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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 CARTOGRAFIA MORFOLÓGICA DE DETALHE E FRAGILIDADE AMBIENTAL PARA ANÁLISE DE ÁREAS SUSCETÍVEIS À FORMAÇÃO DE PROCESSOS EROSIVOS SUPERFICIAIS: VIDAL RAMOS, SC Yuri Veneziani Mestre em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, SP. [email protected] Juliana da Costa Mantovani Mestranda em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, SP [email protected] João Claudio Estaiano Mestre em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.,SP [email protected] INTRODUÇÃO Atualmente, as sociedades humanas desempenham papel de agente de mudanças ambientais cuja significância, magnitude e eficiência é comparável, ou até mesmo superior, a fatores e agentes geomorfológicos naturais, como os processos exogenéticos, criando novas formas e alterando os materiais e as tendências de fluxos geomorfológicos na superfície terrestre, conforme exemplificado por Szabó (2006). Apesar das pesquisas conduzidas sob tal perspectiva não se tratarem de algo novo, remontando as contribuições de G. P. Marsh (1864), G. K. Gilbert (1917), R. L. Sherlock (1922), entre outros, o estudo das intervenções antrópicas no ambiente terrestre mantém-se fundamental diante da intensificação e acumulação dos impactos humanos sobre a superfície. 4879

CARTOGRAFIA MORFOLÓGICA DE DETALHE E …6cieta.org/arquivos-anais/eixo6/Yuri Veneziani, Joao Claudio... · No âmbito de aplicações que subsidiam a análise de locação ... nos

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CARTOGRAFIA MORFOLÓGICA DE DETALHE EFRAGILIDADE AMBIENTAL PARA ANÁLISE DE

ÁREAS SUSCETÍVEIS À FORMAÇÃO DEPROCESSOS EROSIVOS SUPERFICIAIS: VIDAL

RAMOS, SC

Yuri Veneziani

Mestre em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, SP.

[email protected]

Juliana da Costa Mantovani

Mestranda em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, SP

[email protected]

João Claudio Estaiano

Mestre em geografia física pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.,SP

[email protected]

INTRODUÇÃO

Atualmente, as sociedades humanas desempenham papel de agente de

mudanças ambientais cuja significância, magnitude e eficiência é comparável, ou até mesmo

superior, a fatores e agentes geomorfológicos naturais, como os processos exogenéticos,

criando novas formas e alterando os materiais e as tendências de fluxos geomorfológicos na

superfície terrestre, conforme exemplificado por Szabó (2006).

Apesar das pesquisas conduzidas sob tal perspectiva não se tratarem de algo

novo, remontando as contribuições de G. P. Marsh (1864), G. K. Gilbert (1917), R. L. Sherlock

(1922), entre outros, o estudo das intervenções antrópicas no ambiente terrestre mantém-se

fundamental diante da intensificação e acumulação dos impactos humanos sobre a

superfície.

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Tendo em vista este contexto, os campos do conhecimento que envolvem a

relação sociedade-natureza, dentre as quais a geomorfologia, particularmente por meio de

seu viés aplicado; passaram a enfatizar tais questões e se tornaram integrantes do

planejamento territorial e ambiental, inclusive do ponto de vista legal.

Uma das abordagens de destaque neste processo, tanto por suas contribuições

ao planejamento ambiental, quanto por sua difusão e replicação em estudos de geografia

física, consiste na análise empírica da fragilidade ambiental potencial de ambientes naturais

e antropizados, descrita por Ross (1994) e aplicada por diversos outros autores.

De acordo com Ross (op. cit.), a intensa e crescente exploração dos recursos

naturais e as atividades antrópicas associadas, acarretaram significativos processos de

degradação e perda da qualidade ambiental, tornando de fundamental importância a

adoção de medidas minimizadoras e exigindo planejamento territorial e avaliações

ambientais mais rigorosas. Esta constatação marca, também, a incorporação das

preocupações crescentes com a fragilidade dos meios, nas discussões geomorfológicas.

A proposta de Ross (op. cit.) avança em uma leitura integrada do território,

favorecendo a delimitação e classificação espacial das fragilidades potenciais de uma região.

Contudo, em geral, as avaliações se cunham em escalas médias e pequenas, em que os

fatos geomorfológicos abrangidos constituem unidades que formam conjuntos de formas

semelhantes, ou seja, colinas, grupos de morros, serranias, escarpas, entre outros.

