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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 1 Módulo III I Semestre 2013 Ensino Médio A agroecologia é uma proposta de agricultura que não se limita a produção de sem uso de agrotóxicos. A ideia central é o respeito às diversidades locais e a convivência com os ecossistemas, as relações justas de comercialização e trabalho também fazem parte do modelo agroecológico. A diversificação da produção associada a utilização de técnicas e dos recursos hídricos e a baixa dependência de insumos garantem a produção de alimentos saudáveis e nutritivos,(a agroecologia procura nesse sentido,estabelecer um equilíbrio natural que vai além do (nome) manejo ecológico integrando objetivos ambientais,sociais e econômicos,propondo estratégias para o desenvolvimento rural sustentável.

Modulo iii proeja medio

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Módulo III

I Semestre 2013

Ensino Médio

A agroecologia é uma proposta de agricultura que não se limita a produção de sem uso de

agrotóxicos. A ideia central é o respeito às diversidades locais e a convivência com os

ecossistemas, as relações justas de comercialização e trabalho também fazem parte do

modelo agroecológico. A diversificação da produção associada a utilização de técnicas e dos

recursos hídricos e a baixa dependência de insumos garantem a produção de alimentos

saudáveis e nutritivos,(a agroecologia procura nesse sentido,estabelecer um equilíbrio natural

que vai além do (nome) manejo ecológico integrando objetivos ambientais,sociais e

econômicos,propondo estratégias para o desenvolvimento rural sustentável.

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Aluno (a): ..........................................................................................

ANOTAÇÕES:

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SUMÁRIO GERAL

1-GEOGRAFIA ............................................................................................................................. 04

2-HISTÓRIA ................................................................................................................................. 25

3-LINGUA ESTRANGEIRA MODERNA –INGLÊS .................................................................. 64

4- FILOSOFIA-METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTIFICO ................................... ......134

5-BIOLOGIA ................................................................................................................................ 143

6-GESTÃO DA PROPRIEDADE AGRÍCOLA .................................................................... ......343

7-MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO ....................................................................... ......437

8-CULTURAS REGIONAIS ................................................................................................ .....456

9- PESQUISA, ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E INICIAÇÃO CIENTIFICA ............... .....456

9- INTERVENÇÃO SOCIAL, TECNOLOGIA SOCIAL, ATIVIDADE DE CAMPO E VISITAS

TECNICAS .............................................................................................................................. .....456

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Profª. Edivânia Araújo

LICENCIADA EM BIOLOGIA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

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DINÂMICA DA POPULAÇÃO

População e Sociedade

A população é o conjunto de pessoas que residem em determinado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segundo sua religião, nacionalidade, local de moradia (urbana e rural), atividade econômica (ativa ou inativa) e tem seu comportamento e suas condições de vida retratados através de indicadores sociais – taxas de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índices de analfabetismo, participação na renda, etc. Nesta unidade, é importante não confundir população com nação, que é um conjunto de pessoas que possuem a mesma história e estão inseridas em um mesmo padrão cultural. Assim, a população de um país pode conter várias nações, como é o caso de diversos países da África, onde os colonizadores europeus estabeleceram as atuais fronteiras em função dos próprios interesses econômicos e geopolíticos. É comum também que uma nação esteja dividida em dois ou mais países, compartilhando o território nacional com povos de outras nações, o que comumente termina em divergência de interesses e sérios conflitos. Essa é a base do verdadeiro genocídio ou extermínio físico entre as tribos, que frequentemente assola a África, e dos movimentos separatistas do Leste Europeu – ex-Iugoslávia e extinta União Soviética. É importante ressaltar ainda que em uma dada população, mesmo que as pessoas tenham ideias comuns e formem realmente uma nação, há grandes contrastes no que se refere à participação dos habitantes na renda nacional, ou seja, existem as classes sociais, e daí surge a necessidade da ação do Estado para intermediar os conflitos de interesses. Em países desenvolvidos, as diferenças econômicas são atenuadas através do acesso da população de baixa renda a sistemas públicos eficientes de saúde, educação, transporte, moradia e lazer, o que é possível graças a um sistema tributário de cunho distributivo. Já nos países subdesenvolvidos, o Estado costuma estar a serviço dos interesses privados de uma minoria da população e os serviços públicos são relegados a último plano. Quanto mais acentuadas as diferenças sociais, maior a concentração da renda, maiores as distâncias entre a média dos indicadores sociais de população e a realidade em que vive a maioria dos cidadãos. Por exemplo, a expectativa de vida de um brasileiro não corresponde à média do país contabilizada no censo de 1991 (66 anos), mas à média obtida segundo sua faixa de renda. Quem recebe mais de dez salários mínimos terá uma expectativa de vida superior – 71,5 anos – à de quem vive com até um salário mínimo – 54,8 anos – e não consegue sequer se alimentar de forma digna. Ou, ainda, se a taxa de natalidade de um país for alta, é necessário considerar o que está acontecendo nas suas diferentes regiões ou classes sociais: os pobres costumam ter mais filhos que os ricos. Portanto, diante de uma tabela contendo quaisquer indicadores sociais de uma população, temos de levar em conta a forma como está distribuída a renda do país para podermos avaliar a confiabilidade da média obtida. Quando nos referimos à população de um território, podemos considerar os conceitos de populoso ou povoado, o que envolve a noção de população absoluta – número total de habitantes – e relativa – habitantes por quilômetro quadrado. Um país é considerado populoso quando o número absoluto de habitantes é alto. Por exemplo, o Brasil é o quinto país mais populoso do planeta, com cerca de 155 milhões de habitantes, mas pouco povoado, pois possui apenas 17 hab/km2. Porém, quando a análise parte do pressuposto que interessa, ou seja, da qualidade de vida da população, esses conceitos devem ser relativizados. Os Países Baixos, apesar de apresentarem uma população relativa alta – 429 hab/km2 -, possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que atendem às necessidades dos seus cidadãos e não podem, portanto, ser considerados um país superpovoado. Já o Brasil, com uma baixa população relativa, é "muito povoado", devido à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc. Nesse contexto, em última instância, o que conta é a análise das condições socioeconômicas da população, e não a análise demográfica.

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O Crescimento Populacional ou Demográfico

Em 1994, o planeta contava com 5,6 bilhões de habitantes. Do início dos anos 70 até hoje, o crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,60% ao ano, o número de mulheres que utilizam algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 50% e o número médio de filhos por mulher em países subdesenvolvidos caiu de 6 para 4. Ainda assim, esse ritmo continua alto e, caso se mantenha, a população do planeta duplicará até 2050. O crescimento demográfico está ligado a dois fatores: o crescimento natural ou vegetativo, que corresponde à diferença entre nascimentos e óbitos verificada numa população, e a taxa de migração, que é a diferença entre a entrada e a saída de pessoas de um território. Considerando essas duas taxas, o crescimento populacional pode ser positivo, nulo ou negativo.O crescimento da população foi, ao longo do tempo, explicado a partir de teorias. Vejamos as principais.

Teoria de Malthus

Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta basicamente dois postulados: a) A população, se não ocorrem guerras, epidemias, desastres naturais, etc., tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um fator variável, ou seja, que cresceria sem parar. b) O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria um limite de produção, por depender de um fator fixo: o próprio limite territorial dos continentes. Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção alimentar (PG x PA). Previa ainda que um dia estariam esgotadas as possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e a população do planeta continuaria crescendo. A consequência seria a fome, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta. Para evitar esse flagelo, Malthus, um pastor da igreja anglicana contrário aos métodos anticoncepcionais, propunha a sujeição moral, ou seja, que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-los. Hoje, sabe-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a produção (quantidade produzida) aumenta, já que a produtividade (quantidade produzida por área -– toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem aumentando sem parar. Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em uma região limitada, com população predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da história. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura. Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. A fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má distribuição, e não da carência na produção de alimentos. A atual produção agropecuária mundial é suficiente para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas, enquanto a população do planeta ainda não atingiu a cifra de 6 bilhões. A fome existe porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fato facilmente observável no Brasil: apesar do enorme volume de alimentos exportados, as prateleiras dos supermercados estão sempre lotadas e a panela de muitos operários e boias-frias, sempre vazia.

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Teoria neomalthusiana

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi realizada uma conferência de paz em 1945, em São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da miséria nos países subdesenvolvidos? Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das relações comerciais que caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, em escala planetária, que, é óbvio, diminuiriam as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos. Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas. Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os países subdesenvolvidos, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícola e industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria. Ela passa, então, a propor programas de controle da natalidade nos países subdesenvolvidos e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de enfrentar problemas socioeconômicos exclusivamente a partir de posições contrárias à natalidade, de acobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de uma argumentação demográfica. Dizer que os países subdesenvolvidos desviaram dinheiro do setor produtivo para os investimentos sociais é, no mínimo, hipocrisia. A dinâmica demográfica brasileira

No último século a população brasileira multiplicou por dez: em 1900 residiam no Brasil cerca de 17 milhões de pessoas, no ano 2000 quase 170 milhões. Desde o primeiro recenseamento (1872) ocorreram várias mudanças no padrão da evolução demográfica brasileira. Até o início da década de 1930 o crescimento da população do Brasil contou com forte contribuição da imigração. A partir de 1934, com a adoção da "Lei de Cotas" que estabelecia limites à entrada de imigrantes, o aumento da população

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dependeu, principalmente, do crescimento vegetativo (cv), isto é, a diferença entre as taxas

de natalidade e a de mortalidade expressa em % (por cem) ou %0 ( por mil) habitantes. No entanto, foi depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) que o crescimento tornou-se acelerado, devido à diminuição das taxas de mortalidade. Isso é explicado por fatores como a expansão da rede de esgoto, acesso à água encanada, campanhas de vacinação em massa, acesso a medicamentos básicos, etc. Entre 1940 a 1960 foi registrada a maior evolução das taxas de crescimento populacional, atingindo em 1960 a taxa de 2,9% a.a. (ao ano - ou 29%0 a.a.). Este período marcou a primeira fase de transição demográfica

brasileira.

A partir da década de 1960, começou a ocorrer uma desaceleração demográfica contínua: a diminuição das taxas de natalidade passou a ser maior que a das taxas de mortalidade, registrando em 2000 um crescimento demográfico de 1,6% a.a., com tendência à queda. Essa mudança no padrão do crescimento populacional brasileiro mostra uma situação típica da segunda fase de transição demográfica.

Mudanças das taxas de fecundidade A razão fundamental da queda das taxas de crescimento populacional no Brasil foi a diminuição da taxa de fecundidade (média de número de filhos por mulher em idade de

procriar, entre 15 a 49 anos), que caiu de 6,3 filhos, em 1960, para 2,0 filhos, em 2006, o que significa que as famílias brasileiras estão diminuindo. Apesar do crescimento cada vez mais lento, a população brasileira deverá chegar a 183 milhões de habitantes no final de 2009. O número de brasileiros mais que dobrou em 35 anos, uma vez que em 1970 havia 90 milhões de pessoas no país. Apenas nos últimos cinco anos - 2000 e 2005 - cerca 15 milhões de habitantes foram acrescentados ao país. Urbanização e queda das taxas de crescimento O intenso processo de urbanização, verificado no Brasil principalmente a partir da década de 1960, foi o principal responsável pela redução das taxas de fecundidade e a conseqüente queda das taxas de crescimento demográfico. É na cidade que as informações e o acesso aos métodos de contra-concepção são maiores e foi justamente a partir deste período que a pílula anticoncepcional passou a ser difundida na sociedade brasileira. As mulheres engrossaram o mercado de trabalho urbano e as famílias passaram a dispor de menos tempo para se dedicar aos filhos. Além disso, na cidade as despesas com a criação e formação da criança são maiores que no meio rural, constituindo um fator inibidor para a formação de famílias numerosas. No caso das mulheres mais pobres, diante da dificuldade de terem acesso a métodos de contra-concepção, a esterilização foi a principal opção adotada. Registraram-se no Brasil casos em que a esterilização das mulheres em hospitais públicos foi realizada inclusive sem o consentimento da paciente, logo após o trabalho de parto. As alternativas de contra-concepção mais utilizadas pelas mulheres brasileiras são, respectivamente: a ligadura de trompas (esterilização), a pílula e a camisinha. Nos países desenvolvidos a ligadura de trompas é o método menos utilizado, sendo mais comum a

vasectomia, que é o processo de esterilização masculina, que pode ser reversível.

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Crescimento populacional e estrutura etária

A distribuição da população por faixas de idade em um país é conseqüência das taxas de

crescimento populacional, da expectativa de vida e das migrações.

A população é geralmente agrupada em três faixas etárias:

jovens (0-17 anos); adultos (18-64 anos); e

idosos (acima de 65 anos).

Nos países desenvolvidos, a estrutura etária é caracterizada pela presença marcante da

população adulta e de uma porcentagem expressiva de idosos, conseqüência do baixo crescimento vegetativo e da elevada expectativa de vida. Essa situação tem levado a reformas sociais, particularmente, no sistema previdenciário em diversos países do mundo, já que o envelhecimento da população obriga o Estado a destinar boa parte de seus

recursos econômicos para a aposentadoria. Nos países subdesenvolvidos os jovens superam os adultos e os idosos, conseqüência do

alto crescimento vegetativo e da baixa expectativa de vida. Essa situação coloca os países subdesenvolvidos numa situação de desvantagem, particularmente os pobres que possuem famílias mais numerosas: sustentar um número maior de filhos limita as possibilidades do Estado e da família em oferecer uma formação de boa qualidade, coloca a criança no mercado de trabalho e reproduz o círculo vicioso da pobreza e da miséria ao dificultar a possibilidade de ascensão social futura. No caso do Brasil, e de outros países classificados como "emergentes", a proporção de

jovens tem diminuído a cada ano, ao passo que o índice da população idosa vem aumentando. Essa é uma das razões das mudanças recentes no sistema de previdência social, com estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria e teto máximo para

pagamento ao aposentado.

Pirâmides etárias

A pirâmides etárias são representações gráficas (histograma) da população classificada por sexo e idade. No eixo vertical (y) estão indicadas as diversas faixas etárias, enquanto que no eixo horizontal (x) está indicada a quantidade de população: as barras da esquerda representam a população masculina e as barras da direita representam a população feminina. Observe duas pirâmides etárias correspondentes a dois países que apresentam um perfil sócio-econômico bastante diferente.

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A forma da pirâmide está associada ao nível de desenvolvimento do país. As pirâmides com forma irregular, topo largo e base estreita, correspondem aos países com predomínio de população adulta e população envelhecida, caso dos países desenvolvidos que atingiram ou estão próximos de atingir a fase de estabilização demográfica. As pirâmides de base larga e

forma triangular representam países com população predominante jovem e baixa expectativa de vida, caso dos países subdesenvolvidos, em fase de crescimento acelerado, ainda na primeira fase da transição demográfica. No Brasil, a pirâmide etária tem se modificado a cada década. Sua forma revela uma situação intermediária entre as duas primeiras pirâmides apresentadas, de acordo com as alterações recentes ocorridas do padrão demográfico brasileiro. Observe estas mudanças através da sobreposição das pirâmides de 1980 a 2000.

Observação: Não existe um critério único para a distribuição da população por faixa etária; o mais adotado (inclusive pelo IBGE, atualmente) divide a população em jovens (0-14 anos), adultos (15-65 anos) e idosos (acima de 65 anos). Essa distribuição tem como critério a população ligada ao mercado de trabalho (pessoas de 15 a 65 anos, aproximadamente), empregada ou não, e as pessoas consideradas fora desse mercado (com menos de 15 anos ou mais de 65 anos, aproximadamente). Deve-se observar que, a divisão da população, em três grandes grupos etários: de 0 a 14 anos, 15 a 64 e 65 anos e mais, não é restritivo. A utilização da divisão dos tradicionais grupos etários é base para o cálculo da razão de dependência em relação à população potencialmente ativa. A razão de dependência é a relação entre a população dependente (menores de 15 anos + acima de 65 anos) e a população em idade ativa (de 15 a 64 anos), multiplicado por cem. Com relação a faixa etária dos idosos, o critério de 65 anos e mais é utilizado para a conceituação do índice de envelhecimento que é indicado pelo "número de pessoas de 65 anos e mais de idade para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade,

na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado."

Origens e etapas da industrialização no Brasil

A atividade industrial no Brasil teve início no período colonial. Sua história, entretanto, não se caracteriza por uma evolução sistemática. As atividades agrícolas e o extrativismo absorviam os poucos capitais e a mão-de-obra, só dando margem, naquele período, às indústrias caseiras, à agro-indústria do açúcar, a pequenas indústrias no litoral, e aos estaleiros em que se construíam embarcações de madeira.

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A população extremamente rarefeita, mesmo ao longo da costa; as dificuldades de transporte, decorrentes das distâncias; o regime da escravidão e do latifúndio, e a própria política da metrópole, que proibia, em 1766, a prática do ofício de ourives, e por carta régia de 1785, todas as manufaturas de fumo, panos e bordados, foram outros tantos obstáculos a qualquer surto de manufaturas de valor. Tal situação se prolongou através do primeiro e do segundo reinado, quando ainda faltavam todos os elementos para uma indústria autônoma, concentrada e mecanizada, que procura a proximidade das fontes de energia, de matéria-prima, da clientela, dos transportes e, sobretudo, da mão-de-obra. Na verdade, só depois da transferência da corte de D. João para o Brasil foram revogados os editos que vedavam até a existência de depósitos de salitre, fechavam as fábricas têxteis e mantinham a proscrição das fundições de ferro instaladas em São Paulo e Minas. Depois da independência, o reconhecimento pelas potências européias só se tornou possível mediante a concessão de tarifas especiais para os produtos britânicos, concessão que vigorou até 1844. Um antigo empregado de firma britânica no Brasil, que conseguiu estabelecer-se e expandir seus negócios, tornando-se um homem de finanças que acompanhava o surto industrial da Europa, Irineu Evangelista de Souza, teve o descortino de tentar o caminho da indústria, sem levar em conta, entretanto, o grave obstáculo que representava o escravismo, inviável à criação de um mercado nacional. Não obstante isso, registraram-se algumas iniciativas no campo da indústria. Surgiu a fundição de tubos de encanamento de água do rio Maracanã, no Rio de Janeiro. O estaleiro montado na Ponta da Areia, em Niterói, ampliou a construção naval do país, fabricando setenta navios em pouco mais de dez anos. Ligada ao impulso dos serviços urbanos, criou-se a primeira empresa de iluminação a gás. Organizou-se uma companhia de navegação no rio Amazonas. Em 1870, estimou-se em 742 mil contos de réis, quantia avultada para a época, a produção industrial do Brasil. O governo monárquico, todavia, voltava-se mais para as obras públicas do que para prestigiar as iniciativas da indústria privada nacional e o surgimento e consolidação de um empresariado vinculado aos interesses do país. Construíram-se, desse modo, portos para atender às necessidades do comércio externo. As estradas de ferro se prolongaram, mas só a partir de 1870, vindo a interessar capitais ingleses e desempenhar um papel mais dinâmico na economia do país. Instalaram-se companhias de força elétrica, de bondes, de telefones, de luz, de telégrafos, por iniciativa do capital estrangeiro ou vindo a ser concedidas a este. No período da primeira guerra mundial, instalaram-se no Brasil cerca de 5.940 empresas industriais, compreendendo-se aí a produção de uns trinta artigos novos. Mas dentre essas indústrias não figurava a indústria mecânica nem os bens fundamentais capazes de possibilitar a criação da base industrial do país. Na década de 1940, pela primeira vez o valor da produção industrial brasileira ultrapassou o da produção agrícola, elevando-se a 13.000.000 de contos de réis, contra 8.590.000. Verdadeiramente, só na década de 1940 o Brasil logrou a primeira iniciativa industrial de vulto, que iria servir de base a uma modificação na sua estrutura econômica. Esta se verificou em face de circunstâncias criadas pela segunda guerra mundial. Necessitando instalar bases aéreas no território brasileiro para o trânsito dos seus aviões de guerra para a África e Europa, os E.U.A. negociaram a implantação de uma unidade siderúrgica que veio a constituir a Companhia Siderúrgica Nacional, pertencente ao Estado. A usina de Volta Redonda desempenhou, de fato, o papel de célula-mater da indústria pesada nacional, propiciando ao longo de sua atividade, a criação de novas indústrias e a expansão siderúrgica. Outro passo importante no sentido de uma industrialização autônoma foi a instituição do monopólio estatal do petróleo, mediante a criação da Petrobrás por meio da lei 2.004, de 3 de outubro de 1953. A descoberta do lençol petrolífero do Lobato, na Bahia, em 1937, propiciou uma modificação no código de minas e a posterior instituição do Conselho Nacional do Petróleo, a fim de orientar o problemas do ponto de vista brasileiro. Para levar adiante o processo de desenvolvimento industrial, os países adotam uma série de medidas que caracterizam suas opções. O conjunto dessas medidas e a orientação que

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lhe é implícita constituem a política industrial. No caso brasileiro, a industrialização se iniciou tardiamente, o que leva o país a realizar grandes esforços, visando a diminuir a distância que o separa dos países desenvolvidos. A dependência do mercado externo e a desigual distribuição da renda, que restringe o mercado interno, constituem ainda aspectos negativos para a industrialização do país. Fatores ligados aos grandes acontecimentos econômicos mundiais, profundos movimentos políticos internos, condições peculiares da região, a política industrial seguida pelos governos - têm importância determinante em relação as avanços industriais. Na América Latina, cujos países durante longo tempo se mantiveram na posição de fornecedores de matérias-primas para clientes industriais, tornou-se evidente que a substituição das importações constituía uma exigência imperiosa para a industrialização e o desenvolvimento econômico. A partir da década de 1930 se fez sentir particularmente nesses países o enfraquecimento do setor externo. No Brasil, contudo, os sinais de debilitamento desse setor ocorreram bastante antes, após o auge da borracha amazônica, que precedeu a primeira guerra mundial. Mas o país, essencialmente agrícola, como era qualificado, simplesmente intensificou as exportações de café, reforçou o comércio de algodão e do cacau, sem vislumbrar ainda os rumos de uma política de substituição das importações. O deslocamento progressivo do centro do comércio internacional, do Reino Unido para os E.U.A., e medidas tomadas por esses dois países durante a crise, entre as quais sobressaem as fortes restrições protecionistas norte-americanas de 1930, tiveram conseqüências funestas para as economias dos países latino-americanos. A gravidade de tais reflexos, em cada país, fez-se sentir em função do coeficiente da importação e da estrutura industrial de que este já dispusesse, para nessa estrutura apoiar seus esforços de substituição das importações. Rapidamente recuperado em seguida à década de 1930, não prosseguiu de maneira favorável a evolução posterior desse coeficiente: o descenso continuou até a década de 1950. O Brasil constitui-se na América Latina no país de mais baixo coeficiente de importação, o que representou um fator decisivo para o crescimento do volume da produção industrial interna. Iniciada a expansão do incipiente parque industrial com as indústrias de bens de consumo, procurou-se atingir, nos últimos anos, uma fase mais avançada, a da produção de bens de equipamento e materiais básicos indispensáveis à aceleração do ritmo do crescimento geral. Sensíveis desequilíbrios ainda se fazem notar, principalmente nos ramos produtores de matérias-primas básicas, a exemplo do que acontece com alguns produtos siderúrgicos e químicos que demandam vultosos investimentos e alta técnica de que carece a economia nacional. Em termos absolutos, segundo o relatório anual do BID (1969), o Brasil desfrutava em 1968 do maior crescimento industrial da América Latina, tendo superada a Argentina, a partir de 1962 (a taxa de crescimento industrial do Brasil entre 1961 e 1968 era de 5,2% contra 2,5% da Argentina). Tal resultado foi obtido em virtude de um elenco de providências governamentais, incluindo isenção de impostos, abatimentos no imposto de renda e correspondentes incentivos fiscais, relativos não só às exportações, o que representou, em 1968, um aumento de 15% na produção industrial que participou com 28% do produto interno bruto. Tal posição, por sua vez, se reflete no mercado externo. Em 1970 o objetivo da economia brasileira era deixar de depender exclusivamente da substituição das importações, ultrapassar a fase da exportação de gêneros alimentícios e matérias-primas da produção primária e ampliar a pauta exportável com variados produtos industriais. As metas mínimas estabelecidas para o período 1970-1973 estabeleciam o crescimento anual de 9 a 11% para a indústria manufatureira e a mineração; 9 a 11% para a indústria siderúrgica; 7 a 9% para o setor enérgico. Influindo fortemente na composição da taxa de crescimento industrial da América Latina, em que ocupa o primeiro lugar, em 1973, o Brasil divide com a Argentina, a Colômbia e o México, a responsabilidade por 80% da produção industrial dessa parte do mundo. A grande concentração industrial na Região Sudeste

Buscando as causas que influem na distribuição espacial da atividade industrial, podem se destacar dois fatores: •fatores histórico-econômicos (mão-de-obra, capital, mercado consumidor - interno e externo

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- tecnologia, transportes etc.); •fatores naturais, isto é, aqueles que derivam das condições naturais de uma certa área ou região (matérias-primas e fontes de energia, por exemplo). Após a decadência da agroindústria canavieira do Nordeste, no século XVII, e a descoberta de metais preciosos nas Minas Gerais, a Região Sudeste começou a estruturar-se como área de atração de população e de inversão de capitais. Data, inclusive, dessa época, a mudança da capital político-administrativa da colônia, de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da atividade mineradora. Esse fato constitui-se de grande importância no crescimento da cidade do Rio de Janeiro e de sua área próxima, pois essa cidade tornou-se o centro de intercâmbio comercial. Através de seu porto, estabelecia-se o contato com o exterior e com as outras regiões do Brasil. Quando ocorreu a decadência da atividade mineradora, os trabalhadores das minas deslocaram-se em busca de solos mais férteis onde pudessem desenvolver uma agricultura de maior rendimento, encontrando-os no norte e nordeste de São Paulo. No início do século XIX, a cafeicultura, vinda do Rio de Janeiro, penetrava em solo paulista e, logo em seguida, atingia os solos férteis do planalto ocidental (as terras roxas). Além de atrair populações de outras regiões e áreas do Brasil, a expansão da cafeicultura requisitou mão-de-obra estrangeira, representada por imigrantes italianos, espanhóis, alemães e outros. Além disso estimulou o desenvolvimento ferroviário e a concentração financeira. A instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, a partir de 1808, também contribuiu para dinamizar não só a cidade, mas também a área próxima à capital. A crise da cafeicultura de 1929/30 possibilitou que muitos recursos financeiros que eram aplicados nessa cultura fossem transferidos para a atividade industrial. Vê-se, então, que desde o século XVIII, o Sudeste foi-se estruturando como área de atração de população e de capitais, tornando-se a região concentradora da riqueza. Assim, o mercado consumidor e financeiro que aí se formou, o crescimento das cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, o desenvolvimento ferroviário e rodoviário, ao lado de recursos naturais favoráveis (potencial hidrelétrico, recursos minerais, solos férteis) e ainda o fluxo imigratório estrangeiro que trouxe técnicas de produção influíram na concentração espacial da atividade industrial nessa região. Em tempos recentes, essa posição do Sudeste reafirmou-se, em vista de que, no governo do Presidente Juscelino Kubitcshek (1956-1961), o Plano de Metas deu ênfase à concentração industrial nessa região e particularmente em São Paulo. Os planejadores acreditavam na necessidade de se criar um grande pólo de desenvolvimento, tendo São Paulo como centro e que a partir do mesmo o desenvolvimento se propagaria, em círculos concêntricos, contagiando as outras áreas e regiões do país. Em vista dessa interpretação, o governo de JK canalizou grandes investimentos públicos em infra-estrutura (energia e transportes, além de siderúrgicas) e empréstimos para a expansão econômica de São Paulo e, em menor escala, do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais. Essa orientação aprofundou ainda mais os desequilíbrios regionais já existentes e consolidou a posição do Sudeste, como a região de forte concentração industrial, financeira, populacional e de renda. Desse modo, a Região Sudeste tornou-se o centro das decisões do país, exercendo forte polarização sobre as demais regiões. Repetiam-se, assim, ao nível interno, isto é, entre as regiões do Brasil, as relações de dominação e exploração espacial, exercidas pela metrópole sobre a colônia, no passado, ou pelos países centrais (E.U.A. e países da Europa Ocidental e Japão) sobre os países periféricos (países subdesenvolvidos) na atualidade. A Região Sudeste tornou-se a produtora de manufaturados e exportadora dos mesmos para as demais regiões do país, a preços elevados e, estas, fornecedoras de mercados consumidores e de matérias-primas a preços baixos. Reproduziam-se, assim, ao nível interno, as relações coloniais do passado e do presente entre os países. Tendências da industrialização no Brasil Vem acontecendo gradualmente uma descentralização industrial, ou seja, a implantação de indústrias em outras regiões do país, e não só na Região Sudeste. Regiões que não se

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encontravam no ―mapa‖ de empregos agora oferecem centenas de empregos, a mão-de-obra está sendo procurada em estados que antes as pessoas se viam obrigadas a virem para São Paulo, a fim de trabalharem. Entretanto, esta região continua centralizando e polarizando a vida econômica nacional, reproduzindo, como já foi assinalado, ao nível interno, o neocolonialismo que se manifesta nas relações espaciais internacionais: de um lado os países centrais e de outro os países periféricos ou satélites dos primeiros.

A URBANIZAÇÃO NO BRASIL

Resumo: neste capitulo será explicado como a urbanização afetou o Brasil, e contribuiu

para formar várias metrópoles em todas as regiões. Mas também contribuiu para alguns problemas sociais. Podemos afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices de população urbana vem aumentando sistematicamente em todo o país. A parti da década de 60, as cidades passaram por um processo de dispersão espacial, à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades agropecuárias. É considerável o numero de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos trabalhadores bóias-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que tem a agroindústria como impulso das atividades econômicas secundárias e terciárias. Em virtude da modernização do campo, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único refúgio. Como as industrias absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresentam um lado moderno, que exige qualificação profissional, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos. Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços tem acesso a serviços de infra-estrutura precários. O espaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza.

A REDE URBANA BRASILEIRA

Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por ―arquipélagos regionais‖ polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona da Mata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste. As metrópoles concentravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. As metrópoles

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abrigavam, em 1950, aproximadamente 18% da população do país; em 1970, cerca de 25%; e, em 1991, mais de 30%. A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados da décadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial na região Sudeste, que , em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos por trabalhadores desqualificados e malremunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades. Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles. A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoas de classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursos estão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem, são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmente uma realidade. As condições de determinada região determinam a desigualdade entre as pessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.

AS METRÓPOLES BRASILEIRAS

As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovadas no Congresso Nacional em 1973, que as definiu como ―um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comum‖.

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A medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conurbação, ou seja, elas se tornam contínuas, plenamente integradas, e os problemas de infra-estrutura urbana são comuns ao conjunto de municípios da metrópoles. Foram criados os conselhos deliberativos e consultivos para administrar esses problemas comuns a um conjunto de cidades. Recebe o nome de Secretária de Estado dos Negócios Metropolitanos. Na prática, acaba tomando decisões administrativas em função de determinações políticas e sob ordens do governador do estado, deixando as determinações técnicas em ultimo plano. No Brasil, são legalmente reconhecidas treze regiões metropolitanas. Duas delas São Paulo e Rio de Janeiro são nacionais. As outras onze metrópoles, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Belém, Baixada Santista, Vitória, São Luís e Natal, são consideradas regionais por exercerem seu poder de polarização apenas em escala regional. A baixada Santista e a região de Campinas, que, juntamente com o vale do Paraíba, formam a primeira megalópole brasileira entre São Paulo e Rio de Janeiro, agrupam um conjunto de treze cidades-satélites são administrados pelo governo do Distrito Federal. Em 1998, foi aprovado pelo Senado projeto autorizado a Presidência da Republica a instituir a Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno. A secretaria do Entorno do Distrito Federal é responsável pela política de planejamento integrado de 42 municípios. Manaus, apesar de ter superado a cifra de um milhão de habitantes e exercer enorme poder de polarização em uma vasta área da Amazônia, não possui nenhum município a ela conurbação e poder, portanto, ser administrada apenas pelo poder municipal. EXERCÍCIO 1) O que contribuiu para a vinda de muitos para as cidades? E com que consequência? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2) Como se formaram os grandes pólos regionais? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3) O que é conurbação? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Os problemas ambientais urbanos

O lixo é um dos grandes problemas ambientais das cidades A urbanização se intensificou com a expansão das atividades industriais, fato que atraiu (e ainda atrai) milhões de pessoas para as cidades. Esse fenômeno provocou mudanças drásticas na natureza, desencadeando diversos problemas ambientais, como poluições, desmatamento, redução da biodiversidade, mudanças climáticas, produção de lixo e de esgoto, entre outros. A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona a ocupação de áreas inadequadas para a moradia. Encostas

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de morros, áreas de preservação permanente, planícies de inundação e áreas próximas a rios são loteadas e ocupadas. Os resultados são catastróficos, como o deslizamento de encostas, ocasionado a destruição de casas e um grande número de vítimas fatais. A compactação do solo e o asfaltamento, muito comuns nas cidades, dificultam a infiltração da água, visto que o solo está impermeabilizado. Sendo assim, o abastecimento do lençol freático fica prejudicado, reduzindo a quantidade de água subterrânea. Outro fator agravante dessa medida é o aumento do escoamento superficial, podendo gerar grandes alagamentos nas áreas mais baixas. Outro problema ambiental urbano preocupante é o lixo. O aumento populacional causa uma maior produção de lixo, especialmente no atual modelo de produção e consumo. A coleta, destino e tratamento do lixo são questões a serem solucionadas por várias cidades. Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados lixões, locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As consequências são: odor, proliferação de doenças, contaminação do solo e do lençol freático pelo chorume, etc. O déficit nos serviços de saneamento básico contribui para o cenário de degradação ambiental. A quantidade de esgoto doméstico e industrial lançado nos rios sem o devido tratamento é imensa. Esse fenômeno reduz a qualidade das águas, gerando a mortandade de espécies aquáticas e a redução do uso dessa água para o consumo humano. Nos grandes centros industrializados, os problemas ambientais são mais alarmantes. Nesses locais, a emissão de gases dos automóveis e das fábricas polui a atmosfera e retém calor, intensificando o efeito estufa. Com isso, vários transtornos são gerados à população: doenças respiratórias, chuvas ácidas, inversão térmica, ilhas de calor, etc. A poluição sonora e a visual também geram transtornos para a população. Os ruídos ensurdecedores e o excesso de elementos destinados à comunicação visual espalhados pelas cidades (cartazes, banners, placas, outdoors, fios elétricos, pichações, etc.) afetam a saúde dos habitantes. Portanto, diante desse cenário de diferentes problemas ambientais urbanos, é urgente a necessidade de elaboração e aplicação de políticas ambientais eficazes, além da conscientização da população. Entre as medidas a serem tomadas estão a redução da produção do lixo, a reciclagem, o tratamento adequado do lixo (incineração ou compostagem), o saneamento ambiental, o planejamento urbano, a educação ambiental, a redução da emissão de gases poluentes, entre outras.

Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra

Alimentar com seus frutos é o que a agricultura brasileira vem fazendo há mais de quatro

séculos, infelizmente sem a harmonia sugerida pela letra da bela canção transcrita ao lado.

Como vimos, a agricultura brasileira sempre esteve entre as principais atividades

econômicas do país. Mas o Brasil não se tornou uma potência agrícola, pois alguns dos

maiores problemas sociais brasileiros estão centralizados no campo, como a estrutura

fundiária marcada pela concentração de terras, os conflitos pela posse da terra e as

relações desiguais de trabalho.

Uma distribuição Irregular de terras

À forma como as propriedades rurais estão distribuídas, segundo suas dimensões,

denominamos estrutura fundiária. A principal característica da estrutura fundiária brasileira é

o predomínio de grandes propriedades. As origens dessa distribuição desigual de terras em

nosso país estão em seu passado colonial. As capitanias hereditárias, que inseriram o Brasil

no sistema colonial mercantilista, foram os primeiros latifúndios brasileiros: a colônia foi

dividida em quinze grandes lotes entre doze donatários.

A expansão da lavoura açucareira no litoral manteve o latifúndio como uma de suas

características, ao lado da monocultura e da escravidão da mâo-de-obra africana no sistema

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de plantation voltado para a exportação. Portanto, a ocupação das terras brasileiras aponta

para uma acentuada concentração de terras.

Foi a Lei de Terras, promulgada em 18 de agosto de 1850, que praticamente instituiu a

propriedade privada da terra no Brasil, Ao determinar que as terras públicas ou devolutas

(ociosas) só poderiam ser adquiridas por meio de compra, essa lei limitou o acesso à posse

de terras a quem tivesse recursos para satisfazer essa condição.

Dessa forma, imigrantes europeus recém-chegados, negros libertos e pessoas sem

recursos ficaram sem direito às terras livres, que foram compradas por abastados

proprietários rurais.

Com o passar do tempo, essa desigual distribuição de terras acabou gerando conflitos cada

vez mais violentos e generalizados entre proprietários e não proprietários. As décadas de

1950e 1960 marcaram o surgimento de organizações que lutavam pêlos direitos dos

trabalhadores rurais. Entre elas, podemos citar as ligas camponesas e a Confederação

Nacional dos Trabalhadores do Campo (Contag).

Membros do regime militar (1964-1985), preocupados com o descontentamento social no

campo, elaboraram um conjunto de leis para tentar controlar os trabalhadores rurais e

acalmar os proprietários de terras. Essa tentativa deu-se através de um projeto de reforma

agrária para promover uma distribuição mais igualitária da terra, que resultou no Estatuto da

Terra, cujos pontos principais veremos a seguir.

Em 1993, durante o governo do presidente Itamar Franco, a Lei n" 8 629 reafirmou que a

terra tem de cumprir uma função social. Foram definidos novos conceitos referentes às

dimensões e classificações dos imóveis rurais. Com base no conceito de módulo rural foi

utilizado o conceito de módulo fiscal. Segundo o Incra, Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, entende-se por

módulo fiscal a unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada região,

considerando os seguintes fatores:

- Tipo de exploração predominante no município.

- Renda obtida com a exploração predominante.

- Outras explorações existentes no município que, embora não sejam predominantes, são

significativas em função da renda e da área utilizada.

- Conceito de propriedade familiar, O tamanho do módulo fiscal varia de região para região,

pois depende de alguns fatores, como as características do clima de cada área ou região.

Ainda, segundo a Lei n° 8 629, ficou assim a classificação dos imóveis rurais quanto ao

tamanho:

- Minifúndio. O imóvel rural com área inferior a um módulo fiscal.

- Pequena propriedade. O imóvel rural de área compreendida entre um e quatro módulos

fiscais.

- Média propriedade. O imóvel rural de área superior a quatro e até quinze módulos fiscais.

- Grande propriedade. O imóvel rural de área superior a quinze módulos fiscais.

Características da estrutura fundiária brasileira

A análise dos dados expressos nos gráficos abaixo nos mostra as principais características

da estrutura fundiária no Brasil.

Existe uma absurda concentração de terras em nosso país, onde poucos latifúndios ocupam

a maior parte da área total brasileira e o grande número de minifúndios não chega a ocupar

2% dessa área. Como consequência temos um grave quadro socioeconômico:

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- Poucas propriedades rurais (43 956) com 1000 hectares ou mais concentram mais de 50%

da área total do país. Geralmente, uma grande concentração fundiária pode gerar terras

ociosas e improdutivas porque seus donos aguardam melhores preços para arrendá-las ou

vendê-las (estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste).

- Muitas propriedades rurais (947 408) não chegam a possuir 2% da área total,

inviabilizando, muitas vezes, o plantio de algum produto. A despesa com sementes pode ser

maior que o montante obtido com a colheita.

- Êxodo rural como consequência da mecanização em algumas grandes propriedades rurais

no Centro-Sul e entre os pequenos proprietários, porque produzem pouco, ficam

endividados e não têm capital para investir.

- Aumento do número de desempregados e subempregados que migram para as periferias

das cidades e acabam ocupando áreas de mananciais.

E o fato mais grave: o aumento dos conflitos sociais no campo.

Mais de 50% dos conflitos de terra no Brasil ocorrem, respectivamente, nas regiões

Nordeste e Norte.

São regiões de grande concentração de propriedades rurais e de imóveis improdutivos,

onde muitas vezes a polícia é mal preparada e mal equipada e os latifundiários impõem sua

vontade às leis.

Porcentagem da área improdutiva por região

Outro triste exemplo da violência no campo são os assassinatos ocorridos

entre 1986 e 1996, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Incra e o Movimento

dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Soma-se a esse quadro brutal e desumano o uso improdutivo de muitas propriedades rurais

que geram o ciclo: êxodo rural – desemprego -violência. A porcentagem dos imóveis

improdutivos no Brasil mostra a necessidade urgente de uma política agrícola e de uma

reforma agrária que contemple os trabalhadores rurais excluídos.

As relações de trabalho no campo

Geralmente encontramos entre os trabalhadores rurais brasileiros baixos indicadores

socioecon&micos, como elevada natalidade, elevado analfabetismo, pequena qualificação

profissional e baixa remuneração. Além disso, eles sofrem com a falta de cumprimento da

legislação trabalhista por parte de alguns patrões e o elevado número de acidentes com

ferramentas, como facões. Quanto mais distantes das principais cidades e capitais, mais

tensas são as relações sociais no campo.

O trabalho assalariado temporário é a forma predominante no Brasil. O predomínio do

trabalho assalariado é consequência do processo capitalista (capitalização da atividade

agrícola) que, por um lado, aumenta a produtividade rural (máquinas, irrigação, sementes

selecionadas) e, por outro, dispensa o trabalhador residente ou permanente (aumento do

número de assalariados). Tivemos no Brasil uma grande redução das modalidades

tradicionais de trabalhadores rurais (permanentes, residentes, colonos e parceiros) e o

aumento de trabalhadores temporários sem vínculo empregatício. Geralmente, eles

recebem no fim do dia pelo serviço prestado, trabalhando no plantio ou na colheita de cana-

de-açúcar, laranja ou café. Moram na periferia das cidades onde os aluguéis são menores.

Recebem a denominação de peões na região Norte, corumbás, nas regiões Centro-Oeste e

Nordeste e bóias - frias nas regiões Sul e Sudeste.

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Outras formas de trabalho no campo

Trabalho familiar. Realizado geralmente nas pequenas e médias propriedades rurais de

subsistência. A falta de capital para investir na lavoura e as secas periódicas têm

aumentado o número de trabalhadores familiares que abandonam o campo e migram para

as periferias das cidades, onde se tornam trabalhadores temporários. Uma exceção entre os

trabalhadores familiares é encontrada nas áreas vizinhas dos grandes centros urbanos

(cinturões verdes) porque conseguem vender sua produção para os centros de

abastecimento, redes de supermercados, feiras livres e até em carros ou caminhões que

percorrem as ruas dessas cidades.

Arrendamento. Forma de utilização da terra destinada ao cultivo ou à pastagem, que o

proprietário arrenda (aluga) a quem tem capital para explorá-la. E comum no interior de São

Paulo um grande proprietário arrendar propriedades menores vizinhas para o cultivo da

cana-de-açúcar.

Parceria. Forma de utilização da terra em que o proprietário dispõe de sua terra para um

terceiro (o parceiro) que a cultiva. Em troca, o parceiro entrega ao proprietário parte de sua

colheita.

A forma de obter a propriedade da terra fez surgir duas figuras que estão frequentemente

envolvidas nos conflitos pela terra: o posseiro e o grileiro.

Posseiro. Indivíduo que tem a posse da terra e nela trabalha sem, porém, possuir o título de

propriedade.

Grileiro. Pessoa que toma posse da terra de outros, usando para isso falsas escrituras de

propriedade.

O peão, trabalhador volante mais recente que o bóia fria, é muito utilizado nas regiões de

fronteiras agrícolas, sobretudo em projetos agropecuários da Amazônia. É "contratado" por

um intermediário (gato) para trabalhar em regiões distantes, com promessas de salários,

alojamento e alimentação.

Quando recebe o pagamento, aparecem os "descontos": custos de transporte, alimentação,

hospedagem, etc., quase nada restando do seu salário, chegando, às vezes, a ficar

devendo. Muitas vezes jagunços e pistoleiros são contratados para evitar a fuga de

trabalhadores, reproduzindo uma situação de escravidão (peonagem).

AS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E TRABALHO NO CAMPO

Considerando o processo de formação do Brasil e de organização do campo brasileiro,

pode-se considerar que a escravidão foi a primeira forma generalizada de relações de

trabalho no campo brasileiro. Juntamente com ela, desenvolveu-se também o trabalho

familiar camponês. Durante o ciclo do café, o trabalho escravo foi substituído pelo colonato.

Posteriormente, no decorrer do século XX, com o processo de industrialização e

urbanização do país, o trabalho assalariado passa a estar presente com muita força no

campo brasileiro (OLIVEIRA, 2005: 494).

A partir do processo de modernização do campo, a presença do trabalhador assalariado

passa a ser cada vez maior no meio rural brasileiro. Os assalariados permanentes são os

que ocupam posição fixa nos trabalhos das fazendas de grandes proprietários. Em geral são

administradores e tratoristas e representam não mais que 10% da mão-de-obra rural do

país. Recebem salários e tem direitos trabalhistas garantidos. Já os assalariados

temporários não têm salário fixo, normalmente são contratados apenas em períodos de

colheita e recebem por tarefa realizada. Moram nas periferias das pequenas e médias

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cidades. Não possuem qualquer garantia de direitos trabalhistas. São os chamados bóias-

frias. Constituem uma enorme quantidade de trabalhadores sem-terra ou com terras

insuficientes para suprir suas necessidades (RUA, 2003:109-144).

A queda na qualidade de vida do pequeno agricultor provocada pela modernização do

campo produziu como conseqüência um aumento dos trabalhadores assalariados

temporários. No entanto, contraditoriamente, esse mesmo processo de industrialização da

agricultura também permitiu a reprodução da agricultura familiar. Indústrias como a Sadia, a

Perdigão e a Souza Cruz incorporam a estrutura familiar camponesa para a produção de

aves, suínos e fumo (OLIVEIRA,2005:504). Nos estabelecimentos com área acima de 1000

ha predomina o trabalhador assalariado, tanto permanente como temporário. Já nos

estabelecimentos com menos de 100 ha é o trabalho familiar que predomina.

A Modernização da Agricultura

Mecanização das atividades agrícolas

As atividades agrícolas estão em constante processo de inovação para obter maior

produtividade. Nesse contexto, durante a década de 1950, ocorreu de forma mais intensa o

processo de modernização da agricultura que envolveu um grande aparato tecnológico

provido de variedades de plantas modificadas geneticamente em laboratório, espécies

agrícolas que foram desenvolvidas para alcançar alta produtividade, uma série de

procedimentos técnicos com uso de defensivos agrícolas e de maquinários.

Todo esse processo ficou conhecido na década de 1960 como Revolução Verde, programa

financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Sob o pretexto de aumentar a

produção de alimentos para acabar com a fome no mundo, o grupo Rockefeller expandiu

seu mercado consumidor, fortalecendo a corporação com vendas de verdadeiros pacotes de

insumos agrícolas. Esse programa surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola

através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de

máquinas no campo que aumentassem a produtividade. Isso se daria através do

desenvolvimento de sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas,

adaptação do solo para o plantio e desenvolvimento de máquinas.

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Agrotóxicos

O aumento da produtividade agrícola foi expressivo, porém, a Revolução Verde não

eliminou o problema da fome, pois os produtos plantados nos países em desenvolvimento

(Brasil, México, Índia, entre outros), basicamente cereais, eram exportados em grande parte

para países ricos industrializados como os Estados Unidos, Canadá e União Europeia.

Principais pontos positivos:

Grande aumento da produtividade de alimentos;

Aumento da produtividade agrícola em países não industrializados;

Desenvolvimento agrícola;

Expansão da fronteira agrícola;

Desenvolvimento tecnológico. Principais pontos negativos:

O aumento das despesas com o cultivo e o endividamento dos agricultores;

O crescimento da dependência entre os países;

Esgotamento do solo;

Ciclo vicioso de fertilizantes;

Perda de biodiversidade;

Erosão do solo;

Poluição do solo causada pelo uso de fertilizantes;

Redução da mão de obra rural.

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Profª RITA FREITAS

LICENCIADA EM HISTÓRIA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS

PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR

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II UNIDADE

É simples, isto acontece porque as pessoas estão condicionadas a consumir sempre mais, mesmo que não precisem daquele determinado produto.

O que acontece com você, quando vai a supermercados ou ainda em lojas pelo centro de sua cidade, depois de assistir comerciais na TV e em outros meios de comunicação, sobre determinado produto? Será que a propaganda não cria em você o sentimento de necessidade de possuir os produtos visualizados nos comerciais e nas lojas?

Certamente isso ocorre com muita freqüência! Na maioria das vezes, o consumo exagerado é resultado, não de necessidades do consumidor, mas sim de um processo de propaganda e marketing que atende aos interesses dos grandes empresários, que visam somente o lucro.

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Consumir é ato tipicamente humano, que atende à maioria das nossas necessidades, não somente as essências, isto é, de caráter orgânico, para nossa sobrevivência, mas, também aquelas ligadas ao nosso crescimento como indivíduos pertencentes e aceitos em uma sociedade.

Nesse sentido o ato de consumir depende da sociedade em que estamos inseridos, além, é claro, da relação particular que cada indivíduo ou cada grupo dessa sociedade mantém com o consumo. Diante dessas reflexões, podemos dividir o ato de consumo em não-alienado e alienado.

O consumo alienado é o mais freqüente, pois as necessidades de consumo de uma pessoa não são reais. São artificialmente estimuladas, sobretudo, pelas propagandas dos comerciais da TV, novelas, revistas, ou seja, pelos meios de comunicação de massa: o consumo, portanto, torna-se consumismo.

É interessante refletir sobre isso para percebermos se realmente temos necessidade daquilo que nos é oferecido. Será que não estamos sendo influenciados?

O consumo não-alienado é aquele em que o indivíduo se torna um consumidor com possibilidades de livre escolha, ou seja, de escolha consciente; mesmo diante depropagandas, ele prioriza suas necessidades, preferências ou ainda opta por consumir ou não, determinado produto.

Bem, não é possível negar que a Revolução Industrial e a constante inovação tecnológica do sistema de produção estiveram a serviço do desenvolvimento da própria humanidade. Mas, no que diz respeito ao CONSUMO, em muito aumentou e estiveram a serviço do poder capitalista de produção e comercialização.

Esse processo leva-nos a refletir sobre a autonomia do pensar: será que nossos pensamentos realmente estão livres das garras da ideologia capitalista? É a garantia do exercício da cidadania que nos dá o direito de decidir livremente sobre o nosso consumo. É preciso ter bem claro o conceito do que é consumo, para podermos, então, decidir quanto às nossas verdadeiras necessidades: seja, de consumir ou não consumir determinados produtos. O exercício pleno da nossa cidadania nos diferencia de meros consumistas para consumidores conscientes.

Isso quer dizer que o direito a emprego e salário descente, livre acesso às informações e às condições de compreendê-las (boa educação), garantia de saúde e de boa qualidade de vida, bem como amparo legal para que tudo isso ocorra, são pré-requisitos para o consumo consciente. Ser cidadão não é simplesmente ter o direito de consumo, e sim ter condições para o consumo consciente e direcionado para o nosso bem-estar.

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É uma relação de compra e venda do trabalho. Um indivíduo vende livremente a sua capacidade de trabalho, ou sua força de trabalho, por um determinado período de tempo mediante um pagamento previamente combinado. O que ele vai fazer, a hora de começar e de terminar a jornada (duração diária) de trabalho, a hora e a duração do intervalo para a refeição são combinados entre o indivíduo que VENDE (trabalhador) e o que COMPRA (patrão, empresário).

É o que chamamos de contrato de trabalho. Veja bem! O trabalhador não vende a sua pessoa, pois isso seria o mesmo que a escravidão. O comprador não pode dispor do vendedor como bem queira, pois ele foi contratado para fazer um determinado trabalho, especificado no contrato, e não outro qualquer.

� Comprar e Vender Trabalho

Por que alguém teria interesse em comprar a força de trabalho de outra pessoa? Essa compra, na sociedade capitalista, é feita com o objetivo de obter lucro produzindo mercadorias para serem vendidas no mercado.

O empresário possui os meios de produção: as terras, as máquinas, os equipamentos, as instalações, ou seja, tudo aquilo que é necessário para produzir, mas o empresário não pode possuir a força de trabalho necessária para que os meios de produção sejam utilizados e se efetive a produção de mercadorias. Ele não pode mais ter escravos e ninguém mais é obrigado a servir outra pessoa, pois as leis consideram as pessoas livres e iguais. Dessa forma, a única maneira de se obter força de trabalho é comprando-a.

O camponês que possuía terra e equipamentos trabalhava para si mesmo. Produzia para o seu sustento e o da sua família e, eventualmente, para vender no mercado e com isso obter dinheiro para comprar o que não produzia.

O mesmo ocorria com o artesão que possuía a sua oficina e seus instrumentos de trabalho. Ambos, camponês e artesão, trabalhavam para si mesmos com seus próprios meios de produção.

Mesmos os servos da sociedade medieval possuíam os seus instrumentos de trabalho e o direito de usarem um lote de terra para plantar. Tinham direito também ao uso coletivo das terras, embora devessem obrigações para os senhores feudais e do clero, produziam para si mesmos.

O trabalhador que está disposto a vender a sua força de trabalho é aquele que não tem condições de produzir para si mesmo. Tem a sua força de trabalho, mas lhe faltam os meios de produção. Assim, mesmo sendo livre do ponto de vista jurídico, não é verdadeiramente livre do ponto de vista econômico, pois se vê obrigado a vender a sua força de trabalho. É obrigado a trabalhar para outro para poder sobreviver.

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Assim, as relações de trabalho capitalistas dependem da existência de uma massa de pessoas sem os meios de produção. Só com a existência dessa multidão de pessoas sem posses se forma um mercado de mão-de-obra.

Como o trabalhador assalariado vende a sua força de trabalho por um determinado período de tempo de cada dia, nada do que ele produz nesse tempo é dele. Os capitalistas são os donos de todos esses produtos.

Mas como os capitalistas não compraram força de trabalho nem equipamentos e matérias-primas para produzir bens de subsistência (feijão, arroz, batata...), e sim para produzir mercadorias e vendê-las no mercado com lucro, precisam transformar os produtos em dinheiro.

Os trabalhadores, por sua vez, receberam dinheiro, mas precisam comprar os bens necessários à sua subsistência. Foi para isso que venderam a força de trabalho. Trocam, então, o dinheiro por aquilo que eles próprios produziram.

Os trabalhadores não produzem apenas bens de consumo (comida, roupas, geladeiras...), mas também meios de produção, ou seja, máquinas equipamentos, ferramentas, que serão usados futuramente na produção.

Grande parte dessa produção serve apenas para substituir o desgaste, quebra etc. dos meios de produção, mas uma parte serve para aumentar a capacidade produtiva.

Essa parte da riqueza que foi acrescentada pelo aumento dos meios de produção e que não foi consumida constitui o lucro do capitalista.

Não é difícil perceber que, na medida em que o capitalista vai acumulando lucro, a capacidade de produção também cresce, pois aumenta a quantidade

de meios de produção. A qualidade desses meios também pode melhorar, quando o capitalista investe na inovação técnica.

� Ciência e a Inovação na indústria

No aspecto técnico, a Revolução Industrial é um processo contínuo. O reinvestimento do lucro e a competição entre os capitalistas individualmente e entre os países capitalistas entre si provocam constantes inovações e competições.

A partir de um determinado momento, houve um verdadeiro casamento entre desenvolvimento da ciência e a inovação na indústria.

Descobrimentos da ciência se transformavam rapidamente em novas máquinas, novos produtos e novas fontes de energia. A lista dessas inovações é infindável: eletricidade, petróleo, motor a explosão, produtos químicos, alimentos enlatados e pasteurizados, refrigeração, energia atômica, raio laser, informática, robótica, sementes híbridas, vacinas...

No aspecto social, as relações que os indivíduos mantém uns com os outros para produzirem os bens necessários à sobrevivência da sociedade recebem o nome de relações sociais de produção.

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Os cientistas sociais deram nomes às diversas sociedades antigas e atuais a partir das relações de trabalho que encontraram nelas. Assim, temos relações de trabalho comunitárias, como nas diversas sociedades indígenas brasileiras do passado e mesmo do presente; relações de trabalho feudais, como na Europa medieval; relações de trabalho assalariadas ou capitalistas, como no Brasil atual, nos Estados Unidos e em vários outros países.

Cabe definir, antes de qualquer coisa, o significado das palavras revolução e industrialização.

� Revolução: significa uma mudança radical. No caso da Revolução ndustrial as mudanças foram em diversos setores:

• Na forma de produção: passou de manual para mecanizada.

• Na organização social: definindo as duas classes sociais: burguesia e proletariado.

• Na própria organização econômica: surgimento de bolsas de valores, grandes empresas.

• Nos meios de transporte: navios a vapor, ferrovias.

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� Industrialização: é a transformação de matéria-prima em produto trabalhado para ser consumido pelo homem.

A Revolução Industrial pode ser definida como a passagem do trabalho manual (manufatura) para o trabalho realizado com máquinas (maquinofatura), utilizando-se num primeiro momento a energia a vapor. Com o passar do tempo e um maior desenvolvimento tecnológico, passou-se a utilizar outras formas de energia como: eletricidade, motor a combustão, até nossos dias com a energia nuclear, solar.

Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Europ Europ Europ Europa, no século XVIII? a, no século XVIII? a, no século XVIII? a, no século XVIII?

Porque houve o favorecimento de várias condições que proporcionaram novas relações sociais no Continente Europeu. Quais foram essas condições?

• Ampliação dos mercados consumidores;

• Existência de capital proveniente da atividade comercial, concentrado nas mãos da burguesia, especialmente da burguesia inglesa;

• Existência de matéria-prima; inovações técnicas;

• Grande quantidade de mão-de-obra disponível.

DESDOBRAMENTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, durante o século XVIII, e se espalhou por diversos países da Europa.

A maioria das fábricas se instalou próximas das minas que forneciam fonte de energia para o funcionamento das máquinas (como por exemplo, carvão) e dos portos que facilitavam a embarcação para exportação dos produtos. A mecanização da produção proporcionou diversas mudanças na Europa:

1. No aspecto econômico

• Com a Revolução Industrial, a máquina foi instalada em vários setores da produção industrial. Com isso, se pôde produzir cada vez mais, em menos tempo.

• O espírito capitalista dominou as grandes empresas industriais. Essas empresas, preocupadas com a obtenção de lucros, passaram a dominar importantes áreas comerciais de todo o mundo, através da livre concorrência. Assim, elas dominaram os mercados fornecedores de matéria-prima e os consumidores de produtos industrializados.

• Criaram-se companhias de comércio, bolsas de valores; modernizaram-se os transportes.

2. No aspecto político

• O controle da vida política passou a ser exercido pela burguesia. Esta, para se manter no poder, criou o voto censitário. Segundo essa modalidade de voto, apenas as pessoas que

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possuíam certos rendimentos poderiam participar da vida política. Dessa maneira assegurou-se à burguesia toda a representação no governo e afastou-se qualquer tipo de representação popular.

• As leis sociais eram formuladas lentamente e eram manobradas, em função dos interesses dos grandes empresários industriais (burguesia).

3. No aspecto social

• As cidades cresceram rapidamente com a migração da mão-de-obra do campo para a cidade.

• As fábricas alteraram a paisagem e o equilíbrio do meio-ambiente com a poluição das suas chaminés.

• Definição de duas classes sociais: de um lado a burguesia que constitui a classe, dominante, e de outro o proletariado, classe dos trabalhadores urbanos assalariados, encarregados da produção nas fábricas.

As condições de vida da classe proletária eram péssimas.

A jornada de trabalho era de quinze horas; não havia lei trabalhista ou

qualquer regulamentação para o trabalho de mulheres e crianças.

As manifestações dos operários eram reprimidas pela polícia. Os salários eram baixos e a alimentação precária, o

que provocava a disseminação de doenças que muitas vezes levavam à morte.

Assim, aumentou a distância entre ricos e pobres (burguesia e proletários), gerando conflitos entre classes e provocando o surgimento das idéias socialistas, contrárias à desigualdade e exploração provocadas pelo capitalismo.

A idéia dos pensadores do socialismo era de formar um sistema político-econômico que trouxesse uma igualdade entre as classes sociais, tendo o Estado como poder centralizador e regulador de todas as atividades econômicas.

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Então,

LIBERALISMO: É o conjunto de idéias que pregam a liberdade individual nas atividades econômicas e políticas, com a interferência mínima do Estado. Segundo o liberalismo, o Estado deve ser um mero mediador das atividades desenvolvidas pela sociedade. A propriedade dos meios de produção deve estar nas mãos de particulares (propriedade privada).

SOCIALISMO: Ideologia revolucionária que prega a tomada do poder pelo proletariado, cujos representantes deverão dirigir o Estado incorporando os meios de produção, máquinas, terras, escolas, hospitais, deverão estar disponíveis a toda a sociedade.

Atualmente, o liberalismo está sendo reativado em várias partes do mundo, com o nome de neoliberalismo (o significado é o mesmo). Isso começou a ocorrer a partir do pós-guerra (mais ou menos por volta de 1947). Hoje está mais acentuado com a globalização da economia.

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II UNIDADE

Hoje, vivemos a ausência de guerras que envolvam continentes inteiros. Isso não significa que não existam conflitos no mundo, pois você ouve nos noticiários da TV que em muitos locais do planeta existem guerras por questões políticas, econômicas, étnicas e religiosas. Porém, o século XX viveu o impacto de duas grandes guerras que afetaram, principalmente, os países da Europa, parte da Ásia e da América. Essas guerras são chamadas de 1ª e 2ª Guerras Mundiais.

�Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Porque houve a 1ª Guerra na Europa?

• os países industrializados na Europa, passaram a disputar territórios, pois a conquista dos mesmos garantia o fornecimento de matérias-primas e mercado consumidor de seus produtos. Essa rivalidade era muito forte entre Alemanha, Inglaterra e França;

• a Rússia (na Ásia) pretendia expandir seu território para o Ocidente, ameaçando osimpérios turco e austro-húngaro;

• essas rivalidades levaram os países envolvidos a aliarem-se conforme interesses mais comuns. Assim formaram: Tríplice Entente: Inglaterra, França, Rússia; Tríplice Aliança: Itália, Áustria, Alemanha.

O governo de cada país procurava fabricar armas mais eficazes, prevenindo-se contra uma possível invasão.

O estopim da guerra foi a invasão da Sérvia pela Áustria após o assassinato do futuro imperador do Império Austro-Húngaro por um estudante sérvio.

O equilíbrio de forças entre os países envolvidos prolongou a guerra por quatro anos (1914-1918). Enquanto a Europa perdia vidas, cidades eram destruídas e a economia arrasada.

• o BRASIL passou a produzir bens de consumo, antes importados da Europa. Assim várias fábricas surgiram aqui. O Brasil não participou diretamente da guerra, mas enviou medicamentos aos participantes e auxiliou no patrulhamento do Oceano Atlântico;

• os ESTADOS UNIDOS enriqueceram com a guerra, pois tornaram-se os principais fornecedores de alimentos, armas, munições e outros artigos para a Europa, firmando-se como potência mundial;

• com a saída da RÚSSIA, os Estados Unidos entraram na guerra temendo o enfraquecimento da França e Inglaterra. Pretendiam garantir seus interesses na Europa, como por exemplo receber o pagamento das dívidas européias.

Gás asfixiante, aviões e submarinos foram utilizados nessa guerra garantindo a vitória da França, Inglaterra e Estados Unidos.

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E como ficou a Europa depois da Guerra?É fácil imaginar como ficou a Europa após a guerra!

• A Alemanha, considerada culpada pela guerra, perdeu territórios e deveria pagar aos vencedores enormes quantias como indenização pelos prejuízos causados.

• Novas nações se formaram na Europa, como: Iugoslávia, Checoslováquia, Romênia, etc.

• A Europa ficou devastada pela guerra, o que ocasionou grave crise econômica e social.

Essa crise facilitou a expansão das idéias marxistas (socialistas) entre a população mais pobre, e o apoio ao Fascismo e Nazismo pelas classes média e alta. Assim, estava preparado o caminho para a 2ª Guerra Mundial.

�Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

As raízes da 2ª Guerra Mundial se encontram na primeira guerra, pois a Alemanha foi profundamente humilhada com as obrigações pela culpa do primeiro conflito, permitindo que os nazistas chegassem ao poder sob o comando de Hitler. Este pregava o desenvolvimento da Alemanha através de um sentimento nacionalista militarizado e revanchista, marcado pelo imperialismo sobre povos vizinhos.

O aparecimento do fascismo na Itália representava um apoio externo aos nazistas na Alemanha, sendo que, em ambos os casos, o receio em relação à expansão do regime soviético levou inúmeras pessoas a se tornarem adeptas de governos totalitários.

Com a crise econômica de 1929, as democracias liberais ficaram enfraquecidas, perdendo espaço para doutrinas de extrema direita que defendiam as atividades bélicas para beneficiar o país.

Na Ásia iniciou-se um choque de interesses imperialistas entre Japão e Estados Unidos. Os japoneses haviam dominado a Coréia e invadido a Mandchúria, na China, enquanto que os

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norte-americanos dominavam as Filipinas, o Hawai e um número enorme de ilhas. Ficou estabelecida a aliança entre Alemanha, Itália e Japão, o chamado EIXO, o qual tentaria se impor através do conflito.

Antecedentes

Tropas italianas e alemãs participaram da Guerra Civil Espanhola, onde puderam testar sua tecnologia bélica.

Em 1938, tropas alemãs invadiram a Tchecoslováquia sob o argumento de se tratava da ocupação dos Sudetos, região de maioria alemã. Porém, no mesmo ano, a Áustria foi anexada à Alemanha.

Diante de um clima diplomático tenso, foi realizada a Conferência de Munique, na qual Hitler se comprometeu em não mais invadir outros países.

No entanto, o governo alemão e a União Soviética assinaram secretamente o Pacto Nazi-Soviético de Não-Agressão, pelo qual os dois países iriam dividir entre si a Polônia. Portanto, a Segunda Guerra era inevitável.

O Conflito

Uma vez a Alemanha invadindo a Polônia, França e Inglaterra declararam guerra ao governo nazista.

Em 1940, as tropas alemãs ocupavam quase todo o continente europeu, usando para isso a chamada ―blitzkrieg‖ (guerra relâmpago). Até mesmo a França torna-se uma nação sob ocupação alemã. A Inglaterra resistiu aos bombardeios alemães, impedindo que as forças inimigas invadissem o país.

Os Estados Unidos só entraram no conflito após o bombardeio japonês sobre a base de Pearl Harbor (07/12/1941).

Com objetivo de obter cereais, petróleo e outros recursos, Hitler ordenou a invasão sobre a União Soviética em junho de 1941. Apesar das vitórias iniciais, os alemães não contavam com a resistência soviética, o grande número de soldados na parte asiática do país e o rigor do inverno local. A partir do final daquele ano, os alemães não mais conseguiam conter o avanço soviético e começaram a sofrer uma série de derrotas.

Os japoneses foram derrotados em Midway e iniciaram o seu recuo no Pacífico.

Tropas anglo-americanas derrotaram os alemães e italianos no norte da África e, posteriormente, invadiram o sul da Itália.

Em 6 de junho de 1944, ocorreu o Dia D, ocasião em que ingleses e norte-americanos invadiram a Normandia, no norte na França, derrotando os alemães no Atlântico norte. Pouco tempo depois, Paris foi libertada do domínio nazista. A partir desse momento, os alemães começaram a sofrer pressões em três frentes.

Em maio de 1945 os aliados chegaram em Berlim, ocasião em que Hitler cometeu suicídio e a Alemanha se rendeu incondicionalmente (8 de maio).

Mussolini foi preso, fuzilado e seu corpo

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pendurado em uma praça em Milão. Para pôr fim à guerra no Pacifico, o governo norte-americano autorizou o bombardeio nuclear sobre as cidade de Hiroshima e Nagazaki, obrigando o Japão a se render em 19 de agosto de 1945.

Conseqüências

O mundo ficou dividido entre duas potências militares: Estados Unidos e União Soviética. Tal situação permitiu a criação da Guerra Fria, o conflito político ideológico entre ambas, marcando as relações internacionais até 1990.

Enquanto os países do Leste Europeu se tornaram ―satélites‖ da União Soviética, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall para reerguer a economia da Europa Ocidental, impedindo o crescimento de partidos de esquerda na região.

A Alemanha tornou-se uma nação dividida em duas: Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (comunista).

Os criminosos de guerra foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg.

Foi fundada a Organização das Nações Unidas,cujo objetivo principal é manter a paz e provocar o desenvolvimento e a justiça entre os povos, meta esta nem sempre atingida.

O conflito ceifou milhares de vidas, desestruturou economias e deixou profundas marcas na humanidade que podem ser sentidas ainda nos dias de hoje.

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�A REVOLUÇÃO DE 1930

Chamamos de Revolução de 1930 o conjunto dos fatos que levou Getúlio Vargas a assumir a presidência da República.

Várias agitações ocorreram por todo país, acusando o governo federal de ter cometido fraudes nas apurações. Numa manifestação no estado da Paraíba, o candidato a vice-presidente pela chapa de Getúlio Vargas, João Pessoa, foi assassinado. Este fato aumentou ainda mais as tensões políticas.

Temendo uma guerra civil, os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto

tomaram o poder dias antes da posse de Júlio Prestes e entregaram o governo

do Brasil a Getúlio Vargas.

Chegava ao fim o domínio político dos cafeicultores e iniciou-se um longo período em que o Brasil teve Getúlio Vargas à frente do governo.

�O GOVERNO PROVISÓRIO — 1930-1934

Getúlio Vargas, ao assumir o poder, declarou que estaria governando o Brasil temporariamente, até que a situação ―entrasse nos eixos‖. É importante lembrar que Getúlio recebeu o apoio de militares, operários, donos de fábricas, grandes proprietários de terra do Nordeste, de Minas Gerais e do sul do país (Getúlio era gaúcho), em oposição aos cafeicultores paulistas e seus aliados. Entre as primeiras medidas de Getúlio, destacam-se:

� Nomeou interventores nos governos estaduais: Getúlio substituiu por interventores de sua confiança, os governadores de estado eleitos, que o haviam apoiado no processo revolucionário.

� Dissolveu o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado): Getúlio suspendeu as atividades dos deputados e senadores da República.

� Suspendeu a Constituição republicana de 1891: Getúlio suspendeu a Constituição, com a promessa de convocar novas eleições para deputados e senadores em breve, que formariam uma Assembléia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar novas leis para o Brasil.

Sem Constituição (que é a lei máxima de um país) e sem deputados (encarregados da elaboração das leis), todo o poder do país ficou centralizado nas mãos de Getúlio Vargas. Isso causou descontentamento em alguns setores da população, principalmente entre os cafeicultores paulistas, que eram inimigos de Vargas.

Ao entregar o governo do Estado de São Paulo a um militar (tenente João Alberto), Getúlio causou revolta entre os industriais e comerciantes paulistas, que esperavam indicar um representante de seu partido (o PD — Partido Democrático, que havia apoiado Getúlio) para o cargo de governador.

Sentindo-se traídos, os representantes do PD uniram-se ao PRP (Partido Republicano Paulista, formado por cafeicultores), formando a Frente Única Paulista — a FUP. A Frente passou a exigir do governo federal maior autonomia para os estados (principalmente São Paulo), a nomeação de um interventor ―paulista e civil‖ para chefiar o governo do estado e a convocação imediata de eleições para a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição.

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Getúlio Vargas cedeu às pressões e indicou Pedro de Toledo (que era paulista e civil) como interventor e anunciou a convocação de novas eleições. Mesmo assim, continuavam as manifestações contrárias a Getúlio.

�A CONSTITUIÇÃO DE 1934

Em 3 de maio de 1933 ocorreram as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que

iniciou seus trabalhos em novembro de 1933.

Em 16 de julho de 1934 foi promulgada a nova Constituição, que continha características

diferentes da antiga Constituição republicana de 1891, com destaque para:

• criação de um salário mínimo: regulamentava o valor mínimo que um trabalhador deveria receber como salário;

• modificações no sistema eleitoral: foi criado o Supremo Tribunal Eleitoral, com a função de fiscalizar as eleições. O voto passou a ser secreto. O direito do voto passou a ser de todos os cidadãos brasileiros maiores de 18 anos, desde que alfabetizados. As mulheres também conquistaram o direito ao voto;

• nacionalização da exploração mineral: a exploração das riquezas minerais passou a ser controlada pelo governo, sendo permitida somente para brasileiros;

• regulamentação do trabalho: a Constituição de 1934 criou diversos direitos para os trabalhadores, como a regulamentação da jornada diária de 8 horas, o direito a férias anuais remuneradas, entre muitos outros.

De acordo com a Constituição de 1934, a primeira eleição presidencial após sua promulgação deveria ser de forma indireta, isto é, só votariam os membros da Assembléia Nacional Constituinte, ou seja, deputados e senadores. Getúlio Vargas foi reeleito presidente.

�O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)

Getúlio Vargas, eleito pelos deputados e senadores, passou a governar o Brasil de acordo com a nova Constituição. Getúlio iniciou uma nova fase em seu governo com a simpatia dos trabalhadores, que tiveram seus direitos assegurados.

Nesta época surgiram dois grandes grupos políticos com posições bem diferentes, como veremos a seguir:

• ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL — ALN — Formada por trabalhadores, inteIectuais, artistas e membros do Partido Comunista Brasileiro. Faziam oposição ao governo de Getúlio Vargas, isto é, eram contrários a ele. Defendiam:

- a liberdade de expressão;

- a suspensão do pagamento da dívida externa (o dinheiro destinado para o pagamento da dívida externa deveria ser aplicado na saúde, na habitação e na educação);

- a reforma agrária (as grandes propriedades que nada produzissem deveriam ser tomadas pelo governo e divididas entre os camponeses que não possuíam terras). Sofriam grande influência dos ideais comunistas.

A ALN cresceu rapidamente e em 1935 foram proibidas suas ações, sendo considerada ilegal pelo governo. Apesar de proibida, a ALN continuou a existir, promovendo reuniões e manifestações de rua para divulgar seus ideais e lutar por eles.

• AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA — AIB — Formada por pessoas da classe média, pequenos comerciantes e setores do comando do Exército, além de receber o apoio dos

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grandes industriais e proprietários, que viam na AIB uma forma de combater as idéias da ALN. Defendiam:

- a centralização do poder em apenas um governante (ditadura). Sob o lema ―Deus, Pátria e Família‖, em defesa da propriedade privada, dos ―bons costumes‖ e das tradições.

- Os integralistas sofriam grande influência dos ideais nazistas.

�O GOLPE DE 1937

As tensões entre integralistas (membros da Ação Integralista Nacional) e aliancistas (membros da Aliança Libertadora Nacional) cresciam e diversas manifestações de rua se transformaram em pancadaria, que causaram centenas de feridos e diversos mortos.

A cada dia que passava, Getúlio Vargas se aproximava mais das idéias defendidas pelos integralistas, embora não assumisse publicamente simpatia por um ou outro grupo.

Aproveitando-se da situação caótica gerada pelos conflitos entre a ALN ea AIB, Getúlio Vargas armou um golpe para continuar no poder.

De acordo com a Constituição de 1934, no início do ano de 1938 deveriam ocorrer eleições para escolher o novo presidente. Getúlio agia normalmente, até que, em setembro de 1937 (menos de 6 meses antes das eleições), anunciou ter descoberto um plano chamado ―Plano Cohen‖ (que na verdade foi forjado por militares ligados a Getúlio Vargas). Segundo Getúlio,era um plano comunista para tirar dele o poder, através de greves e manifestações públicas que terminariam com sua morte.

Imediatamente, Getúlio ordenou a prisão dos principais líderes ligados aocomunismo e instalou a ditadura.

Na verdade, nunca houve o ―Plano Cohen‖. Foi apenas uma forma encontrada por Getúlio para aproveitar-se da situação e continuar no governo,com mais poderes ainda.

ECONOMIA

• Incentivo à Industrialização nacional;

• Limitação dos investimentos estrangeiros no Brasil.

POLÍTICA

• Ditadura (poder centralizado nas mãos do presidente);

• Partido Comunista foi colocado na ilegalidade;

• Controle dos meios de comunicação;

• Fim das liberdades e garantias individuais;

• Culto à personalidade do Chefe de Estado;

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• Criação de leis trabalhistas (CLT);

• Controle dos sindicatos (peleguismo).

SOCIEDADE

• Basicamente rural, passando gradativamente para urbana;

• Fortalecimento da classe média urbana e da burguesia industrial.

FIM DO GOVERNO

• O Brasil enviou soldados para lutarem contra as ditaduras de Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália);

• Campanha pela deposição de Vargas incentivada pelo capital internacional.

ECONOMIA

• Abertura do mercado brasileiro para o capital internacional em especial o norte-americano (E.U.A).

POLÍTICA

• 1946 – Aprovação de nova Constituição;

• A princípio, o Partido Comunista recuperou a legalidade, mas o governo Dutra o colocou novamente na ilegalidade embora a Constituição garantisse liberdade de expressão;

• Alinhamento com os Estados Unidos;

• Rompimento das relações com a União Soviética (URSS).

SOCIEDADE

• Afirmação da sociedade urbana;

• A burguesia se constitui como classe dominante;

• Aumento da população proletária.

FIM DO GOVERNO

• Cumpriu seu mandato, deixando o governo após a eleição de Vargas.

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ECONOMIA

• incentivo à indústria nacional;

• tentar controlar a remessa de lucros para o exterior;

• criação da Petrobrás;

• aumento do salário mínimo.

POLÍTICA

• Intervenção do governo na economia;

• Eleições livres e gerais;

• Liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;

• O PCB foi mantido na ilegalidade;

• Embora tenha conquistado grande simpatia popular, não contou com o apoio dos grandes grupos econômicos (principalmente ligados ao capital estrangeiro);

SOCIEDADE

• Não houve alterações.

FIM DO GOVERNO

• Pressionado pela burguesia internacional e nacional, Vargas suicidou-se.

ECONOMIA

• Prometeu para o Brasil um desenvolvimento de 50 anos em 5 anos de governo;

• Plano de metas: maior infra-estrutura para os setores energia, transporte, alimentação, indústria de base;

• SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste);

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• empréstimos para realização de grandes obras (ex. Brasília);

• inflação e achatamente salarial;

• incentivo à instalação de filiais de empresas estrangeiras no Brasil: Volkswagen, Ford, General Motors.

POLÍTICA

• Alinhou-se aos interesses dos Estados Unidos.

• Eleições diretas e gerais; e liberdade de expressão garantida pela

Constituição de 1946;

• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade.

SOCIEDADE

• A população passou a exigir com maior intensidade as reformas de base: reforma agrária, educacional, na saúde entre outras;

• Crescimento da classe operária e da urbanização.

FIM DO GOVERNO

• Cumpriu seu mandato legando ao Brasil inflação e dívida externa maior do que no início de seu governo.

ECONOMIA

• Inflação;

• Congelamento de créditos e salários.

POLÍTICA

• Aproximação com o Bloco Socialista (URSS, Cuba, China).

• No plano interno, atendia aos interesses dos setores conservadores (empresários, Igreja Católica);

• Eleições gerais e livres;

• Havia liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;

• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade.

SOCIEDADE

• Carestia;

• Desemprego;

• Greves e movimentos sociais.

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FIM DO GOVERNO

• Renunciou alegando não suportar as pressões do capitalismo nacional e internacional.

ECONOMIA

Reformas de Base:

• Nacionalização das refinarias de petróleo;

• monopólio estatal sobre importação de petróleo

• regulamentação e limitação da remessa de lucro para exterior;

• desapropriação de terra para fins de reforma agrária;

• estreitamento das relações comerciais com o bloco socialista.

POLÍTICA

• Foi obrigado a governar inicialmente na forma parlamentarista de governo

• após plebiscito retomou seus poderes como presidente;

• eleições livres e gerais;

• liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;

• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade;

SOCIEDADE

• Crescimento do movimento sindical e organizações populares: estudantes camponeses, trabalhadore urbanos, Igreja Católica;

• formação de centrais de trabalhadores CGT – CONTAG;

• decretou as reformas de base: agrária, educacional entre outras.

FIM DO GOVERNO

• Foi deposto por um golpe militar em 31/03/1964; esse golpe resultou da união entre a burguesia nacional e internacional com setores da classe média, da Igreja e do Exército, que não apoiaram as reformas de base.

