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  Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Tr abalhador MODELO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A AGROTÓXICOS Outubro 2012

Modelo Vig Pop Agrotox_Vigipeq_completo2013

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vigilancia agrotóxico

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  • Ministrio da Sade

    Secretaria de Vigilncia em Sade

    Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador

    MODELO DE VIGILNCIA EM SADE DE

    POPULAES EXPOSTAS A AGROTXICOS

    Outubro

    2012

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    2012. Ministrio da Sade Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada fonte e que no seja para venda ou qualquer fim comercial. Este relatrio pode ser acessado na ntegra no Painel de Informaes em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador: www.saude.gov.br/svs/pisast 1 edio 2012 Verso eletrnica Elaborao e edio MINISTRIO DA SADE Secretaria de Vigilncia em Sade Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental Vigilncia em Sade de Populaes Expostas a Contaminantes Qumicos Vigilncia em Sade de Populaes Expostas a Agrotxicos Endereo SCS Quadra 4 Bloco A 5 andar CEP: 70.304-000 Braslia/DF E-mail: [email protected] Endereo eletrnico: www.saude.gov.br/svs/pisast Produo Capa e projeto grfico: Reviso: Instituies/Entidades Colaboradoras: Secretaria Estadual de Sade da Bahia Secretaria Estadual de Sade do Rio Grande do Sul Secretaria Municipal de Sade de So Paulo Conselho Nacional de Secretrios de Sade CONASS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade CONASEMS Associao Brasileira de Centros de Informao e Assistncia Toxicolgica e Toxicologistas Clnicos - ABRACIT Faculdade de Cincias Mdicas/Universidade Estadual de Campinas FCM/UNICAMP Ficha Catalogrfica

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. Departamento de Sade Ambiental e Sade do Trabalhador. Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental Modelo de Vigilncia em Sade de Populaes Expostas a Agrotxicos / Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade, Departamento de Sade Ambiental e Sade do Trabalhador. Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental. 1. ed. Braslia : Ministrio da Sade, 2012. xxx p. 1. Agrotxicos 2. Exposio humana. 3. Vigilncia em sade. 4. Sade pblica. No catalogado Ttulos para indexao Em ingls: Em espanhol:

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    Sumrio

    APRESENTAO .............................................................................................................. 5 PREFACIO .......................................................................................................................... 6 VIGILNCIA EM SADE ................................................................................................. 8 VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA ................................................................................ 10 INVESTIGAO EPIDEMIOLGICA DE CASOS E SURTOS .................................. 19 ESTRUTURA PARA RESPOSTAS S EMERGNCIAS EM SADE ........................ 21 SISTEMAS DE INFORMAO PARA A VIGILNCIA .............................................. 22 CADERNO 1 AGROTXICO ....................................................................................... 38

    EXPOSIO E INTOXICAES POR AGROTXICOS ............................................. 38 Caractersticas Gerais ................................................................................................... 38 Uso agrcola de agrotxicos ......................................................................................... 40 Uso em sade pblica de agrotxicos ........................................................................... 42 Aspectos clnicos e laboratoriais .................................................................................. 44 Aspectos Epidemiolgicos ........................................................................................... 49

    VIGILNCIA EM SADE ............................................................................................... 52 Objetivos ..................................................................................................................... 52 Definio de Caso: exposto e/ou intoxicado ................................................................. 52 Notificao .................................................................................................................. 54 Fluxos de Informaes ................................................................................................. 54 Fluxo de Atuao e Medidas a Serem Adotadas ........................................................... 54 Caracterizao da exposio ambiental ........................................................................ 54 Caracterizao da exposio ocupacional ..................................................................... 55 Caracterizao de outras exposies ............................................................................. 56 Investigao ................................................................................................................. 57 Roteiro de investigao epidemiolgica ....................................................................... 57

    ATRIBUIES DAS DIFERENTES ESFERAS DE GESTO DO SISTEMA DE SADE ............................................................................................................................... 59

    ESFERA MUNICIPAL .................................................................................................... 59 ESFERA ESTADUAL ..................................................................................................... 61 ESFERA NACIONAL ..................................................................................................... 63

    REFERNCIAS................................................................................................................. 65 GLOSSRIO ..................................................................................................................... 67 ANEXO I Portaria n 104/GM/MS de 26 de janeiro de 2011 ........................................ 73 ANEXO II Ficha de Campo e instrutivo (SISSOLO) .................................................... 73 ANEXO III Roteiro de Investigao .............................................................................. 73 ANEXO IV Bibliografia ................................................................................................. 73 ANEXO V Classificao Internacional de Doenas (CID X) ........................................ 73 ANEXO VI Instrutivo para Anlise dos Dados de Produo Agrcola e Consumo de Agrotxicos ........................................................................................................................ 73

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    LISTA DE SIGLAS

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia

    Sanitria

    CESAT Centro Estadual de Referencia em

    Sade do Trabalhador (Cesat)

    CEREST Centro de Referncia em Sade do

    Trabalhador

    CGAB Coordenao de Gesto da Ateno

    Bsica

    CGVAM Coordenao Geral de Vigilncia em

    Sade Ambiental

    CONASEMS Conselho Nacional de

    Secretarias Municipais de Sade

    CONASS Conselho Nacional de Secretrios de

    Sade

    CGSAT Coordenao Geral de Sade do

    Trabalhador

    DAB Departamento de Ateno Bsica

    DAE Departamento de Ateno Especializada

    DSAST Departamento de Vigilncia em Sade

    Ambiental e Sade do Trabalhador

    FIOCRUZ Fundao Oswaldo Cruz

    GT_ SINAN Gerncia Tcnica do Sistema de

    Informao de Agravos de Notificao

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica

    INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

    MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento

    MDS Ministrio do Desenvolvimento Social

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MP Ministrio Pblico

    MPS Ministrio da Previdncia Social

    MS Ministrio da Sade

    MTE Ministrio do Trabalho e Emprego

    OPAS Organizao Pan-Americana de Sade

    RENACIAT Rede Nacional de Centros de

    Informao e Assistncia Toxicolgica

    SAS Secretaria de Ateno Sade

    SCTIE Secretaria de Cincia, Tecnologia e

    Insumos Estratgicos

    SE Secretaria Executiva

    SES Secretaria Estadual de Sade

    SGEP Secretaria de Gesto Estratgica e

    Participativa

    SGTES Secretaria de Gesto no Trabalho e da

    Educao na Sade

    SINDAG Sindicato Nacional da Indstria de

    Produtos para a Defesa Agrcola

    Sinitox Sistema Nacional de Informaes

    Txico-Farmacolgicas

    SVS Secretaria de Vigilncia em Sade

  • 5

    APRESENTAO

    Este modelo objetiva orientar os profissionais de sade por meio de informaes

    sistematizadas sobre as aes de vigilncia em sade, em especial a vigilncia epidemiolgica

    e as medidas de preveno e controle das doenas e agravos relacionados exposio humana

    aos agrotxicos. Assim, procura-se melhorar a condio de sade de nossa populao pela

    eliminao e/ou atenuao dos riscos associados exposio aos agrotxicos.

    A dinmica do perfil epidemiolgico das doenas e agravos, o avano do

    conhecimento cientfico e algumas caractersticas da sociedade contempornea tm exigido

    no s constantes atualizaes das normas e procedimentos tcnicos de vigilncia, como

    tambm o desenvolvimento de novas estruturas e estratgias capazes de atender aos desafios

    que vm sendo colocados.

    Este modelo um importante instrumento de divulgao das normas e procedimentos

    de vigilncia e controle de doenas e agravos de interesse para o Sistema Nacional de

    Vigilncia em Sade (SNVS). Essa ao, atribuio especfica do Ministrio da Sade,

    essencial para assegurar a padronizao de procedimentos em todo o pas e permitir a adoo

    das medidas capazes de prevenir e controlar as doenas e agravos sade, relacionados

    exposio aos agrotxicos, da populao brasileira.

    Jarbas Barbosa da Silva Jnior

    Secretrio de Vigilncia em Sade Ministrio da sade

  • 6

    PREFACIO

    A situao da exposio humana a agrotxicos representa um importante problema de

    sade pblica, para o qual o setor sade vem buscando definir e implementar aes voltadas

    para vigilncia em sade. As intervenes sobre o problema so, em alguns aspectos,

    reconhecidas como de difcil implantao por transcender o setor sade, devido ao seu carter

    interinstitucional.

    Para o desenvolvimento satisfatrio da vigilncia em sade de populaes expostas a

    agrotxicos fundamental o fortalecimento das aes das vigilncias estaduais e municipais,

    dotados de autonomia tcnico-gerencial para enfocar os problemas de sade prprios de suas

    respectivas reas de abrangncia. A partir deste contexto, o Ministrio de Sade vem

    buscando como estratgia de harmonizao dos servios e aes do Sistema nico de Sade

    (SUS), a construo e efetivao de um sistema de vigilncia integrado que permita o

    monitoramento e controle de situaes de riscos sade humana relacionados aos

    agrotxicos.

    Espera-se que os recursos locais sejam direcionados para atender s necessidades da

    rea, em termos de riscos, doenas e agravos, que sejam identificados como prioritrios.

    Assim, estados e municpios que utilizam agrotxicos, devem considerar a relevncia de

    implementar aes de Vigilncia em Sade de Populaes Expostas a Agrotxicos nos

    respectivos Planos de Sade.

    A Poltica Nacional de Ateno Bsica (Portaria n 2.488 de 21/10/2011) elege o

    atendimento integral sade da populao de territrios delimitados como objeto de atuao

    dos profissionais das unidades de sade, apresentando-se como espao privilegiado para o

    exerccio de prticas de vigilncia em sade. A anlise da situao de sade das reas de

    abrangncia das unidades bsicas permite a identificao de problemas de sade, seus

    possveis determinantes e condicionantes, conhecimento essencial para o planejamento e

    execuo de aes articuladas de proteo, promoo e recuperao da sade, e de preveno

    contra riscos e agravos. A identificao de fatores de risco e de proteo sade, existentes na

    estrutura e na dinmica que compem o territrio em que vive a populao adstrita uma das

    tarefas fundamentais do processo de trabalho das equipes de ateno bsica.

