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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alvaro Luiz Mathias USO DA TOMOGRAFIA DE FEIXE CÔNICO (CONE BEAM) EM CIRURGIA GUIADA CURITIBA 2010

Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Alvaro Luiz Mathias

USO DA TOMOGRAFIA DE FEIXE CÔNICO (CONE BEAM) EM

CIRURGIA GUIADA

CURITIBA

2010

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USO DA TOMOGRAFIA DE FEIXE CÔNICO (CONE BEAM) EM

CIRURGIA GUIADA

CURITIBA

2010

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Alvaro Luiz Mathias

USO DA TOMOGRAFIA DE FEIXE CÔNICO (CONE BEAM) EM

CIRURGIA GUIADA

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Radiologia Odontológica e

Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná

como requisito parcial à obtenção do titulo de

Especialista em Radiologia Odontológica e

Imaginologia.

Orientadora: Profa. MSc. Ana Cláudia Galvão de

Aguiar Koubik

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Alvaro Luiz Mathias

USO DA TOMOGRAFIA DE FEIXE CÔNICO

(CONE BEAM) EM CIRURGIA GUIADA

Esta monografia foi julgada e aprovada pela banca examinadora para a obtenção do grau de

Especialista de Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, 31 de maio de 2010

______________________________________________

Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da UTP

________________________________________

Orientador: Profa. MSc. Ana Cláudia Galvão de Aguiar Koubik

Universidade Tuiuti do Paraná – PROPPE

________________________________________

Profa. MSc. Ligia Aracema Borsato

Universidade Tuiuti do Paraná – PROPPE

_________________________________________

Profa. MSc. Tatiana Maria Folador Mattiolli

Universidade Tuiuti do Paraná – PROPPE

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A aceitação passiva das respostas pode

abortar o desenvolvimento da inteligência.

Augusto Cury

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DEDICATÓRIA

A Deus, meu provedor e minha força.

A minha esposa, Simone de Almeida Mathias, pelo seu amor.

Aos meus filhos, Tiago de Almeida Mathias e Lucas de Almeida

Mathias, à motivação de continuar evoluindo.

Aos meus pais, Catharina Mello e José Mathias, pela minha vida e

educação.

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AGRADECIMENTOS

A professora orientadora Ana Cláudia Galvão de Aguiar Koubik pela

orientação na escrita deste trabalho e nos ensinamentos em radiologia.

A professora Lígia Aracema Borsato pela contribuição de minha formação

teórica e prática.

Aos demais professores do programa que contribuíram em minha formação

profissional.

Aos meus colegas de pós-graduação, Ana, Caroline, Dayane, Sílvia, Allan,

Cleverson, Lucas e Wendel, pelos agradáveis momentos de convivência e

contribuição na minha formação técnica e humana.

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RESUMO

O objetivo desta revisão de literatura é avaliar o uso da tomografia volumétrica ou de feixe cônico nas técnicas de cirurgia guiada. Ela produz rapidamente imagens multiplanares e tridimensionais com alta acuracidade e baixa exposição aos raios-X. A cirurgia em campo fechado apresenta grandes vantagens e é muito segura usando cirurgia guiada: com guia cirúrgico produzido sobre o protótipo usando engenharia reversa, com guia estereolitográfico e por estereotaxia. Um protótipo do tecido ósseo é produzido por CAD usando os dados das imagens da tomografia. A pré-realização da cirurgia é feita, seguido da construção de guia cirúrgico. A cirurgia estereolitográfica é usada exclusivamente para instalação de implantes. Os dados tomográficos são usados para planejamento virtual da cirurgia. A manipulação de implantes com diferentes dimensões e posicionamento ideal permite a seleção e instalação mais convenientes do implante na estrutura óssea preexistente. Os dados deste planejamento são utilizados para confeccionar o guia estereolitográfico. A cirurgia por estereotaxia usa imagens intra-operatórias em tempo quase-real e é considerada o padrão ouro da cirurgia. Pontos de referência no paciente e no instrumental permitem ao operador um controle fino nas ações cirúrgicas. Pode ser concluído que os três tipos de cirurgias guiadas usam imagens da tomografia.

Palavras-chave: tomografia volumétrica, tomografia de feixe cônico, cirurgia guiada, cirurgia fechada, implantodontia

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ABSTRACT

The purpose of this review is to evaluate the use of volumetric or cone-beam tomography in guided surgery. It quickly produces multiplanar and three-dimensional images with high dimensional accuracy and low exposure to X-rays. Flapless surgery has great advantages and is very secure using guided surgery: with surgical guide produced on the prototype using reverse engineering, with stereolithographic guide and tomography-guided stereotactic surgery. CAD produces a prototype of the bone tissue with using data from tomography images. The pre-surgery is performed, followed by construction of surgical guide. Stereolithographic surgical guide template is used exclusively for implant placement. The tomographic data are used for virtual planning of surgery. The handling of implants with different sizes and optimal positioning allows the selection and installation of the implant in the most convenient pre-existing bone structure. The data in this planning are used to make the stereolithographic guide. The stereotactic surgery uses intraoperative images in “near-real-time” and is considered the gold standard of surgery. Reference points on the patient and the instrument allow the operator fine control in surgical actions. It can be concluded that the three types of guided surgery use the tomographic images.

Keywords: volumetric tomography, cone beam tomography, guided surgery, Implantodonty

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 ESQUEMA DE PROJEÇÃO DE RAIOS-X PARA

TOMOGRAFIA: MULTISLICE E VOLUMÉTRICA ............... 30FIGURA 02 DIAGRAMA DE BLOCO DOS ESTÁGIOS DE AQUISIÇÃO

E DE RECONSTRUÇÃO ..................................................... 39

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 COMPARAÇÃO DE ALGUNS ASPECTOS REFERENTES

À OBTENÇÃO DE IMAGENS ODONTOLÓGICAS POR

RAIOS-X .............................................................................. 23TABELA 02 COMPARAÇÃO DAS DOSES EFETIVAS DE RADIAÇÃO

DE ALGUNS SISTEMAS DE TV ......................................... 46TABELA 03 SISTEMAS DE TOMÓGRAFOS CONE BEAM..................... 47

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVATURAS

3D tridimensional

ALARA as low as reasonably achievable ou tão baixos quanto razoavelmente

possível

CAD computer-aided design ou desenho assistido por computador

CGI cirurgia guiada por imagem (image-guided surgery) ou cirurgia por

estereotaxia

CGP cirurgia guiada por engenharia reversa com uso de protótipo

CGE cirurgia guiada com guia estereolitográfico

CGV cirurgia guiada virtual

DICOM digital imaging communications in medicine ou comunicação de

imagens digitais em medicina

FDK algoritmo matemático com o método de Feldkamp, Davis e Kress

FOV field of view ou campo de visão

HU Hounsfield Unit ou unidade Hounsfield

LZ escala de Lekholm e Zarb

Sv unidade de dose de irradiação absorvida num tecido, Sievert, mSv, 10-3

Sv, e µSv, 10-6Sv

TM tomografia multislice ,tomografia médica, tomografia computadorizada,

tomografia helicoidal

TV tomografia volumétrica, tomografia de feixe cônico (cone beam)

Raios-X faixa de radiação eletromagnética entre 1x10-9m e 5x10-15m

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SUMÁRIO

RESUMO ………………………….................................................. 8ABSTRACT ……………………..................................................... 9

1 INTRODUÇÃO ………………........................................................ 141.1 OBJETIVO ………………............................................................... 192 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA ……………….............................. 202.1 RELAÇÃO ENTRE AS RADIOGRAFIAS E AS TOMOGRAFIAS . 202.2 USO DA TOMOGRAFIA EM CIRURGIA ODONTOLÓGICA ....... 242.3 TIPOS DE TOMOGRAFIAS ......................................................... 262.4 TOMOGRAFIA VOLUMÉTRICA .................................................. 362.5 USO DA TOMOGRAFIA VOLUMÉTRICA NA ODONTOLOGIA .. 512.6 CIRURGIA GUIADA POR TOMOGRAFIA ................................... 592.7 CIRURGIA GUIADA VIRTUALMENTE POR RADIOGRAFIA........ 783 DISCUSSÃO ................................................................................ 824 CONCLUSÃO .............................................................................. 875 REFERÊNCIAS ........................................................................... 88

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1 INTRODUÇÃO

Os raios-X são úteis para o diagnóstico e o planejamento na odontologia; por

outro lado, eles podem causar danos biológicos ao paciente. Assim, eles devem ser

utilizados com uso de técnicas de proteção e respeitando a filosofia de ALARA (as

low as reasonably achievable), ou seja, tão baixo quanto razoavelmente possível.

Em outras palavras, eles devem ser utilizados quando o benefício seja incontestável

(FREITAS, ROSA e SOUZA, 2004; SOUZA et al., 2006).

Os raios-X são atenuados ao passar por tecidos biológicos. A radiação

transmitida pelo espécime produz uma imagem latente na película radiográfica. Após

o processamento, as imagens são observadas para avaliação profissional

(FREITAS, ROSA e SOUZA, 2004). Alternativamente, eles podem sensibilizar um

sensor digital. O sensor digital necessita de menor intensidade de exposição

(ALMEIDA et al., 2001; CORRÊA, 2006; SOUZA et al., 2006) e apresenta maiores

tonalidades de cinza (FALCÃO et al., 2003). Essas duas tecnologias produzem

imagens com resultados similares de diagnóstico radiológico em termos de uso e de

qualidade de imagem (FREITAS, ROSA e SOUZA, 2004).

Os dados de imagem digital tem valor legal e apresentam a vantagem de

economia de espaço físico e de manutenção de integridade dos documentos

(CERVEIRA, 2008). Os dados digitais da imagem teoricamente podem ser alterados

(FALCÃO et al., 2003), mas a impressão da imagem (TEDESCHI-OLIVEIRA et al.,

2008) e o armazenamento de dados no formato bruto (raw data) são suficientes para

evitar a fraude e, conseqüentemente, os problemas legais. Por último, ferramentas

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digitais para detecção de fraudes de imagens já estão disponíveis (CERVEIRA,

2008).

O uso de radiografias intra-orais é corriqueiro em grande parte dos

consultórios odontológicos, enquanto que as radiografias extra-bucais geralmente

são realizadas em laboratórios de radiologia. A radiografia panorâmica é a técnica

extra-oral mais utilizada. Ela é freqüentemente a primeira escolha para planejar uma

cirurgia, por exemplo para a instalação de implantes dentários (SCARFE e

FARMAN, 2008; FREITAS, ROSA e SOUZA, 2004).

A tomografia permite visualizar planos anatômicos não sobrepostos do

paciente. Várias tecnologias têm sido desenvolvidas. Atualmente, as duas mais

estudadas e usadas são a tomografia multislice (TM), com tecnologia de feixe em

leque, e a tomografia volumétrica (TV), com tecnologia de feixe cônico (cone beam)

(SCARFE e FARMAN, 2008). A TV tem sido aplicada em diversas necessidades da

região maxilo-facial e complementa as técnicas radiográficas odontológicas (GARIB

et al., 2007; SCARFE e FARMAN, 2008). O desenvolvimento da tecnologia de TV

por diversas empresas está provocando uma rápida evolução tecnológica, como

redução de exposição a raios-X, melhoria de resolução, exposição de detalhes do

complexo dento-maxilar, etc. (SCARFE e FARMAN, 2008). A tomografia multislice

(TM) apresenta aplicações para todo o corpo humano e as imagens de tecidos

moles são de melhor qualidade que as da TV (SCARFE e FARMAN, 2008). Para

avaliação de tecido mineralizado, é impossível afirmar se a TV é melhor ou não do

que a TM, mas os dados atuais sugerem que seus resultados são pelo menos

similares para aplicações em cirurgias do complexo maxilo-faciais (HASHIMOTO et

al., 2007; MISCHKOWSKI et al., 2007a; EGGERS et al., 2009), mas com menor

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exposição à radiação ionizante e menor custo (GARIB et al., 2007; SCARFE e

FARMAN, 2008).

O ato cirúrgico é sempre um procedimento de risco, sendo que o

conhecimento detalhado das estruturas anatômicas evita acidentes. A tomografia

veio contribuir com as informações anatômicas em detalhes. Assim, ela permite o

planejamento com escolha da melhor técnica, da infra-estrutura, dos dispositivos

e/ou biomateriais que serão empregados (SCLAR, 2007).

A radiografia panorâmica é a primeira escolha para a avaliação pré-cirúrgica

(CASAP et al. 2005; WHITE e PAE, 2009), mas apresenta limitações; tais como,

magnificação, distorção e sobreposição de imagens (SCARFE e FARMAN, 2008). A

tomografia permite produção de imagens do corpo em diferentes planos e até

mesmo seu aspecto tridimensional (GARIB et al., 2007; SCARFE e FARMAN, 2008).

Estas imagens proporcionam condições ideais para o planejamento e

desenvolvimento da cirurgia, por exemplo para a instalação de implantes dentários

múltiplos com instalação imediata da prótese sobre múltiplos implantes (Van

STEENBERGHE et al., 2005; SPECTOR, 2008). O volume ósseo e a qualidade

óssea são considerados os dois aspectos mais importantes para o sucesso de

osteointegração (BRYANT e ZARB, 2002). A TV consegue avaliar esses dois

parâmetros de modo similar à TM (ARANYARACHKUL et al., 2005). Diversas outras

aplicações da tomografia volumétrica tem sido descritas para o complexo dento-

maxilo-facial, sendo que são freqüentemente descritas para as cirurgias maxilo-

faciais (De VOS et al., 2009).

Novas técnicas cirúrgicas para implantodontia têm sido desenvolvidas. Por

exemplo, a cirurgia em campo fechado é feita sem incisão e descolamento de tecido

muco-gengival. Ela reduz o tempo cirúrgico, a ansiedade do paciente, a

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possibilidade de contaminação e o tempo e a intensidade da dor; bem como propicia

melhor recuperação dos tecidos moles (FORTIN et al., 2006). Por outro lado, a

cirurgia em campo fechado é um procedimento cego e apresenta riscos às

estruturas delicadas, como é o caso do nervo alveolar. A alta habilidade profissional

e conhecimento anatômico, por exemplo com a exploração com sondas da região,

era a única forma de garantir um elevado sucesso na osteointegração de implantes

dentários (ROCCI et al., 2003). A tomografia pode ser usada para reduzir esses

riscos. Os dados de imagens da TV, bem como da TM, podem ser usados para a

produção de protótipo e/ou de guia para cirurgia guiada por engenharia reversa com

uso de protótipo (CGP), de um guia estereolitográfico específico (CGE) ou para a

realização de cirurgia guiada por imagem em tempo quase-real o (CGI) ou por

estereotaxia ou (CGI).

Os dados de imagem podem ser usados para produção do protótipo do tecido

ósseo do paciente. O protótipo pode ser usado para treino do ato cirúrgico,

construção de um guia cirúrgico para cirurgia em campo fechado (CGP), entre

outros. Esse guia cirúrgico permite a realização da cirurgia fechada e a instalação

imediata da prótese prevista por esta técnica de engenharia reversa (SCLAR, 2007).

Na cirurgia estereolitográfica, as imagens das estruturas ósseas são

manipuladas por meio de software para definir o melhor formato do implante e a

melhor posição de sua instalação. Inicialmente, o paciente é avaliado com um guia

de reconstrução protética em sua boca e também é feita uma avaliação só deste

guia. Ele deve conter pontos de referência, o que permite combinação e dissociação

das imagens das estruturas maxilo-faciais e do guia protético. O cirurgião-dentista

pode planejar o número de implantes e sua relação espacial no tecido ósseo

receptor de acordo com a prótese planejada (formato do guia). O documento digital

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com o planejamento é enviado ao laboratório de prototipagem que produz um guia

cirúrgico com anilhas específicas para uma dada marca de implante. A introdução

dos implantes conforme o planejamento, ou seja, obedecendo ângulo e

profundidade de inserção, produz excelentes resultados clínicos (Van

STEENBERGHE et al., 2005; SPECTOR, 2008).

Mais recentemente, surgiu a cirurgia por estereotaxia ou robótica assistida por

imagens tomográficas transoperatórias. Neste caso, referências fixas no paciente e

nas peças de mão permitem uma cirurgia com navegação segura (CASAP et al.

(2005).

Este trabalho apresentará e discutirá a seguir as bases teóricas e o estado da

arte do uso de tomografia volumétrica de feixe cônico (cone beam) aplicado às

cirurgias guiadas.

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1.1 OBJETIVO

Objetivo geral

Apresentar as informações recentes sobre os princípios e o uso de

Tomografia Volumétrica (TV) com tecnologia de Feixe Cônico (ou Cone Beam) e sua

potencial aplicação em odontologia com ênfase em cirurgia guiada.