No âmbito de aplicações que subsidiam a análise de locação de estruturas e

avaliação de impacto, por exemplo, as escalas de trabalho adequadas variam de grande a,

em casos específicos, de detalhe. Com isso, as análises passam a ocorrer na escala da

vertente, para a qual a metodologia não se dedica inicialmente, de modo que exige

mapeamentos morfológicos mais detalhados.

Neste sentido, o presente artigo busca avaliar a fragilidade ambiental potencial

de um recorte espacial da borda leste do Estado de Santa Catarina, na região do Alto Vale do

rio Itajaí, próximo à cidade de Vidal Ramos, conforme a Figura 1 a seguir, por meio da

aplicação dos fundamentos da metodologia de análise de fragilidade de Ross (op. cit.) tendo

como subsídio de informação geomorfológica, o mapeamento de unidades elementares do

modelado proposto por Colângelo (1996). Com isso, procurou-se apontar uma metodologia

potencial para satisfazer a necessidade de análise detalhada.

A elaboração deste estudo esteve associada ao cumprimento do programa de

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monitoramento de erosão e assoreamento, inserido no Plano Básico Ambiental (PBA)

vinculado ao licenciamento ambiental de mina de calcário e fábrica de cimento de Vidal

Ramos, pertencente à Votorantim Cimentos S.A.

Figura 1: Inserção regional e localização da área de estudo

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

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Área de estudo

Em relação ao contexto geológico, a área de estudo insere-se

macro-regionalmente no Complexo Brusque, formação Neoproterozóica, que se estende ao

longo de todo o vale do rio Itajaí-Mirim, desde o município de Itajaí até as imediações de

Vidal Ramos, onde passa a ser recoberto pelas Formações Rio do Sul e Rio Bonito do período

Permiano (IBGE, 2004a).

O Complexo Brusque é constituído por conjuntos litológicos metamórficos e

ígneos, marcados por dobras, falhamentos e zonas de cisalhamento, afetadas por eventos

de alteração hidrotermal. As rochas metamórficas mais abundantes são os cloritaxistos,

anfibolitos, rochas calco-silicáticas, metacalcários, quartzitos, filitos, mármores calcíticos e

mármores dolomíticos (IBGE, 2004a).

As Formações Rio do Sul e Rio Bonito são compostas por folhelhos, argilitos e

diamectitos, arenitos finos a médios, ritmitos, siltitos, folhelhos carbonosos e carvão. A

predominância de argila expansiva confere aos folhelhos coesão interna média a alta,

porém baixa dureza e resistência ao cisalhamento físico, tornando-os susceptíveis ao

arraste. Estas formações sedimentares correspondem, grosso modo, a modelados de

chapadões aplainados com bordas fortemente escarpadas (IBGE, op. cit.).

Em relação aos aspectos geomorfológicos, a área de estudo encontra-se

morfoestruturalmente situada nos Patamares do Alto Rio Itajaí, próxima à transição entre

bacias e coberturas sedimentares dos Patamares da Serra Geral e as coberturas de

molassóides e vulcanitos da Serrania do Alto e Médio Itajaí-Açú (IBGE, 2004b).

Se por um lado, o primeiro apresenta modelado ondulado de colinas com

amplas distâncias interfluviais e planícies fluviais largas; por outro, nos contatos com as

Serranias ocorrem escarpas erosivas de alta declividade, denotando modelado cuestiforme.

A transição entre os topos planos, que podem atingir de 700 a 1.220m, e os fundos de vale

das incisões fluviais acentuadas dos bordos que chegam a 500m, configuram processos de

dissecação ativa e significativa, onde ocorrem os mais importantes gradientes altimétricos

regionais.

Nos trechos de montante dos tributários do Itajaí-Mirim, os vales são dissecados

e encaixados, com trecho encachoeirados, marcados por morfologias em V, eventualmente

interrompidos por planícies alveolares. Nos vales de fundo plano, a incisão é menor e os

contatos com a base da vertente são evidentes. Nestes casos, os cursos fluviais apresentam,

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em geral, trechos meandrantes, nos quais o assoalho é composto predominantemente por

cascalhos, seixos, areias grossas e blocos rolados, denotando fluxos de torrente e sugerindo

a competência fluvial.

Em suma, regionalmente, os solos mais abundantes são cambissolos, podzóis

vermelho-amarelo, gleissolos e terra vermelha-brunada. Localmente, foram identificados

cambissolos com B incipiente, desenvolvimento estrutural pouco amadurecido e com traços

do material de origem. Por outro lado, croma mais elevado, matizes avermelhados

predominantes e percentual argílico significativo são relevantes à coesividade do solo.

