological

Drivers, Impacts and Coping Methods 2017

Chinese GeographicaL Science

1,114 36 116

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132

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

24 Tupa, J., Simota, J.,

Steiner, F. Aspects of risk management implementation for

Industry 4.0 2017 Procedia Manufacturing 0 36 116

25

Robla-Gomez, S., Becerra, V.M., Llata, J.R.,

Gonzalez-Sarabia, E., Torre-Ferrero, C. and

Perez-Oria, J.

Working Together: A Review on Safe Human-Robot Collaboration in Industrial Environments

2017 IEEE Access 3,557 35 115

26 Yan, J., Meng, Y., Lu, L.

and Li, L.

Industrial Big Data in an Industry 4.0 Environment: Challenges, Schemes, and Applications for

Predictive Maintenance 2017 IEEE Access 3,557 35 115

27 Kamble, S.S.,

Gunasekaran, A., Gawankar, S.A.

Sustainable Industry 4.0 framework: A systematic literature review identifying the current trends and

future perspectives 2018

Process Safety and Environmental Protection

3,441 25 115

28 Hirschi, A. The Fourth Industrial Revolution: Issues and

Implications for Career Research and Practice 2018

Career Development Quarterly

1,500 22 112

29 Taddeo, M., Floridi, L. How Ai can be a force for good 2018 Science 41,058 21 111

30 Luthra, S., Mangla, S.K. Evaluating challenges to Industry 4.0 initiatives for supply chain sustainability in emerging economies

2018 Process Safety and

Environmental Protection 3,441 20 110

31

Radanliev, P., De Roure, D., Cannady, S., Montalvo, R.M.,

Nicolescu, R., Huth, M.

Economic impact of IoT cyber risk - Analysing past and present to predict the future developments in

IoT risk analysis and IoT cyber insurance 2018 IET Conference Publications 0 20 110

32 Preuveneers, D., Ilie-

Zudor, E.

The intelligent industry of the future: A survey on emerging trends, research challenges and

opportunities in Industry 4.0 2017

Journal of Ambient Intelligence and Smart

Environments 0,878 29 109

33 Xu, M., David, J.M., Kim,

S.H. The fourth industrial revolution: Opportunities and

challenges 2018

International Journal of Financial Research

0 18 108

34

Ur Rehman, M.H., Ahmed, E., Yaqoob, I., Hashem, I.A.T., Imran,

M., Ahmad, S.

Big Data Analytics in Industrial IoT Using a Concentric Computing Model

2018 IEEE Communications

Magazine 9,270 15 105

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133

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

35 Piccarozzi, M., Aquilani,

B., Gatti, C. Industry 4.0 in Management Studies: A Systematic

Literature Review 2018 Sustainability 2,075 15 105

36

He, H., Maple, C., Watson, T., Tiwari, A.,

Mehnen, J., Jin, Y., Gabrys, B.

The Security Challenges in the IoT enabled Cyber-Physical Systems and Opportunities for

Evolutionary Computing & Other Computational Intelligence

2016 2016 IEEE Congress on

Evolutionary Computation (CEC)

0 35 105

37 Liao, Y., Loures, E.R.,

Deschamps, F., Brezinski, G., Venâncio, A.

The impact of the fourth industrial revolution: A cross-country/region comparison

2018 Producao 0 15 105

38

Man, J.C.D., Strandhagen, J.O., de

Man, J.C., Strandhagen, J.O.

An Industry 4.0 Research Agenda for Sustainable Business Models

2017 Procedia CIRP 0 24 104

39 Tuptuk, N. and Hailes, S. Security of smart manufacturing systems 2018 Journal of Manufacturing

Systems 3,699 13 103

40 Schneider, P. Managerial challenges of Industry 4.0: an

empirically backed research agenda for a nascent field

2018 Review of Managerial

Science 1,483 13 103

41 Caruso, L. Digital innovation and the fourth industrial

revolution: epochal social changes? 2018 AI and Society 0 13 103

42 Kamble, S.S.,

Gunasekaran, A., Sharma, R.