Objetivos específicos

- Avaliar o uso da tomografia volumétrica (TV) em cirurgia guiada:

a) com guia baseado em protótipo (CGP)

b) com guia estereolitográfico (CGE)

c) guiada por estereotaxia ou por imagem (CG)

- Verificar se existem outras técnicas de cirurgia guiada sem o uso de

tomografia.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RELAÇÃO ENTRE AS RADIOGRAFIAS E AS TOMOGRAFIAS

A imagem é uma importante ferramenta para avaliação de um paciente. A

radiografia convencional intra-oral está amplamente difundida. Ela é comumente

usada durante o ato clínico, embora ainda existam profissionais que não a tenham à

sua disposição. A radiografia extra-oral, quase que exclusivamente laboratorial,

consegue complementar o diagnóstico radiológico pelo grande campo de imagem e

pela especialização profissional (GARIB et al., 2007). Por exemplo, a radiografia

panorâmica permite uma visão global dos dentes e das estruturas anexas. Esta

imagem única compreende uma visão dos arcos dentários e das estruturas maxilo-

faciais. Esta técnica foi introduzida nos anos 1960 e difundida nas duas décadas

seguintes. Por outro lado, assim como as técnicas intra-orais, a radiografia

panorâmica sofre limitações inerentes das técnicas planares ou bidimensionais:

sobreposição de imagens, distorção, magnificação, o que pode facilitar erros de

interpretação (SCARFE e FARMAN, 2008).

A tomografia é uma técnica de avaliação por imagem que também utiliza os

raios-X, mas, neste caso, as imagens em profundidade da estrutura também podem

ser avaliadas. Ela é uma técnica de uso limitado devido ao custo maior, ao grau

muito avançado de especialização do profissional responsável e a uma maior

exposição aos raios-X (GARIB et al., 2007). Ela pode ser classificada em tomografia

convencional, tomografia multislice (TM) e tomografia volumétrica (TV) (POHLENZ

et al., 2007).

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A TM e a TV permitem a avaliação de parte do corpo humano através de

reconstrução em qualquer um dos planos com acuracidade. Estas técnicas também

são capazes de fornecer uma imagem tridimensional de toda a estrutura irradiada. A

TM tem aplicação para todo o corpo humano, enquanto que a TV foi especialmente

adaptada à odontologia e é aplicada facilmente à cabeça e ao pescoço. A TM

apresenta um custo muito elevado, o que inviabiliza a disponibilidade em clínica

odontológica e mesmo no laboratório radiológico. Outra desvantagem da TM é em

relação aos altos níveis de exposição aos raios-X quando comparado às

radiografias. Assim, a tomografia não deve ser considerada uma substituta à

radiografia. A relação entre os benefícios de diagnóstico ou de planejamento nem

sempre consegue superar o risco inerente à exposição à irradiação ionizante. Deste

modo, o princípio de ALARA não estaria sendo respeitado (SCARFE e FARMAN,

2008). Por exemplo, Casap et al. (2005) utilizaram radiografias para exames pré-

operatórios. Posteriormente, eles utilizaram a tomografia para realização de cirurgia

por estereotaxia (CGE). Atualmente, esta técnica é considerada o padrão ouro (gold

standard) da cirurgia, pois utiliza equipamentos sofisticados para obtenção de

imagem em tempo quase real para desenvolver o ato cirúrgico por navegação.

Assim, podemos dizer que a tomografia e a radiografia possivelmente serão

utilizadas de modo complementar por muitos anos, se não for para todo o sempre.

Do mesmo modo, White e Pae (2009) defendem que as radiografias devam ser

utilizadas como primeira escolha, logicamente sempre que for possível obter todas

as informações necessárias. Por exemplo, a TV só deve ser recomendada na

ortodontia quando o paciente tiver extensa necessidade de tratamento periodontal

ou de restauração dentária, severa assimetria facial ou desarmonia facial, apnéia do

sono, cúspides maxilares impactadas, previsão de uso de mini-implante, relato de

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sintomas persistentes na articulação têmporo-mandibular e/ou necessidade de

estabelecer o índice carpal para pacientes a serem submetidos a cirurgia ortognática

(SWENNEN et al., 2009).

A TM também está sendo apontada como o método de eleição para a

avaliação da densidade mineral óssea na odontologia (SANTIAGO e VITRAL, 2006).

Esta propriedade óssea é fundamental no planejamento, prognóstico e,

conseqüentemente, na seleção da técnica de tratamento cirúrgico para instalação de

implantes e de distração osteogênica. Ainda, o cirurgião-dentista também deve

contribuir com o diagnóstico e a prevenção de doenças sistêmicas, como a de

metabolismo de tecido ósseo. Von Wowern (2001) concluiu através de sua revisão

que a osteoporose nos arcos dentários pode apresentar risco de acentuada perda

de osso alveolar, com maior possibilidade de perda de implante dentário e de

desenvolvimento de periodontite. Deste modo, a tomografia se faz essencial para

uma avaliação mais acurada do volume e, se possível, da qualidade óssea. A

avaliação da osteoporose pode ser realizada com uso de radiografia panorâmica,

filmes dentários adequadamente adaptados, absortimetria de fóton duplo (DPA –

dual-photon absortiometria), absortimetria de energia de raio-X duplo (DXA – dual-

energy X-ray absorptometry) e tomografia computadorizada quantitativa com energia

simples ou dupla (QCT - quantitative computed tomography).

A seleção da técnica de imagem a ser usada deve considerar os fatos acima.

A TABELA 01 apresenta algumas características de cada técnica frente à

possibilidade de uso (GARIB et al., 2007). A TM produz resultados similares à TV,

mas com maior custo e exposição à radiação ionizante (SCARFE e FARMAN, 2008),

como veremos no decorrer desta explanação.

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TABELA 01 - COMPARAÇÃO DE ALGUNS ASPECTOS REFERENTES À

OBTENÇÃO DE IMAGENS ODONTOLÓGICAS POR RAIOS-X

Propriedade

Radiografia

intra-oral

Radiografia

extra-oral

Tomografia

volumétricaAmbiente Clínica/Laboratoria

l

Laboratorial Laboratorial

Custo do aparelho Baixo Alto Extremamente

altoDisponibilidade

clínica

Alto Baixo Raro

Uso no ato clínico Viável Raro RaroCampo de imagem Pequeno Grande Muito grandeEspecialização

profissional

Pequena Alta Muito alta

Plano de imagem Duas dimensões Duas

dimensões

Duas e três

dimensõesExposição a raios-X Baixa Média Alta

Assim, a TM e a TV são freqüentemente utilizadas para complementar a

avaliação radiográfica convencional, principalmente para diagnóstico sem

sobreposição de imagens, ou para planejamento de grandes intervenções

odontológicas, como ortodontias e cirurgias de casos complexos (GARIB et al.,

2007). Nestes casos, o uso de softwares de empresas parceiras para melhorar o uso

do sistema são comuns (SCARFE e FARMAN, 2008). Enciso et al. (2003)

apresentaram um software que faz a manipulação de dados no formato DICOM

(Digital Imaging Communications in Medicine ou comunicação de imagens

digitais em medicina) e permite a visualização de tecido mole, a segmentação e

modelagem da maxila ou da mandíbula, integração manual com acuracidade da

coroa dentária em 3D com o segmento antagonista e animação 3D específica do

paciente para a articulação dos arcos maxilo-mandibular.

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2.2 USO DA TOMOGRAFIA EM CIRURGIA ODONTOLÓGICA

O ato cirúrgico é sempre um procedimento de risco. O conhecimento

detalhado das estruturas anatômicas evita situações de riscos e proporciona melhor

escolha de técnica, de infra-estrutura, de dispositivos e/ou de biomateriais que serão

empregados. Logo, a avaliação de estruturas através da tomografia proporciona

condições melhores para o desenvolvimento operatório (GARIB et al., 2007;

SCARFE e FARMAN, 2008).

Recentemente, surgiram novas aplicações que só a tomografia permite. Os

dados das imagens podem ser utilizados para a construção de uma réplica sólida

plástica da estrutura óssea específica do paciente. Esse artefato é denominado de

protótipo, modelo estereolitográfico, ou modelo estereolítico. Assim, uma cirurgia

pode ser realizada previamente no protótipo para treino e para pré-adaptação de

biomateriais, como implantes ou blocos ósseos. O protótipo com os implantes em

posição pode ser usado para a confecção de um guia cirúrgico para cirurgia guiada

por engenharia reversa com uso de protótipo (CGP) para realização da cirurgia

(CURCIO et al., 2007; GARIB et al., 2007).

Mais recentemente, surgiram outros dois outros tipos de cirurgias guiadas:

cirurgia guiada com uso de guia cirúrgico estereolitrográfico e cirurgia guiada por

estereotaxia (CGE). Esta última também sendo denominada de cirurgia guiada por

imagem em tempo quase real.

A cirurgia estereolitográfica é exclusiva para instalação de implantes,

principalmente múltiplos. Esta técnica permite, além da avaliação das estruturas, a

manipulação virtual de implantes com diferentes dimensões e selecionar o

Page 25: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

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posicionamento mais adequado no tecido ósseo. Neste caso, a escolha permite uma

condição quase perfeita de instalação de implante na estrutura anatômica

preexistente e, se o profissional tiver treinamento complementar de biomecânica e a

previsão da qualidade óssea for adequada, a instalação imediata da prótese

previamente prevista. Os dados da imagem do planejamento são utilizados para

confeccionar um guia cirúrgico estereolitográfico específico (referência de posição

anatômica e delimitador espacial de implantação). O guia deve ser posicionado e

estabilizado. Os implantes são instalados como planejado e de acordo com os

protocolos dos prestadores de serviço e fornecedores de implantes e utensílios

cirúrgicos (Van STEENBERGHE et al., 2005).

A cirurgia guiada por estereotaxia (CGE) é considerada o padrão ouro da

cirurgia. As imagens são adquiridas durante o ato operatório o que permite a

navegação entre os tecidos de modo a ser menos invasiva e menos destrutiva

possível. Pontos de referência no paciente e no instrumental a ser utilizado permitem

ao operador um controle fino nas operações necessárias para a realização da

cirurgia (PEREIRA et al., 2005; RAFFERTY et al., 2006).

Page 26: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

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2.3 TIPOS DE TOMOGRAFIAS

A tomografia é uma técnica radiográfica que permite visualizar imagens do

espécime em estudo em camadas. Esta técnica pode ser dividida em Tomografia

Convencional e Tomografia Computadorizada.

A imagem obtida pela Tomografia Convencional é baseada no movimento da

fonte de raios-X e do detector de mesma amplitude, mas em direção oposta, ao

redor de um plano de fulcro. Assim, as estruturas que compõem esse plano

aparecerão nítidas. As imagens nos planos anteriores e posteriores do plano de

fulcro aparecerão borradas e a imagem focada ficará mais evidente. Essa nitidez

dependerá da complexidade de movimento realizado e apresentará um grau de

magnificação ao redor de 50% do tamanho real. Essa técnica é indicada para

estudos parciais de maxila e mandíbula para instalação de implantes, exodontia de

terceiros molares, diagnóstico e delimitação de patologias e de corpo estranho e

avaliação da articulação têmporo-mandibular. Por outro lado, não é aplicável para

áreas extensas, visualização de planos distintos e para visualização detalhada; logo,

esta técnica está em fase de desuso (WHITE e PHAROAH, 2000).

A tomografia computadorizada utiliza o tratamento das imagens através de

cálculos matemáticos e pode ser classificada de acordo com a tecnologia de

produção de feixe de raios-X: de feixe em leque (fan-beam computed tomography) e

de feixe cônico (cone beam computed tomography). A primeira tecnologia utiliza

feixe em leque e é geralmente denominada simplesmente por Tomografia multislice

(TM), enquanto que a segunda tecnologia está sendo denominada de Tomografia

Volumétrica (TV), de feixe cônico ou cone beam (WHITE e PHAROAH, 2000;

POHLENZ et al., 2007).

Page 27: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

27

Este método de diagnóstico por imagem utiliza raios-X que passam pelo

corpo humano e atingem sensores eletrônicos sensíveis a esta radiação. As

imagens digitais parciais são unidas produzindo um conjunto tridimensional. A

imagem do corpo tridimensional e nos três planos do espaço pode ser observada

através dessa reconstrução computacional utilizando os dados de imagens brutas

(SUKOVIC, 2003; GARIB et al., 2007).

O primeiro tomógrafo computadorizado foi desenvolvido por Hounsfield em

1967. A tomografia teve evoluções sucessivas (SUKOVIC, 2003):

I. Scanner “pencil-beam” ou “translate-rotate”: Usando um detector simples para

capturar o feixe de raios-X, correspondendo à integral do coeficiente de

atenuação linear ao longo da linha simples. Ocorre uma translação horizontal

e adquire uma segunda integral. Depois de adquirir todas as integrais, a fonte

e o detector rotacionam um grau. A unidade de Hounsfield pertence a esta

geração e é usada para avaliar o grau de mineralização de tecido ósseo. Este

foi o primeiro equipamento a ser comercializado (1972) e só era aplicado para

a cabeça.

II. “Hybrid machines”: Usava uma pequena fonte de feixe helicoidal e tinha mais

que um detector. Similar ao anterior, também usava o conceito de desenho

“translate-rotate” e também era somente usado para avaliar a cabeça, pois

necessitava de maior tempo de avaliação; o que provocava artefatos

decorrentes da movimentação do tronco do paciente.

Page 28: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

28

III. “Fan beam”: Disponibilizado em 1976 e é o mais amplamente utilizado

atualmente. Esse aparelho utiliza uma poderosa fonte de raios-X e um grande

detector na forma de arco, o que dispensa a necessidade de translação.

IV. Tomógrafo com detectores estacionários: a fonte de raios-X rotaciona em

volta do paciente, mas vários detectores que compõem o círculo permanecem

estacionários. É menos comercializado que os de terceira geração devido ao

custo mais elevado e ao alto nível de espalhamento da radiação.

V. Recentemente, os avanços têm ocorrido com uso de multidetectores (TM) e

varredura em espiral. A varredura de feixes múltiplos permite a aquisição de

várias imagens ao mesmo tempo. O movimento da mesa do paciente permite

uma varredura em espiral (ou helicoidal).

VI. Tomografia volumétrica ou de feixe cônico (cone beam): foi desenvolvida para

reduzir custos e tamanho do equipamento e uso dedicado à imagem dento-

maxilo-facial. O TV utiliza um detector plano (bidimensional ou 2-D) que

permite adquirir toda a imagem em um movimento de translação.

O desenvolvimento da Tomografia Computadorizada causou um benefício tão

grande que proporcionou o Prêmio Nobel de Medicina de 1979 ao engenheiro inglês

Hounsfield e ao físico norte-americano Comark. O primeiro aparelho foi instalado no

Hospital Atkinson Morley em Londres. Ele acomodava somente a cabeça e

despendia 4,5min para a varredura e 1,5min para reconstrução da imagem em

computador (GARIB et al., 2007).

O tomógrafo multislice pode ser dividido em três partes: a) o conjunto

composto pela fonte de raios-X e pelo anel detector de radiação composto por

cristais de cintilação, que estão dentro do gantry (grua); b) o equipamento para

Page 29: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

29

acomodação do paciente (mesa); e c) o computador para a reconstrução e

tratamento de imagens (GARIB et al., 2007).

Um feixe de raios-X é emitido e colimado. Ele atravessa o corpo humano e

atinge sensores eletrônicos sensíveis à irradiação não atenuada (FIGURA 01). A

fonte e o sensor se movimentam dentro do gantry (grua), que é composto

externamente por um anel estacionário. O sensor recebe o feixe de raios-X

atenuado de acordo com a absorção dos tecidos atravessados. O sinal recebido

pelas múltiplas projeções produzidas pela translação de 360o da fonte ao redor do

paciente são transformados em matrizes numéricas, as quais são utilizadas para

produzir a imagem tridimensional do objeto. Cada movimento de translação de 360o

produz uma fatia axial. A mesa é sucessivamente mudada a cada translação para

proporcionar visão completa do segmento do corpo a ser avaliado. Com o

desenvolvimento tecnológico do aparelho, a mesa foi programada para se mover

automaticamente, produzindo uma espiral em volta do paciente; sendo por isso

denominado de Tomografia Helicoidal. Outra vantagem é a inclusão da técnica multi-

fatias (multislice), onde 4, 8 ou mais imagens são produzidas por translação. Esta

nova tecnologia proporcionou maior velocidade de varredura e melhor resolução

espacial das imagens (GARIB et al., 2007).

Page 30: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

30

FIGURA 01 - ESQUEMA DE PROJEÇÃO DE RAIOS-X PARA TOMOGRAFIA

MULTISLICE (ESQUERDA) E VOLUMÉTRICA (DIREITA).

FONTE: http://www.conebeam.com/ (Acessado em 06/09/2009)

Cada sinal da imagem no espaço é representado por um cubo. A face

superior do plano transversal do corpo é denominada de pixel e a face lateral do

plano sagital é denominada de voxel (espessura do corte). Cada ponto corresponde

a um valor da escala de Hounsfield, sendo -1.000 para o ar e +1.000 para o osso

cortical (GARIB et al., 2007). Esses valores são decorrentes da normalização pela

equação abaixo, onde µ é a densidade radiográfica e HU = Hounsfield Unit,

(SUKOVIC, 2003):

HUestrutura = 1000 * (µpaciente - µágua)/ µágua

A água apresenta valor 0 para esta escala. A densidade da água é dita neutra,

acima de zero é hiperdenso, e abaixo de zero é hipodenso. Por exemplo, a medula

óssea apresenta valores entre -20 e -40, devido à grande quantidade de lipídeos, e é

denominada hipodensa (GARIB et al., 2007).

Page 31: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

31

O voxel (espessura do corte) pode variar de 0,5 a 20mm dependendo da

região a ser varrida e da qualidade da imagem desejada. Por exemplo, o valor de

1mm seria desejável para exame de diagnóstico de face (GARIB et al., 2007).

