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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6
MONITORAMENTO DO FLUXO HÍDRICOSUPERFICIAL NO MUNICÍPIO DE GARANHUNS-PE
Felippe Pessoa de Melo
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Faculdade de Ciências Exatas de Garanhuns - FACEG/AESGA
Rosemeri Melo e Souza
Universidade Federal de Sergipe - UFS
INTRODUÇÃO
O gentílico de Garanhuns-PE, está localizado na Região Nordeste do Brasil, no
estado de Pernambuco, no Agreste Meridional, estando delimitado pelas coordenadas
geográficas de -8° 51’ 37” / -8° 55' 40" e -36° 26' 06" / -36° 30' 52 (Figura 1).
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Figura 01: Localização da área de estudo.
Seu modelado é ondulado em forma de colinas, com cotas que chegam a
ultrapassar 1000m, como no caso da superfície de cimeira do morro do Magano, com
altitude de 1030m em seu cume. Entre essas unidades Morfoesculturais, existem vales
abertos com encostas abruptas, chegando a formar ângulos de 90° no perímetro urbano, e
vão suavizando-se à medida que se afastam dessa área, até formarem uma superfície de
erosão aplainada.
Mesmo estando localizado no polígono das secas da região Nordeste, devido o
domínio do clima semiárido, apresenta-se como uma área singular, sob a influência do clima
Mesotérmico Tropical de altitude. Conforme Instituto Nacional de Meteorologia - INMET
(2013), sua precipitação média anual é superior a 80mm, julho é o que apresenta a maior
média 155,8mm, e o mês de novembro a menor 23mm. O período mais chuvoso inicia-se
em maio e vai até agosto, com uma média pluviométrica de 132,2mm, já o quadrimestre
com menor índices pluviométricos começa em setembro e termina em dezembro, com uma
precipitação média de 34,7mm. Suas temperaturas são amenas, com uma média anual de
21,6°c, o período mais frio tem seu início em junho e o término em setembro, apresentando
uma média de 19,6°c, as temperaturas mais elevadas estão no quadrimestre que vai de
dezembro a março, com uma média de 23,3°c.
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A dinâmica existente entre o clima e a geomorfologia, contribui para formar um
ambiente susceptível a riscos ambientais naturais. Os quais no transcorrer das décadas
foram maximizados pelas ações antrópicas, devido o crescimento urbano desordenado em
direção as encostas dos vales, e pelo processo de impermeabilização do solo, por causa do
saneamento inadequado, ampliando a capacidade erosiva da água (drenagem exorréica),
formando um cenário geoambiental desestruturado. Ofertando risco de vida a população.
De acordo com Veyret (2013), riscos naturais são aqueles pressentidos, percebidos e
suportados por uma população ou por um único indivíduo, sujeito a ação de um processo
físico, de uma álea. Deve-se ressaltar que esses riscos podem derivar das ações antrópicas,
pela ocupação do território.
Duas práticas comuns nas vertentes do sítio urbano são: introdução de resíduos
sólidos, oriundos da construção civil, tendo como finalidade ampliar a área residencial;
descartes dos esgotos residenciais sem tratamento. Ações essas que contribuem para o
processo de desestabilização das encostas, tornando-as mais susceptíveis a deslizamentos e
desmoronamentos, principalmente no período mais chuvoso.
Para Peloggia (1998) apud Guerra (2011), a busca da apropriação máxima dos
espaços disponíveis pela população, independente de sua precariedade, leva a modificação
na geometria das encostas, através de técnicas precárias, em sua maioria manuais, de
utilização propiciada pela grande espessura do regolito e suas coberturas, principalmente
nas regiões tropicais.
Portanto a presente pesquisa teve como finalidade, compreender os dilemas
territoriais, causados pelo crescimento urbano desordenado no município de Garanhuns-PE.
No transcorrer do estudo, utilizou-se o método de Veyret (2013). O qual classifica os riscos
em: naturais, agravados ou provocados pelas atividades humanas, industriais, tecnológicos,
econômicos/geopolíticos/sociais e outros. O que possibilitou a criação de um banco de
dados geográficos com informações matriciais e vetoriais.
