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MODELOS MATEMÁTICOS PARA O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO E A EXPLORAÇÃO DE DIFERENTES TAXAS DE CRESCIMENTO
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1 Matemtica, doutorado em Matemtica Aplicada. Docente, Faculdade de Matemtica, Pontifcia UniversidadeCatlica de Campinas (PUC-Campinas). Campinas, SP, Brasil. 2 Discente, curso de Licenciatura em Matemtica, PUC-Campinas. Campinas, SP, Brasil. 3 Discente, curso de Anlise de Sistemas. PUC-Campinas. Campinas, SP, Brasil.
MODELOS MATEMTICOS PARA O CRESCIMENTODA POPULAO DO ESTADO DE SO PAULO
E A EXPLORAO DE DIFERENTESTAXAS DE CRESCIMENTO
Mathematical models for So Paulo population growthand the exploration of different growth rates
927Cincia & Educao, v. 17, n. 4, p. 927-940, 2011
Maria Beatriz Ferreira Leite1Gabriella Helena Jorge da Silva2
Livia Fernandes de Sousa3
Resumo: A utilizao de modelos matemticos que descrevem a evoluo temporal de populaes(crescimento ou decrscimo) pode ser extremamente til para a escolha de medidas preventivas e/oude controle. So muitas as ferramentas matemticas disponveis, e uma escolha adequada dependetanto do tipo de informaes disponveis quanto dos objetivos almejados. Buscando explorar conte-dos matemticos do Ensino Mdio, neste trabalho so apresentados alguns modelos matemticos quedescrevem o crescimento da populao do Estado de So Paulo, a partir da utilizao de diferentesfunes. Diferentes taxas de crescimento so exploradas, e as caractersticas e hipteses bsicas decada modelo proposto so apresentadas. Uma comparao quantitativa e qualitativa feita para validaros modelos obtidos.
Palavras-chave: Modelos matemticos. Dinmica populacional. Taxas de crescimento.
Abstract: The use of mathematical models which describe the evolution of populations through thetime (increase or decrease) can be very useful for making choices in preventing or controlling growth.There are so many mathematical tools available and an appropriate choice depends not only on theinformation but also on the expected goals as well. Aiming to explore mathematical ideas in highschool, in this work some models are presented to describe the increase of So Paulo States popula-tion, using different functions. Different growth rates are explored and the basic features and hypo-theses of each proposed model are presented. A quantitative and qualitative comparison is made tovalidate the obtained models.
Keywords: Mathematical models. Dynamics of population. Growth rates.
1 Rod. D. Pedro I, km 136 - Parque das UniversidadesCampinas, SP13.086-900
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Leite M. B. F.; Silva, G. H. J.; Sousa, L. F.
Cincia & Educao, v. 17, n. 4, p. 927-940, 2011
Introduo
Neste artigo so apresentados modelos matemticos que resultaram do desenvolvi-mento de um trabalho realizado no mbito da iniciao cientfica, envolvendo alunas de dife-rentes reas de conhecimento (dos cursos de Licenciatura em Matemtica e Anlise de Siste-mas). A proposta era trabalhar a contextualizao de contedos matemticos a partir da apli-cao da modelagem matemtica aliada utilizao de recursos computacionais. No caso daaluna do curso de Licenciatura em Matemtica, enfatizou-se a modelagem matemtica comoestratgia no processo de ensino e aprendizagem. Vale notar que diferentes abordagens para autilizao da modelagem como instrumento pedaggico so apresentadas na literatura, comoas perspectivas pragmtica e cientfica (KAISER, 1995) e sociocrtica (BARBOSA, 2003). Adiferena entre cada uma dessas perspectivas a forma como o processo de modelagem conduzido. Em linhas gerais, nas perspectivas pragmtica e cientfica, maior nfase dada construo dos modelos e aos contedos matemticos envolvidos. Por outro lado, na perspec-tiva sociocrtica, exploram-se mais as discusses que podem decorrer da anlise do problemaabordado. No escopo deste trabalho foi enfatizada a construo de modelos matemticos e aexplorao de contedos do Ensino Mdio, evidenciando, assim, a abordagem pragmtica ecientfica. A principal razo do enfoque assumido foi apresentar a modelagem matemticacomo uma estratgia para um ensino de Matemtica mais significativo, por meio da contextu-alizao de contedos matemticos na resoluo e anlise de problemas. Para a aluna do Cursode Anlise de Sistemas, a nfase foi dada na aplicao de recursos computacionais na resolu-o e simulao de modelos. A integrao das duas reas proporcionou um enriquecimentosignificativo do plano de trabalho de ambas as alunas, ampliando o carter especfico dosplanos de trabalho e viabilizando a prtica da interdisciplinaridade.
