31
8 o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica. Título: Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica. Resumo executivo Tendo por base um modelo formatado como um projeto MDL florestal, 187 pequenos produtores familiares (Anexo 1) implantaram reflorestamentos mistos, com espécies nativas ameaçadas de extinção e espécies exóticas de rápido crescimento, em seis municípios na região noroeste do Estado do Paraná, Brasil. O modelo é inovador, pois concilia conservação ambiental, formando bancos de conservação genética de espécies ameaçadas, garantindo a sobrevivência de populações locais dessas espécies; a produção econômica e a inclusão social, pois gera renda com a florestal e créditos de carbono atendendo ao Protocolo de Kioto e, finalmente, a ciência, pois usa conceitos avançados de genética de população, de modelagem florestal e de sensoriamento remoto em sua estrutura. As propriedades têm menos de 30 hectares. Em cada uma foram reflorestados de 1 a 5 ha. As áreas reflorestadas do projeto somam 379 ha e eram principalmente de pasto e degradadas. Todas foram geo-referenciadas, projetadas sobre imagens de satélite, demarcadas como reserva legal das propriedades através do SISLEG e registradas em cartório. A implantação dos reflorestamentos ocorreu em 2006 e teve o apoio financeiro de 50% do investimento pelo Programa Paraná Biodiversidade. A seleção de produtores participantes deu-se através do Conselho Regional de Biodiversidade, após consultas a organizações de pequenos produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região, bem como autoridades locais e regionais quanto ao interesse em participar do projeto. As espécies nativas secundárias foram cuidadosa e cientificamente selecionadas dentro da região, já com o intuito de constituir bancos de germoplasma de espécies nativas relevantes da região. Cada reflorestamento é manejado seguindo os princípios de sucessão florestal natural. A indução inicial de um mix de espécies exóticas e nativas pioneiras serve de base para o desenvolvimento de um ambiente favorável para o crescimento e regeneração natural de espécies nativas secundárias iniciais e tardias. As exóticas e nativas pioneiras são desbastadas ao longo do tempo, deixando espaço para o crescimento e a regeneração natural das nativas mais importantes. A espécie exótica utilizada é o Eucalyptus grandis por apresentar bom desenvolvimento na região. As espécies nativas foram selecionadas em função de: i) sua importância e representatividade ecotípica na região, ii) seu potencial para manejo e para a produção sustentável de madeira e sementes, e iii) seu papel na sucessão de espécies na paisagem. Foram priorizadas as que, sob

Módulo de Créditos de carbono e o reflorestamento em Áreas .... Forestal general/6. BRASIL... · (Anexo 1), para o estabelecimento de reservas legais em áreas de pasto, lavoura

Embed Size (px)

Citation preview

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Título: Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Resumo executivo

Tendo por base um modelo formatado como um projeto MDL florestal, 187 pequenos produtores

familiares (Anexo 1) implantaram reflorestamentos mistos, com espécies nativas ameaçadas de

extinção e espécies exóticas de rápido crescimento, em seis municípios na região noroeste do

Estado do Paraná, Brasil.

O modelo é inovador, pois concilia conservação ambiental, formando bancos de conservação

genética de espécies ameaçadas, garantindo a sobrevivência de populações locais dessas

espécies; a produção econômica e a inclusão social, pois gera renda com a florestal e créditos de

carbono atendendo ao Protocolo de Kioto e, finalmente, a ciência, pois usa conceitos avançados

de genética de população, de modelagem florestal e de sensoriamento remoto em sua estrutura.

As propriedades têm menos de 30 hectares. Em cada uma foram reflorestados de 1 a 5 ha. As

áreas reflorestadas do projeto somam 379 ha e eram principalmente de pasto e degradadas.

Todas foram geo-referenciadas, projetadas sobre imagens de satélite, demarcadas como reserva

legal das propriedades através do SISLEG e registradas em cartório.

A implantação dos reflorestamentos ocorreu em 2006 e teve o apoio financeiro de 50% do

investimento pelo Programa Paraná Biodiversidade. A seleção de produtores participantes deu-se

através do Conselho Regional de Biodiversidade, após consultas a organizações de pequenos

produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região, bem como

autoridades locais e regionais quanto ao interesse em participar do projeto.

As espécies nativas secundárias foram cuidadosa e cientificamente selecionadas dentro da região,

já com o intuito de constituir bancos de germoplasma de espécies nativas relevantes da região.

Cada reflorestamento é manejado seguindo os princípios de sucessão florestal natural. A indução

inicial de um mix de espécies exóticas e nativas pioneiras serve de base para o desenvolvimento

de um ambiente favorável para o crescimento e regeneração natural de espécies nativas

secundárias iniciais e tardias. As exóticas e nativas pioneiras são desbastadas ao longo do tempo,

deixando espaço para o crescimento e a regeneração natural das nativas mais importantes.

A espécie exótica utilizada é o Eucalyptus grandis por apresentar bom desenvolvimento na região.

As espécies nativas foram selecionadas em função de: i) sua importância e representatividade

ecotípica na região, ii) seu potencial para manejo e para a produção sustentável de madeira e

sementes, e iii) seu papel na sucessão de espécies na paisagem. Foram priorizadas as que, sob

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

manejo sustentável, produzem madeira e sementes de maior valor comercial. O plantio foi através

de dois delineamentos para a disposição das espécies nativas: um em bloco e outro em faixa.

Para o projeto de MDL foi contabilizado o carbono seqüestrado com eucaliptos. O carbono

seqüestrado pelas nativas plantadas e regeneradas naturalmente ao longo do projeto será

utilizado para descontar o estoque inicial de carbono da linha de base como áreas de pastagens

ou qualquer eventual vegetação não florestal presente. Com base em um dos delineamentos

propostos, o em blocos, o total de ao longo do período de 20 anos do projeto é de 102.094 tCO2.

Ao final do ciclo de 20 anos do projeto, todas as árvores exóticas estarão cortadas, bem como a

maioria das nativas pioneiras plantadas, que também devem ter findado o seu ciclo natural. Assim,

permanecerão apenas as nativas secundárias iniciais e tardias plantadas, junto com nativas

regeneradas naturalmente, conforme prescreve o princípio da sucessão florestal.

Como resultados esperados, destacam-se:

Em termos ecológicos, é a reconstituição da floresta nativa, o estabelecimento de reservas legais e

a formação de bancos de germoplasma de espécies nativas da região.

Em termos sociais, é a melhoria da qualidade de vida dos produtores com a geração de renda

através do pagamento do crédito de carbono, e da venda de madeira dos desbastes e colheita

final, bem como de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.

