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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO Monografia do Estágio Supervisionado Obrigatório em Cirurgia e Clínica Médica de Pequenos Animais Caso de interesse:Toracotomia Exploratória devido a um Hemotórax Alex Alves da Silva

Monografia 2 Alex

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Page 1: Monografia 2 Alex

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE VETERINÁRIA

COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

OBRIGATÓRIO

Monografia do Estágio Supervisionado Obrigatório em Cirurgia e

Clínica Médica de Pequenos Animais

Caso de interesse:Toracotomia Exploratória devido a um Hemotórax

Alex Alves da Silva

Fortaleza-CE

Dezembro - 2006

Page 2: Monografia 2 Alex

I - DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO

ESTÁGIO

1) Descrição da Entidade:

O estágio supervisionado obrigatório (ESO) foi realizado em dois locais: no Hospital

Veterinário(HV) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Unidade

hospitalar veterinário na Universidade Estadual do Ceará (UHV-UECE).

O hospital veterináio da UFRPE é localizada na av.Manoel de Medeiros s/n, bairro dois

irmãos, Recife-Pe. no período de 07/08/2006 à 29/09/2006, perfazendo uma carga

horária de 366 horas e funciona de segunda a sexta-feira, das 8:00 às 19:00 horas. O

atendimento clínico a pequenos animais é realizado em cinco consultórios e o semi-

internamento é realizado numa sala de soroterapia com capacidade para quinze animais.

O atendimento cirúrgico é composto por três consultórios, uma sala de tricotomia, uma

sala paramentação, uma sala de esterilização e três salas de cirurgia. Além de propor

serviços nas especialidades de radiologia, eletrocardiografia ultrassonografia, patologia

clínica, anatomia patológica, acunputura, fisioterapia, oftalmologia, ortopedia e

traumatologia, neurologia e cardiologia.

O estágio realizado na UHV-FAVET localizada na av.parajana, 1700, durante o período

de 02/10/2006 à 10/05/2006, com um total de 100 horas e funciona de segunda a sexta-

feira, das 8:00 às 12:30 e das 13:30 às 18:00 horas, oferecendo serviços de clínica

Médica e Cirúrgica Geral e nas especialidades de Ortopedia e Traumatologia,

Anestesiologia, Dermatologia, Oftalmologia, Ultrassonografia com apoio laboratorial de

patologia Clínica e Anatomia Patológica. O atendimento Clínico é realizado em três

consultórios e o semi-internamento nas duas salas de fluidoterapia, sendo uma sala para

pacientes com doenças infecto-contagiosas e uma sala para pacientes em pré e pós-

Page 3: Monografia 2 Alex

cirúrgico. O centro cirúrgico é composto por uma sala de preparação do paciente, uma

sala de paramentação, uma sala de cirurgia e uma sala de esterilização.

2) DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO ESTÁGIO

No estágio realizado no HV-UFRPE, teve como atividades desenvolvidas a assistência e

participação na área de clínica médica e cirúrgica constituído por anamnese, exame

clínico, determinação do provável diagnóstico e quando necessário requisição de

exames complementares; acompanhamento no pré, trans e o pós-cirúrgico;

acompanhamento das aulas práticas de clínica cirúrgica; orientação aos proprietários

dos cuidados com o animal no pré e pós-operatório; proceder a anestesia geral e

dissociativa; prescrever o tratamento dos animais no pré e pós-operatório e a reavaliação

clinica aos animais submetidos a tratamento.