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Enquanto isso, no Rio de Janeiro - Copacabana e Ipanema, a classe média se confraternizava com a burguesia. Chuva de papel picado, toalhas nas janelas, buzinaço, banda e chope. Abraços, choro de alegria, alívio pelo fim da ―desordem‖!

Os crioulos não invadiriam mais as casas das pessoas de bem! As empregadinhas voltariam a ficar de cabeça baixa! Mas, nos subúrbios, o medo substituía o chope. Ali, a revolução iria procurar os "inimigos do Brasil".

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Pessoas simples, enrugadas pelo trabalho duro, mas que tinham ousado não se curvar ao regime militar.

Militares procuravam operários, camponeses, sindicalistas.

Os políticos que não concordaram com o golpe, tiveram seus mandatos cassados, isto é, perderam seus direitos políticos por dez anos.

O primeiro a ser cassado foi o ex-presidente João Goulart. Juscelino e Jânio Quadros também perderam seus direitos, para que não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política.

Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de empregos públicos perseguidas e arruinadas em sua vida particular.

Nenhum banqueiro, nenhum mega empresário, nenhum tubarão foi sequer chamado para depor numa delegacia.

Esses eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo..., e, principalmente se o próximo fosse um bom parceiro de negócios!!

Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes populares, intelectuais, políticos democratas.

Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram presos e espancados com brutalidade. Ah! comunista era qualquer cidadão que não concordasse com o regime militar.

O primeiro a ser cassado foi o ex-presidente João Goulart. Juscelino e Jânio Quadros também perderam seus direitos, para que não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política.

Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de empregos públicos perseguidas e arruinadas em sua vida particular.

Nenhum banqueiro, nenhum mega empresário, nenhum tubarão foi sequer chamado para depor numa delegacia.

Esses eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo..., e, principalmente se o próximo fosse um bom parceiro de negócios!!

Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes populares, intelectuais, políticos democratas.

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Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram presos e espancados com brutalidade. Ah! comunista era qualquer cidadão que não concordasse com o regime militar.

A UNE (União Nacional dos Estudantes), foi proibida de funcionar e seu prédio, incendiado.

A CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), fechada. SINDICATOS invadidos à bala.

Nas escolas e universidades, professores e alunos progressistas expulsos.

Os jornais foram ocupados por censores e muitos jornalistas postos na cadeia.

A ordem era calar a boca de qualquer oposição.

Para espionar a vida de todos os cidadãos, foi criado em 1964 o SNI (Serviço Nacional de Informações).

Havia agentes secretos do SNI em quase todos os cantos: escolas, redações de jornais, sindicatos, universidades, estações de televisão.

Microfones, filmes e ouvidos aguçados. Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso.

Imagine o clima numa sala de aula! Por exemplo. Se você perguntasse, a um professor de história ―o que ele achava‖ de algo que os militares haviam decretado. Ele, apavorado, responderia algo como: ―Não acho nada‖!

Muitos alunos não concordavam e falavam abertamente. Essas pessoas desapareciam. Eram muitos os ―desaparecidos‖ naqueles tempos! O professor corria risco de ser detido caso fizesse uma crítica ao governo.

Os alunos, falando baixinho, desconfiando de cada pessoa nova; apavorados com os dedos-duros. A ditadura comprometia até as novas amizades!

O novo governo passou a governar por decreto, o chamado AI (Ato Institucional). O presidente elaborava e assinava um AI sem consultar ninguém e todos tinham que obedecer.

Em 15 de abril de 1964 era anunciado o primeiro general-presidente, que iria governar o Brasil segundo interesses do grande capital estrangeiro: HUMBERTO DE ALENCAR CASTELLO BRANCO.

Tranqüilos com a vitória do GOLPE, os generais nem se importaram com as eleições diretas para governadores dos Estados em 1965. Esperavam que o povo brasileiro em massa votasse nos candidatos apoiados pelo governo militar.

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Estavam errados! Na Guanabara e em Minas Gerais venceram políticos ligados ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. Era a resposta do cidadão brasileiro, que não aprovava o regime autoritário e defendia a democracia.

Ficava claro que, depois do golpe militar, ainda tinha muita gente que não apoiava o regime. Pois bem, os militares reagiram.

Vinte e poucos dias depois das eleições que os militares consideraram desastrosas, foi baixado o AI-2, que acabou com os partidos políticos tradicionais e instituiu eleições indiretas – agora votava-se no partido e não mais no nome do candidato (ao lado, manchete do jornal ―Folha de São Paulo‖, de 27.10.1965).

O PSD, o PTB, a UDN, foram proibidos de funcionar.

Agora, só poderiam existir dois partidos políticos: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

A ARENA era o partido do governo e faziam parte todos os políticos que apoiavam o regime militar em tudo o que fazia.

O MDB era o partido da oposição consentida, formado pelos que sobraram das cassações. No começo, a oposição era muito tímida.

A ditadura, querendo uma imagem democrática, permitia a existência de um partido levemente contrário, contanto que ninguém fizesse uma oposição muito forte, por isso, oposição consentida, isto é, permitida.

Naqueles tempos, brincando se dizia a verdade. Comentavam que o MDB era o partido do ―SIM‖ e a ARENA era o partido do ―SIM SENHOR‖!!

Não foram apen as líderes políticos e sindicais que foram

perseguidos pelo regime militar. Intelectuais, funcionários públicos, militares e artistas foram demitidos ou sofreram perseguições porque a ditadura os considerava perigosos. Voltava a crescer no Brasil a esquerda (termo para designar os que eram a favor da democracia e contra o regime). Nas ruas, as passeatas contra o regime militar começavam a reunir milhares de pessoas em quase todas

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as capitais.

Esse abuso dos cidadãos fez com que os oficiais da linha-dura se irritassem e pressionassem o governo para medidas mais severas ainda.

Os militares estavam apavorados. Até onde aquilo tudo iria levar? Concluíram que precisavam endurecer mais ainda o regime. E endureceram. Por conta disso, o governo baixou o AI-5 que foi o principal instrumento de abuso da ditadura militar. Esse ato estabeleceu a censura - não poderia ser divulgada nenhuma notícia que desabonasse o governo, as passeatas eram crimes e atribui poderes quase que absolutos ao presidente militar. Se a ditadura já era ruim, agora ela piorava. E muito!

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Como estratégia para enganar e unir o povo em torno dos seus objetivos, a ditadura, além do uso do aparato repressor, criava campanhas de exaltação patriótica com ampla divulgação pelos meios de comunicação, principalmente a televisão, com ―slogans‖ que diziam ―Pra frente, Brasil‖, ―Brasil, ame-o ou deixe-o‖ , ―Ninguém mais segura este país‖, e outros.

Grandes planos econômicos e projetos que se revelaram muito caros e pouco produtivos foram alvo dos governos militares. Um deles foi o início da construção da rodovia Transamazônica, que devia cortar toda a Amazônia, até o litoral do Atlântico que acabou abandonada, apesar dos milhões de dólares que nela foram investidos e do grande desmatamento que provocou.

Esses projetos, além de outros, tiveram um custo muito alto, o que serviu de justificativa para grandes empréstimos feitos pelo governo no exterior, gerando, assim, uma enorme dívida externa.

� O PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA

A posse do quarto presidente militar, ERNESTO GEISEL, em 15 de março de 1974 marca o começo do processo de ABERTURA DO REGIME. É claro que este não foi muito fácil! Mas, como o próprio general Geisel desejava, a abertura deveria ser lenta, gradual e segura.

De um lado estava a sociedade organizada em partidos e associações e até a própria igreja, lutando para o fim do regime e a volta da democracia e do outro lado, a linha dura do regime contra o governo e contra o processo de abertura do regime.

� A LINHA DURA

O presidente militar, General Geisel, por conta da abertura do regime, enfrentou uma

dura oposição dentro das Forças Armadas, que ficou conhecida como a linha dura do Exército, que ansiava por mais espaço dentro do governo e a permanência da repressão, que incluía prisões, julgamentos sumários e tortura, defendendo a permanência da ditadura. Esse grupo alegava que a volta da democracia poderia trazer de volta o ―perigo do comunismo‖. ERA FACHADA!!

Muitos historiadores vão além e dizem que a defesa da ditadura escondia milhares de interesses econômicos particulares. Os linha-duras realizaram diversos atos de violência e procuraram culpar os movimentos de esquerda - os grupos que lutavam para o fim do regime.

Dentre esses atos, destacaram-se dois: a morte do jornalista Wladimir Herzog (ao lado) dentro da prisão e o atentado ao Rio Centro, no Rio de Janeiro.

� ANISTIA POLÍTICA

Você estudou que milhares de pessoas foram presas por se oporem ao regime e centenas de outras foram exiladas, isto é, tiveram de sair do Brasil, para não serem presas e torturadas.

O motivo?? Por serem contra a ditadura e expressar essa opinião – eram considerados criminosos. Para defender os interesses desses cidadãos brasileiros, teve início um movimento popular onde se pedia para que o governo tirasse a acusação de crime e concedesse perdão a essas pessoas. Esse movimento foi chamado de Anistia.

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Continuando o projeto de ―Abertura do Regime‖, durante o governo do presidente general JOÃO BATISTA FIGUEIREDO, em 28 de agosto de 1979, foi proposta a Lei da Anistia, que beneficiou todos os que estavam presos ou exilados desde 1961. Aproximadamente 5 mil exilados puderam retornar ao país e retomar a luta pela volta da democracia. Essa foi apenas a primeira de uma série de leis que objetivaram acabar com as injustiças cometidas pela ditadura militar brasileira ao longo de seus 21 anos.

� O FIM DO REGIME MILITAR

O Brasil não havia melhorado em nada apesar dos grandes sacrifícios impostos à população. O crescimento econômico não beneficiou as classes trabalhadoras. As regiões mais pobres do país continuavam pobres, como o Norte e o Nordeste.

O número de analfabetos, apesar dos projetos do governo para acabar com o analfabetismo, continuou aumentando. O atendimento à saúde não melhorou em quase nada. A inflação, apesar de ter sido contida por algum tempo, reapareceu com mais força.

Esse era o chamado ―milagre brasileiro‖, como passou a ser chamado o desenvolvimento econômico durante o governo do presidente general GARRASTAZU MÉDICE.

“Milagre” para poucos.

A maioria da população continuou no abandono!

Cresceram os partidos de oposição, fortaleceram-se os sindicatos e as entidades de classe.

A partir do final de 1984, já no governo do presidente general JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (último presidente militar) o país mobiliza-se na campanha pelas Diretas Já, que pedia a volta das eleições diretas para Presidente da República.

Em março de 1983, um deputado do, agora, PMDB, Dante de Oliveira, apresentou um projeto de emenda constitucional que propunha já para o ano de 1984, eleições diretas para a Presidência da República, mas, pela pressão dos militares, a emenda não foi aprovada.

Ao longo de 1983, algumas peças-chave da política brasileira foram aderindo à tímida campanha iniciada, pelo PMDB, entre eles Lula, Leonel Brizola, Franco Montoro e Tancredo Neves, além, é claro, dos mais prestigiados políticos daquele momento — Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela.

Estes últimos, por já serem conhecidos mesmo antes do golpe de 64, concentravam em suas figuras a aspiração do retorno à democracia.

As Diretas Já vagarosamente iam ganhando espaço nas ruas, primeiramente nas pequenas cidades e, posteriormente, nas grandes capitais brasileiras.

Em janeiro de 1984, era dada a largada para os grandes comícios, começando por Curitiba, no dia 12 de janeiro.

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Artistas famosos como Chico Buarque, Elba Ramalho e Fafá de Belém e o apresentador Osmar Santos aderiram à campanha, popularizando-a e transformando as Diretas Já num movimento de milhões.

A transição do final do regime militar se deu de forma pacífica. A eleição indireta de um presidente civil pelos deputados e senadores fechou a transição do regime.

Em 22 de abril, JOSÉ SARNEY (1985-1990) foi investido oficialmente no cargo de

Presidente do Brasil. No início do governo do presidente Sarney, o Brasil estava em profunda crise econômica, apresentando uma inflação muito alta, o que levou os meios sindicais a decretarem seguidas greves por aumentos reais de salários.

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Politicamente, o governo Sarney cumpriu o compromisso de manter a democracia e encaminhar a elaboração de uma nova Constituição, que foi promulgada em 1988. A CONSTITUIÇÃO DE 1988, apesar de grandes limitações apresenta pontos importantes, como:

• Racismo passa a ser crime inafiançável.

• Fim de qualquer forma de Censura.

• Novidades nos direitos trabalhistas: jornada de trabalho semanal de 44 horas, licença-gestante de 120 dias, férias remuneradas com 1/3 a mais de salário.

• Voto dos analfabetos.

• Direito de voto aos 16 anos.

• Ampliação do poder do Congresso, que agora pode votar orçamento, emissão de moeda, etc.

Benefícios da Previdência Social - estendidos aos trabalhadores do campo.

Apesar dos avanços, alguns problemas sérios não foram resolvidos, como:

• A dívida externa do Brasil continuou aumentando.

• A reforma agrária não chegou a ser encaminhada, o que levou ao agravamento das lutas no campo e ao assassinato de Chico Mendes, líder dos trabalhadores rurais, em Rondônia.

• A fome e a miséria cresceram em todo o país.

A Constituição de 1988 restabeleceu as eleições diretas para presidente da República, em dois turnos.

FERNANDO COLLOR DE MELO (1990-1992) foi o primeiro

presidente eleito pelo voto direto após o regime militar. Collor, apoiado por um esquema publicitário excepcional e favorecido pela TV, venceu as eleições. A burguesia respirou aliviada.

De uma forma geral, o presidente Collor não conseguir pôr em prática muito daquilo que prometera em campanha. Sem condições de adquirir bens, a massa trabalhadora não comprava, o comércio não vendia e indústria não conseguia se livrar dos estoques. A recessão ia desgastando o governo.

Em maio de 1992, veio à público denúncias sobre ações ilícitas de

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Paulo César Farias (ex-tesoureiro da sua campanha) envolvendo o presidente. A nação passou a exigir a punição dos responsáveis pelo esquema de corrupção. Tiveram início as passeatas, notadamente estudantis, que mobilizaram toda a nação. Conclamava-se o impeachment do presidente, isto é, (impedimento do presidente para governar), que foi aprovado pelo Congresso Nacional. Imediatamente, foi empossado, como presidente em exercício o vice Itamar Franco.

No final de dezembro de 1992, Collor foi julgado e condenado pelo Senado, sendo definitivamente afastado da presidência da República, e seus direitos políticos cassados por

8 anos.

Com a saída de Collor, assumiu o vice-presidente, ITAMAR FRANCO (1992-1994) que deveria completar o mandato. Seu governo foi marcado por indecisões sobre os problemas nacionais. Apenas no último ano, quando era Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lançou um plano de combate à inflação que na ocasião alcançava níveis elevados, o Plano Real. Os resultados imediatos do Plano Real impressionaram a opinião pública em geral, favorecendo dessa forma a vitória na eleição para Presidente da República, do candidato Fernando Henrique

Cardoso, pelo PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro).

Baseando sua campanha no êxito do plano Real, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-1998) venceu as eleições. O novo presidente assumiu o cargo em 1º de janeiro de 1995, para cumprir um mandato de quatro anos. Durante seu governo, a inflação manteve-se baixa. A manutenção dos preços era obtida pela ampla abertura do mercado a produtos estrangeiros. Nas eleições de outubro de 1998, apresentando-se como o único líder capaz de defender a estabilidade do real, conseguiu se reeleger - 2º mandato (1999-2002).

Em 2002, no final do mandato de Fernando Henrique, ocorreram eleições para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e Presidente da República. Nessas eleições, os cidadãos brasileiros elegeram para o mandato de 2003 a 2006, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para Presidente da República.

Ligado historicamente à esquerda, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA é eleito com mais de 60% dos votos, cerca de cinqüenta e dois milhões de votos, para o mandato de 2003 a 2006. Seu plano de governo, entre outros previa a retomada do crescimento com soberania, ampliação da democracia, inclusão social etc. Hoje, uma das tarefas mais difíceis é, certamente, a avaliação do governo atual. Se, por um lado, ainda é provável contar com decepções, por outro, as esperanças continuam...

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Profº. ROMILSON SANTOS

TÉCNICO EM MAGISTÉRIO

BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

GRADUANDO EM LETRAS COM INGLÊS

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My name is Ana Smith. I am sixty-five years old now.

Today life is very easy but when I was a child it was very difficult. My family

was poor and big and I had five sisters and four brothers.

We lived in a farmer and there was not transport to the city.

We were a very happy family.

Text comprehension - Compreensão do texto (em seu caderno)

a) Is Ana Smith young or old?___________________________________

b) How old is she?____________________________________________

c) She lived: ( ) in dowtown ( ) in a farmer ( ) in a big city.

d) How was her life? ( ) very easy ( ) very difficult

e) Ana Smith‘s family was: ( ) small ( ) big

Bem, como você deve ter compreendido, o texto fala como era a vida de Ana.

Você observou que há contraste entre como é a vida hoje e como era em outros

tempos, ilustrada com o verbo to be no presente e passado.

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Os verbos irregulares formam o passado de forma diferente e você terá uma lista nas

próximas aulas.

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O Palácio de Buckingham – residência oficial da família real inglesa – atrai muitos turistas

que vão até lá com câmera fotográficas e filmadoras para presenciar e guardar como

lembrança as imagens da troca da Guarda – momento em que os guardas do Palácio saem

e são substituídos por outros num bonito ritual repetido há séculos.

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PROFª EDIVÂNIA

LICENCIADA EM BIOLOGIA

PÓS GRADUADA-ESPECIALISTA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

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1. Sistemática e Taxonomia e noções gerais dos reinos dos seres vivos

Taxonomia é a ciência da identificação, que visa a identificar espécies e não espécimes. A espécie

é um grupo de indivíduos (espécimes) que mostram, em maior ou menor grau, a variabilidade

intrapopulacional sempre presente.

A sistemática tem por objetivo classificar, identificar e dar nomes aos seres vivos. A classificação

é feita levando-se em consideração a embriologia, anatomia, fisiologia, estudos dos fósseis e

outros critérios, sendo por isto um sistema natural A classificação usada atualmente é baseado no

sistema de classificação de Linné ( Lineu) descrito em 1735.

A taxonomia de Lineu classifica as coisas vivas em uma hierarquia, começando com os Reinos.

Reinos são divididos em Filos. Filos são divididos em classes, então em ordens, famílias, gêneros

e espécies e, dentro de cada um em sub-divisões. Grupos de organismos em qualquer uma destas

classificações são chamados taxa (singular, taxon), ou phyla, ou grupos taxonômicos.

Categorias Hierárquicas

REINO - FILO - CLASSE - ORDEM - FAMÍLIA - GÊNERO - ESPÉCIE

HOMEM CÃO MOSCA

REINO Animalia Animalia Animalia

FILO Chordata Chordata Arthropoda

CLASSE Mammalia Mammalia Insecta

ORDEM Primata Carnívora Díptera

FAMÍLIA Hominidae Canidae Muscidae

GÊNERO Homo Canis Musca

ESPÉCIE Homo

sapiens

Canis

familiaris

Musca domestica

Reinos:

Monera - unicelulares procariontes - Bactérias e Cianobactérias

Protista - unicelulares eucariontes heterótrofos - Protozoários

Fungi - organismos eucariontes heterótrofos unicelulares ou não - Fungos

Plantae - organismos eucariontes multicelulares fotossintetizantes . Algas , briófitas, pteridófitas,

gimnosperma e angiospermas.

Animalia - organismos eucariontes, multicelulares e heterótrofos. ESPÉCIE - organismos com

uma certa semelhança morfológica e genômica, com capacidade de reprodução e formação de

descendentes viáveis e férteis.

Regras básicas de Nomenclatura

Há certas regras que devem ser obedecidas ao se tratar com categorias taxonômicas. Estas

respeitam um código internacional, cujas bases foram lançadas na 10ª edição do Systema Naturae,

de Lineu (1758) e atualizadas com o decorrer do tempo.

Como a nomenclatura para os fósseis é a mesma, deve-se utilizar as mesmas regras de

nomenclatura, presentes no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.

As regras mais importantes são:

O nome dos animais deve ser escrito em latim ou idioma latinizado.

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Todo animal deve ter, pelo menos, dois nomes, o primeiro referente ao gênero e o segundo à

espécie. É o sistema binominal criado por Lineu. Schlumbergerina alveoliniformis.

O nome do gênero deve ser escrito com inicial maiúscula e o nome da espécie deve ser escrito

com inicial minúscula. Amphisorus hemprichii. Quando a espécie tem nome de pessoa, é

indiferente utilizar inicial maiúscula ou minúscula.

O nome dos animais deve ser em destaque (itálico ou negrito). Lagena laevis ou Lagena laevis.

Deve-se usar sempre o primeiro nome com o qual o animal foi descrito; quaisquer designações

posteriores equivalem a sinonímia, ou seja, devem ser revistas e voltar ao gênero original.

Em trabalhos científicos, depois do nome da espécie, coloca-se o nome do autor que o descreveu

seguido de vírgula e data; se houve modificação na descrição original de uma espécie, autor e ano

aparecem entre parênteses. Massilina pernambucensis Tinoco, 1958.

As abreviaturas sp (espécie) ou spp (espécies) são utilizadas quando o material só foi determinado

até o nível genérico. Pyrgo sp.

Quando a identificação da espécie é impossível, usa-se a abreviatura aff (affinis = afim com) entre

o nome do gênero e da espécie. A abreviatura de cf (confers = comparar com) é utilizada em casos

de dúvida maior do que o do caso anterior. Quinqueloculina cf. Q. implexa.

Quando a posição taxonômica de um organismo não pode ser determinada, ele é chamado de

Incertae sedis, ou seja, que tem posição incerta na classificação.

A vida, que existe há mais de três bilhões de anos na Terra, é o maior objeto de estudo da

Biologia. Esse estudo fascinante e desafiador volta-se para a compreensão das características e

evolução dos seres vivos, suas estruturas e funções, suas relações com os mais diferentes

ambientes e sua reprodução. É, portanto, a ciência que estuda os seres vivos em todos os aspectos

de abrangência, quer sejam anatômicos, funcionais, genéticos, comportamentais, evolutivos,

geográficos ou taxionômicos, bem como as leis, os princípios e fenômenos que regem a existência

desses seres.

Em agroecologia

O princípio fundamental da agroecologia é considerar a propriedade agrícola como um todo.

É muito importante entender que deve haver interação entre todos os seres vivos. As plantas

devem relacionar-se com os microorganismos que produzem nutrientes, com as minhocas que

soltam o solo para que as raízes se desenvolvam, com os insetos que servem de alimento para

os inimigos naturais. Nas propriedades em que se trabalha a agroecologia é muito normal ver

todo o tipo de organismo como insetos, aranhas, lesmas, nematóides, bactérias, fungos e

algas. Sabe-se que todos os seres possuem papel importante no equilíbrio deste ecossistema.

Por isso, deve usar espécies ou variedades adaptadas às condições locais de solo e clima,

minimizando exigências externas para um bom desenvolvimento da cultura.

Exercícios

1. Complete as frases preenchendo cada espaço com um dos termos a seguir:

Classe – espécie – família – filo – gênero – ordem - reino

a) Ordens com características semelhantes são reunidas em um(a)__________________________

b) Um(a) __________________reúne espécies semelhantes.

c) A categoria mais abrangente da classificação é a (o)___________________________________

d) A categoria taxonômica imediatamente acima dos gêneros á

o(a)_________________________

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e) Um conjunto de classes constitui um(a)_____________________

f) Um grupo de organismos semelhantes, capazes de produzir descendência fértil é

um(a)_________

h) A reunião d famílias semelhantes constitui a categoria taxonômica

denominada______________

2. Cite características dos reinos abaixo:

a) Monera

b) Plantae

c) Fungi

d) Animalia

e) Protista

3. Que regras de nomenclatura taxonômica são utilizadas para dar nome a uma espécie?

4. Qual a importância da Sistemática para a agroecologia?

Testes

1. UFPEL

Carl von Linné (1707-1778), denominado Lineu, em Português, através de sua obra "Systema

Naturae", propôs uma forma de denominar os seres vivos por intermédio do que chamou de

"unidade básica de classificação" ou ESPÉCIE. Como exemplo, a ave conhecida popularmente

como quero-quero é classificada, segundo o modelo de Lineu, como 'Vanellus chilensis'.

De acordo com esses conceitos, analise as afirmativas a seguir.

I. O nome específico de um organismo é sempre composto de duas palavras: a primeira designa o

gênero e a segunda, a espécie.

II. O nome específico do quero-quero é 'chilensis' e o nome genérico é 'Vanellus'.

III. O nome específico do quero-quero é binominal, e 'Vanellus' é seu epíteto específico.

IV. O nome específico do quero-quero é binominal, e Chilensis, assim escrito, é seu epíteto

específico.

V. A espécie 'Vanellus chilensis' inclui o gênero seguido de seu epíteto específico: 'chilensis'.

Estão corretas apenas as afirmativas

a) II e III.

b) IV e V.

c) II e IV.

d) I e III.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 93

e) II e V.

2. O nome científico de duas plantas são Salix nigra e Quercus nigra. As duas plantas pertencem:

a) a mesma espécie;

b) ao mesmo gênero;

c) ao mesmo reino;

d) à mesma raça;

e) à mesma subespécie.

3. (Udesc) O cão domestico (Canis familiaris), o lobo (Canis lupus) e o coiote (Canis latrans)

pertencem a uma mesma categoria taxonômica. Esses animais fazem parte de um(a) mesmo(a):

a) gênero

b) espécie

c) subespécie

d) raça

e) variedade

4. ( UFCE) Com relação à taxonomia, assinale a afirmativa incorreta.

a) Os sistemas modernos de classificação fundamentam-se na filogênese.

b) Os nomes científicos devem ser latinos ou latinizados.

c) O nome genérico pode ser escrito isoladamente.

d) A nomenclatura das subespécies é trinomial.

e) Os grupos taxonômicos principais são, em ordem decrescente: reino, filo ou ramo, classe,

família, ordem, gênero e espécie.

5. (UFMA) A Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica estabelece regras que são

seguidas pelos cientistas de todo o mundo. Identifique abaixo o nome científico escrito

corretamente:

a) charadrius Collaris - Maçarico-de-coleira

b) Eudocimus Ruber - Guará

c) Arenaria interpres - Maçarico vira-pedras

d) Falco Peregrinus - Gavião-peregrino

e) Himantopus Himantopus - Maçarico-pernilongo

6. (UFC-CE - adaptado) A célula é a unidade básica dos seres vivos, existindo seres unicelulares

ou pluricelulares. Utilizando-se a classificação de Whittaker (1969), - com ajustes propostos por

Margulis e Schwarts (1980) -, que considera as algas multicelulares como protoctistas, associe de

seus representantes, relacionando as duas colunas.

REINO

1. Reino Monera

2. Reino Protoctista

3. Reino Fungi

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 94

4. Reino Plantae

5. Reino Animalia

REPRESENTANTES

( a ) Seus representantes são todos unicelulares.

( b ) Seus representantes são todos pluricelulares.

( c ) Seus representantes podem ser unicelulares ou pluricelulares.

A seqüência correta das associações é:

a) 1a, 2c, 3c, 4b, 5b.

b) 1a, 2a, 3a, 4b, 5b.

c) 1c, 2b, 3a, 4c, 5c.

d) 1a, 2a, 3b, 4c, 5c.

e) 1c, 2c, 3c, 4b, 5b.

7. (Unirio-RJ) Se reunirmos as famílias Canidae (cães), Ursidae (ursos), Hienidae (hienas) e

Felidae (leões), veremos que todos são carnívoros, portanto, pertencem à (ao) mesma (o)

a) espécie

b) ordem.

c) subespécie.

d) família.

e) gênero

8. UFMG) A partir dos seus conhecimentos sobre as regras de nomenclatura zoológica, responda:

Com qual das fêmeas citadas abaixo o macho de Anopheles (Nyssorthynchus) triannulatus

trianulatus pode cruzar e produzir descendentes férteis, ao longo de várias gerações:

a) Anopheles (Nyssorthynchus) aquasalis.

b) Anopheles (Nyssorthynchus) trianulatus davisi.

c) Anopheles (Nyssorthynchus) albitarsis domesticus.

d) Anopheles (Nyssorthynchus) brasiliensis.

e) Anopheles (Nyssorthynchus) intermedius.

2. Genética: Conceitos gerais, leis de Mendel e heranças genéticas

A genética é o ramo da biologia responsável pelo estudo da hereditariedade e de tudo o que esteja

relacionado com a mesma. O conceito também faz referência àquilo que pertence ou que é

relativo à génese ou origem das coisas.

Como tal, a genética analisa a forma como a hereditariedade biológica é transmitida de uma

geração para a seguinte, e como é efectuado o desenvolvimento das características que controlam

os respectivos processos.

O objecto de estudo da genética são os padrões de hereditariedade, isto é, o modo com os traços e

as características se transmitem dos pais para os filhos. Os genes são formados por segmentos de

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 95

uma molécula que codifica a informação genética nas células, denominada ácido

desoxirribonucleico (DNA).

O DNA, responsável por controlar a estrutura, a função e o comportamento das células, pode criar

cópias exactas de si mesmo.

Os genes contêm a informação necessária para determinar a sequência de aminoácidos das

proteínas, que desempenham uma função importante na hora de determinar o fenótipo final do

organismo.

Os especialistas utilizam o verbo codificar para se referir ao facto de o gene conter as instruções

necessárias para sintetizar uma proteína particular (daí se poder dizer que um gene codifica uma

proteína).

A genética subdivide-se em vários ramos: a clássica ou mendeliana (que se centra no estudo dos

cromossomas e dos genes e na forma como são herdados de geração em geração), a quantitativa

(analisa o impacto de múltiplos genes sobre o fenótipo), a molecular (estuda o ADN, a sua

composição e a forma como se duplica), a genética de populações e evolutiva (centra a sua

atenção no comportamento dos genes no seio de uma população e de como isso determina a

evolução dos organismos) e a genética do desenvolvimento (a forma como os genes controlam o

desenvolvimento dos organismos).

Dicionário

GENE = Fragmento de DNA cromossômico capaz de determinar a síntese de uma proteína.

DNA = Ac nucléico formado por 2 fitas de nucleotídeos unidas por pontes de hidrogênio.

CROMOSSOMO= estrutura nuclear formada pela molécula de DNA mais proteínas (histonas) de

forma espiralizada, contendo uma sucessão linear de genes e só podendo ser vista durante a

divisão celular.

LOCUS GÊNICO = local do cromossomo ocupado por um gene.

CÉLULAS HAPLÓIDES OU GAMETAS = são as células que sofreram meiose e possuem

apenas metade da carga genética do indivíduo, responsáveis pela formação dos gametas.

CÉLULAS SOMÁTICAS = todas as células corporais ( 2N) que possuem o cariótipo completo.

CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS = são cromossomos que apresentam o mesmo tamanho,

mesma posição do centrômero e a mesma seqüência gênica (Um de origem materna e outro,

paterna).

GENES ALELOS: são genes situados no mesmo lócus de cromos homólogos, responsáveis pela

determinação de um mesmo caráter.

LINHAGEM: conjunto de indivíduos que descendem de um ancestral comum.

LINHAGEM PURA: quando os indivíduos apresentam os caracteres em homozigose.

HOMOZIGOTO: genes alelos iguais, dominantes ou recessivos "AA ou aa".

HETEROZIGOTOS: genes alelos diferentes Aa, VB.

FENÓTIPO: é o resultado da interação do genótipo + influência do meio ambiente.

GENÓTIPO: constituição genética do indivíduo, ou seja, aos genes que ele possui.

GERAÇÃO F1: os primeiros descendentes da geração parental.

GERAÇÃO F2: resultado da autofecundação da geração F1.

GENEALOGIAS OU HEREDOGRAMAS As genealogias são representações, por meio de

símbolos convencionados, dos indivíduos de uma família, de maneira a indicar o sexo, a ordem do

nascimento, o grau de parentesco etc.

Abaixo temos a legenda dos símbolos mais utilizados na construção de heredogramas.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 96

Fonte: www.biomania.com.br

Cariótipo

O termo Cariótipo designa um conjunto de

cromossomas de uma célula caracterizado pelo

número, tamanho e forma desses mesmos

cromossomas.

O cariótipo (derivada da palavra Grega: karyon = para

nó e typos = para forma), representa o conjunto diploide (2N) de cromossomos das células

somáticas de um organismo.

Um cariótipo pode ser representado por meio de imagem dos cromossomos (cariograma) ou pela

ordenação de acordo com o tamanho dos cromossomos em esquema fotográfico (idiograma).

Através da montagem de um cariótipo é possível determinar a normalidade ou anormalidade

(síndromes cromossômicas), ocasionadas por alterações mutagênicas, polissomias ou

monossomias.

Na espécie humana, as células somáticas possuem 46 cromossomos (2N = 46), agrupados em 23

pares, sendo: 22 pares autossômicos e 01 par alossômico sexual, diferenciando o gênero de um

organismo em masculino e feminino.

Cariótipo normal masculino → 46, XY

Cariótipo normal feminino → 46, XX

Mendel, o iniciador da genética

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 97

Gregor Mendel nasceu em 1822, em Heinzendorf, na Áustria. Era filho de pequenos fazendeiros

e, apesar de bom aluno, teve de superar dificuldades financeiras para conseguir estudar. Em 1843,

ingressou como noviço no mosteiro de agostiniano da cidade de Brünn, hoje Brno, na atual

República Tcheca.

Após ter sido ordenado monge, em 1847, Mendel ingressou na Universidade de Viena, onde

estudou matemática e ciências por dois anos. Ele queria ser professor de ciências naturais, mas foi

mal sucedido nos exames.

De volta a Brünn, onde passou o resto da vida. Mendel continuou interessado em ciências. Fez

estudos meteorológicos, estudou a vida das abelhas e cultivou plantas, tendo produzido novas

variedades de maças e peras. Entre 1856 e 1865, realizou uma série de experimentos com ervilhas,

com o objetivo de entender como as características hereditárias eram transmitidas de pais para

filhos.

Em 8 de março de 1865, Mendel apresentou um trabalho à Sociedade de História Natural de

Brünn, no qual enunciava as suas leis de hereditariedade, deduzidas das experiências com as

ervilhas. Publicado em 1866, com data de 1865, esse trabalho permaneu praticamente

desconhecido do mundo científico até o início do século XX. Pelo que se sabe, poucos leram a

publicação, e os que leram não conseguiram compreender sua enorme importância para a

Biologia. As leis de Mendel foram redescobertas apenas em 1900, por três pesquisadores que

trabalhavam independentemente.

Mendel morreu em Brünn, em 1884. Os últimos anos de sua vida foram amargos e cheios de

desapontamento. Os trabalhos administrativos do mosteiro o impediam de se dedicar

exclusivamente à ciência, e o monge se sentia frustrado por não ter obtido qualquer

reconhecimento público pela sua importante descoberta. Hoje Mendel é tido como uma das

figuras mais importantes no mundo científico, sendo considerado o “pai” da Genética. No

mosteiro onde viveu existe um monumento em sua homenagem, e os jardins onde foram

realizados os célebres experimentos com ervilhas até hoje são conservados.

Os experimentos de Mendel

A escolha da planta

A ervilha é uma planta herbácea leguminosa que pertence ao mesmo grupo do feijão e da soja. Na

reprodução, surgem vagens contendo sementes, as ervilhas. Sua escolha como material de

experiência não foi casual: uma planta fácil de cultivar, de ciclo reprodutivo curto e que produz

muitas sementes. Desde os tempos de Mendel existiam muitas variedades disponíveis, dotadas de

características de fácil comparação. Por exemplo, a variedade que flores púrpuras podia ser

comparada com a que produzia flores brancas; a que produzia sementes lisas poderia ser

comparada cm a que produzia sementes rugosas, e assim por diante. Outra vantagem dessas

plantas é que estame e pistilo, os componentes envolvidos na reprodução sexuada do vegetal,

ficam encerrados no interior da mesma flor, protegidas pelas pétalas. Isso favorece a

autopolinização e, por extensão, a autofecundação, formando descendentes com as mesmas

características das plantas genitoras.

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A partir da autopolinização, Mendel produziu e separou diversas linhagens puras de ervilhas para

as características que ele pretendia estudar. Por exemplo, para cor de flor, plantas de flores de cor

de púrpura sempre produziam como descendentes plantas de flores púrpuras, o mesmo ocorrendo

com o cruzamento de plantas cujas flores eram brancas. Mendel estudou sete características nas

plantas de ervilhas: cor da flor, posição da flor no caule, cor da semente, aspecto externo da

semente, forma da vagem, cor da vagem e altura da planta.

Os cruzamentos

Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou um cruzamento diferente. Cortou os estames de

uma flor proveniente de semente verde e depois depositou, nos estigmas dessa flor, pólen de uma

planta proveniente de semente amarela. Efetuou, então, artificialmente, uma polinização

cruzada: pólen de uma planta que produzia apenas semente amarela foi depositado no estigma de

outra planta que só produzia semente verde, ou seja, cruzou duas plantas puras entre si. Essas duas

plantas foram consideradas como a geração parental (P), isto é, a dos genitores.

Após repetir o mesmo procedimento diversas vezes, Mendel verificou

que todas as sementes originadas desses cruzamentos eram amarelas –

a cor verde havia aparentemente “desaparecido” nos descendentes

híbridos (resultantes do cruzamento das plantas), que Mendel chamou

de F1 (primeira geração filial). Concluiu, então, que a cor amarela

“dominava” a cor verde. Chamou o caráter cor amarela da semente

de dominante e o verde de recessivo.

A seguir, Mendel fez germinar as sementes obtidas em F1 até surgirem

as plantas e as flores. Deixou que se autofertilizassem e aí houve a

surpresa: a cor verde das sementes reapareceu na F2 (segunda geração

filial), só eu em proporção menor que as de cor amarela: surgiram

6.022 sementes amarelas para 2.001 verdes, o que conduzia a

proporção 3:1. Concluiu que na verdade, a cor verde das sementes não

havia “desaparecido” nas sementes da geração F1. O que ocorreu é que

ela não tinha se manifestado, uma vez que, sendo uma caráter

recessivo, era apenas “dominado” (nas palavras de Mendel) pela cor

amarela. Mendel concluiu que a cor das sementes era determinada por

dois fatores, cada um determinando o surgimento de uma cor, amarela

ou verde.

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Era necessário definir uma simbologia para representar esses fatores: escolheu a inicial do caráter

recessivo. Assim, a letra v (inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator recessivo. Assim, a

letra v (inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator recessivo – para cor verse – e a letra

V, maiúscula, o fator dominante – para cor amarela.

VV vv Vv

Semente amarela pura Semente verde pura Semente amarela híbrida

Persistia, porém, uma dúvida: Como explicar o desaparecimento da cor verde na geração F1 e

o seu reaparecimento na geração F2?

A resposta surgiu a partir do conhecimento de que cada um dos fatores se separava durante a

formação das células reprodutoras, os gametas. Dessa forma, podemos entender como o material

hereditário passa de uma geração para a outra. Acompanhe nos esquemas abaixo os

procedimentos adorados por Mendel com relação ao caráter cor da semente em ervilhas.

Resultado: em F2, para cada três sementes amarelas, Mendel obteve uma semente de cor verde.

Repetindo o procedimento para outras seis características estudadas nas plantas de ervilha, sempre

eram obtidos os mesmos resultados em F2, ou seja a proporção de três expressões dominantes para

uma recessiva.

Leis de Mendel

1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores

A comprovação da hipótese de dominância e recessividade nos vários experimentos efetuados por

Mendel levou, mais tarde à formulação da sua 1º lei: “Cada característica é determinada por

dois fatores que se separam na formação dos gametas, onde ocorrem em dose simples”, isto

é, para cada gameta masculino ou feminino encaminha-se apenas um fator.

Mendel não tinha idéia da constituição desses fatores, nem onde se localizavam.

As bases celulares da segregação

A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, trouxe a questão: onde estão os fatores

hereditários e como eles se segregam?

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Em 1902, enquanto estudava a formação dos gametas em

gafanhotos, o pesquisador norte americano Walter S. Sutton notou

surpreendente semelhança entre o comportamento dos

cromossomos homólogos, que se separavam durante a meiose, e os

fatores imaginados por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os

pares de fatores hereditários estavam localizados em pares de

cromossomos homólogos, de tal maneira que a separação dos

homólogos levava à segregação dos fatores.

Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se referiu são os genes

(do grego genos, originar, provir), e que realmente estão localizados

nos cromossomos, como Sutton havia proposto. As diferentes

formas sob as quais um gene pode se apresentar são denominadas

alelos. A cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por

exemplo, são determinadas por dois alelos, isto é, duas diferentes

formas do gene para cor da semente.

Exemplo da primeira lei de Mendel em um animal

Vamos estudar um exemplo da aplicação da primeira lei de Mendel em um animal, aproveitando

para aplicar a terminologia modernamente usada em Genética. A característica que escolhemos

foi a cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou branca. De acordo com uma convenção

largamente aceita, representaremos por B o alelo dominante, que condiciona a cor preta, e por b o

alelo recessivo, que condiciona a cor branca.

Uma técnica simples de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos de F1 para obter a

constituição genética dos indivíduos de F2 é a montagem do quadrado de Punnet. Este consiste em

um quadro, com número de fileiras e de colunas que correspondem respectivamente, aos tipos de

gametas masculinos e femininos formados no cruzamento. O quadrado de Punnet para o

cruzamento de cobaias heterozigotas é:

B

Gametas

paternos

b

Gametas maternos

B b

BB

Preto

Bb

Preto

Bb

Preto

bb

Branco

Os conceitos de fenótipo e genótipo

Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da genética, no começo do século XX, foram

os de fenótipo e genótipo, criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 –

1912).

Fenótipo

O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é empregado para

designar as características apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e

comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características microscópicas e de natureza

bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação.

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Entre as características fenotípicas visíveis, podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de

uma pessoa, a textura do cabelo, a cor do pelo de um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e a

sequência de aminoácidos de uma proteína são características fenotípicas revelada apenas

mediante testes especiais.

O fenótipo de um indivíduo sofre transformações com o passar do tempo. Por exemplo, à medida

que envelhecemos o nosso corpo se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o

fenótipo: se ficarmos expostos à luz do sol, nossa pele escurecerá.

Genótipo

O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica) refere-se à

constituição genética do indivíduo, ou seja, aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao

genótipo quando dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é homozigota dominante (VV)

ou heterozigota (Vv) em relação à cor da semente.

Fenótipo: genótipo e ambiente em interação

O fenótipo resulta da interação do genótipo com o ambiente. Consideremos, por exemplo, duas

pessoas que tenham os mesmos tipos de alelos para pigmentação da pele; se uma delas toma sol

com mais frequência que a outra, suas tonalidades de pele, fenótipo, são diferentes.

Um exemplo interessante de interação entre genótipo e ambiente na produção do fenótipo é a

reação dos coelhos da raça himalaia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pelos crescem

pretos e, em temperaturas altas, crescem brancos. A pelagem normal desses coelhos é branca,

menos nas extremidades do corpo (focinho, orelha, rabo e patas), que, por perderem mais calor e

apresentarem temperatura mais baixa, desenvolvem pelagem preta.

Determinando o genótipo

Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode ser observado diretamente, mesmo que seja

através de instrumentos, o genótipo tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da

análise de seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda pelo sequenciamento do genoma do

indivíduo, ou seja, leitura do que está nos genes. A técnica do sequenciamento, não é amplamente

utilizada, devido ao seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem especializada. Por esse

motivo a observação do fenótipo e análise dos parentes ainda é o recurso mais utilizado para se

conhecer o genótipo.

Quando um indivíduo apresenta o fenótipo condicionado pelo alelo recessivo, conclui-se que ele é

homozigoto quanto ao alelo em questão. Por exemplo, uma semente de ervilha verde é sempre

homozigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo condicionado pelo alelo dominante

poderá ser homozigoto ou heterozigoto. Uma semente de ervilha amarela, por exemplo, pode ter

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genótipo VV ou Vv. Nesse caso, o genótipo do indivíduo só poderá ser determinado pela análise

de seus pais e de seus descendentes.

Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja filho de pai com fenótipo recessivo, ele certamente

será heterozigoto, pois herdou do pai um alelo recessivo. Entretanto, se ambos os pais têm

fenótipo dominante, nada se pode afirmar. Será necessário analisar a descendência do indivíduo

em estudo: se algum filho exibir o fenótipo recessivo, isso indica que ele é heterozigoto.

Cruzamento-teste

Este cruzamento é feito com um indivíduo homozigótico recessivo para

o fator que se pretende estudar, que facilmente se identifica pelo seu

fenótipo e um outro de genótipo conhecido ou não. Por exemplo, se

cruzarmos um macho desconhecido com uma fêmea recessiva podemos

determinar se o macho é portador daquele caráter recessivo ou se é puro.

Caso este seja puro todos os filhos serão como ele, se for portador 25%

serão brancos, etc. Esta explicação é muito básica, pois geralmente é

preciso um pouco mais do que este único cruzamento.

A limitação destes cruzamentos está no fato de não permitirem

identificar portadores de alelos múltiplos para a mesma característica, ou

seja, podem existir em alguns casos mais do que dois alelos para o

mesmo gene e o efeito da sua combinação variar. Além disso, podemos

estar cruzando um fator para o qual o macho ou fêmea teste não são

portadores, mas sim de outros alelos.

Construindo um heredograma

No caso da espécie humana, em que não se pode realizar experiências com cruzamentos dirigidos,

a determinação do padrão de herança das características depende de um levantamento do histórico

das famílias em que certas características aparecem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada

característica é ou não hereditária e de que modo ela é herdada. Esse levantamento é feito na

forma de uma representação gráfica denominada heredograma (do latim heredium, herança),

também conhecida como genealogia ou árvore genealógica.

Construir um heredograma consiste em representar, usando símbolos, as relações de parentesco

entre os indivíduos de uma família. Cada indivíduo é representado por um símbolo que indica as

suas características particulares e sua relação de parentesco com os demais.

Indivíduos do sexo masculino são representados por um quadrado, e os do sexo feminino, por um

círculo. O casamento, no sentido biológico de procriação, é indicado por um traço horizontal que

une os dois membros do casal. Os filhos de um casamento são representados por traços verticais

unidos ao traço horizontal do casal.

A montagem de um heredograma obedece a algumas regras:

1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a mulher à direita, sempre que for

possível.

2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da esquerda para a direita.

3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada

geração, os indivíduos são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Outra

possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um heredograma por algarismos arábicos,

começando-se pelo primeiro da esquerda, da primeira geração.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 103

Dominância incompleta ou Co-dominância

Nem todas as características são herdadas como a cor da semente da ervilha, em que o gene para a

cor amarela domina sobre o gene para cor verde. Muito frequentemente a combinação dos genes

alelos diferentes produz um fenótipo intermediário. Essa situação ilustra a chamada dominância

incompleta ou parcial. Um exemplo desse tipo de herança é a cor das flores maravilha. Elas

podem ser vermelhas, brancas ou rosas. Plantas que produzem flores cor-de-rosa são

heterozigotas, enquanto os outros dois fenótipos são devidos à condição homozigota. Supondo

que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, cor branca, teríamos:

VV = flor vermelha

BB = flor branca

VB = flor cor-de-rosa

Apesar de anteriormente usarmos letras maiúsculas para indicar, respectivamente, os genes

dominantes e recessivos, quando se trata de dominância incompleta muitos autores preferem

utilizar apenas diferentes letras maiúsculas.

Fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz flores vermelhas com outra que

produz flores brancas e analisando os resultados fenotípicos da geração F1e F2, teríamos:

Agora analizando os resulados genotípicos da geração F1e F2, teríamos:

P: Flor Branca

B B

V

Flor Vermelha

V

BV

cor-de-rosa

BV

cor-de-rosa

VB

cor-de-rosa

VB

cor-de-rosa

F1 = 100% VB (flores cor-de-rosa)

Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (flores cor-de-rosa), teríamos:

F1

Flor cor-de-rosa

V B

V

Flor cor-de-rosa

VV

Vermelha

BV

cor-de-rosa

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B VB

cor-de-rosa

BB

Branca

F2 = Genótipos: 1/4 VV, 1/2 VB, 1/4 BB.

Fenótipo: 1/4 plantas com flores vermelhas

1/2 plantas com flores cor-de-rosa

1/4 plantas com flores brancas

Alelos letais: Os genes que matam

As mutações que ocorrem nos seres vivos são totalmente aleatórias e, às vezes, surgem variedades

genéticas que podem levar a morte do portador antes do nascimento ou, caso ele sobreviva, antes

de atingir a maturidade sexual. Esses genes que conduzem à morte do portador, são conhecidos

como alelos letais. Por exemplo, em uma espécie de planta existe o gene C, dominante,

responsável pela coloração verde das folhas. O alelo recessivo c, condiciona a ausência de

coloração nas folhas, portanto o homozigoto recessivo cc morre ainda na fase jovem da planta,

pois esta precisa do pigmento verde para produzir energia através da fotossíntese. O heterozigoto

é uma planta saudável, mas não tão eficiente na captação de energia solar, pela coloração verde

clara em suas folhas. Assim, se cruzarmos duas plantas heterozigotas, de folhas verdes claras,

resultará na proporção 2:1 fenótipos entre os descendentes, ao invés da proporção de 3:1 que seria

esperada se fosse um caso clássico de monoibridismo (cruzamento entre dois indivíduos

heterozigotos para um único gene). No caso das plantas o homozigoto recessivo morre logo após

germinar, o que conduz a proporção 2:1.

P

Planta com folhas verde

claras

C c

C

Planta com folhas

verde claras

c

CC

Verde escuro

Cc

Verde clara

Cc

Verde clara

cc

Inviável

F1 = Fenótipo: 2/3 Verde clara

1/3 Verde escura

Genótipo: 2/3 Cc

1/3 CC

Alelos letais: Os genes que matam

Esse curioso caso de genes letais foi descoberto em 1904 pelo geneticista francês Cuénot, que

estranhava o fato de a proporção de 3:1 não ser obedecida. Logo, concluiu se tratar de uma caso

de gene recessivo que atuava como letal quando em dose dupla.

No homem, alguns genes letais provocam a morte do feto. É o caso dos genes para

acondroplasia, por exemplo. Trata-se de uma anomalia provocada por gene dominante que, em

dose dupla, acarreta a morte do feto, mas em dose simples ocasiona um tipo de nanismo, entre

outras alterações.

Há genes letais no homem, que se manifestam depois do nascimento, alguns na infância e

outros na idade adulta. Na infância, por exemplo, temos os causadores da fibrose cística e da

distrofia muscular de Duchenne (anomalia que acarreta a degeneração da bainha de mielina nos

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nervos). Dentre os que se expressam tardiamente na vida do portador, estão os causadores da

doença de Huntington, em que há a deterioração do tecido nervoso, com perde de células

principalmente em uma parte do cérebro, acarretando perda de memória, movimentos

involuntários e desequilíbrio emocional.

Como os genes se manifestam

Vimos que, em alguns casos, os genes se manifestam com fenótipos bem

distintos. Por exemplo, os genes para a cor das sementes em ervilhas

manifestam-se com fenótipos bem definidos, sendo encontradas

sementes amarelas ou verdes. A essa manifestação gênica bem

determinada chamamos de variação gênica descontínua, pois não há

fenótipos intermediários.

Há herança de características, no entanto, cuja manifestação do gene

(também chamada de expressividade) não determina fenótipos tão

definidos, mas sim uma gradação de fenótipos. A essa gradação da

expressividade do gene, variando desde um fenótipo que mostra leve

expressão da característica até sua expressão total, chamamos de norma

de reação ou expressividade variável. Por exemplo, os portadores dos

genes para braquidactilia (dedos curto) podem apresentar fenótipos

variando de dedos levemente mais curtos até a total falta deles.

Alguns genes sempre que estão presentes se manifestam, dizemos que

são altamente penetrantes. Outros possuem uma penetrância

incompleta, ou seja, apenas uma parcela dos portadores do genótipo

apresenta o fenótipo correspondente.

Observe que o conceito de penetrância está relacionado à expressividade

do gene em um conjunto de indivíduos, sendo apresentado em termos

percentuais. Assim, por exemplo, podemos falar que a penetrância para o

gene para a doença de Huntington é de 100%, o que quer dizer que 100%

dos portadores desse gene apresentam (expressam) o fenótipo

correspondente.

Diferentes graus de

braquidactilia pela expressão

variável do genótipo.

Sistema ABO de grupos sanguíneos

A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo de alelos múltiplos na

espécie humana.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 106

Determinação dos grupos

sanguíneos utilizando soros anti-A e

anti-B. Amostra 1- sangue tipo A.

Amostra 2 - sangue tipo B. Amostra

3 - sangue tipo AB. Amostra 4 -

sangue tipo O.

A descoberta dos grupos sanguíneos

Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 –

1943) verificou que, quando amostras de sangue de determinadas

pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando

aglomerados semelhantes a coágulos. Landsteiner concluiu que

determinadas pessoas têm sangues incompatíveis, e, de fato, as

pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos

sanguíneos, nos diferentes indivíduos da população.

Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de

sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se

aglutinando assim que penetram na circulação, formando

aglomerados compactos que podem obstruir os capilares,

prejudicando a circulação do sangue.

Aglutinogênios e aglutininas

No sistema ABO existem quatro tipos de sangues: A, B, AB e O.

Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas

substâncias na membrana das hemácias, os aglutinogênios, e pela

presença ou ausência de outras substâncias, as aglutininas, no

plasma sanguíneo.

Existem dois tipos de aglutinogênio, A e B, e dois tipos de

aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do grupo A possuem

aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma; as

do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A

no plasma; pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas

hemácias e nenhuma aglutinina no plasma; e pessoas do gripo O

não tem aglutinogênios na hemácias, mas possuem as duas

aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.

Veja na tabela abaixo a compatibilidade entre os diversos tipos de sangue:

ABO Substâncias % Pode receber de

Tipos Aglutinogênio Aglutinina Frequência A+ B+ A+ 0+ A- B- AB- O-

AB+ A e B Não

Contém 3% X X X X X X X X

A+ A Anti-B 34% X

X X

X

B+ B Anti-A 9%

X

X

X

X

O+ Não Contém Anti-A e

Anti-B 38%

X

X

AB- Ae B Não

Contém 1%

X X X X

A- A Anti-B 6%

X

X

B- B Anti-A 2%

X

X

O- Não Contém Anti-A e

Anti-B 7%

X

Page 107: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 107

Tipos possíveis de transfusão

As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema acontecem quando

uma pessoa possuidora de determinada aglutinina recebe sangue com o aglutinogênio

correspondente.

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do

grupo B, porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do

receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente.

A recíproca é verdadeira: indivíduos do grupo B não podem doar

sangue para indivíduos do grupo A. Tampouco indivíduos A, B ou

AB podem doar sangue para indivíduos O, uma vez que estes têm

aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de

aglutinogênios A e B ou de ambos.

Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de

aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de aglutinina do plasma

do receptor. Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer

pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.

Indivíduos, AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de

sangue, porque não possuem aglutininas no plasma. Por isso,

indivíduos do grupo O são chamadas de doadores universais,

enquanto os do tipo AB são receptores universais.

Como ocorre a Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO?

A produção de aglutinogênios A e B são determinadas, respectivamente, pelos genes I A e I B. Um

terceiro gene, chamado i, condiciona a não produção de aglutinogênios. Trata-se, portanto de um

caso de alelos múltiplos. Entre os genes I A e I B há co-dominância (I A = I B), mas cada um deles

domina o gene i (I A > i e I B> i).

Fenótipos Genótipos

A I AI A ou I Ai

B I BI B ou I Bi

AB I AI B

O ii

A partir desses conhecimentos fica claro que se uma pessoa do tipo sanguíneo A recebe sangue

tipo B as hemácias contidas no sangue doado seriam aglutinadas pelas aglutininas anti-B do

receptor e vice-versa.

O sistema RH de grupos sanguíneos

Um terceiro sistema de grupos sanguíneos foi descoberto a partir dos experimentos desenvolvidos

por Landsteiner e Wiener, em 1940, com sangue de macaco do gênero Rhesus. Esses

pesquisadores verificaram que ao se injetar o sangue desse macaco em cobaias, havia produção de

anticorpos para combater as hemácias introduzidas. Ao centrifugar o sangue das cobaias obteve-se

o soro que continha anticorpos anti-Rh e que poderia aglutinar as hemácias do macaco Rhesus. As

conclusões daí obtidas levariam a descoberta de um antígeno de membrana que foi denominado

Rh (Rhesus), que existia nesta espécie e não em outras como as de cobaia e, portanto,

estimulavam a produção anticorpos, denominados anti-Rh.

Há neste momento uma inferência evolutiva: se as proteínas que existem nas hemácias de vários

animais podem se assemelhar isto pode ser um indício de evolução. Na espécie humana, por

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 108

exemplo, temos vários tipos de sistemas sanguíneos e que podem ser observados em outras

espécies principalmente de macacos superiores.

Analisando o sangue de muitos indivíduos da espécie humana, Landsteiner verificou que, ao

misturar gotas de sangue dos indivíduos com o soro contendo anti-Rh, cerca de 85% dos

indivíduos apresentavam aglutinação (e pertenciam a raça branca) e 15% não apresentavam.

Definiu-se, assim, "o grupo sanguíneo Rh +” ( apresentavam o antígeno Rh), e "o grupo Rh -“ (

não apresentavam o antígeno Rh).

No plasma não ocorre naturalmente o anticorpo anti-Rh, de modo semelhante ao que acontece no

sistema Mn. O anticorpo, no entanto, pode ser formado se uma pessoa do grupo Rh -, recebe

sangue de uma pessoa do grupo Rh +. Esse problema nas transfusões de sangue não são tão graves,

a não ser que as transfusões ocorram repetidas vezes, como também é o caso do sistema MN.

A Herança do Sistema Rh

Três pares de genes estão envolvidos na herança do fator Rh, tratando-se portanto, de casos de

alelos múltiplos.

Para simplificar, no entanto, considera-se o envolvimento de

apenas um desses pares na produção do fator Rh, motivo pelo

qual passa a ser considerado um caso de herança mendeliana

simples. O gene R, dominante, determina a presença do fator

Rh, enquanto o gene r, recessivo, condiciona a ausência do

referido fator.

Fenótipos Genótipos

Rh + RR ou Rr

Rh - rr

Doença hemolítica do recém-nascido ou eritroblastose fetal

Uma doença provocada pelo fator Rh é a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-

nascido, caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido. As

conseqüências desta doença são graves, podendo levar a criança à morte.

Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, apenas de plasma da mãe para o filho e

vice-versa devido à chamada barreira hemato-placentária. Pode ocorrer, entretanto, acidentes

vasculares na placenta, o que permite a passagem de hemácias do feto para a circulação materna.

Nos casos em que o feto possui sangue fator rh positivo os antígenos existentes em suas hemácias

estimularão o sistema imune materno a produzir anticorpos anti-Rh que ficarão no plasma

materno e podem, por serem da classe IgG, passar pela BHP provocando lise nas hemácias fetais.

A produção de anticorpos obedece a uma cascata de eventos (ver imunidade humoral) e por isto a

produção de anticorpos é lenta e a quantidade pequena num primeiro. A partir da segunda

gestação, ou após a sensibilização por transfusão sanguínea, se o filho é Rh + novamente, o

organismo materno já conterá anticorpos para aquele antígeno e o feto poderá desenvolver a

DHPN ou eritroblastose fetal.

O diagnóstico pode ser feito pela tipagem sanguínea da mãe e do pai precocemente e durante a

gestação o teste de Coombs que utiliza anti-anticorpo humano pode detectar se esta havendo a

produção de anticorpos pela mãe e providências podem ser tomadas. Uma transfusão , recebendo

sangue Rh -, pode ser feita até mesmo intra-útero já que Goiânia está se tornando referência em

fertilização in vitro. O sangue Rh - não possui hemácias com fator Rh e não podem ser

reconhecidas como estranhas e destruídas pelos anticorpos recebidos da mãe. Após cerca de 120

dias, as hemácias serão substituídas por outras produzidas pelo próprio indivíduo. O sangue

novamente será do tipo Rh +, mas o feto já não correrá mais perigo

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Após o nascimento da criança toma-se medida profilática injetando, na mãe Rh- , soro contendo

anti Rh. A aplicação logo após o parto, destrói as hemácias fetais que possam ter passado pela

placenta no nascimento ou antes. Evita-se , assim, a produção de anticorpos “zerando o placar de

contagem”. Cada vez que um concepto nascer e for Rh+ deve-se fazer nova aplicação pois novos

anticorpos serão formados.

Os sintomas no RN que podem ser observados são anemia (devida à destruição de hemácias pelos

anticorpos), icterícia (a destruição de hemácias aumentada levará a produção maior de bilirrubina

indireta que não pode ser convertida no fígado), e após sua persistência o aparecimento de uma

doença chamada Kernicterus que corresponde ao depósito de bilirrubina nos núcleos da base

cerebrais o que gerará retardo no RN.

Exercícios

1. (FEI-SP) Os termos: homozigoto e heterozigoto fazem parte da nomenclatura básica em

genética. Explique o que significam.

2. Defina:

a) Gene

b) DNA

c) Cromossomos

d) Locus gênico

e) Células haploides

f) Células somáticas

g) Genes alelos

3. De acordo com seus conhecimentos sobre transfusão sanguínea, complete as frases abaixo.

a) Uma pessoa do grupo sanguíneo A pode receber sangue de __ e __, e doar sangue para __ e __.

b) Uma pessoa do grupo sanguíneo __ pode receber sangue de B e __, e doar sangue para __ e

AB.

c) Uma pessoa do grupo sanguíneo __ pode receber sangue de __ e doar sangue para todos os

outros tipos sanguíneos.

d) Uma pessoa do grupo sanguíneo __ pode doar sangue para todos os outros grupos sanguíneos,

mas pode receber somente de __.

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4. Um homem doador universal casa-se com uma mulher do grupo sangüíneo B, cuja mãe é do

grupo sangüíneo O. Quais os prováveis grupos sangüíneos dos filhos do casal.

5. Conceitue cada uma das simbologias abaixo:

Testes

1. Podemos dizer que o fenótipo de um indivíduo é dado por suas características:

a) unicamente morfológicas.

b) morfológicas e fisiológicas apenas.

c) estruturais, funcionais e comportamentais.

d) herdáveis e não herdáveis.

e) hereditárias

2. A 1ª lei de Mendel considera que:

a) os gametas são produzidos por um processo de divisão chamado meiose.

b) na mitose, os pares de fatores segregam-se independentemente.

c) os gametas são puros, ou seja, apresentam apenas um componente de cada par de fatores

considerado.

d) o gene recessivo se manifesta unicamente em homozigose.

e) a determinação do sexo se dá no momento da fecundação.

3. Identifique entre as características mencionadas abaixo aquela que não é hereditária.

a) cor dos cabelos.

b) conformação dos olhos, nariz e boca.

c) cor dos olhos.

d) deformidade física acidental.

e) hemofilia.

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4. (UFSCAR) Que é fenótipo?

a) É o conjunto de características decorrentes da ação do ambiente.

b) Influi no genótipo, transmitindo a este as suas características.

c) É o conjunto de características decorrentes da ação do genótipo.

d) É o conjunto de características de um indivíduo.

e) É o conjunto de caracteres exteriores de um indivíduo.

5. (UFRN) Resultam das modificações produzidas pelo meio ambiente, que não chegam a atingir

os gametas, não sendo por isso transmissíveis. O texto acima refere-se aos caracteres:

a) hereditários

b) dominantes

c) genotípicos

d) adquiridos

e) recessivos

6. (PUCC-SP) O cariótipo está relacionado com:

a) número de cromossomos

b) forma dos cromossomos

c) tamanho dos cromossomos

d) todas alternativas anteriores

e) nda

7. (PUC-MG) Os esquemas mostram as possíveis transfusões de sangue tradicionais em relação aos

sistemas ABO e Rh.

Pode-se dizer que os tipos sanguíneos mais difíceis e mais fáceis para receber sangue são,

respectivamente:

a) O Rh+ e O Rh-

b) O Rh-e AB Rh+

c) A Rh-e OB Rh +

d) AB Rh + e O Rh-

8. (UFC – 94.2) Assinale a(s) alternativa(s) que melhor explica(m) a razão pla qual Gregório Mendel é

considerado um homem à frente do seu tempo:

01. Mendel fez trabalho sobre reprodução sexual de ervilhas.

02.M endel foi o pai da Genética moderna.

04 .Mendel foi um cientista famoso do século XIX.

08. O mérito de seu trabalho, publicado em 1866 só foi reconhecido 16 anos após sua morte (1900),

quando um biólogo holandês reproduziu o mesmo trabalho.

16. Sem conhecer nada sobre cromossomos ou genes, Mendel foi capaz de interpretar seus resultados

e, a partir deles, criou as leis da Genética, que são válidas até hoje.

Soma(______)

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 112

A soja se

auto-fecunda

Leitura

A SEMENTE:

O Alicerce da Agricultura Agroecológica.

Sementes na Agricultura Agroecológica.

Até um período relativamente recente, o único método de seleção dirigida era coletar as sementes

daqueles indivíduos de uma população que mostravam uma ou mais características desejáveis,

como potencial de alto rendimento ou resistência a doenças, e usar aquelas sementes para plantar

a próxima safra. Este método é chamado de seleção massal, e produz um deslocamento gradual na

freqüência relativa de uma ou mais características de uma população de plantas da mesma

espécie. Foi através deste método, por exemplo, que as populações indígenas da América Latina

foram selecionando as plantas de milho que tinham mais grãos na espiga, obtendo as plantas que

hoje conhecemos.

Através de métodos de seleção massal, produtores em todo o mundo desenvolveram

variedades chamadas crioulas. Elas são adaptadas às condições locais e, ainda que

uma variedade crioula possua características que a diferenciem em relação às

demais variedades, ela possui, internamente, uma maior variabilidade genética

quando comparada às variedades obtidas por outros métodos. A seleção massal

funciona da mesma forma tanto para plantas que se auto-fecundam, como ocorre com a soja,

quanto para plantas que cruzam com outras, como acontece como o milho, por exemplo.

Este método mais antigo e tradicional de seleção dirigida envolve, ao mesmo tempo, o organismo

da planta e a seleção a campo. Apesar de ser um processo relativamente lento e mais variável em

seus resultados, tem a vantagem de ser mais semelhante à seleção natural na forma como ocorre

em ecossistemas naturais. Características envolvendo adaptação às condições locais são retidas,

juntamente com outros aspectos mais diretamente desejáveis de rendimento e desempenho,

mantendo-se também a variabilidade genética.

Desta forma, as variedades crioulas atendem a um dos princípios básicos da Agroecologia que é o

de desenvolver plantas adaptadas às condições locais da propriedade, capazes de toleram

variações ambientais e ataque de organismos prejudiciais. Outro aspecto importante consiste na

maior autonomia do agricultor, que pode coletar as sementes destas variedades e replantá-las no

ano seguinte, adquirindo maior independência do mercado de insumos e gerando um material que

com toda sua variabilidade genética se torna cada vez mais vigoroso e adaptado ao seu tipo de

solo e clima.

Variedade de milho batizada de “Sol da Manhã”

Um exemplo brasileiro do potencial dessa prática, foi desenvolvido no Rio de

Janeiro. A Embrapa -Agrobiologia, em parceria com agricultores assentados,

obteve uma variedade de milho batizada de “Sol da Manhã”, capaz de produzir cerca de 4

toneladas por hectare (a média nacional é de 2t /ha) sem a necessidade de adubos sintéticos ou

agrotóxicos e num solo ácido (desfavorável à cultura). Perfeitamente adaptada às condições locais

a variedade produzida sob manejo agroecológico se tornou um opção lucrativa para os

agricultores pela boa produtividade e pela economia ao não exigir os insumos tradicionais do

manejo convencional (adubos altamente solúveis e agrotóxicos).

Contudo, a produção de sementes de variedades voltadas à agricultura orgânica ainda é uma

atividade muito pouco desenvolvida no Brasil, forçando muitos produtores agroecológicos a

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 113

adquirirem sementes de plantas cultivadas em manejo convencional. Isso significa que, embora

tais sementes não tenham recebido “banhos” de agrotóxicos (como ocorre com sementes tratadas

para plantio convencional) elas vieram de plantas que foram cultivadas em sistema convencional,

ou seja, que receberam fertilizantes altamente solúveis e agrotóxicos. Além disto, grande parte

destas sementes são híbridos ou variedades obtidas por outros métodos de melhoramento que não

a seleção massal apresentando, portanto, pouca variabilidade genética e maior suscetibilidade ao

ataque de insetos prejudiciais e doenças, exigindo do agricultor um trabalho maior para equilibrar

a saúde dessas plantas.

A Instrução Normativa n0 007 de 17/05/ 1999, quando o mercado de sementes agroecológicas não

oferece este material, autoriza o uso de sementes vindas de sistemas convencionais, desde que

estas passem pela inspeção de uma entidade certificadora e que não sejam

transgênicas.Atualmente, no Brasil quem produz e vende sementes agroecológicas são a

Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados Ltda. (Cooperal) de Bagé, Rio Grande do Sul

e a empresa paulista “Sakama” que vende sementes.

A soja se auto-fecundaPara quem deseja coletar e armazenar sementes de variedades

crioulas que existem em sua região e multiplicá-las para as futuras gerações, podem seguir

as dicas de Jude e Michel Fanton, autores do livro Seed Saver‟s Handbook (Manual do

Coletor de Sementes), que sugerem alguns grupos de sementes para coletar e armazenar

para futuros plantios:

a) Sementes antigas de muitas gerações: São sementes que foram conservadas através das

gerações pelo mundo afora, passando dos avós para os filhos, dos vizinhos

para outros vizinhos e assim por diante. Os índios norte-americanos da

tribo “Hopi” guardaram sementes de milho por muitas gerações. A espécie

é mais forte, resistente a pestes e mais saborosa que os híbridos. Estas

sementes só existem hoje devido ao cuidado que as gerações anteriores

tiveram com elas.

b) Sementes de variedades locais:

São sementes de plantas cultivadas por muitos anos em uma determinada

região. Conversar com as famílias mais antigas do local é uma forma de obter informações dos

possíveis locais onde encontrar estas sementes.

c) Sementes de variedades que não estão mais disponíveis comercialmente:

Sementes de variedades tradicionais que antes eram vendidas por alguma empresa

e deixaram de serem lucrativas. Uma boa estratégia é contactar agricultores

familiares do local e feirantes sobre a possibilidade de conseguir sementes desse

tipo, inclusive variedades exóticas ao paladar.

d) Sementes de variedades imigrantes:

Estas sementes fazem parte daquele grupo trazido pelos imigrantes e

colonizadores, os pioneiros da região, que trouxeram sua gastronomia.

Asiáticos e europeus trouxeram as variedades adaptadas ao clima de origem e

sabor de suas culturas, que posteriormente se aclimataram em nosso país.

Procurar lojas especializadas e feiras étnicas é uma forma de se tentar obter esse material.

e) Sementes históricas:

São sementes que possuem um significado histórico na região em que eram multiplicadas e

plantadas. Geralmente, estão associadas a um alimento preparado para um determinado evento.

Estas sementes são muito apropriadas para se usar em práticas de educação ambiental.

Índios norte – americanos

guardaram sementes de

milho por muitas gerações

Colonizadores

trouxeram sua

gastronomia

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 114

Por fim, vale acrescentar que o principal acervo para se coletar e armazenar estas sementes no

Brasil é o próprio povo. Iniciativas como a do “Clube da Semente” www.clubedasemente.org.br

no Brasil, existem para demonstrar a importância de se coletar sementes de variedades com risco

de extinção e assegurar a existência de várias espécies vegetais. Espécies que poderão constituir a

base de uma agricultura agroecológica que conserve a biodiversidade num sistema de produção de

alimentos em harmonia com o ser humano.

Fornecedores de sementes orgânicas certificadas:

Sementes Sakama (certificado pelo IBD): www.sementesakama.com.br - sementes de hortaliças

Arlindo Getúlio Golfetto (certificado pelo IBD): [email protected] - sementes de

crotalária e soja

Fontes:

Livro “Agroecologia”, Stephen R. Gliessman, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

2000.

Revista “Permacultura – Brasil”, ano 1, n0 01, primavera de 1998.

Boletim “Agroecológico”, ano 3, n0 12, julho de 1999.

3. Evolução dos seres vivos: Lamarckismo, Darwinismo e neodarwinismo

Aparentemente a diversidade é a regra no mundo biológico, sendo, até ao final do século XIX,

considerada a sua característica principal. Os biólogos calculam que existam, atualmente, entre 30

a 50 milhões de espécies, das quais apenas 2 milhões foram descritas e denominadas.

Durante a segunda metade do século XVIII começaram a surgir as primeiras ideias transformistas,

contrariando o dogma criacionista-essencialista, que dominava firmemente o pensamento

ocidental á muitos séculos. O centro da polémica deixou de ser o facto de existir ou não evolução,

passando a ser o mecanismo dessa evolução.

Teoria de Lamarck

Lamarck era um botânico reconhecido e estreito colaborador de Buffon no Museu de História

Natural de Paris. No entanto, tal não o impediu de ser severamente criticado pelas suas ideias

transformistas, principalmente por Cuvier, tendo as suas teorias sucumbido ao fixismo da época.

A propósito dos seus trabalhos de sistemática, Lamarck enunciou a Lei da gradação, segundo a

qual os seres vivos não foram produzidos simultaneamente, num curto período de tempo, mas sim

começando pelo mais simples até ao mais complexo. Esta lei traduz a ideia de uma evolução geral

e progressiva.

Lamarck defendia a evolução como causa da variabilidade mas admitia a geração espontânea das

formas mais simples.

Observando os seres vivos à sua volta, Lamarck considerava que, por exemplo, o

desenvolvimento da membrana interdigital de alguns vertebrados aquáticos era devida ao

“esforço” que estes faziam para se deslocar na água.

Assim, as alterações dos indivíduos de uma dada espécie eram explicadas por uma ação do meio,

pois os organismos, passando a viver em condições diferentes iriam sofrer alterações das suas

características.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 115

Estas ideias levaram ao enunciado da Lei da transformação das espécies, que considera que o

ambiente afeta a forma e a organização dos animais logo quando o ambiente se altera produz, no

decorrer do tempo, as correspondentes modificações na forma do animal.

O corolário desta lei é o princípio do uso e desuso, que refere que o uso de um dado órgão leva ao

seu desenvolvimento e o desuso de outro conduz á sua atrofia e, eventual, desaparecimento.

Todas estas modificações seriam depois transmitidas às gerações seguintes – Lei da transmissão

dos caracteres adquiridos.

O mecanismo evolutivo proposto por Lamarck pode ser assim resumido:

variações do meio ambiente levam o indivíduo a sentir necessidade de se lhe adaptar (busca

da perfeição);

o uso de um órgão desenvolve-o e o seu desuso atrofia-o (lei do uso e desuso);

modificações adquiridas pelo uso e desuso são transmitidas aos descendentes (lei da

transmissão dos caracteres adquiridos).

Teoria de Lamarck para a evolução das espécies, aplicada ao pescoço das girafas

Deste modo, a evolução, segundo Lamarck, ocorre por ação do ambiente sobre as espécies, que

sofrem alterações na direção desejada num espaço de tempo relativamente curto.

Alguns aspectos desta teoria são válidos e comprováveis, como ocaso do uso e desuso de

estruturas. É sabido que a atividade física desenvolve os músculos e que um organismo sujeito a

infecções desenvolve imunidade. Do mesmo modo, uma pessoa que fique paralisada, sofre atrofia

dos membros que não utiliza.

No entanto, também existem numerosas críticas ao Lamarquismo:

a necessidade de adaptação, a “busca de perfeição” pelos organismos, não pode ser provada;

modificações devidas ao uso e desuso são adaptações individuais somáticas (fenotípicas), não

são transmissíveis, não devendo ser confundidas com adaptações evolutivas, as quais implicam

sempre uma modificação genética. Este facto foi comprovado por uma famosa experiência

realizada por Weissman em 1880, que cortou caudas a sucessivas gerações de ratos e estes sempre

nasceram com cauda;

Lamarck afirmava que a função determinava a estrutura mas tal não é verdade pois os

caracteres surgem independentemente da ação do meio (como os caracteres inconvenientes ou

nefastos). Atualmente considera-se a relação função/estrutura como biunívoca.

Pode-se concluir daqui que a teoria de Lamarck foi um importante marco na história da Biologia

mas não foi capaz de explicar convenientemente o mecanismo da evolução.

No entanto, deve ser referida a existência dos chamados neo-lamarckistas, uma minoria no

panorama atual da Biologia, mas que defendem que o meio realmente modela o organismo.

Consideram possível a presença de proteínas citoplasmáticas que alteram o DNA, tentando

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explicar à luz da genética molecular os fundamentos lamarckistas. Reconhecem, no entanto, que

apenas alterações nos gametas podem ser transmitidas á descendência.

Os anos seguintes foram férteis na recolha de dados de anatomia comparada, geologia e

paleontologia, de tal modo que a teoria evolutiva de Darwin (1859) teve um impacto muito maior.

Desde essa data que a teoria da seleção natural de Darwin e Wallace se tornou um dos grandes

princípios unificadores da Biologia, juntamente com a teoria celular e a dupla hélice do DNA.

Teoria de Darwin

Darwin era um médico sem vocação, filho de uma família abastada e com enorme interesse na

natureza, tendo por esse motivo feito uma viagem de 5 anos no navio cartográfico Beagle, aos 22

anos. No início da sua longa viagem, Darwin acreditava que todas as plantas e animais tinham

sido criadas por Deus tal como se encontravam, mas os dados que recolheu permitiram-lhe

questionar as suas crenças até à altura.

Darwin sofreu várias influências, as quais permitiram a criação da sua teoria sobre a evolução dos

organismos:

Charles Lyell, devido à sua lei do uniformismo e à idade da Terra, terá mostrado a Darwin

que o mundo vivo poderia ter tido tempo para sofrer alterações muito graduais. Igualmente,

devido a essa mesma lei, a falta de fósseis não mais poderia ser argumento contra a evolução;

Diversidade dos organismos de zona para zona e dentro da mesma espécie, embora pudessem

ser notadas semelhanças, talvez devido a uma origem comum. Esta diversidade parecia

relacionada com variações ambientais. Tal facto tornou-se aparente na sua viagem às Galápagos;

Seleção artificial, um aspecto do qual Darwin tinha experiência pessoal, devido a ser um

criador de pombos conceituado. A escolha de certos cruzamentos leva a que características dos

descendentes sejam muito diferentes das dos seus ancestrais, o que considerou poder ser uma pista

para o modo como a natureza atuava (seleção natural, por oposição á seleção artificial ,devida ao

Homem);

Thomas Malthus, no seu trabalho Essai sur la population, considerou que a população

humana cresce muito mais rapidamente que os meios de subsistência pois a população cresce

geometricamente (2n) e os alimentos crescem aritmeticamente (2n). Deste modo, a Terra estaria

rapidamente superpovoada pois a sua população duplicaria a cada 25 anos e os homens sofreriam

a ação da seleção natural (fome, doenças, miséria, desemprego, etc.), que eliminaria as famílias

pobres e de poucos recursos, os indivíduos de classe baixa, de modo geral. Darwin, abstraindo-se

dos conceitos racistas e de classes implícitos na teoria de Malthus, transpô-la para as populações

naturais, onde existiria uma “luta pela vida”: um ambiente finito, com recursos finitos, não pode

sustentar um número infinito de indivíduos.

O crescimento das populações naturais faz-se segundo uma curva sigmóide, em que após uma

fase inicial de crescimento exponencial (a natalidade é superior á mortalidade pois há muito

alimento disponível), a população entra numa fase de desaceleração do crescimento (quando a

mortalidade é superior à natalidade devido á escassez de alimento), a população estabiliza

(quando a mortalidade e a natalidade são iguais).

Este “patamar” é bastante estável, mantendo-se a população nesse ponto durante gerações, se não

surgirem alterações importantes no meio ambiente ou outro tipo de intervenções externas.

Darwin não se satisfez com o facto de as populações naturais funcionarem desse modo, quis,

também, descobrir o modo como esse equilíbrio é atingido e mantido.

Dado que o ambiente não fornece os meios de subsistência a todos os indivíduos que nascem, é

necessário que ocorra uma luta pela sobrevivência, sendo eliminados os indivíduos excedentes,

mantendo-se a população num estado estacionário á volta de um valor mais ou menos constante.

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Deste modo, é necessário conhecer os fenómenos que regulam o número de indivíduos numa

população, ou seja, os fatores que afetam as taxas de mortalidade e natalidade.

Os principais fatores desse tipo são:

Abastecimento de alimento – depende dos autotróficos existentes e do fornecimento de

energia radiante;

Predação – afeta a grandeza das populações de presas e de predadores;

Parasitismo – afeta o crescimento da população de hospedeiros;

Competição – intra ou interspecífica, pelo alimento, nicho ecológico, fêmea, etc., afecta o

crescimento populacional;

Cooperação – favorece o crescimento populacional das espécies envolvidas.