Em termos econômicos, com a replicação em grande escala do modelo ora proposto, é o estimulo

à atividade madeireira, em particular, a indústria de processamento de madeira, com agregação de

valor à produção regional.

A coordenação é do Programa Paraná Biodiversidade, da Secretaria do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos. O projeto conta com a EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas,

dando suporte na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem como na

identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. Conta também com a

EMATER e o Instituto Ambiental do Paraná na implantação e monitoramento do projeto.

A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono requer atenção especial por parte de

instituições que priorizem os aspectos sociais e ecológicos. Quando um projeto de carbono

incorpora a agenda social e ambiental já existente, há maior perspectiva deste de contribuir ao

desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em avançada fase de

negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso. Os recursos serão

destinados aos produtores e à replicação do projeto em outras regiões.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Descrição dos objetivos:

Os objetivos do Projeto são:

Promover biodiversidade através da implantação de reflorestamentos para a reconstituição

de florestas nativas em pequenas propriedades familiares, em seis municípios na região

noroeste do Estado do Paraná, Brasil.

Formatar estes reflorestamentos como um projeto de carbono, sob o âmbito do Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, buscando a inclusão de pequenos

produtores no mercado de carbono.

Utilizar reflorestamentos mistos, plantando espécies nativas ameaçadas de extinção junto

com espécies exóticas de rápido crescimento, em áreas de pasto, lavoura e degradadas.

Geo-referenciar estas áreas, projetá-las sobre imagens de satélite, demarcá-las como

reserva legal das propriedades através do SISLEG e registra-las em cartório.

Possibilitar a implantação deste módulo por 187 pequenos produtores familiares, sendo

67 de assentamentos de reforma agrária, que deverão servir de modelo para a replicação

do projeto em outras regiões.

Manejar cada reflorestamento seguindo os princípios de sucessão florestal natural,

desbastando exóticas e nativas pioneiras ao longo do tempo, deixando espaço para o

crescimento e a regeneração natural das nativas, de forma que permaneçam no final

apenas espécies nativas.

Transformar estes reflorestamentos em bancos de germoplasma de espécies nativas da

região.

Possibilitar renda aos produtores através da venda da madeira colhida no manejo, bem

como de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.

Estimular a atividade madeireira, em particular a indústria de processamento de madeira,

com agregação de valor à produção regional, conciliando a conservação com a produção.

Trabalhar para a replicação em grande escala do modelo ora proposto em outras regiões,

uma vez que é um projeto de alta replicabilidade, com possibilidade de uso do mesmo

modelo para mais de 300.000 produtores apenas no Estado do Paraná.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Apresentação do projeto

Título: Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um

modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Introdução

A maioria das propriedades rurais brasileiras não cumpre com a exigência de ter áreas de Reserva

Legal e Preservação Permanente, estabelecida no Código Florestal Brasileiro.

No Estado do Paraná, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, através do Programa

Paraná Biodiversidade, em trabalho conjunto com a Emater-PR, o Instituto ambiental do Paraná e

a Embrapa – Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, vem identificando modelos que facilitem

aos pequenos produtores o cumprimento desta exigência legal.

No começo do século XX, o Paraná era coberto em grande parte por florestas exuberantes, mas,

com a ocupação agrícola, de uma maneira muito rápida, essas florestas foram substituídas por

agricultura. Colonizadores viam a floresta como uma fonte de madeira valiosa, pronta para ser

cortada e para financiar o desenvolvimento agrícola trazido pelas culturas de café, grãos e

pecuária. Governantes, universidades, instituições de pesquisa, extensão rural e bancos

incentivavam a substituição da floresta, oferecendo aos proprietários crédito, tecnologias e planos

estratégicos de desenvolvimento da produção1.

Muito pouco se falava do valor da floresta como provedora de serviços importantes, como proteção

de água e solos, manutenção da biodiversidade e, conseqüentemente, de equilíbrio na natureza,

de beleza cênica, captura de carbono, entre outros.

Todo este processo ocorreu, e ocorre em outros Estados onde ainda há florestas, à revelia de leis

como o Código Florestal, que em 1965 determinava, para o Estado do Paraná, a manutenção de

áreas de preservação permanente em topos de morro, pendentes acentuadas e matas ciliares, e a

manutenção de uma reserva legal florestal correspondente a 20% da área de cada propriedade, a

1 Embora os campos não sejam florestas, pois não tem árvores, também foram ocupados por agricultura,

pecuária e silvicultura intensiva. Apesar deles não terem árvores nativas para custear o plantio, a conversão em atividade agrícola foi rápida devido ao baixo custo de preparo de solo e ao relevo apropriado para mecanização.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

ser manejada para conservação e produção, preferencialmente com florestas nativas.

Hoje, grande parte das áreas férteis e planas do Estado são totalmente ocupadas por agricultura,

pecuária e silvicultura intensiva. As florestas nativas ficaram confinadas a algumas poucas

unidades de conservação e a áreas de relevo acentuado ou de difícil acesso, mas mesmo assim,

sofreram um processo de corte seletivo, com a retirada das árvores de maior valor.

Os remanescentes florestais em bom estado de conservação são raros e devem ser vistos pelo

Estado como bens valiosos. Qualquer diminuição em sua área é irreparável, pois são as últimas

reservas de algumas espécies da fauna e da flora paranaense, fortemente ameaçadas de

extinção. De alguma forma, o Estado e a sociedade devem encontrar estratégias para protegê-los,

seja pela criação de unidades de conservação ou por mecanismos que transfiram renda para seus

proprietários.

No entanto, apenas manter estes remanescentes valiosos deixaria o Paraná com uma baixa

cobertura florestal – não mais do que 5% do Estado em termos otimistas – mal distribuída e

fragmentada em uma matriz de agricultura intensiva, cheia de ameaças como queimadas,

pulverizações de defensivos agrícolas, invasibilidade de algumas espécies de pastagem e árvores.

Vale frisar que o processo de fragmentação, por si só, gera uma série de problemas aos

ecossistemas isolados, como desaparecimento das espécies, endogamia e crescimento excessivo

de certas populações transformando-as em pragas, dentre outros.

A adoção de políticas de incentivo à recuperação de florestas, aumentando a cobertura florestal na

maioria das regiões e enriquecendo florestas empobrecidas em outras é uma necessidade

premente, sendo a reserva florestal legal o local natural para sua implementação. Políticas de

fomento devem considerar a propriedade como um todo, visando o equilíbrio da conservação e

também a produção de madeiras de valor.