Nas bases das vertentes podem ser encontrados acúmulos detríticos, que

definem massas coluvionares e, em casos específicos, depósitos de tálus. Nos patamares

colinosos do Alto Itajaí e nos fundos de vale plano dos rios de maior porte, por sua vez, são

encontrados os setores de acumulação e solos desenvolvidos, com característica

hidromórfica.

Em relação aos aspectos climáticos, o alto vale do rio Itajaí, de acordo com a

classificação de Köppen, refere-se à chave Cfa, denominada clima subtropical

permanentemente úmido (83 a 85% de umidade relativa média) com distribuição

pluviométrica regular no ano, verão moderadamente quente, com temperatura do mês mais

quente superior a 22°C. Os invernos, por sua vez, podem apresentar períodos em que as

temperaturas absolutas são rigorosamente baixas, ocorrendo entre 2,8 a 7,7 dias com

temperaturas inferiores a 7,2°, que, associadas à alta umidade disponível, incorrem em

geadas. Regionalmente, porém, a temperatura média anual oscila entre 17,0 e 19,1°C, sendo

que as médias térmicas máximas variam de 23,5 a 26,0°C, e as mínimas de 11,8 a 15,4°C.

O período mais quente, entre o final da primavera e durante todo o verão,

concentra os maiores acumulados de precipitação, 770 mm, equivalente a 57% do total

anual, sendo janeiro, outubro e fevereiro, os meses mais chuvosos, com 149, 145 e 143 mm,

respectivamente. Por sua vez, os meses mais frios, estendem-se do inverno ao início da

primavera e são caracterizados por acumulados de chuva ligeiramente menores, sendo

junho o mês mais seco, raramente superando os 100 mm.

MATERIAIS E MÉTODO

A análise da fragilidade ambiental está pautada, basicamente, no conhecimento

dos atributos do meio físico e das implicações decorrentes da ocupação antrópica sobre os

processos naturais. Ross (1994) apresentou detalhamento da metodologia de análise

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empírica da fragilidade ambiental a partir da abordagem geomorfológica, delineando sua

abrangência, potencialidades e limitações.

A aplicação desta proposta envolve, em um primeiro nível de análise, a

realização de estudos de base sobre a área de interesse, abrangendo o levantamento e

sistematização de informações sobre seus aspectos físicos, incluindo o relevo, a litologia e a

estrutura, os solos e as características climáticas; e sobre seus aspectos antrópicos,

particularmente o uso da terra.

O segundo nível de análise, dedica-se ao tratamento das informações coletadas,

à descrição e interpretação dos elementos verificados na área em estudo, incluindo, ainda, a

realização de atividades de campo.

Por fim, o terceiro momento consiste na articulação entre as informações

levantadas, por meio da elaboração de produtos cartográficos de síntese e aplicação de

diferentes critérios, permitindo a avaliação da fragilidade ambiental.

Em relação ao sistema geomorfológico, os procedimentos envolvem a

compartimentação topográfica da área em estudo, sua classificação morfológica e

morfométrica, o estabelecimento de relações com a cobertura pedológica, as rochas, o clima

e a vegetação; e por último, a classificação das formas em relação à sua fragilidade potencial

e emergente, procurando identificar e definir os problemas de erosão e assoreamento. Na

escala de detalhe, aplicada à área de estudo, as análises são realizadas para o quinto e sexto

táxons do relevo, conforme orientado por Ross (1992).

Assim, a carta geomorfológica consiste em um produto intermediário

fundamental para a realização destas etapas. Sua concepção, no âmbito da proposta de

fragilidade ambiental, está fundamentada nas revisões e definições teóricas, metodológicas

e técnicas estabelecidas por Ross (1990, op. cit.). Para abordagens regionais, este autor

recomenda a utilização dos parâmetros entalhamento fluvial e distância interfluvial,

relativos ao índice de dissecação do relevo, ao passo que, aos mapeamentos de detalhe

(inferiores à 1:50.000), propõe-se a utilização das morfologias de vertente e das classes de

declividade.

Ressalta-se, no entanto, a inexistência na literatura consagrada sobre fragilidade

ambiental, de procedimento único de mapeamento de detalhe, bem como de chaves de

classificação morfológica e morfométrica ou de legendas fixas. Assim, cabe usualmente ao

próprio autor do estudo, optar de forma coerente e tendo em vista as opções mais

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adequadas à área em estudo, pelos caminhamentos metodológicos e procedimentos

técnicos a serem adotados.

