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MONICA REGINA BERTOLDI
CRIANCA PORTADORA DE DEFICIENCIA MENTAL APRENDENDO A
COMUNICAR-SE ATRAvES DA LlTERATURA INFANTIL
Monografia apresentada para adisciplina de Metodologia Cientificado Curso de P6s-Graduayao emEducay80 Especial, sob orlentayaoda Professora Carolinda Mikosz.
CURITIBA
2002
EPiGRAFE
"Ha somente urna disciplinapara a educay§o, e e5sa e avida, em todas as suasmanifes!a<;6es"
Whitehead (1929)
AGRADECIMENTOS
A Deus que e fonte inesgotavel de for<;:a, sabedoria e equilibria necessarios para
alcan9ar todos as objetivos da vida.
A todas as pessoas especiais que contribulram de urna forma ou de Dutra para a
concretizac;fio deste estuda ta.o significativo.
Aos meus queridos pais, que sempre me transmiliram mUito amor, e me educaram
da melhor maneira posslvel, minha etema gratidao.
Agradeyo a Associa<;§:o Franciscana de Ensino Senhor Born Jesus e em especial a
Escola Especial Born Jesus pela oportunidade de aprimorar e vivenciar aS maus
conhecimentos.
Aos alunos e as suas familias que participaram do meu estudo e me incentivaram a
busear caminhos alternativos para um melhor convivio social entre todes aspessoas.
A9rade~o a todas as minhas amigas de trabalho pelo estlmulo na luta pelas pessoas
com necessidades educativas especiais e tambem pelo encorajamento nos
momentos dificeis do dia-a-dia.
Obrigada a todos os professores do curso de p6s-graduaya,o que aumentaram 0
meu cabedal de conhecimentos a respeito dos portadores de necessidades
especiais, em especial, a minha orientadora Calorinda, que me conduziu com muito
carinho e experi@mcia.
iii
SUMARIO
EPiGRAFE ii
RESUMO v
1 INTROOUC;AO 01
2 DEFICIENCIA MENTAl.. 03
2.1 HISTORICO ....
2.2CAUSAS ...
. 03.......04
2.3 CONCEPGAO TEORICA E LEGAL... . . 05
3 COMUNICAC;;AO, LEITURA E ESCRITA 11
4 LlTERATURAINFANTlL 15
5 RELATOS DE CASOS 24
6 CONCLUSAO 30
aiaLiOGRAFIA
ANEXOS
iv
RESUMO
A defici~ncia mental refere-se ao funcionamento intelectual geral significativamenteabaixo da media, que coexiste com fathas no comportamento adaptador e semanifesta durante 0 perfocto de desenvolvimento. Urna caracterfstica eomumenteconsiderada tlpica das crtanyas portadoras de deficiencia mental e 0 atraso nodesenvolvimento da linguagem. Nao sabe-se quanta 0 atrago da linguagem Ihe edevida, e quanto e consequencia das parcas habi\idades cognitivas. Este atraso nodesenvolvimento da linguagem propiciou 0 astudo sabre a aprendizagem global dodeficiente mental com 0 auxilio da literatura infanti! e as condiy66s para 0 individuoaprender inumeras coisas de forma prazerosa. Acredita-se que 0 frequente contatacom a literatura infantil enriquecera a comunica«ao e 0 aspecto emocional dacrian~a portadora de deficiencia mental.
v
INTROOUCAO
Todos precisam ouvir hist6rias, mas tambem sentem necessidade de conta-
las. Enquanto eontam suas hist6rias as crianc;as menores geralmente passam da
reafidade para a fantasia, 0 que muitos pais equivocadamente consideram sem
importancia. Mas para elas sao quebra-cabegas que precisam ser cuidadosamente
reunidos para dar significado a um evento.Ouvir uma hist6ria contada ao vivo por alguem como 0 professor (pailmae) e
uma experiencia que marca para sempre. Junta-se nesta situagao elementos
fundamentais no desenvolvimento. A presenga e a dedicagao do adulto naquele
instante, sua entonac8.o e semblante, seu estado de espfrito e 0 conteudo da
narrativa, tudo issa se junta e se mistura aos sentimentos e a imaginayao da crianya.t um raro momento de integragao, que gera energia de crescimento. E 0 prazer
dessa hora se liga ao texlo. Inscreve-se a leitura na mem6ria das coisas boas e
abrem-se as partas para urna criativa busca do conhecimento.
o presente estudo aborda a literatura infantil, sua influencia e contribui9ao no
relacionamento das pessoas, principalmente ao das portadoras de necessidades
especiais, restrito ao deficiente mental leve. TELFORD e SAWREY definem 0
individuo excepcional como "aquela pessoa que se desvia da norma nas
caracteristicas fisicas, mentals, emocionais ou sociais em tal grau que requer
serviyos sociais e educacionais especiais para desenvoiver a sua capacidade
maxima. (TELFORD; SAUREY, 1978, p.32)
Na primeira parte relata-se um his!6rico da deficiencia mental, suascaracteristicas, causas alem do aspecto legal.
Em seguida, consta a descri9!io da importancia da comunica~o, da leitura e
suas abrangencias.
Verifica-se, no terceiro capitulo, 0 surgimento da literatura em diferentes
locais, alguns escritores com suas obras mais consagradas, a relevancia daquela
para 0 desenvolvimento das criat19as e as dificufdades existentes na sua pratica.
A ultima segao reporla-se a citagao de exemplos nos quais constatou-se a
influencia da literatura infantil para 0 desenvolvimento global (oralidade, escrita,
memoria, atenyao, concentragao, rela9!io com as outras pessoas, alem do auto-
conhecimento) da crianga portadora de necessidades especiais.
2
Conclui-se que 0 trabalho com literatura infantil auxilia de forma abrangente e
diversificada a forma,ao do individuo com necessidades especiais.
2 DEFICIENCIA MENTAL
2.1 HISTORIGO
A sociedade tem dificuldades para lidar com aquilo que a diferente, ou seja,
tudo que se afasta dos padroes estabelecidos como normais. Todos os grupos
sociais que nao se encaixam nesses padroes sao, de alguma forma, identificados
como desviantes e situados a margem do processo social. E esta questao ja existia
nas antigas civiJizacy6es,quando ocorria a pratica da eliminagao pura e simples dosmembros que nasciam au adquiriam deficiencias atraves de doeng8s e acidentes
furais au de ca98-. Justificava-se 0 sacrificio pDf meiD da ideia de que 0 individuo
sofreria aD longo dos anos as condic;oesprecarias da epaC8, alem da supressao davltima em funyao da coletividade. Estava presente 0 conceito de inferioridade, de
discriminayao e de segregayao.
o papel e 0 lugar ocupado pelos portaderes de deficiencia se apresentam em
momentos diferentes e caracterlsticosem toda nossa hist6ria. Eles eram
simplesmente exterminados ou deixados em asilos nos mais diversos modes. A
sociedade demonstrava que "nao via"Ate a Idade Media tem-se muito pouco conhecimento. Sabe-se que em
Atenas os "deficientes" eram tilo somente abandonados e esquecidos; em Esparta
eram tidos numa condi98.o sub-humana. E, assim procediam para justificar seus
ideais atleticos e de beleza. Ja as Romanos as toleravam e os exibiam nas grandes
festividades.
A primeira instituigao para acolhe-Ios foi urna colonia agricola idealizada no
saculo XIII, na Belgica. No Reinado de Eduardo II, em 1352, na Inglaterra, foi
idealizada a primeira legislayao que se preocupou com a sobrevivencia e com os
bens dos deficientes. Gabia ao proprio Rei zelar pelas necessidades desta classe.
No perlodo da Inquisiyao (seculos XIV, XV e XVI) quando acusados de
heresias, os deficientes mentais nao tiveram suas vidas poupadas, pais na.o tinham
como se defender.
Na metade do ssculo XVI os medicos e filosofos Paracelso e Gardano
defenderam a teoria de que a deficiencia mental era uma fatalidade congenita. Estes
"idiotas - dementes - ou amentes" passaram entao a ter seus destinos decididos
pelos medicos e nilo mais pelo clero.
4
No seculo XVII a Congregaqao Religiosa de Sao Vicente de Paula e as Irmas
de Caridade passaram a abrigar e "tratar' estes individuos.
Em Londres, Thomas Willis, em 1664, apas varios estudos disse que a
"idiotia" e produto de altera90es na estrutura do cerebro.
o final da Idade Media foi caracterizado pelos estudos de Rosseau, Locke e
Condillac que influenciaram as ideias de Froebel, Itard e Pestalozzi. Veio entao a
primeira tentativa de reabilitar uma crianQasub-normal de 12 anos, chamada Victor
de Aveyron, que se tornou conhecido como "0 Selvagem de Aveyron".
