113
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Gil Augusto de Carvalho PROPOSTA DE MODERNIZAÇÃO EM INSTALAÇÃO INDUSTRIAL DE MOAGEM DE ESCÓRIA Taubaté - SP 2012

Modernização de Moagem de Escória - bdtd.unitau.br · process, focused on implementation of an automation architecture with remote operation ... Figura 26 - Tela do ambiente de

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE DE TAUBAT

    Gil Augusto de Carvalho

    PROPOSTA DE MODERNIZAO EM INSTALAO

    INDUSTRIAL DE MOAGEM DE ESCRIA

    Taubat - SP

    2012

  • Gil Augusto de Carvalho

    PROPOSTA DE MODERNIZAO EM INSTALAO

    INDUSTRIAL DE MOAGEM DE ESCRIA

    Dissertao apresentada para obteno do Ttulo de Mestre pelo Curso de Ps-graduao do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade de Taubat, rea de Concentrao: Automao Orientador: Prof. Dr. Francisco Carlos Parquet Bizarria Co-orientador: Prof. Dr. Jos Walter Parquet Bizarria

    Taubat SP 2012

  • Carvalho, Gil Augusto de Proposta de modernizao em instalao industrial de moagem de

    escria / Gil Augusto de Carvalho. 2012. 112 f.: il.

    Dissertao (Mestrado) Universidade de Taubat, Departamento

    de Engenharia Mecnica, 2012 Orientao: Prof. Dr. Francisco Carlos Parquet Bizarria,

    Departamento de Engenharia Mecnica. Co-orientao: Prof. Dr. Jos Walter Parquet Bizarria, Departamento de Engenharia Mecnica.

    1. Automao. 2. Fbrica de Cimento. 3. Moagem de Escria.

    I. Ttulo.

  • GIL AUGUSTO DE CARVALHO

    PROPOSTA DE MODERNIZAO EM INSTALAO INDUSTRIAL DE MOAGEM

    DE ESCRIA

    Dissertao apresentada para obteno do Ttulo de Mestre pelo Curso de Ps-graduao do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade de Taubat, rea de Concentrao: Automao

    Data: 16/02/2012

    Resultado:_________________

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Francisco Carlos Parquet Bizarria Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. Dr. Jos Walter Parquet Bizarria Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. Dr. Viktor Pastoukhov Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. Dr. Alfredo Rocha de Faria DCTA / ITA

    Assinatura __________________________________

  • Dedico este trabalho minha famlia pelo apoio e incentivo incondicional

    recebidos durante a realizao do curso de mestrado.

  • AGRADECIMENTO

    Ao professor Dr. Francisco Carlos Parquet Bizarria, pelo profissionalismo,

    competncia e comprometimento na conduo da orientao deste trabalho.

  • RESUMO

    Este trabalho apresenta uma proposta de modernizao para instalao industrial de

    moagem de escria em uma fbrica de cimento, com atualizao tecnolgica

    (retrofit) nos principais componentes do referido processo, voltada para a

    implementao de uma arquitetura de automao com operao remota. Atualmente

    a instalao dessa moagem ainda utiliza a tecnologia da dcada de sessenta e no

    est automatizada, estabelecendo situao que exige a realizao de ajustes

    manuais para o seu funcionamento. Alm disso, a planta est desprovida de sistema

    para a superviso remota da operao. A continuidade dessa situao tem potencial

    suficiente para comprometer a segurana, prejudicar a produo e aumentar o nvel

    de estresse fsico e psicolgico dos operadores. Nesse contexto, este trabalho

    prope uma arquitetura de automao para realizar a superviso, o comando e a

    operao remota da instalao, a qual baseada em soluo tcnica moderna,

    inovadora e de investimentos moderados. A validao do sistema proposto

    realizada por meio de testes em prottipo que adota os principais componentes da

    aludida arquitetura. Os resultados satisfatrios obtidos nos testes realizados indicam

    que a proposta apresentada neste trabalho vivel e adequada para a finalidade

    que se destina.

    Palavras-chave: Automao. Fbrica de Cimento. Moagem de escria. Modernizao.

  • ABSTRACT

    This paper presents a proposal for upgrading the mill slag industrial facility in a

    cement plant, with technology upgrade (retrofit) of the main components of that

    process, focused on implementation of an automation architecture with remote

    operation. Currently the installation of this mill still uses the technology of the sixties

    and is not automated, a situation that requires manual adjustments to its operation.

    Besides, the plant is devoid of a system for remote monitoring of that operation. The

    continuation of this hazardous situation has potential to compromise safety, crippling

    production and increasing the level of physical and psychological stress of workers.

    In this context, this work proposes an automation architecture to perform supervision,

    control and remote operation of the facility, which is based on modern technical

    solution, innovation and moderate investments. The validation of the proposed

    system is performed by testing prototype that takes the main components of the

    aforementioned architecture. The good results obtained indicate that the proposal

    presented is feasible and appropriate for the purpose intended.

    Keywords: Automation. Cement Factory. Grinding slag. Modernization.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Diagrama de um processo de moagem de escria em circuito aberto ...... 24

    Figura 2 - Princpio de funcionamento da balana dosadora de correia ................... 25

    Figura 3 - Balana dosadora de correia .................................................................... 26

    Figura 4 - Vista interna do moinho ............................................................................ 27

    Figura 5 - Componentes do acionamento do moinho ................................................ 28

    Figura 6 - Funcionamento do filtro de mangas .......................................................... 29

    Figura 7 - Diagrama do funcionamento do reostato lquido ....................................... 30

    Figura 8 - Reostato lquido - Arrancador ................................................................... 31

    Figura 9 - Pirmide da automao ............................................................................ 33

    Figura 10 - Nveis 1, 2 e 3 da pirmide de automao .............................................. 34

    Figura 11 - Tipos de IHM dedicadas ......................................................................... 35

    Figura 12 - Janela de um sistema SCADA ................................................................ 36

    Figura 13 - Janela em construo no SCADABR. ..................................................... 37

    Figura 14 - Janela de configurao do SACADABR. ................................................ 39

    Figura 15 - Meio fsico a dois fios para protocolo Modbus ........................................ 41

    Figura 16 - Microcontrolador CUBLOC CB-280 ........................................................ 42

    Figura 17 - Estrutura de um controlador lgico programvel .................................... 43

    Figura 18 - Mdulo de entrada optoisolador .............................................................. 45

    Figura 19 - Mdulo de sada a rel ............................................................................ 45

    Figura 20 - Mdulo de sada a TRIAC ....................................................................... 46

    Figura 21 - Mdulo de sada a transistor ................................................................... 46

    Figura 22 - Exemplos de linguagens de CLP ............................................................ 47

    Figura 23 - Ciclo de execuo das atividades do CLP .............................................. 48

    Figura 24 - Ilustrao de um CLP tradicional comparado ao CUBLOC ..................... 49

    Figura 25 - Comparao entre sistema monotarefa e sistema multitarefa ................ 50

    Figura 26 - Tela do ambiente de desenvolvimento integrado Cubloc Studio ............ 51

    Figura 27 - Formas de energia em um sensor .......................................................... 52

    Figura 28 - Elementos de comando .......................................................................... 53

    Figura 29 - Sensor fim de curso mecnico ................................................................ 54

    Figura 30 - Modo de atuao de um sensor indutivo ................................................ 54

    Figura 31 - Sensor de proximidade indutivo .............................................................. 55

    Figura 32 - Pressostato industrial .............................................................................. 55

    Figura 33 - Chave de fluxo industrial ......................................................................... 56

    Figura 34 - Termostatos industriais ........................................................................... 56

    Figura 35 - Chave de nvel com haste e flutuador ..................................................... 57

    Figura 36 - Clula de carga industrial ........................................................................ 58

    Figura 37 - Tacogerador ............................................................................................ 58

    Figura 38 - Sensor de temperatura tipo PT-100 ........................................................ 59

    Figura 39 - Transformador de corrente ..................................................................... 59

    Figura 40 - Transdutor de potncia ........................................................................... 60

  • Figura 41 - Desenho explodido de motor eltrico trifsico de gaiola ......................... 62

    Figura 42 - Exemplo de digitalizao e linearizao de sinais .................................. 63

    Figura 43 - Diagrama do processo de moagem de escria ....................................... 65

    Figura 44 - Mapa mental do sistema de controle da moagem de escria ................. 70

    Figura 45 - Diagrama da arquitetura de automao proposta ................................... 73

    Figura 46 - Arquitetura do sistema de acionamento do motor de anis .................... 74

    Figura 47 - Arquitetura do sistema de dosagem de escria ...................................... 77

    Figura 48 - Prottipo para superviso, controle e processo ...................................... 80

    Figura 49 - Vista do prottipo para o sistema de acionamento do motor de anis .... 82

    Figura 50 - Vista do prottipo para o sistema de dosagem ....................................... 83

    Figura 51 - Fluxograma de partida do motor com reostato lquido ............................ 88

    Figura 52 - Fluxograma de parada do motor com reostato lquido ............................ 89

    Figura 53 - Fluxograma do funcionamento da balana dosadora ............................. 93

    Figura 54 - Janela de interface do sistema de acionamento do motor de anis ....... 95

    Figura 55 - Janela de interface do sistema de dosagem ........................................... 96

    Figura 56 - Janela geral de interface grfica ............................................................. 99

    Figura 57 - Mdulo experimental utilizado para o sistema do motor de anis ......... 100

    Figura 58 - Simulao da atuao da proteo do disjuntor do motor de anis ...... 101

    Figura 59 - Efeito da atuao da proteo do disjuntor ........................................... 102

    Figura 60 - Simulao de variao de temperatura do motor de anis ................... 103

    Figura 61 - Confirmao da alterao de temperatura do motor de anis .............. 103

    Figura 62 - Mdulo experimental utilizado para a dosagem de escria .................. 104

    Figura 63 - Simulao da atuao de chave de bloqueio da balana ..................... 105

    Figura 64 - Efeitos da atuao da chave de bloqueio da balana ........................... 105

    Figura 65 - Simulao de peso e velocidade da balana dosadora ........................ 106

    Figura 66 - Efeitos das alteraes de peso e velocidade ........................................ 107