Nas populações naturais existe variabilidade, mas como avaliá-la numericamente ?

O estudo dos caracteres quantitativos é fácil pois estes podem ser traduzir-se em valores

numéricos e gráficos. Verifica-se que todas as características das populações apresentam uma

distribuição quantitativa que, em gráfico, segue uma curva em forma de sino, simétrica em relação

a um ponto médio e máximo, ou seja, uma curva normal.

Esse ponto médio (ponto de ajuste ou de aferição) varia com as populações e deve corresponder,

teoricamente, ao ideal para a característica considerada, nesse momento e nesse ambiente.

Com base nos dados que foi recolhendo, Darwin formou a sua teoria sobre o mecanismo da

evolução mas decidiu não a publicar, instruindo a sua mulher para o fazer após a sua morte. No

entanto, por insistência de alguns amigos e da mulher, começou a preparar a sua publicação, em 4

volumes, em 1856.

Em 1858, recebeu uma inesperada carta de um naturalista, Alfred Wallace, que descrevia

resumidamente as mesmas ideias sobre a evolução. Mesmo assim, publicou a sua A origem das

espécies em 1859, onde descrevia a teoria da selecção natural, a qual pode ser resumida da

seguinte forma:

Teoria da selecção natural de Darwin e Wallace, aplicada ao pescoço da girafa

existe variação entre os indivíduos de uma dada população;

cada população tem tendência para crescer exponencialmente, se o meio o permitir, levando à

superprodução de descendentes;

o meio não suporta tantos descendentes logo desencadeia-se uma luta pela sobrevivência

entre os membros da população;

indivíduos com caracteres que lhes confiram uma vantagem competitiva num dado meio e

tempo são mantidos por seleção e produzem mais descendentes - reprodução diferencial -,

enquanto os restantes são eliminados, não se reproduzindo – sobrevivência do mais apto;

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por reprodução diferencial, as características da população vão mudando num espaço de

tempo mais ou menos alargado.

A teoria de Darwin considera que o ambiente faz uma escolha dos indivíduos, tal como o Homem

faz na domesticação. Saliente-se, ainda, o facto que Darwin considerava possível a herança dos

caracteres adquiridos, tal como Lamarck.

No entanto, para Darwin as forças responsáveis pela variação e pela seleção são diferentes: a

variação ocorre ao acaso, sem qualquer orientação evolutiva, enquanto a seleção muda a

população conferindo maior êxito reprodutivo às variantes vantajosas.

O vigor, a força, a duração da vida de um dado indivíduo apenas são significativos em termos da

população na medida em que podem afetar o número de descendentes que lhe sobrevivem.

O ser mais apto é, deste modo, um conceito relativo (uma característica pode não ser favorável

mas ter pouco significado no conjunto de muitas outras características favoráveis que constituem

o genoma do indivíduo) e temporal (uma característica favorável num dado momento pode ser

altamente desfavorável noutro, como o exemplo das borboletas Biston betularia bem o

demonstra).

Neodarwinismo

O principal problema, ou ponto fraco, da teoria de Darwin era a origem e a transmissão das

variações que se verificam entre os indivíduos de uma mesma espécie.

Apenas em 1930 e 1940 os investigadores combinaram as ideias de Darwin com os dados,

entretanto surgidos, de genética, etologia e outros. O resultado foi o surgimento de uma teoria

denominada teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo, que combina as causas da

variabilidade com a selecção natural.

Estudos genéticos demonstraram que os fenótipos dos indivíduos resultam da acção do meio sobre

os respectivos genótipos. Um genótipo é, potencialmente, capaz de originar uma multiplicidade de

fenótipos, os quais se podem concretizar, se o ambiente necessário para as suas potencialidades se

manifestarem existir.

Existem dois tipos de variação fenotípica: variações não hereditárias ou flutuações , devidas á

influência do meio sobre o genótipo, e as variações hereditárias resultantes da expressão

fenotípica de diferentes genótipos. Estas últimas são as únicas com interesse evolutivo.

Weissman considerou nos indivíduos a existência de duas linhas celulares independentes, que

designou o soma e o gérmen. O gérmen, formado pelas células sexuais, era considerado imortal

pois era transmissível. Deste modo, apenas as alterações que envolvam as células sexuais são

hereditárias e têm influência evolutiva.

É certo que é pela reprodução que são transmitidos os caracteres das espécies de geração em

geração. No entanto, se a reprodução assexuada tende a manter as características, a reprodução

sexuada tende a aumentar a variabilidade dessas populações e das espécies.

De que modo isso acontece ?

Meiose, processo de produção de células haplóides – gametas -, apresenta alguns aspectos

particulares que favorecem o aumento da variabilidade nos descendentes, nomeadamente:

separação ao acaso dos homólogos – cada ser diplóide apresenta pares de cromossomas

homólogos, metade de origem paterna e metade de origem materna. Durante a meiose (processo

fundamental para a formação das células sexuais, devido á redução cromossómica) dá-se a

recombinação génica. As células haplóides resultantes do processo apresentam os cromossomas

resultantes da separação ao acaso dos homólogos. Considerando uma célula com apenas 4

cromossomas (2 pares), as células-filhas podem ficar uma de quatro combinações possíveis de

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dois cromossomas. Este facto resulta de o número de combinações ser 2n, em que n é o número de

pares de cromossomas (no caso humano será 223 = 8388608 possibilidades);

crossing-over – o sobrecruzamento dos cromossomas durante a meiose I pode fazer aumentar

a variabilidade genética dos gametas. O cross-over permite a recombinação de genes localizados

em cromossomas homólogos. Dado que cada cromossoma contém milhares de pares de bases e

que o cross-over pode ocorrer entre qualquer delas, as combinações são incalculáveis.

A fecundação, o fenómeno que permite transmitir ao novo indivíduo a constituição genética dos

dois gametas. A união de dois dos gametas, entre milhares deles formados ou possíveis, faz com

que a constituição genética de um novo indivíduo seja totalmente imprevisível.

Resumindo, a reprodução sexuada pode contribuir para a variabilidade das populações por três

vias: distribuição ao acaso dos cromossomas homólogos, sobrecruzamento e união ao acaso dos

gametas formados. No entanto, a reprodução sexuada não cria nada de novo, apenas rearranja o

que já existe nos progenitores.

O mesmo não se pode dizer das:

Mutações – as mutações, génicas e cromossómicas, alteram, respectivamente, a sequência

nucleotídica (estrutura) e o arranjo dos genes ao longo do cromossoma. As mutações génicas

podem ser deleções (perda de um ou mais nucleótidos), duplicações (acrescento de um ou mais

nucleótidos) ou inversões (troca de posição entre nucleótidos). As alterações no número de

cromossomas são geralmente devidas á não disjunção na meiose, por altura da separação os

homólogos, levando á falta ou ao excesso de cromossomas de um dado par nos gametas

produzidos. De um modo ou de outro, a mensagem é alterada, refletindo-se na sequência de

aminoácidos das proteínas sintetizadas, nas suas propriedades e, finalmente, nas características

evidenciadas pelos organismos.

Por esta ordem de ideias, as mutações eliminam certos genes e originam outros. A maioria das

mutações produz alterações tão profundas que os indivíduos delas portadores não são viáveis mas

existem casos em que a mutação pode ser favorável, conduzindo á sua fixação. Deste modo, as

mutações podem ser um importante fator de variabilidade e criação de novas espécies. É o caso

das chamadas mutações tandem, duplicações de genes inteiros, que permitem a libertação de um

dos genes duplicados para a evolução para outra função, sem impedir o desenrolar da função.

Saliente-se, por último, que as mutações, tal como qualquer característica, também apresentam um

valor relativo e temporal.

Outros importantes fatores de variabilidade são:

Seleção natural – a recombinação genética e a mutação, referidas anteriormente, originam a

variabilidade e a seleção natural “escolhe” entre os indivíduos portadores dessa variabilidade os

que irão sobreviver, exercendo a sua ação continuamente, favorecendo os melhor adaptados.

Conclui-se daí que a seleção natural diminui a variabilidade;

Isolamento – também diminui a variabilidade pois preserva e diferencia a população isolada

em relação ás suas parentes mais diretas.

Considerando todas estas contribuições, bem como a intervenção direta de cientistas como

Huxley, Dobzhansky e Simpson, a teoria sintética da evolução, ou Neodarwinismo, pode ser

resumida da seguinte forma:

nas células, são os cromossomas que transportam os genes responsáveis pelo

desenvolvimento dos caracteres de um indivíduo;

os gametas, formados por meiose, transportam metade da constituição cromossómica da

espécie, devido á separação dos homólogos;

durante a meiose pode ocorrer cross-over, formando novas combinações genéticas;

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mutações aumentam a variabilidade;

após a fecundação refaz-se o número diplóide da espécie, resultando uma descendência com

diferentes possibilidades de combinações;

o potencial reprodutor das espécies é enorme, logo é sobre a variedade de descendentes que a

seleção vai atuar, pois o meio não os pode manter a todos;

indivíduos melhor adaptados a um dado meio têm maior probabilidade de atingir a idade

adulta – ser mais apto;

seres melhor adaptados reproduzem-se mais e transmitem os seus genes à geração seguinte –

reprodução diferencial;

a população, formada agora por um novo conjunto genético (alguns genes surgiram e outros

foram eliminados), pode, por isolamento, preservá-lo e evoluir.

Críticas às teorias darwinistas da evolução

As maiores críticas às teorias darwinistas estão relacionadas com a dificuldade em explicar o

surgimento de estruturas complexas, que dificilmente teriam origem em apenas um

acontecimento, por ação da seleção natural, como o olho, o cérebro, etc.

Um exemplo dessa dificuldade está na explicação da origem das asas dos insetos. As asas dos

insetos são expansões do tegumento dorsal, não resultando de membros modificados.

Dada a complexidade da estrutura atual, é razoável considerar que inicialmente teriam surgido

pequenas saliências dorsais no corpo dos indivíduos.

Porque teriam sido selecionadas?

Experiências demonstraram que as proto-asas trariam mais dificuldades que vantagens, pois não

permitiam que o indivíduo planasse de modo controlado. Considerar que a seleção natural sabia

antecipadamente a vantagem que o indivíduo teria com as asas plenamente desenvolvidas é tão

absurdo como considerar que estas teriam surgido por uma única mutação, prontas a usar.

Novas experiências permitiram esclarecer, de algum modo, essa dificuldade pois revelaram que as

proto-asas são excelentes termorreguladores, o que pode justificar a sua seleção. Atualmente as

asas dos insetos desempenham essas duas funções.

Os principais críticos às teorias darwinistas consideram que estas não permitem explicar a macro

evolução (diversificação dos grandes grupos), apenas explicando a microevolução (diversificação

das espécies).

Deste modo, foram surgindo teorias alternativas, ainda não comprovadas, baseadas na teoria de

Darwin, mas com algumas alterações:

Neolamarckismo – o motor para a evolução seria a intervenção do meio sobre o genótipo,

fazendo aparecer novos genes ou alelos. Este facto seria possível por ação de mutagênicos, que

aumentariam a taxa de mutação. No entanto, a principal dificuldade desta teoria é o facto de um

aumento do número de mutações não conduzir a uma evolução direcionada pois as mutações

continuam a ser aleatórias;

Teoria neutralista – esta teoria considera que o papel da seleção natural se reduz ao de

eliminar as mutações negativas. Segundo esta teoria a maioria das mutações seria neutra do ponto

de vista adaptativo, podendo fixar-se na população sem qualquer vantagem para os indivíduos

delas portadores;

Teoria do equilíbrio pontuado – segundo esta teoria, a evolução decorreria em curtos

períodos de alterações bruscas e radicais, em que se formariam numerosas espécies (a maioria das

quais acabaria por se extinguir), intervalados por longos períodos de calma e de evolução muito

lenta das espécies sobreviventes. As espécies novas seriam formadas por pequenas populações

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marginais da espécie-mãe, onde as mutações se espalhariam rapidamente. Neste caso, a

sobrevivência da espécie não se deve exclusivamente à “sobrevivência do mais apto”, mas

também um pouco ao acaso.

Exercícios 1. (UNESP/2007) Aquecimento já provoca mudança em gene animal. Algumas espécies animais

estão se modificando geneticamente para se adaptar às rápidas mudanças climáticas no espaço de

apenas algumas gerações, afirmam cientistas. ("Folha de S.Paulo", 09.05.2006.)

O texto pressupõe uma interpretação darwinista ou lamarckista do processo evolutivo? Justifique.

2. (PUC) – Um pesquisador, procurando relacionar o uso de antibióticos com o desenvolvimento

de resistência em bactérias, fez a seguinte afirmação:

“As bactérias desenvolveram resistência aos antibióticos, devido ao uso frequente e

indiscriminado no tratamento das infecções.”

a) Qual a teoria evolucionista relacionada com a afirmação acima?

b) Como você explicaria o fenômeno em questão, utilizando os princípios neodarwinista?

Testes

1. (UFF RJ/1996)

Considere as afirmativas abaixo e assinale a opção que contém as que estão relacionadas com a

teoria de Lamarck.

1. A evolução dos seres vivos foi feita por seleção natural.

2. As características adquiridas são transmitidas aos descendentes.

3. Os seres vivos tiveram sempre as mesmas formas.

4. O uso intenso de um órgão promove o seu desenvolvimento.

a) apenas 1 e 2

b) apenas 2 e 4

c) apenas 1 e 4

d) apenas 3 e 4

e) apenas 1 e 3

2. Explorando a charge de acordo com seus conhecimentos sobre evolução dos vertebrados, é INCORRETO

afirmar:

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a) Comer, sobreviver e reproduzir podem depender de características adaptativas.

b) Diferente dos outros animais, o homem não está sujeito à seleção natural.

c) As ações do homem podem afetar o curso da evolução dos outros animais.

d) Pela seleção artificial e manejo, o homem pode reduzir pressões seletivas sobre animais.

3. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1 - Lamarckismo

2 - Darwinismo

( ) A falta de função do 3º molar (ciso) nos seres humanas, decorrente dos seus hábitos alimentares, tem

induzido seu

desaparecimento.

( ) Para que mamíferos cetáceos se adaptassem à natação, suas patas foram aos poucos se transformando em

nadadeiras.

( ) O uso constante de antibióticos em hospitais tem contribuído

para a seleção de um número crescente de bactérias resistentes a eles.

( ) Para se proteger de predadores, o bicho-pau desenvolveu forma e cor semelhante à de galhos secos.

Marque a alternativa que atribui a cada afirmação a respectiva ideia ou teoria evolutiva.

a) 1, 2, 1, 2

b) 1, 1, 2, 1

c) 1, 2, 1, 1

d) 2, 2, 1, 2

e) 1, 1, 2, 2

4. (PUC-PR) Examine as duas frases:

1ª) De tanto esticar o pescoço para comer as folhas das árvores, as girafas foram ficando com o pescoço mais

longo.

2ª) Entre as girafas podemos notar uma variabilidade no tamanho do pescoço, o que permite a atuação da

seleção natural.

Pode-se considerar:

a) As duas frases lamarckianas.

b) As duas frases darwinianas.

c) A primeira frase lamarckiana e a segunda darwiniana.

d) A primeira frase darwiniana e a segunda lamarckiana.

e) Ambas neodarwinianas.

5. (UEL-PR) Em relação à evolução biológica, considere os fatores abaixo:

I - Seleção natural.

II - Adaptação ao meio.

III - Lei do uso e desuso.

IV - Herança dos caracteres adquiridos.

V - Recombinação gênica e mutação.

Quais desses fatores Darwin considerou quando elaborou a teoria da evolução das espécies?

a) Apenas I e II.

b) Apenas I e V..

c) Apenas II e III.

d) Apenas III e IV.

e) Apenas IV e V

6. Leia os trechos seguintes, extraídos de um texto sobre cor de pele na espécie humana.

A pele de povos que habitaram certas áreas durante milênios adaptou-se para permitir a produção de vitamina D.

À medida que os seres humanos começaram a se movimentar pelo Velho Mundo há cerca de 100 mil anos, sua

pele foi se adaptando às condições ambientais das diferentes regiões. A cor da pele das populações nativas da

África foi a que teve mais tempo para se adaptar porque os primeiros seres humanos surgiram ali. ("Scientific

American Brasil", vol. 6, novembro de 2002.)

Nesses dois trechos, encontram-se subjacentes idéias

a) Lamarckistas.

b) Darwinistas.

c) Neodarwinistas.

d) Da Teoria Sintética da Evolução.

e) Sobre especiação.

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7. (UNIVASF – JULHO/2008) Considerando diferentes hipóteses evolucionistas, analise

as afirmações abaixo e as respectivas justificativas.

1) O GAFANHOTO É VERDE PORQUE VIVE NA GRAMA! Seguindo esse raciocínio,

por viver na grama, o gafanhoto passa a produzir pigmentos verdes que o ajudam a se

confundir com o ambiente, passando essa característica para os descendentes.

2) O GAFANHOTO VIVE NA GRAMA PORQUE É VERDE! Segundo esse raciocínio,

por ser verde, o gafanhoto fica protegido dos predadores. Conseqüentemente, pode

gerar descendentes, aos quais transfere suas características.

As afirmações 1 e 2 podem ser atribuídas, respectivamente, a:

a) Lamarck e Darwin.

b) Hardy-Weinberg e Lamarck.

c) Pasteur e Redi.

d) Spallanzani e Hooke.

e) Oparin e Miller.

8. (UFPR) O hábito de colocar argolas no pescoço, por parte das mulheres de algumas

tribos asiáticas, promove o crescimento desta estrutura, representando nestas

comunidades um sinal de beleza. Desta forma temos que as crianças, filhos destas

mulheres já nasceriam com pescoço maior, visto que esta é uma tradição secular.‖

A afirmação acima pode ser considerada como defensora de qual teoria evolucionista:

a) Teoria de Lamarck

b) Teoria de Malthus

c) Teoria de Wallace

d) Teoria de Darwin

e) Teoria de Mendel

Leitura

Sucessão natural e plantas indicadoras Na natureza, os seres vivos estão em constante evolução. Sempre há necessidade de se adaptar a novas realidades, a mudanças. Assim, sobre as rochas surgem musgos e líquens, que são adaptados a essa condição. Porém, o próprio trabalho desses seres, ajudam a formar o solo e, em solos ainda rasos e compactados, eles darão lugar a outras espécies mais adaptadas, como a tiririca. Essa, com o seu desenvolvimento, ajuda a desenvolver um pouco mais o solo e acabará dando lugar a uma outra planta, como a grama branca e, assim, sucessivamente, como ilustra o esquema a seguir.

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Quando queremos implantar uma cultura, normalmente enxergamos os inços como um empecilho e tratamos de eliminá-los, seja com uma enxada, ou, com venenos (herbicidas). Agindo assim, sem querer acabamos invertendo a sucessão natural. Eliminando a serralha e o picão, estamos contribuindo para compactar um pouco o solo e dando condições para o desenvolvimento do caruru e da língua-de-vaca. Depois, vem o papuã, a milhã e daqui a pouco nosso solo está tão compactado que aparecem a guanxuma, a grama branca, a tiririca... Isso explica porque em determinados campos ou roças predomina um tipo de planta e não outro e por que em uma roça é tão fácil controlar os inços e em outra é tão difícil. A palavra-chave nesse sentido é APTIDÃO. Ao longo de milhares de anos, as plantas foram se adaptando a determinados tipos de solo, clima e interações com o ambiente. Assim, quando temos um solo ácido, por exemplo, plantas que desenvolveram uma aptidão natural de desenvolvimento radicular que suporta a acidez, crescem normalmente, enquanto que outras terão dificuldades em se desenvolver, perdendo na competição, vindo a desaparecer. Assim, as plantas com essa aptidão natural podem ser "indicadoras" de solos ácidos, quando são predominantes em um ambiente. Muito há para ser descoberto nessa área. Algumas plantas são bem conhecidas como indicadoras; outras, estão em fase de observação. Enquanto isso, o agricultor ecologista vai conhecendo as plantas espontâneas de sua roça, e descobrindo o que indicam. Normalmente as plantas cultivadas são adaptadas a solos férteis e arejados e não conseguem competir com as plantas nativas, que são adaptadas ao solo que utilizamos. Porém, com o melhoramento do solo, as plantas cultivadas se "sentem em casa" e se desenvolvem tão bem que muitos agricultores não vêem problemas em deixar os inços crescerem junto com a cultura. Geralmente, os inços que ali aparecem são indicadores de solos férteis e arejados, como a serralha. Mas é bom lembrar: assim como os inços, nem todas as culturas são adaptadas a solos férteis. Muitas culturas são adaptadas a solos ácidos e pouco férteis, como a erva mate, a mandioca, o eucalipto e o pinus. Observação da natureza e aprendizado permanente de suas lições A natureza é o modelo mais evoluído que se conhece. As plantas e os animais que ocorrem

naturalmente em uma região têm a seu favor milhões de anos de adaptação.

Ao longo da história, os agricultores também foram evoluindo e se adaptando, aprendendo com as lições da natureza. Infelizmente, isso está bastante esquecido, com a introdução da agricultura convencional. Mas o fato é que, quanto mais o nosso jeito de produzir imitar o que acontece no ecossistema que predomina no lugar ou na região, maior será a biodiversidade e mais chances vamos ter de produzir sem a necessidade de usar agrotóxicos e com o mínimo de insumos que vêm de fora da propriedade, como os adubos.

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4. Ecologia

Ecologia é uma ciência (ramo da Biologia) que estuda os seres vivos e suas interações com o meio

ambiente onde vivem. É uma palavra que deriva do grego, onde “oikos” significa casa e “logos”

significa estudo.

Essas relações entre os seres vivos podem ser entre indivíduos da mesma espécie, como dois

tamanduás-bandeiras; ou de espécies diferentes, como uma serpente e uma rã.

As relações ecológicas podem ser positivas, como por exemplo, quando uma mãe cuida de seu

filhote.

A Ecologia também se encarrega de estudar a abundância e distribuição dos seres vivos no planeta

Terra.

Podem também ser relações negativas, como quando um indivíduo se alimenta do outro. Neste

último caso, é negativa porque ela fornece prejuízo a um dos envolvidos.

Essa relação entre seres vivos, em que um se alimenta de outro, é chamada de cadeia alimentar.

Nas cadeias alimentares:

- Os vegetais são os produtores, já que eles são capazes de produzir seu próprio alimento;

- Os seres vivos que se alimentam de plantas inteiras ou de pedaços delas são os consumidores;

- Os seres vivos que se alimentam dos que ingerem vegetais, também são consumidores;

- Os seres vivos que se alimentam dos restos de plantas e animais, já mortos, são os

decompositores.

A cadeia alimentar é um aspecto da Ecologia

O conjunto de cadeias alimentares é chamado de teia alimentar. Esse nome se dá porque, quando

ela é representada em desenhos ou esquemas, as setas que indicam as relações alimentares cruzam

entre si, tal como os fios de uma teia de aranha:

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A teia alimentar é o conjunto de uma ou mais cadeias alimentares.

.

Assim, como em qualquer outra área, em Ecologia são definidas unidades de estudo, as quais são

fundamentais para melhor compreensão desta Ciência. Utilizando-se um modelo de níveis de

organização, fica mais fácil de compreendermos as unidades de estudo da Ecologia. Vejamos o

modelo abaixo dos níveis de organização:

Termos utilizados na Ecologia

Habitat

O habitat é o lugar na natureza onde uma espécie vive.

Nicho ecológico

O nicho é um conjunto de condições em que o indivíduo (ou uma população) vive e se reproduz.

Pode se dizer ainda que o nicho é o "modo de vida" de um organismo na natureza. E esse modo

de vida inclui tanto os fatores físicos - como a umidade, a temperatura, etc - quanto os fatores

biológicos - como o alimento e os seres que se alimentam desse indivíduo.

Vamos explicar melhor: O nicho do Bugio, por exemplo, inclui o que ele come, os seres que se

alimentam dele, os organismos que vivem juntos ou próximo dele, e assim por diante. No caso de

uma planta, o nicho inclui os sais minerais que ela retira do solo, a parte do solo de onde os retira,

a relação com as outras espécies, e assim por diante.

O nicho mostra também como as espécies exploram os recursos do ambiente. Assim a zebra,

encontrada nas savanas da África, come as ervas rasteiras, enquanto a girafa, vivendo no mesmo

hábitat, come as folhas das árvores. Observe que cada espécie explora os recursos do ambiente de

forma um pouco diferente.

Ecossistema

Antes de definirmos, exatamente o conceito de ecossistema, o qual é fundamental para a

compreensão desta ciência, podemos encontrar na figura 1, um outro conceito importante que é o

de níveis de organização, o qual pode ser entendido como um conjunto de entidades, sejam elas

genes, células, ou mesmo espécies, agrupadas em uma ordem crescente de complexidade.

Vejamos a figura 1:

Genes > Células > Tecidos > Órgãos > Sistemas > Espécies > População >

Comunidades > Ecossistemas > Biosfera

Figura 1- Níveis de organização

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Em Ecologia, são estudados os níveis da direita, ou seja, de espécies até biosfera. É fundamental,

entretanto uma breve explicação de cada uma destas divisões (unidades ou entidades):

A - Espécie

dois ou mais organismos são considerados da mesma espécie, quando podem se reproduzir,

originando descendentes férteis. Desta forma, fica claro que, a menos que haja a

intervençãohumana, como no caso do jumento e da égua, naturalmente não ocorre reprodução

entre indivíduos de espécies diferentes.

B- Populações

São formadas por organismos da mesma espécie, isto é, um conjunto de organismos que podem se

reproduzir produzindo descendentes férteis.

C- Comunidades

Um conjunto de todas as populações, sejam elas de microorganismos, animais ou vegetais

existentes em uma determinada área, constituem uma comunidade; também se pode utilizar o

conceito de comunidade para designar grupos com uma maior afinidade separadamente, como por

exemplo, comunidade vegetal, animal, etc.

Antes de definirmos o próximo conceito, é fundamental entendermos dois parâmetros importantes

em Ecologia; a todos os componentes vivos de um determinado local chamamos bióticos; em

contrapartida, o conjunto formado por regime de chuvas, temperatura, luz, umidade, minerais do

solo enfim, toda a parte não viva, é chamada de componentes abióticos.

D- Ecossistemas

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Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga, mata atlântica ou

floresta amazônica, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu meio ambiente, ou dito

de outra forma, a todas as relações entre os fatores bióticos e abióticos em uma determinada área,

chamamos ecossistema. Ou de outra forma, podemos definir ecossistema de acordo com o modelo

1 acima, como sendo um conjunto de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e/ou

sofrendo a ação dos fatores abióticos. Dentro do conceito de ecossistema, ainda cabe definirmos o

conceito de hábitat, pelo qual entendemos o ambiente físico o qual ocorre(m) uma(s)

determinada(s) espécie(s). Ex.: O hábitat do lobo guará é o cerrado.

Biosfera

A terra é composta por vários ecossistemas sejam eles aquáticos, terrestres ou até mesmo aéreos.

A soma de todos estes ecossistemas chamamos de biosfera. Portanto, a biosfera seria a parte na

qual ocorre vida no planeta e na qual a vida tem o poder de ação sobre o mesmo.

Agricultura e ecologia

A agricultura é essencialmente a intervenção humana mais ou menos drástica em ecossistemas

com o objetivo de obter uma maior colheita dos produtos desejados. Esses ecossistemas podem

ser chamados de agroecossistemas (Hart 1980), porque contam com pelo menos uma população

de utilidade agrícola e estão regulados pela intervenção humana.

Os fenômenos biológicos que ocorrem em agroecossistemas são fundamentalmente idênticos aos

que ocorrem em ecossistemas naturais. Portanto, agroecossistemas são um subconjunto dentro dos

sistemas ecológicos, e no estudo de ambos podem-se aplicar os mesmos conceitos

Importância

Esta ciência é de extrema importância, pois os resultados de seus estudos fornecem dados que

revelam se os animais e os ecossistemas estão em perfeita harmonia. Numa época em que o

desmatamento e a extinção de várias espécies estão em andamento, o trabalho dos ecologistas é de

extrema importância.

Através das informações geradas pelos estudos da Ecologia, o homem pode planejar ações que

evitem a destruição da natureza, possibilitando um futuro melhor para a humanidade.

Para a agroecologia o princípio fundamental é entender que deve haver interação entre todos os

seres vivos. As plantas devem se relacionar como os microorganismos que produzem nutrientes,

com as minhocas que soltam o solo para que as raízes se desenvolvam, com os insetos que servem

de alimento para os inimigos naturais. Nas propriedades em que se trabalha a agroecologia é

muito normal ver todo o tipo de organismo como insetos, aranhas, lesmas, nematóides, bactérias,

fungos e algas. Sabe-se que todos os seres possuem papel importante no equilíbrio deste

ecossistema.

Alterações Ambientais

As atividades humanas e os problemas ambientais

Meio ambiente é o conjunto dos elementos e fatores físicos, químicos e biológicos, naturais e

artificiais, necessários à sobrevivência das espécies. O conjunto de relações harmônicas entre os

seres vivos e destes com o meio ambiente chama-se "equilíbrio ecológico". No transcorrer da

história ocorreram diversas intervenções do homem na natureza, muitas delas provocando danos

ambientais.

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Ocorrerão alterações ambientais quando:

a) Ocorrer alteração na concentração (para mais ou para menos) de um produto já existente na

natureza.

b) Forem introduzidas na natureza substâncias naturais que não fazem parte do ecossistema.

c) Forem introduzidos nos ecossistemas plásticos e metais, produtos químicos, gases e

agrotóxicos. Os impactos ambientais decorrentes da ação do homem podem ocorrer em escalas

local, regional e global.

Agressões à natureza: destaques

a) Os desmatamentos.

b) A poluição e a erosão dos solos.

c) A poluição das águas.

d) A poluição do ar atmosférico.

e) A contaminação dos solos por lixo.

f) A poluição sonora e a visual.

Os desmatamentos – As florestas tropicais e equatoriais, responsáveis pelo equilíbrio ecológico do

ipedloucura10e pelas reservas de grande parte da biodiversidade, são as que mais correm o risco

de destruição. As atividades humanas que mais contribuem para reduzir as áreas florestais são: a

agricultura, a mineração, a extração indiscriminada de madeira, as construções de hidrelétricas, as

queimadas (propositais ou não).

Conseqüências:

• A redução e a extinção da biodiversidade nos locais atingidos.

• O aumento da temperatura, elevando a concentração de gás carbônico na atmosfera.

• O assoreamento dos rios, implicando enchentes repentinas.

• A diminuição do tempo de permanência das águas nas bacias hidrográficas.

• A erosão e o empobrecimento dos solos com a retirada da cobertura vegetal.

• O rebaixamento do nível do lençol freático, comprometendo não só a vegetação local, mas

também o nível dos rios no período de estiagem.

• A expansão das áreas em processo de desertificação.

• Mudanças no clima.

Exercícios

1. Como se chama, em ecologia, um conjunto de seres da mesma espécie que vivem em um

mesmo lugar?

2. Qual a diferença entre hábitat e nicho ecológico?

3. Qual o nome que se dá em ecologia ao conjunto de seres vivos que vivem numa lagoa ou numa

floresta?

4. A onça e a capivara têm o mesmo nicho? Justifique sua resposta.

5. Os seres vivos dependem apenas de outros organismos para sobreviver? Explique.

6. Explique o que é ecossistema.

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7. Explique o que é biosfera.

8. Organize os termos do mais simples para o mais abrangente: comunidade, população, biosfera,

ecossistema, organismo.

Testes

1. Ecologia pode ser definida como:

a) a ciência que estuda as inter-relações dos seres vivos com o meio em que vivem.

b) o estudo dos costumes ou do comportamento.

c) a ciência que estuda a relação entre o crescimento da população e a produção de alimentos.

d) o estudo do impacto da tecnologia no meio ambiente.

e) Nenhuma das definições é satisfatória.

2. (MOGI) Ao conjunto de indivíduos de diferentes espécies habitando determinada área dá-se o

nome de:

a) ecossistema

b) comunidade

c) população

d) bioma

e) biosfera

3. Com relação aos conceitos de HABITAT e NICHO ECOLÓGICO, marque a opção correta

relacionada abaixo:

a) cobra e gavião ocupam o mesmo habitat.

b) preá e cobra estão no mesmo nicho ecológico.

c) gavião, cobra e preá estão no mesmo nicho ecológico.

d) cobras neste mesmo local ocupam o mesmo nicho ecológico.

e) preás podem ocupar o mesmo habitat, mas têm nichos ecológicos diferentes.

4. (CESCEM) São ecossistemas todos os exemplos abaixo, EXCETO:

a) uma astronave.

b) uma lagoa.

c) um pasto.

d) uma colônia de corais.

e) o solo.

5. Suponha que em um terreno coberto de capim gordura vivem saúvas, gafanhotos, pardais, preás

e ratos-do-campo. Nesta região estão presentes:

a) cinco populações.

b) seis populações.

c) duas comunidades.

d) seis comunidades.

e) dois ecossistemas.

6. (UFRJ) As espécies de capim que crescem nos campos da Austrália podem ser diferentes das

que existem na América ou na África, mas todas têm a mesma função: são produtores dos

ecossistemas de campo. Nos campos da Austrália vivem cangurus, nos da África há zebras e na

América do Norte há bisões. Todos esses animais exercem em seus ecossistemas a função de:

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a) consumidores primários

b) consumidores secundários

c) consumidores terciários

d) decompositores

e) parasitas

7. Bactérias e fungos são organismos responsáveis pelo processo chamado de decomposição.

Neste processo, a matéria orgânica é transformada em inorgânica que será utilizada pelos:

(A) Consumidores primários

(B) Decompositores

(C) Produtores

(D) Consumidores secundários

(E) Herbívoros

8. A imagem abaixo representa uma cadeia alimentar simples que se inicia no ambiente aquático e

termina com uma ave. O primeiro processo indicado pela seta indica que o caramujo é um:

(A) Herbívoro

(B) Produtor

(C) Carnívoro

(D) Consumidor

(E) Decompositor

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Profª RITA FREITAS

LICENCIADA EM HISTÓRIA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS

PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR

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I UNIDADE

Para cada ciência, os recursos utilizados são determinados por sua própria natureza. No entanto, sua apresentação deve seguir uma padronização. Este livro Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico é uma obra que proporciona critérios de organização e caracteriza a importância das principais etapas de um projeto de pesquisa, de uma pesquisa científica, de artigos científicos, ensaios e resenhas críticas, bem como relatório técnico-científico.

Este livro foi organizado para dar suporte adequado às questões metodológicas de trabalhos científicos de pesquisa em nível de graduação ou pós-graduação. Trata-se de conteúdo organizado para facilitar a produção de trabalhos conforme padrões científicos. No entanto, não há a pretensão de abranger todas as questões envolvidas em Metodologia Científica.

A disciplina Metodologia Científica, devido ao seu caráter sistêmico e inter-relacionado entre suas variáveis de estudo, deve estimular os estudantes, a fim de que busquem motivações para encontrar respostas às suas indagações, respaldadas e sistematizadas em procedimentos metodológicos pertinentes.

Esta obra tem no seu escopo o intuito de facilitar o entendimento e a aplicação das questões que envolvem a elaboração de trabalhos científicos; portanto, pode ser entendida como importante auxiliar no processo do ensino-aprendizagem que os estudantes poderão consultar para suprimir suas dúvidas quanto aos procedimentos, às técnicas e às normas de pesquisa.

Diante desse cenário de estudos e de pesquisa acadêmicos, a disciplina Metodologia Científica tem uma importância fundamental na formação do aluno e do profissional. Quando os estudantes procuram a Universidade para buscar o ―saber‖, precisamos entender que Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que ―estuda os caminhos desse saber‖, se entendermos que ―método‖ quer dizer caminho, que ―logia‖ quer dizer estudo e ―ciência‖, que se refere ao próprio saber.

No início deste capítulo, é oportuno ressaltar a importância da metodologia científica para os estudos acadêmicos na universidade. Primeiramente, apresentamos a definição etimológica do termo: a palavra Metodologia vem do grego ―meta‖ = ao largo; ―odos‖ = caminho; ―logos‖ = discurso, estudo.

A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em estudar, compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a realização de uma pesquisa acadêmica. A Metodologia, em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação.

A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade.

Para entender as características da pesquisa científica e seus métodos, é preciso, previamente, compreender o que vem a ser ciência. Em virtude da quantidade de definições de ciência encontrada na literatura científica, serão apresentadas algumas consideradas relevantes para este estudo.

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2.1 DEFINIÇÕES DE CIÊNCIA

Etimologicamente, o termo ciência provém do verbo em latim Scire, quesignifica aprender, conhecer. Essa definição etimológica, entretanto, não é suficientepara diferenciar ciência de outras atividades também envolvidas com o aprendizado eo conhecimento. Segundo Trujillo Ferrari (1974), ciência é todo um conjunto de atitudese de atividades racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo limitado,capaz de ser submetido à verificação. Lakatos e Marconi (2007, p. 80) acrescentamque, além der ser ―uma sistematização de conhecimentos‖, ciência é ―um conjuntode proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certosfenômenos que se deseja estudar.‖

Trujillo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciência, no mundo de hoje, tem várias tarefas a cumprir, tais como:

a) aumento e melhoria do conhecimento;

b) descoberta de novos fatos ou fenômenos;

c) aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres, mistérios e superstições;

d) aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria da condição de vida humana;

e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita que ―no campo científico é sempre mais fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar dizendo o que o conhecimento científico não é.‖ Para o autor, apesar de não haver limites rígidos para tais conceitos, conhecimento científico:

a) Primeiro, não é senso comum – porque este se caracteriza pela aceitação não problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido. Disso não segue que o senso comum seja algo desprezível; muito ao contrário, é com ele, sobretudo, que organizamos nossa vida diária, mesmo porque seria impraticável comportarmo-nos apenas como a ciência recomenda, seja porque a ciência não tem recomendação para tudo, seja porque não podemos dominar cientificamente tudo. No entanto, conforme Demo (2000), o conhecimento científico representa a outra direção, por vezes vista como oposta, de derrubar o que temos por válido; mesmo assim, em todo conhecimento científico há sempre componentes do senso comum, na medida em que nele não conseguimos definir e controlar tudo cientificamente.

b) Segundo, não é sabedoria ou bom-senso – porque estes apreciam componentes como convivência e intuição, além da prática historicamente comprovada em sentido moral.

c) Terceiro, não é ideologia – porque esta não tem como alvo central tratar a realidade, mas justificar posição política. Faz parte do conhecimento científico, porque todo ser humano, também o cientista, gesta-se em história concreta, politicamente marcada.

d) Quarto, não é paradigma específico – ―como se determinada corrente pudesse comparecer como única herdeira do conhecimento científico, muito embora lhe seja inerente essa tendência.‖ (DEMO, 2000, p. 25). Com maior realismo, conhecimento científico é representado pela disputa dinâmica e interminável de paradigmas, que vão e voltam, somem e transformam-se. Com isso, podemos dizer que não é produto acabado, mas processo produtivo histórico, que não podemos identificar com métodos específicos, teorias datadas, escolas e culturas.

Apesar das diversas definições de ciência, seu conceito fica mais claro quando se analisam suas características, denominadas critérios de cientificidade.

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2.2 CRITÉRIOS DE CIENTIFICIDADE

Tendo visto o que o conhecimento não é, podemos arriscar a dizer o que é. Conforme Demo (2000, p. 25), ―do ponto de vista dialético, conhecimento científico encontra seu distintivo maior na paixão pelo questionamento, alimentado pela dúvida metódica.‖ Questionamento como método, não apenas como desconfiança esporádica, localizada, intermitente. Os resultados do conhecimento científico, obtidos pela via do questionamento, permanecem questionáveis, por simples coerência de origem.

Antes de tudo, de acordo com Demo (2000), cientista é quem duvida do que vê, se diz, aparece e, ao mesmo tempo, não acredita poder afirmar algo com certeza absoluta. É comum a expectativa incongruente de tudo criticar e pensar que podemos oferecer algo já não criticável.

Questionar, entretanto, não é apenas resmungar contra, falar mal, desvalorizar, mas articular discurso com consistência lógica e capaz de convencer. Conforme Demo (2000), poderíamos propor que somente é científico o que for discutível.

Esse procedimento metodológico articula dois horizontes interconectados: o da formalização lógica e o da prática. Dito de outra maneira, conhecimento científico precisa satisfazer a critérios de qualidade formal e política. Costumeiramente, segundo Demo (2000), aplicamos apenas os critérios formais, porque classicamente mais reconhecidos e aparentemente menos problemáticos. Entretanto, assim procedendo, não nos desfazemos dos critérios políticos. Apenas os reprimimos ou argutamente os ocultamos.

Para que o discurso possa ser reconhecido como científico, precisa ser lógico, sistemático, coerente, sobretudo, bem-argumentado. Isso o distancia de outros conhecimentos, como senso comum, sabedoria, ideologia.Sistematizando, conforme Demo (2000), podemos arrolar critérios de cientificidade normalmente citados na literatura científica:

a) objeto de estudo bem-definido e de natureza empírica: delimitação e descrição objetiva e eficiente da realidade empiricamente observável, isto é, daquilo que pretendemos estudar, analisar, interpretar ou verificar por meio de métodos empíricos.

b) objetivação: tentativa de conhecer a realidade tal como é, evitando contaminá-la com ideologia, valores, opiniões ou preconceitos do pesquisador;

Essa colocação não precisa coincidir com vícios empiristas e positivistas, masaludir apenas ao intento de produzir discursos controlados e controláveis, afim de evitarmos meras especulações, afirmações subjetivistas, montagensteóricas fantasiosas; embora a ciência trabalhe com ―objeto construído‖ – não com a realidade diretamente, mas com expectativa modelar dela -, não pode ser ―inventado‖; vale a regra: tudo o que fazemos em ciência deve poder ser refeito por quem duvide; daí não segue que somente vale o que tem base empírica, mormente se entendermos por ela apenas sua face quantificável, mas segue que também as teorias necessitam ser referenciadas a realidades que permitam relativo controle do que dizemos;

c) discutibilidade: significa a propriedade da coerência no questionamento, evitando, conforme Demo (2000, p. 28), ―a contradição performativa, ou seja, desfazermos o discurso ao fazê-lo, como seria o caso de pretender montar conhecimento crítico imune à crítica‖; trata-se de conjugar crítica e autocrítica, dentro do princípio metodológico de que a coerência da crítica está na autocrítica. Conhecimento científico é o que busca se fundamentar de todos os modos possíveis e imagináveis, mas mantém consciência crítica de que alcança esse objetivo apenas parcialmente, não por defeito, mas por tessitura própria do discurso científico;

d) observação controlada dos fenômenos: preocupação em controlar a qualidade do dado e o processo utilizado para sua obtenção;

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e) originalidade: refere-se à expectativa de que todo discurso científico corresponda a alguma inovação, pelo menos, no sentido reconstrutivo; ―não é aceito discurso apenas reprodutivo, copiado, já que faz parte da lógica do conhecimento questionador desconstruir o que existe para o reconstruir em outro nível‖ (DEMO, 2000, p. 28);

f) coerência: argumentação lógica, bem-estruturada, sem contradições; critério mais propriamente lógico e formal, significando a ausência de contradição no texto, fluência entre premissas e conclusões, texto bem-tecido como peça de pano sem rasgos, dobras, buracos.

g) sistematicidade: parceira da coerência, significa o esforço de dar conta do tema amplamente, sem exigir que se esgote, porque nenhum tema é, propriamente, esgotável; supomos, porém, que tenhamos estudado por todos os ângulos, tenhamos visto todos os autores relevantes, dando conta das discussões e polêmicas mais pertinentes, passando por todos os meandros teóricos, sobretudo, que reconstruamos meticulosamente os conceitos centrais.

h) consistência: base sólida, ―refere-se à capacidade do texto de resistir à contra-argumentação ou, pelo menos, merecer o respeito de opiniões contrárias; em certa medida, fazer ciência é saber argumentar, não só como técnica de domínio lógico, mas sobretudo como arte reconstrutiva.‖ (DEMO, 2000, p. 27). Saber argumentar começa com a capacidade de estudar o conhecimento disponível, as teorias, os autores, os conceitos, os dados, as práticas, os métodos, ou seja, de pesquisar, para, em seguida, colocar tudo em termos de elaboração própria; saber argumentar coincide com saber fundamentar, alegar razões, apresentar os porquês; conforme Demo (2000), vai além da descrição do tema, para se aninhar em sua explicação, ou seja, queremos saber não apenas o como das coisas, mas, sobretudo, suas razões, seus porquês. O conhecimento nem sempre consegue ir muito longe na busca das causas para poder dominar os efeitos, mas assume isso como procedimento metodológico sistemático; tudo o que é afirmado precisa ter base, primeiro, no conhecimento existente e considerado válido e, segundo, na formulação própria do autor;

i) linguagem precisa: sentido exato das palavras, restringindo ao máximo o uso de adjetivos;

j) autoridade por mérito: significa o reconhecimento de quem conquistou posição respeitada em determinado espaço científico e é por isso considerado ―argumento‖; segundo Demo (2000, p. 43), ―corre todos os riscos de vassalagem primária, mas, no contexto social do conhecimento, é impossível livrarmo-nos dele‖;

k) relevância social: os trabalhos acadêmicos, em qualquer nível, poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em termos sociais, ou seja, estudassem temas de interesse comum, se se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais preocupantes, ―buscassem elevar a oportunidade emancipatória das maiorias.‖ (DEMO, 2000, p. 43). Segundo Demo (2000), é frequente a queixa de que, na universidade, estudamos teorias irrelevantes, cuja sofisticação, por vezes, é diretamente proporcional à sua inutilidade na vida. No entanto, ―sem nos rendermos ao utilitarismo acadêmico – porque seria querer sanar erro com erro oposto -, é fundamental encontrar relação prática nas teorias, bem como escrutínio crítico das práticas‖ (DEMO, 2000, p. 43);

l) ética: procura responder à pergunta: a quem serve a ciência? Em seu contextoextremamente colonizador, o conhecimento científico tem sido, sobretudo, arma de guerra e lucro e, assim, como construiu fantástica potencialidade tecnológica, pode tornar inviáveis as condições ambientais do planeta (DEMO, 2000). A visão ética dedica-se sobremaneira a direcionar tamanha potencialidade para o bem-comum da sociedade, no sentido mais preciso de, primeiro, evitar que os meios se tornem fim; segundo, que se discutam não só os meios, mas também os fins e, terceiro, assegurar que os fins não justifiquem os meios. Conforme Demo (2000, p. 43), ―a fantástica potencialidade emancipatória do conhecimento até hoje tem servido a minorias, sem falar que é usada muitas vezes para imbecilizar, torturar, manipular‖;

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m) intersubjetividade: opinião dominante da comunidade científica de determinada época e lugar.

A intersubjetividade é considerada um critério externo à ciência, pois a opinião é algo atribuído de fora, por mais que provenha de um cientista ou especialista na área. Devemos destacar, no entanto, que a intersubjetividade é tão importante para a ciência como os critérios internos, ditos de qualidade formal. Desse critério decorrem outros, como a comunicação, a comparação crítica, o reconhecimento dos pares, o encadeamento de pesquisas em um mesmo tema etc., os quais possibilitam à ciência cumprir sua função de aperfeiçoamento, a partir do crescente acervo de conhecimentos da relação do homem com a natureza.

Tais critérios podem ser sistematizados certamente de outras formas, mas sempre têm em comum o propósito de formalização. De acordo com Demo (2000, p. 29), ―dentro de nossa tradição científica, cabe em ciência apenas o que admite suficiente formalização, quer dizer, pode ser analisado em suas partes recorrentes. Pode ser vista como polêmica tal expectativa, mas é a dominante, e, de modo geral, a única aceita.‖ Por trás dela, está a expectativa muito discutível de que a realidade não só é formalizável, mas, sobretudo, é mais real em suas partes formais. O racionalismo positivista vive dessa crença e por isso aposta, muitas vezes, em resultados definitivos e parâmetros metodológicos absolutizados.

Tem sido chamada de ―ditadura do método‖ essa imposição metodológica feita à realidade, relevando nela apenas o que pode ser mensurado, ou melhor, reduzindo-a às variáveis que mais facilmente sabemos tratar cientificamente.

2.3 CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO POPULAR

Por existir mais de uma forma de conhecimento, é conveniente destacar o que vem a ser conhecimento científico em oposição ao chamado conhecimento popular, vulgar ou de senso comum.

Não deixa de ser conhecimento aquele que foi observado ou passado de geração em geração através da educação informal ou baseado em imitação ou experiência pessoal. Esse tipo de conhecimento, dito popular, diferencia-se do conhecimento científico por lhe faltar o embasamento teórico necessário à ciência.Conforme Trujillo Ferrari (1974), o conhecimento popular é dado pela familiaridade que temos com alguma coisa, sendo resultado de experiências pessoais ou suposições, ou seja, é uma informação íntima que não foi suficientemente refletida para ser reduzida a um modelo ou uma fórmula geral, dificultando, assim, sua transmissão de uma pessoa a outra, de forma fácil e compreensível.

Na opinião de Lakatos e Marconi (2007), o conhecimento popular não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do ―conhecer‖.

Para que o conhecimento seja considerado científico, é necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse pressuposto, Lakatos e Marconi (2007) apresentam dois aspectos importantes:

a) a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;

b) um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de observação do fenômeno.

O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda uma fundamentação e metodologias a serem seguidas, além de se basear em informações

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classificadas, submetidas à verificação, que oferecem explicações plausíveis a respeito do objeto ou evento em questão.

Assim, ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir e explicar suas relações com outros fatos, conhecendo a realidade além de suas aparências. O conhecimento científico é considerado como:

a) acumulativo, por oferecer um processo de acumulação seletiva, em que novos conhecimentos substituem outros antigos, ou somam-se aos anteriores;

b) útil para a melhoria da condição da vida humana;

c) analítico, pois procura compreender uma situação ou um fenômeno global

por meio de seus componentes;

d) comunicável, já que a comunicabilidade é um meio de promover o reconhecimento de um trabalho como científico. A divulgação do conhecimento é responsável pelo progresso da ciência;

e) preditivo, pois, a partir da investigação dos fatos e do acúmulo de experiências, o conhecimento científico pode dizer o que foi passado e predizer o que será futuro.

f) Com base nas definições anteriormente citadas e comentadas, podemos elaborar um quadro comparativo entre conhecimento científico e popular.

ANOTAÇÕES:

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A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. De acordo com Gil (2008, p. 8), ―neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade.‖

Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.

Podemos definir método como caminho para chegarmos a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para atingirmos o conhecimento.

A investigação científica depende de um ―conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos‖ (GIL, 2008, p. 8), para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

Vários pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que fosse aplicado a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, podemos afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. E, com relação às ciências sociais, podemos mesmo dizer que dispõem de grande variedade de métodos.

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MÉTODO CIENTíFICO

Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento.

De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido.

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos.

Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento. Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de investigação e do tipo de pesquisa.

RAZÃO

Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios pelo qual os seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. A razão é particularmente associada à natureza humana, ao que é único e definidor do ser humano.

A razão permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver problemas, encontrar coerência ou contradição entre eles e, assim, descartar ou formar novos conceitos, de uma forma ordenada e, geralmente, orientada para objectivos. Inclui raciocinar, apreender, compreender, ponderar e julgar, por vezes usada como sinónimo de inteligência.

Como uma forma de chegar a conclusões, é frequentemente contraposta não só com o modo como os animais não-humanos parecem tomar decisões, mas também com a tomada de decisões baseada na autoridade, na intuição, na emoção, na superstição ou na fé. A razão é considerada pelos racionalistas a forma mais fiável de descobrir o que é verdadeiro ou melhor. A forma exacta como a razão difere da emoção, fé e tradição é controversa, dado que as três são consideradas potencialmente racionais, e, em simultâneo, pontencialmente em conflito com a razão.

A principal diferença entre a razão e outras formas de consciência está na explicação: o pensamento é tanto mais racional quanto mais conscientemente for pensado, de forma que possa ser expresso numa linguagem.

ETMOLOGIA DA PALAVRA RAZÃO

Na cultura da chamada sociedade ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega logos. Essas duas palavras são substantivos derivados de dois verbos que têm um sentido muito parecido em latim e em grego.

Logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular.

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Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. E de que meios usamos para essas ações? Usamos palavras (mesmo quando usamos números estamos usando palavras, sobretudo os gregos e os romanos, que usavam letras para indicar números).

Por isso, logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensível. É, também, a confiança de que podemos ordenar e organizar as coisas porque são organizáveis, ordenáveis, compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias coisas são racionais.

SENTIDOS DA PALAVRA RAZÃO

Desde o começo da Filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela fosse considerada oposta a quatro outras atitudes mentais:

1. ao conhecimento ilusório, isto é, ao conhecimento da mera aparência das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas; para a razão, a ilusão provém de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas tais como aparecem e tais como parecem ser. As ilusões criam as opiniões que variam de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade. A razão se opõe à mera opinião;

2. às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas, caóticas, desordenadas, contrárias umas às outras, ora dizendo ―sim‖ a alguma coisa, ora dizendo ―não‖ a essa mesma coisa, como se não soubéssemos o que queremos e o que as coisas são. A razão é vista como atividade ou ação (intelectual e da vontade) oposta à paixão ou à passividade emocional;

3. à crença religiosa, pois, nesta, a verdade nos é dada pela fé numa revelação divina, não dependendo do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou pelo nosso intelecto. A razão é oposta à revelação e por isso os filósofos cristãos distinguem a luz natural - a razão - da luz sobrenatural - a revelação;

4. ao êxtase místico, no qual o espírito mergulha nas profundezas do divino e participa dele, sem qualquer intervenção do intelecto ou da inteligência, nem da vontade. Pelo contrário, o êxtase místico exige um estado de abandono, de rompimento com a atividade intelectual e com a vontade, um rompimento com o estado consciente, para entregar-se à fruição do abismo infinito. A razão ou consciência se opõe à inconsciência do êxtase.

PRINCÍPIOS RACIONAIS

Desde seus começos, a filosofia cosiderou que a razão opera seguindo certos princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a própria relidade, mesmo quando os empregamos sem conhecê-los explicitamente. Ou seja, o conhecimento racional obedece a certas regras ou leis fundamentais, que respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que são. Nós as respeitamos porque somos seres racionais e porque são princípios que garantem que a realidade é racional.

PRINCÍPIO DA IDENTIDADE: O princípio da identidade é a condição do pensamento e sem

ele não podemos pensar. Ele afirma que uma coisa, seja ela qual for, só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade.

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PRINCÍPIO DA NÃO-CONTRADIÇÃO: É impossível que a árvore que está diante de mim

seja e não seja uma mangueira; que o cachorrinho de dona Filomena seja e não seja branco; que o triângulo tenha e não tenha três lados e três ângulos; que o homem seja e não seja mortal; que o vermelho seja e não seja vermelho; etc.

PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: Este princípio define a decisão de um dilema _ "ou isto ou aquilo" _ e exige que apenas um a das alternativas seja verdadeira. Mesmo quando temos, por exemplo, um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade apenas entre duas opções _ "ou está certo ou está errado"_ e não há terceira possibilidade ou terceira alternativa, pois, entre várias escolhas possíveis, só há realmente duas, a certa ou a errada.

PRINCÍPIO DA RAZÃO SUFICIENTE: Que afirma que tudo o que existe e tudo o que

acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer, e que tal razão pode ser conhecida pela nossa razão. O princípio da razão suficiente costuma ser chamado de princípio de causalidade para indicar que a razão afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre fatos, ou entre ações e acontecimentos.

ATIVIDADE RACIONAL: INTUITIVO E DISCURSIVO

A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento: a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).

A atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre, percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários atos de conhecimento até conseguir capta-lo. A razão discursiva ou o pensamento discursivo chega ao objeto passando por etapas sucessivas de conhecimento, realizando esforços sucessivos de aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto.

A razão intuitiva ou intuição, ao contrário, consiste num único ato do espírito, que, de uma só vez, capta por inteiro e completamente o objeto. Em latim, intuitos significa: ver. A intuição é uma visão direta e imediata do objeto do conhecimento, um contato direto e imediato com ele, sem necessidade de provas ou demonstrações para saber o que conhece.

A intuição

A intuição é uma compreensão global e instantânea de uma verdade, de um objeto, de um fato. Nela, de uma só vez, a razão capta todas as relações que constituem a realidade e a verdade da coisa intuída. É um ato intelectual de discernimento e compreensão, como, por exemplo, tem um médico quando faz um diagnóstico e apreende de uma só vez a doença, sua causa e o modo de trata-la. Os psicólogos se referem à intuição usando o termo insight, para referirem-se ao momento em que temos uma compreensão total, direta e imediata de alguma coisa, ou o momento em que percebemos, num só lance, um caminho para a solução de um problema científico, filosófico ou vital.

Um exemplo de intuição pode ser encontrado no romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Riobaldo e Diadorim são dois jagunços ligados pela mais profunda amizade e lealdade, companheiros de lutas e cumpridores de uma vingança de sangue contra os assassinos da família de Diadorim. Riobaldo, porém, sente-se cheio de angústia e atormentado, pois seus sentimentos por Diadorim são confusos, como se entre eles houvesse muito mais do que a amizade. Diadorim é assassinado. Quando o corpo é trazido para ser preparado para o funeral, Riobaldo descobre que Diadorim era mulher. De uma só vez, num só lance, Riobaldo compreende tudo o que sentia, todos os fatos acontecidos entre eles, todas as conversas que haviam tido, todos os gestos estranhos de Diadorim e compreende, instantaneamente, a verdade: estivera apaixonado por Diadorim.

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A razão intuitiva pode ser de dois tipos: intuição sensível ou empírica e intuição intelectual.

1. A intuição sensível ou empírica (do grego, empeiria: experiência sensorial) é o

conhecimento que temos a todo momento de nossa vida. Assim, com um só olhar ou num só ato de visão percebemos uma casa, um homem, uma mulher, uma flor, uma mesa. Num só ato, por exemplo, capto que isto é uma flor: vejo sua cor e suas pétalas, sinto a maciez de sua textura, aspiro seu perfume, tenho-a por inteiro e de uma só vez diante de mim.

A intuição empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades sensíveis do objeto externo: cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões, distâncias. É também o conhecimento direto e imediato de estados internos ou mentais: lembranças, desejos, sentimentos, imagens.

A intuição sensível ou empírica é psicológica, isto é, refere-se aos estados do sujeito do conhecimento enquanto um ser corporal e psíquico individual – sensações, lembranças, imagens, sentimentos, desejos e percepções são exclusivamente pessoais.

Assim, a marca da intuição empírica é sua singularidade: por um lado, está ligada à singularidade do objeto intuído (ao ―isto‖ oferecido à sensação e à percepção) e, por outro, está ligada à singularidade do sujeito que intui (aos ―meus‖ estados psíquicos, às ―minhas‖ experiências). A intuição empírica não capta o objeto em sua universalidade e a experiência intuitiva não é transferível para um outro objeto. Riobaldo teve uma intuição empírica.

2. A intuição intelectual difere da sensível justamente por sua universalidade e necessidade. Quando penso: ―Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo‖, sei,

sem necessidade de provas ou demonstrações, que isto é verdade. Ou seja, tenho conhecimento intuitivo do princípio da contradição. Quando digo: ―O amarelo é diferente do azul‖, sei, sem necessidade de provas e demonstrações, que há diferenças. Vejo, na intuição sensível, a cor amarela e a cor azul, mas vejo, na intuição intelectual, a diferença entre cores. Quando afirmo: ―O todo é maior do que as partes‖, sei, sem necessidade de provas e demonstrações, que isto é verdade, porque intuo uma forma necessária de relação entre as coisas.

A intuição intelectual é o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, terceiro excluído, razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou entre as idéias, da verdade de uma idéia ou de um ser.

Na história da Filosofia, o exemplo mais célebre de intuição intelectual é conhecido como o cogito cartesiano, isto é, a afirmação de Descartes: ―Penso (cogito), logo existo‖. De fato, quando penso, sei que estou pensando e não é preciso provar ou demonstrar isso, mesmo porque provar e demonstrar é pensar e para demonstrar e provar é preciso, primeiro, pensar e saber que se pensa.

Quando digo: ―Penso, logo existo‖, estou simplesmente afirmando racionalmente que sei que sou um ser pensante ou que existo pensando, sem necessidade de provas e demonstrações. A intuição capta, num único ato intelectual, a verdade do pensamento pensando em si mesmo.

Um outro exemplo de intuição intelectual é oferecido pela fenomenologia, criada por Husserl. Trata-se da intuição intelectual de essências ou significações. Toda consciência, diz Husserl, é sempre ―consciência de‖ ou consciência de alguma coisa, isto é, toda consciência é um ato pelo qual visamos um objeto, um fato, uma idéia. A consciência representa os objetos, os fatos, as pessoas. Cada representação pode ser obtida por um passeio ou um percurso que nossa consciência faz à volta de um objeto. Essas várias

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representações são psicológicas e individuais, e o objeto delas, o representado, também é individual ou singular.

Por exemplo, diz Husserl, quando quero pensar em alguém, como Napoleão, posso representa-lo ganhando a batalha de Waterloo, prisioneiro na ilha de Elba e na ilha de Santa Helena, montado em seu cavalo branco, usando o chapéu de três pontas e com a mão direita enfiada na túnica.

Cada uma dessas representações é singular: por um lado, cada uma delas é um ato psicológico singular que eu realizo (um ato de lembrar, um ato de ver a imagem de Napoleão num quadro, um ato de ler sobre ele num livro, etc.) e, por outro, cada uma delas possui um representante singular (Napoleão a cavalo, Napoleão na batalha de Waterloo, Napoleão fugindo de Elba, etc.). No entanto, embora sejam singulares e distintas umas das outras, todas possuem o mesmo representado, o mesmo significado, a mesma signif icação ou a mesma essência: Napoleão.

Quando colocamos de lado a singularidade psicológica de cada uma de nossas representações e a singularidade de cada um dos representantes, ficando apenas com a idéia ou significação ―Napoleão‖, como uma universalidade ou generalidade, temos uma intuição da essência ―Napoleão‖. A intuição da essência é a apreensão intelectual imediata e direta de uma significação, deixando de lado as particularidades dos representantes que indicam empiricamente a significação. É assim que tenho intuição intelectual da essência ou significação ―triângulo‖, ―imaginação‖, ―memória‖, ―natureza‖, ―cor‖, ―diferença‖, ―Europa‖, ―pintura‖, ―literatura‖, ―tempo‖, ―espaço‖, ―coisa‖, ―quantidade‖, ―qualidade‖, etc. Intuímos idéias.

Fala-se também de uma intuição emotiva ou valorativa. Trata-se daquela intuição na qual, juntamente com o sentido ou significação de alguma coisa, captamos também seu valor, isto é, com a idéia intuímos também se a coisa ou essência é verdadeira ou falsa, bela ou feia, boa ou má, justa ou injusta, possível ou impossível, etc. Ou seja, a intuição intelectual capta a essência do objeto (o que ele é) e a intuição emotiva ou valorativa capta essa essência pelo que o objeto vale.

A razão discursiva:

dedução, indução e abdução

A intuição pode ser o ponto de chegada, a conclusão de um processo de conhecimento, e pode também ser o ponto de partida de um processo cognitivo. O processo de conhecimento, seja o que chega a uma intuição, seja o que parte dela, constitui a razão discursiva ou o raciocínio.

Ao contrário da intuição, o raciocínio é o conhecimento que exige provas e demonstrações e se realiza igualmente por meio de provas e demonstrações das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. Não é um ato intelectual, mas são vários atos intelectuais internamente ligados ou conectados, formando um processo de conhecimento.

Um caçador sai pela manhã em busca da caça. Entra no mato e vê rastros: choveu na véspera e há pegadas no chão; pequenos galhos rasteiros estão quebrados; o capim está amassado em vários pontos; a carcaça de um bicho está à mostra, indicando que foi devorado há poucas horas; há um grande silêncio no ar, não há canto de pássaros, não há ruídos de pequenos animais.

O caçador supõe que haja uma onça por perto. Ele pode, então, tomar duas atitudes. Se, por todas as experiências anteriores, tiver certeza de que a onça está nas imediações, pode preparar-se para enfrenta-la: sabe que caminhos evitar, se não estiver em condições de caçá-la; sabe que armadilhas armar, se estiver pronto para captura-la; sabe como atraí-la, se quiser conserva-la viva e preservar a espécie.

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O caçador pode ainda estar sem muita certeza se há ou não uma onça nos arredores e, nesse caso, tomará uma série de atitudes para verificar a presença ou ausência do felino: pode percorrer trilhas que sabem serem próprias de onças; pode examinar melhor as pegadas e o tipo de animal que foi devorado; pode comparar, em sua memória, outras situações nas quais esteve presente uma onça, etc.

Assim, partindo de indícios, o caçador raciocina para chegar a uma conclusão e tomar uma decisão. Temos aí um exercício de raciocínio empírico e prático (isto é, um pensamento que visa a uma ação) e que se assemelha à intuição sensível ou empírica, isto é, caracteriza-se pela singularidade ou individualidade do sujeito e do objeto do conhecimento.

Quando, porém, um raciocínio se realiza em condições tais que a individualidade psicológica do sujeito e a singularidade do objeto são substituídas por critérios de generalidade e universalidade, temos a dedução, a indução e a abdução.

A dedução

Dedução e indução são procedimentos racionais que nos levam do já conhecido ao ainda não conhecido, isto é, permitem que adquiramos conhecimentos novos graças a conhecimentos já adquiridos. Por isso, se costuma dizer que, no raciocínio, o intelecto opera seguindo cadeias de razões ou os nexos e conexões internos e necessários entre as idéias ou entre os fatos.

A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição, seja por uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela. Em outras palavras, na dedução parte-se de uma verdade já conhecida para demonstrar que ela se aplica a todos os casos particulares iguais. Por isso também se diz que a dedução vai do geral ao particular ou do universal ao individual. O ponto de partida de uma dedução é ou uma idéia verdadeira ou uma teoria verdadeira.

Por exemplo, se definirmos o triângulo como uma figura geométrica cujos lados somados são iguais à soma de dois ângulos retos, dela deduziremos todas as propriedades de todos os triângulos possíveis. Se tomarmos como ponto de partida as definições geométricas do ponto, da linha, da superfície e da figura, deduziremos todas as figuras geométricas possíveis.

No caso de uma teoria, a dedução permitirá que cada caso particular encontrado seja conhecido, demonstrando que a ele se aplicam todas as leis, regras e verdades da teoria. Por exemplo, estabelecida a verdade da teoria física de Newton, sabemos que: 1) as leis da física são relações dinâmicas de tipo mecânico, isto é, se referem à relações de força (ação e reação) entre corpos dotados de figura, massa e grandeza; 2) os fenômenos físicos ocorrem no espaço e no tempo; 3) conhecidas as leis iniciais de um conjunto ou de um sistema de fenômenos, poderemos prever os atos que ocorrerão nesse conjunto e nesse sistema.

Assim, se eu quiser conhecer um ato físico particular – por exemplo, o que acontecerá com o corpo lançado no espaço por uma nave espacial, ou qual a velocidade de um projétil lançado de um submarino para atingir um alvo num tempo determinado, ou qual é o tempo e a velocidade para um certo astro realizar um movimento de rotação em torno de seu eixo -, aplicarei a esses casos particulares as leis gerais da física newtoniana e saberei com certeza a resposta verdadeira.

A dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são conhecidos por inclusão numa teoria geral.

Costuma-se representar a dedução pela seguinte fórmula:

Todos os x são y (definição ou teoria geral);

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A é x (caso particular);

Portanto, A é y (dedução).

Exemplos:

1.

Todos os homens (x) são mortais (y);

Sócrates (A) é homem (x);

Portanto, Sócrates (A) é mortal (y).

2.

Todos os metais (x) são bons condutores de eletricidade (y);

O mercúrio (A) é um metal (x);

Portanto, o mercúrio (A) é bom condutor de eletricidade (y).

A razão oferece regras especiais para realizar uma dedução e, se tais regras não forem respeitadas, a dedução será considerada falsa.

A indução

A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução, partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares. A definição ou a teoria são obtidas no ponto final do percurso. E a razão também oferece um conjunto de regras precisas para guiar a indução; se tais regras não forem respeitadas, a indução será considerada falsa.

Por exemplo, colocamos água no fogo e observamos que ela ferve e se transforma em vapor; colocamos leite no fogo e vemos também que ele se transforma em vapor; colocamos vários tipos de líquidos no fogo e vemos sempre sua transformação em vapor. Induzimos desses casos particulares que o fogo possui uma propriedade que produz a evaporação dos líquidos. Essa propriedade é o calor.

Verificamos, porém, que os diferentes líquidos não evaporam sempre na mesma velocidade; cada um deles, portanto, deve ter propriedades específicas que os fazem evaporar em velocidades diferentes. Descobrimos, porém, que a velocidade da evaporação não é o fato a ser observado e sim quanto de calor cada líquido precisa para começar a evaporar. Se considerarmos a água nosso padrão de medida, diremos que ela ferve e começa a evaporar a partir de uma certa quantidade de calor e que é essa quantidade de calor que precisa ser conhecida. Podemos, a seguir, verificar um fenômeno diferente. Vemos que água e outros líquidos, colocados num refrigerador, endurecem e se congelam, mas que, como no caso do vapor, cada líquido se congela ou se solidifica em velocidades diferentes. Procuramos, novamente, a causa dessa diferença de velocidade e descobrimos que depende tanto de certas propriedades de cada líquido quanto da quantidade de frio que há no refrigerador. Percebemos, finalmente, que é essa quantidade que devemos procurar.

Com essas duas séries de fatos (vapor e congelamento), descobrimos que os estados dos líquidos variam (evaporação e solidificação) em decorrência da temperatura ambiente (calor e frio) e que cada líquido atinge o ponto de evaporação ou de solidificação em temperaturas

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diferentes. Com esses dados podemos formular uma teoria da relação entre os estados da matéria – sólido, líquido e gasoso – e as variações de temperatura, estabelecendo uma relação necessária entre o estado de um corpo e a temperatura ambiente. Chegamos, por indução, a uma teoria.

A dedução e a indução são conhecidas com o nome de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida. Na dedução, dado X, infiro (concluo) a, b, c, d. Na indução, dados a, b, c, d, infiro (concluo) X.

A abdução

O filósofo inglês Peirce considera que, além da dedução e da indução, a razão discursiva ou raciocínio também se realiza numa terceira modalidade de inferência, embora esta não seja propriamente demonstrativa. Essa terceira modalidade é chamada por ele de abdução.

A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma conclusão. A abdução é a busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de signos. O exemplo mais simples oferecido por Peirce para explicar o que seja a abdução são os contos policiais, o modo como os detetives vão coletando indícios ou sinais e formando uma teoria para o caso que investigam.

Segundo Peirce, a abdução é a forma que a razão possui quando inicia o estudo de um novo campo científico que ainda não havia sido abordado. Ela se aproxima da intuição do artista e da adivinhação do detetive, que, antes de iniciarem seus trabalhos, só contam com alguns sinais que indicam pistas a seguir. Os historiadores costumam usar a abdução.

De modo geral, diz-se que a indução e a abdução são procedimentos racionais que empregamos para a aquisição de conhecimentos, enquanto a dedução é o procedimento racional que empregamos para verificar ou comprovar a verdade de um conhecimento já adquirido.

Realismo e idealismo

Vimos anteriormente que muitos filósofos distinguem razão objetiva e razão subjetiva, considerando a Filosofia o encontro e o acordo entre ambas.

Falar numa razão objetiva significa afirmar que a realidade externa ao nosso pensamento é racional em si e por si mesma e que podemos conhece-la justamente por ser racional. Significa dizer, por exemplo, que o espaço e o tempo existem em si e por si mesmos, que as relações matemáticas e de causa-efeito existem nas próprias coisas, que o acaso existe na própria realidade, etc.

Chama-se realismo a posição filosófica que afirma a existência objetiva ou em si da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e, portanto, que afirma a existência da razão objetiva.

Há filósofos, porém, que estabelecem uma diferença entre a realidade e o conhecimento racional que dela temos. Dizem eles que, embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só podemos conhece-la tal como nossas idéias a formulam e a organizam e não tal como ela seria em si mesma. Não podemos saber nem dizer se a realidade exterior é racional em si, pois só podemos saber e dizer que ela é racional para nós, isto é, por meio de nossas idéias.

Essa posição filosófica é conhecida com o nome de idealismo e afirma apenas a existência da razão subjetiva. A razão subjetiva possui princípios e modalidades de conhecimento que são universais e necessários, isto é, válidos para todos os seres humanos em todos os tempos e lugares. O que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por meio das idéias de nossa razão.

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INATISMO E IMPIRISMO

Durante séculos os estudiosos tentaram chegar a um consenso a respeito da origem dos

princípios racionais, da capacidade para a intuição e de raciocínio do homem. Será que as

pessoas já nascem com potencialidades, dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo

com o amadurecimento biológico ou tudo isso é desenvolvido através da experiência com o

mundo externo?

Essa discussão provavelmente se iniciou a partir da discussão de dois dos maiores filósofos da

história: Platão e Aristóteles. Embora ambos tenham sido discípulos de Sócrates, Platão

defendia a tese de que nascemos com ideias natas, enquanto Aristóteles pregava que tudo é

desenvolvido através da experiência, em que o contato com o mundo externo é a única forma de

se obter conhecimento e aprimoramento do intelecto.

Através de suas teorias, o inatismo apresenta o ser humano como um agente estático, sem a

possibilidade de sofrer mudanças. Desta forma, quando o homem nasce, sua personalidade,

valores, hábitos, crenças, pensamento, emoções e conduta social já estão definidos, uma vez

que toda a atividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa dela.

Para os empiristas, o homem ao nascer é uma ―folha em branco‖. Segundo Popper, ―Não há

nada no nosso intelecto que não tenha entrado lá através dos nossos sentidos". Essa é a ideia

central do empirismo: a única fonte de conhecimento humano é a experiência adquirida em

função do meio físico, mediada pelos sentidos. Assim, o empirismo destaca a importância da

educação e da instrução na formação do homem.

O estudo do empirismo e do inatismo é importante em razão das muitas questões polêmicas que

giram em torno destas duas teorias atualmente, como o desenvolvimento da homossexualidade,

a formação de líderes, o desenvolvimento de superdotação, etc.

EMPIRISMO

CONHECIMENTO APRENDIZAGEM ENSINO AVALIAÇÃO

A fonte do

conhecimento está

na experiência.

O conhecimento

vem de fora,

através dos

sentidos.

O conhecimento

evolui à medida

que o sujeito

adquire novas

experiências.

Mudança de

comportamento,

resultante do

treino e da

experiência.

Ensinar é

modificar o

ambiente,

controlar as

estratégias de

trabalho para

operar as

mudanças

desejadas nas

respostas dos

alunos.

Avaliar é:

Medir a

quantidade de

respostas

modificadas.

Medir a

quantidade da

mudança

operada no

comportamento

do aluno.

Medir a

quantidade de

respostas

aprendidas.

INATISMO O conhecimento é

pré-formado, e as

estruturas mentais

se atualizam na

A aprendizagem

consiste no

armazenamento

das informações

O ensino

consiste na

transmissão do

conhecimento,

A avaliação

consiste em

medir o quanto

das informações

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medida que o ser

humano

amadurece, vai

reorganizando sua

inteligência pelas

percepções que

tem da realidade,

vai se tornando

apto a realizar

aprendizagens

cada vez mais

complexas.

prontas, acabadas,

através da

memória.

através da

exposição de

conteúdos

organizados de

acordo com a

lógica do

professor,

ainda que sem

significado

para os alunos.

passadas foram

retidas na

memória pelos

alunos. O grau

de

aprendizagem

mede-se pelo

estoque de

informações

acumuladas.

REFLEXÕES E OBSERVAÇÕES

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II UNIDADE

A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. De acordo com Gil (2008, p. 8), ―neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade.‖

Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.

Podemos definir método como caminho para chegarmos a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para atingirmos o conhecimento.

A investigação científica depende de um ―conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos‖ (GIL, 2008, p. 8), para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

Vários pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que fosse aplicado a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, podemos afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. E, com relação às ciências sociais, podemos mesmo dizer que dispõem de grande variedade de métodos.

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MÉTODO CIENTíFICO

Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento.

De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido.

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos.

Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento. Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de investigação e do tipo de pesquisa.

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Dada a diversidade de métodos, alguns autores costumam classificá-los em gerais, também denominados de abordagem, e específicos, denominados discretos ou de procedimento.

2.4.1 métodos de abordagem - bases lógicas da investigação

Por método podemos entender o caminho, a forma, o modo de pensamento. É a forma de abordagem em nível de abstração dos fenômenos. É o conjunto de processos ou operações mentais empregados na pesquisa.

Os métodos gerais ou de abordagem oferecem ao pesquisador normas genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos científicos e não científicos (ou de senso comum).

Esses métodos esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações.

Podem ser incluídos, neste grupo, os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Cada um deles se vincula a uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo; o indutivo, ao empirismo; o hipotético-dedutivo, ao neopositivismo; o dialético, ao materialismo dialético e o fenomenológico, à fenomenologia.

A utilização de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que pretendemos pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo, da inspiração filosófica do pesquisador. Comentamos, na sequência, cada um dos métodos gerais ou de abordagem.

2.4.1.1 Método dedutivo

O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. ―Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.‖ (GIL, 2008, p. 9).Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz

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pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, a construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo a seguir:

O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida.

Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao método dedutivo. Uma delas é a de que o raciocínio dedutivo é essencialmente tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Esse argumento pode ser verificado no exemplo apresentado. Quando aceitamos que todo homem é mortal, colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa característica já foi adicionada na premissa maior.

2.4.1.2 Método indutivo

É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 86),

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

Essa generalização não ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto que essas devem ser repetidas, geralmente com base na experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenômeno para chegar a uma lei geral por meio da observação e de experimentação, visando a investigar a relação existente entre dois fenômenos para se generalizar. Temos, então, que ―o método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares.‖ (GIL, 2008, p. 10).

No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações. Entre as críticas ao método indutivo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem (generalização) do que é constatado em alguns casos (particular) para todos os casos semelhantes (geral).

Nesse método, partimos da observação de fatos ou fenômenos cujas causas desejamos conhecer. A seguir, procuramos compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procedemos à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Consideremos, por exemplo:

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O raciocínio indutivo influenciou significativamente o pensamento científico. Desde o aparecimento no Novum organum, de Francis Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais. (GIL, 2008, p. 11).

Nesse sentido, conforme Gil (2008), não há como deixar de reconhecer e destacar a importância do método indutivo na constituição das ciências sociais. Surgiu e serviu para que os estudiosos da sociedade abandonassem a postura especulativa e se inclinassem a adotar a observação como procedimento indispensável para atingir o conhecimento científico. Devido à sua influência é que foram definidas técnicas de coleta de dados e elaborados instrumentos capazes de mensurar os fenômenos sociais.

Tanto o método indutivo quanto o dedutivo concordam com o fato de que o fim da investigação é a formulação de leis para descrever, explicar e prever a realidade; as discordâncias estão na origem do processo e na forma de proceder. Enquanto os adeptos do método indutivo (empiristas) partem da observação para depois formular as hipóteses, os praticantes do método dedutivo têm como inicial o problema (ou a lacuna) e as hipóteses que serão testadas pela observação e pela experiência.Argumentos dedutivos e indutivos: dois exemplos servem para ilustrar a diferença entre argumentos dedutivos e indutivos (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 91):

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Lakatos e Marconi (2007) comentam a respeito dessas duas características (Quadro 3):

a) Característica I. No argumento dedutivo, para que a conclusão ―todos os cães têm um coração‖ fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração. Por outro lado, no argumento indutivo, é possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão, falsa: o fato de não ter, até o presente, encontrado um cão sem coração não é garantia de que todos os cães tenham um coração.

b) Característica II. Quando a conclusão do argumento dedutivo afirma que todos os cães

têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na verdade, já tinha sido dita nas premissas; portanto, como todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia, de modo explícito, a informação já contida nas premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor, não diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira, se as premissas o forem. Por sua vez, no argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos cães já observados, ao passo que a conclusão diz respeito a cães ainda não observados; portanto, a conclusão enuncia algo não contido na premissa. É por esse motivo que a conclusão pode ser falsa – pois pode ser falso o conteúdo adicional que encerra –, mesmo que a premissa seja verdadeira.

2.4.1.3 Método hipotético-dedutivo

A pesquisa científica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a formulação de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu trabalho.