Este método de diagnóstico por imagem utiliza os raios-X que passam pelo

corpo humano e atingem sensores eletrônicos sensíveis a esta radiação. Essas

imagens digitais parciais são unidas produzindo o corpo nos três planos do espaço.

A imagem produzida pode ser vista em três dimensões (3D) ou como cortes finos de

imagem dos planos coronal, sagital ou axial (GARIB et al., 2007).

Garib et al. (2007) em sua revisão afirmaram que a TC produz imagens mais

nítidas e com mais detalhes. As análises quantitativas com TC apresentam elevada

acuracidade e precisão, ou seja, apresentam dimensão similar ao objeto avaliado e

são reprodutíveis, respectivamente. A TC é também altamente sensível e específica,

ou seja, baixos índices de falso-negativo e falso-positivo. O poder de contraste da

TC em relação ao da radiografia convencional é maior. O contraste da TC atinge

5000 tons de cinza por pixel. Isto permite um alto grau de reconhecimento de

diferença de densidade e a manipulação da imagem de modo a evidenciar

estruturas, como por exemplo, o uso de ampliação da imagem. A TC apresenta duas

grandes desvantagens: primeiro, o fenômeno de média dos volume parciais, ou seja,

quando a borda de uma estrutura atinge até a metade do pixel e não é registrada;

segundo, o artefato de imagem com efeito raios hiperdensos centrífugos, os quais

são decorrentes da presença de metais.

Costa (2007) afirmou através de sua revisão que a radiografia panorâmica

não é completamente confiável para avaliar a altura óssea vertical de instalação de

implantes. Assim, a radiografia panorâmica pode ser adequada se várias

necessidades forem cumpridas: a altura vertical for superior a 10mm, a espessura

Page 32: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

32

óssea for evidente, existir necessidade de reduzir o custo financeiro e haver uma

elevada destreza do operador. Caso contrário, a tomografia deve ser a técnica de

escolha, a qual é confiável para adequada avaliação de acidentes anatômicos.

A tomografia multislice (TM) permite padronização espacial. O paciente fica

deitado na mesa com o Plano de Camper (linha imaginária que vai da borda inferior

da asa do nariz à ponta do tragus na orelha) e o Plano Sagital Médio (linha

longitudinal que é definida pelo centro da Glabela e do Filtro Labial) perpendiculares

ao solo. O paciente é mantido nessa posição por meio de uma cinta plástica que

envolve o topo da cabeça. Um espaçador plástico também é colocado entre as

arcadas para provocar a desoclusão dentária (GARIB et al., 2007).

A primeira imagem gerada é similar a uma telerradiografia lateral, denominada

escanograma ou scout. Esta imagem é usada para delimitar a região de interesse e

a inclinação dos cortes axiais, sendo que este plano é perpendicular ao plano

sagital. Os cortes axiais podem ser paralelos ao plano palatino ou ao plano oclusal.

O primeiro caso é para a maxila e o segundo, paralelo à base da mandíbula, para a

mandíbula. A posição do paciente não se altera durante o exame, mas o gantry tem

que se ajustar às necessidades da seleção (GARIB et al., 2007).

As imagens originais são dos planos axiais. Por exemplo, para a mandíbula

são necessários cerca de 30 cortes, pois a altura de interesse tem pouco menos de

30mm e a necessidade de distância entre os cortes é cerca de 1mm para formação

de uma boa imagem para diagnóstico. O computador também pode reconstruir as

imagens em outros planos, sendo portanto denominado de reconstrução multiplanar

(GARIB et al., 2007). O planejamento cirúrgico de implantodontia faz com que um

dos cortes axiais, de preferência próximo da cervical dentária, seja utilizado para

definir a linha que dividiria o dente na porção média da distância vestíbulo-lingual. O

Page 33: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

33

plano que contém essa linha é paralelo ao arco dental e produzirá um novo corte

(Plano Panorâmico Tomográfico), compatível com a imagem de uma radiografia

panorâmica, mas sem sobreposição de estruturas anteriores e posteriores. A

imagem perpendicular a esse corte, Planos Transversais (ou ortorradiais ou trans-

axiais ou oblíquos), mostra o corte do dente na porção média e no sentido vestíbulo-

lingual do dente. Essa imagem associada à imagem panorâmica proporciona

excelentes referências anatômicas para a escolha do posicionamento do implante

(GARIB et al., 2007).

As vantagens da TM são: eliminação da sobreposição de estruturas,

amplificação da resolução atribuída ao grande contraste da imagem e possibilidade

de reconstruí-las nos planos axial, coronal, sagital, transversal e panorâmico

tomográfico; bem como possibilitar a visualização tridimensional (GARIB et al.,

2007). Ainda, as folhas de imagens podem apresentar as estruturas em tamanho

real.

As desvantagens desta técnica podem ser resumidas em dois aspectos: dose

de radiação mais elevada e custo elevado (GARIB et al., 2007). Logicamente, estes

aspectos provocam outros efeitos em cascata. A instalação de um equipamento

muito caro e com proteção de radiação especial inviabiliza seu uso em ambiente

clínico. Logo, é geralmente inviável como procedimento transoperatório e a sua

riqueza de detalhes exigirá uma profunda especialização do profissional. Diante

destas limitações, uma nova tecnologia foi desenvolvida, a Tomografia Volumétrica

(TV), como será descrita mais adiante.

A tomografia computadorizada apresenta várias possibilidades de uso, sendo

que é intensamente citada para uso em cirurgias complexas. Van Steenberghe et al.

(2005) descreveram a retrospectiva de vinte e sete casos clínicos de Cirurgia Guiada

Page 34: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

34

com Guia Estereolitográfico (CGE). Esta técnica foi proporciona o planejamento

virtual a partir dos dados da imagem da TM. Inicialmente, uma prótese dentária foi

planejada para reabilitação dentária de cada paciente. Uma réplica da prótese foi

produzida em acrílico e foi usada como guia tomográfico. As tomadas tomográficas

foram feitas do guia tomográfico e do paciente usando o guia. O planejamento de

instalação dos implantes foi feito virtualmente. Os dados do planejamento foram

usados para produzir o guia estereolítico. Este dispositivo foi fixado na cavidade oral

e permitiu alta precisão para a instalação dos implantes no ato cirúrgico. Ao final, a

prótese foi fixada sobre os componentes protéticos intermediários que foram

colocados sobre os implantes de modo imediato. Esse tipo de cirurgia guiada foi

considerada um sucesso para pacientes edêntulos, mas também foi sugerida para

situações de cirurgia em etapas e para edentulismo parcial. Uma primeira avaliação

pós-operatória, após 3 meses da cirurgia, revelou que a grande maioria dos 27

pacientes ficaram satisfeitos com os aspectos funcional, estético e sensorial; mas, a

dificuldade com a fala atingiu satisfação completa para apenas 50% dos pacientes.

Uma segunda avaliação com 24 pacientes revelou que, após um ano, o aspecto

funcional foi considerado excelente (16) ou bom (8), enquanto que a parte estética

foi excelente (18) na grande maioria dos casos, mas também bom (3), aceitável (2) e

inaceitável (1). Neste último caso, a prótese foi refeita para corrigir o desvio de linha

média. Van Steenberghe et al. (2005) também concluíram através deste estudo

multicentro que o planejamento por software permite a instalação adequada dos

implantes para receber carga imediata de um prótese pré-fabricada. 184 implantes

foram instalados do Sistema Mk III Brånemark com superfície TiUnite (Nobel

Biocare AB) com a técnica de Cirurgia Guiada em campo fechado em maxila. O Guia

Cirúrgico foi previamente imerso em solução alcoólica de clorexidina para promover

Page 35: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

35

assepsia adequada. Seis a oito implantes foram instalados por paciente. O diâmetro

dos implantes era de 3,75 ou 4mm e o comprimento variou de 7 a 15mm, sendo que

cerca de 77% tinham entre 13 e 15mm. A qualidade óssea foi cerca de 87% para o

tipo II e o III, sendo que o tipo III foi levemente superior ao número de casos de tipo

II. O tempo clínico cirúrgico-protético foi cerca de uma hora. 24 pacientes foram

avaliados após um ano de reabilitação oral, sendo que nenhum implante foi perdido

e todas as próteses estavam fixadas e funcionais. No entanto, um dos pacientes

preferiu retirar a prótese fixa e voltar a utilizar a removível, apesar de apresentar

implantes estáveis. Bruxismo foi verificado em seis pacientes. Quatro pacientes

mostraram sinais de mucosa e gengiva inflamada com conseqüente hiperplasia.

Outras complicações observadas foram: dor moderada em até um mês de pós-

operatório em quatro pacientes, fístula marginal em um paciente e curada em três

semanas, fratura de material oclusal em dois pacientes, perda de um parafuso de

fixação em um paciente, pequena discrepância na interface de conector em um

paciente e desvio da linha média em um caso. A reabsorção óssea depois de 1 ano

foi de 1,2mm (desvio-padrão = 1,1) na mesial e 1,1mm (desvio-padrão = 1,0) na

distal. Esse nível de reabsorção foi considerado similar aos estudos de implantes

com técnica de carga imediata.

A TM pode ser usada para detectar pequenas patologias devido à sua alta

resolução, mas ainda não é viável economicamente para a grande maioria dos

casos. Por exemplo, Boucher et al. (2000) relataram um caso clínico em que uma

dor persistente relacionada à obturação endodôntica e fenestração apical só poderia

ser caracterizada por TM. A reconstrução por tomodensitometria com imagem

tridimensional foi adequada. Esses mesmos autores destacam, que apesar do

sucesso de diagnóstico, o elevado custo da avaliação pela TM e o alto grau de

Page 36: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

36

exposição aos raios-X limita o uso desta técnica, apesar de ser a única que

permitiria esse diagnóstico.

2.4 TOMOGRAFIA VOLUMÉTRICA

Esta técnica é também denominada de tomografia de feixe cônico ou

tomografia cone beam. Este método de diagnóstico por imagem também utiliza

irradiação por raios-X que passa pelo corpo humano e atinge o sensor eletrônico

plano sensível a esta radiação. Este equipamento foi especialmente adaptado às

necessidades de diagnóstico dos tecidos mineralizados dento-maxilo-faciais com

mínima distorção. Esta tecnologia utiliza doses de irradiação significativamente

reduzidas quando comparada à TM (GARIB et al., 2007; De VOS et al., 2009).

A TV foi inicialmente usada em radioterapia, imaginologia vascular e

microfotografia de pequenos espécimes usados em estudos biomédicos ou

industriais (SCARFE e FARMAN, 2008). Em 1998, Mozzo et al. da Universidade de

Verona apresentaram resultados preliminares do tomógrafo NewTom-9000

adaptados exclusivamente para uso odontológico. Este equipamento necessitava de

apenas 1/6 da exposição aos raios-X do que a necessária pela TM. Outros

equipamentos foram desenvolvidos quase que simultaneamente por diversos

fabricantes (GARIB et al., 2007). Por exemplo, Yamamoto et al. (2003)

desenvolveram um TV denominado “CB MercuRay” com suficiente resolução

espacial (2Lp/mm) e resolução de imagem tridimensional (3-D; 1,25Lp/mm). A

distorção de imagem foi baixa o suficiente (94,53% do valor ideal e desvio padrão de

circularidade, ou seja, do comprimento da circunferência de 0,01mm) para

diagnóstico da região dento-maxilo-facial. Estes fatos fizeram com que esses

Page 37: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

37

autores concluíssem que existe um grande potencial de aceitação deste aparelho

para uso odontológico.

Os componentes são similares ao da TM: a) a fonte de raios-X e o sistema

detector ficam em lados opostos ao paciente; b) a acomodação do paciente depende

do fabricante (deitado em mesa, sentado em cadeira ou em pé com a mão apoiada);

e c) o computador para a reconstrução e tratamento de imagens (GARIB et al.,

2007).

O paciente é colocado na posição deitada, sentado ou em pé. O NewTom-

9000 e o i-CAT, são exemplos desses dois primeiros posicionamentos,

respectivamente. O aspecto visual do NewTom-9000 é muito similar ao TM,

enquanto que o i-CAT lembra mais um equipamento de radiografia panorâmica para

um cadeirante. Um feixe de raios-X é emitido na forma de cone com ápice voltado

para a fonte. Os raios-X passam pelo corpo humano e atingem o sensor. O conjunto

fonte-sensor faz apenas um giro de 360o ao redor do paciente. A um certo grau de

giro, por exemplo a 1o, é adquirida uma imagem não tratada (dado bruto ou raw

data) da cabeça do paciente. A volta completa leva de 10 a 70s e corresponde ao

tempo de exame. Essas imagens digitalizadas são manipuladas pelo computador

para construir a imagem em 3D e os demais planos citados na TM (GARIB et al.,

2007).

Os raios-X podem ser detectados por dois tipos de sensores: o intensificador

de imagem ou o dispositivo acoplado à carga (CCD – charge-coupled device). O

primeiro, usa um detector plano (flat-panel detector – FPD) consistindo de um

monitor cintilador e uma matriz de sensor de silício para fótons. Na outra tecnologia,

um feixe de raios-X é convertido em sinal ótico por cristais de iodeto de césio e

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38

então convertidos em fótons-elétrons. Esses elétrons são acelerados e convertidos

em sinal ótico que é detectado pelo CCD. (YAJIMA et al., 2006)

A FIGURA 02 mostra a seqüência de etapas de aquisição (lado esquerdo) e

de reconstrução da imagem 3D (lado direito). As imagens brutas bidimensionais

adquiridas pelo sensor são processadas de modo a criar um conjunto de dados

volumétricos. A reconstrução utiliza entre 100 e 600 imagens planas brutas com

mais de um milhão de pixels e resolução de 12 a 16 bits. O grande número de dados

exige computadores com bom desempenho para aquisição e tratamento de dados.

O tempo de reconstrução varia de acordo com os parâmetros de aquisição (tamanho

do voxel, campo de visão ou FOV – field of view e número de projeção), hardware

(velocidade do processador e taxa de transferência de dados) e tipo de algoritmo do

software de reconstrução (SCARFE e FARMAN, 2008).

O estágio de aquisição se inicia com coleção de imagens (A1); ver lado

esquerdo da FIGURA 02. Os sinais do sensor (A2) e o alinhamento (A3) devem ser

confirmados. O sinal dos pixels deve ser comparado com vários pixels sem sinais de

modo a corrigir a linha de base de sinais elétricos. Uma calibração linear de resposta

é feita através do uso de um fator de ganho (A4). Os pontos com respostas ilógicas

são corrigidos através de interpolação (A5). Por último, o cintilador e/ou o fotodiodo

exibem sinais residuais que produzem a necessidade de fazer também essa

correção (A6) (SCARFE e FARMAN, 2008).

Page 39: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

39

A. Estágio de Aquisição B. Estágio de reconstruçãoA1. Coleção de imagens B1. Formação de sinograma

A2. Pré-processameno do detector B2a. Conversão

de sinograma

B2b. Correção de

sinogramaA3. Correção de desalinhamento B3. Reconstrução – algoritmo FDK

A4. Calibração de ganho B4. Ponderação dos dados de

projeçãoA5. Interpolação de defeitos B5. Filtragem do dados ponderados

A6. Correção de artefatos de tempo B6. Retroprojeção dos dados

ponderados

FIGURA 02 - DIAGRAMA DE BLOCO DOS ESTÁGIOS DE AQUISIÇÃO E DE

RECONSTRUÇÃO.

FONTE: SCARFE e FARMAN, 2008

O estágio de reconstrução, conforme lado direito da FIGURA 02, inicia com a

produção de um sinograma, que é uma imagem composta por cada linha de cada

imagem de projeção (B1). Um padrão de informação que pode ser descrito por uma

função de onda (B2a) é decorrente do movimento de translação e é utilizado para

correção dos sinogramas (B2b). A reconstrução (B3) é feita por um algoritmo

matemático, por exemplo o FDK (método de Feldkamp, Davis e Kress). Os ruídos e

os artefatos são potencializados pela operação de reconstrução e são corrigidos por

ponderação dos dados (B4) e uso de filtros (B5). A retroprojeção dos dados

ponderados (B6) produz a imagem em um único volume, ou seja, a imagem 3D

(SCARFE e FARMAN, 2008).

A TV apresenta software mais específico para odontologia. Ele permite gerar

a imagem tridimensional (3D) e imagens bidimensionais do paciente. As imagens

planas podem ser apresentadas como réplicas das radiografias dentárias

convencionais (por exemplo, panorâmica e telerradiografias em norma lateral e

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frontal), bem como cortes de uso específico da odontologia, como os cortes

transversais da panorâmica tomográfica. A distância entre os cortes contíguos pode

ser inferior ao 1mm, geralmente limite da TM. A TV permite a realização de medidas

lineares e angulares, bem como colorir estruturas anatômicas de interesse, como

canal mandibular, dentes interproximais, etc. A TV apresenta o pixel e voxel

isométricos (apresentam mesmo valor, cubo) e são menores que 1mm; podendo

estar entre 0,119 e 0,4mm (GARIB et al., 2007). Existem modelos que podem

apresentar volumes anisométricos e sua resolução pode compreender de 0,076 a

0,4mm (SCARFE e FARMAN, 2008). A TV apresenta muito boa resolução, alta

acuracidade e boa nitidez. Sua imagem permite distinguir esmalte, dentina, cavidade

pulpar e cortical óssea. Os artefatos metálicos são menos negativos para qualidade

da imagem do que na TM (GARIB et al., 2007); por outro lado, estudos para redução

desse efeito negativo têm sido feitos. Por exemplo, Zhang et al. (2007) propuseram

um novo método de tratamento dos dados, onde o software reduz este efeito

negativo.