Tabela 1- Número e percentual de animais acompanhados na área da clinica no HV-

UFRPE no período de 07/08/2006 à 29/09/2006

Animal Quantidade %

Caninos 126 85,71

Felinos 21 14,28

Tabela 2- Distribuição numérica e percentual dos casos clínicos acompanhados e

atendidos no HV-UFRPE no período de 07/08/2006 à 29/09/2006

Casos clínicos Caninos Felinos total %

Aborto 2 2 1,3

Anemia 1 1 0,68

Page 4: Monografia 2 Alex

Ascite 1 1 0,68

Broncopneumonia 2 2 4 2,72

Cinomose 14 14 9,52

Cistite 1 1 1 0,68

Controle 1 1 0,68

Dermatide não diagnosticada 6 6 4,08

Dermatide por contato de pulga 2 2 1,3

Dermatite alérgica 5 1 6 4,08

Dermatofitose 3 3 2,04

Diabetes 1 1 0,68

Displasia coxo-femural 3 3 2,04

DTUIF 4 4 2,72

Edema na articulação úmero-

radial

1 1 0,68

Edema pulmonar/cardiomegalia 1 1 0,68

Entrópio 1 1 0,68

Enucleação 1 1 0,68

Epilepsia 3 1 4 2,72

Erlichiose 11 11 7,48

Escoriações 2 1 3 2,04

Esofagite por corpo estranho 2 2 1,3

Fratura de fêmur 3 3 1,3

Fratura de pelve 1 1 0,68

Fratura de úmero 1 1 0,68

Fratura radio-ulnar 1 1 0,68

Gastroenterite 5 5 3,4

Gengivite 1 1 0,68

Gengivite/esofagite 1 1 0,68

Page 5: Monografia 2 Alex

Gestante 3 3 2,04

Hérnia perineal 1 1 0,68

Lipoma 1 1 0,68

Luxação coxo-femural 1 1 2 1,3

Megaesôfago 1 1 0,68

Obesidade 1 1 0,68

Osteossarcoma 1 1 0,68

Otite 6 6 4,08

Otohematoma 1 1 0,68

Paresia dos m.posteriores 1 0,68

Parto distócico 2 2 1,3

Periondontide/tártaro 5 5 3,4

Piodermatite 3 3 2,04

Piometra 9 9 6,12

Politraumatismo por

atropelamento

2 1 3 2,04

Prolapso retal 1 1 0,68

Sarna 3 3 2,04

Síndrome vestibular 1 1 0,68

Traqueíte 1 1 0,68

Trauma na coluna vertebral 1 1 0,68

Tumor de mama 5 5 3,4

Tumor dérmico 2 2 1,3

TVT 2 2 1,3

Verminose 5 5 2,04

Total 126 21 147 100,0

Page 6: Monografia 2 Alex

Tabela 3- Casos clínicos acompanhados e atendidos no HV-UFRPE no período de

07/08/2006 à 29/09/2006

Aparelho/Sistemas/outros Canino Felino %

Aparelho auditivo 6 - 4,08

Aparelho locomotor 9 6 10,2

Aparelho ocular 2 - 1,3

Aparelho respiratório 3 3 6

Doenças infecciosas 25 - 17

Neoformações 11 - 7,48

Outros casos 8 3 7,48

Sistema neurológico 5 2 4,76

Sistema reprodutor 16 - 10,88

Sistema tegumentar 21 1 14,96

Sistema urinário 1 4 3,4

Sistemas

orogastrointestinal

19 2 14,28

Total 126 21 147\100,0

Tabela 4- Procedimentos cirúrgicos acompanhados no HV-UFRPE no período de

07/08/2006 à 29/09/2006

Casos cirúrgicos Caninos Felinos Total %

Amputação de

m.posterior

2 - 2 1,92

Cefalectomia do fêmur 2 - 2 1,92

Page 7: Monografia 2 Alex

Cistotomia 5 - 5 4,8

Deiscência de sutura 1 - 1 0,96

Enucleação 1 2 3 2,88

Exerese de pólipo 3 - 3 2,88

Exerese de saco anal 2 - 2 1,92

Exerese de tumor

dérmico

4 - 4 3,84

Gastrotomia 1 - 1 0,96

Hérnia inguinal 2 - 2 1,92

Mastectomia 11 2 13 12,5

Orquiectomia

(prostatomegalia)

1 - 1 0,96

Orquiectomia eletiva 1 2 3 2,88

Orquiectomia(sertolioma) 2 - 2 1,92

OSH (cesariana) 3 1 4 3,84

OSH (fetos mortos) 4 5 9 8,65

OSH (piometra) 8 - 8 7,69

OSH eletiva - 24 24 23,07

Osteossintese de fratura

de mandíbula

1 - 1 0,96

Osteossintese de fratura

de rádio-ulna

1 - 1 0,96

Osteossintese de fratura

de úmero

1 - 1 0,96

Otohematoma 2 - 2 1,92

Parto normal 1 - 1 O,96

Retirada de pino 1 - 1 0,96

Tartarectomia 3 - 3 2,88

Page 8: Monografia 2 Alex

Total 63 41 104 100

No estágio realizado na UHV-UECE teve como atividades nas áreas de clínica médica e

cirurgia, desempenhando funções no atendimento clínico de pequenos animais, auxílio

nos procedimentos cirúrgicos e anestésicos e procedimentos no semi-internamento.

Tabela 5- Número e percentual de animais acompanhados na área da clinica no UHV-

UECE no período de 04/10/2006 à 01/11/2006

Animal Quantidade %

Canino 79 88,76

Felino 10 11,23

Tabela 6- Casos clínicos acompanhados na UHV-UECE no período de 04/10/2006 à

01/11/2006

Casos clínicos Caninos Felinos Total %

Cinomose 4 - 4 4,48

Conjuntivite 1 - 1 1,12

Dermatite por

picada de

piolho

- 1 1 1,12

Diabetes 1 - 1 1,12

Displasia

coxo-femural

1 - 1 1,12

DTUIF - 3 3 3,37

Epilepsia 1 - 1 1,12

Erlichiose 10 - 10 11,2

Escoriações 2 2 4 4,48

Page 9: Monografia 2 Alex

Fratura de

fêmur

3 - 3 3,36

Fratura de

rádio-ulna

1 - 1 1,12

Gastroenterite 3 1 4 4,48

Hemotórax 1 - 1 1,12

Hipocalcemia 1 - 1 1,12

Insuficiência

renal crônica

2 - 2 2,24

KCS 1 - 1 1,12

Leishmaniose 2 - 2 2,24

Linfoma 1 - 1 1,12

Lipoma 1 - 1 1,12

Luxação

patelar

1 - 1 1,12

Malassezia 1 - 1 1,12

Megaesôfago 1 - 1 1,12

Metrite 1 - 1 1,12

Otite 3 - 3 3,37

Paresia dos

menbros

posteriores

1 1 2 2,24

Parvovirose 1 - 1 1,12

Periondontite 3 - 3 3,37

Piodermatide 8 - 8 8,96

Piometra 1 - 1 1,12

Page 10: Monografia 2 Alex

Retirada de

pontos

7 2 9 10,08

Rompimento

do ligamento

cruzado

1 - 1 1,12

Tumor de

mama

6 - 6 6,72

Úlcera de

córnea

1 - 1 1,12

Vacina 7 - 7 7,84

Total 79 10 89 100

Tabela 7- Casos clínicos acompanhados e atendidos no UHV-UECE no período de

04/10/2006 à 01/11/2006

Aparelho/sistemas/

outros

Caninos Felinos total %

Aparelho auditivo 3 - 3 3,36

Aparelho

locomotor

7 - 7 7,84

Aparelho ocular 3 - 3 3,36

Doenças

infecciosasa

18 - 18 20,16

Neoformações 7 - 7 7,84

Outros casos 4 - 4 4,48

Retirada de pontos 7 2 9 10,08

Sistema

neurológico

2 1 3 3,36

Page 11: Monografia 2 Alex

Sistema

orogatrointestinal

8 1 9 10,08

Sistema

reprodutor

2 - 2 2,24

Sistema

tegumentar

11 3 14 15,68

Sistema urinário 2 3 5 5,6

Vacinas 7 - 7 7,84

Total 79 10 89 100

Tabela 8- Procedimentos cirúrgicos acompanhados no UHV-UECE no período de

04/10/2006 à 01/11/2006

Casos

cirúrgicos

Canino Felino Total %

Cistotomia 1 - 1 3,33

Deiscência de

sutura

1 - 1 3,33

Denervação do

acetábulo

2 - 2 6,66

Exerese de

cabeça de

fêmur

1 - 1 3,33

Mastectomia 5 - 5 16,66

Orquiectomia - 1 1 3,33

OSH eletiva - 1 1 3,33

OSH(cesariana) 3 - 3 9,99

OSH(fetos - 2 2 6,66

Page 12: Monografia 2 Alex

mortos)