De maneira geral, os modelos matemticos podem ser elaborados a partir da utiliza-o de ferramentas matemticas distintas, dependendo das caractersticas dos problemas, dotipo de dados disponveis, tais como: equaes contnuas ou discretas, matrizes, conjuntosfuzzy, entre outras (BASSANEZI, 2002; EDELSTEIN-KESHET, 1988; BARROS; BASSA-NEZI, 2006). Exemplos de modelos matemticos aplicados a problemas ambientais que utili-zam contedos matemticos distintos so apresentados em Leite, Ferreira e Scrich (2009).
Buscando aplicar a modelagem matemticae trabalhar com contedos matemticoscompatveis com o currculo do Ensino Mdio, o tema abordado neste artigo foi DinmicaPopulacional. A descrio do tamanho de populaes ao longo do tempo, por meio de mode-los matemticos, pode ser bastante til no apenas para prever a evoluo populacional como,tambm, para possibilitar a anlise de fatores que contribuem na sua dinmica. A partir daanlise e simulao de modelos matemticos, possvel avaliar, por exemplo, quando umadeterminada populao corre risco de se extinguir, ou estimar o tempo necessrio para queatinja um determinado nvel e, desta forma, planejar aes adequadas. Contudo, nesta anlise,uma populao raramente pode ser considerada isolada de um biossistema, no qual vriaspopulaes se relacionam de diferentes formas. O estudo da dinmica populacional tambmpossibilita perceber como ocorreu o processo de evoluo na prpria construo dos modelosmatemticos, a partir de diferentes hipteses e suposies incorporadas.
Dentro deste vasto e abrangente assunto, escolheu-se modelar o crescimento da po-pulao do estado de So Paulo. Uma vez que o objetivo era contextualizar contedos mate-
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Modelos matemticos para o crescimento ...
mticos do Ensino Mdio, o crescimento desta populao foi modelado por trs tipos defunes: linear, exponencial e logstica. As taxas de crescimento foram calculadas consideran-do-se as caractersticas particulares e hipteses bsicas de cada tipo de modelo. Os grficos esimulaes foram feitos atravs dos softwares Winplot e Excel, tambm visando recursosacessveis para utilizao dos mesmos em sala de aula.
A modelagem matemtica e a elaborao dos modelos matemticos
O desenvolvimento do trabalho das alunas envolvidas baseou-se, essencialmente, namodelagem matemtica como metodologia. Inicialmente, ambas estudaram o processo demodelagem, suas etapas, caractersticas e exemplos de aplicaes. De modo geral, na modela-gem matemtica, aps a definio do tema, procede-se a coleta de dados. Quando no se temum problema a priori, a investigao sobre o tema possibilita que seja identificado e definidoum problema a ser abordado. Na fase denominada abstrao, as hipteses so formuladas, eassumidas as simplificaes que fundamentam a elaborao do modelo matemtico. A linhatracejada indica a retomada do processo, a partir de novos dados e/ou modificao das hip-teses. A Figura 1 sintetiza as etapas do processo.
Figura 1. Etapas do processo de modelagem matemtica.
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
Tema Coleta de dados Definio do problema Abstrao
Modelos temticosResoluoValidao
Dentre as diversas possibilidades que se apresentam no amplo e abrangente temaescolhido, Dinmica Populacional, optou-se pela anlise do crescimento da populao doEstado de So Paulo. Como a principal proposta do trabalho de iniciao cientfica era elabo-rar modelos matemticos para o Ensino Mdio, visando contextualizao de contedos euma aprendizagem mais significativa, optou-se por explorar o contedo de funes, usandodiferentes formulaes para descrever a evoluo da populao considerada. O principal ob-jetivo na construo de diferentes modelos foi enfatizar a flexibilidade da modelagem mate-mtica como estratgia de ensino, viabilizando a modificao de modelos por meio da incor-porao de novas hipteses.