A TV expõe o paciente a menor intensidade de raios-X do que a TM. Ainda,

embora exponha o paciente entre 4 a 15 vezes mais radiação do que numa tomada

de radiografia panorâmica, ela se equivale à exposição necessária para um

levantamento periapical convencional (GARIB et al., 2007).

Concluir se a TV é superior à TM é impossível, pois depende do fabricante

dos dois equipamentos e do tipo de uso. Mas, de modo geral, os trabalhos

apresentam resultados muito próximos como mostraremos a seguir. Mischkowski et

al. (2007a) consideram que não existe diferença relevante entre a TM e a TV para a

maioria das aplicações odontológicas. Os resultados de seu estudo foram baseados

na TV Galileos (Sirona Dental Systems Inc, Benshein, Alemanha) e na TM Somatom

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Sensation 6 (Siemens Medical Solution, Erlangen, Alemanha) com 6 detectores por

linha. Ambos os equipamentos produziram informações lineares e volumétricas

satisfatórias, sendo que a TM apresentou maior acuracidade em ambas as

categorias. O erro médio absoluto para distâncias lineares foi de 0,26mm (±0,18mm)

para a TV e de 0,18mm (±0,17mm) para a TM; sendo p=0,196 para teste t pareado.

Esses dados também foram convertidos por normalização e os percentuais, sendo

0,98% (±0,73%) para a TV e 1,26% (±1,50%) para a TM. Os resultados foram

obtidos a partir de 100 medições de um crânio humano seco. 25 medidas foram

realizadas para a geometria deste espécime entre pontos de referência criados com

guta-percha. O erro médio absoluto para volumes foi de 1,78mL (±0,99mL) para a

TV e de 1,23mL (±0,93mL) para a TM. Estes valores foram determinados

diretamente nos espécimes e nas imagens de visualização em 3D com os dados no

formato DICOM através do uso do software de visualização Amira 3.1.1. (Mercury

Computer Systems, Chelmsford, MA). Os autores também determinaram volume de

peças de PTFE (politetrafluoretileno) para avaliar a precisão volumétrica. O TV

apresentou erro médio absoluto de 1,78mL (±0,99mL) e o TM de 1,23mL (±0,93mL),

ou seja, 6,01% (±1,49%) e 4,42% (±1,99%), respectivamente.

Yajima et al. (2006) avaliaram o potencial do uso da TV (CB Throne, Hitachi

Medical Corp., Tokyo, Japão) em algumas aplicações odontológicas, o qual usa

intensificador de raios-X. Este equipamento mostrou perfeitamente a articulação

têmporo-mandibular, as estruturas dentárias, bem como demais imagens vistas

também através da TM. Os autores ilustram várias aplicações, podendo ser

destacada a capacidade de identificar fratura radicular dentária, cárie dentária, cisto

radicular e desempenho do disco articular. Neste caso, os detalhes do disco articular

são evidenciados com o uso de contraste à base de iodo.

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Hashimoto et al. (2007) compararam a TM (Astejon Super 4 edition, Toshiba

Medical Co, Tokyo, Japão) e a TV (3DX, Morita, Kyoto, Japão). Os itens avaliados

foram calo ósseo, esmalte, dentina, cavidade pulpar, lâmina dura e espaço do

ligamento periodontal. Quase todas as imagens utilizadas revelaram que a TV foi

estatisticamente superior à TM para quatro avaliadores.

O nível de exposição depende de fatores como:

a) fonte de raios-X

A fonte pode ser contínua ou pulsátil. A fonte de radiação contínua é

tecnicamente mais simples. Mas, como cada imagem projetada é feita

seqüencialmente por meio de captura de imagens únicas de feixes de raios-X

atenuados, o paciente será exposto a radiações inúteis para a produção de imagem.

Alternativamente, os feixes de raios-X podem ser pulsáteis e coincidentes com a

amostragem do detector. Esta técnica, que reduz a exposição no paciente, é

utilizada na Accuitomo, CB Mercu-Ray, Iluma Ultra Cone e Prexion 3D (SCARFE e

FARMAN, 2008).

b) campo de visão

A dimensão do campo de visão ou FOV (field of view), corresponde ao volume

de varredura, depende do tamanho e da forma do detector, da geometria do feixe de

projeção e da capacidade de colimar o feixe. O tamanho ideal para o FOV pode ser

selecionado para cada paciente de acordo com a área de interesse para diagnóstico

(SCARFE e FARMAN, 2008), por exemplo:

♦ região localizada: menor que 5cm (ex. dento-alveolar ou articulação

têmporo-mandibular)

♦ arco único: 5 a 7cm (ex. maxila e mandíbula)

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♦ inter-arco: 7 a 10cm (ex. maxila e inclusão das conchas nasais

inferiores)

♦ maxilo-facial: 10 a 15cm (maxila e inclusão da região de násio)

♦ craniofacial: maior que 15cm (da borda inferior da mandíbula ao vértice

da cabeça)

A varredura unilateral, só a metade direita ou só a esquerda do paciente, evita

a exposição desnecessária à radiação. Scanora 3D permite essa técnica. A

possibilidade de variar a colimação evita a exposição desnecessária à radiação

(SCARFE e FARMAN, 2008).

A varredura produz como dados de imagem bruta (raw data) várias imagens

planares, similar à lateral da cabeça, por unidade de tempo. O número de projeções

é fixo para alguns modelos (por ex., NewTom 3G, Iluma, Galileos e Promax 3D) e

variável para outros (por ex., i-CAT, PreXion 3D). Quanto maior o número de

imagens brutas, menor será a espessura, maior será a base de dados e,

conseqüentemente, maior será a relação sinal/ruído. Isto permite melhor resolução

espacial e de contraste, bem como redução dos efeitos negativos dos artefatos

metálicos e atenuação de sinais descontínuos (smoothing). Por outro lado, essa

varredura mais detalhada necessita de mais tempo, o que expõe o paciente a maior

irradiação (SCARFE e FARMAN, 2008).

O giro completo do conjunto fonte-detector (360o) exige maior tempo de

varredura, o que aumenta a relação sinal/ruído e, conseqüentemente, produz melhor

qualidade final. A translação parcial (por ex., Galileos e Promax 3D) produz bons

resultados com o uso do algoritmo FDK (método de Feldkamp, Davis e Kress). Por

outro lado, uma baixa sensibilidade do pixel detector e uma baixa taxa de leitura

também provocam uma lentidão na varredura e, conseqüentemente, uma exposição

Page 44: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

44

excessiva. Quanto menor o pixel, maior será a resolução e, conseqüentemente, os

detalhes, mas também será necessária uma maior exposição (SCARFE e FARMAN,

2008).

O custo de aquisição menor, o tamanho mais compacto do equipamento, a

menor exigência de proteção à radiação por raios-X e a maior exigência de mercado

para diagnóstico fazem com que o uso da TV seja cada vez mais comum (GARIB et

al., 2007). Além disso, o uso de robôs para a cirurgia por estereotaxia (CGE) começa

a ser viabilizado através das imagens intra-operatórias obtidas pela TV.

Os seres vivos estão expostos à radiação ionizante naturalmente, sendo

através de exposição a fontes naturais presentes na terra ou provenientes do

espaço (RAGIOLOGYINFO, 2009). Segundo a RadiologyInfo, um americano está

exposto a cerca de 3mSv (3000µSv) por ano. Este valor varia de acordo com a

altitude da cidade em que se reside, uma vez que a atmosfera funciona como um

escudo redutor. Um americano que vive no estado do Novo México ou do Colorado é

exposto a cerca de 1,5mSv (1500µSv) a mais do que se vivesse ao nível do mar. Um

outro aspecto interessante decorrente da via moderna é que apenas como

passageiro de um vôo, por exemplo de costa a costa dos Estados Unidos da

América, um indivíduo é exposto à radiação ionizante de 0,03mSv (30µSv). Assim, é

comum comparar as doses de exposição durante a avaliação radiográfica e a

exposição média a que somos expostos naturalmente (3mSv ou 3000µSv). Por

exemplo, um análise por TM de cabeça e pescoço para seios da face tem uma dose

de radiação efetiva de 0,6mSv (600µSv), ou seja, corresponde a 2 meses de

exposição natural ao nível do mar.

A TABELA 02 mostra os dados apresentados por Scarfe e Farman (2008)

para doses efetivas de radiação ionizante. A exposição anual per capita considerada

Page 45: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

45

por estes autores foi de 3,6mSv (3600µSv) por ano; um pouco maior do que a

apresentada anteriormente. A dose efetiva de uma TV varia de 29 a 477µSv (ou

seja, 0,8 a 13% da exposição natural) dependendo do modelo e da técnica de

análise. Isto faz com que possa ser observada uma redução entre 98,5% a 76,2%

em relação à exposição de uma TM (aproximadamente 2000µSv).

Outra forma de comparação é utilizar a exposição necessária para a técnica

de radiografia panorâmica; a técnica extra-oral mais comumente utilizada na

odontologia (LEGG, 2003). Scarfe e Farman (2008) consideram que para esta

técnica ocorra uma exposição de cerca de 6µSv. Assim, a TV expõe o paciente a

uma exposição de 5 a 74 vezes a requerida pela panorâmica.

Pode ser concluído que a exposição necessária para a TV em relação à TM é

muito menor. A exposição necessária é muito menor do que a provocada pela

própria natureza. Por outro lado, a TV atual ainda não permite uma dose tão baixa

quanto a da radiografia panorâmica, o que faz concluir que a TV seja usada como

exame complementar; respeitando o princípio de ALARA.

Page 46: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

46

TABELA 02. COMPARAÇÃO DAS DOSES EFETIVAS DE RADIAÇÃO DE ALGUNS SISTEMAS DE TV.

Dosea

Absoluta Comparativa

Exame Nível de exposição anualc

Modelo Técnica, FOV Dose efetiva, µSv Equivalente a no de

panorâmicasb

Equiv. a no de dias

de exposição natural

% de exposição

natural ao ano

CB MercuRayd 12in/ 9in/ 6in 477/ 289/ 169 74/ 45/ 26 48/ 29/ 17 13/ 8/ 4,7

Galileose Default/ maximum 29/ 54 5/ 9 3/ 5,5 0,8/ 1,5

i-CATd 12in/ 9in 135/ 69 21/ 11 13,5/ 7 3,7/ 1,9

Ilumac Low/high 61/ 331 10/ 53 6,2/ 33,5 1,7/ 9,2

Newtom 3Gd 12in/ 9in 45/ 37 7/ 6 4,5/ 3,5 1,2/ 1,0

PreXion 3Dc Standard/ high 69/ 160 11/ 25 7/ 16 1,9/ 4,4

ProMax 3De Small/ large 157/ 210 25/ 33 16/ 21,5 4,4/ 5,8

Fonte: SCARFE e FARMAN, 2008a usando cálculo da International Commission n Radiological Protection 1990.b Dados de Ludlow, J. B.; Davies-Ludlow, L. E.; Brooks, S. L. Dosimetry of two extraoral direct digital imaging devices: NewTom cone beam CT and Orthophos

Plus DS panoramic unit. Dentomaxillofac Radiol, v.32, p.229-234, 2003.c Anual per capita = 3,6mSv (3600µSv) por ano.d Dados de Ludlow, J. B., Davies-Ludlow, L. E.; Brooks, S. L. Dosimetry of 3 CBCT devices for oral and maxillofacial radiology: CB Mercuray, NewTom 3G and

i-CAT. Dentomaxillofac Radiol, v.35, p.219-226, 2006.d Dados de Ludlow, J. B., Davies-Ludlow, L. E.; Mol, A. Dosimetry of recently introduced CBCT unit for oral and maxillofacial radiology. Proceedings of 16th

International Congress of Dentomaxillofacial Radiology. Beijing, China, June 26-30, 2007, p.97.

Page 47: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

47

Diversos modelos são comercializados atualmente (ver TABELA 03), o que

sugere uma grande mobilização para desenvolvimento tecnológico e de redução de

custos.

TABELA 03. SISTEMAS DE TOMÓGRAFOS CONE BEAM

Nome Modelo Fabricante / DistribuidorAccuitomo 3D Accuitomo – XYZ Slice

View Tomography

Veraviewpacs 3D

Morita Mfg. Corp., Kyoto, Japão

Galileos Sirona Dental Systems, Charlote,

EUAHitachi CB MercurRay/CB Throne Hitachi Medical Systems, Tokyo,

Japãoi-CAT Classic/Next generation Imaging Sciences International,

Hatfield, EUAILUMA Ultra Cone Beam CT

Scanner

IMTEC Imaging, Ardmore, Distribuído

pela KODAK Dental Systems,

Carestream Health, Rochester, EUAKaVo 3D eXam KaVo Dental Corp., Biberach,

AlemanhaKODAK 9000 3D KODAK Dental Systems, Carestream

Health, Rochester, EUANewTom 3G/NewTom VG QR, Inc., Verona, Itália, Dent-X

Visionary Imaging, Elmsford, EUAPicasso Series Trio/ Pro/Máster E-Woo Technology Co., Ltd./Vatech,

Giheung-gu, Coréia PreXion 3D - TeraRecon Inc., San Matco, EUAPromax 3D Planmeca OY, Helsinki, FinlândiaScanora 3D Dental ConeBeam Soredex, Helsinki, FinlândiaSkyView 3D Panoramic Imager My-Ray Dental Imaging, Imola, Itália

FONTE: SCARFE e FARMAN, 2008

Uma extensa revisão feita por De Vos et al. (2009), que englobou 177 artigos

científicos do período de 1998 a 2007, revelou que a maioria deles se referem às

aplicações clínicas (86 artigos), aos aspectos técnicos (65 artigos), à dose de

irradiação (16 artigos) e os demais eram resumos com visão geral da técnica. A

maioria dos artigos se referiam a cirurgia maxilo-facial (35), seguido por diagnóstico

Page 48: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

48

dento-alveolar (25), ortodontia (14), implantodontia (11), endodontia (4), periodontia

(3), odontologia em geral (1), odontologia forense (1) e otorrinolaringologia (1).

a) Diagnóstico e semiologia

i) avaliação de qualidade de tecido ósseo, patologias ósseas, fratura óssea e

deformidade da estrutura maxilo-facial (YAJIMA et al., 2006; SCARFE e FARMAN,

2008; TALWAR e CHEMALY, 2008; WHITE e PAE, 2009);

ii) avaliação e diagnóstico de patologia associada à articulação têmporo-

mandibular (CEVIDANES et al., 2006; YAJIMA et al., 2006; SCARFE e FARMAN,

2008; TALWAR e CHEMALY, 2008; WHITE e PAE, 2009);

iii) avaliação pré-operatória de dentes impactados (YAJIMA et al., 2006;

SCARFE e FARMAN, 2008);

iv) avaliação ortodôntica com cefalometria tridimensional (SCARFE e FARMAN,

2008);

v) avaliação de viabilidade de cirurgia guiada com guia estereolitográfico e

cirurgia assistida impactados (SCARFE e FARMAN, 2008);

vi) avaliação de cárie e de fratura radicular (YAJIMA et al., 2006);

vii) avaliação do índice carpal (WHITE e PAE, 2009);

viii) avaliação de injúrias causadas por armas de fogo em ciência forense (Von

SEE et al., 2009).

b) Ortodontia

i) avaliação do posicionamento tridimensional de dentes retidos e sua relação

com os dentes e estruturas vizinhas (GARIB et al., 2007);

Page 49: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

49

ii) avaliação do grau de reabsorção radicular de dentes adjacentes a caninos

retidos (GARIB et al., 2007);

iii) visualização de tábuas ósseas vestibular e lingual e sua remodelação após

movimentação dentária (GARIB et al., 2007);

iv) avaliação das dimensões transversas das bases apicais e das dimensões

das vias aéreas superiores (GARIB et al., 2007);

v) avaliação da movimentação dentária para região de osso atrésico ou com

invaginação do seio maxilar (GARIB et al., 2007);

vi) avaliação de defeitos e enxerto ósseo na região de fissuras lábio-palatais

(GARIB et al., 2007);

vii) avaliação para análise qualitativa e quantitativa para colocação de mini-

implantes de ancoragem de ortodôntica (GARIB et al., 2007);

viii) medição exata da distância mésio-distal de dentes permanentes não

irrompidos para avaliação de discrepância dente-osso na dentadura mista (GARIB et

al., 2007);

ix) avaliações cefalométricas para acompanhamento de tratamento (GARIB et

al., 2007), mudança de tratamento ortodôntico e estabilidade final (CEVIDANES et

al., 2006);

x) avaliação de diferença entre os hemisférios faciais (CEVIDANES et al.,

2006) e do crescimento maxilo-facial decorrente de tratamento ortodôntico

(CEVIDANES et al., 2009);

xi) geração de dados para aplicação da metodologia SureSimile’s, o que

permite redução de tempo de tratamento, por ex. de 24 para 14 meses, com

conseqüente aumento de lucro para o profissional (LIN, 2009).