Os rasters são oriundos do Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil, do
projeto Topotada, referente à cena 08_375. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais -INPE (2011), O projeto Topodata oferece o Modelo Digital de Elevação (MDE) e
suas derivações locais básicas em cobertura nacional, elaborados a partir dos dados SRTM
disponibilizados pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, na rede mundial de
computadores. Suas primeiras informações foram disponibilizadas em 2008, passando por
melhorias em 2009 e 2011. Os dados estão disponíveis no formato GeoTiff, com resolução
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espacial de 30m.
Os vetores usados, são referentes às poligonais dos limites dos estados da
região Nordeste, e aos limites municipais de Garanhuns-PE. De acordo com Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2013), na área de geociências, é possível baixar
informações de cartas, dados aéreos e orbitais, mapas, arquivos vetoriais dos estados e
municípios brasileiros, atlas e arquivos do Google Earth.
Em relação às informações do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e
Pesquisa - BDMEP, do INMET, elas foram acrescentadas no banco de dados, possibilitando a
interpolação entre os vetores e os dados climáticos. Segundo o INMET (2014), no BDMEP
possui dados climáticos diários desde 1961 das estações para as quais se disponha, em
formato digital, cerca de 80% dos dados que foram registrados naquele período. Os dados
históricos referentes a períodos anteriores a 1961 ainda não estão em formato digital.
No caso dos CEPs dos bairros disponibilizados pelos Correios, foram utilizados
para traçar os limites dos bairros.
Com a interpolação dos dados supracitados, foi possível realizar uma análise
integrada das informações. O que permitiu mapear o sentido do fluxo das águas superficiais
e identificar que apresentavam os maiores riscos geoambientais naturais e agravados pelo
homem. Estando distribuídas nos bairros: Dom Helder, São José, Magano, Dom Tiago
Postma, José Mariano Dourado, Novo Heliópolis, Santo Antônio, Francisco Figueira,
Heliópolis e Severiano Morais Filho.
MATERIAIS E MÉTODOS
Escolha do Método
O padrão de drenagem superficial possui uma intrínseca relação com as
características geomorfológicas do ambiente. Portanto para compreender o perfil da
drenagem superficial da área em questão, e suas correlações com as os locais que
proporcionam risco de vida a população, devido sua susceptibilidade a deslizamentos e
desmoronamentos. Fez-se necessário a escolha de um método que levasse em
consideração a predisposição natural do modelado aos processos gravitacionais, e a
interferência da ação antrópica em diferentes escalas. Portanto optou-se por utilizar o
método proposto por Veyret (2007). De acordo com o autor os riscos são classificados em:
naturais, agravados ou provocados pelas atividades humanas, industriais, tecnológicos,
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econômicos/geopolíticos/sociais e outros (Tabela 1).
Tabela 1: Tipos de riscos.
Tipos de Riscos Descrições
NaturaisSão aqueles pressentidos, percebidos e suportados por umapopulação ou por um único indivíduo, sujeito a ação de um processofísico de uma álea.
Agravados ou Provocados pelasações Humanas
Podem resultar de áleas cujo o impacto é aumentado pelas atividadeshumanas e pela ocupação do território, sem levar em consideraçãosua capacidade de absorção e recuperação.
Industriais
Estão associados às atividades de armazenamentos de produtostóxicos, à produção e ao transporte de materiais perigosos. Em muitoscasos, essas atividades estão inseridas no tecido urbano, o que causaapreensão em virtude dos efeitos em cadeia, uma série deacontecimentos dificilmente previsíveis e domináveis.
Tecnológicos
Corresponde à probabilidade de ocorrer um acontecimento fora docomum, temporalmente inesperado, ligado às disfuncionalidades deum sistema técnico e cujas consequências, de amplitude considerável,frequentemente permanecem difíceis de serem delimitadas de formaprecisa no espaço e no tempo.
Econômicos/Geopolíticos/SociaisRelacionam-se a partilha e o acesso a certos recursos, renováveis ounão, geram riscos que podem se traduzir em conflitos latentes ouabertos.
OutrosDependem da escala de aceitabilidade do risco. O que é aceitável emum determinado momento (da história ou da vida de um indivíduo)pode ser inaceitável em outro.