Após esse estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase de observação. Na verdade, essa é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase meticulosa em que é observado determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte é a formulação de hipóteses, ou descrições-tentativa, consistentes com o que foi observado. Essas hipóteses são utilizadas para fazer prognósticos, os quais serão comprovados ou não por meio de testes, experimentos ou observações mais detalhadas. Em função dos resultados desses testes, as hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo ciclo, até que não haja discrepâncias entre a teoria (ou o modelo) e os experimentos e/ou as observações.Ante o exposto, as etapas do método hipotético-dedutivo, como compreendido na atualidade, podem ser visualizadas na Figura 1.

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2.4.1.4 Método dialético

O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias organicamente unidas e indissolúveis.

Na dialética proposta por Hegel, as contradições transcendem-se, dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. Empregado em pesquisa qualitativa, é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois considera que os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político, econômico etc.

Na Mudança Dialética, a transformação ocorre por meio de contradições. Em determinado momento, há mudança qualitativa, pois as mudanças das coisas não podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo está em movimento, tudo tem ―duas faces‖ (quantitativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova), uma se transformando na outra; a luta desses contraditórios é o conteúdo do processo de desenvolvimento.

Em síntese, o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança.

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2.4.1.5 Método fenomenológico

O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-1938), propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências (GIL, 2008). Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o discurso das ciências empíricas são ―ingênuas‖. ―A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a ‗consciência doadora originária‘.‖ (GIL, 2008, p. 14). Daí a primeira e fundamental regra do método fenomenológico: ―avançar para as próprias coisas.‖ Por coisa entendemos simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da consciência. A fenomenologia não se preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado, sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência.

O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. ―Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto.‖ (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia.

Nos cursos, em todos os níveis, exigimos, da parte do estudante, alguma atividade de pesquisa. Esta, efetivamente, tem sido quase sempre mal compreendida quanto à sua natureza e à finalidade por parte de alguns alunos e professores. Muito do que chamamos de pesquisa não passa de simples compilação ou cópia de algumas informações desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto e, o que é pior, não referenciadas devidamente. Para Demo (2000, p. 20), ―Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento.‖

A finalidade da pesquisa é ―resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos‖ (BARROS; LEHFELD, 2000a, p. 14) e a partir de interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las. Para isso, há vários tipos de pesquisas que proporcionam a coleta de dados sobre o que desejamos investigar.

A pesquisa científica é a realização de um estudo planejado, sendo o método de abordagem do problema o que caracteriza o aspecto científico da investigação.

Sua finalidade é descobrir respostas para questões mediante a aplicação do método científico. A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Portanto, toda pesquisa se baseia em uma teoria que serve como ponto de partida para a investigação. No entanto, lembre-se de que essa é uma avenida de mão dupla: a pesquisa pode, algumas vezes, gerar insumos para o surgimento de novas teorias, que, para serem válidas, devem se apoiar em fatos observados e provados. Além

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disso, até mesmo a investigação surgida da necessidade de resolver problemas práticos pode levar à descoberta de princípios básicos.

Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado, os interesses, os campos, as metodologias, as situações e os objetos de estudo.

O que é pesquisa? Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Podemos dizer que, basicamente, pesquisar é buscar conhecimento. Nós pesquisamos a todo momento, em nosso cotidiano, mas, certamente, não o fazemos sempre de modo científico.

Assim, pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não sabemos e que precisamos saber. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntas para obter respostas, são formas de pesquisa, considerada como sinônimo de busca, de investigação e indagação. Esse sentido amplo de pesquisa se opõe ao conceito de pesquisa como tratamento de investigação científica que tem por objetivo comprovar uma hipótese levantada, através do uso de processos científicos.

Pesquisar cientificamente significa realizarmos essa busca de conhecimentos, apoiando-nos em procedimentos capazes de dar confiabilidade aos resultados. A natureza da questão que dá origem ao processo de pesquisa varia. O processo pode ser desencadeado por uma dificuldade, sentida na prática profissional, por um fato para o qual não conseguimos explicações, pela consciência de que conhecemos mal alguma situação ou, ainda, pelo interesse em criarmos condições de prever a ocorrência de determinados fenômenos.

Mas, o que é realmente uma pesquisa? Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 157), a pesquisa pode ser considerada ―um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.‖ Significa muito mais do que apenas procurar a verdade, mas descobrir respostas para perguntas ou soluções para os problemas levantados através do emprego de métodos científicos.

Para os iniciantes em pesquisa, o mais importante deve ser a ênfase, a preocupação na aplicação do método científico do que propriamente a ênfase nos resultados obtidos. O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases do método científico e à operacionalização de técnicas de investigação. À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas (BARROS; LEHFELD, 2000b).

Para Gil (2008, p. 26), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um ―processo forma l e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.‖

Pesquisa é, portanto, um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, as quais têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.

A pesquisa é realizada quando temos um problema e não temos informações para solucioná-lo.

A pesquisa procura respostas! Podemos encontrá-las ou não. As chances de sucesso certamente aumentam à medida que enfocarmos a pesquisa como um processo e não como uma simples coleta de dados.

As pesquisas devem contribuir para a formação de uma consciência crítica ou um espírito científico do pesquisador. O estudante, apoiando-se em observações, análise e deduções interpretadas, através de uma reflexão crítica, vai, paulatinamente, formando o seu espírito científico, o qual não é inato. Sua edificação e seu aprimoramento são conquistas que o universitário vai obtendo ao longo de seus estudos, da realização de pesquisas e da

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elaboração de trabalhos acadêmicos. Todo trabalho de pesquisa requer: imaginação criadora, iniciativa, persistência, originalidade e dedicação do pesquisador.

Pesquisar também é planejar. É antever toda a série de passos que devem ser dados para chegarmos a uma resposta segura sobre a questão que deu origem à pesquisa. Esses passos ou etapas devem ser percorridos dentro do contexto de uma avaliação precisa das condições de realização do trabalho, a saber:

a) tempo disponível para sua realização;

b) espaço onde será realizado;

c) recursos materiais necessários;

d) recursos humanos disponíveis.

3.2 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA

Se houve um tempo em que muitos pesquisadores acreditavam que sua firme determinação de fazer o bem, sua integridade de caráter e seu rigor científico eram suficientes para assegurar a eticidade de suas pesquisas, nos dias de hoje, essa concepção já não é mais objeto de consenso. O grande desenvolvimento e a crescente incorporação de novas tecnologias no campo da ciência em geral, a maior difusão do conhecimento científico, através dos meios de comunicação social tradicionais e, em particular, através da internet, assim como a ampliação dos movimentos sociais em defesa dos direitos individuais e coletivos, fizeram com que a discussão sobre a ética aplicada à pesquisa passasse a ter como interlocutores frequentes filósofos, teólogos, juristas, sociólogos e, sobretudo, os cidadãos, seja como usuários de sistemas sociais, de saúde etc., seja como sujeitos, objetos de pesquisas científicas (PALÁCIOS et al., 2002).Nesse sentido, questionamos: o que significa falar de ―ética na pesquisa científica‖? Ética é a ciência da conduta humana; é o princípio sistemático da conduta moralmente correta.

O que é conduta moralmente correta? É aquela que conforma com as ideias ―prevalentes‖ de conduta humana. Ética na pesquisa indica uma conjunção de ―conduta‖ e de ―pesquisa‖, o que traduzimos como ―conduta moralmente correta durante uma indagação, a procura de uma resposta para uma pergunta.‖

Ética na pesquisa científica indica que o estudo em questão deve ser feito de modo a procurar sistematicamente o conhecimento, por observação, identificação,descrição, investigação experimental, produzindo resultados reprodutíveis, realizadode forma moralmente correta.

É necessário destacar alguns princípios éticos que devem ser observados naprodução e na elaboração de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações,teses, artigos, ensaios etc. Vejamos alguns desses princípios e suas implicações:

a) quando se pratica pesquisa, é indispensável pensar na responsabilidade dopesquisador no processo de suas investigações e de seus produtos. Nessesentido, a honestidade intelectual é fator indispensável aos pesquisadores,tornando-os cidadãos íntegros, éticos, justos e respeitosos consigo e com aprópria sociedade;

b) a apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros é ato antiético equalificado como crime de violação do direito autoral pela lei brasileira, assimcomo pela legislação de outros países;

c) o pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, da sua pesquisa,com autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo;

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d) é considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização doautor, constituindo assim ―crime de violação de direitos autorais‖;

e) as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orientam aescrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos acadêmicose científicos, sendo suas regras recomendadas a todo pesquisador, para terseu trabalho reconhecido como original.

3.3 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA

A pesquisa científica é uma atividade humana, cujo objetivo é conhecer e explicar os fenômenos, fornecendo respostas às questões significativas para a compreensão da natureza. Para essa tarefa, o pesquisador utiliza o conhecimento anterior acumulado e manipula cuidadosamente os diferentes métodos e técnicas para obter resultado pertinente às suas indagações. Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 157), em referência a Ander-Egg (1978, p. 28), a pesquisa é um ―procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento.‖ Esse procedimento fornece ao investigador um caminho para o conhecimento da realidade ou de verdades parciais.

O termo ―pesquisa‖ por vezes é usado indiscriminadamente, confundindo-se com uma simples indagação, procura de dados ou certos tipos de abordagens exploratórias. A pesquisa, como atividade científica completa, é mais do que isso, pois percorre, desde a formulação do problema até a apresentação dos resultados, a seguinte sequência de fases:

a) preparação da pesquisa: seleção, definição e delimitação do tópico ou problema a ser investigado; planejamento de aspectos logísticos para a realização da pesquisa; formulação de hipóteses e construção de variáveis;

b) trabalho de campo (coleta de dados);

c) processamento dos dados (sistematização e classificação dos dados);

d) análise e interpretação dos dados;

e) elaboração do relatório da pesquisa.

Seja qual for a natureza de um trabalho científico, ele precisa preencher algumas características, para ser considerado como tal. Assim, um estudo é realmente científico quando:

a) discute ideias e fatos relevantes relacionados a determinado assunto, a partir

de um marco teórico bem-fundamentado;

b) o assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores;

c) tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade;

d) demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido e a capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado;

e) diz algo que ainda não foi dito;

f) indica com clareza os procedimentos utilizados, especialmente as hipóteses (que devem ser específicas, plausíveis, relacionadas com uma teoria e conter referências empíricas) com que trabalhamos na pesquisa;

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g) fornece elementos que permitam verificar, para aceitar ou contestar, as conclusões a que chegou;

h) documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identificação das fontes utilizadas;

i) a comunicação dos dados é organizada de modo lógico, seja dedutiva, seja indutivamente;

j) é redigido de modo gramaticalmente correto, estilisticamente agradável, fraseologicamente claro e terminologicamente preciso.

Após o balanço crítico preliminar das condições ora mencionadas, a pesquisa pode ter início desenvolvendo-se através das etapas que mais adiante serão enumeradas.

3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS

A Pesquisa Científica visa a conhecer cientificamente um ou mais aspectos de determinado assunto. Para tanto, deve ser sistemática, metódica e crítica. O produto da pesquisa científica deve contribuir para o avanço do conhecimento humano. Na vida acadêmica, a pesquisa é um exercício que permite despertar o espírito de investigação diante dos trabalhos e problemas sugeridos ou propostos pelos professores e orientadores.

De acordo com Demo (2000), as pesquisas variam conforme seus gêneros. Assim, a pesquisa pode ser:

a) teórica, dedicada a estudar teorias;

b) metodológica, que se ocupa dos modos de se fazer ciência;

c) empírica, dedicada a codificar a face mensurável da realidade social;

d) prática ou pesquisa-ação, voltada para intervir na realidade social.

e) Para Andrade (1997), as pesquisas podem ser:

f) observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções, mutações e variações, dados ecológicos etc.;

g) trabalhos experimentais, que submetem o fenômeno estudado às condições controladas da experiência, abrangendo os mais variados campos;

h) trabalhos teóricos, de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos, por via indutiva ou dedutiva, apresentação de hipóteses, teorias etc.

OBSERVAÇÕES:

-__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3.4.1 do ponto de vista da sua natureza

A pesquisa, sob o ponto de vista da sua natureza, pode ser:

a) pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais;

b) pesquisa aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

3.4.2 do ponto de vista de seus objetivos

A pesquisa, sob o ponto de vista de seus objetivos, pode ser:

a) Pesquisa exploratória: quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

A pesquisa exploratória possui planejamento flexível, o que permite o estudo do tema sob diversos ângulos e aspectos. Em geral, envolve:

- levantamento bibliográfico;

- entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema

pesquisado;

- análise de exemplos que estimulem a compreensão.

b) Pesquisa descritiva: quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. Visa a descrever as características de determinada

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população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.

Tal pesquisa observa, registra, analisa e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador. Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos.

Assim, para coletar tais dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a entrevista, o formulário, o questionário, o teste e a observação.

A diferença entre a pesquisa experimental e a pesquisa descritiva é que esta procura classificar, explicar e interpretar fatos que ocorrem, enquanto a pesquisa experimental pretende demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido.

Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Incluem-se, entre as pesquisas descritivas, a maioria daquelas desenvolvidas nas ciências humanas e sociais, como as pesquisas de opinião, mercadológicas, os levantamentos socioeconômicos e psicossociais. Podemos citar, como exemplo, aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental; as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus moradores, o índice de criminalidade; as que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população, bem como descobrir a existência de associações entre variáveis, por exemplo, as pesquisas eleitorais, que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos e/ou escolaridade. Uma das características mais significativas das pesquisas descritivas é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, como o questionário e a observação sistemática.

As pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Em sua forma mais simples, as pesquisas descritivas aproximam-se das exploratórias, quando proporcionam uma nova visão do problema. Em outros casos, quando ultrapassam a identificação das relações entre as variáveis, procurando estabelecer a natureza dessas relações, aproximam-se das pesquisas explicativas.

c) Pesquisa explicativa: quando o pesquisador procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados. Visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos; ―aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas.‖ (GIL, 2010, p. 28).

Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental e, nas ciências sociais, requer o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex-post-facto. As pesquisas explicativas são mais complexas, pois, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados, têm como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Esse tipo de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas e, por esse motivo, está mais sujeita a erros.

A maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental, que possibilita a manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente, ou o fenômeno em estudo. Nas ciências sociais, a aplicação desse método reveste-se de dificuldades, razão pela qual recorremos a outros métodos, sobretudo, ao observacional. Nem sempre de controle, sendo denominadas de pesquisas ―quase experimentais‖. As pesquisas explicativas, em sua maioria, podem ser

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classificadas como experimentais ou ex-post-facto (temos um experimento que se realiza depois do fato).

A pesquisa explicativa apresenta como objetivo primordial a necessidade de aprofundamento da realidade, por meio da manipulação e do controle de variáveis, com o escopo de identificar qual a variável independente ou aquela que determina a causa da variável dependente do fenômeno em estudo para, em seguida, estudá-lo em profundidade.

3.4.3 do ponto de vista dos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtemos os dados necessários para a elaboração da pesquisa, torna-se necessário traçar um modelo conceitual e operativo dessa, denominado de design, que pode ser traduzido como delineamento, uma vez que expressa as ideias de modelo, sinopse e plano.

O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo diagramação, previsão de análise e interpretação de coleta de dados, considerando o ambiente em que são coletados e as formas de controle das variáveis envolvidas. O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de papel (pesquisa bibliográfica e pesquisa documental) e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas (pesquisa experimental, pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-ação e a pesquisa participante).

a) Pesquisa bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído

principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Em relação aos dados coletados na internet, devemos atentar à confiabilidade e fidelidade das fontes consultadas eletronicamente. Na pesquisa bibliográfica, é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras possam apresentar.é possível realizar pesquisas rigorosamente explicativas em ciências sociais, mas, em algumas áreas, sobretudo na psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau Os demais tipos de pesquisa também envolvem o estudo bibliográfico, pois todas as pesquisas necessitam de um referencial teórico. Para a pesquisa bibliográfica, é interessante utilizar as fichas de leitura, que facilitam a organização das informações obtidas.

Quanto às etapas da pesquisa bibliográfica, destacamos, aqui, alguns itens essenciais que se caracterizam como etapas imprescindíveis para a realização da pesquisa bibliográfica:

1) escolha do tema;

2) levantamento bibliográfico preliminar;

3) formulação do problema;

4) elaboração do plano provisório do assunto;

5) busca das fontes;

6) leitura do material;

7) fichamento;

8) organização lógica do assunto;

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9) redação do texto.

Os dados bibliográficos são registrados em fichas documentais ou em arquivos (pastas) na memória do computador, distinguindo-se os mais significativos.

Em seguida, o pesquisador organiza a redação provisória do trabalho (independente do tipo, nível ou da natureza), colocando em ordem os dados obtidos, a partir da preparação de um pré-sumário. Convém lembrar que o texto deve ser redigido para ser entendido tanto pelo leitor visado (orientador/banca) quanto pelo público em geral, utilizando-se citações que sustentem as afirmações, atentando às normas formais de apresentação de trabalho acadêmico e aos princípios de comunicação e expressão da língua portuguesa. Para a coleta dessas fontes, empregamos a técnica de fichamento.

b) Pesquisa documental: a pesquisa documental, devido a suas características, pode ser

confundida com a pesquisa bibliográfica. Gil (2008) destaca como principal diferença entre esses tipos de pesquisa a natureza das fontes de ambas as pesquisas. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o rol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou se caracterizar como o único delineamento utilizado para tal (BEUREN, 2006). A utilização da pesquisa documental é destacada no momento em que podemos organizar informações que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta.

Nessa tipologia de pesquisa, os documentos são classificados em dois tipos principais: fontes de primeira mão e fontes de segunda mão. Gil (2008) define os documentos de primeira mão como os que não receberam qualquer tratamento analítico, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc. Os documentos de segunda mão são os que, de alguma forma, já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, entre outros.

Entendemos por documento qualquer registro que possa ser usado como fonte de informação, por meio de investigação, que engloba: observação (crítica dos dados na obra); leitura (crítica da garantia, da interpretação e do valor interno da obra); reflexão (crítica do processo e do conteúdo da obra); crítica (juízo fundamentado sobre o valor do material utilizável para o trabalho científico).

Todo documento deve passar por uma avaliação crítica por parte do pesquisador, que levará em consideração seus aspectos internos e externos. No caso da crítica externa, serão avaliadas suas garantias e o valor de seu conteúdo.

Normalmente, ela é aplicada apenas às fontes primárias e compreende a crítica do texto, da autenticidade e da origem. Pode ser:

- Crítica do texto: verifica se o texto é autógrafo (escrito pela mão do autor).

Trata-se de um rascunho? É original? Cópia de primeira ou de segunda mão?

- Crítica de autenticidade: procura determinar quem é o autor, o tempo e as circunstâncias da composição. Podemos utilizar testemunhos externos ou analisar a obra internamente para descobrirmos sua data.

- Crítica da origem: investiga a origem do texto em análise, já que ela fundamenta a garantia da autenticidade.

Os locais de pesquisa, os tipos e a utilização de documentos podem ser:

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- Arquivos públicos (municipais, estaduais e nacionais);

- Documentos oficiais: anuários, editoriais, ordens régias, leis, atas, relatórios, ofícios, correspondências, panfletos etc.;

- Documentos jurídicos: testamentos post mortem, inventários e todos os materiais oriundos de cartórios;

- Coleções particulares: ofícios, correspondências, autobiografias, memórias etc.; iconografia: imagens, quadros, monumentos, fotografias etc.;

- Materiais cartográficos: mapas, plantas etc.;

- Arquivos particulares (instituições privadas ou domicílios particulares): igrejas,

bancos, indústrias, sindicatos, partidos políticos, escolas, residências,

hospitais, agências de serviço social, entidades de classe etc.;

- Documentos eclesiásticos, financeiros, empresariais, trabalhistas, educacionais,

memórias, fotografias, diários, autobiografias etc.

c) Pesquisa experimental: quando determinamos um objeto de estudo, selecionamos as

variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definimos as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

Portanto, na pesquisa experimental, o pesquisador procura refazer as condições de um fato a ser estudado, para observá-lo sob controle. Para tal, ele se utiliza de local apropriado, aparelhos e instrumentos de precisão, a fim de demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido, proporcionando, assim, o estudo de suas causas e seus efeitos.

A pesquisa experimental é mais frequente nas ciências tecnológicas e nas ciências biológicas. Tem como objetivo demonstrar como e por que determinado fato é produzido.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis proporciona o estudo da relação entre as causas e os efeitos de determinado fenômeno. Através da criação de situações de controle, procuramos evitar a interferência de variáveis intervenientes. Interferimos diretamente na realidade, manipulando a variável independente, a fim de observar o que acontece com a dependente. A pesquisa experimental estuda, portanto, a relação entre fenômenos, procurando saber se um é a causa do outro.

Outro aspecto importante é a diferença entre pesquisa experimental e pesquisa de laboratório. Embora o experimento predomine no laboratório, é possível utilizá-lo também nas ciências humanas e sociais. Nesse caso, o pesquisador faz seu experimento em campo.

d) Levantamento (survey): esse tipo de pesquisa ocorre quando envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento desejamos conhecer através de algum tipo de questionário. Em geral, procedemos à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obtermos asconclusões correspondentes aos dados coletados.

Segundo Gil (2008, p. 55), ―os levantamentos por amostragem desfrutam hoje de grande popularidade entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa.‖ Em realidade, o levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os outros, apresenta vantagens e limitações.

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Entre as principais vantagens dos levantamentos, estão: conhecimento direto da realidade; economia e rapidez; quantificação.

Algumas das principais limitações dos levantamentos são: ênfase nos aspectos perspectivos; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais; limitada apreensão do processo de mudança.

Tendo em vista as vantagens e as limitações apresentadas, podemos dizer que ―os levantamentos se tornam muito mais adequados para estudos descritivos do que para explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados‖, (GIL, 2008, p. 56), por exemplo, preferência eleitoral, comportamento do consumidor. São muito úteis para o estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas referentes a estruturas sociais complexas.

Após a coleta de dados sobre a investigação, procedemos à análise quantitativa dos dados para, em seguida, formular as possíveis conclusões. Quando realizada sobre populações, a coleta passa a ser denominada ―censo‖. Possui a seguinte sequência de estruturação, sendo muito usado nas pesquisas descritivas:

- especificação dos objetivos;

- operacionalização dos conceitos e das variáveis;

- elaboração do instrumento de coleta de dados;

- pré-teste do instrumento (se for o caso);

- seleção de amostra;

- coleta e verificação dos dados;

- análise e interpretação dos dados;

- apresentação dos resultados.

e) Pesquisa de campo: pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir

informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.

As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro passo, para sabermos em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que estabeleçamos um modelo teórico inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e na elaboração do plano geral da pesquisa.

Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa, determinamos as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na definição da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões.

Por último, antes que realizemos a coleta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de registro desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior.

Os estudos de campo apresentam muitas semelhanças com os levantamentos.

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Distinguem-se destes, porém, em relação principalmente a dois aspectos.

―Primeiramente, os levantamentos procuram ser representativos de um universo definido e fornecer resultados caracterizados pela precisão estatística‖ (GIL, 2008, p. 57). Em relação aos estudos de campo, ―procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis.‖ (GIL, 2008, p. 57). Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito mais flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa.

Outra distinção é a de que, no estudo de campo, estudamos um único grupo ou uma comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus componentes. Assim, ―o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de interrogação.‖ (GIL, 2008, p. 57).

Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e a análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social.

f) Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos

objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento (YIN, 2001). O estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa classificada como Aplicada, na qual se busca a aplicação prática de conhecimentos para a solução de problemas sociais (BOAVENTURA, 2004). Gil (2008) complementa afirmando que as pesquisas com esse tipo de natureza estão voltadas mais para a aplicação imediata de conhecimentos em uma realidade circunstancial, relevando o desenvolvimento de teorias.

O estudo de caso consiste em coletar e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa. É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.

O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso e profundo de um ou mais objetos (YIN, 2001). Pode permitir novas descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente. De acordo com Schramm (apud YIN, 2001), a essência do estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão, ou um conjunto de decisões, seus motivos, implementações e resultados. Gil (2010, p. 37) afirma que o estudo de caso ―consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.‖ Define-se, também, um estudo de caso da seguinte maneira: ―[...] é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. [...] Igualmente, estudos de caso diferem do método histórico, por se referirem ao presente e não ao passado.‖

Dito de outra maneira, ―o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados.‖ (YIN, 2001, p. 33). Desse modo, então, o estudo de caso não se caracteriza como uma maneira específica para a coleta de dados nem simplesmente uma característica do planejamento de pesquisa em si; é sim uma estratégia de pesquisa abrangente.

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Dito isso, o estudo de caso vem sendo utilizado com frequência pelos pesquisadores sociais, visto servir a pesquisas com diferentes propósitos, como:

- explorar situações da vida real cujos limites não estejam claramente definidos;

- descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

- explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos.

O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias quanto em descritivas e explicativas. Cabe destacar, no entanto, que existem limitações em relação ao estudo de caso, como as que são indicadas a seguir (YIN, 2001):

- falta de rigor metodológico: ―por muitas e muitas vezes, o pesquisador de estudo de caso foi negligente e permitiu que se aceitassem evidências equivocadas ou visões tendenciosas para influenciar o significado das descobertas e das conclusões.‖ (YIN, 2001, p. 29-30). O que propomos ao pesquisador disposto a desenvolver estudos de caso é que redobre seus cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados;

- dificuldade de generalização: a análise de um único ou mesmo de múltiplos casos fornece uma base muito frágil para a generalização científica. Todavia,

os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população a partir de procedimentos estatísticos, mas, sim, o de expandir ou generalizar proposições teóricas. O maior risco do estudo de caso único é que a explicação cientifica mostre-se frágil, devido a possíveis incidências de fenômenos encontrados apenas no universo pesquisado, o que pode comprometer a confiabilidade dos achados da pesquisa. Em qualquer das alternativas, o pesquisador deverá compor um cenário que corresponda à teoria que fundamenta a pesquisa e que se revele no estudo do caso, ou seja, construir uma análise que explique e preveja o fenômeno investigado;

- tempo destinado à pesquisa: temos que os estudos de caso demandam muito tempo para ser realizados e que frequentemente seus resultados se tornam pouco consistentes. Conforme Yin (2001, p. 29), ―essa queixa pode até ser procedente, dada a maneira como se realizaram estudos de caso no passado [...], mas não representa, necessariamente, a maneira como os estudos de caso serão conduzidos no futuro.‖ Devemos atentar para o fato de que os estudos de caso não precisam demorar muito tempo.

Destacamos cinco características básicas do estudo de caso: é um sistema limitado e tem fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos, as quais nem sempre são claras e precisas; é um caso sobre algo, que necessita ser identificado para conferir foco e direção à investigação; é preciso preservar o caráter único, específico, diferente, complexo do caso; a investigação decorre em ambiente natural; o investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de coleta diversificados: observações diretas e indiretas, entrevistas, questionários, narrativas, registros de áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros.

g) Pesquisa ex-post-facto: quando o ―experimento‖ se realiza depois dos fatos. A pesquisa ex-post-facto analisa situações que se desenvolveram naturalmente após algum acontecimento. É muito utilizada nas ciências sociais, pois permite a investigação de determinantes econômicos e sociais do comportamento da sociedade em geral. Estudamos um fenômeno já ocorrido, tentamos explicá-lo e entendê-lo.

Podemos definir pesquisa ex-post-facto ―como uma investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis.‖ (GIL, 2008, p. 54).

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Nessa pesquisa, buscamos saber quais os possíveis relacionamentos entre as variáveis. Ela apresenta uma análise correlacional e é aquela que acontece após

o fato ter sido consumado, mostra a falta de controle do investigador sobre a variável independente, fato que a diferencia da experimental, sendo, também, muito adotada nas ciências da saúde.

h) Pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou

com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

A pesquisa-ação acontece quando há interesse coletivo na resolução de um problema ou

suprimento de uma necessidade [...] Pesquisadores e pesquisados podem se engajar em

pesquisas bibliográficas, experimentos etc., interagindo em função de um resultado

esperado.

Nesse tipo de pesquisa, os pesquisadores e os participantes envolvem-se no trabalho de

forma cooperativa. A pesquisa-ação não se refere a um simples levantamento de dados ou

de relatórios a serem arquivados. Com a pesquisa-ação, os pesquisadores pretendem

desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados.

Diante de sua diversidade, a pesquisa-ação pode ser aplicada em diferentes áreas, sendo

as preferidas as áreas de educação, comunicação social, serviço social, organização,

tecnologia (em particular no meio rural) e práticas políticas e sindicais, podendo abranger

também urbanismo e saúde.

De modo geral, a pesquisa-ação é utilizada em ciências sociais, podendo inclusive ser

enriquecida pelas contribuições de outras linhas compatíveis (em particular, linhas

metodológicas concentradas na análise da linguagem em situação social).

Do ponto de vista científico, a proposta metodológica da pesquisa-ação oferece subsídios

para organizar a pesquisa de forma convencional, no nível da observação, do

processamento de dados, da experimentação etc., tendo importante papel a desempenhar.

i) Pesquisa participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores

e membros das situações investigadas.Essa pesquisa, assim como a pesquisa-ação,

caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A

descoberta do universo vivido pela população implica compreender, numa perspectiva

interna, o ponto de vista dos indivíduos e dos grupos acerca das situações que vivem.

Algumas tarefas são essenciais na primeira fase de montagem desse tipo de

pesquisa. São elas:

- determinação das bases teóricas da pesquisa (formulação dos objetivos, definição dos

conceitos, construção das hipóteses etc.);

- definição das técnicas de coleta de dados;

- delimitação da região a ser estudada;

- organização do processo de pesquisa participante (identificação dos colaboradores,

distribuição das tarefas, partilha das decisões etc.);

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- preparação dos pesquisadores;

- elaboração do cronograma de atividades a serem realizadas.

Na fase seguinte, é feita a identificação da estrutura social da população, do universo vivido

por ela e de seus dados socioeconômicos e tecnológicos, para descobrir as diferenças

sociais de seus membros, o que eles pensam sobre a situação em que vivem ou que estão

vivenciando, complementada pela coleta de dados sobre eles, conforme os tradicionais

estudos de comunidade. Em geral, esses dados são organizados em categorias. A coleta de

informações deve preferencialmente usar técnicas qualitativas estruturadas.Intrinsecamente,

a pesquisa participante aceita a ideologia como parte das ciências sociais e a controla via

enfrentamento aberto, ou seja, discutindo-a. Além disso, apresenta duplo desafio: pesquisar

e participar, exigindo, conforme Gil

(2010):

- realização perceptível do fenômeno participativo; sem organização comunitária não sai

autodiagnóstico;

- produção de conhecimento, também a partir da prática, evitando simples ativismo;

- equilíbrio entre forma e conteúdo; não há por que desprezar levantamentos empíricos,

construções científicas lógicas, como não há sentido em submeter a prática ao método,

tornando este fim de si mesmo;

- decisão política do pesquisador de correr o risco de identificação ideológica com a

comunidade, para não desaparecer da cena na primeira batalha, abandonando-a à sua

própria sorte, o que seria, de novo, fazê-la de cobaia;

- ao lado da competência formal acadêmica, é fundamental experiência em

desenvolvimento comunitário – teoria e prática.

A pesquisa participante compreende algumas coordenadas metodológicas jáestabelecidas,

mas que não formam um esquema rígido; o segredo de sua utilidadereside na flexibilidade,

em sua adaptação aos mais diversos contextos e situações, quepodem mudar a ordem das

etapas, eliminar algumas delas etc. Essas coordenadadecorrem de alguns pressupostos

metodológicos:

- a metodologia e o pesquisador não se separam. Somente ele conhece suaaptidões e

como as coloca a serviço das causas do setor popular onde estáinserido;

- a metodologia não se separa dos grupos sociais com quem se realiza apesquisa. Uma

metodologia para pesquisa com trabalhadores rurais serádiferente da utilizada com

trabalhadores urbanos; a metodologia para trabalhocom diferentes grupos étnicos terá

particularidades específicas etc.;

- a metodologia varia, evolui e transforma-se segundo as condições políticalocais ou a

correlação das forças sociais. Uma metodologia para ser utilizadapor um grupo popular

explorado e desorganizado contra um adversário forteé diferente daquela utilizada por um

grupo popular forte e organizado;

- a metodologia depende da estratégia global de mudança social adotada edas táticas em

curto e médio prazo.

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A metodologia desse tipo de pesquisa está direcionada à união entreconhecimento e ação,

visto que a prática (ação) é um componente essencial tambémdo processo de conhecimento

e de intervenção na realidade. Isso porque, à medidaque a ação acontece, descobrimos

novos problemas antes não pensados, cujaanálise e consequente resolução também sofrem

modificações, dado o nível maiode experiência tanto do pesquisador quanto de seus

companheiros da comunidade.

3.4.4 do ponto de vista da forma de abordagem do problema

Sob o ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa pode ser:

a) Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa

traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso

de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão,

coeficiente de correlação, análise de regressão etc.).

No desenvolvimento da pesquisa de natureza quantitativa, devemos formular hipóteses e

classificar a relação entre as variáveis para garantir a precisão dos resultados, evitando

contradições no processo de análise e interpretação.Essa forma de abordagem é

empregada em vários tipos de pesquisas, inclusive nas descritivas, principalmente quando

buscam a relação causa-efeito entre os fenômenos e também pela facilidade de poder

descrever a complexidade de determinada hipótese ou de um problema, analisar a interação

de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por

grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de

opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação

das particularidades dos comportamentos ou das atitudes dos indivíduos.

b) Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o

sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito

que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de

significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de

métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o

pesquisador é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a

analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de

abordagem.

Na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o ambiente como fonte direta dos dados. O

pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o objeto de estudo em questão,

necessitando de um trabalho mais intensivo de campo. Nesse caso, as questões são

estudadas no ambiente em que elas se apresentam sem qualquer manipulação intencional

do pesquisador. A utilização desse tipo de abordagem difere da abordagem quantitativa pelo

fato de não utilizar dados estatísticos como o centro do processo de análise de um

problema, não tendo, portanto, a prioridade de numerar ou medir unidades. Os dados

coletados nessas pesquisas são descritivos, retratando o maior número possível de

elementos existentes na realidade estudada. Preocupa-se muito mais com o processo do

que com o produto. Na análise dos dados coletados, não há preocupação em comprovar

hipóteses previamente estabelecidas, porém estas não eliminam a existência de um quadro

teórico que direcione a coleta, a análise e a interpretação dos dados.

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É comum autores não diferenciarem abordagem quantitativa da qualitativa, pois consideram

que a pesquisa quantitativa é também qualitativa. Entendemos, então, que a maneira pela

qual pretendemos analisar o problema ou fenômeno e o enfoque adotado é o que determina

uma metodologia quantitativa ou qualitativa.

Assim, o tipo de abordagem utilizada na pesquisa dependerá dos interesses do autor

(pesquisador) e do tipo de estudo que ele desenvolverá. É importante acrescentar que

essas duas abordagens estão interligadas e complementam-se.

No Quadro 5, verificamos uma comparação entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa.

O Quadro 6 apresenta uma síntese dos vários tipos de pesquisa. Importante notar que

esses tipos de pesquisa, de acordo com as diversas classificações, são abertos e podem

ser usados de forma concomitante, isto é, uma mesma pesquisa pode adotar característica

de mais de um tipo, no entanto, um deles será predominante.

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3.5 ETAPAS DA PESQUISA

3.5.1 o planejamento da pesquisa

Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências

científicas. Para que um estudo seja considerado científico, devem ser observados critérios

de coerência, consistência, originalidade e objetivação. É desejável que uma pesquisa

científica preencha os seguintes requisitos: a existência de uma pergunta a que desejamos

responder; a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; a

indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.

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O planejamento de uma pesquisa dependerá basicamente de três fases:

a) fase decisória: referente à escolha do tema, à definição e à delimitação do problema de

pesquisa;

b) fase construtiva: referente à construção de um plano de pesquisa e à execução da

pesquisa propriamente dita;

c) fase redacional: referente à análise dos dados e das informações obtidas na fase

construtiva. É a organização das ideias de forma sistematizada visando à elaboração do

relatório final (trabalho de conclusão, monografia, dissertação, tese etc.). A apresentação do

relatório de pesquisa deverá obedecer às formalidades requeridas pela Academia.

3.5.2 atitudes do pesquisador

a) Buscar constantemente a inovação e o treinamento para a pesquisa;

b) ter conhecimento do assunto a ser estudado;

c) ter formação multidisciplinar aprofundada, integridade intelectual;

d) ter visão sistêmica, sensibilidade social e imaginação disciplinada;

e) aprender a aprender. Essa talvez seja a mudança metodológica mais importante para

enfrentar a dinâmica científica e tecnológica e fugir da obsolescência;

f) ousar, avançar no desconhecido. Ter curiosidade e criatividade. É de fundamental

importância a prática diária da criação de oportunidades de pesquisa, pois é o momento em

que o pesquisador irá se familiarizando com a ambiência científica e tecnológica, através da

participação em seminários, congressos, utilização de revistas e periódicos científicos, à

escrita técnico-científica para publicação, à participação ativa, com publicações e

apresentações em jornadas científicas;

g) ensaiar novas maneiras de entender os fenômenos e suas aplicações e implicações. Ter

perseverança e paciência;

h) saber fazer. Estudar, pesquisar, realizar na prática, ter confiança na experiência. O

pesquisador deve ser desafiado a ―fazer‖ pesquisas na Universidade e/ou no setor produtivo

sempre que possível, realizando-as concretamente e tornando-as públicas;

i) evitar a compartimentalização do saber. A natureza é ―multidisciplinar‖ e complexa. Os

departamentos e as disciplinas foram criados por nós;

j) dominar as facilidades oferecidas pela informática e manter-se atualizado nessa área;

k) ter visão humanística diante dos fenômenos a serem estudados e dos interesses da

sociedade. O homem, a sociedade e o bem comum devem sempre estar presentes.

Explorar situações concretas para a prática da ética, o respeito aos valores, ao pluralismo

ideológico e às tradições;

l) ter atitude autocorretiva. Fazer autocrítica em relação às próprias pesquisas, que devem

ser examinadas sob dois pontos de vista: sua veracidade e falsidade. Essa posição pode

levar a importantes avanços na produção e democratização do saber, muito mais que a

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simples aceitação não questionada do que aparece nos livros e nas mentes dos

especialistas.

3.5.3 Fases da pesquisa

Para a elaboração de uma pesquisa científica, é imprescindível conhecer os procedimentos

e percursos a serem realizados, desde o início até sua finalização, além da divulgação dos

novos conhecimentos desenvolvidos. Assim, entendemos que pesquisa pode ser dividida

em quatro grandes fases:

a) uma que antecede a realização da pesquisa, denominada fase da formulação e do

planejamento da pesquisa;

b) momento da realização propriamente dita da pesquisa, com a coleta de dados e a busca

de informações sobre o tema escolhido; chamamos fase de desenvolvimento e execução da

pesquisa;

c) formulação da redação do texto final da pesquisa; é identificada como fase de redação

do texto final do estudo;

d) o pesquisador divulga os resultados conseguidos com o estudo praticado para a

comunidade científica e aos profissionais de sua área de atuação; intitula-se fase de

exposição do trabalho final.

Cada uma dessas fases é formada por procedimentos e passos que devem ser seguidos

sistematicamente para o bom andamento da pesquisa.

Veja, agora, quais são eles:

a) Formulação e planejamento da pesquisa

Essa etapa é composta pela escolha do assunto, pelo levantamento do material

bibliográfico, pela elaboração do problema de investigação e pela delimitação das questões

que determinam os objetos de estudo, com a investigação das produções bibliográficas

relacionadas ao assunto estudado e o posterior recolhimento dessas fontes de informação.

Isso possibilita o primeiro contato com o material bibliográfico e permite a organização e a

formulação de sínteses de leitura, o que facilita a composição da revisão de literatura a que

o pesquisador se propôs, tornando possível verificar a viabilidade e as limitações do estudo,

com a indicação de suas variáveis e hipóteses da pesquisa e, consequentemente, a

estipulação dos objetivos e a definição do método e dos processos a empregar no trabalho

(amostra, instrumentos, procedimentos e técnicas de pesquisa).

b) A escolha do assunto e a delimitação do tema

Um assunto de pesquisa é a escolha de uma área geral de interesse. É mais abrangente

que um tema, que, por sua vez, é mais abrangente do que um problema de pesquisa. Nessa

etapa, você deve responder à pergunta: ―O que pretendo abordar?‖

Para tornar um assunto pesquisável, devemos, portanto, iniciar por reduzi-lo a um tema. Em

Pesquisa, o tema é a especificação do assunto sobre o qual versará o estudo a ser

desenvolvido; deve permitir especificar sobre quem, em que contexto e sob que perspectiva

o assunto será pesquisado.

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A importância do tema deve ser explicitada pelo pesquisador. É ele quem decide por que vai

conduzir o trabalho a um rumo e não a outro. O pesquisador deverá explicitar por que o fez

e por que foi importante e/ou estratégico fazê-lo. Ele é o autor e, portanto, deve saber

defendê-lo.

A escolha do tema de uma pesquisa deverá levar em conta sua atualidade e relevância, o

conhecimento a respeito, a preferência e a aptidão pessoal do pesquisador para lidar com o

tema escolhido. A definição do tema pode surgir com base na sua observação do cotidiano,

na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com

especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas e em estudos da literatura

especializada.

A escolha do tema é a primeira etapa de um trabalho monográfico. Essa escolha deve levar

em consideração alguns pré-requisitos, como a capacidade e a formação do pesquisador,

as experiências e vivências profissionais, os conhecimentos anteriores, a relevância da

pesquisa, ou seja, se o trabalho merece ser investigado cientificamente.

Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de

pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que devem ser levadas em

consideração nessa escolha.

1) Fatores internos

- Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal: para trabalharmos

uma pesquisa, é preciso ter um mínimo de prazer nessa atividade. A escolha do tema está

vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não

seja do seu agrado tornará a pesquisa um exercício de tortura e sofrimento.

- Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa: na escolha do tema, é

preciso levar em consideração a quantidade de atividades que teremos que cumprir para

executar o trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos que temos de cumprir no nosso

cotidiano, não relacionado à pesquisa.

- O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema pretendido: é necessário

que o pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos, para não entrar

num assunto fora de sua área. Se nossa área é a de ciências humanas, devemos nos ater

aos temas relacionados a essa área.

2) Fatores externos

- A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores

acadêmicos e sociais: na escolha do tema, devemos tomar cuidado para não executarmos

um trabalho que não interessará a ninguém. Devemos verificar se o trabalho merece ser

feito e que ele tenha uma importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a

sociedade em geral.

- O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho: quando a instituição determina

um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não podemos nos enveredar por

assuntos que não nos permitirão cumprir esse prazo. O tema escolhido deve estar

delimitado dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 178

- Material de consulta e dados necessários ao pesquisador: outro problema na escolha do

tema é a disponibilidade de material para consulta. Muitas vezes o tema escolhido é pouco

trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta

dessas fontes obriga o pesquisador a buscar fontes primárias e isso demanda um tempo

maior para a realização do trabalho. Esse problema não impede a realização da pesquisa,

mas deve ser levado em consideração, para que o tempo institucional não seja

ultrapassado.

c) Revisão de literatura

Nessa fase, devemos responder às seguintes questões: quem já escreveu e o que já foi

publicado sobre o assunto, que aspectos já foram abordados, quais as lacunas existentes

na literatura. Pode objetivar determinar o ―estado da arte‖, ser uma revisão teórica, ser uma

revisão empírica ou ainda ser uma revisão histórica.

A revisão de literatura tem papel fundamental no trabalho acadêmico, pois é através dela

que você situa seu trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual faz parte,

contextualizando-o.

Situar seu trabalho é muito importante tanto para você quanto para o leitor do seu texto:

para quem escreve, porque precisará definir os autores pertinentes a fim de fundamentar

seu trabalho, o que demandará uma leitura vasta, constante e repetida; e, para quem lê,

porque pode identificar a linha teórica em que o trabalho se insere com base nos autores

selecionados para a revisão de literatura.

Assim, a revisão da literatura pode ser vista como o momento em que você situa seu

trabalho, pois, ao citar uma série de estudos prévios que servirão como ponto de partida

para sua pesquisa, você irá ―afunilando‖ sua discussão.

A revisão de literatura serve para:

- reconhecer e dar crédito à criação intelectual de outros autores. É uma questão de ética

acadêmica;

- indicar que se qualifica como membro de determinada cultura disciplinar através da

familiaridade com a produção de conhecimento prévia na área;

- abrir um espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já está estabelecido,

mas pode e deve receber novas pesquisas;

- emprestar ao texto uma voz de autoridade intelectual.

Através da revisão de literatura, você reporta e avalia o conhecimento produzido em

pesquisas prévias, destacando conceitos, procedimentos, resultados, discussões e

conclusões relevantes para seu trabalho. Nessa parte do trabalho, você discutirá as

questões relacionadas ao estado da arte da área em que sua pesquisa se insere.

Construir uma revisão não é tarefa fácil. É necessário fazer uma leitura aprofundada e

intensa dos textos que você usará como referência. Para a revisão, leve em conta:

- os verbos utilizados pelo autor nas citações;

- a relação entre as pesquisas citadas (se se sobrepõem/ contrastam entre si);

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 179

- justificar a presença dos textos citados;

- explicitar em que momentos você é o único autor do texto que está sendo construído.

É necessário fazer com que os autores que você cita dialoguem entre si, tendo você como

mediador, já que todas as pesquisas prévias reportadas na sua revisão devem ter sido

selecionadas porque, por alguma razão, são relevantes para seu trabalho. Em função disso,

nessa mediação, você poderá explicar por que as cita e em que medida contribuem para

sua pesquisa.

Apresentamos, na sequência, sugestões de como proceder, sistematicamente, visando a

realizar adequada seleção bibliográfica no que diz respeito à coleta de dados e à localização

das informações.

A coleta de dados: de posse do tema, devemos procurar na biblioteca, através de fichários,

catálogos, abstracts, uma bibliografia sobre o assunto, a qual fornecerá os dados essenciais

para a elaboração do trabalho.

Selecionadas as obras que poderão ser úteis para o desenvolvimento do assunto,

procedemos, em seguida, à localização das informações necessárias.

Localização das informações: tendo em mãos uma lista de obras identificadas como fontes

prováveis para determinado assunto, procuramos localizar as informações úteis através das

leituras. Nessas leituras, devemos proceder assim:

- Leitura prévia ou pré-leitura: procuramos o índice ou o sumário, lemos o prefácio, a

contracapa, as ―orelhas‖ do livro, os títulos e subtítulos, pesquisando a existência das

informações desejadas. Através dessa primeira leitura, fazemos uma seleção das obras que

serão examinadas mais detidamente.

- Leitura seletiva: o objetivo dessa leitura é verificar, mais atentamente, as obras que

contêm informações úteis para o trabalho. Fazemos uma leitura mais detida dos títulos, dos

subtítulos, do conteúdo das partes e dos capítulos, procedendo, assim, a uma nova seleção.

- Leitura crítica/analítica: agora a leitura deve objetivar a intelecção do texto, a preensão

do seu conteúdo, que será submetido à análise e à interpretação.

- Leitura interpretativa: entendido e analisado o texto, procuramos estabelecer relações,

confrontar ideias, refutar ou confirmar opiniões.

Caso seja necessário ampliar o levantamento bibliográfico, devemos procurar, na

bibliografia de cada obra, nas notas de rodapé, nas referências, a indicação de outras obras

e outros autores que poderão ser consultados.

O uso da biblioteca e a confecção de fichas de leitura: após a delimitação do(s) objeto(s) de

estudo da pesquisa, o pesquisador iniciará a fase de levantamento dos materiais existentes

sobre o tema ou das questões que determinam os objetos de estudo.

O levantamento bibliográfico é um apanhado geral sobre os principais documentos e

trabalhos realizados a respeito do tema escolhido, abordados anteriormente por outros

pesquisadores para a obtenção de dados para a pesquisa. Essa bibliografia deve ser capaz

de fornecer informações e contribuir com a pesquisa. O levantamento é realizado de acordo

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com um dos dois tipos de pesquisa, dependendo do tema escolhido: o método de pesquisa

documental e o método de pesquisa bibliográfico.

Com base no tema já delimitado e na revisão de literatura realizada, a próxima

etapa prevê a justificativa e a relevância do estudo proposto.

d) Justificativa

Nessa etapa, refletimos sobre ―o porquê‖ da realização da pesquisa, procurando identificar

as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a outros temas.

Perguntamos: o tema é relevante e, se é, por quê? Quais os pontos positivos que você

percebe na abordagem proposta? Que vantagens e benefícios você pressupõe que sua

pesquisa irá proporcionar? A justificativa deverá convencer quem for ler o projeto, com

relação à importância e à relevância da pesquisa proposta.

A Justificativa, num projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de

que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado.

Devemos tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não tentarmos justificar a

Hipótese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho

de pesquisa. A Justificativa exalta a importância do tema a ser estudado, ou justifica a

necessidade imperiosa de levar a efeito tal empreendimento.

Devemos ter presente que transformar um assunto em tema, fazer revisãode literatura e

justificar a relevância temática ainda não é suficiente. É preciso maiordelimitação. É

necessário transformar o tema em um problema de pesquisa. A relaçãoaqui é análoga ao

processo anterior. O tema é mais geral do que o problema. O temaainda pode não traduzir,

de forma absolutamente clara, a trajetória da pesquisa queserá realizada. É a definição clara

do Problema de Pesquisa que deverá atender aesse objetivo.

e) Problema de pesquisa

Essa etapa prevê a reflexão sobre o problema que você pretende resolver napesquisa, se é

realmente um problema e se vale a pena tentar encontrar uma soluçãopara ele. A pesquisa

científica depende da formulação adequada do problema, issoporque objetiva buscar sua

solução.

Definir o problema da pesquisa é explicitar, em uma frase objetiva,compreensível e

operacional, a dúvida com a qual nos deparamos e que planejamosresolver. Consiste em

dizer, de maneira explícita, clara e compreensível, qual adificuldade com a qual nos

defrontamos e que pretendemos resolver.

O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depoisde definido o tema,

levantamos uma questão para ser respondida através de umahipótese, que será confirmada

ou negada através do trabalho de pesquisa. O Problemaé criado pelo próprio autor e

relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criaráum questionamento para definir a

abrangência de sua pesquisa. Não há regras pararedigir um Problema, pode ser expresso

em forma de pergunta ou enunciando-oatravés de uma afirmação, no caso de questão

norteadora.

O problema, então, é qualquer questão não solvida e que é objeto de discussão, em

qualquer domínio do conhecimento. É, portanto, uma questão que mostra uma situação que

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requer discussão, investigação, decisão ou solução. De maneira simplificada, podemos dizer

que problema é uma questão a que a pesquisa pretende responder. Todo o processo de

pesquisa se desenvolverá em torno de sua solução.

Além da especificação estabelecida pelo tema, devemos restringir, ainda mais, a amplitude

da pesquisa. Precisamos optar por uma linha específica de questionamento; é necessário

sabermos explicitar a pergunta central da pesquisa.

Esse processo de delimitação não ocorre pura e simplesmente. É preciso um grande

esforço de conceituação e reflexão, bem como de pesquisa preliminar. Não podemos, a

priori, definir um ―problema de pesquisa‖ sem termos lido nada sobre um assunto.

Apresentamos, na sequência, algumas etapas essenciais para formular adequadamente o

problema de pesquisa. São elas:

- A escolha do problema de pesquisa: muitos fatores determinam a escolha de um

problema de pesquisa. O pesquisador, nesse momento, deve fazer as seguintes perguntas:

O problema é original?

O problema é relevante?

Ainda que seja ―interessante‖, é adequado para mim?

Tenho possibilidades reais para executar tal pesquisa?

Existem recursos financeiros que viabilizarão a execução do projeto?

Terei tempo suficiente para investigar tal questão?

O problema sinaliza o foco que será dado à pesquisa. Geralmente devemos considerar na

escolha desse foco: a) a relevância do problema: o problema será relevante, em termos

científicos, quando propiciar conhecimentos novos à área de estudo e, em termos práticos, a

relevância refere-se aos benefícios que sua solução trará para a humanidade, o país, a área

de conhecimento etc.; b) a oportunidade de pesquisa: escolhemos determinado problema

considerando a possibilidade de obter prestígio pessoal, profissional, intelectual ou

financiamento.

- A formulação do problema de pesquisa: após a escolha do tema e delimitado seu campo

de atuação, devemos ―transformar‖ o tema em uma questão básica.

Acreditamos que é mais importante para o desenvolvimento da ciência saber formular

problemas do que encontrar soluções.

Durante a pesquisa, é examinado, avaliado e analisado criticamente oque estipulamos e

criamos, ou seja, a delimitação de um problema sobre o temaestudado. É uma questão,

uma dúvida que se apresenta à nossa consideração paraser respondida e solucionada.

O problema envolve uma dificuldade teórica ou prática para a qual procuramossolução, isto

é, o questionamento do assunto, a pergunta de seu trabalho à qualvocê busca responder. A

formulação de perguntas e o levantamento de hipótesesfazem com que o pesquisador

penetre no conhecimento científico, buscando materialbibliográfico para o aprimoramento de

seu estudo.

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Devemos ter o cuidado de respeitar as próprias tendências, referências,aptidões, o tempo e

os recursos materiais e financeiros disponíveis para a escolha daquestão básica de estudo.

Enfrentar um problema de pesquisa para o qual não estamospreparados significa nos

fadarmos ao fracasso e à perda irremediável de tempo.

É preciso não confundir tema com problema. O tema é o assunto geral queé abordado na

pesquisa e tem caráter amplo. O problema focaliza o que vai serinvestigado dentro do tema

da pesquisa.

Além disso, é necessário também esclarecer o que é uma problemática e umproblema. Uma

problemática pode ser considerada como a colocação dos problemasque pretendemos

resolver dentro de certo campo teórico e prático. Um mesmo tema(ou assunto) pode ser

enquadrado em problemáticas diferentes.

A formulação mais frequente de um problema na literatura sobre metodologiada pesquisa

ocorre, de maneira geral, em forma de uma questão de pesquisa ouinterrogação, no

entanto, também é admitida a formulação por meio de frase afirmativa.Para formular um

problema na forma afirmativa, é preciso considerar quetanto o problema quanto a hipótese

se valem de duas variáveis que precisam ser inter-relacionadas de modo a formar uma

suposição. A grande diferença entre o problema e a hipótese reside no fato de que as

variáveis da hipótese devem possuir característicasmais operacionais, quer dizer, devem ser

mais específicas com relação ao objeto deestudo e devem ser viáveis de serem testadas em

pesquisas.

Você só poderá formular a pergunta da pesquisa, se fizer uma boa revisão deliteratura,

refletir, discutir com o orientador, reler parte do material, esboçar algumasperguntas,

submetê-las ao orientador, descartar as menos pertinentes, reformular asoutras, voltar a

discuti-las, e assim por diante, até se fixar numa frase interrogativa ouafirmativa que

sintetize bem o problema da pesquisa.

Assim, uma vez formulado o problema de pesquisa, o pesquisador tem mais claros os

caminhos que deve percorrer, pois já delimitou o ponto de partida e de chegada do seu

estudo.

A ajuda de leituras e/ou discussão de ideias, nessa fase, será preciosa. Vejamos outros

exemplos para ilustrar essa questão (Quadro 7).

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 183

Conseguir definir um tema para a monografia e afunilá-lo, lógica e consistentemente, em um

problema pesquisável dentro de condições concretas é, com certeza, a parte mais difícil do

trabalho. De resto, caberá o cuidado na escolha dos dados e das fontes de informação a

serem utilizados, a fim de obter conclusões fidedignas.

Para melhor entendimento de como deve ser formulado um problema de pesquisa, observe

os exemplos que seguem.

Exemplo:

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f)

Hipóteses

Hipótese de um trabalho científico é a suposição que fazemos, na tentativa de explicar o que

desconhecemos e o que pretendemos demonstrar, testando variáveis que poderão legitimar

ou não o que queremos explicar ou descobrir.

Essa suposição tem por característica o fato de ser provisória, devendo ser testada para

verificarmos sua validade. Exatamente por tratar-se de uma explicação, a hipótese é sempre

enunciada na forma afirmativa.

Um mesmo problema pode ter várias hipóteses, que são soluções possíveis para a sua

resolução. Além disso, à medida que verificarmos uma hipótese e não pudermos comprová-

la, isto é, a explicação não se ajustar ao problema, automaticamente poderemos criar outra,

agora com maior grau de informação do que antes.

A(s) hipótese(s) irá(ão) orientar o planejamento dos procedimentos metodológicos

necessários à execução da pesquisa. O processo de pesquisa estará voltado para a procura

de evidências que comprovem, sustentem ou refutem afirmativa feita na hipótese. A

hipótese define até que estágio você quer chegar e, por isso, será a diretriz de todo o

processo de investigação. A hipótese é sempre uma afirmação, uma resposta possível ao

problema proposto.

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Ainda, sobre a formulação de hipótese(s), tratamos mais sobre esse assunto na seção 4.4.

Exemplo:

A formulação de hipóteses é quase inevitável para quem é estudioso da área que pesquisa.

Geralmente, com base em análises do conhecimento disponível,

o pesquisador acaba ―apostando‖ naquilo que pode surgir como resultado de sua pesquisa.

Uma vez formulado o problema, é proposta uma resposta suposta, provável e provisória

(hipótese), que seria o que o pesquisador entende ser plausível como solução do problema.

Em resumo:

Característica das hipóteses:

Podemos considerar a hipótese como um enunciado geral de relaçõesentre variáveis (fatos

e fenômenos). Listamos algumas características ou critériosnecessários para a validade das

hipóteses. São eles:

- consistência lógica: o enunciado das hipóteses não pode conter contradiçõese deve ter

compatibilidade com o corpo de conhecimentos científicos;

- verificabilidade: devem ser passíveis de verificação;

- simplicidade: devem ser parcimoniosas, evitando enunciados complexos;

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- relevância: devem ter poder preditivo e/ou explicativo;

- apoio teórico: devem ser baseadas em teoria, para ter maior probabilidade deapresentar

genuína contribuição ao conhecimento científico;

- especificidade: precisam indicar as operações e as previsões a que elasdevem ser

expostas;

- plausibilidade e clareza: devem propor algo admissível e que o enunciadopossibilite o seu

entendimento;

- profundidade, fertilidade e originalidade: devem especificar os mecanismosaos quais

obedecem para alcançar níveis mais profundos da realidadefavorecer o maior número de

deduções e expressar uma solução nova para o problema.

Como formular hipóteses:

A hipótese é uma possível resposta ao problema da pesquisa e orienta abusca de outras

informações. A hipótese pode ser definida como uma suposição queantecede a constatação

dos fatos. Sua função é proporcionar explicações para certosfatos e, ao mesmo tempo,

orientar a busca de outras informações em relação à áreatemática estudada.

Além de fornecer explicações provisórias, as hipóteses elaboradas funcionamcomo

indicadoras de um caminho a seguir, isto é, como guias para os procedimentosem busca da

―verdadeira‖ solução.

Vejamos outro exemplo, cujo problema de pesquisa é o seguinte: como o Marketing de

patrocínio contribui no processo de construção da marca das organizações? Apresentamos

dois exemplos de hipótese:

Exemplo: Vejamos outro exemplo, cujo problema de pesquisa é o seguinte: como o

Marketing de patrocínio contribui no processo de construção da marca das organizações?

Apresentamos dois exemplos de hipótese:

Exemplo:

A hipótese pode também ser entendida como as relações entre duas ou mais variáveis e é

preciso que pelo menos uma delas já tenha sido fruto de conhecimento científico.

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g) Determinação dos objetivos: geral e específicos

A definição do objeto de estudo pode ser caracterizada como um desdobramento da

pergunta básica do estudo, ou seja, os itens que serão pesquisados para solucionar o

problema de pesquisa. Devemos extrair os referidos objetos de pesquisa da própria questão

central do estudo: com o problema formulado, podemos verificar o direcionamento da

pesquisa por meio dos objetos de estudo levantados a partir do desdobramento da questão

delimitada como problema de pesquisa.

Esse é o momento de definir com precisão o que pretendemos com o trabalho. O objetivo do

estudo vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo pesquisador e à

colocação de propósitos que estão diretamente relacionados com o problema de pesquisa.

É nesse momento que definimos o tipo e a natureza do trabalho, os métodos a serem

empregados, as obras e os documentos a serem estudados.

O pesquisador precisa estar atento para verificar se, ao concluir seu trabalho, conseguirá

atingir o objetivo indicado. Importante registrar que objetivos se constituem em declarações

claras e explícitas do ―para que desejamos estudar o fenômeno ou assunto‖, ou seja, o que

pretendemos alcançar com a realização da pesquisa.

Nessa fase, é preciso pensar a respeito da intenção ao propor a pesquisa, sintetizar o que

pretendemos alcançar com ela. Os objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o

problema proposto.

Outro aspecto relevante na definição dos objetivos diz respeito aos resultados que o estudo

pode alcançar e não metas externas, que podem ser atingidas ao empregarmos os

pressupostos teóricos ou as práticas pedagógicas e de treinamento que alicerçaram e

fundamentaram a revisão de literatura da pesquisa.

Uma das características dos objetivos de pesquisa: sua definição por verbos no infinitivo,

como diagnosticar, verificar, observar, analisar, examinar, identificar, distinguir, constatar,

comprovar, comparar, entre outros.

O objetivo geral será a síntese do que pretendemos alcançar, e os objetivos específicos

explicitarão os detalhes e serão um desdobramento do objetivo geral. Os objetivos

informarão para que estamos propondo a pesquisa, isto é, quais os resultadosque

pretendemos alcançar ou qual a contribuição que a pesquisa irá efetivamente proporcionar.

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Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no infinitivo e esse verbo deve

indicar uma ação possível de mensuração. Como exemplos de verbos usados na

formulação dos objetivos, podemos citar para:

- determinar estágio cognitivo de conhecimento: apontar, arrolar, definir, enunciar,

inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear;

- determinar estágio cognitivo de compreensão: descrever, discutir, esclarecer, examinar,

explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever;

- determinar estágio cognitivo de aplicação: aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar,

interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar;

- determinar estágio cognitivo de análise: analisar, classificar, comparar, constatar, criticar,

debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar;

- determinar estágio cognitivo de síntese: articular, compor, constituir, coordenar, reunir,

organizar e esquematizar;

- determinar estágio cognitivo de avaliação: apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar,

julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

É importante que os objetivos sejam claramente estabelecidos, a fim de que as fases

posteriores da pesquisa se processem de maneira satisfatória. Após essa definição, convém

definir um plano de trabalho para orientar os procedimentos seguintes. Esse plano é

provisório e passa por reformulações sucessivas. Deve ser razoavelmente elaborado

quando iniciarmos o trabalho de confecção de fichas.

Vejamos, na sequência, mais um exemplo que abrange as etapas da pesquisa desde a

escolha do assunto até a determinação dos objetivos do trabalho.

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h) Coleta de dados

Chamamos de ―coleta de dados‖ a fase do método de pesquisa, cujo objetivo é obter

informações da realidade. Nessa etapa, definimos onde e como será realizada a pesquisa.

Será definido o tipo de pesquisa, a população (universo da pesquisa), a amostragem, os

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instrumentos de coleta de dados e a forma como pretendemos tabular e analisar seus

dados. É a fase da pesquisa em que reunimos dados através de técnicas específicas.

Na coleta de dados, o leitor deve ser informado sobre como o pesquisador pretende obter os

dados de que precisa para responder ao problema. Não devemos deixar de correlacionar os

objetivos aos meios para alcançá-los, bem como de justificar a adequação de uns aos

outros.O objeto de um trabalho científico é a sistematização metódica e objetiva de

informações fragmentadas, seguida da identificação de suas relações e sequências

repetitivas, com a finalidade de descobrir respostas para determinada questão-problema.

Em geral, é impossível obter informações de todos os elementos ou indivíduos que

pretendemos estudar, seja em função da numerosidade de dados, da relação custo-

benefício, da limitação de tempo ou da acessibilidade aos dados. Para isso, a pesquisa

científica pode buscar a identificação dessas relações por meio do estudo de apenas uma

parte dos elementos que formam o universo.

Amostra:

De modo geral, as pesquisas sociais abrangem um universo de elementos tão grande que

se torna impossível considerá-lo em sua totalidade. Por essa razão, nas pesquisas sociais, é

muito frequente trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma pequena parte dos

elementos que compõem o universo. Quando um pesquisador seleciona uma pequena parte

de uma população, espera que ela seja representativa dessa população que pretende

estudar.

A definição de alguns conceitos básicos é fundamental para a compreensão do problema da

amostragem na pesquisa social. População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de

indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo.

A definição da população-alvo tem uma influência direta sobre a generalização dos

resultados. Portanto, o pesquisador deve se preocupar com o tamanho e a qualidade da

amostra, entendida como ―um subconjunto de indivíduos da população-alvo‖, sobre o qual o

estudo será efetuado.

Formulário: é o sistema de coleta de dados que obtém informações diretamente do

entrevistado. É uma lista de questões que serão anotadas por um entrevistador, à medida

que fizer suas observações ou receber respostas, numa situação face a face com a outra

pessoa (o informante), ou pelo próprio pesquisado, sob sua orientação. Espécie de

questionário preenchido pelo próprio pesquisador de acordo com as respostas do

informante. Tem como vantagem permitir esclarecimento verbal adicional para as questões

de entendimento mais difícil. Podemos concluir que formulário é um questionário usado para

realizar a entrevista pessoal. O que diferencia o formulário do questionário é o contato face

a face e o preenchimento das respostas pelo entrevistador, no momento da entrevista.

Para definir os métodos e as técnicas de coleta de dados a serem utilizados, não devemos

perder de vista os objetivos – geral e específicos –, isso porque os dados coletados têm,

como função, oferecer subsídios para responder à questão central do problema e,

consequentemente, atingir o objetivo geral. O Quadro 9 apresenta uma síntese sobre os

métodos e as técnicas que devem ser utilizadas na construção do Projeto de Pesquisa.

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i) Tabulação e apresentação dos dados

Nessa etapa, podemos lançar mão de recursos manuais ou computacionais para organizar

os dados obtidos na pesquisa de campo. Atualmente, com o advento da informática, é

natural que escolhamos os recursos computacionais para dar suporte à elaboração de

índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos.

j) Análise e interpretação dos dados

Essa fase da pesquisa, analítica e descritiva, prevê a interpretação e a análise dos dados

tabulados, os quais foram organizados na etapa anterior. A análise deve ser feita a fim de

atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o

objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa.

A análise e a interpretação desenvolvem-se a partir das evidências observadas, de acordo

com a metodologia, com relações feitas através do referencial teórico e complementadas

com o posicionamento do pesquisador.

Após a etapa de coleta de dados, o pesquisador dispõe de todas as informações

necessárias à conclusão de seu trabalho. Isso significa que, nessa etapa, a(s) hipótese(s) já

terá(ão) sido verificada(s) e a resposta ao Problema de Pesquisa foi obtida. Essa é a etapa

da análise dos dados da pesquisa, que antecede à fase final, a de apresentação das

conclusões.

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Temos, então, que:

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

- Nesse item, devemos apresentar o desenvolvimento do trabalho.

- Os resultados devem ser organizados de acordo com a sua proposta metodológica.

- A apresentação e a análise de dados é a parte mais extensa e visa a apresentar os

resultados do trabalho.

- Sugerimos considerar os seguintes aspectos:

- Os materiais, as técnicas e os métodos devem ser descritos de maneira precisa, visando a

possibilitar a repetição do experimento com a mesma precisão.

- Devemos fazer apenas referência às técnicas e aos métodos já conhecidos e não

descrição. Técnicas novas devem ser descritas com detalhes e equipamentos ilustrados

com fotografias e desenhos.

- A análise dos dados, sua interpretação e as discussões técnicas podem ser conjugadas

ou separadas, conforme melhor se adequar aos objetivos do trabalho.

- Os resultados devem ser agrupados e ordenados convenientemente, podendo vir,

eventualmente, acompanhados de tabelas, gráficos ou figuras, com valores estatísticos,

para dar mais clareza.

- Os dados obtidos são analisados e relacionados com os principais problemas que existam

sobre o assunto, dando subsídios para a conclusão.

- Observar que é nesse momento que devemos realizar as confrontações bibliográficas e

apresentar as sugestões encontradas ou definidas na revisão realizada.

k) Conclusão ou considerações finais

A conclusão tem também sua estrutura própria. Esse é o momento em que temos condições

de sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa. Na conclusão, retomamos o problema

inicial lançado na introdução, revendo as principais contribuições que ele trouxe à pesquisa.

Essa seção deve responder aos questionamentos que balizaram o estudo, de forma

coerente com o que foi apresentado na seção introdutória.

Deverá explicitar se os objetivos foram atingidos, se a(s) hipótese(s) ou os pressupostos de

pesquisa foram ou não confirmados, esclarecendo as razões desse resultado. E,

principalmente, deverá ressaltar a contribuição da pesquisa para o meio acadêmico,

profissional, ou para o desenvolvimento da ciência ou, ainda, da área a que se refere o

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estudo. É o ponto de vista do autor sobre os resultados obtidos, bem como o alcance dos

objetivos, sugerindo novas abordagens a serem consideradas em trabalhos semelhantes,

bem como comentando sobre possíveis limitações do estudo.

Em síntese, nas CONSIDERAÇÕES FINAIS, é necessário reavaliar os

resultados obtidos em relação aos objetivos e às perguntas de estudo, observando o

seguinte:

- os resultados obtidos respondem às perguntas de estudo?

- os objetivos propostos foram alcançados: se não foram totalmente, em que nível e/ou por

que não foram alcançados, quais as dificuldades?

- brevidade, concisão e coerência: uma conclusão não pode se contrapor a outra. Se isso

acontecer, busque explicar de forma racional e convincente, não sobreponha aleatoriamente

explicações. Argumente de forma sistemática, apresentando racionalmente os fenômenos

observados ou os resultados obtidos.

OBSERVAÇÕES:

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

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MODELO ARTIGO CIENTIFICO

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PROJETO DE PESQUISA-COLÉGIO ESTADUAL TIRADENTES

NOME DO AUTOR

TÍTULO DO PROJETO

Rio Real-Ba.

2013

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NOME DO AUTOR

TÍTULO DO PROJETO

Projeto de pesquisa apresentado para o/a _____________________, sob a orientação do prof. ____________________.

Rio Real-Ba.

2013

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................

2. OBJETIVOS ............................................................................................

2.1 OBJETIVO GERAL ...............................................................................

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................

3. JUSTIFICATIVA .....................................................................................

3.1 RELEVÂNCIA........................................................................................

3.2 HIPÓTESE ............................................................................................

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...............................................................

5. METODOLOGIA ......................................................................................

6. CRONOGRAMA ......................................................................................

7 . REFERÊNCIAS .......................................................................................

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1. INTRODUÇÃO (Fonte 14, em negrito).

X

X

Representa uma visão geral do trabalho, que deve desencadear o interesse

por parte dos leitores sobre o tema em discussão. Neste item devem ser apresentados o

tema e a problemática a serem investigados. O autor do texto deve suscitar a curiosidade do

leitor fazendo com que se interesse pelo texto. Tal intento pode ser garantido, por exemplo,

através do relato de um fato ou fenômeno ocorrido na sociedade. (fonte 12)

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 206

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Parte de um projeto de pesquisa científica, na qual estão especificadas as

finalidades principais e secundárias do mesmo. Redigido com o verbo no infinitivo, de forma

clara e compreensível, normalmente em um único parágrafo. O objetivo geral será a síntese

do que se pretende alcançar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos explicitarão os detalhes e serão um desdobramento do objetivo

geral. Estes últimos devem ser composto por mais de 2 itens.

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3. JUSTIFICATIVA

Parte de um projeto de pesquisa na qual o autor defenderá a necessidade da realização do

trabalho e apresentará justificativas técnicas, profissionais, heurísticas, sociais, etc.

3.1 RELEVÂNCIA

Parte do projeto de pesquisa na qual o autor apresentará a contribuição social,

profissional e acadêmico do estudo em questão.

3.2 HIPÓTESE

Proposição provisória acerca de um fenômeno, fato ou relação entre variáveis.

Suposição realizada provisoriamente com o intuito de explicar algo que se desconhece.

Deve ser fundamental para resolver/ responder o problema da pesquisa.

As hipóteses são as possibilidades de resposta ao(s) problema(s) levantado(s) na

pesquisa. Essas hipóteses não têm a obrigatoriedade de serem confirmadas pela pesquisa.

Como o seu sentido etimológico já demonstra, hipótese significa ―aquilo que está suposto‖.

Portanto, suposições podem ser comprovadas ou não. Observe:

EXEMPLO 2:

Hipótese: Acredita-se que os meios de comunicação sejam os principais elementos

disseminadores dessa mudança comportamental em crianças da referida faixa etária.

Xxxxxxxxxxxx (Fonte12) xxxxxxxxxx xxxxx xxxxx xxxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

xxxxxxx xxx xxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxx xx xxxxx

xxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxx xxx xxxx

xxxxxxxxxxxxxxxx xx xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxx xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx xxxx xxx

xxxxxxxxxxx xxxxxxxxx xxxxxxxxx xxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxx.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Levantamento e análise criteriosa e sistemática dos resultados e conclusões de

outras pesquisas acerca de determinado tema. Nesta parte o autor da pesquisa deve

organizar, comparar e resumir outras pesquisas realizadas. Este item representa a base

teórica que vai fundamentar a reflexão e a argumentação do pesquisador. Enfim, o autor da

monografia deve demonstrar ao leitor que está muito bem embasado teoricamente.

O texto deve estar muito bem referenciado para evitar qualquer tipo de

questionamento quanto à origem do conteúdo. Quando for uma citação indireta colocar o

sobrenome do autor e o ano de publicação da obra. Quanto for uma citação direta é

necessário incluir a página em que o texto foi retirado. Se por ventura, for uma citação

direta longa é necessário fazer um recuo de 4 cm, reduzir o espacejamento para o ―simples‖

e a fonte para 10.

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5. METODOLOGIA

Parte do texto em que é indicado o modo como será desenvolvido o tema em estudo.

Segundo Pádua (2000, p. 46), essa etapa do planejamento se atém ―à indicação preliminar

dos recursos que o pesquisador pretende utilizar para a coleta de dados, quais os

procedimentos a serem adotados para a investigação científica; se possível, cabe definir

aqui também o plano de análise dos dados‖. Isso quer dizer que todos os elementos

procedimentais necessários ao desenvolvimento da pesquisa devem ser especificados.

Nesse caso, o pesquisador precisa descrever quais as estratégias de que ele disporá para a

coleta, compilação e exposição dos dados a serem efetivamente utilizados em seu trabalho.

Neste item podem ser indicados diversos tipos; tais como pesquisa/revisão bibliográfica;

estudo de caso, pesquisa documental, trabalho de campo.

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6. CRONOGRAMA

O cronograma é a representação gráfica ou em forma de tabela que descreve uma

lista de atividades a serem realizadas e o tempo que elas consumirão.

O cronograma diz respeito às atividades futuras que serão desenvolvidas pelo

pesquisador

Exemplo:

Para 4 meses de pesquisa

Atividades Mês Mês Mês Mês

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7. REFERÊNCIAS

Secção normalmente situada ao final de um trabalho científico, que lista as fontes

documentais utilizadas, individualmente identificadas através de uma referência.

Com um autor:

ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes. Título da obra. Número da edição. Local de

publicação: Nome da editora, ano da publicação.

Ex: SANTOS, R. Comércio exterior. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

Com dois autores:

ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes; ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes. Título da obra.

Número da edição. Local de publicação: Nome da editora, ano da publicação.

Ex: MARTINS, C.; CALDAS, J.F. Administração geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Saraiva,

1992.

Parte de obras:

ÚLTIMO SOBRENOME, Nome do autor da parte. Título da Parte. In: Sobrenome do autor,

Prenomes. Título da obra. Número da edição. Local de publicação: Nome da editora, ano

da publicação.

Ex: CORDEIRO, J.C. O Conflito nas Organizações. In: Saraiva, José Francisco. Mudança

organizacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 1992.

Artigos de jornal:

- Com o nome do autor: ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes. Título do Artigo, Título do

jornal, Local de publicação, dia, mês abreviado, ano, seção, caderno ou parte do jornal e

a paginação correspondente. Quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação

do artigo ou matéria precede a data.

Ex: SANTOS, A.F. As empresas virtuais. Jornal Diário, São Paulo, 18 ago 1997. Encarte

Técnico, p. 8.

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- Sem o nome do autor: TÍTULO DO JORNAL. Título do artigo. Local de publicação, dia,

mês abreviado, ano.

Ex: ZERO HORA. As empresas virtuais. Porto Alegre, 15 set 1997.

Artigos de periódicos (revistas):

ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes. Título do Artigo. Título do periódico, Local de

publicação, número de volumes, número do fascículo, página inicial-final do artigo, dia, mês

abreviado, ano.

EX: CARVALHO, Antônio José. O fim dos empregos. Revista de Administração, São

Paulo, 58, n.14, p.170-182, ago-set, 1997.

Textos completos de pesquisas eletrônicas:

ÚLTIMO SOBRENOME, Prenomes. Título. Data. Endereço eletrônico: endereço.

Ex: WEBBER, S. Bussiness sources on the internet. 2003. Disponível em:<

http://www.dis.strach.ac.uk/ftp/pub/interasac/> Acesso em : 7ago. 2003

Leis:

LOCAL DE JURISDIÇÃO.Órgão competente. Título e número da lei, partes envolvidas (se

houver), relator, local, data e dados da publicação.

Ex: BRASIL. Decreto-lei n0 2423, 7 de abril de 1988. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil. Brasília, v.126, n.66, p.6009, 8 abr. 1988.

OBS: Demais referências que não estejam incluídas nos exemplos acima devem ser

pesquisadas nas normas da ABNT.

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7. REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO

As regras de apresentação representam um item fundamental na produção dos

trabalhos acadêmicos. É imprescindível destacar algumas considerações quanto à

numeração de páginas, aspectos referentes à digitação, maneira de redação, seqüência de

figuras, formatação de tópicos e estrutura de apresentação, seguindo normas da ABNT:

FORMATO:

Papel branco, formato A4 (21cm X 29,7cm);

Modelo de fonte Times New Roman ou Arial;

Tamanho de fonte 12 e tamanho menor (10) para citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas (título = 16 e subtítulo = 14)

No caso das citações com mais de três linhas, deve-se observar o recuo de 4 cm da margem esquerda.

MARGENS:

Direita e inferior de 2 cm; esquerda e superior de 3 cm;

Marca de parágrafo a 1,5cm da margem (geralmente um Tab nos teclados).

ESPACEJAMENTO:

O texto deve ser digitado com espaço 1,5;

As citações de mais de três linhas, as notas, as referências, as legendas das ilustrações e tabelas, a ficha catalográfica e a natureza do trabalho (da folha de rosto) devem ser digitados em espaços simples;

As referências, ao final do trabalho, devem ser separadas entre si com por espaço duplo;

Os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou que os sucede por dois espaços duplos.

PAGINAÇÃO

Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto devem ser contadas seqüencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior;

Havendo apêndice ou anexo as suas folhas também são contadas e numeradas de forma contínua.

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Profº. ELENILSON SANTOS

TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

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Gestão de propriedade agrícola INTRODUÇÃO Este guia apresenta algumas respostas para questões cotidianas e pode auxiliá-lo, de maneira bastante simples, na gestão de sua propriedade agrícola: 1) Você já pensou que sua forma de produzir pode não ser a mais adequada à sua realidade de mercado? 2) Já pensou em planejar de forma mais adequada ou rentável sua produção? 3) Você sabe qual o custo do seu produto? 4) Já pensou em buscar outros compradores? 5) Você já pensou em melhorar a qualidade dos seus produtos? 6) Você sabia que existe crédito disponível ao agricultor familiar com taxas de juros mais baixas? 3 – MODELOS DE GESTÃO 3.1 - O que é um modelo de gestão? O processo de gestão compreende o ato de administrar. O modelo de gestão pode auxiliar o produtor nas suas atividades do dia-a-dia e nas suas decisões. 3.2 - Como um modelo de gestão se aplica à agricultura familiar? A propriedade rural deve ser vista e administrada como uma empresa. Qualquer propriedade precisa dar retorno para garantir a sobrevivência e a prosperidade, e isso vale tanto para propriedades familiares quanto patronais. Portanto, o conceito de gestão pode ser aplicado perfeitamente na atividade agrícola familiar. 3.3 - Como utilizar o modelo de gestão? Por meio da adoção das sugestões contidas neste guia, unidas com a experiência de cada produtor, a aplicação do conceito de gestão poderá dar suporte à atividade rural em busca da redução dos riscos e de melhores resultados na produção e nos lucros. 3.4 - Quais os custos para implantação do modelo? Não há custos diretos para a compra do modelo de gestão. Basta comprar materiais para anotação e controle das etapas produtivas, que diariamente ocorrem na propriedade. Portanto, os custos básicos são aqueles com a compra de caderno e lápis. 3.5 - Quais os benefícios da adoção deste modelo? Pretende-se auxiliar o produtor rural na redução dos custos de produção, captação de crédito (barato), elevação da produtividade e da qualidade de seus produtos. Busca-se também, melhorar as condições de renda. 3.6- Para adoção do modelo precisarei mudar a forma de produção ou trocar o meu produto? Não. O modelo apenas sugere práticas a serem adotadas na atividade agropecuária como forma de melhorar a captação de crédito, a compra de insumos, as práticas produtivas e comerciais, bem como a qualidade do produto. 4 – MÓDULOS DE GESTÃO Os módulos de gestão estão didaticamente subdivididos da seguinte forma: · Planejamento e controle da produção; · Compra de insumos; · Comercialização; · Qualidade; · Custos e; · Captação de crédito.