    As orientaes expostas no presente documento buscam auxili-los na

    implementao da vigilncia em sade de populaes expostas a agrotxicos no seu

    territrio. Para tanto, devem ser implementadas aes integradas junto aos rgos

    fiscalizadores (agricultura, vigilncia sanitria, meio ambiente) locais, buscando atender os

  • 7

    princpios do SUS, refletindo o compromisso das esferas de governo federal, estadual e

    municipal com o desenvolvimento de aes que contribuam para o acesso aos servios do

    SUS, a garantia da qualidade de vida da populao, bem como a reduo de riscos e danos

    pela exposio aos agrotxicos.

    Guilherme Franco Netto

    Diretor de Vigilncia em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador

  • 8

    VIGILNCIA EM SADE

    A Vigilncia em Sade constitui-se de aes de promoo, vigilncia, proteo,

    preveno e controle das doenas e agravos sade e tem como objetivo a anlise permanente

    da situao de sade da populao, articulando-se num conjunto de aes que se destinam a

    controlar determinantes, riscos e danos sade, garantindo a integralidade, o que inclui tanto

    a abordagem individual como coletiva dos problemas de sade.

    O conceito de Vigilncia em Sade inclui: a vigilncia epidemiolgica, a vigilncia da

    situao de sade, vigilncia em sade ambiental, vigilncia da sade do trabalhador e a

    vigilncia sanitria. Transcende os espaos institucionalizados do sistema de servios de

    sade e se expande a outros setores e rgos de ao governamental e no governamental,

    envolvendo uma trama complexa de entidades representativas dos interesses de diversos

    grupos sociais (TEIXEIRA; COSTA, 2003).

    Conforme Portaria n 3.252/GM/MS de 22/12/2009, o Sistema Nacional de Vigilncia

    em Sade coordenado pela Secretaria de Vigilncia em Sade do Ministrio da Sade

    (SVS/MS) no mbito nacional e integrado por: Subsistema Nacional de Vigilncia

    Epidemiolgica, de doenas transmissveis e de agravos e doenas no transmissveis;

    Subsistema Nacional de Vigilncia em Sade Ambiental, incluindo ambiente de trabalho;

    Sistema Nacional de Laboratrios de Sade Pblica, nos aspectos pertinentes Vigilncia em

    Sade; Sistemas de informao de Vigilncia em Sade; Programas de preveno e controle

    de doenas de relevncia em sade pblica, incluindo o Programa Nacional de Imunizaes;

    Poltica Nacional de Sade do Trabalhador; e Poltica Nacional de Promoo da Sade.

    Dentro da SVS/MS, compete ao Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e

    Sade do Trabalhador (DSAST) a gesto do Subsistema Nacional de Vigilncia em Sade

    Ambiental incluindo ambiente de trabalho (SINVSA) que compreende o conjunto de aes e

    servios prestados por rgos e entidades pblicas e privadas, relativos vigilncia em sade

    ambiental, visando preveno e controle dos fatores de riscos relacionados s doenas e

    outros agravos sade, como a exposio humana a contaminantes ambientais e substncias

    qumicas, incluindo os agrotxicos, bem como a Poltica Nacional de Sade do Trabalhador.

    As aes de vigilncia epidemiolgica das doenas e agravos sade humana

    associados aos contaminantes ambientais, conforme Portaria n 3.965/GM/MS de 14 de

    outubro de 2010, so de responsabilidade da Vigilncia em Sade Ambiental, especialmente

    os relacionados com a exposio a agrotxicos, amianto, mercrio, benzeno e chumbo.

  • 9

    Os fatores de risco relacionados aos agrotxicos1 afetam a sade da populao em

    geral, principalmente a sade dos trabalhadores. Utilizados em grande escala por vrios

    setores produtivos e mais intensamente pelo setor agropecurio, so ainda utilizados na

    construo e manuteno de estradas, tratamentos de madeiras para construo, indstria

    moveleira, armazenamento de gros e sementes, produo de flores, combate de vetores em

    endemias e epidemias.

    A utilizao dos agrotxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma srie de

    conseqncias tanto para o ambiente como para a sade do trabalhador rural. Em geral, essas

    conseqncias so condicionadas por fatores intrinsecamente relacionados, tais como o uso

    inadequado dessas substncias, a alta toxicidade de certos produtos, a falta de utilizao de

    equipamentos de proteo e a precariedade dos mecanismos de vigilncia.

    A exposio ocupacional e/ou ambiental a agrotxicos est relacionada com diversos

    efeitos sobre a sade humana, incluindo alteraes subclnicas (alteraes de biomarcadores

    de exposio, efeito e suscetibilidade), intoxicao aguda e/ou crnica, podendo ser fatais. A

    depender do agrotxico e da exposio, as manifestaes ocorrem nos diversos aparelhos e

    sistemas e evoluem de forma especfica, assim so descritos efeitos deletrios sobre os

    sistemas nervoso, respiratrio, cardiovascular, gastrintestinal, geniturinrio, hematolgico,

    endcrino, imunolgico, bem como danos na pele, olhos, entre outros. Tambm gerais como

    problemas neurocomportamentais, genticos e cncer. (Matos et al, 1987, Alavanja et al,

    2004; Almeida, 1986; Brasil, 1999; Brasil, 1997; Colosso, 2003; Ecobichon, 2001; Grisolia,

    1995; Lerda & Masiero, 1990; Silva et al, 2005; Keifer, et al, 2005; Reigart & Roberts, 1999;

    WHO, 2004a).

    1Pesticidas, praguicidas, biocidas, fitossanitrios, agrotxicos, defensivos agrcolas, venenos, remdios expressam as vrias denominaes, tcnico-cientficas ou populares, dadas a um mesmo grupo de substncias qumicas, cuja finalidade central combater pragas e doenas presentes na agricultura e pecuria. Neste documento ser adotado agrotxico, termo consagrado na atual legislao brasileira (lei Federal N. 7802/07/1989 e o Decreto 4.074/01/2002).

  • 10

    VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA

    Propsitos e funes

    Por propsito, a vigilncia em sade das doenas e agravos associados exposio

    humana a contaminantes ambientais, especialmente a exposio a agrotxicos, deve fornecer

    orientao tcnica permanente para os profissionais de sade que tm a responsabilidade de

    decidir sobre a execuo de aes de promoo, preveno, monitoramento e controle,

    tornando disponveis, para esse fim, informaes atualizadas sobre a ocorrncia dessas

    doenas e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa rea geogrfica ou

    populao definida. Subsidiariamente, constitui-se importante instrumento para o

    planejamento, organizao e operacionalizao dos servios de sade, bem como a

    normatizao das atividades tcnicas correlatas.

    A sua operacionalizao compreende um ciclo de funes especficas e

    intercomplementares, desenvolvidas de modo contnuo, permitindo conhecer, a cada

    momento, o comportamento da doena ou agravo selecionado como alvo das aes, de forma

    que as medidas de interveno pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e

    eficcia. As aes de vigilncia em sade devem envolver todos as esferas de gesto do SUS

    e contemplar as seguintes funes:

    coleta de dados;

    processamento dos dados coletados;

    anlise e interpretao dos dados processados;

    recomendao das medidas de controle apropriadas;

    promoo das aes de controle indicadas;

    avaliao da eficcia e efetividade das medidas adotadas;

    divulgao de informaes pertinentes.

    Quanto mais eficientemente essas funes forem realizadas no nvel local, maior ser

    a oportunidade com que as aes de controle tendero a ser desencadeadas. Alm disso, a

    atuao competente na localidade estimular maior viso de conjunto nas esferas estadual e

    nacional, abarcando o amplo espectro dos problemas prioritrios a serem enfrentados, em

    diferentes situaes operacionais. Dessa forma a atuao no mbito local no deve estar

    restrita realizao de coleta de dados e a sua transmisso a outras esferas.

  • 11

    Coleta de dados e informaes

    O cumprimento das funes de vigilncia depende da disponibilidade de dados que

    sirvam para subsidiar o desencadeamento de aes e tomada de deciso. A qualidade da

    informao depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorrem

    os agravos. tambm nesse nvel que os dados devem ser primariamente tratados e

    estruturados para se constiturem em um poderoso instrumento a informao , capaz de

    subsidiar um processo dinmico de planejamento, avaliao, manuteno e aprimoramento

    das aes.

    A fora e o valor da informao (dado analisado) dependem da qualidade,

    fidedignidade e oportunidade com que o mesmo gerado. Para isso, faz-se necessrio que as

    pessoas responsveis pela coleta estejam bem preparadas para notificar e diagnosticar

    corretamente o caso, como tambm para realizar uma boa investigao epidemiolgica, com

    anotaes claras e confiveis.

    Outro aspecto refere-se quantidade de dados gerados, ou seja, sua representatividade

    em funo da magnitude dos problemas. Assim, necessrio que a gerncia local do sistema

    obtenha, com regularidade e oportunidade, dados do maior nmero possvel de fontes

    notificadoras, como ambulatrios, hospitais, centros de informaes toxicolgicas,

    laboratrios e instituies relacionadas com a rea agrcola.

    O fluxo, periodicidade e tipos de dados coletados devem corresponder s necessidades

    de utilizao previamente estabelecidas, com base em indicadores adequados s

    caractersticas prprias das doenas e agravos. A prioridade de conhecimento do dado sempre

    ser concedida instncia responsvel pela execuo das medidas de controle. Quando for

    necessrio o envolvimento de outro nvel do sistema, o fluxo dever ser suficientemente

    rpido para que no ocorra atraso na adoo de medidas de controle.

    Tipos de dados

    Os dados e informaes que alimentam o Sistema Nacional de Vigilncia em Sade

    so os seguintes:

    Dados demogrficos, ambientais e socioeconmicos

    Os dados demogrficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas

    definio de denominadores para o clculo de taxas. Dados sobre o nmero de habitantes,

  • 12

    nascimentos e bitos devem ser discriminados segundo caractersticas de sua distribuio por

    sexo, idade, situao do domiclio, escolaridade, ocupao, condies de saneamento, etc.

    Os dados ambientais visam verificar a existncia de evidncias, indcios ou fatos que

    permitam suspeitar da existncia de contaminao de compartimentos ambientais com

    populaes expostas ou potencialmente expostas, baseando-se no levantamento de

    informaes disponveis sobre o uso atual e pretrito da rea e direcionar a investigao de

    possveis passivos ambientais presentes.

    A disponibilidade de indicadores demogrficos e socioeconmicos primordial para a

    caracterizao da dinmica populacional e das condies gerais de vida, s quais se vinculam

    os fatores condicionantes da doena ou agravo sob vigilncia. Alm de dados relacionados s

    atividades agropecurias, dados sobre aspectos climticos e ecolgicos tambm podem ser

    necessrios para a compreenso do fenmeno analisado.