Materiais
Foram utilizados dados matriciais, referente ao modelo digital de elevação do
terreno (MDE) no formato GeoTiff, provenientes do Banco de Dados Geomorfométricos do
Brasil, do Projeto Topodata, referente a cena 08_375, com resolução espacial de 30m.
Vetores da malha digital do IBGE, acessíveis no formato shp, correspondente aos limites
municipais. Planilhas do INMET, referentes as séries históricas das estações climáticas,
disponíveis em txt. Relação dos CEPs dos Correios. SIG ArcGIS v. 10.1.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E A AÇÃO ANTRÓPICA
O município de Garanhuns-PE, está totalmente assentado na unidade
Morfoestrutural do Planalto Borborema. Estando o seu sítio urbano distribuído em três
unidades Morfoesculturais (Figura 2).
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Figura 2: Distribuição das unidades Morfoesculturais.
Possui um revelo ondulado em forma de colinas, o qual apresenta uma aguda
variação topográfica (Figura 3), fator esse que contribui naturalmente para movimentos de
massas (escorregamentos).
Figura 3: Representação do relevo a partir de um perfil topográfico.
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De acordo com Fernandes e Amaral (2009) apud Guerra (2011), existem diversas
classificações para movimentos de massas, o que pode vir a ocasionar problemas de
interpretação, dessa forma propuseram uma abordagem mais clara, a partir de uma nova
classificação (Tabela 2).
Tabela 2: Classificação dos movimentos de massas.
Movimentos de Massas Descrições
Corridas / FlowsSão Movimentos rápidos, em que os materiais secomportam como fluídos altamente viscosos. Estandoassociados a grandes concentrações de águas superficiais.
Escorregamentos /Slides
Rotacionais / SlumpsPossui uma superfície de ruptura de curva, côncava paracima, ao longo da qual se dá o movimento rotacional damassa do solo.
TranslacionaisSua superfície de ruptura é planar, a qual acompanha demodo geral descontinuidades mecânicas e/ouhidrológicas existentes no interior do material.
Queda de Blocos / RockFalls
São movimentos rápidos de blocos e/ou lascas de rochas,que caem pela ação da gravidade, sem a presença de umasuperfície de deslizamento, na forma de queda livre.
Segundo Hansen (1984) apud Guerra (2011), ainda existe uma categoria
denominada de rastejamento / creep, que se caracteriza por sua lenta velocidade. Podendo
subdivide-se em: sazonal, quando o solo é afetado apenas por mudanças sazonais de
temperatura e umidade; contínuo, em que a força do cisalhamento excede a resistência;
progressivo, estando associado a encostas que atingem o ponto de ruptura por outros tipos de
movimentos de massas.
A susceptibilidade natural a movimentos de massas, foi agravada pelo processo
de expansão da poligonal urbana, logo ele se deu no sentido das encostas. Esse fenômeno
urbano ocorreu em duas fases.
A primeira caracteriza-se pela ocupação das encostas conforme elas
apresentavam-se naturalmente na paisagem, com pouca presença de solos
impermeabilizados devido a pavimentação das ruas; a segunda com a realização de cortes
nas encostas com a finalidade de ampliar a área a ser construída, nessa fase intensifica o
processo de impermeabilização, por causa de investimentos contínuos na pavimentação das
áreas urbanas. Deve-se resaltar que os processos de pavimentação, apesar de terem
ocorridos em escalas temporais distintas, tiveram como característica comum,
desviar/concentrar o fluxo hídrico superficial para as encostas dos vales. Em ambos os
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modelos não foi levado em consideração a capacidade de absorção e recuperação da
natureza em relação as transformações impostas pelo homem.
Para Veyret (2013), os efeitos da concentração urbana e de sua densidade, a
desigual mobilidade dos cidadãos, os impactos das práticas de urbanismo desagregado
induzem as interações entre os agentes destruidores e as construções. A rede urbana
regional e nacional, na qual se inscreve uma cidade, também pode engendrar efeitos em
cadeia externos a um desastre natural.
Apesar do município está sob o domínio do clima semiárido, apresenta-se como
uma área de exceção, tendo uma clima Mesotérmico Tropical de Altitude, caracterizando um
sistema climático com índices de precipitação elevados (Gráfico 01) e médias térmicas
baixas (Gráfico 2).
Gráfico 1: Médias pluviométricas por mês. Fonte: INMET/2013.