A recuperação das florestas naturais em áreas de reserva legal no Estado é uma oportunidade

única para a construção de corredores florestais que concentrarão os remanescentes em bom

estado de conservação e para gerar renda para produtores e para o Estado do Paraná.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

O projeto:

O projeto está baseado um modelo de reflorestamento implantado em 187 pequenas propriedades

(Anexo 1), para o estabelecimento de reservas legais em áreas de pasto, lavoura e degradadas

em pequenas propriedades na região noroeste do Estado do Paraná, Brasil.

A implantação dos reflorestamentos modelo teve apoio financeiro do Programa Paraná-

Biodiversidade. A seleção de produtores participantes, a fim de permitir a máxima transparência,

deu-se através do Conselho Regional de Biodiversidade, após consultas a organizações de

pequenos produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região,

bem como autoridades locais e regionais quanto ao interesse em participar do projeto.

As áreas reflorestadas do projeto somam 379 ha, as quais foram todas geo-referenciadas e

projetadas sobre imagens de satélite Geocover de 1990 e Spot de 2005, conforme mostram as

figuras 9, 10 e 11 ( Anexo 2), envolvendo seis municípios da região.

Busca-se difundir atividades produtivas ecologicamente sustentáveis, através da implantação de

módulos agroecológicos, com práticas que conciliem a conservação com a produção. O objetivo

principal é promover a biodiversidade local através da criação de corredores que conectem

fragmentos florestais ao longo de bacias hidrográficas.

Dos 187 produtores, 120 produtores são independentes e 67 assentados da reforma agrária.

Todos enquadram-se na categoria de pequenos produtores familiares com propriedades abaixo de

30 ha. As áreas a serem reflorestadas variam de 1 a 5 ha, as quais serão demarcadas como

reserva legal das propriedades através do SISLEG e registradas em cartório.

A situação dos produtores participantes, bem como dos demais produtores de sua categoria nos seis municípios cobertos pelo projeto, apresentaram o seguinte cenário inicial:

Propriedades abaixo de 30 ha;

Não possuiam SISLEG;

Não possuiam reserva legal averbada;

Viviam principalmente da atividade agropecuária, cujo sistema de produção é composto por: gado de corte, gado leiteiro, sericicultura, café, mandioca, cana de açúcar, milho,

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

laranja e soja;

Enquadravam-se na categoria de produtor de baixa renda;

As áreas a serem reflorestadas estava sendo usadas para pasto ou cultivo agrícola desde 1990.

Cada reflorestamento é manejado seguindo os princípios de sucessão florestal. Assim, a floresta

nativa é restabelecida através da indução inicial de um mix de espécies exóticas e espécies

nativas pioneiras, servindo-se para o desenvolvimento de um ambiente favorável para o

crescimento de espécies nativas secundárias iniciais e tardias. Essas espécies são escolhidas

visando à formação de bancos de conservação genética de nativas ameaçadas de extinção.

O módulo de seqüestro de carbono é um dos módulos agroecológicos, cuja atividade está sendo

formatada como um projeto de carbono de reflorestamento de pequena escala sob o âmbito do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto.

Estratégia do módulo de seqüestro de carbono

A estratégia do módulo de carbono baseia-se sobre um modelo de reflorestamento seguindo os

princípios de sucessão florestal. Ao longo do projeto as espécies exóticas de crescimento rápido

de valor comercial são desbastadas para dar espaço para a regeneração natural e o crescimento

das espécies nativas plantadas. Ao mesmo tempo a retirada de madeira proporciona um ganho

monetário para os proprietários, o que constitui um atrativo para a sua participação e a potencial

replicação do modelo.

Ao final do ciclo de 20 anos do projeto, todas as árvores exóticas serão cortadas, bem como a

maioria das nativas pioneiras plantadas também devem ter findado o seu ciclo natural,

permanecendo apenas as nativas secundárias iniciais e tardias plantadas, junto com as nativas

regeneradas naturalmente durante o período, conforme prescreve o princípio da sucessão

florestal.

As espécies nativas secundárias são cuidadosa e cientificamente selecionadas dentro da região já

com o intuito de constituir bancos de germoplasma de espécies nativas relevantes da região. Ao

final do projeto, ter-se-á formado um mosaico de reflorestamento de nativas com material genético

de qualidade, com possibilidades tanto de venda de sementes nativas certificadas como o manejo

sustentável de madeira.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

As etapas de negociação entre as instituições envolvidas na implantação do projeto dentro do

Projeto PR-BIO, a EMATER e o IAP e as secretarias envolvidas SEMA, (Meio Ambiente) SEPL

(Planejamento) e SEAB (Agricultura) já foram superadas. Com relação aos envolvidos

(“stakeholders”) em nível de campo, foram realizadas consultas a organizações de pequenos

produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região, bem como

autoridades locais e regionais quanto ao seu interesse em participar do projeto. O projeto conta

com a EMBRAPA por meio do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, em Colombo, PR, como

parceira, dando suporte técnico na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem

como a identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. O projeto conta

também com o apoio da EMATER e IAP regional como parceiros na implantação e monitoramento

do projeto. Por se tratar de um projeto de longa maturação, selou-se um acordo interinstitucional,

onde se elaborou um cronograma de ação e atribuição de responsabilidades entre todas as

instituições e entidades participantes, visando à institucionalização das ações previstas dentro das

respectivas instituições

Localização do projeto

O projeto localiza-se na região do extremo noroeste da Messorregião geográfica Noroeste

Paranaense, abrangendo 6 municípios: Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Porto

Rico, Loanda, São Pedro do Paraná, Santa Isabel do Ivaí. Figuras 1 e 2.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

As áreas do projeto são discretas e localizam-se nas propriedades dos pequenos produtores

participantes e nos assentamentos de reforma agrária, totalizando 379 ha, distribuídos conforme

mostra a Tabela 1. Os nomes de todos os produtores participantes estão na Tabela 2 do Anexo 1.

A Figura 3 mostra a imagem Spot de 2005 com a plotagem das áreas discretas a serem

reflorestadas e georreferenciadas nos municípios do projeto. A Figura 4 mostra um detalhe da

mesma imagem e a Figura 5 destaca as áreas de reserva legal coletiva a serem reflorestadas nos

três assentamentos de reforma agrária no Município de Querência do Norte.

Tabela 1 - Distribuição de produtores por município e áreas discretas reflorestadas no Projeto.