Para realização do mapeamento morfológico da área de interesse, foram

adotados os pressupostos de cartografia geomorfológica preconizados em Ross (1994) para

escalas de detalhe, combinados aos conceitos e procedimentos de definição das feições

mínimas do relevo, com base em Colângelo (1996).

De acordo com o autor, esta abordagem visa representar a morfologia e

morfometria dos sistemas de vertente em estudo, considerando sua complexidade, de uma

forma simples e objetiva do ponto de vista geométrico. Para tal, são identificadas as feições

mínimas da superfície, caracterizadas como unidades do relevo resultantes da combinação

entre as formas elementares (côncavas, convexas e retilíneas) verificadas nas projeções de

seu plano horizontal (em planta) e vertical (em perfil). A Figura 2, abaixo, apresenta as nove

combinações existentes entre estes planos, conforme a proposta do autor.

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Figura 2: Combinações possíveis entre planos verticais e horizontais da vertente

Fonte: Colângelo (1996)

Em termos hidrológicos, em um perfil de vertente, os fluxos estão subordinados

a dois fatores: (1) a declividade, que condiciona a transferência de energia cinética ao fluido

(decomposição lateral da gravidade); e (2) a geometria do terreno, que condiciona os

padrões do escoamento superficial, descrito, usualmente, em função do caráter de

concentração ou dispersão dos fluxos, enquanto consequência da concavidade ou

convexidade das superfícies. A retilinidade das rampas, ainda que menos frequente, é

igualmente importante, por representar uma neutralidade hidrológica, associada à transição

do modelado.

Por seu papel na direção e intensidade dos fluxos, e diversos outros fatores, as

classes de declividade são de fundamental importância na definição da fragilidade

ambiental, conforme apresentado na Tabela 1, a seguir, retirada de Ross (1994), na qual o

autor apresenta as combinações entre as principais classes de declividade, de acordo com

valores críticos estabelecidos em termos geotécnicos, de estabilidade de encostas e de uso e

aptidão agrícola; e as categorias de fragilidade ambiental potencial.

Tabela 1: Classes de declividade e fragilidades potenciais

Categorias Declividade (%)Muito fraca até 6%

Fraca de 6 a 12%

Média de 12 a 20%

Forte de 20 a 30%

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Muito forte acima de 30%

Fonte: ROSS, 1994

Ressalta-se, no entanto, que tendo em vista as características da área de estudo

e os objetivos do presente artigo, realizou-se simplificação desta proposta, diferenciando

apenas as áreas com declividade superior a 25°, limite de inclinação de rampa caracterizado

na legislação ambiental como restrição à ocupação do território.

Assim, considerando os pressupostos teórico-metodológicos associados a tais

abordagens, procedeu-se à realização do mapeamento morfológico e identificação da

fragilidade ambiental das unidades do relevo, utilizando como base Modelo Digital de

Terreno (MDT), elaborado a partir de carta topográfica da área de estudo e entorno (IBGE,

1980, escala 1:50.000), imagem de satélite (WorldView-2, 2011), dados coletados em campo e

ferramentas de geoprocessamento específicas, aplicadas em ambiente de Sistema de

Informações Geográficas (SIG), para identificação de superfícies curvas e planas, em planta e

em perfil.

A partir do mapeamento morfológico, apresentado no item, seguinte referente

aos resultados; foram identificadas 12 unidades de relevo e relacionadas às fragilidades

ambientais potenciais, tendo em vista a declividade crítica de 25°. A Tabela 2, abaixo,

apresenta sistematização destas combinações, bem como os diferentes pesos atribuídos a

cada morfologia de acordo com a fragilidade potencial sugerida por Ross (1994).

Tabela 2: Descrição morfológica, declividade e fragilidade das unidades de relevo mapeadas

Unidades de relevo Descrição morfológica Fragilidade potencial PesoTopo de morro plano Inteflúvios aplainados, declividades <8°. Baixa (d < 8°) 1

Topo de morro convexo

Interflúvios convexizados, declividades >8°. Média(d > 8°) 2

ColoConjunto interfluvial com duas cumeeiras e ponto decela, tendência à concentração de fluxos e erosão regressiva de cabeceiras.

Muito Alta 4

Rampa com tendência convergente na base

Encosta retilínea e longitudinalmente côncava, com tendência à convergência de fluxos.

Média (d < 25°) 2

Alta (d > 25°) 3

Rampa uniformeEncosta retilínea em planta e em perfil, sem tendência evidente na distribuição e circulação de fluxos.