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5 - PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO 5.1 – O que é planejamento da produção? O planejamento da produção consiste em formalizar, isto é, colocar no papel, o que se pretende que aconteça em determinado momento no futuro. No caso dos empreendimentos rurais, muitas coisas dificultam o planejamento da produção: a dependência dos recursos naturais, a sazonalidade de mercado (oferta e demanda), a perecibilidade do produto, o ciclo biológico de vegetais e de animais, o tempo de maturação dos produtos e o tempo de retorno do investimento. Outro fator importante no planejamento da produção rural é a impossibilidade de mudanças imediatas na produção. Uma vez realizado o investimento, é necessário aguardar o resultado da produção e escoá-la rapidamente, mesmo em condições desfavoráveis de mercado, a não ser que o produto possa ser estocado à espera de melhores condições de venda. Estas particularidades tornam mais difícil o gerenciamento do empreendimento rural. O emprego de técnicas gerenciais ajuda a resolver os problemas e aumentar a capacidade de sobrevivência da pequena propriedade rural. 5.2 – Como se aplica à agricultura familiar? Existem produtores rurais localizados em regiões com condições naturais favoráveis, com amplo mercado e crédito disponível e que, apesar disso, não obtiveram sucesso. Entretanto, existem outros que se encontram em situações menos favoráveis, e conseguiram sucesso em suas atividades. Provavelmente, a principal diferença entre estes produtores está na capacidade de gestão do empreendimento, ferramenta essencial para garantir competitividade. O problema principal para o insucesso de muitos produtores não está na utilização das técnicas agropecuárias, mas na compreensão do funcionamento dos mercados e na gestão do processo produtivo. Para que o agricultor familiar brasileiro se desenvolva e acompanhe a evolução do setor rural é de fundamental importância o planejamento das atividades produtivas. Como os produtores familiares em geral não possuem computador em suas propriedades, procurou-se neste guia desenvolver um modelo simples de planejamento, que poderá ser utilizado pelo próprio produtor ou com o auxílio de um técnico da extensão rural. 5.3 – Para que serve? O planejamento do empreendimento rural serve para o produtor tomar decisões sobre o que produzir quanto produzir e para quando produzir. A decisão sobre “para quando produzir” depende da época de plantio, do ciclo produtivo das culturas, informações já conhecidas pelos produtores, e dos prazos estabelecidos com os clientes. A decisão sobre “quanto produzir” dependerá da sua capacidade de produção e dos acordos de fornecimento com seus clientes. O objetivo deste módulo é auxiliar o produtor na decisão sobre o que produzir, já que esta é a primeira e mais importante decisão, a partir da qual serão tomadas as demais decisões do planejamento. 5.4 – Como utilizar? Para decidir qual produto será produzido na propriedade, o planejamento deve ser realizado da seguinte forma: utilize uma folha de papel para cada produto a ser analisado, e escreva o nome do produto no alto da folha. Faça um traço dividindo a folha de papel ao meio e, de um lado, escreva “FATORES” e, do outro, “SITUAÇÃO”. Na coluna FATORES, liste todos os fatores internos e externos que influenciam a decisão sobre a produção daquele produto. Na coluna SITUAÇÃO, indique como está sua situação em relação a cada um daqueles fatores listados. Na coluna SITUAÇÃO, o produtor deverá avaliar se sua situação para cada um destes fatores é ou não favorável para a produção do produto analisado. Os fatores internos são

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aqueles localizados geograficamente dentro da unidade de produção e/ou que são de propriedade do produto r. Os fatores internos são os seguintes: · Recursos naturais: fertilidade do solo; tipo de solo; área disponível; quantidade de chuva; temperatura do ar; disponibilidade de água; topografia da propriedade (relevo). · Recursos humanos: domínio das técnicas de produção pelo produtor, familiares e empregados; mão-de-obra necessária; afinidade do produtor com o produto analisado. · Recursos financeiros próprios: capital próprio disponível para custeio e investimento. · Recursos tecnológicos e de infra-estrutura : disponibilidade de máquinas, equipamentos e infra -estrutura necessários para a produção do produto analisado. · Atividades complementares: existência de outras atividades na propriedade complementares à produção do produto analisado, ou seja, que possam fornecer insumos ou utilizar subprodutos. Na criação de galinhas e produção de hortaliças, o esterco das galinhas serve de adubo para as hortaliças, ao mesmo tempo que o refugo das hortaliças serve de alimentação para as galinhas. · Produtividade: nível de produtividade que o produtor acredita ser possível atingir de acordo com os recursos disponíveis. Com a análise dos fatores internos o produtor poderá identificar qual é a sua competência, ou seja, quais os produtos mais adequados às suas condições. Os fatores externos são aqueles localizados geograficamente fora da unidade de produção e/ou que precisam ser adquiridos pelo produtor. São eles: · Informações sobre a demanda do produto analisado: o produtor deverá identificar os possíveis clientes para o produto analisado, a sazonalidade de consumo do produto, o nível de exigência de qualidade dos clientes, o preço histórico e o preço atual do produto e a quantidade mínima de entrega exigida pelos compradores. · Informações sobre a oferta do produto analisado: o produtor deverá identificar o nível de produção regional e verificar se o mercado do produto que está sendo analisado já está saturado; também deverá verificar se existem produtos substitutos, como, por exemplo, se está sendo avaliada a possibilidade de se plantar rúcula, o produtor também pode considerar a possibilidade de plantar chicória, pois se acontecer de ele não ter rúcula para entregar pode oferecer chicória para compensar a falta da rúcula; e outra informação sobre oferta que o produtor deve analisar é a sua capacidade de produção/venda, verificando se ele é capaz de produzir a quantidade que seus clientes exigirão. · Serviços de apoio: na decisão sobre a produção de determinado produto, o produtor deverá verificar se ele tem acesso aos insumos necessários (sementes, mudas, adubos, defensivos, matrizes etc), se existem cooperativas ou associações que adquirem insumos e/ou comercializam o produto analisado, o que pode ajudar na atividade; acesso a assistência técnica pública ou privada para a produção do produto analisado; acesso a aluguel ou compra dos equipamentos necessários; assistência técnica para manutenção de máquinas e equipamentos e também disponibilidade e acesso a crédito para a atividade analisada. 6 – GESTÃO DE COMPRAS E SUPRIMENTOS (COMPRA DE INSUMOS) 6.1 - O que é gestão de compras e suprimentos? Na prática empresarial, o termo “gestão de compras e suprimentos” é utilizado para se referir a função responsável pela administração dos processos que envolvem a aquisição de materiais (insumos) e coordenação do relacionamento com os fornecedores. De modo geral, a gestão de compras e suprimentos pode ajudar o produtor familiar a reduzir seus custos de produção garantindo maiores lucros com a venda de sua produção. 6.2 - Como se aplica a agricultura familiar?

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Como o produtor familiar é a pessoa responsável pela administração de todas as atividades que são desenvolvidas na propriedade rural, diariamente ele precisa tomar uma série de decisões relacionadas as mais diversas áreas de gestão, o que não é uma tarefa fácil. No que se refere a gestão de compras e suprimentos, se o produtor familiar for capaz de identificar tudo que afeta o processo de decisão, ele estará menos sujeito a cometer erros, contribuindo, dessa forma, para aumentar os seus ganhos. 6.3 - Para que serve? A gestão da atividade de compra de materiais tem como objetivo garantir a qualidade e o baixo custo dos produtos adquiridos pelo produtor para atender as necessidades da produção agrícola. Existem alguns conselhos básicos: a) Comprar a um preço correto; b) Comprar no momento certo; c) Comprar na qualidade correta; d) Comprar na quantidade correta; e e) Comprar do fornecedor certo. 6.4 - Como utilizar? As decisões que o produtor deve tomar são: a) De qual fornecedor ele deve comprar seus insumos (será que é mais vantajoso comprar um mesmo insumo de um único fornecedor ou de vários?) b) Quanto deve ser comprado e em que momento? c) Quando é vantajoso estocar produtos? e d) Quando é vantajoso comprar um determinado insumo ou produzi-lo na propriedade? A escolha do fornecedor: Na escolha do fornecedor o produtor rural deve levar em consideração: 1) o preço cobrado pelos insumos e as condições de pagamento oferecidas; 2) a variedade, a quantidade e a qualidade dos insumos fornecidos; 3) a localização do estabelecimento do fornecedor em relação a propriedade rural e a possibilidade de entrega na propriedade ou em um local próximo; e 4) apoio técnico. a presença de um engenheiro agrônomo prestando assistência permanente em todos os estabelecimentos que vendem defensivos e fertilizantes químicos é exigida por lei, mas a qualidade do serviço prestado varia de um estabelecimento para o outro. É comum os produtores familiares adquirirem seus insumos de fornecedores localizados próximos a propriedade. Esta proximidade favorece o contato pessoal entre o produtor familiar e o fornecedor, que somado ao longo tempo de relacionamento, favorece o surgimento de uma confiança mútua entre eles. O fato das partes se conhecerem e confiarem uma na outra pode trazer vantagens ao produtor na negociação e, portanto, deve ser levada em consideração na escolha do fornecedor. Na maior parte dos casos, estas vantagens seriam traduzidas em melhores preços e condição de pagamento, além da garantia da quantidade e qualidade dos produtos adquiridos. O surgimento da confiança é favorecido também pela freqüência com que a compra se repete. O número de fornecedores que o produtor utiliza interfere nessa freqüência, de maneira que quanto menor o número de fornecedores mais vezes a compra poderá se repetir com um mesmo fornecedor. Dessa forma, a utilização de um ou vários fornecedores de insumo é uma decisão estratégica que o produtor deve tomar, ambas com vantagens e desvantagens. Por fim, para tomar a decisão sobre “quais e quantos” fornecedores utilizar é necessário que seja feita uma pesquisa no mercado, levantando todos os fornecedores disponíveis, a qualidade de seus produtos e principalmente as condições de pagamento e vantagens oferecidas. Quantidade e momento da compra:

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A quantidade e o momento em que as compras são feitas afetam, sobretudo, o preço pago pelo insumo, o custo de transporte e o custo de manutenção do estoque (no caso que se decida estocar determinados produtos). Duas estratégias de compra podem ser utilizadas neste caso: a compra “em cima da hora” e a compra antecipada. A compra “em cima da hora” consiste em comprar apenas a quantidade suficiente para satisfazer as necessidades assim que ocorrerem, sem manter estoques. A vantagem dessa estratégia é que descarta a necessidade de gastar muito dinheiro com a compra de insumo; comprando pouco e somente quando for necessário. Por outro lado esta decisão envolveria sair para comprar insumos quase diariamente, ocasionando um alto gasto com transporte e tempo para ir até o fornecedor, além de não considerar os descontos que poderiam ser obtidos com a compra de quantidades maiores. A outra estratégia seria a compra antecipada. Esta estratégia consiste em comprar quantidades de insumo superiores a necessidade imediata da produção. Isso pode ser vantajoso quando se espera uma elevação dos preços, falta de um insumo importante para a produção ou quando o fornecedor oferece desconto de preço na compra de quantidades maiores. As principais desvantagens é que o produtor terá que gastar muito dinheiro na compra, além de arcar com os custos de armazenagem. É muito importante que as oscilações de preço dos insumos sejam constantemente acompanhadas e anotadas, para que assim os momentos de alta de preço possam ser antecipados e o produtor possa se proteger comprando antes, à preços mais baixos. Como exemplo, podemos citar o caso dos defensivos químicos e fertilizantes. Estes produtos utilizam matéria-prima importada na sua fabricação e, portanto, aumentam e diminuem de preço de acordo com alta ou queda na cotação do dólar. Assim, a compra antecipada é feita quando se espera um aumento nos preços; a quantidade adicional é comprada a um preço baixo, gerando um estoque que deve ser equilibrado com as vantagens no preço. Por outro lado, comprar “em cima da hora” é vantajoso quando os preços estão caindo, evitando assim a compra de grandes quantidades. A decisão de fazer ou comprar: O principal critério utilizado para a decisão de faze r ou comprar é o financeiro. É preciso avaliar a capacidade de produzir um insumo com custos menores do que obtê-lo no mercado. Para isso, o produtor precisa analisar se já possui o equipamento e a mão-de-obra necessária para produzir o insumo. O custo extra seria o custo associado a produção desse insumo. Dessa forma, é preciso fazer uma lista de tudo que é necessário para produção do insumo. No caso de mudas de hortaliças, por exemplo, são necessários os defensivos e fertilizantes, as bandejas de isopor onde as mudas serão cultivadas, o substrato, a semente, a estufa e a mão –de obra, além de conhecer a técnica de produção. Como na agricultura familiar a principal mão-deobra empregada na produção provém dos membros da família, a principal dificuldade econômica do produtor em alguns casos pode ser a contratar mão-deobra externa. A agricultura familiar desenvolve, em geral, sistemas complexos de produção, combinando varias culturas, criações animais e transformações primárias. Este tipo de associação permite que o subproduto gerado em uma produção possa ser aproveitado como insumo, ou matéria-prima para a fabricação de um outro insumo, utilizado na produção de outra cultura dentro do sistema. A partir dos restos de cultura, por exemplo, o produtor pode fabricar a compostagem, utilizada como matéria orgânica no preparo do solo; o esterco produzido pelos animais pode ser utilizado como fonte de matéria orgânica para o solo ou como insumo para a produção de húmus. Dessa forma, o próprio sistema de produção utilizado pelos produtores familiares, em muitos casos,

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favorece a fabricação de alguns insumos básicos, de modo que não seja necessário adquiri-los no mercado. 6.5 - Quais os custos? Os custos que estão associados a gestão da atividade de compra de insumos são baixos. Estes custos estão basicamente associados a compra de caderno, lápis e borracha, para fazer o controle, e ao gasto , com transporte e tempo para pesquisar no mercado os fornecedores dos diversos insumos, assim como condições de pagamento oferecidas por cada um deles. 6.6 - Quais os benefícios? Como foi mostrado até aqui, a gestão eficiente das compras pode contribuir na redução dos custos de produção. Em condições normais de preços, a estratégia utilizada pelo produtor pode garantir a compra dos insumos em condições melhores de preços e de pagamento. E em momentos especiais, como de elevação da cotação dos insumos, o produtor é capaz de se proteger contra os altos preços, garantindo a continuidade da sua atividade agrícola. 6.7 - Você sabia que... Os insumos adquiridos pelo produtor representam tipicamente mais da metade do valor das vendas de seus produtos finais. Isso significa dizer que reduções relativamente pequenas de custo obtidas a partir do planejamento da aquisição de insumos podem ter um impacto significativo na lucratividade da propriedade rural. Este fato justifica a atenção que deve ser dada aos problemas relacionados a compra dos insumos. 7 – MARKETING (COMERCIALIZAÇÃO) 7.1 – O que é canal de distribuição? É o conjunto de empresas ou indivíduos envolvidos no processo de tornar disponível um produto ou serviço para uso ou consumo. 7.2 – Como se aplica a agricultura familiar? Como uma das maiores dificuldades dos produtores familiares é comercializar seus produtos, entender o canal de distribuição é uma forma de verificar todos os envolvidos no processo que se inicia na roça e vai até o consumidor final.

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7.3 – Para que serve? Conhecer os canais de distribuição facilita a tomada de decisões quanto às empresas ou indivíduos para quem comercializar a produção. 7.4 – Quais os principais envolvidos? Os principais envolvidos no canal de distribuição são produtores, empresas varejistas, atacadistas e outros agentes como atravessadores. Os canais podem estar organizados de diversas formas para que o produto alcance o consumidor, como demonstrado na figura abaixo. 7.5 – Como utilizar? 1º passo: identificar as empresas que vendem o produto que se pretende comercializar; 2º passo: verificar as exigências dessas empresas quanto a quantidade de produtos, variedade, padrão, freqüência de entrega ou compra e demais exigências; 3º passo: verificar as necessidades dos clientes dessas empresas; 4º passo: selecionar as empresas que têm exigências capazes de serem atendidas, para participar do seu canal de distribuição; 5º passo: definir os contratos ou acordos com as empresas como: forma de pagamento, prazo, preço, taxas adicionais, responsabilidade pelo transporte, entre outros fatores. 6º passo: avaliar a satisfação das empresas selecionadas e a do produtor; 7º passo: fazer os ajuste necessários para que os envolvidos no canal de distribuição mantenham um bom relacionamento. 7.6 – Quais os custos? Serão utilizados papel e caneta para anotar as informações das empresas pesquisadas, o que ajudará a organizar os dados e tomar as decisões. 7.7 – Quais os benefícios? Construindo o canal de distribuição, o produtor terá mais informação sobre seus clientes e poderá prestar um melhor atendimento. Também serve para identificar novas empresas ou indivíduos que estão atuando no ramo e verificar novas oportunidades de comercialização. Com essas informações, o produtor poderá escolher aqueles que lhe conferem maiores preços ou melhores condições de pagamento. 8- GESTÃO DA QUALIDADE 8.1 – O que é um produto de qualidade? Um produto tem qualidade quando: a) está de acordo com um padrão pré-estabelecido (por clientes, pela legislação etc.) e, b) satisfaz totalmente as necessidades de quem o compra ou consome, em termos de: características do produto (aparência, sabor, cheiro, ausência de contaminantes etc.), atendimento ao cliente (quantidades, prazos, tratamento cortês etc.) e orientação ao cliente (informações sobre prazo de validade, valor nutricional, formas de consumo etc.). 8.2 – Como garantir que um produto seja de qualidade? A qualidade de um produto não é algo que surge do nada; ela pode e deve ser gerenciada pela empresa através da Gestão da Qualidade. A Gestão da Qualidade é um conjunto de atividades que uma empresa planeja, executa e melhora, ao longo de toda a produção e na cadeia produtiva, para garantir que os produtos tenham a qualidade pretendida. Em outras palavras, Gestão da Qualidade nada mais é do que o ato de gerenciar a qualidade dos produtos e dos processos que dão origem aos produtos, para satisfazer as necessidades dos clientes e reduzir custos com perdas. 8.3 – Como gerenciar a qualidade? A Gestão da Qualidade acontece na prática por meio da implantação dessas três atividades:

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a) Planejamento da qualidade: permite a empresa se preparar antes de começar a produzir seus produtos, definindo a qualidade pretendida para os mesmos a partir do que o cliente quer e a lei exige. Exemplo: levantar as reais necessidades dos clientes (que tipo de produtos querem e com que características) e as exigências da legislação; verificar se a empresa é capaz de produzir os produtos segundo tais necessidades e exigências; definir os objetivos de qualidade da empresa; elaborar o plano de atividades que a empresa irá realizar (tarefas a cumprir, resultados esperados de cada uma, responsabilidades, prazos, locais, como realizar as tarefas e quais as formas de controle da qualidade); etc; b) Controle da qualidade: permite a empresa acompanhar os processos produtivos para assegurar que a qualidade pretendida para o produto esteja sendo obtida e que produtos com problema não cheguem até o cliente. Exemplo: acompanhar e avaliar os fornecedores (inspeção de insumos); monitorar pontos críticos no processo produtivo; inspecionar a qualidade dos produtos em processo e dos produtos acabados; preservar a qualidade do produto durante manuseio, armazenagem e transporte para clientes; rastrear o histórico de produção de um produto ou lote de produtos etc; c) Melhoria da qualidade: permite a empresa identificar e priorizar problemas, descobrir suas principais causas, buscar e implantar soluções criativas e identificar oportunidades de melhoria no dia-a-dia, a partir de informaçõeslevantadas de dentro da empresa e daquelas vindas dos clientes. Exemplo: avaliar se os clientes estão satisfeitos com a qualidade dos produtos ofertados; avaliar o desempenho dos processos; identificar e priorizar problemas; analisar suas causas e tomar ações de melhoria. 8.4 – Como se aplica à agricultura familiar? A propriedade rural familiar pode e deve ser vista como uma empresa e o agricultor familiar como um empresário rural. Assim sendo, as atividades da Gestão da Qualidade (planejar-controlar-melhorar) podem ser aplicadas no dia-adia da propriedade familiar, desde a compra de insumos, passando pelo plantio e colheita e chegando até o transporte e entrega dos produtos aos clientes. 8.5 – Quais os custos? É importante esclarecer, ao contrário do que muitos possam pensar, que gerenciar a qualidade não deve ser visto como um custo a mais para o produtor rural, mas sim como um investimento que este faz em busca de melhores condições de comercialização de seus produtos e de uma melhor qualidade de vida para seus familiares. Para realizar na prática as atividades de Gestão da Qualidade é importante que o agricultor familiar invista basicamente nos seguintes fatores: a) Material de trabalho: papel e caneta para elaborar instruções de trabalho, registros de controle e plaquetas de identificação de material, do local de trabalho, de produtos etc; b) Tempo: para preparar planos de trabalho e meios para controlar os processos e produtos; identificar problemas e suas causas fundamentais; elaborar planos de ação para implantar soluções de tais problemas; medir e analisar o desempenho das atividades do dia-a-dia; analisar tudo o que está acontecendo em relação à qualidade do produto e aos processos produtivos e gerenciais da propriedade familiar. c) Conhecimento: o agricultor familiar precisa sempre buscar e atualizar informações relativas ao seu negócio como um todo e também aquelas específicas à qualidade do produto que oferece ao mercado (saber o que o cliente quer, o que a legislação exige, que avaliação o cliente tem de seus produtos, como os outros produtores estão produzindo, quais são as técnicas de produção e de gerenciamento que podem melhorar as atividades). É importante que esse conhecimento seja compartilhado com os demais membros de sua família e com os funcionários da propriedade rural;

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d) Pessoas: em qualquer empresa, os resultados positivos só surgem e ali permanecem se as pessoas forem motivadas, comprometidas e capazes de executar as tarefas de sua responsabilidade. Então, torna-se fundamental valorizar as atividades de capacitação (cursos, palestras, visitas a outras propriedades etc.) daqueles que realizam as atividades numa propriedade rural e oferecer-lhes um ambiente de trabalho favorável (em termos de organização e de relacionamento entre as pessoas), promovendo o espírito de equipe. 8.6 – Quais os benefícios para o agricultor familiar? Investir na Gestão da Qualidade traz benefícios como: a) Oferta de produtos com a qualidade garantida aos clientes; b) Melhor organização das atividades diárias de trabalho (cada coisa no seu lugar, cada pessoa sabendo o que precisa fazer, melhor utilização do tempo etc); c) Facilita para que o agricultor consiga rastrear o histórico de produção de cada produto ou lote de produto, permitindo conhecer a origem de problemas e tomar alguma atitude para saná-los e prevenir que voltem a ocorrer; d) Redução de desperdícios (de materiais, de produtos e de tempo) e, conseqüentemente, aumento da produtividade e redução dos custos de produção; e) Resolução de problemas a partir da identificação de suas causas; f) Busca contínua por oportunidades de melhoria; g) Constante busca por informações e conhecimentos sobre mercado, produtos e técnicas de produção e de gerenciamento das atividades; h) Visão geral dos processos, fazendo com que as pessoas conheçam cada etapa do processo produtivo e a sua relação com o processo como um todo; i) Hábito de anotar dados no dia-a-dia, facilitando o controle das atividades; Enfim, a Gestão da Qualidade permite que o agricultor familiar tenha visão e atitude de empresário! 8.7 – Você sabia que: a) alimentos sem qualidade podem causar sérios problemas à saúde das pessoas que os consomem e que, muitas vezes, a causa deles está na maneira como foram produzidos e manuseados na propriedade rural? b) os investimentos na Gestão da Qualidade podem ser bem menores que os custos que o agricultor vem sendo obrigado a arcar com a falta de qualidade? c) melhorar não exige necessariamente altos investimentos? Melhorar, na verdade, faz parte das pequenas atividades do dia-a-dia, sempre! d) pode ser que a propriedade rural esteja trabalhando com prejuízo e a causa disso pode ser justamente por não se praticar a Gestão da Qualidade? e) há clientes (como, por exemplo, algumas grandes redes de supermercados) que só compram produtos de propriedades rurais que praticam a Gestão da Qualidade? “O importante para o negócio é o retorno do cliente para uma nova compra e nunca o retorno do produto, pois isso é sinal de que foi devolvido por falta de qualidade. Ter qualidade é conseguir fazer com que o cliente volte a comprar de sua propriedade rural porque ficou satisfeito com o produto e com atendimento que teve”. 9 - CUSTOS E INDICADORES DE DESEMPENHO 9.1- O que são custos e indicadores de desempenho? · Custos: são os gastos necessários para produzir os produtos da empresa. Para a produção de hortaliças custo é todo o dinheiro empregado, direto ou indiretamente, na produção e comercialização de hortaliças.

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· Indicadores de desempenho: são índices utilizados para medir o desenvolvimento dos processos em uma empresa. Podem ser financeiros, medidos em dinheiro (como os custos) e não-financeiros, medidos em outra unidade que não seja dinheiro. 9.2- Como isto se relaciona com a agricultura familiar? Os custos, como dito acima, dizem respeito à quantidade de dinheiro gasto para produzir as hortaliças. Sendo assim, custos elevados podem significar desvantagens e redução de lucros. Os indicadores de desempenho servem para determinar os avanços ou falhas do que se pretende controlar. Caso o produtor queira verificar a satisfação do cliente, ele poderá utilizar, por exemplo, o nível de devolução das hortaliças pelo cliente. Se este número vem aumentando ao longo dos meses, ou anos, isto indica um mau sinal. Porém, se este número vem caindo isto indica uma boa notícia. 9.3- Como utilizar os custos e os indicadores de desempenho? Os processos de controles são relativamente simples e são resultados em longo prazo costumam ser muito positivos. Todo controle necessário à produção de hortaliças deverá seguir uma seqüência de quatro passos: 1º planejar, 2º controlar, 3º corrigir e 4º agir. Observação: É importante que toda a família e todos que ajudem na produção participem desse processo. Afinal, toda atividade na propriedade tem uma conseqüência para todos, sendo assim, o ideal é que todos saibam “para onde caminhar”. Passo 1) Planejar: se refere ao que se vai fazer no futuro. O produtor pode analisar sua situação e verificar que é necessário gastar menos para produzir, ou até mesmo aumentar sua produtividade (número de pés por área plantada). O que vai ser controlado (Passo 2) deve responder às necessitas planejadas inicialmente. Passo 2) Controlar: depois de pensar no que se vai fazer, o produtor deve passar a acompanhar o andamento das coisas. Deve pensar em formas de se controlar (medir) isto, exemplo: anotar todos os gastos realizados para saber quanto custa, ou medir quantos pés vem se plantando em um metro quadrado de canteiro. Essas informações devem ser guardadas (registro em papel ou computador) para análises futuras. Passo 3) Corrigir: o que foi registrado na etapa de controle deve ser analisado e comparado com dados anteriores para verificar se o que foi planejado está sendo comprido. Se as informações anotadas como gastos para produzir vem crescendo, o produtor deve ver onde estão as falhas, ou seja, o que vem aumentado de preço neste caso. Esta etapa serve para um ajuste (correção) das atividades no caso delas estarem “fora dos eixos”. Passo 4) Agir: é a etapa final do ciclo, nesse ponto deverá ser feita as análises do que se foi controlado e tomar novas decisões de como melhor (caso as coisas não estejam indo bem) ou como manter (se as coisas estiverem nos trilhos). 10 - Recursos Financeiros 10.1 – Quais as principais fontes de recursos financeiros para a Agricultura Familiar? Além dos recursos próprios, os agricultores familiares podem obter recursos financeiros, diretamente, por meio do crédito rural. Também podem obte-lo, indiretamente, financiando as compras de insumos ou equipamentos junto aos fornecedores e comercializando antecipadamente a produção junto às industrias e ao comercio de sua região. Os empréstimos junto a terceiros (amigos, parentes, etc) é uma outra fonte de recursos financeiros. 10.2 - O que o agricultor deve analisar quando for fazer um empréstimo? É muito importante que o agricultor analise qual a quantidade de recursos que necessita tomar emprestado, levando em consideração a sua capacidade de pagar. Para isso, é

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preciso planejar as atividades a serem desenvolvidas, e identificar as melhores alternativas de financiamento disponíveis. 10.3 – Como identificar as melhores alternativas de financiamento? Uma vez identificadas as prioridades e a quantidade de recursos que o agricultor necessita, é preciso avaliar as condições de financiamento de cada uma das linhas de crédito disponíveis (taxa de juros, limite de financiamento, prazos máximos, carência, garantias exigidas). O governo disponibiliza diversas linhas de crédito para a agricultura com condições de pagamento especiais, principalmente para a agricultura familiar. Entre os programas especiais para agricultura familiar destaca-se o PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Os governos estaduais também têm programas de crédito. Em São Paulo, por exemplo, existe o FEAP – Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca. 10.4 – Quais são as taxas de juros cobradas no credito rural oferecido pelo governo? As condições de financiamento dependem das atividades a serem financiadas e podem variar a cada ano. Em 2004, para as linhas tradicionais de credito rural a taxa de juros é de 8,75% ao ano, tanto para credito custeio como para investimento. Para as linhas de credito especiais para a agricultura familiar a taxa de juro máxima é de 4% ao ano. O FEAP oferece apenas linhas de crédito para investimento. 10.5 – Quem pode ser atendido pelo PRONAF e pelo FEAP? Os pequenos agricultores familiares, proprietários, meeiros, posseiro, parceiros ou arrendatários de imóveis rurais (com área de até quatro módulos fiscais para o PRONAF e até oito módulos fiscais para o FEAP), que morem no imóvel ou nas proximidades, usem mão-de-obra familiar e tenham até dois empregados permanentes. Os agricultores também devem ter pelo menos 80% da renda familiar proveniente da exploração agropecuária e demais atividades desenvolvidas no imóvel. 10.6 – Como fazer para ser beneficiado pelo PRONAF ou FEAP? O agricultor deve procurar o serviço de assistência técnica ou sindicato rural (de trabalhadores rurais ou patronal) para obter a Declaração de Aptidão e receber as informações e orientações necessárias. A Declaração de Aptidão é um documento que certifica que o agricultor atende aos requisitos de enquadramento como agricultor familiar. Além da Declaração de Aptidão, serão exigidos os seguintes documentos è Plano ou projeto (individual ou coletivo) das atividades agropecuárias, que pode ser elaborado conjuntamente com os serviços de assessoria técnica (Casa da Agricultura, CATI, escritórios técnicos, etc.) è Escritura do imóvel rural, quando for proprietário, ou contrato de arrendamento, quando for o caso. 10.7- Quais os bancos que operam as linhas de credito rural do governo? As linhas de credito rural para a agricultura são operadas por todos os bancos públicos ou privados. Os programas especiais são operados, principalmente, pelos bancos públicos. No Estado de São Paulo o PRONAF é operado principalmente pelo Banco do Brasil e Banco Nossa Caixa Nosso Banco. Os recursos do FEAP são operados exclusivamente pelo Banco Nossa Caixa Nosso Banco. Além dos bancos, as cooperativas de crédito, formadas por agricultores familiares, podem operar as linhas de crédito rural do governo. 10.8- O Banco exige algum tipo de garantia? Dependendo do valor do financiamento e em função do grupo em que se enquadre o agricultor (o grupo depende da renda bruta anual do agricultor), o Banco pode exigir uma ou mais das seguintes garantias: a) hipoteca

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b) penhor ou alienação fiduciária c) fiança ou aval d) fundo de aval e) aval solidário.

AS ISO 9000 E 14000 As normas de meio ambiente não são um modismo: vieram para ficar. Atendem às novas exigências do mercado, cada vez mais globalizado e competitivo, em que o fator de preservação ambiental estará cada vez mais relacionado com aceitação dos produtos, logo, com ampliação de vendas. As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental, foram inicialmente elaboradas visando o “manejo ambiental”, que significa “o que a organização faz para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades” (ISO, 2000). Assim sendo, essas normas fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, consequentemente, a satisfação do cliente), entre outras orientações, inserindo a organização no contexto ambiental. Tal como as normas ISO 9000, as normas ISO 14000 também facultam a implementação prática de seus critérios. Entretanto, devem refletir o pretendido no contexto de Planificação ambiental, que inclui planos dirigidos a tomadas de decisões que favoreçam a prevenção ou mitigação de impactos ambientais de caráter compartimental e inter-compartimental, tais como, contaminações de solo, água, ar, flora e fauna, além de processos escolhidos como significativos no contexto ambiental. A norma ISO 14001 estabelece o sistema de gestão ambiental da organização e, assim:

avalia as conseqüências ambientais das atividades, produtos e serviços da organização;

atende a demanda da sociedade; define políticas e objetivos baseados em indicadores ambientais definidos pela

organização que podem retratar necessidades desde a redução de emissões de poluentes até a utilização racional dos recursos naturais;

implicam na redução de custos, na prestação de serviços e em prevenção; é aplicada às atividades com potencial de efeito no meio ambiente; é aplicável à organização como um todo.

Ressalta-se, contudo, que nem as normas ISO 9000 nem aquelas relativas ISO 14000 são padrões de produto. O padrão de manejo do sistema nessas famílias de normas estabelece requerimentos para direcionar a organização para o que ela deva fazer para manejar processos que influenciam a qualidade (ISO 9000) ou processos que influenciam o impacto das atividades da organização no meio ambiente (ISO 14000). A natureza do trabalho desenvolvido na empresa e as suas especificidades em termos de demandas determinam os padrões relevantes do produto que devam ser considerados no contexto das normas ISO (ISO, 2000). A ISO - International Standardization for Organization é uma organização não-governamental sediada em Genebra, fundada em 23 de fevereiro de 1947 com o objetivo de ser o fórum internacional de normalização, para o que atua como entidade harmonizadora das diversas agências nacionais. Noventa e cinco por cento da produção mundial estão representados na ISO por mais de uma centena de países-membros, os quais são classificados em P (Participantes) e O

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(Observadores). A diferença fundamental entre ambos é o direito de votação que os membros P têm nos vários Comitês Técnicos, Subcomitês e Grupos de Trabalho. Para exercer seus direitos, é exigido que os países estejam em dia com suas cotas anuais de participação e atuem de forma direta no processo de elaboração e aperfeiçoamento das normas. À medida que aumentam as preocupações com a manutenção e a melhoria da qualidade do meio ambiente, bem como a proteção da saúde humana, organizações de todos os tamanhos vem crescentemente voltando suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades, produtos e serviços. O desempenho ambiental de uma organização vem tendo importância cada vez maior para as partes interessadas, internas e externas. Alcançar um desempenho ambiental consistente requer comprometimento organizacional e uma abordagem sistemática ao aprimoramento contínuo. O objetivo geral da ISO 14000 é fornecer assistência para as organizações na implantação ou no aprimoramento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Ela é consistente com a meta de “Desenvolvimento Sustentável” e é compatível com diferentes estruturas culturais, sociais e organizacionais. Um SGA oferece ordem e consistência para os esforços organizacionais no atendimento às preocupações ambientais através de alocação de recursos, definição de responsabilidades, avaliações correntes das práticas, procedimentos e processos. Demandas de mercado e gestão ambiental O desenvolvimento sustentável de uma região agrícola requer a seleção de sistemas de produção que atentem para condições ambientais diversificadas, e conseqüentemente, a escolha de tecnologias adequadas a cada um desses sistemas nesses ambientes. Devem, assim, contemplar características que propiciem a estabilidade ecológica (qualidade do ambiente), econômica (rentabilidade) e social da região. Nesse contexto, processos que fomentem a Gestão Ambiental do Espaço Agrário tornam-se fortes aliados à implantação correta desses sistemas, uma vez que fornecem um conjunto de atividades de planificação, de prática e de controle do espaço rural que define a política ambiental local, seus objetivos e responsabilidades culminando com a produtividade desejada pelo produtor aliada a minimização de impactos ambientais negativos. Assim, através da proposição de princípios, de diretrizes e de mecanismos de estruturação, controle e tomada de decisões gerenciais (sistemas de acompanhamentos), promovem o uso, a proteção, a conservação e o monitoramento de recursos naturais e sócio-econômicos do espaço rural, tendo sempre em foco as vertentes ecológicas, econômicas e sociais nessas atividades. Entretanto, as diferentes alternativas para implantar essa forma de se buscar sustentabilidade (definição de políticas regionais ou estaduais, política nacional de meio ambiente e planos “verdes”), impediam que seus benefícios fossem medidos com a acuidade necessária, com reprodutibilidade e, principalmente, comparáveis a outros inúmeros cenários propostos internacionalmente. A partir da década de 80, houve um gradativo incremento na demanda por sustentabilidade da agricultura, fomentado pelos movimentos ambientalistas pela preservação dos recursos naturais, pela demanda de produção de produtos saudáveis e “ambientalmente corretos”. A globalização de mercados, instaurada a partir da década passada, aliada às correntes e demandas de uma população mundial cada vez mais conscientizada e ativa na busca de seus direitos, culminaram na necessidade de um indicador com identidade visual própria, reconhecido a nível internacional, que assegurasse a produção dentro das

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demandas das “boas práticas agrícolas de controle”, exigidas pela sociedade. Aliam-se a elas os selos de certificação de qualidade de produto e de ambiente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atua desde 1950 no desenvolvimento de programas de certificação apropriados a diversas áreas da sociedade brasileira, em conformidade com os modelos internacionalmente aceitos e estabelecidos no âmbito do Comitê de Avaliação da Conformidade (CASCO) da “International Standartization Organization” (ISO). A diretriz da ISO 14000 A Diretriz 14000 especifica os elementos de um SGA e oferece ajuda prática para sua implementação ou aprimoramento. Ela também fornece auxílio às organizações no processo de efetivamente iniciar, aprimorar e sustentar o Sistema de Gestão Ambiental. Tais sistemas são essenciais para a habilidade de uma organização em antecipar e atender às crescentes expectativas de desempenho ambiental e para assegurar, de forma corrente, a conformidade com os requerimentos nacionais e/ou internacionais. A ISO 14.001 inclui os elementos centrais do SGA a serem utilizados para certificação/registro. A ISO 14.000 inclui princípios e elementos adicionais que a organização poderá considerar. As organizações podem considerar diferentes usos da série ISO 14.000:

Usando a ISO 14.000 - Diretrizes para Princípios, Sistemas e Técnicas de Suporte, ou parte dela, para iniciar e/ou aprimorar seu SGA. A ISO 14.000 não é destinada ao uso por entidades de registro.

Usando a ISO 14001 - Especificação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), para alcançar certificação por terceiros. A ISO 14.001 é destinada ao uso por entidades de registro.

Usando a ISO 14.000 - Diretrizes ou a ISO 14.001 – Especificações, para reconhecimento de segunda parte, entre contratados, o que pode ser apropriado para algumas relações comerciais.

Usando documentos ISO pertinentes. A escolha dependerá de uma série de fatores, tais como:

Grau de maturidade da organização: se já existir um gerenciamento sistemático poderá ser facilitada a introdução de um gerenciamento ambiental sistemático.

Possíveis vantagens e desvantagens, influenciadas pela posição no mercado, reputação atual, relações externas.

Dimensão da organização. A diretriz 14000 pode ser usada por organizações de qualquer tamanho. Todavia, a importância das Pequenas e Médias Empresas (PME) vem sendo crescentemente reconhecida pelos governos e meios empresariais. A diretriz reconhece e acomoda as necessidades das PME. Escopo da ISO 14000 A ISO 14000 oferece diretrizes para o desenvolvimento e implementação de princípios e sistemas de gestão ambiental, bem como sua coordenação com outros sistemas gerenciais. Tais diretrizes são aplicáveis a qualquer organização, independente do tamanho, tipo ou nível de maturidade, que esteja interessada em desenvolver, implementar e/ou aprimorar um SGA. As diretrizes são destinadas ao uso interno como uma ferramenta gerencial voluntária, não sendo apropriada para uso por parte de entidades de Certificação/Registro de SGA, como uma norma de especificações.

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As diretrizes baseiam-se nos elementos centrais da especificação para SGA encontrados na ISO 14001 e incluem importantes elementos adicionais para um Sistema de Gestão Ambiental amplo. Princípios e elementos de um SGA O ciclo do SGA segue a visão básica de uma organização que subscreve os seguintes princípios:

Princípio 1: Uma organização deve focalizar aquilo que precisa ser feito - deve assegurar comprometimento ao SGA e definir sua política.

Princípio 2: Uma organização deve formular um plano para cumprir com sua política ambiental.

Princípio 3: Para uma efetiva implantação, uma organização deve desenvolver as capacidades e apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas.

Princípio 4: Uma organização deve medir, monitorar e avaliar sua performance ambiental.

Princípio 5: Uma organização deve rever e continuamente aperfeiçoar seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar sua performance ambiental geral.

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AGRICULTURA SUSTENTAVEL

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MUDANDANÇA PARA O SISTEMA ORGANICO DE PRODUÇÃO

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IMPACTOS AMBIENTAIS

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RISCOS AMBIENTAIS

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ECONOMIA SOLIDARIA

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Profº. ELENILSON SANTOS

TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

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RECURSO NATURAL RENOVÁVEL

O recurso natural renovável é aquele pode ser reposto após extraído pelas atividades antrópicas. A reposição pode ocorrer de tempos em tempos. Dentre os recursos naturais renováveis podemos citar a energia eólica (ventos), aenergia solar (radiação solar), ondas do mar, hidroeletricidade, biomassa e energia geotérmica. A reposição dos recursos utilizados pode ser feita pelo homem ou naturalmente, pelo próprio ambiente. Por outro lado, os recursos naturais não-renováveis são aqueles que findam após intensa exploração realizada pelas atividades do homem, requerendo muito tempo para se regenerar.

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Todo recurso natural deve e pode ser gerido de uma maneira sustentável no objetivo de garantir a sua reposição e regeneração no meio ambiente. Em situações de intensa exploração desses recursos, mesmo sendo renováveis, há o risco de ocorrer a exaustão decorrente de um desequilíbrio ecológico. Além dos exemplos citados no início do texto, os recursos naturais renováveis abrangem organismos vivos, como por exemplo, os peixes e as plantas, e numa visão mais abrangente as águas e o ar. Em tempos de poluição e aquecimento global, a intensa exploração desses recursos tem gerado a extinção de várias espécies e, consequentemente, a perda da biodiversidade. Quando falamos em peixes, muitas espécies ainda não consumidas pelo mercado graças à investimentos em piscicultura, pois a extinção ou a baixa oferta do pescado no mar é um dos exemplos da exaustão de recursos naturais renováveis. A pesca industrial e artesanal deve seguir determinadas normas de sustentabilidade que respeite o ciclo reprodutivo das espécies e o meio aquático, para que não haja perdas ambientais, biológicas e econômicas. A curto prazo é mais lucrativo explorar intensamente um determinado recurso, mas a longo prazo, uma exploração que não respeita os limites de regeneração das espécies gerará perdas da biodiversidade e carências sociais e econômicas às atividades de exploração e extração de recursos. Os recursos naturais renováveis permanecem disponíveis desde que se respeite o meio, as condições biológicas, os ciclos reprodutivos para sua disposição no meio ambiente. Quando pensamos nesses recursos presente entre a flora e fauna, por exemplo, consideramos que cada indivíduo de cada espécie pode se regenerar, ou seja, se reproduzir a partir do código genético de seus ascendentes. As práticas de extração econômica devem ser racionais, planejas e sustentáveis. A implementação da sustentabilidade nesses recursos deve ocorrer por meio de um manejo adequado que mitiga os excessos das ações nocivas mercadológicas. Não extrair tais recursos em excesso ou desnecessariamente também é uma das principais opções possíveis pela reciclagem de matéria-prima. A reciclagem é aconselhável para os renováveis e não renováveis.

ABUNDANCIA E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA

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Proº. EVERTON LIMA

TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

LICENCIADO EM PEDAGOGIA

PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL

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Culturas Regionais

Importância econômica

No Brasil, a área plantada com frutas cítricas está ao redor de 1 milhão de hectares e a

produção supera 19 milhões de toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O país é o maior

exportador de suco concentrado congelado de laranja, cujo valor das exportações, juntamente

com as de outros derivados, tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais.

Apesar da produção estar concentrada na região sudeste, com destaque para o estado de São

Paulo, que é responsável por aproximadamente 80% da produção brasileira, a região Nordeste

responde por 8,65% da produção nacional e 12,70% da área colhida. Com relação à região

Nordeste, destacam-se os estados da Bahia e Sergipe como o 2° e 3° produtores nacionais,

respectivamente, onde a Bahia responde por 54% da produção e 45% da área colhida, e

Sergipe responde por 39% da produção e 43% da área colhida. Juntos, Bahia e Sergipe,

representam cerca de 8% da produção citrícola brasileira.

A produção integrada de citros, portanto, vem contribuir como elemento de sustentabilidade e

competitividade para o agronegócio citros, e permitir além do aumento da qualidade dos

frutos, a possibilidade de abertura de novos nichos de mercado e a exportação dos mesmos,

devido o uso de normas que atendem rigorosos padrões de controle baseados na

sustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a

substituição de insumos poluentes, utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos

procedimentos e a rastreabilidade de todo o processo, tornando-o economicamente viável,

ambientalmente correto e socialmente justo.

Dessa forma, percebe-se que a produção integrada pode alavancar mais o cultivo de citros,

sobretudo em regiões onde existe uma maior carência na organização da base produtiva, na

obtenção produtos de maior qualidade, no desenvolvimento da citricultura mais competitiva,

com redução nos custos de produção, que permita ao produtor apresentar um produto

diferenciado, que agregue mais valor e garanta a permanência no mercado consumidor,

interno ou externo.

Distribuição geográfica e aspectos gerais

O gênero Citros tem como centro de origem a Ásia, porém se encontra em várias regiões em

todo mundo, onde representa em muitas delas a principal fonte de renda. Os elementos

climáticos exercem influência sobre os citros, destacando-se dentre esses a temperatura que,

além de ter efeito acentuado sobre a qualidade do fruto, foi o fator que determinou a

distribuição geográfica das plantas cítricas na grande faixa de 40º ao norte e sul do equador. É

interessante notar que as condições climáticas do Brasil permitem ao país desenvolver uma

citricultura tropical, dos arredores do equador até as proximidades do paralelo 20º Latitude

Sul, onde predominam temperaturas mais altas, e uma citricultura menos tropical, na região

que se estende da referida latitude até o Rio Grande do Sul, de clima mais frio. Com relação a

produção mundial de citros, o Brasil figura como primeiro produtor mundial com cerca de um

milhão de hectares plantados resultando em produção de mais de 18.500.000 toneladas. No

cenário nacional, o Estado de São Paulo é o primeiro produtor, seguido pela Bahia e Sergipe

respectivamente.

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Insumos

O que são e Classificação

Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas e investimentos

que contribuem para formação de determinado resultado, mercadoria ou produto até o

acabamento ou consumo final. (Dicionário do Agrônomo, Editora Rígel, 1999).

Na atividade agrícola os insumos são compreendidos como todos os produtos necessários à

produção vegetal e animal: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros.

Para serem considerados como insumos alternativos e serem aceitos na agricultura

agroecológica, todos os produtos e substâncias ( químicos, orgânicos, biológicos ou naturais)

devem atender os seguintes requisitos:

Terem mínima ou nenhuma toxicidade (pertencentes ao grupo toxicológico IV).

Terem eficiência no combate a insetos ou microorganismos nocivos às plantas.

Terem custo reduzido para sua aquisição e emprego no campo.

Serem de manejo e aplicação simples

Devem ser fáceis de se obter.

Classificação dos Insumos:

Os insumos independentemente do sistema de produção (agroecológico

ou convencional) classificam-se em três tipos:

1) Biológicos: Compreendem produtos de origem animal ou vegetal.

Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas) ou estercos usados

como adubos, sementes e mudas, extratos de plantas (caldas à base de

vegetais), fertilizantes orgânicos líquidos, adubos verdes, microorganismos

encontrados no ambiente natural, algas e outros produtos de origem

marinha, resíduos industriais do abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos, penas, etc.).

2) Químicos ou Minerais: Compreendem tanto substâncias provenientes

de rochas, quanto aquelas produzidas artificialmente pela indústria.

São eles: temofosfatos, caldas bordalesa e sulfocálcica, pós de rochas,

micronutrientes, calcários (para calagem), agrotóxicos, fertilizantes

altamente solúveis (usados na agricultura convencional), fertilizantes de

baixa solubilidade (aceitos pelas correntes agroecológicas).

3) Mecânicos: Compreendem máquinas e equipamentos agrícolas.

Exemplos: tratores e seus implementos (arados, adubadoras, roçadoras, pulverizadores, etc.),

Armadilhas para insetos, plásticos para cobertura de canteiros, equipamento de irrigação, etc.

Insumos: Modos de Utilização

A classificação, por si só, não fornece pistas suficientes sobre os insumos permitidos ou

proibidos na agricultura orgânica. Isso ocorre porque, tanto no modelo convencional quanto

no agroecológico de produção de alimentos, utiliza-se os três tipos de insumos. O que

distingue o uso de insumos entre um modelo e outro é o modo de se desenvolver o sistema de

produção.

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O modelo de produção agrícola convencional baseia-se no uso de tecnologias voltadas para

priorizar a produtividade das lavouras, através do uso intensivo de adubos químicos sintéticos

(produzidos pela indústria) e mecânicos com alto consumo de petróleo, um recurso não-

renovável.

Além disso, é fundamental ressaltar a visão de curto prazo do modelo convencional. Esta

visão faz com que se procure extrair máximas produtividades da produção vegetal e animal,

desconsiderando os limites físicos e biológicos das espécies e do meio natural,

assim como o aspecto social da produção.

Com isso, ocorre, por exemplo, que o calendário de aplicação de fertilizantes e agrotóxicos ao

invés de seguir as necessidades das culturas, obedece a datas mensais de acordo com a

conveniência do agricultor. Ao mesmo tempo em que se injetam hormônios e antibióticos nos

animais se aumenta a suscetibilidade destes a doenças com rações ou instalações inadequados.

Compram-se sementes híbridas que necessitam de altas doses de adubos sintéticos altamente

solúveis e de agrotóxicos para terem altas produtividades, aumentando a dependência do

agricultor diante das indústrias de insumo. Estas, por sua vez, possuem o mesmo objetivo

primordial da produção convencional: maximizar seus lucros cada vez mais,

independentemente das conseqüências para a saúde das pessoas e do ambiente natural.

Exemplo de modelo agroecológico

O modelo agroecológico, por sua vez, considera que a atividade agropecuária precisa estar

apoiada numa base técnica de conhecimento adequada à diversidade e à complexidade dos

sistemas de produção de alimentos. Mais do que produtos isolados, o modelo agroecológico

busca desenvolver processos de produção capazes de integrar de modo harmônico todas as

dimensões que compõem o meio rural (ecológica, econômica, social , cultural) a fim de

promover a manutenção equilibrada do sistema no longo prazo.

Os conceitos de “otimização” e “manejo” da Agroecologia, substituem o de “maximização” e

“controle” do modelo convencional. A finalidade passa a ser a de produzir alimentos no longo

prazo, otimizando todos os recursos naturais disponíveis e priorizando a qualidade do produto

final.

Daí, o fato de se utilizarem no modelo agroecológico apenas os insumos que não agridam a

estrutura e a vida do solo, que não desequilibrem o metabolismo de plantas e animais , que

não causem riscos de vida para o agricultor e para o consumidor. Todas as proibições e

permissões de produtos consideram essas questões, pois as normas nada mais são do que o

reflexo dos princípios da Agroecologia, nos quais os insumos são meros coadjuvantes de um

sistema em que a inteligência humana assume o papel principal.

A seguir são apresentados, os mais conhecidos insumos agroecológicos:

1. Plantas Defensivas O emprego de extratos, chás ou sucos de plantas, é uma alternativa viável para o combate de

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muitas pragas e doenças.

Alho O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação

bactericida. É utilizado também como repelente de insetos nocivos como a lagarta da maçã e

o pulgão.

Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou Equisetum giganteum) Indicado e empregado na horticultura, aumenta a resistência da planta contra insetos nocivos

em geral.

Cravo de Defunto Combate pulgões, ácaros e algumas lagartas.

Fumo (Nicotina) A nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões,

tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de

lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras.

Neem ou nim (Azaridachta indica)

Têm como princípio ativo a azadiractina, encontrada nas folhas e nos frutos, é indicada para o

combate à traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como inseticida e repelente de pragas

em geral.

Pimenta

Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais no

combate aos pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas.

Primavera ou Maravilha (Bougainvillea spectabilis ou Mirabilis jalapa)

Resultante da extração do suco das folhas destas plantas, torna-se um método eficiente para

imunizar mudas de tomate contra vira cabeça do tomateiro.

Urtiga Planta empregada principalmente na horticultura, ela é útil no combate aos pulgões e para

aumentar a resistência natural.

2. Produtos Orgânicos como Agentes Defensivos

Cinzas

A cinza de madeira é um material rico em potássio, recomendado no controle de pragas e até

de algumas doenças, podendo ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.

Farinha de Trigo

A farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas

em hortas domésticas e comunitárias. Pulverizando-se de manhã as folhas atacadas, a farinha

seca ao sol, formando uma película que envolve as pragas e fazendo com que estas caiam com

o vento.

Leite

O leite em sua forma natural ou como soro é indicado para o controle de ácaros e ovos de

diversas lagartas, assim como no combate à várias doenças fúngicas e viróticas.

Sabão e suas Misturas

O sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado a outros defensivos

naturais pode aumentar a sua efetividade. Sozinho, tem bom efeito sobre muitos insetos de

corpo mole como o pulgão, as lagartas e moscas brancas. A emulsão de sabão e querosene

transforma-se em um inseticida de contato, bastante indicado para o combate a insetos

sugadores.

3. Fertilizantes Agrícolas Alternativos

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Utilizados como adubos foliares, estes fertilizantes têm como principal função a manutenção

de uma nutrição equilibrada da planta, levando-a desta forma a um aumento de sua resistência

natural contra pragas e moléstias.

Calda Biofertilizante É preparada com estercos animais, restos de culturas, capins e resíduos orgânicos em um

processo de fermentação anaeróbica ou aeróbica. Existem vários produtos que podem ser

utilizados para enriquecerem o biofertilizante.

Supermagro Indicado como fonte suplementar às plantas, o supermagro consiste em um biofertilizante

enriquecido com micronutrientes. É importante que a diluição correta seja respeitada na

aplicação.

Mudas e sementes

Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e

proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado

fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Como não existem

programas de certificação de mudas no Estados citrícolas brasileiros, à exceção de São Paulo,

cabe ao viveirista enorme parcela de responsabilidade na produção das mudas, preparando

seus lotes de matrizes – copa e porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas

instituições governamentais, garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa

qualidade genética e fitossanitária. O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está

disposto na legislação de cada estado que trata da produção e certificação de mudas.

Atualmente, nas regiões produtoras mais evoluídas do mundo citrícola, especialmente

naquelas onde ocorrem doenças disseminadas por insetos-vetores, as mudas são produzidas

em ambientes protegidos, com borbulhas e sementes originárias de blocos cultivados em

telados, que garantem a propagação de material sadio e produtivo. No Brasil, a Clorose

Variegada dos citros (CVC), está forçando o emprego dessa tecnologia. Nesses ambientes, a

utilização de técnicas apropriadas, como o uso de substratos, água de irrigação tratada contra

patógenos, fertirrigação, melhor combate a pragas e doenças, preparo da muda sem copa e

outros cuidados, o tempo de formação da muda é encurtado para cerca de 12 meses a partir da

semente.

As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando

maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,

limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as

mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No

método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,

levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar

pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.

Para o caso específico da CVC, será exigido um laudo adicional da ausência da bactéria

Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de enxertos, desde que atendam todos os

padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:

Fitossanidade Geral

Garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos patogênicos.

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Verificação varietal

Identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que compõe o lote, em

etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão Estadual de Sementes e

Mudas;

Qualidade da enxertia

Soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre o diâmetro do porta-

enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base da brotação, não

superior a 0,5 cm;

Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto

Raízes livres de doenças e pragas de solo, nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;

Qualidade nutricional da muda

Livre de qualquer desequilíbrio nutricional;

Vigor da muda

Apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e altura mínima de

60 cm;

Idade da muda

O porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de semeadura, e a muda

enxertada, não mais do que 12 meses;

Qualidade das raízes do porta-enxerto

O sistema radicular, além de ser isento de agentes fitopatogênicos, deve apresentar boa

distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;

Aspecto geral da muda

No momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e aéreo perfeitos.

Produção Integrada de Citros - BA

Plantio

O plantio deve ser feito no período chuvoso de cada região ou em outra época, desde que

exista água suficiente para irrigar ou regar as mudas. Evitar sempre os dias ensolarados e

quentes, dando preferência aos nublados e de temperatura mais amena, sem ventos. A cova é

preparada para o plantio misturando-se a terra da camada superficial com a matéria orgânica.

A essa mistura acrescentam-se superfosfato simples e calcário em função da análise do solo.

Esse material deve ser misturado à terra da superfície, jogando-se a mistura no fundo da cova.

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Procede-se o plantio dispondo-se a muda de modo que seu colo fique um pouco acima do

nível do solo (mais ou menos 5 cm). Os espaços entre as raízes são cheios com terra,

permanecendo elas estendidas em posição semelhante à que tinham no viveiro. Comprime-se

a terra sobre as raízes e ao redor da planta. Em seguida, faz-se uma “bacia” em torno da muda

e rega-se com 10 a 20 litros de água, para finamente cobrir-se com palha, capim seco ou

maravalha. Tutorar a muda se houver incidência de ventos fortes. As mudas de torrão ou

forradas na própria embalagem oferecem maior segurança, isto é, apresentam índice de

pegamento muito maior que as de raiz nua e requerem menores cuidados no plantio.

Implantação do pomar (plantio)

Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de

preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e

fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros.

O preparo do solo deve seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que

pode ser realizada em área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a

aração e gradagem. A subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo.

Pomares cítricos a serem implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de

máquinas e na renovação de pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de

subsolagem total. Adicionar nesta etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a

necessidade através da análise de solo.

Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da

variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores

deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em

nível.

Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e tratamento

fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-enxerto,

tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.

Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros

gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos

citros.

O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da propriedade deve

ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.

Variedades

Porta-enxertos e Variedades para Copa

Como procedimento estabelecido nas Normas Técnicas da Produção Integrada de Frutas –

PIF, o produtor deve utilizar no talhão uma única variedade tanto para porta-enxerto como

para copa.

Tabela 1 – Principais copas, porta-enxertos e espaçamentos recomendáveis para a

cultura dos citros na Bahia e Sergipe.

Copa Porta-enxerto Espaçamento

(m)

Laranja Lima Limão Cravo 6 x 4

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Baianinha, Salustiana, Pineapple,

Parson Brown, Midsweet, Jaffa,

Sunstar, Gardner, Kona, Biondo,

Torregrosa

Limões Cravo,

Volkameriano e

Rugoso da Flórida,

citrumelo Swingle

6 x 4.

Pêra Cravo, Rugoso e

tangerina Cleópatra.

6 x 3, 6 x 2.

Natal, Valência Montemorelos e

Tuxpan

Limões Cravo,

Volkameriano e Rugoso

da Flórida

6 x 2, 6 x 4

Tangerinas e híbridos Cravo,

Ponkan, Swatow, Dancy, Murcott,

Lee, Page, Minneola, Robinson

Limão Cravo, tangerinas

Cleópatra, Sunki, Oneco

e Swatow

6 x 4, 6 x 2.

Lima da Pérsia Limões Cravo e

Volkameriano

7 x 4, 6 x 4

Limão Tahiti Limões Cravo e

Volkameriano, citrumelo

Swingle

7 x 4, 6 x 3

Pomelo Flame Limões Cravo e

Volkameriano, cit.

Swingle, citrange Carrizo

7 x 4, 6 x 4

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

OBS.: São apresentadas várias opções de espaçamentos, considerando-se a

existência de solos mais e menos férteis, diversos tipos de manejo dos pomares,

possibilidade de irrigação e plantio de culturas intercalares e mesmo o uso de

diferentes porta-enxertos.

Tratos Culturais

Podas

As podas empregadas em pomares cítricos são de três tipos: poda de formação, de limpeza e

de rejuvenescimento. As podas, de um modo geral, devem supervisionadas por um técnico e

programados com antecedência os aspectos técnicos, tais como intensidade, época de

execução e tratamento de proteção dos locais cortados. A poda de formação tem como

objetivo formar a estrutura de sustentação, evitar a quebra de ramos e tornar a planta mais

equilibrada. A poda de formação é realizada na muda logo após a implantação do pomar,

sendo muito importante para as mudas do tipo palito ou vareta. Deve-se formar três pernadas

básicas, a partir de 45 cm até uma altura de 60 cm do solo.A poda de limpeza é feita para

retirada de ramos secos, atacados por pragas ou doenças e de ramos ladrões, improdutivos.

Essa poda elimina focos de pragas e doenças, e permite um melhor arejamento da planta.

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Quando algum ramo doente é podado deve ser, preferencialmente, tratado com pasta cúprica.

Essa operação pode ser feita utilizando-se tesouras e serras de poda.

A poda de rejuvenescimento é recomendada para pomares velhos, que produzam safras

pequenas ou frutos de má qualidade, mas cujas plantas estejam sadias. Essa operação pode ser

feita com serrotes ou moto-serra e retirada toda a copa 30-40cm acima das pernadas, expondo

todo o tronco e a parte restante dos ramos principais, que devem, por isso, ser caiados, para

proteção contra os raios solares e eliminação de fungos e parasitas. Essa poda deve ser

empregada depois da colheita, efetuando-se as adubações recomendadas pela análise de solo e

folhas e, sempre que possível, efetuando-se o plantio de leguminosas nas ruas. Todo o

material resultante da operação deve ser retirado do pomar e queimado, podendo-se também,

triturá-lo nas entrelinhas com roçadeiras, caso não seja um material muito atacado por pragas

e doenças.

Fitorreguladores

Os fitorreguladores devem ser de uso restrito e somente devem ser empregados produtos

registrados para citros, mediante recomendações técnicas e legislação vigente. O emprego de

reguladores de crescimento deve ser específico para variedades em que se torne

imprescindível seu uso e quando não for possível ser substituído por outras práticas de

manejo.

Quadro 1. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -

NTE.

Poda, desbrota e raleio

Obrigatório Recomendado Proibido

Permitido

com

restrição

Proceder poda de

limpeza quando

aplicável;

proteger os ferimentos

e regiões podadas com

produtos recomendados;

Eliminar as brotações

no porta-enxerto de

acordo com as

recomendações

técnicas;

Retirar do pomar os

restos da poda que

ofereçam riscos

fitossanitários;

Proceder a desinfestação

das ferramentas.

Podar as plantas mediante

finalidade preestabelecida

e com acompanhamento

técnico, maximizando sua

eficácia e rentabilidade;

Proceder ao raleio de

frutas para otimizar peso,

tamanho e qualidade;

Proceder poda no período

de formação;

Realizar poda de abertura

em plantas adultas,

quando necessário;

Triturar os restos de poda

não contaminantes,

mantendo-os sobre o

solo.

Manter no

pomar os

ramos

contaminantes

retirados na

poda.

---

Fitorreguladores de síntese

Utilizar somente

produtos químicos

Evitar o uso generalizado

de fitorreguladores para

Proceder à

aplicação de

Proceder à

aplicação

Page 317: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 317

registrados constantes

na grade PIC, mediante

receituário agronômico,

conforme legislação

vigente.

controle de crescimento

da planta, raleio e

desenvolvimento das

frutas.

agroquímicos

sem o devido

registro,

conforme

legislação

vigente e

utilizar

recursos

humanos sem

a devida

capacitação.

somente

quando

não puder

ser

substituído

por outras

práticas de

manejo.

Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.

Manejo e Conservação do solo

A redução da movimentação do solo é um dos princípios básicos em manejo e conservação do

solo, em função dos seguintes benefícios que proporciona: menores possibilidades de

compactação do solo; manutenção da estrutura do solo; maior infiltração de água no solo;

menores perdas de solo e água por erosão; maior disponibilidade de água para as plantas e

redução de custos.

A cobertura do solo, seja ela viva ou morta, é outro princípio básico em manejo e conservação

do solo, proporcionando os seguintes benefícios: redução dos efeitos negativos das chuvas e

enxurradas, ao evitar ou reduzir o impacto das gotas de chuva na superfície do solo;

incorporação de matéria orgânica e de nutrientes; melhoria da estrutura do solo; aumento da

infiltração e do armazenamento da água no solo; redução da temperatura do solo e de custos

relativos às capinas.

Quadro 2. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE.

Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com

restrição

Utilizar somente

herbicidas

registrados e

permitidos para

PIC e mediante

receituário

agronômico;

Utilizar

estratégias que

minimizem sua

utilização dentro

do ano agrícola;

Proceder o

registro das

aplicações no

caderno de

campo; respeitar

o período de

Controlar as plantas

infestantes,

preferencialmente por

meios manuais e/ou

mecânicos;

Reduzir o uso de

herbicidas;

Não aplicar

herbicidas pré-

emergentes.

Aplicar herbicidas

em área total,

exceto para plantio

direto;

Controlar o mato

exclusivamente

com equipamentos

que revolvam o

solo.

Utilizar

excepcionalmente

herbicidas pré-

emergentes em áreas

localizadas, mediante

justificativa técnica.

Page 318: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 318

carência para

colheita.

Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.

Subsolagem

Em pomares adultos e em formação (1 a 2 anos), recomenda-se, quando necessário, subsolar o

solo nas entrelinhas dos citros o mais profundo possível (60 a 70cm) para reduzir a

compactação e o adensamento. Após essa operação, deve-se implementar as práticas de

manejo do solo recomendadas. A faixa a ser subsolada nas ruas da cultura é a mesma onde se

passa a grade e roçadeira para controle do mato. De uma maneira geral, deve-se respeitar uma

distância de 0,50 m para fora da copa. A subsolagem deve ser efetuada logo após as primeiras

chuvas de inverno, evitando solos extremamente secos ou úmidos até a camada a ser

trabalhada.

Quadro 3. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -

NTE.

Obrigatório Recomendado Proibido

Permitido

com

restrição

Controlar os

processos de erosão;

Promover a melhoria

das condições

biológicas do solo,

manejando as plantas

infestantes, mantendo

a cobertura vegetal

para incrementar a

proteção do solo.

Evitar a gradagem e o

tráfego desnecessário de

máquinas nos pomares;

Efetuar subsolagem quando

for constatada tecnicamente

a sua necessidade;

Manter a diversidade de

espécies vegetais;

Cultivar e manejar espécies

vegetais (leguminosas e

outras) protetoras do solo;

evitar a roçagem rente ao

solo;

Manejar o mato em ruas

alternadas;

Eliminar espécies

hospedeiras de pragas.

Manter o solo

sem cobertura.

---

Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.

Mecanização do solo

O tráfego de máquinas no pomar deve ser minimizado por provocar compactação e

deformação na estrutura do solo, bem como, equipamentos desestruturadores como as grades

A subsolagem é recomendada quando forem detectados camadas de impedimento no perfil do

solo através de trincheiras, teste de compactação, penetrômetro ou coleta de amostras

indeformadas. Detectada a região compactada, o produtor deve procurar orientação técnica

Page 319: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 319

sobre equipamentos e época adequada para efetuar a operação, prosseguindo com práticas de

adubação verde e manejo de plantas infestantes e redução de trânsito no pomar. O uso de

grade nos pomares deve ser limitado, devido aos efeitos prejudiciais que pode proporcionar

como corte de raízes, erosão, compactação, destruição de plantas benéficas, oscilação da

temperatura do solo, favorecer a perda de umidade e formar poeira.

Manejo de cobertura do solo

Tem a função de controlar processo de erosão e prover a melhoria das condições biológicas

do solo. Realizar o manejo integrado de plantas invasoras. Manter a diversidade de espécies

vegetais, favorecendo a estabilidade ecológica e minimizando o uso de herbicidas e roçar as

entrelinhas, posicionando o material sobre a superfície do solo "mulching" e/ou sob a copa

dos citros.

Em um experimento conduzido num solo de Tabuleiros Costeiros classificado como

Latossolo Amarelo álico coeso sob as combinações laranja "Pêra"/limoeiro „Volkameriano‟ e

laranja „Pêra‟/limoeiro „Cravo‟, avaliou-se dois sistemas de preparo do solo na implantação

do pomar e controle de plantas infestantes. No sistema convencional adotado pela maioria dos

produtores, procedeu-se a aração, gradagem, abertura de covas e plantio das mudas cítricas e

controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo número de

gradagens nas ruas durante o ano agrícola. No sistema melhorado, realizou-se um ano antes

do plantio uma subsolagem cruzada com profundidade média de 0,55 m, plantio direto do

feijão-de-porco como cultura de espera e melhoradora do solo. Realizou-se o plantio direto na

palhada, abrindo-se apenas as covas para colocação das mudas. Nesse sistema, o controle

integrado de plantas infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato

duas vezes ao e nas ruas o plantio direto do feijão-de-porco em maio/junho e roçado

setembro/outubro para formação de cobertura morta. Observa-se pela tabela abaixo que três

anos após a implantação do pomar o manejo melhorado proporcionou melhorias significativas

dos atributos físicos do solo nas linhas e entrelinhas da cultura quando comparado ao sistema

convencional do produtor, proporcionando condições mais favoráveis para o crescimento e

produção da planta cítrica. Esse mesmo trabalho, mostrou que a melhoria da estrutura do solo

pelo preparo inicial com subsolagem e sua manutenção com a redução do trânsito de

máquinas pelo manejo integrado de plantas infestantes com coberturas vegetais, contribuiu

tanto na linha como na entrelinha da cultura, para maior retenção de água no perfil do solo em

71% dos meses avaliados em relação ao sistema convencional. Dessa forma, o período de

disponibilidade para a planta cítrica foi ampliado tanto nas linhas como nas entrelinhas da

cultura. Para as condições do Nordeste brasileiro e dos solos em estudo, esses resultados

contribuíram significativamente, para o aumento da produtividade pela redução das perdas de

frutos nos estádios cotonete, chumbinho e em muitos casos, na fase de pré-colheita (Carvalho

et al., 2003a).

Tabela 1. Médias das propriedades físicas do solo, na profundidade de 0 a

0,40 m, de dois sistemas de controle de plantas infestantes nas linhas e

entrelinhas da laranja „Pêra‟ sobre dois porta-enxertos diferentes,

submetidas a dois manejos de solo em (Cruz das Almas, BA, 2002).

Manejos

Médias das propriedades físicas do solo

Porosidade Densidade

do solo

Condutividade

hidráulica Total Macro Micro

Page 320: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 320

Linha de plantio

(subsolagem +

plantio de

leguminosa)

42,93 18,52 24,41 1,41 19,45

Linha de plantio

(três capinas

manuais nas linhas

+ três gradagens

nas entrelinhas)

34,94 9,38 25,56 1,61 1,33

Alterações Médias

(%) na linha de

plantio

+22,9 +97,4 -4,7 -14,2 +1362

Entrelinha de

plantio

(subsolagem +

plantio de

leguminosa)

39,44 14,40 25,05 1,49 6,29

Entrelinha de

plantio (três

capinas manuais

nas linhas + três

gradagens nas

entrelinhas)

34,42 8,42 26,01 1,60 4,87

Alterações Médias

(%) nas entrelinhas

+14,6 +71 -3,8 -7,3 +29,1

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

Herbicidas

Em pós-emergência, o glifosato é hoje o herbicida mais utilizado por proporcionar uma

cobertura morta, adequando-se muito bem ao manejo de coberturas vegetais na cultura. A

dose a ser aplicada dependerá da composição matoflorística e seu estádio de desenvolvimento.

A aplicação de herbicida em citros pode ser realizada por pulverizadores tratorizados e não

tratorizados. No primeiro caso, uma barra aplicadora própria para os citros é acoplada ao

trator, equipada com bicos em leque 110.01 (cor laranja) e um bico TK 0,5 na sua

extremidade para fazer o acabamento próximo ao tronco das laranjeiras. Recomenda-se para

esse tipo de aplicação velocidade do trator de 3-4 km/h, para proporcionar boa deposição da

calda do produto sobre o alvo (plantas daninhas) evitando falhas de aplicação. Desta forma, e

a depender do tipo do mato, pode-se limpar 2.000 a 3.000 plantas por dia, numa faixa de 1,80

a 2,00 m de cada lado da planta cítrica, com consumo médio de calda de 150 a 200 l/ha. São

suficientes 1.000 litros da calda para uma jornada diária de trabalho.

Nos pulverizadores costais, o bico mais indicado para a aplicação do glifosato é em leque

“Teejet” 110.02 de cor amarela, que permite boa cobertura sobre as plantas daninhas e um

consumo médio de calda, a depender do operador, de 250 a 300 l/ha. Para aumentar o

rendimento operacional, redução do custo de aplicação e simular a aplicação tratorizada,

recomenda-se aplicar em “varredura”.

Page 321: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 321

Esse método de aplicação consiste na rotação da ponta do bico, deixando sua fenda paralela

(no mesmo sentido) da haste do pulverizador e, simulando a varredura de um terreiro, efetua-

se movimentos lentos na vareta do equipamento sentido direita e esquerda ao caminhar,

conseguindo-se assim, em uma só passagem aplicar numa faixa aproximada de 1,60 a 1,80 m

em cada lado da laranjeira. Nesse método de aplicação, um homem pode limpar 500 a 700

plantas por dia. Nas duas modalidades de aplicação, o ideal é que não ocorram chuvas nas

primeiras seis horas. Pode-se, também, optar pela utilização de métodos mecânicos e culturais

no controle de plantas daninhas.

Manejo do Solo e Mato nas entrelinhas

A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam

dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,

reduzindo seu efeito sobre a compactação.

O produtor deve manejar melhor o mato, evitando concorrência pelos fatores de produção

como a água, explorando também, seu efeito benéfico como cobertura no período das chuvas.

Na época seca o mato deve ser mantido, preferencialmente, roçado baixinho, minimizando

sua concorrência por água com os citros.

Manejo de coberturas em citros

As práticas convencionalmente utilizadas no preparo e manejo dos solos em pomares e o

controle inadequado de plantas infestantes têm contribuído para aumentar sua degradação,

com redução da macroporosidade e aumento da compactação, refletindo na redução da

velocidade de infiltração e retenção de água no solo, atribuindo-se como as principais causas

da queda de rendimento da planta cítrica. A maioria dos pomares cítricos da Bahia e Sergipe,

está estabelecida em solo de Tabuleiros Costeiros caracterizados como de baixa fertilidade,

com reduzida capacidade para segurar água e adensados. Isso resulta em plantas de baixo

vigor e longevidade, com a concentração do sistema radicular (60 a 70%) nos primeiros 20cm

do perfil do solo. A presença de horizontes coesos em solos de tabuleiros reduz sua

profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no seu perfil e, principalmente, o

aprofundamento do sistema radicular das plantas cítricas em função da elevada resistência do

solo à penetração (Rezende et al., 2002). Esses fatos, associados aos constantes períodos de

estiagem que ocorrem durante o ano, fazem com que as plantas cítricas tornem-se vulneráveis

aos freqüentes estresses hídricos ao longo do ano, causando prejuízos à sua produtividade e

longevidade (Carvalho et al.,1999).

A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam

dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,

reduzindo seu efeito sobre a compactação. O produtor deve manejar melhor o mato, evitando

concorrência pelos fatores de produção como a água, explorando também, seu efeito benéfico

como cobertura no período das chuvas. Na época seca o mato deve ser mantido,

preferencialmente, roçado baixinho, minimizando sua concorrência por água com os citros. O

citricultor deve plantar as coberturas vegetais nas entrelinhas do pomar nos meses maio e

junho para as condições da Bahia e Sergipe. Chama-se atenção para o manejo da vegetação

espontânea e coberturas vegetais (gramíneas e leguminosas) em ruas alternadas do pomar.

A citricultura convencional praticada em diferentes regiões é responsável por intensa

degradação ambiental, necessitando o desenvolvimento de sistemas de produção agrícola

economicamente viáveis, energeticamente eficientes pois atualmente não basta apenas

Page 322: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 322

produzir, mas produzir com sustentabilidade, com riscos reduzidos e ao mesmo tempo,

protegendo e conservando os recursos naturais e o meio ambiente em geral.

São grandes os avanços que a citricultura brasileira tem dado nos aspectos relacionados à

planta para aumentar a produtividade, entretanto pequenos têm sido os avanços nas áreas de

manejo do solo (físico e químico) e relação solo planta, as quais têm sido importantes fatores

para a baixa produtividade dos pomares, relacionando-os ao uso e manejo inadequados do

solo no controle de plantas infestantes e com o trânsito exagerado de máquinas nos pomares

comprometendo sua capacidade produtiva. Dessa forma, as leguminosas devido as suas

características particulares e potencial para múltiplos usos, exercem mais que qualquer outra

família de plantas um papel significativo no sistema de produção de citros, seja como adubos

verdes ou como coberturas vegetais melhoradoras do solo no controle integrado de plantas

infestantes, associadas a outras práticas de manejo conservacionista.

O manejo adequado do solo no controle de plantas infestantes deve relacionar a condição

física do solo ao desenvolvimento radicular, crescimento da planta, mantendo a qualidade e

produtividade do solo, garantindo níveis adequados dos seus atributos físicos e químicos para

o desenvolvimento da planta como densidade do solo, estrutura, teor de matéria orgânica,

aeração, taxa de infiltração, drenagem e retenção de água.

Em experimento comparativo de uma parcela de laranja „Pêra‟ em sistema PIC X área

convencional, em Cruz das Almas, BA, no ano de 2005 verificou-se que o pomar submetido à

PI obteve resultados satisfatórios e superiores ao convencional, como pode ser verificado nos

quadros a seguir:

Tabela 2. Características físicas dos frutos em Produção Integrada e

convencional (produtor), Cruz das Almas-2005.

Características

Físicas do fruto

„Pêra‟/limão „Cravo‟ „Pêra‟/limão

„Volkameriano‟

Produtor PIC Produtor PIC

Peso (g) 203,9 223,5 214,9 265,7

Altura (cm) 7,18 7,47 7,34 7,98

Diâmetro (cm) 7,24 7,50 7,26 7,9

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

Tabela 3. Produtividade da planta cítrica, sobre dois porta-

enxertos, submetidas a dois tratamentos de preparo e manejo do

solo em Cruz das Almas - BA, 2005.

Produtividade média (t/ha)

Tratamentos

Laranja

„Pêra‟/limão

„Cravo‟

Laranja

„Pêra‟/limão

„Volkameriano‟

Subsolagem + plantio de

leguminosa – Produção

Integrada de Citros

34,4 25,5

Três capinas manuais nas

linhas + três gradagens nas

entrelinhas (Convencional)

26 20,1

Incremento de produção 32% 27%

Page 323: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 323

(%)

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

Os valores para o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) no plantio de laranja ´

Pêra ` sob diferentes manejos do solo, são apresentados na Figura 1. Não foram observados

efeitos significativos dos diferentes manejos do solo, da época e do local de amostragem

(linha e entrelinha) para a variável BMS-C, ou seja não diferiu estatisticamente entre os dois

tratamentos (PIF e convencional).

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

Fig. 1. Valores médios do carbono da biomassa microbiana do solo em função de diferentes

sistemas de produção na profundidade de 0-10 e 10-30 cm nas linhas e entrelinhas de plantio

de citros Cruz das Almas,BA, 2006.

A liberação de C-CO2, pela atividade microbiana do solo foi maior no tratamento em PIF que

envolve uso de subsolagem. Este efeito foi demonstrativo para a camada de 10-30cm na linha

e de 0-10cm na entrelinha. Como a subsolagem foi feita na linha, infere-se que esta maior

atividade microbiana na camada de 10-30cm na linha é resultado daquele manejo, ou seja,

foram criadas melhores condições para a atividade microbiana (Figura 2).

