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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO (PROGRAD) CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (CCSA) DEPARTAMENTO DE ECONOMIA (DEPEC) CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS BRUNO OLIVEIRA FERNANDES OS MERCADOS VIRTUAIS DE COMPRA COLETIVA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS NATAL/RN 2014

monografia - bruno oliveira fernandes - Biblioteca Digital … por Besanko e Braeutigam (2010); o Na seção 5 abordaremos alguns dos autores que já teorizaram sobre o comércio de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO (PROGRAD)

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (CCSA)

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA (DEPEC)

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

BRUNO OLIVEIRA FERNANDES

OS MERCADOS VIRTUAIS DE COMPRA COLETIVA E SUAS PRIN CIPAIS

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

NATAL/RN

2014

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BRUNO OLIVEIRA FERNANDES

OS MERCADOS VIRTUAIS DE COMPRA COLETIVA E SUAS PRIN CIPAIS

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

Trabalho apresentado à Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, no curso de Ciências

Econômicas, como parte dos requisitos para a

conclusão da graduação.

Orientador: Prof.º Dr. João Paulo Martins

Guedes

NATAL/RN

2014

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Fernandes, Bruno Oliveira. Os mercados virtuais de compra coletiva e suas principais características

econômicas / Bruno Oliveira Fernandes. - Natal, RN, 2014. 61 f. Orientador: Prof. Dr. João Paulo Martins Guedes. Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Economia. Curso de Graduação em Ciências Econômicas.

1. Economia - Monografia. 2. Comércio eletrônico - Monografia. 3. Compra

coletiva - Monografia. 4. Mercado virtual - Monografia. I. Guedes, João Paulo Martins. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 33:004.738.5

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BRUNO OLIVEIRA FERNANDES

OS MERCADOS VIRTUAIS DE COMPRA COLETIVA E SUAS PRIN CIPAIS

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,

como requisito para a obtenção do título de

Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovada em _________ de _________________ de __________.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof.º Dr. JOÃO PAULO MARTINS GUEDES

_____________________________________________________

Prof.ª Dr.ª VALÉRIA RODRIGUES LEITE

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Aos meus pais, meu irmão Rafael, colega

Laura, e ao meu professor-orientador Dr. João

Paulo, todos me auxiliaram na elaboração

deste trabalho.

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“Você é do tamanho dos seus sonhos.”

Fernando Pessoa

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RESUMO

Trata-se de uma pesquisa a respeito das compras coletivas que surgiram no Brasil em meados

de 2010, através das quais as empresas se utilizam de sites específicos voltados para esse tipo

de venda. Haja vista o grande crescimento no número de internautas no Brasil e no mundo, as

compras coletivas tornaram-se frequentes e o seu crescimento gerou diversos estudos

econômicos sobre sua viabilidade, despertando em uma parte dos cientistas sociais o desejo

de se estudar as suas características, como modo de identificar um modelo na qual se encaixe.

O objetivo deste trabalho, é portanto identificar as peculiaridades, como também os fatores

econômicos envolvidos nesse processo de compra coletivas de mercadorias e serviços, a partir

de um determinado modelo econômico. Para isso, utilizou-se essencialmente o método

bibliográfico, além de consultas a sites - dada a natureza do objeto de pesquisa.

Devido à importância da regulamentação dessas novas relações de mercado, o presente

trabalho trata ainda a respeito do aparecimento de recentes leis que visam dar efetividade e

proteção aos direitos dos consumidores deste recente “modus operandi” do sistema

econômico.

Dada a imprevisibilidade intrínseca ao futuro, especialmente quando se trata das

ameaças/oportunidades provenientes de inovações tecnológicas, ironicamente, na mesma

velocidade de seu espantoso crescimento, o mercado de compras coletivas repentinamente

minguou, e praticamente desapareceu.

Palavras-Chave: Compras Coletivas. Novos Mercados. Economia.

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ABSTRACT

This is a survey about the group buying that emerged in mid-2010, through which companies

make use of specific sites facing this type of sale. Considering the large growth in the number

of Internet users in Brazil and around the world, this type of market has become frequent and

their growth has generated many economic studies on viability, awakening in a portion of

social scientists, the desire to study their characteristics, such as mode to identify an economic

model in which it insets.

The objective of this study is therefore to identify the peculiarities, as well as the economic

factors involved in this collective process of buying (goods and services) from a particular

economic model. For this, we used essentially the literature method, in addition to visits to

sites - given the nature of the research object.

Due to the importance of the regulation of these new market relations, this paper also analysis

the appearance of recent laws aimed at providing effective protection and consumer rights to

this new "modus operandi" of the economic system.

Given the inherent unpredictability about the future, especially when it comes to

threats/opportunities from technological innovations, ironically, at the same speed of its

amazing growth, the group buying market suddenly waned, and virtually disappeared.

Keywords: Group Buying. New Markets. Economy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Monopólio com preço uniforme e discriminação de preços de primeiro grau. ....... 22

Figura 2: Discriminação de preços de segundo grau. .............................................................. 24

Figura 3: Discriminação de preços de terceiro grau. ............................................................... 25

Figura 4: Formação de preço e a curva de demanda do consumidor no modelo de compra

coletiva. .................................................................................................................................... 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Redes sociais no Brasil. ........................................................................................... 19

Tabela 2: E-commerce no Brasil, 2008-2014. ......................................................................... 20

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Crescimento do e-commerce no Brasil. ................................................................. 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13

2 A ERA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO DIGITAL .............................................. 15

3 UMA ABORDAGEM INICIAL SOBRE O COMÉRCIO DE COMPRAS COLETIVAS .......... 17

4 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 21

5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 27

6 DEFINIÇÃO E O PROCESSO DA COMPRA COLETIVA ....................................................... 30

7 AS CARACTERÍSTICAS DA COMPRA COLETIVA ............................................................... 32

7.1 O Comprador ............................................................................................................. 32

7.2 O Vendedor ............................................................................................................... 33

7.3 O Site ......................................................................................................................... 36

8 O MODELO ECONÔMICO DE COMPRA COLETIVA ............................................................ 40

9 O MODELO DE COMPRA COLETIVA É VIAVEL ECONOMICAMENTE? ......................... 43

10 REGULAMENTAÇÃO DAS COMPRAS COLETIVAS ............................................................ 46

11 A DECADÊNCIA DAS COMPRAS COLETIVAS ..................................................................... 48

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 50

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 52

14 ANEXOS ....................................................................................................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

O tema discutido neste trabalho trata de um período de revolução tecnológica

conceituado por Perez (2002) como a “era da informação e comunicação digital”. Este

período teve seu início nos Estados Unidos, a partir de 1971, tendo se estabelecido com

base nos estudos de Machlup (1959), que notou que o número de ocupações ligadas à

produção de conhecimento ultrapassou aos números de outras ocupações.

Os sites de compra coletiva no Brasil - tema da presente monografia - são ainda

uma importante novidade para o comércio, que se instalou no país desde 2010 e que

vieram conquistando rapidamente o mercado on-line em anos seguintes. Entretanto até

pouco tempo não havia uma política efetiva para proteger os direitos desses internautas,

enquanto consumidores.

A relevância deste tema (o comércio de compras coletivas) se deve ao seu próprio

surgimento: uma nova ferramenta comercial, a partir das recentes inovações tecnológicas.

E as questões dela provenientes: compensa o empresário investir nessa nova ferramenta?

Ou mesmo, que nem seria uma questão de escolha, mas de uma necessidade? E talvez tão

interessante quanto analisar uma nova forma comercial, é analisar o seu rápido abandono

(como é este o caso).

Este presente texto foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica de livros e

artigos publicados sobre o mercado de sites de compras coletivas. Foram utilizados dados

coletados na Internet (em sites que tratem do assunto) bem como notícias disponíveis em

jornais, revistas, trabalhos acadêmicos e outros documentos a esse respeito.

Para sua elaboração foi utilizado o método histórico, descrevendo de modo sucinto

o aparecimento dos sites de compras coletivas, e esclarecendo como se deu sua evolução;

usou-se ainda o método estatístico descritivo, para que através dos dados percentuais,

pudéssemos entender como se deu o desenvolvimento deste tipo de mercado; para só então

aplicarmos os cálculos de viabilidade econômico-financeira. Por último, foi usado o

método comparativo com a finalidade de obter dados a partir da revisão bibliográfica dos

referencias teóricos encontrados.

Este trabalho traz ainda como objetivo geral, estudar as características dos

principais agentes econômicos, ou seja: comprador, vendedor e o site, envolvidos nas

relações do mercado de compras coletivas. E busca esclarecer como se dá a relação entre

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eles. Faz parte do objetivo específico: demonstrar quais são essas novas tendências e suas

possíveis consequências para o desenvolvimento do tipo de mercado em questão.

Com a esperança de que se tornasse em uma sequência lógica, a monografia a

seguir foi dividida nas seguintes seções:

o A seção 2, visa abordar superficialmente algumas das importantes revoluções

tecnológicas contemporâneas;

o O capítulo 3 tem como objetivo demonstrar em dados, a evolução da participação

das compras eletrônicas e coletivas no Brasil;

o No capítulo 4 veremos quais são os três graus de discriminação de preços,

propostos por Besanko e Braeutigam (2010);

o Na seção 5 abordaremos alguns dos autores que já teorizaram sobre o comércio de

compras coletivas;

o A seção 6 descreve como se dá o processo da compra coletiva;

o As características da compra coletiva, seção 7, definem quem são os atores

econômicos e quais os seus papéis nesta nova forma comercial;

o Na seção 8, apresentamos o modelo econômico da teoria do custo total

desenvolvida por Hall e Hitch (1986), sob aspecto das compras coletivas;

o Na seção 9 busca-se responder a relevante pergunta: O modelo de compra coletiva

é viável economicamente?

o O capítulo 10 trata da regulamentação dessa nova modalidade de compras on-line;

o O capítulo 11 explica o por quê da falência das compras coletivas pelo mundo;

o As Considerações Finais da pesquisa são apresentadas na seção 12.

o A seção 13 (anexos A e B) apresenta recentes regulamentações elaboradas, que

visam essa nova forma de mercado;

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2 A ERA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO DIGITAL

Como dito anteriormente, o tema discutido neste trabalho trata a respeito de um

período de revolução tecnológica conceituado por Perez (2002) como a “era da informação

e comunicação digital”. Este período teve seu início nos Estados Unidos, a partir de 1971,

tendo se estabelecido com base nos estudos de Machlup (1959), que descobriu que o

número de ocupações ligadas à produção de conhecimento ultrapassou aos números de

outras ocupações. Logo após, ele discriminou esta série de transformações como

“inovação”, que daria início a uma nova fase da economia mundial, denominando tal

mudança como o nascimento da “indústria baseada no conhecimento”. Com a influência

do trabalho de Machlup (1962), Porat (1977) posteriormente desenvolveu novas pesquisas

com vista a aprofundar a análise deste mercado econômico que então surgia; e a

conceituou como uma nova fase, que ficou então conhecida como “economia da

informação”.

A evolução tecnológica tornou possível a reprodução em massa, ou seja, permitiu

que fossem feitas cópias exatas de textos, imagens, áudios, vídeos e outros materiais

informativos, de acordo com a necessidade do mercado consumidor, tornando esse

processo repetitivo, de uma maneira em que o ciclo de reprodução de cópias se tornasse

virtualmente infinita. Este fato modificou a economia da informação, e alavancou

rapidamente o processo produtivo, o que auxiliou o crescimento desta nova economia de

uma maneira nunca antes vista. Entretanto, foi com o aparecimento da Internet e

posteriormente com a criação do World Wide Web (WWW) que a chamada “economia da

informação” teve seu amadurecimento, de forma a chegar aos moldes econômicos atuais.