Page 50: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

50

c) Endodontia

i) diagnóstico e morfologia dentária (COTTON et al., 2007);

ii) diagnóstico diferencial de patologia não endodôntica (COTTON et al., 2007);

iii) avaliação de fratura dentária (COTTON et al., 2007);

iv) avaliação de reabsorção e perfuração radicular (COTTON et al., 2007);

v) avaliação anatômica pré-cirúrgica (COTTON et al., 2007);

vi) diagnóstico de lesão endodôntica de origem de inadequada instalação de

implante dentário (COTTON et al., 2007).

d) Cirurgia

i) acompanhamento e planejamento de cirurgias de articulação têmporo-

mandibular (ROSA et al. 2004; TALWAR e CHEMALY, 2008);

ii) avaliação de necessidade de cirurgia de levantamento de seio maxilar e de

enxertos ósseos e acompanhamento de eficácia dos enxertos (SATO et al., 2004;

AJZEN et al., 2005; HAMADA et al., 2005) exodontia e instalação imediata de

implante (SCLAR, 2007);

iii) realização de cirurgias em campo fechado (Van STEENBERGHE et al.,

2005; SCLAR, 2007);

iv) construção de protótipos, ou réplica anatômica específica do complexo

dento-maxilo-facial, seja para planejamento ou simulação de cirurgia CGP (SIGARE

et al. 2006; ROSA et al. 2004; CURCIO et al., 2007; TALWAR e CHEMALY, 2008);

v) planejamento de cirurgia ortognática (WHITE e PAE, 2009);

vi) planejamento e realização de cirurgia estereolitográfica (SUKOVIC, 2003;

Van ASSCHE et al. 2007);

vii) realização de cirurgia guiada por estereotaxia (POHLENZ et al., 2007).

Page 51: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

51

2.5 USO DA TOMOGRAFIA VOLUMÉTRICA NA ODONTOLOGIA

A TV possibilita a visualização das estruturas em terceira dimensão (3D), o

que não é possível com imagens radiográficas intra-orais, panorâmicas e

telerradiografias frontal e lateral. Os dados da TV também podem fornecer imagens

nos três planos clássicos (axial, sagital e coronal) e em um número quase infinito de

possibilidades de planos arbitrários. A reconstrução de imagem 3D permite que o

plano selecionado produza os cortes sem distorção das respectivas projeções.

Essas imagens podem ser ampliadas, ser usadas para realizar medições e,

inclusive, adicionar anotações (SCARFE e FARMAN, 2008).

A AAOMR (American Academy of Oral and Maxillofacial Radiology) tem

estabelecido parâmetros de utilização (parameters of care) racional da TV

relacionados ao uso de imagens para diagnóstico, planejamento de tratamento,

acompanhamento de lesões e injúrias (como da articulação têmporo-mandibular),

doenças de arcos dentários e planejamento de implante. As imagens também

podem ser utilizadas para construção de protótipos (TALWAR e CHEMALY, 2008).

A TV também é muito importante para cirurgias ortognáticas. Swennen et al.

(2009) relataram o potencial do uso da TV (i-CAT, Imaging Sciences International,

Inc, Hatfield, EUA) no planejamento cirúrgico baseado na visualização detalhada da

relação inter-oclusal. As impressões dos arcos dentais em uma placa em cera foram

usadas para estabelecer a oclusão final planejada. O erro de registro médio foi de

0,18±0,10mm (com valores entre 0,13 e 0,26mm), o que revela o grande potencial

desta filosofia de planejamento. Cevidanes et al. (2006), bem como em Cevidanes

et al. (2009), mostraram que a TV (i-CAT, Imaging Sciences International, Inc.,

Hatfield, EUA) é também importante para acompanhar a alteração de posição dos

Page 52: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

52

tecidos ósseos decorrente de uma cirurgia ortognática, bem como a estabilidade

permanente do conjunto de arcos maxilares.

A natureza isotrópica do conjunto de dados volumétricos permite o

seccionamento não ortogonal. Essas imagens bidimensionais não axiais são

denominadas de MPR (Multiplanar Reformation). O modo MPR inclui imagens

oblíquas, panorâmica tomográfica, e transversais isentas de distorção. Assim, a

região de interesse ou de diagnóstico pode ser selecionada de modo a facilitar a

tarefa de avaliação e planejamento (SCARFE e FARMAN, 2008).

Uma forma de visualização das imagens para diagnóstico ou planejamento é

o uso de múltiplas janelas. Uma imagem axial ou um corte mais espesso de imagens

axiais com sobreposição de planos próximos, pouco anteriores e posteriores ao

plano de corte, podem ser numeradas para definir os cortes transversais. Esta

imagem é comumente usada como referência para estabelecer as coordenadas das

demais imagens transversais. Um corte espesso de imagens sagitais pode produzir

uma imagem cefalométrica lateral, mas sem magnificação e distorção, que pode ser

usada para diversos fins. Assim, a MPR proporciona um número infinito de planos de

análise (SCARFE e FARMAN, 2008).

A imagem 3D pode ser alterada por software de modo a visualizar apenas

tecidos mais mineralizados, por exemplo somente os dentes. Ela também pode ser

usada para produzir a projeção de intensidade máxima, que permite ver toda

estrutura óssea tridimensional e os dentes. Existe ainda a técnica de volume

indireto, que permite a projeção volumétrica transparente, bem como a visualização

de estruturas superficiais (SCARFE e FARMAN, 2008).

Os raios-X são policromáticos. Os fótons de menor energia são mais

facilmente absorvidos do que os de maior energia. O feixe resultante, denominado

Page 53: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

53

feixe endurecido – com maior energia média, provoca dois fenômenos: a) distorção

de estruturas metálicas devido a absorção diferencial – denominado de cupping

artifact, e b) bandas escuras e halos que podem aparecer entre dois objetos densos.

Estes artefatos são menos presentes para a TM, pois a TV apresenta o feixe mais

heterocromático e menor pico de ddp. Por outro lado, a redução de FOV em regiões

com peças metálicas, como restaurações e implantes, através de redução do

colimador, modificação da posição do paciente ou separação de arcadas melhoram

a qualidade da imagem. Os algoritmos de reconstrução mais recentes, p.ex. da

Scanora 3D (Sorodex, Finlândia), reduzem os efeitos de ruído. Por exemplo, a

qualidade da imagem devido à presença de metal e movimentação do paciente é

melhorada, apesar de usar uma quantidade reduzida de imagens brutas. Por outro

lado, exige melhor equipamento de informática e mais tempo de processamento.

Neste último caso, a movimentação do paciente produz erro de registro, o que

provoca inexatidão na reconstrução da imagem. Este efeito pode ser minimizado

com imobilização da cabeça e uso de menor tempo possível para a tomada

tomográfica. A remoção de objetos metálicos deve ser realizada sempre que

possível. (SCARFE e FARMAN, 2008). Por outro lado, o elemento de interesse pode

ser um artefato metálico. Por exemplo, Von See et al. (2009) concluíram que a TV é

superior à TM na avaliação de destruição causada por projétil de arma de fogo. O

diagnóstico dos danos estruturais do tecido duro é menos prejudicado com o uso da

TV, principalmente para os tecidos ósseos vicinais. Por outro lado, a TM mostrou os

tecidos moles com maiores detalhes e com bom detalhe, o que permite boa

distinção entre os diferentes tecidos e a precisa definição de suas margens.

Outra forma de melhorar a imagem da TV é o uso de intensificador de

imagem. Sato et al. (2004) apresentaram dois casos clínicos e destacaram que a TV

Page 54: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

54

(Ortho-CT) com intensificador de imagem (Hamamatsu, Photonics) apresenta

acuracidade adequada para avaliar os seios maxilares, o canal incisivo e a cavidade

nasal, bem como é adequada para definir o nível de inserção, o comprimento e a

angulação do tecido ósseo para instalação de implantes dentários. As múltiplas

imagens bidimensionais disponíveis foram úteis para o planejamento pré-operatório

foram consideradas essenciais para o sucesso da operação.

A geometria da projeção dos feixe e o método de reconstrução produz três

efeitos negativos: a) volume parcial médio, b) sub-amostragem e c) efeito do feixe

cônico. O efeito de volume parcial médio é quando o voxel é maior que a resolução

espacial ou a resolução de contraste. A sub-amostragem é quando existem poucas

projeções brutas para reconstrução. Por último, o feixe cônico provoca perda de

informação na periferia do feixe, devido à redução de densidade do feixe. Estas

deficiências podem ser reduzidas ou eliminadas utilizando o tamanho de voxel

compatível, amostragens adequadas, posicionar o paciente de modo que a região

de interesse esteja paralela ao plano do círculos do feixe e utilizar um colimador de

feixe adequado ao FOV usado (SCARFE e FARMAN, 2008).

Uma grande área é irradiada na TV, logo, ocorre interação dos fótons e,

conseqüentemente, um efeito atenuador de sinal. A maioria dos ruídos é devido à

dispersão Compton produzida pelo espalhamento da radiação. Assim, a atenuação

que ocorre no detector não será apenas decorrente da estrutura física do objeto.

Essa atenuação não linear do detector é chamado de ruído. As razões entre os

fótons espalhados e emitidos são de 0,01 para a tomografia de feixe único, 0,05 e

0,15 para TM e podem ser tão grandes quanto 0,4 a 2,0 para TV. Ainda, problemas

com ruídos podem ser decorrentes de problemas com detector plano e com uso de

algoritmo inadequado para a manipulação de dados (SCARFE e FARMAN, 2008).

Page 55: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

55

Três fatores limitam a resolução de contraste para os tecidos moles em TV. A

radiação espalhada contribui para o aumento do ruído e também reduz o contraste.

Os raios divergentes da TV causam um pronunciado efeito negativo, pois produz

uma grande variação ou não uniformidade da incidência de raios-X nos tecidos

moles. Isto provoca uma absorção não uniforme, com grande relação sinal-ruído no

cátodo em relação ao ânodo. Por último, os efeitos de artefatos são numerosos para

os detectores planos, o que afeta sua linearidade e sua resposta à radiação. Assim,

as aplicações da TV atualmente se restrinjam a tecidos mineralizados, sendo que

novas técnicas e dispositivos estão sendo investigados de modo a superar essa

limitação (SCARFE e FARMAN, 2008). Por outro lado, alguns estudos têm revelado

um ótimo resultado para os tecidos moles superficiais. Cevidanes et al. (2006)

mostraram casos clínicos onde as imagens de tecido duro e de tecido mole da

superfície da face foram convenientes para diagnóstico de assimetria. Cevidanes et

al. (2009) utilizaram a TV (i-CAT, Imaging Sciences International, Hatfield, EUA) para

avaliar o crescimento de tecidos duros, mas também de tecidos moles, de pacientes.

Essa técnica foi considerada válida e também reprodutível. A visualização da

superposição de modelos 3D e a distância das superfícies foram calculadas por três

ortodontistas. A TV foi feita antes e depois para três pacientes que sofreram

tratamento ortodôntico para maloclusão de Classe III. Os valores diferiram de 0,4mm

para mandíbula e 0,5mm para maxila entre os três avaliadores. Assim, essa técnica

foi recomendada para avaliação do complexo maxilo-facial. Fatunase et al. (2008)

revelaram que a TV pode ser convenientemente usada na avaliação de tecidos

moles, com erro menor que 5mm, para localização de área a ser tratada por terapia

de irradiação de câncer em seio. Morin et al. (2006) descreveram um sistema de TV

com mega voltagem (experimental) e seu potencial uso clínico na área médica, mais

Page 56: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

56

precisamente na radioterapia guiada por imagem (IGTR ou image-guided radiation

therapy). Esse sistema também foi capaz de detectar distâncias submilimétrica para

tecido mineralizado, mas também foi capaz de permitir a visualização de tecido

mole, como a próstata. Essa TV ainda foi capaz de detectar distorção no cordão

espinhal não rígido, monitorar crescimento e redução de tumor e determinar posição

de tumor estacionário em pulmão. O efeito negativo da presença de metais foi

drasticamente reduzido com o uso da TV com megavoltagem.

Sukovic (2003) comparou a acuracidade entre o planejamento utilizando guias

cirúrgicos tradicionais e guias cirúrgicos planejados. Cinco mandíbulas em epóxi

foram avaliadas com a TV DentoCAT (Xoran Technologies). O lado direito das

mandíbulas foi submetido a cirurgias com guias cirúrgicos tradicionais e o lado

esquerdo a cirurgias com guias cirúrgicos estereolitográficos, os últimos foram

planejados por software (Surgicase, Materialise Inc.). As imagens das mandíbulas

pré e pós-cirurgia foram avaliadas pelo software Analyse 4.0 (Lenexa, KS, USA).

Este programa mostrava simultaneamente a imagem do planejamento e das

cavidades de osteotomia realizadas. A média entre a distância do planejamento e a

da osteotomia foi de 1,5mm na entrada e de 2,1mm no ápice para o guia cirúrgico

convencional. O erro foi significativamente menor, entre 0,9 e 1,0mm,

respectivamente, para o guia estereolitográfico.

Kobayashi et al. (2004) avaliaram a acuracidade na medida de distâncias pré-

definidas nas imagens obtidas pela TV e pela TM. Furos com brocas de 2mm foram

produzidos em 7 regiões da mandíbula; molar direito, pré-molar direito, canino

direito, linha média, canino esquerdo, pré-molar esquerdo e molar esquerdo. A

tomografia de cinco mandíbulas de esqueletos foram feitas com a TM Radix-Prima

(Hitachi Medical, Japão) e com a TV Dental 3D-CT (PSR 9000 [protótipo], Asahi

Page 57: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

57

Roentgen, Japão). Duas distâncias, uma vertical e outra horizontal, foram medidas.

A mandíbula foi seccionada para a determinação da distância real entre os pontos

de referência. O erro foi calculado dividindo a diferença do valor medido das

imagens e o medido diretamente na mandíbula seccionada, dividido pelo valor

obtido diretamente da mandíbula e o resultado foi multiplicado por 100. O erro da TM

variou de 0 a 1,11mm (0 a 6,9%) e o da TV variou de 0,01 a 0,65mm (0,1% a 5,2%).

O teste t revelou diferença significativa entre os dois métodos, sendo que a TV foi a

melhor técnica. Além disso, a TV avaliou um bloco de 30mm x 42,7mm com fatias de

0,117mm, ou seja, a área de exposição foi muito pequena e com alto grau de

informação para a região de interesse, logo sem expor desnecessariamente o

paciente a raios-X.

Hamada et al. (2005) também confirmaram que a TV pode ser usada como

alternativa à TM. Eles avaliaram 13 pacientes jovens ou adulto-jovens usando a TV

(Dental 3D-CT, PSR 9000, Asahi Roentgem Inc. Co Ltda., Kyoto, Japão) com

intensificador de imagem. Esses pacientes receberam 17 implantes associados a

enxerto ósseo. Os autores destacaram que a técnica é clinicamente tão útil quanto a

TM, mas com menor custo e menor exposição à radiação.

Van Assche et al. (2007) avaliaram a acuracidade da transferência do

planejamento tridimensional de imagens obtidas por TV para a instalação de 12

implantes com guias cirúrgicos estereolitográficos. Três mandíbulas e uma maxila

foram avaliadas com a TV 3D Accuitomo (Morita, Japão; 80kV, 4mA, 17,5s) para os

arcos com os respectivos guias e para somente os guias (60kV, 1mA, 17,5s). A

reconstrução da imagem com cortes de 0,5mm necessitou 3min. A área radiográfica

compreendeu 60mm de altura e 60mm de diâmetro com tamanho de voxel de

0,125x0,125x0,125mm. Seis pontos de guta-percha foram feitos como referência

Page 58: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

58

para uso da técnica de dupla varredura. O planejamento foi feito usando o software

Oralim (Medicim, Bélgica) e o guia estereolitográfico foi produzido pelo sistema

Procera (Nobel Biocare, Suécia). Após a cirurgia guiada, outra tomografia foi

realizada e as imagens do planejamento inicial e da situação final foram

comparadas. Um fator crucial, apontado como responsável pelos desvios, é a

instabilidade inerente do guia estereolitográfico sobre a mucosa. Foi também

verificado que é mais difícil instalá-lo em parcialmente desdentados do que em

edêntulos, pois a adaptação não é perfeita para superfícies rígidas, como dentes.

Este fato pode ser atribuído à falta de perfeição no guia para detalhes mínimos. Por

outro lado, a gengiva permite o ajuste melhor, mas também apresenta liberdade de

movimento que pode ser acima do desejado. Esta situação foi reduzida por ajuste

manual cuidadoso e uso de pinos de fixação do guia. Os implantes usados neste

estudo piloto tinham comprimentos entre 10 e 15mm. Eles mostraram um desvio

angular de 0,7o a 4o, sendo que o valor médio foi de 2o e o desvio-padrão de 0,8o,

quando comparados com o planejado. A precisão na inserção linear variou de 0,3 a

2,3mm, sendo que o valor médio foi de 1,1mm e o desvio-padrão de 0,7mm na

cervical e de 0,7 a 2,4mm no ápice, com média 2mm e desvio-padrão 0,7mm.

Ozan et al. (2009) compararam a acuracidade do uso de guia

estereolitográfico suportado em dente, osso ou mucosa. O desvio angular médio

(4,1±4,32o) e o desvio linear da porção cervical (1,11±0,7mm) e apical (1,41±0,9mm)

foram medidos para todos os implantes. Esses valores, respectivamente, para cada

tipo de suporte revelaram os seguintes valores para guia suportado em dente

(2,91±1,3o; 0,87±0,4mm; 0,95±0,6mm), em osso (4,63±2,6o; 1,28±0,9mm;

1,57±0,9mm) e em mucosa (4,51±2,1o; 1,06±0,6mm; 1,6±1mm). Logo, o guia

apoiado em dentes revelou o menor erro médio. Ainda, o desvio angular e o desvio

Page 59: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

59

linear da porção cervical foi menor para mandíbula do que para maxila, enquanto

que o desvio apical não se revelou estatisticamente significativo.