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Os dados utilizados foram coletados no site da Fundao Sistema Estaduais de An-lise de Dados (SEADE, 2008). O ano de 1994 foi identificado como instante inicial (t=0) e,dessa forma, o ano de 2003 corresponde a t=9. Os valores da populao do Estado de SoPaulo nesse perodo esto na Tabela 1 e representados na Figura 2.
A seguir, so apresentados os modelos matemticos elaborados a partir da utilizaode trs tipos de funes: linear, exponencial e logstica. Buscou-se evidenciar como, a partir daincorporao de diferentes suposies e hipteses, a formulao dos modelos matemticospode evoluir. Vale observar que essa prtica no to simples e, em um primeiro contato com
Tabela 1. Populao do Estado de So Paulo.
Ano
1994199519961997199819992000200120022003
Tempo
0123456789
Nmero de habitantes
33.162.86233.486.39634.074.64434.581.83835.124.97936.276.63236.909.20037.542.52138.123.69538.718.301
Fonte: Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados (SEADE).
Figura 2. Populao do Estado de So Paulo de 1994 a 2003.
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
39.000.000
38.000.000
37.000.000
36.000.000
35.000.000
34.000.000
33.000.000
32.000.000
Popu
la
o to
tal
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ano
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a modelagem matemtica, muitas foram as dvidas apresentadas pelas alunas, tanto na prpriacontextualizao dos contedos matemticos como, tambm, na elaborao dos modelosmatemticos.
O modelo linear
No modelo linear, a suposio bsica que a variao do nmero total de indivduos constante. Em outras palavras, admite-se que o acrscimo (ou decrscimo) da quantidade deindivduos por unidade de tempo no varia com o tempo. Alm disso, supe-se que no hrestries nem tampouco limitaes para o crescimento (ou decrescimento), e, dessa forma, apopulao cresce (ou decresce) ilimitadamente.
A expresso geral que representa o nmero de indivduos N em funo do tempo tadmitindo-se crescimento linear dada por N = r t + N0, onde r a taxa de crescimento, t otempo e N0 a populao inicial.
Usando os dados apresentados na Tabela 1, consideramos N(0) = 33162862, quecorresponde populao total do Estado de So Paulo no ano de 1994. A estimativa da taxade crescimento
foi feita a partir da mdia da variao anual do nmero de indivduos (t = 1),conforme valores exibidos na Tabela 2.
r =N
t
r = = 617.2715.555.4399O valor mdio obtido foi de
A Figura 3 mostra o grfico da funo de primeiro grau que representa o ModeloLinear e os pontos originais apresentados na Tabela 1.
Tabela 2. Acrscimos anuais do nmero de indivduos noEstado de So Paulo
Tempo
0123456789
Populao Total
33.162.86233.486.39634.074.64434.581.83835.124.97936.276.63236.909.20037.542.52138.123.69538.718.301
Taxa de crescimento(nmero de habitantes/ano)
323.534588.248507.194543.141
1.151.653632.568633.321581.174594.606
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
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Vale observar que o mesmo resultado poderia ser obtido por meio do estudo de umaprogresso aritmtica (PA), possibilitando a explorao de outros contedos matemticos equi-valentes.
Entretanto, na modelagem de crescimento populacional, nem sempre razovel su-por que a quantidade de indivduos acrescida na populao constante. Esta suposio podeser vlida para um determinado perodo de tempo ou para alguma populao em particular.Admitindo que o nmero de indivduos que acrescido depende, por exemplo, do tamanho daprpria populao, o modelo linear no mais adequado. A seguir apresentamos outras possi-bilidades para modelar o crescimento populacional.
O modelo exponencial
No modelo exponencial, a hiptese bsica que a populao cresce sem qualquerrestrio, no admitindo fatores que regulam seu crescimento, tais como: epidemias, guerras,fome, entre outros. Supe-se que o nmero total de indivduos varia com o tempo, dependen-do da quantidade presente em cada instante. Admitindo-se que a taxa de crescimento cont-nua, o modelo exponencial descrito pela funo N = N0 e
rt , onde N0 a populao inicial, r a taxa de crescimento e t o tempo.
Figura 3. Modelo linear N = 617.217t + 33.162.862 para a populao do Estado de So Paulo.