Esse desenvolvimento agregou rapidez à informação, o que fez com que ela se

tornasse cada vez mais abrangente, e transportou a revolução da informação não só para o

comércio, como também para outros mercados. Isso levou à um aumento expressivo de

oferta1, o que tornou propício o aparecimento de novas tecnologias e o desenvolvimento de

máquinas para que os serviços relacionados a esse novo comércio fossem igualmente

eficientes, podendo acompanhar o crescimento da demanda gerada por ele.

O próximo passo na revolução quanto à forma das vendas atuais, aconteceu na

medida em que mudanças nos modelos de venda foram sendo implantadas, chegando à

1 Afinal, para as empresas mais competentes, a Internet representou uma oportunidade para oferecer seus produtos á virtualmente qualquer lugar do mundo.

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época de relevante crescimento que foi a revolução do petróleo e do automóvel2; e mais

tarde com o desenvolvimento da tecnologia da informação.

O modelo de produção foi gradativamente substituído por um modelo de rede, o

que deu maior flexibilidade e mais rapidez para o desenvolvimento dos produtos. O

modelo de produção acelerou o crescimento econômico, pois empregava máquinas muito

potentes e isso acarretou o aumento na oferta dos produtos, no entanto, ainda não havia um

modelo que se destacasse por seguir o perfil dos consumidores, ou seja, não havia

diferencial para o mercado consumidor (NOGUEIRA, 2012).

Com a evolução do mercado, a forma de venda também mudou, passando a

acompanhar as novas tendências, e assim a produção se transformou para atender o

interesse de mercado. Esse fator ampliou a demanda de vendas personalizadas e

diversificou a qualidade dos produtos, dando maior abrangência às opiniões e as

preferências do mercado consumidor (toyotismo3). Assim sendo, com uma forma mais

eficiente de informação, foi possível criar uma linha de produção para atender demandas

momentâneas (just in time), diminuindo o estoque e, por sua vez, os custos para o

fabricante e/ou fornecedor.

Portanto, o antigo mercado em série que utilizava de forma intensa os recursos

energéticos e materiais, tinha como característica uma rotina pesada em busca do

cumprimento de metas pré-estabelecidas, e era composta por estruturas sistematizadas e

ligadas à hierarquização organizacional, que centralizava verticalmente o controle da

produção.

Ao passo que as redes de produção flexíveis são caracterizadas por serem intensivas

em informação e conhecimento, seus produtos são diversificados, e acompanham as

tendências de mercado, o que faz com que a constante busca de mudanças seja uma

importante ferramenta para obter melhoramento contínuo dos produtos. Esse tipo de

produção se utiliza também de redes descentralizadas, com comunicação vertical e

horizontal, ou seja, está presente em todos os níveis da organização.4

O grande crescimento e abrangência desse estilo de comercialização de produtos

pode ser detectada se estudarmos os dados que demonstram o desenvolvimento no uso da

Internet no Brasil. Como veremos na próxima seção.

2 Em verdade, o tema “evolução tecnológica” vai muito além do escopo deste texto, que busca apenas uma breve explanação. 3 Ou “Sistema Toyota de Produção”, é um sistema de produção desenvolvido pela Toyota entre 1948 e 1975, em que aumenta-se a produtividade e a eficiência, evitando o desperdício, como a superprodução. 4 Para maiores detalhes: “O modo de produção flexível e o novo perfil do trabalhador no século XXI” (Michel de Souza).

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3 UMA ABORDAGEM INICIAL SOBRE O COMÉRCIO DE COMPRAS

COLETIVAS

O mercado de compras coletivas nasceu a partir de um site chinês5 no ano de 2006,

conforme afirma Felipini (2011), com o objetivo de facilitar a forma de negociação dos

clientes com as empresas. Mesmo que tenha sido baseado em um modelo simples, os sites

de compra coletiva de hoje derivam dele, como é o caso do Groupon, criado nos Estados

Unidos em 2008. Devido ao seu pioneirismo em relação ao tema, cabe discorrer

brevemente sobre ele, a seguir.

O Groupon, fundado por Andrew Mason, foi o primeiro site criado no modelo

atualmente difundido, e já foi considerado como o maior site de compras coletivas do

mundo (2008-2011). Em um ano e meio o Groupon atingiu um valor de mercado estimado

em um bilhão de dólares. Em 2010 o Google fez uma oferta de 6 bilhões de dólares para

comprar o site, mas a empresa fundadora rejeitou a proposta e realizou uma capitalização

através das vendas de ações do site, o que totalizou um acréscimo de quase um bilhão de

dólares ao patrimônio da empresa.

Mas este não foi o pioneiro dentre os sites de compra coletivas a se instalar no

Brasil, alguns meses antes tivemos a instalação do PeixeUrbano, que abriu seu acesso no

país em março de 2010. Depois que estes sites obtiveram sucesso em suas campanhas,

sugiram diversos outros, contando com a numerosa marca de mais de 2 mil sites de

compras coletivas instalados no Brasil6, demonstrando o que parecia ser um mercado

promissor.

Essa nova forma de mercado é uma modalidade do e-commerce, e baseia-se em

oferecer um grande desconto (que em média chegava a 90%7) para um número mínimo de

consumidores pré-estabelecidos. Para que esse número seja atingido, as empresas que

adotam esse modo comercial contam com a ajuda dos próprios consumidores para

propagarem as suas ofertas (especialmente por meio de redes sociais).

Os sites de compra coletiva no Brasil, que se instalaram desde 2010, vinham

conquistando gradativamente o mercado. Entretanto, durante essa fase de seu surgimento,

ainda não havia uma política efetiva para proteger os direitos desses internautas enquanto

consumidores. Para tanto, foi preciso que o vínculo estabelecido pelos sites de compra

5 TeamBuy. Disponível em: <http://www.teambuy.com.cn>. Acesso em: 27/06/2014. 6 Bolsa de Ofertas. Disponível em: http://www.bolsadeofertas.com.br. Acesso em: 15/12/2014. 7 E-Commerce News. Disponível em: <http://ecommercenews.com.br/glossario/o-que-e-compra-coletiva>. Acesso em: 11/12/2014.

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coletiva, empresas anunciantes de produtos/serviços, e os consumidores fossem claras. Ou

seja, tornou-se necessário que fossem esclarecidos aos consumidores quais seriam as

regras, condições e detalhamento da compra, para uma possível responsabilização no

surgimento de problemas. O que será abordado ainda mais adiante no texto.

Até meados de 2011, o Brasil representava 3,6% da população mundial de

internautas; eram cerca de76 milhões de usuários, com esse número o país estava na quinta

posição do ranking entre países com maior número de internautas, ficando atrás de China,

Estados Unidos, Índia e Japão. A Internet no Brasil apresenta crescimentos expressivos e

entre 2008 e 2013 mais de 30 milhões de novos internautas começaram a navegar na rede,

segundo o CETIC8, totalizando 85,9 milhões de internautas no Brasil (51% da população

vs. 49% na medição em 2012). Com esses dados o Brasil demonstra um potencial de

considerável magnitude para o mercado de comunicação eletrônica, que atraiu a atenção

dos comerciantes do setor para seu forte potencial ainda a ser explorado9.

Diante dos dados iniciais expostos, poderemos notar que o crescimento de

consumidores da Internet, acompanha o crescimento dos novos mercados10, como o

comércio eletrônico (ou e-commerce); e ainda os mercados de compras coletivas - que será

por nós estudado como objeto desta pesquisa.

Outro fator importante para a expansão do mercado de compras coletivas é o

potencial de divulgação existente nos mecanismos de redes sociais, que conforme os dados

fornecidos pela empresa eMarketer11, as vendas do e-commerce devem dobrar em cinco

anos, passando de US$ 9,58 bilhões em 2011 para US$ 17,30 bilhões em 2016. Além

disso, o estudo também estima que em cada cinco brasileiros, dois estarão realizando

compras on-line daqui a dois anos.

Ainda segundo esse Instituto de Pesquisa, o comércio eletrônico no Brasil deverá

expandir 11,7%, comerciando R$ 31,9 bilhões em 2014. Contudo, o crescimento positivo é

ligeiramente inferior ao obtido em 2013, quando o e-commerce nacional cresceu em 20,3%

com relação a 2012.

O eMarketer - que é especialista em comércio eletrônico - ainda classificou o

comércio on-line no país como “em estágio de desenvolvimento”. Com relação ao total de

8 Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. 9 A internet no Brasil. Disponível em: <http://www.secundados.com.br>. Acesso em: 20/08/2014. 10 Brasil e adesão às redes sociais. Disponível em: <http://www.jornaldebrasilia.com.br>.Acesso em: 23/08/2014. 11 eMarketer. Disponível em: <http://ecommercenews.com.br/noticias/pesquisas-noticias/e-commerce-brasileiro-deve-dobrar-em-cinco-anos-aponta-emarketer>. Acesso em: 10/12/2014.

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consumidores, estima-se que o Brasil terá 107.7 milhões de usuários de Internet em 2014,

sendo que 37,7%, ou 32.9 milhões de consumidores, farão ao menos, uma compra digital.

O país apresenta uma panorama distinto dos países mais desenvolvidos, como os Estados

Unidos, onde estima-se que 74,4% dos usuários de Internet realizarão ao menos uma

compra on-line em 2014. Apesar de o Brasil estar á frente, com relação a outros países da

América Latina.

Os sites utilizam-se das redes sociais para realizar a divulgação de suas ofertas a

fim de alcançar o número mínimo para validar a oferta, como explica-se em ClickOn12; e

caso a oferta não atinja o número mínimo de compradores, o dinheiro é devolvido na conta

do usuário no próprio site.

Tabela 1: Redes sociais no Brasil.

Fonte: <http://www.secundados.com.br>

Outro fator importante para o desenvolvimento dos mercados de compra coletiva é

o crescimento do próprio e-commerce, que está crescendo continuamente no Brasil, como

podemos perceber no gráfico a seguir.

12 ClickOn. Disponível em: <http://www.clickon.com.br/sobre/como-funciona>.Acesso: 10/12/2014.

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Gráfico 1: Crescimento do e-commerce no Brasil.

Fonte: <http://secundados.com.br>.

O faturamento desse mercado deve faturar US$ 1,471 trilhão em 2014, o que

representa um crescimento de 20% em relação ao ano anterior (EMARKETER, 2014).

Para 2018, a expectativa é que este montante aumente para US$ 2,356 trilhões no planeta.

Quando analisamos a quantidade de ‘e-consumidores’ sobre o total de internautas

no Brasil, vemos que a inserção do e-commerce chega a 61% dos internautas, alcançando o

faturamento de R$ 16,06 bilhões no primeiro semestre de 2014.

Com este crescimento, houve a oportunidade do desenvolvimento quanto ao

mercado das compras coletivas, entrando de maneira competitiva nesta aquecida economia

virtual. A tabela a seguir expõe como se deu essa evolução do mercado.

Tabela 2: E-commerce no Brasil, 2008-2014.

Fonte: <http://www.secundados.com.br>

Fica, então, evidente a tendência ao crescimento do número de consumidores on-line no Brasil; e inferimos com isso que houve influência na participação/faturamento do mercado de compras coletivas.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

Por se tratar de um assunto ainda pouco discutido, por seu recente surgimento, não

há muito material teórico disponível para especificamente tratar deste assunto; porém

foram pesquisados alguns materiais a fim de descrever algumas das teorias econômicas que

se aplicam às características desse novo modelo de mercado.

A característica mais marcante dos mercados de compra coletiva são os percentuais

de desconto ofertado pela empresas, que devem corresponder a um número mínimo

preestabelecido de vendas solicitado pelo vendedor.