    Figura 67 - Testes com os dois controladores Cubloc conectados ......................... 108

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Entradas e sadas do processo ................................................................ 67

    Tabela 2 - Requisitos lgicos da arquitetura ............................................................. 68

    Tabela 3 - Requisitos fsicos da arquitetura .............................................................. 71

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABCP Associao Brasileira de Cimento Portland

    ASCII American Standard Code for Information Interchang

    API Application Programming Interface

    CA Corrente Alternada

    CCM Centro de Controle de Motores

    CH Computador Hospedeiro

    CLP Controlador Lgico Programvel

    DTE Data Terminal Equipment

    DCE Data Communication Equipment

    EIA Electronic Industries Alliance

    FBD Function Block Diagram

    FET Field Effect Transistor

    Hz Hertz (unidade de freqncia)

    IDE Integrated Development Enviroment

    IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers

    IHM Interface Homem-Mquina

    IL Instruction List

    LD Ladder Diagram

    LED Light Emitting Diode

    OSI Open System Interconection

    MODBUS Serial communications protocol published by Modicon

    RAM Random Access Memory

    RETROFIT Melhorar, Aperfeioar e Modernizar

    RTU Remote Terminal Unit

    SCADA Supervisory, Control and Data Acquisition

    TAG Name, identification

    TRIAC Triode for Alternating Current

    ULA Unidade de Lgica e Aritmtica

    USB Universal Serial Bus

    www world wide web

    http://en.wikipedia.org/wiki/Communications_protocolhttp://en.wikipedia.org/wiki/Modicon

  • SUMRIO

    CAPTULO 1 - INTRODUO .................................................................................. 14

    1.1 Descrio do problema ................................................................................. 14

    1.2 Soluo proposta .......................................................................................... 15

    1.3 Objetivos do trabalho .................................................................................... 15

    1.4 Mtodo .......................................................................................................... 15

    1.5 Reviso bibliogrfica ..................................................................................... 16

    1.6 Estrutura do trabalho .................................................................................... 21

    CAPTULO 2 - CONCEITOS BSICOS .................................................................... 23

    2.1 Processo de moagem de escria ................................................................. 23

    2.1.1 Diagrama do processo da moagem de escria em circuito aberto ............... 24

    2.1.2 Sistema de dosagem de matria-prima ........................................................ 25

    2.1.3 Moagem do material ..................................................................................... 26

    2.2 Retrofit .......................................................................................................... 32

    2.3 Arquitetura da automao industrial ............................................................. 32

    2.4 Sistema de superviso ................................................................................. 34

    2.4.1 Sistema de superviso SCADABR ............................................................... 36

    2.5 Redes de comunicao de dados ................................................................ 38

    2.5.1 Especificao de uma rede de automao ................................................... 39

    2.6 Microcontrolador ........................................................................................... 42

    2.7 Controlador lgico programvel .................................................................... 43

    2.7.1 Linguagens de programao de CLP ........................................................... 46

    2.7.2 Programa de instrues de uso interno ........................................................ 48

    2.7.3 Ciclo de execuo das atividades................................................................. 48

    2.8 Sistema CUBLOC ......................................................................................... 49

    2.9 Sensores ...................................................................................................... 51

    2.9.1 Sensores digitais .......................................................................................... 53

    2.9.2 Sensores analgicos .................................................................................... 57

    2.9.3 Caractersticas de sensores ......................................................................... 60

    2.10 Atuadores ..................................................................................................... 61

    2.11 Conversores analgico/digital e digital/analgico ......................................... 63

  • CAPTULO 3 - DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ............................................ 64

    3.1 Elaborao do diagrama da planta ............................................................... 64

    3.2 Adaptaes necessrias aos equipamentos ................................................ 65

    3.3 Requisitos lgicos e fsicos ........................................................................... 68

    3.4 Arquitetura proposta ..................................................................................... 72

    3.4.1 Arquitetura do sistema de acionamento do motor de anis .......................... 73

    3.4.2 Arquitetura do sistema de dosagem de escria ............................................ 76

    3.5 Prottipo ....................................................................................................... 79

    3.5.1 Prottipo para o sistema de acionamento do motor de anis ....................... 81

    3.5.2 Prottipo para o sistema de dosagem de escria ......................................... 82

    3.6 Programas de gerenciamento ...................................................................... 83

    3.6.1 Algoritmo para acionamento do motor de anis ........................................... 84

    3.6.2 Algoritmo para o sistema de dosagem de escria ........................................ 90

    3.7 Interfaces grficas ........................................................................................ 94

    3.7.1 Interface grfica do sistema de acionamento do motor de anis .................. 94

    3.7.2 Interface grfica do sistema de dosagem de escria.................................... 96

    3.7.3 Interface grfica geral de todo o sistema ...................................................... 98

    3.8 Testes ........................................................................................................... 99

    3.8.1 Testes do sistema de acionamento do motor de anis ............................... 100

    3.8.2 Testes do sistema de dosagem de escria ................................................ 104

    3.8.3 Testes do conjunto da moagem ................................................................. 108

    CAPTULO 4 - CONCLUSES E TRABALHOS FUTUROS ................................... 109

    REFERNCIAS........................................................................................................ 110

  • 14

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    Esse captulo tem a finalidade de introduzir o leitor ao tema desse trabalho, o

    qual relativo modernizao de instalao de moagem de escria em uma fbrica

    de cimento. Com esse propsito inicialmente descreve-se o problema a ser

    resolvido, apresenta-se a soluo proposta para o mesmo, so citados os objetivos

    envolvidos nessa soluo, expe-se os mtodos utilizados na pesquisa, realizada

    a reviso bibliogrfica e por fim descreve-se a estrutura utilizada para a realizao

    do estudo.

    1.1 Descrio do problema

    Em uma indstria nacional de mdio porte, que atua no ramo da fabricao de

    cimento, h um processo de moagem de escria de alto forno de siderurgia, em

    circuito aberto, montado com a tecnologia da dcada de sessenta. Esse processo

    industrial no est automatizado e possui como principais componentes da linha de

    fabricao um moinho de bolas, acionado por um motor de anis, e uma balana

    dosadora de material, responsvel pelo suprimento de matria prima para o moinho.

    Atualmente a partida do motor do moinho desempenhada por meio de um reostato

    cuja comutao das resistncias realizada manualmente por ao do operador em

    volante mecnico no local de sua instalao. O sistema de dosagem de material

    para alimentao do moinho opera somente no modo manual, com variao da

    rotao da balana por meio de ajuste da freqncia, no local de instalao da

    balana, direto no inversor de freqncia da mesma. No obstante, os demais

    equipamentos do processo tambm so ligados, desligados e monitorados apenas

    do local onde esto instalados, na rea industrial. A continuidade dessa situao tem

    potencial suficiente para comprometer a segurana da operao por aes manuais

    sucessivas, prejudicar a qualidade do produto por falha de monitoramento, causar

    perda de produo por atrasos na tomada de aes e aumentar o nvel de estresse

    fsico e psicolgico dos operadores da linha de fabricao. Nesse sentido, cabe

    mencionar que as informaes sobre essa situao foram obtidas de modo informal

    com operadores e responsveis pelo aludido processo.

  • 15

    1.2 Soluo proposta

    Modernizar a instalao industrial da moagem de escria objeto desse

    estudo, com atualizao tecnolgica (retrofit) nos principais componentes do referido

    processo de forma a permitir a implementao de uma arquitetura de automao

    para sua operao em modo remoto.

    1.3 Objetivos do trabalho

    Propor arquitetura de automao para realizar a superviso, o comando e a

    operao remota da instalao de moagem de escria, baseada em soluo tcnica

    moderna, inovadora e de investimentos moderados.

    Validar o sistema proposto por meio da realizao de testes em prottipo de

    simulao da automao da planta, que adote os principais componentes da aludida

    arquitetura.

    1.4 Mtodo

    A pesquisa referente a este trabalho pode ser considerada de natureza

    aplicada, na busca de soluo para um problema especfico de modernizao de

    uma planta industrial. J a abordagem qualitativa considerando-se a busca de

    caractersticas que atendam aos requisitos da automao proposta no processo de

    modernizao. A modalidade experimental no que diz respeito aos testes

    efetuados em prottipo para validao do atendimento aos requisitos esperados e

    pode ser considerada tambm bibliogrfica pelo fato de se basear na coleta de

    dados j publicados sobre o assunto em questo, para as comparaes

    necessrias. Os dados utilizados foram pesquisados em livros, manuais de

    fabricantes de equipamentos que foram abordados neste trabalho, e, na rede de

    comunicao de alcance mundial (www - world wide web). Do ponto de vista dos

    objetivos a pesquisa se encaixa como exploratria, com procedimentos tcnicos de

    estudo de caso por se tratar de uma aplicao em uma rea industrial especfica na

  • 16

    qual o autor j trabalha h 27 anos. Quanto anlise pode-se considerar a mesma

    dedutiva dos dados, ou seja, a arquitetura proposta utiliza equipamentos e softwares

    j utilizados em outras aplicaes industriais (LAKATOS; MARCONI, 1991).

    1.5 Reviso bibliogrfica

    Este item tem como objetivo principal apresentar a reviso bibliogrfica de

    temas de outros autores que guardam relao com esse trabalho. Dessa forma so

    abordados a seguir temas introdutrios relativos ao processo e tecnologias utilizadas

    em instalaes industriais de moagem de escria, que uma parte do processo de

    fabricao de cimento.

