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Modelos determinísticos de trânsitos de potência Documento complementar à dissertação
José Iria – [email protected] - 10-03-2011
Modelo AC
Num estudo de trânsito de potência determinístico AC, as quantidades conhecidas são
a potência activa injectada (Pi) em todos os barramentos (PQ e PV) com excepção do
barramento de compensação, as potências reactivas injectadas para todas as cargas (PQ) e a
amplitude da tensão em todos os geradores. Ou seja, os dados iniciais do problema
correspondem às variáveis especificadas e podem ser enunciados pelo conjunto de equações
seguinte:
( )
( )
Onde:
barramentos
são a potência activa e potência reactiva injectada no barramento j
são a amplitude e o ângulo da tensão no barramento j.
As equações que exprimem no problema o equilíbrio de potência activa e reactiva em
coordenadas polares são dadas por:
∑ ( )
∑ ( )
Onde:
e são os elementos da parte real e imaginária da matriz das admitâncias nodais
(Y=G+jB).
O problema consiste assim no cálculo dos desvios de potência, correspondendo (1.5)
aos barramentos PV e PQ e (1.6) e para os barramentos PQ:
∑ ( )
∑ ( )
onde sp e calc representam, respectivamente, as potências especificadas e as potências
calculadas em cada iteração. Na solução óptima do problema do problema, (1.5) e (1.6)
corresponderão a um desvio nulo.
A primeira etapa da resolução consiste no cálculo das tensões nos barramentos. Esta é
a etapa mais demorada, pois as equações inerentes aos barramentos são não lineares o que
obriga à utilização de um processo iterativo. São conhecidos dois métodos que podem ser
utilizados na resolução desta etapa:
- Método de Gauss-Seidel formulado para a matriz Y e para a matriz Z;
- Método de Newton-Raphson [Tinney e Hart, 1967];
- Método Rápido de Desacoplamento [Stott e Alsac, 1972; 1974].
Em qualquer destes métodos é realizada uma estimativa para o valor inicial das
amplitudes de argumentos das tensões para a primeira iteração. O processo repete-se até que
se obtenha uma solução óptima ou próxima do óptimo que é função de critérios de
convergência definidos. Os critérios utilizados correspondem a (1.7) e (1.8) sendo
normalmente aceite que .
| |
| |
A segunda etapa da solução do problema de trânsito de potência permite obter a
potência injectada no barramento de compensação em função dos valores das amplitudes e
argumentos (1.3 – 1.4) das tensões. Finalmente, a terceira etapa permite o cálculo dos
trânsitos de potência nos ramos (1.9 – 1.10).
( )
( )
onde, , e, C representam respectivamente a resistência, a reactância e o contributo
da admitância shunt da linha j-k
O trânsito de potência AC pode ser descrito matematicamente pelo conjunto de
equações:
Onde:
Y representa o vector das variáveis de entrada do problema. Estas são as variáveis
especificadas para o sistema e correspondem à potência activa e potência reactiva injectadas
nos barramentos PQ, às amplitudes das tensões e potências activas injectadas nos
barramentos PV.
X representa o vector das variáveis de estado do problema. Estas variáveis são incógnitas e
correspondem às amplitudes e argumentos das tensões nos barramentos PQ, aos argumentos
das tensões e potências reactivas geradas nos barramentos PV.
Z corresponde ao vector das variáveis de saída do problema, ou seja trânsitos de potência
activa e reactiva nos ramos do SEE.
A solução de (1.11) terá de ser encontrada por um processo iterativo. Este ponto
corresponde à primeira etapa referida anteriormente. Sendo obtida a solução para as
variáveis de estado (X), a solução para (1.12) é imediata já que bastará substituir os valores
obtidos em (1.5) e (1.6).
Em cada interacção é calculado o erro associado derivado das estimativas que foram
realizadas inicialmente para as tensões nos barramentos. Sendo a solução obtida X’, as
diferenças calculam-se de acordo com (1.13). Este calculo corresponde às equações (1.5) e
(1.6).
Se for utilizado o método de Newton-Raphson, a expressão (1.11) é linearizada até X’
e a actualização (nova solução) é realizada de acordo com (1.14). O processo repete-se até
que (1.5-1.6) apresentem um valor abaixo do predefinido.
onde corresponde ao desvio entre a solução inicial e a nova solução com (inverso do
Jacobiano utilizado no Newton-Raphson) avaliado em X’. O processo iterativo continuará após
actualização dos valores das amplitudes e argumentos das tensões, sendo o novo ponto de
partida para a iteração seguinte (X’’) dado por (1.15):
Quando se atingir o critério de convergência terão início as etapas 2 e 3 referidas
anteriormente.