Municípios cobertos pela área do projeto

no de produtor

área estabelecimento

área reflorestada

Santa Cruz de Castelo Branco 21 451,1 32,7

Porto Rico 24 185,9 37

Santa Izabel do Ivaí 12 186,7 21,5

Loanda 43 283,25 70,6

São Pedro do Paraná 20 341,9 29,7

Querência do Norte: PA Luís Carlos Prestes 43 876,47 104

Querência do Norte: PA Antônio Tavares 14 339,5 67,5

Querência do Norte: PA Margarida Alves 10 213,9 16

Total 187 2.878,72 379

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Com relação ao potencial hídrico das águas superficiais, a região é favorecida pela presença de

quatro bacias hidrográficas, dos rios Paraná, Ivaí, Piquiri e Paranapanema, todos com curso

parcial na mesorregião. Os seis municípios abrangidos pelo projeto de carbono se inserem entre o

Rio Paraná e o Rio Ivaí, na porção noroeste da mesorregião, fazendo parte da bacia hidrográfica

dos dois rios (Figura 6).

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Figura 6. Bacias hidrográficas da região do projeto.

Espécies e variedades florestais selecionadas

As espécies florestais selecionadas seguem o princípio de sucessão florestal no processo de

formação de uma floresta natural. Estas se classificam em espécies pioneiras (P), secundárias

iniciais (SI) e secundárias tardias (ST).

No modelo florestal proposto são utilizadas também e, principalmente, as espécies exóticas como

pioneiras dando suporte para a sustentação das espécies nativas secundárias. A espécie exótica

utilizada é o eucalipto, especificamente o Eucalytus grandis por apresentar um bom

desenvolvimento na região. As espécies nativas utilizadas são as de ocorrência na região visando

à formação de bancos ativos de germoplasma.

As espécies nativas são selecionadas em função de: i) sua importância e representatividade

ecotípica na região, ii) seu potencial para manejo e para a produção sustentável de madeira e

sementes, e iii) seu papel na sucessão de espécies na paisagem. Dentre essas procurar-se-á

priorizar as que, sob manejo sustentável, produzirão madeira e sementes de valor comercial no

futuro.

As matrizes são criteriosamente identificadas para a coleta de sementes para a produção de

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

mudas de qualidade. As espécies nativas potenciais são as de ocorrência na região onde se

localiza o projeto. As pioneiras são: Embaúba, Capixingui, Tapiá, Sangra d’água, Coração de

negro, Vacum, Jurubeba do mato, Grandiuva, Pau tucano. As secundárias iniciais potenciais

são: Camboatá, Ingá miúdo, Farinha seca, Curucaia, Ingá graúdo, Feijão cru, Embira de

sapo, Canafístula, Espeteiro, Sobrasil, Mamica de porca, Grão de onça. As secundárias

iniciais potenciais são: Guatéria, Peroba, Pateiro, Araçá, Guanandi, Canela, Canela folha larga,

Canelão, Canelinha, Jequitibá, Alecrim, Garapeiro, Jatobá, Óleo de copaíba, Guaiçara,

Catiguá, Figueria, Moreira, Cambuí, Pitangueira, Piúna, Pau d’alho, Limãozinho, Pau marfim

e Guatambu. A Tabela 3 traz a lista das espécies arbóreas nativas de ocorrência na região do

extremo Noroeste do Estado do Paraná potenciais para o Projeto, com o nome científico e a

família à qual pertence. As espécies de valor comercial estão destacadas em amarelo.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Tabela 3 - Lista das espécies arbóreas nativas de ocorrência na região do extremo Noroeste do

Estado do Paraná potenciais para o Projeto de carbono.

FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME COMUM GRUPO ECOLÓGICO

Cecropiaceae Cecropia pachystachya Embaúba P

Euphorbiaceae Croton floribundus Capixingui P

Euphorbiaceae Alchornea triplinervia Tapiá P

Euphorbiaceae Croton urucurana Sangra d'água P

Leguminosae Papilionoideae Poecilanthe parviflora Coração de nego P

Sapindaceae Allophyllus edulis Vacum P

Solanaceae Solanum sp Jurubeba do mato P

Ulmaceae Trema micrantha Grandiuva P

Vochysiaceae Vochysia tucanorum Pau tucano P

Anacardiaceae Tapirira guianensis Camboatá SI

Leguminosae Mimosoideae Inga fagifolia Ingá miúdo SI Ingá miúdo SI SI

Leguminosae Mimosoideae Albizia hasslerii Farinha seca SI

Leguminosae Mimosoideae Parapiptadenia rigida Gurucaia SI SI

Leguminosae Mimosoideae Inga uruguensis Ingá graúdo SI

Leguminosae Papilionoideae Lonchocarpus muehlbergianus Feijão cru SI

Leguminosae Papilionoideae Lonchocarpus guilleminianus Embira de sapo SI

Leguminosae Caesalpinoideae Peltophorum dubium Canafístula SI

Flacourtiaceae Casearia gossypiosperma Espeteiro SI

Rhamnaceae Colubrina glandulosa Sobrasil SI

Rutaceae Zanthoxyllum rhoifolium Mamica de porca SI

Sapotaceae Pouteria caimito Grão de onça SI

Annonaceae Guatteria sp Guatéria ST

Apocynaceae Aspidosperma polyneuron Peroba ST

Elaeocarpaceae Sloanea guianensis Pateiro ST

Euphorbiaceae Securinega guaraiuva Araçá ST

Guttiferae Calophyllum brasiliensis Guanandi ST

Lauraceae Nectandra mollis Canela ST

Lauraceae Ocotea diospyrifolia Canela folha larga ST

Lauraceae Nectandra cissiflora Canelão ST

Lauraceae Nectandra falciflolia Canelinha ST

Lecythidaceae Cariniana estrellensis Jequitibá ST

Leguminosae Caesalpinoideae Holocalyx balansae Alecrim ST

Leguminosae Caesalpinoideae Apuleia leiocarpa Garapeiro ST

Leguminosae Caesalpinoideae Hymenaea stilbocarpea Jatobá ST

Leguminosae Caesalpinoideae Copaifera langsdorffii Óleo de copaíba ST

Leguminosae Papilionoideae Sweetia fruticosa Guaiçara ST

Meliaceae Trichilia hirta Catiguá ST

Moraceae Ficus obstosiuscula Figueira ST

Moraceae Chlorophora tinctoria Moreira STMyrtaceae Myrciaria tenella Cambuí ST

Myrtaceae Eugenia uniflora Pitangueira ST

Myrtaceae Plinia rivularis Piúna ST

Phytolaccaceae Gallesia integrifolia Pau d'alho ST

Rutaceae Esenbeckia febrifuga Limãozinho ST

Rutaceae Balfourodendron riedelianum Pau marfim ST

Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum Guatambu ST

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

O Projeto de Carbono Florestal

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é um dos mecanismos de flexibilização previsto no

Protocolo de Kyoto. O Protocolo estipula que os projetos MDL devem contribuir ao

Desenvolvimento Sustentável do país hospedeiro, a critério do próprio país.