    Ao efetuar pesquisa sobre o uso das escrias siderrgicas na construo civil,

    as quais so normalmente utilizadas como matrias-primas em moagens similares

    quela estudada neste trabalho, Battagin (2001) apresenta o assunto da seguinte

    forma:

    As primeiras referncias que se encontram na literatura sobre o emprego

    das escrias como aglomerante datam pelo menos de 1774 quando Loriot

    divulga o descobrimento das propriedades cimentcias das escrias em

    misturas de escria e cal. Posteriormente, Vicat, em 1818, observando a

    similaridade de composio entre a escria e o clnquer previu o seu

    emprego na indstria cimenteira antes que Joseph Aspdin homologasse a

    patente em 1824 do cimento Portland propriamente dito. Contudo, o grande

    impulso para o aproveitamento das escrias foi devido a Langen, na

    Alemanha em 1862, com o desenvolvimento da granulao da escria na

    sada do alto-forno, em investigaes efetuadas ainda em misturas de

    escria e cal. O primeiro cimento Portland com escria, em carter

    comercial, somente surgiria em 1882 na Alemanha, graas a Prussing, com

    utilizao de clnquer e escria modos conjuntamente. Em 1909, o Governo

    alemo oficializaria o uso de at 30% de escria no cimento e,

    posteriormente, em 1917, seria reconhecido um cimento com at 70% de

    escria. No Brasil, a fabricao de cimento Portland de alto-forno mais

    recente, com produo, em 1952, de 71765 toneladas de cimento, pela

    Cimento Tupi S.A., em Volta Redonda/RJ, com emprego de cerca de 21000

    toneladas de escria (BATTAGIN, 2001, pg. 9).

    ... As escrias possuem a capacidade de gerar por ativao ou combinao

    com a cal liberada pela hidratao do clnquer compostos com propriedades

  • 17

    aglomerantes similares aos gerados pelos cimentos Portland comum. As

    principais razes de utilizao na indstria cimenteira devem-se: ao seu

    baixo custo, pois constituem subprodutos industriais; diminuio do

    consumo energtico especfico da fabricao do cimento que esses

    materiais proporcionam, contribuindo para a economia de combustveis

    importados ou no; s propriedades especficas que acarretam ao cimento

    (baixo calor de hidratao, baixa permeabilidade, inibio da reao lcali-

    agregado, etc.), com aplicaes vantajosas sobre o cimento comum em

    obras, por exemplo, de barragens, canais de conduo de esgotos, obras

    sujeitas ao da gua do mar, etc.; a razes ecolgicas, com

    aproveitamento de rejeitos industriais poluidores, e; a razes estratgicas,

    evitando que as jazidas de calcrio sejam exauridas prematuramente.

    Atualmente de grande relevncia a adio de escria no cimento visando

    conservao ambiental. Efetivamente, a adio de 65% de escria reduz

    a energia gasta na produo de cimento de 3,53 GJ/t para 1,67 GJ/t, alm

    da diminuio das emisses de CO2. A escria granulada de alto-forno

    pode ser moda em conjunto ou em separado com o clnquer Portland

    desde que obedea s propores de 6% a 34% no cimento Portland

    composto (NBR11578) e de 35% a 70% no cimento Portland de alto-forno

    (BATTAGIN, 2001, pg. 10).

    As escrias provenientes dos processos siderrgicos so normalmente

    granuladas na sada do alto forno para facilitar a sua utilizao na indstria

    cimenteira e antes de integrar o cimento ainda preciso a passagem pelos

    processos de secagem e moagem at se atingir as especificaes necessrias. Com

    uma abordagem mais especfica sobre moagens e moinhos relacionados indstria

    cimenteira, Sanchez, Matsushita e Pons (1989), em seu livro sobre o tema, enfatiza

    o controle automtico das plantas industriais como imprescindvel na evoluo da

    indstria, conforme relatado a seguir:

    Denominamos cimentos misturados mistura de cimento portland com

    algum componente hidraulicamente ativo ou no, tal como a escria

    granulada de alto forno, pozolanas naturais ou artificiais, calcrio, etc. Estes

    cimentos tm obtido uma grande importncia devido a seu custo, aumento

    de capacidade do componente ativo, economia de energia e por suas

    propriedades (especialmente seu baixo calor de hidratao) (SANCHEZ;

    MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 229).

    Numa moagem em separado possvel obter a finura desejada da adio

    ativa, melhorando a qualidade do cimento e/ou otimizando a adio do

    componente ativo (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 231).

  • 18

    Com a evoluo de metas de aumento de produo e qualidade, alm do

    surgimento de novos produtos ao longo das ltimas dcadas, ficou

    evidenciado que o controle automtico de processos industriais tornou-se

    indispensvel na vida da indstria moderna. O controle automtico cada

    vez mais utilizado por aumentar a produtividade, baixando custos e

    eliminando erros introduzidos no processo por falha humana, realizando

    controles antes impossveis de serem efetuados manualmente. Atualmente,

    com a evoluo da eletrnica digital, produo em larga escala e baixo

    custo de circuitos micro processados, surge a possibilidade de se introduzir

    modelos matemticos que tem por objetivo otimizar determinados

    parmetros da planta (maximizao de produo, minimizao de consumo

    energtico, melhoria de ndices de qualidade, etc.), abrindo uma nova

    perspectiva dentro da rea de controle automtico de processos industriais.

    [...] Uma gama muito grande de variveis fsicas so sensoreadas e

    transmitidas nos mais diversos tipos de indstria. Alm disso, uma mesma

    varivel fsica pode ser sensoreada por dispositivos que se utilizam de

    diferentes princpios fsicos de medio (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS,

    1989, pg. 167).

    A rea de controle automtico de processos um dos campos mais

    complexos da engenharia. Um projeto completo nessa rea envolve

    conhecimento de sistemas de seqenciamento e intertravamento de

    maquinrios, acionamentos de alta e baixa potncia e velocidade fixa ou

    varivel, instrumentao, normas de segurana de instalao, definies de

    padres de comando para os comandos centralizados de motores (CCMs),

    etc. (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 192).

    Um dos principais campos de aplicao da eletrnica digital o do controle

    automtico de processos industriais. No incio da dcada de setenta, com o

    lanamento dos primeiros microprocessadores no mercado mundial de

    componentes eletrnicos, percebeu-se o grande potencial de aplicao

    desses circuitos digitais de alta tecnologia no campo da automao

    industrial. Assim vrios produtos novos foram desenvolvidos para essa rea,

    entre os quais se destacam os Controladores Programveis (CPs)

    (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 211).

    As balanas medidoras e/ou dosadoras de fluxo so utilizadas com muita

    freqncia em circuitos de cominuio de materiais, tanto no controle de

    estoques como na dosagem de matrias-primas. Esses equipamentos

    proporcionam os seguintes benefcios: melhoria e uniformidade da

    qualidade do produto; confiabilidade no controle de estoque; simplicidade de

    operao e manuteno; e maiores taxas de produo (SANCHEZ;

    MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 182).

  • 19

    Os sistemas gravimtricos baseiam-se no sensoreamento de deformaes

    elsticas, causadas pelo peso do material a ser medido, em estruturas

    mecnicas especialmente projetadas para essa finalidade, que so

    genericamente designadas de clulas de carga. As clulas de carga podem

    ser projetadas para diversos tipos de esforos mecnicos, tipo trao,

    compresso, toro, etc. (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg.184).

    primeira vista, uma comparao inicial de processos de moagem com

    outros processos industriais, tais como grandes laminadores, ferramentas,

    guindastes, ou ainda fbricas de papel, pode indicar que os sistemas de

    acionamento de processos de moagem so relativamente simples. Isso se

    aplica grande maioria dos acionamentos. Entretanto, em alguns

    equipamentos do processo, onde ocorre o consumo de grande parte da

    energia eltrica necessria para o funcionamento da instalao, surge a

    necessidade de uma engenharia de projeto altamente capacitada para se

    obter a otimizao do desempenho tcnico e econmico do sistema

    (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 186).

    Quando se deseja que um equipamento tenha uma partida suave, mtodos

    de partida mais sofisticados so utilizados mesmo quando as potncias

    nominais so baixas (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989, pg. 187).

    Os moinhos de bolas empregados em processos de fabricao de cimento

    trabalham com motores de potncias expressivas em seus eixos e na maioria das

    aplicaes utilizam, para acionamento, motores de rotor bobinado, tambm

    denominados de motores de anis, com um dispositivo especial de partida inserido

    no circuito do rotor. Um moinho de bolas exige na sua partida um conjugado elevado

    e ao mesmo tempo precisa manter a corrente eltrica em limites aceitveis devido

    potncia eltrica envolvida nessa operao. Fitzgerald, Kingsley e Kusko (1975) em

    seu livro de mquinas eltricas definem esse tipo de partida de motor conforme texto

    apresentado a seguir:

    Uma limitao bsica de motores de induo com resistncia de rotor

    constante que o projeto do rotor deve ser um compromisso. Um

    rendimento alto em condies de rotao normal exige uma baixa

    resistncia de rotor; mas uma baixa resistncia de rotor resulta, na partida,

    em um conjugado baixo e corrente alta, e num fator de potncia baixo. [...] O

    uso de um rotor enrolado um modo efetivo de evitar a necessidade de

    compromisso. Os terminais do enrolamento do rotor so ligados a anis

    coletores em contato com escovas. Para a partida, resistores adequados

    podem ser ligados em srie com os enrolamentos de rotor, e o resultado

    um conjugado de partida maior e uma corrente de partida reduzida, com um

    fator de potncia melhorado. Pelo uso do valor apropriado da resistncia de

  • 20

    rotor, pode-se fazer com que o conjugado mximo ocorra at na partida se

    for necessrio. Conforme o rotor acelera, as resistncias externas podem

    ser diminudas, tornando o conjugado mximo disponvel em toda a faixa de

    acelerao. [...] Para o funcionamento normal, o enrolamento do rotor pode

    ser curto-circuitado diretamente nas escovas (FITZGERALD; KINGSLEY;

    KUSKO, 1975, pg. 360).