Ate 0 seculo XVIII tudo era baseado no misticismo. Os cagos, surdos,
deficientes mentais ou fisicos e ate as gemeos eram tidos como seres imperfeitos e
como um sinal de Satanas.
o Renascimento, 0 lIuminismo e a sociedade moderna apregoavamvagarosamente a ideia da normalidade para as "deficientes" surgindo assim a
"educa~o especial" e as ~escolasespeciais".o estudo das rela96es humanas de Wallon, Pavlov, Freud, Piaget, Wygotsky
e tantos Qutros, bem como 0 aprofundamento das ciencias biomedicas, a
bioquimica, a microbiologia, a endocrinologia e 0 avaneD na psiquiatria, na
psicologia e principalmente na pedagogia ajudaram a conhecer melhor as causas
das "deficiencias" e determinar um tratamento adequado e um atendimento mais
humano.Na segunda metade do sE3culaXX aparecem as primeiras tentativas de
"classificar" os tipos de deficientes e a preocupaqao em adaptar 0 meio social ao
deficiente. E a corrente comportamentalista procurando uma melhor adequaQao do
deficiente aD meio social, pela educ8gao escolar ao deficiente.
2.2 CAUSAS
Um conceito que e actotado por muitos parses, inclusive 0 Brasil, e definido
pela AssociaQiioAmericana para a Deficiencia Mental (AAMD), da seguinte maneira:
"0 retardo mental e 0 funcionamento mental abaixo da media, que se manifesta
durante 0 periodo de desenvolvimento e se caracteriza pela inadequaqao da
conduta adaptativa" (in Pereira, 1977, p.23). As causas mais comuns sao:
Pre-natal:
- anomalias cromossomicas;
anomalias enzimaticas;
incompatibilidade sangilinea (Rh);
doen<;;as infeceiosas (rubeola, sifilis, toxoplasmose);
usa de drogas.
Perinatal:
anoxia (falta de oxigenio);
traumatismo craniano;
prematuridade;
usa de f6reeps.
P6s-natal:
desnutri9iio;
doenyas infeeeiosas(meningite, eneefalite, sarampo);
aeidentes.
2.3 CONCEPCAO TEORICA E LEGAL
Conforme a Organiza<;;ao Mundial de Saude, 10% da popula9iio em paises
em desenvolvimento sao portadores de alguma defieieneia, sendo que destes, 50%
sao defieienles mentais.
Segundo a Organiza9iio e Funeionamento de Serviyos de Educa9iio Especial,
1984, p.ll:
A Deficiencia Mental caracteriza-se por registrar urn funcionamentointeJectual geral abaixo ds media, oJiundo do periodo dedesenvolvimento, concomitante com Iimitaeyoes associadas a duas oumais areas da conduta adaptativa eu da capacidade do individuo emresponder as demandas da seciedade, nos aspectos: comunica9Bo,cuidados pesseais, habilidades socials, desempenho na familia ecomunidade, independencja na locomo~o, sauda e segurant;a,desempenho escolar, lazer e trabalho.
As necessidades basicas sociais, psicol6gicas e educacionais das crian9as
excepcionais seo identicas as de lodas as eriangas e podem ser satisfeitas
praticamente da mesma maneira. Somente as aspectos especificos diferem. As
motivag6es basicas de afeto, aceitayao e aprova9iio existem, quer 0 QI seja 50 ou
150, quer a corpo seja bela au caricato, quer as movimentos sejam graciosos au
desajeitados e desordenados, quer a fala seja melodiosa au gutural. Essas crianyas
como quaisquer outras podem sentir-se eanfortaveis e seguras quando se sentem
6
amadas, aceitas e apreciadas. Ficarao inseguras e inquietas ao se sentirem
rejeitadas e depreciadas.
o individuo que apresenta um quociente de inteligencia (01) inferior a 70(media apresentada pela populac;ao) e considerado como deficiente mental,
conforme padrao em testes psicometricos.
A AAMR (Associa9iio Americana de Deficiencias Mentais) utiliza os termos
leve, moderado e grave para classificar as deficientes mentais associados aos
termos educavel, treinavel e grave/profundo para as implicagoes educacionais.
Podem ser:
a) LEVE (EDUCAVEL) - apresenlam um 01 entre 50 e 69 (em adultos, idade
mental de 9 a menos de 12 anos). Sao educaveis e chegam a realizar
tarefas ate certo ponto complexas, sob supervisiio. Ocorrem dificuldades
de aprendizado na escola, mas, muitos quando adultos poderiio trabalhar
e manter urn born relacionamento social, sem que hajam condigOes
patol6gicas explicitas que justifiquem 0 retardo;
b) MODERADO (TREINAVEL) - os que apresentam uma amplitude
aproximada do QI entre 35 e 49 ( em adultos, idade mental de 6 a menos
de 9 anos). Nos lugares ocupacionais, quando adultos, necessitam de
supervisao. Na infancia, desempenham algum grau de independenciaquanto aos cuidados pessoais e em adquirir habilidades de comunica9ao e
academicas. Geralmente sao natados pelos estigmas, desvios fisicos au
clfnicos, au ainda, par demorar a aprender a falar e andar;
c) SEVERO (GRAVE/PROFUNDO) - apresentam um QI com amplitude
aproximada entre 20 e 40 (em adultos, idade mental de 3 a menos de 6
anos). A capacidade de comunicagao e muito pequena. Necessitam de
assistencia continua.
A Educa9iio Especial atualmente e definida no Brasil segundo uma
perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concep9iio de atendimentos
especializados tal como vinha sendo a sua marca nos ,mimos tempos. Conforme
define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educa9iio escolar, voltada para a
forma9iio do individuo, com vistas ao exercicio da cidadania.
Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se
transversalmente, em todos as niveis de ensine, nas instituit;oes escofares, cujo
projeto, organizayao e pratica pedagogica devem respeitar a diversidade dos alunos,
a exigir diferencia90es nos aIDs pedag6gicos que contemplem as necessidades
educacionais de todos. Os servi90s educacionais especiais, embora diferenciados,
na.opodem desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de urna estrategia
global de educayao e visar suas finalidades gerais.
A nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educag80 Nacional (Lei nO 9.394,
de 1996), aD contrario da lei anterior, reconhece a importancia da EducaC80
Especial, aDdedicar-Ihe 0 seu Capitulo V. Isto demonstra a vontade do legislador em
incluir, de maneira clara e detalhada, a pessoa portadora de deficiencia na nova
legislayao educacional. Reconhece-se aqui a educa9§o como e urn instrumento
fundamental para a integrayao e participayao de qualquer pessoa, portadora de
deficiencia ou nao, no contexto em que vive. E importante salientar que sao
utiHzados tras conceitos para referir-se as mesmas pessoas, a saber: pessoas
portadoras de excepcionalidade, pessoas com deficiencias e pessoas com
necessidades espadais.
Segundo a Educayao Especial no Contexto da Lei de Diretrizes e Bases da
Educa9ao, editado pelo gabinete do Deputado Federal Flavio Arns (BRASIL, 1997,p.28):
No artigo 58 pode-se constatar que entende-se par educa9aoespecial, para as efeitos desta lei, a modalidade de educayaoescolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensina, paraeducandos portadores de netessidades especiais.Paragrafo 1.0 Haveni, quando necessario, servi~os de apoioespecializado, na escola regular, para atender as peculiaridades daclientela de educa~ao especial.Paragrafo 2.0 0 atendimento educacional sera feito em classes,escolas ou services especializados, sempre que em fun~o dascondi¢es especificas dos alunos, nao for possivel a sua integra~aonas classes comuns de ensino regular.Paragrafo 3,° A oferta de educaqao especial, dever constituciona\ doestado, tern inicio na faixa etana de zero a seis anos, durante aeducayao infantiL
A Conferencia Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada
na Espanha em 1994, deu origem a Declarayao de Salamanca que normaliza as
politicas, os principios e a pratica da educayao especial. Eis:
1)
2) cada crian~a tern caracteristicas, interesses, capacidades enecessidades de aprendizagem que Ihe sao proprios;
3) os sistemas de aprendizagem devem ser projetados e osprogramas aplicados de modo que tenham em vista toda a gamadessas diferentes caracterfsticas e necessidades;
4) as pessoas com necessidades educativas especiais devem teracesso as escolas comuns que dev9rao integra-las numapedagogia centralizada na crianya, capaz de atender a essasnecessidades;
5) as escolas comuns, com essa orienta~o integradora,representam 0 meio mais eficaz de combater atitudesdiscriminatorias, de criar comunidades acolhedoras, construiruma sociedade integradora e dar educayao para todos; alemdisso, proporcionam uma educavao efetiva a maio ria dascrian~s e melhoram a eficiencia e, certamente, a rela~ao custo-beneficia de todo sistema educativo.