Média (d < 25°) 2

Alta (d > 25°) 3

Rampa com tendência dispersiva na base

Encosta retilínea e longitudinalmente convexa, com tendência à dispersão de fluxos.

Média (d < 25°) 2

Alta (d > 25°) 3

Vertente convexa com tendência convergente

Vertente convexa e longitudinalmente côncava, com tendência à convergência radial de fluxos.

Alta (d < 25°) 3

Muito alta (d > 25°) 4

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Unidades de relevo Descrição morfológica Fragilidade potencial Peso

na base Observada nas bases das vertentes próximo à confluência de rios ou próximo ao contato de suas

Vertente convexa uniforme

Vertente convexa em planta e retilínea em perfil, com tendência dispersiva longitudinalmente dos fluxos.

Alta (d < 25°) 3

Muito alta (d > 25°) 4

Vertente convexa com tendência à hiperdispersão

Vertente convexa em planta e em perfil, com marcada tendência à dispersão dos fluxos. Setor de grande instabilidade geotécnica, constante perda de material.

Muito alta (d < 25°) 4

Muito alta (d > 25°) 4

Vertente côncava com perfis convexos

Vertente côncava longitudinalmente convexa, com tendência à convergência dos fluxos. Presente próxima aos fundos de vale e cabeceiras, definindo mudanças e rupturas de declividade. Significativa instabilidade por sua dinâmica de fluxos.

Alta (d < 25°) 3

Muito alta (d > 25°) 4

Vertente côncava e fundo de vale

Vertente côncava em planta e perfil, tendência à convergência dos fluxos. Presente nos fundos de vale, cabeceiras e contatos entre a baixa vertente e as planícies fluviais (e suas morfologias). Instabilidade geotécnica.

Muito alta (d < 25°) 4

Muito alta (d > 25°) 4

Planície fluvial

Relevo plano de gênese fluvio-coluvial, neste caso sem apresentar patamares terraceados. Morfologia estreita e alongada, às vezes, descontínua, definindo planícies alveolares. As interrupções em trechos de estrangulamento dos vales por morros de espigões secundários, nos quais os níveis de base são representados por cachoeiras ou corredeiras. Setores muito sensíveis devido à dinâmica hidrológica.

Muito alta (d < 4°) 4

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

A avaliação da fragilidade ambiental proposta por Ross (1994), envolve, também,

o reconhecimento de classes de solos presentes na área em estudo. Contudo, a inexistência

de mapeamentos de coberturas pedológicas em escalas compatíveis ao proposto, e a

inviabilidade de realizar tal levantamento, exigiu a desconsideração deste parâmetro no

mapeamento da fragilidade ambiental potencial, em relação ao qual se buscou substituir

através do maior detalhamento do mapa morfológico e da atribuição de pesos mais

elevados às classes morfológicas consideradas mais sensíveis.

Por último, a análise empírica da fragilidade ambiental potencial requer a

espacialização e a classificação dos diferentes graus de proteção do solo (de “muito alta” a

“muito baixa”) fornecidos pela cobertura vegetal e usos da terra, conforme proposto por

Ross (op. cit.). Assim, foi elaborado mapeamento do uso da terra na área de estudo, através

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da interpretação de imagem de satélite (Sistema orbital WorldView-2) datada de 2011 e com

base em dados secundários sobre a área de interesse e seu entorno.

Tendo em vista as principais coberturas vegetais e usos agrícolas existentes na

região, a chave de classificação das unidades homogêneas de uso e ocupação da terra foi

simplificada, visando garantir a clareza e legibilidade dos mapeamentos produzidos. A

Tabela 3, abaixo, apresenta as classes de cobertura vegetal e usos da terra obtidas para a

área de interesse, bem como o grau de proteção, o peso atribuído e a área ocupada por

cada uma.

Tabela 3: Cobertura vegetal e usos da terra existentes na área de estudo

Cobertura vegetal e uso da terra Grau de proteção Peso Área (ha) %Açude - - 2,86 0,18

Lago - - 2,86 0,18

Cobertura florestal (Floresta Estacional Semi-Decídua) Alta 1 722,50 45,67

Mata arbustiva remanescente Média 2 147,92 9,35

Reflorestamento (Pinus e Eucalipto) Alta 1 29,43 1,86

Campo antrópico Baixa 3 572,91 36,21

Fábrica de cimentos - - 8,22 0,52

Cava atual - - 33,30 2,11

Depósito de estéril atual - - 52,63 3,33

Mineração desativada - - 9,38 0,59

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

Por fim, para determinação da fragilidade ambiental potencial na área de

estudo, os algoritmos dos pesos estabelecidos para as unidades de relevo e as diferentes

classes de cobertura vegetal e uso da terra, foram combinados e compuseram a legenda

final, na qual o segundo fator assume característica determinante no retardamento e

deflagração de processos erosivos, conforme apresentado na Tabela 4, a seguir.