OSH(piometra) 2 - 2 6,66

Othematoma 2 - 2 6,66

Redução de

fratura de

fêmur

2 - 2 6,66

Redução de

fratura de

mandíbula

1 - 1 3,33

Retirada de

tumor

2 - 2 6,66

Tartarectomia 2 1 3 9,99

Toracotomia 1 - 1 3,33

Total 25 5 30 100

II . CASO DE INTERESSE

1. INTRODUÇÃO

Hemotórax é um acúmulo de sangue na cavidade torácica , mas o termo pode ser usado para designar exsudatos com componente sanguíneo.(Carlton, William W. Patologia veterinária especial de Thompson. 2ª ed. Porto alegre: ArtMed, 1998.) As efusões hemorrágicas são macroscopicamente avermelhadas em função do grande conteúdo de hemácias e possuem mais de 3g/dl de proteína e mais de 1000 células nucleadas/µl, com distribuição similar aquela encontrada no sangue periférico.(Nelson e Couto, 1998)Sangramento extenso no interior da cavidade torácica pode levar a desconforto respiratório grave devido à hipovolemia súbita e anemia, bem como interferência na expansão pulmonar.(Kirk e Bistner,procurar dra carina)Com o passar do tempo, o número de neutrófilos e macrófagos aumenta nos exsudados da efusão, e a eritrofagocitose da mesma forma que a resposta inflamatória, está presente, distinguindo o hemotórax de uma amostra resultante de trauma. Hipovolemia e anemia podem contribuir para os sinais clínicos.(Nelson e Couto, 1998)

Page 13: Monografia 2 Alex

O sinal mais comum associado ao derrame pleural é a falta de ar. Dependendo da causa,

alguns pacientes podem apresentar-se tosse, febre, ou com o achado subjetivo da dor

pleural (promovido pela firme palpação dos espaços intercostais).(Ettinger)

2. REVISÃO DE LITERATURA

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CAVIDADE PLEURAL

A pleura é uma membrana macroscópica de origem mesotelial. Anatomicamente, a

pleura reveste as superfícies do gradil costal, mediastino, e pulmão (Ettinger). O lado

interno de cada hemitórax é coberto por uma pleura parietal, enquanto a sperfície dos

lobos pulmonares é coberta por uma pleura visceral (Kirk e Bistner.). Essas duas

superfícies encontram-se em contato próximo e são contíguas entre si no hilo(Kirk e

Bistner F.).

O espaço potencial entre as pleuras visceral e parietal é conhecido como cavidade

pleural; este espaço contém alguns mililitros de liquido que lubrifica a superfície

durante os movimentos respiratórios(Ettinger). O teor protéico do líquido pleuralé

normalmente baixo (1,5 g/dl), mas as forças de starling resultantes favorecem a filtração

de liquido para o espaço pleural que é removido por vasos linfáticos que se comunicam

diretamente com o espaço pleural através de orifícios (estomas) na superfície na

superfície parietal.(Cunninghan). Ao contrário do que ocorre em sers humanos, quase

todos os animais de companhia apresentam-se com apenas um único espaço pleural

contíguo, existente em decorrência das fenestrações do mediastino; assim, o liquido

pleural se comunica livremente entre o hemitórax direito esquerdo.(ettinger) A irrigação

vascular da pleura visceral é distinta da irrigação vascular da pleura parietal. A irrigação

visceral se faz principalmente via artéria pulmonar; entretanto, a circulação arterial

brônquica desempenha papel importante e a irrigação sanguinea da pleura parietal

evolui a partir dos ramos da circulação interna na parede torácica .(ettinger)

ETIOLOGIA

As causas incluem a ruptura de um vaso sanguineo por trauma grave ( por exemplo, atropelamento de carro),torções do lobo pulmonar, erosão da parede vascular por células malignas ou inflamação (por exemplo, aortite causada por Spirocerca lupi) ou rupturas de aneurismas. Pode resultar também de defeitos de coagulação e é geralmente

Page 14: Monografia 2 Alex

agudo e fatal.(Carlton, 1998) (Kirk e Bistner,) (Nelson e Couto, 1998) Na ausência de história de traumatismo, o envenenamento por warfarin talvez seja a causa mais provável de hemorragia intrapleural grave.(Dunn)A angústia respiratória pelo hemotórax pode constituir-se no único sinal clínico em animais com algum distúrbio hemorrágico, incluindo intoxicação por rodenticidas. (Nelson e Couto, 1998) o tempo de coagulação ativada e a contagem de plaquetas deverão ser efetuadas precocemente na avaliação desses animais. Testes de coagulação mais específicos (ou seja, tempo de protrombina e tempo de protromplastina parcial) podem ser indicados, espacialmente se houver evidência de hemorragia em qualquer parte do corpo. (Nelson e Couto, 1998) O hemangissarcoma do coração ou dos pulmões é uma causa neoplásica comum de efusão hemorrágica, mas as células malignas raramente são identificadas citologicamente. (Nelson e Couto, 1998)A insuficiência cardíaca do lado direito e biventricular representam imporatantes causas

de derrame pleural. Neoplasia, derrame parapneumônico, e embolia ou trombose

pulmonar podem, sem exceção, coexistir com cardiopatia conhecida, particularmente

em pacientes mais idosos. (Ettinger 27 e 28) A insuficiência do ventrículo esquerdo seja

capaz de produzir derrames, eles tendem a não ser muito volumoso, no entanto, num

modelo canino experimental foi demonstrado que a hipertensão venosa sistêmica produz

maior volume de liquido pleural, que a hipertensão das veias pulmonares.(Ettinger)