Modelo DC
Em redes de grande dimensão onde se deseja a obtenção dos fluxos de potência
activa de forma mais rápida, em vez de se usar o modelo AC, utiliza-se um modelo
simplificado, conhecido por modelo DC.
O Modelo DC permite linearizar as equações de trânsito de potência AC de Newton-
Raphson, descrevendo uma relação entre a potência injectada e a tensão nos nós.
No modelo DC, em todos os barramentos é conhecida a potência produzida, com
excepção do barramento de referência. O barramento de referência é o barramento de
origem das fases. Em todos os barramentos é conhecida a potência consumida.
O modelo DC apresenta as seguintes simplificações:
- Só é considerada a geração, produção e o trânsito de potência activa;
- As linhas e os transformadores são representados só pela sua reactância, ou
seja, a resistência é considerada nula tal como a admitância à terra;
- As tensões nos barramentos são aproximadamente 1 p.u;
- Desfasamentos pequenos entre barramentos .
As equações básicas do trânsito de potência determinístico, modelo DC podem ser
determinadas a partir do desenvolvimento das equações nodais .
∑
∑
∑
∑(
)
Definindo agora
∑
A expressão anterior poderá escrever-se:
∑( )
Matricialmente,
[ ] [ ] [ ]
Onde :
nb – Número de barramentos;
- Vector das potências injectadas (pu);
- Vector dos ângulos das tensões (radianos);
- Vector da parte imaginária da matriz das admitâncias (pu);
- Reactância da linha, entre o barramento j e k (pu).
Como o determinante de B é nulo, o sistema de equações é indeterminado,
reflectindo o facto de que é necessário definir a origem das fases. Fixando e
eliminando uma equação (em geral a correspondente ao barramento de referência), obtém-se
um sistema de equações resolúvel (1.25).
[ ̂] [ ̂] [ ̂]
A potência activa gerada no barramento de referência vem igual à diferença entre as
potências produzidas em outros barramentos e as potências consumidas no SEE. O vector do
argumento das tensões e o vector do fluxo de carga entre o barramento j e k são calculados,
respectivamente por (1.26) e (1.27).
[ ̂] [ ̂]
[ ̂]
Repare-se que o método apenas fornece valores para as fases das tensões e para os
trânsitos de potência activa nos ramos. Os módulos das tensões são supostos, como se disse,
iguais a 1 pu, e o trânsito de potência reactiva é desprezado. Não obstante estas limitações, o
método é utilizado industrialmente, seja quando só se pretendem resultados aproximados
(planeamento), seja quando é indispensável um modelo linear (certos problemas de
optimização).
Por outro lado, chama-se a atenção para o facto de, se a rede não se alterar mas se
quiserem estudar vários regimes de funcionamento (variação de cargas, diversos despachos),
não ser necessário inverter novamente a matriz. Torna-se assim muito fácil realizar estudos
sucessivos sobre a mesma rede.
Também é possível calcular directamente o trânsito de potência , com recurso à
matriz de sensibilidades (A) que se define em (2.28), onde relaciona a potência
transita no ramo j-k com a potência injectada no barramento i.
Sendo
[ ] [ ̂ ]
O trânsito de potência activa em cada ramo é determinado por:
[ ] [ ] [ ]
onde corresponde ao vector dos trânsitos de potência nos ramos e P corresponde ao vector
das potências injectadas.
Sobre a designação de modelo determinístico interessa referir que estes modelos são
designados desta forma por não considerarem directamente incerteza nos dados de entrada
do sistema eléctrico de energia. De facto, o estado do sistema corresponde a uma
“fotografia” tirada no tempo, ou e o que é mais vulgar, a um conjunto de valores
determinísticos fornecidos por um especialista. Como as variáveis de entrada estão
naturalmente sujeitas a incerteza (variações de carga ou variações de produção), o analista
tem de fazer um grande número de escolhas e em consequência executar um igualmente
grande conjunto de problemas de trânsito de potências se quiser considerar diversos alguns
cenários.
A necessidade de incluir incerteza em estudos de trânsito de potência levou à definição de
novas metodologias. Matematicamente existem dois tipos principais de formulações
considerando incerteza: os Trânsitos de Potência Probabilísticos e os Trânsitos de Potência
Difusos (ou possibilísticos).