Conforme estabelece Besanko e Braeutigam (2010) “a discriminação de preços são

formas de o vendedor conseguir capturar um excedente, cobrando preços variados para seu

produto”. Essa discriminação dos preços é medida através de três graus, e em cada um

desses graus a empresa busca maximizar sua margem de lucratividade mediante a fixação

do preço, que é estabelecido de acordo com a demanda de cada um dos segmentos de

mercado, e então poderá igualar a receita marginal ao custo.

O primeiro grau de discriminação de preços é aquele por meio do qual a empresa

busca fixar um preço para a unidade, de acordo com a reserva do consumidor, ou seja, é

aquele no qual se estabelece o valor máximo para o produto, dentro do limite estabelecido

pela disposição do consumidor a pagar aquele valor. Esse é o grau considerado o mais

eficiente no que diz respeito aos outros dois graus que veremos a diante, haja vista que

neste primeiro grau não existe o peso morto nem excedente do consumidor. O produtor

extrai todo o excedente.

Os leilões são um exemplo deste primeiro grau de discriminação de preço, pois

neles têm-se como objetivo primeiro vender o produto com o maior preço de reserva

possível para o consumidor, o que gera uma margem de lucros mais confortável com um

maior preço de reserva. Para que se compreenda melhor, a figura 1 a seguir ilustra a

discriminação de preços de primeiro grau realizada por uma empresa monopolista,

comparando o que ocorre quando não é aplicado este grau.

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Figura 1: Monopólio com preço uniforme e discriminação de preços de primeiro grau.

Fonte: Nogueira, 2012.

A partir do estudo e observação da figura 1, podemos concluir que uma empresa

monopolista poderá maximizar seus lucros, tendo em vista que o preço estabelecido

cobrirá um preço uniforme, por exemplo, pode-se escolher o P* e vender Q*. Assim,

segundo Besanko e Braeutigam (2010), o valor excedente do produtor será equivalente a

área do gráfico, representada por: G + H + K + L. Contudo, a parte correspondente a E + F

não seria afetada, posto que corresponderia à parte excedente do consumidor. Ainda temos

que considerar que a área resultante de J + N representa a parte que não seria afetada nem

pelo consumidor e nem pelo produtor, ou seja, esta área é o chamado “peso morto”.

Nesse sentido, se a empresa fizer a discriminação de preços de primeiro grau,

poderá cobrar de cada consumidor um preço correspondente a disposição que eles tenham

de pagar pelo produto, e então terá uma margem de lucro mais abrangente, pois irá

corresponder a todo o excedente. Assim o excedente corresponderá a área igual à soma de

E + F + G + H + J + K + L + N. O resultado dessa estratégia é a quantidade de vendas

representado na figura por Q** unidades, tendo em vista que a empresa venderá o produto

de modo que o preço cobrado por unidade seja correspondente ao custo marginal,

inexistindo assim o excedente de ambas as partes da relação, ou seja, não haverá neste

modelo o peso morto.

Já na discriminação de preços de segundo grau, de acordo com os mesmos autores,

a empresa oferece um desconto no preço dos produtos de acordo com a quantidade de

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produtos que o consumidor adquirir, isso quer dizer, quanto mais se comprar maior será o

valor do desconto, haja vista que ele será proporcional a quantidade vendida. Este método

de desconto é muito usado para as lojas de venda em atacado, nelas o consumidor

consegue comprar produtos a um preço abaixo do valor de mercado, exatamente pela

grande quantidade de vendas, que ultrapassam as quantidades do que é vendido no varejo,

por exemplo.

A discriminação de preço de segundo grau traz consigo alguns traços semelhantes

aos mercados de compra coletiva, considerando a quantidade de produtos à venda que

controlam o valor dos descontos. Isso se deve ainda porque nas compras coletivas é

necessário que se estabeleça uma quantidade específica de produtos a serem vendidos com

o preço baixo. O grande diferencial dos sites de compras coletivas para o mercado de

vendas no atacado, é que, no mercado de venda no atacado as pessoas podem comprar uma

grande quantidade de produtos a preço baixo, ainda que sejam destinadas a um só

comprador; ao passo que no mercado de compras coletivas os produtos com descontos só

podem ser adquiridos em pequenas quantidades, ou seja, há uma limitação de unidades

vendidas por pessoa.

Na figura 2 a seguir, observamos a representação de como o excedente é

apreendido pelo vendedor (a área ilustrada em vermelho), e nela temos a adoção do preço

(P). Deste modo, sendo o custo de margem representado por Cmg, constante, e sua

demanda inclinada para baixo, o vendedor poderá aplicar a modalidade de cobrança de

preços em blocos, onde á um preço P*, vende Q*. Ainda nessa linha de raciocínio, a

discriminação dos preços faz com que seja abrangido por ele um excedente de preço, que

gerará o lucro excedente (ilustrado como a parte destacada em azul).

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Figura 2: Discriminação de preços de segundo grau.

Fonte: Nogueira,2012.

O último tipo de discriminação por aqui abordado é a do terceiro grau: na qual a

própria empresa realiza uma separação dos consumidores em diferentes grupos, ou

segmentos de mercado, e então faz uma diferenciação dos preços cobrados entre esses

grupos, cada um de acordo com o seu segmento. Esse tipo de diferenciação é aquela que

seria usada para a cobrança de preços para estudantes ou idosos, como por exemplo,

quando eles vão comprar ingressos de shows, cinema, ou passagens de ônibus. Para melhor

compreensão, veremos o exemplo trazido na figura 3. Nela, temos o preço P para todos os

públicos em geral, com uma vendagem de quantidade Q; e temos ainda a discriminação de

preços onde há uma redução de ingressos para P*, o que corresponde ao total de vendas

Q*.

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Figura 3: Discriminação de preços de terceiro grau.

Fonte: Nogueira, 2012.

Como dissemos, a discriminação de terceiro grau é mais utilizada quando é

necessário que haja uma divisão dos consumidores ou clientes em certos segmentos que

serão representados em diversas curvas de inclinação diferenciadas.

Isso significa dizer que para cada segmento de mercado há uma demanda, com

quantidade diferente de produtos e que para cada um dos segmentos haverá também um

preço fixo diferente. Percebemos isso se compararmos as curvas das demandas de

ingressos para os segmentos dados, ainda na figura 3. Percebe-se que para os idosos e

estudantes há uma elasticidade maior de D*, representada por sua inclinação, ao passo que

a curva para D, que são os demais consumidores, é mais fixa. Os segmentos representados

neste exemplo por idosos e estudantes são mais sensíveis às variações de preço.

Dessa forma, a diferenciação consegue captar o interesse de estudantes e idosos,

que está representada pela área em azul; com o excedente representado pela área em

vermelho, obtendo uma venda igual a P.

Assim, a finalidade da discriminação de preços é a conquista do excedente por parte

da empresa, ou seja, visa minimizar o excedente do consumidor para que este se torne o

excedente do vendedor.

Conforme afirmam Besanko e Braeutigam (2010) o mercado em análise, acima

discutido, deve conter três características (hipóteses):

A primeira característica está ligada ao poder de mercado que a empresa deve ter

para discriminação dos preços de seus produtos da maneira que lhe for mais viável. Ou

seja, a curva de demanda da empresa deve ter uma inclinação decrescente, não podendo

deste modo ser tomadora de preços, mas sim ela mesma deve fixar seus próprios preços de

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forma diferenciada para cada tipo de produto, mercado e unidades. E para que isso seja

possível, conforme afirma Pindyck (2005) “é necessário que a empresa seja atuante num

mercado de concorrência imperfeita”, na qual cada empresa possua certo grau de

monopólio, de acordo com o percentual do mercado que elas dominam. Assim sendo, a

diferenciação dos produtos é dada pela estratégia utilizada pela empresa. Nesse tipo de

mercado também não existem fortes empecilhos à entrada de outras empresas, que

provavelmente produzirão um produto diferenciado, mas com substitutos próximos à dos

concorrentes.

Uma segunda característica refere-se à capacidade que a empresa deve ter de

impedir a arbitragem ou a revenda. Pois caso isso ocorra, o próprio consumidor poderá se

colocar como intermediário. Isso acontece quando ele compra os produtos por preços mais

baixos para revendê-los a outros consumidores, observando os preços que eles estejam

dispostos a pagar em conformidade com a variação de mercado no qual esta inserido.

Havendo a revenda, isso poderá afetar a discriminação de preços, visto que o que deveria

ser excedente do vendedor está sendo capturado pelo consumidor que atua como

intermediário.

Uma terceira e importante hipótese desse modelo é que a empresa precisa ter

informações sobre as diferentes variações de preços que os clientes estejam dispostos a

pagar para adquirir o determinado produto. Porque o vendedor necessita ter ciência da

elasticidade dos preços, para saber como se comportam os consumidores de acordo com

cada uma das variações de demanda.

Essa eficácia é medida por meio do estudo da economia da informação, que vem

sendo amplamente analisada por diversos economistas como George Akerlof, Michael

Spence e Joseph Stiglitz, que chegaram a ser premiados com o Nobel de Economia no ano

de 2001, na discussão desta matéria. Eles desenvolveram a importante teoria dos mercados

com assimetria de informação, tornando possível que outros pudessem ampliar as

pesquisas a esse respeito.

No que se trata das compras coletivas, na realidade ocorre sim assimetria de

informações, tendo em vista que tanto o vendedor quanto o site de compra coletiva

dispõem de mais conhecimento sobre os custos e margens de lucro, do que os seus

consumidores.

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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os progressos contemporâneos relacionados à tecnologia fizeram com que

surgissem novas oportunidades para o desenvolvimento do marketing e, por conseguinte,

deram grande abertura para a implementação de novas estratégias de vendas (SHUGAN

2004). O mercado de compras coletivas surgiu e se desenvolveu como uma dessas

estratégias, haja vista que a tecnologia, como meio de facilitar a troca de informação, vem

conquistando gradativamente seu espaço na vida das pessoas.

Á medida que se desenvolve as tecnologias, surgem estudos a respeito dos impactos

das mesmas. Neste sentindo, começou-se a realizar estudos científicos sobre os grupos de

compras e sobre os internautas que figuram como compradores. Che e Gale (1997)

analisaram como um número determinado de pessoas, enquanto compradores, poderiam

influenciar nos modelos disponíveis de planos de seguros de vida para seus membros. No

entanto, nesta época não foi dada muita importância ao marketing ou à aplicação de

estratégias pela perspectiva do vendedor. Em seguida, tivemos os estudos realizados por

Anand e Aron (2012), que sugeriram o modelo de compras coletivas ao vendedor como

uma maneira de encontrar um preço mais atraente quando se tratar de uma demanda

incerta.

Também vieram Jing e Xie (2011), que procuraram dar aplicação ao modelo

atualmente em ascensão, expondo-o não apenas como um modelo, mas também como um

modo de interação social, tendo em vista que, os consumidores estão divididos em níveis

de conhecimento e informação a respeito do produto, e como consequência disto haveriam

visões diferenciadas sobre o mesmo produto. Visando solucionar e prevenir os possíveis

problemas que isto pode causar ao vendedor, Jing e Xie (2011) expõem as compras

coletivas por meio de um padrão baseado nos tipos de consumidores: o que está à par das

informações sobre o produto, e um outro tipo que é menos informado.