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
Populao (n)
Tempo (t)
302010
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
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Modelos matemticos para o crescimento ...
A estimativa da taxa de crescimento foi feita considerando-se o crescimento relativoem cada ano, isto , comparando-se o acrscimo do nmero de indivduos em relao popu-lao anterior. Dois procedimentos distintos foram adotados para a obteno da taxa de cres-cimento r: uma mdia das taxas relativas anuais e a taxa relativa total do perodo, conforme oscasos a e b descritos a seguir.
a) Mdia das taxasA estimativa da taxa de crescimento, neste caso, foi feita considerando-se o cresci-
mento relativo em cada ano, isto , comparando-se o acrscimo do nmero de indivduos emrelao populao anterior.
Neste caso foram calculados os acrscimos relativos anuais e a taxa foi obtida consi-derando-se a mdia dos acrscimos relativos no perodo, conforme valores mostrados na Ta-bela 3.
Assim, obtemos
b) Taxa total Neste caso foi obtido o acrscimo relativo total do perodo,
e a taxa de crescimento resultante foi de .
A Figura 4 mostra o grfico da funo exponencial e os pontos originais apresentadosna Tabela 1.
= = = 0,1675Nfinal - Ninicial
Nnicial
NN
38.718.301 - 33.162.862 33.162.862
r = = 0,0174 .0,15649
r = r = 0,01860,16759
Tabela 3. Acrscimos relativos anuais do nmero deindivduos no Estado de So Paulo.
Tempo
0123456789Total
Populao Total
33.162.86233.486.39634.074.64434.581.83835.124.97936.276.63236.909.20037.542.52138.123.69538.718.301
Crescimento relativo
0,00980,01760,01490,01570,03280,01740,01720,01550,01560,1564
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
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importante ressaltar que foi admitido crescimento contnuo e, por isso, a funoexponencial considera a base natural e. Entretanto, tambm possvel trabalhar, por exemplo,com o crescimento anual (ou mensal) e, com isso, explorar diferentes bases para as funesexponenciais do tipo N = N0 a
rt. Novamente, vale observar que possvel tambm, a partir dasmesmas hipteses, explorar o estudo de uma progresso geomtrica (PG).
Como o modelo exponencial no prev qualquer tipo de inibio para o crescimentopopulacional, o mesmo pode no ser adequado para representar o que ocorre em muitaspopulaes em longo prazo. Em muitas situaes, razovel considerar que o crescimento dapopulao inibido por fatores como: falta de espao, escassez de alimentao, etc. Em outraspalavras, pode-se supor que a taxa de crescimento populacional diminui com o crescimento dapopulao, e que existe uma capacidade mxima sustentvel para essa populao. Vrios mo-delos matemticos podem representar essa hiptese, como, por exemplo, o modelo Logstico,que descrito a seguir.
O modelo logstico
A formulao do modelo logstico supe que a populao sofre inibies naturais noseu crescimento. Em outras palavras, admite-se que a taxa de crescimento decresce com apopulao. Para pequenas quantidades de indivduos, quando no h escassez de recursos, o
Figura 4. Modelos exponenciais para os casos (a) e (b) descritos acima.
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
Populao (n)
Tempo (t)
302010
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
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modelo comporta-se de forma anloga ao modelo exponencial. medida que a populaocresce, a competio entre os indivduos faz com que a taxa de crescimento diminua, emborao nmero de indivduos continue crescendo. Neste modelo, admite-se que h um nvel popu-lacional mximo, que descreve a capacidade suporte do meio. Uma vez atingido este nvel, apopulao seria estvel. A funo que descreve este modelo dada por
,
onde N o nmero de indivduos no instante t, K representa o valor-limite da popu-lao, N0 a populao inicial, r a taxa de crescimento, e t o tempo.
Para estimar qual seria esse valor-limite para a populao do Estado de So Paulo,utilizou-se o mtodo de Ford-Walford (BASSANEZI, 2002, p. 72). Para que este mtodofornea uma boa estimativa do valor de K, necessrio que sejam conhecidos nveis populaci-onais, no do incio do processo (onde o modelo funciona como o modelo exponencial), masvalores populacionais do perodo no qual a taxa de crescimento j comeou a diminuir. Obser-vando a Tabela 3, verifica-se que isto ocorre a partir de 1999 (t=5).