Possuindo os mesmos objetivos da educayao comum a Educayao Especial
utiliza metodologias especiais, alternativas de atendimento diferenciado e recursos
humanos especializados. No Brasil os portadores de necessidades espedais sao
atendidos de acordo com suas necessidades:
a) em classes comuns do Ensino Regular, com ou sem professores
especializados;
b) com 0 apoio pedagogico complementar em salas de recursos;
c) no ensino com professor itinirante;
d) em classes especiais em escola comum;
e) em escolas ou centro de educa9ao especial.
Pode-se ainda relacionar as seguintes prioridades para 0 educando portador
de necessidades especiais:
a) aceierar 0 processo de integrac;ao no sistema regular de ensino,
respeitando-se as necessidades e as caracteristicas diferenciadas desse
aluno;
b) identifica-Io e atenda-Io 0 mais cedo possfvel, de modo a prevenir e/ou
reduzir as suas Iimitac;oes, no que diz respeito aos processos de
aprendizagem escolar;
c) tornar mais intenso os processos de triagem e de avaliayao do aluno;
d) oferecer continuidade do atendimento ate 0 grau de terminalidade
compativel com as suas aptid6es;
9
e) aumentar 0 padrao de qualidade dos servi90s especializados da Educayao
Especial, incentivando estudos, pesquisas e renovayao de metodologias
especiais;f} propiciar ay6es integradas e mecanisme de articulaqao entre as diversas
agencias de atendimento, aumentando a participaC;8o do aluno no
contexte sociocultural;
g) desenvolver programas sistematicos de informayao a familia e acomunidade em geral;
h) incentivar e apoiar a capacitayao de recurSO$ humanos, alam de incentivaras altemativas educacionais na area da Educayao Especial.
Quando nasce urn babe com necessidades especiais, ele tern um conjunto de
possibilidades, de capacidades para se adaptar ao meio, atraves da traca com 0
meio, desde que este favoreQa a criayao de estruturas mentais, intelectuais e
afetivas, que deem ao bebe condi90es de captar 0 conhecimento.
o indivfduo com deficiencia mental, em geral, tem dificuldade de usar as
ferramentas mentais de que dispoe, precisando ser estimulado a mobilizar seus
recursos intelectuais. Convem nao esquecer que alguns fatores interferem na
melhoria do desempenho, mesmo quando se trata de indivfduos com necessidades
especiais: 0 envolvimento emocional e Qutros aspectos do ambito psicol6gicQ, taiscomo, a capacidade de resistir as frustra¢es, 0 empenho, 0 auto-conceito, alam de
fatores que dependem da atitude do meio social como a valorizayao, 0 nfvel de
expectativa e exigencia externa.Maria Teresa Egler Mantoan (1989), considerando as caracterfsticas dos
processos de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos portadores de deficiencia
mental, assim define os objetivos a serem alcan9ados pelas crianQas, em seu livra
"Compreendendo a deficiencia mental- novos caminhos educacionais":a) ter oportunidade de agir livremente sobre urn meio fisico rico em estfmulos
e coordenar suas ag5es no sentido de estabelecer relag5es entre si e 0
mundo;
b) tomar consciencia das rela90es espaciais, causais e temporais, atraves
das quais possa organizar seu mundo ffsico e social, agindo sobre eles,
projetando as suas ag5es, os objetos e aconleeimentas vividas, no plano
simb6lico;
10
c) expressar essas representa¢es e atraves da linguagem oral, desenho,
brincadeira de faz-de-conta, imagem mental, imita9iio;
d) coordenar as representa¢es de dados conhecidos, refletindo de modo a
relaciona-Ias logicamente;
e) adquirir conhecimentos sociais que sajam uteis para sua adaptaC;80 a vida.
Sabe-se que algumas crian9as aprendem mais rapidamente do que outras,
algumas aprendem mais vagarosamente que seus companheiros da mesma idade e
em consequencia, tern dificuldade em se adaptar as demandas sociais, Par isso 0
objetivo da Educa9iio Especial que alem do aproveitamento academico busca
desenvolver a capacidade de comunicar-se, de cuidar de si proprio, tornar-se
independente e auto-suficiente, procurando seu lugar no mercado de trabalho,
sentindo-se parte efetiva da sociedade.
11
3 COMUNICA<;;AO. LEITURA E ESCRITA
E de suma importancia para toda a humanidade a comunicaqao. Atravas
dela, pode-se exprimir desejos, alegrias, tristezas, sentimentos, duvidas,
experiencias e ideias. Ela foi e sera sempre uma necessidade. Nao se pode viverisolado porque heft convivencia com outras pessoas, seja na familia, na escola, notrabalho, no lazer, ou em qualquer outro ambiente. Existe uma estrutura muito
grande de interaqao comunicativa ao nosso redor. Contudo, se a comunicagao a
uma necessidade, como seria a vida sem ela?E preciso uma certa aptidao para que a mesma se processe e que haja
comunicayao correta. S6 assim pode ser entendida; ao contrario pode gerar uma
desarmonia e mal entendidos. Em alguns casos a falta de habilidade para
comunicar-se pode rasultar em grandes perdas, como a fata de alunos que naD
questionam as professores par naD saberem como realizar as perguntas e deixaremde aprender determinado assunto. Em uma analise sucinta, a comunicac;aohumana
pode ser entendida como um meio de transmitir mensagens com 0 objetivo de afetar
as comportamentos das pessoas. Por meio deste processo, tornamos nossas ideias
e sentimentos mais adequados e mais compreensivQs aos outros. Nem sempre asnossas ideias devem estar de acordo com os Qutros, mas devem servir de elo paraum dialogo e um agregador comum. Sendo a comunicac;ao um pracesso de
transmissao e de receP9ao de ideias, ela tem uma dinamica de relacionar aspessoas e ate alterar os seus comportamentos.
Falar nao se limita somente a palavra oral, mas envolve todo e qualquer tipo
de comunica9Bo. Os indivfduos se comunicam' de diferentes maneiras. 0 choro, asgestos, a mlmica, a desenho, a pintura, a escrita e a fala oral sao varias formas de
comunicagao, ou seja, de Iinguagem.
Entende-se por comunicagao qualquer aqao pela qual 0 ser humano
transmite, recebe, elabora e interpreta as mensagens que Ihe sao apresentadas sobas mais diferentes formas e aspectos. Ja dizia 0 filesofo Aristoteles: "0 homem e um
ser social por excelencia e, portanto, em continua comunicac;ao com seusemelhante" (Paulo Koniuchowicz, 1988, p. 49).
Sendo tao essencial a todos os individuos 0 comunicar, deve-se lembrar que
os portadores de deficiencia mental necessitam tanto quanto, ou ata mais do que
Qutros (devido a discriminaqao a que estao sujeitos), de oportunidades e adaptagOes
12
para conseguirem expressar e fazerem-se entendidos alcanc;:ando assim com mais
facilidade as seus direitos e a cidadania.
Nos dias atuais e nota rio 0 crescente desinteresse pela leitura. Algumas
razees sao apontadas como causas desle fato, como; descuido familiar, decadencia
do ensina, excesso de facilidades na vida escolar e apelos sociais com muitas
formas de diversao.Dave-se observar que:
a) entre televisao, cinema, teatro, esporte e leitura, esla obtem quase sempre
um dos dois u~imos lugares;
b) entre livros e revistas, estas sao as preferidas par serem mais divertidas,
fapidas e movimentadas;
c) os alunos nao possuem biblioteca em casa e muitos nao tem nem
carteiras em bibliotecas;
d) as obras lidas sao determinadas pelo professor e cobradas atraves de
provas ou fichas;
e) constata-se que a leitura nao tem a mesma aceita9ao devido a utiliza960
inadequada do livre. E esta responsabilidade deve ser compartilhada.
1.0} Nas escolas publicas par causa das escassas verbas, as abras nao
podem ser adquiridas em numero suficiente e as alunes nao podem compra-Ias. Nas
escolas particulares, investe-se menos em livros do que em Qutros materiais
didaticos, e os alunos nao sao incentivados na propria familia.
2.°) Os profissionais( professores, orientadores, bibliotecarios) estao cada vez
mais sem tempo para acompanhar 0 movimento editorial da literatura infantil e
juveni!. Faltam pesquisas sobre a preferencia dos alunos e muitas vezes, a
recomenda960 de leitura extraclasse nem sempre e a mais adequada.
3°) A televisao, 0 cinema, 0 radio, a revista, 0 compulador, respondem de
maneira mais facil as necessidades dos alunos, pois nao terao cobranc;as (fichas,
analises, provas) e represenlam para eles uma op960 propria, em que podem
escolher como onde, quando, e 0 que fazer.