O argumento base para estimular este tipo de compra é o fato de que elas são

usadas para causar impacto nos consumidores informados, para que haja uma melhor

divulgação da oferta, de modo que possa atingir também o grupo menos informado por

meio do conhecimento de mercado. Deste modo, quando o vendedor anuncia o desconto de

um produto em oferta, está utilizando uma estratégia de marketing para atrair o grupo de

consumidores informados. Por conseguinte, este grupo atrairá outros consumidores por

meio da divulgação pessoal, afinal, é necessário que haja um número mínimo de

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consumidores dispostos a adquirir o produto para que o desconto seja efetivado;

trabalhando assim a favor do vendedor, chegando a atingir os consumidores antes menos

informados.

A partir dessas informações, foi criado um novo modelo de interação entre os

agentes do mercado de compras coletivas. Neste novo modelo as compras podem ser mais

eficientes de acordo com o grau de heterogeneidade dos dados que são trocados entre os

consumidores e a eficiência das informações. Isso é importante pois mesmo que tenhamos

atualmente uma tecnologia de informação mais eficaz, ainda não existe um meio de torná-

la cem por cento aproveitável, ou seja, sempre haverá problemas para a troca de

informações entre os canais envolvidos (ALBA e HUTCHINSON, 1987),

independentemente do meio que seja utilizado para tal contato: “A diferença de informação

entre os possíveis consumidores pode ser dada pela heterogeneidade de absorção e

pesquisa das informações e também pela falta de habilidade de divulgação dos

vendedores”.

Como os empresários sabem, existem além do marketing, diversos outros meios de

se buscar o aumento da lucratividade, por exemplo como vimos anteriormente, a

discriminação preços (BESANKO e BRAEUTIGAM, 2010). Contudo, quando se trata do

modelo de compra coletiva aplicado atualmente, ele difere do modelo de discriminação

quantitativa, visto que não há uma predeterminação para um grupo de compras, nem para

indivíduos que adquirirem os produtos em grandes quantidades, mas antes, o desconto é

igual para todos os consumidores que se utilizarem do site de compras coletivas como

meio de negociação do determinado produto/serviço.

Jing e Xie (2011), em seus estudos sobre o modelo de compras coletivas,

esclarecem que as estratégias de marketing podem ser usadas como forma de gerar maior

lucro, desde que o vendedor opte pela estratégia correta, seja ela a marginal: na qual o

lucro pode ser maximizado e o produto será ofertado a um preço maior. Outra opção

também recomendada neste modelo é a tática por meio da qual o vendedor amplia seu

mercado a fim de captar novos clientes, e para tanto, oferece seus produtos a um preço

mais baixo para atrair sua atenção. Para esses economistas, o mercado de compras

coletivas pode ser também uma interessante estratégia de captação de consumidores.

O desconto oferecido pelo produto a esse determinado grupo de consumidores

funciona como “isca”, um modo de prender a atenção e o interesse dos consumidores

informados para que estes propaguem o interesse a outros consumidores (menos

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informados), assim eles se tornam recrutadores, e quanto maior for o desconto, maior seria

o alcance da oferta e mais ela teria poder de atração para os consumidores menos

informados:

“As compras coletivas tendem a serem mais vantajosas quando a interação social dos consumidores é alta. Essa eficiência pode ser afetada por fatores culturais e sociais. Segundo eles, em países nórdicos, por exemplo, onde a interação social não é muito grande, os indivíduos têm uma maior tendência ao conformismo, e por isso precisam de uma maior eficiência na comunicação.” (JING etall Apud NOGUEIRA, 2011, p. 44)

Dentre as diferentes formas de venda que empregam a interação social como

fundamento, Biyalogorsky (2001) formulou o modelo de recompensa às referências. Nesse

modelo é fundamental a motivação, e funciona com a mera oferta do vendedor, isto é, ela

apresenta o produto ao possível comprador como meio de difundir informações sobre o

produto para outros possíveis consumidores; e quando esta estratégia de referências trouxer

bons resultados, ele recebe compensações em dinheiro.

Comparando o modelo de compensação com o modelo usado nas compras

coletivas, podemos perceber que existem algumas características em comum, como o fato

de que ambos trazem recompensas para aqueles que disseminam as informações do

produto em oferta. No entanto quando se trata da disseminação, a recompensa só será

recebida após a integralização da negociação; já na compra coletiva, a recompensa já está

disponível mesmo antes, para que seja possível a aquisição do produto com desconto.

Outra diferença que podemos identificar está ligada ao preço do produto

disponibilizado para o consumidor, quando se trata da compra coletiva, o preço será

invariável independentemente de quem está comprando o produto. Já no que se trata da

disseminação por recompensa, ocorre uma variação entre o preço oferecido ao consumidor

que irá disseminar as informações do produto. No modelo de compra coletiva a motivação

do consumidor informado pode ser maior pelo fato dele depender da disseminação da

informação para poder comprar o produto. Porém, no modelo de recompensa de referência,

o consumidor já comprou o produto e por isso é capaz de dar informações mais precisas

sobre ele.

“O modelo de recompensa de referência será ótimo em mercados onde existe uma eficiência média no compartilhamento de informações. No caso do mercado ser bastante ineficiente em relação à troca de informações, o modelo de compra coletiva é o mais indicado pelo fato de seu grande percentual de desconto conseguir atrair mais consumidores desinformados do que o modelo de recompensa.” (JING etall Apud NOGUEIRA, 2011, p. 46)

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6 DEFINIÇÃO E O PROCESSO DA COMPRA COLETIVA

O conceito de compra coletiva depende da forma e do modo por meio do qual se

está analisando essa modalidade de compra. Os agentes que a compõe são: o comprador -

que visualiza nesta modalidade de oferta um meio de comprar artigos de seu interesse ou

de desfrutar de alguns serviços com amplos descontos; o comerciante - que entende este

negócio como uma chance de atrair mais clientes ao seu estabelecimento e ainda como um

instrumento de marketing; e os empreendedores do ramo - que esperam que esta seja mais

uma oportunidade de fazer novos negócios.

A compra coletiva pode ser conceituada como uma relação de interação que

envolve esses três agentes, necessariamente. Ela é conhecida por ser um modelo inovador

que disponibiliza produtos e serviços com descontos maiores que os normalmente

encontrados no mercado. Tais produtos e serviços ficam sendo divulgados através de sites

especializados que colocam os produtos em oferta e cobram uma porcentagem do preço

caso seja atingido o número estipulado de cupons pelo vendedor.

O procedimento da compra é composto em cinco passos. Primeiramente, é preciso

que seja celebrado um termo de acordo entre o vendedor e o site que realizará a divulgação

da promoção. Neste termo serão definidas as variáveis como: o produto ou serviço que será

ofertado, o tempo que a oferta ficará exposta, a percentagem que será cobrada como taxa

pelo site, a taxa de desconto que esta sendo oferecida, e o número mínimo e máximo de

cupons adquiridos para que a oferta se torne válida (NOGUEIRA, 2012).

O segundo passo se trata da própria divulgação que é posta no site. Publicada a

oferta, é papel do site promovê-la para que ela alcance o seu objetivo e satisfaça o

vendedor, para isso, o site poderá se utilizar de sua influência no mercado, aplicando as

ferramentas de marketing possíveis para que, através de seus conhecimentos e

experiências, a promoção possa ser bem sucedida, para que ele possa receber a sua quota

conforme fora anteriormente combinado com o vendedor. Cada oferta fica disponível para

a audiência por um determinado número de dias (geralmente de um à três dias).

Esse tipo de site especializado em divulgação de produtos e promoções geralmente

usa como estratégia de marketing o correio eletrônico, por meio das quais a empresa faz a

divulgação de seus produtos, promoções e principais ofertas. Outras táticas aproveitadas na

propaganda é o pagamento de taxas a outros sites parceiros, que disponibilizam links para

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redirecionamento dos visitantes até o site que está disponibilizando a oferta13; ainda outra

abordagem utilizada é a premiação para pessoas que indicarem a oferta aos amigos, assim,

o visitante fornece novos endereços para o banco de dados do site, em troca de mais

descontos.

O terceiro passo é quando o consumidor se torna comprador e adquire o produto ou

serviço oferecido no site, mas antes disso, é necessário que ele seja previamente

cadastrado. Após este cadastro ele continuara a receber as principais ofertas diariamente

em seu e-mail.

Feito e validado o cadastro, já será possível continuar com a compra, bastando

clicar no botão “comprar”, preenchendo um outro formulário com os dados da forma de

pagamento.

No penúltimo passo o site gerenciará os recebimentos e repassará ao vendedor o

valor que lhe é devido, deduzindo sua parte. Na ocorrência em que a quantidade de cupons

distribuídos não alcance o número mínimo como estipulado pelas partes, o site precisará

restituir o valor pago pelo comprador. É autorizada a impressão do cupom no site

exclusivamente depois de validado o pagamento.

Por fim, com o cupom em mãos, o consumidor poderá se dirigir ao local indicado

no site para o recebimento do produto ou prestação do serviço.

No período da ascensão do comércio das compras coletivas, também surgiram os

chamados “agregadores de ofertas”:

“Os agregadores de ofertas surgiram com a proposta de facilitar a vida dos usuários que acabavam tendo uma série de sites para visitar e escolher as ofertas que estavam dispostas a comprar. Dessa forma, os agregadores de ofertas passaram a juntar todas as ofertas (pelo menos dos principais sites do mercado), disponibilizando-as em um único local (no caso, site). Com esse propósito, os também conhecidos como “agregadores de compras coletivas” passaram a atrair uma considerável parcela dessa audiência, pois facilitavam as buscas e economizavam tempo dos internautas.” (CONTINI, 2012, p. 67)

13 Daí a importância do crescimento da participação do público em redes sociais, como vimos na tabela 1.

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7 AS CARACTERÍSTICAS DA COMPRA COLETIVA

7.1 O Comprador

O pretenso comprador ao se interessar por qualquer oferta, deverá para concluir a

compra se cadastrar no site, preenchendo dados pessoais e a cidade de interesse. Isso é

importante porque os sites geralmente têm ofertas destinadas às cidades específicas e que

simplesmente não seriam viáveis para compradores de lugares distantes. No entanto,

existem ofertas que também são válidas a nível nacional, possivelmente se tratam de

marcas mais conhecidas que têm maior influência não apenas no mercado local, como por

exemplo ocorre com agências de viagens, que independem da cidade na qual o comprador

interessado resida.

Nesse tipo de sites é possível um gerenciamento das ofertas e das compras por meio

do login de conta do usuário. Assim ele poderá saber mais informações a respeito dos

cupons de que adquiriu, suas especificações como prazo de validade, se ele está

concorrendo à algum prêmio ou se receberá algum desconto em próximas contas, ou ainda

se receberá prêmio por indicação de amigos, por exemplo. Para fazer indicação de ofertas

especificas à amigos de outras redes sociais e concorrer à premiações e pontos, o usuário

deverá copiar o link da oferta e enviá-lo a um amigo, deste modo o sistema reconhecerá

quem enviou a oferta e premiará o participante com créditos caso suas indicações resultem

em compras.

A relação estabelecida entre o site e o comprador gera a “fidelização”:

“As pessoas criam laços com ambientes virtuais que lhes tragam benefícios, e a mudança de ambiente, por mais fácil que seja no caso dos sites de compra coletiva, representa um custo para o consumidor em termos de adaptação ao novo ambiente.” (FELIPINI, 2011, p. 23)

Por esse motivo, os sites que primeiro chegam ao conhecimento dos internautas são

aqueles que tendem a ter um maior número de adesão, mantendo uma vantagem sobre os

que vierem depois. Isso apenas não é verdade quando há uma diferença muito grande de

capital inicial e investimento em publicidade que superem essa diferença de tempo. Assim,

a fidelização seria proporcional a expressividade do capital. A fidelização neste ramo

advém da possibilidade de identificação do consumidor com diversos sites que ofertam

produtos e serviços que o agradem e sejam de seu gosto e estilo. Isso não ocorre para

apenas um site porque eles precisam ter uma variedade grande de ofertas e produtos para

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agradar gostos e compradores diferenciados, ou seja, devem ter ofertas para cada tipo de

pessoa, para que o comprador se torne cativo com o tipo de ofertas que o site apresenta.