Basicamente, este mtodo supe que, uma vez em equilbrio, a populao no variamais, isto Nt+1 = Nt. Assim, a estimativa deste valor-limite pode ser obtida relacionando osvalores das populaes nos instantes t e t+1. A partir dos pontos obtidos, ajusta-se uma retaque descreve como as populaes consecutivas esto relacionadas Nt+1= f (Nt ) = aNt + b,conforme mostrado na Figura 5. Para encontrar o valor de equilbrio, basta determinar ainterseco desta reta com a bissetriz, uma vez que estamos supondo que, no valor-limite, apopulao no varia, isto Nt+1 = Nt .
Assim, nas estimativas dos valores de k e r para este modelo, consideramos os valorespopulacionais de 1999 a 2003 (ver Tabela 4).
Fazendo a interseco desta reta com a bissetriz, obtemos o valor-limite da populaoK = 2000000/(1 - 0,9729) = 73800738.
A estimativa da taxa de crescimento r foi feita com base nos valores do SEADE(2008) e na expresso do prprio modelo. Isolando-se o valor de r no modelo, obtemos
r = 1n1
tN0 ( - 1)
KN0 K - N0
Tabela 4. Valores utilizados nomtodo de Ford-Walford
t
5678
Nt36.276.63236.909.20037.542.52138.123.695
Nt+136.909.20037.542.52138.123.69538.718.301
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dadosda pesquisa.
N =K.N0
N0 + (K - N0). e-rt
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A Tabela 5 apresenta os valores obtidos para r a cada ano, a partir de 1999.
Figura 5. Reta ajustada para Nt+1 = f (Nt).
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa;
38.500.000
40.000.000
38.400.000
38.000.000
37.000.000
38.000.00037.500.00037.000.00036.500.00036.000.00036.800.000
37.200.000
38.800.000
38.600.000
38.200.000
37.800.000
37.600.000
37.400.000
Y = 0,9729x + 2E + 06R2 = 0,9996
O valor mdio obtido para o perodo considerado foi de 0,033821. Nos clculos esimulaes, o valor utilizado foi de 0,0338.
A Figura 6 mostra o grfico da funo obtida no Modelo Logstico e os pontosoriginais apresentados na Tabela 1.
Tabela 5. Estimativa da taxa decrescimento r para o modelo logstico
t
56789
Nt36.276.63236.909.20037.542.52138.123.69538.718.301
r
0,0338920270,03395809
0,0340111510,03369981
0,033542406
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados dapesquisa.
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Comparando os modelos
Uma comparao bsica entre os trs modelos propostos foi feita a partir do clculoda diferena entre os valores originais e os valores estimados. Os resultados esto na Tabela 6.
Figura 6. Modelo Logstico para a populao do Estado de SoPaulo.
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
Populao (n)
Tempo (t)
7060
70.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
N =(73.800.738) (33.162.862)33.162.862 + 40.637.876 e -0,0338 t
5040302010
50.000.000
60.000.000
Tabela 6. Diferena entre os valores obtidos pelos modelos e ovalores apresentados pelo SEADE (2008).
t
0123456789
NOBS - NLINEAR0
293.737322.760432.837506.96727.41542.71258.76222.665
01.707.855
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
NOBS - NEXP0
258.549262.601358.104428.23899.37696.95184.1347.829
66.5851.662.367
NOBS - NLOG0
294.684326.423440.636519.972
8.48717.50127.26214.77242.668
1.692.405
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Nota-se que, para os valores no perodo de 1994 a 2003, o modelo que mais seaproxima dos dados observados o exponencial (a soma das diferenas a menor). Entretan-to, sabe-se que o crescimento ilimitado no razovel em longo prazo, o que faria com quefosse descartado tanto o modelo linear quanto o exponencial para projees populacionaisfuturas. Alm disso, observa-se que o erro do modelo logstico proposto se aproxima do errodo modelo exponencial e contempla a questo da populao-limite.
Outra forma de validar os modelos propostos comparar o valor obtido por meiodas funes com valores reais. Por exemplo, para o ano de 2007 (t=13), o valor fornecido peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2009) foi de 39.827.570. Na Tabela 7,as diferenas das estimativas de cada modelo so apresentadas.