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Gráfico 2: Médias térmicas por mês. Fonte: INMET/2013.
Em relação a cobertura vegetal, originalmente o município era recoberto por
Mata Atlântica a barlavento e Caatinga hipoxerófila a sotavento. Mas atualmente só existem
resquícios dessas vegetações. Analisando a dinâmica entre as características físicas
supracitadas e o modelo de uso e ocupação do solo aplicado ao longo do tempo. Verifica-se
a formação de um cenário geoambiental desestruturado, o qual oferta risco para população
residente.
Conforme Ross (2012), toda causa tem seu efeito correspondente, todo benefício
que o homem extrai da natureza tem certamente também seus malefícios. Desse modo,
parte-se do pressuposto que toda ação humana no ambiente, causa impactos em diferentes
escalas, podendo levar a processos irreversíveis. Não devemos esquecer que a natureza tem
seus mecanismos de recuperação e que as degradações ambientais nem sempre chegam ao
nível catastrófico. Mas com o atual modelo de uso e ocupação do solo, a autorregeneração
torna-se impossível.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Crescimento Urbano
Até 1982, o perímetro urbano do município concentrava-se em uma área
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contínua de 76,43km². Com o transcorrer de cinco anos ampliou-se 19,49km², de forma mais
expressiva a nordeste e sudoeste. Entre os anos de 1987 e 1995, a poligonal urbana cresceu
15,25km², novamente de forma expressiva a nordeste e sudoeste. Quebrando esse padrão a
noroeste surge uma porção urbana descontínua de 1,54km² (COHAB III). De 1995 a 2001,
apresenta um crescimento de 19km², queda no ritmo de crescimento, destacando-se as
porções noroeste e sudoeste.
No período de 2001 a 2011, o perímetro urbano desenvolveu-se 65.00km2,
principalmente nas áreas nordeste, sudoeste e noroeste. No extremo noroeste esse
fenômeno fica bem evidenciado com o incremento de 3,8km² na COHAB III através do
programa minha casa minha vida, para atender a comunidade de baixa renda deslocada do
Vale da Liberdade e o surgimento do condomínio Bellevue - Residencial Clube com uma área
de 2,52km².
Dinâmica do Fluxo Hídrico Superficial
A unidade Morfoescultural na qual Garanhuns esta localizada, possui uma
estrutura topográfica que favorece a erosão hídrica superficial. Com o processo de
pavimentação dos bairros com o transcorrer das décadas, a capacidade de transformação
da paisagem e os transtornos se maximizaram (deslizamentos e desmoronamentos nas
encostas, invasão nas áreas residenciais e comerciais...).
Analisando o histórico pluviométrico do quadrimestre mais chuvoso do
município por década, observa-se que eles matem uma constante (Gráfico 3), com exceção
dos quadrimestres dos decênios de 80 e 90. Mas mesmo nesses intervalos com chuvas
aquém da média, o risco de escorregamentos continuavam iminentes, logo as encostas dos
vales permanecem encharcadas durante o transcorrer do ano, devido o descarte
permanente de esgotos (Figura 4). Já nas áreas que margeiam as encostas, destacam-se os
movimentos de massa do tipo creep.
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Gráfico 3: Médias térmicas por década. Fonte: INMET/2013.
Figura 4: Esgoto despejado na encosta do bairro São José. Fonte: Pesquisa de campo realizada pelosautores/2012.
O sítio urbano está situado sob três unidades Morfológicas, as quais
condicionam o sentido do fluxo hídrico superficial (Figura 5), devido sua hipsometria.
Formando um padrão de drenagem exórreica.
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Figura 5: Sentido do fluxo hídrico superficial.
O deságue do fluxo d'água superficial, mais a intensa ocupação das encostas
(residências) configuram as principais áreas de riscos geoambientais do sítio urbano (Figura
6).
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Figura 6: Localização das áreas de risco.
Bairros Mais Afetados
Analisando o potencial de risco do relevo (Figura 6), observa-se que as áreas que
ofertam a maior ameaça a população devido escorregamentos, estão concentradas nos
locais com encostas abruptas e utilizadas como zona de expansão urbana. Sendo comum o
descarte de esgotos residenciais, e dos corpos d'águas superficiais nesses locais (Tabela 3).