A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono, via projetos de pequena escala,

requer uma atenção especial por parte de instituições que priorizem os aspectos sociais e

ecológicos, aqui representado pelo Estado e empresas parceiras. Quando um projeto de carbono

incorpora a agenda social e ambiental já existente na região (Estado), há maior perspectiva deste

de contribuir ao desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em

avançada fase de negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso.

Neste projeto, os estoques de carbono selecionados incluem apenas a biomassa acima do solo,

especificamente: tronco, folhas e galhos. As raízes que correspondem a aproximadamente 20% da

biomassa da árvore, bem como as árvores nativas plantadas, foram utilizadas para definir a

metodologia da linha de base para compensar o carbono existente antes do projeto. Portanto, para

efeito de contabilização do carbono, foram contabilizados apenas os estoques de carbono acima

do solo dos eucaliptos, baseado no software SisEucalipto, da EMBRAPA.

As áreas a serem reflorestadas no projeto são discretas, ou seja, não são contíguas, e pertencem

a produtores independentes. Essas áreas são todas elegíveis para projeto MDL florestal tanto

segundo os critérios do Protocolo de Kyoto quanto os critérios de definição de floresta no Brasil. As

áreas não apresentam formação florestal desde 1990, conforme exige o Protocolo de Kyoto e

segundo o critério de definição floresta pelo Governo Brasileiro. A definição de floresta

estabelecida pela Resolução No 2 do MCT do Brasil de 10 de agosto de 2005 são formações

vegetais que tenham valor mínimo de cobertura de copas das árvores com 30 por cento; valor

mínimo de área de terra de 1 hectare, e valor mínimo de altura de árvores com 5 metros.

A análise de elegibilidade foi feita com base na interpretação de detalhes de imagens de satélite,

onde se sobrepôs os pontos georreferenciados das áreas a serem reflorestadas do projeto sobre

as imagens. A metodologia para a identificação do uso da terra das áreas do projeto foi realizada

através da interpretação de imagens de satélite Landsat disponível na internet através de um

mosaico de imagens chamado Geocover. A combinação de bandas desta imagem é 7R, 4G e 2B,

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

e a resolução é de 30 metros. Essa imagem apresenta um bom registro de coordenadas

geográficas e, por isto, não foi necessário fazer o georeferenciamento.

Foram sobrepostas nesta imagem, informações sobre limites municipais e propriedades de

agricultores, para verificar a espacialização das propriedades e o predomínio da ocupação do solo

em 1990 (Figuras 9,10 e 11 no Anexo 2). A partir das referidas imagens é possível observar a

situação do uso da terra em 1990 das áreas a serem reflorestadas dos produtores nos seis

municípios, com destaque às áreas de reserva legal coletiva dos três assentamentos localizados

no município de Querência do Norte.

A combinação de bandas desta imagem mostra a vegetação em tons de verde e o solo exposto

em tons de rosa. A floresta, portanto, apresenta tons de verde escuro com uma textura rugosa

devido a resposta espectral emitida pelos diferentes tipos de árvores que a compõem. A

agricultura apresenta uma coloração verde clara com textura lisa, devido ao crescimento

homogêneo da plantação e a interferência da resposta espectral do solo exposto que aos poucos

vai sendo coberto pela plantação. Isto faz com que a agricultura apresente diferentes tonalidades

de verde, conforme o estágio da plantação, porém sempre apresentando uma coloração

homogênea. Pode-se observar na figura 10, na área do assentamento, o predomínio de vegetação

rasteira, agricultura, com solo exposto, provavelmente terra arada, preparada para o cultivo.

Estas imagens corroboram com as informações sobre o processo histórico de expansão agrícola

na região, em que a maioria das áreas produtivas foi desmatada entre 1940 e 1970 e confirmam

que não há presença de formações florestais em 1990 nas áreas selecionadas para o

reflorestamento do projeto. Todos os proprietários participantes do projeto possuem título da terra

ou título de posse, conforme atestam as Fichas de Cadastro de participantes do projeto

preenchidas por ocasião de adesão.

A condição do título legal da terra foi especificada como um dos requisitos para participar do

projeto. As fichas se encontram sob guarda na EMATER regional Paranavaí, pertencentes à

Cooperativa de Produtores de Carbono no Noroeste do Paraná - COPCO, entidade

implementadora e responsável pelo projeto. Serão mantidas cópias das fichas cadastrais em forma

eletrônica na EMATER Regional e SEMA. Já as áreas de reserva legal coletiva dos

assentamentos são demarcadas oficialmente pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Agrária - INCRA quando da decretação dos mesmos. As reservas legais coletivas correspondem a

20% da área total do assentamento, correspondendo ao direito de uso do mesmo percentual ao

titular de cada lote. Segundo as fichas de cadastro, o uso atual do solo das áreas a serem

reflorestadas, sejam de produtores independentes ou de assentados de reforma agrária está em

forma de pasto, cultivo agrícola, descanso curto de 1 ou 2 anos, ou são áreas degradadas.

Estipulou-se que os produtores participantes são proprietários das árvores e consequentemente

dos créditos de carbono (CERs) a elas correspondentes. Os próprios produtores deverão realizar o

monitoramento do carbono através da COPCO e os CERs deverão ser repartidos pró-rata após

certificação e venda. A tecnologia empregada se baseia sobre um modelo de reflorestamento

fundamentada sobre duas premissas: que contribua para a conservação e que seja

economicamente viável. Nesse sentido, o modelo de reflorestamento procurou utilizar temporária e

parcialmente espécies exóticas que pudessem proporcionar uma entrada de recursos ao longo de

20 anos. Ao mesmo tempo utiliza também espécies nativas que se transformarão em um banco de

germoplasma de árvores nativas no final dos vinte anos do projeto.