    Dados de morbidade

    So os dados mais utilizados por permitirem a deteco imediata ou precoce de

    problemas sanitrios. Correspondem distribuio de casos, no tempo e no espao, dentro de

    um determinado territrio.

    Trata-se, em geral, de dados oriundos da notificao de casos e surtos, da produo de

    servios ambulatoriais e hospitalares, de investigaes epidemiolgicas, da busca ativa de

    casos, de estudos amostrais e de inquritos, entre outras formas.

    Seu uso apresenta dificuldades relacionadas representatividade e abrangncia dos

    sistemas de informaes disponveis, possibilidade de duplicao de registros e a

    deficincias de mtodos e critrios de diagnstico utilizados. Merecem, por isso, cuidados

    especiais na coleta e anlise.

    O Sistema Nacional de Vigilncia em Sade deve estimular, cada vez mais, a

    utilizao dos sistemas e bases de dados disponveis, vinculados prestao de servios, para

    evitar a sobreposio de sistemas de informao e a conseqente sobrecarga assistncia

    direta populao. As deficincias qualitativas prprias desses sistemas tendem a ser

    superadas medida que se intensificam a crtica e o uso dos dados produzidos.

    Dados de mortalidade

    So fundamentais como indicadores da gravidade do fenmeno vigiado. Sua obteno

    provm de declaraes de bitos (DO), padronizadas e processadas nacionalmente. Essa base

    de dados apresenta variveis graus de cobertura entre as regies do pas, alm disso, h

  • 13

    proporo significativa de registros sem causa definida, o que impe cautela na anlise dos

    dados de mortalidade.

    Atrasos na disponibilidade desses dados dificultam sua utilizao na vigilncia. A

    disseminao eletrnica de dados tem contribudo muito para facilitar o acesso a essas

    informaes. Considerando tais fatos, os sistemas locais de sade devem ser estimulados a

    utilizar de imediato as informaes das declaraes de bito.

    Vale salientar que as intoxicaes exgenas so classificadas como causas externas de

    bito que necessitam ter suas causas bsicas e associadas melhor esclarecidas. Uma opo

    seria a utilizao do Servio de Verificao de bito (SVO), articulao com o Instituto

    Mdico Legal (IML) e monitoramento das informaes da DO/SIM com interligao dos

    dados com Sinan e SIH.

    Dados de Notificao de emergncias de sade pblica e surtos

    A deteco precoce de emergncias de sade publica e surtos ocorre quando o sistema

    de vigilncia local est bem estruturado, com acompanhamento constante da situao geral de

    sade e da ocorrncia de casos de cada doena e agravo sujeito notificao. Essa prtica

    possibilita a constatao de qualquer situao de risco ou indcio de elevao do nmero de

    casos de um agravo, ou a introduo de outras doenas no incidentes no local e,

    consequentemente, o diagnstico de uma situao epidmica inicial, para a adoo imediata

    das medidas de controle. Em geral, esses fatos devem ser notificados s esferas subseqentes

    do sistema para que sejam alertadas as reas vizinhas e/ou para solicitar colaborao, quando

    necessria.

    O Ministrio da Sade disponibiliza, em articulao com os Municpios, Estados e

    Distrito Federal, os seguintes meios para notificao imediata:

    Notificao por telefone: 0800-644-6645 (discagem direta e gratuita); ou

    Notificao eletrnica por e-mail: [email protected]; ou

    Notificao eletrnica pela internet: formulrio no site www.saude.gov.br/svs.

    Esses meios devem ser utilizados, na impossibilidade de comunicao as demais

    esferas de gesto, preferencialmente no perodo noturno, final de semana ou feriados, e so

    destinados aos profissionais de sade. A informao recebida ser imediatamente repassada

    Secretaria de Sade do Estado ou Distrito Federal.

    A confirmao laboratorial de amostra de caso individual ou procedente de

    investigao de surto ou pesquisa de doenas ou agravos constante na lista de notificao

    compulsria vigente (Anexo I) deve ser notificada imediatamente pelos laboratrios pblicos

  • 14

    (referncia nacional, regional e laboratrios centrais de sade pblica), laboratrios privados

    ou instituies de pesquisa, conforme fluxos e normas vigentes.

    Fontes de dados

    A informao para a vigilncia destina-se tomada de decises. Este princpio deve

    reger as relaes entre os responsveis pela vigilncia e as diversas fontes que podem ser

    utilizadas para o fornecimento de dados. Os bancos de dados disponveis dentre os relevantes

    para a vigilncia em sade esto descritos no item de Sistemas de Informao.

    Notificao

    Notificao a comunicao da ocorrncia de determinada doena ou agravo a sade,

    feita a autoridade sanitria por profissionais de sade ou qualquer cidado, para fins de

    adoo de medidas de interveno pertinentes. Historicamente, a notificao compulsria tem

    sido a principal fonte da vigilncia epidemiolgica, a partir da qual, na maioria das vezes, se

    desencadeia o processo informao-deciso-ao.

    A listagem das doenas de notificao nacional estabelecida pelo Ministrio da

    Sade entre as consideradas de maior relevncia sanitria para o Pas. A portaria vigente

    especifica as doenas de notificao obrigatria (suspeita ou confirmada), alm das doenas

    ou eventos de notificao imediata (informao em 24 horas ou seja, deve ser comunicada

    por e-mail, telefone, fax ou Web). A escolha desses agravos e doenas obedece a alguns

    critrios, razo pela qual essa lista periodicamente revisada, tanto em funo da situao

    epidemiolgica da doena, como pela emergncia de novos agentes, por alteraes no

    Regulamento Sanitrio Internacional, e tambm devido a acordos multilaterais entre pases.

    Os dados coletados sobre as doenas de notificao compulsria so includos no

    Sistema de Informao de Agravos de Notificao (Sinan). Estados e municpios podem

    adicionar lista outras doenas e agravos de interesse regional ou local, justificada a

    necessidade e definidos os mecanismos operacionais correspondentes. Entende-se que s

    devem ser coletados dados para efetiva utilizao no aprimoramento das aes de sade, sem

    sobrecarregar os servios com o preenchimento desnecessrio de formulrios.

    Os parmetros para incluso de doenas e agravos na lista de notificao compulsria

    devem obedecer aos critrios a seguir: magnitude, potencial de disseminao, transcendncia,

    vulnerabilidade, e ocorrncia de emergncias de sade pblica, epidemias e surtos.

    O carter compulsrio da notificao implica responsabilidades formais para todo

    cidado e uma obrigao inerente ao exerccio da medicina, bem como de outras profisses na

  • 15

    rea de sade. Mesmo assim, sabe-se que a notificao nem sempre realizada, o que ocorre

    por desconhecimento de sua importncia e, tambm, por descrdito nas aes que dela devem

    resultar.

    O sistema de notificao deve estar permanentemente voltado para a sensibilizao

    dos profissionais e das comunidades, visando melhorar a quantidade e a qualidade dos dados

    coletados, mediante o fortalecimento e a ampliao da rede. Todas as unidades de sade

    (pblicas, privadas e filantrpicas) devem fazer parte do sistema, como, tambm, todos os

    profissionais de sade e mesmo a populao em geral. No obstante, essa cobertura universal

    idealizada no prescinde do uso inteligente da informao, que pode basear-se em dados

    muito restritos, para a tomada de decises oportunas e eficazes.

    Aspectos que devem ser considerados na notificao:

    Notificar a simples suspeita da doena, agravo ou evento. No se deve aguardar a

    confirmao do caso para se efetuar a notificao, pois isso pode significar perda da

    oportunidade de intervir eficazmente.

    A notificao tem de ser sigilosa, s podendo ser divulgada fora do mbito mdico-

    sanitrio em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos

    cidados.

    Laboratrios

    Os resultados laboratoriais vinculados rotina da vigilncia complementam o

    diagnstico de confirmao de casos e, muitas vezes, servem como fonte de conhecimento de

    casos que no foram notificados. Tambm devem ser incorporados os dados decorrentes de

    estudos epidemiolgicos especiais, realizados pelos laboratrios de sade pblica em apoio s

    aes de vigilncia.

    Investigao epidemiolgica

    Os achados de investigaes epidemiolgicas de casos e emergncias de sade

    pblica, surtos ou epidemias complementam as informaes da notificao no que se referem

    a fontes e rotas de exposio, dentre outras variveis. Tambm podem possibilitar a

    descoberta de novos casos no notificados.

    Imprensa e populao

  • 16

    Muitas vezes, informaes oriundas da imprensa, da populao, de associaes de

    trabalhadores e organizaes no governamentais so fontes importantes de dados, devendo

    ser sempre consideradas para a realizao da investigao pertinente. Podem ser o primeiro

    alerta sobre a ocorrncia de uma epidemia ou agravo inusitado, principalmente quando a

    vigilncia em determinada rea insuficientemente ativa.

    FONTES ESPECIAIS DE DADOS

    Estudos epidemiolgicos

    Alm das fontes regulares de coleta de dados e informaes para analisar, do ponto de

    vista epidemiolgico, a ocorrncia de eventos sanitrios, pode ser necessrio, em determinado

    momento ou perodo, recorrer diretamente populao ou aos servios, para obter dados

    adicionais ou mais representativos. Esses dados podem ser coletados por inqurito,

    investigao ou levantamento epidemiolgico.

    Sistemas sentinelas

    Para intervir em determinados problemas de sade, pode-se lanar mo de sistemas

    sentinelas de informaes capazes de monitorar indicadores chaves na populao geral ou em

    grupos especiais, que sirvam de alerta precoce para o sistema de vigilncia.

    A instituio de unidades de sade sentinela tem sido muito utilizada no Brasil para a

    vigilncia das doenas e agravos que demandam internao hospitalar. O monitoramento de

    grupos alvos, atravs de exames peridicos, de grande valor na rea de preveno de

    doenas ocupacionais. Mais recentemente, tem-se trabalhado no desenvolvimento de

    vigilncia de espaos geogrficos delimitados, que tem sido denominada vigilncia de reas

    sentinelas.

    Diagnstico de casos

    A credibilidade do sistema de notificao depende, em grande parte, da capacidade

    dos servios locais de sade que so responsveis pelo atendimento dos casos

    diagnosticarem corretamente as doenas e agravos. Para isso, os profissionais devero estar

    tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmao da

    suspeita clnica. Diagnsticos e tratamentos feitos correta e oportunamente, asseguram a

  • 17

    confiana da populao em relao aos servios, contribuindo para a eficincia do sistema de

    vigilncia.