Analysis of the driving and dependence power of barriers to adopt industry 4.0 in Indian

manufacturing industry 2018 Computers in Industry 2,850 12 102

43 Badri, A., Boudreau-

Trudel, B., Souissi, A.S. Occupational health and safety in the industry 4.0

era: A cause for major concern? 2018 Safety science 2,835 11 101

44 Pilloni, V. How Data Will Transform Industrial Processes: Crowdsensing, Crowdsourcing and Big Data as

Pillars of Industry 4.0 2018 Future Internet 0 11 101

45 Winfield, A. F., Michael,

K., Pitt, J., Evers, V. Machine Ethics: The Design and Governance of

Ethical AI and Autonomous Systems 2019 Proceedings of the IEEE 9,107 0 100

46 Stock, et al Industry 4.0 as enabler for a sustainable

development: Aqualitative assessment of its ecological and social potential.

2018 Process Safety and

Environmental Protection 3,441 10 100

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134

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

47 Khan, M., Wu, X., Xu, X.

and Dou, W. Big Data Challenges and Opportunities in the

Hype of Industry 4.0 2017

2017 IEEE International Conference on

Communications (ICC) 0 20 100

48 Foidl, H. and Felderer, M. Research Challenges of Industry 4.0 for Quality

Management 2016

Lecture Notes in Business Information Processing

0 29 99

49 Moktadir, M.A., Ali, S.M.,

Kusi-Sarpong, S. and Shaikh, M.A.A.

Assessing challenges for implementing Industry 4.0: Implications for process safety and

environmental protection 2018

Process Safety and Environmental Protection

3,441 8 98

50 Jansen, C., Jeschke, S. Mitigating risks of digitalization through managed

industrial security services 2018 AI and Society 0 8 98

51

Bonilla, S.H., Silva, H.R.O., da Silva, M.T.,

Goncalves, R.F., Sacomano, J.B.

Industry 4.0 and Sustainability Implications: A Scenario-Based Analysis of the Impacts and

Challenges 2018 Sustainability 2,075 7 97

52 Freddi, D.

Digitalisation and employment in manufacturing: Pace of the digitalisation process and impact on employment in advanced Italian manufacturing

companies

2018 AI and Society 0 7 97

53 Fonseca, L.M. Industry 4.0 and the digital society: concepts,

dimensions and envisioned benefits 2018

Proceedings of the InternationaL Conference on

Business Excellence 0 7 97

54 Kalor, A.E., Guillaume,

R., Nielsen, J.J., Mueller, A., Popovski, P.

Network slicing in industry 4.0 applications: Abstraction methods and end-to-end analysis

2018 IEEE Transactions on Industrial Informatics

5,430 5 95

55 Gobbo Junior, J.A.,

Busso, C.M., Gobbo, S.C.O., Carreao, H.

Making the links among environmental protection, process safety, and industry 4.0

2018 Process Safety and

Environmental Protection 3,441 5 95

56 Salento, A. Digitalisation and the regulation of work:

theoretical issues and normative challenges 2018 AI and Society 0 5 95

57 Özdemir, V., Ozdemir, V. The dark side of the moon: The internet of things,

industry 4.0, and the quantified planet 2018

OMICS A Journal of Integrative Biology

0 5 95

58 Zhou, L., Yeh, K.-H.,

Hancke, G., Liu, Z., Su, C.