Por este motivo é difícil que um comprador assíduo dos sites de compras coletivas

seja consumidor de apenas um deles. Comumente, eles têm alguns sites de que mais

utilizam, nos quais mais facilmente encontram ofertas de seu interesse dentre aqueles que

pesquisam as ofertas disponíveis. Assim, surgiram sites especializados que expõe ofertas

de diversos outros sites simultaneamente14, para facilitar que o potencial consumidor filtre

as ofertas de seu interesse.

Os novos consumidores deste tipo de rede de compras precisam sempre ficar

atentos, pois existem alguns cuidados que devem ser tomados para que as suas compras

sejam efetuadas com segurança, para evitar alguns possíveis problemas, e assegurar a

maior garantia de sucesso na compra.

Para tanto é preciso que o pretenso comprador se certifique da seriedade do site e

dos serviços nele oferecidos, isso pode ser feito por meio de pesquisas na Internet e em

sites de buscas, como o site da Receita Federal através do CNPJ; e de instituições de defesa

do consumidor, como o PROCON. Assim, como ilustra Nogueira (2012) “todos precisam

estar atentos para caso haja qualquer violação de seus direitos enquanto consumidor ou

verificar se existem cláusulas do contrato dúbias ou que lhes sejam desfavoráveis”.

São estratégias do negócio, buscar estimular os potenciais compradores a

abandonarem a racionalidade e agir de acordo com o impulso trazido pela emoção. Haja

vista que para ter certeza se aquilo realmente é necessário, levando em conta o seu custo-

benefício é preciso que se aja com o mínimo de racionalidade.

Mesmo que existam muitos sites que se dizem seguros e outros que comprovem ser

sérios e confiáveis, alguns ofertam promoções com propagandas enganosas15. Por este

motivo é necessário avaliar se o valor cobrado está de acordo com os valores de mercado.

Para evitar esse tipo de problema, recomenda-se verificar o preço do produto ou serviço

ofertado pela empresa sem utilizar o modelo das compras coletivas, e efetuar uma pesquisa

de preços em outros estabelecimentos para fazer a comparação.

7.2 O Vendedor

Este é o agente que representa a empresa, como já vimos ele faz um termo de

compromisso com o site que divulga suas ofertas, como forma de buscar mais

14 Como exemplo podemos citar o BUSCAPE.com e BONDFARO.com 15 Como as chamadas “o dobro, pela metade do preço”, o que logicamente resulta no preço comum.

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lucratividade e de melhorar a publicidade de sua marca através da divulgação que este tipo

de site proporciona pelo grande número de visitas que provavelmente tem. No entanto,

para que a oferta traga o efeito desejado é necessário que o vendedor analise algumas

características do mercado que deseja ingressar, observando os prós e contras para a

criação da promoção atrativa ao consumidor e que não comprometa o mínimo de lucro da

empresa (FELIPINI, 2011).

Inicialmente deve-se realizar um estudo a respeito da área em que a empresa atua, e

verificar qual o tipo de público que se interessa pelos produtos oferecidos por ela, para

verificar se há viabilidade no uso deste método de publicação para a venda, e qual a melhor

maneira de apresentar o produto, bem como os percentuais da promoção e dos descontos

que serão postos.

Conforme Felipini (2011, p. 41), “O maior retorno dos comerciantes é a obtenção e

retenção de novos clientes e isso é mais fácil de conseguir na prestação de serviços do que

na venda de produtos”.

Os benefícios do vendedor que ingressa nos mercados de compras coletivas são

muitos, o mais atrativo é o fato de que as empresas que investem nessa área podem iniciar

a atividade sem que haja maiores gastos ou investimento inicial de capital, tendo em vista

que não é preciso pagar primeiro para realizar ou montar a campanha de divulgação das

ofertas e promoções dos produtos e serviços que desejar. Isso ocorre, pois somente quando

os cupons forem pagos é que ele deverá pagar uma parcela previamente acertada ao site,

assim ele terá seu produto ou serviço divulgado sem nenhum outro custo, receberá o valor

dos cupons para que só depois pague a taxa do site, para realizar a prestação do serviço ou

venda do produto.

Outra vantagem existente para o vendedor é o fato de que, algumas ofertas,

possuem gastos adicionais que não estão inclusas na promoção e não serão descontadas,

assim quando se tratar desse tipo de oferta, o vendedor terá uma margem de lucro maior, e

não precisará pagar nenhum outro valor adicional ao site, pois o valor descontado é

referente apenas a oferta e não cobrirá os valores referentes aos gastos adicionais para o

uso do produto ou do serviço. É o que ocorre quando por exemplo se compra um cupom

para almoço e para isso deverá usar o estacionamento, ou os 10% do garçom, dentre outras

possibilidades que acabam diluindo o desconto dado na refeição.

Além de tudo isso ainda existe a possibilidade de o vendedor ficar com o valor

integral do cupom, descontados apenas os valores do site sem que haja a prestação do

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serviço ou a entrega do produto, que ocorre geralmente nos casos de consumidores

indecisos, arrependidos, ou mal informados que acabam perdendo os prazos ou não

observam as condições para receber o produto, dentre tantas outras possibilidades que

podem fazer com que o comprador não usufrua pelo que pagou. Ou seja, a não utilização

do cupom acontece pelo fato de os consumidores agirem impulsivamente no momento da

compra acarretará no lucro do vendedor que recebeu o preço, mas não terá nenhum

dispêndio em dar a contraprestação.

Outra vantagem que o vendedor tem nesse tipo de parceria é o fato de conseguir

novos clientes com maior facilidade e sem precisar de maiores esforços, haja vista que este

tipo de site dispõe de uma grande abertura de publicidade e marketing em outros sites do

ramo e redes sociais, o que ajuda muito a tornar o nome de sua empresa ou sua marca mais

conhecida, pois ela estará mais acessível aos internautas em qualquer lugar no mundo, a

qualquer tempo. Além disso, um grande número de consumidores acabam se tornando

“clientes fiéis” da empresa.

De todas as vantagens citadas, para o vendedor no mercado de compras coletivas,

deve-se considerar também os riscos para o negócio e outros fatores que possam prejudicar

o sucesso deste mercado. O mais importante deles é o fato de que o vendedor ao anunciar

uma oferta deve se preocupar em calcular bem o custo-benefício da promoção, levando em

consideração o quanto de descontos está sendo dado pelo produto ou serviço, sem esquecer

também que há uma percentagem a ser paga ao site.

Outra coisa que pode vir a causar prejuízos para o vendedor é a diluição da marca.

Tendo em vista que o mercado de compras coletivas requer que sejam dados altos

descontos, se ele fizer repetidas ofertas deste tipo é possível que chegue um momento em

que os clientes percebam que a compra do produto ou serviço só se torne viável se estiver

com desconto. Por esse motivo a empresa deverá realizar análises de mercado para

verificar se um determinado produto está com uma demanda suficiente para manter a

oferta ativa, caso contrário deverá se voltar para o lançamento de um outro produto que

possa chegar ao interesse de mercado e conquiste novos consumidores (FELIPINI, 2011).

A empresa precisa esquematizar uma oferta com as qualidades para atrair

compradores com a potencialidade de se tornarem clientes regulares. Para tanto é preciso

encontrar um público alvo para a campanha para que desta forma não haja risco de atrair o

tipo de compradores que provavelmente não irão voltar a fazer compras.

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Assim o mais importante é que a empresa consiga atender as expectativas dos

compradores e deste modo com o crescimento da demanda provocado pelas vendas, faz

com que o vendedor precise planejar o aumento no estoque de matérias-primas e mão-de-

obra, e ainda o treinamento necessário para esses novos funcionários.

É importante lembrar que deve ser feito também o cálculo do número de cupons

que serão disponibilizados para que estejam de acordo com a capacidade do

estabelecimento e assim a promoção seja bem sucedida. Deve-se atentar ainda para a data

da possível promoção, pois isso também poderá afetar o seu rendimento, especialmente,

quando se trata de sazonalidades. Pois neste caso os vendedores terão maior lucro estimado

durante este período e poderiam lançar outros tipos de promoções, e deixar para lançar

ofertas especiais durante o período de menos movimento.

7.3 O Site

O site é aquele que será o mediador das compras coletivas, atuando entre o

vendedor (empresa) e o comprador. Sua função nas negociações é a de montar a estratégia

de promoção para atrair a atenção dos consumidores e satisfazer seus desejos, para que

desta forma alcancem a lucratividade desejada por meio da oferta lançada. Para tanto, ele

deverá montar muito cuidadosamente a propaganda e a oferta de modo a atrair o maior

número de compradores utilizando todos os recursos disponíveis e o conhecimento de

mercado sobre o ramo e sobre esses dois agentes que ele precisa satisfazer.

Os internautas que se cadastram e se tornam usuários dos sites de compra coletiva

procuram seus desejos por meio dos e-mails diários, de promoções que estes sites enviam,

de acordo com o seu perfil e seus interesses. Os consumidores buscam um site que torne a

busca de ofertas mais sistematizada, que tenha uma apresentação mais interativa para que

de maneira simples possam encontrar aquilo que procuram (FILIPINI, 2011). E desta

forma o processo de compra se torne mais rápido e fácil, assim será mais acessível e um

maior número de consumidores estará satisfeito, evitando também que deixem de comprar

por existir dificuldades na busca de ofertas, é igualmente indispensável que haja um

esquema rápido para sanar eventuais dúvidas. Essas questões como demonstra Nogueira

(2012) são as mais importantes que devem ser observadas pelo site ao montar a promoção

e a divulgação da oferta, visando um bom atendimento ao consumidor final. De tal modo,

compete ao site avaliar junto ao vendedor de que maneira eles irão ofertar a campanha para

que ela seja bem sucedida.

A seguir, algumas funções básicas que um site de compra coletiva deve conter:

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o Escolha da cidade: como existem diversos sites que atuam não apenas em uma só

cidade, é possível que o comprador escolha de qual cidade deseje receber as ofertas;

o Oferta do dia: a maioria dos sites tem uma oferta lançada diariamente, aquela que é

extraordinariamente colocada e estará disposta apenas por aquele dia;

o Oferta nacional: aquelas que podem ser compradas por qualquer consumidor, como

o caso de cupons de viagens; as demais ofertas que ficam valendo até que seja

expirado o prazo da oferta;

o Relógio regressivo: que mostra o tempo restante para cada oferta disposta no site. O

tempo que a oferta ficará disponível vai depender da vontade do vendedor devendo

ser administrada pelo site;

o Ativação da oferta: dispositivo que demonstra qual o número mínimo de cupons

que devem ser vendidos para que a oferta seja declarada válida;

o Comprar oferta: esse é o dispositivo que permite que seja realizada a compra dos

cupons, que pode ser feita para si mesmo ou para presentear alguém;

o Compartilhar oferta: é a maneira de compartilhar o site e as ofertas nele constantes

por meio das redes sociais ou e-mail de amigos;

o Interação com PagSeguro, Pagamento Digital ou Mercado Pago: são parcerias que

o site de compras coletiva realiza com outros sites que disponibilizam meios de

pagamentos digitais via Internet;

o Fale Conosco: é uma ferramenta de contato entre o comprador e o site para

esclarecer dúvidas e sugestões;

o Seja nosso parceiro: esse campo é para que outros vendedores que se interessem em

ofertar seus produtos no site entrem em contato com o mesmo e possam começar a

parceria.