ACHADOS CLÍNICOS

Há um número relativamente pequeno de sinais clínicos exibidos por animais com distúrbios torácicos. Estes sinais, que podem ocorrer regulamente, ou que se desenvolvem insidiosamente ao longo de vários dias ou semanas, são freqüentemente alarmante para o cliente, e lhe causam graus variáveis de desconforto. Além da revisão completa dos sistemas, é importante a obtenção, junto ao cliente, da descrição pormenorizada dos sinais de sua progressão. (ETTINGER)O acúmulo de líquido no espaço pleural, em decorrência do desequilíbrio entre a formação e a reabsorção de fluido ou por alteração na drenagem linfática denominado de efusão pleural, classifica-se em dois tipos(4): 1 – Transudato: surge quando há aumento da pressão hidrostática ou diminuição da pressão oncótica na microcirculação. Como exemplos podemos citar: insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, glomerulonefrite, embolia pulmonar, e hipoalbuminemia. 2 – Exsudato: ocorre por aumento da permeabilidade na microcirculação ou distúrbio na drenagem linfática do espaço pleural, exemplos: doenças infecciosas, neoplásicas, colágeno- vasculares, gastrintestinais, induzidas por drogas, hemotórax, quilotórax ,uremia, obstrução do trato urinário, ( 4)As manifestações clínicas mais associadas são dispnéia progressiva, tosse tipicamente não produtiva e dor pleurítica. A dispnéia é o achado mais comum, geralmente indicando grandes efusões; em quantidades maiores observam-se macicez, redução do murmúrio vesicular, do frêmito toracovocal e da expansibilidade torácica(4). Existem quatro tipos principais de fluidos no espaço pleural: seroso (hidrotórax),sangue

Page 15: Monografia 2 Alex

(hemotórax), lipídico (quilotórax) e purulento (piotórax ou empiema).( 4. Silva COS, Macedo AG. Pneumologia. In: PradoFC, Ramos JA, Valle JR, editores. Atualização terapêutica.2_ ed. São Paulo: Artes Médicas, 2003;1446–1452)Os sinais de choque hemorrágico tornam-se óbvia quando um cão perde 30 ml de

sangue/Kg e um choque grave ocorre quando um cão perde 40 ml/kg e deve-se

acumular cerca de 30 ml/Kg de fluido no espaço pleural antes do cão exibir qualquer

sinal de dificuldade respiratória em repouso e, pelo menos, 50 a 60 ml/Kg antes de um

cão exibi uma dispnéia grave.(Crowe,1988 DUNN). Conseqüentemente, não se pode

considerar a ausência de dispnéia para descartar uma hemorragia torácica e o aumento

da freqüência respiratória que ocorre com um hemotórax se deve em grande parte a um

choque hipovolêmico. (Dunn)

Frequetemente o grau de dispnéia não se correlaciona diretamente com o volume do

liquido pleural. Uma afecção parenquimatosa pulmonar, anemia, ou insuficiência

cardíaca congestiva concomitante podem desempenhar papel importante no quadro

clinico. Pacientes mesmo com volumes extremamente grandes de liquido podem tolera-

los com pouca dispnéia, casos estes volumes tenham acumulado cronicamente.

A tosse é achado variável, frequentemente cães podem tossir, em decorrência da

compressão dos brônquios por grandes derrames.18-(Ettinger)

A febre é um achado não limitado a pacientes com derrames de etiologia infecciosa.

Distúrbios imunológicos, neoplasia, e traumatismo podem estar associados a febre

episódica. A febre pode estar associada a grandes derrames pleurais em cães, em

decorrência da ventilação e troca de calor pouco eficiente. (Ettinger)

Pacientes com grandes derrames pleurais podem apresentar alterações perceptíveis na

conformação do gradil costal.(1-Ettinger) Na presença de derrames unilaterais, o

hemitórax afetado pode formar um abaulamento palpável, gerando aspecto assimétrico

no tórax. Os músculos intercostais podem estar aplainados ou convexos durante a

palpação, e pode ser percebida a ausência de impulso cardíaco palpável. (Ettinger)

Derrames pleurais de qualquer magnitude significativa podem ser detectados pela

percussão torácica. A percussão do tórax atende a duas forças principais: a identificação

dos limites anatômicos normais da estruturas torácicas e extratorácicas, e a

determinação da presença ou não de pulmões aerados em locais apropriados. Visto ser

subjetiva a interpretação dos sons percutidos (do mesmo modo que os sons

respiratórios), há necessidade da prática considerável para o clínico obtenha técnica de

percussão confiável.(Ettinger)

Page 16: Monografia 2 Alex

A percussão sobre o pulmão normal produz vibração de baixa freqüência responsável

pela nota ressonante obtida. Quando certas estruturas subjacentes estão densas, por

exemplo, sobre a região cardíaca, uma parte pulmonar consolidada, liquido pleural, ou

outras massas pulmonares, é observado o amortecimento característico da vibração. O

caráter da nota obtida varia com a área do tórax examinada, com a quantidade de tecido

subcuticular, e profundidade da respiração ou postura do corpo. É suficiente a

caracterização do som “normal”, ou “amortecido”. Foi relatada a ocorrência de hiper-

ressonância em casos de enfisema ou pneumotórax, mas este caso é de difícil

identificação. (Ettinger)

Diagnostico

Abordagem diagnóstica

Os clínicos que lidam com distúrbios torácicos têm a sua disposição diversas técnicas

diagnósticas(18 e 19- Ettinger) e podem ser divididas em categorias, com base em sua

invasividade e resultados diagnósticos; evidentemente é preferível a utilização de

procedimentos com mínima invasividade e com resultados diagnósticos consideráveis.

Infelizmente, no campo da medicina torácica, poucos procedimentos são dotados de

ambas características.(Ettinger)

A primeira categoria consiste de procedimentos que necessitam de mínima

invasividade, mas que em geral não geram diagnóstico definitivo. Embora estes

procedimentos possam sugerir processo patológico, a confiança do clínico unicamente

nestes estudos diagnósticos poderá levar a sérios erros. Estes procedimentos são:

história, exame físico, radiografias torácicas, eletrocardiografia, avaliação hematológica,

estudos bioquímicos, e analise dos gases sanguíneos. (Ettinger)

A segunda categoria se constitui de procedimentos que necessitam de mínima

invasividade, e que podem fornecer o diagnóstico definitivo, quando combinados a

procedimentos classificados no primeiro grupo. Entre estes procedimentos, citamos:

testes sorológicos, urocultura, hemocultura, coloração de gram, aspiração de linfonodo

periférico e a citologia.