2.6 CIRURGIA GUIADA POR TOMOGRAFIA

A odontologia contemporânea apresenta diversas técnicas em amplo

desenvolvimento. A cirurgia guiada é uma destas técnicas e utiliza dispositivos

físicos ou virtuais para controlar as ações cirúrgicas. A cirurgia guiada apresenta

diversos potenciais de aplicação, sendo que serão apresentados informações com

ênfase para a instalação de implantes dentários (Van STEENBERGHE et al., 2005;

SCLAR, 2007).

O planejamento de uma cirurgia clássica de instalação de implantes é feito

com imagens de uma radiografia panorâmica e, eventualmente, fotografias, bem

como de uso de modelos das arcadas do paciente. O cirurgião-dentista e seu

auxiliar utilizam essas imagens para realizar a instalação na melhor posição

planejada. Essa filosofia não permite prever com exatidão as várias camadas de

tecidos não mostrados ou sobre-expostos. Isto faz com que seja necessária a

exposição do tecido ósseo, ou seja cirurgia em campo aberto, e deve ser realizada

com uma exposição cuidadosa das camadas internas. O tempo cirúrgico acaba

sendo prolongado, o que desestimula o paciente a se submeter a esse procedimento

de reabilitação. Por último, algumas estruturas muito delicadas podem ser

danificadas (Van STEENBERGHE et al., 2005; SCLAR, 2007).

A tomografia permite visualizar a aparência da face e das estruturas internas

através da reformatação multiplanar. Neste caso, as imagens em diversos planos

anatômicos e o modelo tridimensional (3D) permitem o planejamento e a simulação

dos procedimentos cirúrgicos. Essas ações podem ser feitas virtualmente ou em um

Page 60: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

60

modelo anatômico real. Neste último caso, um modelo físico do tecido ósseo do

paciente, ou protótipo, pode ser produzido por prototipagem rápida baseada nos

dados da TM. A ressonância magnética nuclear (RMN) também pode ser usada,

mas com maior custo. O protótipo foi inicialmente usado para treino de instalação de

implantes (ROSA et al., 2004). Ele também pode ser usado para produzir um guia

cirúrgico para instalação guiada. A criação deste guia pode ser feita virtualmente, o

que deu origem à denominada cirurgia guiada com uso de guia estereolitográfico.

Por último, existe a cirurgia guiada por estereotaxia (CGE), a qual se baseia na

obtenção de imagens intra-operatórias e de referenciais espaciais no paciente e nas

peças de mão. Essas diferentes técnicas cirúrgicas serão descritas a seguir, bem

como o uso das informações de densidade de tecidos ósseos por HU (Hounsfield

unit) e procedimentos cirúrgicos associados. Por último, uma cirurgia guiada virtual

baseada em dados radiográficos e escaneamento de modelo anatômico será

apresentada para comparação, ou seja, uma nova técnica de cirurgia guiada que

não utiliza a tomografia como fonte de informação anatômica no espaço.

A cirurgia em campo aberto na implantodontia deve ser realizada de modo a

preservar a circulação sanguínea, preservar a arquitetura do tecido mole e o volume

do tecido ósseo, proporcionar acesso aos componentes de instrumentação de

implantodontia, permitir identificar as estruturas vitais, proporcionar acesso aos

contornos ósseos a serem modificados e/ou colhido para homo-enxerto, possibilitar

a sutura do tecido mole para que receba as novas peças de implante e/ou enxerto,

minimizar a contaminação bacteriana pós-cirúrgica, facilitar a adaptação do tecido

mole rebatido, e fazer uma adaptação circunferencial dos tecidos junto aos

cicatrizadores (SCLAR, 2007).

Page 61: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

61

O grande número de exigências da cirurgia aberta restringe sua realização a

poucos profissionais altamente treinados. Assim, a cirurgia fechada tem sido uma

técnica almejada pelo cirurgião-dentista durante o ato de instalação de implantes

dentários em áreas estéticas e não estéticas. Esta técnica começou a ser realizada

imediatamente após a exodontia. O alvéolo era utilizado como base para a

instalação do implante. Eventualmente, a instalação era realizada num segundo

momento cirúrgico, mas com maior risco devido à não visualização da estrutura

óssea. A cirurgia guiada para instalação de implante diminui o tempo de cirurgia,

aumenta o conforto do paciente, possibilita restabelecer a higiene oral habitual

quase que imediatamente e reduz a perda óssea peri-implantar, o que reforça sua

recomendação. Essa técnica é altamente dependente da seleção de caso e da

habilidade do cirurgião-dentista, mas com a introdução da TV na odontologia, essas

limitações tornaram-se menos críticas. As imagens bidimensionais e tridimensionais

da TV permitem um planejamento mais preciso e confiável, o que tem popularizado

a cirurgia de campo fechado (SCLAR, 2007).

A cirurgia de campo fechado pode ser realizada com auxílio de um perfurador

de tecido mole (tissue punch). O tecido ósseo deve ser convenientemente perfurado

para instalação do implante de acordo com o planejamento baseado nas imagens da

TV. Embora a técnica tenha sido inicialmente descrita para cirurgiões novatos, o

sucesso da cirurgia em campo fechado freqüentemente depende da experiência

clínica avançada e da boa capacidade de avaliação do cirurgião, o que não é

esperado de um profissional com pouca experiência clínica (SCLAR, 2007).

Alguns inconvenientes dessa filosofia são a incapacidade de visualizar pontos

de referência e estruturas frágeis. O risco de introdução da broca com ângulo e/ou

profundidade errados e a dificuldade de se estabelecer a emergência do implante

Page 62: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

62

em tecido mole adequadamente queratinizado são aspectos críticos. Assim, o uso

de um guia cirúrgico convencional, baseado na reconstrução protética planejada,

aumenta o grau de sucesso e é geralmente usado para cirurgias que exigem um

segundo ato cirúrgico. Por outro lado, alguns autores relataram que existe

dificuldade de irrigação da broca no ato de perfuração com potencial de provocar

dano térmico devido à presença do guia cirúrgico (SCLAR, 2007).

Rocci et al. (2003) avaliaram 97 implantes realizados na maxila de 46

pacientes com a filosofia de cirurgia de campo fechado associado a carga imediata,

mas sem avaliação tomográfica. O modelo pré-cirúrgico com correspondente

reconstrução protética foi utilizado para avaliar a relação do tecido ósseo e gengival,

sendo que a espessura gengival foi obtida pela exploração com limas endodônticas

inseridas em furos de rastreamento. Isto permitiu também determinar a anatomia

óssea superficial. Um guia cirúrgico foi construído com anel para inserção de brocas

baseado nestes dados e a cirurgia foi feita em campo fechado. A prótese foi

instalada imediatamente, sendo que 9 implantes foram perdidos (cerca de 10%);

todos antes de 2 meses de tempo de osteointegração. A perda de osso marginal foi

de 1,0mm no primeiro ano, 0,4mm no segundo e 0,1mm no terceiro; o desvio-padrão

foi de 1,1mm para o primeiro e segundo ano e 0,8mm para o terceiro.

Becker et al. (2005) avaliaram a eficiência da cirurgia fechada em 57

pacientes que receberam 79 implantes. A avaliação pré-clínica utilizou radiografia

panorâmica e periapical da região receptora do implante. A tomografia linear foi

utilizada em alguns casos para avaliar a distância entre a crista óssea e o assoalho

do seio maxilar ou do canal mandibular. A altura da mucosa foi estimada com uso da

broca inicial para prever a profundidade de inserção do implante. O procedimento se

revelou pouco invasivo, com pouco sangramento, sem danos severos à mucosa,

Page 63: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

63

com bom resultado estético e muito rápido. Apenas um implante foi perdido, ou seja,

um sucesso de 98,7%.

Fortin et al. (2006) confirmaram a redução de relato para a experiência de dor

e a redução do período de dor quando se utiliza a técnica de campo fechado em

relação à de campo aberto. Dois grupos foram formados aleatoriamente com 60

pacientes. Um grupo com 30 pacientes foi submetido a cirurgia aberta e recebeu 72

implantes. Os outros 30 pacientes foram submetidos a cirurgia fechada e receberam

80 implantes. Eles preencheram um questionário para descrever a intensidade de

dor desde o dia da operação (D0) até o sexto dia pós-operatório (D6). O escore de

dor foi maior para cirurgia em campo aberto. O número de pacientes que não relatou

dor foi quase o dobro para cirurgia fechada (D0=43%, sendo de 20% para a aberta).

O número de comprimidos para dor e o tempo foi menor para cirurgia em campo

fechado. Ainda, a ansiedade e a experiência à dor reduzidas pela técnica menos

invasiva também tende a aumentar a aceitação da cirurgia fechada.

Os protótipos podem ser produzidos a partir dos dados da imagem de

tomografia computadorizada (TM) ou volumétrica (TV). Inicialmente o paciente é

submetido a uma tomografia em condições adequadas à resolução necessária para

o detalhamento da anatomia do paciente. O equipamento de prototipagem é um

dispositivo CAD. O protótipo é produzido por deposição de camadas sobre camadas

de material, que se agregam por fenômeno químico ou físico, produzindo a peça. O

resultado final para a área odontológica é o modelo em escala real das estruturas

dos tecidos mineralizados do paciente. O cirurgião-dentista avalia a situação

anatômica do protótipo e define as operações do ato cirúrgico. O treino da cirurgia

aumenta o sucesso cirúrgico (ROSA et al., 2004).

Page 64: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

64

A fidelidade do protótipo gerado foi estudado por Saddy (2006). A precisão

final do modelo obtido a partir dos dados de TM (Select SP – Elscint, Israel) ou TV

(NewTom 9000 – QR, Itália) de uma mandíbula seca foram comparados. Os dados

foram manipulados por dois sistemas de tratamento de imagens, o 3D- Analyse

(Mayo Clinic, EUA) e o InVesalius (CenPRA, Brasil), e foram usados para confecção

de protótipos através de duas tecnologias, SLS (Sinterização Seletiva a Laser) e

3DP (impressão tridimensional). O planejamento experimental para os três fatores

foi submetido a avaliação por engenharia reversa. Os protótipos obtidos foram

digitalizados por feixe de leitura de 200 pontos com tamanho de 0,2 x 0,2mm a cada

0,2s e com precisão de 0,001mm. Os dados foram comparados usando o sistema

Rapid Form 2006 e a mandíbula seca (padrão ouro) foi usada para definir a precisão

da reprodução anatômica. A precisão decresceu na ordem: TM-Analyze-SLS, TM-

Invesalius-3DP, TM-Analyze-3DP, TM-Invesalius-SLS, TV- Invesalius-3DP, TV-

Invesalius-SLS, TV-Analyse-SLS e TV-Analyse-3DP. A partir dos dados

apresentados pode ser concluído que a TM foi melhor que a TV para a produção de

protótipos e que a precisão depende do software e do sistema CAD.

O protótipo gerado também pode ser importante para a produção prévia de

artefatos para reconstrução do complexo maxilo-facial. Essa filosofia está baseada

na engenharia reversa (RE- Reverse Engineering). Por exemplo, um paciente

apresentava uma patologia que envolvia grande parte da maxila direita. A partir dos

dados de TM de sua face foi feita a previsão do defeito ósseo decorrente da

exérese. A região com a patologia e uma sobre-extensão de segurança foi removida

virtualmente. O protótipo foi produzido, o qual revelava o estado anatômico após a

exérese. Um artefato de grade de titânio foi construído antes do ato cirúrgico de

Page 65: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

65

modo a viabilizar a reconstrução imediata da face; mantendo os contornos originais

(SINGARE et al., 2006).

Curcio et al. (2007) propuseram o uso de protótipos anatômicos para realizar

reabilitação de mandíbulas edêntulas com implantes ósseos integrados com carga

imediata através de planejamento reverso. Um conjunto de 14 pacientes recebeu 56

implantes. As réplicas anatômicas foram produzidas por prototipagem pela Bioparts

com uso dos dados de imagens de TM (Select SP, Picker). O protótipo foi usado

para realização da cirurgia com 4 réplicas de implantes e, a partir de sua posição, a

construção do guia cirúrgico para desenvolvimento da cirurgia guiada por

engenharia reversa com uso de protótipo (CGP). A adaptação do guia foi fácil para

pacientes completamente edêntulos (9 casos). O encaixe sem adaptação do guia foi

raro nas regiões com presença de dentes. Somente em um dos cinco casos foi

possível. Este fato sugere que a acuracidade é baixa para se conseguir adaptar em

regiões não edêntulas, mas é fácil e eficiente para arcos edêntulos.

O sucesso da instalação e osteointegração de um implante dentário é

dependente da qualidade óssea. Lekholm e Zarb propuseram uma escala para

classificar a predominância do tipo ósseo e do volume ósseo; os quais são

geralmente considerados os dois principais fatores. A escala para o tipo ósseo

predominante varia de 1 a 4, ou seja, de um osso muito cortical (LZ=1) a muito

medular (LZ=4). A escala para o volume ósseo predominante varia de A a E e está

relacionada com a remodelação óssea após perda dentária. Ela descreve o osso

praticamente original (LZ=A) a severamente reabsorvido (LZ=E). A telerradiografia

em norma lateral foi inicialmente proposta para avaliar esses parâmetros e a

interpretação era dependente da capacidade do examinador. (ALBREKTSSON e

WENNERBERG, 2005).

Page 66: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

66

Segundo Bryant e Zarb (2002), a classificação de Lekholm-Zarb é

amplamente utilizada para o planejamento de instalação de implantes dentários.

Para vários autores, os outros fatores são considerados irrelevantes. Ainda, essa

avaliação é especialmente importante para a instalação de implantes na maxila.

Estes autores descrevem um estudo da IPU (Implant Prosthodontic Unit at the

University of Toronto; Bryan, SR, Tese de 2001) envolvendo 485 implantes nos quais

o grau de sucesso de implantes a longo prazo (entre 4 e 17 anos) foi de 88% para

mandíbula com qualquer classificação de LZ e de 81% para maxila com qualidade

LZ = 3. Quando o sucesso foi relacionado com valor de LZ podemos ver que ele é

um bom indicador de sucesso. Por exemplo, o sucesso foi de apenas 67% para LZ =

4, ou seja, osso muito medular. O sucesso a longo prazo foi cerca de 83% para

mandíbula independente do volume ósseo, enquanto que para maxila foi de 95%

para tipo A e B e somente 50% ou menos para volumes ósseos menores. Ainda,

Bryant e Zarb (2002) descrevem em seus resultados que não existe diferença entre

o sucesso a longo prazo para adultos jovens (26 a 49 anos) e adultos mais velhos

(60 a 79 anos), sendo de 86,7% (de 184 implantes) e 92,0% (de 190 implantes),

bem como a perda óssea peri-implantar foi de 0,05mm/ano para os dois grupos.

Assim, os implantes devem ser indicados a pacientes idosos com a mesma

segurança que se recomenda para adultos jovens; apesar do primeiro grupo

apresentar menor vigor físico e fisiológico e de muitas vezes serem portadores de

doenças como problemas cardiovasculares, osteoporose, hipotireoidismo e diabetes

mellitus.

A qualidade óssea é um termo global que está associado ao grau de

mineralização da matriz óssea, às propriedades mecânicas, à composição química e

estrutural dos seus cristais inorgânicos e à sua arquitetura; esta última está

Page 67: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

67

relacionada com o grau de remodelação do osso (SHAPURIAN et al., 2006). Este

autores avaliaram o uso do Índice Hounsfield (HU) como medida quantitativa da

densidade óssea para um grande número de pacientes. Essa informação é uma

ferramenta útil na etapa de diagnóstico e planejamento. Dados de TM de 101

pacientes selecionados aleatoriamente foram analisados. Segmentos de 10 a 30mm

foram selecionados e usados para avaliar a densidade óssea. A escala de

Hounsfield (HU) foi correlacionada com a avaliação visual. Os valores dos quatro

quadrantes variaram de -240 a 1159 HU. A porção anterior da mandíbula apresentou

valor de 559±208 HU e a posterior 321±132 HU. A porção anterior da maxila mostrou

517±177 HU e a posterior 333±199 HU. Não foi observada associação entre o valor

de Hounsfield e densidade, idade ou sexo do paciente. O valor de HU foi

estatisticamente significativo apenas para osso do tipo IV. Mesmo assim, os autores

sugerem que o valor de HU possa ser útil como ferramenta de avaliação, pois pode

interferir na escolha da técnica cirúrgica ou tempo de espera de integração óssea;

especialmente quando se suspeita que haja uma pobre qualidade óssea.

Ajzen et al. (2005) utilizaram a TM (Picker, Select CT) para esta avaliação. Os

dados das imagens foram interpretados com uso do software Dentascan. A

necessidade de realização de enxerto ósseo para aumento de volume de tecido

ósseo da maxila foi avaliada com facilidade, o que facilitou a instalação de implantes

dentários. A eficiência clínica foi acompanhada com a mesma técnica tomográfica.