Para Nogueira (2012) é também necessário que além dessas ferramentas para

navegação o conteúdo do site esteja disposto de maneira a facilitar a compreensão do

consumidor, assim o texto deve ser claro e conciso, haja vista que o produto será

conhecido pelas informações constantes na descrição e pelas imagens que ficam expostas

para o público.

Como já destacamos, para conquistar a confiança do cliente o site deve ser

confiável, assim deve se utilizar de estratégias de convencimento, pois o consumidor novo

pode ter receio em realizar compras em sites desconhecidos. Daí a importância de se

fornecer todas as informações sobre o site, bem como sobre o produto, e a empresa

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responsável pelo fornecimento do mesmo, seu local de sede, as medidas de segurança, e

disponibilizar meios para esclarecimento das dúvidas e exibir comentários de outros

clientes, para que deste modo outros potenciais compradores possam se sentir seguros.

Como podemos perceber o envio de e-mail para as pessoas cadastradas no site é

uma ferramenta importante para captação de clientes. Os sites de compras coletivas

necessitam de uma boa divulgação para que possa alcançar o maior número de pretensos

consumidores possíveis. Isso se torna viável graças ao uso da Internet que em um curto

espaço de tempo permite que o site envie milhões de e-mails e assim realize a divulgação

dos produtos e ofertas que lá estão dispostos diariamente.

Conforme dados de alguns sites especializados no e-commerce, o Peixe Urbano nos

primeiros cinco meses conquistou cerca de um milhão de acessos. Ainda que não sejam

finalizadas as compras essa é uma oportunidade que o vendedor de divulgar a sua marca.

Apesar da Internet ser uma das principais ferramentas de divulgação para os sites de

compra coletiva, existem também outros meios não-virtuais que são igualmente utilizados

para expor as ofertas, dentre eles: o rádio, a televisão, as revistas e os jornais, que de uma

forma muito satisfatória podem trazer o crescimento esperado no número de vendas e de

consumidores on-line.

Tendo em vista o crescimento do mercado de compra coletiva, talvez o maior

desafio ao vendedor seja conseguir fazer com que seus produtos se destaquem dentre tanta

variedade de produtos igualmente disponíveis com descontos também atrativos, e em

condições análogas, o que faz deste mercado em expansão um dos mais competitivos da

atualidade, segundo Felipini, em 2011.

Outro fator que é bastante atrativo é a forma de entrega que dependendo do

produto, pode ser entregue pelo correio ou retirado no estabelecimento. Ainda para Felipini

(2011) esse é um fator determinante para o sucesso da promoção, principalmente nos

grandes centros populacionais haja vista o custo de deslocamento, o tempo desperdiçado

no engarrafamento do trânsito, as dificuldades que podem surgir para a localização ou ao

acesso. Enfim esses contratempos podem ser evitados com uma consulta do CEP do

comprador, fornecido no cadastro do site, e assim o produto pode ser entregue com

comodidade.

O vendedor deve atentar para o perfil populacional daqueles que são parte do seu

público-alvo. Para isso, tanto o site quanto o vendedor devem buscar o maior número de

informações sobre o estilo de vida de seus clientes, para isso muitas informações são

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importantes, tais como: o nível de renda, uma média do valor que o consumidor gasta em

produtos e serviços semelhantes aos que são prováveis de ser encontrado no site, qual a

faixa etária, o gênero, as principais atividades de lazer, as preferências, enfim, com

respostas a um questionário socioeconômico a empresa poderá traçar um padrão dos

consumidores e assim criar ofertas que tenham maior possibilidade de agradar ao público-

alvo.

Determinados fatores podem limitar as ofertas, e assim são esses fatores que o site

pode utilizar como meio de adequar a campanha à realidade de mercado. Alguns desses

fatores são: a compra com um número exato de pessoas, os dias em que a oferta pode ser

utilizada e o limite máximo de cupons por consumidor.

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8 O MODELO ECONÔMICO DE COMPRA COLETIVA

Neste capítulo estudaremos o modelo econômico de compras coletivas a partir das

características de mercado que ele possui, e com base na teoria do custo total desenvolvida

por Hall e Hitch (1986).

O princípio do custo total, é aquele sob o qual a empresa calcula seus preços (P) a

partir da soma dos custos médios variáveis (V) com o adicional de um percentual que

cubra os custos indiretos deste modelo, ou seja, os custos com vendas, os fixos e os de

oportunidade (Q´) mais o percentual de lucro ( Q´´ ); formando assim a fórmula para obter

o custo total da oferta, que será equivalente a seguinte equação: P = V + Q´ + Q´´.

Conforme esta teoria as empresas adotam princípios para calcular os preços e a

partir daí fixam uma taxa sobre a qual irá obter o retorno do seu investimento e então

escolhem um acréscimo padrão sobre os custos médio (Cme), ou seja, a soma dos custos

diretos e indiretos, para que assim a margem de lucro seja mantida conforme a variação

desejada e aceitável pelo vendedor. A diferença básica desta teoria para a teoria clássica se

deve ao fato de que a teoria tradicional iguala os custos marginais (CMg) com a receita

marginal (RMg) para a partir daí encontrar o preço de equilíbrio.

Entretanto os principais fatores para que seja aplicada esta teoria em detrimento das

demais são: o fato de os empresários não estarem cientes da demanda e suas variações de

margem tendo em vista que eles geralmente não conhecem quais as possíveis opções de

compra de seus consumidores, nem de que maneira os concorrentes irão reagir às

mudanças nos preços. Outro fator importante é o preço que será cobrado, pois se ele estiver

muito aproximado ao custo total não será elevado através de acordos, isso só iria trazer

vantagem em curto prazo e haveria o risco de abrir as portas para mais concorrentes; outro

ponto importante é que não será necessário criar aumentos para o produto sempre que

houver algum fator externo que afete a vendagem do produto, pois a margem de lucro foi

criada exatamente para suprir problemas que possam afetar a capacidade de venda do

produto, assim será sempre possível manter o preço praticamente constante, o que também

ajudaria a manter os consumidores interessados.

A partir do estudo da figura abaixo podemos perceber que ao escolher a teoria do

custo total como base para calcular o preço dos seus produtos o vendedor conseguirá

propor um grande desconto nos sites de compra coletiva para o seu produto ou serviço. A

figura 4 mostra de acordo com a aplicação do princípio do custo total, uma venda não

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realizada por meio de um site de compra coletiva tem seu preço posto no ponto A da

figura, para tanto o preço correspondente está representado por P e a quantidade por Q.

Assim, o preço é igual ao resultado da soma do custo médio (Cme) mais o percentual de

lucro e o custo de venda que está disposto entre o intervalo do custo médio (Cme) ao A.

Figura 4: Formação de preço e a curva de demanda do consumidor no modelo de compra coletiva.

Fonte: Nogueira, 2012.

Entretanto quando a compra for realizada por meio de um site de compras coletivas,

a empresa calcula um número mínimo de produtos vendidos para que em contrapartida o

custo médio seja menor e proporcionalmente igual à quantidade de produtos vendidos,

assim o custo médio através do site de compra coletiva (Cmecc) será menor se comparado

ao custo médio obtido por meio venda normal (Cme) para a quantidade Q* de produtos

vendidos.

Ainda de acordo com Hall e Hitch (1986), o modelo de compras coletiva pressupõe

três tipos de vendedores. O primeiro vendedor, fixa o preço P’ para uma quantidade Q*, e

chegará a tal preço devido à soma de Cmecc (Custo Médio no mercado de compras

coletivas) ao percentual de lucro; o segundo tipo de vendedor é o moderado, ele fixa o

preço P´´ para uma dada a quantidade Q*. Para que não haja a possibilidade de prejuízos

ele iguala o preço ao Cmecc, deste modo o lucro obtido irá ser derivado da percentagem

dos cupons que não forem usados e tirado das vendas complementares; o último é o mais

moderno, no qual o vendedor fixa o preço P’’’ correspondente à quantidade de vendas Q*.

Para tanto, esse terceiro tipo de vendedor deixará o preço abaixo do Cmecc, assim

existem alguns riscos que podem trazer prejuízo para o vendedor, entretanto por crer que

será capaz de receber lucro por meio da receita indireta de cada compra coletiva, que será

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proporcional aos cupons não usados pelo comprador e por vendas complementares. Deste

modo ele disponibilizará a sua oferta com o máximo de desconto, pois ele crê que assim

haverá uma probabilidade mínima de fracasso e consequentemente a sua marca terá a

divulgação que almeja. Baseado nisso ele diminui o preço do produto ou do serviço até

atingir P´´´ o que gera um aumento na quantidade de vendas para Q´´´.

Os vendedores usam a receita básica como regra, calculada a partir do resultado da

multiplicação da quantidade pelo preço dos produtos ou serviços vendidos. No que se

refere ao site de compra coletiva, o vendedor usa a diminuição do preço e o crescimento

das vendas para manter ou aumentar sua receita. Deste modo a margem de lucro que ele

terá poderá crescer ou diminuir para cada produto vendido, mas o valor referente à

quantidade irá compensar as possíveis perdas no preço por unidade; outro ponto importante

que irá suprir as perdas será o valor ganho sem maiores gastos quanto aos cupons pagos e

não utilizados pelos consumidores.

A partir destes dados podemos concluir que o desconto será influenciado por cinco

fatores: o perfil do vendedor; a diferença do custo na venda clássica (Cme) para a venda

realizada por meio de sites de compra coletiva (Cmecc); a margem de lucro alcançada pela

empresa para cada produto ou serviço; a receita proveniente da alíquota de cupons

inutilizados; e por último a receita oriunda das vendas de artigos ou serviços

complementares a utilização do cupom. Diante de tais fatores pode-se então estudar as

características de cada produto e calcular o percentual de desconto.

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9 O MODELO DE COMPRA COLETIVA É VIAVEL ECONOMICAMENTE ?

Conforme ensina Felipini (2013) para verificar se há viabilidade financeira na

venda por meio de sites de compra coletiva, o vendedor juntamente com o site deverá

avaliar o retorno financeiro por meio da coleta de diversos dados, neste processo é

imprescindível que haja colaboração dos sites de compra coletiva através do qual o

vendedor disponibilizará o seu produto por meio da publicação de ofertas, como vimos

anteriormente, assim a empresa poderá estudar o rendimento do site e consequentemente o

sucesso ou fracasso de sua campanha de divulgação.

Para tanto, os sites emitem um relatório detalhado (que pode estar disponível por

meio eletrônico) contendo as principais informações que serão necessárias para viabilizar

esta analise, tais como: o número de visitas que a oferta obteve, quantas delas resultaram

em compras, quantos cupons efetivamente foram vendidos, e ainda como se deu a

exposição e divulgação da oferta e o valor total a ser recebido por ambos os contratantes

(site e empresa).

A partir dos dados encontrados a empresa poderá realizar seus próprios estudos

para contabilizar seus lucros, o número de vendas realizadas, e de que forma foram

distribuídas essas vendas durante o período no qual a oferta esteve válida. Além disso,

dada aproximação e relacionamento que a empresa mantém com seus consumidores, ela

poderá obter dados auxiliares que irão possibilitar que o vendedor saiba qual o percentual

de clientes que deixaram de utilizar o cupom adquirido ou ainda aqueles que realizaram

compras de produtos ou serviços complementares à compra principal. Neste contexto vale

lembrar que o site terá maior número de dados haja vista que mantêm a maioria dos dados

dos consumidores em seus cadastros, como por exemplo o e-mail, que não são fornecidos

diretamente ao vendedor por questões estratégicas. O maior entrave para que a empresa

consiga verificar as variáveis envolvidas na campanha de divulgação e vendas do seu

produto para ponderar se ela seria ou não viável.