Tabela 4: Combinação dos pesos de cada fator considerado no mapeamento da fragilidadeambiental.

Unidades do relevo Decliv. PesoPeso do uso da terraFloresta/Reflores-tamento/Fábrica (1)

Mata arbustiva (2)

Campo antrópico (3)

Topo de morro plano (< 8°) 1 1.1 2.1 3.1

Topo de morro convexo (> 8°) 2 1.2 2.2 3.2

Colo 4 1.4 2.4 3.4

Rampa com tendência convergente na base

(< 25°) 2 1.2 2.2 3.2

(> 25°) 3 1.3 2.3 3.3

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Unidades do relevo Decliv. PesoPeso do uso da terraFloresta/Reflores-tamento/Fábrica (1)

Mata arbustiva (2)

Campo antrópico (3)

Rampa uniforme(< 25°) 2 1.2 2.2 3.2

(> 25°) 3 1.3 2.3 3.3

Rampa com tendência dispersiva na base

(< 25°) 2 1.2 2.2 3.2

(> 25°) 3 1.3 2.3 3.3

Vertente convexa com tendência convergente na base

(< 25°) 3 1.3 2.3 3.3

(> 25°) 4 1.4 2.4 3.4

Vertente convexa uniforme(< 25°) 3 1.3 2.3 3.3

(> 25°) 4 1.4 2.4 3.4

Vertente convexa com tendência à hiperdispersão

(< 25°) 4 1.4 2.4 3.4

(> 25°) 4 1.4 2.4 3.4

Vertente côncava com perfis convexos

(< 25°) 3 1.3 2.3 3.3

(> 25°) 4 1.4 2.4 3.4

Vertente côncava e fundo de vale(< 25°) 4 1.4 2.4 3.4

(> 25°) 4 1.4 2.4 3.4

Planície fluvial (<4°) 4 1.4 2.4 3.4

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para realização da análise empírica da fragilidade ambiental da área em estudo,

foram elaborados os mapas morfológico e de uso e ocupação da terra, apresentados neste

item como alguns dos resultados a partir da aplicação da abordagem, bem como o mapa de

fragilidade ambiental potencial, síntese e objetivo final do presente artigo.

Assim, a Figura 3, abaixo, apresenta o mapa morfológico produzido para a área

de estudo, com as unidades de relevo identificadas para os setores de vertente e a planície

fluvial.

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Figura 3: Mapa morfológico da área de estudo

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

A distribuição das unidades de relevo, em termos de área e representativa em

relação à área de interesse, encontra-se especificada na Tabela 5, disposta abaixo.

Tabela 5: Distribuição das unidades de relevo na área de estudo

Unidade de Relevo Declividade Área (ha) %

Topo de morro plano - 26,7 1,69

Topo de morro convexo - 13,43 0,85

Colo - 3,72 0,24

Rampa com tendência convergente na base<25° 152,74 9,65

>25° 34,26 2,17

Rampa com tendência dispersiva na base<25° 135,04 8,54

>25° 33,21 2,10

Rampa uniforme <25° 380,86 24,07

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>25° 4,5 0,28

Vertente convexa com tendência convergente na base<25° 91,04 5,75

>25° 46,95 2,97

Vertente convexa uniforme<25° 116,23 7,35

>25° 4,41 0,28

Vertente convexa com tendência à hiperdispersão<25° 145,1 9,17

>25° 54,51 3,45

Vertente côncava com perfis convexos<25° 41,81 2,64

>25° 20,36 1,29

Vertente côncava e fundo de vale<25° 160,95 10,17

>25° 34,39 2,17

Planície - 81,78 5,17

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

Por sua vez, a Figura 4, a seguir apresenta o mapa de uso e ocupação da terra

elaborado para a área de investigação, a partir das classes identificadas no mapeamento e

verificadas em campo. As áreas obtidas para cada uma das classes, dentre as quais, estão

incluídas as instalações minerárias da Votorantim Cimentos S.A.; foram especificadas

anteriormente, na Tabela 3, disposta no item referente aos materiais e métodos da

pesquisa.