O modelo de reflorestamento foi elaborado pela EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de

Florestas para atender as necessidades do projeto. O modelo utiliza o eucalipto e um mix de

espécies nativas pioneiras no primeiro ano como pioneiras na sucessão florestal. Essas servem

para estabelecer um ambiente favorável para a introdução de espécies nativas secundárias e

clímax no segundo ano. É esperado que o crescimento das árvores plantadas induza uma

regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque da área reflorestada, as quais se

desenvolverão na medida do desbaste dos eucaliptos. O eucalipto é selecionado por ser uma

espécie de crescimento rápido, ser adequado para as condições climáticas da região e apresentar

uma boa demanda no mercado regional. As espécies nativas são selecionadas em função de: i)

seu papel na sucessão de espécies na paisagem; ii) sua importância e representatividade

ecológica no ecossistema regional e; iii) seu potencial para manejo sustentável para a madeira e

sementes no longo prazo.

O modelo prevê dois delineamentos para a disposição das espécies nativas: um em bloco e outro

em faixa com o objetivo de testar o delineamento mais adequado para as condições da região para

futura aplicação. A escolha entre os dois delineamentos será orientada pelos técnicos da EMATER

regional em função das condições do lote bem como da preferência do produtor. É esperado que

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

os delineamentos apresentem graus diferenciados de dificuldade no momento da colheita dos

eucaliptos a fim de não danificar as nativas remanescentes (ver Figuras 12 e 13 no Anexo 4).

Manejo florestal

Os manejos dos reflorestamentos são muito semelhantes para os dois delineamentos. Os

resultados de produção de madeira previstos são de 478 m3 para o delineamento em bloco e 476

m3 para o delineamento em faixa cumulativo nos 20 anos. Para ambos, são previstos três

desbastes, (5, 10 e 15 anos), com corte sendo que no vigésimo ano será feito um corte total das

exóticas. Tabelas 4 e 5

Tabela 4 - Manejo florestal e simulação da produção de madeira de eucaliptos no modelo de reflorestamento proposto com delineamento das nativas em blocos.

Ano

desbastes remanescentes + regeneração natural sub-bosque

no pés >25 cm <25 cm total

Ano 0 - 1135 eucaliptos 425 nativas

Ano 5 613 eucaliptos 0 99 99 500 eucaliptos 425 nativas

Ano 10 198 eucaliptos 24,7 64,2 88,9 300 eucaliptos 425 nativas

Ano 15 99 eucaliptos 43,4 19,2 62,6 200 eucaliptos 425 nativas

Ano 20 200 eucaliptos 219 8,7 228 0 eucaliptos 425 nativas

Total 287 191 478

Ao longo dos 20 anos se processará uma dinâmica com relação às nativas, onde a maioria das

nativas pioneiras plantadas deverá ter completado o seu ciclo e morrerão (podendo ser utilizados

como lenha) e a regeneração natural de nativas no sub-bosque surgirá e desenvolverão na medida

em que mais espaço é aberto com os desbastes dos eucaliptos. O número de nativas que

efetivamente permanecerão no modelo é de difícil precisão por depender de uma série de

variáveis não controláveis no momento.

Para o delineamento das nativas em blocos, o modelo prevê um total inicial de 1666 covas com

espaçamento entre os indivíduos de 3m x 2m. Desses, 1261 (76%) são eucaliptos e 405 (24%)

são nativas, compostas por 360 pioneiras, 25 secundárias iniciais e 20 secundárias tardias

divididas em 5 blocos iguais. A localização dos blocos será definida pelo formato e relevo do lote.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Tabela 5 - Manejo florestal e simulação da produção de madeira de eucaliptos no modelo de reflorestamento proposto com delineamento das nativas em faixa.

Ano

desbastes remanescentes + regeneração natural sub-

bosque no pés >25 cm <25 cm total

Ano 0 - 1111 eucaliptos 432 nativas

Ano 5 590 eucaliptos 0 m3 96 m3 96 m3 500 eucaliptos 432 nativas

Ano 10 198 eucaliptos 13,7 m3 75,5 m3 89,2 m3 300 eucaliptos 432 nativas

Ano 15 99 eucaliptos 44,1 m3 18,6 m3 62,7 m3 200 eucaliptos 432 nativas

Ano 20 200 eucaliptos 219,3 m3 8,6 m3 227,9 m3 0 eucaliptos 432 nativas

Total 277,1 m3 198,7 m3 475,8 m3

Para o delineamento das nativas em faixa, o modelo prevê um total inicial também de 1666 covas

com espaçamento entre os indivíduos é de 3m x 2m. Desses, 1234 (75%) são eucaliptos e 432

(25%) são nativas, todas dispostas em uma faixa central com as secundárias iniciais e tardias em

meio às pioneiras para reduzir o efeito de borda.

As mudas dos eucaliptos serão adquiridas no mercado regional respeitando os parâmetros de

qualidade. As espécies nativas para a formação do banco de germoplasma serão produzidas a

partir de sementes coletadas sob a orientação da Embrapa Florestas a partir de matrizes

identificadas e marcadas na região. As mudas de nativas serão produzidas pelo IAP, agência

ambiental do Estado, em seus viveiros regionais.

Para o plantio das árvores não se utilizará a aração e gradagem para o preparo do terreno e sim o

sistema de risco em linha para minimizar possível emissão de carbono do solo. Com relação ao

uso de fertilizantes é recomendado aos produtores um uso mínimo apenas para assegurar o

pegamento das mudas.

O início do projeto de reflorestamento de pequena escala se deu em 2006, período de implantação

do reflorestamento. O período de creditação do projeto é de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2027.

A justificativa para o período de 20 anos se deve ao modelo de reflorestamento proposto que não

conta com a repetição de ciclos. O período de 20 anos é o tempo necessário à maturação e corte

das exóticas para toras para serrarias e a consolidação do banco de germoplasma de nativas.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

O período de vida operacional do projeto se coincide com o período de creditação do projeto, ou

seja, é de 20 anos de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2027.

O projeto escolherá o sistema de período de creditação renovável para deixar em aberto as

possibilidades de renovação quando do final dos 20 anos. Entretanto, a renovação ou não no final

do período ficará a critério da Cooperativa dos Produtores de Carbono do Noroeste do Paraná –

COPCO, os gestores efetivos do projeto. A atividade de reflorestamento está sendo implantada em

áreas de pequenas propriedades, onde o uso atual do terreno é em forma de pasto, lavoura,

pousio inicial ou são áreas degradadas.