Security and Privacy for the Industrial Internet of Things An overview of approaches to safeguarding

endpoints 2018

IEEE Signal Processing Magazine

7,451 4 94

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135

Ranking Autores Título Ano Periódico / Evento JCR No

Citações InOrdinatio

59 Imran, F., Kantola, J. Review of industry 4.0 in the light of sociotechnical

system theory and competence-based view: A future research agenda for the evolute approach

2018 Advances in Intelligent

Systems and Computing 0 4 94

60 Lezzi, M., Lazoi, M.,

Corallo, A. Cybersecurity for Industry 4.0 in the current

literature: A reference framework 2018 Computers in Industry 2,850 3 93

61 Wu D., Ren A., Zhang, W., Fan, F., Liu, P., Fu,

X., Terpenny, J. Cybersecurity for digital manufacturing 2018

Journal of Manufacturing Systems

3,699 2 92

62 Romero, D., Mattsson, S., Fast-Berglund, Å., Wuest, T., Gorecky, D., Stahre, J.

Digitalizing occupational health, safety and productivity for the operator 4.0

2018 IFIP Advances in Information and

Communication Technology 0 1 91

63 Saleem, J., Hammoudeh,

M., Raza, U., Ande, R. IoT standardisation: challenges, perspectives and

solution 2018

ACM International Conference Proceeding

Series 0 1 91

64 Rajnai, Z., Kocsis, I. Labor Market Risks of Industry 4.0, Digitization,

Robots and AI 2017

2017 IEEE 15th International Symposium on

Intelligent Systems and Informatics (SISY)

0 10 90

65 Kirchen, I., Schütz, D.,

Folmer, J., Vogel-Heuser, B.

Metrics for the evaluation of data quality of signal data in industrial processes

2017 2017 IEEE 15th

International Conference on Industrial Informatics

0 4 84

66 Dawson, M. Cyber Security Policies for Hyperconnectivity

and Internet of Things: A Process for Managing Connectivity

2017 Information Technology-

New Generations. Springer, Cham,

0 2 82

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136

APÊNDICE C – QUADRO COM OS RESULTADOS DO ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DE RISCO

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137

Riscos Econômicos

Cód. Subc. Riscos Efeito na Sustentabilidade

Tecnológica 4.0

Efeito na Sustentabilidade

Social

Efeito na Sustentabilidade Ambiental

REF1 F

inance

iros Risco de altos custos

de implantação _ _ _

REF2 Risco de retorno financeiro incerto

_

_ _

REP1

Pla

ne

jam

ento

e G

estã

o

Risco de imprecisão na implantação

A falta de uma política estratégica de implantação pode ser um desafio para a adoção das tecnologias e conceitos

da indústria 4.0 (MOKTADIR et al., 2018).

_ _

REP2

Risco de autossabotagem

sobre a cadeia de valor

_ _ _

REP3 Risco de

dependência de Parceiros

_ _ _

REM1

Merc

ado

lóg

icos

Risco de problemas de concorrência

_ _ _

REM2 Risco de

intervenções negativas de clientes

O alto índice de personalização e demandas individuais, dificultam e

atrasam a implementação de soluções da indústria 4.0 (MÜLLER,

BULIGA, VOIGT, 2018).

_ _

REM3 Risco de dificuldade

de aceitação de clientes

Podem haver desafios para convencimento de clientes sobre a

natureza benéfica das novas soluções (KIEL, ARNOLD, VOIGT, 2017) podendo afetar o princípio de orientação a serviços da I4.0.

_ _

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138

Riscos Sociais

Cód. Subc. Riscos Efeito na Sustentabilidade

Tecnológica 4.0 Efeito na Sustentabilidade

Econômica Efeito na Sustentabilidade

Ambiental

RSC1

Capital H

um

an

o

Risco de falta de mão de obra qualificada

A implementação bem-sucedida da Indústria 4.0 pode depender de

profissionais capacitados (MOKTADIR et al., 2018)

Haverá a necessidade de investimentos em mão de obra qualificada (KIEL et al., 2017)

_

RSC2 Risco de relutância a

mudanças

A transição para a indústria 4.0 pode encontrar problemas quanto a

resistência a mudanças por parte de trabalhadores (DE SOUZA JABBOUR

et. al., 2018)

_ _

RSC3 Risco à integridade

física de trabalhadores

_

Pode haver custos com adaptação de maquinários (BADRI,

BOUDREAU-TRUDEL, SOUISSI, 2018)

_

RSC4 Risco de problemas

psicossociais _ _ _

RSS1

Socie

da

de

Risco de aumento da desigualdade e

tensões sociais _ _ _

RSS2 Risco de perda de

posições de trabalho _ _ _

RSE1

Ética e

Lega

lidad

e

Risco de Inteligências

Artificias antiéticas

Decisões de AIs precisam ser avaliadas em suas consequências éticas (TADDEO, FLORIDI, 2018;

WINFIELD et al., 2019) podendo afetar o princípio de descentralização da I4.0.