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Figura 4: Uso e ocupação da terra na área de estudo

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Por fim, o mapa de fragilidade ambiental da área de estudo é apresentado na

Figura 5, disposta a seguir.

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Figura 5: Fragilidade ambiental potencial da área de estudo

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De modo geral, a fragilidade ambiental apresenta-se menor nas regiões em que

a vegetação arbórea ou arbustiva predomina, incluindo os setores de declividades mais

elevadas ou de morfologias mais sensíveis, como os esporões secundários das serras do

Tijuca e dos Faxinais, caracterizados por baixa fragilidade. Ressalta-se, no entanto, que estas

regiões, tendo em vista suas características morfológicas e morfométricas, são consideradas

como potencialmente deflagradoras de processos erosivos, de forma que, sua ocupação

inapropriada, sem a utilização de técnicas adequadas de manejo dos usos e do solo, pode

constituir setores de altíssima fragilidade ambiental.

Tais categorias, por sua vez, são encontradas em parte significativa do mapa,

concentradas nos setores com predomínio de campos antrópicos, fundos de vale planos ou

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em V, e nas vertentes de morfologia convexa com maiores inclinações. Em contraposição, as

manchas que apresentam média fragilidade ambiental são ocupadas, predominantemente,

por vegetação arbustiva degradada sobre unidades de relevo com maior estabilidade, como

rampas ou vertentes retilíneas com declividade inferior à 25°.

A Tabela 6, abaixo, apresenta quadro de áreas dos níveis de fragilidade

ambiental potencial obtidas para o interior da área de interesse, bem como as áreas dos

usos e atividades não quantificados ou avaliados pela abordagem, como as estruturas da

Votorantim Cimentos S.A.

Tabela 6: Distribuição (área) dos níveis de fragilidade ambiental potencial e usos não quantificados

Níveis de Fragilidade Ambiental Potencial Área (ha) %1.1 8,45 0,53

1.2 284,68 18,00

1.3 161,36 10,20

1.4 297,42 18,80

2.1 1,04 0,07

2.2 58,69 3,71

2.3 26,97 1,70

2.4 61,22 3,87

3.1 17,21 1,09

3.2 297,29 18,79

3.3 109,54 6,92

3.4 148,86 9,41

Corpos d’água (açudes e lagos) 5,72 0,36

Estruturas da Votorantim Cimentos S.A. 103,53 6,54

Organização: VENEZIANI, Y.; MANTOVANI, J. C.; ESTAIANO, J. C.

Assim, a área de interesse apresenta cerca de 751,9 hectares de setores com

fragilidade ambiental potencial baixa (classes 1.1 a 1.4), equivalente à 47,53% da área total

em estudo; 147, 9 hectares de setores com média fragilidade ambiental (classes 2.1 a 2.4),

correspondendo a 9,35%; e 572,9 hectares de setores com alta fragilidade ambiental

potencial (classes 3.1 a 3.4), representando cerca de 36,2% do total da área de interesse.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da análise de fragilidade ambiental empírica na área de estudo

permitiu a observação de ocorrência significativa de setores com fragilidades ambientais

potenciais altas em seu interior, possibilitando constatar a importância do planejamento

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físico-territorial e ambiental da região, sobretudo diante da incidência de áreas de

mineração e usos industriais; bem como da implantação de ações de manejo, conservação e

recuperação ambiental do solo e dos recursos naturais existentes no local.

A aplicação da abordagem foi, ainda, de fundamental importância à averiguação

de suas contribuições potenciais ao planejamento físico-territorial e ambiental, subsidiando

o processo de licenciamento e monitoramento ambiental das instalações minerárias e

industriais existentes no local; bem como ao aprofundamento dos conhecimentos acerca

das características físicas e ambientais da área de interesse, ampliando a disponibilidade de

informações, principalmente em escala local.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer à Votorantim Cimentos S.A pela autorização para

ingresso e circulação na propriedade da fábrica de cimentos de Vidal Ramos e entorno,

possibilitando a elaboração de tal artigo; e à Prominer Projetos Ltda., que solicitou e

subsidiou a realização do estudo na área de interesse, e forneceu instrumentos para sua

elaboração.

REFERÊNCIAS

COLÂNGELO, A. C. Modelo de Feições Mínimas oudas Unidades Elementares do Relevo: umsuporte cartográfico para mapeamentosgeoecológicos. In: Revista do Departamentode Geografia, São Paulo, n. 10, p. 29-40, 1996.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA EESTATÍSTICA. Carta topográfica: Folha VidalRamos (SG-22-Z-D-I-3), articulação MI-2893-9.Santa Catarina: 1980. 1 mapa, color. Escala1:50.000.