    Investigao epidemiolgica de casos, emergncias de sade pblica e surtos

    A investigao epidemiolgica um mtodo de trabalho utilizado para esclarecer a

    ocorrncia de doenas e agravos, emergncias de sade pblica e surtos, a partir de casos

    isolados ou relacionados entre si. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos

    notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e o coletivo de pessoas expostas. Destina-

    se a avaliar as implicaes da ocorrncia para a sade coletiva, tendo como objetivos:

    confirmar o diagnstico, determinar as caractersticas epidemiolgicas da doena ou agravo,

    identificar as causas do fenmeno e orientar as medidas de controle. Por ser uma atividade

    importante para o processo de deciso-ao da vigilncia e que exige conhecimento e

    competncia profissional, os procedimentos para sua realizao encontram-se detalhados em

    roteiro especfico.

    Normatizao

    As normas tcnicas tm de estar compatibilizadas em todas as esferas do sistema de

    vigilncia, para possibilitar a realizao de anlises consistentes, qualitativa e

    quantitativamente. Nesse sentido, a adaptao das orientaes de nvel central, para atender

    realidades estaduais diferenciadas, no deve alterar as definies de caso, entre outros itens

    que exigem padronizao. O mesmo deve ocorrer com as doenas e agravos de notificao

    estadual exclusiva, em relao s normas de mbito municipal.

    Em geral, os casos so classificados como suspeitos, compatveis ou confirmados

    (laboratorialmente e/ou por outro critrio clnico), o que pode variar segundo a situao

    epidemiolgica especfica de cada doena ou agravo.

    Definies de caso devem ser modificadas ao longo do tempo, por alteraes na

    epidemiologia da prpria doena ou agravo, para atender necessidades de ampliar ou reduzir a

    sensibilidade ou especificidade do sistema, em funo dos objetivos de interveno e, ainda,

    para adequarem-se s etapas e metas de um programa especial de controle.

    Retroalimentao do sistema

    Um dos pilares do funcionamento do sistema de vigilncia o compromisso de

    responder aos informantes, de forma adequada e oportuna. Fundamentalmente, essa resposta

  • 18

    ou retroalimentao consiste no retorno regular de informaes s fontes produtoras,

    demonstrando a sua contribuio no processo. O contedo da informao fornecida deve

    corresponder s expectativas criadas nas fontes, podendo variar desde a simples consolidao

    dos dados at anlises epidemiolgicas complexas correlacionadas com aes de controle.

    A retroalimentao do sistema materializa-se na disseminao peridica de informes

    epidemiolgicos sobre a situao local, regional, estadual, macrorregional ou nacional. Essa

    funo deve ser estimulada em cada instncia de gesto, valendo-se de meios e canais

    apropriados. A organizao de boletins epidemiolgicos, alm de subsidiar a tomada de

    deciso, pode auxiliar na obteno de apoio institucional e material para investigao e

    controle de eventos sanitrios.

    Alm de motivar os notificantes, a retroalimentao do sistema propicia a coleta de

    subsdios para reformular normas e aes nas diversas instncias, assegurando continuidade e

    aperfeioamento do processo.

    Avaliao dos sistemas de vigilncia em sade

    O sistema de vigilncia epidemiolgica mantm-se eficiente quando seu

    funcionamento aferido regularmente, para correes de rumo oportunas. A avaliao do

    sistema presta-se, ainda, para apresentar os resultados obtidos com a ao desenvolvida, que

    justifiquem os recursos investidos em sua manuteno.

    Avaliaes peridicas devem ser realizadas em todas as instncias, com relao aos

    seguintes aspectos, entre outros: atualidade da lista de doenas e agravos mantidos no sistema;

    pertinncia das normas e instrumentos utilizados; cobertura da rede de notificao e

    participao das fontes que a integram; funcionamento do fluxo de informaes; abrangncia

    dos tipos de dados e das bases informacionais utilizadas; organizao da documentao

    coletada e produzida; investigaes realizadas e sua qualidade; informes analticos

    produzidos, em quantidade e qualidade; retroalimentao do sistema, quanto a iniciativas e

    instrumentos empregados; composio e qualificao da equipe tcnica responsvel; interao

    com as instncias responsveis pelas aes de controle; interao com a comunidade

    cientfica e centros de referncia; condies administrativas de gesto do sistema; e custos de

    operao e manuteno.

    As medidas quantitativas de avaliao de um sistema de vigilncia em sade incluem

    sensibilidade, especificidade, representatividade e oportunidade; e as qualitativas,

    simplicidade, flexibilidade e aceitabilidade.

  • 19

    INVESTIGAO EPIDEMIOLGICA DE CASOS E SURTOS

    A ocorrncia de casos novos de uma doena ou agravo, passvel de preveno e

    controle pelos servios de sade, indica que a populao est sob risco e pode representar

    ameaas sade que precisam ser detectadas e controladas ainda em seus estgios iniciais.

    Uma das possveis explicaes para que tal situao se concretize encontra-se no controle

    inadequado de fatores de risco, por falhas na assistncia sade e/ou das medidas de

    proteo, tornando imperativa a necessidade de seu esclarecimento para que sejam adotadas

    as medidas de preveno e controle pertinentes. Nessas circunstncias, a investigao

    epidemiolgica de casos e surtos constitui-se em uma atividade obrigatria de todo sistema

    local de vigilncia.

    A investigao epidemiolgica tem que ser iniciada imediatamente aps a notificao

    de caso isolado ou agregado de doena/agravo, seja ele suspeito, clinicamente declarado, ou

    mesmo de individuo em situao semelhante do caso notificado, para o qual as autoridades

    sanitrias considerem necessrio dispor de informaes complementares.

    O trabalho de campo na investigao epidemiolgica realizado a partir de casos

    notificados e tem como principais objetivos: identificar fonte e rota de exposio; identificar

    grupos expostos a maior risco e fatores de risco; confirmar o diagnstico; e determinar as

    principais caractersticas epidemiolgicas. O seu propsito final orientar medidas de

    controle para impedir a ocorrncia de novos casos.

    A gravidade do evento representa um fator que condiciona a urgncia no curso da

    investigao epidemiolgica e na implementao de medidas de controle. Em determinadas

    situaes, especialmente quando a fonte e a via de exposio j so evidentes, as aes de

    controle devem ser institudas durante ou at mesmo antes da realizao da investigao.

    Uma investigao epidemiolgica envolve tambm o exame do doente e de indivduos

    na mesma situao, com detalhamento da histria clnica e de dados epidemiolgicos, alm da

    coleta de amostras para laboratrio quando indicada, busca de casos adicionais, identificao

    do agente txico, determinao da rota de exposio, busca de locais contaminados e

    identificao de fatores que tenham contribudo para a ocorrncia do caso. O exame

    cuidadoso do caso e de indivduos na mesma situao fundamental, pois, dependendo da

    doena ou agravo, podem-se identificar casos em estgios iniciais e instituir rapidamente o

    tratamento, com maior probabilidade de sucesso.

  • 20

    Pode-se dizer, de modo sinttico, que uma investigao epidemiolgica de campo

    consiste na repetio das etapas que se encontram a seguir, at que os objetivos referidos

    tenham sido alcanados:

    consolidao e anlise de informaes j disponveis;

    concluses preliminares a partir dessas informaes;

    apresentao das concluses preliminares e formulao de hipteses;

    definio e coleta das informaes necessrias para testar as hipteses;

    reformulao das hipteses preliminares, caso no sejam confirmadas, e

    comprovao da nova conjectura, caso necessrio;

    definio e adoo de medidas de preveno e controle, durante todo o processo.

    De modo geral, quando da suspeita de doena ou agravo de notificao compulsria, o

    profissional da vigilncia deve buscar responder vrias questes essenciais para orientar a

    investigao e as medidas de controle doena ou agravo (Quadro 1).

    Quadro 1. Questes essenciais e informaes produzidas em uma investigao

    epidemiolgica.

    Investigao Epidemiolgica Questes a serem respondidas Informaes produzidas

    Trata-se realmente de casos da doena ou agravo de que se suspeita?

    Confirmao do diagnstico

    Quais so os principais atributos individuais dos casos?

    Identificao de caractersticas biolgicas, ambientais e sociais

    A partir do qu surgiu a doena ou agravo? Fonte de exposio Como a agente txico chegou at as pessoas? Rota de exposio Outras pessoas tiveram contato com a fonte de exposio?

    Determinao da abrangncia da contaminao

    Como os casos encontram-se distribudos no espao e no tempo?

    Determinao de agregao espacial e/ou temporal dos casos

    Como evitar novos casos na populao? Interromper a rota de exposio Como evitar que a doena/agravo atinja novamente estas pessoas ou outras populaes em situao de risco semelhante?

    Medidas de controle, proteo e promoo da sade

    O profissional responsvel pela investigao epidemiolgica deve estar atento para

    orientar seu trabalho na perspectiva de buscar respostas s questes acima referidas. Deve

    entender, ainda, que muitos passos dessa atividade so realizados de modo simultneo e que a

    ordem aqui apresentada deve-se apenas a razes didticas.

  • 21

    Investigao epidemiolgica dos Casos

    Em geral, os casos suspeitos e ou confirmados com doena ou agravo includos na

    lista de notificao compulsria, necessitam de ateno especial tanto da rede de assistncia

    sade, quanto dos servios de vigilncia, os quais devem ser prontamente disponibilizados.

    Salientam-se aqui os seguintes procedimentos.

    Assistncia mdica ao paciente a primeira providncia a ser tomada no sentido de

    minimizar as consequncias do agravo para o indivduo. Portanto, a depender da magnitude

    do evento, a equipe de vigilncia deve buscar articulao com os responsveis pela rede de

    assistncia sade, para que seja organizado o atendimento populao.

    Qualidade da assistncia verificar se os casos esto sendo atendidos em unidade de

    sade com capacidade para prestar assistncia adequada e oportuna, de acordo com as

    caractersticas clnicas da doena ou agravo.

    Proteo individual quando necessrio, adotar medidas de isolamento considerando

    a forma de exposio.

    Proteo da populao logo aps a suspeita diagnstica, adotar as medidas de

    controle coletivas especficas para cada tipo de doena ou agravo.