    A automao industrial na maioria das aplicaes um assunto complexo em

    cujo projeto deve-se prever a realizao de vrias funes especficas para se

    atender s expectativas geradas. A estrutura que retrata os diferentes nveis dessa

    automao a arquitetura de automao e possui vrias camadas desde sua base,

    onde esto os dispositivos e componentes do cho de fbrica, at o nvel mais alto

    que, dependendo do projeto, pode chegar ao setor corporativo da empresa. Moraes

    e Castrucci (2010), em seu livro Engenharia de Automao Industrial, apresentam a

    seguinte abordagem do assunto:

    A palavra automao foi inventada pelo marketing da indstria de

    equipamentos na dcada de 1960. O neologismo, sem dvida sonoro,

    buscava enfatizar a participao do computador no controle automtico

    industrial. O que significa a automao, hoje? Entende-se por automao

    qualquer sistema apoiado em computadores, que substitua o trabalho

    humano em favor da segurana das pessoas, da qualidade dos produtos,

    da rapidez da produo ou da reduo de custos, assim aperfeioando os

    complexos objetivos das indstrias e dos servios. Exemplos: automao da

    minerao, da manufatura metlica, dos grandes processos qumicos

    contnuos, automao bancria, metroviria, aeroporturia.

    comum pensar que a automao resulta to somente do objetivo de

    reduzir custos de produo. Isso no verdade: ela decorre mais de

    necessidades tais como maior nvel de qualidade expressa por

    especificaes numricas de tolerncia, maior flexibilidade de modelos para

    o mercado, maior segurana pblica e dos operrios, menores perdas

    materiais e de energia, mais disponibilidade e qualidade da informao

    sobre o processo e melhor planejamento e controle da produo.

    A automao envolve a implantao de sistemas interligados e assistidos

    por redes de comunicao, compreendendo sistemas supervisrios e

    interfaces homem-mquina que possam auxiliar os operadores no exerccio

    da superviso e da anlise dos problemas que porventura venham a

    ocorrer.

    A vantagem de se utilizar sistemas que envolvam diretamente a

    informatizao a possibilidade da expanso utilizando recursos de fcil

    acesso; nesse contexto, so de extraordinria importncia os controladores

  • 21

    lgicos programveis (CLPs), que tornam a automao industrial uma

    realidade onipresente.

    Quando se visita uma instalao automatizada difcil distinguir as

    contribuies da engenharia, tanto de controle dinmico quanto a de

    controle lgico; o que se v so computadores de interface homem-

    mquina, cabos de sinal de energia e componentes fsicos de processo, tais

    como motores, vlvulas, tubulaes, tanques, veculos, etc. A rigor

    coexistem contribuies das duas especialidades de controle, assim como

    de outras engenharias (MORAES; CASTRUCCI, 2010, pg. 12).

    De maneira geral a automao est presente de forma incontestvel no s

    no setor industrial como tambm nos mais diversos seguimentos de nossa

    sociedade com um ritmo de evoluo impressionante. Todo esse desenvolvimento

    tecnolgico tem estado embasado na contribuio fundamental e expressiva da

    eletrnica digital e dos microprocessadores. J comum no cotidiano testemunhar

    lanamentos de microprocessadores cada vez mais desenvolvidos na capacidade de

    processamento de informaes, o que possibilita tambm evolues considerveis

    nos sistemas computadorizados. Tocci e Widmer (2000), em sua stima edio do

    livro Sistemas Digitais, afirmavam naquela ocasio o seguinte:

    No exagero dizer que o microprocessador e o microcomputador

    revolucionaram a indstria eletrnica e tiveram um enorme impacto em

    diversos aspectos de nossas vidas. O desenvolvimento de CIs de altssima

    densidade reduziu to drasticamente o tamanho e o custo dos

    microcomputadores que os projetistas rotineiramente consideram utilizar

    suas capacidades e versatilidade em uma grande variedade de produtos e

    aplicaes (TOCCI; WIDMER, 2000, pg. 511)

    1.6 Estrutura do trabalho

    O captulo 1 apresenta a descrio do problema, a soluo proposta, os

    objetivos do trabalho, o mtodo utilizado na pesquisa, a reviso bibliogrfica e a

    estrutura deste trabalho. O primeiro subitem desse captulo mostra a descrio do

    problema expondo a situao potencial de estresse a que esto submetidos os

    operadores da linha de produo diante da dificuldade de operao de uma planta

    construda com tecnologia da dcada de sessenta. No segundo subitem

    apresentada a soluo proposta para reverter as dificuldades operacionais citadas

  • 22

    na descrio do problema. Essa soluo baseada na modernizao da planta,

    para sua operao remota. J o terceiro subitem, relativo aos objetivos desse

    trabalho, est relacionado a uma proposta de arquitetura de automao cuja eficcia

    possa ser comprovada por meio de testes em prottipo. Esses objetivos visam o

    aumento da segurana operacional e conseqentemente a preservao fsica e

    psicolgica dos operadores envolvidos na operao do processo. No quarto subitem

    so apresentados os comentrios sobre os mtodos utilizados na pesquisa relativa a

    este trabalho. No quinto subitem apresentada a reviso bibliogrfica, com temas

    que guardam relao com os assuntos tratados neste estudo. O Captulo 1

    concludo com este sexto subitem, relativo estrutura, que mostra a forma de

    construo utilizada para apresentar os elementos que compem este documento.

    No captulo 2 so apresentados os conceitos bsicos sobre os principais

    termos abordados com as ilustraes pertinentes, os quais o leitor deve conhecer

    para compreender melhor os temas e as terminologias utilizadas na realizao

    desse trabalho.

    O captulo 3 faz a abordagem de todo o desenvolvimento do estudo

    mostrando a arquitetura de automao proposta, que composta pelos blocos de

    superviso, controle e processo. Na seqncia mostrada a arquitetura utilizada

    para o prottipo, os passos para os algoritmos dos principais equipamentos, com

    respectivos fluxogramas analticos e, finalizando o captulo, so apresentados os

    testes prticos realizados.

    O captulo 4 apresenta as concluses sobre os principais assuntos

    abordados, com nfase aos resultados dos testes prticos e citao de sugestes

    para trabalhos futuros.

  • 23

    CAPTULO 2 - CONCEITOS BSICOS

    Este captulo tem como objetivo principal apresentar, de forma sucinta e

    esclarecedora, os conceitos bsicos relativos terminologia e sistemas utilizados ao

    longo do desenvolvimento desse estudo. Nesse contexto so abordados temas

    relativos ao funcionamento do processo industrial, itens relativos modernizao de

    equipamentos, arquiteturas de automao, sistemas de superviso, redes de

    comunicao, microcontroladores, controladores lgicos programveis, sistema

    CUBLOC, sensores, atuadores e conversores relacionados a este trabalho.

    2.1 Processo de moagem de escria

    O processo de fabricao de cimento, tambm denominado de Cimento

    Portland, foi patenteado em 1824 por Joseph Aspdin. Esse processo utiliza

    basicamente como matria prima o calcrio complementado com argila, minrio de

    ferro e gesso. Em 1882 surgiu na Alemanha o primeiro Cimento Portland com

    escria em carter comercial. A partir de ento, passou-se a re-utilizar a escria de

    alto-forno siderrgico, at ento considerada resduo, como matria prima para a

    fabricao de cimentos compostos. A escria utilizada na composio do cimento

    um subproduto da fabricao do ferro gusa, obtido por resfriamento rpido e

    constitudo basicamente por slico-aluminatos de clcio e magnsio com

    propriedades hidrulicas latentes (BATTAGIN, 2001, 2009).

    A escria de alto-forno de siderurgia, para ser utilizada na fabricao do

    cimento, normalmente precisa passar pelos processos industriais de secagem e

    moagem. Pode-se moer a escria de forma independente para se misturar a

    mesma, em uma fase posterior, aos demais componentes do cimento, devidamente

    preparados, ou pode-se moer a escria j em conjunto com esses componentes. O

    processo de moagem de escria pode ainda trabalhar em circuito aberto ou em

    circuito fechado dependendo da utilizao ou no de equipamento separador. A

    instalao de moagem, objeto desse estudo, foi projetada para produo em um

    circuito aberto. Os conceitos relativos aos componentes envolvidos nesse processo

    so mencionados nos subitens seguintes.

  • 24

    2.1.1 Diagrama do processo da moagem de escria em circuito aberto

    Moagem em circuito aberto significa que o material passa uma s vez atravs

    do moinho, com tempo de residncia tal que se consegue reduzir o tamanho das

    partculas da matria prima at a finura desejada.

    A Figura 1 mostra o diagrama bsico tpico de um processo industrial de

    moagem de escria, em circuito aberto, similar ao utilizado para este estudo.

    Figura 1- Diagrama de um processo de moagem de escria em circuito aberto

    O processo se inicia com a matria prima depositada em um sistema de

    estocagem (A), proveniente do processo anterior, que normalmente um processo

    de secagem de escria. O material estocado extrado para um sistema de

    dosagem (B). Uma vez dosado, o material segue em um sistema transportador

    aberto (C) para a fase de moagem (D) onde tem seu tamanho reduzido da ordem de

    at 600 vezes em relao ao tamanho original. O material modo ento

    encaminhado fase seguinte do processo, que normalmente a estocagem de

    material modo, por meio de um transportador fechado (E). O processo possui ainda

    um circuito de exausto e filtragem do ar quente (F) proveniente da fase de

    moagem. O material coletado no sistema de filtragem retorna ao processo por meio

    do transporte de material modo (E). O ar limpo liberado para a atmosfera.

  • 25

    2.1.2 Sistema de dosagem de matria-prima

    A fase de dosagem contida no diagrama mostrado no item anterior, que

    uma das partes mais importantes desse processo, desempenhada por uma

    balana dosadora de correia cujo princpio de funcionamento apresentado na

    Figura 2.

    Figura 2 - Princpio de funcionamento da balana dosadora de correia

    As balanas dosadoras de correia, de maneira geral so compostas por uma

    estrutura mecnica onde so instalados a flange de conexo, geralmente para

    acoplamento a um silo, uma correia, um motor de velocidade varivel, clula de

    carga e um sensor de velocidade. Esse conjunto acompanhado de um mdulo

    eletrnico para tratamento de sinais e de um controlador de velocidade (driver) para

    acionamento do motor de velocidade varivel. Por meio de uma entrada ajustvel

    mecanicamente, alimenta-se a correia ou cinta de lminas, fornecendo um

    carregamento que se relaciona a um determinado peso (kg - quilograma) de material

    por metro de correia. A clula de carga fornece um sinal proporcional ao peso do

    material sobre a seo de pesagem. Ao mesmo tempo o sensor de velocidade

    fornece um sinal proporcional velocidade da correia. O mdulo eletrnico recebe

    os sinais de peso e velocidade e efetua a multiplicao desses para a determinao

  • 26

    da taxa de fluxo instantnea, que depois integrada para a determinao da

    quantidade total de massa transportada. Quando a taxa de fluxo est acima ou

    abaixo do valor desejado, o mdulo eletrnico varia a velocidade do motor de

    acionamento por meio do seu respectivo controlador (driver), corrigindo a velocidade

    da correia para obteno da taxa de fluxo pr-determinada (SANCHEZ;

    MATSUSHITA; PONS, 1989).