Os enxertos autógenos foram realizados num total de 34 pacientes adultos, todos

com sucesso para aumento de altura e largura óssea. Uma observação adicional

deste estudo foi que o procedimento de enxerto foi mais eficiente ao ser associado a

fatores indutores de crescimento ósseo, como a introdução de plasma rico de

plaquetas.

Page 68: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

68

Aranyarachkul et al. (2005) avaliaram a densidade óssea em regiões

receptoras de implantes dentários usando nove cabeças de cadáveres. Um total de

63 regiões foram avaliadas pela TV (NewTom QR-DVT 9000, QR, Verona, Itália) e

pela TM. A avaliação subjetiva da densidade óssea através da escala de Lekholm e

Zarb também foi realizada por dois examinadores. Os valores de HU (Hounsfield

unit) foram determinados para inferir o grau de mineralização óssea. Os valores de

HU observados pela TV foi geralmente maior do que os observados pela TM. Uma

forte correlação de Pearson foi observada para esses dois conjuntos de dados.

Ainda, aparentemente existe uma boa correlação entre o valores médios e a escala

LZ, mas a dispersão dos dados não permite utilizá-la de modo direto. Esses

pesquisadores concluíram que a TV foi uma ferramenta tão boa quanto a TM para

inferir a densidade óssea.

A cirurgia guiada com guia estereolitográfico (CGE) é uma cirurgia fechada.

Ela é altamente dependente da qualidade e do volume ósseo. A retenção primária do

implante é desejável para essa técnica e está diretamente relacionada com a

densidade óssea e a possibilidade de uso de implantes volumosos. Assim, as

técnicas de radiologia mais sofisticadas, como a TM ou a TV, devem ser usadas

para avaliação, planejamento e produção do guia estereolitográfico. Van

Steenberghe et al. (2005) descrevem em detalhes a técnica para avaliação com uso

da TM especialmente adequada para manipulação em odontologia. A metodologia é

a mesma quando se usa a TV, como foi descrito por Spector (2008).

A CGE proposta pela Nobel Biocare AB (Göteborg, Suécia) e, neste caso

específico denominada de Teeth-in-an-Hour (“Dentes em uma Hora”), se baseia no

planejamento cirúrgico virtual usando a filosofia de engenharia reversa. Uma prótese

é feita de modo a estabelecer reabilitação oral. Uma cópia em acrílico é produzida e

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69

é denominada de guia tomográfico. Este guia é submetido a TM, seguido por uma

nova tomada com o paciente usando o guia. Os dados da tomografia são usados

para planejar a instalação de implantes. Um guia estereolitográfico é criado baseado

no planejamento cirúrgico virtual. A cirurgia é realizada em campo fechado e a

prótese é instalada imediatamente (van STEENBERGHE et al., 2005; SPECTOR,

2008). As etapas para desenvolver o procedimento podem ser divididas em:

a. Exame clínico e histórico pregresso médico-odontológico.

b. Planejamento da reabilitação com uso de uma prótese para toda arcada e

com estrutura metálica suportada por múltiplos implantes. Construção de um

Guia Tomográfico baseado na prótese planejada e que será apoiada na

mucosa.

c. Duas análises pela TM são necessárias. Uma tomada do guia tomográfico

(peça em acrílico com o planejamento protético com referências espaciais) e

outra do paciente com a o guia tomográfico ocluído com auxílio de um

dispositivo de registro oclusal. Este registro funciona como um espaçador dos

dentes antagonistas e mantenedor do guia.

d. Tratamento das imagens da TM com uso de computador. Fusão das imagens

das duas tomadas tomográficas utilizando as referências espaciais (cinco

pontos do guia tomográfico desgastados de modo a comportar guta percha

com 1mm de diâmetro). O resultado deste tratamento por software é a

visualização independente da estrutura anatômica ou da prótese desejada, ou

das duas estruturas simultaneamente; o que facilita o planejamento cirúrgico.

e. O planejamento cirúrgico da instalação dos implantes é feito através das

janelas com as imagens dos cortes anatômicos (axial, transversal e

panorâmico tomográfico) e da reconstrução tridimensional. O implante com

Page 70: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

70

dimensões pré-selecionadas é posicionado virtualmente em um dos cortes

anatômicos e, automaticamente, é visto nas demais visualizações. O

comprimento, o diâmetro, a inclinação e a posição dos implantes podem ser

alterados de acordo com a necessidade anatômica e protética. Três pinos de

estabilização são também posicionados virtualmente. Estes serão os

primeiros a serem instalados no ato cirúrgico e irão manter o guia cirúrgico

fixo durante todo ato de instalação do implantes. Assim, o paciente pode abrir

a boca sem que o mesmo saia da posição do planejamento virtual. A distância

considerada de segurança para evitar acidentes cirúrgicos é de 1,5mm entre

os pinos e os implantes e as demais estruturas nobres.

f. A produção do guia estereolitográfico é feita em um laboratório especializado

de tecnologia CAD (Computer-Aided Design). Os dados do planejamento são

enviados para produção de um guia estereolitográfico específico para um

fabricante de implantes; por exemplo, para a “Procera Workstation” (Nobel

Biocare AB). Os dados devem passar para uma unidade de ajuste final das

informações para que se possa construir o guia cirúrgico. Essa unidade pode

ser remota e gerará o guia cirúrgico estereolitográfico.

g. Recebimento do guia estereolitográfico no consultório odontológico para

realização da cirurgia. O guia deve ser testado na boca do paciente e,

eventualmente, ajustado. O guia cirúrgico em polímero plástico contém

anilhas metálicas que definem espacialmente a posição de inserção dos

implantes. No ato cirúrgico, as anilhas recebem anéis internos que funcionam

como guia de perfuração e de instalação do implante planejado, de modo que

a inclinação seja perfeitamente respeitada. A profundidade do implante será

dada pelo nível de inserção de brocas com marcações que deverão ser

Page 71: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

71

obedecidas pelo cirurgião-dentista. Ao final da cirurgia, é feita a colocação

dos conectores protéticos, os quais também foram selecionados por software.

Por último, a prótese é instalada.

Sarment et al. (2003) concluíram que a instalação do implante é melhorada

com o uso de guia cirúrgico estereolitográfico quando comparado ao método que

utiliza o guia cirúrgico tradicional. Cinco mandíbulas idênticas de resina epóxi

(Models Plus, Kingsford Heights, EUA) foram avaliadas por TV (MiniCAT, Xoran

Technologies, Ann Arbor, EUA) com alta resolução isotrópica. Os dados foram

manipulados com auxílio do software Mimics (Materialise Techcnical, Ann Arbor,

EUA). Cinco implantes foram instalados em cada lado, sendo um lado com auxílio

de um guia cirúrgico estereolitográfico e outro com o uso de um guia tradicional.

Cinco periodontistas experientes realizaram o preparo para instalar 10 implantes

com comprimento de 10mm para cada mandíbula usando brocas da Nobel Biocare

(Yorba Linda, EUA). As cinco mandíbulas foram novamente escaneadas e os dados

foram transferidos para software Analyze (4.0, AnalyseDirect, Lenexa, EUA). O

desvio médio da osteotomia com guia cirúrgico tradicional foi de 1,5mm (desvio-

padrão = 0,7mm) na porção cervical e 2,1mm (dp = 0,97mm) na apical. O guia

estereolitográfico reduziu esses valores para 0,9mm (dp = 0,5mm) na cervical e

1,0mm (dp = 0,6mm) na apical. A variação angular variou entre os cirurgiões de 6,8

a 8,7o (desvio padrão entre 3,3 a 5,6o) para o guia tradicional, enquanto que a nova

tecnologia apresentou de 3,3 a 5,4o (dp entre 1,4 e 2,3o). Os dois grupos se

revelaram estatisticamente diferentes, sendo que o guia estereolitográfico permitiu

osteostomia mais adequada.

Page 72: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

72

Nickenig e Eitner (2007) descrevem o enorme sucesso na instalação de

implantes a partir de planejamento virtual da posição usando dados de TV (DVT

9000 machine, NewTom Company, Verona, Itália). A TV foi realizada com uso de

guia tomográfico que apresentava três marcadores de titânio. Essas referências

foram suficientes para se construir o guia cirúrgico estereolitográfico (Image-guided

system coDiagnostiX, IVS-Solutions, Chemnitz, Alemanha). Essa filosofia facilitou

a escolha pré-operatória do tamanho e da posição do implante e evitou

complicações cirúrgicas, bem como se a decisão do uso de cirurgia fechada era

viável. Um total de 102 pacientes foram avaliados, sendo que 250 implantes foram

instalados, 55,4% na porção posterior da mandíbula, 81,8% como extremo livre e

pacientes com média de idade de 40,4 anos. Três tipos de protocolos cirúrgicos

foram realizados: com campo fechado (147 implantes ou 58,8%), com necessidade

de enxerto alveolar (103 implantes ou 41,2%) e instalação de implante com

fenestração ou leve rompimento de parede sem enxerto ósseo (32 implantes ou

12,8%). Os 71 casos restantes necessitaram de diferentes métodos de enxerto

ósseo. A cirurgia com guia estereolitográfico não foi realizada em apenas 8 dos

casos. A reduzida distância inter-oclusal inviabilizou a cirurgia com o guia previsto

em 4 casos de implante em região posterior mandíbula. Apenas um implante teve

seu diâmetro alterado para menor valor que ao previsto inicialmente, por causa de

insuficiência de volume ósseo. As estruturas anatômicas delicadas foram

preservadas e não foram detectadas complicações em avaliações pós-cirúrgicas

através de radiografias panorâmicas NICKENIG e EITNER (2007).

Ao contrário da impossibilidade de uso de guia estereolitográfico que foi

observado no estudo de Nickenig e Eitner (2007), devido à limitação da altura

ocluso-gengival, Park et al. (2009) não observaram limitações para uso de guias

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73

cirúrgicos clássicos. Eles avaliaram a acuracidade em relação a altura ocluso-

gengival e descartaram essa hipótese. Três alturas foram avaliadas, 4, 6 e 8mm,

para uma cirurgia com uso de guia cirúrgico (15 implantes) e com mão livre (15

implantes) em manequins. Não houve impedimento de realização de cirurgia em

relação a qualquer altura gengivo-oclusal. As discrepâncias angular e apical foram

avaliadas. Não houve erro significativo em relação à altura, sendo que o uso de guia

permitiu uma maior precisão do que a operação sem guia.

Ozan et al. (2007) relataram em seu estudo clínico preliminar que a cirurgia

em campo fechado para instalação implantes dentários com carga imediata é viável,

mas a baixa densidade óssea inviabiliza a cirurgia. Esta propriedade foi avaliada

através da escala de Hounsfield e apresentou um grande variação de valores, entre

69 e 1603 HU. A porção anterior da mandíbula apresentou o maior valor médio

(801±239 HU), seguido pela posterior da maxila (673±449 HU), anterior da maxila

(669±346 HU) e posterior da mandíbula (538±271 HU). Existe diferença significativa

ao nível de 95% entre as regiões, exceto para anterior da mandíbula e posterior da

maxila. O tecido ósseo é mais mineralizado em homens (772±390 HU) do que em

mulheres (560±296 HU) ao nível de significância de 95%. Os 12 pacientes deste

estudo receberam 59 implantes, sendo que apenas um foi perdido (98,3% de

sucesso). O planejamento de instalação dos implantes foi realizado com o uso de

software (3-D Stentcad) utilizando dados de imagem da TM (Siemens AR-SP 40,

Munich, Alemanha). Os guias cirúrgicos estereolitográficos foram preparados para

realizar cirurgias fechadas ou abertas, sendo 5 e 7 pacientes, respectivamente. O

implante perdido foi instalado em um dos pacientes de cirurgia aberta. Os autores

concluíram que a cirurgia fechada é um protocolo viável a ser considerado pelo

cirurgião-dentista. Suas vantagens são uma cirurgia menos traumática, redução no

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74

tempo cirúrgico, rápida recuperação dos tecidos bucais, menor possibilidade de

complicação e aumento de conforto para o paciente.

A cirurgia por estereotaxia é também denominada cirurgia guiada por imagem

(CGI) (image-guided surgery) ou cirurgia por navegação assistida com uso de

imagem em tempo próximo do real (near-real-time image guidance) (PEREIRA et al.,

2005; RAFFERTY et al., 2006). A Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ou

Tomografia Computadorizada (RAFFERTY et al., 2006), bem como a Tomografia de

Emissão de Próton (TEP) (MISCHKOWSKI et al., 2007b), podem ser utilizadas para

a obtenção das imagens.

Este tipo de procedimento foi inicialmente aplicado à neurocirurgia. Um

conjunto de referência, denominado de quadro estereotáxico, é fixado no paciente

durante a aquisição dos dados de imagem durante a intervenção com uso da RMN

ou da TM. Assim, a posição espacial das estruturas anatômicas do paciente é

estabelecida e pode ser acompanhada para as ações cirúrgicas precisas e seguras.

Essa filosofia demonstrou ser adequada às intervenções intracranianas, mas com

limitações para cirurgia faciais. Por outro lado, a cirurgia por navegação, sem

necessidade de quadro estereotáxico, tem evoluído mais e mais para as cirurgias

maxilo-faciais (EGGERS et al., 2009).

A cirurgia por estereotaxia (CGE) é um método muito preciso para se atingir

lesões subcorticais e profundas, seja para biópsias ou na intervenção corretiva. Ela

é minimamente invasiva e, assim, pode ser usada em regiões delicadas, como áreas

remotas na profundidade do cérebro. Por outro lado, esse procedimento é complexo

e caro, o que limita sua aplicação (PEREIRA et al., 2005).

A CGE é considerada a técnica cirúrgica ideal para atos operatórios que

envolvam traumas. Inicialmente, a fluoroscopia era usada para produzir a imagem

Page 75: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

75

em tempo real dos tecidos durante o procedimento cirúrgico. A possibilidade da TV

ser usada para reconstruir de modo quase imediato a imagem tridimensional do

paciente tem feito com que essa metodologia seja muito difundida para cirurgias do

complexo zigomático-maxilares (POHLENZ et al., 2007).

A TV tem sido adequadamente adaptada para cirurgia do osso temporal para

procedimento de cocleostomia e todo envolvimento dos tecidos periféricos. A

simulação deste tipo de cirurgia em cinco crânios de cadáveres usando a TV

acoplada em um braço em “C” revelou uma resolução espacial de 0,85mm, um

tempo de aquisição de imagem de 120s e uma dose de radiação com cerca de um

décimo da emitida pela TM na mesma aplicação. Esses resultados fortalecem o

conceito do uso da TV para a este tipo de cirurgia (RAFFERTY et al., 2006). Barker

et al. (2009) confirmaram que tanto a TM (CT scanner, Discovery ST, GE Healthcare,

Milwaukee, EUA) quanto a TV (Siemens PowerMobil, Siemens Medical Solutions,

Erlangen, Alemanha) são convenientes para o planejamento e uso durante o ato

cirúrgico, como exame intra-operativo. Assim, os eletrodos de três fabricantes foram

adequadamente instalados em cabeças de cadáveres, mesmo apresentando a

cóclea obliterada ou com alteração congênita.

Casap et al. (2005) descreveram um protocolo de uma técnica de cirurgia

guiada por estereotaxia (CGE) adaptada exatamente ao complexo maxilo-facial. A

cirurgia guiada com uso de guia estereolitrográfico é uma grande evolução. Ela

permite instalar implantes em campo fechado com boa acuracidade, mas ainda é um

procedimento cego. Por exemplo, a profundidade de instalação do implante pode

provocar riscos às corticais profundas do tecido ósseo. O protocolo para reabilitação

de mandíbula edêntula por CGE prevê os seguintes passos: exame clínico e

radiográfico, instalação de parafuso de referência no osso, fabricação de molde de

Page 76: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

76

resina acrílica (guia tomográfico), análise pela TM com o guia em posição,

planejamento digital pré-cirúrgico, fabricação da prótese provisória, ato operatório

com navegação e instalação imediata da prótese provisória. O sistema IGI (DenX

Advanced Dental Systems) forneceu imagens em tempo quase real, o que permitiu a

cirurgia em campo fechado para instalação precisa dos implantes e respeitando a

posição planejada para encaixe da prótese para carga imediata.

Segundo a pesquisa bibliográfica de Eggers et al. (2009), a imagem obtida

pela TV era geralmente descrita como inferior à da TM. Por outro lado, o estudo

comparativo realizado por estes autores demonstrou que os dados de imagens

obtidos pela TV (NewTom 9000 Digital Volume Tomograph, Verona, Itália)

apresentou acuracidade similar à da TM (Somatom 4, Siemens, Forchheim,

Alemanha). Ainda, um sistema de navegação com infravermelho (Polaris, NDI,

Waterloo, Ontário, Canadá) foi avaliado para estimar a possibilidade de uso em

cirurgia maxilo-facial por estereotaxia (CGE). A avaliação de 243 pontos foi

realizada. A acuracidade era maior para pontos próximos aos pontos de referência.

O erro médio foi de 1,50±0,82mm para a TV e 1,57±0,84mm para a TM. Não houve

diferença significativa entre os dois conjuntos de dados e existe uma forte correlação

entre os mesmos. Logo, a TV foi considerada tão adequada quanto a TM para o uso

em cirurgia maxilo-facial guiada por navegação assistida.