Ler e preciso, mas, nenhuma mudan9a e faci!. As pessoas sao despertadas
para os problemas, entendem que e preciso modificar, mas 0 descondicionamento e
dificil, apesar de todo empenho despendido. E precise agir, pois mudar a pratica ii
mais complicado do que mudar 0 discurso.
13
Atravas de pesquisas com os adultos constatou-se inumeras desculpas para
justificar a pouca au nenhuma leitura, como: falta de tempo, cansa~o,ausencia debiblioteca em casa ou pregui<;ade freqOentar uma, alam do pre<;oexagerado dos
fivros. Este fator indica a SitU8980 de que 0 livra, principal mente 0 de literatura, nao
e uma op<;aode lazer; nao tem 0 significado de algo prazeroso e evidencia 0 seu
desprestigio em rela<;aoa outros bens de consumo.
E importante ressaltar que muitas vezes nao sabamas diferenciar a palavra-informa9ao da palavra - arte(1). A primeira deve ser a mais precisa possivel, para
que a maior quantidade de pessoas compreendam da masma maneira a informay8.o.
Com a palavra - arta acorre 0 inverso, 0 numero de interpretagoes dave sar 0 maiorpossivel.
Dave-se considerar que a arts desenvolve-se mesclando tres areas vitais dosar humano: a motora, a cognitiva e a apreciativ8. Entretanto paraee carta, tambem,
que a Iiga9ao do homem com a arte e uma questao de aprendizagem apreciativa
com suporte motor e ideativo.
A area apreciativa diz respeito ao gosto, escolhas, atitudes, cren<;as,ideais, e
cuja aprendizagem acontece atraves da discrimina<;ao guiada pelo prazer e
desprazer. Assim, 0 processo de aprendizagem deve ser 0 acumulo de vivencias,experiencias acompanhadas de sensa9ao agradavel.
Com rela<;aoa aprendizagem existe uma diferen<;abasica entre as areas: na
motora e ideativa 0 mais importante e 0 produto, ja na apreciativa 0 produto e algo
quase impossivel de preyer, sendo menos importante que 0 processo e as vivencias.
Geralmente, nas escolas 0 que ocorre ao trabalhar a literatura a justamente
abominar 0 processo e obter resultacto, buscando 0 pensamento convergente.
"E preciso fazer compreender a crian9a que a leitura e 0 mais movimentado, 0
mais variado, 0 mais engra9ado dos mundos." Alceu Amoroso Lima.
A narra<;aoa mais agradavel ao espirito infantil, e 0 discurso direto a a melhor
apresenta<;aocom rela9ao as falas e aos pensamentos dos personagens. 0 dialogo
e indispens8vel as crianyas, pois atualiza a cana, presentifica os fatos, envolve maisfacilmente 0 leitor que 0 discurso indireto. Muitos autores sabendo da importancia do
dialogo fazem usa do discurso indireto livre, fazem perguntas ao leitor e supoem
respostas.
de cada pessoa, numa dimensao abstrata.
14
Sabe-se pela psicologia que desde 0 nascimento ate a adolescencia a crian9a
enfrenta diversas transforma¢es que estabelecem as suas fases de evolU!;ao. Para
a literatura infantil, tern sido levadas em considerayao tres dessas fases: a do mito, a
do conhecimento e a do pensamento racional.
Na fase do mito, que compreende as crian9Bs entre 3 e 7 anos
aproximadamente, predomina a fantasia e 0 animismo (2).
A segunda fase, entre 7 e 12 anos, e marcada pelo conhecimento da
realidade. A crian9B precisa de mais a98o: passa do plano contemplativo da fase
anterior para a executivo. Interessa-se pela experiencia do homem e pela ciencia.
Valoriza 0 esfor90 pessoal e 0 engenho do heroi para veneer os obstaculos.
Mais aU menDS dos 12 ate a adolescencia acarre a terceira fase, que e a do
pensamento racional. Inicia a dominic das n090e5 abstratas. Evidencia-se uma
segunda fase egocentrica, porem diferente da que ocorre por volta dos tres anos de
idade por apresentar carater social. A preOCUpa9aOe consigo, porem em sua
rela98.0 com as outros. Surgem as questoes sexuais e a interesse palo romance em
gera!.
E certo ressaltar que estas divis6es sao teoricas e servem apenas de ponto
de referencia, pois cada criantya tern 0 seu limite, num desenvolvimento peculiar
definido par muitas e diferentes variaveis.Para FElL (2000) saber contar estorias, relatar fatos e experiencias sao
provas incontestaveis de prontidao para a aprendizagem da leitura no caso de
crian9Bs nao deficientes.
E pade sar uma das maneiras da crianya com necessidades especiais
conquistar 0 seu espa90 em todos os seus aspectos (sociais, afetivos e
pedag6gicos).
(2) Animismo - proporcionar (imaginar) vida aos objetos.
15
4 LITERATURA INFANTIL
Monteiro Lobato e considerado 0 maior classico da Literatura Infantil
Brasileira, par criar as seus pr6prios contos. Sua maior inspirayEio fol a crianc;a, suas
fantasias, suas aventuras, travessuras, objetos de brinquedos e tudo °que povoa a
sua imaginac;8.oforam motivDs de inspirayao para 0 autor.
As obras de Monteiro Lobato retratam 0 universo infantil, extrapolando 0
esquema convencional em que as outros autores evidenciam em suas obras. Para
Irlemar Chiampi, Lobato, abrange em todo este universo, "a capacidade de
expressar urn espa90 cultural, numa sociedade, urna problematica hist6rica, com
urna perspectiva nao documental, mas integradora das vari8s faces do real".Cumpre distinguir a literatura propriamente infantil da fievao adaptada; esta
ultima serve-se de produc;5escelebres da Literatura Gera!, acomodando-as a feigao
da mentalidade dos meninos a fim de proporcionar-Ihes 0 conhecimento de tais
obras e alargando-Ihes 0 horizonte cultural, enriquecendo 0 patrimonio,
Obras como as de Swift ou um Cervantes nao se destinam intencionalmente
as crianC;8S,assim como as landas que compoe as rnitologias classicas e pagas.Monteiro Lobato, para citar urn exemplo , passau palo criVD da versao infantil,
ficgoes desse tear. Assim fe-Ie 0 grande escritor patricio no "D. Quixote das
Crianges", no "Hans Staden", no "Minotauro" e em "Os Doze Trabalhos de
Hercules."A historia da literatura infantil comege a delinear-se , quando a criange passa
a ser considerada urn ser diferente do adulto, com caracteristicas e necessidades
proprias, devendo reeeber uma educagao especial que a prepare para a vida adulta,
Antes disto, a criange acompanhava a vida social do adulto e participava de
sua literatura.
E preciso distinguir os dois tipos de aeesso a literatura; a da crianga nobre
que era orientada par preceptores e lia os grandes cla.ssicos; e a das classes menDSprivilegiadas que lia as hist6rias de cavalaria, aventuras, e ouvia as lendas e contos
folcloricos,
A literatura infantil tem 0 seu ponto de partida, sob ° aspecto de consagragao
universal, na Franga do ssculo XVII. E encontrade na obra fantasiosa de Perrault e
na obra de carater didatico de Fenelon.
16
Charles Perrault (1628-1703), colhendo e adaptando as lendas e narraQoes
afloradas da tradigao e do folclore, imortalizou-se atraves de contos maravilhosos
como 0 do Gato de Botas e 0 da Gata Borralheira, sendo hoje considerado autor
classico do genera, ao lado de Andersen e dos Grimm. 0 Primeiro livro de Perrault
data de 1697.
Fenelon (1651-1715) teve qualidades pedag6gicas que foram aplicadas na
educaQao do duque de Borgonha, neto do rei Luis XIV. Em "Telemaco" sua obra
mais formosa, relata as aventuras do filho de Ulisses. Nota-se que 0 autor,
disfan;:ado na figura de Mentor, servia-sa para ensinar ao duque as deveres de urn
principe.La Fontaine (1621-1695) e 0 classico modemo das fabulas. Adaptadas, elas
constituem 0 encanto da garotada.No seculo XVIII, destaca-se :
Jonathan Swift (1667-1745) com suas "Viagens de Guliver".
Daniel Defoe (1660-1731) com 0 "Robinson Crusoe".
Mme. Leprince de Beaumont (1711-1780), cuja obra denuncia preocupagao
educativa. Entre suas produQoes salienta-se "A Fada das Ameixas", "A Bela e a
Fera", "0 Principe Encantado", "Loja dos Adolescentes", "0 Manual da Juventude"
Berquin (1749-1791), fai fiel discipulo de Rousseau, e considerado por muitos
o verdadeiro fundador da literatura infantil. Sua obra fundamenta-se na realidade e
nao na ficyao imaginosa. "Literaturas Escolhidas", serie de contos varios, constitui
um de seus trabalhos mais apreciados.