    A Figura 3 apresenta um modelo atual de uma balana dosadora de correia

    disponvel no mercado, com eletrnica dedicada, para o segmento industrial de

    fabricao de cimento. Apesar de mais moderna, do ponto de vista eletrnico, a

    balana adota uma estrutura mecnica similar utilizada no modelo da Figura 2.

    Figura 3 - Balana dosadora de correia (HASLER, 2011)

    O sistema de dosagem composto ainda por dois transportadores de correia

    cncava para movimentar os materiais granulados.

    2.1.3 Moagem do material

    Para a moagem do material utilizado na aplicao um moinho de bolas

    tubular horizontal. Esse moinho, que o equipamento mais importante do processo,

    tem a finalidade de reduzir a granulometria do material no seu interior, por meio da

    movimentao de corpos moedores (bolas).

    Em uma indstria de cimento esses moinhos geralmente so projetados em

    funo das propriedades do material a ser modo, tais como dureza, porosidade,

    friabilidade, umidade, densidade e composio qumica. Tambm so consideradas

    as necessidades aplicveis ao produto tais como superfcie especfica, resistncia e

    tamanho das partculas para tratamento posterior. Outros fatores relacionados

  • 27

    planta so imprescindveis no projeto, como tamanho, velocidade, grau de

    enchimento, tipo de revestimento, tipo de corpos moedores e tipo de circuito aberto

    ou fechado. A moabilidade do material tambm de grande importncia no

    dimensionamento e se caracteriza como a resistncia do material oferecida sua

    reduo de tamanho. Um moinho de bolas para moagem de escria deve ter

    ventilao em seu interior e a vazo de ar depende, entre outros fatores, do calor

    gerado internamente e da umidade admitida pelo sistema de despoeiramento

    (SANCHEZ; MATSUSHITA; PONS, 1989).

    A Figura 4 apresenta um corte longitudinal de um moinho de bolas tubular para

    visualizao de seus principais componentes internos.

    Revestimento

    Classificador

    Revestimento

    Levantador

    Corpos moedores Corpos moedores

    Cmara I Cmara II

    Entrada

    Material Grosso

    Sada

    Material Modo

    Diafragma Diafragma

    Entrada

    Ar fresco

    Limpo

    Sada

    Ar quente com p

    Figura 4 - Vista interna do moinho (Modificado de MAGOTTEAUX, 2001)

    Moinhos com circuitos abertos como o caso desta aplicao, normalmente

    possuem duas cmaras onde se utiliza revestimento levantador na primeira cmara

    e classificador na segunda cmara. O material grosso entra na cmara I para uma

    primeira moagem e passa na seqncia para a cmara II, atravs do diafragma que

    divide as duas cmaras. Na cmara II continua-se o processo de moagem e na

    medida em que o material avana, o tamanho vai reduzindo, em funo do

    revestimento classificador que retm as bolas maiores antes das bolas menores. As

    bolas de menor tamanho so utilizadas para se conseguir menores partculas do

    material a ser modo. Aps passar pela cmara II o material acabado sai por meio do

    diafragma de sada, conforme mostrado nas setas.

    O atrito entre os corpos moedores, revestimentos e materiais gera calor

    internamente no moinho, sendo necessrio um sistema de ventilao para retirada

  • 28

    do calor. Esse sistema consiste de um exaustor interligado a um filtro de mangas e

    uma vlvula rotativa que permite a filtragem do ar e a coleta do p contido no mesmo

    (MAGOTTEAUX, 2001).

    O tamanho de um moinho de bolas varia conforme sua aplicao e esses

    moinhos possuem, na maioria dos projetos, acionamentos especiais de potncias

    considerveis, como no exemplo estudado nesse trabalho cujo moinho possui 2,6

    metros de dimetro por 13 metros de comprimento e utiliza 1.000 kW de potncia no

    seu acionamento. Na Figura 5 mostrado o diagrama dos componentes do sistema

    de acionamento de um moinho similar ao citado.

    Figura 5 - Componentes do acionamento do moinho

    O moinho apoiado no mancal de entrada (ME) e no mancal de sada (MS) e

    acoplado a um redutor de velocidade principal (RP) que acionado por um motor

    de anis principal (MP) em alta tenso. O motor principal (MP) possui ventilao

    independente provida por um ventilador auxiliar (VA) e utiliza um arrancador para

    partida (AP). O redutor principal e os mancais de entrada e sada do moinho so

    conectados bombas de lubrificao independentes (BL) para prover a lubrificao

    necessria. O sistema de acionamento possui ainda um redutor auxiliar (RA) e um

    motor auxiliar (MA) com freio manual, para acoplamento manual ao motor principal.

    Esse sistema prov rotao lenta ao moinho para ajustes de acomodao da carga

    e para permitir o posicionamento do mesmo na posio desejada em servios de

    manuteno.

    O material modo que sai da moagem de material pode ser transportado de

    diversas formas ao processo seguinte, dependendo do leiaute (layout) da instalao,

  • 29

    da distncia envolvida e da necessidade ou no de elevao de nvel. No caso em

    questo utilizado um transportador helicoidal.

    Os transportadores helicoidais so compostos usualmente de uma longa

    hlice, com eixo longitudinal montado sobre mancais e dentro de uma calha em

    forma de U ou tubular.

    O conjunto de moagem dessa aplicao possui tambm um sistema de

    exausto e despoeiramento composto por um filtro de mangas, uma vlvula rotativa

    e um ventilador. O filtro de mangas da aplicao utilizado para filtrar o ar quente

    que sai do moinho e do despoeiramento de equipamentos com possveis

    vazamentos de p no sistema, de forma a garantir os nveis de emisso de materiais

    particulados previstos em legislao para esse tipo de processo. A Figura 6 ilustra o

    funcionamento de um filtro de mangas similar ao da aplicao desse trabalho. Como

    se pode observar na figura citada, em um filtro de mangas o ar/gs contaminado

    entra lateralmente na parte inferior da carcaa do filtro atravs do duto de ar

    saturado. Nas mangas ocorre a separao do material particulado do ar. Alguns

    filtros possuem uma chapa de impacto direcionando o fluxo em 2/3 para baixo e 1/3

    para cima, facilitando a limpeza, alm de proteger as mangas do fluxo de ar direto. O

    filtro possui ainda um sistema de limpeza automtico das mangas, normalmente com

    jato pulsante de ar comprimido. No fundo do filtro utiliza-se uma vlvula rotativa para

    retirar o p coletado pelo filtro e ao mesmo tempo vedar a comunicao do interior

    do filtro com a parte externa (VENTILADORES BERNAUER S.A., 2011).

    Entrada de

    Ar Sujo

    Sada de

    Ar limpo

    Sada do

    p coletado

    MANGAS

    Sistema de

    limpeza

    das mangas

    Figura 6 - Funcionamento do filtro de mangas (Modificado de VENTILADORES BERNAUER S.A., 2011)

  • 30

    Uma vlvula rotativa, do tipo de eixo horizontal, utilizada sob o filtro para

    retirar o material coletado pelo mesmo. As vlvulas rotativas so usadas para extrair

    materiais granulados de um recipiente para outro. Confeccionadas tipicamente em

    ao carbono ou inoxidvel, sua construo simples e facilmente desmontvel.

    A exausto do sistema de despoeiramento efetuada por um ventilador do

    tipo centrfugo e tem a finalidade de prover, por exausto, a vazo necessria

    ventilao do moinho de bolas. O moinho de bolas da aplicao utiliza ainda, em seu

    acionamento, trs bombas de engrenagem sendo uma para a lubrificao do redutor

    principal, uma para o mancal de entrada do moinho e a outra para o mancal de

    sada do moinho. As bombas de engrenagem, ou bombas de deslocamento positivo

    so utilizadas para o bombeamento de produtos com viscosidade maior do que a

    gua.

    Para a partida do motor de anis do moinho de bolas desse estudo est

    previsto um dispositivo arrancador do tipo reostato lquido. O reostato lquido citado

    utilizado apenas na partida do motor. A diferena em relao a um reostato

    convencional, por pontos de resistncia fixa, que nesse caso a variao do

    elemento resistivo realizada suavemente por meio de um eletrlito lquido que

    envolve os eletrodos. Esses reostatos se aplicam principalmente na partida de

    motores de grandes potncias como, por exemplo: de 100 CV a 15000 CV

    (ELETELE, 2011). A Figura 7 mostra um diagrama para se ilustrar o funcionamento

    do reostato citado anteriormente.

    Figura 7 - Diagrama do funcionamento do reostato lquido

  • 31

    O reostato lquido apresentado na Figura 7 funciona da seguinte maneira: Os

    cabos relativos aos eletrodos so ligados ao circuito rotrico do motor de anis por

    meio dos terminais (X1). Inicialmente o eletrlito lquido se encontra todo na metade

    inferior do reostato e o contator de curto-circuito (KC) se encontra aberto, ou seja,

    inserindo a resistncia dos eletrodos no circuito do rotor do motor de anis. Nessa

    situao o sensor de mnimo (NB) est atuado e libera-se o motor de anis para a

    partida. Uma vez iniciada a partida ligada a moto-bomba (MB) e o eletrlito

    comea a ser bombeado da parte inferior para a parte superior do tanque, reduzindo

    de forma gradativa a resistncia oferecida pelos eletrodos (Eletrodos). Quando o

    eletrlito cobre a parte superior dos eletrodos no tanque o nvel mximo (NA)

    atuado. Nesse instante desligada a moto-bomba (MB) e energizado o contator

    de curto-circuito (KC) do circuito rotrico do motor de anis, retirando-se dessa

    forma a interferncia dos eletrodos no circuito rotrico. Aps o desligamento da

    moto-bomba (MB) o eletrlito volta por gravidade parte inferior do reostato por

    meio de uma abertura limitada de comunicao dos dois compartimentos. Uma vez

    atuado o contator de curto-circuito (KC), considera-se a partida do motor de anis

    concluda e esse contator permanece ligado enquanto o motor de anis estiver em

    funcionamento. A vazo da bomba ajustada de forma que o eletrlito na parte

    superior passe do nvel mnimo (NB) ao nvel mximo (NA) no tempo necessrio

    para se realizar a partida do motor de anis, de forma suave, partindo do repouso

    at atingir a sua velocidade nominal. O reostato possui ainda um termostato que

    atua no caso de elevao de temperatura do eletrlito, por falha de funcionamento

    ou por ajustes inadequados. Na Figura 8 apresentado um reostato lquido industrial

    similar ao utilizado na aplicao desse trabalho.