Com o projeto o estoque de carbono sobre estas áreas irá aumentar com o plantio de árvores que

acumularão carbono na medida do crescimento das mesmas. As áreas reflorestadas serão

registradas no SISLEG - Sistema de Manutenção, Proteção e Restauração para Reserva Legal e

Áreas de Proteção Permanente e averbado em escritura em cartório. Há uma inércia muito grande

por parte dos pequenos produtores em aderir ao procedimento pelos custos administrativos

envolvidos no processo. Entretanto, a maior barreira reside nos altos custos de investimento para

a implantação de reflorestamentos – maior ainda para espécies nativas – e principalmente o custo

de oportunidade em relação a usos alternativos da terra com outras atividades agropecuárias.

Para pequenos produtores familiares as leis nacional e estadual facultam o plantio de espécies

exóticas no sistema multiestrata que mescla com espécies nativas. Esse tratamento diferenciado,

em princípio, lhes permitiria a implantação de pequenos reflorestamentos como atividade de renda

no longo prazo. Porém, para que os pequenos produtores ingressassem na atividade da

silvicultura, há ainda a barreira adicional do acesso a financiamento de longo prazo.

Rentabilidade econômica com venda da madeira de eucalipto

Para uma análise da perspectiva que o produtor pode ter em relação à produção madeireira, é

importante a leitura do texto abaixo, extraído na integra do site da Secretaria da Agricultura e do

Abastecimento do Estado do Paraná, em setembro de 2007 (http://www.seab.pr.gov.br)

A madeira representa o segundo produto de exportação no Agronegócio do Estado doParaná (23,02% em

2005). Embora tenha área, tecnologia e clima extremamente favoráveis para a produção florestal, estudos

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

apontam para a necessidade de plantio anual de aproximadamente 54.000 hectares de florestas para atender

a demanda existente no Estado, além do que já vem sendo plantado, sem considerar o índice de crescimento

anual médio do setor na ordem de 7,7%. Sua participação com 9,3% do valor bruto da produção do Estado

tem gerado aproximadamente 300.000 postos de trabalho na cadeia produtiva, baseados numa área florestal

plantada estimada em 820.000 hectares e um consumo anual de 34 milhões de metros cúbicos de madeira,

em mais de 1.300 empresas.

PERSPECTIVAS

Mesmo com a criação imediata de mecanismos que propiciem o incremento necessário de área florestal

plantada, o equilíbrio entre oferta e demanda somente poderá ser restabelecido a partir de 2021, haja vista

ao tempo exigido pelo cultivo florestal para produção de madeira com qualidade industrial e comercial

exigida. Caso não se desenvolvam tais mecanismos, os impactos negativos da falta de madeira serão "ainda

mais" fortemente verificados tanto na área econômica como social e ambiental, com:

Diminuição da produção industrial;

Encerramento de atividades em empresas;

Desemprego (perda de aproximadamente 40 mil postos de trabalho até 2012);

Pressões sobre os remanescentes florestais nativos;

Queda das exportações;

Diminuição do VBP estadual;

Não suprimento de cadeias produtivas integradas (avicultura, produção de grãos, cerâmicas, cal, etc.);

Aumento nas importações de madeira; dentre outras de menor impacto

Estes fatores indicam que produzir madeira é uma atividade das mais seguras para os produtores,

tanto em termos de perspectivas econômicas a médio e longo prazos, quanto à tolerância das

árvores a adversidades climáticas, pragas e doenças.

O desconto de R$1500,00 de custos de implantação e manutenção dos reflorestamentos, sem

considerar taxas de atratividade e projeções de aumento no preço de madeira ao longo do tempo,

com base nos dois primeiros em valores apresentados pela SEAB para toras de eucalipto,

indica que os produtores podem ter um retorno médio anual por hectare, R$1213,00 para o

delineamento com nativas em blocos e R$1197,00 para o delineamento com nativas em faixas.

Estes valores são superiores aos obtidos com agricultura e pecuária naquelas propriedades.

10 - 20 cm R$ 39,89

20 - 30 cm R$ 63,19

30 - 40 cm R$ 77,94

> 45cm R$ 96,58

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Gás Efeito Estufa seqüestrado nos 379 ha de reflorestamento

Foi contabilizado o carbono seqüestrado com eucaliptos, que possuem 75% das mudas plantadas.

O carbono seqüestrado pelas nativas plantadas e regeneradas naturalmente ao longo do projeto

será utilizado para descontar o estoque inicial de carbono da linha de base como áreas de

pastagens ou qualquer eventual vegetação não florestal presente como as capoeirinhas e

capoeiras.

Com base em um dos delineamentos propostos, o em bloco, ao longo do período de 20 anos do

projeto é de 102.094,26 tCO2, com média de 5.104 tCO2 por ano (Tabela 6 e Figuras 7 e 8).

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Tabela 6 - Estimativa de carbono sequestrado no projeto ao longo de 20 anos.

Anos

Estimativa anual do carbono sequestrado em 1 ha (toneladas)

Estimativa anual do CO2 sequestrado em

1 ha (toneladas)

Estimativa anual do CO2 sequestrado em 379 ha do projeto (toneladas)

Ano 1 - 2006 0,48 1,76 667,65

Ano 2 - 2007 8,21 30,13 11.419,54

Ano 3 - 2008 23,07 84,67 32.088,76

Ano 4 - 2009 39,74 145,85 55.275,56

Ano 5 - 2010 56,81 208,49 79.018,73

Ano 6 - 2011 36,96 135,64 51.408,77

Ano 7 - 2012 46,02 168,89 64.010,60

Ano 8 - 2013 54,83 201,23 76.264,69

Ano 9 - 2014 62,88 230,77 87.461,68

Ano 10 - 2015 70,93 260,31 98.658,66

Ano 11 - 2016 53,11 194,91 73.872,29

Ano 12 - 2017 58,68 215,36 81.619,77

Ano 13 - 2018 63,47 232,93 88.282,33

Ano 14 - 2019 67,78 248,75 94.277,24

Ano 15 - 2020 72,03 264,35 100.188,69

Ano 16 - 2021 61,14 224,38 85.041,46

Ano 17 - 2022 64,82 237,89 90.160,08

Ano 18 - 2023 67,61 248,13 94.040,78

Ano 19 - 2024 70,46 258,59 98.004,93

Ano 20 - 2025 73,40 269,38 102.094,26

Estimativa total de CO2 73,40 269,38 102.094,26

Número total de anos 20 20 20

Média anual de CO2 3,67 13,47 5.104

Fonte: Embrapa Florestas* estimativas a partir de delineamento em bloco. O plano de monitoramento do carbono está descrito no Anexo 3.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Figura 7 – Carbono total estocado em 1 ha de eucaliptos no modelo de reflorestamentocom delineamento das nativas EM BLOCOS em 20 anos