A partir dai estudaremos algumas variáveis fictícias de modo que se aproxime de

dados reais, entretanto é importante advertir que para cada produto haverá características

próprias, ou seja, dependerão do produto, do público alvo, bem como do nível de renda

entre outras coisas, portanto as variáveis não são aplicadas igualmente de forma universal

para todo e qualquer produto ou serviço.

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A quantia arrecadada por meio de venda de produtor por meio do site de compra

coletiva é a receita total (RT), esta receita é composta por receita líquida (é aquela

correspondente ao valor arrecadado pela venda de cupons); receita complementar

(referente aos produtos ou serviços utilizados pelo comprador de forma complementar

durante a utilização da oferta principal e da qual não fazem parte do valor do cupom); e a

receita dos cupons comprados e não utilizados. Assim, parte do valor de RT será

matematicamente correspondente a Cupons vendidos x Preço de cada produto X

Percentagem paga ao site, como explica Nogueira (2012).

Assim, para calcular o número de cupons usados pelo comprador, considera apenas

aqueles que foram usados dentro do prazo de validade da oferta, por exemplo, se 90% dos

cupons forem vendidos, e caso haja um percentual de 40% para as compras

complementares sobre o número total de cupons usados, o valor da compra complementar

deve ser correspondente à média de produtos usados junto com o oferecido na compra

principal, que para fins de exemplo foi dada como 30%.

Desta maneira o resultado dos cupons vendidos e não usado será o resultado da

quantidade de cupons vendidos x o percentual de compradores, mas que não usaram os

cupons dentro da validade estabelecida, que para fins de exemplo, será considerado como o

valor de 10% do total de vendas.

Para chegar ao custo dos produtos vendidos (CPV) considera-se o custo de

produção que é diretamente proporcional aos custos, mais o custo médio e os custos

adicionais, tais como pagamente de funcionários, treinamento e etc. Sendo obtido pela

forma Q x P x Custo (quantidade de cupons vendidos X Preço do produto X % Custo), no

exemplo (30%).

A margem de lucro ou o prejuízo é o resultado de RT menos CPV. Se o resultado

for negativo sabe-se que ocorreu prejuízo, caso contrário será lucro. Se os resultados forem

iguais consideramos que o vendedor ainda obteve êxito pois teve sua marca divulgada,

exposta ao público durante a divulgação da mesma no site de compras coletivas.

Abaixo, o quadro 1 apresenta os dados e os valores hipotéticos acima descritos para

que deste modo possamos analisar melhor uma campanha de compra coletiva. É

importante ressaltar que para cada vendedor existirá sempre uma realidade comercial

peculiar e correspondente às características da sua empresa do ramo, bem como do

mercado no qual ele está inserido, desta maneira quanto mais informações ele obtiver a

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respeito do mercado melhor poderá prever e estudar a viabilidade do lançamento das

ofertas para saber se o resultado será satisfatório.

Quadro 1: Demonstração de resultados de uma campanha de compra coletiva.

Fonte: Adaptado do site <http://www.e-commerce.org.br/compracoletiva-calculadora>.

No estudo acima realizado, houve um resultado positivo de lucro, correspondente a

quantia de R$ 5.400,00, o que significa para o vendedor que ele alcançou uma margem de

lucro de 15,25%, que lhe rendeu 18%, haja vista que a sua receita total foi de R$ 35.400,00

e o custo de R$30.000,00.

Analisando melhor o exemplo proposto podemos concluir que o perfil de vendedor

foi o moderno, pois o custo da unidade por ele ofertada foi de R$ 30,00 e a receita

alcançada com a venda dos cupons foi de R$25,00 por unidade. Assim, se avaliarmos esta

variável isoladamente pode-se perceber que o custo é maior que a receita, e, portanto a

oferta não seria viável. Entretanto, tendo em vista que a receita arrecada a partir das vendas

complementares e dos cupons adquiridos, mas não utilizados dentro do prazo de validade

da oferta, percebe-se que a receita total terá um crescimento de quase 42%, o que fará com

que a campanha seja atrativa para os consumidores e igualmente lucrativa para a empresa.

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10 REGULAMENTAÇÃO DAS COMPRAS COLETIVAS

O aumento do surgimento de sites de compras coletivas bem como o grande

crescimento dos consumidores causou um boom nesta área, tanto que somente nos dois

primeiros anos do seu aparecimento e implantação no Brasil já existiam mais de dois mil

sites em operação no país16. Essa expansão deveu-se ao número crescente de internautas, e

como já abordado ao longo deste trabalho, o sucesso dos sites de compras coletivas reside

no grande número de ofertas e de produtos com descontos consideráveis que tornam os

produtos bastante atrativos, assim, dado o crescimento rápido não houve meio para que as

estruturas legais acompanhassem a sua expansão, o mercado eletrônico gerou por diversas

vezes lesões aos consumidores que escolheram experimentar as ofertas do mercado de

compras coletivas.

Neste contexto, o mercado das compras coletivas permaneceu por

aproximadamente dois anos sem nenhuma regulamentação jurídica. Durante esse período o

único meio que o consumidor tinha para se defender, foi criar uma rede de reclamações

online que servia (e ainda serve) como meio de alertar outros usuários para que não fossem

igualmente lesados.

Grande parte dos problemas eram a falta de informações claras sobre a oferta, o que

para o comprador desatento poderia significar prejuízo ou perda do valor pago pelo

produto ou serviço escolhido. Segundo dados do Reclame Aqui17, na maioria das

denúncias os motivos eram a falta de clareza sobre a oferta, a propaganda enganosa, a

demora em receber o produto, e a diferença de valores entre o que foi ofertado e o que foi

cobrado do cliente.

Em 2011 o PROCON (Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor) recebeu

diversas denúncias de consumidores e autuou os principais sites: Groupon, Click On e

Peixe Urbano, por desrespeitar as regras do CDC (Código de Defesa do Consumidor). Nas

autuações os fatores descritos foram: a recusa dos sites em devolver as quantias pagas

quando o serviço não foi prestado corretamente, ou no caso da falta de informações; o

valor do desconto não correspondente com o da oferta, entre outros.

A partir de 2011 foi feita grande mobilização por meio do poder legislativo no

intuito de criar uma regulamentação própria para este novo modo de comércio, haja vista

que em alguns casos o CDC não era aplicado adequadamente. Nesta oportunidade e diante

16 Secundados. Disponível em: <http://www.secundados.com>. 17 Reclame Aqui. Disponível em: <http://www.reclameaqui.com.br>.

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da possibilidade de criação de leis para regulamentar as atividade dos sites de compra

coletiva, alguns designaram representantes como ClickOn, Peixe Urbano, Clube do

Desconto, Viajar Barato, Imperdível e Oferta Única e formaram um comitê para participar

das discussões e criar um código de conduta para as empresas do setor. Um dos projetos de

leis surgidos nesta época está em anexo neste trabalho para que possamos verificar quais

eram suas principais propostas.

O estado do Rio de Janeiro foi o primeiro estado brasileiro a regulamentar o tema18,

estabelecendo regras claras para o setor, a Lei 6.161, publicada no dia 10 de janeiro de

2012, dentre as normas que a lei traz estão: a obrigatoriedade de um serviço telefônico

gratuito para atendimento ao consumidor; a obrigatoriedade de disponibilização da

localização da empresa; a discriminação exata da quantidade mínima de compradores para

que a oferta seja válida; o prazo de utilização, que deverá ser mínimo de três meses, dentre

outras especificações que estão disponíveis da lei que também se encontra em anexo. Além

do Rio de Janeiro: Paraná e São Paulo também elaboraram suas próprias leis para

regulamentar as empresas com sede em seus territórios.

Atualmente, a maioria dos sites de compra coletiva possui um termo de

compromisso, que deve ser observado e aceito pelo consumidor; é importante dizer ainda

que foi promulgada uma lei federal que regulamenta o mercado de compras coletivas no

Brasil: trata-se do Decreto-Lei 7.962, de 15 de março de 2013 - que é uma importante

ferramenta de defesa do consumidor e de regulamentação para a atividade dos sites deste

mercado.

A regulamentação tornou o processo da compra coletiva mais satisfatória, dando

maior segurança para o consumidor e tornando as ofertas mais claras, evitando problemas

por falta de informação e auxiliando para que o consumidor faça suas escolhas de forma

consciente, sabendo de todas as condições da compra. Esse detalhamento reduz o número

de compras tendo em vista que esclarece o consumidor, e isso diminui o número de cupons

que são comprados por impulso e aqueles não utilizados, o que pode gerar menos receita

para o vendedor e para o site, no entanto traz como benefício o crescimento na fidelização

do comprador para com o site, no sentido de que ele estará se sentindo mais seguro para

realizar suas compras sem maiores preocupações.

18 Rio é o primeiro estado a ter lei para compras coletivas. Disponível em: <http://legiscenter.jusbrasil.com.br/noticias/3007727/rio-e-o-primeiro-estado-a-ter-lei-para-compras-coletivas>.

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11 A DECADÊNCIA DAS COMPRAS COLETIVAS

Já no final de 2011, pesquisas começavam a indicar um provável desaquecimento

desse setor. Um estudo da Hitwise Intelligence19 constatou que o número de visitas ao site

de compras coletivas líder do mercado nos EUA - o Groupon - caiu 50% em relação ao seu

pico. Dentre os que estavam registrados em algum site do gênero, apenas 54% concluíram

ao menos uma compra; cerca de 59% afirmaram não ter sido atraídos por nenhum deles;

10% disseram que gostariam de ter comprado mas as ofertas eram de negócios distantes de

sua localidade; enquanto que 22% citaram restrições financeiras como motivo para não

comprar. Outro estudo sobre o mercado de compra coletiva, conduzido pelo PriceGrabber,

mostrou que 52% dos usuários disseram que ficaram impressionados com o número e-

mails que recebem diariamente, o que resultou em uma má impressão do segmento.

Fato é que, a partir de então (2012-2014), esse segmento não foi mais o mesmo:

acumulou constantes quedas na participação de internautas, chegando até a sua falência, no

fim de 2014. Uma das explicações para isso seria o descontentamento dos consumidores

quanto à qualidade desse serviço prestados: as empresas ofereciam mais do que eram

capazes em atender adequadamente. Outra possível explicação é que não seria cômodo

para os consumidores dependerem de outros consumidores para que sua compra fosse

válida, e a preocupação em acompanhar se o valor já pago fosse estornado pelo site. Além

do importante inconveniente da “não-instantaneidade” do consumo, pois o usuário deve

esperar por pelo menos 24 horas, até a promoção ser liberada (CONTINI, 2002, p. 82-83).

O mercado de compras coletivas passou a ser mal visto também pelos empresários,

devido às constantes reclamações dos consumidores e denúncias aos órgãos de direitos do

consumidor.20

Podemos citar a seguir, alguns fatos recentes que indicam claramente a decadência

dessa modalidade de compras on-line no mundo. A revista Exame classificou o Groupon

como um dos maiores desastres dos negócios em 2013, pois suas ações caíram em 85%

durante o período. O Groupon – até então, o maior site de compras coletivas do mundo -

abandonou oficialmente o ramo de compras coletivas em setembro de 2014. O Baidu

(empresa de “busca” chinesa) compra o maior site de compras coletivas no Brasil, o Peixe

19 Hitwise Intelligence. Disponível em: <http://ecommercenews.com.br/noticias/pesquisas-noticias/mercado-de-compra-coletiva-pode-estar-em-decadencia-nos-eua>. 20 Como já vimos na seção anterior.

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Urbano, em outubro/2014. Seus próprios gerentes afirmam que essa modalidade de

compras on-line - as compras coletivas - praticamente já não mais existe no mundo.