    Figura 8 - Reostato lquido - Arrancador (ELETELE, 2011)

  • 32

    2.2 Retrofit

    A palavra Retrofit, originada na lngua inglesa, a qual em portugus pode ser

    interpretada como Melhorar, Aperfeioar e Modernizar, no contexto dos sistemas

    industriais est relacionada com a troca de produtos ou componentes de

    equipamentos obsoletos mantendo-se a planta e configurao originais do

    equipamento (ABB, 2011).

    Com relao aplicao proposta neste trabalho, o termo retrofit est

    empregado na modernizao em uma instalao industrial de moagem de escria

    incluindo adaptaes nos equipamentos existentes e instalao de novos

    dispositivos. Essas alteraes visam melhorar o controle dos equipamentos e

    permitir a operao remota da planta sem alterar sua configurao original.

    2.3 Arquitetura da automao industrial

    O processo de automao utilizado na maioria das indstrias pode ser

    representado, de forma resumida, por uma pirmide constituda por vrias camadas.

    Cada uma dessas camadas representativa de um determinado nvel da

    organizao. Na base desta pirmide esto os equipamentos bsicos de campo da

    planta, localizados no processo produtivo, que tambm muitas vezes chamado de

    cho de fbrica. Nas camadas intermedirias esto localizados os nveis de

    superviso e gerenciamento e no topo da pirmide esto os nveis corporativos mais

    elevados da organizao.

    A Figura 9 mostra a pirmide citada onde possvel visualizar, na posio

    central, os cinco nveis de automao (Nveis da Pirmide) considerados. Nessa

    figura podem ser observados tambm, do lado esquerdo da pirmide, maiores

    detalhes de cada nvel citado e do lado direito da mesma os protocolos de

    comunicao que podem ser utilizados para o envio de informaes entre as

    diversas camadas.

  • 33

    Figura 9 Pirmide da automao (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    A camada do nvel 1 na base da pirmide composta pelos dispositivos de

    campo, de onde partem os sinais dos sensores e onde so acionados os atuadores

    relativos aos equipamentos.

    No nvel 2 esto posicionados os dispositivos que exercem as funes

    relativas ao controle automtico da planta.

    No nvel 3 est posicionada a camada de superviso dos itens controlados

    pela camada inferior permitindo a visualizao e o acesso aos dados do processo.

    A camada do nvel 4 destinada ao gerenciamento da planta, ou seja acima

    do nvel de superviso dos processos.

    Por ltimo a camada do nvel 5 retrata a gesto corporativa acima do nvel de

    gerenciamento das plantas.

    Nesse estudo de modernizao de moagem de escria esto considerados os

    nveis 1, 2 e 3 da pirmide de automao, conforme mostrado na Figura 10.

  • 34

    Nvel 2

    Nvel 1

    Nvel 3

    Figura 10 Nveis 1, 2 e 3 da pirmide de automao (MORAES; CASTRUTTI, 2010)

    2.4 Sistema de superviso

    Os sistemas de superviso, tambm denominados de supervisrios, so

    programas (software) aplicados tipicamente no monitoramento e operao de

    processos automatizados. As variveis podem ser atualizadas continuamente para

    serem armazenadas em banco de dados (MORAES; CASTRUCCI, 2010).

    Uma superviso industrial utilizando sistemas computadorizados pode ser

    feita basicamente de duas formas: A primeira opo por meio de IHM (Interface

    Homem-Mquina, em ingls HMI - Human Machine Interface) dedicada para

    determinada aplicao. A segunda opo via um sistema mais abrangente, capaz

    de realizar Superviso, Controle e Aquisio de Dados, o qual proveniente da sigla

    em ingls SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition).

    Um tipo de IHM (Interface Homem-Mquina) industrial dedicada utiliza um

    hardware composto normalmente por uma tela de cristal lquido e um conjunto de

    janelas para navegao ou insero de dados. Esse tipo de sistema possibilita

    programao e manuteno de forma simplificada, propicia uma operao mais

  • 35

    intuitiva ao usurio, aumenta a capacidade de controle e comando, e ainda flexibiliza

    a operao permitindo a visualizao de alarmes gerados por desvios de condies

    de operao, dados do processo e dados especficos de motores e/ou

    equipamentos. A Figura 11 mostra alguns tipos de IHM, dedicadas, de um fabricante

    que atua no mercado nacional.

    Figura 11 Tipos de IHM dedicadas (WEG DRIVES, 2011)

    possvel tambm nesse sistema, entre outros recursos, alterar parmetros

    de processo, realizar configuraes, e realizar operaes manuais de componentes

    de equipamentos. O desenvolvimento de interfaces homem-mquina com visores

    alfanumricos, teclados de funes e comunicao serial, permitiu economia de

    condutores eltricos, reduo de mo de obra de montagem e eliminao de painis

    sinticos nos projetos de automao.

    O Sistema SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition Superviso

    Controle e Aquisio de Dados) foi desenvolvido para realizar a superviso e

    controle de quantidades elevadas de variveis de entrada e sada, digitais e/ou

    analgicas, distribudas ao longo do processo industrial. Alm das facilidades da IHM

    (Interface Homem-Mquina) dedicada, mencionadas anteriormente, outros recursos

    so possveis no sistema SCADA, principalmente no que se refere emisso de

    relatrios e representao grfica de histricos e tendncias. Outro aspecto

    importante est relacionado com a preservao da integridade fsica das pessoas,

    por meio da minimizao da exposio aos riscos inerentes ao processo, permitindo

    pronta identificao de falhas e em alguns casos at mesmo a substituio de

    hardware sem a necessidade de parada do sistema. A Figura 12 mostra uma janela

    de um sistema de superviso disponvel no mercado nacional.

  • 36

    Figura 12 Janela de um sistema SCADA (ELIPSE SOFTWARE, 2011)

    2.4.1 Sistema de superviso SCADABR

    O SCADABR um sistema desenvolvido em modelo de software livre (open-

    source), que possui licena gratuita. Toda a documentao e o cdigo-fonte do

    sistema esto disposio, inclusive permitido modificar e redistribuir se

    necessrio.

    Esse sistema uma aplicao multiplataforma baseada em software de

    desenvolvimento Java (ORACLE, 2011), ou seja, computadores pessoais com

    sistemas operacionais Windows, Linux ou outros, podem executar o programa a

    partir de um servidor de aplicaes padro tipo Apache Tomcat (THE APACHE

    SOFTWARE FOUNDATION, 2011), que tambm um software livre. Ao executar o

    aplicativo, o mesmo pode ser acessado a partir de um navegador de Internet,

    preferencialmente o Firefox (THE MOZILLA FOUNDATION, 2011) ou o Chrome

    (GOOGLE INC, 2011) que so tambm software de licena gratuita. A interface

    principal do ScadaBR intuitiva para utilizao e oferece visualizao das variveis,

    grficos, estatsticas, configurao dos protocolos de comunicao, alarmes,

    construo de janelas com interface grfica e vrias opes de acesso e

    configurao.

  • 37

    Aps configurar os protocolos de comunicao com os equipamentos e definir

    a identidade das variveis de entradas e sadas (tags) de uma aplicao

    automatizada, possvel montar interfaces de operador via Rede de Comunicao

    de Alcance Mundial (www - world wide web) utilizando o prprio navegador. Tambm

    possvel elaborar aplicativos personalizados, a partir do cdigo-fonte

    disponibilizado de uma API (Application Programming Interface - Interface de

    Programao de Aplicativos). So suportados pelo SCADABR cinco tipos de dados:

    valores binrios ou booleanos, valores de estados mltiplos, valores numricos ou

    analgicos, valores alfanumricos e valores em imagens (FUNDAO CENTROS

    DE REFERNCIA EM TECNOLOGIAS INOVADORAS, 2010).

    A Figura 13 mostra uma janela em construo no sistema de superviso

    SCADABR.

    Figura 13 Janela em construo no SCADABR (FUNDAO CENTROS DE REFERNCIA EM TECNOLOGIAS INOVADORAS, 2010)

  • 38

    2.5 Redes de comunicao de dados

    Atualmente, devido a seu grande avano tecnolgico, as redes de dados para

    automao so largamente utilizadas, apresentando as seguintes vantagens em

    relao a sistemas ponto a ponto de cabeamento: diminuio de fiao, facilidade na

    manuteno, flexibilidade na configurao da rede e, principalmente, diagnstico dos

    dispositivos. Alm disso, por usarem protocolos de comunicao digital

    padronizados, essas redes possibilitam a integrao de equipamentos de vrios

    fabricantes distintos. Tais sistemas so classificados como abertos, sendo tendncia

    em todas as reas da tecnologia devido sua flexibilidade e capacidade de

    expanso (MORAES e CASTRUCCI, 2010).

    No prottipo deste trabalho utilizada uma rede de comunicao entre o

    microcontrolador e o sistema de superviso SCADA com sistema de comunicao

    centralizado. A comunicao entre os dispositivos de entrada e sada e o

    microcontrolador determinstica e a rede de comunicao entre o microcontrolador

    e o sistema SCADA probabilstica. A comunicao nessa rede probabilstica

    efetuada em Protocolo Modbus (SCHNEIDER ELECTRIC, 2011). Redes

    determinsticas so aquelas cuja transmisso de dados ou de informaes ocorre

    em instantes e intervalos de tempo determinado. Redes desse tipo permitem que o

    tempo de resposta seja acuradamente conhecido, evitando problemas de iniciao e

    atrasos. J as redes probabilsticas permitem apenas calcular a probabilidade de

    transferncia de informaes que ocorrem em um determinado intervalo de tempo.A

    taxa de transmisso de dados utilizada de 125,2 kbps, com tecnologia de

    comunicao mestre-escravo. Utiliza-se tambm, como meio fsico, um cabo com

    conversor serial EIA/232 para USB (MORAES; CASTRUCCI, 2010).