A categoria final consiste de procedimentos invasivos e que podem representar risco

significativo para alguns pacientes; mas estes procedimentos fornecem os resultados

Page 17: Monografia 2 Alex

diagnósticos mais proveitosos. Estes procedimentos proporcionam as informações mais

valiosas e, na maioria dos casos, representam riscos menores que a toracotomia. São,

em ordem crescente de invasividade: cintigrafia pulmonar (varredura de

ventilação;perfusão), tela conversora de varredura, varredura de ressonância magnética

(MRI), tomografia por emissão de pósitrons, aspiração transtraqueal, toracocentese,

laringoscopia, broncoscopia, broncosgrafia, biópsia pleural percutânea, cateterização

cardíaca e angiografia, biópsia por agulha de corte, mediastinoscopia, toracoscopia, e

biópsia a pulmão aberto.(Ettinger)

A presteza com que o clínico prossegue, a partir dos procedimentos não invasivos, em

sua busca por um diagnostico, depende da situação clinica. No paciente seriamente

enfermo, o diagnóstico definitivo deve ser obtido com maior rapidez possível, podendo

justificar-se o uso imediato de procedimentos invasivos o progresso clinico do paciente

devera ditar as técnicas utilizadas; alterações no estado clínico devem levar a mudanças

apropriadas na abordagem diagnostica. .(Ettinger)

Radiografia torácica

A radiografia torácica permanece ainda um instrumento utilíssimo na investigação da

patologia torácica. (2-Ettinger) Embora haja um número limitado de modos pelos quais

o pulmão, mediastino e pleura podem reagir à lesão(produzindo padrões radiográficos),

a radiografia torácica é de valor estimável, quando interpretada à luz de outras

informações clinicas. Sempre que possível, devem ser avaliados os estudos previamente

efetuados, pois eles podem documentar a progressão do distúrbio e, em alguns casos,

podem proporcionar um estudo normal, para fins de comparação. A radiografia de

rotina permanece sendo a pedra angular do diagnóstico, mas também é a peça de

informação que, com mais freqüência, é interpretada de maneira equivocada, sendo que

quase todos os erros são de omissão, exemplos: não obtenção de duas incidências

radiográficas, a tentativa de avaliação de exposições tecnicamente inadequadas e a não

colaboração dos diagnósticos radiográficos com as informações diagnósticas clinicas

auxiliares. Uma objetividade imparcial, e a não familiaridade com relação ao paciente e

Page 18: Monografia 2 Alex

ao cliente podem resultar em observações úteis, que passaram despercebidas nas

avaliações iniciais. (Ettinger)

A pleura contorna cada lobo pulmonar e recobre a cavidade torácica, sendo que em

condições normais, ela não é visível radiograficamente, e os lobos pulmonares isolados

não podem ser distinguidos. As anormalidades da pleura e da cavidade pleural incluem

espessamento pleural, efusão pleural e pneumotórax. (Nelson e Couto, 1998)

Quando está presente um derrame significativo no interior do interior do espaço pleural,

a separação entre a pleura visceral e pulmão cheio de ar, e a superfície pleural parietal

provoca redução na condução do som o que resulta numa característica queda ou

abafamento dos sons respiratórios auscultáveis, e no amortecimento dos sons, por

ocasião da percussão. (19-Ettinger)

O espessamento pleural assume a aparência de uma linha densa e fina de liquido entre

os lobos pulmonares onde a pleura é perpendicular ao feixe de raios X. Essas se

encurvam da periferia em direção à região hilar e são conhecidas como linhas de fissura

pleural. As linhas podem ocorrer como resultado de doença pleural anterior e fibrose

subseqüente, pleurite moderadamente ativa ou efusão pleural de pequeno volume.

(Nelson e Couto, 1998)

O aspecto radiográfico de um derrame pleural é determinado pelo recuo elástico do

pulmão volume do derrame, gravidade, posição do paciente e desobstrição do

mediastino (derrame uni e ou bilateral).(Ettinger)

A loculação do liquido poderá ocorrer em casos de empiema ou de hemotórax crônico,

em decorrência de fibrose e aderências pleurais e as variações de posição e radiografias

de feixe horizontal poderão ser úteis, na confirmação destes casos. (2-Ettinger)

A efusão pleural é visível radiograficamente após acúmulo de 50 a 100 ml na cavidade

pleural, dependendo do tamanho do animal. A efusão precoce assume a aparência de

linhas de fissura pleural e podem ser confundidas com espessamento pleural. À medida

que se acumula liquido, os lobos pulmonares retraem-se e as bordas dos pulmões

tornam-se redondas. O arredondamento dos ângulos caudodorsais dos lobos pulmonares

caudais é especialmente observado. O liquido confunde-se com o coração e o

diafragma, mascarando suas bordas. Os pulmões flutuam no topo do liquido,

deslocando a traquéia dorsalmente e causando a ilusão de uma massa mediastinal ou

cardiomegalia. Quanto mais liquido se acumula, mais o parênquima pulmonar aparece

anormalmente denso como resultado d expansão incompleta e por fim os lobos se

colapsam. Os lobos colapsados deverão ser examinados cuidadosamente em busca de

Page 19: Monografia 2 Alex

evidência de torção e as bolsas de acúmulo de liquido ou efusão unilateral indicam a

possibilidade de sinéquias pleurais concomitantes.(Nelson e Couto, 1998)