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

Fig. 2. Valores médios para a respiração microbiana do solo em função de diferentes manejos

do solo, nas linhas e entrelinhas do plantio de citros.

Os resultados médios dos indicadores selecionados para avaliar a qualidade do solo foram, em

sua maioria, estatisticamente diferentes, entre os dois tratamentos testados (Quadro 3).

Verificou-se que a resistência do solo à penetração de raízes (RP100KPa) foi 10 % maior no

Page 324: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 324

tratamento com gradagem + capinas manuais (T1 - Convencional), quando comparado ao

tratamento utilizando subsolagem + cobertura vegetal com feijão-de-porco (T2 – Produção

Integrada de Citros PIC). Porém, em ambos os tratamentos a RP100KPa manteve-se

limitante, pois seus valores foram acima do limite crítico estabelecido para este indicador. A

macroporosidade (MP) foi, aproximadamente, duas vezes maior no T2 em relação ao T1. O

valor da MP encontrada no T2 foi 90 % superior ao limite critico (0,10 m3 m-3) e 80 %

inferior no T1. Esses resultados podem ser atribuídos aos efeitos positivos da prática da

subsolagem e dos bioporos deixados no solo pela decomposição das raízes do feijão-de-porco

utilizado como cobertura vegetal. Segundo Reichert et al., (2003) o uso de espécies vegetais

que produzam grande massa radicular e cujas raízes possuam a habilidade de penetrar em

camadas compactadas deve integrar os sistemas de cultivo. Pois a decomposição dessas raízes

deixa poros contínuos e de maior estabilidade, que aumentam a infiltração de água no solo e

as trocas gasosas, agindo como subsoladores naturais.

Tabela 4. Valor dos indicadores de qualidade para um Latossolo Amarelo sob

dois sistemas de manejos para o cultivo de citros

Indicadores (1) T1 -

Convencional

T2 – Produção Integrada de

Citros

Função crescimento radicular em profundidade

RP 100 KPa (MPa) 3,20 B 2,90 A

MP (m 3 m-3) 0,08 A 0,19 B

Ds (Kg dm-3) 1,55 A 1,46 B

m (%) 3,67 A 1,51 A

Função condução e armazenamento de água

Ko (cm h-1) 7,08 A 12,49 B

MP (m 3 m-3) 0,080 A 0,186 B

UV33KPa/PT 0,250 A 0,253 A

AD/PT 0,119 A 0,137 A

Função suprimento de nutrientes

pH em água 6,00 A 5,70 A

CTCpot (cmolc dm-3) 6,17 A 7,69 B

V (%) 52,63 A 77,75 B

M.O. (g Kg-1) 8,10 A 13,18 B

Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

(1) RP100KPa = resistência à penetração a 100KPa de umidade no solo; MP =

macroporosidade do solo; Ds = densidade do solo; m = saturação por alumínio;

Ko = condutividade hidráulica do solo saturado; UV33KPa/PT = relação

umidade volumétrica retida a 33 KPa/porosidade total do solo; AD/PT = relação

água disponível/porosidade total do solo; CTC = capacidade de troca de cátions;

V = saturação por bases e M.O. = matéria orgânica. Letras maiúsculas

comparam, na linha, valores dos indicadores, em cada tratamento, pelo teste de

Tukey a 5%.

O valor da densidade do solo (Ds) foi significativamente menor no T2, ficando abaixo do

limite critico de 1,52 Kg dm-3 (Souza et al., 2003), quando comparados ao T1 que,

apresentou valores de Ds elevados refletindo na baixa aeração e condução de água no

solo (Abercrombie & Du Plessis, 1995).

A saturação por alumínio (m %) foi um dos indicadores que não diferiu entre os tratamentos

testados, seus valores foram muito baixos como era esperado tendo em vista, que a

subsolagem não produz diretamente efeitos químicos no solo. E por ser um indicador regido

Page 325: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 325

pela função de padronização do tipo “menos é melhor”, seus escores padronizados foram

muito altos, não indicando limitação de ordem química ao crescimento radicular da planta

cítrica.

Na função condução e armazenamento de água (CAA) a condutividade hidráulica no solo

saturado (Ko) não foi limitante para ambos os tratamentos. Porém observou-se no T1, que seu

valor médio foi mais próximo do limite inferior (5,0 cm h-1) enquanto em T2 esse valor

aproximou-se do limite superior (15,0 cm h-1), indicando possível efeito da subsolagem mais

cobertura vegetal na condução de água, o que esta coerente também com os resultados da

macroporosidade, visto que a capacidade do solo em permitir a infiltração da água é reflexo

do seu volume de macroporos (Thomasson, 1978).

Os indicadores relacionados à disponibilidade de água desse solo para as plantas constituíram-

se em fatores limitantes da qualidade e não diferiram entre os tratamentos. Os valores da

relação UV33KPa/PT foram muito abaixo do limite critico de 0,55. Enquanto, a relação

AD/PT foi superior ao limite de 0,125 no T2 e inferior para T1. Esses resultados no T1 podem

ser atribuídos aos efeitos da gradagem aumentando a densidade do solo na superfície e

provocando diminuição da capacidade de retenção de água a baixas tensões, o que diminui a

água disponível às plantas (Portela et al., 2001).

Quando e como plantar as leguminosas

Deve-se dar preferência ao plantio direto dessas coberturas para evitar o efeito danoso da

gradagem sobre as propriedades físicas do solo, sistema radicular dos citros e pelo próprio

efeito benéfico e cumulativo sobre essas propriedades, proporcionado por essas leguminosas

como melhoradoras de solo. Nesse sistema de plantio é necessária a aplicação de um

herbicida pós-emergente à base de glifosate, para dessecação do mato presente nas entrelinhas

do pomar; após uma semana, procede-se o plantio mecanizado das leguminosas em sulcos ou

manual em covas ou buracos, neste último caso espaçados a cada 25 cm x 25 cm, colocando-

se duas a quatro sementes por buraco. O consumo de sementes por hectare é de 60 a 80 kg

para feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), 20-30 kg para crotalária (Crotalaria juncea) e de

12 a 15 kg para milheto (Pennisetum glaucum). No sistema de plantio direto, aponta-se

algumas vantagens em relação ao convencional a lanço, que são a retirada por completo da

grade do pomar para o controle de plantas daninhas, a segurança de que dificilmente

necessitará de uma replanta em função da melhor condição competitiva dada as leguminosas

pelo dessecamento do mato e pela disponibilidade de água, em virtude da formação da

cobertura morta, o menor risco de erosão, o menor gasto de sementes por hectare e,

consequentemente a redução de custos.

Roçagem das leguminosas

A roçagem dessas leguminosas pode ser mecanizada ou manual a depender da condição do

citricultor, e efetuada a 20-25 cm do solo para formação de uma boa cobertura verde. Para os

estados da Bahia e Sergipe, recomenda-se a roçagem em setembro/outubro. Esse manejo

recomendado para as leguminosas é muito importante, pois no período de deficiência hídrica

no solo (período de seca), não se recomenda a convivência do pomar com estas plantas para

evitar a concorrência por água. Quando ceifadas, o sistema radicular permanece no solo,

decompõe-se, promovendo a descompactação biológica do solo.

Material propagativo

Page 326: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 326

Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e

proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado

fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Para os Estado que

ainda não possuem programas de certificação de mudas, cabe ao viveirista uma maior parcela

de responsabilidade na produção das mesmas, preparando seus lotes de matrizes – copa e

porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas instituições governamentais,

garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa qualidade genética e fitossanitária.

O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está disposto na legislação de cada

estado que trata da produção e certificação de mudas.

Quadro 4. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE .

Sementes, porta-enxertos, borbulhas e mudas

Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com

restrição

Utilizar

mudas

produzidas de

acordo com a

legislação

vigente em

cada estado

da federação.

Utilizar mudas fiscalizadas ou

certificadas, produzidas em

ambiente protegido, a partir de

material sadio e com certificação

genética;

Priorizar o uso de porta-enxertos e

variedades-copa compatíveis,

resistentes ou tolerantes a pragas;

Analisar os materiais em

laboratórios credenciados

principalmente quanto a

Phytophthora, nematóides e

clorose variegada dos citros.

Transitar

portando

material

propagativo

sem a

competente

autorização e

registro de

procedência,

conforme

legislação

pertinente.

É permitido uso

de borbulhas de

lima ácida Tahiti

clone Quebra-

galho, desde que

a produção de

mudas atenda as

demais exigências

previstas em

normas da

legislação

vigente.

Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.

As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando

maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,

limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as

mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No

método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,

levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar

pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.

Para o caso específico da Clorose Variegada dos Citros - CVC, será exigido um laudo

adicional da ausência da bactéria Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de

enxertos, desde que atendam aos padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:

Fitossanidade geral: garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos

patogênicos.

Verificação varietal: identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que

compõe o lote, em etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão

Estadual de Sementes e Mudas;

Page 327: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 327

Qualidade da enxertia: soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre

o diâmetro do porta-enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base

da brotação, não superior a 0,5 cm;

Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto: raízes livres de doenças e pragas de solo,

nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;

Qualidade nutricional da muda: livre de qualquer desequilíbrio nutricional;

Vigor da muda: apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e

altura mínima de 60 cm;

Idade da muda: o porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de

semeadura, e a muda enxertada, não mais do que 12 meses;

Qualidade das raízes do porta-enxerto: o sistema radicular, além de ser isento de agentes

fitopatogênicos, deve apresentar boa distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;

Aspecto geral da muda: no momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e

aéreo perfeitos.

Implantação do pomar

Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de

preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e

fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros. O preparo do solo deve

seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que pode ser realizada em

área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a aração e gradagem. A

subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo. Pomares cítricos a serem

implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de máquinas e na renovação de

pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de subsolagem total. Adicionar nesta

etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a necessidade através da análise de

solo.

Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da

variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores

deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em

nível. Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e

tratamento fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-

enxerto, tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.

Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros

gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos

citros. O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da

propriedade deve ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.

Quadro 5. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros

- NTE.

Plantios novos

Obrigatório Recomendado Proibido

Permitido

com

restrição

Page 328: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 328

Respeitar a

legislação

ambiental e

considerar a

aptidão

edafoclimática da

área;

Manejar o solo,

restos vegetais e

pragas mediante

técnicas de

manejo

sustentável;

Analisar o solo

física e

quimicamente

para definir as

correções

necessárias;

Utilizar uma

combinação

copa/porta-

enxerto por talhão.

Plantar adubos verdes

em área total antes do

plantio dos citros e

como cultura

intercalar em pós-

plantio;

Realizar análise

biológica do solo;

Utilizar técnicas de

cultivo mínimo nos

pomares;

Definir o espaçamento

e densidade levando

em consideração o

vigor da combinação

copa/porta-enxerto, a

fertilidade do solo, os

tratos culturais e a

irrigação;

Dispor o plantio

acompanhando as

curvas em nível.

Proceder à

desinfestação

química do solo

sem supervisão do

responsável

técnico;

Realizar cultivo

intercalar de outras

espécies que

demandem

controle

fitossanitário com

agroquímicos não

registrados para

citros.

Implantar

pomares em

terrenos com

declividade

acima de 20%

dentro dos

limites

permitidos

pelas leis

ambientais,

somente com

o uso de

patamares;

Plantar em

áreas

encharcadas

desde que

feita a

drenagem

adequada,

atendendo a

legislação

ambiental.

Localização

Observar as

condições

edafoclimáticas e

compatibilidade

com os requisitos

da cultura dos

citros e do

mercado.

Implantar quebra

ventos em áreas

sujeitas à alta

incidência de ventos

fortes.

No caso de replantio,

realizar antes rotação

de cultura por pelo

menos um ciclo da

cultura em rotação.

---

---

Porta-enxertos e copas

Utilizar cultivares

de porta-enxertos

e copas

recomendados

pela pesquisa.

---

---

---

Sistema de plantio

Realizar análise

física e química

do solo e proceder

as correções

necessárias

conforme

Realizar análise

biológica do solo.

---

---

Page 329: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 329

requisitos

técnicos.

Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.

Cultura - Laranja

Aspectos Gerais:

A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical

úmido - daí foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI.

O cultivo da laranjeira está disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de

cítricos, a laranja participa com 69%. Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas

participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com 16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42%

e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado internacional, a laranja in natura

ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%) lideram esse mercado. No

de processados de citros o Brasil destaca-se como maior exportador mundial de suco

concentrado suprindo 80% da demanda mundial.

No Brasil a citricultura é significativa para os estados de São Paulo (80% da oferta nacional),

Sergipe (4,8%), Bahia (3,8%) e Minas Gerais (3,8%); em 1994, o país produziu 17.420.377

toneladas de frutos em área próxima a 900.000 hectares (IBGE).

Em 1994 a Bahia produziu 668.873 toneladas de frutos, em área colhida de 42.748 ha. com

rendimento de 15.647 kg/ha (80% da variedade Pêra); as principais regiões econômicas

produtoras foram Litoral Norte, Recôncavo Sul, Nordeste e Sudoeste (juntas alcançaram 90%

da produção). Destacaram-se, entre os municípios maiores produtores, Rio Real (44%),

Inhambupe (7%), Cruz das Almas (6%), Sapeaçu (5%) e Alagoinhas (4%), (IBGE - PAM).

A produção baiana destina-se ao consumo da fruta fresca e a agroindústria; o suco

concentrado é quase todo exportado para a Europa (Alemanha, Inglaterra), E.U.A, e Canadá

(1994/95 - Promoexport).

Botânica/Descrição/Variedades:

Cientificamente a laranja-doce é conhecida como Citros sinesis e a laranja-azeda como Citrus

aurantium, ambas Dicotyledonae, Rutaceae. Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera

(maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia), Bahia (semi-precoce), Baianinha

(semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-azeda é

representada pelas laranjas-da-terra.

A laranja doce tem porte médio, folhas tamanho médio com ápice ponteaguda base

arredondada, pecíolo pouco alado, flores com tamanho médio, solitárias ou em racimos, com

20-25 estames, ovário com 10-13 lóculos. Sementes ovóides, levemente enrugadas e

poliembrionicas.

A laranja azeda tem porte médio a grande, folha com lâmina estreita, ponteaguda, base

arredondada, flores grandes, completas; fruto ácido e amargo, de difícil consumo. Dos brotos,

Page 330: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 330

folhas e casca do fruto retira-se uma série de óleos essenciais, aromáticos, de alto valor em

perfumaria e farmacopéia.

Composição por 100 g. da fruta fresca é: calorias (63), glicídios (9,9 g), proteína (0,6 g),

lipídios (0,1), cálcio (45 mg), fósforo (28 mg), ferro (0,2 mg), magnésio (26 mg), Vitamina A

(14 mcg), Vitamina B (40 mcg), Vitamina B2 (21 mcg), Vitamina C (40,9 mcg), potássio.

Utilização da laranjeira:

Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria.

Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melifica.

Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos

e sorvetes; na indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes. A casca da

laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas.

Necessidades da Planta:

Clima - A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e

nunca abaixo de 12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira

emite, ao longo do ano, vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam

maturação de frutos em várias épocas.O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem

distribuídos ao longo do ano; déficit hídrico deve ser corrigido com irrigação artificial. A

umidade do ar deve estar em 80%.Clima influi na qualidade e composição do fruto (teor de

suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros).

Solos : Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde

que sejam profundos e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos

porosos, profundos e bem drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na

faixa 6,0 a 6,5.

Formação do Pomar:

A muda de laranjeira: deve ser obtida a viveiristas credenciados por órgãos oficiais. Deve

ser enxerto (por borbulhia) maduro vigoroso, enxertia a 20 cm de altura do solo, com 3 a 4

brotações (ramos) a 60cm. de altura (espaçados para formação da copa) distribuídos em

espiral em torno do caule e sistema radicular abundante. As mudas raiz nua devem ter raízes

barreadas (com barro) para transporte.

Para compor o pomar: sugere-se plantio de variedades Lima e Hamlin (10%), Baianinha

(15%), Valencia e/ou Natal (15%) e Pera (para sucos), com 60%.

Localização do pomar: próximo a estradas e mercado consumidor, de fácil acesso. O terreno

deve ser plano a ligeiramente ondulado; em áreas com declividade até 5% alinhar plantas em

nível e em terrenos com declividade superior usar outras práticas conservacionistas além das

curvas de nível. O plantio, em terreno plano, deve ser feito em retângulo.

Preparo do solo: se possível retirar amostras de solo e enviar a laboratório de análises, com

boa antecedência ao plantio (150 dias) para recomendações para corretivos e adubos.As

operações de preparo de solo passam por desmatamento, destoca, queima, controle de

formigas e cupins, aplicação de corretivo, aração e gradagens. A destoca pode ser feita em

Page 331: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 331

período de 2 a 5 anos (segundo extensão da área de plantio) e o produtor poderá cultivar

lavouras de ciclo curto entre os tocos.

A aplicação do corretivo (calcário dolomítico) deve ser feita antes da aração (metade da

dose) e antes da primeira gradagem (segunda metade) a 60 a 90 dias antes do plantio.

Os espaçamentos recomendados para o plantio são: 6 m x 4 m (Baianinha, Valencia) que

proporciona 416 plantas/hectare e 6 m x 3 m (Pera, Natal e Rubi) o que proporciona 555

plantas por hectare.

Covas/adubação básica: as covas devem ter dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm e na sua

abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. A abertura deve ser feita 30 dias

antes do plantio. Em plantios extensos sulcos podem ser feitos com sulcador de cana segundo

as linhas de nível (terrenos acidentados). Caso não haja recomendação de análise de solo

colocar 1 kg de calcário dolomítico no fundo da cova e cobrir com um pouco de terra logo

após a abertura da cova em seguida misturar 200 g de superfosfato simples, 15-20 litros de

esterco de curral curtido à terra separada e lançar na cova.

Plantio:

No período chuvoso típico da região ou em qualquer época, com auxílio da irrigação, efetuar

o plantio; escolher dias nublados, sem ventos e com temperatura amena.No plantio colocar

colo da muda 5 cm acima da superfície do solo; as raízes das mudas nuas devem ficar

estendidas (sem dobras) e os espaços entre as raízes cheios com terra. Comprime-se a terra a

medida que se enche a cova, faz-se "bacia" com terra e cobre-se a bacia com palha ou

maravalha ou capim seco (sem sementes); se houver ventos fortes tutora-se a muda.

Tratos Culturais:

- Caso não haja chuvas no pós-plantio irrigar a cova com 20 l. de água por semana.

Eliminar brotações (ainda novas) que se apresentem abaixo do ponto de enxertia

notadamente nos primeiros 2 anos de vida.

Podar ramos secos, doentes, ramos ladrões vegetativos; efetuar limpeza do tronco e

ramos grossos (com escova) caiando em seguida com calda bordalesa a 3%.

Capinar, nas ruas de plantio e na época seca, com grade de disco e com ceifadeira no

período chuvoso. Em coroamento sob copa da planta, capinar com enxada (época

seca) ou com foice ou estrovenga no período chuvoso.

Se o custo permitir plantar leguminosas (mangalô, feijão-de-corda, feijão-de-porco)

nas ruas.

Adubação:

Deficiências de micronutrientes mais comuns (Cruz das Almas) são de zinco e manganês; são

corrigidas com aplicações em pulverização foliar, com solução contendo 300 g de sulfato de

zinco e 300 g de sulfato de manganês em 100 litros de água.

Caso não haja recomendações de laboratório para adubações sugere-se a utilização das

quantidades da Tabela 1. Aplicar as doses logo após o início do período chuvoso e, pouco

antes do seu fim. 60 dias e 90 dias pós plantio aplicar 50 g. de uréia fertilizante por cova e por

Page 332: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 332

vez. Aplicar sob a copa da planta com leve incorporação (2/3 para dentro e 1/3 para fora da

projeção da copa).

Tabela 1 - Adubação de Laranjeira (por pé)

Ano Início das

chuvas

Fim das

chuvas

Esterco Uréia

S.S (1) KCl (2)

Ureia

KCl (2)

2º 20 l 100g 200g - 100g -

3º 25 l 150g 300g - 150g -

4º 30 l 200g 400g

40g

200g

40g

5º 30 l 250g 500g

200g

250g

200g

6º 35 l 250g 500g

200g

250g

200g

7º 35 l 350g 650g

250g

300g

200g

8º 40 l 350g 650g

250g

300g

200g

9º(3) 45 l 500g 1000g

300g

500g

250g

(1) Superfosfato Simples

(2) Cloreto de Potássio

(3) Em diante

Consorciação:

O uso de culturas intercalares é indicado; sugere-se culturas de amendoim, batata-doce,

inhame, feijão, abobora, abacaxi, mamão e maracujá. Deve-se preferir culturas de baixo porte

e de curta duração; a linha mais externa do seu plantio deve ficar a 1,5 a 2,0m. da linha de

plantio da laranjeira. O seu plantio deve ser orientado no sentido leste-oeste e a cultura deve

ser adubada.

Tratamento Sanitário:

Tratos culturais adequados (para equilíbrio populacional entre pragas x inimigos naturais),

idade das plantas no pomar (até 4 anos exige aplicação de químicos), inspeção periódica do

laranjal (verificar presença de pragas, grau de infestação, presença de inimigos) aplicações de

químicos em focos, período do dia a efetuar tratamento, dentre outros, são procedimentos

imprescindíveis para eficiência do controle de pragas/doenças.

Page 333: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 333

Pragas:

Inúmeras pragas atacam a laranjeira a saber:

Ácaros: da falsa ferrugem, das gemas e da leprose e que podem ser controlados com produtos

a base de enxofre, de quinometionato e de dicofol.

Coleobrocas: que podem ser controladas com fosfina pasta, paratiom, DDVP em injeção

(orifício do caule).

Pulgões: controlados com paratiom ou acefato ou pirimicarb.

Mosca-das-frutas: controlar com fentiom ou tricloform ou malatiom.

Cochonilhas: de placas (Orthezia), de escamas (farinha, virgula) cabeça-de-prego, são

controladas por aplicação de óleo mineral + inseticidas fosforados (paratiom, malatiom,

diazinom).

Na Bahia as pragas mais importantes são:

Broca-da-laranjeira: Cratosomus flavofosciatus (Guerim, 1844) Coleóptera, Curculionídea.

O adulto é besouro com forma convexa, tem 22mm. de comprimento e faixas e manchas

amarelas no dorso; a fêmea faz orifício no tronco da planta e aí deposita um ovo. Eclodindo o

ovo libera larva (lagarta) volumosa, esbranquiçada e sem patas que broqueia o tronco e ramos

grossos abrindo galerias longitudinais. Os sinais de ataque são galerias e orifícios que

expelem serragem em forma de pelotas.

Controle:

Limpeza do(s) orifício(s) e destruição mecânica (com arame da larva).

Desobstrução do orifício e aplicação através dele de fosfina pasta (1cm.) ou de

paratiom metil (2cm3.) em injeção. Vedar orifício com argila ou cera-de-abelha.

Iniciar controle logo que apareça serragem no solo.

Plantio no pomar (evitar excesso de população) da planta Maria Preta que atrai os

besouros. Capturar o inseto na Maria Preta e exterminá-lo.

Cochonilhas: Cabeça-de-prego: Chrysomphalus ficus (Ashmead. 1880)

Escama farinha: Pinnaspis aspidistrae (Signoret, 1869)

Escama virgula: Mytilococcus beckii (Newman, 1869) Homoptera, Diaspididae.

De placas: Orthezia praelonga (Douglas, 1891), Homoptera, Ortheziidae.Todas alimentam-se

da seiva da laranjeira e podem eliminar secreções açucaradas que atraem formigas e fungos

(fumagina).

Cabeça-de-prego: inseto provido de escama circular, cor violácea escura, que ataca folhas e

frutos.

Page 334: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 334

Escama farinha: inseto com carapaça alongada que vive no tronco, haste e folhas que tomam

aspecto esbranquiçado.

Escama vírgula: carapaça de forma em vírgula, cor marrom claro, vivendo em folhas e

frutos.

De placas: corpo provido de placas ou laminas cereas, esbranquiçadas, com cauda alongada

(ovissaco); vive em folhas e ramos.

Controle:

Capinar sob-copa da planta e aplicar aldicarb a 1,5cm. de profundidade no solo;

pulverizar plantas infestadas com fosalone ou dicrotofos para a cochonilhas de placas.

Para as outras escovar tronco e ramos e aplicar calda, contendo óleo mineral e

inseticidas dimetoato ou malatiom ou metidatiom.

OBS: não misturar enxofre e óleo mineral, não aplicar óleo em horas quentes do dia e sobre

frutos com menos de 5cm. de diâmetro e a menos de 50 dias de colheita.

Doenças:

Estiolamento: (Damping-off) - Sementeira (fungos). Sementes apodrecem sem germinar

plantas novas ficam amareladas (colo apodrecido), tombam e morrem.

Controle: aplicação de PCNB (regar superfície de canteiro com 2 l. de calda/M2), ou aplicar

benomyl ou quintozene preventivamente, semeando-se 48 horas depois.

Verrugose: Sementeira e viveiro (fungo). Lesões em folhas e brotos impedem o crescimento

apical da planta; afeta alguns porta enxertos.

Aplicar benomyl, logo no aparecimento dos sintomas; 15 dias após aplicar mancozeb ou

oxicloreto de cobre.

Gomose: Pomar (fungo). Afeta casca e parte externa do lenho nas raízes, tronco (colo) e até

ramos. A região afetada apresenta goma marrom; planta pode morrer. Pulverizar com Fosetyl

ou Metalaxil em intervalos de 20 dias; raspar parte doente e pincelar com pasta bordalesa.

Melanose: Pomar (fungo). Pequenas lesões arredondadas, coloração escura, recobrem

grandes áreas de frutos, folhas e ramos. Podar galhos secos e pulverizar, pós florada, com

benomyl ou oxicloreto de cobre.

Colheita/Rendimento/Comercialização:

Colheita - Evitar machucar o fruto, romper a sua casca e o apodrecimento.

Usar escada (madeira leve e arredondada) sacolas de colheita (de lona, com fundo falso) com

capacidade de 20Kg., tesoura ou alicate de colheita, (lâminas curtas e pontas arredondadas) e

cestos ou caixas plásticas com capacidade de 27Kg.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 335

- No ato de colher rejeitar frutos orvalhados ou molhados, evitar derrubar fruto ao solo, colher

frutos no mesmo estágio de maturação e evitar exposição do fruto ao sol. Um homem pode

colher 10 mil frutos/dia.

Rendimento - Considerando-se início de produção aos 4 anos de vida colhe-se 100 frutos por

laranjeira/ano, 150 frutos (5º ano), 200 frutos (6º ano), 250 frutos (7º ano), 300 frutos ( 8º

ano), em geral. Pés safreiros (10 anos), podem produzir 350 frutos (Bahia), 420 frutos

(Baianinha) e 580 frutos (Pera).

Comercialização - Há forte presença de agente intermediário com poucos produtores

vendendo diretamente ao consumidor; empresas fornecem, sob contrato, laranjas à rede de

supermercados. A laranja Pera deteve em 1990, 82,24% dos frutos comercializados na Bahia;

a oferta cresce de maio a setembro quando alcança o pico (69% do total anual colhido).

Cultura - Limão Tahiti

Aspectos Gerais:

Tornou-se conhecido em 1875 na Califórnia (EUA) com origem provável em Tahiti;

estabeleceu-se, definitivamente, no sul do estado da Flórida.

Entre os principais produtores mundiais de limas ácidas encontram-se o México, Estados

Unidos da América, Egito, Índia e Brasil.

No Brasil, com plantios acima de 40 mil hectares, o limão Tahiti tem grande importância

comercial; os estados maiores produtores são: São Paulo com 70% e Rio de Janeiro com 8%

da produção nacional.

A Bahia, situada entre os cinco maiores produtores nacionais, tem as regiões econômicas do

Litoral Norte e Recôncavo Sul como maiores produtores do limão Tahiti. Sua área plantada

está acima de 1.000 hectares (1990).

Botânica/Descrição/Composição:

- O limão Tahiti é propriamente uma limeira ácida conhecida por Citrus latifólia, (Tanaka),

Dicotyledonae, Rutaceae.

- Com porte médio a grande a planta é expansiva, curvada, vigorosa; as folhas adultas têm cor

verde e são lanceoladas e as folhas novas e brotos tem cor purpúrea. A floração ocorre ao

longo do ano (principalmente setembro e outubro); os frutos são ovais, oblongos ou

levemente elípticos, casca fina, superfície lisa e cor amarelo-pálida na maturação. Estão

maduros em torno de 120 dias após a floração; as sementes são raras ou ausentes.

- O suco representa 50% do peso do fruto; tem teores médios de 9% (brix), acidez em 6%, 20

a 40 mg de ácido ascórbico (Vit. C).

Usos do Limão Tahiti:

- O suco do limão Tahiti é usado em culinária, na limpeza e preparo de alimentos (carnes,

massas, bolos, confeitos) e no preparo de refresco - limonada.

Page 336: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 336

- Em medicina caseira o fruto é utilizado como auxiliar no tratamento de gripes e deficiência

de Vit. C.

- Óleo da casca do fruto é aromático.

Necessidades da Planta:

Clima - Temperatura deve estar entre 26 e 28ºC (25 a 31ºC) as chuvas em torno de 1.200 mm

anuais

(1.000 - 2.000) bem distribuídos (120 mm mensais), a umidade relativa do ar entre 70% e

80%. Em locais com ventos fortes tutorar a planta.

Solos - Solos mais adequados para o limão Tahiti são os leves, bem drenados, arejados,

profundos, sem impedimento para penetração da raízes. Solos areno-argilosos (de arenoso a

levemente argiloso) são preferidos, pH entre 5,5 e 6,5. Topografia plana a levemente

ondulada.

Implantação do Pomar:

Mudas - Devem resultar de enxertos sobre limão Cravo ou limão Rugoso que proporcionam

crescimento rápido, boa produção, frutos de qualidade e maior tolerância à seca embora

sensíveis à podridão radicular.

Os enxertos sobre tangerina Cleópatra são aceitáveis. A muda, de indiscutível qualidade, deve

ter procedência e sanidade garantidas, enxertia feita a 25-30 cm de altura, possuir três a

quatros ramos (galhos) a 60 cm do solo e raízes desenvolvidas, sem estarem enoveladas.

Preparo da área:

Consiste na roçagem destoca e enleiramento do mato; essas operações devem ser feitas 5-6

meses antes do plantio.

Em seguida efetuar aração e gradagens; em caso de aplicação de corretivo do solo em área

total aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem.

Marcação/Espaçamento:

Nivelado o terreno efetua-se a marcação da área; para o Nordeste do Brasil adota-se os

espaçamentos de 7,0m x 6,0m e 7,0m e 5,0m. Em plantios extensos dividir o pomar em

talhões de 10.000 a 20.000 plantas (quadras de 3.000 a 5.000 plantas) com corredores para

caminhões.

Coveamento/Adubação:

As covas podem ser abertas à mão ou com implementos, devem ter dimensões 40 cm x 40 cm

x 40 cm a 60 cm x 60 cm x 60 cm; na abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de

altura.

- Em caso de não haver recomendações (decorrentes de análises de solo) para calagem e

adubação, aplicar 1 kg de calcário dolomitico ao fundo de cada cova cobrindo-o com um

pouco de terra; misturar 50 g de cloreto de potássio com 200 g de super fosfato simples e 10

litros de esterco de curral bem curtido à terra separada e lançar em cada cova.

Plantio:

O plantio deve ser feito em horas frescas do dia ou em dias nublados com o solo úmido. Deve

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 337

-se usar régua de plantio para bom alinhamento. Ajusta-se a muda na cova de modo que o

colo da planta fique ligeiramente acima do nível do solo e os espaçamentos entre raízes cheios

com terra. Após plantio fazer uma "bacia" em torno da muda regar com abundância sem

encharcar e cobrir solo com capim seco (sem sementes) ou com palha.

Tratos Culturais:

Controle de Ervas Daninhas - O cultivo do solo, controle de ervas pode ser feito com grade

(2 operações/ano) na época seca e com ceifa do mato na época de chuvas. Em cultivos

irrigados no semi-árido usa-se roçadeira nas entrelinhas e herbicidas na projeção da copa. As

plantas devem ser "coroadas" sempre que houver mato alto (com enxada).

Irrigação:

A irrigação aumenta a produção e eleva a qualidade do fruto; no semi-árido a irrigação é

indispensável. Os sistemas de irrigação mais utilizados são os de aspersão e o de irrigação

localizada (gotejamento, microaspersão) que aplica água em geral abaixo da copa da planta.

Sulcos, bacia de inundação temporária são outros métodos. Nos cerrados maiores

produtividades foram obtidas utilizando-se sistema de gotejo a cada metro (120 l água/planta

em turnos de rega de 4 dias). Em regiões úmidas a irrigação pode elevar a produção em 35% a

75%.

Culturas intercalares:

Cultivo intercalar é prática em pequenas/médias propriedades; pode-se usar leguminosas

(feijão de porco, leucena, crotalaria) ou abacaxi, amendoim, batata doce, feijão, mandioca,

milho, no pomar jovem do limão Tahiti.

As culturas intercalares devem ter baixo porte e ciclo curto, e situar-se a distância de 1,5 - 2 m

da linha de plantio do limoeiro.

Podas:

Devem reduzir-se à eliminação de galhos secos, doentes ou praguejados e nascidos abaixo do

ponto de enxertia.

Adubação:

60 dias após plantio recomenda-se aplicar 50 g de uréia/planta repetindo-se 30-40 dias após.

A partir do 2º ano recomenda-se as seguintes doses, em gramas/planta (para a Bahia):

Anos Ureia

Março

Julho

Super

Simples

Março

Cloreto

Potássio

Março

Julho

2º 100 100 200 - -

3º 150 150 300 - -

4º 200 200 400 40 40

5º 250 250 500 200 200

6º 250 250 500 200 200

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 338

7º 350 300 650 250 200

8º 350 300 650 250 200

(diante)

500 500 1.000 300 250

Para deficiências de zinco e manganês recomenda-se pulverizações foliares com solução

composta de 300 g. de sulfato de zinco, 300 g. de sulfato de manganês, 300 g. de cal em 100

litros de água.

Pragas: Orthezia: Orthezia praelonga (Doug., 1991) Homoptera, Ortheziiae.Também chamada

cochonilha de placas; tem corpo provido de placas ou lâminas cereas com cauda alongada que

acumula ovos; eficiente sugador o inseto injeta toxina na planta ao sugar a seiva e sua

excreção estimula aparecimento da "fumagina" (cobertura escura) nas folhas. Mudas, vento,

vestimentas disseminam o inseto. A praga é mais prejudicial no período seco e expolia a

planta, atacando folhas e frutos.

O controle é efetuado pela aplicação de inseticidas sistêmicos granulados aplicados ao solo

em torno da planta a 10 - 15 cm de profundidade. Observar o período de carência do produto

químico. Entre os indicados cita-se aldicarb, dissulfoton, carbofuran.

Escama-Farinha: Pinnaspis aspidistrae (Sing, 1869) Homoptera, Diaspididae.Cochonilha

com carapaça, ataca tronco e ramos que apresentam coloração esbranquiçada. A sucção da

seiva da planta pelo inseto causa rachadura na casca e facilita a penetração de agentes de

doenças (gomose).

Controle via pincelamento de tronco e ramos com o seguinte preparo: 1 Kg (enxofre

molhável), 2 Kg de cal, 0,5 Kg de sal de cozinha, 15 g. de diazinom ou 35 g. de malatiom e 15

litros de água.

Ácaro-da-Ferrugem: Phyllocoptruta oleivora (Aslm. 1879), Acari, Eriophyidae.Infesta

folhas, ramos e frutos causando nestes cor prateada à casca além de aspecto áspero; os frutos

apresentam tamanho, peso e percentagem de suco reduzidos. As folhas podem desenvolver

doença (mancha de graxa). Em infestação severa há queda acentuada de folhas e frutos.

Controle, efetuar controle quando 10% de frutos apresentarem 30 ou mais ácaros. Acariciadas

à base de dicofol, quinometionato ou enxofre molhável são indicados para o controle.

Coleobroca: Cratosomus flavofasciatus (Guerin, 1844) Coleoptera, Curculionidae. Inseto

adulto é besouro preto com faixas amarelas no tórax e asas. Ovos são depositados no tronco e

ramos; a lagarta esbranquiçada penetra, cava galerias no sentido longitudinal e expele

serragem, em forma de pétalas, pelo orifício de entrada.

Controle feito pela injeção de calda inseticida via orifício utilizando-se formicida liquido,

gasolina, querosene, ou pasta de fosfato de alumínio (que libera gás). Após aplicação fechar

orifício com cera de abelha, argila ou sabão.

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Cochonilha Cabeça de Prego: Crysomphalus ficus (Aslmd., 1880) Homoptera, Diaspi-

didae. Importante na fase jovem do pomar a cochonilha tem forma circular, convexa, cor

violácea. Períodos secos com alta temperatura favorecem a multiplicação do inseto. Localiza-

se na face inferior das folhas e nos frutos, suga seiva e líquidos e deprecia os frutos

comercialmente.

Seu controle é feito por pulverizações com produtos químicos à base de óleo mineral a 1% ou

óleo mineral + inseticidas fosforados (diazinom, malatiom, paratiom).

Doenças:

Causadas por vírus, fungos, bactérias e distúrbios fisiológicos.

Tristeza: (Vírus)

Planta apresenta redução no crescimento já nos viveiros. Em galhos ou ramos, retirando-se

sua casca, observa-se caneluras (riscos). Folhas novas com nervuras polidas

e frutos com diâmetro reduzido (coquinhos).

Controle: uso de borbulhas vindas de plantas imunizadas.

Exocorte: (Vírus)

Crescimento limitado, vegetação esparsa e folhas com coloração de pouco brilho. Doença

transmitida por enxertia ou ferramentas contaminadas (canivete, tesoura de poda).

Controle: uso de borbulhas comprovadamente sadias.

Gomose: (fungo)

Doenças das mais prejudiciais em regiões tropicais úmidas; lesões pardas aparecem na base

ou colo da planta, nas raízes e galhos baixos, com exsudação de goma pelo

fendilhamento. Mais adiante ocorre apodrecimento dos tecidos.

Controle: usar variedades resistentes, enxertia alta, facilitar aeração da base da planta e

drenagem do terreno, usar de fungicidas sistêmicos (fosetyl-Al) em pulverizações ou

pincelamento do tronco.

Declínio: (distúrbio fisiológico)

Murchamento irreversível da folhagem, demonstração de deficiência de manganês e zinco em

níveis elevados, sem brotações; depois há queda de folhas, morte de ponteiros.

Controle: uso de porta-enxertos diversificados.

Colheita:

O material deve ser: sacola de colheita (20 kg), feita de lona com fundo falso, cestos e caixas

plásticas para 27 kg. Evitar retirar frutos com varas ou ganchos, frutos molhados ou

orvalhados, derrubar frutos ao solo, frutos excessivamente maduros ou verdes. Usar tesoura

cortando o pedúnculo, rente ao cálice. Não machucar os frutos na colheita e transporte.

Produção:

Precoce, a limeira ácida Tahiti apresenta produção significativa a partir do 3º ano de vida; no

Recôncavo Baiano um pomar aos 4 anos produz 107.000 frutos hectare (300 frutos por

planta). Aos 11 anos de vida a produção alcança 1.128 frutos/planta (113 kg) ou 403.000

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frutos/hectare.Pomares paulistas produzem 8-15 kg/planta (3º ano), 64 a 86 kg/planta (5º ano)

e 98-117 kg/planta (7º ano).

Cultivo do Coqueiro

Apresentação

O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e foi

introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses. A planta é considerada uma das árvores

mais importantes do mundo, devido ser uma atividade que gera emprego e renda em vários

países do globo, onde seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializado na forma

de mais de 100 produtos e subprodutos. Além disso, raiz, estipe, inflorescência, folhas e

palmito geram diversos subprodutos ou derivados de interesse econômico. Além disso, o

coqueiro é utilizado como planta paisagística para embelezar praças, canteiros públicos,

chácaras e fazendas.

Aspectos climáticos

Os principais municípios produtores de coco se caracterizam por apresentar clima tropical,

úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. Apresenta um período seco bem

definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês,

nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média

anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar

fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e

23° C. A média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de

75%, no outono inverno.

Aspectos edáficos

Os solos se distribuem em: 58% Latossolos (sendo vermelho-amarelo 26%, Amarelos 16% e

Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e

Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais),

10% Cambissolo, 9% Gleissolo.

As áreas cultivadas com coco são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que

apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos.

Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação.

Clima

O coqueiro é uma palmeira nativa de regiões quentes, úmidas e com bastante luz. Para o seu

bom desenvolvimento, necessita de temperaturas médias anuais em torno de 27°C, sendo que,

temperaturas menores que 15°C e superiores a 36° são prejudiciais.

A umidade relativa ideal é de 80%. Níveis de umidade relativa inferiores a 60% prejudicam a

planta devido ao aumento na taxa de transpiração. Umidade relativa superior a 90%, causa

queda de frutos e aumento na incidência de doenças.

A precipitação ideal para o desenvolvimento e produção da cultura, está entre 1.500 a

1.600mm bem distribuídos durante o ano todo, com uma média de 130 mm/mês. Para

precipitações inferiores a 50mm/mês, durante 3 meses, recomenda-se o uso de irrigação, pois,

o déficit hídrico é extremamente prejudicial à cultura, causando queda de frutos. Por outro

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lado, chuvas excessivas podem causar redução na incidência de luz, na polinização e na

aeração do solo, podendo ainda provocar lixiviação de nutrientes. Locais com lençol freático

raso (um a quatro metros) são recomendados para o coqueiro e não há necessidade de

irrigação pois, as raízes da planta conseguem absorver água a esta profundidade.

Luz, o coqueiro precisa de, pelo menos, 2.000 horas anuais, com um mínimo de 120

horas/mês, os dias nublados causam redução da fotossíntese e consequentemente redução na

produtividade. Com base nestes exigências de clima verifica-se que o Estado de Rondônia

apresenta boas condições para o desenvolvimento da cultura.

Solo

Deve se escolher áreas com textura areno-argilosa, ou levemente argilosa, com boa

disponibilidade de água, boa aeração, profundidade mínima de um metro, e com ausência de

impedimentos físicos ou químicos. Evitar solos rasos, pedregosos, extremamente argilosos e

sujeitos a encharcamento.

Cultivares

O coqueiro pode ser anão, gigante ou híbrido. As variedades de coqueiro anão verde,

vermelha e amarela são as mais recomendadas para a produção de frutos visando ao mercado

de água de coco, sendo o anão verde o preferido pelo consumidores. As variedades vermelha

e amarela estão associadas à idéia incorreta de que o fruto amarelo ou vermelho está maduro.

As variedades anãs são de porte baixo, podendo atingir 12 m. São bastante precoces, iniciando

a produção entre 30 e 36 meses de idade. Apresentam produção variando de 80 a 200

frutos/planta/ano, distribuída durante o ano todo. Estas variedades apresentam vida útil de 30

a 40 anos, e têm os frutos pequenos, com pouca polpa, apresentando água muito saborosa. Em

Rondônia praticamente toda a produção esta voltada para a comercialização da água de coco,

com predominância da variedade anã verde.

Instalação do coqueiral

O preparo do solo deve ser feito de forma convencional com uma aração e duas gradagens.

Deve-se fazer a análise química do solo para avaliação da necessidade de calagem e

adubação.

Marcação da área

Feito o preparo do solo, deve-se fazer a marcação e o piqueteamento da área observando-se o

espaçamento de 7,5 m x 7,5 m, em quadrado (177 plantas/ha) ou em triângulo equilátero (205

plantas/ha). É comum encontrarmos espaçamentos de 8 x 7 metros os pomares do Estado que

também é recomendado.

Época de plantio

A melhor época para plantio é o inicio da estação chuvosa. Em cultivo irrigado o plantio pode

ser realizado em qualquer época do ano. A maioria dos pomares de Rondônia são plantados

sem utilização de irrigação, o que causa redução de produtividade e atraso no início da

colheita, uma vez que a Região apresenta cerca de 3 meses com precipitações inferiores a 50

mm.

Aquisição de mudas

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 342

As mudas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos que apresentem o certificado de origem

destas. As mudas devem ser eretas, ter entre quatro e seis folhas, altura de 50 cm a 70 cm,

com idade entre cinco e seis meses. Além disso, devem apresentar bom aspecto, com ausência

de sintomas de deficiência nutricional, e de ataque de pragas e doenças. No Estado existem

pouquíssimos viveiros registrados o que dificulta a implantação de pomares com mudas de

boa qualidade, uma alternativa é a aquisição de sementes certificadas de outras Regiões (o

Nordeste por exemplo) ou o produtor selecionar plantas de alto padrão genético de sua área

para produzir suas próprias mudas. É bastante comum encontrar em Rondônia pomares

formados com misturas de variedades, com cultivares híbridas, gigantes e anãs num mesmo

local.

Produção das mudas

Escolha da planta matriz

O coqueiro anão apresenta uma alta taxa de auto-fecundação, com isso, existe uma grande

probabilidade da semente selecionada dar origem a uma planta bastante semelhante à planta

matriz. Portanto, recomenda-se selecionar plantas com bom aspecto nutricional; em plena

produção; precoces; com tronco reto; livres de sintomas de pragas e doenças; grande número

de folhas (30 a 35); grande número de cachos, bem apoiados sobre as folhas e com pedúnculo

curto; grande número de flores femininas; grande número de frutos (acima de 10) e frutos de

formato redondo.

Colheita dos frutos-sementes

Os frutos-sementes devem ser colhidos quando estiverem totalmente maduros, o que ocorre

após 11 a 12 meses após a abertura do cacho floral da planta. Não deve-se colher frutos caídos

por apresentarem baixo poder germinativo. O ponto de colheita é reconhecido pelo secamento

e coloração marrom do fruto, depois da ocorrência de perda acentuada de peso do fruto, que

passou de 2kg, quando verde, para 1,0 a 1,5 kg quando no ponto ideal.

Preparo das sementes

Os frutos-sementes após a colheita devem ser estocados ao ar livre e na sombra, durante 10

dias, para terminar o processo de maturação. Embora tenha alguns autores que recomendam o

entalhe do fruto, ou seja o corte de uma parte da casca fibrosa do fruto, visado aumentar a

hidratação e germinação da semente, existem dados de pesquisa mostrando que esta prática

não trouxe ganhos significativos na germinação das sementes, sendo portanto uma prática não

recomendada, uma vez que aumenta o custo de produção das mudas.

Implantação do viveiro

O viveiro deve ser instalado em área de topografia plana, próximo da fonte de água, em local

ventilado, de fácil acesso, longe de coqueirais velhos e doentes, além disso deve-se preferir

locais com solos de textura média a arenosa e bem drenados.

Dimensões do canteiro

O canteiro deve ter entre 1,0 e 1,5 m de largura, 15 cm de profundidade e comprimento

variável, em função do número de sementes e tamanho da área. Recomenda-se deixar um

espaço entre os canteiros de 0,5m para facilitar o trânsito de pessoas no viveiro. Além disso, o

viveiro deve ser instalado a pleno sol, sem necessidade de cobertura.

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Posição das sementes

As sementes são colocadas no viveiro, na posição vertical, com a região de inserção no cacho,

voltada para cima. Alguns autores recomendam a colocação das sementes na posição

horizontal, entretanto, pesquisadores observaram que a utilização de sementes na posição

vertical, apresentaram vantagens, como: maior facilidade de transporte, redução do problema

de quebra de coleto, dispensa o entalhe, permite maior número de sementes/m², possibilita

melhor centralização da muda na cova, favorece um maior enraizamento da planta no campo e

permite o plantio da muda em maior profundidade. Um problema seria um maior gasto com

mão de obra para "equilibrar" a semente na posição vertical.

Irrigação

As sementes no viveiro necessitam de cerca de 6 a 7mm de água por dia, isto corresponde a 6

a 7 litros de água/m²/dia. Recomenda-se que a irrigação seja diária e em dois turnos, de manhã

e a tarde.

Descarte de sementes e mudas

Pesquisadores mostraram que existem uma correlação entre início de germinação e

precocidade de produção. Neste sentido, recomenda-se eliminar as sementes que não

germinarem até 120 dias após o plantio. Nesta oportunidade elimina-se também as mudas

raquíticas, deformadas, estioladas, albinas e de aspecto ruim. Todo o material descartado deve

ser queimado.

Tipos de produção de mudas

Basicamente existe duas maneiras de se produzir as mudas do coqueiro, 1- coloca-se a

semente no germinador, deste para o viveiro e depois para o campo, ou 2- a semente fica no

germinador e depois vai para o campo. O mais utilizado em Rondônia e de uso mais frequente

atualmente juntos aos cocoiculturores do Brasil é o segundo método que permite um menor

gasto com mão de obra, leva-se uma muda mais jovem para o campo, facilitando o seu

pegamento. A seguir detalharemos os dois métodos.

Produção de mudas: Germinador – Viveiro - Campo.

Este método consiste na produção de mudas que passam por duas fases antes de ir para o local

definitivo. Na primeira, as sementes são colocadas para germinar e depois repicadas no

viveiro.

Germinador: nesta fase as sementes são distribuídas no canteiro na densidade de 25 a 30

sementes/m² e cobertas com 2/3 de sua altura com terra. Em seguida, na medida do possível,

cobre-se o 1/3 restante com palha de arroz ou serragem. As sementes iniciam a germinação

entre 40 e 60 dias após o plantio no germinador. Quando a brotação apresentar cerca de 15 cm

deve ser repicada para o viveiro.

Viveiro: no viveiro, o solo deve ser preparado com antecedência, utilizando-se o método

tradicional, 1 aração e 2 gradagens. Além disso, recomenda-se fazer a análise de solo e se

necessário fazer a calagem do solo. A área deverá ser piqueteada, num espaçamento de 60 x

60cm, em triângulo equilátero, para se realizar a repicagem das mudas. Estas deverão ser

plantadas, se possível, em dias nublados, tendo as raízes cortadas a 2 cm da semente. A

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repicagem deve ser feita tomando-se o cuidado de não enterrar o coleto da planta. As mudas

permanecerão no viveiro por 4 a 5 meses. Por ocasião do transplantio eliminam-se as mudas

raquíticas, com poucas folhas e que apresentarem baixo desenvolvimento. Neste método

produz-se 3 mudas/m² de canteiro.

Produção de mudas: Germinador – Campo.

Este método consiste na produção de mudas do germinador direto para o campo. As sementes

são distribuídas nos canteiros na densidade de 15 sementes/m² e também cobertas com 2/3 da

sua altura com terra, e o restante com palha de arroz ou serragem. As mudas permanecerão no

germinador por 5 a 7 meses quando, também, deve-se fazer um descarte das mudas mais

fracas. Neste método produz-se de 10 a 15 mudas/ m² de canteiro.

Padrão da muda

A muda de boa qualidade é ereta, com 4 a 6 folhas, altura de 50 a 70 cm, mais de 11 cm de

diâmetro do coleto, cor uniforme, sem deformações e ausência de sintomas de ataques de

pragas e doenças.

Adubação

Sementeira

Quando se opta pelo método germinador-campo, o solo deste germinador deve ser adubado,

para isso geralmente, aplica-se em solos pobres, por m², antes de se colocar as sementes, 5

litros de esterco de curral curtido, 200 g de superfosfato simples, 100g de cloreto de potássio,

5 gramas de FTE BR 12 (micronutrientes) e calcário, na quantidade a ser calculada, conforme

resultado da análise de solo. Após esta adubação deve-se fazer uma incorporação deste

material, a 5 cm de profundidade.

Viveiro

Caso se opte pelo sistema germinador-viveiro-campo, o solo do germinador não precisa ser

adubado, mas, sim o solo do viveiro. Neste sentido, deve-se aplicar por planta a quantidade de

30 gramas de uréia, 60 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio,

esta adubação deverá ser aplicada 30 dias após a repicagem das mudas. Após 60 dias aplica-se

50 gramas de uréia mais 30 gramas de cloreto de potássio.

Tratos culturais

Controle de plantas daninhas

O viveiro deve ser mantido livre de plantas daninhas, pois, algumas são hospedeiras de

insetos vetores ou de fonte de inoculo de doenças do coqueiro. O controle deve ser realizado

dentro do viveiro e numa faixa de no mínimo 10 metros de largura ao redor das plantas. Os

herbicidas recomendados para a cultura são: Paraquat dicloreto (extremamente tóxico) e

Gliphosato (altamente tóxico).

Controle de pragas e doenças

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Para obtenção de mudas de bom padrão, necessário se faz o monitoramento periódico das

mudas visando identificar o ataque de pragas e doenças e realizar o seu controle.

COVA

A cova de plantio deve ter as dimensões de 0,80 x 0,80 x 0,80 m, para solos arenosos e 0,60

m x 0,60 m x 0,80 m para solos argilo-arenosos, Estas covas podem ser abertas manualmente

ou com broca acoplada ao trator com bitola de 50 cm, terminando-se a abertura, com o auxílio

de uma pá reta, por exemplo, para chegar às dimensões desejadas evitando-se o espelhamento

(compactação das paredes da cova).

Deve-se separar a terra retirada dos primeiros 40cm da cova e misturar com 800 g de

superfosfato simples + 30 a 50 litros de esterco bovino + 30 g de FTE BR 12 (ou 20 gramas

de bórax + 20 gramas de sulfato de cobre). Esta recomendação de adubação refere-se a solos

de baixa fertilidade; em solos mais férteis deve-se fazer uma redução proporcional à

fertilidade.

Plantio

Realizar o plantio 30 dias após o enchimento das covas. O plantio deve ser feito de

preferência em dias nublados e no início do período chuvoso. As mudas devem ter suas raízes

podadas, ficando com dois cm de comprimento, e ser colocadas no centro da cova, cobertas

por uma camada de terra suficiente para cobrir as sementes, mas não o coleto. Deve-se fazer

uma leve compactação da terra ao redor da muda para melhor fixação da planta.

Adubação de cobertura

Durante o primeiro ano da cultura deve ser feita a adubação de cobertura com 500g de sulfato

de amônio mais 200 g de cloreto de potássio (adubação recomendada para solos de baixa

fertilidade). Esta mistura de adubos deve ser espalhada em volta das plantas, a uma distância

de 30 cm a partir do coleto e, em seguida, incorporada ao solo com auxílio de enxada. Esta

adubação deve ser parcelada, sendo que, para plantios de sequeiro, aplica-se 20 %, 30 dias

após o plantio, 60 %, após 90 dias e 20 %, 150 dias após o plantio. Para os plantios irrigados,

esta adubação pode ser dividida em quantidades iguais, aplicadas 6 vezes por ano, começando

30 dias após o plantio definitivo.

Adubações subsequentes

Os fertilizantes devem ser espalhados em volta da planta e incorporados ao solo dentro de

uma faixa circular, cuja área é crescente em função da idade e da projeção da copa da planta.

Nos primeiros três anos de idade da planta deve-se adubar numa faixa entre 30 cm e 100 cm

da estipe da planta. Em coqueiros entre quatro e dez anos em diante, a faixa fica entre 50 e

100cm e, finalmente, em coqueiros adultos a faixa deve ficar entre 150cm e 200cm. A

adubação dos anos subsequentes deve ser realizada de acordo com as Tabelas 3 e 4. Em

plantios de sequeiros, esta deve ser parcelada em 3 vezes, no início, meio e próximo do final

da estação das chuvas. Para os plantios irrigados, divide-se a adubação em 6 parcelas iguais

por ano.

A adubação com fósforo deve ser feita uma vez por ano, no início da estação chuvosa. Nesta

oportunidade, aplica-se também 50 litros por cova de esterco bovino. Em Rondônia existe

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pouca tradição em se realizar adubações de cobertura no coqueiro, entretanto as salutares

exceções tem trazido resultados satisfatórios.

Deficiência nutricional

Os principais sintomas de deficiência relatados pelos produtores é com relação ao boro e o

cobre.

Deficiência de boro

A deficiência de boro se caracteriza pela redução do tamanho dos folíolos, presença de

folíolos unidos, folhas novas retorcidas, ausência de folíolos na base da ráquis, deformações e

escurecimento do ponto de crescimento, paralisando o desenvolvimento da planta.

A correção é realizada aplicando-se três vezes, espaçadas em 30 dias cada uma, 20 g de bórax

em coqueiros jovens e 30 g em coqueiros adultos. Esta adubação deve ser realizada na

projeção da copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.

Deficiência de cobre

A deficiência de cobre se caracteriza pelo arqueamento da folhas mais novas, seguido de um

secamento da extremidade dos folíolos.

A correção é realizada aplicando-se 100 g de sulfato de cobre por coqueiro na projeção da

copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.

Tratos culturais

Consorciação

Pode ser utilizado o consórcio no período do plantio até 3 anos e após 20 anos de implantação

da cultura. Recomenda-se, principalmente, olerícolas e o feijão. Deve-se evitar banana, cana

de açúcar, mamão e abacaxi por servirem de alimento para a broca do olho do coqueiro.

Também deve-se evitar o consórcio com gramíneas (arroz, milho, pastagens) na implantação

do coqueiral pois as mudas são muito suscetíveis à doença helmintosporiose e estas gramíneas

além de serem altamente agressivas, servem de fonte de inoculo para a referida doença.

Irrigação

Sendo o coqueiro uma planta que apresenta produção contínua durante o ano todo, qualquer

estresse pode acarretar queda de produção no coqueiral. Por isso, recomenda-se irrigação em

áreas que não apresentem uma boa distribuição de chuvas durante o ano todo.

A escolha do sistema de irrigação a ser utilizado, depende das condições locais de clima,

topografia e solo, bem como da disponibilidade de água e da capacidade de investimento do

produtor.

Controle de plantas daninhas

Page 347: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 347

As plantas daninhas devem ser controladas. Para isso recomenda-se o coroamento das plantas,

que consiste em manter limpo uma área circular em torno da estipe do coqueiro. O raio do

coroamento varia com a idade da planta, sendo de 1,0 m nas plantas de até 3 anos; 1,5 m nas

plantas de 3 a 10 anos ; e 2,0 m nas plantas com mais de 10 anos de idade. O coroamento

pode ser manual ou com o uso de herbicidas. Nas entrelinhas recomenda-se fazer a roçagem.

Controle de pragas e doenças

Tabela 1 - Principais pragas de importância econômica e seu controle.

Nome

Vulgar

Nome

Científico

Danos Controle

Ácaro Eriophyes

guerreronis

Atacam folhas novas de plantas

no viveiro, causando seca total

das folhas e morte do broto da

planta. A flecha, após secar, não

se destaca da planta. Causam

necroses na superfície dos frutos,

os quais podem ficar imprestáveis

para a comercialização.

Em plantas jovens deve-se

eliminar e queimar as plantas

atacadas, aplicar acaricida em

todo o viveiro/coqueiral.

Usar: Vamidothion (Kilval

300) ou

Aldicarb (Temik 100 ou

Temik 150)

Barata do

coqueiro

Coraliomela

brunnea

A larva se aloja na flecha das

plantas, alimentando-se dos

folíolos ainda fechados, causando

redução foliar, prejudicando o

desenvolvimento do coqueiro.

Eliminação de adultos através

da catação manual.

Pulverização com produtos

químicos, dirigida às folhas

centrais nos primeiros

sintomas.

Usar: Carbaryl (Sevin 480 SC

ou Agrivin 850 PM) ou

Triclorfon (Dipterex 500 ou

Triclorfon 500 Defensa).

Broca do

estipe do

coqueiro,

broca do

tronco do

coqueiro,

rhina

Rhinostomus

barbirostris

No interior da planta, a larva

forma inúmeras galerias, que

podem causar quebra de folhas e

morte da planta. O dano também

pode causar enfraquecimento da

planta, que pode tombar pela ação

de ventos.

Catação e eliminação das

posturas e das larvas.

Eliminação e destruição das

plantas muito atacadas. Injeção

de produtos nos orifícios

recém - abertos pelas larvas.

Usar Malation (Malatol 1000

CE) ou Triclorfon (Dipterex

500 ou Triclorfon 500

Defensa).

Broca do

olho do

coqueiro

Rhynchophorus

palmarum

É vetor da doença Anel Vermelho

do Coqueiro. O inseto faz a

oviposição no broto da planta. As

larvas se alimentam da parte

interna do estipe e fazem galerias

em todas as direções, culminando

com a morte da planta. O sintoma

externo é a má formação de

folhas novas.

Deve-se cortar e queimar as

plantas atacadas. Para os

insetos adultos confeccionar

armadilhas com iscas atrativas.

Não cortar as folhas ainda

verdes; Evitar o consórcio com

mamão, abacaxi e banana, que

também atraem o inseto.

Broca do Homalinotus Sulcos superficiais no estipe. O Limpeza da copa (folhas e

Page 348: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 348

pedúnculo

floral

coriaceus inseto adulto provoca a queda de

flores e frutos novos.

cachos secos). Pulverizações

com Malation(Malatol 1000

CE)

Cochonilha

transparente

do coqueiro

Aspidiotus

destructor

Os folíolos vão ficando amarelos

pela ação sugadora do inseto,

secando em seguida.

Realizar o controle quando

verificar-se 5 a 10% das

plantas com 3 folhas muito

atacadas, Usar Dimethoato ou

Aldicarb (Temik 100 ou

Temik 150).

Lagarta das

folhas

Brassolis

sophorae

Pode causar desfolhamento total

da planta

Localização e destruição das

lagartas

Pulgão

preto do

coqueiro

Cerataphis

lataniae

Em coqueiros jovens, causa

retardo do início de produção. Em

coqueiros adultos, provoca

abortamento de flores femininas,

queda de frutos pequenos e/ou

frutos em desenvolvimento.

Pulverização das plantas

infestadas com produtos

sistêmicos. Carbosulfan –

(Marshal 200 SC).

Tabela 2 - Principais doenças de importância econômica e seu controle.

Nome vulgar Nome cientifico Danos Controle Anel vermelho Rhadinaphelenchus

cocophilus

É uma doença letal

ao coqueiro. A

planta fica com

aspecto de guarda-

chuva fechado. O

sintoma

característico da

doença é interno.

Ao se cortar a

estipe, observa-se

um anel, de

coloração

vermelha.

Helmintosporiose Drechslera incurvata Manchas marrons e

ovaladas nas

folhas, que podem

coalescer,

formando lesões

maiores

AduNão fazer

sementeiras em locais

de plantas doentes.

Não usar sementes de

áreas contaminadas.

Erradicação e queima

das plantas doentes e

controle do inseto

vetor (Rhincoporus)

através de

armadilhas.bação

nitrogenada

equilibrada, controle

de ervas daninhas,

plantio no viveiro

que permita uma boa

aeração.

Page 349: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 349

Pulverizações com

fungicidas. Usar:

Captan (Captan 500

PM ou Captafol).

Mancozeb (Dithane

PM, Manzate BR ou

Fungineb 80),

Tebuconazole

(Folicur PM)

Murcha de Fitomonas Protozoário Phitomonas

sp.

Queda parcial ou

total de frutos

imaturos, queda de

flores,

empardecimentos e

ressecamento das

espiguetas na

inflorescência,

inflorescência não

aberta fica com

coloração cinza

amarronzado, nas

folhas basais os

folíolos terminais

ficam amarelos

seguidos de

empardecimento

rápido, quebra da

ráquis e

apodrecimento do

meristema central

Controle:

Erradicação e queima

de plantas afetadas,

coroamento, corte

das folhas que tocam

o chão, controle do

percevejo.

Produtos

Momocrotofos,

Deltametrine

Queima das folhas . Botryosphaeria

cocogena

Lesão marrom-

avermelhada em

"V". Esta lesão

evolui e pode

causar a morte

prematura das

folhas, provocando

a diminuição da

área foliar e, como

as folhas servem de

apoio para os

cachos, também

podem causar a

queda dos frutos.

Realizar o manejo

cultural e as

adubações

adequadas. Eliminar

e queimar folhas

mortas. Amarrar ou

escorar, quando

possível, os cachos.

Em ataques mais

severos, pulverizar

com fungicidas

Usar: Benomyl 0,1%

(benlate 500) +

Carbendazin

(Derosal)

Lixa Sphaerodothis

acrocomiae – Lixa

grande

Phyllachora torrendiella

Lixa grande –

pontos marrons

ásperos, nas folhas

mais velhas que se

destacam

facilmente. A

Difenoconazole (6x

de 15 em 15 dias)

Page 350: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 350

– Lixa pequena doença não causa

necrose das folhas.

Lixa pequena –

pequenos pontos

negros e ásperos

que não se

destacam

facilmente. A

doença provoca

seca prematura das

folhas.

Colheita e Pós colheita

Colheita

O coqueiro anão inicia a produção com cerca de 30 a 36 meses, sendo que, esta será contínua

com produção de 12 a 16 cachos por ano e uma média de 8 a 20 frutos por cacho. A

expectativa de produção de frutos por planta durante o ano é mostrada na tabela 7.

Tabela 3 - Expectativa de produção de frutos do coqueiro anão verde, em função da idade da

planta, em plantios de sequeiro e irrigado.

Ano de Plantio Lavoura de sequeiro

(frutos/planta/ano)

Lavoura Irrigada

(frutos/planta/ano)

1 0 0

2 0 0

3 20 50

4 35 80

5 50 120

6 70 150

7 e seguintes 80-100 150-200

O ponto ideal de colheita do fruto está associado a diversos indicadores relacionados à planta,

ao fruto e às características de produção. Depende também de determinadas propriedades

química e sensorial, ligadas aos aspectos nutritivos, alimentares e de saúde humana. Os frutos

dos coqueiros anão destinados ao consumo in natura de água de coco devem ser colhidos,

principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a abertura natural da inflorescência. Nessa

idade ocorrem os maiores pesos de fruto, as maiores produções de água de coco, os maiores

valores de frutose, glicose e grau brix, e o melhor sabor da água de coco, além de ser rica em

minerais, principalmente em potássio. A água proveniente de frutos com idade em torno de

cinco meses, é menos doce (menores teores de glicose e frutose e menor grau brix), enquanto

na dos frutos com oito meses de idade, já ocorrem quedas nos teores de glicose e frutose e no

grau brix, e aumento no teor de sacarose e no de gordura, ocasionando um sabor rançoso a

água de coco.

O coco para consumo in natura na culinária ou para uso agroindustrial na fabricação de

alimentos, deve ser colhido com onze a doze meses. Estes frutos apresentam cor castanha,

com manchas verdes e pardas irregulares, com peso inferior ao coco verde. Para a produção

de alimentos "light" em gordura seja na culinária ou na agroindústria, recomenda-se utilizar a

Page 351: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 351

polpa do coqueiro anão por possuir menos da metade do teor de gordura da polpa tanto do

coqueiro gigante quanto do híbrido.

Para realizar a colheita de coqueiros com grande altura o colhedor ou "tirador" deve utilizar

"peias" de couro ou nylon para subir nas plantas. O uso de esporas deve ser evitado visto que

estas causam ferimentos no tronco do coqueiros, o que pode transmitir doenças letais às

plantas. Chegando ao topo da árvore, o tirador amarra uma corda no pedúnculo do cacho e o

secciona com um facão. Com isso, a queda do cacho é evitada já que a corda o está

segurando. Aproveita-se este momento para realizar a limpeza das copas, desbastando as

folhas velhas, que são cortadas também com o facão. Não é recomendado cortar folhas ainda

verdes, pois pode ocorrer a atração de insetos causadores de doenças.

O coco verde merece cuidados para ser aceito pelo consumidor, visto que ele será consumido

in natura e o seu aspecto visual é um fator limitante para a sua comercialização. Logo depois

de colhidos, os cachos devem ser limpos, eliminando-se as ráquiles ou rabichos do coco para

que estas não atritem com a casca do fruto no transporte, causando feridas e escurecimento no

mesmo. Em Rondônia é comum encontrar carrinhos onde a água de coco é comercializada em

copos descartáveis, onde a aparência visual do fruto não tem tanta importância para o

consumidor.

PÓS-COLHEITA

Após a colheita, os cachos devem ser transportados com a máxima atenção, para evitar danos

tanto mecânicos provocados pelo impacto quanto a ruptura do endocarpo, ocasionando a

perda da água. Além disso, eles devem ser deixados à sombra dos coqueiros até o momento

de serem transportados para a comercialização.

A qualidade da água é extremamente afetada pelo tempo decorrente entre a colheita e o

consumo final. Sendo assim é necessário alguns cuidados para prolongar a vida útil dos

frutos:

Os frutos (cachos) devem ser manuseados com cuidado e o transporte efetuado o mais

rápido possível, em veículos cobertos com lonas de cor clara e em horários de

temperatura amena;

Deve-se ainda forrar o caminhão com palha ou serragem para evitar danos mecânicos

aos frutos das camadas inferiores;

Não sendo possível o transporte logo após a colheita, recomenda-se que os cachos

sejam armazenados em galpão fresco, bem arejado e seco, por, no máximo dois dias;

Se o mercado exigir o fruto a granel por unidade, proceder à retirada dos frutos do

cacho com o auxílio de uma tesoura de poda, tomando o cuidado para não arrancar o

pedúnculo e o cálice floral, estruturas que formam uma proteção natural contra a

entrada de fungos e bactérias que deterioram a água;

Recomenda-se que os frutos cheguem ao distribuidor no prazo máximo de três dias

após a colheita;

Na maioria das vezes o fruto exige armazenamento no local de consumo, onde devem

permanecer ainda nos cachos, em locais com boa ventilação, evitando-se a exposição aos

raios solares e a temperaturas elevadas. Quando armazenados à temperatura ambiente, acima

de 20ºC os cocos devem ser consumidos no período máximo de 10 dias após a colheita. Em

câmara fria a 12ºC esse período pode ser prolongado por mais 15 a 20 dias, após o qual

iniciam os processos de deterioração que comprometem, principalmente, a acidez da água.

Page 352: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 352

Tabela 4 – Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de coqueiro.

Especificação Quantidade Unidade Ano 1

Insumos

Calcário

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

Mudas

Inseticida granulado

Inseticida

Fungicida

Serviços

Roçagem e limpeza da área

Marcação da área

Preparo das covas

Plantio/replantio

Coroamento

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

2

102

61

41

1.000

226

1

1

1

15

10

2

6

10

5

4

T

Kg

Kg

Kg

Kg

Unidade

Kg

Litro

Litro

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

Ano 2

Insumos

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

143

184

163

1000

1

1

Kg

Kg

Kg

Kg

Litro

Litro

Page 353: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 353

Inseticida

Fungicida

Serviços

Coroamento

Roçagens

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

10

2

5

4

D/h

D/h

D/h

D/h

Ano 3

Insumos

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

Inseticida

Fungicida

Serviços

Coroamento

Roçagens

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

Colheita

163

204

163

1000

1

1

10

2

5

4

5

Kg

Kg

Kg

Kg

Litro

Litro

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

Coeficientes técnicos

Tabela 5 - Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de coqueiro.

Especificação Quantidade Unidade

Ano 1

Insumos

Calcário

2

102

61

T

Kg

Kg

Page 354: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 354

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

Mudas

Inseticida granulado

Inseticida

Fungicida

Serviços

Roçagem e limpeza da área

Marcação da área

Preparo das covas

Plantio/replantio

Coroamento

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

41

1.000

226

1

1

1

15

10

2

6

10

5

4

Kg

Kg

Unidade

Kg

Litro

Litro

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

Ano 2

Insumos

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

Inseticida

Fungicida

Serviços

Coroamento

143

184

163

1000

1

1

10

2

5

4

Kg

Kg

Kg

Kg

Litro

Litro

D/h

D/h

D/h

D/h

Page 355: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 355

Roçagens

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

Ano 3

Insumos

Superfosfato simples

Uréia

Cloreto de potássio

Esterco

Inseticida

Fungicida

Serviços

Coroamento

Roçagens

Aplicação de agrotóxicos

Adubações de cobertura

Colheita

163

204

163

1000

1

1

10

2

5

4

5

Kg

Kg

Kg

Kg

Litro

Litro

D/h

D/h

D/h

D/h

D/h

Cultura do Milho

O milho (Zea mays), também chamado abati, auati e avati, é um conhecido cereal, cultivado

em grande parte do mundo. O milho é extensivamente utilizado como alimento humano ou

ração animal, devido às suas qualidades nutricionais. Todas as evidências científicas levam a

crer que seja uma planta de origem mexicana, já que a sua domesticação começou 7.500 a

12.000 anos atrás na área central da Mesoamérica. É um dos alimentos mais nutritivos que

existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos, sendo exceções a lisina e o

triptofano.

Tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. Seu cultivo geralmente

é mecanizado, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. Produção

mundial foi 817 milhões de toneladas em 2009-mais que arroz (678 milhões de toneladas) e

trigo (682 milhões de toneladas), com 332 milhões de toneladas produzidas anualmente

Page 356: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 356

somente nos Estados Unidos. O milho é cultivado em diversas regiões do mundo. O maior

produtor mundial são os Estados Unidos. No Brasil, que também é um grande produtor e

exportador, o Paraná é o maior estado produtor, com cerca de 27 por cento da produção

nacional, seguido de Mato Grosso.

Atualmente, somente cerca de cinco por cento da produção brasileira se destina ao consumo

humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de outros produtos. Isto se deve

principalmente à falta de informação sobre o milho e à ausência de uma maior divulgação de

suas qualidades nutricionais, bem como aos hábitos alimentares da população brasileira, que

privilegia outros grãos.

Etimologia

"Milho" é oriundo do latim miliu. "Avati", "auati" e "abati" são oriundos do tupi.

História

Caverna Guila Naquitz em Oaxaca, México, local dos restos conhecidos mais antigos de

milho

Milho é a variante domesticada do teosinto. As duas plantas

possuem aparência dissemelhante, milho com um pedúnculo

unico, alto com folhas múltiplas e teosinte sendo uma curta,

frondosa planta. A diferença entre os dois é largamente controlado

por diferenças em apenas dois genes.

esquerda: teosinto, direita: milho, meio: híbrido de milho-teosinto

Segundo Mary Poll, em trabalho publicado na revista Proceedings

of the National Academy of Sciences, os primeiros registros do cultivo do milho datam de

7.300 anos atrás, tendo sido encontrados em pequenas ilhas próximas ao litoral do México, no

Golfo do México. Vestígios arqueológicos de milho encontradas na caverna Guila Naquitz no

Vale de Oaxaca datam cerca de 6.250 anos atrás, os mais antigos restos em cavernas de

Tehuacan, Puebla são de cerca de 5.450 anos atrás.

Começando por volta de 2.500 antes de Cristo, o cultivo de milho começou a se espalhar fora

da Mesoamérica para outras partes do Novo Mundo. Seu nome de origem indígena caribenha

significava "sustento da vida". O milho era o alimento básica de várias civilizações

importantes ao longo dos séculos, os Olmecas, Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal

na arte e religião.

O milho era plantado por indígenas americanos em montes, usando um sistema complexo que

variava a espécie plantada de acordo com o seu uso. Esse método foi substituído por

plantações de uma única espécie. Com as grandes navegações do século XVI e o início do

processo de colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes do

Page 357: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 357

mundo. Hoje, é cultivado e consumido em todos os continentes e sua produção só perde para

a do trigo e do arroz.

O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na América do Sul,

nomeadamente em regiões pouco desenvolvidas, no sistema conhecido no Brasil como de

roças. No final da década de 1950, por causa de uma grande campanha em favor do trigo, o

cereal perdeu espaço na mesa brasileira. Atualmente, embora o nível de consumo do milho no

Brasil venha crescendo, ainda está longe de ser comparado a países como o México e aos da

região do Caribe.

Composição

Puro ou como ingrediente de outros produtos, é uma importante fonte energética para o

homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de

industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a

eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, o grão de milho é constituído

de carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico, sendo

constituído de grandes quantidades de açúcares e gorduras. O milho contém vários sais

minerais como ferro, fósforo, potássio e zinco. No entanto, é rico em ácido fítico, que

dificulta a absorção destes mesmos.

Usos

O milho é basicamente utilizado na alimentação, seja ela indireta (como ração animal) ou

através do consumo humano direto.

Uso na Alimentação Humana Direta

Taxa de consumo "per capita" de milho: ██ mais de 100 kg/ano ██ de 50 a 99 kg/ano ██ de

19 a 49 kg/ano ██ de 6 a 18 kg/ano ██ 5 ou menos kg/ano

Nos Estados Unidos, o uso do milho na alimentação humana direta é relativamente pequeno -

embora haja grande produção de cereais matinais como flocos de cereais ou corn flakes e

xarope de milho, utilizado como adoçante. No México o seu uso é muito importante, sendo a

base da alimentação da população (é o ingrediente principal das tortilhas, e outros pratos da

culinária mexicana).

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no Brasil apenas cinco por

cento do milho produzido se destina ao consumo direto humano. No Brasil, é a matéria-prima

principal de vários pratos da culinária típica brasileira, como canjica, cuscuz, polenta, angu,

mingaus, pamonhas, cremes, bolos, pipoca ou simplesmente milho cozido. Na indústria, pode

ser usado como componente para a fabricação de rebuçados, biscoitos, pães, chocolates,

geleias, sorvetes e maionese.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 358

Apesar de serem usados para fazer pães, o milho não contém a proteína glúten. Isso faz com

que os assados de milho não sejam especialmente nutritivos (como é o caso dos assados feitos

de trigo).

Usos Alternativos

O uso primário do milho nos Estados Unidos e no Canadá é na alimentação para animais. O

Brasil tem situação parecida: 65 por cento do milho é utilizado na alimentação animal e onze

por cento é consumido pela indústria, para diversos fins. Seu uso industrial não se restringe à

indústria alimentícia. É largamente utilizado na produção de elementos espessantes e colantes

(para diversos fins) e na produção de óleos.

Recentemente, Europa e Estados Unidos têm incentivado seu uso para produção de etanol. O

etanol é utilizado como aditivo na gasolina, para aumentar a octanagem. O uso do milho para

produção de biocombustíveis tem encarecido seu uso para alimentação.

Pesquisas Genéticas

O milho é a espécie vegetal mais utilizada para pesquisas genéticas. Em 1940, Barbara

McClintock ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela sua descoberta de transposões,

enquanto estudava o milho. A produção de milho é uma das mais difundidas entre as de

alimentos transgênicos, em parte por que seu consumo é basicamente para ração animal, onde

a resistência do consumidor é menor.

Algumas variedades não comerciais e selvagens de milho são cultivadas ou guardadas em

bancos de germoplasma para adicionar diversidade genética durante processos de seleção de

novas sementes para uso doméstico - inclusive milho transgênico.

Variedades Especiais

Milho Branco

Uma das variedades mais difundidas no Brasil é o milho branco. Tem, como principais

finalidades, a produção de canjica, grãos e silagem. A planta tem altura próxima de 2,20

metros, sendo que a espiga nasce a 1,10 metro do solo. A espiga é grande, cilíndrica e

apresenta alta compensação. O sabugo é fino, os grãos são brancos, profundos, pesados e de

textura média. O colmo tem alta resistência física e boa sanidade. A raiz tem boa fixação.

A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho, em diferentes

altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas safras de milho branco por ano. Em

algumas épocas e regiões do Brasil, a cotação da saca de milho branco pode ser até cinquenta

por cento superior à do milho tradicional. O auge da demanda ocorre no período

imediatamente anterior à quaresma, pois a canjica é um prato típico destas festividades.

No Brasil, o milho branco é bastante difundido nos estados do Paraná e São Paulo, mas há

também plantações isoladas nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso.

Entre os principais municípios produtores, estão Londrina, Irati e Pato Branco no Paraná e

Quadra - que é considerada a "Capital do Milho Branco" -, Tatuí e Itapetininga, em São

Paulo. Nos Estados Unidos, a produção de milho branco em 2004 correspondia a três por

cento do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço no mercado nos

últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na demanda. Um dos motivos é que o

Page 359: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 359

mercado reconhece que ainda não existem variedades transgênicas de milho branco, o que

automaticamente aumenta seu valor de mercado em nichos específicos.

Milho Transgênico

Em relatório recentemente divulgado, notou-se que submeter camundongos a dietas contendo

quantidades significativas de determinado tipo de milho transgênico (o MON 863) é

prejudicial à saúde destes animais e pode causar lesões consideráveis em órgãos importantes

(rins, fígado, etc), interferir com a função do sistema imunológico (contagem de linfócitos,

leucócitos, granulócito) e alterar seus metabolismos (glicose).

A variedade transgênica mais conhecida é desenvolvida pela Monsanto, e é conhecida como

RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato). Ela é utilizada extensivamente nos Estados

Unidos. Outras empresas atuantes no ramo incluem a Syngenta, a BASF, a Bayer e a DuPont.