O poder público municipal tenta minimizar esse problema com a construção de
obras paliativas emergenciais (construção de muros de contenção, ampliação da rede de
esgoto, remoção temporária ou permanente da população que ocupa locais com maior
probabilidade de escorregamentos). Já as populações que ocupam as áreas instáveis das
encostas, tentam estabiliza-las despejando resíduos sólidos (geralmente oriundos da
construção civil), mas com a chegada do período chuvoso, acaba se tornando uma área com
o risco ainda maior, pois o material adicionado na encosta rapidamente é aplainado e vira
uma nova área da residências.
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Tabela 3: Relação entre uso do solo e o grau de risco para ocupação antrópica.
Bairros Tipos deRiscos
Uso do Solo Movimentos deMassas
LocalCrítico
Grau deRisco
Dom HelderCâmara
- Naturais;- Agravados ouProvocados pelas Ações Humanas.
- Residencial;- Extrativismo vegetal;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
- Creep;- Corridas/Flows.
Sul Médio
Dom TiagoPostma
Norte Alto
FranciscoFigueira
- Residencial;- Atividades agrícola familiar;- Extrativismo vegetal;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
Norte
Heliópolis- Residencial;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
- Creep;- Corridas/Flows;- Queda de Blocos/Rock Falls.
Sul Médio
JoséMarianoDourado
- Residencial;- Atividades agrárias extensivas;- Extrativismo vegetal;- Turismo;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
- Creep;- Corridas/Flows.
Norte Médio
Magano- Creep;- Corridas/Flows.
Superfíciede Cimeira
Alto
NovoHeliópolis
Norte Alto
SantoAntônio
- Residencial;- Atividades agrícola familiar;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
- Creep.
Sudeste Alto
São José- Residencial;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
Noroeste Médio
SeverianoMorais Filho
- Residencial;- Atividades agrícola familiar;- Extrativismo vegetal;- Descarte de esgoto residencial nas encostas.
Sul Médio
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CONCLUSÃO
As características naturais do relevo (ondulado em forma de colinas) e do clima
(Mesotérmico Tropical de Altitude), tornam Garanhuns uma área susceptível a riscos
naturais ambientais. Principalmente as encostas dos vales localizados entre as unidades
Morfoesculturais.
A estrutura geomorfológica apresenta cotas topográficas quem podem atingir
até 1030m (morro do Magano), em suas superfícies somitais, possui uma média
hipsométrica de 850m. No perímetro urbano a oscilação topográfica pode atingir até 310m.
Acrescentando a essas características geomorfológicas um sistema climático com altos
índices pluviométricos (155,8mm/julho e 80mm/anual) e médias térmicas amenas
(21,6°c/anual e 23,3°c/quadrimestre mais quente), forma-se um cenário natural
geoambiental incompatível com o modelo de uso e ocupação do solo praticado (crescimento
urbano desordenado). O qual impermeabiliza o solo, através da pavimentação urbana
inadequada, canalizando todo fluxo hídrico superficial (esgoto e águas das chuvas) para as
encostas dos vales. Transformando sua susceptibilidade ao risco natural em risco agravado
pelo homem, pois com a canalização da drenagem urbana para as vertentes dos vales, fará
com que elas fiquem encharcadas permanentemente. Podendo provocar movimentos de
massas (corridas/flows e queda de blocos/rock falls) nas vertentes e creep nas áreas
circunvizinhas.
Deve-se ressaltar que essas encostas atualmente são usadas como zona de
expansão do perímetro residencial. Fator que agrava ainda mais essa problemática.
Principalmente nos períodos mais chuvosos. Medidas paliativas (despejo de resíduos
sólidos, remoção parcial da população) são comuns nesses locais, mas elas não surtem
efeitos expressivos. Em alguns casos chegam a agravar a situação. Como no caso da prática
de colocar resíduos sólidos oriundos da construção civil para estabilizar (falsa sensação) a
encosta para posterior ampliação da poligonal residencial.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. J. T. Geomorfologia Urbana. 1 ed. Riode Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. 280 p. ISBN.978-85-286-1490-9.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Banco de Dados. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/default.php>.Acesso em 01 de jan. 2013.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.Banco de Dados Geomorfométricos doBrasil. Disponível em: <
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http://www.dsr.inpe.br/topodata/>. Acesso em:28 de dez. 2011.