Figura 8 – Carbono total estocado em 1 ha de eucaliptos no modelo de reflorestamento com delineamento das nativas EM FAIXA em 20 anos

Carbono total

0,47

8,03

22,58

39,41

55,64

36,96

46,45

55,31

63,41

70,93

53,11

58,68

63,47

68,25

72,03

61,51

64,82

67,61

70,46

73,40

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Idade (anos)

T/h

a

Carbono total

Carbono total

0,48

8,21

23,07

39,74

56,81

36,96

46,02

54,83

62,88

70,93

53,11

58,68

63,47

67,78

72,03

61,14

64,82

67,61

70,46

73,40

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Idade (anos)

T/h

a

Carbono total

Carbono Total em 1 ha

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

A coordenação é do Programa Paraná Biodiversidade, da Secretaria do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos. O projeto conta com a EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas,

dando suporte técnico na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem como a

identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. Conta também com a

EMATER e o Instituto Ambiental do Paraná como parceiros na implantação e monitoramento do

projeto. Por tratar-se de um projeto de longa duração, selou-se um acordo interinstitucional, com

um cronograma de ação e atribuição de responsabilidades entre todas as instituições e entidades

participantes, visando à institucionalização das ações previstas por cada participante.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Resultados

O projeto proporcionará os seguintes resultados diretos:

Em termos ecológicos:

Reflorestamentos implantados em 187 propriedades familiares, envolvendo um mix de

espécies exóticas e nativas ameaçadas

Realização do SISLEG nas 187 propriedades participantes, com registro no Instituto

Ambiental do Paraná (IAP);

Reservas legais averbadas em cartório para todas as propriedades

Implantação e consolidação de 187 bancos de germoplasma de espécies nativas

ameaçadas de extinção.

Florestas nativas sendo reconstituídas com manejo que segue os princípios da sucessão

florestal natural

Melhoria da biodiversidade, do ciclo hidrológico e do micro-clima regional.

Fixação de 102.000 t/CO2 ao longo dos 20 anos em 379 ha reflorestadas

Contribuição para o seqüestro de carbono, como uma das medidas para a

mitigação do aquecimento global.

O modelo é estratégico para a reconstituição de reservas legais com espécies nativas. Sua

consolidação contribuirá para a constituição de um Programa Estadual de Reflorestamento

de reservas legais com espécies nativas de qualidade no longo prazo.

Em termos sociais

Melhoria da qualidade de vida dos produtores com a geração de renda através de:

1. venda de madeira dos desbastes e colheita final,

2. venda de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.

3. pagamento do crédito de carbono, caso se efetive a provável venda do projeto

Contribuição para a permanência dos participantes no campo. A atividade de

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

reflorestamento, por criar um patrimônio fixo, tende induzir a permanência na propriedade

dos pequenos produtores de baixa renda, em particular os assentados da reforma agrária,

reduzindo-lhes a rotatividade.

Em termos econômicos

Receita com a produção da madeira de espécie exótica e o pagamento dos créditos de

carbono ao longo do ciclo do projeto;

Receita da coleta de sementes e do manejo sustentável das espécies nativas do banco de

germoplasma após o término do projeto;

Retorno médio estimado de R$1213,00 por ha/ano para o delineamento com as nativas em

blocos e R$1197,00 por ha/ano para o delineamento com nativas em faixas. Estes valores

são superiores aos obtidos com agricultura e pecuária naquelas propriedades.

Apoio com 50% do investimento de implantação das áreas reflorestadas do projeto piloto

pelo Paraná Biodiversidade. Os outros 50% ficaram a cargo dos participantes do Projeto,

em forma de mão de obra, a título de contraparte. Esse apoio corresponde ao valor de

antecipação de parte dos créditos de carbono ora proposto para futuros projetos.

A provável replicação em grande escala do modelo ora proposto promoverá forte estimulo à

atividade madeireira, em particular, à indústria de processamento de madeira, com

agregação de valor à produção regional, conciliando a conservação com a produção.

Em termos de continuidade, replicação do projeto e outras contribuições:

Aporte de recursos pelo Programa Paraná Biodiversidade para viabilizar o Projeto. Trata-se

de um investimento "semente" para alavancar a sinergia entre a missão do Programa e as

oportunidades de MDL de pequena escala. O projeto é de alta replicabilidade, com

possibilidade de uso do mesmo modelo para mais de 300.000 produtores apenas no

Estado do Paraná

Contribuição pelo Paraná Biodiversidade na gestão do Projeto de Carbono, bem como na

articulação da interação e compromisso das instituições e entidades parceiras. Esse

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

assessoramento deve continuar até concluir a primeira certificação do carbono por EOD,

previsto para o final do terceiro ano do ciclo do projeto.

Formação da Cooperativa de Produtores de Carbono no Noroeste do Estado – COPCO,

após implantado o projeto de carbono. Esta Cooperativa irá constituir o gestor legítimo e

responde autônoma e juridicamente ao projeto. Haverá um processo de capacitação dos

participantes diretos para que estes conheçam os procedimentos do ciclo completo do MDL

e da compreensão da inserção do projeto no mercado de carbono.

A racionalidade do modelo de reflorestamento das reservas legais proposto neste projeto

prevê uma antecipação de recursos (no caso do projeto piloto com recursos do Estado e

em caso de replicação com recursos de créditos de carbono) que constitui uma ponte para

viabilizar reflorestamentos de pequena escala com inclusão social e melhoria do ambiente

local. Nesse sentido, a atividade do projeto contribui para o cumprimento da exigência legal

do estabelecimento da Reserva Legal em pequenas propriedades.

A consolidação do presente projeto servirá de subsídio para uma política pública estadual

para replicar o modelo em grande escala, guardadas as devidas adaptações necessárias

segundo o bioma, de modo que a antecipação de parte do valor do serviço do carbono

venha a viabilizar um modelo florestal ecologicamente sustentável e socialmente justo.

O programa poderá servir de modelo para outros Estados com situações

semelhantes às do Paraná.

Consideração final

A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono requer atenção especial por parte de

instituições que priorizem os aspectos sociais e ecológicos. Quando um projeto de carbono

incorpora uma agenda social e ambiental já existente, há maior perspectiva deste de contribuir ao

desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em avançada fase de

negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso. Os recursos serão

destinados aos produtores e à replicação do projeto em outras regiões.

8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no

Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.

Esquema da sucessão do projeto através do Fundo Rotativo de Carbono