Em 1999, a Novartis foi a primeira empresa a receber autorização do governo brasileiro para

realizar testes no país com o milho transgênico BT, resistente a insetos.

Variedades de milho

Segundo os produtores de sementes, o milho transgênico traz um

aumento médio de oito por cento na produtividade. Nos Estados

Unidos, mais de setenta por cento do milho semeado é

transgênico. A produção de variedades transgênicas na

Argentina e no Brasil é crescente, embora nem sempre a prática do

cultivo dessas variedades seja legal. Há também relatos de

milho transgênico em Honduras (terra de origem do milho), onde

variedades transgênicas "contaminaram" as variedades locais. No México, o milho

transgênico também enfrenta séria oposição governamental: em 1998, foi proibida a

experimentação, o cultivo e a importação de milho transgênico.

O milho é um exemplo da manipulação de espécies pelo Homem, sendo utilizado tanto pelos

defensores quanto pelos opositores dos transgênicos. O milho cultivado pelos índios mal

lembra o milho atual: as espigas eram pequenas, cheias de grãos faltando, e boa parte da

produção era perdida para doenças e pragas. Através do melhoramento genético, o milho

atingiu sua forma atual. Os defensores dos transgênicos utilizam este exemplo para dizer que

a manipulação das características genéticas de vegetais não é novidade e já foi feita

anteriormente, com muito menos controle do que atualmente. Os opositores dos transgênicos

utilizam o mesmo exemplo para defender que há alternativas para a manipulação direta dos

genes de espécies vegetais, técnica à qual se opõem.

Nem sempre as remessas de milho importado dos Estados Unidos chegam aos países da

América Latina com rotulagem indicando isso aos consumidores. Apesar disso, pesquisas

mexicanas indicam que a contaminação do milho nativo pode ter sido causada pela

polinização acidental, que talvez tenha ocorrido também em outros países centro-americanos.

Os milhos transgênicos, de propriedade de algumas poucas empresas, ao entrar em contato

com o ambiente natural, se espalham. Há casos nos Estados Unidos em que um pequeno

agricultor planta milho e depois precisa pagar royalties, pois tais espigas eram transgênicas e

estavam patenteadas por grupos financeiros. Já que o milho transgênico está tomando o lugar

com o milho de verdade, natural, tais acontecimentos tem sido cada vez mais comuns.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 360

Os ativistas que enfrentam os transgênicos tentam acabar com a possibilidade de que, algum

dia, uma pessoa faminta não possa plantar uma espiga de milho porque esta pertence a alguma

empresa. O consumidor pode optar por não consumir milhos transgênicos se procurar por o

milho orgânico, já que os demais milhos não especificam o teor do que está sendo vendido.

Cultivo

O milho tem alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. O nível

tecnológico da cultura está entre o médio e o alto. O cultivo é idealmente mecanizado e se

beneficia bastante da técnica de plantio direto. A utilização de discos de plantio é adequada

para a sua peneira.

Exemplares de milho premiados na Feira do Condado de Olmsted,

em Rochester, em Minnesota, nos Estados Unidos

O plantio de milho é feito tanto na chamada "safrinha" quanto na

safra principal (ou seja, a safra de verão). Na Região Sudeste do

Brasil, o mês de plantio mais indicado geralmente é setembro, mas

o plantio pode ser feito até em novembro. Dependendo do mês de

plantio, o espaçamento entre as linhas e a quantidade de sementes

por metro deve variar. O ciclo do plantio varia entre 115 e 135 dias.

A adubação deve ser feita conforme a análise do solo. O controle de pragas e ervas daninhas

só deve ser feito se necessário. Nem sempre há necessidade de irrigação intensiva: pelo menos

nas regiões tradicionalmente produtoras, a precipitação é suficiente para as necessidades

hídricas da planta. Lavouras bem-sucedidas apresentam valor médio de germinação na faixa

de 95 por cento %. A produtividade média varia entre 250 e 350 sacas por alqueire. Nas

regiões de produtividade recorde do Brasil, há produtores que chegam a alcançar 520 sacas

por alqueire.

Colheita

Antes da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do milho era colhida à mão. Isso

frequentemente envolvia grandes números de trabalhadores, e eventos sociais associados. Um

ou dois pequenos tratores eram utilizados, mas as colheitadeiras mecânicas não foram

utilizadas até o fim da guerra. Na mão ou através da colheitadeira, a espiga inteira é coletada e

a separação dos grãos e do sabugo é uma operação separada. Anteriormente, isso era feito em

uma máquina especial. Hoje, as colheitadeiras modernas têm unidades de separação de grãos

anexas. Elas cortam o milho próximo à base, separam os grãos da espiga com rolos de metal e

armazenam somente os grãos.

Características da Planta

O milho pertence ao grupo das angiospermas, ou seja produz as sementes no fruto. A planta

do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas. O caule

tem aparência de bambu e as juntas estão geralmente a cinquenta centímetros de distância

umas das outras. A fixação da raiz é relativamente fraca. A espiga é cilíndrica, e costuma

nascer na metade da altura da planta.

Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras regulares presas no sabugo,

que formam a espiga. Eles têm dimensões, peso e textura variáveis. Cada espiga contém de

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 361

duzentos a quatrocentos grãos. Dependendo da espécie, os grãos têm cores variadas, podendo

ser amarelos, brancos, vermelhos, azuis ou marrons. O núcleo da semente tem um pericarpo

que é utilizado como revestimento.

Clima e solo

Existe sempre uma preocupação em analisar as características ambientais em termos da

adequação ao uso que se tem em mente. Isto é da mais alta relevância, porque a capacidade

ambiental de dar suporte ao desenvolvimento possui sempre um limite, a partir do qual todos

os outros aspectos serão inevitavelmente afetados. Em outras palavras, o uso e a ocupação de

uma determinada paisagem são condicionados pelas suas características intrínsecas. Estas

determinam as potencialidades de uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses.

Para qualquer análise do meio-físico, é necessário selecionar critérios que permitam avaliar

características ambientais importantes para o tema enfocado. No caso presente, o interesse é

uma análise das demandas da cultura do milho, para se fazer um balanço com as ofertas

ambientais, visando uma produção sustentável. Ao proceder a essa análise, verifica-se que a

planta capta energia solar (radiação) e necessita de água e nutrientes para manter o seu

crescimento. Esses fatores ambientais são definidos principalmente por clima e solo. Os

fatores edafoclimáticos são referidos como os mais importantes não só para o

desenvolvimento das culturas, como também para a definição de sistemas de produção.

O milho, assim como a maioria das culturas econômicas, requer a interação de um conjunto

de fatores edafoclimáticos apropriados ao seu bom desenvolvimento. Assim, um solo rico em

nutrientes teria pouco ou quase nenhum significado para a cultura se esse mesmo solo

estivesse submetido a condições climáticas adversas ou, ainda, apresentasse características

físicas inadequadas que influenciariam negativamente na condução e desenvolvimento da

cultura, tais como: drenagem e aeração deficientes,

percolação excessiva, adensamento subsuperficial, pedregosidade excessiva, profundidade

reduzida, declividade acentuada, etc.

Em termos de solos, serão aqui discutidas algumas características físicas mais importantes

que, isoladas ou em conjunto, servirão para orientar a escolha de um solo adequado para a

cultura.

Textura - Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35%, ou mesmo

argilosos, com boa estrutura, como os latossolos, que possibilitam drenagem adequada,

apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os

mais recomendados para a cultura do milho.

Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa

capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas. Apresentam intensa

lixiviação, perdem mais água por evaporação e são normalmente mais secos.

Alguns solos com tipo de argila expansiva (tipo montmorilonita) podem apresentar forte

agregação, prejudicando as condições de permeabilidade e a livre penetração do sistema

radicular, e devem também ser evitados.

Profundidade efetiva - É a profundidade até a qual as raízes podem penetrar livremente em

busca de água e de elementos necessários ao desenvolvimentos da planta. Sendo o milho uma

planta cujo sistema radicular tem grande potencial de desenvolvimento, é desejável que o solo

seja profundo ( mais de 1m).

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Os solos rasos, além de dificultarem, o desenvolvimento das raízes, possuem menor

capacidade de armazenamento de água, além de estarem sujeitos a um desgaste mais rápido,

devido à pouca espessura do perfil.

Topografia - Tendo em vista o controle da erosão e as facilidades de mecanização, deve-se

dar preferência às glebas de topografia plana e suave, com declives até 12%.

Não há nenhuma parte da superfície terrestre sem vegetação devido à pobreza dos solos. Há

áreas, às vezes extensas, sem vegetação pela deficiência de água ou por temperaturas muito

baixas ou muito altas, pela ausência de radiação, pelo excesso de sais, mas não pela

deficiência de nutrientes. Disso podem ser generalizados alguns princípios (Resende, 1997):

os elementos essenciais estão todos os solos, ainda que em quantidades muito

pequenas;

quanto à deficiência de nutrientes, a cultura do milho apresenta ampla diversidade

genética para adaptação a qualquer ambiente.

Assim, há abundância de plantas para enfrentar estresses nutricionais ou hídricos, mas não

simultaneamente os dois; por que não? Existem trabalhos na literatura demonstrando que a

seca relaciona-se intimamente com a eficiência na utilização de nitrogênio, ou seja,

variedades de milho tolerantes à seca podem também ser eficientes na absorção do nitrogênio.

Em condições de seca, o nitrogênio disponível no solo está na forma predominante de amônia

e a cultivar tolerante tem que ter mecanismo de eficiência na absorção de nitrogênio nessa

forma. A boa disponibilidade de água permite que plantas exuberantes vivam em solos muito

pobres, por meio de um eficiente mecanismo de ciclagem.

A quantidade de água extraível pela planta depende do tipo de solo, ou seja, da capacidade de

retenção de água do solo, da profundidade efetiva de extração, da solução do solo e da idade

da planta. Na região tropical, a literatura tem mostrado que a maior parte das raízes está nos

primeiros 30 cm de solos e as demais raízes raramente ultrapassam 60 cm. Nas regiões

temperadas, há informações de raízes ultrapassando a profundidade de 100 cm. Vale a pena

ressaltar a disponibilidade de água do solo. Dados de vários locais e diferentes tipos de solos

têm mostrado que a quantidade de água no solo não é limitante ao desenvolvimento da cultura

até quando o teor de água extraível for superior a 30% e, abaixo desse valor, o consumo

relativo de água decresce linearmente.

Embora o milho responda à interação de todos os fatores climáticos, pode-se considerar que a

radiação solar, a precipitação e a temperatura são os de maior influência, pois atuam

eficientemente nas atividades fisiológicas interferindo diretamente na produção de grãos e de

matéria seca. No Brasil, pela sua continentalidade, observa-se que os fatores que afetam a

estação de crescimento da cultura de milho variam com a região. Nas regiões temperadas e

subtropicais, a limitação maior se deve à temperatura do ar e a radiação solar, sendo os limites

extremos variáveis com microrregiões agroclimáticas. No Brasil Central, a precipitação tem

um papel de destaque, inclusive afeta indiretamente o regime de radiação pois altas chuvas

implicam na baixa radiação solar que chega na superfície. Inclusive, milhos adaptados a

elevadas taxas de radiação sofrem, nessas regiões, drástica alteração no seu metabolismo e,

consequentemente, alteração no seu potencial de produção.

A temperatura tem um papel de destaque principalmente nas regiões Sul e Nordeste, daí ser

vasta a literatura mostrando o efeito da temperatura do ar e do solo no crescimento e

desenvolvimento da cultura do milho. Fancelli & Dourado Neto (2000) citam que, quando a

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temperatura do solo é inferior a 10 º C e superior a 40 º C há prejuízo sensível à germinação e

que o ideal seria entre 25 e 30 º C. Por ocasião da floração, temperaturas medias superiores a

26 º C aceleram o desenvolvimento dessa fase e inferiores a 15,5 º C o retarda. Cada grau

acima da temperatura media de 21,1, nos primeiros 60 dias após a semeadura, pode acelerar o

florescimento dois a três dias. Quando a temperatura é acima de 35 º C, devido a diminuição

da atividade da redutase do nitrato, o rendimento e a composição protéica do grão podem ser

alterados. Temperaturas acima de 33 º C durante a polinização reduzem sensivelmente a

germinação do grão de pólen. Verão com temperatura média diária inferior a 19 º C e noites

com temperatura média inferior a 12,8 º C não são recomendados para produção de milho.

Temperaturas noturnas superiores a 24ºC proporcionam um aumento da respiração de tal

forma que a taxa de fotossimilados cai e, com isso, reduz a produção. Redução da temperatura

abaixo de 15 º C ocasiona retardamento na maturação do grão.

Por pertencer ao grupo de plantas C 4 , a cultura do milho responde com elevados

rendimentos ao aumento da intensidade luminosa. O milho, dentre as plantas do tipo C 4 , é

uma das que possuem um mecanismo foliar interno para utilização muito eficiente de CO 2 ,

por folha individualmente, porem a eficiência do dossel não é maior que 10%. Necessita-se

mais pesquisa sobre a influência do microclima nas condições de crescimento.

A maior sensibilidade à variação de radiação ocorre no início da fase produtiva, ou seja, nos

primeiros 15 dias após o pendoamento, densidade dos grãos. Uma redução de 30 a 40% da

intensidade luminosa ocasiona atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares

tardias, que mostram-se mais carentes de luz. A maior sensibilidade à variação de luz ocorre

no início da fase reprodutiva. O aproveitamento efetivo de luz pelo milho depende muito da

estrutura da planta, principalmente da distribuição espacial das folhas. É importante que se

tenha uma distribuição espacial das plantas na área de modo que o número de plantas não

exceda a 65.000 pl/ha. Sabe-se que a arquitetura da planta tem um papel muito importante. O

milho apresenta uma taxa fotossintética muito elevada, podendo atingir taxa maior que 80

mg.dm-2h-1 . O milho apresenta taxa fotossintética maior que qualquer outra espécie e nunca

satura, mesmo em elevada irradiancia.

O milho, por razões principalmente econômicas, é plantado na maioria das áreas, no período

chuvoso, ou seja, é uma cultura típica de sequeiro. Portanto, conhecer o número de dias secos

consecutivos é de muita importância na determinação da época de plantio. Dias secos são

considerados como sendo aqueles em que a precipitação é inferior a 5 mm. A literatura tem

mostrado que as máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o

ciclo está entre 500 e 800mm e que a cultura exige um mínimo de 350-500 mm para que

produza sem necessidade de irrigação. Na cultura do milho, em condições de clima quente e

seco, o consumo de água raramente excede 3 mm/dia, quando a planta apresenta em torno de

30 cm de altura e, no período que vai da iniciação floral a maturação, pode atingir valores de

5 a 7 mm/dia.

Em resumo, o uso consultivo de água pela cultura é função das características físico-hídricas

do solo e da demanda de água pela atmosfera. Portanto, a interação clima e solo tem um papel

primordial no processo produtivo de uma cultura. Enquanto o conteúdo de água no solo não

atinge um teor critico que, para a cultura do milho, está em torno de 30% da água extraível, o

que governa o consumo de água pela cultura são as condições climáticas. A partir desse limite

crítico, o que define o consumo são as condições físico-hídricas do solo.

Ecofisiologia

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 364

Germinação e Emergência

Em condições normais de campo, após a semeadura, as sementes absorvem água e começam a

crescer. A radícula é a primeira a se alongar, seguida pelo coleóptilo, com plúmula incluída.

Esse estádio, conhecido como VE, é atingido pela rápida elongação do mesocótilo, o qual

empurra o coleóptilo em crescimento para a superfície do solo. Em condições de temperatura

e umidade do ar adequadas, a emergência ocorre 4 a 5 dias após a semeadura, porém, em

condições de baixa temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até duas

semanas ou mais. Assim que a emergência ocorre e a planta expõe a extremidade do

coleóptilo, o mesocótilo pára de crescer.

O sistema radicular seminal, que são as raízes oriundas diretamente da semente, tem o seu

crescimento nessa fase e a profundidade onde elas se encontram depende da profundidade da

semeadura. O crescimento dessas raízes, também conhecido como sistema radicular

temporário, diminui após o estádio VE e praticamente inexiste no estádio V3 (três folhas

desenvolvidas).

O ponto de crescimento da planta de milho, nesse estádio, está localizado cerca de 2,5 a 4,0

cm abaixo da superfície do solo e encontra-se logo acima do mesocótilo. Essa profundidade

onde se acha o ponto de crescimento é também a profundidade onde vai-se originar o sistema

radicular definitivo do milho, conhecido como raízes nodais ou fasciculada. A profundidade

do sistema radicular definitivo independe da profundidade da semeadura, uma vez que a

emergência da planta vai depender do potencial máximo

de alongamento de mesocótilo, conforme pode ser visto na Fig. 1.

Fig. 1 Duas profundidades de plantio, mostrando detalhe do alongamento do mesocótilo.

O sistema radicular nodal inicia-se, portanto, no estádio

VE e o alongamento das primeiras raízes inicia-se no

estádio V1, indo até o R3, após o qual muito pouco

crescimento ocorre.

No milho, não é constatada a presença de fatores

inibitórios ao processo de germinação, visto que, sob

condições adequadas de umidade, os grãos podem

germinar imediatamente após a maturidade fisiológica,

mesmo ainda estando presos à espiga.

Em síntese, na germinação, ocorre a embebição da semente, com a conseqüente digestão das

substâncias de reserva, síntese de enzimas e divisão celular.

Baixa temperatura do solo no plantio geralmente restringe a absorção de nutrientes do solo e

causa lentidão no crescimento. Esse fato pode ser parcialmente superado por uma aplicação

de pequena quantidade de fertilizante no sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente.

A lentidão na germinação predispõe a semente e a plântula a uma menor resistência a

condições ambientais adversas, bom como ao ataque de patógenos, principalmente fungos do

gênero Fusarium, Rhizoctonia, Phytium e Macrophomina . Para uma germinação e

emergência mais rápidas em plantio mais cedo, deve-se optar por uma profundidade de

semeadura mais rasa, onde a temperatura do solo é mais favorável. Em plantios tardios, as

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temperaturas do solo são geralmente adequadas em qualquer profundidade e a umidade do

solo, nesse caso, é o fator limitante para rápido crescimento.

Se a irrigação está disponível ou uma chuva recente aconteceu,

não há com que se preocupar. No entanto, na falta dessas

situações, as camadas mais profundas do solo possuem maior teor

de umidade nos plantios tardios.

Estádio V3 (três folhas desenvolvidas, Fig. 2 )

Fig. 2 Estádio de três folhas

O estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre

aproximadamente duas semanas após a emergência. Nesse estádio,

o ponto de crescimento encontra-se ainda abaixo da superfície do

solo e a planta ainda possui pouco caule formado (Fig. 3). Pêlos

radiculares do sistema radicular nodal estão agora em crescimento e

o desenvolvimento das raízes seminais é paralisado.

Fig. 3 Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo da superfície do solo.

Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no

V3. Pode-se dizer, portanto, que o estabelecimento do número máximo de grãos ou a

definição da produção potencial estão sendo definidos nesse estádio. No estádio V5 (cinco

folhas completamente desenvolvidas), tanto a iniciação das folhas como das espigas vai estar

completa e a iniciação do pendão já pode ser vista microscopicamente na extremidade de

formação do caule, logo abaixo da superfície do solo.

O ponto de crescimento, que encontra-se abaixo da superfície do solo e é bastante afetado

pela temperatura do solo nos estádios iniciais do crescimento. Assim, temperaturas baixas

podem aumentar o tempo decorrente entre um estádio e outro, alongando o ciclo da cultura,

podendo aumentar o número total de folhas, atrasar a formação do pendão e diminuir a

disponibilidade de nutrientes para a planta. Uma chuva de granizo ou vento nesse estádio vai

ter muito pouco ou nenhum efeito na produção final de grãos. Disponibilidade de água nesse

estádio é fundamental; por outro lado, o excesso de umidade ou encharcamento, quando o

ponto de crescimento ainda encontra-se abaixo da superfície do solo, pode matar a planta em

poucos dias.

O controle de plantas daninhas nessa fase é

fundamental para reduzir competição por luz, água e

nutrientes. Como o sistema radicular está em pleno

crescimento, mostrando considerável porcentagem de

pêlos absorventes e ramificações diferenciadas,

operações inadequadas de cultivo (profundas ou

próximas à planta) poderão afetar a densidade e a

distribuição de raízes, com conseqüente redução na

produtividade. Portanto, é recomendada cautela no

cultivo.

Estádio V6 (seis folhas desenvolvidas, Fig. 4 )

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Fig. 4 Estádio de seis folhas completamente desenvolvidas.

Nesse estádio, o ponto de crescimento e o pendão estão acima

do nível do solo (Fig. 5), o colmo está iniciando um período de

alongação acelerada. O sistema radicular nodal

(fasciculado) está em pleno funcionamento e em crescimento.

Fig. 5 Planta no estádio V6, mostrando o ponto de crescimento

acima da superfície do solo.

Nesse estádio, pode ocorrer o aparecimento de eventuais perfilhos, os quais encontram-se

diretamente ligados à base genética da cultivar, ao estado nutricional da planta, ao

espaçamento adotado, ao ataque de pragas e às alterações bruscas de temperatura (baixa ou

alta). No entanto, existem poucas evidências experimentais que demonstram a sua influência

negativa na produção.

No estádio V8, inicia-se a queda das primeiras folhas e o número de fileiras de grãos é

definido. Durante esse estádio, constata-se a máxima tolerância ao excesso de chuvas. No

entanto, encharcamento por períodos de tempo maior que cinco dias poderá acarretar

prejuízos consideráveis e irreversíveis.

Estresse hídrico nessa fase pode afetar o comprimento de internódios, provavelmente pela

inibição da alongação das células em desenvolvimento, concorrendo, desse modo, para a

diminuição da capacidade de armazenagem de açúcares no colmo. O déficit de água também

vai resultar em colmos mais finos, plantas de menor porte e menor área foliar.

Evidências experimentais demonstram que a distribuição total das folhas expostas nesse

período, mediante ocorrência de granizo, geada, ataque severo de pragas e doenças, além de

outros agentes, acarretarão quedas na produção da ordem de 10 a 25%.

Períodos secos, aliados à conformação da planta, característica dessa fase (conhecida como

fase do "cartucho"), conferem à cultura do milho elevada suscetibilidade ao ataque da lagarta-

do-cartucho ( Spodoptera frugiperda ), exigindo constante vigilância. De V6 até o estádio V8,

deverá ser aplicada a adubação nitrogenada em cobertura.

Estádio V9 Nesse estádio, muitas espigas são facilmente visíveis, se for feita uma dissecação da planta

(Fig. 6). Todo nó da planta tem potencial para produzir uma espiga, exceto os últimos 6 a 8

nós abaixo do pendão. Assim, uma planta de milho teria potencial para produzir várias

espigas, porém, apenas uma ou duas (caráter prolífico) espigas

conseguem completar o crescimento.

Fig. 6 Título: Estádio V9, mostrando detalhes de várias espigas

potenciais.

Nesse estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento de órgãos

florais. O pendão inicia um rápido desenvolvimento e o caule

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continua alongando. A elongação do caule ocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o

tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar, de quatro dias para cada dois

ou três dias.

Próximo ao estádio V10, a planta de milho inicia um rápido e contínuo crescimento, com

acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até os estádios reprodutivos. Há

uma grande demanda no suprimento de água e nutrientes para satisfazer as necessidades da

planta.

Estádio V12

O número de óvulos (grãos em potencial) em cada espiga, assim como o tamanho da espiga,

são definidos em V12, quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais. Pode-se considerar

que, nessa fase, inicia-se o período mais crítico para a produção, o qual estende-se até a

polinização.

O número de fileiras de grãos na espiga já foi estabelecido, no entanto, a determinação do

número de grãos/fileira só será definida cerca de uma semana antes do florescimento, em

torno do estádio V17.

Em V12, a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar, e observa-se o início de

desenvolvimento das raízes adventícias ("esporões").

Devido ao número de óvulos e ao tamanho da espiga serem definidos nessa fase, a deficiência

de umidade ou nutrientes pode reduzir seriamente o número potencial de sementes, assim

como o tamanho das espigas a serem colhidas. O potencial desses dois fatores de produção

está também relacionado com o período de tempo disponível para o estabelecimento deles, o

qual corresponde ao período de V10 a V17. Assim, genótipos precoces, geralmente, nesses

estádios, possuem um período mais curto de tempo e usualmente têm espigas menores que as

dos genótipos tardios. Uma maneira de compensar essa desvantagem dos precoces seria

aumentar a densidade de plantio.

Estádio V15

Esse estádio representa a continuação do período mais importante e crucial para o

desenvolvimento da planta, em termos de fixação do rendimento. Desse ponto em diante, um

novo estádio foliar ocorre a cada um ou dois dias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas

espigas.

Em torno do estádio V17, as espigas atingem um crescimento tal que suas extremidades já são

visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão já pode também ser observada.

Estresse de água no período de duas semanas antes até duas semanas após o florescimento vai

causar grande redução na produção de grãos. Porém, a maior redução na produção poderá

ocorrer com déficit hídrico na emissão dos estilos-estigmas (início de R1). Isso é verdadeiro

também para outros tipos de estresse como deficiência de nutrientes, alta temperatura ou

granizo. O período de quatro semanas em torno do florescimento é o mais importante para a

irrigação.

Estádio V18

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É possível observar que os "cabelos" ou estilos-estigmas dos óvulos basais alongam-se

primeiro em relação aos "cabelos" dos óvulos da extremidade da espiga. Raízes aéreas,

oriundas dos nós acima do solo, estão em crescimento nesse estádio. Essas raízes contribuem

na absorção de água e nutrientes.

Em V18, a planta do milho encontra-se a uma semana do florescimento e o desenvolvimento

da espiga continua em ritmo acelerado.

Estresse hídrico nesse período pode afetar mais o desenvolvimento do óvulo e espiga que o

desenvolvimento do pendão. Com esse atraso no crescimento da espiga, pode haver

problemas na sincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga. Caso o estresse seja

severo, ele pode atrasar a emissão do "cabelo" até a liberação do pólen terminar, ou seja, os

óvulos que porventura emitirem o "cabelo" após a emissão do pólen não serão fertilizados e,

por conseguinte, não contribuirão para o rendimento.

Híbridos não prolíficos produzirão cada vez menos grãos com o aumento da exposição ao

estresse, porém, tendem a render mais que os prolíficos em condições não estressantes. Os

prolíficos, por sua vez, tendem a apresentar rendimentos mais estáveis em condições variáveis

de estresse, uma vez que o desenvolvimento da espiga é menos inibido pelo estresse.

Pendoamento, VT (Fig. 7)

Esse estádio inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os

"cabelos" não tenham ainda emergido. A emissão da inflorescência masculina antecede de

dois a quatro dias a exposição dos estilos-estigmas. No entanto, 75% das espigas devem

apresentar seus estilos-estigmas expostos, após o período de 10 a 12 dias posterior ao

aparecimento do pendão. O tempo decorrente entre VT e R1 pode variar consideravelmente,

dependendo do híbrido e das condições ambientais. A perda de sincronismo entre a emissão

dos grãos de pólen e a receptividade dos estilos-estigmas da espiga concorre para o aumento

da porcentagem de espigas sem grãos nas extremidades. Em condições de

campo, a liberação do pólen geralmente ocorre nos finais das manhãs e no

início das noites. Nesse estádio, a planta atinge o máximo desenvolvimento e

crescimento. Estresse hídrico e temperaturas elevadas (acima de 35 o C)

podem reduzir drasticamente a produção. Um pendão de tamanho médio chega

a ter 2,5 milhões de grãos de pólen, o que equivale dizer que a espiga em

condições normais dificilmente deixará de ser polinizada pela falta de pólen,

desde que o número de óvulos esteja em torno de 750 a 1000.

Fig. 7 Estádio de pendoamento da planta.

A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamento nessa fase. O excesso de água pode

contribuir inclusive com a inviabilidade dos grãos de pólen.

A falta de água nesse período, além de afetar o sincronismo pendão-espiga, pode reduzir a

chance de aparecimento de uma segunda espiga em materiais prolíficos.

Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que

qualquer outro período, devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente expostas.

Remoção de folha nesse estádio por certo resultará em perdas na colheita.

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O período de liberação do pólen estende-se por uma a duas semanas. Durante esse tempo,

cada "cabelo" individual deve emergir e ser polinizado para resultar num grão.

Estádio R1, Embonecamento e Polinização Esse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A

polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos estilos-estigmas

(Fig. 8). O grão de pólen, uma vez em contato com o "cabelo", demora cerca de 24 horas para

percorrer o tubo polínico e fertilizar o óvulo. Geralmente,

o período requerido para todos os estilos-estigmas em uma

espiga serem polinizados é de dois a três dias. Os

"cabelos" da espiga crescem cerca de 2,5 a 4,0 cm por dia

e continuam a alongar-se até serem fertilizados.

Fig. 8 Estádio R1, estilos-estigmas captando grãos de

pólen.

O número de óvulos que será fertilizado é determinado nesse estádio. Óvulos não fertilizados

evidentemente não produzirão grãos.

Estresse ambiental, nessa fase, especialmente hídrico, causa baixa polinização e baixa

granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os "cabelos" como os grãos de pólen tendem

à dissecação. Não se deve descuidar de insetos com a lagarta-da-espiga, que se alimentam dos

"cabelos". Deve-se combater essas pragas, caso haja necessidade. A absorção de potássio

nessa fase está completa, enquanto nitrogênio e fósforo continuam sendo absorvidos.

A liberação do grão de pólen pode iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio-dia. No

entanto, esse processo raramente exige mais de quatro horas para sua complementação. Ainda

sob condições favoráveis, o grão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas. Sua

longevidade, entretanto, pode ser reduzida quando submetido a baixa umidade e altas

temperaturas.

O estabelecimento do contato direto entre o grão de pólen e os pêlos viscosos do estigma

estimula a germinação do primeiro, dando origem a uma estrutura denominada de tubo

polínico, que é responsável pela fecundação do óvulo inserido na espiga. A fertilização ocorre

de 12 a 36 horas após a polinização, período esse variável em função de alguns fatores

envolvidos no processo, tais como teor de água, temperatura do ar, ponto de contato e

comprimento do estilo-estigma.

Assim, o número de óvulos fertilizados apresenta estreita correlação com o estado nutricional

da planta, com a temperatura, bem como com a condição de umidade contida no solo e no ar.

Evidencia-se, portanto, a decisiva influência do ambiente nessa etapa de desenvolvimento,

recomendando-se criterioso planejamento da cultura, com referência principal à época de

semeadura e à escolha da cultivar, de forma a garantir as condições climáticas favoráveis

exigidas pela planta nesse estádio.

A escolha do genótipo para uma determinada região, assim como a época de semeadura, deve

ser fundamentada em fatores como finalidade da produção, disponibilidade de calor e água,

ocorrência de veranicos durante o ciclo, bem como no nível tecnológico a ser adotado, entre

outros.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 370

Estádio R2, Grão Bolha d'água Os grãos aqui apresentam-se brancos na aparência externa e com aspectos de uma Bolha

d'água (Fig. 9). O endosperma, portanto, está com uma coloração clara, assim como o seu

conteúdo, que é basicamente um fluido, cuja composição são açúcares. Embora o embrião,

esteja ainda desenvolvendo-se vagarosamente nesse estádio, a radícula, o coleóptilo e a

primeira folha embrionária já estão formados. Assim, dentro do embrião em desenvolvimento

já encontra-se uma planta de milho em miniatura. A espiga está próxima de atingir seu

tamanho máximo. Os

estilos- estigmas, tendo

completado sua função no

florescimento,

estão agora escurecidos e

começando a secar.

Fig. 9 Grão no estádio R2, conhecidos como Bolha d'água.

A acumulação de amido inicia-se nesse estádio, com os grãos experimentando um período de

rápida acumulação de matéria seca, N e P continuam sendo absorvidos e a realocação desses

nutrientes das partes vegetativas para a espiga tem início nesse estádio. A umidade é de 85%

nos grãos.

Estádio R3, Grão Leitoso

Essa fase é iniciada normalmente 12 a 15 dias após a polinização. O grão apresenta-se com

uma aparência amarela e, no seu interior, um fluido de cor leitosa. Este açúcares são oriundos

da translocação dos fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo, para a espiga e grãos em

formação. A eficiência dessa translocação, além de ser importante para a produção, é

extremamente dependente de água. Embora, nesse estádio, o crescimento do embrião ainda

seja considerado lento, ele já pode ser visto caso haja uma dissecação. Este estádio é

conhecido como aquele em que ocorre a definição da densidade dos grãos.

Os grãos, nessa fase, apresentam rápida acumulação de matéria seca e com cerca de 80% de

umidade, sendo que as divisões celulares dentro do endosperma apresentam-se essencialmente

completas. O crescimento a partir daí é devido à expansão e ao enchimento das células do

endosperma com amido.

Um estresse hídrico nessa fase, embora menos crítico que na fase anterior, pode afetar a

produção. Embora, nesse período, a planta deva apresentar considerável teor de sólidos

solúveis prontamente disponíveis, objetivando a evolução do processo de formação de grãos,

a fotossíntese mostra-se imprescindível. Em termos gerais, considera-se como importante o

caráter condicionador de produção a extensão da área foliar que permanece fisiologicamente

ativa após a emergência da espiga.

Essa fase é crítica para o consumo do milho verde, pois representa a época de colheita. O

descarregamento e transporte de açúcares para os grãos em desenvolvimento se dá via floema;

a sacarose, penetrando no apoplasto, é dividida em frutose e glicose pela enzima invertase

ácida.

Na verdade, os estádios de desenvolvimento da planta de milho para o consumo verde, em

"R3" ou "Grão leitoso" (Fig. 10) não diferenciam-se do desenvolvimento da planta para

consumo de grãos secos. Entretanto, é preciso ficar atento para as características exigidas pelo

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mercado consumidor dessa modalidade de milho, principalmente quanto à cultivar a ser

utilizada, uma vez, que, dependendo do ciclo, o momento de colheita (R3) é variável, assim

como o tempo de permanência no campo na fase de grão leitoso apto para colheita.

Fig. 10 Estádio R3 ou grão leitoso, com umidade em torno de 80%.

Estádio R4, Grão Pastoso Esse estádio é alcançado com cerca de 20 a 25 dias após a emissão dos estilos-estigmas; os

grãos continuam desenvolvendo-se rapidamente, acumulando amido. O fluido interno dos

grãos passa de um estado leitoso para uma consistência pastosa (Fig. 11) e as estruturas

embriônicas de dentro dos grãos encontram-se já totalmente diferenciadas. A deposição de

amido é bastante acentuada, caracterizando, desse modo, um período exclusivamente

destinado ao ganho de peso por parte do grão. Em condições de campo, tal etapa do

desenvolvimento é prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes são submetidos

à pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes, embora ainda possam

apresentar pequena quantidade de sólidos solúveis,

cuja presença em abundância caracteriza o estádio R3 (grão leitoso).

Fig. 11 Grãos no estádio R4, pastoso.

Os grãos encontram-se com cerca de 70% de umidade e já acumularam cerca da metade do

peso que eles atingirão na maturidade. A ocorrência de adversidades climáticas, sobretudo

falta de água, resultará numa maior porcentagem de grãos leves e pequenos, o que

comprometeria definitivamente a produção.

Estádio R5, Formação de dente Esse período é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade na parte superior do

grão, comumente designada de "dente", coincide normalmente com o 36 o dia após o

princípio da polinização (Fig. 12). Nessa etapa, os grãos encontram-se em fase de transição do

estado pastoso para o farináceo. A divisão desses estádios é feita pela chamada linha divisória

do amido ou linha de leite. Essa linha aparece logo após a formação do dente e, com a

maturação, vem avançando em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima

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da linha é duro e abaixo é macio (Fig. 13). Nesse estádio, o embrião continua desenvolvendo-

se, sendo que, além do acentuado acréscimo de volume experimentado pelo endosperma,

mediante o aumento do tamanho das células, observa-se também a completa diferenciação da

radícula e das folhas embrionárias no interior dos grãos.

Fig. 12 Estádio R5, formação de dente.

Fig. 13 Detalhe do desenvolvimento da linha de leite.

Alguns genótipos do tipo "duro" não formam dente, daí, nos referidos materiais, ser mais

difícil notar esse estádio de ser notado, podendo apenas relacioná-lo ao aumento gradativo da

dureza dos grãos.

Estresse ambiental nessa fase pode antecipar o aparecimento da formação da camada preta,

indicadora da maturidade fisiológica. A redução na produção, nesse caso, seria relacionada ao

peso dos grãos e não ao número de grãos. Os grãos nesse estádio apresentam-se com cerca de

55% de umidade.

Materiais destinados a silagem devem ser colhidos nesse estádio, pois as plantas apresentam

em torno de 33 a 37% de matéria seca. O milho colhido nessa fase apresenta as seguintes

vantagens: apesar do decréscimo na produção de matéria verde, obtém-se significativo

aumento na produção de matéria seca por área; decréscimo nas perdas de armazenamento,

pela diminuição do efluente, e aumento significativo no consumo voluntário da silagem

produzida.

Estádio R6, Maturidade Fisiológica Esse é o estádio em que todos os grãos na espiga alcançam o máximo peso seco e vigor,

ocorre cerca de 50 a 60 dias após a polinização. A linha do amido já avançou até a espiga e a

camada preta já foi formada. Essa camada preta ocorre progressivamente da ponta da espiga

para a base.(Fig. 14). Nesse estádio, além da paralisação total do acúmulo de matéria seca nos

grãos, acontece também o início do processo de senescência natural das folhas das plantas, as

quais gradativamente começam a perder a sua coloração verde característica.

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Fig. 14 Detalhe do desenvolvimento da camada preta (ponto da maturidade fisiológica).

O ponto de maturidade fisiológica caracteriza o momento ideal para a colheita, ou ponto de

máxima produção, com 30 a 38% de umidade, podendo variar entre híbridos. No entanto, o

grão não está ainda em condições de ser colhido e armazenado com segurança, uma vez que

deveria estar com 13 a 15% de umidade, para evitar problemas com a armazenagem. Com

cerca de 18 a 25% de umidade, a colheita já pode acontecer, desde que o produto colhido seja

submetido a uma secagem artificial antes de ser armazenado.

A qualidade dos grãos produzidos pode ser avaliada pela percentagem de grãos ardidos, que

interfere notadamente na destinação do milho em qualquer segmento da cadeia de consumo.

A ocorrência de grãos ardidos está diretamente relacionada ao híbrido de milho e ao nível de

empalhamento a que estão submetidas as suas espigas. Ainda de forma indireta, a presença de

pragas, adubações desequilibradas e período chuvoso no final do ciclo, atraso na colheita e

incidência de algumas doenças podem influir no incremento do número de grãos ardidos.

A partir do momento da formação da camada preta, que nada mais é do que a obstrução dos

vasos, rompe-se o elo de ligação da planta-mãe e o fruto, passando o mesmo a apresentar vida

independente.

Manejo de solos

É importante usar corretamente as técnicas de preparo do terreno, para evitar a progressiva

degradação física, química e biológica do solo. O preparo do solo tem por objetivo básico

otimizar as condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas.

Atualmente, deve ser visto também como um sistema que deverá aumentar a infiltração de

água, de modo a reduzir a enxurrada e a erosão a um mínimo tolerável. Nesse tópico serão

discutidos aspectos relacionados ao preparo convencional do solo, envolvendo o preparo

primário do solo através da aração e do preparo secundário, realizado por meio de gradagem.

Serão também comentados aspectos relacionados ao plantio direto e rotação de culturas um

sistema iniciado no inicio da década de setenta e consolidado como uma tecnologia

conservacionista largamente aceita entre os agricultores, havendo sistemas adaptados a

diferentes regiões e aos diferentes níveis tecnológicos, do grande ao pequeno agricultor que

usa a tração animal. Grande parte do sucesso do Sistema de Plantio Direto (SPD) reside no

fato de que a palha deixada por culturas de cobertura sobre a superfície do solo, somada aos

resíduos das culturas comerciais, cria um ambiente extremamente favorável ao crescimento

vegetal, contribuindo para a estabilização da produção e para a recuperação ou manutenção

das características e propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, de tal modo que a sua

qualidade seja melhorada (plantas de cobertura de solo ).

A escolha e utilização dos equipamentos agrícolas, nos diferentes sistemas de manejo do solo,

são dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para exploração agrícola. Além disso,

os requerimentos de energia nos sistemas de manejo do solo poderão definir a viabilidade

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econômica dos referidos sistemas, assim nesse tópico serão também apresentados aspectos

relacionados a equipamentos para o manejo de solo

Fertilidade de solos

A análise do solo, num sentido amplo, é uma medida físico-química, mas, no agronômico, seu

objetivo é determinar a habilidade do solo em fornecer nutriente às plantas, e também

determinar as necessidades de calcário e fertilizantes, além de diagnosticar problemas de

toxidez de alguns elementos, excesso de sais e outros. Nesse tópico é fundamental discutir

aspectos relacionados à amostragem do solo e a interpretação de resultados de análise do solo

levando em consideração que os resultados de uma análise química de solo para que tenham

validade e representatividade, é indispensável o máximo cuidado e critério na coleta de

amostras que deverão ser enviadas aos laboratórios. Nenhuma análise é melhor que uma boa

coleta de amostras, pois elas é que irão representar toda a área da propriedade onde deverão

ser aplicados os corretivos e fertilizantes.

Além dos sintomas característicos de uma ou outra desordem, que só se manifestam em casos

graves, a identificação do estado nutricional da planta somente é possível pela análise química

da mesma.

A utilização da diagnose foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma

relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em

seus tecidos.

Os solos brasileiros, na sua maioria, são ácidos, destacando-se aqueles sob vegetação de

cerrado. Tais solos são caracterizados por baixas concentrações de cálcio e de magnésio,

elementos diretamente envolvidos no desenvolvimento das raízes, e por valores elevados de

alumínio trocável e baixa disponibilidade de fósforo do solo.

Nos últimos anos, a cultura do milho, no Brasil, vem passando por importantes mudanças

tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre essas

tecnologias, destaca-se a necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma

produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao

adequado manejo, o qual inclui, entre outras práticas, a rotação de culturas, o plantio direto e

o manejo da fertilidade, através da calagem e gessagem , nutrição e adubação do milho

(adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos)

adubação orgânica (estercos, compostos, adubação verde, etc.).

Cultura - FEIJÃO

Aspectos Gerais:

Originário da América do Sul ( segundo alguns autores)e México e Guatemala (segundo

outros) o feijão (Phaseolus vulgaris, L., Leguminosae) é um dos principais alimentos da

população brasileira especialmente a de baixa renda. Na maioria das regiões produtoras

predomina a exploração do feijoeiro por pequenos produtores, com uso reduzido de insumos,

obtendo-se baixas produções. Na Bahia as principais zonas de produção estão no semi-árido e

zona de tabuleiros onde destacam municípios de Irecê, Ribeira do Pombal e Barreiras como

centros de comercialização.

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O Brasil produz cerca de 2,6 milhões de toneladas de feijão comum (faseolus) com

produtividade média de 732 kg/ha; em áreas irrigadas a produtividade alcança 3.000 kg/ha.

Usos:

O grão do feijoeiro é utilizado na alimentação do homem, na maioria das ocasiões de modo

obrigatório, no cardápio diário. Cozido ele é consumido em mistura com arroz e farinha, em

saladas frias, transformado em pastas - tutu - ou ainda compondo feijoadas.

O grão pode servir como componente de rações animais bem como a planta pós colheita.

Restos de cultura podem ser incorporados ao solo para melhoria das suas condições físicas.

Necessidades da Planta:

Clima - tropical, com temperatura média em 25ºC (18º a 30ºC) com chuvas de 100 mm

mensais bem distribuídas.

Solos - férteis, areno-argilosos, com bom teor de matéria orgânica, bem arejados, pH em torno

de 6,0 (5,0 a 6,5).

Preparo do Solo:

O feijoeiro é planta exigente e não deve ser plantado no mesmo terreno por mais de 2 anos

seguidos; os restos da cultura anterior devem ser incorporados ao solo e nunca queimados.

Para correção da acidez do solo e adubação amostras de solo devem ser enviadas a

laboratórios para orientar quantidades, tipos de corretivo e adubo e épocas de sua aplicação.

Correção da Acidez:

Com recomendações provenientes da análise de solos tipo e quantidade de calcário - este deve

ser aplicado antes da aração - metade da dose - e antes da gradagem - metade restante -

esparramado ao solo via aplicações manuais ou com aplicadores de calcários.

Movimentação do Solo:

Para facilitar germinação das sementes e aprofundamento das raízes indica-se aração e

gradagem.

A aração em terreno sem uso por muito tempo deve ser feita com arado de aiveca; em terrenos

trabalhados aração com 20 cm de profundidade é suficiente (segundo tipo de solo). A

gradagem é feita com grade niveladora de discos à profundidade de 10 cm. Essas operações

podem ser feitas com equipamentos tração animal ou tratorizada (segundo tamanho da área).

Épocas de Plantio:

Na Bahia planta-se entre outubro e janeiro (região de Irecê) e entre março e maio (região de

Ribeira do Pombal).

Sistema de Plantio/Espaçamentos/Covas:

Dois sistemas: feijão solteiro e feijão consorciado.

Cultivo Solteiro:

As fileiras devem estar espaçadas de 50 cm, com 14-15 sementes/m; em espaçamentos de 40

cm entre fileiras deve-se usar 10-12 sementes por metro corrido (linear) no plantio em sulco.

No plantio em covas, com espaçamento de 40 cm x 40 cm coloca-se 2-3 sementes por cova.

Dessa forma alcança-se a população de 200 mil a 240 mil plantas por hectare.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 376

Cultivo consorciado:

Na Bahia o consorcio mais comum é feito com o milho. O milho deve ter espaçamento de 1m

entre fileiras e 4 plantas / metro linear enquanto o feijão é semeado nas linhas do milho com

10 plantas por metro.

Variedades Indicadas:

Para Bahia, Região Além - São Francisco - Aporé, Carioca, Epaba-1.

Região Nordeste/Paraguaçu - Epaba-1, Carioca, Mulatinho, Vagem Roxa.

Região de Irecê - Aporé, Carioca, Epaba 1.

Sementes:

Devem ser usadas com bom poder germinativo e de boa procedência. A germinação deve

estar em torno de 90%. Se possível usar sementes tratadas com fungicidas.

Adubação:

Caso haja possibilidade de utilização de esterco para adubação orgânica ele pode ser

incorporado ao terreno com antecedência de 30-40 dias. A adubação mineral, por

recomendação de análise de solos, deve conter NPK: metade do adubo nitrogenado mais

totalidade de adubo com fósforo e adubo com potássio devem ser aplicados ao solo (cova ou

sulco) antes do plantio. Em cobertura ao lado da planta a outra metade do adubo com

nitrogênio é aplicada antes da floração. A adubação básica, pré-plantio, deve ser feita a uma

profundidade de 15 cm. E a semeadura a 5 cm.

Tratos culturais:

Controle das plantas daninhas: importante manter a lavoura a limpo até início da floração. A

limpeza pode ser feita manualmente (enxada), com cultivador (tração animal ou tratorizada)

ou com herbicida. As capinas (manual e cultivador) devem revolver o solo até 3 cm de

profundidade.

Pragas e doenças:

De ordinário as pragas mais comuns são: Lagarta-elasmo (mariposa), larva-alfinete (besouro)

no solo. Vaquinhas (besouro), lagarta-da-folha (mariposa), acaro branco, cigarrinha verde,

mosca-branca, mosca minadora nas folhas. Lagarta (mariposa) e percevejo nas vagens.

Caruncho (besouro) no grão armazenado. O controle químico deve ser feito no momento em

que as pragas atinjam níveis de danos econômicos. Alguns produtos químicos defensivos

agrícolas indicados para controle de pragas de feijão são: cigarrinha e vaquinhas; carbaryl

(Carvim 85 M, Sevin 480 SC), fenitrotion ( Sumithion 500 CE). Mosca branca:

monocrotophos (Nuvacron 400) metamidofós (Tamaron BR). Acaro branco: triazophos

(Hostathion) tetradion (Tedion 80). Lagartas: Cloropirifós (Lorsban 480 BR) Carbaryl

(Carvim 85 M, Sevin 480 SC), triclorfom (Diplerex 50). Percevejos; fenitrotion (Sumithion

500 CE), triclorfom (Dipterex 50).

O feijoeiro é atacado por doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóide. O

controle das doenças é feito com plantio de variedades resistentes, de sementes livres de

doenças e de uso de produtos químicos. Pulverizações foliares protetoras com produtos

químicos com base química Benomyl (Benlate), Captan (Captan), Mancozeb (Manzate,

Dithane) tiofonato metílico (Cerconil) entre outros podem ser de utilidade. As doenças mais

comuns são ferrugem, antracnose, oídio, mela, tombamento, mosaico dourado.

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Colheita:

A colheita do feijão pode feita: Manualmente: plantas pós arranquio são postas a secar, com

raízes para cima no solo e depois vão para o terreiro para a trilha c/ varas flexíveis. Semi

mecanizada: arranquio manual ou automotriz. Mecanizada: arranquio e trilha com maquina

colhedora-trilhadeira. Melhor colher o feijão pela manhã e em horas frescas; de ordinário o

feijão é colhido com 18% de umidade. O ciclo de produção dentre as variedades de feijão

situa-se entre 70 e 95 dias.

Armazenamento:

Para o armazenamento a curto prazo a umidade do feijão deve ficar em 14-15%; para

armazenamento a longo prazo a umidade deve ficar em torno de 11%. O ambiente para

estocagem deve ficar seco, fresco e escuro; se bem construídos tulhas e paióis são eficazes. Os

locais de armazenamento devem estar rigorosamente limpos (livres de resíduos de colheitas

anteriores) e os grãos tratados com produtos apropriados (fumigação e proteção). Para

comercialização o grão é acondicionado em sacos com 60 Kg de peso.

Cultura - Mandioca

Aspectos Gerais:

Planta é de origem sul-americana, da parte oriental tropical, de onde foi levada para a Ásia e

África. No Brasil existe cultivo da mandioca em quase todas as unidades da federação.

Produz-se no país acima de 24 milhões de toneladas de raízes/ano, principalmente nos estados

do Nordeste - que contribui com 49% para a produção nacional; - a Bahia contribui com cerca

de 17% da produção do Brasil e situa-se entre os principais produtores. O Brasil contribui

com 15% para a produção mundial.

Botânica/Descrição/Variedades:

A mandioca é conhecida cientificamente, como Manihot esculenta, Crantz, Enphorbiaceae,

Dicotyledonae.

A palavra mandioca parece derivar da língua dos índios tupis - Mani (nome da filha de um

chefe) e oca = casa.

Na língua inglesa é manioc e em língua espanhola manioca.

A planta é um arbusto perene, resistente à seca, com raízes tuberosas (que acumulam amido)

de formato variado e em número de 5 a 20. O caule (sem ramificação no período vegetativo)

pé ereto, de cor cinza ou prateada ou pardo-amarelada; as folhas são simples, com 5-7 e

lóbulos, as flores unissexuadas masculinas ou femininas e o fruto é uma cápsula (tricoca) com

3 sementes e que se abre quando seco. A semente, parecida com a da mamona, contém óleo.

Há 2 tipos de mandioca: mandioca brava ou amarga e a mandioca doce ou mansa (aipim,

macaxeira).

Mandioca brava: contém a substância linamarina (no látex, notadamente na casca da raiz e nas

folhas) em teor elevado; essa substância transforma-se em ácido cianídrico (altamente tóxico)

no estômago do homem e dos animais. É de uso industrial.

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Mandioca mansa: contém baixíssimo teor de linamarina podendo ser consumida ao natural

(uso culinário).

Obs.: há variedades de mandioca mansa cujas flores tem teor de linamarina mais alto que nas

raízes de mandiocas bravas. Cuidados devem ser tomados na utilização de folhas de

variedades mansas na alimentação animal.

- Conforme uso há variedades de mandioca para indústria, para a mesa, para forragem, mistas

(vários usos).

Ainda separa-se mandiocas segundo finalidades de uso: indústria (farinha, amido, raspas,

álcool), consumo humano(mesa) para forragem (raízes frescas e desidratadas, parte aérea

fresca e fenada), mistas (para farinha e forragem), e segundo o ciclo de colheita: precoces (10

a 12 meses), semi-precoces (14 a 16 meses) e tardias (18 a 20 meses).

As variedade (cultivares) para indústria devem ser precoces e de grande produtividade, com

elevado teor de amido (30%), com raízes cilíndricas, com película fina facilmente destacável.

As variedades para mesa devem ter baixo teor de ácido cianídrico (50 mg/kg de polpa fresca),

raízes curtas, grossas, com casca facilmente removível, polpa branca ou amarelada de odor

agradável, de cozimento rápido.

As variedades para forragem devem produzir grande quantidade massa verde (ramas tenras e

folhas), e raízes, devem ter teor baixo de ácido cianídrico, folhas persistentes, alta capacidade

de brotação pós corte, bom teor de proteínas.

Variedades indicadas para o Nordeste trópico sub-úmido: Mmex e Fio de Ouro (indústria),

Saracura e Abacate (para mesa) Maragogipe, Casca Roxa e Paraguai (mesa e forragem).

Variedades para o semi-árido: Platina (mesa, indústria e forragem fenada) para região de

Itaberaba; Branquinha (mesa) região de Irecê; Alagoana (mesa) para região de Ribeira do

Pombal e Caetité (mesa) para a região de Caetité.

Obs : aipins Maragogipe, Paraguai, Casca Roxa, Manteiga são indicados para consumo

humano e para forragem (raízes frescas e parte aérea fresca).

A composição química de 100g. de raízes de mandioca é: umidade (65g.), glucídios (30g.),

lipídios (0,8g.), protídeos (1,5g.), celulose (1,6), cálcio (0,2g.) fósforo (0,1g.).

Utilização da mandioca:

A utilização da mandioca é feita através das raízes, do caule (maniva) e folhas.

Raízes: produzem farinhas (para mesa, para indústria) beijus diversos, tapioca (mingau,

cuzcuz, bolinho de estudante), puba ou carimã (mingau, amido, álcool etílico).

Da raiz do aipim faz-se aipim frito, aipim cozido, angu de aipim, sopa, bolinhos, mingau,

bolo, broa. Ainda a raiz é forragem de alto poder calórico.

Caule: é o principal órgão multiplicador da planta e presta-se também como forragem para

animais.

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Folhas: frescas, sob forma de fenos e de silagem prestam-se ao forrageamento de animais e

até para alimentação do homem.

Necessidades da Planta:

Clima: desenvolve-se bem em climas tropicais e sub-tropicais e é cultivada no mundo na

faixa compreendida entre 30º latitude norte e 30º latitude sul.

A planta medra em temperaturas entre 18e35ºC com faixa de 25 - 28ºC de temperatura media

anual como ideal para desenvolvimento e produção. As chuvas anuais devem estar entre 1.000

a 1.500mm. com suprimento adequado de chuvas para os primeiros 90 dias de vida da planta;

em alguns locais em condições especiais, a mandioca vive com menos de 600mm./ano de

chuvas. A planta requer alta luminosidade para desenvolvimento e produção.

Solos: devem ter topografia plana, com boa profundidade efetiva, arenosos a argilo-arenosos,

leves, frouxos, frescos bem drenados, pH entre 5,0 e 6,0. Evitar solos sujeitos a

encharcamento e solos massapés. Altitude até 2.000m.

Solos encharcados ou pesados podem induzir apodrecimento das raízes e dificultam seu

desenvolvimento.

Plantio:

Material de plantio: A escolha da variedade deve ser feita segundo objetivo da exploração

(alimentação humana, produção de amido ou para alimentação animal). Variedades diferentes

devem ser plantadas individualmente em áreas separadas.

As manivas devem estar maduras (apresentam queda de folhas da base para o topo

naturalmente), com 10-14 meses de idade. A maniva deve ter diâmetro de 2,5cm. (com

medula com 50% do diâmetro), verificando-se se há fluxo de látex logo após corte (denota

bom teor de umidade). Utilizar somente o terço médio da maniva.

A maniva deve ser cortada em pedaços de 20cm. de comprimento contendo pelo menos 5 a 7

gemas; o corte (com facão ou serra circular) deve formar angulo reto em relação a haste o que

facilita o enraizamento.

A quantidade de maniva para o plantio de 1 hectare de mandioca é estimada entre 4,0m3. e

5,0m3. 1 hectare da cultura com 12 meses de vida, produz hastes para plantio de 4 a 5

hectares. Um metro cúbico de hastes pesa 150Kg. e pode fornecer 2.500 a 3.000 pedaços de

maniva - semente com 20cm. de comprimento. -

Por fim a haste deve estar sadia, livre de pragas e doenças.

Preparo da área: áreas devem ser planas a suavemente onduladas (declividade máxima em

10%). A profundidade da aração deve ser 20cm. podendo-se utilizar a sequencia gradagem -

aração - gradagem.

Os sulcos de plantio devem ter 10cm. de profundidade; em terrenos sujeitos ao

encharcamento efetuar plantio em camalhões.

Correção do solo / adubação básica: em aso de necessidade de aplicação de calcário não se

deve aplicar quantidades acima de 1 tonelada/ha.. A mandioca parece tolerar certas condições

de acidez do solo.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 380

Aumentos de produção da mandioca tem sido devidos à adubações orgânica e fosfatada (esta

indispensável para a maioria dos solos). Recomenda-se aplicação paralela de adubos contendo

nitrogênio e potássio (para maior efeito do fósforo).

Calagem: efetuar 60 dias antes do plantio aplicando-se metade da dose antes da aração e a

outra metade antes da gradagem incorporando a 20cm. de profundidade. Utilizar calcário

dolomitico.

Adubação: Os adubos fornecedores de fósforo (superfosfatos) devem ser aplicados no sulco

de plantio numa quantidade de 20 a 60Kg. de fósforo (P2O5) por hectare (110 a 330Kg. de

superfosfato simples) segundo recomendação de análise de solo.

O nitrogênio (N) deve ser colocado no sulco do plantio na quantidade de 30Kg. de N, através

de adubos orgânicos (6t. de esterco de curral ou 600Kg. de torta de mamona) se disponíveis.

Se torta aplicar 30 dias antes do plantio.

O potássio (K2O), deve ser fracionado em solos muito arenosos aplicando-se 50% na cova

junto do superfosfato (20 a 40Kg. de cloreto de potássio por hectare) e o restante em cobertura

junto ao nitrogênio (30-40 dias pós plantio).

Em cerrados recomenda-se aplicar também 20Kg. de sulfato de zinco/ha., na adubação de

fundação

Espaçamento: os melhores rendimentos em raízes tem sido obtidos pelo uso de espaçamentos

para plantio com 1m. x 0,5m. ou 1m. x 0,6m. (fileiras simples) e 2,0m. x 0,6m. x 0,6m. (

fileiras duplas); em solos férteis o espaçamento pode ser 1,2m. x 0,6m.

Para produzir ramas para ração animal usar 0,8m. x 0,5m. Segundo necessidades da

mecanização espaçamento de 1,2m. e até 3,0m.

Plantio: Planta-se mandioca em sulcos (abertos a enxada ou sulcador) ou covas (preparada

com enxada) na profundidade de 10cm. Utilizando-se a plantadeira mecanizada esta sulca,

aduba, planta e cobre a maniva. Em solos pesados (argilosos) e em regiões chuvosas

recomenda-se preparo de cova alta ou camalhões.

Planta-se a maniva - semente nas posições horizontal (facilita a colheita) vertical e inclinada

(45º); estas duas ultimas posições aumentam rendimentos em raízes mas dificultam a colheita

(raízes profundas).

O plantio deve ser feito no inicio da estação chuvosa.

Consorciação:

A mandioca pode ser plantada sozinha ou em consórcio com feijão (predominante), com

milho ou com feijão e milho. Também a mandioca é plantada com culturas perenes.

Mandioca x feijão: (comum ou macassar).

Feijão plantado intercaladamente nas fileiras de mandioca.

Espaçamento da mandioca 1m. x 0,5m. até 2,0m. x 1,0m. e espaçamento para feijão 0,6m. x

15 sementes por metro. linear de sulco ou 0,5m. x 0,2m.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 381

Mandioca x milho: Em geral uma a duas fileiras de milho entre as de mandioca (fileiras

simples ou duplas). O milho tem espaçamento de 1m. x 0,2 ou 0,4m.

Mandioca x feijão x milho: Espaçamento entre fileiras de mandioca 1m. x 0,5m. até 2m. x

1m. com fileiras de feijão e milho alternadas, lançando-se três sementes por cova.

Para reduzir despesas na formação de culturas permanentes (citros, café, coco, dendê, banana

) usa-se consorcio com mandioca em fileiras duplas mais estreitas (0,6m. entre fileiras e 2m.

entre duplas).

Tratos culturais:

Controle de ervas daninhas: a mandioca sente muito a concorrência das ervas nos quatro

primeiros meses do ciclo (a partir de 20 dias após a brotação) e durante 100 dias a planta deve

estar livre da interferência do mato.

O controle de ervas é feito à enxada exigindo 2 capinas no período de 100 dias ou através do

emprego de cultivador mecanizado ou através do uso de herbicidas (a base de clomazone,

diuron, linuron, outros).

O controle integrado - herbicida + capina mecânica - é feito aplicando-se herbicida na linha

de plantio e cultivador mecanizado nas entre linhas; este tem sido o controle com custo mais

baixo.

O crescimento rápido da lavoura e o fechamento da cultura é uma ação complementar -

cultural - no controle de ervas.

Poda: nem sempre é recomendada. É justificável quando se necessitar material para plantios

de ramas para a alimentação animal, como proteção em áreas sujeitas à geadas e no caso de

alta infestação de pragas / doenças. A poda, se necessária, deve ser feita no inicio do período

chuvoso cortando-se a 15cm. de altura do solo em plantas com 10-12 meses de idade. A

colheita de raízes deve ser feita 4 a 6 meses após a poda.

As manivas podem ser conservadas em local fresco, com umidade moderada, sombreado,

protegido de ventos. As estacas com 0,8m. a 1,2m. podem ser dispostas verticalmente

(enterradas cerca de 10cm. em solo fofo e úmido), ou horizontalmente (quando as estacas

devem conservar a cepa).

Adubação em cobertura: trinta a quarenta dias após o plantio procede-se, em plantios

comerciais, a adubação em cobertura com 30Kg. de N (uréia 65Kg. ou sulfato de amônio

150Kg. por hectare) seguindo-se leve incorporação.

Pragas:

Mandarová: Praga de grande importância para a cultura. Lagartas consomem enormemente

as folhas nos primeiros meses do cultivo. As lagartas podem ter cores verde, castanho escuro,

amarela, preta.

Controle: boa preparação do terreno e controle adequado de ervas podem reduzir a população

do inseto. Em plantios pequenos costuma-se catar as lagartas; inseticida biológico à base do

Bacillus, Thuringiensis, é eficaz contra a lagarta até o seu 3º instar (3,5cm. de comprimento).

Outro agente biológico para o controle é o Baculovirus erinnyis preparado com lagartas

doentes encontradas no mandiocal.

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Percevejo de renda: praga que ocorre na época seca; o adulto é de cor cinzenta e o jovem de

cor branca. São encontrados sugando a face inferior das folhas baixeiras e medianas.

Pontuações amarelas que se tornam marrom-avermelhadas na folha são sinais da presença do

inseto.

Controle: uso de variedades resistentes ou tolerantes ao percevejo e uso de inseticidas

fosforados (dispendioso).

Mosca-branca: os adultos são encontrados na face inferior das folhas da parte superior da

planta que sacudida, faz as moscas voarem. O inseto suga a seiva deixando as folhas

amareladas e encrespadas e cobertas com substância escura (fumagina). Folhas podem secar e

cair.

Controle: uso de cultivares resistentes ou tolerantes e uso de inseticida sistêmico - à base de

dometoato - (altas populações).

Ácaros: pragas mais severas que atacam a mandioca e encontrados em grande número na face

inferior da folha, notadamente na época seca. Os ácaros mais importantes são o ácaro verde

(tanajoá) e o ácaro rajado.

O verde suga a seiva de folhas em brotação no alto da planta deixando pontuações amarelas

nas folhas (que se deformam).

O rajado tem preferência pelas folhas na parte media e basal da planta, sugam a seiva

deixando pontos amarelos na base da folha e ao longo da nervura central.

Controle: umidade relativa alta e contínua da e chuvas ajudam a reduzir as populações das

pragas; o uso de variedades resistentes e/ou tolerantes, destruição de outros hospedeiros,

destruição de restos de cultura são também ações de controle.

Formigas: podem atacar as folhas e gemas desfolhando a planta; a perda das folhas reduz teor

de amidos. O ataque da formiga dá-se nos primeiros meses do ciclo (vida) da mandioca. Logo

que se observa folhas cortadas iniciar o controle pelo uso de formicidas granulados (iscas)

colocadas ao longo dos "caminhos" das formigas (épocas secas) ou fumigação de

formigueiros (época chuvosa).

Doenças:

Bacteriose: doença mais importante da mandioca, é fator limitante da produção. Murchas das

folhas novas, seguida de morte da planta além do escurecimento e obstrução dos vasos são

sintomas. Manchas angulares aquosas também aparecem e que resultam em coloração parda

da folha.

Controle: uso de material sadio no plantio, uso de variedades resistentes ou tolerantes, rotação

de cultura, evitar transporte de material contaminado para áreas sem a doença.

Antracnose: Doença por fungo que provoca morte dos ponteiros das hastes que mostram

lesões elípticas com pontuações róseas na região central. Em plantas jovens a doença causa

seca descendente das hastes.

Controle: uso de variedades tolerantes, poda da parte afetada e aplicação de fungicida à base

de mancozeb ou cobre.

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Podridão das raízes: causada por vários fungos de solo que podem atacar a cultura ao longo

do ciclo. Podridão mole (com odor forte), podridão seca (cor negra), falhas na germinação são

sintomas da doença.

Controle: uso de variedades tolerantes, seleção rigorosa do material de plantio, cultivo em

sistema de camalhão, rotação de culturas.

Superbrotamento: o sintoma básico é brotação excessiva na região das gemas (dezenas de

brotos saindo de um só ponto). Esses brotos são raquíticos e finos com cor amarelada (ataque

severo). Pode comprometer quase que totalmente a produção de raízes, de farinha, de ramas

para plantio.

Controle: evitar introdução de material doente em áreas sem a doença, eliminar plantas

doentes dentro da lavoura. Selecionar material sadio para o plantio e uso de variedades

tolerantes.

Colheita:

Operação que onera os custos de produção;pode ser feita com as mãos ou com auxílio de

ferramentas (enxada, enxadeta e picareta). A poda das ramas a 20 a 30cm. de altura do solo é

seguida pelo arranquio das raízes. Um homem colhe de 800 a 1.000Kg. de raízes em 8 horas

de trabalho. Existem equipamentos mecanizados para a colheita da mandioca.

Colhidas as raízes devem ser amontoadas em locais dentro da lavoura e serem apanhadas em,

no máximo, 24 horas e transportadas em cestos, caixas, sacos, grades de madeira para local de

beneficiamento.

Para indústria ou alimentação animal indica-se a colheita na segunda fase do ciclo (maior

produção de raízes e amido).

De ordinário o ciclo das variedades indica época de colheita.

Os aipins para consumo humano podem ser colhidos entre o 8º e 10º mês do ciclo. A

produção de raízes é de 10 a 25 toneladas por hectare podendo chegar a 45 toneladas.

Cultura - Maracujá

Aspectos Gerais:

Tem como origem a América Tropical; onze países do mundo (1993) são responsáveis por 80

a 90% da produção dentre eles Brasil, Peru, Venezuela, África do Sul, Sri Lanka, Austrália.

Mais da metade da produção mundial é exportada sob a forma de suco concentrado. Quênia e

outros países africanos exportam fruta "in natura" (fresca). Sulcos e polpas são produzidos

pelo Brasil, Colômbia. Peru, Equador, Venezuela, Costa Rica, entre outros.

O Brasil destaca-se como maior produtor mundial ressaltando-se os estados do Pará (8.000

ha), São Paulo (4.300 ha) Minas Gerais (4.000), Bahia (3.500), Rio de Janeiro (2.500) como

principais produtores nacionais. No período 1990 - 1993 produziu (média) 221.570 t, de área

colhida (média) 30.323 ha e com rendimento (médio) de 7.312 Kg/ha. O Nordeste brasileiro

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 384

contribuiu, em 1993, com 34% para a produção nacional e a Bahia com 12,86% da produção

em área colhida de 18,76% (1993).

A participação do Brasil no mercado internacional vem caindo por concorrência forte dos

países Colômbia, Peru e Equador na exportação de sucos.

- As principais regiões baianas produtoras de maracujá (média 1990-94 IBGE) amarelo

foram: Nordeste (13.438 t), litoral Norte (10.863 t), Sudoeste (2.030 t), Extremo Sul (1.923 t

), Litoral Sul (1.056 t). Dentre delas destacam-se os municípios produtores de Nova Soure,

Itapicuru, Rio Real, Satiro Dias e Inhambupe.

A Bahia exportou, em 1966, suco concentrado para diversos países como Países Baixos

(73%), Estados Unidos (14%) seguindo-se Israel, Porto Rico, Canadá, Formosa, Argentina,

Uruguai.

É fruteira predominante em pequenos pomares de 1 a 4 hectares.

Botânica/Descrição/Espécies Importantes:

O maracujazeiro é planta dicotiledônea da família Passiflorácea onde destaca-se o gênero

Passiflora com 3 espécies importantes economicamente: Passiflora edúlis Sims f. flavicarpa

Deg - o maracujá amarelo ou azedo ou peroba -, P. edúlis Sims - a maracujá roxo e o P. alata

Ait - o maracujá doce.

É uma planta trepadeira, sub lenhosa, de crescimento vigoroso continuo; sistema radicular é

pouco profundo, caule trepador, folhas lobadas e verdes com gavinhas (órgão de sustentação)

gema florífera e gema vegetativa (origina rama) na axila da folha.

Entra em floração com 4-5 meses de vida. A flor é hermafrodita com estigmas localizados

acima das anteras (dificultando a polinização); o fruto - o maracujá - tem formato variado -

globoso, ovóide oblongo, piriforme, peso 30 a 300g, 9cm de diâmetro - cor variada - amarela

roxa, esverdeada, avermelhada - Quando maduro, o fruto desprende-se e cai ao chão. A polpa

do fruto, de cor amarela à laranja, envolve sementes numerosas, ovais, pretas, em número de

200 por fruto; 1g de semente contém 45 sementes. O fruto murcha após 6 dias de caído. O

suco do fruto tem acidez, elevada (maracujá amarelo), acidez, média (maracujá roxo e acidez

baixa (maracujá doce), e sabor e aroma agradáveis. É rico em vitaminas e possui propriedades

sedativas.

A composição química do suco é (por 100 gramas): Brix (13 a 15º), calorias (54 a 90),

glicídios (92,2g), proteínas (2,2g), lipídios (0,7g), cálcio (13g), fósforo (17g), ferro (1,6g),

potássio (360mg), vit. A (70mcg), vit. B1 (150mcg), vit. B2 (100mcg), vit. C (15,6mcg).

- As espécies importantes possuem as seguintes características:

Maracujá Amarelo: é a espécie de maior interesse comercial, é a mais cultivada (95% da

área) no Brasil, a mais vigorosa, mais adaptada aos dias quentes. Planta com caule circular,

apresenta polinização cruzada, predominantemente (responsável por frutificação tamanho do

fruto e % de suco).

Fruto completa desenvolvimento em 18 dias e amadurece em 80 dias (pós abertura da flor);

tem formato ovóide (alguns oblongos), peso de 70-130g.. O fruto maduro possui casca fina,

cor amarelo-canário, polpa ácida, suco amarelo a amarelo-alaranjado. A planta tem produção

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entre 12-15t./ha mas tem potencial para produções de 30-35t./ha. Fruto com 30% de

rendimento em suco.

Maracujá Roxo: espécie mais indicada para regiões de altitude maior e climas frios. Frutos

ovóides ou globosos, coloração purpúrea quando maduros, peso de 60 a 100 gramas, com

rendimento e qualidade do suco semelhantes aos do maracujá amarelo e suco com maior % de

açúcar e maior teor em sólidos solúveis (brix), acidez menor (suco mais "doce"),

potencialidade de produção 30-40t./ha.

Maracujá Doce: Planta trepadeira, vigorosa, com caule quadrangular, as flores permanecem

abertas durante o dia (abrem-se pela manhã e fecham-se à noite). Frutos ovais ou periformes ,

peso 80 a 300g., polpa com sabor "doce acidulado" (enjoativo se tomado como refresco),

próprio para consumo como fruto fresco. O rendimento em suco é menor que o do amarelo

(14-20%), possui baixa acidez. É muito apreciado pelos consumidores europeus por boas

características (tamanho, cor externa e aroma).

Existem cerca de 530 variedades tropicais e sub-tropicais de maracujazeiro sendo 150 nativas

do Brasil e 60 delas produzem frutos que podem ser aproveitados na alimentação.

Floração/Polinização/Frutificação:

A flor do maracujá tem 5 estames e três estigmas em plano superior aos estames o que

dificulta a polinização; a autofecundação é rara (auto-incompatibilidade) e produz frutos

menores com poucas sementes, A polinização predominante é feita por insetos (mamangavas)

com pólen de outra flor (polinização cruzada). A produção de flores sempre se da em ramos

novos do ano que favorece podas). Em regiões quentes (Bahia) não há paralisação de emissão

de flores no inverno. As flores (maracujá amarelo) abrem-se depois das 12 horas e fecham-se

em torno das 18 horas e maracujá-doce entre 5 horas e 18 horas. O mais importante agente

polinizador é a mamangava (abelha grande cor preta e amarela) insetos não sociais, com

ninhos na madeira mole; a preservação da mamangava e incremento da sua população é feito

pela construção de abrigos usando tocos secos de bambu e pelo plantio de plantas que

produzem flores atrativas como hibriscus, corriola (Ipomoea) e cássia (Cássia sp).

Paralelamente os defensivos agrícolas só devem ser aplicados cedo, pela manhã. Em áreas

acima de dez hectares recomenda-se a polinização artificial; o homem utiliza-se de dedeiras

de flanela para a polinização nas épocas de maior floração em um dos lados da fileira de

maracujazeiro (plantio orientado, sentido norte-sul) entre as 13 e 15 horas.

Irrigações via aspersão e pivot central devem ser feitas pela manhã ou final da tarde ou a

noite; em períodos de chuvas intensa espera-se redução no índice da frutificação.

O rendimento da polinização artificial é de 50 flores por minuto, 2 a 3 pessoas polinizam 1

hectare por tarde. Obtêm-se valores de 60-80% de rendimento (frutificações). Deve-se efetuar

a polinização cruzada desde o inicio da floração (e não concentrá-la nos picos da florada) e

saber que a flor do maracujá amarelo permanece disponível por 4 horas para a polinização. A

safra dura 10 meses no Nordeste.

Após a abertura da flor o fruto alcança máximo desenvolvimento no 18º dia, maturação

completa no 80º dia e ponto de colheita entre 50º e 60º dia (máximo de peso, maior índice em

Brix). Plantas eleitas para colheita de frutos para sementes devem ter flores com alta

percentagem de estiletes curvos (flores TC).

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Usos do Maracujazeiro:

Folhas e raízes contém uma substância semelhante à morfina - a passiflorina - muito usada

como calmante. As folhas são usadas, também, para combater as febres intermitentes, as

inflamações cutâneas e a erisipela.

- Casca do fruto e sementes prestam-se à alimentação animal.

- A polpa que envolve sementes presta-se ao preparo de refrescos, pudins, sucos, sorvetes,

batidas, musse e molhos (para acompanhar carnes, aves e peixes); industrialmente produz-se

sucos concentrados.

- Com polpa branca (aderente a casca) e o suco prepara-se maracujada, geléia de maracujá,

compota de maracujá.

- A composição do suco do maracujá é a seguinte: calorias (51 a 53), proteínas (0,39 a 0,67g),

carboidratos (13,6 a 13,7g), gordura (0,05g), cálcio (3,6-3,8mg), fósforo (12,4-24,6mg), Vit.

A (717 a 2.410mg).

Clima e Solos:

Clima: O maracujazeiro é planta de clima quente e úmido medrando bem em regiões de clima

tropical e sub-tropical; a planta não resiste à geadas notadamente o maracujá amarelo e não

frutifica sob temperaturas baixas.

- Temperatura: ideal para desenvolvimento frutificação em 25-26ºC, para frutificação a

temperatura de 26ºC é ideal.

- Chuvas: precipitação pluviométrica ideal entre 1.200 mm a 1.400 mm bem distribuída ao

longo do ano é adequada para o maracujazeiro (limites 800 mm a 1.700 mm / ano);

precipitações intensas em picos de floração dificultam a polinização por romper-se o grão de

pólen e por afastar os insetos polinizadores. De ordinário a água é fator importante para a

frutificação.

- A umidade relativa do ar deve ser baixa; a luminosidade deve ser alta (planta necessita de 11

horas de luz / dia para entrar em floração para produção de frutos com ótimo aspecto, sabor e

aroma; ventos não devem ser fortes ou frios ou quentes e secos. Planta de dias longos.

Solos: A planta desenvolve-se em diferentes tipos de solo-preferencialmente os areno-

argilosos com bom teor de matéria orgânica – desde que sejam profundos, férteis e com boa

drenagem, com pH entre 5,0 e 6,5. Evitar solos arenosos e argilosos de baixa fertilidade e com

pH abaixo de 5. Medra bem em regiões com altitude entre 100 e 900 m e em terrenos planos a

ligeiramente ondulados.

Em locais sujeitos a ventos fortes estabelecer barreira quebra-ventos; ela proteger, a área de

plantio equivalente a 15 a 20 vezes a altura da planta adulta. Bambu, eucaliptos, hibiscos,

capim napier são algumas espécies que podem constituir barreiras quebra-ventos.

Propagação do Maracujazeiro/Formação de Mudas:

Propagação: A propagação utilizando-se sementes (produção de pé de franco) é o método

usual para atender ao estabelecimento de pomares comerciais. Os métodos de propagação

vegetativa são: estaquia (estacas lenhosas maduras com 20-25 m de comprimento e diâmetro

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igual ao lápis, enraízam bem); mergulhia e enxertia, ainda não bem estudadas, não são

utilizadas para plantios comerciais.

Obtenção de sementes:

- Frutos: os frutos fornecedores de sementes devem ser grandes ovalados, casca fina, cor

amarelo-intensa, bem conformados, sadios, maduros com grande quantidade de polpa

alaranjada; esses frutos devem ser oriundos e plantas sadias (sem pragas / doenças), de alta

produtividade, precoces, vigorosas. Deve-se colher poucos frutos em várias plantas

selecionadas (nunca abaixo de 20 plantas).

- Sementes: coletados os frutos são cortados em duas metades donde retira-se a polpa (com

sementes) que é depositada em recipiente de vidro ou louça e deixada a fermentar ( sem

adição de água) por 2 a 4 dias à sombra. Fermentada a polpa é lavada em água corrente sobre

uma peneira o que separa semente da mucilagem; coloca-se as sementes em recipiente com

água mexendo-se para que fiquem em suspensão e elimina-se as que boiarem após 25

minutos. Escoa-se a água, coloca-se as sementes, em camadas finas sobre papel absorvente

(jornal) ou tecido para secar á sombra por 2 a 3 dias.

Se não utilizadas após sua obtenção as sementes podem ser armazenadas em sacos plásticos

(donde retira-se a maior parte do ar) por três meses em condições ambientais; para

armazenamento por até 12 meses as sementes são colocadas em sacos de papel, estes

colocados em sacos plásticos e mantidos na parte inferior de geladeira doméstica (5ºC-10ºC).

Antes do armazenamento a semente pode ser tratada com mistura de 1 g de oxicloreto de

cobre + 1 g de carbaryl por kg. de semente.

1 (um) quilo de sementes é suficiente para formar 15.000 mudas (colocando-se 3 sementes

por recipiente). A germinação da semente pode dar-se entre 15 a 30 dias pós semeio (2 a 4

semanas).

Formação de mudas via sementes:

Mudas em sacolas de plástico:

- O viveiro deve ser instalado em local de fácil acesso, em terreno com boa drenagem,

arejado, exposto ao sol, próximo a fontes de água de boa qualidade, em terrenos planos a

levemente ondulados livre de plantas adultas. A maior dimensão do viveiro deve acompanhar

o sentido Norte-Sul; a altura mínima da cobertura do viveiro deve ser 1,5 m (ideal 2,0 m) e ela

deve deixar passar 50% da insolação. O viveiro deve estar protegido de animais domésticos.