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Bancode Dados Meteorológicos para Ensino ePesquisa. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep>. Acesso em: 21 de dez.2013.
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Bancode Dados Meteorológicos para Ensino ePesquisa. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?
r=bdmep/bdmep>. Acesso em: 20 de jun. 2014.
ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente eplanejamento. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2012.89 p. ISBN. 978-85-85134-82-2
VEYRET, Y. Os Riscos: o homem como agressor evítima do meio ambiente. 1 ed. São Paulo:Contexto, 2007. 320 p. ISBN. 13:978-85-7244-354-8.
VEYRET, Y. Os Riscos: o homem como agressor evítima do meio ambiente. 2 ed. São Paulo:Contexto, 2013. 320 p. ISBN.978-85-7244-354-8.
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MONITORAMENTO DO FLUXO HÍDRICO SUPERFICIAL NO MUNICÍPIO DE GARANHUNS-PE
EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais
RESUMO
O município de Garanhuns-PE, está localizado no Agreste Meridional pernambucano, entre as
coordenadas: -8° 51' 37" / -8° 55' 40" e -36° 26' 06" / -36° 30' 52". Possui um relevo ondulado em
forma de colinas, com cotas que podem ultrapassar 1.000m. Apesar de estar situado no polígono
das secas nordestinas, apresenta-se como uma área de exceção, com um clima Mesotérmico
Tropical de Altitude. Essas singularidades geográficas, aliadas ao processo de impermeabilização
do solo, devido o crescimento urbano sem planejamento, esta maximizando as ações dos corpos
d'águas sob a paisagem. A dinâmica espacial realizada pela tríade (clima, relevo e ação antrópica),
materializou um cenário urbano que coloca em risco de vida a população, principalmente as
famílias que estão instaladas nas encostas íngremes. O quadrimestre que vai de maio a agosto é o
mais perigoso, devido sua elevada média pluviométrica (132,2mm). Formando um padrão de
drenagem superficial exórreica, a qual tem sua capacidade de transformar a paisagem
maximizada, por causa da declividade topográfica e a impermeabilização do solo, sem os devidos
cuidados para o reaproveitamento adequado das águas das chuvas. O processo de crescimento
do sítio urbano de Garanhuns-PE ocorreu sem planejamento, materializando um cenário
geoambiental caótico/desestruturado. Realizando cortes com ângulos de 90° nas encostas, e
despejando o material nos declives adjacentes, ambas as ações têm como finalidade aumentar o
perímetro do lote; canalização dos esgotos urbanos para as vertentes dos vales, as encharcando
e tornando-as mais susceptíveis a deslizamentos e desmoronamentos... Por essas razões a defesa
civil tem a necessidade permanente de monitorar as áreas consideradas de risco, durante todo o
transcorrer do ano, logo o risco de deslizamentos e desmoronamentos é evidente, seja pela
desestabilização das encostas devido as águas das chuvas, ou pelo fluxo contínuo de dejetos
residenciais(esgotos) que são despejados. Objetivando compreender esses dilemas territoriais, o
presente trabalho, desenvolveu um banco de dados geográficos no SIG ArcGIS com: informações
matriciais do Projeto Topodata, cena 08_375; dados vetoriais do IBGE, referentes aos limites
municipais; informações climáticas, oriundas do INMET; CEP dos bairros é disponibilizados pelos
Correios. Após abastecer o banco de dados, realizou-se a interpolação das informações, o que
possibilitou mapear o sentido do fluxo d'água superficial e identificar as áreas mais susceptíveis a
tragédias, oriundas de processos hídricos, distribuídas da seguinte forma nos bairros: Dom Helder
Câmara, extremo sul; São José, a noroeste; Magano, Dom Tiago Postma, José Mariano Dourado e
Novo Heliópolis, no limite norte de suas zonas de expansão; Santo Antônio, a sudeste, na zona de
contado com o vale; Francisco Figueira, no seu limite norte; Heliópolis e Severiano Morais Filho, na
porção sul, principalmente nas áreas de influência do Vale da Liberdade.
Palavras-chave: singularidades geográficas; SIG; processos hídricos.
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