    Os fundamentos de uma investigao de campo so aplicados tanto para o

    esclarecimento de ocorrncia de casos, como de surtos. Vrias etapas so comuns a ambas as

    situaes, sendo que, para a segunda, alguns procedimentos complementares so necessrios.

    Para facilitar o trabalho dos profissionais, apresenta-se, em primeiro lugar, o roteiro de

    investigao de casos, identificando as atividades comuns a qualquer investigao

    epidemiolgica de campo, inclusive de surtos. Posteriormente, so descritas as etapas

    especficas para esta ltima situao.

    ESTRUTURA PARA RESPOSTAS S EMERGNCIAS EM SADE

    A Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental (CGVAM), do

    Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e Sade do Trabalhador/Secretaria de

    Vigilncia em Sade (DSAST/SVS), considerando a necessidade de orientar sobre conceitos e

    aes/atividades de comunicao e notificao das emergncias de sade pblica relacionadas

    vigilncia em sade ambiental, descreve a seguir instrues para a padronizao e

    qualificao dessas atividades.

  • 22

    A comunicao/notificao depender do tipo de evento, extenso, disseminao,

    comprometimento dos servios de sade, proximidade de reas populacionais, contaminao

    de compartimentos ambientais (gua, solo e/ou ar), dentre outros fatores agravantes.

    Esta comunicao contempla os aspectos que envolvem o Regulamento Sanitrio

    Internacional - RSI (2005), os conceitos de risco e emergncia de sade pblica, relacionados

    Vigilncia em Sade Ambiental definidos na regulamentao vigente no Pas2.

    O Regulamento Sanitrio Internacional - RSI (2005) um instrumento jurdico

    internacional, vigente no Brasil pelo Decreto Legislativo n 395 de 9 de julho de 2009,

    elaborado para ajudar a proteger os pases contra a propagao internacional de doenas,

    incluindo os riscos para a sade pblica e as emergncias de sade pblica.

    Os profissionais da vigilncia em sade e as instituies relacionadas nas trs esferas

    de governo do Sistema nico de Sade (SUS) devem conhecer os fluxos e as rotinas de

    deteco, verificao, investigao, notificao, avaliao e monitoramento das emergncias

    de sade pblica, com o intuito de qualificar a resposta aos riscos de sade pblica nacional e

    internacional.

    SISTEMAS DE INFORMAO PARA A VIGILNCIA

    Introduo

    Um sistema de informao um conjunto de elementos organizados segundo critrios

    definidos, para gerao de conhecimento de forma sistematizada, til e bem fundamentada,

    atendendo s suas finalidades de forma atual e constante. O principal objetivo de um sistema

    de informao gerar subsdios para a tomada de decises no processo de gesto de sade,

    incluindo as aes de meio ambiente.

    Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura so caractersticas que

    determinam a qualidade da informao, fundamentais para que todo o Sistema de Vigilncia

    em Sade apresente bom desempenho. Dependem da concepo apresentada pelo Sistema de

    Informao em Sade (SIS), e sua sensibilidade para captar o mais precocemente possvel as

    alteraes que podem ocorrer no perfil de morbimortalidade numa rea, e tambm da

    organizao e cobertura das atividades desenvolvidas pela vigilncia em sade.

    2 Atualmente em vigncia a Portaria GM/MS n 104 de 26/01/2011 (Anexo I)

  • 23

    O SIS constitudo por vrios subsistemas e tem como propsito geral facilitar a

    formulao e avaliao das polticas, planos e programas de sade, subsidiando o processo de

    tomada de decises. Para tanto, deve contar com os requisitos tcnicos e profissionais

    necessrios ao planejamento, coordenao e superviso das atividades relativas coleta,

    registro, processamento, anlise, apresentao e difuso de dados e gerao de informaes.

    Um de seus objetivos bsicos, na concepo do Sistema nico de Sade (SUS),

    possibilitar a anlise da situao de sade no nvel local tomando como referncia as regies

    de sade conforme definido no Decreto n 7.508 de 28 de junho de 2011. O nvel local tem,

    ento, responsabilidade no apenas com a alimentao do sistema de informao em sade,

    mas tambm com sua organizao e gesto. Deste modo, outro aspecto de particular

    importncia a concepo do sistema de informao, que deve ser hierarquizado e cujo fluxo

    ascendente dos dados ocorra de modo inversamente proporcional agregao geogrfica, ou

    seja, no nvel local faz-se necessrio dispor, para as anlises epidemiolgicas, de maior

    nmero de variveis.

    Nesse sentido, considerveis esforos esto sendo realizados pelo Ministrio da Sade

    por meio do Datasus, SAS e SVS para fortalecer as grandes bases de dados nacionais. No

    mbito do Reforsus, vem sendo implantada a Rede Nacional de Informaes em Sade -

    RNIS, que busca desenvolver a capacidade informacional para operao dos cinco maiores

    sistemas: SIH, SIA, SIM, Sinasc e Sinan. Complementarmente, h a iniciativa da Rede de

    Informaes para a Sade - Ripsa, que visa articular as principais instituies responsveis

    pela produo de indicadores e dados bsicos de interesse para a sade, objetivando a anlise

    da situao de sade e suas tendncias.

    A informao em sade o esteio para a gesto dos servios, pois orienta a

    implantao, acompanhamento e avaliao das aes de preveno e controle de doenas. So

    tambm de interesse dados/informaes produzidos extra-setorialmente, cabendo aos gestores

    do Sistema a articulao com os diversos rgos que os produzem, de modo a complementar e

    estabelecer um fluxo regular de informao em cada esfera do setor sade.

    Os atuais recursos do processamento eletrnico esto sendo amplamente utilizados

    pelos sistemas de informao em sade, aumentando sua eficincia na medida em que

    possibilitam a obteno e processamento de um volume de dados cada vez maior, alm de

    permitirem a articulao entre diferentes subsistemas.

    Entre os sistemas nacionais de informao em sade existentes, destacam-se:

  • 24

    Sistema de Informao de Agravos de Notificao (Sinan) alimentado, principalmente,

    pela notificao e investigao de casos de doenas e agravos constantes da lista nacional de

    doenas de notificao compulsria, mas facultado a estados e municpios incluir outros

    problemas de sade regionalmente importantes. A entrada de dados ocorre pela utilizao de

    formulrios padronizados:

    Ficha Individual de Notificao (FIN) preenchida para cada paciente, quando da

    suspeita de problema de sade de notificao compulsria ou de interesse nacional, estadual

    ou municipal, e encaminhada pelas unidades notificadoras aos servios responsveis pela

    informao e/ou vigilncia. A notificao de surtos tambm deve ser feita por esse

    instrumento, obedecendo aos seguintes critrios: casos epidemiologicamente vinculados de

    agravos inusitados; casos agregados das doenas constantes da lista de notificao

    compulsria, mas cujo volume de notificaes operacionalmente inviabiliza o seu registro

    individualizado.

    Ficha Individual de Investigao (FII) na maioria das vezes configura-se como

    roteiro de investigao, devendo ser utilizado, preferencialmente, pelos servios municipais

    de vigilncia ou unidades e profissionais de sade capacitadas para a realizao da

    investigao epidemiolgica. Esta ficha, como referido no tpico sobre investigao de surtos,

    permite obter dados que possibilitam a identificao da fonte, via e circunstncia de

    exposio, atendimento e concluso do caso. Os dados, gerados nas reas de abrangncia dos

    respectivos estados e municpios, devem ser consolidados e analisados considerando aspectos

    relativos organizao, sensibilidade e cobertura do prprio sistema de notificao, bem

    como os das atividades de vigilncia em sade.

    Ficha de Notificao de Surto mencionada no item Investigao Epidemiolgica

    de Casos e Surtos, utilizada quando da deteco de surtos de doenas e agravos de

    notificao compulsria, inusitados ou que no constem da lista de notificao. Os casos

    envolvidos nos surtos podero ser registrados tanto nas fichas individuais anteriores quanto na

    ficha de notificao de surto, cabendo ao gestor local esta deciso. A utilizao desta ficha

    deve atentar para os seguintes critrios:

    casos epidemiologicamente vinculados a agravos inusitados. A notificao desses

    casos dever ser realizada atravs da abordagem sindrmica, de acordo com as seguintes

    categorias: de sndrome diarrica aguda, sndrome ictrica aguda, sndrome hemorrgica

    febril aguda, sndrome respiratria aguda, sndrome neurolgica aguda, sndrome da

    insuficincia renal aguda, dentre outros;

  • 25

    casos agregados, constituindo uma situao epidmica, de doenas que no constem

    da lista de notificao compulsria;

    casos agregados das doenas que constam da lista de notificao compulsria, mas

    cujo volume de notificaes torne operacionalmente invivel o seu registro individualizado.

    A impresso, a distribuio e a numerao desses formulrios so de responsabilidade

    do estado ou municpio. O sistema conta com mdulos para cadastramento de regionais de

    sade, distritos e localidades.

    Preconiza-se que, em todas as instncias, os dados aportados pelo Sinan sejam

    consolidados e analisados, e que haja uma retroalimentao das instncias que o precederam,

    alm de sua redistribuio, segundo local de residncia dos pacientes, objetos das

    notificaes.

    A partir da alimentao do banco de dados do Sinan, pode-se calcular a incidncia,

    prevalncia, letalidade e mortalidade, bem como realizar anlises, de acordo com as

    caractersticas de pessoa, tempo e lugar, particularmente, no que tange s doenas e agravos

    de notificao obrigatria. Alm disso, possvel avaliar-se a qualidade dos dados.

    As informaes da ficha de investigao possibilitam um conhecimento em maior

    profundidade acerca da situao epidemiolgica do agravo investigado, das fontes de

    contaminao, do modo de exposio, da identificao de reas de risco, dentre outros,

    importantes para o desencadeamento das atividades de controle. A manuteno peridica da

    atualizao da base de dados do Sinan fundamental para o acompanhamento da situao

    epidemiolgica dos agravos includos no sistema.

    Dados de m qualidade, ou seja, aqueles oriundos de fichas de notificao ou

    investigao com campos essenciais em branco, incongruncias entre dados (casos com

    diagnstico laboratorial positivo, porm encerrados como critrio clnico), duplicidades de

    registros, entre outros problemas, apontam para a necessidade de uma avaliao sistemtica

    da qualidade da informao coletada e digitada em todas as esferas do sistema.