Mischkowski et al. (2007b) apresentaram casos clínicos de cirurgias guiadas

por imagem para doze pacientes diferentes. As imagens foram obtidas pela TV

GALILEOS (protótipo da Sirona Dental Systems Inc., Benshein, Alemanha) e foram

usadas por um sistema de navegação (VectorVision2, BrainLAB, Heimstetten,

Alemanha). A acuracidade foi inferior a 2 mm e foi dependente do método de

registro. A navegação intra-operação baseada na TV pode ser considerada como

Page 77: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

77

uma boa alternativa ao procedimentos baseados na TM. Características especiais

da TV, como resolução do contraste e tamanho do FOV, restringem as

possibilidades de indicação e criam uma demanda de modificação dos atuais

métodos de registro. As referências usadas para estabelecer a navegação foram

feitas com esplintagem nos dentes (5 casos), na cabeça (5 casos) ou na fidelidade

da pele. Os instrumentos operatórios continham referência de modo a permitir a

integração das imagens. O erro de detecção do objetivo foi inferior a 2mm para

todos os casos, sendo que para a esplintagem dentária foi inferior a 1mm. O sistema

foi recomendado para implantes extra-orais e intra-orais em casos complexos,

remoção de corpos radiopacos estranhos, ressecção de lesões ósseas e tratamento

cirúrgico de patologias dos seios paranasais.

Pohlenz et al. (2007) utilizaram a técnica em 179 pacientes. Os dados de

imagens foram obtidas a partir da TV Scanner Arcadis Orbic 3D (Siemens Medical

Solutions, Erlangen, Alemanha). Os diversos procedimentos cirúrgicos foram

desenvolvidos com auxílio de um sistema TV com braço isocêntrico móvel em “C”.

As imagens 3D ou multiplanar a partir dos dados da TV foram utilizadas através do

software Syngo (Siemens Medical Solutions). A navegação baseada em fluoroscopia

foi viabilizada através do software Fluoro 3D 2.0.0 (Brain-LAB, Heimstetten,

Alemanha) e da referência (Latero Reference Star) que foi feita através de

implantação de parafusos na cabeça do paciente. Os procedimentos foram

simplificados em todos os casos, embora tenha sido crítico para grandes volumes, p.

ex. fratura condilar bilateral. A técnica foi aplicada em várias indicações, sendo que

cerca de 2/3 foram aplicados em traumatologia (37,4% em fraturas do compexo

zigomático-maxilar) e um grande número de fraturas mandibulares. Outros casos

relevantes foram para cirurgia ortognática e diagnóstico de tumores. O sistema foi

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78

considerado de uso descomplicado e muito versátil, principalmente atribuído ao

sistema de braço em “C”.

Yu et al. (2009) descreveram 4 casos clínicos de cirurgia por estereotaxia

(CGE) para artroplastia no tratamento de anquilose unilateral da articulação

têmporo-mandibular com uso de TM (Ligth Speed 16, GE, Gloucestershire,

Inglaterra) e o software MIMICS (edition 8.11, Materialise, Leuven, Bélgica). Nessa

cirurgia foi feita a ressecção de uma formação óssea massiva anormal na base do

crânio. A anatomia da região é complexa e distorcida, o que reforça a escolha desta

técnica cirúrgica. Cinco parafusos na maxila foram usados como referência do

paciente. O erro observado foi menor que 1mm. Não houve complicações e a

espessura da base do crânio entre a fossa do crânio e a fossa glenóide reconstruída

foi cerca de 1,97mm. Assim, apesar de ser uma cirurgia potencialmente complexa, a

técnica foi segura e valiosa.

2.7 CIRURGIA GUIADA VIRTUALMENTE POR RADIOGRAFIA

A cirurgia guiada virtual (CGV) é uma alternativa menos dispendiosa que a

cirurgia por estereotaxia (CGE). A CGV pode utilizar aparelhos menos sofisticados

para usar imagens como guia, como aparelhos de radiografia extra-bucal, ou pelo

menos sem uso de tomografia intra-operatória. Já a CGE exige avaliações trans-

operatórias com uso da tomografia.

A CGV pré-determina referências anatômicas e correlaciona com imagens

radiográficas ou tomográficas para estabelecer o planejamento de acesso e do ato

cirúrgico; por exemplo para remoção de tumores cerebrais (PEREIRA et al., 2005).

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79

Pereira et al. (2005) realizaram cirurgias virtuais em oito pacientes portadores

de lesões expansivas neoplásicas subcorticais localizadas nas proximidades do

vértex craniano. Craniotomias com diâmetro médio de 6x6cm foram realizadas após

a confecção do acesso planejado para ressecar neoplasias. O método se revelou

preciso e não houve necessidade de reparos ou de correções. As janelas de acesso

tiveram dimensões adequadas e o tempo do ato cirúrgico foi reduzido. Não houve

complicações pós-cirúrgicas, confirmados por TM ou RMN, como hemorragias,

infartos cerebrais ou piora do déficit neurológico. Todos os pacientes receberam alta

dentro dos primeiros sete dias de cirurgia. Assim, esse método alternativo foi

considerado conveniente para esse tipo de procedimento (PEREIRA et al., 2005).

Esta técnica também tem sido utilizada pela odontologia para cirurgias na

região maxilo-facial e oral (TSUJI et al., 2006). A dificuldade de localizar

cirurgicamente uma lesão subcortical pode exigir grandes janelas ósseas expondo

desnecessariamente os tecidos profundos. A programação prévia facilita a remoção

do tumor com segurança para o enfermo, pois reduz a morbidade do ato e evita

injúrias a tecidos vizinhos. Quanto mais preciso for o local de abertura, tanto melhor

será o procedimento. Neste estudo, uma TM (Espiral Philips CT Aura) foi realizada

previamente com um a dois dias do ato cirúrgico usando contraste iodado e uma

régua guia metálica de 50mm presa na pele por clip metálico. Os dados foram

utilizados para a reconstrução 3D dos diferentes tecidos. A craniotomia virtual foi

realizada previamente para cada caso, respeitando a menor dimensão possível e a

topografia mais adequada. As referências ósseas (como suturas cranianas) e

superficiais (lobos das orelhas, raiz nasal e a régua) foram adequadamente

visualizadas nas imagens da TM e puderam ser usadas no ato cirúrgico (PEREIRA

et al., 2005).

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80

A movimentação do complexo maxila-mandíbula é um problema adicional

para a cirurgia guiada por estereotaxia (CGE). A TM é raramente disponível na

clínica odontológica. Assim, uma alternativa à navegação em tempo real com uso da

TM seria utilizar duas telerradiografias, uma em norma frontal e outra em lateral,

para criar as imagens de referência para este novo tipo de cirurgia guiada. Algumas

das vantagens da CGV proposta seria a grande facilidade técnica, o menor tempo

de exposição aos raios-X, a obtenção prévia das imagens em laboratórios

radiológicos e também o menor custo. Um modelo dos arcos também foi

transformado em imagem 3D por meio de um escâner. As telerradiografias e a

imagem 3D do modelo foram usadas como bases de referências para a imagem

virtual. As imagens do modelo 3D e as imagens digitais das telerradiografias foram

combinadas virtualmente em um software especializado. Um sistema de navegação

ótico, com câmeras de vídeo e diodos emissores de luz (LED, ligh-emitting diodes)

atados à cabeça, à mandíbula e à peça de mão, foram usados para definir a

movimentação do conjunto. O erro decorrente da transformação do guia em imagem

virtual 3D foi de 0,71mm (0,21-1,09mm) para o incisivo central superior direito,

0,62mm (0,04-1,69mm) para o segundo molar superior direito e 1,02mm (0,23-

1,47mm) para o segundo molar superior esquerdo. A partir destes dados, os autores

concluíram que esta filosofia de cirurgia virtual, baseada em duas telerradiografias e

da imagem tridimensional da arcada, tem suficiente acuracidade para o uso em um

sistema de navegação em cirurgia oral e maxilo-facial (TSUJI et al., 2006).

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81

3 DISCUSSÃO

As radiografias devem ser a primeira escolha de avaliação odontológica

(WHITE e PAE, 2009). Por outro lado, elas sofrem limitações inerentes às técnicas

de imagens planas, como distorção, magnificação e sobreposição de imagens

(SCARFE e FARMAN, 2008). A tomografia volumétrica (TV) também utiliza radiação

X e sensor digital plano, mas não apresenta essas deficiências. A TV também

permite diversas formas de visualização devido ao tratamento computacional dos

dados (SCARFE e FARMAN, 2008). Assim, a tomografia complementa as técnicas

radiológicas, mas apresenta custo mais elevado, sua disponibilidade ainda é

limitada, exige grande especialização da cirurgião-dentista e expõe o paciente a um

nível maior de radiação ionizante (CASAP et al., 2005; GARIB et al., 2007).

A tomografia volumétrica (TV) surgiu a cerca de 10 anos, enquanto que a

tomografia multislice (TM) foi desenvolvida a cerca de 30 anos, no final dos anos 70

do século passado. O princípio de produção de imagens é similar, exceto pelo tipo

de feixe de raios-X e sensor. Os dados de imagens de ambas as técnicas

tomográficas produzem imagens com reconstruções multiplanares e tridimensional

(GARIB et al., 2007; SCARFE e FARMAN, 2008).

A TM estava sendo amplamente utilizada na odontologia para diagnóstico e

planejamento de casos complexos, como é o caso de instalação de implantes

dentários. Recentemente, a TV tem substituído o uso da TM para aplicações

odontológicas (GARIB et al., 2007). Esse fato pode ser justificado pela elevada

qualidade das imagens obtidas, pelo menor custo e pela menor exposição aos raios-

X em relação a TM; principalmente pela melhoria dos equipamentos, otimização dos

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82

programas computacionais (ENCISO et al., 2003) e redução de custos provocado

por uma grande concorrência entre fabricantes (SCARFE e FARMAN, 2008).

A TV apresenta diversas aplicações, sendo que é freqüentemente estudada

para uso em cirurgia maxilo-facial (De Vos et al., 2009). Esse fato é atribuído à alta

resolução e à baixa distorção da TV (Yamamoto et al., 2003; Yashima et al., 2006).

A qualidade das imagens da TV e da TM pode ser considerada similar para

uso odontológico (HASHIMOTO et al., 2007; MISCHKOWSKI et al., 2007a), sendo

que o grande número de fabricantes e as diferenças de especificação impedem uma

conclusão universal. Por outro lado, a substituição da TM pela TV parece ser

inevitável, principalmente pela exposição inferior aos raios-X, cerca de 1/6 da TM

(GARIB et al., 2007). Lembrando que em alguns casos a exposição é inferior a um

levantamento periapical radiográfico e equivalente a cerca de 4 a 15 vezes o valor

de exposição de uma radiografia panorâmica (GARIB et al., 2007). Esse valor pode

variar ainda mais, de 5 a 74 vezes, dependendo da resolução e técnica exigida; mas

pode ser compensado pela grau de acuracidade obtida (SCARFE e FARMAN,

2008).

As técnicas cirúrgicas complexas têm evoluído substancialmente, dentre as

quais se destacam a cirurgia em campo fechado para instalação de implantes

dentários. O sucesso deste procedimento depende do diagnóstico, do planejamento

e da capacidade de realização do ato cirúrgico com referências confiáveis (Van

STEENBERGHE et al., 2005).

A cirurgia em campo fechado para instalação de implante preserva a

circulação, a arquitetura de tecido mole e o volume de tecido ósseo. Ela também

diminui o tempo de cirurgia, possibilita restabelecer a higiene oral habitual e,

principalmente, aumenta o conforto do paciente (SCLAR, 2007). O sucesso desta

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técnica com uso de radiografias e de sondagem de mucosa atinge cerca de 91%

(ROCCI et al., 2003), mas com uso de tomografia linear para os casos mais críticos,

pode chegar a 99% (BECKER et al., 2005).

A TV começa a ser amplamente utilizada em diagnóstico e planejamento de

atos operatórios do complexo maxilo-facial. Os dados de imagens também permitem

a produção de modelo estereolitográfico (protótipo) e de guia cirúrgico

estereolitográfico, bem como, se for feita durante o ato operatório, pode guiar a

cirurgia por navegação de imagem (cirurgia por estereotaxia ou CGE).

Um protótipo do tecido ósseo em tamanho real pode ser produzido por CAD

usando os dados das imagens da tomografia. Um equipamento de prototipagem

produz por deposição continuada de material químico de modo a produzir o modelo

anatômico exato e em escala real (ROSA et al., 2004). A acuracidade do protótipo

depende do tipo de cirurgia, do software e do sistema CAD (SADDY, 2006). Este

artefato pode ser usado para o planejamento, para pré-realização da cirurgia, para

pré-adaptação de biomateriais e materiais biocompatíveis, como implantes ou blocos

ósseos, e/ou para a construção de guia cirúrgico para cirurgia em campo fechado e

instalação imediata da prótese prevista (CURCIO et al., 2007). Neste último caso,

poderia ser denominada de cirurgia guiada por engenharia reversa com uso de

protótipo (CGP). O protótipo também pode ser usado para construir artefatos de

reconstrução decorrente de cirurgias com exérese utilizando a filosofia de

engenharia reversa (SINGARE et al., 2006).

A cirurgia estereolitográfica é usada exclusivamente para a instalação de

implantes, principalmente nos casos de uso de múltiplos implantes para a

reabilitação oral. Os dados da tomografia são manipulados em computador para

realização virtual da cirurgia. A manipulação de implantes com diferentes dimensões

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e posicionamento ideal permite a seleção e instalação mais convenientes do

implante na estrutura óssea preexistente. Os dados deste planejamento são

enviados para um laboratório de CAD para confeccionar o guia estereolitográfico.

Este guia é posicionado no arco dentário e estabilizado com pinos metálicos durante

o ato cirúrgico. Os implantes são instalados de acordo com os protocolos dos

prestadores de serviço e fornecedores de implantes e de utensílios cirúrgicos. Ao

final, os conectores protéticos são instalados e a prótese prevista é fixada

imediatamente (Van STEENBERGHE et al., 2005; SPECTOR, 2008).

A cirurgia por estereotaxia (CGE) é considerada o padrão ouro da cirurgia. Ela

foi inicialmente aplicada às técnicas de neurocirurgia (PEREIRA et al., 2005). Ela é

um tipo de cirurgia guiada que utiliza imagens intra-operatórias. As imagens para

viabilização da navegação assistida com uso de imagem em tempo próximo do real

(near-real-time image guidance) eram inicialmente produzidas pela técnica de

fluoroscopia. A TV tem se revelado uma substituta para a fluoroscopia. Pontos de

referência são instalados no paciente e no instrumental utilizado. Isto permite ao

operador um controle fino nas ações cirúrgicas. A navegação entre os tecidos se

torna quase perfeita, o que produz uma cirurgia menos invasiva e menos destrutiva

(PEREIRA et al., 2005; YU et al., 2009). Esta técnica, além de instalação de

implantes, também pode ser usada para a exérese de lesões e a remodelação

anatômica (MISCHKOWSKI et al., 2007b).

Uma nova técnica de cirurgia para uso na região maxilo-facial, cirurgia guiada

virtual CGV, foi descrita com uso de duas telerradiografias e a digitalização

tridimensional da arcada. A acuidade da técnica, o uso de equipamentos menos

sofisticados e o menor custo sugerem que esta também seja uma técnica importante

nos próximos anos (TSUJI et al., 2006).

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85

4 CONCLUSÃO

A radiografia panorâmica apresenta menor custo, baixo nível de exposição a

raios-X e é disponível em um grande número de clínicas radiológicas. A tomografia

não substitui a radiografia panorâmica para a avaliação inicial de uma cirurgia

maxilo-facial, mas a tomografia deve ser usada como técnica complementar mais

sofisticada, pois não apresenta distorção, magnificação e sobreposição de imagens.

A tomografia volumétrica (TV) apresenta imagens similares ao da tomografia

multislice (TM) para diagnóstico odontológico, sendo que a TV expõe o paciente a

uma menor intensidade de raios-X. A acuracidade da TV pode apresentar erros

inferiores a 2mm; esse valor pode ser inferior a 1mm dependendo das

especificações e técnicas tomográficas usadas, o que permite amplo uso na

odontologia.

A TV é mais freqüentemente citada com aplicação em cirurgia. As técnicas

cirúrgicas têm evoluído, sendo que a de cirurgia em campo fechado está sendo

muito estudada. A TV pode ser usada para produção de guias para cirurgia fechada

usando três filosofias: guia por engenharia reversa com o uso protótipos, guia

estereolitográfico através de planejamento cirúrgico virtual e cirurgias por

estereotaxia. Esta última é considerada o padrão ouro da cirurgia fechada, pois é

guiada por imagens de tomografias intra-operatórias em tempo quase-real.

Page 86: Modelos de TCC Monografia Uso Da Tomografia de Feixe Conico Cone Beam Em Cirurgia Guiada

86

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Catalogação na fonte:Biblioteca “Sydnei Antonio Rangel Santos”

Universidade Tuiuti do Paraná

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guiada / Alvaro Luiz Mathias. – 2010. 93 f.

Orientadora: Ana Cláudia Galvão de Aguiar Koubik.

Monografia (Especialização) – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba,2010 / Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia.

1. Tomografia volumétrica. 2. Tomografia - feixe cônico. 3. cirurgia guiada. 4. cirurgia fechada. 5. implantodontia. I. Koubik, Ana Cláudia Galvão de Aguiar. II. Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia. III. Título.

CDD – 617.605