Não podemos deixar de mencionar a importante contribuição do economista Joseph

Schumpeter sobre o agora popular conceito da “destruição criativa” ou “destruição

criadora” do seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1943). Ela descreve o

processo de inovação, que tem lugar numa economia de mercado em que “novos produtos

destroem empresas velhas e antigos modelos de negócios.” A novidade aqui é que essas

inovações não apenas podem destruir empresas antigas, mas também empresas lucrativas

recentes (as startups).

Para Schumpeter: "O processo de destruição criadora é o fato essencial do

capitalismo". Para ele, as inovações dos empresários seriam a força motriz do crescimento

econômico à longo prazo; podendo destruir empresas já bem estabelecidas, reduzindo desta

forma o monopólio. No nosso caso em estudo, inicialmente o Groupon conseguia captar o

chamado “lucro monopolístico ou extraordinário”, mas que não durou muito tempo, pois

rivais foram atraídos para esse setor – exatamente como foi teorizado em sua obra de 1943.

O fenômeno da “destruição criativa” está agindo ainda hoje sobre o comércio de

compras coletivas. Por exemplo, essas “antigas” empresas virtuais estão hoje se

adequando/modificando sua área de atuação para sobreviverem, como é o caso do

Groupon.21

Concluindo, dada a imprevisibilidade intrínseca ao futuro, especialmente quando se

trata das ameaças/oportunidades provenientes de inovações tecnológicas, ironicamente, na

mesma velocidade de seu espantoso crescimento, o mercado de compras coletivas

repentinamente minguou, e praticamente desapareceu.

21 Terra. Disponível em: <http://economia.terra.com.br/apos-fim-da-febre-das-compras-coletivas-groupon-muda-modelo-de-negocio,26638004848c2410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html>. Acesso em: 15/12/2014.

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância desta pesquisa está em que, por meio dela discutimos as principais

características deste novo modelo de mercado, expondo suas nuances e auxiliando no

entendimento das relações que a compõe. O mercado de compra coletiva desde o seu

aparecimento, teve um crescimento rápido tendo em vista os benefícios que trouxe para os

seus agentes, sejam eles, o vendedor – que tem sua marca divulgada e vende seu produto

ou serviço sem maiores gastos; o site - mediador das compras coletivas, atuando entre o

vendedor ou empresa e o comprador; e o comprador – que tem a oportunidade de adquirir

diversos produtos e serviços em ofertas com descontos muito acima do convencional, que

se pode encontrar no mercado clássico.

A empresa participante deste modelo econômico muitas vezes vê-se atraída pela

possibilidade de utilizar essa nova ferramenta para obter maior lucratividade e divulgação

de sua marca, sem praticamente nenhum custo adicional pela propaganda e ainda receberá

os valores decorrentes da venda de suas ofertas, tendo a Internet como aliada, que

atualmente é uma ferramenta rápida, prática e segura, o que torna essa divulgação mais

eficiente e com menores custos; haja vista que os sites de compra coletiva como vimos ao

longo do desenvolvimento desta pesquisa, se utilizará de todas as ferramentas de marketing

que estão disponíveis e ao seu alcance para impulsionar o crescimento das vendas de cada

um de seus parceiros, recebendo em troca uma pequena taxa por venda dos cupons.

Como vimos inicialmente alguns entraves dificultaram a regulamentação deste

novo tipo de modelo comercial, mas dada a sua importância, o legislador estadual e federal

criou leis que atualmente regulamentam o funcionamento destes sites como forma de

garantir a segurança dos seus consumidores, possibilitando que as relações estabelecidas

por seus agentes sejam mais seguras.

Outra característica vista foi a exploração dos consumidores à diversos sites ao

mesmo tempo, isso ocorre pelo fato de existirem interesses conexos em diferentes tipos de

ofertas, e ao fato de vários sites como meio de tentar agradar diversos públicos diferentes.

O crescimento e aparecimento de novos sites trazem uma maior concorrência, acirrando

cada vez mais as disputas neste mercado, e este fator acaba por contribuir para a satisfação

do consumidor, pois ele terá maior liberdade de escolha.

Assim os consumidores mais informados que buscam analisar cuidadosamente

diversas ofertas no mercado convencional e comparando-as com aquelas encontradas em

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diferentes sites de compra coletiva, poderão ter algumas vantagens sobre aqueles que

admirados com os descontos acabam comprando por impulso, pois os consumidores mais

cautelosos observarão que existem alguns produtos com um maior desconto e que estão

também muito abaixo do preço de mercado, e assim poderão escolher melhor e fazer com

que o seu dinheiro tenha maior ‘rentabilidade’, e por conseguinte isso gerará um maior

poder de compra.

Com a regulamentação do mercado de compras coletivas, existe também maior

cautela por parte dos sites, no sentido de estar dentro dos limites legais, tendo em vista que

caso haja irregularidades o consumidor lesado poderá buscar a efetivação de seus direitos e

o site poderá receber sanções por não cumprirem os parâmetros estabelecidos.

Essa expansão tornou possível também o aparecimento de novos mercados em

outros ramos de atuação, o que traz novos benefícios para os consumidores já que,

representam a ampliação de seu poder de compra em diversos setores do mercado,

trazendo uma nova gama de opções entre produtos e serviços cada vez mais diversificados.

Por fim, à luz da teoria de Schumpeter (1943), verificamos que os seus arcabouços

teóricos: “empresário inovador”, “destruição criativa”, “lucro monopolístico vs

crescimento do número de rivais atraídos no setor” – todos esses conceitos podem explicar

o nosso caso em estudo.

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13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BONDFARO. Disponível em: http://www.bondfaro.com.br. Acesso em: 11/12/2014.

Brasil e adesão às redes sociais. Disponível em: <http://www.jornaldebrasilia.com.br>.Acesso em 23/08/2014.

BUSCAPE. Disponível em: <http://www.buscape.com.br>. Acesso em: 11/12/2014.

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HITWISE INTELLIGENCE. Disponível em: <http://ecommercenews.com.br/noticias/pesquisas-noticias/mercado-de-compra-coletiva-pode-estar-em-decadencia-nos-eua>. Acesso em: 15/12/2014.

INFOSAVEME. Adaptado do site: <http://www.infosaveme.com.br>.Acesso em: 27/06/2014.

PRICEGRABBER. Disponível em: <http://ecommercenews.com.br/noticias/pesquisas-noticias/mercado-de-compra-coletiva-pode-estar-em-decadencia-nos-eua>. Acesso em: 15/12/2014.

PROCON. Disponível em: < http://www.portaldoconsumidor.gov.br/procon.asp>. Acesso em: 16/12/2014.

RECLAME AQUI. Disponível em: <http://www.reclameaqui.com.br >. Acesso em: 02/09/2014.

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14 ANEXOS

Anexo A

PROJETO DE LEI N.1232, DE 2011.

Disciplina a venda eletrônica coletiva de produtos e serviços através de sítios na

internet e estabelece critérios de funcionamento para essas empresas.

O Congresso Nacional aprovou e, eu, Presidente da República sanciono a

seguinte Lei:

Art. 1º - As empresas que exploram o comércio eletrônico de vendas Coletivas,

através da internet deverão manter serviço telefônico de atendimento ao

consumidor, gratuito e de acordo com as normas de funcionamento dos

chamados call centers;

Art. 2º - A hospedagem dos sítios de venda coletiva eletrônica deverá ser de

responsabilidade de empresa com sede ou filial em território nacional, sendo

obrigatória a identificação, na primeira tela do sítio a informação acerca da

empresa responsável pela hospedagem da página eletrônica;

Art. 3º - As informações sobre a localização da sede física do sítio de vendas

coletivas deverá aparecer, nos moldes do artigo anterior, na página principal do

endereço da empresa na internet;

Art. 4º - As ofertas deverão conter no mínimo, as seguintes informações em

tamanho não inferior a vinte por cento da letra da chamada para a venda:

I – Quantidade mínima de compradores para a liberação da oferta;

II – Prazo para a utilização da oferta por parte do comprador, que deverá ser de,

no mínimo, 06 (seis) meses;

III – Endereço e telefone da empresa responsável pela oferta;

IV – Em se tratando se alimentos, deverá constar da oferta informações acerca de

eventuais complicações alérgicas e outras complicações que o produto pode

causar;

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V – A informação acerca da quantidade de clientes que serão atendidos por dia e

a forma de agendamento para a utilização da oferta por parte dos compradores;

VI – A quantidade máxima de cupons que poderão ser adquiridos por cliente, bem

como os dias de semana e horários em que o cupom da oferta poderá ser

utilizado;

Art. 4º - Caso o número mínimo de participantes para a liberação da oferta não

seja atingido, a devolução dos valores pagos deverá se realizada até 72 (setenta

e duas) horas;

Art. 5º - As informações sobre ofertas e promoções somente poderão ser

enviadas a clientes pré-cadastrados através do sítio, contendo expressa

autorização para o recebimento das informações em sua conta de correio

eletrônico;

Art. 6º - Os impostos de competência Estadual e Municipal serão recolhidos na

sede das empresas responsáveis pelo fornecimento do produto ou do serviço,

independentemente da localização da sede do sítio responsável pela sua

veiculação;

Art. 7º - Serão responsáveis pela veracidade das informações publicadas a

empresa proprietária do sítio de vendas coletivas e o estabelecimento ofertante,

respondendo solidariamente por eventuais danos causados ao consumidor;

Art. 8º - Aplica-se ao comércio coletivo eletrônico, no que couber, o disposto no

Código de Defesa do Consumidor.

Brasília, maio de 2011.

João Arruda – PMDB/PR

Deputado Federal

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ANEXO B

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013

Regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput , inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990,

DECRETA:

Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico, abrangendo os seguintes aspectos:

I - informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;

II - atendimento facilitado ao consumidor; e

III - respeito ao direito de arrependimento.

Art. 2o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes informações:

I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda;

II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e contato;

III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à segurança dos consumidores;

IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de entrega ou seguros;

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V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; e

VI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.

Art. 3o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para ofertas de compras coletivas ou modalidades análogas de contratação deverão conter, além das informações previstas no art. 2o, as seguintes:

I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do contrato;

II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; e

III - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do fornecedor do produto ou serviço ofertado, nos termos dos incisos I e II do art. 2o.

Art. 4o Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o fornecedor deverá:

I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as informações necessárias ao pleno exercício do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem direitos;

II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e correção imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores à finalização da contratação;

III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta;

IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservação e reprodução, imediatamente após a contratação;

V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio eletrônico, que possibilite ao consumidor a resolução de demandas referentes à informação, dúvida, reclamação, suspensão ou cancelamento do contrato;

VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso, pelo mesmo meio empregado pelo consumidor; e

VII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor.

Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas previstas no inciso V do caput será encaminhada em até cinco dias ao consumidor.

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Art. 5o O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.

§ 1o O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados.

§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor.

§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou à administradora do cartão de crédito ou similar, para que:

I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou

II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha sido realizado.

§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata do recebimento da manifestação de arrependimento.

Art. 6o As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos, quantidade, qualidade e adequação.

Art. 7o A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das sanções previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990.

Art. 8o O Decreto no 5.903, de 20 de setembro de 2006, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 10. ........................................................................

Parágrafo único. O disposto nos arts. 2o, 3o e 9o deste Decreto aplica-se às contratações no comércio eletrônico.” (NR)

Art. 9o Este Decreto entra em vigor sessenta dias após a data de sua publicação.

Brasília, 15 de março de 2013; 192º da Independência e 125º da República.

DILMA ROUSSEFF José Eduardo Cardozo

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Obrigado por ler.