    Sistema de Informaes sobre Mortalidade (SIM) Criado em 1975, seu instrumento

    padronizado de coleta de dados a Declarao de bito (DO), impressa em trs vias

    coloridas, cuja emisso e distribuio para os estados, em sries pr-numeradas, de

    competncia exclusiva do Ministrio da Sade. O preenchimento da DO deve ser realizado

    exclusivamente por mdicos, exceto em locais onde no existam, situao na qual poder ser

    preenchida por oficiais de Cartrios de Registro Civil, assinada por duas testemunhas (Lei

    Federal n 6.015/73).

  • 26

    O registro do bito deve ser feito no local de ocorrncia do evento uma vez que a

    ocorrncia fator importante no planejamento de algumas medidas de controle, como, por

    exemplo, no caso dos acidentes de trnsito e doenas ocupacionais que exijam a adoo de

    medidas de controle no local de ocorrncia.

    Na anlise dos dados do SIM se obtm a mortalidade proporcional por causas, faixa

    etria, sexo, local de ocorrncia e residncia, letalidade de agravos dos quais se conhea a

    incidncia, bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna ou por qualquer outra

    varivel contida na DO, uma vez que so disponibilizadas vrias formas de cruzamento dos

    dados. Entretanto, em muitas reas, o uso dessa rica fonte de dados prejudicado pelo no

    preenchimento correto das DO, com omisso de dados, como, por exemplo, estado

    gestacional/puerperal ou exposies a substncias qumicas, ou pelo registro excessivo de

    causas mal definidas, prejudicando o uso dessas informaes nas diversas instncias do

    sistema de sade. Essas anlises devem ser realizadas em todas as esferas do sistema, sendo

    subsdios fundamentais para o planejamento de aes dos gestores.

    Sistema de Informaes sobre Nascidos Vivos (Sinasc) o nmero de nascidos vivos

    constitui relevante informao para o campo da sade pblica, pois possibilita a constituio

    de indicadores voltados para a avaliao de riscos sade do segmento materno-infantil, a

    exemplo dos coeficientes de mortalidade infantil e materna, nos quais representa o

    denominador. Atualmente, so disponibilizados pela SVS, dados do Sinasc referentes aos

    anos de 1994 em diante. Entretanto, at o presente momento, s pode ser utilizado como

    denominador, no clculo de alguns indicadores, em regies onde sua cobertura ampla,

    substituindo deste modo as estimativas censitrias.

    O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declarao de

    Nascido Vivo (DN), cuja emisso, a exemplo da DO, de competncia exclusiva do

    Ministrio da Sade. Tanto a emisso da DN como o seu registro em cartrio sero realizados

    no municpio de ocorrncia do nascimento. Deve ser preenchida nos hospitais e outras

    instituies de sade, que realizam parto, e nos Cartrios de Registro Civil.

    Entre os indicadores de interesse, para a ateno sade materno-infantil, para os

    quais so imprescindveis as informaes contidas na DN, encontram-se: proporo de

    nascidos vivos de baixo peso, proporo de nascimentos prematuros, proporo de partos

    hospitalares, proporo de nascidos vivos por faixa etria da me, valores do ndice Apgar no

    primeiro e quinto minutos, nmero de consultas pr-natal realizadas para cada nascido vivo,

    dentre outros. Alm desses, podem ainda ser calculados indicadores clssicos, voltados

  • 27

    caracterizao geral de uma populao, como a taxa bruta de natalidade e a taxa de

    fecundidade geral.

    Sistema de Informaes Hospitalares (SIH/SUS) possui dados informatizados desde

    1984, contudo, no foi concebido sob a lgica epidemiolgica, mas sim com o propsito de

    operar o sistema de pagamento de internao dos hospitais contratados pelo Ministrio da

    Previdncia. Posteriormente, foi estendido aos hospitais filantrpicos, universitrios e de

    ensino e aos hospitais pblicos municipais, estaduais e federais. Nesse ltimo caso, somente

    aos da administrao indireta e de outros ministrios.

    Rene informaes de cerca de 70% dos internamentos hospitalares realizados no pas,

    tratando-se, portanto, de grande fonte das enfermidades que requerem internao,

    contribuindo expressivamente para o conhecimento da situao de sade e gesto de servios.

    Ressalte-se sua gradativa incorporao rotina de anlise e informaes de alguns rgos de

    vigilncia de estados e municpios.

    Seu instrumento de coleta de dados a Autorizao de Internao Hospitalar (AIH),

    atualmente emitida pelos estados a partir de uma srie numrica nica definida anualmente

    em portaria ministerial. Este formulrio contm, entre outros, os dados de atendimento, com

    os diagnsticos de internamento e alta (codificados de acordo com a Classificao

    Internacional de Doenas - CID), informaes relativas s caractersticas de pessoa (idade e

    sexo), tempo e lugar (procedncia do paciente) das internaes, procedimentos realizados,

    valores pagos e dados cadastrais das unidades de sade, que permitem sua utilizao para fins

    epidemiolgicos.

    Observe-se que, nos dados do SIH/SUS, no h identificao de reinternaes e

    transferncias de outros hospitais, o que leva, eventualmente, a dupla ou tripla contagem de

    um mesmo paciente que se enquadre nessas situaes.

    Apesar de todas as restries, essa base de dados continua sendo de extrema

    importncia para o conhecimento do perfil dos atendimentos da rede hospitalar.

    Adicionalmente, no pode ser desprezada a extrema agilidade do sistema. Os dados, por ele

    aportados, tornam-se disponveis aos gestores, com defasagem menor que um ms, sendo, de

    cerca, de dois meses o prazo para a disponibilizao do consolidado Brasil.

    Sistema de Informaes Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) implantado em 1991 em todo

    o territrio nacional como instrumento de ordenao do pagamento dos servios ambulatoriais

    (pblicos e conveniados), viabilizando aos gestores apenas a informao do gasto por

  • 28

    natureza jurdica do prestador. Por obedecer lgica de pagamento por procedimento, no

    registra a CID do(s) diagnstico(s) dos pacientes e no pode ser utilizado como informao

    epidemiolgica, ou seja, seus dados no permitem delinear os perfis de morbidade da

    populao, a no ser pela inferncia a partir dos servios utilizados.

    Entretanto, como sua unidade de registro de informaes o procedimento

    ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais, outros indicadores operacionais

    podem ser importantes como complemento das anlises epidemiolgicas, por exemplo:

    nmero de consultas mdicas por habitante/ano; nmero de consultas mdicas por

    consultrio; nmero de exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas mdicas.

    Quando da anlise dos dados oriundos deste sistema de informao, deve-se atentar

    para as questes relativas sua cobertura, acesso, procedncia e fluxo dos usurios dos

    servios de sade.

    Outras importantes fontes de dados

    A depender das necessidades dos programas de controle de algumas doenas e

    agravos, outros sistemas de informao complementares foram desenvolvidos e so teis

    vigilncia. So estes:

    Sistema de Informao da Ateno Bsica (Siab) sistema de informao

    territorializado que coleta dados que possibilitam a construo de indicadores populacionais

    referentes a reas de abrangncia bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes

    Comunitrios de Sade e Programa Sade da Famlia.

    Sua base de dados possui trs blocos: o cadastramento familiar (indicadores

    sociodemogrficos dos indivduos e de saneamento bsico dos domiclios); o

    acompanhamento de grupos de risco (menores de dois anos, gestantes, hipertensos,

    diabticos, pessoas com tuberculose e pessoas com hansenase); e o registro de atividades,

    procedimentos e notificaes (produo e cobertura de aes e servios bsicos, notificao

    de agravos, bitos e hospitalizaes).

    Os nveis de agregao do SIAB so: microrea de atuao do agente comunitrio de

    sade (territrio onde residem cerca de 150 famlias), rea de abrangncia da equipe de Sade

    da Famlia (territrio onde residem aproximadamente mil famlias), segmento, zonas urbana e

    rural, municpio, estado, regies e pas. Assim, o Sistema possibilita a microlocalizao de

    problemas de sade como, permitindo a espacializao das necessidades e respostas sociais e

  • 29

    constituindo-se em importante ferramenta para o planejamento e avaliao das aes de

    vigilncia da sade.

    Sistema de Informaes de Vigilncia Alimentar e Nutricional (Sisvan) - tem

    como objetivo fornecer informaes sobre estado nutricional da populao e de fatores que o

    influenciam. O mdulo municipal encontra-se implantado em quase todos os municpios

    brasileiros. Disponibiliza informaes para monitoramento do estado nutricional de diferentes

    grupos populacionais atendidos nos estabelecimentos de sade e por profissionais da

    Estratgia Sade da Famlia e pelo Programa de Agentes Comunitrios de Sade. A partir de

    2006, foi disponibilizada a possibilidade de insero de dados de usurios do Programa Bolsa

    Famlia acompanhados pelo setor de sade (mulheres em idade frtil e crianas menores de 7

    anos).

    Sistema de Informao de Vigilncia da Qualidade da gua para Consumo

    Humano (Sisagua) coordenado pelo Departamento de Vigilncia em Sade Ambiental e

    Sade do Trabalhador/ Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental

    (DSAST/CGVAM), foi estruturado visando fornecer informaes sobre a qualidade da gua

    para consumo humano proveniente dos sistemas pblicos e privados, e de solues

    alternativas de abastecimento. Tem como objetivo geral coletar, transmitir e disseminar dados

    gerados rotineiramente, de forma a produzir informaes necessrias prtica da vigilncia

    da qualidade da gua de consumo humano (avaliao da problemtica da qualidade da gua,

    definio de estratgias para prevenir e controlar os processos de sua deteriorao e

    transmisso de enfermidades), por parte das secretarias municipais e estaduais de sade, em

    cumprimento Portaria n 2.914/GM/MS de 12/12/2012. Este sistema est sendo alimentado

    pelos tcnicos das secretarias sade, responsveis pela vigilncia da qualidade da gua de

    consumo humano.

    Sistema de Informao de Vigilncia em Sade de Populaes Expostas a Solo

    Contaminado (Sissolo) coordenado pelo DSAST/CGVAM, para sistematizar as

    informaes sobre a existncia de reas contaminadas com populaes expostas. Este sistema

    tem o formato modular, sendo o primeiro o mdulo de cadastramento de reas contaminadas,

    suspeitas e confirmadas, com populao exposta, ou potencialmente exposta, utilizado na

    rotina pela vigilncia em sade ambiental. Para auxiliar essa identificao e dar incio as

    aes de preveno e promoo da sade, uma ficha de campo (Anexo II) foi desenvolvida

  • 30

    para a identificao de reas com populaes expostas ou potencialmente expostas a

    contaminantes qumicos que contempla, resumidamente, quatro grupos de informaes:

    Identificao do local: alm da denominao da rea, contempla endereo,

    coordenadas geogrficas, tamanho e distncia da capital, tipo de resduos presentes e

    potenciais contaminantes de interesse, dentre eles algumas classes de agrotxicos. E, por fim,

    a classificao da rea, destacando-se neste caso: depsito de agrotxicos e rea agrcola.