- Os recipientes são sacolas de plástico de coloração preta com furos no terço inferior com

dimensões 14 cm X 28 cm X 0,02 cm (espessura)ou próximas com capacidade para 8 a 12

litros. Essas sacolas são enchidas com mistura (substrato) de terra, esterco, areia, outros. As

sacolas cheias são dispostas em canteiros (encanteiradas) com máximo de 1,2 m de largura;

cada metro quadrado de canteiro deve comportar, em média, 120 sacolas. Entre os canteiros

deve haver espaços (ruas com 0,5 m de largura) para facilitar tratos e retirar sacolas.

- O substrato para enchimento das sacolas pode ser constituído por: terra de barranco (2

partes), esterco de curral bem curtido (2 partes) uma parte de material volumoso curtido

(serragem, bagaço de cana ) ou três partes de terra (de mata), 1 parte de esterco de curral e 1

parte de areia; a cada metro cúbico de substrato, adicionar 2 quilos de calcário dolomítico, 1,0

Kg de superfosfato simples e 0,5 Kg de cloreto de potássio . A mistura deve ser peneirada e

disposta em camada, ser levemente umedecida e disposta em canteiro de 20cm. de altura

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sobre superfície cimentada para ser submetida ao tratamento de esterilização com brometo de

metila, sob lona, com dose de 150cm3 do brometo para cada m

3 de substrato em exposição por

72 horas, deixando-o o canteiro exposto ao ar por 24 horas pós tratamento.

OBS.: caso não haja possibilidade de tratamento com brometo pode-se preparar PCNB 75 PM

400g./100 litros de água) e regar as sacolas 48 horas antes do semeio com 2l. de calda/sacola.

Cada m3 de substrato é suficiente para encher 580 sacolas de plástico; o enchimento deve ser

feito 30 dias antes do plantio.

- O enchimento da sacola é feito manualmente; no ato deve se bater levemente com a sacola

no chão para compactar o substrato e manter a sacola de pé. Deixar os sacos em repouso por

30 dias molhando-os regularmente, para assentamento natural do substrato.

- A semeadura é feita colocando-se 3 sementes por sacola a 1cm. de profundidade cobrindo-as

com o substrato. Dependendo da temperatura rega-se 2 vezes/dia até a emergência das

plantinha; depois rega-se só uma vez por dia, passando a dias alternados ou mais segundo

desenvolvimento da muda. Tenha-se o cuidado de não encharcar o substrato.

- As regas devem ser efetuadas se necessárias em duas ocasiões, cedo pela manhã e no fim da

tarde; a partir de 15 dias antes do plantio em campo espacejar a irrigação.

- A cobertura deve ser retirada gradativamente, a partir do aparecimento da 1ª folha

verdadeira; uma semana antes do plantio as mudas deverão estar em pleno sol. Efetuar

desbaste cortando com tesoura, plantinhas mais fracas, quando as plantinhas tiverem 2 folhas

verdadeiras, deixando a mais vigorosa.Capinas manuais devem ser feitas e as plantinhas

devem ser conduzidas em haste única.

- Controlar pragas (lagartas de folhas, besourinhos) com pulverizações preventivas com

malatiom 50 E (25ml em 17 litros de água) aplicados a 10m2 de canteiro a cada 15 dias;

caldas de mancozeb (20g./17l. água) podem ser pulverizadas em cada 10m2 a cada 15 dias.

Caso haja tombamento de mudinhas reduzir irrigação e eliminar plantas doentes; em caso de

verrugose eliminar todas as mudas.

- Entre 60/80 dias (verão/inverno) pós-emergência, planta com 15/25 a 30cm. de altura, entre

a formação da 7ª folha verdadeira e emissão da 1ª gavinha, a muda estará apta ao plantio em

campo.

Exigências Nutricionais/Adubações:

As raízes do maracujazeiro concentram-se num raio de 50cm. em torno do caule e até

30/40cm. de profundidade. A absorção de nutrientes intensifica-se a partir de 250º dia

de vida (estádio de pré - frutificação).

Além de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) a planta necessita de cálcio, fósforo e enxofre

além dos micronutrientes manganês, ferro, boro, zinco e cobre (por ordem de

importância).Os requerimentos dos principais elementos para nutrição do maracujazeiro é:

Nitrogênio (N): 30 a 300g de N/planta/ano aplicados fracionados em 4 a 8 parcelas em

cobertura segundo chuvas; a parcela maior deve ser aplicada aos 250 dias de vida.

Fósforo (P2

O5); 40, 80 a 120g. de P

2O

5/planta/ano segundo diversos índices de fósforo

no solo; aplica-se 2/3 na cova e restante 1/3 em cobertura na floração.

Page 389: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 389

Potássio (K2O); 160, 320 a 480g. de K

2O/planta/ano com aplicação de ¼ na cova e

restante em 3 aplicações anuais em cobertura junto ao nitrogênio.

Cálcio (OCa) e Magnésio (MgO); geralmente fornecidos pelo calcário dolomítico

aplicado à área total ou na cova.

Enxofre (S): fornecido no superfosfato simples ou através de gesso agrícola aplicado

junto ao calcário.

Micronutrientes: pode aplicar 20g. de sulfato de zinco e 10g. de bórax na cova junto à

adubação de fundação (da cova) ou podem ser usadas formulações completas de

micronutrientes (FTE) na dose de 50g./planta; em culturas em produção aplicar o FTE na

primeira parcela anual de NPK (inicio das chuvas). Ainda pode usar a solução de 0,3% de

sulfato de zinco, 0,1% de ácido bórico, 0,5% de uréia e se necessário, 0,01% de molibidato de

amônio em pulverização foliar.

Para a Bahia indica-se uso dos seguintes níveis de nutrientes: Quadro. Recomendações para

adubação do maracujazeiro (em função de análise de solos).

Análise Nutrientes Plantio

Em

cobertura

1º,2,3ºano

N(Kg/ha)

Nitrogênio Mineral 20 80 160

120

Orgânico 30 - - -

Fósforo

no

solo(1)-

ppm.

P2O5

(Kg/ha)

Até 6 40 60 90 -

7-13 30 30 40 -

14-20 20 20 30 -

Potássio

no solo(1)

ppm

K2O)

(Kg/ha)

Até 30 40 60 120

100

31-60 30 50 100 80

61-90 - 40 80 60

1. Mehlich

Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo 1989 - Bahia

Produtividade esperada: 6-8t/ha (1ºano), 14-16t/ha (2ºano), 10-12T/ ha (3ºano)

Page 390: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 390

Nos pomares em formação as aplicações de adubos em cobertura devem ser feitas em faixa de

20cm. de largura ao redor da planta e distante 10cm. dela (aumentando com idade do pomar).

Em pomares adultos em faixa de 3m. de comprimento por 1m. de largura (distante do caule)

de ambos os lados da planta. O solo deve ter bom índice de umidade.Os adubos orgânicos são

empregados na cova utilizando-se preferencialmente o esterco de curral bem curtido (20-30

litros) ou esterco de galinha ou torta de mamona (5 a 10 litros) 30 dias antes do plantio.As

coberturas com fertilizante: 1º ano: nitrogênio (60 dias pós plantio, na floração, 90 dias pós

floração); potássio (na floração e 90 dias após). 2º / 3º anos: nitrogênio e potássio devem ser

aplicados na floração, 90 dias e 180 dias após.

Fósforo: 1º e 2º ano dose única no período da floração.

Em caso de impossibilidade de contar com análise de solo usar a seguinte indicação:

Quadro : Indicação de adubação para maracujazeiro.

( gramas/planta )

Adubo Plantio(1) 1º

ano

(2)

ano

(2)

Esterco 15

litros(3)

- -

Uréia - 65 65

Superfosfato

simples

170(3) 170 220

Cloreto de

potássio

100(3) 50 50

(1) Na cova de plantio: (2) por vez em três aplicações; (3) 30 dias antes do plantio. Fonte:

EPBA Circular Técnica nº 9, nov./1998

Se deseja-se produzir no 3º ano reduzir as quantidades de adubo para ¾ da do 2º ano.

Implantação do Pomar:

- Escolha da área/trabalhos iniciais:

- De preferência terrenos planos a levemente ondulados; em terrenos com declividade suave a

moderada usar plantios em nível; para os acidentados usar banquetas individuais para as

mudas.

- Plantar em áreas protegidas de ventos ou alinhar plantio na direção do vento dominante para

reduzir danos à planta. Usar, se possível, áreas já trabalhadas para outras lavouras.

- Coletar amostras de solo a 0-20cm. e 20-40cm. de profundidade com antecedência hábil

(150 dias antes plantio) e enviar a laboratório.

Preparo do Solo:

- Arações a 20-30cm. de profundidade em terrenos pesados seguida de 2 gradagens cruzadas;

Page 391: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 391

em terrenos leves basta operações com gradagens. Em caso de aplicação de cal calcário em

área total aplicar metade da dose antes da aração e a outra metade antes da 1ª gradagem. Essas

operações devem ser realizadas, 90-60 dias antes do plantio.

Solo úmido esfarelando (após comprimido) com toque do dedo indica ponto ideal para aração.

Espaçamento/Condução/Coveamento/Adubação:

- O espaçamento está condicionado ao plantio em grandes áreas - que indicam uso de

mecanização e em pequenas áreas - uso de tratos manuais -.

Para grandes áreas usa-se espaçamento de 5 ou 3m. entre plantas por 3m. entre fileiras; para

pequenas áreas 3m., entre plantas por 2,5 a 2,0m. entre fileiras. A densidade de plantas é,

respectivamente, 666 plantas (5x3), 1.111 plantas (3x3), 1.333 plantas (3,0 x 2,5) e 1.666

plantas (3,0 x 2,0). Orientar plantio sentido Norte-Sul.

- Condução: planta semi-lenhosa, o maracujazeiro precisa de suporte para vegetar e produzir

satisfatoriamente. Para tal pode-se construir espaldadeira vertical (com 1 a 3 fios de arame),

espaldadeira em T (com 2 a 3 fios de arame) e caramanchão ou latada. Fácil de construir, de

custo mais baixo, e por propiciar boas condições para tratos na planta, a espaldadeira vertical

é eleita.

Espaldadeira vertical: é uma cerca formada por postes (mourrões, estacas) com 2,5m. de

comprimento, enterrados 50cm. no solo espaçados de 5 em 5m. (4a6), com 1,2,3 fios de arame

liso nº 12 - superior deve ficar a 2,0m. de altura do solo e os outros 40cm. espaçados entre si -

. Para regiões onde há ventos fortes usar 2 fios de arame em vez de um. As linhas de plantio

devem ter 60m. de comprimento deixando espaço de 3-4m. para movimentação do pomar.

Mourões devem ter a parte superior chanfrada (para escorrer água) e a parte a ser enterrada

descascada e tratada com pixe.

Os mourões de calibre maior devem ser colocados no meio e nas extremidades da

espaldadeira. O arame superior deve ser fixado 10cm. abaixo do topo do poste.

- As covas devem ser abertas nas filas entre as estacas da espaldadeira, com dimensões 40cm.

x 40cm. x 40cm.. Na sua abertura separa-se terra retirada dos primeiros 15cm. de

profundidade. Essa terra é misturada ao esterco, calcário e adubos químicos, lançada no fundo

da cova. Enche-se a cova; essa operação deve ser efetuada 30 dias antes do plantio.

Plantio:

- Deve ser feito no início da estação chuvosa em horas frescas do dia; retirar envoltório de

plástico colocar torrão no centro da cova com sua superfície nivelada à superfície da cova.

Irrigar com 15 litros de água e colocar tutor - vara fina de bambu ou barbante - fixada para

conduzir o ramo principal até o arame mais elevado da espaldadeira. Se possível colocar

capim seco (sem sementes) ou palha em volta da muda.

Tratos culturais:

- Indica-se controle de ervas daninhas através de capinas à enxada ou química na linha e uso

da roçadeira na entrelinhas; para evitar danos a planta fazer arranquio manual de ervas

invasora num raio de 50cm. em volta da planta. Herbicidas podem ser pré ou pós emergentes

(evitar contato com a planta); produtos à base de diuron e glifosato são indicados bem como

paraquat, dalopon. Evitar uso da grade, enxada rotativa e carpideira. 15 dias pós plantio

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 392

inicia-se poda de formação; a planta deve ser conduzida em haste única – deve-se eliminar

periodicamente as brotações laterais. Ao atingir altura de 10cm. acima do último fio de arame,

deve ser eliminado o broto terminal para estimular o crescimento de brotos laterais. Esses

brotos são conduzidos em sentido contrários na posição horizontal em direção aos fios sendo

aí fixados. Na espaldadeira vertical tem-se 2 brotações opostas laterais por fio.

Posteriormente estes brotos deverão ser despontados para forçar o desenvolvimento de gemas

laterais que formarão os ramos produtivos; as ramificações que surgem em direção ao solo

devem ficar livres (elimine-se as gavinhas que aparecem na haste e ramos descendentes) para

facilitar o arejamento e penetração de luz importantes na produção e redução do ataque de

pragas/doenças.

- no período da entressafra deve ser feita uma poda de limpeza quando retira-se todos os

ramos secos e/ou doentes para melhor aração da folhagem e diminuição do risco de

contaminação de novas brotações:

- A poda de renovação tem sido recomendada com restrições pois não aumenta a produção

mas facilita penetração de luz, ar e defensivos, melhores frutos, permitir renovação dos ramos

(elimina ramos velhos e doentes); a planta deve estar bem adubada e com solo úmido. Poda-se

os ramos produtivos próximo a haste horizontal; em seguida pulveriza-se com fungicida

oxicloreto de cobre e mancozeb, alternadamente, a cada 10 dias.

A poda elimina a ramagem 40cm. abaixo do arame.

Irrigação:

- Na região Nordeste, sem limitações de luminosidade e temperatura, o déficit hídrico é fator

limitante; a irrigação pode antecipar o início do período produtivo. A irrigação pode ser feita

por métodos como gotejamento (4 gotejadores por planta espaçados de 50cm.), aspersão (por

pivot existente para sementes/grãos), e em sulcos (por queda natural). Gotejamento e sulcos

tem sido as melhores opções.

É importante que a lavoura não seja submetida a nenhum stress hídrico.

Pragas:

Lagartas das folhas; Dione juno juno, Agraulis vanillae vanillae – Lepidóptera.

Dione: adulto é borboleta amarelada com margens das asas pretas; a lagarta é escura, com 30

a 35mm. de comprimento e corpo coberto de espinho. Vive de forma gregária (em grupos). O

adulto coloca ovos agrupadamente (70-130) na face inferior da folha.

Agraulis: adulto é borboleta cor alaranjada com manchas pretas nas asas; adulto põe ovos,

isoladamente na face inferior das folhas e no caule. A lagarta madura (30mm.) tem cor

amarelada com corpo coberto por espinhos.As lagartas alimentam-se das folhas, retardam o

crescimento da planta o que afeta a produção; desfolhamento sucessivos causam morte da

planta. As lagartas da Dione pode raspar a casca dos ramos, também.

Controle: em áreas pequenas catar e destruir ovos e lagartas; em áreas extensas há

recomendação de pulverizações de calda contendo Bacillus thuringiensis (Dipel PM,

Thuricide) na dosagem de 100g. do produto comercial/100l. água – 300 a 600g. por hectare

em aplicações semanais. A lagarta morre 3 a 5 dias depois.

Page 393: Modulo iii proeja medio

Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 393

Outros lagarticidas indicados são carbaryl 85 PM (Carvim, Sevin) Triclorfom 50 S (Dipterex).

Broca da haste (broca do maracujazeiro): - Philonis passiflorae, Cooleoptera.Adulto é

besouro cerca de 5mm. de comprimento e coloração marrom com manchas amareladas no

dorso; a fêmea ovipõe no ramo. A lagarta é branca, sem pernas, desenvolve-se no interior da

planta formando galerias na haste e nos ramos. Externamente nota-se, na planta, aparecem

dilatações nos ramos que podem partir-se longitudinalmente. Ataque à haste principal causa

morte da planta.

Controle: a ocorrência mais freqüente dá-se em plantios novos localizados em áreas recém-

desbravadas, na periferia da plantação.Vistorias periódicas podem identificar focos iniciais de

infestação quando se recomenda poda e queima de ramos atacados. Em infestação da haste

principal utilizar fosfeto de alumínio (Gastoxim pasta) ou injeção com paration metílico

(2ml.). Pode-se, também, pincelar haste principal com inseticida (ação de contato ou de

profundidade).

Percevejos: Diactor bilineatus, Holumenia clavigera, Leptoglossus gonagra, Hemiptera.

Diactor: cor verde-escuro com manchas alaranjadas e pernas traseiras com expansão em

forma de folha.

Holymenia: bastante ágil, tem cor escura com manchas alaranjadas, antenas pretas com

extremidade branca.

Leptoglossus: percevejo do melão-de-S. Caetano, cor marrom, ultimo par de patas com

expansões laterais. Percevejos sugam a seiva de todas as partes da planta ocasionando queda

de botões florais e frutos novos além de murchamento dos frutos desenvolvidos.

Controle: em áreas pequenas com catação de ovos, formas jovens e adultos, manutenção do

mato roçado, eliminação de melão-de-S. Caetano.

Em áreas grandes pulverizações de caldas inseticidas, contendo fentiom 50 E a 0,1%,

triclorfom 50 S a 0,24%, malathion 50 E a 0,25%, endolsulfam 35 E a 0,2%.

Mosca das frutas: Anastrepha spp., Ceratitis capitata, Diptera, Tephridae.

Adultos da Anastrepha são amarelos com 2 manchas amareladas nas asas, 6,5 a 8mm. de

comprimento; adultos da Ceratitis são amarelados com asas de tonalidade rosada e medem 4-

5mm. de comprimento.As fêmeas ovipõe em frutos ainda verdes causando seu murchamento

antes da maturação ou com destruição da polpa e queda de frutos.

Controle: catação e enterrio de frutos atacados, plantio em áreas distante de cafezais; aplicar

de 15 em 15 dias 100 a 200ml./planta, uma calda contendo 5kg. de melaço, 250ml. de Malatol

em 100l. de água pulverizando de um lado da planta 100 a 200ml. da calda em 1 m2.

Outras Pragas: lagarta-da-teia, pulgões (Myzus, Aphis), abelhas (Irapuá e Apis mellifera),

besouro de flores que podem ser controlados com carbaryl (lagarta, besouro) malatiom,

diazinom (abelhas e pulgões). Além desses ácaros (plano, branco, vermelhos) atacam folhas e

ramos tenros sugando a seiva; para seu controle indica-se enxofre molhável (Kumulus,

Thiovit) triazofós (Hostathion 400) em pulverizações em ambas as faces da folha.Nematóides

(Metoidogyne, Pratylenchus) atacam o sistema radicular.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 394

Doenças:

Tombamento (damping-aff) ou mela:

Doença causada por fungos; caracteriza-se por lesão no colo da plantinha provocando seu

tombamento e morte. Excesso de água e sombreamento na sementeira favorecem a doença.

Controle: manejo adequado da sementeira e uso de calda da mistura dos fungicidas

PCNB+benomil+fosetyl-Al.

Antracnose:

Doença por fungo que ataca folhas causando manchas pequenas que juntam-se e tornam-se

pardo-avermelhadas ; os ramos podem mostrar manchas alongadas que

evoluem a cancros e morte dos ponteiros.

Controle: aplicação em pulverização, de caldas contendo exicloreto de cobre + mancozeb ou

benomyl.

Verrugose ou Cladosporiose:

Doença por fungo com maior incidência em temperaturas amenas (15 – 22ºC) ataca frutos,

brotações, ramos, gavinhas, pecíolo de folha geralmente em tecidos novos. Manchas

circulares de 5mm. que se cobrem com tecido corticoso, áspero, de cor parda

podem deformar o fruto e enrugar a folha.

Controle: doença não atinge a polpa do fruto; indica-se pulverizações com caldas fungicidas a

base de cobre em aplicações semanais sob chuvas e quinzenais em épocas de chuvas esparsas.

Podridão do colo:

Doença no solo causada por fungo, que afeta o colo da planta e lesionando a parte interna do

caule, pode penetrar para cima e em direção das raízes. Folhas tornam-se

murchas, amareladas e há morte da planta.

Controle: não plantar em solos compactados, sem aeração, e em solos contaminados pelo

fungo. Evitar ferimento do caule nas capinas.Retirar lesões iniciais, raspar a área afetada e

aplicar pasta bordaleza. No plantio mergulhar as raízes até 20cm. acima do colo em solução

contendo o produto metalaxil (200g./100l. água).Ainda podem acontecer as doença;

bacteriose, definhamento precoce, murcha (fusariose).

Colheita/rendimento:

O período de colheita dos frutos varia de 6 a 9 meses após o plantio definitivo no primeiro

ano (segundo a região e condições climáticas); no Nordeste o maracujazeiro produz durante

dez meses. O ponto de colheita é caracterizado pela coleta dos frutos no chão; antes da coleta

efetuar passagem entre as filas e derrubar frutos maduros que não caírem ou presos entre os

ramos da planta. A coleta de frutos e feita 2-3 vezes por semana ou 1 vez por semana.Após

colheita os frutos perdem peso rapidamente a medida que permanecem no chão ficam

murchos dificultando a comercialização.O rendimento médio é de 8 a 10t. (1º ano), 15 a

20t.;ha (2ºano) e 12 a 14t./ha (3º ano).

A comercialização do fruto dá-se através da fruta fresca para CEASAS, mercados municipais,

atacadistas, para indústria de sucos e para exportação.

OBS. Fruto caído no solo tem idade acima de 80 dias; ele está maduro com 75 a 80 dias de

idade. Para mercado de frutas frescas colha frutos ainda presos à planta e com 50 a 70 dias

pós abertura da flor; o fruto deve ter preso a ele 1 a 2cm. de pecíolo.Frutos coletados no solo

devem ser destinados a indústria.

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 395

Cultura - Mamão

Aspectos Gerais:

O mamoeiro - Carica papaya L. Dicotyledonae, Caricaceae - tem como origem provável uma

região entre noroeste da América do Sul e sul do México (América Tropical).

A produção mundial de mamão foi de 6.200.000 toneladas em 1994, sendo Ásia (46%),

América do Sul (33%) e África (12%) principais responsáveis pela produção mundial. O

Brasil destacou-se como maior produtor com 29% da oferta mundial, seguido pela Índia

(24%), Tailândia (*8,8%), Nigéria (8,1%) (FAO).

Dentro do Brasil a região Nordeste ocupou o 1º lugar no ranking nacional em 1993 com 54%

da oferta de mamão (869.000 toneladas em área colhida de 49.940 hectares - IBGE).

Em relação ao Brasil a Bahia contribuiu, em 1993, com 50% da produção (888.000 t), e com

61% da área colhida (17.537 ha). No mesmo ano foi responsável por 94% da produção

nordestina.

As principais regiões econômicas baianas produtoras de mamão (IBGE - 1994), foram

Extremo Sul (858.000 t), Baixo Médio São Francisco (12.825 t.) Oeste (7.365 t.). Os

principais municípios produtores (média 1990-94), foram Nova Viçosa (20%), Mucuri (17%),

Porto Seguro (12%), Itabela (9%), Prado, Teixeira de Freitas.

A produção regional destina-se aos mercados do Sul e Sudeste (São Paulo, Rio de janeiro e

Rio Grande do Sul). Em 1994 a Bahia exportou 690 toneladas (US$ 380 ml) dirigidos aos

Países Baixos (87%), Suíça (9%) e Uruguai.

Descrição / Variedades:

O mamoeiro é uma planta herbácea, altura entre 2 e 10m., podendo viver até os 20 anos.

Sistema radicular superficial com raízes brancas e pouco abundantes, caule geralmente único,

fibro-esponjoso, verde a cinza-claro, fácil de quebrar e encimado por coroa de folhas terminal

(em capitel). Folhas grandes, alternas, lobadas com pecíolo longo (25-100cm.), ôco e frágil;

flores masculinas ou femininas ou hermafroditas (em indivíduos distintos), cor branco-

amarelada a amarela com ovário com formato arredondado ou alongado (cilíndrico).

Fruto é uma baga, nasce do caule ou de pendúculo longo (macho) é arredondado, cilíndrico ou

periforme e amarelo ou alaranjado quando maduro; polpa de consistência suave e sucosa, cor

salmão, vermelha e até amarela com até 1.000 sementes negras que se inserem na cavidade

interna do fruto.

A composição por 100g. de polpa é: calorias 32, água 90g., carboidratos totais 8,3g., fibra

0,6g., proteínas 0,5g. gorduras 0,1g., cálcio 20mg., ferro 0,4mg., fósforo 13mg., caroteno

110mg., Vit. B1 0,03mg., Vit. B2 0,04,g., Vit C 46mg.

O sexo da flor do mamoeiro determina a existência de mamoeiros masculinos (mamão

macho) mamoeiro femininos e mamoeiros hermafroditas. As flores podem ser unissexuais -

masculinas ou femininas - e bissexuais (hermafroditas).

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Plantas masculinas: Com flores distribuídas por inflorescências de pendúculos

longos e pendentes (pendulas); órgão reprodutor masculino existente, ativo e órgão

reprodutor feminino rudimentar mas que pode tornar-se funcional produzindo mamões

deformados - mamão-macho, mamão-de-calo ou mamão-de-corda - sem valor

comercial.

Plantas femininas: Apresentam flores femininas, amarelas, isoladas ou em grupo de 2

a 3 que se inserem diretamente no caule. Os frutos decorrentes são arredondados a

ligeiramente ovais. Um pomar com plantas femininas necessita de mamoeiros

masculinos - em 10-12% dos indivíduos - uniformemente distribuídos no pomar para

assegurar a produção.

Plantas hermafroditas: Apresentam flores com órgãos masculinos e femininos na

mesma flor e não dependem de outras para a fecundação. Tem forma alongada

(elongata) ou arredondada (pentandrica) e seus frutos podem ser cilíndricos

(preferidos comercialmente) ou arredondados.

Vários fatores induzem variabilidade nas flores ao longo do ciclo da planta; os frutos em

decorrência podem apresentar-se em formas diversas. Assim flores hermafroditas podem

tornar-se femininas, e masculinas tornarem-se hermafroditas (produzindo o mamão-macho);

as flores femininas são mais estáveis. O sexo da planta é identificado após a emissão das

flores.

A variedade comercial é caracterizada por haste vigorosa com pequena distancia entre nós,

entra em floração 3 a 6 meses após semeio, precoce, porte baixo e maturação do fruto em 5-6

meses pós floração, ausência de ramificação lateral. Algumas variedades de interesse

comercial são:

Sunrise Solo: procedente do Havaí é planta precoce, frutos periformes ou arredondados, com

peso de 400-600 g, polpa laranja-avermelhada de excelente sabor indicada para consumo in

natura e pode produzir 37 t/ha/ano.

Formosa: híbrida de origem chinesa, frutos com peso de 0,8 a 2,5 kg, polpa amarela ou

avermelhada, com produção acima de 70 t/ha/ano.

Tainung nº 1: Híbrido altamente produtivo (mamão da Costa Rica X Sunrise Solo), frutos

redondos ou alongados, polpa laranja-avermelhada, de ótimo sabor, produtividade média 60

t/ha/ano.

Improved Sunrise Solo CV. 72/12: Precoce (8 meses pós plantio), produtivo, inserção das

primeiras flores a 60 cm de altura, fruto periforme a ovalado com 450 g de peso, polpa

vemelho-alaranjada, produção abaixo da Sunrise Solo.

Usos do Mamoeiro:

Planta: Produz látex que contém papayna (enzima proteolítico) com propriedades digestivas;

o látex é extraído, principalmente, do fruto verde e contém 0,15 a 3,75% de papayna

empregada em culinária (digestão, amaciamento de carnes), em indústria (de cerveja, queijo,

chicletes, couro) e em farmacêutica (produtos para dispepsias). Da semente, folha e fruto

extrai-se um alcalóide - a carpaina - empregado em medicina como ativador do músculo

cardíaco.

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Fruto: a polpa suave, saborosa e aromática é consumida, ao natural, só ou em mistura com

polpas de outros frutos, sob forma de purês, cremes gelados, cubos cristalizados, sucos.

Processada a polpa compõe doces, geléias, compotas, polpa congelada, aguardente.

A polpa do fruto desenvolvido e ainda verde é utilizada como legume em culinária

doméstica.

A semente é usada na propagação comercial do mamoeiro ( formação de mudas).

Necessidades da planta:

Clima: temperatura entre 22 e 26ºC (21 a 33ºC), chuvas entre 1.500 a 1.800 mm (1.200 a

2.000 mm) anuais, umidade relativa do ar entre 60% e 80%, luminosidade acima de 2.000

horas/luz/ano, ventos moderados, brandos e altitude ideal de 200 m. (nunca acima de 800 m).

Solos: De preferência areno-argilosos, planos a levemente ondulados, porosos, profundos (2

m a mais), sem impedimentos na sub-superfície, ricos em matéria orgânica, e com pH 5,5 a

6,7. Evitar solos em baixadas ou sujeitos a encharcamento e os pedregosos.

Propagação:

Propagação/Sementes: O mamoeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia;

comercialmente é multiplicado por sementes. As plantas fornecedoras de sementes devem ser

hermafroditas, (elongata) em plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom

estado sanitário, baixa altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade,

entre outras características.

Frutos fornecedores devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente e sementes

retiradas com colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar mucilagem) e

dispostas em camadas finas sobre jornal para secar à sombra por 2 a 3 dias. Em seguida são

tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan

3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada na parte inferior da geladeira (6ºC), se

necessário.

Formação de mudas:

Característica do viveiro: a céu aberto, com cobertura a 2 m de altura, ou a 80 cm de altura

(bambu, folhas de palmeira, etc...). As ripas ou a maior dimensão do viveiro devem estar

orientados no sentido Norte-Sul; a cobertura deve permitir que as mudas recebam,

inicialmente, 50% de sol e gradualmente permite-se mais e mais entrada de luz solar até o

transplantio.

Os canteiros devem ter 1 m a 1,2 m de largura e comprimento variável; entre os canteiros

deve existir rua com 50-60 cm de largura.

O viveiro deve estar em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de plantio

de mamoeiros, próximo a fonte de água e em terreno plano a levemente ondulado.

Preparo das mudas:

Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno preto com furos,

tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno deve ter dimensões 7

cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura x espessura). O substrato -

mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata (terriço): areia lavada; esterco de

curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato deve sofrer fumigação com brometo de

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 398

metila e depois, cada m³ da mistura, deve receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de

superfosfato simples, 10 kg de calcário dolomítico.

- Com sementes de flores hermafroditas lança-se 3 sementes por recipiente (6 a 8 sementes de

origem desconhecida) e 2 sementes da variedade Formosa; lançadas ao recipiente as sementes

devem estar distantes entre si por 1 cm e serem cobertas com 1 - 1,5 cm de terra peneirada;

irriga-se sem encharcar e cobre-se levemente a superfície com palha (arroz, outra). A

germinação deve dar-se após 10 a 20 dias.

- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2 vezes por dia

(micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar os turnos de rega.

Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando a mais vigorosa.

Aplicações quinzenais de calda contendo triclofron 50S, (240ml/100l. de água) e mancozeb

(150g./100l.) de água podem prevenir o aparecimento de pragas e doenças 30 a 40 dias pós

emergência das plantinhas, plantinha com 15-20cm. de altura, torna-se muda apta ao plantio

em local definitivo. Rejeitar mudas fracas e afetadas por doenças ou pragas. Com solução de

uréia a 0,1% fazer adubação foliar se as folhas mais velhas amarelecerem.

Preparo do solo:

Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias após consistem no

preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de formigas e grilos e antes e

depois da aração a calagem.

Espaçamentos/Coveamento/Adubação:

O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples os

espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m;

No sistema duplo os espaçamentos podem ser de 36m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x 2,5m.

Em terreno declivoso as linhas de plantio devem seguir as curvas de nível; em terreno plano a

linha de plantio são marcadas no sentido da maior dimensão (comprimento).

- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos 30 a 40cm de

profundidade (grandes plantações).

- A adubação básica na cova pode ser constituída pela mistura de 6,5 kg de esterco de curral

bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio + 400g. de

superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra retirada dos

primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova. Usando tortas aplicar

adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise do solo aplicar 300g. de

calcário dolomítico no fundo da cova.

Plantio:

O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso, em dia fresco e nublado, com solo

úmido. No plantio retira-se o envoltório plástico e o torrão é plantado ao nível do solo.

Plantios da variedade Formosa, recebem 1 muda/cova; para as outras variedades 3 mudas por

cova. Cobrir o solo, em volta da muda, com palha ou capim seco (s/sementes).

Tratos Culturais:

Controle de ervas daninhas: pode ser feito com capinas manuais ou mecânicas (grades ou

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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 399

roçadeira - grades até primeiros 6 meses). Deve-se evitar lavras profundas. Capina química

(herbicida) pode ser usada; o uso do controle conjunto (químico - mecânico) parece ser

melhor opção.

Irrigação: o consumo anual de água pelo mamoeiro oscila entre 1.200 e 3.100mm.; há maior

exigência hídrica quando as plantas são jovens. Com déficit hídrico na produção aparecem

áreas do tronco sem frutos.

Desbaste de Plantas: no início da floração 3-5 meses pós plantio, efetuar desbaste deixando 1

planta por cova, sempre com flores hermafroditas. Para mamoeiros do grupo Formosa

desbasta-se plantas masculinas.

Desbrota: brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminadas quando ainda

pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.

Desbaste de Frutos: no início da frutificação desbasta-se frutos defeituosos e de pequeno

tamanho; é uma operação periódica (uma vez por mês) em frutos pequenos e verdes; Deixar 1

a 2 frutos por axila da folha.

Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.

Adubação pós-plantio: (em cobertura c/ incorporação): no primeiro ano aplicar por planta/vez,

aplicar 40g. de uréia + 55g. de superfosfato simples + 15g. de sulfato de potássio aos 30, 60,

90, 120 e 180 dias pós plantio.

No segundo ano, a cada 3 meses, aplicar por planta e por vez, mistura de 50g. de uréia, 65g.

de superfosfato e 20g. de sulfato de potássio.

Consórcios:

Milho, feijão, arroz, batata-doce, amendoim, adubos verdes consorciam-se com mamoeiro

(este cultura principal). Evitar abobora, melão, melancia, pepino. O mamoeiro é usado como

cultura intercalar em culturas de macadamia, café, abacate, manga, citros, coco, goiaba, entre

outras.

Pragas:

- Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae; Conhecido como

ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de folhas novas e

brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriácea e por fim a lamina rasga-se.

Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralisação do crescimento e até morte da planta.

Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações

laterais.

Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100l.), dimetoato 5.E (75g./100l. água).

- Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari,

Tetranychidae; vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao

pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração

na folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação

direta dos raios solares.

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Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das folhas e a

eliminação de focos iniciais da praga.

Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e

encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se

cigarrinha com pulverizações de triclofrom 50 S (240 ml./100 l. de água).

Lagarta de folhas: infestações severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM

(250-500g./ha).

Lagarta rosca: controle idêntico ao acima.

Mosca-das-folhas: monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas tóxicas

(produtos a base de malatiom, fentiom, triclorfom).

Doenças: Podridões de Phytophthora - palmivora P. parasita

Em solos argilosos e mal-drenados e em condições de umidade e temperatura elevadas há o

apodrecimento do colo e raízes, amarelecimento de folhas e queda de frutos.

Controle: erradicar plantas afetadas, evitar plantio em solos pesados e controle químico com

Fosetyl-Al.

Viroses: Mosaico - caracterizada pelo amarecimento das folhas mais novas que se tornam

rugosas seguindo-se clareamento das nervuras; posteriormente a lamina da folha apresenta

porções amarelas misturadas com verdes (mosaico).

Controle preventivo: treinar pessoal para reconhecimento da doença, localizar viveiros em

áreas bem distantes de mamoais, erradicar e ou evitar o plantio de solanáceas (berinjela,

pimenta, fumo), brassicaceae (repolho, couve), abobora, melão, melancia, pepino, próximo de

áreas com mamoeiros, vistoriar plantio 2-3 vezes por semana erradicando plantas doentes.

Antracnose: causada pelo fungo Colletotrichum gloesosporioides, ocorre em frutos em

qualquer fase do seu crescimento (tem preferência por frutos maduros). Pontos negros

aparecem e transformam-se em lesões deprimidas com até 5cm. de diâmetro. Lesões velhas

produzem esporulação rósea intensa. Controle: enterrar frutos atacados, colhê-los ainda

verdoengos, desinfetar galpões e vasilhames de transporte e pulverizar frutos quinzenalmente

com fungicidas à base de cobre ou mancozeb (3-8l. calda/planta).

Ainda cita-se doenças: tombamento (sementeira), varíola (folhas, frutos), oidio.

Colheita:

O mamão completa a maturação 4 a 6 meses após a abertura da flor; todavia os frutos devem

ser colhidos antes da maturação total. Para comercialização os frutos devem ser colhidos

quando apresentam estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Destinados a exportação

ou armazenamento por período longos devem ser colhidos no momento em que a coloração

da casca passa do verde escuro para o verde claro (sementes negras, início de coloração rósea

da polpa).

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O mamão é colhido manualmente (torção) até ruptura do pedúnculo; para indivíduos de porte

alto utiliza-se o "canguru" (equipamento ligado ao hidráulico do trator) ou a vara de colheita

(de bambu com copo de borracha - pressionado contra ápice do fruto até a ruptura do

pedúnculo - semelhante a desentupidor de pia).

Para evitar vias de penetração de fungos cortar o pedúnculo do fruto à faca sem torcer o fruto.

Operários devem usar luva e blusa com mangas compridas (prevenir contato com o látex).

O rendimento esta indicado em variedades de mamoeiros.

Beneficiamento dos Frutos:

Tratamento dos frutos pós-colheita visando prevenção contra doenças fungicas e mosca-das-

frutas (tratamento térmico a 47ºC por 20 minutos e rápido resfriamento) para mosca - e de

thyabendazol ou benomyl para fungos.

- Classificação pelo tamanho em pequenos, médios e grandes, etiquetagem ( nome/ endereço

do produtor) embalagem em caixa de madeira ou de papelão (exportação).

- Frigoconservação entre 13ºC e 16ºC.

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PROFESSOR(A):________________________________________

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ESTUDO E PESQUISA NA BIBLIOTECA

Apesar de não ser o responsável pela organização das prateleiras, cabe ao professor conhecer a variedade de títulos e materiais disponível nas bibliotecas escolares para, como um planejamento eficiente e estratégias pensadas, enriquecer o ensino dos conteúdos curriculares. "O docente deve procurar saber quais são as possibilidades para a sua disciplina. Essa etapa vai facilitar a discussão sobre o formato e o papel das atividades", afirma Lucila Martínez, especialista que implementou políticas da área para governos latino-americanos pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Segundo ela, com a correta utilização das obras, é possível expandir o conhecimento da turma e ampliar os horizontes dos estudantes, que sentirão necessidade de acessar outras estações, como bibliotecas públicas. "Também é possível valorizar a produção própria dos alunos, que vão ser representados entre os autores tradicionais, e estimular a leitura pelo prazer, em rodas de leitura, por exemplo", complementa a especialista.

Pesquisas feitas pelo governo federal nos últimos anos já detectaram uma relação clara entre o uso frequente do espaço e o bom desempenho dos estudantes. "A biblioteca escolar bem utilizada funciona como uma potente ferramenta para o desenvolvimento do aluno, de sua autonomia intelectual e também do processo de ensino e aprendizagem", afirma Marcelo Soares, diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC).

Por meio de livros, mas também de revistas, mapas, atlas e materiais multimídia, o educador de todas as disciplinas pode ampliar a bagagem das crianças, ensinar e fazê-las tomar gosto pelo conhecimento e pela leitura. Confira, a seguir, as seis estratégias fundamentais para utilizar a biblioteca escolar de forma mais eficaz com a turma.

Educação, cultura e informação

Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes.

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Nivel de alfabetização pelo planeta inteiro: veja as desigualdades do sistema de ensino em cada região do mundo, ampliando a imagem.

A prática educativa formal — que ocorre nos espaços escolarizados, que sejam da Educação Infantil à Pós Graduação — dá-se de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. No caso específico da educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar. No caso específico da educação exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação Tecnológica. A educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo com o grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na sociedade. Mas, acontece também no dia-a-dia, na informalidade, no cotidiano do cidadão. Nesse caso sendo ela informal.

Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é ―aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade‖. Em Roma, na língua latina, seu antepassado etimológico tinha o sentido de ―agricultura‖ (significado que a palavra mantém ainda hoje em determinados contextos), como empregado por Varrão, por exemplo.2 Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão ―Kultur‖ – cultura – se aproxima mais desta definição). Definições de cultura foram realizadas por Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski e outros cientistas sociais. Em um estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn encontraram pelo menos 167 definições diferentes para o termo cultura.

Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a cultura muitas vezes se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura se referia a um ideal de elite.3 Ela possibilitou o surgimento da dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre ―cultura erudita‖ e ―cultura popular‖, melhor representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário das sociedades ocidentais.

Informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe.

Informação enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de

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restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado, estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento.

É comum nos dias de hoje ouvir-se falar sobre a Era da Informação, o advento da "Era do Conhecimento" ou sociedade do conhecimento. Como a sociedade da informação, a tecnologia da informação, a ciência da informação e a ciência da computação em informática são assuntos e ciências recorrentes na atualidade, a palavra "informação" é frequentemente utilizada sem muita consideração pelos vários significados que adquiriu ao longo do tempo.

De acordo com o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, informação vem

do latim informatio,onis, ("delinear, conceber ideia"), ou seja, dar forma ou moldar na mente,

como em educação, instrução ou treinamento.

A palavra do grego antigo para forma era μορφή (morphe; cf. morfo) e também εἶδος (eidos)

"tipo, ideia, forma, 'aquilo que se vê', configuração", a última palavra foi usada famosamente

em um sentido filosófico técnico por Platão (e mais tarde Aristóteles) para denotar a

identidade ideal ou essência de algo (ver Teoria das ideias). "Eidos" também podem ser

associados com pensamento, proposição ou mesmo conceito.

De acordo com o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, informação vem do latim informatio,onis, ("delinear, conceber ideia"), ou seja, dar forma ou moldar na mente,

como em educação, instrução ou treinamento.

A palavra do grego antigo para forma era μορφή (morphe; cf. morfo) e também εἶδος (eidos) "tipo, ideia, forma, 'aquilo que se vê', configuração", a última palavra foi usada famosamente em um sentido filosófico técnico por Platão (e mais tarde Aristóteles) para denotar a identidade ideal ou essência de algo (ver Teoria das ideias). "Eidos" também podem ser associados com pensamento, proposição ou mesmo conceito.

Como utulizar a biblioteca: é aberta ao público em geral para consultas e pesquisas, sendo que a retirada de materiais é permitida apenas para alunos e usuários residentes na Cidade de São Paulo. Para utilizar a biblioteca basta associar-se.

Hábito de leitura e pesquisa: refere-se à frequência em que um indivíduo lê, principalmente livros e jornais, embora o termo seja mais amplo e inclua qualquer espécie de leitura. Pode-se dizer que existem três objetivos básicos para aquele que cultiva o hábito de ler, a saber ler por prazer, para estudar ou para se informar,1 mostrando, assim, que não se vincula somente a um objetivo geral de educação mas também às vontades e ambições individuais de cada um. Nos

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dias atuais, no entanto, o termo também é marcadamente ligado à questões como o alfabetismo e a educação de crianças. A leitura frequente auxilia no conhecimento de novas ideias, palavras, expressões, é capaz de corrigir conceitos pré-determinados, ajudando, assim, o leitor a viajar por ambientes vastos como a gramática, a literatura, etc., embora o termo "hábito de leitura" ou "hábito de ler" não se referia somente a um hábito frequente; isso significa que o termo pode ser utilizado também àquele homem que cultiva o hábito de ler somente um jornal de manhã, por exemplo, ou um adolescente que leia regularmente, ou raramente, e assim por diante, sendo um termo neutro. De qualquer forma a leitura diversificada amplica o vocabulário e a capacidade de argumentação.

O acervo bibliográfico: conhecimento e preservação

Biblioteca Nacional (2009) entende a preservação como sendo ―todas as ações que se fonteinam a salvaguardar e a recuperar as condições físicas dos suportes que contém informações, com vistas à permanência [das] fontes materiais para as futuras gerações‖, acrescentando que esta ―é o ‗guarda – chuva‘, sob o qual se ‗abrigam‘ a conservação preventiva, a conservação reparadora e a restauração‖.

Atividades do processo de preservação

Conservação preventiva

Conservação preventiva é o estudo e o controle das principais fontes de degradação do acervo. Para evitar disseminação dos efeitos da degradação, deve-se tomar medidas preventivas contra essas ações. Os três principais agentes de destruição de acervos, são: os fatores internos; fatores externos; ação do homem sobre o acervo.

Conservação reparadora

Procedimento simples destinado ao tratamento do livro como remendos e reparos em geral que sejam necessários ao resgate estrutural das partes danificadas, como rasgos nas folhas ou capas; perda do suporte das folhas ou capas; lombadas rasgadas ou danificadas; capas separadas do corpo do livro e folhas dobradas, vincadas que necessitam reforços para evitar rasgos.

Elemento fundamental de atenção na mediada em que as ações se realizarão diretamente na obra a ser preservada:

manuseio dos livros e documentos em geral;

reprodução do acervo;

transferência do suporte*

*microfilmagem, digitalização e fotografia.

De acordo com Boito (2003) ―o termo conservação refere-se a toda ação estabilizadora que visa desacelerar ou interromper o processo de degradação‖. De modo semelhante, a Biblioteca Nacional (c2009) enxerga ―a conservação como um conjunto de procedimentos que tem por objetivo melhorar o estado físico do suporte, aumentar sua permanência e prolongar-lhe a vida útil, possibilitando [dessa maneira] o seu acesso por parte das futuras gerações‖.

Etapas do processo de conservação

O trabalho de conservação deverá se acontecer de forma continua obedecendo ao seguinte processo:

Limpeza página a página, utilizando, para tanto, material adequado;

Acondicionamento dos itens do acervo em caixas-boxe, quando necessário;

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Diagnóstico da obra (descrição pormenorizada de marcas que indiquem a condição de obra rara, como assinaturas, dedicatórias, exlíbris, carimbos entre outros)

Amarrar com cadarço, quando necessário;

Restauração

Para Boito (2003) ―o termo restauração refere-se a ações que visam reter danos físicos e químicos, possibilitando a recuperação e restituindo a funcionalidade dos documentos deteriorados‖.

Para a Biblioteca Nacional (2009) o processo de restauração consiste em ―um conjunto de procedimentos que visa recuperar, o máximo possível, o seu estado original‖. Para tanto ―são realizadas intervenções de tratamento individual por peça‖ (BN, 2009).

Proteção para a cabeça

Entre os equipamentos usados para proteger a cabeça, podemos destacar:

Óculos de segurança ou óculos de proteção

Os óculos de segurança precisam ser de qualidade comprovada, garantindo proteção contra a contaminação de substâncias poluentes, evitando doenças como conjuntivite, irritações oculares e alergias. Deve-se proporcionar ao profissional uma visão transparente, sem distorções ou opacidade.

Proteção respiratória (máscara)

As máscaras semi-faciais, descartáveis, são leves e oferecem proteção ao rosto do funcionário e não causam irritação.

Os tipos mais simples dessas máscaras destinam-se exclusivamente a reter poeira, devendo ser descartadas após o dia de trabalho. Nenhum tipo de manutenção ou reparo deve ser realizado: a própria peça facial é filtrante. Deve ser trocada sempre que se encontrar saturada, perfurada, rasgada, com elástico solto ou rompido, ou quando o usuário perceber o cheiro de poeira.

É indicado para proteger o aparelho respiratório contra partículas nocivas suspensas no ar (poeira, vapores e partículas sólidas) evitando sérios problemas respiratórios. Existem vários modelos que oferecem praticidade e proteção. Contudo, depende do usuário escolher a que melhor se adaptar à sua necessidade.

Toucas protetoras

As toucas descartáveis são leves e de polipropileno ―spum bonded‖, material que oferece resistência e ventilação, seladas eletronicamente por ultra-som, com garantia de melhor acabamento. Seguem as normas internacionais de qualidade e segurança. Oferecem maior conforto, melhor ajuste, apresentam elástico especial em todo o perímetro da touca.

É indicado para proteger a cabeça contra partículas suspensas no ar. O cabelo exposto absorve essas partículas que causam sérios danos à saúde do couro cabeludo e dos folículos pilosos de quem executa a higienização do acervo.

Protetores para o tronco e os membros

Avental ou jaleco

O tipo mais comum de protetor para o tronco é o avental ou jaleco. Além dos tradicionais de tecido 100% algodão, existem produtos leves e confortáveis que são confeccionados em não-tecidos - 100% polipropileno ou sontara (55% polpa de celulose e 45% poliéster), fabricado pelo processo de filamentos contínuos consolidados por termo-soldagem, constituindo-se como elemento básico de maior confiabilidade para confecção de produtos descartáveis de proteção, por ser atóxico, anti-alérgico, permeável ao ar, não inflamável.

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Os aventais devem, preferencialmente, cobrir completamente as vestimentas, ou seja, serem fechados nas costas, compridos e terem mangas longas, protegendo o profissional contra dermatites e alergias.

São indicados para proteger as roupas contra a sujidade na realização da higienização, oferecendo maior segurança, conforto e proteção ao corpo humano.

Proteção dos membros superiores

Luvas

As luvas de látex para o procedimento são fabricadas para que sejam suficientemente resistentes de acordo com as normas internacionais. Elaboradas com látex natural, hipo-alérgica, para uso ambidestro, punhos longos com reforço para reduzir rupturas.

São indicadas para proteção contra os microorganismos, que podem causar dermatites. Durante o trabalho, o funcionário munido de luvas não deve levar as mãos aos olhos, à boca ou ao nariz.

Recomenda-se descartá-las a cada dia de trabalho, porque são produtos de uso único.

Proteção dos membros inferiores (pés)

Pró-pé/ botas

O pro-pé é um acessório indicado para ser usado em ambientes especiais, como: sala de obras raras, museu e outros que o profissional julgar necessário. Com formato anatômico e confortável têm, por finalidade, evitar a entrada de partículas vindas do ambiente externo, trazidas nas solas dos sapatos, além de dar proteção para o profissional contra fluídos corporais.

É indicado para proteção dos pés contra microorganismos em ambientes de muita contaminação, salas de depósito ou no caso de inundação.

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PROFESSOR(A):________________________________________

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Texto: Quem são os seres humanos?

Cidade lotada, caótica, trânsito parado, pessoas estressadas, doentes mal amadas. É assim que enxergo São Paulo quando estou no trânsito. As pessoas estão infelizes. Pior, elas são vítimas de alguma doença que a cura nem é tão difícil, mas depende apenas delas. Mas entre todas essas mazelas da vida-louca-e-doentia da cidade de São Paulo a pior delas para mim é a invasão física, o assédio.

Nos últimos dias tenho ouvido (e lido) muitos relatos de amigas ciclistas vítimas de assédio no trânsito. Aliás, o pior dos assédios, a invasão física e moral de uma passada de mão. Já não sei contar quantas amigas minhas já foram vítimas de motoqueiros e suas ―mão bobas‖ que ops… deslizam entre a bunda e o selim da menina ciclista. Eu mesma já fui vítima desse tipo de agressão e a minha reação foi… chorar. Chorar de tristeza, nojo e raiva.

Fico indignada à falta de humanidade que beira uma pessoa que consegue estender a sua mão para assediar uma estranha. Isso é invasão, é crime, é falta do mais simples respeito. Penso comigo se quem faz isso não tem mulher, filha, mãe e se não pensam nelas na mesma situação. Certamente não. Aliás, olho para esse trânsito maluco e penso ―as pessoas estão sozinhas‖ e, provavelmente, por isso, não pensam em ninguém.

Tenho um amigo que é participante ativo em uma ONG de proteção a cachorros abandonados e vítimas de maus tratos. Já vi muita gente comentar ―ahhhh, mas porque você não gasta essa energia ajudando pessoas necessitadas‖… e a resposta dele é ótima: ―porque eu já não acredito mais nos seres humanos‖.

Eu tô chegando quase lá. Nesses momentos que eu vejo o que há de mais baixo e ralé em um ser humano, eu penso e repenso se vale mesmo a pena acreditar na humanidade, se vale a pena ter esperança em um dia ver a cidade mais bonita, mais integrada, mais… humana. Afinal, quem são os seres humanos? Pois o que vejo nas ruas de São Paulo não me remetem muito ao que tenho como conceito de Humanidade.

Ainda bem que eu pedalo. Pedalar é o que me faz ter uma pontinha de esperança e enxergar alguma coisa bela no meio disso tudo. Foi pedalando que conheci as pessoas mais seres humanas que já vi na cidade de São Paulo e é pedalando que eu acredito que alguma coisa dá para mudar por aqui. É difícil, mas dá!

QUEM SOMOS?

Os humanos são os únicos seres conscientes do universo?Certamente não!

Em primeiro lugar, os Sábios dizem que os animais também sentem dor, baseados na proibição bíblica de causar-lhes sofrimento desnecessário. Em segundo, a Torá está repleta de narrativas dos anjos superiores, que estão conscientes de um âmbito da realidade muito além da nossa.

Além disso, Maimônides e outros escrevem sobre os corpos celestiais como seres conscientes – e não simplesmente num sentido alegórico. Se alguém perguntasse: "Como uma bola de hélio e hidrogênio pode conter consciência?" simplesmente pergunte de volta: "E uma massa quente de carne cinzenta ter consciência é razoável?"

A singularidade da raça humana não está na consciência, mas na maneira que a consciência tem de entrar nos âmbitos do bem e do mal, tomar decisões e distinguir entre eles.

O primeiro passo de um planejamento é identificar quem são seus autores, ou seja, quem é o grupo que está comprometido com a proposta de ação que será elaborada.

Para construir uma proposta de ação que seja de interesse comum dos colegas e que todos acreditem ser possível executar, é preciso unir esforços para se chegar aos mesmos objeti-

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vos. E nem sempre isso é fácil! A riqueza da participação está em reunir pessoas com características, habilidades e idéias diferentes e criar um ambiente em que todos sintam liberdade para se expressar, gerando confiança e respeito mútuos.

O planejamento participativo visa a construir uma compreen-são coletiva das idéias que vão fundamentar o PLA e um consenso sobre o que vai ser feito. Além disso, contribui para de-finir os papéis e as responsabilidades de todos os envolvidos.

A) No primeiro momento, forme com seus colegas um grande círculo para compartilharem o que cada um tem a contribuir para o desenvolvimento de uma ação social na área de atua-ção definida por vocês. Por exemplo, o grupo pode ter alguns membros com habilidades musicais, aptidão para o teatro ou outra expressão artística; alguns já estudaram, conhecem ou vivenciaram alguma experiência na área de atuação escolhida ou, ainda, alguns colegas têm contatos e relacionamentos com outros grupos, organizações e instituições da área que podem facilitar o trabalho. O importante é caracterizar com que atri-butos, vocações, conhecimentos e informações o grupo pode contar para desenvolver o PLA.

B) No segundo momento, façam uma breve redação, de cerca de 5 a 10 linhas para apresentar os responsáveis pelo PLA.

Orientem-se pela seguinte questão:Como vocês se identificam: (a) por idade? (b) por interesses?

(c) por local de moradia? (d) por características específicas do grupo (vocações e habilidades já constituídas)? Ou por outros aspectos que considerem importantes para caracterizar quem vai executar o PLA.

QUAL É FOCO DA NOSSA AÇÃO?

O segundo passo do planejamento é deixar clara a idéia principal sobre o que vai ser feito. O plano nasce da idéia de realizar algo, idéia que vai tomando forma e se estruturando.

Que idéia é essa?Lembrem-se de que, ao elaborar o ―Mapa dos Desafios‖, vocês levantaram os principais problemas da realidade local e os classificaram por ordem de importância. Depois, discutiram suas causas e pesquisaram o que já estava sendo feito para solucioná-los. assim, ao priorizar determinados desafios, vocês também já apontaram as áreas em que o Plano de Ação Comunitária pode ser desenvolvido (cultura, meio ambiente, saúde etc.). agora é preciso definir o foco do PLa, a ação principal, levando em consideração: as experiências e habilidades que vocês já têm; a vontade e o interesse de todos em colocar em prática determinada idéia; as oportunidades existentes na comunidade que podem favorecer a participação de vocês; a correspondência entre o desafio escolhido e as necessidades e desejos da comunidade.

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Ao definir o que vai ser feito, é importante já indicar a abrangência da ação, explicitando onde e com quem será feita. Por exemplo, se, para o seu grupo, o principal problema entre os jovens da comunidade é o grande número de casos de gravidez precoce, o foco pode ser:prevenção da gravidez precoce, com orientações sobre a utilização de preservativos e outros aspectos importantes para uma vida sexual saudável, por meio da apresentação de uma peça de teatro sobre o tema, para jovens de duas escolas pú-blicas do bairro X.

Mas, se o principal problema é o lixo, o foco da ação pode ser: conscientização dos moradores do bairro X dos prejuízos que o lixo traz para a saúde, organizando uma campanha de esclarecimento das principais doenças que ele pode causar.

Quem participa do processo de planejamento se torna responsável por sua execução. Por isso, é importante não esquecer que pensamento e ação, teoria e prática são os dois lados de uma mesma moeda, e avaliar se o que pensamos e criamos pode mesmo ser colocado em prática.

Mas, se vocês ainda não conseguiram definir o foco da ação, este é o momento de pesquisar mais, fazer novas visitas aos projetos, instituições, órgãos públicos ou convidar lideranças comunitárias do bairro para conversar com vocês sobre os pro-blemas que priorizaram no ―Mapa de Desafios‖. Em que espaços a participação de vocês pode fazer diferença?

Atividade 2

A) se o foco da ação do PLa ainda está sendo definido, usem, no primeiro momento, a dinâmica da ―chuva de idéias‖, organi zando uma lista com todas as sugestões de ações que surgirem espontaneamente na turma. Depois, dividam-se em grupos detrabalho para fazer um exercício de imaginação: tentem pensar, a partir da idéia mais apreciada pelo grupo, como colocá-la em prática, passo a passo. Os grupos apresentam suas propostas para toda a turma avaliar e decidir o que vai ser feito,considerando, principalmente, o que é mais viável em razão das habilidades que vocês têm, dos recursos e do tempo de que dispõem para a execução.

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B) Sintetizem a proposta escolhida em, no máximo, quatro linhas (como nos exemplos indicados acima): ―Foco de atuação do PLA‖.

C) Em seguida, criem um título para o PLA, que seja a expressão da idéia principal do que pretendem colocar em prática.

Depois, criem uma ―marca‖ por meio da qual vocês possam ser identificados pelos outros jovens do programa e pela co-munidade, ao longo do processo de execução do PLA. Pode ser uma imagem, um desenho, um nome (ou todos juntos): ―Nome do PLA‖.

POR QUE E PARA QUE VAMOS REALIZAR A AÇÃO ESCOLHIDA ?

O terceiro passo do planejamento deve explicar o senti-do da ação comunitária que pretendem realizar. No primeiro momento, trata-se de explicitar o que se costuma chamar de ―fundamentação‖ ou ―justificativa‖ de um plano. Para elaborá-la é preciso apontar as razões que levaram à escolha que fizeram por determinada área de atuação. Considerem os seguintes aspectos:

A) Qual é o problema ou desafio que pretendem enfrentar? Resgatem as causas identificadas na elaboração do ―Mapa dos Desafios‖ e agreguem informações e dados complementares que foram pesquisados e que contribuem para caracterizar com mais profundidade o problema escolhido.

B) Que importância esse problema tem para a comunidade?

C) O que motivou a escolha de vocês? Expliquem os desejos e as potencialidades do próprio grupo, que contribuíram para a escolha deste desafio.

D) Que referências foram construindo nas discussões entre vocês e que expressam a maneira como pretendem trabalhar e os valores que consideram importantes considerar no desenvolvimento da ação proposta. Por exemplo, no caso de o desafio ser a gravidez precoce: ―vamos buscar envolver rapazes e moças porque achamos que este não é um problema só das mulheres; vamos apresentar uma peça de teatro para motivar a participa-ção e provocar discussão com os jovens e não para apresentar apenas a nossa opinião‖.

E) Como surgiu a oportunidade de atuação social na área escolhida? Ou expliquem os apoios, parceiros ou condições que favorecem a ação proposta.

Em um segundo momento, reflitam sobre os efeitos que querem causar, com a execução do plano de ação, em quem vai ser beneficiado por ele. Por exemplo: se o foco do PLa for a ‖campanha sobre o lixo do bairro‖, o horizonte da proposta poderia ser ―melhorar as condições de vida do bairro X, fortalecendo a união dos moradores para acabar com o lixo nas ruas, terrenos e praças‖. Esses são os objetivos gerais da ação pro-posta, ou seja, o que se pretende alcançar ao finalizar o plano.

Atividade 3

Sugerimos que vocês, inicialmente, se dividam em duplas ou pequenos grupos para desenvolver os tópicos precedentes e responder:

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A) Por que escolheram esta ação? Que problemas e desafios vão enfrentar? Qual a importância deles para a comunidade e para vocês? Que condições favorecem a atuação de vocês?

Façam uma redação de cerca de uma página. Se for preciso, organizem uma comissão de redação para reunir e sintetizar as principais idéias produzidas nos vários subgrupos.a segunda questão deve ser discutida e finalizada com a par-ticipação de toda a turma:

B) Para que realizar esta ação?

Discutam e descrevam, de forma ―curta e grossa‖, em 2 a 4 linhas, que contribuição a atuação de vocês trará para a melhoria da comunidade, especialmente daqueles que vão ser beneficiados diretamente por ela.

QUEM SERÁ ATINGIDOPELO QUE VAMOS FAZER?

O quarto passo do planejamento é detalhar o que chamamos de público alvo ou a quem vai ser dirigida a ação proposta por vocês. É o grupo de pessoas que será beneficiado diretamente pelo PLA.

Se vocês têm apenas uma idéia geral do público alvo, por exemplo, ―jovens que moram em tal bairro‖ ou ―adolescente que freqüentam determinado programa social‖ ou ―as mães que freqüentam o posto de saúde‖, este é o momento de visitá-los para conhecer de perto quem são, fazer contato e pesquisar mais sobre eles. Essas visitas e pesquisas também poderão dar dicas para a comunicação e o relacionamento delecom vocês, quando iniciarem a execução do PLA. E ainda, vão ajudá-los a detalhar as atividades que serão realizadas. Conhecer aqueles com quem vocês irão atuar, seus interesses, valores, costumes, linguagem e outras formas de expressão fundamental para o sucesso da ação. É importante, também, vocês fazerem uma estimativa inicial do número de pessoas que pretendem atingir com a ação comunitária.

Atividade 4

A) Para quem é dirigida a nossa ação? Quem e quantos se-rão atingidos ou beneficiados diretamente pela atuação de vocês? Descrevam quem são, o contexto em que estão in-seridos: o bairro, a região e a organização ou instituição em que atuam.

QUE RESULTADOS QUEREMOS ALCANÇAR E COMO?

O quinto passo do planejamento é o momento de dizer como vocês vão fazer acontecer a proposta de ação comunitária, na prática. Para cada resultado, uma ou mais atividades deverão ser executadas. Os resultados explicam como vocês vão alcan- çar os objetivos a que se propuseram, e a qualidade deles va depender das atividades que forem realizadas. Por isso, é importante detalhar tudo o que precisa ser feito, passo a passo, e,também, considerar os recursos e as condições que vocês têm para a execução, para que as atividades previstas possam ser de fato viabilizadas.

Atividade 5

A) Que resultados pretendem obter na prática? (A partir dos problemas e desafios identificados, que objetivos específicos esperam alcançar?). Façam uma pequena lista.

B) Que atividades precisam ser realizadas para concretizá-los? (Listem, para cada resultado esperado, as atividades necessárias.)Organizem a síntese das suas discussões em um quadro comeste formato, colocando quantas linhas forem necessárias:

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COM O QUÊ, COM QUEM E QUANDO VÃO SER REALIZADAS AS ATIVIDADES PREVISTAS?

No sexto passo do planejamento, é preciso prever os recursos necessários para executar cada atividade, distribuir as responsabilidades pela execução entre os colegas e prever o tempo de duração de cada uma delas e de todo o plano.

Recursos são todos os meios de que vocês precisam para viabilizar o PLA: apoios, espaço físico, pessoas, materiais (papel, tinta etc.), equipamentos, conhecimentos e informações etc. Para cada atividade, será preciso identificar quais recursos estão disponíveis, quais devem ser providenciados e como será possível fazer isso.

Quando pensamos nos recursos, temos também de pensar nos apoios que podemos conseguir na comunidade para incrementar o PLA:

Que outros projetos similares podemos contatar e conhecer para aprender mais e melhorar a nossa proposta?

Podemos trabalhar em parceria com outros? Com quem? Quem pode apoiar e dar contribuições à execução do PLA na comunidade?se for o caso, é preciso contatar, negociar e firmar acordos com as instituições com as quais vocês vão trabalhar ou nos espaços onde vão atuar (escola pública, ONG, órgão da Prefeitura, outros). Para isso é preciso organizar uma visita com a educadora ou o educador de Ação Comunitária, apresentar o PLA e negociar a participação de vocês. A idéia é que, com cada instituição envolvida no PLa, seja firmado um termo de cooperação ou um termo de parceria, que deixe claro o tipo de relação que se vai estabelecer, o período de atuação e as responsabilidades de cada parte.

A divisão de tarefas é o momento em que cada um de vocês identifica em que pode melhor contribuir com todo o grupo e para o plano. Alguns têm mais facilidades para tarefas organi-zativas ou para se comunicar em público; outros têm habilidades artísticas ou facilidade para escrever, por exemplo.

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Por fim, é preciso elaborar o cronograma do PLa: distribuir as atividades pelo período de até seis meses ou 20 a 24 semanas, durante as duas próximas unidades formativas. Lembre-se que é preciso combinar o horário das aulas semanais de Participação Cidadã para o monitoramento e preparação das ativida-des (1 hora por semana ou total de 24 horas) e o horário em que estarão na comunidade (estimem para isso um total de no máximo 40 horas).

Atividade 6

Sugerimos que vocês inicialmente se dividam em duplas, ou pequenos grupos, para discutir as questões abaixo e, depois, partilhem e reúnam as reflexões realizadas com a participação de toda a turma.

A) Que recursos são necessários para cada atividade? (Façam uma lista de materiais e de apoios possíveis. Planejem contatos e visitas, se necessário)

B) Como dividir as responsabilidades entre todo o grupo ou a turma? Escreva o nome completo dos responsáveis por cada atividade.

C) Qual é o tempo necessário para executar cada atividade prevista?

Organize a síntese das suas discussões em um quadro com este formato, colocando tantas linhas quantas forem necessárias:

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COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?

O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar execução das atividades que foram planejadas, refletindo e valiando em que medida elas estão chegando aos resultados revistos e se é necessário fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.

A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.

A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser feita semanalmente para verificar os erros e os acertos, as dificuldades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.

Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.

Atividade 7

A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros?

Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instrumento para registro de cada atividade que for realizada.

B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?

COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?

O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar a execução das atividades que foram planejadas, refletindo e avaliando em que medida elas estão chegando aos resultados previstos e se é necessário

fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.

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A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.

A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser fei-ta semanalmente para verificar os erros e os acertos, as difi-culdades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.

Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.

Atividade 7

A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros? Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instru-mento para registro de cada atividade que for realizada.

B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?

QUE SENTIDO(S) TEM O MEU COMPROMISSO COM AS TAREFAS DEFINIDAS NO PLA?

Depois das ações do PLa terem sido definidas e as responsabilidades por elas distribuídas entre os membros do grupo ou da turma, a idéia é consolidar o compromisso assumido por você com o que foi decidido. No ―Termo de Compromisso com oPLA‖ cada jovem deve descrever suas tarefas e analisar em quemedida se sente apto para executá-las, ou seja, como avaliaseus limites e suas potencialidades para responder às expectativas do PLA e de seu grupo.

Atividade 8

Faça uma redação individual, utilizando até uma página, com base nas seguintes questões:

A) Quais as tarefas e responsabilidades que você assumiu com a sua turma para a execução do PLA? Descreva-as.

B) Analise as condições que você tem hoje para executá-las e as aprendizagens que elas poderão lhe proporcionar.

C) Quais são as suas expectativas em relação à execução do PLA?

Ôpa! Primeiramente vamos finalizar a redação do PLa.A maior parte dos itens já está redigida e só é preciso juntá-los e complementar o que falta. É muito pouco! Depois vocês devem fazer uma leitura coletiva do texto para verificar se todos estão mesmo de acordo com o produto final. aí vai ficar mais fácil preparar a apresentação pública do(s) PLA(s). Ela deve ser organizada em duas partes. A primeira tem o objetivo de sensibilizar o público para a proposta que vocês fizeram, por meio de uma poesia, música, dança, pintu-ra ou qualquer outra forma de expressão. Depois, deverão ser apresentados oralmente e de forma breve os objetivos, o público alvo e uma síntese das atividades que serão realizadas.

Atividade 9

A) Concluam a montagem, complementação e redação final do PLA (vejam o roteiro completo no ―Caderno do PLA‖).

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B) Discutam conjuntamente idéias para a apresentação pública e, depois, organizem-se para colocá-las em prática.

O QUE É PRECISO PARA PREPARAR O EVENTO PúBLICO?

A preparação do evento público de apresentação dos PLAs deve envolver todas as turmas de todos os núcleos que a integram. Para isso, é preciso criar uma comissão de organização do seu núcleo com representantes de cada turma. Esses representantes deverão participar de pelo menos três a quatro reuniões e, se possível, com os representantes dos outros núcleos para combinarem:

a ordem e a duração das apresentações;

a organização do evento (os procedimentos e toda a infra-

estrutura necessária);

a divulgação prévia para a comunidade, os parceiros e as famílias.

Os representantes deverão participar da discussão da sua turma e anotar as sugestões que serão levadas para a reunião da comissão. Depois, retornar para os colegas os resultados das discussões da comissão. Mas, todos os alunos têm que participar da divisão de tarefas na preparação e realização do evento, e não apenas os representantes da turma. Lembrem-se de que o representante é um porta-voz das propostas da turma e tem que ter a confiança dos colegas para negociá-los, levando em consideração as idéias e interesses de todos os núcleos.

Atividade 10

A) Escolher um representante da turma para participar da comis-são de organização. Um jeito de agilizar a escolha é fazer, antes, uma lista, com os nomes de todos os que gostariam e teriam interesse em se candidatar e, depois, fazer uma votação. Pode-se também criar outra maneira de escolher o representante.

B) Discutir com o representante da turma as decisões da comissão de organização, propostas da turma e dividir a responsabilidade pelas tarefas no dia do evento.

INSTRUMENTO DE REGISTRO DAS ATIVIDADES DO PLA

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TECNOLOGIAS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO

Quando pensamos em tecnologia, associamos a palavra a alguma inovação ou a uma nova maneira de funcionar ou de fazer alguma coisa. Quando pensamos em Participação Cidadã, associamos a expressão à convivência social, às relações com as comunidades em que estamos inseridos e, especialmente, ao modo como a nossa atuação pode contribuir para defender, consolidar e ampliar direitos que resultem em melhoria da qualidade de vida para todos.

A maneira como nos organizamos e participamos da vida social tem tudo a ver com o modo como se produzem e usufruem as novas tecnologias na sociedade. Além disso, influem nos modos como se operam as mudanças no meio social, cultural, econômico, político, ambiental. Por exemplo, as mudanças no meio ambiente nas comunicações mostram mais claramente o quanto as tecnologias fazem parte do nosso cotidiano de diversas maneiras, em diferentes lugares e tempos.

A degradação do meio físico causada pela falta de saneamento básico ou pela poluição das grandes cidades incide diretamente na qualidade de vida da população. Assim também como a introdução do computador e da Internet no cotidiano de qualquer pessoa

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transformam radicalmente seus caminhos de acesso à informação e formas de comunicação pessoal e social, gerando impactos na convivência social e na participação cidadã.

Se, por um lado, o desenvolvimento das novas tecnologias traz inúmeros benefícios para a vida em sociedade, por outro, essas novidades também convivem com antigos problemas como violência urbana, pobreza, desemprego e exclusão social.

Por causa disso, nem todos têm acesso às novas tecnologias. Mas quando falamos de tecnologia social, referimo-nos a produtos, métodos e técnicas que incorporam a cultura e os recursos locais, e são desenvolvidas com a participação ativa da comunidade, visando solucionar problemas coletivos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

São muitos os exemplos de tecnologias sociais voltadas à solução de problemas coletivos, tais como saúde, educação, saneamento, habitação, geração de trabalho e renda. Podemos citar alguns, que hoje já se tornaram políticas públicas:

o soro caseiro (um copo de água com uma pitada de sal e duas colheres de açúcar que já salvou milhares de crianças da desidratação, ajudando a combater a mortalidade infantil);

a multimistura (farinha produzida com o aproveitamento de sementes e ingredientes locais, complemento alimentar largamente utilizado no combate à desnutrição);

a cisterna de placa (sistema de captação de água de chuva para o consumo humano, que serve de reservatório e proporciona o abastecimento durante o período de seca);

metodologias de alfabetização (de jovens e adultos para combater o analfabetismo);

certificação socioparticipativa de produtos agroextrativistas (forma encontrada para agregar valor à produção familiar na Amazônia e atestar que a mesma foi obtida sem o uso de insumos e produtos químicos);

cooperativas de catadores de lixo e projetos que se relacionam à limpeza urbana, à implantação dos sistemas de coleta seletiva e à reciclagem de resíduos sólidos (têm sido objeto de políticas públicas em vários centros urbanos, com incentivo dos governos municipais e o desenvolvimento de novas tecnologias).

Nas periferias de grandes centros urbanos, existem inúmeros empreendimentos solidários que desenvolvem e usam tecnologias sociais para geração de emprego e renda.

De acordo com o site do Ministério da Ciência e Tecnologia, ―tecnologias sociais caracterizam-se pela simplicidade, baixo custo e fácil aplicação, que potencializam a utilização de insumos locais e mão-de-obra disponível, protegem o meio ambiente, têm impacto positivo e capacidade de resolução de problemas sociais‖. Destacam-se por envolver a participação direta da população na resposta a necessidades coletivas e, portanto, contribuem para a inclusão social.

A partir do momento em que há reconhecimento de que essas soluções são promotoras de transformação social e de melhorias da qualidade de vida das pessoas envolvidas, elas têm despertado o interesse de órgãos do governo e de organizações não-governamentais, abrindo espaço para a discussão e para a consideração dessas soluções como objetos de políticas públicas.

Atividade 1

Ajude a organizar uma roda de conversa na turma para discutir:

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A) O que são tecnologias sociais?

B) Que exemplos de tecnologias sociais são conhecidos pela turma?

EXEMPLO: O curso é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade.

Dando continuidade às oficinas práticas e cursos que acontecem este mês nos Territórios Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central, o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) realizou na comunidade Aroeiras – município Banabuiú, o curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido. O Curso reuniu cerca de 60 agricultores de 16 comunidades de Quixadá e Banabuiú, para participarem de práticas de formação agroecológica.

O Curso teve participação intensa da equipe técnica do Cetra, cotando com a participação de oito técnicos, que ministraram quatro práticas. ―Construção de canteiro econômico e produção de mudas‖; ―Irrigação alternativa e defensivos naturais‖; ―Canteiro suspenso‖; e ―Práticas de alimentação e manejo sanitário de pequenos animais‖

O Evento contou com a participação de agricultores, que já são acompanhados pelo Cetra e de outros que estão tendo os primeiros contatos com a agroecologia e práticas de convivência com o Semiárido. Esse fator enriqueceu a troca de experiências e a participação intensa da fala dos agricultores deu a tônica em todas as práticas. É o que afirma a técnica do Cetra, Florença Gonçalves: ―Estou vendo uma participação muito boa dos agricultores. [...] Não só a orientação do técnico está valendo nos grupos das práticas, mas os agricultores estão colocando como é que eles já fazem e isso tá despertando também nos outros agricultores outras formas de se produzir.

Sandoval Xavier de Lima, agricultor e vice-presidente da comunidade Lagoa da Jurema – Quixadá, reafirma a intensa troca de conhecimentos vivida no Curso: ―Aprendi certas informações que eu não sabia, como também repassei para os companheiros informações que eles também não sabiam. Concluindo: foi 100% de proveito.‖ Seu Sandoval, agricultor que já é acompanhado pelo Cetra há alguns anos, conta ainda sobre um defensivo natural novo, que conheceu no curso de Banabuiú: ―[...] Uma coisa tão simples, mas que tem grande utilidade. De falar que o suco, pegar a lagarta, o suco da lagarta servir pra poder fazer repelente pra espantar o inseto.‖

O curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido Cearense.

SABER POPULAR, SABER TÉCNICO

As tecnologias sociais aliam saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Portanto, partem do reconhecimento de que existe um saber que está na comunidade, que passa de uma geração para outra, mas que nem sempre é visto como válido.

Mas o que é necessário para que o conhecimento popular se transforme em tecnologia social? Trata-se de valorizá-lo e fazer a conexão entre ele e o saber que é produzido com pesquisas e com os estudos existentes sobre a realidade local. Ou seja, é fundamental que, por uma lado, haja o envolvimento direto entre as pessoas que vivenciam os problemas e que já sabem por onde passam as soluções, e, por outro, as universidades, institutos de pesquisa ou outros agentes, que trazem um acú-mulo de conhecimentos diferentes obtidos por meio de estudos e pesquisas sistematizadas. A partir desse encontro, o conhecimento se estrutura e as tecnologias sociais são construídas.

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Nesta perspectiva, as tecnologias sociais não podem ser simplesmente tecnologias introduzidas ―de fora‖. Devem considerar um melhor aproveitamento da cultura, dos modos de fazer e conviver, das matérias-primas e do meio ambiente local. Não só devemos respeitar, como até incorporar saberes tradicionais presentes no grupo social e na comunidade com a qual trabalhamos. A comunidade local precisa participar do processo de trabalho, tanto para aprender como esse se organiza e funciona, como para sugerir mudanças e participar ativamente do seu aperfeiçoamento.

Por isso, todo o processo de trabalho que implica o desenvolvimento de uma ação social na comunidade, por exemplo, é tão importante quanto os resultados obtidos por meio dele. E é com o acompanhamento e o monitoramento contínuo da ação coletiva que esses aspectos podem ser evidenciados e apropriados por todos os que dela participam.

Quando monitoramos, levantamos informações, dados e re-latos que trazem olhares diversos e significativos sobre a reali-dade. Esse monitoramento é um importante instrumento para trazer a visão da comunidade sobre os problemas locais e subsidiar ajustes e melhorias nas ações e tecnologias desenvolvidas para seu enfrentamento.

A principal característica das tecnologias sociais é que são reaplicáveis, ou seja, podem ser usadas e multiplicadas entre um grande número de pessoas. A idéia de reaplicação é diferente da de replicação. A tecnologia social não pode ser simplesmente copiada tal como foi concebida (replicação). É importante que, no processo de multiplicação das experiências, ela seja recriada, ajustada, e que sejam agregados novos elementos pelas pessoas da comunidade. Com isso, espera-se que o conhecimento seja, de fato, apropriado e reconstruído pela comunidade. É esse movimento que chamamos de reaplicação.

Reaplicar é, portanto, uma ação aberta a novos saberes cons-truídos a partir da organização comunitária, da articulação das açõesem redes sociais e da comunicação e mobilização social.

Esses aspectos serão desenvolvidos nos próximos tópicos.

Atividade 2

Reúna-se com seus colegas para fazer um balanço do proces-so de acompanhamento e monitoramento da ação comunitária, considerando:

A) O público-alvo, apoiadores e parceiros envolvidos já par-ticiparam de alguma avaliação parcial da ação? Que aspectos destacaram? Caso isso não tenha ocorrido, como se poderia provocá-lo?

B) O que o grupo responsável pela execução do PLA identifica como características que a vivência prática e a convivência com o público-alvo da ação comunitária foi imprimindo à proposta e que, de alguma maneira, expressam saberes e traços de identidade da comunidade?

C) Em que medida a participação cidadã desenvolvida por vocêe seus colegas pode também ser tomada como exemplo de tecnologia social em construção, já que se baseia em uma metodologia de planejamento participativo, no uso de técnicas detrabalho coletivo e em demandas da comunidade identificadaspor vocês no ―Mapa dos Desafios‖?

O número de iniciativas que envolvem o uso de tecnologias sociais tem crescido no Brasil. Uma das conseqüências desse aumento foi a criação da Rede de Tecnologia Social (RTS), organização que tem por objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável por meio da difusão e reaplicação, em escala, de tecnologias sociais.

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