______. Geologia: Folha Florianópolis (SG-22-Z-D),articulação MIR-524. Santa Catarina: 2004a. 1mapa, color. Escala 1:250.000.

______. Geomorfologia: Folha Florianópolis(SG-22-Z-D), articulação MIR-524. SantaCatarina: 2004b. 1 mapa, color. Escala

1:250.000.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia, Ambiente ePlanejamento. São Paulo: Editora Contexto,1990.

ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatosgeomórficos e a questão da taxonomia dorelevo. In: Revista do Departamento deGeografia. n. 6, p 17-29, 1992

ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dosambientes naturais antropizados. In: Revistado Departamento de Geografia. n. 8, p 51-62,1994.

SZABÓ, J.; DÁVID, L.; LÓCZY, D. (Eds.).Anthropogenic Geomorphology: AGuide to Man-Made Landforms.Springer, 2006.

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CARTOGRAFIA MORFOLÓGICA DE DETALHE E FRAGILIDADE AMBIENTAL PARA ANÁLISE DE ÁREAS SUSCETÍVEIS À FORMAÇÃO DE PROCESSOS EROSIVOS SUPERFICIAIS: VIDAL RAMOS, SC

EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais

RESUMO

As exigências de análises diagnósticas e prognósticas em Estudos de Impacto Ambiental e outrosdocumentos legais que antecedem a implantação de infraestruturas e atividades em condições

ambientais adequadas, têm contribuído ao acréscimo do número de trabalhos no campo dageomorfologia aplicada, levando ao seu aprimoramento técnico e metodológico. Neste contexto, a

fragilidade ambiental vem se destacando por fornecer procedimentos elementares aoestabelecimento da análise geomorfológica em vários níveis e escalas. Esta pesquisa objetivou,

assim, a análise de fragilidade ambiental em escala de detalhe na região serrana de SantaCatarina (SC). A inexistência de dados precisos e atualizados de topografia e solos, exigiu uma

adaptação metodológica dos procedimentos habituais para análise de fragilidade (ROSS, 1994),tendo sido gerados e combinados mapeamentos morfológico e de uso da terra atual. O mapa

morfológico foi elaborado com base em informações topográficas de cartografia oficial em1:50.000, MDT e trabalho de campo. Este mapeamento considerou as principais categorias

morfológicas presentes (planície, vertentes, colos e topos de morros), integrando o conceito defeições mínimas do relevo (COLÂNGELO, 1996) às classes de declividades e resultando na

diferenciação entre a suscetibilidade à erosão das vertentes. O uso da terra foi constituído a partirde trabalhos de campo e interpretação de imagem de satélite (sistema orbital WorldView-2, de

2011). A cada categoria morfológica e de uso da terra assinalada, atribuiu-se valores relativos aopotencial de formação de processo erosivo superficial. A combinação destas duas informações

derivou uma matriz de fragilidade ambiental potencial. Os pesos atribuídos às classes de uso daterra e morfologia do relevo compuseram a legenda final, sendo que o primeiro fator assume

característica determinante no retardamento e deflagração de processos erosivos. Os resultadosobtidos permitiram constatar que a fragilidade ambiental foi menor onde a vegetação arbórea ou

arbustiva era predominante, fato importante nas maiores declividades e morfologias maissensíveis, como é o caso dos esporões secundários de setores das serras do Tijuca e Faxinais,

caracterizados como de baixa fragilidade. As áreas mais sensíveis concentraram-se nos setores depredomínio de pastos e cultivo temporário nos fundos de vale plano e em V, nos contatos com a

baixa vertente, nas vertentes com inclinação maior que 25° e morfologia convexa, e nos setoresde anfiteatros. As médias fragilidades ambientais são normalmente ocupadas por vegetação

arbustiva degradada sobre unidades de relevo com estabilidade baixa, envolvendo rampas comdeclividade inferior a 25°. Desta forma, informações morfológicas derivadas em escala de detalhe

proporcionam a identificação e o apontamento de áreas específicas, e favorecem, assim, umplanejamento físico-territorial adequado ao manejo de áreas susceptíveis aos processos erosivos

superficiais do relevo.

Palavras-chave: Geomorfologia aplicada; mapeamento morfológico de detalhe; região serrana de

Santa Catarina.

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