    Populao potencialmente exposta: a partir da confirmao da presena de

    pessoas na rea (trabalhadores e/ou moradores), a ficha permite o registro da distncia da

    moradia mais prxima, populao estimada no raio de 01 km e a estratificao social.

    Rotas de exposio da populao aos contaminantes ambientais: os itens

    levantados so populaes susceptveis, atividades realizadas na rea e no seu entorno,

    presena de curso de gua, tipos de abastecimento de gua e seus usos.

    Fontes de dados e estudos: tambm possvel indicar detalhes sobre as reas,

    como a existncia de estudos realizados e fontes de informao sobre a contaminao no solo,

    ar, gua, exposio humana, bem como da existncia de processo de remediao ou

    descontaminao ambiental.

    A partir do levantamento destas informaes e preenchimento da ficha de campo,

    realizado o cadastro desta rea no SISSOLO. A utilizao do Sistema de Informao

    proporciona uma avaliao sistmica de reas contaminadas por substncias qumicas,

    incluindo os agrotxicos.

    O gerenciamento do fluxo dessas informaes cabe aos gestores da vigilncia em

    sade, especialmente Vigilncia em Sade Ambiental, atravs da alimentao peridica do

    banco de dados pelos tcnicos das secretarias estaduais e municipais de sade, previamente

    capacitados para tais atividades.

    Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) foi desenvolvido pela

    parceria entre as instituies: DATASUS, Coordenao de Ateno Bsica - COSAB e pela

    Secretaria de Vigilncia em Sade - SVS, e coordenado pela Coordenao Geral de

    Laboratrios de Sade Pblica CGLAB. Tem como objetivos principais: Informatizar o

    Sistema Nacional de Laboratrios de Sade Pblica (SISLAB) das Redes Nacionais de

    Laboratrios de Vigilncia Epidemiolgica e Vigilncia em Sade Ambiental,

    proporcionando o gerenciamento, acompanhamento dos exames de mdia e alta

    complexidade realizados nas redes estaduais de laboratrios de sade pblica visando a

  • 31

    rastreabilidade e segurana na emisso dos resultados; Interligar-se ao SINAN no envio dos

    resultados laboratoriais das doenas de notificao compulsria; Auxiliar nas tomadas de

    decises epidemiolgicas junto as Secretaria Estaduais de Sade e Programas e no

    gerenciamento da rede de laboratrios de sade pblica.

    Atua nas redes estaduais de laboratrios de sade pblica desde laboratrios locais -

    LL, laboratrios da rede - LR, Laboratrios Centrais de Sade Pblica - LACEN e

    Laboratrios Externos - LE, como uma ferramenta informatizada capaz de efetivar o

    gerenciamento dos processos e atividades de anlises laboratoriais de interesse de sade

    pblica, das amostras de origem humana, animal e ambiental - a serem coletadas no prprio

    laboratrio ou por terceiros - e controle da qualidade dos resultados dos diagnsticos de

    tuberculose, hansenase e malria recebidos pela rede de laboratrios pblicos, privados ou

    mistos. O processo de anlise monitorado e controlado desde o cadastro da requisio de

    exames at a emisso de laudo e possvel envio da confirmao (positivo/negativo) das DNC

    ao SINAN. O LACEN gerencia as informaes estaduais no controle dos fluxos de envio e

    processamento das amostras de origem humana, animal, ambiental.

    Sistema de Informaes de Insumos Estratgicos (SIES) foi desenvolvido pelo

    DATASUS e implantado nacionalmente em 2002. Atualmente coordenado pelo Ncleo de

    Insumos Estratgicos (NIES) da SVS e visa agilizar, facilitar e aprimorar o abastecimento de

    insumos estratgicos, incluindo os agrotxicos utilizados na sade pblica, por meio da gesto

    eficiente dos processos de recebimento, distribuio e acompanhamento de estoques dos

    insumos estratgicos providos pela SVS. O sistema utilizado por todas as unidades nas trs

    esferas de governo, proporcionando o controle, desde o recebimento do pedido de insumos na

    Central de Armazenagem e Distribuio de Insumos Estratgicos (CENADI), at o

    recebimento dos insumos nas unidades de ponta do sistema, alm do acompanhamento da

    situao dos pedidos, em tempo real, pelos estados e municpios. O pblico alvo so as reas

    tcnicas da Secretaria de Vigilncia em Sade e as Secretarias de Sade Estaduais e

    Municipais (estas por intermdio dos Almoxarifados de Insumos Estratgicos).

    Vigilncia do Cncer em Trabalhadores do Instituto Nacional do Cncer (INCA)

    as aes nacionais de Vigilncia do Cncer tm como objetivo conhecer com detalhes o

    atual quadro do cncer no Brasil. A vigilncia do cncer realizada por meio da implantao,

    acompanhamento e aprimoramento dos Registros de Cncer de Base Populacional e dos

    Registros Hospitalares de Cncer (centros de coleta, processamento, anlise e divulgao de

  • 32

    informaes sobre a doena, de forma padronizada, sistemtica e contnua). Os registros so

    feitos em dois sistemas, SisBasePop e SisRHC, e possibilitam conhecer os novos casos e

    realizar estimativas de incidncia do cncer, subsdios fundamentais para o planejamento das

    aes locais de preveno e controle da doena de acordo com cada regio.

    Sistema de Registro de Cncer de Base Populacional (SisBasePop) foi

    desenvolvido pelo Instituto Nacional do Cncer (INCA) para realizar a vigilncia

    epidemiolgica dos cnceres no pas. O Brasil dispe hoje de 28 centros sistematizados

    (RCBP) em vrias capitais e algumas outras cidades brasileiras para coleta, armazenamento e

    anlise de dados sobre a ocorrncia e as caractersticas de casos novos de cncer na

    populao. Atualmente, 20 RCBP fornecem informaes consolidadas, isto , pelo menos um

    ano de informaes sobre os casos definitivos, que so fundamentais para que o Ministrio da

    Sade possa definir as prioridades na preveno da doena e o planejamento e gerenciamento

    dos servios de sade de acordo com a realidade de cada regio. As bases de dados so

    coletadas e avaliadas pelos RCBP a partir de normas tcnicas mundiais, estabelecidas pela

    Agncia Internacional de Pesquisa em Cncer IARC, e enviadas ao INCA para avaliao e

    publicao. Este processo foi aperfeioado tecnologicamente atravs do SisBasepop Web,

    sistema online que permite aos centros alimentarem, diretamente pela internet, suas prprias

    bases de dados no servidor do INCA.

    Sistema Integrador de Registros Hospitalares de Cncer (SisRHC) um sistema

    Web desenvolvido pelo INCA em 2002 para consolidao de dados hospitalares provenientes

    dos Registros Hospitalares de Cncer (RHC) de todo o Brasil. Os RHC se caracterizam em

    centros de coleta, armazenamento, processamento, anlise e divulgao - de forma sistemtica

    e continua - de informaes de pacientes atendidos em uma unidade hospitalar, com

    diagnstico confirmado de cncer. A informao produzida em um RHC reflete o

    desempenho do corpo clnico na assistncia prestada ao paciente. O SisRHC tem sido

    permanentemente aprimorado e atualizado pela incorporao de sugestes dos usurios e

    gestores do sistema. O sistema distribudo gratuitamente para as SES, que o disponibiliza

    aos hospitais.

    Sistema de Gerenciamento de Amostras (SGA) criado pelo Instituto Nacional de

    Controle de Qualidade em Sade da Fundao Osvaldo Cruz (INCQS/FIOCRUZ)

    atualmente o sistema de emisso de laudos tcnicos oficialmente, recomendado pela Agncia

    Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa). Teve sua implantao iniciada nos Laboratrios

    Centrais de Sade Pblica Lacens a partir de 2001 e esta instalado em 21 estados.

  • 33

    A verso Web, com previso de instalao nos Lacen a partir deste ano de 2012,

    dispe de catlogos (cadastros bsicos que fornecem informaes para o funcionamento de

    todo o sistema) padronizados de ensaios, metodologias e referncias e possui o mdulo

    nacional, o que representa um avano na rea de vigilncia sanitria devido possibilidade de

    resposta imediata s demandas de anlises de produtos. O INCQS realiza a gesto do SGA e

    coordena, desde junho de 2011, o Comit Gestor integrado por representantes dos Lacens, que

    auxilia na tomada de decises em relao a: cronograma de implantao do SGA Web nos

    Lacens e demais laboratrios (universidades, institutos de pesquisa, e outros laboratrios

    integrantes da Rede Nacional de Laboratrios de Vigilncia Sanitria); aperfeioamento do

    SGA Web e do processo de anlise de amostras de produtos; discusso de novas

    funcionalidades; e conduo do processo de padronizao de informaes.

    Programa de Anlise de Resduos de Agrotxicos em Alimentos (PARA) - foi

    iniciado em 2001, sob coordenao da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA)

    em conjunto com os rgos de vigilncia sanitria de 25 estados e o Distrito Federal, com o

    objetivo de prevenir agravos sade da populao pela exposio aos agrotxicos atravs dos

    alimentos, implantando assim, em nvel nacional, um servio para monitorar continuamente

    os nveis de resduos de agrotxicos nos alimentos que chegam mesa do consumidor e

    adotar medidas de controle. Para a seleo dos alimentos amostrados e analisados foram

    considerados os seguintes critrios: consumo anual per capita, os sistemas de cultivo e de

    manejo de pragas e a disponibilidade dos alimentos no comrcio dos diferentes estados

    engajados no Programa.