Para este valor do tempo t, o erro cometido atravs do modelo linear novamente omenor e est prximo do modelo logstico, que contempla a hiptese de a populao ter umacapacidade-limite. Para projees em curto prazo, tanto o modelo linear como o exponencialso adequados, mas, pelo fato de admitirem um crescimento ilimitado, espera-se que, medidaque o tempo passe, a estimativa atravs do modelo logstico seja mais razovel, e o errocometido menor.
Vale observar ainda que muitos outros modelos populacionais podem ser elaboradosa partir da incorporao de novas suposies. O objetivo aqui foi sem avanar em contedosmatemticos do Ensino Superior aplicar o estudo de funes e explorar o conceito de taxasa partir de diferentes hipteses.
Comentrios finais
A elaborao dos modelos matemticos apresentados proporcionou, alm do apro-fundamento dos conhecimentos especficos das alunas envolvidas, a vivncia do trabalhointerdisciplinar e em equipe. Neste sentido, vale ressaltar como a modelagem matemtica,como estratgia pedaggica (por ser naturalmente interdisciplinar), proporciona e viabiliza aprtica da interdisciplinaridade e facilita a contextualizao de contedos matemticos. Cabeainda observar que, como trabalho de pesquisa no mbito da Iniciao Cientfica, foi utilizadaa metodologia da modelagem matemtica, proporcionando a experimentao de todo o pro-
Tabela 7. Estimativas e o erro cometido para a populao do Estadode So Paulo, em 2007, atravs dos modelos propostos.
N (13) NIBGE N(t)
Linear
41.187.3851.359.815
Fonte: Leite, Silva e Sousa, dados da pesquisa.
Exponencial
41.580.4721.752.905
Logstico
41.236.8851.409.315
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Modelos matemticos para o crescimento ...
cesso, desde a coleta de dados at a anlise e validao dos modelos obtidos. Particularmentepara o modelo logstico, vale enfatizar a importncia das simulaes (atravs da opo deanimaes) realizadas no Winplot. S a partir destas simulaes foi possvel inferir sobre ovalor ideal da taxa de crescimento para este modelo (que se mostrava em torno de 0,0335), ebuscar uma forma de obt-la a partir dos dados experimentais. Alm disso, foi possvel encon-trar uma justificativa matemtica para isto de acordo com as suposies do modelo (que, nocaso, foi considerar os dados referentes ao perodo no qual a taxa de crescimento comea adiminuir). Outro aspecto relevante do trabalho com a modelagem matemtica a possibilida-de que ela traz para que sejam explorados e, at mesmo, construdos, mesmo que intuitiva-mente, importantes conceitos matemticos. Por exemplo, apesar de este trabalho no abordarcontedos do Ensino Superior, o estudo das taxas de crescimento possibilita a introduo doconceito de derivada, a partir da anlise da variao do tamanho da populao.
Evidencia-se, tambm, como a construo de modelos matemticos possibilita a inte-grao entre pesquisa e ensino, uma vez que, na modelagem matemtica, a prtica da investi-gao indispensvel e foi amplamente explorada no trabalho desenvolvido com as alunas,frente s dvidas e questionamentos apresentados. De fato, para Biembengut (2004, p. 23):
Como essencialmente um mtodo de pesquisa, no Ensino, a modela-gem matemtica pode tornar-se caminho para despertar no aluno inte-resse por assuntos de matemtica e, tambm, de alguma rea da cin-cia que ainda desconhea ao mesmo tempo em que ele aprende a artede modelar, matematicamente.
A modificao dos modelos a partir da incluso de novas suposies e hipteses,compreendendo seus significados e suas implicaes, caracteriza um importante aspecto damodelagem matemtica que, no escopo deste trabalho, foi bastante explorado e indiscutivel-mente colaborou para que ricas e produtivas discusses surgissem. Com a incorporao dediferentes caractersticas, a modificao dos modelos matemticos foi tambm essencial parapropiciar uma viso dinmica do processo de ensino, na qual os contedos matemticos noso vistos como prontos e acabados, mas como ferramentas de anlise, teis e flexveis, quepodem ser adaptadas e aplicadas em diferentes contextos.
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Leite M. B. F.; Silva, G. H. J.; Sousa, L. F.
Cincia & Educao, v. 17, n. 4, p. 927-940, 2011
Artigo recebido em 22/09/2010. Aceito em 26/03/2011.
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