Surgem no seculo XIX e fase contemporanea:
Hans Christiano Andersen (1805-1875), escritor e poeta dinamarques mais
sensivel e delicado escritor do genero. Em seu estilo esta sempre presente a magia
que 56 a paesia pade comunicar, nimbada de suave e contagiante ternura. E autor
de 156 contos, entre os quais figuram "0 Patinho Feio" (autobiografico), "0 Caracol
e a Rosa", "0 Pinheiro", "0 Rouxinol", "A Sereiazinha", "0 Soldadinho de Chumbo",
"A Roupa Nova do Imperador", "A Pequena Vendedora de F6sforos", "Sapatinhos
Vermelhos" etc.
Irmaos Grimm: sao Luis Jacob (1785-1863) e Guilherme Carlos (1786-
1859),que alem de fil610gos e lexic6grafos, foram os pioneiros dos estudos
folcl6ricos. Os contos que os celebrizaram, emanam diretamente das fonles
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primitivas e genuinas da tradi~ao e saber populares. Publicaram "Contos populares"
e "Lendas Alemas".
Frances Hodon Burnet a 0 autor de "0 Pequeno Lord", conhecida obra de
conteudo romantico.Collodi, cujo verdadeiro nome e Carlos Lorenzini, imortalizou-se com seu
boneco de pau, 0 "Pinocchio".
Mattew J. Barrie, escritar escoces, criador de "Peter Pan" e 0 simbolo da
infaneia etema, corporificado no menino que naD quis crescer.
Lewis Carrol foi pai da celebre "Alice no Pais das Maravilhas", obra de critica
ao esnobismo de uma apoca, e impregnada daquilo que os ingleses chamam de
"nonsense",
Fenimore Cooper com 0 "0 Ultimo dos Moicanos", "0 Corsario Vermelho" etc.
Lyman Frank Baum, imortalizado com seu "Magico de OZ'.
Julio Verne a autor de obras engenhosas e ao mesmo tempo instrutivas. Sua
fi~o-cientifica popularizou-se em trabalhos como 'Vinte Mil Laguas Submarinas",
"A IIha Misteriosa", "Cinco Semanas em Balao", "A Voila ao Mundo em 80 Dias" e
"Os Filhos do Capitao Grant"
A heran~ cultural da humanidade a contada, de forma oral ou escrita, h8
varias seculos. Oesde 0 inrdo da historia, 0 homem busea explicayaes para as fatas
naturais que 0 cercam, para 0 nascimento, 0 crescimento e a marte, para a
sucessao dos dias e das naites, para as relay6es de arnor e 6dio entre as pessoas.
Estas diferentes interpretaQiies dos fenomenos naturais e das relaQiies interpessoais
deram origem as lendas, aos mitos e tambem aos contos de fadas, ao folclore e asfabulas. Cada momento hist6rico produziu seu repertorio caracteristico, transmitido
oralmente pelos povos iletrados e aos poucos sistematizado pelo conhecimento da
escrita, e difundidos universalmente com a inven~o da imprensa.
Na vida da crianga, a leitura possibilita 0 conhecimento sobre seu meio, os
valores da cultura em que esta inserida e as rela90es familiares e sociais. Dentre os
contos modernos, podemos observar uma grande tendencia de livres que falam acrianc;a sobre os problemas do dia a dia e como as personagens encontram
caminhos para resolve-los. Alguns falam da rivalidade entre irmaos, outros sobre as
incertezas em rela9ao ao amor dos pais, sobre a amizade, sobre as angustias de
crescer, ou sobre a separa~o dos pais.
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muitas vezes com tr8905 c6micos na linguagem au nas ilustragaes. Alguns sao maisexpHcitos, Qutros mais sutis.
Isso ocorre tambem nos contos de fadas, que falam dos sentimentos mais
profundos dos seres humanos, seus conflitos diante dos tamas de cresci mento,
Hberdade, rivalidades e relacionamentos. Os contos de fadas sao atemporais e parse passarem num tempo distante, num lugar que nao mais existe, possibilitam acrianga uma identificagao segura com as personagens e suas angustias. 0 final feliz
mostra a crianya que e passivel sobreviver masmo as situ896es mais atrozes, com aajuda de seres especiais (fadas, magos ou animais encantados).
Esse e 0 conteudo cultural extremamente rico que se pode obter pela leitura.
E a hist6ria da humanidade, como grupo social, contada atraves da literatura infantil.
Sao as valores eticos que permeiam nassas relac;oes e que podem tar urn impactopositivo na formayao da crianga, deficiente au nao, levados a ala sem 0 cani!ter
explicitamente educativo.
A Literatura Infantil comporta as mesmas especies e generos da Literatura
Gera!. Assim, ha modalidades em prosa (contos, novelas, romances, fabulas,
ap610gos,pegas teatrais etc.) e em verso (narrativas ritmadas ou rimadas como os
romances au xacaras, as parlendas, e todas as composic;oes singelas que comp5em
o patrim6nio da chamada "poesia infantil"). Algumas especies, informam
particularmente as letras infantis.
Contos de Encantamento - Sao narray5es em cujo enredo ocorre qualquer
fato extraordinario OU inverossfmil, tais como as metamorfoses fantasticas,
sortilegios estranhos, f6rmulas cabalfsticas, talismas invenciveis etc; e 0 imperio
absoluto do imposslvel, da magica e do imprevisto. Seria suficiente evocar est6rias
como as de "Aladim e a Lampada Maravilhosa, "0 Passaro de Ouro", "A Bela
Adorrnecida no Bosque", "A Gata Borralheira", "0 Pescador e 0 Genio" etc. Numa
dessas ficy5es basta uma senha ser proferida para que algo incrfvel ocorra. E 0 caso
do Ali Baba com seu providencial "Abra-te, Sesam~!", chave infalfvel para a remogao
de obstaculo que veda a entrada da caverna famosa. Noutra e urna ave que se
transforma em esbelto e elegante mancebo, como em "0 Papagaio Real". Naquela
outra uma linda donzela, ao ser espetada na cabe9a por um alfinete, vira urna
pomba branca, e numa pomba que fala, como sucede na "Moura Torta"
Contos de Fadas - Sao tamMm contos de encantamento, nos quais ocupam
as fadas lugar de evidencia. Mas 0 que sao fadas ? 0 termo remonta ao grego, com
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a significagao de "Brilho", "Fulgor" tendo chegado ata n6s pelo latim atravas de
"fatum", a que S9 prendem na mesma famflia etimol6gica Qutras palavras como:
fado, fatal, fatalidade, fabula etc. A palavra "Fada" ainda integra 0 lexico em
expressoes de sentido delicado e laudat6rio: trabalho de fada, maos de fada, dedos
de fada etc. Filhas da imaginativa popular, as fadas surgiram no declinar do
paganismo, herdeiras de determinadas peculiaridades que as cren9as mitol6gicas
haviam atribufdo as ninfas, as ondinas, oriades, drfades etc. Pode-se considera-Ias
irmas das druidesas, entre as celtas, e das valquirias entre as germanos. Na Fran9a,
sao 0 elemento marcante dos romances de cavalaria.
As fadas, conforme as landas que as inspiram, dispoem de poderes magicos;
de preferencia, usam deles para beneficiar um afilhado, ou seja, um individuo que ao
nascer, Ihes e confiado a protet;13o. Podem cumula-Io de dons admiraveis, como
riqueza, beleza, fortuna, poder etc. Presidem, assim, a evoluC;80 de um destin~, e
dai a origem do nome latino "fatum", - destin~.
Est6rias Acumulativas - Sao narra96es em que os epis6dios sucedem-se
consecutivamente encadeados, numa sequencia pela qual as casas anteriores S9
repetem face a representagao de outro. Os casos acumulam-se entao gradualmente
ate 0 desfecho, que afinal refere-s9 ao proprio inicio da narrativa. 0 exemplo tipico
dessa especie encontra-se na estoria da formiguinha, cujo pe ficou preso na neve.
Sao estorias que agradam particularmente a criangas novas, pais sua tecnica
baseada na iteragao, possibilita maior facilidade ao acompanhamento do enredo.
Estorias de Aventuras - Sao narrayaes entremeadas de acidentes e episodios
empolgantes por que passam personagens destacadas, centralizadas na figura de
herois, caso seja mais de urn. 0 assunto dessa especie e bern variavel: ora se
prende a lances apicos e dramaticos (como no caso de cavaleiros medievais de
marinheiros e piratas, de vaqueiras e bandoleiros, de espadachins etc.), ora a casos
envolvenda enigmas e surpresas (como nas narrativas de misteria e nos contos
paliciais), par vezes a fatos simplesmente pitarescos ou de peculiar ineditismo (como
nas fiC90esde fundo cientista ou nas de conteudo humoristico).