    Sistema de Informaes sobre Agrotxicos (SIA) institudo pelo Decreto 4.074 de

    04/01/2002, para permitir a interao eletrnica entre os rgos federais envolvidos no

    registro de agrotxicos, seus componentes e afins; disponibilizar informaes sobre

    andamento de processos relacionados com agrotxicos, seus componentes e afins, nos rgos

    federais competentes; permitir a interao eletrnica com os produtores, manipuladores,

    importadores, distribuidores e comerciantes de agrotxicos, seus componentes e afins;

    facilitar o acolhimento de dados e informaes relativas comercializao de agrotxicos e

    afins; implementar, manter e disponibilizar dados e informaes sobre as quantidades totais

    de produtos por categoria, importados, produzidos, exportados e comercializados no Pas,

    bem como os produtos no comercializados; e, manter cadastro e disponibilizar informaes

    sobre agrotxicos, seus componentes e afins.

  • 34

    Programa de Anlise de Resduos de Medicamentos Veterinrios em Alimentos

    de Origem Animal (Pamvet) foi desenvolvido pela Anvisa com o objetivo de

    operacionalizar sua competncia legal de controlar e fiscalizar resduos de medicamentos

    veterinrios em alimentos, conforme determina o inciso II do pargrafo 1 do Art. 8 da Lei n.

    9.782 de 26/01/1999. Permite o monitoramento da ocorrncia de resduos de medicamentos

    veterinrios (antimicrobianos e antiparasitrios) em leite, das prticas de produo e do risco

    de exposio aos resduos pesquisados. Essas informaes so importantes para ampliar o

    debate sobre o tema, de forma que se possa adotar ou recomendar medidas preventivas de

    alcance em toda a cadeia produtiva. Os antiparasitrios monitorados so do grupo qumico

    avermectina: abamectina, doramectina e ivermectina Destes, a abamectina tambm esta

    autorizada como agrotxico (acaricida e inseticida), com aplicao foliar nas culturas de

    algodo, batata, caf, citros, coco, cravo, crisntemo, ervilha, feijo, feijo-vagem, figo, ma,

    mamo, manga, melancia, melo, morango, pepino, pra, pssego, pimento, rosa, tomate e

    uva.

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas (IBGE) - se constitui no principal

    provedor de dados e informaes do pas, que atendem s necessidades dos mais diversos

    segmentos da sociedade civil, bem como dos rgos das esferas governamentais federal,

    estadual e municipal. uma fundao autrquica da administrao pblica federal, vinculada

    ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, que possui quatro diretorias e dois

    outros rgos centrais. O Sistema IBGE de Recuperao Automtica (SIDRA) - um

    banco de dados agregados do IBGE que tem por objetivo armazenar tabelas contendo os

    dados agregados das pesquisas que o IBGE realiza. Um dado agregado pode ser obtido, por

    exemplo, atravs do somatrio dos valores de quesitos contidos em um questionrio

    respondido pelos informantes da pesquisa, e est associado s unidades de um nvel territorial

    (unidade da federao, municpio etc.), a um perodo de tempo e, muitas vezes, a um conjunto

    de classificaes que o qualificam. Esse sistema disponibiliza informaes sobre

    agropecuria, comrcio, contas nacionais, economia, indstria, oramento familiar,

    populao, preos, saneamento bsico, sade, servios, trabalho e rendimento em vrios

    nveis de agregao. O sistema permite a tabulao de dados em vrias unidades de anlise

    utilizada nas pesquisas desenvolvidas pelo Instituto.

  • 35

    Sistema Nacional de Informaes Txico-Farmacolgicas (SINITOX) - criado em

    1980 e vinculado Fundao Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) responsvel pela coleta,

    compilao, anlise e divulgao dos casos de intoxicao e envenenamento registrados pelos

    Centros de Informao e Assistncia Toxicolgica, cujas unidades esto concentradas nas

    capitais de 18 estados e que tm a funo de fornecer informao e orientao sobre o

    diagnstico, prognstico, tratamento e preveno das intoxicaes, assim como sobre a

    toxicidade das substncias qumicas e biolgicas e os riscos que elas ocasionam sade.

    Apenas um subconjunto das variveis existentes no instrumento de coleta utilizado pelos

    Centros enviado para o SINITOX. So registrados casos de intoxicao e envenenamento

    considerando diversos agentes txicos, inclusive agrotxicos que so categorizados em:

    agrotxicos de uso agrcola, agrotxicos de uso domstico, produtos veterinrios e raticidas.

    O resultado deste trabalho divulgado atravs da publicao "Estatstica Anual dos Casos de

    Intoxicao e Envenenamento.

    Sistema de Informao de Agrotxicos Fitossanitrios (Agrofit) - uma ferramenta

    de consulta ao pblico, composta por um banco de dados de todos os produtos agrotxicos e

    afins registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), com

    informaes do Ministrio da Sade (ANVISA) e informaes do Ministrio do Meio

    Ambiente (IBAMA). Pode-se pesquisar por marca comercial, cultura, ingrediente ativo,

    classificao toxicolgica e classificao ambiental, o usurio ter o acesso rpido,

    permitindo obter informaes sobre produtos registrados para controle de pragas (insetos,

    doenas e plantas daninhas), com textos explicativos e fotos. Existem tambm, alm dos

    produtos convencionais, os produtos de uso na agricultura orgnica que esto registrados

    como produtos de controle biolgico, feromnios e outros. O sistema possui cadastro de 1.400

    marcas comerciais, das quais 650 esto disponveis no mercado e as demais para uso

    exclusivo de indstrias, com o registro de 138 novas marcas de agrotxicos em 2009.

    Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) o sistema foi institudo pelo

    Decreto n 76.900, de 23/12/75, com o objetivo de suprimento s necessidades de controle da

    atividade trabalhista no Pas, provimento de dados para a elaborao de estatsticas do

    trabalho, e disponibilizao de informaes do mercado de trabalho s entidades

    governamentais. Possui informaes referentes ao estabelecimento empregador e ao

    empregado, incluindo estabelecimentos e trabalhadores rurais.

  • 36

    Alm das informaes decorrentes dos sistemas descritos existem outras grandes bases

    de dados de interesse para o setor sade, com padronizao e abrangncia nacionais, bem

    como de abrangncia estadual ou municipal. Entre elas tm-se: Cadernos de Sade e Rede

    Interagencial de Informao para a Sade/Ripsa, da qual um dos produtos o

    IDB/Indicadores e Dados Bsicos para a Sade, alm daquelas disponibilizadas pelo IBGE.

    tambm importante verificar outros bancos de dados de interesse rea da sade, como os do

    Sistema Federal de Inspeo do Trabalho (informaes sobre riscos ocupacionais por

    atividade econmica), bem como fontes de dados resultantes de estudos e pesquisas

    realizados por instituies como o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e Instituto

    Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), alm de relatrios e outras publicaes de

    associaes de empresas que atuam no setor mdico supletivo (medicina de grupo,

    seguradoras, autogesto e planos de administrao).

    Anlise de Situao de Sade (ASIS)

    Uma das ferramentas de trabalho mais importantes para a vigilncia em sade a

    informao. Dispor de informaes de qualidade, que retratem de forma fidedigna a situao

    de sade nos diversos estados e municpios brasileiros, permite que o sistema de sade

    planeje melhor suas aes de preveno e controle de doenas, assim como de promoo da

    sade. O tratamento e a estruturao de dados, gerando informaes e contribuindo para a

    construo de indicadores e estatsticas, fazem parte da Anlise de Situao de Sade (ASIS).

    A ASIS a identificao, descrio, priorizao e explicao dos problemas de sade

    da populao, ou seja, visa identificar as necessidades sociais de sade e determinar

    prioridades de ao de governo. Para identificao so levantadas as caractersticas da

    populao (variveis demogrficas, scio-econmicas, culturais e polticas), as condies

    ambientais (abastecimento de gua, coleta de lixo e dejetos, esgotamento sanitrio, condies

    de habitao, acesso a transporte, segurana e lazer), e a caracterizao do perfil

    epidemiolgico da populao (indicadores de morbi-mortalidade).

    A maioria dos sistemas de informao ora apresentados possui manual instrucional e

    modelos dos instrumentos de coleta (fichas e declaraes) para implantao e utilizao em

    computador. A utilizao dos sistemas de informaes de sade e de outras fontes de dados,

    pelos servios de sade e instituies de ensino e pesquisa, dentre outras, pode ser viabilizada

    via Internet

  • 37

    Existem outros dados necessrios ao municpio e no coletados regularmente, que

    podem ser obtidos mediante de inquritos e estudos especiais, de forma eventual e localizada.

    Contudo, preciso haver racionalidade na definio dos dados a serem coletados, processados

    e analisados no SIS, para evitar desperdcio de tempo, recursos e descrdito no sistema de

    informao, tanto pela populao como pelos tcnicos.

    Divulgao das informaes

    A divulgao das informaes geradas pelos sistemas assume valor inestimvel como

    instrumento de suporte ao controle social, prtica que deve ser estimulada e apoiada em todas

    as esferas e que deve definir os instrumentos de informao, tanto para os profissionais de

    sade como para a comunidade.

    Perspectivas atuais

    A necessidade de integrao dos bancos de dados para uma maior dinamizao das

    aes de vigilncia em sade, atravs da utilizao dos sistemas nacionais de informaes

    descritos, apresenta-se como pr-requisito para o melhor desenvolvimento de uma poltica de

    informao e informtica para o SUS.

    Nesse sentido, alm da anlise sistemtica dos bancos de dados com a construo de

    indicadores e definio de alertas para o monitoramento da vigilncia em sade de populaes

    expostas a agrotxicos, o cruzamento de dados dos mais variados sistemas possibilitar a

    realizao de um diagnstico mais preciso, ou mais prximo da realidade, em cada territrio.

    Alm disto, necessrio avanar no processo de incluso desta vigilncia nas

    discusses com as reas de doenas no transmissveis, sade mental e da vigilncia do

    cncer.

  • 38

    CADERNO 1 AGROTXICO

    EXPOSIO E INTOXICAES POR AGROTXICOS

    Caractersticas Gerais

    Descrio

    A exposio a agrotxicos est relacionada com diversos efeitos sobre a sade

    humana, incluindo alteraes subclnicas (alteraes de biomarcadores de exposio, efeito e

    suscetibilidade), intoxicao aguda e/ou crnica, podendo ser fatais. A depender do

    agrotxico e da exposio, as manifestaes ocorrem em diversos aparelhos e sistemas e

    evoluem de forma singular, assim so descritos efeitos deletrios sobre os sistemas nervoso,

    respiratrio, cardiovascular, gastrintestinal, geniturinrio, hematolgico, endcrino,

    imunolgico, bem como danos na pele, olhos, entre outros. Alm disso, efeitos gera