ULTRA-SONOGRAFIA

A ultra-sonografia está indicada na avaliação do diagnóstico em cães e gatos com

efusão pleural na busca de massas, hérnia diafragmática, torçào de lobo pulmonar e

doença cardíaca. As massas mediastinais que envolvem o parênquima pulmonar

adjacente à parede torácica e aquelas que se estendem dentro do tórax a partir da parede

torácica podem ser identificadas e sua ecogenicidade avaliada. A ultra-sonografia

também pode ser utilizada para guiar instrumentos de biopsia para a lesão, apesar de

apenas massas sólidas poderem ser biopsiadas de forma segura, além disso, ainda é útil

para direcionar a posição da agulha durante a toracocentese em animais com acumulo

localizado de liquido pleural.(Ettinger)

TORACOCENTESE

Tecnicamente, a toracocentese deve ser efetuada em todos os pacientes com derrame

pleural não previamente examinados. Visto que todos os liquido pleurais (sangue,

exsudatos, e transudatos) são radiograficamente indiferenciaveis, a toracentese é

essencial para o estabelecimento do diagnóstico definitivo. (Ettinger-18 e 19) Além

disto, a remoção do liquido melhora a visualização radiográfica do pulmão e da pleura,

e também fornece alívio à dispnéia associada a esta complicação.(Ettinger)

As pssiveis complicações da toracocentese são pneumotórax causado pela laceração dos

pulmões, hemotórax e piotórax iatrogênico e são extremamente raras se a técnica

utilizada for correta e cuidadosa. (Nelson e Couto)

O sangue perdido no interior do espaço pleural geralmente não coagula, isso se deve à

desfibrinação rápida e à ativação de mecanismos fibrinolíticos e se uma amostra obtida

por meio de toracocentese coagular, isso sugerirá que a amostra foi obtida por meio de

danos traumáticos em uma outra estrutura.(Dunn)

Um derrame hemorrágico deve ser diferenciado de sangue sistêmico coletado

inadvertidamente durante a toracocentese por meio dos sequintes critérios ( a menos que

a hemorragia seja superaguda): o sangue dentro da cavidade pleural é desfibrinado

rapidamente e não coagulará; o hematócrito (Ht) do derrame fica menor do que o do

Page 20: Monografia 2 Alex

sangue venoso; e os macrófagos presentes nos derrames contém hemossiderina e

hemácias (eritrofagocitose) e os derrames hemorrágicos contem frequetemente

proporções de leucócitos relativamente mais altas que o sangue periférico.(Kirk e

Bistner)

Devemos exercer certo grau de circunspecção clínico, ao avaliar a necessidade relativa

da prática deste procedimento. Pacientes com distúrbios previamente diagnosticados,

que sabidamente resultaram em derrame pleural, podem não necessitar, a principio, de

toracocentese diagnóstica. Uma contra-indicação relativa para a toracocentese é a

presença de distúrbio hemorrágico causado por anticoagulação, trombocipenia grave, ou

por coagulopatia hereditária, como é o caso em todos os procedimentos diagnósticos, os

riscos da prática da toracocentese devem ser avaliados contra os seus benefícios, para

cada paciente.(Ettinger)

Em todos os pacientes (exceto nos menos cooperativos), o procedimento é realizado

sem a necessidade de sedação. Há diversos métodos de toracocentese; todos são

aceitáveis, e dependem da preferência do clínico e de sua experiência em cada técnica.

(Ettinger 19 e 20)

A toracocentese é realizada com o animal em posição de decúbito lateral ou esternal,

escolhendo-se a posição menos estressante.(Nelson e Couto) Na maioria dos casos, o

paciente é colocado na posição em pé, ou em posição sentada confortável, geralmente o

decúbito lateral é insatisfatório para a obtenção de amostras em pacientes com derrames

pequenos a moderados, a menos que esteja sendo inserido um tubo/dreno torácico.

(Ettinger) Ocasionalmente, há dificuldade na obtenção de amostras na posição ereta,

num paciente com pequeno derrame; em tais casos, freqüentemente podemos obter uma

amostra, mediante o uso de abordagem ventral e com o tórax exposto num espaço entre

duas mesas; entretanto, raramente esta técnica será necessária.(Ettinger)

O liquido está normalmente presente bilateralmente em todo o espaço pleural e podem

ser retirados próximo ao sétimo espaço intercostal (EIC) por meio da colocação de uma

agulha aproximadamente dois terços de distância da junção costocondral na direção da

coluna. Se as tentativas iniciais forem infrutíferas, outros locais são tentados ou a

posição do animal é alterada. O liquido pode ser retirado com maior sucesso de locais

dependentes de gravidade e o ar de locais não depedentes. As radiografias torácicas são

úteis na seleção de locais de amostragem para processos localizados e a ultra-sonografia

é valiosa na condução do posicionamento da agulha para a colheita de líquido pleural.

(Nelson e Couto)

Page 21: Monografia 2 Alex

A pele e tecidos subcuticulares sobre o sétimo ou oitavo espaço intercostal, a nível ou

imetiadamante acima da junção costocondral, são infiltrados com lidocaína a 2% até a

profundidade de 0,5 a 1 cm. Pequenas injeções são aplicadas, à medida que a agulha

avança através dos músculos intercostais, na direção do espaço pleural.esta técnica

proporciona anestesia adequada da pleura parietal, que frequentemente é sensível,

quando penetrada por agulhas, mesmo a de pequeno calibre. O instrumento escolhido

para o procedimento, com a seringa acomplada, é inserido cuidadosamente através do

espaço intercostal preparado e anestesiado, para que seja evitada a artéria intercostal

localizada numa posição imediatamente caudal a cada costela. É aplicada ligeira sucção,

no momento que a ponta da agulha penetra na pleura parietal, sendo assim coletadas

amostras para a cultura bacteriológica, avaliação citológica, e analise bioquímica ou

sorológica (o que for indicado). Se não houver aspiração imediata de líquido, a agulha

ou o cateter deverá ser retirado e reposiocionado. Não há vantagem em aumentar a

pressão negativa da seringa, o que tenderá a succionar pulmão ou pleura pela agulha,

causando traumatismo desnecessário e obstrução do fluxo. Ao terminar o procedimento

de coleta da amostra ou da drenagem completa, o instrumento é retirado; aplica-se então

pressão sobre o local da punção por alguns momentos. Geralmente não há necessidade

de curativo ou de enfaixamento compressivo. A analise mínima do liquido deve

constar: determinação do pH, densidade específica, concentração de poteína, volume

globular (hematócrito), leucometria global e diferencial, e avaliação citológica.(Ettinger