Fabulas - Sao narra90es que visam explicar a origem de certas
particularidades de um ser ou coisa. Assim 0 porque da rivalidade ou animosidade
entre animais como 0 ceo e 0 gato, 0 motivo da existencia do rabo nos macacos, a
razao pela qual a goela da baleia a estreita etc. Muito conhecido a 0 conto "A Festa
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no Ceu", que nos informa a causa do aspecto caracteristico do couro do sapo, taosalpicado a maneira de femendos.
Para comemorar 0 Dia Internacional do Livro Infantil em 1994 Katherine
Paterson deixou a mensagem de que 0 mundo a dos que leem, mas virar as folhas
de urn livre naD e tao simples. 0 que e uma verdade tao simples e evidente parapessoas como Katherine, que sabem 0 potencial transformador dos livros, naD e taoclaro e palpavel na realidade da maioria das pessoas, principalmente nos paises
onde a desigualdade social e mais forte. 0 livro nao esta ao alcance de todo mundo,
e e sem duvida, urn desafio expandir 0 numera dos que possam ter aceSSQ aD atoda leitura.
A promo~ao eficaz da leilura s6 tera lugar com base em projetos
sistematicamente aplicados e concebidos. Nastes, nenhuma comunidade,
independente de sua condic;8.o, podera ser excluida. Programas especiais para
rninorias etnicas, emigrantes, deficientes fisicos, visuais au mentais, cidadaos em
condi¢es dificeis de sobrevivencia, significam um campo de desenvotvimento em
que 0 livra deve estar presente, e para tanto pode significar um instrumento valioso.
Um dos aspectos essenciais em qualquer livro a a criatividade. Abrir
caminhos da imaginayao a qualquer forma de conhecimento significa assegurar a
sobrevivencia da cultura e do intelecto em nosso mundo.
Os professores envolvidos num trabalho com literalura devem ir alam da lao
somente leitura do livro; e necessaria ler pensando na forma como e com que
objetivos ele podera ser trabalhado com as crian~s.
FreqOentemente fala-se em arte, comparando-a com as agoes do dia-a-dia,
dizendo: "a arte de jogar futebol, de vender, de pintar, de cozinhar, de preparar uma
mesa para 0 jantar, de enfeitar uma casa, enfim, a arte de viver". Muitos ja pensaram
sobre esse conceito, como Isaac Antonio Camargo, Mestre em Arte - Educa~o:
"Arte a a manifesta~o que mais se aproxima da essencia humana". Alam de ser 0
meio de expressao par excelencia, assume caracterfsticas poeticas, tecnicas e
filos6ficas. A arte em si e urn todo organico e indivisfvel. Pode ser realizada em
diferentes modalidades de expressao. E nessas modalidades, em varias tacnicas,
com seus instrumentos materials especificos, possibilitam 0 aparecimento de
diferentes linguagens expressivas, quer sejam visuais, sonoras, cenicas ou literarias.
A eslatica de que se fala reune elementos que sao meios de organizar 0
pensamento, a sensibilidade e a percep~o do mundo com sua beleza.
Para a crianya 0 belo e uma ayao complexa.
esta na qualidade dos objetos, nem e urn produto da consciencia, mas uma forma de
relayao que ela mantem com 0 mundo. Nessa experiencia estatica experimenta-se 0
"objeto" como sentimento sem a mediayao conceitual da linguagem. A arte nao e
uma atividade neutra, mas implica a expressao pessoal de valores, sentimentos e
significay6es. E por isso que, para a crianya, a arte e a espontaneidade a fior da
pele.
A criatividade do individuo torna-se concreta como um processo sistematico
de assimilayao diaria; e a expressao reproduzida no "objeto artistico", que esse
sujeito absorve, integra e da nova forma aos elementos ajustados numa estetica
propria. Sao partes de si proprio: como relaciona e sente; como interpreta eva; alam
de como refaz e pensa. 0 ato de fazer, com seus processos, reune elementos de
sua experiancia, formando urn novo significado para ele.
A sua satisfayao em fazer a enorme, liberta-se do mundo ao explorar e
experimentar 0 "objeto artistico", pois essa criatividade nao Ihe e imposta.
Compromete-se com naturalidade e emOy80 na criayao. Pensar no ate de fazer,
implica, primeirarnente, em comeyar sempre, sentir-se seduzido pelo "objeto
artistico", por fazer. Essa seduyao prirneira e uma das caracteristicas da pessoa
criativa, que dada a sua persistencia e inconformismo busca a confirmayao daquilo
que faz.
Numa visao mais ampla constata-se que ~Opapel e despertado de seu sono
de candura, despertado de seu pesadelo branco". A arte a expressao, comunicay80,
percepyao e conhecimento numa relay80 de Intima intenyao, visando a realizayao
do ato expressivo livre de rotula95es e imposi95es exlernas ao produtor.
o papel do educador e estimular, viabilizando a produyao diaria da maneira
mais adequada possivel.
o texlo litecario e fruto de fantasias, emo95es, sonhos, sensibilidade e
liberdade de espirito. Ha no livro de literatura infantil tres artistas: 0 escritor, 0
lIustrador e 0 diagramador. Eles se unem para criar esse objeto tao mistificado que
e 0 livro infantil. 0 livro-objeto e tambem fruto de jogo e brinquedo. E fruto de
fantasias e arranjos magicos. E jogo de inteligencia, imagina9110e liberdade.
Nada e proibido para 0 criador. Sonhar e voar sao condi95es necessarias
para um trabalho agil, bonito e simb6lico. Criar e estar com todos os sentidos
concentrados, com a inconsciente emergindo livremente. A arte e recriayao e
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expressao da realidade. 0 artista reeria a realidade buscando urna linguagem nova e
imprevisivel. Tenta ir alem dos c6digos gastos para provar uma leitura simb6lica,
tensa, intensa e emotiva. Nao se trata apenas de contar urna hist6ria, mas de
provocar prazer, fruiyao, sonhos e fantasias.Quem trabalha com 0 livra infantil deseja provocar a imaginag8.o do leitor, 0
riso e a emo~o. Cre que 0 leitor seja capaz de ler e de criar junto; capaz de
envolver-se no brinquedo, no fogo e no jogo que as imagens e as palavras propoem.Crianga que faz do livra urna caixa magica de surpresas, urn sorvete, urn
colorido area-Iris, urna coisa pra sar cheirada e apalpada, para ser riscada e
recriada, urn foguete que leva a incrfveis viagens, e urna criang8 feliz. Sera
possivelmente urn adulto mais humano, mais sensfvel e menes robotizado.
Quase nao ha livra nos bergas, nos parques, nos consultorios de pediatras edentistas, nas casas e nas esoolas. Na maioria das vezes, as crianyas so conhecemo livra no oolegio. E so conhece e acha ser posslvel existir 0 livra com letras, paracompletar a alfabetiza~o. E 0 livro se torna dever, tarefa, li9030,obriga903oque 0
professor deu e deve ser cumprida. A obriga903oda leitura informativa e formativa se
mistura e se confunde com a leitura do prazer, literaria, com a fi~o e poesia. Em
muitas escolas, fantasia, Ilberdade e prazer nao Sao mais como anteriormente coisasproibidas pelos curriculos, por pais e educadores. Cada um esta podendo deixar a
imagina~o fluir como um aroma de perfume. Os pais e os educadores devemaprender a nao serem imediatistas, deixar de pensar na chegada e se preocuparcom a beleza da travessia. Literatura e momenta de tragua, pausa apos obriga¢es
passadas. E instante de sonhos, de VQOS, de viagens, de passeios, de rir e facilitar atravessia.
Para fazer da leitura literaria mais um motivo de aprendizagem, a escola
sempre privilegiou historias e poemas moralistas e patrioticos, com desprezo ao
meramente ludico e estatico. E posslvel enxergar que nossa literatura mudou. Estamais rica e inventiva. Instaura a beleza e a duvida. Veicula idaias sem panfletismo.
Questiona e desmistifica tabus. No3o quer ''Iazer a cabe9a" mas premiar a
curiosidade e as indagayoes.
o professor deve ser 0 estimulador que os pais provavelmente no3oforam.
Deve mostrar 0 livro para a crian'f€! diariamente, provocar descobertas, criticas e
recriay6es; ser capaz de abrir espa90s para 0 prazer, para a curtigo3o;estabelecer
uma rela~o intima entre a crianga e 0 livra.
23
Alida Gersie (8ele90es, 1998, p 98), que escreve sabre contar historias,
garante que cada pessoa tern a propria "balsa de historias", que contem as
memorias, experiencias e acontecimentos de urna vida inteira.