    Nos subitens seguintes so apresentados mais detalhes sobre as

    caractersticas citadas anteriormente, relativas a redes de comunicao.

    A Figura 14 mostra uma janela do sistema SCADABR utilizado nesta

    aplicao, onde so configurados os dados necessrios para se estabelecer a

    comunicao do sistema de superviso com o microcontrolador responsvel pela

    funo de controle.

  • 39

    Figura 14 Janela de configurao do SACADABR (FUNDAO CENTROS DE

    REFERNCIA EM TECNOLOGIAS INOVADORAS, 2010)

    A introduo dos microprocessadores na indstria possibilitou a realizao do

    controle digital centralizado, com transmisso entre os dispositivos (sensores e

    atuadores) e a unidade de controle na forma de sinais analgicos e digitais, com

    cabeamento paralelo, utilizando cabos de par tranado e topologia estrela. Para

    superar as dificuldades de longas distncias e falta de flexibilidade foram

    desenvolvidos sistemas onde a estao de controle comunica-se com os dispositivos

    de entrada e sada por meio de um barramento, com transmisso digital. O avano

    da tecnologia e a demanda de mercado levaram ao desenvolvimento de sistemas de

    controle com barramentos de campo distribudos, com inteligncia distribuda e

    unidades de conexo (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    2.5.1 Especificao de uma rede de automao

    De modo geral so considerados no projeto das redes de comunicao de

    dados os elementos mostrados nos subitens seguintes (MORAES; CASTRUCCI,

    2010).

  • 40

    A taxa de transmisso a quantidade mdia de dados a serem transmitidos

    na rede em um perodo de tempo. O termo utilizado para especificao

    capacidade de banda (throughput). A taxa de transferncia de dados medida em

    kilobits por segundo (kbps), que significa 1000 bits por segundo.

    A topologia fsica est relacionada com a disposio construtiva na qual os

    dispositivos esto conectados na rede. Exemplos de topologia de rede so ponto a

    ponto, anel, estrela e barramento.

    Os meios fsicos de transmisso esto relacionados forma utilizada para a

    interconexo dos dispositivos. Existem muitos tipos de meios fsicos de transmisso,

    e alguns exemplos so: cabos em par tranado, cabo coaxial e fibra tica.

    Os meios fsicos so selecionados de acordo com a aplicao. A seleo

    depende principalmente da distncia entre os dispositivos, da taxa de transferncia

    desejada e do protocolo a ser utilizado.

    A tecnologia de comunicao a forma de gerenciamento entre os pontos de

    comunicao (ns) no tocante comunicao de dados. Uma das tecnologias

    tpicas de comunicao a de mestre/escravo.

    Mestre-escravo a tecnologia onde um escravo (slave) um perifrico

    (dispositivo inteligente de entrada/sada, driver, interface homem-mquina, vlvula,

    transdutor, etc), que recebe uma informao do processo e/ou utiliza informaes de

    sada do mestre (master) para atuar na planta. Os escravos so dispositivos

    passivos que somente respondem a requisies diretas vindas do mestre.

    Os protocolos caracterizam os elementos de maior importncia nas redes de

    automao industrial, tanto que as mesmas normalmente passam a ser

    denominadas pelos protocolos utilizados. Exemplo: protocolo de rede AS-Interface,

    rede e protocolo ModBus.

    O protocolo Modbus foi desenvolvido em 1979 por Gould Modicon

    (atualmente Schneider Electric) para sistemas de controle de processos.

    Consideravelmente mais lento que outros protocolos, porm de mais fcil operao

    e manuteno, o que causou sua grande aceitao por parte de muitos fabricantes

    que produziram equipamentos j compatveis com esse protocolo na poca. O

    Modbus opera com o princpio mestre-escravo e permite at 247 estaes escravas

    e a forma de comunicao feita do tipo pergunta/resposta: a estao principal faz

    uma solicitao (pergunta) estao secundria e depois de processado envia uma

    resposta de volta. Nesse caso somente uma estao secundria acessada por

  • 41

    vez. A outra forma de comunicao utilizada pelo Modbus o envio de mensagens

    via broadcast que um processo de transmisso ou difuso de determinada

    informao, tendo como principal caracterstica que a mesma informao enviada

    para muitos receptores ao mesmo tempo. Assim todas as estaes secundrias

    recebem o dado, mas no enviam respostas de volta. O protocolo Modbus padro

    pode ser enquadrado na camada de aplicao do modelo OSI, (Open System

    Interconection) que padroniza o modelo de sete camadas: fsica, enlace, rede,

    transporte, sesso, aplicao e apresentao (CLARKE; REYNDERS; WRIGHT,

    2004)

    O protocolo Modbus pode utilizar vrios tipos de meios fsicos. O mais

    utilizado o EIA/485 a dois fios. A interface EIA/232 deve ser utilizada somente para

    comunicao ponto a ponto. A Figura 15 mostra o diagrama de interligao com

    topologia de dois fios em um meio fsico de um sistema mestre-escravo de protocolo

    Modbus.

    Figura 15 Meio fsico a dois fios para protocolo Modbus (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    Quanto ao modo de transmisso, existem duas formas seriais que definem o

    contedo dos campos da mensagem transmitida serialmente no protocolo Modbus:

    RTU (Remote Terminal Unit - Dispositivo eletrnico multiprocessado usado para

    monitorar campos digitais e sinais analgicos para depois os transmitir para uma

    estao central de monitoramento) e ASCII (American Standard Code for Information

    Interchang - Cdigo Padro Americano para o Intercmbio de Informao). A forma

    de transmisso RTU deve ser utilizada preferencialmente em funo da maior

    densidade dos dados e conseqentemente melhor taxa de envio de dados. A forma

    de transmisso ASCII, que possui intervalos de tempo de at um segundo entre

  • 42

    caracteres sem causar erro poder ser utilizada como opo (MORAES;

    CASTRUCCI, 2010).

    2.6 Microcontrolador

    O microcontrolador, relativamente aos blocos bsicos, um computador

    implementado em uma nica pastilha (chip), o qual contm processador, memria e

    perifricos de entrada/sada. Esse conjunto normalmente dedicado a executar

    funes especficas em um sistema que necessita de aes de controle.

    Os microcontroladores possuem, alm dos componentes lgicos e aritmticos

    usuais de um processador de uso geral, memria interna para leitura, escrita e

    armazenamento de dados, memria somente de leitura para armazenamento de

    programas, memria para armazenamento permanente de dados, dispositivos

    perifricos como conversores analgico/digitais e digital/analgicos e outras

    interfaces de entrada e sada de dados. Normalmente um microcontrolador opera

    com uma freqncia bem mais baixa que os microprocessadores atuais de

    computadores, porm so adequados maioria das aplicaes usuais de controle

    desde dispositivos com computao embarcada para uso domstico at a

    automao industrial (TOCCI; WIDMER, 1998).

    A Figura 16 mostra uma foto de um microcontrolador CB-280 da linha

    CUBLOC que utiliza um microprocessador Atmega128 @ 18,432 MHz (ATMEL,

    2011).

    Figura 16 Microcontrolador CUBLOC CB-280 (COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010)

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Chiphttp://pt.wikipedia.org/wiki/Entrada/sa%C3%ADda

  • 43

    2.7 Controlador lgico programvel

    O controlador lgico programvel, conforme sugere o nome um computador

    especialmente projetado para aplicaes de controles lgicos de mquinas e

    processos, por meio de programas especficos do usurio. comumente

    denominado pelas siglas CLP (Controlador Lgico Programvel) ou CP (Controlador

    Programvel) ou ainda, no idioma ingls, PLC (Programmable Logic Controller). So

    projetados para uso em aplicaes que utilizam funes especficas de lgica,

    seqenciamento, temporizao, contagem e clculos.

    A Figura 17 mostra a estrutura de um controlador lgico programvel o qual

    tipicamente constitudo por fonte, mdulos de entrada, unidade central de

    processamento, memrias e mdulos de sada, possuindo tambm interfaces para a

    programao do usurio e controle de operao, alm de prever possibilidades de

    expanses.

    Figura 17 Estrutura de um controlador lgico programvel (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

  • 44

    O CLP geralmente empregado nas aplicaes de automao industrial e

    possui como principais caractersticas, em relao aos sistemas eltricos

    convencionais, o tamanho reduzido, a minimizao substancial de condutores

    eltricos para interligaes, vasta faixa de entradas e sadas, maior flexibilidade para

    alteraes, facilidade de visualizao de funcionamento da lgica, auto-diagnstico,

    facilidade para diagnsticos de problemas relativos aplicao, facilidade para

    verificao da documentao, maior confiabilidade e maior velocidade de

    processamento das informaes.

    A fonte de alimentao (Fonte) converte corrente alternada em contnua para

    suprir a energia necessria ao controlador, no nvel de tenso adequado. Caso falte

    energia, h uma bateria que impede a perda do programa do usurio. Ao retomar a

    energia, o programa pode ser reiniciado.

    A unidade central de processamento (UCP) ou no idioma ingls CPU (Central

    Processing Unit) responsvel pela execuo do programa do usurio e pela

    atualizao da memria de dados e da memria-imagem das entradas e sadas.

    A memria de usurio, ou memria RAM (Random Access Memory - Memria

    de Acesso Aleatrio), uma memria voltil cujos dados nela armazenados podem

    ser acessados de forma rpida, de qualquer endereo. No diagrama da Figura 17

    armazena o programa aplicativo do usurio. A CPU processa esse programa e

    atualiza a memria de dados internos e a memria de imagem das Entradas e

    Sadas (E/S) comentados a seguir.

    A memria de dados guarda os dados referentes ao processamento do

    programa do usurio, isto , uma tabela de valores manipulveis.