_ _

RSE2 Risco de invasão de

privacidade _ _ _

Page 141: MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4863/1/PG... · 2020-04-23 · SOLTOVSKI, Ramon. Theorical

139

Riscos Ambientais

Cód. Subc. Riscos Efeito na Sustentabilidade

Tecnológica 4.0 Efeito na Sustentabilidade

Econômica Efeito na Sustentabilidade

Social

RAR1

Recurs

os N

atu

rais

Risco de alto consumo de

recursos naturais para produção de

tecnologias

_ _ _

RAR2

Risco de alto consumo de energia

para operação de tecnologias

_ _ _

RAC1

Contr

ole

de P

olu

ente

s

Risco de aumento de lixo eletrônico e

resíduos _

Pode haver a um aumento na utilização de materiais e recursos naturais difíceis de reutilizar, onde os custos de reciclagem podem ser

altos (STOCK et al., 2018).

_

RAC2 Risco de aumento

de consumo de combustíveis

_ _ _

Page 142: MODELO TEÓRICO DE CATEGORIZAÇÃO DOS RISCOS PROVENIENTES DA IMPLANTAÇÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4863/1/PG... · 2020-04-23 · SOLTOVSKI, Ramon. Theorical

140

Riscos Tecnológicos

Cód. Subc. Riscos Efeito na Sustentabilidade

Econômica Efeito na Sustentabilidade

Social Efeito na Sustentabilidade

Ambiental

RTT1

Técnic

o

Risco de interferência nos

sinais

A produtividade pode ser afetada pela falta de dados confiáveis (LI et al. 2017)

_ _

RTT2 Risco de

incapacidade técnica da rede

Reduzir latência pode exigir altos custos (LI et al., 2017)

_ Reduzir latência pode exigir

grande consumo de energia (LI et al., 2017).

RTT3 Risco de falta de interoperabilidade

A falta de interoperabilidade entre dispositivos aumentará significativamente a complexidade e o custo de implantação

tecnologias (SISINNI et al., 2018).

_

A substituição de maquinários pode aumentar a quantidade de lixo eletrônico (BONILLA et al.,

2018).

RTT4 Risco de caos

tecnológico

Um sistema inteiro pode ser afetado (LEE; LEE, 2015). Toda uma cadeia de suprimentos pode ser afetada (IVANOV,

DOLGUI E SOKOLOV, 2018)

_ _

RTS1

Seg

ura

nça d

e

Dados

Risco de ataque cibernético

Pode ocorrer sucateamento de máquinas (WU, SONG, MOON, 2019) e perda de

produtividade (LEZZI, LAZOI, CORALLO, 2018)

Ferimentos e perdas de vidas podem ser causados pela manipulação de máquinas

(JANSEN, JESCHKE, 2018).

Ataques cibernéticos podem causar problemas ambientais

como mencionado no exemplo de Tuptuk e Hailes (2018)

RTS2 Risco de divulgação de dados privados

Informações estratégicas como dados comerciais e know-how podem ser

revelados (WANG et al., 2016). _ _

RTG1

Gestã

o d

e

Dados

Risco de análise ineficaz dos dados

Sistemas inteiros podem ser afetados (KHAN et al., 2017)

_ _

RTG2 Risco de dados de

má qualidade

Recursos podem ser gastos com processamento de dados sem

significância (UR REHMAN, 2018). _ _