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5 RELATOS DE CASOS
Com 0 intuito de impulsionar 0 crescimento do indivfduo com necessidadesespeciais, englobando 0 desenvolvimento de suas capacidades e habilidades e que
foi idealizada a Escola Especial Bom Jesus. Sua inaugurayao aconteceu em 1983. A
escola enfoca a parte pedagogica que oportuniza atraves de uma programayao
adaptada as necessidades de cada educando especial a realizayao do processo da
leilura e da escrita. Ha lambem atividades dirigidas e supervisionadas como
informatica, danya, teatro, atividades com cavalo, alividades aqualicas, musica e
atividades de vida diaria que visam uma maior independencia e socializac;ao. 0
trabalho fonoaudiol6gico envolve a reorganizaC;:8o neurol6gica, as fungoesneurovegetativas e as 6rg805 fonoarticulatorios. Ha tambem 0 trabalho com oficinas,
como a de conserto de brinquedos, marcenaria, artesanato, trabalhos caseiros,jardinagem, horticultura, minhocultura e ovinocultura. 0 computador 9 utilizado pelos
alunos diariamente com 0 auxHio da professora, para complementar as conteudosacademicos verificados em sala de aula. Os alunos que freqllentam esla escola sao
distribuidos em grupos de acordo com a idade cronologica e necessidades, e
recebem atendimento bem individualizado.
E comum 0 portador da deficiencia mental apresentar disturbios de
linguagem, al9m da dificuldade de aprendizagem. Por isso, a preocupayao dos
profissionais que trabalham na Escola Especial Bom Jesus e procurar minimizar esta
situac;ao com 0 auxilio de varias instrumentos, entre as quais a literatura infantil, quealem de urn vefculo de formayao, pode tomar-se um meio de transmitir carinho eseguranya, ou de descobrir a soluyao para algum problema.
Cada sala de aula tem um movel repleto de livros infantis que ficam adisposiyao dos alunos, os quais podem ser manuseados frequentemente,
principal mente ao termino das tarefas, nos intervalos de lanche e descanso ap6s 0
almoc;o.Ressalta-se que 0 horario de permanencia na escola e 0 seguinte: 2.a , 4.a e
6." das 08:20 as 17:30 e 3." e 5." das 13:00 as 17:30. Atualmente os alunos fazem
emprestimos de livros da biblioteca geral da escola, uma vez por semana, com
escolha livre da historia e sem cobranya de tarefa, isto e, ler somente por prazer.
Acredita-se que quando as crianyas comeyam a escolher livros por vontade
propria, esta iniciando 0 processo de auto-educayao. 0 freqllentador assiduo de
biblioteca" aprende mais do que qualquer escola poderia Ihe ensinar, e a manancial
2S
de conhecimento e sabedoria que conquista Ihe servira par toda a vida. Ao
selecionar suas leituras literarias sem sentir, as crian98s estarao sa preparanctotambem para a vida. Dentro da magia de ver, observar, indagar, comparar e avaliar
ha um dialogo com 0 texlo Iiterario. E ha, indiretamente, um dialogo tamoom com 0
mundo do real. A leitura pelo prazer passa tambem a ser uma forma de entender a
vida, complemento de uma educagao mais porosa, critica, inquieta, viva e liberta.
E importante ressaltar que 0 trabalho proposto aos alunos especiais adota os
mesmas criterios adotados com aS alunos do ensina regular, lembrando das
adaptayaes necessarias e do respeito as particularidades de cada um.
Por se tratar de um trabalho com crian9as portadoras de necessidades
especiais, em primeiro lugar houve uma selegao das historias de acordo com a idade
mental das mesmas e nao apenas cronol69ic8. Tambem considerou-se 0 conteudo,a emedo, a linguagem, as personagens e 0 genera de preferencia no momento da
escolha.
A apresentagao das historias seguiu de forma diversificada, utilizando, com
frequencia, 0 proprio livro. A alternagao objetivou enriquecer a experiencia dos
educandos, colocando-os em contato com diversos tipos de material e despertando-
as para diferentes tipos de expressao. As varia90es propostas foram: narrativ8simples, a narrativ8 com auxflio do livre sem othar as gravuras de imediato, narrativ8com livro, 0 usa de gravuras au seqOencia de cartel as, a narrativ8 com interferencias
do narrador e dos ouvintes, projevao de transparencias ou slides e a historia
gravada em CD.
A mesma historia foi repetida apos alguns dias ou retomada no mes
seguinte. Na primeira vez, como as alunos nao sabem 0 que acontecera, a
expectativa e muito forte; ja nas seguintes, conhecendo 0 emedo, identificadas com
algum personagem, apreciam melhor a trama, podem antecipar as emoyaes e torna-
las mais ricas e duradouras, alem de perceber mais as pormenores. Os proprios
educandos solicitam a repetic;ao das hist6rias.
Durante 0 conto, as alunos estiveram na sala de aula, ou em cantato com a
natureza, uma vez que a escola e ecoI6gica(3) e propicia esta condigao. Eles
permaneceram sentados nas carteiras, em almofadas, na grama, em baneos, ou
(3) escola ecologica - com vasta area verde onde prevalece 0 convivio natural e
harmonioso entre 0 ser humano, os animais e a natureza.
26
entao, deitados em colchonetes, numa posigiio descontraida, onde todos puderam
focalizar a narradora e a material a sar apresentado sem fon;ar 0 pescoyo.
Cada histaria selecionada foi trabalhada respeitando alguns dos passos
descritos abaixo:a) a masma historia foi contada mais de uma vez;
b) a hist6ria foi representada atraves de dramatiza96es;
c) os alunos trabalharam com 0 desenho da hist6ria, pois este e 0 inicio da
escrita;
d) apas 0 termino da hist6ria foram propostas atividades para fixagiio da
mesma, construyao de outra, bern como para associac;ao a Qutras praticaseducativas e artlsticas, desencadeando a criatividade, como par exemplo:
recorles, modelagem, fantoches e dobradura;
e) com a auxHio do computador 05 alunos puderam reescrever a hist6ria
trabalhada, elaborar uma parecida, ou enta~, criar uma e depois conta-Ia
aos seus amigos e professora;
f) a professora pode adaptar outras ideias de acordo com as necessidades
dos alunos, par exemple escrever no quadro de giz a historia inventada
oralmente pelo grupo, que ainda nao esw alfabetizado e depois enfatizar 0
conteudo academico que esta sendo trabalhado, exemplificando: circular
todas as vogais, fazer um X na letra M, e assim por diante;
g) os alunos receberam tiras de papel com frases e depois de realizada a
leitura das mesmas (com auxilio da professora), juntos colaram-nas na
seqOencia correta dos acontecimentos, representando com desenhos.
Algumas hist6rias utilizadas foram: Feliz aniversario! , Luvas, Flicts, Quem
tem medo de dentista e Os dez dedinhos.
A avaliagiio foi qualitativa atraves da observagiio da professora e da familia
com relagiio as modifica96es que surgiram no comporlamento geral do aluno. 0
tempo foi indeterminado, pois sabe-se que 0 trabalho com porladores de
necessidades especiais e prolongado.
Analisando 0 trabalho de forma ampla, tem-se como resultado imediato a
melhora do respeito, do cuidado e do interesse pelos livros de hist6ria infantil, bem
como a postura na biblioteca.
Na maioria das crian9as percebeu-se uma maior apropriagiio de signos
linguisticos e de vocabulario, 0 que favoreceu il ampliagiio de conhecimentos sobre
si mesmos, 0 mundo e a fantasia. Observou -se urn aluno que durante as::-.iQr.""n)J'
come90u a perceber a diferenya do real e do imaginario e com a mediayao da
professora sentiu necessidade de indagar se era de verdade, au 56 de mentira, ateque compreendeu 0 significado e agora ja faz a separayao com facilidade e muitas
vezes indica aos amigos.Tambem obteve-se uma melhora significativa na interayao com as outras
pessoas, na cooperayao e na habilidade de trabalhar em grupo, fatores importantes
no convivio social, verificados principalmente durante as dramatizay5es. Apareceram
os lideres, os inibidos adquiriram confianya em representar e 0 fato de vestir outras
roupas as transformavam e alegravam.Em alguns alunos pOde-se constatar 0 desabrochar da criatividade, 0
interesse ern narrar e inventar hist6rias e 0 desenvolvimento das opera¢es mentais,como atenyao, observayao e concentrayao, nao apenas nas praticas do conto, mas
em todas as situay5es (com 0 computador, jogos, atividades academicas e
esportivas).
Relata-se urn episodio que ocorreu envolvendo a historia Flicts de Ziraldo.