    A memria imagem das entradas e sadas (E/S) reproduz o estado dos

    perifricos relativos s entradas e sadas de controle.

    A memria EPROM (Erasable Programmable Read Only Memory - Memria

    Exclusiva de Leitura Programvel Eletricamente) uma memria no voltil e pode

    ser gravada ou regravada por meio de um equipamento que fornece a tenso

    eltrica adequada em seus terminais. Para apagar os dados nela contidos, basta

    submeter a pastilha (chip) exposio de raios ultravioleta. No diagrama mostrado

    na Figura 17 a EPROM contm o programa elaborado pelo fabricante para fazer a

    iniciao do controlador (start do CLP), armazenar dados e gerenciar a seqncia de

    operaes. No acessvel ao usurio do controlador programvel.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ultravioleta

  • 45

    Os mdulos de Entrada (E) do controlador programvel tipicamente contm

    optoisoladores em cada um dos circuitos. Quando um circuito externo fechado por

    meio do seu sensor, um diodo emissor de luz (LED Light Emitting Diode)

    sensibiliza o componente de base, fazendo circular corrente interna no circuito de

    entrada correspondente. A Figura 18 ilustra um mdulo de entrada optoisolador.

    Figura 18 Mdulo de entrada optoisolador (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    Os mdulos de Sada (S) do controlador programvel, basicamente, so

    acionados por rel e componentes de estado slido como por exemplo: Transistor

    (Transfer Resistor), que um dispositivo eletrnico fabricado com semicondutores e

    utilizado para amplificao de um sinal eltrico em corrente contnua, ou TRIAC

    (Triode for Alternating Current), que um componente eletrnico com retificadores

    controlados de silcio para utilizao em corrente eltrica alternada.

    Na sada a rel, quando ativado o endereo da palavra-imagem de sada, um

    solenide correspondente a ele ativado, fechando-se o contato na borneira de

    sada do controlador, conforme ilustrado na Figura 19.

    Figura 19 Mdulo de sada a rel (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

  • 46

    A sada a TRIAC possui como elemento acionador um TRIAC (Triode for

    Alternating Current), que um componente equivalente a dois retificadores

    controlados de silcio ligados em paralelo e em sentido contrrio (antiparalelo) com

    um terminal de disparo para utilizao em corrente alternada. Pela prpria

    caracterstica do componente de estado slido, essa sada utilizada quando a

    fonte de corrente alternada. A Figura 20 ilustra um mdulo de sada TRIAC.

    Figura 20 Mdulo de sada a TRIAC (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    Na sada a transistor o elemento acionador pode ser um transistor comum ou

    do tipo efeito de campo (FET Field Effect Transistor). Esse tipo de mdulo

    bastante utilizado em sistemas com fontes de alimentao de corrente contnua. A

    Figura 21 ilustra um mdulo de sada a transistor.

    Figura 21 Mdulo de sada a transistor (MORAES; CASTRUCCI, 2010)

    2.7.1 Linguagens de programao de CLP

    As linguagens de programao de CLP esto relacionadas forma enviada

    ao controlador para se expressar a srie de instrues ou comandos que o usurio

    necessita utilizar para preparar a programao desejada em uma determinada

  • 47

    aplicao. A Figura 22 mostra um comparativo de trs diferentes linguagens

    utilizadas em uma lgica bsica de programao de CLP. Dessas trs linguagens a

    mais utilizada a linguagem Ladder devido similaridade com os diagramas

    eltricos convencionais e pela facilidade de visualizao dos circuitos. Alm das

    linguagens de diagrama escada (Ladder), lista de instrues (IL Instruction List) e

    diagrama de blocos de funes (FBD Function Block Diagram), que so descritas

    nos subitens seguintes, outros tipos de linguagens de programao so usados em

    CLPs. Cada tipo de programao tem suas vantagens e desvantagens. Fatores

    como a complexidade da aplicao, tipos de programao disponveis para cada

    modelo de CLP, perfil de usurios e preferncias pessoais determinam qual o tipo de

    programao ser utilizada em uma determinada aplicao (SIEMENS, 2011a).

    Figura 22 Exemplos de linguagens de CLP (Modificado de SIEMENS, 2011a)

    Diagrama em escada - A linguagem de diagrama em escada, mais conhecida

    pela expresso em ingls Ladder Diagram (LD) uma linguagem que incorpora

    funes de programao que so graficamente parecidas com smbolos utilizados

    em desenhos eltricos e facilitam o entendimento de usurios que j possuem esse

    conhecimento.

    Lista de instrues - A linguagem em lista de instrues, que mais

    conhecida pela expresso em ingls Instruction List (IL), uma linguagem de

    programao cujas instrues so representadas pela operao a ser executada e o

    item objeto da operao, o operando. A operao codificada colocada esquerda

    do operando.

    Diagrama de blocos de funes - A linguagem em diagrama de blocos de

    funes, mais conhecida pela expresso em ingls Function Block Diagram (FBD)

  • 48

    uma linguagem expressada em blocos retangulares com a funo especificada em

    seu interior. As entradas so colocadas na parte externa do bloco no lado esquerdo

    e as sadas da mesma forma, porm do lado direito.

    2.7.2 Programa de instrues de uso interno

    O programa de instrues de uso interno do controlador lgico programvel,

    tambm denominado firmware, um conjunto de instrues operacionais

    programadas diretamente no hardware, gravado em memria no voltil, que habilita

    o equipamento para a execuo da sua funcionalidade bsica. No caso da Figura 17

    est gravado em uma memria EPROM (Erasable Programmable Read Only

    Memory), fornecida como parte do hardware do CLP.

    2.7.3 Ciclo de execuo das atividades

    A partir dos dados de entrada, o CLP processa as instrues conforme o

    programa do usurio e faz a atualizao das sadas. O Ciclo de execuo das

    atividades em um CLP designado tambm de ciclo de varredura ou ainda de

    SCAN. Esse ciclo mostrado na Figura 23.

    Figura 23 Ciclo de execuo das atividades do CLP (Modificado de SIEMENS, 2011a)

  • 49

    2.8 Sistema CUBLOC

    O sistema CUBLOC utilizado para o desenvolvimento da aplicao deste

    trabalho diferente dos controladores lgicos programveis tradicionais disponveis

    no mercado. O CUBLOC um sistema capaz de operar como um controlador lgico

    programvel industrial montado em uma pastilha eletrnica (On-Chip Programmable

    Logic Industrial Controller), o que traz mais flexibilidade para sua montagem em

    placas de circuito impresso ou em outros sistemas no desenvolvimento do leiaute

    (layout) da aplicao. A pastilha CUBLOC integra em um mesmo invlucro, o

    microcontrolador, dispositivo oscilador, circuito de iniciao e o conjunto de

    instrues operacionais (firmware) (COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010).

    A Figura 24 apresenta uma ilustrao de um CLP tradicional comparada a um

    sistema CUBLOC.

    Figura 24 Ilustrao de um CLP tradicional comparado ao CUBLOC (Modificado de COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010)

    Apesar de utilizar tambm alguns mdulos similares aos CLPs

    (Controladores Lgicos Programveis) uma vantagem na aplicao do sistema

    CUBLOC, est no fato da utilizao de lgica em linguagem de diagrama escada

    (Ladder Diagram) e ao mesmo tempo lgica em linguagem Basic, operando em um

    sistema multitarefa. A Figura 25 ilustra a comparao dos sistemas MULTITAREFA e

    MONOTAREFA. O sistema multitarefa no permite que as atividades complexas em

  • 50

    Linguagem Basic atrapalhem a execuo do diagrama em escada (Ladder Diagram).

    Enquanto o diagrama em escada (Ladder Diagram) bom para desenvolver a

    seqncia do diagrama lgico, a linguagem em Basic complementa com mais

    eficincia as tarefas de coleta de dados, impresso de grficos e outras mais

    complexas.

    Figura 25 Comparao entre sistema monotarefa e sistema multitarefa (Modificado de COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010)

    O sistema CUBLOC, de custos moderados em relao aos demais

    controladores lgicos programveis do mercado, disponibiliza diferentes modelos

    com tamanhos de memria e nmero de entradas e sadas variados para combinar

    com as mais diversas aplicaes. um novo tipo de controlador industrial compacto

    que pode tambm ser conectado a vrios perifricos para receber sinais e atuar nos

    processos industriais, controlando equipamentos de corrente contnua e corrente

    alternada. Possui at 32 bits de resoluo, conforme regulamentado pelo IEEE

    (Institute of Electrical and Electronic Engineers Instituto de Engenheiros Eletricistas

    e Eletrnicos) e suporta clculos em sistemas de ponto flutuante. O sistema de

    comunicao disponibilizado pelo fabricante Modbus ASCII (American Standard

    Code for Information Interchange - Cdigo Padro Americano para o Intercmbio de

    Informao) /RTU (Remote Terminal Unit Dispositivo eletrnico multiprocessado

    usado para monitorar campos digitais e sinais analgicos para depois os transmitir

    para uma estao central de monitoramento) em uma porta de comunicao

    padronizada pela organizao privada para padronizao de produtos eletrnicos

    em Indstrias nos Estados Unidos EIA (Electronic Industries Alliance Aliana das

    Indstrias Eletrnicas). Essa porta, que do padro EIA/ 232, utilizada para troca

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica

  • 51

    serial de dados binrios entre um DTE (Data Terminal Equipment - Terminal de

    dados) e um DCE (Data Communication Equipment - Comunicador de dados).

    A Figura 26 mostra a tela de desenvolvimento de diagrama escada no software

    Cubloc Studio (COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010).

    .

    Figura 26 Tela do ambiente de desenvolvimento integrado Cubloc Studio (COMFILE TECHNOLOGY INC., 2010)

    A programao relativa aplicao pode ser feita em Diagrama Escada ou

    em Linguagem Basic e realizada em um Ambiente de Desenvolvimento Integrado

    (IDE Integrated Development Enviroment) Cubloc Studio, disponibilizado pelo

    fabricante do equipamento.

    2.9 Sensores

    Embora haja uma grande variedade de sensores no mercado, sero

    enfatizados nos subitens seguintes os sensor