20-27)

Tabela 9- Análise comparativa de derrames pleurais coletados de uma toracocentese para fins

de diagnostico

Transudatos Transudatos

Modificados

Exsudatos

não-Sépticos

Exsudatos

Sépticos

Derrames Quilosos Derrames

Hemorrágicos

Coloração Amarelo-pálidos Rosa-

amarelados

Amarelados Amarelados Rosa-

esbranquiçados

Vermelhos

Transparência Claros

Proteínas(g/dl) <3,5 >2,5 >3 >3 >2,5 >3

Hemácias Ausentes a raras Variáveis Variáveis Variáveis Variáveis Agudos:

número alto

crônico:

número

moderado

Page 22: Monografia 2 Alex

Células

nucleados/ml

< 500 <5000 >5000 >5000 400 – 10000 > 1000

Neutrófilos Raros Número

variável

Não

degenerativo

Moderado

Não

degenerativo

Número

moderado a

alto

Não

degenerativo a

degenerativo

Agudo: Número

baixo

Crônico: Número

moderado

Não degenerativo

Número

variável

Não

degenerativo

Linfócitos Raros Variáveis Variáveis Variáveis Agudo: número

alto

Crônico: nümero

baixo

Variáveis

Macrófagos Ocasionais Variáveis Número

elevado

contêm restos

ingeridos

Número

elevado

Presentes Crônicos:

número

moderado

Contêm

hemácias

ingeridas

Células

mesoteliais

Ocasionais Ocasionais Raras Raras Ocasionais Crônicos:

presentes

Fibrina Ausente Ausente Presente Presente Crônicos:

presentes

Variáveis

Bactérias Ausentes Ausentes Ausentes Presente intra

e

extracelulares

Ausentes Ausentes

Lipídeos Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Triglicídeos altos

com relação ao

colesterol baixo,

positivos quanto a

corantes

lipotróficos

Ausentes

Etiologia Insuficiência

cardíaca direita

Hipoproteinemia

Transudatos

crônicos

Hérnia

diafragmática

Neoplasia

Insuficiência

cardíaca direita

Pericardiopatia

Neoplasia

Peritonite

infecciosa

felina

Hérnia

diafragmática

crônica

Torções

pulmonares

Corpo

estranho

Ferimento

penetrante

Piotórax

idiopático

Idiopáticos

Congênitos

Linfoangioectasia

Traumatismo

Neoplasia

Cardiopatia

Periocardiopatia

Dirofilariose

Traumatismo

Neoplasia

Distúrbios

hemorrágicos

Torções

pulmonares

Page 23: Monografia 2 Alex

Piotórax

Fonte: Kirk e Bistner

TORACOTOMIA EXPLORATÓRIA / Biopsia Pleural

Em pequeno número de casos não se consegue estabelecer um diagnóstico definitivo,

podendo-se exigir uma toracotomia exploratória, mas isso só se justifica em casos com

alguma perspectiva de remoção da lesão. Já se descreveram técnicas endoscópicas para

pleura, mas como exigem anestesia e assepsia completa, elas parecem ter pouca

vantagem sobre a toracotomia.(Dunn)

A biópsia da pleura pode ser efetuada como procedimento aberto, por ocasião da

toracotomia , ou menos invasivamente, por meio de técnicas fechadas com agulha de

biopsia. A biopsia pleural é meio particulamente útil de diagnóstico da neoplasia pleural

e de distúrbios granulomatosos resultantes num derrame pleural. (Ettinger 19) Como a

técnica resultará em amostras de tecido, a anatomia histoptológica é preservada,

freqüentemente fornecendo um diagnóstico, quando um exame citopatológico havia

resultado negativo ou equivoco. Assim, a biopsia é efetuada muito frequetemente em

casos de derrames pleurais de etiologia desconhecida, quando a toracocentese e os

estudos e os estudos citopatológicos resultaram negativos. (Ettinger)

A toracotomia diagnóstica e a biopsia sob visualização direta devem ser utilizadas como

última tentativa, havendo assim riscos da anestesia geral e da cirurgia.Tais

procedimentos sempre devem incluir a biopsia da pleura, mediastino, linfonodo

traqueobrônquico e, na maioria dos casos, pulmão. Mesmo quando outros meios menos

invasivos não sugeriram um diagnóstico, nem sempre a biopsia e a exploração da

cavidade torácica identificarão a causa do derrame pleral.(Ettinger 19)

TÉCNICA CIRÚRGICA DA TORACOTOMIA

A incisão cirúrgica da parede do peito não representa nenhum risco maior do que a

abertura do abdômen se forem seguidos os princípios apropriados. A drenagem do

espaço pleural após uma cirurgia torácica ou para o tratamento de doenças é uma outra

técnica que o cirurgião de pequenos animais também deve ter prática em realizar.

(Bojrab)

Page 24: Monografia 2 Alex

Os pequenos animais não podem expandir qualquer u dos pulmões caso se inside a

parede do peito e se tiver entrado ar no espaço pleural. Portanto, necessita-se de

preparações para proporcionar um suporte ventilatório exatamente antes de se

administrar um anestésico, coloca-se uma sonda endotraqueal, devendo utilizar um

aparelho anestésico inalatório para uma devida ventilação controlada manualmente

através do balão respiratório ou de um ventilador automático.(bojrab)

O local da incisão depende do problema observado e deve ser feito no espaço

intercostal, observa-se a artéria costal quanto ao sangramento, mas ela frequetemente

não requer ligadura. Ao se completar o procedimento cirúrgico, coloca-se um dreno no

espaço pleura, para evacuar o ar e quaisquer fluidos que permaneçam após a cirurgia, a

dois espaços intercostais caudalmente à incisão e a sonda deve cruzar o mediastino

caudalmente ao coração de forma que os orifícios da drenagem removam o ar de cada

hemitórax e antes de colocar a sonda através da pele, puxe a mesma para a frente de

forma que a sonda saia pela pele aproximadamente quatro espaços intercostais caudais à

incisão, devendo causar a formação de um túnel subcutâneo, na qual a abertura na

parede corporal onde o ar possa entrar no espaço pleural quando se remover a sonda.