Ap6s 0 trabalho com 0 livro em varias etapas: indagayao sobre 0 que seria Flicts,
laitura da historia sem olhar as gravuras, leltura com apresentayao das figuras,
discusseo sabre diferentes formas de discriminagao e desenho da parte que maisagradou; surgiu a oportunidade de assistir a peya teatral apresentada par alunos
com necessidades especiais. 0 resultado foi positiv~, todos adoraram, fizeram
muitos comentarios e naD cansam de pedir para assistir de novo. Muitas vezes, aD
colorirem urndesenho referem-se a cor, a hist6ria e ao fata de ajudar as pessoas, deser solidario. Foi urn trabalho abrangente que realmente penetrou em cada aluno.
Segundo Telma Weisz (2000) 0 papal da literatura infantil na alfabetizayao ;,
fundamental e que 0 cantato com as mesmas, desde os primeiros anos de vida, eessencial para semear 0 interesse pala linguagem escrita. Esta afirmac;ao foi
comprovada, pois uma das alunas sensibilizou-se tanto com hist6rias que hoje
escreve textos envolvendo a sua paixao, isto e, 0 cantor Leonardo. Algumas de suashist6rias estao em anexo. Outro aluno, fanatico por futebol, alfabetizou-se atraves dojornal. Atrav;,s do que Ihe proporcionava prazer (noticias sobre 0 seu time preferido)
iniciou sua caminhada no mundo magico da leitura e da escrita e atualmente escreve
varios comentarios, aconselha 0 tecnico e faz apelos a torcida demonstrando de
forma explicita a sua felicidade. Deve-se relatar que a escrita neo Ii totalmente
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correta, par issa ale reeebe sempre a mediac;8.oda professora para aprimora-Ia a
cada dia. Alem disso ele consegue interpretar muito bern os personagens que Ihe
sao atribufdos em dangas e teatros, como 0 Sancho Panga em Dom Quixote de LaMancha.
Diz Vygotski: "aprendizado adequadamente organizado resulta em
desenvolvimento mental e poe em movimento varios processos de desenvolvimento
que, de outra fonma, seriam impossiveis de acontecer". Ele da urn valor para a
aprendizagem escolar quando diz que ela: "produz algo que e fundamentalmente
novo no desenvolvimento da crianc;a"Alem dessa experiencia verificada na EEBJ, relata-se mais duas experiencias
que tambBm obtiveram resultado positivo no trabalho com literatura infantil.
A atividade Hora do Conto foi instituida na Escola de Ensino Especial "Maria
Mendes Valente"- A.PAE. de Bela Vista do Parafso para os alunos dos programas
de educagao Pre-Escolar e Escolar. 0 projeto tinha como objetivo: socializar,
faerear, formar e informar, enriquecer a linguagem, aumentar 0 tempo de aten98.o econcentragao, estimular a imaginagao, despertar emo90es, desenvolver 0
sentimento de compreensao e simpatia, despertar 0 senso estatico e antiestetico;
literario, formar 0 habito de ieitura e sobretudo ensinar a Quvir.Todos asses objetivosforam desenvolvidos e alcangados par meio de historias, poesias, poemas, lendas,
parlendas e musicas, as quais proporcionaram urn contato rico com a linguagem orale escrita. 0 projeto foi desenvolvido semanalmente tendo uma hora de duragao cada
aula. Foram realizados mini- projetos de acordo com as datas comemorativas econteudos academicos de maneira a apoiar e complementar 0 trabalho do professorna sala de aula, 0 recursa principal foi 0 narrador, pois, sua voz, sua expressaocorporal, fisionomica e principalmente seu gosto e entusiasmo pela historia
despertavam a interesse dos alunoR Utilizou-se, ainda, outros recursos para motivar
mais 0 interesse das criangas como: albuns, seriados, f1aneI6grafos, fantoches,teatra de sombras, slides, gravuras e desenhos. Os resultados do projeto Hora do
Conto foram significativos, pOis, os alunos adquiriram urn poder de concentragao e
atengao maiores durante as atividades, melhoraram muito na leitura, interpretagao
oral e escrita, a interesse e 0 cuidado pelos livros, 0 desenvolvimento academico emrelagao it aprendizagem foi satisfatorio, pOis envolveu e despertou 0 interesse de
todos os professores da escola.
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Em Sao Paulo, Maria R Salotti e Sonia A M. Fran<;:autilizaram historias
infantis como mediadoras para 0 avanqo da linguagem em sujeitos portadores de
deficiencia mental, reunindo-se semanalmente per urna hara com cinco grupos com
oito participantes cada, com idades entre cinco e vinte anos. Foram colocados adisposi<;;iio livros, brinquedos, fantoches e fantasias, sendo explicado que eles
poderiam contar e ouvir historias, desenhar, representar e conversar. Comoresultado, verificaram mudan<;:assignificativas no plano do desenvolvimento pessoal
e em aspectos ligados a socializa<;;iio.Observou-se maior dominio corporal, melhoria
na qualidade de desenhos, na discrimina98.o de sons e cores e na organizagao das
ideias. Houve maior dominic do significado de palavras e f/uencia verba\. Quanta asocializ8980, atitudes coorporativas foram observadas: organiza~o nasdramatizayOes, montagem dos cenarios e composic;8.ode personagens.
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6 CONCLUSAO
Ser leitor nao e resultado de um processo natural. E necessaria, alem da
interferencia educacional e cultural, cantato permanente com 0 material escrito,
variado e de qualidade, desde cedo, fruto de uma agao consciente da sua
importancia e fungao social.
As vezes as crianyas dao depoimentos afirmando que nao precisam da leitura
porque assistem a televisao. Mas quem nao Ie tem a capacidade de atengao limitada
e dificuldade em ordenar urn tema. Alem de que muitas vezes a televiseo expoe as
crian98s a urna visao equivocada e superficial do mundo, nao permitindo dar vazao a
imagina98.o au a criatividade.
o texto literario oferece urn sentido maior para 0 conhecimento, devido aamplitude par ele transmitida. Par meio da literatura a crian98 torna-se mais ativa,
participante e comunicativa, livre para reflex6es e formayao de imagem. Os textos se
bem adequados, podem estabelecer um dialogo com sua propria vivencia, fazendo
com que aconteg8 urn encontro maior com 0 seu eu.
Levando-se este fator em consideragao e que constatamos a importancia do
trabalho com a literatura infantil para 0 desenvolvimento global( intelectual,
emocional, social,etc) dos portadores de necessidades especiais da mesma forma
que 0 e para as crianyas ditas normais.
FreqOentemente as pessoas estudam a deficiencia mental preocupando-se
exclusivamente ou em grande parte com a investiga<;ao diagnostica, afim de
determinar a causa e 0 grau de seu deficit (0 que Ihe falta). Entretanto, e
indispensavel tambem conceber a crianya portadora de necessidades especiais(DM)
como qualquer criant;a, urn ser que se constitui como sujeito na sua relat;80 com 0
outro, devendo ser-Ihe dado espayo e liberdade para ser sujeito, pessoa humana.
Os resultados mostram que 0 uso da literatura infantil no trabalho diario com
crianyas com necessidades especiais enriquece a fazer pedag6gico e potencializa 0
seu desenvolvimento.
As mudanyas alcanyadas com as alunos e as informay6es registradas nao
sao estanques) e nem acabadas por completo, mas passfveis de aprimoramento.
Sabe-se que as crianyas tem habilidades, capacidades e necessidades
diferenciadas. 0 trabalho com a literatura infantil pode ajudar cada aluno de uma
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forma diferente, seja na escnta, na fala, na maneira como se comportar num grupo
social, no modo de aceitar as regras de urn jogo, na forma de interagir com as
colegas.
Como escreveu a poeta Carlos Drumond de Andrade: "A leitura e fonte
inesgotavel de prazer". Ensina as crianyas a pensar par si, ajudando-as a explorar
os reinDs do conhecimento por caminhos pr6prios.
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ANEXOS
<J_-,..-::.", f~rrLlCl L'-~ _ . (' ,", ~') ",__t'::.!i:S<j :::>v d;,,: ,-'IY,--(l -,J:I' -.'" _ " -:,-
P-.)~.Aj'(Y\,- LG- yy\(t:. ~ f/l:ll ,,~ (~J::l\~L:~"\, e""t-tl .JA.ml-O-..- (L.Q.t.,':¥ J..-tJn~ f~'T~nll~I,' "l '"
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, , ,!-, r; 0 J," fl A 'd \t ~\"""-J,,l ,e! l'; IO~kU) AD-' d~'7;::'CC'('v" )/Jlj);; 'iJ ,,'''1 fe.' t,' :,(,:]),
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ASSOCIAQAO FRANCISCANA DE EN SINO SENHORBOMJE8US
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