(bojrab)

Aproximam-se as costelas com suturas absorvíveis, de número 3 para cães grandes até 0

em cães pequenos, colocando-as previamente cinco a dez suturas ao redor das costelas e

amarrá-las após terem sido colocados os fios ajudando aproximar as costelas. Fecham-

se os músculos em um padrão de sutura contínua com fios absorvíveis; primeiramente

os músculos serrados dorsal e ventral e após o músculo vasto dorsal, fecha-se o espaço

subcutâneo e a pele devendo permitir que o dreno esteja aberto. Após o fechamento do

tórax, pode-se retirar o ar e fluidos por meio de uma sucção suave, devendo observar o

animal por um período de tempo para se certificar que todo o ar tenha sido removido e

não se forme mais, podendo remover a sonda.

TRATAMENTO

Os animais em angústia respiratória tipicamente manifestam aumento acentuado na

frequência respiratória devido a dificuldade da expansão normal dos pulmões. (Nelson e

Couto) Em suspeita de efusão pleural deverá ser efetuada a toracocentese por agulha

imediatmnete; o oxigênio pode ser fornecido por meio de máscara enquanto a

intervenção cirúrgica é colocada em prática, no entanto, a drenagem bem sucedida do

Page 25: Monografia 2 Alex

espaço pleural restabelecerá rapidamente a condição clínica do animal. (Nelson e

Couto,1998)

A angústia respiratória associada ao hemotórax é muitas vezes decorrente da perda

sanguínea e não da capacidade de expansão dos pulmões. (Nelson e Couto, 1998) O

tratamento emergencial aponta primariamente a perda sanguínea aguda, indicando a

fluidoterapia para reposição de volume, devendo administrar transfusões sanguineas

para repor as hemácias, fatores de coagulação e plaquetas; evacuar o sangue da cavidade

pleural pela toracocentese até a extensão necessária para avaliar o desconforto

respiratório devido à presença de fluido. (Kirk e Bistner) É removida a menor

quantidade necessária para a estabilização da condição do animal e o restante será

reabsorvido, através da autotransfusão. (Nelson e Couto) Sangramento descontrolado e

maciço no interior da cavidade pleural necessita de toracotomia exploratória. (Kirk e

Bistner)

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ) Identificação do animal

Nome: Lion

Espécie: Canina

Raça: Pinsher

Pelagem: Preta

Sexo: M

Idade: 9 anos

Peso: 5, 350 Kg

Anamnese: No dia 4 de outubro de 2006 foi atendido na UHV/UECE um cão

apresentando dificuldade de deglutir, respiração ofegante, apático, aparentemente

sentindo dor, fezes pastosas escuras com muco purulento, não se alimentava

normalmente e apresentava urina normal, vacinação óctupla não estava em dia, a

anti-rábica estava em dia, e o anti-vermífugo não estava em dia.

Usou buscopan composto, por conta própria e tinha ido ao hospital veterinário

UNIVET no dia 27 de setembro de 2006, onde foi realizado um hemograma

completo e diagnosticado erlichiose pelo veterinário e que prescreveu doxiciclina

Page 26: Monografia 2 Alex

(10mg/Kg/BID) por 16 dias, diaceturato de 4,4’-diazomino dibenzamidina

(3,5mg/Kg/1 x por sem) totalizando três aplicações e complexos vitamínicos.

Exame físico: O animal apresentava mucosas hipocoradas, turgor cutâneo normal,

caracterizando hidratação normal, temperatura retal de 37ºC, dispnéico, ortopneico, e

ficava em posição sentado todo o tempo.

Exames complementares:

Hemograma completo incluindo plaquetas, PPT e Creatinina;

Radiografia torácica;

Ultrassonografia abdominal;

ECG;

Medição da pressão arterial;

Exame e citologia do liquido pleural;

Histopatológico do tecido retirado da toracotomia.

Diagnóstico provável: Erlichiose

Diagnóstico definitivo: Hemotórax

Tratamento:

Após o resultado dos exames foi realizado uma toracocentese e coletado 140 ml no dia

05 de outubro de 2006 foi prescrito furosemida (2mg/Kg/Bid/VO) e Benazepril (0,5

mg/Kg/VO) por 10 dias e foi mantido a medicação anteriormente prescrita pelo

veterinário.

No dia 09 de outubro de 2006 foi realizado uma toracocentese novamente retirando um

coágulo em torno de 5 ml e em seguida foi realizado uma toracotomia exploratória

retirando um pequeno osso em torno de 3 cm de comprimento envolvido por um tecido

e foi prescrito medicação para o pós-cirúrgico: Ceftriaxona (80 mg/Kg/Sid) por via

intravenosa por 7 dias e cetoprofeno (1mg/Kg/Sid) por via oral por 5 dias.

Page 27: Monografia 2 Alex

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo radiológico do tórax revelou opacificação de campos pulmonares, de forma

difusa, de radiopacidade água, em lobos craniais e caudais em projeção latero-lateral, e

predominantemente no hemitórax direito, em projeção ventro-dorsal; visualização de

pequena área radiotransparente, em porção e lobos pulmonares craniais, em projeção

latero-lateral; obliteração da silhueta cardíaca, em projeções látero-lateral e ventro-

dorsal, pela presença de liquido pleural; e visualização de incisuras interlobares entre a

porção caudal do lobo pulmonar cranial esquerdo e caudal esquerdo.

No exame ultra-sonográfico foi encontrado presença de imagem aneicóica assumindo

formato triangular localizado junto ao bordo hepático e diagfragmático sugestivas de

liquido/efusão pleural; discreto aumento do baço e importante aumento do padrão

vascular sistêmico (veia cava caudal) visualizando um intenso fluxo sangüíneo.